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ROTEIRO: Obra Prima de Deus

Resumo: uma conversa entre Deus e uma pessoa que diz desejar ser “lapidada” por Ele, na
qual são revelados pecados, medos, incertezas e, finalmente, há um momento de
quebrantamento genuíno e restauração.

Situação inicial: palco completamente apagado. A personagem entra, triangula com a plateia
até a entrada de Deus.

TEXTO

Personagem: No livro de Efésios, capítulo 2, verso 10 diz que somos obra prima de Deus, mas
quando olho para mim, não vejo nenhuma obra prima... pareço mais uma caricatura. (pausa)
Mas eu quero ser Sua obra prima, eu quero ser tudo que Ele me criou para ser. Então eu oro:
querido Deus, eu quero ser sua obra prima, quero ter um relacionamento mais profundo
contigo! Então faça o que for preciso para me moldar e me transformar na imagem do seu
filho. Faça de mim a sua obra prima, em nome de Jesus, amém.

Deus (entra durante a oração segurando instrumentos de lapidação como martelo/talha...):


Amém!

Personagem (assustado): Wow! Quem é você?

Deus: Eu sou Deus.

Personagem: Ahh, você não é Deus.

Deus: Sou sim. Você orou e eu vim, é assim que funciona.

Personagem: Se você é Deus, então... faz nevar aqui?

Deus: Ah, não vou fazer não... Essa não é uma boa ideia.

Personagem: Ta... se você é Deus, então quem vai ganhar o brasileirão deste ano?!

Deus: Eu não gosto muito de jogos... Por que você gosta tanto de jogos?

Personagem: hmmm... você é Deus!

Deus: Sim, eu te disse. Por que você só reconheceu agora?

Personagem: Porque você respondeu minha pergunta com outra pergunta.

Deus (meio irônico): É mesmo? Eu faço isso, não faço? Olha só, fiz de novo... Bom, isso foi
divertido, mas vamos começar!

Personagem: Vamos... mas pera, começar o que?

Deus: Ué, eu vim te transformar na minha obra prima. Esse é o processo (aponta
instrumentos)

Personagem: Ah, sim...

(Deus posiciona a talha no corpo da personagem para começar a lapidar)

Personagem: Epa! Pera pera pera, o que é isso ai?


Deus: Essas são as ferramentas que eu vou usar para te transformar na minha obra prima
original.

Personagem: Eu pensei que você fosse carpinteiro...

Personagem: Ah, é... Mas pera aí de novo! Como você vai saber o que é pra tirar e o que é pra
deixar?

Deus: Fácil. Eu vou tirar tudo que não te pertence... que é tipo um peso morto.

Personagem: Aí sim! Eu tenho mesmo um “peso morto” pra perder aqui na barriga. Ah, a
gente podia aproveitar pra consertar meu nariz, né, Deus? Quando você fez acho que deu uma
exagerada.... (livre para improviso do ator – humor)

Deus (risos): Ai, ai... você é engraçada.

Personagem: Ah... você que me fez assim.

Deus: É.. eu também fiz o ornitorrinco... (reflexivo, leve ironia)

Personagem: Quê?!

Deus: Nada... Chega de conversa. Sabe, as pessoas vem até mim e dizem que querem ser
moldadas e terem um relacionamento mais profundo comigo, mas na verdade elas só querem
falar. E você, quer o quê? Falar ou lapidar? Falar, ou lapidar?... (gesticulando, continua até ser
interrompido pela personagem)

Personagem: Ta bom, eu quero esse relacionamento ... então bora lapidar!

Deus (começa a talhar): Então vamos lá! Vou começar trazendo à tona tudo aquilo que eu
quero que você trabalhe... sua raiva (talha), eu criei a emoção mas você a usa de maneira
errada... (talha) você se compara demais as outras pessoas, em vez de se comparar a mim...
(talha) você diz mentirinhas para agradar as pessoas (talha) você é preguiçosa mas engana as
pessoas dizendo que está sempre ocupada demais (talha) você tem problemas com luxúria...

Personagem: Ei! Para, para, para. Eu não tenho problema com luxuria.

Deus: Você não tem problema com luxúria?

Personagem: Não. Eu sou livre para fazer o que eu quiser.

Deus (olhar sério e fixo): AHAM.

Personagem: Olha, Deus... sabe o que eu acho? Acho que você já fez o suficiente. Eu admito
que fez um excelente trabalho, mas eu acho que já tá bom, já deu.

Deus: Você acha mesmo? Então... quando olha no espelho, o que você vê?

Personagem: Vejo a mim mesmo, ué.

Deus: Então eu vou continuar lapidando. Vou te moldar até que ao olhar para você mesmo,
você e todas as outras pessoas possam ver a imagem do meu filho.

Personagem: Então, aí é que ta o problema. Eu não sei se parecer com seu filho hoje em dia
pega bem, viu? As pessoas começam a me deixar meio de canto, falam mal de mim, parece
que ficam desconfortáveis...Não que isso seja um problema pra mim mas eu não gosto de
deixar as pessoas desconfortáveis, né...
Deus: Então está dizendo que só quer que eu mude algumas coisas, mas não que eu tome
conta da sua vida por completo?

Personagem: Não, eu não disse isso...

Deus: Mas foi o que você quis dizer

Personagem: Mais ou menos... é que... ah! É muito difícil falar com você, Deus! Você sabe
TUDO que eu penso! Olha só, o que eu quis dizer é assim: o que você fez já tá bom por
enquanto, agora a gente pode dar um tempo um do outro... eu continuo aqui, de boa, e você...
não sei, pode ir bater essa talha mais pra lá...

Deus: Esse é o problema, filha. Você nunca fica AQUI. Ou você está sendo moldada e se
aproximando de mim, ou está se afastando. E você está tentando controlar a situação. Então,
o que vai ser? Controlar ou lapidar? (gesticulando como na 1ª vez)

Personagem: Ta bom... lapidar, mas eu posso escolher onde eu quero ser lapidada?

Deus: Isso é controlar.

Personagem: tá.. pode continuar, desculpa.

Deus: Ah... esse aqui! Olha, a gente precisa diminuir essa quantidade de horas perdidas em
redes sociais e conversas que não te acrescentam nada, e investir em mais tempo pra falar
comigo e aprender mais de mim no meu livro.. Você está pronta para que eu tire isso de você?

Personagem: sim

Deus: (alternando talha e fala) tá vendo... isso é um processo demorado, não é um tiro de
velocidade, é uma maratona para vida inteira... você se preocupa tanto com o que os outros
pensam sobre você... isso dificulta muito... a melhor coisa que você pode ouvir no final da sua
vida é minha voz dizendo “muito bem, minha filha, você é forte e fiel”, esse é o seu foco,
mantenha-se concentrada nisso...

Personagem (reflexivo e aceitando mais uma talhada): isso dói muito...

Deus: Acredite, dói mais em mim do que em você.

Personagem: Ai! Acho que você não está entendendo o quanto isso dói. (sugestão cena: Deus
talhando as mãos da personagem – analogia: Jesus)

Deus: Hein?

Personagem: Ah, Deus... isso é insanidade! Você está pedindo para eu sacrificar coisas demais.

Deus: Insanidade?! Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperando


resultados diferentes. Como você quer ser mais íntimo meu se não passa tempo comigo? E não
venha me falar sobre sacrifício... eu sei tudo sobre sacrifício! Eu enviei meu filho para morrer
por você, tanta dor, por você. Para que você fosse livre! Deixa eu te lapidar, deixa eu trabalhar
no seu caráter... isso é a coisa mais importante.

Personagem: tá... mas eu estava pensando...

Deus: Seus pensamentos não são os meus pensamentos!

Personagem: Mas e se tiver um outro jeito da gente...


Deus: Seu jeito não é o meu jeito!

Personagem (hesitante em continuar o processo): Ah, Deus... é que... Ah, deixa. Você não ia
entender.

Deus: Eu, o Senhor do Universo não ia entender o que meus filhos tem para me dizer? Tenta...

Personagem: Ah, Deus. É que eu percebi que te decepcionei tanto... tantas vezes que falhei e
te deixei na mão... (divagando)

Deus: Filha, não tem como você me deixar na mão. Veja, sou EU quem seguro a sua mão com a
minha poderosa mão direita. Essa relação sempre foi assim, nunca ao contrário...

Personagem: (submissa e confiante/desabafo): tá bem... pode me lapidar então, mas olha,


Deus, se prepara bem! Se prepara pro que você vai encontrar porque só eu sei o que tem aqui
dentro. Todos os dias quando acordo e me olho no espelho, eu odeio o que vejo. Odeio tudo
que sou. No fundo, eu sou só uma menina que se veste de adulto todas as manhãs e vai tentar
fazer o que deve ser feito, mas na verdade eu nunca consigo! Eu não consigo ser o que as
pessoas esperam de mim, eu não consigo ser nem o que eu quero ser, quanto mais o que o
Senhor me criou pra ser! Na verdade eu sou tão covarde, medrosa... eu sou um lixo! (pausa...)
mas tudo bem, pode terminar de me lapidar...

Deus: Ah, minha filha... Você ouviu tantas vozes que não vieram de mim, acreditou em tanta
mentira... Você se acha um lixo?! Eu não perco meu tempo criando lixo! (pensativo...) Como eu
posso te mostrar que meu amor por você não tem fim? Como eu posso te mostrar... (ideia) já
sei! Põe a mão no bolso de trás.

Personagem: quê? Pra quê?

Deus: você está discutindo comigo? Põe a mão no bolso de trás

Personagem: tá bom... (afunda a mão no bolso)

Deus: Eu vou te mostrar que meu nome não é só um nome... sabe o que é isso?

Personagem: sei! (sorriso saudoso) é um bilhete que eu escrevi há tanto tempo... como foi que
você conseguiu isso?!

Deus: hellooou?!

Personagem: ah é, claro...

Deus: Você pode ler?

Personagem (lendo e revivendo a emoção): Querido Deus, hoje eu entendi o valor que minha
vida tem para o Senhor. Hoje eu entrego a Ti tudo que sou e te peço, Pai, me usa. Nunca me
deixe desistir de ser aquilo que o Senhor sonhou para mim. Eu quero te seguir é ser tua amiga!
Eu sei que Você me ama! Obrigada por tudo. Eu te amo, Pai!

Deus: Eu também te amo e isso nunca muda! Eu te amo demais para te deixar do jeito que
você está. Eu quero trabalhar em cada detalhe da sua vida. A salvação não pode ser só um
sentimento em um bilhete antigo, ou algo que você estuda e entende. Eu quero trabalhar pra
que quando vierem os problemas, quando o caos acontecer, você não veja isso como uma
prisão, mas sim como um refúgio. Aprenda a me ver como um Pai que educa aquele que ama e
que quer ser amigo dos seus filhos.
Personagem: Eu sei que isso vai ser difícil...

Deus: Mas foi você quem acreditou na mentira de que seria fácil quando entregou sua vida
para mim. Eu te disse, no mundo, tereis aflições. Mas, filha, tenha bom ânimo, Eu venci o
mundo! Eu quero que faça uma coisa... quero que olhe para lá e diga “Eu sou uma obra prima
de Deus”

Personagem (constrangida e desanimada): eu sou uma obra prima de Deus

Deus: Não. Não como você se vê agora ou como as outras pessoas podem te enxergar. Eu
quero que pela primeira vez na sua vida você se veja como EU te vejo, como EU te criei!

Personagem (confiante): Eu sou uma obra prima de Deus!

Deus: Sim, você é! E a partir de agora seremos cada vez mais íntimos, e você mostrará aos
outros a beleza do nosso relacionamento!

Personagem (para a plateia): E você também é. Deus não cria lixo! Você É uma obra prima
linda e ele te espera pra um relacionamento mais profundo com Ele!

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