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CONTABILIDADE PÚBLICA

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Sumário

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4

A DEFINIÇÃO E OBJETIVOS DA CONTABILIDADE PÚBLICA ............................ 5


AS PREOCUPAÇÕES DA CONTABILIDADE PÚBLICA ....................................... 7
COMO A CONTABILIDADE PÚBLICA FUNCIONA? ............................................. 8
QUEM ACOMPANHA OS REGISTROS CONTÁVEIS? ........................................ 9
SISTEMA CONTÁBIL .......................................................................................... 10
ESTRUTURA DO SISTEMA CONTÁBIL ......................................................... 11

AS HABILIDADES DE UM CONTADOR PÚBLICO ............................................. 12


AS NORMAS DA CONTABILIDADE PÚBLICA ................................................... 16
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ............................................................................. 17
VARIAÇÕES ATIVAS E PASSIVAS .................................................................... 18
O BALANÇO PATRIMONIAL .............................................................................. 19
O BALANÇO ORÇAMENTÁRIO ......................................................................... 20
O BALANÇO FINANCEIRO ................................................................................ 21
LEI DE 4.320 DE 1964 ........................................................................................ 22
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 24

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um


grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de
Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade
capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior.

O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de conhecimento,
aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação
continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos
e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando
os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras normas de
comunicação.

Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma


confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no
atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de
uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade.

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INTRODUÇÃO

Assim como qualquer ente, os órgãos públicos são capazes de adquirir direitos, de
assumir obrigações e ainda compram, vendem, produzem, constroem etc. Eles
realizam, por meio da execução de suas tarefas, as mais variadas operações
contábeis típicas, envolvendo as áreas financeira, orçamentária e patrimonial,
principalmente. Algumas dessas operações são encontradas no nosso dia a dia,
como por exemplo, recebimento de recursos financeiros próprios e de terceiros,
pagamento de pessoal e fornecedores, compra de materiais de consumo e bens
permanentes etc. Além de todas essas atividades, os órgãos e entidades públicas
praticam atos administrativos que têm a capacidade de provocar, no futuro,
alterações em elementos que compõem o seu patrimônio, ou seja, seus bens,
direitos e obrigações, como é o caso de contratos de serviços, convênios,
concessão de avais e outros atos.

A Contabilidade Pública, utilizando os princípios, os critérios, os métodos e as


técnicas da Ciência Contábil, é responsável pela tarefa de acompanhamento da
evolução do patrimônio público. Além disso, tendo em vista a importância que o
orçamento tem na vida de um órgão público, a contabilidade pública também
acompanha a sua execução, traduzida na arrecadação da receita e na realização da
despesa. Por conta desse elemento (orçamento) é que essa contabilidade tem
peculiaridades especiais não encontradas em qualquer outro ramo da Ciência
Contábil.

Com o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF (Lei Complementar


101/2000), a contabilidade pública alçou uma maior importância e valorização.
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A DEFINIÇÃO E OBJETIVOS DA CONTABILIDADE PÚBLICA

Define-se Contabilidade Pública como sendo o ramo da contabilidade que registra,


controla e demonstra a execução dos orçamentos, dos atos e fatos da fazenda
pública e o patrimônio público e suas variações.

Portanto, seu escopo relaciona-se ao controle e gestão dos recursos públicos. Com
o advento da Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF (Lei Complementar 101/2000), a
Contabilidade Pública alçou uma maior importância e valorização.

A Contabilidade Pública - seja na área Federal, Estadual, Municipal ou no Distrito


Federal - tem como base a Lei 4.320, de 17 de março de 1964, que instituiu normas
gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

A Lei 4.320/64 está para a Contabilidade Aplicada à Administração Pública assim


como a Lei das Sociedade por Ações (Lei 6.404/76) está para a Contabilidade
aplicada à atividade empresarial.

A Contabilidade Pública registra a previsão da receita e a fixação da despesa,


estabelecidas no Orçamento Público aprovado para o exercício, escritura a
execução orçamentária da receita e da despesa, faz a comparação entre a previsão
e a realização das receitas e despesas, controla as operações de crédito, a dívida
ativa, os valores, os créditos e obrigações, revela as variações patrimoniais e
mostra o valor do patrimônio.

A Contabilidade pública está interessada também em todos os atos praticados pelo


administrador, sejam de natureza orçamentária (previsão da receita, fixação da
despesa, empenho, descentralização de créditos etc.) ou sejam meramente
administrativos (contratos, convênios, acordos, ajustes, avais, fianças, valores sob
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responsabilidade, comodatos de bens, etc.) representativos de valores potenciais


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que poderão afetar o patrimônio no futuro.

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O objeto de qualquer contabilidade é o patrimônio. A Contabilidade Pública não está


interessada somente no patrimônio e suas variações, mas, também, no orçamento e
sua execução (previsão e arrecadação da receita e a fixação e a execução da
despesa).

A Contabilidade Pública, além de registrar todos os fatos contábeis (modificativos,


permutativos e mistos), registra os atos potenciais praticados pelo administrador,
que poderão alterar qualitativa e quantitativamente o patrimônio.

O objetivo da Contabilidade Pública é o de fornecer aos gestores informações


atualizadas e exatas para subsidiar as tomadas de decisões, aos órgãos de controle
interno e externo para o cumprimento da legislação e às instituições governamentais
e particulares informações estatísticas e outras de interesse dessas instituições.

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AS PREOCUPAÇÕES DA CONTABILIDADE PÚBLICA

Conforme Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) TSP Estrutura


Conceitual publicada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) em 2016, os
Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs)
são destinadas a apurar alguns pontos específicos, tais como:

1. Quais os recursos disponíveis atualmente para gastos futuros, e até que


ponto há restrições ou condições para a utilização deles?
2. Quais mudanças na carga tributária que recaem sobre os contribuintes em
períodos futuros para pagar por serviços correntes?
3. A capacidade da entidade para prestar serviços melhorou ou piorou em
comparação com exercícios anteriores?
4. A entidade prestou seus serviços à sociedade de maneira eficiente e eficaz?

As preocupações da contabilidade pública giram em torno da contrapartida à


sociedade. Por isso, se relacionam à disponibilidade de recursos para investir em
melhorias e à maior eficiência (melhores serviços por um menor custo, materializada
pelo custo-benefício do pagamento de tributos).

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COMO A CONTABILIDADE PÚBLICA FUNCIONA?

A contabilidade pública utiliza os princípios, critérios, métodos e técnicas da Ciência


Contábil para acompanhar a evolução do patrimônio público. E como isso acontece?

Como qualquer ente, os órgãos públicos podem adquirir direitos, assumir


obrigações, comprar, vender, produzir e outras atividades. Na execução de suas
tarefas, realizam operações contábeis típicas, envolvendo áreas orçamentária,
financeira, patrimonial e outras.

São operações semelhantes que encontramos no dia a dia, tais como recebimento
de recursos de terceiros, compras de materiais de consumo e bens permanentes,
pagamento de pessoal e fornecedores. Em suma, arrecadação de receitas e
realização de despesas.

Neste mesmo sentido, além dessas atividades, órgãos e entidades públicas


praticam atos administrativos que provocam alterações em elementos que
compõem o patrimônio. É o caso de convênios, contratos de serviços, concessão de
avais e outros atos.

Tudo isso diz respeito à contabilidade pública. Com a Lei de Responsabilidade


Fiscal, os administradores se tornaram obrigados a divulgar relatórios e
demonstrativos dos gastos. O primeiro artigo da lei, inclusive, é bastante claro:

“A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em


que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e
despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita,
geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas
consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita,
concessão de garantia e inscrição em restos a pagar”.
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QUEM ACOMPANHA OS REGISTROS CONTÁVEIS?

Os registros contábeis de um município são acompanhados por órgãos da própria


administração municipal (controle interno) e sujeitam-se à fiscalização do Tribunal
de Contas (controle externo). As informações também devem estar disponíveis para
toda a sociedade (controle social).

( Fonte: https://www.cnm.org.br/cms/biblioteca_antiga/04.%20Contabilidade%20-
%20A%20nova%20Contabilidade%20P%C3%BAblica%20Municipal%20.pdf )
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SISTEMA CONTÁBIL

O sistema contábil representa a estrutura de informações sobre identificação,


mensuração, avaliação, registro, controle e evidenciação dos atos e dos fatos da
gestão do patrimônio público, com o objetivo de orientar e suprir o processo de
decisão, a prestação de contas e a instrumentalização do controle social.

O objetivo das demonstrações contábeis das entidades do setor público é o


fornecimento de informações úteis sobre a entidade que reporta a informação,
voltadas para os usuários dos Relatórios Contábeis para fins de prestação de
contas e responsabilização (accountability) e para a tomada de decisão. Os
relatórios de Estatísticas de Finanças Públicas são utilizados, principalmente, para:
(a) analisar opções de política fiscal, definir essas políticas e avaliar os seus
impactos; (b) determinar o impacto sobre a economia; e (c) comparar os resultados
fiscais nacional e internacionalmente. O foco é sobre a avaliação do impacto do
setor público em geral sobre a economia, no âmbito da estrutura conceitual das
estatísticas macroeconômicas.

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ESTRUTURA DO SISTEMA CONTÁBIL

A Contabilidade Aplicada ao Setor Público é organizada na forma de sistema de


informações, cujos subsistemas, conquanto possam oferecer produtos diferentes
em razão da respectiva especificidade, convergem para o produto final, que é a
informação sobre o patrimônio público.

O sistema contábil está estruturado nos seguintes subsistemas de informações:

 Orçamentário – registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados


ao planejamento e à execução orçamentária;
 Financeiro – registra, processa e evidencia os fatos relacionados aos
ingressos e aos desembolsos financeiros, bem como as disponibilidades no
início e final do período;
 Patrimonial – registra, processa e evidencia os fatos não financeiros
relacionados com as variações qualitativas e quantitativas do patrimônio
público;
 Custos – registra, processa e evidencia os custos dos bens e serviços,
produzidos e ofertados à sociedade pela entidade pública;
 Compensação – registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos
efeitos possam produzir modificações no patrimônio da entidade do setor
público, bem como aqueles com funções específicas de controle.

Os subsistemas contábeis devem ser integrados entre si e a outros subsistemas de


informações de modo a subsidiar a administração pública sobre:

 desempenho da unidade contábil no cumprimento da sua missão;


 avaliação dos resultados obtidos na execução dos programas de trabalho
com relação à economicidade, à eficiência, à eficácia e à efetividade;
 avaliação das metas estabelecidas pelo planejamento;
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 avaliação dos riscos e das contingências.


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AS HABILIDADES DE UM CONTADOR PÚBLICO

Para lidar com a complexidade da contabilidade pública, o contador deve reunir


algumas habilidades.

O perfil ideal do contador público é uma soma de habilidades, como pluralidade de


conhecimento, domínio do conhecimento do controle público, postura ética e
atuação consultiva.

( Fonte: https://blog.nucont.com/contabilidade-publica/)
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Segue abaixo descrito as características de suma importância para ser um contador


público de destaque:

Pluralidade de conhecimento

Atuar na área pública não é muito diferente do que atuar na área privada. Não pelas
características. No entanto, o contador que se envereda pela contabilidade pública
deve ter uma peculiaridade marcante: ser generalista. Ele não se especializará em
uma só área. Não é possível executar suas funções sabendo apenas sobre
impostos devidos por entes públicos ou folha de pagamento. É preciso entender
tudo que envolve orçamento e patrimônio público.

O contador da área pública é plural, incorporando conhecimentos da administração


pública na área de pessoal, tributária, previdenciária, políticas públicas,
intermediação de captação de recursos externos e gerenciamento da dívida.

Dominar o conhecimento do controle público

Ter conhecimento sob o controle público também é uma habilidade indispensável


para o contador que deseja atuar neste ramo. Afinal, suas atitudes profissionais, sob
o ângulo institucional e legal, se relacionam ao exercício o controle público. Por isso,
é condição fundamental que o profissional conheça e domine os instrumentos e
tipos de controle público.

Ao dominar os procedimentos legais, processuais e contábeis, ele pode exercer a


função de controller em diversos segmentos dos serviços públicos. Dentro desse
exercício, ele será responsável por:

Atender ao controle da sociedade civil por meio de relatórios de prestação de contas


das atividades governamentais;

Apoiar a missão institucional do controle externo, fornecendo informações fiscais


aos agentes fiscalizadores;

Disponibilizar demonstrativos contábeis para atender ao controle interno;


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Suprir a direção superior de informações fidedignas.


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Postura ética

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Um contador público sem postura ética é incapaz de exercer sua função. Até
mesmo porque seria incoerente com a própria atividade que ele exerce. Mas, neste
ponto, destacamos a postura distinta no relacionamento profissional.

Conforme o porte da estrutura organizacional em que presta serviços, a postura


muda. No ente público de pequeno porte, o serviço fica mais centralizado, e as
funções são mais executivas. Nas entidades públicas maiores, há descentralização
das funções contábeis e estreito convívio profissional entre os responsáveis pela
guarda e aplicação dos recursos. Neste sistema de controle interno descentralizado,
a base é a interação e integração entre os profissionais, bem como a
responsabilização pela publicidade das informações.

Por este motivo, todos os contadores públicos devem harmonizar os procedimentos,


colocando a ética à frente, para não ocorrer divergências públicas de opiniões e de
demonstrativos. Assim, preserva-se de críticas a publicização dos informativos
contábeis.

Perfil moderno: atuação consultiva

Considerando a natureza do serviço executado na contabilidade pública, sempre


haverá o responsável pela prestação de contas, certo? Infelizmente, existem
profissionais de diversas áreas executando tarefas de natureza contábil, mesmo
sem aptidão ou habilitação profissional. Daí, nasce a necessidade de o contador
público contemporâneo se firmar como consultor de gestão orçamentária financeira
e patrimonial.

Ele casa exatamente com o perfil moderno, que exige do profissional mais do que a
formação acadêmica em Ciências Contábeis. Incorporar os outros conhecimentos
inerentes ao controle público da gestão governamental é fundamental para quem
deseja atuar como consultor do poder público. São esses profissionais que se
enquadram no amplo recrutamento (trabalham no serviço público a convite, sem
ingresso por concurso público).

Além do conhecimento, o contador com perfil moderno deve ter também postura
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ética na função de controller dos negócios públicos, bem como conscientização


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profissional no exercício da profissão. Ele deve distinguir a prática administrativa

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lícita do ato doloso, ter em mente o objetivo de atender aos interesses da sociedade
e buscar sempre a efetividade social.

O contador público é fundamental para o bom funcionamento do Estado.


Demonstramos como sua atuação plural e consultiva traz benefícios para toda a
sociedade. Afinal, é quem atua na análise e no gerenciamento das contas das
entidades governamentais, em todas as esferas. É quem preza pela transparência
diante de um cenário tomado pela corrupção. É, em suma, quem executa cada
preceito da Lei da Transparência e da Responsabilidade Fiscal.

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AS NORMAS DA CONTABILIDADE PÚBLICA

Desde 1964, o marco regulatório da Contabilidade Pública é a Lei 4.320/1964, que


estabelece, dentre outras, as regras a serem observadas na elaboração dos
relatórios contábeis. Em 2000, foi publicada a Lei 101, conhecida como Lei de
Responsabilidade Fiscal, que instituiu normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal e estabeleceu limites para gastos de pessoal e
endividamento, cujos relatórios (de execução orçamentária e de gestão fiscal) são
preenchidos com base nas informações geradas pela contabilidade.

Em 2008, com o compromisso assumido pelo governo brasileiro para aderência às


Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – Ipsas, em
inglês, novos normativos têm sido desenvolvidos no Brasil: as Normas Brasileiras de
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBCASP; e o Manual de Contabilidade
Aplicado ao Setor Público – MCASP.

De acordo com a Parte II – Procedimentos Contábeis Patrimoniais – PCP, o


atendimento do enfoque patrimonial da contabilidade compreende o registro e a
evidenciação da composição patrimonial do ente público (arts. 85, 89, 100 e 104 da
Lei no 4.320/1964). Nesse aspecto, devem ser atendidos os princípios e normas
contábeis voltados para o reconhecimento, mensuração e evidenciação dos ativos e
passivos e de suas variações patrimoniais, contribuindo para o processo de
convergência às normas internacionais, respeitada a base legal nacional. A
compreensão da lógica dos registros patrimoniais é determinante para o
entendimento da formação, composição e evolução desse patrimônio.
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VARIAÇÕES PATRIMONIAIS

Na contabilidade pública existem contas específicas para revelar as alterações


patrimoniais de bens, direitos e obrigações ocorridas durante o exercício financeiro,
de acordo com o artigo 100 da Lei n. 4.320/64, que estabelece:

“As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os resultados da


execução orçamentária, bem como as variações independentes dessa execução e
as superveniências e insubsistências ativas e passivas, constituirão elementos da
conta patrimonial (BRASIL, 1964, art. 100)”.

Por meio do conhecimento dos saldos anteriores e atuais dessas contas, podemos
saber se houve redução ou aumento no volume monetário desses elementos
patrimoniais. Entretanto, não é possível conhecer os fatos que levaram determinado
item patrimonial (bens móveis, por exemplo) a sofrer uma redução em seu saldo
atual, ou mesmo o motivo de um aumento em seu saldo.

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VARIAÇÕES ATIVAS E PASSIVAS

Atribuímos às contas de variação patrimonial o título de variações ativas


(aumentativas), quando originadas de aumento de valores ativos (bens e direitos) ou
de diminuição de valores passivos (obrigações). Quando originadas de diminuição
de valores ativos (bens e direitos) ou de aumento de valores passivos (obrigações)
elas recebem o título de variações passivas (diminutivas).

Essa é a primeira forma de se classificar as contas de variações patrimoniais, ou


seja, a partir dos efeitos provocados sobre a situação líquida (PL). Para
entendermos melhor essas repercussões, devemos utilizar a equação fundamental
do patrimônio líquido:

Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo, isto é, PL = A – P

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O BALANÇO PATRIMONIAL

O papel do balanço patrimonial é evidenciar, qualitativa e quantitativamente a


situação patrimonial da entidade pública, por meio de contas representativas do
patrimônio público, os bens e direitos (Ativo) e as obrigações do Município
(Passivo). O patrimônio líquido é o valor residual da entidade, depois de deduzidos
todos os seus passivos (obrigações).

No balanço patrimonial, as contas deverão ser classificadas segundo os elementos


do patrimônio que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a
análise da situação financeira da empresa.

De acordo com o 1º do artigo 176 da Lei 6.404/76, as demonstrações de cada


exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das
demonstrações do exercício anterior, para fins de comparação.

Os elementos da mesma natureza e os saldos de reduzido valor quando agrupados,


e desde que seja indicada a sua natureza e nunca devem ultrapassar, no total, um
décimo do valor do respectivo grupo de contas, sendo vedada a utilização de títulos
genéricos como "diversas contas" ou "contas correntes".

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O BALANÇO ORÇAMENTÁRIO

No balanço orçamentário estão demonstradas as receitas e as despesas previstas


em confronto com as realizadas. No caso da receita, como se trata de uma
estimativa, os valores arrecadados podem ser a maior (excesso de arrecadação) ou
a menor (arrecadação inferior ao previsto). No caso da despesa, fixada com base na
receita prevista, só pode ser executada até o limite da autorização legal.

Conforme disposto no MCASP, no momento inicial da execução orçamentária, tem-


se, via de regra, o equilíbrio entre a receita prevista e a despesa fixada. Assim, toda
despesa a ser executada está amparada por uma receita prevista a ser arrecadada
no exercício. No entanto, iniciada a execução do orçamento, é possível que haja
recurso disponível para abertura de créditos adicionais, possibilitando a realização
de despesas que ainda não haviam sido fixadas (créditos especiais ou
extraordinários) ou estavam insuficientemente dotadas na lei orçamentária (créditos
suplementares).

O Balanço Orçamentário é composto por:

a. Quadro Principal;

b. Quadro da Execução dos Restos a Pagar Não Processados;

c. Quadro da Execução dos Restos a Pagar Processados.


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O BALANÇO FINANCEIRO

O balanço financeiro tem como objetivo demonstrar os recebimentos e pagamentos


de natureza orçamentária (receitas orçamentárias e despesas orçamentárias) e
outros ingressos e dispêndios de natureza extraorçamentária do Município. Pelo
novo modelo do balanço financeiro, devem ser apresentadas as destinações
ordinárias e a destinações vinculadas (esta última de acordo com as características
específicas de cada ente).

 destinações ordinárias - referem-se aos recursos aplicados livremente;


 destinações vinculadas - os recursos devem ser aplicados atendendo a
finalidades específicas estabelecidas pela legislação (exemplo: limite mínimo
de gastos com saúde e educação).

Demonstrativo contábil em que se confrontam num dado momento, as receitas e


despesas orçamentárias, bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza
extraorçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício
anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte.

A estrutura do Balanço Financeiro permite verificar, no confronto entre receita e


despesa, o resultado financeiro do exercício, bem como o saldo em espécie que se
transfere para o exercício seguinte, saldo esse que pode ser positivo (superávit) ou
zero (equilíbrio).
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LEI DE 4.320 DE 1964

Segundo o artigo 105 da Lei 4.320/64, o Balanço Patrimonial demonstrará:

I - O Ativo Financeiro

II - O Ativo Permanente

III - O Passivo Financeiro

IV - O Passivo Permanente

V - O saldo patrimonial

VI - As Contas de Compensação

Dessa forma, partindo-se de que o sistema patrimonial resulta no balanço


patrimonial público (mais as contas de compensação que lhe forem pertinentes),
notar-se-á não haver a inclusão da demonstração das variações patrimoniais,
prevista no artigo 104, Anexo XV. Como se constata, essa Demonstração reúne
várias contas de resultado (análoga ao balanço de resultado econômico do Código
Civil) e não se constitui em apenas na conta patrimonial prevista no artigo 100
(interpretada como análoga à antiga conta empresarial dos Lucros & Perdas).

Pela demonstração se convencionou auferir o superávit ou déficit econômico


do exercício de determinado órgão ou governo, em atendimento a previsão do artigo
85 que faz menção a "resultados econômicos", o que nos leva a deduzir haver
também um Sistema Econômico na Contabilidade Pública Brasileira.

Atualmente, também, há um processo de internacionalização deste ramo contábil.


São as Normas Internacionais de Contabilidade aplicadas ao Setor
Público (International Public Sector Accounting Standards - IPSAS) editadas pela
Federação Internacional de Contadores (International Federation of Accountants -
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IFAC) já disponibilizada a versão traduzida para o português pelo Conselho Federal


de Contabilidade - CFC.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A contabilidade pública é um ramo em crescimento, e muitos profissionais desejam


aproveitar a oportunidade que vem surgindo. Por concurso público ou cargo de
confiança, contadores ingressam no serviço público para executar um serviço
voltado unicamente para beneficiar a sociedade.

Reunindo as habilidades necessárias e os conhecimentos fundamentais, adquiridos


por meio de especialização, é possível traçar uma bonita carreira no setor público.
Além disso, existe a possibilidade de prestar serviços aos entes de forma pontual,
especialmente para aqueles que trabalham com a verdadeira contabilidade.

O contador no setor público ganhou maior destaque com a publicação da Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF). A sua atuação é fundamental para garantir que as
práticas contábeis estejam de acordo com a legislação. Além disso, é uma figura
importante para a transparência fiscal com a publicação de relatórios e
demonstrativos sobre a atuação das entidades públicas.

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REFERÊNCIAS
ANGÉLICO, João. Contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

ANDRADE, Nilton de Aquino. Contabilidade pública na gestão municipal. São Paulo:


Atlas, 2002.

BRASIL. Lei n.4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito


Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados,
dos Municípios e do Distrito Federal.

______. Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da


Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras
providências.

______. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por


Ações.

______. Constituição República Federativa do Brasil de 1988.

______. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.

______. Decreto n. 3.589, de 6 de setembro de 2000. Dispõe sobre o Sistema de


Contabilidade Federal e dá outras providências.

______. Lei n. 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Organiza e disciplina os Sistemas de


Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração Financeira Federal, de
Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e dá outras
providências.

______. Portaria Interministerial n. 163, de 4 de maio de 2001. Dispõe sobre normas


gerais de consolidação das Contas Públicas no âmbito da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, e dá outras providências.

______. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento


Federal. Manual técnico de orçamento MTO. Versão 2009. Brasília, 2008.

______. Resolução CFC n. 1.133, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC T 16.6 -


Demonstrações Contábeis.

GIACOMONI, James. Orçamento Público. São Paulo, ed. Atlas, 2007.

HOUAISS. Instituto Antonio Houaiss. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.


Versão monousuário, 3.0. CD-ROM. Objetiva: junho de 2009

KOHAMA, Hélio. Balanços públicos. São Paulo: Atlas, 1999.


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______. Contabilidade Pública: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2006.


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LACOMBE, Francisco José Masset. Dicionário de negócios: mais de 6.000 termos em


inglês e português. São Paulo: Saraiva, 2009.

MANUAL DE DESPESA NACIONAL (Brasil). Portaria Conjunta STN/SOF n. 3, de 2008.


Aplicado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a partir da
elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2009.

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Portaria n. 136, de 6 de março de 2007. Cria o Grupo


Técnico de Padronização de Procedimentos Contábeis, dispondo sobre sua composição
e funcionamento.

MOTA, Francisco Glauber Lima. Contabilidade Aplicada ao Setor Publico. Brasília: autor-
editor, 2009.

SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (Brasil). Manual Técnico de Contabilidade


Aplicada ao Setor Público, Volume I, Manual de Receita Nacional, 2009.

SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (Brasil) Manual Técnico de Contabilidade


Aplicada ao Setor Público, Volume I, Manual de Despesa Nacional, 2009.

SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (Brasil). Manual Técnico de Demonstrativos


Fiscais, Volumes I e II, 2009. SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL (Brasil). Manual
Técnico de Demonstrativos Fiscais, Volume I, Anexo de Riscos Fiscais e Anexo de Metas
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