Você está na página 1de 27

GESTÃO DE CUSTOS NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Faculdade de Minas

Sumário

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4

A CONTABILIDADE DE CUSTOS.......................................................................... 7
ORIGEM DA CONTABILIDADE DE CUSTOS ..................................................... 11
CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS ........................................................................ 14
CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS .................................................................. 14

CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS ........................................................................ 15

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E A CONTABILIDADE........................................ 16


A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ...................................................................... 18
A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE CUSTOS NO SETOR PÚBLICO ......... 20
A PREOCUPAÇÃO COM A CONTABILIDADE PÚBLICA .................................... 22
CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS E ESTRUTURA PROGRAMÁTICA
23
MÉTODOS DE CUSTEIO ..................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 25

2
Faculdade de Minas

FACUMINAS

A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável


e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e
ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país
na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no
atendimento e valor do serviço oferecido.

3
Faculdade de Minas

INTRODUÇÃO

A contabilidade tem passado por diversas mudanças nos últimos anos, tanto no
âmbito privado quanto o público, no qual se destaca a utilização de mecanismos e
práticas do setor privado como eficiência, eficácia, efetividade e transparência pela
administração pública. Para Hojer e Forkby (2011) a introdução de mecanismos de
gestão do setor privado na administração pública é decorrente da New Public
Management (NPM).

No Brasil, a Nova Gestão Pública (NGP) foi materializada por meio da reforma
gerencial, ocorrida no ano de 1995, sendo esta inspirada no modelo britânico
(MATIASPEREIRA, 2008). No entanto, na visão de Bresser-Pereira (2011) a
utilização do modelo de administração empresarial quanto ao planejamento,
organização e controle das ações aplicadas ao Estado é uma característica de
gestão, sendo a administração pública muito mais ampla.

Dentre as técnicas e ferramentas de mercado utilizadas pela administração pública


destaca-se a necessidade de apuração dos custos dos bens e serviços ofertados à
sociedade. Na contabilidade pública brasileira essa preocupação surge antes mesmo
da implantação da administração pública gerencial, tendo início com a Lei nº 4.320/64
e o Decreto Lei nº 200/67, os quais foram posteriormente ratificados pela Lei
Complementar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Neste sentido, e buscando adequar a contabilidade pública brasileira ao contexto


internacional, o Ministério da Fazenda (MF) conforme Portaria MF nº 184, de 25 de
agosto de 2008 e do Decreto nº 6.976, de 7 de outubro de 2009, estabeleceu a
Secretaria do Tesouro Nacional (STN) como responsável pela promoção da busca

4
Faculdade de Minas

pela convergência aos padrões internacionais de contabilidade do setor público,


respeitados os aspectos formais e conceituais estabelecidos na legislação vigente.

Diante de tal atribuição a STN desenvolveu o Manual de Contabilidade Aplicada ao


Setor Público (MCASP), com o objetivo de colaborar com o processo de elaboração
e execução do orçamento, além de contribuir para resgatar o objeto da contabilidade
como ciência, que é o patrimônio. Com isso, a contabilidade poderá atender a
demanda de informações requeridas por seus usuários, possibilitando a análise de
demonstrações contábeis adequadas aos padrões internacionais, sob os enfoques
orçamentário e patrimonial, com base em um Plano de Contas Nacional (MCASP,
2012).

Neste contexto a STN, com a Portaria nº 437, de 12 de julho de 2012 aprovou a Parte
II do MCASP, a qual trata dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais, os quais devem
ser implementados pelos entes federados de forma gradual até o final do exercício de
2014, salvo existência de legislação antecipando tal prazo, emanada por órgãos de
controle.

A Parte II do MCASP, destaca a necessidade de implementação de um sistema de


custos que produza informações para subsidiar os gestores públicos na tomada de
decisão, tendo como foco a eficiência na alocação dos recursos públicos, no entanto,
porém não expressa qual o método de custeio deve ser utilizado para a apuração dos
custos.

Martins (2008) destaca que um sistema de custos representa um conduto, que tem
como finalidade recolher dados em diversos pontos da organização, processá-los e
com base neles produzir informações para fins de avaliação de estoques, controle e
tomada de decisão. As informações produzidas por um sistema de custos devem ter
utilidade e beneficiar toda a organização (HANSEN; MOWEN, 2001).

5
Faculdade de Minas

Por outro lado a NBC T 16.11, que disciplina o sistema de informação de custos no
setor público destaca que o método de custeio deve ser utilizado para apropriar os
custos, e deve se relacionar com o processo de identificação e associação dos custos
dos bens ou serviços custeados, no entanto, a norma não aponta qual o método deve
ser utilizado.

Neste sentido Gonçalves, Zac e Amorim (2009) descrevem que os métodos de


custeio têm como objetivo expressar a forma como os custos serão alocados aos
produtos, serviços e/ou atividades desenvolvidas por uma organização.

Para Machado e Holanda (2010), há uma dificuldade na escolha do método de custeio


para o setor público, considerando que existem defensores de quase todos os
métodos, por outro lado no setor privado há uma limitação legal quanto ao uso dos
métodos de custeio, o que não ocorre no setor público, sendo permitida a utilização
de qualquer um dos métodos.

A limitação legal diz respeito à indicação do método de apuração de custos para o


setor privado, fato que não ocorre no setor público, o qual só existe o mandamento
legal de apurar custos, sem apontar qual a metodologia deverá ser empregada diante
das opções existentes.

Mauss e Souza (2008) informam que mesmo com a legislação apontando a


obrigatoriedade da utilização das informações de custos, os gestores públicos tomam
decisões diárias sem utilizá-las, e que a prática tem mostrado que as instituições que
adotaram sistemas de custos não o fizeram de forma estruturada conceitualmente,
no entanto, apesar disto tem proporcionado resultados mais positivos na gestão
administrativa e financeira destas instituições.

Diante do contexto da exigência legal da apuração dos custos na administração


pública, e da possibilidade de utilização de qualquer um método de custeio, deve-se

6
Faculdade de Minas

verificar o conjunto de informações geradas por cada um dos métodos e sua


contribuição no processo de tomada de decisão.

Por outro lado, a legislação aponta que a apuração dos custos deve ser feita de forma
a evidenciar a eficiência e possibilitar a utilização destas informações no processo de
tomada de decisão, o que presume-se que uma das formas de apurar custos é
mediante a utilização das ferramentas de planejamento integrantes do processo
orçamentário.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) exige que as entidades públicas gerenciem


os recursos públicos de modo que gere eficiência no resultado de suas atividades,
também demonstra a importância de um Sistema de Custos para a Administração
Pública. A contabilidade de custos oferece ao gestor informações de relevância
estratégica para dar suporte às decisões tomadas na entidade.

( Fonte: https://www.consultre.com.br/course/contabilidade-de-custos/ )
A CONTABILIDADE DE CUSTOS

7
Faculdade de Minas

A contabilidade de custos é a área da ciência contábil que dedica ao estudo dos


gastos incorridos na produção quer seja de um bem ou serviços. Sua aplicação pode
ser feita em qualquer empresa desde que tenha o intuito de aprimorar seus controles,
mantendo-se ativamente no mercado (FERREIRA, 2007).

A contabilidade de custos é utilizada para se apurar os custos dos produtos ou


serviços, e tem um papel importante de fornecer informações contribuindo para a
tomada de decisões, pois ela analisa os gastos da entidade.

Leone (2000) define Contabilidade de Custos: “A Contabilidade de Custos é o ramo


da Contabilidade que se destina a produzir informações para os diversos níveis
gerenciais de uma entidade, como o auxílio às funções de determinação de
desempenho, de planejamento e controle das operações e de tomada de decisões”.

Os termos utilizados na Contabilidade de Custos podem ser confundidos, devido às


palavras serem sinônimas, porém possuem significados diferentes, não existe um
padrão legal e dentre os termos mais comuns são: gasto, custo, despesa,
desembolso, investimento, perda. Os termos mais confundidos entre si são: custo,
gasto e despesa; e desembolso com investimento.

Custo de forma geral é o sacrifício necessário para se alcançar algum objetivo.


Segundo Martins (2010, p. 17), custo é o “gasto relativo ao bem ou serviço utilizado
na produção de outros bens ou serviços”. Sendo assim, o custo é reconhecido como
tal, no momento da utilização dos fatores de produção visando a fabricação de um
produto ou serviço.

Segundo Souza e Clemente (2007), A moderna gestão de empresas visualiza os


custos de forma mais ampla, isto é, ao longo de toda a cadeia de valor da empresa.
A redução dos custos ao longo da cadeia tornou-se imperativo para se conseguir
vantagem competitiva. A decomposição da cadeia de valor em processos e a análise
desses processos são, em última instância, as fontes de informação para o

8
Faculdade de Minas

delineamento da estratégia de liderança em custos (SOUZA e CELEMENTE, 2007,


p. 14).

Destacamos que a contabilidade de custos é uma ferramenta de grande atuação


dentro da administração dos recursos públicos, pois ao se conhecer os custos os
serviços prestados são cada vez melhores o que acaba por reduzir desvios e até
mesmo desperdícios no setor público.

A Contabilidade de Custos operacionaliza suas atividades, registra e gera as


informações de custos por meio de um método de custeio. Vários são os métodos
existentes e utilizados para fins fiscais e gerenciais pelas empresas públicas e
privadas, dentre os quais se destacam: Custeio por Absorção, Custeio Direto ou
Variável e Custeio Baseado em Atividades (ABC).

Fundamentalmente, a Contabilidade de Custos refere-se hoje às atividades de coleta


e fornecimento de informações para as necessidades de tomada de decisão de todos
os tipos, desde as relacionadas com operações repetitivas até as de natureza
estratégica, não repetitivas, e, ainda, ajuda na formulação das principais políticas da
organização. (LEONE, 2000, p.22)

A Contabilidade de Custos, conforme Ching (2001, p.14), “nasceu da contabilidade


financeira e teve seu início nas empresas, na primeira década do século XX, para
atender a demanda externa de informações para os relatórios financeiros”.

Maher (2004, p. 86), conceitua custo e despesa na contabilidade da seguinte maneira:


“Um custo é um sacrifício de recursos; uma despesa, um custo lançado contra a
receita de determinado período contábil, geralmente com o objetivo de apresentação
de relatórios financeiros.”

9
Faculdade de Minas

Passareli e Bomfim (2004) apresentam três componentes básicos dos custos:

Matérias-primas ou material direto – este termo abrange materiais comprados pela


empresa com o objetivo de incorporá-los fisicamente ao produto final através do
processo de produção. A matéria-prima abrange também os itens que ainda deverão
sofrer um beneficiamento antes de sua inclusão ao produto final.

Mão-de-obra direta – é composta por todo o trabalho que se aplica diretamente na


execução do produto ou de suas partes e componentes, sendo este trabalho
especializado ou não.

Custos gerais de fabricação – representam todos os custos industriais, que não


podem ser identificados com um produto específico, e devem ser alocados ou
distribuídos aos produtos na base de rateios. Incluem todos os outros custos
existentes na fábrica necessários para que a mão-de-obra direta, através do processo
de produção, possa transformar as matérias-primas e o material direto utilizados.

10
Faculdade de Minas

ORIGEM DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

Para Martins (2010), até a Revolução Industrial (séc. XVIII) quase só existia a
Contabilidade financeira ou geral, que era suficiente para servir as empresas
comerciais da Era Mercantilista. Porém, com o advento das indústrias, ficou difícil
para os contadores identificarem facilmente os valores dos estoques para fechamento
de seus balanços.

Com o crescimento da indústria, os procedimentos contábeis tiveram de ser


adaptados à nova demanda informativa. Martins (2010) expressa que a necessidade
de atribuir valores para os estoques das empresas, no momento do fechamento de
balanço e apuração do resultado, fez com que surgisse então a contabilidade de
custos.

A Contabilidade de Custos, em um primeiro momento, limitava-se à função de avaliar


os estoques dessas indústrias e apurar seus resultados. Com a complexidade das
operações a Contabilidade evoluiu, agregando-se novas funções: controle e o auxílio
para tomadas de decisões (MARTINS, 2010).

Quanto ao controle Martins (2010 p. 21) afirma que:

Sua mais importante missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões,


orçamentos e outras formas de previsão e, num estágio imediatamente seguinte,
acompanhar o efetivamente acontecimento para comparação com os valores
anteriormente definidos.

Com a 2ª Revolução Industrial e o crescimento da tecnologia das indústrias surgiu à


necessidade de gerenciar as organizações. Assim a contabilidade ganhou forças

11
Faculdade de Minas

desenvolvendo áreas específicas, como a contabilidade financeira e a contabilidade


de gerencial, auxiliando as empresas no seu gerenciamento.

Estas áreas da contabilidade passaram a auxiliar no gerenciamento das empresas,


pois elas concediam informações que eram necessárias para o controle e
planejamento das organizações, além de auxiliar os gerentes através da mensuração
de informações financeiras (SOUZA, 2008). A contabilidade financeira, contabilidade
gerencial e a contabilidade de custos, proporcionam para as empresas ajuda na
tomada de decisões gerando bons resultados, pois uma das funções da contabilidade
é o fornecimento de informações úteis sobre os fenômenos patrimoniais ocorridos em
uma entidade.

Da adaptação e definição de procedimentos surgiu a Contabilidade de Custos.


Viceconti e Neves (p. 6, 1998) destacam:

A Contabilidade de Custos, nos seus primórdios, teve como principal função a


avaliação de estoques em empresas industriais, que é um procedimento muito mais
complexo do que nas comerciais, uma vez que envolve muito mais simples compra e
revenda de mercadorias. São feitos pagamentos a fatores de produção tais como
salários, aquisições e utilização de matérias-primas etc.

Diante de sua posição estratégica no sistema de informação contábil, o papel da


contabilidade de custos ganhou importância no âmbito decisório de todas as
organizações, pois atua como fonte alimentadora da Contabilidade Financeira, que
prepara as demonstrações contábeis, e da Contabilidade gerencial, que fornece
informações relacionadas aos dados contábeis aos seus usuários (BRITO, 2002).

Os custos são estabelecidos para que se possam atingir os objetivos quanto à


determinação do lucro, ao controle das operações e à tomada de decisões. Além
desses objetivos as informações geradas pela contabilidade de custos subsidiam a
determinação dos custos dos insumos aplicados na produção; a determinação dos

12
Faculdade de Minas

custos das diversas áreas que compõem a empresa; as políticas de redução dos
custos dos insumos aplicados na produção ou das diversas áreas que compõem a
empresa; o controle das operações e das atividades; a administração, auxiliando-a
na tomada de decisões ou na solução de problemas especiais; as políticas de redução
de desperdício de material, tempo ocioso entre outros, a elaboração de orçamentos
(MEGLIORINI, 2007).

13
Faculdade de Minas

CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

Podem ser classificados quanto à sua alocação dos custos aos produtos, sendo esses
diretos e indiretos, também quanto a sua dependência com o volume de produção ou
venda, fixos e variáveis, semifixos e semivariáveis.

CUSTOS DIRETOS E INDIRETOS

Os custos diretos são objetivamente apropriáveis ao produto acabado, que


diretamente podemos identificar que pertence este ou outro produto, basta só haver
uma medida de consumo. Exemplos: Matéria-prima (material direto), embalagens,
etc.

Os custos indiretos são os que não podem diretamente ser apropriados aos produtos,
no qual se utiliza de artifícios para alocação dos custos, ou seja, de maneira estimada.
Exemplos: aluguel da fábrica, seguros da fábrica, etc.

Para MARTINS (2010) a classificação de direto e indireto é com relação ao produto


feito ou do serviço prestado, e não à produção no sentido geral ou aos departamentos
dentro da empresa.

14
Faculdade de Minas

CUSTOS FIXOS E VARIÁVEIS

Outra classificação é a de custos fixos, que são aqueles que não dependem do
volume que se produz, o seu montante é fixo dependentemente do número de
atividades. Exemplos: depreciação, aluguel, etc.

Dependente do volume de produção se classifica também os custos variáveis que


são os que variam em função do volume de atividade da empresa, ou seja, quanto
maior a quantidade que se produz maior será o consumo. Exemplos: Matéria-prima,
Material Direto e a mão-de-obra direta, etc.

15
Faculdade de Minas

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E A CONTABILIDADE

A Contabilidade é uma ciência que tem como objeto de estudo o Patrimônio. Sua
função fundamental é estudar, registrar, controlar e confirmar o patrimônio e suas
variações, gerando informações aos usuários da informação contábil. A Contabilidade
Pública é um ramo da Contabilidade, que segue os postulados e princípios, e tem
como objeto de estudo o Patrimônio Público. Para Silva (2011) a Contabilidade
Pública, além de registrar todos os fatos contábeis e suas modificações e permutas,
registra também os atos potenciais praticados pelo administrador, que poderão alterar
qualitativa ou quantitativamente o patrimônio.

O objetivo fundamental da ciência contábil, é apresentar em forma de Demonstrações


Contábeis, a situação do Patrimônio e as alterações ocorridas neste no decorrer de
todo exercício. A contabilidade aplicada a Administração Pública tem a função de
registrar a todas as previsões de receitas e fazer a fixação das despesas que são
estabelecidas no Orçamento Público que foram aprovadas para o exercício. Tem
ainda que realizar a escrituração e execução dos orçamentos buscando controlar as
despesas e as receitas.

A Contabilidade Pública não está interessada, somente no patrimônio e na descrição


de suas variações, busca clareza nos orçamentos e nas suas execuções. Segundo
Flores (2008) a contabilidade é uma ferramenta indispensável para a gestão pública,
pois é um instrumento de controle imprescindível para a prestação de contas dos
gestores públicos. Desse fato, surge a necessidade da utilização da contabilidade
aplicada a Administração Pública como ferramenta indispensável na busca por
interesses nos atos e fatos envolvendo as questões orçamentais.

16
Faculdade de Minas

A contabilidade de custos é uma ferramenta importante em qualquer tipo de


organização, pois auxilia aos administradores no processo de tomada de decisão e
no controle dos gastos. No setor público isso não é diferente visto como um
instrumento que dá amparo à tomada de decisões, ao controle gerencial e à
transparência do serviço público, além de auxiliar os gestores a gerenciar de forma
eficiente e realizar uma gestão pública eficaz. (MAUSS; SOUZA, 2008)

A utilização de um sistema de custo na administração pública era bem limitada,


determinando somente aos serviços públicos industriais, prevista na Lei 4.320/1964
em seu artigo 99, no qual os entes públicos tinham que manter uma contabilidade
especial para apuração dos custos de seus serviços. Somente em 1967 com o
Decreto-Lei nº 200 em seu artigo 79 onde a lei determinou para toda a administração
pública, que se devem apurar os custos dos serviços de forma que se evidenciem os
resultados da gestão.

Para Slomski (2005, p. 55) a aplicação de um sistema de custos na administração


pública é um assunto novo e encontra-se, ainda, em sua fase “embrionária”.
Entretanto mesmo com a legislação “forçando” a sua utilização, não era realizado.

17
Faculdade de Minas

A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

A Administração Financeira é o setor da administração que trata dos assuntos


relacionados às finanças das organizações, e se encontra interligada à economia e
contabilidade.

O desenvolvimento de vários modelos de administração Financeira, notadamente


quando inseridos em economias amplamente indexadas como a brasileira, requer,
previamente ao seu estudo, o conhecimento básico do cálculo financeiro como um
instrumento de apoio ao processo empresarial de tomada de decisões. (MARTINS;
NETO, 1986, p.25)

Sanvicente (1997) aponta as principais áreas de decisões na Administração


Financeira na empresa como:

Investimento – incide na avaliação e escolha de alternativas de aplicação de


recursos nas atividades da organização.

Financiamento – nesta área, o que se faz é definir e alcançar uma estrutura ideal se
tratando de fontes de recursos, apresentada a composição dos investimentos.

Utilização do lucro líquido – se preocupa com a destinação dada aos recursos


financeiros que a empresa origina em atividades operacionais e extra- operacionais.

Em termos gerais, o que chamamos de administrador financeiro, qualquer que seja o


título específico de seu cargo [...], é o indivíduo ou grupo de indivíduos preocupados

18
Faculdade de Minas

com (1) a obtenção de recursos monetários para que a empresa desenvolva as suas
atividades correntes e expanda a sua escala de operações, se assim for desejável, e
(2) a análise da maneira (eficiência) com a qual os recursos obtidos são utilizados
pelos diversos setores e nas várias áreas de atuação da empresa. (SANVICENTE,
1997, p. 17, grifos dos autores)

Martins e Neto (1896) apresentam as várias funções da Administração Financeira,


entre as quais estão: cálculo financeiro básico e aplicações (juros simples e
compostos), cálculo financeiro em contextos inflacionários, estruturas das
demonstrações contábeis, apuração do resultado empresarial e variação nos preços,
fluxos financeiros e inflação, análise custo-volume-lucro e alavancagem operacional,
alavancagem financeira, análise de demonstrações contábeis, capital de giro,
administração de caixa, administração de contas a receber, custo, estrutura de capital
e nível de endividamento, decisões de dividendos, planejamento financeiro entre
outras.

19
Faculdade de Minas

A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE CUSTOS NO SETOR


PÚBLICO

Para Rezende et al (2010) o foco em resultados, a ampliação da transparência das


ações governamentais, o aumento da accountability de políticos, gestores e
profissionais na administração pública, assim como a identificação de novas formas
de provisão dos serviços públicos têm na informação de custos um de seus
pilares fundamentais. A idéia motivadora para a implantação de qualquer sistema de
custos na área governamental deve estar sempre em consonância com as seguintes
dimensões fundamentais de fornecimento dos serviços públicos (Bacen 2004, p.7):

 Planejamento – constitui a fase de elaboração das estratégias em que tem


lugar a definição dos objetivos do serviço a ser prestado;

 Orçamento – fase em que são alinhadas todas as atividades e projetos,


mediante as diversas variáveis identificadoras do serviço;

 Gestão – fase em que se destaca a importância da administração em relação


à especificação de objetivos e na qual deve existir clara separação entre a
esfera política – própria da administração – e a técnico-econômica da
organização.

Por fim, são várias as dificuldades na implantação de um sistema de custos na


administração pública. Seja pela ocorrência de informações em duplicidade em
que Silva et al (2008) salientam que, em algumas situações, um mesmo gasto
pode envolver atividades exercidas por mais de uma unidade e um mesmo gasto
pode envolver fases em departamentos distintos. Ou pela falta de incentivo e/ou
ao surgimento de fatores inibidores à utilização das informações geradas pelo

20
Faculdade de Minas

sistema de custos ou ainda porque as informações indicadas não atendem à


demanda (WERNECK, 2006).

21
Faculdade de Minas

A PREOCUPAÇÃO COM A CONTABILIDADE PÚBLICA

A preocupação com a contabilidade de custos na administração pública tem como


marco inicial a lei 4320/64 que trata das normas de elaboração e controle dos
orçamentos e balanços da União, dos estados, municípios e do Distrito Federal. Nos
seus artigos 85 e 99 ela determina:

Artigo 85: Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o


acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição
patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais...

Artigo 99: Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como empresa
pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para determinação dos
custos, ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeiro
comum.

22
Faculdade de Minas

CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS E ESTRUTURA


PROGRAMÁTICA

As despesas públicas podem ser classificadas quanto à natureza e quanto à função.


A classificação funcional das despesas, compostas de um rol de funções e
subfunções pré-fixadas, detém o papel de agregador dos gastos públicos por área de
ação governamental, nas três esferas. Trata-se de uma classificação independente
dos programas. As funções são as ações desenvolvidas pelo Governo reunidas em
seus grupos maiores como, Legislativa, Agricultura, Transportes etc. Por outro lado,
as subfunções visam agregar determinado conjunto de despesas do setor público e
identifica a natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções (Lima.e
Castro 2000, p.57 e 58).

Por exemplo, na função Transporte, teremos as subfunções Transporte Aéreo,


Transporte Rodoviário, Transporte Ferroviário etc. Para Lima e Castro (2000), o
modelo da estrutura programática, que substituiu a classificação funcional
programática, está baseado na utilização dos Programas como modulo integrador
entre planejamento e orçamento em que cada programa deverá dar solução a um
problema, mediante conjunto articulado de projetos, atividades e ações. Dessa forma,
programa é o instrumento de organização da atuação governamental. Exemplos de
programa são Defesa dos direitos da criança e adolescente, Segurança nas rodovias
federais, Qualidade e eficiência do SUS. Projeto é um instrumento de programação
para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações
limitadas no tempo. Atividade é instrumento de programação envolvendo um conjunto
de operações que se realizam de modo continuo e permanente.

23
Faculdade de Minas

MÉTODOS DE CUSTEIO

De acordo com Slomski (2005), entende-se por método de custeio a forma de


atribuição de custos a determinado produto ou serviço. Segundo Moreira et al (2004)
método é o mecanismo que define os custos que farão parte do custeamento do
produto ou serviço, e sistema é a maneira de mensuração de cada componente do
custo.

O processo de custeamento de produtos ou serviços nas empresas depende do


sistema e do método de custeio, pois para cada sistema e método utilizado podem-
se alcançar valores e estruturas diferentes. A escolha do método deve estar apoiada
na disponibilidade de informações e no volume de recursos necessários para obter
as informações. As entidades podem adotar mais de uma metodologia de
custeamento, dependendo das características dos objetos de custeio e do objetivo a
ser alcançado.

O objetivo principal de qualquer método de custeio é determinar o custo incorrido no


processo de produção de bens ou prestação de serviços. O método utilizado na
apuração é determinado de acordo com o tipo de informação que a entidade necessita
na tomada de decisões (PEREZ JUNIOR; OLIVEIRA; COSTA, 2008).

Na apuração do custo, o resultado consiste em associar aos produtos e serviços os


gastos referentes às atividades de execução de bens e serviços que ocorrem na área
de elaboração, que são considerados departamentos. (DUTRA, 2009).

24
Faculdade de Minas

MÉTODOS DE CUSTEIO UTILIZADOS PELA ADMINISTRAÇÃO


PÚBLICA

Os métodos de custeio são apresentados por Martins e Rocha (2010) como os


elementos do valor de custos de um evento, atividade, produto, atributo etc. assim, o
estudo e a prática de diferentes métodos de custeio dizem respeito as possibilidade
de tomada de decisão sobre quais os elementos de custos devem ou não serem
contabilizados na mensuração do custo dos produtos ou serviços.

Segundo Paton e Scarpin (2012) a escolha do método de custeio deve levar e


consideração diversos fatores que integram os custos da organização, dentre os
quais destacam-se a composição dos custos diretos e indiretos, fixos e variáveis, a
relevância de cada um deles na confecção de produtos ou realização de serviços.

Para Bitti, Aquino e Cardoso (2011) ao escolher um método e propor um modelo como
ideal ou ótimo, uma etapa fundamental é negligenciada no processo, a qual
compreende a identificação das variáveis que antecedem a opção por um
determinado modelo ou sistema gerencial baseado em custos.

Para Machado e Holanda (2010) existe uma dificuldade na escolha do método de


custeio no setor público, isso deve-se ao fato de haver defensores de quase todos os
métodos. Por outro lado, enquanto no setor privado há uma limitação legal quanto à
utilização dos métodos de custeio, na administração pública não existe esta limitação,
o que permite a utilização de qualquer um dos métodos.

Slomski et al. (2010) destacam que a não indicação de um método de custeio dar
liberdade ao gestor de adotar aquele que lhe for mais conveniente, no entanto,

25
Faculdade de Minas

compete ao técnico a estruturação de um sistema de custeamento, o qual deve


expressar qual sistema foi utilizado, esclarecendo a informação produzida, bem como
a forma de utilização da mesma, se para a formação de estoque ou auxiliar na tomada
de decisão, por outro lado esse sistema deve além de ser de conhecimento
acadêmico deve estar voltado para atender ao princípio constitucional da eficiência.

Desta forma, o método de custeio mais apropriado para a administração pública é


aquele que produza informações consistentes e estas devem possibilitar uma análise
quanto a escolha em relação à produção ou compras de produtos e serviços, bem
como a execução ou terceirização de determinadas atividades.

26
Faculdade de Minas

REFERÊNCIAS

https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/viewFile/3787/3788

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/gestao-de-custos

https://www.ufpb.br/ebap/contents/documentos/0934-951-custos-no-setor-
publico.pdf

https://www.researchgate.net/publication/313804303_Gestao_de_Custos_na_Admin
istracao_Publica

http://siaibib01.univali.br/pdf/Grasiela%20Reinert.pdf

27

Você também pode gostar