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— Parabéns!
— Obrigada.
Quero revirar meus olhos. Desde que ela descobriu que sou
uma autora e meu pseudônimo, Spencer Heart, ela se convenceu
de que sou alguém famosa. Não sou famosa, nem de longe. Sim,
cheguei à lista de bestsellers do New York Times algumas vezes e
escrevi artigos sobre meus livros, mas se você mostrasse minha
foto a uma pessoa aleatória na rua, ela não teria ideia de quem eu
sou. Inferno, eles provavelmente nem saberiam de mim se você
lhes desse os títulos dos meus livros, a menos que eles fossem
leitores.
— Claro.
— ...Inundação.
— O quê?
— A lavadora...
Ele chamou.
Sei que sim, mas parte de mim ainda acha que ouviu errado.
Depois de anos com meus pais e mais anos com meu ex, vejo o
que eles viram quando me olho no espelho. Uma mulher com um
cabelo lindo que não é exatamente ruivo e nem realmente loiro.
Pele clara e muitas sardas. Olhos azuis excessivamente grandes e
lábios carnudos, e um corpo que seria a norma se eu vivesse na
era de Marilyn Monroe. Infelizmente, um tamanho 44/46 hoje em
dia é considerado inaceitável e pouco atraente, e estupidamente
por anos e anos passei fome e malhei como louca, tentando me
encaixar.
— O quê?
— Quanto?
— Perdão?
Filha.
Ele tem uma filha? Como não sabia disso? Quer dizer, não
estou atualizada com a vida das pessoas com quem estudei, mas
ainda verifico o Facebook de vez em quando, e isso deve ter
chegado em algum momento em meu feed de notícias. E ele disse
que ela está com a mãe. Isso significa que ele não está com a mãe
de sua filha?
— Não. — Não olho para ele. Subo mais um degrau para tirar
um pouco da pressão dos meus braços que estão começando a
tremer.
— Desça.
— Estava ajudando.
— Vejo que você pensou isso, querida, mas o que você teria
feito se a escada cedesse com o nosso peso combinado?
Ai.
— Sério?
Não me desculpo novamente. Apenas espero, sem encontrar
seu olhar. Ouço quando ele solta um suspiro irritado e pulo
quando o som da pistola de pregos me assusta. Quando a batida
alta chega ao fim, deixo meus braços caírem e começo a descer a
escada. Quando uma mão quente e forte envolve meus dedos,
paro com um pé firmemente no chão, o outro flutuando no ar.
Ele tem razão; meus pés estão coçando para mover e ajudá-
lo, mas se ele quer ser um macho alfa chauvinista que se recusa
ter ajuda, então que seja.
— O quê?
— Ai.
— A única parte que doeu foi ela tirar minha filha de mim.
— Eu sinto muito.
— Aria Spencer?
Um cavalheiro de aparência muito rude pergunta com uma
prancheta nas mãos.
— Aria.
— Jantar?
— Isso significa que todos nós sabíamos que você era boa
demais para qualquer um de nós, então mantivemos distância.
— Isso é ridículo.
— Meus olhos?
— Seus grandes olhos azuis de corça são difíceis de
esquecer.
— Ari, temos que ir. A menos que você queira comer comida
chinesa fria.
— Pronto — digo, e ele se vira para olhar para mim por cima
do ombro, em seguida, fica de pé em sua altura total com tal graça
que é quase fascinante de assistir.
— Ari?
— Baby.
— Sim — sussurro.
O vejo olhar pelo para brisa e sei que ele reconhece os dois
por sua expressão azeda. A expressão em seu rosto não me
surpreende. Meus pais são bem conhecidos na cidade, não porque
sejam o tipo de pessoa que deixa uma impressão positiva e
duradoura em quem encontra.
— Tudo ficará bem. Talvez eles não fiquem muito tempo. —
Ele alcança a maçaneta da porta e o pânico enche meu peito. Não
quero submetê-lo nem mesmo a um momento da presença dos
meus pais.
— É apenas...
— Você não tem que explicar. Entendo. Você não pode ser
vista com a ajuda. — Ele solta a porta e eu solto seu braço como se
ele me queimasse.
— Tide.
— Acho que pela sua expressão você está falando com Anna
— afirma Colton, e viro meu celular voltado para baixo no bar.
— Eles estão bem. Mamãe está em casa com Gia, com sorte,
forçando-a a tirar uma soneca.
— Ela não quer perder nada com Gino, e eu entendo, mas ela
está exausta.
— Como um encontro?
— Nada.
— Obrigada.
— De nada.
— Essa é a única razão pela qual pedi para você ir, ontem à
noite. — Ela cospe as palavras tão rapidamente que elas giram
juntas.
— É o que é.
— Agente?
— Ficção científica.
— Seu neto?
— Querida, quando estávamos na escola, Leo estava
chegando aos setenta. Ele se aposentou há cerca de sete anos.
Todos estavam preocupados que sua loja fosse fechar, mas seu
neto, que costumava passar os verões ajudando-o na loja, decidiu
se mudar para cá e assumir o controle.
— Isso é legal.
— Você não tem que fazer isso. Eu sei que você tem outros
trabalhos que precisam de seu tempo.
Cada vez que estou perto dele, meu estômago dança e meu
coração bate forte. A pior parte é que ele não tem ideia do efeito
que tem sobre mim, e estou morrendo de medo de que um dia,
quando ele fizer algo tão simples como tirar um pouco de cabelo
do meu rosto, me jogue em cima dele como uma mulher louca.
Usando as pontas dos pés, giro-me em um círculo, primeiro
observando a janela passar, depois minhas estantes de livros,
seguida pela porta do meu escritório. Talvez se eu girar rápido o
suficiente, de alguma forma consiga ter uma nova ideia de série
para o meu agente, para que eu possa parar de tentar fingir que
sei escrever romances.
— Se você quiser.
— Vamos comer.
— Desculpe...
Sorrindo, ele toca meu nariz com o dedo. — Então quer dizer
que não gosta dele?
Como com Tide, eu não era amiga de Colton, mas sei que ele
e Tide eram próximos e obviamente ainda são. O que significa
que, se Colton ou sua esposa não gostarem de mim, minha
amizade com o Tide chegará ao fim, e isso não é algo que quero
pensar. Não quando ele é a única pessoa que sinto que tenho aqui,
não importa quão triste isso seja, já que ele só está realmente
saindo comigo porque eu estou pagando a ele pela reforma.
— É isto...
— Aria, Gia, Gia, Aria... e eu sei que ele ficou mais feio com o
passar dos anos, mas esse é Colton.
— Não.
— Tudo bem — ele murmura antes de me ajudar a montar a
cama e colocar as mesinhas laterais no lugar.
— Será caro?
— Você precisa falar com sua filha — diz Anna, e antes que
eu possa perguntar se ela está bem ou o que está acontecendo, a
ouço gritar:
Ter Gia e Colton aqui hoje tem sido uma distração, o que é
bom e ruim, porque a corrente de tensão correndo entre nós é
como um fio elétrico, que só precisa da menor faísca para se
acender.
— Eu adoraria isso.
Inclino minha cabeça para trás para olhar para ele. Sentindo-
me fora de forma quando nosso olhar se encontra, aceno quando
tudo que eu realmente quero fazer é correr.
Já que não tenho escolha a não ser acabar com isso, me viro,
volto para dentro e vou direto para a sala de estar com ele nas
minhas costas. Sento-me na beirada do sofá e vejo seus olhos
caírem para o meu colo, onde minhas mãos estão torcendo e seus
lábios pressionam juntos como se ele estivesse tentando não
sorrir. Quando ele se senta ao meu lado, viro-me para ele e
balanço a cabeça.
— Beije-me, Aria.
Gozo mais forte do que jamais pensei ser possível, com seu
nome na minha língua e luzes piscando atrás das minhas
pálpebras fechadas enquanto ele rosna, perdendo-se dentro de
mim. Eu o seguro com mais força, não querendo perder nossa
conexão, e ele cai em cima de mim, então rola de costas comigo
ofegando contra seu peito. Provavelmente deveria me afastar,
mas em vez de fazer o que provavelmente seria melhor para
minha saúde mental, deslizo minha mão em volta de sua cintura,
acaricio seu peito e caio no sono em seus braços.
— Ei.
— Vaca sagrada.
Não posso dizer que Anna foi boa para mim ou que nos
damos bem, mas devo admitir que ela é uma ótima mãe para
nossa filha. Mesmo com o drama que parece girar constantemente
ao nosso redor, ela coloca Olivia em primeiro lugar, e isso é algo
pelo qual sou grato.
— Isto é engraçado.
Quero negar que estou com ciúmes, mas porra, ele não está
errado, e a emoção é completamente estranha para mim, me
fazendo sentir coceira e nervoso.
Ele tem razão. Preciso falar com ela sobre nós. Só espero que
as últimas semanas de estarmos juntos seja prova suficiente para
ela de que isso pode funcionar.
— Você está preocupado que ela não queira ficar com você.
Seus pais são o que a deixa mais ansiosa, mesmo que ela não
admita.
— Sim, e sua ex com quem você tem uma filha não é uma
princesa da Disney espalhando alegria por todo o lugar. Todo
mundo traz bagagem para um relacionamento; é sobre como
vocês dois se ajudam a lidar com a merda que é importante.
Ele abaixa os pesos e pega a água, tomando um gole antes de
me prender no lugar.
— Colton disse que você malhava com ele. Eu não sabia que
você fazia essa aula também.
Abro a porta para Aria, uma vez que sua bunda está no
banco, fecho-a, sigo para o lado do motorista e me sento atrás do
volante.
— Você se divertiu com Olivia? — ela pergunta enquanto
saio do local.
— Nós vamos…
— Acho que se você pode lidar com meus pais, eu posso com
Anna.
— Bom. — a beijo quando ela se vira para mim. Quando me
afasto, seguro sua bochecha. — Nada muda entre nós, exceto o
fato de que eu sou seu e você é minha.
— Olá.
— Aria, é a mamãe.
— Tenho.
— Sim.
— Não há nada para você dizer. Tudo que você precisa fazer
é assinar os contratos quando eu os enviar, e partiremos daí.
— Eu amo você.
— Obrigada.
— Aria — ele fala meu nome, com a voz rouca, enquanto ele
me segura com mais força.
1
É um prato típico irlandês que tem como chave a cerveja irlandesa Guinness.
Enquanto ele toma banho, algo que ele faz toda vez que
chega na minha casa depois de trabalhar o dia todo, ligo para Gia e
compartilho minhas novidades. Enquanto conversamos, ela envia
uma mensagem de texto para a mãe de Colton, que quase
imediatamente, concorda em vir olhar Gino para que possamos ir
ao bar comemorar.
— Você sabe que não deixarei você ir sem mim — diz Tide,
parecendo aborrecido, vejo Gia apertar os lábios como se
estivesse tentando não rir.
— E eu não acho que você deveria, mas sua mãe não está
convencida.
— Tanto faz. — Eu balanço minha cabeça, pensando que esta
conversa é inútil. — Nós só queríamos ver se você precisa de uma
carona.
— Ainda não. Sua mãe saiu com uma amiga, então esperarei
até ela me dizer que está em casa e ir para lá.
Ele espera que eu acene com a cabeça, assim que o faço, ele
pega minha mão e me leva o resto do caminho até a caminhonete,
onde Gia e Colton estão parados.
— Você está certa sobre isso, mas ela achará que é fofo você
ter comprado balões e um presente de aniversário quando não
precisava, e verá quão feliz você faz o pai dela. Assim te amará
ainda mais.
— Você tem razão. Sempre fui uma pessoa que planeja o pior
cenário, então se as coisas correrem bem, fico aliviada, e se
acabarem mal, não fico desapontada — admito enquanto toco
meu dedo na bochecha de Gino, e ele sorri enquanto agarra meu
dedo.
— Sempre.
Hoje, ela tinha escola, então Tide foi comer cupcakes com ela
e sua classe, e como Anna está com ela no fim de semana e está
dando uma festa para a filha, ela permitiu que ele fizesse esta
noite. Eu sei que depois da escola ele planejava levá-la para ver
seus avós antes de encontrar Gia e eu aqui, e eu acho que em
algum lugar ao longo do caminho, ele pegou Colton, que deve ter
arranjado alguém para cobri-lo no bar.
— Jogaremos.
— Eu adoraria, mas acho que devo dizer que não sou muito
boa no boliche.
2
Atualmente, os equipamentos de boliche mais modernos possuem dispositivos chamados "bumpers", que
podem ser acionados opcionalmente pelo jogador para evitar que as bolas caiam nas canaletas.
— Trapaceira — murmura Tide, e ela olha para mim,
encolhendo um ombro, o que me faz rir. — Tudo bem, encrenca,
que tal pedirmos nossa pizza?
— Eu sinto muito.
Dou-lhe um high five quando ela passa por mim, então vejo
enquanto ela rola a bola como uma profissional no meio da pista,
derrubando todos os pinos e recebendo outro golpe. Eu bato
palmas e danço, sem me importar em parecer um idiota, porque
ela está rindo, e gosto do som de sua felicidade.
— Você quer?
— Na verdade.
— Eu também não.
Eu ouço a carranca em sua voz quando Anna agarra o bíceps
de Tide.
— Tchau, Aria.
— Não.
— Eles gostam.
— Oh Deus.
— Eu preciso de você.
— Quente.
— Que tal um banho? Eu sei que você tem que sair logo para
encontrar Gia.
Com a menção de seus planos para o dia, noto que seus olhos
perdem um pouco da luz feliz que estava lá momentos atrás.
— O que há de errado?
— Sim. — Ela ri. — Eu sei que é imaturo, mas ele sempre fez
parecer que era minha culpa que nenhum de nós éramos felizes, e
mesmo que soubesse que não era verdade, havia momentos em
que eu me estressava para me tornar quem ele queria que eu
fosse. Esperava que isso tornasse as coisas melhores entre nós.
— Eu sinto muito.
— Acho que você está certo. — Ela desvia os olhos dos meus.
Eu coloco meus dedos sob seu queixo e levanto até que seus
olhos encontrem os meus.
— Nah.
— Ela quer.
— Tchau.
Ela desliga e eu coloco meu celular no bolso de trás.
Mas quanto mais penso sobre isso, mais sei que ela está
certa. De alguma forma, mesmo sem saber do que estava
acontecendo, me apaixonei por ela. Então, acredito que comecei a
me apaixonar por ela no momento em que ela abriu a porta,
parecendo adoravelmente desgrenhada, e desde então, o que
sinto por ela só ficou mais profundo.
— Posso.
— Ela é uma autora de muito sucesso, mãe. Ela até tem uma
série que está sendo transformada em filmes.
— Ela adora ler livros com homens seminus usando kilts nas
capas — Hunter resmunga, e rio.
— Desculpe. — Eu olho para Jolene. — Eu não estou rindo de
você. Na verdade, também gosto desse tipo de livro.
— Definitivamente. — Sorrio.
— Ainda não. Precisamos falar com Olivia para ver o que ela
quer que nós três façamos — diz ele, e a ideia de ser incluída
aquece meu peito de felicidade.
Olhando para trás, posso ver por que ele pensaria que meus
pais e meu relacionamento com eles eram normais, ou talvez até
melhor do que quando estava crescendo. Mas com duas pessoas
vindo do mesmo lugar insalubre, não havia meio termo. Nenhum
de nós sabia quando parar e dar um passo para trás ou quando
dizer “Precisamos trabalhar nisso juntos para que ambos sejamos
felizes” .
— O quarto principal.
Eu a amo
— Tide.
Uso sua mão para acariciar o meu pau para cima e para
baixo duas vezes enquanto minha mandíbula aperta.
— Não... sim.
Ela ri, agarrando minha bunda, e meu pau bate contra sua
umidade. Pego suas mãos e as puxo sobre sua cabeça, então
empurro dentro dela em um impulso rápido. Seu suspiro
corresponde ao meu gemido quando me acomodo em seu calor
quente e úmido.
— Preparada?
Assim que abre, Olivia passa por mim e por Aria, gritando:
— Ei, pai.
— Eu sei, pai. — Ela olha por cima do meu ombro para onde
Aria está parada e revira os olhos como “você pode acreditar
nesse cara? Ele deve pensar que sou um idiota”.
— Isso foi engraçado, mas está muito frio para ir nadar hoje.
— Ela encolhe os ombros enquanto eu fico de pé, então a vejo
pular em direção a Aria e agarro sua mão para que ela possa
arrastá-la em direção à canoa que carregamos para o cais quando
chegamos aqui.
— E o Frozen 2?
— Eu não vi nenhum deles. — Aria ri enquanto Olivia me
olha com o nariz franzido.
— Claro — concordo.
— Isso soa como um plano bom. — Aria sorri para ela, e ela
balança a cabeça antes de virar o corpo para que seu rosto fique
no meu.
— É cedo.
— Eu sei, mas vocês duas têm um encontro na cidade em
Rock Salt esta manhã.
— Sim.
— Jura?
— Desculpe-me. — Eu me encolho.
Sorrio.
— Você é um gênio.
Eu rolo meus olhos. Não sei como ela era antes de dar à luz
alguns meses atrás, mas não acho que ela precise perder peso, e
estive perto dela e de Colton várias vezes, então sei que ele a ama
ao ponto da obsessão.
— Porra.
Com esse comentário, me viro para encarar Tide de pé
dentro do banheiro de hóspedes de Gia e Colton, e o olhar em seus
olhos faz meu pulso disparar.
Achava que ele era bonito antes, mas vê-lo com o cabelo
preso em um coque masculino longe de seu rosto bonito, sua
mandíbula mais angular, sem a nuca normalmente cobrindo-a, e
seu corpo musculoso envolto em um smoking preto que parece foi
feito para ele, sei que estava errada. Ele não é lindo. Ele é... ele é...
Não tenho palavras para descrever o que ele é. Eu só sei que é
tudo.
E pela primeira vez esta noite, ouço Aria rir, o som fazendo
meu interior vibrar. Amo o som de sua felicidade, odeio que a
família dela torne tudo tão difícil para ela ser assim.
— Obrigada.
— Desculpe, amigo, mas isso não tem nada a ver com você.
Idiota pomposo.
Ele abre a boca como se fosse dizer algo mais, mas para
quando Beatrice chama seu nome. Depois de olhar por cima do
ombro, ele ajeita as lapelas do smoking e ajusta o botão da
jaqueta, dando uma última olhada em Aria antes de ir embora.
— Sim, você sabe, aquela coisa que você faz juntos enquanto
se movem com a música...
— Eu amo você.
Nunca esperei por ela, ou sonhei que poderia ser tão feliz.
Então, novamente, tudo de bom na minha vida veio quando
menos esperava.
Eu movo minha mão por suas costas para deslizar por seu
cabelo.
Como Gia disse, esta noite foi boa, divertida até, com os
quatro saindo na maioria das vezes para longe da festa, não
deixando muito espaço para seus pais ou seu ex foderem a merda
ou deixarem Aria desconfortável. Eu quero manter dessa forma.
Quero que tudo sobre esta noite seja uma boa memória para Aria.
Ela ligou várias vezes desde a festa não para fazer check-in
ou apenas para conversar como a mãe de Tide fez, mas para
tentar marcar um horário para eu encontrá-la e a Josh para
almoçarmos, ou apenas Josh para um café ou qualquer outra
coisa. Como não estou nem um pouco interessada em tentar
inventar outra desculpa, deixo a ligação ir para o correio de voz,
pego meu prato de comida e me concentro em comer, pensando
que amanhã é terça-feira e Josh já terá ido embora.
— Aria.
Abro minha boca para perguntar o que ele pensa que está
fazendo e nem mesmo tenho a chance de me preparar para seus
braços me envolvendo e sua boca colidindo com a minha.
Empurro seu peito, tentando fugir, mas ele é mais forte do que eu,
e quando ele tenta enfiar a língua na minha boca, eu levanto meu
joelho para acertar suas bolas, mas acabo pulando quando uma
buzina toca e pedaços de sujeira se chocam contra o lado da casa.
Com ele tão consternado quanto eu, ele me solta e bato nele
sem pensar, depois me xinguei, porque minha mão dói. Tenho
certeza que acabei de me machucar batendo em sua cara
estúpida.
— Tide...
— Eu volto.
— Ótimo — minto,
— Gia?
— Eu também.
— Pode ser, querida, mas ele também não quer você com
mais ninguém.
— ECA — reclamo. — Eu não me importo com o que Josh
quer ou não quer. Eu não o quero. O que me importa é como o
Tide reagiu.
— Tide...
— Shhh — ele sussurra em meu ouvido, seus braços
apertando e cortando qualquer coisa que poderia estar prestes a
dizer.
— Eu sinto muito.
— Eu sei.
— Ele não pode ter você — ele rosna enquanto seu aperto
em mim aumenta como se eu pudesse desaparecer, e sorrio com a
possessividade em seu tom.
Tenho certeza de que algumas mulheres podem ficar
irritadas com um homem por agir como ele agiu, mas tudo que
sempre quis é pertencer a alguém, então tudo que me faz sentir é
segura, protegida e necessária.
Uma vez que estou montada em seu colo, com suas mãos em
meus quadris, as minhas em seus ombros, seu pau duro entre nós
e nossos olhos se encontraram, ele desliza a mão sobre meu
corpo, seu polegar acariciando meu peito.
Se ele não estivesse tão frustrado quanto eu, não sei o que
sentiria ou o que faria. Parte de mim entende, porque eu não
gostaria de saber que deixei um cara como o Tide escapar, mas ela
fez isso.
Ela o deixou ir, e agora que ele mudou, ela não consegue
lidar com isso. Ou como ela está lidando com isso, de forma
imatura. Só espero que perceba o quanto antes que seu novo jogo
não está funcionando, e deixe para lá.
Depois de verificar minha lista, que inclui guloseimas com
uma boa dose de frutas e vegetais, junto com o material para
esculpir as duas grandes abóboras que peguei, sigo em direção ao
caixa, cavando meu celular para ligar para Tide.
— Quase pronto.
— Eu queria estar.
— Mas você não precisa se preocupar com isso, Aria. Ele não
tem um caso.
— O quê?
— Eu sei.
Ela faz esta casa parecer um lar. Desde o café da manhã até a
lição de casa depois da escola e o jantar juntos, estabelecemos
uma rotina e não sei o que farei quando ela voltar para a mãe.
Acho que ficarei tão mal-humorado quanto Tide.
Ele tenta pegar mais, mas Olivia chega antes dele e joga um
punhado em sua direção, acertando-o na lateral do rosto e
pescoço.
— O quê?
— O quê?
— Eu também te amo.
— Me ouviu? É Halloween.
— Bom dia.
— Por volta das nove. Ela ligou ontem para me avisar que
tem um encontro, então pode ser um pouco mais tarde.
— Anna.
— Obrigado, anjo.
Pego o telefone dela, então espero até que ela volte para Aria
para colocar meu celular no meu ouvido.
— E aí?
Porra.
— Você pode ser um adulto pelo menos uma vez? Isso não
precisa ser grande coisa, Tide. E sua namorada deve aprender a
lidar com o fato de que você tem uma ex e compartilha a custódia
de sua filha comigo.
— Aria não precisa lidar com você, embora tenhamos uma
filha em comum. Meu relacionamento com ela não tem nada a ver
com você.
— Nós temos uma filha juntos, então meio que tem — ela
diz, e eu passo meus dedos pelo meu cabelo. — Então, como eu
disse, te vejo na casa dos seus pais às seis.
— Certo.
— Tudo bem, veremos você na casa dos meus pais, mas não
estou lidando com nenhuma besteira. Se você sequer pensar em
começar um drama, encerrarei a noite e lidarei com você na
frente do juiz.
— Soa bem. — Ela desliga e aperto minha mão em volta do
meu telefone, tentado a esmagá-lo ou jogá-lo contra a parede.
— Não acho que seria bom se minha irmã nos pegasse nos
beijando. — Ela afasta sua boca da minha, ofegante, e eu rio de
novo.
— Sim, baby?
— Obrigada.
— Preparado?
— Acho que você está certo. Só acho que é difícil para ela ver
que você está realmente seguindo em frente.
— Ela terá que aceitar isso, porque pretendo pedir a Aria
para ser minha esposa. O que significa que ela será uma parte
permanente da vida de Olivia e da minha.
— Colton sabe?
— Sabe o quê?
— Oh, por favor, tem sido tipo... o quê? Um dia? — ela grita, e
algumas famílias param para mudar nossa direção.
— O quê?
— Umm... eu não quero azarar nada, mas acho que você pode
ter aberto os olhos dela — Gia diz baixinho, e eu respiro fundo,
pensando, espero que sim.
Capítulo Vinte
Aria
Deitado contra o peito do Tide com recipientes de comida
chinesa vazios, garrafas de cerveja e embalagens de cupcake na
mesa de centro, meus olhos se fecham enquanto ele brinca com
meu cabelo enquanto assiste ao jogo de futebol na TV. Já se
passaram duas semanas desde o Halloween, duas semanas desde
que ele me contou sobre o que aconteceu com Anna e sua reação
quando ele contou tudo para ela.
— Seu pai está no Rusty Rose, e ele está muito mal. Colton
disse que precisamos ir buscá-lo, ou ele terá que chamar a polícia
— diz ele, e meus olhos se fecham.
— Eu posso ir buscá-lo sozinho e levá-lo para casa, baby.
Você não precisa vê-lo assim.
— Que tal você nos deixar levá-lo para casa? — Tide sugere,
e até aquele momento, não percebi que ele está bem ao meu lado,
bem onde ele sempre parece estar.
— Eu... eu...
— Querida, eu não...
— Filha de Tide.
— Você tem uma filha? — Papai pergunta, parecendo
atordoado, e rolo meus olhos.
— Tem certeza de que está tudo bem? — Ele olha para Tide.
— Eu te seguirei, baby.
Aceno, salto para fora e entro no carro do meu pai. Levo um
minuto para ter tudo ajustado antes de voltar, quando saio do
estacionamento, olho pelo espelho retrovisor para me certificar
de que Tide está atrás de mim. Enquanto vou para casa, tento
descobrir como me sinto sobre tudo que soube esta noite, mas é
muito para processar na viagem de quinze minutos para minha
casa. E realmente, acho que é muito para processar sem a ajuda
de um psicólogo.
— Eu amo você.
— Bom dia.
— Sim, obrigado.
— Obrigada.
— Pelo quê?
— Por estar sempre onde eu preciso que você esteja, por ser
forte, por me amar do jeito que você me ama e por saber
exatamente o que eu preciso.
— Eu realmente não sei por que meu pai achou uma boa
ideia dar um gato para Olivia no Natal — diz Aria, balançando a
cabeça e jogando a fita de sua mão no lixo.
Sua mãe, por sua vez, mudou-se para a Califórnia para morar
com Josh depois que seu divórcio foi finalizado, e ninguém sabe
como eles estão.
— O que aconteceu?
Nos últimos meses, ela e minha mãe, ela e Olivia, ela e Gia, e
até ela e Anna conspiraram contra mim em mais de uma ocasião, e
sempre tem a mesma expressão facial quando está se preparando
para alguma notícia sobre mim ou me pedindo para fazer algo.
Felizmente, não foi nada que pudesse me fazer perder a cabeça,
mas ainda assim sempre foi alguma coisa.
— Aria.
Surpresa.
Aria
Nove meses depois
Olho para o outro lado da sala para meu marido e sei que o
olhar em seus olhos reflete o meu. Felicidade pura. Acho que
nenhum de nós jamais acreditou que poderíamos ser tão felizes,
mas aqui estamos, de alguma forma, o drama externo em nossas
vidas se resolveu.
Não que tudo seja perfeito, mas como ele me disse quando
começamos, estamos nisso juntos, realmente, essa é a chave.
Porque no final do dia, contanto que tenhamos um ao outro e
nossos filhos sejam felizes e saudáveis, nada mais importa.
Quatro anos depois
— Acho que você sabe tão bem quanto eu, Rach, que não
posso dizer nada a Aria ou levá-la a fazer algo que ela não quer —
diz ele, e eu sorrio para ele, vendo-o sorrir.
— Você não compareceu a nenhum dos eventos de tapete
vermelho nos últimos três anos e não quero que se arrependa.
Este é o último filme — ela responde enquanto balanço minha
cabeça.
— Você?
BAD GIRLS