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MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO

SECRETARIA DE ORÇAMENTO FEDERAL

Curso Orçamento Público

Módulo IV
DESPESA ORÇAMENTÁRIa

(ORG) Fernando Cesar Rocha Machado

brasília
2015
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão
Nelson Barbosa

Secretário-Executivo
Dyogo Henrique de Oliveira

Secretária de Orçamento Federal


Esther Dweck

Secretários-Adjuntos
Antonio Carlos Paiva Futuro
Franselmo Araújo Costa
George Alberto Aguiar Soares

Diretores
Clayton Luiz Montes
Felipe Daruich Neto
Marcos de Oliveira Ferreira
Zarak de Oliveira Ferreira

Coordenador-Geral de Inovação e
Assuntos Orçamentários e Federativos
Luiz Guilherme Pinto Henriques

Coordenadora de Educação e Difusão Orçamentária


Rosana Lôrdelo de Santana Siqueira

Organização do Conteúdo
Fernando Cesar Rocha Machado

Revisão Pedagógica
Janiele Cardoso Godinho

Revisão Gramatical e Ortográfica


Renata Carlos da Silva Informações:
www.orcamentofederal.gov.br
Projeto Gráfico e Diagramação Secretaria de Orçamento Federal
Tiago Ianuck Chaves SEPN 516, Bloco “D”, Lote 8,
70770-524, Brasília – DF, Tel.: (61) 2020-2329
Colaboração escolavirtualsof@planejamento.gov.br
Bruno Rodolfo Cupertino
Karen Evelyn Scaff
Munique Barros Carvalho
Olivia Pereira Paranayba

Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.


Secretaria de Orçamento Federal. Escola Virtual SOF.
Curso Orçamento Público / organização de Fernando
Cesar Rocha Machado. Brasília, 2014.
5 v. ; il.

Conteúdo: Módulo I. Orçamento público: conceitos e


Fundamentos. Módulo II. Instrumentos do processo
Orçamentário. Módulo III. Receita orçamentária. Módulo IV.
Despesa orçamentária. Módulo V. Execução orçamentária.

1. Orçamento público. 2. Finanças públicas. I. Machado,


Fernando Cesar Rocha. II. Título.

CDU: 336.121.3(81)
CDD: 351.722
Objetivos do Módulo

Instrumentalizar os participantes para a leitura das despesas orçamentárias fixadas


no Orçamento Federal.

UnidadeS ABORDADAS

I Conceito de Despesa Orçamentária


II Estrutura e Classificação da Despesa Orçamentária
III Etapas da Despesa Orçamentária
IV Determinações da LRF
Sumário
Apresentação.......................................................................................................................................7

Unidade I - conceito de despesa orçamentária.......................... 9

Unidade II - estrutura e classificação da despesa


orçamentária.........................................................................................13
Programação Qualitativa..........................................................................................................15
Classificação da Despesa por Esfera Orçamentária...................................................16
Classificação Institucional da Despesa...........................................................................17
Classificação Funcional da Despesa................................................................................19
Estrutura Programática........................................................................................................21
Programa................................................................................................................................. 22
Ações........................................................................................................................................ 23
Plano Orçamentário............................................................................................................ 26
Localizador de Gasto........................................................................................................... 28
Programação Quantitativa.......................................................................................................31
Dimensão Física.................................................................................................................... 32
Dimensão Financeira........................................................................................................... 33
Natureza da Despesa.......................................................................................................... 34
Identificador de Uso – IDUSO............................................................................................41
Identificador de Doação e de Operação de Crédito – IDOC.................................. 42
Identificador de Resultado Primário.............................................................................. 43

Unidade III - etapas da despesa orçamentária........................... 47


Empenho...................................................................................................................................... 48
Liquidação.................................................................................................................................... 52
Pagamento................................................................................................................................... 53

Unidade IV - determinações da lrf................................................. 55

conclusão .............................................................................................. 61

Revisão do Módulo ............................................................................. 63

gabarito dos exercícios ................................................................... 65

referências bibliográficas............................................................. 67
Apresentação

Caro (a) participante!

Tivemos a oportunidade de conhecer a Receita Orçamentária e suas principais


características no módulo anterior. Essa receita, arrecadada por cada ente público, é
utilizada para financiar as despesas necessárias ao desenvolvimento do País e à promoção
da melhoria da qualidade de vida da população.

A discussão a respeito da Despesa Orçamentária é muito intensa no âmbito da


gestão pública, pois o seu processo de alocação – concretizado na elaboração, aprovação e
execução da Lei Orçamentária – envolve uma série de atores e questões técnicas, políticas
e legais.

Assim, compreender os conceitos, estrutura, classificações e etapas da Despesa


Orçamentária torna-se fator essencial para uma atuação mais efetiva dos servidores
públicos e cidadãos no acompanhamento das ações governamentais.

Cabe informar que também destacaremos as principais regulamentações da Lei de


Responsabilidade Fiscal - LRF que impactam a gestão da Despesa Orçamentária.

Esperamos que o conteúdo, exemplos e exercícios propostos possibilitem a


construção de um conhecimento sólido sobre esse importante tema orçamentário.

Desejamos Bons Estudos!

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Unidade I
CONCEITO DE DESPESA ORÇAMENTÁRIA

P ara que se possa administrar um Município, Estado ou País, é necessário que cada
governo realize despesas relacionadas às atividades de suas respectivas competên-
cias, tais como manter hospitais, construir ferrovias ou contratar professores.

Você já sabe que para o alcance dos objetivos definidos em seu Plano Plurianual,
um governo deve realizar uma gestão eficiente de seus gastos, de forma a primar pela
qualidade na utilização dos recursos públicos arrecadados, zelando pelo equilíbrio das
contas públicas, com foco em resultados para a sociedade.

Dessa forma, essa unidade tem como objetivo apresentar o conceito de Despesa
Orçamentária, a fim de oferecer fundamentos para uma melhor compreensão dos
conteúdos a serem abordados nas próximas unidades.

Para iniciar as nossas discussões sobre esse tema, convidamos você a fazer as
seguintes reflexões:

Você planeja, organiza e acompanha as suas despesas pessoais? Essas despesas são
compatíveis com as suas receitas pessoais?

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E quanto ao seu município, você


acompanha as despesas autorizadas no
orçamento? Conhece, por exemplo, qual o
valor fixado para a realização de despesas
referentes à recuperação de pavimentações
públicas?

Pois bem, sabemos que as nossas contas precisam de atenção especial, tendo em
vista vivermos com qualidade dentro das possibilidades que os nossos salários permitem.

Nessa direção, ao traçarmos um paralelo das nossas despesas com as do governo,


podemos perceber a sua complexidade, uma vez que as competências dos entes públicos
envolvem grandes responsabilidades e volumosas despesas, além dos interesses de
diversos segmentos sociais. Mas, o que são despesas orçamentárias?

Com base no Manual de Procedimentos da Despesa Pública, a Despesa Or-


çamentária constitui os dispêndios efetuados pelo Estado para a manuten-
ção de suas atividades ou para a construção e manutenção de bens públi-
cos, com a finalidade de atendimento às necessidades coletivas. Estes dis-
pêndios podem estar previstos na Constituição, leis ou atos administrativos
e necessitam de autorização legislativa para a sua realização, por meio da
Lei Orçamentária Anual ou de créditos adicionais.

Em outras palavras, a despesa orçamentária viabiliza o alcance de resultados das


políticas públicas planejadas pelos governos, sendo necessária autorização legal para a
sua execução.

A discussão em torno do dispêndio, ou seja, da despesa, é muito intensa no âmbito


do orçamento público, tanto em sua elaboração quanto em sua execução. Assim, cabe
relembrar que diante do montante das receitas estimadas, as despesas orçamentárias são
distribuídas entre os programas do governo. Por meio deles, é que o governo atua para
alcançar seus diferentes objetivos.

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Por exemplo, as despesas com a manutenção, funcionamento e construção,


relacionadas ao transporte aéreo, devem ser agrupadas em um programa. Dentro do
programa, os recursos são distribuídos para as ações orçamentárias, que, como o nome
indica, significa o que será feito. Por exemplo, “Construção do Aeroporto de Brasília”
ou “Reforma do Terminal de Passageiros do Aeroporto de São Paulo”. Esse processo de
distribuição também é chamado de alocação de recursos.

As despesas previstas no orçamento muitas vezes geram diretamente produtos,


como rodovias, e serviços, como o atendimento médico. Nesses casos, o orçamento
também prevê a quantidade de produto que se pretende gerar, medido em quilômetros
construídos e atendimentos realizados, por exemplo.

O orçamento, mais do que definir os valores das despesas, aponta o que, onde e em
que quantidade o cidadão e a sociedade receberão os bens e serviços oferecidos pelo
Estado em retribuição aos tributos pagos, ofertados em áreas que afetam a vida de todos

Ressalta-se que algumas despesas são obrigatórias por força de


lei e, portanto, o Governo não pode deixar de pagá-las. Como exemplo
dessas despesas, podemos citar as transferências constitucionais a
Estados e Municípios, os benefícios previdenciários e assistenciais
e as despesas de pessoal.

Para essas despesas, são calculados os valores necessários Glossário:

para o pagamento durante o ano e reservados os recursos no Transferências


Constitucionais
Orçamento, dentro de programas e ações executados pelo Governo
As transferências
Federal. constitucionais
correspondem a
Para fazer o cálculo das despesas obrigatórias também é parcelas de recursos
arrecadados por um
necessário pensar no futuro da economia. Um aumento do salário
ente e repassados a
mínimo, por exemplo, aumenta também as despesas com o outro ente por força
de mandamento
pagamento das aposentadorias, que são despesas obrigatórias.
estabelecido em
dispositivo da
As despesas em que o Governo pode escolher quanto e onde Constituição.
vai aplicar os recursos arrecadados são chamadas discricionárias
ou não obrigatórias. Os recursos disponíveis para as despesas
discricionárias são também distribuídos nos programas e ações

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do Governo. Pode até haver despesas obrigatórias e discricionárias em um mesmo


programa, que trabalham juntas para um mesmo objetivo, como, por exemplo, despesas
com o pagamento de pessoal (obrigatória) e aquisição de equipamentos (discricionária)
para a melhoria do atendimento ambulatorial de cidadãos.

No orçamento federal, o valor das despesas obrigatórias é bastante elevado, isto é,


quase tudo que é arrecadado já tem um destino definido por lei. Então, apenas uma parte
pequena dos recursos fica livre para ser usada nas demais ações governamentais. Isso
ocorre porque a maioria dos gastos do governo se constitui de obrigações constitucionais
ou legais que devem ser sempre executadas.

Exercício 01
Sobre o conceito de Despesa Orçamentária é incorreto afirmar:
a) A despesa orçamentária constitui os dispêndios efetuados pelo Estado para a
manutenção de suas atividades ou para a construção e manutenção de bens
públicos, com a finalidade de atendimento às necessidades coletivas.
b) As despesas orçamentárias podem estar previstas na Constituição, leis ou atos
administrativos e necessitam de autorização legislativa para a sua realização,
por meio da Lei Orçamentária Anual ou de créditos adicionais.
c) O orçamento, mais do que definir os valores das despesas, aponta o que, onde
e em que quantidade o cidadão e a sociedade receberão os bens e serviços
oferecidos pelo Estado em retribuição aos tributos pagos, ofertados em áreas
que afetam a vida de todos nós.
d) Como exemplo de despesas discricionárias, podemos citar as transferências
constitucionais a Estados e Municípios, os benefícios previdenciários e
assistenciais e as despesas com pessoal.

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Unidade II
ESTRUTURA E CLASSIFICAÇÃO
DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA

A ssim como as receitas, as despesas no âmbito do orçamento federal são bem diversi-
ficadas, o que requer um tratamento organizado e sistematizado de todas as suas
informações.

Segundo Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008),


a despesa orçamentária está estruturada e
agrupada segundo determinados critérios, os
quais são definidos com o objetivo de atender
às necessidades de informação demandadas
pelos agentes públicos, organizações ou pelos
cidadãos.

Portanto, nessa unidade apresentaremos as principais classificações da despesa


orçamentária, tendo como referência o modelo adotado no orçamento da União.

Para ajudar numa melhor compreensão dos assuntos que serão tratados agora,
considere algumas questões:

Quais critérios você utiliza para organizar suas despesas pessoais?

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Por que para uma gestão fiscal mais eficiente é relevante que o governo tenha um
sistema organizado de classificação de suas despesas?

De acordo com Giacomoni (2007), o ordenamento das contas possibilita a obtenção de


informações, tanto no nível analítico como no sintético. Em face disso, o autor afirma que
a classificação das contas assume enorme importância dentro do contexto orçamentário,
cujas implicações ocorrem em diversas dimensões: política, administrativa, econômica,
jurídica, financeira e contábil.

Ainda conforme o referido autor, no caso do orçamento público, suas múltiplas


facetas fazem com que não haja um, mas vários objetivos a serem atendidos pelas
classificações, que serão estudados nesta unidade.

Nesse sentido, para ajudar a compreender a importância da classificação da despesa


orçamentária, podemos ainda formular algumas questões para análise, como, por
exemplo:

• Qual o montante que o governo aloca para a manutenção das universidades


federais no País?
• O volume de investimentos realizados na área de transporte rodoviário
tem aumentado nos últimos cinco anos?
• Quanto o governo gasta com pagamento de benefícios previdenciários?

Albuquerque, Medeiros e Feijó (2008) destacam que cada classificação orçamentária


possui uma função ou finalidade específica e um objetivo original, que justificam sua
criação e podem ser associados a um questionamento básico a ser respondido.

A compreensão do orçamento exige o conhecimento de sua estrutura e sua


organização, implementada por meio de um sistema de classificação estruturado.
Esse sistema tem o propósito de atender às exigências de informação demandadas por
todos os interessados nas questões de finanças públicas, como os poderes públicos, as
organizações públicas e privadas e a sociedade em geral.

Assim, na estrutura atual do orçamento público, as programações orçamentárias


estão organizadas em programas de trabalho, que contêm informações qualitativas e
quantitativas, sejam físicas ou financeiras. Portanto, vamos iniciar os nossos estudos sob
o ponto de vista qualitativo da despesa orçamentária.

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Programação Qualitativa

O programa de trabalho, que define qualitativamente a programação orçamentária,


deve responder, de maneira clara e objetiva, às perguntas clássicas que caracterizam o
ato de orçar, sendo, do ponto de vista operacional, composto dos seguintes blocos de
informação: classificação por esfera, classificação institucional, classificação funcional e
estrutura programática, conforme demonstrado no quadro a seguir:

Quadro 1 | Estrutura qualitativa da despesa orçamentária.


Fonte: Manual Técnico de Orçamento (2014).

Observe que as classificações qualitativas estão relacionadas a aspectos voltados


aos resultados que o orçamento deve viabilizar para a consecução das políticas públicas,
enfatizando as informações necessárias ao gerenciamento da despesa orçamentária.

Para abordar cada classificação qualitativa, será utilizado, ao longo desta unidade,
um exemplo de despesa orçamentária retirado da Lei Orçamentária da União:

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A despesa orçamentária em questão refere-se à implantação de melhorias


habitacionais para controle da Doença de Chagas, cuja finalidade é melhorar as condições
físico-sanitárias de casas por meio de restauração (reforma) ou reconstrução.

Vamos agora conhecer as classificações orçamentárias qualitativas.

Classificação da Despesa por Esfera Orçamentária

Na LOA, a esfera tem por finalidade identificar se a despesa pertence ao Orçamento


Fiscal (F), da Seguridade Social (S) ou de Investimento das Empresas Estatais (I), conforme
disposto no § 5º do art. 165 da CF.

Figura 1 | Esferas orçamentárias.


Fonte: Elaboração Equipe Escola Virtual SOF.

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O § 2º do art. 195 da CF estabelece que a proposta de


Orçamento da Seguridade Social será elaborada de
forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
previdência social e assistência social, tendo em vista as
metas e prioridades estabelecidas na LDO, assegurada a
cada área a gestão de seus recursos.

No exemplo utilizado, essa classificação indica que a despesa pertence ao orçamento


da Seguridade Social, tendo em vista que é relacionada à área de saúde. No SIOP, a
referida despesa está marcada com o código 20, sendo identificada no volume IV da LOA
com a letra “S”.

Classificação Institucional da Despesa

A classificação institucional, na União, reflete as estruturas organizacional e


administrativa e compreende dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade
orçamentária (UO).

As dotações orçamentárias, especificadas por categoria de programação são


consignadas às UOs, que são as responsáveis pela realização das ações.

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Órgão orçamentário é o agrupamento de UOs. O código da classificação institucional


compõe-se de cinco dígitos, sendo os dois primeiros reservados à identificação do órgão
e os demais à UO.

Um órgão ou uma UO não correspondem necessariamente a uma estrutura


administrativa, como ocorre, por exemplo, com alguns fundos especiais e com os órgãos:
“Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”, “Encargos Financeiros da
União”, “Operações Oficiais de Crédito”, “Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária
Federal” e “Reserva de Contingência”.

A despesa orçamentária do exemplo é de responsabilidade da Fundação Nacional


de Saúde (Funasa), fundação pública vinculada ao Ministério da Saúde, responsável em
promover a inclusão social por meio de ações de saneamento e saúde ambiental para
prevenção e controle de doenças.

No exemplo podemos observar que os dois primeiros dígitos identificam o


órgão orçamentário Ministério da Saúde (36) e os três últimos (211), a Funasa, unidade
orçamentária.

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Classificação Funcional da Despesa

A classificação funcional se subdivide em funções e subfunções e busca responder à


indagação sobre em que área da ação governamental a despesa será realizada, sendo
importante para estudos e análises dos gastos e políticas públicas. Cada despesa
especificada no orçamento identificará a função e a subfunção às quais se vinculam.

Essa composição serve como agregador dos gastos públicos por área de ação
governamental e são aplicáveis às três esferas de governo, com base na Portaria nº 42, de
14 de abril de 1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão.

Trata-se de uma classificação independente dos programas, e de aplicação comum e


obrigatória, o que permite a consolidação nacional dos gastos do setor público.

A classificação funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros


referem-se à função e os três últimos dígitos à subfunção.

A função pode ser traduzida como o maior nível de agregação das diversas áreas
de atuação do setor público e está relacionada com a missão institucional do órgão,
por exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que guarda relação com a missão dos
respectivos Ministérios.

A subfunção representa um nível de agregação imediatamente inferior à função e


deve evidenciar cada área de atuação governamental, por intermédio da agregação de
determinado subconjunto de despesas que identifica a natureza básica das ações às quais
estão relacionadas.

Para ilustrar a classificação funcional da despesa vamos conhecer a função Saúde e


suas subfunções:

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301 - atenção Básica


302 - assistência hospitalar e ambulatorial
10 - saúde 303 - suporte Profilático e Terapêutico
304 - Vigilância epidemiológica
306 - alimentação e nutrição

Por meio dessas classificações podemos saber, através de consultas e relatórios,


o quanto o governo está gastando na área de saúde e, de forma mais detalhada, em
assistência hospitalar e ambulatorial ou vigilância epidemiológica, por exemplo.

Ressalta-se que as subfunções podem ser combinadas com funções diferentes


daquelas às quais estão relacionadas na Portaria nº 42, de 1999, caracterizando o que
chamamos de “matricialidade”, ou seja, combinar qualquer função com qualquer
subfunção.

Deve-se adotar como função aquela que é típica ou principal do órgão. Assim, a
programação de um órgão, via de regra, é classificada em uma única função, ao passo
que a subfunção é escolhida de acordo com a especificidade de cada ação.

A imagem a seguir exemplifica esta classificação:

Na despesa em destaque podemos observar que a sua classificação funcional indica


que se refere à função “saúde” (10) e à subfunção “saneamento básico rural” (511).
Vejamos de forma mais detalhada:

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301 - atenção Básica


302 - assistência hospitalar e ambulatorial
10 - saúde 303 - suporte Profilático e Terapêutico
304 - Vigilância epidemiológica
306 - alimentação e nutrição

MATRICIALIDADE

511 - saneamento Básico Rural


17 - saneamento
512 - saneamento Básico Urbano

Nesse caso, temos uma situação de matricialidade, com a combinação da função


“saúde” (10) com uma subfunção da função “saneamento” (17).

Estrutura Programática

Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização


dos objetivos estratégicos definidos para o período do PPA, ou seja, quatro anos.

A Lei do PPA 2012-2015 foi elaborada com base em diretrizes oriundas do Programa
de Governo. Dentre essas diretrizes, destaca-se a Visão Estratégica, que indica, em
termos gerais, o País almejado em um horizonte de longo prazo e estabelece, ainda, os
Macrodesafios para o alcance dessa nova realidade.

Para viabilizar a concretização da visão estratégica definida no âmbito do orçamento


da União foi adotada a seguinte estrutura programática:

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Figura 2 | Esquema Estrutura Programática.


Fonte: Elaboração Equipe Escola Virtual SOF.

Agora vamos conhecer cada uma dessas classificações de forma mais detalhada:

Programa

O programa é o instrumento de organização


da atuação governamental que articula um conjunto
de ações que concorrem para a concretização de um
objetivo comum preestabelecido, mensurado por
indicadores instituídos no plano, visando à solução
de um problema ou o atendimento de determinada
necessidade ou demanda da sociedade.

O programa é um módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. No PPA


2012-2015 os programas são classificados em duas categorias

Programas Temáticos: retrata no Plano Plurianual a agenda de governo organizada


pelos temas das políticas públicas e orienta a ação governamental.

22 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


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Exemplos: 

2012 - Agricultura Familiar; 


2017 - Aviação Civil;
2030 - Educação Básica;
2068 - Saneamento Básico;
2075 - Transporte Rodoviário. 

Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado: são instrumentos do


plano que classificam um conjunto de ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção
da atuação governamental.

Exemplos: 

2110 - Programa de Gestão e Manutenção do Ministério da Fazenda;


2109 - Programa de Gestão e Manutenção do Ministério da Educação;
2121 - Programa de Gestão e Manutenção do Ministério do Desenvolvimento
e Indústria e Comércio Exterior.

A organização das ações do Governo sob a forma de programas visa proporcionar


maior racionalidade e eficiência na administração pública, ampliar a visibilidade dos
resultados e benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar a transparência na
aplicação dos recursos públicos.

Conforme art. 3º da Portaria nº 42, de 1999, a


União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
estabelecerão, em atos próprios, suas estruturas de
programas, códigos e identificação, respeitados os
conceitos e determinações contidas na citada Portaria.

Ações

As ações são operações das quais resultam produtos (bens e serviços), que contribuem
para atender ao objetivo de um programa.
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Incluem-se também, no conceito de ação, as transferências obrigatórias ou


voluntárias a outros entes da federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de
subsídios, subvenções, auxílios, contribuições, doações, etc., e os financiamentos.

As ações, também denominadas de “títulos”, podem ser classificadas como:


Atividades, Projetos e Operações Especiais. Observe o mapa mental a seguir para conhecer
detalhes de cada classificação:

Figura 3 | Classificação das ações orçamentárias.


Fonte: Elaboração Equipe Escola Virtual SOF.

Tendo em vista complementar as informações sobre as ações orçamentárias, cumpre


destacar que o cadastro de ações contém informações mais detalhadas sobre cada ação

24 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


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constante no orçamento da União, destacando, por exemplo, a finalidade, descrição,


produto e forma de implementação de cada uma.

Dessa forma, além de sua relevância para auxiliar na gestão orçamentária e no


acompanhamento das políticas públicas, os atributos deste cadastro promovem maior
transparência sobre os gastos do governo.

Também é necessário comentar que a alocação de recursos públicos em ações


orçamentárias classificadas como “projetos” tem impactos futuros nas contas públicas.
Por exemplo: a construção de um hospital público é um projeto que demanda recursos
para a sua concretização.

Todavia, após a sua conclusão, deverão ser alocadas, de forma contínua, dotações
orçamentárias para o funcionamento e manutenção do novo hospital, em despesas tais
como o pagamento de médicos e a aquisição de remédios. Assim, estas despesas deverão
ser viabilizadas por meio de uma ação orçamentária classificada como uma “atividade”.

Cabe mencionar que a ação orçamentária pode ser considerada “padronizada”


quando, em decorrência da organização institucional da União, sua implementação é
realizada em mais de um órgão orçamentário ou UO.

A padronização se faz necessária para organizar a atuação governamental e


facilitar seu acompanhamento. Ademais, a existência da padronização vem permitindo o
cumprimento de previsão constante da LDO, segundo a qual: “As atividades que possuem
a mesma finalidade devem ser classificadas sob um único código, independentemente da
unidade executora”.

Considerando as especificidades das ações orçamentárias de governo existentes, a


padronização pode ser de três tipos:

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Figura 4 | Classificação das ações orçamentárias padronizadas.


Fonte: Elaboração Equipe Escola Virtual SOF.

Plano Orçamentário

O Plano orçamentário (PO) é uma identificação orçamentária, de caráter gerencial


(não constante na LOA), vinculada à ação orçamentária (no âmbito do SIOP), que tem
por finalidade permitir que tanto a elaboração do orçamento quanto o acompanhamento
físico e financeiro da execução ocorram num nível mais detalhado do que o do subtítulo
(localizador de gasto) da ação.

Em termos qualitativos, os Planos Orçamentários (POs) estão relacionados a uma


ação orçamentária; considerando a esfera, a unidade orçamentária, a função, a subfunção
e o programa.

Porém, em termos quantitativos, os POs serão vinculados aos localizadores de


gasto da ação, que serão estudados a seguir. Dessa forma, só podem receber meta física e
previsão financeira, bem como ter sua execução acompanhada, quando associados a um
localizador de gasto.

26 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


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A figura a seguir demonstra a criação dos POs e seus vínculos no Cadastro de Ações:

Figura 5 | PO na estrutura programática da despesa orçamentária.


Fonte: Manual Técnico de Orçamento (2014)

Assim, o PO tem como finalidade contemplar as diferentes formas de


acompanhamento das ações orçamentárias, sendo apresentado de três maneiras:

a) Produção pública intermediária: quando identifica a geração de


produtos ou serviços intermediários ou a aquisição de insumos utilizados
na geração do bem ou serviço final da ação orçamentária.

b) Etapas de projeto: quando representa fase de um projeto cujo


andamento se pretende acompanhar mais detalhadamente. Não haverá
obrigatoriedade de todos os projetos serem detalhados em POs.

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c) Mecanismo de acompanhamento intensivo: quando utilizado para


acompanhar um segmento específico da ação orçamentária.

Localizador de Gasto

As atividades, os projetos e as operações especiais serão detalhados em localizadores


de gasto, também chamados de subtítulos, utilizados especialmente para identificar a
localização física da ação orçamentária.

Vale ressaltar que o critério para a priorização da


localização física da ação orçamentária no território é o da
localização dos respectivos beneficiados. 

A adequada localização do gasto permite maior


controle governamental e social sobre a implantação
das políticas públicas adotadas, além de evidenciar a
focalização, os custos e os impactos da ação governamental.

A localização do gasto poderá ser de abrangência


nacional, no exterior, por Região (Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sudeste, Sul), por Estado
ou Município ou, excepcionalmente, por um critério específico, quando necessário.

Na União, o subtítulo representa o menor nível de categoria de programação, tendo


produto e unidade de medida igual ao da ação.

28 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


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O subtítulo deverá ser usado para indicar a localização geográfica da ação ou operação


especial da seguinte forma:

1. Projetos: localização da obra;


2. Atividades: localização dos beneficiários/público-alvo da ação;
3. Operações especiais: utilização do subtítulo apenas quando for possível,
por exemplo, para identificar a localização do recebedor dos recursos
provenientes de transferências.

Na Lei Orçamentária da União, a estrutura programática de cada despesa fica


detalhada nas duas primeiras colunas de classificação, conforme pode ser visto na figura
a seguir:

De acordo com a figura, observa-se uma sequência de cima para baixo na estrutura
programática, que começa no topo com o programa, seguida da ação e do localizador,
respectivamente. Ressalta-se que no exemplo mencionado a ação tem apenas um
localizador de gasto (Nacional), mas é permitido que uma mesma ação tenha vários
localizadores, conforme pode ser observado a seguir:

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ESCOLA VIRTUAL SOF

Dessa forma, nota-se que a ação “Implantação de Melhorias Habitacionais para


Controle da Doença de Chagas” tem dois localizadores, um “Nacional”, que conta com
dotações no valor de R$ 26,0 milhões, e outro “No município de Arapiraca – AL”, com
montante de 4,6 milhões.

Ainda cabe observar que na primeira coluna do exemplo constam os códigos de


cada classificação: Programa (2015), Ação (3921) e Localizadores de gasto (0001) e (1751).

Para concluir, apresentamos de forma resumida cada classificação estudada:

Figura 6 | Resumo das classificações da Estrutura Programática.


Fonte: Elaboração Equipe Escola Virtual SOF.
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Para conhecer de forma mais detalhada os elementos que compõem


cada classificação das despesas estudadas até aqui, sugerimos que
você visite o nosso ambiente virtual de aprendizagem.

ExERCíCIO 2
Relacione as classificações da despesa orçamentária:
( 1 ) esfera Orçamentária
( 2 ) Institucional
( 3 ) Funcional
( 4 ) estrutura Programática

( ) busca responder à indagação sobre em que área de ação governamental a


despesa será realizada.
( ) reflete as estruturas organizacional e administrativa e compreende dois níveis
hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária.
( ) viabiliza a realização dos objetivos estratégicos definidos no PPa, sendo
estruturada em programas, ações orçamentárias, planos orçamentários e
localizadores de gasto.
( ) tem por finalidade identificar se a despesa pertence ao Orçamento Fiscal, da
seguridade social ou de Investimento das empresas estatais.

Programação Quantitativa

A programação orçamentária quantitativa tem duas dimensões: a física e a financeira.


Vamos conhecê-las?

Dimensão Física
A dimensão física define a quantidade de bens e serviços a serem entregues à
sociedade.

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A Meta física é a quantidade de produto a ser ofertado por ação, de forma


regionalizada, se for o caso, num determinado período e instituída para cada ano. As
metas físicas são indicadas em nível de localizador de gasto e agregadas segundo os
respectivos projetos, atividades ou operações especiais. Vale ressaltar que o critério para
regionalização de metas é o da localização dos beneficiados da ação.

No caso da vacinação de crianças, a meta será regiona-


lizada pela quantidade de crianças a serem vacinadas
ou de vacinas empregadas em cada Estado, ainda que a
campanha seja de âmbito nacional e a despesa paga de
forma centralizada. O mesmo ocorre com a distribuição
dos livros didáticos.

Agora observe os dados a seguir. Nessa ação, a meta física declara que foram
alocados R$ 26,0 milhões na implantação de melhorias habitacionais para controle da
doença de chagas em 48 municípios do território nacional.

Contudo, cabe informar que esta mesma ação tem dotações orçamentárias no valor
de R$ 4,6 milhões destinados especificamente ao município de Arapiraca - AL, ou seja,
tais recursos só poderão ser utilizados nesta localidade, que tem, consequentemente,
apenas um município beneficiado em sua meta física.

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A programação física tem grande relevância para a transparência orçamentária, pois


as metas físicas expressas em cada despesa do orçamento traduzem de forma concreta
a aplicação dos valores alocados nos diversos programas e ações governamentais,
auxiliando no acompanhamento das políticas públicas e de seus respectivos gastos.

Dimensão Financeira

A dimensão financeira estima o montante necessário para o desenvolvimento de


cada ação orçamentária, de acordo com os seguintes classificadores:

Quadro 2 | Estrutura quantitativa da despesa orçamentária.


Fonte: Manual Técnico de Orçamento (2014).

De acordo com o quadro, podemos observar que as classificações quantitativas estão


relacionadas a aspectos contábeis e econômicos do orçamento, sendo fundamentais para
o acompanhamento e controle das contas públicas.

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Essas classificações são: Natureza da Despesa, Identificador de Uso, Fonte de


Recursos, Identificador de Doação e de Operação de Crédito (IDOC) e Identificador
de Resultado Primário. Estudaremos agora cada uma dessas classificações de forma
detalhada.

Natureza da Despesa

A Lei nº 4.320, de 1964, em seus artigos arts. 12 e 13, estabelece a base para essa
classificação. Assim como no caso da receita, o art. 8º dessa lei determina que os itens da
discriminação da despesa sejam identificados por números de código decimal.

O conjunto de informações que formam o código é conhecido como classificação por


natureza da despesa. Essa classificação é formada por um código numérico de 8 dígitos
que se subdivide em 5 níveis.

A partir de agora, estudaremos cada um desses níveis, começando pelo 1º nível:


Categoria Econômica.

De acordo com Giacomoni (2007), essa classificação tem o papel de fornecer


indicações sobre os efeitos que o gasto público tem sobre toda a economia.

Glossário: A Categoria Econômica na despesa, assim como a receita, é


Bem de Capital classificada em despesas correntes e de capital e corresponde aos
São os bens que ser- seguintes códigos:
vem para produzir
outros bens, tais como
3 - Despesas Correntes: as que não contribuem, diretamente,
máquinas, equipa-
mentos, material de para a formação ou aquisição de um bem de capital. Exemplo:
transporte e constru-
quando o governo paga os salários de seus servidores.
ção

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4 - Despesas de Capital: as que contribuem, diretamente, para a formação ou


aquisição de um bem de capital. Exemplo: a construção de um centro de pesquisas e
aquisição de seus equipamentos.

O Grupo de Natureza da Despesa (GND) tem como finalidade ser um agregador de


relevantes elementos de despesa, que tenham as mesmas características quanto ao objeto
de gasto. No Brasil, são padronizados os seguintes grupos:

CÓDIGO GND DESCRIÇÃO


Despesas orçamentárias com pessoal ativo, inativo e pensionistas, relativas a
mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros
de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e van-
1 Pessoal e Encargos tagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pen-
sões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de
qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo
ente às entidades de previdência.

Despesas orçamentárias com o pagamento de juros, comissões e outros encargos


Juros e Encargos da
2 de operações de crédito internas e externas contratadas, bem como da dívida pú-
Dívida
blica mobiliária.

Despesas orçamentárias com aquisição de material de consumo, pagamento de


Outras Despesas diárias, contribuições, subvenções, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além
3
Correntes de outras despesas da categoria econômica "Despesas Correntes" não classificá-
veis nos demais grupos de natureza de despesa.

Despesas orçamentárias com softwares e com o planejamento e a execução de


obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realiza-
4 Investimentos
ção destas últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material
permanente.

Despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em uti-


lização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades
Inversões Finan-
5 de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento
ceiras
do capital; e com a constituição ou aumento do capital de empresas, além de ou-
tras despesas classificáveis neste grupo.

Despesas orçamentárias com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e


Amortização da
6 da atualização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contra-
Dívida
tual ou mobiliária.

Quadro 3 | Grupos de Natureza da Despesa.


Fonte: Elaboração Equipe Escola Virtual SOF.

É importante frisar que estes grupos estão relacionados com as categorias econômicas
da despesa, conforme demonstra o quadro a seguir:

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CATEGORIA ECONÔMICA GND


1 - Pessoal

3 - despesas Correntes 2 - Juros e encargos da dívida

3 - Outras despesas Correntes

4 - Investimentos

4 - despesas de Capital 5 - Inversões Financeiras

6 - amortização da dívida

QuADRO 4 | Relação dos Grupos de natureza da despesa com Categorias econômicas.


Fonte: elaboração equipe escola Virtual sOF.

Assim, pode ser observado que as despesas abrangidas pelos grupos 1, 2 e 3 são
pertencentes à categoria econômica “Despesas Correntes”. Portanto, a execução de tais
despesas não contribui diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital.
Já as despesas dos grupos 4, 5 e 6 são classificadas na categoria econômica “Despesas de
Capital” e contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital.

Observe os dados apresentados a seguir: note que no volume IV da LOA a despesa


em questão faz parte do grupo investimentos, conforme código e abreviação descritos,
uma vez que a implantação de melhorias habitacionais são investimentos que contribuem
diretamente para a formação ou aquisição de bens de capital.

Dessa forma, são classificados na categoria econômica “Despesas de Capital”.


Nota-se, também, que a classificação da categoria econômica não está descrita na lei
orçamentária, tendo em vista que basta associar o GND para saber qual a categoria em
questão, conforme descrito no quadro 4.

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A modalidade de aplicação indica se os recursos serão aplicados mediante


transferência financeira, inclusive a decorrente de descentralização orçamentária para
outros níveis de Governo, seus órgãos ou entidades, ou diretamente para entidades
privadas sem fins lucrativos e outras instituições; ou, então, diretamente pela unidade
detentora do crédito orçamentário, ou por outro órgão ou entidade no âmbito do mesmo
nível de Governo.

A modalidade de aplicação objetiva, principalmente, eliminar a dupla contagem


dos recursos transferidos ou descentralizados. Assim, apresenta as classificações
discriminadas a seguir:

CONTINUA

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QuADRO 5 | Classificações da Modalidade de aplicação.


Fonte: Manual Técnico de Orçamento (2014)

A modalidade de aplicação também pode demonstrar a estratégia adotada na


execução de determinadas políticas públicas. Por exemplo, quando é necessário estar
mais próximo dos beneficiários, uma despesa pode ser executada pelo município ou
mesmo por uma instituição privada sem fins lucrativos.

De acordo com a classificação da modalidade de aplicação autorizada na LOA,


destacada no exemplo (40), a referida despesa será executada pelos municípios, que serão
os responsáveis pela utilização dos recursos. Nesse caso, a União transfere as dotações
orçamentárias e acompanha a sua execução e os respectivos resultados.

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O elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto tais como
vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros
prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e
material permanente, auxílios, amortização e outros que a Administração Pública utiliza
para a consecução de seus fins.

Os códigos dos elementos de despesa estão definidos no Anexo II da Portaria


Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001. A descrição dos elementos pode não contemplar
todas as despesas a eles inerentes, sendo, em alguns casos, exemplificativa.

Para conhecer a relação dos elementos de despesa visite o ambiente


virtual de aprendizagem, onde consta o código com a descrição de cada
elemento.

Cumpre destacar que, de acordo com a Portaria Interministerial nº 163 de 2001,


o elemento de despesa não é obrigado a constar na Lei Orçamentária. No caso da
União, é descrito apenas no âmbito do SIOP e, posteriormente, do Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal - SIAFI, na fase de execução da despesa.

O último nível de classificação por natureza da despesa corresponde ao subelemento


(7º e 8º dígitos). Ele representa o desdobramento facultativo do elemento da despesa,
podendo ser útil para a gestão dos gastos. Entretanto, em razão do disposto nas LDO´s
dos últimos exercícios, é necessário detalhar, em nível de subelemento de despesa, os
gastos previstos com tecnologia da informação, inclusive, hardware, software e serviços.

Após conhecer cada classificação da natureza da despesa, vamos analisar o código


“3.1.90.11.00”, segundo o esquema a seguir:

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Figura 7 | Classificação da Natureza da Despesa com vencimentos e vantagens – Pessoa Civil


Fonte: Manual Técnico de Orçamento (2014)

O esquema demonstra uma despesa detalhada nos cinco (5) níveis da classificação
da natureza da despesa. No exemplo, temos o pagamento de vencimentos e vantagens
para servidores públicos civis, pormenorizado em cada nível da classificação, partindo
da esquerda para a direita.

Observe que a classificação em cada nível tem dígitos específicos, que, em conjunto
com os demais, formam o código da despesa em questão (3.1.90.11.00). Tal esquema se
aplica às demais despesas, sendo que cada uma tem uma codificação própria.

Identificador de Uso – IDUSO

Esse código vem completar a informação concernente à aplicação dos recursos e


destina-se a indicar se os recursos compõem contrapartida nacional de empréstimos ou
de doações ou destinam-se a outras aplicações, constando da LOA e de seus créditos
adicionais. Dessa forma, a especificação é a seguinte:

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QuADRO 6 | Classificação Identificador de Uso


Fonte: Manual Técnico de Orçamento (2014)

Para entender melhor a utilização dessa classificação, vale


citar o exemplo da contratação de um empréstimo (ope-
ração de crédito) celebrado entre o Ministério do Planeja-
mento, Orçamento e Gestão e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento - BID. A referida contratação tinha como
objetivo a modernização do Ministério. Para a sua efetiva-
ção, o BID inseriu cláusula contratual que exigia uma contrapartida finan-
ceira por parte do Ministério para ser aplicada na modernização prevista,
junto com o montante emprestado. Dessa forma, a despesa de contraparti-
da do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão deve ser identifica-
da por meio da classificação com código “2” na Lei Orçamentária.

Agora, observe esta classificação no exemplo da LOA que adotamos nesta unidade:

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Na despesa apresentada, o código 6 informa que se trata de recursos não destinados


à contrapartida. Nesse caso, o referido código tem uma utilização mais específica, no
sentido de identificar os recursos destinados à aplicação mínima em ações e serviços
públicos de saúde. Contudo, cabe frisar que esta é uma exceção à finalidade precípua da
classificação em questão.

Identificador de Doação e de Operação de Crédito – IDOC

O IDOC identifica as doações de entidades internacionais ou operações de crédito


contratuais alocadas nas ações orçamentárias, com ou sem contrapartida de recursos da
União.

Os gastos referentes à contrapartida de empréstimos serão programados com o


IDUSO igual a “1”, “2”, “3” ou “4” e o IDOC com o número da respectiva operação de
crédito, enquanto que para as contrapartidas de doações serão utilizados o IDUSO “5” e
respectivo IDOC.

O número do IDOC também pode ser usado nas ações de pagamento de amortização,
juros e encargos para identificar a operação de crédito a que se referem os pagamentos.

Quando os recursos não se destinarem à contrapartida nem se referirem a doações


internacionais ou operações de crédito, o IDOC será “9999”. Nesse sentido, para as
doações de pessoas, de entidades privadas nacionais e as destinas ao combate à fome,
deverá ser utilizado o IDOC “9999”. Ressalta-se que o IDOC não consta do volume IV
publicado junto à Lei Orçamentária, sendo registrado apenas no âmbito do SIOP.

Para melhor entendimento da aplicação do IDOC, podemos aproveitar o exemplo


do empréstimo contratado junto ao BID, mencionado quando estudamos o identificador
de uso. Nesse caso, o contrato de empréstimo celebrado entre o BID e o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão terá um IDOC próprio que identificará todas as
despesas decorrentes dele.

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Identificador de Resultado Primário

O identificador de resultado primário, de caráter indicativo, tem como finalidade


auxiliar a apuração do resultado primário previsto na LDO, devendo constar no PLOA e
na respectiva Lei, acompanhando todas as despesas classificadas nos Grupos de Natureza
da Despesa.

QuADRO 7 | Classificação Identificador de Resultado Primário


Fonte: Manual Técnico de Orçamento (2014)

Vejamos agora esta classificação no exemplo da LOA.

O identificador da despesa em questão (2) informa que a mesma caracteriza-se


como uma despesa primária discricionária, cujo montante é considerado na apuração do
resultado primário definido pela LDO.

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Quanto a essa classificação, no próximo módulo poderemos compreender de


forma mais detalhada a sua aplicabilidade, no que se refere às medidas necessárias ao
cumprimento do resultado primário estabelecido pela LDO.

Com o intuito de ajudá-lo a compreender melhor o conteúdo estudado nesta


unidade, propomos que você acompanhe a classificação completa da despesa da LOA
que utilizamos como exemplo:

Agora observe o quadro descrevendo cada classificação constante na despesa em


questão:

Programação Classificação Código Descrição

Esfera 20 (S) Seguridade Social

Institucional 36211 Fundação Nacional de Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde

Funcional 10.511 Função Saúde e subfunção Saneamento Básico Rural


Qualitativa 2015 Programa Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS)

Ação para implantação de melhorias habitacionais para controle


Estrutura Programática 3921
da doença de chagas

0001 Nacional

Meta Física - 48 municípios beneficiados

Natureza da Despesa 4 Despesas de Capital - Investimento - Transferências a Municípios

Recursos não destinados à contrapartida, para identificação dos


Identificador de Uso 6 recursos destinados à aplicação mínima em ações e serviços pú-
Quantitativa blicos de saúde

IDOC - -

Primária e considerada na apuração do resultado primário para


Identificador de Resul-
2 cumprimento da meta, sendo discricionária e não abrangida
tado Primário
pelo PAC

Quadro 8 | Classificação da Despesa da LOA utilizada como exemplo.


Elaboração Equipe Escola Virtual SOF.

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Para conhecer de forma mais completa as classificações das despesas,


visite o ambiente virtual de aprendizagem.

ExERCíCIO 3
Relacione as classificações abaixo:
(1) Meta física
(2) Categoria econômica
(3) Grupo de natureza da despesa
(4) Modalidade de aplicação
(5) elemento
(6) subelemento
(7) Identificador de Uso
(8) Identificador de doação e de Operação de Crédito
(9) Identificador de Resultado Primário

( ) Tem o papel de fornecer indicações sobre os efeitos que o gasto público tem
sobre toda a economia.
( ) Objetiva, principalmente, eliminar a dupla contagem dos recursos transferidos
ou descentralizados.
( ) destina-se a indicar se os recursos compõem contrapartida nacional de
empréstimos ou de doações ou destinam-se a outras aplicações.
( ) Tem por finalidade identificar os objetos de gasto que a administração Pública
utiliza para a consecução de seus fins.
( ) Tem como finalidade ser um agregador de relevantes elementos de despesa,
que tenham as mesmas características quanto ao objeto de gasto.
( ) Identifica as doações de entidades internacionais ou operações de crédito
contratuais alocadas nas ações orçamentárias
( ) Tem como finalidade auxiliar a apuração do resultado primário previsto na
LdO.
( ) Representa o desdobramento facultativo do elemento de despesa.
( ) a quantidade de produto a ser ofertado por ação, de forma regionalizada, se
for o caso, num determinado período e instituída para cada ano.

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Unidade III
ETapas da dESPESA ORÇAMENTÁRIA

N o Módulo II estudamos os instrumentos orçamentários, nos quais são discutidas


as projeções das receitas e despesas públicas. Com relação às despesas, você pôde
conhecer de forma mais detalhada o processo de elaboração e aprovação da Lei Orça-
mentária Anual.

Assim, após a aprovação da Lei Orçamentária, são fixadas as despesas que o Poder
Executivo está autorizado pelo Poder Legislativo a realizar durante o período de um
exercício.

E você sabe quais são os procedimentos para a execução destas despesas? Para
responder tal questão, esta unidade tem como objetivo apresentar os principais tópicos a
respeito das etapas da Despesa Orçamentária, uma vez que essa abordagem é relevante
para a compreensão do funcionamento da Administração Pública e da implementação
das políticas públicas.

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ESCOLA VIRTUAL SOF

Para realizar as ações necessárias ao cumprimento de suas competências, os órgãos,


por meio de suas Unidades Gestoras, deverão executar as suas respectivas despesas,
autorizadas na LOA, conforme os seguintes passos (Lei nº 4.320/1964):

Glossário:
Figura 8 | Etapas da Despesa Orçamentária.
Unidade Gestora Elaboração Equipe Escola Virtual SOF
Unidade orçamentária
ou administrativa que
realiza atos de gestão
orçamentária, finan-
Empenho
ceira e/ou patrimonial
por meio do Sistema
Integrado de Adminis- O empenho é o primeiro estágio da despesa e pode ser
tração Financeira do
Governo Federal (SIA-
conceituado conforme prescreve o art. 58 da Lei nº 4.320/64: “O
FI). A Unidade Gestora empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente
pode acumular carac-
terísticas da unidade
que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não
orçamentária e da de implemento de condição”.
administrativa, sendo
estrutura fundamental
O empenho é prévio, ou seja, precede a realização da despesa
para a execução orça-
mentária.  e está restrito ao limite do crédito orçamentário autorizado na LOA
ou em créditos adicionais. Nesse sentido, o art. 59 da lei nº 4.320
preceitua: “O empenho da despesa não poderá exceder o limite
dos créditos concedidos”.

48 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


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O empenho configura-se como o ato que reserva um determinado montante de


dotação orçamentária autorizada na LOA para a realização de despesa específica.

Além disso, é vedada a realização de despesa sem prévio empenho (veja art. 60
da Lei nº 4.320/64). A emissão do empenho abate o seu valor da dotação orçamentária,
tornando a quantia empenhada indisponível para nova aplicação.

Os empenhos, de acordo com sua natureza e finalidade, têm a seguinte classificação:


Ordinário, Global e Estimativa.

Figura 9 | Classificações do empenho.


Elaboração Equipe Escola Virtual SOF

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Para essa operação no SIAFI, utiliza-se o documento Nota de Empenho – NE.


Conforme o Manual do SIAFI, sua finalidade é registrar o comprometimento de despesa,
bem como os casos em que se faça necessário o reforço ou a anulação desse compromisso.

Entre as principais informações constantes do empenho, devem ser mencionadas:

• Identificação da unidade emitente e do credor (nome, CNPJ/CPF e


endereço);
• Banco escolhido para crédito;
• Evento;
• Classificação Orçamentária;
• Valor do empenho;
• Cronograma de desembolso previsto;
• Descrição dos bens ou serviços.

A numeração do empenho, de seus reforços e de suas anulações, será única e em


ordem sequencial, crescente e por exercício. Para conhecer os principais campos de uma
Nota de Empenho, veja a figura a seguir:

FIGuRA10 | exemplo de nota de empenho.


Fonte: site recursos federais.

50 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


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A referida nota de empenho foi emitida para a transferência de recursos necessários


ao cumprimento de despesas previstas em convênio celebrado entre a União e a Prefeitura
de Porangatu – GO, na qual estão marcadas algumas informações relevantes. Podemos
observar também que se trata de empenho do tipo global.

Existe a possibilidade da unidade gestora emitente reforçar o empenho que se


revelar insuficiente para atender um determinado compromisso ao longo do exercício
financeiro.

Nesse caso, será emitido “empenho/reforço”, devendo constar do campo respectivo


o número do empenho que está sendo reforçado e o número do reforço.

O empenho/reforço de nº 2002NE0025, de R$40,00, pode


ser o empenho que está reforçando o de nº 2002NE00009,
de R$50,00. Assim o novo valor do empenho nº
2002NE00009 passa a ser R$90,00, após o reforço.

Quanto à possibilidade de anulação de empenhos, caso haja necessidade, estes


deverão ser anulados no decorrer do exercício, nas seguintes situações:

• Parcialmente: quando seu valor excede o montante da despesa realizada.


• Totalmente quando:

• o serviço contratado não tiver sido prestado.

• o material encomendado não tiver sido entregue.

• o empenho tiver sido emitido incorretamente.

O empenho deve, ainda, ser anulado no encerramento do exercício, quando se referir


a despesas não liquidadas, salvo aquelas que se enquadrem nas condições previstas para
inscrição em restos a pagar, tema que será abordado no próximo módulo.

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ESCOLA VIRTUAL SOF

A anulação do empenho da despesa ocorre também por nota de empenho,


identificada pelo código do evento. O valor do empenho anulado reverte-se à dotação,
tornando-a novamente disponível para ser empenhada em outra despesa.

Liquidação

Esse é o segundo estágio da despesa e consiste na verificação do direito adquirido


do credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito
(art. 63 da Lei nº 4.320/64).

Vale dizer que é a comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações


constantes do empenho.

A liquidação tem por finalidade reconhecer ou apurar:

• A origem e o objeto que deverá ser pago;


• O montante exato a ser pago;
• A quem deve ser pago o montante para extinguir a obrigação.

O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto,


todos os atos de verificação e de conferência, desde a entrada
do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento
da despesa.

Ao fazer a entrada do material ou prestação do serviço, o credor deverá apresentar


a nota fiscal/fatura, acompanhada da via da nota de empenho, devendo o funcionário
competente atestar o recebimento do material ou a prestação do serviço correspondente,
no verso da nota fiscal/fatura.

Ressalta-se que na liquidação de despesa, por ocasião do recebimento do material,


da execução da obra ou da prestação do serviço, deverão ser observados certos cuidados
especiais, tais como:

• Verificação do cumprimento das normas sobre licitação ou documento


formalizando a sua dispensa, ou comprovando a sua inexigibilidade,
conforme Lei 8.666/93;

52 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


• Verificação da conformidade com o contrato, convênio, acordo ou ajuste,
se houver;
• Exame da nota de empenho;
• Conferência da nota fiscal ou documento equivalente;
• Elaboração do termo circunstanciado do recebimento definitivo: no
caso da obra ou do serviço de valor superior estabelecido na legislação e
equipamento de grande vulto, ou recebido na nota fiscal ou documento
equivalente, nos demais casos.

Pagamento

O pagamento é a última fase da despesa. Este estágio consiste na entrega de recursos


equivalentes à dívida líquida ao credor, mediante ordem bancária assinada pelo ordenador
da despesa e pelo responsável pelo setor financeiro do órgão.

Somente após a apuração do direito adquirido


pelo credor, tendo por base os documentos
comprobatórios do respectivo crédito, ou da
completa habilitação da entidade beneficiada,
a unidade gestora providenciará o imediato
pagamento da despesa.

É evidente, portanto, que nenhuma despesa


poderá ser paga sem estar devidamente
liquidada.

O art. 62 da Lei 4.320/64 estabelece que:

“O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado, após sua regular


liquidação.”

O art. 64 da citada lei define que:

“A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente,


determinando que a despesa seja paga.”
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O art. 5º da Instrução Normativa STN nº04 de 3 de agosto de 2002 dispõe que:

“A emissão de ordem bancaria será precedida de autorização do titular da


Unidade Gestora, ou seu preposto, em documento próprio da Unidade.”

Agora que conhecemos as três etapas da despesa, vamos estudar quais as implicações
da Lei de Responsabilidade Fiscal na sua gestão.

Exercício 04
Sobre as etapas da Despesa Orçamentária é incorreto afirmar:
a) O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria
para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de
condição.
b) Os empenhos, de acordo com sua natureza e finalidade, têm a seguinte
classificação: ordinário, global e por anulação.
c) A liquidação é o segundo estágio da despesa e consiste na verificação do direito
adquirido do credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios
do respectivo crédito.
d) O pagamento é a última fase da despesa. Este estágio consiste na entrega de
recursos equivalentes à dívida liquida ao credor, mediante ordem bancária
assinada pelo ordenador da despesa e pelo responsável pelo setor financeiro
do órgão.

54 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


Unidade IV
DETERMinações da lrf

Q uando falamos em equilíbrio das contas, logo pensamos na importância de geren-


ciar as despesas. Veja em nossas casas: todos os meses acompanhamos as despesas
com água, luz, plano de saúde, entre outras, tendo em vista saber se estão de acordo com
o que estava previsto e o valor que podemos pagar.

Também é necessário fazer projeções das despesas


para viabilizar o planejamento familiar. Dessa forma, uma
viagem ou uma reforma da casa não comprometerão as
contas da família.

E com relação à gestão pública não é diferente: os


governos precisam controlar suas despesas de forma
responsável para não comprometer o equilíbrio das contas
públicas.

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Para que você compreenda a importância do equilíbrio do governo com os gastos


públicos, essa unidade apresentará as principais determinações da LRF no que se refere
à Despesa Orçamentária.

Para iniciar nossos estudos sobre esse tema, considere a seguinte questão: Na sua
opinião, só o governo federal deve obedecer à LRF?

Caso você tenha respondido “não”, você acertou, pois as regras estabelecidas pela Lei
de Responsabilidade Fiscal devem ser obedecidas por todos os entes da federação: União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. Dessa forma, seguem as principais determinações
que a LRF estabelece para estes entes:

PARA SABER MAIS 1. Limitação de Empenho: essa medida está prevista


Medidas no artigo 9º da lei. Assim, caso seja verificado ao
compensatórias
final de um bimestre que a receita arrecadada
Para criar despesas
obrigatórias de caráter
poderá não atingir os montantes estimados, os
continuado, o governo Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato
deve adotar medidas
para compensação
próprio e nos montantes necessários, num prazo
deste aumento, tanto de trinta dias subsequentes, limitação de empenho
na receita (elevação de
alíquotas, ampliação
e movimentação financeira. Dessa forma, busca-
da base de cálculo, se o reequilíbrio entre receita e despesa, tendo
majoração ou criação
de tributo), quanto na
em vista não comprometer o alcance da meta de
despesa (redução per- resultado primário definida na LDO.
manente).

2. Geração da Despesa: de acordo com os


artigos 15, 16 e 17, toda e qualquer despesa
que não seja acompanhada da estimativa do
impacto orçamentário-financeiro nos três
primeiros exercícios de sua vigência e que não
apresente adequação orçamentária e financeira
com o PPA, LDO e LOA e, no caso de despesa
obrigatória de caráter continuado, de suas medidas
compensatórias, é considerada não autorizada,
irregular e lesiva ao patrimônio público.

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SECRETARIA DE ORÇAMENTO FEDERAL • MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO

O governo de um Município decide realizar contrata-


ção de empresa para a prestação de serviço de segu-
rança patrimonial de imóveis públicos, com vistas a
garantir a adequada conservação e proteção do pa-
trimônio público de sua responsabilidade, uma vez
que o município registra um significativo aumento
da ocorrência de furtos nas edificações municipais.
Para tanto, deverá comprovar que esta despesa
não comprometerá as contas governamentais, de-
monstrando que os gastos decorrentes da referida
contratação, de caráter continuado, não afetarão o
equilíbrio orçamentário e que estão em consonância
com o PPA, LDO e LOA. Dessa forma, tal despesa será
considerada regular e poderá ser executada.

3. Despesa com Pessoal: os gastos com a folha de pagamento de pessoal


representam o principal item de despesas de todo o setor público
brasileiro. Por conseguinte, a limitação dos gastos com pessoal em
percentual da Receita Corrente Líquida (RCL) deve-se à necessidade de
manter o setor público com os recursos necessários à sua manutenção, ao
atendimento das demandas sociais e aos investimentos estratégicos.

A Lei de Responsabilidade Fiscal determina dois limites distintos para os gastos


com pessoal no setor público:

• 50% da RCL para a União;


• 60% da RCL para Estados e Municípios.

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De acordo com a LRF, tais limites são repartidos entre todos os Poderes públicos,
com percentuais específicos para cada poder.

Figura11 | Limites da despesa com pessoal - LRF.


Fonte: Elaboração Equipe Escola Virtual SOF.

Ressalta-se que o artigo 21 da LRF determina a nulidade de qualquer ato que resulte
no aumento da despesa com pessoal caso tenha sido expedido nos últimos seis meses
do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão. Assim, cumpre informar que esta
norma abrange os Presidentes dos Legislativos Municipais, cujos mandatos têm duração
de dois anos. Dessa forma, estes ficam impedidos de aumentar a despesa com pessoal no
último semestre em que estiverem presidindo as Câmaras Municipais.

58 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


SECRETARIA DE ORÇAMENTO FEDERAL • MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO

4. Transferências voluntárias: o art. 25 da lei define transferência voluntária


como sendo a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da
Federação decorrente de cooperação, auxílio ou assistência financeira,
ou seja, de acordos celebrados de forma voluntária entre os entes
federativos. Para que a transferência ocorra, deverão ser cumpridas as
seguintes condições: autorização orçamentária específica; não ter como
destino o pagamento de pessoal; comprovação do beneficiário de que está
em situação regular junto ao ente transferidor (tributos, empréstimos,
financiamentos e prestação de contas de transferências anteriores);
cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e saúde;
observância dos limites de dívidas, operações de crédito, inscrição em
restos a pagar e despesa total com pessoal; previsão orçamentária de
contrapartida; e alocação dos recursos para o atendimento da finalidade
acordada.

5. Obrigação ao final de mandato: o art. 42 determina o impedimento de que


os titulares de Poderes e órgãos, nos últimos dois quadrimestres do seu
mandato, assumam obrigação de despesa que não possa ser cumprida
integralmente dentro do mesmo mandato, ou que tenham parcelas a
serem pagas no exercício seguinte sem a devida disponibilidade de caixa.

6. Competências de outros entes: o art. 62 dispõe que os municípios só


poderão contribuir para o custeio de despesas de competência de outros
entes federativos, caso haja autorização na LDO e na LOA e convênio,
acordo, ajuste ou congênere.

Ao analisar as determinações apresentadas, observa-


se que a gestão da despesa orçamentária deve
satisfazer uma série de requisitos. Além disso, ressalta-
se que os gestores públicos devem também sempre
primar pela eficiência do gasto público, de forma a
obter os melhores resultados possíveis.
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Para conhecer de forma mais completa a Lei de Responsabilidade Fiscal,


visite o ambiente virtual de aprendizagem.

ExERCíCIO 5
sobre as determinações da LRF com relação à despesa Orçamentária é incorreto afirmar
que:
a) Caso seja verificado ao final de um bimestre que a receita arrecadada poderá
não atingir os montantes estimados, os Poderes e o Ministério Público
promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, num prazo de
trinta dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira.
b) Toda e qualquer despesa que não seja acompanhada da estimativa do impacto
orçamentário-financeiro nos três primeiros exercícios de sua vigência e que
não apresente adequação orçamentária e financeira com o PPa, LdO e LOa é
considerada não autorizada, irregular e lesiva ao patrimônio público.
c) a Lei de Responsabilidade Fiscal determina dois limites distintos para os
gastos com pessoal no setor público: 50% da RCL para a União; 60% da RCL
para estados e Municípios.
d) a lei determina o impedimento de que os titulares de Poderes e órgãos, nos
últimos dois meses do seu mandato, assumam obrigação de despesa que não
possa ser cumprida integralmente dentro do mesmo mandato, ou que tenham
parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem a devida disponibilidade de
caixa.
e) Os municípios só poderão contribuir para o custeio de despesas de
competência de outros entes federativos, caso haja autorização na LdO e na
LOa e convênio, acordo, ajuste ou congênere.

60 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


conclusão

E ste módulo teve como objetivo abordar os principais conceitos e aspectos da Despesa
Orçamentária para uma melhor compreensão do Orçamento Público. Também es-
tudamos as suas etapas e as implicações das determinações da Lei de Responsabilidade
Fiscal – LRF em sua gestão.

Diante dessa perspectiva, buscamos por meio de reflexões, exemplos e exercícios


trabalhar o conteúdo do módulo de forma a facilitar o processo de aprendizagem. Dessa
forma, esperamos que você tenha compreendido as principais informações acerca da
Despesa Orçamentária, sendo capaz de relacioná-la com a Receita Orçamentária e aos
demais conteúdos já estudados no curso, além de ser capaz de entendê-la ao consultar a
Lei Orçamentária.

Para aprofundar os conhecimentos estudados, sugerimos a leitura dos materiais


complementares indicados no ambiente virtual de aprendizagem e a realização dos
exercícios, tendo em vista facilidar a fixação dos conhecimentos estudados. Por fim,
convidamos você a fazer uma breve revisão do módulo a seguir.

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Revisão do Módulo

N este módulo você aprendeu que para o alcance dos objetivos definidos em seu Plano
Plurianual, um governo deve realizar uma gestão eficiente de seus gastos, de forma
a primar pela qualidade na utilização dos recursos públicos arrecadados, zelando pelo
equilíbrio das contas públicas, com foco em resultados para a sociedade.

Pôde conhecer o conceito de Despesa Orçamentária: constitui os dispêndios


efetuados pelo Estado para a manutenção de suas atividades ou para a construção e
manutenção de bens públicos, com a finalidade de atendimento às necessidades coletivas.
Estes dispêndios podem estar previstos na Constituição, leis ou atos administrativos e
necessitam de autorização legislativa para a sua realização, por meio da Lei Orçamentária
Anual ou de créditos adicionais.

Assim, reviu que o orçamento, mais do que definir os valores das despesas, aponta
o que, onde e em que quantidade o cidadão e a sociedade receberão os bens e serviços
oferecidos pelo Estado em retribuição aos tributos pagos, ofertados em áreas que afetam
a vida de todos nós.

Também teve contato com a classificação das despesas obrigatórias e discricionárias:


despesas são obrigatórias por força de lei e, portanto, o Governo não pode deixar de pagá-

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las. Para essas despesas, são calculados os valores necessários para o pagamento durante
o ano e reservados os recursos no Orçamento, dentro de programas e ações executados
pelo Governo Federal. As despesas em que o Governo pode escolher quanto e onde vai
aplicar são chamadas discricionárias ou não obrigatórias.

Conheceu a estrutura e organização da despesa orçamentária, que em seu modelo


atual, está organizada em programas de trabalho, que contêm informações qualitativas e
quantitativas, sejam físicas ou financeiras.

• Classificações qualitativas: estão relacionadas a aspectos voltados aos


resultados que o orçamento deve viabilizar para a consecução das
políticas públicas, enfatizando as informações de caráter gerencial da
despesa orçamentária. Suas classificações são: Esfera, Institucional,
Funcional e Estrutura Programática (programa, ação orçamentária, plano
orçamentário e localizador de gasto).

• Classificações orçamentárias quantitativas: têm duas dimensões: a


física e a financeira. A dimensão física define a quantidade de bens e
serviços a serem entregues à sociedade. A dimensão financeira estima o
montante necessário para o desenvolvimento de cada ação orçamentária.
Suas classificações relacionam-se a aspectos contábeis e econômicos do
orçamento, sendo fundamentais para o acompanhamento e controle das
contas públicas, sendo listadas a seguir: meta física, natureza da despesa
(categoria econômica, grupo de natureza da despesa, modalidade de
aplicação, elemento da despesa, subelemento da despesa), Identificador
de Uso, Identificador de Doação e de Operação de Crédito - IDOC,
Identificador de Resultado Primário.

Em seguida, compreendeu que para realizar as ações necessárias ao cumprimento


das suas competências, os órgãos, por meio de suas Unidades Gestoras, deverão executar
as suas respectivas despesas, por meio das seguintes etapas: empenho, liquidação e
pagamento.

64 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA


SECRETARIA DE ORÇAMENTO FEDERAL • MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO

• Empenho da Despesa: ato emanado de autoridade competente, que cria


para o estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento
de condição.
• Liquidação: verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base
os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
• Pagamento: caracteriza-se pela emissão do cheque ou ordem bancária
em favor do credor.

E, por fim, conheceu as principais determinações da LRF, uma vez que os governos
precisam controlar suas despesas de forma responsável, para não comprometer o equilíbrio
das contas públicas. Nas determinações da LRF temos: limitação de empenho e geração
de despesas; regras para a despesa com pessoal e transferências voluntárias, e restrições
relacionadas ao final de mandato e quanto à realização de despesas de competências de
outros entes.

Gabarito dos Exercícios


1. D (resposta correta: são exemplos de despesas obrigatórias)

2. 3241

3. 247538961

4. B (resposta correta: ordinário, global e por estimativa)

5. D (resposta correta: nos últimos dois quadrimestres)

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Referências
Bibliográficas

ALBUQUERQUE, C. M.; MEDEIROS, M. B.; FEIJÓ, P. H. Gestão

de Finanças Públicas. 2ª edição. Brasília, 2008.

BALEEIRO, A. Uma introdução à Ciência das Finanças. 15ª edição, Rio de Janeiro, 1998.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF, Senado, 1998.

BRASIL. Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.

­­_______. Lei no 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados,
dos Municípios e do Distrito Federal.

_______. Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001. Dispõe sobre normas


gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, e dá outras providências.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Orientações para elaboração


do PPA 2012-2015. Brasília, 2011.

_______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento


Federal. Manual técnico de orçamento: Versão 2014.

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ESCOLA VIRTUAL SOF

_______. Ministério da Fazenda. Instrução Normativa nº 04, de 30 de agosto de 2002.


Dispõe sobre a consolidação das instruções para movimentação e aplicação dos recursos
financeiros da Conta Única do Tesouro Nacional, a abertura e manutenção de contas
correntes bancárias e outras normas afetas à administração financeira dos órgãos e
entidades da Administração Pública Federal.

CRUZ, F. Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada: lei complementar nº 101, de 4 de


maio de 2000. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2006.

GIACOMONI, J. Orçamento Público. 14ª edição. São Paulo: Atlas, 2007.

MACHADO JR., J.T. Classificação das contas públicas. 1ª edição. Rio de Janeiro: FGV,1967.

NASCIMENTO, Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada. 5ª edição. Brasília: Vesticon,


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PASCOAL, V. F. Direito financeiro e controle externo: teoria, jurisprudência e 370


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http://recursosfederais.blogspot.com.br/2011/05/empenho-e-convenio.html. Acesso em:


22 de outubro de 2013.

68 | CURSO ORÇAMENTO PÚBLICO • MÓDULO IV - DESPESA ORÇAMENTÁRIA

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