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A tradução foi efetuada pelo grupo Doll Books Traduções (DB), de modo a proporcionar
ao leitor o acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é
selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e disponibilizando-
os ao leitor, sem qualquer forma de obter lucro, seja ele direto ou indireto.
Levamos como objetivo sério, o incentivo para o leitor adquirir as obras, dando a
conhecer os autores que, de outro modo, não poderiam, a não ser no idioma original,
impossibilitando o conhecimento de muitos autores desconhecidos no Brasil. A fim de
preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo DB poderá,
sem aviso prévio e quando entender necessário, suspender o acesso aos livros e retirar
o link de disponibilização dos mesmos, daqueles que forem lançados por editoras
brasileiras. Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o
download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se de o
divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de tradução do grupo,
sem que exista uma prévia autorização expressa do mesmo.
Mas na Arcadia High? Ser uma boa garota me fez ser um alvo.
Tornei-me um troféu para os mimados, uma recompensa de final de
ano para aqueles dispostos a jogar o jogo: meninos maus.
TUCK
— Você precisará mudar os filhotes para Hill Climb hoje. Não está
previsto que a chuva passe, e a última coisa que precisamos é dos idiotas
indo para a pista molhada novamente.
— Pegue Sally. Você não vai querer arriscar que Major se machuque
se o terreno já estiver instável.
— Sim senhor.
Meu pai hesita, seus olhos cinza-aço treinados em mim como se ele
pensasse no que dizer a seguir. Para minha frustração, sinto a familiar
atração da esperança: um nó profundo na boca do meu peito.
Meu pai coloca o seu chapéu, a porta se fecha atrás dele quando eu
mudo meu olhar em direção a Bianca.
Dois solteiros sem um segundo livre no dia para fazer uma coisa
maldita sobre o trabalho doméstico.
Eu hesito no corredor.
— Vou pegá-lo quando sair pela porta.
— Obrigado.
A nova garota.
TUCK
As mulheres agitam os bebês como uma maneira de acalmar os
sentidos, o movimento suave supostamente fazendo algo em nossa
concentração, de modo que tudo em que podemos nos concentrar é no
movimento rítmico. Lembro-me de ouvir em algum lugar que isso tem a
ver com o ritmo correspondente ao batimento cardíaco da mãe — a
mesma razão pela qual gostam de dar tapinhas nas costas dos bebês.
Acho que é por isso que sempre posso contar com a ascensão e
queda constantes de respiração de Major, para frente e para trás, para
facilitar minha mente quando sinto o sufocar de estresse começar a
dificultar a respiração seguinte.
Tudo o que eu quero fazer é chegar à maldita festa para que eu possa
ver se Lacey estará lá. Seu olhar estoico está gravado em minha mente;
a maneira como ela olhou e assentiu silenciosamente enquanto
explicamos por que o nome dela que fica sob a pele de todos.
Ela aceitou bem as notícias. Ainda assim, eu odiaria ser seu irmão
quando ela chegasse em casa. Tenho a sensação de que a garota segurava
uma raiva que queria reservar para o cara certo.
Ela levanta a mão para proteger o sol baixo dos olhos enquanto olha
para mim.
— Por quê? — Não poderia ser nada. Talvez ela pensasse que seus
pais não poderiam deixa-la sair?
— Eu não sei, mas ela não me deixou falar com Lacey antes de eu
ir. A mãe dela parecia zangada.
Mags assente.
— Você vai até a festa e espera, caso ela apareça. Onde ela mora?
— Estrada das obras antigas. Perto da casa dos Adam's. O que você
vai fazer? — A garota coloca uma mão no quadril, ainda protegendo o
rosto com a outra.
Não sei o que há em Lacey que me deixou tão preso no feitiço dela,
mas sou como um maldito marinheiro preso na música da sirene. Não
consigo me afastar de sua destruição. Sua atitude arrogante me fez
querer estrangulá-la no início, mas, ao mesmo tempo, havia uma
curiosidade subjacente que separava Lacey de seu irmão idiota. Ela
parecia interessada nesse seu novo estilo de vida.
Beau.
B: Por quê?
Sim, eu disse. Minha garota. Ela pode não reconhecer isso ainda,
mas sempre será minha.
Sua cabeça se levanta ao som da minha voz, e ela quase cai de volta
para dentro.
— Eles vão ouvir você. — Sua cabeça balança para verificar a porta
do quarto. — Eu deveria estar fazendo as malas.
Malas?
— Não. — Eu ando até sua maldita janela e bato minha mão sob a
moldura quando ela chega para deslizar o vidro para baixo. — Diga-me
por que você está chateada.
Arrumo a gola do seu cardigã roxo pálido e tirando seu cabelo para
fora.
— Eu sinto muito.
— Acho que já faz algum tempo— explica ela. — Eu quero ficar aqui,
mas eles disseram que eu tenho que voltar para Riverbourne com minha
mãe.
Eu não falo nada. Não sei o que dizer quando só consigo pensar nas
razões pelas quais isso é péssimo para mim.
Eu não quero que ela vá. Não quando sinto que estávamos chegando
a algum lugar. Lacey começou a derreter. A garota de verdade estava a
caminho de se mostrar.
Eu quase a tive.
— O que? — Sua testa clara aperta sob a borda de sua touca de lã.
TUCK
A janela de Lacey fica a um metro e meio do chão, graças à fundação
elevada da antiga cabana. Aperto os dedos com força contra as pranchas
de madeira e depois pressiono com força os cotovelos para me elevar mais
alto.
— O que diabos você está fazendo agora? — Ela rosna com os dentes
cerrados.
— Eu suponho.
— Eu venho até sua casa para levá-la para sair à noite e encontro
você chorando, é claro, eu vou querer te abraçar para fazer você se sentir
melhor.
— Obrigada.
Encolhe os ombros.
— Maggie — Lacey mente. — Ela queria saber por que mamãe a fez
sair.
Não.
Deslizo o mais embaixo da cama que consigo, o que não está longe,
e prendo a respiração. O pai de Lacey para de costas para mim, com as
mãos na janela do caixilho, e a puxa até a metade antes de parar
abruptamente.
Não ouso piscar, caso seja muito alto. Não que eu possa ouvir muito
sobre meu coração batendo de qualquer maneira.
Lacey enterra o rosto nas mãos. O velho dela parece pronto para me
matar.
— Fique de pé.
Faço o que ele pede, minhas costas estourando quando me estico
em toda a minha altura. Acontece que eu sou meio metro mais alto que
o pai dela.
Levanto a mão para a mulher loira que parece uma versão de meia-
idade de Lacey. Ou se parece com Lacey quando era adolescente? Porra.
Seja o que for, levanto a palma da mão para a mulher.
— E você seria?
Atiro-lhe um olhar que faz o cara voltar para sua mãe e continuar.
— Você poderia ter usado a porta da frente se tudo que você queria
fosse visita-la. — brinca a sra. Williams.
Boa.
— Receio que não — diz a mãe dela. — Lacey não ficará em Arcadia.
Saio pela porta e depois volto para pegar Major, com certeza de uma
coisa.
LACEY
— Eu quero saber por que aquele garoto rude pensou que poderia
entrar em nossa casa? — Mamãe cospe, o braço estendido em direção à
janela onde Tuck está montado Major na cerca dos fundos.
Por que essa sala parece tão pequena agora? Meu irmão é tudo
menos um anjo.
Fiz uma careta para o corredor onde a voz dela ainda volta para o
meu quarto. Colt levanta rapidamente as sobrancelhas
— Como você gosta disso? — Ele se vira de costas. Papai hesita na
porta, com a mão na moldura enquanto ele me olha com uma inclinação
de cabeça.
— Eu não gosto disso tanto quanto você, querida, mas quanto mais
cooperarmos, mais fácil será a transição.
Ele suspira.
Você pensaria que depois da carnificina que nos levou a mudar para
Arcadia para um novo começo, eu ficaria no mínimo um pouco
acostumada a mudanças. E ainda assim, fico impressionada com a
intensidade com que a menor variação na rotina pode me fazer sentir
como se eu andasse em terreno irregular.
Anseio pela garota que era um ano atrás. Ela sabia quem era e em
que direção sua vida iria; mesmo que não fosse o meu mapa que eu
seguia. Nunca fui mais fiel a mim mesma do que sou agora, naquilo que
quero. Mas, ao mesmo tempo, tenho medo.
Encontro Colt em seu quarto, na ponta dos pés, enquanto ele verifica
que não deixou nada na prateleira de cima do guarda-roupa. Ele
claramente não tem intenção de voltar aqui nunca mais.
Meu pulso dispara quando ele lentamente puxa a cabeça para cima
e franze a testa.
— Minha atitude?
Eu mudo meu peso entre os pés e aceno, incapaz de falar sem medo
da minha voz tremer.
— Não de você.
Ele admitiu que era seu plano o tempo todo voltar para Riverbourne.
Claro, eu também queria isso no começo, mas quando percebi que havia
uma chance de viver bem aqui, eu deveria saber que isso me custaria o
que eu conhecia.
L: Encontre-me na esquina.
Enfio meu telefone no bolso, enfio meus pés nas botas que Maggie e
eu compramos na minha primeira semana na Arcadia High. A reação do
meu pai passa pela minha mente, uma pontada de culpa se instalando
no meu peito. Ele vai entender.
Eu não tive uma única escolha no que aconteceu comigo até este
ponto da minha vida.
LACEY
Cascalho tritura ruidosamente sob as rodas do carro de Maggie
quando entramos na garagem. O som me lembra os pequenos fogos de
artifício que soltaríamos no dia Guy Fawkes1 antes de serem proibidos.
Não sei para onde ela me leva. Tudo o que ela disse depois que me
pegou na esquina da minha rua foi que a festa é o último lugar que eu
preciso estar. Muito alto, muito volátil, muitas pessoas que estariam
ansiosas para tirar proveito de minhas emoções frágeis.
1
A noite de Guy Fawkes refere-se ao episódio em que o soldado católico inglês Guy
Fawkes, membro da chamada —conspiração da pólvora—, tentou explodir o Parlamento
Inglês e matar o rei protestante Jaime I da Inglaterra, na noite do dia 5 de novembro de 1605.
— Eu acho. — Parece que não posso me incomodar em dar energia
a qualquer coisa que não me faça sentir bem: frustração, raiva, decepção.
São todas as emoções que tive o suficiente por hoje.
Ela olha por cima do ombro para mim e então prontamente se senta,
encarando o campo.
— Você lembra dele? — Não sei por que pergunto, além de ter certeza
de que, depois de um tempo, essa mudança não vai doer tanto quanto
agora.
— Você não tem notícias dele desde que ele partiu? — Isso é péssimo.
— Eu sinto muito.
Maggie encolhe os ombros.
Sensata.
— Merda.
Ela não estava contente em destruir nossa família; ela teve que
destruir duas.
— Para onde você vai então? Quando você voltar para Riverbourne.
— Tempos divertidos.
Tuck e Beau.
— Besteira, — diz Tuck com uma risada. — Não é minha culpa que
sua mula teimosa é lenta.
Ele leva Major atrás de nós para onde o chão se desnivela e acaba.
Beau segue o exemplo, seu olhar fixo em Maggie quando ele passa. Ela,
no entanto, finge ignorância e finge não perceber. Mas eu já estive perto
dela o suficiente para saber que ela não se estica assim naturalmente: as
costas arqueadas e as pernas dobradas levemente do chão.
Estamos encobertos pela noite, a pouca luz chegando até nós apenas
o suficiente para nos distinguirmos. Ainda assim, quando Beau olha para
ela por baixo da aba do chapéu preto, até eu sou capaz de sentir um
tremor baixo na barriga.
Ele está loucamente apaixonado por ela. Como ela não pode ver isso?
— Sim. Eu venci.
Seu olhar firme encontra o meu, e ele alcança entre nós para puxar
a borda do meu gorro de lã com dois dedos.
— Obrigada.
Ele segura meu olhar por um segundo quente antes de olhar para
mim e Maggie.
— Por mais brega que pareça, estou feliz em sair com vocês.
— Eu sei que você não é muito de cavalo— diz ele. — Mas você não
me contou se já andou em um.
— Eu não andei.
— Isso é seguro?
TUCK
Ela está linda como o inferno, andando em meu cavalo. Seu cabelo
loiro flui por baixo daquele gorro cinza, a jaqueta rosada feita sob medida
para mostrar sua cintura fina e quadris curvilíneos. Com os jeans justos
que fazem parecer que suas pernas continuam por quilômetros a cada
passo que ela dá. O fato de ela usar as malditas botas que tornam quase
impossível pensar com a cabeça.
— Eu não sei.
— Sim.
Ela olha para Maggie e Beau. Todos os músculos do corpo dela ficam
tensos.
— Agora, pule.
Lacey pula uma vez, duas vezes e depois pula com um grunhido. Ela
volta à sua posição inicial e suspira.
Olhos azuis voam para os meus, sua boca fixa em uma linha firme.
— O que agora?
— E se eu cair? Tuck!
— Confortável?
O sorriso desaparece.
— Por que você não pode? — Eu estremeço com a dureza que não
consigo manter fora do meu tom.
Paro Major.
— Qual é o problema?
— Merda.
— Sim. Marsh disse que ela poderia estar comigo, então ele ligou
para minha mãe e, bem... — Ela gesticula em direção a Lacey e balança
a cabeça para o lado. — Aqui estamos.
— Eu vou ajudá-la.
— Sim. OK.
— Sinto muito por isso. — Lacey desliza a perna mais afastada sobre
Major para ficar com o estribo.
Guio Lacey para a grama, as mãos firmes contra sua cintura mais
uma vez. Desta vez eu não deixo ir. Ela respira bruscamente quando eu
a puxo em minha direção, deixando Major fazer o que diabos ele quiser
enquanto eu prendo a garota por um último minuto.
— Você acha que se souberem que eu nunca vou deixar você ir, eles
deixarão você ficar?
LACEY
— Nós vamos falar sobre isso? — Maggie olha para o para-brisa na
rua escura à frente.
— Entendi, isso é uma merda. Mas ser uma vadia desagradável para
as pessoas não é a resposta.
— Lace...
Eu hesito, a tensão nas minhas mãos está alta pela minha prontidão
para fechar a porta nela.
— Espere. Colt, veja quem é. — A voz da minha mãe passa pela casa.
Ele quase parece arrependido, como o velho Colt que estaria do meu
lado, não importa o quê. Eu olho para cima, com uma forte esperança no
peito, que encontrarei seu sorriso suave esperando por mim.
— Você tem alguma ideia do que eu tive que fazer para encontrá-la?
— Tenho — murmuro.
— Como é constrangedor admitir que não sei onde está minha filha?
Típica. Alicia se preocupa mais com como isso reflete nela do que
porque eu precisava fugir em primeiro lugar.
— Se você acha que esse pequeno truque fez algum favor — diz ela
com um bufo— então você está totalmente enganada. — Com a
mandíbula frouxa, ela pressiona a ponta da língua contra os molares. O
nojo que ela tem por mim neste momento me pede para chorar, mas não
vou desistir.
Ainda não.
Não direi lar, porque não é isso que acontece sem meu pai. O lar é
onde está o coração e deixo a maioria dos meus em Arcadia.
Olho para meu pai, desejando que ele encontre meu olho.
— Lacey...
— Papai...
— Não. Ele não vem. Mas ei, olhe para o lado positivo. Duas casas
para sair. Duas vezes os presentes no seu aniversário.
— Quando você quer se lembrar por que é que você odeia alguém —
ele nivela, olhando para mim antes de começarmos a andar atrás de
mamãe.
— Não tenho motivos para odiar ninguém. — Tanto quanto eu
gostaria de poder.
Ela ainda é minha mãe e não posso desligar esse amor. Sempre.
O que me deixa louca por pensar que poderia esquecer o jeito que
Tuck me fez sentir.
LACEY
Eu devo ter pegado meu telefone um milhão de vezes na viagem para
a cidade, repreendendo-me internamente cada vez antes de pousar
novamente. A necessidade de me conectar com Maggie, Tuck ou com os
dois me frustra. É fraco, sendo tão dependente dos outros para fazer você
se sentir bem.
— Não quero saber o que você está dando ao Derek para retribuir o
favor — resmungo. — A esposa dele sabe que estamos aqui?
— Ele está ajudando uma amiga necessitada, como ela. Ambos estão
contentes por nos receber. Nós três.
— Você pode ficar no quarto de Christian, Lacey. Colt, você pode ter
o quarto de hóspedes. Entendo que o outro quarto é usado como
academia.
Mamãe assente.
Mas, assim, não sabemos quantas vezes Derek vai e vem à noite.
Por mais que eu odeie, tenho que dar o crédito ao Mayberry. Eles
sabem como escolher uma bela propriedade. O hall se abre para a vasta
sala de estar, portas de vidro empilháveis do outro lado levando a um
gramado que se estende até onde os olhos podem ver, quase.
— Eu acho.
Em vez disso, uma mesa fica à direita com dois monitores e uma
série de câmeras em vários suportes, apontando para o espaço de
trabalho. A madeira clara é refletida na estrutura da cama, roupa de
cama verde pálida elevando o quarto com uma explosão de cores. Meus
olhos se voltam para a enorme impressão de Steamboat Willie2 em uma
parede e o que parece ser a assinatura real de Walt Disney em uma placa
na base.
Interessante.
Ela entra na sala, seu cardigã leve fluindo atrás dela enquanto cruza
para a cadeira. Ondas louras e macias sentam-se em seus ombros,
dando-lhe uma vantagem fácil quando ela vira a cadeira em minha
direção e se senta.
Volto para a cama e caio para o lado, colocando meu telefone nas
cobertas.
— Qual? — Eu digo.
— Não tente ser fofa. Não fica bem em você. — Ela hesita em esperar
Colt passar pela porta, a caixa nos braços dele. — O que eu queria dizer
é que sei que não tenho sido a melhor mãe ultimamente.
2
Steamboat Willie é um curta-metragem em preto e branco da Walt Disney Studios de
1928 estrelado por Mickey Mouse.
— Eu não espero que você entenda por que seu pai e eu decidimos
seguir caminhos separados, mas quero que você pelo menos prometa se
lembrar de que a decisão não foi tomada de ânimo leve. Você pode fazer
isso?
Eu concordo.
— Eu não.
— Diga-me uma coisa, mãe. — Olho para Colt quando ele volta para
o carro, encarando-o brevemente. — O que eu sou para você? O que você
quer de mim?
Ela sorri.
Mamãe fica em silêncio, seu olhar fixo no chão aos nossos pés por
um momento antes de suspirar um único:
— Sim.
— Vou tentar.
— Boa. — Ela vira a mão sob a minha, ligando nossos dedos. — Você
é muito parecida comigo quando eu tinha a sua idade: teimosa e otimista.
Ela ri baixinho.
— Você tem que fazer. — Ela respira fundo. — Não há futuro com
um garoto como ele. O que ele pode lhe oferecer?
— Muito.
TUCK
Sally bufa enquanto eu me endireito na sela, o portão fechado e
trancado. Eu corro uma mão ausente ao longo de seu pescoço e olho
enquanto tento distinguir o veículo nos quintais. Tenho certeza de que é
Beau, mas depois da noite de merda que tive, meus olhos parecem não
querer se concentrar muito bem hoje.
Eles eram felizes. Ele era o rabo duro que ainda é hoje, mas a
suavidade de mamãe equilibrou as escalas. Pensei em terminar com uma
boa garota do interior como ela, uma mulher sem medo de trabalho
manual e com a tenacidade de ver os tempos difíceis.
— Entediado.
— Posso perguntar a Mags o que ela sabe se você quer que eu faça?
Quero que ele me diga, não, não quero, mas também sei que é
melhor não esperar nada além da verdade de Beau.
— Frio.
Beau ri.
— Sim. Eu ouvi aquela cena de despedida — ele diz com uma leve
carranca.
— Johnson disse que achava que ela não se interessaria por homens
como nós.
— Eu não acho que ele estava te desafiando a provar que ele estava
errado — Beau interrompe, checando os cascos da égua em busca de
pedras enquanto espera que eu termine.
— Então, eu posso ter esticado a verdade. Processe-me. — Também
pode estar escondendo um pouco dele também.
— Você é frio quando alguém fica sob sua pele, mano. Você pode
mandar uma mensagem para ela e consertar.
— Eu fui. Foi só por uma semana. Com certeza o Sr. Rothwell não
queria deixar meu velho mais louco do que ele precisava.
Eu dou de ombros.
Eu não sei. Não tinha pensado muito nisso. Ele parecia determinado
a me compensar, feliz o suficiente para fazer o que eu disse e acalmar
Lacey quando pedi, mas fora isso, não conversamos sobre isso.
— Ele disse alguma coisa sobre você? — Guio Sally pelo portão e a
solto.
— Eu sei.
Fiz o idiota jurar nunca dizer nada quando o paguei, mas depois de
muita insistência, ele soltou metade do gato da bolsa com Beau. Eu devia
a ele simples assim.
— Você quer dar uma volta e ver o que Ed está fazendo? — Beau
olha para a casa.
— Seu pai me assusta, cara. Eu não sei como você aguenta isso.
— Como se você se mudasse antes dos trinta anos. Você ficará aqui
até que ele permita que você assuma o controle, não é?
— Não sei. Ainda não decidi se quero continuar com seu estoque de
carne bovina ou fazer outra coisa.
— Porque eles não ganham dinheiro — ele afirma. — Por que obter
uma força de trabalho quando uma máquina pode fazer isso em um
quarto de tempo?
Não digo isso a Beau. Não quando ele sorri como se eu tivesse
perdido a cabeça.
Ainda assim, se eu recebi uma coisa de Kurt Brallant, era como ser
tão teimoso quanto uma maldita mula quando se trata de ir atrás do que
você quer na vida.
LACEY
Os calcanhares não estão mais certos. Movo meus pés
inquietamente enquanto esperamos para nos sentar, desejando o
conforto de minhas botas. O barulho de talheres na porcelana fina
pontua os espaços entre as brincadeiras leves dos clientes.
Derek espera à mesa com sua esposa, Marion, e seu único filho,
Christian. A imagem perfeita da classe alta.
— Alicia. Que bom ver você e as crianças de bom humor esta manhã
— ela fala com toda a sinceridade do Lobo Mau nas roupas da avó.
3
É uma refeição de origem britânica que combina o café da manhã com o almoço. É
normalmente realizada aos domingos, feriados ou datas comemorativas, quando toda a
família se reúne entre 10 e as 14 horas à volta da mesa.
— Como não estaríamos com um clima tão agradável? — Mamãe
senta-se diante de Derek e gesticula para que Colt e eu tomemos o nosso.
— Prometo que não ficaremos mais do que somos bem-vindos.
Sorrisos cristãos.
Franzo a testa para Colt, sem saber o que exatamente ele quer dizer.
— Em outras palavras — Christian diz com um rolar de olhos —
Queremos que eles se lembrem de que podemos foder seu mundo perfeito
de cartão postal sempre que quisermos, porque estamos no comando em
todos os lugares.
Mas, como todas as coisas doces, a maioria das pessoas não pode
deixar de se entregar.
Por mais que eu odeie o que ela tenta me fazer, olhando para ela
agora, tenho que apreciar o quão bem ela interpreta o papel da amante.
Nenhuma mulher pode competir com a beleza de Alicia.
O que quer que aconteça na escola amanhã, eu não posso ficar aqui.
Eu preciso sair.
TUCK
— Porra, companheiro. Ontem passei quatro horas limpando a
maldita caminhonete.
Eu dou uma risada curta para Ed, mas estou apenas ouvindo. Beau
e eu passamos o dia com ele chutando a lama nas trilhas florestais atrás
de sua fazenda. Ficamos presos o suficiente, caímos e nos revestimos
com uma lama grossa à base de argila, mas a distração durou pouco.
Ele bufa o nariz para mim, olhos rolaram na parte de trás de sua
cabeça.
4
Gíria de escola pública e universidade britânica para o local de encontro aberto entre
os prédios da escola ou da faculdade. Abreviação de 'quadrângulo'.
Eu não sigo ordens como um cachorro. Se ela quiser dizer alguma
coisa, ela pode vir aqui. Eu faço o mesmo com ela.
— O que?
Ele ri.
— Sim.
— Pode ser.
Seu olhar suaviza quando ela olha para mim, a brisa leve agitando
as pontas dos cabelos para que a luz os pegue e vire as pontas de
chocolate. A garota é realmente estupidamente bonita. Porque ela se
rebaixa a opinião de todos, fingindo que é alguém que ela não é, eu não
sei.
— Eles não? — Ela sorri. — É por isso que você manteve Lacey em
segredo de seus amigos?
Porra, Tuck.
ONZE
LACEY
O silêncio me segue como uma mortalha. As pessoas param as
conversas, as cabeças virando na minha direção enquanto eu atravesso
os portões de entrada do Riverbourne Preparatory. Como no primeiro dia
no Arcadia High, Colt está ao meu lado, mas, diferentemente do dia
crucial da minha vida, ele não fornece apoio nem um pingo de conforto
com sua presença.
Sentei-me com Greer por mais de uma hora ontem, derramando meu
coração nela antes que ela jogasse a bomba em mim.
— Baby, eu sinto muito. Mas você sabe que amanhã não vou poder
sentar com você na escola, não é?
Sim. Entendi. Abandonei meu posto aqui quando fui para Arcadia e,
como o abutre que ela é, Libby entrou e rasgou o que restava de minha
influência sobre esses alunos. Uma aquisição hostil realizada nos pisos
de mármore polido dos corredores da escola, em vez da madeira primitiva
da mesa da sala de reuniões.
Não posso culpá-la por sua ambição. Mas posso questionar suas
intenções.
Quero perguntar a ela o que fica mais fácil, mas no fundo sei a
resposta: isolamento. Fica mais fácil ser excluída por todos os lados. Um
ano atrás, eu teria rido de sua suposição inocente, mas depois de
conhecer Maggie, sei que uma pessoa pode prosperar por conta própria.
Vejo Greer de costas para mim do lado de fora dos armários de aço
escovado. Cada um carimbado com o emblema da escola. Ela interrompe
a conversa com Ingrid quando Libby a pega pelo braço, sacudindo a ruiva
alta com um movimento.
O olhar de Greer desliza para fora de Ingrid para pegar o meu
enquanto passo, Libby também me vê no corredor.
A campainha curta soa para nos dizer que temos dois minutos até
que irmos para nossos assentos. Fico congelada no local enquanto os
alunos desocupam o corredor à minha volta, os azulejos brilhantes de
carvão no topo da escada refletindo as cores dos vitrais em um
caleidoscópio melancólico.
— Você vai se atrasar— a última pessoa que eu quero ver agora, fala.
Christian passa o braço em volta dos meus ombros por trás. Ele me
abraça com contra o lado dele, me segurando com tanta força que quase
não posso me mexer.
Eu fiz isso uma vez. Eu vim para esta escola como ninguém, e eu
venci.
Daqui a três meses devo ter mudado isso. Embora ao sentar minha
saia plissada na cadeira, percebo que não é a perda do meu título como
uma das Escolhidas da escola que me faz sentir todo o tipo de perda.
É porque eu não quero mais ser uma dessas garotas. Eu não quero
esse título. Eu só quero ser deixada sozinha.
Estando na parte de trás, espero que haja algo que valha a pena
para nós.
Ai.
O que diabos ela quer que eu diga? Baixo o olhar para a mesa,
resignada com o conhecimento que todos aqui pensam que sou a vadia
que claramente era. Eu arrumei minha cama, suponho.
O grupo retoma suas atividades individuais.
Quando você não é educada com o básico, não percebe até ter a
opção de quão melhor eles podem ser.
TUCK
Sally trota a linha da cerca do curral na longa pista, sua marcha
melhorando a cada dia que eu estico suas pernas aqui. Ela sofreu de uma
fratura no passado, quase impossível para o olho destreinado detectar,
mas o suficiente para afetar sua resistência. Mais seis semanas fazendo
isso e estou confiante de que ela está se recuperando.
— Garoto!
Ele bate a cerca para chamar minha atenção, fazendo Sally começar
o processo.
O velho espera com uma bota apoiada no trilho mais baixo enquanto
amarro Sally ao poste. Ele tira o chapéu do rosto com um indicador
rígido, revelando sua expressão tempestuosa.
Maggie.
Não tenho tempo para essa merda. Qualquer que seja o inferno que
Maggie queira, é melhor que ela tenha uma boa razão para dar a Kurt
uma razão para me montar na bunda.
— Oi?
— No lado de fora.
Maggie assente.
— O que você quer que eu faça sobre isso? — O que eu posso fazer?
Ela queimou sua imagem antes de sair daqui também.
— Eu sei que ela disse algumas coisas idiotas antes de sair, Tuck,
mas pense nisso. O que seus cavalos fazem quando se sentem
ameaçados?
— Sim, senhora.
— Foda-se — Mags murmura, dando partida no carro. — Por que eu
me preocupo?
Ela joga a mão pela janela, logo envolvida por uma nuvem de poeira
na nossa longa entrada.
Então Lacey está com medo, hein? Por que diabos ela não disse nada
sobre isso?
Olho para os galpões abertos e olho para Kurt, onde ele faz serviços
de quad bike. Se há um cara que eu não quero ser, é meu pai. Não dizer
o que você sente por uma garota é o estilo dele, aprendi vendo minha
mãe murchar por falta de amor, não é?
A vulnerabilidade é a melhor coisa que podemos oferecer àqueles
com quem nos preocupamos. Se quero que Lacey confie em mim, preciso
dar o exemplo e mostrar a ela que também posso confiar nela.
Sally muda seu peso, o suave movimento de sua cauda agindo como
um metrônomo contando as batidas, enquanto a melhor maneira de
quebrar o gelo com Lacey se move cada vez mais no abismo da minha
mente.
LACEY
Eu adoraria dizer que me tornei um fantasma em Riverbourne desde
que caí do meu pedestal de filigrana de ouro. Uma sombra da garota que
eu era, deslizando pelos corredores sem ser detectada pelas massas. Mas
isso não poderia estar mais longe da verdade.
5
Pièce de résistance é uma expressão francesa, também chamada —plat de
résistance— na França, que em tradução livre para o português significa um —pedaço de
resistência, — em referência à parte mais significativa ou valorizada de algo.
Quinta-feira ficou discretamente quieta no calendário escolar. Nada
foi feito comigo e, no entanto, foi o pior dia da semana. Por isso, chamo
de: tortura quinta-feira. Jogos psicológicos são os mais desagradáveis de
todos.
Pelo menos, é assim que acho que vou chamar depois de derrubar
meu décimo oitavo pôster caseiro do dia. Os alunos são espertos, eles
colocam essas coisas nas paredes onde os professores não verão, e é por
isso que não consigo decidir se quero denunciar isso à administração ou
não.
Para quê? O que eles acham que eu fiz para merecer ser chamada
assim?
— Ouvi dizer que Libby ordenou que trinta deles fossem fabricados
— diz Christian com muita alegria ao tirar o papel das minhas mãos. —
Bela foto sua de biquíni, no entanto. Para onde foi levada?
— Você saberia.
— Cuidado com o que você deseja— ele fala antes de se inclinar para
cumprimentar seu amigo. — Você estará lá, não estará?
— Onde? — Barrett joga as mãos nos bolsos das calças, com uma
postura ampla enquanto olha entre nós dois.
— Você acha que depois de tudo que aconteceu essa semana, eu sou
estúpida o suficiente para fazer isso?
— Então economize seu fôlego, Barrett. Entendi. Não sou mais bem-
vinda aqui. Mas, além de ir para onde meus pais foram, não sei o que
diabos fiz para merecer isso.
— Para melhor. Sim. — Dou um passo, mas paro quando a mão dele
captura meu braço.
— Lace, espere.
— O que você viu naquela noite, na festa, entre essas meninas e eu.
Sim, não faz muito tempo, pensei que Barrett fosse o cara para mim.
Mas isso foi antes de Arcadia. Antes de conhecer Tuck e aprender o
quanto a diversão pode ser divertida quando você não está pensando
demais em como se parece e qual será a reação das outras pessoas.
TUCK
— Já fez isso? — Maggie se senta na traseira da minha caminhonete
com um pequeno através de um pequeno salto e pulo.
— Não.
Eu estreito meu olhar para ela enquanto ela se volta para o carro.
— Tanto faz. — Ela sai com sua melhor amiga, Dee, indo para onde
as garotas estacionam suas motos durante o horário escolar.
A irmã mais nova de Ed é bonita como o pecado. Mas ela tem treze
anos. Ela não começa na Arcadia High até o próximo ano, ela ainda
frequenta a primária regional.
— Desembucha.
— Fazemos o que?
6
Massey Ferguson é uma marca que surgiu em 1953, de fusão entre as marcas Massey
Haris, originária dos Estados Unidos e Canadá e Ferguson, originária da Inglaterra. marca
possui linha completa de equipamentos agrícolas, incluindo tratores, colheitadeiras de grãos,
pulverizadores auto propelidos e implementos diversos.
— Não sei o que você está falando, companheiro. — Pego uma lasca
no topo do barril.
— Besteira, você sabe. — Beau sorri. — Por que mais você gostaria
que eu fosse com você no último sábado? Você acha que eu vou acreditar
que foi apenas uma montagem para mim e Mags?
— Não foi? Vocês dois tiveram tempo a sós. Esse era o plano.
— Porra o sujo falando do mal lavado. Você quer que eu lhe diga o
que está acontecendo, e aqui está você com suas malditas cartas viradas
para baixo em cima da mesa.
— Obrigado.
— Você ainda acha que seus pais não sabem que você bebe?
Talvez o plano pudesse ser útil mais uma vez, mas não com Beau.
LACEY
— Colt! — Mamãe chama do hall. — Christian está aqui.
— Então por que você está tentando esconder seu rosto com... pornô
de múmia?
Eu mudo meu rosto em uma careta para o idiota antes de virar para
a cozinha. Eu preciso de uma bebida, um lanche e algum lugar quieto
para terminar esta livro.
Olho para Christian, cuja boca torcida me diz que ele sabe
exatamente com quem será compartilhada aquela noite tranquila.
Desde que mamãe me veja sair com os caras, não há razão para que
eu não possa decolar e fazer minhas próprias coisas quando chegarmos
lá. Seis horas vagando pela cidade soam mais seguras do que muitos
colegas na casa de Libby.
Não faz muito tempo, eu levaria quase uma hora para me arrumar,
obcecada por quantidades ridículas de tempo sobre quais acessórios
colocar com qual vestido, e quão perfeitamente posicionado meu
penteado estava, sem mencionar a nitidez do meu delineador e da
maquiagem. Mistura impecável da minha sombra.
Hoje à noite, eles tiveram sorte de ter escolhido reaplicar meu rímel
e arrumar minha maquiagem. Eu ressurgi na sala de estar vestindo um
par de jeans justos, sapatos de camelo e uma blusa creme claro sob uma
jaqueta cor de camelo igualmente básica com os punhos enrolados.
Minha bolsa combinando contém metade do que eu costumava carregar
em todas as saídas, com apenas um batom, meu telefone e dinheiro para
emergência dentro.
Espero até que todos nós três estivermos com segurança no Bentley
de Christian antes de cortar a merda e fazer a única pergunta pela qual
quero uma resposta.
Ótimo. É tudo o que sou uma distração conveniente. Dói, mas o que
mais eu esperava? Eu disse ao cara que não poderíamos ser nada além
de amigos na melhor das hipóteses.
Porque isso terminaria bem para mim. Dane-se. Por que eu deveria
ser a boa garota para mamãe quando ela não se importa com meus
sentimentos?
O calor na minha barriga não dura muito. Colt abre a porta para
mim, embora eu não possa abalar a sensação de que é mais uma
brincadeira para os seus amigos do que por respeito a mim.
— Não seja boba. — Ele passa o braço pelo meu e me guia para
frente com ele. — Há muitas pessoas que adorariam vê-la.
Com um puxão firme, afasto meu braço de Colt, para sua surpresa.
— Obrigada.
Eu.
DEZESSEIS
LACEY
— Estou tão feliz que você conseguiu vir— diz Libby enquanto ela se
aproxima da multidão, como Moisés atravessando o Mar Vermelho. —
Você parece... fofa e casual — ela afirma, os seus olhos me analisando
dos pés à cabeça.
Sua escola.
— Não é assim que você trata seu anfitrião, Lacey. — O toque gelado
de Libby envia arrepios rasgando minha carne em uma onda, sua mão
deslizando sob o braço para me abraçar. — Especialmente quando eu
tenho um presente para você.
Meus ossos doem para gritar que não, e ainda assim há uma parte
minúscula da minha natureza, na sua forma mais básica, que deseja ser
aceita e reverenciada como antes. Mais uma vez, lembrei que não mudei
tanto quanto esperava no meu nível principal.
Greer fica ao lado dos largos degraus que levam à sala de estar
submersa. Seu olhar se afasta quando tento me conectar, a vergonha
está clara. Ela sabe, e como meu irmão, ela prefere ir com o que eles
planejaram do que correr o risco de balançar o barco.
Não é à toa que fui a única a desafiar Libby por seu lugar no topo
quando participei de Riverbourne, ninguém mais tem espinha para fazer
isso.
— Prometo que você vai sair daqui hoje à noite exatamente como
entrou — diz Libby docemente, enquanto caminhamos para o centro da
sala. — Pelo menos fisicamente.
Você não acorda sendo o tipo de puta que era antes, e depois volta
ao papel sem uma dose maciça de culpa.
Não tenho motivos para tratar essa garota doente. Então eu não vou.
Simples.
— Seja grata por não ter permissão para fazer o que eu queria com
você — A ponta quente de sua língua serpenteia para pegar meu lóbulo
da orelha. — Isso sempre pode vir depois, no entanto.
— Obrigada.
Libby se aproxima de Colt que, não tão útil para mim, mostra a ela
como desbloqueá-lo.
— Obrigada, querido.
Querido?
— Ingrid, você seria tão gentil? — Libby entrega o iPhone para ela.
— Lembre-se de nenhuma pessoa na fotos que não seja a ela. — Ela
aponta para Gayle.
As pontas dos dedos roçam as solas dos meus pés. Que porra é essa?
Eu tento me afastar, mas um aperto firme no meu tornozelo mantém meu
pé no lugar. Lábios apertados, eu luto contra a reação natural de estar
fazendo cócegas. Eu não consigo rir. Não quando uma garota está
chorando e gritando na minha frente enquanto eles fazem Deus só sabe
o que com ela.
Eu não aguento mais. Meu peito dói, lágrimas escorrendo por baixo
da venda. Eu ri. Uma forte erupção de humor em uma situação que de
forma alguma exige esse tipo de reação.
Colt me segura.
Eu queimo para libertar Gayle da cadeira dela, mas Colt está certo:
intervenha e sua dor é prolongada. Eles continuarão até o trabalho ser
concluído, independentemente.
— Sinto muito — digo a ela, apesar de isso não ser da minha conta.
— Eu sinto muito.
Nada.
Uma garota que sempre associará meu rosto à dor que sentiu aqui
hoje.
LACEY
A tortura continua por mais duas horas antes que o artista termine
com a tatuagem de Gayle. A multidão lentamente se afastou da cena,
entediada com o entretenimento quando ela desistiu de reclamar e se
resignou ao destino.
Em letras pretas sólidas, cada uma com pelo menos uma polegada
de altura, as palavras que estavam em seu braço: — ME FODA,
PAIZINHO.
A coisa maldita será quase impossível de encobrir. Eles fizeram isso
tão grande de propósito. O pior é que a posição logo acima do cotovelo de
Gayle fica embaixo do uniforme de verão. Ela não será capaz de escondê-
la, a menos que use uma cinta elástica o ano todo.
— Eu acho que você está com uma grande bagunça dentro da sua
cabeça — eu resmungo, para a diversão do cara da tatuagem. — Do que
você está rindo? — Eu falo. — Que tipo de doente faz isso com um menor?
— Alguém que agora tem uma fortuna para alimentar seu vício —
ele late, sua voz como pedras ralando em aço áspero.
— Não, não vai! Não fale comigo. Não me toque. Nem olhe para mim.
— Você não pode. — Ela gesticula para a tinta fresca em seu braço.
— Eu vou ter isso para sempre. Você, no entanto. Você pode
simplesmente voltar ao seu mundo perfeito e esquecer tudo sobre mim.
Minha restrição.
Eu bato nas costas de Libby com as duas palmas das mãos diante
de mim e a jogo na lagoa. Ela tropeça para a frente com um grito,
terminando imersa na água fria.
— Está tudo errado para você fazer isso— Eu puxo contra Richard,
mas seu aperto é seguro. — Você pode me soltar, seu pau. Eu vou
embora.
Embora, para quem não estava aqui, parece que eu gravei o clipe.
Especialmente quando minhas risadas explodem alguns segundos antes
do clipe terminar, parece que eu aprovei o que eles fizeram. Como se eu
soubesse que isso iria acontecer.
— Deixe — ele pede, uma mão entre meus ombros. — Você não
ganhará nada hoje à noite.
— Eu sabia que eles tinha um castigo planejado para você, mas não
sabia o que eles fariam ou que publicariam on-line.
Ele se afasta.
— Tudo?
Ele concorda.
— Colt — eu falo atrás dele. — O que você quer dizer com tudo?
TUCK
O suor escorre pelo vale das minhas costas, brilhando nos meus
braços expostos enquanto eu carrego a última entrega de magnésio sob
a cobertura do galpão. Cento e vinte e cinco quilos de sacos que precisam
permanecer secos e um maldito galpão que não tem uma porta grande o
suficiente para o caminhão de entrega.
Acho que remediar essa situação não é uma prioridade para Kurt
quando ele tem um filho capaz que pode levar tudo lá dentro.
Além disso, estou feliz pela distração hoje. Cinco dias de merda na
escola, contando as horas até Maggie ir até Riverbourne para pegar
Lacey.
Sim. Eu sou louco por essa garota, mesmo que ela não perceba o
quão ruim é isso.
7
Canal de vídeo pornô.
começar o trabalho, ciente de que o velho iria querer que fizesse isso
antes de me deixar ir.
— Você vai sair— grita Kurt enquanto atravessa o quintal com duas
canecas de viagem nas mãos. — Não me lembro da última vez que você
ficou aqui no fim de semana.
— Tenho lugares para estar, pai. — Coloco mais dois sacos na dobra
dos meus braços dobrados.
— Obrigado.
— O que te faz dizer isso? — Não conto muito sobre minha vida
particular por um bom motivo: ele não se importa.
Droga.
— Eu a conheço?
Eu endureci.
— Se você quer um tempo de folga nos seus empregos por aqui para
poder ir atrás dela de, não acha que eu deveria sentir que é um sacrifício
que vale a pena?
— Bem.
— Sim senhor.
***
— Ela está em um mundo de merda. Você não viu o vídeo que ela
postou no fim de semana passado?
Maggie suspira.
— Ela colocou um vídeo que ela fez de uma garota sendo torturada
fisicamente.
— Ela apagou algumas horas depois, mas eu vi. Foi uma merda,
Tuck.
— Não.
— Você pode tentar ligar para ela? Ela pode atender se for você.
Ah, inferno não. Ser fofo com Lacey via Messenger é uma coisa, mas
telefonar para ela? Não. Não é o mesmo.
— Eu? ligar para ela? — Dizer a ela que eu preciso dela aqui
pessoalmente é idêntico a fazer um maldito discurso na sala de aula.
Estranho.
Discando para Lacey via Messenger enquanto passo pela porta dos
fundos, coloco o telefone no cesto de roupa suja para esperar enquanto
ele chama. Se ela não atendeu Maggie, não posso imaginá-la me
atendendo.
— Ei.
— Uh, oi.
— Não achava que você atenderia. Por que você não vem? — Eu
quero ouvi-la explicar essa merda para mim.
— O que diabos você fez? É porque você fugiu da sua última noite
aqui?
Ela fica quieta. Faço uma pausa e verifico a tela para garantir que
ela ainda está lá.
— Volte aqui.
Outro minuto tenso passa. Meu coração está muito grande para o
meu peito.
— Lacey.
— Não me tente.
— Me teste.
E eu gosto disso.
DEZENOVE
LACEY
A tela ficou preta há muito tempo, mas ainda assim, sento e olho
para o celular mágico, sem acreditar na visão que ele me trouxe.
Ele tentou durante toda a semana que eu falasse com ele sobre o
que ele fez, mas eu não estou pronta. Não sei se algum dia estarei pronta.
Sua traição cortou profundamente, mas o que doeu mais é o flagrante
envolvimento de uma garota que não teve nada a ver com essa briga entre
Libby e eu.
Volto para o outro lado da casa e, para dar mais ênfase, bato a porta
atrás de mim. Não é tão difícil quando corro o risco de trazer mamãe aqui
para me repreender, mas o suficiente para que minha discórdia com a
metade fria e sem coração da minha família seja clara.
L: Quase lá;)
Perfeito.
Ela lenta e silenciosamente faz o carro girar para trás até chegar a
um ponto seguro de se virar e, em seguida, espera no outro lado da
estrada por mim. Arremesso a mochila por umas janelas e me abaixo ao
redor do capô para me agachar ao lado do passageiro. Sua risada me
cumprimenta quando abro a porta e deslizo desajeitadamente no assento.
— Apenas dirija.
— Talvez.
— Mas não quero perder seu tempo. Não é egoísta ir atrás dele
quando eu vou ficar trancada no meu quarto por um ano? Tenho certeza
de que ele tem outros interesses em Arcadia.
Maggie suspira.
Já posso dizer que essa será a melhor decisão ruim que já tomei.
VINTE
TUCK
Mais dois cavaleiros, e depois Ed estará em pé. Inclino-me no
corrimão e olho para os broncos deixados na caneta, tentando descobrir
com quem ele pode ser atraído. Por seu bem, espero que ele consiga o
animal malhado e não o cavalo da baía. É sempre mais fácil ganhar
pontos em um animal que o empurra após quatro segundos do que
montá-lo em um cavalo que passa a maior parte do tempo disparando
sem rumo pela arena em vez de chutar.
As meninas chegaram.
— Voltamos a tempo.
Uma garota que usa calças jeans como se tivesse nascido para elas,
aquelas pernas compridas perfeitamente com as botas, um casaco
branco solto que flui em torno de seu corpo esbelto enquanto caminha.
Preciso ter uma palavrinha com Maggie mais tarde sobre como ela fez o
cabelo de Lacey.
— Este sou eu. — Ed vai para a área de preparação depois que seu
nome é chamado pela caixa de som.
— Sim.
— Ei.
— Oi. — Suas bochechas ficam rosadas e ela afasta o olhar para ver
os palhaços limparem a arena.
— Ele só pode usar uma mão — explica Johnson — e é por isso que
eles o prendem como estão.
Johnson olha tenso para Lacey e depois para mim. Ele suspira e se
vira para chamar as garotas:
Ele tropeça para a frente, cai sobre um joelho e depois se afasta para
evitar que os cascos caiam na terra novamente. Os palhaços empurram
o cavalo para fora do caminho, um deles correndo para verificar se ele
está bem. As mãos de Beau apertam o parapeito superior, seu corpo para
a frente e pronto para saltar e ajudar, se necessário. Mas nosso amigo
acena para o palhaço e começa a rir.
Ele caminha até a nossa formação, arrancando a luva como ele faz.
Eu levanto minha mão para dar um tapa no braço dele, mas Lacey
ri da brincadeira. Às vezes, ainda esqueço que o exterior dela não
combina com a garota lá dentro. Ela não é tão preciosa quanto parece.
Ela olha para mim, as pontas dos dedos mexendo na barra do casaco
enquanto caminha.
O sorriso dela me faz rir. Ela é tão problemática por trás de todo esse
cabelo perfeito e maquiagem impecável. Mal posso esperar para me dar
bem com ela. De todas as maneiras.
— Quando você quer estar em casa?
Ela olha para os nossos dedos entrelaçados antes de sorrir para mim
como se eu tivesse acabado de ganhar o dia dela.
— Porque eu posso não te ver de novo por muito tempo. Minha mãe
já perdeu a cabeça por causa desse vídeo. Ela vai ficar fora dos trilhos
com isso.
— Eu tenho tempo suficiente para que você possa dar uma volta
rápida nele antes que eu faça o meu show.
Idiota.
VINTE E UM
LACEY
Reining8. Perguntei a Maggie o que Tuck está prestes a fazer, e ela
disse que se chama reining. Parece uma imitação de adestramento, mas,
pelo que sei, adestramento pode ser a versão esnobe disso.
Eu endireito minhas costas para poder ver Tuck melhor. Ele está
montado no Major, os dois sérios e concentrados enquanto olham para a
arena. Meu coração dá voltas lembrando seu corpo pressionado contra o
meu.
8
Uma disciplina equestre durona que permite que o cavalo gire como um durão, deslize
como um durão e faça transições como um durão.
Ele tem um curso definido que eles precisam seguir e, pelo que
aprendi até agora, a delicadeza não está apenas na maneira como o
cavaleiro lida com o cavalo, mas na nitidez dos movimentos.
Estou muito animada por ele estar quase terminando e vou passar
mais tempo com ele.
— Tuck parece tão sexy quando ele está falando sério — Dee brinca,
olhando por cima do ombro para mim.
— Ouvi dizer que Sophia, do Portside Girls, disse que ele também é
perfeito no sexo.
Minha pele arrepia com a observação de Amber. Eu sei que ela quer
me irritar, e isso me deixa louca por seu comentário.
— Não se preocupe. Ela está mentindo. Ele não dormiu com Sophia.
Tuck termina sua rotina com Major andando para trás, os quadris
de Tuck rolando com o movimento. Ele faz aquele dedo para dizer algo
aos juízes, seus lábios inclinados para um lado em um leve sorriso, e
então vira Major para acompanhá-lo da mesma maneira que eles
entraram, cabeça baixa e rédeas frouxas.
— Vamos. — Maggie me dá um tapinha no joelho antes de se
levantar. — Vamos encontrá-lo do outro lado.
— Sim. Certo.
— Sim. Seja uma boa garota, Lacey — brinca Dee, estendendo a mão
para me dar um tapinha na cabeça.
Ele parece irritado com isso, mas não faz nada para afastá-la.
— Talvez. — Ela ri. — Oh cara. Quero dizer que todo mundo sabe
disso, mas é uma daquelas coisas que ninguém ousa dizer em voz alta.
— Ela bate o cotovelo no meu. — Você não é chique quando não quer ser.
— Obrigado — ele fala com ela, voltando sua atenção para mim.
TUCK
Lacey balança os pés para frente e para trás, onde está empoleirada
na traseira da caminhonete; mãos apoiadas em ambos os lados de suas
coxas macias e sedosas. A garota esperou pacientemente que eu cuidasse
de Major, observando cada movimento meu com um tipo divertido de
fascinação. Tê-la tão focada em mim e somente em mim? Sim, isso me
deixa quente.
Jogo a escova de Major na baia e passo para onde ela está sentada.
Seu olhar atrevido me segue, a inclinação de seus lábios sugerindo
pensamentos que correspondem aos meus.
— Como você acha que eu entrei lá, hein? Você acha que eu convenci
os juízes?
Ela tem um sabor doce, como as raspadinhas com sabor doce que
são vendidas na entrada dos rodeios, em um dia quente como hoje, não
consigo o suficiente. Sua respiração acelera, e eu gemo ao som de sua
necessidade apressada de oxigênio.
Ela não vai desistir, no entanto. Minha garota está com fome, e eu
sou um homem que quero manter minha mulher bem alimentada.
— Torna isso ainda mais doce, não é? — Eu seguro sua cabeça entre
minhas mãos grandes, pressionando minha testa na dela. — Diga-me que
você vai ficar esta noite.
— Eu sei. — Mas o que posso fazer sobre isso? Se ela quer morar
aqui, precisa resolver isso com os pais. — Só faltam mais dois anos para
você fazer 18 — lembro a ela.
Sim. Soa tão cagado em voz alta quanto eu pensei que poderia.
O calor do momento se passou, acho melhor se eu lhe der um pouco
de espaço. Mudo uma perna para dar um passo para trás, mas as botas
dela se enrolam na parte de trás das minhas coxas e me prendem perto.
Foda-se.
Eu suspiro
— No início. Sim.
Lacey não responde, engolindo suas palavras. Seu olhar cai para um
ponto logo acima do meu ombro enquanto ela recua em sua cabeça.
Ela ri, jogando a cabeça para trás e expondo sua garganta suave e
flexível.
Ela puxa meu lábio inferior entre os dela para outro gosto.
— É tão bom estar com você, mas ao mesmo tempo, me deixa tão
triste — ela reflete.
— Entendi.
Não consigo imaginar como meu pai se sentiu ao saber que a mulher
que amava nunca voltaria.
LACEY
Johnson e Ed correm entre a traseira das duas picapes, com os
braços atrás das costas, para beber copos de cerveja o mais rápido
possível. Não há muitas regras para este jogo, apenas que eles não podem
usar as mãos e isso deve ser feito o mais rápido possível. Largue um e o
copo não conta. A pessoa que consumir mais em trinta segundos vence.
Ela levanta seu copo meio cheio. — Ainda tenho no copo. Obrigada.
— Hollywood.
— Volte para lá onde eu não posso sentir seu cheiro — ela bufa.
Eu aperto o dedo do meio e saio para encontrar Tuck como eu
pretendia inicialmente. A caminhada até o trailer de Major não é longe,
mas quando os espaços sombreados são tão negros quanto o inferno,
torna a jornada mais curta uma maratona.
Dee sorri.
— Não.
— Acho que vou deixar vocês dois assim — eu estalo, girando nos
calcanhares.
— E isso é algo que ela deve ter ciúmes, por quê? — Parei de andar
e o encaro, a cabeça inclinada para o lado.
— Sim, acho que sim para ela. Mas esse não é o seu problema. Ela
perceberá isso eventualmente.
— Eu sei que não deveria ter chegado a conclusões. Por isso fui
embora.
— Você não tem nada com que se preocupar, querida. — Tuck ri,
vindo agachar-se diante de mim. — O que você quer fazer agora?
— Eu não sei. — Abro a boca para dizer mais, mas meu telefone soa
dentro do meu bolso. — Que diabos?
— Eu tenho? — Eu lamento.
A última mensagem diz que tenho correio de voz. Toco no link para
ligar para minha caixa de correio e colocá-lo no viva-voz entre Tuck e eu.
O que minha família tem a dizer, não é exatamente um segredo que
preciso esconder dele.
— Você não vai ligar para ele? — Tuck assente com a cabeça em
direção ao meu telefone.
Balanço a cabeça.
— Mais tarde. — Olho ao redor do terreno. — Você acha que eles vão
procurar aqui por mim?
— Droga.
Eu concordo.
Cada vez que ele diz eu me apaixono um pouco mais pela ideia.
VINTE E QUATRO
TUCK
Coloque-se no lugar dos pais dela, é o que meu velho me diria. Como
eu acho que eles se sentem agora, o paradeiro da filha desconhecido? A
parte sensível do meu cérebro de macaco me lembra que eu deveria levar
sua linda bunda de volta a Riverbourne e deixar a mente de todos à
vontade, a diversão acabou.
— Por enquanto.
— Sim.
— O que? — Pergunto-lhe.
Ela faz o que eu instruo, claramente cética sobre como isso vai
acabar.
— Combinado.
— O que você vai dizer à sua mãe? — Eu pergunto, uma mão nas
rédeas, a outra sobre as de Lacey enquanto balançamos e andamos com
os passos de Major.
— Não pensei muito sobre isso. Acho que eu vou dizer o que vier
naturalmente na minha mente quando a ocasião surgir.
— Eu tenho ideias. Mas ainda não há planos reais. — Giro para vê-
la, mas mal vejo de relance seus cabelos claros espalhados por cima do
ombro de sua jaqueta. — E você?
Ela não consegue terminar sua frase. Eu chuto Major nas costelas,
e ele corre para a linha da cerca. Lacey grita atrás de mim, suas mãos
apertadas onde elas se atam na frente da minha camiseta. Dou a cabeça
ao cavalo, as rédeas atam em uma mão e firmo a perna de Lacey com a
outra.
— Merda. Porra. Qualquer outra palavrinha que vai tão bem depois
de santa.
— Não é tão natural para mim como para você. — Seu sorriso
atrevido me agradece por já estarmos quase no meu destino.
Estou feliz por estar com ela. Não preciso mais do que isso.
— Chegamos.
Lacey desperta de seu lugar, recostando-se para dar uma boa olhada
ao redor.
— Há luz.
Ela ri.
— Fácil agora. Odeio que sua cabeça fique grande demais para o seu
chapéu.
Lace ri, batendo a mão no meu peito antes de refletir minha posição.
Eu gentilmente persuadi-la de costas e aponto para as copas das árvores
antes de fazer o mesmo.
— Sim.
Quando você não pode imaginar o dia como melhor sem eles; quando
você sonha com um futuro que os envolve; quando seu quebra-cabeça
anteriormente irregular finalmente parece completo. Isso é amor.
O que mais poderia ser? Por que mais eu gostaria de poder passar a
noite inteira aqui com ela, sob as estrelas, e mais ninguém? Só ela, eu e
o som do Major pastando nas proximidades.
— Seja bem-vinda.
LACEY
Um lugar tão calmo e sereno, tão bonito e pacífico. E aqui estou eu,
com o coração acelerado, as palmas das mãos úmidas porque penso
demais no que devo fazer a ponto de entrar em pânico.
Limpo minha mão entre nós, mais perto de Tuck, até que as costas
dos meus dedos roçam as dele. Ele levanta a mão, passando os dedos
nos meus sem uma única palavra.
— Mm?
O máximo que alcancei com um cara foi a segunda base aos doze
anos. Uma festa do pijama que deveria ser de meninas só foi atingida pelo
irmão do anfitrião e seus amigos. Um jogo de girar a garrafa se tornou
meu primeiro encontro com o gosto dos meninos.
Não posso dizer que foi uma experiência que corri para repetir. Fico
feliz por não ter. Caso contrário, eu poderia ter pensado que era assim
que um cara deveria beijar, como suas mãos em seu corpo deveriam se
sentir frias, clínicas.
Nada disso. Nada como o jeito que Tuck puxa mais de mim do que
meu lábio inferior entre os dele quando ele faz contato. Ele atrai sem
esforço o desejo do fundo, trazendo à tona emoções que eu não fazia ideia
de que poderia me sentir tão forte quando provocada pelas mãos certas.
Eu preciso dele. Eu o quero. Eu anseio por seu calor sobre mim, seu
peso contra mim e seu controle enquanto ele define o ritmo.
Não sei o que dizer para expressar o que sinto, então opto por usar
as mãos para mostrar a ele. Reunindo a bainha da camiseta, levo o
material pelo corpo até que ele atinja suas costelas e deslizo minhas
palmas para baixo. Por mais que eu o ame seminu, está muito frio aqui
— eu não sou tão mal assim.
Eu rezo para que seus dedos mergulhem sob o jeans. Dói saber como
é tê-lo me tocando sem barreiras.
— Eu confio. Sim.
Se isso é tudo que eu poderia ter com ele, pode ser o suficiente. Ele
diz as coisas mais doces, me trata como uma princesa e, no entanto, um
pequeno som de prazer é o que traz a maior alegria ao meu coração.
Eu puxo de volta.
— É para você?
Seu peito sobe e desce com as respirações profundas que ele puxa.
— Você tem que voltar — Tuck murmura. — Não é justo você vir
aqui e fazer isso comigo e depois parar.
Usando uma mão para suportar meu peso, capturo sua boca. O
calor retorna, seu beijo possessivo e forte quando sua mão me leva ao
ponto de um clímax iminente. Quando tenho certeza de que não aguento
mais, Tuck concede meu desejo, seus dedos movendo o cetim para o lado
para colocar seus dedos nus contra mim.
TUCK
Não trouxemos cobertores suficientes. Isso, e se eu mantivesse
Lacey aqui a noite toda como eu queria, seus pais perderiam a cabeça
com a preocupação.
— A menos que você queira dar à sua mãe uma sólida razão pela
qual eu não sou uma má notícia, é melhor fazermos a coisa certa. —
Porque fazer o que eu quero implicaria que ela perdesse mais algumas
roupas do que ela fez anteriormente, e o som de sua voz ecoando nas
árvores quando ela chama meu nome.
— O que aconteceu?
— O último. Claramente.
— Você não ouviu metade das coisas idiotas que fiz no meu tempo,
ouviu?
— Eu acho.
Lacey assente.
Caio de costas com uma expiração alta e corro as duas mãos sobre
a cabeça.
— Não quero dizer que você deve jogar sujo como eles. Não. Isso
estará descendo ao nível deles. — Vou para o Major enquanto penso
nisso. — Você precisa fazer algo legítimo, mas ruim o suficiente,
colocando os filhos da puta no lugar deles. Segure um maldito espelho
na frente deles e veja o que eles pensam.
— Se eles não se importam, você não fez o que é certo. Eu vou lhe
mostrar como fazer isso direito.
VINTE E SETE
LACEY
O veículo mal parou completamente antes que papai saísse pela
porta da frente. Eu o vejo se aproximar, lágrimas de pura frustração
equilibrada precariamente nos meus olhos, e me preparo para as
consequências.
— Ligue para mim depois que ele terminar, ok? — Tuck cutuca
minha perna para desviar minha atenção do papai. — Eu não ligo para
quão tarde é.
Tuck assente.
Eu sorrio brevemente.
A tensão paira espessa entre nós quando saio para a noite, mas não
há nada na parede de fúria que papai joga em meu caminho. Mal fecho a
porta da caminhonete antes que ele comece.
— Sua mãe ligou e disse que você tinha desaparecido. Fugido. Pelo
que ela disse, nenhum de vocês pensou que seria necessário me dizer o
que diabos aconteceu na escola, ou com seus amigos na cidade. Não. Eu
sou mantido no escuro. Sem saber o que diabos se passa com minha
própria filha. O que diabos você estava pensando, fugindo? De quem foi
a ideia? O que quer que seja eu vou descobrir...
Eu não sei, então não respondo. Em vez disso, olho fixo para a terra
que mancha levemente o lado da minha mão enquanto ele faz a ligação
para mamãe. Essa sujeira é o único lembrete que tive de uma noite
maravilhosa e que agora parece tão surreal.
Não até que me mostrassem como seria a vida quando você deixasse
tudo isso acontecer. Liberdade. E ainda assim, tem um preço tão alto.
— Você era melhor no que diz respeito ao que lhe foi dito, tinha
maneiras e porte, mas... — Ele suspira, os olhos se estreitando um pouco.
— Você não estava feliz.
— Eu pensei que estava na época. — Cabeça para baixo, eu pego as
linhas soltas na parte inferior dos meus recortes.
— Eu sei que você fez. Mas havia um vazio em você — explica papai.
— O mesmo que vejo em sua mãe. A diferença entre vocês duas, porém,
é que vocês vieram aqui e você prosperou com o desafio que a mudança
trouxe. Sua mãe... bem, isso a assustou.
Eu nunca pensei nisso assim, mas acho que ele está certo. Mamãe
não conseguiu lidar com as mudanças, não porque não queria, mas
porque não sabia como.
— Querida, às vezes você não pode consertar. Tudo o que você pode
fazer é resolver melhorar na próxima vez.
***
— Lembre-se — diz o pai por cima do meu ombro. — Toda ação tem
uma consequência.
— Minha.
— Foi minha ideia — repito baixo e firme antes de chegar para ligar
o rádio.
— Não seja fofa, mana. Você está se envolvendo em coisas que você
não entende.
— Minha história com ela não lhe interessa — ele grunhe por um
maxilar tenso.
— Que outros segredos você tem, Colt? — Tomo outro gole da minha
bebida, desejando que fosse chá, seria muito mais apropriado para este
momento.
— Nada.
Não acredito nele nem por um segundo. Mas esperei até o momento
perfeito para colocar este cartão nele e estou gostando dos benefícios que
ele colhe demais para manchar o momento pressionando por mais do que
preciso.
TUCK
— Ela ligou para você? Ela nunca me enviou uma mensagem. —
Maggie espera do lado de fora do portão da escola por mim, dando um
passo ao lado de Major para ir em direção ao estábulo conosco. — Seria
insistente se eu a enviasse mensagens de novo, esta manhã? Estou
preocupado.
— Você acha que a mãe pode ter tirado o telefone dela? — Mags
pergunta, esperançosamente.
— Possivelmente.
Ela zomba.
— Fale.
— Ela não tinha permissão para sair neste fim de semana passado.
Mas ela veio de qualquer maneira.
— Quão?
— Ela e aquele irmão dela fazem tudo juntos. Se ele não estava por
perto, então imaginei que ele não sabia.
— Eles não fazem mais tudo juntos — falo antes de parar.
Eu dou de ombros.
— Vou deixar você ir, para não se atrasar. — Dou um passo para
trás, ciente de que chegarei atrasado, uma vez que deixei Major afastado
por um dia.
— O que?
— Não. — Pego a rédea do Major. — Ela sabe que Colt separou vocês,
mas acho que ela não sabe como. Tipo, ela sabe o que ele fez, mas não o
que aconteceu naquela noite.
Não. Por mais que eu queira que ela estivesse ciente do que seu
maldito irmão é capaz, não é minha história para contar.
LACEY
O medo é um sentimento tão horrível. É esse desejo nojento de
vomitar, e ainda sabendo que você não vai. Essa náusea implacável que
gruda com você a ponto de seu corpo tentar suar para livrar você do mal-
estar tóxico.
— Até a próxima.
Uma folha de papel com o mesmo estilo dos anúncios que são
colados nas paredes.
Minha garganta fecha, boca seca mais uma vez. O calor surge na
ponta dos meus dedos, o contato com o papel parece como se estivesse
queimando a qualquer segundo.
Para alguém que não sabia nada melhor, isso é uma impressão de
um e-mail. Um e-mail para mim. Confirmando a reserva que fiz com o
tatuador que marcou Gayle.
— Meu e-mail?
Ele concorda.
O que?
— Você vê agora por que luto para acreditar em sua inocência nisso?
— Eu não tolero violência física, Lacey. Você sabe disso. Espero que
você relate imediatamente quaisquer incidências. Fora isso? Estou
confiando no seu julgamento. — Suas mãos caem no colo. — Se você
sentir que não pode lidar, me avise. Mas saiba que não ficarei satisfeito
se descobrir que você não fez um esforço conjunto para solucionar o
conflito primeiro.
— Obrigada.
— Vou avisar seu professor de sala de aula que eu estava com você.
Você pode prosseguir diretamente para o primeiro período.
O panfleto incluído.
TUCK
Maggie se aproxima do outro lado da quadra, seu uniforme em seu
estado normal que é desgrenhado, os cabelos na altura dos ombros
bagunçados e bagunçados. Ainda assim, ela é uma garota bonita. Eu
posso ver por que Beau gosta dela.
— Elas estão falando de você — diz ela, divertida com os olhares que
as meninas lançam em nosso caminho.
— E se ela estiver bem, e como você diz, sua mãe tirou o telefone
dela? Então a colocamos na merda mais ainda.
— Por que você tem que ser tão sensível e equilibrado? — Ela
lamenta.
— O que? — Eu falo.
— Bem?
— Ele disse, e cito: ‘Exclua essa merda de número agora se você sabe
o que precisa’.
— Sem telefone. Sem wi-fi. Sua mãe mudou a senha e disse a Colt
para mantê-la longe dela. Ela está isolada como punição.
— O que mais?
Mags assente.
— Eles devem pensar que podem aconselhar a não ter sua própria
independência.
— Quanto tempo?
Eu faço uma careta para ele quando ele se aproxima. Ed segue atrás
em uma conversa relutante com Dee. Amber pega a retaguarda, se
pendurando em braço de Beau.
— Você irá?
— Você promete?
— Suponho que é o melhor que você possa obter quando não admite
o que é, certo? — Amber recua. — Alguma pessoa de quarenta anos nos
arredores do local?
Eu assisto Beau, curioso sobre o que ele fará. Comecei essa briga,
esperando que ele se levantasse e defendesse o objeto de sua afeição. Mas
parece que Maggie é mais do que capaz de fazer isso por si mesma.
Curiosamente, ele fica de lado, os braços cruzados sobre o peito e as
pernas abertas enquanto a observa ir com um sorriso malicioso.
— Desculpe? — A cabeça dela se move para trás com tanta força que
eu espero que ela caia das costas dos ombros e role pelo campo. — Desde
quando você ficou do lado dessa puta imunda? — Ela aponta a mão na
direção de Maggie.
Ela não precisa de ninguém do seu lado. Isso me faz admira-la mais.
LACEY
Papel de parede que parece veludo e sofás que, com certeza, custam
mais que o carro de uma pessoa comum. Este lugar é ridículo. Tenho
certeza de que a decoração requintada no consultório do psiquiatra deve
me fazer acreditar que eles são talentosos no que fazem, que são bem-
sucedidos e confiáveis.
Tudo o que vejo é para onde vai a mensalidade ultrajante que mamãe
paga.
Olho para ela por baixo dos meus cílios, esticando os olhos para vê-
la ao meu lado. Ela está sentada na sala de espera, com uma bolsa de
couro marrom no colo, o lindo vestido de seda Karen Walker desta
temporada, pendurado em seu corpo leve. Minha mãe é deslumbrante —
uma mulher que talvez pudesse ter uma carreira na moda em outra vida.
Ela abre a boca para dizer alguma coisa, mas o clique da abertura
da porta do escritório a interrompe.
— Eu vejo. Que tal você me contar uma breve história para que eu
possa me posicionar no seu lugar um pouco melhor? — Os olhos do Dr.
Thorpe dobram nos cantos. Ele me lembra um pouco de como as pessoas
desenham o tipo de avô velho nos livros infantis.
Eu concordo.
— As crianças que eram minhas amigas não são agora. Eles não são
o tipo de pessoa que você deseja ter ao seu lado.
— Não.
— É assim mesmo? O que sua filha fez que precisa ser perdoada?
Ela vai torcer meu pescoço quando voltarmos para casa, mas por
enquanto me sinto protegida no escritório do Dr. Thorpe. Eu levanto
minhas sobrancelhas, esperando a resposta também.
— Você faz parecer que eu não tinha motivos para fazê-lo — eu falo.
— Richard me insultou.
Eu concordo.
— E por que você acha que é isso? Por que você acha que eles
esperavam que você não comparecesse?
— Porque não nos encaixávamos mais — respondo, olhando
diretamente para mamãe. — O que você vale financeiramente
desempenha um papel importante em sua posição na hierarquia social.
Não temos mais nada em nosso nome. Eles nos veem como forasteiros.
Eu concordo.
— Mãe!
— Desculpe?
— Sra. Williams.
Ela se irrita com o uso de seu nome de casada. Ele deve saber que a
irrita. Fantástico jogo de poder, Dr. Thorpe. Bravo.
— Elas são para Lacey, sim — ele grita. — Mas quando o principal
problema de sua filha parece estar relacionado a você, sou severamente
prejudicado pelo que posso alcançar se você não estiver presente.
TUCK
— Ei! Saco de bola! — Eu grito para Ed.
— Oi?
— Eu posso imaginar.
Ela fica ao meu lado; pernas afastadas, mão no quadril enquanto ela
bebe uma boa dose de água.
Mags bufa.
— Algumas, hein?
Eu rio alto e longo, esperando que depois de toda essa merda acabe,
Maggie e eu continuemos amigos. Ela é divertida.
Boa.
***
Eu odeio sentir que tenho que pedir permissão ao cara para coçar
minha bunda, mas enquanto eu viver sob o teto dele, são as regras dele.
— Muito engraçado.
— E ainda assim, você quer ter uma das cadelas deles aqui com você
— rosna Amber. — Como isso mantém todos no seu lugar?
Ela olha em volta para seus colegas e, com o olhar que ela dá a Dee,
eu me pergunto o quanto eles realmente sabem. Johnson, Cate e eu
éramos os únicos lá naquela noite. Além de nós três, não tenho ideia do
que Mandy disse a mais alguém.
— Alguém disse a ele que você o traiu com um desses caras, o que
sabemos que não é verdade — declara Dee como se fosse um
conhecimento comum.
— Eu o traí, mas não por vontade própria. Sim, não foi com esses
caras, sabemos disso. — Mandy pressiona os lábios com força, olhando
para o teto para acrescentar:— Foi com Colt.
— Eu sabia que aquele idiota tinha mais a ver com essa merda do
que todos pensávamos — resmunga Johnson. — Eu deveria ter destruído
toda a merda do carro dele.
— Acalme-se — eu aviso.
Mandy assente.
— O problema é que o amigo dele, Richard, não sabe que era ele.
Prometi nunca contar, desde que ele me deixasse em paz.
— Uh-huh — Ed concorda.
— Você disse que ficou com esse merda, mas que não foi de bom
grado. O que você quer dizer com isso?
Mandy assente.
— Sim. E ele trouxe Colt e o outro amigo deles, como é o nome dele?
— Christian — eu preencho.
— É por isso que você não bebe mais — diz Dee em voz baixa.
Mandy assente.
— Bastante.
LACEY
Ficar sem internet e sem telefone me deixa louca. Pensei em ir à
biblioteca pública usar seus computadores até perceber que meu perfil
no Facebook seria exibido quando eu estivesse ativa pela última vez.
Estou presa em Riverbourne com os recursos de comunicação de uma
garota dos anos 80.
— Aí está você.
9
Wasabi é um tempero em pasta utilizado na culinária japonesa, feito da planta
wasabia japônica, sendo cultivado nos frescos planaltos de Amagi, na península de Izu,
Shizuoka, Hotaka e Nagano. A Wasabia japonica pertence à família das Brassicaceae e é
conhecida também como raiz-forte japonesa ou wasábia
Ele franze a testa, suspirando levemente.
— Você deve algo a eles por estar escolhendo esses idiotas sobre a
família, certo? Ou eles têm algo em você? Um pouco de chantagem?
TUCK
— Você tem certeza de que ele ainda mora lá? — Johnson pergunta,
espiando pelo para-brisa de sua caminhonete para os altos edifícios.
— Remo — Johnson bufa. — Que bem isso faz quando você sai da
escola? Consiga uma habilidade real, idiota.
Ele lança um olhar no retrovisor para o uso do apelido que ele mais
odeia.
— Você ainda quer fazer isso sozinha? — Giro no meu lugar para
encarar Mandy enquanto Johnson faz um uey.
— Certo.
Balanço a cabeça.
— Primeira vez.
— Eu não estou dizendo nada — eu rio. — Sim, ela é. Mas não estou
soando como se estivesse interessado.
Não quando eu tenho alguém melhor me esperando no final de toda
essa merda. Me queima por dentro sabendo que estamos tão perto de
onde Lacey está escondida. Mas não posso me animar e esperar que tudo
esteja bem. Se eu aparecer sem aviso prévio, todo esse plano é uma perda
de tempo e estou ainda pior do que voltar à estaca zero.
— Não, ela não é. Mas não, ela não disse mais nada. Pare de pensar
sobre isso, Amber não falou muito sobre isso.
Ele ri.
— Nós não somos sangue, Tuck. Se nossos pais não fossem casados,
não haveria nada de estranho nisso.
10
A escala T.M.I foi implementada há muito tempo para garantir que todo e qualquer
americano pudesse medir com precisão seu lixo. Medições diretas do tamanho de um pênis
realmente não importam. O que importa é: (Comprimento x diâmetro) + (peso /
circunferência) todos divididos pelo ângulo da ponta ao quadrado.
— Talvez. Estou apenas tirando o máximo proveito de uma situação
de merda, mano.
— Sim. Entendi.
Ele nunca quis que seu pai se casasse novamente. E a mãe de Amber
também não era exatamente a mulher que você esperaria que ele fosse
atrás. Mas quem sou eu para julgar quando se trata de pares incomuns.
— Tudo certo?
— Longe disso. Mas pelo menos ele ouviu — ela diz com um suspiro.
— Ele não acredita totalmente. Eu posso dizer.
— Ele ainda está bravo com você? — Johnson olha para ela pelo
retrovisor enquanto gira a chave.
— O que você quer dizer? — Giro para vê-la por cima do ombro.
Johnson sorri. Dou um soco na coxa dele, esperando dar uma perna
morta ao filho da puta.
LACEY
— Embora o incidente não tenha acontecido nas dependências da
escola, nós da Riverbourne Preparatory concordamos em agir como
mediadores, considerando que o ato vil infligido a Gayle Everhart foi
planejado e organizado de dentro de nossas paredes.
Eu, Gayle, seus pais, minha maldita mãe, Libby, e seu pai. Sete de
nós nos amontoamos em um espaço destinado a quatro no máximo
confortavelmente. Provavelmente teríamos mais espaço para se espalhar
se os assentos da diretora Rothwell não fossem tão grandes e luxuosos e
se não houvesse dois pedestais grandiosos de cada lado de suas portas
duplas com bustos de mármore no topo.
Eu quero gritar que não fiz isso, mas o que isso alcançaria? Todos
nesta sala se decidiram. Este é o momento de resolução de Gayle, e não
desejo roubá-lo dela.
Iria aliviar minha mente pelos próximos dez minutos, pelo menos,
se eu pudesse machucá-la.
— Você sabe que eu não tenho nada a ver com isso. Você ouviu o
que eles disseram antes de Libby te segurar. Então por que eu?
— Ela disse algo sobre deixar Lacey ser sua amiga novamente, se ela
deixasse isso acontecer comigo.
— Perceber a gravidade do erro depois não prova que você não teve
nada a ver com isso — rosna o pai dela. — Existem e-mails que provam
que você reservou o artista chamado, caso você tenha esquecido.
— Ele sabia o que eles fariam. Ele desbloqueou meu telefone para
que eles pudessem gravar o vídeo, não foi Gayle?
Ando atrás de mamãe, tão irritada que ela não acredite em mim. O
que é preciso para que ela veja que eu sou inocente em tudo isso?
— Vou falar com Colt hoje à noite — ela diz enquanto passamos pelo
saguão principal. — Até então, não quero ouvir outra palavra sobre isso,
Lacey. Toda essa conversa sobre o que você está envolvida já me deu dor
de cabeça.
— Você deve fazer com que seu namorado fale com o filho — eu digo.
— Ele sabe a verdade.
Ela abre a boca para dizer outra coisa, ainda pensa melhor e
caminha em direção à saída.
Ela me bateu.
TRINTA E SEIS
TUCK
— Ela não está vindo — eu resmungo quando Amber cai do banco
do passageiro. — Era para ser apenas meninos, Johnson.
— Tudo bem — eu estalo. — Mas você deve ouvir seu maldito irmão
— eu instruo, dedo na cara dela.
Ela se inclina para trás, olhando minha mão. Para meu desgosto,
sua língua chicoteia e pega a ponta antes que eu possa me afastar.
— Aqui!
11
Pessoas que se amontoam em um carro e acompanham uma banda de cross country,
geralmente contra a vontade da banda.
Olho pelo para-brisa e me pergunto quando diabos chegamos na
cidade? Eu estava perdido na minha cabeça por tanto tempo?
— Vocês meninos são inúteis. O que você vai fazer então? Apenas
entrar e esperar o melhor?
— Ugh.
Eu concordo.
— Você quer que ele admita o que fez, certo? — Ela olha entre nós.
LACEY
— Você realmente deveria ter usado meu vestido Trelise Cooper, mas
acho que isso serve.
Ela não me disse com quem estamos jantando, apenas que era
importante que chegássemos cedo.
— É tão adorável ver você com uma aparência boa — Nonna fala
para mamãe. — Vejo que morar no interior não prejudicou sua figura.
Eu a chuto de volta.
— Eles não gostam que eu mudei e fiz amizade com... — Faço uma
pausa para um efeito dramático antes de sussurrar: — gente comum.
— Não, mas a esposa dele fez alguns comentários gentis que aludem
a ela querer usar a segunda casa no Natal.
— Nada.
Eu concordo com ele, exceto que não consigo encontrar o que é certo
nessa situação.
GREER
— Fantástico. — Libby pega a taça de champanhe da minha mão e
imediatamente retorna à sua conversa.
Ela acha que é melhor que nós. Do que todos nós. Sinto-me menos
como sua colega e mais como uma criada da rainha.
— Colt.
Ele não fica lento, embora eu tenha certeza de que ele teria me
ouvido.
— Colt. Espere.
Ele hesita, virando um pouco, mas ele não olha para mim. Não, ele
verifica por cima do meu ombro primeiro.
— Greer. Oi.
— Onde você vai?
Quente talvez.
— Eu vou acompanhá-lo.
Ele acena com a cabeça uma vez e depois nos leva através de um
grupo apertado na cozinha até o amplo terraço dos fundos. Fico atrasada
quando descemos os degraus para o gramado; a altura dos meus saltos
significa que preciso ir devagar para garantir que não enrole o tornozelo
ou derrube a bebida.
— Obrigada.
— Qual é a pressa?
Subo ao nível dele e me viro para descobrir com o que ele está
preocupado, mas tudo o que vejo são nossos amigos se divertindo às
custas de Christian.
— Isso significa que ela está infeliz, mas esse isolamento a mudará
para melhor.
Eu me sinto presa.
— Você não é uma amiga, Amber. Como diabos você chegou à
propriedade?
A menina ri.
— Eu preciso que você faça algo por mim. — Ela sorri. — Todos nós.
— Como o quê?
Amber olha para mim.
Sinto que essa é uma garota com quem você não mexe, se valoriza
seu cabelo.
Amber faz uma pausa, seu telefone agora na mão e franze a testa.
Ele hesita, mas com uma torção dos lábios e uma carranca
profunda, Colt se senta no banco, forro da pérgola. Uau. Se ela pode
mandá-lo por aí, meu melhor palpite é que eu também me sente.
Talvez eu tenha entendido errado, mas ela não deveria fazer algo
aqui? Por que ela parece que espera alguém?
— Colt?
A verdade sobre o que? Um desejo surge para gritar por ajuda, para
chamar a atenção da parte alheia ao fundo, mas, ao mesmo tempo, quero
saber o que diabos todos eles discutem.
O que eles acham que Colt fez?
— Arthur?
Sem dúvida.
Colt olha para os três; suas narinas se abrem quando ele se instala
em Amber.
— Então, você ouviu algumas histórias, hein? Por que diabos devo
confessar algo que não foi minha culpa?
— Porque você ama sua irmã — o garoto dos sonhos responde com
uma voz rouca e profunda.
Ele poderia me roubar a qualquer dia. Uau. E Lacey foi para a escola
com esses caras? Não é à toa que ela não queria ir embora.
— Você prefere deixá-la sofrer por seus pecados, certo? Diz o loiro
zangado. — Como diabos você dorme à noite sabendo que a vida dela se
tornou um inferno porque você é covarde demais para admitir o que fez?
Eles o têm lá. Afasto-me um pouco mais, sentindo que isso pode
transbordar se os meninos decidirem entrar nela. Se não fosse o vestido
que usava até os tornozelos, consideraria jogar os sapatos e estar pronta
para sair em disparada no parapeito.
— Quando?
Christian empalidece.
— O que você fez, Colt?
Toda vez que ele fala, quero roubá-lo em algum lugar quieto pelo
resto da noite.
— Não podemos entrar em contato com ela depois que sua mãe tirou
o telefone e o acesso à internet.
— Ela ficou de castigo depois que ela escapou para ver esse filho da
puta no fim de semana passado. — Colt gesticula para o loiro.
— Onde?
LACEY
Passar a noite no segundo quarto de Christian é muito mais
suportável agora que sei que os dias estão contados. Não me sinto
confortável conosco tirando a casa de Nonna e Poppa, mas também não
sentirei falta do imbecil.
Não só sou ingrata pela posição que ela me deu na vida (suas
palavras), mas também espera que um dia eu supere minhas crenças
juvenis e entenda os sacrifícios que ela fez por nós crianças (novamente,
suas palavras).
Toda escolha que ela fez foi para seu benefício, não para a nosso.
Não entendo como ela ainda se convence de que está fazendo um favor
para mim ou para Colt.
— Olá baby.
Meus olhos se abrem e meus lábios se abrem para gritar uma mão
firme e familiar sufoca o som.
Ele contorna a cama para o lado mais distante e desliza ao meu lado.
— Não. — Ele geme. — Por mais tentador que seja, temos outro lugar
que precisamos estar.
— Colt ficou com Mandy e ela terminou com Richard, certo? O que
mais tem?
Olho para baixo e percebo que tenho minha calcinha na metade das
pernas, sem shorts de pijama. Acabei de dar a Tuck o acordo completo
sem pensar duas vezes.
— Oh meu Deus.
— Me dê um segundo.
— Pronto.
— Mas? — Eu provoco.
— Mais uma palavra e terei que aceitar sua oferta para chegar atrasado.
— Vamos.
— O que você acha que ela fará se descobrir que você se foi
novamente?
— Como o quê?
— Combinado.
QUARENTA
TUCK
Isso tem que funcionar.
Deveríamos vir aqui para resolver as coisas e ter uma trégua, não
para iniciar um tumulto maldito.
O que o idiota fez foi errado — tão errado — mas a violência nunca
conserta nada.
Lacey olha para ela com pura gratidão e abraça Greer. Uma linha
distinta foi traçada aqui neste gramado perfeitamente cuidado, e quanto
mais esse confronto continuar, mais claro mostra quem fica de qual lado
— literalmente.
Colt cambaleia para ficar ao lado de sua linda irmã, Lacey, à frente
do grupo separatista. Eu tomo meu lugar atrás dela e passo meus braços
sobre seus ombros. O que quer que ela decida, eu a apoiarei — cem por
cento.
— Você sabe o que ele fez, não sabe? — Christian gesticula para
Colt. — Quero dizer, acho que você não. Caso contrário, você não o
deixaria parado ao seu lado. — Ele se vira para se dirigir à multidão,
procurando uma reação. — Ele forçou a uma pobre bêbada indefesa. Não
conseguia ficar com nenhuma garota de pensamento racional, então
pegou alguém que não estava em posição de protestar.
Não preciso olhar para Colt para saber sua reação. Eu o ouço engolir
sobre os murmúrios da multidão.
— E Mandy, hein?
— Então e ela? Ela não está aqui para falar por si mesma, então
prefiro discutir isso com ela, em particular.
Curiosamente, Richard é quem coloca a mão no ombro de Amber.
Me irrita que ele fique entre a irmã dele e nós. Eu não ligo para o
que ele diz; aquela garota é muito mais do que uma amiga de merda
conveniente para ele. Ela segura o cara que ninguém consegue igualar —
nem mesmo o velho.
— Leve sua irmã, namorada, seja lá que porra for, em casa, Johnson.
Tenho certeza de que entre nós cinco podemos descobrir.
— Você está pronta para ir, baby? — Coloco Lacey ao meu lado;
braço pendurado em volta dos ombros.
LACEY
— Só precisamos pegar um Uber para minha casa — explica Greer,
enquanto todos nos amontoamos na beira da estrada, à espera de Colt.
— Eu vou emprestar meu carro para que vocês possam chegar em casa.
Não é à toa que eu não fazia ideia. Por alguma razão estranha,
presumi que Beau era filho único.
— Você acha que ela queria aparecer para acabar com ele?
— Não vai sozinha, vou com você. — Tuck estica a mão e me para
com uma mão no meu braço.
— Beau?
— Não!
Não preciso mais dizer; ela tem a porta aberta, todos os olhos em
nós.
— Desde que ele foi por esse caminho, tipo, meia hora atrás, ou algo
assim.
Leva um momento para que meus olhos se ajustem à luz fraca, mas
uma vez que o fazem, não há como errar o que encontro.
— Essa vadia é a razão pela qual você não queria ir embora, não é?
Olho para ela e noto também que Colt desistiu da perseguição. Claro
que não demorou muito.
— Você sabe o que? — Ela sorri como se finalmente estivesse em
paz. — Eu terminei de guardar os segredos dela.
Eu poderia ir lá, garantir que ele leve o meu irmão com calma.
Mas, como eu disse lá atrás, estarei lá para ajudar Colt quando ele
precisar, para apoiá-lo enquanto ele paga suas dívidas. E neste
momento? Ele está pagando suas dívidas, bem, se esse acidente foi algo
a acontecer.
Até que ele perceba o erro de seus caminhos, ele não precisa da
minha ajuda.