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De volta à sua cidade natal, Ruby Falls, Aria Heart está

determinada a encontrar a si mesma e a felicidade que sempre


desejou, mais esta fora do alcance. Algo que seria muito mais
fácil de fazer se seus pais não estivessem tão perto, lembrando-
a por que ela deixou a cidade assim que pôde, como se a casa
que ela acabou de comprar já não estivesse causando
problemas.

Justamente quando Aria começa a duvidar de sua decisão,


Tide Goodman bate em sua porta e se enfia sob suas defesas.
É possível que a felicidade que ela está procurando esteja ligada
a um homem como Tide, o cara por quem ela se apaixonou no
colégio e que nem parecia saber que ela existia? Um homem
com uma filha adorável e bagagem própria?

Para descobrir, ela terá que colocar tudo, incluindo


seu coração, em risco mais uma vez.·.
Capítulo Um
Aria

ASSINO MEU nome pela milionésima vez, em seguida, ergo


os olhos da papelada sob a palma da mão quando minha corretora
Sara bate palmas e grita:

— Parabéns!

Sorrio, porque sua excitação é contagiante. Ainda assim, sei


que a única razão pela qual ela está animada é porque sua
comissão está perto de cinquenta mil dólares. Inferno, também
ficaria animada se fizesse esse tipo de dinheiro depois de mostrar
a alguém uma única casa.

— Obrigada — murmuro, olhando para ela brevemente


antes de entregar a pilha de papéis na minha frente sobre a mesa.
A advogada os aceita com um sorriso, colocando-os de lado antes
de rolar a cadeira para trás e abrir uma gaveta. Quando vejo o
molho de chaves que ela puxa, meu estômago se enche de
ansiedade.

— Parabéns, Aria. — Ela sorri.


Estendo minha mão, em seguida, envolvo o metal frio,
sentindo uma mordida nas bordas afiadas das teclas enquanto
elas cravam em minha palma e dedos. Está acontecendo. Estou
seguindo em frente com minha vida e agora tenho um lugar para
chamar de meu. Um lugar que, pela primeira vez, não pertence a
mais ninguém além de mim. Quero chorar. Quero dançar pelo
escritório. Mas não faço nenhuma dessas coisas. Em vez disso,
murmuro um agradecimento:

— Obrigada.

— Você ainda quer que eu a conecte com a empresa de


construção de que falei durante nossa inspeção? — Sara pergunta,
e volto minha atenção para ela.

A casa de 762 metros quadrados que acabei de comprar é


linda. Fica na encosta de uma montanha, afastada da estrada e
rodeada por seis hectares de floresta. A primeira vez que a vi,
soube que era aquela. Então vi o interior e pensei duas vezes. Os
proprietários anteriores terminaram a maior parte da cozinha e
todo o quarto principal e banheiro antes do divórcio, mas
deixaram o resto da casa incompleto. Parece algo de uma sitcom
dos anos 70. Incluindo muitos papéis de parede malucos e ainda
mais carpete felpudo e linóleo. Levará tempo e muito dinheiro
para fazer as coisas do jeito que quero.
O bom é que tenho muito tempo. O dinheiro é uma história
diferente. Meu trabalho como autora me permitiu sentir-me
confortável com minhas finanças. Ou pelo menos estava
confortável até me divorciar de meu marido. Já que ele trabalhou
para mim e cuidei dele durante nosso casamento, tenho que lhe
pagar pensão alimentícia, o que significa que não só tenho que
cuidar de mim, mas tenho que cuidar de um homem com quem
desperdicei anos de minha vida. Um homem com quem nunca
deveria ter saído, muito menos casado.

Por que diabos a retrospectiva sempre tem que ter


doideiras?

— Pegarei o número com você, mas demorará um pouco


antes de começar a construção — digo a Sara.

O sorriso em seu rosto nunca vacila quando ela estende a


mão para apertar meu braço.

— Tenho certeza de que eles abrirão espaço para você na


programação sempre que decidir começar.

Quero revirar meus olhos. Desde que ela descobriu que sou
uma autora e meu pseudônimo, Spencer Heart, ela se convenceu
de que sou alguém famosa. Não sou famosa, nem de longe. Sim,
cheguei à lista de bestsellers do New York Times algumas vezes e
escrevi artigos sobre meus livros, mas se você mostrasse minha
foto a uma pessoa aleatória na rua, ela não teria ideia de quem eu
sou. Inferno, eles provavelmente nem saberiam de mim se você
lhes desse os títulos dos meus livros, a menos que eles fossem
leitores.

Agora, se você perguntasse às pessoas nesta cidade quem é


Aria Heart, elas diriam que ela é a garota rica que cresceu aqui
com uma colher de prata na boca, aquela que se mudou porque
achou que era boa demais para este lugar. Ninguém sabe que
aquela colher de prata com a qual fui alimentada enquanto crescia
era amarga como o inferno quando enfiada na minha garganta, e a
linda casa com a bonita cerca branca atrás da qual eu morava era
apenas uma ilusão.

Meus pais eram e ainda são disfuncionais. Minha mãe, uma


traidora habitual, e meu pai, um alcoólatra ativo. Agora, sou uma
divorciada de 26 anos que voltou para o lugar onde cresceu,
porque, por mais triste que seja, este é o único lugar que já
considerei um lar.

Mesmo com o relacionamento tenso que tenho com meus


pais e absolutamente nenhum amigo aqui, não conseguia pensar
numa cidade, além desta, em que quisesse viver depois que meu
casamento terminasse. Para minha sorte, não preciso depender
de meus pais para apoio financeiro ou de outra natureza. Para
meu azar, eles estarão a apenas uma curta distância, o que
significa que terei que lidar com eles mesmo quando não queira.

Inclino-me para trás na minha cadeira e pego minha bolsa do


chão. Preciso sair daqui. Agora que a casa é oficialmente minha,
quero ir até lá e realmente dar uma olhada em volta, sem ninguém
observando cada movimento meu.

Talvez até pare na Target, pegue um daqueles colchões


infláveis e algumas necessidades e durma lá esta noite, em vez do
quarto de hotel em que estive na semana passada. Algo com que
meus pais não ficaram felizes. No início, eles fingiram entender
minha necessidade de espaço, mas nos últimos dias, seu
desagrado foi vocalizado por meio de ligações diárias. Eles
sempre tiveram uma certa imagem a defender, e como sua única
filha está na cidade e não está com eles, eles estão sentindo a
pressão e tenho certeza que evitam as perguntas de seus
chamados amigos.

Mas, pela primeira vez na minha vida, não me importo,


surpreendentemente, não sinto culpa. Nos últimos vinte e seis
anos da minha vida, fiz o que se esperava de mim. Antes de sair de
casa, fiz tudo ao meu alcance para manter a imagem da garota
perfeita, depois que fui embora, ainda fiz as coisas que deveria.
Fui para a faculdade, consegui um emprego e me casei com um
homem que sabia que meus pais aprovariam. Nada disso nunca
me deixou feliz, então, quando assinei meus papéis do divórcio, fiz
uma promessa a mim mesma de começar a viver a vida em meus
próprios termos. Não aceitarei mais as coisas só porque deveria, e
nunca mais colocarei a felicidade de outra pessoa antes da minha.

Esta é a minha vida e estou escolhendo vivê-la exatamente


como quero.

Com esse pensamento, me levanto e olho entre as duas


mulheres na sala.

— Obrigada a vocês duas. Se você precisar de alguma coisa,


pode ligar para o meu celular.

Olho para Sara.

— Eu realmente apreciaria o seu contato de construção.


Você pode me enviar por e-mail?

— Claro.

— Obrigada. — Coloquei minha bolsa no ombro, saí do


escritório indo em direção ao meu carro. Depois disso, fui para o
hotel, fazer o checkout, parei na Target antes de ir para minha
nova casa.
Capítulo Dois
Aria
SENTADA NO chão de carpete laranja queimado no que um
dia será meu escritório, coloco meu laptop no colo e clico no meu
trabalho que está em andamento. Eu sempre escrevi romances
Paranormal estilo young adult, mas uma história tem falado
comigo por um tempo e eu decidi finalmente tentar escrevê-la.
Uma comédia romântica sobre duas pessoas que encontram o
amor quando suas mães intrometidas os obrigam a viver juntos
em situações engraçadas.

Assim que começo a me deixar levar pela história e meus


dedos começam a voar pelo teclado, ouço um som estranho vindo
da cozinha e da sala de estar. Paro de digitar e viro minha cabeça
para a porta aberta. Não consigo ver nada da minha posição, mas
o som parece estar ficando mais alto. Só estive em casa uma noite
e parte do dia, então não tive a chance de memorizar todos os
barulhos que ela faz. Quando me levanto e vou para a cozinha,
olho em volta, sem ver nada, então me movo ao redor da meia
parede para a sala de estar e suspiro.
Há água jorrando do teto não um pouco, mas muita e uma
pedra branca está derretendo no tapete felpudo azul. Parece que
uma geleira está virando uma poça de água, que cresce no meio
da sala. Fico olhando horrorizada e entro em ação.

Subo as escadas correndo para a lavanderia, escorrego pelo


linóleo e caio sobre meu quadril e cotovelo. A dor atinge ambas as
áreas, mais ignoro e me levanto, quase caindo novamente
enquanto deslizo no chão molhado. Consigo, pela graça de Deus,
abrir a tampa da máquina de lavar, fazendo uma oração fecho a
torneira de onde a água vinha. Como já estava na cidade há uma
semana, precisava de roupas limpas, como finalmente tinha uma
lavadora e uma secadora, decidi lavar toda a minha roupa.
Deveria ter esperado.

Respirando pesadamente, olho em volta para a bagunça, em


seguida, desço as escadas. Quando vejo a destruição na sala de
estar, as lágrimas começam a encher meus olhos. Comprei uma
toalha ontem enquanto estava na Target, porque não via sentido
em desperdiçar dinheiro quando todas as minhas coisas serão
entregues em apenas alguns dias. Não há como uma toalha ser
suficiente para eu limpar essa bagunça.

Aperto meus olhos fechados e permito que uma única


lágrima escorra pelos meus cílios antes de puxar uma respiração e
me dirigir ao meu celular. Como prometido, Sara me enviou
ontem o contato da construtora. Não pensei que entraria em
contato com eles tão cedo, mas agora não tenho escolha. Faço a
ligação e um senhor mais velho me diz que alguém sairá assim
que puder. Como todas as minhas roupas estão agora no fundo da
máquina de lavar ainda cheia de água, não tenho escolha a não ser
esperar alguém aparecer, vestindo nada além de uma das minhas
camisolas favoritas de algodão sem sutiã ou calcinha. Sério, este
dia não poderia piorar.

Ok, então obviamente o dia pode piorar, penso nisso quando


abro a porta da frente para o homem de mais de um metro e
oitenta parado do lado de fora. Cabelo loiro um pouco mais longo
do que o que a maioria dos homens consideraria na moda, olhos
azuis tão claros que posso ver meu reflexo, músculos delineados
com a ajuda de sua camiseta justa e tatuagens que parecem uma
extensão viva dele.

Conheci o Tide enquanto crescia. Nunca fomos amigos, mas


eu tinha uma grande queda por ele. Não que ele soubesse disso.
Não saíamos com a mesma turma. Caramba, nós nem mesmo
conversávamos. Estava muito ocupada trabalhando para agradar
meus pais, e ele estava muito ocupado jogando futebol e
namorando todas as garotas que queriam sair com ele. Porém,
nunca me deu muito mais do que um olhar ou uma elevação do
queixo no corredor entre as aulas ou na hora do almoço.
Para ele, eu era apenas mais uma das garotas ricas. Para
mim, ele era o cara que eu queria, não apenas porque ele era, e
obviamente ainda é, seriamente quente. Ele era gentil com todos e
defendia aqueles que não podiam se defender. Não consigo nem
contar quantas vezes o vi defender alguém sendo atormentado, se
metendo em brigas para livrar uma das crianças que fosse um
alvo fácil.

Queria ser como ele. Eu queria no fundo da minha alma ter a


coragem de dizer àqueles idiotas para pararem o que faziam.
Queria dizer aos meus pais para crescerem e verem o que eles
estavam fazendo comigo e um com o outro. Eu nunca fiz nada
disso, o que não diz muito sobre o tipo de pessoa que eu era. Só
espero que não seja tarde demais para mudar.

— ...Inundação.

Essa única palavra me puxa de minhas memórias, e eu


balanço minha cabeça. Sei que mais palavras foram ditas, mas não
tenho ideia de quais foram.

— O quê?

Ele me estuda por um momento como se estivesse tentando


descobrir se ele me conhece ou como me conhece, então olha para
trás de mim na casa.
— Meu capataz disse que você está tendo problemas com
inundação.

— Desculpe. — Balanço minha cabeça novamente enquanto


seguro a porta aberta para ele entrar, sentindo minhas bochechas
esquentarem.

— A lavadora...

Balanço minha cabeça mais uma vez.

— Deve haver algo errado com isso. A água estava


inundando o chão e atravessou o teto da sala de estar. Acho que
algo está errado com a lavadora.

Poderia soar mais como um idiota?

— Darei uma olhada.

Sem outro olhar em minha direção, o vejo se mover pela


minha casa e subir as escadas sem que eu lhe dissesse para onde
ir. Sigo, observando sua bunda e os músculos das costas flexionar
sob sua camiseta justa. Nunca considerei as costas de um homem
atraente antes, mas agora sei que deveria.

Quando ele para na lavanderia, paro com ele, em seguida,


vejo como ele puxa a máquina de lavar para longe da parede como
se não pesasse mais do que uma pena. Quando desaparece atrás
dela, fico na ponta dos pés e tento ver o que está fazendo. É inútil.
Com 1,55m não consigo nem alcançar as coisas na prateleira de
cima do supermercado sem ajuda. Eu definitivamente não
conseguirei ver por cima da lavadora com a tampa aberta. O ouço
bater, então um momento depois ele reaparece.

— A mangueira não estava presa ao ralo. Parece que alguém


planejou levar a máquina com ela, mas mudou de ideia.

— Mesmo? — Olho para a máquina de lavar. — Estava


incluso na venda da casa, junto com a secadora e os
eletrodomésticos da cozinha.

Ele me estuda por um momento, depois pergunta:

— A venda foi vinculada a uma execução hipotecária? — Ele


passa a mão pelo longo cabelo loiro-escuro, afastando-o do rosto.
— Às vezes isso acontece, quando as pessoas ficam irritadas e
fodem com o próximo comprador.

— Não — nego enquanto envolvo meus braços em volta da


minha cintura. — A casa foi colocada à venda por um casal que
estava se divorciando.

— Isso também serve. As pessoas podem ser idiotas quando


as coisas dão uma merda para elas. Às vezes, eles querem
espalhar essa alegria por aí.
— Excelente. — Mordo meu lábio inferior, olhando para o
lado, e murmuro. — Devo chamar alguém para verificar o fogão a
gás? Eu realmente não gosto da ideia de explodir por causa de
problemas conjugais e um vazamento de gás.

Ele começa a rir e me viro a tempo de sentir a beleza de sua


cabeça jogada para trás, vendo os contornos de sua mandíbula e
os músculos de seu pescoço. A risada vinda do fundo de seu peito
faz algo estranho em minhas entranhas, fazendo-as girar e pular.
Quando seus olhos azuis claros encontram os meus, a respiração
dentro dos meus pulmões parece estranha, quase dolorosa. Tenho
certeza de que ele não tem ideia de quem eu sou, mas ainda sinto
que ele acabou de me dar algo que não compartilha com muitas
pessoas.

— Verificarei a linha de gás. — Ele abaixa a tampa da


máquina de lavar, fechando-a, fazendo com que a água volte a
subir, depois a empurra de volta no lugar enquanto murmura. —
Você é linda demais para virar fumaça.

Ele acabou de me chamar de linda?

Ele chamou.

Sei que sim, mas parte de mim ainda acha que ouviu errado.
Depois de anos com meus pais e mais anos com meu ex, vejo o
que eles viram quando me olho no espelho. Uma mulher com um
cabelo lindo que não é exatamente ruivo e nem realmente loiro.
Pele clara e muitas sardas. Olhos azuis excessivamente grandes e
lábios carnudos, e um corpo que seria a norma se eu vivesse na
era de Marilyn Monroe. Infelizmente, um tamanho 44/46 hoje em
dia é considerado inaceitável e pouco atraente, e estupidamente
por anos e anos passei fome e malhei como louca, tentando me
encaixar.

Não que isso tenha acontecido. Nunca fui menor do que


manequim 42, desde meu divórcio, estou usando tamanho 46, às
vezes até 48. Não acho que sou feia; me considero razoavelmente
bonita, mas definitivamente não linda. Pensando nisso, acho que
ninguém nunca me chamou de bonita antes.

Cavo minhas unhas em minhas palmas e empurro esses


pensamentos e tudo o mais sobre meu passado para o fundo da
minha mente, quando Tide fala novamente.

— Darei uma olhada nos danos lá embaixo e me certificar de


que tudo está conectado corretamente antes de ir.

— Ok — concordo baixinho, focando nele.

Seus olhos seguram os meus por um momento, o olhar


dentro de suas profundezas azuis cristalinas me fazendo sentir
que ele vê mais do que deveria. Como se ele soubesse exatamente
o que estou sentindo e pensando. O momento é quebrado quando
ele faz um gesto para que eu me mova. Pego minha deixa e desço
as escadas à sua frente, mais ciente agora do que antes da minha
falta de roupas. Quando chego ao fundo, passo pela cozinha, entro
na sala de estar e olho para cima. O teto desmoronou ainda mais,
deixando um grande buraco aberto e marcas d'água viajando por
onde a parede de gesso foi colada com fita adesiva.

— Merda — ele sibila.

Me viro e olho para ele.

— O quê?

— Querida, todo o teto aqui terá que ser substituído. — Seus


olhos baixam para o chão.

— O tapete também. Talvez até o chão embaixo dele.

— Quanto?

— Perdão?

— Quanto custará para ter tudo isso feito?

— Alguns mil — diz ele, me estudando e parecendo um


pouco surpreso com minha pergunta.

— Ótimo — gemo. Quer dizer, tenho um pouco de dinheiro


reservado para emergências e um pouco mais guardado para
reformas, mas não foi nessa catástrofe inesperada que planejei
despejar dinheiro.

— Talvez eu possa apenas fingir que é uma claraboia.

— O quê? — ele pergunta.

— Nada. — Me viro e vou em direção à cozinha. Posso fingir


que o buraco na sala de estar é uma claraboia, mas não posso
fingir que o fogão que ainda estou para usar pode ser uma bomba.

— Você pode ter certeza de que não morrerei se decidir ligar


essa coisa? — Bato minha mão no topo do fogão. Ontem na Target
comprei uma cafeteira, daquelas baratas. Também comprei café,
coca cola, baguetes e cream cheese, pois podia comer baguetes
frias no café da manhã e no almoço.

— Sara disse que você é uma grande escritora — Tide


começa, e cada centímetro de mim fica tenso quando ele vem em
minha direção. — Não acredito que você precise se preocupar
com alguns mil.

— Eu não sou uma grande escritora. Eu sou apenas uma


autora, e alguns mil é muito dinheiro quando você é responsável
por cuidar de outro ser humano vivo, respirando, além de você.

Sua expressão muda com a minha declaração, e ele


murmura:
— Entendi — antes de puxar o fogão e entrar atrás dele.

— A mangueira de gás está boa. Você está segura para usá-


lo. — Ele sai detrás do fogão e então o empurra no lugar. Quando
ele termina, ele começa a se mover em direção à porta. Ele para
com a mão na maçaneta e se vira para olhar para mim.

— Se você pagar pelos materiais, farei um acordo com você


sobre mão de obra. Venho fazer o trabalho sozinho depois que eu
terminar meu outro trabalho do dia. Não será um grande
desconto, talvez algumas centenas de dólares, mas é alguma coisa.

Meu peito fica apertado e minha garganta queima.

— Dito isso, presumo que você deseja iniciar os reparos,


então você precisará me informar para onde deseja ir a partir
daqui.

Eu puxo uma respiração instável e solto.

— Você não tem que fechar um acordo ou fazer isso. Tenho


algum dinheiro reservado para reformas; usarei nisso. Mas
obrigada. Essa oferta é muito gentil.

— Se você tem certeza. Pegarei algumas coisas e começarei


esta noite. O teto não pode ser recuperado neste momento, mas se
conseguir tirar o carpete esta noite, você poderá salvar o piso por
baixo.
— Eu não quero que você tenha que trabalhar nisso quando
você já passou o dia inteiro em trabalho. Tenho certeza de que
você tem coisas melhores para fazer com seu tempo.

Vejo seus olhos brilharem de frustração.

— Minha filha está com a mãe dela esta semana, o que


significa que tenho tempo para matar. Se eu puder fazer isso
ganhando dinheiro, melhor para mim.

Filha.

Ele tem uma filha? Como não sabia disso? Quer dizer, não
estou atualizada com a vida das pessoas com quem estudei, mas
ainda verifico o Facebook de vez em quando, e isso deve ter
chegado em algum momento em meu feed de notícias. E ele disse
que ela está com a mãe. Isso significa que ele não está com a mãe
de sua filha?

— Você está bem com isso?

— Umm, sim, claro. Obrigada novamente por... bem, por


tudo. Eu realmente gostei disso.

— Sem problemas. — Ele ergue o queixo, se vira e abre a


porta, saindo. Sacudindo os dedos por cima do ombro, ele instrui:

— Feche a porta. Eu voltarei.


Fecho a porta e a tranco, em seguida, pergunto à minha casa
vazia:

— O que acabou de acontecer?

Não recebo resposta, então subo as escadas e verifico a


máquina de lavar para ter certeza de que não está vazando. Vendo
que não, vou para o meu quarto e deito no colchão inflável até a
hora de colocar minha roupa na secadora, porque uma coisa é
certa, quero pelo menos estar vestida quando voltar a ver Tide.
Capítulo Três
Aria
SENTADA no meio do meu colchão inflável, tomo um gole da
minha lata de coca cola enquanto assisto a vídeos de gatos
engraçados no meu celular. Minha internet demorará mais dois
dias, o que é bom, já que meu computador, TV e móveis chegarão
amanhã. Ter tudo aqui e no lugar tornará mais fácil para o técnico
conectar as coisas em meu escritório, na sala de estar e no meu
quarto. Nos últimos dias que estive em casa, não trabalhei. O
comédia-romântica que comecei a escrever foi substituído por um
tipo diferente de história romântica, uma que não tenho certeza
se tenho a capacidade de escrever, o que significa que não tenho
escrito nada. Algo com o qual meu agente e editor não tem ficado
nada felizes.

Ainda assim, foi bom fazer uma pausa na tecnologia. Mesmo


com acesso às minhas páginas das redes sociais e e-mail com meu
telefone, não senti a necessidade de verificar as coisas a cada
minuto. Respondo e-mails quando os recebo, a maioria vindo da
minha agente e editor, mas, além disso, tenho me escondido e
aproveitado esta pausa tão necessária.
Também consegui evitar ver meus pais, dizendo a eles que a
venda da minha nova casa foi concluída e que estou trabalhando
para deixar as coisas prontas para os carregadores que estarão
aqui em breve. Eles não ficaram felizes comigo ou com a minha
evasão, mas os amoleci com promessas de jantarmos aqui depois
que as coisas estiverem arrumadas.

Tomo outro gole da minha Coca para lavar o aperto na


minha garganta, em seguida, me inclino para o lado e coloco
cuidadosamente a minha lata ainda pela metade no chão. Sinto-a
vibrar contra meus dedos, e uma imagem de Tide, que está no
andar de baixo substituindo o teto da sala de estar, preenche
minha mente.

Posso imaginar sua camiseta azul escura apertada contra seu


peito musculoso, abdômen e braços enquanto ele martela na
parede de gesso do teto. O visual em minha mente é cristalino, já
que nas últimas duas noites o testemunhei arrancando o carpete e
removendo o teto molhado. Não falamos mais do que algumas
palavras um com o outro desde que ele está por perto, mas o
observei trabalhar sem ele saber que estou fazendo isso. Tenho
tentado me manter fora do caminho dele, para ser honesta
comigo mesma, o tenho evitado.

Quando ouço um estrondo alto e alguns palavrões não tão


agradáveis falados em voz alta, me levanto da cama e desço
rapidamente as escadas. Chego na sala e paro para olhar ao redor.
Há um pedaço de drywall quebrado encostado na parede, e Tide
está erguendo uma nova placa sobre sua cabeça e se movendo em
direção à escada no meio da sala.

— Você está bem?

Com a minha pergunta, ele se vira para olhar para mim.

— Está tudo bem — ele bufa, caminhando em direção à


escada e subindo os degraus de metal com facilidade praticada.
Corro pela sala e subo pelo outro lado dela. Uma vez que estou no
sexto degrau, levanto meus braços acima da minha cabeça,
colocando minhas mãos na parede de gesso enquanto ajudo a
segurá-la no lugar, enquanto ele puxa a pistola de pregos do cinto
de ferramentas em torno de seus quadris.

— Baby, que porra é essa? Desça.

— Não. — Não olho para ele. Subo mais um degrau para tirar
um pouco da pressão dos meus braços que estão começando a
tremer.

— Desça.

— Apenas faça o que você precisa — assobio, lutando para


manter meus braços levantados. Deus, preciso malhar.
— Jesus, porra — ele vocifera antes do som da pistola de
pregos disparar, e o barulho alto me fazendo pular a cada vez.

Apenas quando sei que é seguro fazer isso, abaixo meus


braços e começo a descer os degraus com a arma ainda
disparando. Quando o silêncio enche a sala, olho para cima e meus
olhos colidem com os de Tide. Ele está chateado. Mesmo sem
conhecê-lo realmente, posso ver a raiva em seus olhos e a firmeza
de sua mandíbula.

— Que porra você estava pensando? — O tom de sua


pergunta vibra pela sala e por mim.

Endireito meus ombros e levanto meu queixo.

— Estava ajudando.

— Vejo que você pensou isso, querida, mas o que você teria
feito se a escada cedesse com o nosso peso combinado?

Merda, não pensei sobre isso acontecendo.

— Certo... agora, o que você acha que teria acontecido se um


dos pregos ricocheteasse e acertasse você?

Droga, também não pensei nisso.

— Algo assim é possível?


— Pergunte ao meu amigo Tiny, que recentemente teve que
remover um do ombro.

Ai.

— Eu só estava tentando ajudar — digo suavemente.

— Você pode me ajudar não tentando me ajudar.

Sinto meu nariz franzir. Ele tem trabalhado sozinho,


obviamente, mesmo com sua força e experiência, não é fácil
instalar desajudado um drywall num teto.

— Por que não há caras aqui ajudando você? — questiono


quando ele desce da escada.

— Eu não preciso de ajuda com essas coisas — ele responde,


movendo a escada pela sala antes de ir para onde o gesso está
empilhado em um ângulo contra a parede. Observo seus braços
musculosos flexionarem enquanto ele agarra uma placa e mais
uma vez a levanta sobre a cabeça.

Quando ele alcança os degraus da escada e sobe,


instintivamente me movo para a frente sem pensar e o ajudo a
colocá-la no lugar, subindo pelo lado oposto.

— Sério?
Não me desculpo novamente. Apenas espero, sem encontrar
seu olhar. Ouço quando ele solta um suspiro irritado e pulo
quando o som da pistola de pregos me assusta. Quando a batida
alta chega ao fim, deixo meus braços caírem e começo a descer a
escada. Quando uma mão quente e forte envolve meus dedos,
paro com um pé firmemente no chão, o outro flutuando no ar.

— O que foi que eu disse?

Oh senhor. Pensei que ele estava chateado antes, mas estava


errada. Percebo quão errada eu estava quando olho para ele
através dos meus cílios.

— Só estou tentando ajudar.

—, de novo, não preciso de ajuda, se precisasse, ligaria para


um dos meus rapazes vir aqui e me ajudassem.

— OK. — Lanço meus braços no ar. — Mas não venha chorar


para mim se um desses pedaços de drywall bater em sua cabeça e
te nocautear.

— Não acontecerá — ele murmura, descendo da escada e


atravessando a sala para pegar outra peça. Mais uma vez, o vejo
colocar o peso sobre a cabeça, quando chega à escada, olha para
mim para se certificar de que não me movi.

— Não estou me movendo.


— Sim, eu aposto que isso está matando você — ele
resmunga, e estreito meus olhos nos dele.

Ele tem razão; meus pés estão coçando para mover e ajudá-
lo, mas se ele quer ser um macho alfa chauvinista que se recusa
ter ajuda, então que seja.

— Continue, senhor. — Varro minha mão e levanto meu


queixo, observando seus lábios se contorcerem enquanto ele sobe
os degraus. Então assisto com admiração, porque ele não parece
precisar de nenhuma ajuda enquanto levanta a peça no lugar e a
prega antes de pegar uma pistola de parafusos e adicionar
parafusos ao longo da costura.

— A assistente ficou em silêncio de repente. — Ele sorri para


mim, apoiando os cotovelos no topo da escada, parecendo muito
quente para o seu próprio bem.

— Ser um exibicionista não é uma boa qualidade.

— Então, você prefere que eu fique inconsciente no chão da


sua sala, sem ajuda à vista porque você se recusou a me ajudar?
— Ele levanta uma sobrancelha.

— Não seja chato. — Giro em meu calcanhar, ouvindo-o rir


enquanto entro na cozinha. Abro a geladeira e pego as coisas para
fazer um dos meus pratos favoritos. Um simples refogado com
macarrão de arroz, frango e molho tailandês.
Com o frango cozido, o macarrão fervido e os vegetais
prontos, misturo tudo e acrescento o molho, virando com uma
espátula e certificando-se de que tudo está uniformemente
revestido. Assim que termino, pego um prato e olho para a sala de
estar. Sei que não devo fazer o que estou prestes a fazer, mas isso
não me impede de andar ao redor da parede e fazê-lo de qualquer
maneira.

— Umm. — Corro minhas mãos que estão de repente suadas


pela frente do meu short quando Tide olha para mim.

— Não sei se você comeu, mas se não comeu, eu cozinhei e


tem o suficiente, se você quiser.

— Achei que teria que entrar lá e roubar um prato depois


que você desaparecesse lá em cima — diz ele, caminhando em
minha direção. — Cheira bem.

— Obrigada. — Mexo com a barra da minha camisa, em


seguida, viro para a cozinha com ele nos meus calcanhares. —
Você gosta de comida tailandesa?

— Eu nunca comi — ele responde enquanto pego outro


prato do armário e entrego-lhe um.

— Desculpe, isso é tudo que eu tenho, já que minhas coisas


não chegam em alguns dias.
— Você está tentando me fazer sentir mal? — Ele pergunta, e
paro com uma espátula cheia de macarrão, vegetais e frango
acima do prato na minha mão, em seguida, o vejo dar de ombros.

— Moro na minha casa há alguns anos e ainda uso pratos


descartáveis. Então, tenho que admitir, odeio lavar pratos.

— Você é um homem. Tenho certeza de que está enraizado


em seu DNA fazer tudo e qualquer coisa para evitar a limpeza de
qualquer tipo.

— Touché. — Ele sorri, e rio, em seguida, pego seu prato e


coloco um pouco de comida, porque a julgar pelo seu tamanho, ele
come muito. Assim que entrego a ele, dou um garfo de plástico,
em seguida, pego duas garrafas de água da geladeira, dando a ele
uma.

— Portanto, temos duas opções de onde podemos comer.


Nos degraus da varanda ou no chão em qualquer lugar da casa.

— A varanda funciona para mim — ele diz, e me movo em


direção à porta da frente, coloco minha garrafa de água debaixo
do braço e abro a porta. Quando saímos, sento-me no último
degrau da varanda e descanso meu prato contra os joelhos,
colocando minha água perto do meu quadril.

— É lindo aqui fora — diz Tide, sentando-se ao meu lado.


— É sim — concordo, me perguntando se algum dia me
acostumarei a morar em um lugar tão bonito como este.

Com o sol poente brilhando por entre as folhas das árvores,


lançando sombras no chão abaixo, faz com que pareça o cenário
de um romance de fantasia descrito por um autor. Como se a
qualquer momento um cavaleiro em um cavalo branco pudesse
cavalgar pela estrada, levantando poeira enquanto as fadas saem
das árvores, avisando da morte iminente. Balançando minha
cabeça, limpo esses pensamentos fantásticos.

— Eu sabia quando vi essa propriedade que precisava dela.


Então vi a casa por dentro e pensei duas vezes.

— Sua casa é sólida. Só precisa ser atualizada um pouco, mas


você escolheu bem.

— Obrigada. — Giro um pouco de macarrão em volta do meu


garfo e dou uma mordida. Mesmo sendo um prato que tenho feito
com bastante frequência ao longo dos anos, não como há um
tempo, então gemo em aprovação quando minhas papilas
gustativas acendem.

— Droga, isso é bom — diz Tide, e me viro para sorrir para


ele. — Faz algum tempo que não como uma refeição caseira.
— Exceto que esta não é uma refeição caseira. Este é um
saco de vegetais salteados, uma caixa de macarrão de arroz,
frango e uma garrafa de molho tailandês.

— Não veio de um drive-thru, então para mim, isso significa


que é uma refeição caseira.

Não é minha intenção, mas honestamente não posso deixar


de dar uma olhada nele. Ele não é magro de forma alguma. Ele é
grande e sólido, com músculos volumosos que proclamam que ele
se cuida, mas que ainda bebe cerveja e gosta de comer. De pé ou
sentada ao lado dele, me sinto pequena, e isso me faz sentir mais
feminina de uma forma estranha.

— Eu posso te dar a lista do que comprar na loja, e você


pode fazer isso algum dia. É muito fácil cozinhar tudo junto.

— As únicas vezes que dedico um tempo para cozinhar é


quando estou com a minha filha, e ela é muito exigente.

— Qual a idade dela?

— Ela tem quatro quase cinco anos.

— Essa é uma idade divertida — digo a ele em voz baixa. A


irmã do meu ex tem dois meninos, quando nos juntávamos, um
tinha quatro anos e o outro estava prestes a fazer seis. Algumas
das minhas memórias favoritas foram quando nós os levávamos
para o fim de semana. Mesmo estando exausta depois que eles
voltassem para casa, sempre gostei de tê-los por perto.

— Quantos anos tem seu filho?

— O quê?

— Você é jovem, quantos anos ele ou ela tem?

— Eu não tenho filhos — digo a ele com uma carranca, me


perguntando por que ele acha que tenho.

— Você disse que cuida de alguém. Achei que isso significava


que você tinha um filho.

Calor inunda minhas bochechas quando percebo como ele


pode ter interpretado mal o que disse e desvio o olhar dele,
baixando meus olhos para o meu prato.

— Eu não tenho filhos. Meu ex-marido trabalhava para mim,


durante nosso casamento, cuidei dele. Então, quando nos
divorciamos, ele pediu pensão alimentícia.

— Sério? — ele pergunta, nem mesmo tentando esconder


seu nojo. — Ele realmente lhe pediu pensão para que você
cuidasse dele depois do divórcio?

— Isso acontece o tempo todo. — Não sei por que essa é


minha primeira resposta. Não deveria ser. Meu ex Josh é
totalmente capaz de trabalhar e cuidar de si mesmo; ele apenas
tem um estilo de vida ao qual está acostumado. E como ele não
consegue ganhar dinheiro sozinho, ele espera que eu compense as
coisas, infelizmente, os tribunais concordaram com ele.

— Você tem razão, sim — ele murmura antes de continuar a


comer, e tento fazer o mesmo, mas me sentindo estranha e
envergonhada, cada mordida é forçada. — Minha ex me mandou
flores.

— O que disse? — Me viro para olhar para ele e ele encontra


meu olhar.

— No dia em que ela me deixou, me mandou flores, e o


cartão que dizia, quando eu as recebesse, ela e minha filha
estariam fora da casa que compartilhávamos.

— Ai.

— A única parte que doeu foi ela tirar minha filha de mim.

A dor em sua voz faz meu coração doer por ele, e eu me


inclino para ele, descansando meu ombro contra o dele.

— Eu sinto muito.

— Todos nós temos merdas em nossas vidas que doem. —


Ele cutuca meu ombro com o seu, em seguida, faz um gesto para o
meu prato. — Agora pare de me fazer sentir mal e coma.
Pressiono meus lábios para não sorrir e começo a comer,
observando os vaga-lumes ganharem vida enquanto o som do
chilrear dos grilos preenche o ar da noite, fazendo o momento
parecer de alguma forma mágico. Mesmo que seja apenas eu e um
cara que mal conheço compartilhando uma refeição e nada mais.
Capítulo Quatro
Aria
ACORDO com o som de um toque estranho e pego meu
celular no chão para verificar a hora, mas paro quando alguém
bate na porta lá embaixo.

— Merda. — Jogo meu cobertor para trás, rolo meu colchão


de ar sobre minhas mãos e joelhos, e me levanto. Olho ao redor do
quarto em busca de algo para colocar por cima da minha camisola
e vejo um moletom em cima da minha mala, puxando-o sobre a
minha cabeça enquanto desço as escadas correndo. Não sei que
horas são, mas sei que os carregadores devem chegar aqui hoje, e
é mais provável que eles estejam tentando arrombar minha porta.

Escorreguei no corredor, quase caindo de cara antes de me


endireitar e correr para a porta. A abro e pisco contra a luz do sol
brilhante que é quase cegante.

— Oi — ofego, adicionando cardio à minha lista de coisas


que provavelmente nunca farei, mas preciso começar a fazer.

— Aria Spencer?
Um cavalheiro de aparência muito rude pergunta com uma
prancheta nas mãos.

— Sim. — Puxo a barra da minha camisola para baixo do


meu moletom quando seus olhos caem para as minhas pernas.

Limpando a garganta, seus olhos encontram os meus mais


uma vez.

— Estamos aqui para entregar suas coisas.

— Excelente. — Fecho a porta ligeiramente enquanto tento


me esconder atrás dela. — Você pode me dar dez minutos para
me vestir?

— Certo. — Ele dá um passo para trás.

— Você se importa se colocarmos a caminhonete na frente


da varanda?

— De jeito nenhum. — Envio a ele um sorriso antes que ele


se vire para ir embora. Assim que ele está descendo as escadas,
fecho a porta e tranco-a, em seguida, corro de volta para cima
para vestir uma legging e uma camiseta enorme. Em seguida,
escovo os dentes e passo uma escova no meu longo cabelo louro-
morango antes de prendê-lo em um rabo de cavalo. Quando
termino, desço as escadas e abro a porta da frente para os três
caras que esperam na varanda.
Pelas próximas cinco horas, os oriento onde colocar as
coisas, deixando o material para a sala de estar na entrada e na
cozinha, já que as paredes ainda precisam ser pintadas e o carpete
ainda precisa ser colocado. Depois que terminam, dou a eles
algumas centenas de dólares como gorjeta, o que significa que
eles vão embora sorrindo enquanto estou exausta. Tudo foi
colocado em seu devido lugar, mas todas as caixas ainda precisam
ser desempacotadas, minha cama precisa ser montada e tudo
precisa ser arrumado. Levarei semanas, senão meses, para
colocar tudo em ordem.

Com um suspiro, vou até a geladeira para pegar uma Coca e


como o sofá está literalmente na cozinha, caio nele, coloco os pés
para cima. Depois de beber metade do meu refrigerante, coloco a
lata no chão e descanso minha cabeça contra o braço do sofá,
planejando apenas fechar os olhos por alguns minutos.

— Aria.

Uma mão quente toca minha bochecha e pisco meus olhos,


encontrando Tide com seu rosto a poucos centímetros do meu.

— Ei, você não respondeu quando bati — ele me diz


enquanto me sento.

— Que horas são?

— Quase seis. — Ele se senta no sofá ao meu lado.


— Sério? — Procuro o relógio na cozinha, certa que ele está
mentindo. Nunca fui o tipo de pessoa que tira uma soneca no meio
do dia, independentemente de quão cansada esteja, e com certeza
nunca dormi por cinco horas depois de dormir na noite anterior.

— Verdade. — Seus lábios se contraem, e então ele afasta os


olhos dos meus e olha ao redor. — Vejo que suas coisas chegaram
hoje.

— Sério, como você soube? — Pego meu refrigerante do


chão, ouvindo-o rir enquanto fico de pé. — Agora só preciso
desempacotar tudo — digo a ele enquanto levo a lata para a pia e
despejo o que sobrou no ralo antes de jogá-la na lixeira. Quando
me viro, o encontro me estudando, mas ignoro seu olhar e
continuo falando.

— Se você estiver bem, começarei a desempacotar meu


quarto e banheiro, já que não consigo desempacotar a cozinha
com todos os móveis aqui.

— Você quer ajuda?

— Ajuda? — Sinto minhas sobrancelhas se juntando.

— Ajuda a desempacotar suas coisas. — Ele se levanta do


sofá e dá um passo em minha direção. — Devo terminar a pintura
e o carpete na sexta-feira. Eu poderia te ajudar neste fim de
semana.
— Umm...

— Você pode me pagar com o jantar.

— Jantar?

Seus lábios se inclinam levemente. — Jantar. Você sabe,


aquela refeição que você come depois do almoço.

— Eu sei o que é jantar, mas tem certeza que quer me


ajudar?

— Minha filha está com a mãe dela neste fim de semana,


então estarei aqui ajudando você ou passando um tempo com
meu amigo Colton e sua esposa. E eles me fazem querer vomitar
com quão fofos são juntos.

— Colton se casou com Lisa? — pergunto, lembrando-me de


Colton, seu melhor amigo do colégio, e sua namorada de longa
data Lisa, que não era muito legal, mas ainda assim conseguiu ser
uma das garotas mais populares da escola.

— Como você conhece Colton? — Ele franze a testa, seu


olhar procurando o meu.

— Eu…. — Oh Deus, não quero dizer a ele quem eu sou, mas


sei que não posso mentir também.

— Fomos para a escola juntos.


Seus olhos se estreitam e as linhas entre suas sobrancelhas
ficam mais profundas.

— Colton e eu éramos próximos durante o ensino médio e


não me lembro de você.

Provavelmente porque eu estava cerca de quinze quilos a


menos, morta de fome, eu acho, mas não digo. Em vez disso,
murmuro:

— Sim, não saíamos exatamente com o mesmo pessoal.

— Puta merda. — Seus olhos se arregalam quando ele dá um


passo para longe de mim como se eu pudesse contaminá-lo de
alguma forma.

— Aria Spencer, achei que você parecia familiar, mas...

Seu olhar me percorre dos cabelos aos pés, me deixando


desconfortável.

— ...Eu não coloquei dois e dois juntos.

— Sim, sou eu. — Agito meus braços ao meu lado, desejando


que pudesse de alguma forma vaporizar e desaparecer no ar. —
Então, Colton e Lisa se casaram afinal, hein? — Tento mudar de
assunto.
— Porra, não, Lisa é uma vadia. O nome de sua esposa é Gia.
Ela acabou de se mudar para a cidade, não tem muito tempo.

— Oh... bem... — Eu lambo meus lábios. — Bom para ele.

— Sim — ele murmura, parecendo que está tentando não rir.

Mudo de pé, sem saber o que fazer, então ele sorri, me


fazendo me preparar.

— Então a fora dos limites, Aria Spencer está de volta à


cidade.

— Fora dos limites?

— Querida, durante todo o ensino médio, todo cara novo


sabia que você estava fora dos limites.

— Eu nem sei o que isso significa. — Meu nariz torce.

— Isso significa que todos nós sabíamos que você era boa
demais para qualquer um de nós, então mantivemos distância.

Revirando meus olhos, suspiro.

— Isso é ridículo.

— Sim, mas ainda é verdade. — Ele balança a cabeça. —


Merda, deveria ter percebido que era você quando vi seus olhos.

— Meus olhos?
— Seus grandes olhos azuis de corça são difíceis de
esquecer.

— Oh — murmuro, não tenho certeza se isso é exatamente


um elogio.

— Então, sobre este fim de semana...? — ele pergunta,


fazendo com que as borboletas no meu estômago ganhem vida.

— Este fim de semana?

— Desempacotando. — Seus lábios se erguem.

— Certo. — Olho em volta para as caixas e móveis que nos


cercam. Nem quero desfazer as malas, então tenho dificuldade em
acreditar que ele quer fazer quando não precisa. — Tem certeza
que quer me ajudar?

— Eu não teria perguntado se não quisesse.

— Bem. — Eu lambo meus lábios. — Ok, eu agradeceria sua


ajuda.

— Isso é bom, já que eu apareceria aqui mesmo que você


dissesse não. — Ele ri, e começo a rir, em seguida, cubro meu
estômago quando ele rosna tão alto que estou surpresa que as
paredes não tremem.

— Você comeu hoje?


— Umm... — tento me lembrar. — Não sei. Foi um dia louco.

— Isso provavelmente significa não. — Ele puxa o celular do


bolso, baixando os olhos para ele enquanto liga a tela.

— Eu não jantei. Que tal eu pedir comida chinesa?

— Oh. — Lambo meus lábios novamente. — Certo. —


Encolho os ombros e ele sorri, colocando o telefone no ouvido.

— O que você está no humor para comer?

— Arroz frito com frango e abacaxi — digo, e ele me lança


um olhar que afirma claramente que está enojado. — O quê? É
bom.

— Acreditarei na sua palavra — diz ele logo antes de eu


ouvi-lo recitar nosso pedido, em seguida, ele enfia o celular no
bolso.

— Deve demorar cerca de vinte minutos. Pegue seus


sapatos, você pode ir comigo para pegá-los. — Ele se vira e pisco
em suas costas, em seguida, olho para baixo, vendo minha
camiseta grande demais, legging e pés descalços.

Andar com ele, como em sua caminhonete? Sozinha?


Devo ficar aqui por mais tempo do que imagino, tentando
encontrar um motivo para não poder ir com ele, porque quando
ele volta para a cozinha, ele franze a testa.

— Ari, temos que ir. A menos que você queira comer comida
chinesa fria.

— Certo. — Esfrego meus lábios.

— Eu volto já. — Eu não espero que ele responda antes de


me virar e subir as escadas. Quando chego ao meu quarto, pego
meu moletom com capuz tingido e coloco sobre a minha camisa,
em seguida, coloco um par de chinelos antes de pegar minha bolsa
e voltar para baixo. Encontro Tide na sala de estar, agachado e
inspecionando as latas de tinta que ele trouxe ontem.

— Pronto — digo, e ele se vira para olhar para mim por cima
do ombro, em seguida, fica de pé em sua altura total com tal graça
que é quase fascinante de assistir.

— Vamos. — Ele puxa as chaves do bolso e caminha até a


porta da frente, segurando-a aberta para que eu saia antes dele.
Uma vez que estamos na varanda, tranco a porta, em seguida, sigo
para sua caminhonete. Surpreendendo-me, ele abre minha porta e
espera que esteja totalmente acomodada antes de fechá-la. No
momento em que ele desliza para trás do volante, coloco o sinto
de segurança e estou segurando minha bolsa como uma tábua de
salvação, sem saber o que fazer com minhas mãos.

— Você precisa de um sistema de segurança para sua casa —


diz ele enquanto circula em torno do grupo de árvores altas no
meio do jardim da frente e desce o caminho em direção à estrada
principal. — Você é uma mulher que mora sozinha, então deve
tomar precauções.

— Já marquei uma visita. A empresa de segurança não


poderia vir até que configurasse a internet, e eu não queria fazer
isso até ter minhas TVs e meu computador — informo-o, irritada
porque, assim como todo mundo, ele pensa que sou incapaz de
cuidar de mim mesma. Eu sei que não deveria me incomodar, mas
me incomodo, o que significa que não posso evitar o suspiro que
deixo escapar quando me viro para olhar pela janela.

— Ari?

— Sim. — Seguro minha bolsa um pouco mais apertada


contra meu estômago que está dançando com borboletas por
estar tão perto dele, e me viro para olhar para ele.

— Eu diria a mesma coisa para minha irmã.

— Mmhmm — murmuro, mexendo-me no assento, sentindo-


me desconfortável por ser empurrada na mesma categoria que
sua irmã, especialmente quando acordei mais de uma vez no meio
da noite ofegante pelos sonhos de nós dois.

— Baby.

— Sim? — Prendo minha respiração esperando que ele diga


mais.

— Deixa pra lá. — Ele balança a cabeça antes de se


concentrar na estrada. Continuamos o resto do caminho em
silêncio, quando chegamos ao restaurante chinês, ele entra e volta
alguns minutos depois com uma sacola cheia de comida,
entregando-a para mim.

Meu estômago roncando e a música tocando suavemente são


os únicos sons em sua caminhonete enquanto ele dirige de volta
para minha casa até que estacionamos na minha garagem e vejo
uma Mercedes Benz estacionada na frente.

— Oh não — gemo quando os faróis de sua caminhonete


pousam em meus pais parados na varanda. E mesmo sabendo que
é estúpido, puxo meu moletom sobre meu cabelo e me abaixo em
meu banco em uma tentativa de me esconder.

— Eles já viram você — ele me informa, parecendo estar


sorrindo enquanto desliga o motor, fazendo com que o interior da
cabine fique preto.
— Eu sei. — O encaro, embora eu duvide que ele possa ver
meu olhar estreito através da escuridão. — Estou tentando usar
meus poderes mágicos para me teletransportar para uma
dimensão diferente.

— Merda, você esqueceu seu amuleto de teletransporte? —


Ele ri.

— Cale-se. — Sorrio, sentando e desafivelando meu cinto de


segurança.

— Eles são sua mãe e seu pai, certo? — pergunta, soando


repentinamente sombrio, e aceno.

— Sim — sussurro.

— Suponho que você não os esperava.

— Não. — Soltei um suspiro profundo.

— Eu disse a eles que os convidaria para jantar assim que


entregassem minha mobília. Eu não pensei que eles apareceriam
hoje.

O vejo olhar pelo para brisa e sei que ele reconhece os dois
por sua expressão azeda. A expressão em seu rosto não me
surpreende. Meus pais são bem conhecidos na cidade, não porque
sejam o tipo de pessoa que deixa uma impressão positiva e
duradoura em quem encontra.
— Tudo ficará bem. Talvez eles não fiquem muito tempo. —
Ele alcança a maçaneta da porta e o pânico enche meu peito. Não
quero submetê-lo nem mesmo a um momento da presença dos
meus pais.

— Espere. — Estendo minha mão rapidamente e pego a dele,


parando-o. — Eu... — limpo minha garganta. — Eu acho que você
deveria apenas ir.

— Ir? — ele repete, parecendo chateado ou magoado, eu não


sei qual, e não ajuda que não consiga ler sua expressão.

— É apenas...

— Você não tem que explicar. Entendo. Você não pode ser
vista com a ajuda. — Ele solta a porta e eu solto seu braço como se
ele me queimasse.

— Tide.

— Vá para dentro, Aria. — Ele liga o motor da caminhonete e


olha pelo para-brisa.

Fico olhando para o seu perfil por um momento,


silenciosamente implorando para que ele olhe para mim, e
conforme os segundos passam, a raiva enrola na minha barriga.

— Só para você saber, acho realmente idiota que você esteja


pensando o pior de mim sem me dar a chance de explicar. —
Coloco a sacola de comida no banco entre nós, me recusando a
olhar para ele quando ele chama meu nome quando saio e bato
sua porta.

Seus faróis iluminam o caminho para a minha varanda, e só


quando chego ao último degrau eles refletem contra o tapume
enquanto ele se afasta.

— Quem era aquele? — Meu pai pergunta em saudação, os


olhos dele e da mamãe focados por cima do meu ombro.

— O que vocês estão fazendo aqui? — pergunto, ignorando o


questionamento dele e a ligeira torção de suas palavras que me
permite saber que ele tomou alguns drinques esta noite.

— Viemos ver você e trazer o jantar. — Mamãe se vira para


mim, seu nariz franzindo enquanto seu olhar vagueia sobre mim
da minha cabeça aos pés. — Espero que você não tenha ido à
cidade vestida assim.

— Eu fui. — Não digo a ela que não saí da caminhonete.


Parte de mim só quer irritá-la. Outra parte de mim quer jogar na
cara dela que ela não tem mais controle sobre mim.

— Se você quiser encontrar outro marido, realmente deveria


se apresentar de uma maneira melhor — ela me informa,
puxando a bolsa Fendi que provavelmente custou uma pequena
fortuna sobre o ombro.
Como sempre, minha mãe está impecavelmente arrumada,
desde seu cabelo escuro tingido, que é puxado para longe de seu
rosto coberto de botox em uma torção apertada, até suas
sapatilhas pretas com um Fendi F dourado bordado na parte
superior. Eles combinam com a bolsa e o cinto, com calça preta e
uma camisa de botão branca bem passada que tenho certeza que
está coberta com goma o suficiente para fazer as rugas correrem
para se cobrir.

— Bem, então acho que é uma coisa boa eu não estar


procurando um marido. — Rolo meus olhos, ouvindo meu pai
bufar como se ele estivesse lutando contra o riso. Meus olhos
encontram os dele, e quando vejo seu sorriso caloroso, gostaria
que fosse real. Queria que seu sorriso e o calor por trás dele
fossem genuínos, mas não é.

Meu pai enquanto bebe é doce, engraçado e gentil, mas ele


não é realmente assim. Sóbrio, é implacável, frio, duro e
insensível. Jekyll e Hyde não têm nada contra ele. Enquanto minha
mãe é franca com sua desaprovação, meu pai se esconde
enquanto bebe, mas sempre se lembra quando fica sóbrio.

— Não a incentive, George — mamãe rebate enquanto ando


em direção à porta, tirando minha chave da bolsa.
— Ela é engraçada, Beatrice — ele murmura enquanto enfio
a chave na fechadura e empurro a porta, acendendo as luzes antes
de entrar.

— Achei que você pagasse pela mudança — mamãe diz, me


seguindo para dentro, com desaprovação clara em seu tom
enquanto caminho alguns passos para a cozinha.

— Eu paguei. — Largo minha bolsa no sofá e me viro para


encará-la enquanto ela olha ao redor.

— E você permitiu que eles deixassem seus móveis na


cozinha e no corredor?

— A sala de estar está sendo pintada e o carpete sendo


colocado. Não vi motivo para colocar os móveis lá, pois eles
teriam que ser retirados imediatamente — informo-a,
perguntando-me se eu terei que procurar um empreiteiro
diferente depois do que aconteceu com o Tide esta noite. Meu
coração afunda com a ideia de não o ver novamente.

— Isso faz sentido, querida — papai diz enquanto anda pela


casa, absorvendo tudo.

— É menor que a sua e de Josh, em San Francisco — ele


aponta quando seus olhos encontram os meus.

— Sim — concordo, não tendo muito mais a dizer.


A casa em que Josh e eu morávamos era grande, maior do
que a maioria dos recém-casados precisa, mas compramos essa
casa quando meu foco era começar uma família própria.

Numa época em que realmente pensava que estava


apaixonada e que também fosse amada. Por mais que eu desejasse
ter um filho meu, estou feliz que Josh estava esperando para
tentar, mesmo que na época sua decisão tenha me matado um
pouco. Não era que eu quisesse uma família com ele; era que
queria uma família, ponto final, uma família para eu pertencer e
que me pertencesse.

— Você falou com ele? — Papai pergunta, sentando-se no


sofá da cozinha e colocando uma bolsa, que eu não tinha notado
antes, na almofada ao lado dele.

— Não, não temos nada para conversar. — Eu me inclino


contra o balcão, cruzando os braços sobre o peito.

— Ele me disse que ligou para você — mamãe diz com um


suspiro que me irrita. — Ele está preocupado com você.

— Eu duvido disso. Pelo que nossos conhecidos mútuos


disseram, ele está namorando e vivendo sua melhor vida.

— Ele é solteiro. Você não pode culpá-lo por namorar.


— Mãe, eu não me importo com o que ele faz. — Tento
manter meu tom neutro, quando tudo que quero fazer é gritar.

— Claro que você se importa. Você o amava.

Eu não... nem acho que sei o que seja amor. Cada


relacionamento que tive em minha vida foi tóxico e cheio de
estipulações. Faça isso e eu te amarei. Aja assim e te amarei.
Compre-me isso e te amarei. Ninguém nunca simplesmente me
amou por mim, apesar de minhas falhas e fraquezas.

— Beatrice, você precisa esquecer isso. Ela e Josh voltarão a


ficar juntos, se estiverem destinados a ficar, mas não antes disso
— papai diz, e quero lhe perguntar se ele acha que mamãe e ele
estão destinados a isso, mesmo depois de todas as vezes que
mamãe explorou relacionamentos com outros homens, tanto
sexual quanto emocionalmente, durante seu casamento de trinta
e poucos anos.

— Pelo menos me diga que você ainda está planejando vir


para a nossa festa de final de verão, mesmo com Josh lá.

Oh Deus, como poderia esquecer a festa deles? Uma festa


que acontece todos os anos desde que me lembro. Uma festa que
meu ex insistiu em que participássemos enquanto estávamos
juntos. E uma festa para a qual, claro, minha mãe o convidaria,
mesmo agora que somos divorciados.
— Não tenho certeza. Depende dos meus prazos. — Minto já
que neste momento não tenho nenhum.

— É uma noite. Tenho certeza que você pode encontrar uma


maneira de fazer funcionar. — Ela olha para o relógio e olha ao
redor.

— Agora, mostre-nos o lugar. Seu pai e eu temos planos para


jantar com amigos.

Depois de reprimir uma maldição, mostro a casa para ela e


meu pai e juro que vou ter que comprar um pouco de sálvia
amanhã para livrar o espaço das más vibrações.
Capítulo Cinco
Tide
ANDANDO NA Rusty Rose, vou direto para o bar, precisando
de uma cerveja para limpar minha cabeça depois do que
aconteceu com Aria. Honestamente, não sei que merda aconteceu.
Eu não deveria ter reagido da maneira que reagi quando ela me
disse que eu deveria ir embora. Ela obviamente não estava feliz
com os pais dela estarem em sua casa, mas isso não mudava o fato
de que fiquei chateado e deixei transparecer.

Tendo crescido aqui, conheço os Spencer desde sempre, e


eles nunca hesitaram em julgar ou menosprezar qualquer pessoa
que encontrassem. Tenho certeza de que Aria estava tentando me
salvar de estar na presença deles, mas, naquele momento, parecia
que ela estava com vergonha de ser vista comigo. A pior parte é
que não deveria ter importado com isso; ela não é minha garota.
Nós realmente não nos conhecemos. Estou trabalhando na casa
dela, nada mais, pelo menos é o que continuo dizendo a mim
mesmo.

— E aí cara? — Colton bate seu punho contra o meu


enquanto sento no banquinho em frente a ele.
— Eu pensei que você estava trabalhando hoje à noite.

— Esse era o plano, então a merda ficou fodida.

Ou fodi com a merda, eu acho, observando enquanto ele


torce a tampa de uma cerveja antes de entrega para mim.

— Fodido como? — Ele se inclina contra o bar, cruzando os


braços sobre o peito e me estudando.

— Você se lembra de Aria Spencer?

— Do ensino médio? — Ele franze a testa.

— Sim. — Tomo um gole da minha cerveja. — Ela acabou de


voltar. Estou trabalhando na casa dela.

Sua cabeça inclina para o lado enquanto suas sobrancelhas


se juntam.

— Achei que ela estava morando em San Francisco com o


marido, ou pelo menos foi o que o pai dela disse da última vez que
se sentou exatamente onde você está agora.

— Ela se divorciou e comprou um lugar não muito longe de


você.

— Acho que faz sentido. Os pais dela estão aqui na cidade. —


Ele dá de ombros, então olha para o bar quando alguém chama
seu nome.
— Me dê um minuto. — Ele sai para preencher um pedido de
bebida, e puxo meu celular do bolso quando toca.

Quando vejo uma mensagem da minha ex, suspiro e abro.


Sem surpresa, ela está pedindo dinheiro, alegando que nossa filha
Olivia precisa de sapatos e roupas novas, o que ela realmente não
precisa, desde a última vez que estive com ela em uma semana,
comprei pra ela isso. Tenho certeza de que ela precisa de dinheiro
para fazer o cabelo ou as unhas, ou alguma outra merda.

Não querendo começar uma briga, eu mando uma


mensagem de volta, deixando-a saber que conseguirei tudo o que
Olivia precisa, mas não darei dinheiro a ela. Dois segundos depois
de enviar, um balão aparece na tela com a palavra IDIOTA em
maiúsculas.

— Acho que pela sua expressão você está falando com Anna
— afirma Colton, e viro meu celular voltado para baixo no bar.

— Ela quer dinheiro para comprar algumas roupas e outras


coisas para Olivia.

— Você não a levou para fazer compras no último fim de


semana?

— Eu fiz, e é por isso que disse a ela que não enviaria


dinheiro a ela, mas que daria a Olivia tudo o que ela precisasse.
Ele sorri.

— Tenho certeza de que ela ficou feliz em ouvir isso.

— Você sabe que sou um 'idiota' quando não estou dando o


que Anna quer.

— Ou você é sempre um idiota.

— Verdade. — Levanto minha cerveja em direção a ele,


depois tomo outro gole antes de perguntar:

— Como estão Gia e Gino?

Com a menção de sua esposa e filho, suas expressões


suavizaram e ele se inclinou contra o bar.

— Eles estão bem. Mamãe está em casa com Gia, com sorte,
forçando-a a tirar uma soneca.

— Ela ainda está tendo dificuldade para dormir?

— Ela não quer perder nada com Gino, e eu entendo, mas ela
está exausta.

— Ela é uma boa mãe.

— A melhor mãe e esposa — ele rebate com um aceno de


cabeça. — Ela dá tudo o que tem para mim e nosso filho.

— Há problemas piores para se ter.


— Você não está errado, mas também é meu trabalho cuidar
dela, mesmo que seja ter mamãe em casa assumindo o controle e
forçando-a a descansar.

— Você realmente acha que ela está fazendo isso? —


pergunto em dúvida, conhecendo Gia e como ela é teimosa.

— Provavelmente não, mas mesmo assim mamãe limpa,


lavar roupa e outras coisas, para que Gia não se preocupe com
isso — diz ele. — Agora me diga o que está acontecendo com Aria.

— Não está acontecendo nada. Estou apenas trabalhando na


casa dela. — Tomo um gole da minha cerveja.

— Você está mentindo — ele afirma uniformemente, e dado


o fato de que nos conhecemos e somos melhores amigos desde
que éramos crianças, não estou surpreso que ele esteja me
questionando sobre isso.

— Tivemos uma briga. — Larguei minha cerveja e balancei a


cabeça.

— Uma briga? — A preocupação marca seu tom, e eu sei que


ele está pensando em todas as brigas que Anna e eu tivemos ao
longo dos anos, brigas em que ela geralmente acaba jogando
merda e chamando a polícia.
— Não foi uma briga como teria com Anna, mas os pais dela
apareceram, e ela me disse que eu deveria ir embora e eu fiquei
puto...

— Por que ela pediu para você ir embora se você está


trabalhando para ela? — ele me interrompe, parecendo muito
curioso.

— Saímos para buscar comida. Quando voltamos para a casa


dela, eles estavam lá esperando por ela.

— Você saiu para buscar comida com ela? — Sua carranca se


aprofunda, e pego minha cerveja de volta, enquanto ele pergunta:

— Como um encontro?

— Não, ela ainda não tinha comido, e eu também não, então


fiz um pedido de comida chinesa.

— Você gosta dela.

É uma declaração, não uma pergunta, e balanço minha


cabeça.

— Não é assim — digo a ele, sabendo que estou mentindo


para ele e para mim mesmo porque foda-se se ela não é a
primeira mulher em anos a despertar meu interesse.
Ela é linda e fofa pra caralho quando ela se solta e relaxa
perto de mim, não me importaria de explorar seu corpo com
minhas mãos e boca. Só sei que não estou no espaço certo para
sequer pensar em explorar as coisas com ela, e depois de ouvi-la
falar sobre seu ex-marido, acho que ela também não. Ou talvez
seja isso que esteja me segurando. Eu não quero chegar até ela e
vê-la me rejeitar porque ainda está fodida por causa do ex.

— Continue dizendo isso a si mesmo.

Seu comentário me tira dos meus pensamentos e eu olho


para cima para encontrar um sorriso malicioso em seu rosto.

— Quando Gia e eu podemos conhecê-la?

Com sua pergunta, um plano começa a se formar em minha


mente.

— O que vocês estão fazendo no sábado à tarde?

— Nada.

— Todas as merdas de Aria acabaram de ser entregues hoje


e ainda estão nas caixas, e eu disse a ela que a ajudaria a desfazer
as malas neste fim de semana.

— Deixe-me ver se entendi. Você ofereceu à mulher para


quem você está trabalhando, ajudá-la a desempacotar as caixas no
seu dia de folga... e você não gosta dela?
— Deixa pra lá. Esqueça o que eu disse. — Suspiro.

Ele sorri, cruzando os braços sobre o peito. — Gia e eu


estaremos lá.

— Agora estou pensando que não quero que vocês dois


venham.

— Oh, estamos indo. — Ele sorri.

Merda, por que disse alguma coisa? — Este não é um convite


para você ou Gia fazerem a ela cento e uma perguntas.

— Você sabe que não tenho controle sobre o que minha


esposa faz ou diz, então não farei nenhuma promessa, mas posso
te dizer que ficarei bem.

Conhecendo Gia, não tenho dúvidas de que ela será legal


também, mas também sei que ela tende a proteger as pessoas de
quem gosta, então não sei o que pode acontecer. Ainda preciso
encontrar uma maneira de suavizar as coisas com Aria antes de
sábado, e não tenho certeza de como isso correrá.

— Falarei com Gia esta noite quando chegar em casa — diz


ele quando meu celular começa a tocar.
Quando viro, vejo que Anna está ligando. Não quero
responder, mas sabendo que Olivia está com ela, pego e coloco no
ouvido. Dois minutos depois, lamento ter feito enquanto ouço
Anna me dizer que pai e homem de merda eu sou, antes de acabar
desligando o telefone na cara dela, terminando minha cerveja e
depois vou para casa sozinho.

Com a intensão de ser uma oferta de paz nas mãos,


pressiono o cotovelo na campainha, recuo e espero, ouvindo o
som de pés batendo no piso de madeira. Quando a porta é aberta,
mordo um gemido. Poucas mulheres parecem bem minutos
depois de acordar, mas Aria com o rosto ainda marcado de sono, o
cabelo uma massa desgrenhada ao redor do rosto e ombros,
vestida com uma camiseta regata fina, shorts curtos e um robe de
algodão fino, é uma visão que eu não me importaria de ver todas
as manhãs pelo resto da minha vida.

— Tide. — Ela pisca, parecendo adoravelmente confusa. — O


que você está fazendo aqui?
— Eu estraguei tudo. — Empurro um copo de café em sua
direção, ela segura e dá um passo para trás quando entro na casa.

— Você... — Ela olha ao redor, parecendo adoravelmente


confusa, então encontra meu olhar mais uma vez — ...o quê?

— Na noite passada, eu não deveria ter reagido da maneira


que fiz quando você me pediu para sair. — Ando em volta do sofá
ainda no meio da cozinha e coloco a sacola de papel que estou
segurando no balcão.

— Você não deveria?

Me viro para olhar para ela, pegando-a enquanto ela coloca


uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, parecendo surpresa
com a minha admissão.

— Eu não deveria — repito enquanto começo a


desempacotar as baguetes e o cream cheese da sacola.

— São do Leo? — ela pergunta enquanto a sinto dar um


passo mais perto de mim.

— São. Você tem uma torradeira? — Sinto seu seio


pressionado contra meu bíceps, e o cheiro de lavanda enche
minhas narinas quando ela passa por mim para colocar seu copo
no balcão. O contato inocente não deveria me afetar, mas meu pau
incha, luto para não envolver meu braço em volta da cintura dela
e virá-la em meus braços para pressionar minha boca contra a
dela.

— Tenho. — Ela se afasta, alheia aos meus pensamentos, e


me viro para encontrá-la atrás de mim, arrancando a fita de uma
das caixas.

— Está em uma dessas caixas... ou deveria estar — diz ela


enquanto a abre e olha para dentro, puxando o que parece ser
uma bola de guirlanda de Halloween que provavelmente deveria
ter sido jogada fora. — Posso não ter organizado da melhor forma
quando os responsáveis pela entrega chegaram. — Ela sopra uma
mecha grossa de cabelo do rosto enquanto joga a bola no chão,
então ela cava mais fundo na caixa antes de fechar a tampa e abrir
outra. Quando ela começa a mover a caixa para o chão, a paro
colocando minha mão em cima dela.

— Podemos apenas usar o forno. Pelo que você sabe, a


torradeira pode estár no seu quarto.

— Você pode estar certo. — Ela sorri, e aquele pedaço de


cabelo com o qual ela está lutando cai em seu rosto.

Sem pensar, estendo a mão e toco sua bochecha, em seguida,


coloco o cabelo atrás da orelha, ouvindo-a inspirar
profundamente. Meus olhos caem para sua boca muito tentadora,
e ela dá um passo para trás rapidamente, sem perceber que o
braço do sofá está atrás dela.

— Merda. — Estendo a mão para pegá-la antes que ela


tropece, mas é tarde demais. Não sei o que espero que aconteça,
mas não espero ouvi-la começar a rir. Rindo, me movo para o lado
do sofá e olho para seu rosto sorridente.

— Você está bem?

— Estou bem, mas realmente preciso tirar o sofá da cozinha.


— Ela pega minha mão quando a estendo para ajudá-la a se
levantar, abaixa a cabeça enquanto ajusta sua regata e shorts.

— Obrigada.

— De nada.

Ela olha para mim e vejo com espanto quando suas


bochechas ficam rosadas. Eu não sei se eu vi uma mulher corar
desde que eu era criança, e há algo duradouro e seriamente
atraente na reação inocente. Não querendo que ela se sinta
desconfortável, dou um passo para trás, me viro em direção ao
fogão, acendo o forno e pergunto:

— Como foi com seus pais ontem à noite?


— Meu pai estava bêbado e minha mãe foi normal, julgadora,
então foi tão bom quanto você pensaria — ela diz, e levanto uma
sobrancelha enquanto olho por cima do ombro para ela.

— Você mora aqui há muito tempo. Tenho certeza de que


você já teve a experiência desagradável de entrar em contato com
meus pais antes. — Ela morde o lábio inferior quando começo a
cortar um das baguetes ao meio.

— Essa é a única razão pela qual pedi para você ir, ontem à
noite. — Ela cospe as palavras tão rapidamente que elas giram
juntas.

— Descobri isso assim que tive tempo para pensar sobre.

— Você pensou? Mas...

— Minha reação foi uma merda, você está certa. Eu conheço


seus pais, então, mesmo que não importe...

— Você pensou que eu estava com vergonha de você — ela


me corta, e levanto meu queixo em uma afirmação.

— Estava realmente salvando você. — Ela suspira enquanto


pega sua xícara de café. — Se eu não quero passar nenhum tempo
com meus pais, então não quero sujeitar qualquer pessoa a eles.

— Vocês não se dão bem?


— Sou indiferente a eles. Eu gostaria de não ser, mas a
realidade é que eles não são pessoas com quem eu escolheria ter
um relacionamento, mas o DNA não deixou essa opção comigo.

— Isso é uma merda, querida. — É um eufemismo e algo


com que nem consigo me identificar. Eu sou próximo da minha
família. Meu pai e eu somos unidos, e minha mãe ainda é tão
amorosa como sempre foi. Depois, tem minha irmã, que é uma das
minhas melhores amigas, embora more do outro lado do país.

— É o que é.

— Por que você voltou para cá então, se vocês não são


próximos?

— Este foi o único lugar que parecia certo quando comecei a


procurar lugares para onde ir, depois que decidi deixar São
Francisco. — Ela se vira de costas para o balcão, então pula para
se sentar nele. — Quer dizer, eu sabia que teria que ver meus pais
pelo menos a cada três meses depois de ficar sem desculpas para
continuar evitando-os, mas essa foi a frequência com que os vi
quando estava na Califórnia e sobrevivi a essas visitas — ela diz,
me fazendo rir. — Honestamente, eu provavelmente me dei um
tiro no pé. Tenho certeza, agora que estou em casa, eles esperarão
que eu apareça em suas festas e outras coisas, mas prometi a mim
mesma que só faria coisas que quero fazer de agora em diante, me
recuso quebrar uma promessa que fiz a mim mesma.
— Bom para você — digo a ela baixinho.

— Obrigada — ela sussurra enquanto pego uma panela do


escorredor de pratos ao lado da pia, coloco as baguetes nela e
coloco no forno sob a grelha.

— Então, qual é o seu plano para o dia?

— Umm... — Ela olha ao redor.

— Preciso começar a desfazer as malas, então tenho uma


ligação com minha agente esta tarde.

— Agente?

— Para meus livros. — Ela encolhe os ombros. — Ela está


tendo um colapso, porque eu não dei a ela outra ideia para a série,
e minha última editora está ansiosa para que ela lhes dê algo novo
depois da minha última série.

— Que tipo de livro você escreve?

— Ficção científica.

— Ficção científica — repito, incapaz de esconder minha


surpresa, e ela levanta uma sobrancelha. — Desculpe, pensei que
você diria romance. Eu não sabia que você gostava de ficção
científica.
— Bem, senhor, nós não nos conhecemos, e eu realmente
escrevo romance. Cada uma das minhas séries é centrada em
torno de personagens principais que se encontram lançados
juntos para lutar contra o mal. Ao longo de cada livro, eles se
apaixonam, o que na maioria das vezes os torna mais fortes e
impossíveis de serem derrotados.

— Entendi. — Inclino meu quadril contra o balcão. — Então,


no que você está trabalhando agora? — pergunto, e meu interesse
aumenta quando suas bochechas escurecem.

— Não estou realmente trabalhando em nada. Eu... só estou


tentando criar um esboço para o meu agente lançar.

— Você conseguiu alguma coisa? — Dirijo-me ao forno e


abro para verificar as baguetes. Vendo que eles estão marrom-
dourados, pego uma toalha e uso para tirar a panela.

— Na verdade não — ela diz, então soa incomodada


enquanto continua. — Por que nunca pensei em usar o forno para
torrar minhas baguetes?

— Provavelmente porque você sempre usou uma torradeira.

Sorrio e murmuro. — Também sou solteiro e não tenho uma


torradeira.

— Você não tem torradeira?


— Não diga isso como se eu fosse algum tipo de monstro.
Tive uma quando estava morando com minha ex, mas ela a pegou
quando saiu, e eu não me incomodei em comprar uma nova
depois que percebi que poderia simplesmente usar o forno.

— Isso parece muito lógico no pensamento dos homens.

— Fingirei que é um elogio. — Abro o cream cheese e


pergunto, — Salmão defumado ou noz-pecã com mel?

— Salmão defumado, por favor.

Quando começo a rechear sua baguete com cream cheese,


encontro seu olhar. — Então, como você normalmente cria uma
nova série?

— Até agora, é apenas algo que acontece.

— Tenho certeza de que se instalar aqui ajudará.

— Talvez — ela concorda, pegando o prato que eu entrego


para ela, então a vejo colocar os dois pedaços de sua baguete
juntos como um sanduíche e coloca o prato na mesa. Depois de
fazer meu próprio lanche, faço o mesmo e dou uma mordida.

— Leo ainda faz as melhores baguetes.

— O neto dele quem realmente os faz agora.

— Seu neto?
— Querida, quando estávamos na escola, Leo estava
chegando aos setenta. Ele se aposentou há cerca de sete anos.
Todos estavam preocupados que sua loja fosse fechar, mas seu
neto, que costumava passar os verões ajudando-o na loja, decidiu
se mudar para cá e assumir o controle.

— Isso é legal.

— Sim — concordo, terminando minha baguete e


enxaguando meu prato.

— Como não fiz nada ontem à noite, pintarei hoje. Então,


amanhã à noite, colocarei o tapete.

— Você não tem que fazer isso. Eu sei que você tem outros
trabalhos que precisam de seu tempo.

— Sim, mas este trabalho precisa do meu tempo agora. —


pego meu café, ando ao redor da pilha de caixas e sigo em direção
à sala de estar. — Grite se precisar que eu levante alguma coisa.

— Você sabe, eu poderia ajudá-lo a pintar se quiser.

Com essa declaração, me viro para olhar para ela. — Tudo


bem, mas você terá que vestir algo de que não se importe.

— Eu posso fazer isso — diz ela com entusiasmo enquanto


pula para fora do balcão. — Eu estarei de volta em um minuto.
Observo sua bunda enquanto ela se dirige para as escadas e
sei que acabei de me foder, porque quanto mais estou perto dela,
mais quero beijá-la. E eu acho que não tenho o tipo de força de
vontade que me impedirá de fazer exatamente isso.
Capítulo Seis
Aria
SEUS LÁBIOS pularam sobre os dela enquanto sua mão
percorria suas curvas e seus olhos se fecharam. Enquanto suas
respirações se misturavam, ela sabia que nunca seria a mesma se
ele a beijasse...

Sentada na minha mesa, meus dedos pairam sobre o teclado


antes de gemer e pressionar Delete, observando as duas últimas
frases que escrevi desaparecerem. Quando pensei pela primeira
vez em escrever um romance, achei que seria fácil, então o Tide
apareceu e bagunçou tudo. Agora, em vez de imaginar meus
personagens se beijando, estou imaginando como seria Tide me
beijar, percebendo que nunca senti uma atração verdadeira até
que ele voltou.

Cada vez que estou perto dele, meu estômago dança e meu
coração bate forte. A pior parte é que ele não tem ideia do efeito
que tem sobre mim, e estou morrendo de medo de que um dia,
quando ele fizer algo tão simples como tirar um pouco de cabelo
do meu rosto, me jogue em cima dele como uma mulher louca.
Usando as pontas dos pés, giro-me em um círculo, primeiro
observando a janela passar, depois minhas estantes de livros,
seguida pela porta do meu escritório. Talvez se eu girar rápido o
suficiente, de alguma forma consiga ter uma nova ideia de série
para o meu agente, para que eu possa parar de tentar fingir que
sei escrever romances.

— Oh meu Deus! — Grito, quase caindo da cadeira quando


vejo Tide parado na porta do meu escritório.

— Desculpe. — Ele ri enquanto entra na sala. — Eu não


queria te assustar.

— Esqueci que você estava aqui.

— Adivinhei pelo seu grito. — Ele se senta ao lado da minha


mesa.

— Você teve uma ideia para a série? — Ele se inclina para


olhar para a tela do meu computador, e fecho meu laptop.

— Não, ainda não. — Limpo minha garganta e empurro


minha cadeira para trás quando vejo quão perto estamos. — Está
tudo bem?

— Terminei com o tapete.


— Você terminou? — Sério, não deveria estar surpresa.
Ontem, quando o ajudei a pintar, aprendi em primeira mão como
ele é eficiente quando está trabalhando.

— Sim. — Ele se levanta, dá a volta na mesa até as estantes


que se alinham na parede, pega um dos meus livros que
desempacotei esta manhã e o vira para ler a sinopse. O observo,
lutando contra a vontade de correr pela sala para arrancar de sua
mão. — Isso parece bom.

— Você parece surpreso.

— De jeito nenhum. — Ele olha para cima e sorri para mim.

— Posso ficar com este?

— Se você quiser.

— Quero. — Ele caminha em minha direção, e meu pulso


começa a acelerar quando ele pega uma caneta do suporte na
minha mesa e a entrega para mim. — Posso pegar seu autógrafo?

— Você é ridículo. — Sorrio.

— Você pode escrever, ”Tide, você realmente sabe como


colocar um pouco de madeira. Com amor, Aria”?

— Não escreverei isso. — Balanço minha cabeça enquanto


assino meu nome com um coração e um rápido XOXO. Fechando o
livro, o entrego de volta para ele, em seguida, encontro seu olhar,
sem saber o que significa o olhar em seus olhos. Sei que me faz
sentir excitada.

— Então. — Movo minha cadeira para trás, porque mais uma


vez, estamos muito perto, me levanto e sigo para a porta. — Você
pode me ajudar a tirar meu sofá da cozinha?

— Já está feito — ele diz às minhas costas enquanto entro no


corredor.

— Eu teria ajudado você. — Passo pela cozinha, então paro


na beira da sala de estar.

— Eu nem quero pisar no carpete que parece tão bom —


sussurro, observando o carpete macio e cinza claro, as paredes
cinza-pluma e os rodapés e peitoris brancos puros que fazem a
janela de sacada parecer uma obra de arte.

— Eu não planejava começar qualquer tipo de remodelação


ou atualização por um tempo, mas agora olhando como está
bonito, sou grata por ter sido forçada a isso. — Cuidadosamente
entro na sala, como pensei que seria, meus pés afundam no
carpete. — Isso é tão legal. — Me inclino, em seguida, fico de
joelhos antes de rolar de costas, espalhando meus braços e pernas
como se estivesse fazendo um anjo de neve.
— Devo dizer que você é o primeiro cliente que tive que fez
isso.

Olho para o rosto sorridente de Tide de cabeça para baixo e


minhas bochechas ficam quentes. Deus, sou uma idiota e nem
pensei no que estava fazendo.

— É um tapete muito bom — admito, e ele me surpreende ao


se juntar a mim no chão.

— Você tem razão. É legal. — Ele vira a cabeça na minha


direção enquanto seus dedos roçam os meus.

— Você colocou alguma coisa em seu estômago além da Coca


que vi você pegar antes?

— Eu comi uma barra de chocolate.

— Uma barra de chocolate? — Ele levanta uma sobrancelha.

— Tinha nozes — informo-o, em seguida, prendo a


respiração enquanto ele rola para o lado e paira sobre mim.

— Isso não significa que seja uma refeição. — Ele sorri,


tocando seus dedos na minha bochecha. — Você tem uma pele
muito macia.
— Umm... obrigada. — Cravo minhas unhas em minhas
palmas para não o tocar, então relaxo quando ele se levanta do
chão.

— Vamos comer.

— Você quer dizer pegaremos comida?

— Não, quero dizer, vamos a um restaurante, estacionamos e


entramos para comer.

Acenando com a cabeça primeiro, então começo a balançar a


cabeça. — Não estou vestida para sair para comer.

— Querida, vamos comer hambúrgueres no Banger's, não


lagosta no... — Suas sobrancelhas se juntam. — Porra, eu não sei
onde você pode conseguir lagosta por aqui além do supermercado
e Red Lobster. Mas onde quer que você consiga lagosta cara, não
vamos lá.

Apertando meus lábios para não rir, aceno novamente.

— Tudo bem, mas pelo menos me deixe escovar meu cabelo


e colocar um jeans. — Sigo para a porta da sala sem dar a ele a
chance de me impedir.

Quando chego ao meu quarto, tiro rapidamente as calças de


ioga que não visto para praticar ioga. Coloco uma calça jeans que
é pouco confortável, mas não a ponto que não conseguiria comer,
então pego um suéter desleixado do meu armário e o coloco
enquanto coloco meus pés em um par de sapatilhas. Vestida, vou
ao banheiro para puxar meu cabelo do rabo de cavalo e passar
uma escova nele. Então, porque estou saindo com Tide a um
restaurante, adiciono algumas passagens de rímel, um pouco de
blush e de gloss antes de pegar minha bolsa e descer as escadas.
Quando chego à sala de estar, o encontro deitado no sofá, e tenho
que admitir que poderia me acostumar a encontrá-lo lá.

— Pronto — chamo, e quando ele não responde, tiro os


sapatos e caminho em direção a ele, sorrindo quando ouço seu
ronco suave. — Tide? — Me inclino para sacudir seu ombro, e
seus olhos se abrem. — Ei, você adormeceu. — Começo a me
mover para trás, mas ele agarra meu pulso, me assustando, então
se inclina, aproximando nossos rostos.

— Não precisamos jantar — sussurro enquanto seus olhos


percorrem meu rosto e cabelo. — Você está obviamente cansado.
Deveria apenas ir para casa e ir para a cama.

— Estou levando você para comer. Dormirei mais tarde esta


noite. — Ele me solta enquanto se senta, e dou um passo para trás
para lhe dar espaço para se levantar.

— Tem certeza? — pergunto, e ele me olha de novo, então


acena com a cabeça.
— Tenho certeza. — Ele tira as chaves do bolso enquanto
caminha em direção à porta, e coloca seus sapatos, em seguida, o
sigo para fora de casa, me perguntando o que está acontecendo,
durante todo o caminho para a cidade.

— Achei que você estava brincando quando disse que íamos


ao Banger’s Burgers. — Quebro o silêncio enquanto ele para em
um estacionamento lotado, encontrando uma vaga na lateral do
prédio vermelho brilhante. — Mas é um lugar real.

— O Banger's é propriedade de Lucas Brown. Não sei se você


se lembra dele, mas seu apelido quando jogávamos futebol era
Banger.

— Então, é dele este lugar? — pergunto, de repente me


sentindo nervosa com a ideia de encontrar meus antigos colegas
de classe, mesmo que seja provável que não se lembrem de mim.

— Sim, alguns anos atrás, ele e sua esposa voltaram para a


cidade e abriram este lugar. Eu acho que eles terão outro Banger’s
Burgers abrindo em Nashville em breve.

— Isso é impressionante. — Solto meu cinto de segurança,


então abro minha porta para sair, apenas para encontrá-lo lá no
momento em que meus pés tocam o pavimento.

Quando ele pega minha mão, está na ponta da língua para


perguntar se ele segura a mão de sua irmã, mas engulo a pergunta
sarcástica e o deixo me levar para o restaurante. No momento em
que entramos, sei por que o lugar é um sucesso. A atmosfera
parece uma festa, música animada está tocando nos alto-falantes
no teto e as pessoas estão de pé e brincando nas máquinas de
fliperama ao redor do lugar, com risadas enchendo o ar.

— A parte de trás é um pouco mais silenciosa — Tide me diz


enquanto me puxa para trás no meio da multidão até uma mesa
de canto longe dos videogames. Depois que deslizo para dentro da
cabine, ele se senta à minha frente e me entrega um bloco de
papel, que percebo que é na verdade um menu que eu tenho que
preencher com um dos pequenos lápis em um copo sobre a mesa.

— Você sabe o que pedirá? — pergunto enquanto examino


as opções para completar meu hambúrguer, incluindo uma lista
de batatas fritas e bebida especial, enquanto ele enche o seu
próprio.

— Eu sempre pego a mesma coisa, hambúrguer duplo,


bacon, todas as coberturas regulares, exceto cebola, em seguida,
um milk-shake. O que você está pedindo?

— Um cheeseburger, simples, com batatas fritas picantes e


uma Coca Diet.

— Você disse um cheeseburger simples? — ele pergunta, e


olho para ele.
— Sim, porquê?

— Você tem um mundo de magia de hambúrguer ao seu


alcance e está apenas escolhendo queijo?

— Gosto de cheeseburgers simples, se este lugar for tão bom


quanto você diz, deve ser o melhor cheeseburger que comerei em
toda a minha vida.

— Isso é verdade — ele murmura, em seguida, puxa o


telefone quando ele apita. Enquanto ele olha para a tela, ele
suspira, me deixando curiosa, então range os dentes enquanto
digita uma mensagem rápida.

— Está tudo bem? — pergunto quando ele coloca o telefone


virado para baixo na mesa.

— Sim. — Ele não diz mais nada, e franzo a testa enquanto


ele pega a lista do menu que acabei de preencher e fica de pé.

— Farei os nossos pedidos e irei ao banheiro. Volto já.

— Claro — concordo, virando-me para observá-lo por cima


do ombro enquanto ele atravessa a sala e entrega nossos pedidos
para uma linda morena de pé no balcão, que ri e cora enquanto
ele fala com ela. Não querendo ser pega olhando para ele, me viro
e bato os dedos no topo da mesa, tentando me convencer a não
sentir ciúmes, que é exatamente como me sinto, embora saiba que
seja ridículo.

— Desculpe...

Uma mão pousa no meu ombro e eu olho para cima, ficando


cara a cara com Jake, o filho do melhor amigo da minha mãe. Um
cara com quem namorei quando tinha dezesseis anos, porque ele
era o único cara que meus pais aprovavam. Um que ainda é,
infelizmente, bonito, com seu cabelo loiro sujo, olhos castanhos
profundos e uma mandíbula tão definida que parece que poderia
cortar vidro.

— Aria, merda, não pensei que fosse você.

— Jake? — Forço um sorriso.

— Minha mãe disse que você estava voltando, mas não


esperava vê-la aqui. — Ele balança a cabeça e se senta à minha
frente. — Como você tem estado?

— Bem — murmuro. — E você?

— Tenho estado ótimo. — Ele acena com a cabeça, então


continua com um sorriso presunçoso.

— Estou trabalhando para meu pai agora.

— Bom para você.


Me forço a não revirar os olhos. Quer dizer, sei que não há
nada de errado em trabalhar para sua família, mas o pai dele é
advogado na cidade, e sei que Jake foi expulso da faculdade depois
de passar três anos em festas, e nos últimos anos, não tem feito
nada além de viajar pelo mundo, vagabundeando como o garoto
do fundo fiduciário que é.

— Sim, tem sido legal. Muito o que aprender.

— Eu aposto — digo, e ele ri.

— Querida, chegue pra lá. — Nessa ordem, meu coração


acelera e eu olho para cima para encontrar o olhar de Tide e
mordo o interior da minha bochecha quando vejo o olhar em seus
olhos.

Não posso dizer que o conheço bem, mas se tivesse que


adivinhar, diria que ele está irritado. Conforme eu mudo alguns
centímetros para dar-lhe espaço, minha respiração congela
quando ele coloca o braço em volta dos meus ombros e pergunta
— Ei Jake, e ai cara, como vai?

Observo os olhos de Jake pularem entre mim e Tide, sabendo


que ele está fazendo um milhão de suposições, pior, ele contará
para sua mãe cada uma delas. — Nada de mais. Eu vi Aria sentada
aqui sozinha e parei para dizer oi.
— Muito legal. — O braço de Tide parece apertar em torno
de mim, e olho para ele com o canto do olho, sem saber o que
diabos está acontecendo pela terceira vez hoje.

— Eu devo ir. Tenho certeza que vocês dois querem um


tempo sozinhos. — Jake se levanta e sai da cabine. — Foi bom ver
você, Aria. Tenho certeza que te vejo na festa de seus pais.

Depois de dar a ele um aceno evasivo, o vejo desaparecer,


em seguida, empurro meu cotovelo na lateral do Tide, ouvindo-o
grunhir. — Você não acha que poderia demorar um pouco para
começar a flertar por ai e me deixar sozinho na próxima vez que
sairmos?

— Flertar? — Ouço o humor em sua voz, mas não me viro


para olhar para ele. Não posso, porque nunca quis dizer isso. Nem
sei por que disse isso. — Você quer dizer como se estivesse
flertando?

Balanço minha cabeça com aquele comentário e estreito


meus olhos nos dele. — Eu não estava flertando com Jake.

Sorrindo, ele toca meu nariz com o dedo. — Então quer dizer
que não gosta dele?

— Eu entendo que algumas pessoas não têm nada além de


boas memórias sobre seus primeiros relacionamentos, mas eu
não tenho isso. —Levanto minha mão e começo a marcar meus
dedos. — Jake foi o primeiro pior cara que eu já namorei. O
primeiro cara que me traiu, o primeiro a me fazer sentir que não
era bonita e a me fazer sentir que não era boa o suficiente. E
quero dizer, eu sei que minha família é má, mas a dele é... — Soltei
um suspiro profundo. — A família dele é pior.

Quando ele começa a rir, levanto uma sobrancelha. —


Desculpe, é só que eu o conhecia quando estávamos na escola e o
conheço agora, e não mudou muito. Ele ainda é um idiota que
pensa com seu pau.

— Você não está errado sobre isso — murmuro de acordo,


em seguida, pulo ligeiramente quando um pequeno disco no meio
da mesa começa a zumbir.

— Nossa comida está pronta — diz ele, agarrando a


campainha enquanto foge da cabine, e começo a fugir com ele,
mas paro quando ele balança a cabeça. — Eu pego.

— Eu posso ajudar. — Deslizo o resto do caminho para fora,


então me sinto como uma idiota quando chegamos ao balcão e ele
pega a única bandeja lá. Ignorando o olhar presunçoso de “eu te
avisei” que ele me dá, me torno útil pegando alguns guardanapos
extras antes de segui-lo de volta para a mesa.

— Então, sobre amanhã — ele começa enquanto me passa


um prato vermelho com meu cheeseburguer sobre um monte de
batatas fritas. — Gia e Colton irão em algum momento da tarde
para ajudar a desfazer as malas.

Parando com uma batata frita perto da minha boca, pisco,


certa de que ouvi errado. — O que disse?

— Colton e Gia irão por algumas horas para ajudar a


desfazer as malas.

— Oh. — Meu estômago se revira.

Como com Tide, eu não era amiga de Colton, mas sei que ele
e Tide eram próximos e obviamente ainda são. O que significa
que, se Colton ou sua esposa não gostarem de mim, minha
amizade com o Tide chegará ao fim, e isso não é algo que quero
pensar. Não quando ele é a única pessoa que sinto que tenho aqui,
não importa quão triste isso seja, já que ele só está realmente
saindo comigo porque eu estou pagando a ele pela reforma.

— Eles são legais. — Tide estende o braço sobre a mesa e


coloca a mão sobre a minha. — E você adorará Gia. Ela é gentil, e
acho que se você lhe der uma chance, vocês duas poderão ser
amigas.

Seu polegar alisa o topo do meu pulso, o contato fazendo


minha barriga vibrar.

— Ok — concordo baixinho, esperando que ele esteja certo.


— Ok — ele diz também baixinho antes de soltar minha mão.
Quando ele pega seu hambúrguer para dar uma mordida, sigo o
exemplo e afundo meus dentes no pão macio e quente, na carne
suculenta, no queijo derretido. Não posso dizer que é o melhor
cheeseburger que já comi, mas tenho certeza de que adoraria
qualquer coisa, contanto que estivesse sentado em frente ao Tide.
Capítulo Sete
Tide
— BABY, quem diabos embalou essa merda? — Eu seguro a
caixa de absorventes internos que acabei de encontrar sob uma
pilha de potes e panelas e vejo o rosto de Aria ficar em um belo
tom de rosa que rapidamente desce pelo pescoço.

— Eu estava com pressa. — Ela se estica para pegar a caixa


da minha mão, mas a seguro acima da minha cabeça.

— Me dê — ela ordena, descansando uma mão no quadril


enquanto mexe os dedos.

— Eu tenho uma mãe, uma irmã, uma ex e uma filha.


Absorventes internos não são algo que você precise ficar com
vergonha. — Balanço a caixa, quando o faço, os absorventes
internos voam e algo duro me atinge no topo da cabeça antes de
atingir o chão com um baque surdo.

— Não! — Aria grita, abaixando-se rapidamente e ignorando


os absorventes internos para encontrar o que quer que esteja
procurando. Quando a ponta da minha bota bate em algo, me
inclino e pego, me perguntando o que diabos é. Tem o tamanho de
um tubo de batom, mas é de plástico com um botão liga/desliga.
Curioso, pressiono, quando o faço, ele começa a vibrar.

— Oh Deus — Aria choraminga, e olho para baixo,


encontrando-a de joelhos, com a cabeça inclinada para trás,
cobrindo o rosto com as mãos.

— É isto...

— Não fale — ela me corta, levantando-se rapidamente e


arrancando-o da minha mão, depois desligando-o.

— Aria — começo a tranquilizá-la de que não tem nada para


se envergonhar, mas acabo agarrando-a quando ela tropeça nos
absorventes que ainda estão espalhados pelo chão enquanto ela
tenta fugir. Desequilibrando caiu junto com ela de costas
segurando ela contra o meu peito, montando uma das minhas
coxas.

— Tide — ela respira, colocando as mãos contra meu peito e


colocando pressão lá quando ela começa a se sentar. — Você está
bem?

— Bem. — Agarro seu quadril para impedi-la de se mover


contra o meu pau que está realmente feliz nesta nova posição com
ela. — Você está bem?
— Sim, tem certeza de que está bem? — Seus olhos
procuram os meus enquanto meu olhar cai para sua boca que está
a apenas alguns centímetros de distância.

Ouço sua respiração presa quando meu pau desperta e


espero que ela corra, mas me surpreendendo, ela se inclina para
frente, colocando sua boca contra a minha. Não querendo dar a
ela uma chance de se afastar, faço o que sempre quis fazer desde o
momento em que ela atendeu sua porta há mais de uma semana,
linda em seu nervosismo. A beijo de volta, chicoteando minha
língua contra seus lábios, gemendo quando ela geme e se abre
para mim.

Este beijo não é como os que eu já experimentei antes. Está


cheio de fome e desejo, enquanto seus seios pressionam
firmemente contra meu peito, minhas mãos se separam, uma
afundando em seu cabelo macio e grosso, a outra viajando para
seu quadril para segurá-la mais perto.

Arrancando sua boca da minha, ela balança a cabeça e geme.


— Esta é uma má ideia.

— Não é. — Me inclino e mordo seu lábio inferior carnudo,


em seguida, beijo sua mandíbula, seu pescoço, meu pau lateja
quando ela inclina a cabeça para trás e crava as unhas em meus
ombros. Nós dois levantamos, e assim que estamos de pé, a pego,
minha mente em branco de tudo, apenas em levá-la a algum lugar
onde eu possa despi-la.

— Meu quarto — ela ofega, envolvendo as pernas em volta


dos meus quadris enquanto sua boca encontra meu pescoço,
fazendo meus joelhos ficarem fracos e meu pau lutar contra o
meu zíper. Quando minha bota bate no primeiro degrau, a
campainha toca e fecho meus olhos, rezando para que Aria não
tenha ouvido, mas sabendo que ela ouviu pela rigidez repentina
de seu corpo.

— Tide — Sua preocupação é audível.

— Não surte. — A coloco de pé dois degraus acima de mim, o


que nos deixa cara a cara.

— Eu sinto muito. Não sei o que estava pensando. Eu acabei


de...

— Pare — a cortei, segurando seu queixo com as duas mãos


antes que ela pudesse dizer algo que me irritasse. —
Conversaremos depois que Gia e Colton saírem.

— Conversar? — Ela parece confusa e horrorizada.

— Conversar. E sem pensar no que acabou de acontecer até


então. — Toco meus lábios nos dela rapidamente quando a
campainha toca novamente, então deixo seu rosto ir, apenas para
pegar sua mão e levá-la escada abaixo e ao redor das caixas na
cozinha. Quando alcançamos a porta, a coloco na minha frente
antes de abrir a porta, esperando que Colton e Gia sejam capazes
de distraí-la pelas próximas horas.

— Bom Dia. — Gia sorri, segurando um grande vaso de


planta que parece uma árvore trançada enquanto Colton, de pé
atrás dela com a mão em seu quadril, sorri para mim, levantando
o queixo.

— Bom dia. — Dou um passo para trás, puxando Aria comigo


para deixá-los entrar.

— Aria, Gia, Gia, Aria... e eu sei que ele ficou mais feio com o
passar dos anos, mas esse é Colton.

— Pare. — Aria me dá uma cotovelada no estômago,


fazendo-me grunhir e Colton rir.

— É bom ver você de novo, Colton, e bom conhecê-la, Gia.

— Também é um prazer te conhecer. — Gia se inclina para


dar um abraço em Aria.

— Eu amo sua casa. É tão fofa.

— Obrigada — Aria agradece, pegando a planta e abraçando-


a contra o peito quando Gia a entrega.
— E obrigada por vir ajudar hoje. Eu sei que desfazer as
malas não é a melhor maneira de passar um sábado.

— Estamos felizes em ajudar — Colton diz a ela, dando-lhe


um abraço.

— E com você apenas a cerca de oito minutos de nossa casa,


podemos correr para casa se Gino precisar de nós.

— Gino? — Aria pergunta

— Nosso filho. — Gia sorri.

— Ele está em casa com a mãe de Colton. — Ela pega o


telefone e clica na tela, mostrando uma foto de Gino dormindo,
muito adorável.

— Ele é tão fofo. — Aria pega o telefone para estudar a foto.


— Ele se parece com você.

— Você acha? — Gia questiona, estudando a própria


imagem. — Eu acho que ele se parece com o pai.

— Esse cabelo e nariz são todo seu — Aria diz a ela,


devolvendo o telefone enquanto as duas entram na sala.

— Então você não gosta dela? — Colton pergunta quando as


meninas estão fora do alcance da voz, e dou a ele um olhar que
afirma claramente que ele deve calar a boca. — Só perguntando.
Pego seu sorriso antes de caminhar em direção à cozinha,
querendo pegar os itens que ainda estão espalhados pelo chão,
incluindo o objeto que levou ao nosso beijo.

— Eu nunca a teria reconhecido se não soubesse quem ela


era.

— Eu não a reconheci — admito calmamente.

— Ela não se parece com a Aria de quando estávamos na


escola. — Como disse a ela, eu deveria ter percebido quem ela era
pelos olhos dela, porque quando estávamos na escola, ela
escondeu suas sardas lindas sob uma camada de maquiagem
desnecessária e passou fome para esconder a abundância de
curvas que ela tem agora.

— Ela ainda é bonita — diz ele, e resmungo minha


concordância, sabendo que bonita é um eufemismo.

Mas, não é apenas sua aparência que me excita; é ela. Aria,


lembrando da época do colégio era distante e inacessível. Hoje é
calorosa, acolhedora e um pouco insegura, o que a torna mais fácil
de se relacionar e muito mais atraente. Também estou
percebendo que, se eu não tocar direito, ela escapará dos meus
dedos antes mesmo que eu tenha a chance de segurá-la.
Depois que pego tudo, vou em direção à sala de estar, onde
as duas mulheres estão de pé perto da janela saliente, obviamente
falando sobre a planta que Gia trouxe.

— Ari — chamo, e ela se vira para mim.

— Nós subiremos para montar a sua cama.

— Oh. — Ela cora quando seus olhos encontram os meus. —


OK. — Ela lambe os lábios.

— Vocês precisam de ajuda?

— Nos conseguimos — asseguro-lhe antes de ir para o


segundo andar com Colton nos meus calcanhares.

— É apenas um palpite, mas parece que algo aconteceu entre


vocês dois — Colton afirma quando alcançamos o quarto, um que
fico surpreso ao ver que é espaçoso e totalmente remodelado com
tinta fresca e carpete que é quase idêntico ao que coloquei no
andar de baixo há apenas alguns dias.

— Algo aconteceu — concordo, arrastando a moldura da


cama para longe da parede, não tenho certeza se gosto da ideia
dela dormindo em uma cama que compartilhou com seu ex.

— Quer falar sobre isso?

— Não.
— Tudo bem — ele murmura antes de me ajudar a montar a
cama e colocar as mesinhas laterais no lugar.

Assim que terminamos o quarto juntos, seguimos pelo


corredor para um dos outros quartos onde arrumamos outra
cama, que não tem colchão, e colocamos as gavetas na cômoda
antes de descermos. Descobrindo que as caixas da cozinha
sumiram, vamos para o escritório de Aria, onde encontramos as
duas mulheres no chão, sentadas de pernas cruzadas, cercadas
por pilhas de livros.

— Tudo certo? — Colton interrompe a conversa, Gia e Aria


olham para nós.

— Estamos bem, querido — diz Gia com um sorriso para o


marido, enquanto Aria abaixa a cabeça, concentrando-se no livro
em seu colo.

— Aria está apenas tentando descobrir o que fazer com


todos os livros autografados que ela tem. — Ela acena com a mão.
— Eu disse a ela que ela precisa de uma parede de prateleiras na
parede posterior da sala de estar, mas ela não tem certeza.

— Eu posso construir isso.

— Você pode? — Os olhos de Aria encontram os meus.

— As prateleiras são fáceis. É isso que você quer?


Ela olha para os livros ao seu redor, em seguida, lambe os
lábios antes de encontrar meu olhar.

— Será caro?

Quero dizer a ela que ela pode me pagar de outra maneira,


mas mordo o comentário de volta, certo de que ela não achará
isso engraçado pelo menos não agora.

— Apenas algumas centenas de dólares pelo material.

— Mas e quanto ao seu tempo? Sei que as prateleiras


personalizadas são caras.

— Resolveremos isso mais tarde.

Balançando a cabeça, ela se levanta.

— Apenas os colocarei na garagem por enquanto. — Ela


começa a colocar os livros em uma das bolsas vazias empilhadas
perto de sua mesa, e Gia se levanta para ajudá-la, mas não antes
de me lançar um olhar de desculpas.

— Terminamos de arrumar as camas no andar de cima. Você


sabe onde deseja que as TVs sejam fixadas? — pergunto,
querendo mudar de assunto e colocá-la à vontade.

Fazendo uma pausa, seus olhos encontram os meus antes


que ela diga onde quer as TVs, e quando ela termina, Colton e eu
as colocamos no lugar e nos certificamos de que estão
funcionando. Quando terminamos, encontramos as meninas no
andar de cima pendurando roupas no armário principal e
dizemos a ambas que é hora de uma pausa. Pedimos sanduíches
em uma das lojas locais da cidade, fomos buscá-los e os levamos
para a casa dela para comer.

Sentado à mesa de jantar de Aria, sinto meu celular vibrar no


bolso e o pego. Mordendo de volta uma maldição quando vejo que
Anna está chamando, eu fico sem dizer uma palavra e me afasto
da mesa, em seguida, saio para a varanda da frente.

— E aí? — Atendo depois de colocar meu telefone no ouvido.

— Você precisa falar com sua filha — diz Anna, e antes que
eu possa perguntar se ela está bem ou o que está acontecendo, a
ouço gritar:

— Papai está ao telefone! Venha falar com ele.

— Papai? — A voz doce e tranquila de Olivia ressoa na linha,


e sento no degrau de cima, observando dois esquilos perseguindo
um ao outro em torno da base de uma árvore perto da garagem de
Aria.

— Ei, anjo, estou com saudades.

— Também sinto saudade.


— Está tudo bem?

— Mamãe está me fazendo comer couve de Bruxelas — ela


me informa, e faço uma careta, porque mesmo sendo um homem
adulto, eu não gosto de comê-las.

— Eu não quero comê-las.

— Eu sei que não, mas são boas para você.

— Eu não gosto delas — ela diz, e imagino seu beicinho, que


sei que é uma verdadeira tortura para testemunhar pessoalmente.
— Elas têm gosto de sujeira.

— Você já comeu sujeira antes? — pergunto a ela enquanto


luto contra o riso.

— Não, a sujeira é nojenta e a couve de Bruxelas é ainda


mais nojenta.

Sabendo que ela não está errada, pressiono meus lábios,


esperando que algumas palavras paternais de conselho ou
encorajamento venham a mim, mas foda-se, porque nada significa
além de:

— Você tem que ouvir sua mãe.

— Boa! — ela grita, então o telefone é empurrado e um


momento depois, Anna volta na linha.
— Obrigada por nada. Agora ela está deitada no chão
fazendo beicinho.

— Não a obrigue a comê-los se ela não quiser comê-los.

— Ela precisa, e talvez finja estar do meu lado, em vez de ser


uma porra de uma tarefa simples o tempo todo — ela sibila antes
de desligar.

Batendo meu celular no joelho, balanço minha cabeça,


irritado e furioso, duas emoções que pareço sempre sentir depois
de falar com minha ex. Hoje em dia, a única vez que Anna e eu
parecemos nos dar bem é quando ela quer algo de mim ou está
conseguindo o que quer. O resto do tempo, ela está gritando e
xingando ou me fechando completamente, o que é uma merda,
porque temos uma filha juntos, então devemos ser capazes de
falar sobre merda como adultos. Gostaria que pudéssemos nos
dar bem o suficiente para criar Olivia, mas com o passar do
tempo, estou começando a perceber que isso pode nunca
acontecer, não quando Anna me rotulou de bandido.

Levanto e coloco meu telefone no bolso, em seguida, abro a


porta da casa de Aria, ouvindo risadas vindo da sala de jantar.
Sigo naquela direção, e no momento em que atravesso a arcada, o
olhar de Aria encontra o meu, me fazendo esquecer meu
aborrecimento com Anna.
— Está tudo bem? — ela pergunta baixinho enquanto me
sento ao lado dela.

— Tudo bem. — Descanso minha mão em sua coxa sob a


mesa, dando um aperto e observando suas bochechas
escurecerem antes de soltá-la.

Ter Gia e Colton aqui hoje tem sido uma distração, o que é
bom e ruim, porque a corrente de tensão correndo entre nós é
como um fio elétrico, que só precisa da menor faísca para se
acender.

— O que você fará amanhã? — Gia pergunta a Aria enquanto


se inclina para o lado de Colton quando ele coloca o braço em
volta dos ombros dela.

— Nada. Eu tinha programado para continuar a arrumação,


mas como não há realmente nada depois de toda a sua ajuda hoje,
não tenho planos.

— Então você deveria vir amanhã à tarde e ficar comigo e


com Gino enquanto Colton está no bar.

— Eu adoraria isso.

— Combinado então. — diz Gia, e Colton olha para mim,


sorrindo.
Eu sei que ele está aliviado por ele e Gia gostarem de Aria,
especialmente porque ele nunca gostou de Anna. Ninguém que
significa alguma coisa para mim jamais gostou; meu
relacionamento com ela era separado de todos os outros, algo que
causava estresse em nosso relacionamento. Eu não queria que
fosse assim, mas não podia culpar minha família e amigos por não
quererem estar perto dela, não quando ela seria rude, exigente e
achava que agiria corretamente. O bom é que passar pelo que
passei me ensinou muito sobre o que quero e o que não quero em
um relacionamento. Também me mostrou o que procuro na
pessoa com quem fico.
Capítulo Oito
Aria
De pé na varanda da frente ao lado de Tide, a ansiedade
vibra no meu estômago enquanto observamos Gia e Colton irem
embora. Tê-los por perto o dia todo me distraiu do que aconteceu
entre nós esta manhã, mas com eles indo embora, fico nervosa
com o que pode acontecer e não estou nem um pouco animada
com a conversa que ele disse que teríamos.

— Eu disse que você iria gostar deles. — As palavras de Tide


me trazem dos meus pensamentos enquanto seu dedo mindinho
envolve o meu.

— Você estava certo, mas, eles são fáceis de se conviver.

— Eles são — ele concorda, dando um aperto no meu dedo


mindinho.

— Você está pronta para conversar?

Inclino minha cabeça para trás para olhar para ele. Sentindo-
me fora de forma quando nosso olhar se encontra, aceno quando
tudo que eu realmente quero fazer é correr.
Já que não tenho escolha a não ser acabar com isso, me viro,
volto para dentro e vou direto para a sala de estar com ele nas
minhas costas. Sento-me na beirada do sofá e vejo seus olhos
caírem para o meu colo, onde minhas mãos estão torcendo e seus
lábios pressionam juntos como se ele estivesse tentando não
sorrir. Quando ele se senta ao meu lado, viro-me para ele e
balanço a cabeça.

— Eu sei que o que aconteceu não deveria ter acontecido.


Gosto de você e... — Minhas palavras terminam em um suspiro
assustado quando ele agarra minha cintura e me puxa para seu
colo.

— Continue — ele ordena assim que me posiciona, e pisco


para ele, chocada por ele ser capaz de me mover como se não
pesasse nada e que ele ache que serei capaz de me concentrar
sentada assim.

— Umm. — Lambo meus lábios e tento me afastar, apenas


para tê-lo me segurando um pouco mais apertado.

— Aria. — Ele aperta minha cintura.

— Não consigo pensar sentada aqui. — Tento me afastar


novamente e sua mandíbula se aperta junto com as mãos.

— Talvez não tenhamos nada para conversar. Sua mão


desliza para baixo na parte superior da minha coxa, me fazendo
estremecer. — Talvez devêssemos apenas deixar as coisas
acontecerem e lidar com a merda quando ela surgir.

Engolindo em seco, meu estômago se agita enquanto me


concentro em sua boca que está a apenas alguns centímetros da
minha. — Não sei se isso... seria inteligente. — Levanto minha
mão e a coloco contra o peito dele. — Seria fácil deixar algo
acontecer entre nós, mas...

— Sem desculpas. — Ele agarra meu pulso, me cortando


enquanto levanta minha mão para beijar minha palma. — Quero
você. — Minha respiração fica presa quando ele belisca a ponta
dos meus dedos. — Eu sei que você me quer.

— Tide. — Seu nome termina em um sussurro enquanto ele


escova seus lábios contra os meus. — Não quero estragar o que
temos, complicando as coisas.

— Teremos muito tempo para pensar sobre por que não


devemos fazer isso, Aria, mas agora, preciso que você se
concentre em por que devemos. Não precisamos nos apressar.
Podemos manter as coisas casuais, mas sei que isso é inevitável,
então não há razão para negar.

Sei que deveria pedir a ele para explicar sua definição de


casual, mas em vez de fazer a coisa certa e não querer ouvi-lo me
dizer que ele só quer ser amigo de benefícios, digo. — Tudo bem.
— Porque ele está certo sobre uma coisa. Eu o quero, é inevitável.
Só espero que possamos manter as coisas separadas.

— Você sabe quantas vezes eu quis te beijar? — Ele roça


seus lábios contra os meus, então se afasta. — Quantas vezes eu já
me masturbei só de pensar em tocar em você? — Seus olhos
escurecem enquanto sua mão sobe pela minha cintura e sob a
minha camisa, seu polegar roçando meu mamilo, fazendo com que
a umidade surja entre minhas pernas enquanto um gemido passa
por entre meus lábios.

— Beije-me, Aria.

Nem mesmo tento negar. Me viro e coloco minha boca contra


a dele e puxo seu lábio entre meus dentes, ouvindo-o rosnar.
Quando sua boca se abre sob a minha, me perco na sensação de
suas mãos ásperas contra minha pele macia enquanto ele me
coloca de costas no sofá e se acomoda entre minhas pernas.
Levantando meu pé do chão, o envolvo em torno de seu quadril e
arqueio meu pescoço em direção a ele enquanto ele abaixa a
cabeça em direção à minha. No momento em que nossas bocas se
encontram, esqueço todas as minhas inibições. Todo o meu ser se
concentra neste momento e na sensação de seu peso
pressionando contra mim, envolvendo-me em calor e segurança.
Sem uma palavra compartilhada entre nós, ele se levanta do sofá
comigo em seus braços e me carrega escada acima para o meu
quarto, seus lábios encontrando os meus e sua língua deslizando
em minha boca.

Nunca me senti mais desejada do que agora.

Dentes rangendo e mãos vagando, eu sei que é assim que o


desejo desinibido deve ser sentido. Freneticamente, tiramos
nossas roupas um do outro, uma vez que chegamos à minha cama,
estamos ambos despidos. Deitada no meu travesseiro, vejo seu
olhar aquecido vagar sobre mim e luto contra o desejo de me
esconder de sua vista. Onde sou mole, seu corpo é duro e
tonificado.

— Você é perfeita. — Seu joelho atinge a cama, seus


músculos flexionando enquanto suas mãos vagam até o topo dos
meus joelhos, espalhando minhas pernas abertas. — Tão
extremamente perfeita.

Ele beija minha barriga, entre meus seios, meu queixo e


depois minha boca. Envolvendo meus braços em torno dele,
levanto meus quadris enquanto ele cutuca minha entrada. Sua
mão vem entre nós, e seus dedos deslizam através da umidade
que ele construiu antes de seus dedos deslizarem dentro de mim,
fazendo com que minhas costas arqueassem para fora da cama e
um gemido escapasse dos meus lábios.
— Cristo, você é apertada. — Seu polegar circula meu
clitóris. — Da próxima vez, beberei daqui.

Ele empurra seus dedos com mais força enquanto manipula


meu clitóris. Cravando minhas unhas em sua pele, grito quando
um orgasmo começa a se construir dentro do meu centro que se
espalha por cada centímetro de mim, fazendo-me sentir como se
estivesse desmoronando.

— Jesus — ele geme contra a minha boca enquanto gozo em


torno de seus dedos, então perco seu toque quando ele agarra seu
pênis, apenas para afundar em mim com um impulso suave.

Com meu orgasmo recente ainda na superfície do meu ser,


prendo minha respiração e sigo a onda enquanto Tide afunda em
mim mais e mais, seus quadris empurrando e o polegar
trabalhando em meu clitóris. Sei que não deveria ser possível
gozar tão cedo depois de apenas ter tido um orgasmo, mas não
estou mais no controle do meu próprio corpo. Ele me toca como
um violino, inclinando a cabeça e chupando primeiro um seio e
depois o outro em sua boca, me transportando para outra
dimensão e me enviando para o êxtase.

Gozo mais forte do que jamais pensei ser possível, com seu
nome na minha língua e luzes piscando atrás das minhas
pálpebras fechadas enquanto ele rosna, perdendo-se dentro de
mim. Eu o seguro com mais força, não querendo perder nossa
conexão, e ele cai em cima de mim, então rola de costas comigo
ofegando contra seu peito. Provavelmente deveria me afastar,
mas em vez de fazer o que provavelmente seria melhor para
minha saúde mental, deslizo minha mão em volta de sua cintura,
acaricio seu peito e caio no sono em seus braços.

— Aria. — Abro os olhos na manhã seguinte quando meu


nome é chamado e acordo para encontrar Tide sentado de lado ao
lado da minha cama, completamente vestido.

— Ei.

— Ei. — Minhas entranhas se retorcem quando ele passa as


costas dos dedos contra minha bochecha.

— Eu odeio dizer isso, mas eu tenho que ir. Encontrarei meu


pai para ajudá-lo com algumas coisas, mas voltarei aqui com o
jantar, se isso for bom para você.
— Oh, certo, claro. Isso soa bem. — Sento e coloco meu
cabelo atrás da orelha enquanto seguro os cobertores contra o
peito.

— Bom. — Ele se levanta e descansa seus punhos na cama


de cada lado do meu quadril antes de me beijar, então se inclina
para trás para procurar meu olhar.

— Divirta-se com Gia e Gino hoje.

Aceno, sem saber o que dizer, então o vejo sorrir de perto


antes que ele empurre para trás para se levantar e caminhar até a
porta. Quando ele chega lá, seus olhar me encontra e são
brilhantes.

— Vejo você mais tarde.

— Vejo você mais tarde — concordo, observando-o bater no


batente da porta duas vezes antes de desaparecer de vista.
Quando ouço a porta do andar de baixo fechar, olho para o relógio
na minha mesa de cabeceira e dou uma segunda olhada quando
vejo que já passa das nove.

— Vaca sagrada.

Descanso minha cabeça contra a cabeceira da cama, não


acreditando que passei a noite toda com Tide obviamente
dormindo ao meu lado. Quando estava com meu ex-marido,
acordava algumas vezes durante a noite, e cada vez que o fazia,
tinha cada vez mais dificuldade para voltar a dormir. Não que ele
fizesse algo para me acordar; ele não roncava e dormíamos
separados, ele no lado dele e eu do meu. Eu nunca soube o que
ficava me acordando, mas imaginei que era apenas tê-lo na cama
comigo. A única coisa boa naquela época era que eu acabaria
desistindo de dormir e saía da cama para escrever.

Sem saber se devo tentar desvendar o por que fui capaz de


dormir a noite toda com Tide, jogo as cobertas para o lado e vou
direto para o banheiro, ligo o chuveiro. Uma vez que a água está
quente, entro e lavo meu cabelo. Enquanto meus dedos cavam em
meu couro cabeludo, um filme começa a passar por trás dos meus
olhos fechados e grito: — Finalmente! — Eu abro a cortina do
chuveiro e pulo para fora da banheira, toda molhada. Enrolo uma
toalha em volta de mim, mas ainda acabo pingando água e sabão
no chão. Corro para o meu quarto, direto para a minha mesa de
cabeceira, para pegar o caderno e a caneta que mantenho lá.
Freneticamente, anoto a ideia da série que acabou de me ocorrer
e acabo enchendo três páginas de anotações, antes de voltar ao
banho para termina-lo, fazendo isso com um sorriso animado nos
lábios.
Sentada na varanda da frente, com um dos meus suéteres
mais grossos enrolado em volta de mim, vou e volto entre as
anotações que escrevi esta manhã e o documento que abri no meu
computador. Como não tive a chance de trabalhar em meu
argumento de venda para a nova série esta manhã, passei a tarde
com Gia e Gino, o que particularmente é muito mais adorável.
Então estou fazendo isso agora, enquanto espero o Tide chegar.
Quando ouço o barulho de seu motor subindo pela garagem, eu
olho para cima e meus olhos travam com os dele através do para-
brisa, fazendo com que um sorriso nervoso se erga em meus
lábios.

Hoje, ele me enviou algumas mensagens apenas para


verificar, algo que eu não esperava que fizesse, mas realmente
gostei mais do que provavelmente deveria.

Quando ele desliga o motor, o vejo estender a mão para o


banco do passageiro para pegar algo, então, um momento depois,
sua porta se abre e ele sai. Como um homem consegue fazer botas,
jeans e uma jaqueta ter uma aparência tão boa é uma novidade
para mim, mas nele, fica melhor do que até mesmo o terno mais
caro pendurado no armário do meu pai.

Eu lambo meus lábios enquanto ele sobe as escadas e vejo


seus olhos escurecerem de uma forma que acelera meu pulso.
— Sei que posso ter cometido um erro ao não ligar para
perguntar o que você queria comer no jantar, mas percebi que
não há muitas pessoas que crescem no Sul que não gostem de
frango frito, milho e macarrão com queijo.

— Você estaria certo sobre isso. — Fecho meu laptop e


prendo a respiração enquanto ele se inclina para me beijar.

— No que você estava trabalhando? — ele pergunta. — a


pergunta e o beijo me pegam desprevenida. — Aria.

— Desculpe. — Limpo minha garganta. — Uma nova série.

— Serio? Você chegou em alguma coisa?

— Sim, no chuveiro esta manhã, na verdade — admito, ele


sorri um sorriso que faz meu coração palpitar.

— Isso é ótimo, baby. Tenho certeza de que sua agente ficará


feliz — diz ele enquanto entramos na casa.

— Ela está. — Pego os pratos enquanto ele retira a comida


da sacola que trouxe.

— Enviei-lhe uma mensagem esta manhã e dei-lhe uma ideia


aproximada da história. Ela quer lançar na terça, então eu tenho
que entregar o esboço amanhã à noite.
— Estou feliz por você. — Sua mão repousa contra minhas
costas enquanto seus lábios roçam minha têmpora.

— Obrigada — digo baixinho, sabendo sem dúvida que estou


em apuros, porque com ele, não acho que casual funcionará. Não
quando poderia me acostumar com a maneira como ele me faz
sentir.
Capítulo Nove
Tide
QUANDO A CAMPANHIA toca, olho para onde Olivia está
meio pendurada, meio fora da cadeira na sala de estar, e suspiro
quando ela olha para mim e faz beicinho. Sei que ela sabe que sua
mãe está aqui e que ela não está mais feliz com isso do que eu.

— Eu não quero ir, papai — ela me diz enquanto me dirijo


para a porta, e meu peito dói quando ela sai da cadeira e corre
para mim, envolvendo os braços em volta dos meus quadris.

— Eu sei, anjo. Também não quero isso. — Minha mão


desliza sobre o topo de seu cabelo macio antes de espalhar a parte
de trás de sua cabeça. — Mas em uma semana, você estará comigo
novamente.

Nunca quis uma vida onde eu só a tivesse a cada duas


semanas. É por isso que, quando ela era pequena, estava
determinado a fazer as coisas funcionarem com sua mãe,
independentemente de nossos problemas. Mas com Anna, nunca
foi tão fácil. Ela não estava feliz e deixava isso claro com palavras,
ações, eventualmente, saindo. Olhando para trás, estou feliz que
ela teve a coragem de puxar o gatilho e pular do navio, porque eu
sei que nunca teria. Teria ficado com ela, mesmo se estivesse
infeliz. A campainha toca novamente, minha mandíbula aperta
antes de me forçar a relaxar.

— Vá embalar seus brinquedos — digo a ela, sabendo que


ela tem roupas na casa da mãe, então ela não precisa levar essas
coisas com ela.

— Ok, papai. — Ela abaixa a cabeça enquanto segue pelo


corredor para seu quarto.

Tiro meus olhos dela e abro a porta, e Anna coloca a mão em


seu quadril. Sei que a maioria dos homens olha para ela e a acha
bonita, com seu cabelo loiro brilhante e olhos azuis, mas eu não
sou mais enganado pelo lindo pacote em que ela está embrulhada.

— Eu estava começando a pensar que você não estava aqui.

Não respondo. Abro a porta totalmente para ela entrar e


observá-la olhar ao redor como se estivesse procurando por algo.

— Pensei que você poderia ter companhia. Rumores na


cidade são de que você está saindo com Aria Spencer — ela fala
casualmente, virando-se para mim e inclinando a cabeça para o
lado. — Isso é verdade?

— Não é da sua conta. — Não estou surpreso que corram


boatos sobre Aria e eu, não quando passamos quase todos os dias
juntos desde a primeira vez que dormimos juntos semanas atrás,
e alguns daqueles dias, estávamos pela cidade, saindo para comer,
ir ao cinema ou apenas em loja. A única vez que não a vi foi
quando estava com Olivia, e mesmo assim parei na casa dela
algumas vezes para almoçar enquanto Olivia estava na escola.

— É problema meu se ela ficará perto de Olivia.

— Não comece essa merda, Anna. Você não me fala sobre


todos os caras com quem está namorando, e não tente mentir.

Levanto minha mão quando ela abre a boca.

— Olivia me disse que ela tomou café da manhã com mais de


um de seus “amigos” — faço aspas no ar — Quando eles ficaram
com você.

— Aqueles caras eram apenas amigos.

— Correto. — Balanço minha cabeça, sabendo que ela está


falando merda. — Quando eu decidir que é hora de Aria conhecer
Olivia, avisarei você, só porque não preciso que você enlouqueça
Olivia quando ela lhe contar sobre isso.

E Anna perderia a cabeça se Olivia voltasse para casa um dia


para contar que conheceu minha namorada, porque mesmo que
ela não me queira em sua cama, de alguma forma ela pensa que
ainda sou dela.
— Então você as apresentará?

Vejo suas sobrancelhas se arquearem de surpresa e sei que


é porque nunca trouxe uma mulher com quem estou saindo perto
de Olivia. Então, novamente, nenhuma delas era mulher com
quem pudesse ver um futuro.

— Eventualmente, sim — concordo, e ela começa a abrir a


boca para dizer algo, mas Olivia aparece no seu caminho para a
sala de estar.

— Oi mamãe. — Ela vai até Anna, e vejo as duas se


abraçando.

Não posso dizer que Anna foi boa para mim ou que nos
damos bem, mas devo admitir que ela é uma ótima mãe para
nossa filha. Mesmo com o drama que parece girar constantemente
ao nosso redor, ela coloca Olivia em primeiro lugar, e isso é algo
pelo qual sou grato.

— Você se divertiu com seu pai esta semana? — Anna


pergunta a ela, pegando a mochila roxa com glitter que ela está
segurando.

— Eu sempre me divirto com o papai. — Olivia olha para


mim e revira os olhos, fazendo-me perguntar o que diabos farei
quando ela chegar à adolescência.
— Você viu a vovó e o vovô?

— Sim, e a vovó me deu um novo jogo de chá para quando eu


estiver na casa dela.

— Isto é engraçado.

Se eu não soubesse, acharia que o sorriso dela era falso, mas


não é. Anna não tem nenhum tipo de relacionamento com meus
pais, algo que ela odeia, mas é muito teimosa para mudar, então
ela sempre pressionou Olivia para ter um relacionamento com
seus avós. Não faz mal que sempre que ela precise de algo, minha
mãe e meu pai estejam lá, independentemente do fato de
gostarem ou não dela.

— Você está pronta para ir? Precisamos parar no


supermercado a caminho de casa.

Em vez de responder, Olivia se vira para mim, e no momento


em que ela está perto, a pego e ela envolve seus braços em volta
do meu pescoço, me dando um aperto forte.

— Eu te amo, papai. — Ela se inclina para trás para olhar


para mim. — Você virá à minha festa de aniversário na escola?

— Você me deixará comer alguns de seus cupcakes?

— Você pode ter um.


— Que tal dois?

— Ok, dois. — Ela desiste enquanto seu narizinho fofo torce.

Sorrindo, beijo sua bochecha, em seguida, coloco-a de pé,


encontrando o olhar de sua mãe.

— Deixe-me saber o que preciso levar para festa.

— Eu te enviarei uma mensagem.

Erguendo meu queixo, levo as duas até a porta, dando mais


um abraço em Olivia. Fico na porta enquanto elas entram no carro
de Anna e sorrio para Olivia quando ela faz uma careta engraçada
para mim pela janela traseira. Assim que saem da garagem, eu
entro na minha pequena casa de dois quartos e atravesso a sala de
estar, pegando os livros de colorir, brinquedos e outras coisas
aleatórias que Olivia arrastou para fora de seu quarto na semana
passada e guardo tudo. Limpo os pratos, coloco-os na máquina de
lavar, em seguida, dobro a roupa que está empilhada, sem me
preocupar em guardá-la. Quando a casa está um pouco de volta ao
normal, faço uma mala e vou para a academia onde me
encontrarei com Colton para um treino antes de ir para a casa de
Aria, jantar e passar a noite.

Quando chego à academia quinze minutos depois, estaciono


ao lado da caminhonete de Colton, desligo o motor e saio,
pegando minha garrafa de água. Vou em direção ao edifício e
examino a sala quando entro, notando Colton nos pesos, com os
olhos em uma das salas menores na parte de trás e uma carranca
no rosto.

— O que está acontecendo? — O cumprimento, tirando meu


capuz, e ele se vira para mim, balançando a cabeça.

— Gia colocou na cabeça que ela precisa perder seu peso de


bebê, então ela arrastou Aria aqui para ter uma das aulas de spin
hoje.

— O quê? — Olho para a sala e vejo Aria em uma bicicleta de


spin, vestindo um par de leggings justas e uma camisa cortada que
está pendurada em um ombro, com Gia ao seu lado e alguns
outros homens e mulheres espalhados pela sala. Minha mandíbula
se contrai quando vejo o cara ao lado dela se virar e sorrir para
ela, dizendo algo que não consigo ouvir. O instrutor na frente da
classe os encoraja a ficar de pé e agachar como ele demonstra em
sua bicicleta de spin. Assistindo a bunda de Aria enquanto ela
segue, olho em volta, notando que alguns dos outros caras que
estão fazendo exercícios também estão observando o que está
acontecendo.

— Você entende como me sinto — diz Colton,

Tiro meus olhos da bunda de Aria e olho para ele.


— Bem-vindo ao mundo do ciúme. — Ele começa a levantar
os pesos que está segurando, e pego dois halteres de cinquenta e
faço o mesmo.

Quero negar que estou com ciúmes, mas porra, ele não está
errado, e a emoção é completamente estranha para mim, me
fazendo sentir coceira e nervoso.

— Como você lida com essa merda o tempo todo?

— Ciúmes? — Ele pergunta, e resmungo.

— Engula e supere isso. Também sei que Gia ignora os


homens quando eles estão vindo para ela, e ela é minha, então
isso ajuda — diz ele, em seguida, levanta uma sobrancelha. —
Aria é sua?

— Ela é minha, mas não tenho certeza se ela sabe disso.

— O quê? — Suas sobrancelhas se juntam em confusão.

— Eu não queria assustá-la indo muito rápido, então disse a


ela que poderíamos levar as coisas devagar e manter as coisas
casuais.

— Você é um idiota do caralho.

— Obrigado, filho da puta — resmungo.


— Você precisa falar com ela. Eu sei que não é algo que você
está acostumado a fazer, mas você realmente precisa ter uma
conversa que inclua palavras reais para que ela saiba o que está
acontecendo entre vocês dois antes que a merda exploda na sua
cara.

Ele tem razão. Preciso falar com ela sobre nós. Só espero que
as últimas semanas de estarmos juntos seja prova suficiente para
ela de que isso pode funcionar.

— Cristo. — Seus olhos encontram os meus no espelho à


nossa frente.

— Você está preocupado que ela não queira ficar com você.

— Ela acabou de sair de um casamento fodido e seu


relacionamento com os pais é uma bagunça — admito, algo que
confessou para mim recentemente.

Seus pais são o que a deixa mais ansiosa, mesmo que ela não
admita.

— Sim, e sua ex com quem você tem uma filha não é uma
princesa da Disney espalhando alegria por todo o lugar. Todo
mundo traz bagagem para um relacionamento; é sobre como
vocês dois se ajudam a lidar com a merda que é importante.
Ele abaixa os pesos e pega a água, tomando um gole antes de
me prender no lugar.

— O relacionamento de ninguém é perfeito. Sempre haverá


merda para resolver e lidar. Sair bem disso é que o torna mais
forte.

— Você tem razão.

— Eu sei — ele concorda, olhando para as janelas onde as


meninas estão. Faço o mesmo, notando o cara ao lado de Aria
falando com ela novamente enquanto o instrutor descia da
bicicleta para ficar ao lado de Gia com a mão nas costas dela.

— Você está com vontade de fazer uma aula de spinning?

— Então cade a parte em que você engolirá o ciúme sabendo


que Gia é sua? — pergunto sarcasticamente.

— Porra, não, não quando há um homem tocando nela — diz


ele, e sorrio, largando meus pesos.

— Vamos. — Aceno para ele entrar na classe antes de mim, e


quando nós caminhamos pela porta, ninguém percebe nossa
presença por causa da música techno tocando alta pra caralho.

Nós dois entramos e ficamos em bicicletas próximas das


duas garotas e começamos a pedalar enquanto o instrutor volta
para a frente da classe. Quando o cara na minha frente tenta
chamar a atenção de Aria novamente, meu primeiro instinto é
descer da minha bicicleta e deixar claro que ela não está
disponível. Mas me contenho quando percebo que ela está
tentando ao máximo ignorar a presença dele e parece mais
irritada do que feliz com a distração.

Quando a aula termina, fico surpreso com quão difícil foi o


treino e me pergunto como diabos sairei da bicicleta sem cair de
cara no chão. A julgar pela expressão de Colton, ele está sentindo
o mesmo. Aria e Gia saltam de suas bicicletas com facilidade,
quando se viram para pegar suas toalhas, ambas parecem
surpresas ao ver Colton e eu atrás delas.

— O que você está fazendo aqui? — Ouço Gia perguntar


enquanto Aria caminha em minha direção, sorrindo enquanto
coloca um moletom com zíper sobre a camisa.

— Colton disse que você malhava com ele. Eu não sabia que
você fazia essa aula também.

— Não fazia parte do plano. — Desço da bike, tremendo. — E


não tenho certeza se farei essa aula de novo.

— Esse assento é matador. — Ela sorri conscientemente


para mim, então se vira quando o cara que estava tentando falar
com ela antes pousa a mão em seu ombro.
— Eu sei que isso é um pouco ousado. — Ele olha
nervosamente para mim antes de se concentrar novamente nela.
— Mas eu queria saber se eu poderia conseguir seu número e
talvez possamos jantar ou algo assim.

— Oh... bem... — Ela mexeu no zíper de seu moletom


parecendo nervosa.

— Ela não está disponível — a interrompi, nem mesmo


tentando esconder meu aborrecimento.

— Mensagem recebida. — Ele sai, e olho para suas costas


enquanto ele vai, então me concentro em Aria.

— Você não está disponível — digo a ela, observando suas


bochechas escurecerem. — Nem um pouco.

— Tudo bem — ela concorda, parecendo insegura, e balanço


minha cabeça, bastante certo de que quando Colton disse que eu
precisava ter uma conversa com ela sobre onde vejo nosso
relacionamento indo, ele não quis dizer que ela era minha como a
porra de um homem das cavernas.

— Ei — Gia interrompe, me dando um abraço de um braço


só.

— Encontraremos vocês dois lá fora.


Aria acena para ela, então se vira para mim quando ela se
afasta.

— Então. — Ela limpa a garganta.

— Gia, Colton e eu estávamos conversando, no caminho para


cá, sobre todos nós jantarmos na casa deles esta noite. Está tudo
bem por você?

— Sim. — Pego sua mão e entrelaço nossos dedos, pegando


Gia e Colton indo em direção à saída. Eu pego meu moletom e
garrafa de água nunca a deixando ir.

Quando saímos, eles estão parados ao lado da caminhonete


esperando por nós, então vamos naquela direção.

— Aria me contou sobre o jantar. Nós pararemos na casa


dela para tomar banho, então nós iremos.

À menção de um banho, sinto os dedos de Aria flexionarem


contra os meus, então aperto-os.

— Veremos você em alguns minutos. — Gia sorri para Aria, e


Colton levanta o queixo para mim antes de levar Gia até a porta do
passageiro, abrindo-a para ela entrar.

Abro a porta para Aria, uma vez que sua bunda está no
banco, fecho-a, sigo para o lado do motorista e me sento atrás do
volante.
— Você se divertiu com Olivia? — ela pergunta enquanto
saio do local.

— É realmente sobre isso que você quer falar? — Olho para


ela, certo de que é a última coisa em sua mente, já que conversei
com ela de vez em quando ao longo do dia hoje e todos os dias da
última semana. — Você não quer falar sobre você e eu estarmos
em um relacionamento?

— Você não fez exatamente parecer que estava em debate.

Meus lábios se contraem com sua resposta sarcástica, e a


alcanço, pegando sua mão e arrastando-a para minha coxa.

— Porque falar agora? Achei que você queria coisas casuais.

— O que quer dizer?

— Foi você quem disse que poderíamos manter as coisas


casuais. Achei que era isso que você queria.

— Não, eu queria você, então disse o que pensei que você


queria ouvir. — Aperto a mão dela. — Eu sabia que você tinha
reservas sobre estar comigo, mas esperava que com o tempo você
visse que poderíamos fazer isso funcionar.

— Então você mentiu.

Porra, quero negar, mas é verdade.


— Sim, e por mais fodido que isso me deixe, mentiria
novamente para estar onde estamos agora.

— Onde estamos? — Ela tenta tirar a mão de debaixo da


minha. — Não pensei que fosse boa o suficiente para estar com
você.

— Diga-me, Aria. Quando, nas últimas semanas, eu fiz você


sentir que não era boa o suficiente para estar comigo? —
encontro o seu olhar quando paro no sinal vermelho. — Foi
quando apresentei você ao meu melhor amigo e sua esposa?
Quando fomos ao cinema, comer fora e irmos nas lojas? Ou talvez
fosse semana passada, quando minha mãe ligou e você conversou
com ela por vinte minutos depois que ela descobriu que eu passei
a noite com você e estávamos tomando café da manhã?

— Nós vamos…

— A resposta é nunca. — Balanço minha cabeça e coloco


meu pé no acelerador quando o sinal fica verde. — Eu sei agora
que deveria ter sido honesto sobre o que queria, mas você estaria
aberta a isso? — a vejo com o canto do olho enquanto ela se mexe
no banco, e sei que quando seus dedos relaxam, ela percebe que
não estaria. Ela teria lutado comigo durante todo o caminho,
mesmo se ela quisesse ceder. — Eu quero estar com você, Aria.
Posso ter feito a merda do jeito errado, mas quero ficar com você.
— Eu quero estar com você também. Estou apenas
preocupada — diz ela enquanto estaciono em sua garagem e
desligo o motor.

Quando ela solta a fivela, a puxo sobre o console do meio e


envolvo meus braços em volta de sua cintura, uma vez que ela
está acomodada no meu colo.

— Diga-me com o que você está preocupada.

— Meus pais. — Ela abaixa a cabeça e se concentra na minha


mão, onde a vira, passando os dedos sobre os calos. — Eu sei que
eles farão ou dirão coisas que te aborrecerá, não quero isso.

— Eu não me importo com o que sua mãe ou seu pai pensem


de mim, Aria. Me importo com o que você pensa. — Levanto sua
mão e beijo seus nós dos dedos. — Anna sabe sobre você e eu.

— O quê? Como assim?

— Alguém que ela conhece provavelmente nos viu na cidade.


— Meus lábios se erguem enquanto seus olhos caem para a minha
boca. — Não tentei esconder exatamente o fato de que gosto de
tocar em você ou de estar com você.

— Oh... — Ela lambe os lábios, em seguida, limpa a garganta.


— O que ela disse?
— Não muito, porque Olivia estava lá. — levanto minha mão
e passo meu polegar sobre seu queixo. — Ela perguntou se eu a
apresentaria à Olivia, e eu disse a que sim e que a deixaria saber
quando isso aconteceria.

— Você... você quer que eu conheça Olivia.

— Eu quero estar com você, então sim, quero que você


conheça minha filha. Também quero ter certeza de que você está
pronta para isso, porque nunca fiz isso com ninguém, então você
precisa ter certeza sobre nós antes de darmos esse passo.

Seus olhos caem de volta para nossas mãos, e ela pousa os


dedos dela sobre os meus, estudando-os. — Eu gosto de estar com
você. É fácil. Você me faz feliz e sinto que posso ser eu mesma.

— Você sempre pode ser você mesma quando estiver


comigo, Aria. Eu gosto de você do jeito que você é. E posso
garantir que não é a única que se preocupa com as merdas que
podem acontecer, mas é por isso que precisamos estar na mesma
página daqui para frente. Eu preciso que você confie em mim para
lidar com seus pais, e eu preciso que você confie que lidarei com
Anna se ela tentar começar um drama.

— Acho que se você pode lidar com meus pais, eu posso com
Anna.
— Bom. — a beijo quando ela se vira para mim. Quando me
afasto, seguro sua bochecha. — Nada muda entre nós, exceto o
fato de que eu sou seu e você é minha.

— Eu gosto disso — diz ela baixinho, descansando sua testa


contra a minha, e fecho meus olhos, me sentindo completamente à
vontade pela primeira vez em semanas.
Capítulo Dez
Aria
SENTADA EM MEU escritório, sorrio enquanto digito. Uma
semana atrás, deixei de lado o romance que estava tentando
escrever e comecei a construir um mundo totalmente novo.
Mesmo que minha agente não tenha me respondido com uma
oferta da editora para a qual ela a lançou, estou adorando cada
detalhe da história. A melhor parte é que fui capaz de adicionar
mais elementos de romance a esta série, sem pensar, escrevi Tide
como meu herói, um homem que é complicado, mas no fundo de
sua alma, doce à sua maneira. Quando meu telefone toca, atendo
sem verificar quem está ligando e coloco o telefone no viva-voz.

— Olá.

— Aria, é a mamãe.

Meus dedos escorregam das teclas e eu mordo uma


maldição. Além do texto ou telefonema ocasional, não vi meus
pais desde a última vez que eles apareceram na minha casa, o que
tem sido bom. Mas tenho certeza de que minha sorte está prestes
a acabar.
— Ei mãe.

— Nossa festa de outono está chegando e eu queria


confirmar que você estará lá. — Ela faz uma pausa, respirando
fundo. — E eu queria perguntar se você estava trazendo alguém
com você. — Sabendo que ela sabe que estou saindo com Tide,
porque lhe contei durante um de nossos telefonemas, fecho meus
olhos, me perguntando se ela reconhecerá que ele e eu estamos
num relacionamento.

— Posso levar três pessoas? — A última coisa que quero


fazer é ir à festa deles, e definitivamente não quero levar o Tide a
nada onde meus pais estarão presentes. Dito isso, não quero que
ele pense que tenho vergonha de estar com ele e tenho a sensação
de que isso aconteceria se eu não o convidasse para se juntar a
mim. Mas talvez se Colton e Gia pudessem ir, isso tornará as
coisas um pouco mais suportáveis, especialmente porque eu me
diverti cada vez que estive com eles.

— Apenas amigos? — ela pressiona, e rolo meus olhos.

— Mãe, eu disse que estou com o Tide, mas além dele,


também gostaria de levar alguns amigos conosco.

— Você acha que é inteligente com a vinda de Josh? — ela


pergunta, e cerro os dentes.
— Se você está preocupada com os sentimentos de Josh,
mãe, eu não irei.

— Não seja dramática, Aria. — Certo, porque eu sou a


dramática. — Traga seus amigos. Apenas certifique-se de que eles
saibam que precisam se vestir adequadamente.

Droga, esqueci completamente do fato de que a festa é um


evento onde as pessoas se fantasiam e se exibem. Não sei se Tide
alguma vez vestiu outra coisa além de jeans por dia em sua vida, o
que significa que ele pode estar chateado com a notícia de que ele
tem que usar um terno.

— Garantirei que eles saibam.

— Então, veremos você lá. Tenha uma boa-noite. — Ela


desliga, quando a linha cai, me pergunto se já ouvi minha mãe
dizer que me ama. Acho que não, e a única vez que meu pai disse
isso foi quando estava bebendo, e ele falava para qualquer pessoa
quando estava bêbado. Com uma sensação de vazio na boca do
estômago, eu me afasto da minha mesa e levo meu celular comigo
para a cozinha. Pego uma xícara de café antes de ir para a varanda
da frente, precisando de um pouco de ar fresco para ajudar a
limpar minha mente. Lendo um romance histórico no aplicativo
Kindle do meu telefone, sorrio quando o nome da minha agente
de repente aparece na tela com uma mensagem perguntando se
eu posso falar. Respondo que posso, e um momento depois, meu
telefone toca.

— Você tem boas notícias para mim? — pergunto assim que


atendo.

— Sim, tenho notícias muito, muito boas. — Sua empolgação


é audível, e como Rachel está sempre bem tranquila, mesmo
quando me liga para dizer que me conseguiu um contrato de seis
dígitos, sei que qualquer notícia que ela tenha agora deve ser
grande.

— Você tem seu e-mail disponível?

— Tenho.

— Veja o que acabei de enviar para você. — Coloco a


chamada no viva-voz, em seguida, vou para o meu e-mail, quando
vejo o esboço da oferta que ela enviou, meu coração dispara. O
adiantamento é muito maior do que eles me ofereceram da última
vez que assinei com eles, o que significa que acreditam na minha
nova série.

— O que você acha da oferta deles?

— Acho que aceito. — Sorrio.


— Agora, as melhores notícias, minha linda menina. — A
ouço se movendo, em seguida, uma porta se fecha. — Você está
sentada?

— Sim.

— A Paramount fez uma oferta esta manhã. Eles querem


levar The Winds para a tela grande como uma série de três partes,
se você concordar, planejam começar a filmar no final do ano que
vem.

— O quê? — Meu coração começa a bater acelerado


enquanto a adrenalina corre pelo meu sistema, fazendo minhas
mãos tremerem. — Você está brincando.

— Eu nunca brinco, Aria, e definitivamente nunca brincaria


sobre algo assim.

— Eu não sei o que dizer.

Acho que todo autor sonha em ter uma de suas histórias


ganhando vida, conhecendo o talento da indústria, nunca acreditei
que isso aconteceria comigo.

— Não há nada para você dizer. Tudo que você precisa fazer
é assinar os contratos quando eu os enviar, e partiremos daí.

— Obrigado, Rachel. Você é uma fazedora de milagres.


— Aria, não fui eu fazendo ligações e empurrando seu livro.
Isso foi tudo você. Eles leram sua história, adoraram e querem
trabalhar com você. Como eu disse quando procurei você, anos
atrás, sabia que você era talentosa e que haveria muitas coisas
boas em seu futuro como autora. Só tive a sorte de você me
aceitar para essa jornada.

Lágrimas enchem meus olhos e luto contra elas, sem


palavras. Rachel está ao meu lado desde antes de eu lançar meu
primeiro livro, e mesmo que ela pense em não tem nada a ver com
meu sucesso, penso de outra forma. Ela é bem conhecida na
indústria e as pessoas a respeitam e valorizam sua opinião.
Portanto, mesmo que ela não tenha enviado meu livro para a
Paramount, eu sei que eles viram o nome dela e levaram isso em
consideração.

— Eu amo você.

— Idem, menina linda, e mal posso esperar para ir ao set


com você e babar por quem eles escalarem como Hyde — diz ela.

Assim a imagino com seus óculos excessivamente grandes,


com seus longos cabelos grisalhos em um coque que é uma
diferença drástica das roupas muito boêmias que ela costuma
usar, em pé no set e flertando com alguma estrela de cinema
adolescente.
— Me certificarei de que tirarei fotos para que você possa
compartilhá-las com Charles — digo, e ela bufa.

Charles, o filho dela, está fazendo dezessete este ano. Ela o


teve quando completou quarenta anos, e ele odeia quando ela o
envergonha, principalmente quando flerta, o que ela faz muito.
Felizmente, o marido dela, Sr. Charles, só acha isso engraçado.

— Pela chance de estar no set de um filme, ele pode me


perdoar — ela diz com um riso em sua voz, então continua. —
Falaremos amanhã à tarde, quando eu tiver os contratos
finalizados. Tenho certeza de que teremos mais o que discutir,
mas até lá, aproveite sua noite e certifique-se de comemorar.

— Comemorarei — afirmo, observando a caminhonete de


Tide estacionar na garagem.

— Tenho a sensação de que preciso perguntar sobre o que é


essa felicidade em sua voz, mas teremos que conversar sobre isso
mais tarde. Tenho trabalho a fazer.

Rindo, balanço minha cabeça.

— Boa noite, Rachel.

— Boa noite. Conversaremos em breve.

Ela desliga e coloco meu telefone no bolso do cardigã quando


me levanto.
— Está tudo bem? — Tide pergunta, saindo da caminhonete,
e nem penso.

Pulo os degraus abaixo e corro pela calçada de terra, e assim


que estou perto dele, pulo em seus braços que felizmente se
abrem para me pegar.

— Jesus — ele grunhe enquanto envolvo minhas pernas em


torno de seus quadris, e coloco minha boca na dele, beijando-o
rapidamente antes de me afastar para agarrar seu rosto com as
duas mãos.

— Eu tenho as melhores notícias.

— Tem? — Ele sorri com a minha excitação e eu aceno. —


Você finalmente recebeu a oferta que estava esperando?

— Recebi. — Ele me coloca de pé e eu inclino minha cabeça


para trás para olhar para ele. — Mas a Paramount ligou e eles
querem transformar minha primeira série em um filme de três
partes.

— Você está me zoando. — Ele parece atordoado e eu rio,


descansando minhas mãos em seu peito.

— Você está bem?


— Devo dizer que estou chocado, mas terminei os dois
primeiros livros e acabei de começar o terceiro, então,
honestamente, não estou nem um pouco surpreso.

— Você tem lido meus livros? — Respiro, meu peito


parecendo estranho enquanto descanso meu peso contra ele. Meu
ex nunca leu nenhum dos meus livros, e meus pais com certeza
também não, então significa muita para mim. Mais do que ele
possa imaginar, por ter dedicado um tempo para lê-los. E ele não
está fazendo isso porque acha que me impressionará; mas só
porque quer.

— Você é talentosa, baby. Eu não tinha certeza se seria capaz


de os ler porque Dean Koontz normalmente é minha preferida
quando tenho tempo para ler, mas me peguei querendo descobrir
o que aconteceria a seguir e curtindo a série.

Me inclino na ponta dos pés para pressionar minha boca na


dele, e seus braços circundam minha cintura enquanto ele
aprofunda o beijo. Ofegante, quando ele se afasta deixo minha
testa cair em seu queixo e uno meus dedos atrás de seu pescoço.

— Obrigada.

— Pelo quê? — ele pergunta baixinho, abaixando o queixo


para que seus lábios descansem contra o topo da minha cabeça.
— Por apenas ser você — digo a ele, desejando poder fazê-lo
entender como é fácil ser feliz quando estou com ele.

— Aria — ele fala meu nome, com a voz rouca, enquanto ele
me segura com mais força.

Fecho meus olhos e me recomponho, em seguida, inclino


minha cabeça para trás para encontrar seu olhar.

— Fiz para nós guisado de Guinness1 para o jantar, mas


depois de receber as notícias sobre o filme, acho que quero ligar
para Gia para ver se ela e Colton estão dispostos a comemorar
conosco.

Ele me coloca em pé e pega minha mão para me levar em


direção à casa.

— Colton está no trabalho esta noite, mas talvez Gia possa


nos encontrar no Rusty Rose para uma bebida. Mas só depois de
comer um pouco do seu jantar. — ele diz, me fazendo rir.

Antes dele, eu realmente não pensei que pudesse cozinhar,


mas ele devorava todas as refeições que faço e as vezes come
todas as sobras.

— Isso funciona para mim — concordo enquanto entramos


na casa.

1
É um prato típico irlandês que tem como chave a cerveja irlandesa Guinness.
Enquanto ele toma banho, algo que ele faz toda vez que
chega na minha casa depois de trabalhar o dia todo, ligo para Gia e
compartilho minhas novidades. Enquanto conversamos, ela envia
uma mensagem de texto para a mãe de Colton, que quase
imediatamente, concorda em vir olhar Gino para que possamos ir
ao bar comemorar.

— Parabéns, Aria. — Colton levanta sua cerveja e Tide faz o


mesmo com a dele, enquanto Gia e eu seguramos nossas taças de
martini.

— Obrigada, pessoal. — Eu olho em volta da mesa.

Se você me perguntasse quando decidi me mudar para o


Tennessee, e como pensei que as coisas seriam, nunca teria
imaginado que encontraria um homem que me faz sentir como
Tide, ou amigos como Gia e Colton. Com cada um deles, encontrei
a facilidade de relacionamentos genuínos, algo que nunca tive
antes na minha vida, mas pelo qual sou muito grata.

— Você tem que prometer quando eles começarem a filmar


que eu irei ao set, especialmente se eles conseguirem alguém
como Chris Hemsworth para fazer um papel no filme — Gia diz, e
sorrio para ela.

— Ele é um pouco velho para qualquer um dos caras dos


meus livros, então duvido que ele fará parte do elenco.

— E você é casada e tem um filho, então não precisa ficar


perto dele de qualquer maneira — diz Colton, e Gia olha para mim
e revira os olhos enquanto sorri.

— Falando em ir a lugares... — Tomo um gole da minha


bebida e coloco minha mão na coxa de Tide. — ...A festa de outono
dos meus pais está chegando, e se vocês puderem vir, eu adoraria
que fossem comigo, porque então poderá ser realmente
suportável.

— Você não quer ir? — Gia pergunta, e eu balanço minha


cabeça.

— Não, meus pais e eu temos um relacionamento muito


estranho, e todos os seus amigos presunçosos estarão lá junto
com meu ex — admito, e os músculos de Tide se contraem sob
minha palma.

— Por que diabos seu ex estará lá? — ele pergunta, me


surpreendendo com seu tom, que soa mais como um rosnado do
que qualquer outra coisa.
— Ele e minha mãe são próximos. — Encolho os ombros,
tomando um gole da minha bebida.

— Jesus — ele murmura, passando a mão pelo cabelo que


deixou solto, parecendo um pouco mais selvagem do que
normalmente.

— Você não precisa me dizer que minha família é confusa. Já


sei que são.

— Por que você concordou em ir? — Colton pergunta.

Dando de ombros, respondo da única maneira que posso. —


Não sei. Culpa, talvez, mas não tenho certeza.

— Bem, eu estarei lá — diz Gia, e encontro seu olhar. — E se


for uma merda, poderemos sair e faremos outra coisa.

— Diga-me em que dia e eu terei a noite de folga. — Colton


suspira, deixando claro que a única razão pela qual ele está
concordando em ir é porque não quer que Gia vá sozinha.

— Você sabe que não deixarei você ir sem mim — diz Tide,
parecendo aborrecido, vejo Gia apertar os lábios como se
estivesse tentando não rir.

— Eu já volto. Vou verificar para ter certeza de que todos


estão bem. — Colton beija a bochecha de sua esposa antes de ir
para o bar.
Pego minha bebida e tomo um gole, engasgando quando vejo
ninguém menos que meu pai caminhando em uma linha torta na
direção do bar.

— Você está bem? — Tide esfrega minhas costas enquanto


pego um guardanapo para limpar minha boca.

— Meu pai está aqui. — Limpo minha garganta, e ele e Gia


olham ao redor. Mas apenas Tide se concentra no bar, onde meu
pai está se acomodando em um dos banquinhos, tentando chamar
a atenção de Colton. Quando ele finalmente consegue, eu o vejo
colocar algum dinheiro no balcão, e um momento depois, Colton
pega uma garrafa de Bourbon da prateleira de cima e enche o
copo até a metade, antes de olhar para Tide e compartilhar algum
tipo de conversa telepática.

— Tudo bem. Ele sempre fica feliz quando está bebendo.


Tenho certeza de que se ele viesse aqui agora, você pensaria que
ele era seu melhor amigo — garanto a Gia, que parece um pouco
nervosa, provavelmente esperando algum tipo de drama depois
do que acabei de dizer sobre meus pais e o meu relacionamento
com eles.

— Ele bebe muito? — ela pergunta.

— Sim. — Pressiono meus lábios enquanto ele termina sua


bebida em um gole e gesticula para outro, quase caindo do banco.
— quando eu era mais jovem, ficava muito envergonhada quando
ele ficava bêbado e agia como um idiota. Agora, já passei do ponto
de ficar envergonhada e fico apenas irritada por ele se recusar a
aceitar que tem um problema e pedir ajuda. — Devo ter certeza
de que ele tem uma carona.

Felizmente, ele nunca dirigiu bêbado, mas ficou conhecido


por pegar uma carona com estranhos aleatórios e acabar com sua
carteira perdida ou seus cartões de crédito roubados e esgotados.

— Eu irei com você. — Tide se afasta da mesa. Eu agarro seu


braço, e quando ele abaixa o queixo para olhar para mim, examino
seu rosto. Eu sei que meu pai é todo arco-íris e luz do sol quando e
está bebendo, mas se Tide ficar chateado, não sei como meu pai
reagirá a ele. — Estou bem, querida, prometo.

— OK. — Solto um suspiro e olho para Gia quando ela se


levanta.

— Estarei com Colton no bar.

— OK. — Deixo minha bebida para trás junto com minha


jaqueta e seguro a mão de Tide enquanto atravessamos o local.
Quando chegamos ao meu pai, ele está tomando sua segunda
bebida e olhando fixamente para a TV na parede atrás do bar, que
exibe os destaques do jogo de futebol.
— Pai. — Descanso minha mão em seu ombro, e ele se vira
para me encarar, seus olhos se enchendo de surpresa.

— Aria. — Ele olha em volta antes de encontrar meu olhar


mais uma vez.

— O que você está fazendo aqui?

— Estou aqui com Tide e nossos amigos — digo a ele, e seus


olhos caem para a mão de Tide que está segurando a minha com
firmeza, então sua cabeça se inclina para trás, sorrindo.

— Você é o novo namorado. — Ele ri, olhando para mim. —


Sua mãe tem reclamado dele sem parar.

— Pai — reclamo e ele sorri.

— Ouvi dizer que você vai à festa de outono. — Ele estende a


mão na direção de Tide. — Não sei se Aria avisou você, mas o ex
dela estará lá.

— Pai — repito, e ele dá de ombros.

— Ele deve ser avisado, especialmente quando sua mãe está


envolvida. Ela acha que você e Josh voltarão a ficar juntos.

— Eu nunca voltarei com Josh. Nunca.

— E eu não acho que você deveria, mas sua mãe não está
convencida.
— Tanto faz. — Eu balanço minha cabeça, pensando que esta
conversa é inútil. — Nós só queríamos ver se você precisa de uma
carona.

— Ainda não. Sua mãe saiu com uma amiga, então esperarei
até ela me dizer que está em casa e ir para lá.

Meu estômago se revira e seguro a mão de Tide com um


pouco mais de força. Faço uma careta ao pensar no fato de que
minha mãe provavelmente está com outro homem agora, e meu
pai sabe sobre isso, mas em vez de lidar com a situação de frente,
sentará aqui e beberá suas preocupações.

— Vocês querem se juntar a mim para uma bebida?

— Não, obrigado, estamos quase prontos para sair. — Mudo


de pé, me sentindo estranha.

Se eu tivesse um relacionamento normal com meu pai,


beijaria sua bochecha ou lhe daria um abraço e diria que o amo,
mas nosso relacionamento não é de forma alguma normal,
realmente, não me lembro da última vez que abracei qualquer um
dos meus pais.

— Vá para casa em segurança, pai, e se precisar de uma


carona, pode me ligar.
— Tudo bem — ele responde desapontado. — Vejo vocês
dois na festa.

— Sim. — Giro no meu calcanhar, vendo Gia e Colton


voltando para a mesa em que estávamos sentados.

Quando os alcançamos, pego meu casaco e o visto, olho para


nossas bebidas na mesa que mal foram tocadas, e encontro o
olhar de Gia. — Você ficará desapontada se partirmos?

— Nem um pouco — ela diz suavemente, olhando para meu


pai, que ainda está nos observando parecendo desapontado.

— Levarei vocês até lá fora — diz Colton pegando a mão de


sua esposa.

— Você está bem? — Tide me pergunta baixinho enquanto


caminhamos em direção a sua caminhonete, e olho para ele.

— Apenas aborrecida porque a primeira vez que você


conheceu meu pai, ele estava bêbado, mas não tenho certeza se
isso importa, porque ele provavelmente estará bêbado da
próxima vez que você o encontrar.

— Eu já o conheci, Aria. Ele simplesmente não se lembra de


mim.
— Excelente. — Suspiro, e ele para de andar, então me vira
para encará-lo, pegando meu queixo entre o polegar e o indicador
e empurra minha cabeça para trás.

— Já te disse antes, querida, eu não dou a mínima para o que


seus pais pensam ou fazem. Eu me importo com você. — Ele toca
seus lábios nos meus, então se inclina para trás. — Estamos no
mesmo time, ok?

Ele espera que eu acene com a cabeça, assim que o faço, ele
pega minha mão e me leva o resto do caminho até a caminhonete,
onde Gia e Colton estão parados.

— Sinto muito por esta noite, pessoal.

— Não se desculpe. Não é grande coisa — Gia me diz


baixinho antes de inclinar a cabeça para trás para olhar para o
marido.

— Vejo você em casa em algumas horas.

— Sim, baby. — Ele beija sua testa, em seguida, seus lábios


antes de vir para me dar um abraço. — Em breve encontraremos
tempo para comemorar de verdade, Aria.

— Gostaria disso. — Dou a ele um pequeno sorriso, em


seguida, agarro seu braço. — Se meu pai não puder pegar uma
carona para casa, você me liga?
— Ok. — Seu rosto se suaviza antes de olhar para Tide. —
Conversamos depois.

— Sim, cara — Tide concorda, e eles batem os punhos antes


que os dois homens ajudem Gia e eu a entrarmos na caminhonete.

Quando as portas estão fechadas e somos apenas Gia e eu lá


dentro, sinto sua mão descansar no meu ombro e apertar. Espero
que ela diga algo, e quando ela não diz, percebo que a verdadeira
amizade não é falar para preencher o silêncio, mas apenas estar lá
para me apoiar em silêncio.
Capítulo Onze
Aria
EU OLHO PARA FORA da janela da pizzaria, me perguntando
como o hoje já está aqui. Na noite em que vimos meu pai no bar,
Tide me disse que queria que eu jantasse com ele e Olivia no
aniversário dela.

Na época, parecia tão distante, mas esta última semana foi


um turbilhão de lidar com contratos, trabalhar em minha nova
série e passar todos os momentos livres que tenho com o Tide. E
com tudo acontecendo, eu não tive muito tempo para me
preocupar, mas agora que estou sentada aqui, as borboletas
vibrando em meu estômago estão me deixando enjoada. Acho que
nunca estive mais nervosa do que estou agora ou sentisse que
havia mais coisas em jogo.

— Estou tão nervosa. — Balanço minhas mãos em uma


tentativa de fazê-las pararem de tremer, então me viro para
encarar Gia quando ela ri. — Isso não é engraçado.

— É um pouco engraçado. — Ela pega Gino de seu carrinho,


quando ele começa a se agitar. — Além disso, é tão fofo que você
esteja nervosa por conhecer Olivia, quando não tenho dúvidas de
que ela te amará na hora. Ela é uma boa criança.

— Mas e se ela não gostar de mim? — pergunto, e Gia olha


para a dúzia de balões rosa e ouro flutuando acima da minha
cabeça, então para a grande sacola de aniversário que eu trouxe
comigo, sentada na mesa.

— Ela gostará de você.

— Você não pode comprar amor, Gia.

— Você está certa sobre isso, mas ela achará que é fofo você
ter comprado balões e um presente de aniversário quando não
precisava, e verá quão feliz você faz o pai dela. Assim te amará
ainda mais.

— Ou ela me odiará porque estou com o pai dela —


murmuro, e ela suspira.

— Não se estresse com coisas que não aconteceram. Espere


até conhecê-la. — Ela me entrega Gino e eu abaixo meu queixo
para olhar seu rostinho fofo.

— Você tem razão. Sempre fui uma pessoa que planeja o pior
cenário, então se as coisas correrem bem, fico aliviada, e se
acabarem mal, não fico desapontada — admito enquanto toco
meu dedo na bochecha de Gino, e ele sorri enquanto agarra meu
dedo.

— Eu entendo — diz ela, em seguida, pergunta baixinho: —


Você quer ter filhos?

— Sim. — Eu levanto minha cabeça para encontrar seus


olhos.

— Então tudo ficará bem. — Ela olha para o outro lado da


sala quando a campainha toca, e eu faço o mesmo, sentindo meu
coração na garganta.

Nas últimas semanas, eu vi dezenas de fotos de Olivia no


telefone de Tide, mas ver em seus braços, usando um vestido de
babados e meia-calça, com o cabelo enrolado, uma pequena coroa
fofa na cabeça e um sorriso largo em seu rosto bonito, acho que
nunca vi nada mais adorável.

— Tia Gia. — Olivia se contorce para que seu pai a coloque


no chão, assim que ele o faz, ela corre para Gia e pula em seu colo.

— Feliz aniversário, doce menina — diz Gia enquanto Tide


se inclina para beijar minha bochecha.

— Você está bem, querida?


— Sim. — Eu sorrio para ele, me sentindo mais relaxada com
ele por perto, em seguida, olho para Colton e vou em sua direção
para segurar Gino.

— Eu adivinharei que você o quer?

— Sempre.

Ele sorri para mim.

— Anjo — Tide chama, e Olivia se vira para olhar para seu


pai enquanto meu coração acelera ao ouvir seu apelido.

— Venha aqui. Eu quero que você conheça Aria.

Seus olhos vêm a mim quando ela pula do colo de Gia e


caminha em direção a seu pai, parecendo um pouco nervosa, mas
não assustada ou irritada, o que é um alívio.

— Oi. — Ela levanta a mão em minha direção e eu a agarro


enquanto luto contra o desejo de envolvê-la em meus braços.

— É tão bom finalmente conhecê-la, Olivia. Seu pai me falou


muito sobre você e me mostrou um milhão de fotos. Ele está
muito orgulhoso de você.

— Ele me mostrou fotos suas também. Você é realmente


bonita.
— Obrigada. — Sorrio enquanto estendo a mão e toco sua
coroa de aniversário.

— Você está tendo um bom aniversário até agora?

Hoje, ela tinha escola, então Tide foi comer cupcakes com ela
e sua classe, e como Anna está com ela no fim de semana e está
dando uma festa para a filha, ela permitiu que ele fizesse esta
noite. Eu sei que depois da escola ele planejava levá-la para ver
seus avós antes de encontrar Gia e eu aqui, e eu acho que em
algum lugar ao longo do caminho, ele pegou Colton, que deve ter
arranjado alguém para cobri-lo no bar.

— Sim. — Ela olha para o pai. — Ainda jogaremos boliche


depois da pizza?

— Jogaremos.

— Você quer estar no meu time? — ela me pergunta.

Oh Deus, eu vou chorar.

— Eu adoraria, mas acho que devo dizer que não sou muito
boa no boliche.

— Tudo bem. — Ela sorri. — Temos bumpers2, então


venceremos de qualquer maneira.

2
Atualmente, os equipamentos de boliche mais modernos possuem dispositivos chamados "bumpers", que
podem ser acionados opcionalmente pelo jogador para evitar que as bolas caiam nas canaletas.
— Trapaceira — murmura Tide, e ela olha para mim,
encolhendo um ombro, o que me faz rir. — Tudo bem, encrenca,
que tal pedirmos nossa pizza?

— Tudo bem, pai — ela concorda, mas logo perde o interesse


por mim, decidindo o que quer comer, então Gino começa a
arrulhar e rir enquanto ela faz caretas engraçadas para ele.

— Eu disse que ficaria tudo bem — Gia diz, e eu rolo meus


olhos para ela, o que a faz sorrir.

Descanso ao lado de Tide e vejo sua filha com Gino,


imaginando-a com um irmão ou irmã mais nova e me
perguntando se Tide quer mais filhos. Não é algo sobre o qual já
falamos antes. Não houve um momento em que o assunto de
crianças tenha surgido, mas depois de vê-lo com Olivia, eu sei que
é algo que estará em minha mente agora.

— Ela gosta de você — Tide sussurra em meu ouvido, e me


viro para ficar cara a cara.

— Acho que ela é provavelmente o tipo de criança que gosta


de todos, o que significa que você fez um bom trabalho com ela.

— Não, ela gosta de você. Normalmente, ela é muito tímida


para conhecer novas pessoas. Ela só conhece pessoas boas
quando as conhece.
— Você sempre sabe o que dizer.

Seus olhos caem para a minha boca, e eu lambo meus lábios


antes de me virar para pegar o menu, não querendo ser tentada a
beijá-lo, que é algo que sempre quero fazer quando ele está perto.

— De jeito nenhum! — resmungo quando minha bola de


boliche quica no para-choque, terminando na canaleta do lado
oposto da pista. Não seria tão ruim se essa fosse a primeira vez
que acontecesse, mas esta é a quarta vez que estou pronta para
lançar e a quarta vez que tenho uma bola ali, desde que
começamos. E pior, eu só derrubei sete pinos no total. Calçando
meus tênis de boliche, me viro para olhar Olivia e lanço os braços
no ar.

— Eu sinto muito.

— Tudo bem. — Ela ri, pegando sua bola. — Ainda estamos


vencendo.

Dou-lhe um high five quando ela passa por mim, então vejo
enquanto ela rola a bola como uma profissional no meio da pista,
derrubando todos os pinos e recebendo outro golpe. Eu bato
palmas e danço, sem me importar em parecer um idiota, porque
ela está rindo, e gosto do som de sua felicidade.

— Bom trabalho. — Olho para o placar e sorrio, porque ela


está batendo em todos os adultos e realmente nem precisa dos
tênis. Eu só acho que eles a fazem se sentir mais confiante.

— Eu voto para estar no seu time toda vez que jogarmos.

— Eu voto para fazer parte do time feminino da próxima vez


— diz Gia, zombando de seus colegas de time enquanto carrega a
bola até a beira da pista antes de segurá-la entre as pernas e jogá-
la como uma criança faria.

Quando ela derruba todos, menos três pinos, decido tentar


jogar como ela da próxima vez, surpreendentemente, funciona,
porque derrubo dez pinos, o que significa que acabo dançando de
novo. Eu me viro, esperando encontrar Olivia tão animada quanto
eu, mas minha dança chega ao fim e meu estômago embrulha
quando vejo Anna de pé com Olivia, Tide e Colton no nível
superior do beco.

Tiro meus olhos deles e olho para Gia, observando-a


apertando os lábios enquanto balança a cabeça. Sem saber o que
fazer, vou até onde ela está sentada com Gino e me sento ao lado
dela.
— Está tudo bem?

— Ela simplesmente apareceu, Tide a avistou, então ele e


Colton foram ao seu encontro e Olivia os seguiu.

Eu olho para eles novamente e percebo por que Tide


escolheu Anna. Eles se encaixam, ambos altos e bonitos, o que não
é surpreendente, já que eles tiveram uma criança tão fofa quanto
Olivia.

— Ei — diz Gia, cutucando seu ombro no meu. — Você não


tem nada com que se preocupar quando se trata dela e dele. Esse
navio navegou há muito tempo.

— Mas eles se encaixam. Não é?

— Obviamente, isso não é verdade, senão eles estariam


juntos.

— Acho que você está certa — concordo, lembrando-me de


que ele me disse para confiar nele. — Devo ir lá?

Ambas olhamos nessa direção.

— Você quer?

— Na verdade.

— Eu também não.
Eu ouço a carranca em sua voz quando Anna agarra o bíceps
de Tide.

— Por que as mulheres fazem isso?

— O quê? — Eu cavo minhas unhas em minhas palmas


enquanto meu estômago dá um nó de ciúme.

— Lutar por um homem por quem nunca lutaram no


passado, e o fazem quando sabem que esse homem está seguindo
em frente? — Ela se vira para olhar para mim. — A ex de Colton
fez a mesma coisa, e eu simplesmente não entendo.

— Talvez elas percebam o que perderam.

— Ou talvez... — Ela cobre as orelhas de Gino. —... eles sejam


apenas idiotas.

— Pode ser. — Eu não posso deixar de sorrir.

— Baby— A voz profunda de Tide me assusta, e inclino


minha cabeça para trás para olhar para ele quando ele vem para
ficar na minha frente com Olivia ao seu lado.

— Olivia voltará para casa com a mãe dela.

— Oh. — Tento esconder minha decepção quando ele


estende a mão para me ajudar a levantar. — Está tudo bem?
— Tudo. Anna estava na área e pensou que ela nos pouparia
a viagem de levá-la para casa e apenas parou aqui para buscá-la.

Um milhão de coisas estão na ponta da minha língua para


dizer, mas as seguro, sabendo que não ajudarão agora. E a julgar
pela contração de sua mandíbula, só piorarão as coisas. Olhando
para Olivia, pego sua mão.

— Eu me diverti muito com você.

— Eu também. — Ela olha por cima do ombro, e eu


acompanho, vendo Anna de pé no topo da escada com os braços
cruzados sobre o peito, olhando para Colton, que parece estar
bloqueando seu caminho.

— Seus balões e presente estão na caminhonete do seu pai.


Você quer levá-los com você?

— Eu darei a ela quando levá-las para fora — Tide


interrompe, apertando minha mão.

— Certo. — Eu me concentro em Olivia. — Vejo você em


breve.

— Tchau, Aria.

Ela me dá um abraço rápido em volta dos meus quadris,


antes que eu possa abraçá-la de volta, ela corre para sua mãe. Eu
inclino minha cabeça para trás para olhar para seu pai, certo de
que ele está chateado, e com certeza não há nada que eu possa
fazer sobre isso.

— Esperarei aqui com Gia.

— Volto em um minuto. — Ele se abaixa para roçar seus


lábios nos meus, então sobe as escadas ignorando o que quer que
Anna esteja dizendo, em vez de se concentrar em Olivia.

Eu os vejo ir, em seguida, ajudo Gia a colocar Gino em seu


carrinho e carregar a sacola de fraldas. Depois de devolvermos
nossos sapatos, vamos para a frente da pista de boliche para
esperar os caras e acabamos avistando um unicórnio azul
brilhante pendurado na parede do fliperama que concordamos
que Gino precisa.

Quando vemos que só precisamos de quinhentos ingressos,


tentamos a sorte em Kill the Toad ou como quer que se chame.
Você pensaria que duas mulheres adultas seriam boas em
nocautear um objeto quando ele sai de um buraco, mas como Gia
e eu perdemos jogo após jogo, aprendemos rapidamente que isso
não é verdade. Com cada um de nós se revezando com Gino no
colo, que fica hipnotizado pelas luzes e pela música, jogamos
nosso dinheiro na máquina, ficando mais determinadas a cada vez
que perdemos. Mesmo quando Tide e Colton voltam e nos
encontram, não desistimos.
— Você e Gia precisarão de reabilitação para esse novo
hábito? — Tide pergunta contra meu ouvido enquanto envolve
seus braços em volta da minha cintura, me fazendo tremer e
perder um dos sapos quando ele aparece, e eu acabo perdendo o
jogo.

— Você me fez perder cem ingressos — reclamo, e ele sorri


para mim enquanto pega o bopper da minha mão, então ele coloca
dez dólares no slot.

— Afaste-se e observe o mestre.

Cruzando os braços sobre o peito, eu o vejo jogar e perder


em apenas alguns minutos, o que não deveria me deixar feliz, mas
me deixou.

— Uau. — Eu bato palmas. — Isso foi incrível. Acho que


nunca vi nada mais impressionante. Você realmente é o mestre.
— Sorrio enquanto ele envolve seus braços em volta de mim e me
inclina para trás, mordiscando meu pescoço e me fazendo rir.

— Deixe-me tentar — diz Colton, e sorrio para Gia quando


ele coloca uma nota de vinte dólares e ela revira os olhos.

— Quanto dinheiro vocês duas colocaram nesta coisa antes


de nós entrarmos? — Colton pergunta quando perde seis vezes
consecutivas.
— Provavelmente vinte dólares, talvez um pouco mais. —
Encolho os ombros.

— Então, investimos cinquenta dólares tentando ganhar um


bichinho de pelúcia que provavelmente custa um dólar para ser
feito? — Ele balança a cabeça. — Eu deveria ver se eles
simplesmente me venderiam a maldita coisa.

— Isso não é divertido. — Gia me entrega Gino e pega o


bopper do marido antes que ele termine o jogo.

— É isso aí — digo a ela, movendo-me para o lado dela, e não


sei se é frustração ou o quê, mas ela acaba acertando todos os
sapos e ganhando todos os jogos até que o dinheiro acabe.

Pegando os ingressos enquanto eles disparam da máquina,


nós os carregamos para a frente, com a certeza de que
conseguimos os quinhentos de que precisamos. Enquanto as
mulheres mais velhas atrás do balcão passam pelo dispositivo de
contagem, eu quero rir quando o total aparece na tela, porque não
estamos nem perto de onde precisamos estar, e nossas opções são
doces ou algumas pequenas bugigangas de plástico. Escolhendo o
doce, saímos da pista de boliche, enfiando punhados de Skittles
em nossas bocas e rindo como hienas, com nossos dois rapazes
rindo do quão ridículos somos. Quando chegamos ao
estacionamento, dou um abraço em Gia, lembrando-a de que a
verei amanhã para ir às compras de vestidos e aceno adeus a
Colton. Me sento no banco do passageiro quando Tide abre a
porta.

— Obrigada. — Eu sorrio para ele assim que me sento e ele


entra no meu espaço, colocando a mão na minha bochecha antes
de me beijar, suave e lentamente, sem pressa. Quando se afasta,
eu pisco meus olhos, sem saber por que esse beijo foi diferente...
mais doce do que todos os outros que compartilhamos.

— Aperte o cinto, baby — ele ordena, dando um passo para


trás e batendo a porta. Fechada dentro da cabine, o observo dar a
volta na caminhonete enquanto coloco o cinto de segurança, então
espero que ele entre.

— Esta noite foi divertida.

— Foi — ele concorda, pegando minha mão e puxando-a


para seu colo. — Que pena que Anna apareceu.

— Sim, mas eu realmente gostei de passar um tempo com


Olivia antes disso.

— Ela gostou também. Na próxima semana, quando eu


estiver com ela, planejaremos algumas coisas para fazermos
juntos, para que vocês duas possam se conhecer melhor.

— Eu gostaria muito disso.

— Você já andou de canoa?


— Quando eu era mais jovem, mas não desde então.

— Eu tenho uma. Podemos carrega-la um dia e nós três


poderíamos ir para o lago, depois ir a algum lugar fazer um
piquenique. É bonito esta época do ano com as folhas mudando.

— Isso seria divertido. — Eu aperto sua coxa e sua mão


cobre a minha.

Enquanto nos acomodamos em um silêncio satisfeito, eu fico


olhando pela janela enquanto ele nos leva pela cidade, reflito
sobre todas as coisas que passei na minha vida. Por mais difícil
que seja admitir, eu sei que sem experimentar a dor que senti, não
seria capaz de apreciar plenamente a simples felicidade que tenho
agora. Muita felicidade tendo a ver com o homem ao meu lado.
Capítulo Doze
Tide
— PORRA, ARIA — eu gemo, arrancando minha boca da dela
e empurrando-a suavemente de volta para a cama enquanto fico
de pé.

— Tire sua camisa, baby. — Sentando-se, ela puxa a camisa


solta sobre a cabeça, deixando-a cair na cama ao lado dela, então
alcança as costas para desenganchar o sutiã. Quando ela se deita,
dobrando os joelhos e segurando seus seios, meu pau lateja.

Abro o botão da braguilha e puxo minha calça jeans para


baixo sobre meus quadris enquanto meus olhos a devoram. Eu
nunca conheci uma mulher mais bonita do que ela, nunca pensei
que deixaria uma mulher me possuir como ela me possui.
Colocando um joelho na cama, coloco minha mão em sua canela,
em seguida, deslizo por seu joelho, sorrindo quando a sinto
estremecer. Coloco minha mão para baixo em sua coxa e deslizo
meu polegar sob a borda da renda escura que a cobre.

— Você está bem? — pergunto quando ela se levanta nos


cotovelos.
— Sim... sim — ela gagueja enquanto eu abaixo meu rosto e
solto um suspiro quente.

— Oh Deus. — Ela cai de costas na cama, tentando fechar as


coxas.

— Não. — Eu cavo meus dedos em sua pele macia e a cubro


com minha boca, sugando profundamente através do material
fino enquanto minha outra mão desce, meu polegar deslizando
facilmente sobre seu clitóris antes de entrar nela. Querendo tudo
dela, não acho; eu rasgo sua calcinha longe de seu corpo,
ignorando seu suspiro assustado enquanto deslizo minhas mãos
sob sua bunda e a levanto para encontrar minha boca.

Eu a devoro como um homem faminto, amando cada gemido


e choramingo vindo de sua linda boca enquanto a forço para mais
perto do êxtase. Quando seus dedos trancam no meu cabelo, puxo
seu clitóris em minha boca, chupando forte, e não a solto
enquanto ela grita meu nome. Quando seu corpo fica mole, a beijo
bem acima de sua boceta, acaricio seu estômago, em seguida, me
movo para pairar sobre ela. Seus longos cílios se abrem e sua mão
pousa na minha bochecha.

— Oi. — Ela ri baixinho, me fazendo sorrir.

— Você está bem?


— Sim. — Ela levanta as pernas para envolver meus quadris
enquanto suas mãos deslizam suavemente pelos meus lados.

— Bom. — Coloco minha boca na dela, beijando-a


suavemente antes de mordiscar seu pescoço até o topo de seus
seios. — Eu já disse como seus seios são perfeitos antes?

— Não.

Ouço o sorriso em sua voz, então levanto minha cabeça para


ver.

— Eles têm o tamanho perfeito. — Seguro um, apertando


suavemente. — Eles se encaixam perfeitamente em minhas mãos.
— Beijo a ponta escura, observando seu mamilo endurecer. —
Eles parecem gostar de mim também.

— Eles gostam.

Ela arqueia para cima quando puxo o bico em minha boca,


circulando seu mamilo com a minha língua antes de mordiscá-lo
suavemente, em seguida, solto com um pop.

— Não quero que meu outro amigo se sinta excluído — digo


a ela, sorrindo quando ela ri. Trato seu outro seio com a mesma
devoção enquanto deslizo minha mão por sua barriga, parando
entre suas pernas. Seus quadris levantam em antecipação, e
deslizo um dedo e depois outro sobre seu clitóris antes de enchê-
la.

— Oh Deus.

Suas unhas cavam em minha pele enquanto suas paredes se


fecham em torno dos meus dedos. Querendo senti-la envolvida
em torno de mim, removo meus dedos e envolvo minha mão em
volta do meu pau, deslizando-o por sua umidade antes de
penetrá-la, rangendo os dentes.

Inclinando-me para trás para me ver desaparecer dentro


dela, mordo uma maldição enquanto ela levanta seus quadris, me
forçando a afundar nela em um impulso suave.

— Você está tentando me matar?

— Eu preciso de você.

Porra, essa afirmação me mata e perco o controle. Empurro


dentro dela enquanto cava suas unhas em meus bíceps, tomando
cada coisa que estou dando, saboreando cada estocada, cada tapa
na pele. Sua mão se move entre nós e eu me inclino para trás para
assistir enquanto ela brinca com seu clitóris, arqueando e
gemendo.

— Você está tão apertada e molhada, baby. Queria que você


pudesse sentir o que sinto quando estou bem dentro de você. —
Me inclino para frente e mordo seu lábio inferior, em seguida,
coloco minha língua em sua boca, sentindo-a enquanto ela pulsa
ao meu redor. Perto, tão perto, deixo sua boca ir.

— Você precisa se apressar e gozar, Aria, porque estou


perto.

— Por favor, mais forte — ela geme, me fazendo gemer e


xingar.

Puxo para fora dela rapidamente, em seguida, viro-a de


barriga e puxo seus quadris. Nem mesmo dou a ela a chance de se
ajustar antes de me afundar nela novamente, batendo em sua
bunda enquanto a fodo com força. Sua cabeça levanta, então seus
braços se estendem na frente dela. Vendo minha marca de mão
em sua bunda, eu bato em sua bunda, com força duas vezes,
enviando-a ao orgasmo enquanto ela puxa o meu de mim. A
escuridão roça a borda da minha visão e meu pau lateja enquanto
ela pulsa ao redor do meu comprimento. Fraco e completamente
exausto, eu a cubro com meu corpo, empurrando-a para a cama,
em seguida, nos viro de lado, não querendo perder nossa conexão.

— Você está bem?

Ela pergunta, puxando minha mão para descansar entre seus


seios, parecendo sem fôlego e contente.

— Nunca estive mais feliz.


Ela cantarola concordando, e a aperto, puxando meus
quadris para trás, ouvindo seu miado quando ela me perde, então
a viro para me encarar.

— Como está sua bunda? — Me levanto no cotovelo e


descanso minha cabeça na palma da minha mão enquanto uso
minha mão livre para deslizar sobre seu traseiro.

— Quente.

Ela cora, me fazendo sorrir, e eu me inclino para beijá-la.

— Que tal um banho? Eu sei que você tem que sair logo para
encontrar Gia.

Com a menção de seus planos para o dia, noto que seus olhos
perdem um pouco da luz feliz que estava lá momentos atrás.

— O que há de errado?

— Eu acho que não devemos ir à festa. — ela deixa escapar, e


minha mão descansando em seu quadril aperta. — Para começar,
eu nunca quis ir, então não tenho ideia do porquê concordei com
isso. — Ela acena com a mão entre nós. — Quer dizer, eu sei por
quê, mas não deveria.

Estudando-a de perto e vendo a preocupação que ela está


tentando esconder, me inclino para frente e descanso meus lábios
contra sua testa brevemente.
— Se você não quiser ir, estou bem com isso, baby, mas você
tem que confiar que posso lidar com seus pais e seu ex.

— Eu confio em você. Eu só... — Ela lambe os lábios


enquanto olha por cima do meu ombro. — Estou preocupada.

— Sobre o quê? — Seguro sua bochecha e seus olhos voltam


para mim.

— Que não conseguirei me controlar se eles te tratarem mal


— ela admite, e sinto meu rosto suavizar. — Eu sei que parece
loucura, porque você e eu somos novos, mas eu... — Ela se
interrompe, mordendo o lábio inferior por um momento, antes de
sussurrar. — Eu escolheria você em vez deles.

Soltando um suspiro profundo, envolvo meus braços em


volta dela e rolo em minhas costas, deslizando minha mão sobre
seu cabelo e pelas suas costas.

— Eu nunca vou querer que você tenha que fazer essa


escolha, Aria.

— Gostaria que meus pais fossem normais.

A dor em sua voz faz meu peito doer.

— Eu gostaria de ter o poder de realizar esse desejo. — Beijo


o topo de sua cabeça e a abraço, dizendo baixinho. — Faremos o
que você quiser. Se você não quer ir à festa de seus pais, faremos
outra coisa. Se você quiser ir, nós iremos. Você não precisa decidir
agora.

— Obrigada. — Ela se levanta, pousa as mãos no meu peito e


o queixo em cima deles, e me estuda. — Parte de mim quer ir, só
para que eu possa esfregar na cara de todos como estou feliz.

— Todo mundo, como seu ex? — Sorrio.

— Sim. — Ela ri. — Eu sei que é imaturo, mas ele sempre fez
parecer que era minha culpa que nenhum de nós éramos felizes, e
mesmo que soubesse que não era verdade, havia momentos em
que eu me estressava para me tornar quem ele queria que eu
fosse. Esperava que isso tornasse as coisas melhores entre nós.

— Sempre há duas pessoas em um relacionamento. Às vezes,


a merda simplesmente não funciona.

— E as coisas simplesmente não funcionaram com você e


Anna?

Ela pergunta com cuidado, e eu passo meus dedos por seu


cabelo na lateral de sua cabeça.

— Nossa separação foi inevitável. Desde o início de nosso


relacionamento, nós brigávamos por merdas que não
significavam nada. Olivia foi a cola que nos manteve juntos por
mais tempo do que deveríamos.
— Pelo menos você percebeu que não deveria estar junto
antes de passar o resto de sua vida infeliz.

Soltando um suspiro profundo, digo a ela a verdade.

— Eu devia saber que não funcionaria e que o que tínhamos


não era saudável, mas nunca teria desistido. Eu não queria perder
meu tempo com Olivia.

— Eu sinto muito.

Ela estende a mão, traçando meu queixo com as pontas dos


dedos, sem julgamento ou raiva em seus olhos enquanto
percorrem meu rosto. Pegando sua mão, beijo sua palma, em
seguida, seguro-a contra meu peito sobre meu coração.

— Ainda é uma merda, mas conforme Olivia cresce, fica mais


fácil. E agora que compartilhamos a custódia meio a meio, não
sinto que estou perdendo tanto.

— Você é um ótimo pai e ela o adora.

— Eu tento ser, mas tenho certeza que um dia ela me


contará todas as maneiras como eu fiz merda. Então, novamente,
isso é paternidade. Ninguém sabe o que diabos eles estão fazendo.
Você só precisa esperar o melhor.

— Acho que você está certo. — Ela desvia os olhos dos meus.
Eu coloco meus dedos sob seu queixo e levanto até que seus
olhos encontrem os meus.

— Eu sei que você não tem o melhor relacionamento com


seus pais, baby, mas você está fazendo o que é melhor para você,
quando se trata de lidar com eles. Você tem o direito de
estabelecer limites para se proteger.

— Eu sei, mas o que você disse me faz pensar se preciso


olhar para as coisas de forma diferente, se talvez eu precise parar
de esperar que eles sejam quem quero que sejam e apenas aceitá-
los como são.

— Provavelmente não doeria — concordo antes de rolá-la de


costas e pairar sobre ela.

— Tenho amigos e familiares que sempre me mostraram que


tipo de pessoa eles são, e nada do que façam ou digam me
surpreende mais. Às vezes você tem que colocar as pessoas em
uma caixa, para não magoar seus sentimentos.

— Você é muito inteligente.

— Nah.

— Sim você é. — Ela levanta a palma da mão na minha


bochecha, me parando quando me inclino para beijá-la. — Mesmo
se não estivéssemos juntos, eu ainda teria a sorte de contar com
você como um amigo.

— Nós nunca poderíamos ter sido amigos, Aria — digo a ela


honestamente, e suas sobrancelhas se juntam.

— Por que não?

— Porque eu estaria constantemente tentando encontrar


maneiras de entrar em suas calças.

— Você é um idiota. — Ela ri.

— É a verdade. — Eu enterro meu rosto entre seu pescoço e


ombro, mordiscando sua pele, fazendo-a rir, então me inclino
para trás para olhar seu rosto sorridente.

— Agora, nós realmente precisamos tomar banho. Você tem


planos com Gia, e eu tenho que encontrar minha mãe para ajudá-
la a arrastar toda a merda de Halloween do sótão.

— Sua mãe ainda decora a casa para o Halloween? — Ela


sorri.

— Minha mãe faz decoração para cada porra de feriado, mas


ela adora o Halloween. Ela é sempre a casa mais popular do
quarteirão, porque distribui barras de chocolate em tamanho real
para todas as crianças.
— Eu amo isso. Lembrando de San Francisco, eu costumava
fazer a mesma coisa. Sentirei falta de não ver todas as crianças em
suas fantasias fofas este ano.

— Eu tenho Olivia no Halloween. Passaremos um tempo na


casa da mamãe, em seguida, a levaremos pela vizinhança para
fazer doces ou travessuras. Então você não perderá.

— Mesmo? — Seus lindos olhos se iluminam. — Você se


veste também?

— A última vez que a tive no Halloween, fui como Pascal e


Olivia como Rapunzel de Enrolados.

— Oh meu Deus, por favor, diga-me que você tem fotos. —


Ela ri.

— Vou mostrá-las a você esta noite. — A beijo rapidamente,


em seguida, puxo-a para fora da cama e direto para o chuveiro.

De pé na cozinha da minha mãe, tiro meu celular do bolso


quando toca e sorrio quando vejo que Aria está ligando.
— Ei, querida — respondo, ignorando minha mãe quando
ela sorri para mim do outro lado da sala.

— Ei — ela diz suavemente.

— Conversei com Gia sobre tudo e ela acha que deveríamos


ir à festa dos meus pais; assim posso dizer que tentei, e se algo der
errado, podemos sair mais cedo e ir jantar. — ela abaixa a voz. —
Sério, acho que ela só quer um motivo para usar o vestido que
encontrou.

— Eu não! — Gia grita ao fundo, me fazendo rir.

— Tem certeza de que está tudo bem para ir? — ela me


pergunta, parecendo insegura.

— Como eu disse a você, baby, estarei bem com o que você


quiser fazer.

— Obrigada. — Ela parece aliviada.

— Te vejo na minha casa em algumas horas?

— Sim, e buscarei o jantar no meu caminho, deixe-me saber


o que você está com vontade.

— Por que vocês dois não jantam aqui esta noite?

Mamãe pergunta, provando que ela está bisbilhotando, e


levanto uma sobrancelha.
— Não me olhe assim. Eu poderei finalmente conhecê-la.

— Sua mãe acabou de dizer que quer que eu vá jantar?

Aria pergunta, parecendo nervosa, o que é surpreendente, já


que ela falou com minha mãe mais de uma vez ao telefone e as
duas tendem a conversar sobre tudo que existe no mundo.

— Ela quer.

— Ok, então encontro você na casa dos seus pais.

— Baby, você não precisa fazer isso — digo, e minha mãe me


encara do outro lado da sala.

— Eu quero. Encontro você na casa de seus pais em algumas


horas.

Suspirando, balanço minha cabeça. — Vou encontrá-la em


sua casa, em seguida, vamos juntos.

— Tem certeza? Você já está aí?

— Não voltarei para casa separado de você depois do jantar.

— Certo. — Eu ouço o sorriso em sua voz. — Nesse caso,


vejo você em breve.

— Mais tarde, bebê.

— Tchau.
Ela desliga e eu coloco meu celular no bolso de trás.

— Você a ama, não é?

Franzo a testa, focando na minha mãe quando ela faz essa


pergunta.

— O quê? — Eu começo a sacudir minha cabeça.

— Você fica com a mesma expressão sempre que está


falando com Olivia — ela me interrompe, erguendo a mão com o
rosto suavizando. — É doce.

Ela pega uma das bolsas que trouxemos do sótão.

— De qualquer forma... — ela fala, levando-a para a frente da


casa e gritando por cima do ombro — ...pegue a caixa com os
morcegos. Há muito o que fazer antes de você precisar sair para
pegar Aria.

Com um aceno de cabeça, eu examino as caixas, procurando


o que ela quer, com minha mente repassando sua declaração uma
e outra vez. Tento dizer a mim mesmo que ela está errada, que me
importo com Aria e aproveito cada minuto que passo com ela,
mas não a amo.

Mas quanto mais penso sobre isso, mais sei que ela está
certa. De alguma forma, mesmo sem saber do que estava
acontecendo, me apaixonei por ela. Então, acredito que comecei a
me apaixonar por ela no momento em que ela abriu a porta,
parecendo adoravelmente desgrenhada, e desde então, o que
sinto por ela só ficou mais profundo.

Agora só preciso descobrir o que fazer com essa descoberta.


Capítulo Treze
Aria
— OH MEU DEUS, preciso de uma cópia desta imagem. —
Sorrio, apontando uma foto de Tide na banheira quando ele tinha
cerca de três anos, usando um moicano de shampoo e uma barba
de espuma.

— Mandarei imprimir alguns deles — diz a mãe de Tide,


Jolene, ignorando o olhar que Tide lhe dá.

— Então, comeremos a qualquer hora esta noite?

O pai de Tide, Hunter, pergunta, e eu pressiono meus lábios


para suprimir um sorriso. Ele e seu filho não apenas são muito
parecidos, mas suas personalidades parecem muito semelhantes.
Hunter e Tide são um pouco ásperos nas bordas, o que torna suas
qualidades doces muito mais cativantes.

— Você age como se eu não tivesse te visto comendo o


espaguete que sobrou quando chegou em casa, algumas horas
atrás. — Jolene encara o marido e ele dá de ombros.
— Estou sentindo o cheiro do seu assado desde que cheguei
em casa e estou ansioso por isso desde então. Não é minha culpa
que você seja uma boa cozinheira.

— Tanto faz — ela responde sem calor, provando que o


elogio fez seu trabalho.

— Vocês dois estão prontos para comer? — Ela olha entre


Tide e eu.

— Sim. — Devolvo a ela o álbum de fotos que estava olhando


e ela o coloca em seu lugar na estante.

— Você quer que eu te ajude com alguma coisa?

— Não há muito para ajudar. Normalmente, apenas fazemos


os pratos na cozinha e os levamos para a sala de jantar.

— E normalmente não comemos na sala de jantar — diz


Hunter. — Habitualmente comemos aqui, na frente da TV.

— Podemos comer aqui, se quiser — digo enquanto Tide


pega minha mão e me puxa para ficar de pé.

— Não jantaremos aqui, Hunter. — Jolene lança um olhar


para o marido que ele ignora. — E você não vai bufar por perder
um de seus programas de TV, especialmente porque você tem
tudo configurado para gravar e pode assisti-lo mais tarde.
— Calma, mulher. Iremos comer na sala de jantar. — Ele sai
da poltrona reclinável. — Deus sabe que precisamos, já que você
pagou um braço e uma perna por aquele papel de parede horrível
pendurado lá agora.

— É lindo. — Ela se vira, colocando as mãos nos quadris. —


Você mesmo disse isso.

— Não, eu disse que se você gosta, devia tê-lo, e também que


você fez um bom trabalho — ele responde.

Engasgo com uma risada e acabo tossindo para disfarçar o


som quando não posso segurá-la por mais tempo.

— Desculpe. — Aceno com a mão enquanto Tide dá um


tapinha nas minhas costas, seus próprios lábios se contraindo.

— Vamos pegar um pouco de água. — Jolene agarra minha


mão e me reboca com ela para a cozinha, onde pega um copo e
enche de água antes de entregá-lo para mim.

— Obrigada. — Eu tomo um gole e ela acena para mim antes


de ir para o forno duplo e tirar uma assadeira, colocando-a na
ilha. Ela então abre o forno de baixo e tira uma bandeja de
biscoitos que parece algo saído de uma revista, junto com uma
panela de legumes assados. Minha boca saliva e meu estômago
ronca quando ela pega uma pilha de pratos, colocando-os no
balcão.
— O que você quer beber, baby? — Tide pousa a mão nas
minhas costas e encontro o seu olhar por cima do ombro.

— Esta água está bem.

— Tem certeza? — Jolene pergunta. — Eu abriria uma


garrafa de vinho para nós, meninas, já que os caras
provavelmente tomarão cerveja.

— Tomarei uma taça de vinho com você — digo, e ela olha


para Tide.

— Você pode pegar uma garrafa de tinto e abrir para nós?

— Posso.

Ele beija a lateral da minha cabeça antes de ir embora.

Quando ele volta um minuto depois, eu o vejo abrindo, então


me junto a todos para encher um prato com comida e carregá-lo
para a sala de jantar que fica por uma porta aberta da cozinha. O
papel de parede é arrojado e brilhante, com muitas flores e
pássaros diferentes, mas ainda assim se encaixa na mesa de
aparência antiga com cadeiras estofadas com encosto lateral.
Enquanto tomamos nossos lugares, Hunter faz uma oração rápida
antes de comermos nossa comida e há algo que eu realmente
gosto porque parece que eles sempre fazem isso, e não é algo
apenas para mostrar, como meus pais fizeram em jantares no
passado.

Enquanto Hunter e Tide conversam sobre trabalho, Jolene


me conta sobre alguns projetos na casa que ela está tentando
fazer sozinha, e estou honestamente impressionado com ela. Em
vez de pagar alguém para trabalhar em sua casa, ela assistiu a
aulas e pediu que o Tide lhe mostrasse como pintar, ladrilhar,
pendurar papel de parede e repintar pisos coisas que,
honestamente, eu não teria coragem de fazer, até mesmo pensar
em começar um projeto como esse é opressor.

— Então, eu sei que Tide mencionou que você é uma autora.


Esse é o seu trabalho em tempo integral? — Jolene pergunta
durante uma pausa na conversa, e abro minha boca para
responder, mas Tide interrompe antes que eu possa.

— Ela é uma autora de muito sucesso, mãe. Ela até tem uma
série que está sendo transformada em filmes.

— Serio? — Hunter pergunta, e minhas bochechas ficam


quentes.

Odeio falar sobre mim e meu trabalho. Eu sempre me sinto


estranha.

— Sério — Tide pega minha mão por baixo da mesa. — E


acabei de terminar o último livro dessa série, então, se eles
fizerem justiça durante as filmagens, não tenho dúvidas de que
será um grande sucesso.

— Isso é muito impressionante, Aria — Jolene diz


suavemente,

Como não sei o que dizer, apenas dou de ombros.

— Ela não gosta de falar sobre seu sucesso. — Tide aperta


minha mão. — Mas acredite em mim ela tem talento.

— Ela deve ter, se eles estão transformando um de seus


livros em um filme — diz Jolene.

— Não apena um. Três — Tide a corrige, e ela sorri


carinhosamente para o filho antes de olhar para mim.

— Você terá que me dar os títulos para que eu possa lê-los.

Meu coração começa a bater forte e meu estômago rola de


nervosismo.

— Você não precisa fazer isso.

— Eu sei que não. — Ela me dispensa. — Eu quero.

— Mamãe adora ler, baby — Tide me diz baixinho.

— Ela adora ler livros com homens seminus usando kilts nas
capas — Hunter resmunga, e rio.
— Desculpe. — Eu olho para Jolene. — Eu não estou rindo de
você. Na verdade, também gosto desse tipo de livro.

— Mesmo? — ela pergunta, e eu aceno,

Em seguida, recito alguns dos meus autores favoritos. Temos


alguns deles em comum, o que significa que passamos o resto do
jantar conversando sobre nossos livros e cenas favoritas. Os caras
nos ouvem, bebendo suas cervejas e acrescentando comentários
de vez em quando. Geralmente inclui eles dizendo que se
tentassem qualquer coisa que os homens nos livros fazem, eles
acabariam na casa do cachorro. Já que eles não estão errados, nós
não negamos.

Depois que terminamos o jantar e comemos bolo de


chocolate como sobremesa, Tide e eu ajudamos Jolene a limpar,
enquanto Hunter vai para a sala para assistir TV algo que Jolene
apenas revira os olhos.

— Obrigado pelo jantar, mãe. — Tide envolve seus braços


em volta de sua mãe e beija o topo de sua cabeça enquanto
termino de limpar as bancadas.

— De nada. — Ela dá um tapinha no peito dele. — Alimentar


você é o mínimo que eu poderia fazer depois de colocá-lo para
trabalhar hoje.

Seus olhos vêm para mim.


— Você passará o Halloween conosco este ano, Aria?

— Definitivamente. — Sorrio.

— Você já descobriu como se vestirá este ano? — ela


pergunta a Tide, e ele balança a cabeça.

— Ainda não. Precisamos falar com Olivia para ver o que ela
quer que nós três façamos — diz ele, e a ideia de ser incluída
aquece meu peito de felicidade.

— Bem, mal posso esperar para ver. Não tenho dúvidas de


que valerá a pena fotografar. — Ela ri e se aproxima para me dar
um abraço. — Obrigado por vir jantar, Aria.

— Obrigada por me receber — digo quando ela me solta, e


Tide pega minha mão e me leva para a sala, onde dizemos boa
noite ao pai dele antes de irmos para a porta da frente.

— Você se importa se eu pegar seu número com Tide? —


Jolene me pergunta quando saímos para a varanda. — Eu adoraria
encontrar com você para almoçar um dia qualquer.

— Eu gostaria muito disso.

— Bom. — Ela olha para Tide. — Amo você, querido.

— Também te amo, mãe.


Tide levanta o queixo e me leva para o lado do passageiro de
sua caminhonete.

Depois que ele abre minha porta, eu entro e aceno para


Jolene, percebendo que estou triste por sair. Se conhecer o Tide e
seus pais foi revigorante e ver o tipo de relacionamento que ele
tem com as pessoas que o criaram, especialmente sua mãe, diz
muito sobre o homem que ele é.

Tide não apenas a ama; ele a respeita e gosta de sua


companhia. Tenho certeza de que, como toda família, eles
passaram por momentos difíceis, mas duvido que sua mãe esteja
dormindo enquanto seu pai bebe até a morte para enterrar seus
sentimentos. Eles provavelmente já lidaram com qualquer
problema como adultos normais e ensinaram seu filho a fazer o
mesmo, o que me deixa esperançosa sobre Tide e eu. Não é que eu
não ache que duas pessoas que cresceram em circunstâncias
semelhantes não possam se acertar; só acho que pode tornar as
coisas mais difíceis.

Como eu, Josh, meu ex tinha um relacionamento turbulento


com os pais dele. Eles estavam por perto, causando um monte de
drama, ou fora de sua vida completamente. Não havia meio termo
, algo que sei que ele odiava, mesmo que nunca, jamais admitisse.

Olhando para trás, posso ver por que ele pensaria que meus
pais e meu relacionamento com eles eram normais, ou talvez até
melhor do que quando estava crescendo. Mas com duas pessoas
vindo do mesmo lugar insalubre, não havia meio termo. Nenhum
de nós sabia quando parar e dar um passo para trás ou quando
dizer “Precisamos trabalhar nisso juntos para que ambos sejamos
felizes” .

Ou talvez nosso relacionamento fosse tão doentio, que nós


no fundo dois sabíamos que não valia a pena o tempo ou esforço
que seria necessário para consertá-lo. Então, da minha parte, eu
sabia que não havia nada para consertar. Sabia que as coisas não
dariam certo, que ficar com ele seria tentar empurrar uma rocha
morro acima, para sempre , algo que é inútil e extremamente
cansativo a longo prazo.

— O que você está pensando? — Tide pergunta, me tirando


dos meus pensamentos enquanto agarra minha mão para puxá-la
e pousá-la em sua coxa.

— Só que eu realmente gosto de seus pais — admito, e seus


dedos apertam os meus. — Eles são tão normais.

— Eles não são perfeitos — diz ele gentilmente. — Eles


acabaram de descobrir o que funciona para eles. O pai aguenta os
projetos constantes, papel de parede floral na sala de jantar que
ele odeia e decorações na casa e fora da casa a maior parte do ano,
e a mãe garante que ele sempre tenha uma refeição quente
quando chega em casa e fica longe do sofá, porque é o seu espaço,
principalmente durante a temporada de futebol.

— Tão... normal. — Eu encolho os ombros.

— Sim, eu acho que sim. — Ele ri, e sorrio, esperando que


um dia tenhamos o que eles têm, porque embora normal possa
parecer chato para algumas pessoas, parece muito incrível para
mim.
Capítulo Quatorze
Tide
— É estranho que eu não tenha ido à sua casa antes — Aria
diz alguns dias depois, enquanto eu dirijo pela rua arborizada,
minha casa está iluminada com o sol se pondo ao longe, fazendo
com que o céu vire uma mistura de rosa e roxo.

— Você acha? — Eu olho para ela, vendo-a olhando pela


janela, e ela se vira na minha direção.

— Não é? Quer dizer, já faz um tempo que nos vemos. É meio


estranho que eu não tenha ido à sua casa.

— Sua casa é muito mais legal do que a minha, e você


trabalha em casa, então é mais fácil para eu ficar com você. Além
disso, prefiro sua cama à minha.

— Mesmo? — Ela levanta uma sobrancelha. — Porque você


reclama todas as noites dos meus travesseiros.

— Não, eu reclamo da quantidade excessiva de travesseiros


que você tem e que nem usa.

— Tanto faz — ela murmura, e sorrio.


Honestamente, eu não teria nem sugerido que fôssemos na
minha casa esta noite, mas Anna deixará Olivia mais cedo. Eu
queria estar em terreno neutro na primeira vez que ela
conhecesse Aria oficialmente. Só espero que o encontro das duas
não exploda na minha cara.

— Então é isso — digo enquanto estaciono na minha


garagem, e me viro para ver seus olhos escanearem o pequeno
quintal e a casa creme com venezianas pretas.

— É fofo. — Seus olhos encontram os meus enquanto ela


sorri.

— E sua vizinhança é adorável.

— Acho que essa foi a lista exata que o corretor de imóveis


escreveu para este lugar — respondo, ouvindo-a rir enquanto ela
tira o cinto.

— É por isso que você comprou, porque eles usavam


palavras como fofo e adorável? — ela brinca com um brilho em
seus lindos olhos.

— Sim, bem... isso, e está localizado entre a escola de Olivia e


a casa dos meus pais, o que torna as coisas mais fáceis nas
semanas que a tenho.

— Isso faz sentido.


Ela abre sua porta quando eu abro a minha, e eu a encontro
depois de pegar sua bolsa no banco de trás. Quando chegamos à
minha pequena varanda de concreto, solto sua mão e nos deixo
entrar, em seguida, coloco sua bolsa na mesa de centro. Ela anda
pela pequena sala de estar que é separada da cozinha por uma
meia parede, olhando para as fotos emolduradas nas paredes, a
maioria são de Olivia, outras dos meus pais, irmã e amigos
misturados.

— Não é muito — murmuro, passando a mão pelo meu


cabelo quando ela não diz nada. Eu a conheço e sei que ela não
julga, mas a casa em que ela cresceu é cerca de um milhão de
vezes maior do que este lugar, e sua casa agora tem o dobro do
tamanho, com alguns hectares. Eu poderia pagar mais do que
isso? Provavelmente, mas eu prefiro gastar dinheiro em férias
realmente agradáveis todos os anos e ter dinheiro no banco para
o caso de algo acontecer.

— Eu amo isso. É aconchegante.

Ela se vira para mim e fecho a distância entre nós, então a


ouço rir enquanto a levo de costas para o sofá e caio em cima dela,
colocando um dos meus joelhos entre suas pernas.

— Aconchegante, hein? — pergunto contra seus lábios


sorridentes.
— Muito aconchegante... e quente. — Ela move as mãos até
meus ombros, onde sinto suas unhas cravarem na minha pele
através da camiseta térmica de mangas compridas que estou
vestindo.

— Quente é bom. — Eu coloco meus lábios contra os dela.

— Quente é muito bom — ela concorda enquanto seus dedos


passam em volta do meu pescoço e na parte de trás do meu
cabelo. Inclinando minha cabeça para o lado, eu mordo seu lábio
inferior, em seguida, beijo ao longo de sua bochecha até a orelha,
ouvindo seu suspiro, o que faz meu pau latejar contra o zíper da
minha calça jeans. Porra, eu a tive uma hora atrás e a quero de
novo. Então, novamente, percebi que nunca terei o suficiente dela.

— Você ainda não viu o melhor cômodo da casa. — Belisco


seu lóbulo da orelha e ela levanta os quadris, fazendo com que o
calor de sua boceta esfregue contra minha coxa.

— A cozinha? — ela ofega e eu sorrio contra seu pescoço


antes de chupar sua pele entre meus lábios, em seguida, lamber
sobre ela.

— O quarto principal.

— Eu definitivamente preciso vê-lo. — Ela se esfrega contra


minha perna e eu a beijo suavemente antes de me levantar do sofá
e puxá-la comigo.
Sem outra palavra, a conduzo pela cozinha até a suíte
master, e não dou a ela a chance de olhar em volta. Eu puxo seu
suéter pela cabeça e jogo no chão enquanto suas mãos sobem pelo
meu abdômen sob minha camisa, e eu levanto meus braços para
que ela possa me ajudar a tirá-lo. Quando nós dois estamos sem
camisa, abro seu sutiã com um estalar de meus dedos, em seguida,
vejo o tecido fino cair de seus ombros antes que ela o deixe cair
no chão. Eu nem mesmo hesito em segurar seus seios em minhas
mãos, sentindo seus mamilos endurecerem contra minhas
palmas.

— Porra, você é linda. — Ela é bonita. Tudo nela é perfeito,


desde suas curvas deliciosas até as pontas de seus seios que
mudam de pêssego para o tom perfeito de rosa-rosa quando ficam
apertados, e o peso que cabe perfeitamente em minhas mãos.

Eu amo o corpo dela.

Eu amo como cada centímetro dela é suave quando ela está


embaixo de mim.

Eu a amo

— Tide. — Seus dedos se curvam em volta da minha cintura


e eu me inclino, levando sua boca em um beijo profundo enquanto
a empurro de volta para a cama. Uma vez que sua cabeça atinge o
travesseiro, me afasto e me levanto para tirar minhas botas,
observando-a dobrar os joelhos e cobrir os seios.

— Não se esconda, baby — digo suavemente, e ela lambe os


lábios, parecendo nervosa e insegura. — Eu amo seu corpo. Eu
amo tudo em você. — Seus olhos examinam os meus, então suas
pernas se separam ligeiramente e suas mãos deslizam para sua
cintura.

Enquanto meus olhos a observa, eu tiro rapidamente minha


calça jeans e boxer, em seguida, coloco um joelho na cama e
agarro seu tornozelo. Estabelecido entre suas pernas, envolvo sua
perna em volta do meu quadril, em seguida, inclino-me para
chupar seu lábio inferior entre os meus antes de soltá-lo com um
pop.

— Tide.

— Estou começando a ter a sensação de que você não


entende como sou obcecado pelo seu corpo, baby.

— Eu sou toda irregular.

Sorrio do ridículo dessa declaração e enterro meu rosto em


seu pescoço.

— Não ria de mim.

Ela dá um tapa nas minhas costas.


Me inclino para trás e agarro sua mão, em seguida, envolvo
em torno do meu pau que está duro como uma rocha e latejante.

— Baby, eu comi você nem mesmo duas horas atrás e não


posso esperar para estar dentro de você novamente. Seu corpo é
lindo pra caralho. Cada centímetro de você é a merda de que os
sonhos molhados são feitos.

Uso sua mão para acariciar o meu pau para cima e para
baixo duas vezes enquanto minha mandíbula aperta.

— Você é perfeita; cada centímetro de você é.

— Eu não sou — ela geme enquanto beijo meu caminho para


baixo em seu corpo, parando em seus seios, lambendo e
beliscando seus mamilos duros enquanto ela segura meu cabelo.
Meu pau lateja enquanto meus dedos mergulham entre suas
pernas, encontrando-a encharcada.

— Você é. — Mordo a parte interna de sua coxa, deslizando


um dedo e depois dois dentro dela. — Olhe para mim, Aria. —
Leva um segundo para ela se concentrar em mim, quando o faz,
abaixo meu rosto e lambo seu centro, girando minha língua em
torno de seu clitóris. Seus dedos ainda estão no meu cabelo,
puxam e depois me empurram para frente como se ela não
soubesse se quer que eu pare ou continue. Uma vez que suas
paredes começam a apertar em torno dos meus dedos ainda
bombeando dentro dela, eu chupo seu clitóris e suas coxas
apertam e tremem antes que ela fique mole. Dando um último
beijo em seu clitóris, subo na cama entre suas pernas.

— Você está bem?

— Não... sim.

Ela ri, agarrando minha bunda, e meu pau bate contra sua
umidade. Pego suas mãos e as puxo sobre sua cabeça, então
empurro dentro dela em um impulso rápido. Seu suspiro
corresponde ao meu gemido quando me acomodo em seu calor
quente e úmido.

— Porra. — Meu coração acelera e cerro meus dentes. Não


há nada melhor do que estar dentro dela.

— Oh Deus, Tide — ela choraminga, balançando os quadris e


me incentivando a me mover, e eu me afasto, apenas para
empurrar com mais força.

Eu rolo rapidamente para minhas costas e agarro sua cintura


enquanto suas mãos se acomodam contra meu peito, seu cabelo
formando uma cortina ao nosso redor.

— Monte em mim, Aria.

Sua respiração engata quando seus quadris rolam, e eu a


incentivo, levantando meus quadris cada vez que ela desliza para
baixo. Observando-a com a cabeça para trás, o cabelo rebelde, os
seios balançando e os quadris girando, luto contra o desejo de
gozar. Antes dela, pensava que sabia o que era beleza. Eu não fazia
ideia. Assisti-la me usar para perseguir o orgasmo pelo qual está
desesperada é além da beleza.

— Oh Deus — ela respira, e eu me inclino, capturando sua


boca, sentindo sua boceta vibrar ao redor do meu pau. Quando ela
cai goza, eu a beijo, meus quadris subindo enquanto me perco
dentro dela. Enquanto nós dois estremecemos, ela cai contra o
meu peito, e eu envolvo meus braços em torno dela, segurando-a
o mais perto possível fisicamente.

Enquanto o silêncio se instala entre nós e nossa respiração


volta ao normal, eu passo minha mão por suas costas.

— Caso você não acredite, baby, eu te acho gostosa pra


caralho — digo, e ela se inclina para trás para encontrar o meu
olhar, então ri antes de colocar a testa no meu peito.

— Eu não sou — ela nega mais uma vez, e a frustração faz


meus músculos se contraírem.

— Você é perfeita para mim. — Agarro seu rosto entre


minhas mãos e seus olhos suavizam enquanto procuram os meus.

Eu te amo, tudo sobre você, cada centímetro de você.


— Tide. — Ela balança a cabeça e percebo que seus olhos se
enchem de lágrimas. Eu não dou a ela a chance de discutir. A
cortei cobrindo sua boca com a minha, jurando fazer tudo ao meu
alcance para fazê-la se ver do jeito que a vejo.

Encostado no balcão da cozinha, observo Aria enquanto ela


se inclina para colocar o prato na máquina de lavar, e estendo o
braço para bater em sua bunda.

— A sério? — Ela me olha por cima do ombro, revirando os


olhos.

— Desculpe, querida, mas se você enfiar na minha cara, eu


baterei. — Sorrio para ela por cima da minha caneca de café.

— Eu não estou empurrando minha bunda na sua cara.

— Parece que você está me provocando. — Olho para sua


bunda redonda que é ainda mais pronunciada nas leggings que ela
está usando. — Posso precisar que você se troque antes que Olivia
chegue aqui. Eu não acho que terei força de vontade para manter
minhas mãos longe da sua bunda hoje se você estiver usando
essas calças.

— Desculpe, senhor, mas você terá que cavar fundo e


encontrar a força de vontade para manter suas mãos para si
mesmo, porque eu não tenho nada para mudar. — Ela pega seu
café e olha para o relógio, algo que ela fez cerca de uma dúzia de
vezes nos últimos quinze minutos.

Não gostando do fato de ela estar nervosa por conhecer


Anna, me inclino para frente o suficiente para agarrar a barra de
sua camisa, em seguida, puxo até que ela esteja bem na minha
frente.

— Nervosa? — Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha


e ela solta um suspiro profundo.

— Estou um pouco. — Seus olhos procuram os meus. —


Você está preocupado?

— Não, a opinião de Olivia é a única que me interessa, e já sei


que ela gosta de você. — Eu envolvo minha mão ao redor de seu
pescoço, então me inclino e beijo sua testa quando a campainha
toca.

— Preparada?

Quando ela balança a cabeça, coloco minha xícara de café no


balcão, pego sua mão e a levo até a porta da frente.

Assim que abre, Olivia passa por mim e por Aria, gritando:

— Desculpe, não posso falar! Tenho que fazer xixi!


— Olivia, você não diz isso! — Anna grita e Aria ri, depois
fica séria quando Anna olha para ela.

— Você deve ser Aria.

— Eu sou. Prazer em conhecê-la. — Aria estende a mão e


Anna olha para ela antes de olhar para mim.

— Olivia disse que vocês três passarão o dia no lago.

— Esse é o plano — concordo, reprimindo o desejo de


chamar sua atenção por ser rude.

— Você precisa ter certeza de que ela use um colete salva-


vidas.

Ela olha para Aria rapidamente antes de encontrar meu


olhar mais uma vez.

— E eu preferia que ela não ficasse em qualquer lugar que


não fosse aqui ou na casa de seus pais durante sua semana juntos.

— Você pode preferir o que quiser, mas não garantirei nada


a você — digo, e a mão de Aria aperta a minha enquanto a raiva
invade meu estômago.

— Se você tiver algum problema com isso, pode me levar de


volta ao tribunal.
Ela abre a boca como se fosse dizer alguma coisa, mas a
fecha quando Olivia entra saltitando.

— Ei, pai.

— Ei, anjo. — A pego e ela envolve seus braços em volta do


meu pescoço.

— Você está animada com o dia de hoje?

— Sim. — Ela sorri para mim, então olha para Aria e se


inclina meio para fora do meu abraço para que ela possa dar um
abraço nela.

— Oi querida. — Aria sorri, tocando sua bochecha.

— Dê-me um abraço, Olivia — Anna rebate, fazendo Aria e


Olivia pularem.

— Jesus, Anna — vocifero.

— O quê? Eu preciso pegar a estrada — ela diz, tirando


Olivia do meu aperto.

— Te vejo em uma semana. Certifique-se de me ligar.

— Eu vou, mamãe — Olivia concorda, e Anna me lança um


olhar antes de girar nos calcanhares e sair correndo.
— Você quer me ajudar a fazer as malas para o nosso
piquenique? — Aria pergunta a Olivia enquanto fecho a porta da
frente.

— Sim, podemos fazer sanduíches de pasta de amendoim e


geleia?

— Com certeza — Aria responde, caminhando para a


cozinha com Olivia ao seu lado.

— Enquanto vocês duas fazem isso, colocarei a canoa na


caminhonete — digo a elas, recusando-me a deixar as besteiras de
Anna arruinarem nosso dia.

— Estaremos aqui — Aria diz suavemente, seus olhos


examinando meu rosto, tenho certeza de que está tentando
descobrir quão irritado estou.

O que ela ainda não entendeu é que normalmente fico


chateado sempre que preciso lidar com Anna. E honestamente, eu
não dou a mínima. Meu objetivo é fazer de Aria uma parte
permanente da minha vida, quer Anna goste ou não.
— Agora lembre-se, anjo. Essa água está fria, então
precisamos fazer tudo o que pudermos para garantir que não
acabemos nela — digo a Olivia enquanto verifico se seu colete
salva-vidas está devidamente afivelado.

— Eu sei, pai. — Ela olha por cima do meu ombro para onde
Aria está parada e revira os olhos como “você pode acreditar
nesse cara? Ele deve pensar que sou um idiota”.

— Estou apenas lembrando a você, desde a última vez que


estivemos no lago, você achou engraçado balançar o barco para
frente e para trás, e acabamos na água.

— Isso foi engraçado, mas está muito frio para ir nadar hoje.
— Ela encolhe os ombros enquanto eu fico de pé, então a vejo
pular em direção a Aria e agarro sua mão para que ela possa
arrastá-la em direção à canoa que carregamos para o cais quando
chegamos aqui.

Assistindo as duas juntos, uma sensação de contentamento


como eu nunca senti antes me preenche. Sempre foi fácil para eu
namorar e encontrar mulheres para passar o tempo, mas
nenhuma delas eram mulheres que eu poderia imaginar trazer
para a vida da minha filha. Mesmo tão boas como eram, todas
estavam perdendo alguma coisa. Qualidades que eu nem sabia
que estava procurando até que as encontrei em Aria, desde sua
força silenciosa até sua vulnerabilidade e resiliência. Tudo o que a
representa são características que passei a admirar e apreciar
mais do que ela imagina.

— Pai, você vem? — Olivia grita, e saio de meus


pensamentos e me concentro nela e em Aria. Eu as encontro
tentando descobrir como entrarão na canoa.

— Sim. — Corro em direção a elas e ordeno — Entrem, vocês


duas. — Uma vez que se sentam enquanto eu seguro firme, me
sento e desamarro a corda que está amarrada ao cais e uso o remo
para nos empurrar para a água. Enquanto nos levo ao redor do
pequeno lago, as duas garotas apontam diferentes pássaros e
peixes quando eles saltam, e Aria tira um milhão de fotos de Olivia
e das árvores que mudaram de verde para vários tons de ouro.

Quando estamos de volta em segurança em terra firme,


encontramos uma área gramada onde eu jogo uma das mantas de
pintura que mantenho na parte de trás da minha caminhonete.

Aria desempacota o lanche que ela e Olivia prepararam, que


inclui chocolate quente, sanduíches de pasta de amendoim e
geleia, batatas fritas, vegetais e homus.

Enquanto comemos, sei que poderia me acostumar para


sempre com isto e com minhas duas meninas.
— Vovó estava perguntando como você quer se vestir para o
Halloween deste ano — declaro, pegando um punhado de batatas
fritas, e Olivia olha para Aria.

— Você fará gostosuras ou travessuras conosco?

— Eu vou — ela responde, em seguida, acrescenta — Se


estiver tudo bem para você.

— Tudo bem. — Ela encolhe os ombros como se não fosse


grande coisa, então pergunta — Você quer ser Elsa ou Anna?

— Umm. — Aria me olha com uma confusão clara como o dia


em seus olhos.

— Elsa e Anna são personagens de Frozen. Elas são irmãs —


esclareço.

— Oh. — Aria encolhe os ombros. — Quem você quer ser?

— Qualquer uma. Ambas são totalmente incríveis. Você não


assistiu Frozen antes? — ela pergunta, e Aria balança a cabeça. —
Mesmo? — Olivia parece indignada.

— Mesmo. — Aria inclina a cabeça para o lado, sorrindo para


ela quando ela cai de costas.

— E o Frozen 2?
— Eu não vi nenhum deles. — Aria ri enquanto Olivia me
olha com o nariz franzido.

— Podemos assistir os dois esta noite, papai?

— Claro — concordo.

Ela se levanta e sobe no meu colo, envolvendo os braços em


volta dos meus ombros para um abraço apertado antes de olhar
para Aria.

— Esta noite, depois de assistirmos aos filmes, você pode


decidir quem você quer ser.

— Isso soa como um plano bom. — Aria sorri para ela, e ela
balança a cabeça antes de virar o corpo para que seu rosto fique
no meu.

— Você quer ser Kristoff ou Olaf, papai?

— Serei quem você quiser que eu seja. — Me inclino e beijo a


ponta de seu nariz, observando enquanto ela sorri.

— Quem são Kristoff e Olaf? — Aria pergunta, e Olivia se vira


para encará-la.

— Kristoff é o namorado de Anna e Olaf é um boneco de


neve que ganha vida. Ele é super engraçado. Você vai amá-lo.
Minha mãe ama. — Ela se levanta e começa a cantar uma de suas
canções enquanto gira em círculos.

Enquanto a observo, rindo, sinto os olhos de Aria em mim e


me concentro nela. Meu peito aquece com o olhar suave em seu
rosto.

— O quê? — eu pergunto baixinho, e ela balança a cabeça.

— Nada, apenas pensando que você é um ótimo pai.

Porra, ouvi-la dizer isso com aquele olhar em seu rosto, eu


tenho que lutar contra o desejo de agarrá-la na grama e beijá-la
até deixá-la sem sentido.

— O que você acha de arrumarmos nossas coisas e irmos


para a cidade comprar pizza e coisas de cinema? — sugiro, e
quando as duas garotas concordam, nós arrumamos tudo.

Aria e eu carregamos a canoa até a parte de trás da minha


caminhonete, então seguimos para a cidade. Paramos no
supermercado para comprar algumas pizzas congeladas e
salgadinhos, que incluem gulosemas suficiente para uma família
de dez pessoas.

Passamos o resto da noite enchendo nossos corpos de


porcaria e rindo pra caramba. No momento em que colocamos
Olivia na cama, ela chegou à conclusão de que Aria deveria ser
Elsa, ela deveria ser Anna e eu deveria ser Kristoff, então fazemos
planos para a manhã seguinte para comprar nossas fantasias.

E não surpreendentemente, Aria está ainda mais animada do


que Olivia para se vestir para o Halloween.
Capítulo Quinze
Aria
— BOM DIA, BABY — TIDE sussurra em meu ouvido
enquanto o cheiro de café fresco vem em minha direção, e pisco
meus olhos abertos, encontrando-o inclinado sobre mim.

— Ei. — Aceito seu beijo, então faço beicinho quando ele se


inclina para trás o suficiente para eu ver que seu cabelo está
molhado e ele já está vestido. — Você tomou banho sem mim. —
Sento-me, arrastando meu edredom comigo antes de aceitar a
xícara de café que ele deixou na minha mesa de cabeceira.

— Desculpe amor. — Ele sorri, tenho certeza de que está


pensando que é engraçado eu estar irritada por ele ter tomado
banho sozinho. Mas realmente gosto de nossos banhos.

— Eu tenho que pegar a estrada e você precisa se preparar.


Gia estará aqui em breve para buscá-la.

— O quê? — Eu franzo a testa. Gia e eu temos planos de nos


prepararmos para a festa dos meus pais esta noite, enquanto a
mãe de Colton cuida de Gino, mas isso só por algumas horas.

— É cedo.
— Eu sei, mas vocês duas têm um encontro na cidade em
Rock Salt esta manhã.

— O spa? — pergunto, meu cérebro sonolento realmente


não está acompanhando.

— Sim.

— Desculpe. — Eu balancei minha cabeça. — Não estou


entendendo.

Sorrindo, ele coloca o punho na cama perto do meu quadril e


se inclina tão perto que sua respiração roça meus lábios.

— Você e Gia têm um dia de spa hoje. Colton e eu cuidamos


de tudo para que vocês possam relaxar.

— Oh. — Meu coração começa a ficar estranho. Então, como


sempre, ele tende a ter esse efeito em mim.

— Você tem que estar pronta em trinta minutos. Eu ia te


acordar mais cedo, mas fui pego em um telefonema com meu
advogado.

Meu estômago embrulha.

— Está tudo bem?

— Está tudo bem — ele garante


Eu examino seu rosto, em busca de qualquer sinal de que as
coisas não estão tão bem quanto ele diz. Desde que Anna deixou
Olivia com ele na semana passada, ele tem conversado com seu
advogado para se certificar de que as coisas estão em ordem para
que ele esteja protegido de Anna tentar levá-lo ao tribunal para
custódia. Para seu crédito, ele nunca pareceu muito preocupado
com o sucesso dela, mas eu fiquei, porque sei, sem dúvida, que ele
perderia o controle se tivesse que perder algum de seu tempo
com Olivia.

— Jura?

— Juro, baby. — Ele se inclina para me beijar, então se afasta


e segura minha bochecha. — Vejo você esta noite.

— Ok — concordo, e ele me dá um sorriso e se levanta,


olhando para mim.

— Tente relaxar hoje.

— Certo. — Aceno, e ele toca seus lábios no topo da minha


cabeça antes de sair do quarto.

Fico olhando para o espaço vazio por um longo tempo, nem


mesmo um pouco preocupada com esta noite e com o fato de que
estaremos passando um tempo com meus pais. Minha
preocupação e nervosismo mudaram para Tide e o que Anna está
fazendo ou tentando fazer. Eu não a entendo. Não compreendo
por que ela estar com raiva porque ele está em um
relacionamento, quando foi ela quem o deixou. Não entendo o
ciúme ou ressentimento. Nem por que ela pensaria que separar
Olivia de seu pai seria bom, quando seria devastador não apenas
para Tide, mas para sua filha, a qual ela deveria querer proteger.
Posso ver por que ela gostaria de ser cautelosa sobre quem está
perto de Olivia, mas Tide foi muito cuidadoso quando a conheci, e
sei que ele disse a Anna que nos apresentaria.

— Aria, querida, você precisa levantar. — Balançando a


cabeça, saio dos meus pensamentos e encontro Tide parado na
porta.

— Desculpe, me perdi no tempo. — Coloco meu café na


mesa, em seguida, jogo o edredom para o lado e coloco meus pés
no chão. — Estou de pé.

O ouço rir, então vejo enquanto ele vem em minha direção.


Assim que ele está perto, seu braço envolve minha cintura e ele se
inclina para trás, beijando-me profundamente.

— Eu pensei que você estava indo embora — digo sem


fôlego.

— Eu estava, mas esqueci meu gorro. — Ele esfrega o nariz


no meu.
— Eu também queria ter certeza de que você realmente se
levantou. Eu sei que é cedo.

— Não é tão cedo — aponto, porque são quase nove, e a


maioria das pessoas acorda muito antes das nove. Na verdade,
normalmente eu levanto muito mais cedo.

— Sim, mas você ficou acordada até tarde trabalhando. Senti


você se esgueirar para fora da cama por volta da meia-noite e
verifiquei quando era às duas, e você estava digitando no
computador.

— Desculpe-me. — Eu me encolho.

— Pelo quê? Se a história vem, entendo que você precisa


escrever — ele diz facilmente

Assim, me pergunto quanto tempo levarei para perceber que


ele não é Josh, que não fica chateado com bobagens ou age como
um idiota só porque pode. Ele é solidário e atencioso. Tide é tudo
para mim.

— Agora eu realmente preciso ir. — Ele se inclina, beijando


meus lábios e sussurrando — Tenha um bom dia, baby.

— Você também — digo enquanto ele me solta, então o vejo


pegar seu gorro do topo da minha cômoda antes de piscar para
mim e desaparecer pela porta.
Vou para o banheiro com um sorriso no rosto e me apresso
com minha rotina matinal para estar pronta quando Gia chegar
para me buscar.

— Eu não sei sobre você, mas não tenho certeza se


conseguirei sobreviver à festa dos seus pais esta noite — diz Gia,
parecendo sonolenta, e rolo minha cabeça em sua direção, o
movimento parecendo consumir toda a força que me resta. —
Este é o estado mais relaxado que estive nos últimos meses.

— Idem. — Dou a ela um sorriso preguiçoso, e Gia retorna


um dos seus próprios.

Quando chegamos ao spa, Gia ficou tão chocada quanto eu ao


descobrir que nossos rapazes foram além. Eu esperava que eles
pudessem ter planejado para nós fazermos massagens e talvez
nossas unhas, mas eles nos reservaram um dia inteiro de
tratamento. Desde a depilação com cera e polimento da cabeça
aos pés, massagens, tempo em uma sauna que me fez querer por
uma na minha casa, e manicure e pedicure.

Foi um ótimo dia e exatamente o qual eu não sabia que


precisava. Eu não tive um dia de spa desde que me casei, e aquele
dia não foi muito relaxante com minha mãe e a mãe de Josh
criticando tudo sobre o spa e o casamento que nenhuma das quais
pagaram. Isso me deixou estressada e preocupada, porque no
meu íntimo, eu sabia que estava cometendo um grande erro, mas
estava muito longe na toca do coelho para cancelar o casamento,
embora devesse.

— Você acha que os caras realmente se lembraram de alugar


seus smokings para esta noite?

A pergunta de Gia me tira dos meus pensamentos e me


concentro nela.

— Não sei. — Eu mordo meu lábio inferior. — Espero que


sim.

— Eu também espero. Estou realmente ansiosa para ver os


dois vestidos a rigor.

— Sim — concordo enquanto tento imaginar Tide usando


qualquer coisa além de jeans e as térmicas que ele usa desde que
o tempo começou a esfriar. Não que eu fosse reclamar, porque ele
parece bem, mesmo quando ele não está tentando.

— Desculpa por interromper. — Maria, a dona do Rock Salt,


entra na sala enquanto as garotas que estão nos aplicando nossas
pedicuras colocam chinelos brancos em nossos pés e começam a
guardar os seus materiais.
— Eu queria ver se alguma de vocês gostaria de outra taça
de champanhe enquanto esperam suas unhas secarem?

— A menos que você queira que eu passe o resto do dia


dormindo aqui em sua cadeira, terei que passar — diz Gia e Maria
olha para mim.

— Eu não acho que me sairia muito melhor do que ela, mas


obrigado, hoje foi maravilhoso.

Sorrio.

— Nesse caso, obrigada a vocês por passarem o dia conosco.


— Ela sorri calorosamente.

— Podemos deixar uma gorgeta? — pergunto, e ela balança


a cabeça.

— Sua conta foi paga integralmente e gorjetas generosas


foram deixadas para as meninas. Você está livre para ir assim que
estiver seca, o que deve acontecer em cerca de dez minutos. — Ela
se curva levemente, então sai da sala, com suas garotas indo com
ela.

— Acho que precisamos planejar um desses dias a cada dois


meses — digo, desligando o recurso de massagem da minha
cadeira.
— Então, eu não deveria nos programar para voltarmos
todas as semanas no futuro previsível? — Gia faz beicinho, me
fazendo rir.

— Se eu viesse aqui todas as semanas, não teria condições de


pagar a sauna que falarei com Tide sobre construir uma na minha
casa.

— Você é um gênio.

— Eu sou? — Mexo meus dedos do pé, pintados de cor de


vinho, em seguida, levanto minhas mãos para inspecionar minhas
unhas que estão pintadas com o mesmo esmalte.

— Essa cor combinará perfeitamente com o seu vestido.

— Espero que sim. — Viro em sua direção. — Colton já viu


seu vestido?

— Não, quero surpreendê-lo. Eu coloquei no armário do


Gino, e ele nunca entra lá.

Ela se senta e verifica as unhas que decidiu pintar um


vermelho clássico que ficará incrível com o vestido de renda preto
sexy que ela escolheu para esta noite.

— Você quer pegar algo para comer e sair comigo e com


Gino por algumas horas antes de começarmos a nos preparar?
— Eu adoraria — concordo, levantando-me com cuidado da
cadeira, meus músculos ficando fracos depois do tempo na sauna
e em uma massagem de corpo inteiro.

— Você quer pedir algo de um restaurante grego no final da


estrada?

— Eles têm salada?

— Eu penso que sim. — Franzo a testa para ela.

— Não me olhe assim. Juro que ganhei 2,5 quilos na semana


passada e nem sequer comi todas guloseimas que queria. Seria
péssimo se eu não pudesse caber em meu vestido esta noite
porque fiquei louca na hora do almoço.

— Você caberá em seu vestido.

Eu rolo meus olhos. Não sei como ela era antes de dar à luz
alguns meses atrás, mas não acho que ela precise perder peso, e
estive perto dela e de Colton várias vezes, então sei que ele a ama
ao ponto da obsessão.

— Mas eu gostaria de comer uma salada, então, se eles não


tiverem uma no menu, nós poderemos escolher outro lugar.

Sinceramente, desde que o Tide apareceu na minha vida, a


preocupação constante com minha aparência desapareceu. Eu
nem me lembro da última vez que subi na balança. Isso não quer
dizer que eu ainda não pense no meu peso às vezes.

— Esta noite, todas as apostas estão canceladas. Depois que


o vestido estiver fechado, pretendo comer tudo o que estiver à
vista e beber até que Colton tenha que me carregar. — Ela sorri,
saindo da cadeira, suas pernas parecendo levar tanto tempo para
segurá-la quanto as minhas.

— Você acha que nossas unhas estão secas?

Eu me curvo e verifico o dela, em seguida, o meu e aceno


com a cabeça.

— Sim, mas devemos manter nossos chinelos por precaução.


— Pego meus sapatos e meias, ela faz o mesmo antes de irmos
para a porta. Com um rápido adeus a Maria na frente do spa,
saímos para o enorme Suburban de Gia e pedimos duas saladas
gregas caprichadas. Depois de buscá-los, dirigimos até a casa dela,
onde passaremos o resto do dia entretendo Gino antes de nos
prepararmos.

— Porra.
Com esse comentário, me viro para encarar Tide de pé
dentro do banheiro de hóspedes de Gia e Colton, e o olhar em seus
olhos faz meu pulso disparar.

Normalmente sigo a regra de lábios escuros, olhos claros ou


vice-versa, mas hoje à noite eu decidi usar um olho esfumaçado e
um batom vermelho escuro que me faz parecer e me sentir sexy, a
julgar pelo olhar nos olhos de Tide, ele gosta desse jeito também.

Quando Gia escolheu este vestido e insistiu que era para


mim, fiquei cética. Nunca tinha usado algo tão justo na minha
vida, mas assim como a primeira vez que o vi na boutique, juro
que foi feito para mim. O veludo rosa empoeirado, top sem
mangas com corte em V mostra apenas o suficiente do meu peito
para ser elegante, e a cintura império é lisonjeira, especialmente
com a forma como flui para a saia sereia multicolorida de
lantejoulas que termina no meu tornozelo para que o meu salto
possa ser visto.

Enquanto seu olhar passa por cima de mim, do meu cabelo


que eu decidi usar meio solto, até os saltos nude nos meus pés, eu
o observo, me sentindo tonta.

Achava que ele era bonito antes, mas vê-lo com o cabelo
preso em um coque masculino longe de seu rosto bonito, sua
mandíbula mais angular, sem a nuca normalmente cobrindo-a, e
seu corpo musculoso envolto em um smoking preto que parece foi
feito para ele, sei que estava errada. Ele não é lindo. Ele é... ele é...
Não tenho palavras para descrever o que ele é. Eu só sei que é
tudo.

— Eu pensei... — Sua mão esfrega sua boca enquanto ele


caminha em minha direção. — Eu pensei que sabia que você
estaria linda esta noite. Obviamente não tinha a porra de ideia.
Jesus, Aria, que porra é essa?

— Você gostou do meu vestido? — pergunto estupidamente,


e sua mão se curva em volta do meu quadril para que ele possa
trazer nossos corpos juntos.

— Você poderia dizer isso.

Seus olhos se fixam nos meus e minha respiração fica presa


na garganta enquanto ele continua.

— Você também pode dizer que sou um filho da puta


sortudo. Não só posso olhar para você com este vestido, mas sou o
único que vai tirá-lo hoje à noite para que eu possa te foder até
perder os sentidos.

— Tide. — Agarro as lapelas de sua jaqueta, precisando me


segurar, e ele se inclina para mim, colocando seus lábios contra os
meus.
— Não importa o que aconteça nesta festa, Aria, eu te
curvarei e vou te foder com esse vestido e sapatos assim que
chegarmos em casa.

— Ok — concordo imediatamente, tenho o seu sorriso antes


que ele cubra minha boca com a dele e enfie sua língua entre
meus lábios. O beijo é molhado, longo e profundo, e quando ele
afasta a boca, fico completamente sem fôlego. Meus cílios se
abrem e eu o encontro me olhando com um olhar que faz meu
peito parecer estranho. Positivo que agora não é a hora de falar
sobre o fato de que estou apaixonada por ele, levanto minha mão
e esfrego meu polegar contra seu lábio inferior.

— Você está com o meu batom em cima de você.

— Eu não dou a mínima — ele murmura, e sorrio enquanto o


forço a me deixar ir para que eu possa limpá-lo. Enquanto me
inclino sobre a pia para consertar meu batom, seus braços
envolvem minha cintura, seu grande corpo me envolvendo,
fazendo-me sentir segura e pequena.

— Vou avisá-la agora, Aria, que perderei a cabeça se o seu ex


ou qualquer outra pessoa vier até você esta noite.

Encontro seu olhar no espelho e aceno com a cabeça uma


vez, porque o olhar em seus olhos não deixa espaço para uma
discussão ou uma conversa, honestamente, não lutarei contra ele
para me defender, se necessário. Não quando meu primeiro
instinto é protegê-lo da mesma maneira. Eu só espero que não
chegue a esse ponto.
Capítulo Dezesseis
Tide
Estamos na longa fila de carros esperando para serem
estacionados em frente à casa de infância de Aria e dou um aperto
em sua coxa. Mesmo que ela não tenha dito isso, sei que está
nervosa por ficar cara a cara com seu ex e seus pais no mesmo
espaço esta noite.

— É aqui que você cresceu? — Gia pergunta do banco de


trás, e olho para ela no espelho retrovisor e vejo seus olhos
arregalados de admiração quando ela olha pela janela.

Não estou nem um pouco surpreso com a reação dela, a casa


em que Aria cresceu parece algo saído de um filme. Luzes
brilhantes exibem a casa de fazenda de dois andares e colunas
brancas alinham a varanda da frente, tornando a casa ainda mais
intimidante. Não se parece com um lugar onde as pessoas vivam.
Parece um museu, um lugar que as pessoas pagam para visitar
durante o dia.

— Infelizmente — Aria diz baixinho, cobrindo minha mão


com a dela.
— É linda.

— As aparências enganam — ela contesta enquanto dois dos


caras que foram contratados para estacionar carros esta noite
caminham até minha caminhonete, um contornando o lado do
motorista, o outro parando ao lado da porta de Aria.

— Espere que eu dê a volta para você — ordeno suavemente


quando as portas são abertas e sua cabeça vira na minha direção.
Quando recebo seu aceno de cabeça, saio, corro para o lado dela e
pego sua mão para ajudá-la a sair, em seguida, coloco sua mão
debaixo do meu braço e a levo até a escada na varanda da frente,
onde outros casais estão entrando na casa.

— Assim que entrarmos neste lugar, precisarei da porra de


uma cerveja — Colton resmunga atrás de nós.

E pela primeira vez esta noite, ouço Aria rir, o som fazendo
meu interior vibrar. Amo o som de sua felicidade, odeio que a
família dela torne tudo tão difícil para ela ser assim.

A casa quando entramos é exatamente como você esperaria


que fosse. O foyer é amplo, com duas escadas curvas que levam ao
patamar do segundo andar, e há uma linha reta para o jardim dos
fundos, onde você pode ver as luzes suspensas e as pessoas
reunidas. Alguns estão segurando bebidas, outros com pratos de
comida, enquanto conversam e sorriem com uma música tocando
suavemente ao fundo.

— Peguei você, baby — digo baixinho quando Aria tropeça.

— Obrigada.

Sua cabeça vira na minha direção, e eu a puxo perto o


suficiente para tocar meus lábios em sua testa, e apenas quando
vejo que ela está bem, continuo nos levando para fora. Quando
entramos no quintal, faço uma varredura rápida, notando sua mãe
parada com um homem que parece estar prestando atenção em
cada palavra dela e seu pai está parado com um grupo de homens
do outro lado do quintal.

— Eu digo que todos nós precisamos de bebidas — Aria


sugere.

Então a deixo liderar o caminho até o bar que está colocado


no meio do quintal sob um arco de luzes. As meninas pedem
vodca com limão, enquanto Colton e eu pedimos cervejas, que o
barman tem que correr para pegar, porque não é algo que
estocaram. Assim que pegamos nossas bebidas, dirigimo-nos para
uma das muitas mesas colocadas ao redor do quintal, e posso
dizer pelo sorriso falso que Aria está exibindo que ela se sente
desconfortável e mais do que um pouco nervosa por estar aqui.
— Sou só eu ou as pessoas estão olhando para nós? — Gia
pergunta baixinho, e envolvo meu braço em volta das costas de
Aria e a puxo para o meu lado.

— Não é só você — diz Aria, seu corpo contra o meu fica


tenso, e olho para cima, encontrando sua mãe e o homem com
quem ela estava conversando quando chegamos vindo em nossa
direção.

— Aria, você conseguiu — cumprimenta sua mãe enquanto


seus olhos examinam nossa mesa.

— E você trouxe seus amigos.

— Mãe — Aria retorna, parecendo fria, e eu aperto seu


quadril.

— Eu gostaria que você conhecesse Gia, Colton e meu


namorado Tide.

— Você cumprimentará Josh? — sua mãe pergunta,


ignorando a introdução enquanto envolve seu braço em volta do
bíceps de Josh.

Minha mandíbula aperta quando percebo que o homem ao


seu lado é o ex-marido de Aria, o cara que não foi homem o
suficiente para mantê-la, o explorador para quem ela ainda até
hoje está dando dinheiro, porque em vez de conseguir um
emprego, está se alimentando com o dinheiro da minha mulher.
Observando-o, posso ver por que Aria ficou com ele, ele é um
homem atraente, mesmo que se pareça com uma bola de gosma.

— Josh — Aria corta, e eu vejo um olhar em seus olhos se


tornar calculado antes que ele rapidamente substitua o olhar por
um sorriso encantador.

— Você está fantástica, Aria. — Seus olhos vagam sobre seu


rosto e decote, e minhas mãos se fecham em punhos. — E é bom
conhecer alguns dos amigos de Aria.

— Tão bom — sua mãe concorda, então seu nariz torce, e eu


sei por que um segundo depois ouvimos.

— Querida. — diz o pai de Aria, que obviamente já bebeu


muito, ele se move ao redor da mesa para que possa dar um beijo
na bochecha de Aria e um tapinha nas minhas costas. — Estou tão
feliz que vocês dois puderam vir. — Ele se concentra em Aria. —
Você está linda esta noite, querida.

— Obrigada, pai — Aria diz baixinho antes de fazer um gesto


para Colton e Gia.

— Você se lembra dos meus amigos, não é?


— Claro. — Ele sorri, dando um beijo na bochecha de Gia e
um tapinha nas costas de Colton. — Estou feliz que todos vocês
puderam vir.

— Obrigado por nos receber — diz Colton, e seu pai balança


a cabeça antes de se mover ao redor da mesa para sua esposa e
joga o braço em volta dos ombros dela, fazendo-a cambalear
ligeiramente para o lado.

— Sério, George? Você já está bêbado? — Beatrice remove


seu braço e dá um passo para longe dele.

— Eu não estou bêbado. Eu tomei alguns drinks. — Ele dá de


ombros e acrescenta: — Tenho alguns clientes que quero que
você conheça.

Em um instante, sua expressão muda, e ela envolve sua mão


em torno de seu bíceps.

— Claro. — Ela olha para Josh e estende a mão. — Você


deveria vir conosco.

— Estarei com vocês em apenas um momento — diz Josh, e


Beatrice acena com a cabeça antes que seu marido a conduza
através do quintal até o grupo de homens com quem ele estava
conversando antes. Com eles fora do alcance da voz, Josh volta sua
atenção para Aria.
— Podemos falar? — Ele olha para o nosso grupo. — Algum
lugar privado?

— Não — respondo por ela, sem dar a mínima, e ele


transfere seu olhar para mim.

— Desculpe, amigo, mas isso não tem nada a ver com você.

— Se tem a ver com Aria, amigo, definitivamente tem algo a


ver comigo.

— Eu tenho que discordar — ele me dispensa para se


concentrar em Aria.

Idiota pomposo.

— Precisamos conversar, se não agora, antes de eu sair da


cidade na terça-feira.

— Como eu disse, isso não estará acontecendo. — Seguro


seu brilho quando seus olhos vêm para mim e envolvem Aria mais
profundamente ao meu lado.

— Josh, realmente não temos nada para conversar. — Aria


descansa a mão em meu estômago e sua mandíbula se contrai. —
Vá curtir a festa.

Ele abre a boca como se fosse dizer algo mais, mas para
quando Beatrice chama seu nome. Depois de olhar por cima do
ombro, ele ajeita as lapelas do smoking e ajusta o botão da
jaqueta, dando uma última olhada em Aria antes de ir embora.

— Bem, esse cara é um idiota — murmura Colton, e Gia ri,


seus olhos dançantes indo para Aria. — Sua cabeça dói?

— O quê? — Aria pergunta, parecendo confusa.

— Eu só estava curioso se doeu quando Tide bateu na sua


cabeça com seu porrete para reivindicar você.

— Um pouco. — Aria ri junto com Gia, e Colton e eu


balançamos a cabeça para as meninas.

Com o clima muito mais leve do que o normal, terminamos


nossas bebidas, pegamos um pouco de comida, depois
caminhamos para conversar com algumas pessoas que
conhecemos, antes de voltarmos para o bar para nos
abastecermos.

Depois de tomarmos bebidas frescas, Aria nos conduz por


um portão em arco que leva à piscina que está isolada do quintal e
da festa. Sem ninguém por perto, nós nos acomodamos em
algumas espreguiçadeiras para desfrutar de nossas bebidas e
conversar.

— Precisamos interromper vocês duas? — Colton pergunta,


sorrindo para Gia e Aria, quando as duas garotas começam a rir.
Ninguém sabe de que merda estão rindo, mas tenho certeza de
que tem a ver com os quatro drinques que ambas tomaram na
última hora.

— Não. — Gia se inclina para o marido, sorrindo. — Mas


você poderia dançar comigo.

— Dançar com você? — Colton franze a testa e ela revira os


olhos.

— Sim, você sabe, aquela coisa que você faz juntos enquanto
se movem com a música...

— Baby. — Ele balança a cabeça, e ela levanta as mãos na


frente dela como se estivesse rezando.

— Por favor. — Ela retém o lábio inferior. Seus olhos


deslizam sobre o rosto dela. — Eu realmente quero dançar.

— Porra. Tudo bem, mas você me deve assim que chegarmos


em casa.

— Sim — ela diz baixinho, e o rosto de Colton suaviza


quando ele envolve os braços em volta dela e abaixa a cabeça para
dizer algo perto de sua orelha, e quando ela acena e ri, ele olha
para mim.
— Nós voltaremos. — Ele a puxa para cima com ele e eu
levanto meu queixo, em seguida, os vejo passar pela piscina e
voltar pelo portão.

Deixo meu olhar cair para Aria, encontrando-a mordendo o


lábio inferior enquanto os assiste irem embora.

— Você quer ir dançar? — pergunto, embora eu não tenha


vontade de pisar na pista de dança. Acho que a última vez que
dancei tinha provavelmente quinze anos.

— Na verdade não. — Seu nariz torce, a fazendo parecer fofa


demais.

— Tem certeza? — Eu a viro em minha direção e seguro seu


queixo antes de mover minha mão para sua nuca.

— Sim. — Ela lambe os lábios e encontra meu olhar. — Mas


posso te mostrar uma coisa?

— Sim — digo, e ela se levanta e estende a mão para mim.


Pego, e ela me leva de volta pelo portão para a festa, então, um
momento depois, estamos entrando na casa e passando pela
cozinha, evitando os homens e mulheres que ainda estão
trabalhando.

Subimos uma escada escura, depois descemos um corredor


mal iluminado, e ela abre a porta no final e acende a luz. Quando
entramos, olho ao redor, uma cama com moldura de ferro branco
está colocada no meio da sala com mesas laterais elegantes e
lâmpadas de cada lado. Cartazes de boy bands de anos anteriores
são misturados com citações emolduradas de autores. Quando ela
fecha a porta atrás de nós, me viro e a encontro encostada nela.

— Este era meu quarto enquanto eu crescia.

— Eu percebi — digo enquanto ela dá um passo em minha


direção. — Seus pais o mantiveram como quando você morava
aqui.

— Há cerca de vinte quartos nesta casa. Eles não


mantiveram as coisas assim por motivos sentimentais. É apenas
um quarto que eles não precisam e provavelmente esqueceram.

— Baby. — Sinto pela dor e decepção que ouço em sua voz.

— Isto é apenas uma casa, um lugar onde as pessoas vivem.


Não é como o lar em que você cresceu, cheio de amor e memórias,
muitas felizes, algumas tristes, todas importantes.

Ela olha em volta.

— Tento me lembrar dos bons momentos aqui, mas não são


muitos. Crescendo, nunca houve um dia que não esperassem que
eu fosse perfeita. Cada memória que tenho aqui é repleta de
expectativas.
Ela respira fundo, balançando a cabeça.

— Você é a primeira pessoa na minha vida que nunca


esperou nada de mim.

Suas mãos pousam no meu peito e eu agarro seus quadris.

— Você gosta de mim como eu sou.

— Baby. — A palavra soa áspera por causa do aperto na


minha garganta, e levanto minha mão para segurar seu queixo. —
Você é perfeita do jeito que é.

— Eu sei que você acredita nisso. — Ela se inclina na ponta


dos pés para que possa colocar seus lábios contra os meus, e me
afasto fora do alcance e tranco meus olhos nos dela.

— É verdade, Aria. — Deslizo meus dedos por seu cabelo e


coloco a palma na parte de trás de sua cabeça. — Você é tudo,
baby, e eu juro por Deus que um dia você verá o que todo mundo
vê e perceberá que a única coisa que eu quero de você é você.

— Tide. — Seus olhos ficam molhados e eu inclino minha


cabeça para o lado para que eu possa beijá-la como ela deve ser
beijada.

Quando me afasto, seus dedos estão agarrando a frente do


meu smoking, meus braços estão em volta dela e nós dois estamos
ofegantes. Balançando a cabeça, ela desliza as mãos no meu peito,
em seguida, envolve os braços em volta do meu pescoço e coloca a
testa no meu queixo.

— Eu amo você.

Ao ouvir essas palavras dela, meus braços ficam apertados e


meu peito fica quente. Porra...

Nunca esperei por ela, ou sonhei que poderia ser tão feliz.
Então, novamente, tudo de bom na minha vida veio quando
menos esperava.

— Eu também te amo, baby.

— Você me ama? — ela sussurra, parecendo surpresa, e eu


sorrio.

— Baby, eu disse isso para você primeiro. Você


simplesmente não estava prestando atenção.

Eu movo minha mão por suas costas para deslizar por seu
cabelo.

— Achei que fosse conversa de sexo — ela diz baixinho, e


jogo a cabeça para trás e sorrio. — Não é engraçado.

Ela bate no meu ombro e eu balanço minha cabeça e


mergulho para olhar para ela, ainda rindo.
— Baby, os homens dizem um monte de merda quando estão
na cama com uma mulher bonita, mas eu não conheço ninguém
que diga eu te amo, a menos que queira dizer essa merda.

— Como eu poderia saber que você estava falando sério?

— Você deveria saber, porque eu mostro a você todos os


malditos dias exatamente o que você significa para mim — digo, e
sua expressão se suaviza.

— Você está certo — ela concorda,

Então a giro e começo a andar para trás, movendo minhas


mãos para seus quadris.

— O que você está fazendo? — ela pergunta, e eu olho ao


redor de seu quarto. — Você disse que não tem muitas boas
lembranças aqui, mas acho que não é tarde para fazer algumas
boas, começando com beijos e você na cama — eu respondo, e ela
sorri um sorriso que me ilumina por dentro, então ela ri enquanto
eu a empurro de volta em sua cama, caindo em cima dela, nós dois
quicando. Enquanto me sento com minha perna entre as dela, eu
seguro seu seio sobre o vestido e ouço seu gemido enquanto eu
cubro sua boca com a minha. Então eu fico com minha mulher em
sua cama de infância, com seus pais e seu ex no andar de baixo.
— Estávamos procurando por vocês dois — diz Colton
quando puxa a boca de Gia, e seus olhos encontram os meus por
cima da cabeça dela que ele está enfiando contra o peito.

— Posso ver que você estava realmente preocupado — digo,


e Aria ri, pressionando-se ao meu lado.

— Eu não disse que procuramos muito — ele murmura

Me sento na espreguiçadeira em frente a ele e a Gia. Puxo


Aria para sentar no meu colo, e seu braço envolve meus ombros.

— Aria queria me mostrar algo lá em cima.

— Aposto que sim. — Gia sorri para Aria, e as duas garotas


começam a rir.

— Acho que é hora de levarmos essas duas para casa —


complemento, e Colton vira o pulso para verificar a hora, em
seguida, dá um aperto em Gia.

— Se formos agora, baby, teremos mais uma hora e meia


antes que mamãe deixe Gino. — Ele olha para Aria.

— Você está bem com a nossa partida agora?


— Estou pronta para ir, se vocês estiverem — Aria responde
calmamente. — Obrigado, pessoal, por virem comigo esta noite.
Na verdade, foi divertido.

— Tem sido muito divertido — concorda Gia, sorrindo.

Eu levanto, levando Aria comigo, e Colton arrasta Gia com


ele. À medida que avançamos pela festa que diminuiu e
caminhamos de volta pela casa, seguro Aria um pouco mais perto
do meu lado.

Como Gia disse, esta noite foi boa, divertida até, com os
quatro saindo na maioria das vezes para longe da festa, não
deixando muito espaço para seus pais ou seu ex foderem a merda
ou deixarem Aria desconfortável. Eu quero manter dessa forma.
Quero que tudo sobre esta noite seja uma boa memória para Aria.

Depois de dizer a uma das crianças que está correndo para


pegar carros qual é o meu, eu o vejo sair correndo e sinto os
cabelos da minha nuca se arrepiarem. Eu olho em volta, e é
quando vejo Josh parado a alguns metros de distância, de costas
para um dos pilares da varanda da frente, fumando um cigarro
com os olhos em nós. Eu mantenho seu olhar por um minuto,
então o vejo sorrir antes que ele jogue a ponta do cigarro pela
beira da varanda e vá para dentro, enfiando as mãos nos bolsos.
Enquanto eu o vejo ir, eu sei, sem a porra da dúvida, que ele será
um problema. O que ele não sabe é que Aria e eu somos fortes o
suficiente para resistir a qualquer tempestade que ele planeje
trazer em nossa direção.
Capítulo Dezessete
Aria
TIRANDO MEUS óculos, esfrego meus olhos enquanto me
recosto na cadeira, e meu estômago ronca, me lembrando que não
comi hoje. Esta manhã, me levantei às sete com Tide com o único
propósito de tomar banho com ele antes que ele saísse para o
trabalho, preparei uma xícara de café e me dirigi para o meu
escritório, onde fiquei trancada o dia todo. Aprendi desde o início
como autor que, se as palavras fluem, você as coloca para fora,
porque há outros dias em que você se sentará na frente do
computador reescrevendo a mesma frase setecentos bilhões de
vezes.

Eu olho para o relógio e meu lábio inferior se salta. São


apenas duas da tarde, o que significa que Tide não estará em casa
por mais algumas horas, então estou sozinha para descobrir o que
quero comer. Com um gemido, saio da cadeira e vou para a
cozinha. Depois de vasculhar a geladeira, preparo para mim uma
tábua de queijos e frios de porção única, incluindo biscoitos,
nozes, cranberries, homus, chips de cenoura e uma fatia de queijo
cheddar. Pego uma Coca Diet e meu celular, em seguida, vou para
fora, precisando de um pouco de ar fresco e sol.
Está um dia lindo, com o sol brilhando por entre as árvores
que passaram de verde a dourado, um leve frio no ar com o cair
do outono. Depois de enfiar na boca uma cenoura mergulhada em
homus, ligo meu celular e sorrio quando vejo a mensagem de Tide
perguntando se ele deveria comprar algo para o jantar esta noite,
já que ele tem certeza de que estou trabalhando, ou se quero sair.
Eu respondo que estou com saudades dele, e sair de casa será
bom, mesmo que seja apenas para jantar.

Assim que pressiono Enviar, meu telefone toca e suspiro ao


ver que minha mãe está ligando.

Ela ligou várias vezes desde a festa não para fazer check-in
ou apenas para conversar como a mãe de Tide fez, mas para
tentar marcar um horário para eu encontrá-la e a Josh para
almoçarmos, ou apenas Josh para um café ou qualquer outra
coisa. Como não estou nem um pouco interessada em tentar
inventar outra desculpa, deixo a ligação ir para o correio de voz,
pego meu prato de comida e me concentro em comer, pensando
que amanhã é terça-feira e Josh já terá ido embora.

Quando termino, levo meu prato para dentro e coloco na


lava-louças, depois volto para o meu escritório e volto ao trabalho
para que, quando Tide chegue em casa, eu possa me concentrar
em passar um tempo com ele. Três horas depois e lutando com
uma cena, giro em minha cadeira para ficar de frente para a janela
e pego um vislumbre de faróis subindo pela calçada. Presumindo
que o Tide está chegando em casa, eu rapidamente desligo meu
computador e sigo para a frente da casa para cumprimentá-lo,
apenas para xingar quando vejo meu ex atrás do volante do BMW
preto da minha mãe, estacionando ao lado do meu carro. Não sei
que parte de “não temos nada para falar” ele não está entendendo.

Com o aborrecimento enchendo minha barriga, saio para a


varanda e cruzo os braços sobre o peito, olhando para ele quando
ele sai do carro, e eu continuo olhando enquanto ele se aproxima
da casa. Houve um tempo em que o achei bonito, e tenho certeza
de que muitas mulheres ainda pensam que ele é, com seu cabelo
escuro, queixo pontudo, olhos cor de uísque e físico de corredor,
só que sei que é tudo fingimento. Ele é um lobo em pele de
cordeiro, um homem em busca da felicidade, sem entender que
ela não pode ser comprada.

— O que você está fazendo aqui? — Eu nem mesmo tento


disfarçar o desprezo em meu tom.

— Eu disse que precisamos conversar, Aria.

— E eu disse que não. — Me mantenho em meu lugar, no


topo da escada. Não só não quero ver ou falar com ele; eu
realmente não o quero no meu espaço, a casa que escolhi, a casa
pela qual me apaixonei por Tide.
— Éramos amigos.

— Não éramos. — Balancei minha cabeça. — Nunca fomos


amigos e isso foi parte do problema. A maioria dos casais gosta da
companhia um do outro, mas na maioria das vezes, estávamos
fazendo de tudo para ficar fora do caminho um do outro.

Colocando as mãos nos bolsos, ele dá um passo mais perto, e


coloco meus olhos em seus pés e estreito-os quando parece que
ele subirá em uma das escadas. Parando, ele limpa a garganta.

— Eu quero ser seu amigo.

— Estou cheia de amigos, então terei que passar — digo,


percebendo que estou falando a verdade. Pela primeira vez em
muito tempo, tenho amigos de verdade, os que estão lá para mim
apenas porque querem, não porque acham que há algo que eu
posso lhes dar ou fazer por eles.

— Aria.

— Basta dizer o que você quer dizer, Josh, e vá embora.

— Eu quero que você volte. — Ele tira a mão do bolso para


passar os dedos pelos cabelos. — Porra, Aria, estou com saudades.
Eu amo você.
Olhando em seus olhos, não sinto nada, nada além de
aborrecimento, porque ele está cheio disso. Ele não sente minha
falta. Não me ama. Duvido que saiba o que é amor.

— Você precisa sair.

— Se você acha que estou preocupado com o que você tem


feito com o cara que está saindo, entendo. Tudo bem; não me
importo com ele. Podemos superar essa situação — diz ele, e
começo a rir.

Não posso evitar. É hilário que ele pense que eu voltaria a


ficar com ele, que pensa que é melhor do que Tide.

— Estou falando sério.

— Certo. — Limpo a umidade sob meus olhos enquanto


minha risada morre. — Não, obrigada.

— O quê? — Suas sobrancelhas se juntam.

— Não, obrigada. Não estou interessada. — Eu me viro para


voltar para dentro, então ouço seus pés baterem em meus passos,
e giro para encará-lo, chocada com quão perto ele está.

Abro minha boca para perguntar o que ele pensa que está
fazendo e nem mesmo tenho a chance de me preparar para seus
braços me envolvendo e sua boca colidindo com a minha.
Empurro seu peito, tentando fugir, mas ele é mais forte do que eu,
e quando ele tenta enfiar a língua na minha boca, eu levanto meu
joelho para acertar suas bolas, mas acabo pulando quando uma
buzina toca e pedaços de sujeira se chocam contra o lado da casa.

Com ele tão consternado quanto eu, ele me solta e bato nele
sem pensar, depois me xinguei, porque minha mão dói. Tenho
certeza que acabei de me machucar batendo em sua cara
estúpida.

— Contarei até dois para tirar sua bunda daquela varanda e


entrar naquele carro, porque se eu colocar minhas mãos em você,
te darei uma surra — Tide rosna, e assisto com os olhos
arregalados enquanto ele sobe os degraus, parecendo pronto para
explodir.

— Tide...

— Não. — Ele aponta para mim e eu fecho minha boca, então


olho para Josh, esperando que ele seja inteligente o suficiente
para ir embora, porque não gosto da ideia de limpar sangue ou
quebrar algo que o Tide terá que consertar posteriormente.

— Estávamos apenas conversando. — Josh levanta as mãos,


andando para trás, e Tide ronda na direção dele. Espertamente,
Josh lê a ameaça pelo que ela é, um predador gigante vindo em
sua direção, coloca as mãos na grade do deck e se vira para o lado
enquanto Tide o empurra. Quando o ouço pousar nos arbustos
espinhosos que se alinham no convés, fico na ponta dos pés e
pressiono os lábios para não rir, vendo-o gritar sobre ser
cutucado enquanto gira ao redor.

— Entre no seu carro — diz Tide, obviamente não achando a


situação tão engraçada quanto eu. Josh o enlouquece, então seus
olhos se enchem de horror quando Tide pula por cima do
corrimão.

Ao contrário de Josh, ele não cai no mato. Ele cai em pé


agachado como uma espécie de super-herói vestido como um
trabalhador da construção civil, com suas botas, jeans e camisa
xadrez. Quando ele fica de pé, Josh corre tão rápido para o carro
que tropeça nos próprios pés, mal conseguindo se segurar antes
de atingir o solo.

Quando Josh finalmente chega ao carro, ele se atrapalha com


a maçaneta da porta antes de finalmente abri-la, então ele se
senta ao volante, rapidamente engata as travas e liga o motor.

Enquanto ele sai da garagem, Tide se vira para me encarar,


ainda parecendo zangado.

— Que porra é essa, Aria? — ele late, e minha espinha se


enrijece.

— O que você quer dizer com “que porra é essa”?


— Eu chego em casa e aquele idiota de merda está aqui com
você e a língua dele está na sua garganta.

— O que disse? — Eu planto minhas mãos em meus quadris


e estreito meus olhos nos dele.

— O que ele estava fazendo aqui? — Ele para na parte


inferior da escada, então se inclina para frente para trovejar. —
Com a boca em você!

— Você precisa contar até dez antes de falar novamente —


digo com meu coração batendo forte e meu estômago revirando.
— Você sabe que não foi isso.

Suas narinas dilatam quando ele passa a mão pelo cabelo,


inclinando a cabeça para trás para olhar para o céu que escureceu.

Eu envolvo meus braços em volta da minha cintura.

Quando ele abaixa a cabeça e seu olhar encontra o meu, ele


balança a cabeça e começa a abrir a boca, mas para quando seu
telefone toca com o tom que está anexado ao número de Anna. Ele
o puxa e responde com um “Sim” cortante. Em seguida, ele baixa
os olhos para as botas, murmurando:

— Chego em alguns minutos.

Mesmo tão irritada quanto estou com ele, ainda pergunto:


— Está tudo bem com Olivia?

— Ela está bem. Um cano estourou e Anna precisa que eu vá


até lá para dar uma olhada.

— Oh. — Aceno, e ele suspira, subindo os degraus e


agarrando meus braços.

— Eu volto.

— Claro — concordo, e seus olhos procuram os meus por um


longo momento antes que ele encoste a testa na minha.

— Conversaremos quando eu voltar.

— Ótimo — minto,

Ele se inclina e beija minha testa, antes de se virar e descer


as escadas.

Eu fico na varanda com meus braços em volta de mim


mesma, sem ter certeza de como estou me sentindo enquanto ele
vai embora, mas sei que não é bom.

Entrando em casa, vou para o meu escritório, pego meu


celular, em seguida, paro na cozinha para pegar minha garrafa
aberta de Rosé na geladeira e um copo de plástico no armário.
Subo para o meu quarto e vou direto para o banheiro, indo em
direção da banheira, coloco minha garrafa, copo e celular na
prateleira chique que fica ao lado da banheira. Com a banheira
cheia, despejo alguns sais de banho, tiro a roupa e prendo o
cabelo. Depois de afundar na água quente, puxo a rolha da minha
garrafa de vinho, me sirvo de um copo e tomo um grande gole
antes de pegar meu celular. Só conheço uma pessoa que pode
entender o que aconteceu, e preciso do conselho dela.

— Aria — responde Gia no segundo toque. Inclino a cabeça


para trás e fecho os olhos. — Está tudo bem?

— Não sei — admito.

— Merda... espere um segundo — ela pede.

Tomo um gole da minha bebida, ouvindo-a dizer a Colton


para cuidar de Gino por alguns minutos enquanto ela atende sua
ligação lá fora.

— Ok. O que aconteceu?

Rapidamente conto a ela tudo o que aconteceu desde o


momento em que Josh apareceu até o momento em que o Tide
decolou. Quando termino, espero que ela diga alguma coisa,
qualquer coisa, mas ela não diz.

— Gia?

— Desculpe, estou presa no fato de que Tide pulou por cima


do corrimão como um ninja para ir atrás de seu ex — diz ela em
voz baixa, e um sorriso curva meus lábios. — Aposto que foi um
espetáculo para se ver.

— Você poderia dizer isso. — Sorrio e ela ri.

— E o que diabos está acontecendo com o seu ex tentando


beijar você?

— Eu não tenho ideia do porquê. Eu nem sei por que ele de


repente está mudando de ideia quando está feliz por viver uma
boa vida em Cali.

— Ugh, gostaria que você tivesse tido a chance de dar uma


joelhada nas bolas dele.

— Eu também.

— Seu ex provavelmente está com ciúmes — ela diz, e sorrio


de novo. — Sério, Aria, pense sobre isso. Você esteve com ele por
um longo tempo, então ele a vê na festa de seus pais parecendo
uma deusa e com um homem que é obviamente obcecado por
você. Os homens são assim. Eles sempre querem o que não podem
ter, especialmente se esse algo for desejado por outra pessoa.

— Ele não me quer, Gia. Nosso casamento foi... — Tento


encontrar as palavras certas. — Foi uma piada.

— Pode ser, querida, mas ele também não quer você com
mais ninguém.
— ECA — reclamo. — Eu não me importo com o que Josh
quer ou não quer. Eu não o quero. O que me importa é como o
Tide reagiu.

— Ele estava com ciúmes e puto. Quer dizer, não estou


dizendo que a maneira como ele reagiu a você foi a maneira certa,
mas entendo. Você é dele, e ele voltou para casa com outro
homem beijando você.

— Eu não estava beijando-o de volta — me defendo.

— Eu sei que você não estava, e Tide também sabe disso,


mas imagine se você visse o que ele viu. Imagine se você visse
Anna beijando-o.

— Até o pensamento deles se tocando me deixa enjoada.

— Eu sei que sim. — Ela suspira. — Eu prometo que ficará


tudo bem. Depois que vocês dois conversarem, ficará tudo bem.

— Certo — concordo, inclinando-me para frente para pegar


meu copo. Quando me inclino para trás, percebo algo com o canto
do olho se movendo e grito a plenos pulmões, deixando cair o
copo e espirrando água por todo o lugar.

— Aria! — Gia grita no meu ouvido e meu coração bate forte


enquanto vejo Tide caminhar em minha direção, tirando a camisa.
— Umm. — Engulo quando seus dedos começam a trabalhar
no botão logo abaixo da trilha de cabelo que leva ao topo de sua
calça jeans.

— Você está bem? O que diabos aconteceu? — Gia pergunta,


parecendo preocupada, e eu começo a procurar cegamente pelo
meu copo.

— Tide está em casa.

— Oh — ela diz. — Está tudo bem?

— Sim... — Eu inclino minha cabeça para trás quando a mão


de Tide pousa no meu ombro e ele faz um gesto para que eu
avance.

— Acho que preciso desligar o telefone.

— Eu aposto que você precisa. — Ela ri. — Eu falarei com


você amanhã. Boa sorte, garota.

— Obrigada — respondo, então o telefone é tirado da minha


mão e o ouço cair com um baque no chão ao lado da banheira.

— Me da um espaço baby — Tide ordena, e eu faço, então ele


fica atrás de mim, envolvendo os braços em volta do meu peito e
me puxando de volta contra ele.

— Tide...
— Shhh — ele sussurra em meu ouvido, seus braços
apertando e cortando qualquer coisa que poderia estar prestes a
dizer.

— Eu estraguei tudo, baby. — Ele enfia o rosto na curva do


meu pescoço. — Nem sempre fui um cara que fazia ou dizia a
coisa certa. Eu corri quando deveria ter caminhado, falei quando
deveria ter ouvido e desisti quando deveria ter lutado. Hoje à
noite, eu deixei meu temperamento levar a melhor de mim.

Lágrimas enchem meus olhos e cubro sua mão com a minha.

— Eu sinto muito.

Não deveria ficar surpresa que ele se desculpasse tão


facilmente, mas ainda estou.

— Vê-lo... — Seu peito vibra contra minhas costas. — Vê-lo


tocar em você me levou ao limite.

— Eu sei.

— Eu vi vermelho. Juro que poderia tê-lo matado.

— Estou feliz que você não fez — digo baixinho. — Eu não


sei qual é a primeira coisa sobre como se livrar de um corpo, e
não sou uma mentirosa muito boa. As pesquisas do Google por si
só seriam uma bandeira vermelha para a polícia quando eles
examinassem meu computador.
Quando ele ri e beija o lado do meu pescoço, relaxo contra
ele e solto um suspiro profundo.

— Eu entendo porque você estava bravo. Eu também teria


ficado brava.

— Mas você não teria se perdido como eu.

— Se você quer dizer pular de um corrimão, não, eu não


teria. Essa façanha teria terminado com eu indo para o hospital.
Dito isso, não posso garantir que não teria sangue derramado.

Eu sorrio, usando os dedos dos pés para fechar a torneira


que ainda está aberta.

— Por que ele estava aqui?

Mordo meu lábio inferior, realmente não gostando da ideia


de irritá-lo novamente.

— Eu posso adivinhar, baby, mas quero saber. — Ele beija o


lado da minha cabeça.

— Ele disse que me quer de volta.

— Ele não pode ter você — ele rosna enquanto seu aperto
em mim aumenta como se eu pudesse desaparecer, e sorrio com a
possessividade em seu tom.
Tenho certeza de que algumas mulheres podem ficar
irritadas com um homem por agir como ele agiu, mas tudo que
sempre quis é pertencer a alguém, então tudo que me faz sentir é
segura, protegida e necessária.

— Ele realmente não me quer de volta — asseguro-lhe


enquanto respiro fundo, em seguida, solto o ar. — Eu acho que Gia
está certa. Ele só me quer porque eu não o quero mais e vê que
estou feliz. Ele está apenas tentando criar problemas e é estúpido
o suficiente para pensar que eu o escolheria em vez de você. —
Olho para ele por cima do ombro e levanto minha mão para
segurar seu queixo. — Você sabe que sempre escolherei você,
certo?

Seus olhos vagam pelo meu rosto por um momento, então


ele me manobra para encará-lo.

Uma vez que estou montada em seu colo, com suas mãos em
meus quadris, as minhas em seus ombros, seu pau duro entre nós
e nossos olhos se encontraram, ele desliza a mão sobre meu
corpo, seu polegar acariciando meu peito.

— Eu nunca duvidei disso, baby, porque eu sei que o


universo não me daria um presente como você, se você não fosse
feita para ser minha.
Com meu peito quente e meu nariz ardendo, me inclino para
beijá-lo, grata por sermos mais uma vez capazes de resolver um
problema e sairmos juntos um do lado do outro.
Capítulo Dezoito
Aria
Olho para a lista de compras no meu telefone e depois para o
meu carrinho que está cheio até a boca, certificando-me de que
tenho tudo o que preciso. Esta semana, Olivia ficará com Tide e
comigo na minha casa, algo que estou ansiosa por fazer desde que
ele me disse que isso aconteceria. Algo que também me deixou
nervosa, desde que Anna decidiu mudar de direção e em vez de
ameaçá-lo com a custódia, ela está usando a devoção de Tide por
sua filha para ligar para ele a qualquer hora do dia e da noite para
pedir conselhos, para consertar as coisas em torno de sua casa, ou
para que ele vá buscar ou levar coisas para ela.

Se ele não estivesse tão frustrado quanto eu, não sei o que
sentiria ou o que faria. Parte de mim entende, porque eu não
gostaria de saber que deixei um cara como o Tide escapar, mas ela
fez isso.

Ela o deixou ir, e agora que ele mudou, ela não consegue
lidar com isso. Ou como ela está lidando com isso, de forma
imatura. Só espero que perceba o quanto antes que seu novo jogo
não está funcionando, e deixe para lá.
Depois de verificar minha lista, que inclui guloseimas com
uma boa dose de frutas e vegetais, junto com o material para
esculpir as duas grandes abóboras que peguei, sigo em direção ao
caixa, cavando meu celular para ligar para Tide.

— Ei, querida — ele responde no terceiro toque quando eu


começo a descarregar meu carrinho.

— Estou dando uma olhada na loja agora. Quer que eu leve


algo para o almoço?

— Um sanduíche Ruben do The Wedge soa bem para mim,


se isso funcionar para você.

— Isso realmente parece muito bom. — Pego uma das


abóboras debaixo do carrinho.

— Você está acabando de montar a cama?

Ontem, fomos à cidade e escolhemos um novo jogo de


quarto para Olivia, querendo que ela ficasse confortável.
Infelizmente, a loja não conseguiu entregar nada em tão curto
prazo, mas felizmente eles disseram que poderíamos retirar os
itens do depósito.

Então, Tide ligou para Colton, e os dois puderam pegar a


cama, o colchão, a cômoda e as mesinhas laterais usando suas
caminhonetes. Com tudo ainda precisando ser montado, Tide
tirou o dia de folga do trabalho para preparar o quarto de Olivia
enquanto eu limpava, lavava todas as roupas de cama que
escolhemos para ela e fazia o supermercado.

— Quase pronto.

— Impressionante. Quando eu chegar em casa, farei a cama.


As coisas dela estão na secadora.

— Parece bom, baby. Vejo você em alguns minutos.

— Estarei em casa logo. — Coloco meu telefone de volta na


minha bolsa, em seguida, pago as compras, carrego meu carro e
vou para o The Wedge para pegar nossos sanduíches. Na metade
do caminho para casa, meu telefone toca e eu olho para a tela do
meu painel e franzo a testa quando vejo o número do meu
advogado de divórcio.

— Andy — respondo, surpresa por ouvi-lo, já que já se


passaram meses desde que nos falamos pela última vez,
provavelmente na época em que escrevi seu último cheque.

— Aria. — Sua voz é sombria e a inquietação faz minhas


mãos agarrarem meu volante. Todas as vezes que falei com ele no
passado, ele me pareceu reconfortante; ele nunca pareceu
sombrio. — Parece que seu ex-marido decidiu entrar com uma
ação nos tribunais, pedindo mais pensão alimentícia.
— O quê? — grito. Não tenho certeza se ouvi direito, mas
sabendo que ouvi. Que porra?

— A boa notícia é que ele não tem uma chance para se


apoiar. A má notícia é que voltaremos para a frente do juiz para
provar que ele não merece mais do que está recebendo neste
momento.

— Tá brincando né? — Ele deve estar, porque eu já estou


pagando a Josh mais do que é justificável, então é inacreditável
que ele esteja pedindo mais agora.

— Eu queria estar.

Eu o ouço mexer em alguns papéis.

— Mas você não precisa se preocupar com isso, Aria. Ele não
tem um caso.

— Certo. — Eu balanço minha cabeça, lembrando-me dele


dizendo exatamente a mesma coisa quando ele estava me
representando durante o meu divórcio e o advogado de Josh levou
pensão alimentícia. Ele estava certo então de que eu não teria que
pagar meu ex-marido, mas ele estava errado , muito, muito
errado.

— Assim que os documentos oficiais forem trazidos para


mim, ligarei para você e discutiremos as coisas mais adiante.
— Claro — concordo, sem mais nada a dizer, e ele desliga
depois de se despedir rapidamente.

Parte de mim quer ligar para minha mãe para perguntar se


ela sabia que Josh estava planejando fazer isso. Para ver o que ela
pensa sobre isso. Se ela não sabia que seu Josh perfeito está
tentando tirar mais dinheiro de mim, tudo porque me recusei a
voltar para ele. A única razão pela qual não ligo para ela é porque
não sei o que direi se ela fizer parecer que sou a culpada.

Quando eu chego em minha casa, paro na garagem e dou


marcha à ré para não ter que fazer muitas viagens longas com as
coisas que estão no meu porta-malas. Respiro fundo algumas
vezes, saio, vou até o porta-malas e carrego as abóboras para a
varanda, colocando-as ao lado dos crisântemos que tenho nos
degraus. Então pego algumas das sacolas de compras, o que é
quase metade do porta-malas. Depois de manobrar para a
entrada, coloco as sacolas no chão da cozinha e volto para pegar o
resto das coisas. Quando me inclino para o porta-malas, sou
interrompido quando Tide chega ao meu lado e livra minhas mãos
delas com uma de suas mãos e os carrega para dentro.

Precisando de mais um momento comigo mesma, para


envolver minha mente em torno do que Andy acabou de me dizer,
eu volto para o meu carro e estaciono ao lado da caminhonete de
Tide na garagem que não é realmente uma garagem, mas uma
parte de terra no quintal.

Quando eu saio, Tide está esperando por mim no topo da


escada, e posso dizer apenas pelo olhar em seu rosto que ele sabe
que algo está errado. Ando em direção a ele, e ele abre os braços
enquanto lágrimas de frustração enchem meus olhos.

— Baby — ele sussurra, e eu não digo nada por um longo


tempo. Eu não posso, as palavras estão presas na minha garganta,
tornando difícil respirar e impossível falar. — O que diabos
aconteceu?

— Ele quer mais — finalmente digo, e seu aperto em mim


fica ainda mais forte.

— O quê?

— Josh... — Arrasto uma respiração irregular antes de soltar.

— Ele quer mais. Ele quer mais dinheiro de mim. —


Pressiono meu rosto contra seu peito e balanço minha cabeça. —
Eu não entendo. Não o entendo. Ele já conseguiu mais do que
deveria. Como poderia querer mais?

— Quem te disse isso? — ele pergunta, colocando os dedos


sob meu queixo, e eu inclino minha cabeça para trás.
— Meu advogado do divórcio. — Admito com lágrimas nos
olhos, deixando sua imagem borrada quando conto a ele sobre o
telefonema, e sua expressão se enche de descrença antes de se
transformar em raiva.

— Que porra é essa?

— Não sei. — Eu puxo uma respiração, em seguida, solto o ar


lentamente.

— Acho que preciso falar com um advogado diferente. Estou


preocupada que, se eu ficar com meu advogado de divórcio, Josh
ganhará como da última vez.

— Então começaremos a procurar advogados — ele diz


facilmente, me dando um aperto.

— Eu sei que há alguns advogados na cidade com quem você


poderia falar, ou você pode perguntar à sua agente se ela conhece
alguém que ela recomendaria. Às vezes, aqueles advogados
chiques de cidade grande são melhores em fazer o trabalho. Quem
sabe? Você pode conseguir um juiz que diga que seu ex não
merece nada de você.

— Talvez — concordo. — Ligarei para Rachel depois do


almoço e verei se ela conhece alguém em L.A. Ela nunca gostou de
Josh, então tenho certeza que ficará feliz em me ajudar.
— Não importa o que aconteça, eu cuido de você. — Ele
segura minha bochecha, e travo meus olhos nos dele, percebendo
que o medo que senti da última vez que estive nesta situação não
estava lá. Não que não esteja preocupada , só não estou com
medo, porque não estou sozinha. Tenho pessoas que se
preocupam comigo, então mesmo que eu perca, ainda ganho. —
Ficará tudo bem, não importa o que, ficará bem. — Ele me beija
suavemente antes de colocar meu rosto contra seu peito e me
abraçar com força. Depois de alguns minutos, ele pergunta
baixinho. — Você quer ir comigo buscar Olivia na escola depois de
comermos?

— Acho que devo reservar um tempo para ligar para Rachel.


— Inclino minha cabeça e ele acena.

— Vamos comer, então enquanto você liga para Rachel, eu


buscarei Olivia na escola, passarei pela minha casa, prepararei
uma mala, volto aqui para buscá-la e nós sairemos para jantar.

— Isso funciona. — Concordo e ele se inclina para beijar


minha testa, depois pega minha mão.

Depois dos sanduíches que ele preparou, não ligo para


Rachel imediatamente. Guardo as compras, faço a cama de Olivia e
pego o aspirador de pó lá em cima para aspirar os tapetes que
Tide colocou no andar de cima uma última vez. Quero que ela se
sinta confortável aqui, especialmente se isso se tornar uma coisa
normal, o que realmente espero que aconteça. Honestamente,
gostaria que Tide se mudasse oficialmente, uma vez que ele
basicamente já está morando comigo. Só não sei se é muito cedo
para trazer à tona o assunto de vivermos juntos, e não quero
balançar o barco quando as coisas estão indo tão bem.

Depois de passar o aspirador no tapete em forma de


unicórnio na frente da cama de Olivia, eu olho em volta e sorrio. O
quarto é fofo e perfeito para uma menina, com uma cama de casal
estilosa numa cabeceira alta com luzes fixadas em ambos os lados
que ela pode acender a qualquer momento que precisar. Mesinhas
de cabeceira para seus livros e uma cômoda para combinar com
todos eles são de um cinza muito bonito que parece antigo com a
camada de cal. Eu não queria exagerar no rosa, então escolhi um
conjunto de edredom branco com babados e cortinas florais, junto
com uma pequena casa de boneca para suas Barbies. Há uma luz
noturna para sua cômoda que deve iluminar o teto como se
estivesse coberto de estrelas.

Com uma última olhada ao redor, carrego o aspirador de


volta para baixo, pego meu celular e vou para o meu escritório,
sentando na minha mesa enquanto disco o número de Rachel.

— Aria, está tudo bem? — ela atende perguntando, e eu


rapidamente conto a ela sobre o que aconteceu com Josh e
pergunto se ela conhece um advogado que possa me ajudar.
— Aquele cara. — Não há como esconder o desgosto em seu
tom. — Um amigo meu que recentemente se divorciou usou uma
advogada na cidade de Nova York chamada Abby, que é muito
conhecida por servir à justiça. Não sei se ela pode trabalhar em
um caso fora do estado, mas lhe enviarei o site dela, e você pode
ligar para ela para descobrir.

— Obrigada. Eu realmente aprecio isso — digo quando uma


mensagem chega dela.

— Não é preciso agradecer, mas estou curiosa para saber se


Josh descobriu sobre seu contrato com a Paramount ou a editora
que está oferecendo a você outro contrato de livro.

Meu coração afunda.

— Você acha que ele sabe disso?

— É possível — ela responde. — Mas mesmo se for esse o


caso, ele não merece nada de você, querida.

— Eu sei.

— Ligue para a advogada que te enviei e me diga o que ela


disser.

— Eu vou. — Desligamos depois de nos despedirmos e clico


no site da advogada.
Honestamente, ela parece um pouco jovem em suas fotos,
mas tenho que admitir que a quantidade de casos que ela ganhou
é impressionante.

Sem nada a perder, disco o número do site e uma mulher


chamada Courtney atende. Depois de explicar minha situação, ela
me coloca em espera por alguns minutos antes de me transferir
para Abby, que parece chateada por mim. Durante nossa
conversa, pede as informações de contato do meu advogado e
garante que ficará feliz em assumir meu caso, antes de me
transferir de volta para Courtney. Depois de concordar em enviar
todos os meus documentos judiciais para que eles possam
começar a trabalhar imediatamente, desligo e me viro para olhar
pela janela me sentindo esperançosa.

— Isso é tão nojento. — Eu faço uma careta para Olivia, e ela


ri enquanto retiro outro punhado de sementes e gosma da nossa
abóbora, deixando cair na mesa que nós cobrimos com sacos de
lixo.
— Isso não é nojento. É incrível — diz Tide, deixando cair
seu punhado de tripas de abóbora na mesa. — Tem certeza de que
não quer estar no meu time, anjo?

— Por que ela desejaria estar no time perdedor? —


pergunto, e ele ri enquanto ela ri de novo, o som feliz fazendo meu
peito aquecer.

Os últimos quatro dias com ela foram bons, melhores do que


bons. Amo tê-la por perto e entendo, mais do que antes, por que
Tide aguarda ansiosamente as semanas com ela e fica um pouco
mal-humorado nos primeiros dias após o fim da semana.

Ela faz esta casa parecer um lar. Desde o café da manhã até a
lição de casa depois da escola e o jantar juntos, estabelecemos
uma rotina e não sei o que farei quando ela voltar para a mãe.
Acho que ficarei tão mal-humorado quanto Tide.

— Você quer me ajudar a terminar? — Eu aponto para a


abóbora com meu queixo, e seu nariz torce adoravelmente.

— Não, obrigada. — Ela levanta as mãos, em seguida, olha


para seu pequeno top floral bonito e sua parte inferior
combinando.

— Eu não quero me sujar.

— Franga — diz Tide, e ela mostra a língua para ele.


— Oh sério? — Ele anda ao redor da mesa com a mão
coberta de sujeira, e ela grita, se abaixando atrás de mim.

— Não se atreva — advirto enquanto lhe dou um olhar


malicioso.

— Não o quê, querida? — Ele estende a mão para mim, sem


pensar, jogo o punhado de gosma em minha mão para ele, que cai
contra seu peito com um splat.

— Oh não... — Eu cubro minha boca com a mão enquanto


seus olhos caem para sua camiseta, e Olivia ri.

— Eu... eu não queria fazer isso.

— Oh, agora você está com problemas. — Ele pega um


punhado da mesa e eu me afasto dele.

— Sério, Tide, não era minha intenção fazer isso. Juro. —


Pego Olivia, que ainda está atrás de mim, e a puxo para a minha
frente, envolvendo meus braços em torno dela para usá-la como
escudo.

— Anjo, olhe como Aria traiu você rapidamente. — Tide


sorri, faz um som de estalo antes de despejar a coisa em sua mão
na cabeça dela e na minha.

— Eu não posso acreditar que você acabou de fazer isso —


sussurro em descrença sacudindo as sementes do meu cabelo.
— Acredite, baby.

Ele tenta pegar mais, mas Olivia chega antes dele e joga um
punhado em sua direção, acertando-o na lateral do rosto e
pescoço.

— Oh meu Deus. — Começo a rir, mas minha risada termina


em um suspiro quando uma gosma molhada atinge o lado do meu
rosto. Olho para Olivia e ela ri antes de se abaixar sob o lado da
mesa.

— Oh, agora você está perdida. — Mergulho na pilha de


sementes, pegando dois punhados antes que Tide me arraste para
pegar sua própria munição. Depois disso, não há equipes. Nós três
terminamos em uma guerra total e não paramos até que não haja
mais nada e estejamos todos cobertos de gosma.

— Acho que preciso tomar um banho. — Olivia ri, e eu viro


minha cabeça em sua direção e sorrio quando vejo que bagunça
que ela está, e imaginando que pareço a mesma coisa.

— Acho que todos nós precisamos tomar banho — digo, e


ela me agracia com um lindo sorriso antes de sair de debaixo da
mesa, onde ambas estávamos tentando escapar de Tide, que era
muito mais rápido do que qualquer uma de nós. Demoro alguns
segundos para me libertar, quando o faço, a encontro dando um
abraço no pai. Não querendo interromper o momento deles, eu
começo a limpar, mas paro quando pequenos braços envolvem
minha cintura.

— Isso foi divertido — ela me diz, e eu olho para ela e toco


minha mão no topo de seu cabelo pegajoso.

— Foi mesmo. — Sorrio, e ela sorri de volta antes de me


soltar.

Um segundo depois, ouço seus passos na escada. Quando me


viro em direção a Tide, me preparo quando seu olhar encontra o
meu, sem saber o que significa o olhar em seus olhos, mas eu sei
que me faz sentir quente por toda parte.

— O quê?

— Quantos filhos você quer?

A pergunta me pega desprevenida e minha boca abre e fecha


antes de balançar a cabeça.

— O quê?

— Eu quero pelo menos mais dois — diz ele, e meu coração


começa a bater forte. — Você quer mais do que isso?

— Dois é bom — respondo baixinho, e ele acena com a


cabeça enquanto dá um passo em minha direção.
— Eu já te disse hoje o quanto eu te amo? — Ele segura
minha bochecha quando está perto, e eu descanso minhas mãos
em seu peito, precisando que ele me segure, porque minhas
pernas estão subitamente fracas.

— Eu também te amo.

— Eu sei que você ama. — Ele se abaixa para me beijar,


quando ele se afasta, meus cílios se abrem.

— A cada dia, me apaixono um pouco mais por você e


imagino que isso continuará acontecendo até o dia da minha
morte. — Seu polegar varre a borda da minha mandíbula.

— Eu tenho muito que esperar, baby, e apenas alguns deles


estão fazendo de você minha esposa e colocando meus bebês em
você.

— Tide — respiro. Deixo que ele pegue algo que estou


nervosa para trazer à tona e apenas coloque para fora como se
não fosse um grande negócio e faça com que pareça inevitável.

— Não se preocupe. Esta não é a minha proposta. — Sua


mão cobre a minha e seu polegar desce pelo meu dedo anelar. —
Pedirei que você se case comigo de maneira adequada, e não
quando estivermos cobertos de tripas de abóbora.
— OK. — Sorrio, deixando cair minha testa em seu peito. —
Mas você deve saber que mesmo coberto de tripas de abóbora, a
resposta ainda seria sim.

— Bom saber. — Ele beija o topo da minha cabeça e eu


aperto meus olhos, com certeza eu posso desmaiar de felicidade,
algo que nem sabia que era possível antes dele.
Capítulo Dezenove
Tide
— É HALLOWEEN!

Ouço Olivia gritar, e eu acordo imediatamente antes da cama


quicar, e ela pousar no meu peito, me fazendo grunhir.

— Me ouviu? É Halloween.

— Eu te ouvi. — Eu sorrio para minha linda garota e afasto o


cabelo de sua bochecha. — Bom Dia Anjo.

— Bom dia, papai. — Ela encosta o nariz no meu, algo que


ela nunca fez antes, então ela olha para o meu lado, onde Aria está
enrolada contra mim, e sussurra: — É Halloween Aria.

— Ouvi. — Sinto a bochecha de Aria se mover contra meu


bíceps e sei que ela está sorrindo quando estende a mão para
tocar o nariz de Olivia com a ponta do dedo.

— Você não está animada porque podemos comer doces o


dia todo?

Ela rola do meu peito para as costas, o que a coloca entre


Aria e eu, e me movo para o meu lado e descanso minha cabeça na
palma da minha mão. Desde pequena, ela amou o Halloween mais
do que qualquer um dos outros feriados. Achei que, à medida que
ela envelhecesse, isso mudaria, mas não mudou, e é por isso que
desisti do dia de Natal na maioria dos anos. Por mais que eu ame
ver seus presentes abertos na manhã de Natal, sei que ela
realmente anseia por hoje, comendo porcarias e se fantasiando
comigo, e eu quero que ela tenha isso enquanto esse tempo durar.

— Você não pode comer doce o dia todo, anjo.

— Eu meio que preciso. — ela levanta a mão pequena e


marca um dedo. — Você sempre faz as panquecas com batatas
fritas de Reese no Halloween. — ela levanta outro dedo. — Então,
nós sempre vamos para a casa da vovó, e ela me dá muitos doces
quando eu a ajudo. — ela levanta outro dedo. — E esta noite,
quando eu terminar de fazer doces ou travessuras, poderei comer
todos os doces que ganhei.

— Certo — murmuro, e Aria ri, então Olivia rola seu


caminho e descansa a mão em sua bochecha, o contato fazendo a
expressão de Aria ser gentil e meu coração apertar.

— Podemos terminar de esculpir nossas abóboras antes de


irmos para a casa da vovó e do vovô?

Na noite passada, demorou uma eternidade para limpar a


bagunça que fizemos, então, quando terminamos e tomamos
banho, fomos para a cidade comprar pizza, depois voltamos para
casa para comer e assistir a um filme.

— Sim — Aria diz baixinho, e Olivia rasteja para tocar seus


narizes juntos como fez comigo, então ela se levanta e começa a
pular para cima e para baixo.

— Por que você não vai escovar os dentes, quando terminar,


desceremos para fazer o café da manhã.

— OK. — Ela salta para a beira da cama, cai de bunda, antes


de cair no chão e correr para fora do quarto. Depois que ela se foi,
estendo a mão para Aria e a arrasto pela cama na minha direção.

— Bom dia, baby. — Enterro meu rosto em seu pescoço, em


seguida, beijo seu ombro e me afasto para olhar para ela.

— Bom dia.

Ela descansa a palma da mão no meu peito, sua expressão a


mesma de ontem à noite, quando mencionei que teríamos filhos e
nos casaríamos. Duas coisas que estou ansioso para fazer com ela.
Duas coisas que ela pareceu surpresa que queria. Como ela não
percebeu que estou obcecado por ela, ninguém sabe.

— Eu sei que não deveria já estar pensando sobre amanhã


de manhã, mas ficarei chateada quando Olivia voltar para a casa
de sua mãe.
— Eu também. — Me inclino para roçar minha boca na dela,
em seguida, coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. —
Mas nós a teremos de volta em uma semana.

— Acho que você está certo. — Ela inclina a cabeça para o


lado. — Então, panquecas com batatas fritas de Reese no café da
manhã?

— É Halloween. — Sorrio e pergunto: — Gia ainda nos


encontrará na casa da mamãe?

Com Colton trabalhando hoje à noite, Aria convidou Gia para


passar o Halloween com a gente, mesmo com Gino muito jovem
para realmente fazer doces ou travessuras, ela queria ter fotos
dele vestido a rigor.

— Esse é o plano, e eu disse a ela que nos prepararemos lá.


Dessa forma, não tentaremos jantar com nossas fantasias. A que
horas Anna buscará Olivia com seus pais?

— Por volta das nove. Ela ligou ontem para me avisar que
tem um encontro, então pode ser um pouco mais tarde.

— É bom que ela esteja namorando. Espero que fique sério


— ela murmura

Sorrio em acordo antes de dar um beijo em seus lábios e sair


da cama. Uma vez que estou de pé, eu a arrasto pelo colchão, em
seguida, levanto-a para ficar de pé, e ela pisca para mim e olha
para a cama.

— Não temos tempo para descansar na cama hoje, baby.


Temos abóboras para esculpir e guloseimas para comer. — A
conduzo em direção ao banheiro com um tapa na bunda, em
seguida, verificar Olivia para ter certeza de que ela está no
banheiro e volto para o corredor para me vestir antes de todos
nós descermos.

Na cozinha com as meninas sentadas à mesa a alguns metros


de distância, pego as coisas para fazer panquecas enquanto as
ouço conversar. Olivia sempre foi uma garota muito boa, mas ela
floresceu sob a adoração e personalidade descontraída de Aria
esta semana. Ver o vínculo que elas estão construindo apenas
reforçou que Aria é tudo para mim.

— Agora que temos nosso projeto, precisamos desenhá-lo na


abóbora — diz Aria enquanto meu celular toca, e eu o pego do
balcão, vendo Anna ligando. Eu olho para Aria, que está ajudando
Olivia a prender um recorte de um gato usando um chapéu de
bruxa em sua abóbora enquanto atendo a chamada.

— Anna.

— Ei, Olivia está aí?


— Sim, espere. — Coloco o telefone no balcão e olho para a
mesa.

— Anjo, sua mãe quer falar com você.

— Ok, pai. — Ela pula da cadeira em que está sentada e


agarra meu telefone enquanto eu ligo o fogo e meio que a ouço
falar com sua mãe.

Lidar com Anna nas últimas semanas foi uma montanha-


russa de merda. Um minuto, ela é muito doce, me pedindo para
fazer merda em sua casa ou ajudá-la, então quando ela percebe
que eu não sou estúpido o suficiente para cair em seus jogos, sua
atitude começa a subir e ela volta a ameaçar tirar Olivia de mim se
eu não entrar na linha. O que ela não sabe é que eu já falei com
meu advogado, e ele me garantiu que ela não pode decidir mudar
as coisas só porque eu estou namorando e ela não gostar disso.

— Pai, mamãe quer falar com você.

— Obrigado, anjo.

Pego o telefone dela, então espero até que ela volte para Aria
para colocar meu celular no meu ouvido.

— E aí?

— Meu encontro foi cancelado hoje à noite, então estarei no


seus pais às seis.
— Anna, você sabe que sairemos para doces ou travessuras
então, isso não funcionará.

— Bem, me juntarei a vocês então. — Ela bufa e meu


intestino fica apertado.

Porra.

Eu desligo o fogo e saio da cozinha, não querendo que Olivia


me ouça se eu enlouquecer.

— Você se juntará a Olivia, Aria e eu? — Tento manter meu


tom uniforme, quando quero perguntar o que diabos ela está
pensando agora.

— Eu não sabia que sua namorada estaria com você.

— Você sabia. — Eu sei que ela sabe, porque Olivia disse a


ela quando eu estava em sua casa, e ela ficou com uma expressão
azeda em seu rosto, o que fez Olivia perder sua empolgação e se
fechar.

— Você pode ser um adulto pelo menos uma vez? Isso não
precisa ser grande coisa, Tide. E sua namorada deve aprender a
lidar com o fato de que você tem uma ex e compartilha a custódia
de sua filha comigo.
— Aria não precisa lidar com você, embora tenhamos uma
filha em comum. Meu relacionamento com ela não tem nada a ver
com você.

— Nós temos uma filha juntos, então meio que tem — ela
diz, e eu passo meus dedos pelo meu cabelo. — Então, como eu
disse, te vejo na casa dos seus pais às seis.

— Não, você não vai.

— Tudo bem, então buscarei Olivia no horário programado.

— Certo.

— Às três, que é a hora em que concordamos em trocar


quando nossas semanas acabarem.

— Que porra é essa?

— Ou você pode simplesmente concordar comigo passando


a noite com vocês.

Sentindo-me preso e chateado pra caralho, eu mordo:

— Tudo bem, veremos você na casa dos meus pais, mas não
estou lidando com nenhuma besteira. Se você sequer pensar em
começar um drama, encerrarei a noite e lidarei com você na
frente do juiz.
— Soa bem. — Ela desliga e aperto minha mão em volta do
meu telefone, tentado a esmagá-lo ou jogá-lo contra a parede.

Como posso precisar do dinheiro que custaria para substituí-


lo pelo meu advogado, coloco-o no bolso e passo uns bons cinco
minutos tentando me acalmar antes de voltar para a cozinha para
terminar o café da manhã. Depois de comermos e Olivia ir para
seu quarto para brincar e arrumar suas coisas, dou a notícia a Aria
sobre esta noite. Como sempre, ela está mais preocupada comigo
e Olivia do que Anna aparecendo, e por causa de sua fácil
aceitação da situação, eu relaxo. Isso não significa que eu ainda
não esteja chateado.

— Está pronto? — Aria pergunta, e me viro para encará-la,


com certeza de que não deveria ficar excitado por ela vestida
como Elsa do Frozen. Mas, porra, ela está linda com o cabelo
trançado para trás, longe do rosto, a maquiagem deixando seus
olhos mais brilhantes, e o vestido de cetim azul bebê mostrando
suas curvas, com botas bege de salto alto nos pés.

— Você está linda, baby. — Endireito o cinto grosso


vermelho em volta da minha cintura, e seus olhos vagam sobre o
chapéu na minha cabeça com o grande pompom, a túnica forrada
de pele esticada no meu peito, até minhas calças que estão
enfiadas em minhas botas cobertas com a capa que veio com a
fantasia.

— Bem, estou estranhamente excitada agora — diz ela.

Sorrio enquanto encurto a distância entre nós e mordo seu


lábio inferior. Quando ela engasga, inclino minha cabeça para o
lado e tomo o beijo mais profundo, deslizando minha língua entre
seus lábios e ouvindo seu gemido.

— Não acho que seria bom se minha irmã nos pegasse nos
beijando. — Ela afasta sua boca da minha, ofegante, e eu rio de
novo.

— Você provavelmente está certa — concordo enquanto ela


libera minha camisa que está presa entre seus dedos, alisando as
rugas que ela criou.

— Está todo mundo pronto para sair? — pergunto, fechando


a porta enquanto ela caminha até o espelho para se inclinar sobre
a pia e verificar seu reflexo.

— Quase. Gia estava vestindo Gino quando sua mãe levou


Olivia escada abaixo para esperar por Anna, e eu vim aqui para
ver você.

— Você está preocupada com Anna vir conosco? — Eu


envolvo meus braços em volta dela por trás, incapaz de manter
minhas mãos para mim, especialmente com a forma como o
vestido que ela está usando está moldando sua bunda.

— Um pouco. — Seu olhar encontra o meu no espelho. — Eu


só não quero a noite de Olivia arruinada.

— Olivia ficará muito distraída com todos os doces que ela


estará recebendo para perceber que Anna está conosco. —
Deslizo minha mão pela parte externa de sua coxa, em seguida,
agarro sua bunda, e ela se vira para me encarar, colocando as
palmas das mãos no meu peito.

— Tide. — O aviso em seu tom me faz sorrir, e puxo seu


vestido para cima e seguro sua calcinha antes de deslizar o tecido
sedoso para o lado.

— Sim, baby?

— Olivia... seus pais... — ela sussurra enquanto seus olhos


vão por cima do meu ombro para a porta fechada antes de trancar
nos meus mais uma vez.

— É melhor você ficar quieta — sussurro de volta, cubro sua


boca com a minha e bebo seus gemidos enquanto ela goza em
torno de meus dedos. Demora alguns minutos para ela se
recompor após o orgasmo e para acalmar a minha ereção, mas
vale a pena vê-la mais relaxada. Quando chegamos lá embaixo,
Gia, que se vestiu como Olaf, está colocando Gino em seu carrinho,
com chifres amarrados que combinam com sua fantasia de Sven. E
Olivia, vestida como Anna, está alta de açúcar e saltando pelas
paredes, pronta para sair e pegar o máximo de doces que puder,
embora ela tenha comido mais hoje do que em um mês.

Quando a campainha toca, mamãe vai atender, levando sua


tigela de barras de chocolate com ela, mas não são doces ou
travessuras. É Anna, vestida com um traje semelhante ao que Aria
está usando, só que o dela termina no meio da coxa e mostra a
maior parte do peito.

— Anna — diz minha mãe, então seus olhos se arregalam


quando Anna entra para lhe dar um abraço, algo que ela nunca fez
no passado.

— A casa está ótima, Jolene.

— Obrigada.

Mamãe me lança um olhar, e tudo que posso fazer é balançar


a cabeça com o ridículo.

— Bem, isso deve ser divertido — Gia murmura para Aria


enquanto Olivia chega ao virar da esquina com meu pai e para no
meio do caminho.

— Por que você está vestida como Elsa? — Ela pergunta a


sua mãe, em seguida, olha para Aria. — Aria deveria ser Elsa.
— Essa era a única fantasia que eles tinham na loja — diz
Anna, alisando o vestido com as mãos.

— Deve ser por isso que é do tamanho de uma criança —


meu pai murmura baixinho, e Gia ri enquanto pego a mão de Aria.

— Você deveria ter se vestido como um dos trolls. Agora


nossas fantasias nem fazem sentido. — Olivia olha para mim e
para Aria. — Agora não fazemos sentido.

— Está tudo bem, querida. Eu acho incrível que agora


existem duas Elsa's — Aria diz baixinho, então pergunta — Você
está pronta para ir buscar todos os doces?

— Acho que sim. — Ela baixa os olhos para o chão antes de


vagar até o balde laranja e pegá-lo.

— Você não me dará um abraço? Não te vejo há uma semana.


— Anna diz quando Olivia caminha em direção à porta, e ela se
vira em sua direção e envolve os braços em volta dela
rapidamente antes de olhar para mim e Aria por cima do ombro.

— Preparado?

— Sim, anjo — respondo enquanto Aria agarra uma capa


azul que combina com seu vestido e a envolve em volta dos
ombros, colocando o capuz sobre a cabeça.
— Antes de vocês saírem, quero tirar algumas fotos. —
Minha mãe abre a porta para nós, e eu ajudo Gia a sair com o
carrinho de Gino enquanto Aria coloca a capa de Olivia nela.

Felizmente, o clima esta noite está quente para o final de


outubro, então as crianças devem estar bem enquanto estamos
fora, ao contrário do ano passado, quando tivemos que terminar a
noite mais cedo porque a temperatura caiu para 7 por volta das
seis. Quando estamos na varanda, mamãe tira algumas fotos, onde
tenho certeza que nunca acabará em um de seus álbuns de fotos.
Não com Anna tentando se colocar entre mim e Aria, e Olivia
ficando cada vez mais frustrada com o comportamento de sua
mãe.

Como Aria tende a fazer, ela leva toda a situação na


esportiva, seu foco em Olivia, cujo humor piorou drasticamente
desde que sua mãe apareceu. E embora Anna tenha notado, ela
não fez nada sobre isso ou não sabe o que fazer.

Tenho certeza de que ela presumiu que viria e Olivia veria


seus pais no mesmo espaço e os desejaria juntos, mas minha
garota é inteligente. Ela sabe que Anna e eu não somos um casal;
além disso, ela gosta de Aria. E com o Halloween sendo o nosso
dia, ela queria que esta noite fosse exatamente como ela
imaginou, então agora que não é, ela está apenas agindo, e eu não
a culpo.
Honestamente, eu gostaria que tivéssemos um tipo de
relacionamento com Anna onde nós pudéssemos fazer coisas
junto com Olivia e não fosse grande coisa. Mas não é onde
estamos, e sua queda esta noite não foi para tentar mudar isso.
Ela está aqui para provar um ponto. Esse ponto é que ela ainda
me tem pelas bolas.

Com as fotos feitas, nós descemos a calçada, Olivia e Aria


liderando o caminho de mãos dadas, com Anna seguindo atrás
delas, e Gia e eu mais atrás.

— Eu meio que me sinto mal por ela —Gia comenta


baixinho, com os olhos em Anna, que está estranhamente parada
ao lado enquanto Aria e Olivia se dirigem para a varanda da frente
da casa ao lado da casa dos meus pais.

— Eu não. — Inclino minha cabeça para encontrar seu olhar.


— Só espero que ela pare um momento para refletir sobre a
situação e perceba que fez isso. Olivia teria ficado animada em vê-
la esta noite e em compartilhar o dia de hoje com ela quando a
mãe viesse buscá-la, mas ela queria aparecer mais cedo porque
poderia... só que está saindo pela culatra.

— Acho que você está certo. Só acho que é difícil para ela ver
que você está realmente seguindo em frente.
— Ela terá que aceitar isso, porque pretendo pedir a Aria
para ser minha esposa. O que significa que ela será uma parte
permanente da vida de Olivia e da minha.

— Você pedirá Aria em casamento? — ela pergunta,


parecendo com os olhos arregalados e adoráveis, me lembrando
por que Colton se apaixonou por ela quase tão rapidamente
quanto eu me apaixonei por Aria.

— Eu meio que já pedi, mas pedirei direito.

— Oh meu Deus. — Ela lança seu corpo contra o meu e me


dá um abraço. — Eu estou tão feliz por você! Isso é incrível. Eu
amo Aria, e ela é perfeita para você.

— Obrigado, Gia. — A abraço e ela me solta, dando um passo


para trás.

— Colton sabe?

— Sabe o quê?

— Você está a pedindo em casamento?

— Não. — Balanço minha cabeça e ela sorri.

— Eu me sinto uma fodona por saber dessa notícia antes...

— Você se casará com ela? — Anna corta o que Gia diria e


me viro e vejo uma expressão azeda em seu rosto. — Sério, Tide?
— Anna.

— Eu não posso acreditar que você se casará com ela. Você


nem mesmo a conhece.

— Eu sei tudo que preciso saber sobre ela.

— Oh, por favor, tem sido tipo... o quê? Um dia? — ela grita, e
algumas famílias param para mudar nossa direção.

— Acalme-se — vocifero, olhando ao redor para descobrir


onde Aria e Olivia estão.

Localizando-as em outra casa completamente fora do


alcance do ouvido, respiro.

— Não me diga para me acalmar. Ela está grávida?

— Não, mas se ela estivesse, não seria da sua conta.

— Eu sou a mãe da sua filha — ela sibila, inclinando-se para


mim.

— Sim, mas isso não lhe dá o direito de dizer uma palavra


sobre o que eu faço da minha vida.

— Dará quando eu disser ao juiz e obter a custódia total —


ela sibila e Gia fica rígida.
— Tente. Nenhum juiz em sã consciência tirará minha filha
de mim só porque você não consegue lidar com o fato de eu estar
com outra pessoa. E você também deve parar um minuto para
pensar sobre o que está dizendo. Olivia não é mais um bebê. Você
acha que ela ficará bem com você tentando me tirar da vida dela?
Ela não vai, e deixarei claro para ela que eu também não quero
isso, que é tudo você.

— Seria melhor para ela, se você pudesse colocá-la em


primeiro lugar.

— Eu sempre a coloquei em primeiro lugar, então nem tente


essa merda. Isso não tem nada a ver com Olivia, é tudo porque
você não consegue lidar com o fato de que estou feliz. — Dou um
passo em direção a ela e deixo cair minha voz.

— Você precisa acordar, porra. Olivia não será pequena para


sempre, e se você continuar como está, o relacionamento dela
contigo será como o seu é com seus pais, inexistente. Não faça isso
consigo mesma, eu sei que não é o que você quer. Encontre uma
maneira de superar suas merdas e ser feliz também, Anna, porque
eu cansei dos seus jogos.

Deixo-a parada no meio da calçada e Gia vem comigo,


aproximando-se provavelmente preocupada.
— Tide — Anna grita atrás de nós, e olho por cima do
ombro, as lágrimas em seus olhos me surpreendendo. Acho que
nunca a vi chorar.

— O quê?

— Você vai... — Ela descansa a mão contra o peito. — Você e


Aria deixa Olivia comigo quando vocês terminarem? — vejo uma
lágrima escorrer por sua bochecha e me sinto um idiota por
querer confortá-la, mas não é onde estamos. — Basta dizer a ela
que fui para casa e a verei mais tarde.

Levanto meu queixo, e ela me encara por um minuto, então


se vira para caminhar até o carro que está estacionado na rua.
Assim que ela está atrás do volante, me viro para descer o
quarteirão.

— Umm... eu não quero azarar nada, mas acho que você pode
ter aberto os olhos dela — Gia diz baixinho, e eu respiro fundo,
pensando, espero que sim.
Capítulo Vinte
Aria
Deitado contra o peito do Tide com recipientes de comida
chinesa vazios, garrafas de cerveja e embalagens de cupcake na
mesa de centro, meus olhos se fecham enquanto ele brinca com
meu cabelo enquanto assiste ao jogo de futebol na TV. Já se
passaram duas semanas desde o Halloween, duas semanas desde
que ele me contou sobre o que aconteceu com Anna e sua reação
quando ele contou tudo para ela.

Como ele, não tinha certeza de que ela havia mudado de


ideia, mas do jeito que está, ela tem sido surpreendentemente
legal.

Hoje cedo, quando pegou Olivia, ela veio ver o quarto de


Olivia e ficou alguns minutos para conversar, alguns dias atrás,
ligou para Tide para perguntar se eu me importaria se ela
aparecesse na primeira aula de balé de Olivia que aconteceu em
cair durante sua semana.

Embora seja muito cedo para supor que as coisas realmente


mudaram para melhor, estou esperançosa, porque Olivia merece
ver seus pais se dando bem. E quero que o Tide também tenha
isso. Quero que ele tenha um relacionamento saudável com Anna.

— Baby, meu celular está tocando. — Tide cobre minha


bochecha e eu, sonolenta, levanto minha cabeça de seu peito e
olho para a mesa de centro onde está seu telefone. Já que estou
esparramada em cima dele, estendo o braço para pegá-lo e coloco
em sua mão antes de colocar minha cabeça de volta onde estava,
antes de interromper minha soneca.

— E aí? — Seu peito ronca contra o meu ouvido, então seu


corpo sob o meu se move enquanto seus músculos se contraem.

— Você está brincando comigo.

Levanto minha cabeça para olhar para ele, e no momento em


que seus olhos encontram os meus, sei que é ruim, seja o que for.

— Estaremos lá. — Ele desliga e deixa cair o telefone no chão


ao lado do sofá antes de descansar sua grande palma contra o
lado do meu rosto.

— O que foi? O que aconteceu?

— Seu pai está no Rusty Rose, e ele está muito mal. Colton
disse que precisamos ir buscá-lo, ou ele terá que chamar a polícia
— diz ele, e meus olhos se fecham.
— Eu posso ir buscá-lo sozinho e levá-lo para casa, baby.
Você não precisa vê-lo assim.

— Não. — Balanço minha cabeça, empurrando para trás até


que estou ajoelhada no sofá. — Eu vou sozinha.

— Você realmente acha que deixarei você ir sozinha? — Ele


agarra meu pulso quando saio do sofá e encontro seu olhar. — De
jeito nenhum, baby. — Ele se levanta e segura minhas bochechas,
colocando seu rosto perto do meu. — Vá se vestir. Encontro você
na caminhonete.

Com um aceno de cabeça, corro escada acima e tiro as calças


que vesti quando chegamos em casa, em seguida, coloco jeans e
um moletom por cima da minha blusa, antes de pegar meus tênis.
Sento-me nos degraus para calçar os sapatos, em seguida, desço
as escadas e pego minha bolsa antes de sair. Tide está esperando
por mim ao lado da porta aberta do passageiro de sua
caminhonete, assim que me sento, ele me ajuda a colocar o cinto
de segurança e me beija suavemente, fechando a porta.

Não falamos quando ele se senta ao volante, e o único som


no caminho para o bar é a música suave tocando nos alto-falantes.
Eu sei que meu pai fica muito bêbado, mas não me lembro de uma
vez em que ele tenha estado tão fora de si que corre o risco de ter
a polícia sendo chamada.
Quando chegamos ao bar e vemos a quantidade de veículos
no estacionamento, lembro que há um jogo de futebol esta noite e
muitas pessoas gostam de sair de casa para assistir ao jogo.

Depois que o Tide estaciona, tiro o cinto de segurança e


espero que ele chegue ao meu lado para abrir minha porta. Com o
ar frio da noite me fazendo tremer, entramos no prédio, que está
silencioso, exceto pelo som do meu pai gritando loucamente sobre
querer outra bebida.

— Oh não — sussurro, vendo meu pai cair do banquinho.

— Porra — Tide fala, pegando minha mão na dele e me


arrastando pela sala. Quando chegamos à frente do bar, os olhos
de Colton encontram os meus, e o olhar que ele me dá faz meu
coração gaguejar no meu peito. Antes que eu tenha a chance de
processar o que seu olhar significa, Tide solta minha mão para
ajudar meu pai a se levantar do chão.

— Você não pode simplesmente me interromper. — Meu pai


empurra Tide para longe, gritando — Eu poderia comprar essa
porra de lugar com o dinheiro na minha carteira.

A raiva enche a boca do meu estômago e corro sem pensar,


plantando minhas mãos em seu peito, empurrando-o um passo
para trás e fazendo-o tropeçar. Quando seus olhos encontram os
meus, posso dizer que ele está surpreso em me ver.
— Aria. — Ele pisca e balanço minha cabeça enquanto meu
peito arfa.

— O que você está fazendo? — Engulo a dor na garganta e


sussurro: — O que você está fazendo, pai?

— Eu sinto muito. — Ele olha em volta antes de encontrar


meu olhar mais uma vez. — Eu... eu não sabia que você estava
aqui.

— O que importa se eu estou aqui ou não? — Jogo meus


braços para o ar. — Eu não estar aqui não te dá o direito de agir
como um idiota.

— Você... — Ele olha em volta antes de dar um passo


tropeçando em minha direção. — Você tem razão.

— Que tal você nos deixar levá-lo para casa? — Tide sugere,
e até aquele momento, não percebi que ele está bem ao meu lado,
bem onde ele sempre parece estar.

— Certo. — Meu pai ajusta o paletó enquanto Tide o pega


pelo braço para ajudá-lo a sair do bar.

Quando nós três saímos, Tide me ajuda a entrar em sua


caminhonete antes de fazer o mesmo com meu pai, que está
obviamente embriagado. Sentado no banco da frente, tento
inventar um milhão de desculpas para meu pai agir daquele jeito,
mas sei que serão todas uma besteira. Também sei que faço isso
desde criança. Só agora, não preciso mentir para ele ou dar
desculpas.

— Por quanto tempo você fará isso? — pergunto a meu pai


enquanto Tide dá a volta na frente de sua caminhonete. — Você
não está cansado disso?

— É um pouco mais complicado do que você pensa — papai


diz, e olho em volta do meu encosto de cabeça para ele no banco
de trás.

— Ficar bêbado todas as noites é que é complicado, e sei que


você está com muito medo de confrontar mamãe sobre os casos
dela, que é o seu verdadeiro problema. Então, em vez disso, você
tenta afogar seus sentimentos com álcool, o que obviamente não
está funcionando — declaro, e ele me encara.

— Você não sabe do que está falando — diz ele, enquanto


Tide entra no caminhonete e liga o motor.

— Eu não sei? — Minha risada é sarcástica. — Tudo bem.


Você me diz quando estiver sóbrio como a traição constante da
mamãe ainda não afeta você.

— Não me incomodou até que descobri que ela estava


dormindo com Josh — diz ele, e sinto a mão de Tide pousar na
minha coxa.
— O quê? — Me viro para encará-lo mais uma vez, e seu
rosto empalidece.

— Eu... eu...

— Mamãe está dormindo com Josh — o interrompi, minha


voz aumentando. — Ta brincando né?

— Querida, eu não...

— Você não o quê? Não queria que eu soubesse? Não queria


que descobrisse? Quero dizer, sério, que diabos?

— Você ainda se preocupa com ele? — Papai pergunta


parecendo que vomitará, e a mão de Tide na minha coxa fica
apertada.

— Não, eu não me importo com ele, mas tenho certeza de


que existe uma regra não escrita em algum lugar que afirma que
um homem não deve dormir com a mãe de sua ex, e uma mãe não
deve dormir com o ex de sua filha. — Minha voz se eleva quando
grito: — Especialmente quando a mãe envolvida ainda está
casada!

— Aria — Tide chama, e olho para ele. — Acalme-se.

— Você não pode me dizer para me acalmar quando acabei


de descobrir que minha mãe está dormindo com meu ex-marido,
e DEIXE-ME LEMBRAR que é o mesmo que está me levando de
volta ao tribunal para obter mais pensão alimentícia.

— Ele o quê? — Papai pergunta.

— Oh sim. — Eu aceno freneticamente. — Josh está me


levando de volta ao tribunal para conseguir mais pensão
alimentícia, então agora eu tenho que lidar com aquela situação
não tão divertida novamente. — Arrasto a última palavra.

— Eu não tinha ideia — ele diz baixinho, seu tom quase


reflexivo.

— Como você poderia saber? Nós não conversamos e não


temos um relacionamento, o que será péssimo para você. Talvez
não agora, mas um dia, porque Tide e eu nos casaremos, e você
não é exatamente o tipo de pessoa que quero perto de Olivia ou de
qualquer outro filho que tenhamos. E mamãe definitivamente não
é alguém que quero perto da minha família agora ainda mais do
que antes. Quer dizer, vocês me bagunçaram o suficiente
enquanto crescia, e não quero que meus filhos pensem que vocês
dois são normais.

— Quem é Olivia? — Papai pergunta e eu balanço minha


cabeça.

— Filha de Tide.
— Você tem uma filha? — Papai pergunta, parecendo
atordoado, e rolo meus olhos.

— Vê o que eu quero dizer? Tenho saído com Tide


praticamente desde que voltei para a cidade, e vocês não sabem
nada sobre ele.

— Você não compartilha nada comigo — diz ele, e encolho


os ombros.

— Você tem razão; eu não. Quando você está sóbrio, você


não é exatamente o Sr. Acessível, e quando você está bêbado, não
faz sentido lhe dizer nada, porque não se lembrará de qualquer
maneira.

— Isso não é justo.

— Talvez, mas ainda é verdade — digo enquanto Tide entra


na garagem dos meus pais. Quando paramos na frente da casa e
estacionamos, papai não sai imediatamente e me viro para olhar
para ele.

— Você precisa de ajuda para entrar?

— Eu não quero entrar — ele diz baixinho antes de esfregar


o rosto com as mãos.

— Você acha que pode me levar para um hotel?


— Você não precisa ficar em um hotel — respondo, e Tide
pega minha mão e entrelaça seus dedos nos meus.

— Você pode dormir no sofá-cama da sala de estar da minha


casa.

— Depois de tudo que acabou de me dizer, você está me


convidando para ficar contigo? — Seu tom está cheio de
descrença.

— Só porque não gosto do jeito que você está, não significa


que não me importo. Você ainda é meu pai.

— Tem certeza de que está tudo bem? — Ele olha para Tide.

— Tudo bem por mim.

— Obrigado — papai agradece.

— Você precisa de alguma coisa daí de dentro, uma vez que


já estamos aqui?

— Provavelmente não faria mal fazer uma mala. — Ele abre


a porta e Tide e eu saímos também. Uma vez dentro de casa, nós o
ajudamos a subir as escadas depois que ele tenta se virar sozinho,
mas cai duas vezes. Quando chegamos ao patamar superior,
começo a conduzi-lo em direção ao quarto principal, mas ele me
impede.
— Meu quarto é aqui.

— Certo — murmuro, levando-o para o que era o quarto de


hóspedes quando eu era criança, mas obviamente é o quarto dele
agora. Com o estado em que ele está, o faço sentar ao lado da
cama, em seguida, pego suas malas de viagem do topo do armário
e pergunto o que ele quer que eu empacote. Não demorou muito
para pegar as coisas do banheiro, alguns ternos e um pijama.
Depois de fechar o zíper de sua bolsa, Tide pega de mim e
voltamos para o andar de baixo.

— Seu carro está estacionado no bar? — Tide pergunta a ele


quando entramos na caminhonete e papai resmunga
afirmativamente.

— Dê-me suas chaves, já que passaremos por lá no caminho


para fora da cidade. Aria pode levá-lo para casa. Assim, você o
terá amanhã.

— Obrigado. — Papai passa as chaves na frente e eu as pego


dele.

Quando chegamos ao bar, Tide estaciona atrás do Jaguar do


meu pai e eu abro minha porta.

— Eu te seguirei, baby.
Aceno, salto para fora e entro no carro do meu pai. Levo um
minuto para ter tudo ajustado antes de voltar, quando saio do
estacionamento, olho pelo espelho retrovisor para me certificar
de que Tide está atrás de mim. Enquanto vou para casa, tento
descobrir como me sinto sobre tudo que soube esta noite, mas é
muito para processar na viagem de quinze minutos para minha
casa. E realmente, acho que é muito para processar sem a ajuda
de um psicólogo.

Paro na garagem, estacionando o carro do meu pai ao lado


do meu, e Tide para ao meu lado. Antes mesmo de eu ter a chance
de abrir minha porta, ele está lá me ajudando, em seguida,
envolvendo os braços em volta de mim em um abraço apertado.

— Eu precisava disso — declaro e ele se afasta apenas o


suficiente para olhar nos meus olhos.

— Eu amo você.

— Eu precisava disso também — digo baixinho.

— Seu pai desmaiou no caminho para cá. Estou pensando


que seria melhor entrarmos e arrumarmos a cama dele, ou ele
pode dormir na cama de Olivia, já que ela não está aqui.

— Ele não dormirá na cama de Olivia — nego


instantaneamente, e ele sorri como se me achasse uma gracinha.
— Tudo bem, então arrumaremos o sofá e eu voltarei para
buscá-lo.

— Isso é uma bagunça. — Largo minha testa em seu peito. —


Por que simplesmente não o levamos a um hotel quando ele
sugeriu?

— Porque ele é seu pai.

— Esse é um motivo estúpido — murmuro, e ele ri.

— Você está fazendo a coisa certa, baby. — Ele me impele a


voltar e segura minhas bochechas. — E estou orgulhoso de você
por ser honesta com ele.

— Ele provavelmente não se lembrará de nada que eu disse.

— Talvez não, mas você vai.

— Sim — concordo, e ele se inclina e beija minha testa, então


pega minha mão na sua, e nós entramos na casa. Nós dois levamos
uns bons dez minutos para descobrir como montar o sofá-cama
na sala de estar e outros dez para arrumar a cama. E não
surpreendentemente, meu pai nunca acorda, nem mesmo quando
Tide o carrega para dentro de casa como uma noiva, ou mesmo
quando o colocamos na cama.
Eu tomo um gole do meu café e sorrio por cima da minha
xícara e Tide pisca para mim depois de pegar a panqueca que ele
acabou de virar no ar.

— Você é um show aparte.

— Você me ama. — Ele ri, despejando a panqueca em um


prato e entregando-a para mim.

— Bom dia.

Nós dois viramos ao som da voz do meu pai, e varro meus


olhos sobre ele, encontrando-o um pouco pior para o desgaste.
com seu cabelo uma bagunça e suas roupas amassadas de dormir
com elas na noite passada.

— Bom dia — respondo.

— Eu posso usar o banheiro?

Ele olha ao redor, parecendo perdido e desconfortável, e me


pergunto se ele se lembra o que aconteceu na noite passada ou se
ele apenas se sente estranho por estar aqui. Provavelmente é o
último. Sempre que ficava com meus pais, meu pai normalmente
saía para trabalhar antes mesmo de me levantar, e quando ele
chegava em casa, ele estava feliz e bêbado, o que significava que
nunca estivemos realmente perto um do outro quando ele
estivesse sóbrio.

— Há um lavabo no final do corredor. — Aponto com minha


caneca de café para a porta a alguns metros de distância. — E um
chuveiro lá em cima, primeira porta à direita. Sua mala está no
corredor lá em cima.

— Obrigado. — Ele acena com a cabeça antes de subir os


degraus, um minuto depois, ouço o chuveiro ligar.

— Coma, baby, antes que sua comida esfrie — Tide ordena, e


pego a calda e afogo minha panqueca, em seguida, dou uma
grande mordida, observando-o sorrir.

— Então eu estava pensando. Hoje, poderíamos ir para


minha casa e olhar ao redor, decidir o que devemos vender e o
que queremos mover para cá.

— O quê? — pergunto com a boca cheia, e ele traz seu café e


coloca os cotovelos no balcão na minha frente.

— Se eu estiver morando aqui, não há muito motivo para


manter meu lugar. Só precisamos decidir se queremos vendê-lo
ou alugá-lo por um pouco de renda extra.

— Você morará comigo? — pergunto depois de engolir um


gole de café e a comida na minha boca.
— Baby, já moro com você. Você simplesmente não prestou
atenção — diz ele, e sorrio enquanto ele se inclina para mim. —
Só acho que é hora de oficializarmos.

— Certo — digo baixinho antes que ele se incline para


colocar um beijo suave em meus lábios. Sorrindo, dou outra
mordida na panqueca, uma vez que mastigo e engulo, pergunto—
Você não acha que seria melhor alugar sua casa? Eu sei que não
há muitos imóveis disponíveis para alugar na cidade,
especialmente em seu bairro.

— Podemos falar com um corretor de imóveis e ver o que


eles pensam. — Ele encolhe os ombros.

— Você tem uma casa para alugar? — meu pai indaga, e me


pergunto como não o ouvi descendo as escadas, especialmente
com sua mala que está ao seu lado. O vejo entrar na cozinha,
vestido em seu terno, com seu cabelo penteado e seu rosto limpo
dos pêlos que estava em sua mandíbula quando ele acordou.

— Temos — diz Tide. — Você quer um pouco de café?

— Sim, obrigado.

Meu pai olha para mim, seu rosto suavizando por um


momento, e eu juro que parece que ele quer me abraçar. É algo
que nunca me lembro dele ter feito, então não fico completamente
desapontada quando ele pigarreia e se concentra em Tide.
— Posso estar interessado em ver a casa que você deseja
alugar.

— Para quê? — pergunto, e ele se vira para mim.

— Estou deixando sua mãe — ele afirma facilmente


enquanto aceita uma caneca de café da Tide e meu estômago
embrulha.

— Você está deixando mamãe?

— Sim, e sinto muito se isso te incomodar.

Já que eu sei que pular para cima e para baixo, dando um


high five não seria a reação certa, aceno, tentando manter meu
rosto neutro.

— Duvido que ela facilite as coisas, então provavelmente


terei que encontrar um lugar para morar enquanto resolvemos as
coisas entre nós.

— Tenho certeza de que o Tide ficaria bem se você ficasse na


casa dele. — Olho para o meu homem, e meu pai vira em sua
direção.

— Eu lhe darei o endereço e uma das chaves sobressalentes.


Você pode dar uma olhada, se quiser, considere-o seu pelo tempo
que precisar.
— Agradeço isso — diz papai, depois olha para o relógio.

— Eu tenho algumas coisas para cuidar hoje. Tenho um


encontro marcado com um cliente em uma hora.

— Claro — concordo, e ele coloca sua xícara de café ainda


quase cheia.

— Obrigado a ambos pela noite passada. — Ele limpa a


garganta quando seu olhar encontra o meu.

— Sinto muito, Aria, por tudo.

Lágrimas fazem meu nariz arder, e seguro minha xícara com


mais força quando na verdade quero apenas me levantar e dar um
abraço nele.

— Eu também sinto muito.

— Nunca duvide que eu te amo. Você é a melhor coisa que já


fiz na minha vida, e eu sei que errei. Mas eu quero ter um
relacionamento com você.

— Eu quero isso também. — As palavras são quase


inaudíveis por causa do aperto repentino na minha garganta.

— Então trabalharemos nisso enquanto eu trabalho em mim


— diz ele, e uma sensação de esperança me enche, porque é a
primeira vez que ele reconhece que tem um problema e que as
coisas entre nós não são como deveriam ser. — Ligarei para você
esta noite, se estiver tudo bem para você.

— Você pode me ligar a qualquer hora, e meu sofá estará


sempre disponível se você precisar de um lugar para dormir. —
Me levanto para acompanhá-lo até a porta, e ele me choca
envolvendo seus braços em volta de mim.

— Eu te amo — diz ele, e as lágrimas que tenho lutado


enchem meus olhos antes que possa impedi-las, e então começam
a escorrer pelo meu rosto. — Nunca duvide disso.

Incapaz de falar, aceno, então ele me transfere para o Tide.


Me enterro em seu peito quente e duro enquanto seus braços me
envolvem, e ele me segura com força enquanto a porta da frente
se fecha.

— Isso acabou de acontecer?

— Sim. — Seus braços ao meu redor ficam mais apertados.


— A situação com sua mãe o traindo com seu ex pode tê-lo
acordado, baby.

— Pode ser — concordo, então solto um suspiro profundo.

— Não quero ter muitas esperanças, mas realmente espero


que ele consiga se recompor, não por mim, mas por si mesmo.
— Eu também espero. — Ele beija o topo do meu cabelo e
inclino minha cabeça para trás para encontrar seu olhar.

— Então, meu pai está deixando minha mãe, com sorte,


ficando sóbrio, e você oficialmente morará comigo, embora
basicamente esteja morando aqui desde então?

— Sim — ele concorda enquanto seus olhos percorrem meu


rosto.

— É um dia agitado e não são nem dez.

— Sim. — Seus lábios se curvam em um sorriso, e eu fico na


ponta dos pés para beijá-lo, mas mantenho minha mão contra sua
mandíbula.

— Obrigada.

— Pelo quê?

— Por estar sempre onde eu preciso que você esteja, por ser
forte, por me amar do jeito que você me ama e por saber
exatamente o que eu preciso.

— Amar você é fácil, Aria, e você sentir que está recebendo o


que precisa de mim significa apenas que estou fazendo meu
trabalho.
— Só você faria parecer que não é grande coisa. — Eu rolo
meus olhos e sua mão desliza em volta das minhas costas para
que ele possa nos puxar para mais perto.

— Pare de falar e me beije — ele ordena e suspiro, então lhe


dou o que ele quer, como se estivesse recebendo o que precisa de
mim também.
Epílogo
Tide
Três meses depois

— PARE ELE! — Ouço Aria gritar enquanto abro a porta da


nossa casa.

Olivia grita: — Eu não posso! Ele é muito rápido.

Sem saber ao certo onde acabei de entrar, tiro as botas,


depois o casaco e o gorro, jogando os dois nas costas de uma das
cadeiras em volta da mesa de jantar antes de entrar mais na casa.

Quando entro na cozinha, Mittens , o gato que George


comprou para Olivia desce correndo os degraus do andar de cima
e corre para a sala de estar. Uma longa fita trilha atrás dele
enquanto as duas garotas descem os degraus.

— Você não podia pará-lo! — Aria chora, correndo atrás de


Olivia, e sorrio enquanto minhas duas garotas perseguem o gato
ao redor da sala na tentativa de livrá-lo da fita vermelha que ele
de alguma forma prendeu em sua pata de trás.
Com as duas incapazes de capturá-lo, pego sua sacola de
guloseimas de seu armário e a sacudo. Como sempre, ele para o
que está fazendo, vai diretamente para a fonte de sua comida
favorita e enrola seu corpo em torno dos meus pés.

— Por que não pensamos nisso? — Olivia pergunta


enquanto o pego.

— Eu não faço ideia. — Aria revira os olhos para mim


quando sorrio antes dela desenrolar a fita de sua pata.

— Eu o levarei de volta para cima e me vou me arrumar —


diz Olivia, e Aria tira o gato do meu aperto, entregando-o à minha
filha. Ela o carrega escada acima, repreendendo-o silenciosamente
pelo que ele fez, enquanto ela desaparece de vista.

— Eu realmente não sei por que meu pai achou uma boa
ideia dar um gato para Olivia no Natal — diz Aria, balançando a
cabeça e jogando a fita de sua mão no lixo.

— Ela adora aquele gato — a lembro. — E seu pai a adora.

— Ele adora — ela concorda com um suspiro, e eu sorrio


novamente. Não sabia o que aconteceria depois que George disse
que deixaria a mãe de Aria. Parte de mim duvidava que ele fosse
até o fim, mas ele o fez, e em grande estilo. Ele não apenas deixou
Beatrice, mas mudou-se para minha antiga casa, começou a
frequentar o AA e se esforçou para conhecer sua filha. Tenho
certeza de que não foi fácil, mas ele persistiu, o que diz muito
sobre o tipo de homem que é.

Sua mãe, por sua vez, mudou-se para a Califórnia para morar
com Josh depois que seu divórcio foi finalizado, e ninguém sabe
como eles estão.

O pedido de Josh por mais pensão alimentícia foi negado, e o


juiz reduziu seus pagamentos mensais para metade do que eram.
Ele também colocou um limite de tempo de dois anos ou até que
Josh se case novamente por quanto tempo ele poderia receber os
benefícios de Aria. Não era o que queria, por mim não receberia
nada, mas saber que seu controle sobre ela tem um carimbo de
data final me faz sentir um pouco melhor sobre a situação.

— Ainda nos encontraremos com todos na cidade para


jantar? — Envolvo meus braços em torno dela, e seus olhos
arregalados encontram os meus enquanto suas mãos pousam no
meu peito.

Uma dessas mãos está exibindo o anel de diamante de dois


quilates que dei quando a pedi em casamento enquanto saíamos
para jantar com minha família, o pai dela, Colton e Gia uma
semana antes do Natal. Duas semanas depois, coloquei uma banda
pesada e sólida por trás disso quando nos casamos no tribunal da
cidade, ela não querendo um grande show, mas querendo torná-lo
oficial.
— Sim, temos reservas. — Ela lambe os lábios e meus olhos
se estreitam em sua boca antes de encontrar seu olhar.

— O que aconteceu?

— Nada aconteceu. — Ela pressiona meu peito para que a


deixe ir, mas me recuso, segurando-a com mais força.

— Você está mentindo.

— Eu não estou mentindo.

— Apenas me diga e acabe com isso. — Eu a aperto e seus


olhos se estreitam nos meus.

Nos últimos meses, ela e minha mãe, ela e Olivia, ela e Gia, e
até ela e Anna conspiraram contra mim em mais de uma ocasião, e
sempre tem a mesma expressão facial quando está se preparando
para alguma notícia sobre mim ou me pedindo para fazer algo.
Felizmente, não foi nada que pudesse me fazer perder a cabeça,
mas ainda assim sempre foi alguma coisa.

— Não há nada para te dizer. Precisamos nos preparar para


ir; caso contrário, seremos os últimos a aparecer para o jantar.

— Aria.

— Tide. — Ela segura meu olhar e eu solto um suspiro.


— Tudo bem, vamos nos preparar. — Eu desisto, sabendo
que ela terá que confessar mais cedo ou mais tarde.

Quando chegamos lá em cima, Olivia está em seu quarto,


torturando Mittens com a luz laser que ele nunca será capaz de
pegar, então vou com Aria para o nosso quarto, e nós dois nos
trocamos. Ela veste um par de meia-calça e um vestido suéter
longo com gola alta que fica incrível nela, e eu puxo um jeans
diferente e uma camisa de botão.

Quando estou saindo do armário, abotoando minha camisa,


Olivia entra na sala, vestindo uma saia rosa com babados sobre
um par de leggings e uma camisa preta de mangas compridas com
escrita na frente. Demoro um momento para ler sua camisa, mas
quando o faço, meu coração para no meu peito.

— Isto é para você. — Aria coloca em minhas mãos uma


caixa que tem um grande laço amarrado no topo, a mesma fita que
prendeu a pata do Mittens.

Meu peito parece estranho quando eu o abro e exponho o


pequeno sapato de tecido sob o monte de papel de seda, uma
única palavra escrita na frente.

Surpresa.

— Mesmo? — Encontro o olhar de Aria e ela acena com a


cabeça, e eu abaixo meus olhos em seu estômago.
— Eu serei uma irmã mais velha — diz Olivia com orgulho,
correndo para mim e envolvendo os braços em volta da minha
cintura.

Apalpando a nuca da minha garota com uma das mãos, puxo


minha esposa em minha direção com a outra, em seguida, a beijo
profundamente, pensando que mais uma vez ela provou que não
há limite para o amor que tenho por ela.

Aria
Nove meses depois

Com as curvas do corpo minúsculo e quentinho de Luca em


torno de mim, sua boca trava no meu peito, eu vejo Tide se mover
para a porta da frente quando a campainha toca. Já que acabamos
de chegar do hospital com nosso doce menino, estou preparada
para ver muitas pessoas hoje. Mas, realmente, há apenas uma
pessoa que eu quero ver, a julgar pelo sino tocando novamente,
acho que ela está aqui agora.

Soltando Luca, ajusto minha camisa, em seguida, levanto-o


no ombro para arrotar quando Olivia vem dobrando a esquina. Eu
a vejo chutar os sapatos, então andar na ponta dos pés pelo tapete
e sorrir enquanto ela se arrasta no sofá para se sentar ao meu
lado.

— Oi, doce menina — digo baixinho, e ela se inclina para


tocar seu nariz no meu, em seguida, descansa a mão na nuca de
Luca e se inclina para beijar sua bochecha.

— Posso segurá-lo? — Ela olha para mim, assim que eu


aceno, ela cai de bunda e eu o coloco em seus braços. Vê-los juntos
faz com que as lágrimas queimem na minha garganta, assim como
eles fizeram quando ela veio ao hospital para conhecer seu irmão
mais novo.

Olho para o outro lado da sala para meu marido e sei que o
olhar em seus olhos reflete o meu. Felicidade pura. Acho que
nenhum de nós jamais acreditou que poderíamos ser tão felizes,
mas aqui estamos, de alguma forma, o drama externo em nossas
vidas se resolveu.

Não que tudo seja perfeito, mas como ele me disse quando
começamos, estamos nisso juntos, realmente, essa é a chave.
Porque no final do dia, contanto que tenhamos um ao outro e
nossos filhos sejam felizes e saudáveis, nada mais importa.
Quatro anos depois

— Eu não estou andando no tapete vermelho. — Eu rolo


meus olhos para Rachel, e ela suspira dramaticamente, que
sempre foi seu estilo.

— Você tem que andar no tapete vermelho. É a sua visão que


ganhou vida. — Ela se estatela na cadeira à minha frente e Tide ri.
Ele a acha engraçada, algo pelo qual sou grata, especialmente
quando ela está sendo tão irritante.

— Não está acontecendo. Eu não preciso andar para que o


filme seja exibido. — Esfrego meu estômago que parece ter
crescido três vezes seu tamanho nos últimos quatro meses. Sério,
estou tão chocada quanto todo mundo, por estar carregando
apenas um bebê com o tamanho da minha barriga. Então, talvez
porque este seja o meu segundo bebê, esta menina tem mais
espaço para vagar.

— Tide, você realmente deve colocar um pouco de bom


senso em sua esposa. Este é o grande dia dela. Ela deveria estar lá
para aproveitar a emoção.

— Acho que você sabe tão bem quanto eu, Rach, que não
posso dizer nada a Aria ou levá-la a fazer algo que ela não quer —
diz ele, e eu sorrio para ele, vendo-o sorrir.
— Você não compareceu a nenhum dos eventos de tapete
vermelho nos últimos três anos e não quero que se arrependa.
Este é o último filme — ela responde enquanto balanço minha
cabeça.

Tenho certeza de que há autores que se deliciariam com a


luz das câmeras e da atenção, mas não desejo ter meu rosto
estampado na primeira página do jornal.

— Concordei em vir à cidade fazer entrevistas. Agora tudo o


que quero fazer é vestir o pijama, pedir serviço de quarto, alugar
um filme e dormir.

— Tudo bem — ela concorda. — Mandarei fotos para você.

— Mal posso esperar para vê-las — digo, e ela se levanta,


dando-me um beijo na bochecha e um abraço em Tide antes de
sair da sala. Sem ela, meu marido se senta ao meu lado e pousa a
mão na minha barriga.

— Como estão minhas garotas?

— Estamos cansadas e com fome. — Faço beicinho e ele


sorri. — Eu gostaria que sua mãe tivesse FaceTime. Eu realmente
sinto falta de Luca e Olivia, e é uma pena não poder ver seus
rostos.
— Eles também sentem sua falta, baby, mas quando falei
com a mamãe enquanto você estava em sua última entrevista, ela
me disse que eles estavam bem e prestes a encontrar seu pai, Lisa,
Anna e Charles para jantar.

Charles é o marido de Anna, um cara que tanto Tide quanto


eu gostamos muito e Lisa é a namorada do meu pai, que é doce e
completamente o oposto da minha mãe em todos os sentidos.

Ao longo dos últimos anos, todos nós ficamos muito


próximos, o que é surpreendente, dada a forma como as coisas
eram. A única pessoa na minha vida com quem não tenho um
relacionamento é minha mãe, que ainda está com Josh.

— Eles gostarão disso — digo enquanto ele levanta meus pés


para descansar em sua coxa.

— Tem certeza de que não quer ir ao premier? — ele


pergunta, esfregando meus pés, e meus olhos se fixam nos dele.

— Você?

— De jeito nenhum. — Ele ri, me fazendo sorrir.

Meu marido não é alguém que gosta de atenção, que tem


sido uma das coisas com que tivemos que lidar desde o
lançamento do primeiro filme da minha série. As pessoas têm a
tendência de ficar curiosas sobre os autores que amam, então elas
cavam até descobrirem sobre o homem com quem casei, e ele se
tornou uma sensação entre meus leitores. Eu não posso culpá-los,
já que ele realmente é um herói de livro que ganhou vida e mais
bonito do que qualquer homem que eu poderia descrever com
palavras. Dito isso, ele não está interessado em compartilhar
nossa vida com ninguém, então fiz o meu melhor para manter
nossa vida privada.

— Eu também não. — Eu descanso minha mão na minha


barriga. — Eu só quero relaxar com você, pela manhã, quero
entrar no avião e ir para casa.

Como ele, eu gosto da minha vida do jeito que está ,


tranquila, normal e um pouco chata. Estou feliz, mais feliz do que
nunca, e sei que é porque coloquei tudo em risco mais uma vez.
Moderadoras

Kamy B. / Jess E. / Ana R.

BAD GIRLS

Jess E. / Anurb / Kamy B. / Juh França

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