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MORADIA E EXPERIÊNCIAS DE CIDADE:

Considerações a partir da implantação do Programa Minha Casa Minha Vida na


Região Metropolitana do Rio de Janeiro1

Samuel Thomas Jaenisch (IPPUR/UFRJ) 2

Resumo:
O Programa Minha Casa Minha Vida poderá gerar o deslocamento em potencial de
mais de 300.000 pessoas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Motivações
diversas, envoltas por diferentes contextos e histórias de vida nas quais a mudança de
moradia opera como um dispositivo para a produção de subjetividades: a ida para os
empreendimentos habitacionais financiados não está aqui sendo considerada como uma
simples troca de local de moradia mas enquanto um processo que impele o sujeito a
qualificar sua nova condição de vida e a ressignificar tanto sua trajetória dentro da
cidade quanto suas práticas cotidianas. Este processo será aqui explorado a partir de
narrativas de moradores coletadas em trabalho de campo realizado em empreendimento
localizado no município do Rio de Janeiro (RJ). Os casos trabalhados referem-se
principalmente a famílias cujo processo de mudança envolveu deslocamentos territoriais
significativos e mudanças drásticas na tipologia arquitetônica/urbanística de sua
residência. Buscou-se compreender como estas transformações implicaram em novas
experiências para os indivíduos, principalmente em relação às formalidades e restrições
impostas pela vida em condomínio, além das diferenças nos padrões de urbanização e
acesso a comércio, serviços, lazer e mobilidade urbana. A nova moradia enquanto uma
nova experiência de cidade em seus múltiplos aspectos.
Palavras-Chave: Minha Casa Minha Vida, Moradia, Rio de Janeiro

Introdução

O Programa Minha Casa Minha Vida foi lançado pelo Governo Federal no ano
de 2009 como um imponente programa habitacional disposto a financiar a produção e o
acesso a um milhão de novas moradias em curto prazo. Dividido em três faixas de
renda3 o programa apresentava dentre as suas proposições a redução de um histórico de

1
Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de
agosto de 2014, Natal/RN.
2
Os resultados aqui apresentados decorrem da participação do autor em pesquisas desenvolvidas no
âmbito do INCT Observatório das Metrópoles (ligado ao Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e
Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro), particularmente do projeto “Avaliação do Programa
Minha Casa Minha Vida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro: impactos urbanos e sociais” (Edital
MCTI/CNPq/MCidades nº 11/2012).
3
O público-alvo do Programa Minha Casa Minha Vida está divido em três faixas de renda. A Faixa 1
envolve as famílias com renda mensal até R$1600,00 que recebem subsídio integral garantido pela Caixa
Econômica Federal, estando a distribuição das unidades sob responsabilidade das administrações
municipais que devem definir critérios e instrumentos para selecionar as famílias. É voltada
preferencialmente para famílias de baixa renda ou cuja condição de moradia é considerada inadequada. A
Faixa 2 e a Faixa 3 são destinadas respectivamente para as famílias com renda mensal até R$3275,00 e
1
carências habitacionais enfrentado pelas famílias de baixa renda, além de ampliar o
acesso e facilitar a aquisição de imóveis residenciais para famílias da classe média. Ele
rapidamente atingiu as metas previstas e em setembro de 2011 foi lançado o Programa
Minha Casa Minha Vida 2, prevendo a construção de mais dois milhões de novas
moradias até o ano de 2014. Atualmente o Programa já conta com cerca de 3.277.847
unidade habitacionais contratadas, com aproximadamente 47% delas já entregues aos
moradores4.
Uma conseqüência direta do grande volume de novas unidades habitacionais
que vem sendo produzidas nesse contexto é o fluxo significativo de famílias, que
potencialmente poderão deixar seus antigos locais de moradia, rumo a algum
empreendimento financiado pelo Programa Minha Casa Minha Vida. No caso da
Região Metropolitana do Rio de Janeiro estamos falando de aproximadamente 300.000
pessoas5 que possivelmente irão se deslocar para algum dos 378 empreendimentos já
contratados. Cabe ressaltar que esses processos de mudança estão aqui sendo
considerados enquanto um processo complexo inspirado na noção de “fato social total”
desenvolvida por Marcel Mauss6: como algo que envolve dimensões sociais, políticas,
econômicas ou familiares da vida dos indivíduos. Não se trata apenas de uma mudança
de endereço, mas de um processo capaz de criar ou restringir possibilidades de
engajamentos desses indivíduos no mundo, além de produzir subjetividades que
requalifiquem todas essas dimensões frente às alteridades que esse processo institui.
Nesse sentido, a forma como os moradores qualificam esses empreendimentos
é parte de uma trama que ora enfatiza as dificuldades geradas pelas mudanças na rotina,
por vezes relativiza as dimensões ligadas à localização, em alguns momentos reconhece
melhorias na qualidade de vida, em outros prefere retornar ao seu antigo local de
moradia, dentre tantas outras possibilidades. Algo exemplificado pela fala de um
morador entrevistado em fevereiro de 2014 em empreendimento construído no Bairro
de Santa Cruz no município do Rio de Janeiro:

R$4.300 (ou R$5.400,00 para municípios de grande porte ou integrantes de regiões metropolitanas) que
recebem subsídio parcial pela Caixa Econômica Federal, e compram as unidades diretamente das
construtoras e incorporadoras pagando o restante do valor do imóvel com financiamento pelo FGTS.
4
Dados referentes a 31 de janeiro de 2014 (MCIDADES, 2014).
5
Este número foi calculado a partir do número total de unidades habitacionais contratadas na Região
Metropolitana (99.715) e da média de moradores por domicílio calculada a partir dos dados do Censo
Demográfico 2010. Em função de sua fragilidade é um dado meramente especulativo.
6
Conforme teorizado no texto “Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão de troca nas sociedades arcaicas”
(MAUSS, 2003)
2
"Porque eu gosto daqui... É meu, né? É longe, é sacrificante, não
tem ônibus direto, só van... Mas eu gosto daqui."

Diversos exemplos semelhantes foram encontrados em outros estudos


recentemente realizados7. Foi o caso, por exemplo, de moradores entrevistados para o
nosso estudo de caso em empreendimento construído no Bairro de Campo Grande do
município do Rio de Janeiro, cujas falas transitavam por sentimentos de satisfação em
relação à nova moradia, críticas à baixa qualidade construtiva de sua residência,
desagrado em relação aos vizinhos, ou pelo conforto gerado pela segurança oferecida
pelo condomínio. Contradições que revelam as complexidades e ambigüidades
envolvidas nestes processos e que não permitem interpretações unívocas e lineares a seu
respeito.
Quanto a isso cabe ressaltar que o Programa Minha Casa Minha Vida vem
possibilitando o acesso à propriedade (ou à “casa própria”) a uma parcela da população
que historicamente teve poucas oportunidades de acessar o mercado formal de imóveis,
sempre conviveu com a insegurança de perder sua residência, e não raras vezes teve
seus locais de moradia marcados por carências e estigmatizações de diversas naturezas.
Nesse sentido, o programa acaba sendo legitimado por parte significativa do seu
público-alvo que o concebe enquanto uma possibilidade tangível de melhorar
objetivamente suas condições de moradia. Ressaltando que o processo de expansão das
cidades brasileiras nunca conseguiu garantir o mesmo padrão de urbanização, oferta de
serviços e infraestrutura para toda a sua população, restando aos segmentos sociais de
baixa renda um acesso limitado ou parcial a estes.
Algo presente em famílias que usam o Programa para escapar de áreas de risco,
de regiões com altos níveis de violência urbana, ou de situações de co-habitação; além
daquelas interessadas em obter uma garantia legal definitiva da posse do imóvel, ou
mesmo seduzidas pelo desejo de consumir um produto imobiliário diferenciado,
materializado pela tipologia condomínio-fechado, amplamente adotada pelas
incorporadoras que produzem para o Programa. Ademais, essa adesão ao Programa
Minha Casa Minha Vida indica também que um número significativo de famílias segue
em busca de soluções para melhorar a sua condição habitacional e ainda dependem de
incentivos estatais para efetivá-las8.

7
Ver: CARDOSO, ARAÚJO e JAENISCH (2013).
8
Estas questões já foram discutidas em: CARDOSO, JAENISCH e ARAUJO (2013).
3
Por outro lado, resultados de estudos recentes que vem sendo realizados na
Região Metropolitana do Rio de Janeiro, indicam uma série de problemas relacionados
principalmente à inserção urbana e a qualidade dos empreendimentos financiados pelo
Programa9. Algo que ocorre, por exemplo, nos bairros da zona oeste do município do
Rio de Janeiro (principalmente Campo Grande, Santa Cruz e Cosmos) que concentram
aproximadamente um terço de todas as unidades que foram contratadas no município, e
cerca de 20% do total da Região Metropolitana10. Muitos dos empreendimentos tendem
a estar localizados em áreas de expansão urbana, com acesso restrito às redes de
transporte público, serviços públicos insuficientes frente à nova demanda, além de
distantes dos principais centros de oferta de comércio, serviços e empregos. Ressaltando
que há variações significativas em função da faixa de renda à qual o empreendimento se
destina. Nos empreendimentos voltados para a Faixa 1 estes problemas são mais
evidentes, pois eles tendem a ser de grande porte e muitas vezes construídos em áreas
que já possuem outros empreendimentos financiados pelo Programa11, agravando as
demandas por infra-estrutura e oferta de serviços públicos12.
Estes pontos críticos também refletem nas formas como os moradores
qualificam os seus processos de mudança e seus sentimentos de satisfação em relação à
nova moradia. A tensão entre a vontade de sair e o desejo de permanecer vem sendo
recorrente nas pesquisas de campo realizadas, onde os entrevistados expressam
desagrados em relação ao entorno do empreendimento, à sua acessibilidade, e falta de
alternativas para suprir suas demandas cotidianas de comércio e serviços. Apesar dos
sentimentos de posse e segurança gerados pelo acesso à casa própria as insatisfações
também estão presentes. Importante ressaltar que a intensidades dessas percepções e
qualificações variam em função do contexto no qual os moradores tiveram acesso ao
Programa Minha Casa Minha Vida.
Todas estas questões estão imbricadas nesse processo de ida para a nova
moradia. E cabe ressaltar que parte significativa das famílias beneficiárias do Programa

9
Para uma análise mais completa sobre os padrões de distribuição dos empreendimentos financiados pelo
Programa Minha Casa Minha Vida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro ver: CARDOSO,
ARAÚJO e JAENISCH (2013).
10
Todos os dados referentes a produção para o programa foram produzidos a partir de banco de dados
fornecido pelo Ministério das Cidades, contendo informações sobre todos os empreendimentos
contratados entre o início do programa em 2009 e dezembro de 2012.
11
No caso da Região Metropolitana do Rio de Janeiro 86% dos empreendimentos voltados para a Faixa 1
apresentam algum tipo de contigüidade.
12
Sobre a relevância destas questões na implementação do Programa Minha Casa Minha Vida a nível
nacional, ver: CARDOSO (2013).
4
Minha Casa Minha Vida no caso da Região Metropolitana do Rio de Janeiro irá se
transferir para uma área da cidade diferente do seu local de origem, com padrões de
urbanização diversos, e para uma tipologia arquitetônica distinta das quais elas estavam
acostumadas até então.
O objetivo desta comunicação é explicitar estas dinâmicas a partir de falas e
relatos de moradores de um empreendimento financiado pelo Programa Minha Casa
Minha Vida no Bairro de Campo Grande, na zona oeste do município do Rio de Janeiro.
Ressaltando que os dados aqui apresentados não têm consistência suficiente para
apresentar conclusões definitivas sobre o assunto. Trata-se apenas de um texto
exploratório cujo interesse maior é discutir esses processos de mudança na sua
complexidade, enquanto algo que impele o sujeito a qualificar sua nova condição de
vida e a ressignificar tanto sua trajetória dentro da cidade quanto suas práticas
cotidianas.

Sobre o processo de mudança para a nova moradia

O processo de mudança para uma nova residência está aqui sendo considerado
enquanto um importante dispositivo capaz de provocar nos indivíduos a produção de
subjetividades. São processos que envolvem mudanças no contexto urbano dessas
famílias, nas transformações nas redes de solidariedade e interdependência, nos arranjos
políticos nos quais elas estão envolvidas, na gestão de suas atividades cotidianas, além
de inúmeras outras possíveis dimensões. Tratam-se de engajamentos pragmáticos, nos
quais os sujeitos precisam continuamente se constituir enquanto agentes e instituir uma
forma de agir enredada a um conjunto de possibilidades que cada situação concreta
oferece.
Processo que está sendo aqui especulado teoricamente, a partir de uma
perspectiva que tem como ponto de partida um tipo de compreensão na qual tanto
sujeito quanto objeto se constituem em cada relação específica. Não há um sujeito dado,
que dotado de suas capacidades cognoscitivas apenas apreende o mundo enquanto
materialidade inerte. Tampouco está aqui sendo considerada um tipo de perspectiva
representacional, na qual o indivíduo interpreta o que está ao seu redor enquanto um
conjunto de significantes. Em ambas estas possibilidades reside um pressuposto que
concebe indivíduo e objeto enquanto entidades ontologicamente distintas. De um lado

5
um sujeito centrado que projeta suas visões de mundo sobre um novo contexto
residencial, de outro um objeto dado no mundo que recebe determinados significados.
Não estamos aqui querendo negar aos indivíduos a importância de suas
trajetórias de vida, concepções de mundo, aprendizados ou de suas experiências
passadas. Mas trata-se de reconhecer essas dimensões da biografia enquanto forças
latentes que podem ser potencializadas em função de agenciamentos específicos. As
experiências anteriormente vividas pelos indivíduos são acionadas em cada
engajamento, mas enquanto atualizações que irão constituir novas experiências cujo
sentido não pode ser buscado além do contexto na qual ela se constituiu.
Essa perspectiva é inspirada em STENGERS (2008) que aponta para a
necessidade de adotar uma forma de compreensão pragmática dos processos sociais. As
questões que insurgem a cada indivíduo – frente a situações concretas de sua vida
cotidiana – não estão dadas a priori. Nosso exercício de compreensão (enquanto
pesquisadores) deve buscar colocar em evidência os arranjos múltiplos que envolvem os
processos de produção dessas questões e suas possíveis respostas por parte dos
indivíduos. Desta forma, a maneira como os indivíduos lidam com as restrições
impostas pela forma condominial após a sua mudança para um empreendimento
financiado pelo Programa Minha Casa Minha Vida não deve ser tratada enquanto uma
resposta teleológica. Cada agir desse individuo deve ser considerado enquanto arranjo
específico, que não guarda uma relação pré-determinada com nenhum tipo de
transcendência (o simbólico, a estrutura) que o determine de forma peremptória.
Trata-se de procedimentos que precisam ser constantemente inventados e
experimentados à medida que esses processos se propagam com os meios nos quais
estão envolvidos. Perspectiva na qual os processos de produção do conhecimento estão
sempre colocados em devir. Um elemento central nesta reflexão é o conceito de etho-
ecologia, no qual STENGERS (2008) e STENGERS (2011) apontam para a
inseparabilidade do ethos e do oikos, sendo o primeiro compreendido enquanto forma
de agir e o segundo enquanto habitat e a forma como esse habitat satisfaz ou se opõe às
demandas associadas ao ethos. Aqui a autora reforça sua perspectiva que tende a
valorizar os processos de produção enquanto necessidade continua de ação e reação,
frente a um meio que não é passivo nem inerte. Perspectiva que cabe ser posta em
relação com as teorizações de INGOLD (2000) e INGOLD (2005) a respeito da relação
entre indivíduo e seu meio envolvente (environment). Para o autor não há como

6
conceber o indivíduo sem o seu meio, assim como o meio só faz sentido enquanto um
processo emergente que se desenvolve ao longo da trajetória de vida do indivíduo.
Nesse sentido, o meio não deve ser considerado como um dado de natureza e sim
enquanto construção contínua, que se processa a partir da experiência e do engajamento
dos indivíduos em situações concretas. Cabe destacar que o próprio processo de
conhecimento é colocado por INGOLD (2000) não como algo abstrato e passivo, que
pode ser transmitido enquanto algo objetivo e acabado, mas como uma experiência
vivida pelo indivíduo na sua relação com o meio e que não faz sentido fora do contexto
no qual foi produzido.
As perspectivas apontadas por ambos os autores estão sendo aqui seguidas
enquanto possibilidade para explorar os processos de mudança das famílias
beneficiárias do Programa Minha Casa Minha Vida, nos quais o novo local de moradia
está sendo considerado enquanto um meio/oikos que nunca está dado nem pronto. Ou –
partindo dos termos propostos por DELEUZE E GAUTARRI (2012a) – enquanto um
processo de territorialização/desterritorialização agenciado dentre inúmeras
possibilidades pelos sujeitos. O local de moradia não como algo que “é” mas como algo
que “acontece” e nunca se concretiza de forma plena, ou, assumindo as palavras de
INGOLD (2012): não como um fato consumado cujas superfícies estão entregue à nossa
inspeção.
Estas proposições levam a sugerir uma compreensão dos processos de mudança
que os considere em sua dimensão plena (material, simbólica, sensória, afetiva)
enquanto um conjunto de possibilidades de engajamento pelos sujeitos. O sujeito se
constitui – voltando aos termos de DELEUZE e GUATTARI (2012) – atravessado por
inúmeros agenciamentos e intensidades que não devem ser compreendidos enquanto
relações de causa e efeito ou reflexos de alguma estrutura transcendente que paire sobre
eles. O sujeito e seu meio se constituem de forma simultânea e não como compreendê-
los fora dessa relação. Arranjos frágeis e instáveis que deixam de ser no mesmo
momento em que se constituem.

Estudo de caso

Esta questões que estão aqui sendo propostas, insurgiram ao longo de uma
série de experiências de campo que vêm sendo realizadas desde 2012 em
empreendimentos financiados pelo Programa Minha Casa Minha na Região

7
Metropolitana do Rio de Janeiro. Foram visitados seis empreendimentos localizados nos
municípios de Queimados, Belford Roxo e Rio de Janeiro. Eles foram escolhidos em
função de algumas variáveis que buscavam potencializar possíveis diferenças nas
percepções dos moradores sobre seu novo local de moradia, em função das formas de
acesso ao empreendimento, localização e inserção nas dinâmicas metropolitanas, ou da
faixa de renda dos beneficiários.
Nesta comunicação será abordado majoritariamente um desses estudos de caso:
o Condomínio Málaga Garden, localizado às margens da Avenida Brasil no Bairro de
Campo Grande e distante aproximadamente 50 quilômetros do centro da cidade do Rio
de Janeiro. O empreendimento foi entregue aos moradores no ano de 2010, e conta com
299 unidades habitacionais (todas com a mesma planta) distribuídas em 77 blocos que
reúnem três ou quatro sobrados geminados. A tipologia arquitetônica adotada seguiu o
modelo “condomínio fechado” – cercado por muros, com acesso controlado, vias de
circulação interna privativas, 121 vagas de estacionamento, além de áreas de lazer para
os moradores – sendo o entorno do empreendimento caracterizado por grandes vazios
urbanos e outros conjuntos habitacionais de diferentes períodos históricos, com pouca
oferta de comércios e serviços13.

Figura 1 – Mapa com localização do empreendimento escolhido.

Fonte: Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ)

13
Para uma caracterização mais detalhada ver: CARDOSO et alli, 2012.
8
O empreendimento foi enquadrado junto ao Programa Minha Casa Minha Vida
como Faixa 3, tendo sido vendido no mercado regular de imóveis pela sua construtora e
anunciado em eventos conhecidos como “Feirões da Caixa”. Nele foram selecionadas
para entrevista seis famílias, sendo que na escolha foram observados fatores como: faixa
etária, configuração familiar e antigo local de moradia, para apreender possíveis
variações em função das suas biografias e trajetórias dentro da cidade.
Resumidamente as famílias podem ser caracterizadas da seguinte forma: a) a
primeira família constitui-se em um casal sem filhos, com idade na faixa dos 30 anos,
sendo que ambos foram criados na Favela da Maré e após o casamento começaram a
buscar alternativas de compra de um imóvel próprio; b) a segunda família é formada por
um casal com dois filhos, ambos na faixa dos 40 anos, sendo que o entrevistado foi
criado no Bairro Praça Seca onde possuía imóvel próprio construído junto à casa do seu
pai; c) a terceira família constitui-se em um casal com um filho, também na faixa dos 40
anos, que cresceu em um conjunto habitacional vizinho ao atual empreendimento, tendo
depois passado por outros bairros como Vila Aliança e Padre Miguel; d) a quarta
família é formada por um casal sem filhos, na faixa dos 30 anos, sendo que ambos
foram criados nos bairros de Santa Cruz e Campo Grande, e compraram a residência
atual após o casamento; e) a quinta família é formada pela mãe e seus dois filhos, ela
com 64 anos, vinda do bairro de Vigário Geral onde possuía casa própria; f) por fim a
sexta família é formada por um casal e seus dois netos, eles com mais de 60 anos, que
ao longo da suas trajetórias de vida já passaram por diversos bairros da cidade, tais
como: Copacabana, Gamboa, Meier, Rocha Miranda, Realengo.
Centralmente foram constituídos alguns temas, considerados relevantes a partir
de elementos acionados pelos entrevistados, quando questionados sobre o processo de
mudança de seu antigo local de moradia pelo condomínio atual.

Figura 2 e 3 – Condomínio Málaga Garden: vista externa e bloco residencial padrão

Fonte: Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ)


9
Figura 4 e 5 – Condomínio Málaga Garden: vista interna

Fonte: Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ)

Figura 6 e 7 – Condomínio Málaga Garden: área de lazer e muro que separa o


condomínio de seu entorno

Fonte: Observatório das Metrópoles (IPPUR/UFRJ)

Tema nº1 – Violência Urbana

Um elemento recorrente na falas dos entrevistados – quando questionados


sobre as motivações de sua mudança – foi a busca por um local de moradia menos
violento. A presença deste tema é mais evidente naquelas famílias que residiram
anteriormente em áreas da cidade marcadas nas últimas décadas pela presença de grupos
ligados ao tráfico de drogas, por ações violentas da polícia, e mais recentemente pelo
domínio das milícias armadas. É o caso das famílias que passaram pela Favela da Maré,
pelo bairro de Padre Miguel, ou pelo Bairro Vila Aliança.
Algo que evidencia a força deste elemento é o fato de nenhum dos
entrevistados ter relatado qualquer tipo de incidente violento explícito (sofrido por ele
ou pessoas próximas) que tenham motivado a sua mudança para a nova residência. O
tema da violência foi sempre qualificado no âmbito dos impedimentos e de
possibilidades latentes de perigo. Foram feitas referências a impossibilidade de circular
por partes dessas áreas ou em alguns horários específicos em função do controle
exercido por grupos de traficantes de drogas, ao risco de ser atingido por disparos
10
ocorridos em confrontos entre grupos de traficantes rivais ou com a polícia, ou a
ameaças feitas por usuários de crack.

“(...) a gente tem que se aprimorar e melhorar, mostrar pro


vizinho ou para as pessoas que estão chegando, que aqui ainda é
um bom lugar de morar. Você não vê violência, você não vê
tiroteio, você não vê ninguém armado... você não vê aqueles
bolinhos de usuários de crack” (Entrevistado nº3)

Outra forma de remetimento ao tema da violência foi o reconhecimento de um


risco iminente de envolvimento com o mundo do crime. Elemento mais evidente entre
os entrevistados com filhos (ou mesmo com irmãos ou sobrinhos jovens), que
compreendiam os seus locais anteriores de moradia como áreas onde a possibilidade de
seus filhos serem cooptados por grupos criminosos era real. Frente a isso, o fato do
Condomínio Málaga Garden ter sido construído segundo a tipologia “condomínio
fechado” foi acionada enquanto algo positivo por restringir a circulação das crianças ou
adolescentes ao interior dos muros do condomínio. Fora isso, a possibilidade de auto-
segregação em relação ao entorno oferecida por esse tipo de tipologia foi acionada
apenas de forma difusa pelos entrevistados. Apesar das áreas contíguas apresentaram o
mesmo perfil socioeconômico das áreas de origem dos entrevistados e de ter sido
relatado a ocorrência de alguns crimes no entorno (principalmente assaltos), o novo
local de moradia sempre foi qualificado como um lugar seguro.

“(...) até meu irmão que tá com meus pais lá em Minas Gerais.
Ele tem 18 anos e toda vez que ele vem pra cá pro Rio eu já falo
pra ele vir pra cá [Málaga Garden] porque eu me preocupo com
ele lá [Favela Nova Holanda]. Dezoito anos, dentro de uma
comunidade onde tem drogas, tem várias coisas, tem polícia,
tem tiro, então eu prefiro que ele fique aqui comigo, fica mais
protegido” (Entrevistado nº1)

Tema nº2 – Qualidade de vida

Algo recorrente nas falas dos entrevistados foi uma qualificação positiva em
relação à melhora da qualidade de vida após a mudança para o novo endereço, apesar
dos vários problemas identificados no interior do condomínio e das inúmeras
reclamações em relação ao seu entorno. Muitos dos serviços anunciados pela
incorporadora na divulgação publicitária do empreendimento – campos de futebol, salão
de festas, áreas para churrasco, áreas de lazer para as crianças, piscina – foram

11
qualificados como insuficientes para a demanda do condomínio ou apresentavam algum
tipo de defeito que impossibilitava o seu uso.
Outra crítica muito presente foi a falta de vagas de estacionamento para todos
os moradores e os constantes conflitos gerados por essa demanda. Percepções que são
marcadas por uma insatisfação em relação ao encontrado após a compra da casa, mas
que, ao mesmo tempo, são acompanhadas por uma série de qualificações positivas em
relação ao novo lugar. Além da segurança, já mencionada anteriormente, foram citadas
a tranqüilidade e as possibilidades de lazer para as crianças proporcionadas pela
tipologia “condomínio fechado”, a existência de redes regulares de saneamento, ou o
reconhecimento legal do status de proprietário do imóvel.
As relações com o entorno do Málaga Garden também foram qualificadas
como problemáticas em alguns aspectos e como positivas em outros. Os entrevistados
reconheceram a existência de comércio e serviços nas áreas do entorno imediato do
empreendimento, que atendem às necessidades básicas e cotidianas dos moradores. No
entanto, quando necessitam de algum serviço especializado (agências bancárias, cinema,
grandes supermercados, comércio, shopping centers, clínica médica, dentre outros)
precisam recorrer ao centro do bairro de Campo Grande, cujo acesso é feito por
automóvel particular ou por opões precárias de transporte público. Outra dificuldade
que os moradores afirmaram enfrentar é o considerável tempo de deslocamento no
trajeto casa-trabalho-casa.
Ressaltando que todas as famílias entrevistadas moravam anteriormente em
áreas com uma provisão muito mais ampla de comércio, serviços e acessibilidade ao
centro da cidade. A distância em relação aos seus antigos locais de moradia também foi
um elemento apontado pelos entrevistados como um aspecto negativo, pois reconhecem
que a nova localização diminui o contato com vizinhos, amigos ou parentes que
moravam próximos às suas antigas casas.
Mas apesar dessas dificuldades apontadas, nenhum entrevistado assumiu
arrependimento com a compra do imóvel ou projetou a volta para o seu antigo local de
moradia. A mudança sempre foi qualificada como positiva. Esse dado nos sugere que a
compreensão do significado dessa mudança não se limita a uma melhora objetiva nas
condições de moradia. Todas as famílias entrevistadas identificaram algum tipo de
perda – seja em termos de tempo de deslocamento para o trabalho, no tamanho da casa
ou na diminuição da oferta de comércio no entorno imediato – mas reforçam a

12
importância de terem conseguido adquirir sua casa própria e vislumbram uma melhora
progressiva futura na sua qualidade de vida.

“Porque aluguel a gente paga toda a vida e nunca tem retorno


(...) Não é dono, não somos donos de nada... Agora nós estamos
pagando uma coisa, que sabemos que é da gente mesmo
né...vale a pena!” (Entrevistado nº4)

Tema nº3 - Formalidades

Um elemento utilizado pelos entrevistados para expressar essa mudança


qualitativa na sua condição de vida são as formalidades exigidas pela vida em
condomínio, algo mais evidente dentre aqueles que saíram de áreas de favela. Ao
comprar o imóvel todos passam a assumir uma dívida referente ao financiamento da
moradia, além de outras taxas como o condomínio e o Imposto sobre Propriedade
Predial e Territorial Urbana. Embora reconhecendo o ônus gerado pela nova situação, os
entrevistados avaliaram que se trata de um custo necessário para a manutenção de uma
nova condição de vida associada à formalidade e à legalidade.

“É adaptação... porque eu acho que isso é crescimento, isso se


chama crescimento. Você estava num lugar onde não paga
IPTU, não paga água... Mas agora paga. Você está aprendendo a
saber o que é viver” (Entrevistado nº1)

“Lá, por exemplo, como é comunidade carente, nós não temos


registro, tudo direitinho. A casa não é registrada, é casa de posse
e meu sonho sempre foi ter uma casa registrada, uma casa
legalizada. tudo direitinho e a opção foi essa e acertadamente eu
vim pra cá.” (Entrevistado nº2)

Esse elemento foi acionado pelos entrevistados para marcar a superação de


uma condição de vida anterior onde esse tipo de regulamentação não existia. O mesmo
pode ser dito sobre as normas de conduta estabelecidas pelos regulamentos
condominiais do empreendimento. Existem normas dentro do condomínio que
estabelecem horário de silêncio, regulam o uso dos equipamentos coletivos, proíbem
alterações na fachada ou na estrutura das casas, ou estabelecem limites para o uso das
áreas comuns. Apesar de todos os entrevistados terem assumido essas normativas como
inerentes à sua nova condição de moradia e necessárias para a manutenção de um
convívio saudável entre os vizinhos, eles também reconheceram o seu potencial para
gerar conflitos.

13
“mas é muito difícil porque as pessoas as vezes não estão
acostumadas em morar em condomínio. Eu como morava em
Jacarepaguá que já conhecia condomínio entendo um pouco
mais né do que pessoas que vieram de outros lugares e que não
moravam em condomínio, é muito difícil de entender que
bicicleta não pode ficar do lado de fora de casa, que uma cadeira
não pode ficar do lado de fora” (Entrevistado nº4)

“Só que essa cabeça e essa cultura de não conhecer como


funciona um condomínio acaba atrapalhando. Bandeira em
janela não pode, roupa e varal na calçada lá fora não pode e
pessoal coloca. Você falar pra uma pessoa que não pode jogar
bola porque choveu e vai estragar o campo que é de grama se
jogar bola chuva, o pessoal acha que está pagando o condomínio
e que ela pode jogar” (Entrevistado nº4)

Aqui é importante ressaltar que os espaços populares de moradia (de onde


saíram parte significativa dos moradores deste empreendimento em questão) na cidade
do Rio de Janeiro são marcados por um uso intenso dos espaços públicos, por processos
de expansão e subdivisão das moradias, além de uma fronteira tênue entre o que é
compreendido enquanto espaço público e enquanto espaço privado .
A dinâmica das classes populares na cidade envolve contínuos arranjos
familiares que alteram a composição do núcleo familiar que reside moradia, redes de
sociabilidade e relações de reciprocidade que envolvem parentes, vizinhos ou amigos,
além de uma série de práticas sociais que têm a rua (compreendida como extensão da
casas) como lócus de sua reprodução. No entanto, o tipo de empreendimento que vêm
sendo financiado pelo Programa Minha Casa Minha Vida (e também por outros
programas habitacionais anteriores) determinam como modelo a casa enquanto unidade
doméstica independente associada a uma família nuclear. Modelo que nunca se efetivou
de forma plena entre as classes populares no Brasil (LIMA, 2008) e que, como no caso
do Condomínio Málaga Garden, vêm gerando conflitos entre aqueles que desejam
seguir as normas condominiais e aqueles que ali tentam reproduzir dinâmicas sociais
que caracterizavam seus antigos locais de moradia.

“Coisas que você via em comunidade e que aqui dentro não


pode acontecer, mas acontece e você tem que ir lá e dar uma
notificação, e quando ele recebe a notificação querem saber o
por quê. Aí é aquela confusão, né?” (Entrevistado nº1)

Nenhum dos entrevistados manifestou a vontade de superar qualquer dinâmica


social desta natureza como motivação para abandonar seu antigo local de moradia. No
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entanto foi constante a qualificação dos conflitos que envolvem as normativas e o
padrão de conduta coletivo “desejado” no Condomínio Málaga Garden como um
processo de adaptação necessário para quem escolheu este tipo de empreendimento
como local de moradia. Alguns dos entrevistados ressaltaram o fato de estarem
avançando positivamente para um novo estágio de sua vida, que exigiria uma adaptação
qualificada como positiva. Neste sentido, as práticas de outros moradores que insistem
em desrespeitar ou reproduzir determinadas práticas (tais como: o uso de piscina de
plástico em frente à casa, ouvir música em volume alto, pendurar roupas e bandeiras nas
janelas, manter bicicletas e cadeiras no lado de fora da casa ou intervir e descaracterizar
as fachadas-padrões dos imóveis) que não estariam de acordo com o exigido pela “vida
em condomínio” foram qualificados enquanto um risco eminente de “favelização” do
Condomínio Málaga Garden. Ressaltando que neste caso, a compreensão da atual
situação de moradia pelos entrevistados se constitui nessa relação com uma dupla
alteridade: um modelo associado a um padrão de urbanização do qual eles pretendem se
afastar (a favela), mas ao qual permanecem ligados por práticas e hábitos cotidianos,
que se contrapõe a um outro padrão que é desejado (o condomínio fechado), mas que
lhes impõe restrições de comportamentos e práticas de sociabilidade que caracterizaram
as suas vidas por muito tempo e que, de alguma forma, continuam a manter mesmo que
em confronto com as normas condominiais.

Considerações Finais

Estes três temas aqui apresentados a partir das entrevistas realizadas,


certamente não esgotam todos os meandros que perpassam os processos que vêm
envolvendo a vida desses indivíduos em seu novo local de moradia. Eles foram
constituídos para explorar as complexidades envolvidas, e não devem ser tratados
enquanto afirmações de uma verdade a respeito das famílias beneficiárias do Programa
Minha Casa Minha Vida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Trata-se de uma
construção discursiva do autor desta comunicação frente às possibilidades de
engajamento com as experiências de campo realizadas.
Com eles pretendia-se ressaltar as impossibilidades de resolver a questão da
satisfação com o novo local de moradia em uma resposta simples. São muitas as
questões envolvidas e inúmeros os agenciamentos possíveis. Alguns elementos se
mostraram mais potentes do que outros, a exemplo da recorrência em todos os

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entrevistados da importância conferida à casa própria, frente a inúmeras outras questões
constantemente associadas a ela durante as entrevistas. É o caso da segurança gerada
pela posse, da formação de um patrimônio pessoal, da consolidação de uma vida de
recém-casados, além de formulações mais abstratas como “a possibilidade de melhorar
de vida” ou “tornar-se uma pessoa melhor”. Outros elementos também estiveram
presentes como os conflitos entre moradores, as dificuldades na gestão condominial, os
problemas na localização.
Frente a isso uma última questão merece aqui ser ressaltada, a respeito da
importância de não considerar algumas categorias associadas a este tipo de processo
social como dadas. Cidade, bairro, vizinhança ou moradia são definições que devem ser
compreendidas a partir dos engajamentos específicos que levam os indivíduos a
conceituá-las. Elas se constituem enquanto experiência. A forma como cada um dos
entrevistados qualifica seus processos de mudança para o Condomínio Málaga Garden
se constitui enquanto trama de possibilidades, que estão permanentemente se
reconstituindo frente aos agenciamentos presentes.

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Referências

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territoriais. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2013.

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Adauto (org.) O Programa Minha Casa Minha Vida e seus efeitos territoriais. Rio
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