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MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

DISCIPLINA: ORÇAMENTO NO SETOR PÚBLICO: A PERSPECTIVA GERENCIAL

PROFESSOR: LUDWIG MIGUEL BERDEJO

CASE - MÉDIUM TERM BUDGETARY FRAMEWORK (MTBF)

ALUNOS:

ALEXANDRE PAIVA ROCHA

GABRIEL QUEIROZ DA SILVA

JOSE RENATO MORAIS MOUSINHO

MICHELLE MANIERI VIEIRA

PAULO HENRIQUE FERNANDES MIRANDA LUNA

RODRIGO DIAS MEIRELES

1) Qual é o principal propósito/função do orçamento, especialmente para o governo?

Estimar receitas e fixar despesas com o objetivo de planejar as atividades públicas com o intuito
de prestar serviços à sociedade. Envolvendo desde gastos de manutenção da máquina pública,
bem como investimento e melhoria de qualidade de vida da sociedade. Ele é essencial para
oferecer serviços públicos adequados, além de especificar gastos e investimentos que foram
priorizados pelos poderes. Sendo necessário para enfrentar os obstáculos de curto prazo, bem
como do planejamento de longo prazo.

2) Quais são as características do orçamento tradicional e os problemas associados com


esta abordagem orçamentária de acordo com o profissional entrevistado?

Características do orçamento tradicional:


1) Concentra-se no orçamento incremental;

2) Orçamento baseado em entrada;

3) Nenhum link para a política;

4) Falta de previsibilidade de recursos;

5) Orçamento para um ano orçamentário;

6) Processo de preparação do orçamento de baixo pra cima.

Problemas do orçamento tradicional: Segundo a visão do entrevistado, um bom modelo de


orçamento precisa ter uma perspectiva de longo prazo, vínculos estabelecidos com metas
organizacionais amplas e orçamentação focada em resultados.

O modelo tradicional não preenchia nenhum desses critérios, pois, era elaborado para um
período de apenas um ano o que inviabilizava o planejamento eficaz e a repriorização de
orçamentos de médio a longo prazo. Além disso, não era estabelecido com metas
organizacionais amplas até porque ela elaborado num processo de preparação de baixo pra
cima por meio do qual as unidades administrativas inferiores apenas se limitavam a fazer um
incremento no orçamento previsto para o ano anterior, ou seja, era um orçamento baseado em
insumos e não tinha relação com os resultados organizacionais. O orçamento não tinha
qualquer link com as políticas que deveriam ser desenvolvidas pela pasta o que resultava na
ausência de prestação de contas por parte das unidades beneficiadas com os recursos.

3) O que é MTBF? Descreva suas fases top-down e bottom-up? Qual é o principal


propósito de cada um desses componentes

O MTBF é um processo orçamentário cuja estrutura prevê a projeção do orçamento de médio


prazo (três anos) incluindo uma estimativa orçamentária de um ano, para o ano seguinte, e tetos
orçamentários indicativos para os dois anos seguintes. É um processo orçamentário baseado na
vinculação dos recursos aos resultados esperados de cada unidade orçamentária que receberá
as dotações específicas para realizar seus programas de trabalho.

Esta estrutura foi preparada para funcionar em três fases, sendo a primeira chamada de “cima
para baixo” porque a unidade orçamentária central é a responsável em preparar as estimativas
orçamentárias para os próximos três anos, fornecendo os tetos indicativos de cada ministério e
tendo como referência, na distribuição dos recursos, as prioridades estratégicas do governo,
contrapondo-se ao orçamento tradicional que prevê a alocação com base no ano anterior,
permitindo ao governo desenvolver uma estratégia de longo ou médio prazo.

A segunda fase chamada “de baixo para cima” prevê que as unidades orçamentárias, uma vez
recebidos os indicativos de teto para os gastos, devem apresentar uma proposta de orçamento
e metas de desempenho que justifiquem os gastos, preparando um plano setorial que identifique
os resultados e custos associados. O objetivo é garantir que as demandas orçamentárias estejam
vinculadas às atividades esperadas e às metas de desempenho.

Na terceira fase, a unidade orçamentária central se reúne com altos funcionários das unidades
receptoras dos recursos para finalizar o orçamento para analisar criteriosamente os programas,
benefícios prometidos e custos associados e subsidiar, com isso, a tomada de decisão sobre as
dotações orçamentárias, ou seja, cada item orçamentário estaria vinculado ao seu propósito, ao
contrário do orçamento tradicional, em que as unidades orçamentárias solicitariam mais
recursos, sem estabelecer as metas de desempenho de forma quantificada. E uma vez concluída
esta fase, o orçamento estaria preparado para ser aprovado.

4) Na esfera federal é possível afirmar que o Brasil já conta com um MTBF? Por quê?

No que pese o arcabouço legislativo brasileiro já contar com mecanismos de planejamento,


como, por exemplo, o Plano Plurianual, que é um documento guia para as estratégias traçadas,
o qual deve ser elaborado no primeiro ano de um Governo com vigência até o final do primeiro
ano do Governo seguinte; a LDO que delimita e prioriza as ações que poderão ser realizadas
no ano seguinte, e LOA que estima receitas e despesas dos temas como saúde, educação e
outros. Esses mecanismos não determinam de forma impositiva a alocação por resultados,
sendo assim, não é possível afirmar que o Brasil conte com um MTBF na sua forma clássica
de implementação e operacionalização. Cabe considerar ainda, que o orçamento não é
construído com base em definições plurianuais de recursos apontadas de baixo pra cima
destinadas ao atendimento das necessidades dos órgãos gastadores o que também afasta o
modelo brasileiro do MTBF.
CASE MTBF (B)

5) Qual versão dos eventos (dos dois gestores) parece refletir melhor a realidade?

No caso em questão envolvendo o Paquistão, acreditamos que a segunda versão estaria mais
próxima à realidade, visto que a implementação de políticas, não apenas as orçamentárias, que
se encontram de forma sustentada em outros países, sobretudo nos desenvolvidos, terminam
por não encontrar as mesmas condições de viabilidade em países com culturas e desempenhos
econômicos e financeiros bastante díspares. Não sendo dessa forma um exemplo de política
fracassada isolada na história da importação de política de outros países.

Verifica-se, portanto, que a segunda versão dos eventos retrata a realidade fática da
operacionalização do novo modelo orçamentário considerando todas as limitações e
dificuldades vivenciadas pelos órgãos envolvidos, em contraposição com a primeira versão dos
eventos que se limita a descrever o novo modelo orçamentário numa perspectiva ideal.

6) Na visão do gesto do MoF, que fatores contribuíram para o fracasso na adoção do


MTBF no Paquistão?

O ciclo político do país não estava alinhado ao ciclo orçamentário previsto no Programa-
Quadro Orçamentário de Médio Prazo, fato que tornou a estratégia do topo do programa
inexistente, uma vez que as diretrizes estratégicas e de alocação de acordo com as prioridades
do governo seriam impraticáveis devido às projeções para 3 anos.

Aliado a isso, foi identificada a ausência de pessoal capacitado para fazer as projeções e
distribuições estratégicas do orçamento em cada Ministério, bem como, ausência de pessoal
com habilidades técnicas para a elaboração de metas e resultados, bem como, a falta de sistemas
de informação que abrangessem milhares de entidades subordinadas aos Ministérios.

7) Porque então países em desenvolvimento implementam o MTBF?

Tendo em vista que programas semelhantes foram bem-sucedidos em alguns países de primeiro
mundo e que existem financiadores internacionais que fomentam iniciativas do tipo, os
governos de países em desenvolvimento reproduzem o modelo sem muito esforço de
adaptações às realidades locais e planejamento para a transição entre os modelos.

8) Você acredita que este novo sistema de orçamento pode ser implementado em outras
partes do mundo? Explique.

A aplicação do novo modelo de orçamento baseado em resultados deveria, e pode ser


implementado em outras partes do mundo, contudo há que existir uma transição do modelo
tradicional orçamentário para este modelo, o que envolve mudança na cultura organizacional
dos países. Para isso, será necessário investimentos em tecnologia e inovação que seja para de
um lado, sustentar a transformação, seja doutro, para disponibilizar aos gestores informações
necessárias para o apoio dessa ação.

Ainda nessa conjuntura, será necessário, conforme demonstrado no case B, que se tenha
recursos humanos capacitados nas áreas e que, acima de tudo, a cultura do orçamento por
resultado esteja estabelecida como programa de Estado e não de governo.

É importante, também, que haja um alinhamento do governo com os atores políticos, haja vista
que as iniciativas do orçamento estão intrinsecamente ligadas e dependentes da camada
política, para que não seja usado como ferramenta política e ocorra descontinuidade e baixa
efetividade dos programas orçamentários.

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