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O conto narra a história de María de La Luz Cervantes, 27 anos, atriz, mexicana, que

iria encontrar seu marido quando ocorre um acidente com o seu carro, que a obriga a
buscar ajuda e o único que veículo que se compadece a atender seu pedido é um ônibus
repleto de mulheres sonolentas envoltas por mantas. Ela solicita uma ligação ao
motorista para contatar seu marido, o mago Saturnino, a quem ela auxilia nas
apresentações de mágica, a fim de avisá-lo sobre o seu atraso. O ônibus chega a um
edifício enorme e sombrio e as mulheres descem uniformizadas, em fila indiana pelo
pátio do local. María não segue a fila e busca por um telefone, mas é impedida, de modo
truculento por um dos guardas. Ao entrar no local, María explica sua história e insiste
pelo contato com o seu marido, porém María acabara de entrar em um hospital
psiquiátrico, onde seu discurso terá apenas um valor de sintomas para os profissionais
daquele lugar, ou seja, o pedido do telefonema, poderia significar que ela estava em
pleno delírio ou tentando fugir. Nesse sentido, María tornou-se estigmatizada como
louca, perdendo sua autonomia, sua voz, identidade e seus direitos. Suas tentativas de
fuga e insistência em solicitar ajuda é vista como um descontrole psíquico e emocional,
tanto que ela
passará a receber uniforme, número de inscrição e rotulada em diversos momentos
como “agitada”. Seu discurso perde valor e a figura do médico passa a ter autoridade e
credibilidade sobre ele. Podemos observar essa relação de poder no diálogo entre o
diretor do hospício com o mago Saturnino quando ele chega para visitar María: “Há
condutas que permanecem latentes durante muitos anos, e um dia explodem. Porém, é
uma sorte que tenha caído aqui, porque somos especialistas em casos que requerem mão
forte", conclui o diretor, como um grande sábio. E o Mago Saturnino “como todo
mundo” acredita na palavra da autoridade. A abordagem do médico à María é olhar a
doença mental no lugar do sujeito, a protagonista é julgada incapaz de decidir sobre sua
própria vida em todos os aspectos, inclusive nas decisões sobre o seu tratamento. Nesse
sentido, não existe o paciente como sujeito político; tudo ali se faz em nome dele para o
seu bem, sem a sua participação.
No decorrer do conto, María sofre uma série de violências e violações de seus direitos.
Na Instituição Total onde se encontra, há uma série de regras e normas de
comportamento que procuram fazer com que ela e todas os internados passem por uma
mudança cultural, conformando-se a esta nova realidade, como se fossem objetos, ou
seja, “há um processo de mortificação da carreira moral do indivíduo, que pode levar a
mudanças a respeito dos outros significativos e de si próprio, devido às desqualificações
e humilhações sofridas. Assim, o “eu” anterior sofre alterações, já que a instituição
muda a vida do indivíduo” (Goffmann, 1974).
Entende-se que em qualquer tipo de cuidado em saúde, o paciente deve ser protagonista
e ter voz ativa nas decisões sobre os direcionamentos terapêuticos. No campo da saúde
mental, o adoecimento inclui a própria subjetividade do sujeito. De fato, há, sem dúvida,
uma forma de ação terapêutica em ouvir e aceitar a história de vida do paciente, bem
como em validar que sua vida tem um significado e um valor (Gabbard, 2010). Dessa
forma, o cuidado em saúde mental exige uma escuta delicada, de modo que a doença
fique entre parênteses e as equipes possam se ocupar das pessoas, suas histórias, seus
projetos de vida, desejos e singularidades.

Os profissionais acabam em algumas vezes subestimando a dor do paciente , talvez por


estarem acostumas em vivenciarem as mesmas experiência todos os dias .No entanto
isso não alivia a falta de respeito. O que é necessário na formação deste profissional a
EMPATIA, é preciso se colocar no lugar do outro e tratar os pacientes de igual para
igual, para que não haja nenhum tipo de negligência, para que não prejudique o sujeito.

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