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FM

"É só você assinar o acordo do divórcio que eu faço o que você

B
quiser." Cuspiu com frieza o homem parado em frente às
cortinas.

Sentada na ampla cama branca, Christina Silva tremia de tanto


chorar, e lágrimas caiam nas costas de suas mãos.

"A gente tem que se divorciar?" Seus olhos se embaçaram. Ela


ainda tinha alguma esperança.

O olhar cruel de Adolph Santos permaneceu sobre o rosto da


mulher apenas por alguns segundos. Ao ver sua pobre
expressão, ele franziu a testa.

A luz fraca do abajur ao lado da cama iluminava o rosto claro e


chamativo dela. Ela não era nenhuma beldade à primeira vista,
mas, por sorte, seus traços eram suaves, e suas expressões
imbuídas por um traço de gentileza, o que dava às pessoas
uma sensação de frescor.

Nesse momento, os olhos da mulher, cheios de amor,


imploravam. Seu cabelo preto, caído sobre os ombros,
acentuava seu tom de pele claro como a neve. Fosse ele um
homem qualquer, ela o teria agradado.

No entanto, para Adolph, ela era a personificação da


monotonia e do aborrecimento.

O casamento com Christina não passava de obra do acaso


para início de conversa.

Há três anos, ele sofreu um acidente de carro que o


incapacitou. O resultado foi que ele não teve escolha a não ser
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terminar com sua original namorada, e sua mãe, para que a

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familia Santos não ficasse sem herdeiros, forçou-o a ter um
filho com a mulher que ela escolheu.

Num acesso de raiva, ele apontou na direção da cuidadora ao


lado da cama. "Já que eu preciso casar mesmo, pode ser com
ela!"

Aquela cuidadora era Christina. Ele a investigou e descobriu


que ela vinha de uma família simples e que tinha um caráter
dócil e obediente.

Mas agora, não havia motivos para ela ficar aqui.

"Você ficou três anos comigo. Tem vinte milhões no cartão, é


suficiente para você viver bem pelo resto da vida." Adolph
pegou o cartão do banco e o colocou em cima da mesa.

"Por que a gente tem que se divorciar agora?"

Lágrimas escorriam pelas bochechas de Christina; seus olhos


tinham se enchido de angústia. Ela se perguntou por que três
anos não tinham sido suficientes para comovê-lo.

Pensou que depois que ele tinha se recuperado, eles teriam


uma vida melhor. Ela ainda tinha muitos desejos que queria
que realizassem, como viajar, escalar, acampar, ter filhos e
passar resto da vida juntos.

"Porque eu não te amo!"


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O homem disse a verdade em um tom indiferente. "Na minha

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vida, eu só vou amar a Emily Casa. Ela voltou, e eu quero
casar com ela."

Foi como se o coração de Christina tivesse sido perfurado por


uma lança. Doía tanto que ela não conseguia respirar.

Depois de esse homem, que tinha recebido seu carinho e


cuidado por três anos, se recuperar, a primeira coisa que vinha
a sua mente não era ser grato, mas, sim, abandonar a esposa
e se casar com a ex-namorada?

Que piada!

"Adolph..." Christina ainda queria dizer algo, mas foi


interrompida bruscamente pelo mordomo, que entrou às
pressas no quarto.

"Seu Adolph, a senhorita Casa não está muito bem. Por favor,
venha depressa dar uma olhada!" Havia um quê de nervosismo
na voz do mordomo.

A expressão de Adolph mudou, e ele passou por Christina,


saindo do cômodo. Sua voz estava cheia de perturbação. "As
pessoas cuidam dela no hospital?"

Em um instante, sua figura desapareceu pela porta, deixando


Christina sentada na cama, atordoada.

Ela achou que o homem ficaria no hospital naquela noite, no


entanto, para sua surpresa, ele na verdade trouxe Emily de
volta.
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Christina parou nas escadas e olhou para as duas no andar de

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baixo. O rosto de Emily estava branco como papel, o que
exalava uma espécie de beleza doentia e o que fez com que
Adolph, que a segurava em seus braços, franzisse o cenho,
como se também ele sofresse!

Por acaso Christina já tinha sido tratada dessa forma quando


estava doente?

Emily abriu os olhos devagar e, com uma das mãos, agarrou


as roupas que cobriam o peito do homem, dizendo de forma
quase inaudível: "Adolph, a senhorita Silva..."

Adolph olhou para a mulher no andar de cima, e o calor de seu


rosto deu lugar à indiferença. "Vou resolver as burocracias do
divórcio daqui a três dias, então daqui a três dias você tem que
sair daqui."

A seguir, ele abaixou a cabeça e se mostrou preocupado com


a mulher em seus braços.

Christina não conseguia ouvir o que diziam. Resumindo,


tratava-se do carinho inatingível que ela almejava.

Ele carregou Emily até o andar de cima. Enquanto passava por


Christina, Emily lhe lançou um olhar provocativo.

Adolph entrou na suíte principal com a mulher no colo. A porta


foi fechada de maneira nem suave nem forte. Christina tremia
e teve que se segurar no corrimão para manter o equilíbrio.
Então, chorou silenciosamente enquanto todas as coisas boas
de sua vida desmoronavam.
FM
Foram dez anos. Seu amor não correspondido tinha durado

B
dez anos!

Desde que ele a tinha salvado, esse amor durou até hoje. Seu
coração foi dele durante dez anos, deixando uma marca
permanente em sua memória.

O amor, porém, era muito injusto: aquela que tinha dedicado a


vida ao relacionamento não podia ser correspondida, e ainda
tinha que sofrer. Pior ainda era que, no fim das contas, ela
tinha sido derrotada por um mero olhar de sua oponente.

"Dessa vez eu preciso deixá-lo ir."

Christina retirou a sua mão e lentamente se endireitou. Seus


olhos cheios de lágrimas estavam mais limpos e brilhantes
agora.

Não importa o quão apaixonada ela fosse por ele, seus


sentimentos tinham sido gradualmente reprimidos.

Estava na hora de colocar um fim nesse amor ridículo e


humilhante.

Ela voltou ao quarto e pegou o acordo de divórcio. Quando


estava prestes a assinar, seu olhar recaiu sobre o nome.
Lágrimas encheram seus olhos e, sem conseguir contê-las,
deixou uma gota cair.

Ela as enxugou e escreveu seu nome com alguns traços.

Christina Silva.
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Já que ela tinha assinado esse nome pelos

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últimos três anos, então deveria acabar dele! Dali em diante,
não era mais Christina Silva, mas sim Christina Granger.

Simples assim, aquele casamento acabou. Ela jogou os papéis


de divórcio de volta na mesa e pegou o amuleto de jade
escondido debaixo do travesseiro.

Tinha levado um ano inteiro de trabalho árduo para talhá-lo.


Sempre que estava se dedicando a ele, ao pensar que o
marido poderia gostar muito do presente, ela, sem perceber,
ficava acordada talhando até depois da meia-noite, até ficar
com os olhos vermelhos.

Infelizmente, esse presente não podia ir para as mãos do


destinatário.

Christina Granger riu de si mesma. Qual seria a diferença de


dar o amuleto? Não importava o tanto que ela tinha se
esforçado no presente, acabaria sendo uma porcaria sem valor
nenhum deixada de lado do mesmo jeito.

Ela fez as malas, e um carro já a esperava do lado de fora da


mansão. Christina entrou nele, cansada e abatida. "Me
divorciei."

No banco do motorista, o homem com uma letra tatuada no


braço esquerdo estalou os dedos. "Muito bem!"

Ele se inclinou e lhe entregou o laptop. "Você está de volta à


vida de solteira. Viva! Milady, bem vinda de volta ao seu
império."
FM
B
Capítulo 2

Christina finalmente sorriu. Ela pegou o laptop e fixou os olhos


na tela por três segundos enquanto seus dedos se moviam
agilmente no teclado para invadir o sistema de vigilância,
limpando todos os vestígios da existência de Christina Silva.

No dia seguinte, quando os criados foram limpar o quarto, não


encontraram ninguém.

"Senhor, a senhora Silva foi embora!"

Uma sensação de vazio inexplicável tomou conta de Adolph


quando recebeu a notícia. Ao correr para casa e abrir a porta
do quarto ao lado, foi recebido por um leve aroma floral. Por
uma fração de segundo, pensou que ela ainda estivesse ali,
mas não havia ninguém. Era apenas as cortinas se mexendo.

O sol iluminava o chão através das cortinas de renda branca.


Havia diversos travesseiros rosa sobre os lençóis brancos, e o
acordo de divórcio estavam na mesa de cabeceira; ele foi até
lá e os pegou.

O cartão bancário caiu do meio das páginas, e, ao se abaixar


para apanhá-lo, ele descobriu o amuleto de jade.

Um frescor revigorante emanava da peça bem polida. Com sua


espessura fina e textura suave, tratava-se de uma bela pedra
de jade rara. Mais raras ainda eram as palavras entalhadas ao
fim: os traços eram nítidos, e os ideogramas bem gravados;
isso sem comentar sua cor cinabre. O artesão deve ter
FM
precisado de dias de paciência para pintá-los com tamanha

B
perfeição.

Adolph colocou o amuleto na palma da mão e o esfregou. Ao


ver o cartão que continha vinte milhões de dólares, ele se
lembrou de que aparentemente não tinha dado nada a ela em
três anos de casamento.

Nem sequer um buquê de flores.

Dentro da caixa do amuleto estava um pequeno pedaço de


papel. Ele o desdobrou devagar e viu as palavras de Christina,
como se a visse. "Feliz aniversário de casamento de quatro
anos! Adolph, que você seja sempre feliz."

Aniversário de quatro anos... Ele levantou a cabeça e seus


olhos recaíram sobre a data circulada de caneta vermelha no
calendário da mesa de cabeceira - 5 de maio.

O tempo passava depressa, e eles realmente tinham sido


marido e mulher por três anos.

No entanto, não demorou para que ele, que estava em uma


posição social alta havia muitos anos, pensasse em uma ideia
inapropriada: esse amuleto de jade é bem valioso, como a
Christina ganhou tanto dinheiro?

Ele não se importava com o que ela gastava no dia a dia,


apenas a deixava comprar o que quisesse, mas ela se vestia
de maneira simples e não parecia ser uma compradora
compulsiva.
FM
Um mordomo o informava das despesas. Esta pedra de jade

B
valia pelo menos milhões de dólares. O mordomo com certeza
o avisaria de um gasto desses.

O olhar de Adolph escureceu. Ele chamou um assistente


especial e ordenou em tom sombrio: "Peça alguém para seguir
a Christina e reinvestigar cuidadosamente o passado dela.
Quando descobrirem que ela é uma espiã enviada pelos
nossos oponentes, traga-a aqui imediatamente."

Ela parecia ser uma órfã que cresceu pobre. Será mesmo?

Sete dias depois, em Cidade S.

Todos os funcionários do Granger Plaza, que ficava no centro


da cidade, estavam atolados de trabalho.

Havia três dias, um figurão misterioso tinha comprado a


empresa deles, e eles estavam em um momento de
reorganização cuidadosa.

Todos os executivos estavam muito preocupados e não


admitiam um erro sequer em seus respectivos departamentos.

Afinal, o novo presidente poderia facilmente demiti-los.

"Como é o novo presidente? É bonito?"

"Por que você acha que é um homem? E se for uma mulher?"

"Eu não ligo se é um homem ou uma mulher. Desde que eu


receba um aumento, pode ser o que quiser."
FM
"Felizmente, ainda bem que a senhorita Granger morreu,

B
senão ela se acabaria de chorar ao ver vocês, seus traidores."

"Mas que droga! Fechem suas bocas. O presidente já está


chegando!"

Todos os funcionários deram grande importância ao


acontecimento, formando uma fila organizada na entrada para
dar as boas-vindas ao novo presidente. Poucos minutos
depois, apareceu um Bentley preto, que estacionou
lentamente.

Primeiro, o vice-presidente saiu do carro e correu para abrir a


porta.

Enquanto a porta se abria, todos ficaram na ponta dos pés e


olharam, perguntando a si mesmos se era homem ou mulher...

Um salto alto vermelho despontou do veículo, trazendo consigo


a perna da mulher, branca como a neve.

Em seguida, uma figura de cabelo curto arrumado se levantou


lentamente, segurou os óculos escuros e os tirou enquanto
inclinava a cabeça. O rosto estonteante foi então revelado.

Por um segundo, o mundo pareceu parar.

Os executivos que trabalhavam no Granger Group foram os


primeiros a reconhecê-la. Depois de longo tempo, não
puderam deixar de exclamar: "Vo-você é a senhorita
Granger..."
FM
Christina passou os óculos para o vice presidente a seu lado,

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comportando-se de maneira chamativa, como uma rosa com
espinhos. "Sou eu. Voltei."

Capítulo 3

Christina entrou no elevador sob o olhar surpreso de todos. O


que ela tinha pegado era exclusivo para o presidente, e havia
apenas Vincent Borges e ela ali dentro.

"Os poucos membros da família Granger não vieram, né?"

"Bem observado, madame!"

Já que não havia ninguém de fora, Vincent, o vice presidente,


comportou-se de forma um pouco mais casual. "Aposto que o
Nick Granger e resto daquele pessoal velho não vieram porque
eles queriam te mostrar de quem têm o direto da determinação
final aqui."

"Hunf, meus tios continuam os mesmos. Não evoluíram nada


com o passar dos anos. Não me surpreende que a família
Granger irá passar por uma revolução." Ao dizer isso, havia um
tom de indiferença em sua voz, o que dava a ela um ar de
autoridade.

Enquanto isso, Nick e cinco membros da diretoria estavam


sentados na sala de conferências, inclinados no encosto de
suas cadeiras. Pareciam calmos, mas, na verdade, não tinham

ideia do que esperar desse novo acionista.

O oponente era enigmático demais, o que os


FM
B
deixava apavorados.

"Quanto tempo a gente vai ficar esperando?" Nick, com seu


rosto oleoso, balançou a xícara de chá com tudo, sem poder
mais manter a calma. Ele chamou a secretária atrás de si: "Vá
ver onde ele está."

"Nick, por que você está com tanta pressa? Não faz diferença
se a gente tiver que esperar mais."

Neil Granger segurava uma noz. Ele estava vestido com um


manto Taoísta, que possuía um símbolo de Taijitu. Por fora,
parecia ser uma pessoa gentil.

"Como ele pode ter a cara de pau de bancar o presidente na


nossa empresa?! Quando ele chegar, vai ver só. O Granger
Group é uma empresa de prestígio, ninguém pode
menosprezar a gente." Disse Nick, impaciente.

Enquanto os dois conversavam na sala de conferências, a


secretária voltou apressada sobre os saltos altos. "Sr. diretor, o
novo presidente terminou uma reunião em outra sala..."

"O que você disse? Ele faria uma reunião sem a gente?"

Dentre os senhores, Nick era o mais irascível. Ele se levantou


e quebrou a xícara de chá.

"Desgraçado, ele deixa os mais velhos de lado mesmo tendo


acabado de chegar. Como pode ter essa coragem?!"
FM
A secretária olhou para o semblante do diretor e disse

B
timidamente: "Na verdade, o presidente é 'ela'."

Diversos membros da diretoria, que se orgulhavam de sua


experiência, exclamaram: "Uma mulher?"

"A reunião hoje acaba por aqui. Não se esqueçam de entregar


os documentos que eu pedi até amanhã." Assim que Christina
terminou de falar, a porta da sala de conferências fol aberta à
força.

O grupo foi liderado por Nick e Nell. No começo, eles estavam


irritados, mas, no momento em que avistaram o rosto de
Christina, recuaram em horror e choque. "Vo-você é a Christina
Granger..."

"Como você ainda está viva?"

Havia três anos, a filha mais velha da família Granger tinha


sido atacada e devorada por um urso enquanto acampava na
floresta. Aquilo projetou uma sombra sobre toda a sua família.
Naquela época, o funeral foi um evento que parou a cidade.

Desde então, a administração da empresa passou para Nick e


Neil.

Agora, a pessoa que tinha morrido havia três anos estava de


volta...

Christina ficou muito satisfeita com a reação de seus tios.


Como estava de pé, ela se sentou, e havia um toque de frieza
por trás de seu olhar preguiçoso. "Tios queridos, ficaram felizes
de me ver de volta?"
FM
B
Nick e Neil trocaram um olhar e gaguejaram:

"Sim, claro que a gente está feliz..."

Com isso, os dois fingiram estar arrependidos e se


aproximaram, tentando chegar perto de Christina. "Christina,
que bom que você está viva! Se seus pais ainda estivessem
aqui, nossa família ia ser muito feliz!"

Christina bufou discretamente e reprimiu o sentimento de


aversão, dizendo em tom monótono: "Realmente, a família
Granger ia ser muito feliz."

Sua voz calma demais fez Nick e Neil arrepiarem, já que


sentiam que havia algo por trás das palavras da mulher.

Christina deu um sorriso falso e se dirigiu aos executivos


assustados atrás dela, anunciando seu retorno: "Acredito que
vocês já saibam quem eu sou. Como a maior acionista da
empresa, vocês devem saber do meu poder. Com grandes
poderes vêm grandes responsabilidades. Estou confiante de
que eu consigo trazer de volta os dias de glória do Granger
Group. Até lá, a ajuda de vocês com certeza será útil."

Enquanto isso, no Distrito Sul da Cidade S.

Adolph tinha acabado de voltar do hospital com Emily. No


carro, ele repreendia seus empregadores, do outro lado da
linha, pela incompetência deles.

"Seus m*rdas! Como vocês não conseguiram


FM
procurá-la?"

B
O assistente especial Walt Ronaldo ficou chateado com a
reprovação e se perguntou como uma pessoa podia
simplesmente sumir do mundo. Com o tanto de câmeras de
segurança espalhadas pela cidade, eles podiam localizar até
um cachorro de rua.

Para onde Christina estava? Ele ficou pensando nisso.

Felizmente, tendo descoberto outra coisa, Walt podia


compensar seu presidente. "O senhor pediu para eu investigar
o passado dela e eu descobri uma coisa. Ela é mesmo órfã, e
ninguém sabe quem são os pais dela."

A expressão de Adolph se suavizou, e ele deu um suspiro de


alívio. Aparentemente, ele estava com os sentimentos à flor da
pele.

Emily tinha passado seu braço no dele e encostado a cabeça


em seus ombros. Ela conseguia ouvir a conversa no celular
com clareza.

"Hunf, aquela mulher não chega nem aos meus pés. Não é de
se admirar que o Adolph não conseguia esquecê-la." Emily
pensou na diferença que havia entre Christina e ela.

Contudo, sua voz estava repleta de pena e compaixão: "Eu


não imaginava que a senhorita Silva tivesse tido uma vida tão
difícil. Ela foi bem firme por não pedir nem um centavo no
divórcio."
FM
A boca de Adolph se contraiu. Aparentemente, ele

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desaprovava o comportamento de Christina. Na cabeça dele,
aquela mulher gentil e submissa queria apenas uma
oportunidade para fazê-lo se sentir culpado e não conseguir
esquecê-la.

"Sr. Santos, vou enviar mais pessoas para descobrir onde ela
está. Não se preocupe."

"Não precisa, a gente já se divorciou, não tem por que


continuar ligado a ela com "Sra. Santos". Ela foi embora sem
levar nenhum dinheiro, quando ficar apertada, vai voltar
pedindo alguma coisa."

"...Entendido." O assistente especial Walt sabia que a senhorita


Casa também estava lá, e que o presidente tinha muito carinho
por ela, já que passavam a maior parte do tempo juntos.

"Além disso, tem outra notícia: a pessoa misteriosa que


comprou o Granger Group apareceu hoje. Acontece que é a
filha mais velha da família Granger, que voltou à vida."

Adolph franziu as sobrancelhas. A pessoa que tinha morrido


havia três anos tinha realmente voltado!

Capítulo 4

Christina voltou ao Granger Group e lançou mão de uma


reforma radical na empresa, fazendo com que os membros
mais velhos ficassem loucos da vida.
FM
Mais da metade dos executivos da diretoria tinham sido

B
substituídos, a maior parte braços direitos dos irmãos Granger.
Podia-se dizer que ela tinha enfraquecido a posição deles.

De manhã cedo, o escritório de Nick estava um caos devido a


um grupo de pessoas que faziam um escarcéu.

"De jeito nenhum eu vou aceitar ser destituído! Eu dei meu


sangue pelo Granger Group por mais de dez anos. Depois do
tanto que eu me dediquei por vocês, vocês querem que eu seja
um bode expiatório para vocês, tios e sobrinha, terem um
reencontro feliz?"

As pessoas atrás também resmungaram alto. Agora que


tinham sido deixados de lado, não se importavam mais com
quem estava sentado na frente deles.

Nick ergueu as mãos de maneira reconfortante. "Me


escutem..."

Por outro lado, a indiferença estava estampada no rosto de


Nell enquanto ele brincava com a noz brilhante nas mãos. Em
poucas palavras, para ele, não havia por que se intrometer e
se importar com os outros enquanto sua posição de vice
presidente estivesse garantida.

Os dois irmãos eram muito espertos. Embora parecesse que


Nick estava tentando consolar os antigos funcionários, na
verdade, no fato, ele também queria que fossem embora.
Enquanto continuasse sendo membro da diretoria, ele sempre
poderia recrutar novos subordinados. Além disso, essas
pessoas não passavam de um bando de preguiçosos.
FM
Christina já tinha discutido a reforma com eles.

B
"O Granger Group já não é mais o mesmo. Tios, demitir é a
melhor solução. Para o bem da empresa, gastel quase todas
as minhas economias. Se a gente não demitir esses
funcionários que não prestam para nada, a empresa vai
quebrar. Ouvi dizer que vocês estão preparando um projeto de
golfe..."

Os irmãos Granger desconfiavam de Christina, mas o que ela


estava dizendo fazia sentido. Se quisessem que a empresa
sobrevivesse, precisavam demitir funcionários.

Nick concordou na mesma hora com as demissões.

Não podiam mais deixar que sugassem a empresa.

Christina sempre soube que aqueles funcionários antigos


fariam um escândalo, mas o que ela tinha a ver com isso?
Deixaria aqueles dois velhos cuidaram da situação.

Quanto a ela, é claro que precisava aprender a aproveitar a


vida.

A Mansão das Rosas ficava nos subúrbios da Cidade S, com


mais de cem tipos de rosas. Tinha sido um presente de seu pai
para sua mãe, e Christina tinha vivido ali por mais de vinte
anos.

Após três anos longe, muitas emoções inexplicáveis


despertaram nela ao pensar naquele lugar.
FM
Como a filha mais velha da família Granger, ela tinha se

B
submetido à humilhação por causa de um homem. Ela se
imaginou se seus pais a repreenderiam por sua teimosia se
ainda estivessem vivos.

Era época de floração. Mesmo a Cidade N e a Cidade S sendo


uma do lado da outra, havia um diferença enorme em relação
ao clima. "As rosas na mansão Santos ainda não tinham
aberto, será que ele..." Christina não conseguia não pensar em
Adolph.

Sentiu um aperto no peito. Sempre que pensava naquele


homem, seu coração doía tanto ao ponto de não conseguir
respirar.

Já que tinham se divorciado, não passavam de estranhos


agora. Pensar em alguém com quem ela não tinha nenhum
vínculo só aumentaria o aborrecimento.

Christina saiu do carro esperando ver as rosas que tanto


desejava, apenas para descobrir que não havia rosa nenhuma.
Todas as flores tinham sido substituídas por peônias elegantes
e chamativas!

Seu sangue ferveu. Como eles podiam ter a coragem de fazer


as próprias vontades na casa dela?!

As rosas tinham sido plantadas e cultivadas por seus pais e


ela. Representavam memórias felizes! Por sorte ela não tinha
morrido, caso contrário, todas as coisas boas da família
Granger estariam arruinadas.
FM
A risada de uma mulher pôde ser ouvida a poucos metros dali.

B
Christina olhou na direção do som e viu duas garotas vestidas
de forma extravagante, acompanhadas por dois homens.

A mulher um pouco mais alta, que usava uma saia floral,


tomou a iniciativa de beijar o homem a seu lado, mas o beijo
logo se transformou em um apaixonado beijo de língua. O fato
de haver outras pessoas por perto não os impediu.

O homem que estava beijando olhou para cima e viu que


Christina não estava longe deles. Quando prestou mais
atenção, empalideceu na mesma hora, como se tivesse visto
um fantasma. Em seguida, empurrou a mulher que estava
beijando e deu alguns passos para trás.

Seus olhos se arregalaram enquanto ele gritava, aterrorizado:


"Chri-Christina Granger!"

Ao ouvir isso, as outras três pessoas viraram a cabeça para


olhar. Quando viram o rosto de Christina, também ficaram
pálidas.

Jessie Granger gritou, horrorizada: "Fantasma! Ela é


fantasma!"

Christina passou pelo mar de peônias e se aproximou deles,


com o olhar imbuído de frieza. "Por que vocês estão gritando?
Fantasmas são tão assustadores assim? Harry, Jessie, estão
felizes em me ver?"

Capítulo 5
FM
Nesse meio-tempo, o céu escureceu de repente, e o vento

B
soprou forte. Christina estava parada entre as flores, e seus
lábios vermelho-vivo tinham uma aparência maléfica e
aterrorizante, como se tivesse voltado havia muitos anos.

"Fantasma, ela é fantasma!" Nessa hora, Jessie, que não sabia


o que pensar, colocou as mãos na cabeça e deu um passo
para trás, balbuciando algo. Em seguida, tropeçou ao tentar se
afastar de Christina.

As pernas de Harry Reis ficaram bambas, e ele se sentou no


chão, suplicando: "Não fui eu que te matei. Não fui eu..."

Em pânico, Harry pegou uma pedra que estava do seu lado e


jogou sem dó nem piedade em Christina, que, com uma visão
aguçada e agilidade, conseguiu pegá-la. Sem demora, ela
colocou em prática a lei do "olho por olho, dente por dente" e a
jogou com tudo na cabeça do homem!

"Ah-"

Todos tremeram de medo ao ver a cabeça de Harry coberta de


sangue. As pessoas perto dele estavam assustadas a ponto de
ficarem arrepiadas e de não se atreverem a ir ajudá-lo. Para
elas, aquilo tudo se tratava um episódio em que o espírito de
Christina tinha voltado para se vingar, então ninguém ousou-se
de se mexer.

A dor de Harry era insuportável. Apesar de ter coberto a ferida


com as mãos, o sangramento não estancava. Pouco tempo se
passou, e Christina se aproximou dele.
FM
O homem olhou para sua expressão fria e percebeu que ela

B
estava viva. Ele recuperou os sentidos e disse: "Você não é um
fantasma... você ainda está viva!"

Christina cruzou os braços, olhando vitoriosa para aqueles


medrosos.

Havia três anos, Harry e Jessie a tinham enganado para que


ela fosse acampar na floresta e tirar fotos à beira de um
penhasco. Por fim, eles a empurraram e mentiram para todo
mundo, dizendo que ela tinha sido devorada por um urso.

Ela se vingaria daquela tentativa de homicídio pouco a pouco!

Enquanto ela estivesse aqui, era o fim da vida extravagante


daquelas pessoas.

Uma hora depois, uma equipe de reforma foi até a Mansão das
Rosas.

Os trabalhadores entraram um a um e jogaram fora todos os


pertences de Nick e Jessie antes de higienizar o quarto de
Christina e de seus

pais.

"Essa mansão é minha. Ninguém toca nas minhas coisas sem


permissão! Pare... tudo isso são marcas de grife! Ah, meus
aneis, meu perfume, minhas bolsas!"

Os itens preciosos mencionados por Jessie estavam todos do


lado de fora, jogados no chão como se fossem lixo. Ela se
abaixou, tentando segurá-los, desajeitada, e gritou: "Sua
FM
maluca! Aqui é minha casa! Acredite ou não, eu vou te

B
processar!"

É claro que Christina não estava nem aí para o que ela tinha
dito. Ela examinou cuidadosamente a lista de criados da
mansão antes de jogá-la de lado.

"Antes, eu te tratava como uma irmã mais nova. Infelizmente, a


avareza te deixou cega. Eu te dei a mão, e você quis o braço.
Deixe eu te lembrar de uma coisa: A mansão Rosa é minha
casa, eu posso jogar todas as suas coisas fora se eu quiser."

Em seguida, ela ordenou à equipe de reforma: "Jogue tudo


isso fora, não precisa guardar nada. Pode considerar que tudo
é lixo não reciclável."

"Claro, a gente vai levar menos de meia hora." A equipe foi


ainda mais rápida, jogando os pertences de Jessie em latas de
lixo, fossem roupas ou bolsas, um atrás do outro.

Ao ver suas coisas sendo estragadas, Jessie se sentiu como


se tivesse levado um soco,

"Ei, você sabe quanto isso vale?"

Ela começou a atrapalhar o trabalho da equipe de reforma, e a


barulheira que fez deu dor de cabeça a Christina, que se
aproximou, puxou-a e pressionou-a contra uma cadeira,
amarrando-a em poucos segundos. Em seguida, pegou um
trapo do chão e amordaçou Jessie.

Finalmente, houve um minuto de silêncio.


FM
Os trabalhadores levaram algum tempo para retirar os

B
pertences do pai e da filha. O resultado foi uma mansão muito
mais radiante.

Quando Nick voltou para mansão da empresa às pressas após


receber as notícias, o que viu foi um corredor repleto de
porcelana quebrada, o que o fez quase desmaiar: eram peças
insubstituíveis, que tinham custado muito dinheiro!

"Jessie, quem te amarrou? Está doendo?"

Depois que Jessie foi solta, ela caiu em prantos, esperando


que seu pai a defendesse. "Pai, foi aquela v*dia da Christina!
Ela é louca. Ela quer roubar a nossa casa!"

Nick fechou a cara no mesmo momento, dizendo de forma


severa: "Christina, você não acha que passou dos limites?"

"Não é nada de mais. Estou apenas te ajudando a se mudar."

Christina deu um sorriso amarelo, dirigindo a eles um olhar


nada amigável. "Tio, é o nome dos meus pais que está na
escritura. Acho que você sabe melhor que eu quem é o dono
dessa mansão."

Nick xingou internamente. Se não fosse por sua situação ruim


no passado, esse terreno não teria sido comprado por seu
irmão mais velho.

Demorou muito esperar toda a família de seu irmão morrer. Ele


pensou que tomaria posse dessa propriedade, mas quem
conseguiria prever que Christina ainda estava viva?
FM
Ele achava que, por ser experiente, poderia escapar de ser

B
expulso. Então, começou a bajulação: "Christina, a Jessie e eu
somos sua família. Se você quiser voltar a morar aqui, tem
muitos quartos de hóspede. Para quê fazer isso?"

"Vou morar sozinha na minha mansão. Qual o problema?"

O tom de voz de Christina era de indiferença, mas havia algo


de imperativo nele. O que se seguiu foi a sua mudança: "Tio, o
Granger Group é meu, e essa mansão também. Daqui para
frente, acho melhor você não ser um empecilho."

Capítulo 6

"Não, não é isso que eu quero dizer..."

Nick considerou as circunstâncias. Era óbvio que Christina


estava à frente da situação; ela já não era a mesma de antes.

Agora que tinha sobrevivido a um acidente daqueles, devia ter


algumas cartas na manga. A julgar por sua expressão e tom de
voz, ela não tinha levado ele nem o respeito um pouco.
Aparentemente, possuía um trunfo.

Depois de pensar um pouco, Nick deu um sorriso amarelo.


"Christina, você está certa. A mansão é sua. Mas a gente tem
tantas coisas, não dá para achar um lugar assim, de uma hora
para outra."

Semicerrando os olhos, Christina riu internamente, com


desdém. Esse seu segundo tio era um incompetente nos
negócios, mas, quando se tratava de enganar os outros,
armava os planos mais brilhantes.
FM
B
Ele achou mesmo que ela deixaria sua família entrar em seu
caminho como seu pai tinha feito?

Ela olhou para ele e os cantos de sua boca se curvaram


ligeiramente.

"Ok, então vou esperar mais um pouco."

Para a sua surpresa, Christina acolheu o pedido. Ela queria ver


até onde pai e filha iriam.

Ela pretendia ir para seu quarto, mas Nick a parou e disse de


forma bajuladora: "Christina, você acabou de voltar, eu não
comprei um presente para você. Fique com esse vaso, por
favor. É um tesouro da antiguidade, uma beleza!"

Christina apenas deu uma olhada. Era um vaso qualquer, que


só conseguia enganar um idiota como Nick.

"Pode ficar. Não gosto de imitações."

À noite, a Mansão das Rosas ficou tranquila novamente.

Christina trocou de roupa e se ajoelhou em frente ao retrato de


seus pais. Vê-los tinha trazido memórias à tona.

Naquela época, seus pais eram um casal feliz, e ela a filha


querida deles...

Lágrimas escorreram pelas bochechas de Christina enquanto


ela soluçava e chamava por seus pais. Então, desabou em
choro. Eles tinham falecido havia três anos, e ela não tinha
FM
coragem de lembrar como tinha ficado desamparada quando

B
recebeu as notícias trágicas.

Durante vinte anos, ela foi uma princesa despreocupada.

Recebeu a melhor das educações, isso sem mencionar o


treinamento de etiqueta. Ela tinha vivido sem nenhuma
preocupação, só se importava com Adolph.

Adolph era seu herói de infância. Se não fosse por ele, ela teria
morrido há muito tempo. Ela importunou seus pais para se
casar com ele, e eles, sem conseguir dissuadi-la, não tiveram
escolha a não ser realizar seu desejo.

No entanto, a caminho da Cidade S para discutir uma questão


do casamento, eles sofrem um acidente e caíram de um
penhasco, deixando o carro destruído.

As buscas da polícia duraram três dias e três noites até


acharem dois corpos irreconhecíveis no vale. O resultado da
investigação dos especialistas forenses revelou que eram seus
pais.

Num dia, ela era a filha querida de seus pais; no outro, tinha se
tornado órfã.

Desde então, ela se culpava por isso. Se não tivesse pedido


para que seus pais fossem sugerir o casamento para a família
Santos, aquela tragédia não teria acontecido...

Ela se ajoelhou de novo e se curvou duas vezes diante da foto.

Bem nesse momento, seu celular tocou.


FM
B
Christina enxugou as lágrimas e disse com a voz anasalada:
"Alô."

Era seu melhor amigo, o homem de óculos escuros que tinha


ido buscá-la na casa da família Santos naquele dia, Martin
Bergen, o sétimo filho da família Bergen. "Oi, tenho uma coisa
para te contar."

"Fale logo. Não tenho tempo."

"O seu ex-marido vai casar de novo. O casamento vai ser


daqui a cinco dias."

Ao ouvir aquilo, Christina congelou.

Fazia menos de uma semana que eles tinham se divorciado, e,


ainda assim, ele não conseguia esperar para se casar com
aquela mulher?

Capítulo 7

"Adolph, qual vestido você acha mais bonito? Esse ou o


último?"

Emily já tinha provado três ou quatro vestidos de casamento de


alta-costura, mas continuava achando melhor experimentar
outros. Parada de frente para o espelho do provador, um
sorriso radiante atravessou seu rosto.

Não havia vestígios de sua doença.


FM
A fim de transmitir uma boa imagem à sogra, ela tinha passado

B
uma maquiagem leve. Suas sobrancelhas estavam mais finas,
e ela parecia gentil e atenciosa.

Justo quando abaixou a cabeça e mexeu na bainha do vestido,


Adolph, que estava em transe, viu a figura de Christina.

De algum jeito, a imagem daquela mulher veio a sua mente.


Ela sempre se vestia de forma simples e levava um sorriso
estampado no rosto. No entanto, sem que ele percebesse, ela
foi parando de sorrir, provavelmente por causa da indiferença
dele.

Adolph estava perdido em pensamentos. Memórias inundavam


seu cérebro como uma cachoeira; sua mente estava ocupada
por imagens daquela mulher, mas sem um vestido de noiva.

Foi só então que percebeu que eles não tiveram tido uma
cerimônia do casamento.

Só tinham se casado superficialmente. Adolph não a tratava


como a pessoa mais amada de sua vida. Não houve banquete,
quem dirá uma cerimônia de casamento.

A única coisa que o preocupava e despertava sua curiosidade


era a razão pela qual Christina estava disposta a se casar com
uma pessoa com paralisia.

Poderia ser apenas por dinheiro? Mas, nos últimos anos, ela
não tinha demonstrado o hábito de gastar muito, nem levado
um único centavo quando ela saiu...

"Adolph, você está me ouvindo?"


FM
B
Emily já havia caminhado até ele com o vestido de noiva. Ela
pegou o braço dele e perguntou timidamente: "Estou bonita?"

Adolph não tinha dado nem uma olhada para ela, e respondeu
de forma superficial: "Você está bonoita em tudo."

Só depois de ouvir as palavras dele foi que Emily se contentou.


Ela se olhou no espelho e disse com o cenho franzido: "Precisa
diminuir a cintura para ressaltar minhas curvas."

O designer ficou angustiado: Mais um cliente difícil.

"Senhorita Casa, para customizar os vestidos, as mudanças


precisam ser informadas seis meses antes. Esse vestido é só
uma amostra da nossa loja, não pode ser ajustado..."

Ao ouvir isso, Emily fechou a cara num piscar de olhos. "É a


primeira vez que eu vejo alguém recusar um pedido da família
Santos."

"Não, senhorita Casa, é uma honra receber vocês. O que eu


quero dizer é que, se você quiser mudar o design do vestido
agora, poderia ser que não fique pronto para o casamento
daqui a cinco dias."

O designer não podia atender a sua exigência. Sabendo que


não era fácil lidar com a esposa de um homem rico, ele logo
tratou de ir se explicando, mas Emily era difícil de agradar.

"Eu não ligo, quero esse vestido mesmo assim. É obrigação


sua pensar em uma solução. E ah, é 'Sra. Santos' para você,
não 'senhorita Casa'!"
FM
B
O designer sorriu enquanto a xingava por dentro.

O desentendimento na loja de vestidos de noiva chegou a um


impasse.

Adolph estava sério. "Vá fazer seu trabalho. A gente vai olhar
de novo sozinho."

O designer mal podia esperar para sair. Não demorou muito


para que ele, no calor do momento, começasse a falar.

"Por que fingir ser quem não é? Hunf, pelo jeito que ela ficou
ofendida, dá para ver que é uma destruidora de lares."

Quando Emily ouviu aquilo, seu rosto foi do branco ao


vermelho.

"Volte aqui e me diga de quem você está falando! Quem te


disse isso?"

Se contorcendo de raiva, ela queria levantar a barra do vestido


e ir atrás do designer, mas Adolph a impediu: "Não vá atrás
dele. Nossa maior preocupação devia ser provar seus
vestidos."

"Como eu vou conseguir continuar no clima para isso? Ele diz


que a destruidora de lares sou eu. E, para constar, foi a
Christina quem te roubou de mim. Eu era a sua namorada
antes!"

Os olhos de Emily estavam cheios de lágrima, e ela chorou,


ressentida. "Adolph, aquele designer me humilhou. Você tem
FM
que fazer o diretor daqui demitir ele, e não deixar ele ser

B
contratado por nenhuma outra loja."

Adolph achava aquilo desnecessário, mas não tinha opção a


não ser atender a seus caprichos, uma vez que se preocupava
com sua saúde.

"Tudo bem, vou fazer ele ir embora da Cidade S."

Emily percebeu o que estava acontecendo, então fez mais um


pedido: "Só mais uma coisa: Você tem que espalhar por aí que
a destruidora de iares é a Christina, foi ela quem separou a
gente; e dizer que eu sou a única pessoa que você ama."

Pensando que ele devia muito a Emily, Adolph se sentiu


obrigado a atender a seus requisitos. No entanto, por alguma
razão, sempre que ouvia o nome de Christina, tinha uma
sensação estranha no coração.

Martin propôs fazer uma festa para Christina, mas ela recusou.
Só queria dormir.

No entanto, assim que se deitou, Jessie, que estava no quarto


ao lado, começou a perturbá-la. A música ensurdecedora que
estava tocando podia ser ouvida em quase toda a Mansão das
Rosas.

A senhorita Granger tinha o sono leve, era extremamente


sensível a sons. Todos os criados da casa sabiam daquilo e,
por isso, ninguém se atrevia a fazer um barulho sequer
enquanto ela estava dormindo.
FM
Demorou menos de um dia para que Jessie não conseguisse

B
se segurar e deixá-la em paz. Aos olhos de Christina, Nick era
mesmo um cabeça de vento. Estava na hora de mostrar quem
é que mandava.

Soberba, Jessie gritava alto em seu quarto.

Por que aquela v*dia da Christina não tinha morrido? Como ela
se atrevia a voltar e brigar pela mansão?! Seu quarto atual era
mediocre, mal dava para andar nele, completamente diferente
de sua antiga suíte principal. Ela queria que Christina passasse
noites em claro, queria acabar com seu psicológico. Melhor
seria se um dia ela tivesse uma morte súbita.

Pensando assim, colocou o volume no máximo.

Jessie se divertiu muito com esse seu feito maligno e chegou


até a pegar um microfone para cantar.

"Senhoras e senhores, cantem comigo - ah!" Ela gritou de


repente, e a música do nada parou.

De pé à porta, segurando uma mangueira, Christina a molhou


da cabeça aos pés!

Capítulo 8

A expressão presunçosa dela tinha agora sido substituída pela


fúria.

Ela olhou feio para Christina, que segurava uma mangueira, e


ficou tão fora de si que tremeu de raiva. "Ah! Sua louca!
Louca!"
FM
B
"Você é tão fajuta que eu com uma mangueira consigo resolver
seu problema. Se você está achando pouco, da próxima vez,
posso pensar em pegar os restos de comida da cozinha."
Disse Christina com desprezo e jogou a mangueira no chão."
Se tiver coragem, experimente mexer comigo de novo."

"O que aconteceu?" Nick chegou atrasado, de pijama, e,


quando viu a filha, ensopada, fechou a cara.

"Christina, ela é sua irmã mais nova. Você nem chegou e já


está tratando ela mal."

Nick foi logo chamando os criados para fazerem uma sopa de


gengibre e trazerem um cobertor para a filha. Vendo a
pobrezinha em seu braço, ele ficou de coração partido.

Ao perceber que tinha apoio, Jessie bancou a vítima e disse


com tristeza: "Pai, eu não estou acostumada a dormir num
quarto pequeno, então coloquei uma música para me ajudar,
mas a Christina veio me punir por isso sem pensar duas
vezes."

Um barulho alto daqueles para ajudar a dormir? Christina se


perguntou se ela achava que todo mundo era surdo que nem
ela.

"Não precisa chorar, minha garotinha, a sua irmã só tem o


pavio curto. Não dá para não irritar ela, mas dá para ficar
longe. Eu estou aqui, querida." Jessie enxugou as lágrimas nos
braços do pai, como se estivesse vivendo em uma situação
deplorável naquela mansão.
FM
Christina não estava no clima de assistir àquele drama de pai e

B
filha. Perguntou com frieza: "Então vocês preferem fazer esse
showzinho em vez de ir dormir à meia noite?"

Eles pareceram um pouco desconcertados por terem sido


descobertos.

Christina se apoiou no batente da porta de braços cruzados, a


expressão tomada pelo sarcasmo. "Eu só tolero essa
palhaçada uma vez. Da próxima, vou fazer os criados jogarem
vocês na fonte lá fora e só tirarem no dia seguinte."

Quando estava prestes a sair, acrescentou com tranquilidade:


"Além do mais, essa é a minha casa. Agora que vocês estão
debaixo do meu lugar, se me irritarem de novo, podem fazer as
malas e irem embora!"

Então, saiu graciosamente, deixando pai e filha para trás,


enfurecidos.

Jessie nunca tinha sido provocada daquela forma! Ela fuzilou


Christina com os olhos e começou a ir atrás dela. "Pal, olha-a!
Como ela tem coragem de passar por cima da gente?"

Nick logo a impediu. "Ah, Jessie, a gente não pode ser


impulsivo agora..."

O criado serviu a sopa de gengibre, e Nick fez a filha comer


enquanto ele se sentava na cama, suspirando.

Jessie ainda não conseguia conter a raiva. "Pal, a gente não


pode ficar de braços cruzados enquanto ela faz o que quiser!"
FM
Como Nick não podia tolerar isso? Com aquilo em mente, eles

B
estavam em dilema no momento, era difícil dar o troco. De
cenho franzido, ele não respondeu.

Ao ver seu pai ficar em silêncio, Jessie pensou que ele havia
desistido e, por isso, ficou nervosa.

"Pai, a gente passou por muita coisa para viver tão feliz e rico
agora. Você vai mesmo abrir mão do dinheiro e da fama tão
fácil assim? Você esqueceu do quanto a nossa família é
humilde perto do tio e da tia? Para mim já deu de puxar o saco
deles!"

Aquilo irritava Nick também. "Também estou de saco cheio


dessa vida, mas a gente não sabe como a Christina
sobreviveu, não pode agir impulsivamente agora..."

"Ela é só uma órfã. Para quê ficar com medo?" Um lampejo de


malícia iluminou os olhos de Jessie.

"Pai, a gente não pode mais ser indeciso. Aquela p*ta deve
saber que foi a gente que tentou matar ela. Dessa vez, ela
voltou para se vingar! A gente precisa fazer alguma coisa logo,
caso contrário, quem vai acabar morrendo com certeza vai ser
a gente. Até lá, nós não vamos perder só a nossa casa mas
também o nosso dinheiro. Pai, nós temos que matar ela
primeiro, não pode mais ser covarde!"

A intenção de assassinato de Nick aumentou com as palavras


da filha, que faziam sentido. Era melhor atacarem primeiro do
que serem controlados por Christina. "Não precisa se
preocupar, minha filhinha, eu tenho um plano, matar ela é só
FM
questão de tempo. Os bens da família Granger, incluindo essa

B
mansão, são nossos, ninguém pode tirar da gente!"

Do outro lado, Christina ouvia a conversa com os olhos cheios


frieza.

Por sorte, ela havia instalado escutas pela casa; caso


contrário, não saberia que eles eram tão idiotas assim! Eles
achavam que tinham um bom plano, mas na verdade, nunca
conseguiriam vencê-la.

No dia seguinte, Jessie não levantou até o meio dia. Ela pegou
o telefone e instruiu a empregada: "Lisa, quero tomar um
banho com pétalas de rosas. Traga algumas empregadas que
saibam fazer massagem para mim."

"Senhorita Jessie, suas empregadas foram dispensadas. A


Lisa e as massagistas não estão mais aqui. Quanto ao banho,
a senhorita Christina disse que as flores da mansão são
decorativas, ninguém pode destrui-las."

A voz era familiar para Jessie, mas ela não conseguia se


lembrar de quem era.

"Quem está falando?"

"Sou Sra. Marisa, o antigo mordomo da Mansão das Rosas. É


um prazer falar com você de novo." A Sra. Marisa não era a
antiga mordoma que ela tinha demitido?

Jessie desligou, colocou seu pijama e correu para o andar de


baixo. Para sua infelicidade, descobriu que havia apenas os
antigos criados da família Granger em casa, e que ninguém de
FM
sua equipe tinha sobrado! Até as flores do jardim. tinham sido

B
substituídas por rosas, balançando sob o sol!

Ela cerrou os punhos, odiando Christina com cada fibra de seu


ser!

Capítulo 9

De manhã, Christina já tinha inspecionado diversos


departamos na sede da empresa.

O Granger Group tinha começado no ramo de joias,


especializando-se em marcas de luxo. O pai de Christina,
Alston Granger, era o fundador, e tinha expandido os negócios
para diversas áreas, como hospitalidade, corridas de cavalo,
antiguidades, catering, filmes, televisão e mercado imobiliário.
As propriedades no nome deles cobriam uma boa área e
costumavam ser as mais distintas da Cidade S. A Granger
Joias também era a colaboradora exclusiva da maior empresa
de comércio de diamantes do mundo, a DT Comércio de Joias,
e da corporação internacional de mineração, a empresa RG,
marcando sua era dourada.

Além do Granger Group na Cidade S, outra empresa que tinha


sido agraciada com tamanha honra era o Santos Group na
Cidade N. Os dois negócios ficavam em lados opostos do rio
azul e se mantinham longe uma da outra.

Os funcionários estavam sentados em suas mesas, fingindo


trabalhar atentamente. De tempos em tempos, espiavam a
nova CEO e não conseguiam tirar os olhos dela. "Nossa, a
senhorita Granger está muito bem."
FM
Ao contrário do terno branco do dia anterior, o azul-marinho

B
ressaltava seu corpo esbelto. Ela estava linda, aparentando
sua experiência, sofisticação e postura.

Um membro da equipe, que não conseguiu se segurar, tirou


uma foto daquela bela mulher e postou na internet. "Olhando
para as costas da nossa nova presidente, eu me ajoelharia e
faria qualquer coisa que ela mandasse!"

Esse membro era uma celebridade nas redes sociais, com


mais de duzentos mil fãs. Ela gostava de mostrar sua rotina.
Assim que postou a foto, milhares de pessoas curtiram,
comentaram e compartilharam na mesma hora.

A seção de comentários estava cheia de elogios:

"Minha nossa, tem certeza que ela é CEO na vida real? A


aparência e a postura dela deixam aquelas atrizes no chinelo!"

"Gente, não acredito que você tem a sorte de trabalhar com


uma CEO dessas. Fiquei com inveja."

"Eu viraria lésbica por ela."

"Com uma CEO bonita assim no Granger Group, vou mandar


meu currículo para lá amanhã!"

Assim que Christina entrou no escritório, colocou os


saltos-altos para chinelos. O COO, Vincent Borges, que a
seguiu e fechou a porta, não conseguiu segurar a risada ao ver
aquilo. "Deveria ter doído ficar andando a manhã toda nesse
sapato."
FM
"Fazía tempo que eu não usava salto, não me acostumei

B
ainda."

Cristina soltou um leve suspiro. "Eu só fiquei fora

por três anos, e a empresa já está essa bagunça. Todos os


departamentos foram negligenciados. Os funcionários parecem
ser dedicados, mas quantos deles estão realmente
trabalhando?"

Vincent pegou a pomada do kit de primeiros socorros e se


abaixou para passar nos pés machucados de Christina. Seus
movimentos eram muito gentis.

"Bom, o chefe faz a empresa. O Nick estabeleceu uma


competição entre departamentos, sem contar o ICP dos
funcionários. Já que é assim, não importa se alguns
funcionários fizerem menos. Nesse caso, quem ia querer
contribuir?"

Christina não conseguiu conter o riso irônico.

"Meu tio veio da iniciativa pública, deve ter copiado o que fazia
lá dentro. É por isso que o meu pai não deixava ele no
comando antes. É um bruto idiota."

Não é que seu paí não queria auxiliá-lo, é só que era muito
difícil ensinar um imbecil.
Enquanto Vincent massageava seus pés. Christina contorcia
os dedos e franzia a sobrancelha. "Está fazendo cosquinha.
Deixe secar sozinho."
FM
Seus pés era finos e delicados, mas seus dedos eram

B
gordinhos e fofos. Vincent a olhou de forma cordial, com um
sorriso no rosto. "É bom ter você de volta."

Christina se sentou com as pernas cruzadas no sofá e se


queixou: "Para mim não é nada bom quando sou eu que tenho
que resolver tudo."

"Você dá um jeito."

O olhar de Vincent era de determinação, como o de um


soldado que encontrou um general para guiá-lo nas batalhas
sangrentas contra os inimigos. Com um líder, ele conseguiria
desbloquear todo o seu potencial!

Christina deixou a expressão pueril de lado e ficou séria em


poucos segundos. "Tem duas coisas que você precisa anotar."

"Pode falar."

"Primeiro, o terreno que meus tios compraram nos subúrbios


da cidade N não vai mais ser usado para construir um campo
de golfe. Tenho outros planos."

"OK."

"Segundo, está na hora de lançar o evento da nova coleção de


joias com o tema "Rosas". Fale para o Departamento
Operacional começar uma conversa na internet e juntar
histórias de amor. As dez mais populares vão ganhar um anel
de diamantes da Granger Joias. Os funcionários da empresa
também podem participar. Além disso, peça para o
Departamento de Design desenhar novos produtos baseados
FM
nas histórias. Eles também vão precisar colocar os projetos na

B
internet para serem selecionados. O bônus do mês vai ser
duplicado para os dez primeiros vencedores."

"Pode deixar." Vincent não pôde deixar de dizer: "Você vai


gastar muito dinheiro com isso."

Christina sorriu de leve. "Situações extremas requerem


medidas extremas. Não se faz uma omelete sem quebrar ovos.
Pode colocar a ideia em prática. É o fim da era do Nick."

Assim que Vincent saiu, o telefone tocou. Era Sra. Marisa, que
informou que Jessie não parava de dar trabalho na Mansão
das Rosas.

"Não precisa pegar leve com ela. Coloque ela de castigo e


deixe ela pensar no que fez. Se estiver fazendo muito barulho,
pode tapar a boca dela. Ela ameaçou pular da janela? Se ela
tiver coragem, deixe pular. Vai me poupar muito trabalho."

Sra. Marisa era o braço direito de sua mãe. Quando Christina


"morreu", Nick e Jessie arrumaram uma desculpa para
mandá-la embora. Martin tinha ficado com ela, e, agora,
Christina a tinha contratado de volta.

Com ela em casa, Christina estava muito aliviada. Não


importava o quanto Jessie fosse teimosa, não conseguiria criar
grandes problemas.

Assim que desligou, o telefone tocou de novo. Christina viu que


era Martin dessa vez e não quis muito atender, já que sabia
que devia ser alguma coisa ruim. "Que foi?"
FM
"Que impaciente. Não é nada de mais, mas com certeza vai te

B
afetar. Dê uma olhada na internet. Aquela vampira deve ter
feito lavagem cerebral nele. Ele anda falando que você é uma
destruidora de lares!"

De cenho franzido, Christina entrou na internet e descobriu que


o tópico "Casamento de Adolph Santos e Emily Casa" estava
em alta. Ela parou por um segundo e clicou nele. Uma longa
publicação surgiu diante de seus olhos.

Tinha sido feita pela conta oficial do Santos Group e não


possuía menos de mil palavras. Primeiramente, anunciava o
casamento deles. Em seguida, dava a entender que era Emily
a dona do coração de Adolph desde o começo. Quanto a
mulher temporária com quem ele tinha se casado, uma garota
comum e pobre, ela tinha se tornado uma destruidora de lares
devido a sua natureza pouca sofisticada.

Além disso, estava escrito que Emily tinha sido muito tolerante
e compreensiva em relação ao passado do Sr. Santos. Ela
também desejava sinceramente o melhor à senhorita Silva
para que ela encontrasse um homem que a amasse de
verdade e viesse de uma família com a mesma classe social
que ela.

"Hunf." Aquela baboseira irritou tanto Christina que ela riu.

"E aí? Ficou irritada?"

Do outro lado da linha, Martin parecia ainda mais bravo do que


a amiga: "Como ele tem coragem de falar isso! Ele não tem
vergonha na cara? Espere só um pouco, vou acabar com a
raça dele!"
FM
B
"Não precisa."

Christina respondeu com calma: "Ele não seria capaz de fazer


isso. Com certeza é a Emily quem está por trás desse artigo
mentiroso."

"Você já se divorciou com ele. Por que ainda está defendendo


esse homem?" "Eu não estou defendendo ele. Só estou
falando a verdade."

Christina olhou para a foto da conta oficial do Santos Group e


para a data da publicação, deixando um sorriso malicioso
escapar. "Não tem necessidade de remover o tópico em alta.
Eles vão pagar por tanta determinação. Agora, a dor de cabeça
vai ser de outra pessoa."

Ao desligar, ela deu outra olhada na publicação, como que


para rir de alguma piada.

Quando se casou com Adolph, o que queria com o casamento


era ele; nunca tinha se importado com o título de Sra. Santos.

"Christina Silva" já tinha morrido. A partir do momento em que


ela tinha assinado o acordo de divórcio, decidiu não ficar com
aquele homem. Agora que ela não o queria mais, o título não
passava de lixo a sua mente.

Capítulo 10

Ao meio-dia, as equipes dos Departamentos de Operações e


Relações Públicas estavam trabalhando feito condenadas para
apagar o tópico em alta das redes sociais.
FM
B
No escritório do CEO, o gerente de produção explicou com
receio: "Sr. Santos, fol a senhorita Emily quem pediu para a
gente fazer a publicação. Nós achámos que tinha sido você
quem..."

Enquanto revisava os documentos, Adolph parecia calmo, mas


seu traje escuro combinado com a cor metálica do ambiente
acentuava seu aspecto sombrio.

Antes que o gerente terminasse de falar, ele jogou os


documentos de lado, o que produziu um som abafado. Seu tom
de voz foi extremamente baixo: "Vocês acharam?"

"Eu..." Um calafrio percorreu a espinha do gerente, cujas


costas tinham estado cobertas de suor esse tempo todo. Ele
olhou para o assistente especial do CEO, Walt Ronald, em
busca de ajuda.

Walt nem sequer olhou para ele. Pelo contrário, de cabeça


baixa, disse: "Acho que está na hora de você entregar seu
pedido de demissão para o Departamento de Recursos
Humanos."

O gerente foi arrastado para fora pelos seguranças.

Parado ao lado de Adolph, Walt lhe informou: "Sr. Santos, o


tópico em alta foi removido. O nosso Departamento de
Operações emitiu um pronunciamento dizendo que tínhamos
sido alvo de hackers. O Departamento de Relações Humanas
também entrou em contato com essas redes maiores para
tentar minimizar a perda, mas as ações e os fundos do Santos
Group caíram bastante, especialmente os do Santos Joias. A
FM
nova coleção "Única", que ia ser lançada logo, está sendo

B
boicotada por internautas..."

Na era das redes sociais, o efeito cascata produzido por uma


publicação era mais rápido e mais intenso do que as pessoas
imaginavam. A expressão de Adolph se fechou ainda mais.

Percebendo seu olhar, Walt se preparou para uma advertência


e disse: "Sabendo que esse é o seu segundo casamento, as
pessoas andam procurando pela senhora... Digo, pela
senhorita Silva, porque estão curiosos para saber que tipo de
mulher pobre conseguiria entrar para uma família rica e
poderosa. Se isso continuar, temo que a senhorita Silva seja
exposta em breve e que a sua segurança seja ameaçada.
Você acha que a gente precisa..."

Uma ruga surgiu entre as sobrancelhas de Adolph enquanto


dizia de forma séria: "Encontre ela o mais rápido possível."

"Sim, senhor." Walt recebeu a ordem e prosseguiu: "Por falar


nisso, seu pai ligou e pediu para você voltar para a antiga
mansão de Santos."

Com a expressão inalterada, Adolph se levantou, abotoou o


terno e disse: "Prepare o carro. Vamos passar no Santos Joias
primeiro."

Dentro do veículo, Walt, que estava sentado no banco traseiro,


segurava um tablet e verificava os desdobramentos da
remoção do tópico em alta. De repente, ele se deparou com a
foto de uma CEO de costas que chamou sua atenção. "Nossa,
ela é bonita."
FM
Sentindo o olhar de seu presidente, Walt tossiu de leve.

B
Quando estava prestes a passar a foto, Adolph pegou o tablet.
Aquela mulher parecia tão familiar.

Contudo, ele não conseguia lembrar onde a tinha visto.

Walt se sentiu culpado por tirar um momento de folga durante o


trabalho. De repente, ele viu o endereço embaixo da foto e
logo tentou se compensar pelo erro. "A foto foi adicionada por
uma funcionária do Granger Group. Essa pessoa deve ser a
filha mais velha da família Granger."

A filha mais velha da família Granger?

Adolph aumentou a foto e observou as costas da mulher com


cuidado. Inexplicavelmente, seu coração parou, e ele franziu
os lábios finos. "Tem alguma foto mostrando o rosto dela?"

Walt balançou a cabeça com uma expressão estranha no


rosto. "É esquisito a senhorita Granger ter crescido de forma
anônima e solitária na família desde criança. Dizem que ela
nunca foi para a escola, que eles simplesmente contratavam
professores particulares. Não tem nenhuma informação sobre
ela na internet, nem mesmo o nome. Tentei achar algumas
fotos, mas foi em vão. Ela é discreta de mais. Por isso, até
essa foto vazada é questionável."

Walt tagarelava sobre aquela pessoa. Quando terminou, a foto


no tablet desapareceu de repente, seguida por um código de
erro 505. Após atualizar a página, ele descobriu que também
aquela publicação tinha sido deletada, desaparecendo da face
da Terra."
FM
Os olhos de Walt se arregalaram em choque. "Só pode ser

B
brincadeira..."

"Nem as costas dela podem existir?"

Com o chefe em mente, ele não conseguia Imaginar que


existisse uma CEO ainda mais reservado, considerando o
mundo agitado e tentador em que viviam.

Sua maneira de lidar com as coisas era de alguma forma


parecida com a da ex-esposa de seu chefe, a senhorita Silva.

"Vá atrás disso." Instruiu Adolph com a voz rouca.

Perdido em pensamentos, Walt não respondeu a tempo. "Você


está falando da senhorita Silva ou da senhorita Granger?"

"Das duas." Disparou Adolph, indiferente.

Ele não acreditava que alguém pudesse sumir ou aparecer do


nada. Haveria alguma relação entre essas duas mulheres
aparentemente não relacionadas?

No escritório do CEO do Granger Group, os dedos delgados de


Christina percorriam o teclado rapidamente. Na tela, surgiu um
belo rosto; era Martin.

Quando ele tirou os óculos escuros marrons, dois olhos


brilhantes e queridos foram revelados.

"Eu estava feliz, conversando com umas pessoas na internet,


quando vi uma foto sua. Quando eu ia fazer alguma coisa, ela
sumiu. Foi você?"
FM
B
"Fui." Christina tomou um gole de água; sua expressão deixava
transparecer traços de cansaço. "Se eu dependesse de você,
já tinha sido exposta há muito tempo."

Martin reclamou na mesma hora: "Sua ingrata! Se não fosse o


fato de eu ter te ajudado a apagar seus rastros anteriores, você
teria sido exposta um milhão de vezes. Você acha que o
Adolph te deixaria escapar tão fácil?"

Ao ouvir o nome de Adolph, Christina fechou a cara. "Se você


não parar de falar m*rda, vou desligar."

"Que mal educada... Ok, Vamos ao que importa." "Eu fiquei tão
bravo hoje de manhã que fui atrás de saber mais da sua
inimiga, a Emily. Adivinha só, descobri um monte de coisas
interessantes. O seu ex-marido foi traído tantas vezes que eu
até comecei a simpatizar com ele." Disse Martin.

Com um sorriso maldoso, ele teclou algumas vezes. "Te


mandei o material. Leia com calma. Eu fiquei a manhã inteira
na internet, estou cansado. Vou dormir primeiro."

Ele se espreguiçou e ficou offline.

Christina abriu os arquivou que ele tinha mandado. Martin era


um hacker de primeira, cujo nível quase chegava ao dela. As
informações estavam registradas em dezenas de páginas, que
cobriam todos os eventos da vida de Emily. Ela foi
completamente exposta diante de Christina.

A CEO deu uma olhada no conteúdo com as sobrancelhas


rigidamente franzidas, uma vez que ali se encontrava o
FM
passado de Emily e Adolph, além da vida da mulher no

B
exterior. Até os registros médicos dela estavam anexados.

Outras pessoas talvez não conseguissem entender aquele


extenso material em árabe, mas isso não era um problema
para ela. Diversos jargões médicos a fizeram franzir o cenho.

Aquela mulher não era apenas uma sedutora, era também uma
golpista.

Até nos países mais liberais, uma pessoa daquelas seria


taxada de prostituta.

Christina adquiriu uma expressão sombria e um olhar gélido.


Martin, que tinha dito que queria dormir, apareceu de repente
na tela. "Terminou de ler? Também ficou com nojo?"

Ele estalou a língua. "Foi por causa de uma p*ta dessas que o
Adolph se divorciou de você. Como eu disse, ele estava fora
de si. Você quer que eu mostre quem ela realmente é e me
vingue por você?"

Capítulo 11

Christina se reclinou na cadeira com uma expressão


impassível.

"Alguma hora a máscara dela vai cair. Olhe para ela e olhe
para mim. Por que eu deveria descer o nível para confrontar
ela? Vale a pena?"

Martin arqueou a sobrancelha, deixando transparecer uma


expressão maliciosa. "Mas você ama o Adolph faz tanto tempo,
FM
e agora ele vai casar com um lixo daqueles. Você vai ter

B
vontade de isso?"

"É o que ele quer. O que eu posso fazer?"

Christina não parecia nem um pouco preocupada. Por fim,


disse: "Martin, estou cansada."

Ela desligou o computador e foi até a janela.

O crepúsculo atravessava a cortina. A vida noturna na Cidade


S era alegre e agitada. As luzes acesas por miríades de
famílias davam as boas-vindas ao início de uma noite
movimentada. Era um contraste com sua vida na Cidade N,
onde ela tinha ficado acordada sozinha todas as noites por três
anos.

Os dias a sós não eram solitários, mas, sim, desoladores, e o


que realmente partia seu coração era que seu amado evitava
contato, mesmo estando bem ao seu lado.

Estava escuro, mas a expressão aflita de Christina tinha


dilacerado o coração de Martin.

Ele abaixou a tela do notebook, entrou no WhatsApp e mandou


uma mensagem no grupo "Aliança dos Protetores de
Christina": "Andaram mexendo com a Christina. Irmãos, quem
quer se vingar?"

O segundo irmão respondeu: "Alguém está querendo morrer,


hein? Como podem mexer com a minha irmã?! Vou matar
eles!"
FM
"Eles não se divorciaram? Quem mais iria fazer alguma coisa

B
para ela além do Adolph? Ou será que ela virou uma tonta
depois de fingir ser uma por três anos?" Opinou o terceiro
irmão.

"Cuidado com o que você fala. Se ela souber que você está
falando dela pelas costas, vai arranhar sua cara." Comentou o
quarto irmão.

O terceiro irmão riu.

O mais velho apenas respondeu: "Me fale quem foi."

O canto dos lábios de Martin se curvaram em um sorriso


malicioso. Agora que o irmão mais velho tinha deixado sua
posição clara, com certeza ajudariam Christina, Ele resumiu a
situação e mandou um plano detalhado no grupo. Em seguida,
os irmãos tiveram uma discussão animada antes de o mais
velho tomar a decisão final.

"Resolvido." Martin estalou os dedos e rapidamente mudou o


nome do grupo de WhatsApp para "Aliança Antiamante".

Enquanto isso, no grupo em que Christina estava, tudo estava


calmo e em paz.

Após um dia cheio, Christina estava física e mentalmente


exausta, a ponto de quase dormir no carro.

Quando chegou em casa, a sala estava brilhando. Depois que


a Sra. Marisa reuniu os criados para fazer uma faxina completa
na Mansão das Rosas, a casa voltou por fim a ser o que era, e
Christina estava muito satisfeita. "Vocês realmente se
FM
dedicaram. Depois, lembrem de pedir o bônus de vocês para a

B
Sra. Marisa."

"Obrigada, senhorita."

A Sra. Marisa, que estava na casa dos quarenta, vestia um


uniforme, aparentando solicitude e perspicácia. Ela se
aproximou e disse: "Senhorita Granger, a Jessie continua
trancada no quarto."

"Entendido. Me traga dois pãezinhos cozidos no vapor. Vou


subir e dar uma olhada nela." Disse Christina calmamente.

Depois de um dia inteiro de trabalho, Christina ainda tinha que


cuidar de uma criança. Ela pensou em como era realmente
trabalhoso ser Irmã mais velha.

A porta do quarto de visitas estava trancada por fora, e a


funcionária se aproximou e a abriu, com um prato de
pãezinhos cozidos no vapor em uma das mãos. Christina o
pegou. "Poderia sair agora.

A Sra. Marisa ficou um pouco apreensiva. "Senhorita..."

"Está tudo bem. Ela não consegue me machucar."

Christina empurrou a porta e entrou. Jessie estava sentada no


tapete com a cabeça na beirada da cama, babando, como se
tivesse pegado no sono e estivesse sonhando com coxas de
frango. Ao ouvir o barulho, acordou, sonolenta, e olhou sem
entender nada para Christina.

"Acordada?"
FM
B
Christina se aproximou. "Você deve estar com fome. Esse
pãezinhos acabaram de sair. Experimente."

Jessie olhou para os pãezinhos brancos e fumegantes na


mesa de cabeceira e recuperou os sentidos no mesmo
instante. Em seguida, deu um olhar cheio de ódio a Christina e
foi para cima dela.

"Eu vou te matar!"

"Pa!"

No escritório da antiga mansão da família Santos, o Sr. Santos


bateu com a palma da mão na escrivaninha, fazendo a tampa
da xícara de chá cair. O que se seguiu foi seu tom de
reprovação: "Olhe o que você fez!"

Adolph estava sério, parado de frente para a mesa. "Eu vou


resolver esse problema."

"Resolva? Como?"

Irritação estava estampada no rosto do Sr. Santos. "Não


esqueça quem você é. Você é o CEO do Santos Group!
Quando eu te dei o cargo, eu disse para deixar a emoção de
lado. Mas você não para de me decepcionar!"

Ele respirou fundo e prosseguiu: "Três anos atrás, você insistiu


em se casar com uma cuidadora. Por causa do seu estado
depois do acidente, não falei nada. Vendo que estava
melhorando e tomando mais cuidado com as suas ações,
deixei você fazer o que quisesse, mas você se divorciou sem
FM
pensar duas vezes e quis até casar com a filha da família

B
Casa! Eu estou achando que você ficou doido! Por que você foi
se divorciar com Christina? Por quê?"

"Por nada." A atitude de Adolph era um tanto quanto


indiferente. "Eu não se amo. Só isso."

O Sr. Santos ficou ainda mais possesso. "Agora você não se


ama? Então por que quando você estava paraplégico você
insistiu em se casar com ela?"

"Apesar de a Christina vir de uma família simples, ela é


atenciosa e prestativa. Ela não deixou o seu lado nem por um
minuto durante três anos, e você abandona ela simples assim?

O Sr. Santos explodiu, pegou o peso de papel que estava perto


de sua mão e o jogou em Adolph. "Devolva a minha nora
obediente!"

Adolph não desviou. Quando o peso de papel duro atingiu seu


ombro, ele sentiu uma dor insuportável.

Enquanto isso, sua "nora obediente" estava enfiando um


pãozinho cozido na boca de Jessie.

Olhando para Jessie, que tinha sido silenciada pelo pãozinho,


Christina desdenhou: "Eu nem voltei e você já quer me
enfrentar. Pelo jeito, você não está com tanta fome, eu não
devia ter trazido esses dois pãezinhos."

Jessie cuspiu o pãozinho no chão. "Quem ia aceitar alguma


coisa que venha de você?"
FM
ina oinou para o alimento que chão e ficou séria. "Jessie, é

B
pecado desperdiçar comida. Você não sabe que tem um monte
de gente passando fome no mundo?"

Ela se sentou vitoriosa no sofá, desamassou as calças e olhou


para Jessie com um ar respeitável.

"Ou você pega o pãozinho do chão e come ou

fica com fome até perceber o que fez."

Ao ouvir aquilo, Jessie deu um sorrisinho. "Por acaso você


ficou doida? Quem você pensa que é? Você é só uma p*ta
igual a sua mãe!"

Ela mal tinha terminado quando recebeu um tapa na cara.

Cobrindo o rosto com as mãos, Jessie olhou incrédula para


Christina. "Como você tem coragem de me bater?"

"É considerado um castigo leve por falar

palavrão."

Christina disse com frieza: "A minha mãe também é tia sua. Já
que você começou a falar dela, é meu dever dar oi por ela."

Jessie se jogou no chão, olhando para Christina com


ressentimento. Pelo seu olhar, era possível perceber que
queria matá-la.

"Ótimo. Parece que você já fez a sua escolha."


FM
Christina lançou-lhe um olhar frio. "Já que não quer comer,

B
fique passando fome."

Ela estava se virando para sair quando Jessie, com ódio no


coração, pegou o vaso da mesa de cabeceira e tentou jogá-lo
em Christina.

Capitulo 12

Jessie realmente tinha ficado furiosa por causa de Christina.


Ela deu um grande impulso, pensando que aquele tapa seria
suficiente para arrancar a cabeça da rival.

Bem nesse momento, quando o vaso estava prestes a


atingi-la, Christina, que parecia ter olhos nas costas, inclinou a
cabeça, ergueu a mão e a agarrou.

Em seguida, pode-se ouvir uma pancada forte. Jessie não teve


nem tempo de fugir quando foi jogada no chão com um tapa de
Christina. Ela deu um grito de dor.

Sentindo-se tonta e com metade do rosto ardendo de dor,


Jessie não conseguiu se levantar por um bom tempo.

"Você é corajosa, mas é uma pena que seja fraca

demais."

A expressão de Christina era severa, e ela jogou o vaso no


chão. Com uma pancada, ele se despedaçou, assustando
Jessie, que cobriu as orelhas com as mãos e se encolheu.
FM
Christina, por outro lado, caminhou lentamente em sua direção.

B
Para cada passo que dava, Jessie recuava até não ter mais
para onde ir e olhava para ela com horror. "Não, não chegue
perto de mim..."

"Não era você que queria me atacar? Está com medo agora?"

Christina estendeu a mão. Pensando que la levar um tapa,


Jessie fechou os olhos com força, mas Christina apenas
ajeitou seu cabelo despenteado.

"Você é minha irmã que eu amei de verdade. Apesar de a


gente ser prima, eu nunca te tratei mal. Posso saber por que
você me odeia tanto que até tentou me matar junto com o
Harry?

Só então Jessie abriu os olhos, levantou a cabeça, fitou o olhar


indagador de Christina e zombou: "Você não sabe?"

Christina olhou para ela em silêncio. Sabia que não existia


nenhum ódio sem motivo neste mundo, então resolveu
perguntar o porquê.

Jessie ergueu a cabeça para olhar o rosto de Christina, que


continuava lindo mesmo sob luz fraca. Ela tinha sido
consumida pela inveja e pelo ódio durante muitos anos até
que, finalmente, tudo veio à tona.

"Eu, você e a Belle somos primas, mas tem uma diferença


enorme entre os ambientes em que a gente cresceu. Seu pai
era o presidente do Granger Group. e como você era filha
única.
FM
sempre foi mimada, tinha tudo o que queria. Se não quisesse ir

B
para a escola, eles contratavam os melhores professores
particulares. Chegaram até a comprar a Mansão das Rosas
para você. Todo mundo na Cidade Sjá ouviu falar da filha da
familia Granger, mas quem me conhece? Meus país se
separaram quando eu era criança. Meu pai não passava de um
gerente numa estatal. As roupas novas que eu usava no Natal
eram todas doações suas."

De repente, ela caiu no choro. "Todas nós somos filhas da


família Granger. Por que é que eu sou pobre enquanto você
leva uma vida de luxo?"

Mesmo depois de ficar um bom tempo ouvindo, Christina ainda


não conseguia entender Jessie. De cenho franzido, perguntou:
"Então tudo isso é culpa minha?"

No fim, sua consideração não passava de pena aos olhos da


prima.

"O seu maior erro foi ter rejeitado o Harry!"

Jessie enxugou as lágrimas; havia um sorriso arrogante em


seu rosto. "Você não achou que ele fosse se dar bem comigo,
não é? É isso ganha por rejeitar ele. Todas as jovens e que
você socialites da Cidade S querem casar com o herdeiro da
família Reis, mas você foi a única que ousou-se de desprezar
ele! Só para você saber, logo eu e o Harry vamos casar.
Depois disso, vou fazer parte da família Reis. O Reis Group e
muito melhor do que o Granger Group!"

"Como já era de se esperar, você não está falando nada. Bom,


eu estava falando com a parede."
FM
B
Sem conseguir extrair alguma informação relevante dela,
Christina balançou a cabeça com impotência.

Não deveria ter perguntado nada.

Christina olhou para ela. "Por que você gosta tanto desse
idiota? Depois que se casar, você vai ser a Sra. Reis. Não
conte para ninguém que você é uma filha da Granger, seria
uma desgraça enorme para a minha família."

No escritório da antiga mansão da família Santos, a tensão


entre avô e neto tinha crescido.

"Se você quer tanto casar com a Emily, então case. Mas não
me convide! Não aguento uma desgraça dessas!"

O Sr. Santos arregaçou as mangas e saiu.

"Espere, o que aconteceu?"

A Sra. Santos estava sentada no jardim com as noras para


pegar um ar fresco e apreciar as flores quando ouviu o que
estava acontecendo no escritório. Ao ver o marido sair pisando
firme com as mãos nas costas e uma expressão zangada, se
apressou para acalmá-lo. "Calme, por que você está tão bravo
assim?"

O senhor Santos, que tinha pavio curto, estava com os olhos


arregalados. "Eu não vou ficar bravo? Ele trocou uma mulher
decente por uma vampira. Você não acha que ele ficou louco?
Só pode!"
FM
Vendo seu marido se afastar indignado, a senhora Santos deu

B
um suspiro impotente. Adolph também saiu do escritório, e
encontrou seu olhar. Ele chamou em voz baixa: "Vovó."

"Vale a pena toda essa confusão por causa de uma mulher?"

Ela deixou um suspiro escapar. "O hedonismo é perigoso. Você


se lembra de como o seu pai tratava a sua mãe? Se você se
lembrasse de como ela vivia, não iria insistir tanto em casar
com a filha dos Casa."

Adolph apertou os lábios. Havia um quê de tolerância e


perseverança em seu olhar. "Os Casa são os Casa, a Emily é a
Emily. São pessoas diferentes."

"São diferentes? Eu não acho."

O canto dos lábios da senhora Santos se curvaram em um


sorriso zombeteiro. Sabendo que seu neto era cabeça dura,
ela não disse mais, nada, apenas perguntou: "Eu ouvi que a
Christina foi embora sem levar nada. Para onde ela foi?

Você encontrou-a?"

Adolph balançou a cabeça. "Ainda estou investigando."

"Que pena, ela é uma boa menina. Uma pena mesmo." A


senhora Santos pegou o pequeno leque e o balançou
gentilmente. "Acho que, no fim das contas, você não tem
sorte."

Adolph franziu as testas. Todos estavam


FM
elogiando Christina, e isso o irritava um pouco.

B
Ele se perguntou como ela tinha conseguido

conquistá-los sendo tão quieta e reservada.

"Sr. Santos, tenho más notícias."

Walt veio correndo e interrompeu os pensamentos de Adolph:


"Sua mãe foi na casa da Srta. Casa e... bateu nela."

Os olhos de Adolph escureceram, e ele saiu na mesma hora.

No momento, Emily morava em um apartamento de três


quartos arranjado por Adolph. Com 120 metros quadrados, era
bem espaçoso para uma pessoa só. Mesmo assim, ela não
estava satisfeita; preferia viver na Mansão Santos.

Esperava o dia em que se casaria com Adolph e

se tornaria dona do lugar. Então, poderia erguer a cabeça e se


vingar.

Ela usou a nova máquina de café para fazer uma xícara antes
de se sentar graciosamente no sofá e ligar o celular. Em sua
cabeça, a publicação que dinha feito devia ter causado um
alvoroço durante a tarde, quando estava dormindo.

No entanto, não havia nenhuma notícia sua e de Adolph nos


tópicos populares. Ela saiu de sua posição inicial e continuou
rolando a página, pensando que a popularidade de sua
publicação devia ter caído após algum tempo. De qualquer
forma, não podia ter desaparecido.
FM
B
Ela olhou a página oficial do Santos Group e descobriu que o
texto que ela mesma tinha preparado havia desaparecido. O
que restava era apenas um anúncio oficial, afirmando que eles
haviam sido atacado por hackers.

Ela se perguntou por que tudo tinha mudado depois que


acordou.

Confusa, ligou para algumas pessoas conhecidas que


trabalhavam com internet. Do outro lado da linha, uma delas
falou com uma voz amarga: "Emily, não procure a gente de
novo se for passar esse tipo de notícia falsa. Você tem ideia da
encrenca em que colocou a gente? Casar com alguém que é
muita areia para o seu caminhãozinho te subiu à cabeça, não
foi? Eu também não sei o que se passou na minha cabeça
para acreditar em você. Não param de me condenar, e minha
conta foi suspensa. É tão injusto... Eu recebi o dinheiro, mas
essa foi a última vez. Nunca mais vou te ajudar!"

Essa pessoa tinha até que sido educada perto das outras. Ou
elas a repreendiam ou a bloqueavam.

De cenho franzido, Emily começou a entrar em pânico. "O que


está acontecendo? Como as coisas correram assim?"

Ela se obrigou a ficar calma. Quando estava prestes a ligar


para Adolph, uma mulher solene e elegante de cadeira de
rodas entrou.

Chocada, Emily se levantou depressa. "Senhora... senhora


Santos."
FM
Capítulo 13

B
Adolph chegou para o apartamento e encontrou Emily
ajoelhada no chão, cobrindo o rosto com as mãos e chorando.

"Emily."

Foi como se ela tivesse visto seu salvador: estendeu os braços


e se jogou em cima dele na mesma hora. "Adolph, me salve!"

Assim que viu que metade de seu rosto estava vermelho, a


expressão dele ficou fria, e ele olhou para Athena Santos com
desgosto. "Mãe, por que você não me avisou quando queria
vir?"

Apesar de estar em uma cadeira de rodas, a filha mais velha


dos Santos, Athena, continuava sendo uma figura imponente.
Ela se comportava como uma superior, e seus olhos estreitos,
semelhantes aos de Adolph, possuíam algo de cortante, como
sua voz.

"Você se separou da Christina e escondeu uma

amante aqui. Você me avisou quando fez isso?

Ela estava usando um cheongsam, e um cobertor fino com um


bordado colorido e requintado cobria suas pernas. Tinha sido
feito por Christina, assim como o manto sobre seus ombros.

Quando ela levantou a mão, Linda, que estava atrás dela,


imediatamente entendeu e acendeu

um cigarro para ela.


FM
B
Adolph franziu a testa. "A Emily não está bem de

saúde. Não fume perto dela."

"É mesmo?"

Athena soltou fumaça pela boca e deu uma olhada na mesa de


centro. "Ela tem câncer de estômago, mas passa muito tempo
tomando café. Isso não parece muito "saudável" para mim. E
por falar nisso, a Christina tinha câncer de pâncreas, mas eu
nunca vi você demonstrar um pingo de preocupação."

De novo, Christina Silva.

Os olhos de Adolph escureceram quando disse friamente:


"Christina e eu já nos divorciamos. Não tem por que falar dela."

Athena olhou para a expressão fria do filho, e o canto de seus


lábios se curvaram em um sorriso irônico. "Olhe só para você,
como é cruel. Está igualzinho ao seu pai. Se eu soubesse que
meu filho faria parte da escória, não teria tido um."

Com a menção a seu pai, Adolph franziu os lábios finos e ficou


ainda mais irritado.

"Se você não quer falar da Christina, então vamos falar da


mulher que está do seu lado."

Athena deu uma tragada no cigarro e olhou com repulsa para a


mulher que não parava de chorar nos braços de Adolph.
"Chega! Para quê fingir na minha frente? Em vez de aprender
alguma coisa boa, você aprende a seduzir homens, igual a sua
FM
tia sem-vergonha. Você não acabou de usar essa sua língua

B
afiada para me enfrentar? Por que não quer falar nada agora?
Está esperando o seu homem te defender? Não se esqueça de
que ele é meu filho."

Ódio fervia dentro de Emily, mas ela mordeu os lábios e


preferiu não se arriscar. Com os olhos embaçados, saiu dos
braços de Adolph e se jogou de joelhos no chão, implorando a
Athena.

"Senhora Santos, eu sei que você me odeia por causa da briga


que tem com a minha tia, mas ela e o Sr. Lambert se amavam
de verdade, igual eu e o Adolph. A gente se ama há tanto
tempo. Se não fosse pelo acidente, e se você... não tivesse
proibido o nosso relacionamento, eu não teria ido para o
exterior, quem dirá ter terminado com ele. A gente já teria se
casado há muito tempo, e talvez você até teria um neto a essa
altura..."

"Ah, por favor, vamos parar de sonhar acordada?"

Não aguentando mais aquela baboseira, Athena interrompeu


Emily, apática: "Deixe eu te dizer uma coisa: mesmo se todas
as mulheres do mundo morrerem, eu prefiro deixar meu filho
sozinho do que permitir que ele case com você.
Entendeu?"

Emily xingou internamente: "Mas que droga, sua bruxa!"

Cerrando os dentes, Emily teve um vontade de avançar e virar


a cadeira de rodas. Se não fosse por suas táticas agressivas, a
familia Casa não teria falido, e ela não teria sofrido tudo o que
sofreu no exterior!
FM
B
Era tudo culpa dessa mulher. Emily queria esfolá la de tanta
raiva.

Adolph estendeu a mão, ajudou Emily a se levantar e, ficando


na frente dela, encarou o olhar frio da mãe. "Mãe, eu decido
com quem eu caso, não precisa se preocupar. Walt, leve ela
até a porta."

Walt, que estava quieto em um canto, tentando passar


despercebido, se preparou e foi pedir a Athena que saísse.

"Nossa, você realmente tem opiniões próprias. Tem até a


coragem de começar a me botar para fora. Impressionante,
vou ter que te deixar ganhar dessa vez."

Athena bateu palmas e disse com desdém:

"Filho, seu pai me traiu e me fez perder as pernas.

Se você casar com ela, vou eu te dar um "presente


maravilhoso" no dia do seu casamento. Se você não acredita,
espere para ver."

Olhando para a figura determinada da mãe indo embora,


Adolph cerrou os punhos com tanta força ao lado do corpo que
os nós de seus dedos ficaram brancos. Em seguida, ele socou
a parede com força, fazendo com que o reboco caísse. Emily
ficou assustada. "Adolph..."

Depois de dar um jeito em Jessie, Christina voltou para o


quarto para tirar a maquiagem e tomar um banho.
FM
Contudo, quando deitou na cama, não conseguiu dormir, só

B
conseguia pensar em todas as informações sobre Emily.

Na verdade, ela sempre soube da identidade de Emily e da rixa


entre a família Casa e Santos, mas não conseguia entender
por que Adolph insistia em se casar com ela.

No lugar dele, se alguém se atrevesse a sequestrar seu pai e a


quebrar as pernas de sua mãe, seu objetivo de vida seria
matar aquela mulher e toda a sua família. De forma alguma
teria uma relação amigável com a família dela.

Adolph parecia um cara muito racional, não uma pessoa que


ficaria cego de amor. Será que ele era do tipo que favorecia a
mulher de que gostava? Christina achou graça daquilo.

Ela se revirou na cama e, quanto mais pensava, mais chateava


ficava, sem conseguir pegar no sono. No fim, ela se levantou e
discou um número de telefone. "Você não disse que tinha
preparado uma festa de recepção para mim? Vamos começar
hoje à noite. Quero beber os vinhos."

A noite estava escura como ébano, mas no Cloud Bar estava


clara como o dia.

Era o maior clube de luxo da Cidade S, e os membros VIP só


precisavam aparecer para poderem entrar. Era como se os
olhos do segurança à porta fossem uma escaneadora, Aqueles
com rostos desconhecidos tinham o acesso negado sem
precisar dizer uma palavra.

Um homem de óculos escuros estava parado na porta sem


demonstrar emoções, ignorando até mesmo pessoas
FM
conhecidas. Foi apenas quando um Porsche vermelho entrou

B
em seu campo de visão que exibiu um esboço de alegría.

Ele se apressou e abriu a porta. "Achei que você não ia vir.


Estou esperando você faz meia hora."

"Você podia ter esperado lá dentro. Por que

saiu?"

Christina tirou os sapatos e colocou um par de saltos altos


dourados. Ela saiu do carro vestindo uma saia vermelha com
suspensórios, que dava a ela um ar de frieza e rebeldia,
tirando o fôlego dos seguranças.

Eles se perguntaram se o Sr. Bergen tinha arrumado uma


namorada de novo. Para eles, Christina era estonteante.

Martin olhou para a roupa dela e balançou a cabeça em


satisfação. "Você ficou linda nessa saia! Muito melhor do que
aquela sua roupa de freira."

"Se não tiver o que falar, é melhor ficar quieto."

Christina revirou os olhos e o seguiu por um caminho livre.


Martin queria levá-la para um ambiente reservado, mas ela
balançou a cabeça e se sentou à bancada do bar. "O ambiente
reservado é chato. Aqui eu consigo ver uns caras bonitos."

Ela chamou o barman e pediu uma vodca, que foi embora em


poucos segundos sem que ela mexesse um músculo do rosto.
"Você não sabe beber. Vá com calma." Disse Martin.
FM
Alguns convidados estavam criando confusão na área

B
reservada, e o gerente veio pedir a ajuda de Martin.

"Vou lá dar uma olhada. Espere aqui, não se mexa."

Christina balançou a mão, sinalizando para ele ir. Fazia muito


tempo que não frequentava um local tão promiscuo e enchia a
cara. Ela virou uma dose atrás da outra. Quanto mais bêbada
ficava, mais homens se aproximavam para dar em cima dela.

"Oi, linda! Está sozinha? E se eu pagar uma bebida para


você?"

As bochechas de Christina estavam rosadas. Ela olhou para o


homem e fez que não devagar com o dedo. "Não. Você é tão
feio que os meus olhos doem."

"Mocinha, alguém está querendo apanhar!" O homem que foi


ofendido ficou louco da vida e estava prestes a bater nela
quando alguém segurou seu pulso. Um homem alto se
aproximou. "Que mérito tem em bater numa mulher? Por que
você não briga comigo?"

O pulso do homem tinha sido torcido. Sabendo que não daria


conta de enfrentar o outro cara, ele foi embora depressa.

O homem alto olhou para Christina com um pequeno sorriso


estampado em seu rosto angular e levantou os olhos suaves.
"Qual a graça de beber sem se divertir, beleza? Eu queria
muito dançar com você. E aí?"

Com seus olhos amendoados, Christina analisou aquele


homem e deu um sorrisinho bobo. "Você quem manda, lindo."
FM
B
Capitulo 14

Quando Martin resolveu a confusão e voltou para a bancada


do bar, Christina já não estava mais lá. Ele olhou com atenção
para a pista de dança e avistou a mulher.

Christina tinha claramente se tornado o centro das atenções:


os homens não paravam de fazer comentários e de assobiar
para ela!

"Nossa..."

Fazia muitos anos que Martin não a via tão solta assim. Sob a
música animada e as luzes oníricas, ela deslizava pela pista,
sem conseguir esconder as curvas.

Em um dos cantos, um homem, que a estava observando


havia muito tempo enquanto tomava vinho, entregou a garrafa
para a pessoa a seu lado e entrou na pista de dança. Então, se
aproximou de Christina e começou a deslizar as mãos por sua
cintura em direção a sua bunda.

"Que merda!" Vendo que estavam prestes a tirar proveito dela,


Martin não conseguiu se segurar. No entanto, assim que pisou
na pista de dança, ele ouviu um grito de surpresa da multidão.

Christina tinha sido mais rápida que ele. Tinha agarrado o


pulso do homem e torcido, jogando-o por cima do ombro.
Depois disso, levantou a mão e deu um tapa nele. "Quem você
pensa que é para colocar a mão na minha bunda?"
FM
Com exceção da música, um silêncio mortal pairava no ar. As

B
pessoas olhavam incrédulas para aquela mulher linda e
hipnotizante, que tinha se tornado feroz e violenta em poucos
segundos.

No fim das contas, aquela ótima dançarina era também uma


ótima lutadora!

Sob a influência do álcool, Christina pretendia chutá-lo mais


uma vez, mas Martin a segurou e a levou para longe dali. Ele a
colocou sentada à bancada do bar e deu um tapinha na testa
dela. "Você veio aqui para causar um estrago, não veio?"

"Martin..." A visão de Christina estava embaçada. "Eu estava


bonita?"

Martin respondeu de mal humor: "Sim, você está linda! Você


não viu como aqueles homens estavam olhando para você?
Pareciam lobos vendo carne, querendo te engolir!"

"Então por que o Adolph não gosta de mim?"

Depois de beber, Christina deixou transparecer seu lado


vulnerável. Sua postura decidida tinha sido substituída por um
aspecto desolador e abatido.
"Você sabia que eu não tenho grandes objetivos? Meu maior
sonho é encontrar alguém que me ame e ser uma boa esposa
e uma boa mãe. Infelizmente, eu não era nada para ele. Fui
casada com ele por três anos, mas ele nunca me tocou, nunca
olhou para mim com seriedade. O que você acha que tem de
errado comigo?"
FM
Martin ficou de coração partido quando viu seu estado. Ele

B
estendeu a mão para acariciar sua cabeça. "Nada. Você é a
melhor menina do mundo. Ele só não te dava valor porque ele
era cego na sua mente."

"Verdade, ele perdeu a melhor menina do mundo."

O canto dos lábios de Christina se curvaram de leve. "Então, a


partir de agora, eu não vou me diminuir para caber na vida de
ninguém. Quero ser eu mesma, a mulher corajosa,
independente e orgulhosa que sou."

No apartamento, usando um cotonete, Emily aplicou pomada


no machucado na mão de Adolph. Ela olhou para ele com um
ar de preocupação. "Dói?"

Adolph balançou a cabeça, levantou a mão, acariciou a


bochecha inchada dela e perguntou: "Dói?"
Um sorriso tímido surgiu em seu rosto. "Doeu no começo, mas
depois que você colocou a mão, parou de doer."

Adolph deu um pequeno suspirou. "Desculpe por isso."

"Foi minha sogra que fez isso. Não importa o quanto doa, eu
tenho que aguentar, não é?"

Apoiando-se nos braços de Adolph, ela tentou confortá-lo:


"Adolph, não brigue com a sua mãe por minha causa, vai fazer
eu me sentir culpada. Ela não me odeia, só é fria comigo por
causa da minha tia. Mesmo assim, eu e a minha tia somos
pessoas diferentes. Eu acredito que a fé pode mover
montanhas. Se a gente continuar se amando de verdade, ela
vai aceitar um dia..."
FM
B
Faltavam apenas dois dias para o casamento, e as coisas não
podiam dar errado!

"Quanto a Athena, se ela quiser morrer, então deixe-a ser."


Pensou Emily.

Adolph respondeu com um "hmm" indiferente. A atitude de sua


mãe era tão inflexível, e ele tinha a impressão de que o
casamento que se aproximava não seria tão tranquilo quanto
tinha imaginado.

Ele a afastou gentilmente. "Como você está?"

Emily ficou surpresa e tossiu de leve duas vezes antes de dizer


com um sorriso: "Estou bem. A tecnologia hoje em dia é tão
avançada que é possível que o meu câncer se cure sozinho
depois que a gente casar!"

"Ah, que bobinha. Como é que alguém consegue se curar sem


receber nenhum tratamento?" "Eu já chamei o melhor médico
que existe. Em

alguns dias, ele chega na Cidade N para examinar

você." Continuou Adolph.

Os olhos de Emily se iluminaram enquanto ela respondia


risonha: "Eu não estou com pressa, você sabe que eu morro
de medo de ir para o hospital. Tremo só de ouvir a palavra
"médico". Vamos mudar de assunto. Quando a gente vai pegar
a nossa certidão de casamento?"
FM
Adolph ficou atordoado. "Ainda tem algumas formalidades

B
entre a Christina e eu. A gente vai poder pegar a certidão
depois do casamento."

"Ah, tudo bem."

Emily não queria parecer muito nervosa, então usou seu poder
de sedução e colocou os braços ao redor do pescoço de
Adolph. "Adolph, quer passar a noite aqui?"

"Não. Tenho que resolver umas coisas do trabalho."

Delicadamente, Adolph se desvencilhou de seus braços e


perguntou com calma: "Hoje de manhã você pediu para o
departamento de operações fazer aquela publicação usando a
conta oficial do Santos Group?"

"Sim, você prometeu que ia contar do nosso casamento para


todo mundo."

O olhar de Adolph estava frio. "Emily, não foi isso que eu


prometi."

Percebendo a dureza de seu tom de voz, Emily prendeu a


respiração. A expressão do homem e seu ar distante fez com
que ela não agisse mais como uma criança mimada. Depressa,
saiu de onde estava e se sentou de frente para ele.

"Vo-você não disse nada, achei que tinha ficado


subentendido... Me desculpe, Adolph. Eu arrumei algum
problema para você?"
FM
Vendo o olhar assustado da mulher, sua expressão sombria foi

B
sumindo aos poucos. Ele disse suavemente: "Não é nada. Eu
consigo resolver. Mas, da próxima vez, tente não se

envolver com o meu trabalho, tudo bem?" "Entendido, não vai


acontecer de novo, eu prometo!"

Ela ergueu a mão solenemente e prometeu com a doçura de


uma criança.

Adolph arregalou os olhos. De repente, ele se lembrou dos


primeiros dias de casado com Christina, quando ela queria
limpá-lo após usar o banheiro. Depois de ser repreendida, ela
ergueu a mão daquela forma para mostrar sua obediência a
ele.

Mas que droga! O que estava acontecendo? Por que ele


sempre pensava naquela mulher do nada? Ficou pensando
sobre isso…

Capítulo 15

Foi só quando Adolph saiu do apartamento e sentiu o ar fresco


que a sensação de desconforto dentro de si diminuiu.

Walt abriu a porta de trás do carro e esperou respeitosamente


quando Adolph parou e perguntou: "Já descobriu onde a
Christina está?" "Ainda não..."

Adolph o repreendeu com frieza: "Seu inútil!" Walt manteve a


cabeça baixa. Aquele era o momento mais frustrante de sua
vida.
FM
Apesar de saber que seu presidente odiava desculpas, se

B
preparou para ser castigado e explicou: "Parece que o
paradeiro dela foi apagado por alguém que quer impedir a
gente de localizar ela. O hacker que eu contratei não é tão bom
quanto o deles."

O olhar de Adolph estava indecifrável, e ele se perguntou


quem iria querer esconder o paradeiro de Christina.

Quem exatamente era Christina Silva?

Depois de entrar no carro, Walt entregou os documentos que


encontrou no hospital a seu chefe. "Fui ao hospital atrás de
informações e achei duas coisas suspeitas."

Adolph folheou os documentos. "Pode falar."

"A primeira é que o nome dela não estava na lista de


cuidadores do hospital, o que contradiz o que eu descobri três
anos atrás quando você pediu para eu investigar ela antes de
vocês casarem."

Ele encontrou a lista mantida pelo hospital e a lista que tinha


obtido no passado. Adolph as percorreu com os olhos, mas o
nome "Christina Silva aparecia apenas em uma.

"Ela não era membro da equipe?" Cogitou ele por um


momento.

Walt respondeu: "Talvez ela tenha sido contratada


temporariamente. Nos últimos dias, fui atrás dos cuidadores da
lista e perguntei dela. Eles não lembram muita coisa, só que
ela 'ganhou na loteria"."
FM
B
Adolph ergueu os olhos, perplexo. "Como assim 'ela ganhou na
loteria"?"

Walt deu uma tossida curta. "Ela casou com o senhor."

Adolph ficou parado por um segundo e franziu as


sobrancelhas. "Corte essa. Continue procurá-la."

"Sim, senhor. A segunda coisa que eu descobri é que a médica


que fez sua cirurgia naquela época não era do hospital da
cidade. Ela voltou do exterior de repente após ser chamada; o
nome dela é Grace."

As pupilas de Adolph encolheram levemente. Naquela época,


ele tinha ficado gravemente ferido e se salvou por pouco, tudo
graças à médica que realizou a cirurgia.

"Então onde a Dra. Grace está agora?"

"Essa é a parte estranha. Depois da cirurgia ela voltou direto


para o exterior. Parece até que veio só por sua causa."

Adolph imaginou que tinha sido o senhor Santos quem a tinha


contratado exclusivamente para salvá-lo. Ele olhou para Walt.
"Tem alguma relação entre essas duas coisas que você
acabou de falar?"

Walt pensou um pouco e respondeu: "Provavelmente não".

Em resposta, Adolph jogou os documentos na cara do


funcionário, que esticou a mão e deu um sorriso
envergonhado.
FM
B
Para Adolph, estava claro que não podia contar com aquele
assistente para nada.

Agitado, ele pegou o celular e ligou para um número. Depois


de muito tempo, atenderam, mas o que ele ouviu foi alguém
arquejando de dor, o que o deixou preocupado. "O que
aconteceu? Você está machucado?"

"Estou bem. Estava atrás de uma mulher, mas acabou que ela
torceu o meu braço e me deu um tapa."

Para esse parceiro, que também era um playboy, Adolph


respondeu apenas: "Bem-feito!"

Hyman parecia estar de bom humor depois de ter apanhado.


"As mulher na Cidade S são muito bonitas. Gostei delas."
Disse ele de forma fútil e pretenciosa.

Adolph não estava interessado nas mulheres. Perguntou em


voz baixa: "O que você está fazendo na Cidade S?"

"Meu velho quer montar um hipódromo para passar o tempo.


Ele gostou de um terreno num subúrbio do norte da Cidade S,
então me mandou para cá." Hyman deu um gole na bebida e
perguntou: "O que você acha de um negócio de corridas de
cavalo? Quer participar?"

"Claro."

"Nossa, que direto. Parece que você quer me pedir um favor. O


que é? Pode falar."
FM
Encarando a noite, Adolph respondeu com uma voz grave:

B
"Você pode investigar alguém para mim?"

"Investigar alguém? Isso é fácil. Quem?"

"Minha ex-mulher."

Hyman cuspiu o vinho e tossiu. "Sua ex-mulher? Cara, você


está bem?"

Adolph não disse nada, apenas comprimiu os lábios finos.

"Ok. Me mande fotos dela."

"Eu não tenho. Ela não gosta de tirar

fotos." Respondeu Adolph, indiferente.

"Existe alguma mulher que não goste de tirar foto? Sua mulher
deve ser feia."

"Guarde a sua opinião para você!" Retrucou Adolph, franzindo


o cenho.

Ouvindo a discussão infantil atrás de si, Walt, que estava


sentado no banco da frente, olhou pela janela, sem dizer nada.

"Vocês já não se divorciram? Por que ainda está defendendo


ela? Parece até que tem algum sentimento guardado."
Ousado, Hyman continuou zombando de Adolph do outro lado
da linha.
FM
A expressão de Adolph escureceu. "Cale a boca. Só responde

B
sobre me ajudar ou não."

"Sim, como eu poderia negar um pedido de um velho parceiro?


Me mande uma cópia das informações básicas dela, e eu já
começo a investigar."

Depois de desligar, Adolph mandou o material para o e-mail de


Hyman.

Ao recebê-lo, Hyman respondeu um "Ok", tomou uma taça de


vinho, esfregou o braço dolorido e se dirigiu para o elevador.
Quando veio para a Cidade S a negócios, ele alugou uma suíte
presidencial no Cloud Bar por duas semanas.

Pressionou o botão para seu andar, e, quando as portas do


elevador estavam prestes a se fechar, uma mão as bloqueou.
Dois seguranças entraram primeiro, seguidos por um homem e
uma mulher.

Os olhos de Hyman se arregalaram. Aquela não era a mulher


que tinha acabado de bater nele?

Agora, ela estava bêbada, usando um blazer preto por cima da


roupa. Ela cambaleou para dentro do elevador enquanto o
homem a seu lado a ajudava. "Você está muito bêbada. Fique
na minha suíte hoje. Não saia mais."

Christina ficou vermelha e balbuciou que não estava bêbada.


De repente, levantou a cabeça e, ao ver a figura alta no
elevador, apontou para ela e disse: "Seu sem-vergonha!"

Hyman ficou atordoado.


FM
B
Christina enrolou o blazer com mais força em volta do corpo e
olhou atenta para ele. "O que você quer fazer comigo? É bom
você saber que apesar de eu ser linda eu mereço respeito! Eu
não sou qualquer uma!"

Hyman não conseguiu conter a risada quando viu como ela


estava bêbada. Aquela mulher parecia um pouco ridícula.

Martin estava com uma expressão mortificada. Se ela não


fosse sua irmã biológica, já teria a abandonado há muito
tempo.

Cambaleando, Christina perdeu o equilíbrio devido aos saltos e


quase caiu. Hyman esticou a mão para ajudá-la. "Cuidado!"

Talvez era porque estava zonza que seu estômago revirava.


Ela não teve opção a não ser segurar o braço de Hyman e
vomitar. "YUCH..."

Paralisado, Hyman pensou que não devia ter se aproximado


daquela bêbada.

Capítulo 16

Q vinho que tinha bebido ao longo da noite ainda não tinha


sido completamente dissolvido pelo suco gástrico, e ela
vomitou tudo em cima do homem.

A cena poderia ser descrita como horrível.

Hyman não era obcecado com limpeza, mas não tinha como
ficar feliz com alguém vomitando nele.
FM
B
No entanto, aquilo não era tudo depois de vomitar, Christina
limpou a boca com a sua gravata, arrotando em seguida.
"Desculpe, não consegui aguentar."

Apesar de todo o remorso que expressou, ela não parecia nem


um pouco arrependida.

Veias azuis saltaram na testa de Hyman, cujos olhos fuzilavam


Christina.

Aquela mulher era muito bonita. Sua pele era tão branca que
chegava a ser transparente, e seus lábios vermelhos estavam
contraídos em uma linha fina. Seu comportamento, porém, não
era o de uma garota de programa: Assemelhava-se mais a de
uma garotinha inocente.

A beleza sempre amolecia o coração dele. Aos poucos, Hyman


foi deixando a raiva de lado.

Martin se aproximou depressa e segurou Christina. Ao ver que


Hyman estava todo vomitado, disse: "Desculpe, senhor, minha
irmã está bêbada."

Quando as portas do elevador se abriram,

Christina saiu com a ajuda de Martin e se virou para dizer com


gentileza: "Tire a roupa, vou te recompensar!"

"Chega, vamos!"

Hyman os acompanhou para fora do elevador e observou


Martin levar Christina até a suíte número 88. Ele não pode
FM
deixar de cerrar os olhos. Aquela suíte era onde o dono do

B
Cloud Bar vivia. Aparentemente, o homem era o sétimo filho da
família Bergen.

Sendo assim, porque ele chamava-a de irmã?

Ele nunca tinha ouvido falar em nenhuma filhinha da família


Bergen.

Mansão Santos.

O escritório estava silencioso. Adolph encontrava se


completamente imerso no trabalho, e o único som naquele
ambiente era o de páginas sendo viradas.

O impacto de uma publicação era maior do que ele tinha


imaginado.

A divulgação do casamento afetou diretamente a marca. A


coleção de joias intitulada "Única" tinha sido boicotada pelos
internautas, e a solução proposta pelo departamento de
relações públicas era ou adiar o casamento e esperar a poeira
baixar, ou continuar alimentando a história de amor entre ele e
Emily. No último caso, eles tinham que adicionar o toque da
história de amor eterno, e seria melhor se sua ex-mulher
aparecesse e admitisse que tinha estragado tudo ao interferir
no relacionamento deles.

Adolph franziu as sobrancelhas com força. Ele não iria misturar


trabalho com vida pessoal - já que era a coisa que mais odiava
- muito menos cooperar com uma jogada de marketing. Ele se
perguntou que tipo de pessoa o departamento de relações
públicas pensava que ele era.
FM
B
Então, ele pegou a caneta e anotou sua decisão: Adiar os
eventos relacionados à coleção "Única" e lançar outro projeto
assim que possível.

Ao pensar o estado dos fundos de ações da empresa, Adolph


ficou tenso e ligou para o assistente. "Você transferiu o último
pagamento para o projeto médico de caridade?"

"Sim, três dias antes."

"Entre em contato com a editora Alexia do JH News. Ela vai


saber o que fazer."

"Pode deixar."

O trabalho durou até tarde da noite.

Adolph olhou para o relógio de cenho franzido. Ainda não tinha


recebido notícias. Ao que tudo indicava, alguém estava muito
menos eficiente do que antes.

Justo quando estava pensando nisso, o telefone tocou. Ele


atendeu. "Alô."

Antes que conseguisse expressar sua insatisfação com a


incompetência da outra parte, a pessoa que tinha ligado
começou a reclamar: "Cara, eu dei uma olhada no material que
você me mandou ontem à noite. Parece que a sua ex mulher
não existe."

Muitas possibilidades tinha passado pela cabeça de Adolph,


menos essa, que o deixou intrigado. "O que você disse?"
FM
B
Hyman olhou para o computador com uma expressão
taciturna. "Você estava certo, tinha mesmo um hacker entrando
no sistema de segurança a cem quilômetros da sua casa e
apagando as informações de onde a sua ex mulher estava; e
isso pouco tempo depois que ela foi embora. Todas as
informações dela foram apagadas. Mas, como ela é uma
pessoa real, é impossível não deixar nenhum rastro. Com
certeza consigo descobrir alguma coisa. Mas tenho a
impressão de que ela falsificou a identidade desde o começo."

O olhar de Adolph ficou frio, e sua mão apertou o caneta.


"Você está falando, que todas as informações que eu te passei
são falsas?"

"Sim, tudo é falso. Como eu vou a achar a pessoa certa com


informações falsas?"

Não demorou muito para que Roger começasse a fazer piada.


"Que mulher é essa com quem você casou? Ela é tão
misteriosa. Será que é um alienígena ou algum tipo de
espírito?"

"Hyman." Respondeu Adolph friamente.

"Tudo bem, parei. Se você tiver fotos dela, eu consigo ajudar a


investigar. Cara, vocês foram casados por três anos, e, ainda
assim, você não sabe nada sobre ela. Não só as informações
são falsas, como o nome também não é necessariamente real,
e não tem foto nenhuma. Eu me pergunto se você foi mesmo
casado."
FM
Hyman não parava de falar. "A questão com a sua ex-mulher

B
nem foi resolvida ainda, e você já vai casar com outra pessoa.
Já tomou alguma decisão?"

Adolph ignorou toda aquela reclamação,

levantou-se e foi até a suíte principal, onde abriu a gaveta da


mesa de cabeceira e encontrou duas certidões de casamento.
"A foto da certidão de casamento ajuda?"

"Mande para mim, vou tentar."

Sem desligar, ele tirou uma foto e enviou

para Hyman.

Do outro lado da linha, pode-se ouvir a rísadinha de Hyman.


"Nossa, a Sra. Santos é bem bonita. Parece o tipo que daría
uma boa esposa e mãe... Espere aí, por que ela parece tão
familiar?"

Hyman aumentou e diminuiu a foto algumas vezes. "Espere,


não desligue."

Ele rapidamente carregou a foto em seu computador e usou


um programa de edição de imagens para isolar a noiva. Em
seguida, deixou seu cabelo curto e adicionou um efeito de
maquiagem, fazendo com que um rosto atraente surgisse.

"Minha nossa", Hyman ficou boquiaberto.

Do outro lado da linha, Adolph estava confuso, e a reação de


Hyman o deixou nervoso. "Como?"
FM
B
Hyman respirou fundo e disse: "Acho que vi sua ex-mulher. Ela
está na Cidade S".

Adolph se sentou na beirada da cama e assistiu ao vídeo que


Hyman tinha roubado da câmera de segurança.

O local estava repleto de luzes coloridas e tomado por uma


música barulhenta. Adolph fez careta. Apesar de não gostar de
lugares com bagunça, assistiu pacientemente.

A imagem de uma mulher surgiu. Ela era, sem dúvida alguma,


o centro das atenções: Vestia uma saía sexy vermelha com
suspensórios e um par de saltos dourados, e estava à vontade
na pista de dança. Cada movimento seu parecia
despreocupado, mas não escondia seu charme e agilidade. A
pele clara brilhava sob as luzes, e, com a cabeça levemente
inclinada, ela ficava muito encantadora.

Christina Silva!

Quando viu o rosto da mulher com clareza, ele arregalou os


olhos e quase caiu da cama. Era ela. Mas não parecia ela.

Sua esposa deveria ser bela, mas de forma discreta. Como


conseguia ser tão atraente? Chamá-la de gata não era
exagero!

Sem piscar, Adolph encarou o vídeo e observou cada passo da


mulher. Queria poder acreditar que não era ela, mas mesmo a
maquiagem pesada não conseguia esconder a pinta embaixo
de um de seus olhos,
FM
Sem sombra de dúvida era ela!

B
No minuto seguinte, ele viu seu parceiro alto e forte se
aproximar e passar as mãos ao longo da cintura dela em
direção a sua bunda…

Capítulo 17

O olhar de Adolph se anuviou, e ele segurou o telefone com


mais força. Não pôde deixar de cerrar os dentes e pensar:
"Esse filho da p*ta molestou a minha mulher. Ele quer morrer?"

Bem quando esse pensamento passou por sua cabeça, foi


possível ver a mulher, que tinha sido assediada, agarrar o
pulso de Hyman e jogá-lo por cima do ombro antes de dar um
tapa nele. Aquilo foi tão maneiro e corajoso!

As pupilas de Adoph se dilataram de novo.

No mesmo instante, Hyman disse: "Você deve ter visto como a


sua ex-mulher me bateu. Meu ombro ainda está doendo. Foi
você quem ensinou isso para ela, não foi?"

Adolph não conseguia mais ficar parado. Saiu do quarto sem


pensar duas vezes e disse com uma voz grave: "Me mande o
endereço".

A caminho da Cidade S, Adolph assistiu ao vídeo diversas


vezes com um olhar sombrio. Estava claro que aquela era a
verdadeira Christina. Toda a sua gentileza, virtude, timidez e
obediência não passavam de fingimento!
FM
Seu disfarce era tão bom que ele foi incapaz de enxergar a

B
verdade em três anos de casamento.

Então, quem era ela exatamente?

De acordo com Hyman, o Sr. Bergen tinha dito que ela era sua
irmã. No entanto, como era de conhecimento geral, não havia
nenhuma garota na terceira geração da família Bergen. Ou,
talvez... ela era amante de Martin?

Esse pensamento fez a cara de Adolph se fechar mais ainda,


criando uma atmosfera extremamente tensa a seu redor.

Ele estava louco para ver qual eram os seus truques!

Christina dormiu até o amanhecer. Quando abriu os olhos,


sentiu uma dor de cabeça insuportável, como se tivesse sido
pisoteada por um elefante.

"Você está acordada?"

Martin apareceu ao lado da cama na hora certa e The entregou


um copo de leite. "Beba. Vai aliviar a ressaca."

De cenho franzido, Christina pegou o copo. Sua voz ainda


estava um pouco rouca: "Por que eu estou na sua casa?"

"Você não lembrou? Você tomou um porre. Foi por isso que eu
não te deixei voltar para casa de noite."

Martin se sentou à mesa para tomar café e assistiu à irmã


tapar o nariz para tomar o leite como se estivesse tomando
remédio. Ele a olhou com divertimento. "Você nunca gostou de
FM
leite, desde criança. Toda vez que toma, parece que está

B
bebendo veneno."

Depois de tomar o leite, Christina foi depressa fazer um


gargarejo com água. De fato, ela sentiu um grande alívio no
estômago. Ao ver a saia amassada, pegou o celular, mandou
uma mensagem para seu assistente e foi para o banheiro. "Vou
tomar um banho."

"Você lembra o que aconteceu ontem à noite?" Perguntou


Martin, calmo.

Christina parou, virou a cabeça e tentou se lembrar. "Acho que


estava dançando quando quase fui assediada. Eu joguei o
homem por cima do ombro e bati nele. Foi isso?"

"Sim, e o que aconteceu depois?"

Depois... ela não conseguia se lembrar. Tudo tinha sido


apagado a partir daquele momento.

Martin tomou um gole de café e lançou um olhar à irmã. "Você


vomitou tudo em um homem no elevador."

"Ah." Christina não sentiu a mínima necessidade de se


desculpar. "Que azar."

Depois de dar mais dois passos à frente, ela sentiu que algo
estava errado, então parou e se virou. "Não era ninguém
importante, era?"
FM
Dando leve batidinhas com um guardanapo, Martin limpou os

B
cantos da boca. "Era é o Hyman Roger, o mestre jovem da
família Roger da Cidade R

"A família Roger da Cidade R? Aquela família criminosa?"


Christina franziu as sobrancelhas.

Martin respondeu: "Parabéns, você adivinhou".

Christina franziu o cenho de novo; em seguida, fez um gesto


despreocupado com a mão. "Não tem problema, foi ele quem
quis me assediar primeiro. Se a gente não conseguir dar um
jeito, a gente pode chamar o nosso segundo irmão para
ajudar."

Era difícil dizer quem ganharia em um confronto daqueles.

Vendo-a entrar no banheiro

despreocupadamente, Martin se sentiu impotente em relação à


irmã mais nova, que, além de imprudente, parecia não se
importar nem um pouco com o perigo. Era como se ele tivesse
voltado à época em que ela causava todo tipo de problema e
eles tinham que ir atrás limpando a bagunça.

De alguma forma, era bom.

Depois de tomar um banho quente, Christina se sentiu muito


comfortável. Ela tinha acabado de sair do banheiro quando
seus assistentes chegaram, trazendo sacolas de roupas,
sapatos, joias e bolsas.
FM
Eles colocaram tudo a sua disposição, esperando que ela

B
escolhesse.

Christina se sentou de pernas cruzadas no sofá e tomou um


café, deixando o maquiador arrumar seu cabelo. Ela falava
com o ar de uma chefe de Estado. "Quero isso, isso e isso."

Depois de se vestir e sair da suíte, Christina não entrou no


elevador; em vez disso, deu meia-volta, foi até o quarto 77 e
bateu com gentileza na porta.

O rosto sonolento de um homem bonito abriu. Ele estava


apenas com uma cueca boxer, que deixava seu belo físico à
mostra. Bastava um olhar para perceber que tinha malhado
durante o ano todo.

Christina passou indiferente por ele, afinal de contas, já tinha


visto corpos parecidos muitas vezes nos últimos três anos. Era
praticamente rotina.

Hyman ficou irritado por ter seu sono interrompido, mas,


quando viu o rosto da mulher, recuperou os sentidos e
arregalou os olhos, que estavam cheios de remela. "Você não
é a mulher que eu conheci ontem à noite? Está tão cedo, o que
foi?"

"Me disseram que eu vomitei em você ontem. Vim te


compensar."

Christina jogou um terno novinho em folha nos braços do


homem. "Você me assediou e eu te bati; eu vomitei em você e
acabei de te compensar por isso. Estamos quites agora,
certo?"
FM
B
Hyman balançou a cabeça. "Acho que sim."

"Que bom. Se você não estiver satisfeito, sinta-se livre para me


procurar." Christina se virou e foi embora.

Encostado na porta, Hyman perguntou, interessado: "Eu nem


sei quem você é, como vou te procurar?"

Sem se virar, Christina disse seu nome. "Christina Granger, do


Granger Group."

Hyman, que estava com os olhos fixos nas costas da mulher


elegante, piscou. Então ela era a famosa filha mais velha dos
Granger, a filha que tinha voltado dos mortos.

As coisas não seriam fáceis para seu parceiro.

Os cantos da boca de Hyman se curvaram em um sorriso


malicioso, e ele pegou o celular. "Você já chegou? Ela acabou
de descer."

Como estava muito cedo, não havia muitas pessoas no saguão


do primeiro andar do Cloud Bar. Apenas uma figura elegante e
fria estava sentada em um dos bancos. Seus olhos pousaram
no primeiro elevador, esperando alguém aparecer.

Depois de cinco segundos, a porta do elevador abriu devagar.

Adolph ergueu a cabeça e viu uma mulher sexy e sofisticada


sair em seu vestido de couro e seu blazer vermelho. O cabelo
curto não conseguia esconder o rosto atraente e o longo
pescoço sugestivo.
FM
B
Seu andar era delicado, e os brincos de

diamantes balançavam suavemente como um sino dos ventos,


o que acentuava sua elegância discreta, com destaque para o
rosto.

Da mesma forma, assim que saiu do elevador, Christina viu um


rosto frio à mesa, muito familiar,

Seus olhares se encontraram na mesma hora.

Capítulo 18

Christina parou.

Por um momento, pensou que ainda estava bêbada.

O que Adolph estava fazendo ali?

Ela viu a expressão fria do homem e a determinação em seus


olhos. Claro que estava ali por causa dela. Talvez tivesse
descoberto seu passado de alguma forma.

Como tinham acabado de se divorciar, ela não era obrigada a


dizer "oi". Então se recompôs e continuou por seu caminho de
peito estufado e cabeça erguida, elegante e calma.

"Pode parar." Disse uma voz grave vinda dos bancos.

Christina continuou andando, como se não tivesse ouvido.


FM
De repente, agarraram seu pulso. Os seguranças atrás dela se

B
aproximaram na mesma hora para impedir o homem. "O que
você está fazendo?"

Um dos seguranças tentou barrá-lo, mas Adolph se esquivou.


Prestes a acontecer uma briga, Christina fez um sinal calmo
com a mão para que os seguranças recuassem. Em seguida,
olhou para Adolph, séria. "O senhor me machucou."

Ele tinha segurado seu pulso com força. Ela o conhecia a tanto
tempo, e essa foi a primeira vez que ele a tocou.

Só depois do divórcio.

Que irónico.

Adolph olhou para a expressão rígida da mulher. Aquele seu ar


delicado e obediente tinha dado lugar à frieza, como se nunca
o tivesse conhecido, o que o deixou deprimido e irritado.

"O que você está tramando?"

Adolph a soltou, mas seu tom de voz continuou frío. "Quem é


você?"

O assistente dela o repreendeu, descontente. "Quem é você


para falar assim com a senhorita Granger?"

Christina balançou a mão e olhou para Adolph de maneira


frigida, "Senhor, a gente se conhece?"

Adolph ficou desconcertado,


FM
Ela tinha mesmo dito que não o conhecia? Então o casamento

B
de três anos deles não passava de ilusão?

Cerrando os punhos discretamente, Adolph quís bater em


alguém. Ele, cujo temperamento estava controlado havia
muitos anos, quase explodiu graças àquela mulher. Ele rangeu
os dentes e disse: "Se você não me conhece, então por que
estava me olhando?"

"Eu só estava olhando um cara bonito. O quê? Você não gosta


que façam isso? Por acaso seu rosto é alguma atração que as
pessoas têm que pagar para apreciar?" Respondeu Christina,
séria.

Adolph ficou sem saber o que dizer.

Quando aquela mulher reservada tinha se tornado tão


agressiva?

"Alguém tem dinheiro?"

Christina virou a cabeça para perguntar aos assistentes.

Eles procuraram nos bolsos por um bom tempo e, finalmente,


um deles tirou uma moeda, dizendo envergonhado: "Só
cinquenta centavos".

"Já serve."

Christina pegou a moeda e a colocou na mão de Adolph. "Aqui,


cinquenta centavos. Pode ficar com o troco."
FM
Em seguida, em seus saltos altos, ela saiu graciosamente com

B
um grupo de pessoas, imponente, como uma rainha que
desprezava a tudo e a todos, sem olhar para trás e sem
hesitar.

Adolph ficou parado segurando a moeda, com a cabeça a mil.


Aparentemente, nunca tinha conhecido aquela mulher, que era
muito diferente da do passado.

Contudo, sua aparência era inconfundível, e a pinta no canto


do olho já tinha dito tudo.

Ele ouviu uma gargalhada. Hyman, que tinha presenciado tudo


da entrada do elevador, riu tanto que quase passou mal.

Ele conhecia Adolph havia muitos anos, mas aquela era a


primeira vez que o via sendo humilhado.

Ele se aproximou rindo e colocou a mão no ombro do amigo.


"Tem certeza de que essa é a sua ex-mulher obediente e sem
graça? Você, o ex marido dela, vale só cinquenta centavos?"

Segurando a moeda, Adolph cerrou os dentes, e

as veias azuis em sua testa saltaram.

Hyman continuou falando: "Já que você já se separou dela,


isso quer dizer que vocês não têm mais um relacionamento,
certo? Nesse caso, posso dar em cima dela? Sendo sincero,
ela faz muito o meu tipo..."

Antes que pudesse terminar, Adolph deu um


FM
soco nele. "Sai daqui!"

B
"Dá em cima dela? Mas que p*rra é essa?" Pensou Adolph.

Assim que entraram no carro, Christina parou de fingir estar


calma.

Ela pegou o celular para ligar para Martin. "Martin, porque o


Adolph apareceu no Cloud Bar?"

"O que você disse?" Ao ouvir aquilo, Martin, que estava


sentado em frente ao computador ocupado com uma tarefa
que envolvia hacking, ficou aturdido. "O Adolph veio para a
Cidade S? E para o meu bar?"

"Ele estava no saguão, eu esbarrei nele."

"Você deu de cara com ele? Sério?"

Martin colocou os fones de ouvido sem fio e deslizou os dedos


pelo teclado. Depois de extrair o vídeo de segurança do
saguão e assistir ao encontro e à conversa deles, não
conseguiu segurar a risada. "Você só deu cinquenta centavos
para ele? Que maldosa. Olhe a cara de desgosto dele. Que
engraçado, eu não imaginava que ia terminar assim!"

A risada maldosa dele a irritou. "Ande logo e descubra o que


ele está fazendo na Cidade S."

Não era para ele estar com aquela p*ta da Emily? De onde ele
tinha tirado tempo para vir à Cidade S?

Seria possível que ele estivesse ali só por causa dela?


FM
B
Enquanto se perdia em pensamentos, ela ouviu Martin
murmurar pelo telefone: "Ele conhece o Hyman?"

"Quem?" Christina franziu o cenho.

Martin olhou os dois homens, que passaram o braço no ombro


um do outro no vídeo, e disse: "O cara que pegou na sua
bunda, apanhou e ficou todo vomitado ontem à noite. Pelo que
parece, ele é bem próximo do Adolph".

O olhar de Christina ficou frio. "Então foi ele quem me


entregou?"

"Muito provavelmente."

Enquanto falava, Martin continuava a mexer no computador,


até que deu um leve suspiro. "Como era de se esperar, o
sistema de segurança da pista de dança foi hackeado ontem à
noite.

Provavelmente foi o Hyman."

Ele não esperava que as habilidades computacionais de


Hyman fossem tão boas.

A expressão de Christina estava severa. Ela não sabia que


Adolph tinha uma relação com a família Hyman da Cidade R.
Ou, melhor: durante os três anos de casamento, ele a tratou
como se fosse invisível e nunca a levou para conhecer seus
amigos ou para entrar em seu círculo social.
FM
"Você bebeu até metade da noite. Se o Hyman te reconheceu

B
e contou para o Adolph, então ele deve ter vindo para cá
durante a outra metade."

Martin parou para pensar e disse com desdém: "Será que só


depois do divórcio esse filho da p*ta percebeu o quanto você é
boa e quer voltar?"

Christina bateu os cílios e disse de forma autodepreciativa:


"Você acha que isso é possível?"

"Não."

Martin acabou com sua fantasia sem dó nem piedade. "Pelo


que eu sei, teve uma confusão na Mansão Santos ontem à
noite. Sua ex-sogra ea Emily brigaram. No final, o seu
ex-marido mandou a mãe embora por causa da namorada."

Ao ouvir aquilo, o peito de Christina ficou apertado, e ela se


sentiu ridícula.

Apesar de ser um bom filho, Adolph teve coragem de enfrentar


a mãe por causa de Emily, o que mostrava o quanto ele a
amava. Dessa forma, sendo sua ex-mulher, Christina não era
nada para ele em comparação a ela.

"Se ele veio mesmo por sua causa, o que você vai fazer?"
Perguntou Martin.

Christina afastou todos os pensamentos angustiantes e se


mostrou calma e indiferente. "Já que a gente se separou, não
existe mais nada entre a gente. Eu fiquei à disposição dele por
três anos, não vou mais ficar."
FM
B
Capítulo 19

De frente para o espelho do banheiro, Hyman tocou o


machucado no canto da boca e bufou.

"A gente não se via fazia anos, e a primeira coisa que você faz
quando me encontra é me dar um soco. Está de brincadeira
com a minha cara?"

Ele olhou irritado para o homem sentado no sofá. Adolph


comprimiu os lábios. Sua cabeça estava

cheia de imagens de Christina, e cada palavra dela ecoava em


seus ouvidos.

Aquela mulher de temperamento difícil, presunçosa, que falava


com indiferença e de forma sarcástica, era realmente
Christina?

Ele ficou pensando nisso.

Hyman se sentou de frente para ele, acendeu um cigarro e


continuou reclamando: "Eu tinha acabado de apanhar da sua
mulher de noite e, agora de manhã, apanho de você. Sou
muito azarado mesmo. Sendo sincero, vocês fazem um belo
casal agressivo. Então, uma pergunta: por que você se
divorciou dela?"

Adolph olhou fixamente para ele e cuspiu: "Ex mulher".

Ele estava corrigindo o que Hyman tinha dito "sua mulher.


FM
Hyman quase sufocou com a fumaça. Ele olhou para Adolph

B
com a sobrancelha arqueada. "Por que você se importa tanto
com ela se ela é só sua ex-mulher? Você veio correndo para
cá assim que eu disse que ela estava na Cidade S. Cara, você
pode falar que não, mas as suas ações já entregam tudo."

De cenho franzido, Adolph ignorou o comentário malicioso e


disse com severidade: "Pare de falar besteira. Quem
exatamente é Christina Silva?"

"Christina Silva? O sobrenome dela é Granger e o nome dela é


Christina. 'Silva' era o sobrenome falso."

Hyman abriu uma garrafa de vinho e encheu duas taças. Ao


ver o olhar frígido de Adolph, os cantos de sua boca se
curvaram, e ele olhou para o parceiro, que tinha sido enganado
por três anos, com simpatia. Estava relutante em lhe contar a
verdade difícil de engolir. "Ela é a filha mais velha dos Granger
e a atual CEO do Granger Group."

O nome "Christina Granger" explodiu como uma bomba nos


ouvidos de Adolph, atingindo-o em cheio.

Muitos detalhes e suspeitas se entrelaçavam numa coisa só. O


mistério da mulher que tinha desaparecido de repente e a da
que tinha aparecido do nada tinha finalmente sido resolvido.

Christina Granger era sua verdadeira identidade.

Christina estava com um humor duvidoso depois de ter


esbarrado no ex-marido durante a manhã.
FM
Consequentemente, tudo piorou quando viu Harry no escritório,

B
ainda mais quando ele se sentou na cadeira dela e a chamou
com um sorriso no rosto.

Aquilo chegou a lhe dar arrepios.

Com uma expressão severa, ela se virou e perguntou: "Quem


deixou ele entrar?"

"Desculpe o descuido, senhorita Granger. Já vou resolver


isso."

O assistente chefe se curvou e se desculpou antes de chamar


os seguranças para levarem Harry para fora.

Vendo que tudo aquilo era sério, Harry se levantou depressa e


se aproximou de Christina com um sorriso insinuante. "Para
quê tudo isso? Eu acabei de chegar, e você já quer me mandar
embora?"

Havia um tom manhoso em sua voz. Ele era um homem, mas


agia como uma garotinha mimada. Será que Jessie cairia
nessa? Enfim, tirando mandá-lo para fora, Christina não tinha
mais nada em mente.

Três anos depois, aquele homem estava mais bajulador do que


nunca.

Quando ele estava prestes a se aproximar dela, com a


sobrancelha arqueada, Christina disse com frieza: "Fique longe
de mim. Não preciso de ninguém beijando meus pés".
FM
Harry ficou mortificado com a insinuação de que era um

B
puxa-saco.

Ele era herdeiro e presidente do Reis Group. Muitas mulheres


se jogavam em cima dele, uma atrás da outra, querendo dormir
com ele. Christina era a única que o desdenhava.

Mas, depois de ficar com garotas atiradas como Jessie, ele se


cansou, e preferia as difíceis como Christina, que lhe davam
um sentimento de satisfação.

Sua testa ainda estava cheia de curativos após ser atingido


pela pedra que Christina tinha jogado na Mansão das Rosas.
No entanto, aquilo não diminuiu sua insistência: ele continuava
tentando bajulá-la sem nem disfarçar.

A três passos de distância de Christina, ele olhou seu rosto


lindo de morrer, com água na boca.

As famílias Reis e Granger mantinham uma relação amigável


durante muitas gerações. Os dois cresceram juntos, e podia-se
dizer que eram namoradinhos de infância. Dentre as três
meninas da família Granger, a mais bonita, desde criança, era
Christina.

Diziam que a aparência das garotas mudavam rapidamente e


que elas podiam ser bonitas quando jovens, mas não depois
de adultas. No entanto, não era o caso de Christina. Ela não
apenas tinha mantido a beleza da infância como tinha ficado
mais bonita: tinha passado de uma criança adorável e travessa
para uma mulher delicada e vivaz (isso sem mencionar a
sensualidade que só aumentava). Além disso, havia um quê de
FM
indolência e magnetismo nela. Só de olhá-la, Harry tinha ficado

B
excitado e queria pular em cima dela.

"Christina, eu sei que você me entendeu mal. Eu vim explicar o


que aconteceu naquele ano."

Ele ficou sério, ainda mais quando os seguranças apareceram.


"É verdade! O que aconteceu foi ideia da Jessie. Ela fez a
minha cabeça!"

Christina o olhou com apatia, pois sabia que aquela boca


imunda não era capaz de produzir um único som decente, mas
quando o ouviu culpar Jessie, sentiu um ímpeto de escutar o
que ele tinha a dizer.

Ela sinalizou com a mão para que os seguranças e os


assistentes saíssem.

Em seguida, sentou-se no sofá, condescendente. "Você tem


cinco minutos para explicar tudo."

Quando Harry ia se sentar a seu lado, Christina o fuzilou com


os olhos. "Eu disse para você sentar?"

Com a bunda na beirada do sofá, Harry olhou envergonhado


para sua expressão fria. Ele tinha dito a si mesmo que, se
quisesse surpreendê-la, tinha que ser paciente e a persuadir
aos poucos.

"Nada, eu fico em pé."


FM
Harry alisou as roupas, ficou em pé de frente para Christina, e

B
iniciou a conversa fiada que tinha preparado. "Christina,
nesses três anos sem te ver, eu senti tanta saudade..."

"Não precisa dessa baboseira. Não quero ouvir."

Christina pegou o celular e ativou o cronometro, colocando-o


de lado. "Você ainda tem mais quatro minutos e meio."

Ter um limite de tempo sempre fazia as pessoas entrarem em


pânico sem motivo. Harry respirou fundo e mudou para outra
estratégia, que tinha preparado a fim de se defender.

"Três anos atrás, a Jessie começou a me seduzir! Talvez você


não saiba que a sua prima aparentemente inocente sempre
teve inveja de você, seja da sua beleza ou da sua herança.
Claro que o que deixa ela com mais ciúmes é meu amor por
você... Resumindo, ela me convenceu a te convidar para
escalar. Ela disse que queria te contar pessoalmente que me
amava e competir com você de forma justa."

Dizendo isso, Harry soltou um suspiro. "Foi culpa minha


também ter sido coração mole. Quando vi aquele olhar de
pena, concordei com o pedido irracional dela. Mas você tem
que acreditar que eu te amo! O motivo de eu ter concordado foi
dizer para vocês que eu, Harry Reis, só amei uma pessoa
desde o início, e que essa pessoa era você, Christina! Mas
quem iria imaginar que a Jessie fosse ser tão má. Ela pegou
meu celular e te mandou uma mensagem, pedindo para você
subir a montanha, mas, na verdade, ela queria te matar. Eu
não fui naquele tinha porque estava drogado, dormindo o dia
inteiro. Assim que acordei, fiquei sabendo da sua morte."
FM
Com os olhos vermelhos, ele se aproximou de Christina,

B
ajoelhou-se aos seus pés e segurou suas mãos.

"Christina, graças a Deus você está viva e voltou para mim.


Vamos ficar juntos de novo. Tá bom?"

Capítulo 20

Christina ouviu a história de Harry sem demonstrar nenhuma


emoção. Apenas franziu as sobrancelhas quando ele pegou
sua mão, que ela afastou rapidamente.

Reprimindo o desgosto que estava sentindo, ela perguntou,


inexpressiva: "Se você sabia o que a Jessie tinha feito, então
por que não falou nada para a polícia?"

Ao ser questionado, Harry a olhou com culpa e explicou


depressa: "Ela me enganou! Eu fiquei cego por três anos,
achando que você tinha mesmo caído do penhasco. Você não
tem noção de como eu fiquei depois de saber que da sua
'morte'. Fiquei até com depressão e tive que passar com um
psicólogo. A Jessie se aproveitou disso para me seduzir e me
fazer dormir com ela..."

Antes de terminar, o celular de Christina tocou, fazendo-o


estremecer.

Ela pegou o aparelho, desligou o cronômetro e disse


despreocupadamente: "O tempo acabou. Pode sair agora".

Harry ficou parado no mesmo lugar.


FM
Ele nunca pensou que sua "justificativa" e "confissão sincera

B
de amor", que tinha passado dois dias e duas noites
preparando, não conseguiriam comover Christina.

Achou que ela fosse perdoá-lo antes de ele terminar, que fosse
cair no choro e se jogar em seus braços. Com isso, ele
conseguiria conquistar seu coração.

Mas o que estava acontecendo agora? O que tinha dado de


errado?

"Christina!" Harry ficou nervoso e agarrou sua mão. "Você não


acredita em mim? Cada palavra do que eu disse é verdade, eu
juro!"

Christina afastou a mão dele com indiferença. Ser tocada por


Harry era como ter um inseto andando em seu corpo, pronto
para ser esmagado.

Ela guardou o celular e salvou o áudio gravado, sem se


preocupar em esconder a aversão que sentia.

"Você já se corrompeu dormindo com ela. Por favor, nunca


mais apareça na minha frente, é um sacrifício ter que olhar
para você. Enfim, você e a Jessie fazem um belo casal. Um
brinde a uma vida feliz e cheia de amor."

Harry ficou muito confuso com sua atitude. Ele foi colocado
para fora pelos seguranças como um cachorro de rua,
estupefato.
Não foi até ser levado para a entrada do Granger Group que
voltou a si e gritou: "Christina, você tem que acreditar que eu te
amo-"
FM
B
Quando Adolph saiu do carro e se dirigiu até a entrada do
Granger Group, ele viu um homem que parecia um cachorro
sendo botado para fora pelos seguranças. Para desviar dele,
deu um passo para o lado.

Com a sobrancelha arqueada, se perguntou se aquele homem


estava falando de Christina.

À pia, Christina esfregava minuciosamente as mãos que


tinham sido tocados por Harry, temendo que ele a tivesse
contaminado.

Depois de lavar as mãos, ela pegou o aromatizador de ar e o


borrifou pelo ambiente antes de pedir aos assistentes para
levar embora a cadeira em que ele tinha se sentado e a
substituir por uma nova. Ela sentia que o que aquele homem
tocava ficava amaldiçoado.

Agora tudo estava limpo por fim.

Christina se sentou na nova cadeira e revisou a última


proposta recebida.

De repente, o assistente bateu na porta e informou: "Senhorita


Granger, a recepcionista disse que tem um 'Sr. Santos' lá
embaixo querendo ver você. Mas ele não agendou uma visita,
então..."

Os cílios compridos e curvados de Christina tremeram, e sua


vista, que estava focada na proposta, ficou turva.
FM
Depois de três segundos em silêncio, ela respondeu: "Estou

B
ocupada. Não vou ver ele". Não demorou para a recepcionista
receber a resposta.

Depois de desligar, ela deu um sorriso profissional. "Desculpe,


a senhorita Granger está ocupada e não pode receber visitas
no momento. O senhor pode tentar marcar uma visita antes."

A última frase tinha sido uma iniciativa dela mesma, motivada


pela bela aparência daquele homem.

"Como? Ela está sem tempo?"

O assistente especial, Walt, trabalhava com Adolph havia


muitos anos e nunca tinha sido negado uma visita a ninguém.
Sentindo-se um pouco envergonhado, ele deu um passo à
frente e disse com frieza: "Você sabe quem o Sr. Santos é?
Como você pode só mandar a gente embora assim?"

A recepcionista ficou tão assustada que perdeu a cor. Com a


voz trêmula, disse: "Eu entendo que esse homem é importante,
mas ninguém pode desobedecer as ordens da senhorita
Granger.

Como vocês viram, um homem acabou de ser colocado para


fora. Ele é herdeiro do Reis Group, mas, ainda assim, foi
tratado daquele jeito. Se vocês não quiserem acabar do
mesmo jeito, eu sugiro colaborar e marcar uma visita".

"Você..." Walt estava prestes a perder a cabeça. Adolph, no


entanto, conseguiu contê-lo. Ele o segurou e disse: "Quando a
gente vai poder ver ela se agendar uma visita?"
FM
A recepcionista não tinha uma queda apenas por rostos

B
bonitos, mas por vozes sexys também. Derretida, ela não
conseguiu deixar de tentar dar mais um jeitinho para ele.
"Senhor, espere um pouco por favor. Vou verificar."

O assistente administrativo bateu mais uma vez na porta do


escritório da presidente e se preparou para uma repreensão.
"Senhorita Granger, o Sr. Santos quer marcar uma visita.
Quando você está livre?"

O vice-presidente, Vincent, que estava discutindo

a proposta com Christina, viu quando ela franziu

o cenho e disse no mesmo instante: "Como anda o trabalho de


vocês? Não conseguem dar conta nem de uma tarefa simples
como agendar visitas?"

"Desculpe, senhorita Granger." O assistente administrativo se


curvou e se desculpou depressa enquanto xingava
internamente a colega que caçava briga.

Séría, Christina respondeu sem dó alguma: "Diga que eu só


vou ver ele em outra vida".

Agora que eles estavam divorciados, qual era a necessidade


de se verem de novo?

Podiam guardar as saudades para si mesmos.

Consequentemente, Adolph, que esperava no andar de baixo


pacientemente, recebeu a resposta: "Em outra vida."
FM
Devido ao temperamento difícil, sua expressão se anuviou na

B
mesma hora.

"Vocês falam demais!" Walt ficou tão irritado que chegou a


bater na mesa.

Adolph, por outro lado, o pegou pelo colarinho e disse: "Vamos


embora."

Não era como se ele precisasse vê-la. Se ela não queria, que
fosse! Ele não podia se importar menos.

Capítulo 21

Ao saber que Adolph tinha ido embora, Christina ficou


inexplicavelmente aliviada e, ao mesmo tempo, com o coração
apertado.

Ela colocou o vídeo da câmera de segurança do primeiro andar


e observou a expressão anuviada e fria do ex-marido. Um leve
sorriso zombeteiro pairou nos cantos de sua boca. "É muito
bom tirá lo do sério.

Adolph, nascido em berço de ouro, nunca devia ter ouvido um


não em toda a sua vida. E aquele "não", ainda por cima, tinha
vindo dela.

Durante os últimos três anos, tinha sido ele quem a maltratava.


Agora tinha chegado a vez dela.

Ufa... Ela se sentiu muito bem agora.


FM
Ao ver Adolph sair bufando, Christina pensou consigo mesma:

B
"Você quis se separar e casar com uma p*ta, não foi?
Bem-feito".

Muito embora Vincent fosse um funcionário confiável, ele não


sabia onde Christina tinha estado durante os últimos três anos.
Ao perceber que ela estava agindo diferente e que tinha olhado
as filmagens pela primeira vez, não conseguiu disfarçar a
surpresa.

"É o presidente do Santos Group, Adolph?"

Christina respondeu um "sim" sutil.

Vincent ficou ainda mais confuso. "O Group Granger e o Group


Santos são concorrentes. Apesar de as duas empresas serem
separadas só por o rio azul, faz anos que a gente não trabalha
junto. O que ele está fazendo aqui?"

Ninguém além de os cinco irmãos dela sabia de

seu casamento com Adolph.

Christina não queria contar para Vincent. Além do mais, ela


tinha se divorciado, o que tornava tudo ainda mais
desnecessário.

"Não precisa se preocupar com ele."

Ela desligou o monitor e retomou a seriedade. "Vamos


continuar o assunto. Eu achei vários pontos inapropriados
nessa proposta. Ela precisa ser revisada..."
FM
No carro, durante a volta, o sangue de Adolph

B
fervia.

O céu da Cidade S não estava muito bonito naquele dia. Muito


pelo contrário, estava cinza, o que era desanimador. Ele
abaixou o vidro para respirar melhor e acendeu um cigarro
para se acalmar.

Walt também estava completamente indignado.

"Sr. Santos, essa mulher é mesmo a 'dama' do

Granger Group? Não tem nada de errado? Essa senhorita


Granger é muito arrogante e autoritária. Ela nem sequer levou
você a sério. Como pode ser chamada de dama? Uma dama é
gentil, dócil e sorridente, principalmente com você..."

Adolph não sabía se era por causa da nicotina que, enquanto


Walt falava, um sorriso discreto mas brilhante como o sol tinha
transparecido em seu olhar.

Uma faísca caiu em seu dedo, e a dor ardente o trouxe de


volta à realidade no mesmo instante. Foi então que ele notou a
falação do assistente e cuspiu: "Cale a boca!"

Walt ficou quieto sem pensar duas vezes.

O carro caiu em um silêncio mortal.

Por fim, um celular tocou e pôs fim àquela atmosfera


deprimente.
FM
Com a voz grave, Adolph respondeu: "Alô".

B
Uma voz alegre e brincalhona pôde ser ouvida do outro lado da
linha. "Por que você parece tão triste? Aparentemente as
coisas não deram muito certo. O que aconteceu? Sua
ex-mulher não quis te ver? Ou ela te bateu?"

Aquele tom de glória fez Adolph ter um vontade de arrancá-lo


do telefone e dar uma surra nele.

Mas agora precisava de ajuda, então reprimiu a raiva e disse:


"O quanto você sabe sobre a Christina?"

"Eu não sei nada. Ou, melhor: O que eu sei sobre ela é mais
ou menos o mesmo que você. Tirando que ela é a filha mais
velha dos Granger e a nova presidente do Granger Group, eu
não sei nada sobre ela."

Roger vestiu o terno que Christina tinha lhe dado. Era do


mesmo tamanho do anterior, apenas com um design diferente.
Ele se olhou no espelho com satisfação, e os cantos de sua
boca se curvaram. "Ah, tem mais uma coisa: a sua ex mulher
tem um ótimo gosto."

Adolph pensou que ele estivesse se referindo ao casamento


deles. De alguma forma, aquilo o animou. Em seguida, tossiu
discretamente. "Me ajude com a investigação."

"Sobre quem? A Christina?"

Ao ouvir seu "aham", Hyman não pôde deixar de zombar:


"Cara, como seu amigo há muito tempo, eu tenho que te
lembrar que não importa quem a Christina seja, vocês dois já
FM
se separaram, não têm mais nenhuma relação. Está na hora

B
de seguir em frente. Além disso, você vai casar logo, não vai?
Então por que ainda se importa com a sua ex-mulher? Não é
certo querer duas mulheres ao mesmo tempo".
Quando Adolph ouviu aquelas palavras desagradáveis, seu
semblante, que tinha acabado de ficar alegre, tornou-se
sombrio novamente, e ele desligou na mesma hora.

Apesar de doer, o que Hyman tinha dito era verdade.

Independentemente de ela ser a Christina Silva ou a Christina


Granger, eles já tinham se divorciado e deixado sua história
para trás. Não tinha por que insistirem um no outro. Era Emily
que ele amava agora, a única pessoa com quem queria passar
o resto da vida.

Como se tivesse lido sua mente, Emily ligou. Ele ouviu sua voz
doce. "Adolph, cadê você? Eu gostei de um vestido de noiva.
Por que você não vem aqui dar uma olhada? A decoração
também está quase pronta. Mas eles nem tentaram se
esforçar; as flores são todas rosas. São vulgares demais.
Quem gosta de rosas hoje em dia? Eu pedi para eles trocarem
por magnólias. O que você acha?"

Adolph ficou paralisado por um bom tempo antes de dizer: "Se


você gosta é o que importa".

"Kkk, eu sabia que você me amava mais! Também tenho uma


surpresa para você, mas não vou contar, Vou te mostrar no dia
do casamento... Ah, quase deixei escapar."
Emily manteve o suspense maliciosamente e então disse: "Vou
esperar você voltar. Só de pensar que o nosso casamento é
amanhã me deixa tão feliz. Não vejo a hora!"
FM
B
Com a voz animada da mulher, Adolph desligou devagar. Por
algum motivo, ele estava deprimido e instável, apesar de estar
prestes a se casar com a mulher que amava.

Ele teve um pressentimento ruim.

Franzindo os lábios finos, pediu a Walt: "Se certifique de que


os seguranças tenham controle total do casamento amanhã.
Não deixe nenhum repórter entrar. Além disso, envie alguns
homens para ficar de olho na minha mãe. Não deixe nada dar
errado".

"Sim, senhor." Respondeu Walt respeitosamente. Na suíte,


Hyman deu um sorrisinho. "Nossa, esse cara fica mesmo
bravo."

Com suas habilidades, até a pessoa mais misteriosa do mundo


poderia ser descoberta por ele. Era apenas uma questão de
tempo até que descobrisse tudo sobre Christina. Dito isso, ele
não queria investigá-la dessa vez.

Para ele, quando se tratava de flertar com uma garota, ele


tinha que ir com calma. Era mais intrigante conquistá-la aos
poucos.

Hyman guardou o celular e se olhou no espelho de novo.


Então, estendeu a mão para acariciar o cabelo, dizendo para si
mesmo: "Já que você não quer uma esposa tão linda, não me
culpe por querer."
FM
Uma garota bonita sempre seria o desejo de um homem nobre,

B
e, embora Hyman não fosse um, ele também desejava
Christina.

Ele endireitou a gola e esfregou as mãos, ansioso. "Querida,


estou chegando!"

Capítulo 22

Não era mentira que Christina não tinha tempo. Ela estava
mesmo ocupada.

Depois de voltar para a Cidade S, várias reuniões de negócios


a aguardavam. Ela estava atarefada e não tinha tido nenhum
encontro pessoal com ninguém. Quando afirmou que precisava
focar na carreira, todos os seus irmãos a olharam com
indiferença.

Naquela noite, mais uma reunião aconteceria.

Conforme as luzes se acendiam com o cair da noite, a Cidade


S ia ficando cada vez mais movimentada. Nas calçadas, aqui e
ali, irmãs andavam de mãos dadas, e namorados se beijavam,
dando à antiga cidade um ar juvenil e romântico.

Christina se inclinou na cadeira, abriu a janela e olhou


silenciosamente para o mundo lá fora.

Havia um casal no meio-fio comendo espetinhos


recém-assados. A garota alimentava o namorado, que a beijou
depois de terminar uma mordida. Em seguida, ela o olhou com
um sorriso doce no rosto, e os dois foram para outra barraca
de mãos dadas... Aquilo sim era um amor simples e feliz.
FM
B
O que Christina queria era a simplicidade na viu como assim.

No dia seguinte, Adolph se casaría com outra pessoa. O


motivo pelo qual ela não quería vê-lo era que não sabia o que
quería lhe dizer.

Como sua ex-mulher e alguém que o tinha amado por tantos


anos, talvez a coisa mais madura a se fazer fosse lhe dar suas
bênçãos, mas ela não dava o braço a torcer. Não conseguia
suportar a ideia de vê-lo ao lado de outra mulher.

"Toque uma música."

Obedecendo à ordem de Christina, Gabriel Vintos, sentado no


banco da frente, ligou o rádio do carro. Uma velha música
famosa saiu dos alto falantes num volume baixo. "Se não fosse
pelo tremor quando eu disse aquelas palavras, eu não teria
percebido minha tristeza. Mesmo não tendo dito em voz alta,
continuou sendo um término..."

Ela fechou os olhos e escutou a música chegar ao clímax


lentamente.

"Dez anos atrás, eu não te conhecia, e você não me pertencia.


Estávamos como antes, estranhos andando em uma rua
conhecida. Dez anos depois, éramos amigos..."

Todo tipo de imagem de Adolph nos últimos dez anos passou


pela cabeça de Christina. Seu ar orgulhoso e triunfante, sua
expressão aflita e seu rosto adormecido, tudo

gravado na memória dela.


FM
B
No entanto, a única coisa que ela não queria saber era como
ele era aos olhos de sua amada,

Ela já tinha presenciado aquilo e ficou de coração partido.

O dia de amanhã seria o fim de todo o seu amor e juventude.

A reunião aconteceria no Lakeside Clubhouse, uma antiga


concessão francesa do período republicano, com um design
típico da época. O gramofone, as pinturas a óleo e os riquixás
estavam dentre os destaques, e todas as garçonetes usavam
cheongsams.

Christina fol com seu assistente direto para a sala privada no


terceiro andar. A pessoa que a tinha convidado era Bob, o
gerente-geral do NR Estate. Ele queria conversar sobre a
cooperação relacionada ao terreno nos subúrbios do norte da
cidade.

Contudo, quando chegaram ao local, a figura de costas


sentada à janela não era Bob, mas sim...

"Hyman", chamou Christina, semicerrando os olhos.

Ele estava apoiado preguiçosamente na janela, e, apesar de


ela ser alta, suas pernas eram compridas o suficiente para
encostarem no chão. A primeira coisa que Christina notou tinha
sido elas.

So depois de perceber que Christina estava ali é que Hyman


se levantou e ajeitou a postura para The dar as boas-vindas.
"Senhorita Granger, que bom ver você."
FM
B
"Estou na sala errada?" Perguntou Christina com toda a calma
do mundo.

"Não."

Hyman sorriu e foi até a outra ponta da mesa para puxar uma
cadeira para Christina. Ele sinalizou com a mão de forma bem
cavalheiresca. "Sente-se, por favor."

A mulher ficou parada.

Gabriel tinha apenas acabado de pegar o celular, quando


Hyman disse: "Não precisa confirmar. Sou eu. Como quero
colaborar com vocês, me livrei do Bob."

Aquilo foi de uma arrogância extrema.

"Senhorita Granger..." Gabriel se aproximou e pediu


orientações. Estava pronto para chamar seguranças a
qualquer momento para levá-la embora.

Vendo a naturalidade e a confiança de Hyman, Christina


resolveu ficar. Queria saber quais era os truques daquele
exibido, que estava preparado para o que desse e viesse.

Depois que ela se sentou, Hyman estalou os dedos, e a


garçonete começou a servir os pratos e o vinho.

Christina não gostava de puxar papo com quem não tinha


intimidade, então foi direto ao assunto. "Hyman, você disse que
quer colaborar comigo. De que tipo de colaboração você está
falando?"
FM
B
Hyman não quis fazer suspense. Encarnando seu lado
empreendedor, disse: "Tenho interesse naquele terreno nos
subúrbios do Norte da Cidade S."

"Sério?"

Christina o analisou de cima a baixo. Ele estava vestindo um


terno com uma gola em V marcada e sorria com os olhos. De
qualquer forma, não parecia estar ali para falar de negócios,
mas, sim, para tentar conquistar alguém.

Sentado ali, Hyman se deixou ser analisado à vontade. Tomou


até a iniciativa de conversar com ela. "E aí? Achei que fiquei
muito bem nessa roupa."

Disse aquilo em tom de afirmação, mostrando toda a sua


confiança.

Christina não gostava de mentir, por isso o comentario: Nada.

"A pessoa que escolheu tem bom gosto",

continuou Hyman.

Ele sabia mesmo ser bajulador.

Christina sorriu de leve. "Bom, esse seu jeito não me agrada.


Não me importo de falar que esse terreno foi comprado pelos
meus tios num leilão para construir um campo de golfe, mas eu
tenho outros planos para ele."
FM
"Mas é claro. Tanto as condições do terreno quanto do solo

B
não servem para esses tipos de jogos. Um hipódromo seria a
melhor escolha."

Hyman abriu as mãos. "Então, grandes mentes pensam igual.


A gente tem a mesma opinião."

A expressão de Christina deixou de ficar rígida quando ouviu a


palavra "hipódromo". Ela demonstrou um pouco de interesse.
"O que eu ganho trabalhando com você, Sr. Roger?"

Ela tinha se dirigido a ele como "Hyman" anteriormente, mas


agora o chamou de "Sr. Roger", o que indicava um progresso
de 80% na negociação.

Ele começou a sorrir. "A família Roger é bem gananciosa.


Geralmente, a gente fica com 80% dos lucros numa
cooperação. Mas, como eu pretendo ser seu namorado, faço
50-50. O que acha?"

Christina deu um sorriso você é engraçado. A comida é por


minha conta. Bom apetite."

Com um olhar frio, ela se levantou e estava prestes a ir


embora.

Sua postura mudou num piscar de olhos.

Por um momento, Hyman ficou abalado com aquela mudança


repentina de humor. Quando finalmente voltou para a
realidade, ela já estava à porta. Ele se apressou e apareceu na
frente dela, bloqueando a saída.
FM
B
"Senhorita Granger, não é brincadeira. Eu estou falando sério."

Christina ergueu a cabeça lentamente, e seu olhar o fuzilou


como uma metralhadora. Ela sentiu que tinha ficado mais
paciente depois de passar três anos com Adolph, o que fazia
com que conseguisse continuar perdendo tempo com aquele
cara.

"Em primeiro lugar, eu não misturo vida pessoal com trabalho,


e odeio homens que veem nisso uma oportunidade para
conquistar alguém. Você acha que é tudo isso?"

"Em segundo lugar, a família Roger pode ser gananciosa, mas


aqui é a Cidade S, não a Cidade R. A Cidade S não é
governada pela sua família."

"Em terceiro lugar, você é quem está pedindo para trabalhar


comigo e quer 50% dos lucros? Sonha! Não vou dar nem
30%!"

Quando terminou de ouvir, Hyman balançou a cabeça,


achando o que ela tinha dito muito sensato. Então, perguntou
pacientemente: "Só isso? Mais alguma coisa?"

Aquele cara não tinha mesmo vergonha na cara.

"Em quarto lugar", Christina atendeu a seu pedido e deu uma


passo à frente, respondendo com frieza: "Você acha certo
roubar a mulher do seu amigo?"

Ao ouvir aquilo, Hyman respondeu sem pensar duas vezes:


"Vocês não se divorciaram?"
FM
B
Ao ter aquilo reiterado, ela pisou sem hesitação em seu pé.

"Dói..."

Pela primeira vez, Hyman soube a dor de um salto alto. Junto


com a irritação, aquilo o estava matando.

Ao ver Christina se afastar, ele acrescentou sem medo: "O


Adolph vai casar amanhã, você vai? A gente pode ir junto."

Capítulo 23

A tão esperada cerimônia de casamento tinha finalmente


chegado.

Sentada de frente para o espelho, Emily se admirou em seu


vestido de casamento, sentindo se a pessoa mais especial do
mundo.

Ela tocou a coroa de diamantes na cabeça e disse com


timidez: "Ai, essa coroa é tão pesada. Com esse meu pescoço
fino, tenho medo dela cair."

As madrinhas, que tinham acabado de se vestir e não estavam


muito satisfeitas com o visual, trocaram olhares quando a
ouviram se gabar. Elas a enalteceram. "Olha como a nossa
noiva é linda!"

Emily se sentiu nas alturas, mas, quando deu outra olhada


para as irmãs, cobriu a boca e deixou escapar: "Meu Deus, por
que vocês estão tão gordas?"
FM
Suas palavras ofenderam todo o grupo de madrinhas, que

B
fecharam a cara e reviraram os olhos para ela.

Ela tinha escolhido o próprio vestido a dedo, mas o traje das


amigas parecia ter sido comprado numa lojinha de esquina. As
saias rosa, que eram separadas do top, expunham a
gordurinha extra, deixando-as deselegantes e desengonçadas.

Elas tinham se rebelado depois de colocar aquelas saias.


Queriam tirá-las e jogá-las bem no rosto da noiva!

Emily as convidou para fazer parte de um momento feliz de


sua vida, mas, na verdade, estava mais do que claro que
queria usá-las para realçar sua beleza.

Não muito contente com a maquiagem, ela disse à


maquiadora: "Meu rosto está muito branco. Você pode passar
mais blush por favor? Ai, que inveja de quem tem as
bochechas rosadas. Elas nem precisam passar blush."

Uma das madrinhas, que reclamava todos os dias da


vermelhidão no rosto, levou o comentário para o pessoal e a
xingou internamente: "Mas que saco, é só um casamento. O
que tem de grandioso nisso? Aposto que você vai se separar e
casar de novo!"

No vestiário, as madrinhas ficaram em silêncio enquanto Emily


tagarelava para satisfazer o próprio ego.

"A gente realmente atinge o auge da beleza num vestido de


casamento. Que pena que eu só vou casar uma vez. Seria
ótimo se pudesse casar todo dia..."
FM
"Sr. Santos!"

B
A voz emotiva da noiva foi interrompida por uma onda de
cumprimentos. Ela engoliu as palavras que estavam prestes a
sair de sua boca, e seu coração parou. Virando-se para olhar
Adolph, ela colocou um sorriso no rosto como se nada tivesse
acontecido. "Adolph."

Emily parou com a falta modéstia e encarnou seu lado


reservado.

Adolph estava vestindo um terno branco de bom caimento,


parecendo um lorde recém-saído de uma pintura a óleo, nobre
e discreto. Os olhos das madrinhas ficaram vermelhos como se
consumidos pelas chamas da inveja.

Emily era mesmo uma vagabunda. Como conseguia ter tanta


sorte a ponto de se casar com um cara lindo e, ainda por cima,
rico? Elas não conseguiam entender.

Adolph se aproximou de Emily e perguntou, preocupado: "Já


preparou bem? Seu corpo está conseguindo aguentar?"

"Estou bem. A sua mulher não é tão fraca como você pensa."

Ela logo mudou de assunto e analisou o noivo. "Você sempre


está tão lindo, não importa a roupa. Adolph, a partir de hoje eu
tenho que mudar a forma de te chamar."

Nessa hora, as madrinhas se aproximaram e provocaram:


"Como você vai chamar ele? Querido? Amor? Benzinho?"
FM
"Ai, como vocês são irritantes. Essas formas são muito

B
vulgares, não gosto."

Envergonhada, Emily ergueu o olhar, revelando as lentes de


contato e os cílios postiços. "Vou te chamar de Adoll. Acha
bem?"

A expressão inicialmente gentil de Adolph mudou no mesmo


instante, e ele ouviu uma voz familiar ecoar nos ouvidos

"Adoll, não se mexa. Deixe eu te ajudar a trocar de roupa."

"Adoll, não precisa se preocupar. É só continuar a fisioterapia


que logo você vai estar andando de novo! Vou estar sempre do
seu lado!"

"Adoll, você saiu do trabalho? Cozinhei várias coisas, incluindo


camarão frito e costelinha de porco agridoce. Seus favoritos!"

"Adoll, por favor não me ignore..."

"Pa!"

Vários salgadinhos foram jogados na mesinha de centro.


Christina se sentou de pernas cruzadas no sofá, abriu um
pacote de batatinhas e encarou o monitor sem expressão
alguma. Na tela estava a transmissão ao vivo exclusiva do
casamento.

Vendo a irmã tão irritada a ponto de descontar a raiva em


porcaria, Martin se sentiu impotente. "Ei, por que você está se
fazendo ver isso? Gosta de 'sofrer, é?"
FM
"Você não entende. É tipo terapia."

B
Distante, Christina pegou o controle remoto e colocou o volume
no máximo. "Como vou superar se eu não vir ele casando com
meus próprios olhos?"

Martin comprimiu os lábios e, em seguida, pegou o celular para


mandar uma mensagem no grupo de WhatsApp chamado
Aliança Anti-Destruidora de Lá.

"A Christina teimou em assistir à transmissão do casamento.


Eu não consegui impedir. O que a gente pode fazer?"

O segundo irmão respondeu: "Impedir o quê? A gente vai


conseguir mostrar nossa vingança!"

O terceiro irmão perguntou: "Transmissão? Achei que o Adolph


não tinha convidado a imprensa."

Martin respondeu: "Ela já superou minha habilidade de


hackear. Não tem nada que ela não consiga acessar agora."

"Não falo nada. Você é um frouxo." Quem falou dessa vez foi o
segundo irmão.

O quarto irmão comentou: "Tudo bem. Se a irmäzinha quer ver,


deixa ela. Ela gostou do Adolph por tanto tempo. Talvez só
depois de ver o casamento dele com os próprios olhos é que
vai deixar ele ir."

Por fim, o irmão mais velho deu uma ordem. "Sigam o plano."
FM
Era o dia do casamento, mas o clima não estava claro: A

B
Cidade N estava coberta por nuvens carregadas, como se uma
tempestade fosse cair a qualquer momento.

A cerimônia aconteceria no Wilton Hotel do Santos Group. Os


convidados apareceram como era de se esperar, mas não
havia muitas pessoas - a maioria eram parceiros de negócios.
Alguns membros da família Casa estavam a caminho; já os
membros da família Santos...

Os convidados olharam para a mesa principal vazia e


sussurraram: "Ninguém da família Santos veio. Porquê?"

"O avô do sr. Santos não concorda com o casamento com a


família Casa. Você não ouviu falar da briga entre a Emily e a
mãe do Adolph? Eu ficaria surpresa se eles viessem. Quando
isso acontece, vai ter confusão, aposto."

"Um casamento sem as bênçãos dos membros mais velhos da


familia? Não me parece muito promissor. Com quem ele casou
antes? Por que nunca ouvi falar nada do primeiro casamento?"

"Viralizou há alguns dias. Dizem que ele casou com uma


garota de classe social baixa. O Sr. Santos não gostava dela,
por isso pouca gente sabe. Como uma mulher da roça
chegaria aos pés da senhorita Casa?"

"Qual o problema com gente da roça? Que familia rica que não
veio de fazendeiros? O meu vô era da roça. Adivinhe como ele
está hoje. Por que vocês estão menosprezando pessoas da
roça?"
FM
Enquanto os convidados fofocavam, alguém soltou aquilo.

B
Quando se viraram, viram um menino lindo usando apenas
roupas caras.

Ao ver o garoto, que estava prestes a brigar, Martin ficou


extasiado. "Quem é esse?"

"Zoe Santos, o filho mais novo do terceiro mestre da família


Santos", respondeu Christina.

"Ah, o membro mais novo da família Santos. Interessante",


disse Martin. "É raro ver alguém daquela família te defender."

Christina lhe lançou um olhar de soslaio. "Eu era comunicativa


quando estava na família Santos. Menos com o Adolph, que
não gostava de mim."

Aqueles palavras doeram no fundo da alma. Todos gostavam


dela, com exceção daquele que ela mais queria e gostava.
Qual era a finalidade de ter um bom relacionamento com todas
as outras pessoas?

Christina deu um sorriso torto.

Zoe foi puxado para a mesa principal pela irmã e se sentou. A


indignação estava estampada naquele rostinho pequeno e
bonito. "Irmã, você esqueceu como a Christina era legal com a
gente? Você vai apoiar o casamento do Adolph com a Emily?"

"Eu não esqueci!"


FM
Fiona Santos fez de tudo para acalmar o nervosismo do irmão.

B
"Mas o Adolph e a Christina já se separaram. A gente gostando
ou não, é a realidade. O que a gente pode fazer?"

O menino chutou a mesa, irritado. "O Adolph é um ingrato. Ele


não vê nada! Eu falava para a Christina não ser tão boa com
ele. Os homens são estranhos, não dão valor para as coisas
que recebem de mão beijada. As outras mulheres são sempre
melhores do que as deles! Eu disse para ela dar um chilique de
vez em quando para chamar a atenção, mas ela não me ouviu
e deu nisso. Eles se separaram!"

Fiona suspirou de leve. "O divórcio não foi necessariamente


ruim para a Christina. Acho melhor encontrar um homem que
ame ela de verdade do que tentar agradar um que não ama
ela.

"Não é fácil achar alguém assim! O Adolph é ótimo em tudo,


mas é cego. Hunf!"

Martin se divertiu com aquela cena. Zoe ficava muito fofo e


engraçadinho quando estava bravo.

Ele deu um sorriso malicioso e teve outra ideia. Então pegou o


celular e mandou uma mensagem. Pouco tempo depois, os
seguranças da entrada do salão se dirigiram até o membro
mais novo da família Santos.

Capítulo 24

Christina não prestou muita atenção ao que estava


acontecendo perto de Zoe; só conseguia enxergar o palco.
FM
Com a chegada do grande momento, o mestre de cerimônia

B
tinha se preparado para presidir o casamento.

Ela esmagou uma batata enquanto ouvia o discurso de


abertura eloquente do homem. Em seguida, o noivo se
levantou e foi recebido por uma onda calorosa de aplausos. Foi
naquele momento em que o som de batatas sendo esmagadas
parou abruptamente.

Adolph, seu ex-marido, estava em pé no palco. Sob a luz, ele


acenou para a multidão de forma contida. Sua fisionomia, forte
e com traços marcantes, chamava a atenção tanto quanto as
luzes ofuscantes espalhadas pelo salão.

Ela estava acostumada a vê-lo de terno, mas aquela era a


primeira vez que o via em um de cor branca, o que dava ao
seu ar indiferente um toque de sofisticação e gentileza.

Devia ser o dia mais feliz da vida dele: Iria se casar com a
mulher que amava.

De repente, Christina sentiu que o salgadinho devia ter


vencido, já que estava com um gosto amargo.

Quando o mestre de cerimônia tinha acabado de apresentar o


noivo e estava prestes a chamar a noiva, ouviu-se um grito
nítido vindo da mesa principal: "Espere um pouco!"

Sob os olhares curiosos de todos, Zoe saltou sobre o palco


com uma expressão séria e entregou a Adolph um documento
que tinha acabado de receber. "Irmão, olhe isso!"
FM
Adolph ficou sério e franziu o cenho. "Zoe, você já deu trabalho

B
demais nos últimos dias. Se você arrumar mais confusão hoje,
vai ver só."

Ele fez um gesto com a mão, e Walt e seus homens vieram


retirá-lo de lá rapidamente. Zoe tentou se soltar, e o documento
caiu no palco, mas Adolph o chutou para o lado sem nem dar
uma olhada.

Assistindo à cena, Martin não pode deixar de balançar a


cabeça. "Esse menino é meio incompetente. Não acredito que
ele desperdiçou essa chance."

"Quem é meio incompetente?"

Pressentindo algo suspeito, Christina semicerrou os olhos e se


dirigiu a Martin. "O que você aprontou? Que documento era
aquele que Zoe trouxe?"

Martin a deixou curiosa e sorriu, voltando a cabeça para a tela.


"Continue assistindo. A melhor parte do show já vai começar."

O apresentador demonstrou seu profissionalismo e tentou


quebrar o gelo. "E aí foi um pequeno intervalo... Aposto que a
noiva está ansiosa para se encontrar com o noivo. Bom, vamos
dar as boas-vindas: uma salva de palmas para Emily Casa!"

Com um buquê de flores brancas nas mãos e uma coroa na


cabeça, Emily surgiu timidamente, com as madrinhas
realçando sua beleza delicada.

Ela caminhou devagar na direção de Adolph.


FM
Contudo, quando estava quase lá, a música inicial, um piano

B
melodioso, foi trocada de repente, e os gemidos de uma
mulher puderam ser ouvidos. "Aha.... don't stop... come on...
baby..."

O melhor sistema de som tinha sido instalado no salão: Era


possível ouvir cada respiração e cada gemido claramente,
como num efeito de áudio espacial.

Os adultos tossiam discretamente, e aqueles que tinham


levado crianças cobriam seus ouvidos. Enquanto isso, Emily
parou, branca como um papel.

O que estava acontecendo? Aquela parecía sua VOZ.

A expressão de Adolph tinha mudado. Com um olhar frígido,


ele perguntou: "O que é isso?"

Os imprevistos não paravam de chegar, o que deixou Walt


nervoso. Ele mandou alguém ir verificar depressa o que estava
acontecendo. Depois de um pequeno zumbido, a música voltou
ao normal.

O mestre de cerimônia riu e disse: "Outro intervalo, aha."

A suíte de Christina também estava equipada com um ótimo


sistema de som. Ao ouvir os gemidos femininos, ela estreitou
os olhos. "É a voz da Emily?"

Apesar de estar em inglês, era possível distinguir bem aquela


voz suave.

Martin respondeu com calma: "Continue assistindo."


FM
B
Emily se forçou a ficar calma, acelerou o passo, e sussurrou
para Adolph: "Adolph, estou um pouco assustada. Tem alguém
brincando com a gente?"

"Não precisar ficar com medo", disse Adolph. "Estou aqui."

Ela balançou a cabeça de leve, pegou o microfone da mão do


apresentador e retomou o boca enquanto riam, ou falavam
dela como se estivessem presenciando uma piada.

Apesar de demorar para perceber o que estava acontecendo,


Emily notou a reação de quem estava nos bastidores. Nessa
hora, a pressão e a temperatura a sua volta caíram de repente,
e ela ouviu uma voz severa. "É essa a sua surpresa?"

Emily se virou apenas para descobrir a expressão rígida e fria


de Adolph, cujo olhar sombrio, fixo na tela, parecia vazio.

O que havia de errado?

Confusa, Emily se virou para olhar a apresentação. Como


consequência, ficou tão chocada que deu um berro e perdeu o
equilíbrio.

Era possível perceber que aquele não era o vídeo que tinha
preparado, mas, sim, uma apresentação ininterrupta de fotos
comprometedoras suas.

Emily quase desmaiou. Ela olhou para si mesma na tela sem


conseguir acreditar, se perguntando come aquelas fotos tinham
ido parar ali.
FM
Christina permaneceu sentada no sofá e olhou em silêncio

B
para as fotos na tela. Elas não chegavam a expor nudez nem a
ser escandalosas. Na verdade, eram comuns entre artistas,
mas, daquela vez, era diferente: Mostravam uma mulher
ficando com homens de várias partes do mundo, incluindo
Europa, Ásia e África. Ela estava deitada, sentada ou abraçada
com eles nas mais variadas ocasiões.

Christina já tinha visto aquelas fotos em seus materiais e sabia


o que Emily tinha feito no tempo em que esteve fora, por isso
não se abalou nem disse nada.

Mas, para Adolph, era outra história. Sua menina pura e


perfeitinha tinha se tornado uma prostituta de uma hora para
outra. Que dor horrível!

"Essa é a sua 'surpresa'?"

Christina disse a Martin: "Você não conhece bem sobre


Adolph. Ele pode ser rígido, mas não é muito conservador.
Com o amor que sente por ela, pode até aceitar."

Martin sacudiu a cabeça. "Você não conhece a gente. Nenhum


homem aceitaria uma mulher oferecida. Quem arriscaria ser
corno? Só se for louco."

Ele sinalizou para que Christina continuasse assistindo. "Isso é


só o começo. A melhor parte ainda nem chegou."

Capítulo 25

"Desligue isso, desligue isso!"


FM
Sem conseguir se conter, Emily gritava em cima do palco e

B
quase chegou a desmaiar enquanto as madrinhas a
observavam de um canto, pensando: "Você não queria se
aparecer? Bem feito!"

O projetor foi desligado. Com a quantidade de imprevistos


ocorrendo um após o outro, o apresentador começou a suar
frio e pensou em como aquele trabalho era difícil!

"Adolph, essas fotos são falsas, aquela não era eu. Alguém
deve ter ficado com ciúmes porque estou casando com você e
armaram para mim!"

Desesperada, Emily segurou Adolph. Sua coroa

estava torta, e uma mecha de cabelo caía em seu

rosto delicado, no qual uma camada generosa de

blush tinha sido aplicada, mas que agora estava

retorcido e pálido devido ao susto.

Adolph conseguia verificar se as fotos eram reais ou não, mas,


apesar de seu ceticismo, a saúde de Emily ainda o preocupava
muito.

"Calma, você não está bem de saúde. Não fique agitada.


Depois da cerimônia, a gente conversa."

Emily, então, pareceu ter sido lembrada de sua condição: seu


corpo ficou bambo de repente, e ela apertou o abdômen
FM
enquanto mordia os lábios com força. Estava prestes a cair de

B
seus braços, como se fosse desmaiar.

"Adolph, eu não consigo aguentar mais tempo. Será que o


mestre de cerimônia não pode ir mais rápido?"

Ela já não ligava mais para a forma como o casamento fosse


levado adiante, só queria que tudo acabasse logo e que não
houvesse mais nenhum problema!

Adolph sinalizou para que o apresentador parasse de tentar


distrair o público e desse continuidade à cerimônia. Então, ele
pediu para que os noivos trocassem alianças.

"Espere!"

A celebração, que tinha finalmente progredido, foi interrompida


novamente. Dessa vez, não tinha sido Zoe, mas, sim, a pessoa
que pegou o documento ignorado no chão e terminou de ler - a
filha mais nova dos Santos, Fiona.

Ela não era tão impaciente quanto o irmão. Em seu vestido cor
de damasco, foi até o palco e indagou: "Senhorita Casa, você
tem mesmo câncer de estômago?"

A pergunta repentina atingiu Emily como um tapa na cara.

Fiona não usou o microfone, então sua voz não soou muito
alta. Apenas as pessoas no palco ouviram a pergunta, e as
madrinhas ficaram todas alarmadas, olhando para a amiga
com rostos confusos.

"Emily, desde quando você tem câncer? Não era anorexia?"


FM
B
"Anorexia?" Adolph franziu as testas e olhou para Emily. "Não
é câncer de estômago?"

O que suas amigas sabiam de sua doença era completamente


diferente daquilo que seu noivo sabia. O apresentador estava
como barata tonta no palco, sem saber se devia continuar ou
não.

As mentiras sempre vinham à tona.

Percebendo que sua máscara estava prestes a cair, Emily


entrou em pânico. Era como se aqueles "intervalos" que
surgiam do nada a fossem despindo aos poucos, deixando-a
praticamente exposta diante de todos.

Quem a tinha colocado naquela situação constrangedora?


Estava além de sua compreensão.

"Adolph..."

Emily agarrou o braço do marido com olhos suplicantes.


"Vamos terminar o casamento primeiro? Depois eu te explico.
Por favor, não me faça passar vergonha na frente de tantas
pessoas.

A expressão de Adolph estava rígida, e seus olhos cheios de


sentimentos ambíguos ao observar a mulher que tinha amado
por tantos anos. Por algum motivo, ela lhe pareceu uma
completa estranha.

Foi como se o coração dele tivesse parado de bater.


FM
Assistindo a ambos olharem um no olho do outro, Christina se

B
levantou de repente, assustando Martin.

"Que foi? Não quer ver mais? O show ainda não acabou. O
que vai vir é ainda mais interessante..."

Christina entrou no banheiro, fechou a porta e deu uma série


de golpes de Muay Thai no ar. Ela estava uma pilha de nervos!

Não conseguia entender por que Adolph queria tanto se casar


com uma inútil! Chegou até a se perguntar se havia algo de
errado com ele!

Quando bateram à porta, Christina rosnou: "Não quero mais


assistir!"

Martin abriu a porta com uma expressão séria no rosto.


"Aconteceu alguma coisa. Acabei de ficar sabendo que a sua
sogra foi até a cobertura e ameaçou pular do prédio."

"Como?"

Em choque, Christina se apressou, seguida por Martin.

"Ei, não me fale que você está indo lá. Vai demorar umas duas,
três horas para chegar na Cidade N..."

"A vida de uma pessoa está em risco. Eu preciso ir lá nem que


eu tenha que ir voando!"

O casamento estava um caos total.


FM
Os convidados não sabiam o que estava acontecendo, só

B
viram a cerimônia sendo interrompida por algum motivo e a
porta do salão se abrindo de repente. Em seguida, uma rajada
de vento levou papéis para dentro do local.

As pessoas os pegaram e leram. Era uma lista dos "dez


grandes pecados" de Emily, ultrajantes demais s para serem
descritos.

Ali dizia que ela era promíscua, mentirosa, exibida, fútil,


hipócrita, traiçoeira, dissimulada, uma destruidora de lares,
imoral, e que diminuía outras mulheres apesar de ser uma.

"Então é isso. E você ainda se culpa por estudar demais. O


estilo de vida da família Casa é horrível, não é?"

O senhor e a senhora Casa estavam sentados na plateia,


mortificados. Como não se importavam com etiqueta, foram
correndo ao palco questionar a filha sobre a lista. "Emily, o que
está acontecendo?"

A noiva ficou tão furiosa quando viu a lista de pecados que


começou a tremer e apontou para a plateia.

"Quem foi? Quem quer arrumar confusão para o meu lado?


Apareça! Vamos resolver isso cara a cara!"

"Resolver isso cara a cara? Tem certeza?"

Zoe, que tinha conseguido se soltar, voltou ao palco. Ele pegou


o documento da mão de Fiona e lançou um olhar a Emily. "Por
que você não explica a sua doença primeiro? Está na cara que
você tem anorexia, um distúrbio alimentar, mas, ainda assim,
FM
tem coragem de mentir para o meu irmão dizendo que tem

B
câncer de estômago. Eu até tive pena de você, pensando que
não deveria dificultar a situação de uma pessoa com uma
doença sem cura. Caso contrário, você acha mesmo que eu ia
deixar você ser minha cunhada? Sonha!", disse com um
sorrisinho irônico no rosto.

Ele queria jogar o papel na cara dela, mas Adolph o impediu.

O noivo abriu o documento e viu sua condição médica


registrada claramente, tanto em inglês quanto em árabe,

O diagnóstico de "câncer de estómago tinha sido analisado em


diversos aspectos e demonstrou ser falso.

Como ela podia ter escondido até agora algo que era possível
de ser revelado com uma investigação minuciosa?

O canto dos lábios de Adolph se curvaram num sorriso


zombeteiro. Não dava para saber se ele estava rindo de Emily
ou de si mesmo,

"Então é por isso que você não quis ir comigo no hospital. Você
só mentiu desde que voltou do exterior."

"Não, não é assim, Adolph. Me escute..." Os olhos de Emily


estavam vermelhos e cheios de lágrimas, e ela se aproximou
de Adolph em seu vestido de noiva.

Adolph, no entanto, não a defendeu como de costume. Em vez


disso, deu um passo para trás. Seu olhar frio era de desprezo,
como se ela tivesse alguma doença contagiosa, e ele estivesse
com medo de ser contaminado.
FM
B
Emily sentiu uma dor no peito. Estava ferrada!

Bem nesse momento, Walt veio correndo e informou: "Más


notícias, Sr. Santos. Sua mãe está na cobertura e disse que vai
pular do prédio."

Preocupado, Adolph se apressou escada a cima.

Na cobertura, Athena estava sentada na cadeira de rodas, à


beira do prédio. Se não tomasse cuidado, podia cair, fazendo
daqueles momentos seus últimos. No entanto, ela não parecia
nem um pouco assustada. Mesmo naquela situação,
aparentava elegância e imponência.

O prédio estava cercado de gente, e um amortecedor de


quedas tinha sido preparado. Lá embaixo, o negociador
tentava acalmá-la com um alto-falante. "Madame, por favor não
seja impulsiva. A gente pode conversar sobre o que você está
pensando..."

Adolph, Zoe e os outros tinham todos ido depressa até a


cobertura. Ao verem Athena à beira do prédio, pronta para cair
a qualquer minuto, não conseguiram nem gritar. Mamãe.

Adolph pensou tê-la chamado, mas descobriu que tinha


apenas aberto a boca, sem conseguir formular nenhum som.

"Tia, o que você está fazendo? Se tiver alguma coisa de


errado, a gente pode resolver. Por que está assustando a
gente desse jeito?" Zoe chorou, nervoso, de forma irracional.
FM
Na cadeira de rodas, Athena se virou a fim de olhar para

B
Adolph, que se aproximava. "Filho, você sabe por que eu não
quero que você case com a Emily?"

Demorou um tempo até que Adolph tivesse forças para falar.


"Sei, por causa da Laura."

Athena disse com desprezo: "Por causa dela, seu pai queria se
separar de mim a todo custo. Você só tinha dez anos na
época. Eu lutei por aquele casamento durante dez anos, mas,
ainda assim, ele chegou ao fim. Aquele seu pai sem-vergonha
me abandonou, a mulher dele, e foi atrás do amor superficial
que tanto queria. E agora, filho, você está fazendo a mesma
coisa se casando com a sobrinha da Laura. Que ridículo".

As palavras ficaram presas na garganta de Adolph. Ele não


conseguiu formular uma resposta.

"Eu fui forte a minha vida inteira. Já é demais presenciar a


infidelidade uma vez, não vou deixar isso acontecer nunca
mais. Ser a sogra da Emily está fora de questão. Como mãe,
não quero tornar as coisas difíceis para você, então vou partir
do meu jeito."

Athena ligou a cadeira e avançou, mas parou de repente.


Enquanto se perguntava o que tinha acontecido, uns homens
de preto apareceram do nada. Eles cercaram a cobertura e
travaram as rodas.

Hyman escalou o prédio e ficou todo sujo. Sorrindo, ele disse


oi a Athena. "Tia, foi o Adolph que me mandou fazer isso. Se
quiser descontar em alguém, não é em mim."
FM
Adolph puxou a mãe para trás com uma expressão sombria no

B
rosto e ouviu um barulho alto. Um helicóptero pairava no céu,
não muito longe, como se procurasse um local para pousar.

Não demorou muito para que a multidão na cobertura se


dispersasse. Ouvindo o barulho do vento, eles assistiram ao
helicóptero pousar lentamente.

Uma figura esbelta surgiu do banco do piloto. Ela vestia uma


camisa branca simples e calças pretas, e seu cabelo curto lhe
dava um ar descolado. Foi quando tirou o equipamento que
todos perceberam que o piloto era uma mulher!

E não só isso: era uma mulher muito bonita!

Quando Adolph a enxergou com clareza, ficou atordoado, e


cada passo que Christina dava era como se pisasse em seu
coração. Pa-pa-pa!

Capítulo 26

Depois de assinar os papéis de divórcio, Christina


desapareceu da Cidade N sem deixar rastros. Ninguém
imaginava que ela estivesse daquele jeito.

"Como ela é... descolada!"

Hyman também ficou de queixo caído. Ele ergueu a cabeça e


fixou o olhar em Christina, sem conseguir parar de encará-la.

Ela tinha uma presença de dar inveja até nos homens.


FM
Até mesmo Adolph, que sempre parecia indiferente, deixou um

B
traço de tristeza transparecer no rosto frio e calmo. Como ele
nunca soube que aquela mulher sabia até pilotar um
helicóptero?

Consciente de que todos a olhavam, Christina caminhou até


Athena e, agachando-se devagar para disfarçar a timidez, foi
extremamente gentil.

"Minha nossa, você me assustou. A gente não faz esse tipo de


coisa."

Athena era poderoso. Quando Christina apareceu, sua


expressão mudou. Ela segurou a mão da outra mulher,
surpresa em vê-la. "Minha filha, você também me deu um
susto. É perigoso pilotar um helicóptero. Por que você fez
isso?"

"Aqui é muito alto e perigoso, mas você não subiu também?",


disse Christina em tom reprovador.

Athena se inclinou e sussurrou em seu ouvido:

"Eu não ia pular de verdade, só queria assustar aquele


malcriado. Quem mandou ele não me ouvir e casar com
alguém pior que você?"

Christina fez que sim e disse: "Entendi."

"Então vamos lá para baixo. Está ventando muito aqui, não


vale a pena pegar um resfriado."
FM
Christina cobriu as pernas da ex-sogra com uma coberta fina

B
que ela mesmo tinha costurado. Athena gostava de ficar com
as pernas cobertas o tempo todo. Ela era tão superior ao
ex-marido, que nunca soube valorizá-la, não importava o quão
bem ela o tratasse.

Athena concordou. De frente para a ex-nora, era como uma


tigresa dócil que tinha guardado as garras.

Adolph observou de longe as duas mulheres que eram


próximas como mãe e filha. Ele não sabia nem dizer o que
estava sentindo.

Christina tinha algum tipo de magia inexplicável que, no


momento em que entrou para a família Santos, fez todos
serem leais a ela. De vez em quando, eles até a apoiavam e
reclamavam dele, o que o deixava muito chateado.

Ele achava que ela só estava tentando agradar sua família,


coisa de que não gostava. Por isso, quanto mais seus parentes
a elogiavam, mais ele parecia se rebelar e gostar menos dela.

Mas, naquele momento, percebeu de repente que, além de sua


mãe, seus avós maternos, que eram muito experientes e,
portanto, espertos, também gostavam dela. Se Christina
quisesse mesmo apenas agradá-los, eles perceberiam.

No meio da multidão, assistindo à cena, estava Emily,


morrendo de ciúmes.

Era óbvio que ela era a verdadeira nora da Sra. Santos, no


entanto, as duas pareciam até da mesma família. Aquele era o
FM
seu casamento, era ela quem deveria ser a protagonista.

B
Como Christina podia ter a coragem de roubar seu brilho?

"Mamãe-"

Emily gritou, emotiva, e correu até Athena, segurando a barra


do vestido e demonstrando preocupação. "Por que você é tão
impulsiva? Não é mais fácil conversar? Para quê tudo isso? Eu
não aguento mais! Todo mundo vai julgar o Adolph por não ser
um bom filho!"

Assim que terminou, a atmosfera inicialmente tranquila se


tornou sombria. Todos ali sentiram vergonha alheia.

Contudo, Emily estava disposta a continuar o fingimento,


então, chorou.

Christina e Athena a olharam e disseram em uníssono: "Dá


para calar a boca?" "E quem aqui é sua mãe? Por que você
está me

chamando assim?"

Ao ouvir aquilo, Emily congelou e, instintivamente, buscou


Adolph com seus olhinhos de cachorro perdido na mudança.
Ele, porém, não tinha nenhuma intenção de abrir a boca para
ajudá-la.

Ela ficou horrorizada ao descobrir que o olhar do marido estava


vazio.

Aquilo a deixou muito nervosa.


FM
Sem saber o que fazer, e vendo que Christina estava prestes a

B
levar Athena embora, Emily ficou em pé e apontou para a rival.
"Já sei! Foi você! Você arrumou tudo isso hoje!"

"Emily Casa", chamou Adolph. "Não fale besteira, você não


tem nenhuma prova."

Adolph não apenas a tinha chamado pelo nome como também


defendeu Christina. Emily ficou cada vez mais nervosa,
sentindo que ele iria deixá-la.

Não tinha sido uma acusação infundada.

Aquele era para ser um bom casamento, mas deu no que deu.
Estava claro que alguém queria acabar com ela. Fazia pouco
tempo que tinha voltado para a Cidade N, não tinha ofendido
inguém. A única pessoa que guardava rancor dela era
Christina, que, aliás, tinha aparecido do nada fazendo uma
entrada triunfal. Era óbvio que queria roubar Adolph!

"Christina, se responsabilize pelos seus atos. Por que teve a


coragem de fazer isso, mas agora não tem a coragem de
admitir?", disse apontando para a mulher. Mesmo que a culpa
não fosse sua, Emily queria "acabar com a raça dela".

Caso contrário, qual era o ponto de se casar com um Santos


se a cerimônia já fosse acabar?

Christina segurou a cadeira de rodas de Athena e disse sem


empolgação: "Fui eu. E daí?" Adolph olhou para ela, surpreso.

Era verdade?
FM
Mas, no dia anterior, ela tinha fingido que não o conhecia,

B
como se nunca mais fosse falar com ele. Por que todo esse
show de repente?

Emily também ficou surpresa. Não esperava que Christina


fosse admitir assim.

Christina não achava que fazia muita diferença admitir ou não.


No final das contas, o responsável era seu irmão. Então, qual o
problema se assumisse a culpa?

"Você não tem vergonha na cara!", gritou Emily.

"Você queria o quê? Dignidade? Então não devia ter se


vendido para outros homens tão abertamente. Ficou cansada
de tanto fingimento e resolveu casar com uma pessoa
honesta?", disse Christina com desdém.

Adolph franziu o cenho.

Ela estava falando dele e de Emily?

Emily deu uma olhada rápida na direção de Adolph. Ao ver que


ele não estava bem, ela sentiu um aperto no peito e não
conseguiu segurar o choro. "Adolph, não dê bola para essas
besteiras. Por que eu seria assim? É tudo mentira... Eu, eu vou
te processar!"

"Fique à vontade, é um direito seu. Mas, pelo que eu saiba, a


família Casa está sendo processada por não pagar uma dívida
milionária. Não sei se você vai ter dinheiro para um advogado.
Quer que eu te empreste?"
FM
Christina não se sentiu nem um pouco ameaçada. "Quando

B
você vai me processar? Meus advogados vão ficar esperando."

Depois de tirar Athena da cobertura do prédio, ela não se daria


mais ao trabalho de continuar discutindo com aquela mulher
que se fazia de vítima e bancava a inocente.

Emily estava tremendo de raiva. Ela não conseguia entender


como uma garota da roça, com uma família comum, sem
nenhum suporte, podia provocá-la sem parar e até dizer algo
como

"meus advogados" sem vergonha nenhuma!

Ela por acaso achava que vinha de uma família rica e


poderosa?

Emily estava furiosa; nunca imaginou que uma caipira fosse ir


longe demais.

"Adolph, olhe o que a Christina está fazendo! Ela passou dos


limites!"

Emily se aproximou de Adolph, pedindo justiça. "Eu não ligo,


tenho que processar ela por violar minha privacidade, acabar
com a minha imagem e estragar meu casamento! Vou deixar
ela apodrecer na cadeia!"

Adolph olhou com frieza para a expressão chorosa mas


determinada de Emily. Só conseguia enxergar um rosto pálido,
muito diferente do que se lembrava.
FM
Ele podia tolerar sua hipocrisia e vaidade, mas não o fato de

B
ela se aproveitar de sua sinceridade para enganá-lo.

"Emily", disse ele em voz baixa, "vamos terminar".

Capítulo 27

"Cabrum!"

Um raio cruzou o céu escuro, como se tivesse atingido Emily. A


já instável coroa de diamantes caiu de sua cabeça.

A chuva que ameaçava cair desde a manhã chegou e


dispersou a multidão. Apenas Emily estava no telhado, sem se
mover, olhando com desespero para a figura distante de
Adolph.

Antes, ela tinha um homem que a abrigaria do vento e da


chuva sem importar o quê, mas ele não faria mais isso.

Foi só então que ela percebeu o erro de ter terminado com ele
naquela época, e teve ainda mais certeza de que tinha
finalmente pagado o preço pela forma como agiu nos três anos
em que esteve no exterior.

Um casamento que tinha quase virado piada terminou sob


chuva forte.

Apesar de os convidados não terem presenciado uma


cerimônia romântica, tinham assistido a um bom show. A
viagem tinha valido o tempo e o dinheiro gastos.
FM
A família Santos não se sentiu envergonhada; não viam a hora

B
de o casamento acabar. Bastava Adolph não se casar com
Emily para que comemorassem como se fosse Natal. Quem se
importava com as fofocas? Em todo caso, as pessoas não
teriam coragem de rir deles.

Melhor ainda era que Christina estava de volta. Era algo com
que se alegrar.

A família Casa, por outro lado, não estava mais calma.

Devido à série de acontecimentos no casamento, Emily tornou


se uma piada. A Família Casa tinham se tornado motivo de
chacota das famílias ricas e poderosas da Cidade N. Tinham
perdido toda a dignidade!

"Que ridículo! A nossa família é uma família instruída. Como a


gente criou uma filha que nem você? Como vai conseguir sair
de casa depois dessa humilhação?"

O Sr. Casa estava tão bravo que não parava de andar de um


lado para o outro com as mãos nas costas. Ele apontou para a
filha e a repreendeu duramente. Os óculos dourados chegaram
até a tremer em seu nariz.

Emily estava sentada na cama, chorando e chorando. Ela


ainda usava o vestido de noiva, mas ele agora estava sujo e
com uma mancha grande na barra. Era como se, aos olhos de
Adolph, ela fosse uma folha em branco que acabou tornando
para um jornal publicado.

"Chega, já chega de falação. Nem é culpa dela mesmo." A Sra.


Casa tentou persuadir o marido.
FM
B
O Sr. Casa grunhiu com frieza e disse: "Você é tão inútil! A
culpa é toda sua! Eu não devia ter te ouvido. A gente gastou
um monte de dinheiro para criar ela, mas, no fim, não
consegue nem fazer parte de uma família rica. Foi tudo jogado
no lixo!"

A Sra. Casa perdeu a cabeça quando ouviu aquilo. "Nossa,


agora a culpa é minha que você mimou ela? É tudo coisa da
sua irmã querida que vive falando de entrar para uma família
rica e poderosa. A Laura acabou com a nossa família!"

"Chega!"

Emily gritou e cobriu as orelhas. "Eu já estou me sentindo mal


o suficiente. Vocês podem dar um tempo?"

Seu pai ia dizer algo quando o telefone tocou. Era

Laura.

"É a sua tia!"

O Sr. Casa conversou brevemente com a irmã e, então,


passou o aparelho para a filha, que soluçou e chamou pela tia.
Em seguida, ela ouviu uma voz preguiçosa e fria vinda do outro
lado da linha. "Está chorando por quê? Um contratempo de
nada te desmorona desse jeito? Já quer desistir?"

"O que eu posso fazer?", disse Emily, nervosa. "Ele me acusou


de mentir. Disse que eu era mau caráter e me rejeitou."
FM
"Não importa o quanto uma mulher seja mau caráter, um

B
homem sempre vai ser pior", disse Laura com desdém. "Enfim,
enquanto você tiver ele na palma da mão, não tem por que ele
não te querer".

"Tia, como eu faço?" Emily estava completamente perdida. O


homem que podia ser controlado com um estalar de dedos
estava ficando cada vez mais fora de seu controle.

"Não se preocupe, o Adolph deve estar bravo agora. Quando


ele acalmar, você explica tudo. E parece que a gente
subestimou a ex-mulher dele. Não se preocupe, eu vou me
vingar hoje!"

Quando Christina ajudava alguém, tinha que até o fim. ir

Ela fez questão de levar Athena embora pessoalmente. No


caminho de volta, sentada no carro de casamento coberto de
flores, ela achou um pouco de graça.

Será que ela se importava demais para uma ex- esposa? Ela
tinha que proteger o casamento do ex-marido.

O carro era um Lincoln com carroceria estendida e tinha vários


lugares. Fiona e Zoe a acompanharam, e este último não
parava de lhe fazer perguntas.

"Onde a cunhada estava? A gente te procurou em todo lugar.


Eu olhei as câmeras de segurança dentro de um raio de
duzentos quilômetros, mas nada de te achar."
FM
"Foi você mesmo que pilotou o helicóptero? Como? Quando

B
você aprender? Por que não contou para a gente? Você pode
me levar para dar uma volta?"

Christina deu um sorrisinho. "Claro. Mas hoje está chovendo,


vamos outro dia."

"Oba!"

Adolph olhou para Zoe, que estava dançando de felicidade, e


cerrou os olhos para ele, xingando-o internamente.

Ele ergueu a mão e deu um tapinha nas suas costas. "Sente!"

Zoe foi derrotado. Ao ver o olhar solene do irmão, acalmou-se


imediatamente.

Adolph estava sentado na segunda fileira e olhava para trás


com calma. Ao vê-la, ele pode perceber como ela se sentava
com postura ao lado de Athena. Sua expressão era de
indiferença, e seu jeito imponente era como se não tivesse
perdido nada.

Ele franziu as sobrancelhas. Sempre sentiu que, desde o


divórcio, ela parecia distante e completamente diferente do que
era.

Não o olhava mais com medo e expectativa, mas, sim, como


se olhasse para um estranho.

Aquilo lhe causou um desconforto no estômago.


FM
Athena e Fiona também tinham muitas perguntas para

B
Christina, que respondeu: "Quando a gente chegar, eu explico
tudo". Ela tinha escondido sua verdadeira identidade por três
anos, e, agora, era o momento de finalmente ser sincera.

A família Santos se reuniu sem desgrudar os olhos de


Christina, esperando ela revelar seu segredo.

Parada no corredor, ela passou os olhos pelo grupo, calma e


composta. "Pessoal, antes de tudo, eu queria me desculpar. O
meu nome verdadeiro é Christina Granger, e eu sou da Cidade
S."

Ela se curvou para expressar arrependimento, mas não de


maneira servil ou arrogante.

Os mais velhos estavam sentados, enquanto os mais novos


estavam todos em pé.

Adolph não estava muito longe. Ele a olhou de perfil e a


escutou contar a verdade sobre quem era. Apesar de já saber,
ele ainda ficou um pouco surpreso quando ouviu de sua
própria boca.

Ficou surpreso por ela ter mencionado a família Santos.

"Cidade S?" O segundo tio de Adolph não conseguia mais ficar


sentado. Ele olhou para Christina, cheio de surpresa e
suspeitas. "Não me diga que você é daquela família Granger?"

Apesar de ser um sobrenome comum, no entanto na Cidade S,


era difícil não associá-lo à famosa família Granger.
FM
Christina fez que sim e disse: "Isso mesmo. O Alston Granger

B
é meu pai".

Capítulo 28

Assim que Christina revelou quem era, principalmente quando


disse as palavras "Alston Granger", a expressão de todos
mudou.

O segundo tio de Adolph se levantou em choque. "Como?


Alston Granger é seu pai?!"

Adolph também franziu o cenho.

Apesar de Alston ter falecido havia três anos, ainda era muito
conhecido, e seu nome causava impacto...

Podia não estar mais entre eles, mas todos sabiam quem era.

Alston Granger era um especialista em negócios.

O Granger Group, fundado por ele, tinha se tornado a empresa


mais rica da Cidade S em apenas seis meses. Em um ano, o
país todo conhecia sua marca de joias; em dois, a marca podia
ser comparada a Santos Joias; em três, eles ultrapassaram o
negócio da família Santos e receberam o título de maiores
comerciantes de diamantes; em quatro anos, entraram para a
indústria internacional. Em pouco tempo, tornaram-se uma das
marcas mais luxuosas do mundo.

No início, ele pensou que Alston fosse desacelerar e ir com


calma, não esperava que fosse lutar com unhas e dentes,
fazendo a companhia crescer cada vez mais. Imobiliárias,
FM
hotéis, filmes e televisões, todos propagavam a palavra da

B
família Granger. O nascimento de Group Granger tinha dado
ao Group Santos um forte competidor.

O Granger Group estava no top 500 do país, e o próprio Alston


tinha chegado ao top 5 da lista de personalidades ricas.

Naquela época, os dois tios de Adolph tinham sido derrotados


pelo pai de Christina na indústria dos negócios. Apesar de já
ter falecido, eles ainda guardavam rancor e se irritavam
quando alguém mencionava qualquer coisa relacionada a ele.

Christina fez que sim com a cabeça. Ela sempre soube das
velhas disputas entre o Group Granger e o Group Santos. O
motivo pelo qual tinha escondido sua identidade para se casar
com Adolph era o medo de que não permitissem a união se
descobrissem quem era.

"Você é uma Granger, por que casou com um Santos? O que


você queria?"

O segundo tio de Adolph ficou nervoso ao mencionar a família


Granger. Alston o assombrava havia muitos anos. Se não se
livrasse daquele sentimento de aversão, acabaria o
direcionando para Christina.

"Fale baixo, por que você está gritando?"

O Sr. Santos repreendeu o filho e olhou para Christina. Sua


expressão se suavizou um pouco. "Não precisa ficar nervosa,
fale devagar."
FM
Christina quería retrucar a pergunta do tio de Adolph, mas o sr.

B
Santos e sua esposa sempre a trataram muito bem. Ela os
respeitava muito como mais velhos, então não seria grosseira
na frente deles.

Sua voz estava calma, e ela explicou resumidamente: "Eu sei


que as duas famílias são concorrentes e já brigaram muito,
mas, depois que a gente estabeleceu uma divisão do mercado
usando o Rio Azul, ninguém interferiu mais no negócio do
outro".

Ao vê-lo concordar com a cabeça, Christina prosseguiu: "Três


anos atrás, quando meus pais faleceram, a companhia passou
para mim num momento crítico, mas, por causa de alguns
desentendimentos de família, eu saí por um tempo. Os últimos
anos, meus tios quase levaram o Granger Group à falência. É
compreensível alguém achar que eu casei com um Santos por
interesse, mas, se fosse assim, por que eu ia deixar a empresa
decair tanto? Nesses três anos, eu fui discreta e nunca passei
dos limites. Se vocês não acreditam, podem perguntar para o
Adolph".

Ela olhou para o ex-marido, que estava pensando em alguma


coisa. Assim que ouviu chamarem seu nome, ele ergueu a
cabeça e de repente encontrou todos os olhares direcionados
para si.

No entanto, antes de voltar para a realidade, Christina já tinha


desviado o olhar, como se apenas tivesse apontado para ele
com os olhos.

Diante da espera de toda a sua família, Adolph respondeu um


leve "aham", concordando com Christina.
FM
B
No dia em que deixou a Mansão Santos, ele questionou sua
identidade. Como ela tinha recusado dez milhões de dólares?

Era dona de casa e não tinha trabalho nenhum.

Ou era muito corajosa, ou tinha dinheiro.

Naquele momento, as duas afirmações pareciam verdadeiras.

Sendo a queridinha da família Granger, ela tinha crescido


numa casa luxuosa, então naturalmente possuía determinação
e recursos. Do contrário, como teria conseguido gastar bilhões
para reerguer o Granger Group da noite para o dia?

Mas ele não entendia uma coisa, que Christina não tinha
esclarecido...

Por que tinha se casado com ele?

Adolph não precisava provar nada a ninguém. Durante aqueles


anos, a participação de Christina na família Santos tinha sido
notada por todos. Cuidando do marido, servindo à sogra e
sendo respeitosa com os mais velhos; não era exagero dizer
que ela era incrível.

O Sr. Santos e sua esposa não deixavam de gostar dela só por


ser uma Granger.

Ele pediu que Christina se aproximasse e disse: "Christina, não


dê muita bola para o que o meu filho disse. Ele perdeu para o
seu pai, mas não vai ir atrás de você. As brigas entre as duas
FM
famílias acabaram faz tempo. Esse tipo de competição é

B
normal, não fique chateada".

A Sra. Santos segurou a mão de Christina e disse com


gentileza: "Todo mundo sabe como você é. Você nos trouxe
tanta alegria nesses anos. Já que está de volta, não vá
embora. Fique aqui, vamos continuar viver conosco. Você não
concorda, Adolph?"

Os dois membros mais velhos da família tentaram de tudo para


ela ficar, queriam uni-la a Adolph novamente. Fiona e Zoe
também não paravam de tentar fazer Adolph perceber aquilo.

Athena foi mais direta: deu um empurrão no filho para que ele
ficasse perto de Christina.

O homem foi pego de surpresa e tropecou, quase caindo em


Christina, mas conseguiu recuperar o equilibrio.

Christina apenas o olhou com um sorriso no rosto. Ela não


queria nem um pouco ajudá-lo.

Adolph ficou com vergonha ao ser provocado pelas pessoas e


queria brigar, mas, por algum motivo, depois de olhar para
Christina, não conseguiu.

Por que ela o olhava como se ele fosse um animal?

Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Nos últimos três
anos, toda a sua família tinha se esforçado para juntar os dois,
mas o amor não era algo que podia ser forçado.
FM
Aquilo não era legal para Christina, que já tinha tido o

B
suficiente de amores malsucedidos.

"Gente, o Adolph e eu já nos separamos. O processo do


divórcio acaba hoje. Cada um vai seguir seu caminho de agora
em diante."

Christina sorriu e disse: "Eu vim hoje para me despedir e


agradecer todo o carinho dos últimos anos. Se ficarem com
saudade, são mais do que bem-vindos à Cidade S para me
visitar. A época das rosas está chegando, e as flores estão
abrindo".

Adolph ficou parado na chuva, observando em silêncio


enquanto Christina se despedia, e disse: "Eu levo ela".

Ele segurou um guarda-chuva grande e saiu sem dizer uma


única palavra no caminho.

A fragrância impar dela pareceu se intensificar com a chuva,


demorando-se em seu nariz, o que o lembrou de repente do
selo de rosas que ela lhe tinha dado e das rosas que ainda não
tinham florescido na mansão.

O carro que buscaria Christina já estava parado na frente da


porta da antiga casa da família Santos. Havia um total de três
veículos.

Cinco assistentes com guarda-chuvas a esperavam ao lado do


carro: Gabriel Vintos, dois homens e duas mulheres, tirando as
guarda chuvas e esperando ao fora de carro. Assim que
Christina saiu, Gabriel foi até ela, e outro assistente abriu a
porta, esperando-a entrar, respeitemente.
FM
B
"Obrigada. Adeus", agradeceu Christina e balançou a mão com
delicadeza para se despedir de Adolph.

Quando estava prestes a entrar no carro, Adolph ergueu a voz


e perguntou: "Posso fazer uma pergunta?"

Christina parou e olhou para trás.

Ele sentiu um nó na garganta. "Por que... por que você casou


comigo?"

"Não foi você quem me escolheu?", respondeu ela, indiferente.

Adolph ficou atordoado. Lembrou-se de repente de que tinha


sido ele quem apontou para Christina no meio da equipe
médica. "Ela."

Ele próprio a tinha escolhido, e, no fim, tinha também... a


abandonado.

Capítulo 29

"Me desculpe."

Inesperadamente, Adolph soltou essas palavras, que julgava


apropriadas.

Aquela mulher tinha cuidado dele por três anos,

mas ele não cuidou dela nem por um dia sequer. Ele lhe devia
um pedido de desculpas porque outra mulher também a tinha
machucado.
FM
B
Ao ouvir a frase, Christina ficou atordoada.

Ninguém sabia melhor do que ela o quanto ele era


mal-humorado e difícil de lidar. Era a primeira vez que pedia
desculpas.

Mas o que ela queria não era um "me desculpe", e, sim, um


"eu te amo".

Christina riu internamente de si, mas não se moveu e disse


com calma: "Pode deixar."

Ela se virou e entrou no carro.

Estava muito diferente de antes. Parecia que já não tinha mais


nenhum afeto por ele.

Será que tinha desistido dele?

Os assistentes também entraram no carro e estavam prontos


para ir embora.

Assim que deram partida no carro, Adolph se lembrou de algo,


deu um passo à frente e bateu na janela.

Christina perdeu a paciência. Ele ainda não tinha acabado?


Quando tinha ficado tão maternal?

Ela abaixou o vidro. "O que mais eu posso fazer por você, Sr.
Santos?"
FM
"Por que você fingiu que era enfermeira para cuidar de mim?

B
Eu te escolhi, mas você podia ter recusado. Por que
concordou?", perguntou.

Essa era a questão principal!

Christina se virou para olhar seu lindo rosto confuso, como se


ele realmente se importasse com a resposta.

"Não tem mais importância." A chuva gelada entrou pela


janela, cobrindo-a de frieza. Com sua voz suave, disse: "Se a
gente se encontrar um dia, é melhor fingir que não se
conhece".

A janela se fechou devagar, e os três carros deixaram a rua.

Adolph ficou ali, parado na chuva, segurando um


guarda-chuva. Ao observar o carro se afastar, ele se sentiu
perdido, vazio, como se algo tivesse sumido de sua vida.

Sentiu uma dor no coração nunca antes sentida.

Ele deixou os ombros caírem.

Virou a cabeça e viu o sorriso radiante de Hyman, cujo corpo e


cabelo estavam molhados, como se ele tivesse coberto por
neblina, mas cuja expressão brilhava como o sol.

Hyman colocou o braço ao redor de seus ombros e perguntou


em tom provocador: "Só começou a pensar nisso depois que
ela foi embora?"
FM
Adolph o empurrou para longe com desgosto e disse com

B
frieza: "Não é da sua conta".

"Claro que é."

Sem medo do perigo, Hyman continuou: "Adolph, não seja ruim


com a sua mulher. Mas já que vocês estão completamente
separados, a Christina é uma pessoa livre. Eu posso ir atrás
dela".

Adolph parou e olhou torto para ele, fuzilando-o

com os olhos.

"Sério isso?"

Hyman se endireitou e parou de fazer piada. Olhou sério para


o amigo e disse: "Claro que é. Qual o problema? Achei que
você não gostasse mais dela".

Ele notou a expressão de Adolph. "Não me diga que você se


apaixonou por ela depois de se divorciar."

O olhar de Adolph ficou sombrio.

Os dois homens estavam embaixo do mesmo guarda-chuva,


se encarando, como se

estivessem jogando um jogo. Era como se agora não fossem


mais amigos,

mas, sim, rivais.


FM
"Você não daria certo com ela", disse Adolph com firmeza.

B
Hyman deu de ombros. "Como eu vou saber se não tentar?
Além disso, você nem conhecia ela, como pode dizer isso?
Não se esqueça de que fui eu quem te contou quem ela era de
verdade."

Ele tinha tocado na ferida. Aqueles que te conheciam melhor


eram também aqueles que te machucavam melhor.

Adolph estreitou os olhos. "Ela não é o tipo de mulher com


quem você está acostumado." "Eu sei, por isso vou tentar de
tudo para

conquistar ela."

Hyman se inclinou e olhou para a direção em que Christina


tinha ido. "No começo, eu fiquei com medo de ela ainda sentir
alguma coisa por você. Mas, pelo jeito, pensei demais. Ela se
dispôs a ser mais cruel do que um homem quando decidiu
cortar laços com você. É disso que eu gosto nela."

Os cantos de seus lábios se curvaram em um sorriso vitorioso.


Ele deu um tapinha gentil no ombro de Adolph e disse: "Vou
ficar com o dinheiro e não vou te desejar um bom casamento,
então. Quando eu conseguir o que eu quero, você vai poder vir
para o meu".

O sorriso de Hyman era enorme. Ele pegou um cigarro e o


acendeu e, depois de enrolar o casaco em volta do corpo, saiu
correndo na chuva. Ele abanou a mão e disse: "Tchau".
FM
Adolph assistiu ao amigo ir embora com toda a calma do

B
mundo e cerrou os punhos, revelando suas veias.

Seu rosto estava mais sombrio do que nunca.

O helicóptero estava inutilizável devido à chuva.

Christina estava sentada no carro, voltando para a Cidade S, e


aparentava cansaço. Ela puxou uma coberta sobre o corpo
com a intenção de descansar.

Quando estava quase dormindo, o carro chacoalhou e a


acordou.

"Você não sabe dirigir?", perguntou Gabriel com as


sobrancelhas franzidas.

O motorista tinha quase atingido uma pessoa e se desculpou:


"Me desculpe..."

Gabriel olhou para a figura escura na frente do carro e a achou


muito familiar. Desconfiado, colocou a mão no bolso e, assim
que abriu a porta, Hyman invadiu o carro e disse: "Senhorita
Granger, você pode me dar uma carona, por favor?"

Ele sentiu o ar frio no rosto. Estava ensopado.

Ao vê-lo entrar sem pedir, Christina fechou a cara. "Quem


deixou você entrar? Vá embora!"

"A gente é amigo, tenha um pouco de compaixão."


FM
Hyman se sentiu muito à vontade. Assim que entrou no

B
veículo, começou a tirar as roupas. Depois do casaco, foi a vez
das calças. Todo mundo ficou chocado com aquilo.

Assim que abriu o cinto, uma faca foi colocada em seu


pescoço.

O tom de voz de Christina era frio, e seu corpo se encheu de


instinto assassino. "Hyman, você está achando que o meu
carro é puteiro?"

Quando Hyman mexeu o pescoço, sentiu um pouco de dor e


sangrou. A faca de Christina era uma militar alemã, capaz de
cortar ferro como se fosse pão. Era como se ela nunca o
tivesse visto.

"É perigoso uma mulher mexer com faca. E se acabar se


machucando?"

Hyman deu um sorriso atrevido. Ele ergueu a mão e segurou o


cabo da faca. Devagar, a afastou e foi em direção à mão dela,
que estava coberta de sangue. Ele não sabia o que dizer e
pensou: "Essa mulher é mesmo muito cruel".

"Não é nada disso." Ele brincou com o cabelo molhado e disse


sorrindo: "Só estou molhado, não quero sujar seu carro".

Christina não comprou a explicação e disse cor frieza: "Se


você estivesse tão preocupado assin nem teria entrado aquí".

Hyman colocou o cinto de segurança de novo.


FM
Sua camisa branca estava toda encharcada e grudada no

B
corpo, revelando os músculos bem definidos de seu peito e
abdômen, e a barra caíc e desabotoada lhe dava uma
aparência casual.

Ele pegou alguns lenços de papel para limpar o sangue do


pescoço e se inclinou no banco. Estava extremamente
encantador com seus olhos enamorados. "Eu quero muito ser
seu amigo, senhorita Granger."

Capítulo 30

"Vamos ser amigos?"

Christina deu um risinho e colocou a mão na cabeça. "Hmm...


Deixe eu pensar. O Hyman Roger tem 27 anos, é o filho mais
novo dos Roger, é um quarto cigano. As crianças da Família
Roger cresceram num ambiente rígido, mas você foi o único a
ser mimado pelo senhor Roger, que cuidou dele desde
pequeno. Quando tinha nove anos, foi sequestrado e quase
morreu. O Sr. Roger usou o poder da família para o salvar, mas
os outros sete irmãos nunca tiveram apoio."

Hyman manteve a calma e disse com um sorrisinho: "Você


andou fazendo uma pesquisa na internet? Parece muito
interessada em mim".

Enquanto falava, ele se inclinou na direção dela, mas Christina


continuou: "Quando você tinha dezesseis anos, perdeu a
virgindade para uma menina branca cinco anos mais velha e, a
partir daí, começou a sair com mulheres mais velhas. Com
dezoito anos, teve uma festa para comemorar a maioridade e
se tornou o playboy da família Roger. Você trocava de
FM
namorada por mês como troca de roupa. A esse ponto, já deve

B
ter saído com mais de cem mulheres até hoje, o que é bem
peculiar. Onde eu estou nessa conta?"

"O playboy da família Roger? É assim que você me chama?"


Hyman não pareceu entender o sarcasmo. Ele segurou o
queixo dela e disse sorrindo: "Gostei bastante".

Ao ver seu olhar sedutor, Christina se perguntou como ele e


Adolph tinham se tornado amigos intimos. Um era muito
amoroso; o outro, limitado. Seria a amizade entre homens
complementar também?

"Parece que a gente não fala a mesma língua,

então vou ser clara: não estou interessada em

você."

"Como o rei dos playboys, você devia ir atrás de gente que


goste desse tipo de joguinho, que nem a Emily. Vocês iam
combinar", sugeriu Christina.

"Ah, a Emily e eu somos diferentes. Apesar de ser playboy, eu


não ando em má companhia." Hyman se sentiu insultado.

"Vocês são farinha do mesmo saco. Considere isso um elogio."

Hyman, por outro lado, tinha uma mente aberta.

"A minha história de amor é um pouco mais complexa que isso,


mas, apesar de eu ser conhecido por ser playboy, vai chegar o
dia em que vou querer me casar. O motivo de ter ido atrás de
FM
tantas mulheres no passado é porque não achei ninguém de

B
quem gostasse. Mas agora que você apareceu, já posso me
aposentar."

"Deixe eu adivinhar, é isso que você fala para todas meninas.


É uma pena que eu, sendo divorciada, não seja pura Edelvais."

"E daí que você é divorciada? Eu não se importo."

Hyman era mesmo muito paciente. "Quem é puro hoje em dia?


Você foi casada com o Adolph por três anos. E eu nem acho
que vocês fizeram aquilo muitas vezes."

Christina não entendeu. "Como assim?"

Hyman a olhou com surpresa antes de levantar as mãos e


bater palmas três vezes.

Christina entendiu o que ele falou.

Ele não acompanhou a velocidade do carro e foi jogado para


trás.

Primeiro, Christina, morta de vergonha, lhe deu um chute.

Hyman foi atingido não só na perna mas também no coração.


Ele gargalhou e disse: "Não sabia que a senhorita Granger era
só uma menininha pura. O Adolph foi mesmo longe demais te
deixando passar vontade. Ele só deixou-se ver mas não
deixou-se tocar."

Nem Gabriel nem os outros assistentes aguentavam mais


aquilo. Queríam jogá-lo para fora!
FM
B
Hyman achou Christina muito fofa com os olhos faiscantes e
com o rosto vermelho. Ele sentiu que tinha conseguido obter
uma pedra preciosa e agradeceu Adolph em voz baixa.

Meu amigo, você não sabe mesmo aproveitar o que tem. Que
desperdício.

Nesse caso, eu irei atrás dela.

Depois de sair da antiga casa, Adolph voltou para a Mansão


Santos.

Havia várias rosas vermelhas e chamativas dentro e fora dali.


Ele pediu para a governanta

tirá-las, e tudo voltou ao normal.

Seu celular estava cheio de chamadas perdidas, dentre as


quais as de Emily. Adolph as ignorou e desligou o aparelho.

Ele tirou o casaco, o colocou no braço e caminhou em direção


ao escritório. No entanto, parou e abriu a porta da suíte
principal. O cheiro de rosas estava amenizado depois que a
mulher tinha ido embora.

O selo de rosas ainda estava na mesa de cabeceira. Ele o


pegou e esfregou as rosas no jade de novo, descobrindo que a
tinta vermelha tinha penetrado em diversas linhas da parte de
baixo. As palavras "Selo do Adolph" estavam gravadas de uma
forma diferente.
FM
Ele pegou o cartão que Christina tinha deixado. A grafia ali era

B
a mesma do selo. Será que ela também tinha entalhado as
palavras no selo?

Onde tinha aprendido aquilo?

Adolph balançou a cabeça discretamente. Ele pensou que


Christina devia ter pagado alguém para copiar sua letra, mas,
mesmo assim, apreciou o presente.

Ele colocou o selo e o cartão de lado, abriu o guarda-roupa e


perdurou suas roupas. Havia caixas de diversos tamanhos ali,
e ele se lembrou de repente de que eram todas de presentes
que Christina tinha lhe dado nos últimos anos.

Ele só lembrava o Natal, não se atentava a outras datas


comemorativas, mas a ex-mulher lembrava bem de cada
assunto.

Presentes de aniversário de casamento, de Dia dos


Namorados e até de seu próprio aniversário. No começo, ela
mesma os entregava, mas depois, uma vez que ele apenas os
jogava em um canto, ela começou a pedir para Walt entregar
ou colocar direto no guarda-roupa.

Eram lembrancinhas. Às vezes, uma gravata, às vezes uma


caneta ou abotoaduras, mas ele nunca tinha lhe dado nada.

Realmente não era um bom marido.

Adolph colocou um pijama e foi para o escritório trabalhar. Ele


ligou o computador e olhou as palavras na tela, sem conseguir
enxergar nada.
FM
B
Irritado, desligou o aparelho, acendeu um cigarro, deu dois
tragos e apagou.

Quando ligou o computador de novo, digitou o nome "Christina


Granger", superconcentrado. A seguir, ele printou alguns
palavras relevantes. Seus olhos eram escuros, a sua
expressão ficava firme indescritavelmente.

Se Hyman não queria ajudá-lo, então, ele mesmo teria que


investigá-la.

Adolph queria saber por que ela tinha se aproximado dele


como enfermeira e também o motivo de esconder quem era!

Ela, como a filha querida de uma família rica, o que a fez


querer ser uma esposa obediente?

Gabriel estava ocupado trabalhando quando um som de alerta


saiu do computador. Ele clicou duas vezes e informou:
"Senhorita Granger, alguém está tentando invadir seus
arquivos."

Christina empurrou Hyman e pegou o computador de Gabriel.


Após apertar alguns botões, teve a certeza de que alguém a
estava vigiando.

Com uma expressão seria, algit teclado, e um código surgiu na


tela. Foi tão rápido que Hyman não conseguiu ver.

Sabia que Christina era uma boa hacker, mas não que era
inteligente daquele jeito!
FM
Ele a observou de longe, completamente Surpreso.

B
Capítulo 31

Adolph tinha se aposentado do exército havia 'sete ou oito


anos. Ele não hackeava fazia muito tempo, então estava
enferrujado.

Precisou se esforçar bastante, mas ficou bem mais veloz.

Nunca tinha investigado ninguém por conta própria, sempre


tinha quem fazia por ele. Mas aquele cara era tão inútil que
deixou Christina usar um sobrenome falso e ficar com ele por
três anos!

Ele queria esmagar sua cabeça!

"Ainda bem que é a Christina e não uma espiã comercial."

Contudo, depois de uma investigação profunda, descobriu que


tinha cometido um erro. As informações e os arquivos dela
eram extremamente confidenciais, e um hacker comum não
conseguiria acessá-los.

Embora Adolph tinha recebido treinamento profissional no


exército, era bom de mira, não naquilo. Hyman, sim, era bom,
mas tinha se recusado a ajudá-lo, cavando a própria cova!

Quando pensou naquilo, ele sentiu uma onda de irritação,


como se fosse explodir!
FM
Adolph apertou a tecla para voltar e viu que as informações de

B
Christina iriam aparecer. Ele respirou fundo e tomou um gole
de chá, pronto para entender a "ex-mulher".

Porém, no momento em que os dados iriam carregar, a página


travou.

Adolph piscou sem parar enquanto clicava no mouse. De


repente, um monte de letras embaralhadas apareceram na
tela. Em seguida, o computador fez "ding", "ding", "ding". A
pessoa do outro lado não apenas apagou as informações
como também o atacou de volta!

Sua expressão mudou na mesma hora. Ele jogou o copo


d'água na mesa e começou a digitar, ativando seu modo de
combate.

Mas as habilidades daquela pessoa eram muito melhores do


que as suas. Uma linha de códigos pulou na tela e começou a
formar uma figura. Era um dedo do meio.

Em seguida, outra palavra apareceu: "OTÁRIO!"

Adolph fechou o computador com tudo, furioso. Christina olhou


para a tela com um sorriso desdenhoso.

Ela observou o arquivo que já tinha sido mais confidencial e


alongou o dedos. Quando pensou no quanto seu oponente
devia estar bravo, ficou muito feliz. "Tente me vencer em outra
vida."

Hyman, que estava sentado a seu lado, ficou embasbacado.


FM
No momento em que Christina ligou o computador, ele sabia

B
que seria uma profissional, mas não esperava que fosse tão
poderosa. Ela era incrível!

Seus arquivos estavam criptografados em AES, então não


eram fáceis de ser decifrados. Ela não apenas os apagou
quando a outra parte os acessava, como também instalou um
sistema de rastreamento, deixando o oponente no chinelo!

Ela tinha até mostrado o dedo do meio e o

chamado de otário numa clara provocação. Estava óbvio que


tinha descontado toda a sua raiva all.

Quando Christina fechou o computador, a boca de Hyman


também fechou. "Por que essa surpresa toda? Você também
não é hacker? Já deve ter visto coisas parecidas muitas
vezes."

Hyman engoliu a saliva e franziu os lábios.

"Sim, já vi, sim. Mas eu não sabia que existia hackers tão
bonitas como você. Essa cena foi um colírio para os olhos."

Enquanto Christina escrevia códigos, parecia calma e


composta. Ele achava que ela fosse apenas um rostinho
bonito, mas era também uma espécie de heroína antiga.
Aquilo tinha sido demais para o seu coraçãozinho.

Christina aceitou o elogio e olhou para ele. "Você tem a cabeça


bem fechada, não é? Existem tantas mulheres bonitas e
talentosas por aí. E a tendência é só aumentar."
FM
"Não preciso de mais nenhuma. Você é o suficiente."

B
Hyman sorriu servilmente e piscou para ela.

Christina tomou um gole da água que Gabriel lhe entregou e


disse para Hyman com um ar de desdém: "Pode deixar. Já
está vergonhoso demais".

O rosto do homem mudou no mesmo instante. Ele estava em


seus melhores anos, nem tinha chegado à meia-idade. Por que
a envergonhava?

Christina tinha tido um dia difícil, mas Hyman sempre foi


vingativo. Ele respondeu: "A uma hora dessas, o Adolph deve
estar sentado na frente do computador, pensando na vida. Fico
com pena".

O coração da mulher acelerou. Ela franziu o cenho. "De quem


você está falando?" "Adolph, Adolph Santos, o seu ex-marido."

As palavras de Hyman impactaram muito Christina.

"Ele pediu para eu te investigar, mas eu recusei.

Deve ter sido ele."

Christina o olhou, incrédula: "Adolph? Que era péssimo em


hackear?"

Hyman não conseguiu conter a gargalhada e quase cuspiu.


FM
Havia provavelmente apenas uma pessoa no mundo que se

B
atrevia a falar das habilidades de Adolph, e essa pessoa era
Christina.

Ela ligou o computador mais uma vez e descobriu que o


endereço de IP do hacker era, de fato, da Cidade N! Tinha sido
Adolph!

Hyman riu maliciosamente e defendeu o amigo: "O Adolph


ficou tanto tempo fora do exército que deve ter esquecido
quase tudo que aprendeu. Além do mais, o forte dele é atirar.
Comparado a você, ele é bem ruim".

Christina colocou a mão na testa, se perguntando o que tinha


feito para passar por aquilo.

Adolph ficou na janela, fumando em silêncio, o rosto anuviado.

Realmente, suas habilidades no computador já não eram as


mesmas. Se quisesse decifrar o arquivo de Christina por
completo, teria que praticar de novo. Mas por que ela era tão
misteriosa?

Qual era o seu segredo?

Quem a estava ajudando a esconder tudo isso? Jalvez ele


tivesse que ir à Cidade S descobrir por si mesmo.

Adolph apagou o cigarro, pegou o celular e digitou um número.

Hyman estava falando mal de Adolph para Christina quando o


telefone tocou. Quando ele viu quem era, sorriu e disse: "É só
falar do diabo que ele aparece".
FM
B
Quando Christina viu que era Adolph, sentiu um aperto
inexplicável no peito.

Hyman atendeu. "Alô..."

Ele olhou para a mulher com uma expressão divertida, e ela o


alertou em voz baixa: "Se você falar besteira, vai morrer!"

Ela movimentou a mão na frente da garganta.

Hyman não conseguiu conter a risada quando viu o quanto ela


estava nervosa. A voz fria de Adolph saiu do outro lado da
linha: "Você não disse que tinha gostado de uns terrenos na
Cidade S e que queria fazer um hipódromo? Conte comigo".

"Aquele terreno é de outra pessoa, estou negociando com ele.


Ainda não sei o que vai acontecer."

Hyman continuou chamando Christina de "outra pessoa" e


olhou para ela. Ao ver seu olhar fulminante, ele sentiu que, se
Adolph estivesse envolvido no assunto, talvez conseguisse o
queria.

Um sorriso franziu os lábios de Hyman. "Tá bom."

"Pare com isso. Você quer ou não?", disse Adolph com


impaciência.

Capítulo 32
FM
Levou aproximadamente duas horas e meia para dirigir da

B
Cidade N à Cidade S. O céu estava repleto de nuvens escuras,
e o som da chuva os deixou sonolentos.

Christina não estava a fim de conversar com Hyman, então se


cobriu e se preparou para dormir, mas, antes, alertou: "Não
quero ouvir um barulho."

Em seguida, virou-se para Gabriel. "Se ele não se comportar,


jogue ele para fora!"

"Não precisa se preocupar, sou muito obediente." Enquanto


falava, ele ofereceu o ombro. "Quer deitar aqui?"

"Obrigada, mas não quero ter pesadelo." Christina bocejou,


fechou os olhos e o ignorou.

Hyman deu uma risadinha e a observou: coberta e de olhos


fechados, parecia uma menininha fofa, deixando-o com
vontade de abraçá-la e enchê-la de beijos.

Ele pegou o celular e tirou uma foto.

Gabriel percebeu e tentou pegar o aparelho, fuzilando-o com


os olhos: "Você está tirando fotos dela escondido?!"

Hyman ergueu o celular e sibilou. "Eu não tirei escondido, foi


na cara dura mesmo", pensou.

O assistente o obrigou a apagar as imagens. Hyman não teve


opção, mas já tinha mandado para outro lugar.
FM
Era claro que ele sempre guardaria a foto da Bela Adormecida

B
para sempre.

Enviaria para Adolph mais tarde. Era uma pena ele não ter
nem uma foto da esposa, mesmo tendo ficado com ela por três
anos.

Christina dormia profundamente. Quando acordou, já tinham


chegado à Cidade S.

Estava escurecendo.

A primeira coisa que viu foi os olhos brilhantes de Hyman. Ela


não conseguiu disfarçar a cara feia. "Porque você ainda está
no carro?"

"Estava esperando você acordar para a gente

falar de um assunto sério." Hyman parecia desconfortável, com


um pesar no

rosto.

Ele tinha tanta experiência, sempre foi invencível no amor.


Onde quer que ia, atraía a atenção de várias mulheres. Como
era possível que não conseguia fisgar Christina de jeito
nenhum?

Ela se espreguiçou e disse com a voz rouca: "Que assunto?"

"O hipódromo. Quero trabalhar com você sinceremente."


FM
Christina pegou a água que Gabriel a entregou e bebeu

B
metade do copo para hidratar a garganta antes de falar. "É
preciso sinceridade para trabalhar com alguém. Não tem jeito.
O máximo que eu consigo fazer é 70-30-70% para mim e 30%
para você."

Hyman estreitou os olhos. "Sessenta-quarenta. Você sabe que


a família Roger é referência na área e que tem muitos
recursos. Se trabalhar comigo, não vai sofrer nenhuma perda."

Christina bebeu o resto e disse a Gabriel: "Vamos esboçar um


contrato primeiro."

"Ok", respondeu Gabriel.

Hyman sorriu. Ela tinha sido mais direta do que esperava.

Ele arqueou a sobrancelha e disse com um sorriso: "Você não


tem medo de eu tirar vantagem de você com essa
colaboração?"

"Experimente." Christina disse preguiçosamente: "Se você


tentar ou não, é problema seu. Sou eu quem decido se vou
cair. É seu trabalho fazer eu me apaixonar por você".

Hyman estalou os dedos. "Eu sei o que fazer."

Uma mulher tão corajosa com medo de ser conquistada por


ele. Com seu charme, ele não acreditava que não
conseguisse!

O trabalho em conjunto precisava ser resolvido. Hyman saiu do


carro à porta do Granger Group.
FM
B
Christina foi à empresa realizar uma reunião com funcionários
de alto nível e anunciar o plano de transformar o terreno nos
subúrbios em um hipódromo, no lugar de um campo de golfe.
Aquilo estava acontecendo pelas costas de Nick e Neil, e não
tinha por que informá-los.

Ela ficou até um pouco depois e assinou uns documentos.


Quando a noite caiu, sua família ligou.

A Sra. Marisa informou que Jessie não conseguia mais


aguentar.

Christina arregalou os olhos: Ela tinha quase se esquecido.

Jessie estava à beira da morte.

Ela sentia que estava prestes a desaparecer no ar. Se


morresse e virasse um fantasma, seria porque a deixaram
morrer de fome.

Ela, que cresceu sem se preocupar com comida e roupas,


nunca tinha estado com tanta fome. No primeiro dia, ela ficou
bem, pensou que tinha perdido peso. Na manhã seguinte,
porém, acordou por causa da fome.

Jessie não aguentava mais: Queria abrir a porta com tudo, mas
estava trancada por fora; queria pular a janela, mas ela estava
bem fechada. E mesmo se não estivesse, não teria coragem
de pular.
FM
Christina tinha confiscado seu celular, e o celular do quarto

B
tinha sido removido. Ela não conseguia pedir ajuda de fora,
então chamou sua família.

Como estava no limite, gritou com a Sra. Marisa: "Quem vocês


pensam que são para me prender?! Que coragem! Deviam
saber que eu sou a chefe de vocês. Você só são funcionários.
Como têm a coragem de passar por cima de mim e me
maltratarem? Depressa, me deixem sair ou vocês vão ver só!"

A Sra. Marisa esperou ela terminar de xingá-los e disse com


calma: "Senhorita, sua irmã nos deu ordens. Você tem duas
opções: Pegar o pãozinho cozido e pedir desculpas ou passar
fome."

"Você quer que eu peça desculpas para ela? Vá para o inferno!


Que saco!" Jessie estava tão brava que derrubou o celular.

A Sra. Marisa a ignorou.

Assim que chegou, Christina ligou o monitor sem nem falar


com a governanta. A posição de Jessie estava muito clara; não
importava o quanto ela fosse dura, a menina insistia em passar
fome.

E estava desfalecendo de fome. Apoiada na cama, como se


não tivesse força alguma, ela continuava murmurando algo. Ao
ver o pãozinho sujo e duro não chão, franziu os lábios e
estendeu a mão.

Quando colocou a comida na boca e comeu, Christina abriu a


porta.
FM
Jessie parecia um ladrão pego no flagra: Quando ouviu o trinco

B
da porta, tremeu e ficou em choque, engasgando com o
pãozinho.

"Gulp!"

Ao ver aquilo, Christina se aproximou e deu um tapinha nas


costas dela, fazendo-a cuspir o alimento entalado na garganta
e pensar, ao mesmo tempo, que suas costas seriam quebradas
pela prima!

Ela não sabia se estava com tosse ou com dor, mas caiu no
choro.

Mas, em seguida, ao sentir um cheiro forte, começou a espirrar


sem parar.

Jessie virou a cabeça e viu que a empregada estava


segurando uma bandeja com todo tipo de comida que tinha
acabado de sair do forno...

Como um espírito reencarnado, ela se jogou naquela direção,


mas a funcionária entregou a bandeja para Christina, que, sem
pressa, a colocou na mesinha de centro.

Sentada no sofá, ela olhou para Jessie, ajoelhada no chão.


"Agora você sabe como é passar fome?"

A garota fez que sim com lágrimas nos olhos. Sabia bem até
demais!

Christina perguntou de novo: "Você sabe que estava errada?"


FM
Jessie rangeu os dentes com ódio, mas estava tão fraca que

B
não conseguia bater de frente. Aguentando a humilhação, fez
que sim com a cabeça de novo e encarou a comida em cima
da mesa.

Só então Christina ergueu o queixo, como se a tivesse


perdoado. "Coma."

Jessie se apressou e enfiou um monte de coisas na boca;


estava tudo uma delícia.

Christina a olhou e disse com gentileza: "Menina, você acha


que eu não sei te educar?"

Capítulo 33

Depois de aprender sua lição, Jessie se comportou por alguns


dias.

No começo, queria reclamar para o pai e pedir para que


voltasse e a ajudasse, mas Nick e Neil tinham ouvido falar de
bons recursos em Devils Lake, então partiram para lá com uma
equipe de arqueólogos a fim de encontrar tesouros, e não
estavam falando com ninguém.

Quando o gato sai, os ratos fazem a festa.

Durante esse período, Christina não descansou: tinha


assumido a frente de todos os projetos do Granger Group,
grandes ou pequenos, e feito mudanças consideráveis na
empresa. Em resumo, ela seguia o principio de vida ou morte
quem a apoiasse, prosperaria; caso contrário, morreria.
FM
Havia muitas empresas envolvidas no grupo. Mesmo depois de

B
filtradas por inúmeros departamentos, ainda havia muitas
coisas com as quais lidar todos os dias. Era necessário manter
tudo em ordem para que os projetos mais importantes
estivessem atualizados.

"A joia 'rosas' causou um debate caloroso na internet, com uma


recepção muito boa e uma popularidade crescente desde a
data de divulgação. As celebridades do Granger Entertainment
também participaram. Os fãs criaram várias histórias de amor,
que ficaram populares..."

O diretor do departamento de marketing explicou o


desenvolvimento do projeto, e a designer fez um rascunho. Ela
escutava enquanto lia e concordava com a cabeça de tempos
em tempos.

Desde a ascensão da mídia, a coisa mais importante era que


todos participassem. Quanto mais internautas com poder de
compra, melhor a evolução do projeto. Além do mais, prêmios
em dinheiro e bônus os incentivavam muito.

"Esses rascunhos não estão nada mal, me mostre o produto


final assim que puder. O próximo passo é escolher os
embaixadores de acordo com os produtos."

A gerente de design e a diretora de arte ergueram a cabeça


para olhar para Christina. "Um produto por embaixador?"

Christina não retribuiu o olhar, apenas fez alguns comentários


sobre o design e disse com indiferença: "As celebridades do
Granger Entertainment estão entediados a ponto de querer
FM
terminar o contrato. Se não aguentarem, demitam eles. Quem

B
ficar vai representar os
nossos produtos. Se quiserem ser famosos, têm que aguentar
a solidão."

Após a reunião, ela voltou para seu escritório e perguntou a


Gabriel: "Resolveram a crise com o Santos Group?"

Ainda era de manhã, e todos estavam ocupados. Ela percebeu


que o Santos Group estava em alta nas pesquisas de novo,
mas os assuntos de sua família já eram mais do que suficiente.
Ela não leu as notícias e, por isso, lembrou de perguntar.
"Sim."

Gabriel lhe entregou uma xícara de Chá Poço do Dragão


fumegante e disse: "As pessoas na internet estão
reconhecendo e elogiando o apoio do Santos Group ao projeto
de saúde e caridade ocidental. A mídia também está tentando
desviar a atenção dos internautas da vida pessoal do Sr.
Santos."

O enaltecimento da imprensa fez a reputação do Santos Group


crescer rapidamente, valorizando também suas ações. O
tópico mudou num instante.

Quantas pessoas o tinham xingado antes e quantas o estavam


elogiando agora? Todo mundo estava só indo na onda.

Era uma nova era: a da internet. Em termos de influência, isso


era muito bom.
FM
A expressão de Christina mudou; ela sempre soube que, com

B
as habilidades de Adolph, lidar com questões triviais não era
um problema para ele.

O pai dela disse uma vez: "Se uma família quiser prosperar,
deve haver alguém para mostrar o caminho. O resto dos
integrantes deve se unir, se apoiar e seguir o líder para
alcançar a glória".

O senhor Santos era o exemplo de sua família, mas, agora,


estava velho e, cedo ou tarde, teria que se aposentar. Seus
filhos não eram ricos o suficiente, e o único que obteve
sucesso tinha se tornado funcionário do governo, o que não
era bom o suficiente.

"Tirando a Athena, todo mundo daquela família é um inútil.


Tenho medo de que, no futuro, o líder deles seja o filho dela - o
Adolph."

Adolph, que era o favorito de seu ex-sogro,

estava agora a caminho da Cidade S.

Ele tinha ido a muitos lugares nos últimos anos devido ao


trabalho, mas não tinha estado muitas vezes na Cidade S uma
delas foi quando 1 recebeu uma missão secreta do exército.

A flor típica do lugar eram rosas.

Todos os anos, em maio, havia uma exposição na cidade, e


pessoas do mundo todo se reuniam para ver as ruas cheias de
rosas.
FM
Christina gostava muito dessa flor. Naquela época, ele não

B
sabia que ela era de lá.

Adolph olhou para a paisagem do lado de fora da janela e


brincou com o selo de rosas. Ele sentiu que não sabia muito
sobre a ex-mulher e, agora, estava arrependido.

O carro passou pelo prédio mais simbólico da cidade, o Rose


Bed.

Adolph ligou para Hyman. "Cheguei."

Quando Christina estava saindo do trabalho, recebeu uma


ligação de seu irmão a convidando para um jantar de moda
beneficente.

Ela foi direto ao ponto: "Estou sem tempo para isso".

"Você deve que se libera próprio. Que boa mistura de


dificuldade e conveniência."

Quando Martin viu que ela iria desligar, disse algo que a
atrairia: "Vai ter um leilão no banquete. Ouvi falar de umas
cerâmicas da época imperial que vão estar lá, se você não
quiser, pego para mim".

Christina interrompeu a assinatura de um documento. "Que


horas? Onde?"

O amigo sorriu e disse: "Te pego na Mansão Rosas às sete da


noite. Vá com uma roupa bonita".
FM
Christina conseguia resistir a outras coisas, mas não a

B
antiguidades e pedras de jade - eram o ponto fraco de sua
família, que não abria mão de uma peça verdadeira.

Ela foi para casa tomar banho e colocar um vestido. Quando


saiu do quarto, esbarrou em Jessie, que também estava cheia
de brilho, pronta para sair.

Elas deram de cara uma com a outra num corredor estreito.

Jessie ficou morrendo de inveja.

Christina estava usando um vestido vermelho de seda com um


ombro só, feito sob medida em Paris para a coleção
primavera/verão da semana de moda. A prima tinha visto fotos
durante a manhã e ficado com ciúmes, mas não achou que ela
fosse usar a roupa.

Até sua bolsa era uma edição limitada da Louis Vuitton.

E o pingente verde no pescoço? Era demais! "Ela vai pendurar


tudo nela?"

"Você também vai na festa de moda beneficente?", perguntou


Jessie.

Christina ajustou suas joias. Sua voz era calma, mas firme.

"Você devia ter mais educação com os mais velhos, a família


Granger sempre foi muito bem educada. Você já esqueceu o
que aprendeu quando era criança?"
FM
Talvez por ter sido torturada havia poucos dias, Jessie tremeu

B
e suas pupilas se retraíram. Ela ficou com medo de Christina a
trancar de novo se elas não se dessem bem. Não queria
passar por aquilo mais uma vez.

Ela mordeu o lábio e disse com relutância: "Desculpa. Irmã."

"Sim." Christina fez que sim com a cabeça e olhou suas roupas
elegantes. "Você ainda usa roupas da Chanel de quatro, cinco
anos atrás. Combina bem com a sua personalidade."

Era raro ouvir um elogio dela, então Jessie ficou contente e


disse: "Sério? Qual é a minha personalidade?"

Ela queria ouvir a prima elogiá-la só mais um pouquinho.

Realizando seu desejo, Christina respondeu: "A personalidade


de uma caipira".

Capítulo 34

Jessie rangeu os dentes enquanto observava a prima se virar


para sair.

Christina era assim desde criança: sempre que havia algo


bom, pegava para si sem nem perguntar. Jessie esperava o
día em que ela não fosse tão gananciosa e lhe desse alguma
coisa.

Mas o presidente do Granger Group era seu pai, ou seja, era


herdeira da família, e, por isso, não precisava se esforçar tanto
para conquistar as coisas.
FM
Quando Christina saiu para a Mansão de Rosas, Martin ainda

B
não tinha chegado, mas outra pessoa sim. Uma BMW prata
parou no portão, e Harry desceu do carro.

"Harry!" Quando viu o namorado, Jessie ficou tão animada que


esticou os braços e se jogou em cima dele, batendo no ombro
de Christina de propósito.

Harry perdeu o equilíbrio, bateu as costas no veículo e, por


causa da cabeçada de Jessie em seu queixo, mordeu a língua.
A dor foi tanta que ele até viu estrelas.

Christina assistiu àquela cena ridícula e não conseguiu conter


a risada. Não era de se admirar que diziam que essa
demonstração de afeto pública ia acabar matando alguém.

"Harry, você está bem?"

Jessie não achava que ele fosse ser tão fraco e, depressa,
verificou se estava bem.

Irritado e sem conseguir falar de dor, ele a empurrou para o


lado e cobriu a boca para aliviar a dor. Quando olhou para cima
e viu Christina, seus olhos arregalaram.

Ela estava usando um vestido vermelho de seda que ia até os


tornozelos, realçando sua figura esbelta, nobre e elegante. O
modelo de um ombro só revelava a delicadeza do colo,
acrescentando um toque de sensualidade. Quando ficou na
luz, brilhou!

Como podia ser tão bonita?


FM
Harry a olhou fixamente, sem conseguir evitar lamber os lábios

B
e engolir a água que encheu sua boca.

Jessie ficou ao lado do namorado, vendo-o encarar Christina.


Ele não tinha nem lhe dado bola. Sentindo-se injustiçada e
com ciúme, ela puxou seu rosto e o forçou a olhar para ela.

"Harry, estou aqui, olhe! O que você achou da minha roupa


hoje?"
Jessie ergueu a barra do vestido e deu uma voltinha como uma
princesa, esperando ansiosa pelo elogio do namorado, mas,
quando ergueu a cabeça, viu o olhar de nojo dele.

Harry estava encostado no carro de braços cruzados, sem se


preocupar em disfarçar o desgosto. "Quantas vezes eu já falei
para você não usar azul tão escuro? Não dá para mudar a cor?
E quantos anos você tem para usar um vestido de pele? Você
acha que ainda é uma garota de dezoito anos?

Ele ficou reclamando de Jessie, que não era nada comparada


a Christina e que o fuzilou com os olhos.

Ela sabia que era feia. Desde criança, nunca era tão bonita
quanto sua prima.

Christina tinha a pele da Branca de Neve, mas Jessie tinha a


pele mais escura. Não importava o que fizesse: Christina tinha
1,68 metros, e Jessie, que parou de crescer no primeiro ano do
ensino médio, 1,58.

Deus nunca tinha sido tão injusto. Christina era um belo cisne
branco, e ela era o patinho feio. Mas, um dia, o patinho feio
viraria um cisne!
FM
B
Quanto mais escutava, mas desconfortável ficava. Ele diminuiu
a própria namorada e destruiu sua confiança com palavras.

"El, você comeu alho hoje? Que bafo é esse?" Harry e Jessie
olharam ao mesmo tempo para Christina.

A expressão dela era fria, e suas palavras, cortantes.

Ela olhou Harry de cima a baixo, e zombou: "Como você ousa


comentar sobre outra pessoa? Olhe a sua barriga, se eu
colocar um nariz de porco em você, você fica igualzinho. Vou
ser a primeira a te avisar se precisarem de um ator para esse
papel."

Quando ouviu aquilo, Harry inconscientemente murchou a


barriga e deu uma tosse forçada. Antes que pudesse explodir,
Jessie tomou as rédeas.

Como uma caipira, ela se colocou na frente dele e foi para


cima da outra mulher. "Por que você está ofendendo meu
namorado? Não é da sua conta se ele é gordo ou não. Eu
gosto de tudo no meu Harry. Você nem tem bom gosto para
homens, merecia ficar solteira por mais de vinte anos, sem
ninguém querendo casar com você!"

Jessie achou que Harry estivesse do seu lado, então criou


coragem e continuou a brigar com Christina. "Hunf, desse jeito,
mesmo se você casasse, o cara ia querer se divorciar!"

Christina olhou cheia de raiva para a prima.


FM
Agora há pouco, ela tinha ridicularizado Harry não porque

B
queria defender Jessie, mas porque não gostava de homens
seletivos. Mas Jessie, que era tapada e não sabia o que era
bom si mesma, tinha merecido!

Ela não ligava para o que a prima dizia, mas aquela última
frase tinha atingido seu ponto fraco.

Christina semicerrou os olhos e achou que já tinha sido


boazinha demais com ela, precisava The ensinar a se
comportar.

Pisando firme, ela se dirigiu até Jessie com calma, seu ar tão
sombrio na noite escura que fez os outros dois ficarem com
calafrios.

Jessie tremeu por instinto e tentou se esconder atrás de Harry,


que estava com mais medo do que ela ele acreditava em
fantasmas e sempre achou que a volta de Christina significava
que iria morrer.

A mulher foi até Jessie e a pegou pelo pescoço, tirando-a do


chão e deixando-a sem ar.

"O que você acabou de falar? Repeta."

O rosto da garota estava vermelho, e, na ponta dos pés, ela


segurava a mão de Christina com desespero, tentando falar,
mas sem conseguir.

Harry estava tremendo de medo. "Chris, Christina..."


FM
O homem queria pará-la, mas o olhar que recebeu o obrigou a

B
recuar, e ele quase ficou de joelhos.

Christina olhou para Jessie, quase morrendo enforcada com os


olhos revirados, e disse: "Eu ralei que ia voltar para tirar a vida
de vocês, acham que é brincadeira? É fácil que nem tirar doce
de criança. Se não quiserem morrer, calem a boca e se
coloquem em seus lugares. Entendido?"

Nesse momento, Jessie, que estava lutando para sobreviver,


concordava com a cabeça sem parar.

Christina diminuiu a força e jogou a menina em Harry. Jessie


conseguiu respirar de novo e segurou o pescoço, tossindo
desesperadamente.

Finalmente, Martin chegou em seu Maybach. Ele saiu do carro


e caminhou até a amiga. "O que foi?"

"Já está tudo bem, ensinei uma prima burra a se comportar."


Christina pegou a toalha úmida que seu assistente lhe
entregou e limpou as mãos. "Vamos", disse a Martin, e saiu em
seus saltos altos.
Capítulo 35

Uma coisinha de nada não era capaz de acabar com o dia de


Christina.

O banquete beneficente organizado pela Zero Times


aconteceu no Imperial Hotel. Como líder na indústria de moda
nacional, as atividades da Zero Times estavam ficando cada
vez mais sofisticadas - celebridades chegavam a brigar por um
convite.
FM
B
Christina, porém, não precisava disso: entrou direto com
Martin, atraindo muita atenção.

No tapete vermelho, o apresentador entrevistava os famosos,


que sorriam para as câmeras e conversavam uns com os
outros. Eles não deram autógrafos e posaram ao lado do
cartaz até terem sua imagem bem registrada. Christina, no
entanto, passou reto pelo tapete e sinalizou com a mão,
pedindo que lhe dessem uma caneta.

Os repórteres olharam para aquela mulher, linda e com uma


energia boa, tentando adivinhar de que família ela vinha.
Erguendo as câmeras, eles tentaram fotografá-la, mas foram
parados por guarda-costas.

De costas, Christina aguardou Martin terminar de assinar seu


nome. "Tem certeza que vão leiloar cerâmicas? Não minta para
mim", perguntou ela. Martin entregou a caneta ao
recepcionista,

colocou a mão no ombro de Christina e entrou. "Eu já menti


para você? Venha, vou te levar nos bastidores ver se tem
alguma coisa boa. Se você gostar, te dou de presente",
respondeu.

Contudo, antes disso, encontraram a editora da Zero Times e a


cumprimentaram: "Oi, senhora Bergen!", disse Martin.

A mulher o abraçou e deu um tapa de leve em suas costas.


"Quanta formalidade, me chame de tia!"
FM
Martin continuou provocando. "Eu não sou tão novo assim para

B
te chamar de tia."

Mary Bergen deu outro tapinha nele e abraçou Christina.


"Christina, quanto tempo! Como você está?"

"Estou bem e você? Parece até mais nova."

Sem poder fazer muita coisa, Mary apontou para os irmãos


ousados e disse: "Vocês não têm jeito, não param de me
irritar".

Tanto Martin quanto Christina sorriram de forma pueril.

Mary, a editora-chefe da Zero Times, era tia de Martin. Ela


tinha visto Christina crescer, e as duas eram muito próximas. A
herdeira do Granger Group nao a chamava de tia, mas a
chamava pelo

apelido. Christina raramente ia a eventos públicos, mas,

dessa vez, foi pelas antiguidades e por Mary.

Já que Martin estava ali, a tia não o deixaria escapar tão fácil e
o levou para se encontrar com algumas pessoas. Christina o
viu partir e, feliz e relaxada, se dirigiu com calma aos
bastidores.

Alguns indivíduos já tinham chegado ao local e, em pequenos


grupos, papeavam. Sozinha, Christina andou sem olhar para
os lados - apenas dando uma olhada casual quando ouviu uma
agitação atrás de si. Contudo, quando viu uma figura familiar,
parou na mesma hora.
FM
B
Como se pressentisse, a figura também olhou em sua direção.
De todas as pessoas, algumas das quais gritavam, o homem
olhou diretamente para ela.

Christina franziu o cenho, e seu coração disparou quando viu o


olhar distante e frio.

"Adolph. Porque ele está aqui?"

Quando viu Hyman, andando e flertando com

uma mulher, entendeu tudo.

Acompanhado pela música melódica e enérgica do piano,


Adolph atravessou a multidão, caminhando até Christina com
passos firmes e decididos. Mesmo dessa forma, ele ainda era
lindo, calmo, gracioso... Tudo era tão familiar.

Até seu perfume fazia Christina pensar que ainda eram marido
e mulher, como se estivesse hipnotizada.

Se não estivessem no salão e naquele momento, seria ela a


iniciar a conversa, sorrindo e dando as boas-vindas. "Você
voltou?"

Sua resposta seria ou o silêncio, ou um "hmm" frio.

Mas, dessa vez, não foi ela a pessoa a falar primeiro ou a sorrir
e demonstrar simpatia como antes. Ficou ali, parada, com cara
de poucos amigos.

Quem falou primeiramente foi Adolph.


FM
B
"Estou."

Seu tom de voz não era nem alto, nem baixo; nem

rígido, nem suave. Havia até um pouco de gentileza nele,


como um marido conversando com a esposa que, após uma
briga, tinha fugido para a casa dos pais.

Christina arqueou a sobrancelha, achando aquela fala inicial


um pouco estranha.

Eles não tinham concordado em fingir que não se conheciam


quando se encontrassem de novo? Por que ele estava agindo
como se tivessem intimidade?

"Senhor, quem é você?"

Christina não colaborou e o olhou com indiferença, dando as


costas para ele como se não o conhecesse.

Adolph ficou parado no mesmo lugar, franzindo os lábios em


uma linha fina enquanto olhava Christina se virar.

Humilhado, ouviu a risada abafada do amigo.

"Ficou com vergonha? Eu fiquei."

Hyman se esforçou para não rir e explicou: "Não é assim que


se conquista uma mulher. Quem dirá sua ex-esposa, que você
abandonou. Achou que se dissesse "estou" ela ia se jogar nos
seus braços? Você acha que ela é uma menina procurando
amor a todo custo?"
FM
B
Adolph franziu o cenho. Ele não tinha experiência com essas
coisas, e achou que as palavras de Hyman faziam sentido.
Sem se sentir envergonhado, perguntou: "Então o que eu devia
fazer?"

Aquela atitude solene impressionou Hyman. "Você está falando


sério?"

Estendendo a mão, o amigo tocou a testa de Adolph. "Você


não está quente, por que está falando coisas sem sentido?"

Adolph fechou a cara e deu um tapa na mão do outro homem


para afastá-la. "Dá um tempo!"

Hyman o olhou de braços cruzados, balançou a cabeça e


disse: "Tsc, tsc, não é querendo te criticar, mas você já ouviu o
ditado o que passou, passou? A pior coisa que você pode fazer
é continuar conectado com uma ex. Se quer amar ela, ame de
todo o coração, mas se quiser terminar, coloque um ponto final
definitivo. Não misture as coisas. Um espelho quebrado nunca
volta ao normal, mesmo consertando ele. Não dá para voltar
atrás. Além do mais, se pergunte uma coisa: você gosta
mesmo dela ou só não está acostumado a ficar sozinho?"

Adolph franziu as sobrancelhas ligeiramente e, depois de um


tempo, disse: "Eu só quero uma resposta".

"Que resposta?", perguntou Hyman

O amigo não respondeu; em vez disso, com as pernas longas,


correu em direção a Christina.
FM
Ao ver aquilo, Hyman sacudiu a cabeça. Ele achava que o

B
amor vinha fácil demais para Adolph e que este merecia sofrer
um pouco.

Quando Christina chegou aos bastidores, estava agitada.

Ela fechou os olhos discretamente e se odiou por sua


inutilidade. Tinha prometido parar de ter qualquer sentimento
por ele. No entanto, por que seu coração disparou assim que
ele apareceu?

"Calma, calma."

Christina se esforçou para ficar relaxada, se lembrando de


todas as vezes em que Adolph a tinha rejeitado e o quanto ela
tinha chorado e sofrido com isso. Na mesma hora, riu de si
mesma e disse: "Ele está aqui, mas não veio porque gosta de
mim".

Então, a presença dele não importava.

Enquanto isso, os bastidores estavam ocupados, com uma


equipe trabalhando em conjunto para levar um balcão para
fora. De repente, um dos membros tropeçou, esbarrando o
balcão em Christina.

A mulher ficou atordoada e reagiu meio devagar. Quando ia


desviar, ouviu um grito de "Cuidado!". Então, uma mão grande
a puxou, fazendo-a cair em um peitoral forte.

Capítulo 36
FM
Tudo aconteceu numa fração de segundo, sem que Christina

B
pudesse evitar.

Foi quando uma mão masculina a puxou, fazendo-a cair para o


lado oposto e bater o nariz num peitoral forte. A dor foi tanta
que lágrimas quase escorreram de seus olhos.

No calor do momento, Adolph não mediu a força e pressionou


a mulher contra o corpo - a batida de seu coração pulsou nos
ouvidos dela... Tum tum! Tum-tum! Tum-tum!

Foi uma sensação estranha.

Christina ficou atordoada.

Em três anos de casamento, aquele homem nunca tinha tido a


iniciativa de tocá-la. Era a primeira vez que ficavam tão perto.

Ela já tinha imaginado como seria estar nos braços de Adolph:


algo aprazível, não doloroso. No entanto, aquele abraço não
era acolhedor, mas, sim, desconfortável!

O que ele andava levantando na academia? Como podia ter


músculos tão fortes?!

Christina tocou seu pobre nariz, dando graças aos céus por
não precisar de uma cirurgia dessa vez.

"Desculpa! Sinto muito!" Ao ver que quase tinha machucado


alguém, o funcionário entrou em desespero e não parou de se
desculpar.

"Tome cuidado da próxima vez", disse Adolph


FM
B
com seriedade.

Apesar de não saber quem era aquela pessoa, pelas suas


roupas e postura, o membro da equipe foi capaz de inferir que
se tratava de alguém influente, acostumado a dar ordens, que
não tolerava ser ofendida. Então, apenas concordou com a
cabeça repetidas vezes e se retirou.

Por fim, Christina conseguiu controlar a tristeza. Quando a


equipe saiu, e ela foi deixada a só nos bastidores com o
ex-marido, tudo ficou quieto de repente.

Os dois ficaram ali, sem dizer nada, tentando

manter a compostura. Ficaram envergonhados quando


perceberam que... Seus corpos estavam extremamente
próximos

um do outro.

Misturavam-se em um amálgama de rudeza e docilidade, os


odores amadeirado e floral se confundindo. Aquele
sentimento... aquele sentimento era muito perigoso!

Foi então que uma corrente elétrica percorreu seus corpos dos
pés à cabeça, e ambos se afastaram um do outro como um
raio!

Christina instintivamente cobriu os seios, e Adolph retraiu os


dedos, ambas as faces vermelhas.

O clima era de constrangimento.


FM
B
Sem deixar que ele visse, a mulher fechou os olhos e se
perguntou se deveria lhe dar um tapa por se aproveitar dela.

Mas, pensando bem, ele só estava tentando protegê-la, não


merecia apanhar...

Foi quando Adolph, que não estava tão tomado pelas emoções
quanto Christina, superou a vergonha e perguntou, sério: "Por
que você é tão descuidada? Precisa ficar parada no meio do
corredor? E se você tivesse se machucado?"

Sua voz era fria e indiferente, cheia de acusações e sem


nenhuma preocupação.

Christina, que nunca tomou bronca, nem quando criança,


rebateu: "Senhor, se você não tivesse me empurrado, eu ia ter
desviado. Muito obrigada pela 'ajuda', mas nem toda mulher é
frágil e indefesa como a sua, que depende de homens para
proteger ela".

Adolph franziu o cenho.

Ainda não estava acostumado com aquela língua afiada.

Em sua visão, ela era uma mulher obediente, que abaixava a


cabeça para suas ofensas frequentes, como se fosse
impossível the tirar a paciência.

Mas a pessoa à sua frente era completamente diferente -


parecia até ter um temperamento pior do que o dele.

"Minha mulher? De quem você está falando? Da Emily?"


FM
B
Aquele interrogatório já a estava cansando.

Porque, veja, mesmo Emily tendo mentido para Adolph e o


envergonhado no casamento, manchando sua reputação, ela
ainda era a pessoa que mais importava para ele.

Christina não queria falar nada; não havia sobre o que falar.
Portanto, deu uma risadinha irônica, ajeitou o cabelo
bagunçado e saiu.

Não suportava a ideia de estar no mesmo ambiente que ele.


Temia o que poderia fazer.

Era a coisa mais terrível do mundo odiar uma pessoa por


amá-la. Ela preferia se livrar daquele sentimento a continuar
sofrendo.

Adolph assistiu à ex-esposa ir embora de cara fechada sem


dizer uma só palavra. Ele não sabia o que tinha dito de errado
e, quando tentou alcançá-la, ela já tinha desaparecido.
Ele franziu as sobrancelhas. Não tinha conseguido perguntar o
que devia.

Christina se apoiou na parede e caminhou até um lugar


escondido, pegando uma taça de vinho da bandeja do garçom
e tomando-a num único gole.

O líquido gelado atravessou sua garganta e acalmou seu


coração.

Ainda faltava um tempo para o banquete começar, e, como não


era boa de socialização, encontrou um canto onde se sentar.
FM
Algumas pessoas a seu redor fofocavam, mas isso não a

B
interessava; só queria beber em silêncio e mexer no celular.

No entanto, o grupo mais próximo era também o mais


barulhento. Várias mulheres comentavam sobre as famílias
ricas e poderosas: quem tinha se casado, quem tinha se
divorciado, quem estava se relacionando com quem, etc.

Christina apenas observou àquilo em silêncio. Contudo, as


fofocas eram sobre ela.

"Ei, vocês viram que a filha mais velha dos Granger voltou?"

"Esse é o assunto do momento na Cidade S, claro que ouvi.


Ela entrou para os negócios da família para arrumar aquela
bagunça no Granger Group, mas ainda não vi ela aqui."

"Uma pessoa que esteve morta por três anos volta de repente.
Vocês não acham assustador? É no mínimo curioso. O que
acham que ela fez durante esse tempo? Será que ficou grávida
antes do casamento e teve um bebê em segredo?"

"Não, não é possível. O Sr. Reis vivia atrás dela, mas a


Christina nem dava bola para ele. Eu lembro que a Jessie
disse que os tios dela estavam indo à Cidade N propor em
nome da filha. Se a própria Christina pediu alguém em
casamento, para quê ser tão mesquinha?"

"Ela deve ter engravidado, hahaha..."

A mulher gargalhava quando, de repente, alguém cutucou seu


ombro. Ao se virar instintivamente, teve o rosto encharcado por
FM
vinho, e a taça foi quebrada em sua cabeça; tudo em questão

B
de segundos.

Ela morreu de medo. Acompanhada do banho de vinho estava


uma mulher com uma expressão severa.

"Ah!" Puderam-se ouvir gritos por toda parte.

Capítulo 37

O lema de Christina era não baixar a cabeça para ninguém.

Com Jessie, ela podia conversar e, assim, lhe dar uma lição,
mas, com desconhecidos, nem perdia seu tempo.

Seria injusto culpá-la por ser rude - não estava num dia bom, e
havia pessoas a ofendendo.

No início, ninguém pareceu perceber a movimentação naquele


canto, uma vez que a música e o falatório se misturavam. As
fofoqueiras, porém, nunca deviam ter visto nada parecido: não
paravam de gritar.

Devido ao escarcéu, Christina, que sempre foi discreta, se


tornou o centro das atenções, e pessoas que gostavam de
uma boa intriga se aproximaram.

A única a não gritar foi a jovem em quem Christina tinha jogado


a bebida. Estupefata, ela lambeu o vinho dos lábios e
gaguejou: "Quem, quem é você?"

Os convidados do jantar eram todos ricos e poderosos, no


mínimo subcelebridades. Aquela garota era uma, e já fazia
FM
parte da indústria do entretenimento havia mais de dez anos,

B
sendo uma boa observadora.

Quando viu a figura de Christina - o vestido de alta-costura e o


colar de esmeraldas que não seria capaz de comprar mesmo
se passasse a vida toda gravando filmes - ficou com as pernas
bambas.

"Você nem sabe quem eu sou, e fica falando mal de mim pelas
costas. Não sei se você tem muita coragem ou se só é
ignorante mesmo."

Christina ainda tinha sido boazinha por não cortá la com a


taça.

Sempre teve pena de outras mulheres.

A atriz de segunda categoria logo percebeu e perguntou: "Você


é a... senhorita Granger?"

Assim que terminou a frase, a multidão exclamou e fixou os


olhos em Christina. Todos ali a conheciam de nome e, quando
viram a pessoa sua frente, conectaram os pontos.

Ocorria que aquela era a filha mais velha dos Granger.

Ela era ainda mais bonita do que diziam.

O grupo de jovens que conversavam inicialmente eram ou


inexperientes no mercado cinematográfico, ou pessoas
normais, vindas de famílias ricas da cidade. Elas achavam que
estavam por dentro do caso da família Granger quando viram
FM
Jessie e trocaram meia dúzia de palavras com ela. Christina,

B
no entanto, era uma espécie de figura mística.

O Granger Group costumava ser o líder no mundo dos


negócios, pertencendo a uma família muito influente.
Entretanto, nos últimos anos, estavam em declínio. Por que
temer uma empresa à beira da falência?

Uma jovem influenciadora, que estava num canto e tinha uma


boa relação com a prima de Christina, se aproximou e gritou:
"Por que você bateu nela? Isso é um banquete da Zero Times,
não a casa da mãe Joana. O que a família Bergen vai pensar?
O Martin é meu namorado. Acredite ou não, vou pedir para ele
chamar os seguranças para te tirar daqui".

A influenciadora não era alta, mas se impunha enquanto


falava.

Assim que começou seu discurso, as meninas que estavam


perto assumiram uma postura imponente e concordaram: "É
mesmo, você jogou vinho nela sem pensar duas vezes. Não
achava que a senhorita Granger fosse ser tão mal educada".

Por um momento, pareceu que elas iriam se juntar para bater


em Christina.

Quando Adolph e Hyman saíram dos bastidores, viram tudo o


que tinha acontecido, inclusive as mulheres falando mal da
herdeira do Granger Group. Por esse motivo, não impediram
Christina de ir para cima delas. Mas agora que estava sendo
massacrada, eles precisavam tomar uma atitude.
FM
Contudo, no momento em que iam se aproximar, viram a

B
mulher pegar outras duas taças de vinho despreocupadamente
e, dando o melhor de si, jogar nas garotas que estavam
falando.

Calma, Christina as olhou com altivez.

Era um olhar de quem dizia: "Se fosse ao contrário, vocês não


iam poder fazer nada".

"O que aconteceu? O que vocês estão fazendo?"

Martin e Mary, que estavam ocupados socializando em outro


lugar, ouviram o falatório e vieram correndo. Quando Martin
abriu caminho e viu Christina no meio da confusão, seu
coração disparou. Foi só quando teve certeza de que ela
estava bem que se sentiu aliviado.

"Martin!" A jovem influenciadora finalmente tinha encontrado


alguém para apoiá-la e, na intenção de abraçá-lo e começar a
chorar, se aproximou.

O homem, no entanto, a parou na mesma hora. "Ei, pare, você


está toda molhada. Não chegue perto de mim."

O vestido branco da garota estava todo manchado de vinho,


que mais parecia sangue, deixando-a com um ar assustador.

Fazendo-se de vítima e fingindo soluçar, ela apontou para


Christina e se queixou: "É tudo culpa dela. A gente só estava
conversando, e ela veio jogar vinho na gente sem mais nem
menos! Martin, Sr. Bergen, é óbvio que ela não tem respeito
nenhum por você. Coloque ela para fora!"
FM
B
Adolph se aproximou, pegou uma toalha quente da cestinha de
bambu do garçom e entregou para Christina. "Sua mão está
suja. Aqui, limpe."

De fato, seus dedos estavam manchados e melados de vinho,


e, por isso, ela não recusou a gentileza. Com calma, se limpou,
as mãos brilhando sob a luz.

Nesse meio-tempo, tudo ficou estranhamente quieto.

Hyman assistiu àquilo de longe, tomando um grande gole de


vinho tinto. Um sorriso lhe franziu os lábios quando pensou:
"Olhe só esse casal mal resolvido. Eles sabem muito bem
como irritar alguém."

Essa atriz e a influenciadora chorosa estavam com tanta raiva


que quase desmaiaram.

"Martin!" A influenciadora continuou agindo como uma criança.

Martin não se comoveu com aquilo, ficando até

com arrepios.

Depois de limpar as mãos, Christina olhou para ele e disse:


"Sr. Bergen, você arrumou uma namorada influenciadora e
nem apresentou para mim? Se eu soubesse que ela era minha
cunhada, teria sido mais educada".

Seu sarcasmo foi demais para ele: assim que

ouviu a palavra "cunhada", sentiu calafrios.


FM
B
"Não fale besteira. Que cunhada? Eu nem

conheço ela!"

"É mesmo?"

Christina sorriu friamente. "Mas ela te chamou de Martin de um


jeito tão carinhoso. Disse até que você ia me expulsar."

Ela se dirigiu à Mary: "Desculpe arrumar confusão. É melhor eu


sair. Vou na sua casa me desculpar com o resto da família
outro dia."

Christina realmente não estava com cabeça para ficar por mais
tempo. Ela se virou para sair, mas Mary a deteve.

A tia deu um tapa em Martin e olhou feio para ele. "O que está
acontecendo?"

O homem se sentiu injustiçado. "Eu não conheço ela, é sério!"

A garota ficou envergonhada na mesma hora e tentou se


aproximar, mas Martin pediu para os seguranças se
apressarem e colocarem para fora as mulheres que tinham
arrumado confusão.

Como tinham coragem de Irem ao seu jantar e maltratarem sua


irma? Não tinham medo do perigo?

Sem entender nada, as garotas foram levadas para fora do


hotel.
FM
Por que tinham botado elas para fora e não a senhorita

B
Granger?
Capítulo 38

As mulheres que estavam causando confusão foram retiradas


do local. Enquanto isso, Christina começou a se afastar.

Ela queria ir embora, mas Martin e Mary não deixaram e a


convenceram a ficar. "Tudo bem, legal. Não fique brava.
Quando começar o leilão, é só me falar o que você quer. Eu
compro!" Persuadiu o amigo.

No meio do caminho, ele a segurou e disse: "Dá para me


chamar da próxima vez que isso acontecer? Não resolva as
coisas sozinha, e se você se machucar? Ainda quer que eu
viva?"

A multidão ficou impressionada com aquela superproteção


desnecessária.

Por não saberem do que se tratava, os convidados começaram


a tentar adivinhar qual era a relação entre eles. O pouco que
alguns sabiam era que as famílias Bergen e Granger sempre
foram próximas - mas não sabiam o quão próximas eram.

Contudo, após o episódio intenso do vinho, aqueles que


estavam fofocando sobre Christina ficaram em silêncio, sem
coragem de abrir a boca.

Conforme a multidão ia se dispersando, Adolph observou


Martin envolver o corpo de sua ex mulher com os braços. Uma
nuvem sombria pairou ao seu redor.
FM
"Eles são parentes?" Perguntou em voz baixa.

B
Hyman ficou surpreso. "É difícil dizer, a gente não sabe o que
está rolando com a Christina, e a única coisa que se sabe
sobre o Martin é que ele não é filho da Sra. Bergen - mas a
gente também não sabe quem é a mãe biológica. Os pais
deles são diferentes. Será que foram jurados irmãos?"

Os cantos da boca de Adolph se enrijeceram. Ele não


permitiria o perto de um irmão sem ser de sangue!

O banquete estava muito animado. Várias modelos foram


chamadas ao palco para um desfile da Zero Times
acompanhado de apresentações de cantores famosos.

Um dos artistas, que tinha feito sucesso recentemente devido à


série IP, fez até as jovens celebridades gritarem e baterem
palmas sem parar, transformando-as em fãs.

Apesar de calma e composta, Christina, que estava na primeira


fileira, demostrava no brilho do olhar estar gostando.

"Esse é o Duarte Simon, do Star Entertainment. No começo,


queriam que ele fosse cantor e dançarino, mas não deu certo e
ele virou ator e explodiu do nada", explicou Martin, que estava
ao lado da moça.

"Ele é um bom cantor e dançarino. É uma pena

que não tenha dado certo."

Christina falava com calma.


FM
O amigo deu uma olhada para ela e disse casualmente: "Você

B
gostou? Quer que eu contrate ele?"

Christina sacudiu a cabeça de leve. "Agora é o auge da


carreira dele. É chover no molhado. É provável que ele nem
saiba dar valor para o Granger Entertainment. Além do mais,
você acha que a Star Entertainment vai querer abrir mão de
uma máquina de dinheiro dessas?"

"O Neil acabou com o Granger Entertainment por causa das


notícias ruins dos últimos anos. Mas, com a ajuda do meu
irmão, você não precisa se preocupar muito."

Christina balançou a cabeça de novo. Havia um lampejo de


nitidez em seu olhar. "Na época, minha mãe criou o Granger
Entertainment para o terceiro irmão, Luís Holmes, mas agora o
grupo se tornou um empecilho na carreira dele. Não era isso
que ela queria. Nunca mais vou deixar isso acontecer.

Martin fez que sim. "O Luís ainda está nas montanhas
filmando, mas já deve estar acabando. Quando der, a gente
pode reunir todos os irmãos para sair."

Ao ouvir falar dos irmãos, Christina relaxou e respondeu um


simples "Claro".

O amigo colocou a mão em sua cabeça e sorriu, fazendo-a


olhar para ele com desgosto e rancor.

Do outro lado, Adolph assistia àquela intimidade toda e à


alegria visível de Christina, o que não o deixou nada feliz.
FM
Ela tinha voltado a ser a mulher contida de sempre, mas a

B
forma tranquila com que interagia com Martin era um lado que
nunca tinha mostrado.

Qual era a relação deles?

Após o jantar, Mary Bergen, editora-chefe da Zero Times, subiu


ao palco para uma fala. Ela era não apenas líder na indústria
da moda mas também uma referência para as instituições de
caridade.

Mary não disse nada mais. Após algumas poucas palavras de


agradecimento, foi dado início ao leilão, cujas arrecadações
seriam destinadas ao projeto médico no Oeste.

Para muitos, o evento já tinha acabado, mas, para Christina,


estava só começando.

Mesmo depois do que tinha acontecido, não estava muito


arrependida - só se sentia um pouco mal por Mary e, por isso,
tinha que apoiá ia.

Então, caminhou até a pequena sala de leilões, onde


permaneceu na primeira fileira, mas, dessa vez, com as luzes
fracas para evitar que tirassem fotos dela. Apesar de os
repórteres já terem sido avisados, imagens suas podiam ser
publicadas na internet, e apagá-las daria muito trabalho.

Os itens doados pelos convidados e que seriam leiloados


foram apresentados. Como tinha ido de mãos vazias naquela
noite, Christina tirou seu colar de esmeraldas para dar como
lance.
FM
"O primeiro item é um par de braceletes de jade doados pela

B
senhora Bergen. O lance inicial é de cem mil dólares!"

"Ok, duzentos mil!"

"Trezentos mil!"

"Alguém dá mais? Quatrocentos mil!"

"Quinhentos mil!"

Assim que a herdeira do Granger Group ergueu a plaquinha, o


leiloeiro anunciou com animação: "Quinhentos mil. Dou-lhe
uma, dou-lhe duas, dou

The três! Parabéns, senhorita Granger! Você acabou de


arrematar um par de braceletes de jade!"

Era um começo e tanto! Mary assistiu àquilo com muita


felicidade e se pôs de pé para agradecer Christina, que ergueu
ligeiramente a cabeça e abriu um sorriso.

"O item n. 2 é um biombo de nefrita doado pelo presidente do


Reis Group. O lance inicial é de duzentos mil!"

Harry se levantou e ergueu a mão com um sorriso no rosto.

Jessie, que estava sentada a seu lado, levantou o queixo o


máximo que conseguiu, numa demonstração de orgulho.

Martin olhou para ele com os olhos estreitos e encarou o item


minúsculo no palco. "É de verdade?", perguntou a Christina.
FM
A mulher nem se deu o trabalho de levantar a cabeça e

B
continuou olhando os braceletes que tinha arrematado. "Meu
tio tem muita coisa falsa. A Jessie deve ter roubado isso do
quarto dele e dado para o Harry", respondeu sem entusiasmo.

Caso contrário, como ele iria conseguir levar Jessie para o


jantar?

Do outro lado do recinto, Hyman também perguntava: "Essa


coisa vale duzentos mil?"

Adolph analisava a lista de objetos do leilão. Seus olhos


estavam fixos nas quatro tigelas de cerâmica. "A nefrita não
tem valor nenhum. Fora que esse item é dos anos 1900, não
chega nem a ser uma antiguidade. Se você quiser, é só me dar
o dinheiro que eu pego um na barraquinha para Você."

"Quanto custa?"

"Mil dólares, no máximo."

Hyman ficou em silêncio.

Ele olhou feio para Harry, como se dessa forma o preço fosse
baixar.

Mas, no final das contas, não era todo mundo que tinha um
olho aguçado para esse tipo de coisa. Só de ouviram a palavra
"nefrita", acharam que se tratava de algo valioso. As
plaquinhas não paravam de ser erguidas, e finalmente o item
foi vendido por setecentos mil dólares.
FM
Tanto Hyman quanto Martin sentiram pena do idiota que a

B
adquiriu.

O leilão continuou a todo vapor, com uma dúzia de itens


arrematados em pouco tempo, somando um total de cinco
milhões. Duas vezes, Christina pediu a Martin para erguer as
plaquinhas para ela, e comprou uma fivela de cabelo feita de
prata e uma pintura a óleo. Ambos os objetos não tinham valor,
ela só queria que seu irmão pagasse.

"Você não ficou brava?", perguntou ele com um sorriso. Ao ver


Christina arquear a sobrancelha e concordar, ele bateu com os
nós dos dedos na cabeça dela. "Não foi nada."

Adolph viu tudo e segurou a lista com força, fuzilando Martin


com os olhos.

"O próximo item é um colar de esmeraldas doado pela


presidente do Granger Group, a senhorita Christina Granger. O
lance inicial é de sete milhões!"

Um alvoroço tomou conta do ambiente assim que o leiloeiro


terminou sua fala.

Capítulo 39

O item de Christina valia mais do que todos os outros juntos!

De onde tinha saído essa mulher rica?

Aqueles que não conheciam o mercado de joias olharam para


frente, mas, por estarem sentados longe, só conseguiram ver
vagamente uma figura bonita sob a luz fraca.
FM
B
Até de costas ela parecia cheia da grana.

"Esse colar é da Colômbia? É de esmeralda? É caro assim


mesmo?"

Os comentários se espalharam depressa pela multidão.

Aqueles entendidos, por outro lado, não

conseguiram desviar os olhos da pedra verde jade reluzente e,


em silêncio, calcularam o quanto possuíam em suas contas
bancárias. Seria uma pena se não conseguissem arcar com o
custo do acessório e o quisessem muito.

Os olhos de Adolph brilharam. Ele viu Christina sentada no


escuro e reconheceu o colar no palco: era o mesmo que ela
estava usando quando chegou.

Hyman pensou em algo e disse: "Ei, esse não é o disse: "Eu


lembro que você gostava muito desse colar. Vai se desfazer
dele fácil assim? Não precisa disso para ajudar minha tia".

Mary também disse: "Está certo, Christina, você já me deixou


feliz só de ter vindo, não precisa doar uma coisa tão cara".

Christina deu um sorrisinho.

"É só um colar, não precisa ficar com a consciência pesada.


Fora que isso aqui é um evento de caridade, essa quantia não
é nada. Se ninguém quiser comprar, eu mesma posso pegar
de volta."
FM
Havia inúmeras joias na casa dela; aquela era apenas uma

B
delas. Doá-la ou pegá-la de volta não faria diferença.

Quando o leiloeiro viu do que se tratava, começou a falar sem


parar sobre como aquela pedra era boa. "Sete milhões vale
muito a pena. Se eu fosse vocês, não perderia... Muito bem,
sete milhões e cem mil!"

Harry ergueu a plaquinha bem alto, como se estivesse com


medo de Christina não o enxergar, e até sorriu para ela.

A mulher o ignorou - ela preferia gastar dez milhões para pegar


o item de volta do que deixar algo que já tivesse usado cair nas
mãos dele.

Vendo aquilo, Jessie ficou morrendo de ciúmes.

Ele se recusou a doar algo para o leilão, e ela teve que roubar
o biombo do pai. Agora, porém, Harry queria gastar sete
milhões e cem mil dólares para comprar o colar de Christina!

Tinha perdido a noção?

"Harry, é muito caro, você não tem esse dinheiro."

A voz de Jessie, desesperada, espalhou-se pelo salão devido


ao microfone que estava ao seu lado, fazendo todos caírem na
gargalhada.

"Sr. Reis, se você não tiver dinheiro, está tudo bem, não
precisa participar."
FM
Alguém caçoou, e Harry se sentiu muito envergonhado. Ele

B
olhou para Jessie e disse: "Eu sou o presidente do Reis Group,
claro que tenho uma quantia pequena dessas!"

Ele não queria gastar dinheiro com ela, não com

outras mulheres.

"Eu vi o colar primeiro. Se alguém quiser comprar, vai ter que


competir com a família Reis."

Aquela frase era voltada a quem queria vê-lo fazer papel de


bobo.

Harry sorriu com desdém e abotoou o terno, mas, justo quando


ia se sentar, ouviu o leiloeiro dizer: "Oito milhões!"

De novo, houve um burburinho na plateia. Será que alguém


tinha dado um lance por engano?

Harry quase caiu para trás. Devagar, virou-se e viu um homem


bonito num corta-vento preto segurar sua plaquinha e dar um
sorriso malicioso para ele.

"Quem é esse?", perguntou para os amigos ao

seu lado. "Parece que é o Hyman Roger, o mestre jovem de

Família Roger da Cidade R."

Logo em seguida, o leiloeiro perguntou se alguém dava mais.


O homem ao lado de Hyman também deu seu lance, dizendo
num tom de voz frio e baixo: "Dez milhões".
FM
B
Um silêncio mortal pairou no ar.

Mais uma vez, Harry quase enfartou. Ele olhou com severidade
para o homem sentado no escuro, difícil de ser visto com
clareza. Aqueles dois só podiam estar ali para fazê-lo passar
vergonha!

"Quem é esse cara?", perguntou exasperado.

O amigo fez um esforço para identificá-lo e disse em voz baixa:


"Olhe, parece o presidente do Santos Group, o Adolph, da
Cidade N".

"Bang!" As pernas de Harry cederam, e ele caiu no chão.

Hyman tomou uma atitude e disse: "Sr. Reis, não seja covarde.
Você não queria muito o colar?
Deixe eu ver quanto dinheiro você tem".

Em seguida, se divertindo, disse a Adolph: "Eu não ligo para


pedra verdes, mas esse colar tocou a pele dela, tem seu
cheiro. Seria burrice não comprar, e eu vou".

Os olhos de Adolph queimaram de raiva, e ele rebateu: "Que


estranho, porque sou eu quem vou comprar".

"Dez milhões. Dou-lhe uma, dou-lhe duas..."

"Onze milhões!"

Harry se levantou com dificuldade e olhou friamente para os


dois homens, tentando ser impedido por seus amigos, que o
FM
alertaram do quão difícil era lidar com as famílias Roger e

B
Santos.

"Eu não estou nem aí se eles são poderosos. Aqui é a Cidade


S, território da família Reis, não vou deixar mexerem comigo
na minha casa!"

A coragem tomou seu corpo.

Essa coragem, no entanto, durou poucos segundos, quando


Hyman e Adolph o derrotaram em conjunto.

Os homens, no entanto, não se importavam com Harry:


estavam competindo entre si.

"Quinze milhões!"

"Dezoito milhões!"

"Dezenove milhões!"

"Vinte milhões!"

Nunca na história tinham visto aquilo. O leiloeiro ficou tão


empolgado que começou a falar cada vez mais alto. Todos
olharam para os amigos se perguntando de onde eles tinham
saído.

Martin ficou assustado vendo a cena. Ele estalou os lábios e


disse: "O que eles estão fazendo?"

A expressão de Christina era impassível, sem nenhum traço de


alegria.
FM
B
Por influência de seus pais, ela não gostava de gente que
queria se aparecer, nem de quem agia com infantilidade. Não
importava quem conseguisse o colar, todas as três pessoas a
estavam deixando desconfortável.

Ela sinalizou com a cabeça para Gabriel, que ergueu a placa e


disse: "Vinte e um milhões".

Adolph e Hyman olharam ao mesmo tempo para Christina, que


nem ligou para eles e fez um sinal para o leiloeiro.

Após o "dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três", o martelo


caiu, e o colar foi vendido.

Graças a eles, o colar de sete milhões lhe custou treze milhões


a mais.

Mas não importava. Ela pegaria esse dinheiro de volta deles.

Capítulo 40

Hyman e Harry olharam na direção de Christina, e, ao verem


sua expressão fria, seus corações aceleraram.

Ela estava brava?

De fato, estava um pouco, sim, mas também estava


acostumada a disfarçar seus sentimentos. Poucas eram as
pessoas que conseguiam tirá-la do sério, e não seria diferente
com aqueles homens agindo feito criança.
FM
Devido ao colar de esmeraldas colombiano, que tinha sido o

B
climax do leilão, muitos participantes perderam o Interesse nas
cerâmicas.

Aquilo era o que ela chamaria de gente Ignorante.

Quem conhecia o mercado - colecionadores como Christina -


esperava ansioso mas paciente pelo lellão da pequena tigela.

O homem em cima do palco anunciou o primeiro lance: "Um


milhão".

A herdeira do Granger Group não ergueu a plaquinha:


direcionava Gabriel para que ele fizesse isso. "Um milhão e
cem mil".

Muitos dos convidados ali presentes ainda estavam


impressionados pela oferta de vinte e um milhões. Não sabiam
se Gabriel estava querendo se mostrar, só sabiam que ele era
mesmo rico.

Tinham certeza de que não conseguiriam superar a fortuna


deles, então, quando viram Gabriel dar seu lance,
imediatamente abaixaram as suas automaticamente.

Era isso que Christina queria. Com o "dou-lhe duas", a decisão


estava quase tomada, mas nunca se sabia o que podia
acontecer.

"Um milhão e duzentos mil."

Ela inclinou a cabeça e olhou de soslaio para o homem que


erguia a placa com calma: Adolph.
FM
B
Christina franziu o cenho.

"Ele resolveu ficar dando lances hoje?"

Ela nunca o tinha visto gostando tanto de se aparecer.

Gabriel deu outra oferta: "Um milhão e trezentos mil".

Adolph o acompanhou: "Um milhão e quatrocentos mil".

Gabriel, ao olhar para a chefe e vê-la fechar os olhos, ergueu a


plaquinha mais uma vez: "Um milhão e quinhentos mil".

Adolph queria continuar, mas Hyman o impediu.


"Ei, você não viu que ele está com a Christina?"

"Vi". E então perguntou: "E daí?"

O amigo ficou surpreso. "Por que está brigando pelo item se


viu quem era?"

"Não estou brigando. Eu também gostei dessas tigelas", disse


Adolph com calma.

Hyman não soube o que responder.

Antigamente, ele não tinha noção de como era um homem


idiota, mas, agora, tinha.

"Um milhão e quinhentos mil. Dou-lhe uma, dou The duas...


Ok, um milhão e seiscentos mil para esse cavalheiro aqui."
FM
Martin olhou para Adolph e disse à irmã: "Ele quer mesmo te

B
desafiar. Será que não sabe que o Gabriel está com você?"

"Sabe". Christina rangeu os dentes.

Ela queria poder retirar o que tinha tido sobre não ficar brava
com facilidade. Dessa vez, estava muito brava!

Sem precisar mais de Gabriel, ela mesma ergueu a plaquinha


em sua mão e disse: "Dois milhões!"

"Você não quer brigar? Então vamos continuar."

Fazendo o que ela queria, Adolph anunciou: "Dois milhões e


cem mil".

Hyman, sem poder fazer nada além de massagear a região


entre as sobrancelhas, disse: "Agora eu entendi por que a
Christina quis se divorciar de você. Uma hora a paciência dela
ia esgotar".

Adolph nem se mexeu. Ele não achava que o divórcio tivesse


algo a ver com ele querer comprar aquelas tigelas. Além do
mais, tinha sido ele a propor a separação, não a ex-mulher.

O leilão tinha se tornado o campo de batalha dos dois inimigos


de novo: eles não paravam de dar lances um atrás do outro e
apenas cem mil dólares mais alto do que o anterior. Estavam
testando até onde conseguiam ir.

Quanto ao restante dos presentes, eles assistiam àquela briga


infantil, sonolentos.
FM
Será que alguém daria cem milhões de dólares? A boca do

B
leiloeiro estava até seca. Quando gritou "Cinco milhões",
Christina parou.

"O que foi? Não consegue dar mais? Eu te ajudo", ofereceu


Martin.

E prosseguiu, confortando-a: "Não tem problema, eu pago para


você independentemente do preço. Não vou deixar te
desafiarem na minha casa".

Quando estava prestes a erguer a plaquinha, Christina o


parou. Ela sacudiu a cabeça e disse: "É o máximo que elas
valem. Vai ser besteira dar mais".

Finalmente, as cerâmicas foram vendidas para Adolph por


cinco milhões de dólares.

Até o momento, trinta milhões tinham sido arrecadados, muito


mais do que o esperado. Quem estava mais feliz com isso tudo
era a Zero Times, que seria destaque nas redes no dia
seguinte.

"Vamos."

Christina deixou o local junto com seu assistente, enquanto


Martin ficava para ajudar Mary com os itens e as arrecadações.

Gabriel atrasou um pouco. Ele tinha parado o carro longe e


pediu para Christina esperá-lo na calçada enquanto buscava o
veículo.

A brisa noturna estava fria. A mulher cruzou os


FM
B
braços e encolheu os ombros. Quando se virou, deu de cara
com o sorriso radiante de Hyman. "Está com frio? Sou um
cavalheiro, posso te emprestar meu casaco."

Christina ergueu

a mão

para recusar seu casaco.

Adolph colocou seu casaco em volta do corpo da mulher,


dizendo: "Ele tomou vinho, as roupas dele estão fedendo. Use
as minhas".

"Obrigada, mas não precisa. Vocês não são muito diferentes;


você também não está cheiroso."

Christina sacudiu os ombros e devolveu a peça.


Quando inclinou a cabeça, viu Walt segurando as cerâmicas, e
seu olhar ficou da cor da noite, seus lábios se comprimindo em
uma linha fina.

"Desculpe, eu também gostei dessas tigelas", disse Adolph


com sinceridade.

Christina deu um sorriso esportivo. "Parabéns."

"Você gostou? Se sim, o Adolph pode te dar, né?" Disse


Hyman sem conseguir se segurar.

O amigo o olhou de forma estranha. "Por que


FM
você disse isso?"

B
Silêncio.

Um homem tão direto. Ele ficou sem saber o que falar.

Christina deu um sorrisinho. "Está tudo bem.

Uma pessoa nobre não pega objetos queridos dos outros. Eu


vou atrás do que quero. Se desisti, é porque não era para mim.
Não me arrependo."

Gabriel chegou com o carro e saiu para abrir a porta para


Christina, que disse com calma: "Vejo vocês dois por aí".

Contudo, depois de uma pausa, ela olhou para Adolph e se


corrigiu: "Minto, espero que essa seja a última vez que a gente
se veja, Sr. Santos. Você não é bem-vindo na Cidade S".

Ela entrou no carro e partiu.

Adolph ficou pensando em sua última frase e franziu as


sobrancelhas. Ela esta brava?

"Que merda, você já percebeu isso agora?"

Hyman queria se jogar no chão e suspirar. "Não vou ficar com


dó se você continuar solteiro para o resto da vida. Você
merece. Tente um pouquinho mais, e a Christina vai desistir
completamente de você, tente!"

Capítulo 41
FM
No caminho de volta, Christina se sentou em silêncio no banco

B
traseiro, com os lábios franzidos.

O clima no veículo era pesado.

O próprio Gabriel estava dirigindo, tomando muito cuidado para


que a chefe não reclamasse de movimentos bruscos.

Depois de tantos anos com Christina, ele conhecia seu humor


muito bem.

Se falasse sem parar, significava que não estava brava; se


ficasse em silêncio, contudo, como estava agora, queria dizer
que estava espumando de raiva. Quem cruzasse seu caminho
seria desafortunado.

Quando chegaram à Mansão das Rosas, Gabriel saiu do carro


e abriu a porta para Christina, que disse com calma: "Vá para a
casa mais cedo descansar. Amanhã às oito você vem me
pegar".

"Sim, entendi." Foi a resposta. O homem analisou a expressão


dela e prosseguiu: "Senhorita Granger, eu sei que você está
chateada. E se eu entrar em contato com o senhor Santos e
comprar as tigelas por um bom preço?"

Christina franziu o cenho e o olhou com frieza.

"Você não tem o que fazer?"

Gabriel sacudiu a cabeça e se rendeu. "Me desculpe."

Por sorte, Christina não rebateu.


FM
B
Depois de vê-la entrar em casa, Gabriel deu um longo suspiro
de alívio. Em seguida, bateu na boca, irritado, e disse: "Você
fala demais".

Não demorou muito para que, depois de sua partida, um carro


preto se aproximasse devagar e estacionasse em frente à
mansão.

O vidro foi abaixado, revelando o rosto calmo e solene de


Adolph.

"Essa é a mansão da família Granger?"

Havia um quê a mais de frieza em sua voz

durante a noite.

"Sim", respondeu Walt, que olhou a informação no tablet e a


repetiu para o chefe. "Esse lugar era a famosa Mansão das
Rosas da Cidade S. Mais tarde, o pai da senhorita Granger a
comprou por muito dinheiro, e ela virou a mansão da família,
mantendo o mesmo nome."

Adolph respondeu um "hmm" indiferente e olhou ao longe.


Havia tantos quartos com a luz acesa. Qual seria o dela?

Era como se conseguisse imaginá-lo: quente, cheirando a


rosas, limpo e claro, aconchegante.
Por algum motivo, a saudade e o arrependimento tomaram
conta de seu corpo.

Erguendo o vidro do carro, ele disse: "Vamos".


FM
B
Walt ficou um pouco confuso. "Sr. Santos, você não vai dar as
tigelas para a senhorita Granger não ficar brava?"

Adolph o olhou friamente. "Você acha que ela vai querer


conversar comigo?"

"Acho que não", admitiu o outro após pensar um pouco.

Apesar do fato de ela costumar ter um bom temperamento, já


não era mais a mesma. Podia estar sorrindo e, ainda assim,
transparecer rigidez e crueldade.

Além disso, levando em consideração o comportamento do Sr.


Santos, já tinha sido uma grande vitória a mulher não ter lhe
dado um SOCO.

Mas havia um ditado que dizia que era possível morrer de


tristeza.

Não era que ela estava brava, só não se importava mais.

Adolph olhou confuso para Walt. Ele franziu os lábios e disse,


irritado: "Então por que perguntou?"

"Sr. Santos, de acordo com a minha experiência limitada, é


preciso conversar com as mulher. Se você não consegue, é
culpa das suas habilidades, mas se não tenta, é culpa do seu
atitude."

Ochefe estreitou os olhos. "Você acha que tem alguma coisa


errada com o meu atitude?"
FM
Vendo a frieza no rosto do outro, Walt quis se esconder e

B
sorríu sem graça. "Não, não tem nada de errado, é tudo culpa
dessas tigelas. Elas irritaram a madame."

Adolph se virou para olhar as cerâmicas do século XVII.


Qualquer um que se interessasse por antiguidades conseguía
dizer que eram verdadeiras. Sería burrice deixá-las escapar
tão facilmente.

Ele não imaginava que Christina fosse competir com ele.

No entanto, a família Granger tinha um negócio de joias, e


talvez também pesquisasse antiguidades. Ela soube o valor
daquelas tigelinhas?

Se sim, porque não tinha lutado por elas até o fim?

Cada vez mais cheio de perguntas, Adolph não pode evitar


esfregar a região entre as sobrancelhas, muito confuso.

"Vamos embora."

Ele olhou para fora mais uma vez. Ainda havia um longo
caminho pela frente, e a resposta sempre podia ser
descoberta.

Christina voltou para o quarto, fechou a porta e tomou um


banho.

Assim que a água quente atingiu seu corpo, ela gritou. Foi um
grito curto mas intenso, capaz de extravasar a raiva que estava
sentindo.
FM
Ela estava irritada pelos itens que podia facilmente ter

B
adquirido, mas que acabou perdendo.

Após o banho, vestiu um roupão e saiu, deixando uma nuvem


de fumaça atrás de si. Ela se sentou na penteadeira e limpou o
rosto.

Seu quarto era muito simples: nas cores branca, preta e cinza,
possuía luminárias industriais e era bem diferente do que tinha
na Mansão Santos.

Naquela época, ela fez de tudo para dar conforto a sua família.
Pensou que Adolph iria querer uma boa esposa, não sabia que
aquilo seria inútil e que ele pisaria pouquíssimas vezes na
suíte principal.

Às vezes, quando uma mulher colocava um homem em


primeiro lugar, acabava se perdendo, sem ter um esforço
sequer reconhecido. No final das contas, era tudo em vão.

Assim que o celular tocou, Martin atendeu.

"Terminei o trabalho agora. Estou exausto."

"Ok." Christina aplicou hidratante no braço, mal humorada,


como um robô sem energia.

Percebendo seu abatimento, Martin sorriu e disse: "Você ainda


está mal por causa das tigelas?"

A mulher sentiu um aperto no peito e se lamentou: "É culpa


minha, não tive controle. Fui gananciosa e confiante demais.
Da próxima vez que eu encontrar alguma coisa boa assim,
FM
tenho que avisar o vendedor com antecedência, não posso

B
simplesmente ofertar em público".

Ela ainda era muito jovem. Era fácil ficar impaciente quando
encontrava alguém esperto e experiente como Adolph.

"É bom refletir sobre o assunto, mas a culpa não foi toda sua
por ter perdido essa oportunidade."

Martin tentou tranquilizá-la e disse: "Se você quiser, posso


mandar alguém para pegar as cerâmicas do Adolph e ainda
bater nele para se vingar. Não se preocupe, ele não vai ver
quem é".

Christina o olhou de relance. "Essa é a ideia que o meu


segundo irmão, Yale Quinn deu?"

"É tão óbvio assim?", respondeu surpreso.

A mulher revirou os olhos e disse: "Não precisa disso. O papai


me ensinou que mexer com antiguidades tem que ser divertido,
não é uma competição. Se eu conseguir, que bom, caso
contrário, significa que não devia ficar comigo. Não é bom
pegar nada de ninguém à força".

"Bom, você é a especialista aqui, eu não entendo dessas


coisas."

Martin conversou com ela mais pouco e desligou.

A rotina de cuidados com a pele de Christina sempre foi


minuciosa. Ela passava creme em todo o corpo, não deixando
nem os pés de fora. Esse processo todo era muito terapêutico.
FM
B
Depois de finalizá-lo e secar o cabelo, ela ficou mais calma.

Em seguida, Christina leu um pouco e ia apagar as luzes para


dormir quando alguém bateu na porta. Pôde-se ouvir a voz de
Jessie: "Christina, abra a porta! Eu sei que você está em casa!
Se tem coragem para roubar o homem dos outros, então
venha até aquí!"

Christina franziu o cenho. A garota estava louca?

Ela calçou os chinelos, foi até a porta e a primeira coisa que


viu foi o rosto vermelho da prima. O cheiro de álcool preencheu
o ar.

"O quanto você bebeu?", disse torcendo o nariz de nojo.

"Não é da sua conta!"

Jessie estava mesmo bêbada: cambaleava, e seu rosto estava


vermelho como um tomate. No entanto, o lado esquerdo da
face estava mais vermelho do que o outro, com marcas claras
de dedos.

A herdeira do Granger Group olhou para aquilo e semicerrou


os olhos. "Foi o Harry quem fez isso?"

Ela ficou atordoada, e seus ouvidos zumbiram por um bom


tempo antes que pudesse fazer alguma coisa.

O rosto dele deixava sua fúria transparecer. "Já chega de falar!


Você não cansa? Como pode ter inveja da Christina? Se olhe
no espelho. Não tem nem comparação."
FM
B
Jessie se sentiu triste e injustiçada.

Mas, acima de tudo, sentiu medo.

Desde criança, Harry seguia Christina como um cachorrinho.


Ela tinha passado Deus sabe quanto tempo tentando fazer
com que ele esquecesse aquela mulher e ficasse com ela.

Mas agora se voltasse atrás em sua palavra de

casamento?

Ao pensar naquilo, entrou em pânico.

Christina não conseguia entender sua lógica. Ela cruzou os


braços, com as sobrancelhas franzidas, e disse: "Até parece
que o Harry te bateu por culpa minha. Por que você veio aqui
arrumar confusão em vez de se defender?"

"Eu estava atrás de você!"

Jessie apontou para ela e se queixou: "Você deve estar muito


feliz, não é? Com aquela quantidade de homens brigando por
você. Quanta arrogância. O Sr. Santos e o Sr. Roger tem
dinheiro e influência. Não me surpreende você não gostar do
Harry. Já deve ter cansado de outros caras nesses três anos,
não é?"

Christina a olhou em silêncio, sem poder deixar de pensar


naquelas mulheres fofoqueiras que falavam mal dela no salão
de festas. Uma delas tinha mencionado Jessie.
FM
Devia haver um motivo para aqueles rumores, e eles estavam

B
bem ali na sua frente.

"Acho que você não prestou atenção no que eu falei há pouco


tempo. Não ouviu nem uma palavra."

Christina massageou a testa e, cansada demais para discutir,


simplesmente chamou a Sra. Marisa. "Estou cansada hoje, não
tenho tempo para lidar com você. Fique calma primeiro e
espere o efeito do álcool passar."

Em seguida, virou-se para a sra. Marisa e disse: "Deixe ela


ajoelhada ao lado da privada e peça para duas pessoas
ficarem de olho nela. Ela pode vomitar e lavar a boca, mas não
pode sair de lá".

A Sra. Marisa recebeu as ordens e chamou dois seguranças


para levar Jessie ao banheiro.

"Me soltem!"

A menina fez de tudo para se desvencilhar dos homens, mas


eles eram fortes demais. Depois de se ajoelhar ao lado da
privada e gritar alguma coisa, ela sentiu o estômago revirar e
vomitou.

Christina já não se importava mais com ela: colocou fones de


ouvido e dormiu em paz.

Jessie passou um tempo vomitando e reclamando.

Enquanto isso, os seguranças cuidavam dela, batendo em


suas costas e lhe trazendo água, mas, ainda assim,
FM
obedecendo às ordens de Christina, sem deixar a garota se

B
levantar.

Jessie passou a noite ajoelhada ao lado do vaso sanitário e,


por algum milagre, acabou pegando no sono.

Quarto n. 66 no Cloud Bar.

Adolph saiu do banheiro secando o cabelo. Hyman tinha


entrado sem ser convidado e, sentado em um banquinho alto,
analisou cuidadosamente as quatro tigelas na bancada da
cozinha.

"Elas são mesmo do século XVII?"

O amigo respondeu um "aham" e foi à cozinha pegar dois


copos d'água.

Sem entender, Hyman balançou a cabeça e disse: "Eu fico tão


preocupado por você ofender a Christina daquele jeito só por
causa dessas quatro tigelas".

Adolph tomou metade do copo e não levou a frase a sério.

"Preocupado por quê?"

Ao ver que ele estava calmo e composto, Hyman o repreendeu


internamente. "Ele não está nem um pouco nervoso."

Reprimindo a raiva, continuou: "Deixe eu perguntar: por que


você veio lá da Cidade N até aqui?"
FM
"Por causa de negócios", disse solene. "A gente não vai

B
contribuir com a construção do hipódromo?"

Hyman fez que sim com a cabeça. "Verdade. E

Você sabe com quem a gente vai trabalhar?"

Adolph permaneceu calmo. "Não importa."

Ele tinha ido à Cidade S com segundas intenções, ou seja, o


hipódromo era só uma desculpa, não importava com quem
fosse trabalhar.

Vendo sua reação indiferente, Hyman não queria contar para


ele, mas arqueou a sobrancelha e seguiu em frente.

"Acho que você não pesquisou nada antes de vir para cá. O
terreno nos subúrbios do Norte da Cidade S pertence ao NR
Estate, que foi comprado pelo Nick e pelo Neil no ano passado
por uma boa quantia de dinheiro. Eles queriam fazer um
campo de golfe..."

Antes que terminasse de falar, o amigo franziu o

cenho e o interrompeu. "O NR Estate?"

Aquela não era a imobiliária do Granger Group?

"Isso."

Hyman pensou consigo mesmo que ele finalmente sabia. "É


normal que você não saiba, ficou trabalhando no mercado
europeu e não participou do leilão. A minha família também
FM
não deu muita bola para isso, estava ocupada brigando entre

B
si."

Nick e Neil tinham conseguido uma fortuna com

aquele negócio.

Mas, por causa disso, os dois gastaram praticamente todo o


dinheiro do Granger Group e quase o levaram à falência.

Adolph comprimiu os lábios. "Então a ideia de transformar o


campo de golfe num hipódromo foi de Christina?"

Hyman estalou os dedos. "Parabéns, acertou!"

O outro homem não respondeu.

Em silêncio, seu olhar recaiu sobre as quatro tigelas douradas,


e de repente, com um mau pressentimento, ele se lembrou do
que Christina tinha dito antes de ir embora: "Espero que essa
seja a última vez que a gente se veja Sr. Santos".

Na manhã seguinte, após lavar o rosto, Christina trocou de


roupa e foi até o quarto de Jessie.

A garota estava deitada na beirada da privada, dormindo


profundamente e babando,

Diante daquilo, Christina balançou a cabeça em

negativa.

Ninguém conseguia dormir daquele jeito.


FM
B
Por algum motivo, sentiu que havia uma ligação inexplicável
entre Jessie e o vaso. Talvez era o que queriam dizer com a
expressão "estar em pé de igualdade".

"Senhorita Granger", disseram os seguranças, se

curvando para cumprimentá-la.

Christina acenou de leve com a cabeça. "Vocês devem estar


cansados de terem virado a noite. Vão para a casa descansar
hoje, mas antes peçam hora extra para a governanta."

Eles ficaram extremamente felizes. "Obrigado, senhorita!"

Suas vozes acordaram Jessie, que, assim que abriu os olhos,


gritou de dor.

Da cabeça aos pés, não havia um lugar que não estivesse


dolorido: o rosto, a cabeça, o pescoço, os joelhos...

O que tinha acontecido com ela?

A menina esfregou o pescoço e olhou em volta, sem entender


a situação. "O que eu estou fazendo aqui?"

"Você ficou bêbada. Quer ajuda para lembrar?"

Capítulo 43

Christina se apoiou na parede do lado de fora, tentando ficar


longe do cheiro ruim.
FM
Enquanto isso, Jessie se achou no chão do banheiro. Ela fez

B
uma careta e quis se levantar, mas não conseguia sentir seu
corpo: era como se suas pernas já não fossem suas,

"Ah...", grunhiu, e olhou para baixo, descobrindo que os joelhos


pareciam dois pãezinhos vermelhos e roxos.

A dor era tanta que ela acabou acordando.

Naquele momento, algumas cenas explodiram em sua mente...

Ela apontando para Christina e reclamando.

Christina apoiada preguiçosamente na porta e a observando.

A cena que Sra. Marisa trouxe alguns seguranças para levá-la


embora.

A cena que ela foi colocada de joelhos no banheiro,

E a cena que, o tanto que chorava e implorava, assim ainda,


os homens não a deixavam se levantar...

Puta merda!

Parecia que o mundo tinha entrado em colapso... ela tinha


ficado ajoelhada ao lado da privada a noite toda?

Não pôde deixar de olhar para a prima com ressentimento e


medo.

Que mulher faria tudo isso? Tinha que ser muito má e louca.
FM
Christina tinha dormido bem na noite passada e estava de bom

B
humor, pronta para dar um sermão em Jessie. Calma, ela se
apoiou na parede e esperou a menina se levantar devagar.

"Parece que você lembrou o que aconteceu."

E, erguendo as mangas da camisa, disse com frieza: "Então


também deve se lembrar de como me ofendeu ontem".

Ofendeu?

Como podia ter a cara de pau de dizer aquilo?

Jessie tocou os joelhos vermelhos e inchados, o pescoço


dolorido, e olhou a saia amassada, sentindo-se completamente
miserável.

Quando viu Christina toda arrumada e elegante, o contraste fez


seu coração doer. Era como um insulto deliberado.

Ela vestia uma camisa azul-claro e calças retas na cor branca,


o que clareava e iluminava sua pele. Jessie não conseguia
entender como ela tinha conseguido ficar tão bem em um
vestido tão difícil de combinar com outras peças! A garota
queria erguer as mangas e dar uma surra nela, mas não podia.

Queria cuspir em seu rosto, mas não tinha

coragem.

Nos momentos em que estavam conciliadas, Jessie não


pensava que essa mulher era tão poderosa. Mas, agora, sabia
muito bem o quanto ela era cruel!
FM
B
"O que você quer? Quer que eu peça desculpa?" Os olhos de
Jessie estavam fulminantes, e seu corpo todo dizia "nem em
sonho".

Christina levantou a manga, revelando seu pulso claro e


delgado. Balançado a cabeça gentilmente, disse: "Não, prefiro
te punir a receber uma desculpa vazia".

Ela ergueu suas belas pálpebras e colocou as

mãos no bolso de forma casual e elegante.

"Dizem que há três formas de educar alguém: com o olhar,


com palavras ou com cassetetes. Eu costumava discordar
muito com esse último jeito, mas tem gente estúpida que nem
você que só consegue entender assim."

Christina continuou, séria: "Seus pais são separados desde


que você é criança, e seu pai não te ensinou nada de bom. Já
que uma irmã mais velha é como uma mãe, vou começar a
ficar de olho em você a partir de agora".

Jessie deu uma risadinha. "Quem você acha que

é para querer mandar em mim?"

"Senhorita, aqui está o que você pediu."

A Sra. Marisa chegou no andar de cima bem a tempo, e os


olhos de Jessie se arregalaram quando viram o que ela estava
segurando.
FM
"Na hora certa. Obrigada pelo bom trabalho, Sra. Marisa."

B
Christina estendeu a mão, pegou o objeto e o exibiu. "Aqui
está."

Em choque, a menina a olhou sem conseguir acreditar naquilo.


"Você é o diabo?"

Christina pediu à governanta que trouxesse uma vara de


marmelo e preparou cem regras que Jessie devia obedecer,
caso contrário, seria punida.

Nas regras, havia detalhamentos de como e quantas vezes


punir.

"Você está maluca?"

Jessie olhou para aquela antiga "arma" muito perigosa, sem


conseguir imaginar o tamanho da dor que causaria. "Meus pais
nunca me bateram, por que vou deixar você fazer isso? Quem
você pensa que é?!"

Christina estava calma. "Como eu disse, se você quiser morar


aqui, vai ter que seguir as minhas regras. Sempre teve ordem
na nossa família. Quando seu pai e o nosso tio eram mais
novos, eles não obedeciam meu pai? Se ele quisesse que
ficassem de joelhos, os dois nem se atreviam a levantar; se
quisesse que se deitassem, não tinham a coragem nem de
ficarem sentados. A mesma coisa vale para você em relação a
mim."

Ela pediu para os funcionários deixarem a vara de marmelo na


cabeceira da cama e colocarem as regras na parede.
FM
B
"Cem regras de família. Com a sua inteligência, acho que dois
dias serão suficientes para você absorver tudo."

E continuou: "Depois desse tempo, venho ver como você está.


Caso esquecer alguma delas ou cometer algum erro, vai
apanhar uma vez. Se disser palavrão, vai ser no rosto. Se não
tiver medo de apanhar ou sentir dor, vá em frente".

"Encontre duas pessoas igual ontem para ficarem de olho nela


enquanto memoriza as regras", pediu à Sra. Marisa. "Ela é
uma mula preguiçosa que precisa apanhar."

Mesmo quando Christina já tinha saído e dois

homens de preto apareceram, Jessie ainda estava em transe.

Três minutos depois, um grito agudo pôde ser ouvido por toda
a mansão. "Salam de perto de mim! Me soltem! Não quero
morar aqui! Você é um monstro, Christina!"

Às oito horas da manhã, Christina saiu da Mansão das Rosas


a tempo de chegar na sede da empresa.

No caminho, ela checou as últimas informações no tablet e


escutou atentamente, enquando Gabriel lhe dizer as tarefas do
dia.

"O alvará do hipódromo foi liberado, e todos os equipamentos


necessários já foram preparados. Vão começar a plantar as
árvores, quer ir dar uma olhada mais tarde?"
FM
Christina fez que sim com a cabeça. "Claro. Vamos marcar um

B
encontro com o Hyman e ver se ele está livre para irmos
juntos."

"Sem problemas." Concordou Gabriel, contatando Hyman na


mesma hora. Após receber uma resposta, ele tapou o celular
com a mão e disse: "Senhorita Granger, o Sr. Roger falou que
já está esperando você lá embaixo."

A mulher franziu o cenho de leve. "Ele é bem proativo. Então


arrume os encontros de tarde e vá ao hipódromo de manhã."

"Pode deixar. Gabriel trocou mais algumas palavras com


Hyman e desligou o telefone. Após dar uma olhada nas
notícias da equipe de arqueologia no Devils Lake, Christina
perguntou: Como o Nick e o Neil estão?"

"Vou te mostrar

Gabriel mexeu no celular e achou um video, "Uma pessoa que


a gente mandou até lá gravou isso. Dê uma olhada,"

Já nos primeiros segundos, pode-se perceber a agitação.

Christina olhou para a parte de cima da tela e viu pedras


cinzas normais, não muito diferentes das de uma pedreira. As
placas no chão, no entanto, mostravam valores de milhares,
dezenas de milhares, se não centenas de milhares de dólares.

Os compradores se coçavam, e seus olhos brilhavam mais do


que os de um lobo no céu noturno. Eles não paravam de gritar.

"Corta! Deveria ser um bom material!"


FM
B
Nick e Neil estavam tão absortos na situação que não
perceberam que alguém os estava filmando. Gabriel não
conseguir conter um suspiro. "O Nick e o Neil já gastaram
muito em pedras e não param. Parece até que estão
possuídos."

A chefe deu um sorrisinho. "É normal. Quando eles viram uma


antiguidade pela primeira vez, também ficaram assim.
Pareciam cachorros de rua vendo carne - não importa se é
ruim, eles querem comer."

Seus olhos estavam cheios de desprezo. Ela se lembrou de


como o vovô os tinha repreendido na época.

Ah, o vovô...

Ele tinha dito: "Seus imbecis! Vocês tem merda na cabeça ou


por acaso nasceram com os olhos nas costas? Vocês me
trouxeram cobre quebrado e ferro podre. Como vão aprender a
mexer com antiguidades? Não entendem nada!"

Pau que nascia torto, nunca se endireitava.

Christina sacudiu a cabeça e disse a Gabriel: "Deixa eles, não


temos tempo para lidar com isso agora. Vamos resolver a
questão do hipódromo primeiro".

Assim que o vídeo acabou, eles chegaram ao Granger Group.

Christina desceu do carro em seus saltos altos e entrou no


prédio. Inesperadamente, viu duas figuras sentadas no sofá do
saguão.
FM
B
Havia mais uma pessoa com Hyman.

A mulher estreitou os olhos de forma ameaçadora. Aquele não


era o homem inconveniente que tinha roubado suas tigelinhas
na noite passada?

Capítulo 44

"Ei, você chegou."

Hyman se levantou, e Adolph o acompanhou em seguida.

Christina estava usando uma roupa casual naquele dia: uma


camisa azul-claro com um cardigã cinza-claro nas costas,
calças brancas e um par de saltos altos com pérolas em volta
do tornozelo.

Um visual simples, mas muito elegante.

Adolph semicerrou um pouco os olhos. Cada vez que a


ex-mulher aparecia, ele tinha uma surpresa boa, apesar de ela
não agir como antes.

Antigamente, usava roupas de ficar em casa e de tonalidades


quentes e deixava o longo cabelo solto nas costas ou preso
num coque. Tinha a aparência de uma boa esposa e mãe.

Não era que não gostasse dela, só sentia que estava fazendo
papel de boba tentando agradá-lo o tempo todo.

Esse tipo de sentimento o deixava extremamente


desconfortável.
FM
B
Aquela em sua frente era a Christina real.

E, apesar de ele estranhar um pouco às vezes, sentia-se muito


mais à vontade com ela.

"Eu fiquei um tempão esperando você." Hyman tentou


abraçá-la, mas foi impedido e empurrado para longe.

Ela retraiu a mão com nojo e disse friamente: "Não chegue me


abraçando. Nós temos

intimidade?"

Adolph, que estava com as sobrancelhas franzidas devido à


atitude de Hyman, relaxou ao ouvir o que Christina disse. Ele
sorriu satisfeito e pensou: "Que bom que você sabe dizer não".

Hyman, que tinha a pele grossa, piscou para ela com um


sorriso no rosto. "É só me abraçar que a gente vai ter mais
intimidade, não é?"

Christina não queria aquilo nem um pouco, então foi direto


para o elevador.

"Me avise antes de vir da próxima vez. Minha agenda é incerta.


Se você vier até aqui e ir embora de mãos vazias, vai ser
minha culpa."

Ela até que estava sendo educada ao culpá-lo por aparecer


sem ser convidado - e numa hora daquelas.
FM
Hyman fez um sinal com a mão para que Adolph o

B
acompanhasse, e respondeu: "Não faz mal, eu sempre estou
desocupado e faço o que me dá na telha. Se quiser vir te ver,
vou vir. Só vim cedo assim porque o Adolph ficou me
enchendo".

Christina pegou o elevador que levava diretamente para o


escritório presidencial, e Hyman a seguiu. Assim que Adolph ia
se levantar, foi barrado pelos seguranças.

amigo se apressou e disse: "A gente está junto".

E então olhou para Christina: "O Adolph também está muito


interessado na construção do hipódromo. Ele quer trabalhar
com a gente".

A mulher o olhou sem expressão nada. "Eu concordei em


trabalhar só com você."

"Mais um não faz diferença", respondeu abrindo um grande


sorriso. Ao ver a situação de Adolph, ele piscou e disse: "Fale
alguma coisa!"

Enquanto Walt estava prestes a explodir, seu chefe estava


calmo e transparecia profissionalismo.

"Senhorita Granger, eu também pretendo fazer parte desse


projeto."

Christina o olhou com calma, sem demonstrar nada além de


indiferença.
FM
"Você quer trabalhar comigo? Quem é você?", soltou depois de

B
algum tempo.

O homem ficou em silêncio.

As portas do elevador se fecharam, e Adolph foi deixado


cruelmente do lado de fora pela ex- esposa.

No escritório da presidente, deixaram escapar uma gargalhada


maligna.

Era Hyman, que seguiu a mulher e não conseguiu mais se


segurar: riu tanto que quase desmaiou, chamando a atenção
de todos presentes no ambiente.

Christina lhe lançou um olhar de desdém. "Acabou?"

"Desculpe, desculpe, não consigo... É demais para mim!"

Ele quase chorou de tanto rir e, apontando para fora, disse:


"Você não tem ideia do quanto o Adolph é arrogante. É ele
quem sempre maltrata os outros, mas você, você... hahaha".

Outra gargalhada maligna. Em seguida, Hyman imitou o jeito e


a voz de Christina: "Você quer trabalhar comigo? Quem é
você?"

"Você é giro demais!" Soltou ele sem conseguir se segurar e


estendendo a mão para receber um "toca aquí".

Christina nem se deu o trabalho de ligar para ele, apenas se


virou para Gabriel, que não aguentava mais presenciar aquilo,
FM
e disse: "Vá atrás do que falta ser resolvido, vamos sair às

B
9:15".

"Pode deixar." Gabriel acatou as ordens e saiu, fechando até a


porta atrás de si.

que Assim deixou a sala, cerrou os punhos e deu graças aos


céus.

Apesar de não ser tão exagerado quanto Hyman, ele também


ficou feliz com como Christina tinha lidado com Adolph pouco
tempo atrás. Quem tinha mandado o sr. Santos irritar a
senhorita Granger na noite passada? Bem-feito!

O Sr. Borges, que tinha ido ao escritório da presidente, viu os


gestos e as expressões de Gabriel e perguntou: "O que você
está fazendo?"

"Sr. Borges." Imediatamente, Gabriel se recompôs e resumiu o


episódio da noite anterior e o daquela manhã; ou melhor, se
queixou dos acontecimentos.

Vincent franziu o cenho após ouvir aquilo.

Adolph foi aqui de novo?

"O que a Christina fez na Cidade N nos três anos em que


esteve desaparecida? Por que mudou tanto depois que voltou?
O que deixou ela tão triste e agressiva?"

"Isso tudo tem a ver com o Adolph?"


FM
Com isso em mente, entregou os documentos a Gabriel, deu

B
meia-volta e pegou o elevador até o andar de baixo. Queria
mais detalhes.

No saguão do primeiro andar, Walt estava parado em silêncio


atrás do chefe, analisando sua expressão com cuidado.

Ele tinha medo de que o outro ficasse irritado e colocasse o


prédio a baixo.

Era a primeira vez que Adolph ia atrás de alguém a trabalho;


não esperava ser rejeitado.

Da última vez que aquilo tinha acontecido, ele também estava


ali.

E a pessoa a tratá-lo com indiferença era a mesma.

Da última vez foi mais ou menos assim: "Não tenho tempo, não
quero te ver. Quer se encontrar comigo? Só se for em outra
vida".

Agora tinha sido: "Quem é você?"

Ela realmente não se importava em agradá-lo.

Se tivesse sido qualquer outra pessoa, Walt não pensaria duas


vezes antes de acabar com o Granger Group, mesmo que sem
as ordens do Sr. Santos!

Mas tinha sido a senhorita Granger, e aquele era o território


dela. Além disso, como um mero assistente, ele não podia
FM
dizer nada a respeito do relacionamento dos dois; só podia

B
ficar ali, parado e em silêncio.

"Sr. Santos, e se a gente voltar outro dia?"

Adolph comprimiu os lábios com força, sem conseguir


descrever o que sentia.

Estava desapontado, bravo e indescritivelmente


envergonhado.

Ela tinha mesmo perguntado quem era ele? Era obcecada em


fingir que não o conhecia? Além do mais, que direito um cara
como o Hyman tinha de segui-la?

Ela não tinha medo de ser enganada por aquele ser


desprezível, com seus truques malignos? Como podia
cooperar com ele?!

"Oi, senhor, você está aqui de novo?"

Uma voz doce e marcante ressoou em seus ouvidos. Era a


mesma recepcionista de antes, Alice.

Quando ela viu aquele cara bonito, sorriu com as sobrancelhas


arqueadas. "Você veio ver a senhorita Granger, certo?
Agendou uma visita dessa vez?"

"Sim", respondeu Adolph com seriedade.

Walt lançou um olhar para o chefe. "Hmm?"


FM
Alice não verificou se a informação procedia, apenas deixou o

B
homem bonito entrar. "Ok, por aqui, por favor. Vou levar você
até lá."

Quando Vincent desceu, não havia ninguém no saguão. Ele foi


ao balcão e perguntou: "O sr.

Santos foi embora?"

"Não, ele acabou de subir", respondeu outra recepcionista.

Capítulo 45

Hyman girou na cadeira e analisou o escritório de Christina,


não conseguindo deixar de estalar a língua.

"Seu escritório é meio antigo. Parece a casa de um velho de


quarenta anos."

Ele observou os móveis orientais e as pinturas antigas


desgastadas e disse com desgosto: "Uma minha ex-namorada
é designer de interiores. Depois vou passar o contato dela para
você fazer uma reforma".

"Não preciso disso."

Christina analisou as informações trazidas pelo assistente e


disse sem nem sequer tirar os olhos do papel: "Primeiro: Não
tome a liberdade de questionar o meu gosto assim. Segundo:
Se um homem de quarenta anos é velho, então você também
é. Terceiro: Você já é irritante o suficiente, não preciso que me
incomode com as suas ex-namoradas. Não tenho tempo de
sobra que nem você."
FM
B
Hyman esfregou os lábios e olhou para Gabriel. "Qual a lógica
dessa lista dela? Por acaso sua chefe tem problema com
números?"

Vendo que ela não ia dizer nada, Gabriel respondeu: "Não. Ela
só faz isso quando está discutindo com você".

"Sério? Sou tão especial assim?"

Hyman não se sentiu envergonhado, mas, sim, orgulhoso.

O assistente não disse nada, apenas revirou os olhos


automaticamente.

"Você é bem especial mesmo." Christina colocou os materiais


de lado e olhou para Hyman. "Você não se dá por achado."

Ele não achou que aquilo era um insulto de forma alguma. "Só
sou assim quando estou de frente para uma mulher bonita."

A presidente do Granger Group estava com preguiça demais


para prestar atenção nele. Ela olhou as horas e trocou os
saltos por sapatos baixos. "Vamos."

Contudo, assim que ia sair, viu uma figura azul escura se


aproximar sem aviso.

Adolph usava um terno com padrões escuros naquele dia, cujo


corte elegante revelava a produção personalizada de um
profissional habilidoso.
FM
E não à toa: Christina conhecia seu gosto na hora de se vestir.

B
Ele não gostava de marcas famosas e de luxo - aquele terno
era feito sob medida.

O material não era muito caro, assim ainda, um pouco fora de


moda até, mas era extremamente confortável. Só ele para
conseguir usar um terno comum que parecia feito por
encomenda.

Aquele homem exalava requinte, elegância e charme.

Christina não tinha nem olhado para ele no andar de baixo,


mas, quando ele apareceu na sua frente de surpresa, ficou um
pouco atordoada.

"Ei, você subiu sozinho? A gente ia descer agora mesmo."

Hyman cumprimentou o amigo.

Já a mulher franziu as sobrancelhas, infeliz.

"Como você chegou aquí?"

Gabriel também ficou pasmo com aquilo. Ele questionou a


capacidade de seus homens, que deixavam as pessoas entrar
sem terem agendado um horário!

Os assistentes de Christina se desculparam repetidas vezes, e,


quando a recepcionista, Alice, viu que estava encrencada de
novo, começou a gaguejar e se explicou: "Desculpe, senhorita
Granger, é culpa minha. Pensei que esse moço bonito, quer
dizer, esse senhor tinha agendado uma visita, então eu mesma
FM
levei ele lá para cima... Por favor, não brigue com a minha

B
irmã. É tudo culpa minha!"

A testa da assistente administrativa, Ana, estava coberta de


suor, e ela quis bater na irmã.

Christina olhou para Ana. "Ela é sua irmã?"

"É, sim! Me desculpe por não ter educado ela melhor, senhorita
Granger. Prometo que não vai acontecer de novo!" Ana se
curvou a fim de se desculpar.

A chefe delas, no entanto, não demonstrava nenhum


sentimento. "Se eu me lembro bem, essa é a segunda vez que
isso acontece. Da última vez, quem ligou para marcar uma
visita também foi a sua irmãzinha querida."

"Sim..." Ana queria morrer.

A voz de Christina era calma. "É bom que você ame a sua
irmã, mas não quando isso afeta o trabalho dela. Pague o
salário desse mês e depois mande ela para o RH."

"Sim, senhorita Granger. Obrigada", agradeceu e puxou a irmã


para levá-la embora.

Os olhos de Alice estavam vermelhos e ela repetia enquanto


se curvava: "Me desculpe, senhorita Granger. Me desculpe o
incômodo!"

"Menina, você ainda é muito inexperiente nesse mundo. Dessa


vez, vou te ensinar uma coisa: não tem nada de errado em
FM
gostar de um cara bonito, mas nem todos eles são bons,

B
entende?", foi a resposta.

"Entendo." Vendo que estava prestes a perder o emprego,


Alice não conseguiu aguentar o baque e caiu no choro.

Quando ia se retirar com a irmã, Adolph disse: "Espere".

Ele olhou para Christina e falou: "Fui eu quem pedi para a


menina me levar lá para cima. Ela é só a recepcionista, não
precisa dificultar as coisas para ela. Se você estiver
insatisfeita, pode reclamar comigo".

Hyman olhou incrédulo para o amigo. "Cale a boca! Não tente


bancar o herói."

Sem dizer nada, Christina olhou para Adolph e soltou um


risinho irônico.

"Sr. Santos, você tem síndrome do cavaleiro branco? Vê uma


mulher indefesa e quer salvar ela? Se fosse tão protetor assim,
não teria enganado minhas funcionárias. Foi você quem fez ela
ser demitida, não eu."

Sua expressão era de frieza extrema. "A nossa empresa tem


regras e regulamentos, e as recompensas e as punições são
claras. O que você diz não importa. Se gosta dela ou sente
pena, pode contratar ela como sua secretária, ninguém vai te
impedir."

Adolph franziu o cenho. Ele só queria ajudar a recepcionista.


Desde quando isso significava que ele gostava dela?
FM
O que ela falou?

B
"Gabriel."

assistente se colocou à disposição no mesmo instante.


"Estou."

"Peça para os seguranças do andar de baixo e as


recepcionistas guardarem o rosto do Sr. Santos. Se ele entrar
aqui de novo, você deveria avisar o RH por mim", ordenou
Christina em voz baixa.

Gabriel sentiu o coração acelerar. "Pode deixar! Vou avisar


agora mesmo!"

E, em seguida, se aproximou de Adolph e pediu para ele sair.


"Sr. Santos, a senhorita Granger ainda tem muitos trabalhos.
Venha comigo, por favor."

O presidente do Santos Group era do tipo que la e vinha


quando desejava, então não se moveu.

Houve um impasse.

Hyman, portanto, assumiu o papel de mediador e deu um


passo à frente para amenizar a situação. "Calma, não é nada
demais. Para que esse show todo?"

Ele ficou no meio- olhou para a esquerda, para a direita -e deu


um tapinha no ombro de Adolph.

"Não é minha intenção te criticar, mas dá para controlar o


charme? Você não viu que a Christina ficou com ciúmes?"
FM
B
Ciúmes?

Adolph e Christina ergueram a cabeça.

A mulher ficou surpresa - o rosto todo vermelho. Ela gritou:


"Hyman!"

Quem estava com ciúmes?

"Não sou surdo, não precisa gritar."

E, então, tapando os ouvidos, disse: "Está bem. Não fique


brava, você conhece ele muito bem. É só um homem direto
que está solteiro há muito tempo. É compreensível a menina
tentar atrair ele, mas o contrário não aconteceria nem se
tivesse uma arma apontada para a cabeça dele. E eu também
sei que você ainda gosta dele. Afinal de contas, vocês ficaram
casados por três anos. Não tem um período de transição?"

Ele continuou seu discurso apaziguador: "Já que não podem


ser marido e mulher, podem ser amigos. Não precisam ser
inimigos para sempre, e podem até fazer negócios juntos, não
acham?

Christina o olhou com frieza e com um sorriso desdenhoso nos


lábios. "Se a gente não pode ser marido e mulher, pode ser
amigo?"

"Sim", assentiu Hyman.

"E se a gente não puder ter um relacionamento?"


FM
Capítulo 46

B
"Se não podemos ser o casal, poderiamos ser os amigos,
então se não podemos ser amantes?" A pergunta de Christina
confundiu Hyman.

Ele ficou refletindo por um tempo. Apesar de ter tido inúmeras


namoradas, nunca tinha estado em um casamento e
vivenciado suas dificuldades. Como não conseguia chegar
numa solução, passou a bola para o amigo: "O que você
acha?" Adolph olhou bem para Christina. Debaixo do

sorriso zombeteiro, podia-se ver toda a sua dor.

Ela se lembrou daquele dia em que ele mencionou o divórcio:


tinha ficado triste, aflita e até chegado a perguntar
humildemente se podiam não se separar.

Na época, ele não sentiu muito peso na consciência só queria


pôr logo um fim naquele casamento sem amor, dar à amada
um lar aconchegante e devolver à Christina sua liberdade.

Mas então por que seu coração parou uma batida quando ela
perguntou aquilo?

Foi como se tivesse levado um soco.

"Por que você casou comigo naquela época?"


Perguntou Adolph novamente, muito confuso.

Christina fechou a cara. Por que ele ainda estava pensando


naquilo?
FM
*Já disse. Não importa. A gente já se divorciou, eu não tenho

B
mais nada com você. É o que importa."

Com aquelas palavras firmes, ela puxou Hyman pelo colarinho.


"Vamos!"

"Ei, ei, ei. Assim eu vou andar que nem um camelo,


devagar...", disse Hyman aos trôpegos atrás da mulher.

No entanto, quando Christina ia sair, alguém segurou seu outro


pulso.

Adolph foi atrás dela, sem conseguir deixar de perguntar:


"Você é uma Granger, não precisa de dinheiro nem de fama.
Por que quis casar comigo quando eu estava paralisado por
causa de um acidente de carro? O que você queria?"

Sua voz não era suave nem grave, mas se assemelhava a


uma grande pedra caindo num lago, causando uma enorme
agitação nas águas do escritório presidencial.

Vincent, que tinha pegado o elevador, acabou ouvindo a


conversa, e suas pupilas se retraíram.

Todos estavam em silêncio absoluto, chocados.

O que ele tinha dito?

A senhorita Granger foi casada?

Aquele homem, o Sr. Santos, tinha sido marido dela!

Christina não queria saber de conversa com


FM
B
Adolph, mas ele insistia naquela pergunta.

Ela olhou para a mão que a segurava e levantou a cabeça com


determinação. Tudo aquilo era muito ridículo e desnecessário,
pensou.

Retraindo a mão, ela o encarou com frieza: "Me solte."

Adolph nunca gostou de ter contato direto com mulheres, mas,


naquele dia, queria uma resposta. Tinha medo de que, assim
que a soltasse, ela fosse fugir e o evitar de novo. Por isso,
segurou seu pulso com mais força.

"Me responda, e eu solto."

Christina exalava desprezo. Aquela pessoa a sua frente


sempre tinha sido digno, mas, agora, queria arrumar confusão.

Ela queria se soltar, mas ele não deixava.

De repente, sentiu muita raiva. Olhando diretamente em seus


olhos, disse: "O que você quer ouvir?"

Adolph ficou confuso. "Eu..."

"Você quer ouvir o quanto eu te amo? Que eu passei anos


apaixonada por você em segredo e, por isso, fui cuidar de você
sem pensar duas vezes depois do acidente? Ou quer ouvir que
eu me apaixonel à primeira vista e que você era a única
pessoa que eu queria?"
FM
Christina fez muitas perguntas, e em seguida falou com a voz

B
grave: "Adolph Santos, você já não foi frio e me humilhou o
suficiente nos últimos três anos?"

O olhar do homem escureceu.

Enquanto ele estava em transe, Christina aproveitou para se


soltar. Ela não sabia se era por causa da força dele, mas ainda
havia uma pequena dor ardente em seu pulso.

Ela o movimentou com cuidado, e sua expressão era


indescritivelmente fria.

"Adolph, não importa por que casei com você, em todos esses
anos eu nunca te decepcionei. Mas o contrário não pode ser
dito. Foi você quem não valorizou o casamento. Foi você quem
negligenciou sua esposa. Foi você quem quis se divorciar. O
que eu fiz de errado? Te dei liberdade demais?"

Christina riu de si mesma. "Você amava a Emily, não eu. Mas


agora que descobriu quem ela é de verdade, quer voltar
comigo. As coisas não são assim, a gente já se divorciou. Acha
que vou voltar para você?"

Adolph sentiu um aperto no peito, e um

vislumbre de vergonha iluminou seu rosto.

Ele realmente não estava sendo si mesmo nos últimos dias.


Nem ele próprio conseguia entender o que estava fazendo.

Seria a fala de Christina a verdade que ele tinha tentado de


tudo para esconder?
FM
B
Mas até ele sabia que aquilo era absurdo e

ridículo.

"Eu vim aqui a trabalho."

Adolph parecia dar o seu melhor para ter em que se apoiar. Ele
olhou para Christina com seriedade e disse: "Também tenho
interesse naquele projeto."

"Mas eu não tenho interesse nisso."

A mulher não mostrou piedade nenhuma. Ela se virou para


Hyman e disse: "Eu concordei em trabalhar com você, não
permiti que trouxesse outra pessoa. Você não confia em mim,
ou não consegue arcar com 40% das ações? Se quiser, chamo
outra pessoa".

"Claro que eu consigo. Por que não conseguiria?" Ao ver que


Christina ia brigar com ele, Roger rapidamente disse: "Como
dizer não para você?"

Christina revirou os olhos. "Pode deixar. Faça ele ir embora!"

Então, olhando para os assistentes, que assistiam a tudo e se


divertiam, ela disse com severidade: "Quando começarem a
trabalhar direito, vocês podem rir. Por enquanto, calem a boca.
Se alguém comentar sobre o que acabou de acontecer, vai ser
demitido".

A equipe do escritório presidencial abaixou a cabeça e focou


no trabalho.
FM
B
Depois que Christina levou Gabriel e os outros para baixo,
Hyman deu um tapinha nas costas de Adolph. "Você viu como
ela ficou, deixa para lá. Pode voltar para a Cidade N que eu
resolvo as coisas com a sua ex-mulher."

E, após o comentário inconveniente, a seguiu

alegremente. "Christina, me espere."

Mais uma vez, eles se separaram de forma

infeliz.

Adolph cerrou o punho ao lado do corpo e, vendo a figura


indiferente e esbelta da mulher partir, franziu os lábios em uma
linha fina.

Desde quando ela tinha parado de sorrir para ele? E desde


quando o deixava falando sozinho?

Tinha recusado a respondê-lo.

"Sr. Santos, vamos." Walt não aguentava mais ver seu chefe
naquela situação tão... deplorável!

Ao menos ele tinha visto como uma faca cega também era
capaz de matar.

Como uma pessoa com um bom temperamento podia se tornar


assustadora quando o perdia. Adolph estava prestes a sair
quando Vincent se aproximou.
FM
"Sr. Santos, eu sou o Vincent Borges, vice presidente do

B
Granger Group. Você se importa de conversa?"

Capítulo 47

Na Casa de Chá PC.

O ambiente estava tomado pelo fresco e rico aroma de chá. O


vapor que subia embaçava dois rostos bonitos.

Vincent sentava de frente para Adolph e, como anfitrião, tomou


a iniciativa de lhe fazer um chá. "Sr. Santos, chá preto
Jinjunmei do nosso campo de chá, por favor beba."

"Obrigado." Adolph bateu gentilmente na mesa,


comportando-se de forma tranquila e elegante. Estava muito
diferente do homem perdido diante de Christina.

Vincent ergueu a cabeça para o olhar com calma. Queria havia


muito tempo conhecer o infame líder do Santos Group, o neto
do fundador da empresa da família.

O Group Santos foi criado pelo Mestre Santos e desemvolveu


como a indústria famíliar. Foi próspero uma vez. No entanto, a
sua prosperidade foi perdida durante a generação seguinte até
que o neto mais velho da Família Santos era o responsável por
recuperar.

E, agora, aquele homem, que tinha recebido o título de mais


rico da Cidade N, estava sentado à sua frente. Eles tinham
quase a mesma idade.
FM
"Eu admiro o senhor já faz bastante tempo, e sempre quis

B
encontrar uma chance para a gente trocar experiência. Mas
você sabe como as nossas famílias sempre se mantiveram
afastadas quando o assunto era negócios. A gente não tem
muitas oportunidades para trabalhar junto."

Adolph olhou nos olhos de Vincent, e disse com a voz calma e


indiferente: "Eu conheço o senhor, Sr. Borges. Você é o melhor
assistente da Christina".

Apesar de não ter encontrado muitas informações a respeito


da presidente do Granger Group, encontrou das pessoas à
volta dela. Vincent não só era o braço direito de Christina,
como também o filho do motorista da empresa.

Três anos atrás, os pais dela tinham morrido em um acidente


de carro, e o motorista também faleceu na hora. Era o pai de
Vincent.

Mas a mulher não tinha culpado a família Borges. Pelo


contrário, ofereceu apoio e transferiu Vincent do exterior para
ajudá-la nos negócios.

Vincent sorriu gentilmente. "A família Granger ajudou muito a


minha. A senhorita e eu crescemos juntos, ou melhor: eu vi ela
crescer. Para mim, não é só minha chefe, é também minha
irmã."

Adolph estreitou um pouco os olhos. "Ah, namoradinhos de


infância."
FM
"Não, sou o guardião dela. Como num conto de fadas, em que

B
o cavaleiro protege a princesa, não deixo ninguém maltratar ou
machucar ela", disse sorrindo de novo.

Nesse momento, sua expressão amigável se mostrou um


pouco hostil.

Adolph o olhou calmamente.

Vincent prosseguiu: "O motivo dessa reunião é saber o que


aconteceu com a senhorita Granger nesses últimos três anos.
Qual é a sua relação com ela?"

Ao ouvir aquilo, Adolph deixou transparecer um pouco de


decepção no olhar.

No começo, achou que, com a relação entre a ex mulher e


aquele homem, ele poderia descobrir algo, mas parecia que
Vincent também não sabia nada.

Adolph levantou a xícara de chá e tomou um gole. "Vocês dois


tem uma relação tão boa. Ela não te contou?"

"Não sou irmão de sangue dela. Ela tem medo que eu fique
preocupado com algumas coisas, então não me conta."

Ele estava falando a verdade. "Mas desde que voltou, dá para


perceber que tem algo incomodando ela. Não é mais a mesma
pessoa alegre de antes. Acho que deve ter passado por muita
coisa nesse tempo em que ficou fora."
FM
Sr. Santos franziu o cenho de leve, percebendo que, quando

B
se casaram, ela era mesmo muito mais ativa - além de
extremamente gentil e obediente.

Mas agora, quando estava perto dele, não era nem um pouco
educada: falava como se estivesse cara a cara com o inimigo.

"Três anos atrás, meu pai levou os pais dela para a Cidade N
propor um casamento. Mas você disse que ela casou com
você..."

Vincent olhou no fundo de seus olhos. "Você é homem por


quem ela é apaixonada há dez anos?"

As pupilas de Adolph se contraíram. Ele estava muito surpreso.

Uma proposta de casamento? Dez anos de um amor secreto?

Era isso que Christina sentia por ele?

No hipódromo ao Norte da cidade.

A construção ainda estava em andamento, e a pista não era


plana. Foi uma boa escolhaChristina ter colocado um sapato
baixo.

"Tome cuidado."

Hyman estendeu a mão para ajudá-la, e ela não recusou:


agradeceu e segurou a dele.

"A sua mão..." Hyman esfregou a palma dela e se virou,


surpreso. "Você é uma jovem rica, por que tem tantos calos?"
FM
B
As costas da mão dela e a palma eram completamente
diferentes.

Enquanto as costas eram brancas e macias, com dedos


delgados, fazendo-a parecer uma mulher delicada e nobre que
nunca tinha se ocupado com tarefas domésticas, a palma era
coberta por calos grossos, em particular na polpa dos dedos, o
que era melo nojento de tocar.

"Não me surpreende agora o Adolph achar que você era da


roça."

Ele parecia estar presenciando um momento raro.

A mulher fechou a cara, puxou a mão de volta e rebateu,


desconfiada: "E dal se eu for da roça? Quem disse que as
crianças da cidade não podem ter calos na mão? A sua não é
muito diferente da minha".

Hyman estendeu as palmas grandes da mão. "Eu atirava no


exército. Treinava todo dia. Por acaso você também?"

Falando naquilo, Christina não conseguiu não pensar em


Adolph, cujas mãos também eram cobertas de calos.

"Ei, o seu pretendente sou eu. Se você pensar em outro


homem na minha frente, vou ficar com ciúmes", protestou
Hyman, nada feliz.

Christina ergueu a cabeça. "Como você..."

Ela franziu os lábios.


FM
B
"Como você sabe que eu estava pensando em outra pessoa?"

Hyman terminou a frase por ela e a olhou com um brilho fraco


nos olhos apaixonados. "O seu carinho pelo Adolph está
estampado no seu rosto. Ele não consegue perceber, mas
você não consegue esconder de mim."

A mulher revirou os olhos. "Como você tem coragem de dizer


isso?!"

"Para ser sincero, não é só o Adolph que está curioso para


saber por que você escondeu sua identidade e casou com ele."

Hyman estava olhando para ela. O sol brilhava em seu rosto


perfeito, lançando sobre ele um véu dourado. Estava tão bela
que nem parecia mortal.

Christina parou, o olhar frio. "Você veio trabalhar ou fofocar?"

"Uma coisa não exclui a outra." Hyman deu de ombros.

Ela continuou andando. "O que passou, passou. Não tem nada
a ser dito. Não tem por que o Adolph saber, muito menos
você."

Hyman apertou o passo para alcançá-la. Tocando seu ombro,


disse: "Deixe eu satisfazer minha curiosidade".

Christina o fuzilou com o olhar. "A curiosidade matou o gato.


Quer um conselho? Tenha amor à vida."

O homem sentiu um calafrio percorrer a espinha.


FM
B
Ele sorriu. "Tive um pressentimento ruim de repente."

Falou aquilo com seriedade, e Christina franziu as


sobrancelhas de leve. "Que pressentimento ruim?"

"Se a gente realmente casar, é possível que eu vire um marido


obediente."

Não houve resposta.

"Esse homem vive no mundo da lua?", pensou ela.

Nem iria perder tempo com ele. Folheou os documentos que


estava segurando e se atualizou quanto a reforma da
infraestrutura do hipódromo.

Hyman a alcançou e disse: "Para ser sincero, gosto mais de


mulheres misteriosas, que te dão vontade de explorar. Se o
seu relacionamento com o Adolph for mesmo águas passadas,
pode considerar namorar comigo".

Christina não levantou a cabeça, apenas continuou olhando


para os documentos. "E o que eu ganho com isso?"

"Muita coisa. Sempre fui gentil, e mimo as mulheres com quem


eu saio. Posso dar o que você quiser, mesmo que seja as
estrelas do céu; vou achar um jeito de pegar uma para você."

A mulher sorriu com desdém. "Não me falta dinheiro, amor ou


estrelas. O que você pode me dar não é nada para mim."
FM
Hyman colocou a mão no coração. "Essa doeu." "Desista",

B
falou Christina colocando a papelada na mão dele.

Hyman a segurou e continuou indo atrás da mulher. "Vamos


focar no que importa agora: pelo menos você vai poder fazer
ciúmes para o Adolph. Não quer que o seu ex-marido se
arrependa?"

Ela não pode deixar de parar, considerando a proposta.

Capitulo 48

Hyman viu que Christina tinha parado e pensou que havia


alguma chance, então a seguiu alegremente. O resultado, no
entanto, foi uma expressão gélida.

"Você está maluco?"

Hyman sentiu que tinha levado um soco. "Hmm?"

Christina olhou para ele como se estivesse olhando um idiota.


"Você acha que ainda está no ensino médio? Além disso, por
que eu ficaria com um playboy para deixar o Adolph bravo?
Por acaso tenho tempo sobrando? Se você quiser um
passatempo, tem várias mulheres por aí para isso, mas eu não
tenho tempo. Nem vontade. Entendeu?"

Suas palavras eram como tiros um atrás do outro, fazendo ele


se sentir como se tivesse voltado à época de escola e levado
uma bronca da professora após uma briga.
FM
Hyman ficou abalado por um bom tempo, mas, quando a

B
mulher terminou o sermão, ele se curvou, tremendo. "Entendi,
professora Granger."

Aquele comportamento deixou os seguranças e o assistente


morrendo de vontade de rir.

Christina foi gentil e deixou ele se retirar.

Foi então que Hyman mandou uma mensagem escondido para


Adolph: "Sua ex-mulher brigou comigo!"

"Eu queria que ela se apaixonasse por para mim fazer ciúmes
para você, mas ela disse que eu estava sendo infantil e brigou
comigo! (emoji tímido)"

"Fazia tempo que eu não encontrava uma pessoa com esses


princípios e com essa personalidade. Descobri que gosto ainda
mais dela! Decidi que vou mesmo tentar conquistar ela!

Adolph encarou as palavras e foi envolto por uma nuvem


sombria. Seu olhar era frio como uma rajada de vento no
inverno.

Ele bloqueou o celular e olhou pela janela. O que Vincent tinha


lhe contado reverberava em sua mente.

Se o que disse era verdade, então os pais dela tinham morrido


em um acidente a caminho da Cidade N a fim de propor um
casamento. Pouco tempo depois, Christina surgiu e se casou
com ele.
FM
Ele realmente era a pessoa por quem ela tinha estado

B
apaixonada por dez anos?
Mas quando é que ele tinha interagido com ela há dez anos?

Dez anos...

Adolph fechou os olhos e pensou um pouco, mas não


conseguia lembrar de nada.

Em seguida, abriu os olhos e pediu em voz baixa: "Walt,


descubra a razão de Sr. e a Sra. Granger morreram. Também
me arranje minha agenda de dez anos atrás. Quero dar uma
olhada". "OK."

O assistente concordou e perguntou: "Sr. Santos, vamos voltar


para a Cidade N? Ou vamos ficar mais aquí?"

"Não, vamos voltar."

Adolph estava deprimido. Já que não conseguia uma resposta


de Christina, teria que descobrir tudo sozinho.

Quanto ao hipódromo, ela também deixou claro que não queria


trabalhar com ele, então por que insistir?

Balançou a cabeça com um sorriso amarelo no rosto. Pela


primeira vez na vida, tinha sido completamente rejeitado.

Christina e Hyman olharam ao redor e se sentiram bem


satisfeitos com o terreno.
FM
"Nesse ritmo, as construções acabam no final do mês.

B
Também posso trazer uma remessa de cavalos da Mongólia.
Você escolhe um e fica com ele."

Após descansar no pequeno pavilhão um pouco, Hyman pegou


uma garrafa de água com seu assistente e deu a Christina.

Ela pegou e disse: "Ok, obrigada".

Hyman sorriu. "É difícil ouvir um 'obrigado' vindo de você."

"É só não falar bobagem que eu sou educada. Sou uma


pessoa muito educada." A mulher abriu a garrafa e tomou um
gole.

Sua cabeça estava um pouco inclinada, e seu pescoço, que já


era lindo, estava ainda mais bonito naquele momento, sem
nenhuma linha.

Hyman ficou impressionado. "É quase meio-dia. Está com


fome? Vamos, pago

um almoço para você."

Christina terminou o resto da água e disse: "Deixa que eu


pago".

Ele queria lhe dar um cavalo, então ela tinha que retribuir a
gentileza com um almoço.

Diante disso, o levou a um restaurante local muito famoso.


Quando chegaram, era meio-dia em ponto, e havia uma fila
enorme do lado de fora, aguardando,
FM
B
"A gerência não é nada ruim. Sempre quis comer aqui, mas
ouvi dizer que eles não reservam horário e só servem um
número limitado de pessoas por dia. Há muitas jogadas de
marketing, mas eu nunca experimentel."

Hyman deixou um suspiro escapar e seguiu Christina para


dentro do local. O gerente estava cumprimentando os clientes
quando, de longe, viu a mulher entrar. Então, veio apressado e
disse: "Você por aqui!"

Christina respondeu um "hmm" fraco. "Trouxe um amigo para


almoçar. Peça para o Sr. Dias preparar uns pratos simples,"

"Pode deixar. Limpei o quarto VIP lá em cima

para você. Por aqui, por favor."

Educadamente, o gerente pediu para que Christina o


acompanhasse até o andar de cima.

Hyman os seguiu e perguntou: "Esse lugar também é do


Granger Group?"

"Na verdade, não", respondeu Christina. "Sou eu quem


gerencio."

Hyman ficou um pouco surpreso. Como uma pessoa boa de


garfo, ele próprio já tinha aberto diversos restaurantes, mas
não era fácil administrá-los. Raramente se via um que fosse
tão popular. "Mas, que eu saiba, aqui tem uns cinco, seis
anos."
FM
"Verdade." Christina o levou até a sala VIP e disse: "Abri esse

B
restaurante quando eu tinha dezoito. Em primeiro lugar, para
comer; em segundo, para conseguir um dinheiro".

O homem arqueou as sobrancelhas. "Você é da familia


Granger. Como assim não tem dinheiro?"

"Eu trabalho desde os três anos de idade. Meus pais eram


muito pães-duros, não me davam dinheiro-era eu quem tinha
que trabalhar para isso."

Christina se sentia em casa no quarto VIP. Ela lavou as mãos e


se sentou à mesa, enxaguando os copos com água morna de
maneira muito familiar. "Quer beber chá de Pu-Erh ou chá de
Poço do Dragão?", perguntou elegantemente.

Hyman não conseguia parar de observar suas

habilidades com chá. "Vamos tomar chá de Pu

Erh."

Enquanto aguardavam a refeição, ambos discutiram acerca do


plano de gerenciamento do hipódromo e tiveram um pequeno
desentendimento: enquanto Hyman queria algo mais nobre,
Christina queria algo mais popular.

"Eu entendo seu ponto. Você quer abranger o maior número de


clientes para que mais pessoas possam participar. Mas já
parou para pensar na situação econômica da Cidade S hoje
em dia? Poucas pessoas teriam tempo para aprender
equitação. Colocando de forma mais simples: é um esporte
FM
nobre, muito caro. A gente precisa considerar o investimento e

B
os gastos na criação de cavalos. Negócios não são caridade."

Hyman era cínico, mas, quando se tratava de trabalho,


conseguia ser decente e ter as próprias opiniões.

Christina tomou um gole de chá e disse com calma: "A


caridade é por causa da fama, os negócios por causa do lucro.
Eu continuo sendo uma empresária, então é claro que tenho
que começar pelos benefícios".

Ela entregou uma pasta a Hyman e continuou: "Esse é o poder


aquisitivo dos moradores das três cidades: N, Se R. A Cidade
N tem o maior poder de compra, mas também é a que tem a
maior desigualdade social; a Cidade R vem em segundo lugar,
e a Cidade S é a que tem a menor população, mas o
crescimento mais acelerado. Os subúrbios do norte são muito
especiais porque estão localizados na fronteira entre essas
três cidades. Por isso temos que considerar todas elas".

Enquanto ela falava, Hyman folheava os documentos. Era um


material muito detalhado e claro à primeira vista.

"Antigamente, a equitação realmente era um esporte nobre,


com um padrão elevado e poucos adeptos. Mas agora a
qualidade de vida aumentou, e, com mais pessoas da nossa
geração se tornando pais, mais crianças podem aprender
equitação, assim como tocar um instrumento ou uma segunda
língua. É mais um esporte nobre sendo popularizado para
crianças do que qualquer outra coisa."

Christina disse: "É uma pena que seja apenas um hipódromo


numa área tão grande. Se fosse aberto, todo mundo poderia
FM
aproveitar, e o projeto seria diversificado, com parques,

B
bibliotecas, fontes termais, churrasqueiras, festas e assim por
diante. É bom que pessoas comuns gastem menos para ter
uma experiência de classes mais ricas. O hipódromo pode
continuar sendo privado. Não é um bom negócio?"

Hyman ouviu aquelas palavras que faziam sentido e ficou


muito surpreso. Ela tinha mesmo pensado em tudo.

Ele estalou a língua. "Você é bem esperta; quer conseguir


dinheiro de todos os lados."

Christina sorriu. "A gente quer conseguir dinheiro de todos os


lados, você quis dizer."

Capítulo 49

Ao ouvi-la dizer "a gente", o coração de Hyman

acelerou, mas ele manteve a calma.

"Isso é um projeto bem grande. Preciso conversar com o meu


pai primeiro." Christina fez que sim. "Claro."

"É um projeto bem grande, e só envolve nossas

duas famílias. Não é muito arriscado? O

investimento no início não vai ser pequeno." "Hmm. Já levei


em consideração o poder da família Roger, por isso te chamei
como acionista. Mas, se acha que é muito arriscado, a gente
pode encontrar outra pessoa." Christina estava aberta a suas
opiniões.
FM
B
Os olhos de Hyman brilharam. "Então o Adolph..."

"Menos o Adolph." A mulher sabia o que ele iria dizer, então


acabou com qualquer resquício de esperança desde o começo.

"Por que? Negócios são negócios. No que diz respeito à


posição geográfica e à situação financeira, o Santos Group é a
melhor opção. E, para melhorar, o Adolph já quer participar do
projeto. Não parece a coisa certa a se fazer?", perguntou
Hyman.

Christina abaixou os olhos e disse com indiferença: "Não quero


trabalhar com ele".

"Você está misturando trabalho com vida pessoal."

Hyman aproveitou a oportunidade para lhe dar uma lição de


moral. "Vamos ser sinceros, vocês dois não misturam as
coisas. Pense nisso. Se nós três nos unirmos, seremos
invencíveis."

Christina franziu o cenho. Bem na hora em que ia falar, o


homem acrescentou: "Você acabou de voltar para presidir o
Granger Group, está na hora de criar uma base de apoio. Que
eu saiba, os seus tios compraram o terreno para construir um
campo de golfe. Se voltarem e descobrirem que você resolveu
fazer outra coisa pelas costas deles, vão se reunir com o
conselho administrativo e te punir. Até lá, posso te ajudar com
o apoio do Adolph, não acha?"

"Você acha que eu tenho medo deles?" Christina


FM
riu com desdém.

B
"Claro que não tem, mas com a ajuda do Santos Group, você
vai ter mais coragem para enfrentar eles, não vai? Além do
mais, você pode comparar a gente. Quem é mais bonito no
trabalho?"

Depois de algumas palavras sérias, Hyman começou a flertar


de novo. Christina o olhou com raiva. "Por que vou querer ficar
te olhando?"

E, além disso, ela já tinha visto Adolph em todas

as situações possíveis.

Hyman abriu um grande sorriso. "Não precisa se preocupar, o


Adolph e eu podemos ficar com 30% dos lucros os dois. Você
vai continuar sendo a maior acionista e, quando chegar a hora,
vai ser a

chefe. Ele vai ter que ouvir você. Vai ser ótimo. A gente vai
deixar todo o trabalho difícil para ele." Christina olhou para seu
sorriso maldoso sem saber o que dizer. "Vocês são mesmo
melhores amigos?"

"Claro que sim", respondeu Hyman, sério. "Não é para isso que
servem os melhores amigos? A gente arruma mulheres uns
para os outros. Os homens são todos uns sem-vergonhas."

Christina concordou com a cabeça.

Em seguida, os pratos não pararam de chegar. Almôndegas


com carne de caranguejo, pato assado, carne de porco,
FM
enguia, a maioria pratos orientais. Só de bater os olhos na

B
apresentação, era possível adivinhar o talento do chef.

Hyman, que era bom de garfo, apreciou cada prato como se


fosse um especialista.

Como estava com fome, Christina se concentrou em comer,


ouvindo em silêncio os comentários que não paravam de ser
feitos.

"Tem alguma coisa de errado. Quanto mais eu como, mais


familiar parece

Hyman franziu os lábios e se lembrou de repente do que a


mulher tinha dito quando entraram. Não pôde deixar de
perguntar: "Qual o sobrenome do chef?

"Dias", respondeu Christina com calma.

"Dias?" Ele arregalou os olhos. "O cozinheiro de Estado, o 14°


sucessor da familia Dias, o infame Marcus Dias?"

"Você entende tanto do assunto. Consegue dizer com


facilidade que fui eu quem fiz."

Era só falar do diabo que ele aparecia: Marcus entrou com um


prato de arroz frito, usando um belo dólma branco de chef de
cozinha. Ele se curvou para Christina e disse de forma
respeitosa: "Fiquei sabendo que você estava aqui, e vim dar
umas saudações."
FM
"Não precisa ser tão educado. Já disse várias vezes que não

B
tem necessidade de fazer isso sempre que me vir", respondeu
Christina com indiferença.

Marcus não conseguia parar de sorrir. "Mesmo assim. Quem


mandou você ser minha veterana?" "Cleck."

Os pauzinhos de Hyman caíram, e seu queixo também. Ele


olhou para o outro homem, que tinha mais de quarenta anos,
com surpresa. "Do que você chamou ela? De veterana?"

"Sim." Marcus colocou o arroz frito na mesma e disso, sério: "A


última discipula do meu avô e a mã senior do meu pai. Posso
te chamar assim, não é?"

Havia um sorriso gentil no rosto de Christina, muito mais temo


comparado com o de Marcus. "Bom menino."

Mais uma vez, Hyman ficou confuso.

O que é que tinha acabado de ver?

Finalmente fechou a boca e achou que os dois estavam


brincando com ele. Olhou para Marcus e perguntou: "Sr. Dias,
a herança não fica dentro da familia Dias e só entre os
homens?"

"Sim, mas tudo tem uma exceção.

Marcus olhou para a chefe com admiração. "A Christina é a


única exceção. Naquela época, meu avô achava meu pai e os
outros uns inúteis, então quis que a Christina fosse a 13 ^ a
sucessora da família Dias. Mas, no fim, ela insistiu em apoiar
FM
meu pai. Mais tarde, ela mesma me ensinou a cozinhar com

B
perfeição, apesar de eu não ser tão bom. Só comecei a
melhorar agora."

Christina disse com doçura: "Nunca é tarde para evoluir. Não


precisa se diminuit. Você já honrou muito seus ancestrais com
as suas conquistas hoje em dia. Não decepcionei meu mestre
antes de morrer".

Marcus saudou Christina e disse: "Muito obrigado pela sua


dedicação. Sem você, eu não estaria aqui hoje".

"Tá bem, não é nada." A mulher disse: "Não te vejo há muito


tempo, e você é sempre tão educado. Vou deixar você com o
restaurante. Só cuide bem dele que eu já fico aliviada."

"Pode deixar", respondeu o homem com

educação.

Hyman olhou para o cozinheiro de Estado - que ouvia com


atenção, como um aluno da escola primária - e, em seguida,
para Christina. Ela era claramente jovem, bonita e madura.
Hyman ficou nervoso.

Ele pegou o celular e mandou uma pergunta para Adolph:


"Você já comeu a comida da Christina?"

Três minutos depois, houve resposta. "Ela fez, mas eu não


comi. O que quer dizer?"
FM
"A sênior do chef do banquete nacional! Você nem comeu os

B
pratos feitos pela discípula da família Dias! Não sabe o que
está perdendo!!"

"?"

"Você está maluco?"

Os cantos dos lábios de Hyman tremeram, e ele xingou Adolph


internamente por não ter valorizado a mulher que tinha. Era ele
quem estava maluco!

Ele imaginou o dia em que o amigo descobriria que a


ex-esposa era não só um hacker mas também um top chef.
Ficaria tão surpreso quanto ele tinha ficado?

Talvez nesse dia ele arrancaria os olhos e se culparia por ser


cego.

Tsc, tsc, tsc, Hyman não via a hora disso acontecer.

Capítulo 50

No escritório presidencial.

Assim que chegou na Cidade N, Adolph encarou as


mensagens enviadas por Hyman e se sentiu confuso.

O que Christina tinha a ver com o cozinheiro de Estado e com


o herdeiro da família Dias? Sim, ela sabia cozinhar.

Quando ele ainda estava de cama, tinha cozinhado para ele.


Mas, naquela época, o homem não queria saber de muita
FM
coisa. Não importava o alimento que era colocado em sua

B
frente, se recusava a comer-chegou até a jogar no chão uma
marmita que ela lhe entregou.

Mais tarde, quando recebeu alta do hospital,

Christina continuou cozinhando em casa.

No entanto, ou ele já tinha comido fora quando chegava do


trabalho, ou apenas encarava a comida sem nem mexer nela.

Foi naquele momento em que percebeu o quanto ela era boa


com ele, mas não recebia o devido valor.

Pegou o selo de rosas que ela lhe tinha dado e acariciou as


quatro palavras na parte inferior - "Selo de Adolph Santos",
sentindo-se perdido.

Seria mesmo preciso perder para saber dar valor?

"Nossa, comi demais!"

Hyman colocou a mão na barriga redonda e saiu do


restaurante. Ele ainda podia sentir o gosto da comida na boca -
estava uma delícia!

"Queria fazer uma pergunta. É verdade que o Sr. Dias


aprendeu a cozinhar com você?" Perguntou a Christina.

Ela respondeu um "hmm" fraco.

Então ele correu para alcançá-la e imitou o imperador de uma


série famosa: "Que outras surpresas me aguardam?"
FM
B
A mulher não conseguiu conter o riso. "Sai fora!"

Hyman também riu.

No sol da tarde, seu sorriso ficava especialmente radiante, e os


olhos apaixonados brilhavam.

"Você é mesmo uma joia rara. Gosto cada vez mais de você. O
que eu faço?", suspirou, sincero.

"Continue só gostando. É melhor não se apaixonar tão fácil."

Christina colocou os óculos de sol e entrou no carro. "Sobre o


hipódromo, converse com o seu pai. Fico esperando uma
resposta", disse com seriedade.

"Ok", sinalizou o homem com a mão, e perguntou: "Quando


vou comer alguma coisa feita por você?"

Ela o olhou de longe. "Um dia. Vai depender da minha boa


vontade."

Hyman também colocou os óculos escuros, e, se apoiando em


seu carro esportivo, mostrou os dentes brancos. "Então vou ter
que dar meu melhor para te agradar todo dia!"

No carro, Christina não pensou muito no que ele

disse. Era difícil levá-lo a sério.

Contudo, assim que chegou à empresa, recebeu um buquê


enorme de 9999 rosas, que precisava de três pessoas para
FM
carregá-lo. Era praticamente um pequeno leito de flores, sem

B
ter como ser mais ostentoso que aquilo.

"Senhorita Granger, o Sr. Roger mandou essas flores. Ele


deseja que a senhorita seja feliz todos os dias da sua vida e
que sorria sempre!"

"Por favor assine", disse o entregador, segurando a prancheta.

Christina piscou descontroladamente e colocou a mão na testa


quando pensou em Hyman.

Então era isso que ele queria dizer com "dar o seu melhor"...

O WhatsApp tocou duas vezes: era uma mensagem dele.


"Apesar de mandar rosas vermelhas ser um pouco vulgar, só
isso consegue expressar o que eu sinto por você. Te amo!"

Te amo?

Por acaso ela era uma adolescente?

Christina assinou seu nome com um sorriso no rosto e soltou


um suspiro. Quando chegou ao escritório, foi recebida com um
"uau" estrondoso.

"Uau' por quê? O que tem de mais aqui?"

Ela fuzilou os funcionários com o olhar, e todos cobriram a


boca imediatamente. No mais absoluto silêncio, apenas sua
voz pôde ser ouvida no ambiente. "Voltem a trabalhar".

"Sim, madame!"
FM
B
Durante a tarde, houve uma reunião para decidir o
representante da nova coleção de jolas.

O diretor de arte do Star Entertainment, Allen, fez uma


apresentação de slides. Enquanto ouvia, Christina olhava a
foto dos artistas - todos mulheres e homens lindos.

Muito mais bonitos do que aqueles fofoqueiros do banquete.

Antes de a reunião acabar, Martin ligou.

"Estou ocupada, depois a gente conversa."

Quando ela ia desligar, ele disse irritado: "Não é nada grave,


só queria avisar que - e não precisa ficar brava - vou dar um
jeito naquelas fofoqueiras filhas da p*ta. Não precisa se
preocupar!"

E, então, desligou, deixando Christina desconcertada.

Que confusão toda era aquela?

Gabriel, que também tinha atendido uma ligação, se aproximou


parecendo mal-humorado e sussurrou algumas palavras à
chefe.

Christina franziu o cenho de leve e pegou o tablet.

Mais uma vez, ela estava em alta na internet.


FM
O jantar organizado pela Zero Times mal tinha acabado e já

B
ocupava o topo das pesquisas. Os fãs enlouqueciam com seus
ídolos, e a lista de doações era divulgada para garantir

transparência. O colar colombiano de esmeraldas de Christina


aparecia elencado junto aos outros itens que somavam vinte
milhões de dólares. O nome de Gabriel estava no topo.

Originalmente, era um evento para celebridades. Era normal


estarem todos animados, então a onda de comentários foi
morrendo aos poucos. No entanto, alguém a reviveu
inesperadamente.

Durante a tarde, diversas influenciadoras colocaram o nome de


Christina em alta.

"Não é a artista que falou mal de mim pelas costas ontem à


noite? A que foi colocada para fora depois que eu joguei vinho
nela?"

Ela olhou aqueles nomes desconhecidos sem dizer nada.


Quando viu as fotos, porém, foi se lembrando dos rostos
daquelas mulheres vulgares que ainda a marcavam um pouco.

"São elas."

Ao seu lado, Gabriel disse de cara feia: "Elas provavelmente


ficaram irritadas e se juntaram contra você. A culpa é minha.
Vou arrumar as coisas dessa vez e apagar a pesquisa em alta
primeiro!"

Enquanto conversavam, Christina tinha passado os olhos pelo


conteúdo das publicações que a condenavam.
FM
B
Eram publicações pequenas, que demonstravam falta de
conhecimento.

Pelo menos Emily conseguia escrever um pouco de poesia e


contar uma história de amor com emoção. Aquilo era uma
piada: estava tudo escrito errado, cheio de pontos de
exclamação. À primeira vista, alguém podia dizer que elas
nunca tinham tido uma aula de gramática.

"Elas já falaram meu nome e me acusaram de maltratar as


pessoas e discriminar os mais fracos. Você não acha que vou
parecer culpada se apagar as publicações dessa vez?" Calma,
Christina parou Gabriel.

"O que foi?", perguntou Allen, que ouvia a conversa, confuso.

Gabriel olhou feio para ele e disse: "Já era de se esperar que
você fosse desatualizado! Pegue seu celular e dê uma olhada.
Você conhece essas influenciadoras?"

O diretor de arte obedeceu e viu as publicações que


condenavam Christina. Ele ficou tão bravo que tremeu e bateu
na mesa. "Elas estão loucas? Como têm coragem de falar isso
de você?!"

Aquelas atrizes mediocres falavam mal de Christina, dizendo


que tinham sido humilhadas em público só porque ela era
herdeira do Granger Group, e que não só tinha jogado vinho
nelas como também as expulsado.

Havia fotos e vídeos.


FM
No entanto, o vídeo só mostrava Christina jogando vinho nelas,

B
o que a fazia parecer muito arrogante.

Era como se ela estivesse acima de tudo e de todos.

A presidente do Granger Group observou seus movimentos


fluidos e naturais. Não era elegante?

Capítulo 51

Sob o olhar de outras pessoas, a elegância de Christina era


totalmente diferente.

"Não se considerou como uma jovem de família rica; uma


pessoa assim nunca humilharia os outros em público. Era só
fofoca, para que jogar vinho nela?"

"Como ela teve a coragem de fazer isso com a minha Minnie!


Passou dos limites! Queria poder dar uma surra nela..."

"Olha como ela é nojenta. Só dá para ver as costas dela, mas


aposto que deve ser feia, já que as pessoas refletem o que são
por dentro!"

"Por favor, nos diga, quem é essa jovem da família Granger? O


presidente do Granger Group não é o Nick? Até onde eu sei,
ele só tem uma filha, a Jessie, e ela não é assim."

"Que coincidência, vi a Jessie na festa e ela é gentil e


educada. Não parece com a mulher do vídeo."
FM
"Olhem a lista de doações; a filha mais velha dos Grangers não

B
doou um centavo! Então por que foi ao banquete da Zero
Times? Só para se mostrar e maltratar os outros?"

"Por favor, mandem apoio. Quero saber quem é.

Continua…
FM
Capítulo 51

B
Sob o olhar de outras pessoas, a elegância de Christina era totalmente
diferente.

"Não se considerou como uma jovem de família rica; uma pessoa assim
nunca humilharia os outros em público. Era só fofoca, para que jogar
vinho nela?"

"Como ela teve a coragem de fazer isso com a minha Minnie! Passou
dos limites! Queria poder dar uma surra nela..."

"Olha como ela é nojenta. Só dá para ver as costas dela, mas aposto
que deve ser feia, já que as pessoas refletem o que são por dentro!"

"Por favor, nos diga, quem é essa jovem da família Granger? O


presidente do Granger Group não é o Nick? Até onde eu sei, ele só tem
uma filha, a Jessie, e ela não é assim."

"Que coincidência, vi a Jessie na festa e ela é gentil e educada. Não


parece com a mulher do video."

"Olhem a lista de doações; a filha mais velha dos Grangers não doou
um centavo! Então por que foi ao banquete da Zero Times? Só para se
mostrar e maltratar os outros?"

"Por favor, mandem apoio. Quero saber quem é essa mulher e quero a
cabeça dela na minha mesa!"

"Eu também."

No mundo atual da internet, a hostilidade era enorme.

Christina leu os comentários maldosos sem muita reação, uma vez que
nunca tinha se importado com as palavras insignificantes de pessoas
insignificantes.
FM
Allen, pelo contrário, estava furioso. "Senhorita Granger, eu conheço

B
essas artistas, elas são todas do Star Entertainment. A que começou
tudo foi a Minnie, influenciadora e amante do Beck Lee."

Beck Lee era o reizinho do Star Entertainment, mais conhecido por ser
um playboy que fazia lives na internet, tendo alcançado mais de
trezentos outros influenciadores e sendo chamado de "príncipe dos
influenciadores digitais".

Christina se lembrou de como a namorada dele tinha praticamente se


jogado em Martin como uma criança mimada.

"Ele tem mau gosto", comentou ela sobre Beck ao pensar naquilo.

Sobre ele, o diretor de arte tinha muito para comentar. "Senhorita


Granger, não estou querendo reclamar, mas é Beck quem anda nos
pressionando nos últimos anos. Recentemente, netade dos artistas que
cancelaram o contrato foram trabalhar com ele. Acho que isso que
aconteceu agora é culpa dele. Se não, como esses influenciadores
pequenos teriam coragem de desafiar a senhorita em público?

"Além do mais, eles não tinham muitas visualizações; devem ter


comprado um lugar alto nas pesquisas e contratado um grupo de
pessoas para xingar a senhorita na internet! O Star Entertainment
sempre foi assim. Antigamente, o Beck também me tratava desse jeito,
mas ainda bem que não fui tão frágil e consegui aguentar..."

Ao lembrar do passado, Allen não conseguiu conter o nó na garganta.


Ele cobriu a boca e levantou o mindinho, prestes a chorar.

"Está tudo bem, está tudo bem. Por que você está chorando?"

Gabriel pegou alguns lencinhos de papel e os entregou ao outro


homem, confortando-o: "Não chore. A senhorita Granger já voltou, né?
Com ela te protegendo, ninguém vai te maltratar!"

Allen assoou o nariz e resmungou: "Hmm".


FM
B
Christina olhou para ele, que parecia possuído pelo drama, e não
conseguiu segurar o riso,

"Por que você está chorando? É só único Beck. É fácil dar um jeito nele.
Espere um pouco, e eu vou me vingar por você."

A mulher não foi nem rápida demais nem devagar demais: fez a captura
da tela de algumas publicações e colocou seu lado professora em ação,
corrigindo cada palavra e frase com um círculo e um comentário...

"Aconselho vocês não irem muito a festas e

lerem mais livros." "Tem muita coisa errada. As frases são

inconsistentes, a pontuação é inadequada... Por favor, reescreva."

Ela publicou na conta oficial do Granger Group e mencionou os


influenciadores que estavam arranjando confusão.

Já que era aquilo que queriam, não podiam culpá la por não os poupar.

Em seguida, Christina ligou o computador, pegou um vídeo mais


completo e o colocou na internet com a frase: "O peixe morre pela
boca".

Depois de voltar, Adolph chamou os funcionários de cargos mais altos


para uma reunião ininterrupta; não parou nem para almoçar. Walt veio
trazendo uma marmita e mais uma notícia...

"Sr. Santos, a madame sofreu cyberbullying." O chefe estava


navegando na internet, de cenho franzido.

Então, seu assistente lhe forneceu a história detalhada e, olhando para


sua expressão, disse: "Foi uma ação em conjunto. Já estou
investigando. Foram pessoas que o Beck Lee, o reizinho do Star
Entertainment, contratou. Ele queria apoiar os artistas pequenos que
FM
trabalham com ele. Vários deles têm inúmeras conexões com ele... Isso

B
sem falar nas brigas intensas entre a empresa dele e a da Christina.
Deve ter feito tudo isso de propósito."

"Beck Lee." A voz de Adolph era grave. "Ele anda bem ativo nos últimos
anos."

Walt pensou no que ele queria dizer e hesitou. "O Star Entertainment
tem feito sucesso ultimamente. A gente tem várias campanhas em
parceria com eles'.

E, após uma pausa, prosseguiu: "O Sr. Lee queria marcar um almoço
com você. Quer falar sobre as propagandas do segundo semestre."

Adolph ignorou tudo e disse: "Como o Granger Group vai cuidar disso?"

"A conta oficial publicou umas coisas."

Walt as achou no celular e mostrou. Adolph pegou o aparelho e riu com


aquela resposta, que mais parecia uma correção de lição de casa.

Só de bater os olhos nas palavras chamativas - "O peixe morre pela


boca" - era possível adivinhar quem as tinha escrito.

"Ela mesma vai se unir na revanche?"

O olhar calmo de Adolph se inflamou um pouco. Apesar de ter


perguntado, já sabia a resposta. Balançou a cabeça e suspirou com um
sorriso no rosto. "Ela é má."

Walt não disse nada.

Estava delirando? O que o Sr. Santos tinha dito? A resposta atípica de


Christina não só tinha feito o chefe rir como também causado reações
de divertimento por parte dos internautas. Os comentários estavam
cheios de "kkkkkk", como se aquilo fosse uma conversa.
FM
"Finalmente alguém disse o que eu penso. Li essas palavras várias

B
vezes e me cocei para corrigir tudo. É realmente um transtorno
obsessivo compulsivo!"

"Que engraçado! O administrador é professor de gramática? Além de


corrigir, ainda fez comentários. Dar uma nota para eles? Eles não
passariam nem no fundamental."

"Não estou aguentando. Já garanti minha cota de risadas para o ano


todo. Hahaha..."

"Por que parece que foi a própria senhorita Granger quem postou isso?
Escutem o que ela falou no vídeo, o tom é bem parecido... se não
idêntico!"

"Incrível! Fiquei mesmo me perguntando por que tinham jogado vinho


em você sem mais nem menos. Fofoca? Você estava falando mal dos
outros pelas costas! Não tolero esse tipo de coisa. A senhorita Granger
pegou leve até."

"Quiseram bancar a vítima, mas não esperavam que tudo viria à tona.
Ela merece o que a senhorita Granger tiver vontade de fazer e quando
quiser fazer."

"Estou curioso. Como é o rosto dessa mulher linda de vermelho?


Alguém pode me mostrar?" As coisas mudaram de rumo muito rápido, e
os internautas observavam tudo, se divertindo.

No começo, os influenciadores não quiseram admitir derrota:


dispararam ataques morais contra Christina, acusando-a de não doar
dinheiro para o evento.

Isso continuou até Mary Bergen, editora da Zero Times, soltar a lista
atualizada das doações.

A maioria vinha de Christina, que tinha apenas usado o nome de Gabriel


para manter a discrição.
FM
B
Mais uma vez, a senhorita Granger do Granger Group e seu colar
colombiano de esmeraldas, que tinha sido vendido por mais de vinte
milhões de dólares, se tornaram o assunto do momento.

Mas, em menos de meio minuto após aparecer nas pesquisas em alta,


foi removido.

Discrição. Ela queria mesmo discrição.

O escritório estava em silêncio. Adolph ficou na internet por um bom


tempo antes de ordenar em voz baixa: "Ligue para a Star Entertainment
e diga ao presidente dele - Lowe Lee, para cancelar a parceria. Eles vão
ser substituídos na campanha do segundo semestre."

Capítulo 52

O fuzuê na internet começou assim como acabou.

No meio da confusão, as discussões foram interrompidas.

Pelo fim da tarde, a Star Entertainment emitiu um pronunciamento


dizendo que Minnie e outros artistas tinham iniciado tudo aquilo,
causando um impacto negativo na empresa. Como tinham violado
cláusulas do contrato, foram demitidos.

Minnie e os outros apagaram todos os tweets postados e pediram


desculpas a Christina na internet. Sua sinceridade e humilidade eram
completamente diferentes do agressivo que tinham manifestado à tarde.
Tudo mudou.

Com essa mudança repentina, os internautas voltaram a especular sem


parar.

No início, pensaram tratar de uma disputa acirrada entre as duas


empresas de entretenimento. Observaram tudo e consideraram tomar
FM
algum partido; não esperavam que a Star Entertainment fosse se

B
desculpar.

A coisa estava consideravelmente feia, como uma drama.

Quanto aos artistas menos conhecidos, eles não receberam muita


atenção: assim que saiu o pronunciamento, tiveram seus trabalhos
cancelados e suas contas banidas. Estava claro que aquele era o fim de
suas carreiras.

Uma confusão e tanta, e a pergunta que não queria calar: quem era
essa tal de senhorita Granger?

Todo mundo queria saber, mas ela não estava no Wikipédia nem em
nenhuma rede social - era como se não existisse.

O que era ainda mais surpreendente era que, à tarde, as notícias e os


comentários sobre ela tinham sumido da internet, incluindo o vídeo em
que jogava vinho em Minnie.

Vários internautas ficaram felizes por ter salvado a gravação, mas,


assim que pegaram o celular, viram que ela tinha sumido - não estava
em lugar nenhum - o que os deixou parecendo que tinham visto um
fantasma.

À caminho de casa, no carro, Christina falava com Martin ao celular:


"Irmão, as coisas na internet são passageiras, logo ninguém vai se
lembrar de mim. Se você fizer isso, as pessoas vão desconfiar."

"Se quiserem desconfiar, podem desconfiar. Enfim, não podem provar


nada."

Do outro lado da linha, Martin se sentiu injustiçado. "Você não sabe


como o irmão mais velho me bombardearam de mensagens hoje de
tarde. Quase me comeram vivo! A culpa foi minha de não ter te
FM
protegido direito. Na verdade, deixei você mesma brigar com aquelas

B
pessoas."

"Claro, é muito mais interessante resolver as coisas cara a cara."

Christina não via problema naquilo. Olhando o grupo silencioso no


WhatsApp, se perguntou: "Por que não vêm brigar comigo?"

"Que bobagem! Pergunte para eles se fariam isso."

"A gente concordou em fazer nossa parte. Eu te protejo da internet, e


você fica longe desse tipo de problema no futuro. Eu dou um jeito. Não
precisa se expor, entendido?", reclamou Martin.

A mulher olhou pela janela, sem poder fazer muito. "Martin, eu cresci,
consigo me defender sozinha. Você tem a sua vida, não precisa ficar se
preocupando comigo."

"Nem pensar. É nossa obrigação te proteger, e um pouco de dedicação


de cada um já é suficiente."

O que ele estava dizendo fazia sentido. "Não vá achando que, porque
cresceu, não precisa mais da gente. Você sempre vai ser nossa
irmãzinha, entendeu? Tem que ouvir a gente."

Christina esfregou as sobrancelhas e suspirou. "Acho melhor arrumar


uma cunhada para vocês. Assim, quando vocês casarem, não vão
precisar ficar se preocupando comigo."

O homem riu. "O mais velho dos irmãos não tem uma namorada ainda,
então a gente não precisa ter pressa. No entanto, não se preocupe com
o segundo irmão Yale, o que não falta é mulher atrás dele."

Depois de conversaram um pouco, Martin disse: "Ah, por falar nisso, o


terceiro irmão Luís me ligou agora há pouco; disse que ia terminar as
gravações e voltar daqui a uns dias. Não precisa se preocupar com o
negócio do Granger Entertainment, ele vai voltar para resolver."
FM
B
"Claro, é bom que ele volte, mas eu consigo resolver o problema do
Granger Entertainment sozinha... Deixe para lá, quando ele voltar, a
gente fala sobre isso, tem algumas coisas que precisam mesmo ser
discutidas com ele."

Christina disse que estava cansada. "Você precisa fazer mais alguma
coisa? Se não, vou desligar."

"Mais uma!"

Martin tossiu de leve do outro lado da linha.

"Bom, tem uma coisa que não sei se eu devia contar."

A mulher franziu a testa. "Pare de enrolação, fale logo."

"Acabei de ficar sabendo que o Santos Group estava trabalhando com a


Star Entertainment há muito tempo, patrocinando vários filmes deles.
Mas, hoje de tarde, a gente ficou sabendo que isso acabou e que o
Santos Group queria encontrar outro parceiro de publicidade. O chefe
da Star Entertainment, Lowe Lee, ficou muito nervoso, então foi com
seu filho para a Cidade N. Acho que o Adolph deveria ter feito isso por
sua causa.

Martin estava apenas especulando.

"É impossível."

Christina retrucou na mesma hora: "Você subestima o Adolph. Ele não é


uma pessoa sentimental desse jeito. Você também me superestima: não
sou tão importante para ele. Pode ser que eles não tenham concordado
em alguma coisa."

"Não pode ser só coincidência. Assim que a Star Entertainment


provocou você de tarde, o Santos Group cancelou o contrato deles. Foi
muito sincronizado."
FM
B
Martin continuou: "Além disso, o Beck apanhou do pai, e nem a
máscara e os óculos escuros conseguiram cobrir os hematomas. É
óbvio que ele foi à Cidade N para pedir perdão. Além do mais, as
desculpas da Star Entertainment foram muito sinceras."

Christina franziu ligeiramente as sobrancelhas. Ela também achava que


a Star Entertainment tinha sido muito rápida em se desculpar, e,
normalmente, a empresa era descarada. Por que pararam de criticá-la?

Dessa vez, ninguém tinha tido coragem de responder.

Teria mesmo Adolph se envolvido?

Mas por que ele fez isso?

"Você acha que ele se apaixonou por você e, para te ter de volta, quis
fazer amizade?" Foi o palpite corajoso de Martin.

Ele continuou, provocando: "Esse homem é um idiota. Quando tinha,


não sabia valorizar. Agora que perdeu, chora. Acho que é impossível o
Adolph não ser um hipócrita."

Christina riu. "É melhor nada do que o afeto tardio. Da minha parte, não
há arrependimentos. Já aprendi minha lição."

Não tinha por que se jogar do precipício de novo.

Cidade N.

"Sr. Santos, olhe que confusão. A gente realmente não sabia que você
tinha uma ligação com a Srta. Granger. Senão, não teria ofendido ela."

Lowe, o chefe da Star Entertainment, estava sentado no sofá com um


sorriso arrependido no rosto. Ele repetia a Adolph sem parar: "O meu
filho é ignorante, e a culpa é minha por não ter educado ele direito.
Rapaz, ande, peça desculpas ao Sr. Santos!"
FM
B
Lowe gritou com Beck, que estava encostado no sofá, com o rosto
inchado e os cantos dos olhos e da boca machucados. Era aparente
que tinha sofrido muito.

A má vontade estava estampada no rosto do garoto, que, no entanto,


não teve escolha a não ser ceder. Só podia manter a cabeça erguida e
pedir desculpas a Adolph.

"Sinto muito, Sr. Santos. Não imaginava que você tivesse um


relacionamento com a madame Granger."

Um traço de frieza iluminou seu rosto feminino. "Mas estou curioso: qual
é a relação entre vocês dois? Só ouvi falar que você e a Srta. Casa tem
um relacionamento. Nunca fiquei sabendo da sua história com a Srta.
Granger."

Enquanto falava, tocou os cantos da boca, que doíam, e revelou um


sorriso malicioso.

"Tem uma ex-esposa - a Srta. Silva -, uma ex noiva a Srta. Casa-e,


agora, uma Srta. Granger. Sua história de amor é muito vária também."

Capítulo 53

"Slapt!"

Assim que Beck terminou de falar, seu pai lhe deu um tapa que o fez
girar 180° e quase cair.

"Seu idiota, o que você está falando?!" Berrou Lowe.

Adolph ficou sentado no sofá, assistindo ao show sem abrir a boca.


Parecia que o pai e o filho da família Lee estavam sozinhos atuando
numa peça.
FM
Depois do tapa e do olhar do pai, Beck finalmente se comportou um

B
pouco.

Em comparação, Lowe era claramente um homem experiente, que


sabia quando avançar e quando recuar, quando ser cruel e quando
baixar a bola. Era daqueles que eram sábios, que sabiam a hora certa
de agir.

"Sr. Santos, não se sinta ofendido. Eu mimei demais esse menino. Ele
só sabe pensar em relacionamentos."

Lowe deu um sorriso gentil e elegante. "A melhor coisa que um homem
pode fazer é focar no trabalho - o amor é só a cereja do bolo. Não é
bom colocar a emoção acima da razão, né?"

Adolph levantou a cabeça e o olhou com indiferença.

"Você está falando de mim, sr. Lee?" O outro homem congelou.

Antigamente, ele conseguia se sentar e conversar sem preocupações


com Adolph, mas, agora, era sua vez de pedir ajuda à família Santos, o
que dificultava manter a calma.

Adolph não era muito mais velho que seu filho, mas aparentava ser
muito mais forte. Ele tinha um espírito dissuasivo, que deixava
transparecer sua força e experiência.

"Não, o senhor nunca seria esse tipo de pessoa irracional."

"Então, se eu não quiser mais trabalhar com a Star Entertainment é


porque tenho meus motivos."

Adolph se inclinou de leve no encosto da cadeira e ergueu um pouco a


mão. Walt entregou um conjunto de documentos a Lowe, que teve um
pressentimento ruim, mas que, mesmo assim, estendeu a mão para
pegar.
FM
Ele folheou algumas páginas, e quanto mais lia, mais sombria sua

B
expressão se tornava. Beck, que estava atrás dele, espiou alguns
documentos e empalideceu.

"Como você tem os documentos?"

"Você armou para mim?", perguntou o garoto, de olhos arregalados

Aquilo o deixou irritado e com vontade de avançar sobre Adolph. Walt,


no entanto, o parou a tempo e o pressionou contra o chão. Com o braço
quase sendo quebrado, Beck gritou de dor.

"Sr. Santos, tenha piedade!"

Lowe não conseguia mais ficar parado. Independentemente do que


fosse, Beck ainda era seu filho. Estaria mentindo se dissesse que não
estava nervoso.

Adolph continuava sentado no sofá, parecendo calmo. "Não é bom que


os jovens sejam tão impulsivos, que não saibam lidar com as
consequências do que fazem."

Sua fala indiferente fez Lowe suar frio e concordar sem parar com a
cabeça.

"Pedi para cortarem pela metade. Tenho medo de ir parar nas mãos de
departamentos relevantes. Pegue de volta os papéis e o contrato. Se
cuide, sr. Lee."

Adolph estava vestindo uma camisa preta, que se confundia com o


encosto da cadeira. Ele ficou ali, imóvel, como se não estivesse
sentindo nada.

Como uma pessoa assim pode ser tão emotiva?


FM
O suor frio de Lowe tinha encharcado suas roupas. O dono da Star

B
Entertainment sentiu que essa viagem tinha sido muito abrupta e lhe
causado uma perda terrível.

Ele pegou o filho paralisado e saiu, devastado.

Depois que foram embora, Walt se aproximou de Adolph e perguntou,


preocupado: "Sr. Santos, não é fácil lidar com esses dois. Eles não vão
colocar a culpa na madame e querer se vingar?"

Adolph parecia indiferente, mas, por conhecer bem o pai e o filho da


família Lee, estava um pouco preocupado.

"Envie alguém para ficar de olho neles e, assim que desconfiar de


alguma coisa, me avise. Peça para duas pessoas ficarem de olho na
Christina também."

"Pode deixar, já vou fazer isso agora." Walt obedeceu à ordem e saiu.

Após o jantar, Christina foi pegar um pouco de material para treinar


esculpir.

Depois que voltou para a Cidade S, ficou ocupada com todo tipo de
trabalho na empresa e não conseguiu mais encontrar tempo livre para
praticar, coisa que tinha que ser feita todos os dias.

Ela se sentou sob a luz do abajur, segurando uma faca, e começou a


esculpir um pedaço de ouro.

Mesmo com o valor daquele metal, Christina não conseguia sentir pena.
Em poucos minutos, usou a faca afiada para entalhar uma rosa
detalhada, com traços vividos.

Essa habilidade podia ser considerada especial na família Granger. A


cada geração, apenas um herdeiro era escolhido: seu avô tinha
passado para seu pai, e seu pai, para ela.
FM
Quando tinha três anos, sentou-se no colo de seu genitor com um

B
cortador de escultura e começou a esculpir em todo tipo de material,
incluindo ouro, prata e jade. Praticou muito até ficar boa.

Tirando sua família, ninguém sabia disso, nem mesmo Adolph.

Assim que terminou uma rosa e ia começar outra, o telefone tocou. Ela
se levantou e atendeu: era a Sra. Marisa, dizendo que Jessie queria
vê-la.

"Pode deixar ela vir."

Jessie sentia que todas os problemas dos quais sofrera na vida tinham
sido resolvidos... Até Christina voltar!

De tempos em tempos, ela ficava trancada em casa, sem poder sair e


com pessoas a observando como numa prisão. Preferia morrer a viver.

Hoje, finalmente tinha conseguido ir ao banheiro

e ligar para Nick, pedindo para que ele voltasse e a ajudasse o mais
rápido possível. O pai, no entanto, estava tão obcecado com a viagem
que não podia se importar menos com a filha.

Depois de meia dúzia de palavras indiferentes, ele desligou, o que


deixou Jessie muito irritada. Não podia contar com ele nem num
momento crítico!

Nervosa, Jessie ficou sentada no vaso. Era impossível continuar


vivendo assim; mais cedo ou mais tarde, ficaria louca por culpa de
Christina.

Mas não podia simplesmente bater de frente com a prima - n overline 60


teria bons resultados.

Além disso, não podia lutar sozinha. Precisava de ajuda de outros.


FM
A garota mordeu o lábio e ficou um bom tempo pensando. Por fim,

B
chegou a uma decisão e ligou para um número. Isso decidiria seu
sucesso ou seu fracasso!

"Irmã."

Quando a governanta a levou até o quarto de Christina, Jessie não


começou a brigar como sempre. Em vez disso, cumprimentou a prima
respeitosamente, tentando ser o mais educada possível.

"Tem alguma dúvida?" Com a faca de esculpir na mão, Christina


finalizava seu trabalho. Respondeu fracamente, sentindo que aquele era
o resultado do primeiro dia de treino.

Ela olhou na direção de Jessie e depois desviou o olhar. "O combinado


eram dois dias. Já decorou tudo? Parece que eu subestimei sua
inteligência. Vamos ouvir o que você tem a dizer, então."

A menina ficou atordoada. Ela tinha passado dois dias brigando com os
dois guarda-costas, não teve tempo nem para se sentir injustiçada.
Como poderia estar no clima para memorizar as regras da família?
Christina só podia estar brincando!

Seria uma surpresa se ela soubesse uma regra que fosse.

"Ah, isso..." Sorriu sem jeito. "Ainda não terminei. Amanhã eu recito para
você. Vim aqui pedir um favor. Espero que você concorde com ele."

A atitude de Jessie tinha mudado muito. No entanto, antes de 3 anos,


até quer dizer, desde criança, ela era respeitosa e educada com
Christina. Foi revelando seu verdadeiro desde o passado.

Estava sendo gentil. A prima, no entanto, já não tinha mais a paciência


de antes.

"Fale, o que foi?"


FM
B
"Eu estava pensando se posso trazer a Belle para a Mansão das Rosas
por alguns dias. Logo ela se forma na faculdade, e agente não se vê faz
tempo. Estou com saudade."

Christina virou a cabeça para olhar para ela. "Você não estava sempre
brava com a Belle? Você briga com ela desde criança."

"Não, a gente é irmã, é normal. Além disso, já faz tanto tempo... Agora a
gente cresceu e tem que se unir, você não acha?"

Olhando para o sorriso malicioso no rosto de Jessie, Christina se


queixou internamente. "O que será que ela está armando? Só quer é
uma ajudante."

"Tá bem, pode trazer a Belle, então. Vamos nos reunir."

"De qualquer forma, as duas precisam ser educadas. É bom mesmo


que ela venha. Assim, eu dou um jeito nas duas e economizo tempo e
energia", pensou Christina.

Os dias conturbados estavam apenas começando.

Capítulo 54

Belle estava fazendo faculdade na Cidade S, então veio muito rápido.

Com sua mochila e uma mala, ela apareceu na Mansão das Rosas
vestindo um uniforme, exalando energia.

Quando viu as rosas no pátio, Belle sentiu como se tivesse ficado


isolada do mundo com o estilo antigo dessa mansão.

A última vez em que esteve ali foi há três anos, no dia do funeral de
seus tios mais velhos. Ela viu a prima, mimada desde sempre, chorando
muito.
FM
Pouco tempo depois, Christina também "morreu".

B
Ela assistiu a Nick e Jessie se mudarem para a mansão e se livrarem de
todas as rosas. Naquela época, entendeu o significado de "as coisas
permanecem as mesmas, mas as pessoas não".

"Belle, finalmente você está aqui!"

Jessie seguiu as regras da família e se portou de forma casual, mas,


quando viu Belle, desceu as escadas correndo e a recebeu com alegria.

Belle não estava acostumada com o entusiasmo da irmã, nem


conseguia se adaptar a como isso.

Ela torceu os cantos da boca e murmurou: "Irmã Jessie."

"A gente é irmã; para que ser tão distante?" Jessie estava muito
animada. Ela levou a outra garota para seu quarto e expulsou os guarda
costas. "A gente vai conversar um pouco. Depois vocês voltem!"

Belle olhou para os homens e perguntou, surpresa: "Quem são eles?"

Assim que eles foram embora, a expressão de Jessie mudou. Ela correu
e abraçou Belle, deixando as lágrimas caírem. "Que bom que você
chegou! Você não tem ideia de como me torturaram esses dias!"

Belle estava perdida.

"Tsc, sua segunda irmã mais nova é mesmo atriz. Que pena que não
trabalhe com isso."

Segurando uma xícara de café forte, Martin assistiu ao vídeo do sistema


de vigilância na tela do computador. Ele quase engasgou com o
"talento" de Jessie.
FM
Christina estava focada em apenas duas coisas, então deixou o vídeo

B
rodar sozinho, levantou a caneta para assinar o documento e disse com
calma: "O nível da academia de cinema não é tão baixo assim."

Quando abaixou a cabeça e olhou para cima, viu o rosto oval e delicado
de Belle, que depois de três anos, tinha crescido.

Mas ela estava magra a ponto de sumir.

Antes que pudesse descobrir o que estava acontecendo, Jessie segurou


sua mão e continuou reclamando de Christina, dizendo como ela a tinha
maltratado em nome de agir como uma "irmã mais velha".

"Olhe o meu joelho, continua inchado. Ela me fez ficar ajoelhada no


banheiro a noite inteira!

"No banheiro! Fiquei ajoelhada a noite toda! Você não acredita em mim?

"Ela pediu até para eu decorar centenas de regras, senão ia me bater


com uma régua. Que direito você acha que ela tem de fazer isso? É
óbvio que só quer descontar a raiva em mim."

Ao ouvir a reclamação de Jessie, Martin não conseguiu segurar a


risada, e cutucou o ombro de Christina. "Você é meio cruel. Com quem
aprendeu isso? Que má."

"Você acha que isso é ser cruel?" Christina bufou. "Ela tem sorte que eu
só não bati nela pelo que ela fez comigo."

Ela poderia ter feito a prima ficar na "cadeia" durante alguns anos para
pagar pelo que fizera. Afinal de contas, tinha tramado com Harry para se
livrar dela!

Christina tinha sido piedosa ao não matá-la ou processá-la.

Contudo, elas ainda precisavam lidar com os problemas de família em


particular, não era bom lavar roupa suja na frente dos outros.
FM
B
Jessie ainda precisava sofrer um pouco.

Quando ouviu tudo aquilo, Belle não conseguiu esconder a surpresa. "A
Christina fez mesmo isso com você?"

"Por que eu iria mentir?" Jessie apontou para si mesma. "Quem mais
teria coragem de fazer isso comigo além dela? Eu me sinto numa prisão
todos os dias. Não tenho ninguém para conversar. Que bom que você
chegou."

Os cantos da boca da irmã se contraíram em relutância. Ela não sabia o


que dizer.

Em vista disso, Jessie segurou sua mão. "Belle, você ainda me culpa
pelo que eu fiz quando era criança?"

Belle franziu os lábios e continuou em silêncio.

"Eu era muito nova para saber alguma coisa naquela época, e o que eu
fiz não foi de propósito. Na verdade... tem outra coisa que não contei."
Jessie queria dizer algo, mas ficou quieta.

Belle olhou para ela e perguntou: "Como?"

Jessie mordeu o lábio como se tivesse chegado a uma conclusão. "Na


verdade, o que eu fiz com você quando era criança, incluindo de cortar
sua saia, desenhar uma tartaruga na sua cara, empurrar você nos
espinhos... Eu não queria fazer nada disso, foi a Christina quem me
obrigou!"

"O quê?" Belle semicerrou os olhos. "Foi a Christina que pediu para
você fazer bullying comigo? Por quê?"

"Ué, por quê? Porque é divertido."


FM
Jessie continuou: "A gente é muito diferente da Christina. Ela sempre foi

B
a princesinha da família Granger. O vovô só mimava ela, e o titio e a titia
também. Eles até deixaram ela ficar em casa porque não gostava de ir
para a escola. Contrataram o melhor professor particular, já que eram
ricos."

"Mas como eram eu e você? Não preciso nem falar nada. Meu pai não
passava de um gerente; o salário não era suficiente nem para sustentar
a família. Caso contrário, não teria ido para o mercado de ações e
perdido tudo, e minha mãe não teria se divorciado dele... Foi mais difícil
para você com aquela madrasta, você sofreu muito desde criança. A
Christina vê a gente mais como empregada do que como alguém da
família. A gente tem que viver de acordo com as vontades dela."

Belle sacudiu a cabeça. "Não é isso. O motivo de a gente não ter uma
vida boa é a falta de país amorosos. O que isso tem a ver com a
Christina? Ela já é boa demais com a gente."

"Se ela tratasse mesmo a gente tão bem, ia deixar a gente morar na
Mansão das Rosas e receber a mesma educação de elite que ela!"

A expressão de Jessie estava repleta de inveja e ódio, ela era muito


presunçosa. "A gente também faz parte da família Granger, então por
que é que existe essa diferença enorme? A Christina só quer pagar de
boazinha e tratar a gente como um caso de caridade. Por que é tão
difícil você entender isso? Para ela, a gente não passa de insetos que
ela pode esmagar quando quiser. Se você não quiser morrer pisoteada,
precisa se juntar a mim!"

"Como você vai lidar com ela?", perguntou.

"Eu já briguei com ela; ela espera qualquer coisa de mim. Mas com
você é diferente. Você é nova aqui. Só precisa fingir ser obediente e
ganhar a confiança dela primeiro.
FM
"Quando ela confiar em você o suficiente para ficar ao lado dela, não vai

B
existir nada que não possa ser feito. Se você quiser que ela morra à
meia-noite, assim vai ser!"

Belle não respondeu.

Christina olhou com frieza para o rosto sinistro e retorcido de Jessie no


vídeo.

Sua mãe tinha razão: algumas pessoas nasciam ruins e não podiam ser
mudadas ou salvas. O único jeito era cortar o mal pela raíz.

Capítulo 55

Jessie não sabia que o quarto estava sendo monitorado e que Christina
sabia tudo o que ela dizia e fazia.

Depois de analisar a situação, Martin teve que dizer: "Achei que você
fosse cruel, mas, pelo que parece, também não é fácil lidar com as suas
primas, especialmente com a Jessie! Você foi tão boa para elas quando
eram crianças, sempre pensava nelas quando tinha alguma comida ou
bebida gostosa. Mas, no final das contas, acabou é criando duas
ingratas. Às vezes não dá para ser gentil com as pessoas. É a história
atual de 'O homem e a cobra'."

Quando achou que era suficiente, Christina desligou o vídeo e disse


com calma: "Antes tarde do que nunca. É melhor eu saber logo quem
ela é para poder tomar medidas.

"A Jessie aprendeu a ser assim com o pai. Era tão invejosa que não
suportava ver alguém com uma vida melhor. Mas não acho que devia
ter ido tão longe."

"Não sei quanto ao resto, mas, desde que o seu tio se casou com
aquela mulher, a vida da Belle não tem sido fácil. Ela quase não
conseguiu ir para a faculdade e, agora, tem que trabalhar enquanto
estuda para pagar o curso. Ouvi dizer que ela ficou fora por três anos e
FM
que o Neil não está nem aí para isso - s dá atenção para a esposa e

B
para o filhinho querido", afirmou Martin,

Christina se recostou no sofá e disse com desdém: "O Neil ainda vive
no século passado, dá mais valor aos meninos do que ås meninas. Ele
quería um filho para passar o que acha que são genes excelentes."

"É possível que até sonhe em ser imperador um dia. O trono da familia
dele precisa ser herdado." Christina sacudiu a cabeça, impotente. "A era
do

Luís XVI já passou, mas a mentalidade dele

continua lá. Não tem jeito."

"O que a gente faz agora?", perguntou Martin. "As suas primas planejam
te atacar, estão tentando resistir à 'rainha tirana."

A mulher pegou a xícara de café e tomou um gole. Disse casualmente:


"É bom ter resistência. A vida sería muito chata se não fosse por isso."

Era como dizia o ditado como "quem acreditava sempre alcançava".


"Com calma, vamos eliminando uma a uma", pensou.

Adolph esteve ocupado o dia todo, tendo realizado várias reuniões.

Após uma delas, pegou o celular, que estava no modo silencioso, e


saiu. Havia inúmeras chamadas perdidas - umas de Athena, outras de
Emily.

Sem nem pensar, ignorou as últimas e ligou para a mãe. "A gente
estava em reunião agora há pouco. O que foi?"

A mãe e o filho nunca se falavam, então iam direto ao ponto.

Athena disse: "Ouvi que você foi à Cidade Se conversou com a


Christina. Como foi? Quando vão casar de novo?"
FM
B
A reunião tinha sido longa, e Adolph estava cansado. Ele afrouxou a
gravata e disse com a voz grave: "Mãe, a Christina e eu já nos
divorciamos."

"Eu sei, por isso perguntei quando vocês vão casar de novo."

A mulher achava que não havia nada de errado com sua lógica. Vendo
o silêncio do outro lado da linha, perguntou: "O que você pensa? O gato
comeu sua língua? Isso é normal. Nunca parou para pensar em como
você tratava a Christina? Tem sorte que não apanhou de mim. Preste
atenção: não importa se ela te trata mal, você tem que aguentar. Se ela
te repreende, você escuta; se ela te bate, você dá a outra face…

"Não me interessa como você vai trazer ela de volta, mas você vai!
Entendido?"

Adolph não sabia o que dizer.

Chegava até a achar que era adotado, e que Christina é que devia ser
filha dela.

"Toc, toc." O assistente Gabriel bateu na porta e entrou. Ele segurava


uma grande pilha de papéis, e sua respiração era pesada. "Sr. Santos,
consegui as informações que pediu!"

Os jornais caíram com um baque surdo na mesa

de chá, levantando muita poeira.

Adolph franziu o cenho, enojado. "Onde você pegou isso?"

"Não faça essa cara. Tive que me esforçar muito tirar eles do antigo
pavilhão do jornal. As notícias na internet ou tinham sido apagadas, ou
estavam incompletas. A gente só acha o jornal daquele ano."
FM
Gabriel estava tomado por uma mistura de sentimentos. "As notícias em

B
papel ainda têm seu valor."

Adolph estava no sofá, folheando as páginas velhas e empoeiradas.


Para alguém que tinha mania de limpeza, ele não estava se importando
muito.

Só queria saber a verdade, o porquê de Christina ter se casado com ele


naquele ano!

Aquele tinha sido um ano muito especial. Muitos eventos importantes


tinham ocorrido.

No mundo dos negócios, os maus investimentos levaram à crise


financeira e à falência de várias empresas, incluindo a da família Casa.

Quanto a ele, tinha sofrido um acidente de carro, e sua vida estava por
um fio, fazendo com que notícias suas também fossem frequentes no
jornal.

Mas, antes daquilo, um outro grave acidente causou uma grande


comoção no país e até no mundo.

Era a tragédia que envolvia o Sr. Granger e a Sra. Granger.

Ela vinha sendo noticiada há um mês, ocupando boa parte dos jornais.
Até a polícia internacional participou nas investigações do caso.

O resultado foi que uma bomba tinha sido plantada no carro, causando
a explosão do veículo e a morte dos passageiros, que ficaram
irreconhecíveis.

Aquilo chocou o país.

Muitas pessoas suspeitavam que o acidente tinha sido causado pelos


concorrentes da família. Granger, e o maior suspeito era o Santos
Group, que foi acionado pela polícia.
FM
B
Naquela época, Adolph tinha sido contratado para trabalhar numa filial
fora do país, não estava na sede da Cidade N. Além disso, ele pensava
em maneiras de ajudar a família Casa a pagar a dívida que tinha - não
deu muita atenção ao caso dos Grangers.

Só se lembrava do funeral na TV. A única filha do casal estava vestindo


roupas pretas, e, para não mostrar seu rosto, a filmaram por trás.

Ele podia visualizar a cena: a menina esbelta e indescritivelmente


teimosa.

De repente, recordou que, quando recebeu alta do hospital, sua mãe lhe
pediu que escolhesse uma esposa dentre as pessoas da equipe
médica. Todos os presentes ficaram ou surpresos, ou assustados -
alguns chegaram até a se esconder. As reações foram as mais
variadas.

Apenas Christina não demostrava sentimento algum, como se não


tivesse ouvido a briga dele com a mãe. Em silêncio, ela continuou o que
estava fazendo e passou pomada nele, se virando em seguida.

Então, Adolph a escolheu. Apontou para as costas dela e disse: "Quero


ela."

Em meio aos sobressaltos de todos, Christina virou a cabeça e viu que


o dedo dele apontava para ela. A mulher ficou em choque e o olhou com
surpresa.

Sua resposta, no entanto, foi rápida e direta: "Concordo."

Por algum motivo, quando apontou para

Christina, ele sentiu como se já a conhecesse. Não apenas suas costas,


mas também seu rosto, especialmente seus olhos, que o encaravam.
FM
O assistente Vincent da Christina disse que ela tinha sido apaixonada

B
por um homem durante dez anos, e que esse homem provavelmente
era ele.

"Sr. Santos, o senhor me pediu para pesquisar onde o senhor estava


dez anos atrás."

Gabriel entregou um monte de documentos para Adolph e disse: "Há


dez anos, o senhor ainda estava no exército, cumprindo missões em
montanhas e florestas distantes todos os dias. Passou por muita
dificuldade, então não deve ter tido tempo para encontros românticos."

Era exatamente isso que deixava Adolph confuso.

Antes de se casar com Christina, ele não tinha contato com mulher
nenhuma. Mesmo quando estava com Emily, não a via muitas vezes ao
ano, em especial quando estava no exército.

Capítulo 56

"Quên?"

Gabriel ficou surpreso, e sua primeira reação foi perguntar: "A esposa é
sua, e o senhor está perguntando para mim?"

Mas Adolph estava falando sério, então o assistente parou para pensar.
"Ela é nova, tem só uns... vinte e quatro, vinte e cinco anos."

As pupilas de Adolph contraíram.

Se Christina tinha vinte e quatro anos, há dez anos, tinha catorze!

Seria possível que ela fosse a garota sequestrada?

Adolph ficou em choque. Sentiu como se tivesse sido atingido por um


raio. O coração acelerado batia nos ouvidos, e uma onda de memórias
muito antigas tomou conta dele.
FM
B
Ele respirou fundo e ligou para Hyman. Assim que o amigo atendeu,
perguntou: "Você se lembra da nossa missão secreta dez anos atrás na
selva?"

Hyman tinha acabado de chegar à Cidade R e estava no escritório


discutindo assuntos relacionados ao estábulo com o mestre Roger.

Continua …
FM
Capítulo 56

B
"Quê?"

Gabriel ficou surpreso, e sua primeira reação foi perguntar: "A


esposa é sua, e o senhor está perguntando para mim?"

Mas Adolph estava falando sério, então o assistente parou


para pensar. "Ela é nova, tem só uns... vinte e quatro, vinte e
cinco anos."

As pupilas de Adolph contraíram.

Se Christina tinha vinte e quatro anos, há dez anos, tinha


catorze!

Seria possível que ela fosse a garota sequestrada?

Adolph ficou em choque. Sentiu como se tivesse sido atingido


por um raio. O coração acelerado batia nos ouvidos, e uma
onda de memórias muito antigas tomou conta dele.

Ele respirou fundo e ligou para Hyman. Assim que o amigo


atendeu, perguntou: "Você se lembra da nossa missão secreta
dez anos atrás na selva?"

Hyman tinha acabado de chegar à Cidade Re estava no


escritório discutindo assuntos relacionados ao estábulo com o
mestre Roger.

Quando ouviu isso, ficou assustado.


FM
Depois de pensar um pouco, disse: "Você está falando da

B
missão para resgatar aquela menina sequestrada?"

"Dessa mesmo."

Com um olhar sombrio e a boca seca, Adolph olhou para as


informações. "Você lembra como essa garota era?"

"Já faz tanto tempo, como posso lembrar?"

Hyman se esforçou para voltar ao passado. "Só lembro que a


menina tinha catorze anos e que a identidade dela e da família
foi mantida em segredo. Além disso, era uma missão nível três.
Nossa, fiquei com tanto medo naquela época que achei que
não fosse sair vivo. Mas é que tinha sido realmente perigoso;
eu não imaginava que seria tão difícil de lidar com a outra
parte. A gente se separou, e você adentrou mais fundo na
selva para salvar a menina, não foi?"

Mesmo depois de tanto tempo, aqueles dias sangrentos ainda


o deixavam empolgado e nostálgico.

"Mas por que a pergunta do nada?"

O amigo estava confuso.

Enquanto ele falava, Adolph tinha se levantado em silêncio e


caminhado até a janela.

Ele também se lembrava do quanto aquilo tinha sido difícil -


não a tarefa em si, mas o adversário. Eram todos mercenários
de fama internacional, não imaginou por que sequestrarem
uma garotinha.
FM
B
Dez pessoas foram enviadas, incluindo ele e Hyman.

Naquela época, não eram velhos, tinham apenas vinte anos,


então não tinham medo de nada.

A equipe se separou e abriu caminho para que ele pudesse


resgatar a menina.

De acordo com seus cálculos, era impossível vencer quem


estava do outro lado, mas não havia escolha a não ser lutar até
a morte. Não esperava que, ao entrar, a garota já tivesse
matado um homem de preto com uma faca.

Ela tinha ficado amarrada por vinte e um dias e quase sido


levada para o extremo sudeste asiático. Estava magra como
um palito, com as roupas rasgadas, e o corpo sujo coberto de
hematomas e manchas de sangue.

Mas, para alguém tão magro e fraco, ela era bem rápida e ágil.
Cortou o pescoço do homem num piscar de olhos, deixando
um rastro de sangue atrás de si.

Ela conseguiu perceber que ele tinha ido salvá-la, então a


primeira coisa que disse foi: "Me dê uma arma".

E, assim, os dois lutaram lado a lado e exterminaram o inimigo


com êxito.

Ele nunca tinha visto uma menina lutar com tanta bravura e
precisão. No entanto, quando a elogiou, ela caiu em seus
braços, de repente se tornando delicada como uma flor.
FM
Então, ele a carregou para fora do lugar. Ela era leve como

B
uma pluma e, com um sorriso no rosto, perguntou o nome dele.
Disse que iria procurá-lo para retribuir a gentileza quando
crescesse.

"Meu nome é Adolph Santos. Não precisa retribuir gentileza


nenhuma; apenas se cuide."

Sob o sol da floresta densa, seus lindos olhos amendoados


brilhavam.

Adolph ficou em transe por um bom tempo. Quando foi trazido


de volta à realidade por Hyman, suas pálpebras tremeram. Ele
ergueu a cabeça e disse: "E se eu se disser que essa garota
era a Christina..."

"Como?!"

Do outro lado da linha, Hyman ficou boquiaberto.

Ao som de uma música calma, Martin e Christina, jantaram


alegremente num restaurante sofisticado próximo ao centro da
cidade.

O homem cortou o bife e, ao olhar para ela, que estava


comendo salada, sentiu um peso enorme sobre os ombros.
"Estou comendo carne, e você vegetais. Quem vê pensa que
estou te torturando."

Christina comeu um pouco de repolho e disse: "Eu é que


estaria me torturando se comesse carne. Comi demais na hora
do almoço, preciso de um pouco de salada."
FM
Martin tomou um gole de vinho tinto. "Você almoçou com o

B
Hyman?"

Christina assentiu com a cabeça.

O homem continuou cortando o bife. "Como foi a conversa


sobre o hipódromo?"

"Já passou da hora." Ela tomou um gole de água. "Mas o


Hyman não consegue se decidir. No final, quem vai sair
ganhando é o velho Mestre Roger. O Hyman quer encontrar
outro parceiro de negócios."

"Como assim? Ele não confia em você? Ou o Roger Group não


consegue arcar com o projeto?"

Christina balançou a cabeça. "Não é nada disso. Estou só


considerando a situação. Se alguma empresa da Cidade N
puder participar, vai ser melhor."

"Então por que você deixou o Adolph ir embora tão fácil?"

Martin balançou a taça de vinho. "Vamos desconsiderar as


outras coisas. Em questão de poder, o Santos Group é a
melhor escolha."

Christina franziu os lábios e sussurrou: "Mas eu não quero ter


mais nenhuma ligação com ele."

"Negócios são negócios, assuntos pessoais são assuntos


pessoais. Não preciso nem falar; você sabe."
FM
Martin tentou confortá-la. "Você não quer pegar de volta os

B
treze milhões do colar? Essa é uma boa oportunidade."

"Claro que eu preciso desse dinheiro."

Christina ainda se mantinha bastante firme em relação a isso,


mas havia uma coisa que a deixava muito agitada. "O Adolph
insiste em me perguntar por que casei com ele naquela
época."

"Alguns homens não valem nada mesmo. Mas e aí? Você


contou?"

Ela balançou a cabeça. "A gente já se separou. Não preciso de


explicar mais nada. Ele quer saber, mas eu não quero contar.
Não tem graça."

"Isso. E, no final das contas, era você quem era apaixonada


por ele, não o contrário. É vergonhoso."

Christina se sentiu constrangida e ficou irritada. "Emily", disse


por entre os dentes.

"O que foi? Falei alguma coisa que não devia?"

Martin continuou provocando: "Não sei quem era, mas ela


costumava dizer 'quero retribuir a gentileza dele', 'quero casar
com ele'... Cantava 'A lenda de Apolo e Dafne' todos os dias e
fingia que era o Apolo."

"Martin!" O rosto de Christina ficou vermelho quando olhou


para ele. Dessa vez, ela ficou realmente brava.
FM
O irmão deu uma risada maldosa - no fim, quem teria que

B
apaziguá-la seria ele. "Calma, é brincadeira. Não precisa ficar
brava.

"Para ser sincero, você já pagou a dívida.

Também salvou o Adolph, e até cuidou dele por três anos. Não
tem por que levar isso tão a sério."

Martin olhou com sobriedade para Christina.

"Mesmo se um dia ele se lembrar de você, você pode dizer


sem mentir que não deve nada a ele."

O olhar dela estava vazio. Quando pensava que o homem que


a tinha salvado era o mesmo que a negligenciara por três
anos, não podia fazer outra coisa que não sorrir amargamente.

Aquele relacionamento sempre foi uma ilusão.

Ela não podia culpar ninguém.

Se quisesse jogar, tinha que ser capaz de admitir derrota.

Capítulo 57

Depois de ouvir o que Adolph tinha sugerido, Hyman ficou


atordoado. Ele não conseguia acreditar o que ele disse.

"Você está dizendo que a Christina casou com você só para


retribuir a sua gentileza? Porque você salvou a vida dela
naquela época?"
FM
Adolph concordou, que, se não estivesse enganado, era aquilo

B
mesmo.

"Ai, meu Deus."

Hyman se acalmou um pouco, mas continuou em choque.


"Isso está parecendo uma novela. Existe mesma menina que
se sacrificaria desse jeito só por causa de gratidão?"

"Não acho que foi só por causa disso."

Adolph franziu a testa ligeiramente. Ele não sabia por quê, mas
não queria que Christina tivesse se casado com ele apenas
para "pagar uma dívida". Então, contou a Hyman o que Vincent
The dissera.

O amigo estava tomando chá para se acalmar e, quando ouviu


"Ela já gostou de mim por dez anos", cuspiu tudo.

Com o rosto coberto pela bebida, o mestre Roger ficou furioso.


Pegou o neto, o botou para fora do escritório e fechou a porta.

Ainda um pouco engasgado, Hyman perguntou: "Sério? Como


assim a Christina gostou de você por dez anos? Você ficou
doido?"

Adolph comprimiu os lábios finos e disse com a voz grave:


"Não sou narcisista nem brinco com essa coisa."

"É verdade, mas eu ainda não consigo acreditar."

Hyman voltou para o quarto e se serviu de uma taça de vinho.


"Então, agora que você sabe a resposta, o que você quer
FM
fazer? Lembre que tudo não passa de palpite seu. Você tem

B
alguma prova?"

"Então, preciso que você veja isso para mim."

No começo, Adolph pretendia voltar a praticar mexer com


computadores e investigar por conta própria, mas não
aguentava mais esperar para descobrir a verdade.

Hyman pensou no dia em que viu com seus próprios olhos as


habilidades de Christina e sentių dor de cabeça. "Eu queira te
ajudar, só não sei mesmo se consigo vencer ela."

"Como?" Adolph era muito perceptivo. "A Christina também


sabe decifrar os computadores?"

Nessa altura, Hyman não conseguia esconder mais nada dele.

"Ela sabe bem mais do que o básico; acho que é até tão boa
quanto eu. Lembra quando tentou invadir para as suas
informações, e não conseguiu. Eu estava no carro vendo ela
acabar com você."

Adolph ficou em silêncio.

Então foi Christina quem o chamou de otário e mostrou o dedo


do meio para ele naquele dia? "Como você está? Eu entrei em
choque e achei até que estivesse delirando."

Sua ex-mulher, que parecia não saber de nada???

Finalmente Hyman tinha encontrado alguém com quem


conversar sobre Christina. Ele contou tudo o que sabia para o
FM
amigo. "E não para por aí: a sua ex-esposa não é só hacker, é

B
também chef de cozinha! Você ainda se lembra daquele chef
famoso, Marcus Dias, do banquete nacional? A gente comeu
os pratos dele uma vez, e eu sempre quis convidar ele para vir
em casa, mas ele recusou e disse que precisava aprender
mais. Adivinha o que aconteceu?

"Ele visitou a Christina! Chegou até a dizer que tinha sido ela
quem ensinou ele a cozinhar! Dá para acreditar?"

Hyman gaguejou: "Eu não experimentei a comida dela, então


ainda não consigo acreditar. Mas a Christina disse que se
estivesse de bom humor da próxima vez, ia cozinhar para mim.
Estou começando a ficar com vontade."

Adolph sentiu como se houvesse algo em sua garganta. Ele


nunca tinha presenciado o que Hyman lhe disse, mas
conseguia muito imaginar!

Ele segurou o copo com tanta força que os nós dos dedos
ficaram brancos.

Ela tinha mentido para ele!

Aquela mulher não só era filha mais velha de Familia Granger,


como também hacker e chef.

Por que é que ele não sabia disso tudo no passado?!

Adolph queria ir correndo encontrar Christina. Precisava


segurá-la pelos ombros e perguntar por que tinha mentido para
ele!
FM
Por que continuou fingindo!

B
Por que não contou que era aquela menina!

"Estou voltando para a Cidade S agora. Me mande o número


dela; eu mesmo quero perguntar!"

Ele não queria mais investigar, porque sabia que se Christina


não quisesse que soubesse de algo, acharia um jeito de
esconder. Além disso, ela era melhor com tecnologia. O que
ele poderia fazer?

Pela primeira vez na vida, sentiu amor, ódio e desamparo por


causa de uma mulher! Aquilo quase o deixou maluco!

Christina, que estava prestes a enlouquecer o ex marido,


voltava para casa.

Ela se reclinou no banco, fechou os olhos e descansou,


pensando no irmão, que analisaria os prós e contras de seu
projeto, e nas diversas preocupações de Hyman. Não
importava de que ângulo olhasse para a situação, a melhor
saída era chamar o Santos Group para fazer parte da
construção do hipódromo.

Negócios eram negócios, e amor era amor. Não se podia


misturar os dois. Era uma regra. Adolph não deveria ser
exceção.

Christina deu um pequeno suspiro, abriu os olhos e baixou a


janela. Ela olhou para o vasto céu noturno do lado de fora e
sentiu o vento frio da noite. Seu humor estava instável.
FM
Era muito difícil se esquecer da pessoa amada, levava algum

B
tempo.

Até hoje, ela não conseguia se esquecer de quando lutou com


ele lado a lado dez anos atrás, de quando deitou em seus
braços quentes e viu sua expressão decidida.

Ela tinha sorrido e perguntado: "Qual é o seu nome? Você me


salvou. Quando eu crescer, vou retribuir a gentileza."

A resposta tinha sido: "Meu nome é Adolph. Você não precisa


retribuir gentileza nenhuma. Só se cuide."

Os cantos dos lábios de Christina se curvaram num sorriso


amargo, e ela murmurou um poema:

"Se o amor é uma flor que nunca morre/Por que estou


recolhendo pétalas secas?/Foi-se a primavera/Chegou o
outono."

Depois que terminou, não reclamou por um bom tempo. Como


poderia ter a sorte de fazer a flor durar?

"As pessoas mudam, crescem, e o amor alguma hora acaba",


pensou.

Quando Christina entrou na Mansão das Rosas, Jessie e Belle


estavam na sala de jantar, comendo, e, assim que a viram, se
levantaram.

"Você voltou." As duas pareciam mais obedientes do que


nunca.
FM
Christina assentiu com a cabeça e as olhou com indiferença.

B
Fazia muitos anos que não via Belle pessoalmente. Não era a
mesma coisa que assisti-la pelo vídeo de vigilância.

Na vida real, ela estava ainda mais magra - tão magra que, se
batesse um vento, a levava embora.

As três primas tinham quase a mesma idade; eram só um ano


mais nova do que a outra. Jessie era um ano mais nova do que
Christina, e Belle, um ano mais nova do que Jessie. Quando
eram crianças, e ninguém tinha dinheiro, a relação entre elas
era boa.

O que tinha mudado?

"Christina, você já comeu?" Ao ver que era observada, Belle


perguntou um pouco hesitante:

"Você quer... comer com a gente?"

"Não, já jantei."

Christina estava calma, nem se deu o trabalho de ser


simpática. "Já que você está aqui, fique mais uns dias para
fazer companhia para a Jessie. Ela anda muito sozinha."

Em seguida, olhou para a irmã e disse: "Hoje é o segundo dia.


Vá para o escritório depois de jantar para a gente ver o que
você aprendeu. Não se esqueça de trazer a régua. A Belle vai
com você."
FM
Jessie aguentou a humilhação de cabeça erguida e

B
assentiu,Por dentro, no entanto, pensou com amargura: "Você
não perde por esperar. Um dia, vou fazer você pagar por tudo
isso!"

Capítulo 58

Depois do jantar, Jessie foi até o escritório com Belle.

O cômodo tinha uma decoração clássica: paredes com


estantes cheias de livros e uma mensagem motivacional do
lado oposto: "Quem faz o que deve, alcança o que almeja."

Caligrafia, pinturas, antiguidades, jade... Já tinham visto essas


coisas um milhão de vezes, mas o pai nunca as tinha deixado
tocar ou as ensinado a apreciá-las. Eram leigas.

Christina estava sentada lá, folheando um livro de memórias


diversas e ouvindo Jessie recitar as regras da família como se
não tivesse nenhuma preocupação.

A garota não as tinha decorado no dia anterior, então, agora,


para lidar com Christina, memorizou tudo com relutância e um
pouco de dificuldade.

"Já terminou?" Quando viu que a prima tinha parado, Christina


levantou a cabeça de leve.

Jessie fez que sim, fingindo obediência e timidez. "Desculpa


não ter lembrado tudo. Mas não precisa se preocupar, vou
corrigir isso."

"Melhor assim. Você sabe quantas você esqueceu?"


FM
B
Jessie entrou em choque quando a viu pegar a régua. Ela tinha
achado que tudo não passava de encenação para lhe botar
medo.

"Irmã..." Inconscientemente, a menina escondeu as mãos atrás


das costas, suando de nervoso. "Você não vai me bater de
verdade, vai?"

A mulher olhou em seus olhos. "Se eu vou? Você acha que


estou brincando?"

A expressão de Jessie enrijeceu, e ela começou a entrar em


pânico.

Belle estava atrás dela, sentindo-se inevitavelmente nervosa.


Christina tinha mudado muito: antes, a prima era amigável,
mas agora era fria, não deixava as pessoas se aproximarem.

"De cem regras, você recitou setenta, esqueceu trinta e errou


catorze. De acordo com o combinado, você devia apanhar
quarenta e quatro vezes."

Com mãos de ferro, Christina deu sua sentença. "Venha aqui."

Jessie não queria, mas não tinha como se opor. Sem dó nem
piedade, ela levou quarenta e quatro reguadas na palma da
mão, que, de vermelha, ficou roxa, parecendo uma bola de tão
inchada.

Ressentida e com dor, lágrimas escorreram por seu rosto, e ela


tremia sem parar.
FM
Aquilo era de partir o coração.

B
"Vá passar pomada."

Christina devolveu a régua a Jessie e disse:

"Volte amanhã à noite, as regras são mesmas. Se você não se


importar em sentir dor, pode continuar sendo preguiçosa e
desinteressada."

Então, olhou para Belle. "O mesmo vale para você. Aqui as
minhas regras são seguidas. Venha recitar com a Jessie
amanhã."

"Pode deixar," respondeu Belle sem pensar, e então levantou a


mão. "Irmã, eu já... decorei tudo."

As outras duas mulheres olharam para ela.

Jessie, que estava com o rosto cheio de lágrimas e


maquiagem, ficou boquiaberta.

"O quê? Você decorou tudo?"

Ela tentou de tudo para comunicar à irmã que não deveria agir
de forma precipitada; Christina já não era mais a prima que
cuidava delas quando criança. Era uma carrasca cruel.

Mas Belle pareceu não entender. Ela observou Christina


inocentemente com os olhos redondos.

"Eu estava com a Jessie quando ela memorizou as regras."


FM
Christina assentiu e mandou Jessie embora. Em seguida, disse

B
para a outra: "Recite para mim."

Ela pegou o livro e continuou a leitura.

Belle respirou fundo e se acalmou. Assim como na época da


escola, recitou as cem regras da família com facilidade, sem
errar nenhuma vez.

Em comparação a Jessie, ela era uma estudante nota dez.

"Mais ou menos."

Christina olhou para Belle com interesse.

"Lembro que você era estudiosa, conseguiu uma bolsa de cem


por cento na Universidade Sanlucia. Você se formou em design
de joias, não foi?"

Belle balançou a cabeça sem parar, os olhos brilhando. "Sim.


Você lembra!"

"Só fiquei fora por três anos, não perdi a memória. Claro que
não esqueci."

Christina estava calma. "Não tenho pontos positivos, só uma


boa memória. Lembro dos momentos de gratidão e de ódio, e
não me esqueci de quando a gente morou junta. Acho que
também não vou esquecer o que acontecer daqui para a
frente."
FM
E continuou: "Se você for legal comigo, vou ser legal você.

B
Agora, caso contrário, se olhar torto para mim ou me xingar,
vou lembrar e ensinar qual é o seu lugar."

Belle gelou. Ela tinha a impressão de que Christina sabia o que


Jessie havia lhe dito, ela não era estúpida. Pela sua atitude fria
e distante, era possível perceber algo.

Belle não era tonta. Christina não era tonta. Jessie não falava
com a irmã fazia um século e, de repente, pediu permissão
para ela se mudar para a Mansão das Rosas. Sua intenção era
mais que evidente.

"Eu sei. Você sempre deixou claro sua visão sobre amor e
ódio. É oito ou oitenta.

Christina sacudiu a cabeça. "Não é mais assim. Antes, eu


achava que o mundo era preto no branco; hoje, depois que eu
cresci, vejo que existe uma área cinzenta entre os dois."

Ela encarou a prima. Seus lábios estavam comprimidos com


frieza. "Essa área é a traição vinda de quem você ama."

Belle arregalou os olhos.

O quarto de Belle ficava ao lado do de Jessie.

Sua irmã tinha passado uma camada grossa de pomada na


mão, mas não adiantou nada; a dor lancinante continuava. Ela
xingou Christina e sua família sem parar.

"Agora você está vendo como ela me trata? Ela passou dos
limites, até me bateu com uma régua. Nem meu pai me batia
FM
assim! Mas fica vendo, mais cedo ou mais tarde, vou me

B
vingar!"

Jessie continuou reclamando, mas Belle ainda estava


atordoada, pensando no que a prima havia lhe dito.

A traição vinda de quem você ama... Será que a morte dos


pais dela tinha mesmo alguma coisa a ver com seu pai e com
seu tio?

"Belle, estou falando com você."

Jessie a trouxe de volta para a realidade. "No que você está


pensando?"

Os cantos da boca de Belle tremeram. "Em nada. Só acho que


a irmã mais velha está muito diferente do que era antes."

"Sério?"

Jessie tinha finalmente encontrado alguém em quem confiar.


"Ela parece um... fantasma que voltou do submundo. É tudo
muito esquisito, eu não faço ideia do que ela fez nesses três
anos em que sumiu."

"Por falar nisso, ela não dificultou as coisas para você? Você
recitou mesmo todas as regras da família?"

Os olhos de Belle brilharam, e ela disse: "Não, errei algumas.


Ela não disse nada porque eu acabei de chegar."

Num ambiente desprovido de amor, o fingimento sempre fora


sua proteção.
FM
B
Ao ouvir isso, Jessie se sentiu muito melhor. "Tá bem. É
impossível memorizar tantas regras em dois dias. Ela acha que
a gente é algum tipo de gênio? É claro que está dificultando as
coisas de propósito! Mas não precisa ter medo, vou proteger
você. A gente vai dar um jeito nela. Você só tem que me
escutar e se comportar, e, quando ela menos esperar, a gente
mata ela!"

Vendo o ódio e a hostilidade no rosto de Jessie, Belle de


repente entendeu o que Christina quería dizer com a área
cinzenta.

Não importava o quanto o inimigo fosse forte, se a família se


mantivesse unida, não havia nada a temer. O problema era
quando o inimigo fazia parte dela.

No escritório, Christina bebia água enquanto se sentava toda


torta na cadeira e, em silêncio, observava as primas
conspirarem contra ela na câmera de vigilância. Quando ouviu
o que Belle disse, uma emoção diferente surgiu em seus olhos
calmos.

Ela desligou o vídeo e digitou no teclado. Informações surgiram


em sua frente, página por página.

Ao ver a experiência de Belle ao longo dos anos, Christina


soltou um suspiro. "O meu tio e a esposa dele são mesmo uns
inúteis."

Na calada da noite, tudo estava em silêncio.


FM
Na Mansão das Rosas, com exceção dos guardas e dos

B
criados que trabalhavam à noite, todos descansavam.
Christina, contudo, não conseguia dormir. Ela se deitou na
cama e leu um livro antigo de memórias, como se estivesse
esperando alguém.

Quando o ponteiro anunciou meia noite, houve um barulho


suave à porta de seu quarto.

Ela tinha chegado.

Capítulo 59

A porta não estava bem fechada, pois já se abriu com um leve


empurrão. Era como se tivesse sido deixada aberta
especificamente para ela.

Belle entrou no quarto de Christina e sussurrou: "Christina,


você não dormiu ainda?"

"Não. E pelo visto, nem você."

Christina fechou o livro e se sentou. "O que Venha aqui me


contar o que aconteceu." foi?

Belle se aproximou, vestindo um pijama de algodão com


estampa de desenhos animados já desbotado devido às
inúmeras lavagens. Mas, ao pôr o pé no caro tapete persa,
enrijeceu, sem saber onde pisar.

"Sente-se", pediu Christina, enquanto jogava um xale para a


visitante. "Eu não tenho o costume de ligar o aquecedor, e está
FM
um pouco frio aqui no quarto. Use isso para não ficar

B
resfriada."

"Obrigada."

Obediente, Belle agradeceu e se sentou na cadeira de pernas


cruzadas.

Christina ficou observando toda a delicadeza da garota ao se


mover e não conseguiu conter o riso.

Nos últimos três anos, ela tinha encarnado o papel de mulher


comportada e gentil, e, para isso, havia usado Belle como
modelo, conseguindo enganar Adolph o tempo todo.

Christina havia se mostrado fria desde que se reencontraram,


mas, de repente, sorriu, e Belle ficou confusa. "O que foi?"

"Nada. Só acabei de pensar algo interessante."

O sorriso em seu rosto desapareceu na mesma hora. "Posso te


ajudar?"

Belle dirigiu os grandes olhos redondos e amigáveis para a


mulher na cama. "Onde você esteve nesses três anos? Está
tudo bem?"

Os olhos de Christina brilharam nesse momento, ela não


esperava que esse fosse o primeiro questionamento de Belle.

"Fui para outra cidade, precisava mudar de vida.

"E você? Como está?"


FM
B
"Praticamente igual." Belle contraiu os lábios num sorriso.
"Essa é a minha vida desde pequena, estou acostumada,
sendo boa ou ruim."

"Fiquei sabendo que seu pai casou com outra mulher."

O olhar da garota escureceu, e ela baixou a cabeça. "Sim, ele


se casou com uma garota bonita. Ela até ganhou um concurso
de beleza."

Ela sorria enquanto falava, mas não conseguia esconder o


sarcasmo por trás de suas palavras. Christina a fitou e
suspirou internamente, 'Toda família tem seus problemas'.

Seu avô tinha sido pobre a vida toda, e de seus três filhos, o
mais velho, Alston Granger, fora o mais promissor. Sozinho, ele
montara o Granger Group e se tornara um empresário de
sucesso. No entanto, morrera jovem.

O segundo filho, Nick, era ótimo manipulador desde criança.


No começo, era o mais rico entre os irmãos, tendo conseguido
um cargo de gerente apenas sendo puxa-saco. Porém, ao ver
o sucesso do irmão mais velho, ficou com muita inveja e
acabou indo trabalhar com ele.

Já Neil, o terceiro filho, tinha pouca visão do mundo e não


levava nada a sério. Não trabalhou de verdade um dia na vida
e vivia com a ajuda dos irmãos, gastando muito dinheiro e
mudando de esposa num piscar de olhos; era muito libidinoso.
FM
Christina lembrou a vez em que sua mãe falara com seu pai

B
sobre os irmãos dele, "O Nick já é um inútil, mas o Neil nem se
fala. Dois imprestáveis!"

"Sua nova madrasta não é legal com você", Christina não


perguntou, apenas afirmou.

Ela tinha investigado a vida de Belle ao longo dos anos e


descoberto que ela havia perdido o lugar na família desde que
Neil se casara de novo. Ela não só fora expulsa de casa, como
também quase não conseguira seguir com os estudos.

Belle respondeu com sarcasmo: "Ela é só quatro ou cinco anos


mais velha do que eu, mas é linda e sabe levar os outros na
conversa. Não posso bater de frente com ela, então mantenho
distância. Não posso ofendê-la."

Christina soltou um leve suspiro. Ter uma madrasta


basicamente transformava o pai em um padrasto também. Não
havia nenhum lugar que ela pudesse chamar de lar agora,
então como sua vida poderia melhorar?

"Vamos parar de falar de mim. Christina, vim aqui porque tenho


algo importante para lhe dizer."

Depois de verificar se não havia ninguém por perto, Belle


moveu a cadeira para a frente e disse em voz baixa: "Foi
Jessie quem me pediu para vir aqui dessa vez, mas não foi por
um bom motivo. Ela quer que eu ganhe sua confiança e a
ajude a lidar com você."

"Eu sei", Christina respondeu sem parecer nem um pouco


surpresa.
FM
B
Belle arregalou os olhos em choque: "Você já sabe?"

Christina sorriu desdenhosamente. "Ela não consegue


esconder suas verdadeiras intenções de mim."

Belle piscou várias vezes e, ao ver o olhar calmo e confiante


da Christina, de repente entendeu. "Então você já sabia que eu
viria até você, não é?"

"Você é mais esperta do que ela. Sabe bem quem é o


verdadeiro chefe desta família."

Christina deu um tapinha na própria perna e disse com humor:


"Embora minha coxa não seja grossa, ainda posso confiar
nela."

Arreganhando seus dentes perfeitos, Belle não conseguiu


conter o riso. "Estou saindo da escuridão para a luz."

"Faz bem."

Christina levantou a mão e beliscou suavemente a bochecha


de Belle, depois disse com pesar:

"Quando você era criança, seu rosto era gordinho e eu adorava


beliscá-lo. Mas agora, você está tão magra, que não tem nem
um pouquinho de carne."

"É comum as meninas ficarem mais magras? Minhas colegas


têm inveja do tamanho do meu rosto."
FM
Christina balançou a cabeça. "Não importa se você é gorda ou

B
magra, o mais importante é ter saúde. A partir da amanhã, vou
engordá-la e deixá-la mais saudável."

Lágrimas escorreram pelo rosto de Belle. "A melhor época da


minha vida foi durante a infância, quando eu vivia com você.
Foi a fase mais feliz da minha vida."

"Quantos anos você tem? Você fica falando como se tivesse


passado toda a sua vida, mas mesmo que tenhamos crescido,
ainda sou sua irmã. É meu dever discipliná-la e protegê-la."

Com os dedos molhados pelas lágrimas de Belle, Christina


acariciou a cabeça da irmã como quando eram crianças.
"Agora estou de volta, e você não precisa mais ter medo de
nada. Não vou deixar ninguém te maltratar de novo."

"Christina, minha irmã!”

Belle pulou nos seus braços, chorando como uma criança.

A noite estava escura.

Um carro preto parou na rua em frente à Mansão das Rosas,


era a segunda vez que Adolph visitava o lugar em menos de
dois dias.

O silêncio incomum e a fragrância de rosas o ajudaram a se


acalmar aos poucos, afastando-o do caos.

Era realmente estranho. Sua vida sofrera uma mudança


drástica em apenas meio mês, desde que havia se divorciado
de Christina.
FM
B
Quando ele deixou a Cidade N, as rosas no pátio haviam
florescido, mas a mulher que as plantou havia partido.

Por algum motivo, ele só ficava calmo quando estava perto


dela, toda sua irritação e ansiedade sumia, tudo se encaixava.

Era como se houvesse um fio invisível que o puxava sempre


para perto dela.

Mas Adolph sabia que estava fora de controle, parecendo


louco e possuído.

Ou talvez, somente tivesse sido seduzido.

Ele segurava o celular já quase sem bateria na mão, e, cada


vez que discava o número dela, desistia.

Durante o trajeto até a mansão, ele tinha pensando em um


monte de coisas para perguntar a ela. Mas depois que
chegara, não sabia mais o que falar.

Ele queria perguntar se o que Hyman lhe dissera era verdade.

Se o que Vincent havia lhe contado realmente acontecera.

Na verdade, ele só queria perguntar se ela ainda o amava.

Capítulo 60

Com o decorrer tranquila da noite.


FM
Jessie acordou ainda sentindo dor no ferimento em sua mão,

B
então franziu a testa e amaldiçoou Christina duas vezes.

Pouco depois, Jessie desceu as escadas, encontrando a


Christina junto com Belle estar tomando o café da manhã na
sala de jantar. Elas conversavam e riam, parecendo em
harmonia.

Atordoada, Jessie arregalou os olhos. "O que está


acontecendo com vocês?"

Belle havia amansado Christina em apenas uma noite? O que


ela não noticiara?

"Bom dia, irmã Christina."

Jessie a cumprimentou em voz alta, para mostrar sua


presença.

Christina deu apenas uma olhada nela, e Belle, que estava


sentada diante dela, cumprimentou a recém-chegada: "Bom
dia, irmã Jessie".

"Bom dia." Jessie se sentou ao lado de Belle com um sorriso e


perguntou timidamente: "Do que vocês estão falando? Por que
estão tão felizes?"

Christina tomou seu mingau e não respondeu.

Mas Belle respondeu, enquanto mirava Christina:


FM
"Estávamos relembrando a nossa infância. Teve uma vez que a

B
Christina nos levou ao pomar para colher caquis, e quase
fomos mordidas por Felizmente, corremos rápido." cães.

"Hahaha... eu me lembro disso."

Jessie riu exageradamente, e Christina e Belle a fitaram com


desgosto nos olhos, fazendo-a se aquietar e calar a boca na
mesma hora.

A atmosfera antes harmoniosa ficou repentino um pouco


estranha.

Então, Jessie abaixou a cabeça e pegou um pouco de mingau.


Depois pensou: 'Fiz certo de trazer Belle para o meu lado.
Essa menina é inteligente! Com as memórias da infância, ela
vai amolecer Christina aos poucos e trazer a humanidade
perdida dela à tona'.

Vendo que Jessie havia ficado quieta, Christina e Belle


voltaram a conversar. "Você vai se formar em breve. Já
encontrou um lugar para estagiar?"

"Ainda não. Eu até ia começar a procurar um, mas recebi o


telefonema da Jessie avisando que você havia retornado, e
resolvi vir até aqui vê-la. Afinal, não via você havia muito
tempo."

Nesse momento, Jessie zombou internamente: 'Mas olha só


que bajuladora, até parece que está dizendo a verdade. Essa
menina finge melhor do que a Christina."
FM
Christina gostou do que ouviu. "Bom, então vou providenciar

B
uma vaga para você na Granger Jewelry, já que você aprendeu
tudo sobre design de jolas, e a sua graduação é perfeita."

"Jura?" Belle mordeu o lábio e perguntou, tímida.

"Nada é impossível."

Christina estava quase terminando de comer, então limpou os


cantos da boca com um guardanapo e disse devagar: "Eu vi
alguns dos seus rascunhos, você é criativa e chela de Idelas. É
muito talentosa, mas ainda é jovem. Será melhor quando tiver
mais experiência."

"Sim, concordo, legal!" Belle assentiu, animada. "Estou


disposta a ir, posso até trabalhar de graça."

"Bobinha, nós trabalhamos para ganhar dinheiro. O salário de


estagiário do Granger Group não é baixo, então você vai poder
focar o aprendizado."

"Ok, obrigada, irma!" Belle ficou muito feliz, afinal, ela tinha
aprendido design de jolas justamente para entrar na Granger
Jewelry. Além disso, ela ainda poderia ajudar Christina
trabalhando lá.

No entanto, Jessie, que estava ouvindo ao lado, ficou com


muita inveja, e falou: "Irmã, eu também quero trabalhar no
Grupo Granger!"

Ela sempre quisera trabalhar lá, mas seu pai não aprovara a
ideia. Ele dissera: "Tudo que você precisa fazer é ficar em casa
FM
e se casar. Seu maior desafio deve ser deleitar o Harry.

B
Trabalhar é muito cansativo."

Será óbvio que ela queria se casar com Harry, mas também
queria trabalhar por si próprio. Não acabava aí, não achava
que trabalhar poderia ser cansativo, já que seu pai saía com
seu tio para se divertir todos os dias.

"Posso ver se tem uma vaga disponível para você no


departamento de limpeza."

Christina respondeu com indiferença.

Belle quase não conseguiu conter o riso e abaixou a cabeça


para comer o mingau.

Mas Jessie corou. "Eu não quero ir para o departamento de


limpeza! Também quero me juntar ao Departamento de Design
de Joias!"

"Pronto, o que você vai fazer se for para lá? Você sabe o
conhecimento de fazer design de joias? Tem algum portfólio?"

Bombardeada com três perguntas, Jessie ficou sem palavras,


então comprimiu os lábios e começou a atacar Belle. "Mas
Belle também não tem nenhum portfólio de design. Ela ainda é
uma estudante universitária. Eu tenho um ano de experiência
de trabalho, pelo menos!"

"Esse um ano de experiência de trabalho que você diz foi


namorando, fazendo compras e participando de diferentes
tipos de banquetes e festas?" Christina retrucou com frieza.
FM
Depois continuou: "Belle ainda não se formou, mas está

B
trabalhando duro e estudando na faculdade. Além disso, ela
estagiou em muitas empresas de design e, inclusive, ganhou o
prêmio do concurso nacional de design de joias."

Os olhos de Jessie se arregalaram de surpresa, e Belle


também fitou Christina em transe. "Como você sabe de tudo
isso?"

"Há todos os tipos de informações na Internet. Basta


verificá-las."

Jessie mordeu o lábio, ainda não convencida: "Se eu não


posso trabalhar na Granger Jewelry, pelo menos providencie
uma vaga para mim na Granger Entertainment. Eu posso não
ter muito conhecimento, mas sou muito bonita e conheço
muitos artistas".

"Você está se referindo àquela influenciadora de mídia social?


A Minnie da Star Entertainment? Ela foi expulsa da indústria
porque ofendeu alguém. A área do entretenimento é muito
complicada. Você não conseguiria entrar a menos que fosse
senso comum."

"O quê? Ela foi expulsa?"

Jessie ficou tão chocada que não percebeu o sarcasmo de


Christina em relação a ela. Tudo que fez foi perguntar
surpresa: "Quem Minnie ofendeu?"

"Meu."

Jessie ficou em silêncio.


FM
B
Acabando do café de manhã, Christina e Belle se levantaram
prontas para partir e nem prestaram atenção em Jessie, que
continuou petrificada em seu assento, chocada por não estar
ciente das últimas notícias.

Assim que elas se aproximaram do carro, o encarregado da


segurança da Mansão das Rosas, o guarda-costas K,
sussurrou para Christina: "Senhorita, há um carro estacionado
do outro lado da rua a noite toda, e não é a primeira vez que
aparece por aqui."

Franzindo a testa, Christina mirou o outro lado da rua e viu um


carro preto estacionado.

"A placa é da cidade N. Você a conhece?"

Christina verificou o vídeo de vigilância, era um Rolls-Royce


preto. É claro que ela conhecia aquele número de placa. Quem
mais poderia ser além de Adolph?

Ele já tinha ido ontem, por que voltara?

De repente, seu celular tocou, era Hyman.

Ela atendeu a chamada, e ele a cumprimentou do outro lado


da linha. "Bom dia, querida."

Hyman havia concordado com a ideia de urbanizar a pista de


corrida depois que ela o contatara, mas havia uma condição:
ele esperava que o Santos Group também fizesse parte da
parceria.
FM
"Adolph aceitou a nossa proposta. Só falta você se decidir

B
agora. Se você concordar, executaremos nosso plano
imediatamente!"

Os olhos de Christina afundaram enquanto ela cerrava os


dentes. "Hyman, você fez isso de propósito, não foi?"

"Não fique brava, só falamos de negócios.

"Foi Adolph quem convenceu o meu pai, depois de horas de


conversa. Não sei como ele conseguiu convencer aquele velho
teimoso, porque ele não queria aceitar no início. Eu não
cheguei a mencionar a sua estratégia para Adolph, mas ele
tinha a mesma ideia que você. Você chegou a falar sobre isso
com ele antes?"

E alguma vez eles falaram sobre isso?

O rosto de Christina ficou sombrio. Adolph nunca havia


prestado atenção nela antes, então como ela poderia falar
sobre o que tinha acontecido no passado com ele?

"Pense bem no assunto. Será bom se o Grupo Santos puder


participar do projeto. Você é uma pessoa inteligente, então
deve considerar os prós e contras melhor do que eu. Apenas
reflita bem e decida."

"Pare de puxar o meu saco. Você e Adolph são farinha do


mesmo saco. Vocês trabalham juntos para conspirar contra
mim."

"Não, nunca. Sou apenas um subordinado, no máximo.


Desconte a sua raiva em Adolph, se precisar."
FM
B
Em seguida, Hyman bufou e perguntou, "Ele já apareceu por
aí?"

Christina respondeu mal-humorada: "O que você acha?"

"Ainda tenho algo para te dizer, ahem... Dias desses, eu falei


demais. Mas ele já sabia que você é uma especialista em
hacking e uma cozinheira de primeira. Não se faça de sonsa."

Christina não disse nem uma palavra.

"Hyman, você quer morrer?" Ela perguntou furiosa.

"Não, não quero, então. Só estou um pouco animado para


saber mais sobre o seu relacionamento. Por que você não me
contou antes que é a garotinha que foi sequestrada naquele
ano?"

Hyman começou a reclamar como uma mulher de meia-idade:


"Eu também participei daquela missão na floresta há dez anos,
fiz parte de tudo. Então, se Adolph foi o seu salvador, eu posso
ser considerado o ajudante, fiz praticamente metade do
serviço. Você poderia muito bem ter uma queda por mim em
vez dele..."

As pupilas de Christina se contraíram e ela virou a cabeça para


olhar o carro preto parado na rua.

Então, Adolph já sabia tudo?

Capítulo 61
FM
Do outro lado da linha, Hyman ainda estava tagarelando.

B
Christina estava fula da vida, então disse com frieza: "Vá para
o inferno."

Em seguida, ela desligou.

Belle ficou chocada e, vendo o rosto sombrio da irmã,


perguntou preocupada: "Irmã, posso ajudar?"

No segundo seguinte, o celular tocou novamente. Não havia


nenhum nome salvo, mas Christina conhecia aquela sequência
de números melhor do que a senha do seu cartão bancário.

Com as emoções aflorando, ela ficou segurando o celular se


sentindo um pouco ridícula.

Pois, pelo que se lembrava, era a primeira vez que o homem


tomava a iniciativa de lhe ligar.

Logo ela se acalmou, respirou fundo e apertou o botão para


atender a chamada.

No momento em que colocou o celular no ouvido, ouviu a voz


rouca do homem, "Alô".

Parecia que ele tinha acabado de acordar, pois estava com a


voz um pouco baixa.

Adolph havia dormido no carro a noite toda.

Continua…
FM
Capítulo 61

B
Do outro lado da linha, Hyman ainda estava tagarelando.

Christina estava fula da vida, então disse com frieza: "Vá para
o inferno."

Em seguida, ela desligou.

Belle ficou chocada e, vendo o rosto sombrio da irmã,


perguntou preocupada: "Irmã, posso ajudar?"

No segundo seguinte, o celular tocou novamente. Não havia


nenhum nome salvo, mas Christina conhecia aquela sequência
de números melhor do que a senha do seu cartão bancário.

Com as emoções aflorando, ela ficou segurando o celular se


sentindo um pouco ridícula.

Pois, pelo que se lembrava, era a primeira vez que o homem


tomava a iniciativa de lhe ligar.

Logo ela se acalmou, respirou fundo e apertou o botão para


atender a chamada.

No momento em que colocou o celular no ouvido, ouviu a voz


rouca do homem, "Alô".

Parecia que ele tinha acabado de acordar, pois estava com a


voz um pouco baixa.

Adolph havia dormido no carro a noite toda. O fato de que ele


acabara de acordar.
FM
B
Ele queria ter ligado para Cristina na noite anterior, mas já era
muito tarde e não queria perturbá-la. De qualquer forma,
decidira não ir para um hotel, pois queria vê-la logo cedo,
conversando com ela o quanto antes.

"Sr. Santos", Christina chamou o seu nome devagar, como se


estivesse se controlando ao máximo para reprimir sua raiva.
"Vamos conversar."

A porta da Mansão das Rosas foi aberta de ambos os lados, e


Christina saiu sozinha.

Ao vê-la, Adolph abriu a porta do carro e ficou a observando se


aproximar passo a passo, diminuindo a distância entre eles aos
poucos.

Walt estava na frente do carro e cumprimentou Christina com


respeito: "Bom dia, senhora."

Porém ela o fitou com indiferença. "Quem é a sua senhora?


Não me chame assim."

Walt sorriu sem jeito. "Por favor, entre no carro."

Adolph estendeu a mão para Christina para ajudá-la, "Entre".

"Sente dentro."

Ela não precisava da ajuda dele.

Adolph fez o que ela pediu e sentou-se mais para dentro, então
Christina entrou no carro e fechou a porta.
FM
B
Na Mansão das Rosas, Belle estava parada na frente do
canteiro de flores esperando por Christina e, ao vê-la entrando
no carro, ficou um pouco preocupada e perguntou ao
guarda-costas K: "Você acha que Christina corre algum
perigo?"

Sendo um homem forte, o guarda-costas K mirou com o rosto


solene a direção não muito longe e respondeu em voz baixa:
"Não tenha medo. Já cuidei de tudo. Enquanto a senhorita não
sair de lá, o carro não sairá do lugar."

Belle assentiu. Christina havia pedido que ela só esperasse um


pouco, pois ia encontrar um amigo.

No entanto, ela percebeu quando olhava para o rosto da irmã


que não se tratava de um amigo, e sim de um inimigo antigo.

Ao ver a mulher que ele havia sentido falta a noite inteira


sentada ao seu lado, Adolph ficou nervoso, e seu coração
acelerou incontrolavelmente.

"Você..."

Ele abriu a boca em transe, cheio de coisas para falar, não


pôde dizer nada mas perguntar: "Você já tomou o café de
manhã?"

Nesse momento, Ronaldo e o motorista saíram do carro,


deixando apenas os dois lá dentro. Em seguida, Christina fitou
Adolph com frieza e não respondeu nada. A atmosfera ficou
estranha.
FM
Adolph ficou um pouco envergonhado. O magnata bom de

B
oratória e capaz de manter a calma no mundo dos negócios
agora parecia uma criança que acabara de aprender a falar.

"Tenho pouco tempo. Vamos direto ao ponto." Christina parecia


uma verdadeira empresária no seu terno laranja: digna,
profissional, e ainda assim jovem, bonita e charmosa.

Mas estava séria, não emanava nenhum afeto.

"Tá bom." Adolph sempre fora uma pessoa direta e odiava


pessoas prolixas, portanto, perguntou sem rodeios, "Você é a
menina que foi sequestrada na floresta há 10 anos?"

O coração de Christina ficou apertado na mesma hora. Ela até


achou que estava mentalmente preparada, mas ao ouvir a
pergunta, memórias antigas afloraram em sua mente.

Ela se forçou a fitá-lo direto nos olhos. "Sim, e foi você quem
me salvou naquela época."

Adolph também sentiu como se seu coração estivesse sendo


esmagado por uma mão.

Mesmo que no fundo já soubesse a resposta, começou a


tremer assim que sua suspeita foi confirmada. Então mirou
Christina com um olhar ardente.

Que destino era esse? Dez anos atrás, eles haviam se


conhecido naquela situação, e agora, dez anos depois,
estavam aqui sentados juntos de novo.
FM
Os lábios dele estavam um pouco secos e sua garganta estava

B
tensa. "Então, três anos atrás, você se aproximou de mim e se
casou comigo para retribuir minha bondade ao salvá-la?"

Christina não se esquivou. Em vez disso, respondeu: "Você


acha que sou o tipo de mulher que se entrega a um homem
apenas para retribuir sua bondade?".

Os olhos de Adolph brilharam. "Então, você..." "Eu me casei


porque gostava de você."

No momento em que o sentimento reprimido por dez anos foi


declarado, Christina sentiu como se um peso enorme tivesse
sido tirado do seu coração.

Ela se sentiu aliviada.

Mas quando Adolph a ouviu dizer, "gostava de você", foi como


se uma enorme pedra explodisse de repente dentro dele.

"Antigamente", Christina acrescentou. "Eu gostava de você


antigamente. Para ser exata, eu tive uma queda por você por
um longo tempo."

Ela passara toda a juventude apaixonada por ele.

E, no começo, aquele amor secreto era doce, mas depois, foi


ficando amargo. A doçura ficou amarga, e sua juventude se foi.
Seu casamento fracassado foi como o enterro desse amor
infantil.

Mas ela não se arrependia de nada. Pelo menos, Adolph a


fizera saber como era amar alguém.
FM
B
Ao ouvir a palavra "antigamente", Adolph sentiu uma emoção
inexplicável e, depois, uma acidez na boca.

Ele comprimiu os lábios finos. "Então, por que você mentiu


para mim? Por que você escondeu a sua identidade?"

"Porque eu sou a filha mais velha da família Granger.

"Não vamos falar sobre o relacionamento entre o

Santos Group e o Granger Group. Naquela época, meus pais


tinham morrido havia pouco tempo, e minha família não estava
bem. Esconder a minha identidade era a melhor opção."

"Ouvi dizer que seus pais foram para a cidade N para ajudá-la
a se casar?" "Sim."

Dito isto, não havia mais nada a esconder. "Eles sabiam que
eu gostava de você e não conseguiram acabar com o meu
sentimento. Então, mesmo sabendo das dificuldades entre as
nossas famílias, eles tentaram me ajudar."

Ela sentiu uma leve dor entre as sobrancelhas. "Às vezes acho
que se não fosse por esse meu desejo, e se mamãe e papai
não tivessem ido para a cidade N por mim, tudo o que
aconteceu depois não teria ocorrido."

Adolph fitou o rosto pálido de Christina e de repente sentiu


pena. "Christina..."

"Tudo já passou."
FM
Christina tentou suprimir a dor repentina em seu coração.

B
"Você não tem que me confortar. Gostar de você era um
problema meu, não tem nada a ver com você. E também já
disse que isso foi antigamente."

Ela mirou os olhos dele e disse de forma clara: "Adolph, eu


retribui tudo o que eu devia a você. Estou feliz por não te amar
mais."

Capítulo 62

Quando Christina ficou sem expressão e disse a ele que não o


amava mais, Adolph sentiu seu coração parar de bater por um
momento.

Ele acabara de descobrir o que eram decepção e tristeza.

Não que ele já não tivesse sido abandonado.

Quando Emily terminou o relacionamento entre eles, ele só


sentia raiva, pois achava que ela não confiava nele o suficiente
para protegê-la.

Como consequência, ele acabou fechando o coração ao


pensar que o amor não era capaz de suportar o peso da
realidade.

Naquela época, quando Christina se aproximou dele, ele


estava ambos no pior estado de saúde e espírito, então nem
sequer lhe deu um sorriso ou falou com ela com gentileza.

Se não houvesse aquele sentimento guardado, aquele


"gostar", ela nunca teria ficado tanto tempo ao lado dele.
FM
B
"Peço desculpa", Adolph pediu desculpas novamente. "Eu
falhei tudo."

Christina abriu um sorriso que não chegou aos olhos. "Você


não fez nada de errado, só não me amou."

"Meu..."

"Tá no passado."

Christina não o deixou continuar, pois não gostava que


sentissem pena dela.

"Você não tem que ter pena de mim. Eu só não te disse isso
tudo antes porque sentia que não havia mais necessidade de
mencionar o passado se já tínhamos nos divorciado. E só
estou lhe contando agora porque Hyman acabou falando o que
não devia. Mas acho melhor esclarecer os fatos e deixá-lo
tranquilo, em vez de deixar terceiros acrescentarem mais
detalhes irrelevantes. Não há necessidade de você ficar
obcecado com esse assunto."

Adolph assentiu. "É ótimo ouvir isso de você."

"Agora que deixamos tudo claro, podemos deixar de lado


nossos assuntos particulares. Vamos falar de negócios."

Christina encarou a expressão atordoada de Adolph e


percebeu que ele ainda estava absorto e chocado com seu
"amor".

Mas o que havia para se surpreender?


FM
B
No passado, todos sabiam que ela gostava de Adolph. Exceto
ele, todos viam o quanto ela o amava. Mas agora, ela já tinha
provado o suficiente da amargura do amor.

Portanto, para o resto da vida, só queria amar a si mesma.

Ela não ia se enamorar ninguém.

Calma, ela disse em tom frio: "Sr. Santos, perferia de separar


assuntos públicos e privados, não gosto de misturá-los. No
passado, eu me recusei a estabelecer uma parceria com você
porque não tínhamos uma relação clara e me senti
desconfortável. Mas agora, não há mais necessidade de ser
arrogante. Então gostaria de convidá-lo a juntar-se a nós no
projeto para o projeto da construção de um hipódromo nos
subúrbios do norte da Cidade S, gostaria de tê-lo como meu
parceiro."

Christina estendeu a mão para Adolph com uma atitude


sincera, nem humilde ou arrogante, como se estivesse diante
de um parceiro de negócios comum.

O silêncio reinou por uns dez segundos, durante os quais


Adolph a encarou com olhos profundos, antes de estender a
mão devagar e apertar a dela.

Duas mãos igualmente cobertas de calos grossos se uniram,


como duas almas teimosas e inflexíveis entrelaçadas.

"Prazer em trabalhar com você."


FM
Depois de combinar uma reunião à tarde no Granger Group

B
para discutir mais detalhes da parceria, Christina desceu do
carro dele.

Adolph a ficou observando. Ele sentiu vontade de pará-la e


dizer "me desculpe" por outra vez, mas desistiu no último
minuto.

Talvez, seu pedido de desculpas não fosse o que

ela precisava.

Ao ver Christina voltando para a Mansão das Rosas, Belle, que


estava esperando há muito tempo, correu até ela.

"Christina, por que você demorou tanto? Tá tudo bem?"

Belle olhou a irmã de cima a baixo para ter certeza de que ela
não estava ferida, e só então relaxou.

"Estou bem. Entre no carro", Christina respondeu com um tom


leve, como se nada tivesse acontecido.

Mas seus olhos vermelhos diziam que as coisas não eram tão
simples, e, por isso, Belle olhou para fora da mansão e viu o
carro preto saindo devagar.

Quem estava no carro?

E como ele conseguira deixar sua irmã tão triste?

Elas entraram na empresa assim que chegaram.


FM
Porém, era a primeira vez que Belle ia ao Granger Group,

B
então o coração dessa menina acelerou assim que viu o prédio
alto, o saguão e todos os funcionários.

Christina já se destacava ma multidão, todas as pessoas a


cumprimentavam, e ela só assentia, olhando firmemente para
frente.

Belle seguia atrás da irmã com o rosto cheio de

orgulho e admiração, como uma pequena fã.

Após entrarem no escritório, Christina falou: "Você pode se


sentar. O que gostaria de beber?"

"Qualquer coisa. Pode ser água."

Logo depois, a assistente administrativa bateu à porta e entrou


com um copo de água fervida, com a qual serviu Belle e
preparou uma xícara de café para Christina.

Nesse momento, Gabriel entrou e ficou um pouco surpreso ao


ver Belle. "Eh? Talvez já veja essa menina antes."

Belle se levantou e olhou para Christina, nervosa.

Christina, por sua vez, ligou o computador, pegou sua xícara


de café e tomou um gole. Depois revirou os olhos e os
apresentou. "Esse é o meu assistente geral, Gabriel Vintos, e
esta é a minha terceira irmã, Belle Granger."

"Então, você é a senhorita Belle."


FM
Gabriel se aproximou com um sorriso. "Você é da Universidade

B
Sanlucia, não é? Fui lá no aniversário de 30 anos da
faculdade, e a vi subindo no palco para fazer fazer um
discurso. Você era a representante estudantil, não era?"

Belle assentiu, tímida, e seu lindo rosto ficou vermelho na


mesma hora. Ela também conhecia bem quem era Gabriel.

Afinal, ele era um ex-aluno famoso da Universidade Sanlucia,


que havia se formado quatro anos antes dela.

Ou seja, ele tinha acabado de se formar quando ela foi para lá,
então Belle havia perdido a oportunidade de interagir com ele.
Mas Gabriel ainda era muito popular em toda a universidade.

A vida era assim mesmo, algumas pessoas tinham vidas


deslumbrantes, como as estrelas no céu, e só podiam ser
admiradas e vistas de longe.

Entretanto, essa estrela apareceu de repente na frente dela.

"Prazer em conhecê-lo, Sr. Vintos."

Ele abriu um sorriso brilhante. "Você não precisa ser tão


educada. Apenas me chame de Gabriel."

Gabriel... O rosto de Belle ficou vermelho novamente.

Christina ouviu a conversa e disse baixinho: "Ah, quase me


esqueci. Você também se formou na Universidade Sanlucia e
fez mestrado e doutorado no exterior."

"Exatamente."
FM
B
Gabriel colocou uma pilha de documentos grossos na mesa de
Christina e soltou um longo suspiro. "Eu era um aluno
excepcional e muitos professores me convidaram para
trabalhar com pesquisa. Como acabei parando aqui?"

"Você se acha injustiçado por trabalhar comigo? Se quiser,


pode sair agora. Ninguém vai te impedir", Christina levantou os
olhos e respondeu.

"Não, sou apenas uma pessoa comum. E, para mim, o mais


importante é ganhar dinheiro. Afinal, eu tenho uma mãe de 80
anos e uma criança de 10 anos para cuidar", Gabriel retrucou
sorrindo.

"Já chega. Não se faça de coitado aqui.

"Preciso que você faça duas coisas. Primeiro, arranje um


estágio para Belle como assistente de design na Granger
Jewelry. Segundo, elabore o contrato do projeto do hipódromo
para assinarmos com o Santos Group à tarde."

Ao ouvir a primeira solicitação, Gabriel virou a cabeça e piscou


para Belle. Mas quando ouviu a segunda, a expressão em seu
rosto congelou, e ele se virou abruptamente para olhar para
Christina.

"O quê? Santos Group?"

O rosto do assistente estava cheio de choque e curiosidade.


"Você e o Sr. Santos se reconciliaram?"

Capítulo 63
FM
B
Belle ainda ponderava as palavras de Gabriel, 'tenho uma
criança de dez anos para cuidar', quando arregalou os olhos ao
ouvir a palavra 'se reconciliaram'.

Com quem a irmã se reconciliou?

Será que a pessoa no carro era o ex-namorado de Christina?

Christina franziu um pouco a testa. "Não grite."

Gabriel logo se conteve e cruzou as mãos. "Desculpe, é que eu


fiquei muito animado."

Vendo que o ambiente estava estranho, Belle interveio e disse:


"Irmã, não vou mais te atrapalhar aqui no trabalho. Vou pedir
ao Sr. Vintos que me leve ao Departamento de Design de Joias
para que eu já possa me acostumar com o estágio com
antecidência."

"Tá bom." Christina acrescentou baixinho: "Se houver alguma


dúvida, lhe pergunte. Logo que trabalhe aqui, seja modesta,
fale pouco e seja proativa."

Belle assentiu, obediente. "Entendido."

Então, ela puxou Gabriel, que, ao ver o seu nervosismo,


pensou: 'Como uma bela júnior, ela sabe como me proteger'.

Adolph estava na suíte que Hyman havia alugado por um longo


período no Cloud Bar.
FM
Ele não sabia se era porque tinha ficado no carro durante toda

B
a noite e não havia dormido bem, mas sua cabeça zumbia,
como uma pista de dança.

As palavras de Christina continuavam a ecoar em seus


ouvidos, assim como sua expressão e seus olhos enquanto
falava. Era difícil de esquecer por sempre.

Ela ainda disse que não o amava mais.

Um sorriso amargo apareceu nos lábios de Adolph. Mesmo


que Christina o amasse profundamente, qualquer pessoa
desanimaria depois de ser tratada com frieza por três anos.

Não era exceção uma mulher orgulhosa e digna como a


senhorita Granger.

Quando ele propôs o divórcio, o olho dela se encheu de


lágrimas, e ela lhe pediu que ficasse ao seu lado. Naquela
época, ela deixará o orgulho de lado.

Mas foi uma pena que, nessa altura, ele estivesse cego no
coração, pois só conseguia enxergar Emily e ninguém mais.

Mesmo sabendo que estava sendo cruel, ainda assim optou


por uma pequena perda em vez de uma longa tristeza da toda
vida, e acabou com o casamento deles.

Agora, tudo o que queria era poder voltar atrás em suas


palavras.
FM
Ela não estava mais disposta a ficar com ele, que tinha

B
passado tanto tempo o esperando em silêncio e tratando-o
com amor.

E tudo isso era culpa dele. Quem mais ele poderia culpar?

Às quatro horas da tarde, Adolph chegou ao Grupo Granger,


por outra vez.

Após a demissão de Alice, as funcionárias da recepção


estavam seguindo estritamente a ética profissional e não o
deixaram entrar sem autorização por causa de sua beleza.

Uma boa aparência era importante, mas o emprego delas era


mais!

Antes que Adolph e Walt pudessem falar, elas já rejeitaram,


sérias: "Sinto muito, senhor, mas você não pode encontrar a
Srt. Granger sem hora marcada. É contra as regras da nossa
empresa."

Walt explicou que dessa vez eles tinham uma reunião marcada
com a presidente, mas, desconfiadas e cautelosas, as meninas
se recusaram a deixá-los entrar.

Prestes a ter sua entrada recusada pela terceira vez, Adolph


prendeu a respiração e pegou o celular para ligar para
Christina, mas o elevador do escritório do CEO abriu de
repente e Gabriel saiu.

Ele caminhou até Adolph e disse educadamente: "Sr. Santos,


desculpe por fazê-lo esperar. A senhorita Granger está se
esperando no escritório. Por favor, venha comigo."
FM
B
A seguir, sob os olhares surpresos das garotas da recepção,
Adolph o seguiu até o elevador.

Nessa hora, Walt levantou a cabeça e estufou o

peito, sentindo-se orgulhoso.

Christina tratava o ex-marido de maneira diferente ao vê-lo


como parceiro de negócios.

O elevador chegou ao 17º andar, e todos os funcionários do


escritório do CEO se levantaram e saudaram Aldoph ao vê-lo
chegando com Gabriel: "Boa tarde, Sr. Santos."

Não que Adolph nunca tivesse visto tal cortesia antes, até
estava acostumado com isso. Mas ser tratado dessa forma no
escritório de Christina foi algo fora do normal.

Adolph riu de si mesmo, ele estava lisonjeado.

Gabriel liderou o caminho e bateu a porta. "Senhora Granger, o


Sr. Santos já está."

Christina ainda estava trabalhando no computador, mas, ao


ouvir Gabriel, olhou para cima e viu um homem alto e magro
de terno preto entrando. Sua gravata estava impecável. Toda a
sua figura era solene e rigorosa.

Era a primeira vez que ela o encontrava em uma reunião


oficial. Era uma sensação totalmente nova, e Adolph sentia o
mesmo.
FM
"Sr. Santos, por favor, sente-se." Ela empurrou a cadeira e se

B
levantou, acenando levemente com a mão.

Christina ainda estava com o mesmo terno laranja de quando o


encontrara naquela manhã. Ela não havia se arrumado para
ele, mas sua aura estava diferente agora.

Era a segunda vez que Adolph entrava em seu escritório, mas


da última vez, fora um momento infeliz, e ele não reparara no
ambiente.

O local tinha um estilo diferente do habitual, o tom não era nem


quente nem frio. Era retrô e até antiquado, bastante parecido
com o estilo do seu próprio escritório.

De repente, Adolph foi atraído por uma pintura com caligrafia,


era um poema.

"Rugindo e andando devagar, sem ouvir o som das gotas de


chuva caindo nas folhas. Andando com uma bengala e
sandálias de palha, a passos mais leves do que andando a
cavalo.

Teria medo? Não! Em uma capa de chuva de palha, eu já me


preparo para as tempestades da vida."

Era um poema de um poeta famoso todo o mundo.

Tanto a pintura quanto a escrita eram incríveis.

Adolph a encarou por um longo tempo e disse: "Essa pintura..."

"É uma cópia."


FM
B
"Eu sei. Só que a técnica utilizada para fazer essa cópia foi
excelente. Quem é o pintor?"

"Sr. Santos, se você gostou, pode levá-la", Christina serviu o


chá e disse, calma.

Os olhos de Adolph se iluminaram e ele ficou um pouco


surpreso. "Um presente para mim?"

Christina levantou os olhos e respondeu: "Traga os quatro


bowls esmaltados aqui. Vamos fazer uma troca."

Com certeza, ela não era caridosa.

Adolph sorriu, impotente. "Eu não sabia que você também


estudava antiguidades. No leilão, percebi que era uma
especialista."

Mas ela ainda mostrava tímido sobre isso na frente dele.

Christina sentiu mágoa assim que se lembrou disso. Seu


coração doía pelos quatro pequenos bowls que ele havia
arrebatado.

Eles mudaram de assunto e começaram a discutir as detalhes


sobre o hipódromo. Christina pegou algumas fotos que havia
tirado de lá e as mostrou a Adolph. Também lhe contou
algumas de suas ideias.

Adolph havia estudado muito sobre o assunto antes da


reunião, então acrescentou algumas sugestões ao projeto.
FM
No início, Christina receara que ele só concordasse com suas

B
ideias porque queria trabalhar com ela. Não esperava que ele
trouxesse outros pontos à pauta.

Além disso, muitos tópicos que ela não havia comentado com
Hyman foram levantados por Adolph, o que lhe deu a
sensação de que eles tinham o mesmo ponto de vista.

Como eles estavam estabelecendo uma parceria, Adolph tinha


que ser sincero, então compartilhou alguns dos benefícios que
eles poderiam trazer se o Santos Group se juntasse ao projeto.

"Já construímos parques de diversões infantis antes, incluindo


instalações básicas. Temos produtos prontos. Então, o projeto
será concluído rapidamente após a assinatura do contrato."

Christina ouviu em silêncio e tomou um gole de chá. Ela


assentiu e disse devagar: "Vejo sinceridade nas suas palavras,
Sr. Santos. Estou muito satisfeita. Pode fazer o seu pedido."

Os olhos de Adolph se estreitaram um pouco. Christina


permaneceu calma do início ao fim. Ele achava que ela estava
sendo descuidada, mas na verdade, ela estava apenas
esperando o que ele pediu.

Não havia necessidade de rodeios ao falar com

pessoas inteligentes. "Espero que o projeto hoteleiro do projeto


do hipódromo possa ser entregue a nós", ele disse

sem rodeios.
FM
"O HS Hotel é a marca que o senhor tem tentado ao máximo

B
criar nos últimos anos. Só que o investimento é enorme e os
resultados são lentos. Esse projeto também nunca foi
aprovado pelo conselho de administração, então seria difícil
seguir em frente com ele no momento. Você aceitou fazer parte
do projeto do hipódromo e, mesmo tendo a menor participação,
cobriu quase metade do investimento. A razão pela qual você
aceitou reduzir o seu valor não é para me agradar, mas para
poder investir no seu plano de marca, não é?"

Ela tinha sido tão direta ao falar sobre as ambições e intenções


dele, que Adolph ficou um pouco envergonhado.

Mas respondeu com calma, sem ser humilde nem arrogante:


"Senhorita Granger, também faço uma distinção clara entre
assuntos públicos e privados. Eu nunca entraria em um projeto
de negócios para agradar alguém. O objetivo da parceria é
beneficiar todos, não acha?

Ele acrescentou: "A marca HS Hotel do Group Santos ainda


não foi totalmente desenvolvida, mas sua reputação é
conhecida por todos. Acredito que sua adesão seria benéfica
ao hipódromo."

"Sr. Santos, você não entendeu o meu ponto. Se você


realmente só quisesse me agradar, eu me sentiria culpada.
Mas como isso não procede, acredito que essa estratégia será
ótima e que o HS Hotel se tornará um famoso hotel de ponta."

Ela empurrou o contrato impresso para Adolph e The entregou


uma caneta. "Desejo que seu sonho se torne realidade e estou
feliz com a nossa parceria, Sr. Santos."
FM
Adolph encarou o sorriso comercial de Christina, ficando

B
atordoado.

Capítulo 64

Adolph já tinha se surpreendido com Christina várias vezes


após o divórcio, mas seu comportamento no trabalho fora o
mais chocante.

E ele já tivera contato com muitos CEOs, porém a maioria


deles lhe passava a impressão de serem ou muito emocionais
ou muito racionais e exigentes. Nenhum deles era como
Christina, que era firme e direta, mas ainda assim gentil.

Não acabava aí, ela havia escancarado as intenções dele sem


rodeios.

Se o que ele tinha ouvido era falso, o que tinha presenciado


era real.

Ele sempre havia subestimado a ex-esposa.

Nesse momento, Adolph tinha sentimentos complexos no


coração. Ele pegou o contrato que ela havia lhe entregado, foi
para a última página e pegou a caneta para assiná-la.

Mas Christina tomou o gole de chá, o lembrou suavemente:


"Não se apresse em assinar o contrato, Sr. Santos. Você pode
examiná-lo com cuidado primeiro e depois assiná-lo. Ainda
temos tempo para fazer quaisquer alterações necessárias."
FM
"Não preciso. Acredito que a senhorita não me enganaria."

B
Adolph assinou o documento, retirou um carimbo em formato
de rosa do bolso e carimbou o contrato.

As pupilas de Christina se contraíram, não imaginava que ele


carregasse esse carimbo com ele.

O que ele queria fazer? Tentando ser sentimental?

Não era possível.

Como ele já o havia utilizado, ela não fingiria que não o tinha
visto.

"Você gosta muito desse carimbo?"

Adolph levantou os olhos. O jade branco tinha uma textura fria,


como o par de olhos que ele encarava agora. Era claro e puro,
como a água da nascente de um riacho na montanha. Ele
apertou o carimbo e admitiu:

"Gosto muito."

"Seja pelas pedras jade ou pelas habilidades da escultura,


trata-se de um trabalho que exige muita maestria. Gostaria de
saber quem o esculpiu para você."

Ele acrescentou: "Se possível, gostaria de pedir a ele que


esculpisse algo para mim."

"Ela provavelmente está sem tempo no momento."


FM
Christina rejeitou o pedido dele e pegou a xícara para tomar

B
chá. E depois, instruiu Gabriel a dar continuidade no processo
o mais rápido possível e disse a Adolph: "Depois que Hyman
assinará o contrato, o projeto poderá começar oficialmente."

Adolph assentiu, ainda intrigado com a recusa de Christina. Ela


o rejeitara tão rápido... Será que a mestre de escultura de jade
era ela mesma?

No momento em que essa ideia veio à tona, Adolph riu


amargamente em seu coração.

Quando ele começara a ser tão desconfiado?

Saber que ela era uma especialista em hacking e uma


cozinheira de primeira linha já tinha sido suficiente para
chocá-lo. Agora, se ela fosse capaz de esculpir jade, não
haveria nada mais que o surpreenderia.

Christina se levantou. "Acredito que você seja bastante


ocupado. Se não houver mais nada para discutirmos, podemos
encerrar a reunião."

Ela estava pedindo para eles partirem tão cedo.

Adolph também se levantou e a fitou. "Senhorita Granger, o


que acha de bebermos algo juntos? Se você tiver tempo livre,
é claro."

"Talvez outro dia." Christina abriu um sorriso educado. "Como


você pode ver, eu estou... muito ocupada."
FM
Adolph fingiu não entender as entrelinhas. "Não importa. Posso

B
esperar pelo tempo que precisar."

Christina ficou sem palavras.

Esse cara não era rejeitado há muito tempo. Será que ele tinha
enlouquecido por causa de quatro bowls esmaltados?

"Eu realmente não posso ir, nem mais tarde. Tenho um


compromisso com alguém à noite", Christina mais uma vez o
rejeitou.

Assim que ela terminou de falar, Gabriel entrou com o celular


na mão. "Senhorita Granger, Martin ligou e disse que o
ouriço-do-mar de Hokkaido chegou antes do previsto. Seria
bom ir até lá, se você não estiver ocupada."

"Ok, já estou indo."

Martin a tinha salvado no momento certo. "Sinto muito, Sr.


Santos. Realmente estou ocupada. Talvez outro dia possamos
jantar, se você estiver disponível."

Adolph tinha sido repetidamente rejeitado, mas mesmo assim


não ficou muito envergonhado. Apenas perguntou, sério:
"Combinado. Então, que dia?"

Ele era persistente e não desistiria até atingir seu objetivo.

Quase a Christina estava fula da vida e ela se


FM
forçou a suprimir o fogo de raiva no seu corpo. Com um sorriso

B
artificial, ela disse: "Vamos aguardar até o dia em que você
estiver disposto a me dar os bowls esmaltados."

Qualquer coisa, ele não os daria a ela.

Os olhos de Adolph escureceram, e ele ponderou por um


tempo. "Ok, então amanhã."

Christina não soube o que disse mais uma vez.

"Eu te buscarei amanhã à noite às seis horas. Não vou mais


incomodá-la. Até mais." Adolph disse com firmeza, antes de
assentir e

sair com Walt e os outros.

Christina o observou saindo e perguntou a Gabriel com


ceticismo: "Ele disse algo errado, ou eu ouvi errado? O que ele
pensa?"

"Você disse que se o Sr. Santos estivesse disposto a lhe dar os


bowls esmaltados, você lhe ofereceria um jantar. Ele
concordou, então ele vai buscá-la amanhã às seis horas da
noite. Então, vou resumir abaixo. Às dezoito horas de amanhã,
você sairá com o Sr. Santos para jantar, e ele lhe dará os
bowls esmaltados."

Era exatamente o que ela havia entendido.

Christina franziu a testa. "Quem lhe prometeu que eu sairá com


ele?"
FM
Gabriel piscou de forma inocente, "Não fui eu, de qualquer

B
maneira."

Ao pensar que ia jantar com Adolph na noite seguinte,


Christina se sentiu tão mal que até perdeu o apetite para
saborear o ouriço-do-mar.

Ela buscou Belle, e as duas foram ao restaurante

japonês reservado por Martin.

Quando ele soube que Belle estava do lado da

Christina, ele a considerou como um dos seus na mesma hora


e a cumprimentou calorosamente. Depois, mirou Christina, que
estava abatida. "O que aconteceu? Faz tanto tempo que você
está esperando para provar esse prato... o ouriço-do-mar está
bem fresco. Experimente."

Christina respondeu com um "hmm" e comeu em silêncio.

Belle ficou preocupada ao ver Christina infeliz, mas não se


atreveu a dizer ou perguntar nada. Confusa, ela encarou
Gabriel e perguntou baixinho: "O que aconteceu com minha
irmã?"

Gabriel meneou a cabeça e gesticulou para ela: "Está tudo


bem, não se preocupe."

Depois empurrou o sushi na frente de Belle e disse: "Se você


ainda não comer o salmão, pode tentar isso. É muito delicioso."

Belle assentiu e sorriu para ele com gratidão.


FM
B
Em frente ao restaurante japonês, Adolph observava Christina
tranquilo, que comia perto da janela. Sentado em frente a ela
estava um homem bonito, da Família Bergen.

Era o famoso Martin, um jovem mestre frio e nobre da Família


Bergen, que, por algum motivo, era extremamente atencioso
com ela.

Não era grande coisa servir-lhe um pouco de comida, mas


limpar a boca dela... Não era próximo demais?

Os olhos profundos de Adolph estavam particularmente frios


essa noite. Quando ele pensava em como Christina o havia
rejeitado de todas as formas para sair com outro homem,
sentia-se desconfortável de uma forma inexplicável.

Walt se sentou no banco do passageiro, desligou o celular e


relatou: "Sr. Santos, pedi a alguém para trazer os pequenos
bowls do museu. Chegarão na cidade S amanhã."

Ele acenou com a cabeça.

Walt ficou pensativo e não pôde se conter. "O senhor tem


certeza do que está fazendo? Você gosta tanto desses quatro
bowls. Está mesmo disposto a entregá-los assim?"

Adolph era um colecionador. Walt trabalhava com ele havia


muito tempo, mas nunca o tinha visto tomando a iniciativa de
dar alguma coisa. Era a primeira vez. Até o diretor do museu
havia ficado chocado e perguntara três vezes: "Você tem
certeza de que foi o Sr. Santos quem pediu a levar isso? Para
quem ele vai dar esses bowls?"
FM
B
Walt assegurou ao diretor que fora o Sr. Santos quem havia
pedido os bowls, e que ele queria dá-los à ex-esposa. Só então
o homem relaxou as sobrancelhas e disse: "É para ressuscitar
os mortos, então?"

"Você não sabia lhe pedir de outra maneira?" Os cantos da


boca de Walt se contraíram enquanto ele pensava.
'Reconciliação' seria uma palavra melhor.

Adolph não mostrou nenhuma relutância. Ele mirou Christina


pela janela de vidro e disse: "O que é meu é dela. Não há nada
do qual eu não esteja disposto a abrir mão por ela."

Capítulo 65

Enquanto Belle ia ao banheiro, Martin perguntou a Christina:


"Que diabos está acontecendo? Quem deixou você tão
infeliz?"

Christina bebeu o saquê japonês, parecendo não querer


responder.

Observando tudo, Gabriel explicou o que havia acontecido à


tarde e, quando Martin ficou sabendo a verdadeira razão para
tamanha tristeza, disse: "E eu achando que era possível que
tinha acontecido algo sério, mas só um convite de jantar. Tem
medo?"

A taça de vinho bateu na mesa, e Christina levantou a cabeça


parecendo zangada. "Ele não me convidou para jantar. Ele
queria que eu o convidasse para jantar!"
FM
"Ok, tudo bem."

B
Martin corrigiu suas palavras. "Você o convidou para jantar,
então leve-o, é simples. Não é algo que você não possa pagar.
Além disso, ele levará os pequenos bowls só para vê-la. É uma
troca justa."

Continua…
FM
Capítulo 65

B
Enquanto Belle ia ao banheiro, Martin perguntou a
Christina: "Que diabos está acontecendo? Quem deixou
você tão infeliz?"

Christina bebeu o saquê japonês, parecendo não querer


responder.

Observando tudo, Gabriel explicou o que havia acontecido


à tarde e, quando Martin ficou sabendo a verdadeira razão
para tamanha tristeza, disse: "E eu achando que era
possível que tinha acontecido algo sério, mas só um
convite de jantar. Tem medo?"

A taça de vinho bateu na mesa, e Christina levantou a


cabeça parecendo zangada. "Ele não me convidou para
jantar. Ele queria que eu o convidasse para jantar!"

"Ok, tudo bem."

Martin corrigiu suas palavras. "Você o convidou para jantar,


então leve-o, é simples. Não é algo que você não possa
pagar. Além disso, ele levará os pequenos bowls só para
vê-la. É uma troca justa."

Christina olhou para ele, sem expressão. "O problema não


são os quatro bowls, e sim, que eu não quero jantar com
ele!"

"Ei, isso é culpa sua."


FM
B
Martin era racional. "Você barganhou, e ele aceitou a sua
condição. Agora você terá que jantar com ele. De qualquer
forma, todo mundo tem que comer. Jantar com ele será o
mesmo que comer com qualquer outra pessoa, não?"

Christina bufou. "É fácil para você dizer isso. Pode ir no


meu lugar, se quiser."

"Se Adolph estiver disposto a me dar os quatro bowls,


estou disposto a ir."

Christina estreitou os olhos. "Que homem sem cara você


é."

"Diante de preciosidades, não há necessidade de


princípios."

Martin queria provocá-la. "Foi você quem me disse isso. No


passado, para obter algo precioso, você estava disposta a
fazer qualquer coisa. Até ficou um mês no campo ajudando
alguns trabalhadores agrícolas por causa de um armário
antigo quebrado. O que aconteceu, ficou madura e covarde
agora? Não pode nem sair para jantar?"

Ele brincou com ela por um longo tempo, mas Christina


permaneceu em silêncio.

Sim, eles eram caçadores de antiguidades, e nenhum


deles tinha vergonha. Para conseguirem o que queriam,
eles eram capazes de qualquer coisa, inclusive táticas
FM
extremas. Apegar-se demais aos princípios não lhes traria

B
nenhum benefício.

Da última vez, ela fora derrotada por Adolph. Mas agora,


ele estava lhe oferecendo os pequenos bowls. Como ela
poderia perder uma oportunidade tão boa?

Ela balançou a cabeça e sorriu amargamente.

"Estou sendo muito velha e tímida. Certo, é apenas um


convite de jantar. Vale a pena pelos quatro bowls."

"Isso mesmo." Martin sabia que sua irmãzinha era


inteligente e entendia tudo com facilidade. A questão é que
ela ficava confusa quando se tratava de Adolph.
"Lembre-se de uma coisa. Vocês agora são um casal
divorciado, então você não tem que mostrar nenhuma
misericórdia para com ele. Tire vantagem dele quando
precisar, é simples!"

Christina sorriu. "Você está certo, Martin. Saúde!" Eles


brindaram.

Quando Belle voltou do banheiro, encontrou uma nova


Christina, bem mais animada e apreciando o
ouriço-do-mar. Ela ficou surpresa com a mudança rápida
de humor da irmã. "Perdi alguma coisa?"

"Não foi nada." Gabriel disse: "Não dê ouvidos às más


intenções dos adultos."
FM
Belle olhou para Christina, confusa. "Mas a minha irmã é

B
tão gentil. Que más intenções ela poderia ter?"

Christina assentiu, sentindo que Belle estava certa.

Nesse momento, Gabriel e Martin menearam a cabeça ao


mesmo tempo, admirando a inocência de Belle quanto à
irmã. "Ela é muito má. Belle, ouça meu conselho. Nunca
bata de frente com a sua irmã mais velha. Ou seu destino
será terrível."

Depois que terminaram de comer, eles deixaram o


restaurante japonês, e, enquanto Gabriel e Belle buscavam
o carro, Martin e Christina ficaram esperando na porta.

Por estar com o celular sem bateria, Christina pegou o


celular de Martin para jogar um pouco. No meio da partida,
ela de repente perguntou: "O irmã Yale está na Cidade S?"

"Como?" Martin evitou seus olhos. "De jeito nenhum."

Christina clicou na tela do celular dele e mostrou duas


mensagens de WhatsApp a Martin. A primeira era uma foto
de uma sala privada no Cloud Bar, na qual belas mulheres
estavam sentadas em círculo ao redor de um homem de
pele clara e rosto encantador, que tinha uma pequena
trança. Ele parecia distinto na foto, com as pernas
ligeiramente dobradas.
FM
A segunda mensagem era uma frase simples: "Vim no seu

B
bar me divertir um pouco. Não conte a irmãzinha Christina
que estou na cidade S."

"P*rra!" Martin pegou o telefone de Christina, ele nunca


havia esperado que Yale lhe enviasse uma mensagem
nesse momento, muito menos que deixasse sua irmãzinha
ver uma foto tão decadente.

Christina estreitou os olhos. "Por que vocês não poderiam


me avisar que ele está na cidade S?"

Martin sorriu sem jeito. "Ele só queria te fazer

uma surpresa."

"É realmente surpreendente." Christina bufou. "A primeira


coisa que ele fez ao chegar aqui não foi ver a própria irmã,
mas, sim, se divertir. Bom para ele."

Frustrada, ela estendeu a mão para Martin. "Vou conversar


com ele."

Martin não queria ofendê-la, então foi obediente e lho


entregou, sem se importar mais com a irmandade.

Christina ligou a câmera e agarrou o pescoço de Martin,


depois tirou uma foto dos dois e enviou para Yale com a
seguinte frase: "Yale Quinn, não precisa mais vir me ver!"

Então ela devolveu o celular a Martin e entrou no carro.


FM
B
Quase na mesma hora em que o carro partiu, Martin
recebeu a telefonema do seu segundo irmão. Ele suspirou
e atendeu a ligação, logo ouvindo a voz em pânico de Yale:
"O que aconteceu? Por que Christina está com você?"

"Acabamos de comer. Eu lhe disse para não inventar de


fazer nenhuma surpresa. Elas nunca foram
bem-sucedidas... desde a infância."

Do outro lado da linha, Yale rugiu: "Isso porque tenho


cúmplices estúpidos como você! Um bando de inúteis!
Passe o celular para Christina, rápido. Vou persuadi-la."

"Ela já foi embora e o dela está sem bateria. Vá

para a Mansão das Rosas explicar com ela." Martin


acrescentou: "Mas já vou avisá-lo de antemão que ela não
está de bom humor. Tenha cuidado, evite as minas."

"Pode deixar!"

Depois de desligar, Yale jogou uma pilha de dinheiro para


as meninas da casa e correu para a Mansão das Rosas
para encontrar a irmã.

Christina se recostou no carro e fechou os olhos para


descansar. O dia tinha sido agitado e ela estava de mau
humor.
FM
Gabriel estava dirigindo e Belle estava sentada no banco

B
do passageiro. De início, ela estava calada, mas logo abriu
a boca quando Christina lhe perguntou como havia sido o
primeiro dia de trabalho.

Gabriel deu continuidade na conversa, e ele e Belle


começaram a conversar alegremente. Mas, no meio do
caminho para a Mansão das Rosas, eles de repente foram
parados por um carro.

Com a parada brusca, o corpo de Christina começou a


tremar fortemente, e ela franziu a testa.

"Senhorita Granger, há algo perigo."

Gabriel viu sete ou oito homens fortes saindo do carro com


varas de ferro nas mãos e logo percebeu que a situação
não era nada boa. Ele trancou o carro na mesma hora,
ligou para o guarda-costas K e lhe enviou a localização
deles.

Sob a luz fraca, os olhos de Christina se estreitaram.


Aqueles homens não tinham boas intenções.

Capítulo 66

Depois do restaurante japonês, Adolph preferiu ir direto


para o Cloud Bar.

Walt observou o carro de Christina se afastar e perguntou:


"Sr. Santos, devemos segui-los?"
FM
B
"Não há necessidade." Adolph sabia que se continuasse
fazendo isso, viraria, de fato, um perseguidor. "Basta pedir
às pessoas que você contratou para continuar os
seguindo."

Um pouco deprimido, ele baixou metade do vidro da janela


e acendeu um cigarro, as faíscas escarlates piscavam.
Adolph só fumava casualmente, mas ele havia acabado de
presenciar Christina colocando os braços em volta do
pescoço de Martin e tirando fotos com ele de rosto colado.

Ela nunca tinha gostado de tirar fotos antes, nunca dera um


retrato dela a ele. Exceto por aquelas na certidão de
casamento, eles nunca haviam tirado fotos juntos.

Mas ela parecia estar muito próxima de Martin. Eles não se


comportariam tão intimamente mesmo que tivessem
crescido juntos.

Quanto mais pensava nisso, mais Adolph sentia a


amargura crescendo no interior, como se seu coração
estivesse sendo plantado cheio de

limoeiros.

De repente, seu celular tocou, era um número estranho que


pertencia à cidade N.

Ele atendeu a ligação com uma voz baixa e rouca: "Alô,


quem é?"
FM
B
"Adoll."

Emily teve um impulso de chorar assim que abriu a boca.


Por isso, ela a cobriu com a mão e reprimiu as lágrimas.
Nos últimos dias, ela havia ligado para Adolph inúmeras
vezes, mas todas as chamadas tinham sido recusadas. Ela
chegara até a ser bloqueada, então teve que mudar o
número. Mas agora, finalmente havia conseguido falar com
ele!

A expressão de Adolph não mudou ao ouvir a voz dela, ele


apenas perguntou, sério: "Ah, é você. O que quer?"

O tom frio e distante fez o coração de Emily apertar, ele a


estava tratando como se não a conhecesse bem.

"Adolph, você ainda está com raiva de mim?"

Emily perguntou e logo se adiantou: "Me desculpe, eu sinto


muito mesmo. Foi tudo minha culpa! Fui muito estúpida e
ingênua e, por isso, fui enganada por outros homens. Mas
reconheço meus erros. Quero muito passar o resto da
minha vida com você!"

"Emily, vou deixar bem claro o que vou dizer. Não me ligue
outra vez."

Adolph não se importava com o pedido de desculpas dela.


Se ela fora realmente burra ou simples, não era problema
dele.
FM
B
Ela já tinha vivido bastante, e era até compreensível que
quisesse ficar com uma pessoa bem-comportada, mas ele
não era essa pessoa.

No momento em que descobrira que ela havia tentado


mentir de propósito para ele dizendo que tinha uma doença
incurável, ela morrera em seu coração. Todos os seus
sentimentos desapareceram na mesma hora. Ele era

implacável.

Vendo que ele estava prestes a desligar, Emily falou


rapidamente: "Adoll, Adolph, eu sei que decepcionei você.
Eu menti para você. Mas a Christina faz a mesma coisa!
Ela não é uma menina do campo. É a filha da família
Granger que diziam que havia morrido!"

Emily só descobrirá a verdade recentemente.

No começo, quando Adolph a ignorava, ela não se


preocupou muito, pois pensava que ele estava apenas com
raiva dela e que tudo melhoraria quando ele se acalmasse.
Afinal, ele a havia amado por tantos anos. O sentimento
não podia

ter simplesmente acabado.

Após um tempo, ela tentou ligar novamente para ele, mas


teve todas suas chamadas recusadas. Então, ela foi
procurá-lo no Santos Group, onde seus assistentes se
FM
recusaram a revelar qualquer informação sobre o paradeiro

B
dele. Sem respostas, ela foi para a Mansão Santos, e a
governanta, que tinha um bom relacionamento com ela,
confidenciou-lhe que seu chefe tinha ido para a cidade S.

E disse mais: "O Sr. Santos pegou o carimbo que a


ex-senhora deu a ele quando saiu. Acho que ele vai
procurá-la."

Adolph ia procurar Christina? Mas como ele ia fazer isso?

Emily ficou tão ansiosa que não se importou com os


conselhos de sua tia para que se acalmasse e fosse
paciente. Ela contratou alguém na mesma hora para
investigar a identidade da rival.

Porém, ela percebeu que havia algo complexo ao não


conseguir encontrar nenhuma informação sobre ela, era
como se 'Christina Silva' não existisse no mundo.

De repente, Emily se lembrou do helicóptero com o qual


Christina voará, então pediu a alguém para dar uma
olhada. Mas o que ela não esperava era que o helicóptero
fosse tão valioso, pois somente três pessoas no mundo o
possuíam, uma das quais morava na Cidade S.

Christina podia voar, então como podia ser uma garota


comum do campo?

Emily, então, se culpou por ter sido tão descuidada, pois


ainda não tinha conseguido
FM
B
descobrir a identidade da rival. Porém, um vídeo apareceu
de repente na Internet e ela reconheceu a arrogante
senhorita da família Granger que estava jogava vinho nos
outros, era obviamente 'Christina Silva'. Mesmo vendo-a só
pelas costas, Emily a tinha reconhecido!

A caipira que ela sempre desprezara era na verdade filha


da família Granger!

Emily entrou em pânico ao saber disso e sentiu como se o


céu fosse desmoronar.

"Eu sei, Adolph, que o que você mais odeia é que as


pessoas mintam para você. Mas eu apenas escondi o meu
passado e fingi uma doença. Mas Christina, a identidade
dela é falsa! Ela é a pior de todas! Você deve tomar
cuidado. Quem sabe qual era a intenção dela quando se
casou com você?"

Adolph franziu a testa profundamente. Ele não levara a


sério o que Emily havia dito, mas vê-la caluniando Christina
o deixou de péssimo humor.

"Christina mentiu para conseguir se aproximar de mim,


para cuidar de mim e retribuir minha gentileza. Mas você?

"Você mentiu para mim ao fingir uma doença incurável,


dizendo que me queria ao seu lado até os últimos
momentos da sua vida. Você brincou com a sua própria
vida porque queria que eu me divorciasse de Christina para
FM
que você pudesse se casar comigo e virar a Sra. Santos.

B
Ela é a pior de todas ou você é sem vergonha?"

Emily tremeu. Era a primeira vez que ele falava com ela de
maneira tão dura. Seu rosto ficou pálido. "Adolph, não foi
assim... eu realmente te amo!"

Ela chorou.

Mas suas lágrimas não causavam mais o mesmo efeito.

A voz fria de Adolph veio do outro lado da linha. "Emily, não


me trate como idiota. Consigo perceber quando um choro é
falso ou verdadeiro."

Depois disso, ele desligou e bloqueou o número mais uma


vez.

No final das contas, o amor podia mesmo acabar.

E pessoas que se amavam tanto podiam se afastar depois


de determinados acontecimentos.

Será que o mesmo acontecera com Christina? Assim que


Adolph desligou, o celular de Walt tocou. "Alô?"

Cobrindo o celular, Walt virou a cabeça e se dirigiu a


Adolph: "Sr. Santos, más notícias. As pessoas que enviei
para seguir a senhora acabaram de me falar que ela foi
sequestrada enquanto voltava para a Mansão das Rosas.
Era um bando grande e bastante agressivo!"
FM
B
As pupilas de Adolph encolheram. O que o preocupava
finalmente aconteceu.

"Volte agora mesmo!

Capítulo 67

O lugar onde Christina foi interceptada não era o caminho


oficial que levava à Mansão das Rosas, mas, sim, uma
estrada estreita e curva, que se você olhasse de cima,
acharia que era quase em linha reta.

Era o caminho mais curto para voltar para a mansão, mas


quase ninguém a conhecia. Só quem frequentava a casa
da família Granger sabia de sua existência.

Pois ela havia sido pavimentada pelo pai de Christina,


Alston Granger, como forma de economizar tempo.

Era uma estrada isolada e desconhecida dos outros, não


havia lâmpadas de rua nem pedestres. Ficava escondida
na floresta, parecendo muito erma e sombria.

De qualquer forma, era óbvio que o bando de ladrões


estava lá esperando por uma chance, afinal, tinham vindo
preparados.

Christina já estava acostumada com isso, era algo


corriqueiro em sua vida desde os quatorze anos. Mas
mesmo assim, ela reviveu um sentimento há muito perdido.
FM
B
Quando era muito jovem, ela sabia que seus pais não eram
pessoas comuns e, inclusive, havia herdado seus genes
excelentes e únicos. Ela já nascera extraordinária. E
mesmo que seus país tivessem se esforçado para que ela
fosse uma pessoa simples, esse lindo desejo nunca se
tornara realidade.

Ao pensar isso, no passado, ela reclamou que todas as


crianças ao seu redor, incluindo Jessie e Belle, podiam ir à
escola, mas ela não, tinha que ficar em casa.

Chorou, fez uma cena e até tentou fugir de casa.

Com isso, acabou vencendo, pois o amor e a proteção de


seus pais não resistiram aos desejos de liberdade da filha.

Ela finalmente conseguiu o que quería aos quatorze anos.

Mas foi sequestrada antes de se divertir o suficiente.

A experiência podia ser considerada como de 'quase


morte, e foi o que ela precisava para amadurecer.

Ela enfim entendera por que seus pais a mantinham em


casa e até tentavam esconder seu nome e identidade o
máximo possível. Eles não queriam que ela virasse um
alvo.
FM
Mas ela ia ficar em casa pelo resto da vida? Claro que não.

B
Era óbvio que ela não quis perder os melhores anos da sua
juventude trancada.

Ela implorou aos pais. "Eu vou crescer um dia, mas não
posso depender de vocês para me proteger pelo resto da
vida. Além disso, eu não tenho medo do perigo, quero ser
mais forte. Afinal, um dia, serei eu quem protegerei vocês."

Desde então, ela conquistara sua liberdade, mas se


sempre se mantendo discreta. Aprendera, também, a lutar
com qualquer um que quisesse machucá-la e nunca havia
perdido nos últimos dez anos.

O bando correu até o carro e, vendo que a porta estava


trancada. Então, a gente tentou quebrar o vidro com tacos
de ferro. Belle ficou tão assustada que cobriu os ouvidos e
ficou pálida.

"Irmã, quem são eles? Eles estão tentando nos sequestrar


por dinheiro?"

"Saberemos quando descermos do carro e perguntarmos."

Calma, Christina tirou uma bolsa preta debaixo do assento,


vestiu um colete à prova de balas, carregou uma arma com
balas e a jogou para Gabriel. "Pegue a arma. Fique no
carro e proteja Belle."

Enquanto falava, ela se aproximou da porta para abri-la.


FM
Mas Belle agarrou seu pulso e gritou desesperada, "Irmã,

B
não! Minha vida é inútil, mas a sua é mais valiosa! Vou ficar
bem. Deixe o Sr. Vintos te proteger!"

Christina olhou para a irmã, e a afeição antes perdida fluiu


em seu coração. Ela curvou os lábios e sorriu.

"Não se preocupe. Esses meros subordinados não vão me


matar."

Ela saiu do carro e fechou a porta. Depois olhou para os


homens e disse: "Ei, parem de bater no carro, esse vidro é
feito de materiais especiais, é a prova de balas. Poupem a
energia de vocês."

Os sete ou oito homens ficaram tão atordoados ao verem


Christina saindo do carro sozinha, que não conseguiram
reagir a tempo.

Mas depois de a ouvirem, um deles, que estava mais perto


dela, bateu na janela com tanta força que até ficou com a
mão dormente. "Não deem ouvidos a esta mulher. Se nem
uma bala passa por esse vidro, por que você saiu do
carro?"

Christina sorriu e respondeu: "Porque é chato ficar no


carro. Além disso, fui uma esposa obediente por três anos
e não sei o que é uma briga há um bom tempo. É uma boa
oportunidade para exercitar meus músculos e ossos."
FM
Enquanto falava, ela deu um soco no homem sem

B
cerimônia alguma e usou tanta força, que até quebrou o
nariz dele.

"Ah... p*rra!" O homem praguejou, cobrindo o nariz com as


mãos, que ficaram cobertas de sangue. Em seguida, ele,
que tinha mais de 1,8 metro de altura, começou a pular de
dor. "Batam nela, batam nela até morrer!"

Os outros sete ou oito homens corpulentos cercaram


Christina na mesma hora.

Destemida, ela encarou um a um e falou: "Quem ordenou


vocês aqui e por quê? É meu direito saber por que querem
me matar."

"Você não sabe quem ofendeu?" Um homem com uma


cicatriz no rosto perguntou.

"Eu raramente ofendo as pessoas, a menos que alguém


me provoque primeiro."

O mesmo homem retrucou: "Olhe a boca, é por isso que


você vai apanhar! Você é tão bonita... como pode ter uma
boca tão suja? Mas pensando bem, mesmo com essa
eloquência, você pode nos companhar hoje à noite..."

Enquanto ele falava, os outros homens riam alto e miravam


Christina com luxúria, observando cada detalhe de seu
corpo curvilíneo.
FM
Era emocionante pensar em fazer esse tipo de coisa em

B
locais desertos.

"Mano, trouxe uma corda. Vamos amarrar essa garotinha


em uma árvore mais tarde. Quem a derrubar primeiro, pode
ser o primeiro da fila. O que você acha?"

"Boa ideia. Faremos isso", o homem da cicatriz concordou


depressa.

Eles começaram a discutir os detalhes com entusiasmo, e


Christina os ouviu com o rosto frio. Por que as mentes dos
homens eram tão sujas? Não é à toa que eles estavam
ficando cada vez mais decadentes e nojentos. Em
contraste, seu ex-marido sem amor era muito melhor.

"Vocês já terminaram? Ou vão continuar? Posso voltar para


o carro e dormir um pouco." Christina já estava impaciente.

O rosto do homem com cicatrizes escureceu. "A garotinha


está com pressa. Manos, o que vocês estão esperando?
Vamos!"

Os homens correram com os tacos em direção a Christina,


que ficou parada no mesmo lugar com o belo e nobre rosto
sério. A brisa fresca da noite levantou seu cabelo macio
pela orelha, e seus olhos claros se encheram de
perspicácia.

A breve trecho, eles a viram se virando e, de repente,


ficaram tontos. Sentiram uma dor no peito e, ao baixarem
FM
os olhos, avistaram uma profunda ferida, de onde o sangue

B
escorria.

Logo, a camisa deles ficou cheia de sangue.

Incrédulos, todos miraram a mulher parada no meio deles,


que parecia fraca e frágil. Nos dedos delicados e belos, ela
brincava com uma faca, cuja lâmina afiada refletia uma luz
prateada fria sob o luar.

Ela era a filha mais velha da família Granger, não deveria


ser mimada e fraca?

Como sabia manejar uma faca?!

Quando Adolph chegou, avistou Christina com uma faca


militar de prata girando na mão e com uma expressão
rebelde. Ela dizia, "Quem é o próximo?"

A cena imediatamente o levou para dez anos antes,


quando eles lutaram lado a lado.

Capítulo 68

O líder, que tinha a cicatriz no rosto, não esperava que


Christina soubesse manejar uma faca e, contorcendo o
rosto de dor, mirou o ferimento sangrando em seu peito e
cuspiu no chão.

"V*ca, vou te espancar até a morte!"


FM
Ele tentou atingi-la, no entanto, Christina o agarrou pelo

B
pulso e, com um movimento, quebrou todos os seus ossos.
O homem gritou de dor e, então, foi chutado, caindo no
chão!

"Me diga quem o ordenou aqui", Christina falou com voz


grave e rosto sério.

"Vá se f*der..." Assim que ele praguejou, ela o jogou na


lama, e sua boca se encheu de sujeira. Em um instante, ela
já o estava imobilizando pelo braço também, e ele gritava:
"Ah..."

Os uivos estridentes assustaram todos os pássaros da


floresta, que voaram para longe. Tudo que se ouvia era o
farfalhar das folhas.

O braço do homem torceu de uma maneira estranha e caiu


para o lado, como se estivesse quebrado, e ele estava com
tanta dor que suava. Os subalternos ao lado dele estavam
atordoados.

Christina permaneceu indiferente. "Vou perguntar mais uma


vez. Quem os mandou?"
Ela pegou uma faca para cortar o rosto dele, mas ele
estava tão assustado, que cerrou os dentes e respondeu
com a voz trêmula: "Foi... foi o príncipe dos influenciadores
de mídia social da Star Entertainment, Beck Lee. Ele pediu
que bloqueássemos a estrada e lhe déssemos uma lição."
FM
Christina respondeu com um fraco 'oh'. Então, era aquele

B
cara.

Ela perguntou novamente: "Então, você sabe quem eu


sou?"

"Sei. Você é... a Srta. Christina da família Granger."

"É bom que você saiba. É sempre bom saber antes de


quem se apanha."

Christina afastou os pés dele e se virou para olhar para


Adolph, que estava parado não muito longe. Seus olhos
brilhavam. "Você trouxe o seu celular?"

Um pouco chocado, Adolph pegou o dele.

Então, Christina se dirigiu a ele como se estivesse falando


com sua assistente: "Ligue a câmera."

Ela apontou para os outros homens e disse impaciente:


"Vocês ainda estão com os tacos? Não viram que seu líder
foi derrotado? Ou vocês acham que podem me vencer?
Não fiquem aí parados. Venham aqui, ajoelhem-se e façam
companhia ao líder de vocês."

O grupo de subalternos se entreolhou consternado. Na


verdade, eles não conseguiam levantar os tacos há muito
tempo, pois os cortes de Christina em seus peitos ainda
sangravam. Eles estavam com medo de morrer e, se o
FM
corte tivesse um pouco mais profundo, seus intestinos

B
teriam caído.

Essa mulher era mais assustadora do que a própria morte.

Eles observaram os homens com Adolph e chegaram à


conclusão de que tinham poucas chances de vencer.
Afinal, o líder deles já havia sido derrotado, o que mais eles
insistiram? Então, eles se renderam e se ajoelharam no
local designado por Christina, implorando por misericórdia:

"Senhorita Granger, estávamos apenas seguindo ordens.


Não queríamos ofendê-la. Por favor, nos poupe."

"Poupo vocês? Nem em sonho!"

Uma voz grave soou, era o guarda-costas K, que acabara


de chegar com seus homens. Ele cercou os bandidos e
protegeu Christina. Depois perguntou com o rosto
preocupado, "Senhorita, você está bem?"

Christina fez que sim com a cabeça. "Pensei que era um


velho amigo, mas não esperava que fossem apenas alguns
bandidos. Se eu soubesse, não teria precisado da sua
ajuda."

Ela acenou com a mão e disse: "Salam do caminho. Não


roubem os holofotes."
FM
Ao ouvir a ordem, os guarda-costas que tinham acabado

B
de chegar recuaram para o lado de forma ordenada,
deixando somente os bandidos no chão.

"Repita o que você acabou de dizer."

Como uma diretora, Christina ordenou a Adolph, o


cinegrafista, que filmasse com seu celular. O homem com a
cicatriz era o protagonista, e o homem ao lado dele era o
coadjuvante. Eles relataram o pedido de Beck e, embora a
atuação deles não fosse tão boa quanto a de um ator
profissional, o vídeo seria suficiente para ser apresentado
como prova.

Adolph levantou o celular e olhou para o lindo rosto de


Christina sob a câmera. Mesmo que fosse apenas uma
vista lateral, ainda era de tirar o fôlego.

Nesse momento, Gabriel e Belle saíram do carro. Eles não


esperavam que Christina pudesse lidar com aqueles
homens sem a ajuda deles.

Com o coração batendo descontroladamente, Belle


pensou, 'Ela merece a posição que tem, é tão dominadora!'

Quando ela seria a mulher gira como a irmã?

"Você já acabou de gravar?" Christina se virou para


perguntar a Adolph, que assentiu. "Tá pronto."
FM
Ele estava obedecendo às ordens dela, entretanto, ela

B
também parecia sem surpresa com a presença dele.

Adolph guardou o celular com o humor um pouco instável.

No início, ele se vira correndo para salvar a donzela. No


caminho, ficara preocupado e até a tinha imaginado
gritando em pânico como uma protagonista de novela,
"Adolph, me salve!", enquanto ele corajosamente dava um
passo à frente para protegê-la atrás dele e dizia com voz
grave, "Não tenha medo, estou aqui."

Infelizmente, a cena que imaginara não havia se


concretizado.

O mais importante era que ele não precisava salvar a


donzela, porque ela fora totalmente capaz de lidar com os
bandidos e fazê-los implorar por misericórdia. Em vez de
herói, ele tinha sido espectador. E sua maior função foi
gravar um vídeo para ela.

Ignorando o arrependimento e a solidão no coração de


Adolph, Christina pediu que ele enviasse o video para
Gabriel e depois ordenou ao guarda-costas K que levasse
os bandidos para a delegacia, embora eles precisassem ir
ao hospital para estancar o sangramento.

"Irmã, você é tão incrível!" Belle correu para Christina e a


fitou com admiração.
FM
Christina sorriu e acariciou o seu rostinho em ternura.

B
"Você está assustada?"

Belle balançou a cabeça e assentiu. "Um pouco, mas com


você e o Sr. Vintos me protegendo, o meu medo passou."

"Tá bom. Entre no carro. Vamos para casa."

Depois de dizer isso, Christina perguntou olhando em


direção a Adolph: "E você? Vai voltar comigo?"

Suas palavras chocaram Adolph, que ficou atordoado e


apontou para si mesmo em descrença. "Você quer que eu
volte com você?"

"Não estou perguntando a você, estou perguntando à


pessoa atrás de você", Christina respondeu olhando para
cima.

Quase no mesmo instante, Adolph sentiu uma rajada de


vento vindo da parte de trás de sua cabeça, e o ar frio o
atingiu. Ele se esquivou na mesma hora e viu um punho
correndo em sua direção. Então, cerrou o punho para
resistir e colidiu com a mão do adversário. Era possível
ouvir o som do vento cortando o ar.

Os dois homens se entreolharam com hostilidade e


começaram a lutar ao mesmo tempo.

Seguiram-se mais socos e chutes, e apenas o som


abafado dos músculos colidindo podia ser ouvido no ar.
FM
B
Belle ficou pasma. "Irmã, o que eles estão fazendo?"

"Eles devem estar entediados e loucos", Christina reclamou


enquanto observava a cena, mas seus olhos focavam
Adolph. Fazia muito tempo que ela não o via daquele jeito.

Ele passava o ano inteiro vestindo ternos e sapatos de


couro, então, às vezes, ela se esquecia de que ele
costumava ser um policial com excelentes habilidades no
passado.

Sua memória a levou de volta para dez anos antes, quando


ele entrara em perigo para salvá-la, quando eles lutaram
lado a lado, de costas um para o outro... Seu coração
começou a bater mais rápido e suavizou por algum motivo.

Foi então que um lugar há muito adormecido acordou mais


uma vez.

Capítulo 69

Vendo que os dois homens não paravam de lutar, Christina


interveio, séria: "Chega, já terminaram?"

A brisa da noite estava tão fria que ela só queria ir para


casa o mais rápido possível. Além disso, não estava com
humor para ficar assistindo brigas.
FM
Após a ouvirem falar, os dois homens pararam de brigar,

B
mas permaneceram firmes enquanto se observavam de
cima a baixo.

Adolph mirou o homem como um fantasma que surgira do


nada. Ele parecia um cavalheiro, com o cabelo meio
comprido preso em uma pequena trança atrás da cabeça, a
pele amendoada e o queixo sempre levantado. A gola da
camisa preta bem aberta lhe adicionava um ar arrogante e
selvagem.

Seus olhos escuros se estreitaram um pouco. 'Quem é


ele?'

Yale também olhou friamente para o homem elegante


parado à sua frente e pensou consigo mesmo: 'As
habilidades desse cara não são ruins. Ele faz jus à
reputação de membro da equipe especial de polícia.'

"Você é o Adolph?"

Ao fazer essa pergunta, ele pensava: 'Foi esse cara quem


fez com que nossa irmãzinha Christina se portasse como
uma viúva por três anos?'

Ele sabia quem ele era.

Adolph franziu a testa. "Sim, então quem é

Você?"
FM
"Sou seu tio!" Yale respondeu bufando.

B
Depois disso, ele contornou Adolph e caminhou em direção
a Christina com um sorriso artificial e braços abertos.
"Vamos, me deixa abraçá-la."

Sem dizer mais uma palavra, ele a abraçou.

Nesse momento, as pupilas de Adolph se contraíram, e


todo o seu corpo emitiu uma aura fria. Acabou dando um
passo à frente, como se para tentar afastá-lo.

No entanto, antes que ele pudesse tomar qualquer ação,


Christina já o havia mirado com um olhar de desgosto.
Franzindo a testa, ela disse: "Você está cheirando a
perfume barato, fique longe de mim! Você não queria me
ver, então por que veio?"

Yale sorriu sem jeito, "Claro que eu queria te ver, senti


tanto a sua falta! Eu só queria te fazer uma surpresa."

"E conseguiu me surpreender mesmo! Quando você


chegou?"

Ele apontou para Adolph. "Cheguei antes dele.


Acompanhei todo o processo."

"Então você ficou apenas assistindo em vez de me


ajudar?"
FM
Yale sorriu, cruzou os braços e disse: "Você sozinha era

B
mais do que suficiente para cuidar daqueles meros lacaios.
Não precisava de mim para nada. Além disso, também
queria ver se o seu kung fu havia se deteriorado durante os
seus três anos de casamento. Mas você não me
decepcionou."

Ele a tinha atingido no ponto certo, pois ela revirou os olhos


e disse: "Pare de falar bobagens. Pode deixar. Você vai
para casa comigo ou não?"

"Claro que vai contigo. Há tanto tempo eu não vejo você,


quero aproveitar um pouco ao seu lado."

Yale passou o braço em volta do pescoço de Christina,


que, embora estivesse com uma cara de desgosto, não o
afastou. Podia-se dizer que eles tinham uma relação
íntima.

Adolph cerrou os punhos, e seus olhos ficaram vermelhos.


Ele rangeu os dentes e disse: "Solte a."

Christina e Yale, que estavam se provocando, levantaram a


cabeça e miraram Adolph.

Yale achou engraçado ao ver o rosto pálido e as emoções


reprimidas do outro homem, então apontou para si mesmo
e perguntou de propósito: "Você está pedindo para mim?"

"Eu quero que você a solte", Adolph cerrou os dentes e


repetiu.
FM
B
Yale retrucou, "Eu nasci rebelde. Quanto mais os outros
não querem que eu faça algo, mais eu faço. Ou seja, se
você quer que eu a solte, não vou soltá-la. Ela não é mais
sua esposa. Você está exigindo o que não pode."

Adolph estreitou os olhos perigosamente e, não


aguentando mais, deu um passo à frente, pronto para
briga.

"Adolph", Christina o parou, "não faço parte da sua família,


então você não precisa se preocupar com os meus
assuntos."

Ela disse que ele não podia se preocupar nela?

Adolph sentiu como se Christina tivesse perfurado seu


coração e pulmões com uma espada.

Ele suprimiu a raiva e perguntou: "Quem é esse homem? É


seu antigo namorado?"

Ela tinha acabado de jantar com Martin e tirado fotos ao


lado dele. E agora, estava abraçada em outro homem...
Por que havia tantos deles ao seu redor?

Christina sentiu uma leve dor de cabeça na mesma hora.

Ele a estava questionando? Que direito ele tinha de fazer


isso?
FM
Esse homem era realmente irritante e ridículo e, toda vez

B
que ele a fazia se sentir um pouco tocada, logo conseguia
deixá-la com raiva. Essa era a maior habilidade de Adolph.

"Nem todo mundo tem antigos amores como você. Eu não


sou tão dada quanto você, e você não precisa julgar os
outros pelo seu próprio comportamento."

Ela continuou: "Além disso, não importa quem ele seja, ele
sempre estará do meu lado. Isso não é da sua conta."

Enquanto falava, Christina também abraçou a cintura de


Yale. "Vamos embora."

Quando Yale viu a expressão de Adolph, quase riu alto,


pois o homem parecia que tinha comido merda. Christina
era promissora, ela conseguia repreender alguém sem
xingar.

Adolph sentiu um peso no peito ao vê-la partindo abraçada


em outro, então gritou: "Christina!"

Ela parou e se virou para encará-lo, porém seu rosto


mostrava indiferença. "Ah, há algo que eu quase me
esqueci de dizer. Mande o seu pessoal parar de me seguir,
você não tem permissão para fazer isso."

Adolph achava que ela não sabia que ele havia contratado
pessoas para segui-la, mas na verdade, ela só o estava
ignorando.
FM
Não que ela não apreciasse o gesto, mas

B
realmente sentia que não era necessário.

Afinal, agora ela já não precisava de sua proteção

e cuidado. Ele era passado.

Após entrar no carro, Christina começou a mexer

no telefone de Yale.

"O que você está procurando? Tenho algumas coisas


inapropriadas para os seus olhos aí. Tenha cuidado", Yale
a lembrou com um sorriso.

Christina ignorou a provocação dele, pois só

queria saber quem a tinha traído.

Afinal, se Beck havia contratado bandidos para abordá-la


naquela estrada isolada, isso significava que alguém devia
ter lhe contado sobre sua rota de retorno à menção.
Poucas pessoas conheciam esse caminho, então não foi
difícil descobrir quem fora o delator.

No momento, a única pessoa da família Granger que tinha


alguma relação com Beck e estava ansiosa para vê-la
morrer era ela.
FM
"Foi realmente ela." Christina analisou o registro de

B
chamadas e viu que Jessie não tinha ficado ociosa naquele
dia. Na verdade, tinha dado vários telefonemas e até
enviado um mapa detalhado para um endereço de IP
localizado na mansão da familia Lee.

Aquela menina burra vivia com ela enquanto ajudava os


outros em segredo. E não tinha intenção nenhuma de
parar.

"Você descobriu quem for?" Yale inclinou a cabeça para o


lado, sem entender o que estava acontecendo. Ele era bom
para lutar e matar, mas para hackear, Martin era melhor.
Yale era um amador.

Christina respondeu com um fraco 'sim' e devolveu o


celular para ele. Depois se encostou no assento, cansada.

Yale a fitou. "Você está cansada? Posso te emprestar meu


ombro?"

Christina fechou os olhos e não falou nada, mas inclinou a


cabeça e se apoiou nele como costumava fazer quando
criança.

Com isso, ela sentiu o coração se acalmando e sussurrou:


"Irmão Yale, é tão bom tê-lo de volta."

Capítulo 70

Christina levou Yale à Mansão das Rosas.


FM
B
Ele parou no pátio, olhando para as rosas brilhantes e
deslumbrantes sob o céu noturno. Depois se agachou
davagar ao lado do canteiro de flores e sentiu a fragrância
de rosas, como se estivesse sentido o perfume de sua
mãe.

A última vez que ele tinha ido à Mansão das Rosas fora
durante o funeral dela.

E, em um piscar de olhos, três anos se passaram.

Christina deu um tapinha no ombro de Yale e o confortou


antes de entrarem na casa. E todos os empregados da
mansão estavam surpresos por ela ter levado um homem
até lá, pois ainda não sabiam de quem se tratava.

A mordoma Marisa ficou animada ao ver quem era e gritou:


"Mestre Yale."

"Sra. Marisa, há quanto tempo."

Yale esticou os braços e abraçou a senhora.

Nesse momento, Belle encarava a cena atrás de Christina,


cheia de dúvidas no coração.

Para ser honesta, ela sabia que já tinha visto Yale em


algum lugar antes, mas não conseguia se lembrar de onde.
Além disso, Christina o chamava de 'Irmão Yale' e não
FM
parecia um relacionamento entre um homem e uma mulher.

B
Ela se dirigia a Martin da mesma forma.

Christina era a única filha do tio Alston e da tia Hannah,


não havia nenhuns primos na família Granger. Será que ele
era parente da tia Hannah, alguns primos maternos de
Christina?

Belle não conhecia o passado de sua titia Hannah, mas se


lembrava de que quando o titio Alston ia se casar com ela,
tanto o tio Nick quanto o pai dela se opuseram fortemente
ao entrelace. Eles diziam que a tia Hannah era uma mulher
agourenta e traria azar à família Granger mais cedo ou
mais tarde.

No entanto, o tio Alston se casou com ela da mesma forma.

Após o casamento, a carreira do tio Alston deslanchou com


a ajuda da tia Hannah, e o Granger Group se destacou
ainda mais na cidade S. Com isso, aqueles que não tinham
abençoado o casamento tiveram que calar a boca. Porém,
depois veio o acidente de carro, e o excelente e
bem-sucedido tio Alston faleceu muito cedo.

Logo, aqueles que diziam que tia Hannah era sinistra


recomeçaram a falar sobre esse assunto.

Até seu pai e seu tio Neil reclamavam disso. "O que eu
disse? Hannah é uma mulher agourenta.
FM
Só de ver o rosto dela já dava para saber. É uma mulher

B
perigosa. Talvez seja a reencarnação de uma bruxa. Eu até
tentei convencer o meu irmão a não se casar com ela, mas
ele não escutou. E o que aconteceu? Provei o meu ponto!"

Belle não sabia se ela era agourenta, mas sabia que a tia
nunca a havia tratado mal enquanto morava na Mansão
das Rosas e que fora o período mais feliz de sua vida.

Christina disse a Belle para tomar um banho e se deitar


cedo. Não acabava aí, ela solicitou que usasse tampões de
ouvido e que não saísse do quarto sob nenhuma hipótese,
mesmo que ouvisse algo estranho.

Belle assentiu, já sabendo que Christina ia dar uma lição a


Jessie mais uma vez.

Enquanto isso, Jessie esperava por notícias com o celular


na mão. Desconfortável, ela murmurou: "Como está esse
assunto? Por que ainda não recebi nenhuma notícia até já?
Será que ela morreu?"

De manhã, e depois da partida de Christina, Jessie havia


ligado várias vezes para Minnie ao saber que ela havia
sido banida, mas não obtivera resposta.

Porém, ela ficara insistindo até que a mulher a atendesse,


o que aconteceu à tarde.
FM
Minnie estava dando uma festa com um grupo de mulheres

B
no clube, a música era ensurdecedora. Ela levantou a voz
e perguntou: "Senhorita Jessie, o que posso se ajudar?"

No passado, ela sempre chamava Jessie de "Senhorita


Granger", então o título "Senhorita Jessie" era obviamente
irônico, o que acabou soando rude.

Jessie gostava de conviver com esses influenciadores de


mídia social, que costumavam bajulá-la e chamá-la de
'Senhorita Granger'. Se pudessem, até se ajoelhariam e
lamberiam os seus pés. No entanto, com o retorno de
Christina, esses 'melhores amigos' se voltaram contra ela.

Mas atualmente ela estava com preguiça de discutir com


eles. Mais cedo ou mais tarde, ela mataria Christina, e a
posição da senhorita Granger da família Granger voltaria a
ser dela. Nesse momento, todos que a desprezaram teriam
que voltar e se ajoelhar como os lambe botas que eram.

Jessie perguntou a Minnie o que tinha acontecido, e a


influenciadora afirmou odiar Christina e a xingou enquanto
contava como ela tinha arruinado sua carreira e jogado
vinho nela. Ela disse com ódio: "Aquela maldita mulher não
apenas jogou vinho em mim, como também teve um caso
com Adolph do Santos Group. Cego por causa daquela
c*dela, ele cancelou o contrato com a Star Entertainment e,
por isso, Beck apanhou do pai e começou a me fazer de
saco de pancadas..."
FM
Minnie acariciou seu rosto. Beck havia ficado com tanta

B
raiva, que lhe dera um tapa, e, mesmo apanhando, ela
tivera que manter o sorriso. Fora necessário convoncar
várias irmãs para que ele parasse, pois ela não havia
conseguido lidar com ele naquela noite.

"E quem foi que causou tudo isso?" Minnie zombou, com
olhos tão venenosos quanto os de um escorpião. "Christina
arruinou a carreira que eu trabalhei duro para construir.
Mas eu vou me vingar dela, vou matá-la!"

Ao ouvir isso, Jessie sentiu como se tivesse encontrado


uma aliada e teve uma ideia na mesma hora. "Olhe que
coincidência, eu também quero matá-la. Por que não
trabalhamos juntas?"

Com isso, ela e Minnie se juntaram, e Jessie ficou


encarregada de mandar informações do trajeto de
Christina, enquanto Minnie convenceria Beck a ajudá-las
na empreitada. O homem havia sofrido tanto e estava com
tanta raiva, que bufou e disse: "Não posso fazer nada
contra Adolph, mas posso atacar uma mulher. Vamos
matá-la!"

Foi assim que os três começaram o "plano de matar


Christina". Agora, Jessie, que não podia sair de casa,
estava esperando por notícias, mas acabou vendo
Christina voltando sã e salva.

No momento em que Christina abriu a porta com um chute,


Jessie fechou os olhos e fingiu estar dormindo.
FM
B
'Acabou, acabou... Ela voltou, e está bem viva!'

Era como se a história estivesse se repetindo. Jessie


estava na cama, mas estava tão nervosa, que seu coração
parecia que ia pular do peito. Tck, tck tck.

No momento seguinte, ela sentiu a colcha sendo puxada


de seu corpo e o celular em sua mão sendo arrancado por
Christina.

Ela, então, abriu os olhos e tentou pegá-lo de volta. "Me


devolva!"

Christina retirou a mão e olhou para ela com frieza. "Você


não estava dormindo? Acordou tão rápido..."

Jessie baixou os olhos com culpa, mas ficou mais aliviada


ao pensar que Christina não conseguiria nada pegando o
seu celular, afinal, a tela estava bloqueada...

No entanto, sua irmã desbloqueou a senha de sua tela de


bloqueio sem esforço e abriu seu registro de chamadas e
bate-papo. "Você conspirou contra mim, a sua irmã mais
velha, vendendo a minha rota para outros. Como você é
esperta."

"Devolva o meu celular!" Jessie ficou com muita raiva e


tentou pegar o celular, mas Christina a jogou de costas na
cama e puxou seu cabelo. Jessie gritou de dor.
FM
Christina, então, a forçou a levantar a cabeça para olhar

B
em seus olhos. "O que as regras da família dizem sobre
pessoas que ajudam estranhos? Me conte."

Jessie sentiu seu couro cabeludo quase sendo arrancado e


continuou lutando. "Me solte, me solte!"

"Menina estúpida. Seria um desperdício você recitar as


regras da família, de qualquer maneira."

Christina continuou, dura: "Então sou eu quem vou falar, de


acordo com a regra da família número nove, é proibido
ajudar estranhos e trair seus entes queridos, e qualquer um
que quebre essa regra será chicoteado cem vezes e
expulso de casa."

Jessie tremeu violentamente quando encontrou o olhar frio


de Christina.
FM
Capítulo 71

B
A voz de Christina soou limpa e clara, com um pouco de frieza.
Mas aos ouvidos de Jessie, pareceu como um raio, e ela
estava indescritivelmente assustada.

Ela conhecia Christina e sabia que, se sua irmã estava dizendo


que podia fazer algo, com certeza faria!

"Não pode! É claro que você não pode me bater..."

Jessie balançou a cabeça desesperada e, ignorando a dor no


couro cabeludo ao sentir os cabelos sendo arrancados, saiu da
cama e começou a rastejar no chão. Tudo que ela queria era
sair daquele lugar!

Mas dois guarda-costas bloquearam seu caminho e a


empurraram para trás assim que ela abriu a porta. Em um
instante, Jessie perdeu o equilíbrio e caiu no tapete.

Os dois homens eram como paredes de ferro em frente à


porta. Com o rosto sério, eles perguntaram a Christina:
"Senhorita Christina, você precisa amarrá-la?"

Christina estava sentada na beirada da cama,

segurando a régua que havia dado a Jessie. Ao ouvir a


pergunta, ela simplesmente colocou o objeto sobre os joelhos
e perguntou à irmã: "Você prefere que eu te amarre para bater
em você, ou vai se ajoelhar?"

Para ser franca, Jessie não queria ser forçada a fazer aquilo.
FM
Jessie cerrou os dentes. Ela sabia que tinha perdido naquele

B
dia, e um homem sábio não lutaria ao ver que tudo estava
contra ele. Sendo assim, ela esqueceu a dignidade e se
ajoelhou diante da irmã. "Christina, por favor, me poupe. Eu
estava confusa e errei. Mas prometo que nunca mais vou fazer
isso mais uma vez!"

"Você é tão rápida para se desculpar."

Christina zombou, e seus olhos frios fitaram os três dedos que


levantou. As palavras que se seguiram foram frias e
implacáveis. "Você não estava confusa. Na verdade, você
nunca esteve entendida. Você quer que eu te poupe? Mas
quantas vezes eu já te poupei? E como você quer que eu te
poupe?"

Enquanto falava, Christina batia repetidamente no próprio


braço com a régua. Ela não o fazia com força, mas foi o
bastante para deixar Jessie com o rosto pálido de medo, então,
ela se ajoelhou ali e não se atreveu a se mexer.

Ela achou que o plano delas era perfeito. Como Christina tinha
conseguido escapar tão facilmente?

O que aconteceu nessa noite finalmente?

Será que ela tinha pegado outra estrada do centro da cidade


para a Mansão das Rosas?

Christina mirou os olhos revirados de Jessie e soube na


mesma hora o que ela estava pensando. "Você está se
perguntando como eu escapei daqueles bandidos enviados por
Beck?"
FM
B
Jessie sorriu envergonhada e perguntou: "Irmã Christina, você
não voltou pela estrada de sempre?"

"Voltei, sim", respondeu Christina casualmente. "Fui


interceptada no meio do caminho."

"Então, por que...?" Jessie arregalou os olhos, abrindo a boca,


mas mudou a a pergunta. "Quero dizer, como você se livrou
deles?"

A expressão de Christina era de indiferença, mas ela não


conseguia esconder a zombaria em seus olhos. "Você
realmente achou que aqueles inúteis enviados por Beck
poderiam me derrubar? Você me subestima."

Ela pegou o celular e, com dois toques, acessou o vídeo que


Adolph havia gravado. Depois, mostrou o para Jessie, que logo
viu uma fileira de homens ajoelhados acusando Beck de tê-los
pagado para matar Christina. Jessie arregalou os olhos ao ver
aqueles homens rudes se curvando e implorando por
misericórdia.

Como Chirstina tinha conseguido assustá-los daquela forma?

Ela deu uma olhada mais de perto e viu um homem com


cicatrizes com o braço pendurado, como se estivesse
quebrado. Os bandidos também pareciam ter cortes na barriga,
com feridas muito profundas, pois metade das suas roupas
estavam tingidas de vermelho.

"As feridas deles..." Jessie perguntou com os dentes batendo.


FM
Christina respondeu com indiferença: "Fui eu quem fiz.

B
"Na verdade, eu não esperava que eles fossem tão
vulneráveis, pois pareciam fortes. Mas bastou um simples
estalar de dedos para que eu os assustasse e os fizesse se
ajoelharem implorando por misericórdia. Você acha que eles
são covardes?"

Jessie encarou o leve sorriso da irmã e logo sentiu um arrepio,


como se houvesse pulgas rastejando em seu corpo. Seu
cabelo ficou em pé, e seu corpo parecia ter caído em uma
banheira de gelo, tremendo de frio.

Beck não era incompetente, sua oponente é que era muito


forte. Jessie, então, percebeu que mais uma vez havia
subestimado a força de Christina.

Ela pensou que a irmã só sabia um pouco de autodefesa,


então dissera a Minnie para enviar sete ou oito homens fortes
para derrubá-la. No entanto, ela não imaginava que Christina
fosse derrotá-los!

Que irritante essa mulher periogosa era.

"Beck..." Jessie mordeu o lábio e olhou para a irmã. "O que


você vai fazer com ele?"

"Vivemos em uma sociedade com estado de direito. Ele pagou


por um assassinato, então é claro que enviarei as evidências
para a delegacia para que eles o punam."

Nervosa, Jessie encarou Christina com olhos arregalados.


"Então, eu..."
FM
B
"Você foi cúmplice. Mesmo não sendo condenada à prisão,
ficará detida por um tempo."

"O país tem suas leis e uma família tem suas regras também.
Mas nunca é tarde para falarmos sobre as leis do país depois
das regras familiares. Acho que Beck e Minnie já devem ter
sido detidos. Melhor corrermos para que você se junte a eles
mais tarde."

Jessie tinha se sentido um pouco sortuda de início, mas ao


ouvir Christina dizendo que a mandaria para delegacia
também, ficou muito assustada. Ela segurou a mão da irmã e
implorou por misericordia. Suas lágrimas fluíam
descontroladamente, e ela pediu desculpas a Christina várias
vezes, querendo até se curvar.

No entanto, Christina permaneceu impassivel. Jessie se


aproximou dela e gritou: "Irmã! Christina! Eu imploro, me bata.
Você pode me bater como quiser. Mas não me mande para a
delegacia. Por favor!"

Christina, então, bateu na cama com a régua, e Jessie


enxugou as lágrimas e se deitou, obediente.

"Por favor, me bata com força, Christina. Para eu me lembrar!"


Ela pediu.

Christina não fez cerimônia e atendeu o pedido da irmã, ela a


chicoteou uma centena de vezes, fazendo-a tremer e uivar
miseravelmente. Seus gritos foram de fazer tremer a terra e
quase derrubar o telhado.
FM
No final, ela bateu na bunda, usando toda a sua força. Jessie

B
gritava de dor e sua garganta estava dolorida.

"Eu vou poupá-la desta vez, Jessie. Mas sempre se lembre de


que eu não sou uma boa pessoa. Se eu não estiver feliz, farei
com que a pessoa responsável por isso seja ainda mais
infeliz."

A voz de Christina estava gélida. "Isso nunca mais deve


acontecer. Mas se esse dia chegar, perderei qualquer afeto por
você, e você não terá mais nada. Lembre-se sempre disso."

Jessie ainda estava deitada de brucos e com tanta dor, que


sua testa suava, e o lençol estava molhado por causa de suas
lágrimas.

Depois que Christina saiu, ela ficou com muita raiva e bateu na
cama. Ela não se lembrava do que a irmã havia lhe dito, mas
sim da humilhação que acabara de passar!

Mas não era tarde demais para se vingar. Afinal, seria


impossível que Christina tivesse tanta sorte a ponto de sempre
conseguir escapar. No futuro, ela seria humilhada!

Capítulo 72

No primeiro andar do Cloud Bar ficavam o bar e a discoteca e,


com o som da música eletrônica, a pista de dança estava cheia
de almas desenfreadas.

O clientes bebiam e flertavam com belas mulheres em grupos


de duas ou três pessoas e, caso surgisse algum envolvimento,
FM
eles entravam no elevador abraçados e subiam para um

B
quarto.

Este era o mundo de um adulto em um país livre. Mas havia


uma pessoa incompatível com o ambiente ao redor.

Adolph pediu alguns copos de uísque e os bebeu sozinho,


mas, mesmo com o forte cheiro de álcool em seu corpo, ainda
não mostrava estar bêbado. A atmosfera ao seu redor era
muito sombria.

O barman olhava para ele de vez em quando, observando-o


beber quase toda a garrafa de uísque.

Outros empresários vinham se embebedar cercados de


mulheres bonitas ou amigos, mas esse homem estava único
sozinho.

E, para ser honesto, ele nunca tinha visto um homem tão


perfeito em aparência e comportamento. Sentado lá bebendo,
mais parecia um conde em um drama ou um príncipe. Em
suma, um nobre.

Um homem tão bom, apenas sentado ali, era uma bela pintura,
e naturalmente atraía a atenção das pessoas.

Por isso, o barman contou nos dedos. Meia hora havia se


passado desde que o homem se sentara lá para beber, e pelo
menos seis mulheres bonitas o tinham abordado entre
intervalos de um ou cinco minutos. No entanto, todas saíram
ressentidas.
FM
O homem nem sequer levantava uma pálpebra, só

B
pronunciava uma única palavra, "Desapareça."

O barman olhou para ele e balançou a cabeça antes de chegar


a um impasse, 'Se esse homem não for gay, com certeza
sofreu um decepção de amor.'

Na verdade, Adolph participava de muitos eventos sociais no


trabalho, então tinha uma aversão física a bebida. Exceto no
trabalho, ele raramente tocava em cigarros ou álcool, a menos
que estivesse deprimido e precisasse beber para aliviar sua
angústia, como naquele momento.

Naquele dia, Adolph estava particularmente deprimido. A


tristeza era tão profunda, que ele achava que se não bebesse,
não conseguiria passar daquela noite.

Também estava com medo de não resistir e correr até a


Mansão das Rosas para perguntar a Christina: "Qual é a
relação entre você e aquele homem?"

Ele não acreditava que ela tivesse tantos primos.

E mesmo que aquele homem fosse realmente seu primo, ele


deveria ser mais educado. Ele mesmo nunca tinha a tinha
abraçado pela cintura ou pescoço. Que direito aquele cretino
com trança tinha?

Estava tão triste e com raiva. Adolph jogou o copo no balcão


do bar e disse com voz grave: "Mais uma dose."

O barman o serviu, pensando se deveria lembrá lo de beber


menos. Mas uma bela figura de repente apareceu e disse com
FM
um sorriso: "Cara bonito, você bebe demais. Cuidado para não

B
ficar mal do estômago."

A mulher usava um vestido vermelho com um belo decote de


ombros que deixava seu osso exposto, e seu cabelo ondulado
pendia atrás da cabeça, deixando-a encantadora e envolvente.
Ela parecia já ter nascido com uma luz forte, o que fez os olhos
do barman brilharem.

"Você... é a Yasmin Schubert?!"

A mulher esticou um dedo sobre os lábios e assobiou


suavemente. Depois piscou para ele e disse: "Seja discreto.
Acabei de voltar de uma filmagem nas montanhas e florestas,
então faz tempo que não venho à cidade. Estou aqui para me
divertir."

"Entendi!" Não era a primeira vez que o barman via uma atriz,
mas era a primeira vez que via uma mulher tão bonita
realmente como Yasmin. Ele logo lhe ofereceu um coquetel
junto a um pequeno livro. "Você pode autografá-lo para mim?"

Yasmin sorriu e autografou o livro para ele.

Durante todo o processo, Adolph nem levantou as pálpebras,


continuou bebendo.

Yasmin achou o comportamento dele muito interessante.


Afinal, desde que começara sua carreira, ou talvez desde que
nascera, nunca havia sido ignorada daquela forma por um
homem. Ela inclinou a cabeça e tomou um gole do coquetel.
Depois perguntou com grande interesse: "Senhor, você é um
gay?"
FM
B
Adolph franziu a testa e olhou para a mulher ao seu lado com
frieza.

Ele não sabia se tinha bebido muito ou não, e a aparência da


mulher era um pouco vaga, mas suas roupas quentes e
vermelhas o fizeram lembrar a mulher do vídeo. Ela estava
aquí?

Seus olhos cheios de raiva então se suavizaram um pouco, e


ele levantou a mão para tocar o rosto da mulher.

No entanto, no momento em que ele ia tocar sua bochecha, a


visão de seu longo cabelo ondulado acordou Adolph. Christina
tinha cortado o cabelo curto depois do divórcio. Não era ela!

Ele retraiu a mão e, aos poucos, recuperou a visão. Na frente


dele estava um rosto extremamente bonito, até um pouco
parecido com o de Christina. Porém, os olhos que o fitavam
eram mais charmosos e menos heroicos do que os de
Christina.

Yasmin notou a mudança na expressão dele.

Obviamente, a ternura momentânea em seus olhos não era por


causa dela, mas porque ele achara que ela fosse outra mulher.

No entanto, não era a primeira vez que ela via uma expressão
tão sutil, já tinha visto isso no rosto de um outro homem
inúmeras vezes, e todas as vezes, ela saía com o coração
partido. Ela ficava nessas relações até não aguentar mais a
dor, então decidia partir.
FM
"Eu pareço a mulher que você ama, não é?" Um sorriso

B
zombeteiro apareceu no rosto encantador de Yasmin. "Por que
vocês homens sempre tentam encontrar uma substituta para a
mulher que amam?"

"Desculpe, eu confundi."

Adolph pediu desculpas por sua imprudência e bebeu o resto


da bebida na frente dele. Depois, disse ao barman: "A conta
dessa senhora pode ser cobrada do quarto nº 77."

Depois disso, ele assentiu e saiu com seu casaco.

Yasmin ficou um pouco atordoada e estreitou os olhos.

Ele estava jogando duro para conseguir?

"Ele está mais interessante."

Christina saiu do quarto de Jessie e foi direto para o quarto dos


pais, onde encontrou Yale ainda ajoelhado rezando.

Havia três incensos acesos em frente à estátua e parte deles já


havia sido queimada.

"Por que você ainda está ajoelhado? Bastava uma cerimônia


simples."

"Faz muito tempo que não visito a mamãe", disse Yale com um
sorriso. "Vou ficar mais um tempo ajoelhado para expressar
minha piedade."
FM
"Então vou te fazer companhia." Christina pegou outro tapete

B
de oração e se ajoelhou ao lado dele. Depois juntou as palmas
das mãos e olhou para o retrato de sua mãe. "Mãe, você está
no céu. Espero que irmão Yale possa se casar o mais rápido
possível e dar à luz um bebê saudável."

Yale riu, "Como isso pode ser suficiente?"

Christina pensou por um momento e mudou suas palavras.


"Então, que ele dê à luz dois. Um menino e uma menina, o
dobro."

"Obrigado." Enquanto falava, ele pressionou a cabeça de


Christina e se curvou três vezes com ela antes de se levantar.

Christina disse: "Você não quer ficar mais um tempo


ajoelhado?"

"Já chega. Nossos pais não vão se importar."

Após dizer o que devia e o que não devia, Yale puxou Christina
para se levantar também, dando um tapinha nas calças dela
para alisá-las. Na verdade, ele não queria que ela se
ajoelhasse com ele.

"Tem vinho?"Ele perguntou.

Assim que ele terminou de falar, Christina pisou no chão duas


vezes como se estivesse fazendo mágica, e o piso de repente
se abriu de ambos os lados e emitiu uma luz brilhante.

Yale ficou extasiado por um tempo antes de segui-la pelas


escadas de madeira. Só então ele percebeu que havia uma
FM
adega lá embaixo, repleta de vinhos preciosos, estimados por

B
Alston Granger.

Nick havia ocupado aquele quarto por três anos, mas nunca
soubera daquele mundo diferente sob ele.

Como uma mulher rica, Christina acenou com a mão e disse


com elegância: "Nossa Mansão das Rosas tem muitos vinhos.
Escolha o que quiser."

Capítulo 73

Hyman correu da cidade R para a cidade S durante a noite e


até passou no Deli Restaurant para pegar alguns pratos antes
de ir para o Cloud Bar.

Pensando no estômago de Adolph, Hyman se conteve ao ver


as lindas mulheres no bar, algo raro vindo dele, que passou o
cartão e entrou no elevador, depois foi direto para o último
andar e abriu a porta do quarto 77.

Ao entrar, ele se deparou com Adolph sentado em frente ao


computador e digitando no teclado, como se estivesse
procurando por algo. O homem viu Hyman entrando pelo canto
dos olhos sem nem mesmo levantar a cabeça.

"Fui ao restaurante da Christina pedir alguns pratos e pedi ao


Sr. Dias que os preparasse."

Hyman tirou as embalagens da sacola e salivou ao sentir o


cheiro da comida. Quando viu Adolph sentado ali imóvel, foi
até ele e perguntou: "O que você está fazendo? O que está
investigando tão sério?"
FM
B
Ele caminhou até o lado do computador e deu uma olhada,
franzindo a testa. "Esse é Yale Quinn?"

Adolph digitou duas vezes no teclado e não parou até que a


página fosse totalmente exibida. Depois se virou para Hyman e
perguntou: "Você também o conhece?"

Hyman sorriu. Ele achou que Adolph estava zombando dele.


"Como eu ouso não saber quem é o Sr. Quinn?"

Havia algo errado.

Adolph raramente ouvia Hyman sendo irônico. Por isso, se


virou para a tela e leu tudo sobre as informações desse
homem, com sobrancelhas franzidas.

"O jovem mestre da família Quinn."

"É ele."

Hyman cruzou os braços e disse: "Você me pediu para


investigá-lo, mas poderia simplesmente ter me perguntado. Sei
mais da vida dele do que o computador pode te falar. Mas você
tem que me contar primeiro por que o está investigando."

Adolph comprimiu os lábios em uma linha. Ele parecia que não


estava bêbado, mas sua cabeça começou a doer.

Então, levantou a mão para pressionar sua têmpora e falou


com voz baixa e amarga: "Ele apareceu de repente ao lado de
Christina hoje à noite. Parece que eles são próximos."
FM
"O quê?"

B
Os olhos de Hyman se arregalaram de surpresa. "Yale voltou
para a cidade S? Christina o conhece?!"

Até onde ele sabia, Yale estivera no exterior nos últimos anos e
havia vestígios de suas atividades no leste e no sudeste da
Ásia, assim como no Triângulo Dourado. Aonde quer que ele
fosse, surgiam muitas notícias sobre ele, o que era chocante.

Dizia-se que tudo o que o Sr. Quinn fazia era para vingar sua
mãe. No entanto, ninguém sabia quem ela era e que tipo de
vingança ele procurava.

E agora, ele tinha voltado para a cidade S do nada. Isso


significava que ele tinha acabado sua vingança?

Ao ouvir a explicação de Hyman, Adolph parou de comer e


levantou a cabeça para fitá-lo. "Você também tem rancor de
Yale?"

"Eu o odeio tanto."

Hyman bufou e comeu dois bocados de arroz. Depois de


engolir, disse a Adolph: "O meu pai e o dele eram velhos
amigos, basicamente irmãos. Então, nossas famílias eram
muito próximas e conviviam bastante. No entanto, aquele
pirralho do Yale, porque ele é mais velho do que eu, me
dominou em todos os aspectos, ele me maltratava junto com
os meus irmãos b*stardos.

Quase me afoguei quando criança. E a culpa foi dele!"


FM
Adolph ouviu seu longo discurso e perguntou: "Você não pode

B
vencê-lo?"

O cabelo de Hyman ficou em pé.

"Quem disse que eu não posso vencê-lo?"

Hyman deu um tapa na mesa e disse, cético: "Eu parecia uma


galinha fraca quando era pequeno, então, é claro que eu não
poderia vencê-lo. Mas agora é diferente. Sou um policial
especial.

Posso muito bem vencer um homem como Yale."

"Eu lutei com ele hoje."

"O quê? Vocês já brigaram?"

Hyman ficou chocado. "Quem ganhou?"

"Não teve vencedor." Adolph lembrou as habilidades


implacáveis de Yale e seus olhos escureceram mais uma vez.
"Depois de alguns movimentos, Christina nos parou."

Hyman torceu o nariz, sentindo pena que havia perdido um


show maravilhoso.

"Christina convive com muitos talentos escondidos. Exemplos


disso, são Martin e um outro príncipe herdeiro. A família
Granger e a família Quinn são famílias nobres bem conhecidas
na cidade S, uma por ser a mais rica e a outra por ser dona do
submundo. Não seria estranho que elas tivessem uma
FM
amizade. Talvez Christina e Yale tenham crescido juntos",

B
analisou Hyman.

Adolph perdeu o apetite com as palavras do Hyman, e seu


rosto escureceu.

Ele colocou os hashis no bowl de porcelana com força e disse


com voz profunda e fria: "Como alguém pode ter tantos amigos
de infância? Você acha que isso é o que? Uma série de TV?"

Não importa quem eles fossem, Adolph os expulsaria e não


permitiria que existissem!

"Ei, você não quer mais comer?" Hyman gritou ao ver Adolph
indo até o computador novamente.

Logo bufou e murmurou: "Ele está com ciúmes. Que cara


arrogante."

Hyman continuou comendo sozinho, até a campainha tocar de


repente.

Ele abriu a porta pensando que era serviço de quarto, mas se


deparou com uma mulher sexy e bonita segurando uma
garrafa de vinho na mão. Atordoada ao vê-lo, ela checou o
número do quarto novamente.

"Com licença, é o quarto do Sr. Roger?"

"Sim, eu sou o Sr. Roger." Hyman estreitou os olhos, achando


o rosto à sua frente muito familiar. "Você é aquela famosa,
Yasmin? Veio aqui beber comigo?"
FM
Ele foi desrespeitoso e estendeu a mão para pegar o vinho.

B
Mas Yasmin entrou no quarto desviando da mão dele. "Eu não
estou procurando você. Estou procurando ele, ela disse ao
avistar Adolph.

Yale pegou uma garrafa de uísque escocês.

"Quero esse."

Christina pareceu um pouco desconfortável ao ver a escolha


dele, aquela era a bebida predileta de Adolph, cujo armário era
repleto dela.

Yale viu a expressão de Christina e perguntou


provocativamente: "O quê? Você não quer tomar isso?"

Os cantos da boca de Christina se contraíram. "Contato que


você goste..."

Eles pegaram a garrafa e foram para o quarto de hóspedes


que tinha sido preparado para Yale. Vendo-os com a bebida na
mão, a Sra. Marisa ordenou aos empregados que preparassem
alguns pratos e uma sopa para aliviar ressaca enquanto os
lembrava: "Não bebam muito."

Christina pegou dois copos e se sentou de pernas cruzadas no


tapete com Yale. Ela serviu um pouco da bebida e disse: "Yale,
um brinde a você."

"Um brinde a você também."


FM
Ele sorriu e brindou com ela, mas seus olhos brilhavam de

B
culpa. "Nos últimos dois anos, não estive ao seu lado para
protegê-la, e você acabou sofrendo muito."

Levantando a cabeça, ele esvaziou o copo.

No entanto, Christina não bebeu. Em vez disso, ela olhou para


ele séria e disse: "Irmão Yale, assumo a responsabilidade por
minhas decisões. É a minha vida. Não me arrependo, e você
não precisa se culpar por isso."

"Mas não vejo mais nenhum brilho nos seus olhos."

Yale olhou para Christina com uma expressão de dor. "Para


onde foi aquela irmãzinha animada e alegre?"

Uma luz escura brilhou nos olhos delas. "Não vou me vingar de
Adolph. Não vou me vingar de ninguém."
FM
Capítulo 74

B
Christina balançou a cabeça com um sorriso amargo, bebeu o úsique e
depois mostrou a língua.

"Adolph e eu já nos machucamos muito, nem sei mais como falar com ele. Se
ele não me ama, de que adianta ficar ao lado dele?"

Yale franziu as sobrancelhas. "Isso foi porque ele é cego e cometeu um


grande erro! Minha irmã é a melhor garota do mundo e ninguém é bom o
suficiente para ela. Adolph não merece carregar nem os seus sapatos!"

Irmãos mimam irmãs e acham que nenhum homem é bom o suficiente para
elas. Como eles poderiam deixá-las com um cretino?

Christina apenas sorriu, pois sempre sentira que a melhor parte de sua vida
era ter cinco irmãos como Yale. Essa fora a maior riqueza que sua mãe
deixara no mundo.

"Não vamos falar daquele homem fedido. Nós nos divorciamos, então não
temos mais nada a ver um com o outro. Agora só quero fazer um bom
trabalho no Granger Group, o negócio da família que meus pais trabalharam
duro para construir. Não podemos perdê-lo e, claro, não podemos deixar que
seja destruído por Nick e Neil." Christina parecia determinada. "Vou acertar as
contas com eles por todas as maldades que fizeram,"

Yale assentiu. "Você não lutará sozinha, Comigo aqui, Nick e Neil não
poderão fazer nada."

Ele continuou: "As pessoas que queriam te seqüestrar hoje disseram que
foram enviadas por Beck Lee? Quem é ele?"

"Não é um figurão, é só uma celebridade da internet."

Christina contou sobre a disputa entre ela e a família Lee e suspirou


impotente. "Também é minha culpa. Depois de três anos de ausência, todo
tipo de vira-lata se atreveu a invadir o meu território para se comportar como
quisesse."
FM
Ela levantou o copo para bater contra o de Yale e sorriu. "Mas vou mostrar a
eles quem é que manda na cidade S."

B
Yale também riu, aquela era a sua irmãzinha dominadora.

Os dois continuaram conversando e bebendo.

Christina limpou a boca e perguntou: "Não vamos mais falar de mim. Yale,
você esteve em vários lugares nos últimos dois anos, não foi?"

"Isso."

Yale descascou um amendoim e o enfiou na boca, depois estreitou os olhos e


se lembrou dos lugares onde estivera nos últimos dois anos. Christina o ouviu
com o coração um pouco apertado. Aqueles eram os lugares onde sua mãe
tinha estado antes.

"Você encontrou algumas provas?" Ela perguntou enquanto segurava o copo


com força, com expressão tensa.

Yale balançou a cabeça, e seu rosto ficou sombrio e obscuro. "Nenhum deles
admite participação, mas eu não acredito neles. Eles devem ter relação com
a morte da mamãe e do seu pai. Mas não tenho certeza de quem está por
trás disso."

Imediatamente, ele abriu um sorriso sombrio. "Já que nenhum deles quer
admitir o feito, então vamos pegar todos de uma vez só. É melhor matar mil
pessoas por engano do que deixar uma única livre!"

Christina segurou a mão dele e disse em voz baixa: "Devemos nos vingar,
mas o mais importante é a sua segurança. Segundo irmão, pense no que
nossa mãe nos disse antes de partir. Não me deixe preocupada."

Olhando para o rosto da irmã mais nova, tão semelhante ao de sua mãe, uma
voz dominadora e gentil soou em seus ouvidos. "Nada é mais importante do
que a sua vida. Eu quero que você viva bem, entendeu?"

Ao se lembrar do conselho da mãe, a expressão fria e dura no rosto de Yale


desmoronou, e o homem alto começou a chorar.
FM
"Christina, eu sinto tanta falta da mamãe,"

B
Christina ficou com os olhos marejados ao abraçar Yale. Ela sentia o mesmo.

Depois de três rodadas de beber, Christina estava um pouco bêbada e seu


rosto estava corado.

E dizem que quando estamos bêbados, falamos a

verdade, especialmente na frente de parentes.

"Christina, me diga, Adolph fez algo de errado com você? Ele realmente
nunca dormiu com você durante os três anos de casados?"

"Nunca,"

Bêbada, Christina segurou o queixo com a mão e fez beicinho com


ressentimento. "Eu também não entendo. Sou uma mulher tão bonita, Como
ele não ficou tentado comigo na frente dele todos os dias? Mesmo que fosse
Zeus, ele ainda se apaixonaria pela filha do rei. No entanto, esse cara... Será
que ele não me acha bonita o suficiente, ou que não sou gostosa? Eu não
entendi, não sei nada..."

Ela balançou a cabeça com olhos embaçados.

No bate-papo em grupo entitulado 'Aliança dos Guardiões de Christina', os


irmãos enviaram vários emojis de facas de cozinha com cabos manchados de
sangue.

Seu irmão mais velho foi o primeiro a falar, "Ele é cego!"

O resto dos irmãos concordou com ele.

Ao ouvir isso, Yale cerrou os dentes de ódio, sentindo cada vez mais que
Adolph era um inútil.

Em sua opinião, se ele não gostasse de sua irmã, não deveria ter se casado
com ela. Ninguém o tinha forçado!
FM
Mas se ele o tinha feito, deveria tê-la tratado bem. Mesmo que fosse apenas
de aparência, ele ainda deveria tê-la tratado com respeito e admiração. Aquilo

B
foi um desperdício.

Para o filho de uma família rica cercado de mulheres há muitos anos, casar
não era nada. Sua irmã continuaria linda e jovem mesmo sendo divorciada, e
o casamento ridículo deles não seria um problema para ela. Mas ele não
podia suportar vê-la se comportando como uma viúva!

Ele pensou em voz alta: "Acho que Adolph não gosta de de mulheres, e sim
de homens."

Cof cof... Christina estava tomando um gole de úsique quando ouviu suas
palavras e quase engasgou.

Ele rapidamente deu um tapinha nas costas dela. "Beba devagar... Você está
bem?"

O grupo imediatamente explodiu em alvoroço...

Luís escreveu: "A minha irmãzinha está bem?"

Seu quinto irmão, Martin escreveu: "Yale, tenha cuidado com suas perguntas.
Você está sendo muito agressivo desde que chegou. E se você assustou
Christina?"

Christina tossiu algumas vezes e olhou para Yale sem palavras. "Irmão Yale,
o que você está pensando? Mesmo Adolph não gostando de mim, ele não
gosta de homens. Ele não é o nosso quarto irmão. Ainda tenho noção disso."

O quarto irmão, Innis Jensen, que havia recebido uma indireta sem motivo,
ficou sem palavras.

Martin então escreveu: "Uau! Que tapa!"

Martin enviou algumas fotos. O WhatsApp grupo ficou em silêncio por três
segundos, e então todos começaram a atirar emojis de facas de cozinha
sangrentas na tela.

Apenas Luís permaneceu em silêncio.


FM
Yale viu as fotos enviadas no celular, e sua expressão escureceu, Christina

B
mirou as fotos e perguntou: "O que foi?"

"Nada, está tudo bem." Yale tentou esconder, mas Christina já viu
obviamente. Seus olhos afiados de repente se arregalaram. "Vocês formaram
um grupo pelas minhas costas?"

Yale argumentou: "Esse não é o ponto!"

Christina ficou muito brava e pegou o telefone sem dizer nada. "Você falou
mal de mim pelas costas?"

Ela arrotou e vasculhou o registro de bate-papo. Quando os irmãos do grupo


ouviram a voz dela, todos recuaram e fugiram o mais rápido que puderam.
Em um instante, o grupo foi apagado.

Mas Christina ainda ainda conseguiu ver algumas fotos. Uma bela mulher
com roupas reveladoras batendo na porta do quarto 77 no meio da noite com
uma garrafa de vinho na mão.

Adolph não estava morando na suíte nº 77 do Cloud Bar?

Ela riu friamente e se virou para mirar Yale. "Então ele teve um encontro com
essa beleza. Eu te disse que ele gosta de mulheres, ele só não de mim."

Como se seu coração estivesse sendo esmagado por uma mão, Yale se
chamou. "Christina..."

"Pode deixar. De qualquer forma, não me importo mais. Ele pode ficar com
quem ele quiser."

Christina lançou o telefone para ele e bebeu o último copo de whisky. Depois
se levantou com a ajuda da mesa e cambaleou até sair do quarto. "Estou com
sono. Vou dormir. Boa noite."

Yale ajudou a irmã a voltar para o quarto, inquieto. Depois, e ao se deitar,


pegou o telefone e ligou com raiva para Martin.
FM
"Contrate algumas pessoas, quero que você coloque um saco na cabeça dele
e o espanque para descontar a raiva de Christina, em nome dela!"

B
Capítulo 75

Antes de ir para a cama na noite anterior, a Sra. Marisa forçou Christina e


Yale a beberem a sopa de ressaca. Então, Christina não acordou com dor de
cabeça na manhã seguinte e ficou tão agradecida, que desatou a chorar e
beijou a senhora.

Yale também queria beijá-la, mas Christina o empurrou. "Você quer tirar
vantagem da Sra. Marisa? Olhe os modos!"

"Tiro vantagem de qualquer uma que seja bonita."

Yale continuou: "Ou você vai se atrever a dizer que Sra. Marisa não é
bonita?"

Christina o mirou com um olhar sinistro e ardiloso.

A Sra. Marisa abriu um sorriso amoroso para olhar para os irmãos, pois fazia
muito tempo que não presenciava a gente se provocando, e, para ela, era
como voltar ao tempo.

Naquela época, todas as famílias ficaram juntos, a Mansão das Rosas estava
cheio de risada e amor.

Mas agora... infelizmente…

A mordoma engoliu o suspiro e correu para servir o café da manhã para eles.

Belle desceu cumprimentando todos educadamente e se sentou ao lado de


Christina, que lhe trouxe uma tigela de mingau e perguntou: "Onde está
Jessie?"

"Eu bati na porta do quarto dela, mas não houve resposta. Achei que ela já
tivesse descido." Belle se levantou. "Vou subir para chamá-la de novo..."
FM
"Não há necessidade de ir própria." Christina a segurou na cadeira e depois
se sentou. Em seguida, pediu a uma empregada que subisse e chamasse

B
Jessie. "Diga que não importa se ela está indisposta, se ela não comer agora,
não terá outra oportunidade."

A empregada foi e, após um tempo, voltou e disse: "Senhorita Christina, a


senhorita Jessie não está no quarto."

Aonde ela teria ido tão cedo?

Christina verificou as imagens de vigilância e descobriu que a irmã tinha


fugido pela janela do quarto usando um lençol amarrado e, depois, tinha
utilizado a saída do cachorro na parede para partir. "Oh, você é realmente
peculiar."

Yale meneou a cabeça ao ver a pobre e envergonhada Jessie no vídeo. "Que


pena. Olhe só o que você fez, a deixou em um estado tao

lamentável."

"Ela teria que ter sido injustiçada para você ter pena. Mas tudo o que
aconteceu foi culpa dela. O que posso fazer?" Christina falou impotente.

Quando era criança, Christina cavara um buraco de cachorro em sua casa


para se divertir e fora severamente punida por seu pai. Mas acabaram
fazendo outro buraco agora.

Quando a governanta perguntou se ela o deveria encobrir, Christina acenou


com a mão e disse: "Se ela está disposta a ser um cachorro, deixe-a ser. O
cachorro também vai se sentir pena quando descobrir o buraco encobrido."

Enquanto comia os bolinhos de caranguejo cozidos no vapor, Yale falou: "Seu


sistema de segurança não está bom o suficiente, então ela fugiu como assim.
O que os guarda-costas estavam fazendo?"

Nesse momento, o guarda-costas K apareceu dizendo que eles haviam


encontrado Jessie saindo pela janela, mas que não haviam se importado até
a virem rastejando pela saída do cachorro. Ele falou que até queria informar
Christina, mas havia ficado com receio de perturbar seu descanso, então
tinha esperado até que ela acordasse.
FM
Christina lançou um olhar significativo a Yale, como se dizendo, "Pensou

B
menos, né?"

Ele bufou e abaixou a cabeça para continuar a comer os bolinhos.

Então, Christina se virou para o guarda-costas Ke perguntou: "Ela foi atrás de


Harry?"

Ele assentiu.

Yale encarou Christina com uma expressão exagerada. "Você sabe até isso?
Você é tão divina quanto um deus."

"Coma tranquilo."

Belle também olhou para Christina com curiosidade. "Como você adivinhou
isso?"

"Há de tão difícil? Se uma mulher é injustiçada, é

claro que irá reclamar com seus entes queridos." Christina abriu um sorriso
zombeteiro. "O problema é que eu não confio em ninguém. Temo que sua tola
segunda irmã terá que suportar a segunda rodada de castigos."

"O que você è quer dizer com isso?" Belle perguntou, piscando os olhos para
Yale, desconfiada.

"O que você está falando?" Yale também questionou Christina, igualmente
intrigado.

Christina cobriu o pão torrado com geléia e suspirou, "Significa que terei que
cortar as asas dela."

Jessie caminhou com dificuldade até o apartamento de Harry, xingando o


tempo todo.

Na noite anterior, ela tinha sido alvejada por Christina cem vezes, e, por isso,
ficara tão dolorida que não conseguira dormir a noite toda. De manhã, ela
FM
tirou as calças e olhou para seu traseiro, que estava inchado como uma
lanterna vermelha. Sua única opção foi colocar uma saía.

B
Logo, tentou ligar para Harry para contar o que havia acontecido, mas ele não
atendeu a ligação. E, quando chegou ao apartamento dele, quase foi

impedida de entrar pelos seguranças.

Afinal, seu vestido branco estava sujo de lama e havia um grande rasgo na
bainha de sua saía, Isso havia acontecido porque parte do seu vestido havia
ficado preso em um fio de ferro quando ela pulara pela janela, até mesmo seu
short íntimo estava exposto.

Mas essa não era a parte mais embaraçosa. Na verdade, ela parecia uma
paciente fugida de um manicômio. Nenhum táxi a tinha deixado embarcar, e
ela tivera que ir até o prédio caminhando, seus pés estavam estraçalhados.

Jessie estava com dor e se sentindo injustiçada.

Havia chorado durante todo o trajeto, enchendo seu rosto de ranho e


lágrimas. Sua maquiagem estava arruinada, assim como seus cílios postiços
e delineador. Ela mais parecia uma galinha com olheiras.

Depois de muitas explicações, os seguranças a reconheceram como a


segunda jovem da família Granger, então a deixaram subir.

E, nesse momento, Jessie odiava Christina, os motoristas de táxi e os


seguranças.

"Esperem só para ver. Trinta anos de vingança por trinta anos de sofrimento.
Todas as injustiças que sofri hoje serão retribuídas! Quando eu me tornar a
Sra. Reis, será tarde demais para vocês começarem a me agradar!"

Jessie se arrumou enquanto ia até o apartamento de Harry. Então, digitou a


senha e abriu a porta do quarto.

Ela tirou os saltos altos e entrou, tentando fazer uma surpresa ao seu noivo.

A porta do quarto principal não estava fechada, e estava muito escuro lá


dentro, nem as cortinas estavam abertas. Jessie sabia que Harry sempre
FM
acordava tarde, então murmurou: "Ele ainda não acordou, Perfeito. Vou
dormir até mais tarde."

B
Ela gentilmente abriu a porta do quarto principal e caminhou até a cama,
onde levantou a colcha para se deitar, mas o que ela sentiu foi…

Ah!"

O grito foi tão alto que quase derrubou o telhado, sacudindo Harry. "O que
aconteceu?! Socorro! Um terremoto aconteceu?"

Ele levantou a colcha e saiu correndo descalço antes mesmo de vestir as


calças. Mas quando viu que a casa estava estável e não havia sinal de
terremoto, voltou para o quarto, onde encontrou duas mulheres o encarando.

Harry franziu a testa na mesma hora ao ver Jessie, então pegou suas calças
e perguntou infeliz: "Por que você está aqui? Por que saiu gritando? O que
você fez ontem à noite?"

Jessie arregalou os olhos. Olha a situação em que ela o encontrara... Como


ele ainda tinha a coragem de questioná-la?

"É Você quem tem algo a me explicar!"

Era raro Jessie ser durona, mas ela apontou para a mulher nua na cama e
seus olhos quase saltaram. "Quem é ela? Por que ela está na sua cama?"

Capítulo 76

Assim que Jessie gritou, a outra mulher se enrolou na colcha e correu na


direção de Harry, chorando timidamente: "Harry..."

Jessie, que já estava brava desde o início da manhã, ficou enfurecida ao


ouvir o grito da mulher e, cheia de raiva, deu-lhe um tapa no rosto. "Você não
tem o direito de chamá-lo assim! Quem você pensa que é!"

Ela imitou o tapa que havia levado de Christina na noite anterior ao bater na
megera, fazendo-a cair na cama com a cabeça inclinada. A mulher rolou e
rastejou para os abraço de Harry. "Harry, me salve!"
FM
Ela devia ter apenas vinte e poucos anos e sua pele era clara e macia. Mas
agora, metade do seu rostinho vermelho estava coberto com uma marca de

B
mão, era uma visão chocante.

Harry tinha sido paparicado a noite toda, então era hora de adorá-la. Ele ficou
com raiva ao ver aquele rostinho inchado com olhos avermelhados, como se
o rosto dele também estivesse sendo batendo pela Jessie.

Ele protegeu a mulher atrás dele e encarou Jessie com impaciência. "Já
chega! Quem você pensa que é?"

Jessie olhou para Harry incrédula. "Sou sua noiva!"

"Nós ainda não nos casamos nem temos uma certidão. Você está com pressa
para alterar seu status para esposa?"

Harry riu friamente, pegou sua camisa do chão e a colocou na pequena


mulher. Então, ele a abraçou e a beijou no rostinho delicado. "O título de Sra.
Reis não é necessariamente seu. E mesmo se nos casarmos, posso dormir
com quem eu quiser. Não é da sua conta", ele disse com uma expressão
provocativa, enquanto mirava a noiva.

Jessie sentiu a raiva crescendo. No entanto, quem estava nos braços de


Harry, acariciando seu peito, era a outra mulher. "Harry, não fique com raiva.
Eu sempre fui sua. Minha vida gira em torno de você."

Harry achou a mulher em seus braços agradável aos olhos ao compará-la


com aquela Jessie miserável e feroz, estava viciado no papel de presidente
autoritário. Ele se abaixou e pegou a pequena mulher no colo, fazendo-a
gritar.

"Vamos tomar um banho juntos. Não nos gozamos o suficiente ontem à noite.
Vamos!"

Ele carregou a garotinha como se fosse uma princesa e a levou para o


banheiro. Ela, por sua vez, fingiu estar contrariada ao dizer, "Não, não",
enquanto sorria orgulhosa para a rival.
FM
Jessie estava fula da vida que começou a tremer toda. Todo o
constrangimento que ela havia vivenciado na noite anterior e naquela manhã

B
não se comparavam àquele momento.

Seu coração doía, e as lágrimas escorriam.

Ela ouviu o riso das duas pessoas sem vergonhas no banheiro, e o som foi
aumentando cada vez mais. Era como se milhares de insetos e formigas
estivessem perfurando seus ouvidos, mordendo seu coração e mastigando-o
até virar polpa.

'Por quê? Por que isso está acontecendo comigo?'

Ela realmente gostava dele, sempre gostara, desde muito jovem.

No entanto, naquela época, Harry era o herdeiro da família Reis, e ela era
apenas filha de um gerente.

Ela se apaixonara aos quatorze anos, em um baile, quando usara um vestido


delicado que Christina havia lhe dado. Lá, ela criara coragem para se
aproximar de Harry e o convidara para dançar. Ele tinha acabado de fazer 18
anos e vestia um terno caro. Estava segurando uma taça de vinho tinto
parecendo muito maduro e elegante.

"O vestido que você está usando é da Christina, não é? Você é apenas a
Cinderela, não use roupas de princesa. Você não merece", foi a resposta
dele.

O rosto dela queimou nesse momento, e Jessie não conseguiu levantar a


cabeça por se sentir inferior, como se tivesse sido despida em público.

No entanto, ela ainda forçara um sorriso artificial, perguntando: "Mas o


príncipe no conto de fadas sempre não gosta das princesas e só gosta de
Cinderela."

Ele riu como se tivesse ouvido uma piada engraçada e acariciou a cabeça
dela. "Você é realmente uma menina, porque só as crianças acreditam em
contos de fadas. No mundo adulto, só a princesa pode se casar com o
príncipe."
FM
Depois disso, ela o vira correndo para agradar Christina.

B
Jessie ficou o observando contar uma piada para sua irmã e seu único
pensamento foi: "Devo substituir a irmã e me tornar uma princesa de
Granger?"

Ela sabia o que seu pai e seu terceiro tio tinham feito nesses anos. Ela não os
tinha impedido, até os havia ajudado. Ela queria afastar Christina, para
substituí-la e se tornar a verdadeira 'senhorita da familia Granger'. Harry
também era agora seu noivo como ela desejava.

No entanto, quando Christina retornou, todos os belos sonhos de Jessie


foram destruídos.

A princesa continuava tão gentil como sempre, como nos contos de fadas.
Então, quando o sino tocou à meia-noite, ela voltou à sua forma original, de
Cinderela,

Quanto ao príncipe que ela amava, o que ela teria que fazer para fazê-lo ficar
ao seu lado? Será que ela tinha que virar uma princesa?

Havia uma luz escura em seus olhos gentis. Ela levantou a mão para enxugar
as lágrimas do rosto e arrumou a colcha. Depois, pegou as roupas íntimas,
meias e bolsas espalhadas no chão e jurou em seu coração:

'Não importa com quem você durma, só eu posso ser a Sra. Reis, Só eu!'

Não era freqüente para Yale retornar à cidade S, tanto que Christina se
ofereceu para fazer-lhe companhia, mas ele descartou a gentileza.

"Tenho algo para fazer, você pode continuar trabalhando. Não precisa me
acompanhar."

Não era adequado Christina perguntar mais sobre as famílias influentes,


então ela apenas disse, preocupada: "Tome cuidado. A propósito, o irmão
Luís voltará em alguns dias. Vamos nos encontrar quando você tiver um
tempo."

Yale fez um gesto de 'Ok' e foi embora em seu carro esportivo.


FM
Ele até tentou colher algumas rosas, mas Christina ficou com tanta raiva que
quase brigou com ele. Ela só o deixou pegar algumas delas quando ele disse

B
que iria dá-las aos anciãos.

Ao vê-lo se afastando, Christina balançou a cabeça impotente. "Quantos anos


você tem? Ainda age como um cavalo selvagem. Quando vai se casar?"

Belle riu ao lado dela: "Não se preocupe. Quando irmão Yale quiser encontrar
alguém, haverá muitas opções, muitas gostariam de se casar com ele. Ele
não terá que se preocupar."

"Espero que sim", Christina suspirou enquanto se virava para a prima e dizia:
"Tome cuidado! Mantenha os olhos abertos ao procurar um homem, não
escolha alguém como ele."

"Não se preocupe, irmã. Não gosto de caras como ele."

"Que tipo de homem você gosta?"

Christina viu os brilhantes olhos amendoados de Belle mirando Gabriel e


entendeu na mesma hora. "Ah, você gosta de alguém como o Gabriel."

"Irmã!" O rostinho de Belle ficou vermelho.

Memso tempo, Gabriel ouviu meia frase e perguntou confuso: "O que você
quer dizer com 'como eu'?"

"Não é nada. Eu estava apenas brincando."

Belle entrou em pânico e empurrou Gabriel até o carro. "Vamos, irmão


Gabriel. Ou chegaremos atrasados no trabalho!"

Christina observou sua prima em pânico com um sorriso e suspirou: "Meninas


crescidas não deveriam ser mantidas mais em casa."
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