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FICHA TÉCNICA

Secretária de Estado de Desenvolvimento Social


Elizabeth Jucá e Mello Jacometti

Subsecretária de Assistência Social


Mariana de Resende Franco
2

Supervisão
Rosilene de Fátima Teixeira de Oliveira

Elaboração
Jucineia Soares Gonçalves

Revisão final
Gilcilene Aparecida de Oliveira
Rosilene de Fátima Teixeira de Oliveira
Mariana de Resende Franco

Design Gráfico
Pedro Henrique Ferreira da Rocha
SUMÁRIO
1) Compatibilização entre o PMAS e o Orçamento .............................................................5

2) Classificação funcional e programática da despesa ....................................................8

2.1) Classificação programática da despesa ....................................................................... 10

2.2) Fontes de recursos ........................................................................................................ 11

2.3) Classificação segundo a natureza das despesas ........................................................ 12

2.4) Classificação Institucional ............................................................................................ 15 3


2.5) Classificação funcional .................................................................................................. 16

3) O uso do Quadro de Detalhamento de Despesas (QDD) como instrumento de


compatibilização do PMAS com o orçamento ................................................................. 18

4) Preenchimento dos planos para a programação dos recursos do FNAS e FEAS........ 22

5) Papel dos Conselhos municipais na execução do PMAS ............................................. 23

6) Referências ................................................................................................................. 26
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MÓDULO IV: IMPLEMENTAÇÃO E CONTROLE SOCIAL
DO PMAS

Chegamos a etapa final do curso, mas antes de avançarmos faremos um


breve resumo do que foi abordado até agora.

1) Compatibilização entre o PMAS e o Orçamento


Vimos no módulo anterior que a compatibilização das fontes de recursos
com os objetivos e metas do PMAS é imprescindível para a sua devida execução
financeira. Isso porque, essas fontes, também são elencadas no orçamento e
quando agregadas às classificações da despesa desempenham um papel
fundamental na análise da interligação entre os recursos disponíveis e
necessários, apresentados no plano e a consonância destes com o orçamento.

A classificação da despesa no orçamento público é representada a partir


de códigos numéricos que indicam uma série de informações articuladas capazes
de responder às principais perguntas que surgem quando o assunto é o uso dos
recursos públicos (BRASIL, 2013). Tais como:
PERGUNTA CLASSIFICAÇÃO/RESPOSTA

Para que serão gastos os recursos alocados? Programática

Quem é o responsável pela programação a


Institucional
ser realizada?

Em que serão gastos os recursos? Funcional

O que será adquirido ou pago? Por elemento de despesa


6
Qual o efeito econômico da realização da
Por categoria econômica
despesa?

Qual a origem dos recursos? Por fonte de recursos

Fonte: Caderno de Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS, 2013

Veremos cada uma dessas classificações nos tópicos a seguir. É


importante que você faça uma análise do quadro acima ao final do estudo das
classificações, por isso, para solidificar o aprendizado, o replicaremos em
momento oportuno.

Em síntese o que pretendemos com a análise das classificações é que os


gestores municipais possam adquirir argumentos para reivindicar os recursos
financeiros para o cumprimento do plano, promovendo o diálogo com os setores
responsáveis pelo orçamento e finanças públicas no município. Esse é o caminho
que percorremos desde o primeiro módulo, e esperamos que ao final deste curso,
gestores e conselheiros, dentre outros, sejam capazes de:

▪ Elaborar o PMAS a partir de objetivos e metas alcançáveis;


▪ Fazer o plano de acordo com a NOB/Suas no que se refere a consonância
com os instrumentos de orçamento, diretrizes e deliberações da política de
assistência social;
▪ Impedir que o PPA seja aprovado sem o devido entendimento das principais
terminologias que são utilizadas na inserção dos programas, atividades e
ações da área de assistência social;
▪ Apoiar o órgão gestor na reivindicação da realização da despesa ou
entendimento do que precisa ser feito para viabilizar os gastos, quando
estes forem impedidos pelo setor de contabilidade;
▪ Garantir que a apreciação e aprovação do plano, no conselho, não fique
restrita à análise de alguns segmentos em detrimento de outros;
▪ Realize a compatibilização dos instrumentos da assistência com o
orçamento a fim de garantir que estejam previstas todas as dotações para
a efetivação dos gastos; 7

▪ Aumento dos indicadores de execução financeira do Suas e


consequentemente diminuição dos saldos nos blocos de financiamento;
▪ Desconstruir os argumentos do governo federal quando justifica que a
irregularidade dos repasses ocorre devido ao excesso de saldos nos fundos
municipais;
▪ Reivindicar a partir do entendimento dos mecanismos de financiamento no
Suas a devida aplicação de recursos próprios nos fundos municipais;
▪ Dentre outros.

Na prática
O gestor deve ter o cuidado de planejar o orçamento da assistência social utilizando os
instrumentos próprios da Política de Assistência Social: o pacto de aprimoramento da
gestão do SUAS e o Plano de Assistência Social, que devem estar refletidos nos
instrumentos de planejamento e execução orçamentária e financeira do município (PPA,
LDO e LOA). Sendo assim, o gestor deve compatibilizar questões político-administrativas,
orçamentárias e, principalmente, a necessidade de serviços pela população. Essa
compatibilização deve ser realizada nos instrumentos de planejamento e execução para
que o meio (o financiamento) consiga atingir o fim (atendimento socioassistencial de
qualidade) (BRASIL, 2013, p. 38, grifo nosso).
2) Classificação funcional e programática da despesa

Conceituando…
O conteúdo central do orçamento é o programa de trabalho a ser executado pelo governo,
pois descreve segundo algumas normas, desde o valor do recurso a ser gasto e natureza da
despesa até a sua função social, passando pela definição do nome das ações e de suas
respectivas metas.
8
(http://leaozinho.receita.fazenda.gov.br/biblioteca/Arquivos/entendendo.pdf)

No módulo I, vimos que o orçamento programa tem uma forte ligação com
o planejamento, o modelo mais atual utilizado pela administração pública. Nesse
tipo de orçamento, o programa representa o maior nível de classificação das
ações de governo, enquanto que a função refere-se ao maior nível de
classificação das despesas (PALUDO, 2013).

As estruturas prográmatica e funcional e as respectivas classificações


estão descritas na Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001, que
dispõe sobre normas gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. No entanto, estados e municípios
possuem esquemas e normativas específicos que versam sobre as classificações
orçamentárias, de forma a adequar a norma geral a sua estrutura.

Essas classificações aparecem no Quadro de Detalhamento de Despesas


(QDD), pois é o instrumento que contém a descrição por unidade orçamentária, de
cada projeto e a atividade com a sua respectiva classificação funcional-
programática. Como mencionamos no módulo I, o QDD é um anexo da LOA que
detalha a despesa segundo a sua natureza. Serve como um instrumento para a
gestão e controle social, tanto na fase de elaboração, quanto de execução e
avaliação do PMAS, além disso, é um documento comprobatório da alocação de
recursos próprios no fundo municipal.

Para facilitar o entendimento das classificações que compõem o QDD


abordaremos os elementos que constam no esquema abaixo que demonstra as
classificações funcional e por programa, no estado de Minas Gerais.
9

Fonte: Classificação econômica das Despesas (MINAS GERAIS, 2021).

Alguns códigos que utilizaremos, variam de um ente para o outro, mas a


visualização passo a passo e a descrição dessa estrutura, permitirá o
reconhecimento destas variações e a localização das despesas e suas respectivas
fontes de financiamento, facilitando a análise do QDD do seu município, portanto,
fique atento aos exemplos e nomenclaturas.

O setor responsável pelo orçamento é um grande aliado nesse processo,


pois possui os esquemas de classificação com os respectivos códigos utilizados
na elaboração das peças orçamentárias do município.
2.1) Classificação programática da despesa

10

As ações de governo, no orçamento público, se estruturam em programas


orientados para a consecução dos objetivos definidos no PPA. Esse tipo de
organização permite ampliar o alcance dos resultados e dos benefícios gerados à
população, bem como dar visibilidade à aplicação dos recursos públicos.

Os programas representam um conjunto de ações que correspondem a


um objetivo comum, mensurado por indicadores. São executados na forma de
subações que compreendem os projetos e as atividades, são exemplos de
atividade: Serviços de Proteção Social Básica; Serviços de Acolhimento
Institucional; Gestão do SUAS; Apoio ao Controle Social; dentre outros.

Passo a passo QDD

Programa Projeto/Atividade (Ação)


programática
Classificação

Aprimoramento da Política de Regionalização da Proteção


Assistência Social Social Especial

Cód. 65 4130
2.2) Fontes de recursos
No primeiro módulo do curso aprendemos que os fundos de Assistência
Social são os instrumentos que concentram os recursos para a execução
financeira do PMAS. Dentro do orçamento público municipal, o FMAS representa a
fonte de recurso responsável pelo financiamento do Suas.

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As fontes de recursos são responsáveis por financiar a realização das


despesas, por isso, ao se fixar uma despesa, deve-se necessariamente incluir na
sua classificação a fonte de recursos que irá financiá-la de forma que se
estabeleça uma interligação entre o financiamento e a despesa (PALUDO, 2013).
Constituem-se por meio de determinados agrupamentos com natureza de receita
e servem para indicar como são financiadas as despesas orçamentárias,
indicando a origem/procedência dos recursos que serão gastos para atingir uma
finalidade especifica (MINAS GERAIS, 2021).

São exemplos de fontes de recursos das despesas, na área da assistência


social, as provenientes de transferências intergovernamentais (repasses do FNAS
e do FEAS aos municípios), os recursos próprios alocados pelos municípios nos
seus respectivos fundos de assistência social, recursos do tesouro municipal,
recursos extraordinários destinados às ações específicas no âmbito do Suas,
dentre outros.
Fonte de recursos Passo a passo QDD

Fonte de recursos Procedência e uso


Classificação da

Transferências de Recursos da União Recursos Recebidos para


12
Vinculados a Assistência Social Livre Utilização

Cód. 56 1

2.3) Classificação segundo a natureza das despesas


A classificação orçamentária permite a visualização da despesa sob
diferentes enfoques, conforme o que se pretende analisar, pois cada uma possui
função ou finalidade específica e um objetivo que procura responder as
indagações da sociedade e do próprio governo, sobre o gasto com a função
Assistência Social. A Lei Federal nº 4.320/64 e normas posteriores estabelecem a
classificação segundo a sua natureza da seguinte forma:

Abordagem da classificação da despesa segundo a sua natureza:


a) Categorias econômicas: indicam os efeitos que o gasto público tem sobre
a economia de modo geral. Divide-se em:

Código/Categoria econômica Concepção

Classificam-se nessa categoria todas as despesas


para manutenção e funcionamento dos serviços
3 - Despesas Correntes públicos em geral, são despesas que não contribuem,
diretamente, para a formação ou aquisição de um
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bem de capital.

Classificam-se nessa categoria aquelas despesas que


contribuirão para a produção ou geração de novos
4 - Despesas de Capital bens ou serviços e integrarão o patrimônio público,
ou seja, contribuem, diretamente, para a formação ou
aquisição de um bem de capital.

Fonte: Classificação econômica das Despesas (SEPLAG, 2021).

b) Grupos: identificam importantes conjuntos da despesa orçamentária que


se vinculam às categorias econômicas. Exemplos:
Grupo de
Código despesas Concepção
correntes

Despesas com pessoal ativo, inativo e pensionistas, relativas com


quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e
Pessoal e
vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da
1 encargos
aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais,
sociais
gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer
natureza, dentre outras.

Despesas com aquisição de material de consumo, pagamento de


Outras diárias, contribuições, subvenções, auxílio-alimentação, auxílio-
3 despesas transporte, além de outras despesas da categoria econômica
correntes "Despesas Correntes" não classificáveis nos demais grupos de
natureza de despesa.

Fonte: Classificação econômica das Despesas (SEPLAG, 2021).


c) Modalidades de aplicação: utilizadas para analisar se a aplicação dos
recursos é feita de forma direta pelos órgãos, ou se ocorre através de entidades
da mesma esfera de governo ou por outro ente da federação e suas respectivas
entidades. Pretende-se com esse procedimento evitar que recursos transferidos
ou descentralizados sejam contados em duplicidade. Exemplo:

Código Modalidade de aplicação Concepção

Nesta modalidade os municípios ou estados 14

classificam as despesas que são executadas


90 Aplicação direta diretamente, como pagamento a fornecedores,
tarifas de água, luz, telefone, contratos de
aluguel, etc.).

Fonte: Caderno de gestão financeira e orçamentária, 2013.

d) Elementos de despesas: Os elementos têm a finalidade de identificar o


objeto imediato de cada despesa, por exemplo: remuneração de pessoal,
obrigações patronais, materiais de consumo, serviços prestados por terceiros,
equipamentos, dentre outros itens (MINAS GERAIS, 2016).

Código Elementos

11 vencimentos e vantagens fixas

30 material de consumo

Fonte: Classificação econômica das Despesas (SEPLAG, 2021).

Cabe salientar que a legislação orçamentária não exige, mas permite o


detalhamento do tipo de gasto por item. Isso favorece o acompanhamento da
natureza dos gastos, portanto, quando esse procedimento é realizado no
orçamento será usado durante a execução orçamentária.

O detalhamento por item, mostra o que será adquirido com determinada


despesa, como, por exemplo, no caso de despesa com material de consumo
(material de escritório ou material de limpeza) ou com equipamentos e material
permanente (equipamentos de informática ou veículos).
Passo a passo QDD
Classificação

Categoria Modalidade Elemento de


natureza da

Grupo
segundo a

econômica de aplicação despesa


despesa

Outras
Aplicação Material de
Despesas correntes despesas 15
direta consumo
correntes

Cód. 3 3 90 30

2.4) Classificação Institucional


Permite localizar a despesa dentro do escopo do programa de governo por
meio da identificação da instituição responsável pelo gasto: órgão e/ou a unidade
orçamentária. No §2º do art. 48, a NOB/Suas (2012), estabelece que “os fundos de
assistência social caracterizam-se como fundos especiais e se constituem em
unidades orçamentárias e gestoras”, ou seja, o FMAS é a unidade orçamentária
vinculada à secretaria municipal de assistência social.

Passo a passo QDD

Unidade Orçamentária Órgão


Classificação
institucional

Fundo Estadual de Assistência Secretaria de Estado de


Social Desenvolvimento Social

Cód. 4.25.1 1.48.0


2.5) Classificação funcional
A classificação funcional por funções e subfunções agrega os gastos
conforme as áreas de atuação governamental. Por ser de uso comum e
obrigatório para todas as esferas de governo, este classificador permite a
consolidação nacional dos gastos do setor público (BRASIL, 2013). Demonstra, o
nível de gastos com a função assistência social e a especifica em grandes sub -
áreas a partir da subfunção.
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Função Subfunção

241 - Assistência ao Idoso

242 - Assistência ao Portador de Deficiência


08 - Assistência Social
243 - Assistência à Criança e ao Adolescente

244 - Assistência Comunitária

Fonte: Classificação econômica das Despesas (SEPLAG, 2021).

Passo a passo QDD

Função Subfunção
Classificação
Funcional

Assistência Social Assistência Comunitária

Cód. 08 244

Agora que já vimos todas as classificações da despesa podemos retornar


ao quadro de perguntas e respostas, que vimos anteriormente, para demonstrar
as suas respectivas definições:
CLASSIFICAÇÃO/
PERGUNTA DEFINE EXEMPLO
RESPOSTA
Para que serão gastos os Programa/atividade, Proteção Social
Programática
recursos alocados? projeto/ação Básica

Órgão e/ou a Secretaria


Quem é o responsável pela unidade municipal de
Institucional
programação a ser realizada? orçamentária assistência
social/FMAS

Em que serão gastos os Política pública/área Assistência


Funcional
recursos? Social

Elemento de Serviços/recursos Pagamento de 17


O que será adquirido ou pago?
despesa materiais/RH pessoal

Qual o efeito econômico da Categoria Despesas -


realização da despesa? econômica correntes/de capital

Transferências FMAS
intergovernamentai
Qual a origem dos recursos? Fonte de recursos s/alocações

/Tesouro do ente

Aprofundando mais um pouco no aprendizado das classificações também


é possível compreender a definição de um dos mais importantes itens, para a fase
de execução do orçamento da assistência social que é o conceito e a
esquematização da dotação orçamentária.

De acordo com Agenda Senado (2021), a dotação orçamentária é toda e


qualquer verba prevista como despesa em orçamentos públicos e destinada a fins
específicos. Qualquer tipo de pagamento que não tenha dotação específica só
pode ser realizado se for criada uma nova dotação para suprir a despesa. Abaixo
detalhamos o modelo de dotação orçamentária que usamos, neste texto, como
base para o aprendizado das classificações. Vejamos:
Fundo Estadual de Assistência

Aprimoramento da Política de

Transferências de Recursos
Regionalização da Proteção

Outras despesas correntes


Assistência Comunitária
Desenvolvimento Social
Secretaria de Estado de

da União Vinculados a
Material de consumo
Despesas correntes

Aplicações diretas
Assistência Social

Assistência Social

Assistência Social
Social Especial
Social

1.48.0 4.25.1 08 244 65 4130 3 3 90 30 56


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3) O uso do Quadro de Detalhamento de Despesas (QDD) como


instrumento de compatibilização do PMAS com o orçamento

Marcos normativos
Art. 86. No controle do financiamento, os Conselhos de Assistência Social devem
observar:

I - o montante e as fontes de financiamento dos recursos destinados à assistência


social e sua correspondência às demandas;

II - os valores de cofinanciamento da política de assistência social em nível local;

III - a compatibilidade entre a aplicação dos recursos e o Plano de Assistência Social;

IV - os critérios de partilha e de transferência dos recursos;

V - a estrutura e a organização do orçamento da assistência social e do fundo de


assistência social, sendo este na forma de unidade orçamentária, e a ordenação de
despesas deste fundo em âmbito local;

VI - a definição e aferição de padrões e indicadores de qualidade na prestação dos


serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais e os investimentos em
gestão que favoreçam seu incremento;

VII - a correspondência entre as funções de gestão de cada ente federativo e a


destinação orçamentária;

VIII - a avaliação de saldos financeiros e sua implicação na oferta dos serviços e em


sua qualidade;

IX - a apreciação dos instrumentos, documentos e sistemas de informações para a


prestação de contas relativas aos recursos destinados à assistência social;

X - a aplicação dos recursos transferidos como incentivos de gestão do SUAS e do


Programa Bolsa Família e a sua integração aos serviços;

XI - a avaliação da qualidade dos serviços e das necessidades de investimento nessa


área;

XII - a aprovação do plano de aplicação dos recursos destinados às ações finalísticas


da assistência social e o resultado dessa aplicação;

XIII - o acompanhamento da execução dos recursos pela rede prestadora de serviços


Marcos normativos
X - a aplicação dos recursos transferidos como incentivos de gestão do SUAS e do
Programa Bolsa Família e a sua integração aos serviços;

XI - a avaliação da qualidade dos serviços e das necessidades de investimento nessa área;

XII - a aprovação do plano de aplicação dos recursos destinados às ações finalísticas da


assistência social e o resultado dessa aplicação;
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XIII - o acompanhamento da execução dos recursos pela rede prestadora de serviços
socioassistenciais, no âmbito governamental e não governamental, com vistas ao alcance
dos padrões de qualidade estabelecidos em diretrizes, pactos e deliberações das
Conferências e demais instâncias do SUAS.

(NOB/Suas, 2012, p. 40, grifo nosso)

Agora que já classificamos a despesa segundo a sua estrutura funcional e


programática vamos montar um QDD, para que você possa visualizar e solidificar o
entendimento de cada um dos itens que compõem a classificação orçamentária
da despesa. Lembrando que a organização destes itens podem variar conforme o
modelo adotado pelo município. No entanto, em sua maioria compreendem as
dotações aprovadas pela LOA, pois como vimos representam imperativos para a
realização dos gastos públicos.
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Em posse do QDD e do PMAS o órgão gestor e o conselho poderão realizar


a compatibilização dos conteúdos desses dois instrumentos. A análise e a
conferência das informações podem ter como ponto de partida as seguintes
indagações, dentre outras:

▪ todas as receitas originárias das transferências fundo a fundo do governo


federal e estadual estão previstas em sua totalidade?
▪ foi feita a alocação de recursos próprios no fundo municipal?
▪ foram previstas todas as despesas relativas aos gastos para manutenção e
investimento na rede socioassistencial, conforme os objetivos propostos?
▪ os recursos financeiros necessários elencados no PMAS foram
contemplados?
▪ o valor fixado para as despesas são suficientes para que se cumpram as
metas estabelecidas no PPA e no PMAS para que todos aqueles que
necessitem tenham afiançadas as seguraças socioassistenciais e
aquisições do Suas?
▪ a estrutura do orçamento municipal é compatível com o modelo de gestão
do SUAS?
▪ as fontes de recursos foram previstas adequadamente em relação a
despesa?
▪ os recursos extraordinários que possuem destinação específica estão
alocados adequadamente em relação a despesa?
▪ dentre outras.
21
Após verificada a consonância do plano com o orçamento e realizados os
ajustes necessários, inicia-se a sua execução financeira que compreende, dentre
outras, as etapas da realização das despesas. A NOB/Suas (2012, art. 49, grifo
nosso) define que “as despesas realizadas com recursos financeiros recebidos na
modalidade fundo a fundo devem atender às exigências legais concernentes ao
processamento, empenho, liquidação e efetivação do pagamento”.

Dessa forma, o gasto só pode ser efetivado a partir do empenho das


dotações orçamentárias que consiste em etapa obrigatória da execução da
despesa sendo emitido sempre que o órgão gestor realiza uma despesa. Após o
empenho a dotação fica comprometida com a despesa, permitindo que o seu
ordenador inicie a aquisição do bem ou contratação do serviço, objeto da dotação
orçamentária. Uma vez entregue o bem ou prestado o serviço, processam-se as
etapas de liquidação e pagamento (PALUDO, 2013).

Vimos que o orçamento deve compreender as dotações necessárias para


que sejam efetuados os gastos pelo órgão gestor, por isso, a execução financeira
do PMAS fica vinculada a autorização dessas dotações na LOA. Isso representa o
fundamento de toda essa análise que fizemos das classificações para a realização
da compatibilização do plano com o orçamento e é também por isso, que a
NOB/Suas estabelece que o PMAS deve ser realizado no mesmo ano que o PPA.

Muitas vezes os gestores só começam a compreender essa sistemática


de forma tardia, por exemplo, quando o contador barra a aquisição de algum bem
ou a contratação de um serviço. Portanto, o entendimento e a análise da
interligação do QDD com os objetivos do plano são a melhor maneira de evitar que
obstáculos como este comprometam a execução das ofertas do Suas no
enfrentamento das desproteções sociais que impactam indivíduos, famílias e
territórios.

4) Preenchimento dos planos para a programação dos recursos do


FNAS e FEAS
O planejamento para a utilização dos recursos transferidos pelo governo
federal deve ser realizado por meio do preenchimento do Plano de Ação, no
sistema SuasWeb. No caso das transferências realizadas pelo estado, o município 22
deve preencher o Plano de Serviços, disponível no Sistema Sigcon saída.

O Plano de Ação, conforme definido no art. 3º da Portaria nº 113/2015,


consiste em um instrumento informatizado de planejamento para lançamento de
dados e validação anual das informações relativas às aplicações e transferências,
do cofinanciamento federal.

As informações contidas no Plano de Ação devem estar em consonância


com o PMAS e integrar as transferências e aplicações que foram destinadas às
ações socioassistenciais e a ampliação da cobertura da rede dentro de um
determinado exercício. As informações do Plano de Ação devem ser avaliadas
pelo Conselho que deverá se manifestar no sistema por meio de parecer.

As transferências dos recursos do Piso Mineiro de Assistência Social,


pelo FEAS, são reguladas por meio do preenchimento do Plano de serviços que
permite ao gestor municipal escolher, de acordo com as prioridades locais, para
qual modalidade de serviço socioassistencial e nível de proteção indicará a
aplicação dos recursos repassados. Este plano deve ser preenchido anualmente e
também deverá ser apresentado ao conselho para ser apreciado e aprovado.
Os Planos de ação e serviços devem refletir o planejamento do exercício,
sendo assim, a distribuição dos recursos entre os serviços deve ser feita com
antecedência levando em consideração os valores dos repasses federais e
estaduais, a alocação de recursos próprios e os insumos necessários para a
continuidade de cada oferta (MINAS GERAIS, 2016).

Cabe ressaltar que o processo de planejamento no Suas, não se restringe


a elaboração do PMAS e do preenchimento dos planos de ação e serviços, em seus
respectivos sistemas. É imprescindível que as ações socioassistenciais também
sejam planejadas periodicamente, a partir da elaboração de planos específicos
para cada uma das ofertas.

Estes planos devem contemplar metodologias, estratégias e a criação de


instrumentais específicos para o desenvolvimento do trabalho social, bem como o
planejamento do monitoramento e avaliação das ofertas pelas famílias usuárias.
Diante do cenário atual, recomendamos que seja utilizado o "Caderno de
23
Orientações Técnicas: planejamento municipal nos cenários de pandemia e pós
pandemia”, publicado pela Sedese e que está disponível na plataforma deste
curso.

Além disso, as discussões e deliberações das conferências deste ano,


principalmente as que se referem ao eixo 5, que trata da assistência social no
contexto de calamidade pública, também trarão importantes contribuições para o
planejamento das ações preventivas e protetivas, bem como para a escolha de
objetivos que devem ser contemplados no PMAS para a redução dos impactos da
situação de calamidade pública em saúde.

5) Papel dos Conselhos municipais na execução do PMAS

Marcos normativos
NOB/SUAS (2012):

Art. 84. Os Conselhos de Assistência Social, em seu caráter deliberativo, têm papel
estratégico no SUAS de agentes participantes da formulação, avaliação, controle e
fiscalização da política, desde o seu planejamento até o efetivo monitoramento das ofertas
e dos recursos destinados às ações a serem desenvolvidas.

O controle social é o exercício democrático de acompanhamento da


gestão e avaliação da política de Assistência Social, do PMAS e dos recursos
financeiros destinados à sua implementação, isso quer dizer que o processo de
participação do conselho na elaboração e aprovação do orçamento não tem
relação apenas com a sua interligação com o plano, mas também com a existência
e o funcionamento dos Fundos de Assistência Social (BRASIL, 2015).
Neste sentido, a NOB/Suas, estabelece que incumbe aos Conselhos
exercer o controle e a fiscalização dos Fundos de Assistência Social, mediante:

▪ aprovação da proposta orçamentária;


▪ acompanhamento da execução orçamentária e financeira, de acordo
com a periodicidade prevista na Lei de instituição do Fundo ou em seu
Decreto de regulamentação, observando o calendário elaborado pelos
respectivos conselhos;
24
▪ análise e deliberação acerca da respectiva prestação de contas.

O controle da execução do PMAS pelos conselhos municipais ocorre por


meio da fiscalização da aplicação dos recursos, do acompanhamento da execução
das ações e aprovação da proposta orçamentária anual que se constitui no
desdobramento da execução do plano ano a ano.

Para viabilizar o debate e apreciação, ou atualização do PMAS em


consonância com a LOA, o conselho pode solicitar audiências públicas para
condução de questões mais complexas e/ou de grande repercussão.

Conceituando…
A audiência pública é um instrumento de democratização das decisões públicas, previsto
na Constituição Federal de 1988, sendo regulado por leis federais, constituições estaduais e
leis orgânicas municipais. Essas audiências podem ser realizadas por solicitação da própria
população ou dos conselhos. Trata-se de uma reunião entre o Poder Executivo, Legislativo,
Ministério Público e outros órgãos de defesa de direitos, com a participação da população,
para o debate e encaminhamentos sobre questões de interesse público. As audiências
públicas possibilitam ampliar o debate sobre temas relacionados à formulação de políticas,
projetos de lei e execução orçamentária (BRASIL, 2015).

Para além da abordagem sobre a essencialidade do papel do conselho no


processo de acompanhamento, monitoramento e controle social do PMAS, já
contemplados neste curso, cabe relembrar a importância de que este protagonize
e coordene o seu processo avaliativo, inclusive durante as conferências
municipais de assistência social, de forma a ampliar a participação da população e
solidificar o plano como um instrumento de desenvolvimento democrático.
Chegamos ao fim do curso! Agradecemos a sua participação e
esperamos que os conhecimentos adquiridos, possam contribuir para a
elaboração, execução e controle social do PMAS do seu município.

Entendemos que o processo de planejamento no Suas já é bastante


desafiante e neste momento em que vivenciamos condições tão adversas,
torna-se ainda mais complexo.

No entanto, as mudanças só ocorrem quando há movimento, dessa 25


forma, um único passo faz diferença, mesmo nas caminhadas mais longas!

Equipe da Diretoria de Gestão Descentralizada e Regulação do Suas.


6) Referências
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Curso de
Atualização de Planos de Assistência Social. Brasília, 2015. Disponível em:
http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/gestao-do-suas/gestao-do-
trabalho-1/capacitasuas/capacitasuas. Acesso em: 09 mai. 2021.

_________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada


em 5 de outubro de 1988. Brasília. Disponível em: 26
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em:
09 mai. 2021.

_______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno de


Gestão Financeira e Orçamentária do SUAS. Brasília, 2013.

__________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Portaria nº


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