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Maio/1999 PROJETO 24:301.

06-001

Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios


em situação de incêndio

ABNT- Associação
Brasileira de Normas Procedimento
Técnicas

Sede: CB-24 - Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio


Rio de Janeiro CE 24:301.06 - Comissão de Estudo de Segurança das Estruturas
Av. Treze de Maio,13/28o andar
CEP 20003 - Caixa Postal 1680 em Situação de Incêndio
Rio de Janeiro - RJ 24:301.06-001 – Steel Structures Fire Design
Tel.: PABX (021) 210-3122 Descriptors: steel structures, fire design, structural safety
telex: (021)) 34333 ABNT-BR
Endereço Telegráfico:
NORMA TÉCNICA

Copyright  1999
ABNT - Associação Brasileira
de NormasPalavras-
Técnicas Palavras-chave: estruturas de aço, 76 páginas
Printed in Brazil / segurança contra incêndio,
Impresso no Brasil
Todos os direitos reservados segurança estrutural

SUMÁRIO
1 Objetivo
2 Referências normativas
3 Definições
4 Símbolos
5 Materiais
6 Condições básicas para o dimensionamento estrutural
7 Dimensionamento por ensaios
8 Método simplificado de dimensionamento
9 Métodos avançados de análise estrutural e térmica
Anexo A: Dimensionamento de vigas mistas
Anexo B: Dimensionamento de pilares mistos
Anexo C: Dimensionamento de lajes com fôrma de aço incorporada
Anexo D: Propriedades térmicas dos aços

_______________________________________________________________________
Prefácio

A ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - é o Fórum Nacional de


Normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês
2 Projeto 24:301.06-001/1998
Brasileiros (CB) e dos Organismos de Normalização Setorial (ONS), são elaboradas por
Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas
fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).

Os projetos de Norma Brasileira, elaborados no âmbito dos CB e ONS, circulam para


Votação Nacional entre os associados da ABNT e demais interessados.

1 Objetivo

1.1 Esta Norma fixa as condições exigíveis para o dimensionamento em situação de


incêndio de elementos estruturais de aço constituídos por perfis laminados, perfis soldados
não-híbridos, perfis formados a frio, de elementos estruturais mistos aço-concreto (vigas
mistas, pilares mistos e lajes de concreto com fôrma de aço incorporada), e de ligações
executadas com parafusos ou soldas.

1.2 Entende-se por dimensionamento em situação de incêndio a verificação dos elementos


estruturais e suas ligações, com ou sem proteção contra incêndio, no que se refere à
estabilidade e à resistência aos esforços solicitantes em temperatura elevada, a fim de
evitar o colapso da estrutura em um tempo inferior àquele necessário para possibilitar a
fuga dos usuários da edificação e, quando necessário, a aproximação e o ingresso de
pessoas e equipamentos para as ações de combate ao fogo.

1.3 Esta Norma se aplica a edifícios destinados à habitação, aos usos comercial e
industrial e a edifícios públicos.

2 Referências normativas

2.1 As normas relacionadas a seguir contêm disposições que, por meio de referência neste
texto, constituem prescrições válidas para a presente Norma. Na data da publicação desta
Norma, as edições indicadas eram válidas. Como todas as normas estão sujeitas a
revisões, as partes envolvidas em acordos baseados nesta Norma devem investigar a
possibilidade de utilização de edições mais recentes das normas indicadas. A ABNT
mantém registro das normas válidas atualmente.

NBR 8800 - Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios, 1986.

NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas, 1984.

NBR 5628 - Componentes construtivos estruturais - Determinação da resistência ao fogo,


1980

NBR 6123 – Forças devidas ao vento em edificações, 1988.

NBR 7808 - Símbolos gráficos para projetos de estruturas, 1983.

NBR 6118 - Projeto e execução de obras de concreto armado, 1978.

AISI - Load and resistance factor design specifications for cold-formed steel structural
members, 1991.
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ENV 1991-2-2 - Basis of design and actions on structures - Actions on structures - Actions
on structures exposed to fire, 1995.

ENV 1993-1-1 - Design of steel structures - General rules and rules for buildings, 1992.

ENV 1993-1-2 - Design of steel structures - General rules - Structural fire design, 1995.

ENV 1993-1-3 - Design of steel structures - General rules - Supplementary rules for cold
formed thin gage members and sheetings, 1996.

ENV 1994-1-1 - Design of composite steel and concrete structures - General rules and rules
for building, 1992

2.2 Os laboratórios estrangeiros referenciados genericamente em várias partes do texto da


presente norma devem ter reconhecimento e aceitação por parte da comunidade técno-
científica internacional.

2.3 As normas ou especificações estrangeiras, referenciadas genericamente em várias


partes do texto da presente norma, devem ser reconhecidas internacionalmente e, no
momento do uso, devem estar válidas.

3 Definições

Para os efeitos da presente Norma, aplicam-se as seguintes definições:

3.1. Ações térmicas - Ações na estrutura descritas por meio do fluxo de calor para os
seus componentes.

3.2 Elementos estruturais - Peças ou barras com capacidade de resistir a esforços


solicitantes e que fazem parte da estrutura, incluindo o contraventamento.

3.3 Elementos estruturais protegidos - Elementos estruturais envolvidos com


material de proteção contra incêndio para reduzir sua elevação de temperatura em incêndio.

3.4 Estanqueidade - Capacidade da vedação de impedir a ocorrência em incêndio de


rachaduras ou outras aberturas, através das quais podem passar chamas e gases quentes
capazes de ignizar um chumaço de algodão.

3.5 Estruturas externas - Partes da estrutura situadas do lado externo de um edifício.

3.6 Estruturas internas - Partes da estrutura situadas no interior de um edifício.

3.7 Fluxo de calor - Energia absorvida por unidade de tempo e área.

3.8 Isolamento térmico - Capacidade da vedação de impedir a ocorrência, na face não-


exposta ao incêndio, de incrementos de temperatura superiores a 140C, na média dos
pontos da medida, ou superiores a 180C, em qualquer ponto da medida.

3.9 Perfil não-híbrido - Perfil cujos elementos componentes são formados pelo mesmo
aço.
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3.10 Resistência ao fogo - Tempo durante o qual um elemento estrutural, estando sob
a ação do incêndio-padrão, definido na NBR 5628, não sofre colapso estrutural.

3.11 Temperatura ambiente - Temperatura suposta igual a 20C.

3.12 Vedação - Elementos e componentes estruturais ou não-estruturais (paredes e


pisos) formando parte de um contorno de um compartimento de incêndio.

4 Símbolos

Os símbolos usados nesta Norma estão de acordo, sempre que possível, com a NBR 7808.
Eles são os seguintes:

4.1 Letras romanas maiúsculas


A - área da seção transversal
Ag - área bruta da seção transversal da barra.
Cfi - resultante de compressão na laje de concreto de uma viga mista
- resultante de compressão no perfil de aço de uma viga mista

Cm - coeficiente relativo ao eixo x


Cmy - coeficiente relativo ao eixo y
E - módulo de elasticidade tangente do aço a 20°C
Ec, - módulo de elasticidade secante do concreto de densidade normal em
qualquer temperatura
E módulo de elasticidade tangente do aço em temperatura elevada
FG - valor nominal da ação permanente
FQ - valor nominal das cargas acidentais
FQ,exc - valor nominal da ação transitória excepcional
I - momento de inércia
L - altura de um andar
Mcr - momento fletor de flambagem elástica
Mpl - momento de plastificação
Mr - momento fletor correspondente ao início do escoamento
Mfi,n - resistência nominal ao momento fletor em situação de incêndio
Mfi,Rd - resistência de cálculo ao momento fletor em situação de incêndio
Mx,fi,Sd - momento fletor em situação de incêndio em torno do eixo x
My,fi,Sd - momento fletor em situação de incêndio em torno do eixo y
Mx,fi,Rd - resistência de cálculo ao momento fletor em situação de incêndio, em
torno do eixo x
My,fi,Rd - resistência de cálculo ao momento fletor em situação de incêndio, em
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torno do eixo y
Nfi,Sd - força normal de cálculo em situação de incêndio
Nfi,ex - carga de flambagem elástica por flexão em torno do eixo x em
situação de incêndio
Nfi,ey - carga de flambagem elástica por flexão em torno do eixo y em
situação de incêndio
Nfi,Rd - resistência de cálculo de uma barra axialmente tracionada ou
comprimida em situação de incêndio
Qfi,n - somatório das resistências nominais individuais dos conectores de
cisalhamento situados entre a seção de momento máximo e a seção
adjacente de momento nulo, em situação de incêndio
Rfi,d - resistência de cálculo em situação de incêndio
Sfi,d - solicitação de cálculo em situação de incêndio

Tfi - resultante de tração no perfil de aço de uma viga mista


Vfi,Rd - resistência de cálculo à força cortante em situação de incêndio
Vl,Rd - resistência de cálculo ao cisalhamento longitudinal de lajes com fôrma
de aço incorporada
Vp,Rd - resistência de cálculo à punção de lajes com fôrma de aço incorporada
Vv,Rd - resistência de cálculo ao cisalhamento vertical de lajes com fôrma de
aço incorporada

4.2 Letras romanas minúsculas


a - espessura comprimida ou considerada efetiva da laje de concreto em
vigas mistas
b - largura efetiva da laje de concreto, largura
bfi - largura da mesa inferior
bfs - largura da mesa superior
ca - calor específico do aço
cm - calor específico do material de proteção contra incêndio
fck - resistência característica à compressão do concreto de densidade
normal a 20°C
fckb - resistência característica à compressão do concreto de baixa
densidade a 20°C
fck, - resistência característica à compressão do concreto de densidade
normal em temperatura elevada
fckb, - resistência característica à compressão do concreto de baixa
densidade em temperatura elevada
fr - tensão residual
- limite de resistência a 20°C dos aços laminados a quente
- limite de escoamento a 20°C dos aços laminados a quente
6 Projeto 24:301.06-001/1998
- limite de escoamento a 20°C dos aços trefilados
fy, - limite de escoamento dos aços laminados a quente em temperatura
elevada
fyo, - limite de escoamento dos aços trefilados em temperatura elevada
h - altura da alma
hF - altura das nervuras das formas de aço
1 - fator de correção para temperatura não-uniforme na seção transversal
2 - fator de correção para temperatura não-uniforme ao longo do
comprimento de um elemento estrutural
a - fator de correção empírico da resistência de barras comprimidas em
temperatura elevada
kc, - fator de redução para a resistência característica à compressão do
concreto de densidade normal em temperatura elevada relativo ao
valor a 20°C
kcb, - fator de redução para a resistência característica à compressão do
concreto de baixa densidade em temperatura elevada relativo ao valor
a 20°C
kE, - fator de redução para o módulo de elasticidade dos aços em
temperatura elevada relativo ao valor a 20°C
ky, - fator de redução para o limite de escoamento dos aços laminados a
quente em temperatura elevada relativo ao valor a 20°C
kyo, - fator de redução para o limite de escoamento dos aços trefilados em
temperatura elevada relativo ao valor a 20°C
Qfi,n - resistência nominal de um conector de cisalhamento em situação de
incêndio
t - tempo de resistência a incêndio, espessura
tc - espessura da laje de concreto
tw - espessura da alma
tfi - espessura da mesa inferior
tfs - espessura da mesa superior
tm - espessura do material de proteção contra incêndio
u - perímetro do elemento estrutural exposto ao incêndio
um - perímetro efetivo do material de proteção contra incêndio
ucr - perímetro crítico

4.3 Letras gregas maiúsculas


 - aumento, elevação

4.4 Letras gregas minúsculas


c - coeficiente de transferência de calor por convecção
res - emissividade resultante
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- coeficiente de resistência do aço


- coeficiente de resistência do concreto
c - peso específico do concreto
g - coeficiente de ponderação para a ação permanente
 - valor do fluxo de calor por unidade de área
c - componente do fluxo de calor devido à convecção
r - componente do fluxo de calor devido à radiação
m - condutividade térmica do material de proteção contra incêndio
p - parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação
r - parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento
p,fi - parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação em temperatura
elevada
r,fi - parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento em
temperatura elevada
- parâmetro de esbeltez para barras comprimidas em temperatura
ambiente

- parâmetro de esbeltez para barras comprimidas em temperatura


elevada
- massa específica do aço
- massa específica do material de proteção contra incêndio
- fator de redução da resistência de barras axialmente comprimidas em
situação de incêndio
a - temperatura do aço
c - temperatura do concreto
g - temperatura dos gases
s - temperatura da armadura
a,t - temperatura do aço no tempo t
g,t - temperatura dos gases no tempo t

4.5 Índices gerais


a - aço
c - concreto, convecção
d - de cálculo
j - referente à ligação
m - material de proteção contra incêndio
n - nominal
r - início do escoamento, radiação
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t - tempo
u - relacionado ao limite de resistência
w - alma
x - relacionado ao eixo x
y - relacionado ao eixo y

4.6 Índices compostos


Rd - resistência de cálculo
Sd - solicitação de cálculo
fi - em situação de incêndio, mesa inferior
fs - mesa superior
pl - plastificação

5 Materiais

5.1 Aço

As propriedades mecânicas e térmicas apresentadas respectivamente nas subseções 5.1.1


e 5.1.2 aplicam-se, em temperatura elevada, aos aços previstos em Normas Brasileiras para
uso estrutural. Os valores destas propriedades podem ser também aplicados a aços para
uso estrutural fabricados por usina siderúrgica qualificada, com composição química e
propriedades mecânicas em temperatura ambiente definidas.

5.1.1 Propriedades mecânicas

5.1.1.1 Limite de escoamento e módulo de elasticidade

5.1.1.1.1 Para taxas de aquecimento entre 2C/min e 50C/min, a tabela 1 fornece fatores
de redução, relativos aos valores a 20°C, para o limite de escoamento dos aços laminados a
quente, limite de escoamento dos aços trefilados e módulo de elasticidade de todos os tipos
de aço, em temperatura elevada, respectivamente , e , de modo que:

Onde:
é o limite de escoamento dos aços laminados a quente à uma temperatura a;
é o limite de escoamento dos aços laminados a quente a 20°C;
é o limite de escoamento dos aços trefilados à uma temperatura a;
é o limite de escoamento dos aços trefilados a 20°C;
E é o módulo de elasticidade de todos os tipos de aço à uma temperatura a;
E é o módulo de elasticidade de todos os aços a 20°C.
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Tabela 1 - Fatores de redução para o aço


Temperatura Fator de redução Fator de redução Fator de redução
do aço para o limite de para o limite de para o módulo de
a escoamento dos escoamento dos elasticidade de
(°C) aços laminados aços trefilados todos os tipos
a quente de aço
ky, kyo, kE,
20 1,000 1,000 1,0000
100 1,000 1,000 1,0000
200 1,000 1,000 0,9000
300 1,000 1,000 0,8000
400 1,000 0,940 0,7000
500 0,780 0,670 0,6000
600 0,470 0,400 0,3100
700 0,230 0,120 0,1300
800 0,110 0,110 0,0900
900 0,060 0,080 0,0675
1000 0,040 0,050 0,0450
1100 0,020 0,030 0,0225
1200 0,000 0,000 0,0000
Nota: Para valores intermediários da temperatura do aço, pode ser feita interpolação linear

5.1.1.1.2 A variação dos fatores de redução , e com a temperatura é


ilustrada na figura 1.
k Eyo
y, ,  Fator de redução
1

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Temperatura [oC]
Figura 1 - Variação dos fatores de redução para o limite de escoamento e o módulo de elasticidade do aço
com a temperatura

5.1.1.1.3 Caso algum aço estrutural possua variação do limite de escoamento ou do


módulo de elasticidade com a temperatura diferente da apresentada na tabela 1 e figura 1,
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os valores próprios deste aço poderão ser utilizados, desde que obtidos em ensaios
realizados em laboratório nacional ou laboratório estrangeiro, de acordo com Norma
Brasileira específica ou de acordo com norma ou especificação estrangeira.

5.1.1.2 Massa específica

A massa específica do aço pode ser considerada independente da temperatura, e igual a:

5.1.2 Propriedades térmicas

As variações do alongamento, calor específico e condutividade térmica dos aços estruturais


com a temperatura são fornecidas no anexo D. Caso se empregue o método simplificado de
cálculo descrito na seção 8, podem ser utilizados os valores apresentados em 5.1.2.1,
5.1.2.2 e 5.1.2.3 para essas propriedades, respectivamente.

5.1.2.1 Alongamento

5.1.2.2 Calor específico

J/kg°C

5.1.2.3 Condutividade térmica

a = 45 W/m°C

5.2 Concreto

5.2.1 A tabela 2 fornece fatores de redução, relativos aos valores a 20°C, para a
resistência característica à compressão dos concretos de densidade normal e de baixa
densidade, em temperatura elevada, respectivamente e , de modo que:

Onde:
fck, é a resistência característica à compressão do concreto de densidade normal à
uma temperatura c;
fck é a resistência característica à compressão do concreto de densidade normal a
20°C;
fckb, é a resistência característica à compressão do concreto de baixa densidade à
uma temperatura c;
fckb é a resistência característica à compressão do concreto de baixa densidade a
20°C.
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5.2.2 A variação de e com a temperatura é também ilustrada na figura 2.


Tabela 2 - Fatores de redução para o concreto
Temperatura Fator de redução Fator de redução
do concreto para a resistência para a resistência
característica à característica à
c compressão do compressão do
(°C) concreto de concreto de
densidade normal baixa densidade
kc, kcb,
20 1,000 1,000
100 0,950 1,000
200 0,900 1,000
300 0,850 1,000
400 0,750 0,880
500 0,600 0,760
600 0,450 0,640
700 0,300 0,520
800 0,150 0,400
900 0,080 0,280
1000 0,040 0,160
1100 0,010 0,040
1200 0,000 0,000
Nota: Para valores intermediários da temperatura do concreto, pode ser feita interpolação linear

k cb
c, , Fator de redução

Figura 2 - Variação dos fatores de redução para a resistência característica à compressão do concreto
com a temperatura

5.2.3 O módulo de elasticidade do concreto de densidade normal, em megapascal, em


qualquer temperatura, pode ser estimado por:
12 Projeto 24:301.06-001/1998

Onde:
c é o peso específico do concreto em quilonewton por metro cúbico (valor mínimo
previsto de 15 kN/m 3);
kc, é o fator de redução, relativo ao valor a 20C, da resistência característica à
compressão do concreto de densidade normal, dado na tabela 2;
fck é a resistência característica à compressão do concreto de densidade normal, em
megapascal.

5.3 Materiais de proteção contra incêndio

As propriedades térmicas, a aderência ao aço e a eficiência das juntas dos materiais de


proteção contra incêndio devem ser determinadas por ensaios realizados em laboratório
nacional ou laboratório estrangeiro, de acordo com a NBR 5628 ou de acordo com norma
ou especificação estrangeira.

6 Considerações básicas para dimensionamento estrutural

6.1 Generalidades

6.1.1 Os elementos estruturais de aço constituídos por perfis laminados e perfis soldados
não-híbridos, as vigas mistas e as ligações soldadas e parafusadas, exceto aquelas entre
perfis de chapa fina formados a frio, devem ser projetados à temperatura ambiente de
acordo com a NBR 8800.

6.1.2 Os pilares mistos e as lajes de concreto com fôrma de aço incorporada devem ser
projetados à temperatura ambiente de acordo com os anexos B e C desta Norma,
respectivamente.

6.1.3 Os perfis estruturais de aço formados a frio e suas ligações devem ser projetados à
temperatura ambiente de acordo com a especificação do AISI (American Iron and Steel
Institute), relacionada a estes perfis, ou do ENV 1993-1-1 e do ENV 1993-1-3, ou ainda de
acordo com uma outra norma ou especificação estrangeira, mas usando-se as combinações
de ações dadas na subseção 4.8 da NBR 8800.

6.1.4 O dimensionamento de uma estrutura em situação de incêndio deve ser feito por
meio de resultados de ensaios, de acordo com a seção 7, ou por meio do método
simplificado de dimensionamento, descrito na seção 8, ou um método avançado de análise
estrutural e térmica, obedecendo-se às diretrizes apresentadas na seção 9, ou ainda por
uma combinação entre ensaios e cálculos.

6.1.5 O dimensionamento por meio de resultados de ensaios somente pode ser feito se os
ensaios tiverem sido realizados em laboratório nacional ou laboratório estrangeiro, de
acordo com Norma Brasileira específica ou de acordo com norma ou especificação
estrangeira.

6.1.6 O dimensionamento por meio de cálculos deve ser feito usando-se o método dos
estados limites. Deve-se levar em consideração que as propriedades mecânicas do aço e
Projeto 24:301.06-001/1998 13

do concreto, a exemplo de outros materiais, debilitam-se progressivamente com o aumento


de temperatura e como conseqüência, pode ocorrer o colapso de um elemento estrutural ou
ligação como resultado de sua incapacidade de resistir às ações aplicadas.

6.1.7 O método simplificado de dimensionamento descrito na seção 8 se aplica aos


elementos que compõem a estrutura individualmente.

6.1.8 Os métodos avançados de análise estrutural e térmica são aqueles em que os


princípios da engenharia de incêndio são aplicados de maneira realística em situações
específicas.

6.2 Combinações de ações para os estados limites últimos

6.2.1 As combinações de ações para os estados limites últimos em situação de incêndio


devem ser consideradas como combinações últimas excepcionais e obtidas de acordo com
a NBR 8681. Deve-se considerar que as ações transitórias excepcionais, ou sejam, aquelas
decorrentes da elevação da temperatura na estrutura em virtude do incêndio, têm um tempo
de atuação muito pequeno. Desta forma as combinações de ações podem ser expressas
por:
- em locais em que não há predominância de pesos de equipamentos que permaneçam
fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas:

- em locais em que há predominância de pesos de equipamentos que permaneçam fixos


por longos períodos de tempo, ou de elevadas concentrações de pessoas:

- em bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens:

Onde:
é o valor nominal da ação permanente;
é o valor nominal das ações térmicas;
é o valor nominal das ações variáveis devidas às cargas acidentais;
é o valor do coeficiente de ponderação para as ações permanentes, igual a:
 1,1 para ação permanente desfavorável de pequena variabilidade;
 1,2 para ação permanente desfavorável de grande variabilidade;
 1,0 para ação permanente favorável de pequena variabilidade;
 0,9 para ação permanente favorável de grande variabilidade.

6.2.2 As barras de contraventamento deverão ser dimensionadas para a seguinte


combinação de ações:
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onde g, FG e FQ,exc são definidos em 6.2.1 e F W é o valor nominal das ações devidas ao
vento determinadas conforme a NBR 6123.

6.2.3 Para efeito desta Norma, são consideradas ações permanentes de pequena
variabilidade apenas os pesos próprios de elementos metálicos e pré-fabricados, com
controle rigoroso de peso.

6.3 Resistências de cálculo

Para os estados limites últimos em situação de incêndio, as resistências de cálculo devem


ser determinadas usando-se os seguintes coeficientes de resistência:
(a) 1,00, para o aço;
(b) 1,00, para o concreto.

6.4 Fator de massividade

6.4.1 O índice de aumento de temperatura de um elemento estrutural de aço em incêndio


é proporcional ao seu fator de massividade u/A, para elementos sem proteção, ou u m/A,
para elementos recobertos com material de proteção contra incêndio, onde:
u é o perímetro do elemento estrutural de aço exposto ao incêndio, como dado na
tabela 3;
um é o perímetro efetivo do material de proteção contra incêndio, como dado na tabela
4;
A é a área da seção transversal do elemento estrutural de aço.

6.4.2 Ao se determinar o fator de massividade, a área bruta da seção transversal deve ser
usada. O efeito de pequenos furos pode ser desprezado.

6.4.3 Caso não se disponham de resultados de ensaios específicos para peças alveolares,
deve ser tomado o fator de massividade do perfil original.

7 Dimensionamento por ensaios

7.1 Resistência

Os elementos estruturais e suas ligações, com ou sem proteção contra incêndio, podem ter
sua resistência em situação de incêndio determinada a partir de resultados de ensaios,
realizados em laboratório nacional ou laboratório estrangeiro, de acordo com a NBR 5628
ou de acordo com outra norma brasileira ou ainda de acordo com norma ou especificação
estrangeira.

7.2 Considerações para elementos estruturais com proteção

7.2.1 Espessura necessária

7.2.1.1 A espessura necessária dos materiais de proteção contra incêndio deve ser obtida
a partir de resultados de ensaios, de acordo com resultados de ensaios realizados em
Projeto 24:301.06-001/1998 15

laboratório nacional ou laboratório estrangeiro, de acordo com Norma Brasileira específica


ou de acordo com norma ou especificação estrangeira.

7.2.1.2 Os ensaios devem ser feitos associando-se o fator de massividade do elemento de


aço, conforme indicado na tabela 4, a resistência ao fogo e a espessura do material de
proteção contra incêndio.

7.2.2 Seções tubulares

Caso não se disponham de resultados de ensaios específicos para seções tubulares, a


espessura de um material de proteção contra incêndio aplicado por jateamento nestas
seções pode ser obtida tendo por base a espessura t m requerida para um perfil I ou H com
o mesmo fator de massividade, da seguinte forma:
- para fator de massividade do perfil sem proteção u/A menor que 250, a espessura é
igual a tm [1+(u/A)/1000];
- para fator da massividade do perfil sem proteção u/A maior ou igual a 250, a espessura
igual a 1,25 tm.

7.2.3 Peças alveolares

Caso não se disponham de resultados de ensaios específicos para peças alveolares, a


espessura do material de proteção contra incêndio a ser aplicado às mesmas deve ser igual
a 1,2 vezes a espessura necessária para o perfil original.

7.2.4 Ligações estruturais

A espessura do material de proteção contra incêndio a ser usado em uma ligação


parafusada ou soldada não pode ser inferior à espessura necessária do material de
proteção do elemento estrutural de maior fator de massividade que chega na ligação.

8 Método simplificado de dimensionamento

8.1 Aplicação

O método simplificado de dimensionamento descrito nesta seção se aplica às barras


prismáticas de aço constituídas por perfis laminados e soldados não-híbridos, às vigas
mistas e pilares mistos nos quais o perfil de aço utilizado é laminado ou soldado não-
híbrido, e às lajes de concreto com fôrma de aço incorporada. Outras limitações são
apresentadas no tratamento das diversas situações particulares.

8.2 Capacidade estrutural e resistência

8.2.1 As condições de segurança de uma estrutura em situação de incêndio podem ser


expressas por:
(Sfi,d, Rfi,d)  0

Quando a segurança é verificada isoladamente em relação a cada um dos esforços


atuantes, as condições de segurança podem ser expressas da seguinte forma simplificada:
16 Projeto 24:301.06-001/1998

Onde:
é a solicitação de cálculo em situação de incêndio, obtida de acordo com 6.2;
é a resistência de cálculo correspondente do elemento estrutural para o estado limite
último em consideração, em situação de incêndio.

8.2.2 Na determinação das solicitações de cálculo, os efeitos das deformações térmicas


resultantes dos gradientes térmicos ao longo da altura da seção transversal das barras
precisam ser considerados. Caso seja usada a curva temperatura-tempo dos gases quentes
padronizada pela NBR 5628, os efeitos das expansões térmicas das barras podem ser
desprezados.

8.2.3 A resistência de cálculo em situação de incêndio, , determinada em 8.4, não


pode ser tomada com valor superior à resistência de cálculo à temperatura ambiente
determinada conforme a NBR 8800.

8.2.4 Ao se considerar os efeitos das deformações térmicas resultantes dos gradientes


térmicos, admite-se simplificadamente efetuar a análise estrutural tomando o módulo de
elasticidade do aço constante e igual ao seu valor em temperatura elevada, conforme
5.1.1.1, em todos os elementos estruturais afetados pelo incêndio.

8.2.5 No caso de vigas com laje de concreto sobreposta, o gradiente térmico pode ser
obtido pela diferença entre as temperaturas na mesa superior e na mesa inferior,
considerando que essas mesas têm aquecimentos independentes, cada uma com seu fator
de massividade.

8.2.6 A resistência de cálculo deve ser determinada considerando a variação das


propriedades mecânicas do aço e do concreto com a temperatura, conforme a seção 5. Em
8.4, torna-se , , etc, separadamente ou em combinação, e os valores
correspondentes da solicitação, , , etc, representam .

8.2.7 O estado limite último de ruptura da seção líquida efetiva não precisa ser
considerado, uma vez que a temperatura do aço será menor na ligação devido à presença
de material adicional.

8.2.8 A resistência das ligações entre elementos estruturais não precisa ser verificada
desde que a resistência térmica da proteção contra incêndio da ligação não seja
menor que o valor mínimo da resistência térmica da proteção contra incêndio de
qualquer elemento conectado, onde:
tm é a espessura do material de proteção contra incêndio (tomar t m = 0 quando não
houver proteção);
é a condutividade térmica do material de proteção contra incêndio.

8.3 Distribuição de temperatura

8.3.1 Nesta Norma, ao se usar o método simplificado de dimensionamento para obtenção


da resistência de cálculo, dependendo do tipo de solicitação e do estado limite último,
considera-se simplificadamente distribuição uniforme de temperatura na seção transversal e
Projeto 24:301.06-001/1998 17

ao longo do comprimento dos elementos estruturais de aço ou distribuição não-uniforme por


meio de procedimentos favoráveis à segurança. Nas subseções relacionadas à
determinação da resistência, os estados limites últimos e a distribuição de temperatura
considerada são devidamente explicitados.

8.3.2 Pode ser utilizada uma distribuição de temperatura mais precisa que a mencionada
em 8.3.1 nos elementos estruturais, desde que prevista em norma ou especificação
estrangeira.

8.4 Resistência de elementos estruturais de aço

8.4.1 Barras tracionadas

8.4.1.1 A resistência de cálculo de uma barra axialmente tracionada com


distribuição uniforme de temperatura na seção transversal e ao longo do comprimento, para
o estado limite último de escoamento da seção bruta, é igual a:

Onde:
é o fator de redução do limite de escoamento do aço à temperatura a, conforme
5.1.1.1;
Ag é a área bruta da seção transversal da barra.

8.4.1.2 Para o estado limite último de ruptura da seção líqüida efetiva, ver a subseção
8.2.8.

8.4.2 Barras comprimidas

8.4.2.1 Esta subseção se aplica às barras axialmente comprimidas, cujos elementos


componentes da seção transversal não possuam relações superiores aos valores
dados na tabela 1 da NBR 8800 para seções classe 3.

8.4.2.2 A resistência de cálculo de uma barra com distribuição uniforme de


temperatura na seção transversal e ao longo do comprimento, para o estado limite último de
instabilidade, é igual a:

Onde:
é o fator de redução da resistência à compressão em situação de incêndio,
determinado conforme 8.4.2.3;
é o fator de redução do limite de escoamento do aço à temperatura a, conforme
5.1.1.1;
é um fator de correção empírico da resistência da barra em temperatura elevada,
cujo valor é dado em 8.4.2.4.

8.4.2.3 O valor de deve ser obtido de acordo com a NBR 8800, mas usando-se:
18 Projeto 24:301.06-001/1998
- sempre a curva c, independentemente do tipo de seção transversal, do modo de
instabilidade e do eixo em relação ao qual esta instabilidade ocorre;
- o parâmetro de esbeltez para a temperatura a dado por:

Onde:
é o parâmetro de esbeltez para barras comprimidas, determinado de acordo com
a NBR 8800;
é o fator de redução do limite de escoamento do aço à temperatura a conforme
5.1.1.1;
é o fator de redução do módulo de elasticidade do aço à temperatura a conforme
5.1.1.1.

8.4.2.4 O fator de correção tem os seguintes valores:


- para
- para

8.4.2.5 O comprimento de flambagem para a situação de incêndio pode ser determinado


como no projeto à temperatura ambiente.

8.4.3 Barras fletidas

8.4.3.1 Esta subseção se aplica às barras fletidas, cujos elementos componentes da seção
transversal não possam sofrer flambagem local em regime elástico em decorrência da
atuação do momento fletor, obedecendo-se os limites apresentados em 8.4.3.2.

8.4.3.2 O valor do parâmetro de esbeltez  para os estados limites últimos de flambagem


local da mesa comprimida, flambagem local da alma e flambagem lateral com torção,
representados respectivamente pelas siglas FLM, FLA e FLT, em situação de incêndio,
deve ser sempre determinado como no Anexo D da NBR 8800.

8.4.3.3 Nas vigas biapoiadas, sobrepostas por laje de concreto, os valores dos parâmetros
de esbeltez correspondentes à plastificação e ao início do escoamento em situação de
incêndio, respectivamente p,fi e r,fi, devem ser determinados usando-se os procedimentos
do Anexo D da NBR 8800 para obtenção de p e r à temperatura ambiente.

8.4.3.4 Se a barra fletida não atender às condições expressas em 8.4.3.3, p,fi e r,fi devem
ser determinados usando-se os procedimentos do Anexo D da NBR 8800 para obtenção de
p e r à temperatura ambiente, mas multiplicando-se o valor do módulo de elasticidade E
por e os valores do limite de escoamento f y e da tensão residual f r por , onde
é o fator de redução do módulo de elasticidade e o fator de redução do limite de
escoamento do aço à temperatura conforme 5.1.1.1.

8.4.3.5 A resistência de cálculo ao momento fletor de uma barra fletida, exceto se a


seção transversal tiver a forma de T, é igual a:
- para FLM e FLA
 se   p,fi
Projeto 24:301.06-001/1998 19

 se p,fi    r,fi

- para FLT
 se   p,fi

 se p,fi <   r,fi

 se  > r,fi

Onde:
é o fator de redução do limite de escoamento do aço à temperatura conforme
5.1.1.1;
é o fator de redução do módulo de elasticidade do aço à temperatura conforme
5.1.1.1;
é o momento fletor de flambagem elástica em temperatura ambiente, obtido de
acordo com o anexo D da NBR 8800;
é o momento de plastificação da seção transversal para projeto em temperatura
ambiente;
é o momento fletor correspondente ao início do escoamento da seção transversal
para projeto em temperatura ambiente, obtido de acordo com o anexo D da NBR
8800;
1 é um fator de correção para temperatura não-uniforme na seção transversal, cujo
valor é dado em 8.4.3.8;
2 é um fator de correção para temperatura não-uniforme ao longo do comprimento
da barra, cujo valor é dado em 8.4.3.9;
1,2 é um fator de correção empírico da resistência da barra em temperatura elevada.

8.4.3.6 A resistência de cálculo ao momento fletor de uma barra fletida com seção
transversal em forma de T é igual a:

- para FLM e FLA, com

- para FLT
 se

 se
20 Projeto 24:301.06-001/1998

As grandezas , , , , 1 e 2 são definidas em 8.4.3.5.

8.4.3.7 Na determinação da resistência de cálculo ao momento fletor, apresentada em


8.4.3.5, para os estados limites últimos de FLM e FLA, e FLT quando   p,fi, é considerada
uma distribuição de temperatura não-uniforme, por meio dos fatores 1 e 2. Para o estado
limite de FLT quando   p,fi, é considerada uma distribuição uniforme de temperatura,
corrigindo-se o resultado obtido por meio do fator de correção empírico 1,2.

8.4.3.8 Na determinação da resistência de cálculo ao momento fletor, apresentada em


8.4.3.6, para os estados limites últimos de FLA e FLM, é considerada uma distribuição de
temperatura não-uniforme, por meio dos fatores 1 e 2. Para o estado limite de FLT, é
considerada uma distribuição uniforme de temperatura corrigindo-se o resultado obtido por
meio do fator de correção empírico 1,2.

8.4.3.9 A resistência de cálculo à força cortante de almas de perfis I, H, U e caixão,


fletidos em relação ao eixo perpendicular à alma, em situação de incêndio, é igual a:
 se   p,fi

 se p,fi <   r,fi

 se  > r,fi

Onde:
é o parâmetro de esbeltez da alma, determinado como na subseção 5.5 da NBR
8800;
é o parâmetro de esbeltez da alma correspondente à plastificação em situação de
incêndio, determinado como na subseção 5.5 da NBR 8800, multiplicando-se os
valores do módulo de elasticidade E e do limite de escoamento f y,
respectivamente por e ;
é o parâmetro de esbeltez da alma correspondente ao inicio do escoamento em
situação de incêndio, determinado como na subseção 5.5 da NBR 8800,
multiplicando-se os valores do módulo de elasticidade E e do limite de
escoamento fy, respectivamente por e ;
é a força cortante correspondente à plastificação da alma por cisalhamento
determinada como na subseção 5.5 da NBR 8800;
é o fator de redução do módulo de elasticidade do aço à temperatura
conforme 5.1.1.1;
é o fator de redução do limite de escoamento do aço à temperatura conforme
5.1.1.1;
1 é um fator de correção para temperatura não-uniforme na seção transversal, cujo
valor é dado em 8.4.3.11;
Projeto 24:301.06-001/1998 21

2 é um fator de correção para temperatura não-uniforme ao longo do comprimento


da barra, cujo valor é dado em 8.4.3.12.

8.4.3.10 Na determinação da resistência de cálculo à força cortante, apresentada em


8.4.3.9, é considerada uma distribuição de temperatura não-uniforme, por meio dos fatores
1 e 2.

8.4.3.11 O fator de correção 1 para distribuição de temperatura não-uniforme na seção


transversal tem os seguintes valores:
- para uma viga com todos os quatro lados expostos: 1,00;
- para uma viga com três lados expostos, com uma laje de concreto ou laje com fôrma
de aço incorporada no quarto lado: 1,40.

8.4.3.12 O fator de correção 2 para distribuição de temperatura não-uniforme ao longo do


comprimento da barra fletida tem os seguintes valores:
- nos apoios de uma viga estaticamente indeterminada: 1,15;
- em todos os outros casos: 1,00.

8.4.4 Barras sujeitas à força normal e momentos fletores

8.4.4.1 Esta subseção é aplicável a barras de aço em situação de incêndio cuja seção
transversal possui um ou dois eixos de simetria, sujeitas aos efeitos combinados de força
normal de tração ou compressão e momento fletor em torno de um ou dos dois eixos
principais de inércia da seção transversal. A seção transversal deve ter seus elementos
componentes atendendo aos requisitos das subseções 8.4.2 e 8.4.3, respectivamente para
os esforços isolados de força normal de compressão e momento fletor, quando cada uma
destas solicitações ocorrerem. Os carregamentos transversais devem se situar em planos
de simetria.

8.4.4.2 Para os efeitos combinados de força normal de tração ou compressão e momentos


fletores, deve ser atendida a expressão de interação:

Onde:
é a força normal de cálculo na barra, considerada constante ao longo da
barra, para a situação de incêndio;
é a resistência de cálculo à força normal em situação de incêndio,
determinada conforme 8.4.1 para barras tracionadas, ou igual a
, para barras comprimidas;
é a área bruta da seção transversal;
é o fator de redução do limite de escoamento do aço à temperatura
conforme 5.1.1.1;
é um fator de correção empírico da resistência da barra em temperatura
elevada, conforme 8.4.2;
22 Projeto 24:301.06-001/1998

é o momento fletor de cálculo, para a situação de incêndio, na seção


considerada, em torno do eixo x;
é o momento fletor de cálculo, para a situação de incêndio, na seção
considerada, em torno do eixo y;
é a resistência de cálculo ao momento fletor, em torno do eixo x,
determinada conforme 8.4.3, tomando Cb igual a 1,00 e o valor de p,fi para
o estado limite de flambagem local da alma de perfis I e H, fletidos em
torno do eixo de maior inércia, e caixão, quando N fi,Sd for de compressão,
como a seguir:

é a resistência de cálculo ao momento fletor, em torno do eixo y,


determinada conforme 8.4.3.

8.4.4.3 Para os efeitos combinados de força normal de compressão e momentos fletores,


deve ser atendida, além da equação apresentada em 8.4.4.2, também a seguinte expressão
de interação:

onde , , , e são definidos como em 8.4.4.2 e


é a resistência de cálculo à força normal de compressão determinada como em 8.4.2.
e devem ser determinados conforme a subseção 5.6 da NBR 8800. e
são as cargas de flambagem elástica por flexão em situação de incêndio, respectivamente
em torno dos eixos x e y. Para cada um destes eixos, tem-se:

Onde:

é a área bruta da seção transversal;


é o fator de redução do limite de escoamento do aço à temperatura
conforme 5.1.1.1;
é o parâmetro de esbeltez para barras comprimidas à temperatura a,
conforme 8.4.2.3;
fy é o limite de escoamento do aço.

8.4.5 Elementos estruturais mistos

As vigas mistas podem ser verificadas em situação de incêndio pelo método simplificado de
dimensionamento apresentado no anexo A, os pilares mistos pelo método apresentado no
anexo B, e as lajes com fôrma de aço incorporada pelo método apresentado no anexo C.
Projeto 24:301.06-001/1998 23

8.5 Elevação da temperatura do aço

8.5.1 Estruturas internas

8.5.1.1 Elementos estruturais sem proteção contra incêndio

8.5.1.1.1 Para uma distribuição uniforme de temperatura na seção transversal, a elevação


de temperatura em grau Celsius, de um elemento estrutural de aço sem proteção
contra incêndio, situado no interior da edificação, durante um intervalo de tempo , pode
ser determinada por:

Onde:
u/A é o fator de massividade para elementos estruturais de aço sem proteção contra
incêndio, em um por metro;
é a massa específica do aço, conforme 5.1.1.2, em quilograma por metro cúbico;
é o calor específico do aço, conforme 5.1.1.2, em joule por quilograma e por grau
Celsius;
é o valor do fluxo de calor por unidade de area, em watt por metro quadrado;
é o intervalo de tempo, em segundo.

8.5.1.1.2 O valor de , em watt por metro quadrado, é dado por:

com

Onde:
é o componente do fluxo de calor devido à convecção, em watt por metro
quadrado;
é o componente do fluxo de calor devido à radiação, em watt por metro quadrado;
é o coeficiente de transferência de calor por convecção, igual a 25 W/m² °C;
é a temperatura dos gases, em grau Celsius;
é a temperatura na superfície do aço, em grau Celsius;
res é a emissividade resultante, podendo ser tomada igual a 0,5.

8.5.1.1.3 O valor de não pode ser tomado maior que 25000(u/A) -1. No entanto,
recomenda-se não tomar superior a 5 segundos.

8.5.1.1.4 Algumas expressões para determinação do fator de massividade u/A para peças
de aço sem proteção são dadas na tabela 3. Para efeito de cálculo, o valor do fator de
massividade u/A não pode ser tomado menor que 10m -1.
24 Projeto 24:301.06-001/1998

8.5.1.2 Elementos estruturais envolvidos por material de proteção contra incêndio

8.5.1.2.1 Para uma distribuição uniforme de temperatura na seção transversal, a elevação


de temperatura de um elemento estrutural situado no interior do edifício, envolvido
por um material de proteção contra incêndio, pode ser determinada por cálculos, de acordo
com as subseções 8.5.1.2.2 a 8.5.1.2.7, ou por ensaios de acordo com a seção 7.

8.5.1.2.2 A elevação de temperatura em grau Celsius, de um elemento estrutural


situado no interior do edifício, envolvido por um material de proteção contra incêndio,
durante um intervalo de tempo , pode ser determinada por:

, mas 0

com

Onde:

um/A é o fator de massividade para elementos estruturais envolvidos por material de


proteção contra incêndio, em um por metro;

um é o perímetro efetivo do material de proteção contra incêndio (perímetro da face


interna do material de proteção contra incêndio, limitado às dimensões do
elemento estrutural de aço), em metro;
A é a área da seção transversal do elemento estrutural, em metro quadrado;
é o calor específico do aço, conforme 5.1.2.2, em joule por quilograma e por grau
Celsius;
é o calor específico do material de proteção incêndio, conforme 5.3, em joule por
quilograma e por grau Celsius;
é a espessura do material de proteção contra incêndio, em metro;
é a temperatura do aço no tempo t, em grau Celsius;
é a temperatura dos gases no tempo t, em grau Celsius;
é a condutividade térmica do material de proteção contra incêndio, conforme 5.3,
em watt por metro e por grau Celsius;

é a massa específica do aço, conforme 5.1.1.2, em quilograma por metro cúbico;


é a massa específica do material de proteção contra incêndio, conforme 5.3, em
quilograma por metro cúbico;
é o intervalo de tempo em segundo.

8.5.1.2.3 O valor de não pode ser tomado maior que 25000(u m/A)-1. No entanto,
recomenda-se não tomar superior a 30 segundos.
Projeto 24:301.06-001/1998 25

8.5.1.2.4 Algumas expressões para determinação de valores de cálculo do fator de


massividade um/A para elementos estruturais de aço envolvidos por material de proteção
contra incêndio são dadas na tabela 4.

8.5.1.2.5 Para materiais de proteção contra incêndio do tipo úmido, o cálculo da elevação
da temperatura do aço pode ser modificado para levar em conta um retardo no aumento da
temperatura do aço quando ela atinge 100°C. Este retardamento deve ser determinado por
meio de ensaios, realizados em laboratório nacional ou estrangeiro, de acordo com Norma
Brasileira específica ou de acordo com norma ou especificação estrangeira.

8.5.1.2.6 Todas as propriedades do material de proteção contra incêndio devem ser


obtidas de ensaios realizados em laboratório nacional ou estrangeiro.

Tabela 3 - Fator de massividade para elementos estruturais sem proteção


Seção aberta exposta ao incêndio por todos os Seção tubular de forma circular exposta ao
lados: incêndio por todos os lados:
26 Projeto 24:301.06-001/1998

Seção aberta exposta ao incêndio por três lados: Seção tubular de forma retangular (ou seção
caixão soldada de espessura uniforme) exposta ao
incêndio por todos os lados:

Mesa de seção I exposta ao incêndio por três Seção caixão soldada exposta ao incêndio por
lados: todos os lados:

Cantoneira (ou qualquer seção aberta de Seção I com reforço em caixão exposta ao
espessura uniforme) exposta ao incêndio por todos incêndio por todos os lados:
os lados:

Chapa exposta ao incêndio por todos os lados: Chapa exposta ao incêndio por três lados:

Tabela 4 - Fator de massividade para elementos estruturais com proteção


Situação Descrição Fator de massividade (u m/A)

Proteção tipo contorno de


Projeto 24:301.06-001/1998 27

espessura uniforme
exposta ao incêndio por
todos os lados

Proteção tipo caixa1, de


espessura uniforme
exposta ao incêndio por
todos os lados

Proteção tipo contorno, de


espessura uniforme
exposta ao incêndio por
três lados

Proteção tipo caixa1, de


espessura uniforme
exposta ao incêndio por
três lados

1
Para c1 e c2 superior a d/4, deve-se utilizar bibliografia especializada

8.5.2 Estruturas externas

8.5.2.1 A elevação da temperatura em estruturas de aço externas deve ser determinada


levando-se em conta:
- o fluxo de calor por radiação proveniente do incêndio no interior do edifício;
- os fluxos de calor por radiação e por convecção provenientes das chamas geradas no
interior do edifício e que emanam das aberturas existentes;
- as perdas de calor por convecção e por radiação da estrutura de aço para o ambiente;
- os tamanhos e as posições dos elementos componentes da estrutura.

8.5.2.2 Anteparos podem ser colocados em um ou mais lados de uma peça externa para
protegê-la da transferência de calor por radiação. Estes anteparos devem ser
incombustíveis e possuir uma resistência a incêndio de pelo menos 30 minutos. Devem
também ser presos diretamente aos lados da peça de aço a serem protegidos, ou
suficientemente largos para proteger estes lados do fluxo de calor por radiação previsto.
28 Projeto 24:301.06-001/1998
8.5.2.3 A temperatura nas estruturas externas deve ser determinada considerando-se que
não há transferência de calor por radiação para os lados protegidos por anteparos.

8.5.2.4 A elevação da temperatura na estrutura externa pode ser determinada usando os


métodos fornecidos no anexo C do ENV 1993-1-2 ou outra norma ou especificação
estrangeira. As máximas temperaturas nas regiões internas do edifício próximas à estrutura
externa, os tamanhos e as temperaturas das chamas que emanam destas regiões e os
fluxos de calor devidos à radiação e à convecção podem ser obtidos do anexo C do ENV
1991-2-2 ou outra norma ou especificação estrangeira.

8.5.2.5 A elevação da temperatura nas estruturas externas pode também ser determinada,
de maneira favorável à segurança, usando-se o procedimento indicado em 8.5.1.

8.5.3 Elementos estruturais pertencentes à vedação

8.5.3.1 Para a elevação da temperatura nos elementos estruturais pertencentes à vedação


do edifício (figura 3), pode-se admitir que nos lados que não estejam expostos ao incêndio,
se despreze o fluxo de calor devido à radiação e que o coeficiente de transferência de calor
por convecção, c, seja tomado igual a 9W/m 2 C.

vedação do compartimento

parte que não está


exposta ao incêndio

Figura 3 - Elementos estruturais de vedação

8.5.3.2 A elevação da temperatura nos elementos estruturais pertencentes à vedação do


edifício pode também ser determinada, de maneira favorável à segurança, usando-se o
procedimento indicado em 8.5.1, calculando-se o fator de massividade considerando-se o
perímetro e a área apenas da parte da seção transversal exposta ao incêndio.

9 Métodos avançados de análise estrutural e térmica

9.1 Generalidades

9.1.1 São denominados métodos avançados aqueles que proporcionam uma análise
realística da estrutura e do cenário do incêndio e podem ser usados para elementos
estruturais individuais com qualquer tipo de seção transversal, incluindo elementos
estruturais mistos, para subconjuntos ou para estruturas completas, internas, externas ou
pertencentes à vedação. Eles devem ser baseados no comportamento físico fundamental
de modo a levar a uma aproximação confiável do comportamento esperado dos
componentes da estrutura em situação de incêndio.

9.1.2 Os métodos avançados podem incluir modelos separados para:


- o desenvolvimento e a distribuição de temperatura nas peças estruturais (análise térmica)
Projeto 24:301.06-001/1998 29

- o comportamento mecânico da estrutura ou de alguma de suas partes (análise estrutural)

9.1.3 Quaisquer modos de ruína potenciais que não sejam cobertos pelo método
empregado (incluindo flambagem local e colapso por cisalhamento) devem ser impedidos
de ocorrer por meio de um projeto estrutural adequado.

9.1.4 Os métodos avançados podem ser usados em associação com qualquer curva de
aquecimento, desde que as propriedades do material sejam conhecidas para a faixa de
temperatura considerada.

9.2 Análise térmica

9.2.1 A análise térmica deve ser baseada em princípios reconhecidos e hipóteses da teoria
de transferência de calor.

9.2.2 O modelo térmico utilizado deve considerar:


- as ações térmicas relevantes indicadas em norma ou especificação estrangeira ou
bibliografia especializada;
- a variação das propriedades térmicas dos materiais com a temperatura, conforme a
seção 5, ou de forma mais realística conforme bibliografia especializada.

9.2.3 Os efeitos da exposição térmica não-uniforme e da transferência de calor a


componentes de edifícios adjacentes devem ser incluídos quando forem relevantes.

9.2.4 A influência de alguma umidade ou migração de umidade no material de proteção


contra incêndio pode, a favor da segurança, ser desprezada.

9.3 Análise estrutural

9.3.1 A análise estrutural deve ser baseada em princípios reconhecidos e hipóteses da


mecânica dos sólidos.

9.3.2 Os efeitos das tensões e deformações induzidas termicamente devidos ao aumento


de temperatura e às temperaturas diferenciais devem ser considerados.

9.3.3 Quando relevante, devem também ser considerados:


- os efeitos combinados de ações mecânicas, imperfeições geométricas e ações térmicas;
- as variações das propriedades do material em função do aumento da temperatura;
- os efeitos da não-linearidade geométrica;
- os efeitos da não-linearidade do material, incluindo os efeitos benéficos do carregamento
e descarregamento na rigidez estrutural.

9.3.4 As deformações no estado limite último devem ser limitadas, quando necessário,
para assegurar que a compatibilidade seja mantida entre todas as partes da estrutura.

9.3.5 Se necessário, o projeto deve se basear no estado limite último pelo qual as
deformações calculadas da estrutura poderiam causar colapso devido à perda de apoio
adequado de um elemento estrutural.

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