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AVALIAÇÃO DE CUSTOS E ORÇAMENTO PÚBLICO: UMA ABORDAGEM

QUANTO AOS CONCEITOS ECONOMÉTRICOS

RESUMO

A presente investigação aborda sobre a literatura contábil em matéria de


determinação e avaliação de custos e previsões orçamentárias. Estudos sobre o
comportamento dos custos, cada vez mais, mostram-se essenciais, não só dentro
dos meios acadêmicos e produtivos, mas também em áreas que lidam diretamente
com as atividades econômico-financeiras, como bancos e órgãos públicos de
planejamento e de controle. Muitas decisões gerenciais estão embasadas nas
previsões e comportamentos dos custos, ou seja, nas despesas que comporão o
orçamento ou serão executadas durante o exercício financeiro. Há, atualmente,
diversas metodologias para se inferir o delineamento dos custos, sendo uma das
formas conseguidas por meio de Análise de Regressão Linear, que utiliza dados
históricos organizacionais, para quantificar a função de custos. A proposta deste
trabalho é apresentar a teoria tradicional atribuindo conceitos sobre Econometria.
Para isso, o presente trabalho estabeleceu-se em uma averiguação descritiva
realizada pela revisão de literatura pertinente e levantamento de dados para um
estudo de caso prático. Conclui-se que é de vital importância a relação da
Contabilidade com outras áreas do conhecimento, como a Estatística, para atos de
planejamento e controle e, principalmente, de confiabilidade para a tomada de
decisão.

Palavras-chave: Decisões Gerenciais; Econometria; Custos.

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1. INTRODUÇÃO

O contemporâneo cenário, no qual estão inseridas entidades dos mais


variados setores e segmentos, sejam elas públicas ou privadas, demanda uma
busca incessante pela melhoria dos seus atributos competitivos e aprimoramento
gerencial. As pressões ambientais, sejam em termos políticos (como os Incentivos
fiscais e subvenções governamentais), econômicos (como o superávit e a
efetividade das receitas alocadas) e sociais (como a sustentabilidade e o respeito às
garantias e direitos legais), fazem com que as entes e órgão públicos examinem
novos meios de inovar.
Isso tem levado os órgãos públicos a pensarem e investirem em programas
de otimização dos custos de expansão e manutenção da coisa pública, com redução
de despesas pelo Princípio da Eficiência, e adoção de Políticas Públicas realmente
eficazes. Diante disso, estudos sobre o comportamento dos custos vêm tomando
relevância não só nos meios acadêmicos, como também em áreas que lidam
diretamente com as atividades econômico-financeiras do Estado. Tal mérito está
ligado à circunstância de que muitas decisões gerenciais e estratégicas são
alicerçadas no prognóstico de custos e na variabilidade do seu comportamento. Para
isso, deve-se traçar, ou determinar, qual(ais) a(s) principal(ais) variável(eis) que
melhor quantifica(m) as modificações dos custos envolvidos. E dessa forma, realizar
da maneira mais realista possível a previsão de receitas e fixação de despesas.
Há, atualmente, diferentes métodos para se inferir a formação dos custos.
Uma dessas formas de análise procedimental é feita por meio da Análise de
Modelos de Regressão, que utiliza dados e informações históricos organizacionais.
Faz-se do estudo de custos por intermédio de Regressões Lineares, manipulando
variáveis independentes (horas-máquina, depreciação, seguros, manutenção de
equipamentos, etc.), de forma a determinar qual a melhor variável que explica os
custos incorridos. Diante desse contexto, surge o problema da presente pesquisa:
quais as vantagens das técnicas econométricas para a construção de um sistema de
contabilidade de custos integrado ao orçamento público?
Justifica-se o estudo, pois o aproveitamento da Estatística viabiliza a solução
de múltiplos questionamentos, quando afasta ou reduz prováveis inconsistências
acerca dos fatos que carecem de apreciação subjetiva para sua resolução, como o
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caso da alocação dos custos indiretos. Apesar de aparentemente não haver uma
correspondência explícita entre as variáveis, podemos associá-las por meio de uma
expressão matemática ao utilizar a Análise de Modelos de Regressão. Os modelos
matemáticos conduzem a uma melhor maneira de se examinar a formação dos
custos, tendo por benefícios a clareza e a credibilidade quando da criação e do
fornecimento de registros orçamentários, financeiros e patrimoniais, empregues
como instrumentos de planejamento e controle, os quais amparam o tomador de
decisões (CHARNET et al, 2008).
O artigo está estruturado da seguinte forma: Referencial Teórico, o qual
aborda sobre o Orçamento Público, o modelo de decisão governamental, os custos
na Administração Pública, o comportamento e metodologia para previsão dos
custos, os fundamentos de Econometria e uma breve explicação sobre os Modelos
de Regressão, além da apresentação de um exemplo prático. Na sequência tem-se
a metodologia, as considerações finais e por fim as referências.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. ORÇAMENTO PÚBLICO

Nas sociedades democráticas, o modelo de decisão do setor público, quando


da sua interferência na economia e na promoção do bem-estar social, tem se
consubstanciado em práticas, conceitos e normas que conduzem as finanças
públicas, sobrelevando-se o Orçamento Público. Nesse contexto, o orçamento é
entendido como um instrumento potente capaz de auferir três vultuosos objetivos:
controle político da arrecadação e dos gastos públicos, intervenção econômica e
gestão da máquina pública (GIACOMONI, 2016).
Compreendido como imperativo de limites sobre a autoridade que tem o
poder de arrecadar (receitas) e expender recursos (despesas) da coletividade, o
controle político é exercido pelo Poder Legislativo em dois momentos: na aprovação
do orçamento anual e, posteriormente, na análise da prestação de contas
apresentadas pelo chefe do Poder Executivo (GIACOMONI, 2016).
Quando se trata de um instrumento de intervenção na Economia, o orçamento
passou a ser sistematicamente utilizado como instrumento da política fiscal do
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governo, ou seja, o controle de sua ação que visa à estabilização ou ampliação dos
níveis da atividade e índices econômicos. (GIACOMONI, 2016).
O emprego do orçamento como instrumento de gestão é uma das
características do orçamento moderno, que objetiva amparar o Executivo em
diversas etapas do processo administrativo: programação, execução, direção e
controle (GIACOMONI, 2016).
Portanto, o orçamento público configura-se por ser multidisciplinar, logo,
possui características políticas, jurídicas, contábeis, econômicas e administrativas.
Sua formulação tem variado com o passar do tempo, visto que, em função do
processo histórico específico, cada uma das suas características ganha maior ou
menor relevância (GIACOMONI, 2016).

2.2. MODELO DE DECISÃO GOVERNAMENTAL

Para realização de despesas, a essência do Orçamento está calcada sobre a


determinação de quais serviços serão prestados e bens constituídos, o que não se
dá pela expectativa de lucro; mas, por decisões tomadas de acordo com processos
políticos e administrativos, baseados em objetivos sociais comuns - P (GIACOMONI,
2016).
Dessa forma, programas tratam-se da ligação entre o plano de trabalho e o
orçamento. Pertencem ao plano de trabalho as decisões de cunho político e
estratégicas para o desenvolvimento e a resolução de questões presentes, geradas
pela demanda do meio externo, a sociedade. O reconhecimento de adversidades, a
elaboração de programas de médio e longo prazos e a afetação de recursos
também estão entre as deliberações estratégicas. Uma vez definidos os programas,
dentro do planejamento estratégico, eles tornam-se o ponto inicial da composição do
Orçamento, os que se desmembram em projetos e atividades, essas já inseridas no
campo das resoluções administrativas e operacionais (GIACOMONI, 2016).
A execução orçamentária efetiva-se no cumprimento das ações
governamentais - projetos e atividades, diretrizes, objetivos e metas -, levadas a
efeito pelos gestores de programas e ordenadores de despesas, predominando aqui
as decisões operacionais e administrativas, quanto à forma de organizar as
diligências, aquisições, gestão de contratos entre outras (GIACOMONI, 2016).
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A gestão governamental é avaliada em termos de eficiência, eficácia e


efetividade. A avaliação da eficiência requer que se compute, em termos numéricos
e dimensionais, os bens e serviços juntamente com seus custos envolvidos. Para
verificação da eficácia, é fundamental quantificar as metas a serem
produzir/alcançadas em cada um dos projetos, com seus desdobramentos em
atividades. Por fim, a efetividade apenas se conhece analisando seu impacto sobre
a realidade que se deseja modificar ou problema a ser solucionado (GIACOMONI,
2016).

2.3. OS CUSTOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A exaustão do modelo de Gestão Burocrática, que possui foco nos


procedimentos e enfatizava os controles formais e o estrito cumprimento da lei, a
missão básica de servir a sociedade acabou sendo perdida. Com o aparecimento
das disfunções da Burocracia, surgiu a necessidade de um novo modelo para ser
utilizado na Administração Pública, e, dessa forma, o Gerencialíssimo emergiu com
o foco do controle voltado para os resultados, que requer, por sua vez, adoção de
ações públicas ligadas à economicidade dos recursos públicos, com busca da
eficiência e produtividade, levando ao consequente uso funcional do erário
(ARAÚJO, 2009).
Araújo (2009) define custos como sendo os gastos relativos a bens ou
serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços. Segundo o autor, a
contabilidade de custos tem três grandes aplicações: a avaliação de estoque, o
controle e a tomada de decisão. No contexto do presente trabalho, os custos são
entendidos como os valores utilizados na tomada e prestação de serviços públicos e
na aquisição de bens públicos.
A Lei Complementar nº. 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal –
estabelece, no Artigo 4º, inciso I, que a Lei de Diretrizes Orçamentária disporá sobre
“normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas
financiados com recursos dos orçamentos”. O Artigo 50, parágrafo 3º, dispõe que,
além de obedecer às demais normas de Contabilidade Pública, a Administração
Pública “manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento
da gestão orçamentária, financeira e patrimonial”. A lei afirma que se não há medida
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de custo não se pode medir a eficiência, pois esta define-se como uma relação entre
os resultados e os custos para obtê-los.
Piscitelli (2014) expõe que o conceito de eficiência diz respeito à apuração da
racionalidade com que os recursos alocados a determinados programas são
utilizados, referindo-se à seleção da maneira pela qual a formação de determinado
bem ou serviço deva ser efetuada de forma a reduzir o custo total alocado. A
eficiência foi implementada pela Constituição Federal para garantir o bom
andamento da máquina administrativa na execução de suas atividades, objetivando
a realização das atribuições do órgão com agilidade, perfeição e rendimento
funcional. Assim, a eficiência está relacionada a custos de produção ou à forma pela
qual os recursos são consumidos. O conceito de eficiência aproxima-se do de
economicidade, o que implica fazer mais com menos, sem perder a qualidade; visa a
atingir os objetivos por meio de uma boa prestação de serviços, do modo mais
simples, mais rápido e mais econômico – ou seja, com iguais ou menores custos –,
elevando a relação custo-benefício no uso dos recursos públicos.
Os custos são acompanhados e mensurados de forma que possam prestar
informações que subsidiem um orçamento, com projeto e atividades relevantes à
população, levando à diminuição do déficit público, à eficiência e à transparência
perante a sociedade (GIACOMONI, 2016).

2.4. COMPORTAMENTO DE CUSTOS

Consoante com Piscitelli (2014), os custos podem ser classificados:


 quanto a sua apropriação ao objeto de custo: a) Custos Diretos: são aqueles
que podem ser fácil e diretamente identificados ao objeto de custo; e b)
Custos Indiretos: são aqueles não podem ser facilmente apropriados ao
objeto de custo, e
 Quanto ao comportamento em relação à variação do volume de produção: a)
Custos Variáveis: são aqueles cujo total varia na razão direta das alterações
do nível de atividade; Custos Fixos: são aqueles cujo total permanece
constante, independentemente das alterações no nível de atividade ou
produção.
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Essas definições, entretanto, não simbolizam a verdadeira dificuldade de


avaliação dos custos, tendo em vista as suas várias formas de obtenção possíveis
(YAMAMOTO, 2012).

2.5. METODOLOGIA PARA PREVISÃO DO COMPORTAMENTO DOS CUSTOS

O processo decisório exige cada vez mais planos e atitudes rápidos com
precisão máxima na gestão dos empreendimentos. Conhecer os custos e suas
flutuações é fator primário para que a decisão tomada ocorra com a maior
probabilidade possível de acerto sobre as diretrizes a serem encaminhadas, com o
propósito de otimizar os resultados, minimizar os custos e gerar superávit
(YAMAMOTO, 2012).
Na busca de informações aceitáveis e satisfatórias, que esclareçam da
melhor maneira como as variáveis de apropriação de custos variam em função das
modificações surgidas, são utilizadas expressões matemáticas que tentam elucidar
esses padrões de comportamento (HORNGREN et al, 2000).
A determinação de uma função de custo de acordo com as ideia explanada
no parágrafo anterior permite a formulação de um modelo que possibilita estabelecer
se há relação de causa e efeito entre o orientador de custos e os custos resultantes.
O ponto crucial, claramente, é encontrar as variáveis certas e as devidas relações
entre elas (HORNGREN et al, 2000).
O conhecimento mais aprofundado de ferramentas estatísticas torna-se
imprescindível nesse instante, pois, a análise superficial dos parâmetros e testes
estatísticos pode induzir ao erro por parte do analista de custos. A grande maioria
dos autores sugere a utilização de softwares estatísticos para ajudar na construção
dos modelos pertinentes, de modo que quando se parte para modelos de regressão
múltipla ou não lineares, os cálculos matemáticos ficam extremamente complexos,
extensos e demasiadamente exaustivos, além da grande quantidade de testes e
parâmetros estatísticos que podem ser exigidos em uma regressão (TRIOLA, 2005).
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2.6. FUNDAMENTOS DE ECONOMETRIA

Econometria refere-se a um agrupado de recursos estatísticos com o


propósito de compreender a relação entre variáveis econômicas por meio da
aplicação de um modelo matemático, podendo ser plenamente utilizada no estudo
dos comportamentos dos custos (CHARNET et al, 2008).
A Econometria desenvolveu-se como uma disciplina científica por volta de
1930. Inicialmente, a maior parte das suas funcionalidades ocupavam-se com
assuntos macroeconômicos, de forma a prestar assistência aos governos e
instituições de grande porte, como as multinacionais, a tomar suas decisões de
longo prazo. Atualmente, essa ciência é um instrumento substancial para modelar a
realidade em múltiplas disciplinas econômicas e comerciais (CHARNET et al, 2008).

2.6.1. Modelo de Regressão

Como ferramenta da Econometria, temos os Modelo de Regressão: dados n


pares de duas vaiáveis Xi e Yi, com i = 1, 2, 3, ..., n, se admitirmos que Y é função
linear de X, podemos estabelecer uma regressão simples, cujo modelo estatístico é:

na qual α e β são parâmetros e X é a varável explanatória e Y é a variável


dependente. O coeficiente angular da reta, β, também é nomeado de coeficiente de
regressão, e o coeficiente linear da reta, α, é conhecido também por termo constante
de regressão, e, por último, ui trata-se da a perturbação estocástica do modelo,
também chamado de erro ou resíduo (CHARNET et al, 2008).
Também de acordo com Charnet et al (2005), temos uma regressão múltipla
quando admitimos que o valor da variável dependente está em função linear de duas
ou mais variáveis explanatórias. O modelo de uma egressão linear múltipla com k
variáveis independentes é:

O custo de determinado bem ou serviço pode estar relacionado, e


consequentemente variar, com distintos fatores que influenciam na sua composição
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(como matérias-primas; mão-de-obra direta e indireta; serviços subcontratados;


depreciação, manutenção marketing, seguros, etc.), os quais devem ser levados em
consideração parar posterior precificação e adequação orçamentária, de forma a
promover a sua melhor forma de apropriação (ARAÚJO, 2009).

2.6.2. Planejamento Orçamentário

Os órgãos e entidades recebem seu teto orçamentário, inclusive já alocados


por Unidade Orçamentária, e, dessa forma, eles detalham suas despesas, tanto as
de custeio quanto as de capital, para execução durante o próximo exercício
financeiro, conforme suas políticas e prioridades, de forma a compor a Lei
Orçamentária Anual (IFG, 2016).
Determina-se despesas de custeio: diárias, auxílios estudantis e bolsas, além
dos contratos de prestação de serviços (tais como limpeza, vigilância, telefonia,
energia elétrica, água, manutenção predial e outros) aquisições de materiais de
consumo, entre outras imprescindíveis ao pleno funcionamento da entidade. Já as
despesas de capital, ou seja, as de investimento, incluem as construções e
adaptações das estruturas físicas (obras) e compra de equipamentos, maquinários e
bens permanentes em geral (IFG, 2016).

2.6.3. Exemplo Prático de Análise de Regressão em Custos: Consumo de


Energia

Esse exemplo diz respeito a um caso do órgão Instituto Federal de Goiás


(IFG), criado pela Lei Federal nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que se trata
de uma autarquia federal detentora de autonomia administrativa, patrimonial,
financeira, didático-pedagógica e disciplinar, especializada na oferta de educação de
forma gratuita em diferentes modalidades de ensino (IFG, 2016).
Em uma de suas unidades orçamentárias, o Câmpus Goiânia, há dificuldades
com a estimativa dos custos sobre o consumo de energia elétrica incorridos em
outros meses futuros, e, consequente, sobre o valor a ser pago, devido às atividades
acadêmicas que geram flutuações mensais das horas-aula ministradas, de forma a
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provocar uma superestimação do valor orçado passa esse subelemento de despesa


(3.3.50.39.06 - Serviços de Energia Elétrica) ou apenas enquadrando-o no elemento
mais genérico (3.3.50.39.00 - Outras Despesas Correntes - Outros Serviços de
Terceiros - Pessoa Jurídica). O Diretor de Administração da unidade desejava
estimar os custos indiretos com consumo de energia de forma precisa, a fim de
melhor planejar as atividades financeiras institucionais.
Um dos servidores da equipe da Diretoria de Administração propôs
estabelecer o comportamento dos custos com energia elétrica, que, então, poderiam
incorporar o orçamento do órgão e ser previsto a partir dos cômputos das horas-aula
ministradas dentro das instalações prediais do órgão.
Resolveu-se realizar um estudo do consumo de energia elétrica, por meio de
uma análise de regressão linear simples, na qual os valores de energia elétrica
consumida é a variável aleatória dependente (Y) e as horas-aula ministradas a
variável independente (X).
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Figura 01: Consumo de Energia Registados durante o exercício de 2017 no IFG – Câmpus Goiânia
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Tabela 01: Horas-Aula Ministradas durante e valores pagos mensalmente para utilização de energia
elétrica durante o exercício de 2017 no Câmpus Goiânia do IFG

Mês (2017) Valor Pago Quantidade de Horas-Aula


Janeiro R$ 28.718,55 15.528
Fevereiro R$ 27.737,06 15.528
Março R$ 55.673,99 15.528
Abril R$ 48.866,48 6.902
Maio R$ 91.314,68 19.076
Junho R$ 42.392,34 19.076
Julho R$ 67.617,18 19.076
Agosto R$ 52.055,02 19.076
Setembro R$ 46.556,84 3.274
Outubro R$ 63.019,82 19.076
Novembro R$ 35.059,70 15.528

Cabe ressaltar que os consumidores atendidos pelas Centrais Elétricas de


Goiás (CELG) tiveram as tarifas reajustadas em média de 15% a partir do mês de
outubro de 2017 (ANEEL, 2017).
Inserindo os dados no software RStudio e solicitando a análise de regressão,
tem-se o os estimadores apresentados no Figura 02, cujo modelo de previsão de
consumo de energia é dado para o caso em estudo.

Figura 02: Análise de Regressão - Consumo de Energia Registados em função da quantidade de


Horas-Aula Ministradas
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Verifica-se, por meio da Figura 02, que não há uma estreita relação entre as
duas variáveis. O R² (R-squared) apresenta-se com um valor pequeno, o que aponta
que apenas cerca de 8,5% do comportamento da variável Gastos com Energia
Elétrica é explicada pela variável independente Horas-Aula Ministradas. Consoante
com Triola (2005), o R² é chamado de coeficiente de determinação, e trata-se de
uma medida de ajustamento de um modelo estatístico linear em observância aos
valores adquiridos (variável preditora). Esse valor varia entre 0 e 1, indicando, em
porcentagem, o quanto o as variáveis independentes conseguem explicar os valores
observados, sendo que, quanto maior o valor exibido para R² mais explicativo é o
modelo, e, portanto, ele melhor se ajusta à amostra.
Sendo o p-valor (designado por nível descritivo do teste) = 0,384 > α = 0,05,
corroboramos não rejeitar a hipótese nula [H0: (β = 0)]. Um p-valor pequeno fornece
evidências a favor da hipótese nula (H0). Por exemplo, se fixarmos um nível de
significância (α), então poderemos dizer que uma hipótese nula é rejeitada nesse
nível de significância, quando o p-valor é menor do que o α escolhido (TRIOLA,
2005).
A Análise de Variância também apresentou uma incontestável falta de relação
entre as variáveis. Temos que o Fobs = 0,836 < F0,05;1,9 = 5,12, e, assim, não
rejeitamos a hipótese nula [H0: (β = 0)], com um nível de confiança de 95%, e
concluímos que não há relação linear significante entre os valores de energia
elétrica consumida e as horas-aula ministradas.
Outras interpretações como o Desvio-Padrão da estimativa, que determina o
grau de variabilidade, ou distorções, provocada no modelo sugerido, e a Estatística
de Teste Tobs que segue uma Distribuição t de Student com n−2 graus de liberdade
sob a hipótese nula [H0: (β = 0)], Triola (2005), também corroboram as conclusões
acima sobre gerar um modelo espúrio, ou seja, ocorre a inexistência de relação
causa-efeito entre as variáveis.
Logo, pode-se concluir que a equação (ou modelo estimativo) extraída da
Análise de Regressão Linear não apresenta uma relação explicativa entre as
variáveis estudadas, devendo ser investigadas outras fontes de consumo que
possam quantificar o desembolso financeiro em relação ao consumo energético.
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3. METODOLOGIA

O artigo constitui-se em uma investigação do tipo descritiva, com


levantamentos bibliográficos específicos sobre a matéria pela revisão da literatura e
obtenção de dados para exploração de um caso prático.
Esse tipo de pesquisa visa ao reconhecimento, documentação e análise da
natureza, princípios, características e/ou variáveis que descrevem o fato ou
processo. Essa forma de abordagem pode ser compreendida como um estudo de
caso, no qual é feito um diagnóstico dos vínculos entre as variáveis para uma
subsequente indicação dos seus resultados em um bem, serviço ou entidade
(GERHARDT, 2009).
A abordagem metodológica é do tipo qualitativa cuja finalidade é conceber os
fatos por meio da obtenção de informações narrativas, compreendendo suas
particularidades que sejam capazes de apontar a direção correta para tomada de
decisão precisa a respeito de um tema (GERHARDT, 2009).
Como procedimento para estudo do caso prático, temos por ferramenta
utilizada para coleta de dados os registros institucionais, ou pesquisa documental.
Segundo Gerhardt (2009), a utilização de registros e arquivos existentes nas
organizações, considerados não-fraudados (autênticos), diminui a duração e os
custos da pesquisa a ser analisada. Cabe ressaltar que os dado podem encontrar-se
incompletos e/ou desatualizados.
Os valores pagos devido ao consumos de energia elétrica à concessionária e
as quantidades de horas-aula ministradas no câmpus Goiânia do IFG, durante o ano
de 2017, estão dispostos na figura 01 e na tabela 01, conforme despesas realizadas
disponibilizadas em <http://www.ifg.edu.br/despesas-administracao?showall=&start=
2>, acesso em 02 fev. 2018, calendário acadêmico disponibilizado em
<https://www.ifg.edu.br/calendario-academico>, acesso em 15 jun. 2018, e
quantitativo de horas-aula informadas diretamente por e-mail pela Gerência de Apoio
Acadêmico e ao Ensino do Câmpus Goiânia do IFG, telefone: (62) 3227-2881, a
partir dos registros contidos no software Q-Acadêmico, licenciado pela instituição.
Após organizados, os dados foram inseridos no software RStudio (versão
1.1.383 – © 2009-2017 RStudio, Inc.) ao qual foi demandado a análise de regressão,
como disposto na figura 02.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo adentra na área de estudos sobre da Administração


Pública, discorrendo notadamente sobre conceitos relacionados aos custos, seu
comportamento e o Orçamento Público, a partir de pesquisas na literatura
pertinente. Também esclareceu o conceito econométrico, com a utilização da
ferramenta de Análise de Regressão, para projetar custos e consequente elaboração
do Orçamento.
Quanto ao caso prático, faz-se necessário informar que o exemplo
demonstrado pode envolver restrições quanto aos conceitos, dado que alguns
autores discutem sobre a amplitude amostral mínima de trinta observações a ser
manuseada, pois assim afirma-se a suposição de normalidade dos erros e dos
dados, consoante com o Teorema Central do Limite, que seria requisito fundamental
para utilização das ferramentas apresentadas. Também não foram realizados Testes
de Aderência, que verificam a adequação de uma distribuição a um conjunto de
dados. Tais conceitos podem e devem ser empregados em estudos de casos mais
detalhados, tornando a abordagem exibida neste trabalho mais robusta e coerente.
Já em relação à falha do modelo proposto, cabe, além das considerações do
parágrafo anterior, ressaltar que há diversos outros setores e atividades que também
são fontes consumidoras de energia elétrica. Assim, a análise estatística do
comportamento dos custos deve ser incorporada juntamente com outras
ferramentas, como os instrumentos de controle, para verificar as principais variáveis
que melhor influenciam nos custos envolvidos, pois parte-se da premissa de estudos
históricos das informações organizacionais, de forma a averiguar e construir
modelos cada vez mais completos e precisos, cujo objetivo é proporcionar à gestão
do órgão uma melhor previsão orçamentária, o que auxilia de forma substancial a
tomada de decisão.
Conclui-se que a abordagem econométrica gera vantagens, porque permite a
aplicação de métodos de inferência capazes de apontar conclusões confiáveis sobre
as relações entre variáveis (objetos de estudo). Por exemplo, pode-se projetar
informações sobre previsões orçamentárias e entender se elas ocorrem de acordo
com o que foi proposto. Destaca-se que as premissas estudadas até esse momento
não tornam os modelos infalíveis, apenas os tornam estatisticamente (previsão) mais
significativos e confiáveis.

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