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TESE DE DOUTORADO 

 
ANÁLISE DOS EFEITOS DA TRAJETÓRIA DE DEFORMAÇÃO 
NA CURVA LIMITE DE CONFORMAÇÃO DE UM AÇO LIVRE 
DE INTERSTICIAIS 

  ALUNO: JETSON LEMOS FERREIRA 
  ORIENTADOR: PROF. D.Sc. LUCIANO PESSANHA MOREIRA 

 c
     
   
 
 
JETSON LEMOS FERREIRA 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DOS EFEITOS DA TRAJETÓRIA DE DEFORMAÇÃO NA 
CURVA LIMITE DE CONFORMAÇÃO DE UM AÇO LIVRE DE 
INTERSTICIAIS 
 
 
 
Tese  apresentada  ao  Programa 
 
de  Pós­Graduação  de  Engenharia 
 
Metalúrgica como requisito parcial para 
  obtenção  do  grau  de  Doutor  em 
Engenharia  Metalúrgica  da 
 
Universidade Federal Fluminense. Área 
  de  concentração:  Modelamento  e 
Simulação de Processos e Fenômenos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: 
Prof. D.Sc. Luciano Pessanha Moreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Volta Redonda, RJ 
2019
4
   

   
 
 
JETSON LEMOS FERREIRA 
 
 
ANÁLISE DOS EFEITOS DA TRAJETÓRIA DE DEFORMAÇÃO NA 
CURVA LIMITE DE CONFORMAÇÃO DE UM AÇO LIVRE DE 
INTERSTICIAIS 
 
Tese  apresentada  ao  Programa 
 
de  Pós­Graduação  de  Engenharia 
 
Metalúrgica como requisito parcial para 
  obtenção  do  grau  de  Doutor  em 
Engenharia  Metalúrgica  da 
 
Universidade Federal Fluminense. Área 
  de  concentração:  Modelamento  e 
Simulação de Processos e Fenômenos. 
 
 
    Aprovada em 25 de novembro de 2019. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 

 
Volta Redonda 
2019
I
   

   
II
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Gostaria de agradecer a  todos  as pessoas que  contribuíram  de forma  direta e indireta  para a 
realização deste trabalho, em particular: 

À Deus, por tudo aquilo e aqueles que propiciou em minha vida. 

Ao Professor Luciano Pessanha Moreira, pela oportunidade, orientação e confiança em mim 
depositada.  

Às empresas que me propiciaram apoio e financiamento do presente trabalho. 

Aos amigos,  Heitor Cezar da Silva, Valdilei Santana  Lage, José Osvaldo Amaral  Tepedino, 


Marco  Antonio  Wolf,  Odair  José  dos  Santos,  Marden  Valente  de  Souza,  Charles  de  Abreu 
Martins, Flávio José Saraiva Rodrigues, João Batista Martins e Mariane Gonçalves de Miranda. 

A  minha  esposa  Andresa  Henriques  Hosken  Portes  Ferreira  e  aos  meus  filhos  Guilherme 
Henriques Ferreira, Bernardo Henriques Ferreira e Luísa Henriques Ferreira, as quatro pessoas 
que mais amo nessa vida. 

Aos  meus  pais  e  irmãos  Pedro  Dias  Ferreira,  Izabel  Cristina  Lemos  Ferreira,  Helen  Lemos 
Ferreira e Jader Lemos Ferreira. 

 
 
 
 
 
 
 
III
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IV
 
 

SUMÁRIO 

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. VII
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... XVI
LISTA DE SÍMBOLOS ..................................................................................................... XVIII
RESUMO ................................................................................................................................. XX
ABSTRACT .......................................................................................................................... XXI
1. Introdução .......................................................................................................................... 1
2. Objetivos ............................................................................................................................. 4
2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 4
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 4
3. Revisão Bibliográfica ......................................................................................................... 5
3.1 Trajetória de deformação .............................................................................................. 5
3.1.1 Trajetória de deformação linear ....................................................................... 7
3.1.2 Trajetória de deformação composta .............................................................. 11
3.1.3 Efeitos da alteração da trajetória de deformação ........................................... 12
3.2 Curva Limite de Conformação ................................................................................... 25
3.2.1 Desenvolvimento do conceito da Curva Limite de Conformação ................. 25
3.2.2 Principais técnicas utilizadas para a determinação experimental da CLC .... 29
3.2.3 Critérios de deformação limite (normas ASTM E2218 e ISO 12004) .......... 35
3.2.4 Principais fatores de influência na CLC ........................................................ 40
3.2.5 Representações da CLC ................................................................................. 47
4. Material e Métodos .......................................................................................................... 58
4.1 Material ....................................................................................................................... 58
4.1.1 Análise da composição química .................................................................... 58
4.1.2 Análise metalográfica .................................................................................... 59
4.1.3 Comportamento plástico por tração uniaxial ................................................. 60
4.1.4 Comportamento plástico em expansão biaxial .............................................. 63
4.1.5 Passagem de dados: tração uniaxial para expansão biaxial simétrica ........... 70
V
 
4.1.6 Curva Limite de Conformação: Trajetórias lineares ..................................... 71
4.2 Pré­deformação em tração uniaxial e expansão biaxial simétrica .............................. 72
4.2.1 Largura dos corpos de prova ......................................................................... 73
4.2.2 Estampagem no plano em diferentes modos de deformação ......................... 78
4.2.3 Trabalho plástico ........................................................................................... 84
4.2.4 Determinação da altura de estampagem ........................................................ 86
4.3 Caracterização microestrutural e análise de textura cristalográfica ........................... 87
4.3.1 Microestrutura ............................................................................................... 87
4.3.2 Difração de elétrons retroespalhados (EBSD) ............................................... 87
4.3.2.1 Preparação das amostras ............................................................................ 88
4.3.2.2 Análise via EBSD ...................................................................................... 88
4.3.3 Difração de elétrons transmitidos (t­EBSD) .................................................. 90
4.3.3.1 Preparação das amostras ............................................................................ 91
4.3.3.2 Análises via t­EBSD .................................................................................. 92
4.3.3.3 Análises por microscopia eletrônica de transmissão (MET) ..................... 93
4.4 Efeito da trajetória de deformação na Curva Limite de Conformação ....................... 93
4.4.1 Curva Limite de Conformação: Trajetórias bilineares .................................. 93
4.4.2 Trajetórias lineares e bilineares no espaço de tensões ................................... 94
4.4.3 Trajetórias lineares e bilineares em coordenadas polares .............................. 95
5. Resultados e Discussão .................................................................................................... 96
5.1 Comportamento Plástico ............................................................................................ 96
5.1.1 Tração uniaxial .............................................................................................. 96
5.1.2 Expansão biaxial .......................................................................................... 100
5.1.3 Modos de pré­deformação ........................................................................... 103
5.2 Descrição do comportamento Plástico ..................................................................... 104
5.3 Evolução microestrutural e textura cristalográfica ................................................... 107
5.3.1 Microscopia ótica ........................................................................................ 107
5.3.2 Difração de elétrons retroespalhados ­ EBSD ............................................. 110
5.3.3 t­EBSD e Microscopia Eletrônica de Transmissão ..................................... 127
5.4 Deformações Limites ................................................................................................ 132
5.4.1 Trajetória linear ........................................................................................... 132
5.4.1.1 Método de Hecker (ASTM 2218) ............................................................ 133
5.4.1.2 Método de Bragard (ISO 12004) ............................................................. 134
5.4.1.3 Previsão e comparações ........................................................................... 135
5.4.2 Curva Limite de Conformação em trajetórias bilineares ............................. 139
VI
 
5.4.2.1 Método de Hecker à estricção ................................................................. 139
5.4.2.2 Método de Bragard .................................................................................. 140
5.4.2.3 Efeitos da mudança de trajetória de deformação ..................................... 142
5.5 Outras representações da CLC ................................................................................. 143
5.5.1 Espaço de tensões principais ....................................................................... 143
5.5.2 Deformação plástica equivalente ................................................................. 149
6. Conclusões ...................................................................................................................... 154
7. Referências Bibliográficas ............................................................................................ 157

 
VII
 
 

LISTA DE FIGURAS 

Figura 1 ­ Trajetórias  de  deformação  a)  lineares  e  b)  compostas  que  foram  percorridas  por 
elementos do material de forma contínua ou sequencial bilinear. 
Figura 2 ­ Espaço de deformação, destacando algumas trajetórias de deformação importantes. 
Adaptado de Marciniak et al. (2002). 
Figura 3 ­ Representações  esquemáticas  de  processos  de  estampagem,  nos  quais  ocorrem  a 
predominância de diferentes modos de deformação. Adaptado de Marciniak et al. (2002). 
Figura 4 ­ Espaço  de  tensão,  destacando  algumas  relações  de  maior  tensão  principal  (1)  e 
menor tensão principal (2). Adaptado de Marciniak et al. (2002). 
Figura 5 ­ Representação esquemática da divisão dos grãos de aços para estampagem, durante 
deformaçãoes  plásticas  a)  pequena  e  b)  grande  quantidades  de  deformação.  Parede  de 
dicordâncias densas (PDD); Microbanda; Contornos lamelares; Bloco de células (BC); Células 
de discordâncias (CD). Adaptado de Vincze (2007). 
Figura 6 ­ Mapa mostrando a influência de diferentes parâmetros no tipo de desenvolvimento 
de microestruturas durante deformação plástica de um  aço baixo carbono:  (a)   cisalhamento 
puro a temperatura ambiente, (b) estiramento biaxial a temperatura ambiente, (c) cisalhamento 
puro a 110 K e (d) estiramento biaxial a 125 K. Adaptado de Rauch (2004). 
Figura 7 ­ Estruturas  celulares  de  discordâncias  geradas  por  pré­deformações:  (a) por  tração 
uniaxial  ­  5%;  (b)  por  deformação  plana  –  8%;  (c)  por  cisalhamento  –  11,5%  e  (d) por 
deformação plana – 11% seguida por cisalhamento – 35%. PC – Parede de Células; BC – Bloco 
de células; CBC – Contorno de Bloco de Células; CG – Contorno de Grão; PD – Parede Duplas; 
PDD – Paredes Duplas Densas. Clausmeyer et al. (2013). 
VIII
 
Figura 8 ­ Estruturas  celulares  de  discordâncias  geradas  em  função  das  condições  de  pré­
deformação: (a) por tração uniaxial ­ 20% e (b) por deformação plana – 20%. Clausmeyer et al. 
(2013). 
Figura 9 ­ Partes da Orientation Distribution Function (ODF) e figura de polo (110), mostrando 
texturas de aço baixo carbono. (a) na condição como recristalizado e (b) a (d) em diferentes 
condições  de  pré­deformação.  (b)  Tração  uniaxial;  (c)  deformação  em  estado  plano;  (d) 
estiramento biaxial simétrico. (Hance, 2005). 
Figura 10 ­ Padrões de difração de EBSD obtidas a partir de a) amostra com superfície adequada 
e b) outra com problemas de preparação devido à deformação plástica. Wright et al. (2011). 
Figura 11 ­ Representação esquemática de distúrbios acarretados na rede cristalina em função 
de discordâncias em cunha de sinais opostos que geram uma rede com vetor de Burgers igual a 
0 e degradam o padrão de difração de EBSD (Wright et al., 2011). 
Figura 12 ­ Representação  esquemática  destacando  as  Discordâncias  Armazenadas 
Estatisticamente  encontradas  no  interior  dos  subgrãos  e  as  Discordâncias  Geometricamente 
Necessárias situadas nos contornos de subgrão. Adaptado de Wright et al. (2011). 
Figura 13 ­ Representação esquemática mostrando o efeito do contorno de subgrão no padrão 
de difração. Wright et al. (2011). 
Figura 14 ­ Mapas de contraste de banda (band contrast) com diferenciação de contornos de 
grão e histograma de desorientação (misorientation) de amostras sem e com deformação por 
tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico (Bittencourt et al., 2014). 
Figura 15 ­ Comparação do volume de interação de elétrons com a câmera obtido pela técnica 
convencional de EBSD e de t­EBSD. Rice et al. (2014). 
Figura 16 ­ Representações esquemáticas de montagens de amostra no MEV para análises via 
EBSD e via t­EBSD. Rice et al. (2014).  
Figura  17  ­  Imagem  de  uma  câmara  de  MEV  equipada  com  porta  amostra  para  análise  via 
t­EBSD (Rice et al., 2014). 
Figura  18  ­  Conceito  de  Diagrama  Limite  de  Deformação  introduzido  por  Lankford  et  al. 
(1947). Adaptado de Col (2014). 
Figura 19 ­ Diagrama Limite de Conformação, na qual o lado esquerdo é atribuído Goodwin 
(estiramento uniaxial) e o lado direito a Keeler (estiramento biaxial). Modos de deformação 
geralmente encontrados em processos de estampagem (Luiz, 2005). 
Figura 20 ­ Diagrama Limite de Conformação mostrando que os pares de deformação de região 
de peça encontram­se abaixo da Curva Limite de Conformação do material, indicando baixa 
propensão  à  ocorrência  de  trincas.  Manual  de  operação  e  manutenção  do  analisador  de 
deformação Vialux. 
Figura 21 ­ Desenho esquemático da geometria do ferramental utilizado na determinação da 
CLC pelo método Nakajima. Adapatado de Gronostajski e Dolny (1980). 
Figura 22 ­ Formatos dos corpos de prova utilizados na técnica Nakajima modificado para a 
determinação de Curva Limite de Conormação.Tepedino e Ferreira (2007). 
Figura 23 ­ Aspecto de corpos de prova conformados pela técnica Nakajima modificado para a 
determinação de Curva Limite de Conormação de alo Livre de Intersticiais. Freitas et al. (2010). 
Figura 24 ­ Aspecto e deformações de corpos de prova utilizados para a determinação da Curva 
Limite de Conformação, obtida pelo método Nakajima modificado (linha vermelha no diagrama 
de maior deformação ­ 1 versus menor deformação ­ 2. Tepedino et al. (2011). 
IX
 
Figura 25 ­ Desenho esquemático da geometria das ferramentas utilizadas na determinação da 
CLC pelo método Marciniak. Adapatado de Gronostajski e Dolny (1980).  
Figura  26  ­  Classificação  por  categoria  dos  corpos  de  prova  e  dos  espaçadores  (abaixo) 
utilizados  por  Raghavan  (1995).  a)  Representação  esquemática  dos  corpos  de  prova  e  dos 
espaçadores. b) Aspecto dos corpos de prova e dos espaçadores deformados. 
Figura 27 ­ Aspecto das câmeras do AutoGrid In­process posicionadas sobre o cabeçote uma 
prensa universal de estampagem Erichsen. Tepedino e colaboradores et al. (2012). 
Figura  28  ­  Análise  de  deformação  pelo  programa  ELASTIX  versão  4.4  para  LINUX  e 
transformada por um algoritmo Phyton. b) Análise de deformação com malha determinística 
utilizando o programa Automated Strain Analysis Environment (ASAME). Pereira e Moreira 
(2016). 
Figura  29  ­  Análise  das  deformações  realizadas  por  um  sistema  de  correlação  de  imagens 
digitais no instante do início da ruptura e imediatamente antes da ocorrência da estricção. a) 
Tepedino et al. (2012) e b) Freitas (2012). 
Figura  30  ­  Metodologia  de  medição  das  deformações  críticas  de  acordo  com  a  norma 
ISO 12004­2. Tepedino et al. (2012). 
Figura  31  ­  Curva  Limite  de  Conformação  ajustada  a  partir  dos  pontos  determinados  pelo 
método de posição dependente da norma ISO 12004­2. Tepedino et al. (2012). 
Figura 32 ­ Efeito da espessura da chapa na posição da CLC. Plaut (2003). 

Figura 33 ­ Efeito da espessura e do valor n sobre o valor de CLC0. Hosford e Caddell (1993). 

Figura 34 ­ Curva Limite de Conformação e a influência do valor R em termos de deformação 
limite para a ruptura. Adaptado de Col e Jousserand (2008). 
Figura  35  ­  Correlações  do  índice  CLC0  com  o  expoente  de  encruamento  da  equação  de 
Hollomon (n), proposta por Keeler (1975) apud Col (2014) e com o alongamento total na base 
de 80 mm (Al80), obtida por Abspoel et al. (2011). 
Figura 36 ­ Relação entre a altura à fratura durante estampagem sob o modo de deformação por 
estiramento biaxial e o expoente de encruamento da equação de Hollomon. Kikuma e Nakajima 
(1971) apud Klein (1982). 
Figura 37 ­ Mudanças na CLC, obtida para uma trajetória linear (curva vermelha), acarretadas 
por pré­deformações por tração uniaxial e por estiramento biaxial. Kikuma e Nakajima, (1971) 
apud Klein (1982). 
Figura 38 ­ Curvas Limite de Conformação determinadas experimentalmente, a partir de uma 
liga  de  Al  T4,  sem  pre­deformação  (curva  preta)  e  para  12  condições  diferentes  de  pré­
deformação (curvas vermelhas, azuis e verdes) (Adaptado de Stoughton e Yoon, 2012). 
Figura 39 ­ Conceito de trajetória de deformação não linear desenvolvida pela Toyota Motors 
Company aplicada em operação de ajuste de estampagem de um paralama, a partir de aço para 
estampagem profunda. Adaptado de Stoughton e Yoon (2012). 
Figura  40  ­  Definições  da  Curva  Limite  de  Conformação  calculada  pelo  modelo  teórico  de 
Keeler e Brazier (1975) para o aço DC04 (Livre de Intersticial)  em função das medidas de 
deformação de engenharia e deformação verdadeira. 
Figura 41 ­ Curvas Limite de Conformação no espaço de tensões traçadas a partir das curvas da 
Figura 38. Adaptado de Stoughton e Zhu (2004). 
Figura 42 ­ Previsão das Curvas Limite de Conformação do trabalho de Hosford e Graf, 1993, 
X
 
a partir dos DTLC’s e das propriedades do material como recebido. Adaptado de Stoughton e 
e Zhu (2004). 
Figura  43  ­  Conversão  dos  dados  experimentais  de  Ishigaki  (1977)  apud  Stoughton  e  Yoon 
(2012) para o DTLC. 
Figura 44 ­ Conversão das Curvas Limite de Conformação do trabalho de Hosford e Graf (1993), 
para o diagrama DPE. Adaptado de Stoughton e Yoon (2012). 
Figura 45 ­ Representação esquemática de Diagramas polar DPE a) com trajetória bi­linear e 
b) trajetória de deformação complexa. (Adaptado de Stoughton e Yoon, 2012). 
Figura  46  ­  Conversão  dos  dados  experimentais  de  Ishigaki  (1977)  apud  Stoughton  e  Yoon 
(2012) para o diagrama DPE. 
Figura 47 ­ Representação em três dimensões da microestrutura do aço EC160 obtida a partir 
de seções dispostas em  uma das superfícies nas  direções transversal  (DT) e paralela (DL) à 
direção de laminação. Ampliações originais: 500x. – Ataque com reagente H2SO4 + H2O2. 
Figura 48 ­ Representação esquemática de componentes e parâmetros a serem considerados em 
ensaio  de  expansão  biaxial.  Adaptado  do  Manual  de  operações  do  sistema  AutoGrid  Strain 
Analyzers e adaptado de Koç et al. (2011). 
Figura  49  ­  Aspecto  de  corpos  de  prova  ensaiados  por  pressão  hidráulica  utilizados  para  a 
validação da metodologia para a determinação da curva tensão x deformação em condição de 
estiramento biaxial simétrico. 
Figura 50 ­ Relações geométricas de deformação da membrana no polo. Rodrigues e Martins 
(2005). 
Figura 51 ­ Corpos de prova empregados nos ensaios de CLC sob trajetórias lineares. Unidades 
apresentadas em mm. 

Figura 52 ­ Desenho do ferramental utilizado na prensa universal de 100 tf para os ensaios de 
pré­deformação pela técnica de Marciniak. 
Figura 53 ­ Representação esquemática das dimensões dos espaçadores e corpos de prova para 
a  realização  da  pré­deformação  pela  técnica  de  Marciniak  para  reproduzir  os  modos  de 
deformação de tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico. Adaptado de Quaak (2008). 
Figura 54 ­ Modelo numérico adotado nas simulações dos processos de estampagem. a) aspecto 
geral do ferramental. b) e c) aspecto do prensa chapas, espaçador e esboço utilizados para os 
modos de deformação por tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico, respectivamente. 
Figura 55 ­ Resultados de simulação numérica obtidos na previsão das pré­deformações por a) 
tração uniaxial e b) estiramento biaxial simétrico. 
Figura 56 ­ Trajetórias de deformação obtidas pelo programa LS­Dyna® a partir de simulações 
numéricas das pré­deformações por: (a) tração uniaxial e (b) estiramento biaxial simétrico. 
Figura 57 ­ Microestrutura da chapa de aço EC160, 0,80 mm de espessura. Ampliação: 500x. – 
Ataque com reagente H2SO4 + H2O2. 
Figura 58 ­ Prensa universal de estampagem utilizada para a realização das pré­deformações, 
destacando  os  aparatos  técnicos  utilizados  para  o  controle  do  deslocamento  do  punção  e 
avaliação das deformações. Wolff et al. (2018). 
Figura 59 ­ Vista superior da câmara de estampagem da prensa universal na qual onde podem 
ser vistos o sensor laser e as câmeras do ViALUX®. Wolff et al. (2018). 
Figura  60  ­  Montagem  do  sensor  laser  LM100  e  aparato  utilizado  para  o  controle  de 
deslocamento do punção durante os ensaios de pré­deformação. Wolff et al. (2018). 
XI
 
Figura 61 ­ Tela do programa de aquisição, processamento, armazenamento e apresentação dos 
dados obtidos nos ensaios de pré­deformação. 
Figura 62 ­ Aspecto dos corpos de prova e pares de deformação 1 (1) e 2 (2) obtidos nos 
testes de pré­deformação por estiramento biaxial simétrico pela técnica de Marciniak.  v é a 
deformação equivalente média. A seta indica a direção de laminação do material. 
Figura 63 ­ Aspectos de corpos de tração uniaxial com base de medida de 80 mm deformados 
em 2,5%, 5%, 10%, 15%, 20%, 25% e 30%, além da avaliação das deformações utilizando a 
base de medida quadrada com lado de 2,0 mm pelo programa AutoGrid®.  
Figura  64  ­  Comprovação  da  eficácia  do  método  de  Marciniak  para  a  pré­deformação  dos 
corpos de prova a) por tração uniaxial e b) por estiramento biaxial simétrico. 
Figura  65  ­  Metodologia  utilizada  para  a  determinação  do  trabalho  plástico  durante  as  pré­
deformações por tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico.  
Figura 66 ­ Correlação da deformação equivalente de von Mises com a altura de estampagem 
nas pré­deformações por tração uniaxial e por estiramento biaxial simétrico. 
Figura 67 ­ Representação da Função de Distribuição de Orientação (Orientation Distribution 
Function ­ ODF), a) mostrando várias texturas de fibra que são relevantes em cristais CCC e 
CFC. b) representação no plano de ϕ2 = 45 °, detalhando a fibra gama (Fibra ). 
Figura  68  –  Técnicas  normalmente  adotadas  para  a  determinação  do  mapa  de  qualidade  de 
imagens, sendo a adotada no presente trabalho a destacada com retângulo. 

Figura 69 ­ Representação esquemática da metodologia adotada para a determinação do índice 
KAM, que se refere ao ângulo médio de desorientação () de um determinado ponto com todos 
os seus vizinhos dentro do mesmo grão. Adaptado de Kimura et al. (2005).  
Figura 70 ­ Representação esquemática da metodologia adotada para a determinação do índice 
GAM, que se refere ao valor médio da desorientação de pontos vizinhos dentro do mesmo grão. 
Adaptado de Kimura et al. (2005).  
Figura  71  ­  Etapas  adotadas  para  a  preparação  das  amostras  para  análise  via  t­EBSD  e  por 
microscopia eletrônica de transmissão (MET). 
Figura 72 ­ Representação esquemática dos corpos de prova utilizados na determinação da CLC 
das  amostras  pré­deformadas  em  trajetória  bilinear,  segundo  a  metodologia  de  Nakajima 
Modificado. Unidades apresentadas em mm. 
Figura 73 ­ Fluxograma mostrando a metodologia adotada para a determinação do DTLC pelos 
critérios de a) von Mises e de b) Hill (1948). 
Figura 74 ­ Fluxograma mostrando a metodologia adotada para a determinação do DPE pelos 
critérios de a) von Mises e b) de Hill (1948). 
Figura  75  ­  Curvas  de  encruamento  expressas  em  condição  de  tensão  e  deformação  de 
engenharia  e  verdadeira,  destacando  diferenças  de  tensão  e  deformação  no  início  da 
instabilidade plástica. 
Figura 76 ­ Comportamento à tração uniaxial da chapa de aço EC160 em função da orientação 
do comprimento do corpo de prova em relação à direção de laminação. 
Figura 77 ­ Comparações de alongamentos uniforme (a e b) e total (c e d) de um aço EC160, 
destacando o efeito da alteração da base de medida (25, 50 e 80 mm). 
Figura  78  ­  Variação  do  coeficiente  de  anisotropia  linear  de  Lankford  (R)  em  função  da 
deformação  de  engenharia  na  direção  do  comprimento  do  corpo  de  prova  (Orientações  dos 
corpos de prova de tração: 90˚, 45˚ e 0˚ em relação à direção de laminação. 
XII
 
Figura 79 ­ Variação do expoente de encruamento (n) em função da deformação verdadeira de 
corpos de prova orientados a 90˚, a 45˚ e a 0˚ em relação à direção de laminação. 
Figura 80 ­ Avaliação confirmatória da eficácia da determinação pelo sistema de correlação de 
imagens (ViaLux) em determinar a curva de encruamento sob expansão biaxial. 
Figura 81 ­ Curvas de encruamento obtidas por expansão biaxial. 

Figura 82  ­  Curvas de encruamento por tração uniaxial (direção longitudinal), por  expansão 


biaxial do aço EC160 e passagem de dados de expansão biaxial para tração uniaxial, utilizando 
o critério de escoamento de von Mises. 
Figura 83  ­  Curvas de encruamento por tração uniaxial (direção longitudinal), por  expansão 
biaxial do aço EC160 e passagem de dados de expansão biaxial para tração uniaxial, utilizando 
o critério de escoamento de Hill (1948). 
Figura 84 ­ Determinação do valor de Rb para o aço EC160 avaliado entre as deformações de 
0,02 e a considerada com de início da instabilidade plástica (0,545). 
Figura  85  ­  Curvas  de  encruamento  sob  os  modos  de  deformação  por  tração  uniaxial  e  por 
estiramento biaxial simétrico do material na condição como recebido e após as pré­deformações 
pela técnica de Marciniak. 
Figura 86 ­ Descrição do comportamento plástico a partir de ajuste por diferentes equações de 
encruamento. a) Ajustes por diferentes equações de encruamento. b) Detalhe da região inicial 
da curva. c) Detalhe da região final da curva. d) Extrapolação das curvas. 
Figura 87 ­ Descrição do comportamento plástico para grandes quantidades de deformação, a 
partir de ajuste por diferentes equações de encruamento.  
Figura 88 ­ Microestrutura do material EC160 na condição como recebido, em seção no centro 
da espessura e longitudinal à direção de laminação. Ampliação original: 500 x. 
Figura 89 ­ Microestrutura de corpos de prova pré­deformados pela técnica de Marciniak nas 
diferentes  condições  de  deformação  por  tração  uniaxial,  em  seção  no  centro  da  espessura  e 
longitudinal à direção de laminação. Ampliação original: 500 x. 
Figura 90 ­ Microestrutura de corpos de prova pré­deformados pela técnica de Marciniak nas 
diferentes condições de deformação por expansão biaxial, em seção no centro da espessura e 
longitudinal à direção de laminação. Ampliação original: 500 x. Ataque com reagente H2SO4 + 
H2O2. 
Figura  91  ­  Representação  em  três  dimensões  da  microestrutura  do  aço  EC160,  após  pré­
deformações  pela  técnica  de  Marciniak  por  tração  uniaxial  e  por  expansão  biaxial.  Direção 
transversal  (DT)  e longitudinal (DL) à direção de laminação. Ampliações  originais: 500x.  – 
Ataque com reagente H2SO4 + H2O2. 
Figura 92 ­ Evolução do tamanho de grão ferrítico médio após as pré­deformações pela técnica 
de Marciniak. 
Figura 93 ­ Imagens via FSD de amostras de aço EC160 na condição como recebido. 
Figura 94 ­ Imagens via EBSD/FSD de amostras de aço EC160 submetidas a tração uniaxial 
nas quantidades propostas no presente estudo. 
Figura 95 ­ Imagens via EBSD/FSD de amostras de aço EC160 submetidas a estiramento biaxial 
nas quantidades propostas no presente estudo. 
Figura 96 – Função de Distribuição de Orientação (ODF) da amostra de aço EC160 na condição 
como recebido.  
XIII
 
Figura 97 – Função de Distribuição de Orientação (ODF) da amostra de aço EC160 na condição 
de encruamento por tração uniaxial. 
Figura 98 – Função de Distribuição de Orientação (ODF) da amostra de aço EC160 na condição 
de encruamento por expansão biaxial. 
Figura 99 – a) Evolução de componentes da família {111}<112> com as pré­deformações por 
tração uniaxial. b) variação da área sob a curva dessa fibra com o aumento da pré­deformação 
por estiramento biaxial. 
Figura  100  –  Mapa  de  índice  de  qualidade  de  imagens  –  IQ  na  condição  de  material  como 
recebido, sem deformação. 
Figura 101 – Mapas de índice de qualidade de imagens – IQ na condição de deformação por 
tração uniaxial. 
Figura 102 – Mapas de índice de qualidade de imagens – IQ na condição de material deformado 
por expansão biaxial, que resulta o modo de deformação de estiramento biaxial simétrico. 
Figura 103 – Relação entre o Índice de Qualidade de Imagens – IQ e a deformação equivalente 
realizada por tração uniaxial e expansão biaxial (estiramento biaxial simétrico). 
Figura 104 – Mapa de índice de Desorientação Média de Kernel – KAM na condição de material 
como recebido, sem deformação. 
Figura 105 – Mapa de índice de Desorientação Média de Kernel – KAM na condição de pré­
deformação por tração uniaxial. 
Figura 106 – Mapa de índice de Desorientação Média de Kernel – KAM na condição de pré­
deformação por expansão biaxial. 
Figura 107 – Relação entre o índice de Desorientação Média de Kernel – KAM e a deformação 
equivalente realizada por tração uniaxial e expansão biaxial (estiramento biaxial simétrico). 
Figura 108 – Mapa de índice de Desorientação Média de Grão – GAM na condição de material 
como recebido, sem deformação. 
Figura 109 – Mapa de índice de Desorientação Média de Grão  – GAM na condição de pré­
deformação por tração uniaxial. 
Figura 110 – Mapa de índice de Desorientação Média de Grão  – GAM na condição de pré­
deformação por expansão biaxial. 
Figura 111 – Relação entre o índice de Desorientação Média de Grão – GAM e a deformação 
equivalente realizada por tração uniaxial e expansão biaxial (estiramento biaxial simétrico). 
Figura  112  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  3  mm  e  inclinação  de  20°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários destacando a área de análise no retângulo azul. b) Mapa de índice de qualidade. c) 
Mapa de orientações cristalográficas. 
Figura  113  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  5  mm  e  inclinação  de  20°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários. b) Mapa de índice de qualidade. c) Mapa de orientações cristalográficas. 
Figura  114  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  7  mm  e  inclinação  de  20°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários. b) Mapa de índice de qualidade. c) Mapa de orientações cristalográficas. 
Figura  115–  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  7  mm  e  inclinação  de  10°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários. b) Mapa de índice de qualidade. c) Mapa de orientações cristalográficas. 
XIV
 
Figura  116  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  7  mm  e  inclinação  de  30°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários. b) Mapa de índice de qualidade. c) Mapa de orientações cristalográficas. 
Figura 117 – Aspecto da amostra avaliada para comparação das técnicas análise via t­EBSD e 
MET para a caracterização de estrutura celular de discordâncias na condição de pré­deformação 
de 9% por expansão biaxial. 
Figura 118 – Análise via MET a) para a caracterização de estrutura celular de discordâncias na 
condição de pré­deformação de 9% por expansão biaxial. b) imagens do ponto triplo mostrando 
o efeito da variação do ângulo de análises de apenas 1°. 
Figura  119  –  Análise via  t­EBSD (INMETRO)  utilizando mapas de Qualidade de da para  a 
caracterização de estrutura celular de discordâncias na condição de pré­deformação de 9% por 
expansão biaxial. 
Figura 120 – Aspecto dos corpos de prova estampados por punção e por pressão hidráulica para 
a determinação da Curva Limite de Conformação. 
Figura 121 – Perfil de deformação de corpos de prova utilizados para a determinação da Curva 
Limite de Conformação do aço EC160, a partir da imagem registrada antes da estricção. 
Figura 122 ­ Curva  Limite  de  Conformação  do  aço  EC160  (0,65  mm),  determinada  por 
trajetória linear pelo método de Nakajima e expressa em deformação pela técnica de Hecker à 
estricção. 
Figura 123 ­ Curva  Limite de Conformação do  aço EC160, determinada por trajetória linear 
pelo método de Nakajima e expressa em deformação pela técnica de Bragard. 
Figura 124 ­ Curva Limite de Conformação do aço EC160, determinada pela metodologia de 
Keeler e expressa em deformação verdadeira e de engenharia. 
Figura 125 ­ Comparação  das  Curvas  Limites  de  Conformação  determinadas 
experimentalmente em trajetória linear pelos métodos de Hecker à estricção e de Bragard, além 
da prevista pela formulação de Keeler. 
Figura 126 ­ Valores de CLC0 obtidos experimentalmente e preditos por meio das formulações 
de Keeler (1975) e de Abspoel et al. (2011). 
Figura 127 ­ Curva limite de afinamento de espessura do aço EC160 avaliado pelas diferentes 
técnicas (Hecker, Bragard e Keeler). 
Figura 128 ­ Curvas  Limite  de  Conformação  em  trajetória  linear  e  bilinear  pelo  método  de 
Hecker,  considerando  as  pré­deformações  a)  por  tração  uniaxial  (5;  10  e  15%)  e  b)  por 
estiramento biaxial simétrico (4,8; 9 e 12%). 
Figura  129  ­  Curvas  Limite  de  Conformação  em  trajetória  linear  e  bilinear  pelo  método  de 
Bragard,  considerando  as  pré­deformações  a)  por  tração  uniaxial  (5;  10  e  15%)  e  b)  por 
estiramento biaxial simétrico (4,8; 9 e 12%). 
Figura  130  –  Aspecto  do  perfil  de  deformação  dos  corpos  de  prova  ensaiados  após  pré­
deformação de 12% por estiramento biaxial. 
Figura 131 ­ Curvas  Limites de Conformação represetnadas em  tensão  a  partir de conversão 
das  deformações  limites  de  Hecker  utilizando  o  modelo  de  von  Mises  e  as  equações  de 
encruamento a) de Hocket­Sherby e b) Swift/Hochet Sherby. 
Figura 132 ­ Curvas  Limites de Conformação represetnadas em  tensão  a  partir de conversão 
das  deformações  limites  de  Hecker  utilizando  o  modelo  de  Hill  (1948)  e  as  equações  de 
encruamento a) de Hocket­Sherby e b) Swift/Hochet Sherby. 
XV
 
Figura 133 ­ Curvas  Limites de  Conformação represetnadas em  tensão  a  partir de conversão 
das  deformações  limites  de  Bragard  utilizando  o  modelo  de  von  Mises  e  as  equações  de 
encruamento a) de Hocket­Sherby e b) Swift/Hochet Sherby. 
Figura 134 ­ Curvas  Limites de Conformação represetnadas em  tensão  a  partir de conversão 
das  deformações  limites  de  Bragard  utilizando  o  modelo  de  Hill  (1948)  e  as  equações  de 
encruamento a) de Hocket­Sherby e b) Swift/Hochet Sherby. 
Figura 135 ­ Efeito do modelo de plasticidade adotado para a conversão das CLC representadas 
em deformação para tensão. a) Método de Hecker e b) Método de Bragard. 
Figura 136 ­ Efeito da técnica de avaliação das deformações limites de Hecker e de ragard na 
CLC representadas em tensão. 
Figura 137 ­ Curvas  Limites  de  Conformação  representadas  em  deformação  plástica 
equivalente  convertidas  a  partir  das  deformações  limites  obtidas  pela  técnica  de  Hecker 
utilizando os critério de plasticidade de a) von Mises e b) Hill (1948). 
Figura 138 ­ Curvas  Limites  de  Conformação  representadas  em  deformação  plástica 
equivalente  convertidas  a  partir  das  deformações  limites  obtidas  pela  técnica  de  Bragard 
utilizando os critério de plasticidade de a) von Mises e b) Hill (1948). 
Figura 139 – Comparação do efeito do critério de escoamento adotado para a determinação das 
Curvas Limites de Conformação ee deformação plástica equivalente a partir das deformações 
limites de a) Hecker e de b) Bragard. 
Figura 140 ­ Efeito da técnica de avaliação das deformações limites de Hecker e de Bragard na 
CLC representadas em deformação plástica equivalente. 
 

 
   
XVI
 
 

LISTA DE TABELAS 

Tabela  1  ­  Valores  de  ângulo    e  de  seu  cosseno  para  diferentes  condições  de  deformações 
bilineares aplicadas em um material isotrópico. Adaptado de Ballarin et al. (2009). 
Tabela  2  ­  Valores  do  parâmetro    para  condições  de  deformações  em  tensão  plana, 
considerando o efeito anisotrópico dos materiais pelo parâmetro R. Adaptado de Marciniak et 
al. (2002). 
Tabela 3 ­ Dimensões dos corpos de prova e do espaçador utilizado por Raghavan (1995).  
Tabela 4 ­ Comparação dos símbolos utilizados para representar as deformações de engenharia 
e verdadeira por distintos países (ISO 12004­2, 2009). 
Tabela 5 ­ Composição química do aço livre de intersticiais avaliado (% de massa). 
Tabela 6 ­ Propriedades mecânicas em tração especificadas segundo a norma EN 10130 (2006). 
Tabela  7  ­  Equações  de  encruamentos  propostas  por  vários  autores  (ranqueadas 
cronologicamente). 
Tabela 8 ­ Sumário das atividades realizadas para a obtenção de corpos de prova planos e pré­
deformações sob tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico.  
Tabela  9  ­  Dimensões  dos  espaçadores  e  dos  corpos  de  prova  determinadas  por  simulação 
numérica no programa LS­Dyna® para a obtenção dos modos de deformação por tração uniaxial 
e estiramento biaxial simétrico nos ensaios de pré­deformação pela técnica de Marciniak. 
Tabela 10 ­ Composição química do aço EC160 utilizado como espaçador (% em massa). 
Tabela  11  ­  Propriedades  mecânicas  em  tração  uniaxial  do  aço  EC160  (0,80 mm)  utilizado 
como  espaçador  nos  modos  de  pré­deformação  pela  técnica  de  Marciniak.  As  propriedades 
foram avaliadas a partir de corpos de prova tipo 2 da norma EN 10.002­1 (2007), com base de 
medida para determinação do alongamento de 80 mm. 
Tabela 12 ­ Deformações empregadas nos ensaios de pré­deformação pela técnica de Marciniak 
que propiciaram o mesmo nível de trabalho plástico. 
Tabela 13 ­ Propriedades mecânicas em tração uniaxial do aço EC160 avaliado. 
XVII
 
Tabela 14 ­ Parâmetros das equações de encruamentos com base nos dados oriundos do ensaio 
de tração uniaxial do EC160. 
Tabela  15  ­  Qualidade  dos  ajustes  de  cada  equação  de  encruamento  com  base  nos  dados 
oriundos do ensaio de tração uniaxial do EC160. 
Tabela 16 ­ Tamanho de grão ferrítico médio, em m e ASTM, após as pré­deformações por 
tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico.  
Tabela 17 – Resultados  do  efeito  de  alteração  de  parâmetros  operacionais  de  t­EBSD  na 
quantidade de pontos não indexados.  
Tabela 18 ­ Valores  de  CLC0  determinados  experimentalmente  e  preditos  pelas  equações  de 
Keeler (1975) e Abspoel et al. (2011). 
 
 
   
XVIII
 
   

LISTA DE SÍMBOLOS 

LI – Livre de Intersticiais 
CLC – Curva Limite de Conformação 
 – Razão entre as deformações principais 2 e 1 
d1 – Maior deformação infinitesimal no plano da chapa 
d2 – Menor deformação infinitesimal no plano da chapa 
DTLC – Diagrama de Tensões Limite de Conformação  
DPE – Deformação Plástica Equivalente  
EBSD – Electron BackScatterd Diffraction (Difração de Elétrons Retroespalhados)  
t­EBSD – Transmited  Electron  BackScatterd  Diffraction  (Difração  de  Elétrons 
Retroespalhados Transmitidos) 
MET – Microscopia Eletrônica de Transmissão 
𝜺𝟏, 𝜺𝟏𝟏  – Deformação longitudinal total verdadeira  
𝜺𝟐, 𝜺𝟐𝟐  – Deformação total verdadeira na largura 
𝜺𝟑 , 𝜺𝟑𝟑, 𝜺𝒕  – Deformação total verdadeira na espessura  
 − Ângulo entre as direções de deformação 
E1 – Tensor deformação da etapa de pré­deformação 
E2 – Tensor deformação da etapa da deformação subsequente 
 ­ Ângulo entre a trajetória de deformação e o eixo da menor deformação 
R – Coeficiente de anisotropia plástica de Lankford 
Al – Alongamento total                                                                                                             % 
LE – Limite de escoamento obtido em ensaio experimental                                                 MPa 
LR– Limite de resistência obtido em ensaio experimental                                                    MPa 
𝛥R – Coeficiente de anisotropia planar 
𝜺̅𝒑  – Deformação plástica equivalente 
𝜺̅𝒗𝒎  – Deformação equivalente de von Mises  
𝜺𝒓  – Deformação total verdadeira radial                                                                    
XIX
 
𝜺ɵ  – Deformação total verdadeira circunferencial     
𝛆̅̇  – Taxa de deformação                            
1, 2, 3  – Componentes principais do tensor tensão                                   
’1, ’2 , ’3 –  Tensões desviadoras responsáveis pelo escoamento                                    
1, 2, 3  – Componentes principais do tensor deformação 
 – Razão entre as tensões 2 e 1 
 – Razão entre as deformações principais 2 e 1 
K – Coeficiente de resistência                                                                                               MPa 
l – Comprimento                                                                                                                     mm 
n – Expoente de encruamento da equação de Hollomon 
̅  – Coeficiente de anisotropia plástica normal 
𝐑
R – Coeficiente de anisotropia planar 
σ – Tensão verdadeira                                                                                                            MPa 
𝝈
̅ 𝒎  –  Tensão equivalente                                                                                                             MPa 
T – Temperatura absoluta                                                                                                           K 
W – Trabalho plástico                                                                                                            Nm 
1CLC, 2CLC – Deformações principais da CLC 
1CLC, 2CLC – Tensões principais da CLC 
d ­ Multiplicador plástico 
φ1 e φ2 Deformações principais da CLC 
   
XX
 

RESUMO 

A  crescente  complexidade  geométrica  dos  painéis  automotivos,  aliada  à  necessidade  de 


diminuição do tempo despendido  para o lançamento  dos veículos e redução de peso, são  as 
forças  motrizes  para  o  aumento  de  robustez  de  processos  de  estampagem  de  chapas.  Nesse 
contexto, a geração de informações precisas sobre o comportamento plástico dos aços é fator 
chave. Uma das informações mais relevantes no projeto de um ferramental, auxiliando como 
critério  de  falha  do  esboço,  é  a  Curva  Limite  de  Conformação  (CLC).  Contudo,  essa  curva 
somente retrata a capacidade de deformação do material na primeira operação de estampagem 
e não mais nas próximas etapas sob distintas trajetórias de deformação. Em virtude disso, o 
presente estudo teve por objetivo avaliar os efeitos da trajetória de deformação na CLC de um 
aço livre de intersticiais. Para tal, foram realizados ensaios de laboratório para reproduzir dos 
modos  de  pré­deformação,  a  saber,  tração  uniaxial  simples  e  expansão  biaxial  simétrica  em 
função do nível de trabalho plástico. As chapas no estado como recebido e após os modos de 
pré­deformação foram avaliadas ora por ensaios mecânicos e ora por técnicas de caracterização 
microestrutural.  Os  resultados  experimentais  evidenciaram  a  dependência  da  CLC 
convencional descrita em deformações principais em relação à trajetória de deformação. Níveis 
crescentes de pré­deformação por tração uniaxial simples proporcionam um aumento da região 
segura da CLC no domínio de expansão biaxial. Por outro lado, o aumento da quantidade de 
pré­deformação por estiramento biaxial simétrico resultou em  um  importante decréscimo na 
capacidade  de  deformação  por  expansão  biaxial  da  chapa  de  aço  livre  de  intersticiais.  As 
previsões  numéricas  da  CLC  demonstraram  que  representações  nos  espaços  de  tensões 
principais e deformação  plástica equivalente são  independentes da trajetória de deformação. 
Entretanto, os valores dos limites de conformabilidade mostraram­se dependentes dos critérios 
de plasticidade e equações de encruamento adotados no modelo. Com a técnica de difração de 
elétrons  retroespalhados  foi  possível  avaliar  a  evolução  de  textura  e  estimar  indiretamente 
alterações na subestrutura do aço livre de intersticiais em razão dos diferentes modos de pré­
deformação. Na análise de difração de elétrons retroespalhados à diante foi possível estabelecer 
uma  avaliação  qualitativa  da  subestrutura,  confirmada  por  meio  da  técnica  de  microscopia 
eletrônica de transmissão.  
 
 
Palavras  Chave:  Trajetória  de  deformação,  Curva  Limite  de  Conformação,  Textura 
Cristalográfica, Aço Livre de Intersticiais, Conformação de Chapas.  
 
XXI
   

ABSTRACT 

The increase of automotive panels geometry complexity associated the needs to minimize the 
time to  “Start Of Production”  and weight  reduction, are the driving forces for the increased 
robustness  of  sheet  metal  stamping  processes.  In  this  context,  the  generation  of  accurate 
information about the steel plastic behavior is a key factor. One of the most relevant information 
to  the  tooling  design,  acting  as  sample  failure  criteria,  is  the  Forming  Limit  Curve  (FLC). 
However, this curve only shows the material limit strains in the first stamping operation and no 
longer  in  the  next  steps under  different  strain  paths.  As  a  result,  the  present  study  aimed  to 
evaluate the effects of strain path on interstitial­free steel FLC. For this purpose, laboratory tests 
were performed to reproduce pre­strain modes under uniaxial tensile and symmetrical biaxial 
expansion as a function of plastic working level. The samples as received condition and after 
the  pre­strain  modes  were  evaluated  either  by  mechanical  tests  or  by  microstructural 
characterization techniques. The experimental results evidenced the strain path dependence of 
the conventional  FLC described in  principal  strain space.  Increasing  pre­strain  levels,  under 
uniaxial tensile,  it  was  observed the  FLC  safe  region  improvement  of  the  biaxial  expansion 
domain. On the other hand, increasing the symmetrical biaxial stretching pre­strain resulted in 
a  significant  decrease  of  biaxial  expansion  steel  capacity.  Numerical  FLC  previsions  have 
shown  that  representations  in  the  principal  stress  spaces  and  equivalent  plastic  strain  are 
independent of strain path. However, the values of the Formability Limits were dependent on 
the plasticity  criteria and hardening  equations adopted in  the model.  With the backscattered 
electron diffraction technique, it was possible to evaluate the texture evolution and to indirectly 
estimate changes in the interstitial­free steel substructure due to the different pre­deformation 
modes. In the scattered electron diffraction analysis, it was possible to establish a substructure 
qualitative evaluation, confirmed by the transmission electron microscopy technique. 
Key words: Strain path, Forming Limit Curve, Crystallographic Texture, Interstitial­Free, Sheet 
Forming. 
 
 
1

1.  Introdução 

A indústria automotiva tem ampliado o portfólio de opções de veículos com desenhos 
cada vez mais desafiadores para processos de estampagem dos painéis (internos e externos), 
além  de  encurtar  o  tempo  necessário  para  o  desenvolvimento  de  produtos,  de  forma  a 
disponibilizar com maior frequência modernos modelos ao mercado. Como o tempo necessário 
para ajuste do ferramental  para início das operações de estampagem é fruto da qualidade de 
desenvolvimentos prévios, a utilização da simulação numérica computacional para a otimização 
de  geometria  e  determinação  das  condições  de  conformação,  tornou­se  imprescindível  para 
agilizar  o  lançamento  de  novos  veículos.  No  entanto,  algumas  premissas  que  vêm  sendo 
aplicadas pela indústria automotiva para o desenvolvimento de ferramentais podem resultar na 
ocorrência de trincas durante o processo de estampagem. Como exemplo, podem ser citadas a 
tendência de diminuição do número de etapas de conformação, o aumento da resistência e a 
diminuição  da  espessura  dos  aços,  bem  como  o  aumento  da  complexidade  geométrica  dos 
painéis  estampados.  Essas  premissas,  que  atuam  como  complicadores  do  processo  de 
estampagem visam à geração de plataformas veiculares de menor custo, mais seguras, cada vez 
mais leves e com desenhos mais sofisticados. 
Para atender a complexidade geométrica dos componentes automotivos, os aços estão 
sendo submetidos, até mesmo dentro de uma mesma operação de estampagem, a um número 
maior  de  modos  de  deformação,  seguindo  distintas  trajetórias.  A  alteração  da  trajetória  de 
deformação  pode  acarretar  queda  ou  aumento  da  capacidade  de  deformação  da  chapa, 
dependendo da quantidade e do modo de deformação empregado nos estágios de deformação 
da  peça.  Contudo,  os  critérios  de  falha  utilizados  pelos  atuais  programas  de  simulação  de 
estampagem não consideram as alterações de capacidade de deformação das chapas devido à 
mudança  da trajetória de deformação.  O critério  de instabilidade plástica  utilizado por estes 
programas é baseado na Curva Limite de Conformação (CLC) dos aços, levantada para uma 

   

 
trajetória simples de deformação, com diferentes razões de deformação (). Onde   é a razão 
entre a menor (d2) e a maior deformação (d1) no plano da chapa. A adoção da CLC levantada 
em  trajetória  simples  de  deformação  como  critério  de  falha  de  programas  de  simulação 
computacional,  para  condições  de  estampagem  em  variados  estágios,  pode  incorrer  em 
imprecisões de previsibilidade do comportamento plástico do material na prensa e, com isso, 
não  prever  a  ocorrência  de  trincas  e  consequentemente  aumentar  o  tempo  de  ajuste  do 
ferramental de estampagem para início de operações. 
A CLC, quando representada no espaço de tensão, tem se mostrado independente da 
trajetória de deformação e, com isso, pode ser útil na previsão do comportamento do material 
em processos de conformação com mais de uma etapa. Contudo, fisicamente, a avaliação direta 
das tensões a que cada porção do material está sendo submetida durante estampagem é bastante 
complexa.  Contudo,  essas  tensões  podem  ser  indiretamente  determinadas  a  partir  das 
deformações, por meio de equações constitutivas da teoria clássica de plasticidade. 
Outra  CLC  que  tem  demonstrado  ser  independente  da  trajetória  de  deformação  é  a 
representada em deformação plástica equivalente, por ser determinada a partir de conceitos da 
teoria de plasticidade. Apesar da deformação equivalente ser representada por um valor escalar, 
essa descrição da CLC pode ser representada no plano, em coordenadas polares, sendo que os 
modos de deformação nessa curva situam­se em posições similares aos da CLC convencional, 
tornando sua interpretação bem mais intuitiva do que a descrita em tensão. 
Visou­se  no  presente  estudo  a  avaliação  do  efeito  da  mudança  da  trajetória  de 
deformação de aço Livre de Intersticiais na alteração do formato e do posicionamento da CLC 
representada em deformação (método convencional). Essas curvas serviram como base para o 
levantamento  da  CLC  representadas  em  tensão  e  em  deformação  plástica  equivalente.  Com 
essas avaliações  foram determinados quais modos e trajetórias de deformação acarretaram  a 
melhoria  da  conformabilidade  e  em  maior  resistência  dos  painéis  após  estampagem.  Para  a 
melhor compreensão do efeito da trajetória de deformação sobre esses fatores foram realizadas 
avaliações de mudanças na subestrutura e na microtextura cristalográfica do material, por meio 
de  microanálises  via  difração  de  elétrons  retroespalhados  (do  inglês,  Electron  BackScatterd 
Diffraction  ­  EBSD),  via  transmissão  de  elétrons  retroespalhados  (do  inglês  Transmission 
Electron Backscatter Diffraction – t­EBSD) e Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET). 
O presente trabalho está estruturado em 7 Capítulos. O Capítulo 1 traz uma introdução 
enfatizando o cenário e o estado da arte de utilização de CLC. No Capítulo 2 são apresentados 
os objetivos do estudo referente ao tema da tese de doutoramento. A apresentação de revisão 
de literatura é realizada no Capítulo 3, enfatizando aspectos da influência na CLC da trajetória 
de  deformação,  tanto  em  relação  a  alterações  subestruturais  no  aço,  quanto  em  relação  ao 

 
comportamento  mecânico  do  aço.  No  Capítulo 4,  são  descritas  as  etapas  das  análises 
experimentais adotadas para a avaliação do efeito da trajetória de deformação em mudanças 
subestruturais e no posicionamento de CLC. No Capítulo 5, são apresentados e discutidos os 
resultados  obtidos.  As  Conclusões  tiradas  frente  aos  resultados  obtidos  são  apresentadas  no 
Capítulo 6.  As  referências  bibliográficas  consultadas  durante  a  realização  da  Tese  de 
Doutoramento são listadas no Capítulo 7.   

 
 

2.  Objetivos 

2.1  Objetivo Geral 

  Este trabalho tem como principal objetivo avaliar por meio de ensaios mecânicos 
os  efeitos  de  trajetórias  de  deformação  em  uma  chapa  de  aço  livre  de  intersticiais  (LI),  em 
particular, na descrição da Curva Limite de Conformação (CLC) deste aço quando definida nos 
espaços de deformações principais, tensões principais e deformação plástica equivalente.  

2.2  Objetivos Específicos 

­ Desenvolver ensaios capazes de pré­deformar no plano da chapa trajetórias de deformação 
por tração uniaxial e por estiramento biaxial simétrico; 
­  Determinar  a  equivalência  de  trabalho  plástico  para  os  modos  de  deformação  por  tração 
uniaxial e estiramento biaxial simétrico; 
­ Analisar a evolução da textura cristalográfica do aço LI por meio das técnicas de difração de 
elétrons  retroespalhados,  de  transmissão  de  elétrons  retroespalhados  e  de  microscopia 
eletrônica de transmissão devido aos carregamentos impostos por níveis de pré­deformação em 
tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico; 
­  Avaliar  o  efeito  da  trajetória  de  deformação  (linear  ou  bilinear)  na  alteração  de  mapas  de 
difração  de  elétrons  retroespalhados  relacionados  indiretamente  à  estrutura  celular  de 
discordâncias da chapa de aço LI; 
­  Desenvolver  a  metodologia  para  a  determinação  de  CLC  representadas  nos  espaços  de 
deformações  (convencional),  tensões  principais  e  deformação  plástica  equivalente 
(coordenadas polares).   

 
 

3.  Revisão Bibliográfica 

Este capítulo é destinado à apresentação de aspectos sobre a avaliação da influência 
da trajetória de deformação tanto em relação a alterações sub­estruturais em aços baixo e ultra­
baixo carbono quanto em relação ao comportamento mecânico avaliado por meio da capacidade 
limite de deformação, ou seja, pela Curva Limite de Conformação (CLC). 
 

3.1  Trajetória de deformação 

A trajetória de deformação durante o processo de estampagem pode ser definida como 
o caminho percorrido por um elemento representativo do material, após incrementos sucessivos 
de  deformações  plásticas.  Em  conformação  de  chapas  finas,  a  trajetória  de  deformação  é 
frequentemente representada em um espaço bidimensional pelas deformações que ocorrem na 
superfície da chapa, por meio de diagramas que estabelecem a relação entre a maior (1) e a 
menor (2) deformação verdadeira principal. As relações entre as deformações na superfície da 
chapa  para  um  elemento  infinitesimal  de  material,  durante  a  estampagem,  podem  assumir 
distintas  rotas,  sendo  denominadas  de  trajetórias  lineares  ou  trajetórias  compostas  (não­
lineares). Na Figura 1 são apresentados exemplos esquemáticos de trajetórias de deformação 
lineares e compostas percorridas por elementos do material durante processos de estampagem, 
Marciniak et al. (2002). As trajetórias compostas podem ser classificadas que foram percorridas 
por elementos do material de forma contínua (propiciada, por exemplo, por meio da alteração 
na  carga  de  prensa  chapas)  e  bilinear  (gerada,  em  alguns  casos,  por  etapas  subsequentes  do 
processo de estampagem). 

 

 
 

 
a) Trajetórias de deformação lineares 

 
b) Trajetórias de deformação compostas 
Figura 1 ­ Trajetórias  de  deformação  a)  lineares  e  b)  compostas  que  foram  percorridas  por 
elementos do material de forma contínua ou sequencial bilinear. Modificado de Marciniak et 
al. (2002). 
 
Um parâmetro escalar muito útil para caracterizar trajetórias compostas sequenciais de 
deformação foi proposto por Schmitt et al. (1994)** apud Ballarin et al. (2009), sendo definido 
como  o  cosseno  do  ângulo  ()  entre  dois  vetores  que  representam  as  etapas  de  (1)  pré­
deformação e (2) deformação subsequente no espaço de deformação. Matematicamente esse 
parâmetro, que tem a qualidade de um tensor invariante, é determinado pela Equação 1. 

                                                 
*
* Schimitt, J. H.; Shen, E. L.; Raphanel, J. L. – A Parameter for Measuring the Magnitude of 
a Change of Strain Path: Validation and Comparison with Experiments on Low Carbon Steel – 
International Journal of Plasticity, vol. 10 Nº 5, pp. 535­551, 1994. 
 
 

 
𝐄𝟏 ∶𝐄𝟐
cos θ = (𝐄𝟏 ∶𝐄𝟏 )0,5 ( 𝐄𝟐 ∶𝐄𝟐 )0,5
                                                                            (1) 

Na Equação 1, E1 e E2 representam os tensores deformação das etapas de pré­deformação e 
deformação subsequente, respectivamente. 

Por meio da Equação 1 verifica­se que, em solicitação bilinear monotônica segundo a 
qual  a  primeira  e  a  segunda  etapas  de  deformação  possuem  o  mesmo  modo  e  direção  de 
deformação,  o  ângulo    assume  valor  de  0°,  sendo  seu  cosseno  igual  a  1.  Para  solicitações 
bilineares por tração uniaxial e por compressão uniaxial,  exibe valor de 180° (cos  = ­1). Na 
Tabela 1 podem ser vistos outros valores do ângulo   para diferentes condições de deformações 
bilineares, conforme proposição de Ballarin et al. (2009).  

Tabela 1 – Valores  de  ângulo    e  de  seu  cosseno  para  diferentes  condições  de  deformações 
bilineares aplicadas em um material isotrópico. Adaptado de Ballarin et al. (2009). 
Condição de deformação   cos  

Tração uniaxial + Tração uniaxial  0°  1 

Cisalhamento + Cisalhamento  0°  1 

Tração plana + Tração uniaxial na mesma direção  30°  0,86 

Estiramento biaxial simétrico + Tração uniaxial  60°  0,5 

Tração uniaxial + Tração uniaxial com diferença de direção de 45°  76°  0,25 

Tração plana + Tração uniaxial com diferença de direção de 90°  90°  0 

Tração uniaxial + Tração uniaxial com diferença de direção de 90°  120°  ­0,5 

Cisalhamento ­ Cisalhamento  180°  ­1 

Tração uniaxial + Compressão uniaxial  180°  ­1 


 

3.1.1  Trajetória de deformação linear 
A trajetória linear de deformação é determinada por um valor do ângulo   constante, 
sendo este normalmente expresso por meio do arco tangente da relação entre as deformações 
principais  em  um  espaço  bidimensional  situado  no  plano  da  chapa,  que  gera  também  o 
parâmetro  dado pela razão entre d2 e d1, conforme relatado por Kikuma e Nakajima, (1971) 
e mostrado na Equação 2. Os autores ainda mencionaram que, por meio do valor de   pode­se 
classificar  o  processo  de  estampagem  em  modos  específicos  de  deformação.  Utilizando  a 
definição de Kikuma e Nakajima, (1971) na figura 2, adaptada de Marciniak et al. (2002), pode­

 
se  dizer  que  em  condição  de  isotropia  o modo  de  deformação  por  estiramento  gera  ângulos 
 situados entre os pontos A e C (valores de   entre 1 e ­1/2). Nessa mesma condição e sob 
estampagem profunda ou embutimento o ângulo   situado entre os pontos C e E. Observa­se 
ainda nessa figura, a trajetória de deformação,   = ­1, que faz a transição entre condições de 
deformação  que  geram  afinamento  e  aumento  na  espessura.  Conforme  relatado  por 
Goodwin (1968)†* apud Banabic (2009), o espaço de deformações pode ser também dividido 
em deformações sob estiramento biaxial (onde 1 e 2 >0) e sob estiramento uniaxial (onde 1 >0 
e 2 <0). 
𝑑𝜀2
 𝜌 =                                                             (2) 
𝑑𝜀1

 
Figura 1 – Espaço de deformação, destacando algumas trajetórias de deformação importantes. 
Adaptado de Marciniak et al. (2002). 
 
Na Figura 3 é mostrada representações esquemáticas de processos de estampagem, nos 
quais ocorrem a predominância de diferentes modos de deformação, adaptado de Marciniak et 
al. (2002). No modo de deformação por estiramento biaxial (para materiais isotrópicos: entre 
=­1/2 e =1), as chapas finas são conformadas em estado plano de tensão, por meio de esforços 
trativos ortogonais que atuam na superfície enquanto a tensão atuante na direção da espessura 
é  nula  (3=  0).  Neste  modo  de  deformação,  o  material  se  deforma  nas  três  direções  sendo 
negativa a deformação na direção da espessura da chapa, isto é, 1 e 2 > 0 e 3 <0. Assumindo­
se a condição de incompressibilidade plástica, ou seja, 1  + 2  + 3  = 0, espera­se uma elevada 
redução de espessura nesse modo de deformação.  

                                                 

* Goodwin, G. M. (1968) Application of strain analysis to sheet metal forming problems in 
the press shop. Society of Automotive Engineers No. 680093, 380–387. 
 
 

 

 
Figura 2 ­ Representações  esquemáticas  de  processos  de  estampagem,  nos  quais  ocorrem  a 
predominância de diferentes modos de deformação. Adaptado de Marciniak et al. (2002). 
 
O estiramento em estado plano de tensão pode ocorrer quando toda a deformação da 
chapa, durante a conformação com alta carga de prensa­chapas, se situa apenas na região da 
cabeça  de  um  punção  hemisférico.  Consequentemente,  o  material  compreendido  na  região 
situada sob a cabeça do punção irá diminuindo de espessura até atingir a instabilidade plástica 
e  romper­se,  conforme  representação  esquemática  apresentada  na  Figura  3.a.  Para  que  essa 
concentração de deformação ocorra, existem algumas condições de processamento, tais como: 

•  pressão do prensa chapas muito elevada; 
•  relação elevada entre diâmetro do esboço e do punção; 
•  raio de curvatura da matriz pequeno e do punção muito grande. 
No estiramento biaxial simétrico, considera­se o parâmetro   igual a 1 e, com isso, a 
deformação  na  espessura  é  3  =  ­21.  Nessa  condição  de  deformação,  a  espessura  da  chapa 
decresce mais rapidamente em relação à 1 do que qualquer outro modo de deformação. 

Em condições de estiramento em deformação  plana, o parâmetro   é igual a zero e 


conforme a chapa é estirada em 1, sua espessura é reduzida na mesma quantidade. Esse modo 
de  deformação  é  observado  em  paredes  de  peças  estampadas,  como  pode  ser  notado  na 
representação esquemática apresentada na Figura 3.b. 

No modo de deformação por tração uniaxial sob condição isotrópica, na qual 2 =0, a 
chapa é estirada em uma direção e contrai em outra, ou seja, o estado de deformação é de valores 
positivos  em  1  e  negativos  em  2,  acarretando  valor  de    igual  a  ­0,5.  Além  de  ensaios  de 
tração,  esse  modo  de  deformação  é  encontrado  em  condições  de  estiramento  de  flange  ou 
expansão de furos, mostrada de forma esquemática na Figura 3.c. 

Sob condições de cisalhamento puro, a espessura da chapa não sobre variação, ou seja, 
a  deformação  em  1  é  igual  a  ­2,  propiciando  um  valor  de    igual  a  ­1.  Esse  modo  de 
deformação,  juntamente  com  o  de  tração  uniaxial,  delimita  a  região  de  embutimento  do 
10 
 
diagrama  1  versus  2,  acarretando  sob  condição  isotrópica  em  valores  de    entre  ­0,5  e  ­1. 
Operações  de  estampagem  com  predominância  de  embutimento,  conforme  apresentado  na 
Figura 3.d, consistem em pressionar a tira a ser estampada, pela ação de um punção, para dentro 
da matriz. O fluxo do material deslocado para dentro da matriz não é bloqueado, entretanto, há 
uma restrição no curso  desse material.  Essa restrição  é promovida por uma carga de prensa 
chapas,  necessária  para  evitar  a  formação  de  rugas.  Uma  característica  que  o  material  a  ser 
estampado  deve  possuir  é  uma  elevada  resistência  à  diminuição  de  espessura, 
concomitantemente com a deformação plástica (alto valor do coeficiente de anisotropia plástica 
R,  Equação  3).  Outra  propriedade  característica  importante  que  o  material  do  esboço  deve 
apresentar  em  operações  de  estampagem  é  a  isotropia  planar,  isto  é,  exibir  as  mesmas 
propriedades plásticas no plano da chapa de modo a garantir uma deformação homogênea. No 
modo de deformação por cisalhamento puro também é observada a transição de deformação ao 
longo da espessura do material. Para valores de  maiores que ­1 ocorre reduções de espessura 
e em menores valores de  a espessura do material aumenta. 

Em condições de compressão pura, a deformação em 1 assume valores, em módulo, 
menores do que em 2, acarretando valor de   igual a ­2. Esse modo de deformação pode ser 
encontrado nas bordas de flanges em operações de embutimento profundo, conforme mostrado 
na Figura 3.e. Nesse modo de deformação é provável que a espessura da chapa aumente ou que 
o material sofra enrugamento. 

Quando  submetidos  a  um  mesmo  estado  de  tensão,  diferentes  materiais  vão  se 
comportar  de  forma  distinta  devido  à  anisotropia  plástica.  Essa  anisotropia  em  chapas  para 
estampagem  decorre  de  que  o  processo  de  laminação  induz  a  obtenção  de  propriedades 
mecânicas  particulares  em  relação  a  três  planos  ortogonais.  Tal  comportamento  mecânico  é 
chamado  ortotropia.  Para  mensurar  o  comportamento  ortotrópico  de  chapas  utiliza­se  o 
coeficiente de anisotropia R, na qual refere­se à relação entre as deformações verdadeiras na 
largura (largura) e na espessura (espessura), obtidas após uma deformação uniforme na direção do 
comprimento  do  corpo  de  prova  por  tração  uniaxial  (comprimento),  conforme  mostrado  na 
Equação 3. Considerando o parâmetro de anisotropia plástica do material do esboço (R), os 
valores  de   em  diferentes  modos  de  deformação  são  atualizados  conforme  mostrado  na 
Tabela 2. Esse parâmetro refere­se à relação das deformações verdadeiras, equação 3. 
𝜀 𝑙𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎
𝑅=                                                            (3) 
𝜀𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎

 
11 
 
Tabela 2 – Valores  do  parâmetro    para  condições  de  deformações  em  tensão  plana, 
considerando o efeito anisotrópico dos materiais pelo parâmetro R. Adaptado de Marciniak et 
al. (2002). 

Trajetória de 
Deformações 
deformação 
Modos de deformação 
ε1  ε2  ε3   = ε2/ε1 

Tração uniaxial  ε1  ­ε1R/(R+1)  ­ε1/(R+1)  ­R/(R+1) 

Deformação plana  ε1  0  ­ε1  0 

Estiramento biaxial simétrico  ε1  ε1  ­2ε1  1 


 

3.1.2  Trajetória de deformação composta 
Até  então,  considerou­se  trajetórias  lineares  de  deformação.  Entretanto,  trajetórias 
compostas de deformação estão bastantes presentes em operações de estampagem. Existem dois 
tipos básicos de trajetórias de deformação compostas, a saber, as contínuas e as sequenciais, 
Hance  (2005).  Trajetórias  de  deformação  compostas  contínuas  ocorrem  em  quase  todas  as 
operações de estampagem de chapas e são caracterizadas por alterações graduais ou contínuas 
da  trajetória  de  deformação  sem  interrupção  do  processo  de  conformação.  Um  exemplo  é  a 
aplicação de frisos, de canais, de freios ou de sulco de embutimento (em inglês, draw beads), 
responsáveis por mudar a trajetória de deformação do material devido ao aumento de restrição 
de fluxo de material para dentro da cavidade da matriz. Keeler (1995) afirmou que pelo fato de 
que essa forma de restrição de fluxo acarreta mudança da direção da trajetória de deformação 
para estiramento, a nomenclatura poderia ser mais bem descrita como sulco de estiramento (ou 
em inglês stretch bead). 

A  trajetória  composta  sequencial  é  aquela  que  consiste  em  mudar  abruptamente  as 
condições de tensão impostas, com uma pausa na deformação entre as "sequências". Como a 
produção de peças estampadas, normalmente, passa por operações sequenciais de conformação 
esse é um bom exemplo desse tipo de trajetória. As várias etapas de processamento de tubos 
por  hidroconformação  também  são  outro  exemplo  de  um  processo  com  trajetória  composta 
sequencial (fabricação do tubo, pré­dobramento, hidroconformação, etc.). Cabe ressaltar que as 
trajetórias  compostas  contínuas  são  experimentalmente  difíceis  de  analisar,  e  assim  as 
trajetórias  complexas  sequenciais  são  geralmente  avaliadas  em  análises  experimentais  de 
chapas metálicas. O efeito das trajetórias compostas sequenciais, que  daqui por diante serão 
referidas como trajetórias de deformação compostas, sobre as propriedades dos materiais tem 
12 
 
sido  extensivamente  estudado  para  aços  de  baixo  carbono  e  para  outros  materiais  metálicos 
convencionais, notadamente o alumínio. Hance (2005). 

3.1.3  Efeitos da alteração da trajetória de deformação 
A  trajetória  de  deformação  experimentada  por  um  dado  elemento  infinitesimal  de 
material é uma função complexa das tensões nele impostas e da resposta deste às solicitações 
(que  resultarão  em  diferentes  propriedades  mecânicas,  dependentes  principalmente  da 
composição química, da microestrutura, da textura cristalográfica, dentre outros), podendo ser 
expressa pela Equação 4. Hance (2005).  

Trajetória de deformação = f(tensões impostas) x f(resposta do material)         (4) 

3.1.3.1  Função tensões impostas 
As tensões impostas no material têm como variáveis as condições de carregamento e 
os fatores tribológicos do contato entre as superfícies do aço e do ferramental de estampagem. 
As condições de carregamento, por sua vez, são influenciadas pelas variáveis do processo de 
estampagem, tais como a geometria do ferramental, a carga de prensa chapas e a velocidade de 
deformação.  Quanto  aos  fatores  tribológicos  destacam­se  a  rugosidade  das  superfícies  de 
contato,  o tipo de revestimento da chapa  e as condições de lubrificação,  que conjuntamente 
influenciam fortemente as condições de atrito durante estampagem. A classificação dos tipos 
de solicitação impostas ao material é mostrada na Figura 4, para um espaço bidimensional de 
tensões,  cujos  eixos principais referem­se à maior (1) e  à menor  (2) tensões principais  na 
superfície  da  chapa.  Nessa  figura,  a  tangente  do  ângulo    é  o  inverso  do  parâmetro  ,  que 
relaciona as tensões principais no plano da chapa. 

 
Figura 3 – Espaço  de  tensão,  destacando  algumas  relações  de  maior  tensão  principal  (1)  e 
menor tensão principal (2). Adaptado de Marciniak et al. (2002). 
13 
 
 

3.1.3.2  Função resposta do material 
Dentre  os  fatores  que  influenciam  na  função  resposta  do  material  (propriedades 
mecânicas) e, consequentemente, na trajetória de deformação, a composição química é a que 
exerce papel mais relevante. Isso porque em função da adição de diferentes elementos químicos 
no aço, pode­se vir a alterar neste todos os mecanismos de endurecimento conhecidos (solução 
sólida, precipitação, maclação, encruamento, refino de grão e/ou tratamento térmico) e, com 
isso, alterar drasticamente as condições de deformação. 

A  microestrutura  do  material  também  tem  papel  importante  sobre  a  resposta  do 
material  às  tensões  nele  impostas  durante  o  processo  de  estampagem,  pois  os  constituintes 
microestruturais  apresentam  propriedades  mecânicas  distintas,  influenciando  assim  no 
comportamento do material. No caso de aços para estampagem, que apresentam normalmente 
microestrutura  formada  exclusivamente  pela  fase  ferrítica,  as  subestruturas  formadas  nos 
materiais  durante  a  deformação  plástica,  bem  como  os  arranjos  internos  das  discordâncias 
também  exercem  fator  importante  na  função  resposta  do  material.  Isso  porque,  durante  a 
deformação plástica destes aços, os sistemas de deslizamento submetidos às mais altas tensões 
cisalhantes são ativados e as discordâncias móveis se movimentam por meio de seus respectivos 
planos de deslizamento. Depois de certa quantidade de deformação plástica, as discordâncias 
se  rearranjam  em  uma  estrutura  celular  organizada.  A  Figura  5  mostra  uma  representação 
esquemática de uma estrutura de discordância, em grãos que se dividiram em subestruturas, a 
partir  de  deformações  em  quantidades  consideradas  de  baixa  a  média  (Figura 5.a)  e  alta 
(Figura 5.b). No caso de processos de estampagem, as deformações podem ser consideradas 
com quantidades de baixa a média. O caso de alta quantidade de deformação é mais comum em 
outros processos de conformação, tal como, laminação, que acarretam um elevado achatamento 
dos  grãos.  Verifica­se  no  grão  representado  na  Figura  5.a  que  as  células  de  discordâncias 
definem o menor elemento de volume, seguida de uma célula em bloco compreendendo várias 
células de discordâncias e circundada por contornos de discordâncias longos e achatados. Esses 
contornos são formados por paredes simples com discordâncias densas e por microbandas com 
paredes duplas de discordâncias. Para elevadas deformações (Figura 5.b), contornos lamelares 
de discordâncias tornam­se visíveis, Vincze (2007). 
14 
 

 
Figura 4 ­ Representação esquemática da divisão dos grãos de aços para estampagem, durante 
deformaçãoes  plásticas  a)  pequena  e  b)  grande  quantidades  de  deformação.  Parede  de 
dicordâncias densas (PDD); Microbanda; Contornos lamelares; Bloco de células (BC); Células 
de discordâncias (CD). Adaptado de Vincze (2007). 
 

O perfil e o tamanho das células de discordâncias, por sua vez, dependem de como 
será  a  distribuição  das  deformações  nos  sistemas  de  deslizamentos  ativos  pelo  modo  de 
deformação empregado e das condições de deformação do material. Rauch (2004) construiu 
um  mapa,  mostrado  na  Figura 6,  para  mostrar  a  influência  de  vários  parâmetros  no 
desenvolvimento estrutural dos materiais baseado em deformações por cisalhamento puro e por 
estiramento biaxial à temperatura ambiente e à baixa temperatura. A diferença de temperatura 
de deformação do material foi utilizada para se obter altas tensões de fricção no material, de 
forma  a  produzir  amostras  com  similar  densidade  de  discordância,  porém  com  arranjos 
celulares diferentes. Os parâmetros considerados pelo autor são relacionados com a estrutura e 
com o número de sistemas de deslizamento ativos, que dependem das condições experimentais 
e do material. Nesse mapa observa­se para a pré­deformação por cisalhamento (condição “a”),
a formação de blocos de células de discordâncias, com paredes bem definidas e alongadas na 
mesma direção. Enquanto para a pré­deformação por estiramento biaxial (condição “b”), nota­
se a formação de estrutura celular equiaxial, com paredes densas de discordâncias. Percebe­se 
também, conforme esperado, que a deformação em baixa temperatura acarretou uma mudança 
de  estrutura  celular  para  ambos  os  casos  de  pré­deformação (condições “c” e “d”). Uma
descrição mais completa desse mapa pode ser observada na referência Rauch (2004). 
15 
 

 
Figura 5 ­ Mapa mostrando a influência de diferentes parâmetros no tipo de desenvolvimento 
de microestruturas durante  deformação plástica de um  aço baixo carbono:  (a)   cisalhamento 
puro a temperatura ambiente, (b) estiramento biaxial a temperatura ambiente, (c) cisalhamento 
puro a 110 K e (d) estiramento biaxial a 125 K. Adaptado de Rauch (2004). 
 

Clausmeyer et al. (2013) caracterizaram a estrutura celular de discordâncias de um aço 
DC06 (grau da família de aços Livre de Intersticiais) deformado em tração uniaxial (5%), em 
deformação plana (8%) e em cisalhamento (11,5%). Os autores utilizaram uma terminologia 
similar  à  adotada  por  Vincze  (2007).  Contudo,  tendo  como  referência  trabalhos  anteriores, 
Clausmeyer et al. (2013) usaram o conceito de diferenciação dos contornos das discordâncias 
pelas características de sua formação: Contornos Geometricamente Necessários ou do inglês 
Geometrically  Necessary  Boundaries  e  Contornos  Incidentais  ou  do  inglês  Incidental 
Boundaries. Os Contornos Geometricamente Necessários, segundo os autores, são necessários 
para acomodar desorientações (mudança de orientação cristalográfica) induzidas por diferenças 
no deslizamento de discordâncias de diferentes regiões de determinado elemento de volume do 
material. Os Contornos Incidentais são formados devido a mútuas armadilhas de deslizamento 
de discordâncias normalmente complementadas por “emaranhados  de discordâncias”. Os
autores relatam ainda que as microbandas com paredes duplas de discordâncias pertencem ao 
grupo dos Contornos Geometricamente Necessários e as paredes das células (PC) ou do inglês 
Cells  Wall,  são  exemplos  de  Contornos  Incidentais.  Baseando­se  novamente  em  estudos 
16 
 
anteriores,  Clausmeyer  et  al.  (2013)  afirmam  que  a  desorientação  dos  Contornos 
Geometricamente  Necessários  em  relação  a  sua  vizinhança  é  três  vezes  maior  do  que  a 
desorientação dos Contornos Incidentais em relação a vizinhança destes. 

O  aspecto  das  estruturas  celulares  obtidas  por  Clausmeyer  et  al.  (2013)  após 
deformações  por  tração  uniaxial,  por  deformação  plana,  por  cisalhamento  e  pela  associação 
entre deformação plana e cisalhamento é mostrado na Figura 7. Os autores mencionam que em 
cerca de 5% de deformação por tração uniaxial,  paredes de células são formadas a partir de 
emaranhados de discordâncias. Com o aumento da quantidade de deformação plástica nesse 
modo  de  deformação  para  aproximadamente  20%  (mostrado  na  Figura  8),  todos  os 
emaranhados de discordâncias são incorporados a parede de células ou a contornos de células, 
aumentando o ângulo de desorientação entre o interior da célula e seus contornos. Comparando 
os Contornos dos Blocos de Células (CBC) ou do inglês Cell Blocks Boundaries, da condição 
de pré­deformação por tração uniaxial com os da deformação plana, verifica­se que os primeiros 
exibem  uma  maior  densidade  de  discordância,  sendo  o  segundo  mais  difuso.  Para  a  mesma 
quantidade de deformação, o número de células observadas para a condição de tração uniaxial 
é cerca de duas vezes maior do que para a deformação plana. O número de células por unidade 
de área da condição de deformação por cisalhamento é cerca de 1,5 vezes maior do que o da 
condição de deformação plana, em comparáveis quantidades de deformação. 

Os  autores  comentaram  que  durante  o  carregamento,  as  CBC  são  formadas 
inicialmente  em  sistemas  cristalinos  referentes  a  planos  {110}.  Com  a  continuação  do 
carregamento, os CBC são associados a planos {112} e, acima de 15% de deformação, esses 
contornos são observados em planos {123}. As espessuras das CBC para as condições de tração 
uniaxial, de deformação plana e de cisalhamento são respectivamente de ≈100 nm, ≈300 nm e 
≈200nm. 

Para a condição de deformação que contempla a associação dos modos de deformação 
plana (11%) e cisalhamento  (35%), verifica­se a  formação de estrutura celular em  forma de 
grades  quadriculadas.  Nessa  estrutura,  observam­se  ainda  Paredes  de  Discordâncias  Densas 
(PDD) e Paredes Duplas (PD). 

 
17 
 
Micrografia  Micrografia 
processada 
digitalmente 

         
a) Deformação em tração uniaxial de 5% na direção de laminação de aço LI 
 

Micrografia 
Micrografia  processada 
digitalmente 

         
b) Deformação plana de 8% na direção de laminação de aço LI 
 

            
c) Deformação por cisalhamento de 11,5% na direção transversal de aço LI 

           
d) Deformação por deformação plana de 11% seguida de cisalhamento de 35% 
Figura 6 ­ Estruturas  celulares  de  discordâncias  geradas  por  pré­deformações:  (a) por  tração 
uniaxial  ­  5%;  (b)  por  deformação  plana  –  8%;  (c)  por  cisalhamento  –  11,5%  e  (d) por 
deformação plana – 11% seguida por cisalhamento – 35%. PC – Parede de Células; BC – Bloco 
de células; CBC – Contorno de Bloco de Células; CG – Contorno de Grão; PD – Parede Duplas; 
PDD – Paredes Duplas Densas. Clausmeyer et al. (2013). 
18 
 

          
    a) Deformação em tração uniaxial de 20%      b) Deformação em deformação plana de 20% 
Figura 7 ­ Estruturas  celulares  de  discordâncias  geradas  em  função  das  condições  de  pré­
deformação: (a) por tração uniaxial ­ 20% e (b) por deformação plana – 20%. Clausmeyer et al. 
(2013). 
 
A  textura  cristalográfica,  outra  variável  que  exibe  influência  sobre  a  resposta  do 
material, sofre notória alteração com a mudança do modo de deformação.  Vadavadagi et al. 
(2015),  mostraram  a  evolução  da  textura  cristalográfica  com  mudanças  na  trajetória  de 
deformação de aços baixo carbono, Figura 9. Os ângulos φ1, Φ e φ2 são ângulos de Euler. Cabe 
destacar a intensidade das componentes da fibra  identificada na figura pela linha tracejada 
vermelha e vista nos mapas com φ2  =  45°.  Essa  fibra  exibe  componentes  que  favorece  a 
estampabilidadade dos aços. As texturas resultantes de pré­deformações  por tração  uniaxial, 
por estado plano de deformação e por estiramento biaxial simétrico são mostradas, em contraste 
com  a  textura  do  material  sem  deformação.  Verifica­se  que  nos  modos  de  deformação  por 
tração  uniaxial  e  deformação  plana  o  mapa  de  textura  são  similares,  na  qual  as  maiores 
intensidades são correspondentes as componentes da família {111}<110>. Enquanto que para 
a deformação em estiramento biaxial a intensidade de todas as componentes das fibra gama são 
fortalecidas. 
 
19 
 

Figura 8 ­  Orientation Distribution Function (ODF) em 2 = 45°, destacando a fibra gama de 
aços  baixo  carbono  nas  condições  sem  deformação,  tração  uniaxial,  deformação  plana  e 
estiramenteo biaxial simétrico. Modificado de Vadavadagi et al. (2015). 
 
A  estrutura  celular  de  discordância  de  aços  deformados  plasticamente  tem  sido 
caracterizada,  de  forma  indireta,  pela  técnica  de  difração  de  elétrons  retroespalhados,  mais 
conhecida pela nomenclatura em inglês Electron BackSattered Diffraction (EBSD). O princípio 
básico para essa caracterização via EBSD reside no fato de que quando deformados, os aços 
que exibem estrutura Cúbica de Corpo Centrado (CCC), tendem a formar arranjos de estruturas 
celulares no interior dos grãos, denominadas de subgrãos. Os subgrãos apresentam pequenos 
ângulos de desorientação entre eles, normalmente inferiores a 5°. A avaliação da deformação 
plástica por EBSD torna­se possível, mas não trivial, em função da degradação da qualidade 
dos  padrões  de  difração.  Em  função  disso,  até  mesmo  a  etapa  de  lixamento/polimento  das 
amostras é um processo crítico em uma análise via EBSD. Na Figura10 são mostrados padrões 
20 
 
de difração de uma amostra com a superfície adequada e outra com problemas de preparação 
devido à deformação plástica.  

Figura 9 ­ Padrões de difração de EBSD obtidas a partir de a) amostra com superfície adequada 
e b) outra com problemas de preparação devido à deformação plástica. Wright et al. (2011). 
 
Com a deformação plástica as distorções na estrutura cristalina são aliviadas por meio 
da geração de discordâncias, podendo gerar dois diferentes efeitos nos padrões de difração de 
EBSD. O primeiro deles é devido às Discordâncias Estatisticamente Armazenadas (Statistically 
Stored Dislocations). Essas discordâncias podem ser encontradas em regiões do material com 
significantes  densidades,  mas  com  uma  rede  de  vetor  de  Burgers  igual  a  0,  mostradas  na 
Figura 11. Nesse caso o padrão é degradado em função de perturbações locais na difração dos 
planos  da  rede  levando  a  espalhamentos  incoerentes.  Quanto  maior  é  a  densidade  de 
discordância maior é a degradação do padrão de difração.  

 
Figura 10 ­ Representação esquemática de distúrbios acarretados na rede cristalina em função 
de discordâncias em cunha de sinais opostos que geram uma rede com vetor de Burgers igual a 
0 e degradam o padrão de difração de EBSD (Wright et al., 2011). 
 
21 
 
O segundo efeito no padrão de difração é atribuído às Discordâncias Geometricamente 
Necessárias  (Geometrically  Necessary  Dislocations),  que  geram  regiões  no  material  com 
vetores  de  Burgers  diferentes  de  0,  devido  ao  fato  de  existirem  mudanças  de  orientação 
cristalográfica ou curvaturas na rede cristalográfica. De um modo geral pode­se afirmar que no 
interior  dos  subgrãos  são  encontradas  as  Discordância  Armazenadas  Estatisticamente  e,  nos 
contornos  desses,  as  Geometricamente  Necessárias  (Figura 12).  Na Figura 13  são  mostradas 
representações  esquemáticas  da  alteração  de  orientação  cristalográfica  em  um  contorno  de 
subgrão  propiciada  pelas  Discordâncias  Geometricamente  Necessárias  e  da  degradação  da 
qualidade do padrão de difração em função das distorções geradas devido à sobreposição dos 
padrões de cada subgrão. Como as rotações na rede cristalográfica associadas aos contornos de 
subgrão são pequenas (menor do que 5°), o material dentro do volume de difração não mais 
satisfaz a lei de Bragg, mas sim a um intervalo próximo à lei de Bragg em três dimensões, o 
que gera uma distorção nos padrões de difração. Quanto maior é a quantidade de deformação 
maior é o grau de degradação do padrão de difração.  

Discordâncias Armazenadas 
Estatisticamente 

Discordâncias Geometricamente Necessárias 
 
Figura 11 ­ Representação  esquemática  destacando  as  Discordâncias  Armazenadas 
Estatisticamente  encontradas  no  interior  dos  subgrãos  e  as  Discordâncias  Geometricamente 
Necessárias situadas nos contornos de subgrão. Adaptado de Wright et al. (2011). 

 
Figura 12 ­ Representação esquemática mostrando o efeito do contorno de subgrão no padrão 
de difração. Wright et al. (2011). 
22 
 
A diferenciação da contribuição dos dois tipos de discordâncias supracitados para a 
distorção de um simples padrão de difração é praticamente impossível. Cabe ressaltar também 
que como o tamanho do volume de difração é uma função do tamanho do feixe de elétrons, o 
efeito da degradação será diferente em  microscópios  com  filamentos de tungstênio de baixa 
resolução comparado aos de alta resolução com fontes de campos de emissões. 

Pelo fato da técnica de EBSD ser capaz de diferenciar orientações cristalográficas de 
grãos, diferenciando o que seriam os contornos de grão de alto e baixo ângulo (desorientações 
normalmente  maiores  do  que  20°  e  entre  2  e  5°,  respectivamente),  medidas  qualitativa  e 
quantitativamente  sobre  os  subgrãos  podem  ser  extraídas,  Wright  e  colaboradores  (2011). 
Explorando  os  resultados  obtidos  no  estudo  de  Bittencourt  et  al.  (2012)  sobre  a 
conformabilidade de aço para estampagem  (BH260), a partir de pré­deformações por tração 
uniaxial ( ≈ 0,10) e por estiramento biaxial ( ≈ 0,11), nota­se que a deformação biaxial foi 
responsável  pela  geração  de  uma  estrutura  formada  por  uma  maior  quantidade  de  subgrãos. 
Esse fato pode ser comprovado analisando o mapa de contraste de banda (band contrast) com 
diferenciação dos contornos e o histograma de desorientação (misorientation), onde verifica­se 
contornos  de  grão  com  ângulos  inferiores  a  5°  (contornos  em  verde)  e  comparando  os 
histogramas mostrados na Figura  14.  Nessa figura é mostrado também  mapas de Função de 
Distribuição de Orientação (ODF), reforçando os resultados de  Vadavadagi et al. (2015), na 
qual, por tração há uma intensificação da componente {111}<110> e por estiramento biaxial 
todas as componentes da fibra gama. Nota­se ainda, Figuras de Polo Inversa (IPF – Inverse Pole 
Figure), onde verifica­se que a cor mais presente é a azul indicando que a direção [111] é mais 
presente como normal ao plano da chapa. Com isso, conforme mostrado no cubo da Figura 14, 
planos da família {111} são presentes mais intensamente no plano da chapa. 
23 
 

 
a) ODF, IPF e mapas de contraste de banda com diferenciação entre os contornos de grão 
0,6
0,5 Sem deformação
Frequência

0,4 Tração Uniaxial


0,3 Estiramento Biaxial Simétrico
0,2
0,1
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Desorientação (°)
 
b) Histograma de desorientação 
Figura 13 ­ Mapas de contraste de banda (band contrast) com diferenciação de contornos de 
grão e histograma de desorientação (misorientation) de amostras sem e com deformação por 
tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico (Bittencourt et al., 2014). 
Uma  técnica  de  microanálise,  realizada  em  Microscópio  Eletrônico  de  Varredura 
(MEV),  que  tem  ganhado  importância,  Rice  et  al.  (2014),  é  a  de  Transmission  Kikuchi 
Diffraction  (TKD)  ou  Transmission Electron  Backscatter Diffraction  (t­EBSD).  A diferença 
dessa técnica em relação à de EBSD, reside no fato de que ao invés difratar os elétrons estes 
são transmitidos através da amostra. Com isso, a resolução da análise pode ser melhorada em 
valores  superiores a uma ordem  de grandeza. Na Figura  15 é mostrada uma comparação do 
volume de interação de elétrons com a câmera obtido pela técnica convencional de  EBSD e 
pela técnica de t­EBSD. 
24 
 

 
Figura 14 ­ Comparação do volume de interação de elétrons com a câmera obtido pela técnica 
convencional de EBSD e de t­EBSD. Rice et al. (2014). 
As análises de t­EBSD em microscópio eletrônico de varredura tornam­se possíveis 
em função da espessura da amostra e de seu posicionamento em relação ao feixe emitido de 
elétrons. Na Figura 16 são mostradas, de forma esquemática, montagens de amostra no MEV 
para análises via EBSD e via t­EBSD. Nota­se na Figura 17 que tanto o porta amostra e quanto 
o ângulo de inclinação utilizados na técnica de t­EBSD diferem bastante dos empregados em 
análises via EBSD. 

 
Figura 15 ­ Representações esquemáticas de montagens de amostra no MEV para análises via 
EBSD e via t­EBSD. Rice et al. (2014).  

 
Figura 16 ­ Imagem  de  uma  câmara  de  MEV  equipada  com  porta  amostra  para  análise  via 
t­EBSD (Rice et al., 2014). 
25 
 
Apesar dessa técnica de microanálise ser promissora para a avaliação de aspectos sobre 
a textura cristalográfica de amostras deformadas, não foi encontrada em literatura referências 
que fizessem esse tipo de análise com bons resultados. 

3.2  Curva Limite de Conformação 

A  Curva  Limite  de  Conformação  (CLC)  tem  como  principal  objetivo  avaliar  a 
capacidade de deformação de chapas quando são submetidas a diferentes modos de deformação. 
O  conceito  de  deformações  limites  foi  introduzido  em  1947  e  tem  passado  por  inúmeras 
alterações ao longo do tempo. Neste subitem do capítulo foi feita uma revisão sobre o histórico 
do desenvolvimento experimental das Curvas Limite de Conformação em relação aos efeitos 
de parâmetros no formato e posicionamento dessa curva e fatos relevantes que propiciaram o 
aprimoramento da CLC ao longo do tempo. Dentre os efeitos e as modificações realizadas na 
CLC cabem destacar aspectos relacionados com: 
­ a técnica de deformação do corpo de prova (principais métodos de Nakajima e Marciniak); 
­ critérios utilizados para a deformação limite, normas ASTM 2218 (2014) e ISO 12004 (2009); 
­ o efeito da espessura inicial do esboço, propriedades mecânicas e trajetória de deformação; 
­ as condições de deformações de peças industriais não previstas pela CLC; 
­  o  método  utilizado  para  descrever  a  CLC:  deformações  principais,  tensões  principais  e 
deformação plástica equivalente. 

3.2.1  Desenvolvimento do conceito da Curva Limite de Conformação 
Apesar do desenvolvimento do conceito da CLC ser atribuído à Keeler (1962)* apud 
Col (2014) e à Goodwin, (1968)*‡ apud Col (2014) afirma que a avaliação da capacidade limite 
de  deformação  de  materiais  metálicos,  especialmente  para  ligas  de  alumínio,  foi  concebida 
primeiramente por Lankford (1947)* apud Col (2014). O motivo principal de Lankford para 
esse desenvolvimento veio em função de que no início da 2ª guerra mundial tornou­se evidente 
para a indústria aeronáutica dos Estados Unidos, que o desenho das aeronaves militares tinha 
de ser aprimorado visando­se melhorias no desempenho aerodinâmico. Com isso, o processo 
de  fabricação  dessas  aeronaves  deveria  sofrer  alterações  para  que,  além  do  desempenho 
aerodinâmico, a produtividade dos aviões fosse ampliada. Portanto, foi destinada uma grande 

                                                 
*
Keeler, S.P. ­ Determination of Forming Limits in automotive stampings. In: SAE paper n° 
650535, May 1965. 
Goodwin,  G.M.  ­  The Application of  strain analysis to  sheet  metal forming problems in  the 
press shop. In: SAE paper N° 680093, January 1968. 
Lankford, W.T.; LOW, J.R.; GENSAMER, M. ­ The Plastic Flow of Aluminum Alloy Sheet 
Under  Combined  Loads.  In:  American  Institute  of  Mining  and  Metallurgical  Engineers.  In: 
Technical Publication No. 2237, Metals technology. August 1947. 
26 
 
atenção para melhoria do processo de conformação de chapas de alumínio por parte do governo 
norte americano.  
Nessa  época,  não  se  tinha  um  critério  confiável  de  conformabilidade  pois  a 
estampabilidade  do  material  somente  era  julgada  em  função  dos  limites  de  escoamento  e 
resistência, além do alongamento total. Em função desse critério pouco confiável, o escritório 
americano de pesquisa e desenvolvimento decidiu criar um projeto de pesquisa e solicitou, entre 
outros, ao Instituto de Tecnologia de Carnegie que desenvolvesse um trabalho sobre este tema. 
Tal investigação foi realizada sob o contrato OEMsr­894 durante a tese de doutorado de W. T. 
Lankford.  Os  resultados  deste  estudo  foram  sumarizados  em  um  artigo  publicado  pelo 
American Institute of Mining and Metallurgical Engineers (1947). Neste artigo, de acordo com 
Col  (2014),  os  autores  Lankford  et  al.  (1947)  propuseram  pela  primeira  vez  um  conceito 
chamado de “Diagrama Limite de Deformação”, esquematizado na Figura 18. Nesse diagrama, 
pode­se observar o destaque em vermelho, entre os pontos A e B, o que seria a Curva Limite 
de Conformação. 

 
Figura 17 ­ Conceito  de  Diagrama  Limite  de  Deformação  introduzido  por  Lankford  et  al. 
(1947). Adaptado de Col (2014). 
27 
 
Segundo Col (2014), esse desenvolvimento foi completamente ignorado ou esquecido 
pelas pessoas da época envolvidas com conformação de chapas, principalmente àquelas que 
trabalhavam na indústria automotiva. Este autor cita algumas proposições para que o trabalho 
de Lankford fosse subestimado: 
­ pelo estudo ter sido direcionado para ligas de alumínio limitado a indústria a aeronáutica; 
­ pela publicação ter sido feita em um veículo desconhecido pelos engenheiros automotivos em 
comparação a Society of Automobile Engineers (SAE) e American Society for Metals (ASM); 
­ devido à publicação de Lankford ter trazido também uma grande contribuição pela definição 
do conceito do coeficiente de anisotropia plástica, que aliás recebeu o nome deste mesmo autor, 
o conceito do diagrama limite de deformação foi negligenciado. 
  Com isso, o único ensaio confiável de estampabilidade de chapas de aço voltados para 
a  indústria  automotiva,  realizado  antes  de  1960,  era  a  avaliação  visual  da  peça  objetivando 
encontrar defeitos como, por exemplo, estricções ou trincas. A ocorrência desses defeitos no 
produto estampado servia como critério para melhorias dos processos de estampagem ou até 
mesmo a substituição de material. Contudo, mesmo após a etapa de ajuste do ferramental de 
estampagem, eventuais variações nesse processo de conformação, na condição de lubrificação 
e nas propriedades mecânicas do material acarretavam a ocorrência de estricções e/ou fraturas. 
Sem uma medida confiável da severidade das deformações que precedem a ocorrência desses 
defeitos, uma elevada quantidade de peças era descartada em decorrência de exibirem algum 
tipo de defeito devido ao processo de estampagem. 
  O conceito de Diagrama Limite Deformação, porém, com o nome de Diagrama Limite 
de Conformação (DLC), foi retomado por Stuart P. Keeler em 1962 durante seu doutorado no 
Massachusetts  Institute  of  Technology  (MIT)  e,  em  seguida,  aprimorado  por  Gorton  M. 
Goodwin em 1968. Na figura 19 é apresentado o DLC, na qual o lado esquerdo é atribuído a 
Goodwin  e  o  lado  direito  a  Keeler.  Esse  diagrama  fornece  uma  medida  empírica  útil  da 
severidade das deformações do processo de estampagem na ausência de estricção ou fratura. 
Para a avaliação das deformações, foi gravado uma grade de círculos na superfície da chapa e 
pela alteração dimensional desses círculos após  estampagem, as maiores (1) e menores (2) 
deformações na superfície da chapa puderam ser avaliadas. Keeler e Backofen (1963) avaliaram 
a região de estiramento do DLC, por meio de ensaios de expansão biaxial nos quais ambas as 
deformações principais na superfície chapa são positivas. Goodwin (1968) estendeu a avaliação 
do DLC às deformações principais no campo de estiramento uniaxial. Nakajima et al. (1968). 
28 
 

Lado do diagrama  Lado do diagrama 
atribuído a Goodwin  atribuído a Keeler 
(1 > 0 e 2 < 0)  (1 e 2 > 0) 

 
Figura 18 – Diagrama Limite de Conformação, na qual o lado esquerdo é atribuído Goodwin 
(estiramento uniaxial) e o lado direito a  Keeler (estiramento biaxial). Modos de deformação 
geralmente encontrados em processos de estampagem (Luiz, 2005). 
 
A característica chave  do DLC é a Curva  Limite de Conformação (CLC)  ou Curva 
Limite de Estampagem (CLE), que é a região de fronteira entre os estados de deformação que 
não acarretam defeitos na peça, daqueles que são propensos à ocorrência de estricção e fratura. 
O formato e a posição da CLC são características do tipo de material avaliado. Normalmente, 
as deformações mais baixas segundo a maior deformação principal 1 ocorrem sob um estado 
plano de deformação, isto é, no intercepto da CLC para a menor deformação principal 2  = 0, 
este intercepto é conhecido por CLC0. A distância em relação à CLC, dos pares de maiores (1) 
e menores (2) deformações avaliadas na superfície da peça, caracteriza o grau de segurança do 
processo de estampagem empregado. Na Figura 20 é mostrado um DLC de uma região de peça 
estampada, no qual o material da chapa se encontra bem especificado para a conformação da 
peça, uma vez que os pares de deformação estão abaixo da CLC. Nesta figura, as maiores (1) 
e menores (2) deformações no diagrama são medidas de deformação verdadeira e apresentadas 
em notação alemã, ou seja, 1 e 2, respectivamente. 
29 
 

      
Figura 19 ­ Diagrama Limite de Conformação mostrando que os pares de deformação de região 
de peça encontram­se abaixo da Curva Limite de Conformação do material, indicando baixa 
propensão  à  ocorrência  de  trincas.  (Manual  de  operação  e  manutenção  do  analisador  de 
deformação Vialux). 
 

3.2.2  Principais técnicas utilizadas para a determinação experimental da CLC 
A avaliação da capacidade limite de deformação de chapas em diferentes modos de 
deformação,  por  meio  da  determinação  de  CLC,  foi  tema  de  diferentes  estudos,  sendo 
desenvolvidas  diferentes  metodologias  para  ensaios  experimentais.  Dentre  as  principais 
técnicas de determinação de CLC, cabem destacar a de Nakajima, et al., 1968 e a de Marciniak 
(1977)* §  apud  Gronostajski  e  Dolny  (1980).  Essas  técnicas  utilizam  trajetórias  lineares  de 
deformação  e  se  distinguem  em  função  da  condição do teste, denominadas de “no plano”,
quando  a  região  plana  analisada  do  material  não  está  em  contato  com  o  ferramental  de 
estampagem e de “fora do plano”, que considera, em função do contato do material com a
ferramenta, o efeito do atrito e a ocorrência de dobramento da chapa sobre o punção. Ragab e 
Baudelet (1982). 

3.2.2.1  Metodologia de Nakajima (Nakazima) 
Nakajima propôs uma técnica, que resulta em deformações “fora do plano”, por meio
da  determinação  das  condições  limite  em  estampagem  desde  o  modo  de  deformação  de 
embutimento profundo até o de estiramento biaxial simétrico, mostrado na Figura 21. Este autor 
propôs a utilização de um ferramental composto por um punção hemisférico, uma matriz e um 
quebra rugas. A força aplicada no quebra rugas evita qualquer escorregamento do material do 
flange para a parte central do corpo de prova, que está sendo deformado durante o ensaio. A 
geometria  dos  corpos  de  prova  proposta  por  Nakajima  consiste  em  tiras  retangulares  de 
diferentes larguras. Esse formato de corpos de prova doravante será denominado de Nakajima 
tradicional.  Contudo,  para  os  espécimes  mais  estreitos,  que  darão  origem  à  região  de 

                                                 
*
 Marciniak Z. ­ Sheet metal forming limits. Proc Mech Sheet Metal Form 1977:215–33. 
30 
 
deformações  negativas  em  2  do  diagrama,  utiliza­se  uma  área  útil  de  menor  largura  para 
concentração de tensão, tornando os corpos de prova similares aos do ensaio de tração, sendo 
o comprimento da área útil, pelo menos, metade do diâmetro do punção, conforme mostrado de 
forma  esquemática  na  Figura  22.  Normalmente,  atribui­se  a  nomenclatura  Nakajima 
Modificado quando da utilização desses corpos de prova (Tepedino e Ferreira, 2007). Freitas et 
al. (2010) utilizou corpos de provas similares para a determinação de deformações limites em 
aço Livre de intersticiais, conforme mostrado na Figura 23.  

 
Figura 20 ­ Desenho  esquemático  da  geometria  do  ferramental  utilizado  na  determinação  da 
CLC pelo método Nakajima. Adapatado de Gronostajski e Dolny (1980). 
 

 
Figura 21 ­ Formatos dos corpos de prova utilizados na técnica Nakajima modificado para  a 
determinação de Curva Limite de Conormação.Tepedino e Ferreira (2007). 
 
31 
 

 
Figura 22 – Aspecto de corpos de prova conformados pela técnica Nakajima modificado para a 
determinação de Curva Limite de Conormação de alo Livre de Intersticiais. Freitas et al. (2010). 
 
Utilizando uma variante, de formato circular, para os corpos de prova de Nakajima 
modificado (com diâmetro de 220 mm, larguras variando de 40 até 180 mm e uma delas circular 
com diâmetro de 220 mm), tornou­se possível obter trajetórias de deformação desde o modo de 
deformação de embutimento profundo até o de estiramento biaxial simétrico com apenas nove 
geometrias (sendo uma delas determinada a partir de ensaio de expansão biaxial), conforme 
mostrado  na  Figura 24.  Cada  nuvem  de  pontos  de  deformação,  com  coloração  distinta, 
corresponde a corpos de prova com dimensões diferentes. As maiores e menores deformações 
no diagrama são verdadeiras e representadas em notação alemã: 1 e 2, respectivamente.  
32 
 

 
Figura 23 ­ Aspecto e deformações de corpos de prova utilizados para a determinação da Curva 
Limite de Conformação, obtida pelo método Nakajima modificado (linha vermelha no diagrama 
de maior deformação ­ 1 versus menor deformação ­ 2. Tepedino et al. (2011). 

3.2.2.2   Metodologia de Marciniak 
A  técnica  utilizada  no  ensaio  de  Marciniak  consiste  na  estampagem  simultânea  do 
corpo de prova e de um material espaçador com um furo central, ambos retidos no quebra­rugas 
(stretchbead)  durante  o  ensaio  (Gronostajski  e  Dolny,  1980)  Essa  técnica  possibilita 
deformações no plano, tanto em condições de estiramento uniaxial (1 ≥ 0 e 2 ≤ 0) quanto em 
estiramento biaxial (1 e 2 > 0), evitando os efeitos de atrito e de curvatura do corpo de prova. 
Com isso, evita­se que a fratura durante o ensaio ocorra na região do raio de concordância do 
punção.  A  presença  do  furo  no  espaçador  garante  que  as  maiores  deformações  ocorram  na 
região central do corpo de prova e sem contato com o punção (Albrektsen, K., 1994). Cabe 
ressaltar ainda, que com a utilização do material espaçador consegue­se elevadas quantidades 
de deformação. Algumas características devem ser observadas nos materiais utilizados como 
espaçadores (Tepedino e Ferreira, 2007): 
­ apresentar, de preferência, menor resistência mecânica ou a mesma que a do material ensaiado; 
33 
 
­  exibir  espessura  igual  ou  maior  que  a  do  corpo  de  prova.  Na  norma  ISO  12004­2  é 
recomendado que a espessura não seja inferior a 0,8 vezes a do material a ser avaliado; 

­  ser  o  mais  isotrópico  possível,  para  garantir  uma  deformação  homogênea  ao  longo  do 
perímetro do furo sob estado biaxial simétrico de tensões; 

­ exibir dimensões similares a do material a ser estampado; 

­ apresentar bom acabamento nas bordas do furo para evitar a formação de trincas prematuras.  
 
Na Figura 25 tem­se uma representação esquemática do ferramental de estampagem 
utilizado  na  técnica  de  Marciniak  para  a  determinação  da  CLC.  Verifica­se  que  a  região  de 
interesse do corpo de prova (abaixo da cabeça do punção) mantêm­se plana durante o ensaio. 

 
Figura 24 ­ Desenho esquemático da geometria das ferramentas utilizadas na determinação da 
CLC pelo método Marciniak. Adapatado de Gronostajski e Dolny (1980).  
 

Encontra­se  em  literatura,  diferentes  geometrias  utilizadas  para  o  método  de 


Marciniak para o material a ser avaliado e para o espaçador, dentre elas cabe destacar a proposta 
por Raghavan (1995). Este autor propôs a utilização de corpos de prova retangulares, com e 
sem  concentradores  de  tensão,  para  avaliação  da  CLC  em  4  modos  de  deformação: 
embutimento  profundo;  deformação  plana;  estiramento  biaxial  (1  =  0,40  e  2  =  0,15)  e 
estiramento  biaxial  simétrico.  A  Figura  26  e  a  Tabela  3  apresentam  informações  mais 
detalhadas a respeito das geometrias dos corpos de prova e dos  espaçadores utilizados nesse 
estudo. O comprimento de todos os corpos de prova e espaçadores foi fixo, igual a 177,8 mm. 
34 
 


 
a)  
 

 
b)  
Figura 25 ­ Classificação  por  categoria  dos  corpos  de  prova  e  dos  espaçadores  (abaixo) 
utilizados  por  Raghavan  (1995).  a)  Representação  esquemática  dos  corpos  de  prova  e  dos 
espaçadores. b) Aspecto dos corpos de prova e dos espaçadores deformados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
Tabela 3 ­ Dimensões dos corpos de prova e do espaçador utilizado por Raghavan (1995).  

Modo de  Diâmetro do furo do  Faixa de menor 


Largura (mm)  Valor de R (mm) 
deformação  espaçador (mm)  deformação (%) 

25,4  76,2 
38,1  69,85 
Embutimento 
50,8  63,5  ­  ­25 a ­10 
profundo 
63,5  57,15 
76,2  50,8 
101,60  40,64 
107,90  40,64 
114,25  40,64 
Deformação 
120,60  ­  40,64  ­10 a +10 
plana 
126,95  40,64 
133,35  38,1 
139,7  38,1 
120,65  28,575  40,64 
Estiramento  127  25,4  38,1 
+15 a +40 
biaxial  133,5  22,15  38,1 
139,7  19,05  35,56 
Estiramento 
biaxial  177,8  ­  30,5  > +40 
simétrico 

3.2.3  Critérios de deformação limite (normas ASTM E2218 e ISO 12004) 
Um ponto de elevada relevância na determinação da Curva Limite de Conformação, 
refere­se ao critério experimental de capacidade limite de estampagem, que pode ser em relação 
ao início da estricção ou da fratura. Os primeiros trabalhos desenvolvidos sobre CLC utilizaram 
como critério de falha, o início da fratura. A trinca era detectada por meio de análise visual ou 
por  toque  manual,  exatamente  da  mesma  forma  como  era  feito  nas  estamparias.  Contudo, 
percebeu­se  que  esse  método  à  fratura  não  era  adequado,  uma  vez  que  as  peças  eram 
consideradas fora de especificação no primeiro sinal de estricção. Para painéis externos, a razão 
dessa consideração é de caráter estético, pois a estricção é notória à vista desarmada. Em painéis 
internos e de segurança, o quesito foi a integridade estrutural do painel. O início da estricção 
foi  então  considerado  como  o  critério  de  limite  de  estampagem.  No  entanto,  em  função  de 
limitações técnicas de equipamentos para avaliação dinâmica das deformações, detectar o início 
da estricção era uma tarefa muito difícil. Col (2014). 
36 
 
Em virtude da elevada dificuldade de previsão do início de estricção, as deformações 
limites continuavam sendo definidas à fratura ou eram traçadas a partir de pares de deformação 
menores do que os do início da estricção. Contudo, com a adoção de novos sistemas de captação 
dinâmica de imagens e  de avaliação das deformações, tornou­se possível  a determinação  de 
CLC à estricção. Para materiais de pequenas espessuras, a  influência da  adoção de curvas à 
estricção ou à fratura é menor, pois como a seção resistente do material é pequena, no primeiro 
sinal de estricção o material se rompe. Entretanto, caso o material exiba elevada espessura e 
alta ductilidade, grandes diferenças entre as curvas à estricção e à fratura podem ser observadas. 
Cabe ressaltar ainda que associado à ocorrência de estricção, geralmente uma quantidade de 
redução  de  espessura  máxima,  normalmente  em  torno  de  30%,  também  é  utilizada  pelas 
montadoras automotivas como critério de aprovação do componente estampado. 

Para a padronização dos ensaios de determinação de Curva Limite de Conformação, 
duas  normas  são  usualmente  utilizadas  como  referência,  Freitas  et  al.  (2010),  as  normas 
ASTM E2218  (2014)  e  ISO 12004  (2009).  A  principal  diferença  entre  as  normas  reside  no 
critério  para  a  determinação  das  deformações  críticas  utilizadas  na  confecção  da  CLC.  Na 
norma ASTM a determinação da CLC é feita a partir do método de Hecker, ou seja, corpos de 
prova estampados até que a estricção localizada seja visível ou tão logo a fratura ocorra. Neste 
caso, as deformações críticas são medidas nas regiões adjacentes a essas falhas. A norma ISO 
recomenda a utilização de um algoritmo matemático para a previsão das deformações limites 
do  material,  método  de  Bragard,  determinando  assim  pares  de  deformação  (1  e  2),  que 
representem  o  início  do  fenômeno  de  estricção  dos  corpos  de  prova.  Em  função  dos 
procedimentos descritos na norma ASTM deixar margem para a ocorrência de variabilidades 
nas  deformações  limites,  o  comitê  da  ISO  decidiu  utilizar  um  novo  método  para  casos  de 
contestação.  

O conceito do método de medição das deformações proposto pela norma ISO 12004­
2 (2009), denominado de medição dependente da posição, consiste na análise da distribuição 
das deformações ao longo de seções perpendiculares à orientação de propagação da fratura dos 
corpos de prova após estes serem submetidos aos ensaios de estampagem. A norma sugere a 
utilização de câmeras acopladas à prensa de estampagem para o registro de uma sequência de 
imagens da superfície do corpo de prova deformado durante os ensaios de estampagem (neste 
caso, é recomendada a gravação de no mínimo 10 quadros/segundo no momento de ocorrência 
da  trinca).  No  caso  do  equipamento  fabricado  pela  ViALUX®,  denominado  AutoGrid  In­
process, este registro é feito a partir de 4 câmeras fotogramétricas digitais, posicionadas sob 
diferentes ângulos  em  relação ao objeto em  análise. O aspecto  desse equipamento,  montado 
37 
 
sobre o cabeçote de uma prensa universal de estampagem Erichsen, utilizado por Tepedino et 
al. (2012) para a determinação da CLC é mostrado na Figura 27. Para a avaliação dinâmica da 
deformação,  a  técnica  de  correlação  de  imagens  digitais  torna­se  imprescindível  e  têm  sido 
desenvolvidos  inúmeros  estudos.  Pereira  et  al.  (2014)  e  Pereira  e  Moreira  (2016) 
desenvolveram uma técnica de medição de deformação no plano a partir de malha estocástica, 
por meio do programa ELASTIX versão 4.4 para LINUX e transformados em deformação por 
um algoritmo Phyton, conforme mostrado na figura 28.b. Os autores utilizaram como referência 
as  deformações  obtidas  a  partir  de  análise  com  malha  determinística  (quadrado  impresso 
eletoquimicamente,  com  2,5  mm  de  lado)  utilizando  o  programa  Automated  Strain  Analysis 
Environment (ASAME), conforme mostrado na figura 28.b. Verificou­se que as deformações 
da  superfície  calculadas  pela  análise  estocástica  exibiu  boa  precisão,  reforçando  assim  a 
robustez dessa técnica de análise de deformação. 

 
Figura 26 ­ Aspecto das câmeras do AutoGrid In­process posicionadas sobre o cabeçote uma 
prensa universal de estampagem Erichsen. Tepedino e colaboradores et al. (2012). 

 
a) 

 
b) 
Figura 27 – a)  Análise  de  deformação  pelo  programa  ELASTIX  versão  4.4  para  LINUX  e 
transformada por um algoritmo Phyton. b) Análise de deformação com malha determinística 
utilizando o programa Automated Strain Analysis Environment (ASAME). Pereira e Moreira 
(2016). 
38 
 
Para  a  determinação  da  CLC,  segundo  a  metodologia  de  Bragard  utilizando  o 
programa  AutoGrid,  são  analisadas  as  imagens  que  mostram  o  início  da  estricção/fratura 
observada à vista desarmada e a imagem anterior, conforme mostrado na Figura 29 em análise 
de  Tepedino  et  al.  (2102)  e  de  Freitas  (2012).  Para  a  medição  das  deformações  críticas,  é 
estabelecido na norma, primeiramente, que o local de ocorrência da fratura, na primeira imagem 
que  registrou  sua  ocorrência,  seja  marcada  por  uma  linha  virtual.  Após  essa  marcação  são 
definidas, na imagem anterior à com a trinca visível, outras linhas virtuais dispostas de forma 
perpendicular à trinca, conforme mostrado na Figura 29. No caso de Tepedino  et  al.  (2102) 
foram traçadas 3 linhas e no trabalho de Freitas (2012) foram utilizadas 5 linhas, chamada pela 
autora de seções. Utilizando as deformações obtidas nos dois lados da região de ocorrência da 
estricção,  observada  na  Figura 30.a),  o  perfil  de  distribuição  das  maiores  deformações  (1) 
exibido pelo corpo de prova correspondente ao início da ocorrência da estricção é reconstruído 
a  partir  de  uma  parábola  inversa  ajustada  por  interpolação  polinomial  de  segunda  ordem 
(Figura 30.b), empregando­se, para isso, uma metodologia, apresentada em detalhe na norma 
ISO 12004­2 (2009). O domo dessa parábola traz o valor referente à maior deformação do corpo 
de prova em análise que é utilizada para a determinação da CLC. O procedimento é repetido 
para a determinação de 3 e 2 é obtido por conservação de volume. A partir dessa metodologia 
determina­se os pares de deformações (1 e 2) da CLC correspondente à condição de início da 
estricção do corpo de prova. Para cada modo de deformação avaliado (para cada largura do 
corpo de prova), na norma é recomendado à utilização de três ensaios, ou seja, três repetições. 
Finalmente, após o ajuste de uma curva aos pares de deformação determinados pelo método de 
posição  dependente,  a  CLC  à  estricção  é  gerada,  como  pode  ser  visto  na  Figura  31.a.  Na 
Figura 31.b  observa­se  que  dependendo  da  metodologia  adotada  as  curvas  assumem 
posicionamento  diferentes  e  relação  à  maior  deformação  (1).  Verifica­se  que  o  método  de 
Bragard é mais crítico, exibindo mais baixos valores de  1. Isso se deve, principalmente, ao 
método  de  derivação  adotado  por  Bragard  para  a  determinação  das  deformações  limites. 
(Tepedino et al. 2012) e  
39 
 

             
                                     a)                                                                                b) 
Figura 28 ­ Análise  das  deformações  realizadas  por  um  sistema  de  correlação  de  imagens 
digitais no instante do início da ruptura e imediatamente antes da ocorrência da estricção. a) 
Tepedino et al. (2012) e b) Freitas (2012). 

 
a) Perfil de deformações 1 e 2 ao longo de uma das linhas perpendiculares à estricção. 

 
(b) Curva reconstruída por interpolação para deformações em 1, cujo domo identifica a 
deformação correspondente ao início da estricção. 
Figura 29 ­ Metodologia  de  medição  das  deformações  críticas  de  acordo  com  a  norma 
ISO 12004­2. Tepedino et al. (2012).  
40 
 

   
a)                                                                         b) 
Figura 30 – a)  Curva  Limite  de  Conformação  ajustada  a  segundo  a  norma  ISO  12004­2.  b) 
Comparação  de  CLC  de  um  aço  IF  obtidas  experimentalmente  pelos  métodos  de  Hecker 
(ASTM E2218) e Bragard (ISO 12004­2). Tepedino et al. (2012). 
 

3.2.4  Principais fatores de influência na CLC  

3.2.4.1   Espessura 
O efeito da espessura na posição da CLC é mostrado na Figura 32 a partir de estudo 
realizado  por  Plaut  (2003).  O  aumento  da  espessura  implica  em  retardar  a  formação  da 
deformação localizada.  

 
Figura 31 ­ Efeito da espessura da chapa na posição da CLC. Plaut (2003). 

O efeito conjunto da variação da espessura e dos valores do expoente de encruamento n 
pode ser evidenciado, principalmente, para a condição de deformação plana, também chamada 
de  CLC0,  como  apresentado  na  Figura  33.  Para  valores  de  n  <  0,2,  verifica­se  um  aumento 
proporcional na CLC0. Acima daquele valor, a influência de n na posição da curva deixa de 
existir, permanecendo, porém,  o efeito da espessura. Deve­se observar, no entanto, que este 
aumento é devido ao fato de que são empregados o mesmo tamanho de malha de referência 
para diferentes espessuras. Assim, a forma da seção transversal do pescoço tende a apresentar 
uma geometria semelhante tanto para chapas finas como grossas. Nestas condições, as medições 
41 
 
de deformação, efetuadas em chapas grossas, tendem a se concentrar mais na região central do 
pescoço, dando valores maiores de  1. Para maiores espessuras de chapa, deve­se aumentar, 
proporcionalmente,  o  diâmetro  da  malha  de  referência,  para  que  este  efeito  seja  atenuado. 
Hosford e Caddell (1993). 

 
Figura 32 ­ Efeito da espessura e do valor n sobre o valor de CLC0. Hosford e Caddell (1993). 

3.2.4.2   Propriedades mecânicas 
O  efeito  de  propriedades  mecânicas  foi  amplamente  estudado  por  muitos 
pesquisadores, conforme mencionado por Col (2014). A avaliação da correlação entre a CLC e 
as propriedades mecânicas em tração é atrativa devido à facilidade de realização de ensaios e à 
baixa variabilidade de resultados. A seguir são mostrados efeitos dos parâmetros obtidos por 
tração  que  têm  mais  influência  no  posicionamento  das  Curvas  Limites  de  Conformação. 
Buscou­se  apresentar  o  efeito  das  propriedades  mecânicas  sob  modos  específicos  de 
deformação  da  CLC,  notadamente,  embutimento  profundo,  deformação  plana  e  estiramento 
biaxial. 

Na condição de embutimento profundo a propriedade mecânica mais preponderante 
para a previsão da capacidade limite de deformação é o coeficiente de anisotropia de Lankford, 
valor R. Col e Jousserand (2008) mostraram, por meio da Figura 34, a influência da variação 
do R na capacidade de embutimento do material, nota­se que maiores deformações negativas 
em 2 e positivas em 1 são conseguidas para coeficientes de anisotropia mais elevados. Esses 
resultados podem ser justificados, pois o valor R relaciona­se com a capacidade do material se 
deformar em 2, resistindo ao máximo deformações em 3. 
42 
 

 
Figura 33 ­ Curva Limite de Conformação e a influência do valor R em termos de deformação 
limite para a ruptura. Adaptado de Col e Jousserand (2008). 
 
  A condição de deformação plana da CLC, ponto de interseção desta com o eixo de 2 , 
também chamado de CLC0, apresenta correlação com o expoente de encruamento da equação 
de  Hollomon  (n),  conforme  mostrado  por  Keeler  (1975)* apud  Col  (2014),  e,  mais 
**

recentemente, com o alongamento total na base de medida de 80 mm (Al80), citado por Abspoel 
et  al.  (2011).  Na  Figura  35  são  mostrados  dados  de  literatura  mostrando  a  influência  do 
expoente de encruamento n e do alongamento total Al80. 

 
a)  Keeler (1975) 

 
b) Abspoel et al. (2011) 

Figura 34 ­ Correlações  do  índice  CLC0  com  o  expoente  de  encruamento  da  equação  de 
Hollomon (n), proposta por Keeler (1975) apud Col (2014) e com o alongamento total na base 
de 80 mm (Al80), obtida por Abspoel et al. (2011). 
                                                 
*
 Keeler, S. P.; Brazier, W. G. Relationship between laboratory material characterization and 
press­shop formability, Microalloying, 75 (1975) 517–530. 
43 
 
  Na região de estiramento biaxial, a propriedade mecânica em tração mais preponderante 
para alteração da CLC é o coeficiente de encruamento, pois mostra a capacidade do material 
em  distribuir  a  deformação,  atrasando  ao  máximo  a  ocorrência  da  estricção  localizada.  Na 
Figura 36 é mostrado o  efeito da variação do expoente n nos  resultados  de ensaio  de  altura 
limite  de  domo  (ensaio  Erichsen),  cujo  modo  de  deformação  predominante  é  o  estiramento 
biaxial Klein (1982). 

 
Figura 35 ­ Relação entre a altura à fratura durante estampagem sob o modo de deformação por 
estiramento biaxial e o expoente de encruamento da equação de Hollomon. Kikuma e Nakajima 
(1971)*   apud Klein (1982). 
††

3.2.4.3   Trajetória de deformação 
Vários trabalhos evidenciaram que a conformação de chapas é fortemente influenciada 
pela  trajetória  de  deformação  do  material.  Com  isso,  a  Curva  Limite  de  Conformação 
convencional avaliadas por deformação pode sofrer grandes alterações no decorrer das etapas 
do  processo  de  conformação  de  uma  peça.  Essas  alterações  resultam  do  fato  que  CLC  é 
determinada sob trajetórias lineares de deformação, sendo que nos processos de estampagem 
alguns  elementos  de  material  são  submetidos  a  trajetórias  de  deformação  que  desviam 
significativamente da proporcionalidade. Outro ponto relevante que cabe destaque é que em 
processos de estampagem a peça é submetida a diferentes etapas de conformação. Nesses casos, 
nas etapas subsequentes a de repuxo, essa que vem a ser a primeira operação de estampagem, 
o  material  já  não  possui  mais  a  mesma  capacidade  de  deformação  que  tinha  anteriormente, 
Yoshida  (2007).  Contudo,  os  programas  computacionais  de  simulação  de  estampagem 
consideram  a  CLC  original  como  critério  de  falha  para  todas  as  etapas  do  processo  de 
estampagem de uma peça. Isso pode ser a causa de alguns erros de previsão por meio simulação 

                                                 
*
 Kikuma, T.; Nakajima, K. ­ Effects of Deforming Conditions and Mechanical Properties on 
the Stretch Forming Limits of Steel Sheets ­ Trans. ISIJ, v. 11, supl. II, p. 827, 1971. 
 
 
44 
 
numérica computacional do comportamento do material da peça durante operações de ajuste do 
ferramental de estampagem. 

A representação clássica do efeito de trajetórias de deformação linear e composta no 
formato e no posicionamento da CLC, expressa por Kikuma e Nakajima (1971)  apud  Klein 
(1982) é mostrada na Figura 37. Nessa figura são mostradas mudanças na CLC, obtida para 
uma  trajetória  linear  (curva  vermelha),  acarretadas  por  pré­deformações  por  tração  uniaxial 
(curvas geradas a partir das setas à esquerda do diagrama) ou de estiramento biaxial (curvas 
geradas a partir das setas à direita do diagrama), seguidas por deformações subsequentes em 
diferentes  razões  de  deformações  no  plano  da  chapa.  Estes  autores  concluíram  que  a 
instabilidade prematura é observada para trajetórias de deformação consistindo inicialmente de 
uma deformação biaxial seguida por um  estado de tensão uniaxial. Em sentido oposto, uma 
trajetória  consistindo  inicialmente  de  um  estado  de  tensão  uniaxial  seguido  por  estiramento 
biaxial aumenta consideravelmente o limite de deformação. Em todos os casos, a mudança na 
trajetória  de  deformação  para  um  estado  de  deformação  plana  resultou  em  uma  significante 
perda de estampabilidade do material. Outro ponto a ser observado é que quanto maior a pré­
deformação  por  tração  uniaxial  mais  alta  a  Curva  Limite  de  Conformação.  Esses  resultados 
foram  explicados  por  Ronde­Oustau  e  Baudelet  (1977)  a  partir  da  teoria  sobre  formação  de 
estruturas celulares em função do nível de pré­deformação. 

 
Figura 36 ­ Mudanças na CLC, obtida para uma trajetória linear (curva vermelha), acarretadas 
por pré­deformações por tração uniaxial e por estiramento biaxial. Kikuma e Nakajima, (1971) 
apud Klein (1982). 
 
45 
 
Graf e Hosford (1993) utilizando uma liga de Al T4 também mostraram que a trajetória 
de  deformação  tem  forte  influência  no  posicionamento  e  no  formato  da  CLC,  conforme 
mostrado na Figura 38. Eles realizaram experimentos variando a condição de pré­deformação 
e perceberam que a capacidade de estampagem do metal é bastante alterada, principalmente 
quando se aplica uma deformação subsequente cuja direção da maior deformação é transversal 
à  aplicada  na  pré­deformação.  Nessa  condição,  percebe­se  que  a  capacidade  limite  de 
conformação do material diminui conforme a pré­deformação aumenta. Em contrapartida, essa 
capacidade  aumenta  quando  do  aumento  da  pré­deformação  por  tração  uniaxial  em  direção 
paralela  à  maior  deformação  da  estampagem  subsequente.  Stoughton  e  Yoon  (2012) 
comentaram,  a  respeito  dos  resultados  de  Graf  e  Hosford  (1993),  que  a  CLC  descrita  em 
deformação  não  é estática, tanto para uma trajetória linear de deformação, quanto  para uma 
composta. Isso porque todas as Curvas Limite de Conformação do trabalho de Graf e Hosford 
(1993) foram determinadas em trajetórias lineares de deformação, apesar do material ter sofrido 
pré­deformações em diferentes trajetórias. Com isso, pode­se afirmar que a CLC do material 
no  estado  como  recebido  não  irá  prever  o  comportamento  do  material  para  um  processo  de 
estampagem com múltiplos estágios, independentemente se as trajetórias deste forem lineares 
ou não lineares. 

 
Figura 37 ­ Curvas Limite de Conformação determinadas experimentalmente, a partir de uma 
liga  de  Al  T4,  sem  pre­deformação  (curva  preta)  e  para  12  condições  diferentes  de  pré­
deformação (curvas vermelhas, azuis e verdes) (Adaptado de Stoughton e Yoon, 2012). 
46 
 
Stoughton e Yoon (2012) também relataram que Ishigaki da Toyota Motors Company, 
em 1977* , foi o primeiro a utilizar o conceito de trajetória dinâmica de deformação, conforme 
‡‡ 

ilustração da Figura 39. Nota­se que no estágio 6 do processo de tryout de um painel estampado 
com aço para estampagem profunda, a peça apresentava falha (ponto destacado em vermelho 
na Figura 39), sendo que os pares de deformação referentes a esse local crítico se encontravam 
abaixo da CLC do material determinada em trajetória linear e sem pré­deformação (curva cinza 
na  Figura  39).  Com  isso,  Ishigaki  (1977)  verificou  que  essa  CLC  não  mais  representava  a 
capacidade  limite  do  material  no  estágio 4  do  processo  de  estampagem.  Outra  observação 
importante foi que, até essa etapa do processo de estampagem, a trajetória de deformação se 
assemelhava bastante à encontrada em deformações por tração uniaxial. Esses dois aspectos 
motivaram  os engenheiros da Toyota a pré­deformar o material  a 0,37 por tração uniaxial e 
determinar uma nova CLC a partir desses corpos de prova de tração pré­deformados. Essa nova 
CLC pode ser observada em vermelho na Figura 39. A partir dessa nova CLC, utilizada para a 
avaliação  da  capacidade  de  estampagem  residual  do  material  a  partir  do  estágio  4  de 
estampagem  da  peça,  os  engenheiros  da  Toyota  mudaram  o  modo  de  deformação  da  região 
crítica  nos  estágios  5  e  6  para  estiramento  biaxial.  Percebe­se  que,  com  essa  alteração  do 
processo de estampagem (novos estágios 5 e 6, curva verde na Figura 39), foi conseguida uma 
grande  elevação  na  conformabilidade  da  peça,  alcançando  deformações  na  espessura  de 
aproximadamente 0,6. 

                                                 
*
 Ishigaki, H., 1977, Deformation Analysis of Large Sized Panels in the Press Shop, Edit by 
D.P. Koistinen and N.M. Wang, 315­338. 
 
 
47 
 

 
Figura 38 ­ Conceito de trajetória de deformação não linear desenvolvida pela Toyota Motors 
Company aplicada em operação de ajuste de estampagem de um paralama, a partir de aço para 
estampagem profunda. Adaptado de Stoughton e Yoon (2012). 
 

3.2.5  Representações da CLC 

3.2.5.1   Espaço de deformações principais 
A  Curva  Limite  de  Conformação,  conforme  já  detalhado  no  subitem  3.2.1, 
originalmente foi concebida com representação no espaço de deformações principais (1, 2). 
Em  função  de  sua  ampla  utilização  pela  indústria  automotiva  como  critério  de  falha  de 
componentes  estampados,  tradicionalmente,  são  descritas  em  deformação  de  engenharia 
(convencional)  ou  em  deformação  verdadeira  (real),  segundo  especificações  de  montadoras 
automotivas. As montadoras automotivas americanas têm o costume de representar a CLC em 
deformação de engenharia, enquanto as europeias e as asiáticas em deformação verdadeira. 

A medida de deformação na qual a CLC é apresentada deve ser motivo de preocupação 
para quem a utiliza, pois quando descrita em deformação de engenharia e verdadeira exibem 
diferentes  formatos  e  posicionamento  em  relação  à  maior  deformação.  Na  Figura  40  são 
mostradas Curvas Limite de Conformação de um mesmo material: um aço DC04 com 0,70 mm 
de espessura e n10­20% = 0,24. Estas curvas foram determinadas em deformação de engenharia e 
verdadeira. Percebe­se que quando descrita em deformação verdadeira, a CLC exibe valores 
mais baixos da maior deformação principal, sobretudo em condições de embutimento. A menor 
diferença  entre  as  curvas,  em  relação  à  maior  deformação  principal,  se  dá  na  condição  de 
48 
 
deformação  plana.  Para  a  região  de  estiramento  biaxial,  as  curvas  apresentam  diferenças 
praticamente constantes. Em relação à menor componente de deformação principal, as curvas 
se  diferem  para  as  regiões  de  estiramento  biaxial  e  embutimento,  sendo  que  a  descrita  em 
medida de deformação verdadeira exibe menor e maior quantidades absolutas de deformação, 
respectivamente. Uma forma que permite a diferenciação visual entre essas curvas refere­se à 
região entre deformação plana e embutimento profundo, pois a CLC em deformação verdadeira 
se apresenta como uma reta e em deformação de engenharia, nota­se uma pequena curvatura na 
CLC. 

Defomação de engenharia Deformação verdadeira


1
0,9
Maior deformação (%)

0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4
Menor deformação (%)  

Figura 39 – Definições da Curva Limite de Conformação calculadas pelas equações empírico­
teóricas de Keeler e Brazier (1975) para um aço DC04 (Livre de Intersticial)  em função das 
medidas de deformação de engenharia e deformação verdadeira. 
 

Uma  possível  fonte  para  a  ocorrência  de  equívocos  é  a  simbologia  utilizada  por 
diferentes países para expressar essas deformações, notadamente Estados Unidos, Inglaterra, 
França e Alemanha. A norma ISO 12004­2 (2009) apresenta a Tabela 4 que mostra a notação 
utilizada por esses países. 

 
49 
 
Tabela 4 ­ Comparação dos símbolos utilizados para representar as deformações de engenharia 
e verdadeira por distintos países (ISO 12004­2, 2009). 

Estados 
Tipo de deformação  Alemanha  Formato 
Unidos/Inglaterra/França 

Engenharia ou 
e   % 
convencional 

Verdadeira ou real     Decimal 

Relação entre as 
 = ln(1+e)   = ln(1+)  ­ 
deformações 

Vale  ressaltar  que  as  Curvas  Limite  de  Conformação  apresentadas  na  norma 
ASTM E2218  (2014)  são  apresentadas  em  deformação  de  engenharia  e  as  da  norma 
ISO 12004­2 (2009), em deformação verdadeira. 

3.2.5.2  Espaço de tensões principais 

A Curva Limite de Conformação descrita no espaço de tensões representa a capacidade 
limite de estampagem da chapa em termos das componentes de tensões principais no plano da 
chapa.  Contudo,  essas  tensões  não  podem  ser  medidas  diretamente  a  partir  da  estampagem 
industrial, mas podem ser determinadas por meio de apropriadas equações constitutivas. Com 
isso, por meio de determinação experimental ou previsão numérica, as deformações limite do 
material  no  espaço  de  deformação  (CLC  avaliada  por  deformação),  a  Curva  Limite  de 
Conformação descrita no espaço de tensões pode ser determinada usando a teoria clássica de 
plasticidade, Nurcheshmeh e Green (2011). 

Stoughton e Zhu em 2004 e posteriormente em 2009 Assempour et al. fizeram revisões 
bibliográficas sobre Curvas Limite de Conformação descritas no espaço de tensões, as quais os 
autores  intitularam  de  Diagrama  de  Tensões  Limite  de  Conformação  (DTLC),  do  inglês 
Forming Limit Stress Diagram (FLSD). Nessas revisões são comentadas que a gênese dessa 
metodologia  advém  originalmente  do  trabalho  de  Kleemola  e  Pelkkikangas,  que  em  1977 
propuseram uma CLC no espaço de tensões como alternativa para a avaliação da capacidade 
limite de estampagem do material da chapa de forma independente da trajetória de deformação. 
Arrieux et al. em 1982 redescobriram essa característica e propuseram que essa metodologia 
fosse utilizada em análises de processos de estampagem em múltiplos estágios. Depois disso, 
esse conceito ficou sem ser explorado, até que em 1996, Zhao et al., mostraram que o DTLC 
não é sensível à trajetória de deformação. Stoughton e Zhu (2004) explicaram que nesse tempo 
50 
 
em  que  essa  técnica  não  foi  explorada  se  deve,  sobretudo,  ao  baixo  desenvolvimento  de 
simulações  computacionais  da  época.  Não  há  como  validar  as  simulações  numéricas  pelo 
conceito de tensão devido à dificuldade experimental da determinação exata do estado de tensão 
de chapas de aço, exceto para modos de deformação mais simples como, a título de exemplo, 
tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico.  

Em 2000,  Stoughton teve papel relevante na utilização do DTLC ao propor que seria 
necessário a utilização da CLC pelo critério fundamentado em tensão para todas as operações 
de estampagem, inclusive para a operação de repuxo para se ter uma medida da severidade do 
processo de estampagem. Haddad et al. (2000) usaram dois critérios de escoamento plástico 
para  a  obtenção  da  Curva  Limite  de  Conformação  no  espaço  de  tensões  para  aços  com 
comportamento ortotrópico. A primeira delas foi a teoria clássica de Hill (1948) e a segunda foi 
uma  teoria  3D  proposta  pelo  CRM  de  Liège  (Bélgica),  a  qual  assume  que  o  mecanismo  de 
endurecimento do material é descrito por deslizamento em três planos evidenciando a máxima 
tensão cisalhante. Haddad et al. (2000) relataram que ambas as teorias foram capazes de prever 
a Curva Limite de Conformação no espaço de tensões, indicando a independência dessas curvas 
à trajetória de deformação. 

Stoughton e Zhu (2004), a partir dos resultados de Hosford e Graf (1993), também 
mostraram a independência do DTLC em relação à trajetória de deformação, como pode ser 
observado na Figura 41. Verifica­se claramente que o DTLC apresenta pequenas variações para 
todas as  condições de pré­deformações adotadas. Nessa figura encontra­se também  a DTLC 
determinada a partir da CLC sem pré­deformação. As superfícies de escoamento inicial e após 
pré­deformação  por  estiramento  biaxial  (E2)  também  se  encontram  nessa  representação.  Na 
Figura 42 Stoughton e Zhu (2004) fizeram a previsão das Curvas Limite de Conformação do 
trabalho de Hosford e Graf (1993), a partir dos diagramas DTLC e das propriedades do material 
como recebido. Comparando as Figuras 38 e 42, percebe­se que o formato e o posicionamento 
das curvas previstas são bastante semelhantes aos das determinadas experimentalmente. 
51 
 

Figura 40 ­ Curvas Limite de Conformação no espaço de tensões traçadas a partir das curvas da 
Figura 38. Adaptado de Stoughton e Zhu (2004). 
 

Figura 41 ­ Previsão das Curvas Limite de Conformação do trabalho de Hosford e Graf, 1993, 
a partir dos DTLC’s e das propriedades do material como recebido. Adaptado de Stoughton e
e Zhu (2004). 
 
A  explicação  física  da  independência  da  DTLC  à  pré­deformação  foi  atribuída, 
segundo  Stoughton  e  Zhu  (2004),  à  saturação  da  relação  tensão­deformação  em  níveis  de 
52 
 
deformação próximos à capacidade limite do material da chapa. Quando da ocorrência dessa 
saturação, observa­se a redução da inclinação da curva tensão verdadeira versus deformação 
verdadeira.  

Para consolidar o conceito da independência do DTLC à pré­deformação, Stoughton e 
Yoon  (2012)  avaliaram  o processo de  ajuste de  ferramental  de estampagem  do paralama na 
Toyota  com  aço  para  estampagem  profunda,  conforme  mostrado  na  Figura  43.  Para  a 
transformação  da  CLC  descrita  em  deformação  para  a  apresentada  no  espaço  de  tensões 
(DTLC), os autores utilizaram o critério de plasticidade quadrático de Hill (1948) em condições 
de anisotropia normal (Equação 5), e a equação de encruamento isotrópico de Swift (Equação 
6). Para isso, foi considerado que x equivale à tensão 1CLC e y à tensão 2CLC. Utilizando a 
regra de plasticidade associada, Stoughton e Yoon (2012) encontraram uma relação entre as 
deformações da CLC descrita em deformação (1CLC e 2CLC), com as tensões da DTLC (1CLC 
e  2CLC), conforme Equações 7 e 8. Verifica­se que nas formulações são utilizadas taxas de 
deformação (𝜀̇1CLC, 𝜀̇2CLC, 𝜀̅̇pCLC) ao invés das deformações da CLC e da plástica equivalente 
(1CLC; 2CLC; 𝜀̅pCLC), pois a trajetória de deformação pode variar no tempo, conforme relatado 
por Rojek (2013). 

̅
𝜎 2𝑅̅
= √1 + 𝛼 2 +                                       (5) 
𝜎𝑥 1+𝑅̅

𝜎̅ = K(0 + 𝜀̅p)n                                          (6) 

̅ 𝐶𝐿𝐶 ̅
𝜕𝜎 𝜎 𝑅
𝜀̇1CLC= 𝜀̅𝑝̇𝐶𝐿𝐶 𝜕𝜎𝐶𝐿𝐶 = 𝜀̅𝑝̇ 𝐶𝐿𝐶 ( 1𝜎̅ ) (1 − 1+𝑅̅ 𝛼)                              (7) 
1

̅ 𝐶𝐿𝐶 ̅
𝜕𝜎 𝜎 𝑅
𝜀̇2CLC= 𝜀̅𝑝̇ 𝐶𝐿𝐶 𝜕𝜎𝐶𝐿𝐶 = 𝜀̅𝑝̇𝐶𝐿𝐶 ( 1𝜎̅ ) (𝛼 − 1+𝑅̅)                               (8) 
2

Tendo  conhecimento  das  relações  entre  ,    e  𝑅̅  (Equações  9,  10  e  11, 
respectivamente),  sabendo  também  que  a  deformação  plástica  equivalente  no  momento  da 
estricção pode ser obtida pela soma das Equações 7 e 8, tem­se após rearranjo dos termos a 
Equação 12. 
𝜀 𝛼−𝑅̅ 𝛼−𝑅̅
𝜌 = 𝜀2 =                                             (9) 
1 1−𝑅̅ 𝛼+𝑅̅

𝜌+𝑅̅ +𝑅̅𝜌
𝛼=                                               (10) 
1+𝑅̅ +𝑅̅𝜌

𝑅0° +2𝑅45° +𝑅90°


𝑅̅ =                                          (11) 
4

 
53 
 
𝑡 1+𝑅̅ 2𝑅̅ 𝐶𝐿𝐶 𝐶𝐿𝐶
𝜀̅𝑝𝐶𝐿𝐶 = ∫0 [ √(𝜀̇̇1𝐶𝐿𝐶 )2 + (𝜀̇̇2𝐶𝐿𝐶 )2 + 𝜀̇ 𝜀̇2 ] 𝑑𝑡                       (12) 
√1+2𝑅̅ 1+𝑅̅ 1

Utilizando  a  equação  do  encruamento  isotrópico  (Equação  6),  juntamente  com  as 
Equações 5 e 12, obtém­se a Equação 13, após isolar o termo 𝜎1𝐶𝐿𝐶 . Essa é enfim a expressão 
para a determinação da maior tensão principal do DTLC. A menor tensão principal do DTLC 
pode ser obtida utilizando a Equação 14. 
𝐶𝐿𝐶 )
ℎ (𝜀̅𝑝
𝜎1𝐶𝐿𝐶 = ̅
                                                             (13) 
√1+𝛼2 − 2𝑅̅ 𝛼
1+𝑅

𝜎2
𝛼= (14) 
𝜎1

A  partir  dessa  transformação,  Stoughton  e  Yoon  (2012)  reavaliaram  o  processo  de 


estampagem da Toyota e perceberam que o DTLC foi capaz de prever a fratura do processo de 
estampagem antigo e de prever que o novo processo apresentava pares de tensões principais 
abaixo  do  DTLC,  indicando  assim  que  o  material  seria  estampado  com  sucesso,  conforme 
mostrado  na  Figura  43.  A  curva  vermelha  nessa  figura  refere­se  à  Curva  Limite  de 
Conformação  representada  no  espaço  de  tensões  determinada  a  partir  da  curva  descrita  em 
deformação da Figura 39. 

 
Figura 42 ­ Conversão dos dados experimentais de  Ishigaki (1977)*  apud Stoughton e Yoon 
§§ 

(2012) para o DTLC.  

                                                 
*
 Ishigaki, H., 1977, Deformation Analysis of Large Sized Panels in the Press Shop, Edit 
by D.P. Koistinen and N.M. Wang, 315­338. 
 
 
54 
 
3.2.5.3  Espaço de deformações plástica equivalente 

Uma das limitações  à respeito da CLC  descrita  em  tensão  é atribuída  à  redução da 


inclinação  da  curva  tensão  verdadeira  versus  deformação  verdadeira.  Devido  a  este  efeito, 
ocorrem grandes mudanças na deformação, em tensões próximas à de limite de estricção, em 
comparação com as tensões mais abaixo desse limite. Com isso, torna­se difícil de visualizar 
ou  de  quantificar  a  margem  de  segurança,  sem  uma  lente  de  aumento  ou  sobreposição  dos 
contornos  da  deformação  equivalente  na  CLC  descrita  em  tensão.  Para  contornar  essa 
dificuldade,  Stoughton  e  Yoon  (2012),  com  base  na  proposta  de  Zeng  et  al.  (2008)  de 
determinar a CLC por meio das variáveis 𝜀̅𝑝  e  propuseram a deformação plástica equivalente 
(𝜀̅𝑝 ) como uma das métricas para avaliar a estampabilidade do material. Apesar da deformação 
plástica equivalente ser descrita como um tipo de deformação, esta não está diretamente ligada 
aos componentes principais do tensor deformação. Entretanto, está associada ao tensor tensão 
por meio da função de escoamento e da relação tensão­deformação e, portanto, se enquadra na 
categoria  da  métrica  da  CLC  descrita  em  tensão.  A  partir  disso,  os  autores  Stoughton  e 
Yoon (2012)  propuseram  a  determinação  de  uma  CLC  descrita  na  deformação  plástica 
equivalente,  expressa  em  coordenadas  polares.  O  diagrama  gerado  nessa  técnica  recebeu  a 
nomenclatura  de  Diagrama  Polar  de  Deformação  Plástica  Equivalente  (DPDPE  ou 
simplesmente DPE), ou em inglês Polar Effective Plastic Strain Diagram. Os autores relataram 
que o diagrama DPE é matematicamente equivalente à CLC descrita em tensão para materiais 
com encruamento positivo, sendo que, a partir das curvas da Figura 38, curvas do estudo de 
Graf e Hosford (1993), foi mostrado a independência deste e relção à trajetória de deformação 
na Figura 44. A representação da CLC em termos de deformação equivalente por coordenadas 
polares, devido à magnitude da escala, apresenta uma forte vantagem em relação à CLC descrita 
em  tensão,  pois  torna­se  mais  fácil  a  visualização  da  margem  de  segurança  da  curva  (local 
próximo  à  CLC).  Segundo  os  autores,  é  que  esse  critério  de  CLC  pode  ser  extendido  para 
modelos de materiais nos quais as relações entre tensão e deformação não são monotonicas. 
Outra vantagem dessa técnica é que o diagrama DPE apresenta um formato da curva limite de 
conformação com perfil similar a da CLC descrita em deformação. Além disso, exibe direções 
radiais  no  diagrama  que  correspondem  aos  modos  de  deformação  por  tração  uniaxial, 
deformação plana e estiramento biaxial nos mesmos locais físicos dos diagramas contendo a 
CLC descrita em deformação. Portanto, a aplicação e a compreensão do DPE é facilitada aos 
profissionais já familiarizados com a CLC descrita em deformação. 
55 
 

 
Figura 43 ­ Conversão  das  Curvas  Limite  de  Conformação  do  trabalho  de  Hosford  e 
Graf (1993), para o diagrama DPE. Adaptado de Stoughton e Yoon (2012). 
 

Para  a  determinação  do  diagrama  DPE,  Stoughton  e  Yoon  (2012)  utilizaram  a 


deformação  equivalente  equivalente  e  o  ângulo  ,  que  refere­se  à  variável  angular  da 
representação por coordenadas polares. Esse ângulo pode ser expresso matematicamente pelo 
arcotangente da razão entre as taxas das deformações principais (Equação 15). A correlação 
entre as variáveis de uma sistema cartesiano equivalente (x;y) com as do diagrama proposto 
pode ser expressa pela Equação 16. 

𝜃 = 𝑡𝑎𝑛−1 (𝜀̇1 ; 𝜀̇2 ) = 𝑡𝑎𝑛−1 (𝜌)                                             (15) 

(x;y) = [𝜀̅𝑝 cos (𝜃) ; 𝜀̅𝑝 sen(𝜃) ]                                             (16) 

Na Figura 45 é mostrada a metodologia adota para levantamento do diagrama DPE a 
partir de trajetória bilinear (Figura 45.a) e de trajetória de deformação complexa (Figura 45.b). 
Para  traçar  a  trajetória  de  deformação  em  coordenadas  polares,  Stoughton  e  Yoon  (2012) 
propuseram a seguinte metodologia:  

­ obtém­se os eixos do diagrama polar DPE pelas relações dadas nas Equações 15 e 16; 

­  determina­se  a  magnitude  da  deformação  plástica  equivalente,  sendo  correspondente  a 


círculos concêntricos à origem do diagrama; 

­  a  direção  do  incremento  de  deformação  da  CLC  convencional  é  utilizada  para  definir  a 
orientação da nova trajetória de deformação, sendo que essa nova direção é projetada por um 
segmento de reta que cruza a origem do diagrama. 
56 
 

 
a) 

 
b) 
Figura 44  ­ Representação esquemática de Diagramas polar DPE a) com trajetória  bilinear e 
b) trajetória de deformação complexa. (Adaptado de Stoughton e Yoon, 2012). 
Para comprovar a independência do diagrama polar DPE da trajetória de deformação, 
os autores utilizaram novamente os dados de Ishigaki (1977) apud Stoughton e Yoon (2012), 
Figura 46. Verifica­se que a PDPE foi capaz de prever a ocorrência da falha no processo de 
estampagem antigo e a conformação com sucesso pelo novo processo. A curva vermelha refere­
se à Curva Limite de Conformação do diagrama PDPE que foi determinada a partir da descrita 
em deformação da Figura 39. 
57 
 

 
Figura 45 ­ Conversão  dos  dados  experimentais  de  Ishigaki  (1977)  apud  Stoughton  e  Yoon 
(2012) para o diagrama DPE. 
 
 
 
   
58 
 
 

4.  Material e Métodos 

Neste capítulo são descritas as técnicas utilizadas para caracterizar o material avaliado 
e a metodologia proposta para conduzir os ensaios experimentais usados na determinação da 
Curva  Limite  de  Conformação  (CLC)  e  o  desenvolvimento  de  modelos  adotados  para  a 
mudança da forma de representação da CLC. São apresentadas ainda as técnicas utilizadas para 
a  avaliação  das  alterações  subestruturais  e  mecânicas  decorrentes  de  pré­deformações  em 
diferentes modos de deformação. 

4.1  Material 

O material avaliado é uma chapa de aço livre de intersticiais (Interstitial Free) com 
0,65  mm  de  espessura  nominal  revestido  por  imersão  a  quente  por  zinco  puro,  podendo  ser 
classificado,  segundo  a  norma  NBR  5915­2  (2013),  como  EEP­IF  (Estampagem  Extra 
Profunda).  Por  ora  também  é  comum  encontrar  em  literatura  classificações  desses  aços 
considerados  para  aplicações  em  Estampagem  Críticas  (EC),  tendo  o  limite  de  escoamento 
como referência. Notadamente, a nomenclatura usual adotada para o aço objeto de análise do 
trabalho é EC160. O aço avaliado pode ter ainda as seguintes nomenclaturas dependendo de 
qual  montadora automotiva irá utilizá­lo,  cabendo destacar: DX56, DC06, JAC270F, CR05, 
St06 e FEP06.  

4.1.1  Análise da composição química 

A composição química do aço livre de intersticiais (EC160), bem como a especificação 
normalmente encontrada em normas automotivas, estão listadas na Tabela 5. Verifica­se que 
este  aço  é  estabilizado  ao  Ti,  tendo  composição  típica  para  aplicações  automotivas  que 
demandam elevada conformabilidade e que sua composição química se encontra de acordo com 
59 
 
aquelas  especificadas  por  montadoras  automotivas  (GMW3399M­ST­S,  2002  e  MS50.002 
2004) e da norma NBR5915­2 (2013) para aços de Estampagem Extra Profunda Grau 4.  

Tabela 5 ­ Composição química do aço livre de intersticiais avaliado (% de massa). 

Aço  C  Mn  P  S  Al  Ti  Nb  V  N  B 

EC160  0,0006  0,09  0,014  0,010  0,043  0,041  0,001  0,002  0,0016  <5ppm 

EEP*  ≤0,007  ≤0,20  ≤0,02  ≤0,02  ≥0,010  ≤0,2  ­  ­  ­  ­ 

* EEP – Especificação do aço de Estampagem Extra Profunda – EEP Grau 4 da norma NBR5915­2 (2013). 

4.1.2  Análise metalográfica 

A caracterização metalográfica do substrato consistiu na avaliação da microestrutura 
após ataque com solução de H2SO4 + H2O2. Para as análises dos constituintes microestruturais, 
foram avaliadas uma das superfícies e seções ao longo da espessura dispostas de forma paralela 
e transversal à direção de laminação. Na Figura 47 a microestrutura do aço é apresentada em 
três dimensões em seções dispostas em uma das superfícies do substrato segundo as direções 
de laminação (DL) e transversal (DT).  

Superfície 

DT  DL 
 
Figura 46 ­ Representação em três dimensões da microestrutura do aço EC160 obtida a partir 
de seções dispostas em  uma das superfícies nas  direções transversal  (DT) e paralela (DL) à 
direção de laminação. Ampliações originais: 500x. – Ataque com reagente H2SO4 + H2O2. 

O tamanho de grão ferrítico médio da amostra avaliada foi determinado de acordo com 
a  norma  ASTM  E112  (2004)  para  aços  monofásicos,  a  partir  das  micrografias  das  seções 
dispostas de forma longitudinal à direção de laminação. Os valores de tamanho de grão ferrítico 
médio  expressos  em  tamanho  médio  e  em  número  ASTM  foram  de  11,2 m  e  9,5  ASTM, 
respectivamente. 
60 
 
4.1.3  Comportamento plástico por tração uniaxial 

A caracterização mecânica em tração uniaxial do aço foi realizada em termos de limite 
de  escoamento  (LE),  limite  de  resistência  (LR),  alongamentos  total  (Alt)  e  uniforme  (Alu), 
coeficientes de anisotropia plástica (R) em três orientações angulares, anisotropia normal (𝑅̅ ) e 
expoente de encruamento (n). Para a avaliação dessas propriedades foram usinados corpos de 
prova tipo 2 da norma EN 10.002­1 (2007) com base de medida para avaliação do alongamento 
de 80 mm. Os corpos de prova foram confeccionados com comprimentos dispostos segundo as 
orientações angulares paralela (0º), diagonal (45º) e transversal (90º) à direção de laminação da 
chapa. Foi avaliado o efeito da base de medida (BM) na determinação do limite de escoamento 
e da deformação equivalente por meio de ensaios de tração utilizando dos corpos de prova de 
tamanho reduzido (subsize, com base de medida de 25 mm e larguras de 6,2 mm) e tipo tira 
(sheet type, com base de medida de 50 mm e larguras de 12,5 mm) da norma ASTM A 370 
(2007), e o tipo 2 da norma EN 10.002­1 (2007), com base de medida de 80 mm e largura de 
20 mm. 

Os ensaios foram realizados à temperatura ambiente em uma máquina Instron modelo 
5882 a uma velocidade de deformação igual a 2,5 mm/min até o início de deformação plástica 
e 10 mm/min a partir do início do escoamento. As deformações verdadeiras longitudinais (l) e 
transversais (w) foram avaliadas por meio de um vídeo extensômetro. Os pontos das curvas 
tensão de engenharia (S) versus deformação de engenharia (e) foram salvos e transformados em 
tensão  verdadeira  ( 𝜎 )  e  deformação  verdadeira  ()  por  meio  das  Equações  17  e  18, 
respectivamente: 

𝜎 = S (1+e)                                                             (17) 

 = ln(1+e)                                                             (18) 

Na Tabela 6 são mostradas as propriedades mecânicas em tração especificadas para o 
grau de aço correspondente ao aço EC160, segundo a norma EN 10130 (2006). 

Tabela 6 ­ Propriedades mecânicas em tração especificadas segundo a norma EN 10130 (2006). 

Aço  OrientaçãoI  LE (MPa)  LR (MPa)  Alt (%)II  𝑅̅ 20%III  n10%­eu%IV 

EC160  90˚  ≤160  250­310  ≥39  ≥2,5  ≥0,23 


I) Orientação do comprimento do corpo de prova de tração em relação à direção de laminação; 
II) Alongamento total (Alt), avaliado na base de medida de 80 mm; 
III) Coeficiente de anisotropia normal de Lankford (𝑅̅ 20%) determinado com uma deformação de engenharia na 
direção do comprimento dos corpos de prova de 20%; 
IV) Expoente de encruamento (n10%­eu), avaliado entre as deformações de engenharia de 10% e a deformação 
de engenharia do alongamento uniforme (eu). 
 
61 
 
 
Foi avaliado o efeito da base de medida (BM) na determinação do limite de escoamento 
e  da  deformação  equivalente  por  meio  de  ensaios  de  tração  utilizando  dos  corpos  de  prova 
subsize (base de medida de 25 mm e larguras de 6,2 mm), sheet type (base de medida de 50 mm 
e larguras de 12,5 mm), da norma ASTM A 370 (2007) e o tipo 2 da norma EN 10.002­1 (2007) 
(base de medida de 80 mm e larguras de 20 mm).  

A partir das curvas de escoamento obtidas para o aço EC160 por tração uniaxial foram 
utilizadas diferentes equações de encruamento de comportamento plástico, visando identificar 
qual é a que melhor descreve a região uniforme das curvas. As Equações de encruamento de 19 
a 22 utilizadas para caracterizar o comportamento mecânico de materiais considerando­os como 
rígido­plástico, propostos por diferentes autores, são apresentadas na Tabela 7. Essas curvas, 
após ajuste, foram utilizadas na formulação para a determinação da curva limite de conformação 
descrita no espaço de tensões, conforme será discutido no item 4.4.2. 

Tabela 7. Equações de encruamento propostas por diferentes autores. 
Autor  Equação de encruamento  Equação 

Hollomon (1945)  𝜎 = 𝐾 ∙ 𝜀𝑛  (19) 

Swift (1952)  𝜎 = 𝐾 ∙ (𝜀 + 𝜀0 )𝑛   (20) 
Hockett­Sherby  𝑝
𝜎 = 𝜎𝑠 − (𝜎𝑠 − 𝜎𝐼 ) ∙ 𝑒 −𝑎𝜀   (21) 
(1975) 
Swift/Hockett­Sherby  𝑝
𝜎 = (1 − 𝛼′)[𝐾(𝜀 + 𝜀0 )𝑛𝑆 ] + 𝛼′[𝜎𝑠 − (𝜎𝑠 − 𝜎𝐼 ) ∙ 𝑒 −𝑎𝜀 ]  (22) 
(2017) 
Sendo que todos os valores dos parâmetros iniciados por  e K são apresentados em MPa. Os parâmetros K, 0, n, 
s, I , a, p e ' são constantes das equações. 
 
As equações de encruamento foram testadas aos dados experimentais e a escolha da 
que  melhor  descreve  o  comportamento  mecânico  (curva  de  encruamento)  foi  feita  pela 
qualidade dos ajustes tendo por base os valores do coeficiente de determinação ou quadrado do 
coeficiente de correlação de Pearson (R2) e do desvio padrão médio dos resíduos percentuais 
(rmsrp) que é descrito conforme Dimatteo et al. (2015) na Equação 23: 

𝜒𝑒𝑥 −𝜒𝑓𝑖𝑡 2
√∑𝑁( )
𝜒𝑒𝑥
(𝑟𝑚𝑠𝑟𝑝) =                                                                (23) 
𝑁
 
Em que ex é o valor da medida experimental, fit  é o valor calculado da equação ajustada ao 
correspondente ponto experimental e N o total de pontos experimentais Dimatteo et al. (2015). 

O coeficiente de anisotropia ou coeficiente de Lankford (R) foi medido pela razão entre 
as deformações verdadeiras nos sentidos da largura (w) e da espessura (t) do corpo de prova. 
62 
 
Avaliou­se corpos de prova orientados com comprimentos dispostos a 0°, 45° e 90° em relação 
à direção de laminação. Como as deformações w e t foram obtidas em tempo real durante o 
ensaio  por  meio  do  vídeo  extensômetro,  os  valores  de  R  foram  avaliados  não  considerando 
descarregamento elástico. A deformação de engenharia, na direção do comprimento dos corpos 
de prova, utilizada como referência para o cálculo do R foi de 20%, conforme recomendação 
de norma ISO 10113 (2007)*  apud norma FCA MS 50.002 (2017). A variação de R com as 
*** 

deformações foi determinada para as quantidades de deformação de 5% a 20%, variando de 1 
em 1%. Para valores inferiores a 5% a determinação do R é bastante imprecisa pela técnica 
adotada, atribuída a resolução do vídeo extensômetro. 

O expoente de encruamento (n) da equação de Hollomon foi determinado por meio do 
coeficiente  angular  da  reta  formada  pelo  gráfico  do  ln  da  tensão  verdadeira  versus  ln  da 
deformação  verdadeira  (ln    versus  ln  )  entre  as  deformações  de  engenharia  de  10%  e  a 
deformação do alongamento uniforme (n10%­eu), conforme recomendações da norma ISO 10275 
(2007)*  apud norma FCA MS 50.002 (2017).  
††† 

O valor de n instantâneo também foi determinado e plotado em função da deformação 
verdadeira. Esse valor foi determinado por meio da derivada da curva ln  versus ln  entre 
deformações  correspondentes  do  limite  de  escoamento  e  de  resistência  (região  uniforme  da 
curva).  Para  a  avaliação  do  efeito  de  ajuste  das  equações  de  encruamento  no  valor  do  n 
instantâneo  utilizou­se  a  definição  de  Ratke  e  Welch  (1983)  para  o  valor  do  expoente  de 
encruamento n como uma diferencial que independe de qualquer lei de encruamento, dado pelas 
equações 24 e 25. 
𝑑𝑙𝑛𝜎
𝑛=                                                                 (24) 
𝑑𝑙𝑛𝜀
 
𝑑𝑙𝑛𝜎 (1⁄𝜎) 𝑑𝜎 𝜀 𝑑𝜎
𝑛= = (1⁄𝜀) ∙ 𝑑𝜀 = 𝜎 ∙ 𝑑𝜀                                                   (25) 
𝑑𝑙𝑛𝜀
 
Com base nesta afirmação, pode­se considerar que n seja o expoente de encruamento 
instantâneo, ou seja, uma propriedade mecânica intrínseca de uma dada amostra ensaiada em 
tração uniaxial.  Se uma dada equação de encruamento isotrópico melhor se ajustar, ou seja, 
descreve o comportamento plástico de uma dada liga ensaiada em tração uniaxial, então será 
considerado  que  esta  equação  e  sua  respectiva  taxa  de  encruamento  (d/d)  podem  ser 

                                                 
*
 ISO 10113 ­ Metallic Materials ­ Sheet and Strip ­ Determination of plastic strain ratio, 2007.  
*
 ISO 10275 ­ Metallic Materials ­ Sheet and strip ­ Determination of tensile strain hardening 
exponent, 2007. 
63 
 
substituídas  na  equação  de  n.  Substituindo  as  equações  de  encruamento  de  19  a  22  na 
equação 25 e têm­se as equações de 26 a 29. 
𝜀 𝑑𝜎 𝜀
𝑛𝑖 𝐻𝑜𝑙𝑙𝑜𝑚𝑜𝑛 = 𝜎 ∙ 𝑑𝜀 = 𝐾𝜀𝑛𝐻 ∙ 𝑛𝐻 𝐾𝜀 𝑛𝐻 −1 = 𝑛𝐻                                (26) 

ε εn nS
ni Swift = K(ε n ∙ [nS K(ε0 + ε)nS −1 ] = (ε+εS ) = ε                    (27) 
0 +ε) S 0 1+ 0⁄ε

ε p ap𝜀 𝒑
n Hockett/Sherby = p
)e(−aε ) ]}
{[ap(σS − σI )𝜀 𝒑−𝟏 ∙ e(−aε ) ]} = σS p
(28) 
  
{σS −[(σS −σI {[ ]e(aε ) −1}
(σS −σI )

p
εnK(1−α)(ε+ε0 )nS +α(ap)(σS −σI )εp ∙e(−aε )
n Swift − HockettSherby = p
(1−α)K(ε+ε0 )nS +α{σS −[(σS −σI )e(−aε ) ]}
                 (29) 

4.1.4  Comportamento plástico em expansão biaxial 
Os  ensaios  de  expansão  biaxial  foram  realizados  em  uma  prensa  universal  de 
estampagem com força de prensa chapas e velocidade de deformação de 500 kN e 60 mm/min, 
respectivamente.  Esse  ensaio  foi  realizado  de  acordo  com  as  recomendações  da  norma 
ISO 16808  (2014).  Os  corpos  de  prova  utilizados  nos  ensaios  de  expansão  biaxial  foram 
esboços circulares com 180 mm de diâmetro. Metodologia de ensaio similar foi utilizada pelos 
autores Cardoso et al. (2015), Ferreira et al. (2015), Cardoso et al. (2016­a) e Cardoso et al. 
(2016­b). Na Figura 48 pode ser visto um esquema dos componentes de um ensaio de expansão 
biaxial em uma prensa universal de estampagem, bem como variáveis adotadas em equações 
de encruamento sob expansão biaxial. 

     
Figura 47 ­ Representação esquemática de componentes e parâmetros a serem considerados em 
ensaio  de  expansão  biaxial.  Adaptado  do  Manual  de  operações  do  sistema  AutoGrid  Strain 
Analyzers e adaptado de Koç et al. (2011). 

No ensaio de expansão biaxial, o corpo de prova é deformado progressivamente por 
meio da ação da pressão (p), que aumenta no tempo, formando uma região central protuberante 
(bulge). Na região central dessa protuberância, conhecida como domo, a espessura inicial do 
esboço circular (t0) tende a afinar de forma mais intensa do que na periferia. Essa protuberância, 
com o avançar da deformação apresenta raios de curvatura (') cada vez menores. Além disso, 
no início do ensaio essa curvatura pode ser considerada infinita devido ao esboço estar plano. 
64 
 
Durante o ensaio de expansão biaxial registra­se continuamente pela prensa universal a altura 
do  domo  (hd)  por  um  transdutor  de  posição  do  êmbolo  compressor  do  fluido  hidráulico. 
Também são registrados os valores da pressão hidráulica, por meio de um transdutor de pressão, 
e força por meio de uma célula de carga também montada no êmbolo. Os dados coletados pela 
prensa foram transferidos instantaneamente para o programa AutoGrid Vario System por meio 
de um sistema de saída de dados analógico.  

A relação entre a espessura do esboço e o diâmetro da matriz foi dimensionada para 
que as tensões de cisalhamento e aquelas devido a flexão no polo com respeito ao raio da matriz, 
possam  ser  desprezadas.  Deste  modo,  as  relações  geométricas,  características  deste  ensaio, 
permitiram considerar que as tensões impostas ao longo da espessura da chapa ( z) pudessem 
ser desconsideradas, possibilitando­se descrever o esboço pela teoria de membranas. Com isso, 
à medida que a pressão do fluido hidráulico aumenta, o esboço se deforma devido às tensões 
de membranas, isto é, tensão radiais (r) e tensões circunferenciais () tangenciais atuantes na 
superfície, resultando na formação de uma região hemisférica no domo. Na ausência de tensões 
de cisalhamento, estas componentes de tensão são tensões principais.  

Por meio de análises de correlação de imagens digitais realizadas pelo sistema ViaLux 
foram avaliadas alterações de posicionamentos dos vértices de uma grade quadrada com 2 mm, 
marcada previamente no esboço plano por meio de gravação eletrolítica. As variações da grade 
tornam possível a determinação em tempo real dos campos de deslocamentos na superfície do 
esboço  e,  em  seguida,  as  deformações  principais  (1  e  2).  O  sistema  automático  também 
determina o raio de curvatura (') no polo e a deformação na direção da espessura nessa região, 
a partir da condição de incompressibilidade no regime de deformação plástica, 1 + 2 + 3 = 0. 
A  partir  da  deformação  na  espessura  (3),  a  espessura  instantânea  do  domo  do  esboço  (t), 
necessária para a determinação das curvas de escoamento é obtida pela Equação 30: 

𝑡 = 𝑡0 exp(−𝜀1 − 𝜀2 ) = 𝑡0 exp(𝜀3 )                                       (30) 

A análise do estado de tensão no domo no ensaio de  expansão biaxial foi realizada 
com o auxílio da Equação (31), estabelecida a partir da teoria de vasos de pressão de paredes 
finas também conhecida por teoria de membranas ISO 16808 (2014): 
𝜎1 𝜎 p
𝜌′1
+ 𝜌′2 = 𝑡                                                         (31) 
2

na qual 1 e 2 são as tensões principais na superfície da chapa assumindo­se que os eixos das 
tensões principais os eixos de simetria ortotrópica sejam coincidentes,  '1 e '2 são os raios de 
curvatura da calota no meio da espessura t e p a pressão. A razão entre a espessura do esboço e 
65 
 
o seu diâmetro (rc) é menor que 1/50 e, portanto, sob estas condições as tensões de flexão podem 
ser desprezadas resultando na condição que a tensão na direção da espessura (3) é igual a zero, 
Reis et al. (2016). 

Para  a  determinação  dos  valores  de  tensão  e  deformação  da  curva  de  encruamento 
utilizou­se a equação da teoria de membranas, considerando­se que o material seja isotrópico e 
ausência de atrito entre o óleo hidráulico e a superfície interna do esboço circular. Considerando 
ainda que a zona de polo estará solicitada por um estado de tensão biaxial simétrico (1 = 2 e 
3 =0), com simetria rotacional. Aplicando­se o critério de escoamento isotrópico de von Mises 
tem­se a Equação 32. 

𝜎̅ = 𝜎1 = 𝜎2                                                          (32) 

Como simplificação da hipótese de comportamento isotrópico pode­se afirmar que são 
iguais os raios de curvatura da calota '1 e '2. Por outro lado, o raio de curvatura é medido pelo 
sistema de correlação de imagens digitais sobre a superfície externa da calota e sua correção é 
obtida pela Equação 33. 
𝑡
𝜌′ = 𝜌′𝑒𝑥𝑡 − 2                                                                 (33) 

em que ' é o raio de curvatura na metade da espessura da calota e 'ext é o raio de curvatura da 
superfície externa da calota hemisférica.  

Retornando  na  Equação  31  com  as  condições  𝜎1 = 𝜎2  e  𝜌′1 = 𝜌′2  tem­se  a 
Equação 34. 
p𝜌′
(1)  𝜎̅ = 𝜎1 = 𝜎2 =                                                             (34) 
2𝑡

Desprezando­se  as  deformações  elásticas,  aplicando  a  equação  de  deformação 


equivalente de von Mises, mostrada na Equação 35, levando ainda em consideração a lei da 
incompressibididade e que as deformações 1 e 2 no domo são iguais, pois 𝜌′1 = 𝜌′2 , tem −
se a Equação 36. 

(2)  𝜀̅ = √4⁄3 (𝜀12 + 𝜀1 𝜀2 + 𝜀22 )                      ...                        (35) 

(3)  𝜀̅ = 𝜀1 + 𝜀2 = −𝜀3 = |𝜀3 |                                                  (36) 


Com isso, a curva de escoamento do material do esboço pode ser determinada a partir 
da curva que relaciona os valores de pressão exercida pelo fluido e altura da calota hemisférica, 
bem como com as deformações que ocorrem no polo da calota. 

A avaliação da consistência dos dados obtidos pelo sistema ViaLux® durante o ensaio 
de  expansão  biaxial  do  aço  EC160  para  a  determinação  da  curva  de  encruamento  (tensão  x 
66 
 
deformação)  foi  realizada  por  meio  da  interrupção  da  estampagem  de  corpos  de  prova  para 
escaneamento, determinação do raio de curvatura e da espessura instantânea no domo destes. 
As interrupções de ensaio foram feitas nas alturas de deslocamento do punção de 1 mm; 2 mm; 
3 mm; 4 mm; 5 mm; 7,5 mm;10 mm; 12,5 mm; 15 mm; 17,5 mm; 20 mm e 22,5 mm. A medição 
da calota hemisférica dos corpos de prova foi feita por meio de digitalização 3D dos corpos de 
prova no ZScanner 800, fabricado pela Z­Corp e através da análise das imagens no software 
Geomagic®.  Para  análise da espessura do domo,  via micrômetro, os corpos de prova foram 
cortados por eletroerosão a partir de um plano passante no centro dos espécimes.  A pressão de 
ensaio  determinada  no  instante  das  interrupções  foi  avaliada  por  meio  do  pressostato  da  prensa.  Na 
figura  49  é  mostrado  o  aspecto  de  corpos  de  prova  que  tiveram  o  ensaio  interrompido  para 
validação  da  metodologia  adotada  para  a  determinação  da  curva  de  encruamento  por 
estiramento biaxial simétrica.  

22,5 mm 
20 mm 
17,5 mm 
15 mm 
12,5 mm 
10 mm 
7,5 mm 

1 mm  2 mm  3 mm  4 mm  5 mm 


 
Figura  48  –  Aspecto  de  corpos  de  prova  ensaiados  por  pressão  hidráulica  utilizados  para  a 
validação da metodologia para a determinação da curva tensão x deformação em condição de 
estiramento biaxial simétrico. 

Além da avaliação da consistência experimental do ensaio de expansão biaxial para a 
determinação da curva foram realizadas análises utilizando equações teóricas encontradas em 
literatura  para  a  previsão  desse  comportamento.  O  raio  de  curvatura  pode  ser  determinado 
matematicamente  a  cada  instante  a  partir  da  altura  da  calota  (hd)  e  do  raio  da  matriz  (rc), 
conforme mostrado na Equação 37, proposta por Hill (1950)*  apud Koç (2011). Tanto rc, ’ e
‡‡‡ 

hd são mostrados na Figura 48. 

𝑟𝑐 2 + ℎ𝑑 2
𝜌′2 = 𝑟𝑐 2 + (𝜌′ − ℎ𝑑 )2          ➔          𝜌′ =                                              (37) 
2ℎ𝑑
(4) 

                                                 
*
 Hill R. A theory of plastic bulging of a metal diaphragm by lateral pressure. Philos Mag Ser 
7 1950;41(322):1133–42. 
67 
 
Combinando as Equações 34 e 37 obtém­se a expressão que permite calcular a tensão 
equivalente (𝜎̅) concomitantemente com o desenvolver do ensaio, Equação 38. 

𝑟𝑐 2 + ℎ𝑑 2
(5)  𝜎̅ = 4ℎ𝑑 𝑡
𝑝                                                                     (38) 

Porém,  a  determinação  da  tensão  equivalente  através  da  Equação  38  depende  do  valor  da 
espessura da chapa, t, a cada instante do ensaio, que também torna possível a determinação da 
deformação verdadeira. Expressões utilizadas para o cálculo das deformações são apresentadas 
na Equação 39. 
𝑑𝑟 𝑑𝑡
(6)  𝑑𝜀𝑟 = 𝑑𝜀𝜃 = 𝑟
      e       𝑑𝜀3 = 𝑡
                                                    (39) 

Admitindo agora as simplificações referidas à trajetória de deformação dos pontos da zona polar 
da membrana, pode­se assumir que entre dois instantes sucessivos de deformação, a variação 
do raio de curvatura da membrana é igual à variação da altura do polo, ou seja, 𝑑𝜌′ = 𝑑ℎ. Então, 
analisando a Figura 50, chegou­se a relação apresentada na Equação 40. 
𝑑𝑟 𝑑𝜌 𝑑ℎ
(7) 

𝑟
= 𝜌′
= 𝜌′
                                                                      (40) 

 
Figura 49 ­ Relações geométricas de deformação da membrana no polo. Rodrigues e Martins 
(2005). 
 

Combinando  as  Equações  36,  37,  39  e  40,  chega­se  à  seguinte  relação  para  o 
incremento de deformação segundo a espessura, Equação 41. 
4ℎ𝑑
𝑑𝜀3 = − ℎ 2 2 𝑑𝑡                                                                   (41) 
𝑑 + 𝑟𝑐
(8) 

Integrando­se a Equação 41, tendo como limites de integração, o instante inicial do 
ensaio, em que a altura do polo é nula, e um instante genérico da deformação, obtém­se o valor 
da deformação na direção da espessura, Equação 42. 

ℎ𝑑 2
(9)  𝜀3 = −2𝑙𝑛 (1 + 𝑟𝑐 2
)                                                                  (42) 
68 
 
Recorrendo­se  à  definição  de  deformação  verdadeira,  pode­se  calcular  o  valor 
instantâneo da espessura (t) em função de seu valor inicial, segundo a Equação 43 proposta por 
Hill (1950) apud Koç (2011). 
2
1
(10)   𝑡 = 𝑡0 𝑒 𝜀3       ou      𝑡 = 𝑡0 [ ℎ 2]                                     (43) 
1+( 𝑑⁄𝑟𝑐 )

Utilizando as equações supracitadas foi possível determinar a curva de escoamento do 
material na zona de deformação plástica uniforme, a partir somente do registro da pressão do 
fluido hidráulico e da altura da calota hemisférica. 

A  curva  de  encruamento,  determinada  por  expansão  biaxial  para  o  aço  EC160,  foi 
utilizada para a determinação do trabalho plástico realizado nas deformações por estiramento 
biaxial simétrico, conforme será discutido no item 4.2. 

O limite de escoamento em estiramento biaxial (LEB) foi determinado por meio mesma 
técnica utilizada no ensaio de tração (ponto de interseção da curva de escoamento com uma reta 
com a mesma tangente da região elástica, que cruza a deformação de 0,2%). 

Para a avaliação das curvas de encruamento por estiramento biaxial simétrico foram 
utilizadas  as  mesmas  equações  de  encruamento  adotadas  na  análise  por  tração  uniaxial 
(Tabela 7). 

O  coeficiente  de  anisotropia  biaxial  (Rb)  foi  determinado  por  meio  do  ensaio  de 
pressão hidráulica que gerou a condição expansão biaxial simétrico pela derivada da relação 
entre as deformações d2 e d1, Equação 44. Essa relação foi proposta por Barlat et al. (2003), 
os  quais  utilizaram  uma  metodologia  diferente,  da  proposta  neste  trabalho,  que  consistia  na 
realização de ensaio de compressão de discos para a obtenção desse coeficiente. 
𝑑𝜀2
𝑅𝑏 =                                                                  (44) 
𝑑𝜀1

A  faixa  de  deformação  adotada  para  a  determinação  do  parâmetro  Rb  somente  é  válida  em 
deformações  uniforme,  ou  seja,  entre  o  limite  de  escoamento  até  a  instabilidade  plástica  do 
material.  O  limite  de  escoamento  em  estiramento  biaxial  (LEB)  foi  determinado  por  meio 
mesma técnica utilizada no ensaio de tração (ponto de interseção da curva de escoamento com 
uma reta com a mesma tangente da região elástica, que cruza a deformação de 0,2%). Tornou­
se necessária a determinação das condições que conduzem o aparecimento dessa instabilidade. 
Para isso, foi considerado que haverá instabilidade plástica na zona polar quando a pressão do 
fluido atingir um valor máximo, seguindo­se a fratura com o decréscimo da pressão. A relação 
69 
 
entre a pressão do fluido, p, e o raio de curvatura da zona polar, ', pode ser obtida modificando­
se a Equação 34, gerando a Equação 45. 
̅
2𝑡𝜎
𝑝= 𝜌′
                                                                     (45) 

A condição de instabilidade plástica para o ensaio de expansão biaxial simétrico (dp = 0), pode 
ser expressa pela Equação 46. 
𝑑𝜎̅ 𝑑𝜌′ 𝑑𝑡
̅
= −                                                                   (46) 
𝜎 𝜌′ 𝑡
(11)  

Porém, sendo d3 = ­(dt/t) a deformação, segundo a espessura, dada por 3 = ­ln(t/t0), a condição 
de instabilidade plástica pode ser reescrita pela Equação 47. 
̅
1 𝑑𝜎 1 𝑑𝜌′
(12)  

̅ 𝑑𝜀3
𝜎
= 𝜌′ 𝑑𝜀3
+ 1                                                              (47) 

Uma vez que a equação 47 ainda não é suficientemente conclusiva em relação ao aparecimento 
da instabilidade, torna­se necessário continuar o seu desenvolvimento. Para tal, pode­se inverter 
a Equação 37, de modo a se obter a altura da calota hemisférica, hd, em função do respectivo 
raio de curvatura, ', obtendo­se então a Equação 48. 

(13)   ℎ𝑑 = 𝜌′ ± (𝜌′2 − 𝑟𝑐 2 )1⁄2                                                         (48) 


Mas, como hd <<< ', pode­se reescrever esta expressão pela Equação 49. 

(14)   ℎ𝑑 = 𝜌′ − (𝜌′2 − 𝑟𝑐 2 )1⁄2                                                        (49) 


Diferenciando esta equação, tem­se a Equação 50. 

𝑑ℎ 2ℎ𝑑 2
=                                                                  (50) 
𝑑𝜌′ ℎ𝑑 2 −𝑟𝑐 2
(15)  

Tomando agora a Equação 43, que relaciona a deformação na espessura com a altura da calota 
hemisférica formada, fazendo­se uma mudança de variável: t = (1+hd2/rc2) e diferenciando­a, 
temos a Equação 51. 
𝑑𝜀3 𝑣2 𝑑𝑡 2𝑎
(16)  

𝑑𝑡
= − 𝑎𝜌′      e      𝑑𝑎 = − 𝑣 2                                                       (51) 

Combinando  as  Equações  50  e  51  pode­se  determinada  a  derivada  d’/d  da  Equação  47, 
conforme mostrado na Equação 52. 

𝑑𝜌′ 𝑑𝑡 𝑑ℎ 𝑑𝜌′ ℎ𝑑 𝜌 𝑟𝑐 2 (ℎ𝑑 2 − 𝑟𝑐 2 ) ℎ𝑑 2 − 𝑟𝑐 2


𝑑𝜀
= 𝑑𝜀 = 𝑟𝑐 2 2ℎ𝑑 2ℎ𝑑 2
= 𝜌′ 4ℎ𝑑 2
                                           (52) 
3 𝑑𝑡 𝑑ℎ
(17)  

Substituindo esse resultado na Equação 52 e notando que rc2 = 2hd' – hd2 tem­se a condição 
para a instabilidade plástica, Equação 53. 
̅
1 𝑑𝜎 3 𝜌′
(18)  

̅ 𝑑𝜀3
𝜎
= 2
− 2ℎ                                                               (53) 
𝑑
70 
 
Relacionando  '/2hd,  definido  por  meio  da  Equação  53,  com  a  deformação  na  espessura, 
Equação 43, e desenvolvendo em série pode­se chegar à relação aproximada para a condição 
de instabilidade plástica, Equação 54. 
̅
1 𝑑𝜎 11 1
̅ 𝑑𝜀3
≈ −                                                               (54) 
𝜎 8 2𝜀3
(19)  

Admitindo­se  agora  que  o  material  sofre  encruamento  e  que  a  curva  tensão­deformação 


verdadeira do ensaio de expansão biaxial é do tipo 𝜎̅ = 𝑘𝜀̅𝑛 , a condição de instabilidade pode 
ser estimada pela Equação 55. 
1 ̅
𝜎 11 1
(20)  

̅
𝜎
𝑛 𝜀 = 8
− 2𝜀                                                               (55) 
3 3

Ou seja, pela Equação 56. 
4
𝜀3 = 𝜀𝑢 = (2𝑛 + 1)                                                              (56) 
11
(21)  

O  expoente  de  encruamento,  n,  das  curvas  obtidas  por  expansão  biaxial  foram 
determinados seguindo a mesma metodologia utilizada para tração uniaxial. Foram utilizadas 
as  Equações  de  26  a  29  para  determinação  do  valor  instantâneo  de  n  para  o  caso  expansão 
biaxial  simétrica.  Conforme  informado,  essas  curvas  de  encruamento  são  utilizadas  para  a 
determinação das tensões limites para as CLC descritas no espaço de tensão. Portanto, faz­se 
necessário  o  entendimento  de  como  ocorre  o  encruamento  sob  ajustes  por  equações  de 
encruamento das condições de pré­deformação adotadas no presente estudo. 

4.1.5  Passagem de dados: tração uniaxial para expansão biaxial simétrica 
Após  a  realização  dos  ensaios  de  tração  uniaxial  (u =  f())  e  de  expansão  biaxial 
(b = f())foram obtidas  duas curvas de encruamento distintas do mesmo material. Uma vez 
que as curvas obtidas não provêm do mesmo modo de deformação, não podem ser comparadas 
diretamente. Conforme será discutido adiante, esse é o motivo na qual será adotado o conceito 
de trabalho plástico para a comparação de deformações por tração uniaxial e estiramento biaxial 
simétrico. Para a verificação se os dados obtidos nos ensaios por tração uniaxial e estiramento 
biaxial simétrico  foram  coerentes utilizou o conceito de passagem  de dados  pelo  critério de 
escoamento quadrático de Hill (1948), em condições de anisotropia normal, considerando uma 
simetria rotacional em torno do eixo principal de anisotropia z. Considerando que para o estado 
de tensão biaxial simétrico 1 = 2 = b, o critério de escoamento de Hill (1948) é simplificado 
novamente para a Equação 57. 

̅
𝜎 2
(22) 

𝜎𝑏
= √ 1+𝑅̅                                                             (57) 
71 
 
4.1.6  Curva Limite de Conformação: Trajetórias lineares 
O método utilizado para a determinação da Curva Limite de Conformação (CLC) foi 
o  Nakajima  modificado,  no  qual  as  deformações  limites  foram  definidas  na  condição  de 
estricção.  Os  ensaios  de  CLC  foram  realizados  em  uma  prensa  universal  Erichsen  145­60 
equipada com o sistema de análise de deformações por correlação de imagens ViALUX®. Esse 
equipamento possibilita a filmagem do ensaio por meio de 4 câmeras CCD com uma taxa de 
aquisição de imagens de 10 frames/s e, portanto, avaliar o instante de início da estricção do 
corpo de prova, independentemente do modo de deformação avaliado. Para a lubrificação do 
corpo  de  prova  durante  deformação,  visando  localizar  as  deformações  no  domo  deste,  foi 
utilizado um composto formado por vaselina, filme de Teflon® (0,1 mm de espessura), vaselina, 
polímero cloreto de polivinila – PVC (3 mm de espessura), vaselina, filme de Teflon® (0,1 mm 
de espessura) e vaselina. 

As  dimensões  e  geometrias  dos  corpos  de  prova  da  metodologia  de  Nakajima 
modificado utilizados para a determinação da CLC sob trajetórias lineares estão mostradas na 
Figura 51. Com exceção do esboço circular de diâmetro 220 mm, os demais corpos de prova 
foram  usinados  com  a  maior  dimensão  alinhada  com  a  orientação  transversal  a  direção  de 
laminação.  

 
Figura 50 – Corpos de prova empregados nos ensaios de CLC sob trajetórias lineares. Unidades 
apresentadas em mm. 

As deformações limites na estrição para o aço EC160 foram definidas tendo como base 
as metodologias propostas por Hecker (ASTM E2218, 2014) e Bragard (ISO 12004­2, 2009). 
Em todos os casos, as deformações limites foram obtidas a partir das medidas das deformações 
verdadeiras, apesar de normalmente a norma ASTM E2218 utilizar deformação de engenharia. 
Para  fins  de  comparação,  a  curva  empírica  proposta  por  Keeler  (1968)  foi  utilizada  como 
referência.  
72 
 
4.2  Pré­deformação em tração uniaxial e expansão biaxial simétrica 

Para a avaliação do efeito da trajetória de deformação na curva limite de conformação 
foi  necessária  a  realização  de  ensaios  de  pré­deformação  sob  distintas  trajetórias,  na  qual  o 
material deveria ser deformado e ainda permanecesse plano para ser possível a confecção de 
corpos de prova para a segunda deformação. Com isso, foi utilizada técnica de deformação de 
Marciniak  com  punção  cilíndrico  de  fundo  plano.  Nessa  técnica  o  modo  de  deformação  é 
alterado em função da largura do espaçador e do esboço, bem como das condições operacionais 
de estampagem. Para a determinação da largura dos corpos de prova para as pré­deformações 
por tração uniaxial e expansão biaxial simétrica  (estiramento biaxial simétrico) foi utilizado 
simulação de diferentes  condições  de larguras via análise numérica  no  programa  LS­Dyna®. 
Convencionou­se adotar a nomenclatura por tração uniaxial, pois a trajetória obtida nos ensaios 
de  pré­deformação  de  Marciniak  foi  similar  à  obtida  no  ensaio  de  tração  convencional, 
conforme  será  descrito  adiante.  Após  a  determinação  da  largura  dos  corpos  de  prova  com 
auxílio de simulações numéricas, tornou­se necessário o desenvolvimento de ensaio físico de 
Marciniak.  Para  isso,  uma  prensa  universal  de  ensaios  foi  instrumentada.  A  validação  das 
trajetórias de deformação obtidas no plano pela técnica de Marciniak foi validada a partir das 
curvas tensão ­ deformação determinadas nos ensaios de tração uniaxial e estiramento biaxial 
simétrico. Após essa validação foram realizados ensaios para a obtenção do trabalho plástico 
correspondente aos dois modos de pré­deformação. No que segue essas etapas são detalhadas, 
conforme sumário apresentado na Tabela 8.  

Tabela 8 ­ Sumário das atividades realizadas para a obtenção de corpos de prova planos e pré­
deformações sob tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico.  
Item do texto 
Atividade necessária para 
Técnicas adotadas  onde será 
pré­deformação no plano 
discutido 
Determinação  das  larguras  Simulação  numérica  do  ensaio  de 
4.2.1 
dos corpos de prova  Marciniak pelo programa LS­Dyna® 
Realização  de  ensaios  de  Construção  de  ferramental  e 
4.2.2 
validação  instrumentação de prensa 
Realização de ensaios de tração a partir 
Determinação  do  trabalho 
de  corpos  de  prova  base  de  medida  de  4.2.3 
plástico 
80 mm e por expansão biaxial. 
Realização de ensaios de tração a partir 
de  corpos  de  prova  retirados  das 
Determinação  das  alturas  de  amostras  pré­deformadas  no  plano  e 
4.2.4 
estampagem  validação  com  curvas  tensão 
deformação obtidas por tração uniaxial 
e por expansão biaxial. 
 
73 
 
4.2.1  Largura dos corpos de prova 
  As simulações numéricas no programa de elementos finitos LS­Dyna® foram realizadas 
empregando­se o método dinâmico explicito de integração, com coeficiente de atrito entre as 
partes definido como 0,15. Para descrever a anisotropia, adotou­se o critério quadrático de Hill 
(1948) assumindo­se a hipótese de anisotropia normal. O esboço foi discretizado por elementos 
de casca com malha mapeada composta por elementos com 5 pontos de integração ao longo da 
espessura. O tamanho do maior elemento foi de 2,5 mm e o tempo de solução foi definido como 
20 s,  mesmo  valor  absoluto  do  número  de  passos  de  deslocamento  do  punção  (mm).  O 
incremento de tempo (∆t) foi de 1,429 s,  que  se  encontra  de  acordo  com  a  formulação  de 
Courant, condição mínima de ∆t para que o tempo que se leva para  que  uma  onda  sonora 
atravesse o menor elemento do modelo numérico, Manual de ajuda do programa Ansys (2019). 

As geometrias do ferramental de estampagem das simulações são representativas de 
prensa universal de estampagem com capacidade de força de 100 tf que foi utilizada nos ensaios 
de  pré­deformação  pela  técnica  de  Marciniak,  cujo  desenho  é  mostrado  na  Figura 52.  Cabe 
ressaltar que os stretch beads ou frisos destacados nos detalhes “A” e “B” da Figura 52, não 
foram  incluídos  no  modelo  computacional.  Optou­se  por  não  os  incluir,  pois  iria  aumentar 
desnecessariamente o tempo de análise, uma vez que a função deles é somente de restringir o 
escoamento de material para o interior da cavidade da matriz. Deste modo, essa mesma restrição 
foi assegurada pelo aumento da carga de prensa chapas. As ferramentas foram modeladas como 
rígidas. Sabe­se que o ferramental também sofre deformações elásticas durante o processo de 
estampagem. No entanto, estas deformações não foram consideradas nas análises em função da 
falta de capacidade computacional para que as mesmas fossem incluídas aos modelos. 

 
Figura 51 – Desenho do ferramental utilizado na prensa universal de 100 tf para os ensaios de 
pré­deformação pela técnica de Marciniak. 
74 
 
Na técnica de Marciniak, conforme mostrado na Figura 23, são utilizados espaçadores 
entre o esboço e o punção. Na Figura 53 é mostrada uma representação esquemática do formato 
dos  espaçadores,  cujas  geometrias  dos  modos  de  deformação  por  deformação  plana  e 
estiramento biaxial se baseiam no estudo de Quaak (2008). Para a tração uniaxial, o formato do 
corpo de prova teve de ser alterado em relação à proposição de Quaak (2008), pois foi preciso 
uma largura do corpo de prova após pré­deformação com mínimo de 180 mm para possibilitar 
a posterior confecção dos esboços para a determinação da Curva Limite de Conformação. Para 
simplificar  a  confecção  dos  espaçadores  e  corpos  de  prova  para  ambos  os  modos  de  pré­
deformação, optou­se por utilizar esboços retangulares. 

 
Figura 52 – Representação esquemática das dimensões dos espaçadores e corpos de prova para 
a  realização  da  pré­deformação  pela  técnica  de  Marciniak  para  reproduzir  os  modos  de 
deformação  de  tração  uniaxial  e  expansão  biaxial  simétrica  (estiramento  biaxial  simétrico). 
Adaptado de Quaak (2008). 
 
O modelo de elementos finitos proposto para as simulações numéricas do processo de 
estampagem pelos modos de deformação por tração uniaxial e por estiramento biaxial simétrico 
está mostrado na Figura 54. Verifica­se na Figura 54.a, o modelo do ferramental utilizado na 
estampagem dos corpos de prova pela técnica de Marciniak (matriz, prensa chapas e punção). 
O  espaçador  e  o  esboço  utilizados  nos  modos  de  deformação  por  tração  uniaxial  e  por 
estiramento biaxial simétrico podem ser vistos, respectivamente, nas Figuras 54.b e 54.c. 

 
75 
 

Matriz 

Prensa chapas 
Punção 

 
a) 

Espaçador  Esboço 

b)  

Espaçador  Esboço 

   
c) 
Figura 53 – Modelo  numérico  adotado  nas  simulações  dos  processos  de  estampagem.  a) 
aspecto geral do ferramental. b) e c) aspecto do prensa chapas, espaçador e esboço utilizados 
para os modos de deformação por tração uniaxial e expansão biaxial simétrico, respectivamente. 
 
76 
 
As condições ótimas empregadas no comprimento (CE), na largura (LE), e no diâmetro 
do furo central (DE) dos espaçadores, bem como no comprimento (CCP) e na largura (LCP) dos 
corpos  de  prova  foram  determinadas  a  partir  de  simulação  numérica  computacional  pelo 
programa LS­Dyna®. Essas dimensões podem ser vistas na Tabela 9. 

Tabela 9 – Dimensões  dos  espaçadores  e  dos  corpos  de  prova  determinadas  por  simulação 
numérica no programa LS­Dyna® para a obtenção dos modos de deformação por tração uniaxial 
e expansão biaxial simétrico nos ensaios de pré­deformação pela técnica de Marciniak. 

  Modos de deformação 
Estiramento biaxial 
  Tração uniaxial 
simétrico 
Comprimento do 
330 mm  330 mm 
espaçador ­ CE 
Largura do espaçador ­
190 mm  330 mm 
LE 
Diâmetro do furo do 
50 mm  50 mm 
espaçador ­DE 
Comprimento do corpo 
330 mm  330 mm 
de prova ­ CCP 
Largura do corpo de 
190 mm  330 mm 
prova ­ LCP 
 

Na Figura 55 é mostrado o aspecto obtido em simulação numérica dos espaçadores e 
corpos de prova deformados em tração uniaxial  e em estiramento biaxial simétrico, até uma 
altura  de  estampagem  de  30  mm.  Como  indícios  da  obtenção  dos  modos  de  deformação 
desejados, podem ser observados os formatos dos furos dos espaçadores, que para o estiramento 
biaxial simétrico apresentava na forma de círculo com diâmetro maior do que o inicial e para a 
tração uniaxial em forma de elipse, cujo maior eixo da elipse  encontrava­se alinhado com a 
direção da maior deformação.  
77 
 

Espaçador  Esboço 

a) 

Espaçador  Esboço 

      
b)  
Figura 54 – Resultados de simulação numérica obtidos na previsão das pré­deformações por 
a) tração uniaxial e b) estiramento biaxial simétrico. 

Nos Diagramas Limite de Conformação (DLC), mostrados na figura 56, podem ser 
vistas as trajetórias de deformação de elementos que se encontravam situados no centro dos 
esboços. A trajetória de deformação obtida para a condição de tração uniaxial foi de  = ­0,625. 
Para expansão biaxial simétrico o valor de  foi de aproximadamente 1.
78 
 

                                           (a)                                                                     (b)  
Figura 55 – Trajetórias de deformação obtidas pelo programa LS­Dyna® a partir de simulações 
numéricas das pré­deformações por: (a) tração uniaxial e (b) estiramento biaxial simétrico. 

4.2.2  Estampagem no plano em diferentes modos de deformação 
Para  a  realização  da  pré­deformação  dos  corpos  de  prova  em  diferentes  modos  de 
deformação  utilizou­se  a  técnica  de  Marciniak  dotada  de  um  espaçador  para  propiciar 
deformações no plano. O espaçador utilizado foi um aço EC160 com 0,80 mm de espessura, 
que atende as características necessárias para essa função, a saber, mesma resistência, maior 
espessura e bom acabamento das bordas. O furo central dos espaçadores foi confeccionado por 
eletroerosão a fio. O aço adotado para a função do espaçador foi caracterizado em termos de 
composição  química,  de  microestrutura  e  propriedades  mecânicas  em  tração  uniaxial 
(Tabela 10, Figura 57 e Tabela 11, respectivamente). O material apresentou­se apto a exercer a 
função  de  espaçador,  pois  respeitou  os  critérios  de  ter  propriedades  compatíveis  com  as  do 
material avaliado e ser mais espesso. 

Tabela 10– Composição química do aço EC160 utilizado como espaçador (% em massa). 

Aço  %C  %Mn  %P  %S  %Al  %Ti 

EC160 (0,80 mm)  0,0013  0,11  0,012  0,007  0,038  0,044 


79 
 

 
Figura 56 – Microestrutura da chapa de aço EC160, 0,80 mm de espessura. Ampliação: 500x. 
– Ataque com reagente H2SO4 + H2O2. 
 
Tabela 11 – Propriedades  mecânicas  em  tração  uniaxial  do  aço  EC160  (0,80 mm)  utilizado 
como  espaçador  nos  modos  de  pré­deformação  pela  técnica  de  Marciniak.  As  propriedades 
foram avaliadas a partir de corpos de prova tipo 2 da norma EN 10.002­1 (2007), com base de 
medida para determinação do alongamento de 80 mm. 

LE  LR  AluniformeII  AltotalIII  RIV  nV 


Aço  OrientaçãoI  𝑅̅ VI 
̅
(MPa)  (MPa)  (%)  (%)  (20%)  (10­eu) 

90°  157  270  26,4  48,0  2,95  0,25 


EC160 
45°  157  280  25,1  32,6  2,20  0,24  2,32 
 
(0,80 mm) 
0°  151  275  26,8  46,2  2,61  0,25 
I) Orientação do comprimento do corpo de prova de tração em relação à direção de laminação; 
II) Alongamento uniforme (Alunifiorme), avaliado até a deformação do limite de resistência; 
III) Alongamento total (Alt), avaliado na base de medida de 80 mm; 
IV)  Coeficiente  de  anisotropia  normal  de  Lankford  ( 𝑅 ̅ 20%)  determinado  com  uma  deformação  de 
engenharia na direção do comprimento dos corpos de prova de 20%, vide Equação 3; 
V)  Expoente  de  encruamento  (n10%­eu),  avaliado  entre  as  deformações  de  engenharia  de  10%  e  a 
deformação de engenharia do alongamento uniforme; 
VI) Vide Equação 11. 
 

Para  realizar  os  ensaios  de  pré­deformação,  uma  prensa  universal  de  100  tf  foi 
instrumentada (Figuras 58 e 59) para possibilitar o controle do deslocamento do punção e a 
avaliação das deformações. Para o controle do deslocamento do punção, utilizou­se um sensor 
laser modelo LM100 da Keyence, indicado na Figura 60. Esse sensor possui faixa de medição 
de  0  a  100 mm,  tempos  de  resposta  de  10 Hz,  100 Hz  ou  1 kHz  com  resoluções  de  60 µm, 
200 µm  e  600 µm,  respectivamente.  O  sinal  de  saída  do  sensor  variou  de  0  a  10 V  e  é 
diretamente proporcional ao deslocamento medido do punção.  
80 
 
® e sensor laser 
   
Câmeras do ViALUX

Painel de 
comando da 
prensa  Câmara de 
Estampagem 

Aquisição de 
dados 

 
Figura 57 – Prensa universal de estampagem utilizada para a realização das pré­deformações, 
destacando  os  aparatos  técnicos  utilizados  para  o  controle  do  deslocamento  do  punção  e 
avaliação das deformações. Wolff et al. (2018). 
 

Câmeras do ViALUX® 

Laser 

Corpo de prova 

   
Figura 58 – Vista superior da câmara de estampagem da prensa universal na qual onde podem 
ser vistos o sensor laser e as câmeras do ViALUX®. Wolff et al. (2018). 
 
81 
 

Suporte 

Sensor laser 

Laser 

Sensor laser 

Corpo de prova 
   
Figura 59 – Montagem  do  sensor  laser  LM100  e  aparato  utilizado  para  o  controle  de 
deslocamento do punção durante os ensaios de pré­deformação. Wolff et al. (2018). 
 
Para a realização das medidas e aquisição em tempo real dos deslocamentos do punção, 
foi desenvolvido em LabVIEW® um programa de aquisição, processamento, armazenamento e 
apresentação  dos  dados.  Na  Figura 61  é  apresentada  a  tela  do  programa  desenvolvido, 
constituído por uma tela gráfica ao centro que apresenta os valores de deslocamento do punção, 
ao longo do tempo. Na parte esquerda desta tela, podem ser vistos botões de controle do sistema 
e, à direita, indicadores de valores instantâneos de deslocamento. 

 
Figura 60 – Tela do programa de aquisição, processamento, armazenamento e apresentação dos 
dados obtidos nos ensaios de pré­deformação. 
 
A avaliação das deformações durante a estampagem dos corpos de prova foi realizada 
pelo programa AutoGrid por meio da adaptação das câmeras do ViALUX® na prensa universal, 
conforme mostrado na Figura 59. Para a validação das simulações numéricas, foram realizados 
ensaios físicos a partir de corpos de prova com as larguras previamente estipuladas na análise 
computacional.  Nessas  validações  as  alturas  de  estampagem  foram  variadas  em  5,  10,  15  e 
82 
 
20 mm. As deformações dos corpos de prova foram avaliadas em uma região central, por meio 
de uma área inicial de 25 mm x 25 mm. Ainda, a deformação equivalente  média e o desvio 
padrão  foram  avaliados  para  cada  uma  das  alturas  de  estampagem  para  a  obtenção  dos 
deslocamentos verticais do punção que propiciassem as deformações equivalentes desejadas. 
Na Figura 62 é mostrado, para os modos de deformação por tração uniaxial e expansão biaxial, 
o aspecto dos corpos de prova e os pares de deformação 1 e 2 encontrados. Verifica­se que as 
trajetórias  de  deformação  obtidas  para  tração  uniaxial  (  =­0,62)  e  para  expansão  biaxial 
(estiramento biaxial simétrico, aproximadamente igual a 1) são bem similares às encontradas 
na simulação numérica. 

 =­0,62 

 
           (a) 

 
               b) 
Figura 61 ­ Aspecto dos corpos de prova e pares de deformação 1 (1) e 2 (2) obtidos nos 
testes de pré­deformação por expansão biaxial pela técnica de Marciniak. v é a deformação 
equivalente média. A seta indica a direção de laminação do material. 
 
83 
 
Como o material avaliado teve seu comportamento mecânico analisado por diferentes 
técnicas  para a determinação  da tensão e deformação (variação do modo  de deformação, da 
base de medida e da técnica de medição – vídeo extensometria ou análise digital de imagens) 
fez­se necessário comprovar que a base de medida e a técnica de medição não tiveram influência 
significativa nos resultados de comportamento mecânico do aço avaliado. Para isso, corpos de 
prova  de  tração  foram  avaliados  por  vídeos  extensômetro  e  pela  técnica  do  AutoGrid®  em 
diferentes  quantidades  de  deformação.  Cabe  ressaltar  que  as  deformações  das  curvas  de 
encruamento em tração uniaxial foram determinadas a partir de uma base de medida de 80 mm 
e as dos corpos de prova estampados pela técnica de Marciniak a partir de base de medida em 
malha quadrada com 2,0 mm de lado pelo programa Autogrid®.  Foram avaliadas a partir de 
corpos de prova de tração uniaxial com base de medida de 80 mm, em deformações progressivas 
por tração (2,5%, 5%, 10%, 15%, 20%, 25% e 30%) e pelo programa Autogrid ®, figura 63. 
Percebe­se  que  houve  uma  ligeira  diferença  significativa  nas  trajetórias  de  deformação 
(Marciniak: = ­0,62 contra = ­0,66 por tração base de medida de 80 mm). Contudo, os valores 
de deformação médio avaliados pelo programa AutoGrid® foram similares aos realizados por 
tração uniaxial, mostrando, que a base de medida não teve influência para deformações. Em 
suma, apesar da ligeira diferença na trajetória de deformação, pode­se afirmar que a técnica de 
Marciniak foi capaz de reproduzir o modo de deformação por tração uniaxial. 

=­0,66 

2,5%  5%  10%  15%  20%  25%  30% 

   
Figura 62 – Aspectos de corpos de tração uniaxial com base de medida de 80 mm deformados 
em 2,5%, 5%, 10%, 15%, 20%, 25% e 30%, além da avaliação das deformações utilizando a 
base de medida quadrada com lado de 2,0 mm pelo programa AutoGrid®.  
 
Para avaliar o encruamento do aço EC160 avaliado pelos modos de pré­deformação, 
foram  retiradas  amostras  para  confecção  de  corpos  de  prova  de  tração  subsize  da  norma 
ASTM A 370  (2007),  com  comprimentos  dispostos  de  forma  paralela  à  direção  da  pré­
deformação que é coincidente com a direção de laminação. No intuito de determinar a tensão 
equivalente de von Mises, considerou­se comportamento isotrópico. Na Figura 64, os limites 
de  escoamento  avaliados  nas  diferentes  condições  de  pré­deformação  foram  traçados 
84 
 
juntamente  com  as  curvas  de  escoamento  de  seus  respectivos  modos  de  deformação.  Nessa 
figura observa­se ainda uma curva ajustada aos pontos dos limites de escoamento, segundo a 
equação de encruamento de Swift (Equação 20). Verifica­se que os limites de escoamento se 
ajustam muito bem às curvas supracitadas, indicando assim que as pré­deformações realizadas 
reproduziram  com  boa  precisão  as  trajetórias  de  pré­deformação  por  tração  uniaxial  e  por 
expansão biaxial (estiramento biaxial simétrico).  

 
a)  

 
b)  

Figura 63 – Comprovação  da  eficácia  do  método  de  Marciniak  para  a  pré­deformação  dos 
corpos de prova a) por tração uniaxial e b) por expansão biaxial (estiramento biaxial simétrico). 

4.2.3  Trabalho plástico  
A quantidade de pré­deformação dos corpos de prova para determinação da CLC foi 
variada por meio do aumento da profundidade de estampagem de modo a reproduzir três níveis 
de  deformação:  0,05;  0,10  e  0,15  em  tração  uniaxial.  Os  valores  de  deformação  usados  nos 
ensaios de expansão biaxial foram os que resultaram nos mesmos níveis de trabalho plástico 
85 
 
por  unidade  de  volume  (wp)  impostos  no  modo  de  pré­deformação  por  tração  uniaxial.  O 
mesmo nível de trabalho plástico, conhecido como contorno plástico definido por isovalores de 
trabalho plástico, possibilita comparar diferentes trajetórias lineares de deformação.  

O trabalho plástico por unidade de volume, Equação 58, foi calculado por integração 
numérica das áreas sob as curvas de escoamento correspondentes aos modos de pré­deformação 
por tração uniaxial e expansão biaxial avaliadas, respectivamente, a partir dos ensaios de tração 
uniaxial na direção de laminação e expansão biaxial, ou seja: 
𝑝
𝜀
𝑤 𝑝 = ∫0 𝑙 𝜎 𝑑𝜀𝑝                                                            (58) 

Como referência, utilizou­se as quantidades de deformação por tração uniaxial de 0,05, 
0,10 e 0,15. Na Figura 65.a são mostradas a curva de escoamento e variação da área sob essa 
curva para o aço EC160, indicando os valores das áreas obtidas pelo modo de deformação por 
tração uniaxial para as quantidades de deformação de 0,05, 0,1 e 0,15. Na Figura 65.b podem 
ser vistas as curvas determinadas para a expansão biaxial, nas quais estão indicados os valores 
de  deformações  para  a  obtenção  do  mesmo  nível  de  trabalho  plástico  imposto  em  tração 
uniaxial. 

     
a) Tração uniaxial 

 ,  
b) Expansão biaxial 
Figura 64 – Metodologia  utilizada  para  a  determinação  do  trabalho  plástico  durante  as  pré­
deformações por tração uniaxial e expansão biaxial.  
86 
 
Na  Tabela  12  são  listadas  as  quantidades  de  deformação  por  expansão  biaxial  que 
geraram  similares trabalhos  plásticos nas  estampagens realizadas pela técnica de Marciniak, 
sob tração uniaxial (quantidades de deformações de 0,05, 0,1 e 0,15). 

Tabela 12 – Deformações  empregadas  nos  ensaios  de  pré­deformação  pela  técnica  de 


Marciniak que propiciaram o mesmo nível de trabalho plástico. 
Trabalho  Trabalho 
Modo de  Modo de 
Deformação  plástico  plástico  Deformação 
deformação  deformação 
(MPa)  (MPa) 

0,05  10,55  10,50  0,048 


Expansão 
Tração 
0,10  24,57  24,50  0,09 
uniaxial  biaxial 
0,15  39,1  39,1  0,12 
 

4.2.4  Determinação da altura de estampagem  
A altura de estampagem foi determinada pela avaliação das deformações da superfície 
dos corpos de prova pelo Autogrid®, após avanços do punção de 1 em 1 mm até 15 mm. Na 
Figura 66 são mostradas as evoluções das deformações equivalentes de von Mises durante o 
avanços  do  punção  (altura  de  estampagem)  nas  pré­deformações  por  tração  uniaxial  e  por 
estiramento biaxial simétrico. Após a estampagem dos esboços pela técnica de Marciniak foram 
retirados corpos de prova sub size da norma ASTM A 370 (2007) para garantia do atingimento 
das condições de pré­defomação previstas. 

 
Figura 65  – Correlação da deformação equivalente de von Mises com a altura de estampagem 
nas pré­deformações por tração uniaxial e por estiramento biaxial simétrico. 
87 
 
4.3  Caracterização microestrutural e análise de textura cristalográfica  

4.3.1  Microestrutura 
Após pré­deformar as chapas, as amostras foram avaliadas por análise metalográfica 
convencional por microscopia óptica para a determinação do tamanho de grão ferrítico médio. 
Com  essa  avaliação  visou­se  avaliar  alterações  no  tamanho  ou  na  morfologia  dos  grãos  em 
função dos níveis impostos nos modos de pré­deformação. 

4.3.2  Difração de elétrons retroespalhados (EBSD) 
As amostras no estado como recebido e após pré­deformação foram avaliadas em um 
microscópio eletrônico de varredura por meio da técnica de difração de elétrons retroespalhados 
(EBSD).  Nessa  análise,  visou­se  avaliar  em  função  da  adoção  de  diferentes  quantidades  e 
trajetórias  de  deformação  a  evolução  da  microtextura  cristalográfica.  Um  dos  objetivos  de 
avaliação  de  microtextura  cristalográfica  foi  analisar  quais  as  orientações  preferenciais  dos 
grãos  e com  que proporções estas se  apresentam na chapa de aço  EC160 em  função do seu 
estado inicial e deformado. Com isso, os resultados dessa análise de microtextura cristalográfica 
foram considerados como uma determinação estatística das orientações preferenciais dos grãos 
que compõem o material submetido a diferentes condições. Tais orientações são obtidas por 
diferentes técnicas. Contudo, no presente estudo foram representadas na forma de funções de 
distribuição  de  orientação  (Orientation  Distribution  Function  ­  ODF).  Nas  funções  de 
distribuição de orientação avaliadas para cada condição de pré­deformação, a característica a 
ser considerada é a distribuição de componentes da fibra gama () também conhecida por fibra 
DN ou {111}. A fibra gama é caracterizada por apresentar grãos orientados preferencialmente 
com planos da família {111} paralelo à superfície da chapa, ou seja, com a normal a esse plano 
situada de forma paralela à direção normal ao plano da chapa. Essa fibra é considerada benéfica 
para  operações  de  estampagem  profunda.  As  componentes  dessa  fibra  foram  extraídas  da 
função de distribuição de orientação para o ângulo 2 igual a 45°, com  em torno de 55° (54,7°) 
ao  longo  de  1,  conforme  esquematizado  na  Figura  67.  Na  fibra    há  uma  equivalência  de 
orientações  entre  os  ângulos  de  1  igual  a  0  e  60°  (componentes  da  família  {111}<110>, 
respectivamente, (111)[11̅0] e (111)[01̅1]). Outra equivalência é entre os ângulos de 1 igual a 
30 e 90° (componentes da família {111}<112>, respectivamente, (111)[12̅1] e (111)[1̅1̅2]) 
88 
 

 
Figura 66 – Representação da Função de Distribuição de Orientação (Orientation Distribution 
Function ­ ODF), a) mostrando várias texturas de fibra que são relevantes em cristais CCC e 
CFC. b) representação no plano de ϕ2 = 45 °, detalhando a fibra gama (Fibra ). 

4.3.2.1  Preparação das amostras 
As amostras nas diferentes condições de pré­deformação foram preparadas por meio 
de técnicas metalográficas convencionais de corte, lixamento e polimento. Para o lixamento e 
polimento utilizou­se de forma manual um disco de lixa/feltro com 250 mm de diâmetro com 
rotação de 150 rpm durante 3 minutos. Visando a remoção da região encruada decorrente da 
preparação foi realizado polimento de forma mecânica e semi­automática em politriz minimet 
por 4 horas, estando a amostra imersa em solução de sílica coloidal.  

4.3.2.2  Análise via EBSD 
As análises via EBSD foram realizadas em cooperação com a Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (UFRN) por meio do microscópio eletrônico de varredura por emissão de 
campo de modelo Auriga 40, da marca Zeiss, utilizando detector de elétrons retroespalhados e­
Flash 1000 da Bruker, dotado de dispositivo de contraste de densidade (BSE) e por orientação 
de grãos (FSE), diodo Argus . O programa utilizado para as análises foi o Bruker Esprit 2.1. Os 
parâmetros de aquisição de dados foram os seguintes: 

a) Inclinação da amostra a 70º em relação ao feixe; 

b) Ampliação de 1000 e 2000 vezes; 

c) Distância de trabalho de 14 mm; 

d) Tensão: 20 kV; 

Foram avaliadas por EBSD mapas aos quais puderam ser extraídos parâmetros que são 
sensíveis  a  deformação  do  material  devido  à  degradação  do  padrão  de  difração.  Foram 
realizadas as seguintes determinações:  
89 
 
­ Qualidade de imagem (Image Quality, IQ) – A qualidade de imagens podem ser avaliadas sob 
diferentes formas, conforme mostrado na Figura 68. O IQ pode ser utilizado qualitativamente 
para a avaliar o grau de deformação do material, Wardle (1994)*  apud Castro (2008). Quanto 
§§§ 

maior a deformação do material, menor será o IQ obtido. Esse índice varia de 0 a 255 e está 
relacionado à resolução da câmera ccd utilizada para determinação dos padrões de difração.  

 
Figura  67  –  Técnicas  normalmente  adotadas  para  a  determinação  do  mapa  de  qualidade  de 
imagens, sendo a adotada no presente trabalho a destacada com retângulo. 

­  Média  de  desorientação  de  Kernel  ­  Kernel  Average  Misorientation  (KAM):  refere­se  ao 
ângulo médio de desorientação de um determinado ponto com todos os seus vizinhos (). Para 
o cálculo do KAM apenas os pixels vizinhos com um ângulo de desorientação menor que um 
limite,  normalmente  de  (<5°)  são  considerados  no  cálculo  para  não  incluir  desorientações 
devido a limites de grãos. O KAM é um bom indicador da desorientação local e, portanto, da 
densidade de discordâncias geometricamente necessárias (GND). Na Figura  69 é mostrada a 
relação de ângulos de um local (ponto 4) com seus vizinhos (1, 2, 3, 5, 6 e 7). Pelo fato dos 
pontos 1 e 3 estarem fora do grão (contorno de grão delimitado pela linha cheia em negrito, na 
qual  apresentará  um  ângulo  >5°)  não  são  levados  em  consideração  na  análise  o  KAM 
(equação mostrada na figura). A partir desses resultados individuais para cada ponto dentro do 
grão, faz­se um média e obtém­se o valor de KAM. Cabe ressaltar, que tamanho do passo de 
medição na análise de difração pode ter grande influência no valor θ. Esse passo de medição 
deve  ser  coerente  com  o  comprimento  característico  das  subestruturas  intragranulares  do 
material deformado.  

                                                 
*  Wardle,  S.T.,  Lin,  L.  S.,  Cetel,  A.  and  Adams,  B.  L.  ­  Orientation  Imaging  Microscopy: 
Monitoring Residual Strees pofiles in Simgle Crystals using an Image­Quality Parameter, IQ 
– Proceedings of the 52nd Microscopy Society of America meetings, pp 680­681 (1994). 
90 
 

              
Figura 68 – Representação esquemática da metodologia adotada para a determinação do índice 
KAM, que se refere ao ângulo médio de desorientação () de um determinado ponto com todos 
os seus vizinhos dentro do mesmo grão. Adaptado de Kimura et al. (2005).  

­  Desorientação  média  de  grão  –  Grain  Average  Misorientation  (GAM):  refere­se  ao  valor 
médio da desorientação de pontos vizinhos dentro do mesmo grão. A Figura 70 representa de 
forma esquemática uma pequena faixa identificada de desorientações, na qual  A é o ângulo 
que denota a interface (A) entre pontos dentro do grão. Como existem m limites nos grãos de 
cristal, o valor de GAM é dado pela média das desorientações de pontos desse cristal. 

                         
Figura 69 – Representação esquemática da metodologia adotada para a determinação do índice 
GAM, que se refere ao valor médio da desorientação de pontos vizinhos dentro do mesmo grão. 
Adaptado de Kimura et al. (2005).  

4.3.3  Difração de elétrons transmitidos (t­EBSD) 
Em cooperações com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e com 
o  Instituto  Nacional  de  Metrologia,  Qualidade  e  Tecnologia  (INMETRO)  foram  realizadas 
microanálises  de  difração  de  elétrons  retroespalhados  transmitidos  (Transmission  Electron 
Backscatter Diffraction – t­EBSD) para geração de padrões de Kikuchi.  
91 
 
4.3.3.1  Preparação das amostras  
As amostras para análise via t­EBSD foram preparadas pela técnica de microscopia de 
Feixe de Íons Focados (Focused Ion Beam Microscopy – FIB), por usinagem iônica controlada 
com precisão nanométrica. O equipamento utilizado no Inmetro foi o Hélios 650 da FEI. Para 
a remoção da amostra de t­EBSD, a primeira etapa consistiu na deposição de vapor químico de 
platina  assistido  por  feixe  de  íons  na  superfície  do  material  no  local  de  retirada  da  amostra 
(Figura 71.a). A espessura e comprimento da camada de platina foi, respectivamente, 2 m e 
15  m.  Após  essa  etapa,  o  feixe  de  íons  focado  permitiu  a  fresagem  de  duas  cavidades 
adjacentes à região de tirada da amostra (Figura 71.b). As cavidades foram feitas de forma que 
a amostra ficasse com a parede cônica e com profundidade de cerca 20 m. As amostras foram 
afinadas até apresentarem espessura máxima de 150 nm. A próxima etapa de preparação das 
amostras  foi  a  soldagem  do  dispositivo  extrator  de  amostra,  a  partir  da  região  de  patina 
depositada sob a superfície da amostra (Figura 71.c). Após a soldagem e fresagem das regiões 
que fixavam a amostra, esta foi retirada cuidadosamente da cavidade pelo extrator (Figura 71.d) 
e soldada a um porta amostra (Figuras 71.e). Na Figura 71.f, a amostra pode ser vista soldada 
ao  extrator  de  amostra.  O  tempo  de  preparação  de  cada  amostra  via  FIB  girou  em  torno  de 
5 horas. Todas as condições de pré­deformação analisadas foram avaliadas via FIB. 

 
92 
 
Cavidades 
fresadas   Local de 
pelo feixe  fixação da 
de íons  amostra 

Camada de platina 
depositada. 

a)  b) 
 
Extrator 
Solda de platina 
Solda de platina 
entre o extrator e a 
amostra 

Amostra soldada ao 
extrator 
c)  d) 
 
Amostra soldada ao 
porta amostra 

Amostra 
Extrator  

Porta amostra  e)  f) 


Solda de platina 
           
Figura  70  –  Etapas  adotadas  para  a  preparação  das  amostras  para  análise  via  t­EBSD  e  por 
microscopia eletrônica de transmissão (MET). 

4.3.3.2  Análises via t­EBSD 
As análises via t­EBSD foram realizadas tanto no INMETRO quanto na UFRN. No 
INMETRO as amostras foram avaliadas em um microscópio Dual Beam, na qual os feixes de 
elétrons e íons se cruzam em um ângulo de 52° em um ponto coincidente próximo à superfície 
93 
 
da amostra, permitindo imagens de MEV de alta resolução e imediatas na superfície fresada por 
FIB. Na UFRN foi utilizado o microscópio eletrônico de varredura por emissão de campo de 
modelo Auriga 40, da marca Zeiss, utilizando detector de elétrons retroespalhados e­Flash da 
Bruker. Ainda, na UFRN foi realizada a variação das condições operacionais de análise visando 
encontrar a melhor configuração em termos de distância de trabalho (Work Distance ­ WD) e 
ângulo de inclinação da amostra em relação ao eixo do feixe de elétrons. O ajuste de condições 
de processo foi feito a partir da amostra deformada por tração uniaxial com 10% de deformação, 
devido ser um modo de deformação consolidado em literatura, sendo que o arranjo celular de 
discordância  esperado  é  formado  por  subestruturas  celulares  de  discordâncias  na  forma  de 
tijolos. A quantidade de deformação de 10% foi a escolhida, por ser a intermediária adotada no 
estudo. Foram variados três níveis de distância de trabalho (3, 5 e 7 mm) e de inclinação da 
amostra (10, 20 e 30°).  

4.3.3.3  Análises por microscopia eletrônica de transmissão (MET) 
Para a avaliação da eficácia das análises via t­EBSD para a identificação de estrutura de 
discordâncias geradas em função do modo de pré­deformação, foram realizadas análises por 
microscopia  eletrônica  de  transmissão  (MET).  Essas  análises  por  MET  foram  realizadas  no 
INMETRO por meio do equipamento Tecnai Spririt (FEI) utilizando uma tensão de 120 kV. 
Para a comparação adotou­se a amostra deformada com intensidade de 9% por expansão biaxial 
simétrica.  Essa  escolha  deveu­se  a  ser  uma  quantidade  de  deformação  intermediária  por 
solicitação trativa biaxial, tendo a expectativa assim de ter a geração de uma maior quantidade 
de estrutura celular em relação à solicitação uniaxial. 

4.4  Efeito da trajetória de deformação na Curva Limite de Conformação 

4.4.1  Curva Limite de Conformação: Trajetórias bilineares 
O  método  utilizado  para  a  determinação  da  Curva  Limite  de  Conformação  do  aço 
EC160  após  cada  modo  de  pré­deformação  foi  o  mesmo  utilizado  para  obter  a  CLC  sob 
trajetórias lineares, ou seja, Nakajima modificado na condição de estricção. A única diferença 
entre os ensaios lineares e bilineares é quanto a dimensão do diâmetro dos corpos de prova, que 
na condição para a CLC linear o maior diâmetro foi de 220 mm e para as condições após pré­
deformações  foi  de  180  mm,  Figura  72.  Como  o  diâmetro  do  stretch  bead  do  ferramental 
Nakajima é de 180 mm, essa diminuição do diâmetro do esboço não propiciou nenhum tipo de 
anormalidade no ensaio.  
94 
 

 
Figura 71 ­ Representação esquemática dos corpos de prova utilizados na determinação da CLC 
das  amostras  pré­deformadas  em  trajetória  bilinear,  segundo  a  metodologia  de  Nakajima 
Modificado. Unidades apresentadas em mm. 
 
Assim  como  para  CLC  obtida  em  trajetória  linear,  as  determinadas  em  trajetórias 
compotas  foram  determinadas  pelas  técnicas  de  Hecker  e  de  Bragard  e  representadas  em 
deformação verdadeira. 

4.4.2  Trajetórias lineares e bilineares no espaço de tensões 

A partir das Curvas Limite de Conformação descritas em deformação determinadas 
em trajetórias simples e compostas foram  estabelecidos os Diagramas de Tensões Limite de 
Conformação  (DTLC),  utilizando  para  isso  os  critérios  de  plasticidade  de  von  Mises  e 
Hill (1948).  Para  avaliação  do  efeito  de  relações  de  encruamento  isotrópico  nas  tensões  do 
DTLC foram avaliadas as equações de Hockett/Sheby e de Swift­Hockett/Sherby que exibiram 
melhores  ajustes  nas  curvas  de  encruamento  sob  tração  uniaxial,  conforme  discutido 
anteriormente. Os parâmetros das equações de encruamento isotrópico de Hockett/Sheby ( 𝜎𝑠 , 
𝜎𝐼 , a, e p) e de Swift­Hockett/Sherby (, k, 0, n, 𝜎𝑠 , 𝜎𝐼 , a, e p) foram determinados a partir de 
ajustes  da  região  plástica  de  curvas  de  tração  uniaxial  (direção  longitudinal  à  direção  de 
laminação). Na Figura 73 são apresentados fluxogramas mostrando as metodologias adotadas 
para  a  determinação  do  DTLC.  Na  função  de  tensão  equivalente  representada  por 𝜎̅ 𝑓(𝜀̅𝑝 ) 
foram utilizados as equações de encuramento de Hollomon, de Swift, de Hockett/Sheby e de 
Swift­Hockett/Sherby (para ambos os critérios de plasticidade avaliados). Para se ter referência 
do escoamento inicial do material, superfícies de escoamento determinados segundo os critérios 
de escoamento de von Mises e de Hill (1948) foram apresentadas junto aos DTLC. 
95 
 

 
a) von Mises 

 
b) Hill, 1948 
Figura 72 ­ Fluxograma mostrando a metodologia adotada para a determinação do DTLC pelos 
critérios de a) von Mises e de b) Hill (1948). 
 

4.4.3  Trajetórias lineares e bilineares em coordenadas polares 
Da  mesma  forma  do  que  no  caso  das  Curvas  Limites  de  Conformação  descritas  em 
tensão, às determinadas por Deformação Plástica  Equivalente (CLCDPE) foram determinadas 
em trajetórias simples e compostas a partir das Curvas Limites de Conformação descritas em 
deformação. A representação em coordenadas polares da CLC é que as tornam possíveis de ser 
dispostas no plano. Um fluxograma mostrando a metodologia adotada para a determinação da 
CLC em DPE é mostrado na Figura 74. 

 
a) von Mises 

 
b) Hill, 1948 
Figura 73 ­ Fluxograma mostrando a metodologia adotada para a determinação do DPE pelos 
critérios de a) von Mises e b) de Hill (1948). 
 
 
96 
 
 

5.  Resultados e Discussão 

Neste  capítulo,  inicialmente,  são  exploradas  caracterizações  mecânicas, 


microestruturais e textura cristalográfica de uma chapa do aço EC160 avaliado em função das 
diferentes condições de pré­deformação propostas no presente trabalho. Posteriormente, como 
foco principal, é discutido o efeito da trajetória de deformação na determinação de curvas limite 
de  conformação  representadas  em  diferentes  espaços  (deformação,  tensão  e  deformação 
plástica equivalente). 

5.1  Comportamento Plástico 

5.1.1  Tração uniaxial 

As  propriedades  mecânicas  do  aço  EC160  avaliadas  por  tração  uniaxial  a  partir  de 
corpos de prova tipo 2 da norma EN 10.002­1 estão listadas na Tabela 13. O aço avaliado exibe 
propriedades  mecânicas  em  tração  que  atendem  a  especificações  de  todas  as  montadoras 
automotivas no que tange a graus de aço voltados para estampagem. 
Tabela 13 ­ Propriedades mecânicas em tração uniaxial do aço EC160 avaliado. 
LE  LR  AluniformeII  AltotalIII  ̅ 20% VI
Identificação  OrientaçãoI  R20%IV  n10%­euV  R ̅  
(MPa)  (MPa)  (%)  (%) 

90°  158  289  22,9  44,6  2,76  0,24 

EC160  45°  160  293  23,1  45,7  2,24  0,24  2,32 

0°  154  291  23,8  46,4  2,04  0,25 


I) Orientação do comprimento do corpo de prova de tração em relação à direção de laminação; 
II) e III) Alongamentos uniforme e total, respectivamente, avaliados na base de medida de 80 mm; 
IV)  Coeficiente  de  anisotropia  linear  de  Lankford  (𝑅 20%)  determinado  com  uma  deformação  de  engenharia  na 
direção do comprimento dos corpos de prova de 20%; 
V) Expoente de encruamento (n10%­eu), avaliado entre as deformações de engenharia de 10% e a deformação de 
engenharia do alongamento uniforme (eu); 
VI) Coeficiente de anisotropia normal de Lankford, R ̅ 20% , avaliada segundo Equação 11. 
 
97 
 
A  partir  das  propriedades  mecânicas  determinadas,  pode­se  afirmar  que  o  material 
avaliado  exibe  elevada  ductilidade,  tanto  em  termos  de  alongamento  uniforme,  quanto  em 
termos  da  capacidade  de  sofrer  embutimento  (alto  valor  do  coeficiente  de  anisotropia  de 
Lankford) e estiramento (elevado valor do expoente de encruamento). Como era de se esperar, 
o valor do alongamento uniforme, em valores decimais, se aproximou bastante do expoente de 
encruamento  n10%­eu.  Na  Figura  75  faz­se  uma  comparação  entre  as  curvas  de  encruamento 
apresentadas  tendo  como  referência  as  deformações  de  engenharia  e  verdadeira.  Essa 
comparação  se  faz  necessária,  pois  dependendo  da  localização  da  montadora  automotiva, 
informações sobre o comportamento de material é expresso somente em tensão e deformação 
de  engenharia  (destacam­se  as  montadoras  norte  americanas,  que  utilizam  curvas  de 
encruamento  e  CLC  nessa  condição).  Como  para  grandes  deformações  ocorrem  diferenças 
consideráveis  entre  as  condições  de  engenharia  e  verdadeira  (destacado  pelas  diferenças  de 
tensão e deformação no início da instabilidade plástica), para se evitar erros de interpretação 
deve­se conhecer a filosofia adotada pela montadora automotiva a que se destinar as curvas de 
encruamento e limite de conformação. Para fins de comparação a parte não uniforme da curva 
verdadeira foi apresentada na figura, apesar de que não fazer sentido físico. 

450
400 Engenharia
350
Verdadeira
300
Tesnão (MPa)

250 Alongamento
200 uniforme
150
100
50
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Deformação  
Figura 74 ­ Curvas  de  encruamento  expressas  em  condição  de  tensão  e  deformação  de 
engenharia  e  verdadeira,  destacando  diferenças  de  tensão  e  deformação  no  início  da 
instabilidade  plástica.  A  continuação  da  curva  verdadeira  após  alongamento  uniforme  foi 
utilizada somente como comparação com a curva de engenharia. 

Na figura 76 são mostradas curvas tensão verdadeira versus deformação verdadeira do 
aço  avaliado,  obtidas  a  partir  de  corpos  de  prova  orientados  com  comprimento  disposto  de 
forma longitudinal (0°), 45˚ e transversal (90°) à direção de laminação.  
98 
 

 
Figura 75 ­ Comportamento à tração uniaxial da chapa de aço EC160 em função da orientação 
do comprimento do corpo de prova em relação à direção de laminação. 
 
Na  figura  77  são  mostradas  comparações  de  alongamentos  uniforme  e  total, 
destacando o efeito da alteração da dimensão dos corpos de prova de tração uniaxial. Conforme 
era de se esperar, verifica­se que a alteração da base de medida resultou em mudança do valor 
do alongamento total (menores Bases de Medida ou BM acarretaram em maiores alongamentos 
totais, respeitando a lei de Barba), deixando o alongamento uniforme praticamente inalterado. 
Rodrigues  e  Martins  (2005).  Como  a  avaliação  das  pré­deformações  no  plano  no  presente 
trabalho se deu somente dentro da região uniforme, pode­se afirmar que podem ser consideradas 
válidas  as avaliações feitas para  a determinação,  a partir de  corpos de prova com  diferentes 
bases de medida, das condições de encruamento nas diferentes trajetórias. 

BM25 BM50 BM80 BM25 BM50 BM80


400 60,0
Tensão de engenharia 

300 50,0
Aluniforme (%)
(MPa)

200 40,0
26,5 26,6 26,1
30,0
100
20,0
0 10,0
0 0,1 0,2 0,3
Deformação de engenharia (mm/mm) 0,0
     
                    a) Deformação uniforme                                 b) Alongamento uniforme 
BM25 BM50 BM80 BM25 BM50 BM80
400
Tensão de engenharia 

60,0 54,8
300 50,7
50,0 44,6
(MPa)

Altotal (%)

200 40,0
30,0
100
20,0
0 10,0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Deformação de engenharia (mm/mm) 0,0
     
       c) Deformação uniforme e não uniforme                        d) Alongamento total 
Figura 76 – Comparações de alongamentos uniforme (a e b) e total (c e d) de um aço EC160, 
destacando o efeito da alteração da base de medida (25, 50 e 80 mm). 
99 
 
A variação do coeficiente de anisotropia linear de Lankford (R) com a deformação por 
tração  uniaxial  é  mostrada  na  Figura  78,  a  partir  de  corpos  de  prova  orientados  com 
comprimento dispostos a 90˚, a 45˚ e a 0˚ em relação à direção de laminação. Nota­se que houve 
uma pequena variação desse coeficiente com a deformação, indicando assim que para os níveis 
de  deformação  por  tração  uniaxial  adotados  no  presente  estudo,  espera­se  um  mesmo  valor 
dessa  propriedade.  Os  valores  de  R  ao  longo  da  deformação  são  úteis  para  a  avaliação  da 
evolução da superfície de escoamento devido às diferentes condições de pré­deformação. 

3,0
Coeficiente de anisotropia 

2,5
linear de Lankford, R

2,0
1,5 90°
45°
1,0

0,5
0,0
0 5 10 15 20 25
Deformação de engenharia (%)
 
Figura 77 – Variação  do  coeficiente  de  anisotropia  linear  de  Lankford  (R)  em  função  da 
deformação  de  engenharia  na  direção  do  comprimento  do  corpo  de  prova  (Orientações  dos 
corpos de prova de tração: 90˚, 45˚ e 0˚ em relação à direção de laminação. 

A  variação  do  expoente  de  encruamento  da  equação  de  Hollomon  (n),  com  a 
deformação de corpos de prova orientados a 90˚, a 45˚ e a 0˚ em relação à direção de laminação
é mostrada na Figura 79. Verifica­se que o valor do n instantâneo do material sofre um forte 
aumento nos instantes iniciais de deformação verdadeiras, apresentado valor máximo entre as 
deformações de 0,05 até cerca de 0,15. Indicando assim que nas quantidades de deformação 
avaliadas  no  presente  estudo,  a  capacidade  do  aço  em  distribuir  deformação  atrasando  ao 
máximo a ocorrência de estricção é elevada. 

 
Figura 78 – Variação do expoente de encruamento (n) em função da deformação verdadeira de 
corpos de prova orientados a 90˚, a 45˚ e a 0˚ em relação à direção de laminação. 
100 
 
5.1.2  Expansão biaxial 

Como  trata­se  de  uma  metodologia  pouco  usual  para  a  determinação  da  curva  de 
encruamento  de  materiais,  alguns  dos  parâmetros  necessários  para  o  cálculo  da  tensão  e 
deformação  equivalente  foram  avaliados  de  forma  independente  e  são  apresentados  na 
Figura 80. Nessa avaliação, verifica­se que houve uma  redução progressiva na espessura no 
domo  dos  corpos  de  prova  (Figura  80.a),  aliada  a  um  aumento  da  pressão  até  a  altura  de 
estampagem de 20 mm (Figura 80.b) e a uma queda inicialmente brusca e depois mais suave 
do raio de curvatura do domo (Figura 80.c). Todos esses comportamentos eram  esperados  e 
resultaram valores pontuais de tensão x deformação com razoável ajuste na curva obtida pela 
técnica  de  medição  por  correlação  de  imagens  digitais  adotada  (sistema  ViaLux,  com  o 
programa AutoGrid), Figura 80.d. 
0,7 8
Espessura no domo (mm)

0,6 Pressão (MPa) 7
0,5 6
0,4 5
4
0,3
3
0,2 2
0,1 1
0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
Altura de estampagem (mm) Altura de estampagem (mm)
 
                                          a)                                                                   b) 
3000 700
Raio de curvatura (mm)

2500 600
Tensão (MPa)

2000 500
1500 400
300
1000
200
500 100
0 0
0 5 10 15 20 25 30 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
Altura de estampagem (mm) Deformação equivalente de von Mises
 
                                          c)                                                                   d) 
Figura 79 – Avaliação confirmatória da eficácia da determinação pelo sistema de correlação de 
imagens (ViaLux) em determinar a curva de encruamento sob expansão biaxial. 
 
As curvas de escoamento de corpos de prova do aço EC160 (0,65 mm) avaliado por 
estiramento biaxial simétrico são mostradas na Figura 81. Nota­se que os ensaios exibiram boa 
repetibilidade e as curvas sob estiramento biaxial simétrico, conforme esperado, exibiram uma 
maior quantidade deformação equivalente total ( ≈ 0,81) do que a obtida por tração uniaxial 
( ≈ 0,46).  Em relação ao critério de instabilidade plástica em  estiramento biaxial simétrico, 
101 
 
tendo como referência a Equação 56 e atribuindo valor de n = 0,25, teve com valor a deformação 
equivalente de 0,545. Com isso, pode­se afirmar sob estiramento biaxial simétrico conseguiu­
se uma deformação uniforme maior do que o dobro da obtida por tração uniaxial (0,26). 

Corpo de prova 1 Corpo de prova 2 Corpo de prova 3 Instabilidade plástica


700
0,545
600

500
Tensão (MPa)

400

300

200

100

0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
Deformação equivalente de von Mises  
Figura 80 – Curvas de encruamento obtidas por expansão biaxial. 
 
Comparando as curvas de encruamento, vistas na Figura 82, obtidas por tração e por 
expansão  biaxial  dentro  do  campo  considerado  como  uniforme,  percebe­se  que  para  uma 
mesma deformação equivalente, a condição que resulta em estiramento biaxial simétrico exibe 
maior  trabalho  plástico.  Uma  provável  explicação  para  esse  maior  encruamento,  em 
deformações sob estiramento biaxial simétrico, é que o material nesse caso é solicitado em dois 
eixos, o que ativa um número maior de sistemas de deslizamento. Com isso, haverá uma maior 
geração  de  discordâncias  que,  ao  se  moverem,  concorrerão  pelos  sistemas  de  deslizamento 
ativos,  propiciarão  uma  maior  restrição  da  mobilidade,  acarretando  assim,  em  um  maior 
encruamento do material (Dieter, 1980). Na Figura 82 observa­se também a passagem de dados 
de expansão biaxial para tração uniaxial, utilizando a Equação 57. Nota­se que para pequenas 
deformações, inferiores  a 10%, a passagem  de dados não resultou em  bom  ajuste. Contudo, 
após  essa  quantidade  de  deformação  a  passagem  de  dados  foi  bastante  equivalente.  Essa 
diferenciação pode estar atrelada ao critério de escoamento de von Mises que não considera 
fatores de anisotropia plástica para a previsão do comportamento plástico. Na Figura 83 nota­
se que fazendo a passagem de dados pelo critério de escoamento Hill (1948), o acoplamento 
entre as curvas ficou bem melhor ajustado. 
102 
 

 
Figura 81 – Curvas  de  encruamento  por  tração  uniaxial  (direção  longitudinal),  por  expansão 
biaxial do aço EC160 e passagem de dados de expansão biaxial para tração uniaxial, utilizando 
o critério de escoamento de von Mises. 

 
Figura 82 – Curvas  de  encruamento  por  tração  uniaxial  (direção  longitudinal),  por  expansão 
biaxial do aço EC160 e passagem de dados de expansão biaxial para tração uniaxial, utilizando 
o critério de escoamento de Hill (1948). 

O coeficiente de anisotropia biaxial foi determinado conforme Equação 44, expresso 
rela razão entre a maior e menor deformação principal na superfície da chapa. Na Figura 84 é 
mostrada essa relação na qual o coeficiente angular de ajuste linear representa o coeficiente de 
anisotropia plástica biaxial Rb do aço EC160. Considerando o valor médio para os três corpos 
de prova avaliados entre as deformações de 0,02 e a considerada com de início da instabilidade 
plástica (0,545) tem­se Rb = 1,003.  
103 
 
Corpo de prova 1 Corpo de prova 2
Corpo de prova 3 Linear (Corpo de prova 1)
Linear (Corpo de prova 3) Linear (Corpo de prova 3)
0,5
0,45 y = 0,9807x ­ 0,0102
R² = 1
0,4
y = 1,0135x ­ 0,0071 Rb = 1,003 
0,35
R² = 1
0,3
y = 1,0134x ­ 0,0069
0,25 R² = 1
2

0,2
0,15
0,1
0,05
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
1  
Figura 83  – Determinação do valor de Rb para o aço EC160 avaliado entre as deformações de 
0,02 e a considerada com de início da instabilidade plástica (0,545). 
 

5.1.3  Modos de pré­deformação 

As curvas de encruamento do material na condição como recebido sob tração uniaxial 
e sob estiramento biaxial simétrico são plotadas na Figura 85, juntamente com as curvas obtidas 
em  ensaios  de  tração  após  pré­deformações  (a  partir  de  corpo  de  prova  subsize  da  norma 
ASTM A 370  (2007)).  Percebe­se  que  as  deformações  obtidas  nas  pré­deformações  são 
equivalentes às encontradas nas respectivas curvas de encruamento, comprovando assim que as 
pré­deformações reproduziram as quantidades de deformação desejadas. 

 
104 
 

  
a) 

 
b)  
Figura 84 – Curvas de encruamento sob os modos de deformação a) por tração uniaxial e b) por 
estiramento biaxial simétrico do material na condição como recebido e após as pré­deformações 
pela técnica de Marciniak. 

5.2  Descrição do comportamento Plástico 

Para  a  determinação  da  Curvas  Limite  de  Conformação  representada  no  espaço  das 
tensões principais, o comportamento plástico do aço EC160 sob tração uniaxial foi descrito por 
meio  de  equações  de  encruamento,  conforme  mostrado  na  Figura  86.  As  Tabelas  14  e  15 
apresentam,  respectivamente,  os  valores  das  constantes  das  equações  de  encruamento 
calculados pelos ajustes aos dados experimentais e os valores do coeficiente de determinação, 
bem como o desvio padrão médio dos resíduos percentuais. Visou­se determinar qual seria a 
equação que acarretaria menor resíduo percentual (rmsrp) e maior coeficiente de determinação 
(R2). De um modo geral, pode­se afirmar que as equações de encruamento foram bem ajustadas 
aos dados experimentais, Figura 86.a. As maiores diferenças foram observadas nos instantes 
iniciais e finais das curvas. As regiões iniciais e finais das curvas ajustadas são mostradas em 
detalhe, respectivamente, nas Figuras 86.b e 86.c.Verifica­se na figura 86.d que, extrapolando 
105 
 
as curvas ajustadas para grandes quantidades de deformação em tração uniaxial, ocorre uma 
discrepância muito grande de comportamento dependendo da equação adotada. A equação que 
apresentou melhor aproximação para pequena deformação plástica foi a de Hockett/Sherby.  

 
           a) Ajustes por diferentes equações                    b) Detalhe da região inicial da curva        

          
              c) Detalhe da região final da curva                        d) Extrapolação das curvas  
Figura 85 – Descrição do comportamento plástico a partir de ajuste por diferentes equações de 
encruamento. a) Ajustes por diferentes equações de encruamento. b) Detalhe da região inicial 
da curva. c) Detalhe da região final da curva. d) Extrapolação das curvas. 
 
Tabela 14 ­ Parâmetros das equações de encruamento com base nos dados oriundos do ensaio 
de tração uniaxial do EC160. 
Equação   Parâmetros 
Hollomon  k= 531,2  n = 0,25 
Swift  k = 549,2  n = 0,27  0 = 0,005 
Hockett­Sherby  s = 438,1  i = 134,5  a = 4,31  p = 0,75 
k = 549,2  n = 0,27  0 = 0,005   = 0,81 
Swift­Hockett­Sherby 
s = 438,1  i = 134,5  a = 4,31  p = 0,75 
Observação: Sendo que todos os valores dos parâmetros iniciados por  e k estão em MPa.  
 
 
 
 
106 
 
Tabela  15  ­  Qualidade  dos  ajustes  de  cada  equação  de  encruamento  com  base  nos  dados 
oriundos do ensaio de tração uniaxial do EC160. 

Equação   R2  rmsrp 

Hollomon  0,9962  0,043 

Swift  0,9988  0,0199 

Hockett­Sherby  0,9998  0,0068 

Swift­Hockett­Sherby   0,9998  0,0084 


Observação: Os valores de rmsrp estão em porcentagem. 
 

Na  Figura  87  é  mostrada  que  a  descrição  do  comportamento  plástico  em  tração 
uniaxial  para  grandes  deformações,  utilizando  a  passagem  de  dados  por  Hill  (1948)  da 
Figura 83. Pode­se afirmar que apesar da equação de encruamento de Hockett­Sherby ter tido 
o melhor ajuste em tração uniaxial até o alongamento uniforme, a extrapolação do ajuste da 
equação  de  Swift/Hockett­Sherby  exibiu  melhor  acoplamento  na  curva  de  encruamento  sob 
grandes  deformações.  Com  isso, propõe­se para  a  análise da Curva  Limite de Conformação 
descrita no espaço de tensão a adoção dessas duas equações de encruamento, conforme será 
discutido adiante. 

 
Figura 86 – Descrição do comportamento plástico para grandes quantidades de deformação, a 
partir de ajuste por diferentes equações de encruamento.  
 
 
107 
 
5.3  Evolução microestrutural e textura cristalográfica 

5.3.1  Microscopia ótica 

A  microestrutura  do  material,  observada  por  microscopia  ótica,  na  condição  como 
recebido é apresentada na Figura 88. Como era de se esperar, por se tratar de um material da 
família  de  aços  Livre  de  Intersticiais,  a  microestrutura  é  composta  por  grãos  ferríticos 
equiaxiais. Não foi constatada alteração significativa na morfologia dos grãos ferríticos para 
todas as condições de pré­deformação avaliadas. As microestruturas dos materiais deformados 
nos  diferentes  graus  de  encruamento  por  tração  uniaxial  e  por  expansão  biaxial  são 
apresentadas, respectivamente, nas Figuras 89 e  90. Cabe ressaltar que a seção avaliada das 
amostras  foi  a  central  no  plano  da  espessura  e  disposta  de  forma  longitudinal  à  direção  de 
laminação que coincide com a direção da maior deformação das pré­deformações. 

   
Figura 87 ­ Microestrutura do material EC160 na condição como recebido, em seção no centro 
da espessura e longitudinal à direção de laminação. Ampliação original:  500 x.  Ataque com 
reagente H2SO4 + H2O2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
108 
 

    
                    a) Tração uniaxial ­ 5%                      b) Tração uniaxial –  

 
                        c) Tração uniaxial –15% 
Figura 88 ­ Microestrutura de corpos de prova pré­deformados pela técnica de Marciniak nas 
diferentes condições de deformação por tração uniaxial. Ampliação original: 500 x. Ataque com 
reagente H2SO4 + H2O2. 

    
               a) Expansão biaxial– = 0,048            b) Expansão biaxial –  = 0,09 

 
                   c) Expansão biaxial –  = 0,12 
Figura 89 ­ Microestrutura de corpos de prova pré­deformados pela técnica de Marciniak nas 
diferentes condições de deformação por expansão biaxial. Ampliação original: 500 x. Ataque 
com reagente H2SO4 + H2O2. 
109 
 
Na figura 91 a microestrutura do aço EC160, após as pré­deformações pela técnica de 
Marciniak por tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico, é apresentada em três dimensões, 
em  seções  dispostas  em  uma  das  superfícies  do  aço,  de  forma  transversal  e  longitudinal  à 
direção  de  laminação.  Visou­se  nessa  avaliação,  a  análise  de  eventuais  alterações 
microestruturais em outras seções de visualização do material que poderiam ter ocorrido devido 
as  diferentes  condições  de  pré­deformação.  Assim  como  no  caso  bidimensional,  não  foram 
observadas alterações microestruturas na amostra avaliada. Cabe ressaltar que, como não foram 
observadas alterações significativas nas microestruturas apresentadas nas Figuras 90 e 91, para 
as  condições  de  deformação  de  15%  por  tração  e  12%  por  estiramento  não  foram  feitas  as 
avaliações microestrutural em três dimensões.  

Superfície  Superfície 

DT  DT  DL 


DL 
     
     a) Tração uniaxial –  = 0,05                                      b) Tração uniaxial –  = 0,10 
 
Superfície  Superfície 

DT  DL  DT  DL 


     
     c) Expansão biaxial –  = 0,048                      d) Expansão biaxial –  = 0,09 
Figura 90 – Representação  em  três  dimensões  da  microestrutura  do  aço  EC160,  após  pré­
deformações  pela  técnica  de  Marciniak  por  tração  uniaxial  e  por  expansão  biaxial.  Direção 
transversal  (DT)  e longitudinal (DL) à direção de laminação.  Ampliações  originais: 500x.  – 
Ataque com reagente H2SO4 + H2O2. 
110 
 
O tamanho de grão ferrítico médio avaliado pela norma ASTM E112 (2014), assim 
como  no  caso  da  morfologia,  não  apresentou  tendência  clara  de  alteração  em  função  da 
evolução  das  pré­deformações  adotadas  no  material,  conforme  mostrado  na  Tabela  16  e 
Figura 92.  
Tabela 16 – Tamanho de grão ferrítico médio, em m e ASTM, após as pré­deformações por 
tração uniaxial e estiramento biaxial simétrico (expansão biaxial).  
Tamanho de grão ferrítico médio 
Condição da amostra 
ASTM  m 

Sem deformação  9,5  11,20 

Tração ­ 0,05  9,5  11,30 

Tração ­ 0,10  9,5  11,78 

Tração ­ 0,15  9,5  12,07 

Estiramento ­ 0,048  9,5  11,53 

Estiramento ­ 0,09  9,5  11,87 

Estiramento ­ 0,12  9,7  11,09 


 
Tração uniaxial Expansão biaxial
13
12
Tamanho de grão (m)

11
10
9
8
7
6
5
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Quantidade de deformação
 
Figura 91 – Evolução do tamanho de grão ferrítico médio após as pré­deformações pela técnica 
de Marciniak. 

5.3.2  Difração de elétrons retroespalhados ­ EBSD 

Mapas de orientação cristalográfica são apresentados nas Figuras de 93 a 95, na qual 
são observadas imagens obtidas via difração de elétrons retroespalhados (EBSD) sem e com 
análise com detector de elétrons espalhados adiante (ForeScattered Detector – FSD). Nessas 
imagens  houve  uma  distinção  de  cores  entre  cada  grão  devido  a  diferença  de  orientações 
cristalográficas.  As  cores  de  cada  grão  geram  informações  qualitativas  de  sua  orientação 
111 
 
segundo  à  Figura  de  Polo  Inversa  (do  inglês  Inverse  Pole  Figure  –  IPF).  A  escala  de  cores 
mostrada indica que a direção normal ao plano cristalográfico que está paralelo à superfície da 
chapa, conforme mostrado no cubo da Figura 14. Orientações tendendo ao vermelho indicam 
que a direção [001] é normal ao plano cristalográfico (110) situado no plano da chapa. Grãos 
com colorações tendendo ao verde apresentam orientações [101] perpendicular ao plano (101) 
situado  no  plano  da  chapa.  A  direção  [111],  perpendicular  ao  plano  (111)  que  encontra­se 
situado paralelo ao plano da chapa são atribuídas à cor azul. Comparando­se as Figuras 94.a e 
95.a com a Figura 93.a, notou­se que com o aumento do grau de encruamento das amostras, 
independentemente do modo de deformação adotado, houve uma intensificação da orientação 
[111], grãos de coloração azul. Esse resultado é coerente com a observação de Bittencourt et al. 
(2014),  Figura  14.  Essa  intensificação  foi  mais  notória  para  as  pré­deformação  sobre 
estiramento biaxial simétrica. 

O  grande  interesse  nas  imagens  obtidas  via  FSD  foi  devido  ao  gradiente  de  cores 
formado até mesmo dentro de cada grão, indicando assim que houve alterações de orientações 
cristalográficas até mesmo dentro do grão. Essas alterações de orientação podem ser atribuídas 
a  formação  de  arranjos  celulares  de  discordâncias  geometricamente  necessárias  que  foram 
gerados devido às deformações plásticas impostas.  

Observa­se que o grau de encruamento e o modo de deformação imposto acarretaram 
aspectos diferentes das imagens. Até mesmo na amostra classificada como “sem deformação”
foi observado gradientes de cores, indicando a presença de estrutura celular de discordâncias 
geometricamente  necessárias,  a  qual  pode  ser  atribuída  à  deformação  plástica  sofrida  pelo 
material durante o passe de encruamento após recozimento contínuo e galvanização a quente 
ainda na usina siderúrgica, Figura 93.b. Na Figura 93.c percebe­se em maior aumento (4000x) 
o gradiente de cores observado dentro do grão, o qual não exibe de forma aparente a geração 
de padrão que remeta estruturas celulares de discordância geometricamente necessárias. 

Sob  deformação  por  tração  uniaxial  (Figuras  94.b,  94.d,  94.f  e  94.g),  verifica­se 
qualitativamente  imagens  via  FSV  com  gradientes  mais  intensos  do  que a  sem  deformação, 
sendo cada vez mais intenso com o grau de deformação imposto. Em maior aumento para a 
deformação de 15% sob tração, percebe­se que esse gradiente mais aleatório pode ser atribuído 
a  existência  de  um  padrão  de  cores  que  se  assemelha  a  arranjos  celulares  de  discordâncias 
formando  subgrãos.  Comparando  os  padrões  das  imagens  com  as  análises  via  microscopia 
eletrônica de transmissão da avaliação de Clausmeyer et al. (2013), mostrada nas Figuras 7.a e 
8.a, percebem­se grande semelhanças. Observa­se no interior dos grãos o que se parece com 
Contornos dos Blocos de Células. Considerando o mapa proposto por Rauch (2004), mostrado 
112 
 
na Figura 6, pode­se classificar as células de discordâncias geometricamente necessárias como 
de  forma  anisotrópica  e  heterogênea,  pelo  fato  de  exibirem  orientações  preferenciais  e  de 
tamanhos distintos (condição “a” da Figura 6). 

Para as condições de pré­deformação por expansão biaxial (Figuras 95.b, 95.d, 95.f e 
95.g),  observou­se  um  padrão  de  imagens  mais  organizado  sem  a  presença  de  orientação 
preferencial bem estabelecida. Assim como nas amostras deformadas por tração, o gradiente de 
cores dentro de cada grão foi intensificado com o aumento do grau de encruamento do material. 
Nesse  caso  observa­se  estruturas  celulares  de  discordância  mais  refinadas  e  de  forma  mais 
isotrópica do que obtida por tração uniaxial, sendo classificada como condição “b” pelo quadro
de Rauch (2004). Pelas imagens obtidas via FSV não se pode afirmar que se observou células 
com paredes densas de discordâncias, conforme mencionado pelo autor. 

       
                           a) Sem FSD                                                     b) Com FSD 

 
c) Com FSD – Aumento original de 4000x 
Figura 92 ­ Imagens de mapas de orientação cristalográfica sem e com análise via FSD para a 
amostra de aço EC160 na condição como recebido. 
 
113 
 

       
                a) Sem FSD – 5% Tração                                   b) Com FSD – 5% Tração 

       
                c) Sem FSD – 10% Tração                              d) Com FSD – 5% Tração 

       
                e) Sem FSD – 15% Tração                           f) Com FSD – 15% Tração    

 
g) Com FSD – 15% Tração – Ampliação original 4000x   
Figura 93 ­ Imagens de mapas de orientação cristalográfica sem e com análise via FSD para a 
amostra de aço EC160 submetidas a tração uniaxial em distintos graus de encruamento. 
114 
 

       
       a) Sem FSD – 4,8% Expansão biaxial                 b) Com FSD – 4,8% Expansão biaxial 

       
    c) Sem FSD – 9,0% Expansão biaxial           d) Com FSD – 9,0% Expansão biaxial 

       
    e) Sem FSD – 12% Expansão biaxial                    f) Com FSD – 12% Expansão biaxial 

 
g) Com FSD – 12% Expansão biaxial – Ampliação original 4000x 
Figura 94 ­ Imagens de mapas de orientação cristalográfica sem e com análise via FSD para a 
amostra de aço EC160 submetidas a expansão biaxial em distintos graus de encruamento. 
115 
 
Na análise via EBSD obteve­se ainda mapas de Distribuição de Orientação de Função 
(ODF),  mostradas  nas  Figuras  de  96  a  98.  Como  nas  Figuras  94  e  95  foi  observada  uma 
intensificação de componentes de textura orientadas de forma paralela às direções da família 
<110>, que juntamente com as direções das famílias <112> e <123> pertencem ao plano (111), 
avaliou­se a evolução de componentes da fibra gama. Verifica­se que inicialmente na condição 
sem deformação a fibra gama do material  comporta­se com componentes mais fortes, tendo 
mais forte as componentes das famílias: {111}<112> e {111}<110>. Com a deformação por 
tração, houve inicialmente uma distribuição maior de componentes dessa fibra (deformação de 
5%)  e  posteriormente  houve  um  fortalecimento,  de  forma  progressiva,  tornando  a  textura 
bimodal, por meio das componentes (111)[12̅1] e (111)[1̅1̅2]. Esse resultado está coerente com 
os resultados dos trabalhos de Daniel et al. (1992) e de Vadavadag et al. (2015), (Figura 9), que 
estudaram  evolução  de  textura  em  aços  Livre  de  Intersticiais  a  partir  de  deformações  por 
tração/embutimento  e  tração/deformação  plana/estiramento  biaxial,  respectivamente.  Os 
autores  relataram  que  determinadas  componentes  da  fibra  gama  são  intensificadas 
progressivamente  com  a  deformação  por  tração  uniaxial.  Cabe  ressaltar  que  a  componente 
intensificada  no  trabalho  dos  autores  foram  as  (111)[11̅ 0]  e  (111)[01̅ 1].  Na  Figura  99.a  é 
mostrada a evolução de componente da família {111}<112> com as pré­deformações por tração 
uniaxial determinada no presente estudo. 
Com a pré­deformação por expansão biaxial houve inicialmente um fortalecimento 
das componentes (111)[12̅1] e (111)[1̅1̅2], depois das componentes (111)[11̅0] e (111)[01̅1] e 
posteriormente de praticamente todas as  componentes da fibra  gama. Essa intensificação de 
componentes da fibra gama foi avaliada pela variação da área sob a curva dessa fibra com o 
aumento da pré­deformação por estiramento biaxial, Figura 99.b. Essa intensificação segue a 
mesma tendência apresentada no trabalho de Vadavadag et al. (2015). Apesar de resultados de 
literatura  terem  sido  corroborados  no  presente  estudo,  a  evolução  da  textura  devido  às  pré­
deformações requer maiores avaliações, aliando caracterizações por microtextura à análise de 
macrotextura  por  difração  de  raio  x.  Assim  uma  maior  quantidade  de  grãos  será  avaliado  e 
consequentemente terá uma melhor reprodutibilidade da deformação. 
 
 
 
 
 
 
 
116 
 
 

f2=0° f2=5° f2=10° f2=15°

f2=20° f2=25° f2=30° f2=35°

f2=40° f2=45° f2=50° f2=55°

f2=60° f2=65° f2=70° f2=75°

f1=90°
2
4
6
8
10

F=90°

f2=80° f2=85° f2=90°


 
a) ODF variando o ângulo de Euler 2 

f2=45°
0°  90°

2
4
6
8
10

90°

     
b) 2 =45°, destacando a intensidade de componente da fibra gama  = 55° 
Figura 95 – Função de Distribuição de Orientação (ODF) da amostra de aço EC160 na condição 
como recebido. 
 
117 
 
f2=45°
0°  90°

2
4
6
8
10

90°

     
a) 2=45° destacando a fibra gama – 5,0% Tração 
f2=45°
0°  90°

2
4
6
8
10

90°

     
b) 2=45° destacando a fibra gama – 10% Tração 
 
 
f2=45°
0°  90°

2
4
6
8
10

90°

     
c) 2=45° destacando a fibra gama – 15% Tração 
Figura 96 – Função de Distribuição de Orientação (ODF) da amostra de aço EC160 na condição 
de encruamento por tração uniaxial. 
 
118 
 
f2=45°
0°  90°

2
4
6
8
10

90°

     
a)  2=45° destacando a fibra gama – 4,8% Expansão biaxial 
f2=45°
0°  90°

2
4
6
8
10

90°

     
b)  2=45° destacando a fibra gama – 9,0% Expansão biaxial 
f2=45°
0°  90°

2
4
6
8
10

90°

     
c)  2=45° destacando a fibra gama – 12% Expansão biaxial 
 
Figura 97 – Função de Distribuição de Orientação (ODF) da amostra de aço EC160 na condição 
de encruamento por expansão biaxial. 
 
 
119 
 
30

Intensidade de componentes da 
25

família {111}<112>
20

15

10

0
0 5 10 15 20
Pré­deformação por tralçao uniaxial (%)  
a) 
1600
Área sob a curva de intensidade de 

1400
componentes da fibra gama

1200

1000

800

600

400

200

0
0 5 10 15 20
Pré­deformação por estiramento biaxial (%)
 
b) 
Figura 98 – a) Evolução de componentes da família {111}<112> com as pré­deformações por 
tração uniaxial. b) variação da área sob a curva dessa fibra com o aumento da pré­deformação 
por estiramento biaxial. 
 
Até  então  o  efeito  da  deformação  na  textura  cristalográfica  foi  avaliada  de  forma 
qualitativa por meio de alterações de orientações cristalográficas em contornos de alto ângulo 
por meio de mudanças na IPF e na ODF, bem como pela visualização por meio da técnica via 
FSD  de  possíveis  arranjos  celulares  devido  às  pré­deformações.  A  partir  de  agora  visa­se 
estimar de forma quantitativa o efeito das pré­deformações na formação de estruturas celulares 
de discordância geometricamente necessárias.  
Como a deformação tende a degradar o padrão de difração e, consequentemente, uma 
queda  no  índice  de  qualidade  de  imagem  (IQ).  Nas  Figuras  de 100  a  102  são  apresentados 
mapas de IQ das amostras nas condições de deformação avaliadas, nos quais suas escalas vão 
de 0 (Baixo padrão de difração) a 255 (alto padrão de difração). Nessas figuras quanto mais 
vermelho melhor é a qualidade do padrão, fato inverso quando da coloração azul. Comparando 
o índice de qualidade das regiões avaliadas, conforme mostrado Figura 103, verifica­se que o 
120 
 
encruamento  incremental  por  expansão  biaxial  acarretou  maior  degradação  no  padrão  de 
difração  do  que  por  tração  uniaxial.  Esse  comportamento  pode  ser  atribuído  a  geração  de 
subestrutura de discordâncias geometricamente necessárias, por meio da solicitação mecânica 
biaxial, que teve papel mais proeminente do que a por tração uniaxial. Para as relações entre 
pré­deformações e índice de qualidade foram atribuídas equações polinomiais de segundo grau. 
Essa atribuição foi feita devido ao melhor coeficiente de determinação ajuste, ou seja, sem uma 
explicação fenomenológica aparente. 

 Sem deformação IQ = 196 
Figura  99  –  Mapa  de  índice  de  qualidade  de  imagens  –  IQ  na  condição  de  material  como 
recebido, sem deformação. 

     
       a) Tração uniaxial ­ 5%: IQ=197                          b) Tração uniaxial 10%: IQ=194 

 
c) Tração uniaxial 15%: IQ=193 
Figura 100 – Mapas de índice de qualidade de imagens – IQ na condição de deformação por 
tração uniaxial. 
 
121 
 

  
     a) Expansão biaxial 4,8%: IQ=195                  b) Expansão biaxial 9%: IQ=192 

 
c) Expansão biaxial 12%: IQ=189 
Figura 101 – Mapas de índice de qualidade de imagens – IQ na condição de material deformado 
por expansão biaxial, que resulta o modo de deformação de estiramento biaxial simétrico. 

Tração uniaxial
Estiramento biaxial simétrico
Polinomial (Tração uniaxial)
198 Polinomial (Estiramento biaxial simétrico)
197
Índice de qualidade

196
y = -200x2 + 6x + 196,3
195
R² = 0,82
194
193
192
191
190 y = -502,81x2 + 1,5414x + 196,02
189 R² = 0,9996
188
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Deformação verdadeira equivalente  
Figura 102 – Relação entre o Índice de Qualidade de Imagens – IQ e a deformação equivalente 
realizada por tração uniaxial e expansão biaxial (estiramento biaxial simétrico). 
 
As  pré­defomações,  independentemente  da  trajetória,  acarretaram  aumento 
progressivo do valor do índice KAM nos mapas de Kernel apresentados nas Figuras de 104 a 
106, indicando assim maior desorientação interna de um determinado ponto interno no grão 
122 
 
com todos os seus vizinhos. Esse aumento do valor de KAM pode ser atrelado ao aumento da 
densidade  de  discordância  do  tipo  geometricamente  necessárias,  Wright  et  al.  (2011), 
propiciado  pelas  condições  de  deformação  plástica  adotadas.  Nessas  figuras  com  mapas  de 
Kernel,  a  escala  de  desorientação  de  grão  vai  de  0°  (coloração  tendendo  ao  azul)  até  3° 
(coloração  tendendo  ao  vermelho).  Os  contornos  de  grão  do  material  (alto  ângulo  de 
desorientação)  são  apresentados  em  preto.  Verifica­se  na  Figura  106  que  o  crescimento  do 
índice  KAM  foram  similares  para  as  condições  de  pré­deformação  por  tração  uniaxial  e 
estiramento biaxial simétrico. Assim como no caso dos mapas de IQ foram atribuídas equações 
polinomiais de segundo grau, devido ao melhor coeficiente de determinação ajuste. Da mesma 
forma sem uma explicação fenomenológica aparente. 

   Ângulo KAM= 0,5 

 
Figura 103 – Mapa de índice de Desorientação Média de Kernel – KAM na condição de material 
como recebido, sem deformação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
123 
 

     
a) Tração 5%: KAM=0,60                            b) Tração 10%: KAM=0,65 

   
c) Tração 15%: KAM=0,89 
Figura 104 – Mapa de índice de Desorientação Média de Kernel – KAM na condição de pré­
deformação por tração uniaxial. 
 

     
a) Expansão biaxial 4,8%: KAM=0,54                b) Expansão biaxial 9%: KAM=0,61 

 
c) Expansão biaxial 12%: KAM=0,76 
Figura 105 – Mapa de índice de Desorientação Média de Kernel – KAM na condição de pré­
deformação por expansão biaxial. 
124 
 
Tração uniaxial
Estiramento biaxial simétrico
Polinomial (Tração uniaxial)
Polinomial (Estiramento biaxial simétrico)
y = 14x2 + 0,34x + 0,512
1
R² = 0,965
0,9
0,8
KAM (°)

0,7
0,6
0,5
y = 22,557x2 - 0,6436x + 0,5041
R² = 0,9831
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Deformação verdadeira equivalente  
Figura 106 – Relação entre o índice de Desorientação Média de Kernel – KAM e a deformação 
equivalente realizada por tração uniaxial e expansão biaxial (estiramento biaxial simétrico). 
 

Os índices obtidos de desorientação média dos grãos (Grain Aveage Misorientation – 
GAM)  corroboraram  a  análise  feita  a  partir  do  detector  de  elétrons  retroespalhados  adiante 
(FSV), na qual observou­se uma maior aleatoriedade para a condição de pré­defomação por 
tração em relação a de expansão biaxial. Essa aleatoriedade local pode ser notada, pois o GAM 
refere­se ao valor médio da desorientação de pontos vizinhos dentro do mesmo grão. Os mapas 
de GAM são apresentados nas Figura de 108 a 110. A escala adotada nesses mapas foi de 0° 
(coloração tendendo ao azul) até 3° (coloração tendendo ao vermelho). Os contornos de grão 
do material (alto ângulo de desorientação) são apresentados em preto. Conforme, informado, 
verifica­se na Figura 111 que o crescimento do índice GAM da pré­deformação por tração foi 
mais pronunciada. 
 
125 
 

 Ângulo GAM= 1,45 

 
Figura 107 – Mapa de índice de Desorientação Média de Grão – GAM na condição de material 
como recebido, sem deformação. 
 

     
a) Tração 5%: GAM=2,1                            b) Tração 10%: GAM=2,48 

   
c) Tração 15%: GAM=3,54 
Figura 108 – Mapa de índice de Desorientação  Média de Grão – GAM na condição de pré­
deformação por tração uniaxial. 
 
126 
 

     
a) Expansão biaxial 4,8%: GAM=1,22                b) Expansão biaxial 9%: GAM=1,55 

 
c) Expansão biaxial 12%: GAM=2,39 
Figura 109 – Mapa de índice de Desorientação Média de Grão  – GAM na condição de pré­
deformação por expansão biaxial. 

Tração uniaxial
Estiramento biaxial simétrico
Polinomial (Tração uniaxial)
Polinomial (Estiramento biaxial simétrico)
4

3,5 y = 50x2 + 5,98x + 1,484


R² = 0,9902
3
GAM (°)

2,5

2
y = 190,53x2 - 15,419x + 1,4656
1,5
R² = 0,988
1

0,5

0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
Deformação verdadeira equivalente  
Figura 110 – Relação entre o índice de Desorientação Média de Grão – GAM e a deformação 
equivalente realizada por tração uniaxial e expansão biaxial (estiramento biaxial simétrico). 
 
127 
 
5.3.3  t­EBSD e Microscopia Eletrônica de Transmissão 

A determinação das condições operacionais de análise por t­EBSD foi feita na UFRN 
a  partir  da  lâmina  preparada  no  INMETRO.  Os  principais  parâmetros  avaliados  foram  a 
distância de trabalho (Work Distance ­WD) e a inclinação da amostra em relação ao eixo do 
feixe de elétrons. Para a WD, foram avaliados valores de 3, 5 e 7 mm. Para a inclinação, foram 
testados valores de 10, 20 e 30°. As análises foram realizadas, para a mesma área da amostra, 
variando­se os parâmetros supracitados e verificando a qualidade de indexação. Os resultados 
do  efeito  de  alteração  desses  parâmetros  no  índice  de  qualidade  e  mapa  de  orientação  são 
apresentados nas Figuras de 112 a 116, sendo que as quantidades de pontos não indexados são 
sumarizados na Tabela 17.  

Os resultados indicaram que o método é pouco sensível à distância de trabalho na faixa 
de  3  a  7  mm,  apesar  do  último  valor  ter  proporcionado  resultados  ligeiramente  melhores, 
indicados  pela  menor  quantidade  de  pontos  não  indexados  (17%).  Com  base  no  presente 
resultado e também levando­se em consideração à segurança do equipamento, optou­se pela 
utilização de distância de trabalho de 7 mm para as demais análises em diferentes inclinações.  

A avaliação da influência da inclinação da amostra na qualidade das análises via  t­
EBSD indicou que valores de 20 e 30° apresentaram resultados satisfatórios, gerando cerca de 
20% de pontos não indexados. Por outro lado, inclinação de 10° mostrou­se a pior condição 
dentre  as  avaliadas,  gerando  47%  de  pontos  sem  indexação.  Dentre  as  variáveis  testadas, 
distância de trabalho (WD) e ângulo de inclinação, obteve­se como melhores parâmetros: 5 mm 
e 20°, respectivamente. Em todas as condições de ajuste operacional propostas conseguiu­se 
em  torno  de  20%  de  pontos  não  indexados,  ou  seja,  sem  qualidade  suficiente  para  uma 
indexação confiável.  Mesmo  assim,  optou­se pela análise via  t­EBSD no  INMETRO para a 
comparação com os resultados obtidos por Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET). 

     
                          a)                                               b)                                            c) 
Figura  111  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  3  mm  e  inclinação  de  20°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários destacando a área de análise no retângulo azul. b) Mapa de índice de qualidade. c) 
Mapa de orientações cristalográficas. 
128 
 

     
                          a)                                               b)                                            c) 
Figura  112  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  5  mm  e  inclinação  de  20°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários. b) Mapa de índice de qualidade. c) Mapa de orientações cristalográficas. 

     
                          a)                                               b)                                            c) 
Figura  113  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  7  mm  e  inclinação  de  20°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários. b) Mapa de índice de qualidade. c) Mapa de orientações cristalográficas. 

     
                          a)                                               b)                                            c) 
Figura  114  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  7  mm  e  inclinação  de  10°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários. b) Mapa de índice de qualidade. c) Mapa de orientações cristalográficas. 

     
                          a)                                              b)                                            c) 
Figura  115  –  Análise  via  t­EBSD  feita  na  UFRN  a  partir  de  amostra  deformada  por  tração 
uniaxial  10%,  utilizando­se  WD  de  7  mm  e  inclinação  de  30°.  a)  imagem  por  elétrons 
secundários. b) Mapa de índice de qualidade. c) Mapa de orientações cristalográficas. 
129 
 
Tabela 17 – Resultados  do  efeito  de  alteração  de  parâmetros  operacionais  de  t­EBSD  na 
quantidade de pontos não indexados.  
Distância de trabalho  Ângulo de inclinação  Pontos não indexados 

3 mm  20°  20% 

5 mm  20°  19% 

7 mm  20°  17% 

7 mm  10°  47% 

7 mm  30°  20% 


 

Na  análise  comparativa  das  técnicas  de  caracterização  de  estrutura  celular  de 
discordâncias via t­EBSD e MET para a amostra deformada 9% por expansão biaxial utilizou­
se um lâmina preparada no INMETRO via Microscopia Eletrônica com bombardeamento de 
íons. Na análise via MET verificou­se a existência de um contorno de grão triplo, indicado por 
seta vermelha na Figura 117. Todas as considerações feitas para comparação das técnicas de 
caracterização tiveram essa região como referência. 

 
Figura 116 – Aspecto da amostra avaliada para comparação das técnicas análise via t­EBSD e 
MET para a caracterização de estrutura celular de discordâncias na condição de pré­deformação 
de 9% por expansão biaxial. 

Por  meio  da  análise  via  MET  verificou­se  a  existência  de  uma  estrutura  celular  de 
discordâncias  formada  por  grande  acúmulo  destas  na  região  do  contorno  de  grão  devido  à 
deformação  plástica  do  material,  conforme  mostrado  na  Figura  118.a.  Estas  estruturas 
apresentam  aparência  similar  à  de  sub­grãos,  com  formato  equiaxial  e  paredes  densas  de 
discordâncias  geometricamente  necessárias,  conforme  proposto  por  Rauch  (2004).  Cabe 
ressaltar que a observação dessa estrutura via MET foi muito sensível ao ângulo de análise, 
130 
 
Figura 118.b. A variação de apenas 1° para as análises via MET acarretou imagens distintas da 
estrutura de discordâncias no ponto de contorno de grão triplo. Contudo, em todas as imagens 
pode­se constatar a estrutura celular de discordâncias. 

 
a) 

 
b) 
Figura 117 – Análise via MET a) para a caracterização de estrutura celular de discordâncias na 
condição de pré­deformação de 9% por expansão biaxial. b) imagens do ponto triplo mostrando 
o efeito da variação do ângulo de análises de apenas 1°. 

Utilizando as condições operacionais  determinadas na análise por  t­EBSD feitas  na 


UFRN  conseguiu­se  uma  boa  indexação  na  análise  feita  no  INMETRO  para  a  amostra  na 
condição de pré­deformação de 9% por expansão biaxial. Na Figura 119 são mostrados mapas 
de  t­EBSD  referentes  a  Qualidade  de  Imagem,  Orientação  Cristalográfica,  KAM  e  GAM 
obtidos na análise via t­EBSD. Comparando a imagem de MET da Figura 118.a com os mapas 
de Qualidade de Imagem, das Figuras 119.a e 119.b, pode­se observar que existem contrastes 
mais escuros nos contornos de grão e em regiões dentro dos grãos (identificada na Figura 119.a 
com um retângulo tracejado), que aparentam corresponder às regiões com  alta densidade de 
131 
 
discordâncias, ou seja, elevada intensidade de defeitos na estrutura do cristal, que faz com que 
dificulte a indexação. Contudo, nos mapas de KAM e GAM essas regiões não foram destacadas 
(Figuras 119.c e 119.d, respectivamente). A região de destaque dos mapas de KAM e GAM 
foram  as  regiões  adjacentes  ao  contorno  triplo  e  uma  região  no  interior  de  um  dos  grãos 
(identificado  com  retângulo  pontilhado na Figura 119.c). Em  ambos os casos,  observando a 
Figura 118.a, verifica­se que são locais de alta densidade de discordância. Porém, no mapa de 
Qualidade  de  Imagem  esses  locais  não  foram  identificados  com  degradação  do  padrão  de 
difração. 

     
                                      a)                                                                     b) 

     
                                      c)                                                                       d) 
Figura 118 – Análise via t­EBSD (INMETRO) utilizando mapas a) de Qualidade de Imagem, 
b)  de  Orientação,  c)  de  KAM  e  d)  de  GAM  para  a  condição  de  pré­deformação  de  9%  por 
expansão biaxial. 

De um modo geral, comparando de forma qualitativa a imagem obtida via MET com 
mapas obtidos por t­EBSD, apesar de algumas evidências verifica­se que a técnica de análise 
de  difração  não  foi  capaz,  nas  condições  de  teste  empregada  de  diferenciar  as  estruturas 
celulares. Com isso, até o presente momento, ainda não se conseguiu avaliar as estruturas de 
deformação  via  t­EBSD  para  as  amostras  do  aço  EC160  avaliadas.  Tal  fato  pode  indicar 
também  que  o  método  não  apresenta  resolução  angular  suficiente  para  detectar  pequenas 
diferenças  de  orientações  proporcionadas  pela  deformação  plástica  imposta  aos  materiais. 
132 
 
Contudo,  apesar  de  não  se  ter  conseguido  padrões  de  difrações  capazes  de  caracterizar 
estruturas  celulares  de  discordâncias,  não  se  pode  afirmar  que  a  técnica  de  t­EBSD  está 
descartada  para  este  fim.  Os  resultados  obtidos  até  o  momento  indicam  que  técnica 
convencional  de  EBSD,  mais  especificamente  via  difração  de  elétrons  espalhados  adiante 
(FSD), proporcionam maiores potenciais de avaliação de estrutura de deformação plástica para 
as amostras do aço EC160 estudadas.  

5.4  Deformações Limites 

5.4.1  Trajetória linear 

O  aspecto  de  corpos  de  prova  do  aço  EC160  estampados  por  punção  para  a 
determinação da Curva Limite de Conformação é mostrado na Figura 120.a. O aspecto de corpo 
de  prova  conformado  por  expansão  biaxial  pode ser  visto  na  Figura  120.b.  As  deformações 
desses corpos de prova, avaliadas pelo ViALUX®, são mostradas na Figura 121. 

EC160 (0,65 mm) 

       
         a) Aspectos dos corpos de prova               b) Aspecto do corpo de prova estampado por  
                  estampados por punção                                          pressão hidráulica 
Figura 119 – Aspecto dos corpos de prova estampados por punção e por pressão hidráulica para 
a determinação da Curva Limite de Conformação. 
133 
 

 
Figura 120 – Perfil de deformação de corpos de prova utilizados para a determinação da Curva 
Limite de Conformação do aço EC160, a partir da imagem registrada antes da estricção. 

O perfil de deformação dos corpos de prova sublinhados na figura 121 não exibiram 
as maiores deformações no domo, indicando assim que a condição de lubrificação adotada no 
ensaio  não  foi  a  mais  adequada.  Nesses  casos,  o  perfil  de  deformação  avaliado  em  plano 
passando no centro do diâmetro do domo do corpo de prova exibe um comportamento bimodal, 
ou seja, não exibe o formato de sino. Contudo, a avaliação segundo metodologia Bragard não 
foi impossibilitada. Para esses corpos de prova, a avaliação das deformações foi feita, nesse 
mesmo plano passante no domo, mas analisando­se do centro até a região situada próximo ao 
raio da matriz, conforme indicado por linha pontilhada em um dos espécimes da Figura 120. 

5.4.1.1  Método de Hecker (ASTM 2218) 
A  CLC  em  trajetória  linear  pelo  método  de  Nakajima  do  aço  EC160,  obtida  pelo 
método de Hecker à estricção, é apresentada na Figura 122. Verifica­se que a CLC equivale às 
maiores deformações a que o material foi submetido durante o ensaio em distintas trajetórias 
de deformação. 

 
134 
 
 

 
a)  Trajetórias de deformação dos corpos de prova utilizados par a determinação da CLC 
1,0

0,9

0,8
Maior deformação

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Menor deformação
 
b) CLC em deformação por trajetória linear 
Figura 121 ­ Curva  Limite de Conformação do  aço  EC160,  determinada por trajetória linear 
pelo método de Nakajima e expressa em deformação pela técnica de Hecker à estricção. 

5.4.1.2  Método de Bragard (ISO 12004) 
As  deformações  limites  que  possibilitaram  a  determinação  da  curva  limite  de 
conformação,  em  trajetória  linear  do  aço  EC160,  por  meio  do  método  do  sino  proposto  por 
Bragard  são  apresentadas  na  Figura  123.  A  CLC  equivale  a  uma  interpolação  feita  pelo 
programa AutoGrid®, utilizado como critério às deformações limites. 
135 
 

1,0

Maior deformação 0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Menor deformação
 
a) Pontos de deformação dos corpos de prova utilizados par a determinação da CLC 
1,0

0,9

0,8
Maior deformação

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Menor deformação
 
b) CLC em deformação por trajetória linear 
Figura 122 ­ Curva  Limite de Conformação do  aço EC160,  determinada por trajetória linear 
pelo método de Nakajima e expressa em deformação pela técnica de Bragard. 

5.4.1.3  Previsão e comparações 
As Curvas Limites de Conformação determinadas a partir da formulação de Keeler são 
apresentadas em deformação verdadeira e de engenharia na Figura 124. Nota­se, conforme era 
esperado, os valores mais elevados em 1 da CLC em deformação de engenharia. Em relação à 
2, a CLC em deformação de engenharia exibiu maiores valores para deformações positivas e 
menores para as negativas. 
136 
 
CLC ­ Keeler ­ Deformação verdadeira CLC ­ Keeler ­ Deformação de engenharia

1,0
0,9
Maior deformação

0,8
0,7
 
0,6
0,5
0,4
0,3
Espessura = 0,65 mm
0,2
n = 0,248
0,1
0,0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Menor deformação
 
Figura 123 ­ Curva Limite de Conformação do aço EC160, determinada pela metodologia de 
Keeler e expressa em deformação verdadeira e de engenharia. 

Na  Figura  125  são  comparadas  as  deformações  limites  determinadas 


experimentalmente em trajetória linear pelos métodos de Hecker à estricção (exibidas com a 
linha  contínua)  e  de  Bragard  (representada  pela  linha  pontilhada),  além  da  prevista  pela 
formulação de Keeler (apresentada pela linha tracejada). Nota­se que a CLC determinada pelo 
método  de  medição  de  Hecker  à  estricção  (similar  ao  da  norma  ASTM  E2218)  apresentam 
valores de deformações em 1 maiores do que os obtidos pelo método de Bragard (empregado 
na norma ISO12004­2) e pela previsão de Keeler. Comportamento similar foi observado por 
Lee e colaboradores, 2010 e Tepedino et al. 2012 (Figura 31). 

A diferença entre as deformações limites refere­se às técnicas para o levantamento da 
CLC  utilizadas  nesses  métodos.  Para  a  metodologia  de  Hecker,  o  frame  analisado  nas 
avaliações  da  deformação  foi  o  anterior  ao  que  exibiu  uma  estricção  localizada  de  forma 
notória. Apesar de não ser observada uma estricção nítida, acredita­se que no frame analisado 
já tinha ocorrido uma localização das deformações no corpo de prova. No método de Bragard, 
o frame avaliado foi o anterior ao de ocorrência da trinca. Cabe ressaltar, que para material fino, 
igual ao avaliado no presente estudo (0,65 mm), o início visível da estricção localizada logo é 
seguido da fratura do material, ou seja, não ocorre uma estricção localizada pronunciada. Com 
isso, o frame avaliado pelo método de Bragard foi o posterior ao do utilizado pela técnica de 
Hecker.  Em  virtude  do  ajuste  da  curva  interpolada  sobre  a  distribuição  das  deformações, 
Figura 123.a,  do  método  de  Bragard  fazer  uma  compensação  para  a  previsão  do  início  da 
137 
 
estricção,  os  valores  de  deformação  em  1  foram  menores  do  que  os  obtidos  no  método  de 
Hecker. Conforme mencionado por Tepedino et al. (2012), Figura 31, é admissível considerar 
o início da estricção como critério de falha, visto que a ocorrência desta é um dos principais 
fatores que invalidam a aplicação da peça estampada. Com isso, foi considerado pelos autores 
que a metodologia de Bragard seria mais adequada para utilizações de CLC sem a adoção de 
uma margem de segurança (offset de deslocamento da CLC para menor valor em 1, cujo valor 
depende  do  critério  adotado,  o  valor  mais  comum  é  ­10%).  Contudo,  cabe  ressaltar,  que  a 
escolha do método depende exclusivamente da preferência do cliente (no caso de clientes do 
setor automotivos, marcas com matriz nos Estados Unidos tendem a utilizar a norma ASTM 
com referência, enquanto que as europeias e japoneses tendem a escolher a norma ISO). 

Percebe­se também na Figura 125 que a curva prevista de Keeler foi muito similar à 
empregada  no  método  de  Bragard.  Os  valores  mais  positivos  e  negativos  em  2  da  CLC  de 
Keeler se devem em função da faixa de  2 aleatória adotada (de ­0,6 a 0,4). Na Tabela 18 e 
Figura  126  são  mostradas  comparações  entre  os  valores  de  CLC0  determinados 
experimentalmente e previstos empírico­analiticamente. Corroborando o posicionamento das 
curvas  

CLC ­ Hecker CLC ­ Bragard CLC ­ Keeler

1,0
0,9
Maior deformação

0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Menor deformação
 
Figura 124 ­ Comparação  das  Curvas  Limites  de  Conformação  determinadas 
experimentalmente em trajetória linear pelos métodos de Hecker à estricção e de Bragard, além 
da prevista pela formulação de Keeler. 
 

 
138 
 
Tabela 18 ­ Valores  de  CLC0  determinados  experimentalmente  e  preditos  pelas  equações  de 
Keeler (1975) e Abspoel et al. (2011). 

Valores de CLC0 

Métodos experimentais  Métodos de previsão 

Hecker  Bragard  Keeler  Abspoel et al. (2011) 

0,450  0,351  0,327  0,362 


 

0,6

0,5

0,4
CLC0

0,3

0,2

0,1

0
Hecker Bragard Keeler Abspoel et al.
 
Figura 125 ­ Valores de CLC0 obtidos experimentalmente e preditos por meio das formulações 
de Keeler (1975) e de Abspoel et al. (2011). 

Na Figura 127 é mostrada a curva limite de afinamento do aço avaliado pelas diferentes 
técnicas (Hecker, Bragard e Keeler). Percebe­se, como era esperado, que sob deformações em 
estiramento uniaxial o afinamento de espessura é praticamente constante. A exceção foi a CLC 
do método de Hecker que, para deformações em 2 menores que ­0,4, ocorreu uma queda no 
afinamento  de  espessura.  Esse  gráfico  torna­se  muito  útil  para  uma  visualização  direta  do 
afinamento local de espessura, que é um dos critérios adotados pela indústria automotiva para 
a aprovação/reprovação de peças estampadas. Cada montadora automotiva tem o seu critério 
de afinamento de espessura máxima, sendo valores mais comuns 30% e 40% de redução em 
deformação de engenharia. 

 
139 
 
CLC ­ Hecker CLC ­ Bragard CLC ­ Keeler

1,0
0,9
Deformação na espessura

0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6

Menor deformação
 
Figura 126 ­ Curva limite de afinamento de espessura do aço EC160 avaliado pelas diferentes 
técnicas (Hecker, Bragard e Keeler). 
 

5.4.2  Curva Limite de Conformação em trajetórias bilineares 

5.4.2.1  Método de Hecker à estricção 
  O efeito do emprego de trajetórias bilineares, com pré­deformações por tração uniaxial 
e por estiramento biaxial simétrico, na CLC do aço EC160 determinada pela metodologia de 
Hecker à estricção é mostrado na Figura 128. O efeito da alteração da trajetória de deformação 
será discutido no item 5.4.2.3. 
140 
 
CLC ­ Trajetória linear CLC ­ Tração uniaxial: 5%
CLC ­ Tração uniaxial: 10% CLC ­ Tração uniaxial: 15%
1
0,9
0,8
Maior deformação

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Menor deformação  
a) 

CLC ­ Trajetória linear CLC ­ Etiramento biaxial simétrico: 4,8%
CLC ­ Estiramento biaxial simétrico: 9% CLC ­ Estiramento biaxial simétrico: 12%
1
0,9
0,8
0,7
Maior deformação

0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Menor deformação  
b)  
Figura 127 ­ Curvas  Limite  de  Conformação  em  trajetória  linear  e  bilinear  pelo  método  de 
Hecker,  considerando  as  pré­deformações  a)  por  tração  uniaxial  (5;  10  e  15%)  e  b)  por 
estiramento biaxial simétrico (4,8; 9 e 12%). 

5.4.2.2  Método de Bragard 
  Na  Figura  129  é  apresentado  o  efeito  do  emprego  de  trajetórias  bilineares,  com  pré­
deformações por tração uniaxial e por estiramento biaxial simétrico, na CLC do aço EC160 
determinada pela metodologia de Bragard. A região de domínio negativo da menor deformação 
para  a  CLC  bilinear  para  a  pré­deformação  de  12%  sob  estiramento  biaxial  não  pode  ser 
141 
 
determinada devido ao perfil de deformação dos corpos de prova (espécimes sublinhados na 
Figura 130). O perfil de deformação não respeitou os requisitos da norma ISO 12004­2 (2009) 
para o cálculo de derivação.  A discussão do efeito da trajetória  de deformação  será feita no 
item 5.4.2.3. 

CLC ­ Trajetória linear CLC ­ Tração uniaxial: 5%
CLC ­Tração uniaxial: 10% CLC ­ Tração uniaxial: 15%
1
0,9
0,8
Maior deformação 

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3 ­0,2 ­0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Menor deformação   
a) 
 
CLC ­ Trajetória linear CLC ­ Estiramento biaxial simétrico: 4,8%
CLC ­ Estiramento biaxial simétrico: 9% CLC ­ Estiramento biaxial simétrico:12%
1
0,9
0,8
Maior deformação 

0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
­0,6 ­0,5 ­0,4 ­0,3
­0,1 ­0,2
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Menor deformação   
b) 
Figura  128  ­  Curvas  Limite  de  Conformação  em  trajetória  linear  e  bilinear  pelo  método  de 
Bragard,  considerando  as  pré­deformações  a)  por  tração  uniaxial  (5;  10  e  15%)  e  b)  por 
estiramento biaxial simétrico (4,8; 9 e 12%). 
 
142 
 

 
Figura  129  –  Aspecto  do  perfil  de  deformação  dos  corpos  de  prova  ensaiados  após  pré­
deformação de 12% por estiramento biaxial. 
 

5.4.2.3  Efeitos da mudança de trajetória de deformação 
Considerando a pré­deformação na determinação das Curvas Limite de Conformação 
por  ambos  os  métodos  (Hecker  e  Bragard)  com  trajetória  bilinear  (Figuras  128  e  129),  os 
resultados de literatura são corroborados, devido aos seguintes fatores: 

­ A capacidade do material se deformar sob estiramento biaxial foi maximizada após maiores 
pré­deformações por tração uniaxial; 

­ O menor valor da CLC (CLC0), quando da pré­deformação por tração uniaxial foi deslocado 
para a esquerda e para maiores valores em 1; 

­ Analisando somente a trajetória de deformação por tração uniaxial das Figuras 128.a e 129.a, 
percebe­se que a capacidade de deformação não foi alterada, como era esperado (pois tanto a 
pré­deformação quanto a segunda deformações foram nesse modo de deformação); 

­ A capacidade de deformação sob estiramento biaxial do aço EC160 sofreu uma queda quando 
da pré­deformação por estiramento biaxial simétrico; 

­ Contudo, a capacidade de deformação sob estiramento biaxial simétrico não sofreu alteração 
(Figuras 128.b e 129.b); 

­ O valor CLC0 após a pré­deformação por estiramento biaxial simétrico sofreu um decréscimo 
e se deslocou para direita do diagrama; 

­ Quando a pré­deformação e a deformação subsequente foram no modo de deformação por 
estiramento  biaxial  (Figuras  128.b  e  129.b),  percebe­se  que  a  capacidade  de  estiramento 
deformação não foi alterada. 
143 
 
Alterações  similares  no  posicionamento  da  CLC,  em  função  da  trajetória  bilinear, 
foram obtidas por Freitas et al. (2013), para um aço Interstitial Free, similar ao do presente 
estudo. Os autores relataram que o limite de deformação aumenta no domínio de deformação 
biaxial, após uma pré­deformação por tração uniaxial e deformação plana. Ainda segundo os 
autores, a pré­deformação por estiramento biaxial simétrico acarreta decréscimo da capacidade 
de deformação do material na região de estiramento biaxial e aumento dos valores de 1 para 
deformações no domínio de 2 <0. 

5.5  Outras representações da CLC 

5.5.1  Espaço de tensões principais 

As  representações  em  tensão  das  CLC  obtidas  em  termos  de  deformação  pelos 
métodos de Hecker à estricção e de Bragard são apresentadas nas Figuras de 131 a 134. Para 
essas  representações  utilizou­se  as  equações  de  encruamento  que  tiveram  melhor  ajustes 
(Hocket­Sherby e Swif/Hocket­Sherby), além dos Equações de plasticidade de von Mises e de 
Hill (1948) Nessa determinação de 1 e de 2  utilizaram­se as metodologias apresentadas na 
Figura 73.  Verificou­se  a  independência  das  curvas  representadas  no  espaço  das  tensões 
principais  propostas  Stoughton  e  Zhu  (2004)  e  por  Stoughton  e  Yoon  (2012)  para  todas  as 
condições de critério de escoamento e de equação de encruamento avaliadas.  

Pelo fato do método Bragard utilizar o algoritmo matemático para a determinação das 
deformações limites, sendo que esta formulação varia em função do ponto de fratura (no domo 
ou na lateral), verificou­se um ligeiro maior espalhamento para esse método. Contudo, pode­se 
se afirmar que foi comprovada a independência da CLC representada em tensão em relação à 
trajetória de deformação devido ao pequeno espaçamento das curvas.  

 
144 
 
700

600

500

400
1 (MPa)

300 Trajetória Linear


Tração 5%
200 Tração 10%
Tração 15%
Expansão Biaxial 4,8%
100
Expansão biaxial 9%
Expansão biaxial 12%
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)  
a) von Mises – Hocket­Sherby 
700

600

500

400
1 (MPa)

300 Trajetória Linear


Tração 5%
200 Tração 10%
Tração 15%
Expansão Biaxial 4,8%
100
Expansão biaxial 9%
Expansão biaxial 12%
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)  
b) von Mises Swift/Hocket­Sherby 
Figura 130 ­ Curvas  Limites de Conformação represetnadas em  tensão  a  partir de conversão 
das  deformações  limites  de  Hecker  utilizando  o  modelo  de  von  Mises  e  as  equações  de 
encruamento a) de Hocket­Sherby e b) Swift/Hochet Sherby. 
145 
 
700

600

500

400
1 (MPa)

300 Trajetória Linear


Tração 5%
200 Tração 10%
Tração 15%
Expansão Biaxial 4,8%
100
Expansão biaxial 9%
Expansão biaxial 12%
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)  
a) Hill (1948) ­ Hocket­Sherby 
700

600

500

400
1 (MPa)

300 Trajetória Linear


Tração 5%
200 Tração 10%
Tração 15%
Expansão Biaxial 4,8%
100
Expansão biaxial 9%
Expansão biaxial 12%
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)  
b) Hill (1948) ­ Swift/Hocket­Sherby 
Figura 131 ­ Curvas  Limites de Conformação represetnadas em  tensão  a  partir de conversão 
das  deformações  limites  de  Hecker  utilizando  o  modelo  de  Hill  (1948)  e  as  equações  de 
encruamento a) de Hocket­Sherby e b) Swift/Hochet Sherby. 
146 
 
700

600

500

400
1 (MPa)

300 TLC - Trajetória Linear


Tração 5%
200 Tração 10%
Tração 15%
100 Expansão Biaxial 4,8%
Expansão biaxial 9%
Expansão biaxial 12%
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)  
a) von Mises – Hocket­Sherby 
700

600

500

400
1 (MPa)

300 Trajetória Linear


Tração 5%
200 Tração 10%
Tração 15%
100 Expansão Biaxial 4,8%
Expansão biaxial 9%
Expansão biaxial 12%
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)  
b) von Mises Swift/Hocket­Sherby 
Figura 132 ­ Curvas  Limites de Conformação represetnadas em  tensão  a  partir de conversão 
das  deformações  limites  de  Bragard  utilizando  o  modelo  de  von  Mises  e  as  equações  de 
encruamento a) de Hocket­Sherby e b) Swift/Hochet Sherby. 
147 
 
700

600

500

400
1 (MPa)

300 TLC - Trajetória Linear


Tração 5%
200 Tração 10%
Tração 15%
100 Expansão Biaxial 4,8%
Expansão biaxial 9%
Expansão biaxial 12%
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)  
a) Hill (1948) ­ Hocket­Sherby 
700

600

500
1 (MPa)

400

300 TLC - Trajetória Linear


Tração 5%
200 Tração 10%
Tração 15%
Expansão Biaxial 4,8%
100
Expansão biaxial 9%
Expansão biaxial 12%
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)
 
b) Hill (1948) ­ Swift/Hocket­Sherby 
Figura 133 ­ Curvas  Limites de Conformação represetnadas em  tensão  a  partir de  conversão 
das  deformações  limites  de  Bragard  utilizando  o  modelo  de  Hill  (1948)  e  as  equações  de 
encruamento a) de Hocket­Sherby e b) Swift/Hochet Sherby. 

Apesar da independência das curvas representadas em tensão, verifica­se a partir de 
curvas  em  trajetória  linear  de  deformação  (Hecker  e  Bragard),  que  tanto  a  equação  de 
encruamento,  quanto  o  critério  de  plasticidade  adotados  na  conversão  da  curva  têm  grande 
influência  no  posicionamento  das  Curvas  Limites  de  Conformação  representada  em  tensão, 
Figura  135.  A  utilização  da  equação  de  encruamento  de  Hocket­Sherby  e  do  modelo  de 
plasticidade de von Mises tornaram as Curvas Limites de Conformação mais conservadoras. A 
148 
 
consideração  do  efeito  da  anisotropia  pelo  modelo  de  Hill  (1948)  intensifica  as  tensões, 
principalmente em condições de estiramento biaxial simétrico.  Com a adoção do modelo de 
von Mises, nota­se que as regiões extremas de embutimento das CLC  ficaram em região do 
domínio negativo de 2, indicando assim sofrer compressão. Utilizando o modelo de Hill (1948) 
e a equação de Hocket­Sherby como referência, pode­se verificar a permanência do método de 
Bragard como o mais conservado (apesar da proximidade das curvas), igualmente observado 
para a representação da CLC em deformações principais, Figura 136. 

Hill (1948) - Hocket-Sherby Hill (1948) - Swift/Hocket-Sherby


von Mises - Hocket-Sherby von Mises - Swift/Hocket-Sherby
700
600
500
1 (MPa)

400
300
200
100
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)
 
a)  Método de Hecker 
Hill (1948) - Hocket-Sherby Hill (1948) - Swift/Hocket-Sherby
von Mises - Hocket-Sherby von Mises - Swift/Hocket-Sherby
700
600
500
400
1 (MPa)

300
200
100
0
-100 0 100 200 300 400 500 600
2 (MPa)
 
b) Método de Bragard 
Figura 134 ­ Efeito do modelo de plasticidade adotado para a conversão das CLC representadas 
em deformação para tensão. a) Método de Hecker e b) Método de Bragard. 
149 
 
650

600

550

1 500

450

400

350 Hecker
Bragard
300
0 100 200 300 400 500 600
2  
Figura 135 ­ Efeito da técnica de avaliação das deformações limites de Hecker e de Bragard na 
CLC representadas em tensão. 
 

5.5.2  Deformação plástica equivalente  

As deformações limites determinadas em trajetórias lineares e compostas pelas técnicas 
de Hecker e Bragard, representadas em deformação plástica equivalente a partir dos modelos 
de plasticidade de von Mises e Hill (1948) são mostradas nas Figuras 137 e 138. Nota­se que 
as curvas representadas em deformação plástica equivalente a partir das deformações limites de 
Hecker,  tanto  para  o  critério  de  von  Mises  quanto  para  o  de  Hill  (1948)  acarretaram  maior 
independência  em  relação  à  trajetória  de  deformação,  ou  seja,  exibiram  um  menor 
espalhamento.  Apesar  do  espalhamento  das  curvas  de  deformação  plástica  equivalente 
avaliadas pela técnica de Bragard, atribuída a metodologia matemática para a determinação das 
deformações limites, pode­se afirmar que os modelos de plasticidade utilizados foram capazes 
de  tornar  essas  curvas  insensíveis  à  alteração  da  trajetória  de  deformação.  Essa  afirmação 
advém  do  fato  que  mesmo  as  alterações  de  posicionamento,  verificou­se  que  a  curva  em 
trajetória linear se apresentou no centro desse espalhamento. Apesar da utilização de curva de 
encruamento  diferente,  essa  independência  da  representação  por  deformação  plástica 
equivalente corrobora os resultados de Stougthon (2012). 

Utilizando a curva linear como referência faz­se na Figura 139 comparações do efeito 
da modelo de plasticidade adotado nas técnicas de Hecker e Bragard. Igualmente aos casos das 
CLC  representadas  em  tensão,  o  modelo  de  plasticidade  de  von  Mises  gerou  CLC  em 
deformação plástica equivalente mais conservadores. Verifica­se novamente que, em função de 
se levar em conta a anisotropia, a maior diferença encontra­se na região de estiramento biaxial 
simétrica. Em condição de tração uniaxial as curvas são similares. 
150 
 
Na  Figura 140  o  efeito  dos critérios utilizados para a determinação das  deformações 
limites é avaliado, tendo como referência o modelo de encruamento de Hill (1948). Como era 
de se esperar, novamente as curvas foram bem similares, tendo o método de Bragard como mais 
conservador.  A  justificativa  desse  fato  advém,  conforme  mencionado,  de  que  o  método  de 
Hecker são consideradas as deformações limites no início da estricção, enquanto no método de 
Bragard utiliza­se um modelo matemático que geralmente subestima as deformações limites 
em relação à técnica de Hecker. 

Trajetória linear Trajetória Bilinear - Tração: 5%


Trajetória Bilinear - Tração: 10% Trajetória bilinear - Tração 15%
Trajetória Bilinear - Estiramento biaxial: 4,8% Trajetória Bilinear - Estiramento biaxial: 9%
Trajetória bilinear - Estiramento biaxial: 12%
1
Deformação equivalente x cos()

0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Deformação equivalente x sen()  
a)  Hecker – von Mises 
b)   
Trajetória linear Trajetória Bilinear - Tração: 5%
Trajetória Bilinear - Tração: 10% Trajetória bilinear - Tração 15%
Trajetória Bilinear - Estiramento biaxial: 4,8% Trajetória Bilinear - Estiramento biaxial: 9%
Trajetória bilinear - Estiramento biaxial: 12%
1
Deformação equivalente x cos()

0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
Deformação equivalente x sen()
 
c)  Hecker – Hill (1948) 
Figura 136 ­ Curvas  Limites  de  Conformação  representadas  em  deformação  plástica 
151 
 
equivalente  convertidas  a  partir  das  deformações  limites  obtidas  pela  técnica  de  Hecker 
utilizando os critério de plasticidade de a) von Mises e b) Hill (1948). 
Trajetória linear Trajetória Bilinear - Tração: 5%
Trajetória Bilinear - Tração: 10% Trajetória bilinear - Tração 15%
Trajetória Bilinear - Estiramento biaxial: 4,8% Trajetória Bilinear - Estiramento biaxial: 9%
Trajetória bilinear - Estiramento biaxial: 12%
1
Deformação equivalente x cos()

0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-0,5 -0,3 -0,1 0,1 0,3 0,5 0,7
Deformação equivalente x sen()  
a)  Bragard – von Mises 
Trajetória linear Trajetória Bilinear - Tração: 5%
Trajetória Bilinear - Tração: 10% Trajetória bilinear - Tração 15%
Trajetória Bilinear - Estiramento biaxial: 4,8% Trajetória Bilinear - Estiramento biaxial: 9%
Trajetória bilinear - Estiramento biaxial: 12%
1
Deformação equivalente x cos()

0,9

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

Deformação equivalente x sen()


 
b)  Bragard – Hill (1948) 
Figura 137 ­ Curvas  Limites  de  Conformação  representadas  em  deformação  plástica 
equivalente  convertidas  a  partir  das  deformações  limites  obtidas  pela  técnica  de  Bragard 
utilizando os critério de plasticidade de a) von Mises e b) Hill (1948). 
 
152 
 
 

Hill (1948) von Mises


1
Deformação equivalente x cos()

0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
Deformação equivalente x sen()  
a)  Hecker 
Hill (1948) von Mises
Deformação equivalente x cos()

1
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
Deformação equivalente x sen()
 
b) Bragard 
Figura 138 – Comparação do efeito do critério de escoamento adotado para a determinação das 
Curvas Limites de Conformação ee deformação plástica equivalente a partir das deformações 
limites de a) Hecker e de b) Bragard. 
 
 
 
153 
 
Hecker Bragard
1
Deformação equivalente x cos()
0,9

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0
-0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
Deformação equivalente x sen()  
Figura 139 ­ Efeito da técnica de avaliação das deformações limites de Hecker e de Bragard na 
CLC representadas em deformação plástica equivalente. 
 
   
154 
 
 

6.  Conclusões 

No  presente  estudo,  os  efeitos  de  trajetória  de  deformação  nas  deformações  limites  de  uma 
chapa de aço livre de intersticiais foram avaliados ora por meio de ensaios mecânicos ora com 
base nas observações realizadas por análises de microestrutura, textura cristalográfica e arranjos 
de  células  de  discordâncias.  Os  esboços  foram  pré­deformados  no  plano  pela  técnica  de 
Marciniak sob os modos de tração uniaxial simples e estiramento biaxial simétrico. Os níveis 
de pré­deformação foram definidos para a mesma quantidade de trabalho plástico por unidade 
de volume. A metodologia de pré­deformação proposta foi validada com auxílio de simulações 
por elementos  finitos e  curvas de escoamento determinadas  em  ensaios  de tração uniaxial e 
expansão hidráulica. De forma complementar, foram avaliadas as descrições da Curva Limite 
de  Conformação  (CLC)  empregando­se  um  modelo  de  previsão  com  bases  na  teoria  de 
escoamento  plástico  com  encruamento  isotrópico.  Neste  tipo  de  modelo,  as  medidas 
experimentais das deformações limites, que compõem a CLC convencional em deformações 
principais,  são  convertidas  em  tensões  principais  ou  em  função  da  deformação  plástica 
equivalente.  A  partir  dos  resultados  experimentais,  análises  das  diferentes  técnicas  de 
caracterização  e  previsões  teóricas,  foi  possível  estabelecer  as  seguintes  conclusões 
relacionadas  com  a  capacidade  de  deformação  plástica  de  uma  chapa  de  aço  livre  de 
intersticiais: 
1) A Curva Limite de Conformação (CLC) quando definida pela metodologia de Bragard (ISO 
12004­2)  é  mais  conservadora  em  comparação  as  deformações  limites  determinadas  pelo 
método de Hecker (ASTM E­2218). Essa diferença pode ser atribuída aos ajustes polinomiais 
empregados para definir os pares de pontos que descrevem a condição de estricção localizada 
de acordo com a ISO 12004­2. Os efeitos de posicionamento da CLC em ambos os modos de 
155 
 
pré­deformação  são  os  mesmos  independentemente  do  método  adotado  para  definir  as 
deformações limites; 
2) Considerando a capacidade de deformação (modo de pré­deformação + deformação limite 
em trajetória linear), constatou­se que o domínio de deformação biaxial (1 > 0 e 2 > 0) foi 
maximizado  a  partir  de  maiores  níveis  de  pré­deformação  por  tração  uniaxial  simples.  Em 
contrapartida, quanto maior foi a pré­deformação por estiramento biaxial simétrico, menor foi 
a  capacidade  de  deformação  do  aço  no  domínio  de  estiramento  biaxial  e  maiores  foram  as 
deformações limites no domínio estampagem (1 > 0 e 2 < 0). O valor de CLC0, intercepto da 
CLC em trajetória linear, após a pré­deformação por estiramento biaxial simétrico sofreu um 
decréscimo e deslocou­se para direita da curva. Já o valor de CLC0 após pré­deformação por 
tração uniaxial simples foi deslocado para a esquerda e para valores mais elevados da maior 
deformação principal; 
3) Por microscopia ótica não foi observado, para os níveis de deformação adotados, nenhuma 
alteração significativa no tamanho de grão ferrítico, tampouco na morfologia. Pela técnica de 
difração  de  elétrons  retroespalhados  foram  identificadas  tendências  de  evolução  de  textura 
cristalográfica pelo aumento progressivo de intensidade da fibra gama durante deformação por 
tração  uniaxial  simples.  Sob  estiramento  biaxial  simétrico,  a  tendência  foi  em  reforçar 
componentes da fibra gama como um todo; 
4)  Por  meio  de  mapas  de  textura  que  remetem  à  geração  de  desorientação  atribuídas  às 
deformações impostas, foi possível quantificar de forma indireta os efeitos do tipo e intensidade 
de deformação. O índice de qualidade apresentou queda do padrão de difração com o aumento 
da deformação, sendo mais proeminente essa degradação para condição de estiramento biaxial 
simétrico.  Por  meio  dos  mapas  de  Kernel  e  de  desorientação  média  de  grão,  verificou­se 
aumento de desorientação para maiores intensidades de deformação. As maiores desorientações 
foram encontradas para a condição de tração uniaxial simples; 
5) De modo a visualizar a estrutura celular de discordâncias geometricamente  necessárias, a 
técnica de microscopia eletrônica de transmissão mostrou a tendência de formação de estrutura 
de discordâncias com paredes densas, de forma isotrópica e heterogênea quando da deformação 
por estiramento biaxial simétrico. Sob tração uniaxial simples foi suposto, por meio da análise 
via difração de elétrons espalhado à diante, a existência de estrutura celular de discordâncias 
com contornos de blocos de células definidos. Por outro lado, não foi possível avaliar por meio 
da  técnica  de  transmissão  de  elétrons  retroespalhados,  até  o  momento,  as  subestruturas  nas 
amostras pré­deformadas tanto em tração uniaxial quanto em estiramento biaxial; 
6) Com relação a representação da CLC, verificou­se que não há alteração devido a trajetória 
de deformação quando adota­se a representação no espaço de tensões principais. Isso ocorre 
156 
 
independentemente  do  critério  de  plasticidade  (isotrópico  ou  anisotrópico)  e  curva  de 
encruamento  adotados.  Contudo,  foi  constatado  que  o  posicionamento  e  o  formato  dessas 
curvas são bastante dependentes do critério de plasticidade. Em particular, o critério isotrópico 
de  von  Mises  com  a  equação  de  encruamento  de  Hocket­Sherby  fornece  previsões  mais 
conservadoras em comparação aos resultados determinados pelo critério anisotrópico de Hill 
(1948) com a equação de encruamento de Swift/Hocket­Sherby. A representação da CLC em 
função da deformação plástica equivalente resulta em uma descrição independente com respeito 
ao  tipo  de  trajetória  de  deformação  avaliado  (linear  ou  bilinear).  Conclui­se  para  as 
representações da CLC avaliadas nesse trabalho, que o método de definição experimental da 
CLC  na  estricção  de  Hecker  (ASTM  E­2218)  juntamente  com  o  critério  de  plasticidade 
anisotrópico de Hill (1948) fornece previsões com maior independência em relação a trajetória 
de deformação empregando­se a descrição em deformação plástica equivalente.  

   
157 
 
 

7.  Referências Bibliográficas 

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