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Gestão Fiscal – uma quebra de paradigma!

Resenha sobre gestão fiscal com a utilização de indicadores de eficiência,


eficácia e economia.

Cesar Augusto Barbiero


15/01/2013
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1 INTRODUÇÃO

No mundo inteiro, as organizações públicas vêm buscando aprimorar seus


processos de gestão com o objetivo de maximizar os resultados, principalmente nos
últimos quatro anos, após as graves crises vivenciadas por vários países.
Os modelos de gestão pública até então utilizados baseavam-se na
experiência patrimonialista ou na burocracia weberiana. Na primeira, há baixa
segregação entre o que é público e o que é privado, criando verdadeiros “feudos”
administrativos derivados de práticas clientelistas. O segundo modelo, a burocracia
weberiana, se contrapõe a essas práticas tendo por foco o interesse público, a
impessoalidade, o formalismo das instruções e informações. Baseia-se na hierarquia
burocrática, no legalismo e na competência técnica.
Ocorre que esses modelos não conseguem responder à mutabilidade do
século 21, ambiente onde as relações tendem a ser mais flexíveis, mas com maior
responsabilização de seus agentes. A sociedade, por sua vez, exige transparência e
um maior controle sobre a gestão pública e as estruturas governamentais tendem
para trabalhos em redes ou de forma matricial, exigindo uma maior
profissionalização na gestão e há uma ênfase maior na articulação entre os recursos
públicos e privados.

Para isso, a utilização de um robusto plano estratégico alicerçado por


indicadores de desempenho é a chave do sucesso, pois permite verificar se estão
sendo atingidas as metas com eficiência, eficácia e economia (três E´s).

Os indicadores de eficiência são utilizados para medir os aspectos


relacionados entre os resultados e os fatores produtivos utilizados na sua obtenção.
Assim, atuar eficientemente pode ser definido como a maximização dos recursos
empregados em determinado processo, sejam eles financeiros, técnicos ou recursos
humanos.

Os indicadores de eficácia, por sua vez, medem o grau de cumprimento dos


objetivos relacionados a um programa de atuação, atividade ou organização, ou
seja, medem o grau e o nível de concretização dos objetivos previstos. A medição da
eficácia pressupõe a existência de objetivos de gestão, como também a adoção de

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um sistema de informação financeira e técnica para que se possa mensurar os


resultados atingidos em relação aos recursos empregados para tal.

A eficácia de uma organização é medida pelo grau de alcance dos objetivos


listados nos programas desenvolvidos ou dos objetivos previstos na sua missão.
Desta forma, a medição da eficácia só pode ser efetuada se existir um plano prévio
onde os objetivos sejam claramente definidos e quantificados, a explicitação da
forma como se pretende atingi-los e a maneira como se dará seu acompanhamento.

Por fim, os indicadores de economia referem-se às condições em que a


organização utiliza os recursos financeiros, humanos e materiais e os resultados
atingidos no processo. A análise e medição da economia deve ser clara, razoável e
objetiva relativamente aos recursos, às necessidades reais e a determinação e
comparação com os correspondentes padrões de referência. Em outras palavras, a
utilização dos recursos empregados deve realizar-se considerando o tempo
adequado, menor custo, quantidade adequada e qualidade aceitável.

2 GESTÃO FISCAL – UMA QUEBRA DE PARADIGMA.

A mensagem desse texto coaduna-se com o verificado em vários países


desde finais do século XX, onde pode ser percebida uma mudança significativa nos
paradigmas da gestão pública, cujo foco desloca-se dos processos, ou do
“legalismo” dos procedimentos administrativos, para o fornecimento de serviços
públicos de qualidade aos cidadãos.

O conceito de qualidade na nova gestão pública, no entanto, traz novos


desafios. Coloca-se para o setor público a necessidade de medir os seus resultados,
ou seja, os benefícios gerados à sociedade, mesmo sabendo-se das dificuldades
inerentes ao setor. Muitas vezes o impacto de uma ação de um órgão depende de
fatores exógenos à gestão, de condições econômicas globais, restrições legais ou
de prioridades políticas, dificultando uma avaliação objetiva do valor que a
administração pública agrega ao sucesso de um resultado.

Face a isso, organizações que já estão estruturadas para uma gestão com
foco em resultados aderiram ao sistema de avaliação fundamentado no uso de

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indicadores de desempenho institucionais. Como parte de um sistema, o conjunto de


indicadores deve guardar relação de interdependência e complementaridade, de
forma a permitir a vinculação do desempenho dos principais setores e funções ao
desempenho global da administração. Os indicadores estratégicos são gerados a
partir da definição da visão estratégica da organização, ou seja, a partir da definição
dos valores, missão, visão de futuro e objetivos estratégicos. Os resultados obtidos
por meio da análise destes indicadores devem apoiar a tomada de decisão, a
adoção de medidas corretivas e a orientação dos diversos setores da organização
para os seus objetivos estratégicos gerais.

Entretanto, a implantação do uso de indicadores numa organização gera


resistências, sendo importantíssimo, para minimizar esses efeitos, que a mensagem
seja a de que o controle e avaliação da gestão é apenas uma ferramenta que, não
obstante seja utilizada para avaliar, o faz de uma forma construtiva, buscando
superar a situação atual a fim de produzir serviços de maior qualidade. Assim,
embora se permita a análise e avaliação da gestão, seus efeitos devem melhorar as
decisões futuras.

Na esteira dessa maneira de se ver as coisas, a avaliação dos resultados da


atuação pública requer que sejam mensurados não apenas a quantidade de bens ou
serviços que foi possível proporcionar, mas, principalmente, a sua qualidade,
capilaridade e influência enquanto prestação de serviço público.

Para finalizar, cabe citar que, por experiência pessoal, no que diz respeito às
dificuldades, o principal obstáculo refere-se ao desafio de se calcular custos nas
organizações públicas, ou como se efetuar a medição dos mesmos. Isso se deve ao
fato de que, por vezes, as decisões não guardam racionalidade técnica, sendo o
reflexo de decisões políticas onde nem sempre se busca a eficiência, a eficácia e a
economia dos recursos públicos empregados em determinado resultado pretendido.

No entanto, apesar das dificuldades, há um consenso generalizado de que a


avaliação do grau de eficiência das atividades públicas deve apoiar-se em
instrumentos adequados para mensurar, em termos não financeiros, os resultados
das referidas atividades.

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3 CONCLUSÃO

A gestão orientada para resultados é uma realidade. Já não é mais possível


prescindir de sua prática para a gestão eficaz de qualquer organização pública,
tendo em vista a consciência de que o uso dos recursos públicos deve ser otimizado
para o alcance da excelência na prestação dos serviços prestados à sociedade. A
população brasileira conscientiza-se de sua cidadania e exige a prática de modernos
modelos de gestão, em perfeita consonância com os princípios constitucionais que
norteiam a Administração Púbica.

A União, os Estados e os Municípios tem implementado seu planejamento


estratégico vinculado à programação e execução orçamentária, à gestão de riscos,
ao monitoramento e à avaliação dos resultados. Esses instrumentos permitem reunir
um conjunto de objetivos e metas que orientam as decisões e ações estimulando a
convergência de esforços no alcance dos resultados.

Na esteira dessa linha de ação, as lideranças políticas, por sua vez, também
começam a compreender que a melhor forma de fortalecer suas carreiras passa,
necessariamente, pela excelência nos resultados alcançados em sua gestão. Nesse
sentido, a racionalização e a otimização dos recursos humanos, tecnológicos e
orçamentários na esfera pública, bem como o acompanhamento sistemático de suas
ações, garantem credibilidade dos cidadãos em seu governo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GRATERON, Ivan Ricardo Guevara. Auditoria de Gestão: Utilização de


indicadores de gestão no setor público. Disponível em:
<http://www.eac.fea.usp.br/cadernos/completos/cad21/auditoria.pdf>. Acesso em: 20
jul 2011.

TEIXEIRA, Ana Bela de Souza Delicado. A contabilidade como sistema de


informação nas instituições de ensino superior público em Portugal – o caso
da Escola Superior de Ciências empresariais. Disponível em:
<http://repositorioaberto.univ-
ab.pt/bitstream/10400.2/1412/5/Ana_Bela_Teixeira_FINAL.pdf>. Acesso em: 20 jul
2011.

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