Você está na página 1de 94

Domingos Sávio de Souza Vieira

FISIOPATOLOGIA DA CEFALÉIA

CRÔNICA DIÁRIA: estudo do

líquido cefalorraquidiano

Tese apresentada à Universidade


Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina, para obtenção
do Título de Doutor em Ciências.

SÃO PAULO
2008
Domingos Sávio de Souza Vieira

FISIOPATOLOGIA DA CEFALÉIA

CRÔNICA DIÁRIA: estudo do

líquido cefalorraquidiano

Tese apresentada à Universidade


Federal de São Paulo – Escola
Paulista de Medicina, para obtenção
do Título de Doutor em Ciências.

Orientador: Prof. Dr. Mario Fernando


Prieto Peres
Co-orientador: Profa. Dra. Maria da
Graça Naffah Mazzacoratti

SÃO PAULO
2008
Vieira, Domingos Sávio de Souza
Fisiopatologia da cefaléia crônica diária: estudo do líquido
cefalorraquidiano. /Domingos Sávio de Souza Vieira. -- São Paulo, 2008.
xvi, 74 f.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de


Medicina. Programa de Pós-graduação em Neurologia e Neurociências.

Título em inglês: Pathophysiology of chronic daily headache: cerebrospinal


fluid study.

1. Cefaléia crônica diária. 2. Hipertensão intracraniana idiopática 3. Líquido


cefalorraquidiano. 4. Comorbidades 5. Glutamato 6. Ácido gama-aminobutírico
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA E NEUROCIRURGIA

Chefe do Departamento:

Profa. Dra. Débora Amado Scerni

Coordenador do Curso de Pós-graduação:

Profa. Dra. Maria da Graça Naffah Mazzacoratti

iii
Domingos Sávio de Souza Vieira

FISIOPATOLOGIA DA CEFALÉIA CRÔNICA DIÁRIA: estudo do

líquido cefalorraquidiano

Presidente da banca:
Prof. Dr. Mario Fernando Prieto Peres

BANCA EXAMINADORA

TITULARES

Prof. Dra. Débora Amado Scerni


Prof. Dr. Eliova Zukerman
Prof. Dr. Marcelo Mashura Rodrigues
Prof. Dr. Marcelo Moraes Valença

SUPLENTES

Profa. Dra. Thaís Soares Cianciarullo Minett

Prof. Dr. Jayme Antunes Maciel Júnior

Aprovada em: ____ / ____ / _______

iv
Esta tese foi realizada na Disciplina de Neurologia Experimental, Departamento
de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
– Escola Paulista de Medicina e no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do
Hospital Israelita Albert Einstein (IEP-HIAE), durante o Curso de Pós-graduação
em Neurologia Clínica da UNIFESP. Auxílio financeiro: FAPESP, CNPq, CAPES e
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein (IEP-
HIAE).

v
Dedicatória

Dedico esta tese a meus pais


Auxiliadora e Bento (in memoriam)
pela dedicação e amor dispensados
na minha criação e por sempre
acreditarem na educação como o
bem mais valioso.

vi
Dedicatória

Dedico esta tese a Alessandra pelo


amor, companheirismo e paciência
dedicados a mim ao longo destes
anos das nossas vidas em comum,
e aos filhos que ainda vamos ter.

vii
Agradecimentos

- Ao Prof. Dr. Mario Fernando Prieto Peres, exemplo de neurologista e de


pesquisador, por ter me confiado o desenvolvimento e execução desta tese, pelas
oportunidades dadas na pesquisa clínica das cefaléias e pelos ensinamentos da
Cefaliatria e da Neurologia. O meu muito obrigado Professor!

- A Profa. Dra. Maria da Graça Naffah Mazzacoratti, que em um primeiro


momento, permitiu o meu ingresso na pós-graduação, por seu apoio incondicional
no desenvolvimento e execução desta tese e pela sua co-orientação sempre
presente.

- Ao Dr. Carlos Augusto Senne Soares, por me iniciar ao estudo do líquido


cefalorraquidiano e ter facilitado a realização desta pesquisa.

- A Cristina Massat, por ter me colocado em contato com Prof. Mario Peres, o que
possibilitou posteriormente, o meu ingresso na pós-graduação.

- Ao amigo Dr. Marcelo Mashura Rodrigues, que dividiu comigo o atendimento


dos pacientes desta pesquisa, pela colaboração nesta tese e por sua grande
amizade ao longo desses anos.

- Ao Prof. Dr. Eliova Zukerman, por suas observações valiosas nos artigos
científicos que compõem esta tese e pelos ensinamentos no exercício da
Neurologia.

- A Regina Kaneko, que com sua dedicação, facilitou sobremaneira o trabalho do


Grupo de Estudos em Cefaléias do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do
Hospital Israelita Albert Einstein (IEP-HIAE).

viii
- Aos colegas do Grupo de Estudos em Cefaléias do IEP-HIAE: André Leite, Vera
Zukerman, Juliane Mercante, Felipe Corchs e Fabiano Tanuri por toda ajuda e
companhia ao longo deste trabalho.

- A Martha Jardim Diniz, pelo auxílio e colaboração no processamento e


acondicionamento das amostras de líquor.

- Aos demais profissionais do IEP-HIAE (Centro de Pesquisa Clínica e Laboratório


de Pesquisas Experimentais), em especial Sandra Nakashima, pela agradável
convivência e ajuda.

- Aos meus irmãos Graça, Conceição, Pedro, Glória, Marcelo, Auxiliadora,


Marconi e Suzana pela companhia e amizade ao longo destes trinta e quatro
anos.

- Aos meus tios Marieta e Francisco, com os quais sempre pude contar aqui em
São Paulo.

- Ao pacientes com os quais muito aprendi, esperando beneficiá-los com o


trabalho.

ix
- Agradecimento especial ao Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Hospital
Israelita Albert Einstein (IEP-HIAE) em São Paulo que patrocinou e tornou
possível a realização deste estudo.

x
Sumário
Dedicatória..........................................................................................................................vi
Agradecimentos.................................................................................................................viii
Listas................................................................................................................................. xii
Resumo............................................................................................................................ xvi

1. PRIMEIRA PARTE..........................................................................................................1
1.1 Cefaléia crônica diária...................................................................................................1
1.2 Hipertensão intracraniana idiopática (HII).....................................................................6
1.2.1 Fisiopatologia da HII...................................................................................................7
1.2.2 Sintomatologia da HII................................................................................................11
1.3 Cefaléia crônica diária e hipertensão intracraniana idiopática sem papiledema.........12
1.4 Cefaléia crônica diária e obesidade.............................................................................16
1.5 Obesidade e hipertensão intracraniana idiopática.......................................................18
ARTIGO 1 - Idiopathic intracranial hypertension with and without papilloedema in a
consecutive series of patients with chronic migraine.........................................................19

2. SEGUNDA PARTE........................................................................................................25
Fisiopatologia da enxaqueca e da cronificação da dor.....................................................25
ARTIGO 2 - Glutamate Levels in Cerebrospinal Fluid and Triptans Overuse in Chronic
Migraine.............................................................................................................................34

3. TERCEIRA PARTE........................................................................................................41
Enxaqueca e depressão....................................................................................................41
ARTIGO 3 - Cerebrospinal fluid GABA levels in chronic migraine with and without
depression.........................................................................................................................44

4. DISCUSSÃO..................................................................................................................50
5 ANEXOS ........................................................................................................................52
6 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................59
Abstract
Bibliografia consultada

xi
Lista de figuras

Artigo 1

Figura 1. Correlation of body mass index (BMI) with cerebrospinal fluid opening

pressure (OP) in chronic migraine…………..…………………………….22

Artigo 2

Figura 1. CSF glutamate levels (µmol/L) in chronic migraine patients overusing

triptans, analgesics, nonoverusers and controls…………………………37

Artigo 3

Figura 1. Cerebrospinal fluid GABA levels in chronic migraine patients with and

without depression and controls…………………………………………...46

xii
Lista de tabelas

Artigo 1

Tabela 1. Patient number, gender, age, cerebrospinal fluid (CSF) opening

pressure, body mass index (BMI), years of headache, frequency and

presence of papilledema in cases with idiopathic intracranial

hypertension …………………………………………………………….21

Tabela 2. Clinical features, treatment responses in patients diagnosed with

idiopathic intracranial hypertension........................................................22

Artigo 2

Tabela 1. Patients’ Profile of Triptans Overuse in Group 3…………………………36

xiii
Lista de abreviaturas e símbolos
CCD Cefaléia Crônica Diária

CGRP do inglês “Calcitonin Gene-Related Peptide”, Peptídeo


Relacionado ao Gene da Calcitonina

CPDI Cefaléia Persistente e Diária desde o Início

CTTC Cefaléia do Tipo Tensional Crônica

DCA Depressão Cortical Alastrante

EBST Estenose Bilateral dos Seios Transversos

EC Enxaqueca Crônica

ET Enxaqueca Transformada

GABA do inglês “Gamma-Aminobutyric Acid”, Ácido Gama-


Aminobutírico

H 2O Água

HC Hemicrania Contínua

HII Hipertensão Intracraniana Idiopática

HIISP Hipertensão Intracraniana Idiopática Sem Papiledema

IHS do inglês “International Headache Society”, Sociedade

Internacional de Cefaléia

IMC Índice de Massa Corpórea

LCR Líquido Cefalorraquidiano

MC Migrânea Crônica

ml mililitros

mm milímetros

NMDA N-metil-D-aspartato

OR Oddis Ratio

xiv
PET do inglês “Positron Emisson Tomography”, Tomografia

por Emissão de Posítrons

PIC Pressão Intracraniana

PL Punção Lombar

RM Ressonância Magnética

RMf Ressonância Magnética Funcional

SCP Substância Cinzenta Periaquedutal

SUNCT do inglês “Short-lasting unilateral neuralgiform

headache attacks with conjunctival injection and

tearing” Cefaléia de curta duração, unilateral,

neuralgiforme com hiperemia conjuntival e

lacrimejamento.

TC Tomografia Computadorizada

5-HT Serotonina

xv
Resumo

Introdução: A cefaléia crônica diária é constituída por um grupo de cefaléias,

dentre elas a enxaqueca crônica, comórbida com patologias como a depressão, o

abuso de medicamentos, a obesidade e, mais recentemente, associada a casos

de hipertensão intracraniana idiopática sem edema de papila. Objetivos:

Determinar a prevalência de hipertensão intracraniana idiopática sem edema de

papila e os níveis liquóricos de glutamato e ácido gama-aminobutírico em

pacientes com enxaqueca crônica comparado a outros grupos de pacientes.

Métodos: Foram estudados pacientes com enxaqueca crônica, mediante a

realização do exame do líquido cefalorraquidiano com medida da pressão de

abertura e dosagens dos níveis liquóricos dos aminoácidos glutamato e ácido

gama-aminobutírico pela técnica de cromatografia líquida de alta resolução.

Resultados: Dos pacientes submetidos a punção lombar, seis pacientes, em

grupo de sessenta, tiveram elevação na pressão liquórica maior que 200 mm H20

sem acusar edema de papila à fundoscopia. Os pacientes que abusavam de

triptanos mostraram níveis liquóricos de glutamato menores que aqueles com uso

abusivo de outros tipos de medicações analgésicas e pacientes que não

abusavam de nenhum tipo de medicação. Quanto aos níveis de ácido gama-

aminobutírico no líquido cefalorraquidiano, esses foram menores nos pacientes

com enxaqueca crônica e depressão quando comparados aos pacientes que

tinham apenas enxaqueca crônica. Conclusões: A realização do estudo do

líquido cefalorraquidiano foi importante em pacientes com enxaqueca crônica para

a exclusão da hipertensão intracraniana idiopática sem papiledema, possibilitando

perspectivas futuras para o entendimento da fisiopatogênese e desenvolvimento

de novas terapias medicamentosas para a enxaqueca e suas comorbidades.

xvi
1. PRIMEIRA PARTE

1.1 Cefaléia crônica diária

A cefaléia crônica diária (CCD) é caracterizada clinicamente por uma

cefaléia que está presente em mais de quinze dias de um mês, por mais de três

meses. A CCD não é um diagnóstico, mas uma categoria constituída por um

grupo de cefaléias primárias e secundárias, sendo as primárias aquelas não

causadas por outra doença existente.(1-3)

As formas primárias podem ser classificadas em cefaléias de curta duração

(< 4 horas/crise), e incluem a cefaléia em salvas crônica, hemicrania paroxística

crônica, SUNCT e cefaléia hípnica. As formas de longa duração (> 4 horas/crise)

são representadas pela cefaléia do tipo tensional crônica (CTTC), migrânea

crônica (MC), cefaléia persistente e diária desde o início (CPDI) e hemicrania

contínua (HC).(1)

A prevalência da CCD varia de 4% a 5% na população geral.(4-6) Scher et

al., em um estudo populacional com 13.343 indivíduos de 18 a 65 anos, em

Baltimore Country, Maryland, Estados Unidos, encontraram uma prevalência de

4,1% (5% das mulheres, 2,8% dos homens, relação 1,8:1 mulher/homem). A

cefaléia foi 33% mais freqüente em caucasianos que em americanos negros, e

mais da metade desses pacientes (2,2%) preenchiam critérios para CTTC; um

terço (1,3%) preenchia critérios para a migrânea (doravante, no presente trabalho,

denominada de enxaqueca); e o restante apresentava cefaléias não-classificadas.

Em ambos os sexos, a prevalência da CCD foi maior em indivíduos com níveis

educacionais mais baixos.(4)


2

Castillo et al. referiram uma prevalência de 4,7% (89 indivíduos) em uma

população de 1.883 sujeitos em Cantabria (Espanha). Oitenta eram mulheres, e

do total dos pacientes com CCD, 42 (2,2%) apresentavam critérios para a CTTC;

45 para a enxaqueca transformada (ET) (2,4%), com a média de idade

significantemente mais baixa que para a CTTC. Do grupo de pacientes com a ET,

14 apresentavam-se com abuso de analgésicos ou ergotamina. Os dois casos

restantes preencheram critérios para a CPDI.(5)

Em um estudo na população idosa chinesa, com mais de 65 anos, foi

determinada uma prevalência de 3,9% (60 indivíduos) de pacientes que

preenchiam critérios para a CCD em um grupo de 1.533 idosos. Desses, 42

indivíduos (70%) tinham a CTTC; 15 (25%) preenchiam critérios para a CCD com

características de enxaqueca; 3 (5%) tinham outros tipos de CCD. Esse estudo

revelou que o abuso de medicamentos, a história de enxaqueca e a depressão se

apresentavam como fatores de riscos significantes para cronificação da cefaléia.(6)

Em Taipei, Taiwan, foi encontrada uma prevalência de 3,2% de CCD em

uma população de 3.377 indivíduos com mais de 15 anos, sendo mais prevalente

em mulheres e predominando a forma de enxaqueca transformada em relação à

CTTC (55% versus 44%); o abuso de medicação esteve presente em 34% dos

pacientes com CCD.(7)

Em um estudo epidemiológico numa população geral da França, foi

descrita uma prevalência de 2,98% de CCD, e dois terços desses sujeitos

apresentavam sintomas com características de enxaqueca.(8)

Recentemente Bigal et al., em um estudo populacional em áreas

metropolitanas dos Estados Unidos, por entrevistas telefônicas, descreveram uma

prevalência de 4,1% de CCD, mais freqüentes em mulheres que em homens (5%


3

versus 2,1%), sem diferenças significativas entre caucasianos (4,1%) e negros

(3,7%). Nesse estudo, os autores observaram que a prevalência de CCD aumenta

com a idade e mostra uma relação inversa com o nível educacional.(9)

No Brasil, Queiroz et al., em um estudo na população de Florianópolis,

Santa Catarina, determinaram uma prevalência de CCD no período de um ano de

6,5%, sendo mais prevalentes em mulheres, com uma relação mulher/homem de

5:1. Dos 40 indivíduos com CCD, 32 (80%) preenchiam critérios para a

enxaqueca crônica, e o restante para a CTTC.(10)

Todos esses trabalhos mostram que a CCD é uma das formas de cefaléia

mais comumente encontrada nos serviços especializados, representando até 70%

dos diagnósticos iniciais vistos em centros americanos para o tratamento de

cefaléias.(11) Segundo Saper, ela é responsável por aproximadamente 65% dos


(12)
atendimentos em sua clínica , e Mathew relatou a prevalência da CCD de 40%

em seu serviço.(13)

O grupo mais prevalente da CCD é o da enxaqueca crônica/transformada,

responsável por cerca de 70% a 80% dos casos..Mathew foi o primeiro a

introduzir o conceito de transformação de enxaqueca episódica para a CCD,

definindo assim o conceito de enxaqueca transformada.(14) Em seu serviço,

estudando 630 pacientes com CCD, ele encontrou 489 (78%) indivíduos que

foram categorizados como tendo ET, baseado nas observações de que tais

pacientes tinham uma história prévia de enxaqueca episódica, que piorava em

freqüência de crises ao longo dos anos, enquanto os sintomas de fotofobia,

fonofobia e náuseas se tornavam menos proeminentes.(13)

Em 1994, Silberstein e Lipton propuseram critérios de revisão na

classificação de 1988 da International Headache Society (IHS) para os casos de


4

CCD (anexo 1) que seriam usados em muitos estudos clínicos nos anos

seguintes.(2, 3, 15-17)

Em 2004, a IHS estabeleceu a segunda edição da Classificação

Internacional de Cefaléias, introduzindo o termo migrânea crônica (nesta tese,

denominada de enxaqueca crônica (EC)), na ausência de uso excessivo de

medicação, e a definição de provável migrânea crônica por uso excessivo de

medicação (anexo 2), sendo esta última definição muito criticada entre os

cefaliatras de todo mundo.(18, 19)


Em 2006, os critérios para a classificação de

migrânea crônica foram revistos, assim como os critérios de uso abusivo de

medicação, o que possibilitou uma inclusão mais abrangente de pacientes com

CCD e história de enxaqueca prévia (anexo 3).(20, 21)

Com critérios mais amplos para a classificação da EC, a prevalência desta

em centros terciários de cefaléia continua bastante alta, chegando até a 88% dos

casos de pacientes com CCD.(19, 21)

O abuso de medicamentos para dor é comumente identificado como fator

de risco para a enxaqueca crônica/transformada. O uso abusivo de medicações

está presente em mais de 80% dos pacientes com EC em centros especializados

de cefaléia, ocorrendo, em estudos populacionais, abuso em cerca de 30%

desses pacientes.(4, 14, 22) Bigal et al. estudando um grupo de 703 pacientes com

CCD, em centro terciário, encontrou uma prevalência de 74,3% (456 pacientes)

com uso abusivo de medicações, sendo 347 sujeitos do sexo feminino.(11) No

Brasil, Orri relatou que 70% dos pacientes apresentavam uso abusivo de

analgésico.(23)

Além do uso abusivo de medicações analgésicas, outras condições

estão fortemente associadas com a cronificação da enxaqueca e, entre elas,


5

estão a depressão, eventos estressantes ao longo da vida como divórcio,

problemas com filhos, hipertensão arterial, obesidade, hipotireoidismo, distúrbios

do sono, traumas cranianos e cervicais, entre outros.(24-28)

A comorbidade psiquiátrica, principalmente a ansiedade generalizada e a

depressão também estão presentes em aproximadamente 80% dos casos.

Mathew, em 1993,(29) mostrou a existência de relação entre a enxaqueca crônica

e ansiedade, depressão e insônia, identificando de 70% a 80% de pacientes com

transtornos de humor e de ansiedade, nesse tipo de enxaqueca.

Outra comorbidade relevante da enxaqueca é a fibromialgia, presente em

35% dos pacientes com enxaqueca crônica.(30) Os pacientes com fibromialgia são

mais idosos e apresentam cefaléias mais incapacitantes, quando comparados aos

sem fibromialgia. Ainda nesse estudo, foi demonstrada uma correlação

significativa entre depressão, insônia e fibromialgia, que estiveram conjuntamente

presentes em 25% dos pacientes, revelando ser este um subgrupo importante em

enxaqueca crônica.

As queixas de fadiga e a presença da síndrome da fadiga crônica em

pacientes com enxaqueca crônica também já foram estudadas. Fadiga é um

sintoma de definição difícil e de etiologia multifatorial complexa. Queixas

significativas de fadiga estão presentes em 84% dos pacientes com enxaqueca

crônica, e 66,7% desses indivíduos preenchem os critérios para a síndrome da

fadiga crônica do centro de controle de doenças em Atlanta, Estados Unidos.(31)

A enxaqueca crônica também está relacionada a distúrbios do sono.(29, 32)

Essa relação provavelmente seja multifatorial e bidirecional. Dor freqüentemente

prejudica o sono, assim como distúrbios do sono provavelmente contribuam para

o desencadeamento de dor.(33) Além disso, muitas comorbidades da enxaqueca,


6

tais como ansiedade e depressão, podem independentemente afetar o sono.(34)

Pacientes com enxaqueca crônica referem menor duração do tempo total de sono

do que os com enxaqueca episódica e queixam-se com mais freqüência de

dificuldades para iniciar e manter o sono.(35)

A CCD também pode estar associada a quadros de hipertensão

intracraniana idiopática (HII) relatada nas últimas décadas por alguns autores, a

qual será revista a seguir.

Diante dos fatos expostos, pela sua importância na clínica neurológica,

incidência e comorbidades associadas, este tese se propõe estudar a enxaqueca

crônica, sua fisiopatologia, bem como, sua correlação com a hipertensão

intracraniana idiopática, obesidade, abuso de analgésicos, depressão e níveis

liquóricos de glutamato e ácido gama-aminobutírico (GABA).

1.2 Hipertensão intracraniana idiopática (HII)

Também conhecida como hipertensão intracraniana benigna, essa condição

é caracterizada por aumento da pressão intracraniana sem evidências clínicas,

laboratoriais e radiológicas de patologia intracraniana. É mais freqüente em

mulheres obesas em idade fértil, que apresentam exame neurológico normal, ou

associado aos seguintes sinais e sintomas: papiledema, aumento da mancha

cega, defeito no campo visual, zumbidos, tinidos e alterações visuais

transitórias.(36, 37)

A HII é uma doença relativamente comum com uma incidência anual

estimada em um a dois casos novos por 100.000 na população geral, mas sua

exata incidência e prevalência não são conhecidas. Embora a síndrome seja vista
7

também em homens, estes são menos afetados com uma proporção de 1:4,3 a

1:15 em relação às mulheres. Por sua vez, a prevalência de obesidade nas

mulheres acometidas pela patologia varia de 71% a 94%, sendo relatada em

alguns trabalhos uma incidência anual de 21 casos em 100.000 no grupo de

mulheres obesas em idade fértil. Por outro lado, a associação entre a obesidade e

a HII em homens não tem sido provada, bem como a predominância entre sexos

em crianças pré-puberes.(38-44)

A IHS estabelece como critérios para a HII um aumento na pressão de

abertura do líquor superior a 200 mm H2O em não-obesos, e maior que 250 mm

H2O em pacientes obesos, aferida com pacientes em decúbito lateral (anexo 4).(1,
45)

A patogênese da HII é incerta, sendo possivelmente atribuída aos fatores a

seguir.

1.2.1 Fisiopatologia da HII

Aumento da produção do líquido cefalorraquidiano (LCR)

O ser humano produz cerca de 500 ml de LCR em um período de 24 horas,

de forma que todo o volume do líquor é renovado a cada 6 a 8 horas.(46) A

hipótese de que a HII seja resultado do aumento da secreção de LCR não tem

sido amplamente aceita, pois alguns estudos mostram não haver diferenças

significantes entre a produção liquórica entre pacientes com HII e indivíduos-

controles.(47, 48) Além disso, uma condição em que reconhecidamente ocorre uma
8

secreção excessiva de LCR (papiloma de plexo coróide em crianças) não produz

um quadro típico similar à HII.(49)

Edema do parênquima cerebral

São fracas as evidências de edema cerebral difuso em quadros de HII.

Tradicionalmente, aceitava-se que pacientes com HII apresentassem ventrículos

diminuídos. Porém, enquanto alguns estudos relatam redução dos ventrículos,(50-


52)
outros têm demonstrado ventrículos com tamanho normal em imagens de

tomografia computadorizada (TC).(53-55) Evidências indiretas de edema cerebral

por imagem de ressonância magnética (RM) mostram aumento do conteúdo de

água e sua difusão na substância branca subcortical.(56-58) No entanto um estudo

recente com técnicas mais refinadas de RM não reproduziu os achados

prévios.(59) Estudos histológicos sugestivos de edema intracelular e intersticial

têm sido repetidos e reexaminados sem confirmação dos achados iniciais.(60)

Redução da absorção de LCR

Outra hipótese também tem sido testada por alguns autores. Martins,

usando uma infusão de solução salina intratecal mostrou resistência à drenagem

de líquor em quatro de cinco pacientes com pseudotumor cerebral.(61) Johnston e

Paterson referiram trabalho similar usando cisternografia com radioisótopo, que

mostrou um retardo substancial da circulação de LCR no espaço subaracnóide de

indivíduos com HII.(47) Padrões alterados do clearance de líquor têm sido


9

relatados por essas e outras técnicas. Porém pouco se sabe sobre o exato

mecanismo que leva a tais alterações.(62, 63)

Aumento da pressão venosa cerebral

Há controvérsias sobre o aumento da pressão do líquido cefalorraquidiano;

se é um problema primário ou uma conseqüência do aumento da pressão dos

seios venosos, sendo esse último decorrente do aumento da pressão venosa por

si só ou secundário ao estreitamento anatômico do leito venoso. Estudos

radiológicos mostram estreitamento dos seios venosos, que induz a uma

obstrução funcional do fluxo venoso em muitos casos de HII na ausência de

oclusão por trombos.(64) Em um estudo prospectivo usando angiografia por RM

(angio-RM), foi observada estenose substancial dos seios venosos em 27 de 29

casos, levando os autores a concluírem que os seios durais são anatomicamente

diferentes no caso de HII.(65) Se tais achados são conseqüência ou causa do

aumento da pressão do LCR, não se sabe, mas há evidências que apóiam ambas

as hipóteses.

A idéia de estenose dos seios venosos, secundária a um efeito

compressivo, requer que as paredes dos vasos sejam externamente comprimidas.

Outra idéia é que o lúmen seja primariamente obstruído por aumento das

granulações aracnóides.(65) Há relatos de resolução de estenose dos seios

laterais e transversos após a punção lombar de alívio.(66) Por sua vez, Bono et

al.(67) mostraram a persistência dos estreitamentos mesmo após a normalização

da pressão liquórica.
10

Para colaborar com a idéia de que os pacientes com HII apresentam

estenoses anatômicas primárias dos seios venosos durais(65), tem sido

demonstrado que a dilatação dessas estenoses pela colocação de stents nos

seios transversos, leva a melhora da cefaléia, desaparecimento do papiledema e

normalização da pressão liquórica.(68-70)

Karahalios et al. observaram pressão venosa elevada com anatomia

normal dos seios durais em 5 pacientes com HII, mostrando que a pressão do

átrio direito estava aumentada, e sugerindo, assim, um mecanismo universal da

elevação da pressão venosa.(71)

Outros autores têm focado a atenção no modelo de hipertensão venosa, no

qual o aumento da pressão intracraniana (PIC) é resultado direto do aumento da

pressão intra-abdominal com conseguinte elevação do diafragma, aumento da

pressão pleural, impedindo, desse modo o retorno venoso cerebral e

conseqüentemente elevando a pressão venosa global. Essa teoria requer a

presença de obesidade central para o aumento da pressão intra-abdominal, não

sendo observado, com freqüência, esse tipo de distribuição gordurosa em

mulheres. Assim, por essa hipótese, a HII seria também mais freqüente durante a

gestação, fato que não é observado.(72)

Estados protrombóticos têm sido associados a quadros de HII, porém não

confirmados por outros estudos.(73) Entretanto outras patologias sistêmicas como

hipertensão arterial, síndrome de ovários policísticos, diabetes mellitus, doenças

da tireóide, doenças hematológicas, endócrinas, reumatológicas e o uso de certas

medicações podem estar envolvidos na etiologia da HII.(36)


11

1.2.2 Sintomatologia da HII

Os sintomas e sinais são atribuídos ao aumento de pressão intracraniana e

a cefaléia é o sintoma mais comum, ocorrendo em 68% a 98% dos pacientes. Em

geral, tem um início episódico, desenvolvendo-se em semanas em uma

freqüência diária ou quase diária, com intensidade moderada. Também pode

apresentar-se de forma contínua e intensa desde seu início. A dor pode ter um

caráter similar à enxaqueca ou cefaléia do tipo tensional, podendo ser agravada

por atividade física e manobras de Valsalva. Quanto à localização, a cefaléia pode

ser holocraniana, hemicraniana, retro-ocular, temporal ou occipital. Náuseas

acompanham 20% a 40% dos sintomas, sendo os vômitos menos freqüentes.(74-


77)

Os distúrbios da visão constituem o segundo sintoma mais prevalente.

Alterações visuais transitórias, borramentos e até perdas transitórias da visão são

observados em até 72% dos casos, tanto de forma bi ou mono ocular, estando

relacionados à presença do edema de papila. Paralisia do VI nervo craniano e

diplopia associada são vistas em 20% a 47% dos pacientes.(74-77)

Tinidos pulsáteis unilaterais ou bilaterais são descritos em 8% a 60% dos

casos. Outros sintomas menos comuns como parestesias, rigidez de nuca, dores

radiculares e zumbidos também são descritos.(74-77)

O edema de papila ou papiledema é um sinal típico da hipertensão

intracraniana e usualmente é bilateral, podendo apresentar-se de forma

assimétrica ou mesmo de forma unilateral. No início, o edema de papila está

associado com queixas de visão borrada, podendo a acuidade visual deteriorar-se

rapidamente em casos de hipertensão intracraniana severa, sendo o risco de


12

dano da acuidade visual relacionado com a duração do edema. Defeitos no

campo visual surgem em mais de 96% dos pacientes durante o curso da HII.

Aumento da mancha cega é freqüente e achada em virtualmente todos os

pacientes com papiledema.(74-77)

1.3 Cefaléia crônica diária e hipertensão intracraniana idiopática sem

papiledema

Nas últimas décadas, vem crescendo o número de casos descritos na

literatura de HII sem papiledema em pacientes com CCD.

Alguns mecanismos têm sido postulados para a ausência de papiledema


(78)
:

1. Defeito congênito da bainha do nervo óptico.

2. Defeitos adquiridos da bainha do nervo óptico.

3. HII com resolução do papiledema.

4. Elevação intermitente da pressão intracraniana abaixo do limiar para a

instalação do papiledema.

(79)
Descrito inicialmente por Lipton e Michelson , em 1972, em uma jovem

negra obesa de 24 anos, a HII sem papiledema (HIISP) é uma entidade pouco

freqüente, mas que vem sendo, nos últimos anos, observada por um número

crescente de autores.

Scanarini et al. relataram um homem jovem obeso com achados típicos de

HII, que a despeito da pressão intracraniana elevada não desenvolveu


13

papiledema. O quadro foi resolvido com tratamento medicamentoso após seis

meses.(80)

Spencer et al. descreveram nove casos de HII sem edema de papila na

fundoscopia, sendo que desses, sete pacientes foram submetidos à monitoração

da pressão intracraniana com valores variando de 22 a 40 mm Hg.(81)

Huff et al. observaram dois paciente com HIISP que apresentavam CCD

com sintomas de enxaqueca.(82)

Ramadan referiu a transformação de uma enxaqueca episódica em um

quadro de CCD em um paciente que desenvolveu a HII sem papiledema.(83)

Marcelis e Silberstein relataram dez pacientes, oito mulheres, com CCD e

HIISP. Todos os pacientes apresentavam cefaléia diária, intensa e contínua com

características de enxaqueca, e quatro deles apresentavam tinidos pulsáteis. A

obesidade esteve presente em 80% dos pacientes, variando a pressão de

abertura do líquor - doravante denominada apenas pressão de abertura - entre

230 a 450 mm H2O. A média de duração dos sintomas foi de 76,2 meses até o

diagnóstico. Dois pacientes apresentavam sela vazia na TC de crânio.(78)

Mathew et al., estudando 85 pacientes com CCD refratária a medicação

profilática, encontraram 12 pacientes (10 mulheres) com HIISP, que não

apresentavam alterações visuais transitórias, diplopia ou paresia de VI nervo

craniano, e com seus campos visuais normais.(84) Sete pacientes eram obesos,

dez apresentavam comorbidades psiquiátricas, e em todos a cefaléia tinha

características de enxaqueca que não diferiam entre pacientes enxaquecosos e

pacientes com HII com papiledema descrito por Wall e George.(76) Apenas um

paciente tinha o sinal da sela vazia na TC de crânio. A duração do tratamento até

a punção lombar foi de 7 dias a 72 meses. As pressões de abertura variaram


14

entre 230 e 450 mm H2O. Os autores concluem que a prevalência da CCD

secundária à HIISP não é fato raro em uma população de pacientes com cefaléias

refratárias.(84)

Wang et al. descreveram 25 doentes com HIISP, todos eles apresentavam

cefaléia com características similares aos controles, esses últimos com CCD e

pressão de abertura normal no LCR. A obesidade e tinidos foram variáveis

relacionadas à HIISP.(85)

Quattrone et al. estudaram 114 portadores de CCD com RM e angio-RM de

0,5 Tesla submetidos à punção lombar (PL) e 28 pacientes controles. Dos

pacientes com CCD, seis apresentaram exame de imagem com marcada

irregularidade ou ausência de fluxo na porção distal de um dos seios transversos,

e, destes, um apresentou pressão de abertura maior que 200 mm H2O, enquanto

outros cinco pacientes apresentaram os mesmo sinais, só que em ambos os seios

transversos; desse grupo, quatro pacientes tiveram pressão de abertura maior

que 200 mm H2O. Assim, do grupo de pacientes com CCD, cerca de 5%

apresentavam HIISP (pressão de abertura liquórica entre 232 a 315 mm H2O)

com sinais de alteração no fluxo dos seios transversos na angio-RM. Ao lado dos

sintomas da CCD, a predominância no sexo feminino e a obesidade foram

achados comuns nos casos de HIISP, sendo preditores dessa patologia. Os

autores sugerem que pacientes com HIISP provavelmente apresentem alterações

radiológicas nos estudos angiográficos que comprometem o fluxo sangüíneo nos

seios venosos e conseqüentemente elevam a pressão liquórica configurando um

quadro de HII. As características clínicas da cefaléia não diferiram entre o grupo

com angio-RM normal ou alterada.(86)


15

Bono et al., estudando 724 pacientes consecutivos com enxaqueca e 70

pacientes-controles, encontrou 49 (6.7%) pacientes com sinais de estenose na

porção média-leteral de ambos os seios transversos (EBST) na angio-RM, do

quais, 28 permitiram submeter-se a PL, enquanto 70 controles e 70 pacientes

com enxaqueca sem alteração na angio-RM foram submetidos ao mesmo exame.

Dezenove pacientes dos 28 que tinham angio-RM alterada apresentaram pressão

de abertura maior que 200 mm H2O (média de 282,5 ± 40,6 mm H2O), quando

comparados ao demais grupos de pacientes (ausência de EBST, controles e

pacientes com EBST sem HII) p<0.001. Dezoito dos 19 pacientes eram mulheres

obesas com média de índice de massa corpórea (IMC) 37,7 ± 3,9 Kg/m2 (p =

0.001). Os pacientes com HIISP interessantemente apresentavam menos tempo

de história para a enxaqueca 2,4 ± 1.5 anos versus 10,9 ± 7,9 anos para o grupo

sem EBST e 11,1 ± 9,6 anos para aquele com EBST sem HII (p < 0.001). Os

autores então sugerem que pacientes com CCD intratável, particularmente

mulheres obesas, devem se submeter a PL para exclusão de HIISP; e que a

presença de estenose bilateral do seio transverso é um preditor para HIISP em

pacientes com enxaqueca.(87)

Em um outro estudo, o mesmo autor descreveu que em um grupo de 111

pacientes portadores de CCD, doenças do sistema nervoso periférico e patologias

psiquiátricas que se submeteram ao exame de líquor e apresentavam pressão de

abertura dentro da normalidade; 33 apresentavam estenose em um único seio

transverso, dez mostravam ausência de sinal de um dos seios transversos por

inteiro e em dois pacientes a estenose era bilateral. Oitenta e cinco por cento dos

pacientes com estenose unilateral apresentavam a alteração na porção média-

lateral, o que poderia corresponder a granulações aracnóides proeminentes.(88)


16

Desse modo, alguns autores (65, 86, 87) acreditam que a diminuição do lúmen

dos seios venosos esteja envolvida na gênese da HII com ou sem papiledema,

embora esta redução possa ser encontrada em alguns pacientes com CCD e

pressão de abertura normal(88). Outros(66, 89, 90)


, no entanto, descrevem que tais

alterações são decorrentes da alta pressão a que os leitos venosos estão

submetidos, havendo desaparecimento das anormalidades quando a pressão

liquórica é restabelecida a níveis normais, seja por meio de punções de alívio ou

por métodos de derivação. Bono et al., entretanto, não encontraram resolução das

estenoses nos pacientes que receberam tratamento medicamentoso com

acetazolamida e que foram submetidos à dieta para redução de peso.(67)

1.4 Cefaléia crônica diária e obesidade

A obesidade é outro fator comumente associado à HII e recentemente tem

sido descrita como um fator indutor de cronificação de quadros de enxaqueca.

Estima-se que 64% dos adultos nos Estados Unidos estejam com

sobrepeso ou sejam obesos.(91) No Brasil, acredita-se que cerca de 40% da

população adulta esteja acima do seu peso ideal com o índice de massa corpórea

(IMC) maior que 25 Kg/m2.(92)

Obesidade é comórbida com algumas síndromes de dor crônica, como


(93)
fibromialgia , dores lombares e cervicais.(94) Scher et al. mostraram em um

estudo longitudinal que o desenvolvimento de CCD em indivíduos com enxaqueca

episódica é cinco vezes mais freqüente entre os obesos.(28) Bigal et al., em um

estudo na população norte-americana, que envolve enxaqueca e obesidade,

apontaram os seguintes achados: 1) a enxaqueca e a obesidade não são


17

comórbidas, não variando, significativamente, a prevalência da enxaqueca em

função do índice de massa corpórea em Kg/m2; 2) a obesidade foi fortemente

associada com o número de dores de cabeça por mês entre pacientes com

enxaqueca, particularmente no caso de dores de cabeça muito freqüentes; 3) o

IMC está significantemente associado com a intensidade das crises apresentadas

pelos pacientes; 4) o IMC influencia alguns sintomas associados, como foto e

fonofobia. Nesse estudo, os autores concluem que a enxaqueca e a obesidade

não são comórbidas. Porém a obesidade está relacionada com a intensidade e a

freqüência das crises de enxaqueca, atuando como um fator de risco para a

cronificação da mesma.(91)

Numa segunda publicação, os mesmos autores, relacionando pacientes

com baixo peso (IMC <18, 5), peso normal (IMC 18,5 a 24,9), sobrepeso (IMC 25

a 29,9), obesidade (IMC 30 a 34, 9), obesidade mórbida (IMC >35) e CCD,

encontraram uma prevalência de CCD de 4,1% (1,3% de ET e 2,8% de CTTC).

Comparando a CCD e o IMC, eles concluíram que, levando-se em consideração o

grupo de indivíduos com peso normal, a prevalência da CCD foi significantemente

mais alta entre obesos e obesos mórbidos, não se encontrando diferenças

significantes entre os grupos de baixo peso e sobrepeso. Os autores concluem

que a obesidade está fortemente associada com a ET e menos com a CTTC. A

obesidade também esteve associada com a freqüência dos ataques, bem como

com a maior proporção de sujeitos com dor intensa e freqüência diária. A

prevalência da CCD aumentou com o aumento da categoria do IMC de normal,

sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida, refletindo, assim, que quanto maior o

IMC, maior o risco de cronificação da cefaléia, particularmente da enxaqueca.(9)


18

Dessa forma, a obesidade está associada a duas patologias que podem

ocorrer conjuntamente, a CCD e a HII.

1.5 Obesidade e hipertensão intracraniana idiopática

A classificação de 2004 da IHS considera o valor acima de 250 mm H2O

como ponto para se diagnosticar a HII em pacientes obesos (anexo 4).(1) Corbett e
(95)
Mehta encontraram 25% de obesos com pressão de abertura entre 200 e 250

mm H2O, enquanto que, Hannerz et al.(96) acharam 15 de 19 mulheres obesas,

com sinais de inflamação sistêmica com pressão de abertura maior que 200 mm

H2O. Em contrapartida, Bono et al.(97), estudando 51 pacientes com sobrepeso e

obesidade, com angio-RM normal e submetidos a PL, encontraram valores de

pressão de abertura abaixo de 200 mm H2O em todos os pacientes. Nesse

estudo, o excesso de peso teve um efeito discreto na pressão liquórica,

apresentando os sujeitos com sobrepeso e obesidade valores de pressão de

abertura levemente maiores que os indivíduos com peso normal. Porém não

houve significância estatística. Os autores sugerem que pacientes obesos com

pressão de abertura do líquor maior que 200 mm H2O devem, sistematicamente,

ser submetidos a angio-RM para excluir trombose venosa cerebral ou

estreitamentos patológicos nos seios venosos. Whiteley et al.(98), estudando 242

adultos em todas as faixas de IMC - contudo sem o controle de variáveis

importantes tais como: o mesmo médico para realizar todas as punções, extensão

das pernas e do pescoço - encontraram uma correlação significante entre pressão

de abertura liquórica inicial e o IMC, embora sem relevância para a prática clínica.
19

Artigo 1 – Cefaléia crônica diária e hipertensão intracraniana idiopática.

Como revisto anteriormente, pacientes com CCD com sintomas

enxaquecosos podem apresentar quadro de elevação na pressão intracraniana

sem edema de papila associado. Esses pacientes representam uma porcentagem

que varia na literatura atual entre 5% a 14%.(84, 86)

Em centros terciários de cefaléia, alguns trabalhos mostraram que tais

pacientes são refratários a medicações profiláticas por meses e anos, para,

depois desse período, se submeterem a uma punção lombar com medida da

pressão liquórica, confirmando assim a sua elevação e retardando em muitos

casos o diagnóstico precoce da hipertensão intracraniana idiopática sem

papiledema. No entanto não sabemos a incidência dessa patologia em pacientes

com enxaqueca crônica virgens de tratamento medicamentoso profilático.

O artigo a seguir, a ser publicado no periódico Cephalalgia em junho de

2008 e já disponível online, teve como objetivo determinar a prevalência de HIISP

em uma série consecutiva de pacientes com CCD do tipo enxaqueca crônica, sem

tratamento profilático prévio, em centro terciário no Brasil.(99)


doi:10.1111/j.1468-2982.2008.01564.x

Idiopathic intracranial hypertension with and without


papilloedema in a consecutive series of patients
with chronic migraine
DSS Vieira1,2, MR Masruha1,2, AL Gonçalves1,2, E Zukerman1, CA Senne Soares1,
M da Graça Naffah-Mazzacoratti2 & MFP Peres1,2
1
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, Instituto do Cérebro, Hospital Israelita Albert Einstein, and 2Departamento de
Neurologia e Neurocirurgia, Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, São Paulo, Brazil

Vieira DSS, Masruha MR, Gonçalves AL, Zukerman E, Senne Soares CA, da
Graça Naffah-Mazzacoratti M & Peres MFP. Idiopathic intracranial hypertension
with and without papilloedema in a consecutive series of patients with chronic
migraine. Cephalalgia 2008. London. ISSN 0333-1024
Chronic migraine (CM) has been associated with idiopathic intracranial hyper-
tension without papilloedema (IIHWOP), a significant percentage of these cases
occurring in obese patients with intractable headache. A prospective study from
February 2005 to June 2006 was made of 62 CM patients who fulfilled Interna-
tional Headache Society diagnostic criteria and had cerebral magnetic resonance
venography (MRV) and lumbar puncture (LP) done. Two patients were
excluded, six (10%) with elevated cerebrospinal fluid (CSF) open pressure (OP),
five with body mass index (BMI) > 25. None of the patients had papilloedema or
abnormal MRV. BMI and CSF OP were significantly correlated (r = 0.476,
P < 0.001, Pearson’s correlation test). Obesity (defined as BMI > 30) was a
predictor of increase in intracranial pressure (defined as OP > 200 mmH2O)
(f = 17.26, 95% confidence interval 6.0, 8.6; P < 0.001). From our study we strongly
recommend that not only intractable CM patients with high BMI, but also first
diagnosed patients with BMI > 30 should be systematically evaluated by a LP to
rule out IIHWOP. 䊐 Comorbidity, idiopathic intracranial hypertension, migraine,
obesity
Dr Mario Fernando Prieto Peres, Rua Joaquim Eugênio de Lima, 881/conj. 708, São
Paulo 01403-001, Brazil. Tel. + 55 11 8111 6662, fax + 55 11 3285 5726, e-mail
marioperes@yahoo.com Received 12 May 2007, accepted 6 December 2007

neurological examination or any the following


Introduction abnormalities: (i) papilloedema; (ii) enlarged blind
Chronic migraine (CM) is characterized by a head- spot; (iii) visual field defect; or (iv) sixth nerve
ache (tension-type and/or migraine) that persists palsy, and normal laboratory and radiological
for ⱖ 15 days per month for at least 3 months, examinations. Noises in the head, pulsatile tinnitus,
being on ⱖ 8 days per month a headache that fulfils transitory visual obscurations and diplopia can also
criteria for pain and associated symptoms of occur (4, 5).
migraine without aura, not attributed to another Chronic daily headache (CDH) has been associ-
causative disorder (1, 2). It is a prevalent and debili- ated with IIH. Since 1972, when Lipton and Mich-
tating disorder affecting 2–3% of the generation elson (6) reported the first case of idiopathic
population (3). intracranial hypertension without papilloedema
Idiopathic intracranial hypertension (IIH), also (IIHWOP), several authors have reported patients
known as benign intracranial hypertension, is a with headache and IIHWOP. The percentage of
syndrome characterized by headache and elevated IIHWOP in refractory chronic/transformed
cerebrospinal fluid (CSF) pressure, with normal migraine patients ranges from 5 to 14% (7, 8). Other

© Blackwell Publishing Ltd Cephalalgia, 2008 1


2 DSS Vieira et al.

authors have reported similar cases (9–11), and all meningitis by cysticercosis, and another woman
patients studied were refractory patients seen at with IIH with papilloedema, both of whom had
tertiary headache centres (6–12). It is unknown migrainous features. All patients had a lumbar
whether IIH is also common in a consecutive puncture (LP), which was performed with the
patient population. We aimed to analyse the preva- patient positioned in the lateral decubitus position
lence of IIH in a consecutive and treatment-naive on a level surface. A standard 22-G spinal needle
CM population. was used. The opening pressure (OP) was recorded
by using a manometer positioned at a 90° angle to
the spinal canal with the patient’s knees and hip in
Methods
the extended position and neck straightened. CSF
Sixty-two patients (10 men and 52 women, ages pressure was recorded until the patient was relaxed
15–69 years, mean age 37.9 years) were diagnosed and the pressure values had stabilized. All LPs
with CM according to International Headache were performed by the same investigator (D.S.S.V.).
Society criteria 2004 (1) and Appendix 2006 (2), and Increase in CSF was considered when the OP was
were consecutively enrolled from January 2005 to > 200 mmH2O.
June 2006 from all patients attending at the Brain Statistical analysis was performed in order to
Research Institute—Hospital Israelita Albert Ein- assess the relationship of BMI and obesity with the
stein, São Paulo, Brazil. All these patients had a increase in intracranial pressure measured by the
history of episodic migraine, but had subsequently CSF OP at LP. BMI and OP values were plotted
developed frequent migraine. The patients were using Pearson’s correlation test. We also tested the
referred from a basic health programme, in a com- hypothesis that obesity predicted increase in intra-
munity near the hospital, representative of the cranial pressure using a linear model of regression,
general population where regular visits are per- with confidence interval (CI) of 95%, considering in
formed monthly by health agents, who were all tests statistically significant values < 5%.
trained by the research team. Patients were not
exposed to previous migraine prevention treat-
ments. All 62 patients suffered from daily head-
Results
aches at the time of the study. Clinical history was
obtained by the authors. Interviews and neurologi- Seven patients out of 61 (11.47%) with CM had IIH.
cal examinations were performed by two neurolo- Excluding one patient with IIH with papilloedema,
gists (D.S.S.V. and M.R.M.), supervised by the six patients out of 60 (10%) had IIHWOP. No
senior author (M.F.P.P.). Body mass index (BMI; patient had papilloedema, visual field defects or
weight in kilograms divided by the square of height diplopia, or any history or clinical and laboratory
in meters) was recorded in all patients. Informed signs of endocrine, metabolic, inflammatory or hae-
consent was obtained from all subjects; the study matological disturbances. One patient had normal
was approved by the local ethics committee. All BMI, two patients BMI > 29 (overweight) and three
patients underwent both magnetic resonance patients BMI > 30 (obese). Ages ranged from 26 to
imaging (MRI) and MR venography (MRV) of the 52 years. All patients had normal MRI and MRV.
brain on a 1.5-T whole-body imaging system. Two The clinical characteristics of patients studied at
patients were excluded: a woman who had chronic presentation are summarized in Tables 1 and 2.

Table 1 Patient number, gender, age, cerebrospinal fluid (CSF) opening pressure, body mass index (BMI), years of
headache, frequency and presence of papilloedema in cases with idiopathic intracranial hypertension

Patient/sex/ CSF opening Headache Frequency of


age (years) pressure mmH2O BMI history in years headache days/mo Papilloedema

1/F/26 282 21.8 6 27 No


2/F/44 300 31.1 4 30 No
3/F/31 244 29.2 17 30 No
4/F/52 262 31.6 30 30 No
5/F/43 244 33.3 28 16 No
6/F/51 242 29.9 4 20 No
7/F/55 300 31 47 30 Yes

© Blackwell Publishing Ltd Cephalalgia, 2008


IIH with and without papilloedema in CM 3

40

GAD, depression, insomnia,

Insomnia, depression,
Insomnia, depression

depression, insomnia
GAD, depression
Insomnia, GAD

Fibromyalgia
30

fibromyalgia
Comorbidities

GAD
20
Visual
aura

Yes

Yes

Yes

Yes
No
No

No

BMI
10
0 10 20 30 40
Topiramate 100 mg/good

Topiramate 150 mg/good

OP (mmH2O)
treatment/response

Figure 1 Correlation of body mass index (BMI) with


cerebrospinal fluid opening pressure (OP) in chronic
Table 2 Clinical features, treatment responses in patients diagnosed with idiopathic intracranial hypertension

migraine.
response

response
Preventive

Follow-up and treatment rationale


Patient follow-up ranged from 6 to 18 months. All
patients had significant relief immediately after the
response after LP

LP, sustained at least until 1 week after; they had


not received preventive medication at this point.
Headache

Three patients (no. 3, 5 and 6) had their headache


frequency increased after 1 month; they were
Yes
Yes
Yes

Yes

Yes

Yes
Yes

re-examined and had again elevated OP in the same


range. Two patients were put on topiramate with
good results, one patient was lost to follow-up. Two
Frontal, cervical, bilateral/throbbing
Frontal, parietal, bilateral/throbbing

patients had sustained and significant improvement


of headache, with no need for pharmacological
Frontal, temporal, cervical side

prevention. We put patients on topiramate, patient


GAD, Generalized anxiety disorder; LP, lumbar puncture.
Left hemicrania/throbbing

3 increased until 100 mg, headaches deceased


> 75%, stayed on 100 mg with good control; patient
Location/pain quality

bilateral/throbbing

bilateral/throbbing

bilateral/throbbing
shifting/throbbing

5 reached good control with 150 mg a day. The


Temporal, cervical,

Frontal, temporal,

Frontal, temporal,

rationale for topiramate in these patients was the


need for weight loss, good headache control and
mood stabilization.
Overweight or obesity were found in 33 (55%) of
60 patients. BMI and CSF OP were significantly
correlated (r = 0.476, P < 0.001, Pearson’s correlation
test). Obesity (defined as BMI > 30) was a predictor
Moderate

Moderate

of increase in intracranial pressure (defined as OP


intensity

Severe
Severe
Severe

Severe

Severe

> 200 mmH2O) (f = 17.26, 95% CI 6.0, 8.6, P < 0.001).


Pain

The graph (Fig. 1) shows the correlation between


BMI and OP.
Patient/sex/
age (years)

Discussion
1/F/26
2/F/44
3/F/31

4/F/52

5/F/43

6/F/51
7/F/55

Our study shows a high prevalence of IIH in a


consecutive and treatment-naive CM population,

© Blackwell Publishing Ltd Cephalalgia, 2008


4 DSS Vieira et al.

and the results are similar to previous findings in another study (20) found disturbances of flow in
refractory CDH populations. one or both transverse sinus in 45 out of 111
IIH is most common in women and obese indi- patients with normal opening CSF pressure. BTSS
viduals. Female : male ratios range from 4:1 to 15:1. or disturbances of venous flow were not found in
Obesity in IIH patients is found in 71–94%. The our study.
pathophysiological relation between obesity and Quattrone et al. found all patients with chronic
IIH remains unclear, and hypotheses such as migraine, IIHWOP and signals of CVT were obese
increased cerebral venous pressure resulting in or overweight (8). In studies (16, 17) showing
raised intra-abdominal pressure and endocrine dys- elevated CSF pressure values in healthy obese indi-
functions have been suggested (4). viduals, no subject underwent MRV; the possibility
Recent studies have reported that obesity is not of increased CFS pressure caused by CVT/BTSS
comorbid with migraine, but is related to the sever- cannot be excluded. Whiteley et al., studying 242
ity and frequency of headache attacks experienced consecutive out-patients who underwent a LP for a
by migraineurs as well as of associated symptoms neurological diagnosis, found a median opening
(13). Obesity has also been found to be a risk factor pressure of 170 mmH2O (range 90–280 mmH2O)
for transformed migraine, associated with fre- with a 95% reference interval for the distribution
quency and severity, but not for chronic tension- from 100 mmH2O (2.5 percentile) to 250 mmH2O
type headache (14). CSF (97.5 percentile). There was a significant corre-
In our case series, it was found that overweight lation between CSF opening pressure and BMI, but
and obesity were frequent in patients with chronic/ not relevant to clinical practice (21, 22).
transformed migraine, where 28 (46.6%) patients If we follow more strict criteria for IIHWOP,
had BMI > 25 without IIH. In our series, only one taking into account only patients with OP
patient with IIHWOP had a BMI < 25. > 250 mmH2O, we would have to disregard three
Some authors have reported CSF pressures patients, but three other patients would still be
> 200 mmH2O in healthy obese subjects (15), not diagnosed as IIHWOP and one with IIH with pap-
necessarily with a diagnosis of IIH. Corbett and illoedema, in total four of 61 consecutive patients
Mehta reported 25% of 41 normal obese subjects (6.5%)—a significant percentage. Nevertheless, we
had CSF pressure values between 200 and are confident with the diagnosis of IIHWOP in
250 mmH2O (16). Hannerz et al. have described 15 those two patients with OP 244 mmH2O, and in the
of 19 obese patients with CSF pressures one with 242 mmH2O, because of the headache
> 200 mmH2O in women with signs of inflamma- response after LP and clinical outcomes.
tion in serum (17). However, Bono et al. have IIH was found in a significant percentage in our
reported CSF pressures no higher than 200 mmH2O case series of consecutive CM patients. We strongly
in 18 obese and 33 overweight patients with normal recommend that not only intractable CM patients
MRVs who underwent lumbar puncture, showing with high BMI, but also first diagnosed patients
that overweight/obesity per se do not induce OP with BMI > 30 should be systematically evaluated
> 200 mmH2O (18). by a LP to rule out IIHWOP.
Quattrone et al. have reported that 10 of 11 The section ‘Comment’ of 7.1 of the IHS Clas-
patients with CDH and signs of cerebral venous sification only mentions ‘IIH most commonly
thrombosis (CVT) on MRV had BMI > 25, of whom occurs in young obese women. Although the
five had intracranial hypertension with OP majority of patients with IIH have papilledema,
> 200 mmH2O (8). Mathew et al. have reported 12 of IIH without papilledema is observed. Other symp-
85 CDH patients with migrainous features who toms or signs of IIH include intracranial noises,
were refractory to conventional therapy as having tinnitus, transient visual obscurations and diplo-
IIHWOP, seven of whom were obese (7). pia’ (1). We suggest additional guidelines for the
Healthy obese subjects may have CSF pressure screening of IIHWOP among chronic migraine
above the upper limit of the normal range patients should be included in the ‘comment’ text,
(200 mmH2O) (15–17), but Bono et al. have inserting that not only intractable patients, but
recently shown that excess body weight has a also first diagnosed patients with BMI > 30,
slight effect on CSF pressure in subjects with should be screened.
normal MRV (18); the same group reported bilat- Other mechanisms than CVT or BTSS may be
eral transverse sinus stenosis (BTSS) to be a strong causing elevated pressure in IIHWOP in CM
factor related to IIHWOP in patients with daily patients; further studies are necessary to clarify this
headaches with migraine features (19), although issue.

© Blackwell Publishing Ltd Cephalalgia, 2008


IIH with and without papilloedema in CM 5

case–control study in a headache center. Neurology 1998;


References 51:245–9.
12 Marcelis J, Silberstein SD. Idiopathic intracranial hyper-
1 Headache Classification Committee of the International tension without papilledema. Arch Neurol 1991; 48:392–
Headache Society. The International Classification of 9.
Headache Disorders. Cephalalgia 2004; 24 (Suppl. 1):9– 13 Bigal ME, Liberman JN, Lipton RB. Obesity and migraine:
160. a population study. Neurology 2006; 66:545–50.
2 Olesen J, Bousser MG, Diener HC, Dodick D, First M, 14 Bigal ME, Lipton RB. Obesity is a risk factor for trans-
Goadsby PJ et al. New appendix criteria open for a formed migraine but not chronic tension-type headache.
broader concept of chronic migraine. Cephalalgia 2006; Neurology 2006; 67:252–7.
26:742–6. 15 Friedman DI, Jacobson DM. Diagnostic criteria for idio-
3 Kavuk I, Yavuz A, Cetindere U, Agelink MW, Diener HC. pathic intracranial hypertension. Neurology 2002;
Epidemiology of chronic daily headache. Eur J Med Res 59:1492–5.
2003; 8:236–40. 16 Corbett JJ, Mehta MP. Cerebrospinal fluid pressure in
4 Ball AK, Clarke CE. Idiopathic intracranial hypertension. normal obese subjects and patients with pseudotumor
Lancet Neurol 2006; 5:433–42. cerebri. Neurology 1983; 33:1386–8.
5 Skau M, Brennum J, Gjerris F, Jensen R. What is new 17 Hannerz J, Greitz D, Ericson K. Is there a relationship
about idiopathic intracranial hypertension? An updated between obesity and intracranial hypertension? Int J Obes
review of mechanism and treatment. Cephalalgia 2006; Relat Metab Disord 1995; 19:240–4.
26:384–99. 18 Bono F, Lupo MR, Serra P, Cantafio C, Lucisano A,
6 Lipton HL, Michelson PE. Pseudotumor cerebri syn- Lavano A et al. Obesity does not induce abnormal CSF
drome without papilledema. JAMA 1972; 220:1591–2. pressure in subjects with normal cerebral MR venogra-
7 Mathew NT, Ravishankar K, Sanin LC. Coexistence of phy. Neurology 2002; 59:1641–3.
migraine and idiopathic intracranial hypertension 19 Bono F, Messina D, Giliberto C, Cristiano D, Broussard G,
without papilledema. Neurology 1996; 46:1226–30. Fera F et al. Bilateral transverse sinus stenosis predicts
8 Quattrone A, Bono F, Oliveri RL, Gambardella A, Pirri- IIH without papilledema in patients with migraine.
tano D, Labate A et al. Cerebral venous thrombosis and Neurology 2006; 67:419–23.
isolated intracranial hypertension without papilledema in 20 Bono F, Lupo MR, Lavano A, Mangone L, Fera F, Par-
CDH. Neurology 2001; 57:31–6. datscher K et al. Cerebral MR venography of transverse
9 Ramadan NM. Intracranial hypertension and migraine. sinuses in subjects with normal CSF pressure. Neurology
Cephalalgia 1993; 13:210–11. 2003; 61:1267–70.
10 Huff AL, Hupp SL, Rothrock JF. Chronic daily headache 21 Whiteley W, Al-Shahi R, Warlow CP, Zeidler M, Lueck
with migrainous features due to papilledema-negative CJ. CSF opening pressure: reference interval and the
idiopathic intracranial hypertension. Cephalalgia 1996; effect of body mass index. Neurology 2006; 67:1690–1.
16:451–2. 22 Bono F, Quattrone A. CSF opening pressure: reference
11 Wang SJ, Silberstein SD, Patterson S, Young WB. Idio- interval and the effect of body mass index. Neurology
pathic intracranial hypertension without papilledema: a 2007; 68:1439; author reply 40.

© Blackwell Publishing Ltd Cephalalgia, 2008


25

2. SEGUNDA PARTE

Fisiopatologia da enxaqueca e da cronificação da dor

Embora muito se tenha avançado nos conhecimentos sobre a fisiopatologia

da enxaqueca, ainda existem muitos pontos obscuros que demandam estudos.

Parece, entretanto, consenso que a enxaqueca é uma doença neurológica, mais

precisamente uma doença do encéfalo.(100)

A cefaléia da enxaqueca tem características de uma dor visceral.(101) Como

outras vísceras, o parênquima cerebral é insensível aos estímulos dolorosos. As

meninges e os vasos sangüíneos, contudo, não o são. A nocicepção originada

dessas estruturas é referida sobre os dermátomos das regiões frontal, occipital e

cervical posterior. Isso se deve a que as fibras nociceptivas provenientes de

estruturas intracranianas convergem para os mesmos grupos de neurônios de

segunda ordem (porção caudal do núcleo trigeminal e colunas posteriores dos

primeiros segmentos medulares cervicais) para onde também convergem as

aferências nociceptivas das regiões do escalpe previamente citadas. As fibras dos

neurônios de segunda ordem ascendem ao tálamo, emitindo ramos colaterais a

núcleos autonômicos do tronco encefálico e ao hipotálamo, aos quais se atribuem

os sintomas premonitórios, tais como fadiga, alterações de apetite e de sono.(102,


103)

A primeira teoria formulada foi a vascular, de Graham e Wolf, em 1938.

Segundo esses autores, haveria uma fase inicial de vasoconstricção

intracraniana, responsável pela aura, seguida por vasodilatação reativa dos vasos

que irrigam as meninges, ativando os nervos do sistema trigeminal, que


26

provocaria a dor de caráter pulsátil, potencialmente aliviada com o uso de

ergóticos.(104) Logo após, ocorreria a liberação de neuropeptídeos inflamatórios

que contribuiriam para a vasodilatação e inflamação neurogênica de estruturas

sensíveis à dor, piorando assim a sintomatologia dolorosa.(105)

Na década de 40 do século XX, o brasileiro Aristides Leão foi o primeiro a

mostrar que a aplicação de cloreto de potássio diretamente ao córtex exposto de

coelhos deprimia a atividade elétrica cerebral no ponto da aplicação e, com o

passar do tempo, a depressão da atividade elétrica cerebral se propagava em

ondas para as áreas adjacentes do córtex. Esse fenômeno ficou conhecido como

depressão cortical alastrante de Leão (DCA), sendo o fenômeno elétrico

associado a uma redução do fluxo sangüíneo cerebral.(106) Em humanos, um

fenômeno similar de reatividade foi visto com sintomas visuais da aura que

precede a cefaléia em alguns pacientes. Na mesma época, Lashley tinha

proposto que a aura visual com espectro de fortificação corresponderia à

depressão da atividade neuronal circundada por uma região de intensa excitação

cortical, que se propagaria a partir do córtex occipital a uma velocidade de 2 a 3

mm/mim.(107) A cefaléia freqüentemente inicia-se quando o fluxo sangüíneo se

encontra reduzido; logo a dor não é causada por simples vasodilatação

reflexa.(108)

Hadjikhani et al. demonstraram uma associação direta entre a DCA e a aura

em humanos. Pacientes com enxaqueca e aura visual foram estudados por meio

do uso de RM funcional (RMf) com sinais de níveis dependentes de oxigenação

sangüínea. No início da aura visual, um aumento do sinal decorrente da

vasodilatação foi registrado, desenvolveu-se no córtex estriado e, assim,

progrediu no córtex occipital a uma velocidade de 3-5 mm/mim. Os sinais do nível


27

de oxigenação sangüínea então diminuíram (como reflexo de uma vasoconstrição

depois de um vasodilatação inicial), correspondendo subseqüentemente a uma

diminuição da atividade visual e sugerindo que um evento eletrofisiológico geraria

a enxaqueca com aura no córtex visual de humanos.(109) Evidências mais diretas

têm surgido com estudos em magnetoeletrencefalografia, que associam

fenômenos de aura à DCA. Essas demonstrações de alterações

cerebrovasculares e de campos magnéticos em pacientes com enxaqueca

correlacionada com a DCA apóiam a hipótese de que a aura visual se origina da

DCA.(110)

Atualmente, a enxaqueca é considerada uma síndrome dolorosa

neurovascular com um quadro de excitabilidade anormal no córtex cerebral,

decorrente possivelmente de reduções dos níveis de magnésio, aumento dos

níveis de cálcio e glutamato, que levam a uma sensibilização periférica do sistema

trigeminovascular. Assim, a dor seria produzida por estruturas dolorosa cranianas

como a dura-máter e vasos sangüíneos, sendo potencializada pelo

extravasamento de proteínas plasmáticas neurogênicas, enquanto que o

processamento central da dor ocorre mediante mecanismos de modulação e

sensibilização central.(111-113)

Existe um corpo crescente de evidências que aponta para o processo de

hiperexcitabilidade cortical como um distúrbio fisiológico central na fisiopatologia

da enxaqueca. As razões para esse aumento da excitabilidade devem ser

multifatoriais.(113) Recentemente, anormalidades dos canais de cálcio foram

apontadas como um mecanismo potencial de hiperexcitabilidade neuronal.(114) Os

canais de cálcio influenciam a liberação de serotonina no mesencéfalo. Assim,

disfunções desses canais podem impedir a liberação de serotonina e predispor


28

pacientes à enxaqueca, dificultando os mecanismos naturais de abortamento das

crises.(115) Também de interesse são as interações entre o magnésio e os canais

de cálcio, visto que alguns estudos apontam para a deficiência de magnésio no

córtex cerebral de pacientes com enxaqueca.(116, 117)

A dor da enxaqueca deve ser originada da dilatação dos grandes vasos

intracranianos e dos vasos da dura-máter, os quais são inervados pelo nervo

trigêmeo como parte do sistema trigeminovascular. Peptídeos vasodilatadores

como o CGRP, fortemente implicado na geração da dor da enxaqueca, a

substância P e a neurocinina A são achados dentro dos neurônios do trigêmeo.

Sua estimulação resulta na liberação de substância P e CGRP dos terminais de

fibras sensitivas do tipo C, o que leva a inflamação neurogênica.(118) Os

neuropeptídeos interagem com a parede dos vasos sangüíneos, produzindo

dilatação, extravasamento de proteínas plasmáticas e de mastócitos, com

liberação de serotonina, histamina, bradicinina, prostaglandinas e ativação

plaquetária. A inflamação neurogênica leva a uma sensibilização das fibras

nervosas (sensibilização periférica), que passam a responder a estímulos

previamente inócuos como, por exemplo, a simples pulsação das artérias,

causadora, em parte, da dor da enxaqueca.(119)

Assim, a cefaléia da enxaqueca provavelmente resulte da ativação de

nociceptores meníngeos e vasculares, combinada à alteração na modulação

central da dor.(100) A dor e as alterações vasculares são mediadas pelo sistema

trigeminal, e as conexões reflexas com o sistema nervoso autônomo

parassimpático formam a via reflexa trigêmino-autonômica.(120)

O fenômeno conhecido como sensibilização periférica se refere à facilitação

de transmissão dos impulsos periféricos derivados da síntese e produção anormal


29

de proteínas e receptores neuronais, com diminuição dos impulsos inibitórios e

aumento dos impulsos excitatórios. Isto desencadearia mecanismos de ativação e

sensibilização em neurônios de segunda ordem levando a uma sensibilização dos

neurônios de terceira ordem. (121)

Após a irritação meníngea, a expressão de c-fos (um marcador de ativação

neuronal) ocorre na porção caudal do núcleo trigeminal e na coluna dorsal da

medula, nos níveis C1 e C2. Acredita-se que isso leve a um processo de

sensibilização central, que poderia desempenhar um papel importante na

manutenção da cefaléia e no fenômeno de alodínia.(100)

Uma ligação entre o fenômeno da depressão cortical alastrante e a cefaléia

da enxaqueca tem sido proposta.(100) A primeira provoca a liberação de íons de

hidrogênio, potássio e outros agentes, incluindo o ácido araquidônico e o óxido

nítrico no espaço extracelular do neocórtex. Esses agentes se difundem em

direção aos vasos sangüíneos locais e despolarizam os terminais do trigêmeo

que, por sua vez, causam a ativação da porção caudal do núcleo trigeminal. Ao

mesmo tempo, axônios colaterais aos neurônios ativados no gânglio do trigêmeo

liberam peptídeos pró-inflamatórios nas meninges e em seus vasos sangüíneos, e

promovem a reação inflamatória local. A ativação da porção caudal do núcleo

trigeminal, causada pelo fenômeno de depressão cortical alastrante, produz

vasodilatação meníngea por uma via originada no seio sagital superior, atingindo

os vasos meníngeos pelo gânglio esfenopalatino.(103)

O papel do glutamato

A transmissão sináptica entre os nociceptores e os neurônios da coluna

dorsal da medula é feita pelo glutamato e pelos polipeptídios (entre estes a


30

substância P). O glutamato, por ter um mecanismo específico de recaptura pelas

células gliais, atua nos neurônios pós-sinápticos que estão mais próximos. Os

polipeptídios não apresentam sistema específico de recaptura, e podem difundir-

se a distâncias consideráveis e influenciar outros neurônios pós-sinápticos, além

de poderem prolongar a ação do glutamato. A aplicação de estímulos repetitivos

determina o fenômeno da sensibilização periférica que faz com que receptores,

que inicialmente não respondiam aos estímulos, passem a responder a eles. Esse

fenômeno é comumente observado após uma lesão e é mediado pela ação de

várias substâncias que são liberadas pelas células e tecidos vizinhos à lesão

(bradicinina, histamina, prostaglandinas, leucotrienos, acetilcolina, serotonina e

substância P), baixando o limiar de ativação dos nociceptores. Como

conseqüência do fenômeno de sensibilização periférica, ocorre um aumento

progressivo da despolarização de neurônios do corno posterior da medula,

conseqüente à abertura dos canais iônicos pós-sinápticos mediados por

receptores de glutamato do tipo N-metil-D-aspartato (NMDA). Isso determina a

indução de genes que codificam os fatores de transcrição (como o c-fos), o

aumento na expressão de polipeptídios e de outros neurotransmissores, assim

como de seus receptores, os quais, presumivelmente, levam a mudanças das

propriedades fisiológicas desses neurônios. Esse processo conhecido como

sensibilização central manifesta-se por uma expansão do campo nociceptivo, por

um aumento da freqüência dos potenciais de ação espontâneos e por uma

resposta exagerada a estímulos mecânicos e térmicos dos neurônios da coluna

dorsal da medula. (122, 123)


31

O papel do tronco cerebral

Apesar dos estudos citados na fisiopatologia da enxaqueca, o mecanismo

de modulação central na enxaqueca ainda não está claro. Não se sabe ao certo

se o tronco cerebral age como gerador ou modulador da dor na enxaqueca.

Estudos de RM têm mostrado que a substância cinzenta periaquedutal

(SCP) está envolvida na modulação da dor. Tracey et al. demonstraram que

quando sujeitos prestaram atenção no estímulo doloroso, a SCP não foi ativada e

a percepção dolorosa foi facilitada. Por outro lado, quando os mesmos sujeitos

eram distraídos do estímulo doloroso, a SCP foi ativada e a intensidade da dor

diminuiu. Concluíram, assim, que a ativação da SCP promoveria analgesia.(124)

Weiller et al. relataram que os núcleos aminérgicos do tronco cerebral

(locus ceruleus e núcleos da rafe) modificam o processamento da dor durante o

ataque de enxaqueca no núcleo do trigêmeo. Usando a tomografia por emissão

de posítrons (PET), a ativação do tronco cerebral foi visualizada durante ataques

espontâneos de enxaqueca, mesmo depois de tratados com sucesso. Desse

modo, nociceptores do tronco que estão envolvidos no controle central da dor

podem estar desregulados em pacientes com enxaqueca e podem ter um

aumento na tolerância da hiperexcitabilidade neuronal do trigêmeo.(125)

Por fim, Welch et al., estudando com técnicas avançadas de RM a

homeostase do ferro na SCP de pacientes enxaquecosos entre seus ataques,

encontraram níveis elevados de ferro depositado na SCP tanto em pacientes com

aura, como nos sem aura, estando tais níveis correlacionados com o tempo de

doença. Esses dados refletem que o acúmulo ferro na SCP pode decorrer da
32

freqüência dos ataques, propondo, então, que um distúrbio na homeostase do

ferro poderia estar envolvido na fisiopatogênese da cronificação da dor.(126)

A ação dos triptanos

Axônios do gânglio do trigêmeo se projetam para a dura-máter, pia

aracnóide e vasos sangüíneos. Os terminais pré-sinápticos dos nervos trigeminais

contêm a substância P, o CGRP e a neurocinina A. Os receptores de serotonina

5-HT1D/1F estão presentes nas terminações desses axônios, e sua estimulação

inibe a liberação de substância P e CGRP. Na pós-sinapse, os vasos sangüíneos

contêm receptores 5-HT1B, os quais produzem vasoconstricção quando

estimulados, e o SNC possui receptores 5-HT1F/1B, importantes para inibir

liberação de serotonina, noradrenalina e acetilcolina. Teoricamente, sendo os

triptanos agonistas dos receptores de serotonina poderiam, assim, alterar a

fisiopatologia da enxaqueca por induzir a vasoconstricção, bloquear o processo

de vasodilatação e inflamação neurogênica, diminuir o extravasamento de

proteínas plasmáticas, e, conseqüentemente, prevenir a sensibilização periférica

e central.(105, 127)

Alguns autores têm proposto que, durante um ataque de enxaqueca, a

sensibilização periférica ocorra, e neurônios centrais sejam inicialmente ativados,

embora ainda não sensibilizados, o que promove dor e pulsação. Se o triptano é

administrado nesse estádio, a sensibilização central pode, ainda, ocorrer, mas a

liberação de neuropeptídeos é bloqueada nas terminações periféricas e centrais,

tornando-se os neurônios quiescentes. A dor e a pulsação são aliviadas, e a

alodínia não se desenvolve. No entanto, se a terapia pelos triptanos não é iniciada


33

logo após a sensibilização central ocorrer, a pulsação alivia, mas a dor e a

alodínia permanecem. Esses dados refletem, portanto, que os triptanos podem

eventualmente atuar no bloqueio da cronificação da dor.(105)

Outros enfoques fisiopatológicos da enxaqueca têm sido postulados nos

últimos anos: a deficiência de vias aminérgicas(128), o desequilíbrio do sistema

cérvico-trigêmino-vascular(129), as alterações do óxido nítrico(130), a disfunção

mitocondrial(131), a disfunção hipotalâmica(132, 133)


e a redução dos níveis de

melatonina.(16, 103, 134-136)


34

Artigo 2 – Níveis de glutamato no líquido cefalorraquidiano de pacientes


com enxaqueca crônica e abuso de triptanos.

O processo de sensibilização central, e conseqüentemente, a cronificação

da dor envolvem várias etapas, incluindo circuitos neuronais, mediadores

inflamatórios e neurotransmissores, entre os quais, o glutamato desempenha

papel importante e definido.

Em contrapartida, os triptanos podem atuar impedindo ou retardando esse

processo em diferentes pontos durante o processo de progressão de um ataque

de enxaqueca, incluindo a inibição da inflamação neurogênica, vasoconstricção

dos vasos cerebrais, bloqueio na transmissão das terminações nervosas do

trigêmeo para o tronco cerebral onde ocorre a sensibilização central.(105)

O seguinte artigo, publicado no periódico Headache 2007;47:842-847, teve

como objetivo determinar, por cromatografia líquida de alta resolução, os níveis

de glutamato no líquor de um grupo de pacientes com enxaqueca crônica em uso

abusivo de analgésicos/antiinflamatórios não-hormonais, triptanos, ou pacientes

que não abusavam de medicações comparados a um grupo-controle, a fim de

avaliar se o uso de triptanos pode influenciar nos níveis de glutamato, e por

conseguinte, no processo de sensibilização central da dor. (137)


Headache ISSN 0017-8748

C 2007 the Authors doi: 10.1111/j.1526-4610.2007.00812.x
Journal compilation 
C 2007 American Headache Society Published by Blackwell Publishing

Headache Medicine in Brazil:


Research Submission
Glutamate Levels in Cerebrospinal Fluid and Triptans
Overuse in Chronic Migraine
Domingos Sávio deSouza Vieira, MD; Maria da Graça Naffah-Mazzacoratti, MD, PhD;
Eliova Zukerman, MD; Carlos Augusto Senne Soares, MD; Esper Abräo Cavalheiro, MD, PhD;
Mario Fernando Prieto Peres, MD, PhD, FACP

Objective.—Chronic migraine (CM) is a common disorder, affecting 2% to 3% of the general population.


Glutamate is implicated in cortical spreading depression, trigeminovascular activation, central sensitization, and
may be linked to migraine chronification. Triptans brought a novel option for the acute migraine treatment. As
the development of central sensitization impacts upon the effectiveness of triptan therapy, we hypothesized that
glutamate might be related to triptan response mechanisms.
Methods.—We studied 19 patients diagnosed with CM according to the International Headache Society (2004)
criteria. Patients were divided in those overusing analgesics (NSAIDs); those without overuse, and those overusing
triptans.
Results.—Cerebrospinal fluid (CSF) glutamate levels were similar in patients overusing acute medications
(0.335 ± 0.225 µmol) compared to those without overuse (0.354 ± 0.141 µmol), P = NS). In contrast, patients
overusing triptans had CSF glutamate levels significantly lower than that observed in nonoverusers (0.175 ± 0.057
vs 0.354 ± 0.141 µmol, P = 0.015), and significantly higher than controls (0.175 ± 0.057 vs 0.109 ± 0.066 µmol,
P = 0.039). In triptan overusers, CSF glutamate levels, although lower, were not significantly different from patients
overusing other types of analgesics.
Conclusions.—Our study showed lower glutamate levels in CSF of CM patients overusing triptans. Glutamate
may be implicated in triptan response mechanisms, triptans may work in part by reducing extracellular glutamate
levels in the brain.
Key words: migraine, glutamate, triptans, overuse

(Headache 2007;47:842-847)

Chronic migraine (CM) is a common disorder, af-


From the Hospital Israelita Albert Einstein—Instituto Israelita fecting 2% to 3% of the general population, being one
de Ensino e Pesquisa—Instituto do Cérebro, São Paulo, Brazil
(Drs. Vieira, Zukerman, Soares, Cavalheiro, and Peres); and
of the most debilitating and difficult-to-treat headache
Universidade Federal de São Paulo—Departamento de Neu- disorders.1 The vascular hypothesis of migraine has
rologia e Neurocirurgia, São Paulo, Brazil (Drs. Vieira, Naffah- now been superseded by a more integrated theory
Mazzacoratti, Cavalheiro, and Peres). involving vascular and neuronal components.2 Neu-
Address all correspondence to Mario Fernando Prieto Peres, rotransmitters and intracellular mediators have been
Al. Joaquim Eugenio de Lima, 881 cj 708, 01403-001 São Paulo, scarcely investigated in pathophysiology of CM.
Brazil.
Glutamate, the major excitatory neurotransmit-
Accepted for publication January 9, 2007. ter in the central nervous system, has been shown

842
Headache 843

to be involved in migraine mechanisms. Glutamate is Table.—Patients’ Profile of Triptans Overuse in Group 3


implicated in cortical spreading depression, trigemi-
novascular activation, central sensitization, and may Patient Acute No. of
be linked to migraine chronification since altered No. Medication Days/Month
glutamate levels have been reported in migraine pa-
tients.3 For instance, glutamate levels in cerebrospinal 1 Rizatriptan 10 mg 12
fluid (CSF) and in plasma of patients with episodic 2 Rizatriptan 10 mg + Orphenadrine 70 12
mg, dipyrone 600 mg, caffeine 100 mg
migraine have been reported to be higher than those 3 Naratriptan 2.5 mg 30
observed in controls,4,5 and glutamate CSF has been 4 Rizatriptan 10 mg + Orphenadrine 70 12
shown to be elevated in CM patients6 as well as in CM mg, dipyrone 600 mg, caffeine 100 mg
5 Naratriptan 2.5 mg 30
patients with fibromyalgia and pressure allodynia.7 6 Rizatriptan 10 mg 30
Triptans brought a novel option for the acute mi-
graine treatment, acting at several steps during the
progression of the migraine attack. As the develop- Group 2 comprised 5 CM patients without overuse
ment of central sensitization impacts upon the effec- of medications; and Group 3 comprised 6 patients
tiveness of triptan therapy occurs,8 early intervention, overusing triptans (Table). The glutamate levels from
before sensitization onset, has been shown better effi- CSF were measured by high-performance liquid chro-
cacy. Since glutamate is linked to central sensitization,9 matography as previously reported.9
we hypothesized whether it might be related to triptan Control CSF specimens were also obtained from
response mechanisms. Accordingly, here we investi- 19 age- and sex-matched subjects who underwent lum-
gated glutamate levels in CSF in CM patients treated bar puncture for other diagnostic purposes. In all
with different acute medications, such as analgesics, these subjects, CSF and blood examinations and, when
nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs), and needed, instrumental investigations, including neu-
triptans in order to test this hypothesis. roimaging, were performed in order to exclude related
central nervous system (CNS) (multiple sclerosis, vas-
culitis, and other autoimmune diseases affecting the
PATIENTS AND METHODS CNS) or systemic diseases (diabetes, renal or hepatic
We studied 20 patients diagnosed with CM ac- dysfunction, inflammatory diseases). Neurodegenera-
cording to the International Headache Society crite- tive diseases were also excluded in these subjects. The
ria.10 All patients underwent a lumbar puncture in CSF samples were on ice to prevent conversion of glu-
order to rule out idiopathic intracranial hypertension tamate to glutamine.
(IIH), which is present in 5% to 14% of chronic daily The protocol was approved by the local ethics
headache series.11,12 In our sample, IIH was ruled committee and all patients gave written consent to
out in all patients. All patients overused analgesics or these study. The subjects’ consent was obtained ac-
NSAIDs according to the revised criteria for medica- cording to the Declaration of Helsinki.
tion overuse,13 except for item (c). Headache does not CSF Analysis.— High Performance Liquid Chro-
have developed or markedly worsened during medi- matography (HPLC).—The HPLC was performed as
cation overuse. previously described by our group.9 In summary the
Nineteen patients were included in this study (13 Waters chromatography system consisted of the Model
women 6 men; mean age 42.89 years, SD 11.64 years), 600E gradient pump, a 717 plus auto sampler cou-
mean frequency of headache 28.94 days per month, pled with a 2475 fluorescence detector (excitation 330
SD 2.43 days; mean baseline pain intensity 0 to 10 nm, emission 450 nm). The CSF samples were de-
5.1, SD 1.3; mean exacerbations pain intensity 0 to proteinized with 10% trichloroacetic acid (1:0.2 v/v).
10 9.2, SD 0.8. One patient was excluded because she The resulting mixture was kept at 0◦ C for 15 min-
overused triptans and analgesics. utes and then centrifuged at 3000 g for 10 minutes at
Patients were divided in 3 groups: Group 1 com- 4◦ C. Supernatant (100 µL) was added to 400 µL of
prised 8 patients overusing analgesics such as NSAIDs; 0.2 M sodium bicarbonate. Amino acid determination
844 June 2007

was performed using a precolumn derivatization pro-


cedure. The reagent OPA/BME (Serva, Heidelberg,
Germany) was prepared 24 hours prior to use and the
derivatization was performed by the 717 auto sampler,
just before injection. OPA (150 µL) was transferred
to the sample vial. After mixing, 20 µL was injected
onto a reversed phase Nova-Pak C18 (3.9 × 150,
4 mm) column (Waters) equilibrated at 25◦ C with mo-
bile phase A (0.05 M sodium phosphate buffer pH
Figure.—CSF glutamate levels (µmol/L) in chronic migraine pa-
5.5/15% methanol) at a flow rate of 1 mL/min. The tients overusing triptans, analgesics, nonoverusers, and controls.
mobile phase B consisted of sodium phosphate pH
5.5/80% methanol. Glutamate was eluted after the
establishment of a linear gradient as previously de- (0.175 ± 0.057 vs 0.335 ± 0.225 µmol, P = .116) (Fig-
scribed by Cavalheiro et al.14 The elution program ure). The demographic and clinical variables (age, gen-
consisted of 20 minutes of elution with only the mo- der, headache frequency, duration, and severity) did
bile phase A and a gradual change to mobile phase not correlate with glutamate levels in our sample pop-
B during a period of 40 minutes, followed by 20 min- ulation.
utes with pure mobile phase B.. After this the column
was re-equilibrated with the mobile phase A during COMMENTS
10 minutes, before the next injection. Standard solu- The present work showed low CSF glutamate lev-
tions containing glutamate were employed to establish els in CM patients overusing triptans when compared
calibration curves (correlation coefficients of 0.99 or with nonoveruser CM patients. This difference was not
better in all cases). observed when we compared patients overusing other
Statistical Analysis.—The values in µmol/L were drugs than triptans with nonoverusers.
expressed as mean ± SD. One-way within-subjects Glutamate is one of the putative candidates in the
ANOVA was carried out to compare glutamate lev- development and maintenance of chronic headache
els from CSF. A Student t-test was used to compare all via its action on ionotropic and metabotropic recep-
groups. Five percent for 2-sided tests was chosen as a tors.15,16
minimum level of statistical significance. Several lines of investigation have shown that glu-
tamate levels are altered in plasma, platelets, and CSF
RESULTS of patients with migraine when compared with control
All CSF samples presented normal levels of pro- subjects what has been considered to indicate a sys-
tein, glucose, lactate as well as cell count. CM patients temic dysfunction of the glutamatergic system in this
from all groups showed higher CSF glutamate levels syndrome.4-6,17-21 Ferrari et al21 demonstrated that be-
when compared with values found in control subjects tween attacks, patients with migraine had substantially
(P < .01). CSF glutamate levels were similar in patients high levels of serum glutamate and aspartate than con-
overusing acute medications (0.335 µmol ± 0.225) and trols or patients presenting tensional headache. In ad-
in those without the overuse of drugs (0.354 µmol ± dition, Cananzi et al18 evaluated the glutamate con-
0.141, P = NS). In contrast, patients overusing triptans centration in migraine patients with and without aura
had CSF glutamate levels lower than the observed in and found higher levels of this amino acid in plasma
nonoveruser CM patients (0.175 ± 0.057 vs 0.354 ± and platelet. Increased CSF glutamate level has also
0.141 µmol, P = .015), but significantly higher than been reported in migraine patients with or without
controls (0.175 ± 0.057 vs 0.109 ± 0.066 µmol, P = .039. aura5 and in patients with chronic daily headache.6
In patients overusing triptans, CSF glutamate levels, Previous data from our group7 have indicated that
although lower, were not significantly different from CSF glutamate levels in CM patients with and with-
patients overusing other types of analgesics (group 1) out fibromyalgia were increased in those CM patients
Headache 845

with widespread pain. Glutamate levels have also pain-free status when treated with triptan during the
been correlated with pressure allodynia levels in these mild pain phase than those receiving the drug when
populations.9 pain is graded from moderate to severe. This study also
The N-methyl-D-aspartate (NMDA) and non- showed that in all headaches treated, the pain-free re-
NMDA receptor activation by glutamate released by sponse at 2 hours was 50% with sumatriptan versus
central nociceptor terminals induces calcium entry 0% for placebo, when the pain was mild, compared
into the dorsal horn neurons, in neurons of the trigem- with 27% versus 6%, when pain was moderated or se-
inal nucleus caudalis and also in supraspinal struc- vere. Another study31 with migraine patients treated
tures, structures that have been considered to partic- with almotriptan 12.5 mg for headaches attacks of any
ipate in the processing of head pain.22-25 Activation severity showed similar results. At 2 hours, 84% of
of NMDA receptors makes the spinal cord neurons mild attacks versus 53% of moderate or severe attacks
more responsive to all nociceptive and nonnocicep- treated with almotriptan were pain free. In another
tive inputs, resulting in central sensitization. Central clinical trial, 93% of patients with migraine but no al-
transmission and hyperexcitability are mediated by ex- lodynia treated with triptan were pain free at 2 hours
citatory amino acids (aspartate and glutamate), and by compared with only 15% of patients with migraine ex-
neurokinins (in particular the substance P) and other periencing allodynia.32
sensory neuropeptides (CGRP) acting on glutamate Accordingly, we could consider that the adminis-
and neurokinin receptors, respectively.6,23,24 Central tration of triptans in early stages of migraine attack, ie,
trigeminal neurons that receive convergent input from 30 to 60 minutes after pain arises, is able to block neu-
external stimuli may be sensitized and this mechanism ropeptides release from both the peripheral and cen-
of central sensitization has been implicated in migraine tral nerve endings, causing these neurons to become
physiopathogenesis. quiescent, thus decreasing the pain and throbbing and
Berstein et al26,27 have shown that during the mi- avoiding the development of allodynia. If allodynia
graine pain, cutaneous allodynia may progress within and central sensitization are related to glutamate lev-
an attack in 80% of patients. Initial peripheral acti- els, and triptan response related to allodynia, one may
vation and sensitization affect intracranial blood ves- speculate that glutamate levels may mediate this re-
sels and the meninges. Later, peripheral pain fibers sponse.
become hypersensitive mediating throbbing pain of One proposed site for triptan action is within the
migraine that worsens during coughing, bending over, trigeminocervical complex. It has been assumed, based
and rapid head movements. If additional central sen- on observations of inhibition of plasma protein ex-
sitization of the trigeminal nucleus caudalis occurs, travasations, and due to the localization of 5-HT1D
than cutaneous allodynia develops. Based on these as- mRNA in the trigeminal ganglion, that triptans block
pects, the pathophysiological mechanisms underlying trigeminal transmission by a prejunctional mechanism.
migraine support the early use of antimigraine drugs It has been shown that some component of transmis-
targeting peripheral nociceptors, before the develop- sion across the trigeminal nucleus involves glutamater-
ment of central sensitization.8,28,29 Theoretically, early gic mechanisms.33-36
treatment before the evolution of the pain to moderate Our study showed lower glutamate levels in
or to severe intensity could avoid or reduce the sensi- CSF of CM patients, who overused triptans, when
tization and, consequently, improve the treatment re- compared to nonoveruse patients. Triptans may work
sponse. in part by reducing extracellular glutamate, as re-
Cady et al30 found that early intervention by the flected by the decrease in CSF levels. Since glutamate
use of triptan administered when the pain is mild pro- is involved in central sensitization, triptans may reduce
duced a greater pain-free response. However, when this process in CM patients. We cannot suggest from
administered later, during the attack or when the pain our data that triptans are more indicated than other an-
had become moderate to severe, the clinical response timigraine drugs for CM treatment, but further clinical
is less significant. In general, more patients reached a studies are necessary to clarify if triptans could prevent
846 June 2007

migraine chronification, reduced headache frequency, with transformed migraine. Neurology. 2001;57:1326-
or be used as a transitional treatment in CM. Trip- 1328.
tans may affect glutamate neurotransmission by sev- 8. Lainez M. Clinical benefits of early triptan therapy
eral hypothetical ways such as inhibiting the glutamate for migraine. Cephalalgia 2004;24(suppl 2):24-30.
release, affecting the glutamate receptors binding site, 9. Peres MF, Zukerman E, Senne Soares CA, Alonso
EO, Santos BF, Faulhaber MH. Cerebrospinal fluid
increasing the glutamate uptake by glial cells and/or
glutamate levels in chronic migraine. Cephalalgia
by neuronal transporters, or decreasing the neuronal
2004;24:735-739.
firing in the trigeminal nucleus. Many variables could
10. Headache Classification Committee of the In-
interfere with the data presented in our study, includ- ternational Headache Society. The international
ing clinical differences between groups, current pain classification of headache disorders. Cephalalgia.
status, triptan overuse, triptan efficacy in headache at- 2004;24(suppl 1):9-160.
tacks, but our sample size was not enough to detect 11. Mathew NT, Ravishankar K, Sanin LC. Coexistence
such differences. In addition, the group that did not of migraine and idiopathic intracranial hyperten-
overuse did not have significantly different glutamate sion without papilledema. Neurology. 1996;46:1226-
levels, but again the sample size may have interfered 1230.
with the results. The lower glutamate levels in these 12. Quattrone A, Bono F, Oliveri RL, Gambardella A,
patients may therefore not represent a mode by which Pirritano D, Labate A, et al. Cerebral venous throm-
triptans work, but may have many other explanations. bosis and isolated intracranial hypertension without
papilledema in CDH. Neurology. 2001;57:31-36.
Further studies to investigate whether triptans work in
13. Olesen J, Bousser MG, Diener HC, Dodick D, First
part by lowering extracellular glutamate are required
M, Goadsby PJ, et al. New appendix criteria open for
to explore this pathophysiology, as well as to test any
a broader concept of chronic migraine. Cephalalgia.
current interpretation. 2006;26:742-746.
14. Cavalheiro EA, Fernandes MJ, Turski L, Naffah-
Conflict of Interest: None
Mazzacoratti MG. Spontaneous recurrent seizures in
rats: Amino acid and monoamine determination in
REFERENCES the hippocampus. Epilepsia. 1994;35:1-11.
1. Kavuk I, Yavuz A, Cetindere U, Agelink MW, Diener 15. Baranauskas G, Nistri A. Sensitization of pain path-
HC. Epidemiology of chronic daily headache. Eur J ways in the spinal cord: Cellular mechanisms. Prog
Med Res. 2003;8:236-240. Neurobiol. 1998;54:349-365.
2. Silberstein SD. Migraine pathophysiology and its 16. Urban MO, Gebhart GF. Central mechanisms in
clinical implications. Cephalalgia. 2004;24(suppl 2): pain. Med Clin North Am. 1999;83:585-596.
2-7. 17. Alam Z, Coombes N, Waring RH, Williams AC,
3. Ramadan NM. The link between glutamate and mi- Steventon GB. Plasma levels of neuroexcitatory
graine. CNS Spectr. 2003;8:446-449. amino acids in patients with migraine or tension
4. Martinez F, Castillo J, Rodriguez JR, Leira R, Nova headache. J Neurol Sci. 1998;156:102-106.
M. Neuroexcitatory amino acid levels in plasma and 18. Cananzi AR, D’Andrea G, Perini F, Zamberlan F,
cerebrospinal fluid during migraine attacks. Cepha- Welch KM. Platelet and plasma levels of glutamate
lalgia. 1993;13:89-93. and glutamine in migraine with and without aura.
5. Zukerman E, Minatti-Hanuch S, Mazzacoratti M, dos Cephalalgia. 1995;15:132-135.
Reis Filho J, Cavalheiro EA. CSF aminoacids in mi- 19. D’Andrea G, Cananzi AR, Joseph R, Morra M, Zam-
graine. Cephalalgia. 1993;13(suppl 13):92. berlan F, Ferro Milone F, et al. Platelet glycine, gluta-
6. Gallai V, Alberti A, Gallai B, Coppola F, Floridi A, mate and aspartate in primary headache. Cephalalgia.
Sarchelli P. Glutamate and nitric oxide pathway in 1991;11:197-200.
chronic daily headache: Evidence from cerebrospinal 20. D’Eufemia P, Finocchiaro R, Lendvai D, Celli M,
fluid. Cephalalgia 2003;23:166-174. Viozzi L, Troiani P, et al. Erythrocyte and plasma lev-
7. Peres MF, Young WB, Kaup AO, Zukerman E, Sil- els of glutamate and aspartate in children affected by
berstein SD. Fibromyalgia is common in patients migraine. Cephalalgia. 1997;17:652-657.
Headache 847

21. Ferrari MD, Odink J, Bos KD, Malessy MJ, Bruyn 29. Burstein R, Levy D, Jakubowski M. Effects of
GW. Neuroexcitatory plasma amino acids are ele- sensitization of trigeminovascular neurons to trip-
vated in migraine. Neurology. 1990;40:1582-1586. tan therapy during migraine. Rev Neurol (Paris).
22. Aanonsen LM, Lei S, Wilcox GL. Excitatory amino 2005;161:658-660.
acid receptors and nociceptive neurotransmission in 30. Cady RK, Lipton RB, Hall C, Stewart WF, O’Quinn
rat spinal cord. Pain. 1990;41:309-321. S, Gutterman D. Treatment of mild headache in dis-
23. Bennett GJ. Update on the neurophysiology of pain abled migraine sufferers: Results of the Spectrum
transmission and modulation: Focus on the NMDA- Study. Headache. 2000;40:792-797.
receptor. J Pain Symptom Manage. 2000;19(suppl 1): 31. Pascual J, Cabarrocas X. Within-patient early ver-
S2-6. sus delayed treatment of migraine attacks with al-
24. Coderre TJ, Yashpal K. Intracellular messengers con- motriptan: The sooner the better. Headache. 2002;42:
tributing to persistent nociception and hyperalgesia 28-31.
induced by L-glutamate and substance P in the rat 32. Burstein R, Collins B, Jakubowski M. Defeating mi-
formalin pain model. Eur J Neurosci. 1994;6:1328- graine pain with triptans: A race against the develop-
1334. ment of cutaneous allodynia. Ann Neurol. 2004;55:19-
25. Harris JA, Corsi M, Quartaroli M, Arban R, Ben- 26.
tivoglio M. Upregulation of spinal glutamate recep- 33. Goadsby PJ, Akerman S, Storer RJ. Evidence for
tors in chronic pain. Neuroscience. 1996;74:7-12. postjunctional serotonin (5-HT1) receptors in the
26. Burstein R, Cutrer MF, Yarnitsky D. The develop- trigeminocervical complex. Ann Neurol. 2001;50:804-
ment of cutaneous allodynia during a migraine at- 807.
tack clinical evidence for the sequential recruitment 34. Ma QP. Co-localization of 5-HT(1B/1D/1F) recep-
of spinal and supraspinal nociceptive neurons in mi- tors and glutamate in trigeminal ganglia in rats. Neu-
graine. Brain. 2000;123(Pt 8):1703-1709. roreport. 2001;12:1589-1591.
27. Burstein R, Yarnitsky D, Goor-Aryeh I, Ransil BJ, 35. Mitsikostas DD, Sanchez del Rio M, Waeber C,
Bajwa ZH. An association between migraine and cu- Huang Z, Cutrer FM, Moskowitz MA. Non-NMDA
taneous allodynia. Ann Neurol. 2000;47:614-624. glutamate receptors modulate capsaicin induced c-
28. Burstein R, Collins B, Bajwa ZH, Zakubowski fos expression within trigeminal nucleus caudalis. Br
M. Triptan therapy can abort attacks if given J Pharmacol. 1999;127:623-630.
before the establishment or in the presence 36. Storer RJ, Goadsby PJ. Trigeminovascular noci-
of cutaneous allodynia and central sensitiza- ceptive transmission involves N-methyl-D-aspartate
tion: Clinical and preclinical evidence. Headache. and non-N-methyl-D-aspartate glutamate receptors.
2002;42:389. Neuroscience. 1999;90:1371-1376.
41

3. TERCEIRA PARTE

Enxaqueca e depressão

Há décadas se sabe da associação da enxaqueca com comorbidades

psiquiátricas, em particular com a depressão e os transtornos de ansiedade.

Merikangas et al. foram uns dos primeiros autores que relataram o risco

aumentado que pacientes com enxaqueca têm de desenvolver depressão e

transtornos de ansiedade. Estudando 457 sujeitos com enxaqueca, os autores

encontraram nesse grupo uma chance aumentada de apresentar depressão maior

(Oddis Ratio-OR, 2.2; intervalo de confiança de 95% - 95%IC, 1.1-4.8) e

transtorno de ansiedade generalizada (OR 2.7; 95% IC, 1.5-5.1) quando

comparados com indivíduos-controles.(138)

Breslau et al., estudando comorbidades psiquiátricas em um grupo de

1.007 pacientes com enxaqueca, encontraram um grande risco de

desenvolvimento de transtornos afetivos e ansiosos em pacientes portadores de

enxaqueca com aura. Nesse grupo de pacientes, ansiedade generalizada e

depressão coexistiam em 30% dos sujeitos estudados.(139)

Por sua vez, um outro estudo conduzido em grupo de casos e controles

confirmou que a enxaqueca e a depressão eram significativamente comórbidas e

produziam baixos resultados em questionários de qualidade de vida no grupo de

casos, mesmo depois da adequação de variáveis como sexo, idade e nível

educacional.(140)

Para tentar explicar essa associação, Breslau et al. reviram cerca de mil

pacientes do estudo citado anteriormente, depois de três anos e meio,


42

encontrando neles uma chance três vezes maior de desenvolver depressão (OR,

3.2; 95% IC, 2.3-4.6). Ao mesmo tempo, pacientes deprimidos sem história de

enxaqueca prévia tinham também um risco três vezes maior de desenvolver

enxaqueca quando comparados com pacientes sem depressão (OR, 3.1; 95% IC,

2.0-5.0).(141)

A correlação entre enxaqueca, transtornos ansiosos e depressão foi

confirmada em outros estudos populacionais subseqüentes, inclusive na

população idosa.(142-145) Verri et al. encontraram 90% de 88 pacientes com CCD

apresentando pelo menos uma comorbidade psiquiátrica.(146) No Brasil

analisando-se apenas os pacientes com enxaqueca crônica, Mercante et al.

verificaram que 85% dos indivíduos têm algum grau de depressão (de leve a

grave) e que 25% apresentam depressão grave. Nesse mesmo estudo, aspectos

particulares da depressão também foram avaliados, mostrando que 40% dos

pacientes apresentaram algum grau de pensamento suicida, e 5% manifestaram

ideação suicida.(147)

As duas condições parecem ocorrer numa associação recíproca de forma

bidirecional, com enxaqueca favorecendo o desenvolvimento da depressão e a

depressão favorecendo o surgimento da enxaqueca. Ao que tudo indica, as

patologias têm uma seqüência de tempo definido, com o surgimento de ansiedade

generalizada precedendo o surgimento da dor de cabeça, a qual, por sua vez,

precede a depressão.(141, 148, 149)


Em adição, Zwart et al. observaram que a

prevalência da depressão estava diretamente relacionada com a freqüência das

crises de enxaqueca.(150)

Esses dados foram confirmados em outros estudos de Breslau et al., em

que foi encontrada uma prevalência de depressão em 40,7% no grupo de


43

enxaqueca, 35,8% no grupo de outras formas cefaléia e 16% no grupo-controle,

provando-se, mais tarde, que a depressão leva a um risco aumentado de

desenvolvimento de enxaqueca, mas não de outras formas de cefaléia

crônica.(149)

A cefaléia crônica diária tem sido associada a altos níveis de ansiedade e

de depressão quando comparada à enxaqueca episódica. Além disso, pessoas

com enxaqueca com ou sem depressão têm maior risco de suicídio que pessoas

sem qualquer história de enxaqueca, como relatado anteriormente.(151) São dados

comprovados por Oedegaard et al. que referiram uma freqüência de suicídio

maior nos pacientes com enxaqueca com aura que naqueles sem aura.(152, 153)

Estudos semelhantes mostraram que pacientes com enxaqueca têm quatro

a cinco vezes mais chances de sofrer de ansiedade generalizada e cinco vezes

mais chances de sofrer de transtorno obsessivo-compulsivo.(139)

Outros estudos mostraram que a depressão foi mais freqüente em

pacientes com enxaqueca que abusava de medicação. (154-156)


44

Artigo 3 - Níveis de GABA no líquido cefalorraquidiano de pacientes com


enxaqueca crônica e depressão.

Os achados de uma influência bidirecional entre enxaqueca e depressão

sugerem uma neurobiologia comum em ambas as patologias, pois tanto na

cefaléia quanto na depressão, há evidências de envolvimento de sistemas

neurais, aminoácidos e neurotransmissores em comum, como os sistemas

serotoninérgico e gabaérgico.

No próximo artigo, publicado no periódico Brain Research, 2006 May 23,

1090(1):197-201, teve como objetivo rever o papel do ácido gama-aminobutírico

(GABA) na depressão e na enxaqueca. Para isso, foram determinados por

cromatografia líquida de alta resolução os níveis de GABA no líquido

cefalorraquidiano de pacientes com enxaqueca crônica com e sem depressão e

controles.(157)
BR A I N R ES E A RC H 1 0 9 0 ( 2 00 6 ) 1 9 7 –2 01

a v a i l a b l e a t w w w. s c i e n c e d i r e c t . c o m

w w w. e l s e v i e r. c o m / l o c a t e / b r a i n r e s

Research Report

Cerebrospinal fluid GABA levels in chronic migraine with and


without depression

D.S.S. Vieira, M.G. Naffah-Mazacoratti, E. Zukerman, C.A. Senne Soares, E.O. Alonso,
M.H.W. Faulhaber, E.A. Cavalheiro, M.F.P. Peres ⁎
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, Universidade Federal de São Paulo-Escola Paulista de Medicina, Brazil

A R T I C LE I N FO AB S T R A C T

Article history: Psychiatric comorbidity is one of the key elements in chronic migraine (CM) management.
Accepted 16 March 2006 Depression is particularly common in these patients, occurring in up to 85%. Preclinical
Available online 25 April 2006 studies have suggested that gamma-aminobutyric acid (GABA) levels may be decreased in
animal models of depression. Also, clinical studies have reported low level in mood disorder
Keywords: patients for both plasma and cerebrospinal fluid (CSF) GABA. We hypothesized that low
Chronic migraine GABA levels in the brain might be related to the depression associated with CM. We studied
Depression 14 chronic migraine patients, with or without depression, compared to age-and sex-
GABA matched controls. CSF GABA levels were measured by HPLC. CSF GABA levels showed
Pathophysiology significant lower levels in depressed patients than those without depression. No difference
Cerebrospinal fluid was found when comparing patients versus controls. A GABA deficiency may be the
underlying mechanism of depression in CM. Hence, preventive therapies modulating GABA
neurotransmission could be used in CM associated with depression.
© 2006 Elsevier B.V. All rights reserved.

1. Introduction The possible role of GABA in the pathophysiology of


migraine has been based in its inhibitory function in most of
Numerous biochemical studies on migraine have failed to brain synapses, including its involvement in vasodilatation
identify the underlying mechanisms responsible for this (Anwar and Mason, 1982; Alborch et al., 1984; Fergus and Lee,
syndrome. Gamma-aminobutyric acid (GABA) is the most 1997; Barbelivien et al., 1999). In this sense, Welch et al. (1975)
important inhibitory neurotransmitter in the brain. In regions, found that GABA levels in cerebrospinal fluid (CSF) of patients
such as the cerebral cortex, hippocampus, thalamus, basal during migraine attack were higher when compared to those
ganglia, cerebellum, hypothalamus, and brainstem, this found during a headache-free period and Kowa et al. (1992)
amino acid is released by about one-third of all synapses. reported higher GABA levels in blood platelet of patients
This means that it is in larger concentration than other suffering from tension headache. These findings might be
neurotransmitters in the same regions (Brambilla et al., 2003). related to a GABA increase in response to pain more than its
Noradrenergic, dopaminergic, serotonergic, and glutamatergic direct participation in the physiopathological process under-
neurons are all under GABAergic inhibitory control. GABA is lying migraine.
synthesized from its precursor glutamate through the action CM is a common disorder affecting 2–3% of the general
of glutamate decarboxylase (GAD) and exerts its effects by population and it is one of the most debilitating and difficult
acting on two brain receptors named GABAA and GABAB (Shian disorders to treat in headache centers (Kavuk et al., 2003).
and Yathanm, 1998). Psychiatric comorbidity is one of the key elements in chronic

⁎ Corresponding author. Al. Joaquim Eugenio de Lima, 881 cj 708 01403-001 São Paulo SP, Brazil. Fax: +55 11 3285 5726.
E-mail address: marioperes@yahoo.com (M.F.P. Peres).

0006-8993/$ – see front matter © 2006 Elsevier B.V. All rights reserved.
doi:10.1016/j.brainres.2006.03.051
198 BR A I N R ES E A RC H 1 0 9 0 ( 2 00 6 ) 1 9 7 –20 1

migraine (CM) management. Depression is particularly Our study shows decreased GABA levels in the CSF of
common in these patients, some degree of depression patients with CM plus depression when compared to those
(including mild cases) was found in up to 85%; furthermore, patients without psychiatry symptoms and controls subjects.
severe depression was found in 25% of CM patients A limitation of our study was the use of the Beck Depression
(Mercante et al., 2005). GABA neurotransmission has been Inventory rather than a structured interview; however, a good
linked to the pathophysiology of depression in experimental, correlation has been established between Beck scores and
neuroimaging and clinical studies. Furthermore, decreased structured interviews (Beck et al., 1961; American Psychiatric
GABA levels in CSF and serum have been reported in Association, 1994). Several studies have showed abnormal
depression (Brambilla et al., 2003; Shian and Yathanm, GABA levels in depression, including preclinical and clinical
1998; Petty, 1995; Lloyd et al., 1987a, 1989; Tunnicliff and data (Brambilla et al., 2003; Shian and Yathanm, 1998; Petty,
Malatynska, 2003; Petty and Sherman, 1981, 1984; Petty and 1995; Lloyd et al., 1989; Tunnicliff and Malatynska, 2003; Lloyd
Schlesser, 1981; Petty et al., 1990; Emrich et al., 1980; Gold et et al., 1987a).
al., 1980; Kasa et al., 1982; Post et al., 1980; Petty, 1994). GABA in GABAergic terminals is formed from glutamate in
Despite the relevance of depression in chronic migraine, an enzymatic reaction, using pyridoxal phosphate as cofactor,
little is known about their mechanisms. We hypothesized mediated by glutamate acid decarboxylase (GAD). After being
that GABA levels might be related to the mechanisms of released into the synapses, GABA is inactivated by reuptake
depression in CM patients. Accordingly, we have measured into presynaptic terminals or into glial cells mediated by GABA
the GABA levels in the cerebrospinal fluid of CM patients as transporter (GATs). At the present time, four complementary
well as in controls subjects and its relationship with DNAs encoding high homologous GATs proteins have been
depression is discussed. cloned (GAT-1, GAT-2, GAT-3, and BGT-1). GAD is localized
only in GABAergic presynaptic terminals, lacking in glial cells.
Two forms have been discovered so far (GAD65 GAD67).
GABAergic receptors are composed by two main types with
2. Results
different distribution on the neuronal surface, GABAA, and
GABAB receptors. GABAA receptors are ionotropic and mostly
All CSF studied presented normal levels of protein, glucose,
postsynaptic receptors, mainly located at the apical dendrite
lactate, as well as the cell count.
of the neurons. It causes the fast inhibitory postsynaptic
CSF GABA levels in CM patients was not statistically
potential (IPSP). GABAB receptors are mainly located at
different from that observed in controls. When analyzed by
presynaptic terminal soma and mediate the slow IPSP
the occurrence of depression as comorbidity, it was possible to
(Brambilla et al., 2003).
verify that the GABA level in CM plus depression patients
When inescapable shocks are administered to animals,
(7.29 ± 1.44 μmol/l) was lower than that observed in patients
they demonstrate subsequent inability to perform a simple
with CM without depression (8.3 ± 1.12 μmol/l) (P < 0.04) and in
escape task in shuttle box (Petty, 1995). One call learned
controls (8.46 ± 1.93 μmol/l) (Fig. 1).
helplessness this stress-induced depressive behavior. Petty
and Sherman (1981) demonstrated that GABA injection into
frontal neocortex and hippocampus reversed the learned
3. Discussion helplessness reaction. Also, they reported two things: (1)
injection of bicuculline, a GABAA receptors antagonist, into
Depression is the most frequent psychiatric condition associ- hippocampus produced learned helplessness in naive non-
ated with migraine. Moderate or severe depression has been stressed rats; and (2) a chronic administration of tricyclic
reported in 58.7% of the patients with it (Mercante et al., 2005). antidepressants normalized both, the hippocampal GABA

Fig. 1 – Cerebrospinal fluid glutamate levels in chronic migraine patients with and without depression and controls.
BR A I N R ES E A RC H 1 0 9 0 ( 2 00 6 ) 1 9 7 –2 01 199

release and the helpless behavior (Sherman and Petty, 1980). However, no significant differences have been found in
In another preclinical study, rats that have had their olfactory several brain areas between suicide victims and nonpsychi-
bulbs removed showed increase in locomotor activities, atric controls for GABAA and GABAB receptor binding sites,
deficits in memory, changes in food-motivated behavior, and GAD activity, and GABA concentration.
a pervasive deficit in passive-avoidance learning (Kelly et al., A recent SPECT study reported abnormally decreased
1997). Following olfactory bulbectomy, GABA turnover was GABAA receptor density in the prefrontal cortex of mood
reported to increase in rat amygdaloid cortex (Jancsar and disorder patients, mainly bipolar, with or without akinetic
Leonard, 1984). Furthermore, the binding on GABAB receptor in catatonia, a psychomotor syndrome that can be seen in
frontal cortex, but not in other brain regions, has been found to mood disorders and responsive to lorazepam (Northoff et al.,
be decreased about 50% in this model. However, the binding 1999).
on GABAA receptor increased in frontal cortex and, transient- Welch et al. (1975) and Kowa et al. (1992) reported that GABA
ly, in the hippocampus of this rats (Lloyd and Pichat, 1986; levels in CSF and platelets were increased in patients suffering
Dennis et al., 1993). On the other hand, desipramine reversed of migraine and tensional headache as a possible compensa-
the behavior deficit in rats with olfactory bulbectomy, tory response to pain. We hypothesize that there were no
increasing the cortex GABAB receptor density. It has also differences between controls and patients with CM without
been showed that baclofen, progabide, and fengabide reverse psychiatry symptoms because there might be a response
the behavioral deficit in this model (Joly et al., 1987; Lloyd et promoting a GABA increase in these individuals. This response
al., 1987b; Drugan et al., 1989). mechanism is supposedly impaired in patients with CM and
A role of GABA in mood disorders was first postulated by depression, justifying why low GABA levels were observed only
Emrich et al. (1980), based on the clinical observation that in those depressed patients, and not in nondepressed patients,
valproate, a GABA agonist, which was effective in the where the compensatory GABA response to pain is normal
treatment of bipolar affective disorder. (Brambilla et al., 2003; Shian and Yathanm, 1998; Petty, 1994,
The GABA level on CSF GABA originates from brain and may 1995; Petty and Schlesser, 1981; Petty and Sherman, 1981, 1984;
reflect the GABAergic brain activity (Grove et al., 1982; Loscher, Petty et al., 1990; Lloyd et al., 1989; Tunnicliff and Malatynska,
1982). Lower CSF GABA levels have been found in unipolar 2003; Lloyd et al., 1987a; Emrich et al., 1980; Gold et al., 1980;
(Gold et al., 1980; Gener et al., 1984) and bipolar patients when Kasa et al., 1982; Post et al., 1980).
compared to control values (Berrettini et al., 1983). However, Current biochemical hypotheses of mood disorders impli-
other studies showed no abnormalities in GABA CSF levels in cate biogenic amine neurotransmitters such as serotonin and
unipolar disorder (Post et al., 1980) and, especially, in bipolar norepinephrine. This happens in either the pathophysiology
patients (Gener et al., 1984; Post et al., 1980; Berrettini et al., of depression and mania or in the mechanism of action of
1986). Discrepancies between positive and negative studies mood-altering treatments. However, most antidepressants
may be in part explained by methodological differences, such and mood stabilizers in clinical use affect a number of
as the aliquot of CSF examined and the subject characteristics neurotransmitter receptors, in addition to those related to
(i.e., age, gender, mood) (Post et al., 1980; Berrettini et al., 1986). norepinephrine and serotonin. We consider that other neuro-
There is some evidence to suggest that plasma levels transmitter systems, such as the GABA system, may be
reflect brain GABA activities (Petty, 1994). For example, GABA deranged in mood disorders alone, but also in mood disorders
levels in plasma have been reported to be almost identical to present in chronic migraine. Then, antidepressants and mood
levels in CSF, suggesting that there is no active gradient stabilizers, or eventually other medications with GABA
between these two compartments. Furthermore, after phar- activity, may be important in the management of important
macological manipulations GABA levels change in similar in the management of psychiatric comorbidity in chronic
proportion (Ferkany et al., 1978; Loscher and Frey, 1982). Some migraine. Future studies are still necessary for a better
studies have shown that depressed patients have lower understanding of the putative role of the GABAergic neuro-
plasma GABA levels, when compared with matched normal transmission in migraine headaches and their psychiatric
controls (Petty and Schlesser, 1981; Petty and Sherman, 1984; comorbidity disorders.
Petty et al., 1990). Moreover, Petty et al. (1995) reported that, in
patients with major depression, plasma GABA levels were
stable for 4-year follow-up and did not change with clinical 4. Experimental procedures
improvement. This suggests that low plasma may be a trait
marker for the depressive illness. In addition, mean levels of Fourteen patients (3 male, 11 female) were diagnosed
plasma GABA were reported to be significantly lower in both with chronic migraine according to Silberstein et al. and
manic and depressive phases of bipolar patients, when the International Headache Society (IHS-2004) criteria
compared to healthy individuals (Petty et al., 1993). (Silberstein et al., 1996; Headache Classification Subcommit-
Perry et al. (1977) studied activities of GAD in brain regions tee of the International Headache Society, 2004). Patients met
of patients with depression and they reported that GAD both IHS and Silberstein's criteria. Patients underwent a
activities were significantly decreased in frontal cortex, lumbar puncture in order to rule idiopathic intracranial
occipital cortex, and basal ganglia of depressed patients hypertension, which is present in 5–14% of chronic daily
when compared to controls values. GABAA receptor binding headache series (Mathew et al., 1996; Quattrone et al.,
sites have been found to be abnormally increased in frontal 2001). Six patients were included in the group of patients
cortex of depressed suicide victims (Cheetham et al., 1988), presenting chronic migraine and depression. The presence
suggesting lowered GABAergic activity in those patients. of depression was considered when the Beck Depression
200 BR A I N R ES E A RC H 1 0 9 0 ( 2 00 6 ) 1 9 7 –20 1

Inventory (BDI II) was higher than 16. A good correlation 4.3. Statistical analysis
between the BDI II score (cutoff level of 16) and the DSM IV
diagnostic criteria for major depression is achieved (Beck et The values in μmol/l were expressed as mean ± SD. One-way
al., 1961; American Psychiatric Association, 1994). The within-subjects ANOVA was carried out to compare GABA
remaining eight patients presented only chronic migraine. levels from CSF. A Student's t test was used to compare
Controlled CSF specimens were also obtained from 14 age- groups. Five percent for two-sided tests was chosen as a
and sex-matched subjects who underwent lumbar puncture minimum level of statistical significance.
for others diagnostic purposes. Their CSF and blood tests were
normal. When necessary, instrumental investigations includ-
REFERENCES
ing neuroimaging also excluded CNS diseases (multiple
sclerosis, vasculitis, and other autoimmune diseases affecting
the CNS) or systemic diseases (diabetes, renal or hepatic Alborch, E., Torregrosa, G., Terrasa, J.C., Estrada, C., 1984. GABA
dysfunction, inflammatory diseases). Neurodegenerative dis- receptors mediate cerebral vasodilation in the unanesthetized
eases, mood, and anxiety disorders were also excluded. goat. Brain Res. 321 (1), 103–110.
Three different groups were then analyzed: (1) CM with American Psychiatric Association, 1994. Diagnostic and Statistical
Manual of Mental Disorders, 4th ed. APA Press, Washington,
depression, (2) CM without depression, and (3) controls.
DC.
The protocol was approved by the local Ethics Committee
Anwar, N., Mason, P.F.J., 1982. Two actions of
and all patients gave written consent to these study. The gamma-aminobutyric acid (GABA) on the responses of
subjects' consent was obtained according to the Declaration of isolated basilar artery from the rabbit. Br. Med. Pharmacol.
Helsinki. All patients were in pain at the time of lumbar 75, 177–181.
puncture. Barbelivien, A., Noel, C., MacKenzie, E.T., Dauphin, F., 1999.
Cerebrovascular evidence for a GABAergic modulation of the
cholinergic vasodilatatory basalocortical system in the rat.
4.1. CSF analysis
Brain Res. 834 (1–2), 223–227.
Beck, A.T., Ward, C.H., Mendelson, M., Mock, J., Erbaugh, J., 1961.
Sodium phosphate dibasic (Na2HPO4), methanol (HPLC grade), An inventory for measuring depression. Arch. Gen. Psychiatry
trichloroacetic, and sodium bicarbonate were acquired from 4, 561–571.
Merck. Sodium tetraborate, beta-mercaptoethanol (BME), Berrettini, W.H., Nurnberger Jr., J.I., Hare, T.A., Simmons-Alling,
phosphoric acid (85%, HPLC grade), o-phthaldialdehyde (OPA), S., Gershon, E.S., Post, R.M., 1983. Reduced plasma and
CSFgamma-aminobutyric acid in affective illness: effect of
L-aspartic acid, L-glutamic acid, glycine, taurine, and γ-
lithium carbonate. Biol. Psychiatry 18, 185–194.
aminobutyric acid (GABA) were purchase from Sigma-Aldrich.
Berrettini, W.H., Nurnberger Jr., J.I., Hare, T.A., Simmons-Alling, S.,
Gershon, E.S., 1986. CSF GABA in euthymic manic-depressive
4.2. Chromatography patients and controls. Biol. Psychiatry 21, 844–846.
Brambilla, P., Perez, J., Barale, F., Schettini, G., Soares, J.C., 2003.
The Waters chromatography system consisted of the Model GABAergic dysfunction min mood disorders. Mol. Psychiatry
600 E multisolvent pump, a 717 plus auto-sampler and 2475 8, 721–737.
Cavalheiro, E.A., Fernandes, M.J., Turski, L., Naffah-Mazzacoratti,
multifluorescence detector (excitation 330 nm, emission
M.G., 1994. Spontaneous recurrent seizures in rats: amino acid
450 nm). The CSF samples were deproteinized with 10%
and monoamine determination in the hippocampus. Epilepsia
trichloroacetic acid (1:0.2 v/v). The resulting mixture was 35 (1), 1–11.
kept at 0 °C for 15 min and then centrifuged at 3000 × g for Cheetham, S.C., Crompton, M.R., Katona, C.L.E., Horton, R.W.,
10 min at 4 °C. Supernatant (100 μl) was added to 400 μl of 0.2 M 1988. Brain 5-HT2 receptor binding sites in depressed suicide
sodium bicarbonate. Amino acid determination was per- victims. Brain Res. 443, 272–280.
formed using a precolumn derivatization procedure. The Dennis, T., Beauchemin, V., Lavoie, N., 1993. Differential effects of
olfactory bulbectomy on GABAA and GABAB receptors in the
reagent OPA/BME was prepared 24 h prior to use and the
rat brain. Pharmacol. Biochem. Behav. 46, 77–82.
derivatization procedure performed by the 717 auto-sampler, Drugan, R.C., Morrow, A.L., Weizman, R., Deutsch, S.I., Crawlay,
just before injection. OPA (150 μl) was transferred to the J.N., et al., 1989. Stress-induced behavioral depression in the
sample vial. After mixing, 20 μl was injected onto a reversed rat is associated with a decrease in GABA receptor-mediated
phase Nova-Pak C18 (3.9 × 150 mm, 4 mm) column (Waters) chloride ion flux and brain benzodiazepine receptor
equilibrated at 25 °C with mobile phase A (0.05 M sodium occupancy. Brain Res. 487, 45–51.
Emrich, H.M., von Zerssen, D., Kissling, W., Moller, H.J., Windorfer,
phosphate buffer pH 5.5/15% methanol) at a flow rate of
A., 1980. Effect of sodium valproate on mania. The
1 ml/min. The mobile phase B consisted of sodium phosphate
GABA-hypothesis of affective disorders. Arch. Psychiatr.
pH 5.5/80% methanol. The GABA was eluted after the Nervenkr. 229, 1–16.
establishment of a linear gradient as previously described by Fergus, A., Lee, K.S., 1997. GABAergic regulation of cerebral
Cavalheiro et al. (1994). The elution program consisted of microvascular tone in the rat. J. Cereb. Blood Flow Metab. 17 (9),
20 min of elution with only the mobile phase A and a gradual 992–1003.
change to mobile phase B during a period of 40 min, followed Ferkany, J.W., Smith, L.A., Seifert, W.E., Caprioli, R.M., Enna, S.J.,
1978. Measurement of gamma-aminobutyric acid (GABA) in
by 20 min with pure mobile phase B. After this, the column
blood. Life Sci. 22, 2121–2128.
was re-equilibrated with the mobile phase A during 10 min
Gener, R.H., Fairbanks, L., Anderson, G.M., Young, J.G., Scheiner,
before the next injection. Standard solutions containing M., Linnoila, M., et al., 1984. CSF neurochemistry in depressed,
glutamate were employed to establish calibration curves manic, and schizophrenic patients compared with that of
(correlation coefficients of 0.99 or better in all cases). normal controls. Am. J. Psychiatry 141, 1533–1540.
BR A I N R ES E A RC H 1 0 9 0 ( 2 00 6 ) 1 9 7 –2 01 201

Gold, B.I., Browers Jr., M.B., Roth, R.H., Sweeney, D.W., 1980. GABA Northoff, G., Steinke, R., Czcervenka, C., Krause, R., Ulrich, S.,
levels in CSF of patient with psychiatric disorders. Am. J. Danos, P., et al., 1999. Decreased density of GABA-A
Psychiatry 137, 362–364. receptors in the left sensorimotor cortex in akinetic
Grove, J., Schechter, P.J., Hanke, N.F., deSmet, Y., Agid, Y., Tell, G., catatonia: investigation of in vivo benzodiazepine
et al., 1982. Concentrations gradients of free and total receptor binding. J. Neurol. Neurosurg. Psychiatry 67,
gamma-aminobutyric acid and homocarnosine in human CSF: 445–450.
comparation of suboccipital and lumbar sampling. Petty, F., 1994. Plasma concentrations of gamma-amonobutyric
J. Neurochem. 39, 1618–1622. acid and mood disorders: a blood test for manic depressive
Headache Classification Subcommittee of the International disease. Clin. Chem. 40, 296–302.
Headache Society, 2004. The International Classification of Petty, F., 1995. Gaba and mood disorders: a brief review and
Headache Disorders, 2nd ed. Cephalalgia, Suppl. 1, pp. 9–160. hypothesis. J. Affect. Disord. 34, 275–281.
Jancsar, S.M., Leonard, B.E., 1984. Changes in neurotransmitter Petty, F., Schlesser, M.A., 1981. Plasma GABA in affective illness. A
metabolism following olfactory bulbectomy in the rat. Prog. preliminary investigation. J. Affect. Disord. 3, 339–343.
Neuropsychopharmacol. Boil Psychiatry 8, 263–269. Petty, F., Sherman, A.D., 1981. GABAergig modulation of learned
Joly, D., Lloyd, K.G., Pichat, P., Sanger, D.J., 1987. Correlation helplessness. Pharmacol. Biochem. Behav. 15, 567–570.
between the behavioral effect of desipramine and GABAB Petty, F., Sherman, A.D., 1984. Plasma GABA in affective illness.
receptor regulation in the olfactory bulbectomized rat. Br. J. J. Affect. Disord. 6, 131–138.
Pharmacol. 90, 125. Perry, E.K., Gibson, P.H., Blessed, G., Perry, G.H., Tholinson, B.E.,
Kasa, K., Otsuki, S., Yamamoto, M., Sato, M., Kuroda, H., Ogawa, N., 1977. Neurotransmitter enzyme abnormalities in senile
1982. Cerebrospinal fluid gamma-aminobutyric acid and dementia. Choline acetyltransferase and glutamic acid
homovanillic acid id depressive disorders. Biol. Psychiatry 17, decarboxylase activities in necropsy brain tissue. J. Neurol. Sci.
877–883. 34, 247–265.
Kavuk, I., Yavuz, A., Cetindere, U., Agelink, M.W., Diener, H.C., Petty, F., Krammer, G.L., Dunnam, D., Rush, A.J., 1990. Plasma
2003. Epidemiology of chronic daily headache. Eur. J. Med. Res. GABA in mood disorders. Psychopharmacol. Bull. 26,
8 (6), 236–240. 157–161.
Kelly, J.P., Wrynn, A.S., Leonard, B.E., 1997. The olfactory Petty, F., Kramer, G.L., Fulton, M., Moeller, F.G., Rush, A.J., 1993.
bulbectomized rat as a model of depression: an update. Low plasma GABA is a trait-like maker for bipolar illness.
Pharmacol. Ther. 74, 299–316. Neuropsychopharmacology 9, 125–132.
Kowa, H., Shimomura, T., Takahashi, K., 1992. Platelet Petty, F., Kramer, G.L., Fulton, M., Davis, L., Rush, A.J., 1995.
gamma-aminobutyric acid levels in migraine and tension-type Stability of plasma GABA at four-year follow-up in patients
headache. Headache 32, 229–232. with primary unipolar depression. Biol. Psychiatry 37,
Lloyd, K.G., Pichat, P., 1986. Decrease in GABAB binding to the 806–810.
frontal cortex of olfactory bulbectomized rats. Br. J. Pharmacol. Post, R.M., Ballenger, J.C., Hare, T.A., Goodwin, F.K., Lake, C.R.,
87, 36. Jimerson, D.C., 1980. Cerebrospinal fluid GABA in normals and
Lloyd, K.G., Morselli, P.L., Bartholini, G., 1987a. GABA and affective patients with affective disorders. Brain Res. Bull. 5 (Suppl. 9),
disorders. Med. Biol. 65, 159–165. 755–759.
Lloyd, K.G., Zivkovic, B., Sanger, D., Depoortere, H., Bartholini, G., Quattrone, A., Bono, F., Oliveri, R.L., Gambardella, A., Pirritano, D.,
1987b. A novel antidepressant GABAergic agent. Activity in Labate, A., et al., 2001. Cerebral venous thrombosis and isolated
models for antidepressant drugs and psychopharmacological intracranial hypertension without papilledema in CDH.
profile. J. Pharmacol. Exp. Ther. 241, 245–250. Neurology 57 (1), 31–36 (Jul 10).
Lloyd, K.G., Zivkovic, B., Scatton, B., Morselli, P.L., Bartholini, G., Sherman, A.D., Petty, F., 1980. Neurochemical basis of the action of
1989. The GABAergic hypothesis of depression. Prog. antidepressants on learned helplessness. Behav. Neural Biol.
Neuro-Psychopharmacol. Biol. Psychiatry 13, 341–351. 30, 119–134.
Loscher, W., 1982. Relationship between GABA concentrations in Shian, I-Shin., Yathanm, L.N., 1998. GABA function in mood
cerebrospinal fluid and seizure exci6tability. J. Neurochem. 38, disorders: an update and critical review. Life Sci. 63,
293–295. 1289–1303.
Loscher, W., Frey, H.H., 1982. Transport of GABA at the blood-CSF Silberstein, S.D., Lipton, R.B., Sliwinski, M., 1996. Classification of
interface. J. Neurochem. 38, 1072–1079. daily and near-daily headaches: field trial of revised IHS
Mathew, N.T., Ravishankar, K., Sanin, L.C., 1996. Coexistence of criteria. Neurology 47, 871–875.
migraine and idiopathic intracranial hypertension without Tunnicliff, G., Malatynska, E., 2003. Central GABAergic systems
papilledema. Neurology 46 (5), 1226–1230 (May). and depressive illness. Neurochem. Res. 28, 965–976.
Mercante, J.P.P., Peres, M.F.P., Guendler, V., Zukerman, E., Bernik, Welch, K.M.A., Chabi, E., Bartosh, K., Achar, V.S., Meyer, J.S., 1975.
M.A., 2005. Depression in chronic migraine. Arq. Cerebrospinal fluid γ aminobutyric acid levels in migraine. Br.
Neuro-Psiquiatr. 63 (2-A), 217–220. Med. J. 3, 516–517.
50

4. CONCLUSÕES

Este trabalho mostra que a prevalência da hipertensão intracraniana

idiopática sem papiledema em pacientes com enxaqueca crônica sem tratamento

profilático prévio foi semelhante aos dados encontrados na literatura em

populações com CCD refratárias ao tratamento medicamentoso por meses, até

anos, sugerindo, assim, que, em indivíduos com enxaqueca crônica, a punção

lombar deve fazer parte da investigação inicial em mulheres obesas com IMC

maior que 30 Kg/m2, mesmo sem nenhum uso de tratamento medicamentoso

profilático. Segundo nossos dados e os da literatura revista, ainda é

recomendável para esses pacientes, realizarem estudo de imagem da circulação

venosa cerebral para a exclusão de estreitamentos patológicos ou tromboses

venosas.

Naqueles pacientes que não apresentaram alterações na pressão

intracraniana, o estudo dos níveis liquóricos do glutamato - principal aminoácido

excitatório do SNC - apresentaram-se mais elevados em relação aos controles,

em concordância com dados da literatura, como demonstrado previamente por

Peres et al.(158) Não obstante, um dado relevante e até então não relatado

mostrou que pacientes com abuso oral de triptanos apresentaram níveis menores

de glutamato no LCR quando comparados a pacientes que abusavam de outras

medicações analgésicas e aqueles que não abusavam de nenhum tipo de

medicação, indício de que o uso precoce de triptanos possa retardar ou mesmo

impedir o desencadeamento do processo de sensibilização central a que os

pacientes com enxaqueca crônica são submetidos na cronificação de suas

cefaléias.
51

Por outro lado, o principal neurotransmissor inibitório do SNC, o ácido

gama-aminobutírico, mostrou-se significativamente diminuído em pacientes com

enxaqueca crônica e depressão, dados estes também de acordo com a literatura

em âmbito clínico e experimental, comprovando-se, mais uma vez, que o estudo

do líquido cefalorraquidiano em paciente com enxaqueca crônica poderá trazer

perspectivas futuras para o entendimento da fisiopatogênese e para o

desenvolvimento de novas terapias medicamentosas da enxaqueca e de suas

comorbidades.
52

5.ANEXOS

Anexo 1. Critérios diagnósticos para cefaléia crônica diária, enxaqueca


transformada propostos por Siberstein, 1994.(2)

A. Cefaléia por mais de um mês com freqüência diária ou quase diária (>15 dias/mês)
B. Duração média de 4 horas/dia (sem tratamento)
C. Ao menos uma das seguintes:
1. História de enxaqueca episódica prévia preenchendo os critérios da IHS 1.1 a
1.6.
2. História de aumento da freqüência com diminuição da intensidade das
manifestações enxaquecosas por no mínimo 3 meses.
3. Cefaléia que atualmente preenche os critérios da IHS para enxaqueca 1.1 a
1.6.
D. Ao menos um dos seguintes:
1. Não há sinal de que seja uma cefaléia sintomática listada no grupo 5-11.
2. Há sinais de que seja uma cefaléia sintomática, porém é descartada com
investigação apropriada.
3. Há uma condição subjacente, mas as crises não têm relação temporal com tal
condição.
IHS - International Headache Society

Critérios diagnósticos propostos por Silberstein, 1994, para enxaqueca


transformada com uso abusivo de analgésicos.(2)

A. Preenche os critérios para enxaqueca transformada


B. Ao menos uma das seguintes por pelo menos 1 mês:
1. Uso de analgésicos comuns (>1000 mg AAS/acetaminofeno) >5 dias/semana.
2. Combinação de analgésicos (cafeína, barbitúricos) (> 3 comprimidos/dia), >3
dias/semana.
3. Narcóticos (>1 comprimido/dia) >2 dias/semana.
4. Ergotaminas (1 mg) >2 dias/semana.
53

Anexo 2. Critérios diagnósticos para enxaqueca crônica, Classificação


Internacional das Cefaléias – IHS, 2a edição, 2004. (ICHD II) (1)

1.5.1 Cefaléia enxaqueca ocorrendo em 15 ou mais dias por mês por mais de três meses,
na ausência do uso excessivo de medicação.
A. Cefaléia preenchendo os critérios C e D para a enxaqueca sem aura em ≥ 15 dias por
mês por > 3 meses.
B. Não atribuída a outro transtorno
C. A cefaléia preenche ao menos duas das seguintes características:
1. localização unilateral
2. caráter pulsátil
3. intensidade moderada a forte
4. exacerbada por ou levando o indivíduo a evitar atividades físicas rotineiras
D. Ao menos um dos seguintes:
1. náuseas e/ou vômitos
2. fotofobia e fonofobia

8.2 Critérios diagnósticos pela ICHD II, para cefaléia crônica por uso abusivo de
medicações.(1)
A. Preenche os critérios para cefaléia crônica
B. Ao menos um dos seguintes:
5. Ingestão de analgésicos comuns em ≥ 15 dias por mês por > 3 meses
6. Ingestão de combinação de medicamentos em ≥ 10 dias por mês por > 3 meses
7. Ingestão de opióides em ≥ 10 dias por mês por > 3 meses
8. Ingestão de ergotamina em ≥ 10 dias por mês por > 3 meses
9. Ingestão de triptanos em ≥ 10 dias por mês por > 3 meses
C. A cefaléia apareceu ou piorou acentuadamente durante o uso excessivo de
analgésicos
D. A cefaléia desaparece ou reassume o seu padrão prévio dentro de dois meses após a
interrupção dos analgésicos.
54

Anexo 3. Critérios diagnósticos para enxaqueca crônica revisados pelo Comitê de


Classificação de Cefaléias da IHS (2006)(20)

Apêndice 1.5.1 Enxaqueca Crônica.


A. cefaléia (tipo tensional e/ou enxaqueca) durante período ≥ 15 dias por mês por pelo
menos três meses;*
B. ocorrendo em paciente que tenha apresentado pelo menos cinco crises de cefaléia
que preencham os critérios para 1.1 Enxaqueca sem aura;
C. durante período ≥ 8 dias por mês por pelo menos 3 meses a cefaléia preenche C1
e/ou C2 abaixo, isto é, preenche critérios para a dor e sintomas associados de
enxaqueca sem aura;
1. tem pelo menos dois itens de “a-d”:
a. localização unilateral;
b. caráter pulsátil;
c. intensidade moderada ou forte;
d. exacerbada por ou levando o indivíduo a evitar atividades físicas
rotineiras (por exemplo: caminhar ou subir escada);
2. tratada e aliviada por triptano(s) ou ergóticos antes do desenvolvimento de
características listadas em C1;
3. sem abuso de medicação† e não atribuída à outra causa.‡

* Caracterização de episódios recorrentes freqüentes de enxaqueca geralmente


requerer um diário de cefaléia para registrar informações sobre a dor e sintomas
associados, dia após dia, por pelo menos um mês. Exemplos de diários estão disponíveis
em http://www.i-h-s.org.
† Abuso de medicação como definido por 8.2 Cefaléia por uso excessivo de
medicação (anexo X).
‡ História e exames físico e neurológico não sugerem qualquer das desordens
listadas nos grupos 5-12 da CIC, ou história e/ou exames físico e/ou neurológico sugerem
tais desordens, mas estas são descartadas por investigação apropriada, ou tais
desordens estão presentes, mas a cefaléia não se desenvolve em íntima relação
temporal com a desordem.
55

Anexo 3. Critérios diagnósticos revisados para cefaléia por uso excessivo de


medicação pelo Comitê de Classificação de Cefaléias da IHS (2006)(20)

Apêndice 8.2 Cefaléia por uso excessivo de medicação.


A. cefaléia presente por período ≥ 15 dias por mês;
B. uso excessivo regular por período ≥ 3 meses de uma ou mais medicação para
tratamento agudo/sintomático como definido nas subformas de 8.2:
1. ergotamina, triptanos, opióides ou combinações de medicações analgésicas por
período ≥ 10 dias por mês, de forma regular por período > 3 meses;
2. analgésicos simples ou qualquer combinação de ergotamina, triptanos, opióides por
período ≥ 15 dias por mês, de forma regular por período > 3 meses, sem uso excessivo
de qualquer classe simples de forma isolada;
C. cefaléia se desenvolveu ou piorou nitidamente durante o uso excessivo da medicação.
56

Anexo 4. Critérios diagnósticos da cefaléia atribuída a hipertensão intracraniana


idiopática (HII). Classificação Internacional das Cefaléias – IHS, 2a edição, 2004.
(ICHD II) (1)

A. Cefaléia progressiva com pelo menos uma das seguintes características e


preenchendo os critérios C e D:
1. ocorrência diária
2. dor difusa e/ou constante (não pulsátil)
3. agravada pela tosse ou esforço
B. Hipertensão intracraniana preenchendo os seguintes critérios:
1.paciente alerta com exame neurológico normal ou demonstrando qualquer uma
das seguintes anormalidades:
a. papiledema
b. aumento da mancha cega
c. defeito do campo visual (progressivo se não tratado)
d. paralisia do VI nervo craniano
2. pressão liquórica aumentada (> 200 mm H2O em não obesos e > 250 mm H2O em
obesos, medida por punção lombar em decúbito ou por monitoramento da pressão
epidural ou intraventricular)
3. bioquímica liquórica normal (a redução dos níveis de proteínas é aceitável) e
celularidade normal
4. doenças cranianas (incluindo trombose venosa) excluídas através de investigação
apropriada
5. nenhuma causa metabólica, tóxica ou hormonal de hipertensão intracraniana
C. A cefaléia aparece em estreita relação temporal com o aumento da pressão
intracraniana
D. A cefaléia melhora após retirada de líquor, suficiente para reduzir a pressão para 120
a 170 mm H2O e desaparece dentro de 72 horas da normalização persistente da
pressão intracraniana

Comentários:
HII ocorre mais freqüente em mulheres jovens e obesas.
Embora a maioria dos pacientes com HII tenha edema de papila, HII sem papiledema pode
ser observada. Outros sintomas ou sinais de HII incluem ruídos intracranianos, zumbidos,
escurecimento visual transitório e diplopia.
57

Anexo 5. Termo de consentimento livre e esclarecido utilizado no estudo.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO AO PACIENTE

FISIOPATOLOGIA DA CEFALÉIA CRONICA DIÁRIA - ESTUDO DO LÍQUIDO


CEFALORRAQUIDIANO

Você está sendo convidado para participar de um estudo sobre as causas da sua
dor de cabeça, a cefaléia crônica diária. Apesar de ser uma condição muito comum,
presente em 5% da população geral, a cefaléia crônica diária é pouco estudada e por
isso pouco se conhece sobre suas causas.

Este estudo visa contribuir para o conhecimento médico e para o futuro do


tratamento dos pacientes com cefaléia crônica diária.

Cerca de 10% dos pacientes com dor de cabeça diária, a cefaléia crônica diária,
apresentam um aumento da pressão de dentro do cérebro, e por isso é necessário
fazer o exame do líquor, para esta pressão ser medida e esta condição ser
diagnosticada. O líquor é um exame simples, é uma punção como outra qualquer, mas
cujo objetivo é medir e retirar um líquido que envolve o cérebro e a medula: o líquido
cefalorraquidiano. Esta punção pode ser feita na região lombar ou cervical, e o exame
é praticamente indolor. O cérebro e a medula não são afetados, e os riscos do
procedimento são baixos e incluem dor de cabeça após a punção, dor no local da
punção e infecção do seu trajeto. Existe a alternativa de não ser feito o exame do
líquido cefalorraquidiano, porém isto acarretará na não realização do diagnóstico do
aumento da pressão de dentro do cérebro se ele estiver presente, além de outras
doenças inflamatórias do sistema nervoso que podem inicialmente ser diagnosticadas.

Neste estudo serão dosadas substâncias químicas cerebrais no líquor


(neurotransmissores, peptídeos) e serão comparadas com as informações clínicas que
seu médico analisou ao examinar e conversar com você. Pedimos o seu
consentimento para usar o material coletado tanto da sua consulta quanto do exame
do líquor para realizar esta pesquisa. Os benefícios desta pesquisa são diretos a você,
porque o diagnóstico da sua dor de cabeça pode ser feito com mais precisão e
também os dados da pesquisa ajudarão a medicina a entender melhor porque as
pessoas têm dor de cabeça diária e talvez orientar novos tratamentos futuros.

Não haverá despesas decorrentes da sua participação na pesquisa portanto não


haverá qualquer ressarcimento ou indenização.
58

Você tem total liberdade de sair do estudo a qualquer momento, sem prejuízo do
seu atendimento no hospital, e as informações pessoais serão mantidas em absoluto
sigilo e serão utilizados apenas para esta pesquisa.

Para quaisquer dúvidas entrar em contato com Dr. Mario Peres pelo fone 3747-
3309.

São Paulo, de de 200_.

__________________________ _____________________

assinatura do paciente assinatura do médico

__________________________ _____________________

Nome do paciente nome do médico


59

6. REFERÊNCIAS

1. Headache Classification Committee of the International Headache


Society.The International Classification of Headache Disorders. Cephalalgia.
2004;24((Suppl. 1)):9-160.

2. Siberstein SD, Lipton RB, Solomon S, Mathew NT. Classification of daily


and near-daily headaches: proposed revisions to the IHS criteria. Headache. 1994
Jan;34(1):1-7.

3. Silberstein SD, Lipton RB, Sliwinski M. Classification of daily and near-daily


headaches: field trial of revised IHS criteria. Neurology. 1996 Oct;47(4):871-5.

4. Scher AI, Stewart WF, Liberman J, Lipton RB. Prevalence of frequent


headache in a population sample. Headache. 1998 Jul-Aug;38(7):497-506.

5. Castillo J, Munoz P, Guitera V, Pascual J. Epidemiology of chronic daily


headache in the general population. Headache. 1999 Mar;39(3):190-6.

6. Wang SJ, Fuh JL, Lu SR, Liu CY, Hsu LC, Wang PN, et al. Chronic daily
headache in Chinese elderly: prevalence, risk factors, and biannual follow-up.
Neurology. 2000 Jan 25;54(2):314-9.

7. Lu SR, Fuh JL, Chen WT, Juang KD, Wang SJ. Chronic daily headache in
Taipei, Taiwan: prevalence, follow-up and outcome predictors. Cephalalgia. 2001
Dec;21(10):980-6.

8. Lanteri-Minet M, Auray JP, El Hasnaoui A, Dartigues JF, Duru G, Henry P,


et al. Prevalence and description of chronic daily headache in the general
population in France. Pain. 2003 Mar;102(1-2):143-9.

9. Bigal ME, Lipton RB. Obesity is a risk factor for transformed migraine but
not chronic tension-type headache. Neurology. 2006 Jul 25;67(2):252-7.

10. Queiroz LP, Barea LM, Blank N. An epidemiological study of headache in


Florianopolis, Brazil. Cephalalgia. 2006 Feb;26(2):122-7.
60

11. Bigal ME, Rapoport AM, Sheftell FD, Tepper SJ, Lipton RB. Transformed
migraine and medication overuse in a tertiary headache centre--clinical
characteristics and treatment outcomes. Cephalalgia. 2004 Jun;24(6):483-90.

12. Saper. Daily Chronic Headaches Philadelphia: Saunders Company; 1990.

13. Mathew NT. Chronic refractory headache. Neurology. 1993 Jun;43(6 Suppl
3):S26-33.

14. Mathew NT, Reuveni U, Perez F. Transformed or evolutive migraine.


Headache. 1987 Feb;27(2):102-6.

15. Silberstein SD, Lipton RB. Chronic daily headache. Curr Opin Neurol. 2000
Jun;13(3):277-83.

16. Peres MF, Sanchez del Rio M, Seabra ML, Tufik S, Abucham J, Cipolla-
Neto J, et al. Hypothalamic involvement in chronic migraine. J Neurol Neurosurg
Psychiatry. 2001 Dec;71(6):747-51.

17. Bigal ME, Sheftell FD, Rapoport AM, Lipton RB, Tepper SJ. Chronic daily
headache in a tertiary care population: correlation between the International
Headache Society diagnostic criteria and proposed revisions of criteria for chronic
daily headache. Cephalalgia. 2002 Jul;22(6):432-8.

18. Bigal ME, Tepper SJ, Sheftell FD, Rapoport AM, Lipton RB. Chronic daily
headache: correlation between the 2004 and the 1988 International Headache
Society diagnostic criteria. Headache. 2004 Jul-Aug;44(7):684-91.

19. Bigal ME, Tepper SJ, Sheftell FD, Rapoport AM, Lipton RB. Field testing
alternative criteria for chronic migraine. Cephalalgia. 2006 Apr;26(4):477-82.

20. Olesen J, Bousser MG, Diener HC, Dodick D, First M, Goadsby PJ, et al.
New appendix criteria open for a broader concept of chronic migraine.
Cephalalgia. 2006 Jun;26(6):742-6.

21. Bigal M, Rapoport A, Sheftell F, Tepper S, Lipton R. The International


Classification of Headache Disorders revised criteria for chronic migraine-field
testing in a headache specialty clinic. Cephalalgia. 2007 Mar 29;27(3):230-4.
61

22. Mathew NT, Stubits E, Nigam MP. Transformation of episodic migraine into
daily headache: analysis of factors. Headache. 1982 Mar;22(2):66-8.

23. Orii RT. Cefaléia crônica diária: estudo clínico prospectivo de 150 pacientes
[Tese]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1997.

24. Bigal ME, Sheftell FD, Rapoport AM, Tepper SJ, Lipton RB. Chronic daily
headache: identification of factors associated with induction and transformation.
Headache. 2002 Jul-Aug;42(7):575-81.

25. Cevoli S, Sancisi E, Pierangeli G, Grimaldi D, Zanigni S, Nicodemo M, et al.


Chronic daily headache: risk factors and pathogenetic considerations. Neurol Sci.
2006 May;27 Suppl 2:S168-73.

26. Couch JR, Lipton RB, Stewart WF, Scher AI. Head or neck injury increases
the risk of chronic daily headache: a population-based study. Neurology. 2007 Sep
11;69(11):1169-77.

27. Scher AI, Lipton RB, Stewart W. Risk factors for chronic daily headache.
Curr Pain Headache Rep. 2002 Dec;6(6):486-91.

28. Scher AI, Stewart WF, Ricci JA, Lipton RB. Factors associated with the
onset and remission of chronic daily headache in a population-based study. Pain.
2003 Nov;106(1-2):81-9.

29. Mathew NT. Transformed migraine. Cephalalgia. 1993 Apr;13 Suppl 12:78-
83.

30. Peres MF, Young WB, Kaup AO, Zukerman E, Silberstein SD. Fibromyalgia
is common in patients with transformed migraine. Neurology. 2001 Oct
9;57(7):1326-8.

31. Peres MF, Zukerman E, Young WB, Silberstein SD. Fatigue in chronic
migraine patients. Cephalalgia. 2002 Nov;22(9):720-4.

32. Sahota PK, Dexter JD. Sleep and headache syndromes: a clinical review.
Headache. 1990 Jan;30(2):80-4.
62

33. Stiefel F, Stagno D. Management of insomnia in patients with chronic pain


conditions. CNS Drugs. 2004;18(5):285-96.

34. Calhoun AH, Ford S, Finkel AG, Kahn KA, Mann JD. The prevalence and
spectrum of sleep problems in women with transformed migraine. Headache. 2006
Apr;46(4):604-10.

35. Kelman L, Rains JC. Headache and sleep: examination of sleep patterns
and complaints in a large clinical sample of migraineurs. Headache. 2005 Jul-
Aug;45(7):904-10.

36. Ball AK, Clarke CE. Idiopathic intracranial hypertension. Lancet Neurol.
2006 May;5(5):433-42.

37. Skau M, Brennum J, Gjerris F, Jensen R. What is new about idiopathic


intracranial hypertension? An updated review of mechanism and treatment.
Cephalalgia. 2006 Apr;26(4):384-99.

38. Durcan FJ, Corbett JJ, Wall M. The incidence of pseudotumor cerebri.
Population studies in Iowa and Louisiana. Arch Neurol. 1988 Aug;45(8):875-7.

39. Radhakrishnan K, Ahlskog JE, Cross SA, Kurland LT, O'Fallon WM.
Idiopathic intracranial hypertension (pseudotumor cerebri). Descriptive
epidemiology in Rochester, Minn, 1976 to 1990. Arch Neurol. 1993 Jan;50(1):78-
80.

40. Radhakrishnan K, Thacker AK, Bohlaga NH, Maloo JC, Gerryo SE.
Epidemiology of idiopathic intracranial hypertension: a prospective and case-
control study. J Neurol Sci. 1993 May;116(1):18-28.

41. Yabe I, Moriwaka F, Notoya A, Ohtaki M, Tashiro K. Incidence of idiopathic


intracranial hypertension in Hokkaido, the northernmost island of Japan. J Neurol.
2000 Jun;247(6):474-5.

42. Kesler A, Bassan H. Pseudotumor cerebri - idiopathic intracranial


hypertension in the pediatric population. Pediatr Endocrinol Rev. 2006
Jun;3(4):387-92.
63

43. Kesler A, Fattal-Valevski A. Idiopathic intracranial hypertension in the


pediatric population. J Child Neurol. 2002 Oct;17(10):745-8.

44. Kesler A, Gadoth N. Epidemiology of idiopathic intracranial hypertension in


Israel. J Neuroophthalmol. 2001 Mar;21(1):12-4.

45. Lenfeldt N, Koskinen LO, Bergenheim AT, Malm J, Eklund A. CSF pressure
assessed by lumbar puncture agrees with intracranial pressure. Neurology. 2007
Jan 9;68(2):155-8.

46. Rubin RC, Henderson ES, Ommaya AK, Walker MD, Rall DP. The
production of cerebrospinal fluid in man and its modification by acetazolamide. J
Neurosurg. 1966 Oct;25(4):430-6.

47. Johnston I, Paterson A. Benign intracranial hypertension. II. CSF pressure


and circulation. Brain. 1974 Jun;97(2):301-12.

48. Malm J, Kristensen B, Markgren P, Ekstedt J. CSF hydrodynamics in


idiopathic intracranial hypertension: a long-term study. Neurology. 1992
Apr;42(4):851-8.

49. Walker RW. Idiopathic intracranial hypertension: any light on the


mechanism of the raised pressure? J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2001
Jul;71(1):1-5.

50. Weisberg LA. Benign intracranial hypertension. Medicine (Baltimore). 1975


May;54(3):197-207.

51. Reid AC, Teasdale GM, Matheson MS, Teasdale EM. Serial ventricular
volume measurements: further insights into the aetiology and pathogenesis of
benign intracranial hypertension. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1981
Jul;44(7):636-40.

52. Rothwell PM, Gibson RJ, Sellar RJ. Computed tomographic evidence of
cerebral swelling in benign intracranial hypertension. J Neurol Neurosurg
Psychiatry. 1994 Nov;57(11):1407-9.
64

53. Jacobson DM, Karanjia PN, Olson KA, Warner JJ. Computed tomography
ventricular size has no predictive value in diagnosing pseudotumor cerebri.
Neurology. 1990 Sep;40(9):1454-5.

54. Vassilouthis J, Uttley D. Benign intracranial hypertension: clinical features


and diagnosis using computed tomography and treatment. Surg Neurol. 1979
Nov;12(5):389-92.

55. Huckman MS, Fox JS, Ramsey RG, Penn RD. Computed tomography in
the diagnosis of pseudotumor cerebri. Radiology. 1976 Jun;119(3):593-7.

56. Moser FG, Hilal SK, Abrams G, Bello JA, Schipper H, Silver AJ. MR
imaging of pseudotumor cerebri. AJR Am J Roentgenol. 1988 Apr;150(4):903-9.

57. Sorensen PS, Thomsen C, Gjerris F, Schmidt J, Kjaer L, Henriksen O.


Increased brain water content in pseudotumour cerebri measured by magnetic
resonance imaging of brain water self diffusion. Neurol Res. 1989 Sep;11(3):160-
4.

58. Gideon P, Sorensen PS, Thomsen C, Stahlberg F, Gjerris F, Henriksen O.


Increased brain water self-diffusion in patients with idiopathic intracranial
hypertension. AJNR Am J Neuroradiol. 1995 Feb;16(2):381-7.

59. Bastin ME, Sinha S, Farrall AJ, Wardlaw JM, Whittle IR. Diffuse brain
oedema in idiopathic intracranial hypertension: a quantitative magnetic resonance
imaging study. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2003 Dec;74(12):1693-6.

60. Wall M, Dollar JD, Sadun AA, Kardon R. Idiopathic intracranial


hypertension. Lack of histologic evidence for cerebral edema. Arch Neurol. 1995
Feb;52(2):141-5.

61. Martins AN. Resistance to drainage of cerebrospinal fluid: clinical


measurement and significance. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1973
Apr;36(2):313-8.

62. Orefice G, Celentano L, Scaglione M, Davoli M, Striano S. Radioisotopic


cisternography in benign intracranial hypertension of young obese women. A
65

seven-case study and pathogenetic suggestions. Acta Neurol (Napoli). 1992


Feb;14(1):39-50.

63. Gjerris F, Soelberg Sorensen P, Vorstrup S, Paulson OB. Intracranial


pressure, conductance to cerebrospinal fluid outflow, and cerebral blood flow in
patients with benign intracranial hypertension (pseudotumor cerebri). Ann Neurol.
1985 Feb;17(2):158-62.

64. Fera F, Bono F, Messina D, Gallo O, Lanza PL, Auteri W, et al. Comparison
of different MR venography techniques for detecting transverse sinus stenosis in
idiopathic intracranial hypertension. J Neurol. 2005 Sep;252(9):1021-5.

65. Farb RI, Vanek I, Scott JN, Mikulis DJ, Willinsky RA, Tomlinson G, et al.
Idiopathic intracranial hypertension: the prevalence and morphology of sinovenous
stenosis. Neurology. 2003 May 13;60(9):1418-24.

66. Higgins JN, Pickard JD. Lateral sinus stenoses in idiopathic intracranial
hypertension resolving after CSF diversion. Neurology. 2004 May 25;62(10):1907-
8.

67. Bono F, Giliberto C, Mastrandrea C, Cristiano D, Lavano A, Fera F, et al.


Transverse sinus stenoses persist after normalization of the CSF pressure in IIH.
Neurology. 2005 Oct 11;65(7):1090-3.

68. Donnet A, Metellus P, Levrier O, Mekkaoui C, Fuentes S, Dufour H, et al.


Endovascular treatment of idiopathic intracranial hypertension: clinical and
radiologic outcome of 10 consecutive patients. Neurology. 2008 Feb 19;70(8):641-
7.

69. Higgins JN, Cousins C, Owler BK, Sarkies N, Pickard JD. Idiopathic
intracranial hypertension: 12 cases treated by venous sinus stenting. J Neurol
Neurosurg Psychiatry. 2003 Dec;74(12):1662-6.

70. Owler BK, Parker G, Halmagyi GM, Dunne VG, Grinnell V, McDowell D, et
al. Pseudotumor cerebri syndrome: venous sinus obstruction and its treatment
with stent placement. J Neurosurg. 2003 May;98(5):1045-55.
66

71. Karahalios DG, Rekate HL, Khayata MH, Apostolides PJ. Elevated
intracranial venous pressure as a universal mechanism in pseudotumor cerebri of
varying etiologies. Neurology. 1996 Jan;46(1):198-202.

72. Sugerman HJ, DeMaria EJ, Felton WL, 3rd, Nakatsuka M, Sismanis A.
Increased intra-abdominal pressure and cardiac filling pressures in obesity-
associated pseudotumor cerebri. Neurology. 1997 Aug;49(2):507-11.

73. Sussman J, Leach M, Greaves M, Malia R, Davies-Jones GA. Potentially


prothrombotic abnormalities of coagulation in benign intracranial hypertension. J
Neurol Neurosurg Psychiatry. 1997 Mar;62(3):229-33.

74. Corbett JJ, Savino PJ, Thompson HS, Kansu T, Schatz NJ, Orr LS, et al.
Visual loss in pseudotumor cerebri. Follow-up of 57 patients from five to 41 years
and a profile of 14 patients with permanent severe visual loss. Arch Neurol. 1982
Aug;39(8):461-74.

75. Rush JA. Pseudotumor cerebri: clinical profile and visual outcome in 63
patients. Mayo Clin Proc. 1980 Sep;55(9):541-6.

76. Wall M, George D. Idiopathic intracranial hypertension. A prospective study


of 50 patients. Brain. 1991 Feb;114 ( Pt 1A):155-80.

77. Bulens C, De Vries WA, Van Crevel H. Benign intracranial hypertension. A


retrospective and follow-up study. J Neurol Sci. 1979 Feb;40(2-3):147-57.

78. Marcelis J, Silberstein SD. Idiopathic intracranial hypertension without


papilledema. Arch Neurol. 1991 Apr;48(4):392-9.

79. Lipton HL, Michelson PE. Pseudotumor cerebri syndrome without


papilledema. Jama. 1972 Jun 19;220(12):1591-2.

80. Scanarini M, Mingrino S, d'Avella D, Della Corte V. Benign intracranial


hypertension without papilledema: case report. Neurosurgery. 1979 Sep;5(3):376-
7.
67

81. Spence JD, Amacher AL, Willis NR. Benign intracranial hypertension
without papilledema: role of 24-hour cerebrospinal fluid pressure monitoring in
diagnosis and management. Neurosurgery. 1980 Oct;7(4):326-36.

82. Huff AL, Hupp SL, Rothrock JF. Chronic daily headache with migrainous
features due to papilledema-negative idiopathic intracranial hypertension.
Cephalalgia. 1996 Oct;16(6):451-2.

83. Ramadan NM. Intracranial hypertension and migraine. Cephalalgia. 1993


Jun;13(3):210-1.

84. Mathew NT, Ravishankar K, Sanin LC. Coexistence of migraine and


idiopathic intracranial hypertension without papilledema. Neurology. 1996
May;46(5):1226-30.

85. Wang SJ, Silberstein SD, Patterson S, Young WB. Idiopathic intracranial
hypertension without papilledema: a case-control study in a headache center.
Neurology. 1998 Jul;51(1):245-9.

86. Quattrone A, Bono F, Oliveri RL, Gambardella A, Pirritano D, Labate A, et


al. Cerebral venous thrombosis and isolated intracranial hypertension without
papilledema in CDH. Neurology. 2001 Jul 10;57(1):31-6.

87. Bono F, Messina D, Giliberto C, Cristiano D, Broussard G, Fera F, et al.


Bilateral transverse sinus stenosis predicts IIH without papilledema in patients with
migraine. Neurology. 2006 Aug 8;67(3):419-23.

88. Bono F, Lupo MR, Lavano A, Mangone L, Fera F, Pardatscher K, et al.


Cerebral MR venography of transverse sinuses in subjects with normal CSF
pressure. Neurology. 2003 Nov 11;61(9):1267-70.

89. Baryshnik DB, Farb RI. Changes in the appearance of venous sinuses after
treatment of disordered intracranial pressure. Neurology. 2004 Apr 27;62(8):1445-
6.
68

90. McGonigal A, Bone I, Teasdale E. Resolution of transverse sinus stenosis


in idiopathic intracranial hypertension after L-P shunt. Neurology. 2004 Feb
10;62(3):514-5.

91. Bigal ME, Liberman JN, Lipton RB. Obesity and migraine: a population
study. Neurology. 2006 Feb 28;66(4):545-50.

92. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [base de dados na


Internet].Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2002-2003.Excesso de peso atinge
38,8 milhões de brasileiros adultos.Disponível em: http://www.ibge.gov.br

93. Yunus MB, Arslan S, Aldag JC. Relationship between body mass index and
fibromyalgia features. Scand J Rheumatol. 2002;31(1):27-31.

94. Webb R, Brammah T, Lunt M, Urwin M, Allison T, Symmons D. Prevalence


and predictors of intense, chronic, and disabling neck and back pain in the UK
general population. Spine. 2003 Jun 1;28(11):1195-202.

95. Corbett JJ, Mehta MP. Cerebrospinal fluid pressure in normal obese
subjects and patients with pseudotumor cerebri. Neurology. 1983
Oct;33(10):1386-8.

96. Hannerz J, Greitz D, Ericson K. Is there a relationship between obesity and


intracranial hypertension? Int J Obes Relat Metab Disord. 1995 Apr;19(4):240-4.

97. Bono F, Lupo MR, Serra P, Cantafio C, Lucisano A, Lavano A, et al.


Obesity does not induce abnormal CSF pressure in subjects with normal cerebral
MR venography. Neurology. 2002 Nov 26;59(10):1641-3.

98. Whiteley W, Al-Shahi R, Warlow CP, Zeidler M, Lueck CJ. CSF opening
pressure: reference interval and the effect of body mass index. Neurology. 2006
Nov 14;67(9):1690-1.

99. Vieira DS, Masruha MR, Goncalves AL, Zukerman E, Senne Soares CA, da
Graca Naffah-Mazzacoratti M, et al. Idiopathic intracranial hypertension with and
without papilloedema in a consecutive series of patients with chronic migraine.
Cephalalgia. 2008 Mar 31.
69

100. Silberstein SD. Migraine. Lancet. 2004 Jan 31;363(9406):381-91.

101. Moskowitz MA. The visceral organ brain: implications for the
pathophysiology of vascular head pain. Neurology. 1991 Feb;41(2 ( Pt 1)):182-6.

102. Dalkara T, Zervas NT, Moskowitz MA. From spreading depression to the
trigeminalvascular system. Neurol Sci. 2006;27:S86-S90.

103. Masruha MR. O Papel da melatonina na enxaqueca e comorbidades[tese].


São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 2007.

104. Graham JR, Wolff HG. Mechanism of migraine headache and action of
ergotamine tartrate. Arch Neurol Psychiatry. 1938;39:737-63.

105. Silberstein SD. Migraine pathophysiology and its clinical implications.


Cephalalgia. 2004;24 Suppl 2:2-7.

106. Leao AAP. Spreading depression of activity in cerebral cortex. J


Neurophysiol. 1944;7:359-90.

107. Lashley KS. Patterns of cerebral integration indicated by the scotomas of


migraine. Arch Neurol. 1941;46:331-39.

108. Olesen J, Friberg L, Olsen TS, Iversen HK, Lassen NA, Andersen AR, et al.
Timing and topography of cerebral blood flow, aura, and headache during
migraine attacks. Ann Neurol. 1990 Dec;28(6):791-8.

109. Hadjikhani N, Sanchez Del Rio M, Wu O, Schwartz D, Bakker D, Fischl B,


et al. Mechanisms of migraine aura revealed by functional MRI in human visual
cortex. Proc Natl Acad Sci U S A. 2001 Apr 10;98(8):4687-92.

110. Bowyer SM, Aurora KS, Moran JE, Tepley N, Welch KM.
Magnetoencephalographic fields from patients with spontaneous and induced
migraine aura. Ann Neurol. 2001 Nov;50(5):582-7.

111. Moskowitz MA. The neurobiology of vascular head pain. Ann Neurol. 1984
Aug;16(2):157-68.
70

112. Moskowitz MA, Reinhard JF, Jr., Romero J, Melamed E, Pettibone DJ.
Neurotransmitters and the fifth cranial nerve: is there a relation to the headache
phase of migraine? Lancet. 1979 Oct 27;2(8148):883-5.

113. Welch KM, D'Andrea G, Tepley N, Barkley G, Ramadan NM. The concept
of migraine as a state of central neuronal hyperexcitability. Neurol Clin. 1990
Nov;8(4):817-28.

114. Melliti K, Grabner M, Seabrook GR. The familial hemiplegic migraine


mutation R192Q reduces G-protein-mediated inhibition of P/Q-type (Ca(V)2.1)
calcium channels expressed in human embryonic kidney cells. J Physiol. 2003 Jan
15;546(Pt 2):337-47.

115. Couraud F, Seagar M. [Calcium channels and migraine]. Pathol Biol (Paris).
2000 Sep;48(7):642-7.

116. Boska MD, Welch KM, Barker PB, Nelson JA, Schultz L. Contrasts in
cortical magnesium, phospholipid and energy metabolism between migraine
syndromes. Neurology. 2002 Apr 23;58(8):1227-33.

117. Lodi R, Iotti S, Cortelli P, Pierangeli G, Cevoli S, Clementi V, et al. Deficient


energy metabolism is associated with low free magnesium in the brains of patients
with migraine and cluster headache. Brain Res Bull. 2001 Mar 1;54(4):437-41.

118. Welch KM. Concepts of migraine headache pathogenesis: insights into


mechanisms of chronicity and new drug targets. Neurol Sci. 2003 May;24 Suppl
2:S149-53.

119. Fusco M, D'Andrea G, Micciche F, Stecca A, Bernardini D, Cananzi AL.


Neurogenic inflammation in primary headaches. Neurol Sci. 2003 May;24 Suppl
2:S61-4.

120. Welch KM. Contemporary concepts of migraine pathogenesis. Neurology.


2003 Oct 28;61(8 Suppl 4):S2-8.

121. Volcy-Gomez M. [Chronic daily headache: I. Diagnosis and


pathophysiology]. Rev Neurol. 2005 Jan 16-31;40(2):116-21.
71

122. Basbaum AI, Jessell TM. The Perception of pain. In:Principles of neural
science. Kandel ER, SchwartzJH, Jessell TM. 4th ed ed. New York: McGraw-Hill;
2000.p.472-91.

123. Rocha Filho PAS. Cefaléia pós-craniotomia em pacientes submetidos à


cirurgia para clipagem de aneurismas cerebrais [Tese]. São Paulo: Universidade
de São Paulo; 2006.

124. Tracey I, Ploghaus A, Gati JS, Clare S, Smith S, Menon RS, et al. Imaging
attentional modulation of pain in the periaqueductal gray in humans. J Neurosci.
2002 Apr 1;22(7):2748-52.

125. Weiller C, May A, Limmroth V, Juptner M, Kaube H, Schayck RV, et al.


Brain stem activation in spontaneous human migraine attacks. Nat Med. 1995
Jul;1(7):658-60.

126. Welch KM, Nagesh V, Aurora SK, Gelman N. Periaqueductal gray matter
dysfunction in migraine: cause or the burden of illness? Headache. 2001 Jul-
Aug;41(7):629-37.

127. Nahas SJ, Silberstein SD. Triptans: actions and reactions. Headache. 2008
Apr;48(4):611-3.

128. Tepper SJ, Rapoport A, Sheftell F. The pathophysiology of migraine.


Neurologist. 2001 Sep;7(5):279-86.

129. Goadsby PJ. New directions in migraine research. J Clin Neurosci. 2002
Jul;9(4):368-73.

130. Welch KM, Goadsby PJ. Chronic daily headache: nosology and
pathophysiology. Curr Opin Neurol. 2002 Jun;15(3):287-95.

131. Sparaco M, Feleppa M, Lipton RB, Rapoport AM, Bigal ME. Mitochondrial
dysfunction and migraine: evidence and hypotheses. Cephalalgia. 2006
Apr;26(4):361-72.
72

132. Zurak N. Role of the suprachiasmatic nucleus in the pathogenesis of


migraine attacks. Cephalalgia. 1997 Nov;17(7):723-8.

133. Salvesen R, Bekkelund SI. Migraine, as compared to other headaches, is


worse during midnight-sun summer than during polar night. A questionnaire study
in an Arctic population. Headache. 2000 Nov-Dec;40(10):824-9.

134. Brun J, Claustrat B, Saddier P, Chazot G. Nocturnal melatonin excretion is


decreased in patients with migraine without aura attacks associated with menses.
Cephalalgia. 1995 Apr;15(2):136-9; discussion 79.

135. Claustrat B, Loisy C, Brun J, Beorchia S, Arnaud JL, Chazot G. Nocturnal


plasma melatonin levels in migraine: a preliminary report. Headache. 1989
Apr;29(4):242-5.

136. Murialdo G, Fonzi S, Costelli P, Solinas GP, Parodi C, Marabini S, et al.


Urinary melatonin excretion throughout the ovarian cycle in menstrually related
migraine. Cephalalgia. 1994 Jun;14(3):205-9.

137. Vieira DS, Naffah-Mazzacoratti Mda G, Zukerman E, Senne Soares CA,


Cavalheiro EA, Peres MF. Glutamate levels in cerebrospinal fluid and triptans
overuse in chronic migraine. Headache. 2007 Jun;47(6):842-7.

138. Merikangas KR, Angst J, Isler H. Migraine and psychopathology. Results of


the Zurich cohort study of young adults. Arch Gen Psychiatry. 1990
Sep;47(9):849-53.

139. Breslau N, Davis GC, Andreski P. Migraine, psychiatric disorders, and


suicide attempts: an epidemiologic study of young adults. Psychiatry Res. 1991
Apr;37(1):11-23.

140. Lipton RB, Hamelsky SW, Kolodner KB, Steiner TJ, Stewart WF. Migraine,
quality of life, and depression: a population-based case-control study. Neurology.
2000 Sep 12;55(5):629-35.
73

141. Breslau N, Davis GC, Schultz LR, Peterson EL. Joint 1994 Wolff Award
Presentation. Migraine and major depression: a longitudinal study. Headache.
1994 Jul-Aug;34(7):387-93.

142. Hung CI, Liu CY, Fuh JL, Juang YY, Wang SJ. Comorbid migraine is
associated with a negative impact on quality of life in patients with major
depression. Cephalalgia. 2006 Jan;26(1):26-32.

143. Lanteri-Minet M, Radat F, Chautard MH, Lucas C. Anxiety and depression


associated with migraine: influence on migraine subjects' disability and quality of
life, and acute migraine management. Pain. 2005 Dec 5;118(3):319-26.

144. Radat F, Swendsen J. Psychiatric comorbidity in migraine: a review.


Cephalalgia. 2005 Mar;25(3):165-78.

145. Wang SJ, Liu HC, Fuh JL, Liu CY, Wang PN, Lu SR. Comorbidity of
headaches and depression in the elderly. Pain. 1999 Sep;82(3):239-43.

146. Verri AP, Proietti Cecchini A, Galli C, Granella F, Sandrini G, Nappi G.


Psychiatric comorbidity in chronic daily headache. Cephalalgia. 1998 Feb;18
Suppl 21:45-9.

147. Mercante JP, Peres MF, Guendler V, Zukerman E, Bernik MA. Depression
in chronic migraine: severity and clinical features. Arq Neuropsiquiatr. 2005
Jun;63(2A):217-20.

148. Breslau N, Lipton RB, Stewart WF, Schultz LR, Welch KM. Comorbidity of
migraine and depression: investigating potential etiology and prognosis.
Neurology. 2003 Apr 22;60(8):1308-12.

149. Breslau N, Schultz LR, Stewart WF, Lipton RB, Lucia VC, Welch KM.
Headache and major depression: is the association specific to migraine?
Neurology. 2000 Jan 25;54(2):308-13.

150. Zwart JA, Dyb G, Hagen K, Odegard KJ, Dahl AA, Bovim G, et al.
Depression and anxiety disorders associated with headache frequency. The Nord-
Trondelag Health Study. Eur J Neurol. 2003 Mar;10(2):147-52.
74

151. Breslau N. Migraine, suicidal ideation, and suicide attempts. Neurology.


1992 Feb;42(2):392-5.

152. Oedegaard KJ, Angst J, Neckelmann D, Fasmer OB. Migraine aura without
headache compared to migraine with aura in patients with affective disorders. J
Headache Pain. 2005 Oct;6(5):378-86.

153. Oedegaard KJ, Neckelmann D, Mykletun A, Dahl AA, Zwart JA, Hagen K, et
al. Migraine with and without aura: association with depression and anxiety
disorder in a population-based study. The HUNT Study. Cephalalgia. 2006
Jan;26(1):1-6.

154. Mitsikostas DD, Thomas AM. Comorbidity of headache and depressive


disorders. Cephalalgia. 1999 May;19(4):211-7.

155. Radat F, Creac'h C, Swendsen JD, Lafittau M, Irachabal S, Dousset V, et


al. Psychiatric comorbidity in the evolution from migraine to medication overuse
headache. Cephalalgia. 2005 Jul;25(7):519-22.

156. Radat F, Sakh D, Lutz G, el Amrani M, Ferreri M, Bousser MG. Psychiatric


comorbidity is related to headache induced by chronic substance use in
migraineurs. Headache. 1999 Jul-Aug;39(7):477-80.

157. Vieira DS, Naffah-Mazacoratti MG, Zukerman E, Senne Soares CA, Alonso
EO, Faulhaber MH, et al. Cerebrospinal fluid GABA levels in chronic migraine with
and without depression. Brain Res. 2006 May 23;1090(1):197-201.

158. Peres MF, Zukerman E, Senne Soares CA, Alonso EO, Santos BF,
Faulhaber MH. Cerebrospinal fluid glutamate levels in chronic migraine.
Cephalalgia. 2004 Sep;24(9):735-9.
Abstract

Introduction: Chronic daily headaches consist of a group of headaches, among

them chronic migraine, that is comorbid with depression, overuse of medication,

obesity and recently, cases of idiopathic intracranial hypertension without

papilloedema. Objectives: To establish idiopathic intracranial hypertension without

papilloedema prevalence and glutamate and gamma-aminobutyric acid levels in

cerebrospinal fluid from patients with chronic migraine compared to other groups of

patients. Methods: We studied patients with chronic migraine, who underwent

lumbar puncture to rule out idiopathic intracranial hypertension without

papilloedema. Amino acids glutamate and gamma-aminobutyric acid levels were

measured by high performance liquid chromatography in cerebrospinal fluid.

Results: Six patients, among sixty, had CSF open pressure higher than 200 mm

H20 without papilloedema on fundoscopy. Patients who overused triptans had

glutamate levels lower than those with abuse of other analgesic types and non-

overusers. The gamma-aminobutyric acid levels in cerebrospinal fluid were lower

in depressed patients when compared to patients without depression and controls.

Conclusions: The study of the cerebrospinal fluid was important in patients with

chronic migraine for the exclusion of idiopathic intracranial hypertension without

papilloedema, opening perspectives for the understanding of the physiopathology

and development of new drug therapies for migraine and its comorbidities.
Bibliografia consultada

Houaiss A, Villar MS, Franco FMM. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1ª


ed. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001.
International Committee of Medical Journal Editors. Uniform requirements for
submitted to biomedical journal. Ann Intern Med 1997; 126: 36-47.
Rother ET, Braga MER. Como elaborar sua tese: estrutura e referências. 2a ed.
São Paulo; 2005.

Você também pode gostar