Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Series
fortuna...
Inglaterra, 1878.
Não havia esperança para isso. Ela não era moldada pelo
tecido que seus companheiros foliões, pois observá-los apenas a
fazia querer retirar-se para seu quarto, aconchegar-se sob as
cobertas e ler o volume de poesia que trouxera consigo. Se ao
menos não tivesse escolhido o dever em vez do amor.
— Perdão, senhor?
— Senhor?
Ele teve um sobressalto e dirigiu-lhe a força daquele
surpreendente olhar cor de musgo.
— Senhora?
Ele sorriu.
Oh, meu Deus. Seu pulso saltou até que se lembrou de duas
coisas. Ela era uma dançarina péssima e sua cauda estava em
pedaços. Ela sabiamente guardou a primeira para si.
— Eu?
Claro que ainda era bem-vindo. Ela não teve escolha. Voltou-
se para o quarto, gesticulando para que ele entrasse, usando
leviandade para disfarçar suas emoções confusas.
Não eram seus vestidos que temia que ele fizesse estragos
neste momento. Ela fechou a porta e girou, inexplicavelmente
nervosa, agora que tinha feito o que se propôs a fazer
primeiramente, conseguiu um amante. Se soubesse o que fazer
com ele. Se soubesse o que ele faria com ela. Seria como o casal no
salão de baile? Ele bombearia nela em estocadas rápidas e
violentas? Um pulso em resposta latejava entre suas pernas. Suas
pernas ficaram fracas, sua respiração superficial. Ela tinha
vergonha de si mesma, de sua reação a ele, de sua reação a essa
sem-vergonhice. Mas, uma parte dela gostou.
Ele se acalmou.
Céus. Por todas as vezes que ela ficou acordada em sua cama,
imaginando este momento de capitulação, nunca teve nenhuma
ideia de como seria emocionante e terrivelmente assustador ao
mesmo tempo. Ele a estava despindo, e ela não sabia o seu nome.
De alguma forma, impossivelmente, isso aumentou o fascínio.
Ele abriu caminho até o botão entre seus seios e fez uma
pausa, olhando-a. A intensidade de seu olhar quase fez seus
joelhos cederem.
— Eu não sei.
Marido dela.
— Você já fez isso, — ela disse tolamente. Não sabia o que ele
queria dela. Ele a imaginou como uma mulher que conhecia os
caminhos entre um homem e uma mulher. Talvez quando ele
adivinhou que era seu primeiro amante, imaginou que fosse seu
primeiro amante fora do casamento. A maioria das mulheres
casadas tinha perdido a virgindade, então a suposição dele não era
irracional. — Eu não fiz isso antes, — acrescentou, para ele ter
ideia real da situação.
Ele gemeu, seus olhos indo para a sua parte mais privada. O
ar frio atingiu sua pele úmida, aumentando sua consciência ainda
mais.
Ele gemeu mais uma vez, abaixando a cabeça para seu sexo.
Sua língua trabalhou sobre ela em uma dança enlouquecedora,
sacudindo seu botão tenro para frente e para trás. Ela não
conseguia se controlar. A sensação selvagem entre suas coxas
percorreu todo seu corpo, fazendo-a ficar tensa. De repente, o
prazer girou fora de controle, batendo nela. Ela estremeceu,
arqueando-se em sua boca esperta, gritando com uma abandonada
liberação.
— Maravilhosa.
ao seu lado. Por um momento, pensou que fosse Eleanor, até que
se lembrou de que ela lhe dissera para ir para o inferno, e
provavelmente estava montando seu marido careca e de nariz
vermelho em algum lugar de Londres. Droga.
Quem era ela? Tinha que conhecer seu rosto, esta virgem
inexperiente que o fez desmoronar com a facilidade de uma cortesã
experiente. Ele não iria deixá-la fora de sua vista tão cedo. Ela era
exatamente o tipo de distração de que precisava. Ele retirou-lhe a
máscara. Ela era bonita. Familiar. Ela era…
Ele tinha que sair antes que ela acordasse e descobrisse quem
ele era. Bom Deus, seria melhor permitir que ela pensasse que
havia enganado algum estranho. Ele deveria saber que era ela.
Como não percebeu os sinais? Abaixou-se e enfiou as pernas nas
calças. Ela era americana. Seu cabelo era da mesma cor, todos
cachos rebeldes. Claro que houve a questão da máscara dela, e que
ele nunca sonhou que sua esposa de maneiras gentis se dignasse
a aparecer em uma festa em casa famosa por sua decadência
sexual e liberdade. Como diabos ela recebeu um convite?
Deus do céu.
Sua gravata.
— Claro que sim, minha querida. Mas não posso contar. Isso
estragaria a diversão. — Sua anfitriã levantou uma sobrancelha.
— E para que serve o mundo sem um pouco de diversão?
— Ah, parece que nosso galante tem olhos para uma dama
apenas esta manhã. — A voz de Lady Needham ainda estava baixa,
mas uma ponta de curiosidade havia se infiltrado em sua fala
arrastada. — Sortuda, sortuda Lady New York.
Mas ela era, e por alguma razão estúpida, ele decidiu ficar no
covil de Lady Needham. E por alguma razão estúpida e igualmente
idiota, se permitiu ser enganado em um jogo de charadas
perversas. Claro, quando sua anfitriã apresentou o convite pela
primeira vez, não percebeu que sua esposa faria parte dos jogos.
Se tivesse feito isso, provavelmente teria corrido na direção oposta,
estilo burro no fogo.
Ou teria?
Ele não conseguia parar de olhá-la. Por que diabos não tinha
feito amor com outra mulher no lugar dela? Qualquer outra mulher
teria feito. Todas as outras mulheres devassas da sociedade
estavam presentes, e ele teve que escolhê-la. Que idiota tinha sido,
tinha ficado muito alheio por sua luxúria para ver o que estava
claramente diante de seu nariz.
Queridos céus.
Antecipação.
Era ele.
— Maldita Nell por isso, — ele rangeu. — Ela acha que está
sendo inteligente.
Ela o observou.
— Espere!
Ele parou, mas não se virou para encará-la, não disse uma
palavra. Sua cabeça estava inclinada como se travasse algum tipo
de batalha interna.
Quão rouco.
— Abraçando você.
— Por quê?
— É isso que você quer? É para isso que veio aqui? Para trair
seu marido?
Mas ele não se afastou, e nem ela. Havia algo potente e pesado
naquele momento. Seu coração bateu forte contra o peito.
— Não fui claro? Não haverá outro cavalheiro. Você já teve seu
quinhão de carne.
— Não.
— Nem entendo você, meu senhor. Mas posso ver agora que
você não é o homem que pensei que fosse. — Lágrimas ameaçando
humilhá-la se acumulando em seus olhos, ela abaixou-se para
recuperar seu corpete. Enfiou os braços nas mangas e puxou a
seda aberta em uma tentativa pobre de modéstia. Seu orgulho não
lhe permitiria o tempo necessário para abotoar os botões. — Acho
que você deveria encontrar outra parceira para charadas
perversas.
Ele zombou.
— Você quer que eu foda outra pessoa? Você se importaria de
assistir? É isso? A pequena festa de Lady Needham já a corrompeu
tão completamente?
Ele traçou seu lábio inferior com o polegar, olhando para ela
com atenção.
— Estou ciente, mas existem outros fatores que você não pode
saber.
Mas ela queria conhecê-los. Ele não queria compartilhar. Era
porque não confiava nela? Algo estava acontecendo e estava
determinada a erradicá-lo pela sua raiz insidiosa. Agora, porém,
não era a hora. Ela respirou fundo.
— Obrigado.
— Como quiser.
Com isso, ela quase fugiu do quarto dele antes de fazer algo
terrivelmente tolo. Antes que se virasse, e se jogasse de volta em
seus braços.
O JANTAR DAQUELA NOITE FOI UM EVENTO SUNTUOSO servido à
moda russe e carregado com ostras, trutas, faisões, galantinas,
frutas de estufa, creme fresco e estoques infinitos de vinho. Em
suma, Nell havia inventado mais um deleite indulgente com tudo o
que um homem poderia desejar. Conforme a noite avançava, a
companhia ficava cada vez mais barulhenta, as mulheres rindo
com alegria cada vez maior, os homens rindo e piscando enquanto
avaliavam suas próximas conquistas. Simon desejou que pudesse
desfrutar da exibição hedonística, mas sua mente estava muito
preocupada com os pensamentos sobre ela.
Ciúmes?
Seus olhos ainda estavam fixos nele. Não sabia dizer se lia
horror, desânimo, desgosto ou uma combinação dos três no olhar
dela.
Sandhurst.
Maldito, maldito inferno. Ela escorregou e falou seu nome. Ele
ficou tenso, seu olhar balançando de volta para sua esposa. Sua
pele de marfim adquiriu uma palidez cerosa repentina. Ela olhou-
o com tal intensidade que ele temeu que ela penetrasse no
conteúdo de sua alma negra. E não tinha dúvidas de que ela não
gostou do que viu.
Maggie.
Ele olhou para Nell, que parecia tão abalada quanto ele.
Sandhurst.
Claro que não, mulher tola que era. Ela tinha estado muito
cega por um sorriso bonito, um toque de conhecimento e a
promessa de seu plano se tornando realidade para ver o que todo
mundo já sabia. Incluindo Sandhurst. As palavras dele se
repetiram em sua mente enquanto ela continuava sua retirada
determinada.
Você.
— Eu sinto muito.
— Sente muito, pelo quê? Sente muito por ter sido pego? Por
ter mentido para mim? Por fingir ser outra pessoa que não o marido
que me abandonou no ano passado?
Ele se encolheu.
Ela contemplou o que ele disse, e teve que admitir que fazia
sentido. Sua reação a ela durante as charadas tinha sido muito
diferente da do amante apaixonado da noite anterior. Ele
descobrira quem ela era e não a queria mais, pelo menos não da
mesma forma de antes. Sim, fazia um sentido devastador e terrível.
Ele a seguiu, pegando seu braço nu. Seu toque era uma
marca quente em sua pele. Ele a girou de volta para encará-lo.
Ela pensou no que ele lhe disse na noite anterior, quando ele
não sabia sobre em quem estava usando seus encantos. Seu
coração tinha sido partido por uma amiga muito antiga e querida,
ele disse. Lady Billingsley. O lembrete esfriou seu sangue. Ele
nunca se importou com Maggie. Sempre tinha sido sua amante que
ele queria em sua vida, e deixou esse fato bem claro. Ela havia
desistido do homem que amava para se casar com ele, e ficou sem
nada.
— Temo que você terá que encontrar outra mulher para servir
como sua prostituta, — disse friamente. — Não serei sua
substituta.
— Não te entendo.
— Cristo, eu não me entendo. — Ele abaixou a cabeça até que
seus narizes quase roçassem. — Você é a última mulher no mundo
com quem eu queria fazer amor, e agora tudo que consigo pensar
é como é estar dentro de você. — Sua respiração caiu quente e fina
sobre seus lábios. — E como quero estar de novo.
Queria que ele a beijasse, mas sabia que não devia permitir.
Seu queixo ergueu-se por vontade própria, selando suas bocas. Ele
aceitou seu convite, moldando seus lábios nos dela em um beijo
apaixonado e reivindicativo. Ela se abriu, deslizando sua língua.
Ele provou o vinho que bebeu no jantar, doce e vibrante.
— Não podemos.
Ele parou seus esforços para tirar seu corpete, mas seus
dedos não se desviaram dos botões.
Ele olhou-a.
Ela estava presa em seu olhar, o calor fervendo por seu corpo
traidor com a lembrança do que eles compartilharam.
Ele estava certo, maldito seja. Seu homem misterioso era uma
ficção. O homem que a tinha incendiado estava diante dela,
rolando seu mamilo entre o polegar e o indicador. Como poderia
juntar seu amante acalorado com seu marido gelado? Ela estava
em uma confusão desesperadora, e a pior parte é que ele fazia
sentido.
Ele era um demônio. E ela era uma idiota, pois a oferta cortou
sua determinação de se livrar dele, minando-a.
Mais uma vez falou uma verdade inegável. Ainda assim, onde
a ideia de tomá-lo como amante a atraíra quando era um estranho,
agora parecia traiçoeira. Não podia se dar ao luxo de se envolver
mais com um homem que provou ser um canalha de primeira
ordem. Já havia sofrido muita solidão e miséria em suas mãos, e
certamente ele só poderia trazer mais.
Ele circulou seu mamilo com o polegar, e ela não podia negar
a onda aguda de desejo que o toque simples e único enviou através
dela.
— Você me quer.
— Nós dois?
— Nós dois.
Sim, por Deus, ele tinha. Por que mais estaria prestes a
embarcar no mais absurdo caso na história do esporte de cama?
Sua esposa, que ele não queria e nem cuidava desde o dia do
casamento, de alguma forma, estava fazendo sua pele ficar quente
como uma chaleira para ferver, e seu pau duro o suficiente para
pendurar um balde de carvão. Ele queria estar dentro dela
novamente, batendo em sua doce e úmida boceta até que a
enchesse com sua semente. O mero pensamento foi o suficiente
para fazê-lo gemer.
Sim, a ideia de ir para a cama com ela por um mês deveria tê-
lo deixado frio e desinteressado, com um pau murcho. Em vez
disso, enviou uma nova onda de urgência direto para sua virilha.
Não, ela não deveria querê-lo. Assim como não deveria desejá-
la. Mas tudo mudou. Ou talvez nada tivesse acontecido, e pela
manhã, acordaria com a cabeça limpa e nunca mais iria querer ir
para a cama com ela. De qualquer maneira, nada iria detê-lo agora.
— Eu me esqueci.
Cristo. Ela não sabia seu nome. Supôs que não poderia culpá-
la. Eles tinham sido estranhos durante toda a sua união, mas de
alguma forma ele nunca a esqueceu.
Sim, quando ela colocou dessa forma, parecia que ele estava
decidido a destruir seu guarda-roupa. Mas a verdade era que seu
guarda-roupa era apenas uma barreira inocente que o impedia de
fazer o que queria. Ela.
Ele quis dizer isso. Maggie era seu presente. Um presente que
nunca se imaginou desejar, mas seu mesmo assim. E, olhando
para trás, para tudo o que havia feito, poderia dizer honestamente
a si mesmo que não desejaria um resultado diferente.
Ela era incrível. Sua. Para o mês. O que diabos ele estava
pensando? Como isso seria suficiente? Não queria sentir essa
atração louca que sentia, mas era como se ela tivesse lançado um
feitiço sobre ele.
Droga, suas palavras deixaram seu pênis tão rígido que quase
perdeu sua capacidade de agir. Tossiu para disfarçar sua
distração, e pôs as mãos para trabalhar nos enfeites elaborados
dela.
Sem escolha. Foi por isso que ele a derreteu. Foi por isso que
a fez sofrer. Ela teria rido de si mesma se pudesse. Mas ela estava
além do riso. Além de qualquer coisa, exceto seguir sua
necessidade animalesca.
— Deite-se.
Não era isso que ela queria ouvir. Franziu o cenho para ele.
— Se você foi tão frio com sua puta, estou surpresa que ela
não se cansou de você muito mais cedo, — disse antes que pudesse
se conter. Parecia que ela possuía muito pouco controle no que
dizia respeito a ele.
Ela estremeceu.
Seu olhar voltou para sua esposa. Ela estava muito perto do
duque. Seus seios quase roçavam seu braço, pelo amor de Deus.
— Eu não saberia.
— Eu os vi juntos.
Seu coração doía por ela tanto quanto por si mesmo. Ele
colocou a mão sobre a dela e deu um aperto reconfortante.
— Sinto muito.
Ela ficou tentada pela oferta, mas não era tola o suficiente
para aceitá-la.
— Simon.
Ele se acalmou.
— Detesto segredos.
— Você vai ficar aqui comigo esta noite, — disse ele, mais por
decreto do que por pedido.
— Eu não entendi.
— É insuportavelmente adorável.
Mas, o quê?
— Isso é inteligente.
Ele aproximou-se.
— Você pode ter certeza de que não irei. Mas você pode confiar
em mim, meu senhor. Não sou Lady Billingsley. — Sua ex-amante
o machucou. Maggie sentiu uma pontada de ciúme pela
capacidade de Lady Billingsley de feri-lo, pois isso significava que
ele se importava.
— Não sou gentil. — Ela tentou não ser afetada pelos lábios
dele em sua pele e falhou terrivelmente. — Meu irmão e minha irmã
mais novos atestariam isso.
— Eu tenho?
Ele vociferou sem querer. Ele amava sua mãe. Tinha amado
outra mulher que não era digna desse amor. Ela sabia agora que
por baixo de sua fachada escondia-se o menino que ficara sozinho
no mundo, que o menino havia se tornado um homem que ainda
possuía o mesmo medo de ficar sozinho. Ele era imperfeito, era
verdade, mas ela também. E seus beijos a deixavam louca. Seu
toque a deixava em chamas.
— Promete?
— Absolutamente.
— Eu devo.
M.E. Desmond.
— Eu li, sim.
Oh, céus.
— Por que você acha que o autor é uma mulher? — Ele exibiu
uma lógica perfeitamente perfeita.
— Não compreendi?
— Por quê?
Ele estremeceu.
— Pense o que você tem que pensar de mim, mas saiba que
eu só falo a verdade quando digo que você tem um dom, Maggie.
Você deve escrever de novo, tanto para você quanto para os outros.
— Seu tom era solene.
Ele fez uma careta, confuso por sua intensa reação a ela. Era
loucura. Ridículo. Não havia motivo para querer esta mulher que
jurou nunca ir para a cama, muito menos para se encantar por seu
estranho senso de aventura. Ela era tudo que ele não era. Jovem,
idealista, cheia de risos, esperança e inocência. Estava pronto para
ceder aos desejos dela, para esquecer as restrições da sociedade
que diziam que um marido e uma esposa não deveriam se amar.
Ela cuidou dele apesar de seu abandono, de sua natureza
reconhecidamente fria. Ela era o fogo para seu gelo e, droga, ela o
estava derretendo. Ele precisava tomar cuidado ou seria queimado.
— Você não vai me deixar nua até que você saia na chuva
comigo.
— Você irá?
Ela piscou.
— Verdadeiramente?
Ela o achava tão idiota? Supôs que não podia culpá-la. Ele
não tinha sido gentil com ela durante a maior parte do casamento.
Na verdade, não tinha certeza se poderia ser gentil. Parte dele não
conseguia acreditar que estava se dignando a satisfazer suas
fantasias tolas.
Ele confiava que ela não estava olhando para as calças dele,
pois se estivesse, não teria perguntado. Ele ergueu uma
sobrancelha.
— Todo bom jogo requer regras. — Ela abriu uma das portas,
e puxou-o pela soleira em seu rastro.
Ele riu disso. Não podia evitar, e tinha que admitir, mesmo
que apenas para si mesmo, que era realmente a primeira vez que
ria a sério desde que se lembrava. Ela era selvagem, sua pequena
esposa. E ele queria mais.
Não demorou muito para que ela pisasse em seus pés. Ela era
uma dançarina péssima, ele sabia, quase satisfeito ao descobrir
algo em que ela não se destacava. Pois certamente lhe parecia que,
em muitos aspectos, sua esposa era perfeita. Ela riu dele, o mais
feliz que ele a viu, e percebeu que era isso que ela queria dizer.
Felicidade descarada e crua. Suas bochechas estavam vermelhas,
seu penteado irremediavelmente derrotado, a seda de seu vestido
azul talvez arruinado para sempre, e ainda assim estava brilhando,
inclinando a cabeça para trás para rir como se não se importasse
com quem a ouvisse. Era contagioso, e logo ele estava rindo juntos,
enquanto giravam, e ela pisava em no peito do seu pé.
Ele não duraria muito mais. Tinha que tê-la. Queria tirar-lhe
a seda molhada, revelar suas curvas pálidas, camada por camada,
de dar água na boca, deitá-la no chão da biblioteca e pressionar
seu corpo molhado pela chuva contra o dela. Queria lamber sua
doce vagina, fazê-la gozar em sua língua. Deus, como queria.
— Sente-se.
— Sim.
— Gostaria.
Ela tinha coragem, sua Maggie, uma espinha dorsal tão rígida
quanto uma parede de tijolos.
Ela fez o que ele pediu sem mais perguntas, permitindo que
ele a posicionasse como desejava, de modo que a parte de trás dos
seus joelhos descansasse sobre seus ombros. Maldito inferno, sim.
Em seguida, ele agarrou-lhe o traseiro, levando-a até a beira do
sofá até que sua boceta quase tocou o dourado brilhante que
mantinha o estofamento no lugar. Esperava que ela encharcasse
tanto o maldito sofá, que ele precisasse substituí-lo.
Ele não pôde evitar. Ele jogou a cabeça para trás e riu. Puta
merda. Ela estava certa.
Mas, agora que Maggie era uma verdadeira parte de sua vida
e não uma partícula de poeira distante que ocasionalmente
passava por sua consciência, ela esperava que pudesse dar-lhe a
família que ele estava procurando. Foi uma percepção assustadora,
o quão conectada ela estava com ele. Ela não queria apenas se
acomodar por um mês e depois voltar para Nova York. Não mais.
Ela mudou. Ele mudou. Juntos.
— Já te disse que não sou o anjo que você pensa que sou. —
Ela pensou em todos os momentos de sua vida em que fora cruel,
e cometera erros. Pensou em Richard, em como o deixou arrasado
quando rompeu seu romance para partir para a Inglaterra. De fato,
ela não era um anjo.
— Sim.
— Meu Senhor.
Eleanor.
— Eu deixei Billingsley.
— E Lorde Needham?
— Simon?
Que diabos? Ele não tinha feito tal coisa. Maldita mulher. Ela
estava tentando forçar sua mão e ele não gostou. Nem um pouco.
Esta mulher maquinadora era realmente a senhora por quem se
apaixonara? Não conseguia afastar a suspeita de que falhou em vê-
la como ela era. Que estava cego para sua natureza inconstante.
Ela não deu a ele um olhar, atenta como estava em sua presa.
— Muita coisa mudou. — Ela não era mais sua amante, nem
seria nunca mais. Vê-la o encheu com a bênção da finalidade. O
tempo deles juntos chegara ao fim. — Você pode ficar aqui por
alguns dias enquanto encontra outro refúgio de Billingsley, mas
isso deve ser tudo, Eleanor.
Ela engasgou-se.
— Eu pertenço a você.
Pois tinha que ser. Ele agora tinha uma esposa que era mais
do que um nome, e uma presença indesejada em sua vida. A dura
verdade era que não queria considerar o quanto Maggie havia se
tornado para ele na última quinzena, porque isso o assustava como
o inferno. Tudo o que sabia agora era que precisava encontrá-la.
— Por quê?
— Espero que ela possa, mas eu lhe disse que pode ficar aqui
por alguns dias enquanto ela se recompõe.
Uma pontada aguda de dor cortou seu coração. Ela girou nos
calcanhares, incapaz de encará-lo por mais um momento. Ele não
entendia o quanto isso a matava por dentro? Se sentia como uma
flor delicada que acabara de ser esmagada por uma bota
implacável.
Ele ergueu seu queixo para que ela não tivesse escolha a não
ser encontrar seu olhar.
— Maldita seja, não quero ser liberado. Por que você está me
afastando?
— Não foi isso que eu quis dizer. — Ele fez uma pausa,
passando a mão pelo cabelo mais uma vez. — Tive que me casar
com você para salvar as propriedades da ruína. Meu pai me deixou
com um grande fardo de dívidas quando morreu e finalmente fui
forçado a agir. Eu me casei com você porque não tinha outra
escolha. Você tinha o maior dote que pude encontrar, e seu pai
estava faminto por um título de Lorde inglês.
Isso não era novidade para ela. Ela cruzou os braços em uma
postura defensiva. Ele se casou com ela pelo dinheiro de seu pai, e
ela se casou com ele pelo título a mando de seu pai.
— Eu sabia disso, Simon. Não sou idiota. Posso ter pensado
de maneira diferente no início, mas isso não se esconde. Afinal, as
pessoas falam. Entendo que você me odiava por causa disso, mas
o que não entendo é porque devo ser punida por algo sobre o qual
não tinha controle.
— Sim. — Ela precisava tanto dele para fazer amor, que nem
se preocupou em se perguntar como eles fariam o acasalamento
em pé. Não importava.
Ele sentiu uma grande onda de vergonha então, e isso fez seu
pênis murchar com mais segurança do que um balde de água fria.
Ela estava apenas repetindo as palavras que costumava dizer a ela.
Lembrou-se deles agora, uma chuva de vergonha caindo sobre sua
cabeça. A mulher com quem casei não significa nada para mim. Ela
era um pecado necessário.
— Fiz uma promessa a ela de que lhe seria fiel por um mês
inteiro e, pelo menos, pretendo cumprir essa promessa. Você deve
ir, Eleanor. Exijo isso.
— Muito bem. — Sua voz estava desenhada com mágoa. —
Devo ir. Mas você vai implorar para que eu volte para sua cama,
Sandy. Isso, eu sei.
— Você está errada, — disse ele, com a voz rouca. Cristo, não
sabia mais em que acreditar. Parte dele ainda ansiava pela Eleanor
que pensava que conhecia. Mas, uma parte dele queria Maggie e a
vida que experimentou com ela, cheia de poesia, risos e
sensualidade. Cheio de liberdade.
Batalha.
Claro que deveria. Não como marido, pois Deus sabia que
maridos e esposas se perdiam quando e onde queriam, mas como
amante. Ele jurou ser fiel a ela por um mês inteiro. Embora não
tivesse feito amor com Eleanor, certamente não fora fiel a Maggie
durante a maior parte do casamento. Sabia disso em seu coração
negro.
— Não. — Sabia ao dizer a palavra que ela poderia custar-lhe
mais do que estava disposto a pagar — tudo que conseguiu
encontrar nas últimas duas semanas, a felicidade provisória que
apenas começou a acreditar que poderia ser possível. — Me afastei
quando ela não obedeceu.
Ele não era digno dela. Não era digno de beijar sua bainha.
Ela não sabia? Por que ela se atreveu a acreditar nele melhor
do que ele? Ele não era nada mais do que um tolo quebrado,
confuso e ensanguentado.
Se atreveu a pensar que ela poderia lutar por ele com aquele
seu espírito americano feroz. Que pudesse querê-lo apesar de todas
as suas falhas e peculiaridades. Mas ela se virou de costas,
respirando fundo, revelando emoções muito cruas para serem
liberadas.
Ele queria que ela ficasse. Pelo menos, ele achava que sim.
Nunca se sentiu tão à deriva em sua vida. Ele era um barco
balançando no mar, sem terra à vista. Jesus, não tinha uma
bússola para lhe dizer que direção deveria tomar.
Ela temia que tivesse que deixar Denver House. Não na Terra
nenhuma maneira dela permanecer, vendo Simon cair de volta nos
braços de Lady Billingsley. Poderia ir para Londres, supôs, ou
talvez procurar sua querida amiga Victoria enquanto reservava
uma passagem para Nova York. Tentou dizer a si mesma que era o
melhor, mas não conseguia reunir forças.
— Tenho algo que quero lhe dar, algo que acho que vai alterar
a maneira como você deve me ver.
— Você deve pegá-los. Quero que você fique com isso. — Lady
Billingsley colocou os envelopes em suas mãos.
Claro, ela estava brava. Mesmo sabendo que esta não era uma
guerra que poderia vencer, seu orgulho exigia que não permitisse
que a mulher percebesse isto. Na verdade, ela estava com medo de
que seu marido ainda estivesse apaixonado pela mulher a sua
frente. Afinal, ele nunca tinha dado a ela qualquer razão para ter
esperança por mais do que seu mês de paixão. Ele nunca tinha lhe
falado palavras de amor. As cartas em sua mão queimaram sua
pele em um lembrete terrível.
— Ele era, — seu nêmesis sibilou. — Ele tem sido meu e assim
o será novamente. Deixe-o livre. Você não consegue ver como ele
se sente preso entre nós? Ele tem pena de você.
Ela se foi.
Ela deu essas cartas a Maggie, sabendo que ela iria lê-las e
presumir o pior. E então, ele encontrou outra carta, enfiada em um
envelope com seu nome. Maggie havia lhe deixado um bilhete, ao
que parecia. Ele o agarrou bem rápido e o abriu.
Ela escreveu que o estava libertando. Ela não queria vê-lo
nunca mais. Estava indo embora, para nunca mais voltar. Seu
punho apertou a carta, amassando-a antes que terminasse de ler.
Fazia muito tempo que ele não ficava tão furioso. Cerrou os
punhos e respirou fundo, forçando-se a se acalmar.
— Ela é dona de todos os lugares aqui. Ela é minha esposa.
— Mas, te amo.
Ele não esperou para ouvir sua resposta. Ele deixou o quarto,
determinado a encontrar Maggie como se fosse a última coisa que
fizesse.
— Eu?
— Você, não é?
— Sim, — foi tudo o que ela disse, e então ela estava em seus
braços, sua boca na dela. Estava exatamente onde queria estar.
Ela teve que parar duas vezes por causa das pedras entrando
em seus chinelos. No momento em que alcançou a borda do
imaculado jardim leste, Simon já havia conseguido uma boa
vantagem sobre ela. Seu espartilho mordeu seus lados quando ela
correu para alcançá-lo, o medo emaranhando com o nó crescente
de preocupação em seu estômago.
Ela olhou para trás para vê-lo embalando o corpo sem vida de
Lady Billingsley como se ela fosse o seu bem mais querido na terra.
Estava claro para Maggie que seu amor pela outra mulher nunca
havia diminuído. Ele estava arrasado, sua voz carregada de dor
selvagem. Ela se sentia uma intrusa, observando sem saber o que
fazer, como ajudá-lo.
— Simon, — ela disse novamente, colocando uma mão de
conforto em seu ombro. — Você não deve se torturar.
— Simon, é Maggie.
Seu coração se partiu por ele tão certo quanto sua voz. Ela
não teve escolha a não ser ir até ele, cruzando o escritório e
chegando ao seu lado antes que pudesse pensar duas vezes. Ela
deslizou os braços ao redor dele e ele a surpreendeu inclinando-se
para ela, pressionando o rosto em seu pescoço.
— Você não a matou, Simon. Você não deve pensar uma coisa
tão horrível.
— Ela não estava bem, Simon, ou então não teria feito o que
fez. Não estava em seu poder pará-la. — Certamente ninguém
tomaria essa decisão final precipitadamente. Ela pouco conhecia
Lady Billingsley além do breve tempo que ela passou em Denver
House, mas Maggie acreditava que por trás de seu adorável exterior
havia alguns demônios feios, demônios que não tinham nada a ver
com Simon.
— Não. Você deve ir, Maggie. Você deveria ficar bem longe de
mim, — ele rosnou, seu tom vicioso. Ele a agarrou pelos braços e
a empurrou.
Maggie correu para o lado dele, não parando até que estava
perto o suficiente para enlaçar os braços em torno de sua cintura
magra. Ela o abraçou como fizera naquele dia há muito tempo na
casa de Lady Needham, antes de saber que ele era o marido que a
abandonara. Desta vez, era porque ele era o homem que aprendera
a amar, e estava sofrendo. De alguma forma, nada importava —
nada poderia importar — mais do que Simon estar sofrendo,
perdido e confuso. Ele precisava dela.
— Você não é uma maldição, — ela lhe disse com firmeza,
apesar do nó em sua garganta. Ela odiava que Lady Billingsley
tivesse escolhido um fim tão terrível, que tivesse sido rancorosa o
suficiente para se jogar de uma janela sabendo que Simon a
encontraria. Foi um ato final de exercer poder sobre um homem
que não queria mais estar sob seu polegar delicado. E feriu Simon
tão mortalmente quanto qualquer bala poderia ter. Certamente
Lady Billingsley teria reconhecido isso.
— Não estou aqui para fazer sala de estar com você. Estou
aqui porque você precisa de mim.
Pronto, ela disse isso. Ele endureceu sob seu toque, e ela
temeu que tivesse ultrapassado os limites frágeis que ele ergueu
mais uma vez entre eles. Mas então, ele a assustou ao se virar para
encará-la, suas mãos afundando em sua cintura. Ele a puxou, seus
seios pressionando em seu peito.
— Talvez você esteja certa. Talvez precise. O que você vai fazer
por mim, Maggie?
— Você não deve se punir, — disse ela. — Você não fez nada
errado.
— Mas...
— Agora. — Seu tom era tão feroz quanto sua expressão havia
se tornado. — Vá imediatamente.
— MAGGIE, LEIA SEU ÚLTIMO POEMA PARA O SR. TOBIN. Imagino que
ele vai adorar tanto quanto eu. — Os olhos de Nell dançaram com
malícia enquanto ela fazia seu pedido.
Maggie, mais uma vez, franziu o cenho para sua anfitriã, que
se tornara uma verdadeira amiga. Ela ainda não estava preparada
para compartilhar seu trabalho e Nell sabia disso. Principalmente
para um poeta brilhante como Jonathan Tobin.
— Minha dama?
Era ele. Como um fantasma, ele pairou sobre eles, seu olhar
verde examinando os rostos dos presentes até que ele a alcançou.
A respiração vazou de seus pulmões. Simon finalmente voltou. O
alívio a atingiu. Ele estava vivo.
Ele tinha vindo por ela. Ela queria se alegrar, correr para seus
braços e beijá-lo. Mas permaneceu sentada, cautelosa, olhando
para ele. Porque ele estava muito atrasado. Tarde demais para
lembrar que tinha uma esposa. E ela já havia fechado e trancado
a porta dentro de si. Não estava prestes a lhe dar a chave.
E então, ela não estava lá. Voltar para casa em Denver House,
com seus fantasmas, tinha sido um inferno o suficiente. Sem
Maggie ali para recebê-lo, ficou perdido. Pelo menos a Sra. Keynes
sabia seu paradeiro, pois poderia muito bem ter perdido a cabeça
se não tivesse descoberto onde encontrá-la.
Então aqui estava ele, esfriando os calcanhares enquanto o
grupo o encarava com perplexidade atordoada. Não estava
acostumado a ser o estranho, a fazer cenas ou guardar emoções
em suas malditas luvas, mas nada disso importava agora. Ele tinha
vindo por sua esposa. Ele não podia não tê-la. Precisava dela.
Desesperadamente, percebeu. Precisava dela para fazê-lo rir de
novo, para apoiar as peças soltas dentro de si. Mas ela permaneceu
sentada, parecendo mais como se estivesse prestes a pular no
maldito abraço de Tobin do que no dele.
O diabo que o leve, ele parecia tão mal? Supôs que deveria ter
permitido que seu criado o barbeasse. De repente, sentiu como se
os outros fossem roubar sua respiração. Ele queria falar com
Maggie. Sozinho. Um olhar em sua direção a encontrou olhando-o
rigidamente, sua expressão indecifrável. Ela parecia mais bonita
do que jamais a tinha visto, cada centímetro da marquesa, de seu
penteado perfeito a seu lindo vestido de noite. Ela estava em casa
aqui, e pela primeira vez ele sentiu o intruso.
— Lady Sandhurst, — disse ele, — posso ter uma palavra?
— Não, — ela disse novamente, mais alto desta vez para que
não houvesse dúvida.
Ela o estava negando, por Deus. Ele olhou-a, pasmo. Isso não
era o que tinha imaginado. De modo nenhum. Ela virou a cabeça,
olhando para o colo como se não suportasse olhá-lo. Tobin sorriu
para ele como se já a tivesse levado para a cama. Sim, ele iria
arrancar um dos membros do bastardo, decidiu, começando a
avançar.
Talvez ele fosse mesmo um louco. Já não sabia quem era, mas
sabia que não ia deixar um poeta idiota fugir com a mulher. Quem
diabos ele pensava que era, sentado tão perto dela? Ora, sua
maldita coxa quase tocava as saias dela.
— O que quer que você precise dizer a ela pode ser dito aqui
mesmo — exigiu Tobin.
Bem, que inferno. Essa não era bem a resposta que esperava
dela, mas parecia que ele não tinha muita escolha. Se queria falar
com ela sozinho, só havia uma maneira de fazer isso. Ele se curvou,
pressionou o ombro em sua barriga e o braço atrás de suas saias,
e a puxou no ar.
Ela ainda o amava. Isso não mudaria, mesmo que ele nunca
a correspondesse. Ela ainda sofria com a maneira como ele a havia
deixado, sem nenhuma palavra, sem aviso, nem mesmo uma
mudança de opinião. Nem uma única letra.
— Por que você não pode ter pelo menos me deixado uma
carta? Algum tipo de explicação sobre aonde você tinha ido?
Quando ou se você retornaria? Eu temia o pior.
Ele realmente tinha sido motivado pelo medo de lhe fazer mal?
Isso explicaria sua partida abrupta, certamente. Queria acreditar
nele. Ele parecia desamparado, a ferocidade de sua raiva foi
drenada dele, substituída por uma vulnerabilidade que ele nunca
havia exibido.
— Sua partida me machucou mais do que qualquer outra
coisa poderia ter feito, — ela disse baixinho, tendo pena dele, mas
não o suficiente para ceder.
— Eu sinto muito.
Ela também. Uma vez. Agora, não podia confiar nele. Lutou
para se livrar de suas garras e conseguiu desta vez. Depois de dar
um passo em retirada, ela se abraçou protetoramente.
Antes que pudesse pensar mais, ele baixou os lábios nos dela.
Ela o beijou de volta porque precisava, não podia, e por mais que
soubesse que não deveria permitir que ele violasse suas defesas,
deleitou-se com a sensação de sua boca na dela. Ela o abraçou,
seus seios esmagados contra seu peito, desejando que pudesse se
envolver em torno dele, agarrando-se para sempre. Desejando que
não houvesse tanta melancolia se escondendo sob o desejo fervente
entre eles.
— Olhe nos meus olhos e diga que não sente nada por mim,
— ele exigiu, implacável em sua busca para vencer a batalha, se
não a guerra.
Ela não podia. Ele sabia disso. O olhar dela passou por seu
ombro, focalizando a escrivaninha do outro lado da sala.
— Vou liberar você por hoje. Mas, não para sempre. Você é
minha, e malditamente, a terei de volta.
Envolvendo os braços protetoramente em torno de si mesma,
ela se virou para fugir do escritório. Não podia permanecer em sua
presença mais um momento, pois se o fizesse, temia que se
perderia novamente. E certamente, esse seria o maior erro que
cometeria, mesmo que resistir a ele fosse quase impossível.
BOM DOCE CRISTO. ELE teria que cortejar sua esposa. Simon
não tinha previsto isso. Esperava — tolamente, reconheceu — um
caloroso retorno ao lar, uma esposa feliz que o abraçasse e o
levasse prontamente para a cama. Em vez disso, deparou-se com
uma cabeça-dura rígida que se recusava a se curvar mesmo depois
de beijá-la loucamente.
— Meu Senhor?
A criada piscou.
Ele podia dizer o instante em que ela soube que tinha sido
completamente derrotada, pois seus olhos baixaram para o chão e
seu rosto ficou pálido. Ela estava dividida entre a lealdade a sua
senhora e o conhecimento de que ele era seu empregador, ele sabia.
Ele tinha vencido. Ela fez uma reverência.
Ele teria sorrido se a tensão entre eles não fosse tão profunda.
— Eu a dispensei.
Bem, Cristo, ele supôs que estava. Imagine isso. Estar de volta
à presença dela fez coisas com ele. Aqueceu seu coração frio. O fez
sentir como se não estivesse tão insuportavelmente sozinho nesta
vida. Ele pigarreou, perguntando-se se realmente enlouqueceu
com a morte de Eleanor, ou se Maggie de alguma forma colocou de
lado tudo o que pensava que sabia sobre si mesmo. Talvez um
pouco dos dois, decidiu.
Mais uma vez, ela não produziu o tipo de resposta que ele
esperava. Ela balançou a cabeça, sua expressão ficando triste.
Ele supôs que não deveria esperar que ela entendesse. Cristo,
ele não se entendia. Tudo que sabia era que estava perdido em sua
dor e sua culpa.
— Eu sei que foi difícil para você perder a mulher que amava.
— O quê?
O alívio floresceu em seu peito. Ela não podia negar que ainda
se importava. Ele tinha esperança, então, que se a pressionasse, a
parede que ela estava fazendo o seu melhor para construir entre
eles poderia ser quebrada.
Ele sabia instintivamente que ela não iria, que não poderia
resistir a ele, mais do que ele a ela. Estava lá em seus olhos. Ela
estava à beira de um penhasco, precisando apenas de outro
pequeno empurrão para desequilibrá-la. Ele tinha que
reconquistá-la, por Deus. Não poderia perdê-la. E que melhor
maneira de conquistar Maggie, a poetisa, do que com palavras?
— Conheço.
Seu amor. Ela era? Pensou no tempo que tiveram juntos. Ele
satisfez seus caprichos, confortou-a, ouviu-a, mostrou-a o seu
prazer. Ele a perseguiu naquele dia fatídico também. Percebeu, de
repente, que precisava saber alguma coisa agora antes de
prosseguir.
— O que é?
— Não.
Ela piscou, certa de que o tinha ouvido mal. Seu tolo coração
se encheu de esperança.
Sempre.
Por ela.
Desta vez, seu amor era por sua indesejável noiva americana,
a velha Margaret Emilia Desmond.
— Você me ama?
— Eu amo.
— Sim?
— Eu te amo.
Ele jogou a cabeça para trás e riu como ela nunca o tinha
ouvido rir antes. — Não esperaria nada diferente, meu amor.
QUERIDA.
— Obrigada, Simon.