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CURSO BÁSICO DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO

PÚBLICOS

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Curso Básico de Planejamento e Orçamento Públicos

CRÉDITOS

Escola de Contas e Gestão – TCE/RJ

Equipe Executiva Equipe Técnica

Direção Geral Autoria


João Paulo Menezes Lourenço Carlos Leandro dos Santos Reginaldo

Assessoria Pedagógica Revisão e Atualização


Marcia Araujo Calçada Carlos Leandro dos Santos Reginaldo
Jones de Azevedo Pelech Junior
Coordenadoria Acadêmica
Sergio Bahiense Colão Coordenação Pedagógica
Dalva Stella Pinheiro da Cruz
Coordenadoria de Capacitação Marcia Araujo Calçada
Claudia Gomes Corrêa Barbosa Cláudia Santana Machado (estagiária)

Coordenadoria de Documentação Gestão de Projetos Educacionais


Raul Araújo da Silva Rachel Constant Vergara Mann

Coordenadoria de Estudos e Revisão


Pesquisas Paulo Cesar Bessa Neves
Rosa Maria Chaise
Projeto gráfico e diagramação
Secretaria da ECG Assessoria Pedagógica – APE/ECG
José Sigberto da Silva Junior

Edição – Março/2018

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SUMÁRIO
4. RECEITAS PÚBLICAS ............................................................................................................... 5
4.1. Receitas Públicas – conceitos introdutórios .............................................................. 5
4.2. Classificação das receitas ............................................................................................... 7
Classificação da Receita por Natureza ................................................................................. 8
Classificação da Receita por Identificador de Resultado .............................................. 16
Classificação por fonte/ destinação de Recursos ........................................................... 17
Classificação da Receita no Manual Técnico do Orçamento de 2017 (MTO 2017) . 17
4.3. Fases de execução da Receita Orçamentária ........................................................... 20
Previsão ...................................................................................................................................... 21
Lançamento................................................................................................................................ 21
Arrecadação ............................................................................................................................... 22
Recolhimento ............................................................................................................................. 22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 23

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TÓPICO 04

Receitas Públicas

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4. RECEITAS PÚBLICAS
Mais uma semana de estudos! Nesta, trataremos das receitas públicas. Este tópico
tem por objetivo compreender o processo de classificação e realização da receita
pública, elemento indispensável à realização das despesas públicas.

O conteúdo programático do Tópico 4 é o seguinte: Receita pública: conceito;


Classificação da receita pública; Fases de execução da receita.

Então, vamos começar?

Vamos em frente com entusiasmo e renovada vontade de aprender!

4.1. Receitas Públicas – conceitos introdutórios

O conceito de “receita” nos induz à ideia de


ingresso de recursos. E não deixa de ser! Uma
receita é um ingresso de recurso. Porém, nem
todo ingresso de recurso nos cofres públicos
poderá ser classificado como uma receita pública!

Vejamos:

- O ingresso de recursos originados da arrecadação de impostos é, sem dúvida, uma


receita pública!

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- Mas uma receita de caução realizada


Caução é uma forma de garantia prestada
por um licitante? Será uma receita
por particulares - licitantes e contratados - à
pública?
administração pública conforme dispõe a Lei
Federal de Licitações e Contratos – 8.666/93.

Ao final do contrato ou da conclusão da


Essa pergunta pode gerar algumas
licitação, a administração terá de devolver os
dúvidas, mas vamos pensar: esse valores respectivos ao particular, exceto nos
ingresso representa recursos que não casos de descumprimento do contrato ou das
pertencem ao poder público, são normas do edital, hipótese que autoriza a
recursos que, embora sensibilizem os execução da garantia.
cofres públicos, pertencem a terceiros,
que apenas “transitam” pelos cofres públicos, mas que serão devolvidos no futuro.
Assim, esses ingressos não podem ser considerados receitas públicas.

Dito isso, podemos dizer o seguinte:

As receitas públicas são ingressos de recursos que compõem o orçamento público,


integram de forma definitiva os cofres públicos e são utilizadas para financiar as
mais diversas despesas decorrentes da execução orçamentária (LOA). As receitas
públicas são receitas orçamentárias.

Por outro lado, os ingressos originários de cauções e consignações em pagamento,


por exemplo, são recursos que pertencem a terceiros, que não integram
definitivamente os cofres públicos, pois deverão ser repassados ou devolvidos aos
seus “verdadeiros donos” no futuro. São ingressos extraorçamentários. 1

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Manual Técnico do Orçamento 2014.

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Ingressos
Extraorçamentários
Ingressos de Valores
nos Cofres Públicos
Receitas Orçamentárias
(Receitas Públicas)

Fonte: MTO 2014 MPOG, pág. 17

4.2. Classificação das receitas

A classificação orçamentária da receita permite identificar e analisar a receita pública


sob diversas óticas ou dimensões. No âmbito da União, a classificação orçamentária
é normatizada por meio de Portaria da Secretaria de Orçamento e Finanças-SOF,
órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MPOG. A normatização
da classificação, válida para estados e municípios, é feita por meio de portaria
interministerial (SOF e STN).

As receitas orçamentárias são classificadas segundo os seguintes critérios:

1. natureza;

2. indicador de resultado primário; e

3. fonte/destinação de recursos.

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Classificação da Receita por Natureza


A receita pública é identificada por números de código decimal em atendimento ao §
1° do art. 8° da Lei nº 4.320/64. Convencionou-se denominar essa codificação
decorrente da classificação da receita de classificação por natureza.

A classificação por natureza de receita corresponde ao menor nível de detalhamento


das informações orçamentárias relativamente à receita pública, em conformidade
com os princípios da especificação e transparência, uma vez que permite o
detalhamento da receita pública e desagrega a informação acerca da mesma
receita.

Essa classificação é adotada por todas as esferas de governo e permite identificar o


recurso segundo seu fato gerador, ou seja, o acontecimento que fundamentou o
ingresso do recurso nos cofres públicos.

Essa classificação é formada por um código numérico formado por 8 (oito) dígitos
subdivididos em níveis: categoria econômica (1° dígito), origem (2° dígito), espécie

(3° dígito), rubrica (4° dígito), alínea (5° e 6° dígitos) e subalínea (7° e 8° dígitos).

Fonte: MTO 2014 MPOG, pág. 17

Classificação da Receita por categoria econômica

A classificação da receita por categoria econômica tem previsão nos §§ 1° e 2° do


art. 11 da Lei nº 4.320/64, que as classifica em Receitas Correntes (código 1) e
Receitas de Capital (código 2).

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- Receitas Correntes

As receitas correntes integram os cofres públicos de forma definitiva e, por via de


regra, impactam positivamente o patrimônio líquido do ente público. São
consideradas doutrinariamente como receitas efetivas exatamente pelo fato de
contribuírem para a elevação do patrimônio líquido.

OBSERVAÇÃO

Patrimônio Líquido
O patrimônio de qualquer entidade, pública ou privada, é composto por uma “parte
positiva” e uma “parte negativa”. A primeira corresponde ao “ativo” e a parte negativa
corresponde ao “passivo”.
O ativo são os bens e direitos que integram o patrimônio. Por exemplo:
Bens: imóveis, móveis, material permanente etc.
Direitos: duplicatas a receber, cheques a receber, dívida ativa etc.
O passivo é composto pelas obrigações, como as duplicatas a pagar, salários a pagar
etc.
Assim, se o total dos bens e direitos soma R$500 e o total das obrigações soma
R$300, significa que, mesmo que eu utilize parte dos bens e direitos para pagar todas
as obrigações, ainda me sobrarão R$200 na “parte positiva” do meu patrimônio. Este é
o valor líquido do meu patrimônio!
Assim, o Patrimônio Líquido é a diferença entre o total do ativo e o total do passivo:
PL = ativo - passivo

Segundo o art. 11, § 1° da Lei 4.320/64, as receitas correntes são as receitas


tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras
e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de
direito público ou privado, quando destinadas a atender a despesas classificáveis
em Despesas Correntes.

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Impostos
Receita Tributária Taxas
Contribuições de melhoria
Receitas Imobiliárias
Receitas de Valores Mobiliários
Receita Patrimonial
Participações e Dividendos
Outras Receitas Patrimoniais
Receita de Serviços Industriais
Receita Industrial
Outras Receitas Industriais.
Receitas de Serviços
Receitas Agropecuárias
Transferências Correntes
Multas
Receitas Diversas Cobranças da Divida Ativa
Outras Receitas Diversas

Para compreendermos melhor as receitas correntes, vale destacarmos algumas


definições de origens de receitas:

Receitas Tributárias: são decorrentes da arrecadação de impostos, taxas e


contribuições de melhoria, previstos no art. 145 da CF.

Receitas de Contribuições: são oriundas das contribuições sociais, de intervenção


no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas,
conforme preceitua o art. 149 da Constituição Federal (CF).

Receitas Patrimoniais: são provenientes da fruição de patrimônio pertencente ao


ente público, tais como as decorrentes de compensações financeiras, royalties,
concessões e permissões, entre outras.

Receitas Agropecuárias: resultam da exploração econômica, por parte do ente


público, de atividades agropecuárias, tais como a venda de produtos agrícolas

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(grãos, tecnologias, insumos etc.), pecuários (semens, técnicas em inseminação,


matrizes etc.), para reflorestamentos etc.

Receitas Industriais: são provenientes de atividades industriais exercidas pelo ente


público, tais como: indústria de extração mineral, de transformação, de construção,
entre outras.

Receitas de Serviços: decorrem da prestação de serviços por parte do ente


público, tais como comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares,
armazenagem, serviços recreativos, culturais etc. Tais serviços são remunerados
mediante preço público, também chamado de tarifa.

Transferências Correntes: são provenientes do recebimento de recursos


financeiros de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender a
despesas de manutenção ou funcionamento que não impliquem contraprestação
direta em bens e serviços a quem efetuou essa transferência.

Outras Receitas Correntes: constituem-se pelas receitas cujas características não


permitam o enquadramento nas demais classificações da receita corrente, tais
como: multas, juros de mora, indenizações, restituições, receitas da dívida ativa,
entre outras.

EXEMPLO

a) Multa: receita de caráter não tributário. É penalidade pecuniária aplicada pela


Administração Pública aos administrados e depende, sempre, de prévia cominação
em lei ou contrato. Podem decorrer do regular exercício do poder de polícia por parte
da Administração (multa por auto de infração), do descumprimento de preceitos
específicos previstos na legislação, ou de mora pelo não pagamento das obrigações
principais ou acessórias nos prazos previstos;
b) Dívida Ativa: crédito da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária,
exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. O crédito é cobrado por
meio da emissão de certidão de dívida ativa da Fazenda Pública, inscrita na forma da
lei, com validade de título executivo. Isso confere à certidão da dívida ativa caráter
líquido e certo, embora se admita prova em contrário.

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– Receitas de Capital

As receitas de capital elevam a disponibilidade financeira, mas provocam um


impacto distinto do identificado para as receitas correntes no patrimônio líquido: as
receitas de capital são receitas por mutação patrimonial, não efetivas, ou seja,
correspondem a ingressos de recursos que não contribuem para elevar o patrimônio
líquido.

Segundo o art. 11 § 2º da Lei 4.320/64, as Receitas de Capital são as provenientes


da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da
conversão, em espécie, de bens e direitos; dos recursos recebidos de outras
pessoas de direito público ou privado, destinados a atender a despesas
classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, do superávit do Orçamento
Corrente.

EXEMPLO

As receitas de capital apresentam, via de regra, uma contrapartida para a entrada do


recurso. Por exemplo: A venda de um prédio público à vista é contabilizada com a
entrada do dinheiro no “caixa” e a respectiva baixa do bem em “imóveis”. Assim, são
alteradas duas “contas” do ativo: a conta caixa (aumenta) e a conta imóveis (diminui).
Em outras palavras, o ativo permanece com o mesmo valor, houve apenas uma
permuta, uma troca dos valores dos elementos patrimoniais.

Para a Lei 4.320/64 são receitas de capital:

Operações de Crédito
Alienação de Bens Móveis e Imóveis
Receitas de Capital Amortização de Empréstimos Concedidos
Transferências de Capital
Outras Receitas de Capital

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– Receitas Intraorçamentárias

Operações intraorçamentárias são aquelas realizadas entre órgãos e demais


entidades da Administração Pública integrantes dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social do mesmo ente federativo. Não representam novas entradas de
recursos nos cofres públicos do ente, mas apenas remanejamento de receitas entre
seus órgãos. Essa classificação objetiva evitar a dupla contagem da receita e
superestimar o resultado financeiro governamental.

Assim, a Portaria Interministerial STN/SOF nº 338/06, que alterou a Portaria


Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001, incluiu as Receitas Correntes
Intraorçamentárias e Receitas de Capital Intraorçamentárias representadas,
respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em suas categorias econômicas. Essas
classificações não constituem novas categorias econômicas de receita, mas
apenas especificações das categorias econômicas Receitas Correntes e Receitas
de Capital. Com isso, os códigos para classificação econômica da receita passam a
ser:

Fonte: MTO 2014 MPOG, pág. 20

Classificação da Receita por Origem

A origem é o detalhamento da categoria econômica das receitas e objetiva identificar


a procedência do recurso no momento em que ingressa nos cofres públicos. A
classificação por origem é composta por um dígito disposto logo a seguir do dígito
que representa a categoria econômica da receita. A classificação por origem se dá
da seguinte forma:

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Fonte: MTO 2014 MPOG, pág. 20

Assim, a indicação de uma receita de R$ 8.000,00 decorrente da arrecadação de


uma contribuição poderia ser representada da seguinte forma:

Natureza Valor
1.2 8.000,00

Categoria Origem
econômica (receitas de
(receita corrente) contribuições)

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Classificação da Receita por Espécie

A Espécie é o detalhamento da origem da receita. Permite detalhar com mais


profundidade a origem da receita. Por exemplo, as receitas tributárias (uma das
origens da receita corrente) se classificam em impostos, taxas e contribuições de
melhoria (espécies de receitas tributárias).

Classificação da Receita por Rúbrica

A rubrica detalha a espécie por meio da identificação dos recursos financeiros


cujas características próprias sejam semelhantes. Por exemplo, a rubrica Impostos
sobre o Patrimônio e a Renda corresponde ao detalhamento da espécie Impostos.

Classificação da Receita por Alínea

A alínea é o detalhamento da rubrica e identifica o nome da receita que receberá o


registro pela entrada de recursos financeiros. Por exemplo, a alínea Imposto sobre a
Renda e Proventos de Qualquer Natureza corresponde ao detalhamento da rubrica
Impostos sobre o Patrimônio e a Renda.

Classificação da Receita por Subalínea

A subalínea constitui o nível mais analítico da receita, utilizado quando há


necessidade de se detalhar a alínea com maior especificidade. Por exemplo, a
subalínea Pessoas Físicas corresponde ao detalhamento da alínea Imposto sobre a
Renda e Proventos de Qualquer Natureza.

A classificação completa da receita pode ser visualizada no gráfico abaixo:

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Fonte: MTO 2014 MPOG, pág. 52

Classificação da Receita por Identificador de Resultado

Permite a identificação das receitas e sua divisão em:

a) primárias (P), quando seus valores são incluídos no cálculo do resultado


primário;

b) financeiras (F), quando não são incluídas no citado cálculo.

Segundo o Manual Técnico do Orçamento do Governo Federal (MTO-2014), as


receitas primárias referem-se às receitas correntes, em especial às receitas
tributárias, de contribuições, das concessões, dos dividendos recebidos pela União,
da cota-parte das compensações financeiras, das decorrentes do próprio esforço de
arrecadação das UOs, das provenientes de doações e convênios e outras
classificadas também como primárias.

As receitas financeiras são aquelas que não contribuem para o resultado primário ou
não alteram o endividamento líquido do Governo no exercício financeiro
correspondente. São receitas que criam uma obrigação ou extinguem um direito,
representando um fato permutativo de natureza financeira, junto ao setor privado

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interno e/ou externo através de contratos firmados com o mercado financeiro que
envolvem a emissão de títulos, da contratação de operações de crédito por
organismos oficiais, das receitas de aplicações financeiras da União (juros
recebidos, por exemplo) e outras.

Classificação por fonte/ destinação de Recursos


Segundo o MTO-2014, essa classificação da receita é um instrumento criado para
assegurar que receitas vinculadas por lei a finalidade específica sejam
exclusivamente aplicadas em programas e ações que visem à consecução de
despesas ou políticas públicas associadas a esse objetivo legal. As
fontes/destinações de recursos agrupam determinadas naturezas de receita
conforme haja necessidade de mapeamento dessas aplicações de recursos no
orçamento público, segundo diretrizes estabelecidas pela SOF.
Como mecanismo integrador entre a receita e a despesa, o código de
fonte/destinação de recursos exerce duplo papel no processo orçamentário: na
receita, indica o destino de recursos para o financiamento de determinadas
despesas; na despesa, identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados.

Classificação da Receita no Manual Técnico do Orçamento


de 2017 (MTO 2017)
O MTO 2017 apresenta a nova estrutura de codificação das Naturezas de Receita
de forma a prover melhorias na estrutura de formação dos códigos da classificação,
aplicando lógica integralmente voltada para a gestão das receitas orçamentárias.

Com a nova estrutura, os códigos estabelecidos para identificação da natureza da


receita proporcionam a extração de informações imediatas, a fim de prover
celeridade, simplicidade e transparência, sem a necessidade de qualquer
procedimento paralelo para concatenar dados.

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Essa estrutura de codificação permite associar, de forma imediata, a receita principal


com aquelas dela originadas: Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da Dívida
Ativa. A associação é efetuada por meio de um código numérico de 8 dígitos, cujas
posições ordinais passam a ter o seguinte significado:

Fonte: MTO 2017, pág. 18

Nos termos do MTO, com o recolhimento do imposto de renda pessoa física, aloca-
se a receita pública correspondente na natureza de receita código “1.1.1.3.01.1.1,
segundo o esquema a seguir:

Fonte: MTO 2017, pág. 18

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Desdobramentos para Identificação de Peculiaridades da Receita


Foram reservados 4 dígitos para desdobramentos com a finalidade de identificar
peculiaridades de cada receita, caso seja necessário. Assim, dependendo da
necessidade de especificação dos recursos, estes dígitos poderão ou não serem
utilizados.

No caso de receitas exclusivas de Estados e Municípios, o quarto dígito utilizará o


número “8” (Ex.: 1.9.0.8.xx.x.x – Outras Receitas Correntes exclusivas de Estados e
Municípios).

Tipo de Receita
O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de receita identifica o tipo de
arrecadação a que se refere aquela natureza, sendo:

 “0”, quando se tratar de natureza de receita não valorizável ou agregadora;

 “1”, quando se tratar da arrecadação Principal da receita;

 “2”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da respectiva receita;

 “3”, quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva receita; e

 “4”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa da respectiva


receita.

Todo código de natureza de receita será finalizado com um dos dígitos


mencionados, e as arrecadações de cada recurso – sejam elas da receita
propriamente dita ou de seus acréscimos legais – ficarão agrupadas sob um mesmo
código, sendo diferenciadas apenas no último dígito, conforme detalhamento a
seguir:

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Fonte: MTO 2017, pág. 23

Ainda nos termos do MTO 2017, a Portaria SOF n° 45, de 26 de agosto de 2015,
que dispôs sobre o desdobramento da classificação por natureza de receita para
aplicação no âmbito da União, publicou apenas as naturezas agregadoras, ficando
criadas automaticamente, para todos os fins, as naturezas valorizáveis, terminadas
em “1”, “2”, “3” e “4”.

Além disso, de acordo com o art. 2º, § 4º, inciso V, alínea “f”, da Portaria
Interministerial STN/SOF no 163, de 4 de maio de 2001, os dígitos correspondentes
aos tipos “5” a “9” serão utilizados quando se tratar de outros desdobramentos a
serem criados, caso a caso, pela Secretaria de Orçamento Federal, mediante
Portaria específica.

4.3. Fases de execução da Receita Orçamentária

As etapas ou fases de realização das receitas se classificam conforme a ocorrência


dos respectivos fenômenos econômicos e de acordo com a natureza do modelo
orçamentário em vigor. Dessa forma, a realização da receita se inicia com sua
previsão e se encerra com o recolhimento dos recursos aos cofres públicos.

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Previsão
A previsão ou estimativa da receita é um mecanismo de planejamento necessário e
essencial ao processo orçamentário. Por meio da previsão é possível estimar as
receitas que serão destinadas ao financiamento de políticas e projetos
governamentais. A receita estimada constará da proposta de lei orçamentária anual
e o cálculo de sua estimativa deverá ser realizado em conformidade com as normas
técnicas e legais correlatas e, em especial, com as disposições constantes na Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Sobre o assunto, vale citar o art. 12 da LRF:

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e


legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da
variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de
demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção
para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de
cálculo e premissas utilizadas.

A previsão de receitas é a etapa que deve anteceder a etapa de fixação do montante


de despesas que irá constar nas leis de orçamento, e é a base para se estimar as
necessidades de financiamento do governo.

Lançamento
O lançamento é definido como o ato da autoridade/repartição competente, que tem
por finalidade verificar a ocorrência do fato gerador da receita, calcular o montante
devido, identificar o sujeito passivo (contribuinte/devedor) e inscrever o respectivo
débito (art. 142 da Lei Federal nº 5.172/66).

Observa-se que, segundo o disposto nos arts. 142 a 150 do CTN, a etapa de
lançamento situa-se no contexto de constituição do crédito tributário, ou seja, aplica-

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se a impostos, taxas e contribuições de melhoria. Significa dizer que nem toda


receita orçamentária passa pela fase de lançamento.

Arrecadação

Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro Nacional pelos


contribuintes ou devedores, por meio dos agentes arrecadadores ou instituições
financeiras autorizadas pelo ente.

A arrecadação se verifica quando o contribuinte se dirige à agência bancária ou a


outra instituição autorizada para efetuar o pagamento de sua obrigação. Os valores
pagos pelo contribuinte ficam sob a posse da instituição financeira até sua
transferência definitiva para a Conta Única do Tesouro.

Recolhimento
Consiste na transferência dos valores arrecadados pelas instituições financeiras ou
outras autorizadas ao recebimento de valores do Estado à conta específica do
Tesouro, responsável pela administração e controle da arrecadação e pela
programação financeira, observando-se o princípio da unidade de tesouraria ou de
caixa, conforme determina o art. 56 da Lei nº 4.320, de 1964, a seguir transcrito:

Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita


observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer
fragmentação para criação de caixas especiais.

Uma vez recolhidos os respectivos valores à conta específica do tesouro, estes


serão utilizados para a realização dos pagamentos das diversas despesas
programadas pelo poder público e decorrentes da execução orçamentária.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>
Acesso em 18 de julho de 2014.

BRASIL. Lei 4.320, de 17 de março de 1964. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm> Acesso em 18 de julho de
2014.

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BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm> Acesso em 18 de julho de
2014.

BRASIL. Lei 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10180.htm> Acesso em 19 de
julho de 2014.

BRASIL. Lei 13.005, de 25 de junho de 2014. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm> Acesso
em 21 de julho de 2014.

BRASIL. Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000. Lei de Responsabilidade


Fiscal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>
Acesso em: 13 de julho de 2014.

BRASIL. Manual Técnico do Orçamento 2014. Ministério do Planejamento


Orçamento e Gestão. Disponível em:

23
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<http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/manual-
tecnico/MTO_2014.pdf> Acesso em 22 de julho de.2014.

BRASIL. Manual Técnico do Orçamento 2014. Ministério do Planejamento


Orçamento e Gestão. Disponível em:
<http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-orcamentarias/manual-
tecnico/MTO_2014.pdf> Acesso em 22 de julho de 2014.

BRASIL. Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento, Orçamento e


Gestão. Portaria Conjunta Nº 1, de 18/06/2010.

BRASIL. Ministério do Orçamento e Gestão. Portaria nº 42, de 14 de abril de


1999.

BRASIL. Portaria Interministerial Nº163, de 4 de maio de 2001.

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. São Paulo. Ed. Saraiva, 2010.

MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. Niterói: Campus Elsevier, 2011.

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2005.

MOTA, Francisco Glauber Lima. Contabilidade Aplicada ao Setor Público.


Brasília: Ed. Estefania Gonçalves, 2011.

PASCHOAL, Valdecir. Direito Financeiro e Controle Externo. Rio de Janeiro:


Impetus, 2007.

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