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Prólogo
— Angus MacNabb!
Não havia paz em sua própria sepultura?
Ele havia sido atormentado o suficiente na vida. Ele fechou os
olhos com força e tentou ignorar a voz suave que o chamava, atraindo-o,
puxando-o de volta ao mundo, mesmo sabendo que ela era a única pessoa
que conseguiria.
— MacNabb, eu sei que você pode me ouvir. Pare de ser teimoso
e saia. Nós não estaríamos aqui se não fosse por sua tolice, e você vai me
ajudar a consertar isso.
— Teimosa! — Retrucou Angus, incapaz de resistir ao aguilhão.
— Isso não é o caso do sujo falando para o mal lavado? — Ele parou e
olhou. Georgiana estava reluzente no ar diante dele.
Ele piscou, imaginando se estava vendo um fantasma, então
lembrou, que ele estava.
Mesmo morta, Georgiana possuía o poder de roubar-lhe o fôlego
— se ele tivesse algum fôlego para roubar. Ela inclinou a cabeça e sorriu
para ele, do jeito que ele se lembrava. Fazia quase sessenta anos desde que
ele vira aquele sorriso, mas ele nunca se esquecera. Percorria através dele
agora como a própria vida, enchendo-o de paixão e dor.
Georgiana Forrester, a falecida condessa de Somerson, ergueu as
sobrancelhas como se esperasse que ele terminasse seu comentário, mas ele
não o fez. Como ele podia falar enquanto os olhos dela percorriam o plaid
escocês com o qual ele havia sido enterrado? Ele parecia melhor quando
estava vivo, então endireitou orgulhosamente seus ombros, e a boina do
Laird em sua cabeça.
— É um belo vestido esse que você está usando. Você ainda
parece uma menina. — Minha menina.
Georgiana olhou para o cetim prateado com uma careta de
desgosto.
— Eu detesto este vestido. Eu casei com Somerson com ele, e
eles o escolheram para o meu enterro. A única coisa boa que posso dizer é
que ainda se encaixa, perfeitamente, depois de todos esses anos. Eu não sei
como eles o encontraram. Eu pedi a minha donzela para queimá-lo.
MacNabb franziu a testa e uma das penas de águia na boina caiu
sobre seu olho. As três penas o proclamavam Laird de seu clã, chefe de
todas as rochas, touceiras de capim e crianças famintas, até onde os olhos
conseguiam ver da decadente torre do velho Castelo Glenlorne, onde
estavam agora. Ali havia sido o seu lugar de encontro até... A raiva antiga e
familiar explodiu.
— Somerson! — Ele cuspiu o nome, preenchendo-o com sessenta
anos de ódio. — Só um idiota, tolo, enterraria sua esposa em seu vestido de
casamento.
O queixo de Georgiana se elevou.
— Você disse que havia gostado. Além disso, o dia do meu
casamento e o dia do meu enterro foram igualmente dolorosos. Eu acho que
foi uma escolha muito apropriada.
MacNabb suspirou e a brisa se moveu através das copas das
árvores para além das paredes, em ruínas, da torre.
— Sim, bom, é por isso que estamos aqui, para debater nossas
roupas de sepultura?
Ele olhou ao redor da torre, agora aberta para o céu, o telhado há
muito desaparecido. As madeiras podres das janelas emolduravam uma
vista do vale, do lago e do novo castelo de Glenlorne, no extremo oposto do
vale. A nova fortaleza, que já contava com mais de cento e cinquenta anos,
parecia tão decrépita quanto esta torre que era mais antiga, por quatro
séculos. Ele suspirou novamente.
Se ele se virasse e desviasse o olhar para o leste, seria capaz de
ver o chalé do tio de Georgiana, Lullach Grange, mas ele manteve as costas
viradas. Ele passou sessenta anos observando a casa vazia, com uma vela na
janela, o sinal de que ela devia encontrá-lo aqui, na torre, mas a luz se
apagou quando as famílias os separaram para sempre. A amargura familiar
foi realçada novamente, ainda, e ele se virou para encará-la.
— O que você quer de mim, mulher? — Ele perguntou
rispidamente.
Os olhos dela permaneciam calmos, sem medo.
— Você nos amaldiçoou, Angus.
— Eu possuía motivos suficientes!
Ela balançou a cabeça, seu sorriso melancólico.
— Nós estávamos apaixonados, e eles não nos deixariam casar,
mas sua maldição ecoou por duas gerações de nossas duas famílias. Deve
terminar. Quero que minha neta conheça o tipo de felicidade que
compartilhamos, Angus.
— Foi felicidade? Isso tornou o resto de nossas vidas,
insuportável. Bem, no meu caso foi assim. Não posso falar por você, é
claro. Não houve um dia em que ele não tivesse pensado nela. Seu nome
havia sido a última palavra em seus lábios.
Ela olhou para a mão onde a aliança de casamento estivera uma
vez. A herança de família, agora enfeitava a mão da atual condessa. Era
outro anel, o que Angus lhe dera para selar seu amor, um anel de promessa
com um pequeno rubi.
— Nenhum de nós teve alegria em nossos casamentos. — Ela
acenou com a mão para indicar a torre. — A última felicidade verdadeira
que senti foi aqui, naquela noite em que passei em seus braços.
Angus podia ver o lugar do qual ela falava, através de sua
imagem transparente, o local protegido onde eles estiveram juntos,
embrulhados em sua manta, alternadamente, fazendo amor e sussurrando
sobre o futuro, se comprometendo um com o outro. Suas mãos se fecharam
querendo tocá-la. Eles poderiam se tocar? Ele não sabia, mas alcançá-la e
fechar os braços no ar vazio novamente, seria demais para suportar.
— Você veio em um momento ruim, gràdhach, — disse ele,
deixando o termo em gaélico para — amada — escorregar de sua língua.
Ele poderia ter mordido a língua em duas, quando ela sorriu docemente para
ele. — Meu filho acabou de morrer e meu clã ficou sem líder. Minha nora
está tentando vender à...
— Não ficou sem liderança. Você tem um neto, não tem?
— Eu tenho. Mas Alec deixou Glenlorne anos atrás, jurando que
nunca mais voltaria. Talvez seja melhor que ele não volte.
— Você não acredita nisso.
— O que resta para ele voltar para casa? — Ele perguntou, sua
boca torcendo amargamente.
Ela flutuou para ficar ao lado dele.
— Há a terra, Angus. E existe amor. O amor pode reconstruir
qualquer coisa.
Ele olhou para ela, viu a tola esperança em seus olhos. Aquele
olhar, aquela esperança o fez se apaixonar por ela, o fez acreditar que
qualquer coisa seria possível. Ele fechou os olhos contra a sensação
invadindo seu peito.
— Você não pensa realmente que eu acredito em amor, não é?
Ela estendeu a mão, colocando-a em seu braço. Ele não conseguia
sentir aquilo, mas uma luz brilhava onde suas almas se tocaram.
— Você acreditou uma vez, a filha de um inglês e um escocês,
quem teria imaginado isso naqueles tempos terríveis? Era, quase,
impossível.
— Era impossível.
Ela riu, e o som ecoou pela torre, assustando um pássaro que
voava. Ele saiu à noite com um grito assustado. Georgiana ignorou.
— Só era impossível para eles, não para nós. Eu duvido que nós
estaríamos aqui agora, juntos neste lugar novamente, se nosso amor
também tivesse morrido.
Não, o amor dele por ela nunca havia morrido. Nem mesmo aqui,
do outro lado da morte. Ele a amava ainda, mas que sentido havia nisso?
Seria uma eternidade de dor em vez de uma vida simples?
— O que isso tem a ver com Alec? — Ele perguntou. Era sua
imaginação, ou ele conseguia sentir o perfume dela?
— O nome da minha neta é Caroline. — Sua voz era suave,
afetuosa e gentil.
— Caroline? Você quer juntá-la com meu neto? Como você pode
ter certeza de que eles se adequariam? O atual conde de Somerson não
objetaria a um casamento com um Laird escocês sem dinheiro, nem... nada?
— Deixe ele para mim. Precisamos apenas deixar minha Caroline
e seu Alec juntos, lembrá-los, talvez, de... — Ela lançou um olhar
significativo para o local do encontro.
— Ela possui algum dinheiro? — Perguntou implacavelmente,
tentando ignorar a lembrança terna. — Ele precisa se casar com uma moça
com uma maldita fortuna, se ele quiser salvar este lugar!
Ela dispensou sua preocupação com um aceno de mão.
— Ela tem um dote respeitável, é claro, mas isso dificilmente
importa. Eles encontrarão um caminho, mas não por amor ao dinheiro,
Angus, amor. — O som da palavra girou no ar ao redor dele. Aquilo
suavizou seu coração.
— Eu não sou contra tentar, gràdhach, mas não podemos forçá-
los a se apaixonar, ou mesmo, ter certeza que vai durar.
Ela sorriu docemente e suspirou, e as urzes brancas crescendo sob
as paredes estremeceram.
— É quase verão, Angus. Lembre-se de como era fácil se
apaixonar no verão? Tudo o que precisamos fazer é trazê-los aqui. O resto
se resolverá por si só.
Angus franziu a testa, ainda duvidando de que alguma coisa
relacionada com amor ou casamento pudesse ser assim, tão simples.
Além do santuário da torre, nuvens beligerantes cobriam a lua e o
trovão murmurava um aviso sombrio.
Uma tempestade estava prestes a descer no pacífico vale de
Glenlorne.
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Caroline corria e bateu em uma parede que parecia ter aparecido
do nada, bem no meio da calçada escura. Ela bateu na superfície dura como
se não pesasse nada. Se não fosse pelas mãos que seguravam a frente da
capa, ela teria caído na rua suja.
Por um instante ela ficou presa na figura escura e aterrorizante
enquanto ele a arrastava à luz da lâmpada de rua mais próxima e pairava
sobre ela. O gosto amargo do medo lhe secou a garganta, e ela esfregou as
mãos enluvadas inutilmente com os dedos trêmulos. Ele conseguia vê-la,
mas com a luz atrás dele, ele era apenas uma sombra enorme e sinistra. Seu
coração começou a bater, e ela quase desejou estar na segurança de sua
casa.
Quase.
Ela tentou se afastar, correr, mas ele a segurou tão facilmente
como se ela fosse uma criança, sem força alguma. O medo real passou
através dela como fumaça, deixando-a ainda mais fraca. Será que Somerson
a viu sair de casa e o mandou atrás dela? Se era um lacaio, não era alguém
que ela conhecia, nem usava o uniforme de Somerson. Ele estava vestido de
preto da cabeça aos pés, como parte da noite. O terror transformou seus
joelhos em geleia, e ela caiu, mas ele a levantou e a colocou de pé, sem
soltá-la. Um punho segurou o manto dela sob o queixo.
— O que diabos você está fazendo andando pelas ruas no escuro?
— Ele perguntou. — Eu poderia ter cortado sua garganta, pensando que
você fosse um batedor de carteiras!
O riso histérico borbulhava em sua garganta. Ele pensava que ela
era alguém para ter medo?
— Eu não sou! — Ela protestou, recuando, saindo de seu aperto.
Ele a soltou e ela recuou para outra parede, uma parede verdadeira dessa
vez. Ela encolheu-se contra a parede, colocou as palmas das mãos sobre os
tijolos ásperos. — Eu não vi você. Eu devo ter tropeçado no meu manto. É
emprestado, você vê, e...
— Emprestado? — Ele rosnou. Ela detectou uma trepidação em
sua voz, um sotaque de algum tipo. Ela sentiu os olhos dele examinando-a,
avaliando-a, e ela sabia o que ele estava pensando. Uma dama sozinha, na
rua, e desconhecida em Mayfair, especialmente à noite, com roupas que não
eram dela. Suas bochechas aqueciam apesar do frio úmido no ar.
Ela se empurrou mais para trás na parede, temendo que o
cavalheiro estivesse prestes a enganchar os dedos em seu manto emprestado
mais uma vez e o tolo a levasse de volta para Somerson House.
Se, claro, ele fosse um cavalheiro. Seu coração pulou em sua
garganta e ali permaneceu, tornando impossível falar alguma coisa. Ela não
conseguia gritar, ou implorar, ou raciocinar com seu captor.
— Onde você está indo a esta hora da noite? — Ele perguntou.
A boca de Caroline trabalhou silenciosamente enquanto sua
mente procurava uma resposta para isso. Para onde ela estava indo? Ela
nem havia pensado nisso quando saiu correndo de Somerson House.
— Norte. — A palavra surgiu em sua cabeça e para fora de sua
boca antes que ela soubesse que ia dizer. — Eu estou indo para o norte, —
ela disse novamente, testando, gostando. A propriedade de Somerson em
Northumbria, onde crescera, ficava ao norte. Mas seria o primeiro lugar que
ele procuraria por ela.
— Escócia? Gretna Green, talvez? — A sombra exigia.
— Escócia? — Ela resmungou como se fosse uma idiota que
nunca ouvira falar do lugar.
— Casar em segredo? Você está fugindo, não é?
— Casar? — Ela engasgou. Se ele soubesse que era bem o
contrário!
— Eu imploro que reconsidere seus planos. Você não deveria
vagar pelas ruas sozinha, e se o seu pretendente fosse melhor tipo de
homem, ele não a colocaria em tal perigo. Você faria melhor indo direto
para casa e esquecendo isto.
— Não! — Ela chorou. Ele inclinou a cabeça, e a luz da lâmpada
acariciou o lado direito de seu rosto, revelando uma mandíbula forte, uma
bochecha alta, uma sobrancelha larga e uma mecha de cabelos escuros. Um
olho brilhante olhou para ela, aguçado como o de um corvo. Ela engoliu em
seco. — Não, eu não posso ir para casa. Vou encontrá-lo no Ram's Head
Inn. Não é de onde as diligências partem?
A sobrancelha escura que ela podia ver alcançou o couro
cabeludo dele.
— Você vai pegar um transporte público? Na estação? O tolo
poderia ter, pelo menos, acordado em pagar por um lugar no Royal Mail. —
Ele ficou tenso. A mão dele agarrou seu cotovelo tão de repente que ela se
encolheu. — Oh! Moça, ele não é digno de você! Eu tenho três irmãs e se
algum homem ousas...
Ela puxou o braço do seu aperto. Ela não podia voltar atrás agora.
Se ele soubesse o que ela estava enfrentando, se ele pudesse imaginar por
um instante o que as próprias irmãs dele fariam se confrontadas com aquilo.
Tal escolha como a dela, ele a deixaria seguir seu caminho, mas quase não
havia tempo para explicar.
— Por favor, diga-me o caminho! — Ela olhou para baixo, na rua,
esperando ver um bando de lacaios de Somerson vindo atrás dela,
carregando tochas e garfos, trazendo o cãozinho terrível de Charlotte em
uma corda para farejar o rastro dela.
Ele mudou os pés na calçada, e o som a fez pular. Ela engoliu em
seco, cerrou os punhos dentro de sua capa, e agarrou a si mesma.
— Você tem certeza de que não vai mudar de ideia e me deixar
levá-la para casa? Você não tem nenhuma bagagem, — ele ponderou. — Ou
luvas.
— Tudo foi enviado à frente, — disse ela sem fôlego. Ela teria
que passar ao lado dele para fugir, mas no escuro, ele parecia tão largo
quanto era alto. Ele poderia pará-la facilmente. Ele provavelmente poderia
quebrá-la ao meio se quisesse. Ela começou a seguir a parede, preparando-
se para levantar suas saias e correr, ela deveria ser deixada para trás, e
estava começando a parecer como se ele estivesse junto com todos de
Somerson House.
— Você tem algum dinheiro?
Isso a impediu. Ela sentiu o sangue drenar de seus membros. Ela
não poderia entrar em uma carruagem ou até mesmo alojar-se, sem
dinheiro. Ela sentiu o sangue quente inundar seu rosto. Ela deve ter
brilhado, tão iluminada quanto a lâmpada da rua, pois ele suspirou.
— Não importa, eu posso ver que você não tem.
Ele pegou a mão dela e virou-a na sua, o couro de sua luva contra
sua pele, e deixou cair uma bolsa em sua palma e cruzou os dedos sobre ela.
— Desde que você está determinada a seguir este curso tolo e
perigoso de ação, permita-me garantir que você atinja o seu objetivo da
maneira mais segura possível. Pegue a carruagem da correspondência, não
outra. É mais rápido e menos propenso a ser incomodado por salteadores da
estrada, embora você não tenha nada para roubar. Só embarque se houver
outra mulher na viagem, está claro?
Suas bochechas ardiam ainda mais. O que ele devia pensar dela,
uma garota tola fugindo de casa para um futuro incerto? Ela devia parecer
muito mais jovem do que seus vinte e dois anos, e tão sombria quanto uma
maçã sem polimento. Ela engoliu em seco, levantou o queixo e assentiu,
tentando parecer uma mulher do mundo. Ele estava esmagando o anel da
mãe dela, contra seu dedo com o aperto dele. Isso a fez lembrar que possuía
um item de valor consigo. Não suportava pensar nele nas mãos de um
ladrão comum ou de um ladrão de estrada. Este homem mostrava sua
bondade e uma dama pagava suas dívidas.
Ela puxou a mão da dele e tirou o anel. Ele brilhava como uma
gota de sangue na luz amarela da lamparina.
— Permita-me recompensá-lo, senhor. Garanto-lhe que não tenho
o hábito de receber dinheiro de cavalheiros que não conheço. — Ele não o
tocou, e ela empurrou para ele. — Tome isso. Melhor você do que um
ladrão de estrada.
Ele pegou-o da mão dela, segurou-o com cuidado entre o polegar
e o indicador e o estudou. Ele estava se perguntando se a pedra era
verdadeira? Ela não esperou que ele decidisse, começou a andar, movendo-
se tão rapidamente quanto conseguia, sem correr. Ela ergueu a cabeça com
confiança, orgulhosa, mas seus ouvidos prestaram atenção no som de passos
atrás dela, mas só havia silêncio.
Caroline olhou para trás, mas a rua atrás dela estava vazia. Ela
engoliu em seco e sentiu um arrepio de medo percorrer sua espinha. Ela
estava verdadeiramente sozinha, então. Ela desacelerou por um instante,
imaginando se era tarde demais para se virar, voltar e... Começou a chover,
as pesadas gotas batendo contra o capuz da capa.
Escócia. Somerson procuraria por ela lá? Ele procuraria por ela
ou ela desapareceria como uma carga indesejada removida de seus ombros?
Caroline engoliu em seco. Seja qual for o seu futuro, não incluía o
Visconde Speed ou o Lorde Mandeville.
Ela sentiu o peso reconfortante da bolsa de seu benfeitor em seu
bolso, e apertou a capa ao redor de seus ombros contra a chuva, e retomou a
longa caminhada para pegar a carruagem do correio.
Alec sentiu uma onda de aborrecimento. Ele possuía coisas para
fazer, coisas mais importantes do que proteger a missão de uma idiota. Ele
deveria estar procurando nas ruas pela maldita carta, como vinha fazendo
quando ela quase o derrubou.
Ele a seguiu, permanecendo nas sombras, porque ela era linda e
sozinha e precisava da proteção de alguém. Seu rosto, que ele avistara sob a
sombra de seu capuz, ficara branco à luz da lâmpada, o medo tão palpável
quanto sua determinação de ver sua missão terminar.
Ela o lembrava de suas meias-irmãs, especialmente porque ela
era, mais ou menos, da mesma idade que Megan, a mais velha. Esperava
fervorosamente que nenhuma de suas irmãs fizesse algo tão estúpido quanto
essa mulher estava prestes a fazer. Com toda a probabilidade, ela acabaria
solteira, arruinada por seu amante inútil, e forçada a voltar para sua família
assim que percebesse que fora enganada. Ela passaria o resto de sua vida
escondida, um embaraço para seus parentes. Essa aventura seria suficiente
para sustentá-la pelos anos de arrependimento? Sua família provavelmente
não faria nada para encontrar o bastardo, já que isso só aumentaria o
escândalo. Alec cerrou os punhos. Ele caçaria qualquer homem que ousasse
prejudicar alguém que ele amasse.
Mas ele não amava essa mulher. Ele nem sequer a conhecia, mal
conseguira dar uma boa olhada nela no escuro. Então, por que ele a estava
seguindo? Curiosidade, talvez, ou culpa, porque ele nunca estaria lá para
proteger suas irmãs se elas precisassem dele, talvez nunca mais as visse
novamente. Ele se perguntou quem seria essa mulher, se ela tinha um irmão
que falhou quando ela precisou dele. Talvez ela fosse uma criada, ele
decidiu. O anel de rubi que ela lhe dera era valioso. Uma serviçal poderia
ter a chance de roubar tal joia antes de fugir de seu empregador. Sentiu uma
pontada momentânea de culpa por seu próprio, quase, roubo do colar de
Lady Bray. Ele fez uma careta, se perguntando se ele estava apoiando um
roubo. Mas por que ela lhe daria o prêmio roubado? O anel valia mais do
que ele lhe dera em moeda.
Ele estudou a figura esbelta à frente dele, caminhando com
determinação para a pousada, em seu caminho. Ela era corajosa, ela
demonstrara isso. A maioria das senhoras que ele conhecia se derreteria
como açúcar à simples menção da chuva, e nenhuma das damas que ele
conhecia seria encontrada andando pelas ruas de Londres, à noite, com ou
sem chuva. No entanto, ele decidiu que ela não era serva. Seu porte a
declarava nada menos que uma dama nascida e criada, e seu nervosismo
dizia que, apesar de sua bravura agora, ela não era acostumada a ficar
sozinha. Ele abraçou as sombras e a observou, e ficou atento a sinais de
problemas.
Ela chegou à estalagem em segurança, e Alec saiu da chuva para
os estábulos para esperar. Ele assistiu a carruagem parar, viu ela entrar.
Havia duas outras mulheres e alguns homens na jornada, todos eles de
aparência respeitável. Ela estaria segura o suficiente naquele momento.
A carruagem se afastou quando o amanhecer iluminou o céu,
tornando as ruas molhadas de Londres cor-de-rosa por alguns breves
momentos. A cor da esperança e do amor.
Ele se afastou, banindo o pensamento ridiculamente sentimental.
Em vez disso, desejou que tudo desse certo para a jovem garota, quem quer
que ela fosse.
Ele possuía seus próprios problemas para enfrentar. Ele refez seus
passos até ficar em frente da grande fachada, da elegante casa da cidade, de
Bray.
Mas a carta estava longe de ser encontrada.
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
— Alec!
Ele se virou para assistir a meia-irmã mais velha subindo a
encosta da colina até ele. Pelo menos pensava que fossem suas irmãs. Eles
eram mulheres adultas, agora, não as meninas das quais ele se lembrava.
Aquela realmente era Megan, a moça alta com o cabelo escuro, e Alanna no
vestido azul? Garotos da aldeia se arrastavam atrás delas como um bando
de cachorros na caçada. Claro, era o Solstício de Verão, e havia sol, flores e
risos. Uma combinação perigosa, pensou de modo protetor, e percebeu que
soava tão velho quanto seu avô, tão rígido quanto Westlake. Elas se
transformaram em belezas. Que rapaz poderia resistir?
Ele abriu os braços a tempo de pegar a primeira garota quando ela
se lançou contra ele. Ele a envolveu em um abraço.
— Você cheira a urzes, Alanna! — Ele disse.
— Eu sou Sorcha, — disse ela, franzindo a testa apenas um
pouco, olhando para ele com os olhos cinzentos de seu avô.
— Ah, me perdoe. Da última vez que a vi, você era... — segurou
sua mão a cerca de um metro da grama. Ela estava com apenas cinco anos
quando ele saiu, com sardas e os dentes da frente faltando e cachos ruivos
indisciplinados. Ela sorria para ele com um conjunto de dentes agora, mas
ela ainda era sardenta, ele notou, feliz que ela não havia mudado. Em
poucos anos, a pequena Sorcha seria uma beleza. Seu coração se contraiu
enquanto pensava nos anos que ele perdera, e sentiria falta no futuro.
— Você parece o mesmo que eu me lembro! — Ela disse, seus
olhos brilhando. — Mamãe disse que você estava morto, mas Muira sabia
que você viria!
Outra garota chegou.
— Alanna? — Perguntou com cuidado. Ela cresceu e era muito
bonita, e seus olhos ainda eram tão azuis quanto o céu.
— Sim! — Ela sorriu timidamente.
— E Megan, — ele disse, sorrindo para a jovem que se afastou
um pouco. Ela fez uma reverência e estendeu a mão.
— Olá, Laird. Eu sou Megan MacNabb. — Ela gritou quando ele
a puxou para um abraço, balançando-a em um círculo antes de colocá-la em
pé novamente.
— Você não era tão pesada na última vez que fiz isso, — ele
provocou e a observou corar. — E está cheirando a água de lavanda? — Ele
perguntou.
Sorcha riu, passando a mão nele.
— É muito inglês. Mamãe faz Alanna usar perfume de rosas.
Alec bagunçou o cabelo dela.
— E você? Que perfume você usa?
Ela riu.
— Eu ainda sou muito jovem.
— Ela é apenas uma criança, Alec, — disse Megan.
— Tenho quase treze anos! — Protestou Sorcha. — Quando eu
tiver dezessete anos como Alanna, vou mandar à França os melhores lírios
ou violetas, ou mesmo gardênias!
Os rapazes e moças da aldeia deram um passo à frente, dando-lhe
as boas-vindas, com sorrisos tímidos.
— Este é Brodie MacNabb, — disse Megan quando o último
rapaz deu um passo à frente. As garotas ao redor dele suspiraram a menção
do nome dele.
— Eu sou o herdeiro, — disse ele. — O filho de Conor MacNabb.
Você se lembra de mim?
Alec conhecera o garoto no funeral de seu avô e lembrava dele
como taciturno e faminto. Passou o dia escondido debaixo da mesa,
comendo. O herdeiro. Seu herdeiro. Se ele não tivesse voltado para casa,
aquele garoto alto de olhos azuis sem expressão, seria o Laird agora.
— Você está em Glenlorne há muito tempo? — Ele perguntou. A
propriedade de Conor estava a milhares de distância.
— Devina me convocou quando o último Laird morreu, no caso
de você estar morto, também. Eu vejo que você não está.
Ele não parecia feliz com isso, Alec observou. Também notou a
maneira como Megan olhou para ele. Ele deu um passo à frente e colocou o
braço em torno de sua irmã.
— Tenho certeza de que há muitas novidades. Preciso me
atualizar, — disse ele, afastando-se de Brodie.
— Que horas são? — Perguntou Megan quando uma nuvem
passou pelo sol.
Alec pegou o relógio.
— Quase cinco. Por quê? O solstício de verão é hoje à noite?
— Claro que não, você esteve longe por muito tempo. É amanhã
à noite, — disse Alanna.
— Eu devo ser o senhor do solstício de verão, na fogueira, —
disse Brodie.
— Alec está em casa agora, e ele é o Laird. Ele vai fazer isso, não
vai, Alec? — Alanna insistiu.
— Estamos atrasados para o chá! — Disse Megan. — Mamãe vai
ficar lívida!
— Lívida? — Perguntou Alec.
— Bem irritada, — traduziu Sorcha. — Ela provavelmente está
sentada na sala de visitas com a senhorita Forrester, ambas vestidas para o
chá, imaginando onde estamos.
— E quem é a senhorita Forrester? — Alec perguntou.
— Nossa governanta, — disse Megan distraidamente, ainda
olhando para Brodie.
— Você trouxe presentes para nós? — Perguntou Alanna,
entrelaçando o braço com o dele, e sorrindo.
Ela costumava ter tranças que ele gostava de puxar. Seus cabelos
estavam soltos agora, agitados pela brisa. Ele enrolou uma mecha ao redor
de seu dedo e sentiu os cachos se agarrarem como videiras.
— Claro que sim.
— Livros? — Perguntou Alanna.
— Seda? Laços? — Megan implorou.
— Doces? — Perguntou Sorcha, e Alec riu.
— Esperem e descubram, — ele disse, e ofereceu à sua irmã mais
nova seu outro braço. Megan desceu a colina com Brodie e meia dúzia de
outras moças que estavam com os mesmos olhares enlouquecidos, em seus
rostos rosados.
Foi só quando chegou ao sopé da colina que se lembrou que
deixara a pobre Lady Sophie, sozinha, perto da torre. Quem mais poderia
ser além de Sophie? As inglesas não eram comuns nas Highlands.
Examinou a colina ao redor da torre e da janela, só para ter certeza de que
ela não havia subido de volta, mas não havia sinal dela.
Ela provavelmente fugiu, voltou à estalagem, ou onde quer que
estivesse com o pai, para esperar por uma chegada adequada, por uma
introdução formal. Ele se maravilhou, mais uma vez, de que Bray houvesse
chegado tão rapidamente. Sophie era uma beleza, e se lembrou do peso
suave e feminino dela em seus braços quando ele a pegou na torre. Ele não
queria soltá-la.
Talvez o casamento não fosse tão ruim assim.
Angus e Georgiana observaram Alec descer a encosta.
Angus limpou a garganta.
— Ele está em casa finalmente. Eu diria que começamos bem,
não é?
— Você assustou Caroline sem saber quando você a empurrou, —
Georgiana respondeu.
— Foi por uma boa causa. Você viu o olhar nos olhos de Alec
quando ele a pegou? — Angus riu. — Eu sei o que o rapaz estava sentindo,
a mesma coisa que senti no momento em que a vi.
— Eu me lembro, — disse Georgiana. — Como eu poderia
esquecer?
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Alec se vestiu quando o sol nasceu e pediu um cavalo. Ele passou
uma noite inquieta considerando a possibilidade de casamento com Lady
Sophie Ellison, incapaz de tirar a beleza de cabelos castanhos da cabeça.
Ele também considerou a possibilidade de não se casar com ela. Pesando os
prós e os contras, não seria difícil — uma esposa adorável com uma vasta
fortuna de um lado, a pobreza para ele, seus parentes e seu clã do outro.
Se Sophie esteve na torre, ela deveria ter ficado por perto,
provavelmente também pesando os prós e contras do acordo. Era quase de
madrugada quando lhe ocorreu que era muito provável que ela estivesse
sozinha no lugar — ela estava visitando Glenlorne, decidindo se queria se
casar com ele. Se ela fosse uma filha dócil, ela faria o que seu pai quisesse e
se casaria onde lhe mandassem. Se ela fosse mais obstinada — e de seu
breve encontro na torre, ele achava que ela era, pelo menos, um pouco
teimosa, — ela poderia muito bem rejeitar seu termo, na esperança de uma
oferta melhor, que certamente viria.
Se ele queria Sophie como sua esposa, ele precisaria agir agora.
Ele precisaria ir até a estalagem onde Lorde Bray estava se hospedando, e
cumprimentá-la, formalmente, escoltá-la para sua casa pessoalmente, e
encantá-la.
Ele olhou para o copo e praticou seu sorriso mais sedutor, aquele
que nunca deixou de fazer as mulheres de todas as idades, perderem o juízo
e pensarem somente nele.
A adorável Lady Sophie era tão boa nisso quanto ele.
Muito mais tarde, Alec ainda estava sozinho. Ele havia visitado as
três estalagens mais próximas do Castelo Glenlorne e cinco, das mais
distantes. Não havia nenhum sinal de um conde inglês ou de uma adorável
senhorita ruiva.
Os estalajadeiros ficaram encantados por ter a oportunidade de
recebê-lo em casa e oferecer um drinque, ou uma caneca de sua melhor
cerveja. Era impossível recusar uma única gota. Todo homem, mulher e
criança olhava para ele com muita esperança em seus olhos, muito orgulho.
Ninguém além de seu avô havia olhado para ele daquele jeito antes. Era
muito desagradável ser visto como o salvador do Clã MacNabb em todos os
lugares aonde ele ia. Isso também o deixou ainda mais determinado a
continuar, até encontrar Sophie, mas ao meio-dia ele estava tão bêbado que
mal conseguia evitar cair do cavalo, e isso, só depois de muita dificuldade
para conseguir montar, em primeiro lugar. No final, voltou para Glenlorne,
bêbado e frustrado, esperando que o cavalo pudesse ver a estrada mais
claramente do que ele.
No início da tarde, encontrou-se montado no cavalo e olhando
fixamente para a janela da torre, onde ele a vira ontem, e se perguntou
aonde diabos ela teria se metido. Ele sentia falta dela. Ele sussurrou o nome
dela e balançou na sela, e o cavalo achatou suas orelhas e bufou um insulto.
Alec lembrou a si mesmo que havia um número de propriedades e
castelos dentro de um dia de Glenlorne. Poderia ser que ela fosse a
convidada de outro Laird, talvez até de um solteirão. Suas mãos ficaram
tensas sobre as rédeas e o cavalo contorceu-se nervosamente, e deu um
passo para longe da velha torre, até uma porção de atraentes flores
silvestres.
Alec estava prestes a puxar de volta o cavalo castrado — que
parecia aqueles mantidos em estábulos para as meninas montarem, e que ele
jurou que seria substituído por um garanhão de raça, menos teimoso, se ele
pudesse encontrar e se casar com Lady Sophie — quando ele mudou de
ideia. Aquilo que via, era uma mecha de cabelo vermelho chamando-o da
janela da torre, ou apenas um brilho ao sol? Sophie brincaria com ele,
esperaria que ele voltasse ao lugar onde ele a conheceu, ontem? Sorriu, na
verdade se viu dando risadinhas, e o cavalo lhe lançou um olhar de puro
desdém equino. Ele ignorou a besta. Talvez ela gostasse de jogos entre
amantes e quisesse ser cortejada.
Bem, se ela quisesse, ele certamente assim o faria.
Maravilhosamente. Espirituosamente e desajeitadamente Ele sorriu
novamente, depois riu alto. Ele colocou seus calcanhares no cavalo
castrado, que insistiu em permanecer firme onde estava. Quando ele
finalmente forçou o cavalo a obedecer, o que ele tinha visto acabou se
revelando ser apenas uma videira, de folhas vermelhas, crescendo no vão da
janela, torcendo-se ao vento, arranhando as pedras, rindo dele.
A porta estava trancada, assim como ele a deixara ontem, e não
havia sinal de uma moça atraente e de longa cabeleira. Ele resmungou uma
maldição, e o cavalo olhou para ele, por cima do ombro, como se soubesse
daquilo, o tempo todo, e sentia por Alec, o mesmo que Alec sentia por ele.
— Bom dia para você, Laird, — disse uma voz, e ele se virou
para encontrar uma dúzia de homens, em pé, atrás dele. Ele nem havia
notado eles lá.
— Você veio nos ajudar a nos preparar para esta noite? —
Perguntou Leith Rennie.
Alec examinou-os de cima do cavalo. Havia uma dúzia de
homens ou apenas seis?
— Na verdade, estou procurando por uma moça.
Eles sorriram e relaxaram, acotovelando um ao outro, depois
riram alto. Leith pegou um odre com cerveja e passou para Alec.
— Não estamos todos? — Ele disse.
— Haverá muitas garotas bonitas na fogueira hoje à noite, —
acrescentou Jock MacNabb.
— Estamos apenas preparando as coisas para as festividades — a
roda, a lenha e tal. Nós somos do conselho e procuramos ajuda para fazer o
trabalho, — acrescentou Hamish MacNair. Todos eles assentiram.
Alec acenou de volta e olhou para a torre vazia, novamente.
Talvez, o cérebro dele tenha dito que ela ainda poderia aparecer, se ele
esperasse, ficasse perto da torre. Ele olhou para o conselho novamente.
— Você poderia ter mais ajuda?
— Er, o senhor parece bastante bom para recolher lenha, Laird.
Alec deslizou das costas do cavalo. Ele tirou o casaco e jogou
sobre a sela. Desatou seu lenço e enfiou debaixo do casaco, tirando o colete,
por precaução. O cavalo pegou o colete de brocado e começou a mastigá-lo.
— Pare, agora, Flor, — disse Jock, pegando as rédeas da criatura,
lutando para recuperar o colete das mandíbulas teimosas do cavalo.
— Flor? — Alec murmurou. — Eu estou tentando cortejar —
cavalgando — em um cavalo macho, chamado Flor? — Os outros homens
tiveram a graça de parecer envergonhados por ele.
— A pequena Sorcha o nomeou, — disse Leith. Jock soltou o
cavalo e ergueu o colete esfarrapado. Flor puxou a cabeça e caminhou até
um pedaço particularmente exuberante de flores silvestres e começou a
devorá-las.
— Não deveríamos amarrá-lo? — Perguntou Alec, enquanto o
cavalo se aproximava de outro trecho de flores, mais distante.
— Flor? — Hamish perguntou. — Não. Uma vez que ele tenha
comido, ele vai para casa por conta própria, se não houver problema, Laird.
— A menos que ele encontre a manada, — disse Leith. — Ele
está envolvido com uma égua em particular, e já que é o Solstício de Verão.
Jock revirou os olhos.
— Ele é castrado, seu idiota!
Leith parecia magoado.
— Eu não quis dizer nada com isso. O amor vem em muitas
formas. Estamos todos procurando por uma moça.
Jock tirou a boina e deu uma pancada no primo.
— Vamos lá, seu idiota, nós temos madeira para buscar, e é
melhor chegarmos a ela assim que terminarmos a cerveja. — Ele passou o
odre para Alec. — Depois do senhor, claro, Laird.
Alec tomou um longo gole e continuou descendo a encosta até a
floresta, depois parou. Os homens atrás dele também pararam, alguns
colidindo uns com os outros. Leith, que estava na frente da procissão,
deslizou todo o caminho até a colina gramada, com um grito. Todos se
levantaram e o observaram deslizar. Parecia que eles estavam tão bêbados
quanto Alec.
— Só quero dizer que conheço todos vocês desde que éramos
rapazes. Então, me chamem de Alec.
Capítulo 18
— Você tem certeza de que a condessa não se importará se as
meninas forem à fogueira? — Caroline perguntou para Muira enquanto o
sol se punha, de pé na cozinha, ajudando a embalar cestas de comida e
frascos de cerveja.
— Ela não disse uma palavra contra isso quando eu perguntei a
ela há meia hora, — disse Muira maliciosamente, com os olhos arregalados.
— Talvez eu devesse checar com ela, — disse Caroline, mas a
velha criada gargalhou. — Não há necessidade. — A Senhora se retirou
cedo à cama, e pediu para não ser perturbada. Ela tem uma dor de cabeça
por ter passado o dia todo olhando os vestidos que Alec trouxe de Londres.
Eu diria que ela não acordará até amanhã, de manhã, ou, possivelmente, no
início da tarde. Então não se preocupe com ela nem mais um minuto —
você deve querer se preparar, e não há muito tempo. As moças observam o
sol se pondo e, assim que ele cair atrás da velha Torre de Glenlorne, elas
estarão prontas.
Caroline olhou pela janela. O sol vermelho pairava logo acima do
teto irregular da velha torre. Ela olhou no espelho e arrumou o cabelo,
certificando-se de que o botão de cima do vestido estava bem preso sob o
queixo.
— Pronto, — disse ela, voltando-se para Muira.
A velha criada revirou os olhos.
— Pelo amor da deusa, moça, você não quer dizer...
A porta se abriu e as garotas entraram. Elas usavam vestidos de
linho simples, com faixas de tecido coloridas, em suas cinturas. Seus pés
estavam descalços e seus cabelos caiam longos e soltos pelas costas. Elas
pararam na porta e olharam para Caroline.
— Senhorita Forrester! — Megan guinchou, surpresa e chocada,
como se fosse Caroline quem estivesse com o cabelo solto e os pés nus para
o mundo ver.
— Você não pode sair desse jeito! — Disse Alanna.
— Temos que fazer algo e bem rápido! — Disse Sorcha. Caroline
mal teve tempo de olhar pela janela, para ver que o sol havia baixado ainda
mais, antes que as garotas caíssem sobre ela. Sorcha tirou os grampos do
cabelo e Alanna desabotoou o vestido, enquanto Megan ia buscar outro
vestido, para ele colocar uma roupa no estilo das Highlands.
— Espere! Eu vou fazer isso sozinha! — Caroline disse, enquanto
elas se aproximavam, prontas para despi-la. Ela se escondeu na despensa.
As garotas a examinaram quando ela saiu, circulando-a com os braços
cruzados sobre o peito. Muira se sentou em um banquinho junto à lareira,
sorrindo como um corvo louco.
— Bem? — Ela perguntou.
— Não está pronta, — disse Sorcha.
— As meias, — Alanna apontou.
Elas queriam que ela saísse descalça?
— Uma dama nunca — ela começou, mas as meninas deram um
passo em direção a ela. — Eu vou fazer isso, — disse ela, levantando a
mão.
— Não há damas esta noite, moça, — disse Muira. — Só rapazes
e moças e os prazeres da dança e do riso, e nenhum mal nunca veio disso.
— Ela se adiantou e enfiou uma pequena flor branca no cabelo de Caroline,
acima da orelha. — Agora parece pronta.
— Ela não tem uma faixa xadrez.
— Ela pode usar minha fita vermelha, — disse Sorcha, e logo,
estava devidamente amarrada na cintura de Caroline.
— Oh, senhorita, você parece linda, — disse Alanna.
— Ela realmente está. Agora é com vocês. O sol está se pondo, e
tenho mais o que fazer — disse Muira, enxotando-as para fora da cozinha.
Megan e Sorcha seguraram-lhe as mãos e Caroline viu-se
apanhada no espírito da excitação, correndo com as garotas pela relva
fresca, descalça, com a brisa suave da noite nos cabelos. Elas se juntaram
aos aldeões e aos criados do castelo, até que havia uma procissão longa e
alegre de garotas que se dirigiam para a antiga torre.
Sorcha parou, os olhos arregalados.
— Oh, olhe, Alec está usando seu plaid. Como ele é maravilhoso.
Maravilhoso mesmo. Caroline viu o lorde entre os outros homens
e parou, com a respiração presa na garganta. Os últimos raios do sol poente
estavam sobre ele, sua testa e sua camisa açafrão brilhavam, os laços
abertos no pescoço mostrando a pele bronzeada abaixo. Ele usava o plaid
como um guerreiro antigo, ousado e orgulhoso, sorrindo como um pirata.
Cumprimentou todos quando chegaram ao local, verdadeiramente o senhor
daquele lugar. Ele era o homem mais bonito que ela já tinha visto.
Respire, uma voz sussurrou em seu ouvido. Respire
O ar era inebriante, e ela sentiu pura alegria percorrer seu sangue.
Acima dela a lua flutuava em um céu azul profundo, e as estrelas
começaram a aparecer, uma a uma.
O fogo brilhou na encosta perto da torre quando uma roda foi
acesa, um símbolo da mudança da estação, a metade escura do ano
começando hoje à noite, e a metade clara cedendo. Com um grito, os
rapazes rolaram a roda pela encosta, correndo atrás dela, caindo na grama
orvalhada, rindo e aplaudindo. Caroline se viu torcendo também. Se a roda
chegasse ao fundo da colina sem cair, significava uma boa colheita e boa
sorte para Glenlorne.
Um grito surgiu quando a roda começou a trepidar e balançar
sobre o solo rochoso, atirando faíscas enquanto voava, vermelhas e
douradas contra o azul do crepúsculo, mas chegou ao fundo da colina antes
que caísse na grama do prado ainda em chamas.
Uma onda de aplausos começou e todos correram à frente para
adicionar combustível na roda, transformando-o em uma fogueira que
queimaria pelo resto da noite. Do outro lado da fogueira, Caroline assistiu
Alec MacNabb lançar uma tora sobre a pilha, e as chamas saltaram,
iluminando seus olhos, seu rosto, os músculos de seu pescoço, e o
comprimento de suas pernas fortes. Todos, por sua vez, acrescentaram
galhos e recuaram para admirar o fogo.
Alguém com um capuz — Muira talvez — aproximou-se para
colocar uma coroa de folhas de azevinho na cabeça de Alec, e a multidão
aplaudiu novamente. Ela lhe entregou uma taça esculpida em um chifre,
decorada com prata, e ele bebeu, a luz do fogo acariciando sua garganta
enquanto ele engolia. Levantou a taça e limpou a boca com as costas da
mão, rindo enquanto os membros do clã aplaudiam.
Então Muira colocou uma segunda coroa em suas mãos, essa
decorada com hera e flores silvestres.
— O rei foi coroado, — anunciou ela à multidão. — Agora ele
deve escolher a rainha do solstício de verão.
Um esperançoso sussurro feminino subiu. Caroline observou os
olhos brilhantes de Alec esquadrinhando a multidão, e as moças deram
risadinhas e sorriram para chamar sua atenção. Ela ficou onde estava nas
sombras, esperando que o olhar dele a tocasse e parasse, mas, temendo
também.
Seus olhos passaram por ela e seguiram em frente, ela sentiu uma
pontada de desapontamento. Então ele se virou e seus olhos se encontraram
com os dela. Ela sentiu um raio atingi-la, viu o reconhecimento em seus
olhos, a curva lenta de seu sorriso, a intenção em seu olhar, e por um
momento seu coração parou. Ela não conseguia desviar o olhar.
Sem tirar os olhos dos dela, ele ergueu a coroa de flores acima de
sua cabeça e algumas pétalas ficaram em seu cabelo escuro.
— Salte o fogo, — comandou Muira.
Em um movimento atlético, Alec saltou através das chamas,
passando através das faíscas e da fumaça para aterrissar ao lado de
Caroline. Ele fez uma reverência exagerada, seus olhos nos dela. Ele
segurou a coroa e colocou na cabeça dela. O perfume de rosas selvagens a
cercou. Muira entregou-lhe a taça e ele a colocou nos lábios de Caroline. O
calor do líquido adocicado fluiu para baixo em sua garganta e através de
seus membros, instantaneamente inebriante, roubando-lhe o fôlego,
levantando-a do chão para flutuar acima dela. Ou era o Laird, suas mãos nas
dela, segurando a taça, seus dedos quentes e firmes?
— Agora devemos pular novamente, — disse ele, e pegou a mão
dela. — Você está pronta?
Caroline olhou para a fogueira diante dela. Era tão alta quanto
seus quadris, as chamas lambendo, como lábios famintos. Ainda assim, ela
concordou, e ele colocou o braço em volta da cintura dela e, juntos,
correram para a frente e voaram sobre o fogo, banhado em fumaça e faíscas,
abençoando a terra por mais uma temporada. Ela sentiu que ficaria voando
para sempre quando finalmente aterrissou na grama fresca do outro lado da
fogueira, sem fôlego. Ele não a soltou, mas manteve o braço ao redor dela,
e ela se aproximou do seu lado, sentindo-se segura e aquecida.
Outros casais deram as mãos e pularam o fogo. Os rapazes
levaram o gado através da fumaça ondulante para abençoá-los. A música
começou a tocar, tambores, flautas e gaitas de fole, e a dança começou, a
cerveja fluiu. Rapazes e moças se emparelharam, entrando e saindo das
sombras, roubando beijos e muito mais. As crianças perseguiam umas às
outras com varas em chamas.
Alec MacNabb a tomou em seus braços e começou a dançar,
girando-a da luz do fogo para a sombra e de volta a luz, até que tudo o que
ela conseguia ver era o brilho de seus olhos, tudo o que conseguia sentir era
a batida dos tambores em suas veias, seu batimento cardíaco batendo ao
mesmo tempo que o dele.
Outros casais se juntaram à dança, movendo-se cada vez mais
rápido até se tornarem um borrão, e Caroline e Alec eram as únicas pessoas
no mundo. Ela jogou a cabeça para trás e riu quando ele a ergueu e girou-a
em um círculo, deixando ela tonta, em seguida, deixou seu corpo deslizar
pelo comprimento do dele, até que seus lábios estavam a centímetros de
distância. Ela estava sem fôlego, intoxicada por Alec tanto quanto pela
cerveja. Ele a beijou e ela provou a doçura da bebida novamente.
— Você tem gosto de mel e flores, minha senhora.
— Eu? Eu pensei que era você, meu senhor, — ela brincou,
batendo os cílios, flertando com ele, aproximando-se dele enquanto a dança
continuava, depois se afastando, até que ela estava enlouquecendo de desejo
por mais cerveja, e outro beijo. Ele segurou a mão dela, puxou-a para o lado
quando os passos da dança a levaram longe demais, riu para ela.
Os olhos dele brilhavam, iluminados pela luz do fogo. Ela viu
desejo e sentiu fluir através de seus membros também. Ele a puxou contra
seu corpo e beijou-a novamente, sua língua lambendo a comissura de seus
lábios, exigindo a entrada. Ela abriu, provou o mel em sua língua, o
amargor das ervas e da cerveja, e ele. Ela colocou os braços em volta do
pescoço dele e puxou-o mais perto, querendo não fazer nada, além de beijá-
lo. O calor de sua boca deu lugar ao frescor da noite, quando ele recuou. Ele
apertou sua mão na dele e sorriu para ela, seus dentes brancos à luz do fogo.
Alec não conseguia tirar os olhos da mulher em seus braços. Seu
cabelo vermelho queimava tão brilhantemente quanto as chamas. Seus
lábios estavam suaves por causa de seus beijos, seus olhos dourados. Ele
poderia realmente ter tanta sorte de ter essa mulher para sua noiva? Ele se
casaria com ela amanhã, neste exato momento, se pudesse. Os sons de
tambores o preencheram, ou talvez, fosse mais que isso.
Ela sorriu para ele, mordeu o lábio quando tropeçou contra ele na
dança, o comprimento de seu corpo contra o dele por um momento. Ela
ficava bem em seus braços, familiar, perfeita. Ele sentiu a mesma onda de
desejo na torre, quando ela caiu. Excitação intensa, forte e poderosa. Ela
levantou os braços acima da cabeça enquanto dançava, seu corpo ágil e
elegante. Seus olhos percorreram a silhueta iluminada de seu seio sob a
musselina de seu vestido. Seus pés brancos trilhando os passos enquanto ela
se afastava, depois voltava para ele, no ritmo da dança. Ele não conseguia
esperar para tê-la em seus braços novamente, para girá-la, para segurá-la
perto, para sentir o doce aroma de seu cabelo sob a coroa de flores. Ele
estava, de repente, feliz por ser o Laird de Glenlorne. Certamente não havia
nada que ele não pudesse fazer com esta mulher ao seu lado, sua rainha do
solstício de verão, sua condessa, sua esposa.
Ele a puxou para perto e a beijou novamente, e ela passou os
braços ao redor do pescoço dele e o beijou de volta, sua língua
emaranhando-se com a dele, suas mãos em seu cabelo.
— Venha comigo, — disse ele, agarrando a mão dela, puxando-a
até a torre.
Ele a soltou apenas o tempo suficiente para levantar a barra da
porta e soltá-la na grama. Ele a puxou para a escuridão aveludada, e o vento
fechou a porta atrás deles, deixando-os na escuridão profunda. O som da
folia estava distante agora, os tambores ainda batendo em seus ouvidos,
suas veias, enchendo-o de excitação e desejo. O teto estava aberto para as
estrelas, e a luz da lua formava uma piscina macia no centro da sala, e ele a
puxou para dentro, inclinou o rosto para baixo, olhou para ela.
Caroline olhou para a lua, sem fôlego, e entrou no círculo da luz.
Ele tomou-a nos braços, abraçou-a, olhou para o rosto dela, acariciou-lhe o
cabelo.
— Você é linda, — ele sussurrou.
Ela ficou na ponta dos pés e segurou o rosto dele com as mãos, os
dedos se movendo sobre a barba áspera, enquanto ela o beijava novamente.
Ele gemeu baixinho e a puxou para mais perto ainda, pressionando-a contra
o comprimento de seu corpo, peito a peito, barriga a barriga, coxa a coxa.
Ela correspondeu ao beijo, duelando com a língua dele como se tivesse feito
isso mil vezes. Ele poderia dizer que ela não tinha? Ela deveria parar, mas
ela não queria. Ela era a rainha do solstício de verão e ele era seu rei, pelo
menos, por esta noite.
Ela inclinou a cabeça para que ele pudesse beijar seu pescoço. Foi
tão bom. Como era possível viver tanto tempo e nunca saber que tal
sensação existia? Ela podia sentir sua excitação, sabia o que isso
significava. Ele a desejava. Ele gemeu quando ela se aproximou ainda mais,
mexeu os quadris, movendo-se contra ele. Ela emaranhou as mãos no tecido
áspero da camisa dele, puxando-o para ela, precisando mais do que beijos,
mas ela não conseguia imaginar nada mais delicioso do que o beijo dele.
Ela não conseguiria parar de beijá-lo, mesmo se quisesse. Ela estava
enfeitiçada.
Ele trilhou a boca por sua garganta enquanto abria os laços da
frente de seu vestido com sua língua e dentes. Ela deslizou as mãos dentro
de sua camisa, sentiu o calor de sua pele sob suas mãos. Ele empurrou o
vestido dela para baixo dos ombros, desnudando seus seios, e abocanhou o
mamilo em sua boca faminta. A sensação levou os últimos pensamentos
coerentes de sua mente. Ela queria isso, queria-o e ele a queria. Ela se
contorcia contra ele, implorando por mais. Ela empurrou a camisa dele e o
plaid que cobria seu peito, da mesma maneira que ele fez com o vestido
dela, mostrando os ombros e o peito ao luar. Músculos duros brilhavam na
luz suave, tornando-o dourado e glorioso, um mítico rei do solstício, de
fato. Devia ser magia. Ela passou as pontas dos dedos sobre ele, explorando
a seda de sua pele, a flexão fascinante de seus músculos. Seu corpo era
maravilhoso, a perfeição masculina. O cheiro de sua pele se derramou sobre
ela, intoxicando-a muito além de qualquer coisa que a cerveja tivesse feito.
Ela pressionou a boca contra o peito dele, beijou-o, provou-o e
gemeu. Ela sentiu seu coração batendo sob seus lábios, sentiu a respiração
cantando através de seu corpo no ritmo da batida dos tambores além das
paredes enquanto seus músculos se esticavam de prazer com o que ela
estava fazendo com ele. O poder cantou através de suas próprias veias. Ela
encontrou seu mamilo e mordeu suavemente, em seguida, chupou o seixo
duro, e ele ofegou para respirar, suas mãos emaranhando-se em seu cabelo.
— Espere, — ele murmurou.
Ele puxou a camisa sobre a cabeça, desafivelou o cinto e deixou
cair as dobras de seu tartan. Ela respirou com a visão de seu corpo nu. Ele
espalhou o xadrez sobre o chão, fazendo um cobertor improvisado para uma
cama acolchoada pelo suave musgo por baixo. Ele usou a camisa dele para
fazer um travesseiro, e se ajoelhou.
— Venha aqui, — disse ele, estendendo a mão para ela. Desta
vez, não foi difícil decidir o que ela queria. Ela colocou a mão na dele e se
ajoelhou diante dele. Ele puxou o vestido dela sobre a cabeça, jogou-o de
lado. Ela segurou a respiração quando ele ficou imóvel, olhando para ela ao
luar. O que ele estaria pensando? Nenhum homem jamais a tinha visto
assim antes.
Ela era linda?
— Oh, moça, — ele murmurou, e deslizou as costas da mão sobre
sua bochecha, seu ombro, seus seios. — Eu acho que devemos ir devagar,
— disse ele. — Ou parar. A escolha é sua. — Sua voz estava cheia de
desejo.
Ela colocou os braços ao redor dos ombros dele, emaranhou os
dedos em seus cabelos, e trouxe sua boca para a dela. Ele gemeu e a puxou
para baixo, na cama macia de sua manta. Ele gemeu e caiu em seu abraço,
cobrindo o corpo dela com o dele. Ela se deliciava com a sensação de
músculos duros e pernas peludas contra sua pele, o som dos carinhos
murmurados que ele sussurrava em seu ouvido, em gaélico. Ele sugava seu
seio enquanto explorava as curvas de seu corpo, encontrando lugares que
ela nem sabia que existiam antes dele tocá-la. Colocou fogo nela em todos
os lugares que seus dedos roçaram, até que ela se arqueou para cima,
inquieta, desesperada.
— Por favor, — ela disse suavemente.
— Espere, — ele sussurrou contra sua boca, e ela choramingou
quando ele voltou a sugar o mamilo, devagar, docemente.
Ela agarrou seus ombros, cravou suas unhas na carne dura,
implorando sem palavras por muito mais, mas ele continuava lentamente.
Ele soprou ar frio em sua carne aquecida, em seguida, levou o broto
sensível de volta à sua boca. Ela se contorceu quando a palma de sua mão
desceu sobre a barriga e os quadris, movendo-se com lentidão
enlouquecedora para acariciar os pelos entre suas coxas. Ela se contraiu
contra a palma de sua mão, querendo mais, querendo — bem, o que quer
que fosse, que fazia os poetas cantarem, e as damas desmaiarem. Estava
dentro do poder dele concedê-lo, mas ele se deteve. Ele trouxe a boca de
volta para a dela, e ela se abriu para ele, mordendo e sugando sua língua e
lábios, ouvindo sua respiração se transformar em grunhidos de desejo
reprimido. A ereção dele pressionou em seu quadril, e ela se abaixou para
tocá-lo. Ela fechou a mão em torno dele e ele ofegou, gritou em gaélico.
Sua mão ainda pairava sobre os lábios delicados de seu sexo, e então seus
dedos mergulharam entre eles, e encontraram o lugar onde ela mais
precisava dele. Ela gritou em inglês, e ele começou a circular o broto
selvagem e úmido com a ponta do dedo, levando-a além da loucura para um
lugar de prazer tão requintado, que ela temia que morresse. Sua mão
tremulou sobre a dele, meio com medo do que estava por vir, meio com
medo que ele parasse.
A sensação explodiu sobre ela, como uma fogueira rugindo para a
vida, atirando chamas e faíscas, consumindo tudo, sagrada. Ela se agarrou a
ele, viu as estrelas acima da torre, sentindo-as descer sobre ela, uma a uma,
para cantar através de seu sangue, levantando-a.
Ele a beijou, murmurou palavras afetuosas quando se mexeu, e
ela sentiu a ponta dele, onde, antes, seus dedos estavam. Ela respirou fundo
e arqueou para trás, os dentes cerrados enquanto ele se dirigia para dentro
dela, sufocando um grito com a dor aguda. Ela cravou as unhas no ombro
dele, então ele esperou que ela se ajustasse a ele, ao ser preenchida pela
primeira vez, beijando seu pescoço, acariciando seu rosto.
Lentamente, ele começou a se mover, preencheu-a, retirou-se, e
preencheu-a novamente. A dor diminuiu e o prazer voltou, e ela assistiu os
músculos de seu pescoço se apertarem, enganchou seus tornozelos em torno
dos quadris dele, dizendo-lhe o que queria. Ela estava sem fôlego com a
necessidade, e ele se moveu mais rápido por impulso, mais forte, e ela se
agarrou aos seus ombros, querendo que durasse para sempre. Ela gritou
quando a sensação se derramou sobre ela, de novo, levantando seus quadris
para atraí-lo mais profundo, e ele gritou, tenso contra ela, enterrado dentro
dela, e ela sentiu-o estremecer antes de desabar contra ela, seu coração
batendo forte contra o dela. Ela cruzou os braços em volta dele, puxou-o
para ela.
Então é assim que se sente ao ser amada por um homem. Ela não
sabia. Ela ficou maravilhada com a alegria que sentiu. Foi realmente magia.
Seu coração batia contra o dela, sua respiração desacelerou para combinar
com a dela, e ele beijou seu rosto, acariciou seus cabelos e murmurou para
ela em gaélico. Ele estava professando seu amor? Não importava. Ele se
afastou dela e ela sentiu o frio da noite soprar contra os lugares que ele
havia aquecido. Ele puxou-a para o seu lado e envolveu os dois, em sua
manta.
Caroline piscou para a lua e adormeceu no santuário quente dos
braços de seu amante.
Os pássaros celebravam sua própria e estridente celebração
quando os primeiros dedos da aurora atingiram o horizonte. Eles surgiram e
mergulharam acima da torre, loucos de alegria. Caroline se aconchegou
mais profundamente nas cobertas macias, sem vontade de acordar ainda.
Ela teve o sonho mais maravilhoso, tudo... A respiração suave ao lado dela a
fez abrir os olhos arregalados. Ela se virou para olhar o perfil adormecido
de Alec MacNabb, deitado ao lado dela, compartilhando o cobertor macio.
Não foi um sonho. O pânico tomou conta dela. Ela olhou debaixo
das cobertas e percebeu que estava de fato nua. Outra espiada lhe disse que
ele também estava despido. Ela largou as cobertas, sentindo o sangue
quente preenchendo não apenas suas bochechas, mas todo o seu corpo. Não
foi um sonho. Ela havia saltado o fogo ao seu lado, dançou com ele, beijou-
o e... Ela abafou um suspiro. Ela se perguntou onde estavam suas roupas e
viu o vestido de linho reclinado sobre um pedaço das pedras, cobrindo
metade do entalhe de um rosto sorridente. A coroa de flores murchas estava
inclinada sobre os olhos esculpidos, uma boca risonha, zombando dela. Ela
olhou para Alec novamente. Seu rosto era suave e infantil durante o sono.
Longos cílios estavam contra as bochechas trincadas; sua boca era macia e
doce.
Seu coração se agitou em seu peito. Ele era magnífico. Ela
recordou o prazer que ele lhe dera, os beijos, as carícias... Foi a noite mais
incrível e inesquecível de sua vida.
Também havia sido a coisa mais tola que já fizera. Ela era
governanta das irmãs de Alec, uma criada em sua casa. Suas bochechas
queimaram com o pensamento.
As garotas. Ela se sentou com um suspiro. Se ela havia acabado
ali na torre, em uma posição comprometedora, onde estavam elas? Ela
escorregou com cuidado de debaixo da manta morna e deslizou ao redor da
figura adormecida para pegar seu vestido. Estava frio quando ela o colocou
sobre a cabeça e amarrou com a fita de Sorcha. O vestido estava enrugado e
manchado de marcas verdes de musgo, e preto de fuligem, mas não podia
ser arrumado. Ela olhou para o céu cheio de promessas, e fez uma oração
agradecendo que ainda fosse cedo o suficiente para que ela pudesse voltar
para o castelo sem ser vista. Ela lançou um último olhar enquanto ele
dormia, tão bonito quanto um anjo, e correu para a escuridão que antecedia
a madrugada.
— Você acha que devemos acordá-lo, enviá-lo atrás dela? —
Angus perguntou enquanto Caroline corria pela encosta da colina, o cabelo
atrás dela em selvagens cachos emaranhados. Ele adorava enrolar os cachos
de Georgiana ao redor do dedo enquanto ela ficava em seus braços depois
que eles haviam feito amor.
Georgiana sacudiu a cabeça.
— Não, ela vai precisar de tempo para pensar, para perceber...
— O quê? — Perguntou Angus quando ela terminou. Ele sorriu.
— Deixe-me adivinhar. Ela precisará de tempo para perceber que foi a
melhor noite da vida dela.
Georgiana revirou os olhos.
— Ela vai precisar de tempo para perceber que o ama, apesar do
que aconteceu aqui esta noite.
— Apesar disso? — Gritou Angus. — Por causa disso, você quer
dizer.
Georgiana colocou as mãos nos quadris e olhou para ele.
— Ele foi um pouco áspero cortejando-a, e você acha que ela não
consegue viver sem ele, que nenhum outro homem — qualquer outro
homem — poderia fazer o que ele fez? Quão arrogante você é! Ela era
virgem e ele a seduziu em uma torre em ruínas, no chão duro.
Angus empurrou a boina na cabeça, olhando para o brilho
revelador dos olhos dela. Ela flutuou diante dele, mas seus olhos estavam
em Caroline. Ele sentiu uma onda quase esmagadora de tristeza.
— Eu pensei que isso era o que você pretendia que acontecesse
entre eles. Foi o mesmo para nós, não foi? Você era virgem na noite em que
nós... — Ele parou para limpar a garganta. — Você está dizendo que você
se arrepende do que fizemos?
Ela fixou os olhos nele.
— Claro que não. Eu lamento que tenha sido a primeira e única
vez, e que não conseguimos viver aquele momento novamente. Oh! Angus,
cometemos um erro? E se nós apenas causamos mais infelicidade e
sentenciamos eles a uma vida inteira de arrependimento e dor?
Ele chegou mais perto, levantou a mão para o rosto dela, não
sentiu nada além de frustração por não poder tocá-la, nem mesmo para
oferecer conforto.
— Existe uma batalha amanhã que eu não sei? Ele não tem
irmãos para arrastá-lo para longe da moça, e ela não tem o pai para arrastá-
la de volta para a Inglaterra. Eles estão aqui, juntos. Eles não vão a lugar
nenhum. Porque mais tarde, esta manhã, ele acordará e retornará ao castelo.
Ele vai procurá-la e cair em um joelho e...
Georgiana gritou quando Alec correu pela sombra do avô, com o
tartan torto enquanto tentava vestir a camisa e descer a colina, ao mesmo
tempo. Eles olharam para ele quando ele saltou as últimas brasas da
fogueira de verão, desviando o povo ainda adormecido, pacificamente, na
grama encharcada de orvalho, parando, voltando a olhar para os rostos
adormecidos.
— Agora você vê? — Angus disse presunçosamente, endireitando
sua manta. — Ele está procurando por ela.
— Sophie? — Eles se viraram ao som do sussurro de Alec. —
Você está aqui?
— Sophie? — Georgiana repetiu, seu sussurro horrorizado
farfalhando as árvores, assustando um pássaro que fugiu em pânico. — Ele
ainda acredita que Caroline é alguém chamada Sophie? Mesmo depois de...
Angus sentiu um nó de trepidação no estômago. Ele assistiu seu
neto procurar entre as moças adormecidas pela mulher com quem acabara
de passar a noite, uma mulher cujo nome ele nem sabia.
— Eles não poderiam se apresentar? — Perguntou Angus. — Só
uma poção, você disse. Isso é tudo que seria necessário e tudo se
desenrolaria como deveria, e a maldição terminaria.
— Deve ter sido muito forte, talvez muita erva ulmária. —
Georgiana se irritou.
— Foi somente a poção, você não vê? Ela não é a mulher certa,
ou ele não é o homem certo! — Angus disse com raiva. — Não funcionou.
Os olhos de Georgiana se arregalaram.
— Como você pode dizer isso? Você viu como eles estavam
dançando, a paixão em seus olhos.
— Foi a cerveja e a luz do fogo, nada mais, — resmungou Angus.
— Ele obviamente está apaixonado por outra pessoa, alguém chamado
Sophie.
Georgiana sacudiu a cabeça, torcendo as mãos.
— Não, não é possível! Se ele ama essa Sophie, então por que ele
está aqui, está brincando com Caroline?
Angus lançou-lhe um olhar arrogante.
— Ele é um homem, gràdhach, e ela é uma moça adorável.
— Oh! O que fizemos? — Gritou Georgiana. — Eu devo ir até
Caroline, embora o céu saiba que eu não posso fazer nada para ajudá-la
agora. Nada, nada mesmo.
Angus observou-a desaparecer contra o amanhecer e olhou para
Alec, que observava a torre como se ele fosse estúpido e enfeitiçado. Angus
recordou exatamente esse sentimento. Ele estava no mesmo lugar, em uma
manhã de verão, há muito tempo, incapaz de pensar em algo ou alguém
além de Georgiana, e a doçura da noite em seus braços. Mesmo quando
seus irmãos haviam subido a colina para levá-lo, ele ficou ali, parado,
incapaz de se mover cheio de amor e alegria. Quando chegaram até ele, ele
abriu a boca pronto para declarar seu amor por Georgiana, mas Niall recuou
o punho e lhe deu um soco no rosto. A próxima coisa que ele se lembrava
era acordar em um navio, doente como um cachorro. Ela certamente se
sentiria machucada e confusa, e por uma razão, completamente, diferente.
Angus observou quando Alec se virou para olhar a estrada. Havia
uma grande carruagem rodando ao longo da trilha esburacada, seguida por
várias carroças, todas muito carregadas. Ele fez uma careta para o grande
emblema de ouro na lateral da carruagem, para os seis cavalos brancos
combinados que puxavam o veículo em direção a Glenlorne. Angus se
aproximou do lado do neto.
— Agora quem está vindo? — Perguntou, embora soubesse que
Alec não podia ouvi-lo.
— Sophie, — Alec murmurou, e saiu correndo pela encosta.
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 22
Capítulo 23
A primeira coisa que ela viu foi as armas, eles as tiraram e as
colocaram na mesa, ao lado de suas mãos, como se estivessem prontos para
lutar — se algum dia terminassem as canecas de uísque. Ela tocou o punhal
para se acalmar um pouco e respirou fundo.
— Bom dia, meus senhores, — ela disse quando eles não notaram
sua entrada na sala. Ela ficou a uma distância segura quando eles saltaram,
pegando suas armas.
Eles não se apressaram em direção a ela. Eles ficaram
boquiabertos de longe, como se estivessem vendo um fantasma.
— Lady Caroline! — Gritou o Visconde Speed. As papadas
pesadas de Mandeville se agitaram quando ele se esforçou para falar e
falhou. Fungou, ficou vermelho e se atrapalhou com o lenço. Ele segurou o
quadrado de renda no nariz, olhando para ela por cima dele, seus olhos
cheios de horror, não paixão, nem mesmo triunfo.
— Posso perguntar se você está recuperada, lady? — Ele
perguntou, a questão saindo meio sussurrada por trás do lenço. Speed
espreitou por trás do volume protetor de seu companheiro.
— Recuperada? — Ela perguntou.
— A condessa Charlotte nos informou algumas semanas depois
que você havia passado mal, e se retirou do país para recuperar sua saúde,
— respondeu Speed.
— Nós pensamos que ela se referia à propriedade rural de
Somerson, não outro país realmente! — Acrescentou Mandeville.
— Houve alguma especulação sobre a natureza da sua doença, —
disse Speed. — Nos foi dado motivo para acreditar que era a praga. É peste,
lady?
Somerson explicou seu desaparecimento dizendo que ela estava
com a praga? Ela quase riu, mas Speed parecia triste.
— Faz algumas semanas que recebemos notícias sobre sua
condição. Nós presumimos que você fosse... — Mandeville lhe deu uma
cotovelada forte o suficiente para derrubá-lo na cadeira da qual ele havia
levantado recentemente.
— Temíamos que você estivesse perdida para sempre, digamos
assim, — disse Mandeville, abaixando um pouco o lenço.
— Sim, nós temíamos que você estivesse morta, especialmente
quando Lady Lottie cancelou seu casamento tão de repente, — disse Speed,
voltando a se levantar.
— Como você pode ver, eu estou longe de morrer, senhores, —
disse Caroline.
— De fato, estamos realmente felizes que o ar escocês, úmido e
insalubre, tenha sido gentil com você, — terminou Mandeville, mas não se
aproximou dela, nem guardou o lenço.
Ela deu um passo na direção deles e eles recuaram.
— Ainda assim, receio que sua jornada tenha sido em vão
Speed colocou a mão em seu coração.
— O casamento já aconteceu? Nós estamos apenas um dia
atrasados!
— Eu garanto a você que eu não...— Caroline começou, mas
Mandeville pegou sua espada.
— Onde está o guardião negro de Glenlorne? Juro que farei Lady
Sophie viúva e então, casarei com ela.
— Sophie? — Exclamou Caroline. — Você veio para se casar
com Sophie?
— Eu sei que ela deve estar aqui, — disse Speed. — Vimos a
carruagem de Lorde Bray. Eu reconheço os cavalos dele em qualquer lugar!
Melhor do que em Londres!
— Escócia, — lembrou Mandeville.
— Em qualquer lugar! — Speed respondeu, levantando o dedo no
ar para dar ênfase. A pele solta sob o queixo balançava como o papo de um
galo.
— Onde está a bela dama Sophie? Juro que posso sentir seu
perfume nesta sala, isto é, tenho certeza de que seria capaz de sentir o
cheiro dela se conhecesse o perfume dela!
— Você está aqui para se casar com Sophie? — Caroline
perguntou de novo, desnorteada. — Lady Sophie Ellison?
Apressou-se em se levantar.
— Perdoe-me, lady. Eu entendo seu desânimo, mas devemos
retirar nossa oferta pela sua mão. Eu sou o último da minha linhagem, não
posso me arriscar com uma noiva que teve a praga tão recentemente,
mesmo que você pareça recuperada. Você pode ter tido uma recuperação
falsa. — Ele suspirou e colocou a mão ossuda sobre seu coração. — Lady
Sophie estava na flor da saúde na última vez que eu a vi.
Mandeville olhou para o amigo ferozmente.
— Eu vou me casar com Lady Sophie, mesmo se for a última
coisa que eu faça! — Speed olhou para trás.
— Então não é por mim. — Caroline fez uma pausa. Ela sorriu.
— Vocês não estão aqui para...?
— Boa tarde, senhores. — Alec desceu as escadas atrás dela.
— Ora é Alec MacNabb! — Disse Mandeville, sorrindo. — Que
estranho encontrar você aqui, também. Eu não sabia que você havia saído
de Londres. Diga-me que você não está em busca de Lady Sophie também,
tememos que o lorde negro deste castelo já tenha se casado com ela!
Alec levantou uma sobrancelha e olhou para Caroline, mas ela
estava tão confusa quanto ele.
Speed pegou sua espada e brandiu-a.
— Eu juro que eu vou executar este imprudente conde escocês e
reivindicar a dama de volta à Inglaterra! — O visconde disse. — Onde está
Glenlorne? Simplesmente aponte sua direção! — Mandeville pegou sua
espada também.
Alec abriu a boca, mas Caroline apontou para longe de Alec, para
fora da janela, sobre as colinas.
— Não Glenlorne. Ele está em... Glenlyon Inn. É apenas uma
dúzia de quilômetros de distância.
— Em Glenlyon? — Disse Speed, balançando o olhar para o
horizonte.
Alec ficou em silêncio, observando-a divertido.
Mandeville brandiu sua espada na direção que Caroline apontou.
— Então nós vamos para Glenlyon Inn, e vamos arrastar a bela
dama Sophie de sua cama, se precisarmos, e o mataremos se o casamento já
tiver sido...
— Senhores, há uma dama presente, — disse Alec.
Ambos se curvaram, parecendo contritos, colocando suas espadas
atrás das costas.
— Claro, seu perdão, Lady Caroline, — disse Speed. — Eu não
consigo parar de pensar em você como... falecida.
Mandeville fez uma reverência e caminhou em direção à porta.
— Por favor, desculpe-nos, precisamos sair e resgatar nossa
noiva, — disse Mandeville, passando cuidadosamente por Caroline até a
porta. — Foi muito agradável ver você tão saudável, Lady. MacNabb, fique
atento com aquele Glenlorne.
Alec observou-os ir e se virou para ela.
— Eu posso explicar-— Caroline começou, mas ela parecia
hesitante.
— Como dois senhores, três, na verdade, querem se casar com a
mesma mulher?
— Bem, não, eu não posso explicar isso, — disse ela. — Eles
deveriam se casar comigo, — Caroline murmurou, e tirou o punhal da
manga. Ela colocou sobre a mesa. Alec olhou para a arma.
— Os dois?
— Qualquer um que eu escolhesse, — disse ela. Ela quase riu. —
Mas isso não importa agora.
— Estou vendo. — Ele cruzou para o lado e pegou o punhal,
examinando os lugares onde as gemas haviam sido arrancadas. Sua boca se
apertou. — Eu acredito que a possibilidade de se casar com um deles é o
motivo pelo qual você veio até a Escócia e assumiu o cargo de governanta?
Ele estava tão perto que Caroline podia sentir o cheiro de sua
pele, sentir o calor de seu corpo ao lado do dela. Ela baixou os olhos.
— Qual deles você escolheria? — Ele perguntou suavemente, e
ela estremeceu, imaginando os dedos ossudos de Speed em sua carne, ou o
peso de Mandeville sobre ela, na cama. Ela tentou abafar sua repulsa, mas
ele riu suavemente.
— Então agora nós temos a verdade, suponho. Você fugiu.
Aparentemente você foi esquecida, e Sophie é o novo prêmio.
Caroline sentiu uma onda de raiva. Ele achava que ela não era boa
o suficiente para Speed ou Mandeville? Ou para ele?
— Parece que você não é o único que deseja se casar com uma
fortuna, meu senhor, — disse ela bruscamente. — Não importa o que a
Sophie quer, ou se ela é feliz? Você tem mais consideração por ela do que
Speed ou Mandeville, ou é apenas seu enorme dote que importa? Suponho
que uma fortuna tão grande quanto a de Lorde Bray faz um curto caminho
para tornar uma moça adorável.
As bochechas dele coraram com o insulto, mas seus olhos
endureceram.
— Ciumenta?
Ela olhou para as pontas dos dedos. Ela fechou os olhos, sentiu a
saída aguda e repentina de lágrimas enquanto imaginava Alec nos braços de
Sophie, fazendo o que ele havia feito com ela, na torre, fazendo-a se sentir
amada e adorável pela primeira vez. Era quase insuportável.
— Claro que não.
— Você não é uma governanta, Caroline, — disse ele.
Ela endureceu. Então o que ela era? Nada para ninguém.
— Eu imploro para ficar, — disse ela.
— Você poderia ter se casado com um desses cavalheiros, mas
você fugiu. Você ama outra pessoa? — Ele perguntou.
Ela se arrepiou.
— Você imagina que uma noite com você, e eu estou... — Ela
fechou os lábios na admissão.
Ele colocou a mão sob o queixo dela, ergueu os olhos para os
dele, a poucos centímetros de distância.
— Você está o quê? — Sua voz era rouca, suave, potente por
causa do uísque.
Ela se afastou.
— Apaixonada! Eu não estou, asseguro-lhe. Foi-me dada uma
escolha, e tomei a minha decisão no assunto. Eu sou, meu senhor, de fato
uma governanta, essa foi a minha escolha.
Ele gemeu.
— E a minha escolha? — Ele disse, e ela se perguntou o que ele
queria dizer. — Você não pode ficar aqui, Caroline.
Caroline cruzou os braços sobre o peito.
— Por que não? Eu não estou cumprindo meus deveres
satisfatoriamente?
— Não é isso, é... — Seus olhos se moveram sobre ela como uma
carícia, e ela leu o desejo neles, e frustração. — Vá para casa, Caroline, de
volta para Somerson. Encontre um homem com quem você possa se casar.
O peso de sua situação caiu sobre ela como um manto. Era tarde
demais para isso. Ela considerou suas opções e não viu nenhuma.
— Se você me der licença, eu tenho lições para ver. — Antes que
as lágrimas de frustração caíssem, ela fugiu.
Alec observou-a ir e bateu com o punho na sólida mesa de
carvalho. Outro erro — este bem pior do que deixar cair uma maldita carta.
Desta vez, foi pessoal. Ele havia envolvido Caroline, uma inocente — pelo
menos ela havia sido até que ele a desonrou. Ele duvidava até que
Mandeville ou Speed a teriam agora. Ou Somerson. Ele deveria fazer a
coisa certa e se casar com ela, mas isso seria outro erro. Ele a destinaria a
uma vida de pobreza ao seu lado, destruiria seu clã, suas irmãs. Ela
começaria a odiá-lo.
Ele fechou os olhos. Ele quase acreditou que poderia ser o Laird
de Glenlorne, que seria capaz de liderar o seu povo nos passos de seu avô,
trazê-los de volta da miséria e pobreza para a prosperidade se ele tivesse
Sophie-Caroline, ao seu lado. Mas ele não era um herói, nem um líder. Ele
era um tolo.
Caroline precisava ir embora, pelo bem dos dois. Se ela ficasse,
ele poderia imaginar a tentação de tocá-la novamente, fazer amor com ela.
Ele ficava duro como um poste só de pensar nisso.
E Sophie? Ele cumpria seu dever, faria o possível para ser um
bom marido e gastar o dinheiro com sabedoria, mas ela não disparava o
sangue dele igual a Caroline Forrester. Havia uma chance de que ele
pudesse fazer seu casamento funcionar se Caroline permanecesse em
Glenlorne?
Imaginou-se falando seus votos para Sophie, sabendo que
Caroline estava na capela, lembrando-se da noite na torre. E a noite de
núpcias dele, apagando a vela e subindo na cama do lorde, pensando em
Caroline, não em Sophie? Quanto tempo levaria o desejo para morrer?
Foi ao escritório, vendo-o pelos olhos de Sophie, um pequeno
quarto surrado e gasto, e atravessou a sala. Pegou uma folha de papel e
sentou-se para escrever uma carta.
Caroline Forrester devia ir embora.
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
— Três lebres, uma perdiz e um texugo, — disse Leith quando
entraram na cozinha. Ele os colocou na mesa de Muira.
— Onde está Alec? — Ela perguntou, com os olhos arregalados.
— Ele ainda não voltou? — Perguntou Jock. Muira olhou
horrorizada para os bichos espalhados pela cozinha.
Jock sorriu.
— Eu sei o que você está pensando, não tem muita carne para o
jantar, mas quando os sassenachs pararam para um piquenique, tivemos
tempo para pegar um pouco de salmão e algumas trutas para você, Muira. —
Eles estão no cesto ao lado da perdiz.
Jock olhou para Leith, que estava se lambuzando com um bolo de
aveia com manteiga.
— Eu vi Alec esta manhã com Megan, mas ela voltou conosco.
Muira cruzou as mãos e Jock franziu a testa.
— O que há de errado, Muira? Porque você tem esse olhar. A
última vez que eu o vi, a velha Jeannie MacNair morreu na tarde seguinte.
Ela estendeu os polegares.
— Meus polegares formigam quando o mal está próximo, — disse
ela. Ela arrancou o bolo de aveia da mão de Leith. — Você precisa ir e
encontrá-lo. Não volte até que o encontre.
Jock sabia que era melhor não ignorar uma das premonições de
Muira.
— Tem certeza de que é Alec?
— Tão certa como eu já estive. Vá, não há tempo a perder.
— Eu tenho isso, Devorguilla, — Brodie murmurou, e segurou um
pedaço de pano encharcado de sangue. — A prova.
Ela olhou para ele com desdém.
— O que você quer dizer?
— Eu encontrei isso na floresta. É sangue, então ele deve estar
morto. — Ele abriu um largo sorriso, seu belo rosto brilhando. — Eu atirei
bem entre os olhos.
Devorguilla levou a mão à garganta. Ela olhou para o pano
ensanguentado, depois olhou para Brodie.
— Tem certeza?
— Sim. Então, quando eu posso me casar com Sophie?
— Você me trouxe o corpo dele? — Perguntou Devorguilla. Ela
queria ver, olhar para baixo, para o cadáver do seu enteado e saber que ela
ganhara, que Glenlorne era seu, finalmente.
— Não, apenas isso. Amanhã é cedo demais para o casamento? —
Brodie perguntou.
Devorguilla pegou o pano na mão.
— Isto é um lenço, não um cadáver. E não há como dizer se o
sangue é de Alec ou não. Ele poderia estar no andar de baixo agora mesmo,
desfrutando de um pouco de uísque. — Ele se levantou, olhando-a
inexpressivamente. — Seu tolo! — Ela o amaldiçoou.
O sorriso de Brodie desapareceu.
— Mas e a Sophie?
Devorguilla jogou o lenço na lareira e olhou para ele.
— Você nem vai sentir o cheiro de sua bainha se não puder ter
certeza de que Alec está morto. Você voltou cedo demais.
Brodie mexeu os pés.
— Eu não posso evitar. Eu estou apaixonado
Devorguilla olhou para ele, forte como um carvalho e tão estúpido
quanto um mastro. Ela confiara tudo a um idiota. Ele deixou cair o cálice
envenenado ontem à noite, e não conseguiu sequer um simples acidente de
caça.
— Tudo o que você precisava fazer para ganhar Sophie era matá-
lo, Brodie MacNabb, e você não poderia fazer isso direito, — disse ela,
desejando que ela tivesse nascido um homem, um laird, capaz de governar.
Ele empurrou seu lábio inferior em uma expressão chorosa.
— Você não pode provar que eu não atirei nele.
— E não há provas de que você também tenha atirado. É melhor
descermos e ver se ele já voltou.
— E se ele estiver lá? — Perguntou Brodie.
— Então vamos precisar tentar novamente. — Ela o empurrou
para fora da porta.
Não havia sinal de Alec no corredor, nem no andar de baixo. As
senhoras estavam apreciando o chá, uma mistura inglesa do estoque pessoal
de Lady Charlotte, que ela trouxe com ela. Havia também bolos e tortas de
creme que Muira havia feito com morangos tardios. Os cavalheiros estavam
à beira da lareira, bebendo canecas de cerveja e copos de uísque e
comparando a caçada na Escócia com as da Inglaterra, em suas próprias
propriedades.
Devorguilla se forçou a sorrir.
— Vocês tiveram alguma sorte hoje, meus senhores? —
Devorguilla perguntou ao Visconde Speed e a Lorde Mandeville.
— Sorte? — Visconde Speed empalideceu.
— Sim. Você matou algo?
O visconde ficou ainda mais pálido.
— Eu acredito que devemos ter matado, condessa, — ele
murmurou, seus olhos passando rapidamente para a porta como se ele
estivesse esperando alguém entrar. Tomou um gole de cerveja. Estava na
ponta da língua para fazer a pergunta óbvia quando Megan falou primeiro.
— Alguém viu Alec?
— Por que eu saberia onde ele está? — Gritou Speed, ficando de
pé.
Megan levantou as sobrancelhas.
— Alguém em nosso grupo deve tê-lo visto. Eu estava com ele por
um tempo quando partimos, mas passei o resto da tarde com Jock e Leith.
— Com os ghillies? — Devorguilla disse, horrorizada. Ela estava
desesperada em transformar suas filhas em damas. Quanto mais cedo ela
pudesse levá-las para a Inglaterra, melhor.
— Ele estava na floresta, — Lorde Mandeville deixou escapar.
— Provavelmente perseguindo veados, então, — disse Megan. —
Ou pescando. Ele provavelmente só esqueceu que horas são.
— E se ele estiver morto? — Brodie perguntou, e todos os olhos se
voltaram para olhá-lo. Devorguilla fechou os punhos nas dobras de suas
saias para evitar estrangulá-lo.
— Morto? — Os olhos de Lorde Mandeville brilharam como
chamas em seu rosto corado. — O que lhe deu essa ideia, meu bom
companheiro?
Brodie deu de ombros.
— Ele pode estar, não é?
— O homem mal demorou uma hora, — disse Somerson, olhando
para o relógio.
— Ele poderia ter parado na aldeia, — sussurrou Alanna, com os
olhos arregalados. — Para levar um peixe fresco, ou um coelho ou dois para
alguém. Ele é um caçador experiente.
Devorguilla colou um sorriso que parecia fino e esticado.
— Talvez alguém deva sair e ver se ele está ferido. Ele pode
precisar de ajuda. — Ela enviou à Brodie um olhar de relance. — Brodie,
você poderia ir.
— Eu? Mas eu pensei... — Ele olhou para Sophie.
— Você, — ela insistiu, e os olhos dele se voltaram para ela.
— Oh! — Ele disse. — Eu.
— Eu vou acompanhá-lo, — disse William Mears, e levantou-se.
— Oh, eu não acho que isso seja necessário, — Devorguilla
ronronou. — Brodie conhece a terra, sabe onde procurar.
— Então Speed e eu o acompanharemos. Está quase escurecendo e
pode haver lobos por aí, — disse Lorde Mandeville. — Eu insisto.
— Eu posso... — Megan começou, mas Devorguilla enviou-lhe
um olhar de reprovação.
Devorguilla sorriu.
— Este é trabalho de homem. Você vai ficar aqui.
— Eu repreenderei Alec quando ele voltar, por nos deixar
preocupados, — disse Sophie. — Suponho que teremos que esperar ele para
jantar.
— É verdade? — Perguntou a condessa Charlotte. Ela pegou o
último bolo de creme do prato e colocou em sua boca para evitar a fome. —
Tem mais pão? — Ela perguntou, esperançosa. Devorguilla sorriu para ela, e
imaginou seu rosto quando o corpo de Alec fosse carregado pelo corredor e
colocado sobre a longa mesa, outro Laird de Glenlorne, morto. Ela lhe daria
um glorioso funeral. Ela até fingiria algumas lágrimas. Ela sorriu ao pensar
enquanto olhava para o relógio.
Ela mal podia esperar.
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Caroline não dormiu nada. Uma vez que seus poucos pertences
estavam embalados, e ela escrevera as cartas para Megan, Alanna e Sorcha,
sentou-se e olhou à velha torre no morro. Ela traçou seus contornos com a
ponta do dedo, fixou-a em sua memória para mantê-la aquecida e lembrá-la
da felicidade pelos próximos anos. De madrugada, ela saiu do quarto para
colocar as cartas nos quartos das meninas.
Ela quase se assustou ao ver Sophie no corredor.
Ela não estava vestida para o casamento. Ela estava vestida para
viajar. Sophie soltou um grito assustado ao ver Caroline.
— Oh, Caroline, você me assustou!
— Você está se preparando para o casamento tão cedo? —
Perguntou Caroline.
Sophie levantou o queixo.
— Eu decidi não me casar com Glenlorne. Na verdade, estou
partindo. Se Lottie pode fazer isso, eu também posso.
O queixo de Caroline caiu.
— Mas porque... — Ela girou ao som de passos atrás dela, e
encontrou William rastejando para fora de seu quarto, vestido também.
— Caroline! — Ele gritou de surpresa, e deixou cair a valise que
estava carregando. Ele tirou sua cartola e a escondeu atrás das costas. Então
olhou para Sophie, seu rosto corando.
— Eu suponho que você nos pegou, Caroline. Estamos fugindo, —
disse Sophie. Ela moveu-se para ficar com William, ligando seu braço ao
dele. Colocou a mão dele, na dela, e ela viu o anel de Lottie no dedo de
Sophie.
— O quê? — Caroline olhou para eles.
— Eu nunca teria sido feliz aqui em Glenlorne. Eu odeio as
Highlands, e Alec simplesmente não me ama, e posso ver agora que ele
nunca poderia me amar. Ele é honrado e, como meu pai não lhe deu outra
escolha senão me aceitar, ele teria se casado, apesar do fato de ele estar
apaixonado por outra pessoa.
Os olhos de William se arregalaram.
— Realmente? Por quem?
Caroline sentiu o calor do rosto, mas Sophie ignorou a pergunta de
William.
— Eu não suportaria casar com um homem que não me adorasse.
William me adora e descobri que também o adoro. Temos muito em comum,
enquanto Alec e eu... — Ela encolheu os ombros. — Acho que ele vai ficar
aliviado, em vez de angustiado, quando descobrir que fui embora.
— William, isso é por causa de Lottie? Seu orgulho está tão
ferido?
— Não, eu posso ver que Lottie está certa. Nós não daríamos
certo. Sophie não se importa com aventuras ou longas caminhadas nas
montanhas ou olhar as vistas das montanhas.
— E William entende a importância do tom perfeito de amarelo,
— Sophie disse. Ela se adiantou para apertar o braço de Caroline. — Não
pareça tão ferida, Caroline. Eu entendo, eu realmente entendo. Desejo-lhe
apenas felicidade, aconteça o que acontecer.
Caroline sentiu uma pontada aguda de pânico e culpa.
— Estou indo embora, Sophie, hoje, com Lottie. Isso não é
necessário. Não há nada... — Sophie a parou com um sorriso.
— Se ele olhasse para mim do jeito que ele olha para você, mesmo
que por uma só vez, bem, ele não olhou, então, é isso.
— Eu confio que você não vai contar a ele! — Disse William. —
Se Glenlorne descobrir que eu roubei Sophie, pode se sentir obrigado a vir
atrás de nós e me desafiar para um duelo, e você sabe que eu sempre fui
fraco no tiro, querida, e com uma espada, eu sou ainda pior. Não que eu não
lutaria por Sophie, é claro.
— Oh, William, — Sophie respirou, e ficou na ponta dos pés para
beijar sua bochecha. Ela se virou e sorriu para Caroline, e Caroline viu toda
a felicidade em seu rosto que uma noiva deveria sentir. — Deseje a
Glenlorne o melhor quando você o vir. É bastante óbvio para mim que as
aventuras servem apenas para nos mostrar aonde realmente pertencemos.
William é aonde eu pertenço. Adeus, Caroline.
Caroline observou-os ir, atordoada. Outra porta se abriu e uma
pequena trupe de criados em libré, de Somerson passou correndo por ela,
carregando as caixas, malas e bagagens que levaram para o castelo de
Glenlorne, apenas uma semana e três dias antes.
Lottie saiu do quarto e precisou se pressionar contra a parede.
— Deus, que confusão! Felizmente mamãe trouxe apenas o
essencial nesta viagem. São necessárias quatro viagens para mover tudo o
que ela precisa para a temporada, de Somerson Park à casa de Londres, —
disse Lottie. — Você está pronta para ir?
Caroline olhou para o outro lado da galeria, para fora da janela,
para a Torre de Glenlorne. Parecia fazer a mesma pergunta. Imaginou Alec
sentado na capela, à espera de sua noiva, andando no chão de pedra diante
do altar, com o reverendo Parfitt batendo seus dedos longos no livro de
orações e enxugando a testa. Os moradores estariam acordados, vestidos
com seu melhor traje, os MacNabb vestindo kilts, faixas e boinas e indo até
o vale em direção ao castelo por trás dos flautistas de fole para testemunhar
o casamento de seu senhor.
Alec estaria lá quando a porta da capela finalmente se abrisse, e
ele não entenderia, nunca saberia o que aconteceu quando Sophie não
chegasse. Caroline fechou os olhos. Era tudo culpa dela.
— Caroline? — Perguntou Lottie, franzindo a testa.
Ela deveria ir. Ela deveria seguir Lottie descendo as escadas e
nunca olhar para trás. Ela deu o primeiro passo e parou.
— Eu preciso encontrar Alec e dizer a ele, — disse ela, e desceu as
escadas correndo.
Capítulo 49
Epílogo