Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Título
Na mira do inimigo
Subtítulo
Esquadrão de Homicídios, #3
Revisão
Valéria Nascimento
Capa e Diagramação
Rubanne Damas
Imagem da capa
Freepik.com / Dafont.com.br
D161
1. ed.
A casa dos Valor parecia a mesma por fora, mas Aidan sabia
muito bem que por dentro muita coisa havia mudado. Batendo na
madeira da porta escura e pesada, enfiou as mãos nos bolsos e
esperou enquanto Damien olhava pela grande janela fechada,
procurando algum vão. Na rua, um carro esportivo chumbo estava
estacionado, um Audi A6 branco na frente da garagem.
Aidan estava pensando em bater mais uma vez quando a porta
abriu e o rosto cansado e inchado de Diana Valor preencheu o vão.
— Detetives? — Sua mão puxou o roupão fechado na altura
do pescoço.
— Desculpe incomodá-la tão cedo, sra. Valor, mas
gostaríamos de dar uma olhada no quarto de Zoey. — Damien
sorriu. — Se não for abusar, claro.
Diana piscou, olhando de Damien para Aidan e assentiu ao dar
um passo para trás.
— Claro. Sem problemas. Eu não mexi em nada, não... tive
coragem nem mesmo de entrar.
— Mãe? O que está acontecendo? — Royce veio de trás,
olhando para Aidan e então para Damien.
O amigo, Marlow, surgiu como uma sombra logo atrás.
— Oh, os detetives querem ver o quarto de Zoey. Olá, Marlow.
Cedo por aqui?
— Oi, tia Di. Royce e eu temos um trabalho para apresentar
agora cedo.
— Isso é realmente necessário? Ver o quarto de Zoey, digo —
Royce os questionou, cruzando os braços.
— Talvez ela tenha algo guardado, alguma pista. É sempre
bom dar uma olhada nos pertences da vítima — Damien respondeu.
— Se isso vai ajudar, não vejo problema algum. Me sigam, por
favor. — Diana balançou a mão na direção do corredor.
Aidan olhou ao redor, passando pelo corredor com fotos de
família. Havia retratos dos quatro na praia, na Disney, em um rancho
com cavalos. Em várias casas que Aidan havia ido, sempre
encontrava esse corredor com fotos. Sempre causava uma imensa
inveja em Aidan. Como se ele não fosse normal ao não ter algo
parecido.
Empurrando os pensamentos ruins para baixo, se concentrou
no que precisava ser feito agora. Diana abriu uma porta branca de
maçaneta dourada e gesticulou para o lado de dentro antes de dar
as costas e morder o indicador. Ela ainda não estava preparada
para sequer olhar o quarto de sua filha.
As paredes rosas foram a primeira coisa que Aidan percebeu.
A cama permanecia desarrumada, lençóis brancos e edredom rosa
bebê. Livros de biologia aberto sobre a escrivaninha, um notebook
com protetor de tela marcando as horas e um barco no fundo. Uma
prateleira repleta de origamis de barcos coloridos, dentro de
garrafas, artesanais, pintados em quadros.
— O que pretendem achar aqui?
— Qualquer coisa que Zoey deixou para trás — Damien
murmurou.
Haviam roupas espalhadas sobre um banco, bolsas
penduradas em um cabide. Era como entrar em uma zona de
guerra. Aidan virou, percebendo o amigo de Royce no quarto e perto
da penteadeira. Seus dedos passavam pelos perfumes até escolher
um de frasco azul claro e cheirar. Seus olhos fecharam ao exalar, e
então o colocou no lugar mais uma vez.
Damien soltou uma exclamação ao encontrar um baú debaixo
da cama e o colocá-lo sobre o colchão. Royce olhava do outro lado,
curioso. A tampa se abriu e Aidan inclinou para ver diversas fotos
guardadas. Em uma delas era de Zoey com Oriol, seus rostos
colados na bochecha e sorrisos largos. Uma prova concreta de que
eles se conheciam. Revirando um pouco mais, Damien ergueu a
chave de um carro.
— Sua irmã tinha um carro?
— Claro. Ela ganhou do nosso pai quando fez dezesseis
anos.
Levantando, Damien saiu do quarto e Aidan o acompanhou,
encontrando Diana ainda na porta.
— Sra. Valor, o carro de Zoey está na garagem?
— Claro. Ela quase não o usava, já que as amigas sempre
passavam pegá-la.
— Essa chave seria do carro em questão? — Aidan perguntou.
Diana olhou para a chave pendurada nos dedos de Damien e
balançou a cabeça em negativa.
— Não. Nós sempre mantemos as chaves na porta que leva
para os fundos da garagem. E a chave de Zoey não é assim. Essa
não é a marca do seu carro.
— Então, nós temos um segundo carro — Damien disse,
olhando para Aidan. — Agora, onde poderia estar esse veículo?
Eles pensaram por um instante e falaram juntos:
— Na Universidade.
Damien praticamente correu para fora do carro assim que
estacionou. As nuvens pesadas da tempestade de ontem
continuavam no céu, o vento forte carregando folhas e lixo. As
pontas do sobretudo de Aidan batiam e retorciam ao redor das
pernas longas. Damien puxou a gola de seu casaco mais para cima,
as pontas dos seus dedos congelando.
Por que ele nunca se lembrava de pegar as luvas?
Seguindo pela lateral do prédio, eles entraram no
estacionamento coberto. Havia alguns carros, mas apenas um
correspondia a logo marcada na chave. Apertando o botão, Damien
sorriu triunfante quando o alarme soou.
— Acho que temos nosso campeão.
— E ele é amarelo — Aidan resmungou.
Colocando as luvas, puxou a porta do motorista e Damien
olhou para o lado de dentro enquanto Aidan dava a volta e abria a
porta do passageiro. O cheiro de carro novo era forte, assim como o
de bebida alcóolica e cigarro. Damien abanou a mão na frente do
rosto.
— Urgh, que fedor.
— Alguém gostava de cigarros. — Aidan gesticulou para o
chão com caixinhas vazias.
Indo para a porta de trás, Damien encontrou uma caixa com
seis garrafas de vodca lacradas. O que Zoey ia fazer com isso?
Beber? Vender?
— Evans, veja isso.
Damien ergueu os olhos para ver que o porta-luvas estava
aberto, dentro uma caixa de papelão enrolada com fita amarela.
Pegando um canivete, Aidan cortou a fita e abriu a caixa, revelando
diversos pacotes de droga. Damien praguejou, pegando o celular e
tirando fotos.
— Que porra é tudo isso? Ela estava vendendo?
— É muito para ser usado. — Aidan fechou a porta e inspirou.
— Isso é uma quantia de venda.
— A filha do Senador envolvida com tráfico de drogas? —
Damien murmurou, olhando ao redor e se aproximando de Aidan. —
Acha que tem a ver com a Pops?
— Quando existe droga, existe dedo da Pops no meio — Aidan
rosnou. — Será que o Senador... ele estaria...
— Um dos grandes peixes que acoberta a máfia? Não duvido
de nada. — Damien cruzou os braços. — Quando trabalhei para
eles, vi de tudo lá. Pessoas que pensei serem corretas, sendo tão
corruptas quanto aqueles que prendiam. Hipócritas.
E Damien não era muito diferente naquela época. Virando o
rosto para o lado quando algo acontecia, fingindo perder evidências,
burlando o sistema e estragando provas. Inferno, ele tinha tanta
vergonha daquele passado.
Sentindo uma mão em sua nuca, Damien olhou para Aidan e
encontrou olhos escuros preocupados.
— Seja o que for que tenha feito no passado, não importa
mais, d’acord?
— Eu sei, mas isso não faz o passado apagar. Oriol e Gemma
caindo de paraquedas na sua vida é uma grande prova de que o
passado nunca fica no passado.
— A forma com que lidamos com isso no presente é o que é
importante.
— Reese me disse que não vai ser fácil lidar com os
D’Angeles. Eles possuem dinheiro e pessoas de poder do lado
deles.
— Até os reinos mais fortes caíram. A família D’Angeles não
vai ser diferente. — Aidan balançou a cabeça. — Agora, o que
fazemos com isso que descobrimos?
— Oriol deve saber de algo. — Damien enfiou a mão dentro do
bolso e tirou a foto dobrada de Oriol e Zoey juntos. — Ele não pode
negar isso.
— Quando você pegou?
— Eu tenho dedos leves — Damien disse, balançando-os. —
Você deveria saber disso depois de ontem e hoje de manhã.
Aidan cerrou os olhos e abriu a boca, apenas para fechar
quando seu telefone tocou. Damien o viu franzir o cenho ao olhar o
visor e então atendeu, rosnando o sobrenome.
— Callaghan. — Seu rosto perdeu qualquer tipo de expressão
ao falar: — Como conseguiu meu número?
Aquilo havia deixado Damien curioso. Se aproximando, ergueu
as pontas dos pés e colou o ouvido do outro lado. A voz
inconfundível de Victor fez Damien sorrir.
— Não te interessa onde estou. Não, eu enviei os relatórios
direto para Stanton. Foda-se, Victor, não estou trabalhando com
você nisso. Não estou tentando esconder nada. — Aidan suspirou,
seu polegar pressionando entre os olhos. — Não me faça querer
atravessar o telefone para esganá-lo. Mare de puta[46], ok! Espere na
TPS, estamos voltando aí.
Damien piscou quando Aidan começou a praguejar em
catalão. Cruzando os braços, cerrou os olhos.
— Preciso ficar preocupado com você e Victor?
— Não — rosnou.
— Porque... — Damien se balançou sobre os pés, incerto. —
Você sentia essa raiva de mim e olhe só onde acabamos. —
Gesticulou entre eles.
Os ombros de Aidan caíram, sua cabeça balançando ao se
aproximar de Damien e sua mão tocar seu peito com a palma.
— Eu tinha raiva de você porque sabia que se me permitisse
chegar perto demais, ficaria apaixonado. Queria transar com você
até perder os sentidos. Você me provocava e eu queria tirar suas
roupas e fazê-lo ficar quieto com meu pau na sua boca. — Aidan
inclinou a cabeça, seus olhos escuros fitando a boca de Damien
quando a língua passou pela lábio inferior. — Ainda quero. Toda vez
que você abre a boca e me provoca.
— Jesus Cristo, Callaghan — Damien murmurou.
— Já Victor, quero que ele engula os dentes depois de socá-lo.
Ele não me provoca, ele me irrita. Ele respirando é uma provação
divina da minha paciência porque o homem parece feliz em
qualquer tipo de situação. E quando ele demonstra sentimentos é...
assustador. — Aidan exalou, esfregando os cabelos. — Victor mata
e não demonstra sentimentos. É como olhar a porra de uma
máquina, Damien.
Ele entendia. Por mais que Damien visse o quão bem Victor se
enturmou e como seu sorriso estava sempre em seu rosto, viu no
fundo daqueles olhos cinzentos algo apagado. Talvez fosse a alma
do homem. Não querendo mais pensar naquilo, enfiou a mão no
bolso e discou o número da TPS.
— Vamos embora. Vou pedir para uma unidade vir buscar esse
carro como prova.
[1]
Toronto Police Service.
[2]
Desculpe.
[3]
Edgar Allan Poe.
[4]
Maldito seja.
[5]
Porra.
[6]
The Centre of Forensic Sciences.
[7]
Não me machuca (Sim-sim, sim, ei) Você quer saber como é? (Sim-sim, sim, ei) Você
quer saber. Saber que isso não me machuca? (sim-sim, sim, ei).
[8]
Banda Guns N’ Roses .
[9]
O que?
[10]
Maldição.
[11]
Certo.
[12]
Talvez.
[13]
Garoto estranho.
[14]
Originalmente feita de sarja cáqui, ela tem como detalhe mais marcante seu cós alto e
as cintas, com uma delas passando por dentro da outra e ambas prendendo-se a duas
fivelas laterais, permitindo o ajuste da cintura.
[15]
Para o inferno com a calma! Você, me responde, porra! Qual o nome da sua mãe?
[16]
Quantos anos você tem?
[17]
Dezenove.
[18]
Não fui eu!
[19]
Aquela ordinária... teve a coragem de engravidar daquele filho da puta?
[20]
Depois de anos... Como ela pode ter um filho depois que me expulsou? Depois de tudo
pelo que passei?
[21]
Eu comi do lixo por anos! E aquele garoto sequer tem uma cicatriz!
[22]
Querido, senti tanto sua falta...
[23]
Caramba.
[24]
Eu também te amo.
[25]
Não preciso me acalmar! Preciso que solte meu filho! Ele não fez nada! Ele é inocente!
[26]
Meu filho não tem culpa de nada. Seu problema é comigo e com Jeff.
[27]
São criaturas predadoras originárias do Mundo Invertido.
[28]
É um jogo baseado na colocação lógica de números.
[29]
William Shakespeare.
[30]
Eu só entendi o que era o amor quando você entrou na minha vida e deu sentido a ela .
[31]
Maldito inferno, sim... Isso é bom...
[32]
Power over Me.
[33]
Força Tarefa de Emergência.
[34]
Nunca!
[35]
Basta!
[36]
Cale a boca.
[37]
Vá para o inferno.
[38]
Perfeito.
[39]
Tudo bem.
[40]
Aprendendo catalão... Maldito provocador.
[41]
Boa noite.
[42]
Deus querido.
[43]
Oh, sim... Isso... Mais...
[44]
Você é tão dissimulado... Ok, amor.
[45]
Eu não a matei. Não fiz isso.
[46]
Filho da puta.
[47]
Você é idêntico ao seu pai, achando ser melhor que tudo e todos. E veja só onde ele foi
parar. Enterrado com a boca heia de formigas.
[48]
Recebi isso de um guarda.
[49]
Eu a peguei naquela noite, na esquina de sua casa como sempre combinamos.
[50]
Burro, burro, burro...
[51]
Ele realiza estudos sobre a classificação, distribuição, ciclo de vida, comportamento,
ecologia, fisiologia e dinâmica populacional de insetos.
[52]
Ceifador.
[53]
Eu te amo.
[54]
Com prazer.