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1 INTRODUÇÃO
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* A revisão gramatical, ortográfica, ABNT ou APA foi realizada pelos autores.
principalmente no que tange aos aspectos de validade e legitimidade da Avaliação de
Desempenho.
De acordo o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG -
(BRASIL, 2009), a palavra desempenho é um termo sujeito a variações conceituais e
semânticas, portanto, segundo uma abordagem mais abrangente, o desempenho
pode ser compreendido como esforços empreendidos na direção de resultados a
serem alcançados. Silva (2016) explica que para avaliar o desempenho dos
programas do governo, os resultados de suas ações e funções, seja de forma
agregada ou individual, são necessários estabelecer os critérios de avaliação. O
mesmo autor também esclarece que os critérios de avaliação são medidas para a
aferição do resultado obtido, ou seja, são mecanismos lógicos que servem como base
para escolhas ou julgamentos.
Silva e Silva (2017) explicam que avaliar eficiência no setor público torna-se um
desafio para a Ciência Contábil, dado que na sua função social é imperativo prestar
informação para a tomada de decisão e para o processo de operacionalização do
controle social no sentido de suprir as necessidades da coletividade. Nesta mesma
linha Silva (2016) expõe que o tema avaliação de desempenho é uma questão central
no setor público a qual foi ressaltada pela Nova Gestão Pública (NGP) e várias
disciplinas e conhecimentos se tornam relevantes nos estudos, como a economia,
administração pública, contabilidade (gestão do setor público) e a sociologia.
Speklé & Verbeeten (2014) relatam que levando em consideração que as
reformas trazidas pela Nova Gestão Pública levaram a mudanças importantes na
gestão destas organizações, com base na noção de mercados competitivos e da
adoção de técnicas de gestão do setor privado, a literatura demonstra que o
benchmarking pode ser utilizado para melhorar o desempenho no setor público, assim
como o faz no setor privado. No entanto, estes autores alertam que a efetividade da
introdução de um novo instrumento de avaliação de desempenho no serviço público
depende da habilidade dos gestores em utiliza-lo.
Neste mesmo sentido Oliveira e Reis (2016, p.22) reforçam que “avaliar
eficiência, eficácia e efetividade das estruturas, processos e resultados relacionados
ao risco, a vulnerabilidades, ao acesso e à satisfação dos cidadãos torna-se
ferramenta central na apropriação do planejamento para o aperfeiçoamento do
sistema” Portanto, neste caso, em que as relações entre os stakeholders se baseiam
na alta transparência e responsabilidade, como no setor público, é necessário
mensurar e avaliar os resultados em termos dos outputs e dos resultados obtidos
(GOMES, 2010). Para isso, as avaliações de desempenho precisam ser intercedidas
por normas sociais e valores dominantes, e o papel de prestação de contas também
deve ser entendido de acordo com essa cultura (SILVA, 2016).
Entretanto, um dos problemas enfrentados neste setor é que, conforme Dal Vesco,
Hein e Scarpin (2014) ressaltam é que várias das ações desenvolvidas pelos entes
públicos são avaliadas apenas com interesse em cumprimento legal, desprezando a
avaliação gerencial, em questões importantes como, o crescimento do município e,
por conseguinte, a capacidade de geração de receitas, na maioria das vezes. Por este
motivo Silva e Silva (2017) consideram que a eficiência da gestão pública ainda é algo
preocupante e difícil de mensurar no setor, pois, conforme reforçado pelos autores
Maher e Nollenberger (2009) entidades públicas tem um método de avaliação
diferente de resultados do que o utilizado no setor privado.
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Para que se alcance este objetivo de uma avaliação gerencial efetiva neste
setor, pode-se utilizar os relatórios disponibilizados pela contabilidade do setor
público, que proporcionam informações econômico-financeiras, que servem de base
tanto para um controle gerencial quanto social. “A análise dos indicadores contábeis
e financeiros para avaliação de desempenho, geralmente, é realizada de forma
individual e sequencial, ou seja, as análises são realizadas com base em
comparações” Dal Vesco, Hein e Scarpin (2014). Tais informações sobre as contas
públicas são disponibilizadas em portais da transparência dos Entes Públicos, todavia,
isso nem sempre cumprido e quando se deseja saber informações complementares
sobre a aplicação dos recursos públicos, o cidadão não consegue (SILVA, 2016).
Complementarmente, Januzzi (2002) também aclara que no Brasil, diferentemente de
outros países, as estatísticas sociais, econômicas e demográficas, que servem de
base para a construção de indicadores, são produzidas, reunidas e difundidas por
diferentes agências, situadas em âmbito federal ou estadual.
Em 2009, os autores Berry et al. já chamavam a atenção para problemas
fundamentais existentes e para as tendências que podem ser percebidas na área de
controle de gestão, que poderão servir de norte para pesquisas futuras, dentre eles,
avaliação de desempenho voltada para o controle estratégico e modelos de controle
para gestão de desempenho e medidas, problemas estes explícitos na administração
pública, até mesmo pelas suas características políticas. Os mesmos autores também
revisaram estudos que abordam o distanciamento entre teoria e prática, sugerindo
que esse gap tem sido visto tanto como um problema de transferência de
conhecimentos; como a representação de tipos distintos de conhecimento ou ainda
como um problema de produção de conhecimento (BERRY et al. 2009). Neste sentido,
para estudos posteriores, estes autores recomendam que, além de priorizar pesquisas
de campo, deve-se investigar os múltiplos aspectos dos controles de gestão e as
evoluções ao longo do tempo.
Já, em 2017, Silva et a.l ao analisar as oportunidades e potencialidade sobre
avaliação de desempenho na gestão pública na literatura internacional no período de
2010 a 2016, identificou que poucas pesquisas empíricas sobre resultados efetivos
através de indicadores de Avaliação de Desempenho. Ainda que as oportunidades e
potencialidades de pesquisas empíricas, incluindo estudos de casos e experimentos,
são lacunas pouco exploradas pela literatura. Em seu estudo Silva et al sugerem ainda
como futuras pesquisas a análise de modelo de indicadores para avaliação de
desempenho.
Dal Vesco, Hein e Scarpin (2014) elucidam que como os governantes possuem
poder sobre as transferências ou dispêndios, é necessário que haja bons indicadores
que avaliem a sua eficiência de forma que não comprometa a saúde econômico-
financeira do município. Segundo estes, uma avaliação completa da condição
financeira de municípios envolve um grande número de fatores e indicadores e pode
ser complexa. Corroborando, Nobre (2017) esclarece que a avaliação da condição
financeira é empregada em estudos não apenas na ciência contábil, como também na
economia, na ciência política, sociologia e também na gestão pública.
Frente ao exposto, no intuito de contribuir com o fomento da discussão acerca
da gestão de recursos públicos e a avaliação de desempenho do setor, e também com
o fornecimento de ferramentas análise, para melhorar o desempenho da
administração pública o objetivo desta pesquisa é avaliar a relação da condição
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financeira, por meio da execução orçamentaria, como artefato condicionante ao
desempenho dos municípios gaúchos. Contudo, visa observar a singularidade do
contexto, os objetivos do setor e a utilização de indicadores para a avaliação que
proporcione apoio ao controle gerencial e de aspectos entendidos como importantes
para a conjuntura. Para Spékle e Verbeeten (2014), a avaliação de desempenho
promove a oportunidade de gestores públicos de comunicar melhor seus propósitos,
para assim avaliar suas ações, de acordo com esses propósitos estabelecidos.
De acordo com Brown (1993) uma avaliação adequada e completa da condição
financeira que abrange uma grande quantidade de fatores e indicadores relacionados
pode levar muito tempo a um município. Avaliação esta que se torna útil tanto para o
controle gerencial público, quanto ao controle social. O acompanhamento dos atos
praticados pelo governo e das ações do Estado pelo cidadão, da execução
orçamentária e das finanças públicas de maneira clara é e conhecido como
transparência fiscal (CRUZ et al., 2012; SANTANA JUNIOR, 2009). Conforme
explicitado por Micheli e Mari (2014) este tipo de estudo também pode ter implicações
para gerentes e decisores políticos, uma vez que os sistemas de avaliação de
desempenho devem ser idealizados e implementados baseados na sua capacidade
formal de representar objetivos organizacionais e a sua influência nos interessados.
Assim sendo, para o alcance deste objetivo, este artigo está estruturado em
quatro seções além a essa introdução. Na seção seguinte, é apresentada uma breve
fundamentação teórica acerca do tema, e apresentação do modelo de Brown (1993),
eixos centrais desse estudo. Na sequência, são apresentados os procedimentos
adotados, precedendo a seção de análise discussão dos resultados. Por fim, na última
seção conclui-se o artigo com considerações finais, contribuições e sugestões para
pesquisas futuras.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
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objeto, como por exemplo, um processo, uma atividade ou de pessoas. Os modelos
de avaliação de desempenho têm como principal função fornecer a seus usuários
informações acerca do desempenho de determinada unidade, além de promover o
alinhamento entre estratégias, metas, ações e incentivos oferecidos aos agentes
(GONZAGA et al., 2017) promovendo ainda o alinhamento entre estratégia, metas,
ações e incentivos proporcionados aos agentes públicos. Mesmo com distintas
finalidades entre os setores, acarretando certas limitações para a aplicação de
iniciativas de gestão estratégica em organizações desse setor, a propagação de
mecanismos instrumentais para esse tipo de iniciativas de gestão, tem sido
incentivada nos últimos tempos, em consequência da priorização da excelência na
prestação dos serviços ao cidadão em resposta aos anseios e pressões sociais para
se tornarem mais eficientes e eficazes (SPEKLÉ, VERBEETEN, 2014).
Ainda assim Maher e Nollenberger (2009) alertam que existem obstáculos para
avaliar condição financeira, que incluem a natureza de uma entidade pública, análise
financeira municipal e práticas contábeis municipais adotadas. Neste mesmo sentido
Spekle e Verbeeten (2014) advertem que a efetividade da introdução de um novo
instrumento de avaliação de desempenho no serviço público depende da habilidade
dos gerentes de usar esse sistema de avaliação. Validando tal assertiva os autores
Michele e Mari (2014) afirmam que em processos de avaliação existe um trade-ff
qualitativo entre especificidade e confiança, no qual ambos os aspectos dependem do
conhecimento experimental disponível de quem está avaliando.
A demanda por informações sociais e demográficas para a formulação de
políticas públicas municipais no país tem sido crescente na última década, no
contexto da descentralização administrativa e tributária em favor dos
municípios e da institucionalização do processo de planejamento público em
âmbito local determinado pela Constituição de 1988 (JANUZZI, 2002, p.52).
Contudo no que se refere aos indicadores usados para medir desempenho,
dificuldades em seu conteúdo ou nas dimensões dos indicadores estabelecidos
podem levar a mudanças de indicadores e fazer com que os agentes tomem ações
diversas daquelas demandadas, como redução de esforços após o alcance do nível
de resultado, manipulação de resultados, ou ainda foco apenas em um conjunto
limitado de atividades ligadas aos indicadores (GONZAGA et al., 2017).
Os autores Silva et al, (2017), em seu estudo intitulado “Avaliação de
Desempenho na Gestão Pública: análise das oportunidades e potencialidades da
literatura internacional”, analisaram periódicos internacionais sobre avaliação de
desempenho na gestão pública, em busca de lacunas e potencialidades de pesquisa,
no período compreendido entre 2010 e 2016, com o propósito de identificar como o
sistema de avaliação de desempenho pode contribuir no alcance da eficiência na
gestão pública. Neste estudo, o autor observa que há poucas pesquisas empíricas
sobre resultados efetivos através de indicadores de avaliação de desempenho na
área. As oportunidades e potencialidades de pesquisas empíricas, mesmo as que
incluem estudos de casos e experimentos, no que tange a avaliação de desempenho,
são lacunas pouco exploradas pela literatura internacional (SILVA et al, 2017) .
O autor destaca ainda que não há estudos sobre tomada de decisão por
governo local, fundamentado em informações geradas pela contabilidade e que falta
de conhecimento dos gestores eleitos pelo povo. Silva et al, (2017) sugere que futuras
pesquisas sejam realizadas nos seguintes temas: i) avaliação de desempenho e seus
reflexos econômicos na gestão pública; ii) avaliação de desempenho na gestão
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pública em parceria com a iniciativa privada; iii) modelo de indicadores para avaliação
de desempenho; iv) contribuições dos processos de reengenharia para a eficiência e
eficácia na gestão pública.
Em face ao exposto, no intuito de contribuir com as lacunas mencionadas,
nesta pesquisa foi utilizado o modelo de Brown (1993), que em seu estudo traz um
teste de condição financeira, que pode ser realizado para cidades com população
inferior a 100 mil habitantes. Chamado de teste de 10 pontos, o modelo sugerido
permite que sejam comparados 10 índices financeiros-chave para uma cidade. Este
teste inclui um procedimento de pontuação pelo qual um gestor financeiro pode
classificar sua cidade e fornecer algumas evidências da condição financeira da
mesma. Para isso, Brown realizou sua pesquisa com uma grande amostra nacional,
utilizando com dados financeiros fornecidos pela Associação de Diretores de Finanças
do Governo (GFOA) em 750 municípios.
O teste foi desenvolvido por Brown, diante da necessidade de uma ferramenta
de avaliação de condições financeiras, rápida e eficaz, e uma melhor disponibilidade
de dados comparativos, das cidades, fornecidos pelo banco de dados de indicadores
financeiros publicado em 1992 pelo Government Finance Officers Association
(GFOA's). O artigo de Brown possibilita que profissionais e acadêmicos, calculem
cada um dos 10 índices utilizados permitindo uma avaliação de condição financeira,
global em relação à comparações nacionais, baseadas em tamanho destes
municípios (MAHER; NOLLENBERGER, 2009).
Quanto aos indicadores sugeridos por Brown (1993), os mesmos se mostram
úteis para avaliar quatro fatores econômicos e financeiros básicos para uma cidade:
as receitas, os gastos, a estrutura operacional e a estrutura da dívida. Baseado nestes
fatores, o modelo traz os seguintes índices a serem calculados e analisados, conforme
exposto no quadro 1.
Receitas totais
1 Receita per capita
População
659
Dívida Consolidada
9 Dívida per capita
População
Dívida Consolidada Comprometimento das receitas correntes
10
Receita Corrente Líquida com o endividamento
Fonte: adaptado de Brown (1993) e Nobre (2017)
Receitas totais -1 0 +1 +2
1
População
4 Despesa corrente -1 0 +1 +2
Despesas totais
Receitas Corrente -1 0 +1 +2
5
Despesas Totais
Superávit Financeiro -1 0 +1 +2
6
Receita Total
Disponibilidades -1 0 +1 +2
7
Obrigações
Obrigações de Curto Prazo -1 0 +1 +2
8
Receita Corrente Líquida
Dívida Consolidada -1 0 +1 +2
9
População
10 Dívida Consolidada -1 0 +1 +2
Receita Corrente Líquida
Fonte: adaptado de Brown (1993)
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Quadro 3 – Escala de Avaliação da Condição Financeira
3 MÉTODO
662
Gráfico 1 – Grupos de Municípios de Acordo com a População
665
se ainda que 33% dos municípios deste grupo estão avaliados como “Melhor que a
maioria”.
De forma geral, ao analisar o desempenho dos grupos entre si, verifica-se que
os municípios mais populosos de cada grupo não são os municípios que apresentam
melhores condições financeiras, avaliados como “Entre os melhores”: Alpestre e Nova
Pádua, São José do Norte e Piratini, Gramado e Esteio. Destes, destaca-se Gramado
(32.273), componente do grupo 3, com score 16, o que apresenta melhor desempenho
de todos os municípios analisados, de acordo com a proposta de Brown (1993). Já o
município mais populoso entre os grupos analisados, Erechim (96.087) com score 3,
avaliado como “Na média”.
Dos quatro grupos, apenas o grupo 1, maior deles, ficou abaixo da média geral
dos grupos, 4,32, conforme observa-se no quadro 4, sendo avaliado como “Na média”.
Lembrando que na análise do grupo, 42% de seus municípios foram classificados
como “Melhor que a maioria”. Vale mencionar também que seu resultado pode ter sido
afetado pela falta de dados completos, publicados, de vários municípios deste grupo,
como já esclarecido anteriormente. Os demais, apresentaram scores acima de 5,
avaliados como “Melhor que a maioria” sugerindo um bom desempenho dos grupos,
de forma geral.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
666
Para a realização deste estudo analisou-se os dados do exercício de 2016,
mais atuais publicados até o momento da sua realização, coletados dos
demonstrativos de execução orçamentária dos Municípios, enviados através do
Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (SICONFI).
Como amostra, obteve-se 478 municípios, com população inferior a 100 mil
habitantes, no intuito de adequar-se a metodologia proposta por Brown, o que
corresponde a 97% dos municípios gaúchos dos 497 do Estado do Rio Grande do Sul,
mostrando-se relevante. Estes municípios foram separados em 4 grupos, de acordo
com o número de habitantes.
Os municípios, logo após a realização dos cálculos, foram comparados nos
seus respectivos grupos e em seguida, um comparativo dos grupos entre si. Como
resultados, verificou-se que os municípios mais populosos de cada grupo não são os
municípios que apresentam melhores condições financeiras, avaliados como “Entre
os melhores”: Alpestre e Nova Pádua, São José do Norte e Piratini, Gramado e Esteio.
O maior score foi atribuído ao município de Gramado (32.273), componente do grupo
3, com score 16, o que apresenta melhor desempenho, de acordo com a proposta de
Brown (1993). Já o município mais populoso, Erechim (96.087), apresentou score 3,
avaliado como “Na média”.
Dos quatro grupos, apenas o grupo 1, ficou abaixo da média geral dos grupos,
4,32, sendo avaliado como “Na média”, embora 42% de seus municípios foram
classificados como “Melhor que a maioria”. Outra questão levantada quanto a este
grupo é a grande variação quanto a população e quanto aos scores e classificação
destes municípios: André da Rocha (1.216), Score 6,00, avaliado como “melhor que a
maioria, e Dom Feliciano (14.380), Score -2,00, avaliado como “Pior que a maioria.
Nos demais grupos, podemos citar como destaques: no grupo 2, os municípios
melhores avaliados são São José do Norte e Piratini, e o município mais populoso,
Frederico Westphalen, está classificado como “Pior que a maioria”. Com menor score
o município de São Sebastião do Caí; no grupo 3, os principais resultados, como já
citado, maior score atribuído ao município de Gramado (32.273), que é um dos
menores deste grupo. Já o menor foi atribuído ao município de Rosário do Sul. O
Município de Santiago, mais populoso do grupo 3, está classificado como “Na média”,
seguido de São Lourenço do Sul, com score, classificado como “Pior que a maioria.
No grupo 4, os municípios com maior e menor número de habitantes neste grupo,
Erechim, município mais populoso, avaliado como “Na média” e Parobé, menos
populoso, avaliado como “Melhor que a maioria”. Já o município com maior score foi
Esteio. Como pior score, neste grupo, aparece o município de Carazinho, avaliado
como “Entre os piores”. Ressalta-se ainda que 33% dos municípios deste grupo estão
avaliados como “Melhor que a maioria”.
Como delimitação, este estudo apresenta a análise de um único exercício,
sendo realizado um comparativo de desempenho entre municípios do Estado e não
da sua evolução nos últimos períodos, o que pode servir como sugestão de pesquisas
futuras. Quanto a isso Maher e Nollenberger (2009) fazem um alerta, afirmando que
a análise financeira de um município é frequentemente relacionada apenas com a
solvência financeira não com a avaliação de longo prazo. E ainda delimitado apenas
as informações disponíveis no site da Secretaria do Tesouro Nacional, que são
publicados mediante o recebimento de dados contábeis por meio do sistema
SICONFI.
667
Como limitações, esta análise apenas compara os municípios por grupo,
limitando-se a metodologia do modelo de Brown (1993), e ainda as condições
impostas por este como, por exemplo, apenas para municípios com menos de 100 mil
habitantes. Por isso, para se verificar o desempenho, de acordo a condição financeira
dos municípios Gaúchos, outros procedimentos podem ser adotados e ainda outros
períodos. Ainda como limitação, pode ser mencionada a falta de uma análise de
correlação entre população e desempenho, visto que, na análise, foi observada uma
possível relação inversa entre estas variáveis, legitimando os resultados encontrados
por Dal Vesco, Hein e Scarpin (2014) os quais frisam que o tamanho da população
não é primordial para ter um bom desempenho de sua condição financeira.
Desta forma percebe-se então a importância de se avaliar o desempenho e
verificar a situação que um ente, uma entidade ou uma organização apresenta. Vários
estudos empíricos mostraram, segundo Micheli e Mari (2014) que a avaliação de
desempenho pode ser produtiva e ajudar a melhorar o desempenho organizacional.
Porém, segundo os mesmo autores, se torna crucial entender quais as condições
específicas que a avaliação de desempenho e as práticas de gerenciamento podem
efetivamente oferecer melhor desempenho. Neste mesmo sentido os autores Maher
e Nollenberger (2009) destacam que, ademais é difícil comparar as características
financeiras entre os governos locais, pois estas são diferentes, e ainda que as práticas
contábeis municipais são baseadas na conformidade legal, havendo uma falta de
contabilidade de custos.
REFERÊNCIAS
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municipais. Revista de Administração Pública, v. 36, n. 1, p. 51-72, 2002.
MORENO, Thiago Cesar Bezerra; WALTER, Silvana Anita; DAMKE, Elói Junior.
Sistemas de controle e alinhamento estratégico: uma análise do equilíbrio entre as
alavancas de Simons e o alinhamento com a estratégia de uma instituição pública de
ensino superior. Revista Gestão Universitária na América Latina-GUAL, v. 10, n. 3, p.
17-38, 2017.
669
Universidade de Brasília. Universidade Federal da Paraíba. Programa Multi-
institucional e inter-regional de Pós-graduação em Ciências Contábeis - Natal, RN,
2016.
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