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CLAYTON OLIVEIRA
clay2303@hotmail.com
ROBERTO CARDOSO
robfurnas@gmail.com
Palavras chave: Programa Minha Casa Minha Vida, déficit habitacional, mutuários.
ABSTRACT
This paper presented the 3rd thematic seminar of the Bachelor in Public Administration from
UFG aims to analyze the importance of the Federal program Minha Casa Minha Vida decline
in the Brazilian housing deficit, and analyze their strengths and weaknesses, analyzing it in
regional context, through a case study in the municipality of São Simão-GO, where the
program was started in 2012 with the expectation of meeting the 600 families in the
municipality. From a literature survey coupled with a descriptive research, throughout the
article the reader is presented the profiles of beneficiaries as well as the difficulties
encountered by them since the signing of the contract until the moment of delivery of the
property, in addition, this article presents suggestions for improving the program, with Caixa
Economica Federal and partner developers of the program, in order to sensitize managers and
public administrators to questions such as: quality of the property, compliance with delivery
and also to the dissociation rate schedule work of the borrower.
INTRODUÇÃO
A crise mundial ocorrida em 2008 causou inúmeros impactos negativos
principalmente nas economias européia e americana. No Brasil, durante o governo Lula,
houve uma intensa batalha para fazer com que os efeitos desta crise fosse minimizado a
população brasileira e a solução encontrada foi a abertura de crédito, que aumentara o
consumo interno e tornara acessível diversas linhas de créditos subsidiadas pelo próprio
governo federal com o intuito de direcionar a economia e combater a inflação e a recessão
econômica. Diversos autores afirmam que foi neste cenário que surgiu o Programa Federal
Minha Casa, Minha Vida, com a intenção de diminuir o déficit habitacional brasileiro e tornar
acessível o direito a moradia, estabelecida como direito fundamental na Constituição Federal
de 1988.
Para entender melhor a origem do Programa Minha Casa Minha Vida é necessário
lembrar que em 1º de janeiro de 2003 durante a posse do presidente Lula foi criado o
Ministério das Cidades, cujo objetivo é combater as desigualdades sociais, transformando as
cidades em espaços mais humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, ao
saneamento e ao transporte. Posteriormente em 2007 é lançado o PAC I (Programa de
Aceleração do Crescimento), que objetivava direcionar investimentos governamentais para
estimular a economia, tendo como alvo a construção civil, responsável pela geração de
milhares de postos de empregos, neste contexto, MARICATO (2009), afirma que:
o estímulo a este setor cria demandas tanto “para trás” (ferro, vidro, cerâmica,
cimento, areia, etc) como “para frente” (eletrodomésticos, mobiliários), gerando,
conseqüentemente, crescimento significativo na oferta de empregos.
Por fim, com a Medida Provisória nº 459/09, surge o Programa Minha Casa Minha
Vida – (PMCMV), com a intenção de diminuir o déficit habitacional no Brasil, incentivar a
economia. Logo de início o Programa injetou na economia brasileira 34 bilhões oriundos da
associação do Orçamento Geral da União, Caixa Econômica Federal e BNDES. A Lei
11.977/09 estabelece que prioritariamente os beneficiários do PMCMV são famílias:
Com renda até R$ 5.000,00;
Cujas mulheres são responsáveis pela unidade familiar;
Apresentem pessoas com deficiência física;
Residentes em áreas de risco ou insalubres
O Programa Minha Casa Minha Vida propõe subsidiar moradias para famílias com
renda de até R$ 1.600,00 e facilitar condições de acesso para famílias que se encontrem em
faixa salariais superiores. Desta forma o Programa é dividido em três faixas – 1ª faixa até R$
1.600,00; 2ª faixa até R$ 3.275,00 e 3ª faixa para famílias com renda de até R$ 5.000,00. Até
2012 o PMCMV havia beneficiado 2.863.384 unidades habitacionais, com investimento de
R$ 183,5 bilhões distribuídos da seguinte forma:
Os primeiros mutuários1 assinaram seus contratos com prazo estimado de 8 meses para
a entrega do imóvel, no entanto este prazo não foi atendido. De acordo com a cláusula 8ª do
contrato firmado entre o mutuário e o agente financeiro – Caixa Econômica Federal -, a
construtora selecionada poderia expandir o prazo de entrega em até duas vezes o prazo inicial,
sem prejuízo para a mesma. Embasados nesta cláusula a entrega do imóvel demorou 22
meses. As primeiras unidades habitacionais foram entregues no início de maio de 2014. No
decorrer deste período outros 4 lotes com 60 contratos foram assinados, e neste período
também a PDCA Engenharia abriu mão da construção de outras 300 moradias, ficando
somente nas trezentas já iniciadas.
Na cláusula 22º do contrato habitacional estabelecia ao mutuário o pagamento mensal
no decorrer da obra, denominada taxa de construção de obra. Esta taxa era para ser paga
durante os oito meses de construção do imóvel, no entanto, devido ao atraso das obras, esta
taxa foi paga por também 22 meses, fato este que onerou muitos usuários, pois a maioria
pagava aluguel e ainda tinha a despesa com esta taxa, que no final da obra estava na média
dos R$ 200,00, conforme apresentada na tabela 1 – Perfil do mutuário.
Pagar aluguel e a taxa de cronograma de obra sobrecarregou muitos pais de família,
que devido a dificuldades financeiras tiveram seus nomes inseridos no cadastro do Sistema de
Proteção ao Crédito, fato este que lhes deram sérios incômodos financeiros.
1
Segundo a Cartilha do Mutuário, disponível em: http://www.endividado.com.br/faq_det-5,8,119,informese-
leis-cartilha-do-mutuario.html Mutuário é a pessoa que recebe do agente financiador os recursos financeiros
para compra do imóvel e, em contrapartida, se obriga a devolver esta quantia em parcelas mensais durante um
certo período de tempo pré-determinado no contrato, acrescida de juros e correção monetária.
instalação elétrica no Residencial Cidade Jardim junto a CELG. Nesta questão observou-se
um impasse, pois a Prefeitura Municipal de São Simão e a PDCA Engenharia apresentaram
documentos que confirma o protocolo de toda a documentação exigida pela CELG, no entanto
acredita-se que devido aos problemas financeiros e troca gerencial, a CELG teve dificuldades
na implantação elétrica do Residencial Cidade Jardim, fato este que levou muitos mutuários a
adiarem o sonho da conquista de uma moradia.
Segundo o senso populacional do IBGE 2014, São Simão-GO tem uma população
estimada em 18.804 habitantes. De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação do
município de São Simão existe na cidade um déficit de aproximadamente 1.273 unidades
habitacionais; 172 solicitações de lotes para construção de imóvel residencial, 158
solicitações de reforma. Segundo a Fundação João Pinheiro, (2012),
A partir das pesquisas realizadas junto aos moradores do Residencial Cidade Jardim
em São Simão-GO, foram ouvidas as seguintes sugestões de melhoria do Programa Minha
Casa, Minha Vida:
Solicitar à Caixa Econômica Federal que fiscalize os contratos firmados por este
programa, para que outras pessoas não passem pelos problemas encontrados na
demora da entrega dos imóveis;
Solicitar também junto a Caixa Econômica Federal que a taxa de cronograma de obra
seja cumprida a risca de acordo com o contrato e em caso de atraso na entrega dos
imóveis, a instituição financeira obrigue a construtora a ressarcir gastos com aluguel e
outras despesas provenientes do atraso;
Solicitar junto a Caixa Econômica Federal que as construtoras credenciadas junto as
instituições financeiras, mediante contrato prévio realize antes da assinatura do
contrato as infra-estruturas mínimas, como rede de água e esgoto, asfalto, energia
elétrica, telefone e internet.
Solicitar aos gestores públicos maior atenção ao firmar convênio com construtoras
credenciadas junto a CEF para que as mesmas não anexem ao valor do imóvel o valor
do terreno, geralmente doado pelo município.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAL TEÓRICO E BIBLIOGRÁFICO
BONDUKI, Nabil G. Do Projeto Moradia ao programa Minha Casa, Minha Vida. Teoria
e debate, nº 82, maio/junho. 2009.
DIAS, E. C. Minha Casa, Minha Vida, minha política pública. Conjuntura da Construção,
Ano VII, n. 2, Junho. 2009
MARICATO, E. O nó da terra urbana. Carta Capital, São Paulo, n. 570, p. 45, 2 set. 2009.