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A INFLUÊNCIA DE VARIÁVEIS SOCIECONÔMICAS E FINANCEIRAS NO

DESENVOLVIMENTO REGIONAL DO MARANHÃO: uma análise multivariada de


dados

NOME DO BOLSISTA: Camila Conceição de SOUZA. PIBIC/UEMA. Bacharelado em


Administração.

NOME DO ORIENTADOR: Profa. Msc. Karenn Patrícia Silva SIQUEIRA. Departamento


de Ciências Contábeis. CESCD/UEMA.

COLABORADORES: Prof. Aluydio Bessa AMARAL. CESCD/UEMA. José Wilson


Conceição de SOUZA. UFRJ. Profa. Dra. Tatiana Silva Fontoura de Barcellos GIACOBBO.
CESCD/UEMA.

INTRODUÇÃO
As novas concepções de desenvolvimento possibilitaram expandir o alcance das
políticas públicas e monitorar a real condição de cada nação (SEN, 2018, MEDEIROS;
SANTOS; ANDRE, 2018). Nesse contexto, diversas teorias do desenvolvimento regional se
estruturam embasadas na premissa intervencionista do Estado e buscam entender como o
desenvolvimento ocorre. Dada a incompletude desses modelos teóricos, investigar as variáveis
que potencializam o desenvolvimento contribui para a formação de parâmetros pela gestão
pública que vise a melhorias das condições socioeconômicas locais. Sob estes fundamentos, a
pesquisa teve como objetivo geral analisar a contribuição de variáveis socioeconômicas e
financeiras para os desenvolvimento regional do Maranhão. Ademais, visou-se a verificar o
nível de influência dos fatores de natureza socioeconômica e financeira dos municípios
maranhenses para o desenvolvimento das Regiões Administrativas de Planejamento do Estado.
Sequenciamente, também se propôs a comparar o desenvolvimento dos municípios
maranhenses, por clusters, conforme nível de influência dos fatores de natureza socioeconômica
e financeira.

METODOLOGIA
A população estudada contemplou os 217 (duzentos e dezessete) municípios do
Maranhão, bem como as 32 (trinta e duas) regiões administrativas de planejamento do estado,
nas quais os municípios estão inseridos. Os dados foram coletados através do Sistema Firjan,
Ipeadata e Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA). As análises envolveram a
utilização de métodos quantitativos, através da aplicação de Regressão Linear Múltipla e simples
com dados em painel. Finalizando as investigações, realizou-se uma análise por clusters, em
que se dividiu os municípios em três grupos, de acordo com a densidade populacional dos
mesmos. O primeiro, f o i composto por municípios que possuem população menor ou a
igual a 20.000 habitantes, o segundo grupo com municípios que possuem entre 20.001 a 50.000
habitantes e, o terceiro, contendo municípios de população acima de 50.000 habitantes. Os
indicadores de desenvolvimento municipal usados para as análises referem-se ao Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal
(IFDM). A partir da utilização referencial dos estudos de Mendes et al. (2018) e Ritta, Cunha e
Hein (2017), os modelos de regressão foram do tipo log-log e adotou-se as seguintes variáveis
explicativas: Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), Gastos Públicos com Saúde e Saneamento
(SASAN), Gastos Públicos com Educação e Cultura (EDCULT), Gastos Públicos com
Agricultura (AGR), Número de beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF), Índice de
Efetividade da Gestão Municipal (IEGM), Fundo de Participação dos Municípios (FPM),
Arrecadação de Impostos Municipais (IMPO) e o Produto Interno Bruto (PIB).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total de observações válidas para a variável IFDM, somente uma esteve na faixa de
alto desenvolvimento, sendo ela representada pelo município de Imperatriz, no ano de 2012.
Nas demais faixas foram observadas: 349 (14,6%) observações para a faixa baixo
desenvolvimento, 1.879 (78,5%) na faixa desenvolvimento regular e 165 (6,9%) na faixa
desenvolvimento moderado. Ou seja, a maioria das observações do indicador de
desenvolvimento estão na faixa de regular. A tabela abaixo demonstra o resultado da regressão
do modelo mais geral utilizado na pesquisa. Contudo, outros modelos menos complexos também
foram utilizados.

Tabela 1 - Resultados da regressão linear múltipla para as variáveis municipais


Coeficiente Erro Padrão razão-t p-valor
β0 −2,29674 0,061177 −37,54 0,000
lnSASAN 0,054274 0,007328 7,406 0,000
lnEDCULT 0,004274 0,007465 0,573 0,567
lnAGR 0,002109 0,001432 1,473 0,141
lnPBF 0,046905 0,012050 3,893 0,000
lnFPM −0,030596 0,008251 −3,708 0,000
lnIMPO 0,013755 0,002441 5,635 0,000
lnPIB 0,174172 0,006601 26,39 0,000
Soma resíd. quadrados 1436,665 E.P. da regressão 0,987
R2 0,630719 R2 ajustado 0,629
F(7,1474) 359,649 P-valor(F) 0
Número de observações 1482
Número de municípios 217

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Com exceção dos parâmetros de lnEDCULT e lnAGR, as demais variáveis


apresentaram significância estatística no nível de 1%, indicando que o desenvolvimento
municipal é influenciado por estas variáveis. Para o FPM , por exemplo, um aumento de 1% em
seu valor, reduz em média 0,03% o IFDM, evidência que corroba com o argumento de Oliveira
e Abrantes (2015), de que os municípios ainda possuem forte dependência de transferências
constitucionais para seu desenvolvimento. Uma possível explicação para a insignificância
estatística encontrada para as variáveis lnEDCULT e lnAGR refere-se ao intervalo de tempo
para que seus efeitos comecem a influenciar no desenvolvimento. Ou seja, é possível que haja
uma defasagem nessas variáveis para o desenvolvimento, condicionando seu processo no longo
prazo. Resultados similares foram encontrados ao analisarmos as 32 regiões administrativas de
planejamento do Maranhão. Paralelamente, a análise por cluster mostrou evidências de que a
efetivação de investimentos em políticas públicas de fomento à renda em municípios com maior
densidade populacional exerce maior influência no desenvolvimento do que em municípios com
menor densidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises possibilitaram encontrar diferentes cenários que explicam como os esforços
municipais e territoriais contribuem para o desenvolvimento local no estado do Maranhão.
Revelou-se, por exemplo, que os níveis da população são importantes para a análise do
desenvolvimento regional. Adicionalmente, evidenciou-se que os municípios maranhenses
possuem forte dependência de transferências do FPM para seu desenvolvimento. Além disso,
esse processo de desenvolvimento ocorre com baixos níveis de variação, com efeitos mais
visíveis no longo prazo. Dessa forma, este estudo contribui para pesquisas futuras e fornece um
panorama do desenvolvimento regional no estado do maranhão para o período analisado. Com
isso, uma sugestão de abordagens futuras é a realização de análises utilizando variáveis
adicionais e modelagem de possíveis canais de influência entre uma região e outra.

Palavra-chave: Administração Pública. Desenvolvimento regional. Maranhão.

REFERÊNCIAS
MEDEIROS, Ana Lucia; SANTOS, Luana Borges dos; ANDRE, Claudomiro Moura Gomes.
Desenvolvimento Municipal das Microrregiões do Estado do Tocantins: uma análise a partir
do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal. Desenvolvimento em Questão, v. 16, n. 45,
p. 44–62, 2018.
MENDES, Wesley de Almeida et al. A influência da capacidade econômica e da formação de
receitas públicas no desenvolvimento humano. Revista de Administração Pública, SciELO
Brasil, v. 52, p. 918–934, 2018.
OLIVEIRA, Wellington Massardi; ABRANTES, Luiz Antonio. Esforço fiscal, dependência
do FPM e desenvolvimento socioeconômico: um estudo aplicado aos municípios de Minas
Gerais. REGE-Revista de Gestão, Elsevier, v. 22, n. 3, p. 295–313, 2015.
RITTA, Cleyton de Oliveira; CUNHA, Leila Chaves da; HEIN, Nelson. Nıével de
desenvolvimento econômico dos municıépios catarinenses: utilização de análise multivariada
de dados. Revista da UNIFEBE, v. 1, n. 20, p. 157–180, 2017.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. [S.l.]: Editora Companhia das letras,
2018.

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