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Programa Minha Casa Minha Vida : Riscos, oportunidades e recomendações


para a melhoria da qualidade arquitetónica e urbanística

Conference Paper · March 2013

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João Branco Pedro


National Laboratory for Civil Engineering
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PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA:
RISCOS, OPORTUNIDADES E RECOMENDAÇÕES PARA A
MELHORIA DA QUALIDADE ARQUITETÓNICA E URBANÍSTICA
PROGRAM MY HOME MY LIFE
Risks, opportunities and recommendations for improving architectural and urban quality

J. Branco Pedro 1 e 2

1 LNEC (Arquiteto, Investigador Auxiliar, Av. do Brasil 101, 1700-066 Lisboa, Portugal, jpedro@lnec.pt)
2 OTB (Investigador Convidado, Delft University of Technology, Jaffalaan 9, 2628 BX Delft, Holanda)

Palavras-chave: Programa Minha Casa Minha Vida, qualidade, habitação

Resumo
O objetivo principal da política social da habitação é proporcionar a fruição de uma habitação condigna por
todas as famílias. Superar o deficit habitacional, dar resposta à procura de habitação e urbanizar os
assentamentos precários são desafios que se colocam à política habitacional brasileira. Com vista a reduzir o
deficit habitacional foi lançado, pelo Governo Federal do Brasil, o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV).
Ao abrigo das duas fases deste programa estão a ser construídos três milhões de habitações em cinco anos
(2009-2014).
Numa conjuntura de elevado deficit habitacional, como se verifica no Brasil, é expectável que a resposta às
carências quantitativas assuma uma grande relevância. A abordagem quantitativa tem vantagens imediatas
para a economia e para a sociedade. Usualmente, após serem superadas essas necessidades quantitativas,
surge maior interesse e disponibilidade por parte da sociedade para apostar numa melhoria da qualidade.
Porém, segundo este processo, podem ser sacrificadas famílias que durante uma ou mais gerações ficam
constrangidas a viver em áreas residenciais e habitações de baixa qualidade. É assim um desafio do PMCMV
promover a construção de habitação em quantidade e garantir a sua qualidade, mantendo um custo reduzido.
Na comunicação é evidenciada a importância da qualidade da habitação para o bem-estar dos moradores e o
sucesso das comunidades locais. Depois são identificados os riscos e as oportunidades que a construção no
quadro do PMCMV coloca à qualidade da habitação. Com base nesse conhecimento são avançadas
recomendações para a melhoria da qualidade da habitação. Por último são levantadas questões sobre algumas
das opções de base do PMCMV que condicionam a qualidade das habitações.

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Programa Minha Casa Minha Vida: O desafio da qualidade arquitetónica e urbanística
João Branco Pedro

1. INTRODUÇÃO
Todas as pessoas têm direito a um nível de vida condigno, sendo o acesso a uma habitação condigna essencial
para se alcançar esse nível de vida. Uma habitação condigna é aquela que proporciona «intimidade suficiente,
espaço adequado, segurança adequada, iluminação e ventilação suficientes, infra-estruturas básicas
adequadas e localização adequada relativamente ao local de trabalho e aos serviços essenciais – tudo isto a
um custo razoável para os beneficiários» [14].
Em 2008 o deficit habitacional acumulado no Brasil foi estimado em cerca de seis milhões de habitações. A este
deficit acresce a procura de habitação gerada pela formação de novas famílias. Paralelamente à construção de
habitação soma-se a necessidade de urbanizar milhares de assentamentos precários, com carências de
infraestruturas e deficiente inserção urbana. Existe assim um longo caminho a percorrer para universalizar o
acesso à habitação condigna para todo o cidadão brasileiro [13].
O deficit habitacional brasileiro é composto em 93% por famílias com rendimento insuficiente para acederem a
uma habitação condigna. São portanto famílias que dependem do apoio dos recursos públicos para terem
acesso a uma habitação condigna. A adoção de programas de construção de habitação orientada para a
população com menor rendimento assume-se assim como uma prioridade da política social de habitação
brasileira [13].
Com vista a reduzir o deficit habitacional foi lançado em 2009, pelo Governo Federal do Brasil, o Programa
«Minha Casa Minha Vida» (PMCMV). A segunda fase de programa foi aprovada em 2011. Somando as duas
fases, o programa tem como meta a construção de três de milhões de habitações em cinco anos (2009-2014)
[5][6]. A implementação de um programa desta magnitude coloca vários desafios, nomeadamente os
enunciados em seguida [13]:
1. Desafio financeiro – disponibilizar financiamento para garantir a urbanização e a construção das novas
habitações;
2. Desafio institucional – envolver os vários níveis da administração pública, assegurar a participação da
comunidade, capacitar os agentes envolvidos no setor da construção e controlar os resultados;
3. Desafio fundiário – garantir o acesso a terra urbanizada, legalizada e bem localizada para a construção
das novas habitações;
4. Desafio produtivo – aumentar a produção do setor da construção civil orientado para a habitação de
interesse social, garantindo a qualidade das habitações e mantendo o custo reduzido.
Esta comunicação centra-se no desafio produtivo. Primeiro pretende-se identificar os riscos e as oportunidades
que a construção de habitação no quadro do PMCMV coloca. Com base nesse conhecimento são depois
avançadas recomendações para a melhoria da qualidade da habitação que não onerem significativamente o
respetivo custo de construção. A abordagem está limitada à perspetiva da arquitetura e do urbanismo e centra-
se na habitação produzida para a população com menor rendimento (i.e., até três salários mínimos).
A comunicação está organizada em oito secções. Após esta primeira secção de introdução ao estudo,
descrevem-se nas duas secções seguintes a metodologia e o objeto de estudo. Na secção 4 é discutida a
importância da qualidade da habitação para o bem-estar dos moradores e o sucesso das comunidades locais.
Nas secções 5 e 6 são identificados os riscos e as oportunidades da construção de habitação no PMCMV. Na
secção 7 são descritas recomendações para promover a qualidade da habitação construída no âmbito do
PMCMV. Na última secção são apresentados e discutidos os resultados do estudo.

2. METODOLOGIA
O estudo cujos resultados são apresentados nesta comunicação foi desenvolvido de acordo com a seguinte
metodologia: identificação do problema, caracterização do objeto de estudo, sistematização de conceitos,
estudo de literatura sobre qualidade da habitação, identificação de riscos e oportunidades do PMCMV, definição
de recomendações para a melhoria da qualidade da habitação, síntese dos principais resultados do estudo,
discussão com especialistas brasileiros, redação e revisão do estudo. Os riscos e as oportunidades foram

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identificados confrontando as especificações técnicas do PMCMV com manuais sobre a qualidade da habitação
e guias para avaliação da qualidade de projetos de áreas residenciais. Foram também analisados diversos
estudos de investigação realizados sobre o PMCMV.
A literatura utilizada foi selecionada com base em critérios de relevância (i.e., documentos de autores ou
instituições cujo trabalho teórico e prático seja de reconhecido interesse) e atualidade (i.e., documentos
posteriores ao ano 2000).

3. O PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA

3.1 Primeira fase


O PMCMV, lançado em 2009 pelo Governo Federal do Brasil, é gerido pelo Ministério das Cidades e executado
pela Caixa Econômica Federal (CEF). Os empreendimentos podem ser implementados por agentes públicos ou
privados de forma independente ou em parceira.
O PMCMV tem como objetivo promover a construção de um milhão de habitações e deste modo facilitar o
acesso à casa própria das famílias com rendimento reduzido. O programa apoia imóveis novos, em construção
ou em lançamento. Após a conclusão do empreendimento as habitações são vendidas às famílias indicadas
pelo poder público local. As famílias têm que cumprir as condições estabelecidas no programa, nomeadamente
estar enquadradas na faixa de rendimento familiar estabelecida [5].
No PMCMV é dada prioridade às famílias com rendimento não superior a três salários mínimos, mas o
programa abrange também famílias com rendimento não superior a dez salários mínimos. As habitações a
construir no PMCMV dividem-se do seguinte modo por faixa de rendimento: 400 mil para famílias com
rendimento não superior a três salários mínimos, outras tantas para famílias com rendimento superior a três e
inferior a seis salários mínimos, e 200 mil para famílias com rendimento superior a seis e inferior a dez salários
mínimos [5].
No caso de famílias com rendimento não superior a três salários mínimos, é concedido um subsídio integral de
modo a que a prestação, paga durante um período de 10 anos, não seja superior a 10% do rendimento da
família com um valor mínimo da prestação de R$ 50 por mês [5].
Um empreendimento construído no âmbito do PMCMV deve cumprir toda a legislação aplicável ao local em que
se implanta e, para além disso, deve cumprir as condições adicionais definidas pela CEF. Para os
empreendimentos destinados a famílias com rendimento não superior a três salários mínimos a cartilha da CEF
define especificações técnicas (e.g., número de pavimentos e habitações por edifício, número de quartos, área
útil das habitações, dimensões dos compartimentos e alguns materiais de acabamento). O preço máximo de
venda das habitações está também estabelecido por Estado/Localidade e por tipo de edifício (i.e., casa ou
apartamento) [5].
Os empreendimentos destinados a famílias com rendimento não superior a três salários mínimos devem ainda
satisfazer a especificações próprias, complementares à cartilha da CEF sobre o PMCMV. As Especificações
para empreendimentos até 3SM (EE3SM) contemplam separadamente as casas e os apartamentos e detalham
alguns requisitos de dimensionamento e de acabamentos constantes da cartilha [7]. Alguns requisitos de
dimensionamento são remetidos para a norma brasileira de desempenho de edifícios habitacionais de até cinco
pavimentos (NBR 15575) [1].
Em complemento a esta informação técnica, foi divulgado um guia sobre a produção de habitação bem
localizada com os recursos do PMCMV, implementando os instrumentos do Estatuto da Cidade. O guia foi
elaborado por iniciativa do Ministério das Cidades e é orientado para os gestores municipais em particular e a
sociedade em geral [22].
No final de 2010, o PMCMV atingiu a meta inicial de contratar a construção de um milhão de habitações [24]. As
opiniões do governo, da sociedade civil e de intelectuais sobre o PMCMV dividem-se. Por um lado, os aspetos
positivos apontados são [12]: o investimento de vultosos recursos na construção da habitação serviu para

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dinamizar a economia, pois este setor tem uma grande capacidade reprodutiva; a criação de empregos diretos e
indiretos absorveu mão-de-obra, reduzindo o desemprego; e a construção de um milhão de habitações
contribuiu para reduzir o deficit habitacional acumulado. Por outro lado, há três críticas que sobressaem:
1) A faixa da população que recebe até três salários mínimos e constitui a maior parte do deficit
habitacional brasileiro foi contemplada com apenas 40% do número total de habitações. Apenas 6% da
faixa da população com menor rendimento e com mais problemas de habitação foi beneficiada com o
PMCMV [12].
2) Da ausência de uma política fundiária mais efetiva resultou que os empreendimentos fossem
construídos em terrenos disponíveis em áreas periféricas dos municípios, afastados das redes das
infraestruturas estabelecidas, dos meios de produção e consumo, e dos equipamentos culturais e de
lazer. Acentuou-se uma dinâmica da segregação socioespacial com elevados prejuízos para os
residentes nestes empreendimentos e para toda a sociedade, de que se destacam: custos de
deslocação e congestionamentos nas vias de trânsito, custos de infraestruturação até às regiões mais
afastadas, criação de potenciais «guetos» com prejuízos para a coesão social [12].
3) As áreas e dimensões das habitações são exíguas, sendo ligeiramente inferiores ao que vinha sendo
praticado nos programas habitacionais anteriores dirigidos às famílias de menor rendimento [15]. As
decisões sobre o dimensionamento das habitações foram aparentemente determinadas por
constrangimentos político-económicos [20].

3.2 Segunda fase


Em 2011 foi aprovada uma segunda fase do PMCMV que irá vigorar durante o período de 2011 a 2014 e cuja
meta é promover a construção de mais dois milhões de habitações. As habitações a construir nesta segunda
fase dividem-se do seguinte modo por faixa de rendimento: 1,2 milhões para famílias com rendimento não
superior a R$ 1 600, 600 mil para famílias com rendimento superior a R$ 3 100, e 200 mil para famílias com
rendimento não superior a R$ 5 000 [6]. Deste total, foi contratada a construção de 860 mil habitações entre
janeiro de 2011 e agosto de 2012 [23].
Para esta segunda fase houve uma revisão das especificações técnicas estabelecidas pela CEF. As principais
alterações nas habitações foram as seguintes [5][6]: aumento da dimensão de portas e janelas, aumento da
área construída das habitações, aumento das dimensões dos compartimentos, melhoria de alguns materiais de
acabamento, instalação de aquecimento solar nas casas de algumas regiões, melhores condições de
acessibilidade nas habitações correntes, disponibilização de habitações adaptadas ao uso por pessoas
portadoras de deficiência, com mobilidade reduzida e idosos. Os edifícios habitacionais deixaram de estar
limitados a 5 pavimentos e 20 apartamentos [5][6]. Nos empreendimentos habitacionais constituídos por
edifícios multifamiliares passou a ser admitida a produção de frações destinadas à atividade comercial a eles
vinculada, devendo o resultado da sua exploração ser destinado integralmente para as despesas do condomínio
[24].
A principal alteração nos termos do contrato de venda das habitações às famílias de menor rendimento foi que o
imóvel só poderá ser alienado antes de dez anos se a família quitar o seu valor total, incluindo o subsídio
atribuído pelo Governo Federal. O objetivo dessa regra é evitar a venda precoce do imóvel [24].
O preço máximo de venda das habitações para as famílias com rendimento reduzido subiu. Por exemplo, para o
Municípios do Estado de São Paulo – Capital, o preço da casa passou de R$ 48 mil para R$ 63 mil e o preço do
apartamento passou de R$ 52 mil para R$ 65 mil [5][6]. Um dos argumentos para justificar este aumento foi
possibilitar a construção das habitações em terrenos nas regiões centrais das cidades.
Verifica-se que a segunda fase do PMCMV, além de aumentar o número de habitações a construir, integra
mudanças que visam dar resposta a algumas das críticas de que foi alvo a primeira fase.

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4. A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DA HABITAÇÃO


A abordagem quantitativa da construção de habitação tem vantagens imediatas para a economia e para a
sociedade. Porém deve ter-se presente que o objetivo último da construção de habitação é criar comunidades
vibrantes e sustentáveis. Para esse efeito é fundamental uma abordagem qualitativa da construção de
habitação, complementar à orientação quantitativa (Quadro 1) [11].

Quadro 1: Confronto entre as abordagens quantitativa e qualitativa na construção de habitação

Quantidade Qualidade
Promove o crescimento económico Promove o bem-estar
Relevante a uma escala nacional Relevante a uma escala local
Visa atingir metas de produção estabelecidas Visa promover bairros e cidades sustentáveis
Visa responder a necessidades imediatas Visa responder a necessidades presentes e futuras
Reduzida preocupação com as implicações futuras Centrada nas implicações futuras
É fácil de definir objetivamente É um conceito complexo, variável e com vertentes subjetivas
Atende essencialmente aos interesses Atende essencialmente aos interesses
imediatos da economia presentes e futuros da comunidade

A qualidade residencial significa a adequação da habitação e da sua envolvente à satisfação das necessidades
imediatas e previsíveis dos moradores, compatibilizando as necessidades individuais com as da sociedade e
integrando as prioridades e os valores coletivos determinados pelo contexto, tudo isto num processo generativo.
Sendo a habitação uma necessidade básica de todos, ela assume uma importância central para o
desenvolvimento da sociedade. Neste sentido o sector da habitação deve contribuir para a concretização dos
valores coletivos. De entre os valores usualmente referidos nos debates sobre qualidade residencial destacam-
se os seguintes: sustentabilidade, participação, empoderamento, diversidade de escolha, coesão social,
identidade local, autenticidade, preservação e valorização do património construído e paisagístico, e inovação
[8].
A habitação tem qualidade quando é habitável, durável, agradável aos sentidos, ambiental e socialmente
responsável, e economicamente acessível. Cada um deste termos tem um sentido específico [3][19][25]:
1) Habitável – proporciona condições de segurança, higiene, saúde, conforto, espaço, privacidade
flexibilidade e acessibilidade.
2) Durável – utiliza materiais resistentes à passagem do tempo e requer pouca manutenção.
3) Agradável aos sentidos – tem uma imagem que suscita memórias agradáveis, que é culturalmente
enriquecedora e que é apreciada e preservada pelas pessoas.
4) Ambientalmente responsável – utiliza recursos de forma ponderada, preserva o ambiente da área
residencial e da sua envolvente, e promove comportamentos saudáveis e ambientalmente responsáveis.
5) Socialmente responsável – promove a coesão social, a participação, o empoderamento e a diversidade
de escolha.
6) Economicamente acessível – cumpre os restantes requisitos com um custo global compatível com a
capacidade económica dos futuros moradores.
A qualidade de um empreendimento condiciona o sucesso ou o fracasso da comunidade. Um empreendimento
com qualidade promove a melhoria do bem-estar e da qualidade de vida dos residentes, reflete-se no aumento
dos valores de propriedade, contribui para a redução da criminalidade, tem benefícios para a saúde pública e
pode aliviar as dificuldades de transporte [4].
Por vezes pode ser difícil promover um empreendimento de qualidade devido a constrangimentos financeiros e
a pressões para tornar os empreendimentos economicamente viáveis no curto prazo. Mas há fortes indícios de

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que um empreendimento qualificado dá melhores retornos económicos, sociais e ambientais para todos os
envolvidos, nomeadamente, moradores, autoridades locais, construtores, projetistas e promotores [4].
A qualidade de um empreendimento habitacional depende de todos os intervenientes ao longo do seu processo
de promoção, projeto, construção, utilização, manutenção e desconstrução. Este processo é condicionado pelo
disposto nos instrumentos de financiamento e de planeamento, bem como pela regulamentação técnica. O
projeto é uma fase fundamental para a qualidade do empreendimento, pois é nessa fase que se cria uma visão
sobre o funcionamento e a imagem dos bairros e das habitações. O projeto tem a capacidade de definir a
identidade de um bairro e influência no seu destino social e económico.

5. RISCOS PARA A QUALIDADE ARQUITETÓNICA E URBANÍSTICA


Os principais riscos do PMCMV para a qualidade arquitetónica e urbanística dos empreendimentos
habitacionais decorrem da intenção de construir rapidamente e por todo o território brasileiro uma grande
quantidade de habitações com recursos financeiros, humanos e materiais limitados. Os riscos colocam-se a
vários níveis como se descreve em seguida [2][3][5][6][12][16][17][18][20][21]. Observa-se que os riscos
descritos são genéricos e não se concretizam necessariamente em problemas presentes em todos ou em parte
dos empreendimentos construídos no PMCMV.
Ambiente e comunidade
1) Localização de empreendimentos em regiões periféricas (e.g., afastadas das redes de infraestruturas
estabelecidas, dos meios de produção e consumo, e dos equipamentos culturais e de lazer).
2) Construção em terrenos pouco adequados para a urbanização (e.g., com declives acentuados, próximo
de fontes de poluição).
3) Acesso difícil a equipamentos e serviços de proximidade (e.g., ausência de creches, escolas primárias,
comércios, cafés, parques infantis, campos de jogos no empreendimento ou na sua envolvente) bem
como a transportes públicos (e.g., comboio, metropolitano ou autocarro).
4) Funcionamento deficiente das infraestruturas (e.g., sobrecarga das redes públicas existentes de água,
eletricidade, saneamento básico e recolha de lixo).
5) Elevado impacte ambiental de empreendimentos construídos com poucas preocupações ambientais
(e.g., prejuízos para os sítios e a sua envolvente imediata resultantes da perturbação do ambiente
natural, em particular do solo, da vegetação e da rede de drenagem).
6) Reduzida mistura social resultante da uniformidade de tipos de propriedade, edifícios e habitações (e.g.,
promoção de grandes empreendimentos destinado a um único tipo de família e faixa de rendimento).
7) Falta de participação social nas fases de projeto e construção (e.g., em virtude da necessidade de
construir rapidamente não há oportunidade de envolver a comunidade no projeto ou construção do
empreendimento).
Aspeto e caráter
8) Desenho urbano pouco adaptado às condicionantes do sítio e da sua envolvente, que procura sobretudo
a rentabilização máxima do terreno para implantar edifícios (e.g., terraplanagens extensivas para
implantar um projeto-tipo de edifício).
9) Bairros sem identidade própria cuja imagem é idêntica à de outros empreendimentos do programa (e.g.,
imagem urbana determinada pela repetição de um projeto-tipo).
10) Ruas que funcionam apenas como canais de circulação viária (e.g., ausência de uma relação próxima e
contínua dos edifícios, dos equipamentos e dos serviços com as ruas, de modo a lhes conceder um
caráter urbano).
11) Edifícios com pouca qualidade arquitetónica ou repetindo projetos-tipo (e.g., mesmo um objeto de
elevado valor se repetido excessivamente perde a sua identidade própria).

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Ruas, estacionamento e percursos pedonais


12) Traçado viário com importância preponderante no desenho urbano (e.g., desenho urbano condicionado
à máxima rentabilização do sistema viário).
13) Espaços de estacionamento prejudicam a imagem urbana (e.g., ocupação de espaço público com
grandes espaços de estacionamento em detrimento de zonas verdes).
14) Ruas e rede de percursos pedonais pouco amigáveis para o uso pedonal ou em bicicleta (e.g., ruas
longas e sem dispositivos de acalmia de trafego, percursos pedonais expostos às intempéries).
15) Ruas e percursos pedonais com deficiente integração na envolvente (e.g., ligação à rede existente
insuficiente para assegurar o escoamento do tráfego, caminhos pedonais sem continuidade).
Projeto e construção
16) Edifício construído segundo um projeto-tipo (e.g., adota-se um projeto-tipo para poupar o tempo de
elaboração dos projetos e facilitar a sua aprovação).
17) Espaços públicos inacabados aquando da ocupação dos empreendimentos ou adotando soluções
pouco qualificadas (e.g., a escassez de recursos leva a privilegiar os edifícios em detrimento do arranjo
dos percursos pedonais e espaços verdes).
18) Edifícios e habitações limitam-se a responder ao estritamente necessário em termos legais e
regulamentares (e.g., área e dimensões exíguas, acabamentos e equipamentos pouco qualificados,
condições de conforto sofríveis).
19) Reduzida flexibilidade e ausência de soluções adequadas a pessoas com necessidades especiais (e.g.,
não é prevista a possibilidade de adaptar ou ampliar as habitações).
20) Adoção de soluções construtivas conservadoras para evitar imprevistos (e.g., atendendo à grande
dimensão dos investimentos, os promotores optam por soluções já testadas para reduzir o risco).
21) Acabamentos e materiais económicos, mas pouco duráveis (e.g., visto que as habitações são para
venda e portanto os custos de manutenção recaem sobre os proprietários, há pouca preocupação com a
durabilidade dos acabamentos e materiais empregues).

6. OPORTUNIDADES PARA A QUALIDADE ARQUITETÓNICA E URBANÍSTICA


As principais oportunidades do PMCMV para a qualidade arquitetónica e urbanística dos empreendimentos
habitacionais decorrem da construção de um grande número de habitações segundo especificações técnicas
uniformes. As principais oportunidades são as seguintes:
1) Redução dos custos ao beneficiar de economias de escala (i.e., aumento na quantidade total produzida
sem um aumento proporcional no custo de produção).
2) Conceção de empreendimentos habitacionais integrados (i.e., articular no projeto do empreendimento
edifícios de habitação, equipamentos coletivos, comércio e serviços, espaços de circulação e
infraestruturas e, eventualmente, locais de trabalho).
3) Aumento do grau de industrialização da construção (e.g., recorrer à prefabricação de elementos e
componentes da construção).
4) Desenvolvimento de sistemas construtivos inovadores (e.g., sistemas de prefabricação leve abertos).
5) Investimento na realização de estudos de investigação (e.g., levantamento da experiência estrangeira,
avaliação técnica de edifícios recém concluídos, avaliação pós-construção).
6) Aperfeiçoamento progressivo das soluções construtivas e espaciais que a experiência prática demonstre
serem mais aptas (e.g., atribuir um prémio periódico aos empreendimentos que se destacam pela sua
excelência).

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7. RECOMENDAÇÕES PARA A MELHORIA DA QUALIDADE ARQUITETÓNICA


E URBANÍSTICA
Numa conjuntura de elevado deficit habitacional, como se verifica no Brasil, é expectável que a resposta às
carências quantitativas assuma uma grande relevância. Usualmente, após serem superadas essas
necessidades quantitativas, surge maior interesse e disponibilidade, por parte da sociedade, para apostar numa
melhoria da qualidade. Porém, segundo este processo, podem ser sacrificadas famílias que durante uma ou
mais gerações ficam constrangidas a viver em áreas residenciais e habitações de baixa qualidade. Acresce que
áreas residenciais e habitações que não garantem a satisfação das necessidades dos moradores podem
traduzir-se em problemas sociais cujos custos para a sociedade superam o investimento inicial que seria
necessário para construir de raiz habitações condignas. Sendo o objetivo último da construção de habitação
criar comunidades vibrantes e sustentáveis, é fundamental que se envidem todos os esforços para conjugar no
PMCMV a construção em quantidade com o incremento da qualidade.
Os números seguintes apresentam diversas recomendações para mitigar alguns dos riscos identificados na
secção 5. Não sendo viável analisar nesta comunicação todos os riscos, optou-se por estudar aqueles face aos
quais se considera que a segunda fase do PMVMC continua a apresentar maiores vulnerabilidades. A
generalidade das recomendações não prejudica o ritmo de construção nem onera significativa a construção das
habitações. Eventuais demoras ou sobrecustos poderão ser contrabalançados potenciando as oportunidades
indicadas na secção 6.

7.1 O bairro deve ser um lugar com identidade própria positiva


Os bairros bem-sucedidos tendem a ser aqueles que criam um «sentido de lugar». O ambiente construído de
um bairro afeta o modo como os moradores vivem e se sentem. Um ambiente qualificado ajuda a aumentar o
orgulho da comunidade no seu bairro [2][3].
A capacidade de um projeto criar um «sentido de lugar» depende muito da qualidade dos edifícios e dos
espaços exteriores. O projeto não precisa apenas de edifícios com arquitetura de elevado padrão, mas também
de espaços exteriores que criem um enquadramento apropriado. O projeto deve criar um ambiente construído
com identidade (i.e., com características distintivas e próprias), caráter (i.e., com ideias fortes e claras) e
variedade (i.e., com diversidade de situações) [2][3].
As especificações técnicas do PMCMV não estabelecem requisitos relativos ao ambiente construído dos bairros
[5][6]. Embora se trate de um tema de apreciação subjetiva, o PMCMV deve incluir algumas orientações que
promovam o projeto de bairros com identidade própria. Para o efeito considera-se recomendável ponderar as
seguintes orientações:
1) O PMCMV deve determinar a elaboração para cada empreendimento de um processo de projeto
completo do qual resultem planos de pormenor e projetos dos edifícios, nos quais se descreve como a
solução responde às condicionantes do sítio (i.e., terreno a urbanizar e suas características biofísicas),
se relaciona com a sua envolvente (i.e., condicionamentos paisagísticos, urbanísticos, arquitetónicos e
construtivos) e cria um ambiente construído com identidade própria.
2) O PMCMV deve estabelecer que, para empreendimentos de determinadas dimensões, os projetistas
têm de possuir experiencia prévia no projeto de áreas residenciais.

7.2 O bairro deve dispor, ou estar perto, de equipamentos e serviços de proximidade


A criação de áreas residenciais de sucesso envolve mais do que apenas construir habitações que respondam
às necessidades das pessoas. Trata-se de criar um enquadramento no qual as comunidades podem crescer.
Os equipamentos e serviços de proximidade, tais como espaços exteriores de lazer, creches, posto médico,
comércios de uso diário, cafés e outros locais para os moradores, são elementos imprescindíveis deste
enquadramento [2][3][18].
As especificações técnicas do PMCMV não estabelecem requisitos vinculativos sobre os equipamentos e
serviços de proximidade a prever em cada empreendimento. Na segunda fase do PMCMV a existência prévia

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de equipamentos sociais, compatíveis com a demanda do projeto, passou a constituir um dos critérios para
priorizar os projetos. Contudo, incumbe aos municípios, em sede de planeamento e desenho urbano, definir os
equipamentos e serviços de proximidade necessários. Também na segunda fase do PMCMV, passou a ser
admitida a construção de frações destinadas à atividade comercial nos edifícios de apartamentos [5][6].
Neste contexto, o PMCMV deve garantir que os empreendimentos construídos no seu âmbito dispõem, ou estão
perto, de equipamentos e serviços de proximidade. Para o efeito considera-se recomendável ponderar as
seguintes orientações:
1) O PMCMV deve estabelecer orientações sobre os equipamentos e serviços de proximidade que no
mínimo devem existir num bairro.
2) O PMCMV, ou um programa complementar, deve apoiar a construção de equipamentos e serviços de
proximidade, e impor que à data da inauguração do empreendimento eles estejam operacionais.
3) O PMCMV deve determinar que o projeto do empreendimento evidencie as condições de acesso a
equipamentos coletivos (e.g., espaços exteriores de lazer, parque infantil, campo de jogos, escola
primária, escola secundária ou local de culto), espaços de pequeno comércio (e.g., minimercado ou
mercearia) e serviços de apoio à habitação (e.g., café, restaurante, bar, farmácia, posto médico, centro
de saúde, creche, centro de dia para idosos, agência bancaria ou caixa multibanco).

7.3 Deve existir uma mistura de tipos de edifícios e habitações que atenda as
necessidades e as aspirações da comunidade local
Os bairros são mais bem-sucedidos quando se evitam grandes concentrações de edifícios e habitações do
mesmo tipo. A variedade de tipos de edifícios e habitações é importante para fomentar uma comunidade
heterogénea e equilibrada. Um adequado grau de heterogeneidade demográfica, cultural e económica fomenta
a complementaridade de papéis sociais e estimula a coesão social. Além disso, uma variedade de tipos de
edifícios e a mistura de diferentes usos podem criar ambientes residenciais mais atraentes com maior
diversidade de formas e escalas do edificado. Mesmo os empreendimentos relativamente pequenos podem ter
uma ampla variedade de edifícios e habitações [2][3][18].
O PMCMV apenas prevê a construção de casas térreas ou apartamentos com dois quartos. Admite-se que uma
habitação com dois quartos se adequa às necessidades da maioria das famílias, mas certamente que nem
todas as famílias se encaixam nessa tipologia. [5]
A segunda fase do PMCMV deixou de impor que os edifícios tivessem 4 pavimentos e 16 apartamentos, ou em
opção 5 pavimentos e 20 apartamentos [6]. Apesar deste avanço, é desejável que o PMCMV incentive uma
maior variedade de tipos de edifícios e habitações nos empreendimentos. Para o efeito considera-se
recomendável ponderar as seguintes orientações:
1) O PMCMV deve estabelecer que em cada empreendimento seja realizado um estudo sobre as
necessidades locais de habitação (incluindo, quando possível, o levantamento da procura de habitação,
o relatório da consulta à comunidade, a análise de dados demográficos e a análise da estratégia de
desenvolvimento) para justificar o programa de habitações a construir (i.e., quantidade de habitações
segundo o número de quartos). O estudo pode ter uma abrangência local ou ser mais alargada,
consoante a população alvo pretendida.
2) O PMCMV deve incentivar a construção de habitações com mais ou menos de dois quartos, quando o
estudo sobre o programa de habitações do empreendimento o justificar.
3) O PMCMV deve estabelecer que o projeto de desenho urbano evidencie a distribuição das diferentes
habitações no empreendimento e a memória descritiva justifique a sua localização.
4) O PMCMV deve promover a integração nos empreendimentos de habitações destinadas a diferentes
faixas de rendimento e de edifícios de diferentes tipologias.

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7.4 O projeto deve ser elaborado especificamente para o empreendimento


O projeto de habitações, edifícios ou bairros deve ser desenvolvido especificamente para o contexto em que se
integra, com base no entendimento do funcionamento e do ambiente do local. O projeto deve conceber soluções
habitacionais que sejam funcionais, duráveis e agradáveis aos sentidos. Para além disso, o projeto deve fazer o
melhor uso do terreno, preservar ou valorizar o ambiente construído e natural local, e integrar-se na envolvente
sem perder a sua identidade própria nem se sobrepor por um excesso de diferença ou de inovação. As
melhores abordagens são geralmente aquelas que reconhecem a individualidade de um lugar e adaptam
soluções padrão ou criam soluções específicas e originais para o sítio [2][3].
Na primeira fase do PMCMV foram apresentadas, a título exemplificativo, plantas de uma casa e de um
apartamento. Após algumas críticas, estas plantas foram retiradas da cartilha da CEF por se entender que
podiam orientar os promotores para soluções pré-estabelecidas que não se adequavam às condições dos locais
de implantação [5][6]. Apesar disso observa-se a repetição de projetos-tipo em numerosos empreendimentos da
primeira fase do PMCMV.
Para além desta modificação, é desejável que o PMCMV incentive a conceção de projetos específicos para
cada empreendimento. Para o efeito considera-se recomendável ponderar as seguintes orientações:
1) O PMCMV deve determinar, como norma geral, a realização de planos de pormenor e projetos
específicos para os edifícios.
2) O PMCMV deve estabelecer que os referidos projetos incluam, pelo menos, os seguintes elementos:
análise do sítio e da sua envolvente, conceito global, planta de conjunto, vistas globais do
empreendimento, planta de circulação, planta de espaços exteriores, planta de usos, projeto de rua,
projeto de edifícios, projeto de paisagismo, vistas dentro do empreendimento à altura do peão.

7.5 Os edifícios devem superar os mínimos regulamentares


Com vista a reduzir os custos, existe o risco das habitações cumprirem apenas os requisitos regulamentares.
Os regulamentos definem requisitos mínimos abaixo dos quais as condições de segurança e habitabilidade
podem ser comprometidas, não devendo portanto ser considerados como regras correntes de conceção.
Sempre que possível, os edifícios devem ser concebidos de modo a proporcionarem níveis de desempenho
superiores aos mínimos regulamentares.
O PMCMV estabelece especificações para o empreendimento relativas ao número de compartimentos, à área
útil das habitações, às dimensões dos compartimentos e a alguns materiais de acabamento. A segunda fase do
PMCMV introduziu diversas melhorias nas especificações técnicas das habitações [5][6].
Apesar destas melhorias, considera-se recomendável incentivar promotores e projetistas a procurar maximizar
as condições oferecidas aos moradores e superar os mínimos regulamentares. Para o efeito considera-se
recomendável ponderar as seguintes orientações:
1) O PMCMV deve incentivar a adoção de processos construtivos mais económicos (e.g., prefabricação,
autoconstrução), de modo a ter margem para construir habitações que superem os mínimos
estabelecidos cumprindo o preço máximo de venda das habitações. Atendendo aos objetivos sociais do
PMCMV, a redução do custo de construção por metro quadrado deve reverter para a melhoria das
condições das habitações e não para aumentar a margem de lucro dos construtores.
2) Incentivar a realização de concursos de ideias que explorem soluções inovadoras para superar os
mínimos estabelecidos.
3) Apoiar a elaboração de manuais de projeto com recomendações técnicas para a conceção de
habitações económicas com qualidade.

7.6 As habitações devem permitir a adaptação interna e a ampliação


A habitação tem um longo período de vida útil, perdurando em algumas situações durante várias gerações. Não
é fácil perspetivar as alterações nas necessidades dos moradores e nos estilos de vida ao longo do tempo. As

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alterações podem ser resultado de mudanças nas condições sociais, tecnológicas ou económicas. A
flexibilidade facilita a adaptação da habitação a essas alterações, mas depende fortemente das suas
características espaciais iniciais [2][3][16].
As especificações técnicas da primeira fase do PMCMV não estabelecem requisitos sobre a adaptabilidade das
habitações [5]. Na segunda fase do PMCMV foram introduzidas especificações para melhorar as condições de
acessibilidade de pessoas com mobilidade condicionada nas habitações correntes, passou a ser obrigatório que
todas as habitações possam ser adaptadas após a construção de acordo com as necessidades e deficiências
dos moradores e foi definida uma percentagem mínima de 3% das habitações por empreendimento
especialmente adaptadas ao uso por pessoas com mobilidade reduzida [6].
Apesar destes avanços é desejável que o PMCMV incentive a conceção de projetos que permitam a adaptação
interna ou a ampliação. Para o efeito considera-se recomendável ponderar as seguintes orientações:
1) O PMCMV deve recomendar que o projeto demonstre como as habitações podem ser adaptadas para
ser utilizadas por diferentes tipos de famílias (e.g., pessoa só, casal sem filhos, família com filhos do
mesmo sexo, família com filhos de sexo diferente ou família numerosa).
2) O PMCMV deve determinar que o projeto das casas e dos apartamentos, sempre que a tipologia do
edifício o permita, preveja e evidencie o modo como os moradores podem, se o pretenderem, ampliar a
habitação segundo uma solução-tipo que não comprometa as condições de segurança e saúde nem a
imagem do conjunto edificado.
3) O PMCMV deve incentivar a utilização de sistemas construtivos que facilitem a realização de alterações
na compartimentação interna das habitações.

7.7 As melhores soluções devem ser distinguidas e divulgadas


No âmbito do PMCMV serão construídos 1,6 milhões de habitações para famílias com até três salários mínimos
segundo especificações técnicas uniformes. Trata-se um processo rápido mas que permite o progressivo
acumular de conhecimento adquirido com a experiência prática. É desejável que o PMCMV: promova a
disseminação de boas práticas; evite a repetição de soluções cuja experiência demonstrou terem problemas;
divulgue as experiências inovadoras; valorize e divulgue o trabalho desenvolvido por promotores, entidades
públicas, projetistas, construtores e outros intervenientes; e faça interessar, cada vez mais, a cadeia produtiva
da construção civil bem como a sociedade em geral pela prossecução de intervenções de qualidade ao nível da
habitação de interesse social [9][10].
Para o efeito considera-se recomendável ponderar as seguintes orientações [9][10]:
1) O PMCMV deve divulgar os empreendimentos, os edifícios e as habitações que se destaquem
positivamente em aspetos de qualidade arquitetónica, urbanística ou construtiva, bem como por
adotarem soluções inovadoras.
2) O PMCMV deve atribuir um prémio periódico (e.g., semestral ou anual) e por categorias (e.g., tipo de
promotor, localização ou número de fogos do empreendimento) aos empreendimentos concluídos que
no seu conjunto se destaquem pela sua excelência. Podem ser considerados como critérios de
avaliação: a salvaguarda e valorização da paisagem; a integração urbanística; a imagem e a
organização arquitetónica; as técnicas e a racionalidade construtiva; a integração de estratégias para
mitigar o impacte ambiental; as condições de acessibilidade e mobilidade no espaço público e no espaço
edificado; e a apropriação pelos utilizadores.
3) O PMCMV deve promover a avaliação pós-ocupação das habitações já construídas e, com base nos
resultados desta avaliação, ponderar a revisão das especificações técnicas.

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8. NOTAS FINAIS

8.1 Síntese dos resultados


Principais riscos e oportunidades do PMCMV para a qualidade da habitação
No PMCMV a construção em ritmo acelerado de um elevado número de habitações com recursos escassos
coloca diversos riscos à qualidade da habitação, nomeadamente: a localização dos empreendimentos em áreas
periféricas mal servidas de infraestruturas, a construção em terrenos pouco adequados para a urbanização, a
deficiente cobertura por equipamentos e serviços de proximidade, a reduzida variedade social, a imagem
urbana repetitiva e sem identidade própria, a prevalência de ruas e áreas de estacionamento no desenho
urbano, e a construção de edifícios pouco qualificados do ponto de vista construtivo e espacial. A conjugação
destes riscos pode condicionar a desejável promoção da qualidade de vida dos residentes, bem como prejudicar
a sustentabilidade social e económica da comunidade local.
Em contrapartida, o grande volume de construção promovido no PMCMV apresenta oportunidades para a
qualidade da habitação, tais como: o aumento do grau de industrialização da construção, a inovação nas
soluções construtivas e espaciais adotadas, e a construção de bairros com potencial para constituírem novas
áreas das cidades por integram os diversos usos.
Medidas para promover a qualidade da habitação do PMCMV
As especificações técnicas do PMCMV registaram assinaláveis melhorias da primeira para a segunda fase. Não
obstante, para um processo de contínuo aperfeiçoamento, apontam-se em seguida algumas orientações de
melhoria a ponderar no futuro:
1) determinar a elaboração para cada empreendimento de um processo de projeto completo do qual
resultem planos de pormenor e projetos dos edifícios;
2) estabelecer que, para empreendimentos de determinadas dimensões, os projetistas têm de possuir
experiencia prévia no projeto de áreas residenciais;
3) definir orientações sobre os equipamentos e serviços de proximidade que no mínimo devem existir num
bairro, apoiar a sua construção e impor que eles estejam operacionais à data da inauguração do
empreendimento;
4) determinar que o projeto do empreendimento evidencie as condições de acesso a equipamentos
coletivos, espaços de pequeno comércio e serviços de apoio à habitação;
5) estabelecer que em cada empreendimento seja realizado um estudo sobre as necessidades locais de
habitação para justificar o programa de habitações a construir;
6) incentivar a construção de habitações com um número variável de quartos;
7) promover a integração nos empreendimentos de habitações destinadas a diferentes faixas de
rendimento, e de edifícios de diferentes tipologias;
8) incentivar a adoção de processos construtivos mais económicos, de modo a ter margem para construir
habitações que superem os mínimos estabelecidos cumprindo o preço máximo de venda das
habitações;
9) incentivar a realização de concursos de ideias que explorem soluções inovadoras para superar os
mínimos estabelecidos;
10) apoiar a elaboração de manuais de projeto com recomendações técnicas para a conceção de
habitações económicas com qualidade;
11) incentivar a adoção de estratégias espaciais e construtivas que aumentem a flexibilidade das
habitações;
12) determinar que os projetos apresentem soluções-tipo para ampliação futura das habitações;
13) divulgar e distinguir regularmente os empreendimentos que se destaquem positivamente;
14) promover a avaliação pós-ocupação das habitações já construídas e, com base nos resultados desta
avaliação, ponderar a revisão das especificações técnicas.

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8.2 Discussão dos resultados


A desejável melhoria da qualidade das habitações produzida no âmbito do PMCMV pode estar condicionada por
algumas opções de base do programa. Justifica-se portanto refletir se será conveniente rever algumas dessas
opções, nomeadamente as seguintes:
1) Ritmo de construção – A opção política do PMCMV foi «dar» habitação rapidamente a um grande
número de agregados carenciados. Como contrapartida aceitaram-se especificações técnicas pouco
exigentes. Será preferível uma resposta rápida e alargada ao deficit habitacional ou optar por
intervenções mais restritas e progressivas com ênfase na qualidade?
2) Compra ou arrendamento – O PMCMV fomenta a ideologia da «casa própria» o que naturalmente
responde a um desejo de consumo das famílias, pois proporciona garantia de estabilidade em relação à
escola dos filhos e aos laços de solidariedade de bairro, a segurança de ter um teto mesmo em caso de
desemprego ou doença, e a salvaguarda para um fim de vida com o mínimo de segurança e dignidade
na ausência ou insuficiência da previdência social. Mas esta ideologia tem também inconvenientes, tais
como a mercantilização da habitação como um produto de consumo, o fomento da especulação
imobiliária, a menor mobilidade residencial das famílias e a menor heterogeneidade social a prazo. A
casa própria, sobretudo quando dada a famílias que não têm condições de a obter com os seus meios
económicos, visa garantir um direito ou colher dividendos? Não seria o arrendamento uma solução
socialmente mais justa e adequada?
3) Modelo económico – No PMCMV o acesso à habitação, mesmo das famílias carenciadas, é através da
compra. Como consequência, o investimento público a fundo perdido é superior a 60% do preço de
venda das habitações. Porque não adotar um modelo de financiamento que reduza o investimento
público a fundo perdido (e.g., prever prazos de amortização mais longos ou potenciar os recursos da
comunidade através da autoconstrução)?
4) Equidade – As habitações construídas no âmbito das duas fases do PMCMV atendem a 32% do deficit
habitacional na faixa das famílias com rendimento até três salários mínimos. Será a opção de «dar»
habitação a parte das famílias carenciadas uma aplicação «equitativa» de recursos públicos? Quando
terão as restantes famílias acesso a uma habitação condiga e será o acesso a essa habitação
proporcionado em condições equivalentes?
5) Satisfação dos moradores – As áreas das habitações do PMCMV são substancialmente inferiores às
estabelecidas para a habitação de interesse social em diversos países europeus. No entanto, no Brasil
os moradores deste tipo de habitação tendem a manifestar-se satisfeitos com as suas habitações. Será
que os moradores se irão continuar a manifestar satisfeitos no futuro? Como ponderar a satisfação dos
moradores e as recomendações dos estudos técnicos nas opções de política habitacional?
6) Custos sociais – Do ponto de vista técnico as habitações do PMCMV são exíguas. Acresce a isso que
muitos bairros estão localizados em áreas periféricas dos municípios, mantendo-se uma dinâmica da
segregação socioespacial. Com a criação de potenciais «guetos» e a perpetuação da exclusão social,
estarão a ser construídos hoje os focos de problemas de amanhã? Quais serão os custos sociais da
exclusão social?
7) Obsolescência prematura – Os requisitos técnicos do PMCMV respondem às necessidades elementares
da vida quotidiana presente das famílias. A desejável melhoria do nível de vida da população brasileira
poderá significar que, a médio prazo, as habitações se tornarão obsoletas? Quais serão os custos de
reabilitação dos edifícios que estão a ser construídos?
8) Variados tipos de promotores – Somando as duas fases, o PMCMV tem como meta a construção de três
milhões de habitações em cinco anos. Isto representa 10% dos domicílios particulares permanentes
adequados. Trata-se de um programa de grande magnitude. Porque não assentar a construção das
habitações numa distribuição mais equilibrada por diferentes tipos de promoção: privada, pública e
cooperativa?
9) Mobilização dos recursos técnicos – O PMCMV estabelece o preço máximo de venda e define as
características técnicas genéricas das habitações. A conceção de habitações no PMCMV coloca o
desafio de procurar soluções que, cumprindo o preço máximo, proporcionem adequadas condições aos

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moradores. Não seria conveniente uma maior mobilização de projetistas, técnicos, académicos e
investigadores na promoção da qualidade da habitação? Não seria útil analisar e aproveitar a
experiência da produção de habitação de interesse social existente no Brasil e no estrangeiro?

9. AGRADECIMENTOS
O autor agradece reconhecido as contribuições dos colegas Anabela Manteigas, António Baptista Coelho,
Cláudio Cruz, José Jorge Boueri, José Vasconcelos Paiva, Khaled Ghoubar e Maria João Freitas.

10. REFERÊNCIAS

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pavimentos (4 partes). Brasil, ABNT, 2000.
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[3] CABE, Commission for Architecture and the Built Environment. Building for life: delivering great places to live: 20
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[6] CEF, Caixa Econômica Federal. Minha casa, minha vida: Moradia para as famílias, Renda para os trabalhadores,
Desenvolvimento para o Brasil [Em linha]. CEF e Governo Federal, 2011. Disponível em:
<http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/habita/mcmv/CARTILHACOMPLETA.PDF>. Acesso em outubro 2012.
[7] CEF, Caixa Econômica Federal. Especificações para empreendimentos até 3 Salários Mínimos [Em linha]. CEF, 2009.
Disponível em <http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programas_habitacao/pmcmv/saiba_mais.asp>.
Acesso em Setembro de 2009.
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[9] IHRU, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana. Prémio IHRU de construção e reabilitação: Regulamento [Em
linha]. Lisboa: IHRU, 2010. Disponível em:
<http://www.portaldahabitacao.pt/opencms/export/sites/portal/pt/portal/docs/premios/Regulamento_Premio_IHRU.pdf>.
Acesso em outubro de 2012.
[10] IHRU, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana. Prémio IHRU 2011 de construção, reabilitação e trabalhos de
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<http://www.portaldahabitacao.pt/opencms/export/sites/ihru/pt/ihru/docs/premios/Premio_IHRU2011Final.pdf>. Acesso
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João Branco Pedro

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[18] PEDRO, J. Branco. Programa habitacional: Vizinhança próxima. Lisboa: LNEC, 1999. (Col. Informação Técnica
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[20] PEDRO, J. Branco; BOUERI, José Jorge. Comparação das exigências de espaço aplicáveis à construção de
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[21] PORTUGAL, Leis e Decretos. Despacho n.º 41/MES/85 [Recomendações Técnicas para Habitação Social]. Diário de
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[22] ROLNIK, Raquel (Organização); BISCHOF, Raphael; KLINTOWITZ, Danielle; REIS, Joyce. Como produzir moradia
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[23] SECRETARIA DE IMPRENSA. Sítio Blog do planalto: Programa Minha Casa, Minha Vida alcança a marca de 1 milhão
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[24] SINDUSCON-RIO, Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro. Palestra de apresentação
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