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TÓPICO 4: O ÍNDICE DE GESTÃO DESCENTRALIZADA

DO PDDE

Objetivo de aprendizagem: Compreender o IdeGES e suas


dimensões, sua metodologia de cálculo, estratégias para elevar o índice e
o seu comportamento na região nordeste.

4.1 O que é o IdeGES?

Compreender a efetividade de uma política pública requer a capacidade


de mensurar aspectos relacionados à sua execução e ao seu efeito sobre o
público-alvo da política. Isso exige a construção de indicadores que
possibilitem medir os padrões de implementação e de outros para aferir os
rebatimentos da intervenção governamental sobre os beneficiados. Em um
programa voltado para a descentralização do financiamento da educação é
importante que haja uma métrica que mensure e possa comparar o
desempenho da gestão dos recursos recebidos por parte dos contemplados
pela política. É sob essa lógica de monitoramento e avaliação que surge o
Índice de Desempenho da Gestão Descentralizada do Programa Dinheiro
Direto na Escola, ou simplesmente – o IdeGES-PDDE.

O IdeGES é um indicador sintético – isto é, composto de outros índices


– que corresponde a três dimensões relativas ao desempenho na utilização
dos recursos do PDDE, a saber: adesão ao Programa, execução dos recursos
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recebidos e prestação de contas da utilização desses recursos. A lógica
conceitual do IdeGES volta-se para captar o grau de cobertura da política
(adesão) e a aplicação responsiva dos recursos públicos advindos do PDDE
(prestação de contas). A partir dessa arquitetura conceitual do IdeGES, foi
elaborada a metodologia de mensuração dos indicadores selecionados e sua
agregação com vistas a calcular o Índice de Desempenho da Gestão
Descentralizada.

4.2 Como é calculado o IdeGES?

Calculado anualmente, o IdeGES resulta da agregação do Índice de


Adesão ao PPDE, que consiste da proporção de escolas que aderiram ao
Programa (número de escolas que aderiram dividido pelo número total de
escolas) mais o Índice de Execução de Recursos, que mensura a proporção
dos recursos utilizados que estão efetivamente aplicados nos objetivos do
PDDE (valor dos recursos utilizados dividido pelo total de recursos
repassados para a escola que aderiu ao programa); e o Índice de
Regularidade com Prestação de Contas, que identifica o total de prestação de
contas classificadas como “aprovadas” e “aprovadas com ressalvas” em
relação ao total de prestações de contas a serem apresentadas pelas
Unidades Executoras (UEx).

O cálculo final do IdeGES consiste de uma função exponencial aplicada


à média aritmética dos três índices mencionados acima. Assim, o Índice de
Desempenho da Gestão Descentralizada varia de zero a dez, em que zero
representa o pior desempenho na gestão dos recursos descentralizados, e
dez, o melhor desempenho obtido nesse quesito. Por sua vez, o IdeGES
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apresenta uma classificação que vai de “Muito baixo” até “Muito alto”, como
pode ser observado no Infográfico 16 abaixo.

Infográfico 16 – Classificação do IdeGES

0 4,0 6,0 8,0 9,0 10,0

Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto

Fonte: FNDE.

As vantagens de utilizar um indicador sintético, para além de sua


estrutura metodológica, deriva da possibilidade de se mensurarem eventos
de natureza multidimensional, como a gestão local de recursos advindos de
outro ente federativo. Assim, para além de viabilizar o monitoramento na
utilização dos recursos e a avaliação de desempenho da gestão financeira
dos recursos do PDDE, o IdeGES pode permitir (re)orientações da assistência
técnica do Programa, bem como estimular – por meio da taxonomia criada
com o indicador – esforços organizacionais de aperfeiçoamento na gestão
dos recursos recebidos, tanto no âmbito municipal quanto no estadual. Além
disso, o IdeGES possibilita a busca por mais eficiência para alocar e executar
os recursos financeiros do PDDE, contribuindo para o princípio de
accountability que deve reger a administração pública.

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4.3 O IdeGES no Nordeste

Os níveis observados do IdeGES, nas Unidades Executoras da Região


Nordeste, mostram-se, em grande medida, no intervalo classificado como
‘Baixo’. Em 2020, metade das 54.078 Unidades Executoras da região
apresentaram IdeGES de 5,93, enquanto 4.475 UEx exibiram IdeGES
zerados, ou seja, atingiram o limite inferior do indicador. Além da média
baixa na região, a disparidade na performance da gestão descentralizada
entre as UEx é perceptível, ao se observar que as diferenças entre os IdeGES
variam em 3,65 pontos. Isso quer dizer que, embora o IdeGES mediano no
Nordeste seja baixo, ao menos 16.983 Unidades Executoras exibem IdeGES
‘Muito alto’, com os indicadores 9,0 e 10,0.

Esse quantitativo de “ilhas de excelência” corresponde a 31% do total


de UEx da região, no ano de 2020, porém, a depender da localização das
unidades escolares, a assimetria fica ainda mais aguda. Quando os dados são
desagregados por distribuição espacial urbana e rural, os níveis do IdeGES
refletem as desigualdades operacionais existentes nessas localidades.
Enquanto o IdeGES mediano das UEx urbanas situa-se em 6,3 – classificado
como ‘Médio’ - o IdeGES das escolas rurais exibe o nível mediano de 3,92 –
classificado como ‘Muito baixo’, isto é, o IdeGES mediano das unidades
escolares urbanas é 61% superior ao observado nas unidades rurais
nordestinas.

A disparidade entre os IdeGES remete às desigualdades nas estruturas


administrativas e capacidades gerenciais das unidades escolares no Nordeste,
com possíveis rebatimentos na condução dos processos pedagógicos e de
aprendizagem. Se os processos contábeis e rotinizados têm um elevado grau
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de assimetria em seu desempenho, é possível que, em práticas menos
padronizadas, como as de ensino e aprendizagem, a performance também
seja fortemente assimétrica.

4.4 Como melhorar o IdeGES?

Devido à sua configuração, a melhoria do IdeGES das Unidades


Executoras (UEx) passa, dentre outras coisas, pelo treinamento e pela
capacitação dos gestores locais nos processos necessários à adesão ao
PDDE. O maior conhecimento acerca das rotinas burocráticas para a inclusão
social nos processos decisórios das unidades escolares impactará o grau de
cobertura da política pública de descentralização financeira na educação. Por
sua vez, a capacitação técnica no gerenciamento e na contabilização dos
registros de alocação de recursos financeiros nos prazos pré-estabelecidos,
assim como a incorporação de práticas administrativas voltadas para a
eficiência na execução desses recursos - aliada aos ganhos pedagógicos
decorrentes das ações executadas com tais aportes monetários -, tendem a
aumentar o desempenho da gestão descentralizada com a subsequente
elevação do indicador que a avalia.

Nesse sentido, a formação dos agentes envolvidos com a gestão dos


recursos financeiros do PDDE é de fundamental importância para que os
objetivos do Programa sejam alcançados: melhorar a infraestrutura física e
pedagógica das escolas, elevar o desempenho escolar e fortalecer a
participação social e a autogestão escolar.

É esse, portanto, o objetivo deste curso sobre o PDDE e suas Ações


Integradas, especificamente, na Região Nordeste.

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FINALIZANDO O MÓDULO I

O PDDE E AS AÇÕES INTEGRADAS COMO POLÍTICA


EDUCACIONAL

Concluímos o Módulo I. Foi um dedicado percurso de estudo e reflexões


pertinentes sobre o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) e as Ações
Integradas. Esse estudo possibilitou aos gestores conhecer e aprofundar
sobre o PDDE, apreendendo o contexto de sua criação, seus objetivos e
finalidades, enquanto política de descentralização do financiamento da
educação, financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), com foco central na promoção da melhoria da qualidade da gestão e
da educação básica.

Pudemos ampliar nossas reflexões sobre o PDDE, observando a sua


capacidade de garantir o direito à educação, tomando como base para sua
operacionalização o princípio da gestão democrática, fundada na participação
e no controle social. Vimos como é fundamental o princípio da gestão
democrática na relação direta com a operacionalização (administrativa e
financeira) do PDDE no âmbito da educação básica e o quanto este princípio
deve ser fortalecido por todos que fazem a educação.

Outro aspecto de relevância nesse Módulo I foi conhecer as Leis e


Resoluções que normatizam o PDDE, no sentido de estarmos em sintonia
com as mudanças que ocorrem na legislação e no contexto das políticas
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educacionais para acompanhar sua operacionalização no contexto da escola.
Também foi valoroso, conhecer de forma prática e reflexiva como se dá o
processo de organização, planejamento desse programa nas unidades de
educação básica, a sua gestão (financeira e administrativa), a participação e
controle social da comunidade escolar e aprender sobre o IdeGES, que é um
instrumento para mensurar o desempenho da gestão descentralizada do
PDDE em todo território nacional, a fim de viabilizar iniciativas de
monitoramento e avaliação para melhoria do desempenho do Programa e
reconhecimento das iniciativas desenvolvidas nas escolas.

Por fim, ressaltamos também a oportunidade de estudar sobre as Ações


Integradas que compõem o PDDE. Vimos que são Ações importantes para a
melhoria da qualidade da educação básica, financiadas pelo FNDE/PDDE,
focadas em situações e finalidades específicas, vivenciadas pelas escolas de
educação básica, distribuídas nos quatro cantos do nosso país.

É possível afirmar que todo conhecimento e estudo contribuíram na


formação dos gestores que estão no contexto educativo escolar,
possibilitando-os capacitação de qualidade e responsável, para o
gerenciamento do PDDE e Ações Integradas. Sem dúvida, um aprendizado
que vai gerar bons frutos no cotidiano de nossas unidades públicas escolares
com reflexos positivos na qualidade do desempenho educacional. Esse é o
nosso maior desejo e continuaremos juntos!

Vamos ao Modulo II?

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