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Auditoria e Compliance em Saúde

MBA

Gestão e
auditoria de
custos em
serviços de saúde

Unidade I

Professor Autor
Luís Fernando Forni
MBA Auditoria e Compliance em Saúde

Sumário

Conversa inicial...������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 4
1. Histórico���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 5
2. Introdução������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 6
3. Contabilidade de custos����������������������������������������������������������������������������������������������� 6
3.1. Esquema básico da Contabilidade de Custos�������������������������������������������������������� 7
4. Contabilidade gerencial����������������������������������������������������������������������������������������������� 9
Considerações finais������������������������������������������������������������������������������������������������������ 11
Referências�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 12

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Gestão e Auditoria de Custos em Serviços de Saúde

Objetivo Geral

Apresentar a contabilidade de custos e a sua importância na gestão dentro das instituições de saúde.

Objetivos Específicos

• Estimular uma reflexão sobre o surgimento de custos.

• Discutir os objetivos da contabilidade de custos nas instituições de saúde, como custos para medição
do lucro, fornecer informações para o controle e tomada de decisões.

• Introduzir ao gestor como funcionam os custos por meio de um esquema básico de custos, a
separação dos custos, a apropriação e custo final do serviço prestado.

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Conversa inicial...

Olá!

Bem-vindo(a) ao primeiro módulo de estudos voltados à Gestão e Auditoria de Custos em Serviços de


Saúde.

Nesta unidade, faremos uma introdução sobre o surgimento de custos e a contabilidade gerencial de
custos nas instituições de saúde.

Vamos discutir como os custos influenciam na medição do lucro, e também como fornecem informações
para o controle e tomada de decisões.

Instituições de saúde que notadamente colocam em prática esses conceitos estão mais bem preparadas
para negociações com os players de mercado.

Bons estudos!

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1. Histórico

A história da Contabilidade se confunde com a história do homem em atividade econômica. Podemos


notar que as inscrições rupestres existentes desde aproximadamente 5.000 a.C., período em que não
existiam números nem escrita, demonstravam que o homem daquela época efetuava uma contagem
física de seu rebanho de ovelhas e as comparava de ano em ano para ver se sua riqueza havia aumentado.
Com isso temos o primeiro indício de contabilidade: o inventário físico.

Por volta do século XV, pela necessidade do registro e controle das operações comerciais da época,
e principalmente para controle dos bens da Igreja Católica na Idade Média, o frade franciscano Luca
Pacciolo escreveu, em 1498, o primeiro tratado científico de contabilidade, onde consolidou o método
das partidas dobradas, anteriormente utilizada no mercantilismo e amplamente utilizada até hoje na
forma de débito e crédito.

Até a revolução industrial (século XVIII), a Contabilidade Financeira ou Fiscal atendia às necessidades das
empresas comerciais. Com o advento das indústrias, tornou-se mais complexa a função do contador,
que não dispunha tão facilmente dos dados para atribuir valor aos estoques. O custo do produto passou
a absorver todos os insumos necessários à sua produção.

A preocupação primeira dos contadores, auditores e fiscais foi a de fazer da Contabilidade de Custos
uma forma de resolver seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado, não
a de fazer dela um instrumento de administração. Por não utilizar todo o seu potencial no campo
gerencial, a Contabilidade de Custos deixou de ter uma evolução mais acentuada por um longo tempo.

Devido ao crescimento das empresas, além do consequente aumento da distância entre o administrador
e as pessoas e os bens administrados, a contabilidade de custos passou a ser encarada como uma
eficiente forma de auxílio no desempenho da missão gerencial.

É importante lembrar que essa nova visão por parte dos usuários de custos não data de mais de algumas
décadas, e, por essa razão, ainda há muito a ser desenvolvido. É também importante constatar que as
regras e os princípios de contabilidade na Contabilidade de Custos foram criados e mantidos com a
finalidade básica de avaliação dos estoques e não para o fornecimento de dados à administração. Por
essa razão, são necessárias certas adaptações quando se deseja desenvolver bem esse outro potencial;
potencial esse que, na grande maioria das empresas, é mais importante do que aquele motivo que fez
com que a própria Contabilidade de Custos surgisse.

A contabilidade evoluiu e nos dias atuais é considerada um instrumento importante dentro das
organizações para apuração do resultado — lucro ou prejuízo —, bem como para o levantamento do
balanço no final de determinado período, e, sobretudo, gerando informações para tomada de decisões.

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2. Introdução

Em meio a um cenário econômico e político com inúmeras dificuldades, decorrentes de uma conjuntura
nacional complexa, vivenciadas pelas empresas, o custo tornou-se um tema essencial no gerenciamento
das organizações de saúde.

Essa preocupação associa-se à própria sobrevivência das organizações de saúde e também de


empresas de outros ramos. Isso vale para a sua continuidade normal, crescimento, consolidação, para o
cumprimento dos seus objetivos estatutários, remuneração suficiente em relação ao capital investido,
e para o objetivo de atender às finalidades sociais pelas quais foi constituída como organização.

A gestão de custos aplicada às instituições de saúde compreende uma extensão de benefícios que
vai muito além das necessidades pertinentes ao ciclo da contabilidade de custos, cuja preocupação
encerra-se na apuração do custo dos produtos ou serviços com a finalidade de preparação de
demonstrações contábeis, sob a configuração definida pela legislação tributária. Além dessas questões
de natureza contábil e tributária, uma série de outras contribuições enriquece o papel da gestão de
custos hospitalares. As informações de custeio dos serviços são fundamentais para a formulação de
preços; relatórios gerenciais de custos das operações são instrumentos indispensáveis à disseminação
da gestão de custos em todos os níveis de responsabilidade; os valores de custos, quando comparados
com a receita, permitem a avaliação de resultados segmentados por atividades operacionais, bem como
a atenção à dinâmica demandada por novos desenhos de informações, que se cria a cada instante, para
fazer frente à tomada de decisão sobre investimentos, alterações de mix dos serviços, utilização de
capacidade ociosa, entre outros.

3. Contabilidade de custos

A Contabilidade de Custos consiste de uma ramificação da Contabilidade Geral especificamente


destinada a atribuir custos aos serviços e departamentos de uma empresa.

A área de custos é de grande importância e utilidade para a administração, pois os dados de custos
podem ser aproveitados como instrumento de avaliação e tomada de decisão. Além de significativas
contribuições à industrialização, essa área introduziu inovações na metodologia contábil, e deve estar
sempre preparada para se adaptar às diversas necessidades da administração.

Objetivos da Contabilidade de Custos:

O campo da contabilidade de custos tem evoluído, assumindo ao longo do tempo objetivos de maior
importância.

O primeiro passo da Contabilidade de Custos na área hospitalar encontra-se voltada para apuração
do custo dos serviços prestados. O conjunto de informações geradas pela área, se dispostas de forma
bem ordenada, constitui um dos insumos básicos ao exercício do controle e avaliação das atividades
operacionais.

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Em razão disso, um dos progressos dessa área consiste na utilização dos custos para a tomada de
decisões administrativas, através de análises especiais de custos que indicam a capacidade dos serviços
em gerar resultados.

De maneira genérica, podemos resumir os seguintes objetivos básicos da contabilidade de custos:

• Valorização dos estoques: fornecer dados de custos para a medição do lucro (Demonstração dos
Resultados).

• Controle: fornecer informações aos dirigentes para o controle das operações e atividades da
empresa (parâmetros da área, orçamentos etc.).

• Tomada de decisão: fornecer informações para o planejamento e a tomada de decisões (análises e


estudos especiais: comprar ou produzir, fechar ou manter um serviço ou departamento deficitário).

A Contabilidade de Custos tem a sua participação na Contabilidade Geral pela apresentação dos dados
de custos dos serviços prestados durante o período. A área de custos informa os dados referentes ao
custo dos serviços prestados. Portanto, há necessariamente esse relacionamento entre a Contabilidade
Geral e a de Custos.

É importante destacar que a Contabilidade de Custos normalmente se preocupa em oferecer maiores


informações a respeito do custo dos serviços. Tais informações são orientadas para objetivos de análise
através de relatórios especiais, tornando essa área bem mais importante no contexto administrativo e
gerencial. A preocupação voltada para fins gerenciais constitui um enfoque moderno da Contabilidade
de Custos, participando ativamente do exercício do controle, planejamento e tomada de decisão.

3.1. Esquema básico da Contabilidade de Custos

Segundos Matos (2002), na medida em que a contabilidade de custos tem como fundamento a geração
dos custos dos produtos e serviços, independente de se os mesmos propiciam receita no período
(poderão ser mantidos em estoque até o momento em que sejam vendidos), um roteiro de acumulação
de custos deve ser seguido, com o objetivo de valorizar adequadamente o montante atribuído ao custo
dos produtos vendidos e dos estoques de produtos acabados ou em elaboração.

Dentro do sistema contábil devemos seguir alguns passos para que se constituam os valores de custos
para se chegar aos custos dos produtos vendidos e estoques sem, todavia, deixar de respeitar um dos
princípios de contabilidade, que é o regime de competência. São elas:

a) Separação dos custos e despesas;

b) Apropriação dos custos diretos;

c) Apropriação dos custos indiretos;

d) Cálculo dos custos dos produtos vendidos e estoque de produtos acabados e em elaboração.

Para um primeiro contato com a contabilidade de custos, a seguir demonstramos o esquema básico de

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uma contabilidade de custos de uma indústria. A diferença é que nos hospitais não possuímos estoques
de produtos acabados e os custos dos serviços prestados vão direto para o DRE – Demonstração de
Resultados do Exercício.

Figura 1. ESQUEMA BÁSICO DA CONTABILIDADE DE CUSTOS

Fonte: Matos (2002, p. 64)

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4. Contabilidade gerencial

A Administração, como responsável pelo desempenho do Hospital, não é atendida plenamente com as
informações periódicas colocadas pela Contabilidade Geral e pela Contabilidade de Custos. A dinâmica
dos negócios exige um quadro de informações adicionais e, para o alcance dessa meta, faz-se necessário
o exercício da Contabilidade Gerencial, caracterizada por um grau de detalhe mais analítico ou uma
forma de apresentação diferenciada, que ofereça subsídios indispensáveis ao processo decisório da
administração.

A Contabilidade Gerencial exige do contador uma preparação adequada, voltada para o valor da
informação para a tomada de decisão. Terá que vestir uma roupagem com feições administrativas,
constituir uma dinâmica diferenciada para gerar um estilo de contabilidade criativo e desejoso de ser
útil aos responsáveis pelo desempenho das unidades do hospital.

Despertando para esse quadro atrativo, o contador provoca uma modificação de impressões a
respeito da área contábil, proporcionando consequentemente um apoio aos critérios por ele definidos,
decorrentes da consciência da importância que é difundida através da apresentação de dados
interessantes à análise de desempenho das unidades.

A realização de uma Contabilidade Gerencial exige um esforço comum das áreas contábeis e
administrativas. Muitas vezes, o contador se queixa de que não encontra apoio da administração para
realizar um trabalho de melhor qualidade, ao mesmo tempo em que o administrador faz restrições à
contabilidade por esta não fornecer o mínimo de informações para a tomada de decisões.

É fundamental que o contador gerencial assuma características diferenciadas dos padrões de


contabilidade tradicionais e ofereça um “refinamento” e apresentação de maneira clara, resumida e
operacional de dados esparsos nos registros da Contabilidade Geral, de Custos e controles operacionais,
bem como a reunião de tais informes com outros conhecimentos não especificamente ligados à área
contábil, para suprir a administração em seu processo decisório.

É importante observar ainda que a Contabilidade Gerencial deve desvincular-se das regras e princípios
que regem a Contabilidade Geral ou as exigências legais da legislação a fim de gerar informações
de caráter estritamente gerencial para tomada de decisões, controles e apuração de resultados
operacionais gerenciais.

Ao fornecer relatórios gerenciais às unidades do Hospital, o contador deve estar consciente que os
seus responsáveis, com formação não predominantemente contábil, não se entusiasmarão com certas
expressões tão ao gosto dos contadores. É importante que tais relatórios ofereçam uma linguagem
adequada aos receptores de informações, capaz de ser plenamente assimilada. Sistemas contábeis
sofisticados, análises financeiras realizadas, apropriações de custos elaboradas com técnica e perfeição,
todos perdem seu efeito se não forem consubstanciados em relatórios que tenham aceitação por parte
dos responsáveis, nos mais variados escalões.

Na elaboração da informação gerencial é importante observar os diferentes níveis existentes no hospital.


O nível de responsabilidade (escala hierárquica) definirá o tipo de informação interessante para análise,
que normalmente atingem desde dados globais e estratégicos até um desempenho setorial analítico.

Níveis elevados de direção ou gerência se interessarão por informações globais, tais como:

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• O hospital está conseguindo atender a clientela estabelecida pelos objetivos e metas?


• O hospital está gerando recursos para atender uma expansão ou melhoria necessária?
• Nível de faturamento do hospital (e das unidades) está apresentando crescimento real?
• Qual o comportamento das receitas e despesas por tipo de cliente ou por áreas de serviços?

Níveis intermediários da administração terão interesse em dados restritos à sua responsabilidade:

• Qual o volume de receita e despesa da unidade?


• Que comportamento apresenta a comparação dos resultados orçados e efetivos?
• Qual o comportamento dos custos — diretos e indiretos, fixos e variáveis — e a tendência do custo
dos serviços?

A resenha de questões indicada define claramente a importância da contabilidade gerencial para a


tomada de decisões, bem como para o acompanhamento dos custos e outros controles administrativos.

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Considerações finais

Nesta unidade você pôde aprender como se deu o surgimento da contabilidade como ciência e a
necessidade de se controlar os custos.

Verificamos a importância e os objetivos da contabilidade de custos nas instituições de saúde, como o


conhecimento dos custos é importante para medição do lucro, tanto para fornecer informações para o
controle, como para tomada de decisões em instituições de saúde.

A partir do esquema básico da contabilidade de custos você pôde observar como funciona a apuração
de custos tanto em empresas industriais como em instituições de saúde.

Encerramos aqui o nosso primeiro módulo de estudos. Espero que você tenha absorvido todo o
aprendizado proposto.

Espero te encontrar no segundo módulo.

Até breve!

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Referências

BEULK, R; BERTO, D.J. Gestão de custos e resultados na saúde: hospitais, clínicas, laboratórios e congêneres.
4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

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MATOS, Afonso J. Gestão de Custos Hospitalares: técnicas, análise e tomada de decisões. 3 ª ed. São Paulo:
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PADOVEZE, Clóvis L. Curso Básico Gerencial de Custos. 2ª ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.

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