Você está na página 1de 298

Nosso Contrato Vitalício

ANNE, AMANE
1ª edição, 26 de novembro de 2021
Capa: xmagnifiquedesignx
Todos os reservados.
É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem prévia autorização do
autor.
Sinopse
Playlist
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
AGRADECIMENTOS
CONHEÇA TAMBÉM
SOBRE A AUTORA
Christopher Rogers, CEO da Rogers Corporation, estava prestes a se casar
com Melanie Williams, a herdeira da MD Will’s, uma empresa de renome e
respeito na indústria da moda, mas que estava prestes a cair em declínio.
Christopher, deixava claro com todas as linhas possíveis, a atração que
sentia pelo corpo de sua futura esposa.
Melanie, vendo o jeito pervertido que o seu noivo era consigo e visando o
que lia nas colunas de fofocas. Pensava que o futuro marido era mais rodado que
pneu de bicicleta.
Assim que se casou ela cometeu uma falta muito grave com o marido e por
sentir vergonha de pedir desculpas, encheu a cara para criar coragem e engolir o
orgulho. Christopher acabou fazendo mesmo, tentando segurar a vontade que
tinha de agarrá-la que foi multiplicada quando descobriu que debaixo de toda
aquela maquiagem, a mulher que se casou era muito mais bonita do que a mulher
que noivou.
As coisas se tornam muito perigosas quando os dois estão bêbados e logo
o loiro não resiste a chance de jogar uma proposta indecente para sua esposa.
Um contrato matrimonial criado para unir duas grandes empresas de moda.
Uma fantasia criada para alimentar os desejos insanos dos recém-casados. Uma
noiva que não queria casar e logo se viu aceitando uma aposta de ser a amante
do seu marido.
É possível se apaixonar por todas as versões de uma única pessoa? É
possível querer tanto o amante ao ponto de acorrentá-lo na cama? Como
Christopher era capaz de deixá-la louca, Melanie não saberia dizer, mas depois
que se casou, ela nunca mais foi a mesma.
Ariana Grande - 7 rings
Justin Timberlake - SexyBack
Ariana Grande - Dangerous Woman
Ariana Grande, Justin Bieber - Stuck with U
Bruno Mars, Anderson .Paak, Silk Sonic - Leave the Door Open
Kiss - Peter Criss - Don't You Let Me Down
Steven Tyler & Nuno Bettencourt - More than words
Bruno Mars - Nothin' On You
Ariana Grande - pov
Camila Cabello - Never Be the Same
Guns N' Roses - Get In The Ring
PSY - Gangnam Style
PSY - Daddy
PSY - Gentleman
Katy Perry - The One That Got Away
1

Assinando os termos

M anhattan, um dos burgos mais conhecidos e


famosos economicamente da Cidade de New
York. Lar do eleito homem mais sexy e inteligente pela revista
People. Christopher Rogers, CEO da Rogers Corporation, é um
homem mundialmente famoso não só pelo seu rosto atraente, mas
também por ter conseguido seus primeiros bilhões antes dos 25
anos. Agora, com quase trinta e um império vasto nas mãos,
Christopher estava a poucos minutos de se casar com Melanie
Williams, a herdeira da MD Will’s. Uma empresa de renome e
respeito na indústria da moda, mas que estava prestes a cair em
declínio.
Entrando no elevador apressado, ele acaba encontrando com
sua noiva, aparentando mais que vai trabalhar em vez de se casar
no civil.
Melanie, é uma morena de pele parda bastante atraente,
seus cabelos eram cor de chocolate bem escuro quase preto,
longos num liso extremo chegando na metade do bumbum, olhos
castanhos que se encontravam com uma lente de grau incolor e
uma altura de 1,55, mas que sempre andava com saltos que a
deixava bem mais alta do que era de verdade.
Hoje ela estava com terninho sob medida da cor preta, com
um decote bem generoso na frente por não usar nada mais do que o
blazer. Duas argolas douradas nas orelhas sendo que uma delas
estava repleta de brincos da mesma cor. Seus pés estavam
calçados com um salto fino de solado vermelho e seus cabelos
jogados para trás a deixando incrivelmente sexy.
— Pensei que íamos nos casar, não ir a um enterro —
Christopher fala só para ela ouvir.
— Esse com certeza será o meu enterro, pois não haverá
possibilidade de eu querer está viva depois de me casar com você.
— Melanie, não seja malcriada! — seu pai a repreende.
— Eu só disse a verdade.
Christopher dá uma risada rouca com a resposta a fazendo
revirar os olhos. Ele adorava aquele temperamento explosivo que
sua futura esposa tinha. Sabia que ela era contra o casamento
desde o início, mas nunca falou nada ou se opôs. A herdeira da MD
Will’s, tinha consciência de como aqueles laços matrimoniais eram
importantíssimos para sua empresa. Aquele loiro desgraçado com
um sorriso lindo, seria não só o seu futuro marido, mas também seu
atual parceiro nos negócios.
Por mais que não queria se casar, ela não era cega e tinha
plena consciência de que seu noivo era sexy. O problema é que ele
sabia disso e imaginava que aquele homem era mais rodado do que
pneu de bicicleta.
Com os cabelos loiro escuro, lisos de tamanho médio, estilo
John Wick e um perfume levemente amadeirado. Christopher
arrancava suspiros onde passava, enlouquecendo qualquer um com
aquela voz grossa. Com o queixo quadrado, acompanhado com
uma barba bem desenhada da mesma cor do cabelo, o deixava
ainda mais másculo. O homem tinha 1,93 de altura, com músculos
bem fortes acima da média, sempre vestido com um terno de três
peças feito sob medida e um sorriso encantador no rosto.
Christopher Rogers poderia ser um pedaço de mal caminho, mas
ela não sucumbiria a tentação. Se sentia vendida pelo próprio pai
para benefício da empresa, mas sua situação atual a fez ser
obrigada a aceitar aquela proposta absurda.
Não poderia deixar o legado da sua família cair em ruínas,
não poderia deixar sua mãe e seus irmãos passarem dificuldade,
então Melanie aceitou o matrimônio, se sacrificando pelo bem de
toda a família.
— Meu futuro genro — Tom suspira orgulhoso. — Está muito
bonito, perdoe a minha filha, disse para ela vir arrumada para
ocasião, mas não me ouviu.
Puxa saco. Ela pensa.
— Melanie está encantadora como de costume, não é
necessário pedir desculpas — o rapaz fala educadamente. — Só me
arrumei mais um pouco para estar à altura da sua filha.
Sem vergonha, safado. Acha que eu não percebi você
encarando os meus peitos? A mesma revira os olhos, respondendo
mentalmente.
As portas do elevador se abrem, Tom se retira com o restante
das pessoas e Christopher coloca a mão perto do rosto dela, a
impedindo de sair. As portas se fecham novamente e devida a
proximidade, ela acaba olhando um bocado para cima, fitando
aqueles olhos cinzas cheios de malícia.
Rogers dá um sorriso encantador olhando para aquele
rostinho angelical, soltando um suspiro.
— Nem um beijinho antes de nos casarmos?
— Sou do tipo conservadora — o desafia com o olhar.
— Não me parece pelo tamanho desse decote — a olha
descaradamente, vendo aquela pele parda parecer incrivelmente
macia e receptiva aos seus toques.
— Quer parar de olhar pros meus seios?! — chama atenção
dele.
— É tão bonito que eu não consigo evitar — dá um sorrisinho
safado. — Melanie, é impressão minha ou você está sem sutiã?
— Está querendo ele emprestado, é? — debocha.
Ele rosna morrendo de vontade de sugar aquela linguinha
afiada, passando a mão livre nos próprios cabelos para se segurar.
— Se fizer isso eu entro com ele dentro do banheiro e só
volto depois de uns 30 minutos.
— Então devo desapontá-lo, pois não tenho o que procura —
levanta a sobrancelha divertida.
— Na verdade você acabou de me confirmar que está sem e
agora deu água na boca só de pensar — lambe os lábios. — O que
significa que com um único movimento eu conseguiria tirar eles pra
fora.
— Nem ouse cogitar essa ideia! — o encara, mesmo
sabendo que Christopher não faria, pois já estavam noivos há um
tempo e os dois nunca se tocaram, nem para se cumprimentar,
respeitando o espaço pessoal.
Ele olha nos olhos dela, com um sorriso ladino no rosto.
— Tarde demais, agora vai servir de combustível para
quando eu estiver no chuveiro — o mesmo se aproxima um pouco
mais, sentindo o perfume deliciosamente cheiroso emanar da sua
noiva. — Não sei se vou conseguir esperar até a lua de mel — a
provoca.
— Acho melhor você esperar até o dia de são nunca —
rosna.
As portas do elevador se abrem e ela vira de lado, olhando
para o braço dele.
— Com licença — a mesma fala educadamente.
Christopher desce o braço a deixando passar, as pessoas
entram no elevador e ele sai, com os olhos colados na bunda dela,
acompanhando o rebolado.
Nunca diga nunca. Rogers pensa.
O loiro volta a conversar com o sogro, que pergunta se está
tudo bem pelo sumiço repentino dos dois, sendo tranquilizado pela
voz da filha que afirma que só estavam conversando.
A vez deles chegam, o juiz dá início e ela o interrompe
deixando seu pai irritado e seu noivo surpreso.
— Será que dá para pular essa parte, tenho um voo pra daqui
a uma hora — Melanie se vira pra mesa, preparada para assinar os
papéis do casamento.
— Minha filha — seu pai se aproxima falando baixo e
calmamente. — Você estará em lua de mel depois disso.
— Aham... — assina o documento. — Tenho uma reunião
importante na Califórnia, acho que não terei problema em me
ausentar na lua de mel, tudo bem pra você, querido?
Melanie entrega a caneta pra ele e o mesmo o pega com a
mão esquerda, sem a tocar.
— Não haverá problema, querida — assina os papéis. — Boa
sorte na sua viagem.
Sim, ela estava tentando tirar ele do sério, mas acabou
ficando irritada por não ter conseguido o que queria, o vendo calmo
e relaxado.
— Então nos vemos daqui a três semanas — Melanie coloca
seus óculos de sol no rosto e vai embora batendo os seus saltos,
sem olhar para trás.
Os dois se retiram do local andando calmamente, perdendo a
morena de vista.
— Me desculpa pelo comportamento da minha filha — Tom
tenta se explicar um pouco nervoso, entrando com genro no
elevador. — Espero que isso não estrague o nosso acordo.
— Os negócios ainda continuarão de pé — dá um sorriso
encantador. — E não se preocupe com a Melanie, agora ela está na
minha responsabilidade e resolveremos nossas diferenças uma hora
ou outra.
— Eu tenho muita sorte de ter um genro tão paciente como
você.
— Paciente é uma virtude que poucos têm.
Ambos saem do prédio onde estavam, vendo o sol do Outono
raiar com todo seu esplendor.
— Você terá muito trabalho com a minha filha, isso eu devo
admitir. Melanie é bem cabeça dura quando quer.
— Logo ela mudará de ideia ao meu respeito.
O motorista do senhor Williams aparece, abrindo a porta do
carro, mas antes de entrar o mesmo termina de falar com o genro.
— Assim espero — suspira. — Tenha uma boa tarde, filho.
— Para o senhor também — se despede educadamente,
vendo o senhor entrar no carro.
Christopher entra no seu e enquanto seu motorista particular
dirige, ele faz uma ligação.
— Boa tarde, eu gostaria de cancelar a reserva do
restaurante que marquei às sete.
— O senhor e a sua esposa mudaram de ideia por causa do
menu ou...
— Não é isso, ela está muito cansada e indisposta para sair,
ligo pra marcar outro dia.
— Certo, quer que eu envie as flores para sua casa?
— Não será necessário, obrigado Stuart.
— Não a de quê senhor.
Christopher desliga a ligação e vê Anthony o olhando do
retrovisor curioso.
— Ela fugiu mesmo? — o motorista comenta.
— Eu devo ser um pesadelo como marido — mexe no celular.
— Devo dizer que tenho um pouco de culpa nisso também.
— Andou falando aquelas coisas pervertidas pra ela? — o
senhor de idade até imagina, conhecendo bem o seu chefe.
— Obviamente que sim — fala como se não fosse nada
demais. — Eu disse que não mudaria por ninguém, a minha esposa
tem que ter consciência do que ela arrumou pra cabeça. Quem
mandou ela ser linda daquele jeito?
Anthony não aguenta e começa a rir.
— Anthony, eu estou falando sério, ela estava parecendo um
anjo hoje, não tinha como eu controlar minha boca!
— E desde quando controla perto dela?
— Nunca.
Os dois dão risadas e Rogers se sente um pouco mais leve
por conversar com o amigo.
— E também... — Christopher fala pensativo. — Ela estava
muito nervosa, serviu para fazê-la se distrair um pouco.
— Será que era o casamento?
— Acho que é a reunião que ela terá daqui a pouco. Deve ser
algo bem importante para deixá-la tensa daquele jeito.
— O senhor pretende fazer algo a respeito?
— Mandei mensagem pro Mário, logo ele dirá o que preciso
saber.
O motorista concorda com um gesto e calmamente leva seu
chefe para casa.
Christopher já sabia que não teria uma lua de mel normal. Só
não esperava que sua esposa fugiria como se ele fosse atacá-la a
qualquer momento. O mesmo não negava que tinha atração por ela,
a deixando ciente de muitas coisas. O problema é que a viagem
repentina não só causou insegurança como também um
descontentamento do rapaz.
Hoje ele havia tirado o dia para conversar com ela e tentar se
entenderem, marcou a reserva com antecedência para ter um jantar
legal e comprou as flores mais bonitas que tinha na floricultura com
o intuito de ter pelo menos uma relação amigável. Frustrado por não
ter conseguido nem uma conversa decente, ele voltou para casa
naquela mesma tarde e se matou na academia, tentando colocar a
cabeça no lugar.
Depois do jantar, seu telefone toca, o tirando dos devaneios.
O mesmo atende apressado querendo tirar aquela dúvida que tanto
pesava em sua mente.
— Mário, conseguiu encontrá-la?
— Sim, chefe — o detetive suspira, o deixando apreensivo.
— Ela não mentiu quando disse que foi trabalhar. Passou o dia todo
no escritório e voltou para o hotel acompanhada da secretária. A
única pessoa que entrou no quarto dela foi a funcionária que eu
tenho quase certeza ser amiga, já que as duas não descolam uma
da outra.
Christopher suspira aliviado, olhando para as janelas de vidro
do seu apartamento, vendo o brilho dos prédios iluminando a noite
da cidade.
— Em resumo não aconteceu nada demais, a senhora
Rogers pediu o jantar e ficou sozinha o restante da noite.
— Obrigado, Mário. Me mantenha informado.
— Pode deixar, senhor.
Christopher desliga a ligação aliviado que a esposa não fugiu
para se encontrar com alguém e vai para o seu quarto descansar.
Revirando na cama tentando dormir, sua mente vaga em
como Melanie estava vestida hoje e o mesmo só consegue se
imaginar abrindo aquele blazer, visualizando mentalmente aqueles
montes lindos pulando pra fora, que o faria cair de boca neles. Ele
se lembra dela confirmando inconscientemente que estava sem
sutiã e seus olhos se voltam para o closet, se lembrando de ver a
governanta arrumando as coisas dela lá dentro.
Rogers se levanta apressado, abrindo as portas do
compartimento. Olhando em volta, ele abre uma das gavetas se
deparando com algumas calcinhas de rendinha e outras bem
provocantes.
Delicada... Ele pensa.
O mesmo pega uma levando até o nariz, inspirando o cheiro
do tecido bem lavado, não se importando nem um pouco se aquela
atitude poderia ser considerada nojenta. Seu membro endurece, por
imaginá-la vestida somente com aquela peça minúscula naquele
elevador que se encontraram hoje cedo e Christopher caminha
calmamente pro banheiro deixando sua mente pervertida levar a
melhor.
— Melanie... — fecha os olhos se tocando.

Duas semanas se passaram e com isso Christopher arranjou


um novo robe. Escutava Mário falar como foi o dia dela, sendo
resumido a trabalho, e encontrou sua peça de roupa preferida para
se tocar. Um baby doll rose gold com tecido de seda. Sem dúvida
nenhuma era o seu favorito, só de imaginá-la naquela roupa, Rogers
ficava duro na hora. Era como se ele conseguisse reproduzir
perfeitamente a imagem daqueles seios redondos com os biquinhos
eriçados implorando por atenção. Se imaginava beijando aquela
pele parda e macia, abocanhando a zona de prazer dela, enquanto
tirava aquela peça de roupa lentamente.
Sim, ele era um pervertido, mas não era nada que ela já não
soubesse.

Na cidade de Los Angeles, Califórnia, após finalmente


conseguir fechar um contrato importante, Melanie se permite
esparramar na cama, sentindo uma dor de cabeça infernal —
resultado das noites mal dormidas devido ao trabalho.
Depois de tirar o atraso, ela acorda muito mais relaxada
escutando as batidas da sua melhor amiga na porta.
— Já vai — se espreguiça, indo atender. — Bom dia,
Amanda.
— Bom dia, Melanie — a secretária entra com o carrinho de
comida se instalando no sofá. — Trouxe Waffles pra gente —
começa a se servir vendo a amiga voltar pra cama. — Pensei que o
nosso voo seria amanhã, por que nós vamos ficar mais uma
semana aqui se não precisamos?
— Porque eu não quero encontrar o tarado do meu marido —
começa a se sentir atraída pelo cheirinho do café.
— Vem logo tomar café da manhã — Amanda a chama.
A morena se levanta da cama com os cabelos bagunçados,
sentando ao lado da amiga no sofá e começa a lanchar também.
— Acredita que ele disse que se toca pensando em mim?
— Você só repetiu isso umas 10 vezes desde que chegamos
na Califórnia — a ruiva dá uma garfada, não se importando muito.
— É terrível a sua indiferença — a encara.
— E queria que eu falasse o quê? — toma um gole de café.
— Você deixou o homem sozinho na lua de mel pra vir aqui
trabalhar. Se ele quiser se tocar, deixe ele fazer isso, até hoje nunca
tentou nada forçado com você mesmo.
— O problema não é esse, claramente é uma mentira quando
o disse que se tocava pensando em mim — começa a rir como se
fosse a coisa mais ridícula do mundo. — Até parece que eu sou
sexy o suficiente para fazer um homem da... Aí! — leva um peteleco
na cabeça.
— Eu já disse para você deixar de se menosprezar! — a
encara. — Não é nada estranho um homem daquele te desejar,
você precisa se olhar mais no espelho.
— Criatura, eu sou sua chefe!
— E minha melhor amiga também, enquanto continuar se
menosprezando eu vou continuar batendo na sua cabeça.
Melanie faz cara de poucos amigos, mastigando o seu café
da manhã.
— Você disse que ele não tirou os olhos dos seus seios, não
é mesmo? — a ruiva reinicia a conversa.
— Ele estava quase babando, não fazia nem questão de
disfarçar.
— Vestida daquele jeito, eu duvido muito que ele ao menos
tentou.
— Não importa, ele não deveria agir como um animal
selvagem.
— Minha amiga, ele tem sim que agir como um animal
selvagem com você porque é esposa dele. O estranho é se ele
agisse indiferente depois de ver os seus peitos.
— Ele não viu os meus peitos, ele viu o meu decote — a
corrige.
— Não faz diferença nenhuma, se ele ficasse sem camisa na
sua frente, eu duvido que você também não ficaria encarando —
mexe no celular.
— Mas é claro que não! — fala como se fosse um absurdo.
— Não é só porque ele é meu marido que eu tenho que ficar o
despindo com os olhos.
— É por ser seu marido que você tem que fazer isso! — vira
o celular pra ela. — Olha que cara gostoso.
— Eu não quero... Uí! — pega o celular da mão dela, dando
zoom no homem sem camisa com abdômen sarado e todos os
músculos esticados devido a mão acima da cabeça.
— O corpo dele é bonito, né? — Amanda continua comendo,
vendo a amiga quase babar segurando seu celular.
— Que delícia, ele tem os pelos loirinhos — dá zoom na
calça dele. — E esse pacote então... Não! — empurra o celular
assustando a sua secretária. — Eu não posso fazer isso, é
desrespeitoso, mesmo que eu não sinta atração pelo Christopher é
errado ficar tarando outros homens.
— Esse aí você pode tarar a vontade, já que é casada com
ele — fala com indiferença.
— Como é? — pega o telefone de volta, vendo finalmente o
rosto do modelo, que está segurando os cabelos loiros escuros, o
deixando ainda mais sexy. — Por que ele tinha que ser tão gostoso?
— volta a olhar o abdômen dele, os braços grandes e fortes.
— E aquela história de que você não ficaria secando se visse
ele sem camisa — a vê muito interessada na foto. — Passa pro
lado, tem mais.
— O que é bonito não é pra se ver? Afinal ele é meu marido.
Hipócrita... Amanda revira os olhos pensando.
A morena para em uma foto, dando um zoom na bundinha
dele e admira a covinha de vênus no final das costas.
— Isso deveria ser considerado pornografia — Melanie
comenta sem pensar.
— Não, tarada — bebe seu café. — Isso é uma propaganda
de calça jeans. É você que está imaginando ele pelado!
— Quem disse isso? — não desvia os olhos do celular,
deslizando a unha no caminhos de pelos finos, até suas bochechas
ficarem vermelhas só de pensar em descer aquele zíper.
O pacote parece ser grande. Pensa com um sorrisinho
safado no rosto.
— Será que dá pra devolver meu celular ou você vai querer ir
pro banheiro com ele?
— Credo, eu não faço esse tipo de coisa.
Melanie devolve como se não fosse nada demais, terminando
o seu café da manhã.
— Até quando vai ficar assim?
— Assim como? — se levanta da cama, pegando suas
roupas para ir trabalhar.
— Fingir que não sente atração por ele.
— E não sinto, só estava olhando a propaganda dele — entra
no banheiro.
— O tamanho da propaganda dele você quer dizer!
Melanie finge não ouvir e se arruma para ir trabalhar.
Saindo do quarto com a amiga, as duas caminham para o
elevador conversando.
— Melanie, vamos voltar amanhã, não a mais nada pra fazer
aqui.
— Se você quiser pode voltar, eu vou esperar as três
semanas terminarem.
— Para de fugir amiga, desse jeito você vai acabar se
machucando da pior forma.
A morena olha diretamente para porta emburrada, não
querendo dar ouvidos. As portas do elevador se abrem, as duas
caminham pelo estacionamento até entrarem no carro.
— É sério Mel, já pensou você chegar em casa e ele está na
cama de vocês com outra.
Melanie freia bruscamente, mas volta a dirigir como se
aquelas palavras não tivessem lhe afetado.
— Ele não vai me trair só por causa disso e se trair talvez eu
já esteja esperando.
— Lá vai você com isso novamente — a ruiva se irrita. — É
isso que você está procurando, levar um chifre?
— Não... — fica incomodada.
— Mas é o que parece. Tá bom que você não quer dormir
com ele, mas não precisa agir como uma idiota.
— Amanda, eu não sou...
— O que você diria se eu dissesse que acabei de me casar e
na lua de mel resolvi ir trabalhar? — a interrompe.
Melanie fica calada, não tendo coragem de responder.
— É só mais uma semana... — a morena cochicha.
— Uma semana a mais para ser traída.
— Amanda!
— Amanda nada — a ruiva bufa. — Dessa vez você vai me
ouvir querendo ou não! Fica descontando sua frustração nele por
causa do seu pai e se esquece que o Rogers será a salvação da
MD Will’s. Além de ficar aguentando suas birras, ainda tem que
servir de capacho? Me diga de verdade um único motivo pra você
detestar tanto ele.
— Não preciso nem dizer, você olha naquela cara de safado.
— E você tem uma cara de menina mimada e mesmo assim
não é. Gostaria que as pessoas te tratassem como uma filhinha de
papai?
— Mas é claro que não...
— Então porque você o trata como se fosse um galinha?
A morena abre a boca para responder, mas fica difícil
argumentar.
— Você já viu as notícias sobre ele — encontra um ponto.
— E a senhorita já olhou as notícias sobre você? — a faz
calar a boca. — Você sabe tão bem quanto eu que a mídia é muito
fantasiosa e que ela tem um lado. Eu duvido que você gostaria de
ser julgada pelas coisas que aparecem nas revistas.
Melanie dirige de cabeça baixa pelo puxão de orelha, tão
envergonhada que não tem nem como abrir a boca.
— A questão é, quer passar o resto da vida descontando as
raivas que o seu pai te passa no seu esposo? Vale a pena viver num
lar de brigas?
— O resto da vida?
— Meu amor, você está casada! — a faz acordar. — Ainda
não caiu a ficha?
Melanie balança a cabeça negando.
— Chefa, quando eu chego em casa, eu só quero relaxar e
curtir o meu marido. Você não precisa avançar nada agora, mas é
melhor começar de algum lugar. Eu não acredito que você quer
chegar em casa e já começar a brigar assim que o vê.
— Eu não quero isso... — fala baixinho.
— Então você precisa parar de ser tão cabeça dura e
resolver as coisas com ele. Se comportando desse jeito, você só
está arranjando motivos para ele arrumar outra.
O silêncio reina no veículo, fazendo as palavras da Amanda
ecoarem na cabeça da morena.
— Eu odeio quando você tem razão — Melanie bufa,
arrancando uma risada da amiga.
Por mais que não quisesse admitir, Amanda estava certa em
tudo que falou. Havia julgado Christopher pela aparência e
descontado toda raiva que sentia sobre aquele casamento nele,
quando foi o seu pai que praticamente a vendeu. Melanie já saiu de
um lar cheio de brigas e não queria entrar em outro, então a mesma
faria um esforço para tentar reiniciar as coisas com seu marido e
tentar ao menos serem amigos.
2

Se acomodando

C hegando no Queens, Melanie e Amanda andam


apressadamente, dispostas a pegar o primeiro
táxi para voltar pra Manhattan, cansadas da viagem. Um pouco mais
à frente, um senhor de terno e gravata vai ao encontro da morena, a
cumprimentando respeitosamente.
— Boa tarde, senhora Rogers, me chamo Anthony Torres,
sou o motorista particular do senhor Rogers e ele pediu para deixá-
la em casa em segurança.
Ela abre um sorriso simpático pela educação do senhor de
idade e o cumprimenta também.
— Boa tarde, senhor Torres.
— Pode me chamar de Anthony, senhorita.
— Se for te chamar de Anthony, quero que pare com o
senhora Rogers e me chame de Melanie.
— Vou tentar, mas não posso prometer nada.
Ela concorda e apresenta sua amiga.
— Essa é a Amanda Wilson, minha melhor amiga, poderia
deixá-la em casa antes?
— Boa tarde — a ruiva o cumprimenta.
— Boa tarde, senhorita — a cumprimenta acenando com a
cabeça. — Não precisa me pedir nada, estou aos seus serviços.
— Acho que não será necessário Melanie, o Dener acabou
de chegar — aponta para um rapaz negro saindo da sua BMW
esportiva. — Me liga mais tarde, agora eu tenho que ir. Tenha uma
boa tarde senhora Rogers, senhor Torres — se despede.
— Anthony, senhorita — a corrige.
— Boa tarde então, Antony — sorri para o senhor. — Tchau.
A ruiva se vira dando passos apressados, até finalmente
correr caindo nos braços do seu esposo que lhe beija matando a
saudade, arrancando um sorriso de Melanie que observa a cena.
Que fofos. Ela pensa.
— A senhorita gostaria de ser recebida daquele jeito? — o
mais velho a tira dos devaneios. — O senhor Christopher viria
buscá-la pessoalmente, mas achou que sua presença pudesse
deixá-la desconfortável.
Melanie sorri sem graça e nega com a cabeça disfarçando.
— Ele não precisava se incomodar — fala com Anthony,
dando um tchauzinho de longe para Dener e Amanda, os vendo
entrar no carro. — Christopher e eu não temos esse tipo de
relacionamento — se aproxima da porta do veículo.
Em um silêncio respeitoso, o senhor abre a porta para ela e
depois coloca as malas no porta-malas.
Indo calmamente para Manhattan, Melanie se sente
apreensiva com a conversa que terá hoje. Nervosa e sem saber o
que pode esperar, ela fica inquieta no banco de trás, tentando puxar
assunto com o senhor, para saber como deve abordar seu esposo
mais tarde.
— Senhora Rogers — Anthony fala, a vendo abrir a boca
várias vezes para iniciar uma conversa, mas nada sai.
— Anthony — fala com uma voz doce, tentando não
demonstrar que quer alguma coisa. — O senhor conhece o
Christopher há muito tempo?
— Conheço aquele menino desde antes dele nascer — fala,
a fazendo sorrir. — Eu era segurança dos pais dele e depois do
incidente virei motorista dele.
— O incidente com os pais dele?
— Isso mesmo.
Melanie sabia que por um acidente infeliz, Christopher não
tinha mais os pais consigo. Ela não queria ser xereta perguntando
sobre o assunto que visivelmente era desconfortável, então voltou
ao tópico inicial da conversa.
— Conhecendo ele há tanto tempo, sabe me dizer como
anda o seu humor? Como deve saber eu fiz coisas bem
desagradáveis — o motorista só ouve, não julgando as atitudes
dela. — Dessa vez eu passei bastante da linha e estou preocupada
com o que me aguarda.
— O senhor Rogers é um homem tranquilo, não demonstra o
quanto está irritado e tenta guardar tudo só pra si.
— Mas... — pergunta, sabendo que tem alguma coisa, mas
Anthony fica calado. — Por favor, pode continuar. Essa conversa
será só entre a gente. Não quero só o sigilo, como também desejo
me entender com ele. Quero saber como deixei as coisas, para que
eu possa abordá-lo com mais cautela.
O senhor fica em silêncio por um tempo, vendo pelo
retrovisor a carinha da jovem pedindo por favor.
— Ele não estava esperando nada da senhorita depois de se
casarem — fala, a fazendo se aproximar mais um pouquinho para
ouvir bem atentamente. — Sabia que sua presença a incomodava,
então Rogers pensou que resolveria isso com diálogo. Ele marcou
uma reserva pra vocês no restaurante, pagou para esvaziar todo o
local para ficarem a sós e comprou flores, como sinal de trégua.
— Ele fez isso mesmo? — começa a se condenar
mentalmente. — Realmente não estava esperando nada? Ele vive
falando umas pederastias pra mim.
— Em sua defesa, ele fala que quer que a senhora o conheça
de verdade, então seu filtro some quando está contigo.
— Só comigo? — pergunta sem entender.
— Ele é um homem muito sincero, mas só fala aquelas
coisas pra senhora — pausa, a vendo concordar com a cabeça. —
Te incomoda?
— Não, por incrível que pareça eu me acostumei — o senhor
se segura pra não rir. — Ele ficou muito irritado quando teve que
desmarcar tudo? — o sonda.
— Não demonstrou, como disse antes o senhor Rogers
guarda tudo pra si.
— Mas? — o olha. — O senhor o conhece há muito tempo,
sei que percebe as sutis mudanças do seu patrão.
— Ele ficou triste.
Melanie fica em silêncio, pensando no que fez e começa a
mexer nos dedos como tique nervoso.
— Não se preocupe, o senhor Rogers é um homem muito
calmo, então não espere uma explosão vindo do lado dele.
— A interna é bem pior do que a externa — comenta. —
Como posso saber quando ele realmente está nervoso?
— Se ele passar muito tempo na academia algo não está
bem, mas se ele ficar muito organizado pode ter certeza que o
problema é mais embaixo.
— Muito organizado?
— Ele já é organizado normalmente, mas quando está muito
nervoso, tem mania de limpar o que já está limpo.
— Não sabia que ele era organizado — sorri.
— Há muitas coisas que a senhora ainda vai descobrir sobre
ele.
— Bela escolha de palavras — o faz sorrir.
— Só lhe dou um concelho, não o deixe beber a ponto de
ficar bêbado.
— Por quê?
— Ele é sincero quando está sóbrio, mas quando bebe fica
sem nenhum filtro e fala tudo que está pensando.
— Então aquelas coisas que ele fala pra mim...
— Podem piorar.
Ela fica vermelha só de pensar.
O resto do trajeto foi um silêncio confortável. Melanie
aproveita para mandar mensagem para a amiga, mas ela não
responde, então resolve falar com seu motorista, se descontraindo
um pouco com as histórias do idoso. Quando chegam em
Manhattan, Anthony a ajuda a levar as malas para o apartamento,
ouvindo a jovem cair na risada com suas histórias emocionantes.
— Boa tarde, senhora Rogers — uma senhora de idade a
aborda na porta do apartamento. — Me chamo Margot Torres, a
governanta da casa.
— Torres? — olha pra ela e em seguida para o motorista.
— Sim, somos casados — a mais velha fala. — Espero que
tenha feito uma boa viagem.
— Foi bem produtiva, obrigada.
— Bom... — Anthony deixa as malas na porta. — Agora devo
deixá-las a sós, tenham uma boa tarde — se despede de forma
educada, sumindo de vista.
Melanie olha em volta, observando brevemente a grandeza
do lugar.
— A senhora pode me dizer onde fica meu quarto?
— Mas é claro, estou aqui para fazer a senhorita se
acomodar e apresentar a casa.
Melanie dá uns passos à frente, se encantando pelo
apartamento de três andares que mais parecia uma mansão
luxuosa. Ela tinha dinheiro, mas nada se comparava ao apartamento
com paredes de vidro que dividiria com o seu marido.
Ele tem bom gosto. Ela pensa.
As duas entram no elevador privativo, a senhora a direciona
para o quarto principal fazendo a morena arregalar os olhos com o
tamanho do cômodo. Havia uma cama de casal gigantesca no
centro, que a mesma imaginava ser ideal para a altura de
Christopher, com uma cabeceira grande e acolchoada colada na
parede, um baú do mesmo modelo nos pés do colchão. Nas laterais
haviam duas cômodas com abajures centralizando o móvel. As
paredes de vidro iam de uma ponta a outra deixando o ambiente
bem iluminado e requintado durante o dia, com cortinas grossas nos
cantos.
— Essa é a suíte principal — a senhora comenta. — Trouxe
suas coisas pra cá quando esteve viajando e as guardei no seu
closet.
Melanie tenta reclamar sobre o quarto, querendo um lugar
separado, mas imediatamente deixa de lado e pensa em resolver
isso depois, já que daria muito trabalho levar as coisas para outro
quarto. Margot abre as portas do closet a fazendo entrar em um
cômodo muito grande para um armário.
— Esse é o da senhora e do outro lado o do senhor Rogers.
A senhora leva as malas para dentro para arrumá-las, mas
Melanie a impede, não querendo ficar naquele quarto, mas
disfarçando ao máximo.
— Depois eu faço isso, por favor me mostre o restante da
casa.
Margot começa mostrando o banheiro do casal o qual faz a
morena se surpreender com o teto alto, com as coisas do marido
perto da pia.
Ele é vaidoso. Dá um breve sorriso.
Melanie anda um pouco mais e se surpreende com o
tamanho do banheiro, a banheira de hidromassagem, mas
principalmente o chuveiro. Vendo um quadrado bem grande no teto
do box de vidro, fazendo as águas caírem como se fossem chuva.
Ele tem bom gosto pra decoração. Admira mais um pouco.
A senhora faz um tour pelo apartamento, mostrando cada
canto dele, tirando um suspiro aliviado de Melanie quando
apresenta o quarto de hóspedes. Com um tempo que pareceu uma
eternidade, a morena conhece a piscina, sala, cozinha. Se
encantando por cada metro quadrado.
— Então a senhora já era para estar em casa? — Melanie
comenta, quando ouve a mais velha falar os horários dos
funcionários para deixá-la ciente.
— O senhor Rogers já é um homem bem organizado, mas
ocupado demais. Como o apartamento é bem grande ele precisa de
ajuda na arrumação, um tempo que ele não tem. Eu e os outros
ajudamos a manter tudo em ordem e somos liberados bem antes do
horário normal de trabalho. Então não vejo nenhum problema em
passar do horário para ajudá-la a se acomodar.
— Vocês falam dele com tanto carinho — comenta.
— Aquele menino já passou por tanta coisa — suspira. — Por
fim, a academia — abre a porta do cômodo, terminando as
apresentações. — Nessas últimas semanas ele esteve bastante
aqui, é um dos cômodos preferidos do senhor Rogers.
Melanie lembra do que Anthony falou e imagina o porquê seu
esposo passou bastante tempo naquele lugar.
As duas conversam um pouco mais, até a morena liberar a
senhora. Sozinha em casa, ela percebe que aquele apartamento
parecia ser ainda maior do que pensava e que levaria um tempo
para se acostumar.
Se lembrando do chuveiro, Melanie sobe as escadas
animada querendo tirar uma provinha. Suas roupas voam pelo
quarto principal e a mesma manda uma mensagem para o seu
cabeleireiro, confirmando o horário de amanhã antes de ir trabalhar.
Tirando as lentes castanhas, soltando seus cabelos
castanhos escuro do rabo de cavalo alto e se livrando de toda
maquiagem no espelho, ela sorri ao ver seus olhos coloridos, cada
um de uma cor, finalmente se sentindo ela mesma, ou quase.
Melanie anda em direção ao box transparente ligando o
chuveiro, vendo as águas caírem graciosamente, fazendo as gotas
parecerem diamantes, refletidas pela luz amarelada do ambiente. A
mesma entra sentindo os fios de águas se deslizarem sob sua pele
parda e sorri, adorando aquele banho gelado. Seus cabelos
molhados começam a ficar ondulados com o tempo e ela aproveita
para lavá-los.
Saindo toda molhada, Melanie percebe que esqueceu a
toalha e corre para dentro do closet, com medo dos vizinhos a
verem nua pelas paredes de vidro. Eles moravam na cobertura, num
prédio bem alto e acima dos outros, mas nada impedia que um
distraído usasse binóculos e a visse daquele jeito.
Neurótica? Só um pouquinho.
Vestida com um roupão, ela se senta à mesa de maquiagem,
dentro do closet e começa a cuidar dos cabelos, deixando os seus
cachos grandes e soltos bem definidos, mantendo um comprimento
longo com um volume médio, o qual tanto combinava consigo, mas
sentia vergonha de ficar assim na frente dos outros, pois sua família
não pegava leve nos comentários maliciosos.
Só tinha uma vez na semana que Melanie se permitia ser ela
mesma, que era quando estava daquele jeito, completamente ao
natural. A morena passa seus cremes faciais fazendo uma skincare
no rosto e depois cuida do corpo com creme de pele. Já vestida com
seu baby doll favorito, livre, leve e solta sem se sentir presa pelo
sutiã, ela procura a cozinha, tentando se lembrar onde é que ficava
e se perde dentro da dispensa procurando queijo.
Sua fome estava de matar e por mais que seu estômago
estivesse quase se devorando, a mesma não sabia cozinhar e era
considerado um perigo na frente do fogão, mas ela sabia ao menos
ferver água. Preparando um macarrão instantâneo coreano,
jajangmyeon, Melanie adiciona o queijo que encontrou e começa a
comer procurando a sala.
Chegando em casa depois de um dia cansativo, Christopher
vai direto para o quarto tomar um banho, percebendo uns produtos
diferentes no banheiro. Ele cheira o shampoo sentindo uma parte do
perfume da sua esposa e o coloca no lugar que ela deveria ter
colocado.
Com uma toalha amarrada na cintura e os cabelos pingando
nos ombros, o mesmo vai até o closet vesti uma calça moletom e
uma blusa de manga curta ressaltando os seus músculos. Porque
obviamente ele queria mostrar o quanto é forte pra ela sentir
vontade de tirar uma casquinha.
Ele tinha que tentar.
— Será que eu visto uma blusa regata? — se pergunta com a
mão no queixo.
O loiro percebe uma peça de roupa no pé da cama e pega a
blusa, sentindo um perfume gostoso, fazendo seu corpo inteiro
reagir.
— Acho que eu vou precisar daquele baby doll agora... —
caminha em direção ao closet dela, cheio de malícia.
Abrindo, ele vê uma mala no canto, algumas roupas fora de
ordem.
— Ela é uma bagunceira — se prepara para arrumar.
...
Depois de arrumar tudo, Christopher a chama pela casa, não
a encontrando. O mesmo vai até a cozinha para preparar um jantar
pros dois a esperando voltar pro apartamento.
Sentindo um cheiro maravilhoso, Melanie acorda morrendo
de fome, se levantando com dificuldade do sofá que tinha umas
almofadas tão macias que a fez dormir como um neném.
Bocejando e cambaleando de sono, ela se espreguiça indo
em direção ao cheiro.
Christopher desliga o arroz e o feijão e vai para ilha da
cozinha terminar de picar as cebolas para carne, porque ele adorava
colocar cebolas em tudo, dizendo ser o seu ingrediente secreto.
Seus olhos a encontram meio sonolenta, parando de imediato
tudo que estava fazendo, completamente encantado. Aqueles
cabelos longos e castanhos que o mesmo sempre jurou serem lisos,
estavam ondulados com cachos grandes, que deixava aquele corpo
que já tinha curvas, ainda mais acentuado, destacando os seios
redondinhos e perfeitos, que estavam apontando no tecido fino. A
cintura fina e o quadril largo, estavam cobertos pelo belo baby doll
de seda rose gold, combinando perfeitamente com a cor parda da
pele dela a deixando terrivelmente sexy.
Oh, merda. Ele pensa se arrepiando e se lembrando de tudo
que fez com aquela peça de roupa no banheiro.
A mente dele tinha sido fértil, mas não fértil o bastante
comparado aquela obra de arte na sua frente. Nervoso, ele se vira
pro fogão ligando o fogo, esquentando o óleo, tentando tirar todas
as indecências que passavam na sua cabeça, na intenção de
preparar o filé.
— Christopher...
A voz melodiosa da sua esposa soa ao seu lado, o fazendo
se assustar e bater o braço na panela jogando o óleo quente pra
cima. O movimento foi tão rápido que ele nem percebeu,
simplesmente a pegou em seus braços para ela não se queimar se
desviando do acidente.
Surpresa, ela respira ofegante no colo dele, encontrando
aqueles olhos cinzas.
Rogers engole seco, vendo as sardas claras que estavam
escondidas debaixo da maquiagem, se espalhando levemente no
nariz, nas bochechas, nos ombros. A pele macia e cheirosa que ele
tanto evitou tocar, parecia veludo em seus dedos e os olhos, céus
aqueles olhos o levariam a perdição. Ele sabia que a mesma usava
lentes de contato, mas não sabia que eram castanhas, que na
verdade sua esposa tinha heterocromia, com um olho cor de âmbar
chegando ao ponto de dourado e outro num verde que lembrava as
folhas das árvores.
— Melanie? — pergunta, tentando saber se realmente era ela
ou se sua mente estava pregando peças.
— Presente — responde de forma inocente com os braços
perto do peito, feito uma gatinha.
Ele já tinha ouvido relatos de homens que descobriram a
outra face da esposa depois da lua de mel, mas a maquiagem só
camuflava ainda mais a beleza daquele ser pequeno e gostoso. O
caso dele foi completamente o contrário. Ele tinha certeza que havia
noivado com um anjo, mas só depois da lua de mel descobriu que
na verdade era uma deusa disfarçada.
Dizem que o criador tinha os seus preferidos e com certeza
ela era um deles. O pote da beleza, inteligência e gostosura caiu em
abundância quando estava sendo feita, não tinha outra explicação.
Para ele, ela era a mulher mais linda que havia na face da Terra e
nada poderia convencê-lo do contrário.
— Você pode me soltar agora? — ela pergunta com uma voz
doce, entendendo que ele a pegou no colo para livrá-la de uma
queimadura seríssima.
Completamente em êxtase, o mesmo fecha a boca que nem
percebeu ter aberto e a faz se sentar em um dos bancos altos que
havia perto da bancada.
— Você está descalço, pode acabar se machucando. Por
favor, não se levante e deixe que eu limpo essa bagunça.
— C-certo — fica extremamente sem graça.
Ele se retira rapidamente para área de serviço e quando
fecha a porta, solta todo ar que estava prendendo.
O que eu faço agora?! Pensa desesperado, andando em
círculos.
Christopher não estava só desesperado, ele estava
apavorado também. O jeito que ela estava em seus braços
completamente indefesa como uma gatinha linda que era, só
deixava sua mente ainda mais fértil. Diversas vezes fantasiou
tirando aquele baby doll dela, era difícil fixar na sua cabeça que hoje
elas não sairiam fisicamente daquele corpo. Precisou de muito
autocontrole para não levá-la pra cama e finalmente a inaugurar
com os gemidos dela.
— Se recompõe — respira fundo, falando consigo mesmo. —
É só não agir como um pervertido que vai dar tudo certo — se
convence. — Vai dar tudo certo... — repete como se fosse um
mantra.
Soltando o ar dos pulmões, ele volta com os produtos de
limpeza, sussurrando um palavrão quando a vê sentada na cadeira
alta de pernas cruzadas e uma taça de vinho nas mãos.
— Eu tô ferrado... — murmura para si mesmo.
3

Proposta Indecente

E sfregando o chão pela terceira vez, Christopher se


encontrava extremamente nervoso. Diferente
das outras vezes, essa, ele não conseguia olhar diretamente para o
rosto dela. Parte porque estava linda demais e parte porque o medo
estava pesando sua cabeça. Normalmente ele arranjaria um jeito de
flertar, mas se olhasse diretamente era capaz de ficar com cara de
bobo, fitando aqueles olhos coloridos ou contando as sardas que ela
tinha no rosto. Só que esse não era o momento de fazer isso, pois
estava com raiva do sumiço, já pensando no pior.
— Christopher — toca no braço dele, o fazendo parar. —
Será que podemos conversar?
Ele se arrepia sentindo aquela mão macia na sua pele e
engole seco.
— Eu preciso de vinho — o mesmo pega a garrafa que ela
deixou pela metade e entorna.
Quando terminar de beber sua visão fica um pouco turva,
sentindo a cozinha se mover, ficando levemente embriagado.
— Precisamos de mais uma garrafa — Melanie fala, um
pouco tonta também e vai a adaga pegar mais.
— Não precisamos de nada — vira para limpar o fogão.
— Christopher, vamos conversar — tenta mais uma vez.
— No momento não temos nada para conversar, você já
deixou bem claro o que queria.
— Deixei?
Ele começa a ficar frustrado se lembrando das semanas que
passou e prefere não falar nada, pois sua cabeça não estava pronta
para aquela conversa.
— Para — toca na mão dele. — Me responde a pergunta — o
faz virar pra si.
— Eu... — solta um suspiro nervoso. — Entendo que não
goste de mim. Entendo que não vai com a minha cara, só não
consigo entender você fugindo como se eu fosse te abusar.
Melanie engole seco com a constatação e tenta amenizar as
coisas.
— Eu não pensei isso — se explica.
— Como não? Você fugiu do cartório como se eu fosse te
colocar no porta-malas — passa a mão no cabelo nervoso. — Céus,
Melanie, eu não sou assim... Tá certo que eu me toco pensando em
você, mas nunca te tocaria sem a sua permissão. Eu não sou esse
tipo de pessoa!
— Christopher...
— Eu passei duas semanas pensando nisso! — a interrompe.
— Tentando me convencer de que você foi realmente trabalhar, mas
isso não sai da minha cabeça. Céus, que tipo de homem você acha
que eu sou?
Ele dá um passo à frente com a respiração ofegante, se
vendo muito maior que ela.
— Acha que eu te machucaria desse jeito?
Melanie pensa em se afastar pois seu pescoço estava
começando a doer de tanto que olhava pra cima, mas não faz, com
receio dele pensar que essa hipótese maluca que inventou estava
certa.
Agora, mais do que nunca, ela estava arrependida da sua
atitude. Por mais que não gostava dele ou não o conhecia o
suficiente para fazer isso. Era pesado demais ponderar a hipótese
de ser algo tão mal e asqueroso.
— Está mesmo pensando que eu viajei por causa disso?
— Sim.
— Não pensou que poderia ser traição? — suspira. — Não
que eu tenha feito isso, mas se colocando pela primeira vez no seu
lugar, era a primeira coisa que passaria na minha cabeça.
— Foi a primeira coisa que se passou na minha cabeça,
mandei um detetive te vigiar pra ter certeza — assume. — Quando
ele confirmou que não era isso, então a única hipótese que tinha,
era pensar que você achava que eu era esse tipo de lixo.
— Sei que minha palavra pode não servir de nada, mas eu
não te trairia — fala com toda sinceridade. — Eu sei o quanto dói
ser traído, tendo sentimentos ou não, continua sendo dor.
— Você me promete isso? Ser fiel mesmo não gostando de
mim.
— Sim, eu prometo — não desvia o olhar.
— Então vamos fazer assim. Eu jamais te tocarei sem a sua
permissão e se um dia você acabar amando outro homem que não
seja eu... termina comigo antes de ficar com ele.
Melanie o olha levemente nervoso, percebendo o quanto isso
significa para Christopher.
— Então me prometa a mesma coisa? Se amar outro homem
ou mulher que não seja eu, pede divórcio, mas por favor não me
traia de hipótese alguma. Eu não quero passar por isso de novo.
— Temos um acordo — estende a mão e ela aperta fechando
o trato.
— Christopher, eu tenho uma pergunta e peço para que seja
sincero ao responder.
— Eu sou sincero com você — pontua e ela balança a
cabeça concordando. — Pode fazer sua pergunta.
— Você se toca mesmo pensando em mim? — fala
calmamente.
— Todos os dias — fala sem rodeios.
— E não parou pra pensar que poderia ser errado o que faz?
— Não.
— Por quê?
— Você sabia, eu fiz questão de deixá-la ciente. Se não
posso tocar o seu corpo fisicamente, pensei que mentalmente não
teria problema. Você nunca me falou para não fazer isso.
— Isso é porque eu realmente nunca pensei que alguém
como você se tocaria logo pra mim. Pensei que não passasse de
provocações.
— Alguém como eu?
— Você sabe, aquele título de homem mais sexy, etc.
— E o que isso tem haver? Você é a mulher mais bonita do
mundo e é casada comigo.
Ela começa rir negando com a cabeça e ele tenta descobrir
qual é a graça, mas não fala nada, vendo-a sorrir assim pela
primeira vez. Levando a crê que ela estava começando a ficar
alterada pela meia garrafa de vinho que bebeu.
— Então o papo do sutiã lá no cartório era verdade? —
Melanie pergunta.
— Eu gostaria de ter falado que queria levar você pro
banheiro invés do sutiã, mas tinha certeza que iria negar.
A morena não aguenta e cai na risada, como se fosse a coisa
mais cômica que já ouviu.
Com certeza ele estava embriagado.
— Estou preocupada com as roupas que deixei aqui —
comenta ainda sorrindo.
— Cheirei todas elas enquanto gemia o seu nome.
Ela ri novamente.
— Você não tem vergonha na cara de admitir isso?
— Não. Te incomoda que eu faça isso pensando em você?
Quer que eu pare? Como nunca falou não, pensei que era uma
permissão.
— É estranho, mas acho melhor você continuar com isso, já
que nunca teremos nada — continua rindo.
O coração dele erra a batida por ouvir aquilo e o mesmo pega
a garrafa que estava na mão dela, abrindo-a e bebendo uma taça
bem cheia, se sentando numa das cadeiras altas.
— Eu sei que agi errado — toca no braço dele, o vendo
chateado. — Mas nunca pensaria que fosse um lixo daquele. Nós já
estamos noivos há seis meses e você nunca me tocou, então não
tinha como eu pensar isso. Se pensasse não teria aceitado o
casamento — respira fundo antes de continuar, o deixando mais
aliviado. — A verdade é que eu me senti vendida — estende a taça
e ele a enche.
— Mas eu não comprei você.
— Eu sei que aceitei e sei que não me comprou, mas eu me
senti vendida pelo meu pai... Você é um homem muito importante e
a aliança do nosso casamento fortaleceria a MD Will’s, sabe disso.
O meu pai jogou isso na minha cara, que uma herdeira deveria
tomar responsabilidades maiores e que um casamento provaria que
eu sou realmente digna do posto de CEO — pausa. — A empresa é
importante para minha família e não posso ser egoísta a ponto de
pensar só em mim mesma. Isso não impediu de eu ficar com raiva
deles e acabar descontando tudo em você.
— Deles?
— O meu irmão é um porre — suspira nervosa, tomando um
pouco de vinho. — Como pode ver, por não ter nascido igual aos
meus pais, com a pele branca, cabelo loiro e lisos, de olhos azuis.
Sou o patinho feio da família.
— Não é mesmo! — se exalta como se fosse o maior
absurdo que já ouviu.
— Eles começaram a me cercar com piadas enchendo a
minha cabeça — continua sem dar importância para a interrupção
dele. — Eu fiquei muito nervosa e acabei descontando tudo em
você. Era tão estranho entender como alguém como você queria se
casar justo comigo — esvazia sua taça. — Eu quero mais.
— Primeiro, para de falar “alguém como você” e aprenda a se
olhar no espelho, porque você é muito gata! — exclama a última
palavra, enchendo a taça dela e a dele. — Segundo, eu já estou
com quase trinta anos e precisava de uma esposa à minha altura.
— Já percebeu que eu mal chego no seu peito quando estou
descalço? Tem certeza que encontrou a pessoa certa? Meu pescoço
dói tanto quando olho pra você.
Ele segura o riso, concordando com a cabeça. Christopher
gostava do fato dela ser pequena, além de linda era fofa.
Principalmente quando ficava irritada, mas quando estava bêbada
despertava sua melhor versão, se transformando numa mulher
divertida e engraçada.
— Você me entendeu — sorri, alegre com o álcool. — É
muito inteligente, talentosa. Eu já te vi trabalhando e confesso que é
maravilhosa no que faz — fala com seriedade. — Eu vejo um futuro
brilhante com você, não poderia ter escolhido uma parceira melhor
pros negócios.
— Acha mesmo que eu sou talentosa?
— Não tenho dúvida alguma!
Ela sorri com a constatação. Já imaginava que ele não se
casou pela aparência dela, porque isso Melanie achava impossível.
Ouvir da boca de um homem tão importante na indústria da moda
dizendo que a achava talentosa e inteligente, fez o seu ego ser
aflorado.
— Eu não quero mais discutir ou jogar minhas frustrações em
você — olha nos olhos cinza. — Não quero que sua casa vire um pé
de guerra.
— Nossa casa, afinal você mora aqui também.
— Não quero mais viver num ambiente desconfortável —
suspira. — Vamos tentar pelo menos ser colegas?
— Amigo não é uma opção? — pergunta, negando para si
mesmo que jamais conseguiria ser só amigo dela. — Afinal
moramos juntos.
— Amigos então — fala por fim. — Eu adorei esse vinho —
sorri, meio tonta.
— Ele é gostoso mesmo — bebe um gole. — Duvido que seja
mais gostoso que você, mas continua sendo bom.
Ela dá uma risada histérica apoiando no braço dele por quase
perder o equilíbrio e fala.
— Me aconselharam a não te deixar bêbado por causa disso.
— Tarde demais — a faz rir. — Já que é minha amiga — a
segura pela cintura, a aproximando ainda mais. — Me ajuda a
terminar o jantar?
— Eu adoraria — toca no abdômen dele. — Mas a minha
comida é considerada um veneno, não é seguro me deixar na frente
da panela.
— Eu tenho certeza que você não é tão ruim assim, é só falta
de prática.
— Eu estou falando sério — se ajeita no braço dele, como se
fosse a coisa mais normal do mundo. — Eu tive que cortar os
custos, pois meu pai diminuiu meu salário falando que era “bom pra
empresa”. O salário do Max ele não cortou — murmura a última
parte com raiva do irmão. — Tive que demitir muitos funcionários
empregados em casa, mas a única pessoa que eu não poderia
demitir era o meu cozinheiro.
— Ele só cozinhava mesmo? Não cuidava da casa ou algo do
tipo.
— Meu apartamento era grande demais para uma pessoa
sozinha cuidar. Ele até me ajudou na casa porque ficou com dó de
mim. O senhor Bones é muito legal — sorri alegre pelo álcool,
tirando a mão do abdômen de Christopher para pegar sua taça e ele
faz o mesmo. — Sou muito amiga dele e do seu marido. Por mais
que o Maicon não seja mais o meu cozinheiro, Jorge continua sendo
meu cabeleireiro e maquiador. Pena que depois do corte no salário
só posso me maquiar com ele uma vez por semana.
— Não entendo cortarem o seu salário, você é a herdeira!
Ela faz cara de poucos amigos.
— Foi o Maicon que disse pra você não chegar perto do
fogão? — bebe um gole, olhando o decote dela.
— Ele tentou me ensinar, mas desistiu com medo que eu
mesma me machucasse.
— Talvez ele não era a pessoa certa para te ensinar — se
levanta, se posicionando atrás dela, a deixando de frente pra tábua
de cortar, que deixou lá quando foi fazer a salada. — Eu cortei muita
cebola e parte delas foi para carne, arroz e feijão. Seu único
trabalho agora é só cortar esse tomate em rodelas.
— Eu sei cortar tomate — levanta a faca, sentindo as mãos
dele apertarem seus ombros no susto.
— Só toma cuidado, isso é perigoso.
Melanie segura o tomate, tontinha pelo vinho que tomou e
desce a faca de uma vez.
— Cuidado! — segura a mão dela, antes de quase arrancar o
dedo fora na primeira tentativa. — Posiciona os dedos assim e
corta.
Ele mostra como fazer, mas por algum motivo que não
consegue entender, ela acaba perdendo a ponta da unha
pontiaguda dos dois mindinhos e o tomate fica todo destroçado.
— Eu disse que sabia cortar — fala toda sorrisos. — Dessa
vez só foram duas unhas.
— Só duas?! — teme, a vendo procurar a outra pelos
destroços do tomate. — Acho melhor te passar outro trabalho e
dessa vez não tem como você fazer isso — tenta não fazer cara de
nojo, pois dava até medo de comer aquela fruta.
— Tem certeza? — bate a mão na taça, derrubando o vinho
no tomate. — Antioxidante — joga uma pitada de sal em cima,
bebinha.
— Você não é nem doida de comer isso aí — pega a tábua,
jogando aquela meleca na lata de lixo. — Vamos fazer diferente
dessa vez, eu vou ao banheiro e vou te dar um voto de confiança e
deixar você fritar as cebolas sozinha — a leva para o fogão. — Você
vai jogar esses cubinhos e mexer até dourar, depois é só colocar a
carne em cima. Ela já está temperada então não terá trabalho. É
bem fácil, tá bom?
— Tá! — assente animada.
— Fogo baixo — prepara a panela. — É só esperar um
pouquinho.
— Ok.
Christopher vai esvaziar a bexiga meio tonto, confiando que
não tem como ela errar dessa vez — ou talvez estava bêbado
demais pra pensar nisso.
Quando volta, o mesmo sente um cheiro de queimado e a vê
desesperada com extintor na mão, mirando na panela que está em
chamas, a enchendo de pó químico.
— Desculpa — ela fala ofegante. — Não deu tempo nem de
colocar a carne.
Ele fica sem reação por uns minutos, processando o que
acabou de acontecer. Christopher se aproxima pegando o extintor
das mãos dela e a leva para as cadeiras altas, a fazendo se sentar.
— Você vai ficar bem quietinha aí — fala preocupado.
— Mas eu...
— A comida já está quase pronta, só vou passar o bife na
panela.
— Mas eu sei lavar a louça, então deixa eu ajudar pelo
menos nisso.
— Tá, mas nem pense em chegar perto do fogão.
Principalmente quando não tiver um adulto em casa!
— Mas eu sou uma adulta, eu sei ferver água.
Christopher não responde, se voltando para o fogão, terminar
logo o jantar.
Enquanto ele passa o pano no fogão, voltando com uma
frigideira limpa para fritar o bife, ela coloca umas músicas na
caixinha de som que tinha perto do balcão, para lavar as louças.
Sorrindo ao notar que marido gostava de rock. O mesmo espera a
carne dourar na panela, a vendo mexendo os quadris toda soltinha.
Quando Melanie abre a boca o encanto acaba. Ela berrava tanto a
letra da música, que o fez aumentar o volume para amenizar aquilo
que ela chamava de cantar.
Depois de pronto, os dois começam a jantar, enchendo a cara
de vinho tinto, se animando com as músicas que passavam no som.
Quando uma música do Guns N’ Roses - Get In The Ring começa a
tocar, ela se levanta batendo a mão na mesa, dançando
calmamente o início com uma taça de vinho nas mãos. A música
começa a ficar mais animada e Melanie entorna e o puxa pra se
levantar.
— Sabe o que não fizemos depois de casados? — ela
pergunta toda alegrinha.
— Sexo — vira a sua taça. — Vai pular na cama comigo
agora? Fiquei excitado assim que te vi com essa roupa.
Bêbados, era uma palavra bem leve para definir o estado dos
dois.
— Não! — ela cai na risada.
— Uma lambidinha, então? — passa o braço na cintura dela
a colando no seu corpo. — Minha língua pode fazer maravilhas em
você — fala com a voz grossa no ouvido dela, a fazendo se arrepiar
inteira.
— Não fala desse jeito no meu ouvido, vai me deixar excitada
— se afasta brevemente.
Loucos, seria a definição exata.
— Não estou falando de sexo... Nós não dançamos juntos,
somos casados e nem tivemos nossa primeira dança.
— Somos casados e não fizemos sexo ainda, não
deveríamos começar por aí? — a vê reiniciando a música.
— Dança comigo, vai? — abraça a cintura dele.
— Sem roupa?
Ela começa pular na parte animada da música, fazendo um
“v” com os dedos, passando na frente dos olhos e começa a cantar
junto com o vocalista. Christopher fica parado no lugar, distraído
com os seios dela subindo e descendo, torcendo para as alças do
baby doll caírem.
— Dança comigo! — o faz se mexer também.
Ele deixa se levar pelo ritmo, acompanhando o movimento
dos seios, do bumbum dela, sentindo sua mão formigar querendo
tocar.
— Quando o Justin terminou comigo, eu cantei essa música
pra ele — grita, mexendo os quadris. — I don’t like you, I just hate
you... I’m gonna kick your ass, oh yeah, oh yeah![1] — pragueja a
letra com raiva, pulando no mesmo lugar.
Melanie começa a imitar a risada maligna do vocalista,
fazendo Christopher dar risada com a encenação exagerada.
— You may not like our integrity, yeah... We built a world out
of anarchy, oh yeah[2] — canta com raiva.
Os dois pulam no mesmo lugar dançando de forma cômica.
Movendo os braços pra frente e pra trás, com uma coreografia super
esquisita que só bêbados conseguem.
— And in this corner weighing in at 121 pounds...[3] Melanie!
— Christopher aponta para ela sorrindo.
— Get in the ring! Get in the ring...[4] — levanta as mãos pra
cima, repetindo o refrão, girando e pulando no mesmo lugar.
As músicas vão passando e ele dança junto com a sua
esposa, com uma taça de vinho nas mãos, acompanhando com o
olhar cada rebolado que ela dá, ignorando a voz de taquara
rachada.
Com um toque calmo das melodias ecoando sobre o cômodo
da sala agora, depois de gastarem suas energias pulando. Os dois
começam a dançar calmamente, coladinhos um no outro. Numa das
músicas ele desce o tronco para falar no ouvido dela, cantando
baixinho.
— Baby... don't you let me down...[5] — a vê se arrepiando
nos seus braços. — Don’t you leave me lonely... Don’t or run
around... I said baby...[6]
— Ah, Christopher... — abraça o pescoço dele. — Eu gosto
de Peter Criss[7], mas essa música na sua voz fica tão sexy.
— Acha minha voz sexy? — roça a barba no ouvido dela, a
fazendo morder os lábios.
— É tão grossa e rouca... — sorri avergonhada. — Causa
coisas em mim.
Ele continua cantando baixinho no ouvido dela, enquanto a
mesma se derrete naqueles braços fortes, sentindo um calor subir
entre suas pernas.
— Não faz isso... — ela geme, sentindo os pelos da barba
causando arrepios por todo o seu corpo, a boca dele acariciar sua
orelha, cantando com aquela voz de enlouquecer. — Agora estou
excitada... Essa com certeza vai ser a música do nosso casamento.
Ele dá uma risada rouca no pé do ouvido dela, a deixando
com as pernas moles.
Em algum momento depois da música acabar, deixando-os
no silêncio. Ela deita no sofá da sala, o puxando para não se
afastarem. Christopher fica deitado de lado, com metade do seu
corpo cobrindo o pequeno dela e a perna entre as coxas grossas,
enquanto o mesmo canta baixinho no seu ouvido a música do Peter
Criss, pois a mesma não cansava de ouvir aquela voz. Sentindo
uma mão pequena segurar seu ombro, com medo dele se afastar,
ele toca a cintura fina a vendo arfar, com medo de quebrar aquela
tortura deliciosa que Melanie se encontrava.
— Céus, você quer me deixar louca? — levanta a cabeça
dele, ficando bem próxima do rosto.
— Essa era a intenção — a olha, como se fosse devorá-la a
qualquer momento.
— Pois está conseguindo! — dá risada.
Christopher fica calado, observando o olho dourado e o outro
verde, que mais parecia ter saído de um desenho animado de tão
vivos que eram, as sardas concentradas no nariz pequeno, os lábios
finos meio rosados e aqueles cabelos castanhos quase pretos com
cachos grandes, que poderiam facilmente enroscar em seus dedos.
Eu estou no paraíso? Ele pensa, completamente encantado.
— Seu cabelo é tão lindo e sedoso — Melanie passa os
dedos entre os fios lisos e loiros, com uns centímetros a mais do
que os homens costumam deixar. — A revista tinha razão, você é
terrivelmente sexy — passa a unha na barba bem desenhada,
observando o rosto branco, os olhos azuis quase cinzas e as
sobrancelhas loiro escuro, grossas e bem alinhadas. — Você faz as
sobrancelhas?
— Não, elas nasceram assim mesmo — fala a verdade,
sorrindo ao sentir a unha pontuda fazendo um carinho no seu
queixo.
— Céus, você é muito lindo — aperta a pontinha do nariz
dele, sorrindo. — Eu vi seus produtos no banheiro, acho tão legal
você ser vaidoso... Faz aquele negócio com o cabelo? — o traz todo
pra frente tampando os olhos dele.
— Que negócio? — passa a mão entre os fios, para os tirá-
los do rosto.
— Esse negócio — dá risada. — Posso assumir uma coisa?
— pergunta o vendo concordar com a cabeça. — Eu olhei seu
ensaio fotográfico. Um que você está só de calça jeans e me
perguntei se seus músculos eram daquele jeito mesmo ou era só
photoshop — morde os lábios sorrindo.
— Está curiosa?
— Muito!
— Então você pode conferir — tira a blusa que está usando.
A mesma mexe o corpo inquieta, sendo atraída por toda
masculinidade que ele exalava.
— É mais bonito pessoalmente — passa suas unhas nos
ombros largos, no peito. — Isso é tudo seu mesmo?
Christopher se aproxima do ouvido dela a vendo arfar e fala
num tom grave.
— Você gosta?
— Sim... — geme. — É tão sexy — sorri, quando uma mão
grande agarra sua cintura.
— Quando eu me toco pensando em você — a provoca mais
um pouquinho, com a sua voz. — Eu me imagino tirando esse baby
doll que está usando hoje do seu corpo.
— Sério? — começa a ficar mais assanhada, entrelaçando
sua perna na dele, sentindo a coxa malhada descansar na sua
virilha.
— Imagino ele deslizando na sua pele... você pulando em
cima de mim...
Ela dá uma risada gostosa, descendo sua mão.
— Melanie... — arfa no seu ouvido. — Essa não é a minha
mão.
— É tão grande assim?! — se afasta um pouco olhando pra
baixo. Com uma ousadia que ela só tinha quando estava bêbada,
Melanie puxa a calça moletom, analisando o comprimento. —
Nossa, você é enorme — devolve a peça pro lugar, tirando a mão.
— Christopher, tá duro — sussurra como se fosse um segredo. —
Quer meu baby doll para resolver isso? — fala de forma sapeca.
— Você não quer resolver? — fala num tom mais grosso,
causando reações no corpo dela.
— Você só vai se decepcionar — tira a parte de cima do
pijama. — Vai lá no banheiro resolver isso — entrega a blusa.
Christopher perde a fala olhando descaradamente pros seios
expostos, abrindo e fechando a boca várias vezes.
— Você está olhando pra onde? — ela desce os olhos. — Ah
tá, a terra plana.
— O quê?! — se espanta, dessa vez voltando os olhos para o
rosto dela.
— Meu ex falou isso antes de me trair com outro homem,
dizendo que o cara tinha mais peito que eu. O que era verdade,
porque o rapaz era bem rechonchudo.
Christopher lembra dela praguejando a letra da música do
Guns dando ênfase nos palavrões e começa a entender.
— O que mais ele falou pra você? — Rogers pergunta
preocupado.
— Nada que não seja verdade — dá de ombros. — Que eu
sou morta, incapaz de sentir prazer ou dar prazer. Que nunca
dormiu com alguém tão ruim em toda a sua vida.
Ele fica com dó da carinha que ela faz, querendo estrangular
o desgraçado.
— A opção sexual dele era outra, como canalha ele escolheu
agir de forma nojenta e te trair — toca no rosto dela, falando
calmamente. — Ele estava frustrado, porque não era o que ele
queria e isso não justifica nada do que falou. Se não gostava de
mulher, nada o impedia de te deixar e seguir a opção que escolheu,
mas como um energúmeno, ele preferiu te machucar da pior forma,
querendo ser superior. Mas acredite gatinha, sexo é uma via de mão
dupla, se ele se sentia insatisfeito, eu tenho certeza que você
também se sentia.
— Eu nunca entendi o motivo das pessoas gostarem tanto
disso, é só sem graça e rápido.
— Isso é porque ninguém nunca te pegou de jeito — fita
aqueles olhos coloridos. — Quando alguém se preocupa só com
próprio prazer, se torna incapaz de fazer a outra sentir algo mais.
— Eu não sei, acho que realmente tem algo errado comigo.
Talvez eu seja quebrada.
— Você não é quebrada, só não foi apreciada do jeito que
deveria. Eu sei que posso fazer você ter incontáveis orgasmos em
uma única noite.
Melanie começa a rir, negando com a cabeça.
— Eu não tenho orgasmos, já disse que sou quebrada.
— E eu posso te provar que está errada — sorri. — Só
preciso de dois dedos pra fazer você alcançar as estrelas.
— E o que você vai fazer com eles?
Christopher estranha e responde como se não fosse nada
demais.
— Colocá-los dentro de você, é claro.
— Naquele lugar?! — se espanta colocando a mão na boca,
o vendo arregalar os olhos.
— Você não sabe o que é isso?! — pergunta atônito, a
fazendo negar com a cabeça. — Você ao menos foi lambida alguma
vez?
— Nos seios, mas nunca durou muito...
Ele desce a cabeça enterrando no pescoço dela, respirando
fundo, sentindo todo aquele cheiro gostoso que Melanie tinha,
tentando conter a empolgação de querer dar a ela uma vida de
prazer.
— Melanie, seu eu te provar que pode ter um orgasmo, você
aceita ser minha amante?
— Não posso, sua esposa vai chorar.
— Você é a minha esposa.
— É mesmo... Mas eu não posso ser uma amante, eu sou
casada, prometi ao meu esposo que seria fiel. É errado com ele,
moço.
— Eu sou o seu esposo! — exclama.
— E por que você quer uma amante se já é casado?
Christopher respira fundo, tentando manter a paciência.
— Eu quero que seja minha amante para despertar seu outro
lado — olha nos olhos dela. — Minha linda esposa, é cheia de
complexos e quero fazê-la renascer. Quero que perca a noção de
quem você é. Não quero que pense em nada a não ser dos
prazeres que vou te dar. Sendo minha amante, a única coisa que
você se preocupará é dizer onde mais gosta de ser tocada.
— Christopher, você é muito gostoso, mas não tem como
concertar o que não tem jeito.
— Talvez você só não foi ao mecânico certo.
— Eu não quero que se decepcione comigo. Quando não
conseguir, você vai ficar frustrado e não quero que fique com raiva
de mim, nós acabamos de nos resolver.
Rogers roça sua barba no pescoço dela, plantando um
beijinho e lhe causando arrepios.
— Então vamos fazer assim — fala com a voz grossa no
ouvido de Melanie, mordendo o lóbulo da orelha a deixando toda
soltinha. — Se eu não conseguir, você pode se divorciar de mim que
nossos negócios continuarão de pé.
Ela geme baixinho, sentindo uma mão grande tocar seu
joelho descendo de forma sutil.
— E se você conseguir? — fica tentada, sentindo a palma
quente alisar o interior de suas coxas e parar no meio do caminho.
— Se eu consegui — sussurra. — Você continua sendo
minha esposa, se torna minha amante e eu te levo às alturas do
jeito que quiser, quando quiser, por todos os cômodos dessa casa.
— Sendo sua amante, você pode ser o meu também?
— Sim...
A morena morde os lábios na expectativa.
— Dois dedos, Melanie. O que me diz?
4

Aposta

— Eu Atopo
— ela geme.
mão dele desce calmamente entre as coxas
dela, passando um dedo na lateral da
intimidade, segurando o baby doll junto com a calcinha.
Melanie arfa impaciente apertando o ombro dele.
— Temos que tirar isso aqui primeiro — ele sussurra.
Jogando a roupa longe, Christopher a alisa levemente,
sentindo ela abrir mais as pernas na expectativa.
— Você está tão molhada... — morde sua orelha. — Está
prontinha pra me receber e eu mal te toquei.
Melanie aperta os cabelos dele, sentindo um dedo brincar
com o seu clitóris, se deslizando com facilidade.
— Rogers... — geme, hipnotizada pelos movimentos
circulares.
— Está gostando, Melanie? — dá um sorrisinho safado, já
sabendo a resposta.
— Sim... — fecha os olhos se entregando às sensações.
— E se eu fizer isso? — enfia um dedo, a vendo arquear o
corpo gemendo. — Está gostoso? — tira e coloca novamente.
— Muito... — morde o lábio gemendo, sentindo o dedo dele ir
e vir calmamente.
O mesmo se afasta, vendo rosto dela corado pela excitação e
bebida. A analisando de cima a baixo. Com um sorriso perverso no
rosto, ele enfia o segundo dedo a fazendo arregalar os olhos.
— Christopher... — se contorce toda.
— Você fica tão linda gemendo o meu nome — passa o braço
nas costas finas a abraçando, socando seus dedos dentro dela com
a outra mão. — Quando eu conseguir ganhar a aposta, quero você
gemendo desse jeito na nossa cama — a carícia o narizinho dela no
seu.
Melanie o olha toda excitada, sentindo as sensações que
nunca sentiu antes, mal conseguindo se reconhecer. Com o seu
corpo querendo mais, a mesma segura os cabelos loiros, o puxando
para um beijo.
— Não — ele se afasta sorrindo, inspirando o cheiro
maravilhoso da pele parda, descendo a ponta do nariz no pescoço,
entre os seios. — Eu quero isso mais do que você, acredite — olha
o seio arrepiado. — Isso não tem nada de plano — joga um ventinho
frio no biquinho que fica ainda mais pontudo querendo a boca dele.
— Eles são as coisas mais lindas que eu já vi, o qual faz minha
boca encher d' água, só de pensar em sugá-los.
Melanie levanta o corpo para ele querendo o mesmo, mas
Christopher se afasta de novo.
— Eu não vou perder essa aposta — contorce os seus
dedos, a vendo gemer ainda mais alto. — Eu vou fazer você gozar
pra mim, Melanie — fala no ouvido dela. — Só depois disso, eu vou
te comer inteirinha quantas vezes eu quiser.
— Aahh... — crava as unhas no braço dele, sentindo os
dedos no lugar perfeito do seu corpo. — Céus... — fecha os olhos
se entregando por completo.
— Então goza pra mim, como uma gatinha linda que você é.
Gemendo cada vez mais alto, ela incendeia sobre os toques
dele, seu corpo inteiro trava chegando ao ápice pela primeira vez na
vida, liberando um grito fino.
— Isso... — ele sorri, continuando os movimentos dos seus
dedos, até todos os espasmos acabarem.
O mesmo se afasta, a vendo ofegante assimilando a
sensação que acabou de ter. Os olhos se encontram e Melanie não
consegue falar nada, tentando saber o que aconteceu com o seu
corpo e porque ele nunca reagiu assim antes.
— Parece que eu ganhei a aposta — dá um sorriso perverso.
— Eu não sinto como se eu tivesse perdido... — fala por fim.
— É porque você não perdeu nada — se aproxima como um
predador. — Só ganhou um amante.
Dito isso, Christopher ataca a boca dela a beijando, sendo
retribuído da mesma intensidade.
— Sua boca é tão gostosa — o ataca sem pudor algum.
Ele aperta o bumbum dela enlouquecido pelo corpo
extremamente macio, sentindo seu cabelo ser agarrado, pela
intensidade dos beijos.
— Mais... — o abraça, sentindo os braços grandes em volta
do seu corpo pequeno, colando os seus seios no peitoral duro. —
Eu quero mais, Christopher... — suga a língua dele.
O mesmo enrosca seus dedos nos fios castanhos, a beijando
como se estivesse fazendo amor com a sua língua. A derretendo
pouco a pouco. Melanie, geme sobre o toque da pegada firme,
ficando cada vez mais excitada.
— Mais... — suga o lábio dele.
— O seu desejo é uma ordem minha deusa — desce os seus
beijos para o queixo, depois dá um belo chupão no pescoço até
finalmente alcançar os seios. — Seu servo vai dar tudo que você
desejar.
O mesmo cai de boca, sugando e mordendo o biquinho dela,
enquanto sua mão a apalpa por todo o corpo pequeno e macio, a
apreciando como se fosse uma obra de arte.
— Deixa eu fazer algo? — geme, se deliciando com ele
sugando sua pele. — Ah, Christopher... Que boca maravilhosa.
— Hoje você só vai receber — sobe atacando novamente os
lábios. — Vou dar tudo que você quiser, minha deusa.
— Eu quero você...
Melanie começa a descer a calça dele, o fazendo chutar a
peça longe e se movimenta, sentindo uma pressão na sua entrada.
— Vem aqui — segura o membro dele com uma mão, o
querendo dentro de si.
— Que mão gostosa — pressiona a entrada dela, enfiando só
a cabecinha.
— Aaah... — geme nos lábios dele. — Não me tortura desse
jeito — rebola. — Vem...
Ele suga a língua pequena sorrindo, a provocando só com a
cabecinha, entrando e saindo.
— Gostosa... — desce para mamar.
— Christopher... — vê aquela língua quente lambendo sua
pele parda, a boca deixar marcas nos seios, na barriga, comendo-a
como um animal selvagem. — Eu disse — fala com mais
autoridade, puxando os cabelos loiros, levantando sua cabeça. —
Não me torture — segura o maxilar dele com as mãos, o trazendo
pra cima. — Me faça sentir aquilo de novo — sussurra bem próxima
a boca dele. — Eu quero alcançar às estrelas mais uma vez... Então
me pegue de jeito, vassalo.
Um enorme sorriso surge nos lábios do loiro, vendo o lado
selvagem da amante renascer na sua esposa.
— Eu vou fazer você alcançar tantas vezes, que decorará
cada constelação — a beija, se enfiando entre suas pernas
lentamente. — Tudo por você...
Melanie grita, sentindo ele entrar milímetro por milímetro a
preenchendo dele.
— Christopher... — arfa.
— Que gostosa... — sorri olhando nos olhos coloridos. —
Céus, você é tão apertada... — começa se movimentar aos poucos,
roubando os lábios dela. — É tão perfeita — segura a bunda
redondinha, entrando com um pouco mais de força, fazendo-a jogar
a cabeça pra trás gemendo. — Feita sob medida pra mim... — ataca
o pescoço, com beijos e chupões.
Melanie se entrega de corpo e alma, entrando num mundo
completamente novo. Ela sempre achou sexo sem graça, mas com
Christopher, essas palavras juntas não existiam em uma frase.
Aquele homem era uma mistura de beleza e sensualidade que ela
nunca havia visto antes. Era tão bom e viciante o ter entre suas
pernas, beijando o seu pescoço enquanto a levava ao paraíso.
— Não deixe marcas, meu esposo vai ver — fala num tom de
brincadeira.
— Eu sou o seu esposo — morde o queixo dela.
— Então pode deixar a marca que você quiser — sorri de
forma pervertida.
Ele mete de uma vez a fazendo gritar e se desmanchar ao
mesmo tempo em seus braços.
— Essa foi bem rápida — Christopher sorri, a tirando do sofá,
saindo calmamente da sala com ela nos braços.
— Pra onde está me levando? — beija o pescoço dele,
enquanto suas unhas arranham os ombros brancos.
— Para a nossa cama — entra no elevador. — Eu quero te
comer sobre as luzes da cidade — a pressiona na parede de metal,
atacando aquela boca.
Novamente ele se enterra nela a comendo de um jeito ainda
mais gostoso.
— Christopher... — aperta os cabelos loiros, sentindo sua
intimidade latejar de prazer. — Isso...
As portas do elevador se abrem no andar do quarto do casal
e ele acelera as estocadas, tirando os dois de órbita com o prazer
inigualável que estão sentindo.
— Aahhh... — ela grita jogando a cabeça para trás chegando
ao ápice junto com o seu amante.
Ofegantes, os dois ficam parados se recuperando do
orgasmo e das sensações maravilhosas.
— Você quer mais? — Christopher pergunta.
— Quero — dá um sorriso lindo, com o rosto todo vermelho.
Eles se limpam e caem na cama se devorando novamente.
— Vão ver a gente... — Melanie geme olhando para parede
de vidro, com a luz da lua presenciando a safadeza deles.
— Isso é impossível, o vidro é espelhado do lado de fora.
— Aahhh... — aperta os lençóis da cama. — Isso,
Christopher...

Acordando com uma dor de cabeça infernal, Melanie corre


para o banheiro vomitando tudo que bebeu na noite passada. Com
uma ressaca daquelas, ela toma banho, sentindo um incômodo nas
partes íntimas. As memórias da noite passada vem tudo de uma vez
causando mais dor de cabeça. A mesma anda até o espelho, vendo
o seu corpo todo marcado, morrendo de vergonha de ter dançado e
cantado na frente dele, de mandar ele a invadir daquele jeito lá no
sofá, o chamando de vassalo.
— Céus, eu não acredito que fiz aquilo… — cora, não
sabendo onde enfiar a cara.
Apressada, ela sai do banheiro, o vendo dormir de bruços na
cama e some dentro do closet. Vestindo as roupas rapidamente e
pegando o essencial no meio do caminho.
Melanie desce as escadas vendo alguns empregados
trabalhando. Ela coloca os óculos escuros e um lenço em volta da
cabeça para conter sua juba e anda praticamente correndo.
Deixando o apartamento junto com a vergonha na cara que deveria
ter.
Se antes ela não sabia onde enfiar seu rosto, agora não tinha
nem isso para mostrar aos funcionários, que com certeza viram as
roupas deles espalhadas pela sala.
...
Olhando como se fosse uma criminosa na vidraça do salão
de beleza, a morena procura seu amigo, pra ver se ele está
ocupado e pode salvá-la do ninho que Christopher fez no seu
cabelo.
— Atrasada! — um homem grita atrás dela lhe dando um
susto. — Isso é hora de chegar, Melanie? — cruza os braços no
peito.
— Jorge... — faz cara de cachorro sem dono.
— Vamos logo pra dentro, temos muita coisa pra fazer!
Ele a arrasta para o setor privado do salão, chamando a
atenção pelo horário.
— Céus, o que é isso no seu cabelo? — arranca o lenço que
ela estava na cabeça, se espantando. — O que aconteceu com
você?!
— Eu posso explicar — fala rapidamente, sendo forçada a se
sentar para lavá-los.
— Nem precisa, se isso tem haver com esse chupão enorme
no seu pescoço, eu só quero os detalhes — tira os óculos dela.
— O quê?! — se levanta apressada, indo na direção do
espelho. — Christopher... — pragueja.
— Uau... eu não sabia que tinha olhos diferentes — Jorge se
aproxima encantado.
— O quê?! — coloca as mãos no rosto, como se estivesse
faltando alguma coisa. — Não, não, não... — corre pra bolsa,
pegando as lentes e a pinça delas.
— Eu não acredito, Melanie — ele fala sem graça. — Tem um
olho lindo desses e fica escondendo? Eu nunca vi um olho tão verde
em toda minha vida — admira chocado.
— Você também usa lentes — termina de colocar.
— Sim, porque meu olho é preto e eu queria azul. O seu é
verde e dourado, sabe o quanto é difícil alguém nascer assim? Seus
olhos parecem ter saído de um anime, se não visse com os meus
próprios olhos, juraria que era photoshop.
— Menos de 1% da população mundial tem heterocromia —
volta para cadeira, da qual havia se levantado. — Christopher que
fez essa zona em mim, graças a ele eu estou andando esquisito...
Jorge, você tem alguma roupa na sua loja que possa esconder
esses chupões? Não posso ir trabalhar desse jeito.
Ele começa a desembaraçar os cabelos dela, percebendo
que mudou de assunto para tentar esquecer dos olhos e respeita.
— Tem um vestido que vai ficar lindo em você, mas não
combina com seus sapatos. Ele é de lã vermelho escuro, gola rolê,
manga comprida e um pouco curto, mas como é baixinha não vai
ficar vulgar, só sexy.
— E por que você não me falou dele antes?
— Chegou semana passada, você não estava em New York,
mas guardei pensando em você.
Melanie dá um sorriso lindo com o carinho do amigo.
— Tem sapato que combina com vestido? — ela pergunta.
— Uma gladiadora de salto fino marrom claro que fica um
pouco acima do joelho. Guardei também pensando em você.
— Eu nem vi e já quero comprar os dois — dá palminhas
toda animada.
— Melanie, o que houve com a sua unha? — se surpreende,
começando a lavar os cabelos dela.
— Cortei ontem tentando fazer comida — suspira olhando
pras mãos.— Vou pedir pra manicure ver se tem como dar um jeito
nelas para ficar do tamanho que estava antes, não quero cortar as
outras, demorou tanto pra crescer.
— O que o Maicon disse sobre você cozinhar? — chama
atenção.
— Que eu poderia morrer algum dia, mas Christopher insistiu
em tentar me ensinar mesmo eu alertando. Depois do desastre com
a salada, ele me deixou sozinha na frente do fogão para fritar uma
carne, já tinha deixado tudo pronto, então o processo era bem
simples.
— Ele estava bêbado por acaso? — se espanta.
— Nós dois estávamos — suspira. — Depois de quase
colocar fogo na cozinha, me proibiu de chegar perto do fogão.
— Bem sensato.
Jorge pega o creme de hidratação e começa a fazer
massagem nos cabelos castanhos.
— Agora me conta quem é esse tal de Christopher que
acabou com você e não esconda nada.
— Você sabe quem ele é.
— O seu... — olha em volta, com receio de alguém escutar
aquela conversa. — Boy... As paredes têm ouvidos, temos que ter
cuidado.
— É por isso que eu gosto de conversar com você, tudo fica
só entre a gente — respira aliviada. — É muito importante que
ninguém saiba disso agora, não é momento ideal — relembra.
— Entendo e seu segredo está seguro comigo. Agora me
conta os detalhes.
Melanie conta pro Jorge como foi a sua noite se arrepiando
só de lembrar de alguns detalhes.
...
— Então, para resumir. Você dormiu com ele — Amanda fala,
depois de ouvir toda a história da amiga.
Nesse momento, a secretária e a chefe estão em um
restaurante requintado na frente da empresa, tirando o horário de
almoço.
— Eu pensava que vocês conversariam, se entenderiam,
mas jamais passou pela minha cabeça que vocês se atacariam com
apenas um dia morando juntos — a ruiva bebe um gole de suco.
— Você pensava que a gente se atacaria algum dia?
— Com certeza, dá pra ver a tensão sexual em volta de
vocês dois. Mais dele do que de você, obviamente.
— Tanto que eu não fiquei com ele na lua de mel — debocha.
— Mas dormiu com ele na primeira oportunidade.
Melanie cutuca sua comida com raiva.
— Eu não sei porque você está chateada. Ele não mandou
bem?
— Mas é claro que ele mandou bem — bebe um gole de
suco. — O problema é que ele mandou bem até demais... —
murmura com o copo na boca.
— Por que isso seria um problema?
— É uma armadilha. Ele fez questão de me dar uma noite
incrível pra me desprezar depois.
— Lá vai você de novo julgando ele sem saber — corta sua
carne calmamente. — Eu devo lembrar que foi você que fugiu antes
dele acordar.
— E?
— E se notar bem, o único que realmente parece usado
nessa história é ele.
— Foi ele que começou com esse negócio de meu servo —
fica vermelha só de lembrar. — Tá eu me descontrolei o chamando
de vassalo, mas não tinha como evitar. Eu me sentia uma pessoa
completamente diferente com ele... Agora eu estou com vergonha
de mim mesma.
A ruiva sorri.
— Acho que essa foi a intenção quando ele te chamou para
ser sua amante — a amiga comenta.
— Me transformar em outra pessoa?
— Fazer você conhecer um lado que nem sabia que tinha —
olha nos olhos dela. — Ousada e sexy entre quatro paredes.
— O pior é que foi a primeira vez que realmente me senti
atraente — suspira. — Não sei se vou conseguir me soltar daquele
jeito novamente.
— Relaxa, isso acontece com o tempo. Vocês só não podem
parar.
— Por quê?
— Com tempo isso vai ficar ainda melhor a ponto de se tornar
viciante. E amiga, consegue sim ficar melhor que isso.
Melanie se arrepia só de pensar e tenta conter os ânimos.
— Não sei se isso realmente vai acontecer — solta o ar que
estava prendendo. — Me soltar a ponto de não me preocupar com
mais nada.
— Um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar.
— Mesmo assim, eu não sei se consigo ser o que ele
procura.
— O que você acha que ele procura?
— Uma mulher sexy que se entregue esquecendo de tudo à
sua volta. Pode ter conseguido isso uma vez, mas duvido que
conseguirá novamente. Eu sou quebrada. Por mais que me
remendou, não significa que não possa quebrar novamente.
— Só tem um jeito de você descobrir isso.
Melanie pensa no que a amiga fala e é tomada por uma
incerteza. Será que conseguiria se esquecer de tudo novamente e
se sentir tão sexy e desejada como na noite passada? Agora ela
realmente queria tirar a prova disso. Só precisava de mais uma noite
com ele e o resto estava resolvido. Não tinha sentido continuar com
aquilo, então teria sua última provinha.
A noite chega, ela entra em casa depois do trabalho, indo em
direção à cozinha, vendo Christopher terminar o jantar. Ele para por
um momento a olhando de baixo pra cima, a despindo com os
olhos.
— Boa noite — ele fala com aquela voz de enlouquecer a
arrepiando inteira.
— Boa noite...
— O jantar está quase pronto.
— Eu só vou tomar um banho primeiro, tudo bem? — se
condena mentalmente, pensando que acabou de se oferecer.
— Vou esperar você banhar pra comer.
A mente pervertida dela acaba distorcendo as palavras,
pensando que na verdade ele queria comer outra coisa.
Nervosa, a morena sobe as escadas indo na direção da suíte
tomar um banho caprichado.
Guardando suas lentes de contato, Melanie solta os cabelos
lisos, depois de cuidar da pele e do rosto. Como estava frio, ela
resolveu vestir um pijama quentinho deixando só o seu pescoço
cheio de chupões e as mãos à mostra, não vendo necessidade de
colocar um sutiã.
Quando desce, os dois começam a jantar calmamente como
se nada tivesse acontecido.
Será que ele se lembra? Pergunta para si mesma.
— Como foi o trabalho? — ele pergunta.
— Bem e o seu?
— Bem.
Eles ficam calados novamente e Melanie sente falta do vinho
que bebeu ontem, que tanto lhe deu coragem para conversar e fazer
outras coisas.
— Vamos esperar um mês de casados e então começaremos
com o seu treinamento na Rogers — ele fala.
— Não acharão estranho? Pode haver especulações sobre
nós.
— Por isso estou me encontrando com seu pai e o seu irmão
antes — termina de comer. — Semana que vem começarei a ir
mais na sede da MD Will’s. Nossos negócios estarão ligados
somente por você, então é só fazer o que você faz normalmente.
Não preciso de nenhuma mudança da sua parte.
— Minha parte?
— Você é perfeita no que faz, mas... — pensa bastante antes
de falar. — Te limitam muito, então em breve quero ver a herdeira,
fazer realmente o seu papel de herdeira. Esse negócio do seu irmão
mais novo ter mais benefício que você, tem que acabar. Desculpa
falar assim, mas ele está atrapalhando o seu potencial. Você
consegue contratos importantes para Maxwell cagar com a mão de
obra.
— Como sabe disso?
— Passei meses observando como vocês funcionam. Não
estava indo pra MD Will’s só para dar em cima de você. Também
estava observando para ver como funcionam.
Também? Ela pensa rindo por dentro. Sem vergonha, safado.
O que Christopher falou não era nenhuma novidade. Ela
sabia que o favoritismo do pai era visível, ele mesmo já falou que
queria que o Maxwell tivesse nascido primeiro para herdar os
negócios da família. Melanie trabalhava como uma louca para
reverter o quadro da empresa, enquanto o queridinho do papai dava
trabalho.
“Perfeita no que faz”
A voz dele ecoa na sua cabeça e as lembranças de ontem
vêm à tona juntamente com um arrepio no corpo, sentindo seus
biquinhos entrarem em alerta. Céus, Melanie precisava daquilo de
novo, mas não tinha ideia de como conseguir esse feito.
Vai ser só dessa vez, ele já é um tarado mesmo, então vai
ser fácil. Pensa consigo mesmo.
— Você... — ela fala, encontrando os olhos dele. — Você...
— começa a ficar vermelha.
— Eu? — fala num tom mais grave, a arrepiando.
— Você... Ontem... Nós...
Christopher dá uma risada rouca e se levanta com o prato na
mão, para falar baixinho no ouvido dela.
— Se minha amante quiser brincar um pouco, vou estar lá no
quarto esperando — sorri.
O rosto dela fica rubro de tanta vergonha o vendo se retirar.
Ofegante, Melanie cutuca os dedos na mesa de jantar sem
saber o que fazer. Ele queria que ela tomasse a iniciativa dessa vez,
mas era muito difícil. A mesma não fazia ideia de como fazer isso,
não tinha noção de como ser sensual pra ele.
Só mais uma vez.
Pensativa, ela se levanta para lavar seu prato, sobe as
escadas, mas para no segundo andar do apartamento entrando no
quarto de hóspedes.
— O quê eu faço? — se olha no espelho. — Não tem como
ele ficar excitado me vendo assim.
Ela começa a andar de um lado pro outro, ensaiando
algumas falas sexys, mas morre de vergonha com isso. Melanie
imita umas poses na frente do espelho e se condena por ficar
horrível.
— Eu só vou abrir os braços e mandar ele vir — fala consigo
mesma. — Essa ideia é ainda pior, Melanie!
Anda em círculos, parecendo que vai fazer um buraco no
chão.
— Se eu ficar pelada na frente dele, será que ele me ataca?
— se olha no espelho.
A morena começa a tirar a roupa, mas o complexo cego
acaba fazendo ela se enxergar gorda no quadril, sem seios na parte
de cima.
— É óbvio que ele só estava brincando — veste a roupa,
caindo na cama.
As lembranças de Christopher venerando o seu corpo na
noite passada vem à mente, mas as críticas da sua mãe também.
Diferente da família, Melanie nasceu morena com olhos
diferentes. Como se já não fosse o suficiente, seu corpo evoluiu
bem mais do que o normal e sua altura não chegou aos 1,60. Ela
gostava de ter o quadril largo, a bunda avantajada, a cintura fina e
os seios redondos, tinha um corpo violão, mas de tanto ouvir sua
mãe falar que era gorda demais acabou acreditando. Crescer sendo
filha de uma modelo famosa e um empresário no ramo da moda,
cujas aparências era tudo que importava para eles, dava nisso. E
não importava o quanto ela malhava seu quadril continuava com
aquele formato.
Uma vez ela até viu uma modelo na passarela, no desfile de
lingerie mais famoso que existe. Melanie só perdia na altura, pois as
formas do seu corpo eram idênticas a da modelo mundialmente
famosa. Ficou tão feliz em ver a moça que foi conversar com ela no
camarim, descobrindo que era mais bonita por dentro do que por
fora. Mas quando falou para sua mãe “vulgar” foi a palavra utilizada
para definir o corpo. Depois daquele dia, Melanie realmente se
sentiu vulgar. Achou a moça linda e as palavras da mãe não
mudaram o que achava dela, mas mudou o que achava de si
mesma.
Derrotada, ela ouve passos do lado de fora do quarto.
Fingindo que está dormindo, a porta do quarto de hóspedes se abre
e uma pitada de esperança toca seu coração, por pensar que ele
viria pra cima dela. Mas a porta se fecha e agora ela estava quase
chorando por ter fingido.
Christopher esperou muito tempo pelado na suíte principal,
com a esperança da sua amante o atacar. Percebeu que ela estava
fingindo no quarto de hóspedes e não forçou a barra. Ele precisava
que Melanie tomasse a atitude dessa vez. Essa história dela ser o
patinho feio da família tinha que mudar. Uma mulher linda como
aquela tem que se enxergar como tal.
Seu corpo estava louco para senti-la de novo, principalmente
depois que a viu voltar do trabalho vestida sexy daquele jeito. Ele
teve que se segurar bastante para não sucumbir à tentação e voar
em cima dela como um predador faminto. Mas antes tinha que
mudar a opinião dela a respeito de si mesma. Rogers sabia que ela
queria repetir a dose tanto quanto ele, então esperaria para ver sua
amante sedenta pedindo prazer novamente.
5

Batalha Interna

F rustrada com as três semanas que estava


passando — sendo que metade de uma ele
viajou a trabalho —, Melanie se envolve ainda mais no trabalho para
tentar esquecer do corpo do seu amante.
Ela se arrepiava toda vez que pensava em como ele a
pressionou naquele elevador, em como ele a teve na cama, no sofá.
Está privada disso porque não tem coragem de tomar a iniciativa, a
deixava com raiva de si mesma.
Na tentativa de reverter a situação, a morena fazia questão
de usar seus baby dolls finos na frente dele, na intenção de ser
atacada. Por não saber como ser sexy, pensava que estava fazendo
algo errado e até pagando micos de vez em quando. Mas na
verdade, Christopher sabia o que ela estava planejando e por mais
que excitado, o mesmo não fazia nada. Para ele, já era um
progresso bem grande ela ter a intenção de provocá-lo. Isso
ajudaria a conhecer melhor o seu corpo a forçando ver o quão linda
era. Se segurar estava sendo cada vez mais difícil, então toda noite
ele jogava a proposta para esposa, esperando sua amante aparecer
— fazia questão de ficar nu deitado em sua cama, para ela não ter
trabalho com as roupas.
Agora no trabalho, conversando com uma cantora muito
famosa. Melanie montava o design para um vestido de gala, digno
de Grammy, para a moça desfilar no tapete vermelho. Combinando
a cor da peça com a cor negra da mulher, ela estava tão entretida
na conversa, que até esqueceu a frustração de não sentir seu
amante.
— Esse tom de rosa vai ficar perfeito — Melanie fala.
— Mas não seria muito clichê, uma morena usar rosa? —
[8]
Emmy suspira preocupada.
— Eu particularmente acho que vai te deixar linda. Percebi
pelos seus vídeos que é muito sofisticada e esse tom de rosa a
deixaria mais romântica. Aconselho também continuar com a
maquiagem leve, pois você chama atenção sendo natural. Se
quiser, eu posso te indicar um amigo que faz uma maquiagem tão
linda e leve, que nem parece que estamos realmente usando
alguma coisa. Estou falando sério, se confiar em mim, você será
destaque na premiação.
— Eu quero o numero dele, meu maquiador passou tanto pó
no meu rosto esses dias que quase morri asfixiada — brinca,
parando para analisar melhor a amostra de tecido, com o tom da
sua pele. — Vou confiar em você — fala por fim. — Vamos fazer um
teste antes da premiação e se eu gostar mesmo, quero que me
acompanhe.
— Está falando sério?! — arregala os olhos surpresa.
— Sim, mas tem uma condição e dessa eu não abro mão —
a moça fala, a pegando de surpresa. — Foi intencional quando pedi
para ser atendida especificamente por você. Uma amiga minha
encomendou seu vestido aqui também, ela ficou super animada e
quando ele chegou, a deixou desesperada, por não ter sido aquilo
que ela pediu.
Melanie dá um sorriso sem graça.
— Ela precisava dele para o outro dia e você! — aponta sua
unha enorme pra ela. — Conseguiu consertar o estrago a tempo.
Não sei como, mas você conquistou a Natasha de tal forma que
fiquei uma semana ouvindo o que quanto Melanie Williams era legal
e blá, blá, blá... — gesticula com a mão. — Está na cara que você é
uma mulher elegante e assim que te vi percebi que a Natasha não
estava brincando quando disse que entende de moda. Aliás, adorei
seu sapato. Então eu quero que você participe do início ao fim, não
quero que chegue até mim, sem antes passar por você primeiro!
— É uma grande honra ser tão prestigiada assim — dá um
sorriso sem graça. — Mas eu não me envolvo nessa parte da
confecção, entende? Para ser sincera, eu sou até proibida de dar
alguma opinião nesse setor. Eu me lembro da Natasha e o que fiz
foi escondido, tanto que quando o senhor Williams descobriu quase
arrancou minha cabeça fora — explica calmamente.
— Pensei que essa empresa era sua?
— Ainda não... Meu pai é superior a mim e não me deixa
fazer...
— Melanie! — Maxwell escancara a porta dela gritando. —
Eu preciso falar com você!
— Agora não é o momento, estou numa reunião importante,
então volte mais tarde — fala calmamente, o vendo se aproximar da
sua mesa.
— Você vai me ouvir agora querendo ou não! — grita,
batendo uma nota salarial na mesa dela, assustando as duas.
— Maxwell Williams — o encara, falando de forma mansa
mas autoritária. — Eu disse, agora não.
— Eu não vou sair daqui enquanto não resolver isso, olha o
que fizeram com o meu salário! Eu sei que o seu marido tem dedo
nisso!
Melanie fecha os olhos respirando fundo, tentando manter a
compostura na frente da cliente.
— Eu vou aguardar — Emmy a faz abrir os olhos.
— Não será necessário... — a morena tenta se explicar.
— Creio que não vá demorar muito tempo — olha no relógio.
— Afinal só existe uma pessoa acima de você nessa empresa e
creio que não seja ele.
— Quem você pensa que é para falar assim comigo?! — fala
todo orgulhoso. — Eu sou o filho do...
— Creio que realmente não irá demorar muito tempo —
Melanie o interrompe falando calmamente. — Me dê três minutos.
— Pois bem — a cantora assente.
Se levantando da sua cadeira confortável, ela anda o
chamando para fora da sala, fechando a porta atrás dela. Melanie
estava cansada das birras do irmão, a fala de Emmy só fazia se
lembrar das do Christopher, o que a deixou ciente que tinha que dar
um jeito nisso de uma vez por todas, não importando se seu pai iria
brigar por falar do jeito que iria falar com o queridinho dele.
Maxwell estava a cada dia pior, por mais que o aguentava de
vez em quando, dessa vez ele havia passado de todos os limites
gritando daquele jeito na frente de um cliente. Ela estava nervosa
demais com o assunto do amante, então sua paciência era bem
curta nessas três semanas.
— O seu salário não está tão baixo assim pra você dar
chilique — olha a nota. — Estou recebendo esse valor há dois anos.
Amanda começa a pegar umas coisas na sua mesa para os
deixar a sós, mas Melanie fala pra secretária não sair do lugar, pois
será breve.
— Mas eu não sou você! — vocifera.
— Exatamente! — exclama irada. — Se fosse eu, saberia se
comportar na frente de um cliente. Se fosse eu, não sairia por aí
comendo a secretária no escritório. Se fosse eu, saberia fazer o
trabalho e não escutaria tantas reclamações por causa da sua
incompetência. A cliente que está na minha sala agora, sabe a
cagada que você fez no vestido da Natasha e não quer fechar
negócio se eu não avaliar antes, porque agora eu sou conhecida por
consertar as merdas que você faz. Essa empresa está decaindo
porque você não sabe fazer o seu trabalho direito e mesmo sendo
esse inútil você recebe o dobro do meu salário, então sim Maxwell,
você não é eu! — o encara. — Escute bem, da próxima vez que
entrar daquele jeito na minha sala, eu vou pessoalmente te demitir e
não me importa se é o filhinho do papai ou não, eu ainda estou
acima de você nessa empresa!
— Você não pode fazer isso, nosso pai nunca permitiria.
— Quer tentar a sorte? — levanta a sobrancelha, o fazendo
engolir seco.
Uma coisa que Melanie sabia fazer bem era intimidar alguém,
o que fez o galego não conseguir dizer nenhuma palavra. Não
obtendo resposta, ela entregou a nota e falou as mesmas palavras
que ouviu do irmão quando recebeu aquele salário.
— “Você pode economizar, não precisa gastar tanto em
sapatos” — debocha, o fazendo lembrar das próprias palavras. —
“Você pode, apenas demitir alguns funcionários seus ou arranjar um
homem que te sustente. Afinal as mulheres são boas nisso” — sorri.
— Nunca encontrei um homem que me sustentasse, pois eu
trabalho pra isso, mas quem sabe você consegue encontrar algum.
E falando apenas isso, Melanie gira seus saltos para voltar a
sua sala.
— Ah — vira o rosto, dando a sua cartada final. — Obrigada
por não fazer o seu trabalho direito, está aumentando minha
reputação assim.
Com sorriso no rosto, ela fecha a porta do escritório,
pensando se Christopher realmente teve o dedo nisso e o agradece
mentalmente. Estava na hora da herdeira assumir seu papel de
herdeira. Melanie estava cansada de sempre ser desvalorizada pela
a família, estava cansada de ser humilhada, então começaria a se
impor, seu pai gostando ou não. Talvez a falta de sexo estava
deixando ela daquele jeito. Antes não tinha o costume de fazer e
agora que experimentou o que é sentir prazer de verdade, só queria
repetir aquilo mais uma vez.
Só mais uma vez queria se esquecer de quem era, só mais
uma vez queria se sentir desejada, ser tocada por aquelas mãos
grandes, enquanto aquela voz grossa falava no seu ouvido, o
quanto era gostosa e perfeita. Comprovar se realmente não era só
remendo, tendo a certeza de que não estava quebrada. Depois
seguiria sua vida normalmente, só precisava sentir aquilo apenas
uma única vez. Pena que o seu amante não estava ajudando.
Será que o Christopher conseguiu mudar meu salário
também? Pensa, sentando na sua cadeira grande e confortável,
anotando mentalmente que irá no setor financeiro mais tarde.
— Então, Emmy — sorri para a mulher. — Eu cuidarei do seu
vestido do início ao fim. Pode confiar que ele chegará nas suas
mãos intacto.
— Vejo que mudou de ideia — dá um sorriso radiante.
— Certas coisas precisam mudar — dá de ombros. — Creio
que ouviu sobre meu esposo, por favor não conte a ninguém, não
era para o meu irmão dar com a língua nos dentes.
— Relaxa, afinal temos que ter nossa privacidade também.
Melanie sorri com a resposta e sua reunião termina bem mais
divertida do que começou.
Entrando no elevador do seu prédio super animada, a
morena mal vê a hora de encontrar seu esposo.
Hoje ela confirmou o seu salário reajustado e descobriu que
ele não só foi o responsável por esse feito, mas por mandar Emmy
diretamente à sua sala também. Estava tão feliz em receber o valor
justo, por ser valorizada no trabalho, que passou numa loja
comprando uma camisola sexy para ele arrancar com os dentes.
Melanie tinha que comemorar, então o atiçaria de tal forma que
seria impossível ele ficar quieto.
Me aguarde, seu pervertido. Sai do elevador pensando.
Quando abre a porta de casa, o cheiro maravilhoso da
comida do seu esposo invade o ambiente. Uma coisa que aquele
homem sabia fazer bem era cozinhar. Por mais que fugiu na lua de
mel, as coisas melhoraram entre eles. Depois de tirar o preconceito,
aos olhos dela, Christopher era um bom ouvinte e excelente
cozinheiro. Às vezes era de se espantar o quanto era calmo e
organizado — bem diferente dela, que era chamada atenção por
deixar o roupão de banho dentro do closet ou as coisas fora de
ordem.
Era estranho, parecia que ela estava morando com um amigo
muito sexy e por incrível que pareça, a morena estava gostando da
companhia.
Quando entra na cozinha, aqueles olhos cinzas a encontram.
Melanie não se aguenta de tanta emoção e corre pulando para
abraçar o pescoço dele, lhe enchendo de selinhos, sentido ser
levantada do chão. Christopher se surpreende ao ver sua boca ser
proclamada daquele jeito e a beija com a mesma saudade que
sente de a ter como mulher.
Gemendo nos lábios do amante. Melanie sente sua bunda
ser agarrada e entrelaça as pernas na cintura dele, toda excitada.
Rogers a pressiona na geladeira perdendo todo o autocontrole que
teve durante três semanas, até ser interrompido por uma tosse
exageradamente falsa do outro lado.
— Desculpa — descola da boca dela, a descendo em seus
braços. — Eu me esqueci de vocês.
— Percebi — um homem negro vestido com um terno sob
medida, fala sentado numa das cadeiras altas que tinha na frente da
ilha da cozinha.
— Melanie, esse é meu melhor amigo Anderson e a noiva
dele Natália — apresenta formalmente. — Anderson e Natália, essa
é a minha esposa, Melanie.
A morena olha pra ele e Christopher acena com a cabeça,
dizendo que está tudo bem saberem sobre o casamento.
— É um prazer conhecê-los — Melanie vai até eles. —
Desculpa por agora a pouco, não sabia que tínhamos visitas.
— Não precisa se desculpar — o rapaz sorri. — Eu sou o
diretor financeiro da Rogers Corporation e estávamos trabalhando.
Como minha noiva estava aqui perto, Christopher convidou a gente
para jantar com vocês.
— Vocês estavam trabalhando — dá uma risadinha sem
graça.
— Não depois que eu cheguei — Natália comenta sorrindo.
— Se quiserem privacidade...
— Não será necessário! — a interrompe morrendo de
vergonha. — Podem ficar à vontade, eu acabei de voltar do trabalho
e só vou deixar as minhas coisas lá em cima.
Ela se retira subindo as escadas, indo em direção à suíte
para tomar um banho.
Por mais que Melanie estava dormindo no quarto de
hóspedes, ela não quis abrir mão do banheiro principal e nem do
closet, mas se realmente quisesse algo com Christopher hoje,
estava disposta a dormir na suíte principal.
Depois do banho, ela cuida da pele, deixando para cuidar do
rosto só quando for realmente dormir, pois a mesma não queria tirar
as lentes e nem a maquiagem que cobria as sardas. A morena veste
um vestido curto e comportado com estampa floral de alcinha, solto
no corpo, da cor preta com flores douradas espalhadas. Melanie faz
um coque improvisado, retoca a maquiagem e calça uma sandália
baixa, ficando mais confortável. Deixando sua aparência mais
romântica.
— Espero não ter demorado muito — desce as escadas,
vendo Christopher levar uma panela para a mesa de jantar. — Você
precisa de ajuda?
Ele dá um sorriso charmoso, admirando a beleza de sua
esposa e nega com a cabeça.
— Essa é a última, não será necessário — caminha com ela
para sala de jantar. — Você está muito linda, mas poderia ter ficado
mais se tirasse essas lentes e a maquiagem.
— Prefere ao natural? — sorri.
— Você é muito mais linda toda ao natural, não tenha dúvidas
disso.
Ela dá um sorriso sem graça e murmura.
— Pena que só você acha isso... — entra no cômodo.
Christopher para na porta, olhando-a se sentar e suspira,
pensando que ainda tem muito trabalho pela frente, para fazê-la
mudar de opinião sobre si mesma.
— Então o senhor é amigo do Christopher há muito tempo?
— ela pergunta, puxando assunto.
— Senhor não — o homem quase chora, brincando. —
Talvez eu seja mais novo que você, as aparências enganam,
quantos anos têm?
— 26 e você?
Anderson faz um som triste arrancando um sorriso de sua
noiva.
— Você está ficando velho, só aceita que dói menos — a loira
mexe nos cabelos dele brincando. — E também, nunca ela seria
mais velha que você.
— Posso até aceitar, mas por favor não me chame de senhor.
Eu só tenho 35 anos.
— Foi questão de etiqueta, não quis ofendê-lo.
— Não ofendeu, ele realmente não gosta de ser chamado de
senhor — Natália fala sorrindo. — Não aceita que está ficando velho
— faz Melanie sorri.
Os convidados começam a se servir e Christopher resolve
responder a pergunta da esposa, que começou a conversa.
— Anderson está na empresa desde sempre. Tanto que eu
nem me lembro como foi que nos tornamos amigos. É o meu fiel
escudeiro de muitas batalhas.
— Bota muitas nisso — o moreno dá ênfase. — Parece que
todos querem dar o golpe nele.
— Não falei? — o loiro sorri para a esposa. — Meu fiel
escudeiro.
A conversa entre os casais soa descontraída o restante da
noite. Melanie acaba cochichando no ouvido do marido o quanto
gostou deles e pede para deixá-los dormir no quarto de hóspedes,
porque já estava bem tarde. Com um beijo na bochecha de
Christopher, ela pede licença para se retirar e vai até ao quarto de
hóspedes, tirando as poucas coisas que levou, para deixar seus
convidados dormirem mais à vontade.
A mesma tira suas lentes, entra no banheiro da suíte principal
para lavar o rosto e caminha até o closet, fazendo sua skincare,
para ir “dormir”. Vestindo sua camisola de seda rosa no tom
dourado, com renda no decote em V. Ela coloca uma calcinha da
mesma cor da peça fina, ignorando completamente o frio e a voz na
cabeça dizendo que estava gorda e que ele poderia até rir dela
vestida daquele jeito.
Soltando os cabelos e passando um perfume agradável,
Melanie deita na grande cama, esperando seu amante.
O tempo passa, ela dorme de exaustão devido ao trabalho e
não vê Christopher entrar no quarto. O mesmo sorri, a vendo de
bruços, escondida na coberta grossa, ocupando mais da metade da
cama e toma um banho para se juntar a ela.
— Para alguém tão pequeno, você ocupa bastante espaço —
tira o cobertor ajeitando-a.
O membro dele dá sinal de vida, assim que percebe a
camisola nova, o bumbum redondinho preso a um fio dental
minúsculo.
É claro que ela iria me provocar! Grita mentalmente, todo
excitado. Merda, Melanie... Eu não sou de ferro!
Christopher se aproxima girando o corpo pequeno, na
intenção de acordá-la e ela o ver nu. Mas isso não acontece, a
dorminhoca continua de olhos fechados, dando uma visão
privilegiada da parte da frente da camisola sexy e a calcinha
transparente.
— Dessa vez você pegou pesado.
A boca dele enche de água, seu membro aponta doido para
se enfiar nela e o mesmo mexe na cama, trocando o peso dos
joelhos para acordá-la.
— Gata, por favor abre os olhos — fala frustrado.
Seu rosto se aproxima da calcinha fina, que combina
perfeitamente com o tom da pele parda, deixando aquele quadril
largo ainda mais belo. Alucinado, ele toca seu nariz ali inspirando
um cheirinho leve do sabonete íntimo de chocolate com pimenta.
Christopher lambe os lábios disposto a deixar todo o seu plano de
lado e acordá-la daquele jeito.
Com um beijinho leve entre as coxas, o corpo pequeno se
arrepia. Conseguindo o que queria, ele dá outro beijinho se
preparando para degustá-la calmamente.
— Para... — ela geme ainda dormindo, fechando as pernas e
puxando o cobertor.
— Pa-para? — pergunta quase chorando.
Melanie não responde, roncando baixinho com a boca
levemente aberta. Nisso Christopher sobe o corpo para sussurrar no
ouvido dela, e ver se sua voz a excita dessa vez.
— Tem certeza que quer que eu pare?
A voz grossa a faz se arrepiar novamente e a mesma o
abraça, o derrubando de costas no colchão, se aconchegando em
seu peitoral duro.
Ele se move um pouco desligando o abajur do seu lado da
cama, se cobrindo direito se preparando para ser atacado,
pensando que o seu plano finalmente estava dando certo e agora
ela iria agir como uma tigresa selvagem. Ela só precisava começar,
o resto ele fazia questão de terminar.
Melanie mexe a coxa, passando no membro dele e volta a
roncar baixinho.
— Ei! — sussurra, sentindo aquele corpo quente e macio
abraçado ao seu. — Acorda e me ataca.
Ela continua no sono profundo.
— Me beija daquele jeito que você me beijou hoje e deixa
que eu faço o resto.
Melanie não responde e Christopher sofre em silêncio. Ele
faz várias tentativas para acordá-la de mansinho, mas ao invés
disso ele fica ainda mais excitado e ela ainda mais dorminhoca.
O que eu fiz para ser castigado assim? Pensa.
6

Uma dose de coragem

O dia amanhece lentamente para Christopher. As horas passam e


nada do sol dá sinal de vida. Quando dão 5 da manhã, ele sai
da tortura silenciosa que sua esposa o colocou e resolve tomar um
banho para ir trabalhar.
Saindo do seu closet dando nó na gravata, o mesmo vê o
telefone dela tremendo e resolve atender a ligação do pai.
— Melanie, quem você pensa que é para falar daquele jeito
com o seu irmão! — o senhor grita tão alto, que faz Christopher
afastar o celular do ouvido no susto.
Céus, são 6 horas da manhã e ele já acorda gritando. Ele
pensa.
— Desculpa, aqui é o Christopher — fala calmamente. — A
Melanie está... — para, a observando babar no travesseiro. — muito
ocupada no momento — sai do quarto para deixá-la dormir. — O
senhor precisa de alguma coisa, talvez eu possa resolver.
— Bom dia, meu querido genro — seu humor muda de uma
hora pra outra, falando num tom tão doce que quase faz Christopher
revirar os olhos. Só não faz porque estava descendo as escadas. —
Não é nada demais, desentendimentos de irmãos.
Não é nada demais e você já liga gritando com ela? Pensa o
que gostaria de falar.
— Não será necessário sua interferência, deixa que mais
tarde eu me resolvo com a Melanie.
Coitada. Suspira.
— Ficou tudo bem com o Max quando houve o reajuste
salarial? — Christopher pergunta.
— Meu menino é baladeiro, gosta de gastar com mulheres e
eu não vejo nada de errado nisso — o senhor fala como se fosse a
coisa mais bonita do mundo. — Mas se disse que a Melanie
conseguiu ficar tranquila recebendo aquele valor, tenho certeza que
ele não vai demorar muito para acostumar. Só estou achando uma
quantia muito alta no reajuste do dela, poderia ter permanecido o
mesmo.
Claro, você não se importa. Pensa.
— Como a futura dona da MD Will’s ela deve receber o valor
a altura — o loiro comenta. — Melanie é independente e dona de si
mesma. O reajuste vai servir para ela fazer as coisas que gosta,
além de incentivo para melhorar ainda mais seu desempenho no
trabalho. Acredito que em breve veremos a empresa sair do
vermelho, sua filha tem muito potencial, seu salário tem que ser
correspondente a isso.
— Por mais que não concorde eu confio em você — o senhor
fala calmamente. — Sei que sua cabeça funciona diferente e em
breve veremos onde tudo vai dar.
— Obrigado pela confiança.
— Bom, eu tenho que desligar, estou resolvendo um
probleminha. Tenha um bom dia, filho.
— Bom dia para o senhor também, tchau.
Assim que desliga, o loiro vê a porta da sala ser aberta.
— Bom dia, mãe! — dá um largo sorriso abrindo os braços.
— Bom dia, Christopher — Margot se aproxima lhe dando um
abraço.
— Deixa que eu carrego isso aqui, deve estar pesado —
pega as sacolas que estavam na mão dela.
— Obrigada. Como foi a noite? — o acompanha até a
cozinha.
— Muito boa, temos convidados hoje, eles já devem estar
quase acordando.
— Ótimo. Estava pensando em fazer uns biscoitinhos
caseiros, espero que eles não tenham nenhuma alergia
desconhecida.
— É o Anderson e a Natália que estão aqui, a senhora já
sabe do que eles são alérgicos — coloca as sacolas de papel em
cima da ilha da cozinha.
— Então nada de leite pro Anderson — tira os ingredientes
que trouxe, voltando os seus olhos para os pratos sujos.
— Desculpa mãe, mas ontem não deu para lavar a louça —
ajuda tirando os itens da sacola.
— Você não deve pedir desculpas, esse é o meu trabalho —
o repreende arregaçando as mangas, colocando o avental. —
Antony parou um pouco pra conversar com o porteiro e já está
quase subindo para nos fazer companhia.
— E como estão as coisas com os outros funcionários? — ele
senta numa das cadeiras altas, fuçando o celular de Melanie que
não tinha senha, mas uma pasta em especial estava criptografada,
aumentando sua curiosidade.
— O jardineiro implicou com o rapaz que veio limpar a piscina
ontem, só porque ele pediu para não jogar as folhas na água. Foi de
propósito, Christopher.
— A senhora resolveu? — decodifica a pasta. — Vou precisar
demitir alguém?
— Não precisa chegar a isso, o alertei que falaria hoje com
você e me prometeu se comportar.
— Tudo bem, mas já é a segunda vez que ele faz isso —
arregala os olhos sorrindo para o celular. — Na terceira a senhora
pode demitir sem aviso prévio e teremos que contratar outro
jardineiro.
Margot suspira, não gostando dessa parte. A senhora sempre
foi muito gentil com todo mundo, mas demitir alguém era uma coisa
que ela odiava fazer. Como Christopher era muito ocupado, ele
confiava que a mesma manteria a ordem quando não estava. Tal
confiança não poderia ser em vão, o que fazia Margot ser muito
transparente com ele e se obrigar fazer as coisas que não gostava.
— Sua pervertida — Christopher fala para si mesmo, vendo
um monte de foto dele só de cueca, de um ensaio fotográfico do
próprio produto. — Acredita que a Melanie pegou minhas fotos só
de cueca box na internet?
— É sem vergonha igual a você — começa a preparar os
biscoitos. — Casou com a pessoa certa.
— Ei! — finge que está ofendido, mas o seu sorriso o
entrega.
— Se ela tivesse fotos só de biquíni na internet, tenho certeza
que viraria capa do seu celular. Liga o forno pra mim, querido.
Se levanta para fazer o que a senhora pediu, escondendo um
sorriso safado, por se lembrar do que acabou de fazer.
— Você parece cansado — ela comenta.
— Aquela mulher já está há mais de duas semanas me
torturando, não dormi ontem por causa disso.
Mexendo na massa, Margot dá risada.
— Então deveria ser uma coisa boa — Antony aparece na
cozinha, pegando metade da conversa deles. — Bom dia,
Christopher.
— Bom dia, pai — se senta no mesmo lugar de antes. — Não
nesse sentido, ela dormiu antes que eu fizesse alguma coisa.
— Na mesma cama? — o senhor pergunta, se sentando
também.
— Sim, o Anderson e a Natália estão aqui, mas tenho certeza
que ela dormiria comigo mesmo se não estivessem.
— Então vocês já estão evoluindo — a senhora sorri.
— Eu também pensei que estávamos, mas quando comentei
que achava ela mais bonita toda ao natural, disse que era só eu que
pensava assim. Aquela mulher não se olha no espelho, estou
falando sério.
— Talvez ela até goste do que ver, mas deve ficar
preocupada demais com a opinião dos outros — Margot coloca as
formas no forno e começa a preparar o café.
— Ela é tão bonita assim? — Anthony pergunta.
— O senhor não faz ideia! — arregala os olhos dando ênfase.
— Bom dia... — Melanie aparece na porta da cozinha,
arrumada para ir trabalhar, percebendo seu celular na mão de
Christopher.
— O seu pai te ligou e eu atendi — se explica.
Cerra os olhos desconfiada.
— Ele mexeu no meu celular, não foi? — olha para senhora.
— Viu as fotos que ele estava só de cueca.
— Mãe! — chama a atenção. — A senhora tinha que ficar do
meu lado.
— Ela perguntou, eu não iria mentir — a idosa fala, fazendo
Antony cair na risada.
— Essas fotos eram só para fonte de pesquisa, afinal tenho
que conhecer a empresa — mente numa naturalidade tão grande
que ele quase acredita. — Meu celular, por favor — pede.
Christopher entrega o aparelho, falando só para sua esposa
ouvir.
— Essas não foram as únicas fotos que eu vi. Mandei todas
que você estava só de lingerie para o meu celular.
— Você viu essas fotos? — sussurra surpresa.
— Ariana Grande, não é uma boa senha. Foi fácil decodificar
a pasta, tanto, que eu apaguei ela para nenhum louco entrar no seu
telefone e roubar essas fotos. São preciosas demais para cair em
mãos erradas.
— O louco que fez isso foi você! — o encara.
— Relaxa — dá um sorriso maligno. — É só tirar outras, de
preferência sem nada dessa vez.
Ela rosna querendo estrangular ele, mas o mesmo recua
falando com toda a empolgação do mundo com o seu convidado
que aparece na cozinha, acompanhado da noiva.
— Anderson meu amigo, a mãe está preparando aquele
biscoito pra gente! Bom dia, Natália.
— Bom dia a todos — ela sorri com a animação dele.
— Bom dia, gente. Eu senti o cheiro do café lá do quarto — o
moreno sorri. — Chega deu água na boca.
— Isso é porque você não viu os biscoitos — Margot começa
a tirar as formas de dentro do forno.
Todos se aproximam loucos pra comer e começam a jogar
conversa fora enquanto tomam café da manhã.
Roubando um selinho da esposa, Christopher vai trabalhar
enquanto ela aproveita mais um pouco o café da manhã
acompanhada da senhora, bem frustrada com o que não aconteceu
na noite passada.
Sim, ela estava desse jeito não só por ter dormido ontem,
mas também por ele não ter tirado nenhum proveito. Estava
insegura quando veio para cozinha, mas a constatação de que ele
roubou suas fotos, deu a entender que Christopher não iria ceder
até que ela voasse em cima dele.
E hoje era exatamente isso que ela iria fazer.
Melanie foi trabalhar e assim que se sentou na cadeira, seu
pai veio irado pela forma de como ela falou com o irmão, a
colocando em seu devido lugar. Com o dia sendo uma merda, ela
vai embora pra casa depois do horário de almoço, liberando sua
secretária, na intenção de saírem para beber mais tarde.
Confirmando o seu horário com Jorge, a mesma toma aquele
banho decidindo ficar 100% ao natural para ninguém reconhecê-la
na rua. Ela chama a amiga para acompanhá-la nuns drinks e manda
mensagem para o seu esposo dizendo que dormirá na casa da
Amanda. Para o mesmo não esperar por ela acordado.
— Eu não acredito — a ruiva entra no bar toda animada. —
Melanie, você está...
— Elanie! — corrige. — Hoje eu não quero ser uma Williams
ou uma Rogers. Hoje eu quero ser uma pessoa totalmente diferente
sem ser reconhecida por ninguém.
— Tá certo, Elanie — se senta para beber, com um sorriso no
rosto. — Só pra constar eu amei a ideia, também quero um nome
diferente, deixa eu ver... Ame.
— Ame?
— Sim, Elanie. Agora me diga quem foi o causador de toda
essa rebeldia? Não estou criticando, só amando o seu visual.
A morena fica em silêncio pedindo mais uma dose, tentando
encher a cara.
Hoje Melanie optou por deixar seus cabelos com cachos
definidos, ajudando acentuar ainda mais o seu corpo que estava
com um macaquinho preto, colado no busto e cintura, soltinho no
short parecendo mais um vestido curto. Seu rosto estava sem
maquiagem expondo as sardas e seus olhos estavam sem as lentes
mostrando sua heterocromia.
Depois de muitas doses conversando coisas super aleatórias,
o bar enche e se torna mais barulhento. Alegres com o álcool,
Melanie e Amanda começam a gritar uma com a outra, fazendo
todos em volta ouvir sua conversa.
— É estou falando sério, Ame! — a morena toca no ombro
dela. — Ele vem com aquela voz grossa no ouvido, ostentando
aquela maravilha de ic — soluça. — entre as pernas e aquele corpo
todo sarado, pedindo para ser arranhado. Assim eu não resisto.
— É simples — Amanda grita soluçando também. — Pula em
cima dele!
A barmaid dá risada juntamente com algumas pessoas do bar
que estão adorando ouvir a conversa das duas bêbadas.
— Não é tão fácil assim — Melanie resmunga bem alto. — Eu
não sei como fazer — gesticula com as mãos. — Como é que se
agarra alguém?
— Para com isso, Elanie! — a ruiva dá um tapinha no rosto
da amiga, mal conseguindo se equilibrar. — É simples, é só amarrar
ele na cama e deixar rolar.
— Como é que eu vou deixar rolar se ele vai estar amarrado?
— vira o copo de uma vez. — Moça! — grita ainda mais alto. — Me
dá mais um!
A barmaid se aproxima, começando a fazer outro drink para
ela.
— É sério amiga, ontem eu me deitei toda provocante
pensando que ele iria me atacar — a morena fala.
— Então qual foi o problema?
— Eu dormi! — começa a chorar.
A moça atrás do balcão segura a risada derrubando um
pouco da bebida e pedindo desculpa, mas as duas estavam gritando
tanto que nem perceberam nada.
— Aí hoje de manhã ele pega meu celular e encontra minhas
fotos de lingerie. Ele apagou dizendo que não queria que ninguém
roubasse, mas ele roubou de mim — resmunga. — Eu estava me
sentindo uma modelo com elas, eu vou matar o Christopher!
A morena pega a bebida que a barmaid colocou no balcão e
dá um gole.
— Você está com raiva dele, mas nem sabe o que o Dener
fez comigo — a ruiva bebe também. — Ele agora tá todo carinhoso
indo devagar na cama com medo de me machucar — resmunga
também. — Só porque uma vez ele me machucou sem querer, mas
eu gosto quando ele fica selvagem é mais legal assim.
— Verdade... O Christopher tem uma pegada — toca no
ombro da amiga. — Eu tô falando sério, ele me pegou de jeito no
elevador lá em casa! — dá ênfase. — Aquele dia até a lua
presenciou nossa safadeza — dá uma risada sapeca.
— É muito bom fazer amor a luz do luar — sorri toda
empolgada. — Um brinde à lua!
— Um brinde à lua! — todos do bar falam, mas as duas nem
percebem a plateia que atraiu.
— Elanie, o elevador tem câmera, flagraram vocês dois! — a
ruiva arregala os olhos dando ênfase.
— Quando for lá em casa você vai ver — fala sem dar
nenhuma importância. — Tem um elevador dentro do apartamento.
O miserável tem um apartamento de três andares, acredita nisso?
— bebe mais um pouco. — É muito lindo, ele prometeu me comer
em todos os cômodos, mas está esperando eu tomar iniciativa. Se
você visse o jeito que ele retribuiu o meu beijo ontem.
— Pensei que não tinha rolado nada.
— Eu estava tão feliz que só deixei rolar. O problema era que
tínhamos visitas e elas presenciaram toda a cena. Fiquei morrendo
de vergonha, principalmente quando ele me pressionou na
geladeira. Estava tão alegre que quando cheguei eu não vi eles lá e
o Christopher se esqueceu que tínhamos plateia — começa a rir. —
Ele ficou todo vermelho, quando deu por si, tentou esconder aquela
coisa enorme que tem entre as pernas.
As duas dão risadas histéricas, juntamente com o pessoal do
bar que sorri da cara de pau dela em não esconder nada.
— Uma vez eu fui pra casa da minha amiga com Dener e
esperamos ela dormir para não escutar a gente. É sério ela tem um
sono muito pesado e não escutou quando quebramos a cama do
quarto de hóspedes — a ruiva cai na risada se lembrando, tentando
continuar. — Menti na cara dura, dizendo que foi um acidente e que
já estava rangendo quando quebrou, o mais engraçado é que ela
acreditou.
As duas dão altas gargalhadas e Melanie para pra pensar.
— Eu sou a amiga que você fez isso — fala entre risos. —
Você quebrou minha cama dizendo que ela já estava com o pé
solto, sua safada!
— Shiii... — coloca o dedo na boca tontinha. — Não conta
pra ela!
— Tarde demais! — um senhor grita no fundo, fazendo todos
em volta rirem.
— Eu acho que eu já estou bêbada o suficiente — Melanie
comenta.
— Tá nada — um rapaz encosta perto delas, fazendo a
morena fechar a cara. — E aí, gata!
— Por acaso eu te conheço? — fala num tom nada amigavel.
— Não, mas pode me conhecer se quiser. Eu ouvi a sua...
— Vou reformular minha pergunta — levanta o dedo. — Por
acaso eu te conheço o suficiente para me chamar de gata? — o
encara. — Eu não saio por aí chegando nos outros e falando, “E aí,
cachorro”.
— O quê? Eu não estava te chamando de um animal, eu
estava...
— Te paquerando — a ruiva se intromete.
— Olha aqui mocinho — Melanie fala. — Para a sua
informação eu sou muito bem casada.
— Não estou vendo aliança.
— Eu não preciso estar com uma aliança no dedo para ser
fiel ao meu marido! — se levanta batendo na mesa. — Quer dizer
que se um dia eu chegar esquecer ela em casa, posso trair ele. É
isso que está dizendo? — deixa o rapaz sem graça. — Eu sou uma
mulher de palavra e não importa se eu esteja usando uma aliança
ou não, eu prometi que seria fiel. Não trair com o primeiro
energúmeno que aparece na minha frente me chamando de felino
— olho nos olhos dele.
— Energúmeno? — se exalta.
— Tu tá gritando com quem?! — fala de forma tão severa que
o faz temer e sentar mansinho na cadeira ao lado. — Tu me aparece
aqui, dizendo que porque não estou de aliança posso trair meu
esposo com você — desdenha. — Ainda me chama de gata.
Ninguém me chama assim!
— O Christopher te chama assim, ic — Amanda soluça.
— O caso dele é outro, Christopher é o meu marido. É
diferente de um escroto no bar que chega dando em cima da gente,
não se importando em perguntar o nome que com certeza não vai
lembrar, pensando que eu vou cair na dele! — encara o rapaz. —
Sabe de uma coisa você está certo — fala pra Amanda, fazendo o
moço e todos a sua volta estranharem. — A gente tem que ter
iniciativa. Assim como o Christopher pode me pegar de jeito, eu
posso amarrá-lo na cama e pular em cima dele. Afinal somos
mulheres, temos direito a voto, podemos fazer tudo que quisermos.
— Está arranjando uma desculpa para amarrar o seu marido
numa cama?
— Eu estou pensando nisso desde que saí de casa, vê se me
apoia!
— Você o quê?!
— Por quê você acha que eu escolhi esse bar? Tem um sexy
shop aqui no lado, só estava tomando coragem para ir nele.
— Elaine, acho que você não pode fazer isso. Não seria
estupro?
— Não, mesmo! — um senhor fala no fundo atraindo a
atenção da morena.
— Que estranho, está todo mundo olhando pra gente —
Melanie comenta. — Eu preciso de mais apoiadores — dá de
ombros. — Eu queria fazer uma pergunta e preciso de voluntários!
— grita. — Quem de vocês não se importariam em ser amarrados
numa cama? — todos levantam a mão. E ela arregala os olhos
quando vê que a amiga não é exceção. — Hipócrita! — a ruiva dá
um largo sorriso e Melanie percebe que o rapaz que estava
brigando agora a pouco, também está com a mão levantada. —
Você não tem direito ao voto! — o faz abaixar o braço. — Eu vou
dizer uma coisa pra vocês — cambaleia. — Tem um gostoso lá em
casa que está há semanas me provocando com aqueles músculos
lindos. O cara é muito gato, eu estou falando sério! Ele me pegou de
um jeito esses dias que eu esqueci até o meu nome. Aí ele inventa
um joguinho besta esperando uma atitude minha, vê se pode?
— Se ele é tão bom assim do jeito que você fala, já deveria
ter atacado ele — a barmaid fala.
— Moça não fica do lado dele não. Eu não sei chegar em
alguém e paquerar como se não fosse nada demais. Então deixa eu
me iludir. Eu quero castigar ele, não percebeu?
Sem vergonha. Amanda pensa caindo na risada.
— Tudo bem — ela dá risada. — Ele está errado, precisa ser
castigado.
— Isso, era esse o apoio que eu queria! Quem aqui acha que
eu realmente devo fazer isso? — todos levantam a mão. — Eu
estou enrolando conversando com vocês esperando ele dormir. Por
mais que eu vou fazer de qualquer jeito — vê algumas pessoas
sorrindo. — Não é errado eu esperar ele dormir para acorrentar ele
não, né?
— Acorrentar? — um cara se espanta.
— Ele é forte demais, se eu colocar corda tem perigo dele
quebrar, tem que ser corrente mesmo — explica. — Por que, é
errado?
O pessoal nega com a cabeça, se divertindo com a maluca
no bar.
— Sabe de uma coisa eu acho que eu vou fazer isso também
— Amanda fala, recebendo muitos incentivos. — O meu marido tá
muito fresco comigo pensando que me machucará só com os 20
cm dele.
— Só? — uma mulher cospe a bebida no espanto.
— Eu vou algemar ele e dizer quem é que manda! — desce
da cadeira, quase metendo a cara no chão. — Somos mulheres,
temos direito ao voto — inventa a mesma desculpa sem cabimento
da amiga. — E estou bêbada demais pra pensar nas consequências
ou perceber que essa frase não faz o menor sentido — olha para
morena.
— Até quem fim, era esse o apoio que eu queria de você! —
Melanie aprova, juntamente com o pessoal do bar.
— Vamos mostrar pra eles quem é que manda! — a ruiva
sorri, recebendo muitos incentivos.
— E por terem participado da minha pesquisa. Uma rodada
de whisky pra todos vocês! — a morena grita sorrindo, recebendo
aplausos e assobios. — Até pra você — olha para o rapaz que
estava perto. — Vê se cria juízo e para de paquerar mulher casada!
— Sim senhora — fala sem graça.
Melanie paga a conta conferindo para ver se o valor está
certo, deixando uma boa gorjeta para a barmaid que é a dona do
bar. Que preocupada por as duas estarem muito bêbadas, resolve
se juntar a elas — que concordam sem se importarem —, as
deixando em segurança na porta de casa depois disso.
Christopher, me aguarde. Melanie dá um sorrisinho maligno,
entrando no prédio.
7

Castigado

—A senhorita precisa de ajuda? — o


porteiro pergunta educadamente, a
vendo descalço, tentando abrir a porta das escadas.
— Não, eu moro aqui — dá um sorrisinho corado por causa
do excesso de bebida.
— Eu nunca te vi por aqui, tem certeza que está no lugar
certo?
— Sim, o senhor não deve está me reconhecendo por causa
do cabelo, mas eu moro na cobertura com o Christopher.
— Senhora Rogers?! — ele se espanta.
— Shiiii... — coloca o dedo na boca. — Ninguém pode me
reconhecer desse jeito, então. Shiii!
— Deixa que eu te levo até lá. Do jeito que está, tenho receio
de bater na porta errada. É por aqui — mostra o caminho.
— Que cavaleiro — Melanie o acompanha até o elevador que
já estava no hall, quase apertando o botão do andar errado.
— O da cobertura é esse, senhorita — aperta o botão certo.
— Acho que eu estou um pouquinho bêbada — começa a rir
sozinha.
Um pouco? Ele pensa.
O senhor a acompanha durante o trajeto, a vendo toda alegre
balançando uma sacola. Produzindo um barulho de metal bem
suspeito.
— Posso perguntar o que está carregando?
— É claro... Isso é só umas correntes pra prender o meu
marido na cama. O senhor sabe que ele é muito forte, né? Então, eu
vou passar essas cordas entre as correntes de um jeito que
nenhuma força do mundo seja capaz de quebrar enquanto eu pulo
em cima dele — mostra o que há dentro da sacola, falando como se
não fosse nada demais. — Tem também camisinha e calcinha
comestível, pra fa...
— Eu já entendi, pode parar de falar agora — cora
envergonhado. — A senhora está muito bonita, diferente do habitual
— muda de assunto, na intenção de fazê-la esquecer as
indecências que estava falando.
— O senhor acha mesmo? — estranha. — Christopher disse
ontem que me acha mais bonita ao natural — sorri que nem uma
abestada. — Eu falei que ele era o único que pensava assim, mas
vejo que me enganei.
— Esse é o seu natural?
— 100% — pontua.
— Então ele tem toda razão.
Melanie cora gostando do elogio do senhor e percebe as
portas do elevador se abrirem.
— Esse é o seu andar — ele fala. — Sei que só vocês moram
aqui, então vou te esperar entrar primeiro.
— Obrigada — ela caminha para a porta, um pouco mais reto
e antes de fechá-la, agradece novamente ao senhor que está
segurando a porta do elevador para ele descer.
Entrando em casa, Melanie sobe sorrateiramente para o
quarto, abrindo a porta bem devagarinho, conferindo se ele já está
dormindo.
— Christopher? — sussurra para ter certeza.
A morena entra fechando a porta atrás de si e liga a luz do
abajur. Ela vê seu esposo apagado, devido a noite mal dormida do
dia anterior, de barriga pra cima esticado no meio da cama. Melanie
desce o cobertor, agradecendo aos céus quando o vê pelado, então
só dá continuidade ao plano.
Calmamente, a morena passa o metal frio nos pulsos e nos
tornozelos, os prendendo nos pés da cama. Quando termina, ela
começa beijar o corpo dele na intenção de acordá-lo.
Christopher se mexe nos lençóis sentindo um beijinho no
pescoço, umas unhas arranharem levemente o seu peitoral. Ele se
arrepia inteiro sobre o toque das mãos macias de sua amante e
quando abre os olhos, vê sua deusa completamente ao natural
roubar seus lábios.
— Hum... — o mesmo geme com o beijo suave, sentindo
levemente o gosto do whisky na língua pequena, se misturar com a
o da pasta de dente na sua, tentando descer as mãos para tocar no
rosto dela. — O quê? — desfaz o contato voltando os seus olhos
para as correntes.
Uma mão pequena agarra o cabelo dele o trazendo de volta
para a sua boca, esquentando o beijo que antes estava calmo.
Christopher se mexe agitado, querendo tocar nela também, sorrindo
ao sentir sua língua ser sugada. A morena desce seus beijos para o
pescoço dele, para o peito, deixando umas marquinhas roxas pelo
caminho.
— Gata, me solta... — se arrepia com as unhas dela
passando pelo seu corpo, até agarrar o seu membro. — Hum... —
aperta as correntes.
— Você está tão duro — fala com uma voz manhosa,
massageando o sexo dele, o deixando com as bochechas coradas
de excitação.
— Que mão gostosa... — tenta olhar o que ela está fazendo,
mas se vê impedido por causa do corpo pequeno deitado sobre si.
Melanie se afasta deixando ele ver, passa o dedo na glande
melada pelo pré gozo, o levando até sua boca, lambendo o
indicador olhando nos olhos dele.
— Delicioso... — sussurra.
Christopher arfa com a cena ficando inquieto, sentindo o seu
corpo reagir ainda mais pela provocação explícita, até vê-la se
levantar da cama.
— Você saiu assim? — olha o macaquinho preto, os cabelos
castanhos e longos, em cachos definidos e abertos estando
completamente ao natural.
— Assim como? — mexe na caixinha de som que colocou
perto da cama.
— Gostosa desse jeito — morde o lábio, a olhando de cima a
baixo.
Melanie sorri com a resposta, se afastando um pouco para
tirar o macaquinho ao toque sexy da música que colocou.
Christopher fica ofegante a vendo descer sensualmente a roupa,
revelando um conjunto de lingerie de rendinha azul marinho com
detalhes prata, o qual ele nunca viu na gaveta dela, mas estava
adorando no corpo cheio de curvas.
— Gosta do que ver? — o provoca, passando o dedo na alça
fina da calcinha, que só deixa seu quadril largo, ainda mais bonito.
— Muito... — arfa, acompanhando o movimento das unhas
que arranham a pele parda da barriga, da curvatura dos seios até
segurar uma mecha de cabelo.
— Não parece — seu dedo se enrola num dos cachos
grandes. — Ontem você nem se aproveitou de mim — fala um
pouco magoada.
— Eu tentei, mas você disse pra parar — puxa a corrente. —
Me solta gatinha, eu quero colocar minhas mãos em você agora.
— E quem disse que eu vou deixar? — dá um sorriso sem
vergonha o qual o faz derreter todo. — Sabe Christopher, eu amo
essa música.
Melanie se solta mexendo os quadris, começando a rebolar
no ritmo das batidas suaves.
— Você sabia que eu sempre quis desfilar? — sorri. —
Aquelas fotos que você roubou, era um ensaio fotográfico amador.
Sempre quis andar na passarela só de lingerie.
— Com certeza eu teria um infarto se fizesse isso —
acompanha o movimento dos quadris, o balanço dos seios dela no
ritmo da melodia.
Linda... Ele pensa.
— Eu não sou tão feia assim — anda até às cortinas
fechando-as.
— Em nenhum momento falei isso. Acha que eu estou duro
desse jeito por pensar que é feia? — ela vira para olhá-lo. — Eu
estou duro desse jeito porque tem uma gata seminua no meu quarto
que mais parece uma deusa de tão linda. Estou doido pra tocar em
você e dar um tapa nessa sua bunda gostosa.
— Acha minha bunda gostosa, é? — treme os quadris a
empinando pra ele.
— Não faz isso comigo — começa a ficar impaciente com as
correntes.
— Fazer o quê? — rebola até ele como se estivesse numa
passarela o fazendo prender o ar e vira de costas. — Isso? —
movimenta o quadril novamente.
Christopher começa a ficar mais inquieto na cama, se
sentindo um animal enjaulado, doido para comer o pedaço delicioso
de carne, que parecia ainda mais suculento a cada rebolada que
dava.
— I see it, I like it, I want it, I got it...[9] — sussurra o refrão da
música olhando pra ele.
Melanie tira o sutiã de frente para o amante, animada,
fazendo os seus seios balançarem de forma erótica. Ela dá uma
voltinha virando de costa novamente, empinando o bumbum
enquanto desce sua calcinha, o fazendo ficar quieto.
— Está gostando? — sorri, rebolando no ritmo da música. —
E se eu fizer isso? — coloca a perna na cama, se escancarando pra
ele, passando suas unhas calmamente em uma das coxas indo na
direção da sua intimidade.
— Gostosa... — fala ofegante.
Melanie sobe na cama, pegando um saquinho na cabeceira,
sentando no peito dele, vendo aquele loiro pervertido não tirar os
olhos da sua zona de prazer. Com um sorriso no rosto, ela toca o
dedo levemente em si mesma, o melando e levantando até a boca
do amante que lambe querendo mais.
— Você tem um gosto tão doce — ofegante, ele lambe os
lábios se preparando para ela sentar em seu rosto. — Bem mais
saboroso do que imaginei...
— Eu esperei muito pra você me tocar — vira de costas,
empinando o bumbum para ele que saliva como um predador
faminto. — Ontem eu estava tão feliz por ter feito aquilo no meu
salário — segura o membro dele, colocando a camisinha
comestível, enquanto ele geme. — Aconteceu tantas coisas legais,
eu queria ter comemorado com o meu amante.
— Não era pra você ter descoberto que eu mexi no seu
salário — levanta a cabeça para alcançar, mas não consegue.
— Era pra você ter me pegado de jeito — dá beijinhos suave
no membro dele. — E me levado às estrelas mais uma vez — o
engole, ouvindo um gemido bem alto. — Como castigo por ter me
deixado esperando, agora você vai ficar só olhando.
Melanie começa a puxar o plástico da camisinha no membro
ereto, vendo o material fino com gosto de chocolate se desfazer em
sua boca, enquanto o engole com cuidado.
— Ooh... Melanie... — Christopher rosna excitado e
impaciente por tê-la tão próximo e tão longe ao mesmo tempo.
Ele revira os olhos gemendo palavras incompletas, sobre o
toque suave da boquinha macia e da linguinha travessa, que se
aventuram de forma terrivelmente gostosa no seu membro.
Desesperado para tocá-la também, Christopher puxa as correntes
com força, endurecendo todo o seu corpo com o esforço
descomunal, fazendo o barulho de metal ecoar pelo quarto,
juntamente com a madeira rangendo.
Vermelho de tanto se esforçar, ele urra sentindo uma
garganta profunda acidental, vendo a bundinha dela levantar um
pouco. Saindo de si completamente nervoso, ele puxa as correntes
de uma vez, quebrando os pés da cama que cai do lado da
cabeceira deixando num ângulo de 30° graus, prendendo ainda
mais os braços dele, derrubando Melanie bem em cima do seu
rosto, deslizando a intimidade na sua boca
— Aahhh... — ela o rasga o peito dele com as suas unhas,
gritando descontroladamente, enquanto seu amante é acalmado por
conseguir o que queria.
De olhos fechados a saboreando, Christopher sorri por
perceber o quanto Melanie está sensível pelo toque dos seus lábios,
que são agraciados pelo sabor doce, pela pele lisa e molhada. Ele
geme de satisfação quando a invade com sua língua, arrancando
uns gritinhos lindos da amante que não consegue segurar os
gemidos.
Sentindo todo o seu corpo incendiar, Melanie fecha os olhos
aproveitando as sugadas fortes que ele dá na sua intimidade.
Ofegante, ela se afasta para a ponta da cama como uma gatinha
assustada.
Christopher dá uma risada rouca da reação, lambendo os
lábios como um perfeito safado que é. O peito dela sobe e desce
com a respiração descompensada, ainda absorvendo as sensações
novas de prazer que acabou de receber.
— Senta aqui de novo, vai — dá um sorrisinho pervertido. —
Estava tão gostoso, eu ainda não suguei o seu mel.
— Não — recupera a compostura. — Quem manda sou eu!
Melanie se ajeita em cima dele com bastante dificuldade, por
causa do ângulo da cama ouvindo a madeira ranger.
— Como eu vou pular em cima de você agora? — tenta
sentar em cima do membro dele, mas não consegue.
— Você vai ter me sotAAA! — a cama cai de uma vez
voltando a ficar reta, fazendo os amantes gritarem com o susto, mas
principalmente porque ela caiu conectada nele, o sentindo entrar tão
fundo e de uma vez que os deixa doloridos.
De olhos fechados e com a respiração ofegante, Christopher
se arrepia inteiro com o que acabou de acontecer, sentindo o seu
membro ser estrangulado violentamente pela intimidade dela.
— Você está bem? — pergunta bastante excitado e
preocupado por ela ter se machucado. Ele volta os seus olhos pra
baixo vendo o rosto da amante corado, uma marca enorme e
vermelha pegando mais da metade do seu abdômen, das garrinhas
que quase arrancaram o couro dele fora, amortecendo um pouco o
impacto dos sexos.
— Isso... — fala ofegante. — Foi incrível...
Christopher dá uma risada gostosa, aliviado. Ele tenta se
mexer, mas quase não consegue, se perguntando como conseguiu
piorar sua situação.
Melanie começa a pular nele, tentando reproduzir a queda,
gemendo a cada impacto, com um sorriso enorme no rosto.
— Oohhh... Querida... — o mesmo joga a cabeça pra trás
tentando pensar em algo broxante para não ter um orgasmo antes
dela, porque aquilo estava muito gostoso.
Era tão difícil ouvir os gemidos lindos e sentir as estocadas
fortes que seu membro dava, devido a uma gata que estava pulando
em cima dele como se fosse o melhor pula-pula do mundo.
— Que gostosa, Melanie! — ofegante ele olha pra ela que
está sorrindo e gemendo, o domando de um jeito enlouquecedor. —
Perfeita...
A morena encontra os olhos cinzas, adorando as palavras
que sai da boca dele o apertando em um orgasmo, travando o corpo
no lugar. Christopher morde os lábios se contendo, a sentindo pulsar
em volta do seu membro prometendo para si mesmo que daria
muito trabalho pra sua amante.
— Continua, eu ainda não gozei.
Os olhos coloridos o fitam novamente e ela volta a se
movimentar com mais calma, com mais precisão.
— Isso, gostosa... — ele dá um sorriso lindo. — Te comer
sem dúvida nenhuma é a melhor coisa do mundo.
Melanie sorri da reação dele e nega com a cabeça.
— Sabe, Christopher. No sexo não é o homem que come a
mulher.
O loiro se vê entrando e saindo, completamente
desestabilizado.
— Não tenho nada a opinar sobre isso — morde os lábios
gemendo, sentindo ela acelerar. — Pode continuar... Oh... me
devorando desse jeito...
Melanie rebola sobre ele com precisão, arrancando muitos
gemidos e fecha os olhos, se deixando levar. Esquecendo de tudo à
sua volta.
— Tão gulosa... — Christopher treme de prazer. — Que
saudade de entrar em você, Melanie... — joga a cabeça pra trás.
A morena o arranha cavalgando, sentindo suas pernas
pesarem, vendo com os próprios olhos seu amante perder a
compostura. Querendo provar para si mesma que ela consegue sim
satisfazer alguém na cama. Que aquele homem tão grande e
musculoso não a remendou, só mostrou que era o mecânico ideal.
— Christopher... — o prende tendo mais um orgasmo,
ouvindo um urro sair da boca dele, o qual se arrepia inteiro antes de
gozar. — Aahhh...
Melanie sorri vendo seu amante completamente fora de si,
gemendo o seu nome baixinho, a deixando nas nuvens.
Isso... Pensa consigo mesma.
Ofegantes eles se olham por um tempo absorvendo todas as
sensações que consegue causar um no outro.
Louca para beijá-lo, a morena sai de cima dele para se
limpar, mas cai de uma vez no chão, sentindo suas pernas moles
como duas gelatinas.
— Você está bem? — levanta a cabeça para vê-la melhor.
— Estou — se levanta do chão, sentindo um incômodo
grande nas partes íntimas. — Me dê só um minuto — anda com um
pouco de dificuldade.
Ela se escora na pia do banheiro, se olhando no espelho
ainda ofegante, vendo o seu rosto vermelho e suado, fechando os
olhos com o pensamento no que acabou de acontecer.
— Eu não sou quebrada... — sorri para si mesma. — Eu
preciso muito beijar aquele homem.
Caminha para entrar debaixo do chuveiro, se higienizando
por completo sem molhar os cabelos. Depois de se limpar, Melanie
limpa seu esposo que dá risada quando a vê passando fio dental
nos seus dentes, higienizando a barba.
— Você sabe que é só me soltar, que eu faço isso sozinho,
né? — fala encantado, por ver o quanto ela fica bonita bêbada,
limpando até o suor da testa dele.
— Eu quero te beijar — ela solta o pano que estava usando,
roubando os lábios do amante em um beijo calmo. — Eu gosto tanto
da sua boca — sorri, sentindo o gosto de pasta de dente na língua
dele, se aconchegando completamente nua, estando pele com pele.
Christopher se deixa levar por aquele beijo, apreciando os
lábios da sua esposa calmamente, adorando estar daquele jeito com
ela.
Depois do beijo, Melanie deita a cabeça no peito dele, puxa
as cobertas por causa do frio e ouve os batimentos calmos do
coração.
— Me solta ou amanhã eu vou acordar todo quebrado — fala
calmamente. — Eu ainda quero te dar mais uns beijinhos antes de
dormir.
— Eu não sei como fazer isso, você quebrou a cama — o
abraça ainda mais. — Eu prendi as correntes nos pés, mas estão
embaixo de nós agora.
Christopher para pra pensar.
— Pega a tesoura do jardineiro — se arrepia com a mão
macia lhe fazendo carinho. — Você vai ter que quebrar as correntes.
— Deixa só minhas pernas responderem direito — boceja. —
Elas estão muito moles.
O loiro sorri acariciando o topo da cabeça com o seu rosto,
inspirando o perfume bom dos cabelos castanhos.
Cheirosa. Pensa de olhos fechados.
— Seu coração está acelerado — ela fala sorrindo. — Gosto
de ouvir o som dele.
Os dois ficam calados, aproveitando um pouco o silêncio,
ficando ainda mais sonolentos. Melanie se aconchega trazendo o
travesseiro para sua cabeça, colocando debaixo do braço dele,
descansando sua mão em cima do abdômen sarado, plantando um
beijinho bem em na pintinha que ele tem na cintura.
Christopher sente a respiração dela se acalmar ainda mais
em contato com a sua pele e pergunta quando a vê quieta por muito
tempo.
— Você ainda está acordada?
— Sim... — boceja. — Estava pensando no mecânico.
— O quê? — levanta a sobrancelha confuso.
— Quando me pediu para ser sua amante. Você disse que eu
não estava quebrada e sim que não fui ao mecânico certo... Pensei
que estava errado, então queria fazer só mais uma vez para ter
certeza — seus olhos pesam. — Acho que você é o mecânico
certo...
— Está dizendo... — engole seco.
— Eu quero continuar fazendo isso com você — fecha os
olhos. — Meu mecânico particular...
O quarto é tomado pelo silêncio depois da confissão dela,
Christopher sente seu rosto esquentar e seu coração bate acelerado
como um solo de bateria.
— Melanie... — pausa para respirar fundo. — Me solta, eu
quero muito te beijar agora.
Obtendo o silêncio como resposta, ele começa a temer.
— Melanie? — pergunta. — Melanie, acorda! Você esqueceu
de me soltar!
Com um sorriso no rosto ela dorme profundamente, depois
de uma noite e tanto. Christopher quase chora preso na cama,
tentando sair mas nem consegue se mover direito.
— Como é que você fala isso pra mim e depois vai dormir?!
— segura as algemas tentando forçá-las, mas elas nem saem do
lugar. — Melanie!
Ela se aconchega nele como uma gatinha manhosa,
dormindo como uma pluma e novamente, Rogers se vê na mesma
situação que a noite anterior. Duro e sem poder fazer nada, mas
dessa vez com um bônus de estar acorrentado na cama.
Como conseguiu ficar pior do que ontem?! Pensa
desesperado.

Acordando depois de uma noite bem dormida, Melanie sente


uma dor de cabeça devido a ressaca e se aconchega no corpo
quentinho que está abraçada. O perfume dele era tão gostoso que
ela não queria sair do lugar. As lembranças da noite passada vem a
mente a fazendo dar uma risada gostosa, se lembrando de tudo que
fez com o seu amante.
— Espero que a senhorita tenha dormido bem.
A voz grossa, nada amigável preenche todo o cômodo e ela
sorri beijando a cintura dele, o arrepiando todo, sem perceber o tom
de ironia que seu esposo usou.
— Eu... — ela levanta o corpo para olhá-lo, mas seu sorriso
se desfaz quando o vê acorrentado, com uma cara tão séria que a
faz ficar com medo.
Ele fica excitado, vendo os cabelos ondulados levemente
bagunçados, não desfazendo os cachos grandes. Os olhos um de
cada cor o fitando e as sardas levemente espalhadas na pele parda.
Percebendo que essa era a primeira vez que a viu acordar.
— Me desculpa, Christopher — faz uma cara de cachorrinho
sem dono.
Assim eu não resisto. Ele pensa, mas lembra da sua situação
e volta a ficar com raiva.
— Pelo quê? — a encara. — Por ter me usado como escravo
sexual ou por me esquecer acorrentado numa cama?
A voz dele é tão grave que Melanie se levanta da cama com
um frio na espinha.
— Me desculpa, por ter pulado...
— É claro que eu não estou com raiva da primeira coisa,
Melanie! — fala tão grosso, que a faz dá um passo pra trás como
uma gatinha assustada. — Você tem duas opções — olha nos olhos
dela. — Você me solta agora e eu não vou ser preso por feminicídio,
mas enfrentará as consequências. Ou você não me solta, eu passo
a vergonha de alguém me ver desse jeito e com isso te torturo
lentamente, antes de enterrar o seu corpo. O que seria uma pena
porque ele é lindo.
— Você não está falando sério, né? — começa a se tremer,
morrendo de medo da cara que ele está fazendo.
Melanie sabia que ele não seria capaz de matá-la no sentido
literal da palavra, mas a forma como isso foi usado a deixou
apavorada.
— Você quer experimentar?
Ela engole seco negando com a cabeça, tentando ser uma
boa menina e colaborar.
— Eu vou dar um jeito de te soltar.
A mesma corre para o closet, vestindo uma calça jeans cós
alto estilo rasgado da cor preta e um cropped vermelho escuro, sem
manga, justo no corpo com amarração na parte da cintura. A roupa
era bonita para trabalhar e confortável para correr dali antes que ele
a pegasse. Melanie coloca os saltos que vai para empresa na bolsa
e calça um all star para facilitar ainda mais a fuga.
— Eu já volto — sai do quarto.
Descendo as escadas, se esquecendo de olhar no espelho e
esconder os cabelos ondulados, as sardas e os olhos. Ela atrai a
atenção dos funcionários que começam a se perguntar se já a viram
alguma vez.
Entrando no jardim, Melanie pede a tesoura do jardineiro
emprestado, explicando vagamente que precisava só para cortar
umas correntes e sai dali.
— Segura pra mim e não se mova, que eu já desço — coloca
a bolsa nas mãos de uma das empregadas, que segura sem reação,
ficando na ponta da escada do 1° andar.
Passando da porta do quarto, ela o vê com uma cara nada
amigável e pensa como vai ganhar tempo, para conseguir fugir.
Tendo em mente que ele era muito maior que ela, tinha as pernas
bem longas e que conseguiria alcançá-la num piscar de olhos.
— Pensei que iria fugir — Christopher fala num tom frio.
— Ainda não — joga algumas coisas no chão do quarto.
— Se isso é pra me fazer não ir atrás de você, saiba que eu
não funciono assim — fala calmamente a deixando com medo. —
Eu vou acertar minhas contas com você por ter me deixado preso a
noite inteira e pela bagunça que está fazendo agora.
Ela bate o pé como se estivesse dando birra e vai até ele
com a tesoura na mão. Devagar, Melanie decide quebrar as
correntes dos pés primeiro, para ele não a segurar.
— Pronto — liberta os tornozelos dele.
Tremendo, a morena força para quebrar a corrente de uma
das mãos, um pouco intimidada pelo membro que está duro feito
pedra, só esperando ela terminar.
Eu quebro essa, deixo a tesoura na ponta da cama e saio
correndo. Ela planeja em silêncio. Ele teria que quebrar a outra
antes de vir atrás de mim e vestir uma roupa. O que me dará tempo.
— Melanie — fala num tom suave, a causando arrepios. —
Para de se tremer, querida. Eu vou ser só um pouquinho duro com
você.
A morena encontra os olhos cinzas, que a olham como se
fosse a devorar a qualquer momento. A corrente quebra fazendo o
barulho de metal ecoar pelo quarto, juntamente com as batidas do
coração dela. A mesma larga a tesoura na ponta da cama e corre
como uma bala descendo as escadas.
Christopher dá uma risada maligna, estralando as costas
antes de levantar, sentindo uma dor infernal nelas. O mesmo levanta
a cama com um único braço, tirando a corrente de baixo da madeira
e veste a primeira calça de moletom que encontra, antes de ir atrás
da gata fujona.
Chegando no 1° andar do apartamento, ela vê um monte de
funcionários no pé da escada, pensando se subiam ou não atrás da
moça desconhecida carregando uma tesoura de jardineiro.
— Muito obrigada — pega a bolsa nas mãos da mulher.
— Melanie! — ele chama já na escada do segundo andar.
Desesperada, ela corre até a saída vendo Christopher no
início da escada, sem camisa, com uma corrente enrrolada no
antebraço.
Ela praticamente soca os botões do elevador e pula nele
assim que as portas abrem, vendo um homem muito irritado, cheio
de arranhões e chupões pelo peito e abdômen correr na sua
direção. As portas se fecham antes que ele consiga alcançá-la, a
fazendo soltar o ar que estava prendendo.
— Será que ele vai descer? — começa a andar em círculos
com a respiração ofegante. — As costas dele devem estar doendo
então talvez isso atrase — tenta se convencer.
As portas se abrem num dos andares para um casal.
— Peguem o próximo! — esmurra o botão de fechar.
Apavorada com inúmeras coisas na cabeça, ela fica com
medo dele chegar na recepção antes dela, pensando num plano B.
Quando as portas se abrem, ela vê um loiro ofegante, todo
suado batendo a porta da escada, atraindo ainda mais atenção do
que deveria. Como uma maratonista, Melanie corre na direção das
portas giratórias, com o seu brilho de liberdade e ele vai atrás dela.
Seu corpo fica em alerta quando o vê muito próximo. Então a
mesma passa para o plano B. Com um movimento de quadril, ela dá
um passo para trás o fazendo passar na sua frente.
— Me desculpa — gira o corpo, dando um chute bem nas
costas doloridas.
— Agrrr! — cai ajoelhado.
Ela corre pra rua com a respiração ofegante, avista alguém
saindo de um táxi e praticamente voa nele, vendo seu marido
passar das portas giratórias.
— Vai! — grita com o motorista o fazendo pisar o pé no
acelerador.
Christopher solta um urro irritado, correndo atrás do táxi, mas
para quando vê que já é tarde demais. Ele passa a mão nos
cabelos, com raiva, decidindo voltar para o prédio, percebendo
algumas pessoas tirando foto dele, o lembrando que está sem
camisa, cheio de arranhões e chupões espalhados pelo corpo, com
uma corrente envolta do antebraço.
Chegando na calçada do prédio, ele vê sua governanta o
esperando com um roupão nas mãos.
— Esse povo não tem nada pra fazer? — o ajuda a se vestir.
— O senhor está bem? — o porteiro pergunta, segurando o
riso.
— O senhor sabia, né? — levanta a sobrancelha,
caminhando para dentro do prédio.
— Eu? — o mais velho aponta pra si, o acompanhando.
— É o único aqui que está com esse sorrisinho besta.
— Bem, a senhora Rogers estava muito bêbada ontem e a
acompanhei até a porta por receio — aperta o botão do elevador pra
eles. — Devido ao seu estado de embriaguez, me contou mais do
que o necessário, por isso sei vagamente.
— Vagamente nada, ela fez mesmo o que está pensando —
levanta a única corrente que ainda está presa no seu pulso. — O
senhor sabia e não falou nada?
— Pensei que seria errado intervir.
— Pensou certo, eu adorei tudo o que ela fez comigo ontem a
noite — as portas do elevador se abrem e ele entra acompanhado
de Margot, enquanto o porteiro fica do lado de fora.
— Então qual foi o problema? — o senhor de idade mexe nos
óculos confuso.
— Ela esqueceu de me soltar, me deixando a noite toda
acorrentado, enquanto dormia do meu lado.
O senhor tampa a boca pra sorrir, vendo as portas do
elevador fechando.
Escutando alguém segurar o riso do seu lado, Christopher
olha a senhora que vira o rosto tentando disfarçar.
— Não tínhamos reconhecido a senhorita Melanie — desvia o
assunto respirando fundo, parando de rir.
— Ela é linda daquele jeito, não é?
— Eu pensei que estava exagerando no início, porque não
achava que poderia ficar mais bonita do que já é.
— Mas? — ele sorri.
— Ela parece uma deusa grega — arregala os olhos. —
Estou falando sério. Quando pediu a tesoura pro jardineiro, ele ficou
tão abobado que simplesmente deu. A senhorita estava subindo tão
tranquilamente com aquilo na mão que ninguém teve coragem de
fazer nada. Até eu fiquei sem graça de falar alguma coisa.
Christopher dá uma risada gostosa quando ouve Margot
falando da sua esposa, se escorando na parede de metal.
— Imagina como fiquei a primeira vez que a vi daquele jeito?
— comenta ainda sorrindo. — Eu enchi a cara tentando não voar em
cima dela.
— Você esqueceu que fui eu que tirei as roupas de vocês da
sala.
— Por isso eu disse, tentando! — exclama, levantando o
indicador. — Ela deu brecha e eu não consegui mais me segurar —
dá de ombros. — Imagine a tortura que eu passei hoje a noite toda
acorrentado naquela cama?
A senhora dá uma boa risada.
— Não conseguiu dormir de novo?
— Eu consegui, mas acordei assim que ela começou a rir
sozinha — estrala as costas, sentindo muita dor. — Eu preciso dar
um jeito nisso — geme.
As portas do elevador se abrem e eles caminham para o
apartamento.
— Quer que eu encontre um quiroprata? O senhor não vai
conseguir trabalhar desse jeito.
— Um que atenda a domicílio, por favor. Só vou trabalhar
depois do almoço. Eu preciso dormir direito — entra em casa, vendo
os funcionários curiosos, fingindo que estão trabalhando. — Por que
estão olhando pra mim? — sussurra.
— Talvez por causa das marcas enormes no seu peito —
Margot sussurra de volta. — Quer uma pomada?
Ele olha pra baixo, percebendo os arranhões e chupões
amostra pela abertura do roupão.
— Não será necessário... Vou dormir no quarto de hóspedes,
quando o quiroprata chegar já sabe onde me encontrar — anda na
direção do elevador, sendo acompanhado por Margot. — Pede pra
alguém dar uma olhada na cama, vou precisar dela hoje a noite. Se
precisar comprar outra pode providenciar.
— Sim senhor. Espero que consiga descansar. Daqui a pouco
vou levar uma toalha quente para pôr nas suas costas.
— Obrigado, mãe. Tenta trazer o quiroprata o mais rápido
possível, não sei se vou conseguir dormir — geme estralando a área
dolorida.
— Pode deixar.
As portas do elevador se fecham e ele sorri lembrando da
noite que teve.
— Eu preciso dar uns tapas naquela bundinha gostosa —
fecha os olhos, respirando fundo. — Você não pode fugir pra
sempre, querida — anda em direção ao quarto de hóspedes. — Me
aguarde, Melanie...
8

Na boca do povo

A pertando a campainha desesperadamente da


casa de sua amiga. O esposo dela acaba
abrindo o portão estressado para ver quem tanto perturba seu café
da manhã.
— Ninguém é surdo, caram... — fala com raiva, mas quando
olha pra baixo, dá de cara com Melanie no seu modo natural. — É
só você — fala calmamente, se afastando para deixá-la entrar. —
Amanda está tomando o café da manhã, você já sabe o caminho.
— Desculpa por isso, eu estava desesperada... — começa a
se explicar, mas para assim que percebe um movimento estranho
no jardim. — Eu não acredito! — se abaixa animada, vendo um
filhote de Golden Retriever correr na sua direção todo animado. —
Que gracinha Dener, há quanto tempo vocês têm ele? — começa a
fazer carinho no animalzinho.
— É ela, e o seu nome é Luma. Ganhei há pouco mais de 1
mês — anda até ela, se abaixando para acariciar a cabeça peluda.
— Amanda ficou muito triste quando descobriu que não poderíamos
ter filho, então comprou ela para me animar.
— Sinto muito — suspira. — Deve ser difícil pra você passar
por isso.
— Principalmente quando sei que o problema é comigo — dá
um sorriso sem graça. — Ela poderia fazer a inseminação, mas não
fará porque não quer isso de outro homem se não for eu... —
suspira. — Sei lá, às vezes penso que estou atrasando a vida dela.
Amanda era a melhor amiga de Melanie então a ruiva contou
sobre a esterilidade do esposo. A morena sempre achou eles
bonitos juntos, não só na diferença de tamanho, mas também na
aparência.
Amanda era magra, ruiva de olhos pretos, pele branquinha
com 1,63 de altura, que adotava um estilo elegante de se vestir.
Dener parecia mais um lobo mal perto dela, com sua cara fechada
de homem sério. O esposo da amiga tinha a pele marrom café,
olhos verdes, com o cabelo curto da cor preta, a barba rala bem
desenhada. Ele era forte e cheio de tatuagens espalhadas pelos
braços, pescoço, indo gradualmente nas mãos, com um estilo mais
descontraído. Com seus 1,90 de altura dava um belo contraste ao
lado da ruiva. Melanie não só os achava estilosos, mas tinha um
shipper eterno pelo casal. Ver Dener meio inseguro sobre esse
assunto, a deixou aflita também, pois ela sabia que a amiga nunca
pensaria daquela forma.
— Não fala assim — se levanta com o filhote nas mãos. —
Independente disso, vocês ainda são uma família — anda com ele
para porta da casa. — Você não é imperfeito por não conseguir
reproduzir, só é diferente das demais pessoas.
— Diferente como? — abre a porta de entrada pra ela.
— Vocês poderão aproveitar a vida diferente das outras
famílias — abraça o animalzinho. — Vão ser aquele casal de
velhinhos que darão a volta ao mundo ou subirão o Everest sem se
preocupar se seus filhos vão atrás de vocês para impedir isso. E
não diga que é mentira, porque eu sei como vocês são radicais.
O moreno começa a rir do pensamento dela e juntos entram
na cozinha, vendo uma ruiva descabelada, sentada à mesa com um
café preto na mão, acompanhado de uma algema presa no pulso.
— Céus, você está acabada! — Melanie se senta perto dela.
— Por que você está assim e não ele? — aponta para Dener, que
está com um sorrisinho de deboche no rosto, bebericando o seu
café.
— Então vocês duas eram cúmplices? — levanta a
sobrancelha.
— Ele estava jogando videogame quando eu cheguei — a
ruiva o encara, falando com Melanie. — Não sei como, mas o Dener
conseguiu virar o jogo.
— Pensei que ficaria feliz, eu dei exatamente o que você
estava procurando — dá um sorrisinho ladino, se lembrando da
noite passada fazendo sua esposa se arrepiar inteira.
— A noite de vocês foi divertida — Melanie sorri.
— A sua também — Dener se aproxima da ruiva, com uma
chave de fenda na mão, tentando tirar a algema que emperrou no
pulso dela. — Me diga uma coisa, Mel. Você finalmente se aceitou
do jeito que é e por isso está assim ou foi porque estava
preocupada demais fugindo do Christopher? — coloca seus óculos
de grau.
— Ao natural?! — corre para se olhar no espelho do lavabo,
soltando o cachorrinho que corre todo animado para fazer buracos
no jardim. — Pera aí — volta com a mão no rosto, como se
estivesse faltando alguma coisa nele. — Como sabe que eu fugi do
Christopher?
— Está em todos os jornais — a ruiva fala, pegando o celular
do Dener na mesa. — Ligamos a televisão e só passava a comédia
do Christopher correndo na rua com aquelas marcas no corpo.
Melanie pega o celular às pressas, lendo um “Christopher
Rogers é flagrado sem camisa na porta de casa. Parece que a noite
do nosso badboy foi promissora”. E vê as fotos dele na rua.
— Até descabelado ele é bonito — dá um sorrisinho bobo, se
lembrando do que fez com aquele corpo na noite passada. — Será
que você não cansa de ser irresistível?
O casal se entre olha com a constatação dela e decide não
falar nada.
— Pronto... — Dener desemperra a algema, dando beijinhos
no pulso que foi marcado por ela, recebendo um carinho na
bochecha. — Da próxima vez compra as felpudas — sussurra.
— Da próxima vez, é? — a ruiva dá um sorriso radiante,
subindo os óculos dele, dando uns selinhos no moreno que sorri
também.
— Eu não acredito! — Melanie dá um grito, atraindo a
atenção dos pombinhos. — Não pode ser...
— O quê? — Amanda pergunta.
— O motorista do táxi que eu peguei, perguntou se eu queria
ir pra delegacia ou algo do tipo, porque Christopher correu igual um
louco atrás de mim — se explica. — Eu disse que não, que ele era
só o meu marido que estava com raiva por eu ter esquecido ele
algemado na cama. Ele me perguntou como eu pude fazer isso e eu
disse que dormi. Acontece que o taxista falou para imprensa e agora
está todo mundo chocado por saber que o Christopher é casado —
mostra a reportagem.
— Você tinha que ter falado meu marido? — a ruiva
questiona.
— O senhor estava um pouco assustado, só quis explicar que
o Christopher não faria mal nenhum. Que aquela corrente no braço
dele estava presa porque eu não quebrei pra dar tempo de fugir
dele.
— Ele tirou foto de você ou algo do tipo? — a amiga pega o
celular.
— Não, mas dá a descrição exata disso aqui — aponta pro
rosto.
— Legal, ele disse que você é a mulher mais linda que já viu
na vida...
— Ele está me zoando, só pode.
Amanda se levanta da mesa sem se importar com a ressaca
e dá um peteleco no rosto da morena.
— Ai! — coça a testa. — Eu estou com dor de cabeça —
resmunga.
— Somos duas — se senta novamente. — Já disse pra parar
de se menosprezar... Agora vá lavar as mãos e vem tomar café da
manhã com a gente.
A morena faz o que ela manda com um biquinho irritado pelo
peteleco que recebeu.
— E qual o problema de descobrirem o casamento de vocês?
— Dener pergunta, passando geleia na torrada.
— A MD Will's está no vermelho e isso não é novidade para
ninguém — Melanie começa a lanchar também. — Se descobrirem
que a herdeira se casou com o CEO da Rogers Corporation, os
boatos vão rolar solto. Não quero ninguém dizendo que eu me
vendi.
— Mas não se sentia assim por causa do Tom? — a amiga
pergunta.
— Sim, mas não tem nenhum valor monetário por causa dos
papéis matrimoniais e também... — perde seu olhar na torrada,
pensando nas últimas semanas. — Christopher não é o tipo de
pessoa que compraria alguém... — se lembra da conversa de
quando estavam bêbados.
— Hum... — Amanda cerra os olhos junto com o esposo,
atraindo a atenção dela. — Vejo que alguém está mudando de
opinião sobre ele.
— Tá, eu estava errada, está feliz agora?
— Muito!
— Agrr... Vocês querem parar de me olhar assim?!
— Como estamos te olhando, Melanie? — Dener provoca.
— Vocês sabem! Como se eu estivesse caidinha por ele.
— E não é isso? — a ruiva pergunta.
— Cla-claro que não! — mente na maior cara limpa.
— Então quer dizer que você faz isso no corpo de um homem
por quem não tem uma queda? — ele mostra a foto da reportagem
no celular.
— Só estávamos nos divertindo um pouco, não tem nada de
errado nisso... — se explica fazendo biquinho.
— Oh, maluca — a ruiva sorri. — Você acorrentou ele numa
cama!
— Ele gostou das coisas que eu fiz com ele — beberica o
café, murmurando.
— Parece que o seu escravo sexual deu uma nota para
imprensa, dizendo que os boatos do casamento são verdadeiros e
que adorou as marcas que você deixou nele — fala olhando para o
celular.
— Ele fez o quê? — pega o telefone das mãos dele. —
Christopher! — pragueja, devolvendo o celular do moreno e
procurando o seu dentro da bolsa.
— Relaxa, ele não divulgou o seu nome, então você ainda é
um mistério — Dener comenta.
— Você não entende, um dia nós vamos aparecer em público
como marido e mulher, e todos vão saber o que fiz com ele — revira
a bolsa toda. — Eu não acredito que eu esqueci meu telefone em
casa.
— Eu acho que eu deixei o meu contigo também, não estou
encontrando em lugar nenhum — a ruiva comenta.
— Vai ter que esperar até amanhã, porque eu só volto a noite
pra casa — Melanie fala. — Não posso dar o luxo de me encontrar
com ele... O Jorge vai me matar.
— Você vai ao salão? — Amanda pergunta, recebendo a
confirmação. — Por quê? Você está tão bonita assim.
— Nem pensar. Para início de conversa, não era nem para eu
sair desse jeito de casa — aproveita para pingar colírio nos olhos. —
Agora que o taxista espalhou para os quatro ventos como é a
mulher de Christopher Rogers, tenho que esconder isso — guarda
as coisas dentro da bolsa, para terminar de comer.
— A mulher de Christopher Rogers, é? — a ruiva fala num
tom de malícia, fazendo Melanie corar.
— Você me entendeu — se levanta da mesa caminhando
para o lavabo, amarrando os cabelos num coque apertado. —
Amiga, vamos no Jorge comigo, antes de irmos trabalhar? — coloca
um lenço na cabeça e pega sua pinça para colocar as lentes
reserva. Que guarda dentro da bolsa em caso de emergência.
— Eu bem que gostaria, mas não faço ideia de onde está
minha carteira.
— Usa o meu cartão — Dener fala para esposa. — Quer que
eu deixe vocês no salão?
— Por favor — a morena volta para a cozinha. — Vocês vão
fazer alguma coisa à noite, poderiam jantar lá em casa.
— Melanie, você não pode fugir dele pra sempre — a ruiva
cantarola.
— Empacar o lado dos outros não está no meu currículo — o
moreno termina seu café. — Amor, eu vou trabalhar daqui a dez
minutos, acho melhor ir se arrumar — beija a bochecha dela.
— Vai ser rapidinho — se levanta para ir pro quarto.
Melanie olha a amiga sumir e pega sua escova de dentes,
voltando para o lavabo.
— Dener, se a Amanda te prendesse na cama a noite inteira
e acabasse dormindo te deixando daquele jeito. O que faria com
ela?
— Ela não conseguiria nem se quisesse, é muito barulhenta
— se abaixa para pegar a Luma.
— E se acontecesse?
— Daria um jeito de sair antes — acaricia a cabeça peluda.
— E se não conseguisse e acabasse quebrando a cama,
estando impossibilitado de fazer qualquer coisa.
— Então foi isso que aconteceu com vocês? — dá um sorriso
enorme, mostrando todos os seus dentes branquinhos e alinhados.
— Tive que usar a tesoura do jardineiro para conseguir soltá-
lo — cora de vergonha.
Dener cai na risada, a deixando ainda mais constrangida.
— Vou preparar sua lápide — fala por fim.
Melanie solta um gemido triste, com medo do que a aguarda
quando chegar em casa.

Depois de almoçar em casa, Christopher vai trabalhar bem


mais leve do que quando acordou naquela manhã. O quiroprata fez
um milagre nas suas costas, que o deixou animado para testar se
conseguiria atacar sua amante sem nenhum problema. Agora já
descansado, com uma pilha de papéis sobre a mesa, ele sobe as
mangas da blusa social branca que está usando, tira sua gravata e
abre alguns botões da camisa, para ficar mais confortável
trabalhando.
Seu trabalho rende bem durante a tarde, até ele ser
interrompido por uma chamada no celular. Christopher sorri quando
vê quem está ligando e faz questão de provocar Melanie um
pouquinho.
— Olha só quem resolveu pedir clemência — dá uma risada
rouca. — O meu corpo está todo marcado pelas suas
brincadeirinhas de ontem, querida. A minha mão está coçando para
dar uns tapinhas nessa sua bundinha gostosa, então se prepare.
Porque eu não serei piedoso.
— Céus! — uma voz feminina aparece do outro lado, o
fazendo estranhar a tonalidade. — Você tem voz de ator pornô,
agora eu entendo porque ela estava daquele jeito.
— Quem está falando?
— Aqui quem fala é Abigail, eu deixei a Elanie em casa
ontem porque estava com medo de acontecer alguma coisa. Ela
esqueceu o celular e o sapato dentro do meu carro, só percebi
agora quando fui trabalhar. Liguei para esse número porque ela
comentou que um Christopher era seu marido.
— Elanie? — encosta as costas na sua cadeira confortável,
virando para a parede de vidro do seu escritório, observando os
topos dos prédios de New York.
— Sim, uma morena de cabelos ondulados, com um olho de
cada cor.
— Você a conheceu de onde?
— Sou proprietária do bar que sua esposa estava ontem à
noite. Você não é o marido dela? Ela falou tanto de um tal de
Christopher.
Falou? Ele é tomado por curiosidade.
— Sim, eu sou marido da Elanie — pausa. — A senhora pode
me dizer onde fica esse bar? Pra pegar as coisas que ela deixou.
— Mas é claro, vou te mandar a localização.
— Certo, eu estou trabalhando agora, então depois das 18
horas estou chegando.
Christopher encerra a ligação, bem curioso para saber o que
a Melanie falou dele.
Se lembrando da noite anterior, o loiro pega um pequeno
espelho que fica na carteira, olhando as marcas que ela deixou em
seu peito. Um sorriso aparece no seu rosto por lembrar de como ela
estava fogosa, rebolando só de calcinha e sutiã para ele.
Christopher fecha os olhos com a imagem dos dois juntos, daquele
sorriso que ela deu quando estava pulando em cima dele, dos
cachos castanhos balançando juntamente com o corpo pequeno e
aqueles olhos nublados de luxúria. Céus, aquele olho verde e outro
dourado, era sem dúvida alguma a parte que ele mais gostava do
corpo dela.
Ele era um depravado de carteirinha e não negava esse fato.
Ter Melanie gemendo em sua cama, sem dúvida alguma era algo
divino, mas fazer isso olhando nos olhos dela era ainda melhor. Só
de alguns minutos pensando na amante, Christopher sente o seu
corpo inteiro reagir, com o seu membro querendo pular pra fora do
zíper, para reproduzir a safadeza que ela fez com ele, mas dessa
vez apalpando todo aquele corpo macio.
— Eu já estou louco por você outra vez — sorri, apertando
seu membro que está coberto pela calça. — Não posso mais
esperar três semanas pra ter você nua pra mim... — tira a mão da
calça pegando o seu celular para olhar as fotos que ele roubou dela.
— Não aguentaria me segurar por mais tempo...
Passando as imagens, ele para numa foto o qual vê sua
morena com um espartilho branco estilo medieval, acompanhada
com uma calcinha fina da mesma cor. Melanie estava sentada com
o corpo de lado, enquanto uma de sua mão estava nos cabelos
lisos. Deixando a leveza da lingerie com um ar mais puro, devido
aos olhos que estavam fechados e o sorriso lindo no rosto.
Christopher lembra dela falando que sempre quis desfilar na
passarela e acaba entendendo o porquê todas as fotografias eram
bem leves e não sensuais de propósito. Se visse aquelas imagens
antes, elas com certeza virariam materiais para levar pro banheiro,
mas depois que a teve a primeira vez, não podia se dar ao luxo de
se tocar e não ter o suficiente para pessoa física mais tarde. Melanie
merecia ser satisfeita com todo o vigor que ele tinha, então o
mesmo iria com tudo.
— Eu preciso tocar em você... — geme frustrado, rodando na
sua cadeira giratória, sentindo o seu corpo formigar querendo pelo
menos uma casquinha. — Eu tenho que dar um jeito nisso!
Christopher se levanta da cadeira, levando somente o celular
para sair da empresa.
— Volto daqui a uma hora — fala para sua secretária que só
assente.
Andando com passos rápidos até o carro, ele vê o seu
motorista escorado na porta, muito distraído para perceber sua
aproximação repentina.
— O senhor está bem ocupado — fala com Anthony, o vendo
jogar no celular. — Não sabia que gostava de RPG — sorri.
— Eu jogo com a Margot, foi ela que me mostrou esse aqui.
O sorriso de Christopher se alarga, por perceber que o casal
de velhinhos eram bem atualizados nas tecnologias atuais.
— Não é melhor passar uma pomada nisso aí? — aponta
para a marca visível no peito.
— Um guerreiro nunca se envergonha das suas cicatrizes —
entra no carro, ouvindo o seu motorista dar risada.
— Para onde o senhor quer ir?
— Para o sexy shop primeiramente, depois vamos dar uma
passadinha rápida na MD Will’s.
O senhor olha o seu chefe pelo retrovisor, bastante curioso,
vendo Christopher muito interessado no celular, então começa a
dirigir.
— Melanie... — sorri olhando para a foto dela, falando para si
mesmo. — Eu tenho sido muito bonzinho contigo... — perde os
olhos na pele amostra que está enfeitada com uma lingerie de
rendinha. — Depois de hoje você nunca mais vai dormir naquele
quarto de hóspedes... Isso eu garanto...
Andando pelo hall da MD Will’s como se fosse o dono do
lugar. Christopher não só chama atenção pela sua postura elegante,
mas também pelas marcas que ele não faz questão de esconder.
— Parece que eu estou com sorte — sorri, vendo sua morena
entrando no elevador executivo.
Passando a mão no cabelo loiro, ele anda calmamente para
não chamar mais a atenção do que deveria e segura as portas de
metal as impedindo de fechar.
Como se estivesse em algum filme de terror, Melanie repara
a mão grande segurando o metal, até seus olhos castanhos se
encontram com os cinzas dele. Assustada, ela dá um passo para
trás com medo do inesperado.
— Senhor Rogers — dá um sorriso sem graça, tentando
parecer profissional. — O que está fazendo aqui? Nossa reunião é
só na quarta.
As portas do elevador se fecham atrás do loiro, o mesmo se
aproxima com os passos calmos, a fazendo encostar na parede
gelada. Uma trilha sonora do filme sexta-feira 13 aparece na cabeça
dela, quando o Jason encontrava suas vítimas e Melanie acaba se
sentindo do mesmo jeito, como se a morte fosse algo inevitável
nesse momento.
— Christopher...
— Shiii... — toca nos lábios dela a deixando mais assustada.
— Você nem me deu um beijinho antes de ir embora.
O coração dela bate desenfreadamente de medo,
principalmente por vê-lo calmo até demais. Tinha alguma coisa
errada e ela podia sentir.
— Eu... — antes de se desculpar, ele a interrompe selando os
seus lábios nos dela, com um beijo suave.
Depois de um tempo, Melanie acaba fechando os olhos
retribuindo, subindo suas mãos pelo peito dele, para segurar o
pescoço. Duas mãos grandes agarram sua cintura, a colando no
corpo duro e ela acaba se deixando levar.
— Que vontade de tirar sua roupa... — ele sussurra no
ouvido dela com aquela voz grossa a qual a faz enlouquecer. — De
te pegar de jeito dentro desse elevador... — dá uma bela apalpada
no bumbum durinho, a ouvindo gemer.
Isso é um castigo ou um bônus? Era pra eu não gostar?
Porque se for, não está funcionando. Ela pensa.
— Você não está irritado? — pergunta com o rosto corado.
Cala boca, Melanie! Chama a atenção de si mesma.
— Excitado, você quer dizer — afasta os cabelos lisos, se
aventurando pelo pescoço cheiroso, a sentindo estremecer em seus
braços. — Sabe o quanto é torturante pra mim não poder te tocar?
— pressiona o seu membro duro na barriguinha dela, para ver a
seriedade das suas palavras. — Você me deixou louco ontem a
noite... — morde o lóbulo da orelha. — Eu preciso da minha
amante...
Melanie quase se derrete nos braços dele, doida para realizar
seu desejo, se esquecendo de tudo à sua volta.
Isso... Ele pensa sorrindo.
— Você vai fazer alguma coisa agora? — sussurra no ouvido
dela.
— Só... — geme afetada, sentindo as mãos dele se
aventurarem pelo seu corpo. — Uma reunião importante... Depois
disso a amante é toda sua...
Christopher dá um sorriso pervertido, roubando os lábios
dela.
— Toda minha? — fala entre beijos.
— Hum-hum... — coloca uma mão entre os cabelos dele,
aprofundando a intensidade.
Naquele momento Christopher tinha certeza que ela estava
excitada, ele só precisou dar uns beijinhos para ela entrar na
fantasia que eles tinham criado. Não tinha prova maior que aquela,
que Melanie estava completamente fora de si. Talvez a saudade de
sentir as mãos grandes pelo o seu corpo, estava tirando toda a
sanidade que a morena tinha, mas ela também não era de ferro,
exclusivamente quando se tratava de Christopher Rogers e sua
boca deliciosa.
— Vamos aguardar até a noite — prende a algema num dos
pulsos dela, deixando o objeto de metal pendurado. — Suas
palmadinhas vão ter que esperar.
— O quê? — olha para algema.
— Vamos ver se gosta de ficar presa — abre as portas do
elevador que não tinha saído do lugar. — Boa sorte na sua reunião
— vai embora rapidamente.
— Christo... — tenta ir atrás dele, mas vê o investidor o qual
ela tinha uma reunião agora, parar na sua frente, a fazendo
esconder o pulso algemado.
— Senhorita Williams, eu posso entrar no elevador também?
— Claro... — fala super sem graça. — Fique à vontade.
O senhor entra juntamente com sua assistente a deixando
acuada no canto, sentindo um calor escaldante o qual Christopher a
deixou.
— Aquele não é o Rogers? — o mais velho comenta.
— Reunião importante — disfarça, tentando não se abanar.
— Paramos para tomar um cafezinho enquanto resolvemos algumas
coisas.
O senhor balança a cabeça compreendendo, voltando os
olhos para porta do elevador o esperando terminar de subir.
— Desculpa se for desrespeitoso falar isso, mas o seu batom
está borrado — a moça fala só para ela ouvir, olhando para frente.
Melanie limpa a boca com o pulso algemado, fazendo um
barulho de metal ecoar em volta deles. Antes que os dois a pegam
no flagra, ela esconde, usando a outra mão.
— Me desculpa, como disse eu acabei de lanchar — disfarça.
— Você sabe como é — fala com a moça, observando o fato dela
está usando gloss labial.
— Eu também não gosto de batom matte e às vezes esqueço
de limpar o batom cremoso antes de comer alguma coisa. Então
sim, eu sei como é.
Melanie dá um sorriso forçado, agradecendo aos céus por
eles terem acreditado, mas sua tranquilidade passa quando lembra
da algema. A mesma só estava com a roupa do corpo, sem blusa de
frio ou bolsa no braço. Só um milagre o faria não perceber aquilo no
pulso dela. Ela teve sorte deles acreditarem no café da tarde, mas
não teria a mesma sorte se eles vissem o objeto de metal. Aquilo,
sem dúvida alguma, não tinha como explicar e infelizmente estava
mais difícil de esconder.
Eu vou te matar, Rogers! Pragueja mentalmente.

Quando o sol se põe, Christopher arruma suas coisas para ir


pra casa e acaba encontrando Anderson perto da esquina do bar
onde vai pegar para os pertences da sua esposa. Se esquecendo
completamente de ter colocado algo no pulso dela.
— Estou falando sério, Christopher. Você precisa passar uma
pomada nisso aí — o moreno aponta para os arranhões no peito do
amigo, que não faz questão de esconder a marca ou os chupões no
pescoço.
Porque todo mundo tem que me oferecer uma pomada, não
está tão ruim assim. Ele pensa.
— Vai infeccionar até virar uma cicatriz! — abre a porta do
bar, falando no automático, olhando a abertura da camisa social cujo
os três botões foram abertos de propósito. — Um guerreiro nunca se
envergonha das suas cicatrizes! Quer prova melhor que essa pra
mostrar que eu sou casado?
— É por isso que as pessoas usam alianças, não ficam
expondo isso aí.
O loiro não dá importância voltando os olhos para o bar,
vendo todos olhando pra ele e uma moça de cabelo loiro atrás do
balcão que não consegue disfarçar o interesse.
— Hora, hora... o que temos aqui — a loira sorri.
— Eu sou casado — ele fala, mostrando um pouco mais do
peito para ela ver os arranhões. — Tá vendo.
— É por isso que se usa uma aliança! — o moreno sussurra
pra ele.
— Por que tá todo mundo olhando pra gente? — o loiro
coloca as mãos no bolso.
— Você é o marido da Elanie? — uma mulher de cabelo rosa
sai de trás do balcão. — Confesso que fiquei bem curiosa depois
que ela falou de você, mesmo assim não esperava isso tudo.
— Elanie? — Anderson pergunta.
— E você deve ser o marido da ruiva — ela olha pro moreno.
— Eu sou o marido da ruiva — Dener entra no bar. — Foi a
senhora que encontrou o celular dela?
Os olhos da moça quase saltam pra fora e a jovem atrás do
balcão não consegue segurar a língua.
— Onde foi que elas acharam vocês dois? Você é
compromissado? — pergunta pro Anderson que assente com a
cabeça.
— Agora não Jenny — a mais velha fala. — Você é o
Christopher? O Christopher Rogers da televisão — aponta, mesmo
que não estivesse passando a matéria sobre ele.
— Sim — o loiro responde no automático.
— Você é o marido da doidinha? — um homem sentado à
mesa de dois lugares se pronuncia. — Então quer dizer que ela fez
mesmo aquilo com você?
— Sim... Doidinha?
— Então você é o 20cm, quer dizer Dener. O marido da ruiva
engraçada? — Jenny abre a boca pra falar.
O Moreno não sabe onde enfiar a cara, com medo de
responder aquela pergunta meio íntima.
— Me ligaram para pegar o celular dela — mexe nos óculos.
— Elas não exageraram em nada — a moça analisa os
homens e aproveita para analisar o terceiro também.
— O quê a... Elanie fez ontem a noite? — Christopher toma a
frente.
— Além de te pegar de jeito? — Jenny sorri.
— Sim, além disso — fala sem pensar, atraindo a atenção
dos dois morenos que estão perto dele.
— Você se acostuma, ele é sem noção assim mesmo —
Anderson sussurra para Dener que balança a cabeça
compreendendo.
— Elas não fizeram nada demais, só encheram a cara...
— E gritaram um monte de indecências — um senhor
interrompe a menina atrás do balcão. — Você tem mesmo um
elevador dentro do apartamento?
— Sim, por que?
— Então ela não deve ter mentido em nada — a mulher de
cabelo rosa fala. — Só um minuto que eu vou pegar as coisas delas.
— Cara, por que não atacou a Ame? — a loira solta a língua
novamente, olhando pro Dener. — Ela ficou toda chateada quando
começou a pegar leve. Provavelmente deve ser realmente grande,
mas sua esposa gosta assim.
Ele segura a mão na frente do corpo, com vergonha da
análise.
— E você, galego! — continua. — É maldade esperar que
sua esposa tome iniciativa. Uma mulher linda daquela, teve que te
acorrentar pra tocar em você. Que crueldade.
— Ei! — Christopher fala ofendido. — Pra sua informação eu
fiz isso pra ela se soltar mais — as pessoas começam a rir, negando
com a cabeça.
— Christopher, o que você está fazendo? — Anderson
sussurra.
— Elas contaram a versão delas, eu tenho que contar a
minha!
— O quê? — o amigo o olha incrédulo com o que ouviu.
— Como você disse... Elanie, é uma mulher linda — fala com
a menina.
— Linda é apelido — a moça fala. — E esse não é o nome
dela, né?
— Não — se aproxima do balcão para se sentar e os dois
que estavam em pé ao seu lado, acabam o acompanhando. — E se
eu falasse para vocês que ela se acha a mulher mais feia do mundo.
As pessoas que estavam na noite anterior começam a rir, não
acreditando no que ele disse.
— Estou falando sério. Eu não sei quem colocou aquilo na
cabeça dela, mas a... — toma cuidado para não falar o nome da
esposa. — Elanie, não se olha no espelho. Não importa quantas
vezes eu dizia que era linda, ela não acreditava. Então quis fazer ela
se enxergar assim. Queria a iniciativa da parte dela, na intenção de
olhar para si mesma e se enxergar pelo menos 1% do que eu
enxergo nela — gesticula com o dedo. — E funcionou, só não
estava esperando estar acorrentado pra isso acontecer.
— Como ela conseguiu fazer isso com você? — Dener
pergunta. — Não esperou ela chegar em casa?
— Ela disse que dormiria na casa da... — gesticula com a
mão tentando lembrar o nome que a esposa dele inventou.
— Ame.
— Isso — estrala os dedos. — Eu já estava exausto, porque
minha linda esposa resolveu dormir daquele jeito na noite anterior e
eu nem consegui acordá-la. Estou falando sério, ela dorme como
uma pedra.
— Eu sei disso, uma vez...
— Você quebrou a cama do quarto de hóspedes pulando com
a Ame e ela nem acordou? — Jenny interrompe.
— Não era isso que eu ia dizer, mas como sabe dessa
história? — estranha.
— Sua esposa contou.
— Mas o que essas duas andaram falando pra vocês? — o
moreno tatuado se espanta.
— Quase nada, mas estavam gritando tão alto que lá da
esquina dava pra ouvir — uma senhora comenta.
— Você quebrou a cama do quarto de hóspedes? —
Christopher pergunta para o Dener caindo na risada. Fazendo todos
que conheceram a esposa do loiro, pensar o quanto eles eram
parecidos. Com a exceção de que ele não precisava de uma bebida
para dar com a língua nos dentes.
— O pé estava solto — desvia o olhar.
— Mentira, ela disse que essa desculpa foi usada para
enganar a Elanie — a mulher de cabelo rosa fala.
— Agora eu estou com medo, o que mais ela disse?
— Que você não pega ela de jeito por medo de machucá-la.
Que ela iria te algemar também para te ensinar uma lição — a loira
comenta.
— Ela te algemou? — Christopher fala o que alguns queriam
perguntar.
— Tentou...— dá um sorrisinho safado.
Dener para de sorrir, percebendo que o sem filtro do loiro
estava começando a ser contagioso.
— Não sei pra que essa surpresa toda, a Elanie perguntou
pra todo mundo antes, se poderia te acorrentar e se não seria
estupro fazer isso.
— O quê?! — os três fala em uníssono.
Eu preciso de uma pipoca. Anderson pensa.
— Foi logo depois dela colocar aquele rapaz no lugar dele.
Foi a desculpa mais fajuta que eu já ouvi sair da boca de uma
mulher — o senhor comenta.
— Ela fez o quê com quem? — Christopher se embola na
pergunta.
— Um carinha inventou de jogar uma cantada e ela ficou
furiosa. Por um momento pensei que bateria nele. Porque mesmo
depois de dizer que é casada, o rapaz cobrou a aliança no dedo
dela.
— “Quer dizer que se eu esquecer minha aliança em casa
significa que eu posso trair meu marido?” — a menina atrás do
balcão repete as palavras da morena. — Ela quase deu na cara
dele, depois disse que ele estava certo e que as mulheres também
poderiam ter iniciativa.
— Uma desculpa que inventou para fazer isso com você — o
senhor comenta apontando para as marcas que Christopher não
sente vergonha em esconder.
— Depois começou uma votação se poderia te acorrentar ou
não numa cama — a dona do bar fala também, entregando os
pertences delas. — Pelo que ela disse, estava planejando tudo
desde que saiu de casa.
— Teve uma votação?! — o loiro pergunta surpreso.
— Você não sabe nem a metade da história!
Os três ficam prestando bastante atenção na fofoca, não
perdendo nenhum detalhe de tudo que aconteceu na noite anterior,
se surpreendendo com o que ouvem.
Christopher estava aliviado quando descobriu que sua
esposa seria fiel independente da situação, seu coração estava
quase saindo do peito quando descobriu que ela adorou a primeira
noite deles, tanto que não saiu da sua cabeça.
Se antes ele estava com fome dela, agora se triplicou por
querer fazer sua gata miar pra lua outra vez — por mais que o céu
estivesse nublado.
9

Amante

C hegando em casa com os nervos à flor da pele


querendo estrangular e beijar o energúmeno do
seu marido/amante. Melanie revira o apartamento inteiro tentando
encontrá-lo.
Além da raiva que sentia por ter ficado com aquela algema
presa no pulso a tarde inteira. Ela esqueceu sua blusa de frio em
casa e teve que pegar da Amanda emprestada. Sabendo que a
amiga nunca mais iria deixá-la em paz por causa do presentinho do
amante.
Melanie estava irritada, mas também estava quente, devido
aos beijos de umas horas atrás. Ela não sabia o que aquele homem
tinha, mas perdia toda a noção da realidade quando ele a beijava
daquele jeito.
Depois de descobrir que ele ainda não havia chegado, a
morena desiste de rodar o apartamento e vai tomar um banho
quente. Tentando acalmar os ânimos.
Dentro do closet, sentada num banquinho de frente à
penteadeira, fazendo sua skincare noturna, já vestida com uma
camisola soltinha. Melanie toca nos próprios lábios se lembrando do
beijo no elevador. Seu coração acelera junto com a sua respiração.
Ela se observa tentando reconhecer quem era aquela mulher na
frente do espelho e como ficou tão assanhada a ponto de acorrentar
um homem na cama.
Será que ele a achava fácil demais? Já no primeiro dia
morando juntos, ela não se recusou a dormir com ele. Pelo
contrário, parecia que Christopher sabia muito bem mexer com a
sua cabeça, tanto que ficou louca a noite passada, querendo repetir
a dose. Nesses últimos dias, Melanie não parava de pensar nessas
coisas. Mentiu para si mesma dizendo que conseguiria ficar na
mesma casa que ele sem sentir atração e agora além disso ela
estava excitada também.
Era pra ser só a droga de um beijo, um orgasmo no sofá e
nada mais disso, então porque não conseguia parar de pensar nele?
Por que se sentia tão atraída pelo homem que para início de
conversa não queria tê-lo nem como marido? Por que os beijos dele
eram tão diferentes dos demais? Por que um simples toque
daquelas mãos a fazia quase derreter em seus braços? Foram três
semanas querendo tomar a iniciativa para sentir aquilo só mais uma
vez, mas quando conseguiu não foi o suficiente. Então por que não
foi?
Com o rosto corado, seus olhos se voltam para a algema, se
perguntando como pôde abaixar tanto a guarda para que ele a
colocasse ali. Ela praticamente se ofereceu pra ele no elevador,
para no final tomar um banho de água gelada. Passou a tarde toda
ansiosa para noite, que agora que chegou, ela se encontrava
confusa com inúmeras perguntas na cabeça.
Terminando de pentear os cabelos lisos, Melanie coloca a
escova na penteadeira, pegando o seu perfume para aspergir no
busto. Ela adorava um bom perfume, tanto que tinha um só pra
dormir. Era tão bom deitar a cabeça no travesseiro e sentir aquele
cheirinho gostoso na sua pele, mas nem isso a fazia parar de
pensar em Christopher.
Voltando os seus olhos para a porta do closet. Ela vê o loiro
só de roupão de banho, com os cabelos úmidos, se perguntando
quando ele chegou ou há quanto tempo está olhando pra ela.
— Você demorou... — foi a única coisa que ela conseguiu
dizer, antes de sentir o seu rosto esquentar violentamente.
Com passos calmos, ele se aproxima da penteadeira se
ajoelhando do lado para tirar a algema.
— Estava resolvendo uma coisa — faz uma breve massagem
no pulso, a deixando ainda mais sem graça. — Desculpa a demora.
Os olhos cinzas se encontram com os coloridos, observando
a tonalidade das bochechas rosas, perguntando pra si mesmo o
porquê ela estava desse jeito. Ele estava a observando já faz um
tempo, mas aquele rubor nas bochechas era novo. Tinha algo
diferente ali e Christopher poderia sentir.
— Relaxa... — beija o pulso dela, subindo para o antebraço.
— Já disse que nunca faria nada que não quisesse.
Ela abre a boca para falar, se arrepiando dos beijinhos
suaves subindo na direção do seu ombro.
— Eu não estou bêbada ainda — falando no automático, o
rosto dela consegue ficar ainda mais vermelho do que já estava,
atraindo novamente os olhos dele.
Christopher dá um sorriso divertido da reação dela e seus
olhos descem para pele parda, que contrasta lindamente com o
tecido branco, acompanhado de um tule finíssimo quase
transparente. Ele vê a curvatura dos seios, subindo e descendo com
a respiração acelerada, juntamente com os biquinhos eriçados. O
tecido era tão fino que ela estava praticamente nua. A camisola
tinha um toque bem delicado, estilo Melanie antes de dormir, que
fazia aquela luz da penteadeira a deixar com uma aparência mais
romântica.
Isso tudo é meu... Ele pensa, lembrando da conversa que
teve com as pessoas no bar, o qual ela deu um chega pra lá no cara
que a cantou. Christopher já sentiu na pele a dor de ser traído por
alguém, não foi parecido com a história que sua esposa contou,
mesmo assim o machucou profundamente. Saber que Melanie
manteria a fidelidade de um acordo em que eles estavam levemente
embriagados quando fecharam, era motivo suficiente para ele
querer recompensá-la. Por isso não aproveitaria as algemas, por
isso não pulou em cima dela assim que chegou da rua, queria estar
bem limpo e cheiroso para quando a pegasse de jeito.
Observar ela passando um dos inúmeros cremes no seu
rosto, o deixou bem silencioso contemplando a cena.
Agora, vendo os cabelos lisos jogados para o outro lado, o
perfume maravilhoso saindo daquele corpo, as sardas bem
desenhadas na pele e os olhos um de cada cor. Só o fazia se sentir
o homem mais sortudo do mundo por ter se casado com Melanie
Williams. Ela não era só uma beleza rara, era uma mulher de
palavra e isso importava mais do que o rostinho lindo que tinha.
Só meu...
— Por quê precisaria estar bêbada? — se levanta, segurando
a mão pequena a ajudando a levantar do banquinho.
Sem conseguir responder, a respiração dela fica
descompensada, por sentir o toque suave dos lábios dele sobre
seus dedos, vendo nos olhos azuis o quanto ele estava faminto.
— Melanie? — fala de forma suave o nome dela, a fazendo
se arrepiar pela tonalidade grossa da voz. — Me responde.
Christopher com certeza a deixava uma bagunça, ela chegou
querendo o estrangular e agora não conseguia pronunciar uma
palavra por causa das perguntas que não queriam calar na sua
cabeça.
— Eu acho que não consigo se não estiver bêbada — engole
seco.
— Só tem um jeito de descobrir, não?
Sem dar tempo para responder, ele abaixa o seu tronco
roubando os lábios dela, a sentindo corresponder com certo receio.
O mesmo agarra a cintura fina a colando no seu corpo, a vendo se
render aos poucos e segurar o seu cabelo loiro para aprofundar
aquilo.
As mãos pequenas para nos ombros largos, querendo tomar
coragem para descer o roupão de banho, enquanto ela começa a se
derreter por aquele beijo avassalador.
— Para de pensar, Melanie... — sussurra beijando os lábios
dela. — Você não precisa estar bêbada para ter a coragem de uma
amante... — sobe uma das coxas dela, deslizando uma mão pela
pele macia e firme, enquanto sua boca é ocupada sugando a língua
pequena. — Só seja você mesma, querida...
Com uma coragem que nem sabia que tinha, Melanie pula no
pescoço de Christopher, sentindo sua bunda ser agarrada por
aquelas mãos grandes, prendendo seus joelhos nas laterais da
cintura dele.
Excitado com as mãos macias que acariciam os seus ombros
tentando tirar o roupão. Ele a pressiona nas prateleiras de sapatos,
a beijando como se estivesse fazendo amor com a sua língua.
— Hummm... — ela arfa olhando nos olhos dele, percebendo
o animal sair da jaula.
O mesmo devora os lábios dela a deixando completamente
mole. Sentindo as mãos pequenas terem mais liberdade, descendo
o roupão nos braços dele o fazendo parar na cintura.
Isso, minha gatinha... Se arrepia com os dedos finos que
passam delicadamente em sua pele.
Com o peito pressionado nos seios macios, Christopher sai
do closet, andando calmamente até a cama para não cair com ela
nos braços, se livrando da peça de banho. O mesmo cai com ela
nos lençóis brancos, que ficam levemente da cor creme por causa
das luzes amarelas dos abajures ao lado da cama, a direcionando
para o centro do colchão.
— Como você é cheirosa... — desce os seus beijos pelo
pescoço dela, pelo tórax, sugando o meio dos seios. — Você nem
me deixou tocar neles ontem... — desce as alças da camisola, a
fazendo deslizar na pele macia, expondo os biquinhos que imploram
a atenção dele.
Christopher os segura com total deleite, sugando e
mordiscando um deles com tanta fome que Melanie não consegue
segurar o gemido.
Não tinha como ele não ficar louco por ela depois do que
ouviu no bar. Christopher sabia que uma pessoa fiel não precisava
de uma recompensa, mesmo assim quis recompensá-la. Diferente
da maioria dos casamentos, o loiro tinha plena consciência de que
ela não se casou por amor. Mesmo não tendo nenhum sentimento,
ele se sentiu exclusivo pra ela, assim como ela era pra ele.
Logicamente os dois tinham uma aliança guardada na
gaveta, mas não usavam porque não queria que o relacionamento
viesse a público. Melanie não precisava o amar ou de uma aliança
no dedo para ser fiel, pois era uma mulher de palavra. E esse fato
era o que mais importava no momento.
— Tão macia... — suga o outro seio, a deixando corada com
a veneração dele. — Tão firme... — desce a camisola, juntamente
com os seus beijos que vão sendo espalhados na barriga, no
umbigo. — Você vai acabar me matando com essas calcinhas — se
livra do vestido, a jogando em cima do baú acolchoado que fica nos
pés da cama, depois arranca a última peça de roupa com os dentes,
deslizando a calcinha pelas pernas dela.
Com a respiração ofegante, Melanie segura os lençóis do seu
lado, vendo ele beijar suas panturrilhas, sugar o interior das suas
coxas, como um animal faminto apreciando o seu alimento.
— Você é toda lisinha... — lambe os lábios da intimidade
dela, olhando para os olhos coloridos que estão carregados de
luxúrias. — Saborosa... — mantém o contato visual sugando clitóris
dela.
Só minha... Pensa sorrindo. Toda minha...
— Ahh... — se contorce na cama, observando aquele
explícito brincar com o seu psicológico. Ela havia sentido a língua
dele ali antes, mas agora não estava sendo a mesma coisa. Como
isso conseguia ser tão gostoso?
— Tão doce... — sorri a apreciando com a sua boca.
Melanie não consegue conter os gemidos de prazer sendo
devorada daquele jeito e crava as unhas nos lençóis. Seu corpo
inteiro se incendeia com a língua dele se aventurando na sua
intimidade, as mãos grandes segurando suas coxas para a manter
no lugar, enquanto a única coisa que ela consegue fazer é gemer,
sentindo o seu coração quase sair do seu peito. Seus pulmões lhe
faltam ar e o seu grito ecoa pelo quarto devido ao orgasmo
avassalador que ela tem.
Christopher aprecia o mel delicioso que é derretido em sua
boca, enquanto ela ainda dá espasmos de prazer.
— Viu só? — ele sorri. — Você não precisa estar bêbada
para conseguir alcançar às estrelas.
Vendo sua amante completamente fora de órbita, ele a vira
de costas, empurrando os joelhos dela pra frente a deixando de
quatro. Despertando do choque, ela desce o corpo de uma vez
colocando a mão na bunda.
— Eu não vou me enfiar aí, se é o que está pensando — tira
calmamente as mãos dela e se lembra do ex namorado. — Ele...
— Eu não deixei — o interrompe. — É muito estranho e
jamais quero tentar fazer para mudar minha opinião sobre isso.
O loiro dá uma risada gostosa a fazendo se arrepiar inteira e
a abraça por trás.
— Você está certa em negar, afinal o corpo é seu... — planta
beijinhos nas costas dela. — Se quer saber, eu não tenho o menor
interesse em me enfiar ali — empurra novamente os joelhos, sem
ver nenhuma resistência. — Só tem um lugar o qual eu não gostaria
de sair nunca mais... — suga os lábios da intimidade dela, a
deixando com o rosto vermelho por se sentir tão exposta daquele
jeito. — Então não se preocupe, querida — joga um ventinho frio,
arrancando muitos arrepios. — Porque além da sua boca, o único
lugar que eu quero entrar é esse aqui — se atreve a enfiar um dedo
na intimidade, vendo a bundinha dela mexer.
Christopher se sentia um depravado olhando para Melanie
daquele jeito, mas o mesmo nem se importava de ser assim,
contando que sua amante estivesse gostando, estaria tudo bem.
— Você é tão pequenininha... — se ajoelha, trocando o seu
dedo pela cabecinha do seu membro, sentindo aquela dificuldade
gostosa em enfiar sua glande ali. — Eu adoro o jeito que você me
aperta — se enfia calmamente, a ouvindo rasgar a garganta de
tanto gritar. — É tão sufocante... — rosna mordendo os lábios.
Melanie não sabia se era a posição que estava ou se ele
tinha aumentado de tamanho, mas sentia a sua intimidade latejar
pelo membro grande que a escancara sem pudor algum, quase a
partindo ao meio.
— Rogers... — revira os olhos gemendo.
Quando se enfia por completo, ele para a sentindo pulsar de
prazer, fechando os olhos para apreciar a sensação.
— Gostosa... — move os quadris lentamente, a deixando
mais segura para relaxar o corpo. — Isso é tão lindo... — se olha
entrando e saindo, completamente embriagado de prazer.
Ele poderia ser um pervertido de marca maior,
exclusivamente quando se tratava em ter Melanie daquele jeito.
Então jamais conseguiria disfarçar os olhares em relação aquele
corpo e tudo que poderia fazer com ele.
— Christopher... — ela mexe o bumbum querendo mais e o
mesmo acelera dando estocadas bruscas. — Aahh... Céus... —
aperta os lençóis da cama, enlouquecendo de prazer. — Você quer
me matar?
— Está doendo?
— Sim... Por favor, continua...
Ele dá um sorriso safado, entrando num ritmo frenético.
Como algo que dói pode ser tão gostoso desse jeito? Ela
pensa, sentindo o seu quadril ser agarrado para não sair do lugar.
Como consegue ser tão bom nisso?
Gritando descontroladamente, Melanie crava as unhas nos
lençóis da cama, se esquecendo de quem é e se rendendo a todas
as investidas que o seu amante dá.
— Ohh... — Christopher fecha os olhos, sentindo o seu
membro ser estrangulado por um orgasmo. — Que gostosa,
Melanie... — desce um tapa estralado no bumbum dela, sentindo ela
o apertar mais uma vez. — Isso é por ter me torturado a noite inteira
com esse seu corpo delicioso, não me deixando tocá-lo — mete de
uma vez, dando um tapa na outra nádega. — E isso é por ter me
deixado acorrentado por tanto tempo...
— Aahhh... — morde os lábios sorrindo, adorando o castigo.
— Se esqueceu que eu te dei um chute nas costas? — o provoca.
— Você está gostando? — desce outro tapa, ouvindo uma
risada gostosa. — Sua levada...
Christopher sai e se enfia de uma vez, vendo sua gata quase
fugir da cama, sorrindo e gritando de prazer enquanto ele mete com
força. Aqueles, sem dúvida nenhuma eram os gemidos mais lindos
que já ouviu na vida. Já estava doido quando a beijou, mas ser
engolido daquela forma estava o enlouquecendo. A cada palmada,
sentia ela o apertar de um jeito completamente insano.
— Céus... — ela revira os olhos sentindo todo o seu corpo
travar, agora tendo mais dois orgasmos praticamente seguidos. —
Aahhh...
Christopher não aguenta tanto prazer e rosna de olhos
fechados, a preenchendo dele.
Depois de uns segundos, o corpo de Melanie cai de uma vez
na cama tentando se recuperar a força das pernas, se é que ela
tinha alguma depois daquilo. Ofegante e meio zonzo, Christopher
aproveita o pequeno descanso dela, para ir se limpar, sentindo suas
pernas fraquejarem ao descer da cama.
Eu quero mais... Sorri andando para o banheiro.
Depois de se limparem, ele a sobe na bancada de granito
que fica na pia do banheiro, finalmente podendo beijá-la outra vez.
Melanie praticamente cola no seu corpo querendo retribuir da
mesma intensidade que recebe dele. Roçando os seios no peitoral
duro, sentindo ele esquentar ainda mais, estando pele à pele.
Eu preciso de mais... A leva para o quarto, se sentando numa
poltrona, a deixando por cima.
Melanie segura o maxilar dele roubando os lábios levemente
inchados por sua causa, rebolando de forma deliciosa naquele
membro grande.
— Isso, minha deusa... — o loiro sorri olhando nos olhos
dela, a vendo toda soltinha, com as bochechas levemente coradas
de excitação e esforço. — Me doma desse jeitinho que só você sabe
fazer...
Como se as palavras dele fosse um combustível, ela senta
com mais precisão, vendo aquela boca se abrir soltando uns
gemidos trêmulos. Sorrindo, Melanie o ataca com um beijo molhado,
o enlouquecendo de vez. O loiro não aguenta de tanto prazer e
acaba agarrando a bunda dela, intensificando as estocadas.
Esta noite, Christopher queria tocar e ser tocado, queria dar e
sentir o prazer que o mesmo sabia que ela poderia retribuir. Queria
ter Melanie Rogers Williams 100% sóbria, para não ter vagas
lembranças de uma noite de loucura e sim para que aquelas cenas
ficassem frisadas na cabeça dela. Que ficasse frisado quem era o
único homem que conseguiria levar às estrelas.
— Aahhh... — sorri olhando nos olhos dele.
Ele estava bem mais fogoso do que hoje a tarde, quando a
torturou no elevador e isso não era uma reclamação. Era tão
gostoso sentir os lábios dele no seu, sentir aquelas mãos grandes
fazerem maravilhas no seu corpo. Parece que estando sóbrios as
sensações eram mais gostosas e de maneira nenhuma ela beberia
para ter coragem outra vez, porque aquele homem era espetacular
daquele jeito.
Era maravilhoso senti-lo arrepiar pelo toque das suas unhas.
Comprovar que aquelas reações enquanto estavam se divertindo,
não era só com ela, mas com ele também e isso a deixou aliviada.
Era tão bom enlouquecer um homem, tão bom enlouquecer seu
amante. Levar tapinhas na bunda por ter sido uma garota levada
não tinha surtido efeito. Porque se toda vez fosse recompensada
daquele jeito por fazer algo errado, só faria ela querer ser uma
menina cada vez mais malvada.
10

Esposa

A cordando às 4 da manhã, sentindo o frio da


primavera passar entre as cortinas, Christopher
sai das cobertas do jeito que veio ao mundo, para fechar a janela
que esqueceu aberta. Se espreguiçando, andando meio bêbado de
sono até o banheiro, o mesmo faz parte das suas higienes matinais,
deixando o banho só para depois que sair da academia.
Depois de vestir um short para malhar, ele calça um tênis e
amarra seus cabelos conseguindo fazer um coque pequeno. Antes
de sair do quarto, sua mão afaga os cabelos castanhos e lisos que
estão espalhados em seus lençóis, aproveitando para plantar um
beijinho na testa da dorminhoca, que ronrona com o carinho.
Treinando pernas, a mente do loiro vaga há sete meses atrás.
Se lembrando da sua esposa fugindo da lua de mel, de quando
voltou e os dois precisaram encher a cara para conseguir conversar
um com outro... Era engraçado pensar em como o relacionamento
deles deu uma diferenciada depois que se casaram. Ele não ficava
nem meia hora conversando assuntos pessoais com ela sem levar
farpadas. Mas agora, Melanie, estava bem mais falante e sorridente
do que antes. Sentimentos não era um assunto mencionado entre o
casal. Invés disso, os diálogos se voltavam para o meio profissional
e histórias engraçadas do cotidiano.
Assim como previu, depois de prender a algema no pulso
dela na MD Will’s, a morena nunca mais precisou dormir no quarto
de hóspedes. O que pra ele era um progresso bem grande — é
claro que Christopher apelou pra sensualidade para conseguir
mexer com a cabeça dela, mas isso foi só um detalhe.
Sempre que se pegavam, Melanie já estava cansada demais
para levantar da cama e então era puxada para dormir entre os
braços dele. Quando veio as primeiras regras mensais, o loiro se viu
obrigado a mimá-la para prendê-la de vez na suíte principal, a
enchendo de chocolates e muito carinho. Melanie nunca havia sido
mimada, receber tantos cafunés e beijinhos no rosto, a deixou num
estado de carência tão grande que não conseguia se afastar nem se
quisesse.
Se tornou um vício dormir sentindo o calor e o cheiro dele.
Mesmo que de vez em quando as coisas não esquentassem
debaixo das cobertas. Christopher sempre puxava assuntos
interessantes a deixando bem à vontade. Nisso não só foram se
conhecendo, mas desenvolveram algo tão forte que não
conseguiam mais se ver longe um do outro. Contanto que não
falassem sobre sentimentos, estava tudo bem.
Completamente desanimado, Christopher soa tonificado as
panturrilhas, vendo sua gata vestida só com um top e um short curto
colado de treinamento, começando a se aquecer de frente pro
espelho, tirando todo o silêncio da sala com suas músicas.
— Pensei que hoje era seu dia de folga — ele solta uma
lufada de ar.
— Continua sendo, só que eu não consegui mais dormir —
estrala as costas com o alongamento.
— Me desculpa se eu te acordei — pausa a sessão.
— Não foi culpa sua — sorri, se animando com uma música
do PSY. — Ainda tenho a tarde inteira pra dormir.
Christopher continua sentado no aparelho, vendo sua esposa
se envolver com a melodia, até começar a dançar de vez. Ele solta
uma risada gostosa, com os passos desengonçados que ela dá
antes de começar a malhar, até conseguir entrar no ritmo da batida.
Sem sombra de dúvida, a sua manhã não poderia começar
melhor. O mesmo sabia o quanto sua esposa gostava de dançar e
era muito boa nisso — contanto que não cantasse junto com o
artista — era tão excitante quanto divertido, vê-la suando mexendo
os quadris de um lado para o outro. Aquele era o aquecimento
Melanie antes de começar a malhar de verdade e sem dúvida
alguma, uma visão e tanto para o loiro.
Se esquecendo que tem que sair. Os olhos cinzas se perdem
nas curvas da morena, sentindo uma vontade enorme de se juntar
àquele corpo pequeno e suado. Christopher se lembra que não a
teve como amante na noite passada, porque ela não estava bem e
começa a analisar a situação. Tendo a conclusão que a indisposição
nos dois últimos dias e a animação repentina dessa manhã, só
poderia significar que os dias dela estavam chegando. Com isso em
mente, o loiro não perdeu tempo sentado e foi dar um jeito de
rebolar os quadris, pois sabia que ficaria cinco dias privado disso.
— Você está muito animado para alguém que acabou de
treinar — Melanie dá risada, sentindo ser abraçada por trás.
— Eu quero dançar também — segura nas laterais dos
quadris dela, se envolvendo com ritmo suave.
— Eu sei muito bem que você não quer dançar — se vira nos
braços dele, dando de cara para o peitoral todo suado. — Você tem
que pegar um voo daqui a pouco — o lembra, sentindo os beijos no
seu pescoço, duas mãos grandes agarrarem sua bunda. — Já está
com saudades da amante?
— Ontem ela estava indisposta então passei a noite com a
minha mulher — roça seus lábios na pele dela a arrepiando inteira.
— Minha esposa ainda está dormindo, então acho que não tem
problema comer minha amante pela manhã, né? — a faz sorrir. —
Acho que ela não vai acordar por agora, já que hoje é o seu dia de
folga. Podemos fazer muito barulho, Melanie dorme que nem uma
pedra — sussurra, como se estivesse realmente aprontando, vendo
a carinha sapeca que ela faz por adorar a situação “proibida”.
Melanie sabia que ele iria viajar a trabalho hoje, por isso não
quis ficar deitada. Christopher só voltaria amanhã e era tão ruim
ficar sem aquele loiro. Se lembrar que jantaria um macarrão
instantâneo sozinha — porque não se arriscaria na cozinha —,
lembrar que dormiria sem aquele calor ou cheiro dele, a deixou tão
carente que não conseguiu continuar deitada. Mesmo quando
deitavam virados para o lado oposto um do outro — pois não
conseguiam dormir sempre abraçados — só de tê-lo por perto a
fazia relaxar. Ele a mimou tão mal, que agora ela não conseguia
viver sem o seu carinho e as safadezas que fazia com o seu corpo
entre quatro paredes.
Era tão bom separar a esposa viciada em trabalho, da
amante louca viciada em sexo. Eram duas versões de si mesma que
ela nem sabia que tinha, mas estava adorando conhecer. Uma
sempre recebia o cuidado e o respeito do marido e a outra recebia o
fogo dele na cama. Tão contraditório quanto certo e Melanie amava
aquela fantasia, tanto que agradecia aos céus por ter perdido a
aposta.
— Você vai se atrasar...
— Eu devo ter alguns minutos de crédito — ele rouba os
lábios dela, a empurrando para o espelho.
— Você não tem... — geme, se deixando levar pelo beijo
fogoso. — Esses minutos... — começa a ficar excitada, sentindo o
peito dele suado nos seus dedos, adorando toda a masculinidade
que aquele homem exalava depois do treino.
— Vai ser bem rapidinho... — a vira de costas para si,
jogando o rabo de cavalo para o outro lado do pescoço e ocupando
sua boca na orelha dela, enquanto suas mãos a apalpam sem pudor
algum.
— Com você essas palavras não existem... — cora, quando o
vê levantar seu top de uma vez, fazendo os seus seios balançarem
eroticamente.
— Nós nunca fizemos aqui... — dá um sorriso safado,
olhando para o rosto dela de frente para o espelho. — Como é a
sensação de me ver fazendo isso com você? — segura nos montes
firmes, afundando os seus dedos na pele macia, os massageando
do jeito que ela gosta.
— Christopher, você tem que tomar banho pra sair... —
geme, sentindo os dentes dele no seu ombro.
— Você não respondeu a pergunta — brinca com os
biquinhos pontudos, com um sorriso enorme no rosto por vê-la
afetada. — Você fica tão gostosa suada... — morde o lóbulo da
orelha dela, a arrepiando inteira. — Por que nós nunca brincamos
aqui antes? — alisa a barriguinha, descendo uma mão para dentro
do short. — Quer ver o quanto os meus dedos podem te alargar? —
sussurra, parando o indicador em cima do clitóris, a acariciando de
mansinho. — Eu te garanto que vai ser uma das visões mais lindas
que já viu na vida...
— Uma das? — treme de excitação.
— A mais linda de todas, é olhar nos seus olhos enquanto
entro com tudo dentro de você... — fala com uma tonalidade um
pouco mais grossa, a derretendo por dentro.— Você faz uma
carinha tão linda quando se deixa levar... — belisca levemente o
ponto sensível, aproveitando o quanto ele está molhadinho. —
Infelizmente não dá para te mostrar, porque você não se vê do
mesmo jeito que eu te vejo — começa a descer o short dela. — Mas
garanto que ver meus dedos serem engolidos, será quase tão lindo
quanto...
Melanie morde os lábios completamente rendida, por aquele
ser maligno sussurrando indecências no seu ouvido, se
aproveitando do seu corpo traiçoeiro que não resiste às carícias
daquelas mãos grandes. Seus olhos desviam rapidamente para a
caixinha de som e percebe que ele está gastando um tempo que
nem tem.
— Você só tem uma hora para chegar no aeroporto... — arfa.
— Do Queens...
Arregalando os olhos surpresos, Christopher tira as mãos
dela, procurando o relógio.
— Merda, eu estou muito atrasado — rosna frustrado. — Até
amanhã a noite gatinha — rouba um beijo assanhado demais para
uma despedida.
— Christopher! — chama a atenção dele, percebendo o
quanto ele ainda está fogoso.
— Agrrr... — geme frustrado, se afastando contra sua própria
vontade. — Pode ter certeza que nós vamos continuar o que
começamos aqui — dá um último selinho antes de sair.
Melanie dá uma risada abafada, quando percebe que o short
de malhar preto, que não cobria toda a coxa grossa, estava com um
volume tão grande na frente que se prolongasse mais um pouco era
capaz da ereção escapulir. Ela morde os lábios vendo as costas
enormes cheias de pintinhas com algumas gotas de suor
escorrendo pela pele branca, a bundinha malhada que dava vontade
de apertar e as pernas musculosas em destaque da única roupa que
as cobre. Uma vontade de ir atrás dele para dar uns amassos,
desfazendo aquele coque no cabelo que o deixava ainda mais sexy,
quase estava fazendo sua cabeça. Porque Christopher depois de
malhar era um perigo para o psicológico de qualquer mulher,
principalmente o seu.
— Por quê eu não levantei junto com ele? — franze as
sobrancelhas triste.
Se olha no reflexo, percebendo a pervertida que está se
tornando, por quase o deixar fazer o que bem quisesse com o seu
corpo de frente para aquele espelho.
Céus, Melanie. Você está ficando depravada que nem ele! Se
repreende mentalmente. Como isso é possível?!
Colocando as mãos na cintura, tentando achar um ritmo certo
para dançar a música que estava tocando. Ela se lembra que não
vai mais o ver hoje e dá passos apressados atrás do loiro.
— Não vai ter perigo nenhum se eu só espiar ele tomar
banho.

***

Digitando rapidamente no teclado do computador,


Christopher se encontra ansioso para terminar logo tudo que tinha
que fazer em Boston, pra voltar logo para Manhattan.
Depois de sair de casa às pressas com suas malas nas
mãos, a última coisa que ele queria fazer era trabalhar num dia de
sábado. Hoje Melanie estava de folga, descansaria bem o dia
inteiro, jogaria Just Dance na televisão da sala e provavelmente
chamaria sua amiga pra jogar conversa fora. Ela estava com o dia
livre e a única coisa que ele queria era ocupar a folga dela consigo.
Imaginar que quando seus funcionários fossem embora, ela
estaria com seus cabelos ondulados, usando um baby doll soltinho
no corpo, aproveitando a liberdade de ser livre leve e solta o
restante da noite, o deixava bastante ansioso para desfrutar dessa
liberdade também.
Antes de ir embora de casa, a esposa o acompanhou por
todo o apartamento, ajudando com as coisas para ele não se atrasar
ainda mais. Por mais que voaria de jatinho, o horário da reunião
estava muito apertado para ele conseguir tirar uma casquinha dela.
Foi intencional a reunião mais cedo, porque o mesmo não queria
perder tanto tempo em Massachusetts e acabar ficando três dias
invés de dois, quebrando a cabeça com algo que já estava bom.
Completamente alucinado, Christopher chegou mostrando
para o que veio, tentando fazer um milagre com o tempo, pois sua
vontade era de voltar pra casa hoje mesmo — se trabalhasse que
nem um louco pulando as refeições, provavelmente conseguiria
esse feito —, ele estava tão pilhado que aumentou não só o seu
desempenho, mas o de toda a sua equipe os deixando animados
logo cedo.
— Cara, você é incrível! — Anderson fala com um sorriso
enorme no rosto, deixando a pasta na mesa do presidente da
empresa. — Como conseguiu fazer aquilo? Você os convenceu
tanto, que parece que ganharam na loteria. Estou falando sério, não
pensei que fecharia o contrato tão cedo.
— Gydans é uma empresa bem séria, eles não gostam de
muito falatório, preferem ir direto ao ponto — Christopher abre a
pasta para analisar. — Há semanas estamos conversando por
telefone, se prolongasse mais era capaz deles desistirem.
— E sua estratégia foi mostrar tudo de uma vez? — faz uma
pergunta retórica. — Rápido e objetivo — completa, com um sorriso.
— Tempo é dinheiro e a Gydans sabe disso. Só mostrei que
não perderam o seu precioso tempo comigo. Não somos só
respeitáveis, também oferecemos um serviço de ótima qualidade —
observa os números. — Eles gostam de qualidade e estavam
dispostos a pagar por isso desde que tivessem ótimos retornos.
— Então vamos dar esse retorno.
— Tenho certeza que acharam o melhor contrato da vida
deles.
— Disso eu não tenho dúvida. Do jeito que o senhor Wright
saiu daqui — dá uma boa risada.
— Só tem essa pasta? — olha para o amigo.
— Sim e conferir o pagamento que caiu uns minutos atrás —
coça a nuca, tentando parecer natural. — Rogers, nós vamos ficar
aqui até amanhã?
Os olhos cinzas se voltam para os castanhos e King se
explica.
— Eu pensei que iria demorar mais, só que você está tão
rápido que me pergunto se temos mais alguma coisa pra fazer aqui.
— Eu estou rápido? — faz um biquinho confuso.
— Você está terminando o trabalho de dois dias em um —
aponta para o relógio em cima da mesa. — São 4 da tarde e está
com o último contrato e relatório de pagamento nas mãos. Por
incrível que pareça isso está saindo melhor do que pensei. Olha que
você nem almoçou.
— Depois disso não vamos ter mais nada para fazer aqui?
— É estranho, né? — Anderson sorri. — Tentei ver se tinha
algo errado, mas está tudo certo.
— Então vamos voltar pra New York hoje mesmo — aponta
para a cadeira da frente, para fazer o amigo se sentar. — Só me
ajuda nisso aqui, eu não comi nada o dia inteiro e preciso da análise
de alguém de confiança.
— Quer que eu traga algo pra você comer? — se acomoda
na cadeira.
— Não vai precisar. Se realmente só temos isso pra fazer,
então eu posso pedir comida no caminho para o aeroporto.
— E as malas?
— Não deu tempo de desfazer, estávamos muito atrasados.
— Eu praticamente joguei as minhas na cama e saí correndo
— tira os óculos que estão guardados no bolso do seu paletó e
coloca no rosto. — Atrasados para adiantados, esse dia saiu mais
louco do que eu esperava.
Christopher sorri com o comentário e se concentra para
terminar logo.
Dentro do jatinho particular, o loiro conseguiu ter uma boa
refeição, para compensar as muitas horas que ficou sem comer e
cochilou o restante do curto caminho. Nem ele estava acreditando o
quanto aquilo foi rápido. Sorria em pensar que saiu de casa antes
do nascer do sol e agora estava no carro voltando para o seu
apartamento vendo a estrela quase sumir no horizonte. Sorria em
pensar que faltava poucos minutos para vê-la outra vez.
Será que ela vai gostar da surpresa? Será que ela já está no
seu modo natural? Ele pensa empolgado, louco para ver a reação
da sua esposa quando chegar em casa.
Desde que se casaram, ele nunca voltou cedo de uma
viagem. Essa era a primeira vez que faria uma bela surpresa
voltando um dia antes. Melanie não tinha como saber e nem esperar
algo assim, porque o mesmo não comunicou a volta. Não chamou o
seu motorista para lhe buscar no aeroporto — pois hoje estava de
folga — para deixar sua esposa bem aérea.
Saindo do carro, Christopher praticamente joga as malas no
elevador do prédio, mal se aguentando de ansiedade em vê-la.
Fechando os olhos por um tempo, ele acaba se lembrando da sua
ex, da vez que quis fazer essa mesma surpresa no apartamento
dela e acabou pegando-a com outro. Rapidamente ele se livra
desses pensamentos, colocando na sua cabeça que sua esposa
não era sua ex namorada e que não precisava sentir esse medo.
Quando as portas do elevador se abrem, ele vai até a porta
grande de madeira na entrada do seu cafofo abrindo de uma vez,
andando aos tropeços para conseguir encontrá-la. O mesmo vê uma
jaqueta masculina na mesa da sala de jantar e seu coração gela na
hora.
— É só uma jaqueta — fala para si mesmo, tentando não ser
neurótico.
Nesse horário, Christopher sabia que Melanie estaria sozinha
em casa. Seus funcionários já tinham ido embora há muito tempo e
ver uma blusa de frio que não era dele o deixou pesaroso. Ele não
tinha motivos para desconfiar de uma traição vinda de Melanie, mas
foi daquele jeito que foi traído uns anos atrás.
Primeiro foi uma jaqueta, depois uma blusa e logo as calças,
as meias e a cueca de outro homem estavam no chão do
apartamento da sua ex. Passar por algo assim mexe com
psicológico de qualquer um, principalmente agora que ele encontrou
uma camisa masculina no chão da sua sala de jantar.
— Não tire conclusões precipitadas, não tire conclusões
precipitadas... — repete como se fosse um mantra, a procurando
pela casa.
Seu coração batia com o medo eminente, a insegurança
tomava conta do corpo dele de tal forma que as únicas coisas que
conseguia ouvir, era o seu órgão dentro do peito quase explodir de
desespero.
O loiro vira o corredor ouvindo umas risadas e solta todo ar
que estava prendendo quando vê que ela não estava sozinha com
outro, mas com todos os seus funcionários e amigos perto da
piscina, e muitas outras peças de roupas espalhadas pelos cantos
aleatórios da sala de estar.
A bagunça dela é contagiosa! Ri por dentro.
Christopher sabia o quanto sua esposa era querida, todos
que trabalhavam pra ele a amavam. Melanie era como uma luz
naquela casa, sempre brincalhona que adorava jogar conversa fora.
Hoje especificamente, ela estava aproveitando o seu dia de folga
com os funcionários, Amanda, Dener, Maicon e Jorge. Estavam
sentados nas cadeiras de praia, uns deitados na borda da piscina
colocando alguma coisa no rosto sobre a orientação dela.
Obrigado... Ele agradece em pensamento, sentindo o seu
corpo relaxar.
Ela sempre esteve linda, mas hoje estava radiante. O seu
sorriso brilhava junto com o pôr do sol daquela noite, seus cabelos
continuavam lisos num rabo de cavalo alto. Melanie usava uma
maquiagem leve para esconder as sardas e as lentes de contato
para não mostrar a cor dos olhos — por mais que todos ali já
soubessem como ela era ao natural —, seu vestido curto rosa floral,
descia levemente pelas curvas esbeltas, iluminado com a luz do sol
poente, dando ainda mais pureza na sua aparência angelical.
Quando os olhos se encontraram, ela abre a boca surpresa e o
sorriso que estava em seu rosto ficou muito maior e mais brilhoso.
Meu anjo... Ele pensa sorrindo.
O coração que antes batia de medo, agora estava quase
saindo pela boca de tanta felicidade. Assim como era maravilhoso
acordar com sua esposa nos braços, também era tão bom chegar
em casa depois de um dia cansativo e ser recebido com aquele
sorriso lindo.
Educadamente, a morena pede licença para os seus
convidados e caminha para sair das portas de vidro e ir até a sala.
Sua empolgação é tão grande, que ela faz uma pequena corridinha,
sendo recebida com um beijo de um homem muito sorridente.
— Hum... — o abraça, sendo envolvida pela cintura por dois
braços fortes, vendo os seus lábios serem reivindicados de tal
forma, que fica impossível não sorrir também.
Minha... Ele pensa, aprofundando cada vez mais o beijo. Só
minha... Somente minha... Toda minha...
Melanie dá risada com a animação que emana dele e quando
desfaz o contato do beijo, o olhar de admiração que recebe é tão
luminoso, que sente suas bochechas esquentarem. Mesmo não
sabendo porque o sorriso no rosto do seu esposo era tão grande
daquele jeito, ela deixa seus últimos selinhos desfrutando do
momento.
Minha Melanie... Suspira feliz, acariciando seu nariz no
pequenininho dela, dando um beijo de esquimó.
— Você voltou mais cedo, pensei que só te veria amanhã —
ela fala com um sorriso enorme no rosto.
— Foi bem mais rápido do que pensávamos — acaricia a
bochecha levemente rosada, a admirando em silêncio. — Já não
tínhamos mais nada para fazer em Boston.
— E deu tudo certo? Vocês conseguiram fechar o contrato?
— Deu tudo certo sim — a beija mais um pouco, começando
a sentir uma dor na lombar por causa do tamanho pequeno da sua
esposa. — O que está fazendo? — endireita o corpo, ainda com
uma mão apoiada nas costas finas.
— Como hoje era o meu dia de folga, resolvi dar uma
pequena festinha particular — apoia a mão no abdômen dele, dando
um breve carinho no colete social. — Chamei o pessoal pra ficar
comigo. Nós fizemos churrasco e aproveitamos a piscina.
— Ele não estava de folga? — segura a mão dela dando uns
beijinhos na palma, olhando para a área de lazer.
— Achei estranho chamar a Margot e não pedi para o
Anthony vir também — se explica de forma fofa. — O que está
fazendo com a camisa do Dener na mão? — nota a peça de roupa
que ele estava segurando atrás das suas costas.
— Você é uma pequena bagunceira e leva os outros pro mal
caminho — sorri com a carinha de sapeca que ela faz. — Encontrei
a camisa dele no chão da sala de jantar — coloca a peça na mesa
de centro.
— Dener e Amanda parecem dois peixinhos quando veem
água. Quase não saíram dali desde que chegaram, ainda bem que a
água da piscina está quente.
Os olhos do loiro se voltam para o casal que estão deitados
nas bóias, com as mãos dentro d’água, curtindo o dia de sábado.
Parecia que todos estavam de folga naquele dia, menos ele. Por
mais que as roupas estavam espalhadas por aquele cômodo,
Christopher sentiu uma pontada no peito por não ter feito parte
daquela bagunça.
Ela vai acabar me levando pro mal caminho também! Ele
pensa assustado.
— Não sabia que o Dener tinha tantas tatuagens — o loiro
comenta. — É a primeira vez que vejo as da Amanda — observa os
poucos desenhos pequenos e delicados, que normalmente ficam
debaixo da roupa. Assim como Melanie, Christopher achava aquele
casal lindo e não demorou muito tempo para serem amigos deles
também.
— Eles têm uma das relíquias da morte tatuada no pulso. Os
dois falam que é de casal — sorri olhando para os amigos. — Nunca
vi alguém combinar tanto um com outro. Eles se completam de um
jeito tão diferente e legal.
Christopher os percebe com umas máscaras douradas no
rosto, assim como todos que estão em volta e fica um tanto curioso.
— O que vocês estão fazendo? — pergunta bastante
interessado, olhando algo vermelho e gelatinoso cair da boca de
Antony. Margot tenta ajudar, mas cai algo do material similar da cor
rosa gold das suas pálpebras e o casal de idosos começa a rir.
— Skincare, mas esse grupo está terrível — fala no tom de
brincadeira. — Depois que ficamos sem nada para fazer, o Jorge
deu essa ideia e eles ficaram bem interessados, só não conseguem
ficar quietos.
— Começaram a colocar agora? — olha os outros.
— Terminei de orientar o último assim que te vi.
Christopher se anima vendo todos reunidos e pensa como
seria legal se juntar a eles e ter sua esposa o ajudando a colocar
tudo aquilo na cara. Pelo jeito que o casal de velhinhos estavam se
divertindo, o loiro não teria dúvidas que iria gostar de fazer aquilo
com Melanie também.
— Eu vou tomar banho e já desço pra ficar com você — ele
não espera ela responder a enchendo de selinhos e praticamente
voa dali com suas malas nos ombros.
Debaixo do chuveiro, o loiro aproveita para lavar os cabelos e
passar o sabonete no rosto que recebeu de presente da esposa. O
banho demorou um pouco mais do que pretendia, pois o mesmo
alinhou o desenho da sua barba, diminuindo a quantidade dos pelos
para não ficar muito cheia e nem rala. Ele queria ficar bem limpinho
e cheiroso, assim como ela sempre ficava pra ele.
Vestindo apenas uma bermuda e uma regata, Christopher
ouve o seu celular tocar e atende a ligação de trabalho. Descendo
as escadas com o telefone no ouvido, ele vê todos se despedindo
deixando a casa organizada outra vez. O loiro dá um aceno meio
sem graça, por chegar no apartamento assim que todos já estavam
indo embora e decide não se aproximar para conversar. Ele avisa
para Melanie que ficará no escritório por um tempo, para resolver
algo rápido e ela assente subindo as escadas para o quarto deles.
Passando a mão nos cabelos, Christopher termina sua
ligação, digitando umas notas no computador. Depois de feito ele vai
para o seu quarto, ver o que ela estava fazendo agora.
Ele estava um pouco chateado porque todos já haviam ido
embora e queria ter tido a oportunidade de aproveitar o fim da tarde
também. Gostava da companhia dos seus funcionários e dos
amigos de Melanie, então se sentiu bem deslocado quando foram
embora.
Chegando no quarto, Christopher a vê terminando de secar
os cabelos, deixando os cachos soltos bem definidos e bonitos
como de costume. Melanie pega uma tiara felpuda em cima da
penteadeira, colocando na cabeça para fazer o seu tratamento
facial, arrancando um sorriso dele.
— Pensei que tinha feito isso lá na piscina — ele se aproxima
animado.
— Não tinha como — se vira para olhá-lo. — Tive que ficar os
vigiando, são muito inquietos.
Sorrateiramente, Christopher começa a mexer nos potes de
cosméticos, atraindo um sorriso divertido da esposa.
— O que é isso? — segura um tipo de esponja com
dentinhos e aperta um botão, se assustando quando sente o objeto
vibrar.
Melanie cai na risada, percebendo a cara dele, conseguindo
ler aquela mente poluída.
— Não é nada disso que está pensando — fala entre risos,
recebendo um sorrisinho de canto, bem safado por sinal. — Céus,
Christopher, você é terrível! — se levanta para explicar a
funcionalidade do objeto. — Ela é para esfoliar o rosto. Você aplica
o produto aqui em cima e ela faz maravilhas na sua pele. Vem aqui,
eu vou te mostrar — o puxa delicadamente até um pequeno divã
acolchoado, o fazendo sentar e esticar as pernas para ficar mais
confortável. — Você lavou o rosto com aquele gel que eu te dei?
— Sim — sorri, quando ela se aproxima novamente, se
inclinando para usar a maquininha na sua testa.
— Está sentindo? — dá um largo sorriso, o vendo arregalar
os olhos com a novidade. — Ela deixa a pele linda — passa
suavemente o objeto macio sobre as bochechas dele, no limite da
linha da barba bem desenhada. — Relaxa, não?
Christopher assente animado e se endireita para fazê-la
sentar também.
— Deixa eu fazer isso também — pega o objeto e o leva até
o nariz de bonequinha, arrancando um sorriso de cosquinha.
Céus, como consegue ser tão linda desse jeito? Pensa
admirado.
Ele passa o objeto esponjoso sobre as sardas das maçãs do
rosto, no queixo delicado, contemplando cada traço facial, até
aqueles olhos coloridos se encontrarem com os seus cinzas, o
arrepiando inteiro.
— Eu não terminei o seu rosto — segura a mão grande,
colocando o massageador na testa dele. — Vai ser rapidinho...
Christopher passa a mão na cintura fina aproveitando a
proximidade, sentindo cosquinhas na sua face e intercala com ela o
uso do objeto.
— Você quer fazer skincare comigo? — limpa o excesso de
produto das bochechas dele.
— Nós vamos colocar aquelas coisas no rosto? — olha para
a penteadeira.
— Eu te mostro como fazer, garanto que vai gostar do
resultado.
— Tá bom.
Depois da sessão de hidratação, eles colocam as máscaras
no rosto e na linha abaixo dos olhos. Até tentaram colocar uma na
boca, mas não paravam de rir e conversar, por isso desistiram de
hidratar os lábios.
— Vamos tirar uma foto? — ele pergunta, pegando o celular
do bolso. — Isso está muito engraçado, quero me lembrar desse
momento.
— Não sei, as pessoas não vão me reconhecer? — encosta a
cabeça no peito dele, estando sentada no meio das pernas longas,
sendo abraçada por trás.
— Você fica muito diferente com o cabelo cacheado e a
heterocromia. Sem contar que essa máscara está tampando nosso
rosto.
— Eu realmente fico diferente sem nada daquilo?
— A primeira vez eu quase não te reconheci. Duvido muito
que as pessoas que não viram você de verdade vão conseguir
identificar.
Ela concorda animada e resolve tirar a foto que ele queria.
Estavam muito engraçados com a face toda dourada e as olheiras
rosa gold. Numa das fotos, o casal estava sorrindo tanto que
Christopher decidiu postar no Instagram com a legenda: "Depois de
um dia cansativo, nada melhor do que dar um trato no rosto com a
mulher mais linda do mundo. Não que minha esposa precisasse
disso para ser bonita.”
— Christopher, você quer me derreter desse jeito? — fica
mexida com o que ele escreveu.
Eles estavam tão lindos com um brilho diferente nos olhos,
que não demorou muito para as pessoas comentarem. Mandando
frases carinhosas e encantadas pela heterocromia de Melanie.
— Eu falei que ninguém iria te reconhecer — a envolve mais
ainda nos braços.
— Nossa, meus olhos são tão bonitos assim? — se admira
com a quantidade de elogios.
— São os mais lindos que eu já vi na vida...
Ela dá um sorrisinho bobo com a constatação e Christopher
resolve perguntar o que há meses estava entalado pra sair.
— Por quê não gosta dos seus olhos?
— Eu gosto deles... — se afasta sem graça. — Vamos tirar, já
está na hora — se endireita para ficarem frente a frente.
Ele nota o quanto ela está estranha querendo não falar sobre
isso e relutante se move para tirar as máscaras. Christopher tinha
em mente que ela gostava da aparência, só não entendia o porquê
tentava tanto esconder e porque nunca falava a respeito. Assim
como sentimentos, esse assunto não era falado no meio deles, e
por querer evitar algo que provavelmente acabaria com a relação
tão boa que tinham, o mesmo não insistia no assunto e deixava
passar.
— Viu como a pele fica linda depois de bem cuidada? — ela
fala de pé na frente do espelho, o trazendo consigo.
— Tem um cheirinho bom — a abraça por trás, fungando a
bochecha dela, arrancando um enorme sorriso. — Melanie, que tal a
gente comer fora hoje?
— Como um casal de verdade? — sente um beijinho nos
cabelos.
Nós somos um casal de verdade. Ele pensa o que gostaria
de dizer, mas não fala para não entrar na questão dos sentimentos.
— Nós poderíamos andar de moto até o Brooklyn e comer
um belo hambúrguer com aqueles molhos dentro.
A boca dela chega saliva com a ideia e o mesmo se pergunta
o porquê nunca a chamou para comer fora antes, como um encontro
de verdade. Então se lembra que escondem o relacionamento
deles.
Por mais que a MD Will’s já saiu do vermelho, ela não quis
levar o casamento a público e Christopher respeitou com receio do
próximo boato que inventariam da esposa. A mídia só a via com
uma menina mimada e cheia de caprichos, descobrir que se casou
com alguém tão rico quanto ele, poderia dar uma dor de cabeça que
eles não estavam querendo passar no momento. Para ele, era duro
ler as mentiras na internet, de uma pessoa que deu a vida para
chegar onde chegou, sempre sendo vista como filhinha de papai.
— Você pode ir assim mesmo, sem nenhuma maquiagem e
com os cabelos ondulados que ninguém vai te reconhecer — inspira
o perfume delicioso dos fios chocolate escuro. — Vamos ser marido
e mulher por essa noite, poderíamos até usar nomes diferentes se
quiser — se lembra do que falaram pra ele no bar.
— Nomes diferentes? — seus olhos brilham.
— Eu poderia ser um Christian — dá um sorriso ladino.
Ele não contou da conversa no bar, pensando que um dia
poderia ser usado a seu favor futuramente e agora era hora perfeita
pra isso.
— Eu quero ser uma Elanie — se empolga com a ideia de ser
uma pessoa sem rótulos e comum. — Christian não era o nome do
seu pai?
— É o nome do meu pai e parando pra pensar seria estranho
usar o nome dele, então eu só quero ser outro Christopher que não
seja Rogers — a vê assentindo com a cabeça.
— Gostei da ideia — sorri.
— Meu pai gostava de sair tarde da noite com a minha mãe
para fugir um pouco da rotina — se lembra deles. — Ele pegava sua
moto, a colocava na garupa e iam comer nos lugares que saberiam
que ninguém conseguiria reconhecê-los. As pessoas tem uma ideia
estranha, de que gente rica só come em restaurante 5 estrelas. Por
mais que estavam na mídia, ninguém os incomodava porque não
acreditava que alguém como eles comeriam num lugar comum.
— É sério? — se surpreende, o vendo concordar com a
cabeça.
— Vamos, você vai gostar. Vamos ser só Melanie e
Christopher hoje.
— É Elanie.
— Não vou conseguir te chamar de Elanie o tempo todo e
duvido que conseguiria ficar me chamando de Christian — a faz
concordar.
— Então sem Rogers ou Williams — pondera a questão.
— Sem Rogers ou Williams — sussurra com um sorriso no
rosto.
Ela olha no relógio percebendo que já são 10 da noite e dá
de ombros, querendo aproveitar cada minuto com ele.
— Eu só vou vestir uma roupa, não vou demorar — vai até os
cabides.
— Tá, mas se lembra que é um encontro — dá um beijo na
bochecha dela. — Hoje eu quero a Melanie agarradinha comigo na
garupa da moto.
Ela se arrepia só de imaginar a cena.
— Tá bom...
Melanie o vê deixar seu closet e decide escolher uma roupa
bem bonita para sair com o seu marido.
Ser uma Elanie abria portas para a liberdade e por mais que
a moça de cabelos ondulados e olhos coloridos era a amante dele,
hoje essa mesma moça queria ser a esposa de um simples
Christopher sem Rogers. Ria em pensar que era uma amante
iludida, mas qual seria o problema? Aquele homem já era seu
mesmo.
11

Suas versões

E stacionando sua Harley-Davidson no espaço


deserto em frente a uma hamburgueria.
Christopher tira seu capacete, ajeitando seus cabelos que se
encontram amarrados em um coque pequeno.
— Não sai daí — Melanie desce da moto com um pouco de
dificuldade, tira seu capacete e vai para frente do veículo. — Só 1
minuto... — ela tenta subir no tanque de gasolina, toda
desengonçada devido as pernas curtas, arrancando uma risada
rouca do loiro.
— Vem aqui — a ajuda, ficando frente a frente. — Pronto.
Estando quase na mesma altura que ele, Melanie dá uma
piscadinha, jogando uma cantada.
— E aí gatinho, vem sempre aqui?
Christopher cai na gargalhada com o flerte e descansa as
mãos na cintura dela.
— Não sabia que uma Elanie era tão atrevida — fala
divertido.
— E eu não sabia que um Christopher sem Rogers era um
motoqueiro — passa os braços no pescoço dele, usando uma
tonalidade mais sensual ao falar.
Esta noite, o loiro estava usando uma calça preta estilo
rasgado, com uma bandana enroscada na lateral do passante da
calça, acompanhado com um cinto de couro. Uma jaqueta de couro,
estava sobre os ombros, aberta na frente mostrando a camisa do
Twisted Sister com o símbolo da banda de rock.
Quando saiu do closet naquela noite, Melanie mal acreditou
no que viu. Normalmente o esposo sempre usava um terno de três
peças feito sob medida, com os cabelos soltos, estilo John Wick. Já
em casa era uma blusa lisa, acompanhada com uma calça moletom.
Então vê-lo adotar um estilo roqueiro quando saía para um
encontro, não só a deixou em choque, como também a fez voltar
para o seu closet e se vestir em comparação a ele.
Melanie até gostava da roupa de menininha que escolheu,
mas preferiu mudar pois adorou o estilo do marido. A morena
escolheu calçar uma botinha cano curto com cadarço e salto grosso.
Mesmo estando frio, escolheu vestir um short curto e vestiu uma
blusa da cor preta — a cor de todas as peças que escolheu —
quebrando o escuro com uma jaqueta de couro marrom café. Não
era o estilo roqueiro que nem o loiro, mas estava combinando muito
com ele.
— E você gostou desse Christopher? — dá um sorrisinho
ladino.
— Ele parece um cara mal — se arrepia com o frio.
— Se soubesse que me vestir assim te deixaria excitada, eu
teria aparecido na sua frente desse jeito antes.
— Se meus pais te vissem assim, provavelmente não me
casaria com você.
— Casariam por causa do Rogers — ele comenta a fazendo
concordar. — Mas esse Christopher sem Rogers, teria uma chance
com uma Melanie sem Williams? — fala olhando nos olhos dela.
— Não existia uma Melanie sem Williams antes do
Christopher aparecer — lhe dá um selinho demorado. — Você
nunca foi o meu tipo... — inclina o rosto lhe dando outro selinho. —
Era forte demais... — sela os lábios novamente. — Loiro demais...
— suga o lábio dele. — Alto demais... — o beija, colando o seu
corpo no dele, sentindo um fogo subir pelas suas pernas. —
Cheiroso demais... — o olha ofegante, com o seu nariz ainda
tocando o dele. — Gostoso demais...
— Era pra ser uma ofensa? — dá um sorriso lindo, a fazendo
se derreter toda.
— Sim — balança a cabeça. — Você é demais pra mim... —
o ataca com beijo cheio de malícia.
Christopher sorri quando sente sua boca ser proclamada por
uma morena muito excitada. Obviamente ele não pensou que sua
esposa ficaria nesse fogo todo, só por vê-lo vestir uma roupa
diferente do habitual. O loiro só queria estar bem arrumado, pois
seria o primeiro encontro deles e por um momento se sentiu um
adolescente levando a garota que ele gosta pra sair.
— Hum... — passa os braços na cintura fina, a pressionando
contra o seu corpo.
A cada segundo que passava, ele ficava ainda mais excitado.
Por mais que uns meses de casados, era a primeira vez que a via
tão fogosa daquele jeito. Tinha algo diferente nos seus beijos e ele
estava gostando muito. Pensando que aquele fogo todo era só
porque resolveram sair fora.
— Céus, Melanie... — se afasta dos lábios finos, ofegante,
com sua testa colada na dela. — Eu estou te levando para uma
lanchonete, não para um motel.
Ela dá uma risada gostosa, adorando a reação do marido e o
provoca mais um pouquinho.
— Nós bem que poderíamos ir, depois de lanchar.
— Tá falando sério? — abre os olhos, com um sorriso safado
no rosto.
— Sim... — sussurra, para entrar na fantasia deles. — O meu
esposo está viajando e só volta amanhã. Ele nem vai perceber que
eu dormi fora essa noite — faz uma carinha sapeca.
Christopher dá uma boa risada, plantando uns selinhos nos
lábios dela.
— Já que o amante vai aparecer só mais tarde, agora eu sou
o seu namorado?
— Vamos separar isso direito — se afasta um pouco, vendo o
vapor branco sair da sua boca, de tão frio que estava. — Meu
marido é o homem de terno, o amante é meu homem pelado e o
namorado é meu motoqueiro? — franze as sobrancelhas de forma
fofa. — Tá começando a ficar confuso, eu não ia sair com meu
marido hoje a noite?
O coração do loiro quase pula pra fora, com a quantidade de
pronomes possessivos que sai da boca dela. A melhor sensação do
mundo é se sentir exclusivo de alguém. Ele já estava fissurado por
Melanie, em imaginar que era o seu marido, amante e agora
namorado. Parecia que ela não fazia a menor ideia do quanto suas
palavras mexiam com o coração dele.
— Você o fez viajar novamente para usar seu amante essa
noite — toca nas coxas geladas. — Céus, você vai acabar
congelando aqui fora. Vamos entrar logo, namorada.
Ele desce da moto e a ajuda a descer também.
— Estou começando a me arrepender de vestir esse short —
o acompanha para dentro do estabelecimento, com o capacete na
mão.
Melanie abre a porta para entrar e logo as poucas pessoas
que estavam no local, olham para ela, encantados com a cor viva
dos olhos. A morena fica envergonhada e olha para Christopher,
vendo a mão dele com uma aliança dourada no anelar esquerdo e
percebe que não está usando a sua. Por um momento ela se sentiu
uma amante de verdade. Já não usava aliança para não descobrir
que Melanie Williams era casada, mas como hoje era uma pessoa
diferente, se arrependeu amargamente por não colocá-la no dedo,
ficando com um nó preso na garganta.
— Eu vou usar o banheiro — fala pra ele, antes de andar
apressadamente.
Christopher não entende a atitude estranha e caminha para o
fundo da lanchonete, deixando seu capacete sobre a mesa, tirando
a jaqueta que está usando e se senta de frente pra parede, estando
isolado do restante das pessoas, para ter privacidade.
— Olá, bonitão — uma mulher que ele nunca viu na vida,
invade o seu espaço pessoal, se sentando ao seu lado e abraçando
seu braço. — Nunca te vi por aqui antes.
— Você não viu que eu entrei acompanhado? — se afasta
rapidamente, falando o mais alto possível para deixá-la
constrangida. — Eu não sei o que te deu na cabeça para vir aqui,
mas eu não estou interessado no seu programa.
— Programa? — se ofende.
Todos olham pra ele, mas o loiro não se importa. A mulher
tinha sido uma otária, claramente ela viu que ele estava
acompanhado e Christopher não ligava de ser um otário com ela
também.
— Será que dá pra levantar sua bunda daí, está infectando o
lugar da minha esposa! — fecha ainda mais a cara.
Com a cara lá no chão, a ruiva se levanta trombando com
Melanie que ouviu tudo quando estava no banheiro.
— Não! — estende a mão, impedindo sua morena de sentar.
— Você trouxe aquele álcool que sempre carrega na bolsa?
Ela deixa o capacete sobre a mesa, procurando o vidrinho e
quando encontra, entrega pra ele.
Christopher asperge o álcool no assento que a ruiva sentou,
depois no seu braço, como se estivesse se livrando de alguma
doença contagiosa.
— Pronto, minha dama — pega calmamente a mão pequena
da sua esposa, a trazendo delicadamente para o seu lado. — Eu
estou cheio de fome — apoia o braço no encosto do assento dela,
pegando o cardápio.
Melanie sorri com o carinho que é tratada e se aconchega
ainda mais nele.
— Você deve estar com frio — o loiro coloca sua jaqueta nas
pernas dela.
— Não precisa, você também deve estar com frio, não posso
tirar isso de você — tenta devolver mas ele não deixa.
— Se quer me esquentar de verdade, é só continuar
abraçadinha comigo — planta um beijo nos cabelos castanhos.
— Christopher, eu estou falando sério. Você não vai
conseguir comer desse jeito.
— Eu também estou e se você tirar ela daí, não vou vestir de
qualquer jeito.
A morena franze as sobrancelhas, fazendo um biquinho de
que não gostou e ele rouba um selinho.
— Boa noite, sejam bem vindos ao Hamb, eu me chamo
Maria e vou atendê-los essa noite — atrai a atenção do casal. —
Também gostaria de pedir desculpas pela minha amiga. Sei que ela
mereceu, mas não quero que fiquem desconfortáveis pela atitude
dela.
— Você não deve pedir desculpas, você não fez nada de
errado — Melanie fala de forma doce, olhando nos olhos verdes da
jovem.
— Mesmo assim é desconfortável, estava claro que o senhor
estava acompanhado e o desrespeito dela não só trouxe incômodo
pra vocês, mas para o restante dos clientes.
Melanie sorri com a educação da moça e acaba a olhando de
outra forma. Por trabalhar no ramo da moda, o seu olhar às vezes
ficava crítico em relação as pessoas. Maria era alta e magra, com
um rosto muito bonito. Assim que a viu, achou um charme a mancha
na pele em volta do olho por causa do vitiligo. A parte negra, tinha
uma tonalidade acobreada, a fazendo se lembrar da cor da Rihanna,
assim como a cor dos olhos que também era parecida. A única
mancha visível do vitiligo no rosto, acompanhado com o cabelo afro
castanho escuro, a fez lembrar da personagem da história em
quadrinhos Dominó, que aparece no filme Deadpool 2. A moça
parecia uma junção da cantora com a mutante, que deixou Melanie
de queixo caído.
— Vamos deixar isso de lado — Melanie fala, acenando com
a mão. — Ainda não pedimos, mas aceitamos recomendações.
A atendente abre um sorriso e se aproxima apontando pro
cardápio, falando gentilmente.
— O hambúrguer de picanha é a especialidade da casa.
Além de vir com duas carnes artesanais, bacon e cheddar, ele
também vem acompanhado com batata frita e o refri.
— Eu não gosto de refrigerante — Melanie comenta.
— Não tem problema, você pode trocar por suco...
Christopher observa a funcionária da lanchonete com as
bochechas levemente rosadas, enquanto apresenta o cardápio para
sua esposa e sorri. Percebendo que ela estava daquele jeito por
causa da aparência de Melanie. Ele olha para a porta do banheiro,
vendo um menininho de boca aberta olhando para sua companheira
e se lembra de quando ele ficou desse jeito.
Parecia que todos enxergavam sua beleza exceto ela
mesma.
Eles fazem o pedido, a garçonete se retira, caminhando até a
criança a levando de mãos dadas para atrás do balcão. Christopher
percebe que sua esposa não desvia os olhos da funcionária e acaba
fazendo uma pergunta retórica.
— Será que você gostou dela?
Melanie se vira pra ele com os olhinhos brilhando.
— Christopher, ela é muito linda! — arregala os olhos dando
ênfase. — Imagine ela desfilando no primavera/verão? Ia ser incrível
na passarela.
O loiro sorri da empolgação da esposa. Era incrível o olho
dela pras pessoas que queria colocar na passarela. Melanie tinha
uma visão de moda muito diferente dos pais. — um dos maiores
motivos que a proibiam de mexer na área de desfile na MD Will’s —
De vez em quando, os olhos dela brilhavam daquele jeito para uma
pessoa fora do padrão e isso só o fez imaginar ela montando o
próprio desfile de moda, trazendo algo maravilhoso para indústria.
— Nossa, você viu o quanto ela é educada? Eu nunca fui
atendida tão bem em toda minha vida. Da vontade de ser amiga
daquela mulher. Acho que eu vou pedir o número dela.
Ele dá uma boa risada.
— Quem é você e o que fez com a minha Melanie? — fala
entre risos. — Nunca imaginei que você pediria o número de
alguém.
— Isso é o que acontece quando a Elanie sai de casa, ela
não liga pra opinião de ninguém e acaba sendo uma doida varrida.
— Esse seu lado doidinho me deixa tão excitado — rouba um
beijo. — Falando como um Christopher com Rogers...
— Não! — protesta.
— Ele só vai durar um minuto, então me deixa terminar —
rouba um selinho a calando e ela concorda com a cabeça, querendo
ouvir a opinião profissional do marido. — Ter ela na passarela, traria
algo completamente diferente a MD Will’s. A cabeça dos seus pais é
muito fechada em relação a moda e esse é um dos motivos porque
a empresa não sobe a um novo patamar.
— A moda é feita de pessoas reais. Parece estranho dizer
isso, quando eu estou querendo colocar uma pessoa com vitiligo na
passarela, sendo que só 0,5% da população mundial tem a doença.
Mas as formas do corpo dela são comuns, não é magra demais e
nós vendemos roupas para aquele tipo de corpo.
— Como sabe da porcentagem exata? — se mexe no
assento, adorando o lado inteligente da esposa.
— Minha avó tinha vitiligo, mas o dela era espalhado só pelos
pés e mãos. Eu sou muito parecida com ela, exceto o fato das duas
cores na pele. Sua aparência pulou uma geração, então foi a neta
que nasceu morena, com sardas, cabelos castanho escuro e
cacheados, e a heterocromia — gesticula com a mão. — Dona Ruth
era uma texana muito fofa e adorava mimar a netinha favorita dela
— coloca as mãos nas bochechas, com um sorriso convencido nos
lábios.
Christopher fica animado, ouvindo ela falar da avó pela
primeira vez e não consegue esconder o entusiasmo.
— Você é uma cópia?
— Sim! — ela dá um largo sorriso. — Minha mãe não
acreditou quando eu saí dela — dá uma risada gostosa. — Dona
Sarah puxou o vovô com olhos azuis, loira e branquinha. Ela pensou
que provavelmente o Maxwell ou a Kimberly nasceria que nem a
vovó, mas parece que só eu tive essa sorte.
— Acha sua avó tão bonita assim?
— Com certeza! — exclama. — Vovó me contou uma vez,
que minha mãe a achava a pessoa mais linda do mundo até eu
nascer.
— Como assim? — estranha.
Melanie faz uma cara de quem falou demais e rapidamente
muda de assunto.
— Já que o meu Christopher com Rogers disse que a Maria
traria algo diferente, eu vou ser uma Elanie e pedir o número dela.
A morena rouba um beijo criando coragem para o que vai
fazer e se afasta mordendo o lábio dele.
— Quando voltar, eu quero o meu namorado de volta —
sussurra.
Christopher olha ela se levantar, fugindo da conversa como
de costume, o deixando com o coração acelerado pela sugada no
lábio, depois de um beijo gostoso.
Não se distraia, Christopher! Pensa, tentando se recompor.
Se eu perguntar diretamente, ela não vai falar. Tem que ser pelas
beiradas.
Ele fica um tempo pensando em como abordar sem assustar,
até Melanie aparecer com umas moedas na mão.
— Eu não tive coragem e acabei pedindo para fazer um pix
em troca disso aqui — se aproxima da caixinha de som, a
abastecendo com as moedas que pegou. — Você sabe como é
estranho pedir um número de uma pessoa que você nunca viu na
vida e dizer que ela ficaria maravilhosa na passarela? — faz uma
pergunta retórica. — Ela iria pensar que eu sou um daqueles
espertinhos, que fazem isso em trocas de favores. Sem contar que
os meus pais não me deixam mexer nessa parte da empresa.
Uma música de rock clássico ecoa na mesa deles e Melanie
volta a colocar a jaqueta do esposo nas pernas, se aconchegando
na lateral do corpo dele para aquecê-lo também.
— Eu também fiquei morrendo de vergonha, porque o filho
dela me perguntou se eu era um anjo.
— E você disse que sim, né? — sorri.
— Obviamente que não — dá risada, vendo seus pedidos
chegarem.
— Espero que gostem — a moça fala educadamente, antes
de se afastar.
Eles se ajeitam para começar a comer e Melanie reinicia a
conversa.
— Quando eu cheguei no balcão, ele estava numa mesinha
estudando — dá uma mordida no hambúrguer, arregalando os olhos
com o sabor e quando termina de mastigar volta a falar. — Parece
que ela não tem com quem deixar ele e por isso o traz pro trabalho
— bebe um gole do suco. — Eu sei que a Maria só atende, mas
esse cozinheiro tem uma mão boa, o molho está incrível!
Christopher morde o seu sentindo um gostinho estranho e
não consegue concordar.
— Eu pedi um diferente.
— Morde só um pedaço do meu — toca na boca dele e o
mesmo dá uma bela mordida, arregalando os olhos com o sabor. —
Gostoso, né?
— Muito melhor do que o meu, eu podia ter ouvido a
recomendação dela.
A morena sorri, devorando o seu hambúrguer e Christopher
aproveita para perguntar.
— Você disse que sua vó era texana — comenta como quem
não quer nada.
Aquela era a primeira vez que ela falava de alguém da família
que não a tratava esquisito, então ele estava muito curioso pra
saber da senhora.
— Ela morava numa fazenda — fala pensativa. — Toda vez
que alguém ficava doente, Dona Ruth dava um buquê de flores que
cultivava para o enfermo... Ela era tão legal, Christopher. No final do
mês, ela chamava os vizinhos, cada um trazia um prato e todos
comiam numa em volta de uma grande mesa, enquanto cantávamos
country — sorri com a lembrança. — Eu adorava quando minha
mãe me deixava uns dias lá na casa dela. A vovó me enchia de
comida e ficava cantando para eu dormir.
— Ela conseguiu nascer com heterocromia e vitiligo juntos?
— Dona Ruth era rara mesmo — suspira, terminando de
comer e Christopher arregala os olhos com a rapidez.
— Você já comeu?! — se espanta.
— Ainda faltam os nuggets de frango — bebe um gole de
suco, sentindo um incômodo abdominal.
— Você fala dela no passado.
— Ela morreu quando eu ainda era criança — se prepara
para comer, mas sente uma pontada forte na barriga. — Eu não
acredito nisso.
Melanie se levanta às pressas para ir ao banheiro levando
sua bolsa e Christopher fica preocupado. Ele para na metade do
hambúrguer que come a contragosto, vendo sua esposa voltar pro
lugar andando devagarinho.
— Christopher vamos pra casa — toca no braço dele. — Eu
acabei de entrar naqueles dias.
Preocupado, ele se levanta apressado pegando o capacete,
segurando a bandeja com os nuggets e seu hambúrguer pela
metade
— Tem como embrulhar pra mim, eu estou com um pouco de
pressa — coloca a bandeja no balcão.
Maria assente e ele tira o seu celular do bolso para pagar a
conta.
— Eu já paguei — Melanie toca no braço dele, fazendo uma
carinha de dor, o deixando com o coração na mão.
— Depois eu te transf...
— Que clichê, Christopher — sorri franzindo as sobrancelhas.
— Deixa sua namorada/amante/esposa pagar a conta do nosso
encontro... Daqui a pouco eu vou virar sua melhor ami... Aí... —
respira fundo.
— Aqui, senhor — Maria entrega uma sacola de papel. — A
senhora está bem?
— Cólicas — faz cara de poucos amigos.
— As dela são as piores — ele comenta. — Muito obrigado.
— Espera um pouco — Maria fala e vai rapidamente até sua
bolsa que fica debaixo do balcão. — Toma agora, pra ver se faz
efeito antes de você chegar em casa — entrega uma cartela de
comprimidos pela metade, juntamente com uma garrafinha de água.
Christopher tira o celular do bolso pra pagar e ela acena com as
mãos negando. — Não precisa, eu sei como é isso, então só leva
ela pra casa.
— Obrigado, de novo — agradece e se vira para esposa que
toma o remédio como se sua vida dependesse daquilo. — Vem
aqui...
— Você não vai me pegar no colo que nem dá última vez — o
repreende, andando para fora da lanchonete.
Os dois sobem na moto e ele pilota rapidamente para voltar
pra Manhattan.
Christopher tinha motivos para estar desesperado, as cólicas
da esposa eram terríveis. Sabia que ela ficava a ponto de desmaiar
quando entrava naqueles dias, então a única coisa que ele queria
nesse momento, era chegar em casa e dar o seu carinho para uma
Melanie com cólica.
Quando chegam no apartamento, a morena vai direto para o
banheiro tomar um banho. Depois disso, ela veste o seu pijama
quentinho e felpudo, e se encolhe na cama, deitando em posição
fetal debaixo das cobertas. Christopher aparece no quarto, trazendo
os chocolates que pegou na dispensa, guardados especialmente
para esses dias, mas ela nega querendo só ficar quietinha, o
deixando ainda mais preocupado. Porque uma Melanie negando
chocolate naqueles dias, deitada em posição fetal, mostrava que
estava no pico da dor.
Ele entra debaixo das cobertas, vestido com um moletom
quentinho, a abraçando, deitado de conchinha com ela, sussurrando
uma música no seu ouvido.
— Baby, don't you let me down...[10]
Melanie relaxa com a voz grossa cantando a música do
casamento deles e acaba virando de frente para o marido, que a
envolve em seus braços, lhe dando cafuné, enquanto canta pra ela
até pegar no sono.

Sentindo o frio que o loiro deixa quando não está na cama,


ela acorda ouvindo ele vomitar dentro do banheiro. Se levantando
preocupada, ela vê Christopher deixar a alma dentro do vaso,
sentado no chão.
— Christopher... — toca no rosto dele, o vendo branco,
completamente sem forças. — Você precisa de um médico.
O estômago dele revira, o mesmo volta o rosto para o vaso,
mas não sai nada, do tanto que vomitou antes.
— Vem aqui — o levanta com bastante dificuldade, sentindo
uma cólica infernal, quando coloca o braço dele em seu ombro.
Respirando fundo, ela caminha para fora do quarto,
encontrando forças que nem sabia que tinha.
Quando chegam no estacionamento, Melanie pega o carro
para dirigir para o hospital mais próximo, vendo o esposo suar frio
no banco do passageiro, enquanto o seu rosto fica pálido no banco
do motorista. O remédio que recebeu infelizmente não fez efeito e
por já ter tomado um, ela não tomou o dela para não misturar os
medicamentos.
Quando entram no hospital, Christopher é levado para o
quarto VIP e ela vai atrás, quase não se aguentando em pé.
Você precisa cuidar dele, Melanie. Ela pensa, respirando
fundo, se tremendo dos pés à cabeça. Ele precisa de você.
Já era ruim o bastante o ver daquele jeito, ela não queria
piorar a situação, só porque mal se aguentava em pé. Então mesmo
com dor, ela respirou fundo novamente e ficou ao lado da maca,
esperando o médico entrar no quarto.
Ele precisa de você.
— Arruma uma maca pra ela — Christopher fala, vendo o
rosto da esposa branco. — Ao lado da minha.
— Senhor, eu não posso fazer isso — a enfermeira se
explica.
Ele sente a fraqueza voltar e fala com dificuldade.
— Eu pedi uma maca pra ela.
— Christopher... — Melanie tenta falar com ele. — Não
precisa...
— Eu ainda não vi você trazendo a maca! — se treme,
falando tão grosso que a enfermeira teme. — Eu estou pagando e
exijo uma maca para minha esposa!
Ele não é um homem arrogante, mas não pôde ignorar o fato
de a ver naquele estado e não poder fazer nada. Nunca usou a
desculpa de “eu estou pagando” para ter algum privilégio e quebrar
alguma regra, mas se a Melanie precisasse deitar, ela iria deitar.
Era a primeira vez que via o marido falar assim com alguém.
Durante os oito meses de casados, nunca o viu exigir nada de
ninguém ou usar aquela tonalidade assustadora na voz.
— Traga a maca — o médico fala entrando no quarto.
— Mas senhor, as regras do...
— Você não está vendo que essa mulher não está bem? — o
doutor a encara.
— Sim senhor, mas tem o sofá...
— Pega a maca e um cobertor, está muito frio — fala com a
enfermeira, se voltando para examinar Christopher.
— Não esquece o travesseiro — o loiro acrescenta.
O dr. Donald pergunta algumas coisas para o paciente. A
enfermeira volta pro quarto com a maca, colocando colada na outra
e Melanie deita em posição fetal. Depois de dar o seu diagnóstico,
alegando intoxicação alimentar, dando a medicação necessária, o
senhor passa para o outro lado para conversar com a jovem.
— Seus sintomas são os mesmos que os do seu esposo?
— Não... Na verdade eu estou com cólica, entrei naqueles
dias ontem.
— Tomou algum medicamento?
— Sim, mas já faz umas horas e ele não fez efeito.
O médico se retira do quarto pedindo para ela esperar, depois
volta com um remédio.
— Como precisa para agora aconselho tomar isso — entrega
a ela. — Está de estômago vazio?
— Não, eu comi no mesmo lugar que o Christopher pegou a
intoxicação.
— E não está sentindo náuseas, ânsia de vômito?
— Só cólica.
Melanie toma o remédio e volta a deitar em posição fetal,
segurando a mão do marido, que está deitado de barriga pra cima.
— Eu vou deixar vocês descansarem por agora.
O casal concorda, Christopher olha para a boca branca de
Melanie e se sente horrível, por ver o quanto ela está sofrendo e
não poder dar o seu carinho. Se tinha uma coisa pior do que ficar
naquele estado deplorável, era ver que sua esposa estava sofrendo
em silêncio para cuidar dele.
— Tá melhorando? — ela pergunta, sentindo os seus olhos
pesarem.
— Ainda dói — fecha os olhos. — Mas acho que agora eu
consigo dormir.
— Parece que o amante vai ter que esperar, combinamos de
passar a noite no motel, mas acabei levando meu marido pro
hospital.
Ele dá um sorriso fraco, acariciando a mão dela.
— Acho que ele vai ficar um tempo sem aparecer — boceja.
— Boa noite, gatinha.
— Boa noite...
Os dois sentem uma sonolência devido aos medicamentos e
acabam dormindo de mãos dadas.
12

Cuidando dele

A cordando um pouco antes do sol nascer, Melanie


vê o doutor Donald cuidando de Christopher, que
se encontra em um sono profundo.
— Como ele está?
O médico olha pra ela e dá um sorriso simpático.
— Bem melhor do que quando chegou, isso eu garanto —
anda para o outro lado da maca, se sentando no sofá que tem perto
de Melanie. — Logo o senhor Rogers poderá ir pra casa. O caso
dele não precisará de internação, mas ele precisa repousar.
A morena vira de costas para o marido pra conversar com o
senhor de idade.
— Eu fiquei muito preocupada, ele mal estava conseguindo
se levantar...
O doutor balança a cabeça concordando.
— Dependendo da escala, a intoxicação pode ser gravíssima.
Foi bom a senhorita ter trago ele aqui. Por ano...
— Mais de 400 mil pessoas morrem de intoxicação alimentar
— completa a frase dele. — Eu fiquei com medo, quando o senhor
disse que era isso.
— Como sabe disso? — ajeita o seu óculos curioso.
— Minha avó morreu de intoxicação alimentar. O antigo
médico falou sobre as estatísticas...
O senhor balança compreendendo e acaba mudando de
assunto.
— A senhorita está melhor?
— Sim.
— Não quero parecer invasivo, mas gostaria de conversar um
pouco.
— Tudo bem.
— A senhorita já chegou a desmaiar alguma vez por causa
das cólicas?
— Quando eu era mais nova sim, mas agora isso não
acontece mais.
— Estou perguntando isso, porque não é normal sentir
cólicas nessa intensidade — mexe na armação dos seus óculos. —
A senhora se consultou com algum ginecologista antes?
— Sim, para tomar anticoncepcional, mas já faz algum tempo
— faz uma carinha sem graça. — Não me sinto muito a vontade
indo nesse tipo de médico.
— De quanto tempo estamos falando?
— Muito tempo, eu nem conhecia o Christopher ainda.
— Te aconselho a se consultar com um quando sair daqueles
dias. Tenho uma amiga que trabalha nessa área, minha esposa se
consulta com ela e acho que não vai se sentir tão desconfortável
assim.
— Tá bom.
— A senhora tem relação com o senhor Rogers quando está
nesses dias?
— Não, o Christopher não me toca dessa maneira quando
estou assim.
— É muito bom ouvir isso. Por mais que não faz mal ao
organismo ter relação durante esse período, não aconselho nenhum
casal a fazer isso. A atitude do seu esposo, demonstra que ele
respeita o seu corpo e isso é maravilhoso.
— Sabe doutor, eu já namorei um homem homossexual uma
vez. Ele me achava suja quando estava assim, mas não achava
sujo me pedir para fazer sexo anal, coisa que eu nunca aceitei —
suspira, desabafando. — Com o Christopher parece que é tudo
diferente, entende? Ele nunca me pediu uma coisa dessas e me
tranquilizou dizendo que isso nunca iria acontecer. Ele não me olha
como se eu estivesse suja e sempre cuida de mim quando estou
assim. Não é só naqueles dias, as vezes quando estou indisposta,
ele me entende e não muda a forma como fala comigo.
— Você namorou o rapaz mesmo sabendo da opção sexual
dele?
— Eu não sabia, só descobrir quando ele me traiu com outro
homem.
— No início da minha carreira, eu tive que ser ginecologista
por um tempo. Uma mulher me contou uma vez, que liberava seu
parceiro fazer tudo com ela, por mais que não gostasse. Acontece
que ela acabou ficando doente e não pôde se depilar. Ele terminou
com ela só por causa dos pelos.
A jovem arregala os olhos chocada. Por se incomodar muito
com os pelos no seu corpo, ela procurou fazer a depilação definitiva,
mas isso não foi para agradar ninguém, Melanie fez isso por si
mesma. Descobrir que um homem poderia terminar com uma
mulher só por causa disso, a deixava indignada.
Os assuntos eram um pouco aleatórios, porque o médico
queria que a esposa do paciente se abrisse com ele. Conversar
sobre as regras de uma mulher não era um assunto confortável para
a maioria delas. Donald queria entender a situação do casal, para
ver se consegue ajudá-la por enquanto.
— Nunca pensei que ouviria isso — ele continua. — Além
dela não respeitar o próprio corpo, fazendo todas as vontades dele,
ainda tem que lidar com uma separação, cujo os motivos foram os
pelos — suspira.
— Christopher nunca me forçou a fazer nada que eu não
quisesse — fala de forma doce. — Sabe doutor, eu não fui muito
justa com ele quando nos casamos.
Donald mexe nos seus óculos, prestando atenção.
— Nosso casamento não foi por amor, foi para fazer uma
aliança entre duas empresas. Por mais que ele demonstrava
interesse em mim, nunca me tocou nem uma vez antes de nos
casarmos, nem para apertar minha mão.
— É sério? — se surpreende.
— Hum-hum — balança a cabeça. — Mesmo sabendo que
nunca iria me forçar a nada, assim que assinamos os papéis do
casamento, eu fugi para Califórnia para passar duas semanas lá.
— Você tinha... — tenta tomar cuidado com as palavras.
— Não foi para traí-lo, se quer saber. Eu sou herdeira de uma
grande empresa e viajei a trabalho para fechar um contrato
importante — se explica, o vendo concordar com a cabeça. —
Christopher confirmou que eu não tinha fugido para ficar com outro
homem e chegou a pensar... que eu fugi com medo dele abusar de
mim.
O silêncio se instala no quarto, Melanie olha pra trás para ver
se ele ainda está dormindo e depois de conferir, volta a falar com o
médico.
— Eu nunca pensei que ele me faria mal, não teria me
casado se pensasse dessa forma... Mas eu fiz ele pensar por duas
semanas que era por isso... — seus olhos se enchem de lágrimas.
— Nunca me arrependi tanto de ter fugido...
— Por quê fugiu?
— Na minha cabeça, Christopher, era um galinha e eu não
queria ser mais uma... Não me toquei que era esposa dele. O julguei
pelo que li nas revistas e nem dei a chance de conhecê-lo direito —
solta um suspiro. — Moramos juntos há sete meses e eu descobri
que estava enganada em quase tudo ao seu respeito.
— Quase tudo? — estranha.
— A única coisa que eu acertei é que ele era muito
pervertido. É de fábrica, não tem concerto.
O médico dá uma boa gargalhada e diminui os ânimos,
quando vê o marido dela se mexendo, mas o loiro continua
dormindo.
— Desculpa perguntar isso, mas ele é um homem bem
grande. Devo pensar que é proporcional?
— Consegue ser maior do que imagina — desvia o olhar
O doutor coça a garganta ajeitando seus óculos e fala.
— Desculpa novamente, o seu marido parece um guarda-
roupa — olha para os pés do Christopher, que estão sobrando na
maca. — e você é bem pequenininha e delicada... Não te machuca?
Ela se arrepia se lembrando das carícias dele, ficando
inquieta.
— Um pouco, mas eu prefiro assim — cora violentamente,
fazendo o senhor ficar vermelho também. — Veja bem, eu trabalho
muito — se explica. — A única coisa que eu quero fazer quando
chego em casa é aliviar o estresse — solta uma lufada de ar. —
Quando o Christopher me toca, além de me esgotar, me faz dormir
como um neném. Antes eu tinha insônia e vivia cansada. Depois
que dormimos juntos, eu não consegui mais parar de fazer,
entende? Eu não sei explicar, mas não consigo frear isso. É tão
bom, que acabei viciando.
— Com que frequência fazem?
— Todos os dias.
— Durante quanto tempo?
— Vai fazer sete meses.
— Ritmo?
— Muito intenso, sem delicadeza alguma.
O senhor tosse um pouco, completamente desconcertado
com o que ouviu.
— Estão fazendo isso durante sete meses inteiros? — tenta
não parecer tão chocado.
— Não, tem aqueles dias e ontem eu não estava bem, por
isso não fizemos.
— Desculpa, mas não é normal ouvir um casal casado, dizer
que fazem todos os dias — fala sem graça.
— Eu pensei que as pessoas se casassem para fazer isso
todos os dias — franze as sobrancelhas confusa. — Minha amiga
tem dez anos de casada e conta suas experiências como se
fizessem isso direto. Foi ela que me aconselhou a não parar porque
ficava mais gostoso com a frequência. Devo confessar que ela está
certa.
— A sua amiga gostaria de conversar com a minha esposa?
— Hum?
— Não é nada — balança a cabeça. — Não é comum ouvir
isso.
— Por quê? Tem gente que faz todos os dias quando está
solteiro, por que casados deveriam mudar alguma coisa?
O médico acaba não sabendo responder essa pergunta.
Ponderando que ela trabalhava muito e mesmo cansada gostava de
fazer com o marido. Ele mesmo não entendia porque depois de
casados as pessoas diminuíam a frequência disso, então não tinha
uma resposta.
— Provavelmente não a frequência, pois é saudável, mas
acho que a intensidade com o que fazem, pode ajudar a dar mais
cólicas, afinal o corpo não é de ferro. Vocês não vão com calma?
Ela para pra pensar e nega com a cabeça.
— Nenhuma vez?
— Não... É estranho, eu me sinto uma masoquista, mas eu
gosto quando ele vem com tudo — cora por assumir tal coisa. —
Não tenho coragem de pedir para ele desacelerar, porque nem eu
quero isso. Tenho medo de ser sem graça se for lento.
— Entendo que goste assim, mas se for com calma não
significa que será sem graça, às vezes pode até ser mais gostoso.
— Sério? — faz uma carinha de quem não está acreditando
muito.
— Sim — ele dá risada. — Tenta ir com calma de vez em
quando, mas principalmente vá a um ginecologista.
— Tá bom, eu vou tentar.
Christopher geme acordando e ela se vira para o marido.
— Você está bem? — toca na mão dele.
— Na medida do possível, você melhorou? — acaricia os
dedos dela.
— Sim, graças ao remédio que o doutor Donald me deu.
— A senhorita se estressa muito no trabalho? — o médico
levanta do sofá.
— Bastante.
— Sei que é uma mulher muito ocupada, mas aconselho a
frear um pouco a rotina. Estresse demais pode piorar a sua
situação.
— Tá bom.
— E você meu jovem, como está se sentindo?
O médico conversa com Christopher e Melanie suspira
sorrindo, por ter desabafado com uma pessoa diferente, que saberia
que aquela conversa ficaria só entre eles. Já fazia um tempo que ela
estava balançada pelo marido, mas a mesma não tinha coragem de
dizer a ninguém, com medo dos próprios sentimentos. Conversar
com o senhor de idade, era como se estivesse conversando consigo
mesma, analisando o que sentia pelo loiro.
O doutor termina de falar com o paciente, os deixando a sós.
— Você tem certeza que está bem? — abraça o braço dele.
— Só muito cansado — suspira. — Do que vocês estavam
conversando?
— Muitas coisas, mas principalmente sobre as minhas
cólicas. Ele me aconselhou a ir em um ginecologista. Até me indicou
um que a esposa dele vai.
Christopher balança a cabeça e sente o sono bater
novamente.
— Eu acabei de acordar e estou exausto — boceja.
— Se for olhar bem, nós nem dormimos direito, além de você
ter trabalhado ontem.
Ele fica muito quieto e logo ela nota que já está dormindo
novamente. Melanie sorri com a rapidez que o esposo apaga e dá
beijinhos no ombro dele, se preparando para dormir também.
Seja o que for que eu estou sentindo por você é algo bom.
Ela pensa sorrindo.

Durante o dia, ela o acompanhou durante o curto período de


tempo que ficaram no hospital. Percebendo que ele não está mais
com febre, porém muito cansado. Quando dão 7 da noite, o doutor
Donald bate seu ponto começando o novo turno e libera o loiro para
ir pra casa.
Chegando no apartamento, Christopher vai direto pro
banheiro tomar um banho e ela decide ir pro banheiro do quarto de
hóspedes para se higienizar também.
Sabendo que ele ainda não está bem, Melanie pensa no que
vai fazer pro jantar. Normalmente é o marido que cozinha a noite,
mas agora isso não seria possível. Com medo de pedir comida pelo
aplicativo e piorar a saúde dele — porque foi comendo fora que
pegou a intoxicação — ela decide se arriscar na cozinha.
Melanie corta uns legumes que encontrou na geladeira, joga
dentro da água fervendo e espera três minutos antes de desligar o
fogo.
— Será que eu deveria ter colocado sal? — olha para dentro
da panela, estranhando a refeição.
— O que está fazendo? — Christopher aparece na cozinha.
— Sopa — coloca um pouco numa tigela pequena.
— Você sabe fazer sopa?
— Eu falei pra você que sabia ferver água.
Quando eu faço o miojo tem o sal no sachê. Ela pensa.
Melanie entra na dispensa sobre o olhar curioso de
Christopher. Abre a embalagem do macarrão instantâneo e pega um
sachê com sabor de pimenta com carne. Ainda na dispensa, ela
mistura com os legumes que “cozinhou” e resolve colocar uns
pedacinhos quebrados do miojo dentro da tigela, pensando que
cozinhará instantaneamente na água, que era pra ser um caldo.
— Porque não está bonito, eu pensei que era assim que se
fazia sopa.
Eu acho que ele não pode comer miojo. Melanie pensa
seriamente.
Ela faz uma cara de nojo com a mistureba e decide jogar tudo
no lixo da cozinha. Se aproximando da lixeira, a mesma sente a
tigela ser arrancada das suas mãos.
— Não, Christopher! Você pode passar mal com isso, para —
tenta o impedir, mas já é tarde demais e o marido acaba engolindo
tudo.
— Eu poderia dizer que estava uma delícia — desce a tigela,
tentando não fazer careta. — Mas por que não cozinhou os
legumes?
— Mas eu cozinhei, deixei o mesmo tempo que faz um miojo.
— Isso não é... — ele vira rapidamente, vomitando tudo na
pia.
— Christopher, eu falei pra você não comer! — se desespera.
Ele coloca tudo pra fora, sentindo suas forças irem embora,
até não aguentar ficar mais em pé e acabar desmaiando.
— Por favor, não morre... — se desespera, correndo para o
telefone.
Ela liga para emergência, morrendo de medo do pior
acontecer e logo depois vai até o marido.
— Christopher, acorda — se ajoelha, tentando levantá-lo do
chão. — Eu não acredito que matei você... — começa chorar,
tentando levantá-lo do chão. — Por favor, não morre...
...
Acordando em uma cama de hospital, a primeira coisa que o
loiro vê é Melanie sentada numa cadeira, abraçando o seu braço
enquanto dorme, com a cabeça encostada no colchão da sua maca.
— Não esperava te ver novamente — o doutor Donald
comenta, tirando a agulha do braço dele.
— O que aconteceu comigo? — fala com dificuldade. O
médico entrega um remédio e ele toma, quase sem forças. — Eu
me sinto mais fraco do que a primeira vez que vim pra cá.
— É difícil explicar, seu estômago está muito irritado devido a
todas as coisas que comeu — suspira. — Eu dei uma dieta pra ela,
mas não pensei que teria de explicar que não pode comer miojo ou
legumes crus.
— Melanie não sabe cozinhar — olha pros cabelos dela. —
Não foi intencional.
— Ela ficou desesperada quando te trouxeram para o
hospital. Não parava de chorar e acabou dormindo de exaustão —
pausa, descendo os olhos para morena. — Então está muito óbvio
que não foi intencional.
— Ela chorou? — olha pro médico.
— Igual uma criança, ela ficou com muito medo de ter te
matado.
Christopher olha para sua esposa, mas não sente forças nem
para acariciar os cabelos dela.
— Por quê comeu aquilo? — o médico pergunta. — Pelo que
ela me contou, a aparência não era uma das melhores. Então, por
que comeu?
— O senhor viu os cortes dos dedos dela? — suspira. — Ela
se machucou toda tentando fazer aquela sopa. Melanie não chega
perto do fogão, a não ser para fazer miojo e hoje ela se arriscou a
fazer uma sopa pra mim... Não podia deixar ela jogar fora.
— Não sei se entende bem a sua situação, mas o senhor
poderia ter morrido essa noite.
O loiro não fala nada, absorvendo as palavras.
— Mas não morri — Christopher suspira. — Eu vou continuar
vivo por muito tempo e depois de hoje. Melanie não vai chegar perto
daquele fogão, nem pra fazer miojo. Se ela tivesse comido aquilo,
eu ficaria preocupado.
— Isso é meio contraditório, não acha?
— Foi a primeira vez que eu comi a comida dela, seria um
insulto jogar fora... Não se preocupe doutor, isso não vai se repetir.
Eu tenho uma cozinheira durante o dia e do jeito que falou dos
choros, acho que ela não vai se arriscar mais na cozinha.
— Assim fico mais aliviado.
Donald faz algumas perguntas para saber como ele está,
depois deixa o quarto, para atender outros pacientes.
Os olhos de Christopher, admiram os cachos da sua esposa
enquanto ela dorme e por ficar sem jeito, se mexendo um pouco
acaba acordando a dorminhoca.
— Christopher? — levanta a cabeça. — Eu fiquei com tanto
medo, pensei que fosse te perder — o abraça chorando.
— Melanie, olha pra mim — move os seus braços para
abraçá-la. — Para de chorar, meu bem.
— Eu quase te matei... — soluça.
— Eu ainda estou vivo, tá bom? — enxuga as lágrimas dela,
querendo dar uns selinhos na chorona, mas não faz por lembrar que
não escovou os dentes depois de vomitar.
— Eu nunca mais cozinho na vida... — funga o nariz
Ele a abraça ainda mais a envolvendo no seu peito,
acariciando os cabelos ondulados, para lhe trazer conforto.
— Desculpa ter te preocupado...
13

Resolvendo problemas

P or causa da intoxicação alimentar,


Christopher teve que passar dois dias
internado no hospital. Nisso, Melanie não saiu do lado dele, não só
por se sentir culpada por quase matá-lo, mas também por não
querer deixá-lo sozinho.
Agora, depois de voltarem pra casa, ela se permite respirar
fundo, sentindo o peso das preocupações pesarem nos seus
ombros.
— Você tem certeza que está bem? — sentado na cama com
as costas escoradas na cabeceira, ele toca no rosto dela
preocupado com o semblante da esposa.
Quando voltaram para o hospital, Melanie se instalou no sofá
que tinha no quarto VIP. Obviamente não era o melhor local para
deitar e ela passou dois dias lá com cólicas. Christopher sabia que
ela não estava bem e doía o seu coração não conseguir cuidar dela
do jeito que gostaria.
— Estou sim, acho melhor você descansar — ajeita o
cobertor no colo dele. — Eu vou passar a dieta que o médico
prescreveu para Margot e vou trabalhar hoje aqui no escritório, tá
bom? Qualquer coisa é só me chamar, que eu vou estar ali do lado.
— Você tem mesmo que trabalhar hoje? — acaricia a
bochecha dela. — Eu sei que não conseguiu dormir direito lá no
hospital. Então você não pode descansar só hoje?
— Era para eu ter ido trabalhar ontem, não posso deixar as
coisas pros outros fazerem, é a minha responsabilidade — se
aproxima, dando um selinho nele. — Não se preocupe comigo, eu
vou estar em casa, então não vou passar tanta raiva assim.
Ele não fala nada, por querer que ela ficasse na cama e
descansasse consigo.
— Eu vou trabalhar agora, qualquer coisa é só me chamar —
beija a bochecha dele e se levanta para sair do quarto.
— Não se esqueça de tomar o remédio — Christopher a
lembra.
— Pode deixar — fecha a porta do quarto.
Escorada no elevador, Melanie espera descer pro primeiro
andar do apartamento, triste com tudo que aconteceu.
Chegando na cozinha, a morena vê Margot, fazendo o café
da manhã e se lembra dele vomitando dentro da pia.
— Me desculpa, Margot — se aproxima. — Eu não acredito
que deixei a pia pra você lavar.
— Não se preocupe com isso — toca nas mãos da jovem. —
Agora me diz o que aconteceu? Eu vi nos jornais, Christopher,
entrando em uma ambulância.
— Jornais? — arregala os olhos. — Eu não acredito nisso,
como...
— Senhora — a interrompe. — Está tudo bem.
— Não, não está tudo bem! — aperta as mãos dela, sentindo
os seus olhos encherem d’água. — Eu quase matei o Christopher
com a única coisa que eu sei fazer no fogão — deixa as lágrimas
caírem. — Margot, eu não sirvo pra nada...
— Não fala isso, Melanie — limpa as bochechas dela. — Foi
só um acidente, poderia ter acontecido com qualquer um.
— Não, não poderia... — fala entre choros. — O pessoal
ficava me olhando torto no hospital, só porque eu não sei fazer
comida... Como se eu tivesse que adivinhar que não pode dar miojo
pra alguém com intoxicação alimentar... Pai eterno, eu sou uma
idiota! — se desespera.
A mais velha ouve a porta da frente se abrir com a chegada
dos funcionários e leva a jovem para dentro da dispensa, para que
ninguém a veja daquele jeito.
— Ninguém é obrigado a saber fazer nada, meu anjo — a
abraça. — Todos nós não sabemos fazer alguma coisa. Eu mesmo
não sei fazer ⅓ das coisas que a senhora faz. Se me colocassem no
comando de uma empresa de moda, ela iria falir no mesmo dia.
Melanie a abraça mais apertado, deixando suas lágrimas
caírem no ombro da mais velha.
— Você não precisa ser perfeita em tudo — acaricia os
cabelos ondulados. — Então para de chorar. Não se culpe pelo o
que aconteceu com o Christopher, eu sei que você não enfiou
comida goela abaixo nele.
A morena se afasta, olhando para o rosto enrugado da idosa
e para de chorar para poder falar.
— Estava com uma cara horrível — funga o nariz, se
recompondo. — Por quê será que ele comeu aquilo? Eu ia jogar fora
antes dele tomar de mim.
Margot segura as mãos de Melanie, vendo muitos band-aids
nos dedos finos.
— O senhor Rogers sabe reconhecer quando alguém
trabalhou duro para fazer alguma coisa — a faz olhar para as
próprias mãos. — Depois de tanto esforço, acha mesmo que ele te
deixaria jogar tudo fora?
Ela não consegue responder, dando dois suspiros seguidos
por causa do choro recente.
— Você tentou, devo admitir. Mas quando precisar de uma
refeição, não hesite em me chamar.
— Mas ontem era o seu dia de folga — fala de forma fofa,
derretendo um pouco o coração da mais velha.
— Não tem problema, eu já não faço metade do trabalho que
deveria fazer. Porque além de manter tudo limpo, Christopher ainda
faz o próprio jantar. Não vejo problema algum em ser chamada fora
do horário, vocês com certeza são os melhores patrões que eu
poderia ter.
— Falando assim, me deixa sem graça — cora, se lembrando
que é uma bagunceira. Coisa que Christopher faz questão de frisar.
— Eu deixo a toalha dentro do closet as vezes.
A senhora cai na risada vendo a carinha de culpa da jovem.
— Eu tenho quase certeza de que vocês esquecem que tem
empregados — Margot comenta sorrindo.
Será que eu devo me desculpar? Melanie pensa.
— Isso é pra mim? — a senhora pergunta, olhando para o
papel que Melanie está segurando.
— É a dieta que o doutor Donald passou para o Christopher
— mostra a ela. — Mesmo que eu vá ficar em casa hoje, nunca
mais vou chegar perto daquele fogão. Nem pra ferver água.
Margot lê a prescrição e concorda com a cabeça.
— Vamos fazer assim — a governanta fala. — Eu faço o
almoço e antes de ir embora, deixo o lanche da tarde e o jantar
preparado, em cima da ilha da cozinha.
— Tá bom.
— Agora vamos limpar esse rosto, porque você ainda tem
que trabalhar.
Melanie concorda, abanando a face.
— A senhora quer algo específico para o café da manhã? —
a idosa pergunta.
— Um chocolate quente cairia bem.
— Certo, vamos voltar pra cozinha.
As duas saem da dispensa conversando e Melanie sente o
peso que estava nas suas costas desaparecer, depois de desabafar
com a senhora. Era tão bom ter alguém diferente para conversar de
vez em quando. Christopher sempre foi um bom ouvinte, mas tinha
coisas que ela preferia não contar a ele. Amanda e Dener, sempre
arrancava risadas dela, ou dava um peteleco na cabeça quando
precisava. Jorge, era um bom amigo, mas também havia coisas que
ela não conseguia contar. Ter alguém já avançado em idade, lhe
dizendo que estava tudo bem errar de vez em quando, trazia um
alívio diferente para o coração dela.
Sentada no escritório de casa, lendo atentamente os e-mails
que sua secretária mandou, Melanie mal vê a noite cair e só
percebe quando é interrompida por uma ligação da sua mãe.
Agora não... geme desanimada.
— Boa noite, mãe — força um sorriso, virando sua cadeira
giratória para a parede de vidro.
— Melanie, que cabelo era aquele que saiu nos jornais? Por
favor, me diz que ele estava com uma amante e que aquela juba
não era sua.
— A senhora prefere ver meu esposo com uma amante, do
que ver meu cabelo natural? — procura as fotos que saiu na
internet, deixando o celular no viva-voz.
— Melanie, o que disse para você antes? Como teve
coragem de deixar seu marido ver isso?
— Não exagera, só mostra as minhas costas nas fotos —
suspira, tirando o telefone do viva-voz e devolvendo para sua
orelha.
— Você é uma Williams, Melanie! Já basta não ser bonita
ainda tem que mostrar seus defeitos em público?
A morena engole seco, sentindo sua autoestima cair.
— Me desculpa...
— Sabe como me dói, você não parecer comigo? — a mãe
continua. — Podia ter nascido loira que nem o seu irmão ou pelo
menos ser mais alta — suspira alto. — Sei que não gosta quando eu
te digo a verdade, mas isso é só para o seu bem. Não quero ver
ninguém te criticando, minha filha. Sabe como a mídia pode ser
venenosa. Você se lembra bem como viraram o jogo pra você,
depois do término com Justin. Não quero ninguém pensando que só
porque é feia, fez um homem virar gay.
Uma lágrima cai do olho dela se lembrando dos piores dias
da sua vida e concorda com a mãe.
— Não se preocupa que isso não vai mais acontecer — a
tranquiliza. — Eu me descuidei com o Christopher e isso não vai
mais se repetir.
— Assim espero, esse homem é muito importante para a
nossa empresa, não quero que ele acabe terminando com você
também.
— Tá bom...
— E mais uma coisa. A cantora Emmy ligou para o escritório
do seu pai confirmando o vestido dela para o Grammy. Não acredito
que não me contou que foi convidada para um evento tão
importante.
— Desculpa...
— Não tem problema, você ficou responsável pelo vestido
dela, mas não quero ver isso novamente. Temos o seu irmão nessa
área — alerta. — Lembre-se que você é uma Williams e eu quero te
ver fabulosa na semana que vem. Mesmo que isso seja difícil para
alguém como você.
Semana que vem? Pensa arregalando os olhos, se
lembrando que a premiação é na próxima semana.
— Pode deixar, mãe.
— Estou te passando alguns contratos que deve fechar em
Los Angeles. Aproveite a ida ao Grammy, para ir na MD Will’s da
Califórnia e ver como estão as coisas para o primavera/verão. Terá
quatro dias para conversar com os nossos patrocinadores.
— Sim, senhora.
— Mande um beijo para o Christopher, tchau.
— Tchau...
Sarah desliga e a morena olha pro celular confusa.
— E o meu beijo? — fala sozinha.
Seus olhos se voltam para o seu reflexo na parede de vidro e
seu semblante cai. Melanie se lembra dos momentos que teve com
o marido, sempre estando ao natural e acaba não entendendo o
esposo. Era estranho pensar que ele gostava de vê-la daquele jeito.
O pior não era nem isso, antes de sua mãe abrir seus olhos, ela não
se importava de estar daquele jeito. Parece que estar com o
Christopher, a deixava desleixada. Passou três dias sem se
esconder e nem sentiu falta disso.
Como eu pude abaixar tanto a guarda com você, Rogers? Ela
pensa e acaba se lembrando das palavras da mãe. Já está na hora
de voltar para realidade.
— Será que o Jorge pode vir agora aqui em casa? — procura
o número do amigo.
Para o azar dela, o cabeleireiro estava ocupado, então a
mesma deixou uma mensagem, pedindo para ele vir amanhã bem
cedo para fazer o seu cabelo e maquiagem.
Depois do reajuste no salário — além de dividir as despesas
da casa com o marido — Melanie pôde pagar para o amigo fazer
sua maquiagem todos os dias, então era ele que ia na casa dela.
— Eu tenho que lembrar de pedir pra ele fazer meu cabelo e
maquiagem para o Grammy... — desliga o notebook. — Quase me
esqueci que vou ter que levar ele pra Los Angeles comigo, para
fazer o cabelo e a maquiagem da Emmy — anota no lembrete do
celular.
Ela sai do escritório, indo para o quarto do casal e não
encontra o marido deitado.
Ele deve está jantando. Pensa entrando no banheiro. Será
que ele está bem?
Depois do banho, ela faz sua skincare, prende os cabelos
ondulados, colocando um lenço na cabeça, depois coloca suas
lentes castanhas e cobre as sardas com a maquiagem.
Lembrar de deixar a caixinha das lentes perto da cabeceira,
junto com o demaquilante. Ela anota mentalmente.
— Dá pro gasto — se olha no espelho. — Assim eu não vou
assustar ninguém.
— Por que você assustaria alguém? — Christopher fala ao
lado dela.
— Que susto! — coloca a mão no peito. — Não aparece
assim de repente, meu coração quase pulou para fora.
— Você vai sair? Por que está passando maquiagem essa
hora da noite?
— Não, eu vou jantar.
— E por que está assim?
Ela cora não conseguindo responder e ele analisa a situação.
— Você conversou com a sua mãe hoje, não foi? — se
escora na prateleira, sentindo o seu corpo ruim.
— Como sabe disso?! — se surpreende com o chute certeiro.
Soltando um longo suspiro, ele pega um vidrinho dela com
algodão e entrega nas mãos pequenas.
— Tira isso — pede.
— O quê?!
— Eu quero minha esposa de volta, tira isso.
— Foi com esse rosto que você se casou, lembra?
— Então eu quero a minha amante com o rosto da minha
esposa. Por favor, tira logo isso.
— Christopher!
— Melanie... — solta um suspiro, sentindo o seu corpo fraco.
— Você está bem? — ela se levanta do banquinho
preocupada. — Vamos deitar.
— Só se você parar de esconder quem você é — a abraça.
— Me deixa ficar com a Melanie ao natural? — fala de forma
dengosa.
— Você sabe que eu não resisto quando você fala assim, né?
— Sua mãe não tem como saber, ela não está no nosso
apartamento. Então não vamos discutir e tira logo isso tudo —
desfaz o lenço da cabeça dela. — Eu prefiro te ver do outro jeito.
— Você prefere mesmo ver isso? — o encara.
— Você é muito mais bonita ao natural — pega o algodão,
jogando um pouco de demaquilante. — Não precisa se esconder de
mim — tira a maquiagem dela, calmamente. — Estamos na nossa
casa, essa é a nossa intimidade, então só seja você mesma. Eu sei
que gosta quando está ao natural.
— Mas você pode não gostar... — se acanha.
— Quantas vezes eu tenho que falar que acho você mais
bonita ao natural?! — tenta não perder a calma. Era terrível como a
sua sogra, conseguia mexer com a cabeça dela. Parecia que uma
palavra de Sarah bastava para acabar com a autoestima de
Melanie, já ele, tinha que falar 1 bilhão de vezes que era linda e
mesmo assim, sua esposa não acreditava. — Melanie, você é linda
desse jeito, então por favor não se esconda de mim.
Ela olha nos olhos dele, que estão quase suplicando e
concorda com a cabeça.
— Tá bom... — dá um sorriso corado, tocando na mão dele.
— Eu vou tirar, se você for deitar.
Christopher concorda voltando para o quarto e ela se senta à
mesa da penteadeira, tirando todas as coisas que colocou.
Quando desce para jantar, o loiro insiste em acompanhá-la,
então a mesma faz a sua refeição no sofá para deixá-lo mais a
vontade. Agora, deitados na cama, ele a abraça, dando beijinhos na
testa dela, adorando o fato dela dar ouvidos a ele.
Christopher não sabia, mas pouco a pouco estava mudando
a opinião dela a respeito de si mesma.
Ele gosta de me ver ao natural... ela pensa corando.
— Eu tenho uma reunião muito importante essa semana — o
loiro fala.
— Você nem ouse, não vai sair de casa até os 10 dias
terminarem.
— É muito importante, meu bem — a envolve ainda mais nos
seus braços, sentindo a posição muito desconfortável por não está
se sentindo bem. — Melanie, eu não consigo ficar deitado assim.
Eles se mexem na cama, Christopher fica de barriga pra cima
e ela abraça o braço dele, entrelaçando seus dedos.
— Não se preocupe, eu vou dar um jeito nisso, afinal eu sou
sua sócia — fala de forma fofa. — Até amanhã eu penso em alguma
coisa.
— Tá bom... — sorri, sentindo ela brincar com os seus dedos.
— Sua mão é enorme... — sussurra.
— E você gosta?
— Sim... — levanta a mão dele, dando uns beijinhos. — Acho
que ela é maior que o meu rosto — confirma, abrindo a palma e
colocando na sua face. — Você é grande em tudo? — se espanta.
Christopher dá uma risada rouca, sentindo ela descer o seu
braço, o abraçando.
— Vai por mim, você que é pequenininha — ele fala.
— E você me acha atraente assim?
Christopher vira o rosto pra ela, percebendo o quanto essa
pergunta é importante. Ele não adivinhou que Sarah havia falado
besteiras, o loiro sabia a influência que a sogra tinha sobre Melanie,
então o seu palpite foi baseado em observar a família da esposa. O
mesmo odiava a forma que eles falavam com ela, mas nunca teve a
chance de mostrar sua opinião a respeito disso, pois eles só
falavam aquelas coisas quando estava sozinha.
— Você é linda de todas as maneiras — a admira. — Com o
cabelo liso ou cacheado... Até sendo pequena desse jeito, você
continua linda. Não há nada que eu mudaria em você, Melanie —
abre um sorriso. — Eu já te disse antes e vou continuar repetindo.
Para mim, você é perfeita em tudo.
Ficando extremamente sem graça com o comentário, ela
esconde o rosto no ombro dele, sentindo suas orelhas ficarem
vermelhas de vergonha e seu coração acelerado.
Assim você só me faz gostar ainda mais de você... Ela pensa.
Por que você mexe tanto comigo?
— Eu vou para Califórnia semana que vem — muda de
assunto, tentando acalmar as batidas dentro do seu peito. — Assim
que você melhorar... A cerimônia do Grammy está às portas.
— Vai ficar por quanto tempo em Los Angeles?
— Quatro dias — suspira desanimada. — Tenho que falar
com os patrocinadores do desfile de primavera/verão da MD Will’s,
além de ver como estão as coisas por lá.
— E você não quer ir? — percebe o quanto ela está
desconfortável.
— Eu queria ficar aqui com você... — mia como se fosse uma
gatinha.
— Não se preocupe, logo eu vou estar melhor.
Aperta o braço dele, percebendo que ele não entendeu o que
ela falou. Melanie viajaria no último dia de repouso de Christopher. A
morena queria ficar perto dele, para poder tê-lo como amante, já
que ficaria privada disso durante o tempo da recuperação. Foram
três dias sem poder abraçá-lo direito e ela sentia falta disso, sentia
falta dos seus toques e saberia que o seu coração não iria aguentar
10 dias sem aquele homem e agora estava sendo obrigada a passar
14.
— Também espero que você melhore logo... — ela fala,
fechando os olhos.
...
Acordando bem cedo, Melanie recebe seu amigo antes do sol
nascer, fazendo o cabelo e a maquiagem para ir trabalhar.
Depois de conversar brevemente com o marido durante a
noite, ela decidiu ajudar na Rogers Corporation diretamente. Já que
era uma das sócias da empresa, com o consentimento dele,
resolveu trabalhar lá durante o tempo que o esposo estaria se
recuperando.
Ela conhecia muito bem a empresa do marido, pois o mesmo
mostrou como funciona seu trabalho assim que se casaram. Como 7
meses não era o suficiente para comandar uma empresa tão grande
como aquela, Anderson iria ajudá-la com o que fosse preciso.
— Você vai assim? — a voz de Christopher soa bem mais
grossa do que o normal, quando percebe que a esposa está usando
o mesmo terninho que se casaram no cartório.
O terninho preto, feito sob medida, com um único botão
dourado, que tinha naquele blazer, deixando o decote enorme dos
seios dela, sem absolutamente nada por baixo.
Christopher tinha razão de estar preocupado, se imaginou
inúmeras vezes arrancando aquela roupa daquele corpo, então não
tinha como aqueles cretinos que tinha na sua empresa não imaginar
também.
— Não, não, não, não! — nega com a cabeça. — Você não
vai para Rogers gostosa desse jeito! Não quando eu não posso
estar do seu lado. Céus, as pessoas pensam que você é solteira —
se desespera. — Vão com tudo pra cima!
— Christopher — cai na risada. — Isso não vai acontecer.
— É claro que vai, eu seria o primeiro a dar em cima!
— Christopher, você foi o primeiro — o lembra. — Quase me
trancou no elevador, lembra?
Ele se levanta apressado, se arrependendo quando sente
uma tontura.
— Eu estava louco para arrancar sua roupa, se algum
desgraçado tentar isso com você, eu mato!
— Eu sei me defender, não daria chance nem dele tentar.
— Não daria? — se aproxima abrindo o botão do blazer tão
rápido, que nem dá tempo dela reagir. — Tá vendo, você não fez
nada — abre a peça de roupa, a vendo nua da cintura pra cima. Não
sabendo se ficou tonto de excitação por sempre querer fazer aquilo
ou se é porque seu estômago está se revirando, pedindo para ele ir
ao banheiro.
— Você é o meu marido! Não fico em alerta quando estou
com você.
— Eu não acredito que você realmente não está usando nada
— lambe os lábios.
— E por que eu usaria?
Ele rosna virando de costas, andando de um lado para o
outro.
— Depois fala que eu sou pervertido e de quem é a culpa?!
— coça os cabelos nervoso.
— São só seios, Christopher — fala como se fosse nada
demais, fechando o botão.
— Não são só seios. São os seus seios! Os seios mais
gostosos do universo! — se aproxima desfazendo o botão do blazer
dela, a ouvindo bufar de repreensão. — Sabe como é lindo tirar sua
roupa?! Ver eles balançando?! — mexe nos ombros dela, adorando
a visão.
— Terminou? — coloca a mão na cintura, com cara de
poucos amigos.
— Céus, você é muito gostosa, se eu não tivesse passando
mal, pode ter certeza que eu te daria um trato! — se senta na cama,
sentindo o seu corpo fraco.
— Não daria porque eu ainda estou naqueles dias — fecha
novamente o botão. — Estou usando essa roupa hoje, porque eles
estão doendo muito. Não preciso me incomodar usando um sutiã,
além dessa roupa não mostrar os bicos do meu peito, ela é estilosa,
eu gosto.
Ele a puxa pela cintura, dando um beijinho nos gêmeos
doloridos e volta seu olhar para o rosto dela. Finalmente percebendo
que a maquiagem delicada e o cabelo jogado para trás, são os
mesmos que estavam usando no cartório.
— Fugiu daquele jeito porque estava naqueles dias? —
pergunta curioso.
— Nada pode justificar eu ter fugido na nossa lua de mel —
fica sem graça. — Mesmo se estivesse naqueles dias. Coisa que eu
não estava. Não justificaria minha atitude.
— São águas passadas — a abraça, enterrando seu rosto
entre os seios dela. — Eu vou ficar louco de ciúmes te vendo sair de
casa desse jeito.
— Você esqueceu que passou uma semana com os botões
da camisa social abertos, para mostrar os arranhões que eu fiz no
seu peito?
— Ainda me arrependo de ter deixado você passar aquela
pomada, eu queria que aquelas marcas durassem pra sempre —
fala emburrado.
Melanie dá risada da birra do marido e o tranquiliza,
passando a mão entre os cabelos loiros fazendo um breve carinho.
— Ninguém me toca intimamente além de você, Christopher
— fala olhando nos olhos dele. — Não precisa se preocupar.
— Eu confio em você, eu não confio nos outros! E se alguém
resolver fazer algo forçado contigo...
— Esqueceu que o Anthony vai me levar e trazer em casa,
além do Anderson que vai me ajudar na Rogers?
Ele pensa um pouco e solta um “não” baixinho.
— Eu sei me defender e confio neles para me ajudarem se
surgir problemas — segura o rosto dele, plantando um selinho nos
lábios.
— Tá bom... — suspira derrotado. — Só tome cuidado.
Ela assente e sai do quarto para ir trabalhar.
Assim que Melanie vai embora ele liga para o amigo.
— King, falando.
— Anderson, não deixe ninguém se aproximar da Melanie.
Ela está muito gata hoje, então não deixe aqueles urubus em volta
da minha esposa!
O moreno dá risada do desespero do loiro.
— Eu vou está esperando ela na porta, não se preocupe —
acalma as risadas. — Mais alguma coisa, ciumento?
— Sim, eu quero o relatório dela.
— Pode deixar, chefe!
— Tenha um bom dia — se despede.
— Um bom dia pra você também — encerra a ligação.

Durante o dia, Melanie esteve ocupada resolvendo as coisas


na Rogers, enquanto sua família cuidava da MD Will’s. Christopher
ficava se remoendo em casa, morrendo de ciúmes por ela ter saído
linda daquele jeito, enquanto ele estava doente, enfurnado em uma
cama.
Quando ela volta pra casa, o primeiro lugar que para é no
banheiro. Aproveitando o tempo que a esposa estava tomando
banho, ele liga para o amigo, perguntando como foi as coisas.
— Incrível! — Anderson fala. — Agora eu entendo o que você
viu naquela mulher. Ela é fantástica, só tem um pavio curto, mas é
silenciosa igual a você quando está trabalhando.
— Alguém deu em cima dela? — faz a pergunta que estava
louco para fazer, pois ele tinha plena consciência de que ela daria
conta do trabalho.
— Mas que pergunta idiota, obviamente alguém deu em cima
dela. Você sabe que a sua esposa é bonita e os caras da MD Will’s
ficam loucos quando vêem carne nova.
Christopher se morde todo com o comentário do amigo.
Quando estavam trabalhando juntos, ele não saía de perto dela,
impedindo cantadas e cartas de demissões desnecessárias. O loiro
não gostava de conversas paralelas e principalmente atitudes que
levaria um processo de assédio no caminho. Então era bem rígido
em relação ao trabalho e por ser o chefe, impedia as pessoas de
fazerem besteiras na frente dele.
— Quem eu vou ter que demitir? — Christopher pergunta
calmamente.
— Ninguém, confie em mim. Depois do fora que ela deu no
sujeito, eu tenho certeza que agora ele deve está catando os cacos
de dignidade que ela destruiu.
— Do que você está falando? — sorri para Melanie, que sai
do banheiro devolvendo o sorriso e vai direto para o closet com o
rosto pálido.
Será que ela está passando mal? Ele pensa.
— Digamos que ela é muito malvada e duvido que alguém vai
tentar algo com ela depois de ouvir os boatos que rolam na empresa
— Anderson fala.
— Que boatos — se levanta, sentando na poltrona que fica
de frente pro closet dela, que estão com as portas abertas,
mostrando-a sentada de frente para a penteadeira, passando seus
inúmeros cremes no rosto.
— Eu não estava perto dela quando jogaram a cantada, mas
as mulheres estavam fofocando sobre, apelidando a Melanie de
diaba sexy. É sério, as mulheres estão apaixonadas pela
personalidade dela. Os homens pareciam estar no cio depois que
pisou no hall da empresa. Ela anda parecendo que é a dona do
lugar, ficou impossível não chamar a atenção.
— Alguém desconfiou do fato dela estar no comando?
— Quando disse que era sócia e que foi um pedido seu,
ninguém comentou sobre, mas queriam que ela ficasse mais tempo.
Sua esposa é encantadora.
— Eu sei... — sorri, a vendo passar os últimos cremes no
rosto. Desde a primeira vez que a viu fazendo aquilo, virou uma
rotina olhá-la de longe. Era legal vê-la cuidando da pele, tão legal
que ele nem percebia o tempo passar de tanto que a admirava.
— Mas eu acho que ela está passando mal, quando fui deixar
os papéis na sua mesa, Melanie estava tremendo muito. Perguntei
se estava bem e ela disse que esqueceu os remédios.
Christopher observa com mais atenção, percebendo um leve
tremor e termina de falar com o amigo.
— Amanhã de manhã tem algo importante?
— Uma reunião com todo o pessoal às 9 da manhã.
— Tem como remarcar para depois do almoço?
— Sim, mas vai atrasar um pouco o horário.
— Não tem problema, Melanie só vai trabalhar depois do
almoço amanhã. Eu vou desligar o celular dela, para ela conseguir
descansar — suspira. — Deve estar exausta, não dormiu direito no
hospital e só dormiu poucas horas ontem a noite...
— Vou remarcar a reunião.
— Certo, tenha uma boa noite.
— Pra você também, tchau.
Christopher encerra a ligação, vendo a sua esposa voltar
para o quarto.
— Você já jantou? — ela pergunta.
— Duas horas atrás e você? — se levanta da poltrona, vendo
os lábios dela brancos.
— Jantei com o Anderson, ficamos até tarde resolvendo
umas questões.
— Vem deitar comigo — lhe dá um selinho.
— Não posso, eu tenho que preparar uma planilha.
— Não, agora você tem que dormir — segura a mão dela a
levando calmamente até as cortinas as fechando e depois a leva pra
cama, entrando debaixo das cobertas com ela. — Você já tomou o
seu remédio?
— Assim que cheguei, mas ainda não fez efeito — abraça o
braço dele, deitando em posição fetal. — Não pensei que sentiria
nada, o último dia é amanhã.
— Deita aqui no meu peito — se vira para abraçá-la.
— Tem certeza, não vai ser ruim pra você?
Ele sente o seu corpo estranho por causa da posição e vira
de barriga pra cima novamente.
— Eu odeio estar assim — rosna indignado.
— Não se preocupe comigo, eu gosto de abraçar o seu braço
— dá uns beijinhos no ombro dele.
Ele pensa em perguntar como foi o seu dia, mas sente ela
muito quieta, se preparando para dormir. Então o mesmo decide
perguntar só amanhã.
Quando Melanie acorda, ela olha para o relógio que fica perto
do abajur, se espantando com o horário.
— Eu não acredito! — senta na cama rapidamente,
acordando o loiro.
— Ainda são 9 horas — a puxa de volta. — Deita e descansa,
eu falei para o King que você só irá depois do almoço.
— Christopher...
— Nada de Christopher, senhorita — a faz deitar do seu lado.
— Eu já não posso cuidar de você do jeito que gostaria, então me
deixa fazer o que está ao meu alcance?
Nesse momento ela percebeu, o quanto ele estava sem
graça por ser obrigado a ficar quieto por tanto tempo. Christopher
era bem ativo no dia-a-dia, ser obrigado a ficar parado estava o
deixando louco.
— Tá bom — se aconchega no braço dele.
— Eu acordei cedo e pedi para Margot fazer um chocolate
quente pra você.
Melanie vira o corpo para o abajur que fica do seu lado da
cama e se senta, para comer os biscoitinhos caseiros, justamente
com a bebida que parecia fumegar quando saiu da garrafa térmica.
— Obrigada — sorri, se preparando para beber. — Isso é tão
bom...
— Tem que agradecer a Margot, eu não fiz nada — se senta,
encostando as costas na cabeceira acolchoada.
— Você fez sim e sabe disso — se aproxima, para lhe dar um
beijinho na bochecha. — Obrigada.
— De nada... e como foi o seu primeiro dia? — a observa
tomar o seu café da manhã.
— Difícil, acho que não gostaram muito de mim.
Pela animação que Anderson falou dela, Christopher sabia
que isso não era verdade.
— Por quê fala isso?
— Eu tive que repreender um funcionário por mal
comportamento e depois disso alguns ficaram com medo de se
aproximar de mim.
É maravilhoso ouvir isso. Ele pensa.
— Teríamos uma reunião agora pela manhã, para eu explicar
as normas da empresa. Parece que alguns não entenderam que
estamos em um ambiente de trabalho.
— Eu queria ver você toda sexy, dando aula de como se
comportar em um ambiente de trabalho — dá um sorrisinho sacana.
— Depois veste aquela roupa pra mim, professora?
— Que roupa? — o olha.
— A que estava usando ontem, ainda não perdi a esperança
de tirá-la do seu corpo.
Ela dá risada da carinha pervertida que o marido faz e o vê
deitando, voltando para debaixo das cobertas.
— Você ainda está ruim, né? — acaricia os cabelos loiros.
— Nunca me senti tão mal... — suspira se lembrando da
notícia que ouviu. — Gata, você sabia que vão fechar a lanchonete
que nós fomos?
— O quê?
— Parece que eu não fui a única pessoa a ficar com
intoxicação alimentar por causa da comida deles — sorri com o
carinho que ela faz em sua barba. — O dono é muito irresponsável,
ele não gostava de jogar alguns alimentos fora e obrigava os
funcionários a reaproveitar — a vê fazendo uma carinha de nojo. —
Acontece que chamaram a vigilância sanitária para eles e acabaram
fechando o local.
Melanie se lembra automaticamente de Maria, se
perguntando como ela está.
Eu poderia ter pegado o número dela...

***
Durante o tempo que passou, Melanie cuidou da Rogers e do
Christopher doente. Era diferente estar no comando de uma
empresa, a qual tinha a autorização para fazer tudo que quisesse. O
contrato que o marido tinha que fechar, o aconselhou a não assinar
os papéis. Era nesses momentos que Melanie realmente se sentia
esposa dele. Podia aconselhá-lo, mostrando os seus argumentos e
ele ponderava se seria bom ouvir ou não. Depois de conversarem a
noite toda sobre esse assunto deitados na cama, Christopher
decidiu não fechar negócio.
Hoje era o último dia de repouso dele e para o seu azar,
Melanie estava se preparando para viajar. Como ela ajudaria Emmy
a se arrumar quando chegassem no hotel, resolveu já ir arrumada
para premiação.
— Como eu estou? — ela entra na cozinha, acompanhada de
Jorge, que estava fazendo o cabelo e a maquiagem.
O queixo de Christopher cai, quando vê que a esposa
conseguiu ficar mais sexy do que o normal. Melanie optou por uma
maquiagem mais caprichada, deixou os seus cabelos amarrados em
um rabo de cavalo alto, estilo Ariana Grande, fazendo os seus fios
castanhos pararem acima do bumbum. Vestindo um vestido estilo
sequin mini, de alças finas e com o tecido cor prata brilhoso,
emoldurando levemente o corpo cheio de curvas, acompanhando
com um salto fino da cor nude.
— Quer que eu dê uma voltinha para você analisar melhor?
— se aproxima da ilha da cozinha, dando uma rodadinha.
Christopher perde a fala quando percebe que além de muito
curto, o vestido era aberto nas costas. O mesmo mal esperou ela
terminar de virar e a puxou colando o corpo dela no seu.
— Por quê você está tão gostosa? Não precisa disso tudo
para estar no tapete vermelho — sussurra no ouvido dela.
— Você sabe que eu não estou arrumada nem metade do
que as pessoas que vão à cerimônia estão, né?
— Isso não é nem metade? — geme, cheirando o pescoço
dela. — Que saudade de você... — rosna excitado.
— Christopher — se afasta sorrindo. — Não é hora pra isso,
você ainda não me disse como eu estou.
— Gata demais. Como eu vou conseguir me segurar aqui,
com você na Califórnia? — segura o pescoço dela, para lhe dar um
beijo de língua.
— Nem pensar, mocinho! — Jorge chama a atenção dele. —
Não vai borrar o batom dela, trate de se controlar!
— Agrrr... — ele rosna e dá um beijo na bochecha, bem no
cantinho dos lábios. — Não vou aguentar ficar quatro dias sem
você.
— Então eu acho melhor eu ir logo, do jeito que está me
apertando, estou com medo de não sair viva daqui.
— Desculpa — desfaz o aperto.
— Se sentir muita saudade pode usar o meu baby doll —
sussurra com um sorriso lindo no rosto.
— Nem pensar, ele não quer a minha mão, ele quer você —
rosna baixinho. — Não esperei 10 dias para sentir a minha mão.
Melanie dá risada com a excitação dele e se despede com
um selinho.
— Quando eu voltar, vou deixar sua amante te tirar dessa
seca, tá bom? — limpa o batom dos lábios dele.
— Vai ter o dia todo pra mim?
— Sempre tiro um dia de folga quando chego de viagem,
então sim. A Melanie sem Williams vai ser toda sua.
— Agrr... — rosna excitado, plantando muitos beijos na mão
dela. — Qualquer coisa me liga.
— Pode deixar — acaricia a ponta do seu nariz no dele,
dando um beijinho de esquimó antes de partir.
Christopher a olha rebolando para a saída, pressionando o
seu membro atrás da ilha da cozinha, para ninguém ver o tamanho
da seta que está apontando para sua esposa.
Que saudade de me enfiar em você, Melanie! Ele pensa
choroso.
14

Ciúmes

S entados no sofá, com Dener jogado na poltrona


esvaziando o segundo saco de salgadinhos e
Anderson do outro lado, se enchendo de batata frita. Os rapazes
assistem a cerimônia do Grammy, percebendo Christopher apertar a
almofada, ansioso para ver sua esposa.
Ela não estava brincando quando disse que as pessoas se
preparavam para isso. O loiro pensa, observando as roupas dos
artistas.
Obviamente Christopher sabia o quanto aquela premiação
era importante e agora pensando no vestido dela, percebeu que
estava bem simples em comparação aos outros. Melanie tinha
consciência de ter sido convidada, resolveu caprichar, mas não o
suficiente para se destacar no lugar de Emmy. Ela era pra ser a
estrela dessa noite, então de hipótese alguma chamaria mais
atenção do que a cantora.
Quando Emmy aparece sozinha na tv de tela plana,
desfilando com o seu vestido, fazendo muitas poses para os
fotógrafos, o loiro solta um “uau”. Admirado com o trabalho que sua
esposa teve com a roupa da artista.
Então é assim que você faz quando tem total liberdade para
trabalhar? Ele pensa. Interessante...
A cantora acena com a mão chamando alguém e a câmera
foca em Melanie que está sorrindo, só esperando a moça terminar a
sessão de fotos.
Tão linda! Ele dá um largo sorriso, sentindo o seu coração
bater forte.
Por mais que simples, aos olhos dele, ela estava
deslumbrante e mais bela do que qualquer pessoa que pisou
naquele tapete vermelho. Quando a morena dá o primeiro passo,
seu salto enrosca em um fio vermelho, praticamente invisível, a
fazendo ir para frente de uma vez, levantando o tapete junto, mas
antes de atingir o chão, um asiático a envolve em seus braços,
fazendo a cena parecer um clichê de filme romântico.
Na hora, todos os músculos de Christopher se petrificam,
quando vê os braços de outro homem em volta da cintura da sua
esposa. Ouvindo os comentários do repórter que romantizou toda a
cena, logo todos os holofotes se voltam para Melanie, que está
vermelha de vergonha, pedindo desculpas para o rapaz que é muito
mais alto que ela.
Melanie percebe a fivela do seu salto presa no fio que antes
era quase invisível, mas agora estava parecendo um bolo de linhas,
se perguntando como conseguiu fazer essa arte. O asiático tira seu
paletó a entregando para cobrir as pernas e ela assim o faz. O
mesmo agacha segurando o tornozelo dela, desenroscando os fios
da fivela fina do salto, então Christopher rasga a almofada que
estava segurando ao meio.
— Se acalma, ele só está ajudando — Anderson tenta
melhorar o ânimo do amigo, que se morde de ciúmes com os
comentários nada necessários do repórter.
— Ele tocou nela... — rosna.
— No tornozelo — Dener frisa, levantando o indicador. — Foi
educado da parte dele emprestar o paletó para ela cobrir as pernas.
O vestido que está usando é muito curto, outros não fariam isso.
Depois de soltá-la, Melanie devolve o paletó, agradecendo o
rapaz, abaixando e levantando o tronco rapidamente, assim como
os asiáticos fazem. Ela caminha na direção de Emmy, com o rosto
vermelho de vergonha, mas o rubor nas bochechas foi interpretado
pelo repórter como:
“Parece que alguém fez o coração da nossa princesinha da
moda acelerar. Será que em breve teremos um novo casal, Allen?”
Pergunta para a moça que está cobrindo a reportagem
consigo.
“Não sei, Campbell, mas se um homem me segurasse
daquele jeito, pode apostar que eu não deixaria escapar”
Como se não fosse o bastante os comentários
desnecessários, o grupo de kpop senta perto dela e o rapaz que a
ajudou anteriormente ao lado. Os dois não conversam entre si,
mesmo assim as câmeras insistem em focar neles, depois de cada
música cantada no palco. Emmy acaba ganhando um dos prêmios,
fazendo Melanie bater palmas animada, sorrindo para a cantora que
dá um discurso lindo no palco. Um pouco depois, o grupo que
estava perto delas apresentam uma música. Eles filmam a reação
de surpresa de Melanie, quando Young Min[11] — o coreano que
ajudou — canta sua parte. Os dois acabam trocando olhares e sorrir
um para o outro. O que não passou despercebido pela mídia que
ficou louca com aquilo.
“Você viu aquela troca de sorrisos, Allen?”
O repórter fala animado.
“Você tinha que perguntar, se eu ouvi a parte da música que
ele cantou pra ela! Eu já estou shippando os dois”
“Parece que o Grammy desse ano está com um clima de
romance no ar. Acho que os dias dos namorados vai ser cheio de
surpresas”
— Não mostra esse seu sorriso lindo pra ele! — Christopher
se morde de ciúmes, enlouquecendo com os comentários. — Isso é
meu!
— Calma bro, foi só um sorriso, nada demais — Dener tenta
tranquilizá-lo.
— É melhor deixar a televisão no mudo — Anderson pega o
controle, para não ouvir mais comentários como aqueles.
Se antes já era um problema não mostrar que ela era casada,
agora isso acabou de piorar. Christopher estava até imaginando as
reportagens que sairão amanhã.
Se não fosse o bastante Melanie sorrir para o Young, quando
o grupo volta pro lugar, ela puxa conversa com o asiático o qual
trocou sorrisos, e por estar um pouco difícil de dialogar, eles acabam
sussurrando no ouvido um do outro.
Christopher explode e acaba atirando uma faca na televisão,
bem onde ficava o rosto de Young Min.
— De onde saiu essa faca?! — Anderson grita assustado,
colocando a mão no peito.
— Christopher, se acalma, eles só estavam conversando —
Dener tenta tranquilizá-lo. — Não precisava quebrar a televisão!
— Eu estava precisando comprar outra mesmo — se levanta,
pegando a almofada que rasgou antes, para jogá-la no lixo. —
Vamos tomar uma? Eu preciso aliviar o estresse.
— Você não pode beber, acabou de ter uma intoxicação
alimentar — Anderson fala.
— Vamos jogar basquete, essa hora os caras já devem estar
na quadra — pega os pratos em cima da mesinha, dando outra
opção.
— Não pode fazer esforço, esqueceu que é o último dia de
repouso? — Dener alerta.
— Então vamos comprar uma televisão nova — começa a
lavar os pratos, mas quebra o primeiro por estar com raiva. — Eu
preciso desestressar, senão vou acabar fazendo besteira.
— Vamos comprar uma televisão, estressadinho — Dener o
arrasta para porta da frente.
— Minha carteira — o loiro fala.
— Não precisa, eu peguei o seu celular — Anderson vai até
eles. — Deixa que eu e o Dener traz ela aqui pra cima.
Os rapazes saem conversando com o loiro, tentando diminuir
seu humor, mas quando chegam na loja, o “romance” que Melanie
estava envolvida, passa em quase todas as TVs de tela plana, que
estão transmitindo as partes mais marcantes do Grammy.
Se antes ele estava irritado, agora que viu o coreano
entregando o cartão pessoal para sua esposa, o loiro estava a ponto
de explodir novamente. Com medo de Christopher quebrar todas as
televisões do local, com seu ciúmes desvairado. Dener o levou para
única tela que estava mostrando um trailer de jogo de videogame, o
fazendo comprar a maior TV da loja.
Depois de um tempo instalando o aparelho eletrônico na casa
do amigo, jogando o outro fora. Os três resolveram jogar
videogame, fazendo o Christopher descontar parte da ira no jogo,
enquanto praguejava baixinho.

O dia amanhece e os três acordam com a chegada do casal


de velhinhos no apartamento.
— Por quê vocês não dormiram na cama? — Margot
pergunta preocupada. — Devem estar quebrados deitados aí.
— Até que é confortável — Dener boceja, se levantando da
poltrona reclinável.
— Não poderíamos deixar o Christopher sozinho — Anderson
se levanta do sofá.
— Trocaram a TV — Anthony percebe.
— Sim, depois que o Christopher jogou uma faca na outra,
tivemos que comprar uma — Dener comenta.
— Por quê você fez isso? — a senhora pergunta, vendo o
loiro se levantar do outro sofá e caminhar para a cozinha.
— Motivo de força maior — mexe na máquina de cappuccino.
— A força maior que ele está falando, se chama ciúmes —
Dener explica, se sentando em uma das cadeiras altas que tem na
ilha da cozinha, juntamente com os outros, vendo os músculos das
costas de Christopher travarem e Margot ir até o fogão para
preparar um café. — Ele enlouqueceu assistindo o Grammy ontem
a noite e tacou a faca na televisão, onde ficava a cara do Young
Min. Só porque ele estava conversando com a Melanie.
Ele estava sussurrando no ouvido dela. O loiro pensa irritado,
ainda virado de costas pro pessoal, cutucando a máquina de
cappuccino.
— Eu li no jornal hoje de manhã — Anthony comenta. —
Garoto, não precisa ficar com ciúmes por causa daquilo, sabe que a
senhora Rogers só se interessa por você.
— Ele está certo, Christopher — a idosa passa a mão
calmamente nas costas dele. — Não precisa ficar desse jeito, confie
mais na sua esposa. Eu tenho certeza que ela não se interessou por
ele.
— Eu confio nela... — ele fala emburrado, fazendo todos
ouvirem atentamente. — É só que... — fica receoso. — Faz tanto
tempo que eu não sei o que é tocar na Melanie... Por causa da
intoxicação e da correria que ela estava tendo na Rogers, nós mal
podíamos ficar abraçados... ela estava muito preocupada comigo,
para ficar me apertando com um abraço quentinho que só ela sabe
dar... — abaixa a cabeça, sentindo o seu rosto esquentar. — Eu só
estou com saudades... ver aquele cara a tocando e sussurrando no
ouvido dela, me deixou irado — bufa. — Só eu posso sussurrar no
ouvido da Melanie — faz biquinho.
A senhora se segura pra não rir da birra do patrão e continua
fazendo carinho nas costas dele, assim como fazia todas as vezes
para consolá-lo.
— Quanto tempo Melanie vai ficar na Califórnia? — ela
pergunta.
— Quatro dias — ele responde sentindo um aperto no peito.
— Nada impede de você ir visitá-la.
— Eu não posso, tem a Rogers, passei muito tempo sem
pisar lá.
— A Melanie fez um ótimo trabalho com a sua ausência —
Anderson comenta, tentando ajudar o amigo. — Não tem tanto
trabalho assim.
— Mas eu não posso faltar — pega sua caneca cheia de
cappuccino, tomando um gole.
— Ninguém disse pra você faltar — Anthony comenta e uma
ideia surge na cabeça de Dener.
— Você pode pegar um voo depois do expediente e voltar
antes dele. Não vai ser muito tempo, mas sei que a Melanie vai
adorar você aparecendo no quarto dela de supetão — o moreno
sorri. — Posso pedir para Amanda dar um jeitinho de mantê-la no
hotel, antes de você chegar lá.
— Consegue mesmo fazer isso? — Christopher se vira para
o pessoal que está sentado.
— Só 1 minuto — pega o celular do bolso. — Essa hora ela
deve estar se arrumando...
Dener se retira para fazer uma ligação para esposa,
enquanto isso Margot passa o café e se senta ao lado do loiro, nas
cadeiras altas que os outros também estão, começando a tomar o
café da manhã.
— Amanda disse que a Melanie nem chegou ver as
reportagens sobre o Grammy. Estava tão cansada ontem a noite
que foi direto para o quarto dormir — ele volta, aproveitando para
lanchar com todos, antes de ir trabalhar. — Expliquei a situação e
ela concordou em te ajudar, se você quiser.
— É claro que eu quero, qualquer ajuda é bem vinda,
obrigado pela ideia — pega um biscoito de sal. — Vou levar só uma
mochila e pegar o jatinho assim que sair da Rogers.
O loiro começa a planejar mentalmente o seu dia, dando um
jeito de encaixar tudo no horário para tentar aproveitar cada minuto
para matar a saudade de tocá-la intimamente.
Depois de um dia exaustivo, Christopher sai 4 da tarde da
empresa, indo direto para o aeroporto do Queens. Ele toma um
banho e se arruma no seu jato particular, enfrentando um voo de
quase 5 horas para chegar na Califórnia.
Fechando o seu notebook, terminando de trabalhar. O loiro é
avisado que já estão quase chegando e o mesmo olha para o céu
de Los Angeles, percebendo o tempo nublado.
Ele chega no hotel às dez da noite, vendo muitas pessoas no
hall de entrada, enquanto caminha para a recepção.
— Boa noite, minha esposa está hospedada aqui e eu estou
afim de fazer uma surpresa pra ela — se adianta entregando sua
identidade e a certidão de casamento que carrega dentro da
carteira. — Você pode me ajudar?
O recepcionista arregala os olhos quando percebe quem ele
é e o olha surpreso.
Hoje Christopher não estava usando o seu terno de três
peças como de costume. Ele estava usando algo mais casual. Seus
cabelos estavam amarrados, o mesmo vestia uma camiseta cinza
do AC/DC, que destacavam levemente seus músculos,
acompanhado de uma calça skinny preta e um coturno cano curto,
com uma alça da mochila no ombro.
— Senhor Rogers, Melanie Williams é sua esposa? — o
rapaz se espanta.
Christopher encosta o cotovelo no balcão, chegando mais
perto do atendente, para falar só pra ele ouvir.
— Sim e se alguém descobrir vou saber quem vazou a
informação.
O homem engole seco, levemente nervoso pelo tom usado.
— Está aqui por causa dos boatos? — o funcionário do hotel
cria coragem para perguntar.
— Não estou aqui por causa dos boatos.
O recepcionista olha em volta, para ver se estava sozinho e
continua falando baixinho com o loiro.
— Eu não te aconselho a ir no quarto dela, pode acabar
vendo algo que não goste — sussurra, o deixando em alerta. —
Aquele grupo coreano está hospedado no mesmo andar que a
senhorita Williams e eu os vi jantando juntos algumas horas atrás.
Só ela e o Young Min.
Christopher concorda com a cabeça, não demonstrando
sentimento algum e o funcionário coloca o cartão do quarto dela em
cima do balcão, junto com os documentos.
— A escolha é sua.
— Obrigado — dá um sorriso simpático, pegando o cartão. —
Sei que não encontrarei nada quando chegar lá, então pode ficar
tranquilo.
O telefone de Rogers toca, então percebe muitas chamadas
perdidas da esposa durante o dia. Ficando levemente nervoso, com
medo de levar uma bronca, e ela pensar que ele foi para Los
Angeles por causa de ciúmes e não saudades. Christopher atente
soltando um longo suspiro.
— Boa noite, gatinha — sorri se despedindo do atendente,
indo em direção ao elevador que está lotado. — Já está com
saudades?
— Christopher, eu preciso te contar uma coisa — fala
rapidamente. — Eu sei que você viu as fofocas que sairam ao meu
respeito, mas não é verdade. Eu não tenho nada com Young Min.
Ele só me ajudou no tapete vermelho e a conversa que não param
de falar, foi estritamente profissional!
— Melanie — ele dá risada do desespero dela. — Eu sei que
não houve nada com o coreano, eu confio em você, não acreditei
em nenhum boato que saiu ao seu respeito — fala como se
estivesse sozinho no elevador.
— Não acreditou? — a voz dela soa mais fofa que o normal.
— Você nunca me deu motivos para desconfiar de você — dá
de ombros. — Eu sei bem como a mídia é. Você se lembra de
quando eu terminei o namoro com a Joana e ela chorou na frente
dos repórteres dizendo que fui eu quem traiu ela?
— Lembro... — fala triste. — Você nunca me disse o que
aconteceu de verdade.
— Eu nunca traí ela, na verdade foi o contrário. Eu a peguei
na cama com outro homem, mas só porque ela derramou algumas
lágrimas, todos acreditaram na versão dela.
— Eu sinto muito... — fala triste, pois na época ela também
acreditou na história.
— Não precisa, eu estou casado com você e ainda bem que
eu me livrei daquela praga — coloca uma das suas mãos no bolso,
vendo o elevador fazer algumas paradas antes de chegar na
cobertura, só que devido ao lotamento fica impossível de entrar,
mas Christopher nem nota. — Estou dizendo que eu acredito no que
sai da sua boca, se você disse que não houve nada, então não
houve.
Ele ouve um suspiro de alívio do outro lado da linha e sorri
para a porta de metal.
— Você não ficou nem um pouquinho com ciúmes? — fala de
forma fofa, levemente desapontada.
— O quê? — Christopher dá uma risada alta, sem perceber
que todos os hóspedes atrás dele, estão escutando sua conversa.
— Eu estava com tanto ciúmes que taquei uma faca na televisão,
bem onde ficava o rosto do Young Min — as pessoas do elevador
dão um passo para trás e o coreano mencionado, arregala os olhos,
por estar num cubículo apertado com o homem que mais parecia
um guarda-roupa, falando entre risos como claramente queria tirar a
sua vida. — Não se preocupe eu comprei uma nova e muito maior
do que a antiga.
— Você tacou uma faca na televisão?! — Melanie grita, o
fazendo afastar o celular do ouvido.
— Você quase me deixou surdo — devolve o telefone para
orelha. — Quando eu chegar no seu quarto, pode ter certeza que eu
vou dar uns tapinhas nessa sua bundinha linda por isso!
— Chegar no meu quarto? — volta a falar baixo.
As portas do elevador se abrem na cobertura e ele anda
calmamente, sem perceber que o grupo atrás dele, sai
sorrateiramente com medo de serem vistos ou dele ver o Young.
Que teve o tremendo azar de ter a porta do seu quarto, na frente do
da Melanie, que tem um marido que está pronto para cortar o seu
pescoço a qualquer momento.
— Eu estou morrendo de saudades, nem consegui tirar uma
casquinha sua depois que fiquei doente. Por isso estou indo para a
porta do seu quarto de hotel agora, aproveitar do corpo da minha
amante.
O loiro ouve um som de coisas caindo e para no lugar
olhando para o celular, fazendo o grupo atrás dele parar também.
Melanie abre a última porta do corredor, amarrando seu robe
de seda da cor creme, na cintura, vendo o seu marido vestido como
um Christopher sem Rogers. Ela dá um largo sorriso, correndo
descalça na direção dele, com seus cabelos lisos, soltos ao vento.
Christopher deixa a mochila cair no chão, colocando o celular
no bolso da calça. Quando sua esposa chega perto, ele a levanta
pela cintura, recebendo um beijo de tirar o fôlego.
— Hum... — Christopher geme sorrindo.
Melanie sente os braços dele a apertarem no corpo duro e
enfia sua mão entre os cabelos loiros, sem desfazer o coque
pequeno, aprofundando ainda mais o beijo, que há onze dias não
pôde dar. O mesmo se afasta sugando o lábio dela, todo excitado
com o beijo gostoso.
— Se eu soubesse que seria recebido assim, nem teria ido
trabalhar hoje e voaria pra cá o mais rápido possível.
Ela dá uma risada gostosa olhando para os lábios do marido
e acaba desviando o olhar por alguns segundos, sentindo um grupo
assustado tentando passar despercebido por eles.
— Young Min?
O rapaz soa frio quando vê o loiro virando com ela nos
braços, direcionando os olhos azuis, friamente para os seus.
— Senhorirta Melanie? — fala com um sotaque puxado,
quase não a reconhecendo sem a maquiagem e as lentes
castanhas.
— Acho que eu esqueci do mais importante — toca no
próprio rosto, sentindo Christopher deixá-la calmamente no chão,
para pegar a mochila que deixou cair.
— Então você é Young Min? — a voz grave sai da garganta
do loiro, fazendo o grupo se estremecer no lugar.
— Boa sorte, cara — os amigos tocam no ombro dele, para
os deixar sozinhos, mas Young não os deixa fugir.
— Não precisam se preocupar, o Christopher é um amor de
pessoa — Melanie tenta os tranquilizar, passando os braços na
cintura do marido, descansando sua cabeça na boca do estômago
dele.
Segundo o que eu ouvi no elevador, não! Young pensa
amedrontado.
— Vocês devem ter ouvido a parte da amante — ela tira sua
própria conclusão. — O Christopher na verdade é o meu marido,
por favor não pensem besteira de mim.
— Você tinha dito antez — Young força um sorriso e todos os
olhares se voltam pra ele.
— Eu contei pra ele sobre o Christopher — ela explica. — Só
vi as fofocas agora a noite e acabei marcando um jantar, dizendo
para o Young não se preocupar, porque eu não estava dando em
cima dele e que era muito bem casada.
O loiro segura o sorriso por ter ouvido sua esposa falar que
era muito bem casada e a aperta um pouco mais no seu corpo.
— Ele me contou que também tinha uma namorada
escondida da mídia e entendeu nossa situação — fala olhando para
o marido. — Para os cantores coreanos é difícil namorar, porque na
Coreia do Sul, as fãs pensam que eles são delas. É um pouco
complicado.
Ele balança cabeça compreendendo.
— No nosso caso é muita coisa envolvida — Christopher fala
tocando na bochecha dela, a olhando carinhosamente.
— Noz entendemos — Young comenta, mais tranquilo pelas
coisas que foram esclarecidas. — Temoz um segrerdo guardardo —
puxa o sotaque ao falar.
O casal sorri concordando e se despedem indo para o quarto.
Assim que a porta se fecha, o loiro joga sua bolsa no chão e
a agarra pela cintura, a beijando todo fogoso, querendo matar a
saudade que sente dela.
— Christopher... — se afasta dos lábios famintos dele. —
Vamos com calma dessa vez — fala ofegante.
— Com calma? — aperta a nádega dela, sentindo o tecido de
seda contrastar com o bumbum durinho.
— Sim... — geme. — O doutor Donald aconselhou a ir
devagar uma vez ou outra.
Ela se afasta dos braços dele, desfazendo a amarração na
cintura, para tirar o seu robe, que cai suavemente nos pés.
Christopher a devora com os olhos, a vendo com uma camisola bem
simples, de tecido fino da cor creme, agraciar as curvas e a pele
parda da esposa.
— Se eu soubesse que viria, teria escolhido uma melhor...
— Não — se aproxima tocando no rosto corado. — Está linda
como sempre.
Com a respiração ofegante ela encontra os olhos dele, quase
não aguentando as batidas fortes do seu coração. Melanie também
estava morrendo de saudades de tocar no amante, mas tinha receio
de ir com calma, pois aquele clima a assustava, fazendo ela ouvir os
sentimentos que sempre negou em seu peito.
— Vem... — o segura pela mão, o fazendo sentar na cama.
Insegura, ela senta no colo dele, lhe dando um beijo
tranquilo. Suavemente, Melanie passa as mãos pelo abdômen,
tirando a camiseta que estava naquele corpo.
Era pura excitação, sentir os lábios suaves dela o beijando
calmamente, as mãos pequenas arrepiando todos os seus pelos.
Aquilo o deixava louco de uma maneira bem diferente. Melanie
estava cuidando dele, dando seus beijos no rosto, no maxilar bem
marcado, deslizando suas unhas pontiagudas na pele do seu
amante, para desabotoar a calça que estava usando.
Isso era demais para o coração dele, ela não tinha o costume
de dar o primeiro passo, normalmente só começava a comandar
depois da primeira vez que faziam. Mas agora, Melanie estava ali, o
deixando nu e o enchendo de beijos e chupões. Que só o fazia se
perguntar, se ela se sentia do mesmo jeito que ele. Se aqueles
sentimentos que tanto escondeu, estavam finalmente sendo
correspondidos com atitudes.
Christopher se afasta dos lábios dela, passando suas mãos
grandes nas curvas esbeltas, retirando calmamente aquela camisola
que ficava tão linda na sua amante. Ele observa o rubor das
bochechas, os seios subindo e descendo com a respiração
acelerada e sorri.
— Bem útil — o mesmo fala dos laços da calcinha, que não
precisa fazer ela sair do seu colo para retirar a peça íntima.
Ele beija o pescoço pardo, com a mesma lentidão que sentiu
quando Melanie o beijou, até finalmente alcançar os seios.
— Hum... — geme, sentindo a boca quente sugar seu
biquinho, as mãos grandes apalparem todo o seu corpo com uma
lentidão calculada.
Era tanta saudade, que cada toque dele, arrancava um
gemido. Melanie nunca pensou estar tão dependente do toque de
alguém, como sentia com Christopher. Os lábios dele, os músculos
duros e o cheiro do perfume levemente amadeirado, a faziam
morder os próprios lábios de tanta excitação.
— Eu preciso de você — sussurra, levantando o rosto dele
para o beijar, se encaixando direitinho na glande inchada.
— Ooh... — olhando nos olhos dela ele geme. Sentindo a
intimidade quentinha o aconchegar de um jeito sufocante e
delicioso. Era como se finalmente estivesse em casa.
Ela se movimenta calmamente, dando um prazer inigualável
para os dois. Descia e subia com tanta precisão, que ele teve de
roubar os lábios dela, para que as palavras de amor não saíssem de
sua boca e as assustassem.
Quando chegou no hotel, Christopher imaginou que seria
chamado atenção pelo ciúmes que sentiu. Pensou que
provavelmente haveria uma briga e só depois o sexo da
reconciliação. Mas nunca passou pela sua cabeça que ela ficaria tão
feliz ao vê-lo ali. Nunca passou na sua cabeça que seria tocado
daquela maneira, que seria beijado com tanta intensidade. Melanie
conseguia mexer com o seu cérebro, na mesma intensidade que
mexia com o seu coração. Ele nunca sabia o que esperar dela, pois
seus movimentos eram imprevisíveis e se continuasse assim, um
dia ela poderia realmente deixá-lo louco de vez, a ponto de soltar as
palavras que segurava desde a primeira vez que a teve como
mulher.
— Aaahh... — ela treme tendo um orgasmo.
Christopher revira os olhos com a sensação de prazer e a
vira para deitar na cama, conduzindo o que estavam fazendo.
— Isso... — geme, sentindo o seu amante beijar o seu
pescoço, se movimentando no ritmo que ela havia proporcionado
antes, só que ainda mais gostoso. Não era só sexo, eles estavam
fazendo amor, mas foi a primeira vez que ela percebeu isso. —
Christopher...
A mesma levanta o rosto dele, roubando um beijo, reprimindo
o “eu te amo” de sair. Talvez fosse pela calmaria, mas ela estava
tendo tanta necessidade de falar aquelas palavras, que talvez não
estivesse sentindo aquilo mesmo. Então decidiu o beijar, com medo
de falar algo que não deveria e acabar com a relação que estava
tendo, pois de hipótese alguma ela poderia perdê-lo por falar de
sentimentos.
— Aaahh... — geme na boca dele, sentindo todo o seu corpo
incendiar com o segundo orgasmo, vendo ele ter o dele com os
olhos fixos nos dela.
O cheiro do perfume amadeirado, as peles nuas coladas uma
na outra, ofegantes com a respiração acelerada, só fez a ficha dela
cair mais rápido.
Céus, Christopher... Ela pensa, roubando novamente os
lábios do amante, ouvindo a música da Camila Cabello ecoar na sua
cabeça. Assim como nicotina, heroína, morfina. De repente, estou
viciada e você é tudo que preciso... Olha nos olhos dele. Como eu
fui me apaixonar por você, Rogers? Acaricia os cabelos loiros e ele
desfaz a conexão dos sexos que os unia, sem sair de cima dela,
enquanto a morena observava o azul dos olhos dele ganharem uma
tonalidade diferente. A mesma tonalidade de quando fizeram a
primeira vez, depois dele ter cantado na sua orelha, enquanto
estavam deitados, bêbados, no sofá e ela estava brincando com o
cabelo dele. Depois daquele dia ela recebeu tanto aquele olhar, mas
não sabia dizer o que era. E tem como não se apaixonar por você?
15

Sentimentos

S entado na cama, acariciando os cabelos


castanhos, com ela se aconchegando em seu
peito. Christopher a abraça mais apertado, sentindo o seu corpo se
recuperar do exercício que acabou de fazer. Ele já a teve como
mulher antes, mas nada se comparava com aquilo que rolou alguns
minutos atrás. O seu coração não desacelerou depois do banho que
tomaram e sentir o corpo dela nu contra o seu, enquanto estavam
sentados, debaixo da coberta, só o deixava ainda mais feliz.
— Seu coração está acelerado — ela passa a mão no peito
dele.
— Ele ainda não se recuperou, acabamos de fazer o melhor
sexo da nossa relação e ainda posso sentir o efeito dos seus toques
em mim — se arrepia. — Isso foi muito gostoso.
Melanie dá um largo sorriso com a sinceridade do marido e
tira o rosto do peito dele, para olhá-lo.
— Sinceramente, não estava acreditando que fazer com
calma seria bom — cora.
— Só foi bom? — franze o cenho.
— Não, foi maravilhoso... — dá um sorrisinho bobo. — Bem
diferente do que costumamos fazer.
O coração que antes não desacelerava, agora estava quase
saindo pela boca, quando ele percebeu aqueles olhos coloridos o
fitarem de forma intensa, os cabelos longos e castanhos descerem
suavemente sobre o corpo, tampando os seios nus. Christopher
sempre a chamou de deusa, mas não tinha como ela não parecer
uma divindade sentada daquele jeito entre suas pernas. O que
fizeram mexeu tanto com ela, que dava pra ver uma aura diferente a
sua volta.
— Eu estava com saudades disso — se inclina pra cima para
beijá-lo. — De ter você dentro de mim...
Ele sorri nos lábios dela, pensando que os sentimentos
estavam finalmente se nivelando.
— Te invadir é maravilhoso, mas nunca foi tão gostoso como
agora a pouco — acaricia o seu nariz no pequenininho dela.
Eu te amo tanto, Melanie... Pensa o que gostaria de dizer.
— Foi... diferente... — tenta voltar pro lugar, o vendo
desestabilizado, mas sente sua nuca ser agarrada por uma mão
grande e seus lábios roubados com devoção.
As batidas fortes do peito dela se tornam cada vez mais altas,
a deixando com medo dele ouvir. Ela estava apaixonada por cada
detalhe de Christopher Rogers. Apaixonada por aquele sorriso que
ele dava depois de se unirem em uma só carne, apaixonada pelo
beijo suave e pelo carinho que via naqueles olhos azuis. Aquele
homem a deixava louca, nunca imaginou sentir algo tão forte por
alguém antes.
A vida de casado era bem melhor do que havia imaginado.
Tinha as discussões, mas também tinha o maravilhoso sexo da
reconciliação. Tinha seus desentendimentos, mas também tinha
aquele desabafo depois do trabalho. Eles não entendiam o porquê
as pessoas se divorciavam tanto. Porque para Melanie e
Christopher, estar casados era a melhor coisa do mundo.
Antes dela acabar montando nele de novo, a mesma se
afasta para poder conversar.
— Christopher — volta pro lugar. — Sobre o Young Min, eu
só gostei muito da voz dele e achei que seria diferente, ter um
cantor de outra cultura no primavera/verão — se explica. — Mas me
dei conta que eu não posso mexer nesse evento e acabei trazendo
problemas desnecessários.
— E por quê não se opõe do mesmo jeito que fez com o
vestido da Emmy?
— Minha mãe não me deixa nem chegar perto da passarela,
imagine colocar um cantor nela?! É muito complicado — desvia o
olhar, não querendo entrar no assunto. — Eu só queria deixar as
coisas claras entre nós, entende?
Ela estava se esquivando novamente e ele poderia sentir
isso.
— Entendo...
Com um tempo se olhando, ele acaba lembrando da
conversa que teve com Melanie pelo telefone e começa a pensar
em fazer uma abordagem diferente. Christopher queria que ela
confiasse seus traumas e receios a ele, mas nunca contou parte da
sua vida que gostaria de esquecer. Então o mesmo queria falar o
que nunca teve coragem de falar para ninguém, mesmo que
doesse. Pois talvez se abrindo para ela, poderia querer fazer ela se
abrir também.
— Você comentou que eu nunca falei sobre o meu término
com a Joana — toca nas sardas da bochecha a acariciando
levemente.
— Parece muito desconfortável pra você — toca na mão
grande que está em seu rosto, plantando um beijinho. — Não quero
ser intrometida.
— Não seria. Afinal, você é a minha esposa — dá um sorriso
doce, fazendo o coração dela derreter mais um pouco. — Eu gosto
de conversar com você e quero me abrir contigo também.
— Tem certeza? Isso parece muito doloroso — pensa na
parte que a mídia ficou do lado da ex dele.
— Eu já superei, só não gosto de falar sobre isso, porque tem
detalhes na história que nunca tive coragem de contar a ninguém...
— para de falar se lembrando de algo. — Na verdade eu contei pra
você, mas duvido muito que se lembre.
— O quê? — inclina levemente a cabeça para o lado.
— Bom, vamos do início... — rouba um selinho procurando
coragem. — A Joana não me traiu só com um homem.
— Foi com uma mulher também? — fala sem pensar. —
Pensei que só tivesse visto a traição dela uma vez.
— Sim, foi só uma vez que eu vi. Não, não foi com uma
mulher — suspira. — Quando eu cheguei de viagem naquele dia,
queria fazer uma surpresa pra ela. Nós namorávamos desde a
faculdade. Eu tinha certeza que queria passar o resto da minha vida
com ela, mas fazia anos que namorávamos e eu nunca dei um
passo a mais na nossa relação. Então a minha ideia não era só
chegar de surpresa no apartamento dela naquele dia.
— Você ia pedir ela em casamento — entende o que ele quer
dizer, sentindo um aperto no peito. Por mais que foi anos atrás, só
de imaginar Christopher casado com outra pessoa doía
profundamente.
— Eu comprei muitas flores, comprei chocolate, comprei um
anel enorme, porque ela gostava de coisas chamativas.
— Eu também gosto de coisas chamativas — murmura.
— Mas você não é exagerada — sorri do ciúmes dela. — Ela
parecia um vagalume ambulante e olha que eu gostava disso.
Melanie cai na risada e dá com a língua nos dentes
novamente.
— O mais estranho é que isso combina com você — suas
palavras o assustam. — Tá certo que você não usa coisas
extravagantes, mas você em si — gesticula com a mão. — já é a
própria extravagância.
— Não entendi.
— Acho melhor só explicar isso depois da sua explicação —
beija a bochecha dele.
— Não, explica agora, eu quero entender.
— Você já deve ter me ouvido dizer que é grande demais —
comenta.
— Sim, todas as vezes que eu entro em você escuto isso —
joga uma piada. — Na verdade, "enorme" é uma palavra mais
adequada.
Ela faz uma carinha de brava e ele cai na gargalhada.
Christopher não entendia como estava prestes a contar algo
traumatizante e, ao invés de ficar triste, estava fazendo piadas, que
não foram rebatidas porque ela sabia que era verdade.
— Estou dizendo na questão de altura, o tamanho dos
músculos também... Quando disse que você não era o meu tipo, foi
por causa disso — arranca uma expressão de surpresa do loiro. —
Sim, você é muito gostoso, mas quando me falaram que eu iria me
casar com você, fui listando uns pontos, mostrando para mim
mesmo, como você não era o meu homem ideal.
— Agora eu sou? — pergunta todo esperançoso que nem
criança quando quer um presente.
— Claro que é, não percebe a quantidade de vezes que nós
pulamos um em cima do outro? Minha amiga fala que parecemos
dois coelhos — pontua. — Se isso não prova que você virou o meu
homem ideal, eu não sei o que prova.
— Como era o seu homem ideal? — deixa sua curiosidade
levar a melhor.
— Morenos, não tão altos, não tão musculosos, não tão
pervertidos, que não tenham o cabelo grande ou barba. Por mais
que você fica irresistível assim — sita seus pontos, deixando aquele
elogio no final. — A minha família inteira tem a pele clara e é loira
dos olhos azuis — revira os olhos. — Eles acham que essa
aparência é o pico da perfeição! Se você não for desse jeito, você é
imperfeito — desdenha. — Sim, eles são muito racistas e
preconceituosos, e eu abomino isso. Então o último homem que eu
queria namorar na face da terra era alguém assim — mas agora eu
estou perdidamente apaixonada por você. Olha nos olhos dele,
completando a frase só na sua cabeça. Que ironia.
— Quer que eu pinte os cabelos ou use lentes? — usa o tom
de brincadeira. — Eu posso parar com a academia também.
— Nem ouse, você gostoso desse jeito! — arranca uma
risada rouca dele.
— Eu nem sempre fui assim, Melanie — suspira para
terminar sua história, se sentindo mais leve para desabafar. —
Quando namorei a Joana, eu não tinha todos esses músculos. Eu
era forte, mas não tanto.
— Você parou na parte do anel exagerado... — fica
envergonhada, percebendo que o fez perder o foco por causa da
sua intromissão.
— Isso tem haver com a história — explica, dando uma
pausa bem longa. — Quando entrei no apartamento dela. Vi muitas
roupas jogadas no chão e caiu a ficha do que estava acontecendo.
Mesmo ouvindo os seus gemidos, eu queria ver com os meus
próprios olhos e foi aí que eu me arrependi... — solta uma lufada de
ar, antes de continuar. — Ela não estava só com um homem, ela
estava com dois homens.
Melanie arregala os olhos sem saber o que dizer, esperando
ele levar o seu tempo para continuar.
— Você tinha me falado uma vez que era quebrada, que se
sentia impotente sexualmente... Foi assim que eu me senti durante
anos — olha nos olhos dela. — “Eu sou tão ruim assim para ela
querer se satisfazer com dois homens?” “Todas essas viagens a
trabalho que eu fazia, era a chance dela encontrar alguém que a
satisfaça de verdade?”... Essas perguntas não paravam de passar
na minha cabeça. Eu a amei, mas parece que o amor só veio da
minha parte, porque ela não teve a decência de terminar comigo
antes de querer abrir as pernas para os outros.
“Se um dia você acabar amando outro homem que não seja
eu... termina comigo antes de ficar com ele”. Ela se lembra do
acordo que fizeram e acaba entendendo melhor as palavras que
saíram da boca do marido naquela noite e de como ele parecia estar
agoniado com aquilo.
— Christopher... — tenta procurar as palavras certas, mas
não sai nada da sua boca e ele continua de onde parou.
— Daí as notícias do nosso término apareceram e por algum
motivo que eu não entendi no início, ela espalhou para os quatro
ventos do planeta que eu havia traído.
— Por que ela fez isso? Já não bastava te machucar, ainda
tinha que te humilhar?
— Fama — responde a primeira pergunta. — Ela ganhou
muito com isso, pode ter certeza — suspira. — Eu tentei me
defender uma vez, mas foi tanta dor de cabeça que simplesmente
deixei de lado. Absolutamente tudo de lado e só me foquei no
trabalho.
— Uma vez me falaram que quando está muito irritado, você
fica mais tempo na academia do que o normal — toma cuidado para
não revelar o autor daquelas palavras.
— Sim, eu me matei na academia e decidi ficar grandão —
explica. — O tempo correu ao meu favor, a história foi esquecida
pela mídia e de traidor me elegeram o homem mais sexy do mundo
3 vezes seguidas.
— Mas você ainda não estava bem — toca no rosto dele. —
Devo pensar que as mulheres que alegaram ter dormido com você
eram mentira? — faz uma pergunta retórica, o vendo desviar o
olhar, com o rosto corado de vergonha.
— Eu não queria ser machucado, não queria que ninguém
zombasse da minha impotência sexual, então só deixei eles
rolarem.
— Com certeza você não é impotente — pontua. — Acho que
a impotência estava nela, não em você.
— Você já me disse isso uma vez — abre um sorriso.
— O quê? — arregala os olhos.
— Foi a primeira vez que nos encontramos. Eu estava
enchendo a cara dentro de uma boate e você também.
— Eu não me lembro disso.
— Do jeito que estava bêbada, duvido muito se lembrar.
— Pensava que a primeira vez que eu falei contigo foi no
escritório.
Ele dá risada negando com a cabeça.
— Depois de encher a cara naquela noite, você se sentou do
meu lado e roubou a bebida que eu tinha pedido.
— Eu fiz isso? — se espanta.
— Sim e quando briguei, me disse que precisava mais do que
eu. Por estar muito bêbado, acabei te contando que vi minha ex
naquela situação, mostrando o quanto eu precisava beber mais do
que você.
— E depois? — seus olhos brilham de curiosidade.
— Você me disse o que acabou de dizer agora a pouco. Que
a impotente era ela e não eu. Pois não havia lógica alguma um cara
gostoso como eu ser impotente sexual.
— Eu disse isso?! — abre a boca, chocada.
— Você se torna outra pessoa quando bebe, querida — sorri,
se preparando para jogar uma bomba ainda maior. — Disse que
provavelmente ela era impotente igual a você, mas a Joana decidiu
agir de maneira errada... Eu retruquei dizendo que era impossível
uma mulher gostosa como você ser impotente e nós ficamos
discutindo qual vida era a pior durante um bom tempo.
— Então você já sabia sobre o Justin?
— Só a parte que ele havia te traído, não que foi com outro
cara — explica. — Você só disse como odiava a forma que sua
família te tratava e como eles não ficaram do seu lado depois de ter
sido traída. Você falava como se a sua impotência fosse devido ao
ato da traição, em nenhum momento falou das palavras dele.
— E o que aconteceu?
— Eu me enxerguei na sua situação. Você se sentia
impotente igual a mim e como o seu término ainda era recente,
fiquei levemente preocupado de você se afogar nas bebidas e ficar
anos se culpando por algo que não fosse sua culpa... Daí caiu a
ficha do que eu estava fazendo comigo mesmo. A música do Justin
Timberlake, Sexyback, começou a tocar, então eu tive uma ideia —
dá um sorriso pervertido.
— Que ideia? — cerra os olhos desconfiada.
— Eu te olhei de cima a baixo, assim como estava citando
antes, os pontos de você ser extremamente gostosa e do nada
fiquei excitado.
— Do nada? — levanta a sobrancelha.
— Sim, depois do término isso não era mais possível, não me
sentia atraído por ninguém.
— E por que se atraiu por mim?
— Primeiro: você é uma delícia. Segundo: adorei a sua língua
afiada quando me disse para sair daquela bad e traçar uma mulher
no banheiro da boate...
— Eu disse isso?! — o interrompe surpresa.
— Você me perguntou até quantos centímetros eu tinha — a
vê abrir a boca espantada. — No meio da discussão ficou
apontando tudo que achava gostoso em mim e eu fiz o mesmo com
você. Depois que começamos, eu só conseguia te imaginar nua,
debaixo daquele vestido.
— Sério?!
— Então pensei, que dois gostosos que se achavam
impotentes juntos, poderia sair alguma coisa boa dali.
— Que tipo de pensamento é esse?!
— Eu estava bêbado e você sabe como eu fico pervertido
perto de você quando estou bêbado — se explica com uma voz
manhosa. — O meu filtro some.
— Você me disse isso?
— Claro! Não foi só um pensamento. Te chamei para ir no
banheiro comprovar se éramos realmente impotentes e para minha
surpresa você aceitou — joga a bomba.
— Eu o quê?!
— Teve o mesmo pensamento de que dois gostosos juntos
podem incendiar uma cama, mas sua amiga chegou antes de
sequer nos tocarmos e te levou pra longe de mim.
— Então o encontro na empresa...
— Eu fiquei muito surpreso em te ver lá, na verdade estava
indo comprar a marca de vocês. Só que você não se lembrou da
boate e deu um longo monólogo que com o investimento certo, a
MD Will’s poderia voltar ao topo.
— Eu lembro desse dia. Você me olhava como se fosse
arrancar minha roupa a qualquer momento.
— Eu queria fazer isso. Você estava gostosa na casa
noturna, mas quando o seu lado profissional foi ativado, eu quase
não resisti a tentação — rosna dando mais ênfase. — Quando voltei
pra casa depois da boate, eu bati uma pra você no chuveiro, mas
quando voltei depois da nossa primeira reunião, eu me tranquei
dentro do banheiro e demorei mais de uma hora me masturbando.
Imaginando como seria rasgar a sua roupa e te ter em cima daquela
mesa, na sala de conferência da MD Will’s.
— Por quê fez isso? Poderia ter arrumado alguém na boate.
— Impossível, eu só conseguia te imaginar nua enquanto
dançava com a sua amiga. Eu fiquei tão duro, que quando voltei pra
casa, ele não queria abaixar de jeito nenhum. Você me deixou louco
sem sequer me tocar! Aquilo nunca tinha acontecido comigo.
— Ahh, então foi aí que começou a sua obsessão por querer
tirar minha roupa — dá risada.
Não, foi a partir daquele dia que eu me apaixonei
perdidamente pela louca do bar e logo não conseguia pensar em
mais nada além dela. Ele reflete os sentimentos que sentia naquele
tempo. Depois daquele dia eu só queria saber qual seria a sensação
de te ver desmanchando em meus braços, enquanto eu te mostrava
o que era fazer amor de verdade. Por mais que sentia medo de ser
impotente, depois de me ver duro por dias só de pensar em você.
Eu tinha certeza que conseguiria satisfazer os seus desejos mais
secretos. Porque depois de te conhecer, Melanie... eu nunca mais
fui o mesmo.
— Não tem noção sobre o quanto é encantadora ou do quão
sexy consegue ser falando de negócios? — Christopher fala,
deixando seus sentimentos em relação a ela bem guardados em
seu peito. — Como falou que a MD Will’s ainda tinha jeito e eu
precisava arranjar uma parceira, fiz a proposta de casamento. Seu
pai aceitou antes de falar com você.
— Ele não se importa muito com o que acontece comigo —
suspira. — Até hoje ouço “Você é tão feia que fez o seu ex virar gay”
— reflete um pouco. — Eu realmente gosto da minha aparência —
se explica olhando nos olhos dele. — Mas é difícil, sabe? Ser a
única diferente da família...
Ele fica em silêncio, esperando ela se abrir naturalmente.
Melanie pensou que como ele falou algo que só ela saberia,
talvez pudesse confiar e contar a dor que tem guardada em seu
peito. Christopher era o seu marido/amante/namorado e agora
estava se tornando o seu melhor amigo também. Pois ela nunca
havia falado como estava triste com a família. Nem mesmo para
Amanda.
— Minha mãe vive dizendo que eu tenho que ser mais como
ela, que eu deveria fazer tratamento para ficar com a pele clara,
para não demonstrar o defeito dos meus olhos... — com a voz
embriagada de tristeza, ela joga tudo pra fora. — Ela odeia cada
parte da minha aparência, chama as minhas sardas de manchas,
como se eu fosse suja — uma lágrima cai do rosto dela.
Ele vê o queixo da esposa tremer e limpa as lágrimas das
bochechas, vendo o quanto está machucada.
— Você sabia que a irmã do meu pai tem um apartamento
luxuoso perto da MD Will’s que estou trabalhando agora? Mas eu
prefiro pagar 4 mil dólares na diária de um hotel, do que pisar na
casa de algum familiar — range os dentes. — Minha mãe vive
fazendo piadinhas sobre a minha aparência quando estou perto
deles. “Por que essa cara fechada, Melanie. Você deveria sorrir
mais, já basta não ser bonita, ainda tem que fazer cara feia?” —
imita a voz enjoada da mãe. — “Não fique assim, Sarah. Pelo
menos você tem o Max e a Kimberly. Os dois são muito lindos” —
imita a tia. — Para eles eu tenho a pele escura demais, o cabelo
castanho escuro demais e os olhos que não decidiram ser os dois
verdes ou âmbar... “Tinha que nascer com um de cada cor, tão
colorido como um palhaço de circo” — lembra das palavras da mãe.
— Ela não deveria me amar independente disso? — o olha com os
olhos cheios de lágrimas. — Ela amava a minha vó com aquela
aparência, eu só sou um pouco diferente dela, então porque ela não
me ama também?
Christopher nunca entendeu o motivo da família desprezar
tanto a Melanie, mas ouvindo uma parte da história que ninguém
sabia que existia, ele pôde ler claramente os sentimentos de Sarah.
— Ela tem inveja de você — ele fala, mas Melanie começa a
rir como se aquilo fosse a coisa mais ridícula do mundo.
— Você pode ter certeza que não é isso — limpa a lágrima
que caiu na bochecha. — Minha mãe me acha uma obesa, baixinha,
com os olhos defeituosos por nascer coloridos e não vou nem
começar a falar o que ela acha do meu cabelo... Quando eu nasci,
nasci com o tom de pele num negro amendoado, igual a vovó, mas
o tempo me deixou parda — suspira. — Minha mãe jamais sentiria
inveja de mim, não estou de acordo com os seus padrões de beleza.
Ela estava machucada e isso ele poderia enxergar
claramente, tão claro como a inveja que a mãe tinha da própria filha.
Christopher sabia que o que ele falasse poderia causar uma briga.
Pois Melanie se recusaria a acreditar no sentimento de despeito de
Sarah. Mesmo sabendo disso, ele continuou.
— Sarah tem inveja porque quem nasceu com a aparência da
senhora Ruth, foi você e não ela.
— Christopher... — fica sem jeito.
— Christopher nada! Ela odeia o seu cabelo porque é mais
bonito do que o dela, odeia os seus olhos porque eles parecem ter
sido pintados. Você é linda, Melanie — frisa. — Sua mãe sente
inveja, porque não tem 10% da sua beleza.
— Não é isso... Você não entende — se levanta da cama,
para fugir da discussão.
— É sim, só você que não percebe que a sua mãe sente
inveja de você! — se levanta para ir atrás dela. — Por quê você
acha que ela não te deixa pisar na passarela?
— Porque eu não tenho altura pra isso — se vira irritada. — É
sério que você quer falar sobre isso? Nós acabamos de ter o melhor
sexo de todos e você quer brigar? — bufa. — Vamos esquecer isso,
eu vou pedir algo pra comer, você quer alguma coisa? — caminha
na direção do cardápio.
— Se fosse pela altura, ela te deixaria mexer com o evento,
já que você ficaria na produção — a encurrala na bancada, não
deixando ela se esquivar dessa vez. — Mas Sarah tem medo de
alguém descobrir que é uma beleza rara, por isso não te deixa
chegar perto. Tem medo das pessoas perceberem o quanto você é
mais bonita do que ela, por isso faz você se esconder.
— Christopher, eu não quero falar sobre isso...
— Mas eu quero — a pega pela cintura, a obrigando a sentar
na bancada. — Quando eu te vi a primeira vez no meu apartamento,
eu poderia jurar que eu havia casado com uma deusa em miniatura.
Porque não tinha outra explicação para ser tão linda desse jeito —
olha nos olhos dela, com uma expressão séria no rosto. — Mas
sempre andava triste por causa dos comentários da sua família. A
Sarah é tão má, que fez todos te desprezarem para acabar com a
sua autoestima, porque ela odeia tudo que possa ser mais belo do
que ela!
— Uma mãe não tem como sentir inveja da filha! — retruca.
— Tem sim, porque a sua é a prova disso! — exclama, mas
acaba acalmando os ânimos, para falar calmamente. — Nunca
percebeu que as modelos que pisam naquela passarela ou as de
fotografia, nunca, vão se destacar mais do que a Sarah? — a faz
pensar. — Você tem um bom olho para as pessoas, já te vi listar as
modelos que ficariam perfeitas nas roupas que cria — a vê
arregalando os olhos surpresa. — Sim, eu já te vi desenhando uma
vez e tenho certeza que você tem um portfólio escondido em algum
lugar da nossa casa — ela desvia o olhar envergonhada. — Então
você trouxe ele pra Califórnia? — sorri.
— É só um passatempo, não é nada demais.
— Você sabe que não é só isso, querida — segura o queixo
dela, atraindo o olhar. — Você tem talento, mas é desperdiçado na
MD Will’s — joga na cara. — Você tem um sonho, mas nunca corre
atrás por medo do que vão falar de você — vê o seu semblante cair.
— Mas adivinha. Você fazendo ou não. Ainda vão falar. Então, não é
melhor falarem do quanto você conseguiu fazer o primavera/verão
ser inesquecível?
— Nunca me deixariam mexer com esse desfile.
— E precisam deixar? — dá um sorrisinho diabólico. — Tem
um homem muito feliz por ter recebido o melhor sexo da vida dele
uns minutos atrás e por incrível que pareça, trabalha na indústria da
moda — fala como quem não quer nada.
— O que você está querendo dizer?
— Que eu posso fazer o seu sonho virar realidade, de uma
maneira bem mais interessante.
— Christopher... — cerra os olhos. — O que você está
querendo aprontar?
— Digamos que... Depois de fazer o sexo raivoso da
reconciliação, eu posso te ajudar a fazer o primavera/verão que
estão preparando. Ser apenas um show de abertura comparado ao
que eu tenho em mente.
— Acha mesmo que eu tenho tanto potencial assim?
— Você me disse uma vez que não poderia ter um orgasmo e
eu te provei o contrário.
— Mas é diferente...
— Se for parar pra pensar, não é não — sorri. — Foi a
primeira vez que chegou às estrelas — percebe o corpo dela se
arrepiar com a lembrança. — Se confiar em mim, pode ser a
primeira vez que pisa em uma passarela também.
— Não tem como só eu iniciar um desfile.
— Acontece que eu pedi para o Mário conseguir os números
dos funcionários dos locais que você analisava seus possíveis
modelos, mas os da rua eram impossíveis de encontrar, exceto a
moça que teve câncer. Como conversamos com ela foi mais fácil.
— E a Maria... — engole seco.
— Fiz a sua entrevista hoje. Aparentemente eu não tenho
vergonha dela pensar que eu sou um pervertido em busca de
favores para colocá-la na passarela. Já que ficou bem claro para
ela, qual vai ser a única modelo que eu quero me aproveitar — olha
nos olhos dela como se fosse devorá-la a qualquer instante.
Inúmeros pensamentos estavam passando pela cabeça dela.
Sim, sempre foi o seu sonho pisar numa passarela e sim, ela
poderia ter feito um portfólio com os seus desenhos, o que explicaria
ele ter mandado Emmy até a sua sala. Christopher sabia daquilo há
muito tempo, mas como o ser maligno que consegue ser, esperou o
momento exato para contar.
Fazer um desfile por cima do que já tinham planejado, não
era só arriscado, mas perigoso também. Sua mãe iria ficar uma fera,
seu pai poderia definitivamente passar o seu cargo para Maxwell,
sem contar que uma mulher de 1,55 de altura na passarela, seria no
mínimo cômico.
— Sem pensar, Melanie — aproxima do ouvido dela
sussurrando, mordendo o lóbulo da orelha, a sentindo se arrepiar
inteira. — As vezes temos que fazer as coisas sem pensar,
querida... — sente as mãos dela, segurarem os seus bíceps. — Só
aceita o que tenho guardado pra você. Eu garanto que vai ser algo
grandioso.
Christopher não só se referia ao desfile, ele estava doido
para fazer o sexo da reconciliação e ela podia notar o tamanho da
ereção se encaixando entre suas pernas. Era como fazer um acordo
com o diabo, ele sabia que ela não conseguia pensar direito quando
a tocava, mas era tudo intencional. Não era só o sonho dela que ele
queria realizar, o mesmo queria mostrar também, o quanto estava
certo em relação a Sarah e Melanie percebeu isso.
— Christopher... — segura a nuca dele para olhá-lo nos
olhos, mas o mesmo estava tão excitado que a beijou sem
permissão. — Se eu for fazer isso... — fala entre beijos. — Quero
fazer com o rosto que você se casou, não o que descobriu depois
do casamento.
Ele para de beijá-la, sem afastar do rosto dela, soltando um
baixinho “Por que?”.
— Eu quero conferir se o que disse sobre a minha mãe é
verdade — engole seco, olhando nos olhos dele. — Se for verdade
tudo o que disse, então ela vai querer brigar comigo, mesmo eu
estando com os olhos castanhos e com o cabelo liso — o faz
entender o seu lado. — Se for realmente verdade... Nunca mais vou
me importar com as palavras de menosprezo de ninguém.
— Você já pode fazer isso agora — fala carinhosamente.
— Não posso, pois ela não pode desconfiar de nada do que
vamos fazer, temos que ser cautelosos — explica. — Nada pode
sair errado, depois que eu pisar a primeira vez na passarela. Se
tudo o que disse for verdade, só poderei fazer isso apenas uma vez
na MD Will’s... Depois disso nunca mais vão me deixar ir a nenhum
desfile da empresa e não. Não vou desistir da MD Will’s. Eu sou a
herdeira e não vou deixar ninguém me tirar daquele lugar, pois um
dia definitivamente ela será minha!
— Tá bom — a beija com um sorriso enorme no rosto. — Já
te falei que a Melanie poderosa me deixa ainda mais excitado? —
fala entre beijos.
— Sexo raivoso da reconciliação? — geme.
Ele dá um sorriso pervertido, agarra o bumbum dela e se
enfia de uma vez na intimidade apertada, a fazendo gritar de
excitação.
Vendo o tamanho do sorriso dela, o mesmo só concorda com
a sua voz grossa.
— Pode deixar comigo...
16

Primavera/Verão

D epois de se reconciliarem, Melanie mostrou seus


desenhos para o marido, que ficou de queixo
caído com os modelos das roupas. O mesmo já tinha visto ela
rabiscando antes, mas nunca chegou a ver os esboços. Era tantos
desenhos que não faltava opções para escolher. Separando os
melhores para o desfile que estava às portas. Christopher colocou
os papéis dentro da sua mochila, com o objetivo de levá-las para
Rogers e começar a confecção.
Quando dão três da manhã, relutante ele se despede, lutando
internamente contra vontade de continuar naquele quarto de hotel e
não voltar para New York.
Às semanas passam rapidamente, Melanie fica atolada de
trabalho, dividindo o seu tempo entre a MD Will’s e a Rogers
Corporation. Acompanhando cada detalhe, desde a confecção das
roupas ao progresso dos seus novos modelos.
Como sua família estava muito focada no desfile, não foi
difícil esquecerem dela. A ordem era bem clara: "Você cuida da MD
Will’s de Manhattan, enquanto nós cuidaremos do evento na
Califórnia”. Melanie sempre teve o costume de pedir para ir e dessa
vez não foi diferente. Nada poderia dar errado, então ela não mudou
o costume, não só para disfarçar, mas também porque no fundo do
seu coração desejava que Christopher estivesse errado.
Depois de encerrar mais um dia de trabalho, Melanie
caminha até o elevador ao lado da melhor amiga, ouvindo o seu
celular tocar.
— É a Kimberly — franze as sobrancelhas.
— Não atende, você já sabe o que ela vai dizer — Amanda
protesta.
— Pelo bem do que está por vir, eu preciso atender — clica
no ícone verde da tela. — Melanie Williams, em que posso ajudar?
— atende de forma profissional.
— Maninha, você tem que ver isso aqui! — Kimberly fala
empolgada. — Esse desfile vai ser muito maior do que o do ano
passado, tem tantas flores, está tudo tão bonito!
— Fico feliz que tenha gostado — sorri.
— Eu queria que estivesse aqui pra me ver na passarela,
afinal sempre foi o seu sonho.
Melanie revira os olhos divertida. Kimberly Williams, era a
gêmea de Maxwell e diferente do irmão ela não era insuportável, só
tinha um jeito diferente de se preocupar com a irmã mais velha. O
“Eu queria que estivesse aqui para me ver desfilar” era um “Eu
queria que estivesse aqui para eu te ver desfilar”. Kimberly não tinha
coragem de dizer aquelas palavras, pois a primeira vez que falou,
ouviu sua mãe listando os motivos que Melanie não poderia pisar
numa passarela. A caçula ficou triste em ver o quanto aquilo
machucou os sentimentos da irmã, então suas palavras eram
sempre invertidas quando estava perto de algum familiar.
— Não se preocupe, eu posso desfilar para o Christopher
mais tarde — sorri.
— Ele tem os padrões tão baixos... — desdenha da altura, se
divertindo em provocá-la.
— Na verdade, foram vocês que cresceram e me deixaram
pra trás — faz um biquinho chateada.
— Falando nele, eu ouvi dizer que ele vai estar na plateia
perto do papai. Não te incomoda que o seu esposo venha assistir o
desfile? Afinal ele pode pular a cerca com uma das modelos ou dos
modelos. Não vamos generalizar, por eu tenho certeza que Justin
deve ter pegado mais algum boy.
Então nossa mãe e o Maxwell estão ouvindo a ligação.
Entende a deixa da irmã.
Amanda abre a boca indignada e Melanie levanta o indicador
para ela ficar quieta.
— Talvez ele realmente esteja de olho em alguma modelo,
mas não se preocupe com isso — dá de ombros.
— Como assim, não entendi. Você está bem com isso?
— Não esperava que entendesse afinal a inteligência não
veio do seu lado da família.
Amanda solta “uou” silencioso e Kimberly entende o que ela
quer dizer.
— E a beleza não veio do seu — fala com uma voz doce, um
pouco esperançosa. — Tchau, mana. Daqui a dois dias me veja
brilhar na televisão, enquanto engorda se enchendo de sorvete
sozinha na sala.
Traduzindo: Daqui a duas horas eu vou te ligar para saber
das novidades, enquanto me empanturro de sorvete sem a mamãe
ver.
— Tchau, Kimberly — abre um largo sorriso. — Pode deixar
que eu vou estar torcendo para você cair do salto e quebrar a perna
— fala no mesmo tom animado que a irmã caçula usou. — Afinal
nunca se sabe o que pode acontecer.
As duas desligam ao mesmo tempo e Amanda se permite
cair na risada, acompanhando a amiga até o carro.
— Ela não se cansa de ser nojenta? — a ruiva comenta. —
Todo ano é a mesma coisa e o desfile é amanhã, não daqui a dois
dias.
— Dessa vez foi diferente, ela estava sondando para ver se
eu ficaria mesmo em New York, minha mãe deve ter desconfiado de
alguma coisa... Boa noite, Larry — cumprimenta seu motorista com
um sorriso, o vendo abrir a porta do carro para si.
— Boa noite, senhoritas — o rapaz dá um sorriso simpático.
As duas entram no veículo e no caminho até a empresa
Rogers, a ruiva fulmina de raiva com o que a irmã da sua chefe
falou.
Melanie nunca contou para Amanda, que Kimberly só falava
aquelas coisas quando estava perto da mãe. As irmãs tinham um
jeito secreto de conversar e dessa vez seria muito útil para os
planos maquiavélicos do marido.
Quando chegam na garagem da Rogers, as duas vão até a
sala de confecção, vendo todos os modelos e é claro, Christopher
esperando os acertos finais acontecerem para poder viajar para Los
Angeles.
— Boa noite, me desculpem a demora — ela entra sorrindo.
— Está tudo certo com as roupas? Tommy a sua conseguiu ser
ajustada? Vem aqui para eu ver.
— Ok — se aproxima dela.
Melanie dá uma olhada não só nas roupas dele, mas nos dos
outros modelos também. Conferindo se está tudo certo para
amanhã à tarde.
— Perfeito! Eu tenho uma ótima notícia para dar a vocês —
fala mais animada do que o normal. — Nós vamos ter um agente
duplo no primavera/verão — faz uma pausa para o suspense.
— Então você finalmente contou a ela? — Christopher sorri
para a esposa, fazendo Amanda boiar na história.
— Sim e... — para de falar, para ver quem está ligando. — Eu
pensei que me ligaria daqui a duas horas, não agora — atende a
chamada de vídeo pelo tablet.
— Eu não acredito que você vai desfilar! — a voz animada da
irmã caçula preenche o ambiente. — Já está vestida? Foi você que
fez as roupas? Eu quero ver tudo!?
— Se acalma, Kimberly! — fala entre risos. — Eu vou te
apresentar o pessoal primeiro, eles já estão vestidos — vira a tela
do tablet.
— Melanie foi você que fez? Me diz que foi. Sua amiga não
está entendendo nada e... Pai eterno! — fala tão empolgada, quase
entrando na tela para sair na sala que a irmã está. — Você é muito
linda Dominó! — grita.
— Obrigada.
— O nome dela é Maria e ainda está caindo a ficha para
Amanda — Melanie comenta.
— Agora que ela sabe que tudo que eu falo pra você é
mentira, não vai mais querer me esganar — solta um suspiro triste.
— Eu gostava do seu olhar de ódio quando ia visitar a Melanie.
— Me desculpa, mas se não fosse por isso, minha mãe já
teria descoberto há muito tempo — a morena se explica. — Sugiro
que tapem os ouvidos — avisa para o pessoal. — Sim, fui eu que
desenhei tudo e ajudei a fazer também. Nós vamos invadir o desfile
da MD Will’s amanhã e eu preciso de ajuda.
Kimberly dá um grito tão alto, que quase estoura o alto
falante do tablet.
— Seremos as três espiãs demais! Eu, você e o Christopher
— a mais nova aponta.
— Não mesmo, faz mais sentido você, a Melanie e a Amanda
— ele rebate.
— Sim, Jerry! — bate continência, arrancando uma risada do
loiro. — Eu vou abrir o desfile e quem vai fechar vai ser a mamãe —
Melanie vira a tela pra si. — O local é aberto, mas não dá pra vocês
saírem de onde as outras modelos vão sair. Isso será impossível.
As duas ficam em silêncio e Christopher se aproxima da
esposa.
— Dá pra você colocar eles lá dentro? — ele pergunta.
— Não vai ser tão difícil assim, mas a entrada mais segura,
fica na contramão da passarela e precisaremos de tempo... — para
pra pensar. — Vocês poderiam entrar ao contrário, seria um
destaque ainda maior! — fala empolgada. — Daí a coisa horrorosa
que o Max chama de roupa, seria vista como uma espécie de
brincadeira.
— As roupas são tão feias assim? — Amanda vai para o
outro lado da Melanie curiosa.
Kimberly levanta o indicador pedindo para eles esperarem,
enquanto ela termina de comer sua colher do sorvete da Häagen-
Dazs. A loira se levanta, andando até o espelho de corpo inteiro,
trocando a câmera frontal do seu tablet, para eles verem o que ela
está vestida.
— Pai eterno, que horror! — Amanda não consegue segurar
a língua.
— Pode mostrar pro pessoal, eu não estou nem aí... — pega
uma colherada cheia de sorvete.
Melanie mostra a roupa que a irmã está usando, arrancando
uma careta esquisita dos seus modelos.
— Kimberly, não pode tomar sorvete um dia antes do desfile
e você está querendo sujar sua roupa? — Melanie a repreende,
virando o tablet para si. — Não tem autorização para pegar esse
vestido!
— Tomara que eu engorde até lá ou essa porcaria suje... o
que está difícil, porque eu não vou desperdiçar um bom sorvete —
troca para câmera frontal, se sentando no pequeno divã que estava
antes. — O Max falou assim “As tendências são criadas por
inovação” — revira os olhos bufando. — É o tema do desfile e
falando nisso, qual é o seu tema?
— Saia do casulo e se torne tão bela quanto uma borboleta!
— responde de forma dramática.
— Uuuhhh... — os olhinhos azuis de Kimberly brilham. —
Agora eu entendi a escolha das roupas.
— Voltando ao nosso plano, eu amei a ideia de entrarmos ao
contrário. Tem como fazer isso aí?
— Tem sim e não se preocupe que eu coloco vocês lá dentro.
— Você consegue mexer no som também? — Amanda
pergunta. — Nós vamos precisar dele.
— Não, mas eu consigo colocar alguém na sala onde ele fica
— dá um sorriso cheio de segundas intenções. — Seremos as três
espiãs demais, o Jerry vai estar distraindo o papai — fala do
Christopher. — A Clover — aponta para si. — Vai colocar vocês aqui
dentro e levar a Sam até o sistema de som — sorri para ruiva. —
Enquanto a Alex arrasa na passarela — faz uma pausa dramática.
— Como Deadpool diria, seremos a X-force das três espiãs demais.
— Isso não é plágio do plágio?[12] — Christopher pergunta.
— Você é muito mais legal do que eu pensava — Amanda
assume.
Eles elaboram um plano mais detalhado, para invadir o
desfile da MD Will’s, ajustando os últimos detalhes.
Antes de amanhecer, todos os modelos e profissionais que o
acompanharam, voam para a cidade de Los Angeles. Por marcar
presença no desfile, Christopher pegou o seu jato na noite anterior e
como estava hospedado no mesmo hotel que alguns modelos da
MD Will’s, Melanie acabou não indo com ele. O que o deixou muito
chateado, pois já estavam casados há nove meses e por escolha
dela, ainda escondiam seu relacionamento.
Por mais que chateado, ele não poderia reclamar. Tinha
Melanie sempre que desejasse, o convívio era ótimo e as brigas
sempre terminavam daquele jeito pervertido deles. O corpo dela,
poderia ser único e exclusivamente dele, mas o mesmo não
conseguia se contentar só com isso. Ele queria ter o coração dela
também, queria poder falar para o mundo que Melanie era sua
esposa e queria chamá-la de amor quando estavam juntos
intimamente.
Depois de marcar presença no desfile, chegando às 4 da
tarde no local. Ele foge dos puxa saco que vem puxar conversa e
acaba ligando para esposa, sentindo a falta de não ter conversado
com ela pela manhã.
— Christopher... — ela atende meio receosa.
— Já está chegando? — olha em volta, conferindo se
realmente está sozinho. — Eu vou sentar bem no início da
passarela ao lado do seu pai.
— Já estou no carro, devo chegar quase no fim do primeiro
desfile.
— Você está bem? Sua voz está trêmula.
— Eu estou muito nervosa e se não gostarem das minhas
roupas? E se eu tropeçar e cair? E se rirem por causa da minha
altura?
— Se acalma, meu... — engole a palavra amor. — bem... Vai
dar tudo certo gatinha, eu tenho certeza que vão adorar. O seu tema
combina muito com a decoração. Kimberly não mentiu quando disse
que estava tudo lindo.
— Eu não acredito que eu vou fazer isso... Dessa vez vão me
deserdar...
Se não desertaram o Max depois de todas as cagadas que
ele fez, duvido que vão fazer isso com você. Ele responde
mentalmente.
Percebendo o quanto ela ainda está nervosa, Christopher
troca de estratégia.
— Você está com alguém? — o loiro pergunta.
— Estou sentada no final da limusine, o pessoal está mais na
frente comendo e conversando.
— Eles podem ouvir a gente? — sua voz soa mais maliciosa
do que o planejado.
— Não... Por que?
— Coloca os fones gatinha — ele fala e ela obedece sem
entender.
— Pronto.
— Agora feche os olhos, relaxe no banco e não pense em
mais nada. Vou te ajudar a se acalmar.
A voz grossa sendo ouvida pelo fone de ouvido, faz o corpo
dela estremecer. Se lembrando da primeira vez que fizeram quando
estavam sóbrios e ele falou quase as mesmas palavras.
— Você está me deixando excitada desse jeito — sussurra só
para ele ouvir.
— Estou, é? — fala divertido, a fazendo imaginar o sorriso
cafajeste que brota nos lábios dele.
— Você sabe o que a sua voz causa em mim — fala toda
manhosa, arrancando um arrepio do corpo dele sem saber.
— Ontem nós nem nos tocamos — continua falando. — Nem
pude me despedir da minha amante.
— Eu precisava dos seus beijos... — sua respiração acelera.
— Estava tão nervosa...
— Você sabe que eu não me contentaria só em beijar você —
a provoca mais um pouco. — A minha boca iria acabar descendo
para o seu pescoço... — a faz se arrepiar. — Depois para os seus
seios... Sugaria um de cada vez, dando aquelas mordidinhas que
você adora — faz os biquinhos dela eriçarem na expectativa. —
Depois eu desceria dando aqueles chupões na sua barriguinha, até
enterrar meu rosto entre suas pernas.
Melanie morde os lábios reprimindo um gemido, arrancando
uma risada rouca do loiro. Ela abre os olhos percebendo que não
está sozinha, mas ninguém viu o orgasmo que ela quase teve só por
ouvir a voz de Christopher. O homem do qual ela estava loucamente
apaixonada e não tinha coragem de dizer.
— Eu adoraria ficar conversando com você até te fazer gozar,
mas... Eu tenho que voltar lá pra dentro. O desfile já está quase
começando. Está mais relaxada?
Até demais... Ela pensa.
— Sim, acho melhor você ir logo... — se despede receosa,
parando de pressionar as coxas. — Beijo.
— Beijo, minha deusa — manda uns beijos para ela ouvir do
outro lado e encerra a ligação.
Com o telefonema, Melanie acaba se lembrando da noite
anterior. Ontem foi uma tortura ficar sem ele. Ela estava começando
a não entender o porquê escondiam tanto o seu relacionamento.
Será que ele não se sentia do mesmo jeito que ela? Por mais que
não conversassem sobre sentimentos. Melanie tinha um pingo de
esperança dele se sentir sim, do mesmo jeito que ela. Pelo menos
um pingo de paixão.
Depois que fizeram calmo no quarto de hotel, isso não
aconteceu mais. Não aconteceu, porque pensar nos sentimentos
que tinha sobre o loiro eram demais para sua cabeça. Ela sabia que
aquelas palavras que tanto tentava esconder, sairiam uma hora ou
outra. Então a mesma o fez pular em cima dela como um animal
faminto, na esperança de não dizer o que sentia. O que foi difícil,
mas não mais difícil do que naquela noite no hotel. Então o sexo
selvagem continuou o mesmo — insano e delicioso — até ela ter
coragem de abrir o seu coração a ele.
Sentado no início da passarela, se perguntando que porcaria
era aquela nas modelos. Christopher puxa conversa com Anderson,
tentando não queimar mais os seus olhos com aquilo que eles
chamavam de moda. Não só ele, mas a mídia, os patrocinadores, os
outros acionistas da MD Will’s... estavam se perguntando o que deu
na cabeça do diretor para autorizar aquele figurino. O estilo das
roupas era feio e as cores chamativas demais, parecendo que iam
para um desfile de carnaval e não um evento importantíssimo como
aquele. Quando Sarah entra na passarela, com os seus 1,89 de
altura, encerrando o desfile, o loiro para de conversar esperando o
momento tão aguardado.
Quando sua sogra desaparece, um senhor cochicha atrás
deles, se perguntando o que deu na sua cabeça em pensar que
aquele ano seria diferente. Infelizmente era o mesmo cenário de
antes. Melanie corria igual uma louca atrás de patrocinadores, para
o irmão dela fazer aquilo, mas nem ouvindo o descontentamento do
pessoal, Tom mudava de ideia.
Antes de todas as modelos subirem novamente na passarela
para se despedirem. A música para na metade e todos ouvem uma
batidinha no microfone.
“Senhoras e senhores, não se levantem porque o desfile
ainda não acabou” — a voz doce da Melanie ecoa pelo ambiente,
arrancando um sorriso de Christopher pela gravação. — “Creio que
estavam se perguntando o que a MD Will’s teve na cabeça, para
mostrar esse show de horrores. Queríamos fazer uma pegadinha
com vocês, mas não se preocupem, porque o desfile de verdade
começa agora...”
Dois homens aparecem na ponta da passarela, colocando
uma escada e logo depois Young Min é apresentado pela gravação.
O asiático sobe as escadas começando a cantar sozinho, atraindo a
atenção de todos com o seu carisma e sua voz.
A primeira modelo aparece e o senhor que estava atrás de
Christopher solta um “UOU” acompanhado de um sorriso enorme no
rosto. Maria sobe nas escadas desfilando, com um vestido soltinho
alaranjado, enfeitado com um monte de borboletas coloridas quase
flutuando na barra, que pairava acima do joelho, mostrando parte do
vitiligo nas pernas. Com uma bola de praia colorida debaixo do
braço e seu cabelo afro ao natural, ela rebola na passarela com um
sorriso enorme no rosto.
A letra da música “O seu único é mais bonito do que o
comum de todo mundo” sai da boca de Young, enquanto ele
interage com a morena.
Logo depois dela, entra um homem todo tatuado, com
músculos aparentes, usando uma bermuda verde escuro,
acompanhada com uma blusa azul marinho, com alguns detalhes
brancos na estampa da camisa aberta, mostrando para todos as
várias tatuagens no peito.
Cada pessoa colocada na passarela, tinha um estilo diferente
das pessoas que pisaram ali anteriormente. Uma mulher branca
tinha a cabeça completamente raspada, devido ao tratamento de
câncer que passou. Uma mulher negra tinha as curvas mais
acentuadas do que o normal, o que Sarah achava “vulgar” já que
não gostava de pessoas com cor e nem as formas de um corpo de
violão. Uma mulher parda e acima do peso entra, vestindo um
biquíni com estampa de borboleta rosa, acompanhada com uma
canga azul bebê.
— Você se superou dessa vez, Tom — um dos
patrocinadores bate no ombro dele. — Pensei que seria aquela
coisa horrorosa, mas conseguiu pegar a gente direitinho!
O senhor fica muito sem graça e Christopher se segura para
não rir com Anderson.
“Saia do casulo e se torne tão bela quanto uma borboleta!
Afinal ela não só tem cores diferentes, mas também tem tamanhos
diferentes umas das outras”.
A voz da Melanie ecoa pelos auto falantes na parte mais
animada da música e ela aparece no jardim. Usando um vestido
bem estruturado, parando acima do joelho, o qual foi bordado
cuidadosamente, idealizando as asas de uma borboleta num
dourado prateado. Ela sobe as escadas, com os seus cabelos soltos
em um liso impecável, fazendo a cor chocolate dos fios se
destacarem na sua pele parda e na costura do vestido, que é
iluminada pelo pôr do sol. Melanie começa a desfilar, abrindo o
vestido e mostrando seu biquíni azul marinho. Arrancando uma cara
de surpresa do pessoal, que não sabiam que era um vestido de
praia e uma reação exagerada de Christopher, que não sabia que
ela iria desfilar só de biquíni no meio de toda essa gente.
Essa é minha gata! Pensa a comendo com os olhos. Que
vontade de te pegar de jeito, gostosa! Rosna, levando um cutucão
de Anderson para ele conseguir se acalmar.
Ela rebola, deixando todos verem a beleza da roupa, que
deixa a sua pele parda ainda mais bonita, fazendo o vestido parecer
uma espécie de capa, parando nos cotovelos, tampando a bunda e
a parte de trás das pernas, enquanto todo resto está amostra.
Quando chega no final, seu olhar se encontra com os olhos
arregalados de Christopher, que está se segurando para não subir
naquele palco e a levar para um quarto, colocando-a em cima do
ombro como se fosse um homem das cavernas, faminto por aquele
pedaço delicioso de carne.
Aquele olhar — por mais que safado — era o olhar que ela
precisava para continuar desfilando, não se importando com o que
os outros vão dizer. Aquele era o homem o qual a fez gostar de si
mesma.
Christopher não só enxergou uma beleza que Melanie nem
sabia que tinha, mas a fez amar cada detalhe do seu próprio corpo.
Sem se dar conta, ela não tinha mais complexos de inferioridade,
descobriu versões de si mesma que nem sabia que tinha e se
apaixonou por todas elas. Antes pensava que estava apaixonada,
mas isso era se enganar, pois agora, Melanie tinha certeza que o
amava. Amava aquele loiro safado, o qual fez realizar o seu sonho
de subir em uma passarela. Amava o Christopher com Rogers e o
Christopher sem Rogers. Amava o seu marido/amante/melhor
amigo.
O sorriso dela se alarga por ver o quanto ele está excitado e
a mesma passa suas unhas arranhando a parte de cima do seu
peito, o fazendo lembrar — e se arrepiar — da vez que foi
acorrentado numa cama e termina com o desfile.
As pessoas aplaudem de pé, todos os modelos que pisaram
na passarela naquela tarde, encantados pela coleção de Melanie.
Kimberly segura a mão da sua mãe de um lado, enquanto a morena
segura a do outro, percebendo um aperto bem mais forte do que
normal. Sarah não falou absolutamente nada, não brigou como eles
tinham pensado, mas o seu sorriso não camuflava a sua irritação e
o olhar que jogou para filha mais velha, a fez perceber que todas as
afirmações de Christopher eram verdadeiras.
Depois de ajeitar o vestido de praia apropriadamente no
corpo, Melanie participa do coquetel depois do evento, roubando
toda atenção dos patrocinadores que conversam com ela sorrindo e
dos repórteres presentes que não parava de elogiar as roupas da
sua coleção.
Ela poderia estar abalada por ver nitidamente o incômodo de
sua mãe, mas não deixou que aquilo a desanimasse, afinal, era a
realização do seu sonho. Não tinha porque sentir vergonha dos
olhares de deboche ou dos comentários de alguns repórteres
falando dos seus modelos como “pessoas diferentes” para não dizer
esquisitos. Sendo rebatidos com uma pergunta retórica como “Não
foi por serem diferentes que deixou tudo tão único?”. De uma coisa
Melanie tinha certeza, que não só impressionou, como também
ganhou destaque naquele dia.
Cansada de conversar com as inúmeras pessoas que tinha
no coquetel, ela se esgueirou para a mesa de comida, se
escondendo atrás de uma planta. Como era baixinha, facilitou para
que não a vissem e se encheu de docinhos.
— Acho que eu ainda não te dei os meus parabéns —
Christopher fala pegando um salgado. — Sei que você já está
cansada de ouvir isso, mas estava maravilhosa naquela passarela.
— Essa palavra foi a primeira vez que usaram hoje — dá um
sorrisinho bobo.
Por mais que recebeu muitos elogios, o que ela mais gostaria
de ouvir era os dele e não se importou de ficar que nem uma
adolescente apaixonada pelas palavras do marido.
Christopher se aproxima mais um pouco, tentando ser
natural, falando ainda mais baixo do que quando iniciou a conversa.
— Sua mãe brigou com você?
— Não precisou — responde como se não fosse nada
demais, sentindo um nó na garganta. — Você estava certo sobre
tudo — olha nos olhos dele. — Agora chega de me esconder. Não
ligo mais para a opinião dela e não deixarei ninguém dizer o que eu
devo ou não fazer — pausa, dando um tempo nessa história. —
Agora eu vou ser mais ousada — dá um sorriso ladino, olhando de
cima a baixo.
— Assim como foi lá em cima? — se aproxima um pouco
mais. — Pretende deixar aquelas marcas no meu corpo de novo? —
sorri com a lembrança. — Dessa vez eu não vou deixar você passar
aquela pomada no meu peito.
— Que pena, então acho que aquelas marcas não voltarão a
aparecer no corpo do meu amante, já que pretende deixá-las pra
sempre — faz um biquinho fofo, fingindo uma carinha triste.
— Não provoca, Melanie... — morde os lábios, tentado.
— Eu não estou fazendo nada — termina de comer o doce
que estava segurando, lambendo o indicador, segurando o olhar de
um homem que queria pular em cima dela a qualquer momento. —
Isso te traz alguma lembrança? — sorri da reação dele. — Talvez se
lembre de quando estava algemado... Com esse dedo eu senti o
seu gosto pela primeira vez — levanta o indicador direito. — E com
esse você sentiu meu... — levanta o indicador esquerdo.
Christopher olha em volta e se aproxima da planta, onde ela
está escondida, querendo arrancar uma casquinha.
— Não senhor — se afasta, o deixando ainda mais excitado.
— Não quer me deixar passar uma pomada, então nada de
relembrar o passado.
— Ta! — desiste. — Se eu deixar você passar a pomada, vai
sentar em mim daquele jeito de novo?
— Estou tão cansada… — ela finge um bocejo. — Acho que
vou voltar para o hotel...
Melanie sai do lugar que estava escondida, esbarrando no
braço dele, colocando um cartão do seu quarto no bolso do paletó.
— Devo tirar o biquíni ou deixar você tirar? — o olha como se
fosse uma tigresa pronta para atacar a qualquer momento. — Estou
na dúvida, posso estar dentro de uma banheira cheia de espuma se
preferir.
Ela sentando daquele jeito em mim dentro da banheira, deve
ser muito mais gostoso. Rosna com o próprio pensamento.
— Não tire nada até eu chegar lá — ordena, estremecendo
de excitação. — Mas enche a banheira!
— Não é você que manda no rodeio, afinal quem vai montar
em cima do touro sou eu — vai embora rebolando.
Estou doido pra ver você montar nesse touro. Ele pensa, sem
desviar os olhos da bunda dela.
— De repente deu uma canseira... — fala para si mesmo,
ajeitando o paletó na frente da ereção e depois de um tempo,
caminha na direção de Anderson, que está conversando
animadamente com um dos modelos. — Amigo, acho que eu vou
dormir cedo hoje, fazer nada cansa tanto...
O moreno cerra os olhos desconfiado e se despede com um
toque.
— Virou pau-mandado, agora? — King fala baixo, perto do
ouvido do loiro por perceber um sorrisinho sacana.
— Ela falou que iria montar em mim essa noite. Eu sou um
homem tão fraco... — sussurra, arrancando uma risada do amigo.
— Vai lá, cara — se despede com um toque no braço. —
Deixa que eu me viro por aqui.
— Você que manda — vai embora.
Christopher não se despede do restante do pessoal, para não
notarem ele saindo quase junto com a Melanie. Quando entra no
seu carro, o loiro recebe a localização do hotel por mensagem e
sussurra pra si mesmo.
— Tão fraco...
17

Amor

D epois do primavera/verão, a MD Will’s teve que


deixar a coleção do Maxwell de lado, para se
preocupar em reproduzir o da Melanie. Não só porque ela tinha
invadido o desfile, mas também porque todos os acionistas não
paravam de falar sobre ele. A mídia, o público e os patrocinadores
estavam valorizando tanto a MD Will’s que se continuasse assim, as
ações da empresa subiriam a um novo patamar.
Os modelos diferentes que Melanie colocou na passarela
ganharam tanto destaque, que os jornais não falavam de outra
coisa. Infelizmente a morena acabou sendo vista como a filha
mimada do CEO da empresa novamente, porque as palavras da
mãe “Nós fazemos de tudo para deixar a nossa menininha feliz”
soltas em uma entrevista, só a fez perceber que aquilo era de
propósito. Sarah a tratava desse jeito na frente da mídia, porque
sabia o quanto as pessoas não gostavam das “filhinhas do papai”.
Mas nem o comentário desnecessário da mãe, fez os repórteres
tirarem o real foco da coleção encantadora que a morena mostrou.
Como nem tudo é flores, aquela calmaria estava estranha
demais para Melanie. Nenhum comentário ou castigo por ela ter
invadido o evento. As peças não se encaixavam, o que a deixava
ainda mais em alerta, com medo da família estar esperando o
momento certo para tirá-la de vez da empresa e passar o seu cargo
para o Maxwell.
Nesta manhã de sexta, Melanie toma um banho relaxante
sobre as águas do chuveiro, deixando seus cabelos molhados e
ondulados. Não se preocupando mais com a aparência que sempre
quis mostrar aos funcionários, finalmente decidindo ser ela mesma.
Começando com as pessoas que estão na sua casa, até finalmente
ter coragem de sair assim em público.
Depois do banho, a morena aproveita o seu dia de folga,
deixando os seus cachos aparecerem e os amarram em um rabo de
cavalo alto. Adorando o resultado que ficou no espelho. Seus olhos
se voltam para a maquiagem em cima da penteadeira e a mesma
decide não usar, nem as lentes, nem as maquiagens que cobrem as
sardas. Indo até o espelho na parede, ela se olha dos pés à cabeça,
amando a combinação do seu modo natural, com o vestido soltinho,
branco floral pairando acima do joelho.
— Você está linda, Melanie — fala para si mesma.
Quando acordou, Christopher já não estava mais na cama,
então não deu tempo dele ver sua esposa criando coragem,
aceitando sair ao natural na frente dos amigos funcionários, sem se
perguntar o que os outros vão pensar.
— O evento de caridade! — se lembra que o evento de
arrecadação de fundos para ajudar os sem tetos, aconteceria hoje
na Rogers e como ela era uma sócia, combinou de marcar
presença. — Será que ele acharia algum problema se eu fosse com
o cabelo assim? — pondera a questão, observando seus cachos no
espelho. — Eu acabaria sendo vista como esposa dele e estragaria
o disfarce... — cora com o pensamento. — Eu queria ser vista como
esposa dele...
A morena sai do quarto descendo as escadas para tomar seu
café da manhã, se imaginando ao lado do Christopher como a
senhora Rogers.
— Será que ele ficaria incomodado? — seu coração acelera
só de pensar no marido, lembrando de quando fez skincare ao lado
dele. — Será que ele agiria em público comigo, do mesmo jeito que
age quando estamos sozinhos? — se lembra da vez que eles foram
lanchar juntos, deixando a parte da intoxicação alimentar de lado. —
Eu queria ficar daquele jeito de novo com ele... — sente o seu rosto
esquentar, lembrando de como ele falou para todos na lanchonete
que era casado, a chamando de “minha dama”. — É impossível não
amar você! — seu coração quase explode de felicidade.
Ela chega no primeiro andar do apartamento parecendo uma
bobona apaixonada e percebe todos os funcionários apreensivos,
em volta da melhor amiga que deveria estar de folga hoje.
— O que está acontecendo? — a morena pergunta.
— Melanie! Que bom que acordou — Amanda corre até ela,
junto com os outros funcionários. — Você tem muitos problemas! —
mostra o celular.
A morena arregala os olhos lendo uma reportagem que saiu
essa manhã, dela flertando com Christopher no desfile. A foto foi
tirada logo depois que ela saiu de trás da pequena árvore e pelo
ângulo, parece que Melanie estava se insinuando pra ele. Outra foto
aparece ao lado, dele de queixo caído quando a viu na passarela,
não conseguindo disfarçar o interesse.
Na reportagem, falava dela como se fosse uma destruidora
de lares, flertando com um homem casado. Logo a baixo “Um
traidor, sempre um traidor” comentado por Joana Ross, na foto que
mostrava fascinação do loiro por vê-la só de biquíni na passarela.
— Essa mulher tem algum problema?! — a morena perde a
linha. — Já não basta ter traído o Christopher, ainda tem que
aparecer lá do inferno para comentar uma merda dessas?!
— Melanie, se acalma, um problema de cada vez — Amanda
fala tranquilamente. — Olha o que estão falando de você.
— Eu não me importo com o que estão falando de mim,
porque é verdade. Eu estava flertando com o Christopher! O que eu
vou dizer pra mídia? Sim, eu amo aquele loiro pervertido e no
momento em que tiraram a foto, eu estava entregando o cartão do
meu quarto de hotel para abusar do corpo dele — solta tudo de uma
vez. — Eu não vou mentir, o Christopher é realmente um gostoso e
jamais sairia da minha boca que eu não o amo — volta os olhos
para reportagem. — Seria um insulto negar isso!
Todos ficam envergonhados pelos comentários dela e
Amanda tenta esconder o sorriso, por ouvir as palavras de amor que
a amiga soltou sem perceber.
— A sua irritação... — a ruiva continua.
— É por causa dessa vaca! — aponta para o nome da atriz.
— Ela está no fundo do poço por acaso?! Já não basta ter
machucado, ainda tem que aparecer para infernizar a vida dele
outra vez?!
— Tudo indica que sim — Margot fala. — Os filmes que ela
pega são um fracasso total.
— Ela praticamente sumiu da mídia — o jardineiro comenta.
— As pessoas mal devem se lembrar quem é ela.
— Eu tive que pesquisar pra saber — a ruiva acrescenta.
Melanie solta uma lufada de ar, tentando pensar no que fazer.
— Eu não posso deixar ele passar por isso de novo — se
lembra do marido contando a história. — Eu vou no escritório do
Christopher, tenho que resolver isso com ele — caminha para o
elevador, na intenção de buscar as chaves do carro que ficaram no
quarto.
— Senhora, você acabou de acordar, toma um café da
manhã primeiro — Margot a acompanha.
— Sem café da manhã, eu preciso resolver isso agora.
— Vamos no meu carro — Amanda a puxa pelo braço antes
dela entrar na caixa de metal. — Você come algo no caminho.
— Esperem só 1 minuto — Margot dá passos apressados até
a cozinha, pegando algo para Melanie comer na viagem.

Como estava às vésperas de um evento, não havia ninguém


trabalhando nos setores naquela manhã. Somente um guarda no
estacionamento, que a ajudou entrar despercebida, não chamando
a atenção dos paparazzis que estavam do lado de fora da empresa
Com o coração a mil por hora, a morena revisa todas as
coisas que vai falar para o marido dentro do elevador. Com o pedido
de levarem o relacionamento deles a público em mente. Agora, não
era só mais um desejo que ela tinha de serem vistos como um
casal, mas algo necessário para calar a boca da Joana e fazê-la
voltar para o esquecimento de onde ela veio.
— Se acalma Melanie, não é a coisa mais difícil do mundo.
— E se ele ficar bravo? Eu não acho que o Christopher
queira mostrar nosso relacionamento.
— Amiga... — tenta não rir do desespero dela, mas as portas
do elevador se abrem antes da ruiva terminar de falar.
Melanie anda apressadamente, deixando a Amanda para
trás, não vendo a secretária de Christopher na mesa.
— Eu não acredito nisso, tenho certeza que você não está
traindo ela de verdade — a vós de King a faz parar de andar e as
duas espiam cautelosamente pela porta aberta.
— Mas é claro que estou, a minha amante é a melhor coisa
do mundo, o jeito que ela senta em mim me deixa louco!
Melanie dá uma risada silenciosa, segurando o braço da ruiva
que iria entrar furiosa na sala.
— É de mim que ele está falando, mas parece que o
Anderson ainda não entendeu... — sussurra para a amiga, que
concorda com a cabeça.
— Como você pode trair a Melanie? Eu pensei que você a
amasse!
O coração da morena erra a batida.
Será que ele vai negar? Pensa ansiosa.
— Mas eu amo a Melanie — o loiro fala calmamente. — Ela e
a minha amante tem quase a mesma aparência, têm a mesma
altura, as duas são um desastre na cozinha... Mas uma é tão
gostosa quanto a outra! — enfatiza.
O coração dela se derrete por ouvir aquilo e um sorriso bobo
volta aparecer no seu rosto.
— A sua amante é igual a sua mulher? — o moreno pergunta
confuso.
— Não! Minha amante é selvagem, só pensa em sexo e eu
adoro satisfazer todas as fantasias dela. Já a minha esposa —
fecha os olhos pensando. — É uma mulher de negócios... Tem um
jeitinho tão lindo de se preocupar comigo — dá risada abrindo os
olhos. — Sabe Anderson, quando eu fiquei com intoxicação
alimentar, a Melanie não saía do meu lado. Ela estava passando
muito mal por causa das cólicas, mesmo assim não deixou de cuidar
de mim.
O silêncio reina no local e a pessoa mencionada o vê virado
de lado, o percebendo meio aéreo.
— Melanie se machucou tanto tentando fazer uma sopa pra
mim... Eu sei o quanto ela estava triste por me ver no hospital pela
segunda vez. Sei que se culpava por ter dado aquilo pra mim, mas
eu não me importava com isso.
— Com o que você se importava? — o moreno pergunta.
— Com o carinho dela... Só aquilo era o bastante pra mim...
Às vezes quando estamos juntos — olha para o amigo. — Eu me
sinto amado e isso é bom.
— Já que é tão bom assim, então porque não abre o jogo
com ela dizendo que tem uma amante? Eu não consigo acreditar
nisso, logo você ter uma amante?! Se essas palavras não saíssem
da sua boca eu diria que está mentindo.
— Mas a Melanie sabe sobre a minha amante e não vê
nenhum problema em ser ela. Às vezes as duas se misturam e
ficam até mais gostoso.
King cerra os olhos, muito confuso com as palavras do loiro.
— Dá pra ver a fumaça saindo da cabeça dele — Amanda
cochicha e as duas tentam não rir.
— Em ser ela? — Anderson pergunta. — Como assim as
duas se misturam?
— Pensei que tivesse ficado óbvio que a Melanie era minha
amante — fala como quem não quer nada.
O moreno suspira, negando com a cabeça, com uma mistura
de alívio e irritação ao mesmo tempo.
— Não, não ficou.
— Ela tinha muitos problemas de confiança — Christopher
explica. — Quando voltou de viagem, depois de fugir na lua de mel,
nós dois tínhamos enchido a cara.
— Você bebeu? — já pensa no pior.
— Sim, ela estava tão gostosa, com uma roupa fina e os
faróis acesos, desfilando na minha frente como se estivesse perto
de outra mulher. É sério, ela usou a roupa que eu levava pro
banheiro para aliviar a tensão. Até a polpa da bunda estava
aparecendo e ela nem ligava. Então para não atacá-la eu bebi.
— Um pouco de informação demais, mas talvez ela quisesse
que você a atacasse.
— Não! — exclama. — Melanie havia deixado bem claro que
não haveria nada entre nós! Nem como homem ela me via, quer
algo mais frustrante que isso?!
Ela se lembra daquele dia, dando conta de que ele ficou
chateado daquele jeito por causa das suas palavras e não por ainda
estar magoado.
Me desculpa... Melanie pede em pensamento.
— E sua ideia brilhante foi encher a cara? Você sabe como
fica pervertido perto daquela mulher? Devo te lembrar da conversa
que vocês tiveram em uma certa boate?
— Não precisa... — resmunga.
— Que você a chamou explicitamente para fazer sexo no
banheiro, sem nem se tocarem antes?
— Não joga na cara, a culpa não é minha se eu me
transformo em outra pessoa quando estou perto dela... — dá birra.
— E foi por motivo de força maior que eu fiz o convite!
— Motivo de força maior?
— Desde que a Joana fez aquela cachorrada comigo, eu não
sabia o que era ficar excitado. De tanto falar que era impossível a
Melanie ser gostosa daquele jeito e ser impotente sexual, a imagem
dela nua não saía da minha mente. Eu estou falando sério! Eu não
estava só bêbado, eu tinha ganhado visão de raio-x que só
funcionava com ela!
— Tentou usar seu “superpoder” em outra pessoa? — abre
aspas com os dedos.
— Obviamente que não, uma mulher dessa na minha frente,
como eu poderia ficar olhando pra outras? — fala como se fosse o
maior absurdo do mundo. — O motivo de força maior, era que eu
tinha que comprovar que dois gostosos juntos podem sim incendiar
um lugar! — sorri. — É sério, se a Amanda não tivesse aparecido,
não haveria uma Melanie viva para contar história — dá um sorriso
pervertido.
— Eu não me lembro disso — a ruiva cochicha no ouvido da
amiga.
— Nem eu...
— Uma coisa é você sentir desejo — o moreno comenta. —
Mas você a pediu em casamento só pra fazer sexo com ela.
Christopher fecha a cara e Melanie franze as sobrancelhas,
porque até ela tinha o mesmo pensamento.
— Nunca mais repita isso! — a voz do loiro soa tão grave,
que faz os três se estremecerem.
— Que medo... — a ruiva abraça os próprios braços.
— Você melhor do que ninguém sabe o porquê eu me casei
com ela — o loiro fala sério. — A Melanie nunca foi um pedaço de
carne que eu vi numa boate e queria experimentar.
Então por que você se casou comigo? Ela pensa o que
gostaria de perguntar.
— Desculpa... — Anderson abaixa a cabeça envergonhado.
— Eu falei besteira.
— Você melhor do que ninguém, sabe o quanto eu fiquei
apaixonado por aquela mulher desde aquele dia. O quanto eu não
conseguia tirar as palavras que ela falou pra mim da minha
cabeça... Eu nunca pensei que voltaria a vê-la novamente, nunca
pensei que teria tanta sorte em encontrá-la de novo... Então não fale
besteiras, pois você sabe muito bem que eu me casei por amá-la!
Melanie dá um passo para trás em choque, processando
todas aquelas palavras, se dando conta de que seu relacionamento
não evoluía por causa dela. Christopher não tinha medo de mostrar
que estava juntos, ele fazia isso porque ela não queria mostrar.
— Mas infelizmente eu acho que sou o único com esse
sentimento... — ele fala com o coração pesado. — Eu sei que eu
não tenho o que reclamar, eu posso ter o corpo da minha amante o
quanto eu quiser, mas eu não queria assim... — fala abalado. — Eu
queria a minha esposa pelo menos uma vez... Eu queria fazer amor
de verdade com a Melanie, sem medo de falar que eu a amo e ela
acabar fugindo de mim... — fala com dificuldade.
— Mas quando foi visitá-la no hotel, depois do Grammy, você
disse que tinham evoluído.
— Foi o que eu pensei — relaxa na cadeira derrotado. — Ela
estava tão linda, me tocando toda carinhosa, me beijando de forma
diferente. Eu pensei que ela pudesse sentir o mesmo que eu — olha
para o amigo. — Mas ela nunca mais ficou daquele jeito... Quem eu
quero enganar, essa mulher não me ama... — desce o rosto,
batendo a testa na mesa, com o coração aflito.
— Acho que você está se precipitando Christopher.
— Eu não estou... — geme. — Quando ela descobrir da
fofoca que saiu, vai dizer pra todo mundo que não sente nada por
mim e eu não estou pronto pra passar por isso... — sente o seu
coração se quebrar só de pensar.
Sem querer escutar o resto da conversa, Melanie vai embora
silenciosamente e a Amanda vai atrás, não entendendo o porquê ela
resolveu fugir.
Percebendo que não tem mais plateia para a conversa deles,
Anderson se dirige até a porta, os vendo sozinhos novamente no
andar e a fecha.
— Você realmente confia nela? — o moreno pergunta,
voltando para o início da discussão. — Você sabe que os negócios
da MD Will’s com a Rogers são só por ela. Como devo pensar que
ela não está te roubando igual ao pai?
Christopher levanta a cabeça da mesa, pensando na esposa.
— Eu tenho certeza absoluta que a Melanie não está
envolvida nesse esquema — usa pleonasmo para dar mais
confirmação às palavras. — Ela pode não me amar, pode não
querer me aceitar como marido, mas ela jamais faria uma coisa
dessas.
Eu tenho certeza que ela te ama. Anderson pensa.
— Como tem tanta certeza disso? — ajeita os seus óculos.
— Primeiro: eu confio nela. Segundo: eu confio nas palavras
que sai daquela boca. Terceiro: ela estava achando estranho o fato
da família não ter falado nada sobre a invasão no desfile.
Anderson só estava sendo cauteloso, ele não tinha motivos
para desconfiar de Melanie, já que foi ela que percebeu o erro nos
pagamentos, mas o moreno tinha que ter certeza que a esposa do
amigo não estava envolvida nisso. Como King era o diretor
financeiro, Melanie comentou com o marido, deixando o moreno
cuidar de tudo. O que pensavam ser algo pequeno, na verdade
estava bem grande. Os Williams tinham alguém dentro do setor do
CFO, que fazia o desvio na folha de pagamento, sem ser notado.
Observando bem, os dois diretores descobriram que o mau
funcionário tinha uma forma única de se comunicar com os Williams,
quando não conseguiu roubar mais. Iniciando um telefonema com
“Francis” fazendo os mandantes do furto completarem com “Léya”.
Por mais que não conseguiram daquela vez, os dois diretores
sabiam que Tom iria fazer de novo e aí que o pegariam em uma
emboscada.
— E isso te faz pensar que eles estão com medo de falar
algo e ela acabar descobrindo... — Anderson comenta.
— Exatamente! — estrala o dedo. — Tom sabe o quanto eu
amo a filha dele e faria de tudo por ela. Ele aceitou o casamento não
para salvar a MD Will’s, mas para ter um genro que o sustentasse.
Como isso não aconteceu, não confiou que a filha tiraria a empresa
do vermelho e resolveu comer pelas beiradas, para que não
percebêssemos. Mesmo depois de ver a empresa lucrando,
Williams pensou em continuar com isso. O que significa que o seu
próximo movimento será daqui a três meses, que é quando teremos
o nosso primeiro aniversário de casamento.
— Pegaremos eles em flagrante — o moreno entende. — Vai
contar a Melanie sobre o nosso plano.
— Ela vai ficar uma fera, não é bom contar para Melanie
agora. Ela não pensa direito quando está muito irritada.
— Esconder isso dela, pode gerar um problema ainda maior.
— Eu vou contar, vou tranquilizá-la dizendo que eu confio na
palavra dela. O Tom será preso juntamente com a Sarah e então
Melanie irá assumir a liderança da MD Will’s. É impossível os outros
acionistas colocarem Maxwell no lugar dela.
— Ela vai levar aquela empresa a outro patamar se isso
acontecer — Anderson acaba se lembrando de quando ela ficou
quase duas semanas cuidando da Rogers. — Até hoje estamos
lucrando com aquelas modificações que ela fez no setor de design.
— Minha esposa é maravilhosa, eu já te disse isso uma vez!
— fala convencido.
— E como vamos pegar o Tom com a boca na botija?
Christopher dá um sorriso maquiavélico, antes de contar o
que tem em mente.
18

More Than Words

R elaxando em um SPA luxuoso ao lado da melhor


amiga, Melanie é questionada pela milésima
vez, o porquê não entrou na sala do marido e arrancou as roupas
dele, para provar que realmente o ama.
— Amanda, eu não vou fazer o que você fez com o Dener...
— geme, recebendo uma boa massagem nas costas. — Que clichê.
— Eu não entrei na sala dele, eu entrei no carro dele. Foi
diferente — relaxa, sentindo o óleo corporal ser espalhado nas suas
costas por mãos experientes. — Achei estranho você não fazer isso,
vocês pulam um em cima do outro como se fossem dois coelhos.
— Você ouviu o que o Christopher falou, ele quer a esposa
dele e não a amante... Chega dessa fantasia que nós inventamos, a
partir de agora e para sempre. Melanie Williams, será Melanie
Rogers Williams! — sente o massageador parar de repente. — E
vocês nada de dar com a língua nos dentes. Esperem até ver a
coletiva de imprensa hoje a noite para fofocarem.
— Sim, senhora.
— Por isso estamos em um SPA, você quer ficar mais
gostosa pra ele — a ruiva percebe.
— Exatamente! Hoje o Jorge só vai precisar se preocupar
com a minha maquiagem.
— Vai tampar as sardas?
— Nem pensar, hoje o Christopher vai me ver ainda mais
linda maquiada, só que com a minha aparência natural.
— Não vai mais usar aquelas lentes? — a ruiva sobe o rosto
animada.
— Não.
— E o cabelo liso?
— Eu gosto dos dois, então só vou intercalar uma vez ou
outra.
— Até que enfim amiga! — a ruiva dá um largo sorriso. —
Falando nisso, você está linda assim. Super apoio a sua mudança!
— Obrigada.
O celular de Melanie toca e ela pede licença para pegar,
vendo um número desconhecido piscar na tela.
— Melanie Williams, em que posso ajudar?
Ela ouve uma voz feminina do outro lado da linha e dá um
sorriso malicioso para Amanda.
— Claro que sim Joana, podemos conversar.
...
Descendo as escadas com um sorriso enorme no rosto.
Melanie mostra para alguns amigos e funcionários, que ficaram ali
só para vê-la vestida para o evento de caridade. Desfilando com um
vestido sem alças, longo e branco, apertado nas curvas de um
corpo violão, com um decote reto dando um belo volume aos seios,
o tecido justo marcava de forma sexy a cintura fina e o quadril largo,
com uma fenda enorme na perna, mostrando a coxa grossa,
descendo sensualmente até os saltos finos de tiras pretas. O seu
cabelo estava ao natural, com um volume médio, cachos grandes e
definidos emoldurando as curvas, parando acima do bumbum. A
maquiagem estava bem natural, destacando os olhos coloridos e as
sardas salpicadas no nariz se espalhando levemente para as
bochechas.
— Como estou? — ela dá uma voltinha.
— Uau, o Christopher não vai te buscar hoje, né? — Amanda
pergunta. — Se não você não sai desse apartamento.
— Você está tão linda, senhora — as funcionárias falam
empolgadas.
— Linda o suficiente para infartar um homem hoje a noite? —
mexe nos cachos do cabelo, jogando charminho.
— Com certeza ele vai ter um infarto quando te ver assim —
Larry comenta. — Do jeito que ele é louco pela senhora.
— Eu estou tão nervosa, nunca saí assim na mídia — morde
os lábios ansiosa.
— Tem sempre uma primeira vez — Jorge asperge um bom
perfume no corpo dela. — Querida, você está fabulosa, vai lá e
agarra aquele homem!
— Pode deixar!
Para não se atrasar ainda mais, Melanie se despede de
todos, com o coração acelerado com o que vai acontecer.
Parando de frente para o tapete vermelho da entrada. Larry
espera a morena esvaziar a segunda garrafinha de água, antes de
sair do carro.
— Não se preocupe, senhora — abre a porta do carro para
ela. — Lembre-se que você é...
— Uma Williams... — revira os olhos.
— Uma Melanie! — ele completa a frase. — O senhor Rogers
gosta da senhorita, por ser uma Melanie. Então não tenha medo e
só seja você mesma.
Ela fica tocada com as palavras do seu motorista e ele
estende a mão para ajudá-la a sair da limusine.
— A senhora quer companhia até a entrada? — Larry
pergunta educadamente, vendo a quantidade de câmeras em volta
do tapete vermelho. — Daí só precisará enfrentar as pessoas lá
dentro.
Ela lembra que sua família foi convidada também e sacode a
cabeça se livrando dos pensamentos ruins.
— Como você mesmo disse, eu sou uma Melanie — troca um
sorriso simpático com o motorista. — E a partir de agora, para todos
que perguntarem, não serei só uma Melanie, mas uma Melanie com
Rogers — seu sorriso se alarga só por imaginar.
— Creio que não precisará mais dos meus serviços hoje.
— Não, hoje eu vou voltar com o meu marido — sente suas
bochechas esquentarem.
— Então, tenha uma boa noite — se inclina educadamente.
— Pra você também.
Ele entra no carro soltando um “Até quem enfim" e ela
percebe que não era só o Christopher que estava animado para
aquilo acontecer, todos os outros funcionários e amigos também.
Com um sorriso no rosto, a morena rebola andando sobre o
tapete vermelho, sendo cercada de flashes e perguntas. Vendo os
repórteres querendo passar dos seguranças, por perceber que a
esposa do empresário, pela cor dos olhos. Calmamente ela caminha
até a parte direita da enxame de paparazzis, com alguns
seguranças ao seu lado.
— Senhora Rogers, o que tem a dizer sobre o envolvimento
do seu marido com Melanie Williams? — um rapaz moreno
pergunta.
— O Christopher pode brincar com a Melanie o quanto quiser
— sorri divertida, percebendo a reação de todos à sua volta por falar
aquilo.
— A senhora não se incomoda do seu marido ter uma
amante?
— Bem, se a amante dele for eu mesma, não. Não me
incomodo — dá um sorriso encantador. — Afinal eu sou a Melanie
Rogers Williams — toca no próprio peito, mostrando sua aliança de
diamante.
O choque é tão grande, que ao invés de encherem de
perguntas como esperado, todos ficam em silêncio.
— Sem mais perguntas? — ela dá risada. — Eu estava afim
de conversar um pouco.
— Não que a senhora não era bonita antes, mas eu estava
aqui pensando como o senhor Rogers te trocaria pela a outra
Melanie.
— Eu vou contar um segredo a você — se aproxima mais um
pouco, fazendo os seguranças ficarem ainda mais em alerta. — Na
verdade, foi com o rosto que estão acostumados a ver que
Christopher se casou. Esse aqui — gesticula o próprio rosto com a
mão esquerda, querendo mostrar pra todos que é casada. — Era da
“amante” dele — abre aspas com os dedos. — Meu marido só viu
esse rosto depois do casamento.
— Ele com certeza ficou em choque, com todo respeito, mas
a senhora é uma beleza rara.
— Obrigada. Quando o meu marido me viu assim a primeira
vez, pensou que eu fosse uma deusa em miniatura — dá risada. —
Palavras dele.
— Deusa em miniatura? — a acompanha na risada. —
Apelido muito fofo.
— Eu adoro — abre um sorriso doce.
— A atriz Joana Ross, postou um comentário no twitter hoje
de manhã com a seguinte frase...
— “Um traidor, sempre um traidor” — ela o interrompe. —
Sim eu vi e achei muito desrespeitoso. Principalmente porque foi ela
que o traiu e não contrário — não tenta esconder sua indignação. —
Nós conversamos pelo telefone e ela estava disposta a me ajudar a
mentir como ela fez — arregala os olhos chocada. — Deve estar
muito surpresa, não é Joana? — sorri para a câmera. — Usar a
mídia pra te ajudar a subir de novo é terrível. Não basta ser uma
traidora, quer fazê-lo passar por isso de novo? Você é muito pior do
que eu pensava.
— Ela realmente te ligou? — arregala os olhos.
— Acredita nisso?! — não finge indignação. — Ela sabe que
o Christopher não tem coragem de trair ninguém e me ligou dizendo
que também estava precisando de mais status e que juntas
poderíamos ir longe.
— Acho que ela não chegou a ver o seu desfile.
— Estou achando o mesmo. Eu tenho a gravação, você vai
querer ouvir?
— Mas é claro! — os olhos dele brilham, como se tivesse
ganhado a reportagem do ano.
Gostei de você, fofoqueiro. Ela pensa.
— Amanhã mando entregar na redação pra você... Eu
adoraria ficar e conversar, mas tem um homem lá dentro me
esperando. Tchau pessoal... — acena com a mão.
Melanie gira os seus saltos para continuar a caminhada,
sendo iluminada por inúmeros flashes.
Dentro do salão, seus olhos se voltam para quantidade de
pessoas no local, atraindo muitos olhares curiosos e encantados.
Ela acaba vendo a sua mãe de queixo caído no final do corredor,
mas a ignora completamente. A morena vê Kimberly também, que
solta um “arrasou gata” entre os lábios e a irmã mais velha gesticula
um “Cadê o Christopher?”, vendo a loira apontar na direção da
mesa de comida.
Melanie passa por algumas pessoas, rebolando na direção
do marido, que está de costas. Vestido com uma calça social preta e
um smoking bem estruturado no corpo da cor branca com alguns
detalhes pretos. Christopher estava muito concentrado pegando os
petiscos com a mão esquerda, enquanto a direita carregava uma
taça de champanhe. Sabendo que o marido é canhoto, ela resolve
aproveitar a situação.
O loiro se move para pegar outro aperitivo e acaba vendo
uma mão pequena se envolver com a sua, mostrando uma aliança
brilhante no indicador esquerdo, que contrasta lindamente com a
dourada no dedo dele.
— Eu quero comer esse aqui — toca nas costas dele.
Ele se arrepia com a voz doce e vira a cabeça para o lado.
— Uau... — olha para o rosto dela, depois para as pessoas e
volta para o rosto dela novamente. — Uau...
O loiro a agarra pela cintura e antes dele fazer besteira, ela
vira o rosto, o fazendo beijar sua bochecha com gosto.
— Se acalma assanhado — se ajeita nos braços dele.
— Isso é um sonho, deixa eu aproveitar e te comer na frente
de toda essa gente.
Ela abre a boca indignada.
— Vai mostrar minha bunda pra todos?! — arregala os olhos.
— Isso parece errado até em sonho — se toca.
— Não é um sonho Christopher, é real — rouba um selinho.
— Está vendo? Então nada de querer tirar minha roupa no meio do
salão! — o repreende.
— Desculpa — ele tenta se afastar, mas ela o impede,
voltando os braços dele para sua cintura. — Melanie...
— Eu quero ficar abraçada com o meu marido, não posso? —
mexe nos botões pretos do colete que ele está usando.
— Seu marido? — pergunta esperançoso.
— A partir de agora eu vou juntar o meu amante, melhor
amigo, o Christopher com Rogers e o sem, tudo no meu marido —
sorri.
A respiração dele fica mais ofegante do que o normal, o
mesmo abre a boca e fecha novamente várias vezes, com medo de
falar algo.
— Eu não sei se fui clara, mas você não tem escolha — fica
na ponta dos pés dando um beijo na bochecha dele. — Eu já disse
para imprensa que somos casados, então você só tem que aceitar
— pisca os cílios freneticamente.
Ele abre a boca pra falar, mas acaba sendo interrompido pela
pergunta do amigo.
— Francis... — deixa a palavra no ar, esperando ela
completar no automático.
Melanie olha para o moreno e vira novamente para o loiro.
— Christopher, eu acho que o Anderson acabou de me
chamar de Francis — o olha toda confusa.
— Algum conhecido? — o loiro pergunta, já sabendo o que o
amigo quer comprovar.
— Tem o sabonete, mas eu não gosto dele.
Christopher vira para o moreno com uma cara de “Eu disse
que ela não está envolvida nisso!” e Melanie estrala os dedos se
lembrando de algo.
— Eu sei quem é — ela sorri e o coração do loiro erra a
batida. — Deadpool zoa o nome desse vilão no primeiro filme — dá
uma risada gostosa. — Pensou que eu não saberia, né?
Os dois soltam o ar que estavam prendendo e o moreno olha
para o amigo falando silenciosamente “Ela não faz ideia do que o
pai dela está fazendo” franze as sobrancelhas “Conta pra ela!” o
loiro rebate com o olhar de “Agora não!” o moreno lança outro olhar
de “Ele está usando ela, nada mais justo dela saber!” Christopher
rebate com a sobrancelha “Ela vai enlouquecer quando descobrir!”.
— Vocês querem ficar sozinhos, para poderem usar
palavras? — Melanie interrompe a “conversa” deles. — Se você
quiser, eu troco de lugar com Anderson, para vocês ficarem mais à
vontade — olha para o marido divertida.
— Nem pensar — a aperta em seus braços. — Você não vai
sair do meu lado essa noite — desce o tronco para morder a orelha
dela, tendo cuidado para não se machucar com os brincos
pequenos e nem com a argola dourada. Era incrível como ele
amava cada detalhe de Melanie, desde a unha bem feita dos pés
aos fios escuros e perfumados da cabeça.
— Christopher, se comporta! — o repreende, afastando sua
orelha da boca dele. — Você esqueceu de onde estamos?
— Me dá uma folga, é a primeira vez que podemos ficar
juntos em público — faz um biquinho.
Por mais que nesse momento eu queira ficar sozinho com
você. Ele completa a frase na sua mente, descendo os olhos pelas
curvas dela, até perceber a fenda do vestido na perna. Caramba,
hoje você se vestiu para me matar?!
— Rogers — um senhor aparece todo animado perto deles.
— E a senhorita deve ser a senhora Rogers, eu presumo.
— Steve, não está me reconhecendo? — a morena se vira
para o idoso, que se encontra confuso. — Sou eu, Melanie Rogers
Williams.
O homem calvo abre a boca surpreso e Christopher se
arrepia inteiro, ouvindo o seu sobrenome ser enfatizado depois do
dela.
Eu falei que você estava se precipitando. O moreno pensa,
tomando um gole de champanhe. Imaginando que Melanie estava
fazendo aquilo, por ter ouvido parte da conversa deles hoje cedo.
No automático Christopher encaixa sua mão na cinturinha
fina, a posicionando na frente dele e os quatro conversam, até a
noiva de Anderson se juntar a eles, deixando o diálogo ainda mais
animado.
Os investidores acabam aparecendo para cumprimentá-la
também e logo Melanie se vê rodeada de pessoas sorridentes,
fazendo o grupinho aumentar cada vez mais, roubando toda a
atenção da festa.
— Desculpa, mas eu tenho que dizer isso — uma senhora
fala sorrindo. — Você não é nada do que me falaram!
— Espero que seja um elogio — a morena fala entre risos.
— Eu tenho certeza que foi, porque quando conversei contigo
a primeira vez também me surpreendi — a amiga da idosa comenta.
— Aquele desfile da MD Will’s foi incrível! — outro senhor fala
com uma taça de champanhe nas mãos. — Eu vou dizer uma coisa
pra você. A minha esposa teve câncer há alguns anos atrás e a
aparência devido aos tratamentos, sempre a deixou pra baixo.
— É verdade. Passar por isso não é nada fácil, mas depois
que tudo acaba, o olhar de pena que as pessoas te dão, é terrível —
concorda com o marido. — Eu fiquei encantada quando vi aquela
moça na passarela, estou falando a verdade, isso não é comum de
acontecer.
— Nunca pensei que o Tom aprovaria aquilo.
Mas ele não aprovou nada. Ela engole as palavras que
gostaria de dizer, mas não pode.
— Ficou tudo tão lindo, eu amei a sua coleção.
— Que gentil — a morena se derrete um pouquinho. —
Tivemos um prazo tão apertado, não é mesmo querido?
— Sim, Melanie estava quase enlouquecendo tentando
deixar tudo perfeito...
Eles conversam mais um pouco, ela sente uma vontade
enorme de fazer xixi e se vira para falar no ouvido do marido.
— Eu preciso ir ao banheiro.
Ele se arrepia todo quando a ouve sussurrar e só concorda,
ajeitando o seu paletó na frente do corpo, para ninguém ver sua
excitação, que estava escondido atrás do corpo da esposa.
Melanie vai ao banheiro, esvaziar a bexiga e depois de
terminar, ouve umas moças passando pela porta principal,
comentando sobre ela, então a mesma não decide sair
imediatamente do box.
— Você viu o vestido dela? Que mulher vulgar — uma voz
feminina ecoa no banheiro, fazendo a morena se lembrar das
palavras da mãe.
— Você está com inveja porque não tem um corpo daquele
— outra voz bem enjoada comenta.
Estava na minha cara o tempo todo e eu não percebi. Reflete,
se lembrando de todas as vezes que sua mãe a tratava como se
fosse uma aberração, e se lembrando de todas as vezes que teve o
marido a elogiando e amigos comentando o mesmo. Eu te amo
tanto, Christopher... Suspira apaixonada, com o sentimento de ser a
amada e conseguir amar a si mesma. Graças a você eu me amo do
jeito que eu sou. Olha para a aliança no seu dedo. Nunca mais eu
vou me esconder, nunca mais vou tentar esconder o nosso
relacionamento... Agora sou eu que quer que todos saibam que eu
te amo e que sou casada com você, meu amor... Emocionada, uma
lágrima de felicidade cai na sua bochecha e ela limpa com uma
mão. Ouvindo as moças conversarem.
— Um homem daquele, você quer dizer!
— Acorda! Nem se você quisesse conseguiria alguma coisa
com o Rogers, já viu como ele a olha?
— Vulgar daquele jeito, como não olharia.
— Inveja é uma coisa tão feia, amiga — suspira. — Aquela
mulher é linda e muito engraçada. Eu me juntei ao grupinho curiosa
e descobri que ela é a Melanie Williams.
— Ela roubou mesmo o marido da senhora Rogers?
— Não, ela sempre foi a senhora Rogers! — conta o babado.
— Não me admira ele ficar atraído, a diaba sexy tem tudo, que
mulher gata do caramba!
Melanie cai na gargalhada saindo do box do banheiro,
fazendo as duas perceberem sua presença.
— Muito obrigada pelo elogio, afinal eu amei o apelido — se
aproxima da pia para lavar as mãos.
Nunca mais vou tirar você do meu dedo. Pensa olhando para
a aliança.
— Você é linda, mas não seja invejosa — continua olhando
para a pia. — É feio denegrir alguém, só porque se sente inferior.
Uma pessoa legal é melhor do que uma pessoa bonita — seca as
mãos. — Afinal, é mais confortável conversar com alguém que não
fique desprezando os outros para se sentir superior. A beleza que
importa é que vem de dentro e não de fora. Pois no final todos nós
vamos ficar velhinhos e muxibentos algum dia... — sobe seu olhar
pra moça loira. — Mas se quer continuar trabalhando aqui, sugiro
que tire os olhos do meu marido — a olha nos olhos, mostrando o
porquê o diaba vem antes do sexy no apelido. — Aproveitem a festa
— fala com as duas.
Melanie sai do banheiro com uma expressão doce, deixando
a moça amedrontada.
Caminhando para voltar pro salão, ela sente o seu corpo ser
puxado para uma sala e seus lábios serem roubados por um loiro
muito fogoso.
— Humm... — geme nos lábios dele, por sua língua ser
sugada e seu corpo ser apalpado por duas mãos grandes e muito
travessas.
Ele a coloca sentada em cima da mesa e agarra a coxa
exposta, com o seu membro querendo saltar para fora da calça de
tanta excitação.
— Christopher... — os beijos dele descem para o pescoço,
para os ombros, para o início do decote.
— Eu estou louco pela minha amante — ataca os lábios dela
novamente.
Melanie tenta colocar a cabeça no lugar, para poder falar dos
seus sentimentos e dizer que está tudo bem ser sua esposa a partir
de agora, mas fica difícil, com um homem daquele tamanho
querendo subir em cima dela.
— Christopher — puxa o cabelo dele para trás, o fazendo
descolar da sua boca. — Eu te amo... — olha nos olhos dele. —
Vamos ser só uma Melanie e um Christopher hoje? Vamos ser só
marido e mulher?
Ele paralisa no lugar, completamente perdido abrindo e
fechando a boca várias vezes, tentando pronunciar alguma palavra,
mas nada sai.
— Você fica tão bonitinho assim — se aproxima o beijando,
contando nos dedos quantas vezes ele ficou com aquela reação em
menos de 2 horas. — Vamos fazer amor? — fala entre beijos. — Eu
quero sentar em você do mesmo jeito que sentei quando foi me
visitar no hotel... lembra?
— Hum-hum...
— Desculpa ter demorado tanto tempo para dizer isso —
suga a língua dele. — Mas eu te amo há tanto tempo, que não
consigo me lembrar quando realmente aconteceu — fala entre
beijos. — Eu só quero você, meu amor... Sendo um homem de
negócios, um roqueiro ou um amante fogoso na cama... Eu quero
todas as suas versões em uma só, porque eu amo todas elas em
você, Christopher.
Ele geme quase se derretendo nos lábios dela, com o
coração querendo sair para fora do peito.
— Melanie... — dá uns beijinhos carinhosos nas sardas
lindas, acalmando os ânimos, sentindo uma felicidade sem igual. —
Eu te amo tanto... Eu quero muito te chamar de amor e ser
realmente o seu marido... Eu quero ser todas as versões que você
quiser, te amando em cada uma delas — cola o corpo macio no seu,
soltando tudo aquilo que estava preso. — Eu quero muito fazer
amor com você de agora em diante — acaricia o seu nariz no dela.
— Em cima da mesa? — geme, sentindo as mãos dele a
apalparem de forma sem vergonha.
— Não... — pressiona a coxa dela. — Vamos pra casa agora,
eu não vou conseguir ficar desse jeito na festa e não quero fazer só
uma vez em cima dessa mesa...
— Desculpa — dá alguns selinhos. — Eu poderia ter contado
quando a gente chegasse em casa, mas eu não estava mais
conseguindo segurar isso aqui dentro... Eu te amo há tanto tempo.
Por um medo besta eu não tive coragem de falar, mesmo vendo o
seu amor por mim, mas agora eu não vou falar outra coisa além de
eu te amo, meu loiro safado.
Christopher não se contém e acaba a beijando novamente,
adorando as palavras que sai de uma boquinha tão linda.
— Eu te amo... — ele sussurra sorrindo.
— Vamos pra casa agora — pede toda manhosa, não se
aguentando de tanta excitação. — Eu quero fazer amor com o meu
marido.
Tirando Melanie de cima da mesa, ele caminha para fora da
sala entre beijos, não conseguindo desprender os seus braços da
cintura dela, de tanta felicidade que está sentindo.
— Em casa... — ela geme para ele se afastar e assim
Christopher o faz.
— Eu mando uma mensagem para o Anderson cuidar de
tudo por aqui — a leva para os fundos da empresa de mãos dadas.
Assim que as portas do elevador se abrem, ele entra
roubando novamente os lábios dela, apertando o botão do
estacionamento.
— Eu não consigo ficar com as minhas mãos longe de você
— aperta o bumbum durinho, pressionando o corpo pequeno na
parede de metal. — Você me deixa louco, mulher! — dá um sorriso
radiante, transmitindo toda felicidade que está em seu peito.
Chegando no apartamento se pegando sem pudor algum,
Christopher sobe para a suíte com ela no colo.
— Que romântico — sorri nos lábios dele.
Quando a porta do quarto se abre, ele percebe a cama deles
com um lençol de fio egípcio, algumas pétalas de flores espalhada
no tecido, a luz dos abajures acesos e a música More Than Words
do Steven Tyler com o Nuno Bettencourt tocando baixinho, deixando
o ambiente ainda mais romântico.
— Isso é pra mim? — ele sorri para a esposa que concorda.
— Estou me sentindo a mulher da relação agora — fecha a porta
com o pé, a levando para cama. — O estranho é que eu não estou
me importando nenhum pouco.
— Não importa se eu comandar? — desabotoa o paletó dele.
— Eu amo quando você comanda — a ajuda a tirar suas
roupas, tirando as dela também. — Mas dessa vez eu quero
comandar também.
— Juntos? — morde o lábio dele.
— Juntos...
Christopher a deita na cama, deixando o restante das roupas
simplesmente caírem, enquanto sua boca é ocupada nos seios dela.
“Não quer dizer, mas, se você soubesse... Que fácil seria me
mostrar como você se sente... Mais do que palavras, é tudo que
você precisa fazer para torná-lo real... Então você não teria que
dizer que me ama... Porque eu já saberia”
Ele sorri com a letra da música que está tocando, percebendo
que mesmo que ela não tenha dito “eu te amo” antes, bem no fundo,
ele já sabia como ela realmente se sentia.
Com o coração acelerado, Christopher sobe o corpo
novamente, beijando a boca dela, sentindo todo o amor que ela
mostra a ele, tanto com palavras como com atitudes.
“O que você faria, se meu coração se partisse em dois... Mais
do que palavras para mostrar que você sente... Que seu amor por
mim é real... O que você diria, se eu retirasse essas palavras...
Então você não poderia fazer coisas novas... Só por dizer eu te
amo...”
— Eu te amo... — Melanie sussurra nos lábios dele.
Com um sorriso lindo, ele se afasta minimamente para olhar
nos olhos dela, com a sensação maravilhosa de ser amado.
— Eu também te amo...
O mesmo desce para o queixo dela, beijando o meio do
tórax, enquanto suas mãos se aventuram naquele corpo, que está
tão entregue para si, quanto o seu coração.
— Sua pele está mais macia... — ele fala, dando chupões na
barriguinha dela. — Como isso é possível? — a acaricia. — Como é
possível está mais gostosa do que o normal?
Ela dá risada da reação do esposo, não se arrependendo
nenhum pouco, de ir no SPA antes de se amarem de verdade.
— Eu fui... Aahh... — segura os lençóis da cama, sentindo a
boca dele na sua zona de prazer. — Christopher... — se arrepia
inteira.
Melanie segura os cabelos dele gentilmente, o fazendo se
levantar e deitar sobre as pétalas de rosas.
— Juntos, meu amor... — ela senta em cima do rosto do
marido, enquanto sua língua lambe a glande inchada. — Tão
gostoso...
A mesma aprofunda os lábios no membro dele, se deliciando
com o sabor e a textura, sabendo dos efeitos que a sua boca causa
no marido. Christopher aperta o bumbum dela com as mãos,
sugando o pontinho de prazer, recebendo da mesma intensidade
que está dando.
— Eu amo o seu gosto... — se delicia com o membro do
marido, fazendo uma garganta profunda, adorando tê-lo quase
inteiro dentro da sua boca.
— Ohh... — o corpo dele treme, com a forma que é
reivindicado, revirando os olhos, entrando em transe. — Céus...
Melanie... — soltando um gemido rouco, ele explode dentro da boca
dela, afundando o seu rosto na intimidade que está a sua frente.
— Aaahh... — com o seu corpo preso entre os braços dele,
Melanie não consegue segurar os gemidos que sai da sua garganta,
com a língua travessa do loiro, fazendo maravilhas na sua zona de
prazer.
— Isso... — ele sorri quando ela se desmancha em sua boca,
não deixando uma gota de mel ser desperdiçada. — Vamos fazer
diferente hoje — a ajuda a sair de cima dele. — Não vamos
aproveitar a cama agora. Eu quero fazer amor com você dentro do
banheiro primeiro.
— Juntos?
— Juntos, minha deusa...
A leva para o cômodo bem iluminado, a posicionando de
frente para o espelho da pia, colocando um pequeno banco aos pés
dela e quando Melanie fica na altura da sua ereção, o mesmo a faz
apoiar as mãos na pia de granito, empinando o bumbum durinho da
sua amada a e a invadindo devagarinho.
— Aaahh... — ela grita, sentindo o membro grosso
escancarar sua intimidade, empinando ainda mais a bunda para
acomodá-lo melhor. — Como eu amo te sentir dentro de mim,
Christopher... — se arrepia inteira quando ele chega bem no fundo.
Ele estoca lentamente, vendo pelo espelho sua esposa
enlouquecer com a posição que se encontra. Os cabelos ondulados
estavam jogados para frente do corpo, fazendo uma espécie de
cortina. A expressão no rosto dela era tão linda que ele não
conseguia desviar o olhar, vendo aquela boquinha se abrir cada vez
mais gemendo o seu nome, estando no mesmo ritmo.
— Minha deusa... — a abraça por trás, sem parar de
movimentar os quadris, passando as mãos nos seios macios,
descendo uma mão pela barriga lisa, até alcançar o pontinho de
prazer, intensificando as sensações.
— Amor... — o olha toda manhosa.
— Isso... — ele dá um sorriso enorme, beijando as costas
finas. — Se entrega, meu amor... — dá um chupão no ombro. — Se
entrega para o seu homem...
— Christopher... — trava se tremendo de prazer, tendo o seu
primeiro orgasmo. Ele acelera batendo o quadril na bunda dela,
fazendo o barulho dos sexos deles batendo, ecoar de forma erótica
no banheiro a deixando ainda mais desestabilizada. — Céus... Você
é maravilhoso...
Ele nega com a cabeça, fazendo um barulho de negação com
a língua, soltando um “Você é que é” entre seus gemidos de prazer.
Aproveitando as sensações de ser engolido pela intimidade
pulsante, Christopher geme palavras de amor, entorpecido de tanto
prazer. Ela treme novamente não aguentando mais, gemendo um
“eu te amo” quando chega ao ápice.
— Eu também te amo — ele a vira de uma vez, a obrigando a
entrelaçar as pernas na sua cintura.
O mesmo a leva para o box do chuveiro, entre beijos, a
pressionando no azulejo gelado. Melanie acaba batendo a mão no
registro do chuveiro, ligando o lado frio nas costas do marido que
rosna em protesto.
— Desculpa — ajusta a temperatura.
Ele dá um passo para trás, com ela nos braços, deixando as
águas caírem nas suas cabeças. Melanie inicia um beijo molhado,
colando os seus seios no peitoral duro e o loiro aproveita da
situação para se enfiar dentro dela novamente.
— Isso... — sorri nos lábios dele, com as mãos grandes
cravadas na sua bunda, se movimentando calmamente. — Meu
amor... — arranca um sorriso do marido.
Ele a encosta no azulejo, para poder se movimentar melhor,
enlouquecendo por entrar deliciosamente naquela carne macia.
Com o rosto todo molhado, ela olha nos olhos cinzas de
desejo, o vendo se perder dentro dela e juntos entram em sintonia,
avançando as estrelas com um orgasmo libertador.
— Uau... — ela solta um sussurro, ainda desestabilizada.
— Uau... — sorri ofegante.
Sem conseguir pronunciar mais nenhuma palavra, eles ficam
se olhando, tentando acalmar as batidas do coração e a respiração
acelerada.
— Isso foi incrível — ele dá um sorriso lindo.
— Você incrível — sorri também.
— Quer continuar lá na cama?
— Quero — o enche de beijinhos.
O mesmo a desce dos seus braços, a segurando pela cintura
para ela não escorregar olhando o topo da cabeça dela.
— Eu te amo — a abraça, enterrando a cabeça dela na boca
do seu estômago. — Minha deusa em miniatura.
19

Nossos planos

lado da cama.
A cordandono meio da manhã, a primeira coisa que
ele vê, é ela deitada de qualquer jeito do outro

Christopher observa sua amada dormindo tranquilamente e a


abraça plantando muitos beijinhos no rosto para acordá-la. Com o
tempo, o loiro descobriu que Melanie só acorda com um tipo
específico de música — a do seu alarme, que fica no último volume
— ou se mexerem no rosto dela. Em uma das vezes ele ficou tão
encantado, observando sua esposa, que aproveitou o sono de pedra
para plantar beijinhos apaixonados em sua face. Melanie acabou
acordando no meio do processo e para ela não perceber, o mesmo
a atacou fazendo sexo selvagem logo pela manhã.
— Amor... — ela se espreguiça entre os braços dele.
— Bom dia, minha linda — dá um sorriso radiante.
— Bom dia — planta um selinho nos lábios dele. — Você
dormiu bem? — afaga os cabelos loiros.
— Melhor impossível — enterra o rosto no pescoço cheiroso.
— Como você está?
— Eu quero tomar café da manhã... estou com muita fome...
— fala ainda sonolenta. — Mas preciso escovar meus dentes
primeiro...
— Eu também — se afasta, a ajudando a se levantar da
cama. — Vem aqui minha gata.
Ele a abraça por trás indo na direção do banheiro e quando
Melanie para de frente para o espelho, quase tem um ataque
cardíaco com a bagunça que está o seu cabelo.
— Eu vou tomar banho enquanto escovo os dentes — coloca
pasta dental na escova, indo em direção a ducha e Christopher faz o
mesmo.
— Eu também estou precisando de um banho — dá um
sorriso pervertido, perdendo os olhos no bumbum dela, vendo os
chupões que ele deixou nas costas finas.
— Amor, eu estou morrendo de fome e vou ter que passar
mais de meia hora tentando desembaraçar o meu cabelo — fala
com a boca cheia de espuma, ligando a ducha.
— Não se preocupa que eu só vou tomar banho — termina
de escovar os dentes, pegando o sabonete. — Deixa eu te ajudar a
se ensaboar.
Ele entra debaixo das águas, espalhando espuma por todo o
corpo pequeno de sua amada, deslizando seus dedos sobre a pele
macia. Melanie fecha os olhos quando finalmente termina de
desembaraçar os cabelos e aproveita para lavá-los. Olhando toda a
espuma saindo dos seios de sua esposa, Christopher se abaixa
mamando no biquinho eriçado.
— Amor! — o repreende, o vendo ajoelhado, sentindo a
língua quente se aventurar nos seus montes, enquanto as mãos
grandes apalpam o seu bumbum de forma sem vergonha.
— Você já desembaraçou os cabelos.
— Mas eu quero lanchar primeiro — faz um biquinho
zangado.
— Então depois eu posso me aproveitar de você? — a
abraça, parando com a sem-vergonhice.
— O dia todo se você quiser — lhe dá um sorriso doce. — Eu
sou toda sua esse fim de semana inteiro.
— E o trabalho? Pensei que a sua folga fosse ontem — se
levanta, a fazendo olhar pra cima.
— Eu queria ficar com você, já que hoje é a sua folga — cora.
— Mas só se você quiser é claro, não precisa ficar com pé atrás em
negar. Não vou fazer um caso por causa disso.
Christopher dá uma risada gostosa a vendo se explicar.
Normalmente nas suas folgas, ele aproveita para ler um livro ou fica
batendo papo com a Margot na cozinha. Saber que hoje seria mais
movimentado por ter Melanie por perto, o deixava entusiasmado.
— Eu quero passar o final de semana todo com você — fala
animado. — Debaixo dos lençóis, na rua... Onde você quiser.
— Eu vi que você estava muito interessado em assistir
Shang-Chi — o abraça pela cintura.
— Vai assistir comigo? Pensei que não tivesse gostado do
trailer — fala mais empolgado do que o normal, arrancando uma
boa risada dela.
— Se for com você, eu com certeza irei gostar — cora.
Ele a beija todo apaixonado, sentindo sua esposa sorrir em
seus lábios. Por mais que não estava muito interessada no filme,
Melanie só queria retribuir o amor que Christopher sempre deu a
ela, fazendo as coisas que o marido gostava de fazer, tirando o dia
só pra ele.
Sentados nas cadeiras altas, que ficam na ilha da cozinha.
Margot fica com o sorriso bobo no rosto, vendo os seus chefes
cheios de chamego. Era costume eles tomarem o café da manhã
juntos, mas estarem abraçadinhos, paparicando um ao outro era
algo novo e muito bonito de se ver. Assim que termina seus
afazeres na cozinha, a senhora se retira para deixar o casal mais à
vontade.
— Você quer assistir aqui em casa? — acaricia os cabelos
dela.
— Eu queria ir ao cinema com você — beberica seu
cappuccino.
— Quer ser vista comigo em público?
— Pensei que ontem tinha ficado bem claro — dá um largo
sorriso.
— Desculpa, eu ainda não me acostumei — passa a mão nos
próprios cabelos sem graça.
Melanie solta um suspiro, se levantando da cadeira que está
sentada e se aproxima dele, ficando entre as pernas longas, o
abraçando pela cintura.
— Eu ouvi você conversar com o Anderson ontem de manhã
— fala de forma doce.
O corpo dele paralisa e ela continua falando, sem desviar o
olhar.
— Me desculpa te fazer se sentir daquele jeito, eu não sabia
que já me amava.
— O quanto você ouviu? — tenta disfarçar o nervosismo.
— Cheguei quando estava falando da sua amante, mas
quando disse seus sentimentos sobre mim e de como eu não sentia
o mesmo. Não consegui ficar parada ouvindo atrás da porta... —
cora. — Na verdade eu fui até o seu escritório ontem, para
conversar com você sobre as fofocas — toca no desenho da barba.
— Eu ia pedir para levar o nosso relacionamento a público. Não
queria ninguém pensando besteiras sobre você e também...
— Também? — engole seco.
— Eu não queria mais me esconder — fica acanhada. —
Estava pensando em ir pro evento de caridade, só com o cabelo
cacheado para me acostumar, mas inicialmente pensei que cairia a
ficha de todos e fiquei com receio de você não gostar de me ver
como sua esposa — cora em admitir.
— Eu te fiz pensar desse jeito?
— Nunca — olha nos olhos dele. — Você é a pessoa que me
ajudou a me amar do jeito que eu sou — sorri. — Você é o homem o
qual eu mais amei e cada dia que se passa, esse amor só aumenta
— fica sem jeito. — Eu me sinto livre em poder sair do jeito que eu
quero, sem me preocupar com a opinião de ninguém, me sinto
amada por um loiro maravilhoso e amo dizer que ele é o meu
marido.
Christopher fica sentido com as palavras dela e dá um largo
sorriso, aliviado por Melanie ter amadurecido, aliviado por terem
evoluído juntos.
— Assim você me deixa sem jeito... — fala extremamente
sem graça. Melanie se derrete toda o vendo corado e aproveita da
situação para morder as maçãs do rosto dele. — Eu vou fazer isso
com você também — ataca a bochecha dela, arrancando muitas
gargalhadas.
— Amor... — fala de forma doce, acariciando os cabelos
loiros. — Você pretende ter filhos algum dia?
— Por quê?! — arregala os olhos. — Você está?!
— Não! — gesticula com as mãos, para acalmar a animação
dele. — Eu não estou grávida, só curiosa — explica. — É que nós
nunca conversamos sobre isso... Nós nunca conversamos sobre os
nossos sentimentos ou o nosso futuro.
Ele balança a cabeça compreendendo.
— Na verdade... — olha pra baixo sem graça. — Eu tenho
vontade de viajar o mundo com você.
— Sério? — sorri.
— Nós não tivemos uma cerimônia de casamento ou uma lua
de mel de verdade.
— Me descul...
— Eu não estou te culpando de nada, querida — a
interrompe, tocando o indicador na boquinha dela, falando
carinhosamente. — Nosso casamento já não teria uma cerimônia
normal, por causa da união dos negócios e a lua de mel... não dava
para viajar porque você não sentia nada por mim... Então eu queria
fazer as coisas diferentes com você, antes de pensar em ter um
pequeno Christian ou uma pequena Olívia correndo pela casa.
— Você quer um casal? — fala toda bobinha, ouvindo os
planos do marido.
— Um menino e uma menina — retribui o sorriso.
— Christian e Olívia são os nomes dos seus pais, não é
mesmo? — o vê concordando com a cabeça. — Quer homenageá-
los colocando o nome dos nossos futuros filhos neles? Que lindo,
amor!
— Tudo que eu sei é por causa deles, a empresa que tenho
herdei deles como o último presente antes de falecerem... Se
nossos filhos se tornarem tão honrados como os meus pais, eu
ficaria muito feliz... — lembra dos momentos felizes que já tiveram.
— Minha mãe me lembra você.
— Sério?
— Ela era esquentadinha e imprevisível — dá uma boa
risada. — Mas também era doce e sabia valorizar o esforço das
pessoas — acaricia o queixo dela. — Sua sinceridade me lembra a
dela... Olívia nunca mentiu para o meu pai e sempre foi fiel com a
palavra que teve com ele, independente das circunstâncias.
— Confia em mim, tanto assim? — toca na mão dele,
inclinando levemente sua cabeça para o lado.
— 100% — sorri. — Você nunca me fez pensar o contrário.
— Mas também nunca te fiz ter tanta fé em mim.
— Fez sim, Melanie — planta um beijo suave nos lábios dela.
— Por ser exatamente do jeitinho que você é. Me fez ter total
confiança em você.
— Obrigada — ela retribui o beijo, com um sorriso no rosto.
— Espero sempre ser digna da sua confiança...
Ele acaricia a ponta do seu nariz no pequenininho dela,
adorando esse momento.
— Vamos assistir o filme agora? — pergunta animada. — Eu
quero ir de moto. Como o senhor Christian e a senhora Olívia
faziam.
Christopher dá risada.
— Por isso resolveu se vestir desse jeito? — olha para roupa
dela. Observando sua esposa com um short preto estilo rasgado
levemente folgado marcando o quadril largo, uma blusa lisa da cor
vinho e um coturno marrom café de salto grosso.
— Eu quero ficar grudadinha no meu motoqueiro hoje — lhe
dá um beijinho doce.
— Está muito quente esses dias e o seu motoqueiro não vai
poder usar aquela jaqueta que você gosta.
— Não tem problema, você também está muito gato desse
jeito — olha para a regata preta que Christopher escolheu e a calça
preta rasgada no joelho, acompanhada com um coturno preto nos
pés e um colete jeans azul marinho personalizados com algumas
bandas de rock, mostrando aqueles braços brancos e fortes. —
Sempre um roqueiro — começa a ficar quente. — Adoro desfazer o
coque do seu cabelo — passa a entre os fios loiros.
— Você prefere ele solto?
— Eu gosto dos dois jeitos, mas eu amo passar a mão entre
eles — morde os lábios, olhando para a boca dele. — Se é que me
entende.
— Você fica muito pervertida quando me vê desse jeito — se
levanta da cadeira, pegando as chaves da moto. — Vamos logo,
antes que você comece a tirar minha roupa.
— Nem uma casquinha antes de sair — apalpa os músculos
dos braços dele. — Está tão durinho...
— Não, pervertida — a vira, abraçando as costas dela, para
sair da cozinha. — Quando chegarmos, você pode se aproveitar de
mim.
A leva para porta da sala, ouvindo suas risadas gostosas.
Depois de irem ao cinema de rua, Christopher observa a
empolgação da esposa ao falar do filme que acabou de assistir,
percebendo que ela gostou bem mais do que o esperado. Os dois
aproveitam para ir ao shopping bater perna e se sentam na cadeira
da praça de alimentação, vendo um evento de Kpop acontecer um
pouco mais a frente, onde têm muitos jovens e alguns adultos
dançando.
— Nossa, eles são animados — Melanie mexe os ombros no
ritmo da música, percebendo que a maioria das pessoas sabem a
coreografia.
— Será que você quer se juntar a eles? — Christopher faz
uma pergunta retórica, vendo a esposa toda animada na cadeira,
observando o evento enquanto come devagarinho o seu
hambúrguer.
— Eu não sei a coreografia — dá um largo sorriso, quando a
música do PSY, Gentleman, começa a tocar. — E mesmo se
soubesse, eu sou uma pessoa muito influente e não posso ser vista
dançando igual uma doida na praça de alimentação.
O loiro dá uma risada gostosa, ouvindo a desculpa fajuta.
Melanie sabia dançar aquela música de cor e salteado, já que a
música era parte do aquecimento Melanie antes de começar a
malhar de verdade. Ele percebia o quanto ela estava doida para ir
lá, então resolveu dar o seu apoio.
— Vai lá mostrar pra eles como é que se dança, gatinha!
Ela sai correndo pro evento e Christopher cai na risada,
pegando as coisas dos dois em cima da mesa, andando na direção
da multidão de pessoas. Não para dançar — por que isso ele não
sabia —, mas sim para vê-la dançar.
Ele dá a volta, percebendo que sua esposa já está na frente
do pequeno palco dançando e animando todos ao seu redor, numa
velocidade impressionante. Era tão bom ver o quanto ela estava se
divertindo enquanto dançava. A música acaba e logo outra começa,
mas Melanie desiste por não conhecer a coreografia do grupo sul-
coreano. Percebendo que a alegria da festa está indo embora, a
organizadora coloca outra música do PSY, Daddy, e a morena volta
para o lugar dando pulinhos de alegria, arrancando uma gargalhada
do loiro, por ver a esposa voltar pra lá, pulando como se fosse um
coelhinho, com os seus cabelos cacheados balançando de um lado
para o outro.
“I got it from my daddy... I got it from my daddy... I got it, got
it... Hey! Where did you get that body from?”
Christopher fica vermelho de tanto rir, vendo os passos
engraçados da música, trocando um olhar divertido com sua amada,
adorando vê-la se soltar toda animada, cantando junto com a
música.
Ainda bem que ninguém pode ouvi-la cantar. Ele pensa
aliviado.
Logo depois, a música Gangnam Style toca, fazendo o loiro
se perguntar se haviam roubado a playlist de exercícios de Melanie.
Quando 7 rings da Ariana Grande começa a tocar na caixa de som,
ele invade a multidão de fandom, se mordendo de ciúmes.
— Nem pensar! — agarra a cintura dela para tirá-la de lá,
ouvindo algumas vaias. — E vocês vão caçar o que fazer! Ela só
rebola desse jeito pra mim lá em casa!
Ele sai segurando a mão da esposa, que não se aguenta de
tanto rir.
— Você fica tão bonitinho com ciúmes — abraça a cintura
dele, se afastando das pessoas do evento.
— Não poderia deixar você dançar aquela música na frente
de todo mundo — cora.
— Por quê? — pergunta com um sorriso enorme no rosto.
— Porque essa é a música que você dançou pra mim quando
me algemou a primeira vez — desvia o olhar. — Isso é só meu... —
faz um biquinho fofo.
— Não sabia que você tinha gostado tanto dela — o faz
parar, ficando de frente pra ele. — Bom, já que se comportou
direitinho... Hoje eu posso dançar de lingerie só pra você —
sussurra. — Mas só se você quiser — o provoca, acariciando os
músculos dos braços dele.
Christopher abaixa o tronco, roubando um beijo calmo,
soltando entre lábios um baixinho “eu quero”.
— Então acho que vamos ter que passar no sexy shop
primeiro — suga o lábio dele.
— Eu não quero ficar acorrentado dessa vez — franze as
sobrancelhas triste.
— Não vou te acorrentar, mas não significa que não podemos
apimentar as coisas... — puxa levemente os cabelos loiros,
insinuando que vai colocar os dedos entre eles, para lhe dar um
beijo fogoso. — Não é verdade? — desce a mão.
— Vamos pro sexy shop — entrelaça seus dedos no dela,
saindo do local todo animado.

***

As semanas foram passando e logo Christopher se viu mais


feliz agora, do que em toda a vida dele. Era tão bom ser
correspondido, mas o sentimento que mais o deixava nas nuvens,
era o amor que Melanie tinha por ele. As coisas não mudaram muito
desde a declaração, alguns pontos foram acrescentados no
relacionamento deles, mas isso só o fez perceber, que por mais que
não falavam de sentimentos, ela já demonstrava o seu amor com
atitudes e isso era maravilhoso.
Sentado no escritório de casa, conversando pelo telefone
com Anderson. Christopher coça os cabelos nervoso, sendo
repreendido pelo amigo, por não querer falar pra Melanie o que seus
pais estavam aprontando.
— Eu não posso fazer isso, King...
— Christopher, não precisa ter medo de nada.
— Não é medo — resmunga. — Nós estamos tão bem... Não
quero falar dos pais dela, a Melanie vai ficar arrasada.
— Mas ela precisa saber! Estão usando ela, você sabe como
a Melanie vai ficar quando descobrir isso sozinha ou descobrir que
você sabia que os pais dela estão te roubando o tempo inteiro e não
falou nada?
O loiro fica calado, com medo de responder.
— Ela vai ficar semanas com raiva de você, além de te privar
do sexo!
— Ela não consegue fazer a segunda parte, é tão pervertida
quanto eu — suspira. — Mas eu vou contar pra ela... não se
preocupe.
— Quando?
— Hoje mesmo — roda na sua cadeira giratória, com uma
expressão de preocupação no rosto. — Ela só foi pegar alguns
exames médicos e logo estará em casa... Vou parar de adiar isso.
— Acho bom mesmo, porque só faltam dois meses para
pegarmos eles com a boca na botija. É bom deixar a Melanie bem
ciente do que vai acontecer.
— Eu sei... — ele para de falar, quando a vê se aproximando
da porta do seu escritório, com lágrimas nos olhos. — Eu vou ter
que desligar agora, tchau.
Christopher encerra a ligação e se aproxima da esposa
assustado, a vendo chorar apertando uma pasta nas mãos.
— O que aconteceu, meu amor? — limpa as lágrimas dela.
— Um pequeno Christian... — dá dois suspiros chorosa. — E
uma pequena Olívia nunca poderão existir... — volta a chorar
descontroladamente. — Não de mim...
Christopher a abraça, fazendo sua amada descansar a
cabeça no final do seu peito, sentindo as lágrimas dela molharem
sua camisa.
— Me diz o que aconteceu... — acaricia os cabelos dela,
ouvindo seus soluços.
— O médico disse... — funga o nariz. — Que eu sou infértil...
— Mas não tem como fazer tratamento? — sente ela
balançar a cabeça em negação.
— Eu sou quase estéril... — aperta a cintura dele. — Ele
disse que a possibilidade de eu engravidar é muito baixa... —
soluça. — Pessoas no meu caso podem passar a vida toda fazendo
tratamento e mesmo assim nunca engravidam...
— Shii... — a abraça mais apertado. — Se acalma, meu
amor... Não precisa chorar tanto...
— Mas você queria dar o nome dos seus pais em
homenagem aos nossos filhos...
— É por isso que está assim? — a pega no colo, a levando
para o sofá no escritório. — Eu ainda tenho a Rogers Corporation
para me lembrar dos meus pais. Independente de ter filhos, você é
mais importante pra mim, amor — se senta com ela em seus
braços. — Tudo bem que não possa gerar uma criança, só você é o
suficiente pra me fazer feliz — olha nos olhos dela. — Eu te amo
independente disso, tá bom?
— Tá bom... — fala toda manhosa, recebendo os beijinhos
dele sobre a sua face. Sendo consolada com o carinho do marido.
— Vai ficar tudo bem, nós ainda temos um ao outro...
20

Choque de realidade

O lhando para o pôr do sol, vendo o céu tingido de


laranja e branco, Melanie se encontra perdida
em seus pensamentos, com uma expressão abatida no rosto.
— Você está bem? — Dener se senta perto dela, em uma
das cadeiras de praia que havia na varanda, perto da piscina.
Hoje seus amigos resolveram fazer uma visita, para passar
um tempo com eles. Amanda e Dener já sabiam da situação
delicada de Melanie e quando o moreno viu a amiga se afastando
para ficar sozinha, resolveu se aproximar. Dener, era como um
irmão mais velho que ela gostaria de ter, o qual gostava de
desabafar.
— Desculpa não conseguir ficar lá com vocês...
— Não tem que se desculpar de nada, Mel, e você sabe
disso.
Ela dá um sorriso triste, voltando seu olhar para o céu.
— Ainda é difícil, entende? Pensar que eu nunca vou
conseguir dar isso a ele...
— Eu entendo muito bem como é se sentir assim — a faz
olhar para si. — Você sabe que eu entendo.
— Eu não tive coragem de contar pros meus pais... Além da
nossa relação não ser lá essas coisas, estou querendo evitar uma
futura dor de cabeça.
— Eles continuam estranhos com você?
— Você não faz ideia.
Os dois voltam o olhar para o céu, ficando em silêncio.
— Não é o fim do mundo, Melanie.
— Eu sei, mas ainda ontem eu estava ouvindo como o
Christopher queria ter dois filhos e a expressão no rosto dele
quando eu perguntei por isso, não quer sair da minha cabeça... —
fala aflita. — Ele ficou tão animado pensando que eu estava grávida.
— Por isso está assim?
— Também — suspira.
— “Você não é imperfeito por não conseguir reproduzir, só é
diferente das demais pessoas...” — atrai o olhar dela. —
“Independente disso, vocês ainda são uma família” — a faz se
lembrar das próprias palavras. — Uma sábia mulher me disse isso
uma vez e gostaria que ela pensasse um pouco sobre o assunto.
Porque foram essas palavras que me ajudaram a superar a minha
esterilidade — a olha carinhosamente. — Quando você fica triste,
pensando no que não poderia ter com o seu parceiro, afeta ele
também.
Melanie olha para trás, vendo o esposo conversando com
Anderson, Nathalia e Amanda, com um sorriso falso no rosto.
— Passei meses desanimado por algo que eu não poderia
dar para minha esposa e não percebi o quanto Amanda ficou
machucada por me ver daquele jeito — atrai o olhar dela. — Há
quanto tempo você descobriu a notícia?
— Um mês atrás... — fala tristinha.
— E durante esse tempo, você alguma vez tentou superar
isso com ele?
— Sim... O Christopher está me apoiando.
— E você está deixando ser apoiada?
Melanie pensa nesse último mês, lembrando do quanto
estava desanimada e não importava o que o marido fizesse, no final
ela sempre acabava em um canto triste — estar na varanda naquela
fatídica tarde era prova disso.
— Não... — responde, sentindo uma lágrima cair na sua
bochecha.
— Eu sei que isso não é algo que dá para superar da noite
pro dia, mas abrir o seu coração, deixando o seu parceiro entrar é
ideal para o relacionamento de vocês... Quando a Amanda tentou
me algemar naquele tempo, ela chorou dizendo que só me queria
de volta.
— Sério? — se espanta.
— Ela estava tão bêbada que jogou tudo pra fora — olha nos
olhos coloridos. — Disse que não aguentava me ver daquele jeito,
que não aguentava me ver pegando leve por me sentir imperfeito...
Então eu quis sair daquela zona de tristeza em que me encontrava e
voltei a me preocupar só com a minha esposa.
— Quando eu cheguei na casa de vocês, naquela manhã...
— O que disse para mim no quintal, só me deu mais forças
para querer continuar vivendo uma vida feliz com ela — dá um
sorrisinho bobo, olhando para o nada. — Cada vez que eu pensava
no assunto, me lembrava das suas palavras e de como ela havia
chorado na noite anterior — suspira. — Eu quis superar, porque a
minha esposa precisava de mim e eu precisava ver o sorriso no
rosto dela.
Melanie olha para o marido desanimado no sofá, percebendo
o quanto ele está triste e que o motivo da sua tristeza era a tristeza
dela.
— Eu quero aprender a superar... — sussurra, pensando na
conversa que teve com o loiro.
— Pense nos pontos bons, vocês são casados e vão viver o
resto da vida juntos.
Ela começa a imaginar.
— Ele tem vontade de viajar o mundo comigo — olha para
Dener. — Ele me disse que gostaria de se casar de novo comigo...
de ter uma lua de mel que não tivemos...
— E você também quer isso?
— Sim... — cora. — Eu quero conseguir dar um passo de
cada vez... Quero fazer o Christopher feliz, assim como ele me faz
feliz...
— Então vamos voltar lá pra dentro e deixar a tristeza de
lado?
— Vamos — abre um sorriso sincero. — Obrigada por isso.
Eles se levantam, o moreno dá um abraço de irmãozão nela,
demonstrando o seu amor fraternal e juntos, voltam para a sala.
— O que vocês estão jogando? — ela vai para trás do sofá,
abraçando o pescoço do loiro, que está com um controle de
Playstation nas mãos.
— Mortal Kombat — aplica um fatality no personagem que a
ruiva escolheu.
Quando o jogo acaba, Christopher passa o controle para
Nathalia que enfrenta o noivo no jogo.
— Você está bem? — a faz sair de trás do sofá, fazendo-a se
sentar de lado no seu colo.
— Não, mas vou ficar — dá um beijo calmo no marido, que a
aperta em seus braços.
Christopher abre um pequeno sorriso, sentindo o carinho dela
nos seus cabelos, o simples roçar de lábios. Agradecendo o amigo
por ter ido falar com ela.
— Toma essa! — Nathalia pula animada do sofá, fazendo
Christopher e Melanie pararem de se beijar. — Acho melhor você ter
colocado os óculos querido, para ver nitidamente a sua derrota.
— São óculos de leitura! — Anderson rebate.
— Então não é problema de visão é você que é ruim
mesmo?!
Ele cerra os olhos e Melanie dá risada da situação.
— Então a senhorita acha engraçado ver eles brigarem? —
Christopher fala no ouvido dela, jogando os cabelos lisos para o
outro lado, plantando uns beijinhos no pescoço cheiroso.
— Não começa — se arrepia inteira.
— Começar o quê? — sussurra a vendo desestabilizada.
O loiro dá risada se afastando, se voltando para os amigos.
— Pessoal, eu amo vocês, mas estou tão cansado — boceja.
— Pode ir descansar, a Melanie fica com a gente —
Anderson fala, entregando o controle do console pra ela.
— Amor, não seja tão lento — Nathalia se levanta sorrindo.
— Muito obrigada por terem nos recebido — passa a mão na cintura
do moreno. — Lembre-se que o nosso jantar de ensaio já está
chegando — fala com Christopher e Melanie. — e vocês também
estão convidados — fala com Amanda e Dener. — Estou avisando
meses antes, porque sei que são muito ocupados, então arranjem
um tempinho na agenda.
— O jantar é daqui a quanto tempo? — a ruiva pergunta.
— Daqui a cinco meses, mas como o Christopher não
lembrou do próprio aniversário, estou preocupada de que ele
realmente vá lembrar do dia do jantar.
Ele dá um sorrisinho pervertido, pensando no dia que ele
esqueceu do próprio aniversário e foi surpreendido por Melanie nua,
com um laço vermelho de seda amarrado na cintura.
— Eu não vou esquecer e sempre tem a Melanie pra me
lembrar — esconde o rosto no pescoço da esposa, para ninguém
ver a expressão sem vergonha que está fazendo.
Melanie cora se lembrando do dia e sai do colo do marido
para acompanhar seus convidados até a porta.
— Muito obrigada por terem vindo... Pode deixar, que não
esqueceremos do jantar de ensaio.
O casal se despede de todos na porta da sala e vão arrumar
a pequena bagunça que o grupinho fez.
— Você vai querer jantar? — Christopher seca as mãos,
terminando de lavar a louça. — Não estou afim de cozinhar hoje,
quer pedir algo por aplicativo?
— Talvez mais tarde.
Ela o pega pela mão, subindo as escadas, entrando no
quarto deles.
— Já quer dormir? — tira a camisa e a calça, dobrando as
peças de roupa em cima da poltrona perto do abajur. — Eu pensei
em assistir um filme só nós dois.
Melanie aproveita que o marido está de costas, para ficar
nua.
— Você disse que estava cansado — o abraça, colando os
seus seios nas costas dele. — Eu queria descansar com você.
Christopher se arrepia inteiro, desfazendo o abraço para ficar
de frente pra ela.
— Você tem certeza? — a vê descendo sua cueca box.
Quando a peça cai, Melanie segura o pescoço dele ficando
na ponta dos pés e Christopher desce o tronco, selando os lábios
em um beijo calmo.
— Você não parecia muito bem hoje... — ele fala entre beijos.
— Por isso eu preciso de você...
Lentamente ela o leva para cama, o fazendo se sentar e se
senta no colo dele, o beijando intensamente.
— Hum... — o loiro sente sua língua ser sugada e aproveita
para passar as mãos no corpo gostoso que está nu em seus braços.
— Eu quero você... — planta uns beijinhos no pescoço dele,
falando de forma manhosa.
— Amor... Ooh... — geme, sentindo ela encaixar a intimidade
no seu membro, se movimentando devagarinho. — Que delícia... —
Christopher a deita na cama, beijando o pescoço pardo, os seios
macios.
— Volta aqui... — pede dengosa, sentindo seus biquinhos
serem sugados por uma boca muito gostosa. — Eu quero você
dentro de mim...
Christopher sobe os beijos atacando a boca dela e se
encaixa novamente, se movimentando em um ritmo calmo,
sentindo-a pulsar de excitação.
— Eu te amo... — ele sorri, acelerando as estocadas.
— Eu também te amo... — fecha os olhos, se deixando levar
pelo momento.
Melanie se derrete nos braços dele sentindo um orgasmo se
aproximar e endurece todo o corpo, se deixando levar. Christopher
não aguenta e acaba se desmanchando de prazer.
Ofegante, o mesmo olha a esposa desestabilizada e se retira
de dentro dela, descendo sua boca para mamar nos seios
arrepiados. Ainda com as sensações de vibração na pele, Melanie
aproveita as sugadas gostosas que o marido dá no seu par,
querendo mais.
— Vamos tomar um banho? — ela geme.
Os dois se levantam para ir ao banheiro se limpar e a morena
aproveita para encher a hidro.
— Vem aqui, minha gata — Christopher se senta na banheira
e ela no colo dele. — Que saudade de te ver assim... — morde a
orelha dela, vendo a respiração cortada de sua amada pela
excitação.
— Assim como? — puxa os cabelos dele, roubando um beijo
cheio de malícia.
— Hum... — revira os olhos, sentindo o encaixe perfeito,
enquanto sua língua é sugada. — Fogosa desse jeito... — aperta o
bumbum dela.
Os dois gemem com as estocadas, Melanie olha o rosto
corado de excitação do marido, percebendo que já fazia um tempo
que não o deixava desestabilizado desse jeito.
— Você vai ver muito isso de agora em diante.
Ele sorri nos lábios dela, se deixando levar.

***

Sentada no chão com o rosto quase dentro do vaso sanitário.


Melanie vomita todo o jantar que teve umas horas atrás.
— Você quer que eu te leve no hospital? — Christopher
pergunta preocupado.
— Não será necessário... — se levanta com a ajuda dele,
indo para pia escovar os dentes.
— Amor, já faz uma semana que está passando mal, você
precisa ir ao médico.
— Não precisa se preocupar, eu fiz uma consulta ontem.
— Por quê não me chamou? E o que ele disse?
— Pode ter sido algo que eu comi, que não está fazendo bem
no meu organismo.
Ela volta para debaixo das cobertas e ele a acompanha,
abraçando o corpo pequeno.
— Ele não te passou nenhum remédio? — acaricia os
cabelos castanhos.
— Não, achou melhor o resultado dos exames saírem
primeiro — fecha os olhos, sentindo o seu estômago ruim.
— Vamos descansar, que daqui a pouco eu tenho que ir
trabalhar — fecha os olhos também. — Assim que pegar os
resultados, me liga.
— Desculpa ter te acordado...
— Não se desculpe por isso é o meu dever cuidar de você —
planta um beijo na testa dela.
— Eu tenho que ir trabalhar daqui a pouco também... Você
quer fazer alguma coisa pra perder tempo? — desce a mão pelo
abdômen dele e antes que ela agarre o membro grande, Christopher
a para.
— Nem pensar, você está passando mal — sobe a mão dela,
plantando um beijinho. — Vai descansar e não precisa ir trabalhar
hoje.
— Você sabe que eu vou de qualquer jeito, né?
Infelizmente... Ele pensa.
Christopher ainda não tinha contado para Melanie o que os
pais estavam aprontando. Primeiro foi a descoberta da infertilidade e
depois ela ficou doente.
Ele tinha medo de falar o que aconteceu e ela ficar muito
irritada e acabar explodindo com os pais antes de pegarem eles. Já
estava tudo planejado para o final dessa semana, então o loiro não
poderia ficar mais adiando o inevitável. Talvez se conversasse com
ela direito, Melanie entenderia tudo que ele está fazendo e
mostrando sua confiança nela, fariam eles superarem isso juntos.
Pensando nisso, Christopher preparou um jantar romântico para os
dois, mas a esposa acabou ficando enjoada e foi ao banheiro, antes
dele se quer ter a chance de contar.
— Já que não está bem, é melhor você ficar em casa —
disfarçar.
— Eu vou depois do almoço, tenho que passar em um lugar
antes.
O loiro suspira e mesmo vendo ela doente, decide falar o que
está acontecendo logo de uma vez.
— Melanie...
Antes que ele complete a frase, ela corre para dentro do
banheiro vomitando no chão.
— Merda... — sente o seu corpo fraco.
— Quero que fique em casa e não vá trabalhar essa semana
— se abaixa para limpar o chão. — Isso não é um pedido, você tem
que cuidar da sua saúde primeiro!
— Tá bom... — assente, limpando a boca.
— Quer que eu vá com você ao hospital?
— Não precisa, vai ser algo rápido — suspira.
— Se acontecer qualquer coisa, me liga — reprisa. — Se
passar mal no carro ou...
— Tá bom, eu vou te ligar e não vou trabalhar hoje... Está
feliz?
— Eu só vou ficar feliz quando você melhorar.
— Não se preocupe, não deve ser nada sério — o tranquiliza.
— Tá bom...

Por mais que não tenha ido trabalhar, hoje Melanie teve que
passar no hospital para pegar o resultado dos exames que tinha
feito no dia anterior. Era para ser algo simples, logo seria receitada e
estaria de volta a ativa, mas o jeito que o médico a abordou quando
entrou no consultório, estava deixando ela um pouco preocupada.
— O que eu vou te dizer é muito importante. Então, por favor
escute tudo atentamente — o doutor fala, com uma expressão muito
séria no rosto.
— Tudo bem — engole seco.
— A senhorita está grávida — a vê arregalando os olhos. —
Normalmente eu dou essa notícia com um sorriso, mas o seu caso é
diferente dos outros.
— Grá-grávida? — gagueja. — Mas eu não...
— Sim, as chances de você engravidar eram quase zero e
infelizmente seria melhor se você não estivesse nessa situação —
suspira. — Me desculpe falar assim, um filho sempre é uma benção,
mas a sua gravidez é muito preocupante.
— O quê? — fala desestabilizada.
— O seu organismo provavelmente não aguentaria um bebê
dentro da sua barriga. A sua gravidez apresenta um alto risco tanto
pra você, quanto para o feto que carrega — entrega o resultado dos
exames. — Você precisará de acompanhamento médico durante
toda a gravidez, não poderá se esforçar ou fazer todas essas coisas
que anotei atrás desses papéis. É de extrema importância que siga
à risca tudo que foi orientado.
— Meu... — fala com lágrimas nos olhos, lendo os exames.
— filho pode morrer...
— Me desculpa dizer isso assim, mas não é só ele que está
com risco de vida com essa gravidez.
Melanie limpa o rosto morrendo de medo pelo bebê.
— Qualquer sintoma, por mais pequeno que seja, vá direto
ao médico. Esqueça o trabalho e se preocupe só com você e com o
bebê que carrega, pois ele será o único filho que a senhora poderá
ter.
A vê desmoronar aos poucos.
— Se acalma, com o cuidado necessário, ele poderá sim vir
ao mundo — tenta consolá-la.
— Eu estou disposta a fazer qualquer coisa...
— Nós vamos cuidar de você e da criança. Conte ao seu
marido o que está acontecendo e peça para ele te ajudar no que for
preciso.
— Pode deixar...
Completamente abalada, Melanie sai do hospital, indo direto
para MD Will’s, para pedir distanciamento da empresa.
Agora não importava mais ser a herdeira, não importava
como os negócios ficariam. A única coisa que ela se importava era
com o bebê que carregava no ventre.
Girando a maçaneta do escritório de Tom, ela mal abre a
porta e acaba ouvindo uma conversa que não deveria.
— Está tudo pronto para essa semana, Francis...
— Léya, tem certeza que Rogers não desconfia de nada? —
seu pai pergunta, olhando para o computador ao lado de sua mãe.
— Ele nem vai perceber uns milhares saindo da conta dele,
não percebeu nada até agora...
— Excelente — Sarah dá um largo sorriso. — Finalmente
vamos lucrar alguma coisa com esse casamento. Já era hora.
Melanie escancara a porta batendo com brutalidade do outro
lado, fazendo os dois se assustarem.
— Merda — Tom desliga o computador.
— Vocês estão roubando o Christopher?! — Melanie grita
vermelha de raiva.
— Para de drama, você é a pessoa que está mais lucrando
com esse casamento — Sarah corre para fechar a porta.
— Eu não estou lucrando nada, pois eu trabalho pra isso!
— Abaixe o seu tom de voz! Esqueceu que eu sou sua mãe?!
— a loira se irrita.
— Uma ladra, você quer dizer?
Sarah vira a mão no rosto da filha, fazendo o som estralado
do tapa na cara ecoar pela sala.
— Me respeita! — fala irritada. — Você só está casada com o
Rogers, porque eu permiti!
— Você me casou com ele só por isso? A empresa...
— Querida não seja ingênua — a loira revira os olhos. — Eu
sei bem que você pega alguns milhares dele de vez em quando.
Você é uma ótima distração, tanto que já faz um bom tempo que
estamos fazendo isso e ele nem percebeu — dá de ombros. — Se
não a gente, outros fariam.
Melanie trava o maxilar, ouvindo as asneiras da mãe.
— Eu não servi de distração pra vocês? — engole seco. —
Eu fiz a MD Will’s sair do vermelho, eu fiz a empresa lucrar, isso já
não é bom o suficiente? Ainda precisam tirar dinheiro do
Christopher?
— Esses lucros são pequenos demais — Sarah desdenha.
— Eles não são e vocês sabem disso!
— Minha filha, não há necessidade de escândalo, se você
continuar distraindo o Rogers vai ser de grande ajuda para a nossa
família — Tom fala.
— E se ainda quiser herdar a MD Will’s sugiro que fique em
silêncio — Sarah a encara. — ou vai acabar passando uns anos na
cadeia.
— O que quer dizer com isso?
— Quem é a única pessoa que pode mexer no valor
monetário da Rogers — a faz engolir seco. — Se ele descobrir, vai
ver que é você que está roubando ele.
— Está enganada pois nenhum valor está caindo na minha
conta.
— Mas é no seu nome que estamos pegando — sorri. — Não
importa o que faça, Melanie. Se a bomba explodir, explodirá do seu
lado — se aproxima do marido. — Finja que não ouviu nada e
continue se divertindo com ele.
— É só deixar tudo com a gente e logo Rogers ficará pobre o
bastante, para você se ver livre dele — Tom fala sem se importar. —
Eu sei que não queria casar com ele desde o começo mesmo.
— Só distraia ele mais um pouquinho e logo poderá pedir
divórcio sem ser afetada — Sarah dá de ombros.
A morena olha para os pais, vendo que eles passaram de
todos os limites e sem falar nada, se retira da sala, querendo acabar
com qualquer plano que eles tenham em mente.
De hipótese alguma deixaria aquilo continuar. Ser uma
distração? Melanie jamais faria isso com Christopher por dinheiro
nenhum. Ela sabia que a empresa era tudo que Rogers tinha, sabia
o quanto era importante para os pais dele e jamais deixaria alguém
tirar isso do marido.
Andando apressada para o seu escritório, ela não vê Amanda
na mesa dela, pensando que a secretária já havia encerrado o
expediente. Com o coração pesado, ela coloca a pasta dos exames
no triturador de papel e entra no seu escritório.
A ruiva sai do elevador, indo até a sua mesa para pegar as
chaves do carro que ela esqueceu na gaveta e estranha a pasta
emperrada no triturador.
— Um papel de cada vez, quem foi o doido que fez... — abre
a pasta, vendo o nome da amiga, lendo os exames.
Amanda pega o telefone e sem querer acaba escutando uma
conversa do outro lado da linha, não sabendo que Melanie estava
na empresa.
— A senhora quer sacar tanto dinheiro assim? — um homem
pergunta.
— Deixe a mala pronta pra mim, daqui a pouco chego no
banco — desliga a chamada.
O que ela está fazendo? A ruiva pensa.
— Scarlett Addy, boa noite.
— É a Melanie, prepare os papéis do divórcio e entregue
para o Christopher semana que vem.
— Senhora...
— Não quero uma audiência, abra mão de tudo que eu
poderia receber com esse casamento, encerre o contrato da Rogers
com a MD Will’s e deixe o Christopher ficar com tudo que lhe
pertence. Se ele exigir mais, dê qualquer coisa que o faça assinar
os papéis do divórcio. Isso é extremamente sigiloso, então só fale
comigo sobre o assunto — pontua. — Logo entrarei em contato com
a senhora por outro e-mail, as minhas linhas de contato mudarão a
partir de hoje. Tenha uma boa noite.
Ela encerra a ligação e acaba fazendo outra rapidamente.
— É a Melanie, nós conversamos há pouco tempo — fala
com o médico.
— A senhora conversou com o seu marido, vai querer fazer o
acompanhamento no nosso hospital?
— Não, estou ligando para dizer que provavelmente o
Christopher vai te procurar quando eu sumir e quero total sigilo
sobre a minha gravidez.
— Mas senhora...
O doutor tenta conversar com ela e a ficha da Amanda cai
rapidamente. Com o coração na mão, a ruiva manda mensagem
para o marido, ainda escutando a ligação da amiga.

Amanda: Onde você está? É urgente!

Dener: Acabei de chegar do trabalho, vou levar a Luma para


passear. O que houve?

Amanda: A Melanie está querendo sumir do mapa e ela vai fazer


isso ainda hoje.

Dener: O QUÊ?!

Amanda: Eu preciso que você pegue a Luma e me encontre no


banco. Do jeito que estão as coisas, não vamos conseguir encontrá-
la se sumir. Ela está apagando todos os rastros.

Dener: Vou entrar no carro agora, me manda o endereço.

Amanda manda o endereço, desligando o telefone e se


esconde debaixo da mesa, quando vê a amiga saindo do escritório.
Quando Melanie dispensa o motorista, saindo da garagem, a
ruiva a segue por New York, parando perto do banco que a amiga
estacionou.
— Como assim ela está querendo sumir do mapa? — Dener
pergunta apressado, vendo a esposa entrar na BMW.
— Calma, Luma! — segura o cachorro. — Eu não sei porque,
encontrei isso no triturador e parece que ela quer esconder a todo
custo. Até divórcio ela já pediu!
O moreno se espanta vendo os papéis quase triturados e fica
sem saber o que falar.
— Ela está saindo, segue ela!
O mesmo segue o carro preto, com o coração na mão e se
preocupa ainda mais, quando ela busca uma rota para sair de New
York.
— Liga pro Christopher — fala com a esposa.
— Vamos tentar conversar com ela primeiro. Melanie está
confusa e não está pensando direito, se conversarmos ela pode
mudar de ideia.
Dener trava o maxilar sem dizer nada, vendo a noite cair, até
a morena estacionar em um terreno vazio, perto de uma cabine
telefônica.
A ruiva nem espera o marido chegar perto do carro e desce
do veículo às pressas.
— Melanie! — grita correndo na direção dela. — O que você
pensa que está fazendo?! — fica vermelha de raiva, querendo tacar
a pasta nela, mas não faz por causa da gravidez.
— Você está me seguindo?! Vai embora Amanda, eu estou
muito ocupa...
— Está ocupada fugindo? É isso que está fazendo? — Dener
se aproxima nervoso.
— Como você...
— Não pode colocar uma pasta inteira no triturador de papel!
— os olhos da ruiva se enchem de lágrimas. — Por que você está
fugindo? Por que está fugindo de tudo? E o Christopher?
— Eu vou me divorciar do Christopher! Não dá mais para
continuar com ele.
— Por quê?
— Se vocês vieram aqui para me fazer mudar de ideia isso
não vai acontecer — dá um passo para trás. — Eu não vou voltar
para New York, eu vou para um lugar onde nunca poderão me
encontrar ou me usar.
— O que ele fez com você? — Amanda fala com um fio de
voz.
— Ele me amou — os olhos dela se enchem de lágrimas. —
Esse é o problema, o Christopher me amou tanto que abaixou a
guarda pra mim... — se treme. — Eu não vou voltar, não vou ver a
pessoa que eu tanto amo ser prejudicada por minha causa.
— Melanie, por favor, pensa direito — Dener tenta conversar
com ela.
— Eu pensei direito, por isso tomei essa atitude! — uma
lágrima cai na sua bochecha e ela limpa rapidamente. — O meu
casamento foi uma farsa... Só serviu para os meus pais tirarem
dinheiro dele enquanto eu o distraio — lembra das palavras da mãe.
— Eu não posso deixar o Christopher perder tudo por minha
causa... Aquela empresa é tudo que sobrou dos pais dele e ele pode
acabar perdendo tudo se distraindo comigo ou com filho que corre
risco de não nascer...
— Melanie, isso não vai resolver nada, por favor deixa de ser
cabeça dura — Amanda fala.
— Adeus...
Ela se vira para ir embora mas a ruiva a impede.
— Eu não vou te deixar sozinha! — grita. — Eu não vou
deixar... — começa chorar. — O seu filho Melanie... O seu marido...
Por favor.
— Me desculpa... — tenta se soltar, mas Amanda agarra o
seu braço. — Você não tem que deixar nada... Eu vou embora de
qualquer jeito.
— Então eu vou com você! — começa a dar birra.
— Você é louca? Você tem sua vida, você tem o seu marido.
Amanda me solta!
— Você está grávida e com risco de vida! Pai eterno você
não sabe nem cozinhar, como vai conseguir não passar fome?
— Amanda me solta!
— Não! — bate o pé no chão. — Se eu te soltar eu posso
nunca mais te ver! Você não pode ficar sozinha e se acontecer
alguma coisa com você?
Dener lembra do que leu nos exames e acaba temendo pelo
pior.
— Nós vamos com você! — o moreno toma uma decisão. —
Você não pode ficar sozinha, sua gravidez é de alto risco, eu não
posso deixar você ir sem fazer nada! Se acontecer algo com você
eu nunca vou me perdoar! — entende o desespero da sua esposa.
— Mas a casa de vocês e o emprego...
— Você pegou uma grana preta no banco — a ruiva fala
entre choros. — Vai ter que nos sustentar por enquanto. Isso não é
uma opção, eu não vou te deixar sozinha, Melanie!
— Assim que forem comigo vão contar ao Christopher onde
estou.
— Eu dou a minha palavra que não vamos fazer isso! —
Amanda soluça. — Por favor, deixe a gente ir com você!
— Me prometem mesmo isso? — para de tentar se soltar. —
Não falarão nada pra ele?
Engolindo seco, Amanda dá a sua palavra e depois o Dener
dá a sua contra gosto.
— Os celulares de vocês! — Melanie pede.
Sem entender muito bem eles entregam e a morena pisa com
a ponta dos saltos em cima dos aparelhos telefônicos.
— Não tem mais volta... O Christopher nunca mais vai me ver
ou conseguir me encontrar — fala para os dois. — Não tentem me
convencer do contrário, porque eu já tomei a minha decisão!
Melanie se desfaz do aperto de Amanda, garantindo que não
fugirá e entra na cabine telefônica.
Olhando os amigos apreensivos do lado de fora, ela escuta o
som da chamada, com o coração na mão com o que vai fazer.
Melanie não conseguia mentir pra ele, mas agora era mais do que
necessário tentar ser uma coisa que ela não era.
— Christopher Rogers, quem fala?
Ela engole seco, sabendo que será a última vez que ouvirá
aquela voz grossa.
— É a Melanie... — fala quase num sussurro, sentindo o seu
estômago se revirar de medo.
— Amor, cadê você? Eu estava preocupado — fala agoniado.
— Eu...
— Christopher... — o interrompe. — Lembra do nosso
acordo?
— Que acordo?
— Que-que se encontrássemos alguém... poderíamos pedir
di-divórcio antes de-de trair... — morde os lábios, se condenando
por não conseguir parar de gaguejar. — Então...
— Você encontrou alguém no curto período que saiu hoje e
agora quer largar tudo que construímos por causa de um amor à
primeira vista? — ironiza.
— Sim! — treme mentindo.
— A mesma mulher que me disse eu te amo hoje de manhã,
quer pedir divórcio por causa disso? A mesma que queria fazer
amor comigo de madrugada?
— Eu sei que é difícil de acreditar...
— Amor, me diz o que está acontecendo — ele pede.
— Eu quero me divorciar de você — pontua.
— Por quê?
— Porque eu encontrei outro... — fala baixinho.
— Sem mentir, Melanie!
— Eu não estou mentindo... — solta uma lufada de ar. — Se
você...
— Não tem como eu acreditar nisso, Melanie! Eu te conheço
— a interrompe.
— Amor! — grita o repreendendo, mas tampa a boca
rapidamente.
— Amor? — ele sorri. — Estamos chegando a algum lugar...
— pensa um pouco. — Você está assim por causa dos seus pais?
— Você sabia?! — se assusta.
— Amor, está tudo bem, eu sei que você não tem nada a ver
com isso. Volta pra casa querida, eu já estou quase resolvendo esse
problema. Agora eu vou fazer um jantar gostoso pra gente e depois
da refeição faremos o sexo raivoso da reconciliação.
Se eu voltar, outra pessoa vai aproveitar a minha distração
para te roubar. Ela pensa.
— Eu não vou voltar pra casa, Rogers! — se irrita. — Já falei
com os meus advogados e eles entrarão em contato com você
semana que vem!
— Melanie...
— Adeus.
Desliga o telefone na cara dele e sai da cabine.
Ela poderia não ser muito firme com o término que planejou,
mas não importava como foi a conversa, pois a partir de agora ela
nunca mais iria vê-lo pessoalmente ou falar com ele. Então uma
hora ou outra, Christopher seria obrigado a assinar os papéis do
divórcio.
— Melanie? — Amanda pergunta, a vendo andar aérea para
o carro.
— Deixa que eu dirijo — Dener pega as chaves na mão dela.
Amanda senta no banco de trás com o cachorro e o moreno
dirige em linha reta, sem saber para onde ela está indo.
— Eu terminei com Christopher... — fala com fio de voz.
— Vamos parar com isso agora? — Amanda pergunta
esperançosa.
— Vira a esquerda — fala com o Dener. — Esse caminho é o
oposto do nosso destino final... Logo ele saberá que foi daqui que
eu liguei e vai tentar procurar aos arredores.
Ela liga o rádio para se distrair, mas cai logo na pior música
que poderia cair no momento.
“Nunca planejei que um dia eu estaria perdendo você”
Com o coração na mão, Melanie se treme inteira, deixando
as lágrimas que tanto tentou segurar, simplesmente caírem.
— Amiga... — Amanda dá um jeito de abraçá-la pelo banco
de trás.
“Em uma outra vida, eu seria sua garota”
A morena chora que nem criança, sentindo uma dor
insuportável no peito, percebendo que nunca mais vai poder ver o
amor da sua vida, nunca mais vai poder sentir os lábios dele.
— Vamos voltar? — a ruiva tenta mais uma vez.
— Não! — soluça. — O Christopher não merece isso... Não
merece perder tudo que construiu por minha causa...
“Eu deveria ter te contado o que você significava para mim”
Com um choro ficando cada vez mais alto, ela desmorona em
meio a tanta tristeza.
“Porque agora eu pago o preço”
Conviver com aquele loiro de olhos azuis, foi como um sonho
que ela nem pensou em ter. Sentir o perfume natural dele, a pele
colada na sua noite após noite, a fazia pensar que finalmente estava
feliz.
E ela esteve.
“Em uma outra vida, eu seria sua garota”
Melanie sempre pensou que havia algo de errado na sua
felicidade, que um dia ele se cansaria dela e seguiria em frente, mas
não aconteceu. Christopher lhe deu o seu coração, o seu amor e em
troca a família dela retribui o roubando. Mas ela o amava demais
para deixar isso acontecer, o amava a ponto de sacrificar a própria
felicidade para deixar ele feliz e confortável com as coisas que tinha.
“Nós manteríamos todas as nossas promessas, seríamos nós
contra o mundo”
Ele era o amor da sua vida e nada e ninguém nunca iria
mudar esse fato. Por mais que se passassem anos, por mais que
não fossem mais casados, o seu coração sempre iria pertencer a
Christopher Rogers.
“Para eu não ter que dizer que você foi aquele que foi embora
Aquele que foi embora...”[13]
Aquele que ela obrigou ir embora...

Continua...
AGRADECIMENTOS

Pelos conselhos e por ter me ajudado a chegar até o fim dessa


história, meus agradecimentos vai para o Reinaldo. Que sempre
acreditou no meu potencial : )
CONHEÇA TAMBÉM

Minha Rainha
Sinopse:
A vida é como um tabuleiro de xadrez. É necessário conhecimento e
estratégia para chegar ao topo. No meu caso, sou o rei que controla
uma organização de assassinos profissionais. Sou Daryl Cooper, um
homem frio e calculista quando estou trabalhando, mas entre quatro
paredes, não há extintor que apague o meu fogo. Exclusivamente se
quem brinca com ele é a minha rainha. Ally Moore é a peça mais
poderosa do meu tabuleiro. Sexy, bela, de baixa estatura, seus
olhos são um mel dourado. Curvas esbeltas, que levam o mais
ingênuo dos homens à perdição. Ela é sutil para muitas coisas,
exceto quando o assunto é me provocar. Não que eu seja inocente,
pois sabia muito bem com quem estava mexendo. Afinal, Ally é
minha melhor amiga, meu braço direito nos negócios e o meu
primeiro amor. Por conhecê-la há anos, pensei que sabia tudo ao
seu respeito. Ela sempre foi uma mulher forte e determinada,
praticamente inatingível. Mas estava enganado, algo realmente
atingiu a minha rainha e mudou todo o rumo da nossa história.

https://amzn.to/32EdXxL
Sukehiro – Conhecendo o amor

Sinopse:

Doce, bela e delicada...


A pedra mais preciosa que ele havia encontrado, dona de um corpo
pequeno e de um sorriso lindo, que sempre o atraía de diversas
maneiras. O pensamento de roubá-la e guardá-la num potinho, já
estava fazendo a cabeça de Sukehiro.
Diferente dela, ele não era nada sorridente e era chamado de
monstro nas horas vagas, por ser um diretor bem rígido. Sempre
com a cara fechada e intimidando qualquer pessoa que chegasse
perto. Mas Michelle não se sentiu intimidada, diferente das outras
pessoas ela o admirava. Tal delicadeza vindo da sua parte, fez o
asiático em questão se apaixonar, mas o amor não é nada fácil e ele
acabou descobrindo isso do pior jeito.

https://amzn.to/3yXlWSF
SOBRE A AUTORA

“O Romance, não só tem intenção de fazê-los se apaixonar


pelos protagonistas, mas também pela obra. Quando escrevo,
penso em cada detalhe para lhes dar a melhor experiência
possível”.
AMANE ANNE

Amane Anne sempre foi apaixonada por livros desde a


infância, quando começou a ler romances, teve a ideia de escrevê-
los também. Durante 1 ano escrevendo fanfics, uma amiga a
aconselhou a publicá-los e foi assim que lançou o seu primeiro e-
book, “Minha Rainha”.
Amando cada vez mais o seu trabalho com a escrita. Amane,
não só recebeu os incentivos do marido, como ele também a apoia
e acompanha todo o processo do e-book antes de ser lançado,
dando sua avaliação crítica a ajudando a melhorar. Anne se dedica
para trazer algo diferente para suas histórias de romance. Então
para mais novidades sobre seus futuros livros ou bater um papo, a
sigam no Instagram: https://bit.ly/3I7ZRVG

[1]
Tradução: Eu não gosto de você, apenas te odeio... Eu vou chutar seu
rabo, oh yeah! oh yeah!
[2]
Tradução: Você pode não gostar da nossa integridade, yeah... Nós
construímos um mundo de nossa anarquia, oh yeah!
[3]
Tradução: E neste canto, pesando 55 quilos... Melanie!
[4]
Tradução: Entre no ringue! Entre no ringue...
[5]
Tradução: Baby, não me decepcione...
[6]
Tradução: Não me deixe sozinho... Não corra ao redor... Eu disse baby...
[7]
Música: Don't You Let Me Down do Peter Criss.
[8]
Nome fictício e aleatório, escolhido pela autora. Qualquer semelhança
com a realidade é mera coincidência.
[9]
Música: 7 rings, Ariana Grande.
[10]
Música: Don,t You Let Me Down, Peter Criss.
[11]
Nome fictício. Qualquer semelhança com a realidade é mera
coincidência.
[12]
Explicação: No filme “Deatpool 2” o protagonista chama a equipe dele
de “X-force” plagiando o nome dos “X-man”. Kimberly plagia o nome da equipe do
Deatpool, acrescentando no desenho animado das “Três espiãs demais”.
[13]
Música: The One That Got Away, Katy Perry.

Você também pode gostar