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PEQUENOS COMEÇOS

PERSONAGENS:
SÔNIA - Recém falida de uma empresa de contabilidade
CRIS - Amiga de Sônia que vem consola-la.

Sônia e Cris sentadas em uma bancada de cozinha, tomando um café e conversando sobre
a vida.

SÔNIA: Poxa, amiga... muito obrigada por ter vindo até aqui, se preocupar comigo...

CRIS: Sônia, minha amiga, eu tinha que saber como você está com toda essa situação...

Enquanto fala, Sônia começa a confeitar um bolo que está sobre a mesa, como se
retomando um trabalho que estivesse parado pela metade.

SÔNIA: Ah, tô indo né... tem sido dias muito difíceis. Não repara, vou terminando esse
bolinho aqui pra gente, enquanto a gente conversa, tá?... Você é de casa...

CRIS assente com a cabeça, como quem diz “imagina...”

SÔNIA: O mais difícil, sabe, é que eu nunca imaginei passar por isso... Essa empresa de
contabilidade estava na minha família há mais de 35 anos, e depois dessa crise, eu
simplesmente fali. Perdi tudo. Nunca achei que eu pudesse fracassar tanto, tão rápido...

CRIS: Sinto muito por isso, de verdade. Nem sei muito bem o que dizer... Sei o quanto você
se dedicou a essa empresa, durante toda a sua vida.

SÔNIA: Pois é, amiga... e agora tudo acabou e eu fiquei aqui, sem saber fazer nada. Sabe,
na verdade isso nunca foi minha paixão, quando eu nasci o negócio já estava na família, era
minha obrigação continuar com ele, não tive muita escolha. De qualquer forma, agora é
tarde...

CRIS: que história é essa de tarde? Você vai dar a volta por cima amiga, e olha pelo lado
bom, agora pode ser a oportunidade de fazer o que gosta, o que tem vontade.

SÔNIA: o problema é justamente esse... eu não sei fazer nada, sabe? Não tenho
absolutamente nenhuma habilidade ou talento pra descobrir uma carreira agora.

O ideal é que enquanto Sônia estiver dando essa fala, faça algo extremamente primoroso
com o bolo, como confeitar uma flor, colocar um enfeite que precisa ser milimetricamente
medido, algo assim, para que a plateia – e a amiga- percebam que seu talento está bem ali,
só ela não viu. –

CRIS: sério? Não tem nada que você consiga pensar? Nada que você goste de fazer e que
se considera boa? Algo que te dê prazer em realizar e que ao mesmo tempo possa virar
uma fonte de renda pra você?
(Nessa fala, Cris pode brincar com os objetos de confeitaria, itens do cenário que remetam
ao bolo, enquanto os arruma discretamente e tira uma foto do bolo)

SÔNIA: Não Cris, não sei fazer nada direito... nem contar, pelo jeito, né? Já que tive a
capacidade de falir.

CRIS: Não é possível, Sônia!

SÔNIA: O quê?

CRIS: OLHA ESSA OBRA DE ARTE QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO COM ESSE BOLO!

SÔNIA: Isso aqui? É só um bolinho, é só um hobby... não é nada demais.

CRIS: Como assim nada demais? Você é ótima nisso, amiga! Sempre fez bolos incríveis, é
a boleira oficial dos aniversários de família e dos amigos.

SONIA: Eu amo fazer bolos, mas uma coisa é fazer pra família, outra coisa é fazer como um
negócio... eu não sei, não.

CRIS: Mas o que custa tentar? Se dê uma chance! Encare essa como a primeira
oportunidade de fazer algo que você realmente gosta.

SONIA: Não sei amiga.. você tá viajando... e também, precisa de muitas coisas pra abrir um
negócio desse, não é só ir lá, fazer um bolo e pronto. Eu não sei...

SÔNIA pega o celular e vê uma notificação

SÔNIA: ué.. tem uma pessoa me mandando mensagem perguntando se eu vendo bolo,
você acredita??

Sônia ilumina-se pela possibilidade de dar certo, fica feliz

CRIS: enquanto você tava aí, falando sobre todas essas limitações que só existem dentro
de você, eu tomei a liberdade de publicar uma foto do seu bolo e pelo jeito, deu certo, né?
Olha só, você já tem seu primeiro trabalho! Sempre é tempo de recomeçar, acredite nisso.

**TELÃO:

DEUS NÃO DESPREZA OS PEQUENOS COMEÇOS. APRENDA A VALORIZÁ-LOS


TAMBÉM. TODO RECOMEÇO É POSSÍVEL.

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