Você está na página 1de 299

SINOPSE

Depois de anos de trabalho árduo e economizando todos os


meus centavos enquanto trabalhava como bibliotecária de Balsam
Ridge, meu sonho de abrir uma livraria café está finalmente
concretizando-se.

Tudo está nos trilhos até que minha antiga paixão do ensino
médio, o super astro encrenqueiro de Nashville, Garrett Tuttle,
volta para a cidade.

Seus modos selvagens e comportamento fora de controle


fizeram com que sua gravadora o mandasse para casa enquanto a
fofoca diminuía.

Garrett não sabe como esconder-se, e sua chegada vira meu


mundo de cabeça para baixo.

Mas eu não sou a mesma garota de coração partido que ele


deixou todos aqueles anos atrás, e eu sou a única mulher na terra
que não é afetada por seu charme de playboy.

Posso ficar firme ou as doces letras de Garrett farão meu coração


disparar novamente?
Prólogo

Ansley
Dezessete anos de idade

Jogo a alça da minha mochila no ombro e ando na ponta dos


pés pelo corredor que vai do meu quarto até a cozinha. Eu
destranco a porta de vidro deslizante que leva ao deck ao lado da
casa e viro para olhar para a escuridão da casa uma última vez
antes de sair e silenciosamente descer os doze degraus até o
patamar da entrada da garagem.

Uma vez que estou livre, pego a pequena lanterna da minha


bolsa e clico nela para iluminar meu caminho até o final da longa
entrada de cascalho.

Contorno a caixa de correio e respiro aliviada. Eu nunca fiz


nada assim antes, e meu estômago está em nós. Eu sou a boa filha.
A responsável da família. O orgulho e a alegria do meu pai. Não
consigo imaginar como ele e minha mãe vão ficar quando
acordarem e descobrirem que desapareci.

Uma caminhonete escondida nas sombras além da linha das


árvores no final da pista pisca os faróis e, depois de olhar para a
janela do quarto dos meus pais mais uma vez, saio correndo em
direção a ela.

Quando chego à caminhonete, Garrett sai do lado do motorista


e corro para seus braços.

— Ei, Foxy. Estou feliz em ver você. Você tem tudo o que
precisa?

Eu concordo. — Acho que sim, — respondo quando ele me solta


e dou um passo para trás, entregando a ele minha mochila, que
está abarrotada de itens essenciais.

Ele embala meu rosto com a mão livre e acaricia minha


bochecha. — Não se preocupe. Qualquer coisa que você esqueceu,
vamos pegar em Nashville.

Nashville. Uma pontada de excitação desliza pela minha


espinha. O mais longe que já estive fora de Balsam Ridge foi
Gatlinburg, e isso foi para o casamento de minha tia Candy
quando eu tinha nove anos.

Papai sempre dizia: Por que eu sairia daqui para tirar férias
quando estou cercado por montanhas e pelo rio Coyote que
atravessa o vale?

Garrett coloca minha bolsa na caixa de ferramentas na parte


de trás da caminhonete e me leva até a porta do passageiro.

— Tem certeza que quer ir comigo? — Ele pergunta.

— Claro que eu quero. Eu nunca quis mais nada na minha


vida, — digo a ele.

Ele sorri e dá um beijo rápido em meus lábios antes de abrir a


porta e me ajudar a entrar.
Ele dá partida na caminhonete e lentamente saímos das
árvores para a estrada. Ele mantém os faróis desligados e o brilho
das luzes de estacionamento nos guia montanha abaixo. Eu
observo enquanto o poste de luz que fica em nosso jardim
desaparece na distância.

— Você deixou um bilhete? — Pergunto.

Ele balança a cabeça. — Nah, mas eu disse a Weston, e ele vai


contar para mamãe e papai, pela manhã.

— Deixei um bilhete no meu travesseiro, — digo a ele.

— O que dizia?

— Só que eu os amava e que íamos começar nossa vida juntos.


Eu não mencionei onde.

Ele concorda. — Tenho certeza que seu pai estará na porta dos
meus pais pela manhã, e eles vão contar a ele.

— Não importa. Eu já me decidi, — asseguro a ele enquanto


pego sua mão e entrelaço nossos dedos.

— Não. Ele só vai ter uma desculpa para me odiar ainda mais
do que já me odeia.

— Ele não te odeia.

Ele me dá um olhar de soslaio.

— Ok, você não é a pessoa favorita dele no planeta, mas ele vai
aceitar. Talvez não imediatamente, mas dê a ele um ou dois anos...
ou dez, e você o conquistará.

— Espero que sim. Não posso ter meu futuro sogro querendo
bater na minha bunda todo feriado.
Isso me faz rir, e então um bocejo escapa.

Ele leva nossas mãos à boca e beija meu pulso. — Vá dormir,


baby. Vou te acordar quando chegarmos ao motel.

Eu suspiro. — Ok. Vejo você em Nashville, — digo enquanto


meus olhos fecham-se.

— Vejo você em Nashville.


Capítulo Um

Ansley
Dias de hoje

— Aqui está, Leslie. — Coloco a pequena pilha de livros no


balcão.

— Obrigado, Ansley. Os que você trouxe no mês passado


acabaram em questão de horas.

— Isso é maravilhoso. Vou trazer mais no mês que vem, — digo


a ela antes de pedir uma dose de suco de erva de trigo.

Leslie administra a loja local de alimentos saudáveis orgânicos


em Balsam Ridge. Uma vez por mês trago livros infantis que
estamos tirando de circulação na biblioteca local para ela expor.
Muitas das mães que ficam em casa na cidade fazem aulas de
ginástica na pequena academia anexa à loja e, em seguida, vêm
para comprar um smoothie ou shake de proteína e pegar um novo
livro para levar para casa para seus filhos.

— Eu pensei que esta era sua última semana na biblioteca?

— Não exatamente. Estarei lá até o final do mês, — digo a ela.


Sou a bibliotecária-chefe em Balsam Ridge desde que recebi
meu mestrado em biblioteconomia pela Universidade do
Tennessee, oito anos atrás. Vai ser uma transição estranha, passar
do serviço de educação para ser uma empresária independente,
mas já é um sonho meu há algum tempo. Então, passei a última
década morando em um minúsculo apartamento acima da
garagem de meus pais, dirigindo o mesmo sedã pequeno que meus
avós me deram de presente de formatura e trabalhando na
biblioteca e em qualquer emprego de meio período sazonal que
pudesse arrumar para economizar para o meu sonho.

— Eu sei que eles vão sentir sua falta lá, minha Connie
especialmente, mas estou animada por você. O vale precisa de um
novo local para café.

— Eu também estou animada. E ainda estarei distribuindo


livros e contando histórias semanais na biblioteca, então diga a
Connie para não se preocupar. Ela vai me ver o tempo todo, — digo
a ela.

Meu novo café estará localizado a apenas alguns passos da loja


orgânica no meio da Market Square. Comprei o espaço neste verão
e o tenho reformado e me certificado de que tudo está de acordo
com o código nos últimos meses. Meus pais têm participado de
muitos dos projetos de bricolagem, assim como meus amigos.

Hoje, a instalação está começando nas novas estantes do chão


ao teto. Elas são minha parte favorita do café. Eu salvei a madeira
quando meu pai, o pastor principal da Igreja Batista de Balsam
Ridge, demoliu um velho celeiro para acomodar um novo salão de
comunhão para sua congregação. É linda e rústica, e ele e eu
passamos muitas noites lixando e repintando-as para uma rica cor
de café expresso para combinar com o balcão da cafeteria que
encontrei em uma loja de antiguidades em Knoxville.

Aceno para Leslie enquanto pego a alça do meu carrinho para


ir para minha próxima parada - uma pequena caixa de biblioteca
que fica perto da calçada na prefeitura. Reabasteço o estoque de
livros com opções para adultos, jovens e crianças e pego uma
toalha para enxugar o lado de fora.

Os livros são a minha paixão. É assim desde que eu era uma


garotinha. Minha mãe diz que meu nariz estava enfiado em um
livro e minha cabeça nas nuvens desde que comecei a andar. Há
algo no cheiro de um livro antigo. A emoção de começar uma nova
aventura. Você pode ser uma princesa esperando seu príncipe, um
guerreiro invadindo o castelo, um viajante enviado em uma grande
missão, um mago, um piloto de avião, um padeiro italiano ou até
mesmo a primeira mulher presidente dos Estados Unidos nessas
páginas. Um livro oferece um mundo de possibilidades ao seu
alcance.

Também sou apreciadora de café; portanto, fazia sentido para


mim combinar minhas duas paixões em um espaço fantástico. Daí
o nascimento do Well-Bred Café e Livraria, uma brincadeira de
leitura e pão em referência ao café-padaria. Um lugar para tomar
uma excelente xícara de café e procurar nas prateleiras uma nova
leitura. Os clientes podem comprar os dois para levar, ou podem
levar a sua caneca e bolos e sentar-se numa das mesas ou nos
confortáveis sofás em frente à grande lareira de pedra, pegar num
livro e aproveitar a tarde de leitura, marcar a sua página, e voltar
no dia seguinte.

Uma vez que meu carrinho está vazio, volto para a biblioteca.

Enquanto desço a Main Street, paro dentro do Gus's Diner para


pegar meu almoço embalado de sempre. A lanchonete é dirigida
por Gus e sua esposa, Mona. Está em funcionamento desde os
anos 70 e é famoso por seu pudim de banana e atmosfera
nostálgica.

Deixo meu carrinho na entrada e entro. O local está lotado,


como de costume, com hordas de clientes à espera espalhados nos
bancos de madeira do lado de fora, aguardando pacientemente que
seus nomes sejam chamados.

Mona está atrás do estande da recepcionista, cumprimentando


todos que entram e saem, como faz há mais de quarenta anos. Há
algo reconfortante em seu sorriso largo e abraços calorosos.

— Ansley, pensei que você tivesse se esquecido de nós hoje, —


diz ela antes de chegar atrás do estande para entregar meu almoço.

— Nunca, — eu digo a ela enquanto extraio meu pagamento da


minha carteira. Sete dólares. Venho pagando essa quantia exata
em dinheiro há mais de uma década, independentemente da
mudança nos preços do menu.

— Você está comendo com seu fã-clube hoje? — Ela pergunta.

Ocasionalmente, quando tenho tempo, vou até o balcão e sento


desfrutando minha refeição com os velhos que se encontram na
lanchonete para ler o jornal, tomar café e reclamar de suas esposas
a tarde toda. Há um grupo de seis que estão lá como um relógio
todos os dias, seis dias por semana. Eles acolheram-me em seu
círculo e eu empresto a voz e a perspectiva da geração mais jovem
às suas conversas. Eles são uma delícia e meu principal canal de
notícias e fofocas do vale. Eu juro, esses homens sabem mais sobre
o que está acontecendo aqui em Balsam Ridge do que o próprio
conselho municipal. Eles também são uma riqueza de
conhecimento. De fazendeiros e empreiteiros à empresários
aposentados. Passei muitas tardes conversando com eles e
buscando seus conselhos sobre meu próprio empreendimento
comercial. Sua experiência e orientação foram inestimáveis.

— Hoje não. Estou atrasada e não tenho tempo para o flerte


deles, — digo alto o suficiente para eles ouvirem.

Seis sorrisos atrevidos voltam-se em nossa direção.

Eu aceno e todos eles gritam olá.

— Você ouviu as notícias? — Mona pergunta.

— Que notícia é essa?

Ela se inclina e sussurra: — Eu ouvi os caras conversando mais


cedo, e Hilton disse à Jep que Garrett está vindo para a cidade esta
semana. Aparentemente, ele ficará em casa por um tempo para
esconder-se após o problema em que se envolveu na Califórnia, e
seu pai não está muito satisfeito com isso.

Eu dou de ombros.

A cada duas semanas, há um boato de que Garrett Tuttle estará


em casa em Balsam Ridge. As pessoas vêm de todos os lugares, na
esperança de ver o astro da música country em sua cidade natal,
e geralmente saem decepcionadas. Já se passaram anos desde que
Garrett realmente veio para casa para uma visita.

— Espero que sim. Sara-Beth adoraria ver seu filho, — digo a


ela.

Seus olhos conhecedores olham para mim por cima da borda


de seus óculos de leitura.

— Tenho certeza de que Sara-Beth não é a única que ficaria


feliz com a visita dele, — diz ela.

Não. A cidade inteira ficaria radiante. Exceto por uma pessoa.


Eu ficaria feliz em nunca mais colocar meus olhos naquele homem.
A última vez que ele esteve em casa - para o quinto aniversário de
seu sobrinho, Tucker, que foi há cerca de sete anos - decidi que
era um ótimo momento para visitar minha colega de quarto da
faculdade e sua família na Carolina do Norte. Fiquei até que minha
amiga Erin ligou para dizer que a barra estava limpa.

Antes que eu possa responder à sua insinuação, o telefone toca,


e aproveito a oportunidade para despedir-me de Mona, para que
ela possa atender.

Sentada em minha mesa na biblioteca, como meu frango com


pesto panini e penso no que Mona disse.

De jeito nenhum Garrett vem para Balsam Ridge. Ele deveria


estar em turnê neste outono. Ele e sua banda estarão em uma
cidade diferente todas as noites desde o início de setembro até
depois do Natal, de acordo com seu site. Não que eu o persiga ou
algo assim. As atualizações aparecem regularmente no meu feed
de notícias de mídia social porque moro em Balsam Ridge. Não
porque procuro seu nome ocasionalmente ou porque comprei seus
álbuns e assisti a todos os seus videoclipes no YouTube.

Deve ser apenas mais uma fofoca falsa.

Graças a Deus porque não posso tirar férias prolongadas agora


para treinar a nova bibliotecária e preparar o café para minha
grande inauguração em algumas semanas.

Eu sei que é bobagem. Sou uma mulher adulta. O que


aconteceu entre mim e Garrett foi há muito tempo, mas algumas
cicatrizes apenas coçam mais do que outras, e as cicatrizes que ele
deixou em meu coração são muito sensíveis.

Eu termino meu sanduíche e entro no meu computador. Clico


no link para a página de fãs de Garrett Tuttle para verificar
novamente minhas informações.

O anúncio da turnê ainda está no ar.

Ele definitivamente não virá para Balsam Ridge tão cedo.

Obrigada, Jesus.
Capítulo Dois

Garrett
Saio do jato particular que minha gravadora enviou para me
levar de Los Angeles à pista em Knoxville e sou recebido por meu
empresário, Pierce, e pelo publicitário Aaron, na pista.

Os dois levam-me para uma limusine que está esperando e


entram na parte de trás comigo.

— Você parece uma merda, — Aaron diz enquanto entrega uma


garrafa de água.

— Obrigado. Você também parece muito abatido, — eu brinco.

— Sim, bem, isso é o que acontece quando você tem que


encurtar sua lua de mel, deixando sua nova noiva em Fiji, e fica
acordado a noite toda, controlando os danos porque um de seus
maiores clientes é um idiota, — ele retruca.

Eu suspiro. — Eu sei. Desculpe, cara. As coisas simplesmente


saíram do controle.

— É por isso que você tem que parar de namorar essas modelos
do Instagram de cabeça quente. Elas são imaturas e têm uma
enorme presença na mídia social. Você sabe como é difícil conter
uma situação quando tem uma mulher gritando com dois milhões
de seguidores transmitindo ao vivo, chorando muito? Porra, é
como tentar colocar um gênio de volta em uma garrafa, —
acrescenta Aaron.

Pego as pontas dos dedos e começo a esfregar as têmporas.

— Aqui, pegue isso.

Pierce coloca duas aspirinas na palma da minha mão.

— Tatiana está envergonhada com toda a imprensa, — eu


explico.

— Tatiana é uma imatura em busca de influência, — acusa


Pierce.

— Sim, bem, depois do que aconteceu em Los Angeles, tenho


certeza que terminamos, então você não terá que preocupar-se
mais com ela.

Pierce ri sem humor. — Você é um idiota se acha que ela não


vai aproveitar essa situação enquanto puder.

— Existe alguma possibilidade de que o bebê da outra mulher


seja seu? — Aaron pergunta.

Eu olho para ele. — Não. Eu te disse que foi um caso de uma


noite que eu não via há mais de um ano e meio. Essas fotos eram
do festival de música em Orlando. Não tem jeito. Tatiana também
sabe disso. Ela está apenas sendo emotiva.

Ele concorda. — Eu imaginei isso. Só queria ter certeza antes


de fazermos uma declaração formal. Acho que o melhor curso de
ação neste momento é fazer o teste de paternidade e acabar com
isso.
— Você está falando sério? Por que devo fazer um teste? Faz
mais de um ano que não a vejo, — protesto.

— Eu sei disso, e você sabe disso, mas você vai ter que provar
isso ao público ou pagar a garota para parar de alegar que é seu,
— ele informa.

Foda-se. Estou tão cansado de ter que pagar mentirosos e


trapaceiros.

— Não, ela não está recebendo um centavo de mim. Vou fazer


o maldito teste, — eu zombo.

— Bom. Está tudo pronto. Passaremos na clínica antes de levar


você para pegar o carro alugado, — informa Aaron.

Aparentemente, estou fazendo uma pausa forçada a pedido da


minha gravadora.

— Isso é realmente necessário? E a turnê? — Eu pergunto.

— A gravadora adiou suas datas e remarcou as primeiras cinco


paradas para o primeiro ano, — confirma Pierce.

— E o novo álbum? Está quase completo. Eu só preciso


terminar mais algumas músicas, — protesto.

— Isso foi colocado em espera também. E, novamente, temos


muito controle de danos para cuidar. Honestamente, Garrett, eles
estavam querendo descartar o lançamento do disco e cancelar toda
a turnê, e levei horas de telefonemas para fazê-los concordar com
o reagendamento, — diz Pierce.

— Eles estão exagerando, — eu assobio.

— Você apareceu bêbado no estúdio ontem, Garrett.


— Eu não estava bêbado. Eu tomei algumas cervejas, — eu o
corrijo.

— Quantas vezes eu já disse que você não pode beber antes das
sessões de gravação?

— Estou um pouco estressado, ok?

— Chegar atrasado, brigar com seus produtores e afogar suas


mágoas no fundo de uma garrafa não são a resposta. Você está no
gelo fino com a gravadora, — Aaron intervém.

— Sou o melhor cliente que eles têm. Eu ganhei mais dinheiro


para essa gravadora nos últimos dois anos do que todos os outros
artistas juntos.

— Você é talentoso, não há dúvida sobre isso, mas o talento por


si só não basta. Você tem que ser confiável. Você vai levar esse
hiato a sério. Se você não se recompor, eles vão te soltar, e eu
também, — Pierce ameaça.

Nós dois sabemos que ele está mentindo.

— Você está blefando, — eu digo.

— Foda-se, Garrett. Não é só com a sua carreira que você está


mexendo. Eu te contratei porque você é um grande artista, e você
tem mais talento em seu dedo mindinho do que a maioria das vozes
padronizadas no rádio hoje em dia, mas se você não se endireitar,
você vai desperdiçar todo esse talento. Que vergonha.

— Você precisa ficar quieto enquanto resolvemos a questão da


paternidade e lidamos com as repercussões legais do dano que
Tatiana causou no local, o cara que você agrediu e sua prisão, —
Aaron concorda.
— Não posso simplesmente ir para o Caribe ou algo assim por
algumas semanas? — Eu pergunto.

Essa tem sido a minha solução quando tive problemas no


passado.

— Não dessa vez. Umas férias chiques em Turks e Caicos não


vão resolver o problema. Você precisa parecer arrependido. Precisa
lembrar às pessoas que você é uma delas. Um menino do interior
que ama sua família e pede desculpas pelos erros que cometeu, —
explica Aaron.

— Este não foi meu erro. Foi uma mulher mentindo, —


pressiono.

— Mas foi você quem bateu naquele cara e quebrou o nariz dele,
e foi você quem ganhou uma multa por conduzir sob o efeito do
álcool, — ressalta Pierce.

— Tudo por causa das mentiras de uma mulher que mal


consigo lembrar.

— Ninguém se importa por que você fez isso. Não seus fãs e
certamente não a gravadora. Já entrei em contato com Sara-Beth
e ela está esperando por você, — comanda Pierce.

Bato minha cabeça contra o encosto do assento.

A última coisa que quero é ver a decepção nos olhos de minha


mãe quando eu aparecer em sua varanda. É a pior parte desta vida
que vivo, ter que ligar constantemente para ela e contar quando
algo que ela vê no noticiário ou nos tabloides não é verdade - ou
pior, que é verdade.

— Está bem. Eu vou para casa, — eu concordo.


— Bom. Já tenho nossos advogados trabalhando para tirá-lo
da infração por conduzir sob o efeito do álcool. Você provavelmente
terá liberdade condicional e poderá ter que fazer algumas aulas
quando voltar para Nashville, — explica Pierce.

— Aulas? Foi minha primeira infração. Você não pode


simplesmente fazer isso desaparecer? — Eu pergunto.

— Seu nível de álcool no sangue era o dobro do limite legal,


Garrett. Isso não é algo que eu possa simplesmente varrer para
debaixo do tapete. Especialmente porque sua direção errática foi
capturada em vídeo e você foi hostil com a polícia, — informa
Aaron.

— Eu estava dirigindo erraticamente porque estava sendo


perseguido por fãs com câmeras ou fotógrafos, não tenho certeza.
E não fui hostil com a polícia. Fui hostil com as pessoas que
estavam nos filmando.

— Sim, bem, saiu hostil com os policiais porque você não estava
obedecendo, e a lei não se importa por que você estava dirigindo
de forma imprudente. Porra, Garrett, você tem alguma ideia de
como tudo isso parece?

— Eu sei. É ruim.

— Não, não é ruim. É catastrófico, e eu não dou a mínima se


você gosta ou não. O estrago já foi feito, e agora você vai ter que
esfriar a cabeça em Balsam Ridge e ficar longe de problemas
enquanto fazemos nosso trabalho. E você fará o que for necessário
para parecer arrependido. Incluindo aulas de gerenciamento de
álcool ou aulas de direção. Entendeu?
— Entendi.

— Agora que está resolvido, estamos aqui. Vamos fazer esse


exame de sangue e seguir seu caminho.

Paramos na parte de trás da instalação para evitar olhares


indiscretos, e nós três entramos pela porta dos fundos, onde um
médico está esperando para tirar sangue. Demora apenas alguns
minutos, e estamos de volta à limusine e a caminho de pegar o
carro alugado que usarei para dirigir daqui até Balsam Ridge.

Enquanto navego pelas estradas vicinais que saem de


Knoxville, sinto-me livre pela primeira vez em muito tempo.

Passo a maior parte da viagem de duas horas tentando não


pensar na bagunça em que minha vida está no momento. Eu pago
muito bem uma equipe de pessoas para cuidar de mim, então por
que eu deveria cuidar?

Raramente estou sozinho com meus próprios pensamentos e


nunca tenho a chance de simplesmente ligar o rádio e pegar a
estrada. Costumava ser minha fuga. Eu subia na velha
caminhonete que meu irmão, Graham, havia passado para mim e
colocava uma fita cassete de Waylon Jennings no aparelho,
abaixava as janelas e dirigia por horas para clarear a cabeça.
Agora, tenho pessoas dirigindo para mim por aí e nunca há tempo
para limpar nada.
Faço um ligeiro desvio para a Blue Ridge Parkway e perco-me
na beleza. A névoa leve que se instala sobre os cumes das
montanhas traz de volta uma enxurrada de lembranças. Lembro
de sentar no colo do meu pai e ele explicar que o povo nativo
Cherokee costumava chamar a cordilheira de Shaconage, que se
traduz como o lugar da fumaça azul. Essa fumaça é na verdade
uma névoa azulada de oxigênio e compostos orgânicos que se
ergue da rica vegetação das montanhas e dos vales e parece
sempre pairar sobre os picos. Os colonos ingleses começaram a
chamá-los de Smoky Mountains, e isso os levou a serem
conhecidos como Great Smoky Mountains por causa de seu
tamanho.

Já rodei o mundo e vi alguns lugares incríveis, mas nada


compara-se a sua beleza e grandeza.

Saio da avenida antes de chegar à linha da Virgínia e volto para


o meu destino.

Quando chego ao limite da cidade de Balsam Ridge, me deparo


com o aroma do outono nas montanhas. O cheiro de estradas de
cascalho banhadas pelo sol, de fumaça saindo das chaminés das
casas que passam, de folhas caídas voando das árvores.

Lar. Cheira à casa.

Olho para o relógio no painel e vejo que é quase meia-noite. Eu


não quero encontrar meus pais a esta hora, então vou para a casa
do meu irmão, Weston. Ele é dono de uma plantação de maconha
que margeia o rio, onde mandou construir vários ancoradouros.
Cada doca tem um pequeno estúdio rústico acima dela com um
futon que se transforma em uma cama grande, um banheiro, uma
pia e um frigobar. Ele as chama de Man Caves. Os homens alugam
as vagas para guardar os barcos e passam o fim de semana
pescando no rio. É como acampar, mas com uma cama de verdade
e água corrente.

Eu alugo um deles o ano todo. Raramente dormi lá e,


honestamente, é apenas um lugar para guardar meu barco. O
trabalho não me dá tempo para usar o barco ou a caverna há anos,
mas servirá como um lugar para descansar minha cabeça durante
a noite.

Demora algumas tentativas, mas finalmente consigo inserir o


código certo na porta. O lugar é escuro e empoeirado, mas a
eletricidade funciona quando ligo o interruptor de luz. Eu jogo
minha bolsa no chão e caminho até a pia no canto. Lavo o rosto
com água e dou uma olhada no espelho.

Seu idiota.

Meu estômago ronca, então pego uma toalha na prateleira, seco


meu rosto rapidamente, caminho até a cozinha e abro a geladeira,
sabendo que está vazia. Eu penso em voltar para a cidade para
pedir comida, mas a única opção a esta hora seria o mini-mercado
aberto a noite toda para um pacote de amendoim ou batatas fritas.

Você não está mais em Nashville, digo a mim mesmo.

Em vez disso, tiro minhas roupas e abaixo o futon antes de


rastejar para o colchão desajeitado para uma noite de sono
irregular.

Vou enfrentar o mundo e minha família amanhã.


Capítulo Três

Garrett
Acordo com o sol espreitando pela claraboia e meu irmão
olhando para mim.

— Ei, superstar. Pegue, — Weston cumprimenta enquanto joga


um objeto em mim.

— Que diabos? O que é isso? — Eu grito enquanto sento na


cama.

— Um colete salva-vidas.

— Para que eu preciso disso? — Eu pergunto.

— Com o seu histórico? Dormir acima da água… um colete


salva-vidas faz sentido, — brinca.

Eu jogo a coisa de volta para ele.

— Engraçado, idiota. O que você está fazendo aqui? — Eu


pergunto.

— Eu vi o Land Rover do lado de fora e vim ver o que estava


acontecendo. Ouvi dizer que você poderia estar vindo para a
cidade.
— Então, você invadiu ao raiar do dia para me assustar pra
caralho?

— Eu não invadi. Eu tenho o código. Quem você acha que


mantém este lugar para você e aquele seu iate? — Ele pergunta.

— Não é um iate. É uma lancha, idiota.

— Tanto faz. Quando você chegou? — Ele pergunta enquanto


senta-se na beirada da cama.

— Por volta da meia-noite.

— Quanto tempo você vai ficar aqui?

— Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Tenho um


casamento em San Antonio no mês que vem. Então, espero que
não muito tempo.

— Quem vai casar? — Ele pergunta.

— Harlan James.

— O cantor?

— O primeiro e único. Sou padrinho e também o


entretenimento, — informo.

Ele ri. — Você é um cantor de casamento agora, superstar?

Talvez eu seja depois que a poeira baixar.

— Ha-ha. Ele é um amigo, e sua noiva é minha maior fã, —


retruco.

— Quantos maiores fãs você tem?

— Mais do que alguns. Talvez menos do que eu tinha uma


semana atrás.
Ele solta um assobio baixo. — Sim, esse não foi o seu melhor
visual, mano. As fotos que o jornal publicou deixaram você com
cara de maluco, — concorda.

Maravilhoso.

Esfrego meus olhos. — Eu sei.

Eu jogo as cobertas e vou para o banheiro.

— O que tem para o café da manhã? — Pergunto.

— Este não é um hotel resort cinco estrelas, superstar. Se


estiver com fome, cozinhe alguma coisa, — ele responde.

— Não sei cozinhar e, se soubesse, não há nada aqui para


cozinhar.

— Então, vá a algum lugar e compre algo. Você não é rico?

Eu gemo.

— Não acredito que tenho que ler sobre sua vida online. Afinal,
sobre o que diabos foi todo aquele tumulto? — Ele pergunta.

— Dê-me um minuto de privacidade, vou me vestir e deixar você


me levar para o café da manhã. Depois, explico tudo.

Ele levanta. — Legal. Vou descer e ligar para Langford e


Graham e ver se eles querem nos encontrar no The Hot Little
Biscuit.

Langford e Graham são meus irmãos mais velhos. Eles, junto


comigo, Weston, Corbin e Morris compõem o pacote de seis irmãos
Tuttle.

— E quanto a Corbin e Morris? — Eu pergunto.


— Morris tem aulas, e Corbin é o chefe dos bombeiros agora,
ele não pode simplesmente sair de uma hora para outra. Teremos
que atualizá-los mais tarde. Você quer que eu convide a mamãe?

Balanço minha cabeça. — Irei vê-la assim que tiver comido e


tomado café.

— Boa ideia. Você vai precisar de energia.

— Espere, você disse que Morris tem aulas? Perdi algo? — Eu


pergunto.

— Sim, o irmão mais novo começou a faculdade comunitária


neste semestre. Se você visitasse com mais frequência, saberia
dessas coisas.

Ele desaparece atrás da porta e eu me preparo para enfrentar


a música.

Trinta minutos depois, estamos sentados em uma mesa com


café na mão, esperando nossos biscoitos e molho chegarem.

Estou sentado ao lado de Graham com Langford, meu irmão


mais velho, e Weston à nossa frente.

— O que diabos aconteceu? — Langford pergunta assim que


nossos pratos batem na mesa.

Espero até que a garçonete termine de piscar para nós e vá


atender outra mesa antes de responder.
— Meu assessor foi para Fiji com sua nova esposa por duas
semanas e deixou-me sozinho. Foi o que aconteceu. O traidor, —
resmungo.

— Era sua lua de mel, Garrett, — Graham aponta.

— Eu sei. Eu estava no casamento.

— Você tem razão. Que idiota, — acrescenta Weston.

— Isso é o que estou dizendo, — resmungo.

— Então, seu assessor se casa e você acaba na cadeia. Você


está nos dizendo que não pode administrar sua própria vida por
uma semana? — Langford lança sua carranca de desaprovação de
irmão mais velho.

Eu dou de ombros. — Foram duas semanas, — eu pressiono.

Langford apenas me encara.

Eu suspiro. — Uma garota com quem passei um fim de semana


em Key West depois de um festival de música country em Orlando
está tentando dizer que seu recém-nascido é meu. Ela foi a um talk
show, exigindo um teste de paternidade, — eu começo.

— E é? — Pergunta Langford.

— É o que? — Pergunto com a boca cheia de comida.

— O bebê. É seu?

— Não. Esse festival foi há um ano e meio. Eu usei proteção.


Aquele garoto nasceu há três semanas. Não há chance de ser meu,
mas a garota tem fotos nossas juntas que escolheu compartilhar
com a imprensa e em todas as redes sociais. Ela só quer quinze
minutos de fama e espera que eu jogue dinheiro escondido nela
para que isso desapareça.

— Isso é péssimo, mano, — diz Weston.

Dou de ombros. — Vem com o território. Nada que meu


assessor e advogados não possam resolver.

— Se isso fosse verdade, você não estaria aqui, dormindo em


um futon, — ressalta Weston.

— Isso não causou problemas. Não diretamente de qualquer


maneira. Tatiana e eu estávamos nos divertindo em uma festa após
um show em Los Angeles, e uma garota puxou uma das manchetes
dos tabloides em seu telefone no banheiro. Tatiana perdeu a
cabeça. Nós começamos a briga no bar, e ela – não eu – começou
a jogar garrafas e virar as mesas, fazendo uma grande cena. Tirei
a gente de lá o mais rápido que pude porque todo mundo tem uma
câmera no celular hoje em dia, e eu sabia que seria notícia de
primeira página. Eu a arrastei, chutando e gritando, para fora do
lugar. Consegui passar pela multidão e entrar no meu carro, mas
bebi demais e, quando um veículo cheio de fãs ou paparazzi
começou a nos perseguir na rodovia, pisei no acelerador. Não havia
como o Subaru deles pegar meu Corvette; no entanto, o policial do
Charger podia e fez, — confesso.

Langford balança a cabeça em desapontamento.

— Então, é aí que entra a direção sob o efeito de álcool, —


Graham supõe.

— Sim. E o dono do bar ficou chateado com os estragos. A


gravadora estava chateada com a coisa toda. Eu tinha passado a
noite na prisão e Tatiana foi a um desfile de entrevistas, chorando
por minha infidelidade e seu coração partido. Ah, e aparentemente,
eu bati em um cara e o “feri” ao sair do bar com Tatiana.

— Vocês ainda estão juntos? — Weston pergunta.

— De jeito nenhum. Eu disse a ela que queria desistir naquela


noite e recusei seus telefonemas quando fui libertado da prisão. É
por isso que ela chorou tanto com a mídia.

Graham ri. — Não é assim que ela conta. De acordo com a


entrevista dela no Country Today, ela te dispensou, e você
implorou para ela não te deixar.

Eu fixo meus olhos nele. — Eu não dou a mínima para o que


ela diz ao mundo. Estou feliz que acabou. Já tenho loucura
suficiente para lidar.

— Como você veio parar aqui? — Pergunta Langford.

— A gravadora disse para sair da cidade enquanto tudo


explodia. O problema é que tenho um novo álbum para breve, e
ainda não está pronto. Eu preciso estar no estúdio para me
preparar para a turnê de outono, mas eles acham que o controle
de danos está em ordem e colocaram tudo em espera. Verdade seja
dita, acho que eles podem estar analisando suas opções para
rescindir meu contrato.

Langford solta um longo suspiro. — Merda, irmãozinho, isso


soa doloroso.

— Não foi um piquenique, — eu concordo.

— E você ainda nem teve que enfrentar a ira de Sara-Beth e


Hilton, — concorda Weston.
Eu gemo. — Eu sei. Tenho certeza que eles vão rasgar-me em
pedacinhos.

Todos eles acenam com a cabeça.

— Vocês querem ir até o escritório comigo quando terminarmos


aqui?

— De jeito nenhum, — Weston berra.

Olho para Graham e Langford.

Ambos balançam a cabeça.

— Desculpe, mano. O trabalho está esperando, — diz Graham.

— Obrigado, idiotas. É ótimo ver vocês também, — eu zombo.

— Eu irei. Adoraria ver a mamãe dar um murro em você. —


Langford muda de ideia.

Perfeito.
Capítulo Quatro

Ansley
Hoje é meu dia de folga da biblioteca, então vou cedo para o
café. Sinto um leve arrepio enquanto deslizo a chave na fechadura
e abro as portas francesas de vidro temperado que se abrem para
o pátio.

Penduro minha bolsa e as chaves nos ganchos perto da porta e


acendo as luzes.

Papai começou a pendurar as prateleiras ontem à noite, e um


lado está quase pronto. Ficaram lindas, exatamente como
imaginei.

Ando até a longa barra de pinho nodosa e cheia de cicatrizes e


passo minha mão sobre ela.

Eu amo isso. Só de olhar para ela, você pode dizer que tem
história e, se pudesse falar, tenho certeza de que sussurraria
histórias tórridas de dias passados.

Passei a manhã e a tarde desempacotando caixas e


abastecendo a despensa e o refrigerador. Os empreiteiros que
contratei para instalar os ladrilhos nos banheiros aparecem pouco
antes de eu ter que encontrar meu agente de crédito comercial no
banco e os deixo trabalhando. Quando volto, Graham Tuttle está
lá dentro, olhando para o teto de estanho com padrão único.

— Oi, Graham, — eu cumprimento.

Ele traz os olhos para mim. — Olá, Ansley. Eu vim para verificar
o progresso da equipe. Os banheiros devem ficar prontos ainda
hoje, — diz.

— Ótimo. Eu amo o azulejo estampado. É exatamente o que eu


queria. Obrigada, — digo enquanto faço meu caminho para trás do
balcão.

— Sim. Você estava certa. Parece ótimo. — Ele aponta para


cima. — Esse teto também é incrível.

Eu olho para cima. — Aconteceu tão bem. Eu amo os diferentes


tons de metal e as camadas e empilhamentos que eles fizeram. Isso
faz com que pareça grande, mas ainda aconchegante aqui, —
explico.

Ele concorda. — Muito rústico chique. Talvez eu tenha que


roubar esse estilo para oferecer a alguns de meus clientes de casas
personalizadas.

Deixo o elogio derramar sobre mim como mel quente. Quero


que o espaço seja acolhedor e convidativo. Rústico, mas com um
toque moderno. Lustroso. Um lugar onde os mais crescidos
querem passar as manhãs e, um dia, onde possam terminar a
noite com um copo de vinho e boa música acústica. O vale precisa
de uma opção de encontro adulto. O que mais há para fazer depois
de sair para jantar ou ver um filme? Pessoas de trinta e quarenta
e poucos anos não querem fazer “bate-bola” no campo de minigolfe
às dez da noite. Vou dar-lhes opções. Livros e café ou sobremesas
e vinho. Um refúgio adulto.

— Está com fome? Tenho algumas amostras de massa da


padaria que posso compartilhar com você — ofereço.

— Não. Tomei café da manhã tarde com meus irmãos e vou


levar Caleb para jantar depois da escola.

Caleb é o filho da noiva de Graham, filho de Taeli Lowder. Taeli


e nossas amigas, Erin e Jena, estão vindo esta noite para ajudar
com um projeto aqui no café.

— Obrigada por cuidar dele, então posso roubar Taeli esta


noite, — eu digo.

— Sem problemas. Ela está ansiosa por isso.

— Você acha que pode terminar o piso da cozinha na próxima


quinta-feira? A empresa que está trazendo o refrigerador e os
fornos quer entregá-los alguns dias antes, — pergunto.

— Acho que podemos lidar com isso. Farei com que comecem
neste fim de semana. Não deve demorar mais do que alguns dias.
— Ele sorri para mim. — Está tudo se encaixando. Você estará
pronta para abrir antes que perceba.

— Eu sei. Estou tão nervosa, — confesso.

— Não há necessidade de estar. Este café vai ser o novo hit do


vale, — garante.

Eu certamente espero que sim.


Papai aparece uma hora depois com seus pastores jovens e dois
outros voluntários.

Eles vão direto ao trabalho, instalando o resto das estantes, e


antes que eu perceba, tudo está pronto.

Dou um passo para trás para observar os produtos acabados.

As prateleiras estendem-se do chão ao teto e cobrem toda a


parede direita do café. Papai instalou uma escada rolante de cada
lado para tornar as prateleiras superiores acessíveis. No centro há
uma grande lareira de pedra. Eu queria que fosse a lenha, mas
mamãe e o inspetor da cidade me convenceram a usar uma lareira
a gás porque é mais limpa, mais fácil de operar e mais segura do
que a alternativa. Os registros de gás são grandes e o mais próximo
possível da aparência natural, e estou satisfeita com toda a
estética. Uma grande lareira de borda viva é a cereja no topo.

— Essas vão caber muitos livros, — papai diz enquanto junta-


se a mim.

— Não é maravilhoso? — Eu pergunto.

— Absolutamente, — ele concorda.

— Sua mãe está fazendo cartazes com carimbos de fogo para


as prateleiras - Crianças, Jovens Adultos e Adultos. O que o quarto
deve dizer?

— Não ficção, — eu decido.


— Eu vou deixá-la saber. Passaremos mais tarde para pendurá-
los para você.

— Obrigada, papai, por tudo.

Ele beija minha bochecha. — Não há nada que eu não faria por
você, menina.

Tenho muita sorte de ter ele e mamãe ao meu lado. Eles sempre
me apoiaram e apoiaram meus sonhos. Meu lugar macio para
pousar quando as coisas dão errado e meus maiores torcedores
quando saio e arrisco.

— Posso levar você para almoçar? — Pergunto.

— Eu adoraria, mas tenho que passar no hospital para visitar


um de nossos membros da igreja que foi operado ontem.

Meu pai. Sempre o pároco. Sempre cuidando da comunidade.

— Fica para a próxima? — Eu pergunto.

— Sim, senhora, — diz ele.

Insisto em pagar os voluntários que ele trouxe com vouchers de


café e uma caixa de amostras de bolo. Ofereci-lhes uma
compensação monetária, mas eles recusaram.

— Café grátis por um mês – isso é mais do que generoso, —


insiste Allen, um dos homens.

— Espero ver vocês todas as manhãs. Se não, estarei à sua


porta, fazendo entregas diárias, — eu os informo.

— Estaremos aqui, — todos prometem.

Depois que eles saem, olho para o relógio e percebo que é hora
de ir almoçar no Gus e bater um papo com meus amigos favoritos.
Apago a luz, pego minha bolsa e tranco.
Capítulo Cinco

Garrett
Langford estaciona sua caminhonete até o escritório localizado
no acampamento dos meus pais. Eles são donos deste lugar, e
possuem e alugam pelo menos algumas dúzias de cabanas que
estão espalhadas ao redor do vale e das montanhas circundantes,
bem como da Tuttle Realty Company. Desde que me lembro, toda
a operação foi executada a partir deste minúsculo edifício.

Ele desliga a ignição e olha para mim. — O carro da mamãe


está aqui, mas não vejo a caminhonete do papai. Ele deve estar em
uma das propriedades ou foi buscar o almoço.

— Bom. Mamãe será a mais fácil. Se eu conseguir encantá-la,


ela vai me ajudar com Pop, — eu digo.

Langford ri. — Grande estrela country ainda com medo de seu


velho, hein?

— Malditamente certo, — admito.

— Bem, vamos fazer isso, — diz ele, saímos do carro e


entramos.
Dou uma olhada ao redor enquanto ando pela porta. Tudo
parece igual. Há uma mesa à nossa frente e outra contra a parede
à esquerda. Algumas cadeiras estão espalhadas para os clientes
que esperam. Os banheiros dele e dela ficam à direita, e um
corredor leva atrás da recepção até os fundos, onde ficam o
escritório da mamãe, uma sala de arquivos e uma sala de
descanso.

— Garrett Tuttle, é você?

Olho para a esquerda e vejo Erin Kirkley, uma garota com quem
me formei no ensino médio, que agora trabalha para meus pais.

— Em carne e osso, — respondo.

Ela está imediatamente de pé e na minha frente.

Dou-lhe um abraço apertado.

— Ouvi dizer que você se meteu em apuros lá na Califórnia.


Ainda bancando o bad boy, — ela acusa.

Eu dou de ombros quando uma morena alta vem por trás.

— Erin, você tem uma cópia dos contratos de aluguel


atualizados? — Ela pergunta antes de nos ver.

— Taeli? — Eu pergunto.

Eu sabia que minha velha amiga e colega de classe Taeli Tilson


havia se divorciado, voltado de Chicago, e começado a trabalhar
para os meus pais. Ela também conseguiu conquistar o coração
do meu irmão Graham. Eles ficaram noivos recentemente. O que
eu não sabia era que maravilha ela havia se tornado.
— Bem, se não é o Tuttle mais famoso de Balsam Ridge! — Ela
grita, vem até nós e joga os braços em volta de mim.

— Droga, Graham é um homem de sorte, — eu digo a ela, que


instantaneamente cora.

— Tanto faz. Vejo que você está flertando como sempre.

— Quanto tempo você vai ficar na cidade? — Erin pergunta.

— Não tenho certeza. Espero que não muito tempo, —


respondo.

— Mãe! — A voz estrondosa de Langford corta a conversa fiada,


e ouço a voz de minha mãe enquanto ela caminha pelo corredor.

— Langford, quantas vezes eu disse para você não gritar por


mim? Este é um escritório, não minha cozinha, — ela diz e para de
repente quando põe os olhos em mim. — Garrett, — ela engasga.

Corro até ela e a envolvo em meus braços enquanto ela começa


a chorar.

— Ei, mãe, — sussurro em seu cabelo.

Ela segura-me por um longo tempo antes de afastar-se.

— Deixe-me olhar para você. Você está bem? — Ela pergunta.

— Estou bem, — asseguro-lhe.

Foi quando ela me deu um tapa no peito.

— Você me deixou doente de preocupação. Achei que estava


voltando para casa ontem. Pierce ligou e disse para avisá-lo assim
que você chegasse. Honestamente, nós dois estávamos prestes a
perder a cabeça ontem à noite. Oh, preciso mandar uma
mensagem para ele, — ela diz enquanto vira-se para o corredor.
— Espere, mãe, — eu digo enquanto pego sua mão.

Ela vira-se para olhar para mim.

— Onde está Pop?

— Ele está fora, pegando o novo quadriciclo que comprou para


a equipe de manutenção. Ele estará de volta por volta das cinco da
tarde.

— Em uma escala de um a dez, quanto você e Pop estão bravos?


— Eu pergunto.

— Mil, — ela responde.

— Isso é o que eu pensei, — murmuro.

Ela estende a mão e segura minha bochecha. — Mas,


principalmente, estamos felizes em tê-lo em casa, são e salvo.

Cubro a mão dela com a minha. — Sinto muito por estar nessas
circunstâncias. Eu não queria te envergonhar, — ofereço como um
pedido de desculpas fraco.

— Envergonhar-nos? Não ficamos envergonhados, filho. Nós


estávamos preocupados. Não sei o que está acontecendo na sua
vida, mas bebês secretos, brigas de bar e dirigir embriagado? Isso
não é você, — ela diz.

— Eu sei. Estou aqui para colocar minha cabeça no lugar. E a


história do bebê secreto é falsa.

Ela acena com a cabeça. — Aprendi há muito tempo a não


acreditar em nada do que foi dito ou escrito sobre você, a menos
que eu tenha ouvido diretamente da boca do cavalo – ou de Pierce.
Agora, me siga e vamos deixá-lo tranquilo. Então, você pode me
contar tudo, — ela pede.

Ótimo. Tenho a sensação de que vou contar minha última


semana várias vezes. Eu deveria ter digitado meu próprio artigo e
publicado no jornal local para salvar minhas cordas vocais.

Langford junta-se a nós, e eu conto tudo para minha mãe. Ela


escuta pacientemente e, embora eu possa ver seu alívio ao ouvir
minha versão da história, também vejo o franzido de seus lábios e
a ruga em sua testa.

— Diga alguma coisa, mãe, — insisto.

— Eu sabia que você não estava tramando nada de bom. Quase


não tenho notícias suas há meses. Seu pai tentou dizer que era
porque você estava muito ocupado, tentando terminar e promover
o próximo lançamento do disco, mas o instinto de uma mãe
raramente está errado.

Eu dou a ela um sorriso inocente. — Nunca estou ocupado


demais para minha mãe.

— Exatamente. É por isso que eu sabia que você estava me


evitando de propósito, — ela acrescenta.

— Pierce ficou sabendo da coisa do bebê semanas atrás, e


estamos lidando com isso discretamente. Ele esperava que
conseguiríamos resolver antes que vazasse, mas a acusadora, uma
garota com quem tive um caso de uma noite na Flórida no ano
passado, não gostou da quantia que ele ofereceu, então vendeu as
fotos que ela tinha de nós juntos sem o nosso conhecimento e veio
a público com as acusações de paternidade. Acho que tenho estado
um pouco estressado. A semana passada trouxe tudo à tona e eu
não lidei bem com isso, — confesso.

— Garrett, você tem que controlar-se melhor do que isso. E


talvez precise examinar as damas com quem mantém um pouco
mais de cuidado, — ela repreende.

Langford ri.

— Sim, estou planejando fazer isso daqui para frente, —


asseguro a ela.

— É tudo água passada agora, eu suponho. Tudo o que você


pode fazer é esperar e ver como tudo sai na lavagem. Tenho seu
quarto todo preparado para você, — informa.

— Estou pensando em ficar nas Man Caves, — digo a ela.

Ela franze a testa. — Realmente? Mas eles nem sequer têm um


chuveiro.

— Eu sei. Eles também não têm lavadoras e secadoras. Então,


você vai me ver pelo menos dia sim, dia não. Eu só acho que
poderei clarear minha cabeça e talvez colocar algumas novas letras
na página se eu estiver lá, — explico.

Percebo que ela está desapontada, mas não tenta fazer-me


mudar de ideia.

— Tudo bem, contanto que tenhamos bastante tempo com a


família enquanto você estiver aqui. Prometa, — ela insiste.
— Eu prometo, mãe.

Langford levanta-se. — Bem, isso foi anticlimático. Tenho que


voltar a subir a montanha. Você precisa de uma carona? — Ele
pergunta.

— Não. Acho que vou até a cidade cumprimentar algumas


pessoas. Vou parar na estação e ver se Corbin pode me dar uma
carona até à casa do Weston.

Meu irmão Corbin é o chefe dos Bombeiros e Salvamento de


Valley. A sede fica bem no centro da cidade, no meio da Main
Street, a uma curta caminhada do acampamento.

— Tudo bem, vejo você mais tarde, — diz ele.

Mamãe chama por ele. — Amanhã à noite, você e Tucker vêm


jantar.

Ele vira-se. — Sim, senhora. Estaremos lá.

Tucker é o filho dele de um relacionamento que teve depois da


faculdade e o único neto dos meus pais.

Taeli está do outro lado da porta quando a abre para sair.

— Não quero interromper, mas preciso da sua assinatura em


alguns contratos de aluguel, Sara-Beth.

Eu deslizo meu assento para trás e levanto. — Eu vou sair do


seu caminho.

— Não, você não tem que ir. Só vou demorar um minuto, —


protesta mamãe.
— Eu não vou entrar em um avião. Estou apenas dando um
passeio. Ligo para você e passo em casa hoje à noite, — eu digo a
ela.

— Ok. Sei que seu pai ficará animado em vê-lo.

Dou-lhe um beijo de despedida e saio para aproveitar o dia


fresco de outono.
Capítulo Seis

Garrett
Por instinto, coloco meus óculos escuros e a aba do boné de
beisebol sobre o rosto enquanto desço a calçada em direção à Main
Street. Conheço essas estradas como a palma da minha mão.

Algumas coisas mudaram em Balsam Ridge nos últimos dez


anos. Existem alguns novos restaurantes; uma barraca de
cachorro-quente em frente ao fliperama, inteligentemente
chamada de Mostarda's Last Stand; e um estúdio de cerâmica
chamado Harry the Potter, que me faz rir. A Market Square agora
também tem uma loja de produtos naturais, o que parece ser uma
cafeteria prestes a abrir e um novo estúdio fotográfico.

A senhorita Mabel acrescentou uma pequena capela para


casamentos ao lado de seu Creekside Lodge, e Zemry expandiu seu
negócio de antiguidades.

Tenho tantas lembranças de mim e meus irmãos correndo por


essas ruas a pé e de bicicleta. É como voltar no tempo.

Quando chego ao Gus's Diner, sorrio. Eu sabia que seria


exatamente como no dia em que saí da cidade. Algumas coisas
simplesmente não precisam ser melhoradas porque já são a
perfeição.

Subo os degraus, passo pela multidão que espera na hora do


almoço sem ser reconhecido, e entro. Contorno o estande da
recepcionista, onde Mona está anotando um nome, e sigo para
uma mesa no canto, onde um ajudante de garçom está terminando
de limpar o velho assento de couro vermelho rachado.

Antes que eu possa colocar minha bunda no assento, Mona


está em meus calcanhares.

— Sinto muito, filho, mas você tem que esperar sua vez. Há
muitas pessoas na fila à sua frente, caso você seja cego e não tenha
notado a multidão do lado de fora.

Eu tiro meus óculos e sorrio para ela. — Sinto muito, Mona. Eu


só estava esperando evitar causar uma cena, — eu digo.

— Garrett Tuttle, — ela grita.

Levo o dedo aos lábios e olho em volta para ver se alguém a


ouviu.

— Seu malandro. Ainda tentando entrar sem que eu perceba,


— ela sussurra.

— Eu não poderia vir para a cidade sem visitar minha garota


favorita e comer um pouco de seu mundialmente famoso pudim de
banana, — digo a ela.

Ela balança a cabeça. — Eu já volto com um cardápio e alguns


talheres.
— Agora, você sabe que não preciso de um menu. Eu quero os
bolinhos de frango, um lado de repolho e um copo grande de chá
doce, — faço meu pedido favorito.

— E pudim de banana para a sobremesa. Vou mandar Terri


para cuidar de você discretamente, — ela diz.

Terri é filha de Gus e Mona. Ela tem a idade da minha mãe e


trabalha para os pais desde que aprendeu a andar.

Ela pisca para mim e corre de volta para a horda de clientes


esperando.

Olho pela janela e observo as pessoas circulando pela praça.


Há muitos turistas nesta época do ano que vêm colher maçãs e ver
a mudança de cor das folhas. Verdade seja dita, senti falta das
vistas deslumbrantes das montanhas, iluminadas com todas as
cores do outono.

Terri coloca um jogo americano de papel na minha frente junto


com um conjunto de utensílios embrulhados em um guardanapo
de papel. Em seguida, ela traz um copo de plástico transparente,
turvo por anos de uso, cheio de cubos de gelo e uma jarra de
plástico vermelha com o chá doce de Mona - e eu quero dizer doce.
Ela derrama o chá sobre o gelo e deixa o jarro no meio da mesa
para mim.

— Obrigado, Terri, — eu digo enquanto pego o copo e tomo um


grande gole.

— Se eu não trouxer o jarro, você vai arrancar minhas pernas,


me fazendo trazer um copo cheio várias vezes, — diz ela.

— Você me conhece bem.


Ela sorri e sai para verificar a mesa à minha frente.

Eu observo as pessoas enquanto espero minha comida. Não é


um luxo que recebo com frequência.

A campainha acima da porta chama minha atenção, e observo


Ansley Humphries entrar. Minha namorada do ensino médio e a
primeira garota que amei. Embora a palavra garota não seja uma
descrição precisa da mulher diante de mim agora.

Ela é deslumbrante, uma beleza despretensiosa, com suas


maçãs do rosto salientes, nariz delicado, boca fofa e longos cabelos
loiros ondulados que caem até o meio das costas. Ela é mais alta
do que eu me lembrava e um pouco mais curvilínea do que da
última vez que coloquei os olhos nela. Meu olhar observa seus
lábios exuberantes enquanto ela fala com Mona na entrada. Mona
entrega a ela um saco de papel e ela junta-se a um grupo de velhos
rabugentos no balcão de refrigerantes. Todos a cumprimentam
com entusiasmo enquanto ela vira-se e deixa cair a bolsa no chão
antes de deslizar para o banquinho ao lado deles. Meus olhos caem
em seu traseiro deliciosamente voluptuoso enquanto ela joga seu
saco de comida na frente dela.

Ela não repara em mim, escondido no canto, então observo


enquanto ela come e conversa animadamente com seus
admiradores idosos.

É a primeira vez que vejo o rosto dela desde o dia em que a


deixei sozinha em um motel decadente à beira da estrada nos
arredores de Nashville, tantos anos atrás. Ainda posso vê-la
parada na porta com um vestido de verão de renda creme, os pés
descalços e o cabelo ondulado úmido caindo sobre os ombros,
acenando enquanto eu dirigia para buscar o jantar.

Foda-se. Faz muito tempo que não me permito pensar naquele


dia, mas ele ainda assombra meus sonhos de vez em quando.

Eu luto contra o desejo de pegar meu telefone e tirar uma foto


dela, para que eu possa olhar quando voltar para minha vida real.

Não seja um esquisito, penso.

As pessoas tirando fotos minhas sem que eu saiba é uma das


coisas que mais odeio em ser uma figura pública. Ninguém
respeita o seu espaço pessoal.

Cerca de vinte minutos se passam enquanto ela come. Então,


ela levanta-se e abaixa-se para pegar sua bolsa, o que me dá outro
ponto de vista excitante. Eu faço o meu melhor para reprimir
minha reação física quando ela se vira para ir até a porta.

Ela ainda é a coisa mais bonita que já vi. A rainha da beleza de


Nashville ou socialite de Los Angeles, bronzeada com spray e
cirurgicamente aprimorada, não se comparam à sua beleza
natural discreta. No momento em que ela entrou na sala, minha
mente voltou para o sabor delicioso de seus beijos e os sons
sensuais que ela fazia quando eu salpicava beijos em seu corpo.

— Garrett Tuttle, é muito bom ver você, garoto! — Gus chama


do outro lado da sala de jantar enquanto caminha em direção à
minha mesa.

Ao som do meu nome, Ansley para e lentamente vira-se em


minha direção.
Ela não tinha me notado até ouvir a saudação de Gus. Antes
que ela possa se recompor, vejo a surpresa brilhar em seus olhos,
e seu peito sobe e desce com a aceleração de sua respiração
quando ela me vê na mesa. Ela recupera-se rapidamente conforme
a tensão toma conta de sua postura, e estende a mão, firmando-
se na maçaneta da porta. Ela esconde sua reação inicial com um
sorriso tenso e um aceno rápido, mas antes que eu possa me
levantar e dizer olá, ela abre a porta e sai correndo.

Ela não está feliz em me ver.

Levanto e passo por um Gus confuso, levantando um dedo para


que ele saiba que já volto. Eu a sigo para fora da porta e a alcanço
na calçada.

— Oi, Foxy, — digo enquanto sigo o passo ao lado dela.

Ela estreita os olhos - aqueles olhos azuis vívidos e


amendoados, emoldurados por cílios ricos e escuros - e rosna. Isso
mesmo; ela rosna.

— Garrett, ouvi dizer que você poderia estar vindo para a


cidade, — diz ela suavemente.

Eu sorrio.

Foi-se a garota inocente e de rosto fresco que me atraiu tantos


anos atrás.

Diante de mim está uma mulher escaldante, que parece muito


irritada no momento.

Ela me ignora. Eu esperava isso, mas ver o desprazer de correr


para mim irradiando dela como o calor de uma fogueira crepitante
me pega desprevenido. Não estou acostumado a uma mulher ter
uma reação tão adversa à minha presença.

Eu dou a ela o meu sorriso mais diabólico. Aquele que encantou


as mulheres da sala de reuniões ao palco, até o quarto. E ela franze
a testa. Isso não acontece. Nunca.

Será que a senhorita Ansley Humphries se tornou imune ao


meu fascínio?

Sua carranca fica mais profunda, e ela revira os olhos para


mim.

— Eu tenho um lugar para estar. Não posso dizer que foi um


prazer vê-lo novamente. Tenha uma boa vida, — diz ela antes de
marchar para a multidão.

Bem, caramba, talvez ela tenha. Se tem uma coisa que me faz
prosperar é um desafio, e essa linda criatura acabou de me
oferecer um.

Vamos ao jogo.

Aceno para os admiradores que começaram a me notar e volto


para a segurança do restaurante.

Parece que também tenho reparações a fazer aqui em Balsam


Ridge.
Capítulo Sete

Ansley
Volto para o café com as pernas trêmulas e perco-me nas
lembranças do meu primeiro encontro com Garrett Tuttle. Foi na
nossa aula de educação física da sétima série. O instrutor nos fez
dar voltas na pista que circunda o campo de futebol quando Toby
Ballard começou a puxar meu rabo de cavalo me provocando. Ele
não foi o primeiro garoto a fazer isso, mas foi o último.

— Ei, qual é o seu problema? — Eu gritei.

Ele tirou a mão do meu cabelo e deu um sorriso nojento.

— Eu não tenho nenhum problema. Só estava me perguntando


se era verdade. — Ele falou.

— Se o que é verdade?

— Se você faz jus ao seu nome, — disse ele.

— O que isso deveria significar?

— Humphries. Suas curvas estão disponíveis? Porque se


estiverem, eu gostaria de dar uma volta embaixo da arquibancada
com…
Ele não teve a oportunidade de terminar a frase porque um
punho veio voando da direita e o pegou com força.

Sua cabeça caiu para trás e suas mãos voaram para o nariz.
Sangue jorrou entre seus dedos enquanto ele se firmava.

— Que diabos foi isso, Tuttle? — Ele murmurou.

Garrett Tuttle o empurrou para trás quando de repente fomos


cercados por todos os alunos da classe.

— Isso foi por ser um idiota. Você não fala com uma garota desse
jeito. Agora peça desculpas, — ele exigiu.

Toby olhou de Garrett para mim.

— Sinto muito, — ele cuspiu.

— Mais legal, — Garrett rosnou, enquanto o empurrava


novamente.

— Ok, eu só estava brincando. Sinto muito, Ansley.

A professora de ginástica veio correndo por trás da multidão.

— O que está acontecendo aqui? O que aconteceu com o seu


rosto? — Ela perguntou quando avistou Toby.

— Caí de cara na pista, — ele mentiu.

— Oh meu Deus, vamos levá-lo para a enfermaria para se


limpar, — disse ela antes de dirigir-se ao resto de nós.

— Parem de olhar e continuem as voltas até a campainha tocar.


— Todos dispersaram-se e Garrett virou-se para mim.

— Você está bem?

Dei de ombros, envergonhada com a coisa toda.


— Estou bem. Toby é um idiota. Você não precisava bater nele,
— sussurrei.

— Um menino não tem o direito de colocar as mãos ou falar com


uma menina dessa maneira e pensará duas vezes antes de fazer
isso com outra pessoa, — insistiu.

Eu olhei para ele.

Nossa, ele era lindo.

Me senti corar da cabeça aos pés.

— Obrigada.

Foi nesse momento que me apaixonei por um garoto de olhos


verdes.

Eu afasto a memória. Faz muito tempo que não me permito


pensar nele.

Por quê?

Por que ele é capaz de me afetar assim? Eu disse a mim mesma


que se o visse novamente, aproveitaria a oportunidade para
chamá-lo por ser o pedaço de merda inútil que sei que ele é. Mas,
em vez de dizer minha opinião, fugi.

Vou ter que criar uma espinha dorsal ou fazer um esforço para
evitá-lo pelo restante de sua breve estada.

Evitar é preferível.

Afasto todos os pensamentos sobre ele da cabeça assim que o


caminhão estaciona para descarregar os velhos paletes que
comprei de uma empresa de transporte em Oak Ridge.
Enquanto o motorista descarrega a carga, a porta da frente
abre-se e entra Kevin Crispen, um delegado do Departamento do
Xerife de Balsam Ridge.

— Oi, Kevin, — eu cumprimento.

Ele junta-se a mim no balcão, seus olhos absorvendo todas as


mudanças desde sua última visita. — Uau, Ansley. Esse lugar está
ficando ótimo, — elogia.

— Obrigada. — Eu sorrio.

Ele apoia os cotovelos no pinheiro e sorri para mim. Ele é um


homem atraente. Alto e magro, mas com ombros largos para
preencher seu uniforme. Seu cabelo cor de mel é cortado curto e
seus olhos castanhos profundos são intensos, mas gentis.

— A que devo o prazer desta visita? — Pergunto enquanto sento


na frente dele.

— Eu estava ao lado e pensei em passar para ver seu progresso


e oferecer meus serviços se você precisar de algum trabalho
pesado, — ele responde.

Balanço minha cabeça. — Estou bem agora. As meninas estão


vindo esta noite para ajudar com um pequeno projeto de
bricolagem, carregar as estantes e ajudar a escolher os móveis.
Isso, e as mesas serão entregues na próxima semana. As cafeteiras
automáticas de gotejamento e a máquina de café expresso devem
estar aqui em duas semanas e, assim que estiverem instaladas,
receberei meus novos baristas para uma semana de treinamento
nas máquinas e no novo sistema de POV1.

Ele levanta uma sobrancelha. — Parece que suas portas serão


abertas logo.

— Certo? Tudo o que resta é Graham instalar o sistema de


segurança, a inspeção final do departamento de saúde, nosso site
entrar no ar e, então, estarei pronta para a grande inauguração,
— eu tagarelo animadamente.

— Parabéns, Ansley. Todo o seu trabalho duro está valendo a


pena, — elogia.

— Obrigada. Eu gostaria de ter algo para lhe oferecer. Ainda


não coloquei os coolers. Posso ter algumas amostras de muffins
sobrando, se você estiver interessado.

Ele levanta-se e olha para o relógio. — Tudo bem. Tenho que


começar a trabalhar. Eu só queria dizer olá antes do meu turno
começar, mas estarei na biblioteca em alguns dias. Eu me ofereci
para ajudar na arrecadação de fundos este ano.

A biblioteca realiza uma arrecadação de fundos anual todo


outono para ajudar no orçamento do ano seguinte. O
financiamento vem diminuindo há anos, mas a comunidade de
Balsam Ridge sempre se esforça para ajudar a mantê-la
funcionando.

— Então, acho que vamos nos ver muito, — digo a ele.

1
Sistema de ponto de venda.
— Esse é o plano.

Eu coro com suas palavras, e ele dá uma piscadela de flerte


enquanto recua em direção à porta. Assim que ele vira se para sair,
a porta abre-se e Erin, Jena e Taeli entram correndo com os braços
cheios.

— Senhoras, — ele cumprimenta.

— Oi, Kevin, — Erin diz enquanto passa por ele.

— Oi, — Jena e Taeli dizem em uníssono.

Kevin olha para trás mais uma vez e acena antes de


desaparecer no pátio.

Elas colocam as sacolas no balcão e sentam-se nos


banquinhos.

— O que o policial bonito estava fazendo aqui? — Erin


pergunta.

— Ele só apareceu para ver como o café estava indo, — eu


respondo.

— Claro que ele apareceu, — ela murmura.

— O que? — Pergunto.

— Garota, aquele homem está circulando por você desde que


ele e Jessica terminaram e ela mudou-se para a Geórgia, — diz
Jena.

Eu dou de ombros porque é verdade. Já faz meses que ele vem


à biblioteca para examinar as prateleiras e aparece para ver se
preciso de ajuda no café, e até mesmo nos dá carona para casa em
sua viatura quando saímos tarde.
— Se ele não tiver coragem de te convidar para sair logo, você
vai ter que convidá-lo e acabar com sua miséria, — acrescenta
Erin.

— Hum, eu não sei, — murmuro.

— Por que não? Ele é gostoso, — Jena aponta.

— Eu nem saberia como convidá-lo para sair.

— Você está falando sério? Hoje em dia, é fácil. Consiga um


pouco de coragem e deslize para suas mensagens, — sugere Erin.

— Ai, credo.

— Não seja tão tensa. É isso que as pessoas fazem agora, — ela
insiste.

— Tensa? Eu não sou tensa. Eu sou a amiga mais descontraída


que você tem, — protesto.

O riso irrompe de todas elas.

— Sim, eu ouvi, e não foi isso que eu quis dizer. Só estou


dizendo que sou tranquila, — esclareço.

Jena oferece uma solução mais razoável. — Da próxima vez que


ele vier, apenas diga que você está com fome e pergunte se ele quer
ir até a Village Pizza e comer uma fatia com você. O resto
acontecerá naturalmente.

— Talvez eu vá, — brinco.

— Você deve. Ele é um bom partido, — insiste Taeli.

Olho para as sacolas e começo a pescar as mercadorias. — O


que vocês trouxeram?

— Suprimentos, — Erin responde.


— Achei que fosse uma sessão de trabalho, não uma festa, —
digo enquanto pego as batatas fritas, salsa, cerveja e vinho.

Taeli ergue os copos individuais vermelhos. — Pode ser os dois.

— Tudo bem, mas sem bebida até que estejamos pelo menos
na metade de nossa tarefa, — eu concordo.

— Combinado. Coloque-nos para trabalhar, — diz Jena.

— OK. Diga quando estiver pronta, — diz Jena.

— Agora.

Ela apaga as luzes do teto e o café escurece. Um momento


depois, clico no controle remoto em minha mão.

— Oh, uau, Ansley, — diz Taeli.

Passamos as primeiras horas lixando e tingindo os paletes


velhos. Em seguida, usamos minha pistola de pregos novinha em
folha para empilhá-los em um padrão alternado e colá-los na
parede atrás da pequena plataforma do palco que eu havia feito.
Uma vez que estavam seguros, tecemos luzes cintilantes
controladas remotamente através das tábuas, e adicionei um
pouco de vegetação para dar uma sensação de jardim de fadas.

O brilho das luzes através da madeira para iluminar o pequeno


palco é mágico, e eu grito de alegria. — Está perfeito!
— Eu juro, se essa coisa de café não der certo, você poderia
fazer a merda de design de interiores para viver. Como chegou a
isso? — Jenna pergunta.

— Eu vi um programa na televisão em que eles estavam usando


paletes de transporte antigos para fazer uma parede de privacidade
no deck traseiro de alguém e pensei: por que não os usar para fazer
uma parede de destaque legal? Quando decidi colocar o palco para
entretenimento ao vivo com guitarristas e cantores locais na
estrada, imaginei que seria uma ótima iluminação ambiente.
Talvez mude o ambiente de um café da manhã para um ponto de
encontro descontraído ou uma opção de encontro noturno. Já
pensei até em tirar licença para servir vinho depois das cinco da
tarde.

— Essa é uma ideia fabulosa. Graham e eu estamos sempre


procurando novos lugares para sair. As pessoas da nossa idade
não querem ir aos bares ou ao fliperama. Este seria o lugar perfeito
depois do jantar para sentar perto do fogo, ouvir música e se
conhecer, — elogia Taeli.

— Eu também acho. Vai demorar um pouco até que eu consiga.


Terei que ver como o café se sai primeiro, mas é definitivamente
algo que estou interessada em expandir mais tarde.

Erin pega uma garrafa e a segura. — Vamos brindar a isso!

Todas nós tomamos um copo. Jena abre as batatas fritas e


salsa, e eu pego os catálogos de móveis.

Mostro a elas as páginas que marquei com os sofás e cadeiras


de que gostei.
— Digo sim para o sofá envolvente de couro em frente à lareira
e algumas cadeiras de couro de cada lado. Então, esta grande
mesa de centro para o centro, — sugere Taeli.

— O couro é muito mais caro, — ressalta Erin.

— Sim, mas pense nisso. As pessoas estarão tomando café e


comendo pastéis pegajosos. As crianças comerão chocolate e
estarão colorindo, lendo e derramando, — diz Taeli.

— Ah, você tem razão. O couro é muito mais fácil de limpar, —


Jena concorda.

— É verdade, e se adicionar vinho mais tarde, isso pode


significar muitas manchas, — acrescenta Erin.

— Eu não tinha considerado isso. Couro, então, — digo


enquanto marco as seleções.

— Ele se pagará a longo prazo, — Taeli garante.

Erin traz a garrafa e enche o copo de todas nós. — Agora que o


negócio está resolvido, vamos discutir o elefante na sala, certo?

Eu olho para cima para vê-la e Taeli olhando para mim.

— Que elefante? — Eu pergunto.

— Adivinha quem veio ao nosso escritório hoje, — Erin diz.

— Quem? — Jenna pergunta.

Eu sei a resposta antes mesmo de sair de seus lábios.

— Garrett Tuttle.

Passamos o resto da noite discutindo a chegada de Garrett,


nosso breve encontro fora da lanchonete e como pretendo evitá-lo
pelo resto de seu tempo aqui enquanto desempacotamos caixas de
livros que comprei em um mercado atacadista e enchemos as
estantes.

— Tudo o que estou dizendo é que o homem é bom. Acho que


você deveria se divertir com ele enquanto está aqui, — Erin sugere.

— Não. Nunca mais haverá diversão com Garrett Tuttle, —


insisto.

— Que chatice, — ela sussurra.


Capítulo Oito

Garrett
Passei a noite no quartel Valley Fire and Rescue com meu irmão
Corbin e seus colegas de trabalho. Foi uma noite tranquila no vale,
então eles usaram seu tempo para lavar os caminhões de
bombeiros, fazer chili e pão de milho e falar merdas. Alguns caras
tiveram que correr para o estacionamento para ajudar um
motorista avariado, mas fora isso, foi uma noite monótona.

Após seu turno, Corbin me dá uma carona de volta para as Man


Caves para pegar minha bolsa e ir para a casa dos meus pais para
tomar um banho.

— Você é bem-vindo para ficar na minha casa, — ele oferece.

— Nah, eu estou bem no rio. É bom ficar um pouco sozinho


com meu notebook. Além disso, não quero ser uma terceira roda,
— digo a ele.

— Antes de tudo, você é meu irmão. Você nunca poderia ser


uma terceira roda. Em segundo lugar, Susanna decidiu que
precisava de um pouco de espaço e partiu para a casa da irmã em
Gatlinburg ontem à noite.
Porra, de novo não.

Susanna e Corbin namoram desde o colégio. Ela é um bebê de


um fundo fiduciário cujos avós deixaram dinheiro suficiente para
ela viver pelo resto de sua vida quando faleceram. Ela recebe um
depósito do fundo uma vez por mês até sua morte. O problema é
que quase toda vez que o dinheiro cai em sua conta, ela fica
impaciente, começa uma briga e parte para cima de Corbin. Ele
espera pacientemente em casa até que ela volte. E ela sempre volta.

— De novo, Cor, sério?

Ele não responde. Em vez disso, muda de assunto. — Você quer


parar para tomar uma cerveja?

Esse é o código para ainda não quero ir para minha casa vazia.

— Na verdade, estou com fome de novo. Quer ir pegar comida


depois que eu me refrescar? — Eu pergunto.

— Claro. O que você está com vontade?

— The Oak Barrel?

— The Oak Barrel? Droga, espero que tenha trazido dinheiro


para o bife, superstar, porque você está pagando.

Corremos para a casa dos meus pais, para que eu possa tomar
banho e me trocar. Mamãe está em casa, mas Pop está em sua
oficina e não se preocupa em entrar para dizer olá. O que é
estranho, mas acho que ele está um pouco bravo comigo, então
simplesmente o deixo em paz e saímos para jantar.

Quando chegamos ao The Oak Barrel, a melhor e única


churrascaria de Balsam Ridge, o estacionamento está lotado.

— Haverá uma espera, — Corbin resmunga.

— Fique aqui, — eu digo enquanto saio da caminhonete e entro.

Levo cinco minutos para abrir caminho até uma mesa nos
fundos do restaurante, longe da sala de jantar principal.

Eu coloco minha cabeça para fora e aceno para Corbin entrar.

— Deve ser bom poder entrar em qualquer lugar e conseguir


uma mesa sem reservas. Eu esqueci o quão importante você é, —
ele diz enquanto a recepcionista nos mostra nossos lugares.

Espero até que tenhamos pedido as bebidas antes de voltar à


nossa conversa anterior.

— Quando você vai sair debaixo da bunda maluca de Susanna?


— Pergunto.

— Você também não, — ele diz.

É algo que todos esperávamos que ele finalmente fizesse há


anos. O problema é que ele adora a maluca.

Ele suspira. — Espero que ela tire toda essa inquietação de seu
sistema, — diz ele.

— Ela está na casa dos trinta agora, Cor. Você não acha que já
deveria ter saído? — Questiono.

Ele vira os olhos para mim. — Você é muito falador. Como está
sua vida amorosa? — Ele brinca.
— Não estamos falando de mim. Eu sou um artista. A
inquietação vem com o trabalho. Susanna só fica com um cabelo
desgrenhado na bunda toda vez que tem dinheiro para gastar e
quer festejar. Isso não é justo com você. Estamos todos cansados
de você ficar chateado e deprimido toda vez que ela desaparece.
Você merece coisa melhor, cara. Você precisa soltá-la, para que
possa encontrar uma mulher que queira se estabelecer e ter uma
família com você.

— Eu a amo, — diz ele.

— Eu sei, irmão, mas aquela garota está deixando você louco


há anos. Toda vez que falo com mamãe, ela me diz que vocês dois
estão em outro intervalo. Você pode amá-la, mas não tenho certeza
se ela te ama. Não como ela deveria. Você precisa fazer uma pausa
permanente desta vez e encontrar outra mulher para fazer
companhia e tirar sua mente dela, — eu sugiro.

— Não é tão simples assim, — ele insiste.

— É sim. É exatamente assim tão fácil.

— A maioria das mulheres nesta cidade são minhas parentes,


já foram casadas ou estão aqui de férias. Não é como se houvesse
uma enorme piscina individual para pescar em Balsam Ridge, —
ele vomita a desculpa esfarrapada.

— Pare de procurar uma esposa e apenas aproveite a


companhia de uma bela companheira. Olha em volta. Existem
várias mulheres desejáveis apenas neste estabelecimento. E ela?
— Levanto o queixo na direção do bar, onde uma morena de pernas
compridas está empoleirada em um banquinho, preenchendo
alguns papéis.
Corbin vira-se em seu assento para vê-la.

— Eu nunca a vi antes, — ele afirma enquanto a garçonete


aproxima-se com nossas bebidas.

— Parece que ela está planejando ficar um pouco. Aposto que


é um pedido de emprego.

A garçonete coloca nossos copos à nossa frente e tira um bloco


de anotações do avental.

— O que vamos comer esta noite, pessoal?

— Eu quero o bife T-bone, mal passado, batatas fritas


temperadas e outro whisky puro. O meu amigo aqui vai querer a
morena do bar, — respondo.

Ela olha por cima do ombro para a área do bar e então diz. —
Sinto muito. Só posso oferecer o que está no menu esta noite. O
chef não aceita pedidos, — ela brinca enquanto seus olhos
deslizam para Corbin.

— Ignore meu irmão, Jules. Ele acha que é engraçado. Quero a


truta com batata assada, por favor.

— Outra cerveja? — Ela pergunta.

— Não para mim. Estou dirigindo, vou tomar essa e depois


troco para a Coca, — responde.

Ela anota o pedido dele e vai embora.

Corbin pega um amendoim da tigela sobre a mesa e me acerta


com ele. — Muito obrigado. A garçonete é uma das amigas de
Susanna, idiota.

Eu rio. — Então? Ela te deixou, lembra?


— Ela estará na minha maldita varanda quando eu chegar em
casa. Se ela não aparecer aqui agora.

— Você sempre pode dormir comigo no rio, — ofereço.

Ele apenas balança a cabeça, mas percebo que continua


olhando para a morena com interesse.

— Sério, você deveria pedir o número dela, mano. Ela é bonita.

— Prefiro não arrastar outra mulher para a minha bagunça, —


diz ele.

— Você não tem uma bagunça. Susana é uma bagunça. Ela


fode com você porque você deixa, — eu insisto.

— Eu sei, — ele finalmente admite.

— Então, faça algo a respeito. Saia e encontre outra pessoa.


Alguém que mantenha a sua loucura escondida um pouco melhor.

Ele dá uma risadinha. — Você é quem fala. Vi sua amiga na


capa da revista People em um iate no lago com um jogador de
futebol espanhol.

Isso soa como Tatiana.

— Sim, bem, ao contrário de você, eu a soltei, para que ela


possa fazer o que quiser. Além disso, somos todos melhores em
analisar a vida amorosa de outra pessoa do que a nossa.

— Não é verdade? — Ele concorda.

A moça do bar termina de preencher a papelada e aperta a mão


do gerente. Então, ela vira-se para sair. Quando ela passa por
nossa mesa, ela sorri para nós, e o olhar de Corbin a segue até ela
sair do restaurante.
Talvez haja esperança para ele, afinal.
Capítulo Nove

Garrett
Acordo na manhã seguinte com as costas doloridas. Eu jogo
uma cápsula da caixa que peguei no caminho para casa na
máquina de café que está apoiada em cima da minigeladeira e jogo
um pouco de água no meu rosto.

Pegando minha caneca, vou até a grande janela em forma de A


com vista para a água e observo o sol nascer sobre a montanha.

Faz um minuto desde que levantei a tempo de ver o nascer do


sol. Meus irmãos e eu costumávamos tomar café da manhã na
varanda dos fundos antes de pegar o ônibus escolar só para
podermos ver. Nós herdamos isso da nossa mãe. A mulher sempre
teve uma queda por amanheceres e entardeceres. Ela diz que eles
são a maneira do Senhor nos dizer bom dia todos os dias e nos
desejar uma boa noite. As horas intermediárias são um presente
dele para nós, lembrando-nos de sair todos os dias e aproveitar ao
máximo o tempo e preenchê-lo com bondade, trabalho duro e
lembranças.

Termino meu café, sento e olho sem rumo para o meu bloco de
notas.
Nada.

O bloqueio de escritor que tem assombrado me ultimamente é


forte. Eu jogo o bloco no futon do outro lado da sala e decido me
vestir e descer para brincar com o barco por um tempo.

Quando chego ao cais, encontro minha lancha no elevador com


uma tampa sobre ela, e estacionado no elevador ao lado dela está
um dos velhos barcos de pesca de Weston com a chave na ignição.

Embarco na coisa surrada e sento na cadeira do capitão. Isso


me lembra o barco do meu avô em que ele nos levava quando
éramos crianças.

Giro a chave e o motor faz um som crepitante antes de dar


partida. Eu tento de novo. Outra paragem. Então, saio e aperto o
botão para tirar o barco da água e vou procurar minha caixa de
ferramentas no armário de armazenamento.

Passo a maior parte do dia consertando o motor do velho barco.


Perco-me nas porcas, nos parafusos e na graxa, e antes que eu
perceba, o sol está pondo-se no céu.

Ouço passos e depois um assobio baixo.

— Nada mal, superstar. Se essa coisa de cantar não funcionar


para você, sempre pode voltar e ser meu mecânico de barcos, —
diz Weston enquanto se aproxima.
Levanto os olhos do meu trabalho e jogo a toalha engordurada
em sua cabeça, mas, na verdade, é bom ser lembrado de que há
mais em mim do que apenas minhas habilidades com a guitarra.
Gosto de trabalhar com as mãos e mexer nos motores. Quando eu
era jovem, sempre tinha o nariz sob o capô de um trator, cortador
de grama, bicicleta suja ou quadriciclo. Eu turbinaria nossos
motores e tornaria os irmãos Tuttle imbatíveis em qualquer pista.

— Talvez eu deva, — concordo.

— O que?

— Talvez eu deva ficar e ser mecânico de barcos, — esclareço.

— Okay, certo. Eu estava brincando.

Pego a toalha de onde ela caiu no concreto e limpo minhas


mãos. — Eu não estou. Não percebi o quanto sentia falta de casa
até ser forçado a voltar. Eu poderia ser feliz, trabalhando com
máquinas e sentado à mesa de jantar da mamãe aos domingos.

Ele ri. — Isso é conversa fiada, — insiste.

— Talvez. Talvez não. Acho que esse último ano de viagem me


quebrou. Estou exausto e não consegui escrever novas músicas
para o álbum. É como se eu tivesse perdido meu encanto.

Weston ri. — Você provavelmente deveria fazer uma pausa de


vez em quando. Volte para casa para nos ver com mais frequência
do que uma vez a cada sete anos. Mas desistir de sua carreira para
voltar definitivamente? Sem chance. Você sempre teve estrelas em
seus olhos desde que me lembro. Desde a primeira vez que pegou
uma guitarra, você sonhou com grandes luzes, grandes cidades,
novos lugares e multidões adoradoras. Programas principais que
levariam o público ao frenesi e fariam mulheres bonitas largarem
a calcinha para você. Você ficaria infeliz se tivesse ficado em
Balsam Ridge e ficaria infeliz se voltasse.

— Não estou mais infeliz do que estou no momento, — admito.

Ele balança a cabeça. — Isso é apenas um pontinho para você.


A conversa vai se acalmar. Você vai lançar um novo álbum. Alguma
outra celebridade ou estrela fará alguma coisa idiota, e todas as
manchetes serão sobre eles. Todo mundo vai esquecer sobre o seu
drama. Você fará uma turnê pelo mundo e tudo será perdoado, —
ele diz enquanto se senta no cais.

— Você acha, hein?

— Cara, eu sei que sim. É o jeito do mundo. Hoje, todo mundo


está reclamando da inflação. Amanhã, algum astro do rock terá
uma overdose e, de repente, as pessoas esquecerão o preço da
gasolina. Então, um furacão atingirá a costa da Flórida e as
pessoas esquecerão a overdose. Tudo gira em torno do título. A
notícia que vende. No momento, você vende, mas algo mais
escandaloso virá e o derrubará. Espere para ver, — diz ele.

Eu certamente espero que sim.

— Enquanto isso, que tal eu levar você para um passeio pela


fazenda? Estamos colhendo e fazendo uma prensagem a frio hoje.
Você pode ver o processo do início ao fim. Vou até deixar você
experimentar as coisas boas, — ele oferece.

— Claro. Suba, e eu vou nos levar, — digo enquanto aponto


para o barco.
— Você realmente conseguiu que ela funcionasse? — Ele
pergunta.

Aciono o interruptor para abaixar o barco de volta à água, subo


nele e giro a chave. As armas de motor retornam para a vida.

— Sim.

— Droga, eu estava brincando sobre ser um mecânico, mas se


você perder a voz ou algo assim e não puder mais cantar, está
contratado.

— De onde tirou esse velho barco, afinal? — Pergunto.

— Era do pastor Humphries. Ele derrubou o velho celeiro onde


estava guardado para construir um centro de confraternização e
não tinha onde guardá-lo. Como o lugar ao lado do seu estava
vazio, eu disse a ele que poderia ficar com ele aqui sem nenhum
custo.

— Generoso da sua parte, — medito.

— Não vou exatamente à igreja com a frequência que deveria


para pagar meu dízimo. Acho que isso pode me manter em suas
boas graças. É sempre bom ter um pastor ao seu lado com o
grandalhão.

Não tenho certeza se é assim que funciona.

— Eu pensei que era seu, — digo.

— E é. Ele não tinha tempo nem dinheiro para o usar, então


acabou cedendo o título para mim. Eu também nunca tive tempo
de mexer com ele.
— Ele devia ter mudado o celeiro para o terreno dele e ficado
com o barco, — pondero.

Weston dá de ombros. — Ansley queria a madeira para seu


novo café. Acho que ele destruiu só para ela e usou o espaço como
desculpa para fazer isso, porque havia muito espaço para o novo
prédio do outro lado da igreja.

— Novo café de Ansley? — Eu pergunto.

— Sim, ela está abrindo sua própria cafeteria na Market


Square, onde ficava a antiga relojoaria. O Sr. Kimbrell vendeu a
casa e o apartamento de cima para ela por uma pechincha.

Eu notei que um novo café estava abrindo em breve. Deve ser


o dela.

— A relojoaria fechou?

— Bem, sim, o Sr. Kimbrell tem, tipo, cem anos de idade, e não
há muitos jovens entrando no negócio de conserto de relógios hoje,
— ele responde.

Isso faz sentido.

— Eu nunca soube que Ansley queria ser dona de uma


cafeteria. Parece fora do personagem. Ela era toda sobre livros e
escola. Achei que acabaria como professora de jardim de infância
ou algo assim, — digo.

Ele concorda com a cabeça. — Ela trabalhava na biblioteca,


mas acho que tinha sonhos maiores. Embora mamãe diga que o
café também será uma livraria, ela está obtendo o melhor dos dois
mundos. Você deveria parar lá e dizer olá se tiver uma chance.

— Eu não acho que ela gostaria disso, — digo.


— O que aconteceu entre vocês dois é água passada, cara.
História antiga.

— Eu a encontrei ontem, e ela não conseguiu fugir de mim


rápido o suficiente, — digo a ele.

Ele ri. — Aposto que você não está acostumado com mulheres
correndo na direção oposta, não é, superstar?

Na verdade, não estou.

— Ansley Humphries não é uma mulher qualquer, — afirmo.

— Não, ela não é.

— Ela já se casou?

Ele balança a cabeça. — Não. Para ser honesto, ela não


namorou tanto, pelo que sei. Não faz sentido porque ela é muito
gostosa, mas é muito elegante para a maioria dos caipiras por aqui,
eu acho.

— Ela tem um lado meio selvagem, — digo.

— Você saberia. Mas ela não mostra mais esse lado dela com
frequência. Meu amigo Kevin está paquerando-a, no entanto. É só
uma questão de tempo.

— Kevin quem?

— Você conhece Kevin. Ele estava no time de beisebol da liga


de verão comigo.

— Não me lembro de nenhum Kevin.

— Realmente? Ele morava com a mãe na Virgínia e só visitava


o pai, que administra o Midtown Motel, durante o verão e as férias.
Ele mudou-se para cá em tempo integral após o colegial e agora é
vice-xerife.

— E ele tem uma queda por Ansley?

— Uma grande.

— Ela retribui o interesse dele?

Ele dá de ombros. — Não tenho certeza, mas ouvi ele


conversando com Taeli, e ela acha que ele tem uma chance. — Ele
sobe a bordo. — Já chega de fofoca. Vamos subir o rio.

Engato a ré e partimos para a fazenda de cânhamo.

Fico quieto enquanto absorvo todas as informações que


consegui extrair dele. Ansley tornou-se bibliotecária e agora
proprietária de uma empresa. Estou orgulhoso dela e feliz por estar
vivendo seus sonhos. Se ela tivesse ficado comigo em Nashville,
provavelmente teria passado a vida ajudando-me a perseguir o
meu e nunca alcançando nenhum dos seus. Estou chocado, no
entanto, que ela ainda seja solteira. Qualquer homem teria sorte
em pegá-la.

Preciso fazer um pequeno reconhecimento sobre esse cara,


Kevin, para ver se ele é digno dela.
Capítulo Dez

Ansley
Depois do trabalho, sigo para a Market Square com meu baú
carregado de caixas. Estou lenta, mas seguramente saindo da
garagem dos meus pais e entrando no estúdio de 800 metros
quadrados acima do café. Não é grande nem sofisticado, mas será
o primeiro lugar que poderei chamar de lar, e estou muito animada
por finalmente ter meu próprio espaço.

Estaciono na minha vaga em frente ao café e abro o porta-


malas. Costumo estacionar atrás dos prédios para não ocupar o
estacionamento dos clientes, mas é tarde o suficiente para que a
maioria das lojas da praça tenha fechado e apenas alguns clientes
da sorveteria ainda estejam circulando.

Pego uma caixa e sigo para destrancar a porta, equilibrando a


caixa no meu quadril enquanto tento abrir com as chaves.

Um par de mãos vem ao meu lado e pega a caixa do meu braço.

— Obrigada, — digo enquanto coloco a chave no ferrolho e abro


a porta.
Quando me viro para pegá-la de volta, Garrett Tuttle está
sorrindo para mim.

— Oh, é você, — digo enquanto puxo a caixa. Ele recusa-se a


soltá-la, e dou um passo para trás e olho para ele.

Ele continua lindo com seus olhos verdes penetrantes e as


mechas de cabelo escuro que espreitam por baixo do boné e roçam
o pescoço. Seus ombros poderosos estão em exibição em uma
camisa térmica confortável enquanto ele segura a caixa pesada
sem esforço. Ele parece o mesmo que eu me lembro, mas diferente.
Maior, mais velho e mais definido, com um dia de barba por fazer
nas bochechas, um leve indício de linhas de expressão que
aparecem ao redor dos olhos quando sorri e covinhas ridículas. Eu
sempre fui uma otária por suas covinhas. O homem irritante é o
epítome de um cowboy sexy.

Maldito seja meu interior por tremer ao vê-lo.

Eu tenho que forçar a falar. — O que você está fazendo aqui,


Garrett?

— Eu estava no bairro. Vi você lutando com essa coisa, e


minhas boas maneiras me fizeram vir em seu socorro, — ele diz.

Eu vejo vermelho. — Eu não preciso ser resgatada. Muito


obrigada.

Dou um passo à frente, pego a coisa pesada de suas mãos e


viro para entrar.

Antes que a porta se feche atrás de mim, ele enfia um pé na


soleira e segue.
Coloco a caixa no balcão e viro para ele. — Você se importa?
Estou ocupada e não tenho tempo para bate-papo.

— Parece que você poderia usar alguma ajuda minha. Eu


poderia carregar o resto dessas caixas para você. Está escuro lá
fora, e o vento está começando a aumentar. Acho que uma
tempestade está se formando.

Olho além dele e pelas janelas para o céu noturno sem estrelas
no momento em que um estrondo preenche o ar.

Ele levanta uma sobrancelha para mim enquanto a Mãe


Natureza confirma sua avaliação.

Ótimo.

— Devo ficar ou ir? — Ele pergunta.

O som revelador da precipitação caindo no telhado começa a


ecoar na sala vazia.

Eu suspiro. — Gostaria muito de receber a ajuda. Se tiver


tempo. Obrigada por oferecer.

Ele sorri. — O prazer é meu.

Então, ele sai para continuar descarregando.

Deixo escapar um suspiro irritado e olho para o céu novamente.


— Sério, grande homem? Você envia uma tempestade agora? Você
pode ajudar essa garota aqui? — Faço a oração, não exatamente,
mas mais uma acusação aos céus e sigo atrás de Garrett.

Nós dois colocamos todas as caixas dentro minutos antes da


chuva cair.
— Algo mais em que posso ajudá-la enquanto espero a
tempestade passar? — Ele pergunta.

Aciono o interruptor que ilumina a escada que leva ao andar de


cima e olho para ele.

— Você ainda é bom com um martelo? — Pergunto e


instantaneamente desejo poder pegar as palavras no ar e forçá-las
de volta na minha garganta.

O que estou fazendo, pensando em pedir ao músico famoso que


arregace as mangas e ajude a pendurar prateleiras?

Eu rio do absurdo.

Uma de suas sobrancelhas levanta-se com a minha risada.

— É claro que ainda sou bom com o martelo. Por quê?

Balanço minha cabeça. — É estupido!

— Teste-me.

— Estou mudando para o andar de cima. É um estúdio com


um pequeno escritório, e estou convertendo o escritório em um
closet. Ainda tenho algumas prateleiras suspensas para instalar e
ganchos para minhas bolsas, — eu o informo.

Ele concorda.

— Mostre o caminho, — diz ele, e eu o conduzo escada acima.


— Bom quarto, — diz ele enquanto senta-se e depois deita-se
na minha cama.

— Não fique muito confortável. Só estou usando você para


trabalho braçal até que o pior da tempestade passe, — eu o
informo.

Ele senta-se e faz beicinho para mim.

Oh não, isso não funciona mais comigo.

— Siga-me, — ordeno.

Ele levanta e nós caminhamos até o escritório.

— O que você acha? — Pergunto.

Ele pega as varas que pendurei no lado esquerdo. Uma a alguns


centímetros do teto e outra a meio caminho do chão. À direita,
adicionei uma grande prateleira que vai da parte de trás do espaço
até a frente. Contra a parede do fundo, coloquei uma cômoda fina
para deixar bastante espaço para as prateleiras que comprei para
guardar minha coleção de sapatos. Também peguei um conjunto
chique de ganchos rústicos para pendurar acima do peito para
guardar bolsas e sacolas.

— Nada mal, — diz ele.

— Eu não sou boa com as prateleiras suspensas. Eu tenho oito,


e se as espaçarmos direito, elas devem ir do chão ao teto ao lado
do baú. Papai está fazendo para mim um suporte para guardar
joias que devem ocupar o topo da cômoda, e tenho um banco no
banco de trás para o centro e um espelho de corpo inteiro para
pendurar na parte de trás da porta do armário.
— Parece incrível, mas você não precisa de um escritório? —
Ele pergunta.

— Pedi para Graham adicionar um pequeno no andar de baixo,


fora da cozinha. Prefiro sair do trabalho do que trazê-lo para cá
comigo depois do expediente e ficar tentada a passar o tempo todo
obcecada com números. Quero que este seja o meu santuário.
Além disso, espero um dia poder contratar um gerente, e quero
que eles tenham acesso ao escritório.

— Este lugar já não vem equipado com um armário?

— Vinha, mas era muito pequeno. Então, vou transformá-lo em


uma despensa, — respondo.

— Inteligente.

— Eu sei. Literalmente não há espaço para armários naquela


cozinha minúscula, mas eu adoro cozinhar e tenho todos os
utensílios de cozinha conhecidos pelo homem, então... de qualquer
forma, estou tagarelando. Deixe-me pegar uma escada e as
ferragens para as prateleiras, — digo.

Abro a porta do banheiro e deslizo o vidro do chuveiro para o


lado para pescar os suportes de montagem e as âncoras de parede
das caixas que guardei lá para mantê-los fora do caminho. Então,
pego a escada ao lado da lavadora e secadora automática. Eu os
carrego para o armário e encontro Garrett olhando meus vestidos
de verão que estão pendurados nas prateleiras.

— Você desenvolveu um fetiche por roupas femininas? —


Pergunto enquanto coloco os itens no chão.
— Eu sempre tive um fetiche por vestidos sensuais, — ele fala
lentamente.

Reviro os olhos.

— Mantenha suas patas longe das minhas coisas, por favor.


Vou descer para pegar o kit de ferramentas, — digo.

Ele levanta as mãos no ar. — Sem brincadeiras, eu prometo.

Oh, como eu gostaria de poder acreditar nele.


Capítulo Onze

Garrett
— Passe-me os saltos da cama, por favor, — ela diz enquanto
equilibra-se em uma escada sob a estante que acabei de prender
na parede do armário.

Eu ando e pego dois dos seis pares de salto alto que vejo
alinhados.

Ela olha para baixo. — Você pode passar os saltos vermelhos


primeiro?

— Por quê? — Pergunto.

— Porque são saltos de sete centímetros e meio e quero


organizar dos mais altos aos mais baixos, — explica ela.

— Por que isso importa? — Eu pergunto.

Ela suspira. — Porque uso os mais altos com menos frequência,


então é melhor deixá-los mais em cima. Os que uso todos os dias,
quero poder retirá-los da prateleira facilmente.

Eu sorrio. — Tão analítica como sempre, pelo que vejo, Foxy.

Ela chuta ao meu lado. — Ei, não há necessidade de


comentários, Tuttle. E eu disse para não me chamar assim.
— Você costumava gostar quando eu te chamava assim. Acho
que te dei esse apelido depois do nosso primeiro beijo, — digo.

— Não me lembro de nada sobre nosso primeiro beijo, mas


posso lembrar de tudo sobre nosso último, — ela retruca.

— Não, você não pode porque nosso último beijo ainda não
aconteceu, — eu a informo.

— Você está brincando comigo com esse ego, Garrett Tuttle?

— Ego? Só estou relatando os fatos, querida.

— Ah, você é tão…

Eu a interrompo: — O quê? O que eu sou, Ansley?

— Você é um demônio de língua de prata que não sabe a


diferença entre sua ideia de fatos e a história real, — diz ela.

— Parece que me lembro do seu amor pela minha língua


prateada, — reflito.

— Não faça isso. Não tente me fazer desmaiar, — ela diz.

— Desmaiar?

— Sou imune ao seu charme agora, Garrett Tuttle, — ela afirma


enquanto desce alguns degraus da escada.

Eu rio enquanto me aproximo dela.

Ela planta a mão no meu peito. — Para trás. Só porque você


me ajudou não significa que gosto de você mais do que gostava a
uma hora atrás.

— Você acha que não gostava de mim uma hora atrás? — Eu


pergunto.
Seus olhos estreitam. — Acho que deixei de gostar de você há
muito tempo, e acredito que a tempestade acabou. Você deveria ir,
— ela diz e então vira rapidamente para pegar os sapatos.

Ela perde o equilíbrio naquele exato momento. De repente,


meus braços estão cheios de curvas quentes e deliciosas, e meu
corpo ganha vida.

Em um minuto, estou impedindo-a de cair e machucar-se, e no


próximo, eu a coloco contra a parede do armário.

Ela grita de surpresa quando seus pés tocam o chão, e


aproveito a oportunidade para morder seu lábio inferior. Chupo
sua carne macia em minha boca, e ela solta um gemido
involuntário.

O som empurra-me para frente, e tomo sua boca em um beijo


ardente. No começo, sou gentil e provocador. Saboreando e
familiarizando-me novamente com a sensação de seus lábios
macios e carnudos. Então, ela passa os braços em volta do meu
pescoço e agarra um punhado do meu cabelo. Quando ela inclina
seu corpo no meu, o aperto fino que tenho no controle se parte em
dois, e pressiono meu corpo contra o dela.

Ela suspira, e aproveito e aprofundo o beijo. Antes que eu


perceba, somos todos mãos e bocas. Ela está praticamente
rastejando pelo meu corpo, e tudo em que consigo pensar é em
tirar a blusa que ela está usando e beijar meu caminho por seu
corpo.

Ela consegue envolver uma perna em volta da minha cintura,


e eu a ajudo a levantar a outra agarrando sua bunda e levantando-
a.
Uma vez que ela está presa a mim, eu me afasto de sua boca e
começo a deslizar minha língua ao longo de sua mandíbula. Sua
cabeça pende para o lado para dar melhor acesso a sua garganta,
e beijo e mordo meu caminho até sua clavícula.

Ela começa a agarrar minha camisa, puxando-a do cós da


minha calça jeans. Uma vez que está solta, suas mãos deslizam
pelo meu estômago e pelo meu abdômen.

— Oh meu Deus, você é sólido como uma rocha, — ela


murmura enquanto mordo seu lóbulo da orelha.

Eu rio e sinto um tremor deslizar por seu corpo.

Puxo a alça de sua regata para baixo apenas o suficiente para


expor a parte superior arredondada de seus seios, mas antes que
eu possa levar minha boca até eles, ela emaranha os dedos em
meu cabelo novamente e puxa com força.

Meu olhar fixa-se no dela.

Ver a chama acesa em seus olhos, substituindo a sempre


presente animosidade com a qual acostumei esta noite, é
emocionante. Até que ela percebe o que deu a entender e esse calor
é substituído por mortificação.

— Foxy, fique comigo aqui, — sussurro.

As palavras espirram entre nós como um balde de água gelada,


extinguindo qualquer chama persistente.

— Coloque-me no chão, — ela sussurra.

— Ansley.

— Ponha-me no chão, Garrett, — ela ordena.


Relutantemente, eu a solto. Ela solta a trava das pernas e elas
caem no chão.

Ela empurra para criar espaço, mas eu me mantenho fixo no


local.

— Olhe para mim, Ansley, — exijo.

Ela respira fundo e olha nos meus olhos. Os dela são frios e
indiferentes.

Eu a perdi. O momento se foi.

— Para trás, — ela pede.

Eu faço o que ela pediu, e ela rapidamente contorna e vai para


a sala de estar.

— Obrigada pela ajuda, mas acho que você precisa ir.

— Por quê? — Eu pergunto.

— Porque eu não posso fazer isso com você, — ela grita.

Por alguma razão, a dor em sua voz me impulsiona para a


frente, e eu a envolvo em meus braços novamente.

Parece certo. Segurá-la. Eu sei que deveria deixá-la em paz,


mas desde que conversei com Weston sobre ela esta manhã, tudo
que conseguia pensar era em vê-la novamente.

Ela deixou bem claro que não quer nada comigo e, ainda assim,
esta noite, eu me vi dirigindo para o vale e para Market Square na
esperança de encontrá-la. Nunca tive a intenção de beijá-la. Eu só
queria estar perto dela.

Pode tornar-me um idiota, mas pretendo fazer isso de novo.


Capítulo Doze

Ansley
Eu o afasto e olho para seus estúpidos olhos verdes com seus
estúpidos cílios longos.

Ele tenta me puxar de volta, e mantenho minha posição.

— O que está errado? — Ele pergunta.

Tudo.

Não digo a palavra em voz alta porque não confio em minha voz
traiçoeira para não quebrar ainda mais com a emoção.

Eu decidi há muito tempo nunca mais baixar a guarda com um


homem. Faz anos que não me perco em um abraço ou beijo. No
entanto, aqui estou eu, agindo como uma adolescente apaixonada,
perdendo-se nos braços de sua paixão.

— Isso foi inapropriado, e eu quero que você saia, — digo em


vez disso.

— Inapropriado? Foxy, isso foi suave. Ainda nem chegamos ao


limite do inapropriado, — promete.
Dou um passo para trás quando o calor vertiginoso do desejo
que eu estava sentindo há cinco minutos começa a desaparecer
em uma raiva ardente.

Quem diabos ele pensa que é?

— Ainda?

— Isso mesmo. Ainda, — ele repete.

Balanço a cabeça com sua audácia. — Você é um idiota tão


arrogante.

Ele sorri. — Um idiota arrogante que você acabou de beijar.

— Oh não, você me beijou, — eu insisto.

— E você beijou de volta.

Eu beijei.

Eu dou de ombros com indiferença. — Então? Eu queria ver se


havia alguma coisa lá. Qualquer resquício da atração que um dia
senti por você. Acontece que não há, — digo.

Ele solta uma gargalhada, e posso sentir o calor subindo em


minhas bochechas.

— Esqueci quão boa mentirosa você é, — ele diz uma vez que
se recompõe.

Algo estala dentro de mim, e vejo vermelho.

— Mentirosa? Eu? O único neste relacionamento que pode ser


chamado de mentiroso é você, Garrett Tuttle! — Eu grito.

O canto de sua boca se curva para cima, e o sorriso que sempre


ficou sob minha pele se aprofunda.
— Esse relacionamento, hein? — Ele pergunta.

— Não faça isso. Você sabe o que eu quis dizer, — exijo.

— Você chamou isso de relacionamento, linda, não eu.

— Grrr, — eu rosno.

— Você ainda é fofa quando fica com raiva, — ele reflete.

— Saia! — Eu grito enquanto aponto para ele em direção às


escadas.

Ele não se mexe.

— Saia agora, Garrett, — eu uivo.

Finalmente, ele cede e dirige-se para a saída.

— Tudo bem, Foxy, mas se eu me afogar ou for atingido por um


raio lá fora, a culpa será sua, — ele grita enquanto desce os
degraus.

— Vale a pena, — grito de volta.

Ouço sua risada ecoar escada acima, e não respiro novamente


até que ouço a porta fechar atrás dele.

Ah, isso foi ruim. Muito, muito ruim.

Não acredito que o beijei. Droga. O que ele deve pensar de mim
com toda a minha arrogância e reivindicações de estar bem e
completamente imune a ele, mas caí em seus braços no minuto
em que ele tocou seus lábios nos meus. Provavelmente não sou a
primeira mulher de trinta e poucos anos que não teve o toque de
um homem por um tempo a ser vítima de Garrett Tuttle. Aposto
que ele deixou uma série de mulheres famintas de amor em todo o
país. O mundo mesmo. Tenho certeza que toda mulher com pulso
em seus shows fez fila em seu trailer depois de cada show,
procurando a chance de ter aqueles lábios nela.

Ugh, o pensamento me deixa enjoada.

Por que ele teve que aparecer na cidade e despertar todas essas
emoções há muito reprimidas?

Quanto tempo se passou desde que senti a vibração inebriante


e estimulante do desejo em meu corpo?

Demasiadamente longo.

Verdade seja dita, eu tinha esquecido a incrível adrenalina que


era ser desejada por ele. O desejo correndo pelo meu corpo que ele
poderia provocar com um único toque. O delicioso calor que corre
entre nós como uma corrente elétrica que pode transformar meu
cérebro em mingau e minha resistência em inexistente. Essa
chama não deveria ter se apagado há muito tempo? Quão cruel é
o destino para desenterrar tudo de novo?

Eu quase comecei a chorar com o quão perfeito parecia. O


impacto de sua boca na minha me abalou profundamente e
despertou um desejo há muito perdido.

Graças a Deus não chorei. Como isso seria embaraçoso. Não


sei como reuni forças para manter o sistema hidráulico dentro e
reservar pelo menos um pedaço de dignidade. Mas o beijo em si foi
abrasador. Eu queria tanto naquele momento enredar em seus
braços e esquecer as inúmeras razões pelas quais eu não deveria
estar na mesma sala com Garrett Tuttle, muito menos beijá-lo. O
bastardo que me jogou fora todos aqueles anos atrás para
perseguir fama e fortuna.
Eu faço a única coisa que sei fazer neste momento. Pego meu
telefone na ilha da cozinha para chamar reforços. Mandando um
SOS para as meninas para me encontrarem no café.

Certamente, elas serão a voz da razão.

— Você o beijou? Como foi? — Erin pergunta.

Erin, Jena e Taeli estavam na porta com uma garrafa de tequila


na mão vinte minutos depois da minha mensagem. Elas sabem
que o SOS significa trazer a tequila.

— De arrepiar os dedos dos pés, — admito.

— Uh-oh, — diz Jena.

— Eu sei. Sou tão fraca, — lamento.

— Não, você não é. Você é uma mulher forte e confiante, — Erin


insiste.

— Sim, Garrett Tuttle tem esse efeito nas mulheres, — Taeli


oferece.

— Eu só queria que ele não fizesse meu pulso disparar toda vez
que eu o vejo. Eu fico com a língua presa. Depois, consigo pensar
em cada resposta mal-humorada que deveria ter dito, mas, em vez
disso, corro como uma covarde e isso me enfurece, — admito.

— Você está louca? Ele é quente como o inferno. Por que você
está fugindo dele? — Jenna pergunta.
— Porque... — eu começo.

— Porque ele ainda acelera o seu motor, — Jena finaliza.

— Como? Como ele faz aquilo? Eu o odeio.

— Inferno, eu digo, da próxima vez, você deve segurá-lo e puxá-


lo para sua cama e balançar seu mundo. Quero dizer, use todos
os truques de rodeio do seu arsenal. Foda-o de lado e mostre a ele
como você ficou boa nisso desde o colégio. Em seguida, puxe a saia
para baixo e agradeça educadamente a ele e expulse-o do seu
apartamento, — diz Erin.

— Ah, eu gosto dessa ideia. Sexo de vingança. É o melhor tipo.


Ainda melhor do que sexo raivoso porque tem a mesma
intensidade, mas como você sabe, a parte da vingança, — Jena
concorda.

— Exatamente. Além disso, você está no auge sexual agora.


Quero dizer, o homem não teria chance, — Erin acrescenta.

— Eu não sei se eu poderia, — murmuro.

— Claro que você pode, e melhor ainda, virar o jogo contra ele.
Entre em um relacionamento físico não emocional com o homem
enquanto ele estiver em casa. Envolva-o em seu dedo mindinho.
Faça-o cair com tanta força que ele não consiga enxergar direito e
depois deixe-o em um motel no meio da noite, — Erin sugere.

— Hmm, — Jena murmura.

— O que? É uma vitória para todos. Ela se vinga e consegue


tirar a ferrugem de seu para-choque, — Erin insiste.

— Mas ela o odeia – com razão, devo acrescentar. Ansley, se


você quiser entrar nessa coisa de gratificação sexual sem
compromisso, talvez deva escolher alguém de quem pelo menos
goste um pouco.

— Cara, ela tem olhos. Ela gosta dele. Inferno, todos nós
gostamos dele, — Erin aponta.

— Não sei. Essa coisa toda de inimigos com benefícios parece


perigosa para mim. Além disso, pensei que todas nós éramos a
favor de ela dar uma chance a Kevin? — Taeli pergunta.

— Certo, Kevin. Bem, nós estávamos, mas Garrett é a


reviravolta na história, — diz Erin.

— Ah, pobre Kevin. Ele é o seu Jacob Black, — acrescenta Jena.

— Pobre Kevin? Nossa, pessoal, não é como se ela o estivesse


traindo. Eles nem sequer tiveram um encontro. Eu digo, ela tira
Garrett de seu sistema, e então talvez finalmente esteja pronta
para seguir em frente com alguém como Kevin, — Erin argumenta.

Taeli aproxima-se e coloca a mão em meu ombro para me


apoiar. — Você esteve apaixonada por Garrett uma vez. E se você
se apaixonar por ele de novo e partir seu coração quando ele voltar
para Nashville? — Taeli pergunta.

— Ela não vai. Não vamos deixá-la, — Erin insiste.

Jena revira os olhos. — Quando é que alguma vez fomos


capazes de nos impedir de nos apaixonarmos pelo homem errado?

— Vocês estão perdendo o foco. Garota, você tem todo o


controle, — enfatiza Erin.

— Não, eu acredito que esta noite provou que eu claramente


não tenho.
— Oh, por favor. Você detém todo o poder. Você sempre deteve,
— Erin diz.

— Como você sabe? Foi ele quem me deixou.

— Quando vocês eram crianças. Você é uma mulher agora.


Sansão era um guerreiro poderoso e um homem indestrutível até
Dalila aparecer, — explica ela.

— Já faz um tempo desde que encontrei meu caminho para a


igreja, mas Dalila não era a vilã daquela história da Bíblia? — Taeli
pergunta.

— Ela foi a lição, — Erin responde.

— Sim, a lição de que um homem não deve ser governado pela


luxúria, — murmuro.

— Ou a bela e astuta lição de que Deus precisava dela na


história para colocar um homem arrogante de joelhos, — Erin
pressiona.

— Não tenho certeza se essa deveria ser a conclusão, — diz


Jena.

— Mais uma vez, ela era a vilã, — repito.

— Bem, talvez seja hora de você parar de ser legal e começar a


ser uma vilã astuta e colocar Garrett Tuttle de joelhos. Basta
manter a cabeça no jogo. E se você começar a sentir qualquer
pontada de amor, pegue essa energia e direcione-a para ele, —
instrui Erin.

— Como você sugere que eu faça isso? — Pergunto.


— Quando você o tiver onde quiser e ele estiver em suas mãos,
pegue-o pelas bolas e torça até que se soltem.

Taeli engasga com uma risada. — Jesus, Erin!

Ela vira-se para Taeli. — O que? Ele merece a dor. Ela está
sofrendo por causa dele há anos.

— Não, não faça isso. Você vai pegar acusações. Eu sei, — Jena
avisa.

— Acusações? — Eu suspiro.

Jena assente.

— Que tipo de acusações?

— Más.

— Ok, então não torça as duas. Talvez apenas colocá-lo em


uma posição comprometedora e morder uma. Ele ainda será capaz
de procriar com uma.

Eu dou a ela um olhar horrorizado.

— Isso vai sair pela culatra, — insiste Taeli.

— Vai? — Eu pergunto.

— Ele provavelmente gostaria. Graham gosta. Especialmente


quando eu apenas roço as duas com meus dentes.

— Ugh, você está certa. Risque a parte de morder. Coloque-as


em um aperto e... — Erin começa.

— Eu tenho que machucar as bolas dele?

— Eu voto não. Quero dizer, você quer se divertir. Você vai se


divertir mais se as bolas dele estiverem intactas, — Jena vota.
— Concordo, — acrescenta Taeli.

Erin suspira. — Está bem. Nenhum dano às bolas de Garrett.

— Sabe, vocês realmente não estão ajudando, — eu lamento.

— Claro que estamos. Estamos elaborando um plano para


ajudá-la a ensinar a ele uma lição que ele nunca esquecerá. Você
está dentro ou não? — Erin pergunta enquanto nos entrega uma
dose de tequila.

Deixo o pensamento rolar em meu cérebro por um momento.


Deixo que a ideia se passe no meu cérebro por um momento.
Depois, tomo o shot e deixo cair o copo no balcão.

— Estou dentro, — decido.

— Sim! — Erin e Jena dizem em uníssono.

Taeli envolve um braço reconfortante em volta dos meus


ombros. — Boa sorte.

Pego a dose da mão dela e tomo.

Vou precisar de toda a sorte que conseguir.


Capítulo Treze

Garrett
— Tio Garrett!

O filho de Langford, Tucker, vem correndo em minha direção


do deck da casa de Graham.

— Ei, Tuck — digo enquanto o pego. — Você ficou pesado.

Ele balança seu caminho para fora do meu aperto e fica de pé.
— Isso é porque eu tenho doze anos agora.

Doze já? Como isso aconteceu? Ele devia ter cinco ou seis anos
da última vez que o vi. Porra, faz tanto tempo que não visito minha
família?

Bagunço seu cabelo. — Eu posso ver isso. Você é praticamente


um homem agora. Isso é um bigode? — Pergunto enquanto inclino
para puxar seu queixo.

Ele ri.

— O que eu sou, fígado picado? — Weston pergunta ao meu


lado.
Graham nos mandou uma mensagem dizendo que ele e Taeli
queriam convidar todo mundo para um churrasco hoje à noite,
então subimos a montanha juntos.

Tucker aproxima-se e abraça Weston.

— Eu vejo você o tempo todo, — ele brinca.

— Então? Ainda gosto que você fique animado em me ver,


garoto.

Um garoto um pouco menor nos espia do convés, e faço um


gesto em sua direção.

— Quem temos aqui? — Eu pergunto.

Tucker olha por cima do ombro. — Esse é Caleb. Seremos


primos assim que o tio Graham se casar com a mãe dele.

Ah, ele deve ser filho de Taeli.

Tucker acena para Caleb, e o menino se junta a nós na entrada.

— É um prazer conhecê-lo, Caleb, — digo a ele.

— Você é o tio que canta música country? — Ele pergunta.

— Eu sou. Você é um fã? — Pergunto.

Ele balança a cabeça e Weston ri.

— Ele não gosta de música country. Ele ouve coisas estranhas,


como indie rock e pop, mas vou dar um jeito nele, — diz Tucker.

— Não há nada de errado com esses gêneros. Gosto deles


também. Para mim, toda a música é muito legal, — digo a Caleb,
e ele sorri.

— Eu vou verificar suas coisas também.


Estendo meu punho para ele para uma colisão. — Obrigado.
Especialmente porque agora vamos ser uma família.

Uma voz nos chama de trás da casa. — Já era hora de vocês


dois chegarem aqui. Estávamos esperando para acender a grelha.
— Langford está parado no portão que leva ao quintal com uma
cerveja na mão.

Weston aponta para mim enquanto nos aproximamos dele. —


É culpa dele. Ele dorme o dia todo e depois leva uma eternidade
para ficar bonito.

Eu bato meu cotovelo em seu lado.

— Ai! — Ele berra.

— Crianças, guardem suas mãos para si mesmas, — mamãe


nos repreende ao passar pelas portas de vidro para o pátio,
carregando uma bandeja.

— Desculpe, mãe, — Weston e eu murmuramos ao mesmo


tempo.

A grande mesa ao ar livre no pátio é decorada com toalhas e


girassóis frescos. Corbin e Morris estão sentados em um dos
bancos compridos, comendo o pretzel quente e o aperitivo de queijo
com a cerveja que mamãe acabou de colocar na frente deles.

Taeli sai com uma caixa de fósforos na mão para acender as


velas no centro da mesa, e Graham sai com uma frigideira de
costela temperada para Pop, que está cuidando da grelha.

Mamãe aproxima-se para nos dar um beijo na bochecha e


pergunta se queremos limonada ou chá gelado.

— Vou tomar uma cerveja, — diz Weston.


— Vou tomar o chá, — eu respondo.

— Já estou indo, — diz ela antes de arrastar-se para a cozinha.

— Sentem-se onde quiserem, pessoal, — Taeli instrui enquanto


ela volta para dentro, e nos sentamos em frente aos nossos irmãos.

Conversamos enquanto Pop cozinha. Leona, a mãe de Taeli,


chega com duas sobremesas. Ela e mamãe são amigas íntimas
desde que éramos crianças e, com o casamento iminente de
Graham e Taeli, ela vai passar a ser da família.

Observo os meninos correndo pelo quintal, brincando com um


caminhão de controle remoto, e percebo o quanto estou perdendo.
Com que frequência minha família se reúne assim? Criando laços
e fazendo parte da vida um do outro sem mim.

Langford e Taeli saem, carregando minhas bebidas e as de


Weston, e se juntam a nós.

— Você já ouviu falar de seus agentes? — Pergunta Langford.

Eu balanço minha cabeça. — Ainda não. Acho que querem me


fazer suar um pouco.

— Então, você ainda não sabe quanto tempo vai ficar na


cidade?

— Não, mas honestamente, não estou mais com pressa. Acho


que precisava dessa pausa e tempo com vocês. Eu tenho pensado
um pouco sobre o futuro também.

— E daí? — Pergunta Langford.

— Estou pensando em comprar um terreno aqui em Balsam


Ridge. Construir uma casa. Talvez ter uma dúzia de filhos que
possam brigar por ela quando eu estiver morto e desaparecer, —
digo.

— Merda, eu sabia que esse dia chegaria. É hora de falar sobre


os pássaros e as abelhas, irmãozinho. Veja bem, é preciso um ovo
e um nadador para fazer um bebê, — brinca Langford.

— Cala a boca, imbecil. Eu sou bem versado em como os bebês


são feitos.

— Bem, apenas dizendo, para ter uma dúzia de pequenos


Garretts por aí, você vai precisar de uma ou duas mulheres para
participar ativamente, — ele informa.

— Tenho certeza que posso encontrar uma ou duas mulheres


dispostas, — digo a ele.

— Tenho certeza que você pode. Nunca tive tantas mulheres


circulando pela fazenda de cânhamo e descendo o rio. Eu vi um
barco outro dia, sobrecarregado com uma dúzia de garotas com
binóculos, — acrescenta Weston.

Dou de ombros. — Turistas.

Na maioria das vezes, as pessoas em Balsam Ridge me tratam


como qualquer outro residente. Eles me viram crescer, ensinaram
na escola, treinaram meus times da liga infantil e me alimentaram
durante toda a minha vida. Eles não olham para mim e veem um
músico famoso. Eles veem o garoto magricela que sempre estava
tramando algum tipo de travessura. No entanto, assim que se
espalha a notícia de que estou passando um tempo na cidade, os
fãs aparecem e os motéis locais são inundados com pessoas
esperando encontrar-me no restaurante ou me ver pescando em
meu barco. É inevitável.

— Claro, bandos de mulheres amontoadas em um barco de


pesca com binóculos são sempre turistas. Elas provavelmente
estavam observando pássaros ou algo assim, — brinca Langford.

Morris inclina-se para trás e franze o nariz. — Eu não entendo.


Você não é mais bonito do que eu. Na verdade, acho que sou um
pouco mais bonito do que você. Seu nariz ainda está torto por
causa daquela bola de beisebol que levou no rosto no colégio.

— É o dinheiro, — diz Weston.

— Não, é o talento. As mulheres são atraídas pelo talento, e a


voz sensual não faz mal, — interrompe Taeli.

Os olhos de Morris vão para ela. — Realmente?

Ela acena com a cabeça. — Além disso, as músicas country


tocam as cordas do coração. Toda garota que está ouvindo pode se
colocar na música. Como se Garrett estivesse cantando
diretamente para ela sobre sua alegria, dor ou luta. Ela sente as
emoções que a pessoa na letra está experimentando sobre o
primeiro amor ou uma noite selvagem com um estranho. Só faz
sentido que ela se apaixone um pouco pelo homem que canta para
sua alma.

Morris olha para mim. — É isso o que você faz?

Eu dou de ombros. — É isso que a música faz. Ela provoca uma


resposta emocional do ouvinte. As letras são poderosas. Elas
podem destruir você e derrubar suas defesas, ou podem aliviar a
dor e curá-lo.
— Talvez eu devesse ter prestado mais atenção na aula de
banda, — ele resmunga.

Pop e Graham terminam com a carne, e mamãe e Leona


colocam pratos de batata assada, espiga de milho, caçarola de
feijão verde e biscoitos frescos ao redor da mesa.

Pop dá as graças e nós comemos.

— De volta à terra, você está pensando seriamente em comprar


aqui? Porque se estiver, eu tenho vários acres à venda na parte de
trás da Misty Mountain em que pode se interessar. É um bom
local, tranquilo e privado com vistas deslumbrantes, — Langford
oferece.

— Estou falando sério, — respondo.

— Posso levar você para dar uma olhada amanhã, se quiser, —


ele oferece.

— Parece bom, — concordo.

Eu olho para ver minha mãe sorrindo para seu prato. Sei que
ela está animada com a ideia de eu passar mais tempo aqui em
Balsam Ridge. É indesculpável que eu tenha passado tanto tempo
sem parar. Percebo que ela e Pop não vão ficar por perto para
sempre, e vou me arrepender de todo o tempo que não passei com
eles se não fizer alguma coisa para mudar isso.

Deslizo meu olhar para Pop, e ele também está focado em seu
prato, mas em vez de um sorriso, ele tem um olhar de
contemplação em seu rosto. Ele está frio desde que cheguei em
casa, me evitando a todo momento. Sei que ele está chateado
comigo, e preciso ser homem e pegá-lo a sós, para que possamos
conversar sobre isso.

Sinto-me como uma criança que aprontou na escola e foi


mandada para casa com um bilhete do meu professor. Sei que ele
está bravo e tenho que encarar a música.
Capítulo Quatorze

Ansley
Hoje é meu último dia inteiro na biblioteca. Acordei animada,
mas com o passar do dia, os sorrisos transformaram-se em
lágrimas. Parece que a cidade inteira reservou um tempo para
passar por aqui hoje. Alguns com guloseimas e outros com
palavras gentis. Recebi alguns vales-presente, flores, muitos
abraços e parabéns de coração.

O que mais vou sentir falta é das crianças. Organizamos vários


programas de enriquecimento de verão aqui na biblioteca e, é
claro, nossos lanches semanais e evento de leitura de histórias,
que foi ideia minha.

Todas as quintas-feiras à noite, a biblioteca fica aberta até


tarde e organizamos uma noite temática para crianças de três a
dez anos. Voluntários leem livros apropriados para a idade que as
crianças escolhem, e nós fornecemos lanches que acompanham a
leitura. Também incorporamos um artesanato divertido que elas
podem levar para casa. Os pais deixam os filhos às seis da tarde e
os pegam de volta às nove. O pensamento por trás da atividade é
dar aos pais uma babá gratuita uma vez por semana, para que
possam passar o tempo fazendo compras, exercícios ou saindo à
noite enquanto as crianças se socializam e têm suas mentes
estimuladas. Minha maior esperança é despertar o amor pela
leitura em todos os pequenos corações de Balsam Ridge.

Posso não estar mais liderando o planejamento, mas ainda


pretendo me voluntariar para ler para as crianças pelo menos duas
vezes por mês. Não posso desistir completamente. Eu amo demais.

O dia voa, mais rápido do que eu esperava, e antes que eu


perceba, é hora de entregar minhas chaves e passar o bastão para
o próximo porteiro ansioso dos livros. Abraço a equipe e despeço-
me. É ridículo. Não é como se eu não fosse vê-los pela cidade o
tempo todo, e vou vê-los todos na arrecadação de fundos da
biblioteca neste fim de semana, mas ainda é agridoce.

Ando até meu novo apartamento, e há um pouco de ar fresco


que gira as folhas aos meus pés enquanto desço a Main Street. A
inauguração do café é na sexta-feira. Parece que tenho sonhado e
trabalhado para isso por tanto tempo, mas está acontecendo
rápido. É engraçado como o tempo pode dobrar e deformar assim.
Como passar um ano planejando as férias dos seus sonhos. Parece
tão longe e como se nunca fosse chegar aqui, mas quando
finalmente chega a hora de embarcar no avião, o tempo passa na
velocidade da luz e você está do outro lado dele, imaginando como
passou num instante. Como se nem estivesse presente para colher
os frutos de todo o planejamento.

Eu me recuso a deixar isso acontecer desta vez. Quero


desacelerar e aproveitar cada momento dos próximos dias e a
alegria de realizar um sonho.
Paro no Mary's Burritos para jantar e, quando estou saindo, de
volta à calçada, um carro reduz a velocidade na estrada ao meu
lado.

Eu olho para ver o veículo de patrulha de Kevin. Ele abaixa a


janela do passageiro.

— Olá, Ansley. Como foi seu último dia? — Ele pergunta.

— Foi bom e um pouco triste.

— Lamento não ter tido a chance de parar. Eu planejava, mas


a esposa de Johnny entrou em trabalho de parto, então tive que
fazer um turno duplo, — explica ele.

— Tudo bem.

Eu continuo andando enquanto conversamos.

— Que tal eu levar você para um jantar comemorativo amanhã


à noite? — Ele propõe.

— Não sei. Tenho muitas pontas soltas para amarrar antes de


sexta-feira, — eu começo.

— Vamos. Uma garota tem que comer, certo? Além disso, você
me deve, e estou cobrando meu cheque especial, — ele persiste.

— Eu devo?

Ele concorda.

— Sim. Lembra quando eu te convidei para o peixe frito, mas


você já havia prometido ir com seu pai? — Ele me lembra.

Oh, certo. Eu disse que o acompanharia em outra ocasião.

Eu rio e desisto. — Ok. Jantar. Amanhã. Você pode me pegar


às sete no café.
— Fantástico. Vejo você então, — ele diz antes de afastar-se do
meio-fio.

Não sei por que é tão difícil baixar a guarda e curtir uma noite
com um homem. Especialmente um homem como Kevin Crispen.
Ele é tão fácil de gostar. É hora de fazer mais do que apenas uma
mudança de carreira. Preciso abrir minha vida para novas
possibilidades.

E Garrett?

O pensamento surge, indesejado, em minha mente.

E ele?

Garrett está apenas em Balsam Ridge para um intervalo. Ele


aceitará seu castigo e voltará para coisas maiores e melhores. Sei
que concordei em tentar a coisa toda de inimigos com benefícios,
mas quem estou enganando? Aquele beijo foi um acaso. Um que
ele provavelmente arrependeu-se no momento em que estava fora
da minha vista. O calor que crepitava entre nós era apenas restos
de faíscas deixadas para trás por nossa juventude e nada mais.
Duvido que o veja novamente antes que ele deixe a cidade.

Chego ao meu apartamento e entro. Quando chego ao topo da


escada, vejo uma placa presa à porta que diz: Bem-vinda ao
primeiro dia do resto da sua vida.

Abro a porta e a sala está cheia de balões de hélio. Há um balde


de gelo com uma garrafa de champanhe na ilha e uma caixa de
bolo ao lado. Coloco meu jantar embalado no balcão e abro a
tampa. É o meu favorito. Chocolate alemão com cobertura de coco
e nozes. Escrito no bolo está: Estamos muito orgulhosas de você.
Eu ouço a porta se abrir lentamente, e três cabeças aparecem
e gritam: — Surpresa!

Erin, Jena e Taeli entram correndo.

— Eu dei a vocês uma chave em caso de emergência, — digo a


elas.

— É uma emergência. Você precisa de nós, então não precisa


comer todo esse bolo sozinha, — diz Jena.

— E a bebida, — Erin acrescenta enquanto pega a garrafa e


começa a torcer.

Vou até o armário ao lado da geladeira e pego quatro taças. Erin


as enche de espumante e as distribui.

Taeli levanta a dela no ar. — Para novas aventuras, — ela


declara.

Todas nós seguimos o exemplo e tilintamos.

— Oh, nós também temos um presente, — Erin diz enquanto


ela enfia a mão na bolsa e tira uma pequena caixa.

Pego de suas mãos e abro. Dentro há um minúsculo pingente


de chave de ouro em uma corrente delicada. Eu a tiro da caixa.

— Isso é lindo, — eu pronuncio.

— Está gravado, — diz Jena.

Eu o viro, e a parte de trás da chave está inscrita com as


palavras Cadela Chefe desde 2022.

O sistema hidráulico recomeça.

Seguro o colar no meu peito e fungo. — Vocês!


— Só queríamos que soubesse o quanto estamos orgulhosas de
você, e se ficar com medo ou sobrecarregada, apenas coloque essa
coisa e lembre-se de quem diabos você é. Uma cadela chefe, — diz
Taeli.

Elas são as vadias chefes. Não sei o que faria sem elas na minha
vida.

Fecho a corrente em volta do meu pescoço.

— Eu amei, — digo.

— Nós amamos você. Agora, vamos comer bolo, — Jena diz.

Coloco meu burrito esquecido na geladeira, Taeli corta o bolo e


passamos o resto da noite comendo e tomando o champanhe.

Elas são as melhores amigas que uma garota poderia esperar.


Capítulo Quinze

Garrett
Entro na porta de mamãe e o aroma de baunilha e canela me
atinge.

Não há nada no mundo como os pãezinhos de canela caseiros


de Sara-Beth Tuttle, recém-saídos do forno.

Seguindo meu nariz até a cozinha, encontro-a de avental,


colocando uma panela sobre um tripé de cobre.

Estendo a mão e pego um pãozinho bem quente e dou uma


grande mordida.

Mamãe bate na minha mão. — Você vai arruinar seu apetite.


Esses são para depois do café da manhã, — ela repreende.

— Confie em mim, ainda tenho muito espaço, — asseguro-lhe


com a boca cheia de massa deliciosa. — Como você sabia que eu
viria esta manhã? — Pergunto.

Os rolos de canela a entregaram. Eles são meus favoritos, por


isso ela devia estar à minha espera.

Ela dá de ombros. — Eu não sabia. Só esperava, — diz ela.


Sento na ilha e ela coloca um prato de fígado frito, ovos mexidos
com queijo e batatas fritas crocantes na minha frente.

— O que está na sua agenda hoje? — Ela pergunta.

— Langford e eu vamos ver a propriedade que ele tem à venda


esta noite, mas eu queria falar com Pop primeiro. Ele está por
perto? — Pergunto enquanto como.

— Ele vai descer a qualquer minuto.

Ela nem consegue tirar as palavras da boca antes de ouvirmos


as botas dele descendo a escada dos fundos. Eu sorrio ao som do
ranger do degrau dois abaixo do patamar. Mais de uma vez, aquele
rangido me denunciou quando eu estava entrando ou saindo
furtivamente do meu quarto no meio da noite. O barulho irrita Pop,
mas ele nunca fez um movimento para substituí-lo. Com seis
meninos na casa, era sua própria fofoca pessoal.

Quando ele chega à cozinha, olha para mamãe e depois para


mim, depois vira-se e sai direto pela porta dos fundos.

— Ele está realmente bravo comigo, não está? — Pergunto


quando o som da porta batendo ressoa pela cozinha.

Os olhos preocupados de mamãe seguem a vibração.

— Ele está apenas um pouco desapontado, — diz ela.

Merda.

— Um pouco? Estou na cidade há uma semana e meia e ele


não falou uma única palavra comigo.

Ela traz seu olhar de volta para mim. — Talvez você devesse ir
falar com ele.
Debato sobre pular o café da manhã e correr de volta para as
Man Caves, mas sei que é a coisa covarde a se fazer. Tenho muito
respeito por meu pai para deixar qualquer coisa apodrecer entre
nós, então empurro meu prato para frente.

— Você pode manter isso quente para mim? — Pergunto.

Ela sorri, e posso ler o alívio que cruza seu rosto.

— Claro.

Levanto e faço meu caminho para a porta dos fundos. Eu me


sinto como um garotinho saindo para levar suas palmadas por
mau comportamento.

Encontro ele e Graham em sua oficina com um pedaço de


madeira em cima de seu cavalete. Quando me vê chegando, ele
para a lâmina.

— Graham, Pop, — cumprimento.

Dou um tapa nas costas do meu irmão quando chego até eles.
Pop apenas grunhe, pisa no pedal e continua a cortar a madeira.
Eu fico pacientemente e espero que ele termine. Quando termina,
ele joga a madeira para o lado e tira os óculos de segurança.

— No que vocês dois estão trabalhando? — Pergunto.

— Estamos moldando os novos embutidos que mamãe quer no


quarto principal. Ela decidiu que a lareira era uma perda de
espaço, uma vez que utilizam sempre a da sala. Então, estamos
tampando a chaminé e puxando-a para fora. Estamos adicionando
essas prateleiras no espaço e um recanto acima para a televisão,
— explica Graham.

— Parece legal, — digo a eles.


— Acho que ela vai gostar de ter armazenamento extra, —
acrescenta Graham.

Eu olho de volta para Pop. — Posso ajudar? — Pergunto.

Ele ignora minha pergunta e avança para pegar outro pedaço


de madeira.

— Vamos, papai. Não me dê o tratamento do silêncio como uma


mulher chateada, —brinco.

Graham tosse uma risada até que o olhar de Pop queima nós
dois, e ele a sufoca.

— Vou deixar vocês dois terem um minuto, — Graham oferece,


e agarro seu pulso antes que ele possa sair correndo.

— Por favor, fique, — sussurro para ele com o canto da minha


boca.

Ele respira fundo e expira, e lentamente, vira-se para nós.

— Vá em frente, papai. Deixe-me tê-lo, — eu encorajo.

Ele abaixa a cabeça por um minuto e então tira os óculos e as


luvas e os joga no cavalo. Ele traz seu olhar furioso para mim, e
realmente dou um passo para trás para evitar a queimadura.

— Você não é mais um menino, Garrett. Eu não posso colocar


você sobre meus joelhos, mas quero. Criei seis filhos. Cada um
com sua personalidade. Você e Morris sempre foram os únicos que
tiveram que aprender suas lições da maneira mais difícil. Eu
entendi. Então, deixei que se metessem em problemas, mas fiquei
perto o suficiente para ter certeza de que não iriam muito além de
suas cabeças sem a minha mão para ajudá-los a estabilizar. Eu
criei seis meninos que se transformaram em homens, e tinha cinco
regras que ensinei a vocês. Primeiro, seja um homem de palavra.
Dois, trabalhem duro. Três, respeitem sua mãe. Quatro, nunca
levantem a mão para uma mulher. Cinco, aprenda a usar e
respeitar as armas e nunca as use de forma imprudente. Você
quebrou três das cinco, filho.

Deixo suas palavras afundarem e tento o meu melhor para


descobrir quais são as três.

Balanço a cabeça porque, juro pela minha vida, não consigo.

— Não fique aí parado fingindo que não sabe, — ele grita.

Meu pai raramente levanta a voz, então, quando faz, nós


prestamos atenção.

— Você vai ter que me ajudar aqui, Pop. Não posso me


desculpar quando não sei o que você acha que fiz.

Sua expressão fica mais furiosa, e ouço Graham murmurar,


“Uh-oh,” enquanto Pop fica na minha cara.

— Eu vi a notícia. Leio as manchetes. Você colocou as mãos


naquela garota no bar. Esse é o primeiro golpe.

Jogo minhas mãos para cima em defesa. — Pop, foi ela que me
atacou. Eu juro, tudo o que fiz foi segurar seus ombros para que
ela não me machucasse ou a si mesma.

— Então, você entrou em um carro, bêbado e o transformou em


um míssil de quatro mil toneladas, apontado para cada pessoa
inocente na estrada. Você poderia ter matado qualquer um deles,
aquela garota ou você mesmo. São dois.

Abaixo minha cabeça porque ele não está errado. Transformei


o carro em uma arma carregada naquela noite.
— E sua mãe chorou até dormir durante dias. Preocupada.
Com o coração partido. Esse é o terceiro strike, — ele termina.

— Sinto muito, pai.

— Você sente muito. Bem, tudo o que posso dizer é que tem
sorte de estar aqui para pedir desculpas. O babaca que bateu no
carro do seu tio Roger e matou sua prima Bethany vai passar o
resto da vida na prisão, e nem uma palavra que ele diga vai trazer
sua priminha de volta ou reparar o dano que fez a Roger e Lilian.
Lilian morreu no mesmo dia em que enterraram Bethany. Ela pode
estar andando deste lado da terra, mas se foi. E não acredito que
um dos meus filhos se arriscaria a fazer isso com outra família.

— Eu não estava pensando. Eu estava apenas tentando nos


tirar de lá e estávamos sendo perseguidos por fotógrafos ou fãs e...

— Desculpas! — Ele grita na minha cara.

— Pop...

— Eu não me importo qual foi o motivo. Você poderia ter


chamado um táxi, uma limusine, um amigo. Você poderia ter
andado sua bunda para casa. Você poderia ter feito muitas coisas.
Você acha que eu me importaria se dez ou dez mil pessoas
estivessem tirando uma foto sua se isso resultasse em seu corpo
morto na beira da estrada? Você sabe melhor. Seu irmão corre
para prédios em chamas para viver, e preocupo-me menos com ele
do que com você. Dirigir bêbado em qualquer circunstância é como
colocar uma bala em um revólver, girar o cilindro e colocar o cano
na têmpora. Você não joga roleta russa com sua vida, droga!
Eu trago meus olhos para encontrar os dele, e vejo a névoa
formando-se e o tremor em seus lábios. A vergonha preenche pela
primeira vez. Tenho dito a mim mesmo que minhas ações naquela
noite foram justificadas. Eu me convenci de que todos entenderiam
quando ouvissem toda a história. Ver a decepção, a raiva, o amor
e o alívio nos olhos de meu pai deixa de joelhos. Aproximo-me do
seu peito, e seus braços grandes me envolvem em um abraço de
urso tão apertado que mal consigo respirar, e começo a chorar
como o idiota que sou.

— Um homem não deveria ter que enterrar seu filho. Não é


assim que deveria acontecer, — ele murmura.

— Sinto muito, pai. Você tem razão. Nunca mais farei algo
assim. Nunca. Você tem minha palavra, — tagarelo em seu
pescoço.

Ele também começa a chorar, e então sinto os braços de


Graham envolvendo nós dois.

— Podemos encerrar isso logo? Taeli está a caminho, e eu não


quero que ela veja essa exibição, — Graham sussurra.

Isso quebra a tensão do momento, e nós três começamos a rir


enquanto nos separamos.

— Pop?

Ele ergue sua mão, segura a parte de trás do meu pescoço e


puxa minha testa para a dele. — Eu te amo filho. Nada nunca vai
mudar isso. Apenas lembre-se, não importa onde você mora ou
quão grande você cresce, você é o filho de Hilton Tuttle. Nunca se
esqueça de quem você é e de onde veio. Está aqui... — ele bate no
meu peito, — e ninguém pode tirá-lo de você sem a sua permissão.

— Eu prometo, Pop, — eu sufoco.

— Bom. Agora, vamos comer aquele café da manhã que sua


mãe fez para nós.

Com isso, ele me solta e caminha em direção à casa.

Graham envolve um braço em volta dos meus ombros. — Foi


melhor do que eu esperava. Honestamente, pensei que teria que
ajudá-lo a esconder seu corpo.

— Eu também, irmão. Eu também.

Langford sai, Pop o evita e entra pela porta dos fundos. Seu
olhar o segue e depois volta para nós.

— O que eu perdi?
Capítulo Dezesseis

Garrett
Eu olho para a enorme estrutura diante de mim.

— O que é aquilo? Um castelo no céu? — Eu pergunto.

O hotel de estilo alpino está situado no topo do pico mais alto


de Balsam Ridge, no outro lado do vale. É impressionante.

— Bem-vindo ao Misty Mountain Ranch and Ski Area, — diz


Langford com orgulho.

— Pensei que mamãe disse que ia se chamar Balsam Ridge Ski


Area e Coyote Mountain Snow Tubing? — Pergunto.

— Sim, esse era o título provisório, mas mudamos a colina de


tubos de neve da entrada principal para a parte de trás do rancho
em Misty Mountain e renomeamos todo o resort.

É uma estrutura impressionante.

Eu assobio. — Quantos quartos essa coisa tem?

— Tem cento e setenta e cinco quartos e vinte suítes. Por


enquanto, — ele responde.
— Por enquanto? — Eu digo enquanto olho do hotel resort para
ele.

— Pretendo expandir no futuro. Se eu conseguir angariar


interesse e investidores. Eu gostaria de dobrar a ocupação nos
próximos dez anos. Além disso, adicione alguns chalés ao lado da
encosta que podem ser alugados, para que os hóspedes possam
esquiar pela porta e descer até o chalé principal.

Ele aponta para o topo do hotel. — Você viu isso? É um terraço


na cobertura com janelas panorâmicas do chão ao teto para
eventos. Será um ótimo lugar para casamentos e festas com vistas
deslumbrantes da montanha. Eu esperava terminá-lo antes do
casamento de Graham e Taeli, mas acho que não vai ser possível.
Eu até gostaria de ter nossa própria vila lá em cima com
restaurantes, bares e lojas de presentes. Durante os meses de
verão, poderíamos oferecer passeios a cavalo, caminhadas, trilhas
de bicicleta e cursos de alpinismo, apenas para ganhar o suficiente
para manter as coisas funcionando fora da temporada.

— A ideia é unir dois conceitos, o antigo e o novo. Honrando as


tradições de Appalachian e Balsam Ridge, mas permitindo o
conforto e o luxo de um resort de esqui cinco estrelas. Mantê-lo
longe o suficiente para não infringir a singularidade do vale, mas
perto o suficiente para ajudar a gerar estabilidade financeira para
os habitantes locais durante os meses de inverno, — explica ele.

— É certamente impressionante, mano. Qual é a data de


abertura esperada? — Pergunto.

Ele solta um suspiro. — Estou pensando para o ano que vem,


no final do outono. Demora uma eternidade para obter licenças
aprovadas e engenheiros aqui. Os teleféricos devem começar em
outubro e, com sorte, teremos o estacionamento nivelado e
pavimentado na primavera. Vou começar a contratar e treinar
pessoal no verão. Já recrutei alguns dos melhores instrutores de
esqui e snowboard do Colorado. Se as coisas correrem como
planejado e eu não ficar atolado com mais burocracia, estou
planejando uma grande inauguração em novembro. Acho que já
tenho um grande músico na bagagem para o evento.

Ele desliza os olhos para mim e sorri.

— Claro. Apenas deixe Pierce saber os detalhes, e eu estarei lá.

— Obrigado, mano. Você quer ir ver a terra agora? — Ele


pergunta.

Langford nos carrega em seu veículo com tração nas quatro


rodas e nos leva para a propriedade mais deslumbrante que já vi.
Ele nos estaciona em um pico de tirar o fôlego e saímos do veículo
para conferir a propriedade.

— Tenho um terreno de sessenta acres que estou disposto a


vender por um vírgula seis milhões, - e isso com o desconto
familiar. Planejei vendê-lo por um vírgula nove e nove com base na
última avaliação. É a maior parcela de terra ainda disponível para
propriedade privada em Balsam Ridge. Fica a quinze minutos do
vale e a cinco minutos da Blue Ridge Parkway. O terreno é
facilmente acessível a partir de três diferentes estradas mantidas
pelo estado. O limite norte da propriedade fica a apenas 1,6 km da
rodovia de quatro pistas para acesso rápido a Knoxville, Gatlinburg
ou Pigeon Forge. Tem mais de vinte acres de floresta madura e
prados de flores silvestres, oito quilômetros de excelentes riachos
de trutas com várias cascatas e uma cachoeira de quinze metros.
Há um ótimo local plano no topo da propriedade para construir
com vistas incríveis, a madeira é de ótima qualidade e altamente
comercializável se você não a usar, e por acaso você tem o melhor
vizinho imaginável, — explica ele.

— Onde fica sua casa daqui? — Eu pergunto.

Ele aponta para a direita. — Logo depois daquele cume.

Poderíamos abrir caminho entre nós.

Eu gosto dessa ideia.

Voltamos para o quadriciclo e paramos em um dos riachos.

— Este lugar lembra-me o local perto da represa no rio Coyote,


onde Pop costumava nos levar para pescar quando éramos
pequenos, — eu falo.

— Sim. Eu adorava aquelas pescarias nas manhãs de sábado.


Pelo menos até sermos adolescentes e preferirmos dormir do que
passar o tempo com nosso pai, — ele concorda.

— Sim, mas ele começou a nos dar um gole de cerveja e nos


fazer prometer que não contaríamos para a mamãe, e começamos
a levantar nossas bundas preguiçosas de novo, — eu o lembro.

Ficamos ali parados durante alguns minutos, apreciando a


vista.

— Então, o que você acha? Está interessado? — Ele pergunta.


— Eu acredito que estou e em mais do que apenas esta terra.
O que você acha de ter um sócio oculto na área de esqui? —
Pergunto.

Ele vira-se para mim. — Você está falando sério?

— Sim. Meu contador pediu para diversificar meus


investimentos e não consigo pensar em nada melhor do que
investir em meu próprio irmão e cidade natal.

Ele pondera por um momento.

— Um sócio oculto? — Ele esclarece.

— Completamente oculto, e se eu estiver a bordo, pode ser mais


fácil trazer outros investidores, e você pode reduzir esse plano de
dez anos para cinco, — digo.

— O que fez você querer investir em Balsam Ridge de repente?


Achei que nunca mais iria querer se estabelecer aqui novamente,
— ele pergunta.

Dou de ombros. — É algo em que venho pensando há algum


tempo. Estou pronto para criar raízes. Considerei comprar uma
propriedade privada em Nashville, mas honestamente, seria bom
ter um lugar onde eu pudesse relaxar depois das turnês e fugir da
agitação de Nashville e Los Angeles. Preciso ser capaz de desligar
e recarregar minhas baterias, e preciso ver mais mamãe e papai.
Eles não estão ficando mais jovens. Isso parece certo.

— Faz sentido, e eu sei que isso vai deixar a mamãe louca, —


ele concorda. — Vamos. Vou alimentá-lo para comemorar, e
podemos colocar nossos advogados trabalhando na papelada
amanhã. Você tem algum plano? — Ele pergunta.
— Vou aparecer na grande inauguração da Ansley, mas vou
ligar para o meu advogado e dar a ele suas informações de contato
para dar o pontapé inicial na manhã antes de ir para o café.

Ele ri. — Você está tentando mastigar aquele osso de novo,


hein?

— Não sei o que estou fazendo. Só sei que não consigo parar de
pensar nela desde que a encontrei de novo.

— Vá devagar, irmão. Ela é a queridinha da cidade. Você brinca


com ela e terá de lidar com uma multidão de machados, — avisa.

— Já lidei com coisa pior, — admito.

— Não há nada pior do que homens da montanha com armas,


— ele aponta.

É verdade.
Capítulo Dezessete

Ansley
Acordo às três da manhã. Estou muito ansiosa para dormir,
então desço as escadas e começo a revisar o inventário pela
centésima vez nos últimos dois dias. Varro o chão imaculado e
reorganizo as canecas e pires até o sol ameaçar nascer. Então,
corro e tomo um banho rápido, coloco minha roupa poderosa do
primeiro dia de trabalho e faço meu cabelo e maquiagem.

Minhas duas baristas, Janey e Deana, estão prontas, chegando


às seis, e mamãe e papai aparecem alguns momentos depois.

Mamãe coloca uma fita do lado de fora da porta da frente.


Insistindo que preciso de um corte de fita hoje.

Eu ando de um lado para o outro enquanto observo o relógio


na parede acima do menu do quadro-negro.

— Ansley, querida, você vai abrir um caminho em seu novo


piso, — diz mamãe enquanto acompanha meus passos.

— E se ninguém vier? — Eu pergunto.

— Não seja boba. Você provavelmente vai ter que os mandar


embora, — ela canta.
Sua segurança não faz nada para acalmar meus medos, e
continuo a me preocupar até que o relógio marca seis e meia.

— Ok, lá vamos nós, — eu digo enquanto faço meu caminho


para a porta.

Viro a placa de Fechado para Aberto e abro o ferrolho. Quando


saio, sou recebida por um rugido de aplausos. Formou-se uma fila
de pelo menos dois quarteirões de comprimento com pessoas à
espera que abríssemos.

Estou sem palavras enquanto absorvo tudo.

Papai pigarreia atrás de mim. Sendo pastor durante a maior


parte de sua vida, ele sabe como comandar uma multidão.

— Oi pessoal. Quero agradecer a todos por terem vindo à


inauguração da minha filha. Eu sei que é cedo e está frio aqui fora,
então não vamos deixar vocês esperando. Há uma lareira e café
quente lá dentro para acabar com o frio. Ansley, querida, corte esta
fita aqui, e eu farei uma rápida oração de bênção sobre o café.
Então, vocês podem entrar, — ele diz enquanto mamãe entrega
uma grande tesoura de cobre.

Com um nó na garganta e lágrimas nos olhos, corto a fita.

Uma alegria irrompe antes que todos inclinem suas cabeças


enquanto papai os conduz em uma breve oração.
Temos estado ocupados sem parar desde o momento em que
abrimos. Nenhum de nós pode fazer uma pausa antes das dez.
Mamãe e papai vão para casa depois da correria, e mando Janey e
Deana, uma de cada vez, para comer enquanto ajudo a outra a
segurar o forte. Se o tráfego continuar nesse ritmo, terei que
contratar ajuda adicional mais cedo ou mais tarde.

Todo mundo adora o café e os doces e elogia o lugar em si. Até


vendemos alguns livros, canecas, sacos de café e outras
mercadorias com o logotipo do Well-Bred Café.

A melhor parte é olhar para a vitrine e ver as pessoas reunidas


em frente ao fogo, conversando e rindo. Um adolescente está em
uma mesa de trás com seu laptop e seus fones de ouvido nos
ouvidos, trabalhando. Algumas pessoas estão espalhadas com
canecas na mão e livros no colo, enquanto outras examinam as
prateleiras.

Isso - isso - é o que eu sonhei que seria.

A sensação de euforia supera a exaustão que estou


experimentando no fundo dos meus ossos no momento.

A campainha acima da porta toca, e olho para cima para


encontrar Sara-Beth e Leona entrando.

— Oh, Ansley, este lugar é mágico, — elogia Sara-Beth.

— Obrigada, — respondo.

— Como está indo sua grande inauguração? — Leona pergunta.

— Tem sido uma loucura. Eu não sabia que tantas pessoas


viviam em Balsam Ridge, — brinco.
— Você é a nossa primeira cafeteria completa. Estou animada
para experimentar todos os lattes sofisticados. O que você sugere?
— Leona pergunta.

Aponto para o quadro-negro. — Temos tudo. Os cafés


artesanais são lattes à base de expresso, e também temos
macchiatos e cappuccinos. O pequeno tem uma dose, o médio
duas e o grande tem três doses incríveis e acelerará seu motor. A
placa explica a diferença de cada um. Você pode obtê-los com
sabor, com um pouco de açúcar e chantilly ou não. Então, temos
um café de gotejamento calmo, médio e ousado. Qualquer coisa
pode ser servida fria ou gelada. Nosso café com leite do dia é o
Beautiful Haze, que é um café com leite de avelã e açúcar mascavo,
— explico.

— Eu recomendo. Todo mundo adora, — intervém Deana.

— Parece delicioso. Vou querer um desses, — ordena Leona.

— E eu quero o Cinn-Ful Mocha, — Sara-Beth pede.

— Ótima escolha. Mais alguma coisa para vocês, senhoras? —


Eu pergunto.

— Hmm... passe uma fatia daquele pão de banana e nozes


também, — acrescenta Leona.

— Você gostaria disso aquecido? — Eu pergunto.

— Ora, sim, eu quero.

Anoto os seus pedidos e elas examinam as estantes enquanto


Deana e eu trabalhamos em suas guloseimas.

Assim que seus pedidos ficam prontos, elas pegam suas


canecas e se sentam nas banquetas em frente ao balcão.
— Então, como está Garrett, Sara-Beth? — Leona pergunta em
voz alta.

— Ele está bem. Forte e seguro, teimoso e inteligente, ele é


tantas coisas, mas está perdido. Ele veio ontem para o café da
manhã, e depois Langford o pegou para ver algumas terras que
pode estar comprando aqui em Balsam Ridge, — Sara-Beth
responde a ela.

Percebo que seus olhos disparam em minha direção.

— Isso é maravilhoso. Acho que significa que ele estará na


cidade com muito mais frequência, — Leona grita.

— Sim. Esse parece ser o plano.

— Tenho certeza que você está emocionada, — continua Leona.

— Eu estou feliz da vida.

Nesse momento, levo meu copo de água aos lábios.

— Sinceramente, acho que ele está pronto para se estabelecer


e começar uma família, — anuncia Sara-Beth.

E engasgo com o gole, cuspindo água na caixa registradora e


tossindo em rápida sucessão.

— Oh querida, você está bem? — Sara-Beth levanta-se e corre.

Envergonhada, rapidamente começo a limpar a bagunça.

— Estou bem. A água acabou de descer pelo canal errado, —


consigo dizer.

— Isso acontece comigo o tempo todo, — diz Leona.

Janey chega de seu intervalo enquanto termino de revistar o


equipamento.
— Com licença, por favor, — digo enquanto retiro-me para o
banheiro feminino.

Embora eu saiba que toda a conversa entre Sara-Beth e Leona


foi para meu benefício, ainda estou envergonhada por ter sido pega
espionando.

Por que Garrett iria querer comprar uma propriedade aqui? Não
faz sentido, e espero que seja apenas da boca para fora e não algo
que ele esteja considerando seriamente.

Eu olho no espelho.

Controle-se, Ansley.
Capítulo Dezoito

Garrett
Vou até o café da Ansley e esbarro com minha mãe e Leona.

— Garrett, — mamãe chama.

Eu me aproximo e dou um abraço nela.

— Ouvi dizer que você gostou da propriedade que Langford lhe


mostrou ontem, — ela diz.

— Eu gostei. É um bom lugar, — confirmo.

Ela sorri para mim. — Bem, é melhor irmos embora. Vamos ter
uma aula de cerâmica esta tarde. Você entra. Aproveite o seu café.
Recomendo o pão de banana, — diz ela antes das duas saírem em
direção ao estacionamento.

Entro no café e vejo Ansley atrás do balcão, limpando a


máquina de café expresso.

Quando ela olha para cima e me nota, franze a testa antes de


dar um sorriso doce.

— Oi. Bem-vindo ao Well-Bred. Posso preparar um café para


você? — Ela pergunta.
Vou até a caixa registradora e, sem dizer uma palavra, começo
a examinar o menu do quadro-negro atrás dela. Posso ouvir o bater
impaciente do pé dela nos ladrilhos.

— Vou tomar um Mocha mexicano médio com uma dose extra


de café expresso, — anuncio.

Ela anota o meu pedido e recebe meu pagamento.

— Já está chegando, — diz ela.

Ela vira-se e vai para trás do balcão da máquina de café


expresso.

Pego um dos cartões de visita com o número de telefone dela


do suporte no balcão e o coloco no bolso.

Ela vira-se com uma expressão triunfante no rosto. — Aqui


está. — E coloca uma caneca fumegante na minha frente.

— Obrigado, — eu retorno.

Tomo um gole e imediatamente cuspo.

— Desculpe. É muito picante para você? — Ela pergunta


inocentemente.

— Droga, isso colocou fogo na minha garganta, — engasgo.

— Ops. Devo ter sido um pouco pesado com a pimenta caiena.


Estou tentando pegar o jeito de fazer isso. Janey é muito melhor
do que eu. Farei com que ela refaça para você.

— Você é uma mulher má, muito má, — digo enquanto ela pega
a caneca e a joga na pia.
Ansley dá um passo para o lado, e uma mulher baixa de cabelo
ruivo, puxada para trás em um boné preto, começa a fazer meu
café.

Ando até um toca-discos antigo no balcão ao lado de uma caixa


de madeira cheia de discos.

— Discos? — Pergunto, enquanto começo a folhear as capas.

Ela dá de ombros. — Eu gosto deles. Há algo sobre o pop e os


cliques do vinil. Tenho uma jukebox encomendada. Eles estão
personalizando-a com o logotipo da loja. Pretendo preenchê-la com
discos antigos de jazz e rock 'n' roll clássico, — diz ela.

— Sim, vinil é meu meio favorito também. Estou feliz que está
voltando, — admito. Eu viro para olhar para ela e levanto uma
sobrancelha curiosa. — Espere, nenhum álbum country?

Ela balança a cabeça enquanto baixa os olhos e começa a


limpar a bancada imaculada.

— Não. Eu não gosto muito de country, — ela retruca.

— Desde quando? — Pergunto.

— Há muito tempo. Pessoas mudam. Os gostos mudam, — ela


responde sem olhar para trás.

A barista afasta-se da máquina de café expresso e entrega uma


caneca com um desenho de flor de lótus na espuma.

— Aqui está. Eu fiz isso extra especial. Espero que goste, — ela
diz enquanto pego o copo.

Sopro a borda e tomo um gole enquanto ela espera


pacientemente.
— Mmm, isso é muito especial, — digo a ela.

Seu rosto ilumina-se quando um sorriso largo e cheio de dentes


se espalha em sua boca, e suas bochechas ficam vermelhas.

— Temos outros clientes para atender. — A voz irritada de


Ansley interrompe o momento.

— Ah sim, claro. — A pequena ruiva corre de volta para a


máquina e começa a bater o próximo pedido.

Os olhos de Ansley estreitam-se em mim enquanto ela joga a


toalha na pia atrás do balcão. Ela descansa os cotovelos no
pinheiro lustroso e me encara. — Você se importa? — Ela
pergunta.

Eu me inclino em seu espaço e lambo meus lábios. — Importo-


me com o quê?

— Pare de distrair minhas funcionárias, Sr. Figurão. Tenho um


negócio para administrar aqui e temos muitos espaços abertos, —
diz ela enquanto passa os olhos pelo café para os assentos e mesas
vazios.

Coloco meu café na mesa e dou um passo para trás, segurando


minhas mãos para cima. — Tudo bem, vou apenas selecionar
minha música e ir para um canto escuro, — declaro.

Eu me concentro novamente na caixa de discos e começo a


vasculhar as opções quando vislumbro uma capa familiar.

Eu o pego dos outros e sorrio.

Limpando minha garganta alto, eu aceno no ar. — Bem, o que


temos aqui? — Pergunto.
Ansley termina de atender um cliente e olha para mim.

Vejo o momento em que ela registra o que estou me referindo.

— O que é isso? — Eu pergunto.

— Nada. Dê-me isso, — ela exige enquanto faz seu caminho até
mim e começa a pegar o disco.

— Oh, não, não é nada. Alguém é uma mentirosa e uma fã, —


provoco enquanto seguro meu álbum de estreia fora do alcance
dela.

— Alguém deve ter colocado isso lá, — ela insiste.

— Claro que sim.

— Tanto faz, — diz ela e sai pisando duro.

Tiro o disco da capa e o coloco no toca-discos.

A música começa, e canto junto na minha cabeça enquanto


faço meu caminho para uma das mesas aninhadas nas sombras.

Eu a observo enquanto ela atende os clientes. Posso ver a


exaustão em seus movimentos, mas ela cumprimenta cada pessoa
com um sorriso gentil e agradecido e continua. Também noto que
ela está murmurando junto com a música entre as interações.

Não é uma fã, minha bunda.

Enquanto a observo das sombras, a música na minha cabeça


transforma-se e começo a ver algo novo formando-se. Ela
desaparece na cozinha e eu pego uma caneta do copo ao lado da
caixa registradora e um punhado de guardanapos. Eu me acomodo
na mesa e começo a anotar a letra.
Dirigindo aquele velho Chevy surrado, rasgando as estradas do
interior.

Segurando-a com força e olhando para as estrelas.

Sonhando com os próximos anos.

A vida muda num piscar de olhos.

Das raízes de cidade pequena aos sonhos dos grandes palcos.

Eu deveria estar feliz, mas continuo olhando para trás.

Estávamos com os corações acelerados e as mãos suadas.

Agora, eu sou apenas um homem quebrado sem a minha rainha


da beleza do interior.

Antes que eu perceba, tenho a música inteira rabiscada em três


guardanapos. Eu bato a batida na mesa e cantarolo a melodia.

Eu gostaria de ter meu violão.

Perdido em meus pensamentos, ouço um pigarro. Olho para


cima para ver Ansley parada na minha frente com as mãos nos
quadris.

— Sim? — Pergunto.

— Estamos fechando, — diz ela.

Olho para o relógio por cima do ombro dela. São seis da tarde
e a luz do sol que entrava pelas janelas da frente desvaneceu-se no
crepúsculo.

Eu pisco para ela.

— Terra para Garrett, — ela canta.


— Sinto muito, Foxy. Acho que perdi a noção do tempo. — Pego
os guardanapos e os enfio no bolso da frente da minha calça jeans
enquanto levanto.

Eu a sigo de volta ao balcão, carregando minha caneca vazia, e


sento em um dos bancos.

— Está com fome? — Pergunto enquanto ela leva a caneca para


a pia.

— Faminta, — ela murmura.

— Eu também. Quer jantar? — Pergunto enquanto pego um


biscoito gelado de uma cesta no balcão e dou uma mordida. —
Mmm. Estes são fantásticos, —digo.

Ela vira-se e sorri para mim. — Obrigada. Vou avisar Shana.


Ela é a melhor padeira canina da cidade.

Eu cuspo a mordida que estava prestes a engolir.

— Desculpe? — Engasgo.

— Tudo bem. Eles são gratuitos para qualquer cachorro, — ela


brinca.

— Engraçado.

Ela dá de ombros. — Eu pensei assim.

— Sério, que tal jantar? — Pergunto novamente.

Ela olha ao redor da sala. Está vazio, exceto por nós, Janey, e
um casal terminando de tomar café em uma mesa perto da janela.

— Sinceramente, estou exausta e tenho que terminar de limpar


e deixar as coisas prontas para amanhã. Acho que vou subir,
devorar um sanduíche e tomar um longo banho quente.
Eu gemo com a imagem que aparece na minha cabeça.

— Eu poderia subir e fazer esse sanduíche para você, — sugiro.

Ela revira os olhos. — Eu consigo.

— Que tal amanhã à noite? Posso levá-la para jantar, então? —


Tento de novo.

Ela encara por alguns instantes e então sorri. — Eu te direi


uma coisa. Vou levar você para jantar amanhã. Encontre-me aqui
às sete.

Sua resposta surpreende, mas me intriga.

— Tudo bem, Foxy. Vejo você amanhã à noite às sete, — eu


digo e levanto para ir até a porta antes que ela mude de ideia.

— Vista algo bonito, — ela diz atrás de mim.

Olho para trás e ela acena.

O que você está fazendo, Foxy?

Seja o que for, eu estou no jogo.


Capítulo Dezenove

Ansley
— Isso ou isto?

Erin está sentada na minha cama, e mostro duas opções de


vestidos para ela escolher. Ela veio ao café esta tarde e eu disse a
ela que sairia com Garrett esta noite. Ela ficou animada e insistiu
em voltar e ajudar a me arrumar porque não confiava em mim para
causar a impressão certa.

— Eu gosto do preto, — diz ela.

Eu o seguro junto ao meu corpo e olho no espelho de corpo


inteiro. É um modelo decotado que abraça o corpo.

— Realmente? Não grita desespero? — Pergunto.

— Não, grita, sou uma mulher forte, confiante e sexy como o


inferno, e é melhor você tropeçar em si mesmo para me fazer feliz se
quiser um pedaço disso.

Eu torço meu nariz. — Um vestido pode dizer tudo isso? —


Pergunto.

— Oh, sim, — ela canta.


Seguro o outro vestido. É um vestido simples tipo suéter, cor
de camelo com gola redonda. Eu gosto dele.

— O que isso diz? — Eu pergunto.

Ela me olha da cabeça aos pés. — Diz que preciso estar em casa
às oito horas para alimentar meus gatos e colocá-los na cama.

Eu franzo a testa. — Não, não. É muito chique, — eu protesto.

— Bibliotecária chique, — ela corrige.

Jogo o suéter para o lado com um bufo.

Eu desisto. — Tudo bem, o vestido preto então.

Ela bate palmas enquanto coloco o vestido e meus saltos finos


e de tiras pretas.

Ela enrola meu cabelo e aplico uma maquiagem dramática.

Uma vez que estou pronta, ergo meus braços e giro. — O que
você acha? — Pergunto.

Ela sorri. — Eu acho que você vai ter Garrett Tuttle comendo
na palma da sua mão esta noite.

— Não sei se posso continuar com isso, — digo enquanto aliso


nervosamente a frente do vestido.

Ela aproxima-se e coloca as mãos nos meus ombros e me vira


de volta para o espelho. — Claro que você pode. Lembre-se, você é
quem está no controle. Você o está usando, conseguindo o que
quer, e será você quem o largará desta vez. Olhe para você. Garota,
você é tão gostosa que eu sairia com você se jogasse no outro time.

— Estou feliz que uma de nós tenha confiança em mim, — digo.


Ela encosta o queixo no meu ombro. — Não se preocupe. Eu te
seguro.

Quando estou pronta, descemos as escadas. Erin sai e eu ando


enquanto espero Garrett chegar.

Meu coração está acelerando. Eu me sinto como uma garota de


dezesseis anos, toda arrumada para o baile, esperando pelo meu
belo par.

Meu namorado bonito, arrogante, perigoso e sexy como o


inferno.

Espero que não tenha sido uma má ideia. Quero ser a garota
cheia de atitude e intimidadora, como Erin e Jena, mas
honestamente, eu sou muito o oposto. Quando se trata de
trabalho, transbordo autoconfiança, mas quando se trata de
assuntos do coração, sou uma bagunça. É por isso que raramente
namoro.

A noite de quinta-feira passada é um exemplo perfeito. Kevin e


eu fomos jantar e passei a noite inteira falando nervosamente
sobre a inauguração. Ele mal conseguiu dizer uma palavra.
Depois, ele me levou para casa, acompanhou até a porta, e quando
se inclinou para beijar, entrei em pânico. Virei a cabeça e seus
lábios pousaram na lateral do meu nariz. Fiquei tão envergonhada
que murmurei algo como um até logo, corri para dentro do meu
apartamento.
Observei da janela enquanto ele estava lá, tentando decidir se
deveria bater na porta ou não, enquanto eu silenciosamente
implorei para ele entrar no carro e ir embora. Finalmente, ele fez
exatamente isso. Eu nem tinha agradecido a ele pelo jantar.
Quando ele apareceu na inauguração na manhã seguinte para
tomar um café, evitei o assunto do nosso encontro desastroso e
mantive-me ocupada demais para ter uma conversa cara a cara
com ele. O que não foi muito difícil, já que eu estava muito ocupada
mesmo.

Covarde.

Agora, aqui estou eu, tentando fazer isso pela segunda vez esta
semana, e desta vez, é com Garrett Tuttle. O bastardo que quebrou
meu coração todos aqueles anos atrás.

Pressiono minhas mãos contra meu estômago. Talvez eu deva


cancelar isso. Essa seria a coisa mais sensata a fazer.

Pego meu telefone na bolsa para enviar uma mensagem para


ele, e então lembro que não tenho o número dele.

Penso em ligar para Sara-Beth para pedir, mas antes que eu


possa, há uma batida na porta.

Eu viro lentamente para ver Garrett parado no pátio.

Seu cabelo escuro está despenteado, como se ele tivesse


passado os dedos frustrado por ele. Ele costumava fazer isso
sempre que estava sobrecarregado. Eu adorava o jeito que parecia,
apontando para cima e para fora. De alguma forma, isso o tornava
ainda mais atraente. A alma torturada do bad boy de Balsam
Ridge.
Respiro fundo e solto o ar, dou a mim mesma uma rápida
conversa estimulante e abro a porta.

Ele está lá de jeans escuro com um par de mocassins de


camurça marrom e um cinto de couro marrom combinando. Sua
camisa de colarinho branco está para dentro, os primeiros botões
desabotoados, e ele usa um blazer marinho confortável. E ele
parece bem.

Em sua mão está um buquê de íris azuis e brancas.

As minhas favoritas. Ele lembrou.

Ele dá um sorriso diabólico enquanto me olha da cabeça aos


pés.

Um assobio longo e lento diz que ele aprova minha escolha de


vestido.

Então, ele inclina-se e dá um beijo na lateral do meu pescoço.

Ugh, o homem exala sensualidade por todos os poros.

Suspiro, desejando poder ignorar o efeito que tem sobre mim.


Odeio a maneira como meu batimento cardíaco acelera e a
vibração no meu estômago quando ele está perto.

Corpo estúpido, me traindo a cada passo.

— Você parece boa o suficiente para comer, — ele sussurra


contra a minha pele.

Ergo meu braço, mexo-o entre nós dois, e dou-lhe um


empurrão para criar algum espaço.

— São para mim? — Pergunto.

Ele estende as flores. — Elas são.


Eu as pego dele e volto para o balcão e pego uma jarra. Encho
com água e coloco o buquê dentro.

Então, viro para ele.

— É melhor irmos, ou vamos nos atrasar, — digo enquanto


corro de volta para a mesa perto da porta e pego minha bolsa e
lenço.

— Para onde exatamente estamos indo? — Ele pergunta


enquanto ajuda a colocar a seda sobre meus ombros expostos.

Eu olho para ele. — Você vai ver.


Capítulo Vinte

Garrett
Eu a levo para o estacionamento, mas em vez de parar no Land
Rover, ela continua indo para a calçada.

— Acho que estamos caminhando para o nosso destino, — eu


digo enquanto acompanho o passo dela.

— Está uma noite tão agradável e eu gosto de caminhar, — diz


ela.

— Eu lembro.

Ela desliza os olhos para mim. — Você se lembra de muito mais


coisas do que eu pensei.

— Por que eu não iria? — Pergunto.

Ela dá de ombros. — Não sei. Acho que presumi que sua mente
encharcada de uísque teria bloqueado os detalhes desta pequena
cidade e de mim agora.

Ai.

— Minha mente encharcada de uísque está completamente


intacta, — asseguro a ela.
— Se você diz.

— Não é como se eu fosse um alcoólatra, Ansley. Eu me divirto


de vez em quando, — digo a ela.

— Oh, eu ouvi. Perseguições policiais bêbadas, filhos ilegítimos


e todos os tipos de diversão.

— Em primeiro lugar, não tenho nem espero filhos. Essas


alegações são falsas e apenas para ganhar dinheiro. Fiz um teste
de paternidade para provar isso. E sim, conduzi embriagado. Isso
foi um erro único. Eu estava tentando fugir das câmeras e fiz uma
má escolha, — explico.

Ela me dá um olhar cético.

Levanto minha mão e faço um movimento cruzado sobre meu


coração.

— Juro. Essa é a verdade.

Ela sorri.

— Acho que ser famoso tem seus desafios, hein?

— Você não tem ideia, — confesso.

Nós caímos em um silêncio confortável, e eu ando o mais perto


possível dela sem assustá-la para bloquear o ar frio da noite.

Um carro patrulha de Balsam Ridge passa por nós, faz a volta


e volta a dirigir lentamente.

Ansley acena nervosamente quando percebe o carro. O policial


lá dentro não parece satisfeito quando ele dá a ela um breve aceno
de dois dedos em troca. Percorremos aproximadamente quatro
quarteirões e viramos à esquerda. Eu posso ver o prédio iluminado
à distância e ouço o som fraco da dance music.

— Onde estamos? A biblioteca? — Eu pergunto.

Ela acena com a cabeça enquanto pega o ritmo.

Eu a sigo até o estacionamento.

— Por que estamos na biblioteca? — Pergunto.

— Estamos aqui para a arrecadação de fundos. Eles estão


arrecadando dinheiro para o orçamento do próximo ano. Há
comida, dança, um leilão silencioso, e ouvi dizer que a atração
principal deste ano é uma estrela famosa da música country, —
ela diz enquanto pula em direção à entrada.

Eu paro e a olho enquanto ela sobe os degraus de tijolos até as


portas duplas de vidro.

— Isso não é um encontro, é? — Pergunto a ela.

Ela olha por cima do ombro. — Não. É um favor. Você me deve,


— afirma ela.

— Pelo que, exatamente? — Eu pergunto.

— Despedaçar o meu coração.

— Até quando vou pagar essa dívida? — Questiono.

— Até que não me machuque mais olhar para você, — ela diz
antes de abrir a porta e entrar.

Respiro fundo e a sigo. As aparições públicas são a ruína da


minha existência. Prefiro passar mil horas no estúdio ou no palco
do que ter que bater papo com fãs excessivamente emocionais e
sorrir para fotos por horas a fio. É a parte mais exaustiva, mas
necessária, das responsabilidades que acompanham a fama.

Não me interpretem mal; eu adoro meus fãs. É difícil ser


cutucado e incomodado pelos excessivamente agressivos - e
sempre há os excessivamente agressivos.

Damos exatamente dez passos quando um bando de


adolescentes nos vê e vem correndo.

— Oi. Você é Garrett Tuttle, não é? — Uma garota animada


pergunta.

— Sim, senhora, — respondo.

Eu olho por cima do ombro e pego Ansley sorrindo para mim.

— Você vai assinar minha capa de iPhone? — Outra garota


pergunta enquanto enfia um Sharpie na minha cara.

— Claro, — concordo com uma piscadela.

A pobre garota quase desmaia na hora. É realmente incrível. Se


não fosse pelo fato de eu cantar canções para viver, essas jovens
não olhariam duas vezes quando eu entrasse em um prédio, mas
em vez de ver o homem comum parado diante delas, elas veem a
personificação de todos os seus devaneios adolescentes. Eu
costumava comer essa atenção até ver o que era - uma fantasia.
Como um filme em ação. Elas não me adoram. Elas não me
conhecem. Elas adoram pensar em mim, e todos esses
pensamentos diferem. Em uma mente, eu sou um príncipe
encantado e arrojado, vindo para varrê-las de suas vidas
mundanas. Em outra, sou um garanhão que as guiará para a
feminilidade. Em outra, sou a porta para sua própria fama e
fortuna. Se conhecessem o verdadeiro homem por trás da música,
veriam um homem muito parecido com seus próprios pais e
irmãos. Um homem que gosta de pescar, de carros velhos, de
comer na mesa da mãe e de mexer em um violão velho e arranhado.
Nada para desmaiar.

Pego o marcador e rabisco minha assinatura no verso da


capinha do celular.

— Oh meu Deus. Eu te amo. Quero dizer, sua música. Eu amo


sua música e você, — ela grita.

— Obrigado, querida, — eu digo lentamente.

— Posso tirar uma selfie com você? — Ela pergunta.

— Eu também, — todas elas gritam.

Passo os próximos vinte minutos tirando fotos com elas


enquanto Ansley se perde na multidão.

Traidora.

Eu sinto um toque no meu ombro e viro para encontrar Corbin


sorrindo para mim.

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto.

— Sou o chefe dos bombeiros da cidade. Estou aqui para apoiar


a biblioteca. Além disso, Valley Fire and Rescue doou uma smart
TV de oitenta polegadas para o leilão silencioso. O que você está
fazendo aqui? — Ele pergunta.

— Estou em um encontro, — eu digo inexpressivo.

Ele levanta uma sobrancelha cética. — Um encontro? Com


quem?
— Ansley Humphries.

— Isso parece certo. Ansley consideraria essa festa romântica.


Ela adora livros, mas estou surpreso que ela queira estar aqui com
você, — ele reflete.

— Posso ser muito persuasivo quando quero, — digo a ele.

Mamãe nos encontra e é seguida por uma morena alta e esbelta


com feições aprimoradas, incluindo uma boca carnuda e
preenchida.

— Garrett, — a garota uiva e joga os braços em volta de mim.

Não retribuo o abraço.

— Susanna, é bom ver você, — cumprimento enquanto ela me


solta e envolve seu braço com o de Corbin.

— Ouvi dizer que você estava em casa. Espero que venha nos
ver enquanto estiver aqui. Reformamos toda a casa. Você tem que
ver, — ela murmura.

— Vou tentar, — digo a ela, sem a intenção de tentar.

Eu amo meu irmão, mas Susanna faz-me sentir mal.

— Vamos, querido. Há alguns itens que eu quero arrematar, —


ela ronrona no ouvido de Corbin.

Engasgo um pouco.

Os dois vão embora e eu fico com mamãe.

Ela observa enquanto eles retiram-se e balança a cabeça. — Eu


juro, mal a reconheço toda vez que a vejo. — Então, ela vira para
mim. — Quer girar sua mãe pela pista de dança? — Ela pede.
Eu a pego em meus braços e a levo para a pista de dança e faço
exatamente isso.

Passamos três músicas tentando ignorar o flash dos celulares


tirando fotos em nossa direção a cada cinco segundos. Quando a
música diminui, vemos Ansley nos braços de Pop, e mamãe nos
guia até eles.

— Se importa se eu interromper? — Ela pergunta a Ansley.

Ansley educadamente agradece a meu pai pela dança e dá um


passo para trás. Pop pega mamãe nos braços e a puxa para perto,
e eles se afastam.

Estendo minha mão para Ansley, e ela a pega. Eu dou-lhe um


giro antes de puxá-la e colocá-la apertada contra o meu corpo.

Nós nos movemos com a música, e eu canto a doce letra em


seu cabelo.

Posso sentir a tensão deixando seu corpo enquanto deslizamos


em círculos.

Deus, ela fica bem em meus braços.

— Isso me lembra da última vez que nos arrumamos para ir a


um baile, — eu penso.

— Baile de formatura, — ela sussurra.

— Você está linda. Todo cara aqui está com ciúmes de mim
agora, — sussurrei em seu ouvido enquanto nos balançamos ao som
da música.

— São as meninas que têm ciúmes, — ela discordou.


Pressiono um beijo logo abaixo de sua orelha e um arrepio
percorre seu corpo.

— Eu senti isso, — eu disse contra sua pele.

Ela recostou-se e sorriu para mim.

— Não olhe para mim desse jeito ou eu vou a tirar daqui antes
mesmo que eles anunciem o rei e a rainha, — avisei.

— Vamos, — ela sugeriu.

Eu balancei minha cabeça.

— Ah, não, vamos aproveitar cada segundo disso, — insisti.

Tenho tomado cuidado para garantir que faremos todas as


coisas este ano: jogos de futebol, comícios, baile, semana do espírito
e até coordenei nossa pegadinha do último ano, que consistia em
mim e cerca de uma dúzia de outros meninos do último ano
roubando galinhas das fazendas de nossas famílias. Entramos
furtivamente na escola no sábado à noite e soltamos trinta galinhas
em diferentes partes do campus. Todos nós chegamos na segunda
de manhã e vimos os professores e o diretor Evans perseguindo
galinhas pelos corredores. Foi histérico e confuso.

Ela morde o lábio inferior. Sorri e inclino para mordê-lo com os


dentes.

— Sem fazer beicinho. Não estaremos aqui no ano que vem para
o seu baile de formatura e não quero que você perca, — expliquei.

— Ainda não consigo acreditar que no mês que vem estaremos


em Nashville, — ela refletiu.

Eu coloquei minha testa contra a dela.


— Tem certeza que quer vir comigo?

Eu perguntava a ela pelo menos uma vez por dia.

— Tenho a certeza absoluta. Onde quer que você vá, eu vou.


Sempre, — ela me assegurou..

Quem diria que sempre teria vida tão curta.

Quando a música termina, a banda anuncia que falta uma hora


para os lances dos itens do leilão.

Quando o vocalista principal me vê na plateia, ele me chama.


— Nosso filho nativo e o artista mais quente de Nashville, Garrett
Tuttle, está em casa esta noite. Talvez, se falarmos muito alto,
possamos convencê-lo a subir e tocar uma música para nós, — ele
anuncia para a multidão.

Eu aceno para ele. — Nah, eu só estou aqui para dançar e ouvir


a banda. Esta é a sua noite, — respondo.

— Vamos. Apenas uma música. Façam barulho, pessoal, e


ajudem a colocar a estrela da nossa cidade natal no palco hoje à
noite, — ele encoraja.

Todos os presentes, incluindo Ansley, começam a gritar e


concordar.

— Estou em um encontro. Não estou aqui para cantar. Eu nem


tenho meu violão comigo, — digo.

— Acho que podemos desenterrar um para você, e aposto que


um mini show gratuito de Garrett Tuttle ajudaria a afrouxar
algumas carteiras esta noite. Certo, pessoal? — Ele continua.
A multidão grita: — Sim, — e não tenho escolha a não ser dar
a eles o que eles querem.

Olho para Ansley enquanto faço meu caminho para o palco, e


ela sorri para mim.

Não há nada que eu não faria quando ela sorri para mim assim.

Subo ao palco, pego um violão que me foi entregue e dirijo-me


ao público. — Tudo bem, todos vocês prometeram começar a
preencher cheques para a biblioteca, então eu farei a minha parte
e vocês a sua.

Passo a palheta pelas cordas do violão e toco os primeiros


acordes do meu single de sucesso “Wild and Free.” A plateia
explode de entusiasmo quando os outros membros da banda
seguem minha liderança na introdução.

Eu toco quatro das minhas músicas mais populares para a


multidão entusiástica antes de fazer uma reverência e devolver o
microfone para a banda.

É emocionante estar no palco novamente. Até mesmo um


pequeno palco em uma biblioteca municipal em Balsam Ridge.

Ansley sorri e bate palmas enquanto faço meu caminho de volta


para ela.

— Isso foi incrível. Obrigada, — diz ela.

Eu envolvo um braço em volta da cintura dela e a puxo para


mim. — Qualquer coisa por você, Foxy.

Ouço um ruído de garganta atrás de mim e viro para encontrar-


me cara a cara com o pastor Humphries. Ele está acompanhado
de um casal e segura a mão de um menino pequenino e pálido.
— Garrett, gostaria de apresentá-lo a Theodore King. Ele é um
grande fã e realmente queria conhecê-lo, — diz o pastor
Humphries.

Eu olho para o menino e sorrio. Ele parece frágil. Seus olhos


estão manchados por baixo com um roxo escuro e seus braços são
terrivelmente magros.

Eu me curvo até o nível dele. — Olá, Theodore. Prazer em


conhecê-lo.

— Você pode me chamar de Theo, — diz ele.

— Theo, — repito.

Eu trago meus olhos para o casal.

— Somos os pais de Theo. Sou Jesse, e esta é minha esposa,


Lacey. É um prazer conhecê-lo, — diz o homem enquanto estende
a mão.

Eu pego e nós apertamos.

— Ok, Theo, você já o conheceu. Temos que ir agora, — diz


Lacey ao filho.

Theo franze a testa.

— Por que você está saindo tão cedo? Acabamos de nos


conhecer, — eu digo.

— Theo e eu temos um voo saindo de Knoxville pela manhã, —


ela explica.

— Eu tenho que ir para o hospital, — Theo interrompe.

— Você está bem? Você está se sentindo mal? — Eu pergunto.


— Ele tem um tumor cerebral agressivo. Estamos indo para o
St. Jude Children's Research Hospital em Memphis para
tratamento.

Eu olho de volta para Theo. — É um ótimo lugar. Conheço


alguns dos médicos, e eles são os melhores. Tenho certeza que eles
vão consertar você em pouco tempo, amigo, — eu digo a ele.

— Mamãe diz que Deus treinou todos os médicos pessoalmente,


— diz ele.

— Eu acredito que ele treinou, — concordo. — Antes de sair,


posso tirar uma foto com você? — Pergunto a Theo.

Ele sorri e acena com a cabeça. Eu me abaixo e o pego em meus


braços, e seu pai tira algumas fotos.

— Você gosta de música country, hein? — Pergunto enquanto


seu pai se afasta.

Ele concorda.

— Você é meu favorito. Eu ouço sua música quando estou


fazendo tratamento.

Um caroço se forma na minha garganta.

Sua mãe estende a mão para ele e eu levanto minha mão antes
de pegar meu próprio telefone no bolso de trás e entregá-lo a
Ansley.

— Eu preciso de uma também, — digo, e ela pega meu telefone


e tira algumas para mim.

Eu o coloco de pé.
— Quando você se sentir melhor, passarei para vê-lo e levarei
alguns dos meus produtos autografados e uma cópia do meu novo
CD.

— Realmente? Boa!

Ele olha para sua mãe e, com lágrimas nos olhos, ela pega sua
mão.

— Obrigado novamente por conversar conosco, — diz Jesse


antes de levar sua família embora.

O pastor Humphries me dá um sorriso de boca fechada e vai


embora.

— Um tumor cerebral? Quantos anos tem ele? — Pergunto a


Ansley quando eles estão fora do alcance da voz.

— Ele tem sete anos. É terminal, mas estamos todos rezando


por um milagre, e St. Jude é sua última esperança. Ele e Lacey
provavelmente estarão lá até o final do ano. É difícil para Jesse
ficar longe deles. Ele nem sabe se amanhã será a última vez que
verá seu filhinho vivo.

Seus olhos cheios de lágrimas.

— Ele não vai com eles? — Eu pergunto.

Ela balança a cabeça. — Ele não pode. Ele já perdeu muito


trabalho. Ele é dono de uma empresa de paisagismo e ele e seu pai
administram uma fazenda de árvores de Natal que está
preparando-se para as festas de fim de ano, e ele precisa do
trabalho. St. Jude não cobra, mas eles já estão enterrados sob
tantas dívidas médicas de seus tratamentos anteriores, e eles têm
dois filhos mais velhos em casa. É de partir o coração.
— Então, ele vai perder o Dia de Ação de Graças e o Natal com
seu filho doente. Alguém que pode nunca chegar em casa? —
Pergunto.

— Sim, é horrível. Mas Theo é um soldado. Ele tem sido tão


corajoso.

As lágrimas escorrem por suas bochechas e em seu queixo.

— Não devia ser assim. Um homem não deveria ter que escolher
entre sustentar sua família e estar presente quando alguém está
doente e precisa dele ao seu lado. Tem que haver algo que possa
ser feito, — eu digo.

Ela esfrega o rosto. — Eu sei. Nós simplesmente não


conseguimos descobrir o que fazer. Alguns dos homens da cidade
ofereceram-se para trabalhar em seus contratos de jardinagem,
então ele pode ir, mas isso é apenas uma solução temporária. É
apenas triste.

A banda anuncia que o leilão silencioso está fechando em dez


minutos.

— Vamos, Foxy. Vamos gastar um pouco do meu dinheiro, —


eu digo.

— Vá em frente. Preciso me misturar por alguns minutos, —


diz ela, antes de afastar-se e cumprimentar um casal sentado a
uma mesa encostada na parede oposta.

Enquanto ando examinando os itens do leilão, paro no cartão


de café vitalício da Well-Bred. O lance mais alto é de duzentos
dólares.

Pego a caneta fornecida e adiciono minha soma à lista.


Uma garganta limpa ao meu lado e viro para ver o pastor
Humphries olhando para o pedaço de papel.

— É uma quantia exorbitante de dinheiro para um café de


graça, filho, — ele reflete.

— É para as crianças e a biblioteca; além disso, não chega nem


perto de uma compensação suficiente por ser saudado pelo lindo
rosto de Ansley todas as manhãs por toda a vida.

Ele concorda.

— Concordo.

Olho por cima do ombro para vê-la conversando com o policial


Kevin e franzo a testa.

Seu olhar segue o meu.

— Ele é um bom homem. Todos na cidade o respeitam. Ele seria


um excelente par para minha filha, — ele diz, então ele traz seus
olhos de volta para mim. — Se o coração dela já não pertencesse a
outra pessoa, — ele continua.

Ele acha que ela ainda pode me amar?

— Eu não vim aqui querendo atrapalhar a vida dela. Pensei que


ela estaria feliz agora e que nosso amor fosse apenas uma memória
desbotada, mas no minuto em que coloquei meus olhos nela, tudo
voltou como um raio. Tenho certeza de que não é isso que você
queria ouvir, senhor, mas não é algo que eu possa lutar, —
confesso.

Ele suspira.
— Você pode não acreditar nisso, mas nunca tive problemas
com você, Garrett. Eu tive um problema com vocês dois sendo
muito jovens para tomar decisões adultas. Nenhum de vocês
estava pronto. Vocês precisavam de tempo para crescer em seus
próprios objetivos e sonhos.

— Nós poderíamos ter crescido juntos, — eu digo.

Ele balança a cabeça.

— Talvez. Talvez não. Mas você teria sido arrastado para o


turbilhão de tocar em bares e correr atrás de contratos de gravação
e ela estaria esperando que voltasse para casa e tivesse tempo para
ela. Ela teria abandonado o ensino médio, perdida e sozinha a
maior parte do tempo. Ela merecia mais do que isso, — explica ele.

— Você não pode saber disso. Eu a amava. Eu não a teria


tratado dessa maneira. — Ele me dá um olhar de soslaio.

— Não acredite em tudo que você vê na televisão ou na internet.


Eu cometi erros, mas não sou o homem que eles retratam que eu
sou, — insisto.

— Eu sei. Sua mãe e eu somos amigos íntimos. Ela me mantém


a par do que é verdadeiro e do que é exagerado. Você e eu sabemos
que as partes verdadeiras não são boas, mas eu coloco-me diante
de uma congregação todos os domingos e falo sobre o fato de que
o perdão e a redenção estão disponíveis para todas as pessoas. Isso
inclui você. Também me inclui. Não sou perfeito, mas sou o pai
dela. Eu tinha a responsabilidade de guiá-la e protegê-la como bem
entendesse, até que ela estivesse madura o suficiente para
proteger-se. Ela tinha dezessete anos. Um dia, quando tiver uma
filha, você entenderá esse instinto. Eu fiz a coisa certa? Acredito
que sim. Não estou arrependido. Mas ela é uma jovem inteligente
e atenciosa agora e não é mais meu trabalho protegê-la de suas
decisões. É meu trabalho amá-la e apoiá-la, não importa o que
aconteça.

— E se ela decidir que me quer?

— Então a mãe dela e eu iremos recebê-lo em nossa família de


braços abertos, e espero que você seja o homem que ela merece.

— Isso é uma tarefa difícil, — admito.

Ele aperta meu ombro.

— Com certeza é.

A mãe de Ansley aproxima-se. — Tudo bem por aqui? — Ela


pergunta. Ele sorri para ela.

— Com certeza, meu amor. Garrett e eu estávamos nos


atualizando. — Ela olha entre nós nervosamente.

— E?

— Nós estamos bem. Você não acha que estamos bem, filho? —
Ele pergunta.

— Sim senhor. Acho que estamos.

Ela dá um sorriso aliviado.

— Oh maravilhoso. Agora, se você não se importa, vou roubar


meu marido e convencê-lo a dar lances em alguns itens que estou
de olho, — diz ela.

— Claro que sim, minha querida. Vamos gastar algum dinheiro.

Ele oferece a ela o cotovelo e ela envolve o braço no dele. Eles


desaparecem na multidão.
Capítulo Vinte e Um

Ansley
Havia algo tão doce e desarmante na maneira gentil que Garrett
tratou o garotinho, Theo. É um grande contraste com sua
reputação de playboy bêbado. E eu juro, um vislumbre do menino
romântico e terno que ele era na nossa juventude brilhou naquele
momento.

Há aquela traiçoeira ternura por ele vibrando dentro de mim


novamente. Eu me forço a desviar o olhar enquanto ele vai de item
em item do leilão, escrevendo seus lances em alguns, e ainda assim
não faz nada para conter a mistura enrolada de atração e respeito
reacendido que tenho por ele.

Recomponha-se, Ansley.

Maldito seja o homem por mexer com meu coração há muito


adormecido. Ignoro aquele pequeno zumbido de desejo que está
pulsando sob a superfície da minha pele e retiro-me para a mesa
de refrescos para tomar um copo de ponche, quando sinto um
toque no meu ombro e viro para ver Kevin parado atrás de mim.

— Oi, — eu digo.
— Oi, você.

— Eu não sabia que você estaria aqui esta noite, — digo.

— Eu me ofereci, lembra? — Ele diz, e fico instantaneamente


envergonhada.

— Isso mesmo, você me disse isso. Eu tenho estado tão


ocupada, e minha mente está confusa neste momento, — reflito.

— Então, você e Garrett Tuttle? — Ele pergunta.

— Não. Na verdade. Quero dizer, nós nos reunimos esta noite,


mas não é o que parece, — eu gaguejo.

— O que é isso exatamente?

— Complicado, — respondo.

— Complicado, — ele repete.

A conversa desajeitada me fez querer rastejar para debaixo da


mesa do buffet, e estou realmente aliviada quando Garrett vem até
nós.

— Lance em algo bom? — Eu falo.

— Algumas coisas. Uma em particular, espero vencer, — diz


ele.

Ele olha de mim para Kevin e então estende a mão.

— Oi, — diz Garrett.

— Desculpe. Estou sendo rude. Garrett, este é Kevin Crispen.


Kevin, este é Garrett Tuttle, — eu os apresento.

— Sim, nós nos conhecemos há muito tempo, — Kevin diz


enquanto aperta a mão de Garrett.
— Nos conhecemos? Desculpe. Eu conheço tantas pessoas; é
difícil colocar nomes em rostos, — responde Garrett.

— Tenho certeza que é.

Eles se encaram por alguns momentos, e então Kevin vira-se


para mim.

— É melhor eu voltar para fora. Estou no estacionamento esta


noite. Vou parar no café para vê-la ainda esta semana. A propósito,
você está linda.

— Obrigada. Vejo você mais tarde.

Ele se afasta e Garrett ri.

— O que? — Eu pergunto.

— Deixo você sozinha por um minuto e os tubarões começam


a circular.

Reviro os olhos porque o único tubarão à vista é ele.

— Quer outro? — Ele pergunta apontando para o meu copo


vazio.

— Sim, por favor.

Ele pega o copo e sai para pegar mais um e eu corro para o


santuário do lado do meu pai. Ele está parado em silêncio contra
a parede oposta enquanto minha mãe conversa com um dos
paroquianos da igreja.

Ele envolve um braço em volta dos meus ombros. — O evento


parece ser um sucesso, — ele me diz.

— Espero que sim. Eles cortaram ainda mais o financiamento


este ano, e a biblioteca precisa de cada dólar que conseguir.
Ele concorda. — Sara-Beth me disse que você e Garrett
chegaram juntos.

Posso ouvir a desaprovação em sua voz.

— Sim, eu meio que o enganei para vir. Achei que se alguém


pudesse ajudar a arrecadar mais dinheiro, esse alguém seria ele.

— Tenha cuidado, querida, — ele começa, mas eu o interrompo.

— Não se preocupe, papai. Não tenho nenhuma intenção de


enredar meu coração com Garrett Tuttle novamente, — asseguro
a ele.

Ele não parece convencido, mas muda de assunto quando


mamãe se junta a nós quando eles começam a anunciar os
vencedores do leilão.

— Ainda não consigo acreditar que você deu tanto no lance no


meu cartão de café vitalício, — digo enquanto Garrett e eu
voltamos do evento de arrecadação de fundos.

Ele deu um lance de vinte e cinco mil dólares por um cartão


que nem estará na cidade para usar com tanta frequência.

— Eu acho que se eu for um membro de carteirinha do seu


clube do café, então você tem que ser legal comigo quando eu
entrar no café de agora em diante, — ele afirma.
— Não. Os termos do cartão são: você ganha uma bebida e um
bolo por dia. Não faz promessas de serviço com um sorriso, —
provoco.

Ele ri.

Quando dobramos a esquina, passando pela prefeitura, ele


para no meio do caminho.

— O que estamos fazendo?

Ele pega minha mão e puxa-me para a calçada que leva até a
porta, e então para na frente da impressão na calçada. A cidade
refez a frente do corredor quando estávamos no colégio e, uma
noite, depois de uma fogueira, nos esgueiramos para o cimento
molhado e nos sentamos, deixando uma marca permanente de
nossas costas.

— Essas são as nossas bundas. Para sempre cimentados um


ao lado do outro na prefeitura. Se isso não diz destino, não sei o
que diz, — ele me diz.

— Diz idiotas, é o que diz, — discordo.

— Essa foi uma noite divertida. Admita.

Eu dou de ombros.

— Éramos jovens e selvagens.

— Ainda somos jovens, — digo enquanto seguimos para a


Market Square. — E um de nós ainda é selvagem, mas sério,
obrigada por ser um bom esportista esta noite. Eu sei que não era
exatamente o encontro que você tinha em mente, mas a biblioteca
significa muito para a comunidade, e leilões beneficentes à parte,
sua mera presença ajudou a arrecadar uma quantia enorme de
dinheiro esta noite.

— Foi um prazer. Eu amo esta cidade tanto quanto qualquer


um. Além disso, há uma coisa que você pode fazer para mostrar
sua gratidão, — ele diz enquanto nos aproximamos da frente do
café.

Eu estreito meus olhos para ele.

Ele levanta as mãos no ar. — Tire sua mente da sarjeta, Srta.


Humphries. Eu só quero um novo encontro. Você me deve muito,
— ele propõe.

Eu pego minha chave da minha bolsa e destranco a porta.


Então, viro para ele.

Em um minuto, estou prestes a respondê-lo e, no seguinte, ele


me pressiona contra a porta.

— Garrett, — eu aviso.

Ele traz seu rosto para o meu e circula meu nariz com o dele.
— Sim?

— Eu tenho que ir para dentro, — sussurro.

— Eu sei.

Ele não se mexe um centímetro quando coloca sua testa contra


a minha. Suas mãos se movem das minhas costas e deslizam pelos
meus quadris.

— Eu já te disse o quão incrível você fica neste vestido? — Ele


pergunta.

Balanço minha cabeça.


— Eu juro, não pensei que você pudesse ser mais bonita do que
era na escola, mas estava errado. Você é uma mulher
deslumbrante, Ansley.

Posso sentir meu batimento cardíaco começar a acelerar, e o


nó no meu estômago aumenta.

Quando ele se inclina para me beijar, não me afasto, como fiz


com Kevin. Prendo a respiração até que seus lábios tocam os meus
e me derreto em seus braços.

Esse beijo é diferente daquele que compartilhamos no meu


armário na outra noite. Este é suave, doce e de alguma forma
muito mais assustador do que o apaixonado. Uma de suas mãos
vem para acariciar minha bochecha, e eu largo minha bolsa no
chão e agarro as laterais de seu blazer.

Garrett afasta-se e ainda segurando meu rosto, dá um beijo no


meu nariz e um passo para trás.

— Amanhã? — Ele pergunta novamente.

— Ok, — respondo sem pensar, minha mente ainda girando


com o beijo.

Ele sorri. Então, abaixa-se e pega minha bolsa e a entrega para


mim.

— Agora, entre antes que eu tire esse vestidinho sexy e destrua


você, — ele ordena.

— Tudo bem, — digo novamente, apertando minha bolsa contra


o peito. Agarro a maçaneta da porta, abro a porta e deslizo para
dentro.
Eu viro o ferrolho enquanto ele observa. Quando ele ouve o
clique da fechadura, acena e então sai andando até seu Land
Rover.

Eu tiro meus saltos e subo as escadas para o meu apartamento


com as pernas trêmulas.

Pego meu telefone para ver várias chamadas perdidas de Erin.

Discando o número dela e apertando o viva-voz, jogo o telefone


na cama e tiro meu vestido.

— Como foi? — Ela responde sonolenta.

— Terrível, — eu choramingo.

— O que aconteceu? — Ela diz, mais alerta.

— Acho que estou com problemas, Erin.

— Você dormiu com ele? — Ela pergunta.

— Não!

— Então, você está bem. Conte-me tudo, — diz ela.

— Tivemos uma boa noite. Achei que ele ficaria chateado por
eu tê-lo arrastado para o evento, mas ele foi encantador e gentil
com as pessoas de lá. Ele tirou um zilhão de fotos, deu um show
improvisado e doou uma quantia insana de dinheiro.

— O idiota, — ela brinca.

— Essa é a questão. Ele não foi um idiota. Eu precisava que ele


fosse um idiota. Não sei se posso fazer isso de novo.

— Se você não quer, não precisa, — ela diz.

— Já combinei outro encontro amanhã, — confesso.


Ela ri.

— Não é engraçado.

— Garota, estou ao telefone com você no meio da noite,


reclamando porque Garrett Tuttle quer sair com você de novo. É
histérico pra caralho.

Ugh, ela não ajuda. Eu deveria ter chamado Taeli.

— Olha, pense nisso esta noite, e se você ainda achar que é


uma má ideia pela manhã, apenas ligue para ele e cancele, — ela
sugere.

Naquele momento, recebo uma notificação de um texto


recebido.

— Espere um segundo, — digo a Erin.

Eu clico na mensagem.

Espero que tenha bons sonhos, Foxy. Eu sei que vou depois
daquele beijo. Xoxo, G.

Como ele conseguiu meu número?

Eu não respondo. Apenas clico de volta para Erin.

— Eu tenho que ir. Obrigada por ouvir, — digo.

— A qualquer momento. E Ansley?

— Sim?

— Bons sonhos, — ela diz antes que a linha caia.

Oh, eu espero que eles sejam.


Capítulo Vinte e Dois

Garrett
Sou acordado pela música das montanhas. Parece um bando
de coiotes perseguindo um lince. Os guinchos dos gatos são de
arrepiar. As raposas também podem fazer sons estranhos. Perto
do riacho, são principalmente sapos cantando suas canções de
acasalamento com corujas juntando-se a eles. Gosto de ouvir a
vida selvagem desde que esteja seguro dentro de casa, mas já faz
um tempo. Eu não percebi que tinha perdido até agora.

Tento desligar tudo e voltar a dormir, mas assim que fecho


meus olhos, visões de Ansley naquele vestido enchem minha
mente.

É inútil.

Eu rolo e pego meu telefone. São duas da manhã. O que um


homem faz quando não consegue dormir? Este homem pega os
guardanapos amassados do café, seu violão e um caderno.

Vou até a janela que dá para a água e começo a refinar a letra


e a transferi-la para o caderno. Dedilho a melodia e começo a
cantar o refrão.
É bom. Melhor do que qualquer coisa que escrevi em meses.

Você encontrou sua musa novamente.

É a coisa mais estranha. Todas as músicas do meu álbum de


estreia foram inspiradas por Miss Ansley Humphries. Esse disco
simplesmente brotou de mim como uma fonte sem fim. Os três que
lancei desde então eram muito mais difíceis e muito mais corajosos
do que o primeiro. Tive que lutar para colocar a escrita na página
e até gravei algumas músicas de outros compositores. Não estou
reclamando, pois todas tiveram sucesso, mas algo estava diferente.
Faltava a ligação que sinto com a música e com o público quando
apresento as músicas do primeiro álbum.

Começo a anotar a letra de uma segunda música.

Eu serei seu esconderijo.

Um refúgio quando você está em um espaço confuso.

Quando o sol nasce, eu terminei duas novas canções.

Envio uma mensagem de texto para Pierce com a notícia, e meu


telefone toca imediatamente.

— Ei, eu não tinha certeza se você estava na Costa Leste ou


Oeste, — eu cumprimento.

— Costa Leste hoje.

— Algum progresso com a gravadora? — Pergunto.

— Ainda é um jogo de esperar para ver neste momento, mas ir


até eles com duas novas músicas para o álbum, irá percorrer um
longo caminho. Aaron está fazendo sua mágica com a imprensa.
Seus advogados chegaram a um acordo com o cara que você bateu
e estão trabalhando para que a acusação de condução sob o efeito
do álcool seja reduzida para condução imprudente. Esse pode ser
difícil, embora, com todas as evidências. O bom é que é sua
primeira infração. O juiz pode ter piedade de você.

— É minha última infração também, — asseguro a ele.

— Em uma nota mais brilhante, reservei você para abrir para


Jake Bryant no Make-a-Wish Foundation Concert no Garden em
novembro.

— Estou sendo rebaixado? — Pergunto.

— Não, você está tendo uma segunda chance, seu idiota.

— Eu não sou um show de abertura, Pierce.

— Você é um homem em uma jornada de perdão, e começa com


se humilhar e fazer isso pelas crianças. Você sabe quanto feedback
positivo receberá trabalhando com a Make-A-Wish Foundation?
Você deveria ser grato.

Eu suspiro.

Ele está certo.

— Obrigado, cara. Você tem razão. É sobre as crianças e não


meu ego. Eu farei o concerto.

— Eu sei que você vai. Agora, continue fazendo o que está


fazendo. Mantenha o nariz limpo e continue escrevendo, e eu o
manterei informado sobre todo o resto.
Eu me visto, envio uma mensagem para meus irmãos e vou
para a casa dos meus pais. A conversa com Pierce me deu uma
ideia e quero passá-la para todos eles.

Não consigo parar de pensar no pequeno Theo e na situação


em que sua doença colocou sua família. Um homem não deveria
ter que escolher entre estar lá para a luta médica de seu filho e ser
capaz de manter sua família à tona financeiramente. Tem que
haver algo que possamos fazer para ajudar. Algo que eu possa fazer
para ajudar.

Sei que poderia cobrir as contas médicas, mas quero fazer


mais.

Sento com meus pais e irmãos e faço minha proposta.

— E se fizéssemos uma festa de beneficente em nome deles?


Poderíamos ter um dia no recinto do festival com vendedores,
comida e jogos. Poderíamos cobrar uma pequena taxa de entrada
que iria para a família. Os vendedores poderiam pagar por sua
vaga, e isso poderia ir para a família. Então, poderíamos terminar
a noite com um concerto. Eu poderia trazer minha banda de
Nashville e fazer um show completo. Todos os lucros vão para a
família. Além disso, adicionaria uma doação pessoal. Os
comerciantes da cidade podem ajudar, se quiserem. O objetivo é
cobrir as contas médicas que eles já acumularam e colocar
dinheiro suficiente no banco para que Jesse possa juntar-se a eles
em Memphis e passar as férias com seu filho sem se preocupar.

Mamãe olha para Pop assim que termino.

— Bem, acho que é uma ideia maravilhosa, — diz ela.


— Eu também, — Pop concorda.

— Há apenas um problema. O palco e o sistema elétrico do


recinto do festival estão sendo reformados. Já derrubamos a
plataforma existente. O projeto não está programado para ser
concluído até o final do ano, — Graham nos informa.

Merda.

— Existe outro local próximo que possa ser usado? — Eu


pergunto.

— Que tal no chalé de esqui? — Mamãe pergunta a Langford.

Ele balança a cabeça. — Mesmo que eu pudesse preparar um


espaço, não há estacionamento viável lá em cima.

— Além disso, eu precisaria de um equipamento de som


adequado para um show, — digo a eles.

— E quanto a Nashville ou Knoxville? — Weston pergunta.

— Seria melhor se pudéssemos fazer isso aqui, onde eles


moram e onde as pessoas os conhecem. — Olho para Graham. —
Existe alguma maneira de termos o palco e a estrutura nas
próximas duas semanas? — Pergunto.

Ele se inclina para trás e solta um suspiro. — Meus caras estão


lotados de trabalho. Eu poderia contratar alguns tripulantes
extras, mas duas semanas? Nem sei se a matéria-prima chegaria
tão rápido.

— Você poderia usar o que eu tenho no alojamento, — Langford


oferece.

— Realmente? — Graham pergunta.


— Claro. Tenho certeza de que tudo o que você precisa está lá
em cima. Atrasar um projeto ou dois não vai ser um grande
problema para mim.

Todos os nossos olhos vão para Graham.

— Vocês cinco estão dispostos a ajudar? — Ele pergunta.

— Seis, — Pop interrompe.

Eu olho em volta para meus irmãos, e todos eles acenam com


a cabeça.

— Tudo bem, podemos tentar. Vamos começar na segunda-


feira de manhã, — ele concorda.

— E eu vou reunir as senhoras. Faremos a divulgação pela


cidade, mandaremos fazer panfletos e venderemos os ingressos no
escritório. Ah, e podemos fazer uma venda de bolos e uma rifa, —
mamãe acrescenta.

Pop estende a mão e aperta meu pescoço. É sua maneira de


dizer que está orgulhoso.

Mamãe se levanta.

— Vocês estão a fim de lasanha para o jantar? — Ela pergunta.

Ela sabe que sua lasanha é a minha favorita.

— Eu não posso esta noite, mãe. Eu tenho um encontro, — eu


a informo.

— Um encontro? Com quem? — Morris pergunta.

— Ansley.

Ele ri. — Continuando de onde você parou, irmão?


— De onde paramos, não estávamos nos falando, — eu o
informo.

— Oh, certo. Agora, ela está xingando, — ele diz.

— Sim. Melhoras.

— É melhor você usar seu talento, — ele sugere.

Isso não é uma má ideia.


Capítulo Vinte e Três

Ansley
Mando uma mensagem para Garrett e pergunto o que faremos
para o jantar esta noite. Quero ter certeza de que estarei vestida
apropriadamente. Tudo o que ele me diz é para usar camadas de
roupas.

Camadas de Roupas?

Eu envio uma mensagem de novo, pedindo um pouco mais de


detalhes, e ele ignora.

Então, decido vestir a coisa menos atraente do meu armário.


Um par de jeans rasgados e uma camisa de botão de flanela bem
gasta. Deixo o cabelo solto e abro mão da maquiagem para um look
mais natural. Um pouco de hidratante e brilho labial colorido, e é
isso.

Dou uma olhada no espelho e me parabenizo. Nada diz que se


dane como flanela.

Quando vejo faróis iluminando as janelas da frente do meu


apartamento, corro para encontrá-lo. Abro a porta e ele olha de
cima a baixo e sorri.
— Perfeita, — diz ele.

Eu franzo a testa. — Onde estamos indo? A barraca de


cachorro-quente? — Pergunto.

Não que eu me importe. Eu amo um bom cachorro-quente.

Ele ri. — Não exatamente. Apenas confie em mim.

Ele estende a mão, e olho para ela por um longo momento antes
de desistir e colocar a minha nela.

Tranco a porta e ele me leva até seu Land Rover.

Dirigimos em silêncio passando pela cidade e até as margens


do rio, onde há várias docas para barcos. Ele para ao lado de uma
na extrema direita e estaciona.

— Eu não vou nadar nua com você, Garrett Tuttle, — digo


enquanto ele abre a porta do passageiro para eu sair.

— Por mais tentador que seja, tenho outra coisa em mente.

Ele me leva a um barco na água chamado Foxy.

— Isto é seu? — Pergunto.

— É. Tenho um quarto lá em cima. — Ele aponta para a


estrutura suspensa acima do cais. — Eu alugo o espaço de Weston.

Ele sobe no barco e estende a mão para mim. Deixo que ele me
pegue e me coloque a bordo. Há uma cesta de piquenique e uma
toalha de mesa no banco.

— Você não fez isso, — suspiro.

Minha mente viaja de volta para quando éramos adolescentes.


Em nosso primeiro encontro, ele pegou emprestado o barco de
pesca de seu avô e preparou uma cesta cheia de sanduíches de
presunto e queijo, batatas fritas e picles. Passamos o dia inteiro
navegando pelo rio.

— Achei que aqui seria um pouco mais tranquilo e privado do


que um restaurante, — confessa.

Vou até a cesta e a levanto. Presunto e queijo.

— Eu não posso acreditar que você se lembrou, — murmuro.

Ele vem atrás de mim e envolve um braço em volta de mim. —


Eu me lembro de tudo, — sussurra.

Sem saber o que dizer, me afasto e sento no banco.

— Esta é uma lancha, não um barco de pesca. Você não acha


que vai estar frio na água? — Pergunto.

— Daí a razão pela qual eu disse para usar camadas de roupas.


Além disso, tenho como nos aquecer.

Ele abre um armário sob o banco no lado oposto do barco e


puxa alguns cobertores grossos e quentes.

Eu cedo.

— Ok, capitão, levante as âncoras.

Ele envolve um dos cobertores em volta dos meus ombros.


Tomando o assento do motorista, ele vira a chave e o motor do
barco ruge para a vida.
Navegamos por cerca de uma hora antes de ele desligar o motor
e juntar-se a mim. Espalhando o outro cobertor no chão do barco,
ele abre a cesta e tira os sanduíches, batatas fritas e picles.

Deslizo ao lado dele com as costas contra o banco. Ele abre um


refrigerador embutido ao lado do assento do capitão e tira uma
garrafa de vinho branco, pega o par de copos de plástico
transparente da cesta e serve um copo para cada um de nós.

— Extravagante, — brinco.

— Achei que nossa refeição original merecia um upgrade, —


explica ele.

Comemos nossa refeição simples em um silêncio confortável. É


uma noite fria, mas clara. A lua cheia paira sobre nossas cabeças,
enorme e brilhante no céu noturno pontilhado de estrelas
cintilantes.

— Adoro poder ver as estrelas. Você nem sempre consegue isso


em Los Angeles, — ele murmura.

— Vovó costumava dizer que as estrelas eram buracos no chão


do céu, para que pudéssemos ver um vislumbre das ruas de ouro
brilhando, — digo a ele.

— Eu gosto disso.

— Eu também.

Eu suspiro. — E agora? — Pergunto.

Ele enche nossos copos.

— Eu só quero sentar aqui um momento com minhas


memórias, — diz ele.
— Memórias de? — Pergunto.

— Esse lugar. Você, — ele responde.

— Engraçado, eu tento bloquear isso, — digo.

Ele vira para mim, e o olhar de angústia é tão cru e genuíno


que não consigo evitar. Coloco uma mão gentil em seu braço. Em
um segundo, estou oferecendo a ele um pequeno gesto de bondade
e, no próximo, estou em seus braços, e ele está me segurando com
força contra seu peito arfante. Cada terminação nervosa do meu
corpo ganha vida com o contato, e o pânico começa a crescer em
minha mente nublada pela emoção.

Ele traz sua testa para descansar contra a minha, mas não se
move para me beijar. Apenas me segura contra ele, e finalmente
relaxo contra ele e permito que extraia todo o conforto que puder
de nosso abraço físico.

— Obrigado, Foxy, — ele sussurra.

Tento manter o tremor em meus membros sob controle


enquanto sua respiração varre minha bochecha. Com medo de que
o movimento estrague o momento e um pouco de paz que posso
proporcionar a ele.

— Pelo que? — Eu pergunto.

— Por ter vindo esta noite. Eu sei que isso vem um pouco tarde
demais, mas sinto muito por tudo, — ele engasga.

Seus olhos observam os meus, e o olhar suave, compassivo e


genuíno de desejo neles me hipnotiza e, inexplicavelmente, quero
absorvê-lo.

O que realmente me irrita pra caralho.


— Tudo. Isso é específico, — brinco.

— Você precisa de detalhes? Porque posso listá-los para você.

Balanço minha cabeça.

Não estou pronta para desenterrar o passado porque não estou


pronta para perdoá-lo. Estou com raiva há tanto tempo que tenho
medo de deixar a raiva passar. É tudo que me resta dele.

Até agora.

Ele está aqui neste barco comigo. Nós dois.

As palavras de Erin ecoam em minha mente. — Vire o jogo


contra ele. Entre em um relacionamento físico não emocional com o
homem enquanto ele estiver em casa. Envolva-o em seu dedo
mindinho. Faça-o cair com tanta força que ele não consiga enxergar
direito e depois deixe-o em um motel no meio da noite.

Seja corajosa, Ansley.

Reunindo coragem, subo em seu colo e envolvo meus braços


em seu pescoço. Eu paro, sem saber o que fazer, com medo de me
mexer. Os nervos correm pela minha espinha enquanto espero que
ele diga alguma coisa, mas ele não diz.

De repente, estou cheia de incerteza e, quando estou prestes a


recuar e me afastar dele, ele enfia os dedos no meu cabelo e sua
boca captura a minha em um beijo selvagem.

Assim que seus lábios tocam os meus, o calor queima dentro


de mim como um incêndio na encosta da montanha. Retribuo o
beijo, despejando nele tudo o que sinto, minha raiva, a dor que ele
me causou e até mesmo o amor que ainda carrego por ele.
O desejo urgente que vibra através de mim neste instante é tão
forte que preenche todos os cantos do meu corpo.

Isso é certo. Desde o momento em que me virei e o vi sentado


na mesa do restaurante, uma parte de mim sabia que acabaríamos
aqui, nos braços um do outro. Eu tentei tanto lutar contra isso,
mas era inevitável. Somos inevitáveis.

Envolvo meus braços com mais força ao redor dele, absorvendo


a sensação de minhas curvas suaves contra seu peito duro e o
contraste do ar frio da noite girando em torno de nós e o calor de
seu corpo embaixo de mim.

— Sinto muito por ter sido tão idiota, Foxy. Eu estava


assustado. É uma desculpa lamentável para o que eu fiz, — ele
murmura contra a minha boca.

— Medo de quê? — Pergunto.

— Você. O futuro. Tudo. Eu era um covarde.

Ele toma minha boca novamente. Então, espalha beijos na


minha garganta.

— Eu quero você tão malditamente, — ele diz asperamente.

Eu gemo quando sua língua atinge minha clavícula.

— Eu quero você mais do que eu já quis qualquer coisa na


minha vida.

— Não sou nada especial, Garrett. Eu sou apenas eu, —


sussurro.
Ele se inclina para trás e pega meu rosto em suas mãos. — É
como dizer que um leão da montanha é apenas um gatinho
comum. Você, Ansley Humphries, é extraordinária.

Antes que eu possa responder, ele toma minha boca


novamente, em um beijo mais profundo e possessivo, e todos os
pensamentos coerentes voam para fora da minha cabeça.

Ele me segura e vai me abaixando devagar até o chão do barco,


e toda a frustração que eu enterrei dentro de mim nos últimos
quinze anos vem borbulhando à tona. Faz tanto tempo desde que
fui beijada e segurada assim. Muito, muito tempo.

O gosto dele, seu cheiro, a sensação de seus músculos


esticados nas costas enquanto deslizo minhas mãos sob sua
camisa. Está tudo perfeito. Ele é perfeito.

Estou sendo boba. Apenas me deixando levar pelo romance de


tudo isso. O balanço do barco na água, o luar e a recriação de
nossa primeira noite juntos. Nostalgia - isso é tudo.

A noite é perfeita, não ele.

Sua mão vem entre nós, e ele começa a desabotoar a frente da


minha camisa de flanela.

Ugh, eu gostaria de ter vestido algo mais sexy - não que ele
pareça se importar, a julgar por sua respiração profunda quando
minha camisa se abre, expondo meu sutiã de algodão. Seus olhos
famintos devoram minha pele suada. Em vez de ficar
envergonhada, sinto-me feminina e desejável quando seus olhos
escurecem quando o tecido cai em meus braços. Ele levanta um
dedo e desliza a fina alça branca de um dos meus ombros.
— Você é linda. A coisa mais linda que eu já vi, — ele profere.

Estremeço quando o ar frio passa sobre meu peito nu, e então


um suspiro irregular escapa quando sua boca quente encontra
meu mamilo tenso enquanto uma mão áspera acaricia a outra
sobre o tecido do meu sutiã.

— Garrett, — gemo seu nome enquanto emaranho meus dedos


em seu cabelo e arqueio em sua boca enquanto ele me prova e
provoca.

Seus olhos encontram os meus quando ele libera meu mamilo,


e levanto meu corpo para que ele possa estender a mão por trás e
tirar meu sutiã.

Ele geme baixo em sua garganta enquanto meus seios incham


em suas mãos, e tudo dentro de mim aperta.

Minhas mãos percorrem suas costas enquanto sua boca


provoca meu corpo.

Oh Deus. É como se eu estivesse esperando todo esse tempo


que ele voltasse para Balsam Ridge e descongelasse meu coração.

Levanto sua camisa e ele a tira pela cabeça.

Droga.

Quero explorar cada centímetro de seus músculos poderosos e


pele macia.

Alguns momentos depois, não há mais barreiras entre nós.


Apenas pele nua roçando pele nua. Ele me beija, e uma
necessidade inquieta começa a queimar por dentro, ameaçando
explodir quando ele chega entre nossos corpos e encontra meu
núcleo dolorido.
Eu suspiro enquanto me movo contra seus dedos.

Ele observa enquanto monto em sua mão. Meu corpo treme em


antecipação.

Envolvo meus braços ao redor de seu pescoço e o seguro com


força enquanto uma tempestade de sensações percorre minha
espinha.

Ele me beija forte, e isso é tudo o que preciso para gozar.

Solto um grito agudo e, antes que o último tremor delicioso


desapareça, ele tem uma camisinha na mão. Ele a abre com os
dentes, coloca-a e me penetra com um movimento rápido de seus
quadris.

Meus músculos há muito não utilizados o cercam, e ele geme


quando eles se esticam e apertam para acomodar sua dureza.

— Você é tão apertada, — ele geme.

— Desculpe.

Ele ri contra o meu pescoço. — Isso não foi uma reclamação, —


ele diz asperamente.

Ele traz sua boca para a minha e beija-me com urgência,


possessivamente enquanto levanto meus quadris para encontrar
os dele.

Com as mãos me segurando, ele empurra cada vez mais fundo.


Sinto a tensão crescendo novamente e sei que estou perto.

Ele sussurra meu nome, e isso é tudo o que preciso para meu
corpo soltar-se e meu segundo clímax disparar através de mim.
Ele congela em cima de mim, seus músculos tensos, e com um
grito estrangulado, junta-se a mim em seu próprio orgasmo.
Capítulo Vinte e Quatro

Ansley
Finalmente saio do meu sono tranquilo, desorientada. Meus
olhos captam a visão embaçada de um ventilador de teto
desconhecido, suas pás girando em torno de uma base. Um ruído
rangente ecoa pelo ar a cada rotação. Eu gemo enquanto estico
minhas pernas e costas. A luz que entra por uma enorme janela
me faz cobrir meus olhos com uma mão enquanto rolo para o lado
e encosto contra um corpo quente e duro.

Oh Deus, o que eu fiz?

Eu me afasto rápido, trazendo o lençol comigo. Garrett está


deitado ao meu lado e abre um olho.

— Que horas são? — Pergunto enquanto procuro minhas


roupas.

— Cedo, — ele geme.

— Levanta. Eu tenho que ir para o café, — grito.

— Relaxe, Foxy, — ele murmura.

— Relaxe? Relaxe?! Eu não posso relaxar. Tenho que começar


a trabalhar. Onde estão minhas roupas?
Eu me ajoelho, ainda agarrada ao lençol, e começo a engatinhar
em direção ao fundo da cama quando ele passa o braço em volta
da minha cintura me puxando de volta para os travesseiros. Ele
me vira de costas e rasteja em cima de mim, peito a peito.

— Deixe-me ir, — grito.

— Calma, Ansley. É segunda-feira de manhã, — ele diz contra


o meu cabelo.

Segunda-feira. Merda. O café está fechado aos domingos e


segundas-feiras.

Respiro aliviada, mas o pânico não diminui.

— Certo, segunda-feira, — repito.

O pânico é substituído pela mortificação quando as memórias


da noite passada voltam à minha mente.

Eu fiz sexo com Garrett. Em um barco.

Depois, ele nos trouxe de volta ao cais. Eu estava tão saciada e


exausta que não protestei quando ele me levantou e carregou-me
até seu sótão.

Droga, onde estão minhas roupas?

— Calma, Foxy, — ele sussurra contra meus lábios.

Tento me concentrar no peso dele e acalmar meu coração


acelerado.

— Você está bem? — Ele pergunta.

Eu concordo.

Seus olhos caem na minha boca, e antes que eu possa


protestar, ele me beija. Suavemente. Docemente.
Minhas pernas involuntariamente caem para os lados,
permitindo que seu corpo repouse contra mim com apenas o lençol
fino entre nós. Eu gemo quando sua ereção matinal pressiona
minha coxa.

Ele solta minha boca e seus lábios continuam no meu pescoço.


Sua língua explora o topo dos meus seios, que estão expostos
acima da bainha do lençol que ainda seguro com força. Ele enfia o
dedo no lençol e consegue puxá-lo até a minha cintura. Um
formigamento delicioso percorre minha espinha enquanto ele suga
meu mamilo entre os dentes.

Deus, isso é tão bom.

Eu ronrono meu encorajamento enquanto luto para manter o


controle.

Controle das minhas emoções. Controle da situação.

Ele levanta a cabeça com o som e sua boca encontra a minha


novamente. O beijo é profundo e lento, e começo a arranhar o
tecido que ainda nos separa. Necessidade desesperada pulsando
dentro de mim.

— Eu quero sentir você, — suspiro.

Mas ele continua a me acariciar lentamente.

— Garrett, — gemo seu nome enquanto arqueio para ele.

— Tão carente, — diz ele em meu ouvido antes de beliscar meu


lóbulo.

Ele desliza as mãos para baixo e levanta o tronco, para poder


puxar o lençol.
Uma vez que ele me descobriu completamente, começa a beijar
meu corpo em um ritmo lento e enlouquecedor. Acariciando e
beijando cada centímetro exposto de carne até que eu seja uma
bagunça frenética e trêmula.

Quando alcança minhas coxas, ele as pressiona ainda mais.


Ele me encontra molhada e pronta para ele e passa a ponta do
dedo em mim e, em seguida, leva-o aos lábios.

Desejo ondula através de mim enquanto o observo sugá-lo em


sua boca.

— Você tem um gosto bom, — ele ronrona.

Finalmente, ele me abre com os dedos e inclina a cabeça, sua


língua começa a atormentar minha carne quente.

Gemo seu nome assim que sua boca me toca, e quando ele
morde meu clitóris com os dentes, meus quadris saltam em seu
aperto.

Cada terminação nervosa do meu corpo inflama-se, e o prazer


se contorce e dá nós dentro de mim quando ele insere um dedo e
começa a enrolá-lo, atingindo o ponto certo.

Ele toma seu tempo, usando sua boca, língua e mãos para
levar-me a um frenesi de sensações.

— Oh meu Deus, — ofego enquanto ele diminui a pressão assim


que meu prazer está prestes a atingir o pico.

Afundo meus dedos em seu cabelo e o seguro onde preciso dele.


Levanto meus quadris para encontrar sua língua até que eu esteja
tremendo e contorcendo embaixo dele.
Ele traz seus olhos para os meus e pisca, e então adiciona outro
dedo e o torce deliciosamente, levando-me ao ponto certo. Eu
suspiro seu nome enquanto um intenso orgasmo dispara através
de mim.

Enquanto fico deitada, recuperando o fôlego e tentando me


recuperar do momento de êxtase, ele levanta da cama e caminha
até a cadeira com sua calça jeans.

Meus olhos deleitam-se com ele. A largura de seu peito e


ombros, emparelhados com os músculos abdominais rígidos, os
quadris magros e as coxas poderosas. É uma visão da qual nunca
vou me cansar.

Ele volta para a cama com uma camisinha. Observo enquanto


ele desliza para baixo em seu eixo duro. Então, ele me cobre. Sua
pele quente e suada na minha.

— Pronta para o orgasmo número dois? — Ele pergunta.

— Uau, você é muito arrogante, — provoco.

Com um sorriso perverso, ele levanta os quadris e empurra


dentro de mim. Preenchendo-me completamente.

— Sim, bem ali, — consigo suspirar.

Ele estende a mão para trás e engancha uma das minhas


pernas, trazendo-a sobre seu quadril para que possa mover-se
mais fundo, mais rápido dentro de mim. Minha cabeça cai para
trás contra o travesseiro enquanto cravo minhas unhas na cama.

Ele inclina a cabeça para beijar meu pescoço exposto, e a


sensação de seu beijo suave em contraste com seu ritmo acelerado
é eufórica.
Sua respiração começa a ficar ofegante e curta enquanto minha
perna se fecha firmemente em torno de sua cintura.

— Droga, você é gostosa pra caralho, Foxy, — ele resmunga


enquanto meus músculos contraem-se e apertam em torno dele.

Ele agarra meus quadris enquanto se levanta e empurra com


mais força.

Deslizo minhas mãos por seus lados, roçando-o com minhas


unhas antes de cavar nas curvas de sua bunda e segurar. Ele
começa a fazer aqueles ruídos roucos e guturais que me fazem
saber que ele está perto de perder o controle.

Eu mesma estou tão perto e desesperada por gozar quando ele


desliza uma mão entre nós, acariciando no ponto certo antes de
dar um pequeno beliscão. Isso resolve. Meu corpo começa a ter
convulsões enquanto grito roucamente seu nome.

Ele cede, e seu prazer apertado e enrolado explode em mim. Ele


traz sua boca para a minha quando seu clímax o domina.

Ficamos deitados assim por alguns minutos, meu corpo preso


embaixo dele, enquanto acaricio suas costas para cima e para
baixo.

Posso sentir as lágrimas no fundo dos meus olhos ameaçando


derramar, mas as seguro.

Merda. Estou em apuros.


Capítulo Vinte e Cinco

Garrett
Depois de recuperar as roupas de Ansley, que deixei no barco
durante a noite, nos vestimos e seguimos para a cidade.

Ela está quieta no caminho, e a deixo ter seu espaço para


processar o que aconteceu entre nós.

Eu sei que ela não quer me querer. Pude ver a indecisão em seu
rosto antes que ela se rendesse à inegável faísca entre nós.

Não era justo para mim pegá-la desprevenida com minha


lamentável desculpa para um pedido de desculpas. Eu devo a ela
a verdade. Toda a verdade sobre o que aconteceu tantos anos
atrás. Só não quero machucá-la mais do que já fiz.

Olho para ela. Seus pés estão no painel e seu queixo está
apoiado nos joelhos. Ela está perdida em pensamentos.

Estendo a mão e seguro sua mão, e seus olhos vêm para mim.

— O que você quer para o café da manhã? Um lanche?

O pânico aumenta em sua expressão.

— Não estou com fome, — diz ela.


— Bem, estou morrendo de fome, e a alimentarei antes de levá-
la para casa, — declaro.

Seus olhos se estreitam. — Eu não sou sua refém, Garrett, —


ela estala.

— Não, você é uma mulher com quem passei uma linda noite e
manhã, e quero alimentá-la.

— Foi só sexo. Você já teve muito, então não precisa ficar


sentimental, — ela sussurra.

Apenas sexo?

— Você tem razão. Eu tive toneladas de sexo. Ótimo sexo. Na


verdade, eu tive uma noite na parte de trás de um ônibus de
turismo com três garotas, e tudo que eu tive que fazer foi ficar lá,
e elas fizeram todo o trabalho, — respondo.

— Você é nojento, — ela grita.

Eu puxo para o lado da estrada, paro o Rover, estaciono e viro


para ela. Ela deixa cair os pés no chão e olha para mim.

— Mas nada disso - nada disso, Ansley - jamais foi capaz de


tirar a lembrança de você da minha cabeça, — confesso. Minha voz
soa frustrada e um pouco cansada.

Seus comentários me deixaram nervoso. Engraçado como o


artista arrogante, egocêntrico e legal pode mudar tão
dramaticamente por causa de uma simples verdade.

Tenho o súbito desejo de estender a mão para ela, mas cerro


meus dedos em um punho, sabendo que ela não apreciaria meu
toque. Não no momento.
Ela abre a boca para responder e depois a fecha novamente.
Em seus olhos, posso ver a confusão.

— Se isso é verdade, por que você não voltou antes? — Ela


pergunta.

— É complicado, — digo.

Ela balança a cabeça. — Não, é simples. Você sabia exatamente


o que queria, e não era mais eu. Eram as hordas de groupies. As
garotas festeiras que estavam dispostas a fazer o que você
quisesse. Era a modelo com o corpo perfeito e o rosto perfeito, —
ela grita.

Odeio que ela acredite nessa bobagem. Que ela, por um


momento, pensa que qualquer uma daquelas mulheres se
compara a ela.

Eu fiz isso. Eu sou a razão dela ser tão insegura.

— Ansley, — eu começo.

— Leve-me para casa, Garrett, por favor, — ela implora.

— Ok.

Volto para a estrada e dirijo até a Market Square. Ela pula para
fora da porta do passageiro antes mesmo de eu parar o veículo
completamente, e ela corre para a porta.

Eu a deixo ir.

Fui estúpido ao pensar que uma década de mágoa poderia ser


curada por uma grande noite.

Eu tenho algum trabalho a fazer.


Paro na casa dos meus pais para encontrar Pop sentado na
varanda da frente, consertando uma motosserra, ao lado ele tem
uma lata de óleo.

Eu me junto a ele, sentando na cadeira de balanço de frente


para ele.

— Você parece um inferno, filho. Recebeu más notícias do seu


pessoal? — Ele pergunta.

Balanço minha cabeça. — Não, nada disso. É apenas um


problema com garotas.

Ele ri. — Ah, esse é o melhor tipo.

— Não desta vez, pai.

Ele para o que está fazendo e deixa a máquina de lado. Ele


enxuga as mãos em uma toalha velha apoiada no assento ao lado
e me dá toda a sua atenção. — O que está acontecendo?

— Eu sou uma bagunça, e não gosto disso. Na maioria das


vezes, estou apenas entorpecido. Não sinto nada, então quando
um relacionamento fica difícil, eu o interrompo e sigo em frente.

Ele concorda. — O que você quer sentir, filho?

— Aquele formigamento, — digo.

— Formigamento?

— Sim, aquela sensação que você tem quando alguém que te


ama está pensando em você. Sente saudades de você. Como se
houvesse uma conexão invisível que ligasse vocês dois, não
importa o quão longe um do outro esteja. Uma corda que você pode
puxar e saber que eles estão do outro lado.

— Uau, isso é realmente...

— Patético, — termino para ele.

— Eu ia dizer romântico. Você deveria colocar em uma de suas


músicas.

Eu rio. — Talvez eu vá.

— Isso é sobre Ansley, não é? — Ele pergunta.

— Sim.

Ele concorda. — Eu estava me perguntando quando você


finalmente voltaria para ela. Que bom que decidiu fazer isso antes
que alguém a prendesse.

— Não fique muito animado. Ela me odeia, — digo a ele.

— Não, ela não odeia. Ela simplesmente odeia a fama e como


isso mudou você.

— Mudou? — Eu pergunto.

— Filho, você passou os últimos dez anos desempenhando um


papel. A merda que vejo sobre você na televisão, não é quem você
é.

— Você acha que os fãs querem ver o meu verdadeiro eu, Pop?
Eles querem o playboy country. Eles querem o bad boy bebedor de
uísque que finjo ser, — digo a ele.

Ele concorda. — O problema com tudo isso é que acho que você
não está mais fingindo. Acho que você caiu no poço e está no
fundo, — ele supõe.
Talvez eu seja.

— É o que se espera de mim e tem funcionado até agora. Já


consegui tudo o que sempre quis.

— Você já?

— A maior parte, sim.

— Mas você está feliz? — Ele pergunta.

— Tenho sucesso, — respondo.

— Você está confuso, filho. Sucesso não é a chave para a


felicidade. A felicidade é a chave para o sucesso. Não há maior
valor na vida do que uma casa tranquila. Voltar para casa com
uma mulher e uma família que fazem você sentir-se um sucesso,
não importa o que aconteça. E não qualquer mulher, mas a mulher
certa. Ela é difícil de encontrar, então se você a tem, é melhor
segurar firme porque todo o dinheiro e fama do mundo não podem
comprar esse tipo de contentamento.

— Estou percebendo isso e tentando mostrar a ela o meu


verdadeiro eu. O homem que quero ser de novo, — confesso.

— Isso vai exigir comer muita torta humilde, — diz ele.

O carro da mamãe para na garagem e ela se junta a nós na


varanda.

— Oi, mãe, — eu cumprimento.

— Oi. O que vocês dois estão fazendo? — Ela pergunta.

— Só estou aqui, em busca de conselhos.

— Sobre o que?

— Ansley, — diz Pop.


— E o que você disse a ele?

— Que se desculpe.

— Pedi desculpas a ela. Ela não aceitou bem, embora.

Ele ergue as sobrancelhas. — Você finalmente confessou?

— Não exatamente. Eu apenas disse a ela que sentia muito por


tê-la machucado.

— Isso não é bom o suficiente. Você tem que falar com ela, filho,
— diz ele.

— Não sei o que dizer, pai.

— A única coisa que você pode. A verdade. Conte a ela o que


aconteceu naquela época.

— Que bem isso faria agora? — Pergunto.

— Muita coisa, de onde estou sentado. Você estragou tudo.


Você tem que assumir isso, Garrett. Faz parte de ser homem. Ela
acha que você a jogou fora. É muita dor para viver todos esses
anos. Ela precisa saber que não foi esse o caso.

— É mais complicado do que isso.

— Não, não é. Apenas diga as palavras e admita. Para ela, para


o mundo e, principalmente, para você, — aconselha.

— Claro. Oi, Ansley. Eu era um covarde que deixou seu pai nos
separar, e eu nunca voltei para você. Tenho certeza de que ela vai
pular direto para os meus braços.

— É honesto.

— Eu não quero perdê-la novamente, Pop.


— Não pode perder algo que não é seu.

Isso é verdade.

— Quando você esgotar todos os seus recursos, filho, talvez


deva tentar colocar a situação nas mãos de Deus. Se alguém pode
resolver isso, é Ele.

Mamãe hesita e os olhos de Pop deslizam para ela.

— O que?

— Assim que ele esgotar todos os seus recursos?! Você deveria


ter colocado nas mãos de Deus para começar. É por isso que está
em uma confusão agora. Tentando lidar com as coisas sozinho.

— Mãe, faz muito tempo que não estou exatamente do lado bom
da graça. Tenho certeza que o pastor Humphries orou por mim
diretamente das mãos de Deus décadas atrás.

— Absurdo. O pastor Humphries é um bom homem que faz a


obra do Senhor. Você pode não ter sido a pessoa favorita dele,
fugindo com sua filhinha do jeito que fez, mas tenho certeza que
quando ele fala com Deus sobre você, é com um coração amoroso
e misericordioso.

Pop e eu trocamos olhares conhecedores. Não há chance de que


o homem tenha uma boa palavra a dizer sobre mim para o criador.
Ele pode ser um homem piedoso, mas ninguém é tão santo.

— E se ela não puder me perdoar? — Pergunto.

— Isso não depende de você. Essa escolha é dela. Tudo o que


você pode fazer é dar a ela todos os fatos e deixá-la decidir, —
responde minha mãe.
Nunca fui bom com as palavras. Não quando conta. Eu sinto
tudo, mas não sei como comunicar até que seja tarde demais. É
por isso que escrevo. Eu digo tudo dentro das linhas de uma
música que não posso dizer no momento. Sei que não está tudo
bem. Mas é a verdade. Meu coração derrama-se no papel melhor
do que em qualquer outro lugar, mas é real e verdadeiro e cem por
cento eu.

— Talvez eu devesse escrever uma música para ela, — sugiro.

Pop ri. — Esta é uma confissão que eu não acho que vai fazer
boa música, filho. Apenas fale com a garota.
Capítulo Vinte e Seis

Ansley
Encontro com as garotas para passar uma tarde na Apple Cart
Farms. Taeli e Jena trazem as crianças, e nós as mandamos para
o pomar com suas cestas de vinte e cinco dólares para colher
maçãs para Leona enquanto pegamos uma cidra quente e bolinhos
fritos na hora e passeamos pela mercearia da fazenda.

Enquanto vasculhamos as prateleiras em busca de geleias e


compotas, eu as ponho a par da minha noite.

— Nossa, acho que preciso sentar um minuto, — diz Jena.

— Estou tão orgulhosa. — Erin sorri.

— Não, não fique. Não acredito que deixei isso acontecer. Eu


não posso fazer isso. Não consigo separar meus sentimentos da
conexão física. Estou surtando o dia todo. Não sei como! — Grito,
e algumas das senhoras mais velhas provando amostras de
manteiga de maçã dão um olhar de desaprovação. — Desculpe, —
murmuro.

— Era disso que eu tinha medo, — reflete Taeli.

— Eu deveria ter ouvido você, — lamento.


— Ok, então talvez a coisa de inimigos com benefícios tenha
sido uma má ideia, — Erin admite.

— Você acha? — Eu grito.

— Eu deveria ter percebido que você era muito frágil para fazer
isso.

— Erin, — Jena repreende.

— O que? Pensei que ela poderia levantar sua calcinha de


menina grande e seduzir o homem e depois chutar sua bunda. Mas
olhe para ela. Eu estava errada, obviamente.

— Não completamente. Eu o seduzi. Quem iniciou as coisas no


barco fui eu. Eu subi em seu colo, — eu a informo.

— E você se divertiu? — Erin pergunta.

— Tive três orgasmos.

Uma das senhoras engasga.

— Oh pare com isso. Não vê que a nossa amiga está em crise


aqui? Tenho certeza que você teve que lidar com um ou dois
homens irritantes em sua vida, — Erin repreende.

Agarro seu braço e a levo até a porta.

— O que? Ela poderia ter um orgasmo, se você me perguntar,


— Erin reclama. Então, olha para mim. — Prometa que não vamos
agir assim quando estivermos grisalhas.

Eu sorrio.

— Não, nós definitivamente seremos mais Leona Tilson do que


Tia Bee, — asseguro a ela.
Nós quatro saímos para uma área privada perto de uma
fogueira.

Nos sentamos onde podemos observar as crianças enquanto


elas caminham entre as árvores. Caleb tem que continuar
ajudando a filha de Jena, Annabelle, a pegar a fruta.

— Eu acho que ela tem uma queda por ele, — eu indico.

— Nah, ela tem apenas oito anos. Ela ainda está na fase de eu
odeio garotos nojentos, — Jena diz.

— Negativo. Olhe para o jeito que ela está olhando para ele, —
Erin diz a ela.

Os olhos de Jena seguem as crianças enquanto Annabelle enfia


a mão no bolso de trás de Caleb e permite que ele a conduza de
árvore em árvore. Ela sorri toda vez que ele coloca uma maçã em
sua cesta.

— Uh-oh, — Jena murmura.

— Encare os fatos. Ela é o seu mini eu. Ela vai ficar louca por
garotos, assim como você era, — eu a informo.

— Não! Trent vai acabar na cadeia, — Jena chora.

Nós três rimos de sua angústia.

— Você tem mais alguns anos antes que ela comece a fugir pela
janela à noite. Atravessaremos aquela ponte quando chegarmos lá.
Agora, vamos voltar ao drama de Ansley, — Erin exige.

Eu gemo.

— Eu voto para que você o veja novamente. Foda ele do seu


sistema, — Erin sugere.
Taeli revira os olhos. — Achei que tínhamos acabado de
estabelecer que era uma ideia estúpida.

— Ela já cruzou essa linha. Depois que o pão vira torrada,


nunca mais será só pão, — diz ela.

— Huh? — Jenna pergunta. — Quem é o pão e quem é a


torrada?

Erin balança a cabeça. — Deixa para lá. — Ela se concentra em


mim. — Tenho fé em você, — ela continua.

— Estou feliz que alguém tem, — murmuro.

— Que tal da próxima vez que você o ver, Graham e eu formos


com você? Podemos ser seus amortecedores, — sugere Taeli.

Isso não é uma má ideia. Não podemos desenterrar nenhuma


ferida emocional profunda durante um encontro duplo.

— Eu gostaria disso, — digo.

— Ótimo. Os meninos estão começando a construção no


terreno do festival amanhã. Depois, Graham e eu vamos fazer uma
caminhada enquanto o pai dele leva Caleb para pescar. Por que
você não vem junto?

— Construção no terreno do festival? Garrett está trabalhando


para Graham agora? — Jenna pergunta.

— Não, mas Garrett está organizando um evento beneficente


para arrecadar dinheiro para Jesse, para que ele possa juntar-se
a Lacey e Theo no St. Jude Children's Research Hospital. Eles
precisam de todas as mãos no convés para montar o palco e tudo
pronto para começar em algumas semanas, — explica Taeli.
— Garrett está organizando isso? — Pergunto.

Ela acena com a cabeça. — Bem, ele está recebendo ajuda de


sua mãe e da minha, mas foi tudo ideia dele, e está trazendo sua
banda para fazer um show completo para atrair a multidão.

— Isso é tão doce, — diz Jena.

É incrível.

Os olhos questionadores de Taeli vêm até mim. — Então, você


quer ir com a gente? Será depois que o café fechar, e depois
podemos jantar.

— Eu... sim, eu vou, — respondo.

— Bom. Farei com que Graham conte a Garrett. Vou buscá-la


quando sair do escritório e nos encontraremos com eles no local
do festival.

Caleb vem correndo até nós, carregando as cestas cheias dele


e de Annabelle. — Terminamos, — diz ele.

Taeli pula de pé. — Você precisa de alguma ajuda?

Ele acena com a cabeça e ela pega uma das cestas de suas
mãos.

— Vamos colocar isso no carro e já voltamos, — diz Taeli.

Annabelle salta e joga-se em uma cadeira ao lado de sua mãe.

— Por que Caleb está carregando suas maçãs? — Jena


pergunta a ela.

Ela dá de ombros. — Elas eram muito pesadas, — diz ela.

— Eles têm carrinhos de maçã que você poderia ter usado, —


ressalta Jena.
Annabelle suspira alto. — É isso que os namorados fazem – eles
carregam sacolas e pagam pelas coisas, — diz ela, exasperada.

Erin começa a rir. — Eu me pergunto onde ela ouviu isso.

Jena apenas balança a cabeça e se levanta. — Vamos. Você e


eu vamos comprar para Caleb um bolinho com sorvete como
agradecimento.

— Podemos dar a ele um biscoito de coração também? —


Annabelle pergunta enquanto pega a mão de sua mãe.

— Não, — Jena responde.

Uma vez que estamos sozinhas, Erin se inclina. — Você está


bem? Realmente?

Eu sorrio. — Estou melhor agora. Acho que só precisava


conversar com vocês.

Ela sorri. — Agora, como foi?

Debato sobre ignorar a pergunta, mas decido compartilhar em


vez disso. — Foi alucinante. Ele não é o mesmo garoto que era
naquela época. Não me interprete mal, ele era bom na época, mas
agora, abalou meu mundo. Sem esforço. No entanto, não tive um
orgasmo que não fosse induzido por mim em muito tempo, mas
nunca tive vários em uma noite.

Ela geme. — Eu sabia. A maneira como ele toca violão. Seus


dedos naquelas cordas. Mmm, — ela diz.

Nesse momento, as duas senhoras lá de dentro passam por nós


a caminho do estacionamento. Uma vez que estão a alguns passos
de distância, a quieta das duas vira-se e pisca para nós.
— Certo, — Erin diz.
Capítulo Vinte e Sete

Garrett
Weston e eu vamos encontrar Pop e Graham bem cedo.
Langford e Corbin estão trazendo o resto dos suprimentos de Misty
Mountain esta manhã, e queremos ir direto ao trabalho.

Mamãe preparou uma caixa cheia de sanduíches para o café


da manhã e um isopor com isotônicos para nos manter hidratados.

Depois de comermos, damos uma olhada nas plantas


fornecidas por Graham.

— O palco em si não será tão difícil de montar. Alguns dos meus


rapazes vieram no sábado para ir em frente e nivelar o terreno e
cavar os buracos para as vigas de suporte. A parte complicada será
a área dos bastidores e o telhado com iluminação e sistema de som
integrados, — diz Graham.

— Essas são as dimensões do palco? — Eu pergunto.

— Sim, — Graham responde.

— Vinte e cinco metros por quinze metros? Isso é tudo?

— Sim, é um metro e meio mais comprido e mais largo que o


original, — diz ele.
— Não podemos fazer um pouco maior? Isso mal vai segurar
uma banda completa, — reclamo.

— Não, superstar, não podemos. Esta não é uma arena de


concertos para vinte mil lugares. É o local do festival da
comunidade de Balsam Ridge. Realizamos feiras de artesanato e
feiras de automóveis, — retruca.

— Tudo bem, vamos fazer funcionar, — resmungo.

— Por onde começamos, filho? — Pop pergunta a Graham.

— Vamos colocar o cimento e a água nos misturadores. Vamos


colocar os feixes e partir daí.

Demoramos mais de seis horas para ancorar e fixar os


suportes. Não há como terminarmos isso a tempo. Já faz um tempo
desde que trabalhei um dia inteiro e acho que estava um pouco
otimista demais sobre o que nós seis poderíamos realizar.

Às duas da tarde, o veículo da mamãe estaciona no portão.


Leona está com ela, e logo atrás estão Erin e Taeli.

Eu ando para cumprimentá-las.

— Mãe, o que você está fazendo aqui? — Pergunto enquanto ela


sai do banco do motorista.

— Vim para ajudar, — diz ela.

— Ajudar? Isso é um pouco demais para você, — digo a ela.

Ela zomba. — Não estou aqui para construir. Estou aqui para
alimentar as massas.

Olho para trás, para meu pai e meus irmãos.


— Não há massas. Somos só nós, e realmente não temos tempo
para parar e comer, — eu a informo.

Ela sorri e dá um tapinha na minha bochecha. — Você nunca


ouviu o velho ditado, Se você os alimentar, eles virão? A ajuda está
a caminho. Voluntários de todo o vale.

Ela usa seu chaveiro para abrir a escotilha de seu SUV, e as


meninas começam a tirar carrinhos cheios de comida - um porco
assado, salada de batata, macarrão com queijo, pão de milho,
feijão cozido e pudim de banana. Dez minutos depois, o
estacionamento começa a se encher de caminhões e, um a um,
rostos sorridentes vão se acumulando. Alguns com seus próprios
equipamentos a reboque.

O prefeito Gentry para para apertar minha mão.

— Ouvimos dizer que vocês precisam de umas mãos extras, —


diz ele.

— Sim, senhor.

— Vamos comer e trabalhar, então, — ele diz antes de pegar


uma caçarola de Leona e segui-la até uma das mesas de
piquenique.

Eu olho para Graham, e ele sorri.

— A cavalaria chegou, — digo.


Morris aparece depois das aulas e Graham manda nós dois à
loja de ferragens para trocar alguns encaixes de vigas que eram do
tamanho errado.

Enquanto esperamos nossa vez no balcão de atendimento ao


cliente, ele começa a fazer caretas para a bonita caixa morena.

Ela acena e ele sorri.

— Droga, ela está parecendo um lanche, — diz ele.

Eu viro para encará-lo. — Que porra você acabou de dizer? —


Pergunto.

— O que?

— Você acabou de chamar aquela mulher de lanche? —


Pergunto em descrença.

— Sim, isso significa que ela parece boa o suficiente para


comer, e eu gostaria de afundar meus dentes nela, — explica ele.

Bato na cabeça dele.

— Ai. Para o que foi isso?

— Estou tentando colocar algum bom senso e boas maneiras


de volta em você. Pare de falar como uma garota má do ensino
médio. Não é à toa que está solteiro, — eu digo a ele.

— Foi um elogio, — insiste.

— Nenhuma garota vai pensar que ser chamada de lanche é


um elogio. Se você gosta dela, apenas fale com ela como um adulto
e convide-a para jantar, — ordeno.

— E se ela disser não? — Ele pergunta.


— E se ela disser sim? Você não saberá até que pergunte. Como
um cavalheiro, — enfatizo.

— Sim, bem, tenho certeza que é fácil para você convidar


qualquer mulher que quiser, — ele resmunga.

O menino é um encanto. Ele é o bebê e herdou as melhores


características de cada um de nós. Ele tem o cérebro de Langford,
a força de Corbin, a altura de Graham, o senso de humor de
Weston e minhas covinhas, mas caramba, se todos nós não nos
levantamos e saímos de casa antes de podermos passar nossa
confiança e ensinar a ele algum bom senso quando se trata de
mulheres.

Quando chega a nossa vez no balcão, sorrio para a garota e


explico o que precisamos.

— Você é Garrett Tuttle, não é? — Ela pergunta enquanto


trabalha em nossa troca.

— Eu sou.

— Eu vi um vídeo no noticiário de você sendo perseguido por


um búfalo uma vez. Como isso acabou? — Ela pergunta.

Eu fiz um episódio de Wild Adventure Hunter alguns anos atrás.


Um sobrevivente convida uma celebridade para acompanhá-lo em
um fim de semana no deserto, e uma equipe de filmagem segue os
dois e filma sua experiência. Na verdade, foi um destaque para
mim. Gostei até que uma manada de búfalos invadiu nosso
acampamento no meio da noite e tive que fugir para salvar minha
vida com a calça do pijama e os pés descalços.
— Ainda estou aqui, então acho que acabou a meu favor, —
digo a ela.

Ela ri.

Empurro Morris para a frente.

— Este é meu irmão mais novo, Morris, — eu os apresento.

Ela pisca para ele.

— Sim, acho que temos uma aula juntos, — diz ela.

— Lei Empresarial 210, — confirma.

Eu olho para o crachá dela.

— Vanda, é um nome bonito.

Morris olha para mim e dou uma cotovelada em suas costelas.

— Devemos tomar café depois da aula um dia, — diz ele,


nervoso, — ou antes. Podemos comparar notas ou algo assim.

Ela sorri. — Gostaria disso.

— Você gostaria? — Ele pergunta, e limpo minha garganta. —


Quero dizer, ótimo.

Ela termina nossa transação e entrega a ele a sacola com as


vigas corretas.

— Escrevi meu número no verso do recibo. Mande uma


mensagem, — diz ela.

— Sim, senhora.

— Prazer em conhecê-lo, Garrett. Minha mãe vai surtar quando


eu contar a ela.

Ai.
— Diga a ela que eu disse olá, — digo antes de sairmos da loja.

— Veja como foi fácil, — digo a ele quando voltamos para a


caminhonete.

— Não acredito que ela disse sim.

— Um pequeno conselho: uma garota não pode dizer sim se


você nunca fizer a pergunta. Lembre-se disso.

— Entendi.

Ele tem um sorriso estúpido no rosto o resto da noite.

Quando voltamos para o recinto do festival, Morris leva a bolsa


para Graham.

Graham puxa as vigas para inspecioná-las e Morris pega o


recibo e sai correndo.

— O que deu nele? — Graham pergunta.

Balanço minha cabeça. — Ele tem um encontro, — digo.

— Estou preocupado com aquele menino. Não acho que ele


poderia tocar em um peito sem se apaixonar.

Eu rio.

Ser jovem novamente.


Capítulo Vinte e Oito

Garrett
Tiro minhas luvas de trabalho e sento ao lado de minha mãe –
que esteve aqui, servindo comida e distribuindo água fria a noite
toda – e Weston.

— Ugh, eu não acho que vou conseguir me mover amanhã, —


gemo.

Mamãe dá um tapinha no meu joelho. — Um pouco de trabalho


físico faz bem à alma.

— E essa barriga de cerveja que você está usando, —


acrescenta Weston.

Jogo uma luva na cabeça dele. — Eu não tenho barriga de


cerveja.

— Terá logo se não voltar a participar da vida, perdedor, —


brinca.

— Pare de provocar seu irmão, — mamãe repreende.

Weston mostra a língua para mim e ela bate em seu braço.

— No que vocês estão se metendo esta noite? — Ela pergunta.


— Vou para casa dormir. Eu tenho que estar na fazenda de
manhã cedo, — Weston responde enquanto se levanta. — Na
verdade, vou sair agora. Você vem comigo? — Ele pergunta.

— Não. Graham e Taeli me convidaram para uma caminhada,


mas tenho certeza de que estamos exaustos demais para fazer
muita coisa, então ele disse que ligaria para Taeli e mudaria os
planos para jantar e ver um filme na casa deles. Vou pegar uma
carona com ele.

— Tudo bem, vejo vocês dois amanhã, — ele diz antes de se


abaixar para beijar a bochecha de mamãe e ir para sua
caminhonete.

Mamãe dá um sorriso conhecedor. — Eu ouvi Taeli e Erin no


escritório esta manhã. Ansley está juntando-se a vocês, não é?

— Isso é o que eu ouvi. Estou surpreso. As coisas não


terminaram tão bem da última vez que a vi, — confesso.

— O que você fez? — Ela pergunta.

— Quem disse que eu fiz alguma coisa? Talvez tenha sido ela.

Mamãe levanta uma sobrancelha.

— Eu sou um idiota, — admito.

— Você com certeza é.

Ai.

— Um idiota que me inspira todos os dias, — diz ela.

— Eu inspiro? — Pergunto em descrença.

— Você perseguiu seu sonho e o alcançou. Seu pai e eu estamos


muito orgulhosos de seu talento e sucesso. Agora, seu
comportamento recente, nem tanto, mas vi uma mudança em você
nas últimas semanas, — ela elogia.

— É este lugar. Acho que só precisava de uma boa dose de casa,


— admito.

— Qual foi o seu maior aprendizado ao voltar para Balsam


Ridge? — Ela pergunta.

— Escrevi algumas músicas novas que mal posso esperar para


refinar e gravar, — digo a ela.

— Oh, isso é emocionante. Já faz um tempo desde que você


escreveu suas próprias músicas.

— Acho que me inspirei, — revelo.

— Ansley, — ela adivinha.

— Ela sempre foi minha musa. Mas não acho que ela queira
ser.

— Você sabe o que é engraçado sobre um coração? — Mamãe


pergunta.

— O que?

— Pode ser quebrado da noite para o dia, mas não pode ser
consertado da noite para o dia.

— Um coração partido pode ser consertado? — Pergunto.

Ela balança a cabeça lentamente. — Claro que pode. Se você


estiver disposto a trabalhar, mas não será fácil, nem deveria ser.
Ela merece o esforço extra. Você não acha?

— Ela vale tudo. Eu me pergunto onde estaríamos se eu nunca


tivesse ido embora.
Mamãe zomba. — Você nasceu com a música no sangue.
Quando eu cantava canções de ninar para você enquanto o
embalava para dormir, você olhava para mim como se pudesse
sentir cada palavra. Você batia seu pezinho e cantarolava a
melodia quando bebê. Eu sabia desde o momento em que você
começou a balbuciar que seria um músico. Se você não tivesse
perseguido isso, teria se sentido miserável. Esse talento é dado por
Deus.

— Não estou exatamente feliz agora, mãe.

— Porque você está vivendo meia vida, filho. Família e amor


fazem parte de você tanto quanto a música. Não precisa ser um ou
outro, sabe.

Entendo as palavras dela. Não precisa ser um ou outro. Não se


eu me mantiver firme e estabelecer limites em minha carreira. É
hora de começar a assumir o controle da minha vida e parar de
deixar meus manipuladores moverem-me como uma peça de
xadrez.

— Sim, acho que preciso fazer algumas mudanças. Vai


incomodar muita gente.

— Você é Garrett Tuttle. Se eles não gostarem, você sabe


quantas gravadoras estariam ansiosas para contratá-lo?

Eu levanto, e ela também. Eu a envolvo em um abraço


apertado.

— Obrigado, mãe, — sussurro em seu ouvido.

— Você é um bom homem, Garrett, — ela garante.


Eu me afasto dela e olho para o céu. Seus olhos seguem os
meus.

— O que você está olhando? — Ela pergunta.

— Nada, apenas saindo do caminho do raio, — brinco.

Ela bate em mim. — Ah, você é bobo. Eu quis dizer o que eu


disse. Você foi e é um bom menino, Garrett Tuttle, mesmo que
sempre tenha sido o patife colocando seus irmãos em apuros.

Colocando a mão no meu peito, ela continua: — Sou sua mãe


e sei o que está aqui. Você tem um grande coração, e não importa
o quão duro seja, uma mãe sabe o que está no coração de seu filho.
Não se preocupe; Ansley vai aparecer. Estou trabalhando nisso.

— O que você vai fazer, mãe? — Pergunto.

— Rezar.

— Isso não vai ajudar, — digo.

— Não vai doer, — ela insiste.

Algo na maneira como ela diz isso me faz acreditar nela. Se


Deus vai ouvir alguém, é Sara-Beth Tuttle.

Esqueci o quão reconfortante apenas conversar sobre uma


situação com ela poderia ser. Acho que você nunca é velho demais
para querer e precisar de sua mãe.
Quando chegamos à casa de Graham, as meninas estão na
cozinha, tomando uma taça de vinho. A ilha está cheia de caixas
chinesas para viagem.

Graham anda e abraça Taeli.

— Eca, você fede, — ela grita enquanto ele espalha beijos por
todo o rosto dela. Ela aperta os olhos fechados e empurra contra o
peito dele. — Vá tomar banho, — exige.

Ele a põe de pé e me dá um tapinha no estômago enquanto


caminha em direção ao corredor. — Vamos. Tenho algumas roupas
limpas que vão servir em você. Vou tomar um banho no quarto
principal e você toma no de baixo.

Olho para Ansley. — Vejo vocês, senhoras, em um minuto, —


digo antes de segui-lo.

Assim que estamos limpos, voltamos a nos juntar às meninas.


Graham abre uma cerveja para nós dois, e ficamos em volta da
ilha, comendo das caixas com pauzinhos.

— Como foi hoje? — Taeli pergunta.

— Bom. Conseguimos fazer muita coisa, graças à mamãe e à


Leona por nos ajudarem, — diz Graham.

— Eu desenhei os panfletos hoje, e as duas planejam começar


a distribuí-los amanhã, então espero que vocês consigam fazer
isso, — Taeli nos informa.

— Nós vamos, — garanto a ela.

Ansley olha para mim. — É uma coisa muito boa que você está
fazendo.
— Não sou eu. É a cidade inteira, — proclamo.

— Talvez, mas foi sua ideia, e foi boa. Eu sei que Lacey e Theo
vão ficar muito felizes em ter Jesse lá com eles. Lacey precisa de
seu apoio. A última vez que Theo estava passando por
quimioterapia, foi muito difícil para ela. Ela estava exausta
fisicamente, mentalmente e emocionalmente. E Jesse estava tão
estressado em garantir que as contas fossem pagas. Foi de partir
o coração, — diz ela.

— Sim, não consigo imaginar se fosse Caleb. Nessa situação, a


única coisa com que a mãe e o pai devem se preocupar é ajudar o
filho a ficar bom, — diz Taeli.

— Concordo.

— Mais vinho? — Taeli pergunta a Ansley.

— Mais um copo e então você precisa me cortar. O trabalho


começa de manhã cedo.

— Antes que você perceba, poderá contratar um gerente.

— Espero que sim. Vai ser bom poder ir e vir quando eu quiser,
— diz Ansley.

— Essa é uma das melhores vantagens de ser proprietário de


uma empresa. Um dia, — Taeli diz enquanto entrega a Ansley sua
taça de vinho e depois vira-se para mim e Graham.

— Tudo bem, pessoal, temos três filmes para vocês escolherem.


Pretty Woman, Dirty Dancing ou Thor: Ragnarok.

— Thor, — dizemos em uníssono.

Elas sorriem uma para a outra.


— Nós sabíamos que vocês escolheriam esse, mas está tudo
bem para nós. Chris Hemsworth é gostoso! — Taeli berra.

Graham olha para mim. — A Marvel finalmente descobriu a


fórmula perfeita para um filme romântico. Filmes de ação de super-
heróis com atores que são gostosos o suficiente para que as
mulheres não se importem em assisti-los em vez de um filme de
garotas. Deus os abençoe.
Capítulo Vinte e Nove

Ansley
Quando rolam os créditos finais do filme, Taeli levanta-se e se
espreguiça. Ela e Graham estavam aconchegados em um lado do
sofá de couro enquanto Garrett e eu dividíamos o outro.

Comecei o mais longe possível dele, mas à medida que a noite


avançava, lentamente acabei ao lado dele com a cabeça apoiada
em seu ombro.

Eu sou fraca.

— Temos que ir buscar Caleb na casa de Sara-Beth e Hilton,


mas fiquem e aproveitem o fogo. Estaremos de volta em breve, —
ela diz.

Graham estende a mão e ela o ajuda a se levantar.

— Droga, minhas costas estão doendo, — ele resmunga.

— Eu vou te dar uma massagem mais tarde, — ela promete.

Graham olha para Garrett. — O quarto no térreo está disponível


se você quiser passar a noite. Tem seu próprio banheiro e é
privado, diga-se de passagem. Fique à vontade.

Eles saem e levanto para levar meu copo para a cozinha.


Garrett pega minha mão.

Eu olho para ele.

— Não vá. Eu quero dizer uma coisa, — ele pede.

Coloco o copo de volta na mesa de centro e sento. — Ok. Fale.

Ele solta um longo suspiro, como se reunisse coragem para ser


honesto comigo.

— Eu sei que você ainda está com raiva do nosso rompimento,


— ele começa.

As palavras voam sobre mim e eu levanto.

— Espere.

Ele estende a mão para mim novamente, mas eu me afasto de


seu aperto.

— Nossa separação? Você faz parecer que acabou casualmente


com o nosso romance do ensino médio porque eu não desisti no
baile de formatura. Você me deixou. Sozinha, em um motel
decadente em uma cidade que eu nunca tinha estado antes. Você
me beijou, e eu fiquei lá acenando como uma idiota enquanto você
saía para nos trazer o jantar e nunca mais voltou. Passei a noite
inteira chorando. Eu não sabia se você tinha se perdido ou estava
morto em uma vala. Eu não tinha carro. Sem dinheiro. Estava
apavorada. Eu esperei por você. Com fome e com medo. Dois dias
depois, não tive escolha a não ser ligar para meus pais para irem
me buscar, — grito.

— Eu sei. Sinto muito, — ele diz.

— Você sente muito? Você sente muito?!


Ele levanta e caminha em minha direção, mas dou um passo
gigante para trás.

— Podemos parar? — Ele pergunta.

— Parar o que exatamente, Garrett? — Pergunto.

— Pare de mover-se para trás ou para os lados ou em um


maldito círculo de volta ao passado. Quero que você pegue minha
mão e siga em frente comigo. Um passo de cada vez.

Ele estende a mão para mim.

Eu o encaro.

— Eu não sei como seguir em frente, — murmuro.

— Eu não queria te machucar ou assustar. Eu era um covarde


estúpido naquela época, — confessa.

Solto uma risada sem graça. — Naquela época? Você ainda é


um covarde, — acuso.

— Não. Não sou o mesmo homem que era naquela época. Eu


era jovem e tentava manter minha cabeça acima da água. Eu
precisava fazer algo de mim. Para provar que eu poderia ser o
homem que você precisava que eu fosse, — ele começa a explicar.

— O homem que eu precisava que você fosse era um homem


que ficava.

— Estou aqui agora, e se você ouvir...

— Não. Eu sei como isso termina, Garrett, — eu interrompo.

— Como? — Ele pergunta.

— Eu desisto e deixo você me levar para este turbilhão de


diversão, excitação e desejo, apenas para você decidir que está
cansado ou entediado. Então, vou acordar e você terá ido embora.
Sem adeus. Nenhuma nota. Nada. Eu serei aquela deixada para
trás, assombrada por sua memória. Eu não posso fazer isso de
novo. Finalmente exorcizei seu fantasma da minha vida. Você
entende?

— Se você me ouvir por um minuto, eu quero explicar.

— Eu não quero ouvir mais nenhuma mentira, — grito.

— Eu nunca menti para você, Ansley.

— Realmente?

— Sim, realmente, — ele insiste.

— Você disse que me amava, — murmuro.

— Eu amava.

— Não, você não amava. Você me deixou assim que teve a


chance. Por que se preocupou em me levar com você em primeiro
lugar? — Eu pergunto.

Ele balança a cabeça. — Papai está certo; é hora de contar a


história toda.

Minha cabeça se vira para ele. — O que você está falando?

Ele suspira e nervosamente passa os dedos pelos cabelos.

— Diga, — insisto.

Eu fico lá, batendo o pé, esperando.

Ele pega minhas duas mãos. Luto contra o instinto de afastar-


me dele. Mas preciso ouvir isso.
Ele nos guia de volta ao sofá e nos sentamos, um de frente para
o outro.

— Naquela noite, quando saí do motel para pegar comida, seu


pai estava esperando no posto de gasolina ao lado do motel. Nós
nos olhamos quando passei por sua caminhonete, e observei pelo
espelho retrovisor quando ele saiu atrás de mim. Dirigi até o
estacionamento da pista de boliche e foi lá que tivemos nosso
confronto.

— Papai estava lá? Em Nashville?

Ele concorda. — Sim, ele estava furioso. Eu estava


honestamente com medo de que ele fosse quebrar meu pescoço.
Em vez disso, ele quebrou meu coração, — diz ele.

— O que aconteceu?

— Saí da minha caminhonete e ele abaixou a janela e disse para


entrar. Ele estava com raiva. Com razão. Ele explicou como sua
mãe ficou arrasada quando acordou e descobriu que você tinha ido
embora. Como ele e meus pais ficaram desapontados conosco.
Então, ele apontou que eu faria dezoito anos em quatro dias e que
havia fugido com sua filha de dezessete anos. No estado do
Tennessee, isso é crime. Ele disse que não queria, mas que poderia
e me prenderia por sequestro e estupro se eu não mandasse você
para casa.

— Sequestro? Estupro? Você era meu namorado. Eu fui com


você porque eu quis, — digo.

— Eu sei, mas nada disso teria importância quando chegasse


o meu aniversário, — explica ele.
— Por que você não me contou? Eu teria falado com eles sobre
isso. Eu teria ido para casa por um ano. Poderíamos ter descoberto
isso juntos! — Eu choro.

— Isso fazia parte do acordo, — diz ele.

— Qual negócio?

Ele faz uma pausa, como se estivesse tentando decidir se quer


contar.

— Eu preciso da verdade, Garrett.

— Ele queria que eu terminasse com você. Para dizer que mudei
de ideia e não queria a responsabilidade de um relacionamento
enquanto perseguia meus sonhos. Ele disse que você precisava me
odiar e não a eles porque era a única esperança que você teria de
voltar para casa e encontrar a felicidade. Ele não queria que você
se sentisse presa em sua própria casa. Ele não queria você com
raiva e amarga ou tentando fugir e voltar para mim novamente.

— Você não me disse nada, — eu o lembro.

Ele abaixa a cabeça. — Eu sei. Eu não poderia voltar e enfrentar


você. Se eu olhasse para você e tentasse dizer toda essa porcaria,
você não teria acreditado. Eu não poderia mentir para você. Eu
nunca pude. Então, simplesmente tinha que desaparecer. Achei
que teria o mesmo efeito que ele esperava. E eu estava certo.

— Essa não era uma decisão dele. Você deveria ter me contado.

— Se eu tivesse contado e você tivesse ficado, eu teria ido para


a cadeia. Teria arruinado nosso futuro. Na minha cabeça, não seria
permanente. Eu só precisava de tempo para fazer uma vida melhor
para nós e para provar a seu pai que eu era bom o suficiente para
você.

— Uma vida melhor para nós? Você quer dizer, para você, —
acuso.

— Não, nós. Eu pretendia voltar para você.

— Realmente? Quando? Porque já faz mais de uma década, —


eu brinco.

— Levou tempo para construir uma carreira, e então fui puxado


em todas as direções pelas pessoas da minha vida. Quando a
gravadora me contratou tão cedo, foi a chance de uma vida. Eu era
jovem e não lidei bem com isso. Eu fui pego em todas as
armadilhas.

— Eu pensei que era a chance de sua vida, mas você esqueceu-


se de mim, — sussurro.

Ele se inclina e pega meu rosto em suas mãos. — Não. Nunca


te esqueci. Eu me esqueci.

— Você sabe que a única coisa que eu precisava para ter uma
vida melhor era ter você nela, — digo a ele.

Inclino minha testa contra a dele enquanto as lágrimas


inundam minha visão.

— Sinto muito, Foxy.

— O que fazemos agora? — Eu pergunto.

Ele beija meu nariz, seguido pelo canto da minha boca. Então,
responde contra meus lábios: — Perdoe e cure.
Ele enfia as mãos debaixo de mim e, comigo em seus braços,
ele me carrega para baixo.
Capítulo Trinta

Ansley
Chegamos ao quarto de hóspedes, e ele me solta enquanto
começa a tirar a camisa da calça jeans.

— Graham e Taeli estarão de volta com Caleb a qualquer


minuto, — eu o lembro.

— Eu sei, — diz ele enquanto puxa a camisa sobre a cabeça.

— Eles vão se perguntar onde estamos.

Ele ri. — Não, eles não vão. Por que você acha que Graham
ofereceu o quarto para nós? — Ele diz antes de sentar na cama e
me puxar para ele.

Ele estende a mão e abre a parte de trás do meu vestido.

— Ele ofereceu o quarto para você. Não nós, — argumento.

Ele desliza o vestido do meu corpo, que cai no chão na altura


dos meus tornozelos. Então, ele me puxa para frente e sua boca
encontra meu pescoço.

Um arrepio percorre meu corpo e esqueço completamente


minha discussão.
Eu corro minhas mãos por seu cabelo grosso, caio de joelhos
na frente dele e alcanço o botão de sua calça jeans.

— Ansley. — Meu nome sai de seus lábios em um apelo rouco,


e olho em seus olhos enquanto deslizo lentamente o zíper para
baixo.

Ele está duro e pronto quando estendo a mão para liberá-lo de


sua cueca boxer.

Seguro a base dele com uma mão enquanto o acaricio


firmemente com a outra. Correndo a unha do meu dedo pelo cume
duro. Ele se contorce em meu aperto, e sua respiração fica presa
enquanto observa.

— Foxy, — ele murmura enquanto suas mãos caem na minha


cabeça e impulsionam-me para frente.

Lambo meus lábios e, em seguida, passo minha língua para


provar sua ponta, gostando de seu sabor salgado.

— Mmm, — gemo, e o fogo em seus olhos enquanto ele observa


quase me faz derreter no chão a seus pés.

Ele geme e suas mãos agarram meu cabelo. Então, eu o lambo


novamente, desta vez deixando minha língua rolar ao redor do
bulbo inchado.

— Ah, sim, — ele encoraja.

Abrindo minha boca, eu o levo bem fundo.

Mantenho meus dedos em volta de seu eixo enquanto sua


espessura desliza até onde pode ir, e então começo a chupar
enquanto ele levanta seus quadris e empurra lentamente para
dentro e para fora da minha boca.
Ele murmura palavras ininteligíveis enquanto seus músculos
se flexionam. Posso sentir que ele está segurando seu controle por
um fio fino.

Eu o chupo mais fundo enquanto relaxo. Agarro sua coxa com


minha mão livre e seguro enquanto puxo meus lábios para trás e
arrasto a ponta de meus dentes levemente por seu comprimento.
Ele rosna baixo e profundamente em sua garganta enquanto a
velocidade de seus impulsos aumenta.

Saber que tenho a capacidade de deixar esse homem louco é


um potente afrodisíaco.

Seus dedos se emaranham quase dolorosamente no meu cabelo


enquanto ele incha na minha boca, e sei que ele está perto de
explodir.

Olho para cima e observo seu rosto enquanto ele tenta segurar
e prolongar seu prazer. Sua respiração começa a ficar rápida, e
então ele geme meu nome quando sinto seu corpo enrijecer quando
ele goza. Sua semente bate no fundo da minha garganta e engulo,
saboreando cada gota dele e a capacidade que tenho de fazê-lo
perder o controle.

— Foda-se, Ansley. — Sua voz rouca lava-me como uma chuva


suave, e olho para cima para ver seus olhos verdes concentrados
em mim a seus pés.

Sua expressão é intensa e faz meu coração apertar.

Eu o amo. Sempre amei.


Uma doce dor que faz eu me sentir vulnerável e exposta floresce
dentro de mim com a percepção. Nunca senti nada parecido com
isso com outro homem.

Ele abaixa-se e me levanta.

Sua mão sobe e embala o lado do meu rosto, e então diz: — Sua
vez, — antes de me tirar do chão e eu cair de costas na cama.

Graças a Deus.

Não sei como processar essas emoções intensas no momento.


Tudo o que sei é que o quero com todas as células do meu corpo.

Ele me prende no colchão e acomoda seu corpo entre minhas


coxas abertas.

Sua boca encontra a minha imediatamente, e ele beija


avidamente enquanto suas mãos deslizam para baixo e ao redor
para segurar minha bunda e trazer-me para mais perto. Minha
cabeça cai para trás contra os travesseiros, e alcanço e enfio meus
dedos em seu cabelo escuro e sedoso e puxo. Ele pressiona seu
corpo no meu, e ele é duro, musculoso, o calor dele descansando
exatamente onde quero.

Meu corpo começa a tremer com a necessidade, e trago minha


perna direita para cima e a envolvo em torno de seu quadril,
tentando desesperadamente me aproximar.

Arqueio minhas costas e deslizo minhas mãos de seu cabelo


para baixo em suas costas, as pontas dos meus dedos cavando em
seus músculos.
Ele solta um gemido gutural enquanto sua boca desce pela
coluna da minha garganta, sugando e beliscando enquanto faz seu
caminho para meus seios.

A necessidade que pulsa através de mim me pega desprevenida.


Eu só tive um amante raro nos últimos anos, e ele nunca manteve
meu interesse por muito tempo. Como Garrett ainda pode me
incendiar depois de todo esse tempo?

Eu o agarro com mais força enquanto sua língua explora o topo


dos meus seios, que estão expostos acima da minha camisa. Um
formigamento delicioso percorre minha espinha enquanto ele suga
meu mamilo entre os dentes através do tecido fino.

Deus, isso é tão bom.

Eu ronrono meu encorajamento.

Ele levanta a cabeça com o som. Em um minuto ele está lá, e


no próximo está fora da cama, pegando uma camisinha, mas antes
que eu tenha a chance de reclamar, ele está de volta, puxando
minha calcinha pelas minhas pernas. Então, cobre-me novamente.

Com um movimento rápido, ele está dentro de mim.

Suspiro de prazer quando seu comprimento me preenche.

Arqueio minhas costas e trago meu peito para sua boca


enquanto começo a mover meus quadris para encontrar seus
impulsos.

Ele se inclina para trás e observa enquanto minha respiração


fica irregular, e mordo meu lábio inferior. Ele fica mais grosso
dentro de mim e leva a boca ao meu seio para pegar um mamilo
duro entre os dentes e chupá-lo suavemente.
Agarro seus ombros e cravo minhas unhas com força enquanto
um tremor percorre toda a extensão do meu corpo.

Eu gemo seu nome, e ele aumenta o ritmo. Minhas pernas


começam a tremer de antecipação quando ele chega entre nós e
circula meu clitóris com o polegar. Grito seu nome quando chego
ao clímax, e ele toma minha boca e engole cada suspiro e gemido.

Assim que desço da onda de prazer, levanto meus quadris para


levá-lo cada vez mais fundo.

Ele exala um grito estrangulado. Envolvo meus braços ao redor


de seu pescoço e mordo com força a carne de seu ombro quando
ele goza.

Ele continua a entrar e sair de mim até meu corpo parar de


tremer e eu ficar mole em seus braços.

Ele cai de costas e me coloca ao seu lado antes de puxar o lençol


sobre nós.

Ele beija minha têmpora e eu suspiro.

— Você valeu a pena esperar, — murmuro antes de cair no


sono, ouvindo sua respiração pesada.
Capítulo Trinta e Um

Garrett
Acordo com o som de batidas. O braço de Ansley está em volta
da minha cintura e sua cabeça está apoiada no meu peito.

Eu gentilmente a rolo, e ela aconchega-se nos travesseiros. Saio


da cama silenciosamente e pego meu jeans no chão. A batida
começa de novo quando eu o visto. Abro a porta um centímetro e
espio para fora para encontrar Taeli.

— Sinto muito, mas são cinco horas e preciso levar Ansley para
casa, para que ela tenha tempo de arrumar-se antes de abrir o
café. Ela vai surtar se chegar atrasada, — ela sussurra.

— Sim, eu vou acordá-la, — digo.

— Obrigada. Estarei na cozinha, preparando o café da manhã.

Ela se vira e desaparece escada acima.

Volto para a cama e puxo o lençol para baixo, expondo a bela


curva de suas costas.

Eu me inclino e começo a espalhar beijos em sua espinha, e ela


começa a se contorcer, mas não abre os olhos.
— Acorde, linda, — sussurro enquanto mordo seu lóbulo da
orelha.

Ela geme.

Eu mordo novamente.

— Estou com sono, — ela murmura.

Eu rio. — Ok, vou dizer a Taeli que você só vai faltar ao trabalho
hoje.

Seus olhos se abrem um segundo depois, e ela se senta


rapidamente.

— Que horas são? — Ela pergunta.

— Acalme-se. Passa um pouco das cinco.

Ela pula de pé e começa a juntar suas roupas. — Eu tenho que


ir.

Observo enquanto ela coloca sua calcinha.

— Venha aqui, — eu aceno.

Ela olha para cima e sopra uma mecha de cabelo do rosto. —


Eu não tenho tempo, — afirma ela.

Inclino e estendo minha mão. — Venha aqui, Ansley.

Ela solta um suspiro frustrado e pega minha mão. Eu a puxo


para mim e a beijo.

— Relaxa. Você tem muito tempo. Por que você não toma
banho? Taeli está preparando o café da manhã e depois vai a levar
para casa.

Ela olha para si mesma. — Um banho. Boa ideia.


Eu a solto e ela corre para o banheiro adjacente. Escuto quando
ela abre o fluxo de água.

Assim que ela está no chuveiro, eu entro.

Ela está de pé sob o spray, lavando o cabelo. O local está cheio


de vapor e a porta de vidro está embaçada, mas consigo distinguir
a silhueta de seu traseiro.

Abro a porta e entro atrás dela. Ela solta um grito de surpresa


quando passo minhas mãos por seus lados lisos e ensaboados. Ela
relaxa e dá um passo para trás em mim.

— Deixe-me ajudar, — digo em seu ouvido.

Começo a massagear o xampu em seu couro cabeludo, e então


ela segura a cabeça sob o spray.

— Você vai me atrasar, — diz ela.

— É por isso que estamos tomando banho juntos. Isso nos


poupará algum tempo.

Ela ri. — É assim que funciona? — Ela diz enquanto olha por
cima do ombro para mim.

— Sim, senhora, — prometo a ela, mesmo enquanto minha


crescente ereção a pressiona.

Sua mão serpenteia ao redor, e ela me acaricia.

Eu rosno. — Tudo bem, Foxy, quando você estiver correndo,


lembre-se de que você começou, — digo antes de virá-la para mim
e colocar minha mão em seu cabelo molhado.

— Foi você quem interrompeu meu banho, — ela aponta.

— Certo, — digo antes de guiar sua boca na minha.


Seus braços envolvem meu pescoço e ela fica na ponta dos pés
para receber meu beijo. Mamilos duros roçam meu peito, e afasto
minha boca da dela para lamber um rastro até seu seio. Eu pego
entre meus dentes e mordo.

Seu corpo estremece e minha língua sai para acalmar o pico


antes de chupá-lo em minha boca novamente. Dou a mesma
atenção ao outro seio antes que ela pegue um punhado do meu
cabelo me puxando para cima. Ela empurra para me ajudar a sair
da água, e nos vira, então suas costas estão contra a parede de
ladrilhos lisos. Olhando para baixo entre nós, ela pega minha
ereção em sua mão e começa a bombear seu punho em volta de
mim.

Quando ela me solta, eu a viro, e seus cotovelos sobem para


apoiá-la contra a pedra.

— Garrett, não temos tempo, — ela começa enquanto puxo


seus quadris para frente e uso meu pé para abrir suas pernas.

Assim que meus dedos deslizam para encontrá-la lisa e pronta,


suas palavras morrem em seus lábios e ela joga a cabeça para trás
contra mim.

Belisco seu clitóris e seu corpo estremece.

— É isso aí, Foxy, — eu digo enquanto afundo meus dentes em


seu ombro.

Guio um dedo para dentro dela e bombeio para dentro e para


fora. Enrolando até encontrar o ponto que sei que a deixa
selvagem. Sinto seus espasmos e sei que ela está perto.

— Sim, bem ali, — ela encoraja.


Adiciono outro dedo e trago meu polegar para cima para
pressionar e fazer círculos ao redor de seu clitóris. Ela se apoia
contra o chuveiro e começa a cavalgar minha mão até explodir. Eu
a seguro enquanto seu corpo treme de seu orgasmo. Quando o
último tremor a atinge, ela fica mole contra o meu peito.

— Vamos, — digo enquanto a coloco na água. — Você vai se


atrasar. Vamos a enxaguar.

Eu a ajudo a terminar o cabelo e pego uma toalha para envolvê-


la.

Ela deixa o cabelo solto para secar ao ar e veste o vestido.

Eu a puxo para mim.

— Garrett, eu tenho que ir, — ela protesta.

Pressiono um beijo rápido em seus lábios enquanto estendo a


mão e fecho o zíper.

— Agora, você está pronta. Tenha um bom dia, Foxy. Ligo mais
tarde.

Ela relaxa em meus braços.

— Tenha um bom dia também, — diz ela antes de calçar os


sapatos e sair correndo do quarto.

Graham, Caleb e eu tomamos o café da manhã que Taeli deixou


no fogão para nós. Então, deixamos Caleb na escola e vamos direto
para o local do festival e começamos a trabalhar.
A maioria dos homens que se juntaram a nós ontem voltam
hoje para ajudar.

Aaron mandou uma mensagem em algum momento durante o


dia, e ela veio quando Weston e eu voltávamos para o rio.

Diz, O teste de paternidade voltou. Você está livre.

Eu digito, Não me diga. Eu disse que sim e clico em Enviar.

— Tudo certo? — Weston pergunta.

— Sim. Eu não sou o pai, — digo a ele.

— Ufa, graças a Deus.

Estamos passando pela Appalachian Ridge Brewery quando ele


avista a caminhonete de Corbin no estacionamento. Weston
diminui a velocidade e estaciona ao lado dele.

— Vamos. Vou te pagar uma bebida comemorativa, — ele


sugere.

— Vamos fazer isso.


Capítulo Trinta e Dois

Ansley
Taeli me deixa em casa e eu corro escada acima para trocar de
roupa.

Chego ao café bem a tempo de deixar Deana e Janey entrarem.


Preparamo-nos rapidamente e abrimos as portas.

Erin passa por lá para ir pegar cafés para viagem para ela e
Sara-Beth e para descobrir como foi minha noite.

Eu a informo sobre o que Garrett revelou, e ela pede para ir


falar com meu pai.

— Vai te consumir se você deixar infeccionar, — ela aconselha.

Eu sei que ela está certa.

Ela fica mais tempo do que deveria enquanto dou todos os


detalhes escandalosos da minha noite, e acabo reaquecendo seus
lattes antes que ela finalmente volte para o escritório.

Quando ela está saindo, Kevin entra e passa por ela.

Ela olha para mim, e seus olhos se arregalam. Ela murmura


Boa sorte antes de desaparecer.
— Oi, Kevin, — eu o cumprimento quando ele chega ao caixa.

— Olá, Ansley. Você tem um minuto para tomar uma xícara de


café comigo? — Ele pergunta.

— Claro.

Preparo um mocha latte para ambos e entrego a caixa


registadora à Janey para que me junte a ele numa das mesas mais
calmas.

— Deixei algumas mensagens para você, — ele começa.

— Eu sei. Lamento não ter retornado suas ligações. Não é uma


desculpa, mas a vida tem sido um pouco louca na última semana,
— explico.

Ele concorda. — Eu nunca estive na corrida, estive? — Ele


pergunta.

Respiro fundo. — Você estava. Gosto de você, e me diverti muito


quando saímos. Se nosso timing tivesse sido melhor... — digo.

— Se eu tivesse feito minha jogada antes de Garrett Tuttle


chegar na cidade, — ele interrompe.

Eu trago meus olhos para ele. — Algo assim, — murmuro.

— Entendo, vocês têm história e ele é um filho da puta bonito,


— diz ele.

Eu rio. — Sinto muito, Kevin.

— Tudo bem. Weston meio que me avisou que isso poderia


acontecer. Eu ainda esperava que Garrett fizesse ou dissesse algo
estúpido e estragasse tudo.
— Ele disse um monte de coisas estúpidas, mas no final, não
foi o suficiente para mudar o que sinto por ele, — admito, tanto
para ele quanto para mim.

Ele concorda. — Bem, se ele fizer merda de novo, você tem meu
número, — diz ele.

Estendo a mão por cima da mesa e aperto sua mão.

— Ainda somos amigos, certo? — Eu pergunto.

Ele sorri. — Claro, mas eu tenho que ir.

Ele se levanta e dou um abraço nele antes de ele sair. Então,


assumo o balcão novamente.

O fluxo constante de clientes ajuda a manter minha mente


ocupada e longe da conversa que Garrett e eu tivemos ontem à
noite, mas assim que o movimento matinal diminui, eu me afasto
para ligar para minha mãe.

Ela está na igreja, trabalhando no escritório do meu pai.


Quando pergunto pelo papai, ela diz que ele está preparando o
sermão deste fim de semana e deve ficar no santuário a maior parte
da tarde.

Digo a Deana que vou almoçar cedo e que estarei de volta antes
do meio-dia. Então, entro no meu carro e saio em busca de
algumas respostas.
Sento no banco da frente e ouço meu pai ensaiar seu sermão
para o domingo de manhã. Ele não prega mais com muita
frequência. Ele deixa isso para os pastores associados. Aqueles
que estão no auge, com energia e senso de moda para atrair a
congregação mais jovem. Mas ele é um mentor piedoso para a nova
geração e é altamente respeitado na comunidade.

Quando ele me vê, ele sorri e fecha a Bíblia. Ele desce do púlpito
para juntar-se a mim.

— A que devo este prazer? — Ele pergunta enquanto dá um


tapinha na minha mão que está apoiada na madeira de mogno.

Eu olho para o rosto dele. Seu rosto gentil e amoroso. O rosto


do homem em cujos ombros eu costumava cavalgar, que beijou
meus joelhos esfolados e que me carregou para a cama quando
adormeci, ouvindo mamãe tocar piano.

Ele está lindo como sempre. Sua pele está um pouco


envelhecida e há linhas suaves nos cantos de seus olhos e boca
cinza. Há menos cabelo em sua cabeça e suas sobrancelhas e
barba são brancas como a neve, mas ele ainda é formidável e me
sinto como uma garotinha em sua presença. Ele é meu lugar
seguro.

Essa é a questão. A traição nunca vem de um inimigo. É por


isso que somos pegos de surpresa por isso. Nunca pensamos que
uma pessoa que amamos poderia nos machucar dessa maneira.

Quando não respondo, a preocupação marca sua testa.

— Algo errado, querida? — Ele pergunta.


Abaixo minha cabeça novamente e começo a bater meus pés
nervosamente enquanto organizo meus pensamentos.

— Você realmente ameaçou Garrett com prisão se ele não me


deixasse naquele motel? — Eu pergunto sem olhar para ele.

Vários momentos de silêncio passam, e então ele suspira.

— Vocês dois eram tão jovens, — ele murmura.

— Eu não era tão jovem, papai. Eu sabia o que queria, e era


ele. Como você pode fazer aquilo? Como pôde me deixar andar por
aí com o coração partido, pensando que ele havia me deixado? —
Pergunto.

— Eu pensei que era o melhor para você. Você tinha dezessete


anos. Você nem tinha se formado ainda. Você sabe como foi para
sua mãe e para mim acordarmos quando você se foi? Não tínhamos
ideia de onde estava. Não sabíamos se você havia fugido ou sido
sequestrada. Tantas coisas aterrorizantes passaram por nossas
mentes. Então, sua mãe encontrou aquele bilhete. Eu estava
furioso com você. Furioso por você ser tão cruel a ponto de fugir
assim e com Garrett Tuttle. Ele era um garoto punk.

— Não, ele não era, — digo.

— Ele era para mim. Ele era um menino sem nenhum respeito
por você. Se ele tivesse respeito, teria vindo até mim, de homem
para homem, e me contado sobre seus planos. Ele teria pedido sua
mão. Ele teria feito de você uma mulher honesta, não a levado para
Nashville no meio da noite, como um covarde.

— Não estávamos prontos para casar, mas estávamos


apaixonados e perseguindo sonhos, — explico.
— Os sonhos dele, não os seus, — ele insiste.

— Seus sonhos eram meus sonhos.

— E esse era o problema. Você estava enfrentando um futuro


de viver de amendoim, sendo arrastada de bar em bar para ele
tocar seu violão e tentar cantar. Como eu poderia sentar aqui
enquanto me preocupava se você estava bem? Se tinha comida?

Balanço minha cabeça. — Não, você estava preocupado com o


que a cidade iria pensar, — pressiono.

Ele ri. — Sou um homem de Deus, mas sou humano. Fiz o


possível para criá-la moralmente, mas também sou pai. Você é
minha garotinha. Eu estava preocupado com o seu bem-estar e
segurança em primeiro lugar. Sua alma também, mas
principalmente, só queria você aqui, onde poderia protegê-la.

— Não foi justo. Você não deveria tê-lo ameaçado. Eu sabia o


que queria e agora desperdicei a última década da minha vida
desejando algo que tinha. Tenho medo de deixar alguém
aproximar-se, — digo a ele.

— Eu sei. Rezei para que você se curasse e encontrasse o amor


novamente. E acho que você encontrou.

— Com o mesmo homem. Poderíamos ter tido uma vida. Uma


família agora! — Grito.

Ele concorda. — Sim, ou a pressão da vida e da carreira dele


poderia ter sido demais. Vocês poderiam ter acabado perdendo um
ao outro para a fama e até mesmo trazido crianças para a bagunça.
Olhe para ele. Por que ele está aqui em Balsam Ridge agora?
— Não foi culpa dele. Uma mulher mentiu sobre ele ser o pai
de seu filho e essa foi a causa do que aconteceu naquela noite.

Ele aperta os lábios e dá um olhar severo. — Ansley, seja


honesta consigo mesma. Ele pode não ter sido o pai no final, mas
estava dormindo com mulheres que não eram suas esposas. Ele
entrou em brigas públicas. Ele dirigiu embriagado. Tudo isso foi
culpa dele.

Eu olho para longe dele porque ele está certo. É tudo verdade.

Ele pega sua mão e gentilmente puxa meu queixo para que eu
fique de frente para ele novamente.

— Mas acredito que ele está mudando. Eu o observei desde que


voltou para casa. Eu vi o jeito que ele trata as pessoas. Eu vejo o
jeito que ele é com sua família. Eu vejo como ele é com você. Agora,
você pode pensar que cometi um erro todos esses anos atrás, e
talvez tenha cometido, mas acho que Deus queria que vocês dois
tivessem espaço para crescer. Para crescer e se tornar a pessoa
bonita que você é, para que todas essas bobagens não fiquem entre
vocês. Talvez agora vocês estejam prontos um para o outro. Ele
precisa da âncora e você precisa da vela.

Meus olhos enchem-se de lágrimas não derramadas com suas


palavras.

— Você não acha que é tarde demais? — Pergunto.

— Você o ama?

— Eu sempre o amei. Não sei como não o amar, — confesso.

— Então, não é tarde demais.


Capítulo Trinta e Três

Garrett
Na sexta-feira, o palco está concluído. Resta apenas que os
eletricistas façam a sua parte. Langford e eu recuamos depois de
aplicar a última camada de selante à prova d'água.

Isso parece bom.

Pop vem atrás de nós e sua voz está cheia de orgulho quando
diz: — Vocês fizeram um ótimo trabalho esta semana.

— Tivemos muita ajuda e ainda não acredito que conseguimos,


— afirmo.

— Graham disse que enviará alguns de seus funcionários de


outro projeto na segunda-feira para finalizar tudo. Os pontos de
vendas estão lotados e sua mãe já esgotou os ingressos. Vou dar
uma volta e informar Jesse sobre o que está acontecendo, agora
que sabemos com certeza que vai acontecer. Você quer ir comigo,
já que foi ideia sua? — Ele pergunta.

— Não posso. Marcamos um encontro com o advogado de


Langford para fechar a venda do terreno que estou comprando.

— Quer que eu espere? — Ele pergunta.


— Não, vá em frente e avise-o, para que ele possa dizer a Lacey
que irá juntar-se a eles. Não acredito que a notícia ainda não tenha
chegado a ele.

— Acho que ele está distraído.

— Tenho certeza que ele está, — concordo.

— Tudo bem, vejo vocês mais tarde.

Pop sai e limpamos as lonas e os pincéis.

Estamos colocando-os sob o palco quando ouço uma voz


familiar chamando meu nome.

Eu olho para cima para ver Pierce cruzando o terreno.

— Quem é aquele? — Pergunta Langford.

— Meu gerente.

— É um bom ou mau sinal que ele esteja aqui?

Eu dou de ombros. — Poderia ser qualquer um dos dois. Eu


volto já.

Eu saio para encontrar Pierce.

— Eu tenho ligado para o seu telefone o dia todo, — diz ele


quando chego a ele.

— Eu não tenho uma boa recepção aqui, — digo a ele.

Ele revira os olhos.

— O que você está fazendo aqui? — Pergunto.

Ele sorri e o nó no meu estômago se desfaz.


Nos sentamos em uma das mesas.

— A gravadora quer você em Los Angeles para o National Music


Awards, — ele me diz.

— Isso é no próximo fim de semana, — digo.

— Isso é. Posso ter um jato na pista em Knoxville pela manhã


para nos pegar. Faremos alguns dias de imprensa. Avisar a todos
que você fez o teste de paternidade e o bebê não é seu e depois
falar sobre o novo álbum e a turnê. A banda nos encontrará lá na
quinta-feira para os ensaios.

Minha empolgação rapidamente transforma-se em decepção.

— Não posso. Prometi me apresentar em um evento beneficente


aqui no próximo fim de semana, — eu o informo.

— Que evento?

— É para arrecadar dinheiro para uma família local cujo filho


está lutando contra o câncer, — explico.

— Uma família local? Eu gosto disso. Por que não peço à


gravadora que assine um cheque bem gordo? — Ele sugere.

— Seria ótimo.

— Vou mandar uma equipe de reportagem descer e filmar você


entregando o cheque na pista antes de embarcarmos no avião. Vai
ser ótimo. Ótima divulgação para você. Grande publicidade para a
gravadora. E você ainda pode dar um link do Cash App no ar e
pedir doações ao público. Então, você está liberado para ir para
Los Angeles. Você pode fazer com que o garoto e sua família nos
acompanhem até o aeroporto? — Ele pergunta.

Dou-lhe um sorriso apertado.

— Eu gosto do som de tudo isso. Exceto pela parte em que entro


no avião. Prometi ajudar um menino doente que ama a mim e
minha música. Ele ouve quando está recebendo tratamento.
Minha presença significa algo para ele, então não se trata apenas
de dinheiro. Significa algo para seus pais e esta comunidade. De
onde eu venho, um homem é tão bom quanto sua palavra, e uma
promessa é algo que você mantém, — insisto.

Ele balança a cabeça. — Este é o mundo real, Garrett. O


dinheiro significa mais para todos. Especialmente famílias com
altas contas médicas, — ele contesta.

— Não, não aqui. Balsam Ridge se reunirá como uma


comunidade. Eles encontrarão uma maneira de cobrir os custos,
se oferecerão para preparar as refeições e cuidar das outras duas
crianças, se reunirão para orar por ele, farão seus biscoitos
favoritos quando ele se sentir bem o suficiente para comer, eles
vão contribuir para garantir que o trabalho de paisagismo de seu
pai seja feito enquanto ele está ao lado de seu filho e apoiando sua
esposa, e eles vão amá-los por tudo isso. Isso é mais precioso do
que um cheque e publicidade. Então, diga à gravadora que sinto
muito. Não posso ir no próximo fim de semana.

— Isso não é negociável, Garrett, — ele retruca.

— Nem a arrecadação de fundos.


— Foda-se, você está me colocando em uma posição ruim. Você
tem ideia de como foi difícil para mim trazê-los de volta com o
lançamento do álbum e a turnê? — Ele rosna.

— Convença-os. Você consegue. É por isso que lhe pago muito


dinheiro.

Ele suspira. — Eles não vão ficar felizes.

— Talvez não, mas não quero ser apenas o homem que fica bem
para a imprensa. Eu quero ser o homem que é bom. O homem que
meu pai me criou para ser. E se os executivos de Nashville não
entenderem isso, então gravarei meus próprios discos. Inferno, vou
começar minha própria gravadora, — eu ameaço.

Ele ri. — Você faria isso, só para irritá-los, seu maluco filho da
puta.

Com isso, sei que o tenho.

— Vou fazer algumas ligações. — Ele pega o telefone e olha para


ele. — Porra, podemos ir a algum lugar onde eu possa fazer uma
ligação? — Ele pergunta.

Eu levanto. — Vamos. Vou apresentá-lo ao meu irmão.


Estamos indo para o escritório de um advogado. Você pode ir
junto.

— Por que você precisa de um advogado? Você não fez nada


estúpido enquanto esteve aqui, não é? — Ele pergunta.

— Tenho certeza que fiz, — digo enquanto coloco um braço em


volta de seus ombros.

— Garrett, você está falando sério?


— Sério como um ataque cardíaco, — digo a ele.

Uma série de palavrões sai de seus lábios quando chegamos a


Langford.

Eu apresento os dois e eles apertam as mãos.

— Vá em frente. Diga, — insiste Pierce.

Langford olha para mim. — Do que ele está falando?

— Ele quer saber que coisa estúpida eu fiz desde que cheguei
aqui para precisar consultar um advogado.

Ele ri e levanta os dedos médio e indicador. — Duas coisas


estúpidas.
Capítulo Trinta e Quatro

Garrett
Langford e eu fechamos o acordo sobre a propriedade, e seu
advogado enviará a mim a proposta comercial para o chalé de
esqui. Estou ansioso para contar a Ansley, então, assim que
terminamos no escritório do advogado, levo Pierce ao café para
apresentar os dois.

Nas duas horas que Langford e eu estávamos finalizando tudo,


Pierce passou o tempo ao telefone com os executivos em Nashville.
Eles não ficaram muito felizes com minha decisão de pular a
premiação, mas assim que Pierce disse que eu estava no escritório
de um advogado naquele momento, eles mudaram de ideia.

Parece que ele esqueceu de mencionar por que eu estava lá.

Eles concordaram em me deixar ficar para o show beneficente


e enviar as câmeras de notícias e o cheque que Pierce havia
sugerido, desde que eu voltasse ao estúdio no dia seguinte para
gravar as novas músicas e terminar o álbum.

— Não acredito que você comprou um terreno. É como se de


repente você fosse um adulto, — diz ele.
— Sim, bem, você e Aaron têm insistido para que eu me acalme.

— Eu quis dizer, parar de entrar em brigas de bar, não se


mudar para o interior. E quem é a garota que você quer que eu
conheça? — Ele pergunta.

— O nome dela é Ansley. Ela é uma das razões pelas quais


comprei o terreno.

Ele se vira totalmente para mim. — Garrett Tuttle, você está


dizendo que está em casa há alguns meses e já se apaixonou por
uma garota? O objetivo dessa licença era afastar você de Tatiana.
Merda, eu deveria ter enviado você para algum centro de
reabilitação de celebridades, — ele murmura.

Eu rio. — Ela não é apenas uma garota. Ela é a única que


escapou.

— Incrível, — diz ele, balançando a cabeça.

— O que?

— Você parece diferente aqui, — diz ele.

— Sim, bem, eu me sinto diferente. Atribua isso ao ar da


montanha.

— Hmm... talvez eu precise passar férias nas montanhas algum


dia, — ele reflete.

— Não faria mal nenhum, — eu concordo. — Vamos. Vou


apresentá-lo.
Paramos no Well-Bred Café and Bookstore e apresento Pierce e
Ansley.

Ela junta-se a nós para tomar um café e nós a informamos


sobre as novidades da gravadora.

— Então, você vai embora semana que vem? — Ela pergunta.

— Sim, na manhã seguinte ao evento beneficente, — Pierce


responde por mim.

Vejo a dor passar por seu rosto antes que ela a esconda com
um sorriso forçado.

— Isso é ótimo, — diz ela.

Chego debaixo da mesa e pego a mão dela. — Eu estarei de


volta, — asseguro a ela.

Ela acena com a cabeça.

O telefone de Pierce toca e ele pede licença para atender a


ligação.

Aperto a mão dela uma vez que ele está fora do alcance da voz.
— Estou falando sério, Ansley.

— Eu sei que você está.

— Então, o que há de errado? — Pergunto.

— Acabei de começar a gostar de você de novo e agora está indo


embora. É péssimo, — diz ela.

É uma merda.

— Você é bem-vinda para vir comigo, — eu ofereço.


Ela balança a cabeça. — Não posso sair do café. Além disso,
você vai estar tão ocupado com a gravação e depois com a turnê.

— Eu irei, mas quando terminar, estarei de volta.

— Ok.

— Você não acredita em mim, não é?

— Eu acredito que você acredita.

— Vamos, Foxy. Tudo o que passamos e eu terminando aqui e


passando um tempo juntos, tudo isso tem que significar alguma
coisa, certo?

— Como o que exatamente? — Ela pergunta.

— Que algo maior do que nós, quer que fiquemos juntos.

Ela ri. — Destino? Você quer que eu acredite que Garrett Tuttle
acredita em destino?

— Algo me trouxe de volta a Balsam Ridge.

— Achei que seu empresário e agente fizeram isso.

— Eles poderiam ter escolhido qualquer lugar do mundo para


eu ficar quieto. Eu poderia ter passado um mês em uma ilha,
tomando banho de sol. Eu poderia ter passado o verão surfando
na Austrália. Eu poderia ter me escondido atrás dos portões da
propriedade de Pierce em Nashville. Mas de alguma forma, acabei
aqui. Eu vim para você. Eu vim por você. Eu só não sabia disso na
época. Não é isso que é o destino?

— Eu acho.

— Sim. O destino e a magia das orações da mamãe, —


confirmo.
Ela balança a cabeça. — Você é louco.

— Louco por você, — eu corrijo.

Ela funga.

— Você não está convencida, está?

— Só estou com medo.

— De que? — Pergunto.

— Medo de me apaixonar por você de novo. Com medo de ser


deixada de novo. Medo de amar alguém.

Amor.

— Bem, supere isso, — exijo.

— Superar? Não é tão fácil, Garrett.

— Então, você vai ter que fazer isso com medo porque eu te
amo.

Seus olhos se arregalam. — O que você disse?

— Eu te amo, Ansley Humphries, — repito.

— Estas últimas semanas foram mágicas, mas estivemos em


uma bolha. Viemos de mundos diferentes agora, e o seu quer você
de volta.

— Você tem razão. Nós viemos de mundos diferentes agora,


mas e daí? Aqui com você é onde eu quero estar. Eu não me
importo com os detalhes. Nós vamos resolvê-los, — asseguro a ela.

Às vezes, você só precisa caminhar no desconhecido. Viver com


a possibilidade de que pode dar muito errado, mas pode dar muito
certo. Às vezes, você tem que deixar o risco estar lá e fazê-lo de
qualquer maneira. Porque se você fizer apenas as coisas que
garantem um bom resultado, você não está vivendo de verdade.

Seus olhos enchem-se de lágrimas.

— Nós vamos descobrir isso, — ela repete.

— Eu gosto daqui. Gosto do cheiro de livros antigos, do aroma


do café fresco sendo preparado, das risadas das crianças, de
sentar no balanço da varanda enquanto assisto ao pôr do sol, dos
cochilos da tarde de domingo e de dirigir pela Main Street no vale
e acenar para todas as pessoas que passam. A vida não precisa ser
rápida ou em um arranha-céu para ser bonita. Já comprei o
terreno. Vou construir uma propriedade aqui. Balsam Ridge será
minha base.

— Nós vamos descobrir isso, — diz ela novamente.

Eu sorrio. — Diga mais uma vez, Foxy.

Ela se inclina sobre a mesa. — Eu também te amo, e vamos


descobrir isso.

Beijo seu nariz e depois seus lábios.

— Não parta meu coração de novo.

— Eu não vou.

Pierce retorna naquele momento. — Parece que você vai


precisar me dar uma carona até o aeroporto. Tenho que voltar para
a cidade.

— Agora? — Eu pergunto.

— Nah, em algumas horas, mas estarei de volta na próxima


semana com a banda e aquele cheque, — ele diz.
Ele olha de mim para o rosto manchado de lágrimas de Ansley.
— O que eu perdi? — Ele pergunta.

— Ansley me ama, — respondo.

Seus olhos se arregalam. — Tem certeza que quer ir na onda


desse idiota? — Ele pergunta a ela.

Sento e sorrio.

Ansley começa a rir.

Maldito Pierce.
Capítulo Trinta e Cinco

Ansley
Eu tiro o resto do dia de folga, então posso ir com Garrett levar
Pierce para Knoxville.

Ele explica que o juiz aceitou um acordo judicial em nome de


Garrett pelas acusações de embriaguez e agressão e que ele ficará
em liberdade condicional nos próximos trinta e seis meses e terá
que ter algumas aulas de controle de raiva.

— Vocês não conseguiram me tirar das aulas? — Garrett


reclama.

— Considere-se com sorte, idiota. Mantivemos você fora da


prisão, — Pierce retruca, então vira-se para mim e gesticula para
Garrett com o polegar.

— Ingrato.

Eu me divirto ouvindo-os brincar durante todo o caminho.

Pierce conta todas as histórias suculentas de seu tempo em


turnês. O que Garrett não está muito satisfeito.
— E desta vez, a segurança pegou uma garota escondida no
compartimento de carga do ônibus da turnê. Você ficaria chocada
com o que as mulheres estão dispostas a fazer para chegar a este.

— Oh, eu não acho que ficaria tão chocada, — digo.

Os olhos de Garrett encontram os meus no espelho retrovisor


e eu pisco.

Pierce olha entre nós dois. — Eu acho que esta é boa para você.

Nós o deixamos e subo no banco da frente. Conecto meu iPhone


ao Bluetooth do Land Rover e abro meu aplicativo de música.

A voz de Garrett vem dos alto-falantes.

— Você nem gosta de música country, lembra? — Ele provoca.

— Ok. Hora da verdade. Devo ter ouvido “Tennessee Sunsets”


repetidamente enquanto estudava para as provas finais, —
confesso.

— Realmente? Isso foi um corte do álbum. Eu nem a lancei


como single, — ele diz.

— Eu sei. É a quarta música do seu álbum de estreia e é


incrível. Deveria ter sido um single.

— Foi escrito sobre você, — diz ele.

— Eu?

— Bem, você, eu e aquela noite depois do jogo de boas-vindas,


quando fomos até o tater patch e dormimos na traseira da minha
velha caminhonete. Nunca vou esquecer aquela noite ou aquele
pôr do sol.
— Eu sabia que soava familiar de alguma forma. Como se eu
pudesse relacionar-me com as palavras.

— Você não apenas ouve música. Você tem que sentir isso em
seus ossos. Uma música pode fazer você lembrar de qualquer coisa
ou esquecer de tudo. Esse é o poder das boas letras, e cada música
que canto faz lembrar de você, — ele me diz.

— Oh.

Ele pega minha mão e beija meu pulso.

— Toda boa música que escrevo e toda boa música que canto,
isso é.

— E as outras músicas? — Eu pergunto.

— Elas são apenas um enchimento. Como todas as outras


mulheres da minha vida. Sempre foi você, Foxy. Sempre.

Quando voltamos para Balsam Ridge, eu o convenço a passar


a noite na minha casa. Por mais que ame a vista das Man Caves,
não suporto dormir naquele futon.

Abro a porta e piso em um jornal.

Eu o pego e o carrego conosco.

— Você quer café? — Pergunto.

— Eu poderia ir para um daqueles mochas mexicanos.


Coloco o papel para baixo e ando atrás do balcão e ligo a
máquina de café expresso.

— O que é isso? — Ele pergunta.

Dou de ombros. — Eu não tenho certeza. Alguém o deslizou por


baixo da porta, — digo.

Ele o folheia enquanto preparo nossas bebidas.

— Droga, — ele geme.

— O que? — Eu pergunto enquanto coloco nossas canecas no


balcão.

Seus olhos vêm até mim. — Você está gostosa pra caralho nessa
foto.

Eu pego dele para ver ao que ele está se referindo. É uma


matéria que o jornal local fez durante meus anos como
bibliotecária da cidade. A foto que acompanha o artigo é minha em
pé em uma escada no meio das estantes, estendendo a mão para
colocar um livro de volta na prateleira.

— Sério? Isso te excita?

— Inferno, sim, isso me excita. Você com esses saltos, usando


essa saia que está subindo pela sua coxa quando se levanta. Porra,
é a fantasia adolescente de todo homem.

— Oh sério? — Pergunto enquanto coloco o papel no balcão.

Pego um lápis do copo ao lado da caixa registradora e o uso


para prender meu cabelo em um coque apertado. Então, pego um
par de óculos de leitura em uma vitrine, coloco-os na ponta do
nariz e vou até uma das estantes. Lentamente corro meus dedos
sobre as lombadas antes de arrancar uma capa dura de Lolita e
marchar até onde ele está sentado.

Sento em frente a ele e cruzo as pernas, deixando a bainha do


meu vestido subir e expor a parte superior da minha coxa.

Ele observa enquanto lambo meu dedo para virar a página.

— Foxy, você acorda pensando em maneiras de me frustrar? —


Ele pergunta.

Inclino e sussurro em seu ouvido: — Não, mas vou para a cama


pensando nelas.

Ele rosna e, de uma só vez, arranca o livro da minha mão, joga-


o de lado, me pega e me coloca na beirada do balcão.

Ele se posiciona entre minhas pernas e traz sua boca para a


minha enquanto desliza as mãos pela minha saia.

Puxo sua camisa da cintura de sua calça jeans e começo a


desabotoá-la. Meus dedos não podem mover-se rápido o suficiente.
Assim que chego ao primeiro botão, ele a tira dos ombros e inclina-
se para trás para tirar a camiseta branca e jogá-la no chão.

Passo minhas unhas nos pelos escuros de seu peito e desço por
seu abdômen rígido até o botão de sua calça jeans. Abro o botão e
vejo como ele desliza seu jeans para baixo. Ele o chuta para o lado
e volta para mim, e minha mão o encontra duro e pronto. Envolvo
meus dedos em torno dele e puxo suavemente, e ele geme.

— Já fantasiei em fazer sexo neste café, — confesso.

Ele me dá um sorriso diabólico. — Fico feliz em realizar essa


fantasia.
— Eu tenho vontade de tocar em você desde que me disse que
me amava. Achei que nunca iríamos nos livrar de Pierce, — digo a
ele enquanto deslizo minha mão o máximo que posso e volto.

— Oh sim? Você deveria ter dito para chamar um maldito


serviço de carro, — ele resmunga.

— Não temos nada disso.

Ele geme. — Eu teria feito Morris levá-lo.

Suas mãos estão esfregando círculos na parte superior das


minhas coxas, e ele lentamente as move para cima para trazer a
barra da minha saia com elas. Eu levanto, para que ele possa
deslizá-la até a minha cintura. Então, ele pega as costas da mão e
passa os nós dos dedos na frente da minha calcinha encharcada,
e minhas pernas começam a tremer quando roça meu clitóris. Ele
geme com a minha reação, e desliza um dedo sob a renda e através
da minha umidade antes de bombear para dentro de mim.

— Oh, sim, — grito enquanto tiro minha mão dele e desfaço os


botões da minha blusa. Eu a deixo cair em meus braços e abro
meu sutiã. Eu os jogo no chão e trago meus braços para trás para
apoiar-me contra o balcão.

Fecho meus olhos e jogo minha cabeça para trás enquanto ele
adiciona outro dedo. Então, ele abaixa a cabeça para lamber meu
seio. Ele brinca por apenas alguns momentos antes de perder a
paciência, remover os dedos e rasgar minha calcinha pelas minhas
pernas. Abro os olhos no momento em que ele coloca uma
camisinha, agarra meus quadris e me puxa para frente. Solto um
grito de surpresa e depois observo enquanto ele abre bem minhas
pernas para ter melhor acesso.
Então, ele estende a mão para um dos bancos e o puxa para
mais perto, para que possa sentar-se diante de mim. Seus dedos
encontram o caminho de volta para a minha abertura. Ele usa o
indicador e o polegar para me levar a um frenesi enlouquecedor,
traz a boca para o meu centro e começa a lamber suavemente.

— Garrett, — consigo suspirar enquanto agarro seu cabelo e o


seguro.

Ele suga meu clitóris entre os dentes e morde levemente, e eu


salto do balcão.

É quando ele chuta o banquinho para trás e sua boca me deixa.

Deixo escapar um gemido, e ele me coloca em pé. Ele vira e me


inclina sobre o balcão, e então guia minha saia sobre minha
bunda.

Ele acaricia uma bochecha, dá um tapa rápido antes de


inclinar-se sobre mim e dizer em meu ouvido: — Que bibliotecária
travessa.

— Sim, — respondo.

Ele dá outro tapa rápido, e eu gemo.

Posso sentir o calor irradiando da minha pele. Ele desliza a mão


suavemente sobre o local pouco antes de dar um beijo gentil ali.
Então, ajoelha-se e abre minhas pernas.

Eu sou toda sensação. Sinto seu calor e o subir e descer de seu


peito contra minhas costas e a madeira fria contra meus mamilos
duros.

Ele suga o lóbulo da minha orelha em sua boca e morde


suavemente.
Um arrepio percorre minha espinha.

— Você gosta disso? — Ele pergunta.

— Pare de provocar, Garrett. Preciso de você dentro de mim


agora, — exijo.

— Deixe-me ter certeza de que você está pronta, — ele diz


enquanto guia sua mão entre minhas pernas novamente. — Oh,
sim, você está definitivamente pronta, — reflete.

— Garrett…

Meu apelo morre em meus lábios quando ele empurra para


dentro de mim por trás.

Finalmente.

Resisto para dar a ele bastante acesso, e ele aproveita a


oportunidade para trazer as mãos para a minha frente. Ele segura
meus seios enquanto bombeia para dentro de mim, e seus
polegares circulam meus mamilos doloridos.

Começo a empurrar para cima na ponta dos meus calcanhares


para encontrar seus quadris e balançar nele. Posso sentir o calor
espalhando-se pela minha espinha até o meu núcleo. Ele libera
um dos meus seios e seu polegar encontra meu clitóris. Ele
pressiona em mim com a pressão perfeita que meu corpo precisa
para deixar ir, e bato minhas mãos contra o topo do banco,
enviando o jornal voando enquanto minhas pernas tremem com o
orgasmo disparando através de mim.

— Sim, — grito enquanto a euforia corre sobre meus membros


e derreto na madeira.
Ele continua a bombear para dentro e para fora até gozar em
mim com um gemido. Cansado, ele cai nas minhas costas, e nós
apenas ficamos ali, abraçados até que nossos batimentos
cardíacos se acalmem. Então, ele beija meu pescoço e levanta-se.

Eu fico de pé, um pouco trêmula em meus calcanhares, e viro


para encará-lo.

Ele me envolve em seus braços e me beija suavemente. — Eu


te amo. Espero que tenha correspondido à fantasia.

Pego os óculos que caíram do meu rosto e os coloco de volta no


nariz. — Espero que tenha correspondido à sua, — digo.

Ele ri enquanto me pega e me joga por cima do ombro, e então


me carrega escada acima.
Capítulo Trinta e Seis

Ansley
A semana voa. Antes que eu perceba, Garrett e eu estamos
pegando seu empresário e os membros da banda no aeroporto.

Sei que nosso tempo juntos está passando, e quanto mais perto
se aproxima da hora dele partir, mais apreensiva fico, mas ele é
um mestre em me acalmar.

Na era dos telefones celulares e do bate-papo por vídeo, não é


como se estivéssemos desconectados, não importa aonde sua
carreira o leve.

Acho que estou ansiosa porque é tudo novo e ainda parece


frágil.

Mas o amor não é sempre frágil? Estamos todos a um passo em


falso ou a uma tragédia de perder aquele que amamos. Então,
temos que ter fé que o amanhã chegará, mas amar como se não
chegasse.

Estou aprendendo a deixar ir e deixar a vida nos levar para


onde ela quiser, e espero que, no ano que vem, eu ainda tenha a
liberdade de poder viajar com ele quando ele estiver em turnê.
Adoraria que pudéssemos ver o mundo juntos, como planejamos
anos atrás.

O show beneficente para a família de Theo é um grande


sucesso. Depois de contabilizado todo o dinheiro, a cidade
levantou quase meio milhão de dólares para a família. Em grande
parte devido à publicidade que a gravadora de Garrett fez. Eles não
apenas enviaram um cheque de duzentos mil dólares, mas
também garantiram que todos os meios de comunicação do
sudeste estivessem aqui para cobrir o evento. As doações vieram
dos fãs de Garrett em todos os lugares.

Ele e a banda também deram um show infernal. É a primeira


vez que posso vê-lo no palco, fazendo o que ama. Eu tenho um
assento na primeira fila e é emocionante.

Meu homem nasceu para entreter.

Jesse já está em Memphis com sua esposa e filho, ele partiu no


momento em que descobriu o que estávamos fazendo. Hilton
Tuttle, junto com seus dois filhos mais velhos, aceita o dinheiro
em seu nome e lê uma carta sincera da família para a multidão
que emociona a todos.

Meu coração enche-se de orgulho por Garrett. Ele fez isso por
eles.

Meus olhos encontram os de Sara-Beth do outro lado do parque


de diversões e vejo o mesmo orgulho refletido em sua expressão.
Acompanho Garrett, Pierce e a banda até o aeroporto para
pegar o voo de volta para Nashville.

Garrett e eu seguimos a van deles no Land Rover.

Durante toda a viagem, faço o possível para conter as lágrimas.

Garrett segura minha mão com força.

Ele não quer ir embora, mas está ansioso para voltar ao estúdio
de gravação, então faço o possível para não desmoronar com ele.

Quando paramos no portão, saio do veículo para me despedir.

A banda descarrega todo o equipamento da traseira do Land


Rover e entra para nos dar um momento de privacidade.

Ele me envolve em seus braços. — Ligue para mim quando


voltar ao vale, — ele instrui.

— Eu vou. As meninas vão encontrar-me na locadora em


Knoxville para devolver o Land Rover, e provavelmente vamos
parar para jantar, mas ligo assim que estiver em casa e segura na
cama.

Ele geme, e então levanta a mão e coloca meu cabelo atrás da


minha orelha.

— Vou tentar voltar e passar pelo menos uma semana com você
antes da turnê começar, — ele promete.

Fico na ponta dos pés e junto minha testa contra a dele. — Eu


vou ficar bem, Garrett. Não se preocupe comigo. Concentre-se em
fazer seu trabalho. Se você não puder ir para casa, encontrarei
alguém para me substituir no café e passarei uma semana com
você.
Ele sorri. — Vou sentir sua falta, mas ligarei todas as noites
para ouvir sua voz.

— Eu vou sentir sua falta, — digo.

— Ei, namorado, beije-a antes que o avião decole sem você, —


grita Pierce.

Garrett levanta o dedo do meio e Pierce ri.

Ele toma minha boca com a dele, e despejo todo o meu medo,
tristeza e amor no beijo apaixonado.

— Eu te amo, Foxy, — ele diz enquanto me solta e começa a


andar de costas em direção ao prédio.

— Eu te amo. Comporte-se, — respondo.

Fico parada no meio-fio até que ele desapareça no aeroporto.


Então, respiro fundo, coloco meus óculos de sol no rosto e vou
embora.

Erin, Jena e Taeli estão esperando quando entro na locadora.


Assim que saio do SUV, corro para seus braços abertos.

— Vamos, garota. Vamos tirar você daqui. Vamos comer e


tomar alguns shots de tequila, — Jena diz.

— Isso soa como um plano excelente, — eu concordo.

Elas fazem o possível para me animar e, quando chegamos em


casa, estou me sentindo muito melhor.

Elas me deixam em casa e corro escada acima para ligar para


Garrett.

Ele atende no primeiro toque. — Ei, Foxy.

— Ei. Como foi seu voo? — Pergunto.


— Foram quarenta e cinco minutos de puro inferno, tendo que
ouvir Pierce.

Eu rio.

— E quanto ao seu carro?

— As meninas e eu paramos para comer e elas compraram


muitos shots. Dormi no carro na última hora da viagem.

— Então, você está em casa, na cama e bêbada?

— Sóbria. Embriagada.

— Eu gostaria de estar aí para aconchegar sua bunda


embriagada.

— Mmm, eu também, — concordo.

— Quer fazer sexo por telefone? — Ele pergunta.

— Você precisa ir dormir.

— Está bem. Fica na linha comigo? — Ele pergunta.

— Garrett, você tem que chegar cedo no estúdio. Precisa


descansar.

— Merda, eu sei. Ligo para você amanhã na mesma hora.

— Estarei aqui.

— Bons sonhos, Ansley.

— Bons sonhos. Eu te amo.

— Boa noite.

Desligo a chamada, rolo e abraço meu travesseiro.

Eu posso fazer isso.

Nós podemos fazer isso.


Capítulo Trinta e Sete

Ansley
Foi um dia agitado no café. Passei as primeiras horas ajudando
no caixa. Então tive uma tarde cheia de entrevistas. Finalmente
solicitei a licença para servir cerveja e vinho e preciso de novos
funcionários noturnos para administrar o café das cinco às dez
nas noites de sexta e sábado, bem como alguns novos baristas
para os turnos da manhã.

Em algum momento durante as entrevistas, uma entrega foi


feita com o meu nome.

Depois de fechar tudo para a noite, pego meu pacote e vou para
o meu apartamento.

Jogo minhas chaves na mesa, tiro minhas sapatilhas, jogo a


caixa na beirada da cama e pego o estilete na gaveta de tralhas da
cozinha.

O telefone toca antes que eu tenha a chance de atender, então


eu o pego da minha bolsa, pressiono para atender e o equilibro no
meu ombro enquanto continuo minha tarefa.

— Oi, linda. Como foi o seu dia?


A voz rica e profunda de Garrett me cumprimenta.

— Foi bom. Acho que encontrei ótimas perspectivas para


contratar, — informo a ele.

— Isso significa que você terá algum tempo livre para vir visitar
na turnê? — Ele pergunta.

— Esse é o plano, — informo.

— Graças a Deus, sinto sua falta como um louco, mulher. —


Eu rio, enquanto esforço-me para abrir o pacote. — O que você
está fazendo? — Ele pergunta.

— Estou tentando abrir uma caixa teimosa.

— Uma caixa de quê?

— Eu não faço ideia. Foi entregue hoje à tarde. Não me lembro


de ter pedido nada, mas isso não significa que não pedi, — digo.

Ele ri.

Eu finalmente abro as abas e enfiado dentro está uma caixa de


vestido branco embrulhada em uma fita rosa com uma etiqueta
anexada.

Leio o pequeno cartão e diz que é de Garrett.

— Garrett Tuttle, o que você me mandou?

— Abra e veja, — ele responde.

Puxo as pontas da fita e levanto a tampa. Então pego um


vestido maxi de cetim verde-esmeralda, um ombro só, com uma
fenda na coxa.

— Oh meu Deus, é lindo, — exclamo.


— Aposto que vai ficar ainda mais em você, — ele fala
lentamente.

— É um pouco chique para servir café, você não acha? — Eu


pergunto.

— Talvez, mas aposto que você teria clientes em fila ao redor do


quarteirão.

— Garrett, por que você enviou. Sério?

— Eu preciso de um encontro para o casamento de Harlan


James. Achei que se eu te mandasse um vestido, você não poderia
recusar. Há sapatos aí também.

Como se ele tivesse que comprar o meu sim.

— Bem, eu sou uma grande fã de Harlan James, — eu o


provoco.

— E eu aqui pensando que era o único músico country que você


ouvia.

— Não, mas você é o único que eu quero beijar, — admito.

— Bom saber. Agora desligue, coloque o vestido e me chame


por vídeo para que eu possa ver você nele.

— Agora mesmo?

— Sim, na verdade, vou ligar de volta em cinco minutos para


que você possa me dar um desfile de moda.

— Garrett, — digo.

— Cinco minutos, — ele brinca, e então a linha fica muda.

Corro para me despir e deslizo para o tecido luxuoso. Fico na


frente do espelho de corpo inteiro.
Não sei como ele conseguiu, mas é um ajuste perfeito e abraça
minhas curvas em todos os lugares certos. Puxo meu cabelo do
rabo de cavalo que eu usava para o trabalho e passo meus dedos
rapidamente por ele. Desce pelas minhas costas em ondas.

Calço os sapatos e pego meu telefone para aguardar sua ligação


quando ouço uma batida na porta.

Que droga.

Deve ser Taeli.

Todas as meninas têm as chaves do café, então elas podem


entrar e sair e Taeli e eu tínhamos planos para jantar esta noite.

Corro para deixá-la entrar e explicar por que estou tão bem
vestida para ir à pizzaria, mas, quando abro a porta, Garrett está
parado ali de smoking. — Uau, Foxy. Eu sabia que ficaria bom,
mas isso deveria ser ilegal.

Uma vez que o choque passa, pulo em seus braços.

— O que você está fazendo aqui? — Grito.

Ele me pega pela cintura e me puxa para ele.

— Esqueci de mencionar que o casamento é esta noite?

— Esta noite? Quando? Onde?

Olho para o relógio em pânico. Já são cinco.

— Às sete, em Nashville. Tenho um helicóptero esperando por


nós na casa de Langford.

— Um helicóptero?

— Certo? O Sr. Got Rocks está puxando todas as paradas.


Olho ao redor de Garrett para ver Erin, Jena e Taeli.

Garrett sorri.

— Ah, e chamei reforços para ajudar você a se preparar, — ele


sussurra em meu pescoço.

— Mova-se, — Erin exige.

Ele nos leva até o apartamento para que as meninas possam


entrar com escovas, secadores de cabelo, modeladores de cachos
e estojos de maquiagem. Então ele me põe de pé e senta-se na ilha
da cozinha enquanto elas se espalham e começam a trabalhar.

Saímos do helicóptero no Aeroporto Internacional de Nashville


e uma limusine está esperando para nos levar ao Country Music
Hall of Fame para o casamento.

Garrett pensou em tudo. Ele até convocou nossas mães para


ajudar no café amanhã, para que eu pudesse passar a noite com
ele na cidade.

A cerimônia foi linda. Foi realizada no Ford Theatre e Garrett


era uma bela vista como padrinho de casamento. Depois, passei a
hora do coquetel no Curb Conservatory saboreando champanhe e
aperitivos enquanto Garrett tirava fotos com os noivos. Assim que
ele se juntou a mim, estávamos sentados no BMI Hall para a
recepção com vistas deslumbrantes da cidade. A comida era
incrível. A banda maravilhosa e Garrett fazendo uma serenata para
o casal feliz fez-me derreter.

Nós dançamos a noite toda, e depois de jogar confeitos nos


recém-casados, Garrett rapidamente nos levou de volta para a
limusine para nos irmos ao seu apartamento em Nashville e tirar
o lindo vestido que ele comprou de mim.

Assim que entramos, ele me pega por cima do ombro e me joga


na cama. Então ronda meu corpo levando a bainha do vestido com
ele. Levanto meus braços para que ele possa deslizar o tecido sobre
minha cabeça. Ele beija suavemente enquanto joga o vestido no
chão. Enfio minhas unhas em seu cabelo enquanto ele beija uma
trilha até meus seios. Ele amassa um enquanto lambe o outro,
então lentamente desce até meu umbigo, onde mergulha sua
língua enquanto eu puxo seus cabelos. Ele continua sua descida
até que sua boca esteja na ponta da minha calcinha de renda.

Observo enquanto ele levanta minha perna direita e a envolve


em torno de seu ombro, abrindo-me para seu prazer visual. Ele se
inclina até que seu hálito quente caia sobre mim e estremeço com
a antecipação.

Com o polegar no meu clitóris, ele começa a fazer círculos


preguiçosos ao redor da carne sensível. Cada um disparando um
formigamento dolorido na minha espinha.

— Garrett, — resmungo.

Ele abaixa a cabeça para passar a língua da minha abertura


para o meu botão e então suga entre os dentes. Meus quadris saem
da cama para encontrá-lo e ele começa a lamber. Eu gemo de
prazer. Começo a mover meus quadris com sua boca e é tão bom.
Ele desliza um dedo dentro de mim enquanto continua a lamber,
depois outro. Ele os bombeia para dentro e para fora em um
movimento circular atingindo o ponto exato que preciso.

Jogo minha cabeça para trás e arqueio minhas costas enquanto


ele me traz para a borda e eu gozo. Seu nome é um grito em meus
lábios enquanto sinto o orgasmo.

Quando me recupero, ele se move de volta para o meu corpo,


seus lábios revestidos em meu clímax, e toma minha boca
novamente em um beijo voraz.

— Deus, senti sua falta, — diz ele enquanto se senta e olha


para mim. Então ele enfia a mão na gaveta do criado-mudo e tira
um pacote de papel alumínio e o abre com os dentes e eu começo
a despi-lo e mostrar a ele o quanto senti sua falta também.
Epílogo

Ansley
Fecho o livro e olho para todos os rostinhos sonolentos e sorrio.

— O que vocês acharam? — Pergunto.

Três mãos vão para o ar. Aponto para um garoto com um


sorriso desdentado e minúsculos óculos de armação preta.

— Estou feliz que a girafa tenha encontrado suas pintas, — diz


ele, e a sala explode em aplausos.

— Estou feliz também, — digo a ele.

Outra mão se levanta.

— Sim, Tori?

— Gostei dos flamingos, — diz ela.

O livro é sobre uma jovem girafa viajando pelo mundo e


conhecendo muitos amigos animais, tentando descobrir onde se
encaixa. É um ótimo livro sobre aceitação e que ser diferente não
é uma coisa ruim.

As crianças começam a tagarelar e levo um momento para


chamar a atenção delas novamente.
— Ok, pessoal, façam uma fila e tragam seus livros, por favor.

Comecei a dar a cada criança um livro para acompanhar a


história quando percebi que algumas delas tinham dificuldade
para enxergar quando eu virava o livro para que vissem as
ilustrações.

— Temos sacolas de guloseimas para levarem para casa com


vocês, — anuncio.

Uma por uma, elas se levantam e caminham até onde estou


sentada. O primeiro garotinho sorri para mim e entrega seu livro.
Há um pedaço de papel saindo dele, e eu o pego e o desdobro.

Diz, eu te amo.

Pego o bilhete e o seguro contra o peito. — Ah, James, eu


também te amo.

Ele sai andando, e o próximo garoto entrega seu livro, que


também tem um bilhete dentro.

Diz, eu te amei desde o dia em que nos conhecemos.

— Obrigada, Joshua, — retorno.

Cindy Lou é a próxima, e seu bilhete diz: Não consigo imaginar


uma vida sem você nela.

E o próximo diz: Então, não pretendo.

A próxima criança da fila nem tem um livro. Ela simplesmente


entrega um punhado de íris azuis e brancas.

Lágrimas começam a se acumular em meus olhos enquanto


pego as flores e as levo ao nariz.

A próxima nota vem de uma garotinha de maria-chiquinha.


Então, você aceita?

Respiro fundo enquanto agarro o papel em minha mão e,


quando olho para cima, Garrett está lá em um terno lindo, de
joelhos dobrados.

— Garrett, — eu suspiro.

— Ei, Foxy, — ele sussurra.

— O que você está fazendo aqui?

Ele estende o braço direito e há uma caixa de veludo


empoleirada em sua palma.

Um grito escapa quando ele abre a tampa, e dentro dela está


um brilhante anel de diamante.

Olho em seus olhos verdes brilhantes. Eles são tão cheios de


emoção, e quero pular em seus braços e confortá-lo.

— Vivo em um mundo grande. Um cheio de grandes cidades e


arenas lotadas. Pode ser assustador e solitário às vezes, mesmo
quando estou cercado por muitos rostos. Mas o mundo é muito
menos assustador quando você sabe a onde pertence e a quem
pertence. Não importa aonde essa carreira me leve, não importa
em que estágio eu esteja, desde que eu saiba que você está em
algum lugar, esperando que eu volte para casa, para você, nunca
mais estarei perdido. Ansley Humphries, quer se casar comigo?

Uma sinfonia de risos e aplausos enche o ar.

Garrett se vira e leva o dedo aos lábios. — Shh, pessoal. Ela


ainda não disse sim, — ele diz às crianças.

— Diga sim, senhorita Ansley! — Uma pequena voz grita.


E todos começam a cantar: — Sim, sim, sim!

Começo a rir em meio às lágrimas quando Erin, Jena e Taeli


aparecem atrás das crianças, também cantando o mesmo.

— Foxy? — Garrett chama, e olho para ele.

— Sim, — eu choro.

Ele pega o anel e coloca no meu dedo. Então, levanta-se e me


pega em seus braços e nos gira.

— Ela disse sim! — Ele grita, e uma dúzia de pequenos corpos


vem correndo para nós, envolvendo seus braços em volta de nossas
pernas.

Garrett
Eu a conduzo para a sala de vidro lindamente decorada no topo
do Misty Mountain Ski Lodge. É a única coisa completa no chalé,
mas é o lugar perfeito para celebrar nosso noivado com sua vista
de trezentos e sessenta graus do vale e o início de nosso futuro lar
do outro lado da montanha.

Nossas mães e Leona passaram a noite toda decorando o


espaço com luzes cintilantes e meus irmãos carregando as mesas
e cadeiras de madeira. Erin, Jena e Taeli decoraram as mesas com
arranjos florais e lindos talheres.

Meu bom amigo e também artista promissor, Baxter Paige, e


sua banda são o entretenimento da noite.

Assim que percebe a cena, ela começa a chorar. Eu a envolvo


em meus braços e ela enterra o rosto no meu pescoço.
— Ei, é melhor que sejam lágrimas de felicidade, — sussurro
em seu cabelo.

Ela balança a cabeça, muito engasgada para falar.

Todos começam a bater palmas e gritar quando notam nossa


chegada e nossos pais correm para nos encontrar no limiar.

Ansley me solta e cai nos braços abertos de sua mãe. —


Parabéns, baby, — murmura sua mãe.

O pastor Humphries me cumprimenta com um aperto de mão


e depois um abraço cheio de lágrimas. — Bem-vindo à família,
filho.

— Obrigado, senhor, — eu digo.

Ele acena para mim.

— Chega desse negócio de senhor. Você pode me chamar de


pai.

Pai?

Acho que ele estava falando sério quando o levei para jantar
ontem à noite e deu a sua bênção quando lhe pedi a mão da filha.

O jantar é servido por um novo restaurante local da fazenda à


mesa no vale, o champanhe flui e vamos para a pista de dança
enquanto a banda toca.

É uma ótima noite.

A certa altura, encontro Ansley nas janelas voltadas para o


oeste, apontando o local onde a equipe começou a limpar o terreno
onde nossa futura casa ficará. — Vai ter uma visão e tanto, —
observa Erin.
— Que lugar ótimo, — concorda Taeli.

— Seu homem deve estar carregado, — uma garota que eu não


reconheço acrescenta.

— Ele está, — Jena confirma.

Envolvo um braço em volta da cintura de Ansley e ela se inclina


para trás em meu peito. — Ei, querido, eu estava apenas
mostrando às meninas nosso lugar feliz, — ela anuncia.

— Então você deve ser o grande vencedor, — diz a estranha.

— E você é? — Eu pergunto.

— Maxine, mas todo mundo me chama de Maxi.

Espere, eu lembro vagamente dela. Ela é a garota que estava


preenchendo um formulário quando Corbin e eu estávamos
jantando.

— Prazer em conhecê-la. Você é nova na cidade?

Erin joga um braço sobre os ombros.

— Sim. Ela é a nova garçonete da cervejaria. Nos conhecemos


quando ela foi procurar um aluguel. Ela está se mudando para a
cabana que Taeli desocupou.

— Bem-vinda a Balsam Ridge. Tenho certeza que você vai


adorar isso aqui, — eu digo quando ouço um estrondo.

Eu viro e vejo Corbin coberto de vinho e vidro quebrado no chão


a seus pés. Susanna está gritando algo com ele por cima do som
da banda enquanto ele tenta acalmá-la.

— Quem é a psicopata? — Maxi pergunta.


— Susanna, a namorada intermitente do irmão de Garrett, —
responde Jena.

— Parece que está outra vez fora de controle, — Maxi reflete.

— Com licença, senhoras, já volto, — digo enquanto corro para


eles.

Graham e Langford me encontram no momento em que


Susanna sai em direção à saída e Corbin sai pisando duro atrás
dela.

— Temos que afastá-lo dela de uma vez por todas, — rosna


Langford.

— Está na hora, — eu concordo.

Graham aperta meu ombro.

— Não podemos fazer nada esta noite. Vamos curtir a festa e


lidar com aquele acidente de trem outro dia. Vá buscar sua noiva,
irmão.

Eu faço exatamente isso.

Fim.

Você também pode gostar