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Amor de Perdição

Romance que narra o amor de dois jovens de famílias inimigas

“Amor de Perdição” é um romance do português Camilo Castelo Branco. A


obra, escrita em 1861, foi publicada pela primeira vez no ano seguinte, em 1862.
É considerada a mais importante do autor, assim como para a segunda fase
do Romantismo em Portugal.

Capa do romance “amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco. (Foto:


Site Amazon)
Camilo Castelo Branco escreveu “Amor de Perdição” no período de 15 dias, enquanto
estava preso por adultério. Era uma obra que não gostava muito, pois talvez tenha sido
inspirada em suas desventuras e casos de amor conflituosos.

Apesar disso, foi o primeiro best-seller português, o suficiente para fazê-lo


escrever “Amor de Salvação”, uma espécie de contraponto.

O romance já foi adaptado para o cinema e teatro, chegando a ser inspiração


para uma ópera, em 1986. Além disso, já foi traduzido por diversas línguas e até
hoje é considerado uma obra-prima da ficção portuguesa.

“Amor de Perdição” narra a história do amor proibido entre os jovens, Simão


Botelho e Teresa de Albuquerque, que pertencem à famílias rivais: Botelho e
Albuquerque.

Amor de Perdição: personagens

 Simão Botelho: protagonista da história, é um jovem de personalidade


forte, temperamento sanguinário, violento e briguento. No entanto, muda
de postura ao se apaixonar pela vizinha Teresa Albuquerque.
 Teresa Albuquerque: protagoniza a narrativa juntamente com Simão
Botelho. É uma menina de 15 anos que se apaixona por Simão. Luta
firmemente pelo amor perante um pai severo e autoritário que quer casá-
la com um primo.
 Mariana: moça pobre e do campo que nutre uma paixão não
correspondida por Simão Botelho e, por isso, faz tudo por ele, até ajudá-
lo no amor proibido com Teresa Albuquerque.
 Baltasar Coutinho: constituído como vilão da história e primo de Teresa.
Junta-se ao tio, que é dissimulado, moralista, hipócrita e oportunista, e
juntos encomendam a morte de Simão.
 Domingos Botelho: é o pai de Simão e totalmente contra o amor do
filho por Teresa. O principal motivo é ela ser filha do seu rival Tadeu
Albuquerque.
 Tadeu Albuquerque: pai de Teresa, que também é contra o seu amor
com Simão. Quando descobre o romance, trata de arranjar o casamento
dela com o primo Baltasar.
 João da Cruz: pai de Mariana, é um
homem equilibrado e sensato. O único que apresenta traços realistas na
obra. Ele é ferreiro, mas torna-se assassino após uma briga.

Resumo
A história se passa em Viseu, cidade localizada no centro de Portugal. Simão
Botelho, de 15 anos, e Teresa Albuquerque, 17, moram em casas vizinhas e se
apaixonam e iniciam uma relação amorosa através das janelas.

Mas essa paixão encontra a oposição das famílias Botelho e Albuquerque, que
eram declaradamente inimigas. A rivalidade se deu após o juiz Domingos
Botelho proferir uma sentença desfavorável à Família Albuquerque.

Assim que a afeição dos dois é percebida, o pai de Teresa trata de arranjar o casamento
da moça com seu primo Baltasar Coutinho.

Contudo, ela se recusa e o pai ameaça mandá-la para o convento de Monchique,


no Porto. Simultaneamente, Simão é mandado pelo pai para estudar em
Coimbra, também no intuito de pôr um fim no romance do filho com Teresa.

Estátua “Amor de Perdição” do escultor Francisco Simões, na cidade do


Porto. (Wikipédia)
Sentindo-se desprezado e ofendido, Baltasar se junta com tio para tentar
persuadir Teresa a esquecer Simão e casar-se com ele. Mesmo com várias
tentativas, tanto do pai quanto do primo, ela continua irredutível e se recusa a casar com
ele.

Com medo de ser mandada para o convento, Teresa diz que terminou o romance
com Simão após sua partida para Coimbra. Mas Simão retorna a Viseu e com a
ajuda de Mariana troca correspondência com Teresa clandestinamente.

Em um dia, Simão resolve se encontrar com Teresa em sua casa, aproveitando o


momento de distração durante festa na residência da família Albuquerque, mas
são flagrados por Baltasar.
Nesse conflito, dois criados de Baltasar são mortos e Simão sai ferido. Simão
busca refúgio na casa de João da Cruz, Mariana se torna sua enfermeira,
enquanto Teresa é mandada para o convento na cidade de Viseu.

Mariana então se apaixona por Simão, mas não é correspondia pois todo o amor
do rapaz era de Teresa. Contudo, mesmo apaixonada por ele, percebe a
dificuldade do casal e resolve ajudá-los.

Mariana faz uma visita ao convento e Teresa comunica que será enviada para o
convento na cidade do Porto.

Ao saber do fato, Simão decide raptar Teresa, mas na tentativa defronta-se com
Baltasar e nesse conflito o atinge com um tiro que o leva à morte.

Então, João da Cruz dá cobertura a fuga de Simão e o incentiva a fugir, no


entanto, como um personagem heroico, ele recusa e se entrega a prisão,
sendo depois condenado à morte.

Entretanto, com a interferência de seu pai Domingos, a sua pena é convertida ao


degredo nas Índias por 10 anos. Para Simão era vergonha e humilhação, mas
para Mariana era a esperança de que seu amor fosse correspondido.

Já Teresa adoece, definhando de tristeza e magoa. A jovem tinha perdido a


vontade de viver. No dia da partida do amado,pede que fique no mirante do
convento para ver o navio que levará Simão.

Quando embarca, Simão ver Teresa e em um aceno de adeus, ela morre de desgosto.
Após nove dias no mar, sofrendo pela amada, Simão também adoece e morre.

Quando o corpo de Simão é jogado ao mar, Mariana não suporta a dor da perda
do amado e se joga abraçando o corpo enrolado no lençol . Juntos eles afundam
no oceano.

Ironicamente, na água onde Simão e Mariana afundam, papéis boiam. São as cartas de
amor entre Simão e Teresa.

Análise da obra
“Amor de Perdição” é um livro típico da escrita de Camilo Castelo Branco, pois é
comum em suas obras a temática do amor profundo entre jovens que lutam pela
paixão, com o típico casal herói lutando contra os obstáculos em busca da felicidade.

Além disso, também é possível perceber o conflito relacionado a um grande


desabafo do autor, por ele ter sofrido e se revoltado ao ser preso por adultério.

“Amor de Perdição” é característico da segunda fase do romantismo português,


geração que trouxe os valores ultrarromântico no formato tradicional
do Romantismo, com herói e heroína, vilão, conflito e redenção.
O romance também faz algumas denúncias sociais: a hipocrisia social, a
preocupação com a aparência e com o status, a arrogância, o pedantismo, a
denúncia da monarquia e das mazelas do clero.

Além disso, tem um aspecto de inspiração, no modelo shakespeariano, se tornando uma


espécie de Romeu e Julieta lusitano, sendo a utopia do romance a da morte, tanto que o
destino desses heróis é trágico, assim como a rivalidade entre as famílias de Romeu e
Julieta, de William Shakespeare.

Escrito em terceira pessoa, “Amor de Perdição” é caracterizado


pelo narrador onisciente – conhece e sabe a história que está contando,
desvendando o interior de cada personagem, sabendo o que se passa no coração
e na cabeça deles. Assim como também faz comentários e expressa opiniões
sobre os sentimento e comportamentos dos personagens.

A segunda geração do romantismo tem por utopia os princípios ligados à ideia de morte.
Por isso, a conclusão dessa história acontece em meio a tragédia, aspecto percebido
também no próprio título da obra.

Ou seja, a concepção de que todos, em um momento que sentiu amor por


alguém, teve como resultado a perdição, no caso, a morte.

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