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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


CAMPUS CATALÃO

UMA ANÁLISE SOBRE O PROGRAMA FEDERAL MINHA


CASA MINHA VIDA IMPLANTADO EM SÃO SIMÃO - GO

CLAYTON OLIVEIRA
clay2303@hotmail.com

DANILO GONÇALVES DE MELO


danilim_1987@hotmail.com

GLENEA BRITO COSTA


glenealinda@hotmail.com

ROBERTO CARDOSO
robfurnas@gmail.com

SÃO SIMÃO, OUTUBRO DE 2014


RESUMO
Este artigo apresentado ao 3º seminário temático do curso de bacharelado em Administração
Pública pela UFG tem o objetivo de analisar a importância do Programa Federal Minha Casa
Minha Vida na diminuição do déficit habitacional brasileiro, bem como analisar seus aspectos
positivos e negativos, analisando-o num contexto regional, através de um estudo de caso no
município de São Simão-GO, onde o Programa foi iniciado em 2012 com a expectativa de
atender a 600 famílias do município. A partir de uma pesquisa bibliográfica associada a uma
pesquisa descritiva, ao longo do artigo é apresentado ao leitor os perfis dos beneficiários, bem
como as dificuldades encontradas pelos mesmos desde a assinatura do contrato até o
momento da entrega do imóvel, além disso, este artigo apresenta sugestões de melhoria do
Programa, junto a Caixa Econômica Federal e as construtoras parceiras do Programa, com o
intuito de sensibilizar gestores e administradores públicos para questões como: qualidade do
imóvel, cumprimento do prazo de entrega e também para a dissociação da taxa de
cronograma de obra ao mutuário.

Palavras chave: Programa Minha Casa Minha Vida, déficit habitacional, mutuários.

ABSTRACT

This paper presented the 3rd thematic seminar of the Bachelor in Public Administration from
UFG aims to analyze the importance of the Federal program Minha Casa Minha Vida decline
in the Brazilian housing deficit, and analyze their strengths and weaknesses, analyzing it in
regional context, through a case study in the municipality of São Simão-GO, where the
program was started in 2012 with the expectation of meeting the 600 families in the
municipality. From a literature survey coupled with a descriptive research, throughout the
article the reader is presented the profiles of beneficiaries as well as the difficulties
encountered by them since the signing of the contract until the moment of delivery of the
property, in addition, this article presents suggestions for improving the program, with Caixa
Economica Federal and partner developers of the program, in order to sensitize managers and
public administrators to questions such as: quality of the property, compliance with delivery
and also to the dissociation rate schedule work of the borrower.

Keywords: Minha Casa Minha Vida, housing, deficit borrowing.

INTRODUÇÃO
A crise mundial ocorrida em 2008 causou inúmeros impactos negativos
principalmente nas economias européia e americana. No Brasil, durante o governo Lula,
houve uma intensa batalha para fazer com que os efeitos desta crise fosse minimizado a
população brasileira e a solução encontrada foi a abertura de crédito, que aumentara o
consumo interno e tornara acessível diversas linhas de créditos subsidiadas pelo próprio
governo federal com o intuito de direcionar a economia e combater a inflação e a recessão
econômica. Diversos autores afirmam que foi neste cenário que surgiu o Programa Federal
Minha Casa, Minha Vida, com a intenção de diminuir o déficit habitacional brasileiro e tornar
acessível o direito a moradia, estabelecida como direito fundamental na Constituição Federal
de 1988.
Para entender melhor a origem do Programa Minha Casa Minha Vida é necessário
lembrar que em 1º de janeiro de 2003 durante a posse do presidente Lula foi criado o
Ministério das Cidades, cujo objetivo é combater as desigualdades sociais, transformando as
cidades em espaços mais humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, ao
saneamento e ao transporte. Posteriormente em 2007 é lançado o PAC I (Programa de
Aceleração do Crescimento), que objetivava direcionar investimentos governamentais para
estimular a economia, tendo como alvo a construção civil, responsável pela geração de
milhares de postos de empregos, neste contexto, MARICATO (2009), afirma que:

o estímulo a este setor cria demandas tanto “para trás” (ferro, vidro, cerâmica,
cimento, areia, etc) como “para frente” (eletrodomésticos, mobiliários), gerando,
conseqüentemente, crescimento significativo na oferta de empregos.

Por fim, com a Medida Provisória nº 459/09, surge o Programa Minha Casa Minha
Vida – (PMCMV), com a intenção de diminuir o déficit habitacional no Brasil, incentivar a
economia. Logo de início o Programa injetou na economia brasileira 34 bilhões oriundos da
associação do Orçamento Geral da União, Caixa Econômica Federal e BNDES. A Lei
11.977/09 estabelece que prioritariamente os beneficiários do PMCMV são famílias:
 Com renda até R$ 5.000,00;
 Cujas mulheres são responsáveis pela unidade familiar;
 Apresentem pessoas com deficiência física;
 Residentes em áreas de risco ou insalubres
O Programa Minha Casa Minha Vida propõe subsidiar moradias para famílias com
renda de até R$ 1.600,00 e facilitar condições de acesso para famílias que se encontrem em
faixa salariais superiores. Desta forma o Programa é dividido em três faixas – 1ª faixa até R$
1.600,00; 2ª faixa até R$ 3.275,00 e 3ª faixa para famílias com renda de até R$ 5.000,00. Até
2012 o PMCMV havia beneficiado 2.863.384 unidades habitacionais, com investimento de
R$ 183,5 bilhões distribuídos da seguinte forma:

Fonte: Portal do Planalto/Ministério das Cidades.

A partir deste conhecimento introdutório, este artigo apresentará um estudo de caso


sobre o Programa Minha Casa Minha Vida no município de São Simão-GO com o objetivo de
compreender melhor o programa, traçar o perfil do beneficiário/mutuário, bem como analisar
sua satisfação e/ou insatisfação com o Programa federal.

1. O PMCMV EM SÃO SIMÃO-GO

O PMCMV foi implantado no município de São Simão-GO por volta de dezembro de


2011 quando começaram as inscrições para a compra de um imóvel de 2 ou 3 quartos com
valores de R$ 48.000,00 e R$ 65.000,00 respectivamente, que seria construído pela PDCA
Engenharia, formando desta forma um novo bairro, o Residencial Cidade Jardim. O período
de cadastramento e análise do crédito durou cerca de 5 meses e após este período, no dia
13/06/2012 aconteceu a assinatura dos 60 primeiros contratos de um total de 600 imóveis que
seriam construídos.

1.1 OS PRIMEIROS MUTUÁRIOS DO PMCMV EM SÃO SIMÃO-GO

Os primeiros mutuários1 assinaram seus contratos com prazo estimado de 8 meses para
a entrega do imóvel, no entanto este prazo não foi atendido. De acordo com a cláusula 8ª do
contrato firmado entre o mutuário e o agente financeiro – Caixa Econômica Federal -, a
construtora selecionada poderia expandir o prazo de entrega em até duas vezes o prazo inicial,
sem prejuízo para a mesma. Embasados nesta cláusula a entrega do imóvel demorou 22
meses. As primeiras unidades habitacionais foram entregues no início de maio de 2014. No
decorrer deste período outros 4 lotes com 60 contratos foram assinados, e neste período
também a PDCA Engenharia abriu mão da construção de outras 300 moradias, ficando
somente nas trezentas já iniciadas.
Na cláusula 22º do contrato habitacional estabelecia ao mutuário o pagamento mensal
no decorrer da obra, denominada taxa de construção de obra. Esta taxa era para ser paga
durante os oito meses de construção do imóvel, no entanto, devido ao atraso das obras, esta
taxa foi paga por também 22 meses, fato este que onerou muitos usuários, pois a maioria
pagava aluguel e ainda tinha a despesa com esta taxa, que no final da obra estava na média
dos R$ 200,00, conforme apresentada na tabela 1 – Perfil do mutuário.
Pagar aluguel e a taxa de cronograma de obra sobrecarregou muitos pais de família,
que devido a dificuldades financeiras tiveram seus nomes inseridos no cadastro do Sistema de
Proteção ao Crédito, fato este que lhes deram sérios incômodos financeiros.

1.2 O ATRASO NA ENTREGA DOS IMÓVEIS

Conforme contrato assinado no dia 13/06/2012, a expectativa para entrega do imóvel


seria 13/02/2013 e a entrega ocorreu de fato a partir de maio de 2014, 13 meses após a data
limite para entrega do imóvel. Existem diversas motivos para explicar o atraso na entrega do
imóvel, mas a que ganhou maior destaque foi o atraso no envio de documentação para a

1
Segundo a Cartilha do Mutuário, disponível em: http://www.endividado.com.br/faq_det-5,8,119,informese-
leis-cartilha-do-mutuario.html Mutuário é a pessoa que recebe do agente financiador os recursos financeiros
para compra do imóvel e, em contrapartida, se obriga a devolver esta quantia em parcelas mensais durante um
certo período de tempo pré-determinado no contrato, acrescida de juros e correção monetária.
instalação elétrica no Residencial Cidade Jardim junto a CELG. Nesta questão observou-se
um impasse, pois a Prefeitura Municipal de São Simão e a PDCA Engenharia apresentaram
documentos que confirma o protocolo de toda a documentação exigida pela CELG, no entanto
acredita-se que devido aos problemas financeiros e troca gerencial, a CELG teve dificuldades
na implantação elétrica do Residencial Cidade Jardim, fato este que levou muitos mutuários a
adiarem o sonho da conquista de uma moradia.

2. O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS DO PMCMV DE SÃO SIMÃO-GO


(Ainda falta construir os gráficos a partir do levantamento feito)

3. DEFICIT HABITACIONAL EM SÃO SIMÃO E A ATUAL DEMANDA


POR CASAS DE ALUGUEL

Segundo o senso populacional do IBGE 2014, São Simão-GO tem uma população
estimada em 18.804 habitantes. De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação do
município de São Simão existe na cidade um déficit de aproximadamente 1.273 unidades
habitacionais; 172 solicitações de lotes para construção de imóvel residencial, 158
solicitações de reforma. Segundo a Fundação João Pinheiro, (2012),

Déficit habitacional é o indicador que analisa o total de famílias em condições de


moradia consideradas inadequadas, tais como favelas, coabitação familiar (caso em
que mais de uma família mora na mesma casa), adensamento excessivo (quando
mais de três pessoas dividem o mesmo quarto ou ônus escessivo de aluguel), ou
quando uma família compromete mais de 30% de sua renda com aluguel.

A Secretaria informou também que na atual administração foram entregues 4 casas a


moradores que estavam em situação de risco e outras 32 estão sendo construídas sem prazo
para término. Para ter acesso ao programa habitacional do município, é necessário que o
solicitante reside no município há pelo menos três anos, não tenha sido beneficiado em
programas habitacionais anteriores e que a renda familiar não ultrapasse R$ 1.200,00.
A Secretaria Municipal de Habitação informou que a demanda é extremamente grande
no município devido a chegada de muitas famílias, principalmente a partir de 2010 quando
iniciou-se a construção de usinas hidrelétricas, de processamento de açúcar e álcool e de bio-
combustíveis. O Residencial Cidade Jardim contribuiu para minimizar a demanda por casas
para alugar no município, uma vez que diante o crescimento rápido da cidade, muitas pessoas
tiveram que alugar imóveis em cidades próximas. Atualmente o município encontra-se em
uma fase de deflação dos preços de aluguéis, pois hoje é possível visualizar em todos os
bairros da cidade, casas para alugar, fazendo desta forma com que os preços caiam
consideravelmente.

4. SUGESTÕES DE MELHORIAS PARA O PMCMV

A partir das pesquisas realizadas junto aos moradores do Residencial Cidade Jardim
em São Simão-GO, foram ouvidas as seguintes sugestões de melhoria do Programa Minha
Casa, Minha Vida:
 Solicitar à Caixa Econômica Federal que fiscalize os contratos firmados por este
programa, para que outras pessoas não passem pelos problemas encontrados na
demora da entrega dos imóveis;
 Solicitar também junto a Caixa Econômica Federal que a taxa de cronograma de obra
seja cumprida a risca de acordo com o contrato e em caso de atraso na entrega dos
imóveis, a instituição financeira obrigue a construtora a ressarcir gastos com aluguel e
outras despesas provenientes do atraso;
 Solicitar junto a Caixa Econômica Federal que as construtoras credenciadas junto as
instituições financeiras, mediante contrato prévio realize antes da assinatura do
contrato as infra-estruturas mínimas, como rede de água e esgoto, asfalto, energia
elétrica, telefone e internet.
 Solicitar aos gestores públicos maior atenção ao firmar convênio com construtoras
credenciadas junto a CEF para que as mesmas não anexem ao valor do imóvel o valor
do terreno, geralmente doado pelo município.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAL TEÓRICO E BIBLIOGRÁFICO

ARRETCHE, Marta. Intervenção do Estado e Setor Privado: o Modelo Brasileiro de


Política Habitacional. Espaço & Debates, São Paulo, v. X, n. 31, p. 21-36, 1990.

BONDUKI, Nabil G. Do Projeto Moradia ao programa Minha Casa, Minha Vida. Teoria
e debate, nº 82, maio/junho. 2009.

_______. Política habitacional e inclusão social no Brasil: revisão histórica e novas


perspectivas no governo Lula. Arq. Urb, revista eletrônica, n.1, 2008. Disponível em
http://www.usjt.br/arq.urb/numero_01/artigo_05_180908.pdf. Acesso em: set. 2014.

BRASIL. Constituição Federal (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, Senado Federal, 1988.

BRASIL. Presidência da República. Lei Ordinária nº 11.977, de 7 de julho de 2009.


Dispõe sobre o Programa Minha Casa Minha Vida e dá outras providências. Disponível
em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/111977.htm> Acesso em: 28
set. 2014.

DIAS, E. C. Minha Casa, Minha Vida, minha política pública. Conjuntura da Construção,
Ano VII, n. 2, Junho. 2009

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Déficit habitacional no Brasil 2007. Relatório de


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MARICATO, E. O nó da terra urbana. Carta Capital, São Paulo, n. 570, p. 45, 2 set. 2009.

ROLNIK, Raquel; NAKANO, Kazuo. As armadilhas do pacote habitacional. [2009].


Disponível em: <http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=461>. Acesso em: 28 set.
2014.

ROMAGNOLI, A. O Programa “Minha Casa, Minha Vida” na política habitacional


brasileira: continuidades, avanços e retrocessos. 2010. 155f. Dissertação (Mestrado em
Ciência Política) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São
Carlos, São Carlos.

SHIMBO, Lúcia Zanin. Habitação Social, Habitação de Mercado: a confluência entre


estado, empresas construtoras e capital financeiro. Tese de doutorado em arquitetura e
urbanismo na Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo. São Paulo,
2010

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