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Sistemas Hidráulicos de Saneamento

Aula – Rede de Distribuição

Rede de Distribuição

Profª Ana Paula Abi-faiçal Castanheira, D.Sc.

Professora Ana Paula

Professora Ana Paula Abi-faiçal Castanheira, DSc 1


Sistemas Hidráulicos de Saneamento
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1.1.1 – Rede de distribuição


Rede de distribuição é a unidade do sistema de abastecimento de
água constituída por tubulações e órgãos acessórios instalados em
logradouros públicos, e que tem por finalidade fornecer, em regi-
me contínuo (24 h por dia), água potável em quantidade, qualida-
de e pressão adequadas a múltiplos consumidores (residências,
comércios, indústrias e serviços) localizados em uma cidade,
vila ou outro tipo de aglomeração urbana.

1.1.1 – Vazões de distribuição

Vazões de distribuição é o consumo distribuído mais as perdas que


normalmente acontecem nas tubulações distribuidoras.

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Na rede de distribuição distinguem-se dois tipos de condutos:


1.2.1 – Condutos principais

Também chamados tronco ou mestres, são as canalizações de maior


diâmetro, responsáveis pela alimentação dos condutos secundários.
A eles interessa, portanto, o abastecimento de extensas áreas da ci-
dade.

1.2.2 – Condutos secundários

São os que estão intimamente em contato com os prédios a abaste-


cer e cuja alimentação depende diretamente deles. Possuem diâ-
metros menores e servem a uma área restrita (em sua vizinhança).

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As tubulações – troncos, mestras ou principais são alimentadas


diretamente pelo reservatório de montante (Figura a) ou pela a-
dutora em conjunto com o reservatório de jusante (Figura b),
das quais partem as tubulações que se distribuem pelas diversas
artérias da cidade.

a)

b)

Obs: O traçado dos condutores principais deve levar em conta, de


preferência:

Ruas sem pavimentação;


Ruas com pavimentação menos onerosa;
Ruas de menor intensidade de trânsito;
Proximidade de grandes consumidores; e
Proximidade das áreas e de edifícios que devem ser protegidos
contra incêndio.

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Os tipos de rede são definidos conforme a disposição dos seus con-


dutos principais em:
1.3.1 – Rede ramificada ou em “espinha de peixe”
São as redes em que os condutos principais são traçados a partir
de um conduto principal central, com uma disposição ramificada
que faz jus à denominação. É um sistema típico de cidades que
apresentam desenvolvimento linear pronunciado.

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1.3.2 – Rede em grelha

São as redes em que os condutos principais são sensivelmente pa-


ralelos, ligam-se em uma extremidade a um conduto principal e
têm os seus diâmetros decrescendo para a outra extremidade.

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1.3.3 – Rede malhada (em anel)


São as redes em que os condutos principais formam circuitos fe-
chados nas zonas principais a serem abastecidas. É um tipo de re
de que geralmente apresenta uma eficiência superior aos dois an-
teriores.

Nos dois tipos de redes anteriores, a circulação da água nos condutos principais
faz-se praticamente em um único sentido. Uma interrupção acidental em um
conduto mestre prejudica sensivelmente as áreas situadas à jusante da seção
onde ocorrem o acidente.
Na rede em que os condutos principais formam circuitos ou anéis, a eventual inter-
rupção do escoamento em um trecho não ocasionará transtornos de manter o abas-
tecimento das áreas à jusante, pois a água efetuará um caminhamento diferente a-
través de outros condutos principais.

Recomenda-se utilizar a rede malhada quando:


A área a sanear for > 1 km²
Condutos paralelos consecutivos distarem mais de 250 m entre si;
Vazão total distribuída for > 25 l/s;
For solicitado pelo contratante; e
Justificado pelo projetista.

1.4.1 -Nos condutos principais, Qmáx deve ser limitada por perda
de carga ≤ 8 m/km;
1.4.2 - Diâmetro nos condutos Principal ≥ 100 mm
Secundário ≥ 50 mm (2”)
Exceção: considerando população de projeto = 5000 hab e
100 litros x hab/dia, pode-se utilizar:
D = 25 mm para servir até 10 economias
D = 30 mm para servir até 30 economias
Professora Ana Paula D = 40 mm para servir até 50 economias.

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A Tabela abaixo fornece os diâmetros mínimos e velocidades compatíveis


com a Norma.
Tabela 1 – Valores máximos de velocidade e vazão em função do
diâmetro da tubulação
Diâmetro Valores Máximos
(mm) Velocidade (m/s) Vazões (l/s)
50 (2”) 0,675 1,3230
75 (3”) 0,713 3,1514
V  0,6  1,5 D
100 (4”) 0,750 5,8875
125 (5”) 0,800 10,400
150 (6”) 0,825 14,570  .D 2
200 (8”) 0,900 28,260 Q .V
4
250 (10”) 0,975 47,775
300 (12”) 1,050 74,230
350 (14”) 1,125 108,225
400 (16”) 1,200 150,796
Fonte: NB-594/77. Professora Ana Paula

1.4.3 - Pressão
Máxima estática (refere-se ao nível máximo do reservatório): 50 m.c.a.
Porém admite-se:
Até 10% da área a ser abastecida pode ter pressão entre 50 e 60 m.c.a.
Até 5% da área a ser abastecida pode ter pressão entre 60 e 70 m.c.a.
Mas, recomenda-se:
Que a pressão máxima estática ≤ 45 m.c.a. para diminuir os proble-
mas de vazamentos nas redes.

Mínima dinâmica (refere-se ao nível mínimo do reservatório): 15 m.c.a.


Porém admite-se:
Até 10% da área a ser abastecida pode ter pressão entre 10 e 15 m.c.a.
Até 5% da área a ser abastecida pode ter pressão entre 8 e 10 m.c.a.
Em cidades < 5.000 hab, a pressão mínima pode ser de 6 m.c.a.

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1.5.1 - Dimensionamento pelo método dos seccionamentos fictícios

Aplicado a pequenas comunidades (até 5.000 hab) ou áreas urbanas


com população equivalente.
Consiste na transformação de redes malhadas em redes ramificadas
para efeito de dimensionamento.

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1.5.1.1 - Sequência de cálculos


1) Esboçar o traçado da rede na planta baixa da área a abastecer
2) Lançar os trechos definitivos normalmente delimitados pelos
pontos de encontro (nós) ou pelas extremidades livres (nós se-
cos), sendo que cada trecho não deverá exceder 300 metros.
3) Identificar a cota topográfica para cada nó (utilizando as curvas
de nível da planta em escalas 1:1000 ou 1:2000, excepcionalmen-
te 1:500 para áreas urbanas pequenas).
4) Transformar as malhas existentes na rede em sequências ramifi-
cadas (ficticiamente), de tal maneira que a água faça o menor
percurso possível entre o reservatório e o nó seccionado.
5) Numerar todos os trechos com algarismos arábicos a partir do
número 1, no sentido crescente das vazões, fazendo com que um
trecho seja abastecido por um outro de número maior e, sendo
assim, o trecho de maior número será o que ligará a rede ao re-
servatório. Professora Ana Paula

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1.5.1.1 - Sequência de cálculos – Continuação ...


6) Colocar todos os trechos na planilha, em ordem crescente de
numeração, de modo que a última linha seja exatamente o
trecho de ligação ao reservatório.

7) Preencher as extensões e as cotas de montante e de jusante de


cada trecho.

8) Somar as extensões de todos os trechos, obtendo-se o compri-


mento total da rede de distribuição, L.
9) Calcular a taxa de distribuição em marcha (Ta) das vazões de
projeto, dividindo-se a vazão de distribuição máxima horária
pela extensão total da rede distribuidora:
q.P.k1k 2
Ta 
86400.L
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10) Preencher a coluna de vazões em marcha, multiplicando-se o


“Ta” de projeto pela extensão individual de cada trecho.

11) Preencher as vazões de jusante e de montante para cada trecho,


sequencialmente, de modo que a de montante de cada um seja
igual a soma da distribuição em marcha com a de jusante no
mesmo trecho. Observar que a vazão de jusante, por sua vez, é
a soma das de montante dos trechos abastecidos pelo trecho em
estudo e que, no caso de extremidades livres ou seccionadas,
esta vazão é zero.

12) Calcular a vazão fictícia para cada um dos trechos, que será
igual a média das vazões de jusante com a de montante.

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1.5.1.1 - Sequência de cálculos (Continuação ...)

13) Indicar o diâmetro para cada um dos trechos da rede com


base na vazão fictícia e nos limites de velocidade ou de
vazão mostrados na Tabela 1

14) Calcular as perdas de carga ao longo de cada trecho em função


do diâmetro, da vazão e do material especificado para as tubu-
lações, utilizando-se tabelas, ábacos ou a própria equação usa-
da para este cálculo.

15) Estabelecer as pressões extremas de serviço (mínima dinâmica


e máxima estática) considerando o ponto onde as condições de
pressão são mais desfavoráveis.

Estes limites de pressão devem ser estabelecidos para permitir


o abastecimento direto dos prédios de até 3 pavimentos que
existirem na área e para prevenir danos às instalações hidráu-
licas das edificações. Professora Ana Paula

1.5.1.1 - Sequência de cálculos – Continuação ...

16) A partir da cota piezométrica estabelecida no nó de menor pres-


são (cota do terreno mais pressão mínima), calcular as cotas
piezométricas dos demais nós (montante e jusante de cada tre-
cho) até o reservatório, com base nas perdas de carga já defini-
das.
Observação:
Estabelecida uma cota piezométrica qualquer, então:
1) A cota do nó seguinte será esta cota mais a perda se
caminhar contra o escoamento; e
2) Será esta cota menos a perda se caminhar a favor
do escoamento.

Não ultrapassar seccionamentos!


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1.5.1.1 - Sequência de cálculos – Continuação ...

17) Calcular as pressões dinâmicas em cada nó, a montante e jusan-


te de cada trecho. A pressão dinâmica é a diferença entre a cota
piezométrica e a cota do terreno no mesmo nó.

Observação:
Se, por acaso, a cota arbitrada como a de menor
pressão não foi escolhida corretamente, a realmente mais
desfavorável irá aparecer com pressão inferior ao limite.
Para corrigir o problema, soma-se a diferença para o valor
mínimo para todas as cotas e pressões encontradas e,
assim a menor ficará com a pressão mínima.

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1.5.1.1 - Sequência de cálculos – Continuação ...

18) Ler, na extremidade de montante do trecho de maior número,


a cota do nível mínimo da água no reservatório de modo a ga-
rantir a pressão mínima de serviço.

19) Verificar as diferentes pressões resultantes para cada nó seccio-


nado e calcular a pressão média em cada um desses nós. Nenhu
ma dessas pressões deverá se afastar mais que 5% desse valor
médio para cada nó, ou seja:

P  Pjn  0,05.P
Onde:
P = Média das pressões de jusante no nó seccionado; e
Pjn = Uma das pressões de jusante no trecho “n”.
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1.5.1.1 - Sequência de cálculos – Continuação ...

Se a condição anterior não for satisfeita, os cálculos deverão ser


refeitos. Caso não haja erros grosseiros ou de seccionamento, o
problema poderá ser corrigido com as seguintes alterações (pela
ordem):

Do traçado;
De diâmetros;
Na posição do reservatório;
Na área a abastecer; e
De limites nas pressões.

E, finalmente...

20) Desenhar a rede identificando, em cada trecho, o material, o


número, a extensão, o diâmetro e a vazão fictícia.
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Exercício 1 - Dimensionar, empregando seccionamento fictício, a


rede esquematizada na figura abaixo, sendo conhecidos k1.k2 =
1,80, q = 200 L/habxdia, P = 864 pessoas, C = 140. Encontrar,
também, o nível mínimo da água no reservatório para uma pres-
são mínima na rede de 10 m.c.a.

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Resolução do Exercício 1:
q.P.k1k 2
a) Cálculo do consumo em marcha: Ta  = 0,0018 L/(s.m)
Q1,85
J i  10,65. 1,85 4,87
86400.L
1 C .D 10
2 7

3 4 5 6 8 9 11 12 13 14

4 Ta x extensão do trecho

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1.5.2 - Dimensionamento pelo método de Hardy-Cross


Este método é utilizado para áreas de distribuição maiores, onde o
método do seccionamento fictício mostra-se limitado e a rede forma
circuitos fechados (anéis) constantemente.
É um método para cálculo de redes malhadas e consiste em se con-
centrar as vazões a serem distribuídas nas diversas áreas cobertas
pela rede, em pontos das malhas de modo a parecer que há distri-
buições concentradas e não ao longo do caminhamento das tubula-
ções, como no caso do seccionamento fictício.

Diâmetro mínimo das tubulações principais:


Tubulações principais abastecendo zona comercial ou residencial
com densidade populacional > 150 hab/ha 150 mm
Abastecendo demais zonas de núcleos urbanos com população de
projeto > 5000 habitantes 100 mm
Para população < 5000 habitantes 75 mm

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Este método admite que, para efeito de projeto, a distribuição de


água em marcha pode ser substituída por vazões localizadas em
pontos fictícios isolados, chamados nós, adequadamente situados
na canalização. Nestas condições, considera-se que a vazão que
escoa em cada trecho da canalização é constante.

Rede assimilada à real com distribuição


Rede real com distribuição em marcha localizada em pontos isolados, vazão
constante em cada trecho.

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1.5.2.1 - Determinação da vazão em cada nó

1) Calcular a vazão de demanda utilizando-se a fórmula:

k1.k 2 .P.q
Q
86400

2) Calcular a área total abastecida (Atot em ha);

3) Determinar a vazão específica de distribuição (qd):


Q
qd  (l/s.ha)
Atot

4) Traçar a malha ou malhas de modo a atender satisfatoriamente


toda a área interna à malha e área externa equivalente à interna,
levando em conta as densidades demográficas.

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1.5.2.1 - Determinação da vazão em cada nó (continuação...)

5) Escolher os nós de carregamento. Os nós ou pontos de “retirada


de vazões” dos circuitos principais deverão distanciar no máxi-
mo 500 m um do outro (PNB-594).

6) Delimitar a região de influência de cada nó (critério do proje-


tista).

7) Calcular a área de cada região abastecida por nó.

8) O carregamento em cada nó fica determinado multiplicando-se


a vazão específica (qd) pela sua área.

Q1  A1.qd (l/s)

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1.5.2.2 - Fundamento Hidráulico do Método

a) ∑ Q = 0 em cada nó (equação da continuidade).

Convenção: vazão chegando no nó positiva


vazão saindo do nó negativa

∑ Q = Q 1 – Q2 – Q3 + Q4 – Qd = 0

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1.5.2.2 - Fundamento Hidráulico do Método (Continuação...)

b) ∑ ∆H = 0 em cada malha

Escolhe-se um sentido
de caminhamento da
água nos anéis: senti-
do horário, positivo,
por exemplo.

Malha I: ∑∆H = ∆H1 + ∆H2 - ∆H3 - ∆H4 = 0

Malha II: ∑∆H = ∆H5 - ∆H2 - ∆H6 - ∆H7 = 0

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1.5.2.3 - Dimensionamento da Rede

1) Os diâmetros em cada trecho são pré-dimensionados a partir


dos valores tabelados em função da vazão (Tabela 1);

2) Atribuir vazão hipotética para cada trecho, obedecendo a equa-


ção da continuidade: ∑Qi = 0;

3) As perdas de carga em cada trecho podem ser calculadas pela


fórmula universal ou fórmula de Hazen-Williams:

8. f .L.Q 2 Q1,85
H  H  10,643 1,85 4,87 .L
 .D 5 .g C .D
Fórmula Universal Hazen-Williams

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4) Em geral, na primeira tentativa ∑ ∆H ≠ 0; portanto, há necessi-


dade de corrigir as vazões;
5) A correção da vazão em cada trecho é calculada por:

Q  
 H Q  
 H
H H
2. 1,85.
Q Q
Fórmula Universal Hazen-Williams

Qcorrigido = Qinicial + ∆Q

6) Calcular novamente a perda de carga. Se ∑ ∆H = 0, a rede está


dimensionada; se ∑ ∆H ≠ 0, repete-se o procedimento.

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1.5.2.4 - Verificação das pressões

Somar ao nó mais desfavorável (geralmente é o nó com a cota do


terreno mais elevado) a pressão mínima exigida para a rede;

Determinar a cota piezométrica de todos os nós somando (ou


subtraindo a perda de carga do trecho);

Determinar a pressão disponível subtraindo-se a cota do terreno


da cota piezométrica;

A pressão estática máxima é a diferença entre o NA do reservató-


rio e a menor cota do terreno.

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Exercício 2 –Considerando uma rede em malha, conforme Figura,


determine:
a) O diâmetro de cada trecho e verifique as condições de perda de
carga unitária para cada trecho;
b) Pressão disponível em cada nó; e
c) Altura da torre do reservatório de distribuição.

Dados:
Coeficiente de rugosidade de Hazen-Williams: C = 100
Área atendida = 125 ha;
Consumo per capita: q = 200 l/hab.dia
K1 = 1,2; k2 = 1,5
Nó A B C D Reserv.
Cota do terreno:
Cota (m) 108 105 120 110 140

Condições de projeto:
Pressão mínima nos nós = 10 m.c.a.
Pressão estática máxima = 50 m.c.a.
Perda de carga unitária máx. admissível: Jmáx = 0,008m/m

Solução:
Cálculo da vazão de distribuição:

P.q.k1.k 2 24.000 x 200 x1,2 x1,5


Q   100l / s
86.400 86.400
Cálculo da vazão específica de distribuição:

Q 100
qd    0,8l / s.ha
A 125

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Cálculo da vazão em cada nó:

Nó B: qB  0,8 x 25  20l / s
Nó C: qC  0,8 x62,5  50l / s
Nó D: qD  0,8 x37,5  30l / s

Configuração inicial: as vazões de distribuição foram fixadas de


forma arbitrária, obedecendo apenas a equação da continuidade.

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Cálculo das perdas de carga:


Trecho AB:
Q = 40 l/s D = 250 mm (Tabela 1)

Q1,85 0,041,85
J  10,65  10,65  0,00471m / m
C 1,85 D 4,87 1001,850,254,87
∆H = J x L = 0,00471 x 2.000 = 9,42 m
Trecho BC:
Q = 20 l/s D = 200 mm (Tabela 1)

Q1,85 0,021,85
J  10,65  10,65  0,00387m / m
C 1,85 D 4,87 1001,850,20 4,87
∆H = J x L = 0,00387 x 1.000 = 3,87 m
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Trecho CD:
Q = - 30 l/s (por convenção) D = 250 mm (Tabela 1)

Q1,85 0,031,85
J  (1)10,65  10,65  0,002765m / m
C 1,85 D 4,87 1001,850,254,87
∆H = J x L = - 0,002765 x 2.000 = - 5,53 m

Trecho DA:
Q = - 60 l/s (por convenção) D = 300 mm (Tabela 1)

Q1,85 0,061,85
J  (1)10,65  10,65  0,0041m / m
C 1,85 D 4,87 1001,850,30 4,87
∆H = J x L = - 0,0041 x 1.000 = - 4,10 m
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∑∆H = 9,42 + 3,87 – 5,53 – 4,10 = 3,66 m ≠ 0  há necessidade de


corrigir as vazões.
Cálculo de ∆H/Q:
Trecho AB: ∆H/Q = 9,42/40 = 0,235
Trecho BC: ∆H/Q = 3,87/20 = 0,194
Trecho CD: ∆H/Q = -5,53/-30 = 0,184
Trecho DA: ∆H/Q = -4,10/-60 = 0,068

∑∆H/Q = 0,235 + 0,194 + 0,184 + 0,068 = 0,681.

Q  
 h   3,66  2,90l / s
h Calcular a
1,85. 1,85 x0,681
nova vazão
Q

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Cálculo da Nova Vazão:


Trecho AB: Q = 40 – 2,90 = 37,10 l/s
Trecho BC: Q = 20 – 2,90 = 17,10 l/s
Trecho CD: Q = -30 – 2,90 = -32,90 l/s
Trecho DA: Q = -60 – 2,90 = -62,90 l/s

Recalcular a perda de carga unitária (J) para cada trecho e verificar


se não ultrapassa o limite de 0,008 m/m. Se em algum trecho, J ultra-
passar o limite, adotar um diâmetro comercial acima e recalcular J.
Em sequência, calcular a perda de carga em cada trecho e verificar se
a sua soma é igual a zero. Se a soma for igual a zero ou bem próximo,
considera-se a rede dimensionada e verifica-se as pressões em cada
nó. Se for ≠, corrigir as vazões e repetir o cálculo até a soma das per-
das resultar zero ou bem próximo.
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Os resultados dos cálculos realizados, conforme descrição anterior,


estão apresentados na tabela abaixo.

Como J em todos os trechos é menor que Jmáx = 0,008 m/m e ∑∆H


está bem próximo de zero, considera-se a rede dimensionada.

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b) Cálculo da Pressão em Cada Nó:

Adotar a pressão de 10 m no ponto mais desfavorável. Geral-


mente este ponto corresponde àquele que está na maior cota.
Neste caso, o ponto mais desfavorável é o ponto C.

Assim: pc = 10 m.

Como a cota piezométrica (H) é igual à pressão mais a cota,


temos:

Hc = pc + zc = 10 + 120 = 130 m

A partir do ponto C, somar a perda de carga dos trechos e


determinar a cota piezométrica em cada nó.

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Conhecida a cota em cada nó, determina-se a pressão disponível


fazendo-se simplesmente a diferença da carga piezométrica e a
respectiva cota.

HB = HC + ∆HBC = 130 + 2,90 = 132,90 m

pB = HB - zB = 132,90 – 105 = 27,90 m

HA = HB + ∆HAB = 132,90 +8,19 = 141,09 m

pA = HA - zA = 141,09 – 108 = 33,09 m

HD = HC + ∆HDC = 130 + 6,56 = 136,56 m

pD = HD - zD = 136,56 – 110 = 26,56 m

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c) Cálculo da Altura da Torre do Reservatório:

Da Tabela 1, adota-se o diâmetro para o trecho que vai do nó A


até o reservatório. Então: D = 350 mm.

Cálculo da Perda de Carga:


Q1,85 0,101,85
J  10,65  10,65  0,005m / m
C 1,85 D 4,87 1001,850,354,87

∆HA-Res = J x L = 0,005 x 400 = 2,0 m.

HRes = HA + ∆HA-Res = 141,09 + 2,0 = 143,09 m


Cota piezométrica do ponto A
Altura da Torre:
Altura da torre = 143,09 – 140 = 3,09 m
Professora Ana Paula

Quadro Resumo

Cota Pressão
Cota do Terreno
Nó Piezométrica Disponível
(m)
(m) (m)
A 108 141,09 33,09
B 105 132,90 27,90
C 120 130,00 10,00
D 110 136,56 26,56
Reservatório 140 143,09

Professora Ana Paula

Professora Ana Paula Abi-faiçal Castanheira, DSc 22


Sistemas Hidráulicos de Saneamento
Aula – Rede de Distribuição

Professora Ana Paula Abi-faiçal Castanheira, DSc 23

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