CV8720 Concreto Armado II

BLOCOS SOBRE ESTACAS

Prof. MARCELLO CHEREM

E-mail: mcherem@fei.edu.br
 CV8720: Concreto Armado II
Professor: Marcello Cherem

8.1. BLOCO SOBRE 2 ESTACAS SUBMETIDO À COMPRESSÃO SIMPLES

8.1.1. INTRODUÇÃO
Blocos são estruturas cujas 3 dimensões (a, B e H) são de mesma ordem de
grandeza e, portanto, não podem ser calculados com base na Resistência dos Materiais
(Teoria de Barras) ou na Teoria das placas.

Na verdade, nem a Teoria da Elasticidade se adequa ao cálculo dos blocos de

concreto armado, função da fissuração e da heterogeneidade.
Uma solução bastante usual é a “Teoria das bielas e tirantes”, onde o bloco é
aproximado por uma treliça espacial formada de bielas de concreto comprimidas e
tirantes de aço tracionados. A utilização desse modelo tem respaldo no teorema estático
da Teoria da Plasticidade e nos inúmeros ensaio de laboratório, sobretudo os realizados
pelo engenheiro e professor Jean Blévot.
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8.1. BLOCO SOBRE 2 ESTACAS SUBMETIDO À COMPRESSÃO SIMPLES

8.1.1. INTRODUÇÃO
A criação dessa treliça espacial baseia-se, sem dúvida, na sensibilidade e
intuição do projetista, mas pode ser muito auxiliada pela observação das trajetórias de
tensões principais obtidas através da Teoria da Elasticidade. (Lembrar que a treliça
clássica de Morsch para vigas foi criada dessa forma).

A limitação da aplicação dessa teoria está intimamente ligada à inclinação das

bielas, em última análise à geometria do bloco.
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8.1.2. GEOMETRIA DO BLOCO
A distância entre estacas ‘L’ é escolhida de
tal modo que as estacas possam ser
cravadas.

L = 3e
Usualmente se adota: PLANTA

ao = bo = e
Assim sendo:

a = 2ao + L = 5e
b = 2bo = 2e
O valor de ‘ao’ poderá ser ampliado em função
da necessidade de ancoragem da armadura
principal de tração no bloco.
CORTE A-A CORTE B-B
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8.1.2. GEOMETRIA DO BLOCO
A altura do bloco (H) deve ser escolhida de modo a
atender a inclinação da diagonal comprimida
recomendada por Blévot:
d
tg θ 
L ap

2 4
Recomendação de
d
θ  arc tan Blévot:
L ap
 45 ≤  ≤ 55
2 4
onde:
H altura total do bloco
d é a altura útil do bloco
L distância entre estacas
MODELO ESTRUTURAL DE BLÉVOT ap dimensão do pilar
e diâmetro da estaca (circular)
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8.1.3. MODELO ESTRUTURAL DE BLÉVOT
Equilíbrio do nó superior:
FV = 0
2  Rcc  sen  = NSd
NSd
R cc 
2  sen θ

Equilíbrio do nó inferior:
FH = 0
RSt = Rcc  cos 
NSd
R st   cosθ
2  sen θ
MODOS DE RUPTURA:
1) Esmagamento da biela de concreto; NSd
R st 
2) Insuficiência de armadura no tirante;
3) Ruptura por escorregamento (falta de ancoragem) da armadura.
2  tg θ
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8.1.4. VERIFICAÇÃO DA DIAGONAL (BIELA) COMPRIMIDA
Condição de segurança:
c,p  1,4fcd
Ap = ap  b p
c,e  1,4fcd
Junto ao pilar: Junto a estaca:
R cc R cc
σ c,p  σ c,e 
A1 A2
R cc R cc
σ c,p  σ c,e 
π Ap A e  sen θ
Ae   e2  sen θ
4 2
NSd
NSd σ c,e 
σ c,p  2  sen θ  A e  sen θ
Ap
Ap 2  sen θ   sen θ
2 NSd
Áreas projetadas: A 1  σ c,e 
2  sen θ
NSd 2  A e  sen2 θ
A σ c,p 
A2  e A p  sen2 θ
sen θ
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8.1.5. DETERMINAÇÃO DA ARMADURA DO TIRANTE
NSd
Força no tirante: R st 
2  tg θ
R st NSd
Área de aço necessária: A s  
fyd 2  tg  fyd

Conclui-se, pelos ensaios de Blévot, que a armadura

para suportar essa tração deve ser ampliada de 15%.
Assim:

NSd
A s  1,15 
2  tgθ  fyd
( usar   10 mm)

A armadura de flexão deve ser disposta essencialmente (mais de 85 %) nas faixas

definidas pelas estacas, considerando o equilíbrio com as respectivas bielas.
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8.1.6. DETALHAMENTO DA ARMADURA
Armadura superior:

As
A s, sup 
5
(usar   8 mm)

Armadura lateral (pele):

0,02
A s,lat  b H
100
(limitada a 5cm²/m de face)

Armadura lateral (estribos):

0,14
A st  b  s
100
(para as duas faces)
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8.1.7. VERIFICAÇÃO DA ANCORAGEM DA ARMADURA

Devido à compressão transversal na barra deve-se ter:

ao  0,8lb,nec + c
Lembrando que:
A s,calc
lb,nec  α  lb  Boa aderência
A s,efet Concreto
Classe 2 = 1,0
Gancho obrigatório C20 43,71
 = 0,7 C25 37,67
C30 33,36
<tabela>∙ C35 30,10
C40 27,54
C45 25,46
Cobrimento utilizado: c = 5 cm
C50 25,00
Aço CA-50 (1 = 2,25)
  32mm (3 = 1,00)
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8.1.8. DETALHES CONSTRUTIVOS
Figura - Escavação para a construção de um
bloco sobre estacas
Para estacas moldadas no local,
geralmente, faz-se a concretagem
além dá cota necessária (mais ou
menos 30 cm).
Após a escavação para a
construção do bloco, o concreto da
região superior das estacas é
quebrado, colocando a estaca na sua
cota correta, chamada cota de
arrasamento.
Esse procedimento é
necessário, pois o concreto da região
superior é de má qualidade.
Para estacas pré-moldadas,
obviamente, o concreto não é de má
qualidade, mas se faz o mesmo
procedimento para deixar a mostra a
armadura de ligação com o bloco.
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8.1.8. DETALHES CONSTRUTIVOS

Figura – Estacas pré-moldadas quadradas, Figura – Realização de camada de 5 cm

arrasadas na cota correta, deixando a de concreto magro
armadura de espera para ligação com o bloco

A execução da camada de concreto magro serve para a uniformização da base

e também para impedir que o concreto estrutural entre em contato com o solo.