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MARGARET MITCHELL
Sinopse
Brooklyn "Abelhinha" Turner, vinte anos, está acostumada a
tristeza. Depois de testemunhar o assassinato brutal de sua mãe aos
seis anos, Brooklyn é fechada, danificada, e – sob todos os aspectos –
uma cadela. E é apenas o jeito que ela gosta disso, se significa manter
todos no comprimento do braço.
Porque com Finn, ela sabe que seria mais do que apenas
sexo.
"Então você acha que é bom rir da mamãe quando ela luta com
o carrinho, né?". Ela riu. "Não é tão engraçado agora, não é Abelhinha?"
"Ufa! Você está ficando muito pesada para eu carregá-la por aí"
queixou-se. "Muito em breve você não terá que usar a cadeirinha mais.
Você está ficando tão grande". Ela colocou meu cinto de segurança no
lugar, dando-lhe um puxão extra para verificar se estava seguro e
deixou cair um rápido beijo na minha testa.
Para ela.
Nunca, nem uma vez o homem olhou para trás e percebeu a
pequena menina cujo mundo tinha terminado de acabar, chorando no
banco de trás.
Capítulo 01
A Lua Estéril
E assim fomos.
Enquanto ela tem 1,77, eu mal chego 1,65 no meu mais alto
par de sapatos de salto alto. Sua cabeleira cor cobre fica em torno de
seus ombros como uma auréola luminosa; a minha é castanho escuro
que caem em ondas soltas quase na minha cintura. Sua pele sardenta
brilha com luminescência pálida; meu tom de oliva natural deixa-me
parecendo um pouco bronzeada mesmo em pleno inverno.
A maior diferença entre nós, porém, não é detectável se você
olhar apenas superficialmente. Porque abaixo da superfície, onde
ninguém pode ver, algo está quebrado dentro de mim. Ou talvez não
quebrado, mas definitivamente faltando.
Segura.
Após o incidente, eu sei que não falei com ninguém por vários
meses. A mãe adotiva na qual eu fui colocada, tinha a certeza de que
eu comia e vestia a cada dia. Uma psicóloga passava várias vezes por
semana para traçar o meu progresso em seu pequeno caderno emitido
pelo estado, assegurando-me de que tudo ficaria bem. Mas, realmente,
o que mais ela poderia dizer?
Observando-me.
Tanta coisa para a minha teoria de que ele não podia me ver.
Que imbecil.
2
Sydney Bristow - personagem de Jennifer Garner na série Alias. Ela era uma agente secreta.
3
Referência a James Bond, famoso espião inglês.
fraternidade estúpido, esperando por seu colega de irmandade
tropeçar para fora de um encontro de fim de noite. Ele não tem nada a
ver comigo.
***
***
"O que é aquilo que aquela menina veste? Aquilo é uma saia
xadrez!" Lexi sussurrou, claramente indignada quando ela apontou
para a menina, que andava alguns passos a nossa frente. "É como se
Rory tivesse saído do set de Gilmore Girls!" Ela balançou a cabeça em
descrença.
"Eu sei, mas é por isso que você me amaaaaa!", Ela cantou,
jogando um braço em volta dos meus ombros e me impulsionando
mais rápido pela calçada.
"Hum, Lex, suas pernas são pelo menos seis centímetros mais
longa do que a minha", reclamei, lutando para igualar o seu ritmo
cada vez maior.
"Eu sei, mas acho que eu vejo Finn lá na frente", disse ela,
espiando por cima do ombro da 'Rory' para ter um vislumbre de
qualquer garoto que havia lhe chamado à atenção.
Evidentemente insatisfeita com a visão, ela me puxou em
volta da menina vestida de um xadrez desgastado Gilmore e quase
capotou em sinal de parada, recusando-se a ir mais devagar, mesmo
quando eu gritei em protesto e tentei me soltar de sua mão. Ela nem
sequer se preocupou em reconhecer minha luta e, depois de várias
tentativas de fuga sem sucesso, parei de lutar. Permitindo ser
arrastada, dei um suspiro martirizado e resignei-me ao meu destino.
Isso chamou a atenção dela. Sua cabeça virou tão rápido que
imediatamente lembrei-me da cena do filme O Exorcista a cabeça
girando.
"O que quer dizer com quem é ele? Você sempre escuta
quando eu falo? Espere, não, não responda a isso", ela olhou para
mim, ainda caminhando a um ritmo alucinante. "Ele é apenas o
espécime mais atraentes de masculinidade neste campus! A estrela
Irmanstituta de cada fantasia!"
"Irmanstituta?"
Não conseguia ver por cima das cabeças das três meninas que
andavam diretamente à nossa frente, e, assim, foi negado um
vislumbre da nova obsessão de Lexi.
"Ei, você ainda está viva ai embaixo?" Sua voz profunda riu.
"Oh meu Deus, Brooklyn, você está bem? Estou tão, tão, tão,
tão arrependida. Devo-lhe um grande pedido de desculpas. Por favor,
não morra. Vou comprar inúmeros cafés do Starbucks por um mês,
como muitos cafés com leite como você gosta. Eu juro, eu não queria!
Esse hidrante veio do nada. E você simplesmente saiu voando! Meu
Deus, nunca fiquei tão assustada em toda a minha vida. E você tem
um corte em sua cabeça! Não se preocupe, é uma linha fina. Você pode
totalmente cobri-la com a sua franja... Tem certeza que está bem?"
"Eu estou bem, Lex", murmurei, virando meu rosto para longe
da luz solar e no ombro do meu salvador. Quando inalei o cheiro de
seu perfume ou loção pós-barba, senti um perfume inebriante de
folhas de outono e maçãs torradas. Ele cheirava a outono, a minha
estação preferida. Ri em voz alta com o pensamento, reconhecendo
quase imediatamente que eu estava delirando e, com toda a certeza,
sofrendo de uma concussão.
Rude.
Que idiota!
Droga.
***
Merda.
"Bem, acho que pode ter sido um pouco de culpa minha", ela
admitiu, suas bochechas rosadas.
"Brooklyn!"
Eu não.
Eu tentei explicar isso para Lexi muitas vezes, mas ela não
entendeu. Para ela, qualquer perspectiva de amor, não importa o quão
fraca, vale a pena perseguir. Infelizmente para mim, sua mentalidade
era espelhada da maioria do ensino médio, e eu rapidamente ganhei o
apelido encantador de "cadela de gelo" da população masculina. Ou,
pelo menos, de quem havia tentado, sem sucesso, namorar comigo. As
meninas da minha turma tendiam a me chamar por uma enorme
quantidade de nomes menos lisonjeiros, mas eu realmente não dei à
mínima se elas achavam que eu era uma vagabunda.
Esta questão não era nova para mim - ano após ano, de
professores do ensino fundamental ao médio me perguntava a mesma
coisa. De alguma forma, presumi que eu tinha escapado disso quando
fui para a faculdade. Então, novamente, também pensei que havia
escapado de borbulhantes e maternas professoras. Esta mulher era
seriamente uma professora credenciada?
***
"É segunda à noite. Tenho duas aulas amanhã, Lex; Não vou
sair."
"O que você disse?" Lexi gritou de volta para mim, alisando o
cabelo vermelho e ajustando seu decote antes de fazer uma tentativa
de aceno para o barman. Finalmente conseguindo chamar a sua
atenção, ela pediu duas vodca e bateu uma nota de dez para baixo no
balcão.
"Fique com o troco", ela piscou para ele quando ele colocou as
bebidas na frente dela.
Parei de respirar.
Porcaria.
"Merda".
"Não. Vamos ficar, foda-se ele. Talvez só não, hum... tão perto
do palco", respondi, movendo meus ombros e rapidamente tomando o
resto da minha bebida. "E definitivamente vou precisar de outra
rodada."
"Cale-se! Não falo sobre mim o tempo todo. E isso não vem ao
caso! Nesta manhã, ele foi além de rude comigo. Na verdade, ele tomou
meu telefone da minha mão!"
"Estes são por conta da casa", ele disse, sorrindo para mim.
"Eu sei, mas eu queria. Sou Tim, por sinal." Ele estendeu a
mão para mim e sacudiu. Ele era bonito - definitivamente bonito o
suficiente para me distrair da minha vida por algumas horas. Talvez
eu o deixasse me levar para casa quando o bar fechasse.
"Como a cidade?"
"Não, eles na verdade colocaram o nome da cidade depois de
mim", brinquei, revirando os olhos.
"O que é tão engraçado? E por que você não está lá trás
flertando com o barman? Ele era bonito e você totalmente poderia ter
ganhado bebidas grátis a noite toda."
"Lexi, ele pensou que eu estava falando sério quando lhe disse
que um bairro histórico conhecido em Nova York foi nomeado depois
de mim, e não vice-versa."
"Ok, então talvez ele não seja a pessoa mais inteligente, mas
não é como se você estivesse procurando um relacionamento de
qualquer maneira," ela me lembrou, plenamente consciente de minhas
políticas de namoro.
Ele era atraente, e ele sabia disso. Pior, havia uma parte
insensível dele que me disse que ele usava seu rosto como uma arma,
dobrando o mundo à sua vontade, uma menina da irmandade de cada
vez. E quase machucou olhar para ele, era como olhar diretamente
para um eclipse solar - algo que eu sabia que não deveria assistir, que
potencialmente poderia me prejudicar a longo prazo, mas era tão
bonito que eu não conseguia tirar os olhos. Naquele momento, parecia
que ele estava cantando só para mim; toda multidão desapareceu
quando me tornei encantada por seus olhos, as letras, sua profunda
voz grossa.
"Oh, sim, quer dizer, Brooklyn queria sair, então eu disse que
eu viria", ela encolheu os ombros, feliz da vida me jogar sob um ônibus
em suas tentativas de parecer indiferente. O olhar de Tyler deslocou
para mim.
Como se Lexi não tivesse jorrado sobre você nas últimas cinco
horas.
"Tem mais duas bem ali esperando, pelo que eu posso ver",
observou ele com indiferença.
4
Marca de tequila
para o lado, em direção a Lexi e Tyler, que estavam ocupados se
beijando a poucos metros de distância.
"Espere, você não quer um pouco de sal para isso? Vou deixar
você lamber minha mão e tudo."
"Você precisa de uma carona para casa? Acho que Lexi não
está saindo tão cedo."
5
Demonstração Publica de Afeto
"Você está brincando comigo, Lexi? Eu sou a vadia nesse
cenário?"
"Eu sou o cara que acabou de salvar seu rabo bêbado de dizer
algo que você nunca seria capaz de pegar de volta. Ela é sua melhor
amiga, Brooklyn", ele disse, como se eu precisasse de um lembrete.
"Sim, ela está sendo egoísta hoje à noite. Mas todos nós somos
egoístas às vezes, então deixe para lá. Você tem uma carona para casa;
você não esta presa."
***
"O que você está fazendo?" Perguntei, nervosa. "Você não pode
entrar."
"Pense o que quiser", ele disse, como se ele soubesse algo que
eu não sabia. "Boa noite, Brooklyn."
Eu soluçava.
"Eu disse para calar a boca! Eu não estaria nessa confusão, se
não fosse por você, sua merdinha. Eu estaria livre, eles não iam me
pegar. Você fodeu tudo. Você me fez bater". Ele me apertou rudemente e
meus dentes batiam juntos com força. Não me atrevi a choramingar
desta vez, no entanto.
***
O grito rasgou para fora da minha garganta e eu sentei na
cama, ofegante e gelada até o osso. Tomando respirações mais calmas,
corri através da minha rotina típica de pós-pesadelo e gradualmente
diminuí meu forte batimento cardíaco. Um breve olhar sobre o meu
celular me informou que era quase sete horas da manhã. Felizmente, o
pesadelo tinha esperado até o amanhecer desta vez, permitindo-me
algumas horas extras de descanso tão necessário.
***
Vagando pela cozinha, imediatamente encontrei Lexi
esparramada no nosso sofá com um braço jogado sobre os olhos para
bloquear o sol. Depositei minha caneca de café vazia na máquina de
lavar louça e fiz meu caminho até ela, puxando os pés no meu colo
enquanto estava sentada na ponta do sofá.
"Na verdade, ele me trouxe para casa, se você quer saber", ela
disse, sorrindo, "E ele disse que ia vir hoje à noite."
"O boa não chega nem perto", ela gritou, antes de se lançar
em todos os detalhes de sua noite. Sentei com paciência, ouvindo-a
analisar as coisas que Tyler tinha dito e feito por uma boa hora antes
de me levantar para me servir de outra xícara de café. Parecia que eu
iria precisar muito dele pela forma como este dia já estava indo.
***
Assistindo-me.
Sem parar, lancei um olhar furtivo sobre um ombro e tentei
ver quem era. A chuva pesada e espessa formava camadas de nuvens
escuras no céu - pensei que eu poderia identificar a sombra ainda de
pé na calçada a cerca de vinte metros atrás de mim na rua
abandonada.
"Eu lhe disse, estou esperando por Ty", ele disse. "Você é
sempre tão irritada?"
"Quando é que você vai perceber que eu não sou uma de suas
groupies?"
Finn saiu de seu devaneio e virou sua súplica, ele voltou para
sua suplica, com o olhar de cachorro abandonado, para mim.
"Eu aposto que você era toda insolente quando pequena." Ele
sorriu com o pensamento.
"Eu não tenho certeza que sua palavra vale muita coisa,"
resmunguei, permitindo a contragosto que ele me arrastasse.
"Ouch", ele disse. "Eu não sei quanto tempo mais o meu ego
pode aguentar este tipo de abuso."
"Shh," Finn sussurrou sem olhar para trás para mim. "Você
ouviu isso?"
Eu não conseguia ouvir muita coisa, exceto o zumbido de um
mosquito nas proximidades, ansioso para fazer uma refeição de mim, e
o gotejamento fraco de água que fluía sobre as pedras cobertas de
musgo na beira do rio.
Embora não tenha sido dito, ficou claro que nós não íamos
sair de lá até que eu tivesse apreciado de forma satisfatória o seu
ponto de vista do rio. Estudei a vista do nosso poleiro, que pairava
cerca de trinta metros acima da margem do rio, e tive de concordar
que era calmante - suavemente belo de uma maneira que apenas a
natureza pode ser.
O fluxo incessante do rio escuro anestesiou minha mente e
quando me concentrei ao meu redor, eu acalmei as preocupações
incessantes da corrida em volta da minha cabeça. Pela primeira vez em
semanas, eu não estava focada no aniversário de morte da minha mãe
se aproximando; minha mente foi alegremente clareada.
Não havia luz aqui, exceto pela lua quase cheia e as estrelas
acima, em números infinitos eram ainda mais bonitas do que pareciam
do meu terraço em casa. Depois de alguns minutos de apreciação em
silêncio, comecei a entender por que este lugar era tão especial para
Finn.
***
Eu sabia que estava fazendo a coisa certa por ficar longe dele.
Ele era um risco que eu não podia me dar ao luxo de tomar, e me
garanti que ele logo esqueceria tudo sobre mim. Afinal, ele tinha muita
adoração das fãs para lhe fazer companhia no mesmo período.
***
"Elétrica", corrigi.
Ouch.
"Jesus, você poderia ter gritado mais alto?" uma voz falou
lenta e calmamente.
"Ah, sim, o tempo precioso com suas groupies está indo para
o lixo. Mais uma razão para me deixar em paz!"
"Você sabe, pensei que você era bonita quando ficava
zangada, mas você é ainda mais bonita quando está com ciúmes", ele
sorriu.
***
7
Linebacker – jogador de futebol americano
a me embalar em seus braços, sua boca pressionou no meu cabelo. Ele
ficou em silêncio, exceto por seus ocasionais suspiros.
Eu não queria quebrar o silêncio entre nós, mas senti que lhe
devia uma explicação das coisas. Com qualquer outra pessoa, eu teria
jogado fora o que tinha acontecido, mas Finn iria ver através de
qualquer mentira que eu falasse. Eu estava melhor poupando o fôlego
e dizendo-lhe pelo menos uma meia verdade.
Ele olhou para mim, surpreso. É claro que ele olharia. Afinal
de contas, não tinha sido eu apenas dizendo a ele que eu não dava
explicações? Que ele teria que esperar para sempre?
"A morte é uma porcaria", ele disse. "Ela nunca fica mais fácil.
As pessoas dizem besteira clichês como "o tempo cura todas as feridas"
para se confortarem. Mas qualquer um que tenha experimentado a
verdadeira dor sabe que nunca vai embora. Você só fica melhor em
mentir para si mesmo, em encobrir os sinais, em fingir ser normal."
"O quê?"
"À medida que sou seu amigo, é meu dever lhe trazer em casa
com segurança. É também meu dever salientar que você é a menina
mais teimosa que eu conheço."
"Obrigada, amigo."
"Há algo em especial que você quer que eu lhe pergunte?" Ela
respondeu com indiferença praticada, não perturbada por minha
natureza irritável.
"Bem, eu não estou pagando para você olhar para mim por 60
minutos."
"Eu bati na cara dele e ele soltou o volante. Nós batemos. Ele
me agarrou e me usou como escudo humano durante um tiroteio com
a polícia, mas não me lembro muito disso. Acho que ele me segurou
tão apertado que eu desmaiei. Lembro-me de perder muito sangue e
não ser capaz de respirar, no entanto."
"Sua?"
"E agora?"
***
Morte.
"Sim."
"Eu vou enviar alguém para verificá-la e falar com você. Qual
é o endereço?"
"Eu estou bem, Finn. Ele não é grande coisa, por isso, relaxa."
Uma batida soou bem alta na porta e deixei cair minhas mãos
do rosto de Finn. Lexi abriu a porta, revelando um policial de meia-
idade com uma barriga de cerveja, uma barba grisalha e uma calvície.
"Eu vou tomar o seu silêncio como uma aprovação tácita", ele
disse, fazendo uma pausa para recolher seus pensamentos. As
sobrancelhas dele se juntaram, como se ele estivesse imerso em
pensamentos. "Como você chama um pônei com uma tosse?"
8
Aqui a autora faz uma brincadeira de palavras, uma vez que horse é cavalo, hoarse é rouco, que colocando no
português ficaria sem sentido.
Quando eu ainda não ri, Finn revirou os olhos. "Nossa,
público resistente. Ok esta é a minha última. Principalmente porque
eu não conheço mais nenhuma piada. Baby, você joga Quadribol?"
"Oh, acredite em mim, eu sei como elas são ruins. Minha irmã
me ensinou um tempo atrás, e agora eu não consigo esquecê-las. Além
disso, elas te fizeram rir... eventualmente." Seus olhos se enrugaram
enquanto ele sorria alegremente para mim.
Ele era lindo o tempo todo, mas ao vê-lo assim, tão alegre, o
deixou ainda mais atraente. Meu coração parecia virar no meu peito
enquanto eu pegava seu perfil: o queixo esculpido, o cabelo escuro
perpetuamente bagunçado, a adorável covinha, e esses deslumbrantes
olhos cobalto. Inclinei-me para o lado e dei um beijo no seu queixo, e
fixei a minha testa no oco de sua garganta, antes que ele tivesse tempo
de reagir.
"Obrigada. Mais uma vez." Eu ri. "Parece que estou sempre
lhe agradecendo por algo nos dias de hoje."
"Sua mãe?"
"Sim. Tenho algumas fotos dela, então eu ainda posso ver seu
rosto quando eu quiser. Mas as pequenas coisas - como ela cheirava, o
som de sua risada - essas são as coisas que eu sinto escapulindo."
"Desculpe?" Perguntei.
"Eu acho que você deve encontrar uma cafeteria ou um bar de
karaokê ou mesmo numa esquina e tocar. Só uma vez, para ver como
se sente. Na verdade, essa é a sua tarefa antes de voltar a me ver."
***
"Será que isso significa que você vai tocar hoje à noite?" Ela
gritou, claramente animada com a perspectiva.
"Ai meu Deus! Brooklyn, não sei o que inspirou isso, mas
estou tão feliz que você vai tocar! Venho dizendo a você por anos, você
poderia ser uma profissional com a sua voz."
***
Quase.
"Bem, não acho que vou ser capaz de superar esse último
desempenho-" Ele quis dizer o meu? "Mas vou fazer o meu melhor.
Esta música é dedicada a uma amiga que eu me preocupava ter
perdido para sempre. Por muito tempo pensei que era impossível que
essas pessoas ainda pudessem existir lá fora", ele fez uma pausa,
limpando a garganta e passando a mão pelo cabelo - um sinal certo de
que ele estava nervoso. "Mas estou feliz em dizer que às vezes temos
segundas chances nessa vida louca. Às vezes, as coisas que perdemos
são devolvidas para nós. Às vezes, temos sorte. Então, sim, tivemos o
suficiente de minhas divagações. Este é The Scientist, do Coldplay."
Era óbvio que Finn tinha escolhido essa música, que clamava
por resgate e segundas chances, propositadamente. Foi igualmente
óbvio por que ele escolheu. As letras eram claramente um pedido de
desculpas, um apelo pelo o perdão de alguém - e eu estava quase
desesperada para descobrir quem. Em algum lugar ao longo do
caminho, ele começou a importar para mim.
"Eu não sei do que você está falando, Lex. Você sabe melhor
do que ninguém que eu não tenho relações ou compromissos ou
mesmo emoções."
"Então por que você não ficou com ninguém desde que você o
conheceu? Explique isso!" Ela olhou para mim, triunfante.
"Você sabe, você está certa. Tem sido muito longo tempo", eu
disse, empurrando para trás o meu banco e levantando. "Acho que vou
encontrar alguém para ir para casa agora mesmo."
Tristeza e arrependimento brilharam instantaneamente nos
olhos de Lexi. "Desculpe-me, eu não devia ter mencionado nada,
Brookie. Fique comigo", ela implorou. "Não faça isso de novo."
"Pegue o meu violão e leve para casa para mim, ok?" Levantei
meus ombros, ignorando-a quando me virei para ir ao bar. Uma rápida
olhada em direção ao palco me garantiu que Finn ainda estava
ocupado com suas fãs que o rodeavam. Com uma loira em cada braço,
ele certamente não estaria precisando da minha amizade esta noite.
Zombei mentalmente dos meus pensamentos anteriores de confortá-lo;
claramente, eu estava enganada.
Perfeito.
"Não sabe que não é uma boa beber sozinha, Brooklyn?" Ele
riu.
"Vamos lá, meu bem, pensei que você queria ir?" Sua
respiração era muito quente e cheirava a cerveja; que fez a minha pele
se arrepiar. Não houve borboletas, ou calafrios, ou batimentos
cardíacos acelerados - apenas um sentido intratável de estar errado.
Ignorei o sentimento, puxei meu pescoço para longe dos lábios de
Landon, e desviei os meus olhos de Finn.
"Landon, pare."
"O que você pensa que está fazendo? Deixe-me ir, Finn," olhei
para ele, puxando meu braço de seu aperto. "Eu não sei qual diabos é
o seu problema, mas eu vou gritar se você não recuar."
O Quê?!
"Mas-" protestei.
"Eu nunca senti nada como isso antes, e eu sei que você
sente isso também", ele disse, em voz baixa. "É inegável - como uma
força magnética. Como a gravidade. E não é algo que eu posso
controlar, ou alterar, ou parar. Apenas é."
Eu gemi em resposta.
Eu caí em risos - ele era tão ridículo. "Eu odeio você", afirmei,
minha risada diminuindo gradualmente.
"Você não tem que ter medo de mim", ele disse, sentando-se no
degrau ao meu lado. Próximo, mas não muito perto. "Mas você não
deveria estar aqui fora. Já é tarde e está frio."
Balancei a cabeça.
"Só estou aqui há alguns dias", ele suspirou com tristeza. "Não
posso dormir."
Engoli em seco.
Obrigada.
Ele olhou para os meus pequenos dedos em volta do seu e
pressionou suavemente para trás.
"De nada."
***
***
Eu acordei na manhã seguinte, quase ao amanhecer,
sentindo-me mais revigorada do que eu estive em semanas. Depois de
fazer o café, sentei no telhado e estudei por algumas horas. Eu tinha
vários exames chegando, e entre Finn, terapia e entregas de flores
misteriosas, eu não tinha tido muito tempo para me concentrar em
minhas aulas.
10
O Cardstock é o papel liso geralmente usado como base em páginas de scrapbooking, cartões ou outros
projetos.
Eu estava calculando mentalmente a probabilidade de eu ser
capaz de unhar Hank com a minha frágil - mas oh tão bonita - unhas
quando ele reapareceu, com uma lata de tinta em cada mão. Quando
ele me disse o total, eu joguei algumas notas sobre a bancada e
rapidamente peguei as latas pelas alças. Fui para a porta, nem mesmo
esperando pelo meu troco na minha pressa para fugir do Hank, dos
clientes menos amigáveis, e da atmosfera da loja desconfortável.
11
A Home Depot, Inc. é uma companhia varejista norte-americana que vende produtos para o lar (embora não
venda móveis) e construção civil.
"Bem, pelo menos você não gritou desta vez," uma voz rouca e
familiar riu atrás de mim. Cada músculo do meu corpo ficou tenso
com raiva e congelei, ainda de frente para o carro. "Mas falando sério,
Abelhinha, precisamos trabalhar em seus reflexos se você vai para
fazer xixi nas calças de medo cada vez que me aproximar de você. É
isso ou você começa a usar fraldas para adultos, e eu não acho que
isso vai dar certo para mim". Sua voz foi passada com diversão.
Olhei para ele e puxei meu queixo para cima. Eu não iria
deixá-lo me envergonhar. Eu não iria recuar. E eu definitivamente não
iria continuar a fantasiar sobre beijá-lo até que eu ficasse com falta de
ar e desmaiasse em seus braços.
Merda.
12
Vivien Leigh Atriz inglesa, considerada uma das 50 maiores lendas do cinema.
fizesse todas as semanas. Como se eu fosse uma daquelas garotas -
como Lexi - que passou horas no Pinterest olhando para receitas, a
ideias de artesanato, e as 99 maneiras que você pode "reciclar" jornais
velhos em sua própria linha de moda. Eu nunca fui e nunca seria essa
garota – de planejar meu casamento imaginário com 12 anos de
antecedência e escolhendo paletas de cores para a minha casa de
sonho. Nunca.
Escolha inteligente.
"De alguma forma, eu não acho que seja isso", disse ele com
ar de dúvida. "Eu estarei em sua casa em duas horas."
Balancei a cabeça em aceitação. Ele estava certo - eu não
sabia nada do que diz respeito à melhoria da casa. Eu poderia usar
toda a ajuda que eu podia receber.
Porcaria.
***
"Olá?"
Mais respiração.
Porcaria!
"Estou redecorando."
13
A suástica ou cruz gamada é um símbolo místico encontrado em muitas culturas em tempos diferentes,
como as cruz que representava o nazismo.
14
Cabbage Patch Kids é linha de produção de bonecas de tecidos famosa. Originalmente foram criadas para
serem adotadas e não vendidas, cada uma ia como sua própria certidão de adoção e nascimento.
Ela pigarreou em frustração, tomando outro gole de café e
percebendo que ela não venceria com este argumento.
Eu gemia.
"Eu sempre quis foder com você. Você sempre quis foder
comigo. Nada mudou, tanto quanto eu posso dizer", ele disse, com um
sorriso presunçoso cruzando seu rosto.
Felizmente, Finn era muito mais forte do que eu, e ele fez um
rápido trabalho de mover todos os meus móveis para o corredor.
Minha cama era grande demais para mover, por isso, empurramos
para o meio do quarto, tiramos o colchão, e espalhamos um dos panos
que Finn tinha trazido com ele. Ele também trouxe vários rolos,
primer15 branco, fita de pintura, e macacões brancos que ele insistiu
que ambos vestíssemos.
"Você não pode pintar com isso", ele disse, indicando minha
blusa vermelha em v e capri. Eu já tinha trocado minhas sandálias
para um par de surrados tênis velho.
15
Spray para acabamento de pintura.
pelo menos 30 centímetros de material extra pendurado para baixo em
cada mão e reunindo mais nos meus pés. Eu enrolei puxando para
cima as mangas e me esforçando para fechar a frente do macacão.
Assim que as minhas mãos caíram para os lados, o tecido extra caiu
de volta para baixo e cobriu minhas mãos.
Nós pintamos.
Olhei para ele, mas não havia nenhum calor por trás dele.
Seu sorriso se tornou um sorriso amplo, completo com covinha.
"Você se parece com ela", ele disse. "Os olhos, o sorriso - nas
raras ocasiões em que você mostra o seu - até mesmo o cabelo. Eles
são iguais."
"Não."
"Eu não quis falar sobre os meus pais por um longo tempo."
"Eu não sei. Às vezes, acho que se eu não falar sobre ela, vai
ser como se ela nunca tivesse existido. Como se ela fosse apenas
alguma invenção idealizada da minha psique, ou um amigo imaginário
que sonhei durante a minha infância. E outras vezes, acho que eu
prefiro não me lembrar de nada sobre ela em tudo, porque, então, não
doeria para caramba. Eu seria livre, normal, como qualquer outra
garota da faculdade. Preocupada com as coisas normais, como
meninos e lição de casa e se vou ser convidada para a festa Sig Ep no
próximo fim de semana."
E eu fiz.
Estar com Finn era tão natural como respirar. Ele não exige
nada de mim, não queria que eu fosse alguém que não fosse eu
mesma. O tempo passou rapidamente, e eu estava em silêncio grata
por sua insistência mandona de ajudar; teria sido um processo muito
mais lento se eu tivesse que fazer tudo por conta própria.
Enquanto Finn fez uma viagem de volta à sua casa para pegar
uma escada para que pudéssemos pintar o teto, entrei na cozinha, fiz
rapidamente alguns sanduíches de queijo grelhado, e peguei um saco
de salgadinhos de milho. Era bem depois da hora do jantar; já tinha
anoitecido lá fora, e nós tínhamos trabalhado arduamente durante
horas. O mínimo que eu podia fazer era alimentar o menino, depois de
tudo que ele fez por mim hoje.
Nós fizemos uma pausa para o jantar, quando ele voltou com
a escada, mas rapidamente retomamos com a pintura. Lexi tinha
desaparecido, foi ao apartamento de Tyler, e eu nunca fui mais
consciente do fato de que eu estava completamente sozinha com Finn,
no meu quarto. Certo, isto era mais um desastre de local no momento
– mas ainda assim – estar de pé em um espaço fechado, semiescuro
com Finn Chambers e minha cama era quase mais do que eu poderia
lidar.
"Eu sou assim tão óbvia?" Perguntei. Pensei que eu tinha sido
bem sucedida em esconder meu cansaço crescente, mas,
aparentemente, ele estava mais em sintonia com meu corpo do que eu
tinha imaginado.
"Você vai arruinar a sua cama, se você deitar como isso", ele
sussurrou, parando a centímetros de mim. Ele estendeu a mão e
puxou o zíper da frente do meu macacão, arrastando tão lentamente,
minha respiração ficou presa no meu peito. Não sei como ele fez a
remoção do macacão folgado em algo sensual, mas eu não deveria ter
ficado surpreendida. Este era Finn, afinal - ele poderia fazer qualquer
coisa ficar sexy.
Eu queria mais.
E eu adorei.
Olhei para Finn e eu sabia que isso iria mudar tudo, não só
entre nós, mas para mim como pessoa. Por anos, eu tinha usado o
sexo como nada mais do que uma tática de evasão - uma maneira de
calar a meu luto e enterrar a dor. Era uma fuga; com o meu corpo
envolvido, minha mente estava, pela primeira vez, em repouso.
"Vaga-lumes."
Eu sorri.
***
"Ei," ele sussurrou, trazendo uma mão para tocar meu rosto.
"Você está bem?"
"Você quer falar sobre isso?" O olhar gentil nos seus olhos me
disse que eu podia compartilhar qualquer coisa com ele naquele
momento, até mesmo a história de morte da minha mãe e do caminho
tortuoso que minha vida tinha seguido desde então. Mas eu sabia que,
uma vez que dissesse a ele, o olhar gentil deixaria seus olhos -
substituído por simpatia ou, pior, pena.
Eu balancei a cabeça negativamente. Eu não estava
preparada para ver aquele olhar em seus olhos. Eu não acho que eu
alguma vez estarei pronta para isso.
***
Então ele saiu. Isso é bom - ótimo, mesmo. Isto era o que eu
sempre quis.
Não era?
Sexo com Finn tinha sido tão diferente para mim - mais
íntimo e tão distante do que eu tinha experimentado no passado - que
eu simplesmente presumi que ele tinha sentido isso também.
Aparentemente, ele não tinha. Talvez a noite passada tivesse sido nada
para ele; talvez eu tivesse sido nada para ele. Não fui diferente de
qualquer outra garota que ele - como Lexi tinha classificado de forma
tão eloquente? – Usa e joga fora.
16
Uma vitória que é acompanhada de perdas. Faz alusão a Vitória de Pirro, que derrotou os romanos em 279
a.C. em Asculum, mas perdeu seus melhores oficiais e muitas de suas tropas. Pirro, em seguida, teria dito:
"Outra vitória como esta e estaremos perdidos."
completamente dizimada depois que Finn e eu tínhamos acabado de
transar, pela terceira vez, o teto era de um tom puro da meia-noite.
Agora, ele estava cheio de uma galáxia de estrelas brancas, tão
detalhadas e meticulosamente trabalhada que elas devem ter tomado
várias horas de pintura a mão.
Finn.
Porcaria.
Só se podia esperar.
"Eu."
"Arrogante".
"Por que princesa?" Não pensei que ele estava tirando sarro de
mim, mas considerando como base algumas das minhas suposições
sobre como Finn tinha sido no passado, decidi que era mais seguro
simplesmente perguntar a ele.
Nós?
"Eu vou ver você hoje à noite, princesa", ele sussurrou contra
os meus lábios.
"Se você tiver sorte, homem das cavernas."
"E você não tem lembranças deste menino, que não seja nos
seus sonhos?" Perguntou Dra. Angelini.
"Às vezes," admiti. "Mas não por causa do que acontece neles.
É mais perturbador porque sinto como se eu nem soubesse da minha
própria mente. De repente, eu tenho todas essas recordações, que eu
nunca soube sobre elas, apenas trancadas no meu subconsciente -
isso me faz pensar o que mais me esqueci ou bloqueei".
***
18
A Família Sol-Lá-Si-Dó no Brasil.
Após a sessão, eu fui para Maria's e pedi duas saladas gregas
- jantar para Lexi e eu. Felizmente, ninguém que eu conhecia estava
na fila, então não tive que fazer conversa fiada. Havia poucas coisas
que eu odiava mais do que a fútil conversa fiada: a torrente insana de
palavras sem sentido, nada mais do que preencher um silêncio que de
outra forma seria desconfortável.
Eu não sabia.
Tudo o que eu sabia era que nove em cada dez pessoas que
eu encontrava não tinha noção do valor de simplesmente compartilhar
um silêncio. E acho que era uma pena para eles, porque havia certo
tipo de pureza, até mesmo intimidade, em apenas sentar com alguém e
não sentir a necessidade de falar.
Eu não tinha ouvido falar dele desde que ele tinha deixado
meu apartamento há várias horas, mas estava feliz por ter um tempo
sozinha. Ele me conhecia bem o suficiente para entender que eu
precisava de espaço suficiente para processar tudo o que aconteceu
entre nós na noite passada - mas não tanto espaço para que eu
pudesse ter tempo de me convencer a não me envolver com ele
completamente.
"Oh, muito bem!" Ela olhou para mim, mas eu podia dizer que
ela estava tentando não rir. "E acontece que também estou animada
com a perspectiva de encontros duplos. Então, processe-me!"
"Hum, Lex?"
"Saúde", eu disse.
19
Bebida composta por suco de limão, soda limonada, vodca, xarope de romã e cerejas.
"Aos melhores amigos e namorados", Lexi brindou com uma
piscadela para mim.
***
Lexi fez seu caminho até elas, parando para examinar cada
uma individualmente antes de levemente traçar as pontas dos dedos
nos três rostos sorridentes ampliados sobre as tela; seu próprio rosto,
então o meu, e, finalmente, a minha mãe.
Eu balancei a cabeça.
Nunca.
Eu amei instantaneamente.
Pela primeira vez eu era grata por ter uma melhor amiga
estudando moda, e enquanto eu segurava o vestido no meu peito eu
levantei meus olhos para olhar para Lexi.
***
Ficou claro que eu não era a única que pensava assim; suas
vadias fãs residentes estavam presente as dúzias, pressionadas
firmemente contra o palco e piscando as seus cílios para ele em todas
as chances que tinham.
Ou ao necrotério.
Ela não era a pessoa que minha mãe tinha sido. E ela
definitivamente não era a pessoa que minha mãe me criou para ser.
Fechando os olhos, quase podia ouvir o sussurro de suas palavras no
meu ouvido; quase podia sentir o calor do seu corpo pressionado ao
meu lado, quando nós nos deitamos na minha cama de infância
olhando para o meu teto de conto de fadas.
Porque você nunca vai ter cem por cento de certeza de nada.
Você vai dar chances às pessoas, e elas vão lhe machucar. Você vai
experimentar algumas coisas, e você vai falhar com elas. E isso é bom,
Abelhinha - é a vida. Você não pode parar de viver, porque você está
com medo. Você não pode esperar na beira do penhasco para sempre,
só porque é seguro.
Saltar.
Eu estava em casa.
"Quero dizer, sério, essa foi a coisa mais quente que já vi",
continuou ela, sua expressão reflexiva. "Eu posso ter tido um orgasmo
apenas observando."
"Eu sei", ele deu de ombros. "Eu só imaginei que você teria
encontrado uma maneira de evitar de vir aqui agora."
"Abelhinha".
"O que." Eu vociferei a expressão, olhando para o seu queixo
para não ter que ver o olhar em seus olhos.
Eu olhei para ela com horror. "Eu não vou lá em cima! De que
lado você está?" Eu gritei, horrorizada.
"Finn!"
Traidora!
Porra.
Casa.
"Vocês podem ver porque eu sou louco por essa garota?" Ele
perguntou à plateia, segurando nossas mãos unidas sobre a minha
cabeça e me girando em um círculo lento. Houve aplausos dos homens
na plateia; as fãs mulheres, no entanto, estavam estranhamente
quietas.
Eu quase podia ouvir o som de milhares de corações partindo
em todo o campus quando as meninas mandassem mensagem,
twittassem e blogassem a notícia de que Finn Chambers estava
oficialmente, inconcebivelmente, fora do mercado. As meninas mais
próximas do palco ou me olhavam com inveja velada e ódio, ou
olhavam ansiosamente para Finn, como se a qualquer momento ele
fosse anunciar que era tudo uma grande brincadeira e chamá-las no
palco em meu lugar.
"Eu sei, eu sei", ela resmungou. "Você não quer falar sobre
isso."
Andrômeda.
Peixes.
Aquário.
Pégasus.
E no escuro.
Eu gritei.
Eu estava furiosa.
Ele foi mais rápido do que eu, mesmo com as lesões que eu
tinha causado nele. Eu queria desesperadamente parar e tirar os
saltos, consciente de que estavam me atrasando, mas eu estava com
muito medo de fazer uma pausa por um momento sequer. Eu sabia
que cada vez que eu tinha tropeçado, eu tinha perdido um pouco da
minha vantagem e ele ia me pegar de novo se eu não fizesse alguma
coisa para retardar o seu progresso. Embora eu pudesse ver as
pessoas à frente na rua, eu sabia que ainda havia uma boa chance de
que elas não seriam capazes de ouvir meus gritos a esta distância - ou,
pior, que elas não iriam me ajudar, mesmo se ouvisse meus gritos.
Eu esperava.
Eu corri.
Finalmente, milagrosamente, eu rompi através da entrada do
beco e para a rua semi-povoada. Minhas pernas cederam e eu desabei
de joelhos, com as mãos estendidas para bloquear a minha queda. No
chão de quatro, levantei a cabeça para olhar para a multidão de
pessoas em pé na fila para o clube.
***
Andrômeda.
Peixes.
Aquários.
Pégasus.
A porta bate. É escuro, tão escuro que não posso nem ver
minha mão na frente do meu rosto. Totalmente silencioso,
irremediavelmente sozinha. Minha mão toca um peito estranho. Seu
aperto nos meus ombros. Apertado, tão apertado. Suspiro de dor. Gritos,
ninguém pode ouvir o eco no meio da noite. Estou encurralada. Estou
impotente. Eu vou morrer.
O som de uma luta me bateu de volta para o presente. Meus
olhos seguiram as vozes altas, até que eu o encontrei no meio da
multidão. Ele parecia desesperado para chegar a mim, seu rosto ficou
vermelho e seus profundos olhos azuis piscaram perigosamente
quando ele gritava para a dupla de policiais que o impedia. Ele estava
apontando para mim, claramente tentando explicar alguma coisa para
os oficiais, quando seus olhos trancaram nos meus e ele percebeu que
eu estava consciente.
Eu balancei a cabeça.
Eu balancei a cabeça.
"Eu vou ficar com você", ele me disse, seu tom de voz não
deixando nenhum espaço para discussão. Suspirei. Eu não o queria
exatamente ouvindo todos os detalhes, mas eu não tinha nenhum
espirito de luta em mim. Eu tinha usado tudo no beco.
"É minha culpa", Finn saltou, seu rosto nublado com raiva e
arrependimento. "Eu pensei que eu tinha lidado com a situação.
Aparentemente eu não tinha."
Eu pisquei para ela, para que ela soubesse que eu estava bem
e que eu não a culpava. Se qualquer coisa, eu estava grata que Lexi
não tinha ido naquele beco comigo; se ela tivesse se machucado, eu
teria ficado devastada.
Dizer que isto não era o que eu esperava ser a casa de Finn
foi quase certamente o maior eufemismo do século. Vagabunda
semireformada que eu era, eu estive nas casas, apartamentos e
quartos de mais caras do que eu sempre quis contar. Eu tinha sido
preparada para o pior - latas de cerveja espalhadas pelo gramado da
frente, coberturas de mato, pintura lascada, e alpendre que estava
caindo aos pedaços.
O que eu não esperava era um gramado bem cuidado na
frente, telhas brancas imaculadas, e uma varanda completa com
vários canteiros de flores - cada uma delas transbordando com alegres,
flores multicoloridas.
Fosse o que fosse, porém, não era páreo para o choque que
senti pisando dentro do próprio condomínio. Ausência dos posters
típicos de garotas de biquíni em motocicletas e carros esportivos. Não
havia copos de cerveja no balcão, nem havia uma montanha de caixas
de pizza vazias empilhadas a metros de altura ao lado da lata de lixo.
"Porta-copos, Finn."
"Eu acho que sim?" Finn deu de ombros, olhando para a pia
como se ele nunca tivesse notado antes.
"Henry?"
"Não!" Eu ri.
Decidi que não iria pedir para me mostrar mais nesta noite,
não quando ele parecia tão chateado. Mas eu sabia que amanhã à noite,
eu ia perguntar novamente. E a próxima. E a depois disso.
"Por que eu?" ele perguntou, sua voz calma e seus olhos se
afastaram de mim.
"Eu acho que..." Minha voz vacilou. "Eu acho que é porque você
me faz sentir segura."
"Segura?"
***
20
http://www.vagalume.com.br/avett-brothers/i-and-love-and-you-traducao.html
Eu me sentia como uma intrusa - como se eu tivesse testemunhado
algo que ele não queria que eu visse.
Bem, acho que isso significa que ele sabe que eu estou
acordada.
"Finn?" eu solicitei.
"E você disse que minhas piadas eram terríveis..." ele disse
ofegante, tentando recuperar o fôlego.
"Bem, já que você ainda não saiu para ir matar Gordon, diria
que os meus esforços para detê-lo estão tendo sucesso."
"Eu não sei nada sobre isso", ele murmurou, o sorriso
desaparecendo da sua expressão. "É melhor aquele cara rezar para
que ele não atravesse o meu caminho. Eu estive pensando sobre isso a
noite toda."
Ele me ama.
Ele me ama.
Ele me ama.
Depois disso, Finn me puxou para cima contra seu peito para
que ele não estivesse me esmagando ou colocando qualquer peso sobre
minhas lesões. Com os seus calorosos braços fortes envolvidos em
torno de mim, eu estava segura. Eu era amada. E eu estava mais feliz
do que jamais poderia me lembrar de estar.
***
"Eu acho que também é possível, por este não ser o primeiro
trauma que você já experimentou, que você possa ser um pouco
insensível aos incidentes de risco ou potencialmente fatais", continuou
ela.
"Então, eu sou insensível ao perigo", pensei, imitando golpes
de karatê no ar enquanto eu matava inimigos invisíveis. "Será que isso
conta como um superpoder?"
"Brooklyn", ela repreendeu, sua voz dura. "Por favor, leve isso
a sério."
"Eu não acho que há uma pílula mágica que você pode
prescrever para resolver este pequeno problema meu, certo?" brinquei.
"Você não precisa de medicação, Brooklyn. Basta manter o
seu celular com você da próxima vez", Dra. Angelini sorriu.
Quero dizer, quando você realmente pensa sobre isso, não são
aniversários apenas um sopro para a mortalidade? Nossa maneira de
dizer: Parabéns! Você sobreviveu a mais um ano nessa confusão que
chamamos de vida. Aqui um pedaço de bolo e alguns balões para o seu
problema.
21
Consiste em uma panela, recheada de doces, totalmente coberta por papel crepon, suspensa no ar a uma
altura média de dois metros, onde o participante, vendado, tenta quebra-la com um bastão e,
consequentemente, liberar os doces.
olhos e transporto meus pensamentos para dentro, eu podia sentir as
memórias lá - como se elas estivessem escondidas nas sombras da
minha mente por trás de uma densa translucida cortina. As respostas
que eu queria espreitavam fora do meu alcance, e às vezes eu até
pensei que tinha um vislumbre de uma por trás dessa cortina mental,
opaca - um flash de cor, um cheiro que lembra vagamente um rosto
vagamente familiar.
Mas como você diz isso a pessoa que você ama, se você nem
sequer sabe disso em sua própria mente? Que existem partes de si
mesma, aspectos de sua alma – seus pensamentos e memórias mais
íntimos – que você já bloqueou ou simplesmente esqueceu? Que seu
cérebro não funciona normalmente – e que talvez nunca o faça?
Provavelmente.
***
"Não."
"Finn!" Eu bufei.
"Absolutamente não."
"Não."
Eu sabia que ele deveria ter levado várias horas para colocar
todas as decorações, além do fato de que ele obviamente passou um
tempo escolhendo presentes e - tentado, pelo menos, embrulhá-los.
"Eu não faria isso por qualquer outra pessoa, você sabe." Ao
som da sua voz, meus olhos voaram para longe da barra de segurança
que eu estava preparando no meu colo para examinar seu rosto. Para
minha surpresa, Finn estava ali, parecendo um pouco verde enquanto
ele olhava para a roda sobre as nossas cabeças. Tinha sido sua mão
que eu peguei para apoio.
Ele riu, mas estava nervoso com a tensão. Seus nós dos dedos
estavam brancos na barra de segurança traindo sua ansiedade, que só
apertava mais enquanto subíamos no ar.
Eu estava errada.
Não deixe que eles lhe vejam chorando, Brooklyn. Nunca lhes
mostre fraqueza.
Um alvo que não luta de volta, que nem sequer se defende com
palavras, é a vítima mais fácil do mundo.
Olhei para ele e tentei puxar meu braço longe de seu aperto,
mas ele era muito maior, mais forte, mais resistente que eu. Não foi uma
luta justa; mas então, nunca foi quando vinha de Eugene.
Olhei para o rosto dele, surpreendida que ele soubesse que era
o meu dia especial, e ele piscou para mim. "Vamos lá", ele disse,
pegando a minha mão e me puxando para trás em direção à roda-
gigante. Ele parou quando sentiu a minha resistência.
"Eu não quero voltar para lá", eu insisti, puxando minha mão.
"É exatamente por isso que você tem que ir, Abelhinha. Você
nunca ouviu a frase, ‘voltar para o cavalo que te derrubou?’", perguntou
"Então, vamos."
A única coisa que o garoto não tinha mencionado era que ele
tinha medo de altura, o que eu descobri cerca de vinte segundos depois
que saímos do chão. Ele estava respirando mais pesado do que o
habitual, e sua pele estava pálida e úmida de medo.
Meu próximo pensamento foi que tudo isso era algum tipo de
coincidência; uma grande piada cósmica, jogada por fatalidade ou o
destino pelos deuses existentes lá em cima. Talvez um dia eles, em
toda a sua onipotência infinita, estivessem entediados o suficiente
para estender a mão e mexer a panela; mexer conosco, meros mortais
aqui na terra, para que no momento que nós finalmente
percebêssemos o que estava acontecendo, já fosse tarde demais.
Então, quando nós estávamos correndo por aí como galinhas com as
cabeças decepadas, tentando desesperadamente fazer o controle de
danos em nossas vidas bagunçadas, eles poderiam simplesmente
relaxar e assistir, assumidamente entretidos por nossa falta de poder e
de sabedoria.
Eu entendi agora.
"Eu me sinto mal," menti por entre os dentes, meu tom plano
e totalmente desprovido de emoção. "Eu esqueci o quanto eu odeio
rodas gigantes." Essa parte, pelo menos, era verdade – depois disso,
elas estariam para sempre arruinadas para mim.
"Ei, você precisa de mim para entrar com você? Segurar o seu
cabelo para trás ou... alguma coisa?" Sua voz era uma mistura de
confusão e preocupação, a sinceridade em suas palavras queimou em
meus ouvidos como ácido.
"Tudo bem... Eu sinto muito", ele disse em voz baixa. "Eu vou
esperar por você lá fora. Apenas... deixe-me saber se você precisar de
mim." Ele parecia chateado, e por um momento senti pena que eu
estava sendo tão desagradável com ele; apenas por um momento, no
entanto, porque eu me lembrei rapidamente que ele era um bastardo
mentiroso que estava brincando comigo só Deus sabia por quanto
tempo.
***
Fechei meus olhos para que não tivesse que ver sua
expressão de julgamento.
"Princesa, só falar comigo. Nós podemos consertar isso, por
favor, só não se cale."
Ele continuou assim durante quase uma hora, até que sua
voz ficou rouca e ele ficou sem ar. Quando ele finalmente desistiu, abri
os olhos, dei uma olhada para Lexi, e fui para o quarto.
"Ele não é quem eu pensei que ele era, ok?" Minha voz soou
como a de um estranho.
"Uh, não. Não está bem", disse Lexi, empurrando minha porta
todo o caminho aberta e me forçando para trás da porta enquanto ela
invadiu meu quarto. Ela se sentou na cama, cruzou os braços sobre o
peito de forma ameaçadora, e me dirigiu enfaticamente o seu melhor
olhar. "Agora explique, ou eu não vou ajudar você mais. O que significa
que posso atender a porta para quem quer que venha a bater."
"O que você está fazendo aqui?" Perguntei, meu tom hostil e
meu comportamento frígido.
"Eu tinha que ver você, Abelhinha", ele disse, olhando para
mim com um olhar desesperado em seus olhos. "Eu não sei o que está
acontecendo. Não é justo que você esteja claramente tão brava, quando
você nem sequer me disse o que eu fiz para chatear você."
"O quê?"
Eu atirei.
"Conte-me uma história, Finn", eu disse, minha voz sombria.
Seu rosto drenou de cor quando registrou as palavras familiares, e ele
percebeu que eu sabia.
Havia coisas que precisavam ser ditas, e desde que ele tinha
forçado este confronto, elas estavam indo para ser ditas com certo
pânico agora.
Transportando uma respiração para meus pulmões, eu
continuei adiante. "Mas aquele rapaz, aquele que lhe deu de volta um
pedaço de si mesma? Ele é um mentiroso. Ele é um manipulador.
Então, mesmo que aquela menina, que não era mais tão pequena,
tivesse confiado nele para colar novamente juntos seus fragmentos
quebrados... mesmo que ela pensasse que ele poderia fazê-la acreditar
em finais felizes novamente... mesmo que ela pensasse que ele seria o
único a apagar todas as suas cicatrizes..."
"Eu sei, ok? Eu sei como fodido somos. Com você, é um passo
para frente, e três monumentalmente voltas para traz, caralho. Mas eu
também sei que você pode ser incrivelmente doce quando você não
está muito ocupada me esbofeteando, ou olhando para mim, ou
odiando minha entranha."
"Eu sei que isso é muita coisa para se pensar – eu sei que
você provavelmente me odeia. E talvez isso me faça um bastardo total,
mas você deve saber que eu não me arrependo de um único segundo
de nosso tempo juntos, Brooklyn. Com ou sem as mentiras, essa
relação foi – e sempre será – a parte mais importante, bonita e sagrada
da porra da minha vida. E eu vou esperar por você – quanto tempo for
preciso, eu vou esperar."
22
Mariana Trench - é a parte mais profunda dos oceanos do mundo. Ele está localizado no oeste do Oceano
Pacífico, a leste das Ilhas Marianas.
mentir para você ou lhe dar falsas promessas de que tudo está bem
entre nós. Nada disto está bem – Eu não estou bem" arrastei uma
profunda, calmante respiração pelo nariz. "Eu preciso ficar sozinha
agora."
"Eu não estou dizendo isso para magoar você, porque, quão
louco quanto parece, eu acredito na sua história. Mas isso não muda
nada. Por agora não quero ver você. Não quero ouvir falar de você. E
não posso prometer que alguma vez vou estar pronta para estar com
você de novo."
23
O sono R.E.M., ou Rapid Eye Movement ("movimento rápido dos olhos"), é a fase do sono na qual ocorrem
os sonhos mais vívidos. Durante esta fase, os olhos movem-se rapidamente e a atividade cerebral é similar
àquela que se passa nas horas em que se está acordado.
24
Howard Hughes foi um aviador, engenheiro aeronáutico, industrial, produtor de cinema, diretor
cinematográfico e um dos homens mais ricos do mundo. Em 1944, Hughes começou a exibir um
comportamento alarmante e uma fobia, levando-o a um esgotamento nervoso.
Talvez, se eu ficasse na cama por muito tempo, olhando para
as constelações que ele tinha deixado para trás no meu teto, eu
finalmente me sentiria melhor.
Todo o colchão estava pulando com ela - cada vez que seus
pés faziam contato com a cama, eu fui lançada a vários centímetros no
ar, agarrando freneticamente na estrutura da cama, de modo que eu
não seria lançada diretamente no chão.
"Eu sei o que você está pensando. Quem sou eu, rainha da
porta giratória de namorados, para dizer alguma coisa sobre
relacionamentos, certo?"
"Onde?" Eu perguntei.
"Por ser você", dei de ombros. "Nós não temos que fazer o
abraço brega, certo?"
***
"Não, você disse: 'ele é o garoto dos meus sonhos', que tem
uma conotação completamente diferente."
***
"Não que você esteja contando", eu ri. "E não ande – você tem
um bom carpete. Seria uma vergonha arruiná-lo."
E.S
E então eu soube.
Eu tinha lutado.
Pensei que era estranho, até que percebi por que o sangue
não estava fluindo aos meus membros: as minhas mãos haviam sido
amarradas juntas com uma corda grossa de espessura, e pendurada
acima da minha cabeça. O resto do meu corpo balançou no ar, com a
ponta dos pés mal tocando o chão e tomando uma fração pobre do
meu peso dos meus pulsos.
"É bom finalmente vê-la, Brooklyn. Frente a frente, isto é", ele
riu, um som brutalmente áspero vindo de seus lábios. "Agora que você
já viu a minha pequena galeria, nós dois sabemos que eu tenho vigiado
você por um longo tempo."
Agora que ele estava mais perto de mim, eu podia ver que ele
tinha um corte aberto em sua testa, logo acima do olho direito. Era
uma cicatriz, como se tivesse sido curada cerca de um mês atrás, e eu
soube imediatamente que tinha sido colocada lá por meu salto naquela
noite no beco.
Com uma mão ainda enrolada no meu maxilar, ele trouxe sua
outra mão até puxar a fita adesiva da minha boca. Eu gritei quando o
adesivo dilacerou os meus lábios, rachando a parte inferior aberta e
enviando um fio de sangue escorrendo por meu queixo. Ofeguei por ar,
assisti suas pupilas dilatando em emoção – ele definitivamente sentia
prazer em me machucar.
Não respondi.
"Suponho que você não tenha, dado o fato de que Lexi está
fora com o namorado para o fim de semana e você colocou um fim ao
seu próprio namorico com Finn." Ele zombou o nome de Finn com
desprezo, com mais emoção que eu já tinha visto nele; mesmo quando
ele me bateu no rosto, ele parecia apenas friamente interessado, sua
natureza impassível intocável.
Bem, ele poderia ter pensado que sabia tudo sobre mim, mas
pelo menos ele não sabia que Finn e eu estávamos juntos novamente.
Espere... Finn!
Comecei a tremer.
***
"Venha".
"Você não vai perguntar como eu fiz isso?" Ele disse, seu tom
de antecipação.
A última coisa que eu queria fazer era ficar nua na frente dele
e colocar algum vestido que tinha comprado para mim, como se
estivéssemos jogando algum jogo doentio, distorcido em casa. Mas com
minhas mãos amarradas, eu não tinha a menor chance de escapar.
Ele vai saber que algo está errado. Ele vai chamar a polícia.
"Não se esqueça que foi esta menina que enviou você para a
prisão, Ernie. Foi essa menina que fez com que o carro falhasse e o
conduziu para os braços da polícia", eu disse, tentando
desesperadamente manter minha voz firme e segurar minhas lágrimas.
"Cale a boca, vadia", ele gritou. "Eu sei o que você está
tentando fazer."
E aconteceu.
E eu morri.
Epílogo
Em Seguida
A vida nem sempre sai da maneira que a gente acha que será.
Era uma história sobre uma garota que se apaixona por ela
mesma. Era sobre aprender a aceitar a mulher que me tornei, com
falhas e tudo. Porque todo mundo é um pouco fodido - é a vida. E
talvez não haja qualquer felizes para sempre, ou cavaleiros brancos
que montam em cavalos valentes para salvar o dia. Talvez, na vida
real, o Príncipe Encantado não seja sempre perfeito – ele é tão falho
como todos os outros no conto.
Por que ele não pode simplesmente dizer 'Olá' como uma
pessoa normal?
Fazia quase dois anos desde que eu tinha falado com meu
pai; Eu não sabia por onde começar.
"Oi, pai."
***
"Você está bem?" ele perguntou, sua boca contra meu cabelo.
"Eu amo você, você sabe." Sua boca se abaixou para beijar
meu ombro exposto onde o vestido do hospital tinha escorregado.
"Quando eu pensei que tinha perdido você-" Ele parou. "Você morreu...
você morreu nos meus braços. Não acho que eu alguma vez vou ser o
mesmo depois disso."
Eu balancei a cabeça, sabendo exatamente o que ele quis
dizer. Eu nunca seria a mesma também.
"Sim?"
Algumas semanas.
Alguns meses.