Você está na página 1de 212

TEMPT ME, BULLY

UM

Respirando profundamente o ar fresco do final do verão, desci pela calçada


me sentindo como uma mulher de um milhão de dólares. O sol brilhava forte,
mas o ar estava fresco; a grama estava verde, mas os insetos estavam
ausentes. Mexendo com meus fones de ouvido sem fio quando cheguei à
calçada, sorri para mim mesma enquanto examinava o aparelho mal usado.
Meu pai os comprou como um presente por ter sido aceita em uma boa
faculdade, mas eles estavam em uma caixa, acumulando poeira, até meu
primeiro dia de aula. Tirando meu telefone do bolso, meu polegar formigou com
o toque estridente dos fones de ouvido se conectando, e naveguei até o
YouTube. Meus tênis amorteciam meus passos na medida que eu andava pela
calçada, puxei para cima as belas mangas rendadas que se estendiam do meu
bíceps até os nós dos dedos.
— Eu me sinto tão bem... — Murmurando para mim mesma enquanto
subia na faixa de pedestres, eu olhei para cada lado antes de pisar nas linhas
brancas do asfalto. Pela primeira vez em muito tempo, meu peito não estava
apertado, meu intestino não parecia ruim e meus olhos não ardiam
constantemente. — Isso é bom, certo? Muito, muito bom.
Lançando um olhar por cima do ombro, eu ainda podia ver a entrada da
minha casa e a pequena varanda projetando-se para a rua. O tapume1 bege não
era espetacular, mas um sorriso enorme esticou meus lábios quando pisei no
meio-fio. Mudar-me para aquela casa tinha sido um novo ar, e meus
companheiros de casa estavam todos contentes em ignorar uns aos outros para
evitar drama. No que diz respeito à habitação, eu sabia que tinha tirado a sorte
grande, voltei para o trecho à minha frente para olhar o ponto de ônibus em
frente a um banco.
O sinal vermelho aparafusado em uma parede baixa de concreto que era
baixa o suficiente para sentar, coloquei minha bolsa no meu colo antes de
checar meu telefone. Percorrendo minhas listas de música, franzi os lábios
levemente quando notei a hora e bati meu calcanhar contra a parede
distraidamente. Em algum momento nos próximos 6 minutos, o ônibus estaria

1 Geralmente de madeiras, aqui no Brasil são utilizados para delimitar uma área em obras. Mas
nos EUA é comum utilizar como paredes e delimitações de determinados ambientes de uma casa.
chegando, procurei pela música perfeita enquanto passava meu cabelo por cima
do ombro com minha mão livre.
Um ano atrás, eu não teria pensado que seria tão feliz, eu nem pensei que
estaria viva. Mais vezes do que eu poderia contar, nunca acreditei em meus
pais quando eles diziam que as coisas realmente melhoravam.
Ainda mais para me enganar, suponho.
Um pop animado saia dos meus fones de ouvido, e eu balancei minha
cabeça de um lado para outro no ritmo da música enquanto esperava o
ônibus. Não conseguia tirar o sorriso do meu rosto nem se tentasse, remexi na
parte da frente da minha bolsa para tirar minha carteira. O cartão grosso e
brilhante de passagem que me levaria de um lugar a outro estava sem vincos e
rígido, e meus olhos se estreitaram quando avistei o ônibus fazendo uma
curva. Saltando da parede com um pequeno grunhido, me aproximei do meio-
fio e uma sensação agradável subiu e desceu pelas minhas pernas.
Esse ônibus costumava ter um bom número de passageiros, e o motorista
do ônibus não esperou que eu passasse meu cartão antes de começar a descer a
rua. Arrastando-me pelo corredor, sentei-me no primeiro lugar disponível e
segurei minha bolsa em minha frente. Um pequeno e secreto sorriso apareceu
em meus lábios, minha mente se enchendo com as memórias de minha
apreensão ao pegar o ônibus pela primeira vez.
Tudo o que me preocupava, tudo que pensei que sentiria, estava
ausente; essas pessoas que pegaram ônibus eram como eu, só querendo chegar
para onde iam. Claro... eu não pegaria ônibus à noite. Isso é apenas procurar
encrenca.
Meus fones de ouvido tremeram quando meu telefone vibrou na minha
mão, e eu olhei para baixo para ver o rosto da minha mãe piscar na
tela. Deslizando o botão verde com o polegar, ajustei meus fones de ouvido para
colocar o microfone mais perto da minha boca.
— Ei mãe. Bom dia! — Eu me recostei no assento para olhar pela janela
além do local para deficientes físicos à minha direita. — Estou tendo uma ótima
manhã. Estou no ônibus agora.
— Isso é ótimo, Esmirelda! É seu sétimo dia de aula, então seu pai e eu
estávamos nos perguntando se você gostaria de voltar para casa para jantar
conosco. Seu irmão vai estar aqui também. Acho que seria bom reunir toda a
família. — Rolando meus lábios entre os dentes enquanto minha mãe falava,
eu folheei meu telefone para examinar minha agenda. — Tem certeza de que
está tudo bem em pegar ônibus para qualquer lugar? Ainda podemos pegar
uma motocicleta como conversamos.
— Não! Não, eu gosto de pegar ônibus. Não é tão ruim agora que tenho um
controle sobre os horários. Hum... vamos jantar esta noite? Quanto tempo
Steven vai ficar aqui? É só que... tenho aula de manhã amanhã. Não é antes
das 10 horas, mas eu realmente não acho que você ou papai querem me trazer
até aqui.
— Esmirelda, você mora a menos de meia hora de nós. Não nos
importamos de dirigir até aí. — A repreensão no tom da minha mãe esquentou
meu pescoço, e eu murmurei baixinho enquanto olhava ao redor. Ninguém
estava prestando atenção na minha conversa, e minha mãe bufou no fone para
aquecer meus ouvidos. — Além disso, 10h não é cedo. Eu estava pensando que
talvez seu pai pudesse até ir com você para a sua aula, você sabe o quão ruim
ele é em matemática.
Rindo enquanto meu pai protestava fracamente no fundo, eu balancei
minha cabeça quando minha mãe o repreendeu também. Ele deve ter pego o
telefone dela, e os cabelos finos do meu rosto se arrepiaram em uma alegria
infantil enquanto ele resmungava incompreensivelmente do outro lado da
linha.
— Esme, querida, você tem que voltar para casa. Eu não aguento mais
essa mulher, ela está me deixando louco. Além disso, tenho um presente para
você, então você tem que vir de qualquer maneira. — Minhas sobrancelhas
levantaram com isso, e meu pai limpou a garganta com força. — Vou buscá-la
às 16 horas. Parece bom?
— Sim, sim, tudo bem. Eu saio da minha última aula às duas horas da
tarde, mas tenho que parar no trabalho e pegar meu cheque no caminho para
casa, então posso chegar um pouco atrasada. Os ônibus funcionam na hora.
— Puxando para baixo as mangas abraçando meus antebraços, eu balancei a
cabeça distraidamente, e meu pai grunhiu antes de devolver o telefone para
minha mãe. — O que ele comprou para mim? Vamos, mãe, você nunca
conseguiu guardar um segredo. Conte-me.
— Se eu te contasse, Mark não tiraria o ar-condicionado até sentir que
provou seu ponto de vista. — Sorrindo com o quão mal-humorada minha mãe
parecia, eu observei a enorme estátua do cavalo no meio do centro da cidade
passar por nós. — Vou deixar você ir, Esmirelda. Fique segura nesse ônibus,
ok?
— Ok. Te amo mãe. — Desligamos, me fazendo sentir melhor do que
apenas alguns minutos atrás, e minha música recomeçou
automaticamente. Levantando-me quando o ônibus parou totalmente, esperei
pacientemente que a velha senhora se afastasse com sua bengala dos assentos
para deficientes físicos.
Hoje seria um bom dia, eu podia sentir isso.
Saltando do ônibus, uma vitalidade aparentemente impulsionou meu
passo, e meus tênis gastos estavam quietos em meio à agitação do centro da
cidade. O ônibus para a Carleton University já estava esperando por mim, já
tinha uma fila de alunos esperando para embarcar, e eu agarrei meu passe de
ônibus em uma das mãos e minha bolsa no outro braço. Rapidamente andando
pela calçada, eu parei atrás da última pessoa antes que um flash de um rosto
familiar na frente da fila chamasse minha atenção.
— Porcaria. — Deixando escapar o xingamento sob minha respiração, eu
franzi meu rosto enquanto olhava ao redor dos ombros com os olhos estreitos. É
verdade que Marissa estava entrando no ônibus, e eu franzi a testa enquanto o
pressentimento apertava meu intestino. Ela ganhou peso e tingiu o cabelo, mas
definitivamente é Marissa. Talvez eu deva pegar o próximo ônibus, mas ele só
vem às oito e quarenta e cinco, e minha aula é às nove horas...
Meus antebraços latejavam e apertavam sob a renda obscurecendo as
linhas finas e salientes que marcavam minha pele, e eu as agarrei com
força. Eu não teria tempo suficiente para chegar à minha aula se pegasse um
ônibus mais tarde, eu sabia, e um suor frio brotou sob a minha blusa. Marissa
pode não me notar; talvez, naquele ano que eu me afastei, ela tivesse crescido
um pouco e deixado de ser uma vadia maldita.
Mas, quando ela jogou seu cabelo loiro tingido por cima do ombro, eu não
pude evitar a sensação de que Marissa não tinha mudado nada.
DOIS

— Esmirelda! — Eu franzi meu nariz com o seu chamado e não parei de


andar, mas Marissa conseguiu me alcançar antes que eu pudesse escapar. —
Esmirelda? Ei, eu quero falar com você.
— Eu não quero falar com você, Marissa. — Abaixando minha cabeça, o
arrependimento amargou na minha língua no instante em que as palavras
saíram, a vi franzir a testa pelo canto do meu olho. Subindo mais rápido as
escadas, não pude deixar de torcer para que Marissa se cansasse e
desistisse. Ela nunca tinha sido magra no colégio, mas ela realmente se deixou
levar pelo último ano desde a formatura. Chegando ao topo do que era cerca de
vinte degraus, alcancei a grande maçaneta de bronze da porta do prédio, mas
ela pegou minha mão.
— Nunca me toque! — Empurrando para trás, eu olhei para Marissa, e
ela teve a audácia de parecer ofendida quando ergueu o nariz para mim. — O
que você quer? Tenho coisas mais importantes a fazer do que ouvir você.
— Eu quero enterrar o passado. — Uma risada chocada explodiu de
minha garganta, e eu lancei a Marissa um olhar confuso enquanto o rosto dela
se tingia de vermelho. — Esmirelda, estou tentando me desculpar. Sei que não
nos tratávamos muito bem no colégio, mas quero deixar tudo isso para trás
agora.
Um silêncio atordoado encontrou suas reivindicações enquanto eu piscava
rápido, tentando descobrir quando eu tinha tratado Marissa de qualquer
maneira. Ela me procurou ativamente apenas para ser má, me atormentando
implacavelmente. Meus braços queimaram quando uma raiva estranha passou
por mim e eu inalei profundamente em uma tentativa inútil de limpar minha
cabeça. O ar apenas alimentou as chamas que subiam pelo meu peito, e eu
lambi fortemente meus lábios repentinamente secos.
— Eu recuso. Nunca fale comigo de novo. — Voltando-me para a porta,
fiquei tensa quando Marissa agarrou meu braço e bati meu punho contra o meu
peito. Olhando intensamente, eu não pude deixar de lamentar sobre o quão
rápido minha manhã tinha ido pelo ralo, seus lábios se contraíram em seu
próprio aborrecimento. — Eu disse não me toque. Eu sei que você reprovou em
inglês, então devo dizer em francês? Non touché pas. Espanhol? No me
toques...
Uma risada bufada chamou nossa atenção, e chamas lamberam minhas
bochechas enquanto eu me virava para encarar de onde ela tinha vindo. Olhos
azul acinzentados dançantes encontraram os meus, e eu respirei fundo pelas
narinas dilatadas. Virando-me, agarrei a curva e elegante maçaneta, apenas
para parar quando Marissa falou rapidamente.
— Estou tentando me desculpar, Esmirelda. — A ironia de seu estalo não
me escapou, e Marissa conseguiu segurar meu pulso em um torno. Arrepio
subiu pelo meu braço, mas não tive tempo de reagir antes de tropeçar para
trás. Meu calcanhar escorregou do patamar e me debati enquanto o mundo
girava ao meu redor em câmera lenta...
Rolando escada abaixo, bati em algo duro, e mãos grandes agarraram
minhas panturrilhas para impedir meu pescoço de quebrar contra um degrau.
Lindos tênis de cano alto atravessaram minha visão como um elástico
estourado, e caí para o lado antes de me esparramar desordenadamente nas
escadas.
— Você é uma idiota, sabia disso? Você não vira as costas para ninguém
enquanto estiver brigando. — A voz profunda e áspera enviou ondas pelo ar
acima de mim, e eu fiquei quieta enquanto meu cérebro tentava processar o
que aconteceu. Meu corpo inteiro doía, mas minha mente esgotada não
conseguia descobrir o que doía mais quando o homem que me pegou se agachou
na minha frente. — Você tem sorte de não ter quebrado o pescoço. Quero dizer,
toda aquela piada sobre reprovar em inglês foi inteligente, mas foi uma decisão
ruim. Ela provavelmente não teria empurrado você se você não a deixasse com
raiva.
Ele está me culpando por isso? A ideia me surpreendeu e eu pisquei com
força antes de me esforçar para me sentar cuidadosamente. Estremecendo
quando a dor subiu pelo meu braço, um suspiro escapou dos meus lábios
trêmulos, e segurei meu pulso contra o peito. Flexionando meus dedos livres,
passei a mão pelo cabelo e puxei meus joelhos para cima.
— Ei... — Agarrando meu queixo, o homem me forçou a olhar para ele, e
minha visão turvou quando os cabelos da minha nuca se arrepiaram. O medo
coagulou meu intestino, e ele se inclinou para perto enquanto enredava sua
mão livre na minha cabeça para puxar meu cabelo para trás. — Você precisa ir
ao hospital? Você está com um hematoma aqui. Eu diria que você escapou fácil,
mas é sua própria culpa, então...
— M-minha culpa? — Gaguejando levemente, eu vacilei quando mordi
minha língua, e ele soltou meu cabelo para acenar com uma gravidade
arrastando seus lábios. — Ela me empurrou!
— Você a instigou chamando-a de estúpida e depois virando as costas para
ela. Se você não queria que as coisas piorassem, não deveria ter dito nada, ou
melhor ainda, deveria apenas ter dado um soco no estômago quando ela se
aproximou de você. No mínimo, ela tem muita pele, você não teria causado
muito dano. — Minha mandíbula se abriu em choque, e ele soltou meu rosto
para se levantar e agarrar meu bíceps. — Não é isso que eles te
ensinam? Simplesmente ignore e a pessoa ficará entediada e seguirá em frente
com outra pessoa? Você sabe quanto tempo isso leva? Bem, aposto que sim, já
que vocês duas parecem ter uma história...
Colocando-me de pé, o homem fez uma careta sombria com suas próprias
palavras, e eu engoli em seco quando a dor formigou minha perna esquerda. Ele
me segurou pelos ombros, e a incerteza borbulhou em meus olhos antes que ele
usasse a parte carnuda de sua palma para limpar meus cílios. Este tipo de dor,
eu não estava bem familiarizada para lidar, e funguei forte enquanto meu peito
ameaçava esmagar meu coração batendo furiosamente.
— Não seja uma vadia, sim? Aceite como uma mulher. Diga a si mesma
tudo o que você precisar. — Eu não conseguia afastar a sensação persistente
de que este homem estava tentando me confortar e engoli o caroço na minha
garganta. — Além disso, poderia ser pior, certo? Você poderia estar usando
uma saia.
Poderia ser pior... certo? O pensamento criou buracos em meu cérebro, e
eu respirei fundo enquanto racionalizava meus sentimentos, algo que nunca
pensei que teria que fazer novamente. Claro, poderia ser pior; Marissa
costumava me empurrar quase diariamente. Isso foi no ensino médio, porém,
quando éramos crianças e não adultos, e as consequências de nossas ações não
podiam nos afetar.
— Poderia ser pior, sim... — Ele acariciou minha cabeça como se eu fosse
um gato, e eu exalei meu folego ardente tão lentamente quanto pude. Travando
os olhos com ele, limpei minha garganta rudemente e ele apertou meus ombros,
mas não me soltou. — O-obrigado por me ajudar.
— No problemo, señorita. Ajudar os desamparados é o que eu faço.
— Lançando-me um sorriso encantador por baixo de sua barba espessa, o
estranho deslizou cuidadosamente as palmas das mãos pelos meus braços. Seus
olhos se estreitaram, mas eu consegui me equilibrar bem antes que ele desceu
as escadas para agarrar meus fones de ouvido sem fio. — Você realmente
deveria aprender alguma autodefesa ou algo assim. Você é bem gostosa, você
sabe… Você tem que ter cuidado.
— Hm... o-ok...? — Observando-o examinar meus fones de ouvido, meus
olhos se arregalaram e peguei minha bolsa com a mão ilesa enquanto o pânico
tomava conta do meu coração. — Meu notebook, oh!
Minha bolsa estilo carteiro era acolchoada e tinha uma proteção rígida
envolvendo meu notebook, e gemi quando a realização se apoderou de mim. Eu
não seria capaz de descobrir se ele estava danificado até que o ligasse. Olhando
para cima os degraus, toquei meu pé flamejante no degrau apenas para
estremecer quando o fogo se espalhou pela minha espinha. Um braço
musculoso deslizou em volta da minha cintura, e o homem segurou meus fones
de ouvido na frente do meu rosto.
— Eles não parecem quebrados, mas você deve testá-los. — Ele pendurou
o dispositivo em volta do meu pescoço e eu segurei seu antebraço quando ele
ofereceu. — Seu nome é Esmirelda, certo? Como a cigana do Corcunda de Notre
Dame?
— Sim... é o filme favorito da minha mãe.
— Você realmente não vive de acordo com a sua homônima2, ela é
durona. Quero dizer, você se defendeu muito bem, admito. — O que há com
esse cara? Eu não conseguia descobrir se ele estava me elogiando ou me
insultando, ou ambos? — Eu sou Michael, a propósito. Você tem sorte de eu
estar aqui. Aquela vaca gorda provavelmente pensou que eu pularia
nela. Honestamente, eu fiz um favor a ela, você poderia ter morrido se tivesse
caído escada abaixo.
— Ela puxa essas coisas o tempo todo. Adiei um ano especificamente para
evitá-la e me recompor depois de como ela me tratou no colégio.
— Resmungando minha resposta, suspirei irritada quando Michael apertou
seu braço em mim quando demos um passo. — O-obrigado, novamente, por me
ajudar.
— Se você quiser ganhar um pouco de coragem, me avise. — Piscando com
força para isso, eu apenas franzi o rosto e deixei a ele nos deslizar quando
alcançamos o patamar. — Você pode ir para a aula sozinha, certo? Eu tenho
que trabalhar, na verdade.
Ele é tão direto.
— Hum, eu acho que sim. Obrigado, mais uma vez. — Michael me soltou
completamente, esperando alguns segundos enquanto eu testava meu pé, e eu
balancei a cabeça tristemente. Quando olhei para cima, ele já estava descendo
as escadas e respirei fundo. Meu cérebro tentava freneticamente acompanhar
a situação, mas havia, pelo menos, duas coisas que eu sabia com certeza.
Marissa me evitaria, agora, até que superasse sua preocupação de que eu
registrasse um boletim de ocorrência. Isso levaria algumas semanas, pelo
menos.
E eu meio que esperava ver Michael novamente. Meu olhar travou em
suas costas, e eu franzi meus lábios enquanto descia para sua bunda.

2
Termo que designa duas ou mais palavras com o mesmo som, mas com significados
diferentes.
TRÊS

— Não vou chegar em casa antes que meu pai venha me buscar.
— Olhando intensamente para o meu celular, eu arranquei meus olhos
ardentes do dispositivo para olhar por cima do ombro. Apoiado pesadamente
na muleta, todo o meu corpo doía, apesar do Advil que o médico me dera; eu
passei quatro horas na sala de emergência, mas não havia tantos pacientes
esperando para serem atendidos. Nenhuma ambulância gritando por atenção,
e quando fui para uma baía, a enfermaria estava praticamente vazia.
Eu poderia ter ido ao CVS3 e entrado e saído em dez minutos... Usando a
rampa, desci desajeitadamente para a calçada e meu humor sombrio só se
intensificou enquanto eu pensava em minha experiência. Quando as
enfermeiras viram minhas cicatrizes de automutilação, começaram a me
interrogar sobre meu estado mental e me encaminharam para a ala
psiquiátrica. Até o médico disse que as cicatrizes eram antigas, mas ele queria
me manter durante a noite para observação.
O que não fazia sentido, porque o médico admitiu que meus ferimentos
eram consistentes de uma queda. Ele apenas parecia cético por eu não ter me
jogado para baixo em vez de ser empurrada.
— Está quase escuro... eu deveria ligar para meu pai e dizer a ele para me
buscar no trabalho. — Tentar navegar no meu celular com uma mão, só
aumentou minha frustração, e eu lutei para respirar enquanto a emoção
fechava minha garganta. Hoje tinha sido uma montanha-russa e tudo que eu
queria era dormir. Apoiada em uma longa parede de frente para a estrada,
passei a mão trêmula pelo cabelo.
Eu nem sabia o que diria ao meu chefe; eu poderia conseguir um registro,
mas teria que encontrar alguém para me cobrir amanhã.
De alguma forma, consegui chegar ao contato do meu pai e meu polegar
pairou sobre a tela enquanto a incerteza inundava minhas veias. Eu fiz muito
progresso, mas meus pais estavam nervosos sobre eu ficar no campus. E se eles

3 “Crappy Variety Store"; uma rede de farmácias que estoca suprimentos de saúde e beleza,
salgadinhos, acessórios para fotos e itens de conveniência que são todos de baixa ("crappy" que quer dizer
porcaria) qualidade.
tentarem me fazer voltar? Não quero voltar para casa e correr o risco de ser
sugada de volta. Estou bem, estou bem.
Pelo menos, era o que eu dizia a mim mesma constantemente e, como esta
manhã, às vezes consegui acreditar.
Soltando um suspiro enorme, eu bloqueei meu telefone e coloquei-o na
partição externa da minha bolsa com um suspiro de derrota. Descansando
minha cabeça contra a parede, minhas pálpebras se fecharam enquanto eu
ponderava sobre meu próximo passo. Eu tinha que ir buscar meu cheque, e a
caminhada não ficava muito longe do hospital.
— Ei! — O chamado foi seguido por uma buzina, e enviou um empurrão
através de mim, eu apertei minha muleta quando minha cabeça estalou para
frente. Michael se inclinou sobre o console central de um elegante carro cinza
claro de duas portas, e o constrangimento inundou meu rosto quando ele abriu
a porta do passageiro. — Entre.
— O que? Não, estou bem. Eu tenho que ir trabalhar. Não é tão longe.
— Gemendo alto, Michael abaixou a cabeça dramaticamente com o meu
protesto, e eu mordi meu lábio inferior furiosamente. — Michael, você vai parar
o tráfego.
— Bem, é melhor você entrar, certo? Eu não consigo alcançar a porta,
então manque sua bunda empinada até aqui e entre. — Minha pálpebra se
contraiu em agitação, mas eu resmunguei para mim mesma enquanto fazia
exatamente o que ele disse, mancando minha bunda pela calçada e para fora
do meio-fio. O sinal ficou verde logo acima da minha cabeça, e eu me apressei
para sentar e colocar minha muleta no carro antes de fechar a porta. — Então,
Esmirelda, só um palpite, mas você deveria ter ido a uma clínica de
atendimento rápido e apenas tirado alguns raios-x.
— Prefiro não falar sobre isso, por favor. — Afivelando meu cinto, afundei
no assento e fechei os olhos, e Michael olhou para meu pulso e tornozelo
enquanto o carro avançava.
— Para onde vou? — Acendendo a seta quando eu falei o nome da loja, ele
desviou suavemente para a pista de conversão em silêncio. Qualquer esperança
que eu tivesse de que Michael deixaria o assunto de lado foi frustrada quando
ele respirou fundo para se preparar e eu franzi o nariz. — Eles devem ter
mexido muito, se você está tão mal-humorada. Eu tenho que dizer, é meio
quente, mas não a parte sobre como você estar mal-humorada, mas só que você
é.
— Michael, por favor, por favor, pare com isso. Passar quatro horas em
uma sala de emergência quase vazia não é o pior dos meus problemas agora,
ok? — Por um breve segundo eu me perguntei se entrar em um espaço fechado
com Michael era uma boa ideia. Bem, claro que não. Ele é um estranho e eu sou
uma garota. — Eu só preciso de um segundo.
— Você não teve apenas quatro horas?
— Pare o carro, então, e me deixe sair se você não gostar! — A maldade
do meu próprio rosnado chocou a nós dois, e eu abaixei minha cabeça enquanto
meus olhos queimavam ferozmente. Cobrindo minha boca para esconder minha
careta, estremeci enquanto as emoções corriam para cima e para baixo em
minha espinha. Michael apenas flexionou os dedos ao redor do volante, mas
manteve a boca fechada, e me virei para olhar pela janela os edifícios
familiares.
Dirigimos por alguns minutos até o meu trabalho em silêncio e Michael
encostou no meio-fio antes de estacionar o carro. Fazendo malabarismo com
todas as minhas coisas, abri a porta e me esforcei para sair sozinha. A dor na
minha perna se intensificou a cada movimento que eu fazia, mas eu apenas
cerrei os dentes e me levantei do banco do passageiro.
— Você quer que eu espere por você? — Eu mal conseguia ouvir Michael
por causa do sangue correndo em meus ouvidos e balancei a cabeça com
força. Batendo a porta fechada com meu quadril, respirei fundo e ele não
esperou que eu me virasse para agradecê-lo antes de sair do meio-fio. Seu carro
deu um baque poderoso e desagradável, e eu fiz uma careta enquanto meu
coração batia forte por seu chassi.
— Obrigado, de novo... eu acho... — Ajustando minha bolsa no ombro, fixei
meu aperto na muleta e cambaleei para as portas de vidro deslizantes. Eu tinha
conseguido esse emprego antes de ir para a faculdade, então estava confiante
de que não seria criticado por precisar tirar um dia de folga. A loja de moda
sofisticada sempre cheirava a senhoras ricas de meia-idade, e eu bufei quando
isso ameaçou me sufocar. Obviamente, minha tolerância não era alta o
suficiente, ainda, para não ser incomodada por perfume forte enquanto estava
angustiada.
Fazendo meu caminho para a mesa de cortesia, sorri culpada quando
Macy me avistou, e seus olhos se arregalaram quando a surpresa e a
preocupação mascararam seu rosto.
— Oh, meu Deus! Você está bem? — Constrangimento e humilhação se
misturaram na mesma medida para agarrar meu pescoço, e Macy contornou a
mesa de cortesia para correr até mim. — O que aconteceu?
— Um... eu fui empurrada para baixo em um lance de escadas de concreto
do lado de fora da minha sala de aula matinal. Vim buscar meu cheque, e
também... preciso tirar folga amanhã, provavelmente. — O acanhamento
suavizou meu tom e Macy segurou meu braço com cautela para me sentar no
banco contra a parede na altura da cintura que protegia a mesa da entrada. —
Sinto muito pelo atraso, fui para o hospital e eles demoraram uma eternidade...
Eles até tentaram me prender durante a noite, e eu... Quer dizer, foi uma
bagunça...
— Você vai registrar um boletim de ocorrência na polícia? Isso é sério,
Esmirelda. Algo está quebrado ou apenas torcido? E a sua cabeça? — Apesar
da alta taxa de rotatividade, porque esta era uma cidade universitária, Macy
se importava muito com seus funcionários e calor inundou meu
peito. Sentando-se ao meu lado, ela segurou minha mão desembrulhada na
dela, e eu levantei meu pulso ferido distraidamente.
— Acabei de torcer o tornozelo e o pulso. Não tenho uma concussão nem
nada, mas você sabe como é, é sempre pior no segundo dia. É por isso que quero
tirá-lo. Meu pai está vindo me buscar, e provavelmente vou passar a noite na
casa deles. Tenho aula amanhã de manhã, mas acho que não vou conseguir
trabalhar. — Minha longa explicação me rendeu acenos e zumbidos, e Macy
balançou para trás para cruzar os joelhos casualmente. Pensamentos ruins
inundaram minha mente pela preocupação em seus olhos castanhos, e eu
segurei minha respiração em antecipação.
— Você está trabalhando aqui em tempo integral há quase 6 meses,
Esmirelda, não há nenhum problema para mim em tirar seu primeiro dia de
folga nesse período. Seu pai sabe onde estamos? Normalmente era sua mãe que
te levava, certo? — Respirando um suspiro de alívio, eu balancei a cabeça e
Macy sorriu amplamente. — Bom, você fica bem aqui, relaxe. Vou fazer
algumas ligações e encontrar alguém para cobrir para você.
— Ok. Obrigada, Macy. Eu agradeço. — Alcançando o bolso da frente da
minha bolsa para pegar meu telefone, sorri enquanto Macy se levantava para
dar a volta na mesa de cortesia. Este não foi meu primeiro trabalho, mas foi
meu favorito; todos que trabalhavam aqui estavam contentes, eu não tinha
certeza se alguém trabalhando nem lojas estava realmente feliz, mas essas
meninas eram próximas o suficiente. Inclinando-me contra a parede, mandei
uma mensagem ao meu pai para que ele soubesse onde eu estava e que não
estaria em casa como tínhamos planejado.
Eu realmente espero não chorar ao vê-lo.
QUATRO

Olhando pelo para-brisa a frente da loja, não pude deixar de franzir a testa
enquanto o pai de Esmirelda a ajudava a subir no carro. Mesmo de longe, eu
poderia dizer que ela estava super ventilando, chorando, uma bagunça
completa. Ela mal conseguia ficar de pé mesmo com a muleta, muito menos
andar, e eu agarrei meu volante com força. Eu não deveria ver isso, mas tudo
que eu queria fazer era dizer a ela para engolir isso.
Um sentimento de raiva se espalhou pelo meu peito; não era como se
Esmirelda estivesse simplesmente desmoronando sem maldita razão. Ela viu
seu pai e... bem, eu não tinha certeza do que aconteceu porque meu pai era um
pedaço de merda, mas esse não era o ponto.
— Merda. — Batendo no volante com a palma da mão enquanto
Esmirelda desaparecia em um belo Subaru4, peguei meu telefone do
bolso. Discando para meu chefe com um toque rápido do meu polegar, eu fiz
uma careta para o painel. — Ei, Donnie, eu preciso usar um dos elevadores da
baía. Acho que estraguei meu eixo traseiro com esse pedaço de lixo.
— Bem, olá para você também, Michael. — A voz profundamente
divertida enviou um arrepio em meu rosto, e estendi a mão para coçar minha
barba em agitação. — Você sabe, este lugar não é seu, nem para uso
pessoal. Tenho clientes que precisam dessas baias.
— Por que você está reclamando? Eu pago como quando Steve traz o
pedaço de merda da mãe. Não acho que haja algo quebrado, mas chamei um
reboque para sua loja. — Sentando-me quando o pai de Esmirelda parou no
meio-fio, segui o carro azul escuro o máximo que pude antes de perdê-lo na
rua. Gemendo alto, passei a palma da mão sobre a cabeça e afundei para trás
com um forte empurrão no banco do motorista. — Hoje foi uma merda, Donnie.
— O que aconteceu?
— Essas duas mulheres, que aparentemente têm uma história, brigaram
enquanto eu caminhava para o trabalho hoje de manhã, certo. Bem, essa garota
empurra a outra escada abaixo, e eu corri para alcançá-la. De qualquer forma,
acabei de vê-la saindo do hospital no meu caminho para casa, então a deixei no

4 Marca de uma empresa de carros Japonesa.


trabalho e ela está de muleta. Eu me senti muito mal por simplesmente ignorá-
la, e seu trabalho fica a apenas três quarteirões do hospital. Saí do meio-fio
errado, mas não acho que ela percebeu que eu não consegui sair do
estacionamento. — Um feio rasgo arranhou minha garganta com o quão
estúpido parecia, e eu suspirei fortemente. — Tenho a sensação de que não é a
primeira vez que essa garota é empurrada escada abaixo. Isso me magoa da
maneira errada, Donnie.
— Então, eu não entendo onde está a parte 'merda' disso, Michael. Você
fez piorar por ser um idiota ou algo assim? — Minha bochecha se
contraiu; Donnie me conhecia muito bem, considerando que eu trabalho para
ele desde os 13 anos. Ele riu quando eu afundei mais fundo em meu assento, e
cerrei meus dentes com força. — Ela gritou com você por dizer algo insensível?
— Sim. Eu só estava tentando aliviar o clima. Ela estava realmente
estressada - tipo, pronta para chorar na hora por cocô de pássaro atingindo meu
para-brisa ou algo assim. — Resmungando minha resposta, esfreguei minha
cabeça com a palma da mão enquanto meu já mal-humor descia pela merda. —
Quero dizer, ela tem seus momentos de esperta e atrevida, e ela é estúpida e
sexy. Talvez, eu só a peguei em um dia ruim?
— Bem, Michael... não parece que você fez o dia dela piorar, então aceite
a vitória. — Eu bufei uma zombaria dessa lógica, e Donnie fungou no telefone
quando um caminhão de reboque parou perto da luz na frente da entrada do
estacionamento. Abrindo a porta, saí do carro para segurar o braço e meu chefe
suspirou no fone. — Você sabe, Michael - às vezes o amor duro não é a melhor
opção. As mulheres não gostam de serem menosprezadas.
— Eu não estava menosprezando-a... — Me afastando enquanto meus
encontros com Esmirelda passavam pela minha mente, eu lambi meus dentes
em incerteza. — Você acha que foi assim que ela reagiu? Quer dizer- eu não
quis dizer isso. Eu estava apenas declarando fatos.
— Não sei o que você disse, mas garanto que ela entendeu de todas as
formas, menos como você quis dizer, garoto. — Merda. — De qualquer forma,
vou limpar a baía 3 para você.
— Sim, o reboque está aqui, então... — Desligamos um no outro e eu
deslizei meu telefone no bolso quando a caminhonete apareceu atrás do meu
carro. Eu conectei centenas de carros, mas desta vez, eu apenas recuei e deixei
esse cara fazer seu trabalho enquanto minha mente se voltava para coisas mais
importantes.
Talvez seja por isso que Esmirelda foi para a aula em vez de ir para uma
clínica de minuto imediatamente? Ela estava envergonhada por algo que eu
disse, ou ela era tão dedicada aos estudos? O que eu poderia ter dito que a
deixou envergonhada?
…Foda-se - tudo o que eu disse. Jogando minha cabeça para trás, eu
respirei fundo e forte pelo nariz em minha própria idiotice. Na época, parecia
perfeitamente razoável dizer a Esmirelda para 'levar isso como uma mulher'...
Não admira que ela não quisesse ficar por aqui.
— Droga. — Arrastando o salto do meu tênis contra o asfalto, eu balancei
minha cabeça bruscamente. — Isso sempre acontece. Obrigado por 'me ensinar
a ser um homem', pai.
Minha pálpebra estremeceu quando meus pensamentos mudaram para
meu pai, e eu balancei para trás em meus calcanhares para exalar um hálito
quente. Antes de perceber que ele era um maldito psicopata narcisista, eu
estupidamente absorvi tudo o que ele me disse. Se meu pai olhasse em minha
direção, eu estava vibrando de felicidade pelo próximo dia e meio.
Quando eu tinha 10 anos, meu pai disse que eu tinha idade para ser
homem e comi essa merda. Ele me ensinou a atirar com uma arma e a cozinhar
perfeitamente um bife na grelha - porque a grelha era domínio do
homem. Aquele bastardo me manipulou completamente e, a princípio, tudo
parecia inofensivo.
Mas isso acabou quando fiquei com raiva de minha mãe por quebrar uma
caneca que fiz na primeira série para ela. Ela estava muito chapada,
provavelmente, para me ouvir ou perceber o que tinha feito. Não sei que tipo
de emoções outros meninos de 10 anos teriam sobre sua mãe usando crack, mas
me senti impotente. Eu me senti indesejado. Eu me senti abandonado.
O que é muito bom porque pelo menos esses eram sentimentos
justificados. Eu estava indefeso e indesejado. Meu peito se apertou de vergonha
quando contei o que aconteceu quando meu pai voltou para casa naquela
noite. Eu falei sobre a caneca, como eu estava triste e traído, e eu sabia com
certeza que meu pai iria me ajudar.
Sua resposta foi dizer a mim, uma criança relativamente pequena, para
bater em minha própria mãe para 'lhe dar uma lição'. Mesmo agora, 10 anos
depois, fiquei chocado como alguém poderia pronunciar essas palavras.
— Talvez, eu tenha sido um pouco duro com Esmirelda... — Cerrando e
liberando meus punhos, eu os enfiei em meus bolsos enquanto o zumbido alto
e mecânico do caminhão ecoava em meus ouvidos. — Ela se segurou. Essa
cadela estava claramente ansiosa por uma luta.
Além disso, eu era um hipócrita; Eu fugi de meus pais naquela noite
quando percebi que meu pai era um monstro. Por que eu estava sendo tão idiota
sobre Esmirelda fugir de alguém que havia fodido com ela por anos
também? Era a mesma coisa exata.
— Da próxima vez que a vir, vou pedir desculpas por ser um idiota.
— Quando eu pisquei, eu podia ver a expressão confusa e atordoada de
Esmirelda toda vez que eu abria minha boca estúpida de merda, e meus lábios
se apertaram em uma careta. — Foi apenas um dia ruim - Esmirelda acabou
de ter um dia de merda, merda.
— Ei, pronto para assinar e ir para a loja? — Tirando-me dos meus
pensamentos, o cara que dirigia a plataforma caminhou até mim para segurar
uma prancheta. Sacudindo minhas memórias, peguei a oferta para examinar o
formulário e assinar na parte inferior. — Para onde você está indo?
— Monroe na Clearwater Street. — Vou descobrir o que fazer com
Esmirelda depois de me certificar de que meu carro não vai
quebrar. Contornando a frente da caminhonete enquanto o cara subia na
cabine, eu balancei a cabeça para mim mesmo.
CINCO

Seis semanas depois...

Minhas mãos tremiam enquanto eu entrava na minha casa, e um enjoo


que só aumentou de intensidade nas últimas semanas me corroeu o
estômago. Tirando minha bolsa do ombro dolorido, apertei minha mandíbula
com força, mas a pulsação implacável que agarrou meu corpo em um torno não
diminuiu.
— Esmirelda... — Levantando os olhos cansada, não pude deixar de
franzir a testa ao ver os olhares preocupados que Lisa e Caitlyn lançaram em
mim, e Lisa franziu a testa para trás. — Estamos preocupadas com você. Você
não está com boa aparência e nem está comendo.
— Nem diga “estou bem”... — Cortando-me antes que eu tivesse a chance
de separar meus lábios rachados, Caitlyn se aproximou para pegar minha
bolsa. — Você pode nos dizer o que está acontecendo. Se precisar de ajuda, nós
a ajudaremos.
— Sem ofensa, mas... — Minha voz abaixando quando ela me lançou um
olhar duro, minha vontade de negar foi drenada pelos meus pés para a madeira
dura. Suspirando derrotada, me arrastei para o sofá para cair pesadamente, e
Lisa sentou-se de um lado enquanto Caitlyn segurava a minha
esquerda. Minha mente vagou lentamente, um peso familiar pesando em meus
braços e cabeça, e eu encarei meu colo. Pelo que pareceu um longo tempo, fiquei
quieta enquanto as últimas semanas passavam por minha mente, e minhas
pontas dos dedos formigavam loucamente, quase dormente.
Mas, o que eu poderia dizer? Eu não conseguia pensar em nada para dizer,
mas precisava de algum alívio. Inclinando-me lentamente, descansei minha
bochecha no ombro de Lisa, e o impacto quebrou a parede fraca e fina que
segurava minhas emoções. Meus músculos se contraíram, as lágrimas ardiam
em meus olhos, e respirei fundo, respirando superficialmente em meus pulmões
em chamas.
— Eu... estou tão t... tão cansada... — Meus soluços me atingiram com
força total quando uma mão gentil esfregou minhas costas. Eu estava cansada
de tudo, estava farta de chorar, não aguentava mais ter medo - estava cansada
de estar cansada. Eu estava exausta de temer o dia.
Nada mudou; Marissa e eu compartilhamos aulas, e ela vinha para mim
constantemente. Assim como no colégio, ela empurrava o ombro para mim,
fazia comentários maliciosos e jogava coisas em mim. Se eu movesse meu
assento, ela me chamaria de nomes no caminho.
O que poderia ter sido pior é que todos ao meu redor fingiram não
notar. No colégio, eu poderia dizer a um professor, mas esses professores não
se importavam com o que acontecia em suas próprias aulas, muito menos além
das portas.
— Ela está pior... pior do que nunca... eu... eu não sei o que fazer... — De
alguma forma, espremendo as palavras através do caroço na minha garganta,
meu corpo tremia violentamente, e um suor frio começou a brotar as minhas
roupas. Lisa apenas esfregou minhas costas, quieta, disposta a ouvir. — Não
posso- não posso... não posso fazer isso de novo...!
— Vocês duas têm uma história, então? — Acenando com a cabeça aos
arrancos, funguei com força, mas minhas lágrimas não diminuíram, mesmo
quando Caitlyn colocou a mão em meu ombro e apertou suavemente. Mesmo
apenas aquela leve pressão ameaçou quebrar meus ossos frágeis, e eu
engasguei com um suspiro quando a dor percorreu minha espinha. — Se já está
acontecendo há muito tempo, Esmirelda, talvez escolher o caminho certo não
funcione. Você já tentou ir à polícia e ver o que eles podem fazer?
— O que eles fariam? Não tenho provas de que ela me empurrou escada
abaixo e... eles não fizeram nada quando... quando... — Eu não consegui me
forçar a dizer essas cinco palavras, e Lisa descansou sua bochecha no meu topo
confortavelmente. — Eu não posso... eu...
— Não havia um cara que te ajudou quando ela te empurrou? Você pode
obter um pedido sem contato, talvez. Não há câmeras apontadas para as portas
das salas de aula?
— Obter um pedido sem contato é um sistema de consequências
reacionário, Lisa. Além disso, Esmirelda poderia apenas instigar conseguindo
um, e ninguém iria impedir essa garota até que algo acontecesse. Quem sabe o
que poderia ser. — Chegando mais perto de mim, Caitlyn colocou os braços em
volta de mim, e eu estendi os punhos nos olhos até que pontos coloridos
atacaram minha visão. — Eu fico querendo não colocar sua fé em um sistema
como esse, Esmirelda. Você deveria fazer algo, no entanto.
— Eu quero sair... é isso que eu quero fazer... — O gosto amargo e metálico
de fracasso e vergonha revestiu minha língua fortemente, e eu estremeci apesar
do calor que queimava em minhas roupas. — É muito d... demais...
— Você quer que eu vá bater na bunda dela? — Balançando a cabeça
instantaneamente com a oferta de Lisa, joguei meu corpo para trás e cobri meu
rosto com as palmas das mãos úmidas. Minhas bochechas ameaçaram derreter
em seus ossos, e eu pairava em respirações quentes e curtas enquanto meu
coração disparava em sua gaiola. — Mmm... que tal pegar um spray de
pimenta? Então, você pode simplesmente atirar nela se ela tentar mexer com
você. Faça o suficiente e ela entenderá a dica, como um cachorro.
— Ou um taser5. Ambos podem ser usados no campus. Eu tenho um por
causa de minhas aulas posteriores. Você pode pegá-lo emprestado por um
tempo, se quiser, Esmirelda. — Meu coração doeu com a preocupação de
Caitlyn, mas apenas balancei a cabeça novamente e espiei por entre os dedos
rígidos. — Nós vamos conseguir pelo menos um spray de pimenta para
você. Tenho que ir até a loja antes de sairmos, de qualquer maneira. Você quer
vir, apenas para sair e fazer alguma coisa?
— Para a loja? Acho que posso... — Caitlyn sorriu, mostrando suas
covinhas, e ficou um pouco mais fácil respirar quando me sentei e esfreguei
meu rosto com força. — Deixe-me lavar o rosto.
— Sim, nenhum problema mesmo. Vou comprar um novo par de jeans,
então quero dar uma olhada antes de sairmos, de qualquer maneira. Vamos
parar e comer algo também. Estou morrendo de fome honestamente.
— Por que você não vem a essa festa conosco também, Esmirelda? — Os
cabelos da minha nuca se arrepiaram e meu intestino apertou de apreensão
quando me virei para Lisa. — Você ainda não foi a uma festa, certo? Vai ser
divertido. No mínimo, isso vai distraí-la de uma forma ou de outra.
— Você quer distraí-la de um momento ruim com um momento pior? Sério,
Lisa...
— Não! Eu vou fazer isso! — Desfocando meu grito, cerrei minha
mandíbula enquanto o fogo subia pelo meu pescoço, e Lisa sorriu em triunfo. —
Não pode ser tão ruim, certo? Eu não acho, quero dizer, não posso bater até
tentar...
— Vai ficar tudo bem, Caitlyn. Seriamente. Uma pequena bebida doce com
um pouquinho de álcool, e um pouco de dança e um pouco de diversão fará
maravilhas para você, Esmirelda. — Levantando-me com as pernas rígidas,
esfreguei as palmas das mãos no meu jeans e puxei as mangas até os
cotovelos. Essas, em particular, simplesmente se agarraram aos meus pulsos e
eu ajustei o tecido contra a minha pele quente. As cicatrizes embaixo coçaram,
mas eu forcei a sensação para baixo enquanto me arrastava em direção às
escadas.

5
Arma de choque.
É certo que me senti um pouco melhor depois de chorar, mas o fato era
que Caitlyn e Lisa estavam longe de serem minhas amigas. Marissa pode ser
meu problema mais flagrante, mas ela não era a única, e eu passei meus braços
em volta de mim enquanto subia os degraus.
Toda vez que eu via Michael pelo campus, ele me olhava carrancudo e fazia
uma linha de abelha em minha direção. Ele sempre parecia tão zangado e eu
sempre fugia. Abaixando minha cabeça de vergonha, eu mordi minha bochecha
enquanto cheguei ao segundo andar. Se ele fosse gritar comigo, então seria
mais fácil evitá-lo.
Ele provavelmente vai me dizer para crescer e parar de deixar tudo me
incomodar. Engolindo o caroço denso na minha garganta, eu balancei minha
cabeça violentamente enquanto entrava no banheiro. Meu reflexo estava
pálido, meus olhos vermelhos e inchados, e me inclinei para apertar os olhos
enquanto cutucava minhas bochechas esqueléticas.
— Eu mal posso lidar com Marissa... se Michael fizer isso também... —
Empurrando minhas mangas para baixo, esfreguei meu polegar contra as
fendas levantadas em meus antebraços. Por um breve período, os cortes
cicatrizados pararam de doer constantemente.
Mas, aquele tempo havia passado e eu mal conseguia me lembrar disso
agora.
SEIS

Apertando minha xícara, franzi meu nariz enquanto levava a borda aos
lábios. Eu não deveria estar bebendo, eu sabia, mas precisava de algo para me
acalmar. Contanto que eu nunca mais beba, vai ficar tudo bem.
Tomando de volta a pequena quantidade de tequila que Lisa tinha
derramado para mim, eu saboreei a queimadura, pois queimou minha
garganta. Esta queimadura não doeu, não era uma pulsação incessante que eu
não pudesse vencer, e suspirei ardentemente. Balançando minha cabeça
mesmo quando meus olhos começaram a nadar nas órbitas, eu joguei meu copo
em um saco de lixo próximo pendurado na porta da geladeira.
— Vamos dançar. — Pegando minha mão, Lisa sorriu encorajadoramente,
e eu a segui até a sala de estar da casa da fraternidade. Supostamente, a festa
ainda não estava a todo vapor, mas Caitlyn e Lisa me levaram mais cedo. O
reconhecimento delas por minha hesitação foi comovente, e eu sinceramente
esperava que nos tornássemos amigas, mesmo que não
fôssemos bons amigos. A música bombeava pelo chão e vazava das paredes, e
eu bati minha cabeça quando uma das minhas canções favoritas abrangia a
sala inteira.
Cerca de três dúzias de alunos ocupavam o primeiro andar do local,
conversando, havia um casal no sofá estava se beijando intensamente. Estar
perto disso era surreal, e o álcool aquecendo meu sangue aumentava a
sensação. Caitlyn tinha me dado uma bebida doce quase sem tequila antes de
eu tomar aquela dose, e olhei por cima do ombro enquanto ela conversava com
alguém que não reconhecia.
— Seu jeans não está caindo, pelo menos. — Voltando-me para Lisa, sorri
pequeno e sombrio, e ela atirou seus antebraços sobre meus ombros para travar
os olhos em mim. — Quanto você pesa? Você tem quanto, 1.65? 1.67?
Assentindo enquanto balançava com o baixo que fazia a casa tremer, olhei
para baixo distraidamente, mas tudo que eu podia ver eram meus sapatos além
dos meus seios. Minha regata abraçou meu torso, liso e preto e respirável, e
lambi meus lábios secos pesadamente.
— Sim, eu tenho 60kg... ou pesava isso algumas semanas atrás. — Eu
praticamente podia ouvir a pergunta silenciosa de Lisa e descansei minha
bochecha em seu antebraço enquanto ela penteava meu cabelo com os dedos. —
Eu não tenho um distúrbio alimentar nem nada... eu juro - é só depressão. Eu
fico doente quando como e fico estressada.
— Aquela garota que te empurrou no mês passado... ela deve estar com
tanto ciúme. Você é linda, sabia disso, Esmirelda? Até o seu nome é lindo.
— Minhas bochechas esquentaram com o elogio dela, e eu ri um pouco
envergonhada quando Lisa sorriu. — Só estou dizendo que dar uma bronca
nela não faz de você uma pessoa ruim, especialmente se você se sentir mal
depois disso.
— Minha mãe disse a mesma coisa. — A diversão estimulou meu tom e
Lisa arqueou uma sobrancelha delgada e castanha enquanto seu sorriso se
alargava. — Ela odeia a mãe de Marissa. Eu não diria que ela ficou “feliz” em
saber que eu tive um problema com Marissa, mas definitivamente a ajudou a
ser mais direta.
— Sim? Não é tão surpreendente, eu acho. As meninas são tão
desagradáveis umas com as outras. Marissa parece uma vagabunda. — Um
bufo de riso escapou de mim com a grosseria de Lisa, e eu abaixei minha cabeça,
mesmo quando a observação me fez correr. — Você é um doce.
— Você acha que eu sou uma covarde por não fazer nada sobre ela? — A
curiosidade inundou meu peito, e eu olhei enquanto Lisa balançava a cabeça
pensativamente. A música mudou ao nosso redor, e ela me encorajou a me virar
quando algo rápido e animado bombou na sala. Levantando meus braços sobre
minha cabeça, fechei meus olhos enquanto a música reverberava pelas minhas
pernas, e ela puxou meu cabelo por cima do ombro antes de falar em meu
ouvido.
— Acho que há um limite para o quanto uma pessoa pode aguentar. Todo
mundo tem um... — Dedos bem cuidados subiram de meus braços até meus
pulsos, e Lisa beijou minha bochecha rapidamente enquanto eu ficava tensa.
— Só porque você quer evitar o confronto, não significa que você seja
covarde. Ferir-se para obter alívio emocional é algo exclusivamente humano,
significa que você ainda pode sentir, que você deseja sentir. Isso não é uma
coisa ruim.
— Há quanto tempo você sabe?
— Desde que nos conhecemos. Eu passei pela mesma coisa no ensino
médio. É por isso que queria trazer você aqui. Ninguém vai achar estranho você
ficar bêbada e começar a chorar. Alternativamente, você pode se divertir. É
uma situação ganha-ganha. — Meus olhos se arregalaram e minha respiração
engatou quando Lisa arrastou minha mão até a parte externa de sua coxa,
Caitlyn é doce e tudo, mas ela não entende. A sala brilha e os anjos cantam com
harpas em seus ombros em cada sala em que ela entra. Não me sinto
particularmente ressentida com ela por isso, mas há algumas coisas que
nenhuma quantidade de explicação vai conseguir explicar.
— Me faz desejar ter chorado em seu ombro semanas atrás... — A
tentativa idiota de fazer uma piada me rendeu uma risada, e Lisa segurou
minha cintura enquanto eu balançava contra ela. Um grande número de
emoções rasgou meu peito, mas a mais poderosa foi o alívio. — Então, quando
você se sente triste... o que você faz?
— Isso, eu gosto de festa. Sempre tem. Fica melhor quando as pessoas
começam a desmaiar, é quando a verdadeira diversão acontece, mas,
obviamente... — Ela parou, e eu pisquei quando um homem que eu não
reconheci veio até mim, e ele me examinou de forma nada sutil. Claramente,
apenas pelo olhar em seu rosto, ele já tinha bebido um par de bebidas, e eu fiz
uma careta quando ele me lançou um sorriso atrevido.
— Olá linda. Quer dançar comigo? — Seus olhos nem sequer encontraram
os meus enquanto ele se arrastava para frente, e eu fiz uma careta e estendi
minha mão com a palma para cima para detê-lo. A surpresa espalhou-se por
seu rosto avermelhado e a minha própria irritação cintilou sob o meu coração.
— Não. Eu não quero dançar com você. — O shot que eu tinha tomado
ainda não tinha me alcançado, e minhas palavras firmes pairaram pesadas no
ar entre nós. Ele parecia tão atordoado, como se este estranho não pudesse
acreditar que eu o neguei, e a apreciação em seus olhos se transformou em pura
raiva.
— Vá se matar, sua vagabunda estúpida. — Piscando enquanto o rosnado
tirava o ar de meus pulmões, meu rosto ficou quente e eu cerrei minhas mãos
em punhos apertados ao meu lado. O homem se virou, mas não conseguiu ir a
lugar nenhum quando uma mão saiu da minha visão periférica para agarrá-lo
pela camisa. Alguns dos botões de sua camisa cinza estouraram quando Lisa e
eu pulamos para trás, e minha visão mudou em câmera lenta.
Michael jogou o cara como uma boneca de pano e eu fiquei tensa com o
quão calmo e controlado ele estava. Com a mão que se envolveu com tanta força
em torno de seu oponente, ele pegou meu pulso gentilmente e eu não consegui
encontrar forças para resistir. Eu nem mesmo ouvi o barulho do cara virando a
mesa de centro além do sangue latejando em meus ouvidos.
— Você sabe como é irritante quando tento te pegar e você foge, hein?
— Virando-se para franzir a testa, os olhos cinza de Michael brilharam com
um raio, e eu engasguei quando ele puxou meu braço. Prendendo-me contra o
balcão da cozinha com braços poderosos de cada lado meu, ele se inclinou para
perto, e minha mente deslumbrada mal conseguiu acompanhar. — Tenho
tentado me desculpar por ser um idiota, mas você tem me evitado.
— O que? — Respirando fundo, passando pelo nó na garganta, meu grito
fez o lábio de Michael se contorcer e a surpresa corou minhas bochechas. — O
que?
— Achei que você pelo menos me daria o benefício da dúvida, aqui,
Esmirelda. Quer dizer, eu percebo que essa merda que eu disse foi um pouco
dura e tudo, mas não achei que isso iria transformá-la totalmente em uma
vadia. — Minhas sobrancelhas quase voaram do meu rosto, e Michael apertou
os lábios com força enquanto ele suspirou asperamente pelas narinas
dilatadas. — Isso não foi o que eu quis dizer. Só quero dizer que toda essa
merda poderia ter sido evitada se você não fugisse de mim.
— Ok... eu aceito suas desculpas, Michael. Hum... por favor... pare de se
apoiar em mim. — Chamas lamberam meu pescoço e eu rolei meus lábios entre
os dentes quando Michael desviou os olhos de mim para olhar para baixo. Ele
não se afastou e eu enrijeci quando ele agarrou meu quadril com uma das mãos.
— Você perdeu peso? Essas calças serviram em você quando Marissa
empurrou você escada abaixo. — Deslizando o polegar entre a cintura da
minha calça jeans e meu quadril, Michael franziu a testa enquanto a escuridão
sombreava seus olhos como nuvens de tempestade. — Sério, Esmirelda? Ela
está te dando tanto trabalho?
O olhar de Michael encontrou o meu quando abri minha boca para mentir,
mas ficou preso na minha garganta sob o peso de sua atenção. Segurando meus
quadris, ele me içou para cima do balcão e um suspiro escapou dos meus lábios
entreabertos. Meu coração parou, e um suor frio brotou nas minhas costas
quando ele se inclinou perto o suficiente para levantar os cabelos finos do meu
rosto.
— Não faça isso. Mentira... você está bem? — Um caroço denso se formou
na minha garganta, e meu coração bateu forte e rápido enquanto meu corpo
arrepiava. O gelo envolveu meus pulmões em um torno, tornando a respiração
impossível, e eu pisquei para conter as lágrimas em meus olhos apenas para
elas derramarem sobre meus cílios. Os olhos de Michael nunca vacilaram,
mesmo quando ele se inclinou para trás, mas o espaço não ajudou. Pontos
negros assaltaram minha visão, e segurei minha garganta enquanto suas mãos
seguravam meu rosto.
Michael falou, sua boca se moveu, mas eu não conseguia ouvir além do
sangue latejando em meus ouvidos. Com a visão turva, eu o vi franzir a testa
antes que a falta de oxigênio fizesse meus olhos rolarem para trás, e me senti
levemente caindo contra ele.
SETE

— Isso não funcionou como eu esperava. — Cruzando os braços sobre o


peito, esfreguei minha mandíbula distraidamente e apertei os dentes contra o
suspiro que se formou em minha garganta. — Eu deveria ter pensado melhor
antes de perguntar se ela está bem... essa pergunta sempre começa uma merda.
Esmirelda estava pálida, definitivamente mais magra do que da última
vez que cheguei perto o suficiente para tocá-la, e balancei os calcanhares com
um grunhido. Esparramada na minha cama, ela respirava ofegante, embora
estivesse inconsciente, e eu brevemente pensei em chamar uma
ambulância. Ela não tinha álcool no hálito dela, ou ela bebia muito pouco, mas
ela teve um ataque de pânico. Eu acho.
Meu olhar percorreu seu braço até as lindas mangas rendadas que
cobriam seus antebraços, e estendi a mão para passar a ponta dos meus dedos
em uma. Esmirelda estava desmaiada e eu me agachei para puxar
cuidadosamente o tecido fino. Eu esperava algo, mas a visão real de linhas finas
e salientes em seu braço me atingiu bem no estômago. Eles eram claramente
velhos, mas eram decididamente mais horríveis do que se fossem novos, e eu
apertei minha mandíbula com força.
— Ugh. — Sentei-me no chão e me inclinei para me encostar na caixa de
molas, e joguei minha cabeça para trás para encarar o teto com os olhos
estreitos. Coçando minha barba distraidamente, minha mente vagava
lentamente enquanto os eventos lá embaixo passavam por meu olho interior.
Aparentemente, Esmirelda estava bem se defendendo... a menos que
Marissa estivesse envolvida. Por quê? Talvez, Marissa só tivesse um modo de
cadela de várias camadas em execução, e ela aumentava um grau cada vez que
Esmirelda lutava? Talvez, estivesse acontecendo há tanto tempo que
Esmirelda estava tentando lidar com isso como sempre fez?
Correndo minhas mãos pelo meu rosto com um gemido, espalmei minha
cabeça enquanto uma dor de cabeça crescia atrás dos meus olhos. O
que, exatamente, aconteceu que fez Marissa mirar em Esmirelda com tanta
veemência? Se eu pudesse descobrir isso...
Bem, eu não tive escrúpulos em armar Marissa de qualquer maneira, mas
pelo menos eu teria munição para realmente levá-lo para casa.
Na beira da minha cama, Esmirelda soluçou severamente, e eu fiz uma
careta quando olhei para ela. Ela ainda parecia uma merda, mesmo em seu
sono, ela estava atormentada. Assistir ela franzir o nariz avermelhado enviou
uma forte pulsação em meu peito, e eu forcei uma respiração pelas narinas
dilatadas. Suas pálpebras piscaram, suas sobrancelhas delgadas franziram
profundamente e os longos e ricos cabelos loiros se agarraram ao pescoço e à
testa.
— Eu me pergunto por que você está aqui. — Eu não sabia quase nada
sobre Esmirelda, mas não estava delirando; ela era quente como o inferno, e eu
daria meu osso esquerdo para transar com ela. — Mas isso não é o suficiente...
Carrancudo com a minha própria realização, fechei os olhos, como se isso
me ajudasse a pensar em algo que normalmente não pensaria. Cada vez que eu
abria minha boca, a merda errada saía cuspindo. As pequenas coisas que eu
conhecia da Esmirelda ficavam me deixando confuso quando eu as
conhecia. Claro, seria mais fácil conhecê-la se ela não fugisse toda vez que eu
tentasse me aproximar dela.
Em algum lugar, bem no fundo da minha mente, eu me perguntei se
era eu... Quando a vi pela cidade, me senti um lixo pelo que disse. Isso apareceu
no meu rosto? Meu pai sempre disse que o que eu estava sentindo era visível e
eu precisava ser mais duro. Alcançando para tocar a linha suave e fraca sob
meu olho, eu lambi meus dentes enquanto minhas pontas dos dedos
formigavam descontroladamente.
Uma batida suave na porta roubou minha atenção e me levantei do
chão. Meus sapatos não fizeram barulho no tapete, e flexionei meus dedos antes
de agarrar a maçaneta. A garota que estava com Esmirelda pareceu surpresa
quando abri a porta e ela espiou ao meu redor rapidamente. Seus ombros
cederam; se era porque Esmirelda ainda estava totalmente vestida ou
dormindo, eu não sabia.
— O que? — Apoiando-me na moldura, cruzei os braços enquanto ela me
examinava rapidamente. — Você não vai tentar carregá-la para casa, não é?
— Não, vou ficar lá embaixo e festejar mais um pouco. Eu só queria ter
certeza de que Esmirelda está bem. — Zombando disso, eu fiz uma careta, e
ela franziu a testa, parece que estamos todos de mau humor agora. — Você é o
cara que a ajudou quando ela foi empurrada escada abaixo?
— Sim. Por quê? — A ideia de que Esmirelda falou sobre mim para seus
amigos era honestamente emocionante de uma forma juvenil, adolescente, pré-
puberdade e eu inclinei minha cabeça. — O que ela te disse?
— Que ela não está preenchendo um relatório policial ou algo assim, e está
pensando em desistir. Você precisa convencê-la a fazer algo, se puder. — Olhos
castanhos encontraram os meus, brilhando com determinação, e eu arqueei
uma sobrancelha interrogativamente. Meu estômago caiu de joelhos e sua
carranca se aprofundou. — Esmirelda é uma boa menina, ela não merece ser
forçada a sentir essas coisas.
— Tudo bem... eu não vou fazer isso, mas tenho certeza que ela aprecia
sua preocupação? Por que você acha que eu poderia, afinal? — A mulher jogou
o cabelo sobre os ombros como se estivesse transando com Beyoncé, e eu resisti
ao desejo de apenas fechar a porta na cara dela.
— Claramente, você quer entrar nas calças dela. Inferno, quem não quer
entrar nas calças dela? Não há maneira melhor de fazer isso do que mergulhar
e salvá-la, certo? — Uma gargalhada desdenhosa explodiu do meu peito com
isso, e eu fiquei tenso antes de olhar por cima do ombro. — De qualquer forma,
só um pensamento.
Quando olhei para trás, a mulher estava caminhando em direção à escada
e eu olhei para suas costas. Ela tinha razão, é claro, e isso era meio irritante.
Meus lábios se curvaram com o pensamento, um gosto amargo revestindo
minha língua, e me virei para fechar a porta silenciosamente atrás de
mim. Esmirelda não tinha sequer se contorcido e eu me joguei na poltrona para
colocar os pés para cima e inspirar profundamente. Se ela desistisse por causa
dessa merda com Marissa, minhas chances com Esmirelda seriam zero...
E isso simplesmente não funcionaria.
— Se ela estava naquela sala de aula, provavelmente está fazendo
negócios... — Meu murmúrio voltou minha mente para dentro, e ponderei o
que estava fazendo nesta faculdade. Eu não tinha um plano; Eu apenas segui
as regras, mantendo um GPA razoavelmente bom para manter minhas opções
abertas. Claro, meu pai trabalhava em uma usina siderúrgica, e não havia
nenhuma maneira no Inferno de que eu faria algo remotamente relacionado.
Eu sou um mecânico licenciado, embora... eu poderia jogar nisso. Um dia,
eu queria assumir a loja de Donnie; Eu trabalhava lá desde os 13 anos. Nós nos
unimos sobre a ilegalidade de tudo, e até discutimos isso depois que decidi ir
para a faculdade. Donnie era o pai que eu não tive enquanto crescia, e ele ficou
tão orgulhoso de eu ter dado esse passo que pagou do próprio bolso.
Mas... o que significava possuir um negócio, mesmo um com o qual eu
estava familiarizado, implicava? Olhando para Esmirelda por baixo das
sobrancelhas franzidas, puxei minha barba pensativamente. Eu tinha meus
pré-requisitos para o curso, e não era assustador se eu estivesse fazendo isso
pelo meu próprio futuro. Agora, eu estava fazendo justiça criminal, mas isso
era chato e meu desejo de ser um policial não durou muito. Mudar de curso
seria fácil e conseguir as mesmas aulas que Esmirelda era quase garantido.
— É meio que uma merda... tramar tudo isso só para brincar com
ela. Mesmo que eu tenha desculpas, elas ainda são apenas desculpas. — Claro,
eu não poderia simplesmente dizer a Esmirelda “ei, eu estou tendo todas as
mesmas aulas que você na esperança de que você se curve e espalhe”... — Quer
dizer, eu poderia, mas ela pode me bater.
Um choque percorreu meu abdômen com isso, mas descartei a validade
instantaneamente. Agora, eu só precisava esperar até que Esmirelda
acordasse; até então, eu precisava descobrir o que dizer sem soar como um
idiota.
OITO

Minhas pálpebras se abriram antes que meu cérebro se conectasse aos


meus olhos, e eu respirei fundo, mesmo quando um teto desconhecido apareceu
na escuridão da noite. A música pulou do chão e vazou pelas rachaduras da
madeira, e me sentei para me enrolar sobre os joelhos. Lambendo meus lábios
secos, esfreguei lentamente meu rosto, mas um leve ronco enviou arrepios na
minha espinha.
Eu desmaiei ou algo assim? Oh, não... Cobrindo meu rosto enquanto o
pânico batia em meu coração, eu olhei por entre meus dedos, mas a cama estava
vazia. Franzindo a testa sob as sobrancelhas franzidas, bufei um suspiro de
alívio e virei meu olhar para mim mesma para encontrar todas as minhas
roupas. Distraidamente puxando minhas mangas para cima, minhas mãos
tremiam e minha língua se ergueu até o céu da boca, mesmo quando meus olhos
se estreitaram.
Na minha visão periférica, sombreado pela falta de luz, um par de tênis
cano alto branco atormenta meu cérebro. Pegando um bom jeans usado, meus
olhos se arregalaram quando a surpresa me balançou, e fiquei tensa enquanto
sufoquei meu suspiro com a palma da mão úmida. Arrepios perfuraram minhas
costas e meus pulmões gaguejaram, mesmo enquanto eu jogava minhas pernas
para o lado da cama lentamente, silenciosamente.
Michael estava dormindo na poltrona reclinável, e um caroço se formou na
minha garganta enquanto as memórias voltavam correndo para
mim. Dançando... Aquele cara que eu recusei... Apagando...
Não minta. Você está bem? Meus olhos ardiam com a voz fantasma entre
minhas orelhas, e a expressão grave de Michael brilhou quando eu
pisquei. Levantando-me com os tênis gastos, ignorei a sensação de
afundamento em meu estômago enquanto me arrastava alguns metros até
ele. Ele era tão bonito, com uma linha de mandíbula dura e uma aspereza em
seu rosto, e meus quadris formigaram com o fantasma de suas palmas
calejadas.
Ele estava tentando se desculpar todo esse tempo, e eu não dei a ele uma
chance; essa ideia apertou meu coração e minha boca secou.
— Sinto muito... — Afastando-me lentamente, passei por sua cômoda e
rabisquei meu número de celular em um dos cadernos empilhados lá. Era o
mínimo que eu podia fazer, pelo menos, foi o que eu disse a mim mesma
enquanto saía cuidadosamente do quarto de Michael. Lá embaixo, a festa
parecia estar terminando, e eu subi as escadas rapidamente enquanto as
chamas lambiam meu pescoço.
— L... Lisa! — O alívio caiu em meus ombros quando cheguei à cozinha e
Lisa se virou. Ela estava obviamente muito bêbada, e um sorriso enorme e
aguado apareceu em seus lábios.
— Esmirelda... você deveria ter me dito que iria buscar... — Piscando forte
com sua declaração arrastada, parei e Lisa jogou os braços em volta de mim
para acariciar minha bochecha. — Você é tão gostosa... eu... eu pagaria para
vê-la nua.
— Oh... Ok... — Desconforto distorceu meu tom, e eu balancei minha
cabeça descontroladamente enquanto Lisa ria em meu ouvido. — Vamos para
casa. Onde está Caitlyn?
— Oh-hh, eu gosto de onde isso vai dar. — Apontando para a porta dos
fundos, a mão de Lisa balançou para trás para bater na minha bunda, e deixei
escapar um grito de surpresa. Minhas bochechas ameaçaram derreter do meu
rosto enquanto eu a encostava na geladeira e puxei meu telefone do
bolso. Navegando para o meu aplicativo de compartilhamento de veículos, saí
da casa grande para olhar ao redor.
Caitlyn montou em algum cara em uma espreguiçadeira, mas os dois
estavam vestidos, então afastei meu desgosto. Festas definitivamente não são
minha cena. Não. Não gosto nada disso.
— Caitlyn. Caitlyn... — Ela caiu para trás com um suspiro quando eu
balancei seu ombro, e seus olhos brilhantes encontraram os meus
atordoados. — Venha, é hora de ir para casa.
— Você é tão boa, Esmirelda. — Lágrimas enormes e gordas brotaram de
seus olhos e a voz de Caitlyn falhou antes que ela se levantasse do cara sentado
na cadeira. Ele resmungou em protesto, mas estava mais bêbado do que ela e
mal conseguia levantar a cabeça. Jogando os braços em volta de mim, Caitlyn
cutucou minha bochecha e eu franzi o nariz com o intenso fluxo de álcool que
emanava dela. — Você sabe, eu pensei que você fosse uma vagabunda, mas você
é muito legal. Eu gosto de você.
— Obrigado. — Elas estão tão bêbadas... Se eu não tivesse tido um
colapso, minhas companheiras de casa estariam tão destruídas? A culpa
arranhou o fundo da minha garganta enquanto eu praticamente arrastei
Caitlyn para dentro de casa, e Lisa ainda estava onde eu a deixei. — Lisa…
— Não! Eu só irei se eu puder tocar sua bunda. — Aparentemente, íamos
ficar realmente perto esta noite, e eu cerrei meus dentes quando Lisa cruzou os
braços e ergueu o nariz.
— Você pode tocar minha bunda quando sairmos. — Todo o rosto bêbado
de Lisa se iluminou, e revirei os olhos enquanto ela saltava à nossa frente. —
Eu deveria ter ficado lá em cima.
Honestamente, eu estava feliz por Michael não estar descendo as escadas
enquanto eu tentava pegar minhas colegas de casa e fugir.
Novamente.
Ele se desculpou e eu apreciei isso, mas... Eu não tinha certeza se
conseguiria lidar com mais nada no meu prato. Michael não era horrível; ele
apenas falava muito sem rodeios e criticava as pessoas da maneira errada. Ele
é assim mesmo. Mas não quero nada com ele.
Meus lábios se torceram em uma careta e o arrependimento manchou
minha língua; se eu não queria nada com Michael, por que deixei meu número
para ele?
Assim que caímos no jardim da frente, o carro parou e eu verifiquei a
marca e o modelo no meu telefone. Assentindo com firmeza, guiei Caitlyn
escada abaixo, mas mal damos quatro passos descendo a passarela antes de
Lisa subir para colocar as duas mãos na minha bunda e apertar. Rangendo os
dentes, prometi a mim mesma nunca mais beber com nenhuma delas, nunca
mais.
Tecnicamente falando, eu não deveria beber, de qualquer maneira. Eu
tinha apenas 19 anos - eu não deveria ser a mãe dessas mulheres crescidas por
uma noite.
— H... hey... hum... Eu só preciso levá-las para casa. Bem ali. Não pare.
— Eu não estava com minha carteira, mas acrescentei uma boa gorjeta no
aplicativo assim que Lisa e Caitlyn estavam no carro. O cara acenou com a
cabeça, obviamente cansado de ter duas garotas intoxicadas em seu carro, e eu
me inclinei na janela do passageiro. — Você pode ir devagar, se estiver
preocupado que elas vomitem. Eu só as quero em casa seguras.
— Graças a Deus, literalmente acabei de limpar meu carro antes.
— Recuando enquanto o cara suspirava de alívio, naveguei até o contato do
meu pai quando o carro parou no meio-fio. Ele respondeu quase
imediatamente, e eu sorri ao som de sua voz.
— Ei, Esmirelda, querida.
— Ei, papai. Hum... você está ocupado ou algo assim? Eu queria saber se
poderíamos conversar, você sabe, pessoalmente. — Rolando meus lábios entre
os dentes quando uma gritaria irrompeu atrás de mim, me virei para encontrar
seis ou sete pessoas circulando no gramado. Jogando calúnias bêbadas uma na
outra, duas garotas que mal conseguiam ficar de pé lutaram contra os caras
mais bêbados que as mantinham separadas.
— Eu sempre tenho tempo para você, querida. Onde você está agora? Que
barulho é esse? — Minhas bochechas aqueceram quando um farfalhar filtrou
pelo alto-falante do meu telefone, e eu ri um pouco sem fôlego, mesmo enquanto
minha garganta apertava.
— Estou nesta festa, minhas companheiras de casa me trouxeram para
me animar, mas... quero dizer, é só uma parte da história. Eu me sinto um
pouco melhor, mas... elas ficaram muito, muito bêbadas e eu acabei de colocá-
las em um serviço de caronas. — Se meu pai ficou surpreso com o fato de que
eu estava em uma festa da fraternidade da faculdade, ele não mostrou
nenhuma hesitação enquanto ria.
— Tudo bem. Estarei aí em 20 minutos. — Ele não fez perguntas, não
duvidou de mim, não gritou comigo por fazer algo irresponsável e eu sorri para
a tela depois de desligar. Pela primeira vez, percebi que era quase uma da
manhã, mas meu pai estava com insônia; talvez, ver um ao outro nos ajudasse
a ambos.
Porque eu não sabia o que fazer, e isso era quase tão ruim quanto o que
eu sentia antes de concordar em vir para esta festa. É verdade que beber o
pouco de álcool que eu tinha me estimulado, e as palavras de Lisa enquanto
dançávamos me ajudaram. Michael se desculpou pelas coisas que disse e até
me levou para cima quando tive um ataque de pânico.
Eu não queria perder as coisas boas que podem acontecer..., mas talvez
seja necessário.
NOVE

— Aqui estamos. — Parando na Sonic, meu pai baixou todas as janelas e


abriu o teto solar enquanto eu simplesmente olhava para o meu colo. Minha
mente zumbia, tentando encontrar as palavras para descrever meu dilema,
mas ele não esperava nada de mim enquanto pendurava a cabeça para fora da
janela para fazer o pedido. Em uma cidade universitária como essa, tudo
sempre abria tarde, e eu girava meus polegares no colo enquanto o sangue batia
forte em meus ouvidos.
— Ei pai…? — Resmungando baixinho, eu esperava que ele não tivesse
me ouvido, mas meu pai cantarolou em reconhecimento. Lambendo meus lábios
enquanto meu coração desacelerava perigosamente, eu fiz uma careta
tristemente antes de me despedir para respirar estremecendo. — Já se
passaram quase 3 anos, e Marissa está me fazendo sentir essas coisas
novamente. Eu não sei o que fazer.
Minha confissão exigiu muito de mim, não fisicamente, mas da minha
alma, e as lágrimas brotaram dos meus olhos. Arrepios violentos construíram
entre minhas omoplatas e meu nariz entupiu enquanto meu rosto ficava
quente. Alcançando a minha mão, meu pai apertou com cuidado, entrelaçando
nossos dedos. Ele não disse nada, mas ele realmente não precisava enquanto
eu lutava para escalar a parede mental que construí para manter minhas
emoções.
— Eu me sinto tão... tão horrível... — Ofegando as palavras tensas,
inclinei-me sobre o console central e meu cinto de segurança queimou ao ralar
meu ombro. — Eu não gosto disso... papai, não gosto de me sentir assim...
Juntando meu cabelo para coçar meu couro cabeludo suavemente, o olhar
solene do meu pai em mim desencadeou a reação severa que tinha sido
reprimida. O peso disso ameaçou esmagar meu peito, e eu não pude mais
segurar meus soluços. Tremores violentos atacaram minha espinha e
anestesiaram meus dedos das mãos e dos pés, e ele apertou minha mão com
mais força. Um buraco se abriu dentro de mim, as gavinhas familiares se
espalhando em minhas veias para esfriar meu sangue.
— Eu sei que isso é muito difícil para você, Esmirelda. Apenas deixe sair,
querida. — O gelo se alojou em meu coração e arrepios me varreram em ondas
poderosas e quebradiças enquanto eu lutava para respirar. Meu pai apenas
acariciou meu cabelo, sua palma queimando a minha, e me deixou chorar
mesmo quando minhas orelhas e ranho mancharam sua camisa e jeans.
Mas, eu não conseguia me controlar, e com ele... eu não queria. Ele era
meu pai, minha rocha, meu herói; ele me viu no meu melhor e no meu pior e
todas as coisas entre eles.
— Por que isso está acontecendo de novo...? — Não houve resposta para o
meu desespero e engasguei com a minha própria pergunta, pois isso engrossou
minha língua.
Minha tristeza não secou mesmo quando eu acabei com as lágrimas em
poucos minutos; o buraco em meu peito não se fechou, e o gelo não saiu de
minhas veias. Mas... meu pai continuou acariciando meu cabelo, apertando
minha mão, seu calor lutando contra o frio intenso que me dominou. Fungando
forte, limpei meu rosto em sua camisa; eu não poderia me importar menos
neste momento, e eu sabia que ele também não iria.
— Esmirelda... — Esfregando meus olhos com força com os nós dos dedos
brancos e punhos trêmulos, eu choraminguei pateticamente enquanto meu pai
esfregava minha bochecha com o polegar. — Você sabe que sempre pode voltar
para casa, querida. Seu irmão estará de volta para sempre em 3 semanas, e
ninguém vai te culpar por fazer o que é melhor para você.
— Eu não quero... — Minha voz falhou asperamente, e eu engoli o caroço
na minha garganta e funguei forte. — Eu não quero desistir... Eu não quero ir
para casa. Eu só quero que isso pare. O que há de errado com ela, papai? Por
que eu? O que eu fiz para que ela me tratasse assim?
— Algumas pessoas não precisam de um motivo, Esmirelda. Você não fez
nada errado. — Suspirando pesadamente, meu pai colocou a palma da mão
livre pesadamente em meu rosto, e minhas pálpebras se fecharam e se
recusaram a abrir novamente. — Os problemas das outras pessoas não são sua
responsabilidade, querida. Só porque Marissa está descontando esses
problemas em você, não significa que tenha algo a ver com você,
especificamente.
— Ela poderia ter me matado quando me empurrou escada abaixo... se
Michael não estivesse lá, eu provavelmente estaria morta. — Resmungando
baixinho, a ideia trouxe um tipo estranho de calma para mim que eu nunca
quis sentir novamente. — Está acontecendo de novo, papai...
— Eu não posso te dizer o que fazer ou mesmo como melhorar, mas... essa
não é a resposta, Esmirelda. Você merece tudo de melhor do mundo. Se você
quiser transferir, você pode. Se você quiser desistir, você pode. Mas não vou
deixar as coisas ficarem tão ruins, não de novo. — Soluçando uma respiração
com a convicção em seu tom, eu esvaziei como um balão estourado. Eu estava
tão cansada e não sabia como consertar. — Você quer que eu te traga para casa
esta noite, ou você quer voltar para a sua pensão?
— Sim. — Meu murmúrio foi recebido com silêncio, e me mexi até que
meu quadril pendurou sobre a borda do meu assento. O console central cravou
em minhas costas, mas não o senti por causa do entorpecimento opressor que
se espalhou por mim.
— Às vezes, Esmirelda, você tem que enfrentar seus problemas de frente,
em vez de ignorá-los e torcer para que desapareçam. Eu sei que você não quer,
mas você já tentou falar com a Marissa? Antes de fazer o que fez, ela estava
tentando se desculpar com você... — Nós dois sabíamos que Marissa não era
sincera sobre aquele pedido de desculpas; ela me empurrou escada abaixo, pelo
amor de Deus! Ela não assumiu a responsabilidade por nada que me fez passar
no colégio, e suas palavras naquele dia correram sulcos no meu cérebro.
Ela me tratou mal e eu nunca fiz nada com ela.
Ela não merecia nada de mim.
— Não diga isso. Tudo o que ela tem a dizer é mentira. — Será que vale a
pena mentir? A pergunta me atormentou e eu abri meus olhos inchados e
doloridos para olhar para a parte inferior do volante. — Ela só quer se sentir
poderosa às minhas custas. Isso é tão ruim.
— Marissa não vale tudo isso, entretanto, querida. Só estou dizendo, pelo
bem de você... — Afastando-se enquanto o cheiro de batata frita e bacon
flutuava no carro, meu pai desenrolou os dedos dos meus para me deixar vazia
e com ódio. — Ser intimidada até este ponto... não é pele dela, Esmirelda. A
única pessoa que ela está machucando é você.
— Se eu for rastejar para ela agora, só vai piorar. — Sentei-me
profundamente em minha cadeira e desabotoei-me com dedos frios e
trêmulos. Meu pai me entregou uma grande caixa de batatas fritas, mas
apenas olhar para elas fez meu estômago revirar. — Eu teria dito “sim”, mas
ela disse... nós tratamos mal uma à outra... como? se eu não fiz nada para ela...
e eu fi... Fiquei chocada. Enojada. Como ela poderia simplesmente negar que
era má comigo apenas por ser má? Como ela poderia agir como se não fizesse
nada que não gostasse? Pessoas assim, não há sentido em apaziguá-las. Não
havia sentido no ensino médio, não há sentido agora.
— No colégio, você não podia fazer nada por ela e esperar que continuasse,
Esmirelda. Ela jogou você em um lance de escada de concreto. Deve haver uma
filmagem disso. Você deve ir à polícia e registrar uma queixa, no mínimo. Vocês
duas são adultas agora. Você não pode escapar das consequências de suas
ações, seja você o algoz ou a vítima.
— Eu poderia me matar, e as consequências não serão mais problema
meu. — Os olhos do meu pai voaram para mim para fazer buracos em minhas
bochechas com a minha declaração branda. — A única razão de eu ter falhado
da última vez foi porque mamãe voltou para casa mais cedo. Eu não me
arrependi, eu não queria parar. Também não quero parar agora. Se eu morrer,
seria horrível para todos os outros..., mas não para mim.
Olhando fixamente para as minhas batatas fritas, peguei uma para
espremer a ponta, e a batata endureceu meus dedos. Foi assim que foi fácil
extinguir minha vida, uma ação, uma decisão, e tudo estaria acabado.
— Esmirelda… prometa que vai terminar o semestre, pelo menos. Se
Marissa tentar se desculpar, aceite, mesmo sabendo que ela está
mentindo. Prometa que você fará uma tentativa de sair deste buraco. — Mas
não respondi, porque não podia fazer esse tipo de promessa... Meu pai tirou os
olhos de mim depois de um segundo pesado ou silêncio, e coloquei a batata frita
de volta na caixa.
DEZ

Eu pude ouvir a porra do telefone de Esmirelda tocando na janela aberta


do segundo andar, e minha pálpebra estremeceu de irritação quando a ligação
foi cortada. O brilho de cima terminou, e a mensagem de correio de voz que ela
configurou tocou mais uma vez em meu ouvido. Desliguei, soltei um suspiro
quente e segui pela passarela para bater com força na porta da frente.
Quando Esmirelda deixou seu número de telefone no único bloco de notas
que usei para minhas aulas, não achei que precisaria usar o aplicativo Find My
Phone com ela. Felizmente, ela ligou o telefone novamente depois de
desaparecer por uma semana, e eu tinha alguns problemas não resolvidos com
ela.
Batendo novamente quando a barreira não abriu instantaneamente, meus
dedos doeram e os impactos sacudiram meu braço. A garota que eu conheci
naquela noite na festa da fraternidade atendeu, com a boca aberta e os olhos
brilhando de aborrecimento. Abrindo caminho passando por ela, a agitação
enrijeceu minhas pernas e subi as escadas até o quarto que presumi ser
Esmirelda.
A porta não estava trancada, e eu a abri apenas para fazer uma pausa
enquanto o choque alargava meus olhos e desequilibrava meu queixo. Os
cabelos da minha nuca se arrepiaram e minha barba se arrepiou.
— Que porra! — Minhas próprias palavras tiraram minhas pernas
debaixo de mim, e eu me joguei na cama enquanto Esmirelda apenas me olhava
de relance. A navalha presa entre seus dedos brilhava, nova em folha, e eu a
agarrei antes que ela pudesse pressioná-la em sua pele fina como papel, quase
translúcida. — Que porra... que porra você está fazendo? Por que você está…
Desaparecendo como mortos, olhos azuis encontraram os meus, minha
raiva escoou-se quando a condição de Esmirelda realmente me deu um soco no
rosto. Ela estava enrolada em um edredom, mas ainda tremendo, e recuei um
passo quando a navalha que tirei dela bateu na madeira. A única cor para ela
era o sangue escorrendo de seu braço para a cama, manchando suas pernas e
camisa.
— Onde você estava? Estou tentando ligar para você há dias,
Esmirelda! Qual é o objetivo de me dar seu número quando você não atende,
porra? — Se ela me ouviu, não demonstrou o menor sinal de reconhecimento,
e Esmirelda piscou lentamente para mim.
— Você... — Sua voz estalou nitidamente, e eu estremeci quando ela
lambeu seus lábios pálidos. — Você está aqui apenas para me denegrir um
pouco mais?
— O que? Não! Vim aqui porque estava preocupado com você. Seu telefone
está indo direto para o correio de voz... — Meu olhar seguiu para a pulseira do
hospital agarrada ao pulso de Esmirelda, e franzi os lábios levemente enquanto
o ar viciado se acumulava atrás do nó na minha garganta. Estalando os dela,
meus olhos se estreitaram em fendas em sua total falta de reação, e eu esfreguei
minha cabeça com força. — Merda…
— Porque você está tão chateado? Apenas saia, ninguém está mantendo
você aqui.
— Estou chateado porque você está se cortando! — Não consegui controlar
o volume da minha voz e saltei para frente para pegar as bochechas magras de
Esmirelda em minhas mãos. Ela estava com tanto frio que queimava, mas,
novamente, ela não fez um único movimento. — Você se machuca porque é um
gato assustado demais para ir atrás da pessoa que está realmente te
machucando...
— Você com certeza enxerga profundamente nas coisas que não existem,
Michael. — Monótona, a declaração de Esmirelda ameaçou fazer meus ouvidos
sangrarem, e eu respirei fundo. — Não somos amigos, você me deu uma carona
uma vez.
— Pare de ser estúpida. — Meu estalo finalmente me rendeu uma reação,
e sua respiração engatou quando eu apertei suas bochechas entre minhas
palmas. — Como posso ser seu amigo se você continua desaparecendo em mim?
— Por que eu iria querer ser sua amiga? — O sussurro de Esmirelda foi
vazio, mas recuei enquanto meu coração latejava dolorosamente no peito. Ela
segurou meus olhos, mas não havia nada nos olhos dela, nenhuma luz,
nenhuma dor, nada. — Tudo o que você faz é me insultar, e você nem mesmo
me conhece. Eu sou fraca. Eu sou covarde. Eu preciso me animar e parar de ser
uma vadia, certo? Mas eu não posso ser essas coisas, então não há por que você
estar aqui. A única razão pela qual você está tentando é porque quer fazer sexo
comigo. Não sou estúpida o suficiente para não perceber isso, pelo menos.
— Então, eu estava errado. — Eu admito. — Não vou mais dizer essa
merda. Apenas... pare de se machucar, Esmirelda. — Uma faísca de algo
iluminou seus olhos, e esfreguei minhas palmas úmidas no rosto e sobre a
cabeça. — E transar com você não é a única razão de eu estar aqui. Eu estava
chateado com isso, mais uma vez, você fugiu de mim.
Eu preciso manter essa merda curta antes de dizer algo que vou me
arrepender. A compreensão me atingiu com força; consegui não chamar
Esmirelda de covarde, pelo menos, e precisava não atrapalhar minha sequência
de vitórias.
— Esmirelda... — Suspirando pesadamente, sentei-me ao lado dela para
agarrar seu braço e me preocupei que sua pele fosse descascar
imediatamente. O sangue escorreu por seus dedos e em direção ao seu cotovelo,
e fui atingido pela necessidade de uma bala de canhão em uma poça de álcool
isopropílico. — Na verdade, eu também tenho algumas novidades. Eu mudei
meu curso. Meu chefe e eu falamos sobre eu assumir o controle de sua loja,
então achei que ter um diploma de administração de empresas seria útil.
— Parabéns. — Endurecendo quando Esmirelda tirou seu braço do meu
alcance, eu fiz uma careta quando gotas de sangue espirraram em seu joelho. A
cada movimento, ela manchava o vermelho, mas não era o suficiente para
impedi-la de parecer uma porra de um fantasma ou algo assim.
— Também vamos ter as mesmas aulas. — Nenhuma reação, nem mesmo
uma contração de suas pálpebras. — Esmirelda...
— Eu realmente, de verdade... não... me importo... — Ela soltou um
suspiro através dos lábios secos, e eu fiz uma careta antes que ela se inclinasse
até perder o equilíbrio. Deitando-se para me enrolar em uma pequena bola,
seus movimentos enviaram o cheiro dela deslizando pelas minhas narinas. Pela
primeira vez, percebi como seu cabelo estava pegajoso e oleoso e prendi a
respiração enquanto meu estômago se agitava perigosamente.
— Jesus, quando foi a última vez que você tomou banho, hein? — Eu me
senti mal por estar enojado; obviamente, Esmirelda estava passando por
alguma merda que eu nunca entenderia. — Por que não vamos comer alguma
coisa? Isso vai te dar um motivo para tomar banho, e...
Minhas palavras secaram na minha língua quando olhei para o rosto dela
e fiz uma careta profundamente. Ela estava fingindo estar morta, ela
simplesmente caiu sem nenhum aviso. Olhando fixamente enquanto minha
mente girava, eu calmamente debati meu próximo movimento, mas eu estava
realmente fora do meu elemento, aqui. Nem mesmo meu pai me preparou para
esse tipo de merda, e esse era apenas mais um motivo para odiá-lo.
Esmirelda precisava de um banho, muito, e ter o seu braço enfaixado, e
ela provavelmente precisava comer alguma coisa. Que bom que ela tem colegas
de quarto.
Colegas de quarto que estavam... a metros de distância, fazendo... nada...
— Caramba, Esmirelda... — Levantando-me, agarrei o cobertor
emaranhado ao redor dela e grunhi com um puxão poderoso. Ela caiu no chão,
e eu sorri quando ela gritou e se levantou de um salto. Finalmente, ela mostrou
alguma emoção em seu rosto pálido, e ela olhou para mim com todo o veneno
reservado para aquela cadela gordura que tinha empurrado.
— Por que você não pode me deixar em paz! — Lágrimas grandes e gordas
deslizaram pelo rosto de Esmirelda enquanto ele ficava vermelho doentio, e a
apreensão se apoderou de minhas entranhas. Abanando as mãos no meu rosto,
ela bateu as palmas das mãos no meu peito, mas ela estava muito fraca para
me jogar para trás meio passo. — Por que... por que você não pode
simplesmente ir se foder!
— O que você vai fazer sobre isso, hein? — Isso, no mínimo, era algo que
eu poderia fazer. Se Esmirelda estava louca, ela sentiu algo. Seu rosto se
contorceu com a minha provocação, e cruzei os braços sobre o peito enquanto
as calças pesadas saíam de seu nariz. — Tudo que você tem que fazer é me
bater. Bem aqui, vá em frente.
Apontando para minha bochecha, não fiquei nem um pouco surpreso
quando Esmirelda levantou a palma da mão, mas ela não foi mais longe. Eu
não iria incitá-la a realmente me bater; ela tinha que fazer isso
sozinha. Cerrando minha mandíbula enquanto as memórias borbulhavam do
escuro, úmido de volta da minha mente, eu inclinei minha cabeça enquanto
esperava.
Mas ela apenas abaixou lentamente o braço, seu peito empurrando e corpo
tremendo com aquela emoção que consegui tirar dela.
— Vá pro chuveiro. Estamos saindo. — Meu tom não permitiu discussão,
e Esmirelda baixou a cabeça enquanto chorava e obedecia, hein, isso rimava. —
Esmirelda...
Parando-a antes que ela passasse por mim, segurei seu queixo e forcei seus
olhos nos meus. Agora, eles tremeluziam - com dor, com derrota, com medo. É
um começo.
— Não demore mais de 20 minutos, certo?
ONZE

— Então, o que aconteceu depois que você fugiu da festa? — Balançando


meu braço sobre o encosto de seu assento, saí da garagem enquanto fazia minha
pergunta. Seu cabelo molhado agarrado ao pescoço, mas estava limpo a julgar
pelo cheiro de morango que estava gradualmente me sufocando.
— Mandei Lisa e Caitlyn para casa e liguei para meu pai. — A
compreensão tomou conta de mim enquanto as memórias cintilavam em meu
olho interno, e eu girei de volta para colocar a marcha em
movimento. Esmirelda respirou fundo, estremecendo, mas eu estava feliz por
ela estar falando. Olhando para a pulseira do hospital ainda em seu pulso, eu
não pude deixar de franzir a testa antes que sua voz suave enchesse meu
carro. — Eu pensei que poderia lidar com qualquer coisa que Marissa fizesse,
mas ela está ainda pior do que antes.
— Seu pai levou você para o hospital também? Quanto tempo você esteve
lá?
— Acabei de voltar há duas horas. — A resposta murmurada explicou
porque suas colegas de quarto não sabiam que ela estava se cortando, e eu
diminuí a velocidade em um sinal de pare para acender meu pisca-pisca. — Isso
me atingiu muito forte desta vez. Não sei por quê.
— Sim, eu ouvi isso. Meu pai era um lunático de merda. Eu fugi quando
eu tinha 10 anos e tive que voltar quando ele morreu, eu tinha 17. Que merda.
— Um gosto amargo se espalhou pela minha língua, e eu tomei minha vez
enquanto debatia para onde ir. — Há um buffet super agradável na cidade,
vamos lá.
Ela não respondeu e eu realmente,
sinceramente, desesperadamente esperava que isso não se transformasse em
eu ter que explicar meus problemas para fazê-la entender que as pessoas vêm
com bagagens. Infelizmente para ela, ela está viva e muito decidida a arruinar
sua vida. Um pouco ruim para ela, honestamente, mas tudo o que precisou para
terminar foi um soco forte e bom no estômago.
— Bem, eu não sei que tipo de história vocês duas têm, mas você já
considerou que essa garota Marissa é ainda mais patética do que você?
— Porra! Apertando meu aperto no volante enquanto eu zombava de mim, eu
fiz uma careta quando seus olhos atordoados pousaram em mim. — Só estou
dizendo que as pessoas são más porque lhes dá poder. Acredite em mim, eu sei
que estou certo. Ela está sendo dura com você porque você é mais quente do
que ela, mais magra do que ela, e se você não fosse uma bagunça deprimida,
aposto que todos que você conheceu gostariam de você instantaneamente.
— Eu sei disso. O lixo branco da família dela, eles vivem em um trailer em
um campo vazio fora da cidade e tudo mais. Eu sei que ela é mais patética do
que eu. Isso não muda o fato de que suas escavações doem tanto quanto não
saber. — Minhas sobrancelhas ergueram-se com isso, e dei uma risada áspera
quando fiz a curva na estação de trânsito e desviei para a pista da rodovia. —
Meu irmão é fuzileiro naval e vai se matricular aqui no próximo semestre. Ele
não sabe o que está acontecendo.
— O que ele tem a ver com qualquer coisa com Marissa? — Pisando no
acelerador, flexionei minhas mãos no volante e liguei meu pisca-pisca enquanto
acelerávamos a rampa. Esmirelda deixou a janela aberta, mas eu rolei a minha
um pouco para cima para impedir que o vento batesse em meu couro cabeludo.
— Eles namoraram. Ele é dois anos mais velho que eu e largou o colégio
cedo para se juntar aos fuzileiros navais. Ele só descobriu que ela estava me
tratando como um lixo quando ele recebeu uma licença de emergência para casa
na primeira vez que tentei me matar. — Tenso com a confissão irreverente, eu
lutei para manter meus olhos na estrada, mas ela continuou falando, de
qualquer maneira. — Eu não o culpo nem nada. Ela é uma boa mentirosa. Eu
não suporto mentirosos.
— Você não suporta mentirosos, mas está mentindo para si mesma? Isso
não faz sentido. — Sua respiração engatou com a rajada de vento vindo de seu
lado do carro, e eu olhei por cima com os olhos estreitos. — Você está triste
agora, claro..., mas você tem que ter momentos em que você percebe que se
matar e se machucar não são a resposta. Talvez seja por isso que você faz isso
- porque você sabe que não é a resposta, mas você precisa de ajuda para
encontrar a certa. Seu pai não pode ajudar. Os terapeutas são inúteis porque
você sabe que eles não se importam com você, eles estão apenas sendo pagos
para ouvir. Você realmente não fala sobre sua mãe, então acho que você não é
tão próximo dela.
— Você está dizendo que vai me ajudar? Você não pode dizer nada sem me
insultar duas palavras depois, Michael. — Não havia qualquer acusação em
seu tom, e meus lábios se estreitaram quando entrei na via rápida. A rodovia
estava bastante vazia para a hora do dia, e eu alcancei o console central para
pegar meus óculos de sol. — Eu pensei que não.
— Bem, você pensou errado, droga. Sinceramente, Esmirelda, quem se
importa com você, hein? Você tem amigos? Suas companheiras de casa? E, por
falar nisso, o que há de tão errado em um amor pouco duro, hein? Ok, eu
admito, eu não deveria ter dito merda quando você foi empurrada escada
abaixo. Marissa ia fazer isso, não importa o que você fizesse. Ela queria dar um
soco em você, e aceitar suas desculpas não iria impedi-la. Mas, ao mesmo
tempo, quero que você fique bem.
— Porque você quer fazer sexo comigo. — Gemendo alto, eu bati minha
cabeça contra o resto enquanto minha frustração transbordava. Olhando para
Esmirelda enquanto abria meus óculos de sol, fiz uma careta sombria e ela
franziu a testa, o que era alguma coisa.
— Por que isso importa? Sim, eu quero fazer sexo com você, e eu realmente
não acho isso... — Gesticulando para ela com minha palma, eu agarrei o volante
com força e aliviei o gás quando percebi que tinha ultrapassado 137 km/h. —
...É tão sexy. Não estou dizendo que você deveria aceitar essa merda quando é
normal, mas está desesperada, e não o tipo bom de desespero. Leve-o para o
que vale a pena. Jesus, você é um pé no saco.
Com o canto do olho, Esmirelda abriu a boca apenas para fechá-la
novamente, e um pouco da tensão diminuiu de meus ombros quando ela
simplesmente se recostou. Seu cabelo estava quase seco, e ela fechou a janela
para trancar o carro em um silêncio pesado. Concentrando-me na estrada
enquanto me aproximava do limite de velocidade, apertei e soltei o volante
distraidamente.
— Você realmente mudou sua especialização para ter as mesmas aulas
que eu? — Eu silenciosamente me chutei por dizer isso, balancei a cabeça e
cerrei o queixo. — É verdade? O que você disse sobre o seu chefe...?
— Sim. Trabalho para Donnie desde os 13 anos. Falamos sobre isso
algumas vezes recentemente, já que ele está ficando muito velho. Trabalho
para ele há mais tempo, e ele é como o cara que eu gostaria que fosse meu pai,
então imaginei que se ele realmente queria me dar as chaves, eu deveria pelo
menos ter uma vaga noção do que devo fazer. — Fungando forte, me arrastei
para uma posição mais confortável enquanto Esmirelda cantarolava um som
suave. — Além disso, este é meu terceiro ano de faculdade, e eu realmente não
sei que caminho quero seguir. Pelo menos, se eu tiver um curso de negócios,
terei muito mais opções do que o que eu estava fazendo, o que, se você quer
saber, era engenharia mecânica, e eu aparentemente sou péssimo nisso.
— Estou negociando para ter algumas opções também. Eu gosto de moda,
no entanto. Eu quero abrir minha própria loja. Gosto de fazer roupas
também. É realmente pacífico. — Ela olhou para o painel e falou
estupidamente, e estendi a mão para dar um tapinha em seu ombro quando ela
ficou quieta.
— Quando foi a última vez que você fez algo? — Dando de ombros,
Esmirelda girou os polegares e eu esfreguei minha língua contra o céu da boca
distraidamente. — Eu não sabia que você tinha um objetivo real, considerando
que você evita a merda fora de mim. Que bom que nunca te chamei de
perdedora.
— Isso não é tão reconfortante quanto você provavelmente pretendia que
fosse, Michael. — Meu peito apertou quando olhei para cima, e Esmirelda
tinha a sombra de um sorriso no rosto pálido. — Eu sempre pensei que você
fosse gritar comigo por ser empurrada escada abaixo e não me defender.
— Nah, eu não percebi até depois que Marissa ia fazer isso,
independentemente. Eu me sentia um merda, então estava tentando me
desculpar, mas mesmo quando vi você, fiquei puto por causa dos seus gessos e
muletas e essas merdas. Meu pai disse que todas as minhas emoções
transpareciam em meu rosto... — Lambendo meus lábios pesadamente, eu
liguei meu pisca para tirar a rampa de saída da mão esquerda enquanto
parei. Quando olhei no espelho direito, Esmirelda não parecia tão vazia como
antes, de alguma forma, mas não questionei em voz alta. — Merdas como essa
me deixam louco. Tipo, implicar com as pessoas por serem melhores do que
você. Aposto que se ela fosse dar um passeio de vez em quando... talvez olhasse
para um buffet de saladas de vez em quando...
— Ela não é obesa, Michael.
— Sim, tudo bem, mas o ponto é que ela está sendo uma vadia com você
sobre as merdas que ela pode consertar, é o que quero dizer. Não é uma
vergonha de gordura, é uma vergonha de caráter, e não há nada de errado
nisso. Se ela pensa que é feia e gorda, mas não faz nada para mudar a si mesma,
ela é uma vadia. — Olhando por cima do console central, franzi a testa ao ver
como Esmirelda era magra em sua camiseta justa. Eu podia ver seus quadris
claramente onde sua calça jeans pendurada muito baixa, e até mesmo seus
seios pareciam um pouco menores. Voltando minha atenção conforme nos
aproximávamos da entrada da rampa, acendi meu pisca-pisca mais uma vez na
direção da placa do shopping.
DOZE

Deitando a cabeça na mesa quente, fechei os olhos e estiquei os braços ao


longo da madeira polida. Uma dor intensa latejava na boca do meu estômago,
e flexionei meu pulso para puxar as bandagens que abraçavam meu
antebraço. Coincidentemente, era o mesmo pulso que Marissa tinha quebrado,
mas a realização flutuou quase instantaneamente.
Em vez disso, minha conversa com Michael no caminho para cá preencheu
a escuridão por trás das minhas pálpebras, e eu suspirei pelo nariz. Todos ficam
na ponta dos pés ao meu redor; mesmo quando estou indo bem, eles sempre
tomam cuidado... mas ele não. Eu tinha me preocupado que ele fosse
desagradável, grosseiro e mesquinho, mas o fato é que ele simplesmente não
tinha um filtro. Ele não se importou se o que disse foi um pouco doloroso,
porque, para ele, uma pequena picada era uma coisa boa.
Talvez... é por isso que me sinto um pouco melhor... certamente não me
senti bem, mesmo depois de passar uns firmes 45 minutos com um
terapeuta. Eu não me sentia bem depois de ficar trancada sozinha em um
quarto por uma semana. Eu certamente não me senti melhor quando todos
disseram “vai melhorar, é só esperar”.
— Cabeça erguida. — Recolhendo meus braços ao comando, sentei-me e o
mundo girou ao meu redor quando tentei abrir meus olhos. Piscando com força,
estendi a mão para beliscar a ponte do meu nariz enquanto Michael colocava
um prato na minha frente. — Eu sei que este buffet faz uma comida excelente,
nada é pré-congelado ou algo assim, e não tem o gosto de ter saído de uma lata.
— Ok. — Quando os pontos pretos desapareceram da minha visão, meus
olhos treinaram na pequena salada no meu prato, e eu olhei quando Michael
se sentou ao meu lado. — Uma salada?
— Sim? Se você tem um problema com isso, pode ir buscar outra coisa. É
uma salada de couve. Eu pesquisei no Google. — Seu prato não estava
transbordando, mas estava bastante cheio de sua própria salada, e eu fiz uma
careta sob as sobrancelhas franzidas. — O que?
— Você pesquisou o quê? O que comer em uma farra bulímica?
— Esfaqueando um tomate cereja com o garfo, Michael apoiou o cotovelo na
mesa para segurar o queixo no punho. Seus olhos cravaram-se nos meus,
cinzentos e turbulentos como uma tempestade sobre o oceano, e um suor frio
brotou sob minhas roupas. O silêncio se transformou em desconforto, e peguei
meu próprio garfo para vê-lo tremer entre meus dedos.
— Não se chateie com isso, Esmirelda, certo? Pesquisei no Google o que
fazer quando você não come há uma eternidade. Supostamente, couve é um
“superalimento”. — Acenando com o garfo no lugar das aspas no ar, Michael
franziu a testa enquanto a surpresa alargava meus olhos. — Isso é o que o
artigo dizia, pelo menos, comer um pouco de cada vez, e não comer lixo
processado.
— Michael... — Um caroço se formou na minha garganta, e ele me lançou
o sorriso mais comedor de merda de todos quando eu pisquei para conter a
picada em meus olhos. Meu peito apertou, mas Michael apenas empurrou o
tomate em sua boca, seu sorriso nunca vacilou. Voltando-me para o meu
próprio prato, espetei um pedaço de couve picada e a crocante distinto estalou
alto em meus ouvidos.
— O fato, Esmirelda, é que ninguém faz nada sem motivo. Seja para
brincar, ou para se sentir melhor humilhando outra pessoa, ou se
machucando, sempre há uma razão. É estúpido pensar que ser altruísta e ser
genuíno são a mesma coisa. — Engolindo o calor apertado em minha garganta,
eu balancei minha cabeça em um aceno de reconhecimento antes de guiar meu
garfo para minha boca. Comer era estranho... saborear apenas um pedaço de
couve, mastigar, era quase estranho, e me inclinei para trás para fechar os
olhos. No hospital, eles acabaram de me conectar a uma intravenosa e
concluíram o processo; eles não podiam me forçar a comer, afinal.
Mas quando olhei para trás, geralmente só tinha comido quando Lisa e
Caitlyn ficavam preocupadas o suficiente para me confrontar.
— Honestamente, eu, pessoalmente, não acredito que exista tal coisa como
fazer algo completamente do bem do seu coração, certo. Quer a pessoa queira
admitir, uma boa ação ainda é uma ação egoísta. Ninguém faz uma boa ação
sem reconhecê-la e afofar as próprias penas.
— É isso que você está fazendo? Uma boa ação? — Engolindo minha
mordida rudemente antes de falar, lancei a Michael um olhar de soslaio
enquanto ele assentia com firmeza. — Tudo o que você fez hoje... foi apenas
uma boa ação para afofar suas próprias penas?
— Claro que é. De que outra forma eu vou fazer você gostar de mim,
hein? Nada do que fiz enquanto você estava em Byberry me beneficia,
Esmirelda. — Minhas sobrancelhas subiram com o quão incrivelmente
contundente Michael foi; ele não adoçou nada, e eu honestamente achei isso um
pouco reconfortante quando cheirei forte. — De qualquer forma, acho que é só
uma questão de quanto estou disposto a mentir para mim mesmo sobre
isso. Isso é muito esforço. Se eu mentir para mim mesmo, terei que mentir para
todos os outros, então...
Eu poderia admitir, pelo menos, que Michael tinha razão, e eu esfaqueei
um tomate cereja para empurrá-lo para fora dos meus dentes. Sua visão cínica
da vida era honestamente revigorante, talvez, porque era tão real.
— Todo mundo me diz para apenas aguentar e trabalhar na minha própria
felicidade... para não deixar que outras pessoas me afetem. Quando eu estava
no hospital, uma garota do grupo me disse, com toda a seriedade, que se eu me
concentrasse em pensamentos felizes, ficaria feliz, então precisava parar de ter
pensamentos tristes. — Michael engasgou com sua mordida, sua mão voando
para fora do canto da minha visão para cobrir sua boca, e eu suspirei com uma
carranca. — Ir foi um desperdício, mas meu pai disse que me traria para casa,
mas ele me trouxe lá, em vez disso. Achei que ele poderia fazer isso, mas... não
havia absolutamente nenhum sentido nisso. Ele não entende que não ajuda,
apenas o absolve da culpa.
— Ook, primeiro, que porra é essa, Esmirelda. Pare de ter pensamentos
tristes, sério? — Falando hesitantemente enquanto ele balançava a cabeça,
Michael pigarreou, e eu me virei para ele enquanto ele tossia fortemente. —
Em segundo lugar... eu não acho que seu pai fez isso para evitar se sentir
culpado. Eu apostaria dinheiro que ele só queria ganhar algum tempo e ter
certeza de que você não se machucaria enquanto ele decidia o que fazer.
— Meio que descasca toda a imagem de pai super-herói que ele tinha... —
Acenando para mim com um escárnio, Michael fez uma careta sombria, e eu
coloquei outro pedaço de couve em minha boca. — Ele está mais chateado do
que da última vez.
— Bem, merda, Esmirelda. Eu me pergunto por quê? Sua pequena
princesa é suicida. Como diabos você espera que ele aceite isso?
— Endurecendo com o estalo, parei minha mastigação enquanto Michael
jogava a cabeça para trás para gemer guturalmente. — Você simplesmente não
entende o quão sortuda você é? Claro, você está sendo intimidada para o
inferno, mas pelo menos você tem pessoas que querem que você melhore. Não
estou diminuindo essa coisa toda que está acontecendo aqui, Esmirelda, mas...
pelo amor de Deus, garota.
— Você quer falar sobre outra coisa, Michael?
— Sim. — Passando a mão pela cabeça lisa e pela barba, Michael me
lançou um olhar desagradável, embora sentasse pesadamente em sua
cadeira. — Merda.
O silêncio ficou cada vez mais pesado enquanto comíamos, e minha mente
vagava tentando encontrar um pensamento que pegasse. Michael comeu
rapidamente e se levantou com um pequeno empurrão na mesa para ir em
direção ao buffet. Pela primeira vez, percebi como aquele lugar estava
vazio; apenas algumas mesas estavam ocupadas, e Michael era a única pessoa
que folheava os alimentos.
Farejando enquanto lenta, mas seguramente comecei a notar o fundo do
meu prato, eu apertei e soltei minha mandíbula. Michael havia mencionado seu
pai antes, mas ele claramente odiava o homem. Franzindo a testa além da
minha mordida de pepino, o gosto era insípido na minha língua, e eu engoli
antes que a compreensão lenta espirrasse em meu crânio.
— Estou de volta. Quer que eu vá buscar camarão e bife para você? Eles
marinam em um tipo, molho de soja, eu acho. — Olhando por baixo dos meus
cílios, eu apenas balancei a cabeça enquanto Michael colocava seu prato na
frente de sua cadeira. O cheiro de seu bife subiu pelo meu nariz quando eu
respirei estremecendo, e ele estendeu a mão para empurrar minha lâmina para
o outro lado da mesa, sem palavras.
Não... Acho que não entendo como sou sortuda.
TREZE

Chegando à minha casa da fraternidade, desliguei meu carro e tirei o cinto


antes de afundar no banco do motorista para suspirar pesadamente. Olhando
por cima do console central, meus olhos se estreitaram em Esmirelda; ela
adormeceu em algum ponto da estrada, mas não havia nenhuma ruga entre
suas sobrancelhas delgadas. Até o rosto dela havia recuperado um pouco da
cor, e sua respiração era uniforme, embora um pouco superficial.
Havíamos passado quatro horas naquele buffet e ela não engoliu a comida
como um cachorro morrendo de fome. Ainda assim, ela comeu mais do que eu
esperava, o que era bom.
Ainda melhor, ela não vomitou em nada.
Abrindo a porta, saí com um grunhido e Tommy acenou para mim da
varanda da frente. Ele era um idiota quando estava bêbado, mas fora isso um
cara muito legal, e eu dei a volta na frente do meu carro com um pressentimento
apertando meu estômago. Esmirelda não era uma garota pesada, mas não pude
deixar de ficar preocupado com o quão leve ela seria. Ela deve ter perdido pelo
menos 4,5 quilos desde a festa, e ela também estava na espiral decrescente.
Erguendo Esmirelda do banco do passageiro, fiz uma careta ao ver como
ela era ossuda e chutei a porta atrás de mim. Tommy me lançou um olhar
questionador enquanto subia a passarela, mas eu o ignorei; Eu duvidava que
ele se lembrasse do que disse a ela, mas isso fez meu sangue
ferver. Especialmente considerando o fato de que ela faria muito bem o que ele
sugeria.
Ele pode ser um cara legal, mas quando estava bêbado, era um idiota
completo.
— Eu nunca pensei que você fosse o tipo de cavaleiro de armadura
brilhante, Michael. O que há com ela? — Cerrando minha mandíbula com
força, apenas balancei a cabeça ao passar, e Tommy abriu a porta de tela para
mim. O sol dourado que marcava o fim da tarde deu lugar a luzes brancas
falsas, e eu fui direto para as escadas. Em meus braços, Esmirelda murmurou
em seu sono, e ela inclinou a cabeça para respirar na frente do meu decote em
V. Meus pelos no peito se eriçaram enquanto eu subia os degraus, um de cada
vez, e abri caminho para o meu quarto.
— Isso está ficando um pouco fora de controle. — Quando evitei que
Esmirelda quebrasse o pescoço, realmente não sabia no que estava me
metendo. Colocando-a na minha cama, esfreguei meu rosto com as palmas das
mãos enquanto tropeçava de volta na minha poltrona com
um baque notável. — Tudo que eu queria eram alguns brownie points6, cara...
Ela era gostosa, então eu deveria ir salvá-la, e talvez as coisas sigam do
meu jeito por algumas horas, foi o que passou pela minha mente quando vi
Esmirelda discutindo com Marissa. Agora, eu estava afundado até o pescoço
em seus problemas e não conseguia me retirar. Quer dizer, claro, eu estava
disposto a dedicar um tempo para fazê-la voltar a funcionar porque minha
chance com ela dispararia.
Mas... percebi agora que haveria consequências se eu transasse com
Esmirelda e jogasse fora.
Pior ainda é que eu honestamente não me importava com a ideia de subir
em seu riacho de merda sem um remo. Eu joguei meu braço sobre o rosto para
esconder minha carranca e baixei minha poltrona para me esticar. Apesar de
toda essa besteira, eu a vi de relance quando ela estava indo bem e queria ver
isso de novo.
Ir para o buffet tinha sido uma decisão de pânico, porque foda-se deixando
Esmirelda com suas colegas de quarto. Eu não confiava nelas, o que era
estupidamente indesejável da minha parte, honestamente. Parte de mim sabia
que eles se importavam, mas parte de mim também se enfurecia com o fato de
que ela estava a uma parede de distância, se cortando, e nenhuma das duas se
preocupou em ver como ela estava.
— Quem sabe... talvez, depois de todo esse trabalho, eu consiga transar
com ela algumas vezes por semana em vez de apenas uma vez. É assim que as
meninas trabalham, certo? Você faz coisas com elas e elas te chocam na volta
para casa. — Não que ela fez desta vez, é claro. Minhas reflexões semissérias
tiraram um suspiro do meu peito, e eu abri meus olhos para respirar fundo. O
olhar azul e pálido de Esmirelda encontrou o meu firmemente, e um nó denso
se enrolou em meu peito quando ela se sentou em
silêncio. Merda! Merda! Merda! Merda!
Minhas pupilas se contraíram quando Esmirelda se levantou, e a confusão
uniu minhas sobrancelhas antes que ela sentasse no meu
colo. Automaticamente, minhas mãos voaram para os lados enquanto ela
montava em mim, e a sensação mais estranha do caralho transformou meu
sangue em lama. Não havia emoção em seu rosto ou em seus olhos, e eu não
gostei da maneira como suas costelas ameaçaram esfaquear minhas
palmas. No entanto, meu abdômen ainda estava apertado e meu pau enrijeceu

6 Créditos por uma boa ação.


quando ela apoiou os braços em cada lado da minha cabeça para se inclinar
perto de mim.
— Você é um idiota, Michael. — Seus lábios estavam frios e rachados
enquanto roçavam emplumados contra os meus, e minhas palmas deslizaram
para sua bunda para deslizar sob seu jeans largo. O sangue batia em meus
ouvidos enquanto suas feições se distorciam de quão perto ela estava, e eu
cerrei meus dentes com força. — Não posso me transformar no que você quer.
— Você me frustra pra caralho, mas tenho que admitir, é muito quente.
— Esmirelda rolou seus quadris para trás, empurrando sua bunda em minhas
palmas, e seu calor escoou através de nossos jeans. Apertando os globos
fortemente, eu gemi baixinho enquanto meu pau endurecia sob o tecido. — Por
que você acha que estou tentando mudar você, hein?
— Você não acha que eu sou fraca e preciso começar a enfrentar Marissa?
— Arqueando quando eu arrastei minhas unhas por suas costas lisas,
Esmirelda abaixou a cabeça em meu ombro. Seu suspiro sugou o calor da minha
pele, e alcancei sua blusa para apalpar seus seios. Minhas mãos se moveram
com mentes próprias, empurrando e relaxando seus quadris em uma moagem,
e eu lutei para encontrar uma resposta para sua pergunta.
— Eu acho que… eu só entendo melhor, ah!... — Ela
fodidamente me lambeu, e eu ofeguei duramente quando a sensação disparou
direto para o meu pau. — Esmirelda...
— Você é um valentão, você me intimida. Você pode não ser mau, mas...
você me intimida, Michael. — Meu coração gaguejou quando Esmirelda parou
de se mover, sua confissão soando em meus ouvidos acima do rugido. Quando
ela se inclinou para trás, ela ainda não tinha expressão, era honestamente um
pouco assustador, mas só intensificou minha ereção. — Isso é o que você quer,
e você vai atrás do que quer, certo? Mas... o que acontece quando você decide
que não me quer mais...? Essa é a parte intimidadora, pairando sobre tudo
isso... a compreensão sinistra de que você pode simplesmente acordar um dia e
decidir que acabou.
— Isso é uma merda profunda. Por que você complica as coisas
desnecessariamente? — Eu não conseguia afastar a sensação incômoda de que
Esmirelda estava falando em mim quando ela realmente não responde às
minhas perguntas. Em vez disso, ela suspirou pelo nariz e seus lábios se
estreitaram, embora ela não baixasse meu olhar.
— Seria mais fácil se você fosse mau. — A surpresa ergueu minhas
sobrancelhas com isso, e Esmirelda afundou em meu peito enquanto eu piscava
atordoado. Puxando minha mão de sua camisa e calça, eu mordi minha
bochecha enquanto minha mente zumbia. Ela murcha um pouco, mas eu não
tenho como tirá-la de cima de mim.
— Você adora foder comigo, não é? — Jogando minha cabeça para trás,
eu passei meus braços sobre suas costas, e um fantasma de um sorriso esticou
meus lábios. — Eu sou um valentão, hein? Aqui está você de qualquer maneira.
— Acho que gosto que você seja consistente. — Seu murmúrio arrastado
acariciou meu pescoço e enrolou os pelos do meu peito, e meu sorriso se
alargou. Minha palma deslizou por suas costas e eu pude contar cada uma de
suas vértebras enquanto empurrava sua camisa mais para cima. — Você sabe,
a primeira vez que fiz sexo foi na noite antes de tentar me matar. Não sei por
que... Achei que isso pudesse mudar alguma coisa, talvez. Não funcionou.
— Você pode ter esperado que de repente lhe desse vontade de viver, mas
não acho que você seja tão estúpida, Esmirelda. Com quem você transou?
— Insanamente curioso sobre como alguém poderia achá-la atraente à beira
da morte - literalmente - eu olhei para baixo enquanto ela cantarolava baixinho
em reconhecimento. Se ela agora era parecida com o que tinha sido antes, eu
certamente não poderia continuar com isso. Meio hipócrita, considerando
minha ereção, mas tenho certeza de que iria murchar como uma uva quando ela
tirasse a roupa.
— Esse cara do último ano do colégio. Ele estava sempre tentando me
animar, sentava-se comigo no corredor na hora do almoço e outras coisas. Foi
muito bom, honestamente. Acho que ele tentou muito compensar toda a merda
que eu estava passando. Até quase funcionou... — Remexendo enquanto
Esmirelda me regalava com sua anedota fodida, eu bufei quando sua pélvis
ameaçou cortar o fluxo de sangue para o meu pau. Se ela percebeu, ela não
reagiu, apenas me dando um suspiro que arrepiou sob a minha camisa.
— Sim, bem, aquele cara é um doente por fazer isso, mas você é ainda
pior. Ele sabe que você tentou se matar ou o quê? — Era estranho saber que
esse cara estava tentando com boas intenções, mas o que ele fazia era nojento
pra caralho. Contra meu peito, Esmirelda balançou a cabeça levemente e eu fiz
uma careta sombria. — Isso é tão confuso. Se você acha que é isso que vai
acontecer agora, garanto que não vai. Não tenho o hábito de transar com
fantasmas.
— Eu não. — A resposta simples drenou o sangue do meu pau, e a dor em
meu abdômen desapareceu enquanto a tensão em minhas coxas se
dissipava. Esmirelda fungou enquanto eu soltava um suspiro de alívio, e ela
circulou sua unha contra minha cabeça, o que na verdade foi muito bom. —
Obrigado, Michael, por me levar hoje.
— Você tem sorte que eles não cobram por hora. Caso contrário, você teria
que me pagar. Falando nisso, quando você volta a trabalhar? Você sabe, já que
você está em Byberry há uma semana?
— Segunda-feira, eu volto. — Grunhindo distraidamente em
reconhecimento, empurrei minha poltrona para trás para trabalhar meu braço
sob a cabeça. O trabalho de Esmirelda não ficava muito longe do
meu; trabalhávamos na mesma parte da cidade, pelo menos. Se eu pegasse um
determinado caminho, ele me levaria direto para a praça dela.
QUATORZE

— Aqui... — Passando-me um pequeno recipiente para viagem, Michael se


afastou da janela quando o cheiro de ovos e bacon revirou meu estômago. —
Confie em mim, apenas dê uma mordida. Aposto cinco dólares que você vai
terminar.
Abrindo a tampa enquanto ele rolava facilmente para uma vaga de
estacionamento, eu olhei para o sanduíche com cansaço. Essa coisa tinha o
dobro do tamanho do meu estômago, facilmente, peguei pelo lado
embrulhado. Lançando um olhar de lado para Michael enquanto ele
apunhalava um pedaço de salsicha de seu próprio recipiente, meus olhos se
estreitaram. Eu nunca tinha ido a um lugar onde o café da manhã fosse mais
parecido com o do McDonald’s, oferecendo comida para viagem e um drive-thru
com serviço completo. Na verdade, eu nem tinha estado neste lado da cidade
antes, e cheirei forte antes de voltar minha atenção para o meu sanduíche.
— Você come aqui todos os dias? — Eu realmente não queria comer isso,
e espremi o bacon, os ovos e o queijo entre o pãozinho de muffin inglês. O cheiro
de manteiga flutuou densamente em meu rosto, mas nada vazou em meus
dedos. — Não parece muito saudável, honestamente.
— Faz algum tempo que você não vê um sanduíche EBC, Esmirelda, essa
coisa não é tão gordurosa quanto você pensa. Apenas dê uma maldita mordida,
certo? Caso contrário, eu comerei. — Lambendo meus lábios pesadamente, eu
franzi meu nariz, mas o tom de Michael era muito sério. Trazendo o sanduíche
para minha boca enquanto ele aguava com o cheiro, eu dei uma pequena
mordida na borda, e a surpresa subiu minhas sobrancelhas. — Eh! Viu, eu te
disse. Não é tão gorduroso quanto o esperado.
Eu cantarolava enquanto mastigava; o muffin inglês estava crocante e o
ovo bem cozido, e, é claro, o bacon não precisava de descrição. Engolindo com
destreza, dei uma mordida maior e deixei minha cabeça cair para trás contra o
resto enquanto o prazer formigava minhas papilas gustativas. Olhando por
cima, meu peito apertou com a satisfação presunçosa estampada no rosto de
Michael, mas eu simplesmente o deixei ter este momento.
— E... então... esta é sua primeira aula desde a mudança?
— Resmungando depois de engolir, dei outra mordida, mas sabia que seria a
última. Este sanduíche não estava gorduroso nem muito amanteigado, mas era
pesado e meu estômago doeu.
— Não. Comecei a ir há três dias. Felizmente, a escola e meu chefe foram
legais com meus respectivos horários, então deu tudo certo. Não sei se é porque
você não estava lá, mas tudo estava em paz. — … Uau. Meus olhos se viraram
para a esquerda e Michael ficou tenso com um grunhido tímido. — Isso saiu
errado.
— Sim. — Embrulhando meu sanduíche, eu apenas balancei minha
cabeça enquanto um silêncio desconfortável se estendia entre nós. Olhando
para o contêiner em meu colo enquanto colocava a aba no topo, não pude deixar
de pensar em ontem.
Michael e eu passamos muito tempo no buffet, e nossas conversas
geralmente terminavam quando ele dizia algo “que saiu
errado”. Honestamente, eu estava começando a me acostumar com sua
grosseria, e ajudou um pouco que ele se sentisse mal por isso. Engolindo a
saliva que se acumulou sob minha língua, esfreguei o topo do recipiente com o
polegar distraidamente.
Por que eu fiz isso noite passada? Meus lábios se estreitaram, e cerrei
minha mandíbula enquanto o pensamento corria por meu cérebro. Isso é
provavelmente perto de seu modelo de namoro ideal...
Michael não queria que eu o ouvisse pensando consigo mesmo, e eu sabia
que, não importa o quão minúsculo seja, uma parte dele estava brincando
quando disse isso. Leve uma garota para sair e ela vai explodi-lo no caminho
para casa, o conceito dele era tão simples, mas realmente ressoou dentro de
mim por algum motivo. Ele foi sincero sobre o que queria, o que pensava; talvez
ele tenha sido um pouco duro na entrega, mas é assim que ele é.
E isso, aquela indiferença irreverente foi o que me intimidou. O fato de
Michael poder simplesmente dizer o que quisesse sem se preocupar com quem
ele machucou ou esfregou o caminho errado... era honestamente assustador.
Como ele poderia fazer isso quando eu estava me matando pela opinião de
outra pessoa sobre mim? E se eu não tivesse aprendido nada da última vez e
Michael estivesse certo? E se eu realmente gostasse de passar por isso de uma
forma doentia?
Afinal, Marissa havia me levado a esse ponto antes, e eu prometi a mim
mesma nunca deixar isso acontecer novamente. Ainda…
— Então... — Interrompendo meus pensamentos enquanto batia palmas
para esfregar as palmas, Michael me lançou um sorriso e colocou a marcha
ré. — Vamos indo. Não quero que você coloque lenha na fogueira vestindo
roupas velhas, mas farei isso, se isso significar que não estamos atrasados.
— Você sabe onde eu moro? — Jogando o braço sobre o meu assento,
Michael me lançou um olhar selvagem antes de sair de sua vaga, mas não
pressionei por uma resposta.
— Bem, merda, Esmirelda, eu deveria saber onde você mora. Eu estava lá
ontem, lembra? — Driblando com diversão, Michael bagunçou os dedos no meu
cabelo antes de recuar para segurar o volante, e o calor subiu pelo meu
pescoço. — Se você está se perguntando como eu sei onde você mora, acabei de
perguntar à senhora do prédio da administração. São informações
publicamente disponíveis. Você ficaria surpreso com quantas garotas nesta
escola se chamam “Esmirelda”.
— Só eu, certo? — Rindo com um aceno de cabeça, Michael rolou ao lado
de uma lata de lixo para despejar sua caixa de comida vazia, e minhas
bochechas aqueceram. — É o filme favorito da minha mãe, o Corcunda de Notre
Dame.
— Eu sei. Você mencionou isso antes. — Meus olhos se arregalaram e eu
enfiei os punhos entre as pernas enquanto o constrangimento se agarrava às
minhas costelas como um piche preto pegajoso. Eu não me lembro... — Então,
eu estava pensando agora, certo...
— Pensar é perigoso. — A cambalhota escapou antes que eu pudesse detê-
la e Michael pisou no freio; ele estava indo a apenas 16 km/h, mas foi o
suficiente para me empurrar no meu assento. Ofegante enquanto eu apoiava
minhas palmas contra o painel, minha cabeça chicoteou para cima, e ele jogou
as costas e riu. Minha pele formigou, a coceira sob a minha bandagem se
intensificando quando Michael bateu no volante com a palma da mão. Seu carro
buzinou alto, e sua risada profunda e rouca deslizou em meus ouvidos para
atiçar as chamas envolvendo meu rosto.
— Ook, em primeiro lugar... — Respirando fundo, os olhos de Michael
dançaram de alegria quando encontraram os meus, e meu coração gaguejou. —
Isto é uma grande verdade. No entanto, o que eu estava pensando é que talvez
você queira cobrir essa merda no seu braço.
Virando meu olhar para baixo, escovei a fina camada de curativo com
minha mão livre. Os cortes não eram profundos e eles teriam parado de sangrar
por conta própria em menos de uma hora, mesmo sem o envoltório. Ao meu
redor, o carro começou a rodar para frente, e Michael fungou de volta sua risada
antes de abrir a boca novamente.
— A última coisa que você quer fazer é dar munição para aquela vadia,
certo? — Minha boca secou com isso, e eu cantarolei um som estrangulado
quando Michael saiu do estacionamento e entrou na estrada principal. — Eu
cuido de você, Esmirelda.
— Isso é só porque você gosta de olhar minha bunda. — Mudando a
conversa, uma vez que ameaçava me sufocar, eu abaixei a janela para
descansar minha cabeça na moldura. Michael gemeu de exasperação, e um
pequeno sorriso apareceu em meus lábios quando ele respirou fundo se
preparando.
— Parece que me lembro de você olhando para minha bunda como se
quisesse me dar uma calça, ok. Um dia desses, vai ficar tão ruim que vou ter
que usar um cinto. — O estalo brincalhão alargou meu sorriso, e minhas
bochechas doem com a atração desconhecida depois de passar tanto tempo
franzindo a testa. — Eu nem tenho um cinto, então acho que você vai ter que
me reembolsar por ele.
— Você não tem um cinto? — Bufando asperamente enquanto acendia
seu pisca-pisca, Michael endireitou os braços e se espreguiçou com a minha
pergunta. — Por que não?
Paramos na pista à esquerda que acabaria por levar à minha casa, e
prendi a respiração em antecipação.
— Porque um cinto é a diferença entre minha calça ficar presa em um giro
de pneu e minha perna ser arrancada. Quando eu tinha 16 anos, havia um novo
cara na loja que não enfiava a camisa de botão, embora tivesse acabado de
terminar a aula de segurança. Sua camisa ficou presa em uma correia do motor,
foi arrastada e todo o seu rosto ficou destroçado. — Um caroço denso se formou
na minha garganta, mas Michael apenas encolheu os ombros
descuidadamente. — Eu não estava trabalhando naquele dia, então ouvi de
segunda mão.
— Isso é horrível.
— Quero dizer, claro, mas aquele cara deveria ter prestado atenção. Essas
aulas são obrigatórias por um motivo, Esmirelda. Em primeiro lugar, quem
diabos usa um botão em uma oficina mecânica? Isso é simplesmente
estúpido. Além disso, ele não era um garoto - ele tinha experiência em lojas, o
que, obviamente, funcionava contra ele porque se sentia confortável
demais. Quando você fica complacente com algo assim, acaba se metendo em
problemas. Assim como com essa coisa toda que você está acontecendo... —
Afastando-se quando o semáforo ficou verde, Michael olhou para mim com
cansaço, e a curiosidade invadiu meu peito. — Você fica muito confortável
estando triste e indefesa, Esmirelda. Você pode dizer a si mesmo que quer ser
feliz, mas não acho que realmente tenha uma razão para ser. Você não pode
ficar bem a menos que tudo ao seu redor esteja bem, e, claramente, você ainda
não deu um soco em Marissa, então... para mim, parece meio óbvio que você só
quer chafurdar em sua própria miséria.
QUINZE

Eu podia praticamente cheirar que tinha mexido a panela de merda um


pouco violentamente; Quer dizer, por que outro motivo Esmirelda mostraria
tanta emoção depois de estar tão vazia? Examinando-a enquanto ela
caminhava pela passarela, eu esfreguei minha cabeça distraidamente e reprimi
um suspiro. Ela estava trocando de roupa e pegando suas roupas da escola,
então me inclinei no lado do passageiro do meu carro para esperar do lado de
fora.
— Poderia ter acertado em cheio com isso. — Coçando minha cabeça
enquanto resmungava para mim mesmo, uma infinidade de emoções passou
por mim quando Esmirelda desapareceu além da porta da frente. Claramente,
ela não queria ser assim, mas também não tinha ninguém a pressionando para
mudar. As pessoas imploraram e imploraram e se preocuparam e tudo mais,
mas ninguém a chutou na bunda e a fez seguir em frente.
Seu pai, mandando-a para uma ala psiquiátrica, depois de mentir para ela
sobre ir para casa, foi um excelente exemplo. As pessoas não perceberam que
esses lugares não funcionavam? Era assim que essas coisas geralmente
aconteciam; ser passado para 'profissionais' para que ninguém se sentisse
culpado por não fazer nada... era estúpido.
— Pelo menos ela tem algum chute nela. Ela não é tão indefesa quanto eu
pensava. — Meus lábios se curvaram e cruzei os braços sobre o peito para
puxar minha longa barba. Quase imediatamente, meus pensamentos se
voltaram para minha própria crise de depressão; Eu me senti tão culpado por
deixar minha mãe com meu pai. Ele era um idiota abusivo, e ela usava uma
tonelada de drogas para evitar a dor.
Mas, desde que me lembro pela primeira vez, ela tentou ficar sóbria. Se
ela não queria para si mesma, então por que alguém se importaria em ajudá-
la?
Não foi muito diferente para Esmirelda, mas ela experimentou o gostinho
de uma vida boa e estava apenas lutando para descobrir como voltar para ela.
Saindo de casa com roupas limpas, uma bolsa carteiro pendurada no peito,
Esmirelda passou a mão pelos cabelos. Não tinha certeza se era porque a tinha
visto comer ou porque a irritei, mas ela parecia um pouco mais saudável ao sol
da manhã. Seu cabelo loiro brilhava um pouco mais forte, seu rosto tinha um
pouco mais de cor, e ela se aproximou de mim para dar um suspiro
determinado.
— Você está bem? — Assentindo com firmeza, um fogo brilhou em seus
olhos quando eles encontraram os meus, e eu sorri amplamente.
— Eu estou bem. Vamos lá. — Arrastando os pés, abri a porta para ela, e
Esmirelda deslizou para o banco do passageiro para colocar a bolsa no
colo. Suas colegas de quarto não estavam em casa; os carros que estavam na
garagem haviam sumido e eu fiz uma careta enquanto olhava ao redor da
vizinhança. Verdade seja dita, eu esperava que alguém, qualquer pessoa,
chamasse a polícia depois que eu não a trouxe de volta na noite passada. Eu
não a deixei trazer seu telefone, e nenhuma de suas colegas de quarto tinha
meu número.
Subindo no banco do motorista, eu apenas evitei a noção de que aquelas
garotas, que não me conheciam, estavam me confiando com sua colega de
quarto suicida. Estúpido.
— Por que você não tem um carro? — Falando quando estávamos na
estrada, segurei o volante em uma mão e pesquei meus óculos de sol no console
central. Só agora me dei conta de que Esmirelda não tinha veículo próprio, e
olhei para ela quando ela deu de ombros. Seus nervos já começaram a apertar
sua expressão, mas eu apenas franzi os lábios para evitar dizer algo que a
esvaziasse completamente.
— Eu gosto de pegar ônibus. É uma boa rotina. Comecei meu trabalho
antes de me matricular, então, no início, minha mãe me levava direto para o
trabalho até que eu descobrisse as rotas de ônibus e outras coisas.
— Assentindo com um zumbido, eu fiz uma curva para seguir em direção ao
campus, e Esmirelda ficou quieta por um segundo antes de continuar. — Eu
nunca vi Marissa no ônibus antes... Eu nunca a vi depois, também. Eu sei que
ela não tem carro, então...
— Ela provavelmente consegue uma carona com sua colega de casa ou algo
assim, talvez. Honestamente, não me importo. — No ônibus, o trajeto até a
sala de aula durava cerca de uma hora e meia, mas de carro demorava menos
de 20 minutos. — Eu sempre dirigi. Acho que não aguentaria pegar o ônibus.
Quando eu olho, Esmirelda estava olhando para seu telefone com aquela
expressão vazia novamente, e eu estendi a mão para cobrir a tela. Ela piscou,
sua cabeça erguendo ligeiramente antes de balançar com força, mas isso era
uma coisa que eu não iria mexer. Obviamente, Esmirelda estava lutando com
a multidão de ligações e mensagens de texto que recebera ontem.
Mas isso era tudo que eram... ligações e mensagens de texto.
— Você sabe... Eu esperava que houvesse policiais e outras coisas na casa.
— Grunhindo em reconhecimento à melodia triste em seu tom, agarrei o
volante com força enquanto Esmirelda zombava suavemente. — Não sei como
me sentir sobre o fato de que não havia.
— Tipo, sem ofensa, Esmirelda, mas não vou abrir essa lata de minhocas
com o seu pai. Isso é algo que você tem que lidar consigo mesmo. — A conversa
estagnou, mas nem ela nem eu tentamos revivê-la conforme nos
aproximávamos cada vez mais da sala de aula. Chegamos cedo o suficiente para
que ainda houvesse vagas no lote anexo ao prédio, e virei à direita com força.
Tive um bom pressentimento sobre esta aula quando parei em uma vaga
e desliguei meu carro para girar as chaves vagarosamente. A leveza aliviou a
tensão entre minhas omoplatas, e Esmirelda e eu saímos de nossos assentos
antes de puxar o meu para frente para pegar minha mochila na parte de trás.
— Venha aqui. — Esmirelda usava coisas brancas com mangas de braço
para se misturar a ela com a bandagem, e o tecido girou contra minha palma
quando peguei seu pulso. Jogando meu braço sobre seus ombros, eu a segurei
ao meu lado, e ela teve a audácia de ficar rosa quando me inclinei. — Pode
muito bem irritar algumas penas.
— Como é reconfortante que você esteja fazendo isso para irritar outra
garota, em vez de... — Se arrastando, o pequeno fragmento de atrevimento de
Esmirelda morreu assim que explodiu e meu sorriso sumiu. — Deixa pra lá.
— Em vez de... o quê? Em vez de fazer você se sentir quente e confusa?
— Seus lábios se estreitaram e eu a apertei com cautela enquanto
caminhávamos para a calçada. — Você está dizendo que não se sente
quente. Vamos, eu sei que sou gostoso.
— Não, acho que não. — A confissão enviou orgulho masculino através de
mim, e eu recuei quando Esmirelda abaixou a cabeça e suspirou
profundamente. — Você é um idiota, sabia disso?
— Claro. — Abaixando-me para agarrar sua bunda, eu francamente sorri
quando ela gritou e saltou de surpresa. — Meu plano é definitivamente
envolver você em volta do meu dedo com o único propósito de foder seus
miolos. Totalmente. Essa é a razão exata pela qual estou aguentando suas
merdas agora. Eu não tenho nenhum outro motivo além de entrar nesses jeans
quando eles couberem novamente.
Esmirelda me empurrou fracamente e eu ri quando seu rosto ficou mais
vermelho do que eu já tinha visto. Jogando meu braço ao redor de seus ombros
mais uma vez, eu balancei minha cabeça, mas memórias vivas me agarraram
quando chegamos às escadas do edifício. Parando para olhar os degraus de
concreto, apertei minha mandíbula com força e uma dor rasgou meus dentes.
— Michael…? — Tirando meus olhos das escadas, eu exalei com força
pelas narinas antes de olhar para os degraus. Esmirelda não disse mais nada,
mas estava tensa, o que me deixou tenso. As três vezes que estive aqui
enquanto ela estava no hospital não tinham puxado nada de mim, e estendi a
mão livre para coçar a barba com força.
— Foda-se. — Nós passamos pelo local onde eu a peguei em câmera lenta,
e eu fiz uma careta sombria. Nenhum dos meia dúzia de alunos circulando ao
redor percebeu, mas as tensões subjacentes fizeram com que um suor frio
brotasse na minha nuca.
Só quando rompemos as grandes portas duplas de madeira é que respirei
fundo e soltei o braço de Esmirelda para jogar minha cabeça para trás e
esfregar minha garganta. Meu coração batia de forma irregular, meu sangue
esquentando até meus dedos dos pés enquanto eu os flexionava em meus tênis.
Eu estava errado. Isso vai ser uma merda...
DEZESSEIS

— Então, você finalmente decidiu mostrar sua cara, hein. — Espinhos


correram pela minha espinha com o escárnio, e franzi meus lábios levemente
enquanto Marissa se inclinava no banco para me impedir de sair. — Como
foram suas férias?
— Foi agradável? — Lançando um olhar questionador para Michael, eu
fiz uma careta quando tudo que consegui foi um encolher de ombros. Minha
mente zumbia a uma milha por minuto, tentando descobrir para que lado essa
conversa estava indo, e Marissa estava sorrindo quando eu olhei para ela. — O
que você quer? Eu tenho outra aula para ir, e você está bloqueando todo o
corredor.
Ela corou, seus olhos brilhando de irritação quando eles piscaram para
Michael, e eu deslizei meu laptop na minha bolsa e fechei com velcro. Jogando
o cabelo por cima do ombro com o canto do olho, Marissa cruzou os braços sob
o busto, e seu sorriso de escárnio só se tornou mais desagradável.
— Eu só estava me perguntando se o seu namorado sabe que ele é uma
peça secundária. — Uma risada chocada ficou presa na minha garganta e eu
engasguei um pouco quando a surpresa subiu em minhas
sobrancelhas. Marissa deve ter interpretado isso como um sinal de culpa,
porque ela sorriu, e Michael ficou tenso ao meu lado. — Deve ser bom ter o
melhor dos dois mundos, hein? Um cara gostoso ao lado e um velho nojento que
paga para você chupar sua ereção falsa.
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo, e olhei com olhos
arregalados e boca aberta enquanto o sorriso de Marissa se alargava. Memórias
do meu pai e de estar estacionado na Sonic passaram pela minha mente e meu
peito apertou. Meu intestino apodreceu ali mesmo no banco, e meu rosto ficou
quente o suficiente para secar minha boca.
Quanto mais eu ficava quieta, mais inquieta Marissa ficava e meus olhos
ardiam antes de ser forçada a piscar. Apenas aquele, minúsculo reflexo me
desencadeou, e eu respirei fundo antes que risos histéricos escapassem do nó
na minha garganta.
Curvando-me sobre minha bolsa, eu ri uma mistura de choque, descrença
e pura e genuína diversão, e agarrei meu abdômen. Meus lados doeram muito
e minha risada chamou a atenção de outras pessoas que ainda guardavam suas
coisas ou conversavam com seus amigos. Lágrimas escorreram de meus olhos
enquanto eu lutava para me sentar e respirar fundo, mas, então, vi a expressão
incerta de Marissa através da água.
Cerrando minha mandíbula, bufei em uma tentativa fracassada de conter
minha alegria e agarrei meu peito enquanto meu coração batia
dolorosamente. Jogando minha cabeça para trás, cobri meu rosto com as mãos,
mas não foi o suficiente.
Michael esfregou minhas costas, mas eu mal senti isso enquanto
estremecia, meus pulmões em chamas com a necessidade e meu intestino quase
explodindo da minha pele. Minha risada ecoou em meus ouvidos além do
sangue que latejava e ecoava no teto alto. Soluçando uma respiração nua, eu
esfreguei meus olhos para longe de sua turvação, mas toda a energia vazou de
meus braços. Afundando profundamente no banco, não consegui conter as
risadas que borbulharam de dentro de mim.
— O..Oh, oh, meu D... Deus... oh, Deus... dói... — Arqueando para aliviar
a tensão nos meus músculos, funguei forte, e uma dor de cabeça cresceu na
minha testa. — Jesus... dói, meus lados...
— Estou confuso. Por que você não me disse que sou uma peça secundária,
caramba? — A falsa irritação de Michaels só quebrou o teto em meu peito, e
eu me dissolvi em risos.
— Por que ela diria a você que tem um sugar daddy? Quer dizer, você sabe
o que aconteceu na festa no sábado passado, certo? — Eu mal conseguia ouvir
Marissa por causa do sangue fervendo em meus ouvidos, e Michael deve ter
balançado a cabeça enquanto eu ofegava por ar. Cobrindo meu rosto, eu cerrei
meus dentes e cerrei minhas coxas em uma tentativa de me controlar. — Ela
fez um trio com sua colega de casa e outro cara, e então ela ligou para seu sugar
daddy e explodiu com ele no estacionamento do Sonic. Um verdadeiro ato de
classe.
— O quê? — Michael engasgou dramaticamente, e eu estremeci com o
esforço necessário para conter minha risada desagradável quando ele me
lançou um olhar furioso. — Com quem diabos eu dormi naquela noite,
então? Eu não bebo e tenho certeza de que ninguém injetou Pepsi na minha
veia. Você não tem uma irmã gêmea, tem? Que porra é essa, Esmirelda?
— Eu...eu vou... vou vomitar, oh, meu Deus... — De repente, percebi que
Marissa estava falando sobre meu pai real, e meu estômago embrulhou
perigosamente. Saliva se acumulou em minha boca e minhas emoções se
achataram enquanto o caroço na minha garganta desaparecia. — Oh, merda,
vou vomitar...
— Faça isso nela! — Empurrando minha cabeça para longe dele, Michael
deslizou para baixo do banco e eu me inclinei para vomitar. Marissa pulou
sobre a mesa com um grito de porco, e Michael foi rápido para juntar meu
cabelo. Meu estômago estava vazio, felizmente, e eu arqueei fortemente quando
nada saiu. — Merda, Esmirelda. Você está bem? Não achei que você agiria...
bem, acho que entendo isso...
Todos os traços de brincadeira deixaram a voz de Michael, e eu limpei
minha boca enquanto respirava fundo. A realização me deu um soco no rosto
quando me endireitei, ofegando asperamente, e coloquei a mão no bolso da
frente da minha bolsa para tirar um guardanapo da Starbucks.
Quando olhei para Marissa, ela de repente parecia tão patética; Eu sabia
que ela era má e não tinha muita autoestima, mas agora...
Enxugando meus olhos e boca enquanto todos os olhos no corredor
estavam fixos em mim, dobrei o guardanapo e me levantei para enfiá-lo no bolso
de trás. Fungando forte, bufei um suspiro quente e peguei os olhos de Marissa
enquanto ela se encolhia, seu rosto uma máscara de desgosto.
— Você saberia tudo sobre incesto, não saberia, se pudesse me acusar de
fazer sexo com meu pai. Você deve saber exatamente o que parece, hein,
Marissa? — Seus olhos se arregalaram, o rosto ficando vermelho como uma
beterraba quando ela percebeu o quão mal havia avaliado a situação. Todas as
outras vezes ela falou merda comigo, espalhou rumores sobre mim, virou as
pessoas contra mim... tudo veio correndo para mim. — Aposto que o único
homem que disse que você era bonita foi seu pai, certo? Você deve ama-lo,
certo? É por isso que você mora em um trailer sem vizinhos por perto, certo?
Minha voz estava assustadoramente calma, até mesmo para mim, e
peguei minha bolsa da mesa para olhar ferozmente para ela. Ela abriu a boca,
mas nada saiu, e eu me aproximei dela até que ela se recostou tanto que caiu
no banco abaixo. Sua calça jeans rasgou com uma lágrima que parecia um raio,
e eu inalei uma respiração profunda e estabilizadora pelas narinas dilatadas
enquanto ela se debatia.
— Para o registro, Michael não é minha peça secundária. Merda,
Marissa… Acho que sua família de lixo branco está distorcendo sua visão de
mundo. Honestamente, neste ponto, eu não ficaria surpresa se todas as coisas
que você disse às pessoas sobre mim no colégio fossem sobre você. E aquele
boato que espalhou sobre mim de que eu tinha gonorreia? Era realmente
você? Que tal dizer ao diretor que você estava preocupada que meu irmão
estivesse abusando de mim? Seu irmão abusou de você? Foi o seu pai, já que
você obviamente conhece os sinais disso, certo? — Cerrando os punhos em
torno da alça da minha bolsa, observei inexpressivamente enquanto Marissa
conseguia se levantar. — Acho que você deveria fazer terapia se é verdade que
seu pai te faz chupá-lo.
Saí do banco e desci as escadas com a cabeça erguida, mas não me senti
bem. Uma doença se apoderou de minhas entranhas e revirou meu estômago,
e minha cabeça ficou cada vez mais leve a cada passo que eu dava. O silêncio
ecoou em meus ouvidos e minhas mãos tremeram ao redor da alça da minha
bolsa enquanto meu coração fazia uma tentativa de explodir em minhas
costelas. Cerrando minha mandíbula com força, eu só consegui dar alguns
passos até chegar ao pódio do professor. Ele tinha visto e ouvido tudo, eu sabia,
eu poderia dizer pela maneira como ele me olhou com cautela.
— Podemos falar sobre o trabalho que perdi? — Seu rosto enrugado se
contorceu quando ele fez uma careta, balançando a cabeça, e eu olhei por cima
do ombro. Marissa estava no banco, sua bunda pendurada para fora do enorme
rasgo em sua calça jeans e ombros curvados e tremendo.
Mas... eu não me importei. Michael estava certo. Tornei-me complacente
em chafurdar em minha própria miséria e era por isso que era um alvo fácil
para Marissa. Eu fiz minhas próprias dificuldades.
Balançando a cabeça, segui o professor até seu escritório e fechei a porta
silenciosamente atrás de mim.
DEZESSETE

Chegando ao topo no meio da calçada, agachei-me para cobrir minha


cabeça com os braços, e Michael parou quando percebeu. Minha dor de cabeça
engolfou todo o meu rosto e eu cerrei meus dentes enquanto meus olhos
ameaçavam saltar das órbitas. Explicar minha situação para meu professor
não foi drenante, mas o fato de que eu tive que fazer isso nessas
circunstâncias...
— Levante-se, Esmirelda. — Pegando minhas mãos, Michael desenrolou
meu corpo com força, e me inclinei pesadamente sobre ele enquanto ele passava
um braço em volta de mim. — Afaste-se.
— Eu me sinto um lixo. — Falando roucamente, minha declaração só me
rendeu um grunhido, e Michael me ajudou ao longo da calçada enquanto
minhas pernas ameaçavam ceder sob mim. Enfrentar Marissa não me fez
sentir poderosa ou justa ou... qualquer coisa além de fisicamente doente. O suor
escorria pelas minhas costas, grudando minha camisa na minha pele, e eu
ofeguei com a pequena quantidade de energia que tive que exercer apenas para
dobrar os joelhos.
— Sim, bem, merdas assim são nojentas. — Marissa tinha ido embora
quando saí do escritório do meu professor, mas isso não tirou o peso dos meus
ombros. Fungando forte, eu balancei minha cabeça com força antes de Michael
parar novamente para me deixar recuperar o fôlego. — Você ficará bem. É uma
merda, mas você pegou sua primeira vértebra. Faltam apenas 32.
— Eu não posso acreditar que isso aconteceu. — Talvez eu estivesse em
choque; essa era a única explicação que eu tinha para como estava me
sentindo. Eu senti como se tivesse levado simultaneamente um soco no
estômago, um polegar nos olhos e uma caixa nas orelhas. Se eu inclinasse
minha cabeça para o lado errado, ela simplesmente cairia - era tão pesada. —
Isso realmente aconteceu, certo?
Voltando-me para Michael para confirmação, eu gemi quando ele assentiu
com firmeza, mas o orgulho brilhou em seus olhos.
— E quanto a você, hein? Fiquei chocado, você realmente deu a ela um
pedaço de sua mente, hein, Esmirelda. — Sua voz soou aguda e eu me
endireitei, embora meus pulmões ainda estivessem queimando, o que não
poderia passar pelo nó na minha garganta. — Isso foi impressionante. Eu
particularmente gostei da parte em que você entrou na cara dela e ela rasgou
a porra das calças, foi como aquele episódio do Bob Esponja.
— Não sinto que fiz uma coisa boa. — Alcançando minha mão livre para
espalhar minha testa, eu franzi a testa para a calçada, e Michael bufou
asperamente.
— Não foi bom, Esmirelda. Foi uma coisa necessária. Só porque
você tem que fazer isso não significa que goste de fazer isso. Em algumas
semanas, depois de saber com certeza que Marissa não vai voltar atrás, você
começará a se sentir justificada. — Não acreditei em Michael, mas não tive
energia para discutir quando ele me fez andar novamente. — Então, toda
aquela merda que você disse sobre o colégio... qual é o problema com isso? Você
disse que Marissa estava namorando seu irmão, então por que ela o acusou de
enganar você?
— Oh, meu Deus. — Engasgando violentamente, eu me inclinei, e Michael
quase pulou na rua enquanto me segurava com as pontas dos dedos. Meu torso
parecia vazio ou em chamas, não havia meio-termo, e meu estômago revirou
algumas vezes antes de se estabelecer novamente.
— Devo te levar para casa? A última coisa que preciso é você desmaiar ou
algo assim. Você pode ter perdido peso, mas carregar você por dois quarteirões
até o meu carro é uma droga. Balançando a cabeça com uma fungada áspera,
engoli a saliva que se acumulava na minha boca e Michael franziu a testa com
o canto do olho. — Estou feliz que seu estômago está do tamanho de uma uva
agora...
— Estou feliz que você aprecie meu transtorno alimentar induzido pela
depressão. — Arrepios lavaram meu corpo no meu próprio estalo, e os cabelos
da minha nuca se arrepiaram. Esquivando-me do aperto hesitante de Michael,
endireitei-me para respirar de forma áspera e profunda. Quando abri meus
olhos, ele estava peito a peito comigo, e minha expressão azedou. — O que?
Tensa quando Michael espalmou minha mandíbula, esfregando meu rosto
com os polegares, minha respiração engatou com a intensidade crescendo em
seus olhos. Ele lambeu os lábios e o horror passou por mim com o pensamento
de que ele tentaria me beijar. Inclinando-se, ele pressionou sua bochecha na
minha têmpora, e minhas pálpebras se fecharam enquanto a ansiedade
substituiu meu sangue em minhas veias.
— Sei que você está chateada. Eu sei que dói. Eu sei que você está com
medo porque a luta ainda não acabou. — Seu murmúrio em meu ouvido enviou
uma punhalada dolorosa em meu peito, e eu engasguei, mas Michael apenas
apertou meu rosto com mais força. Tremores percorreram minha espinha e ele
se aproximou meio passo. — Mas... nunca insinue que você prefere que eu
mentisse na sua cara como todas as outras pessoas em sua vida, Esmirelda.
Rolando meus lábios entre os dentes para morder com força, virei meu
olhar para meus tênis quando Michael deu um passo para trás. Suas palmas
deslizaram para o meu pescoço e ele apoiou os polegares sob meu queixo para
forçar minha cabeça para cima. Piscando para conter a ardência em meus
olhos, eu solucei um suspiro e sua expressão encharcada de desdém.
— Eu acho você sexy, mas você não parece perceber que estou fazendo isso
para melhorar minhas chances. Tenho sido franco com você, Esmirelda. Tive a
impressão de que você entendeu por que eu estava fazendo tudo isso. Venha,
seja o que for - eu não gosto de você quando você fica assim, então não me dê
um motivo para sair. — De nenhuma maneira, forma ou forma as palavras de
Michael soaram como a ameaça que eram, e eu engoli em seco antes de
concordar. Seus olhos cinzentos de aço cravaram nos meus violentamente,
procurando por algo que ele não encontrou, e ele bufou. — Pare de ser uma
vadia e faça algo a respeito, se você não se sentir bem.
— Sim... Ok... — Se ele não gosta de mim quando estou assim, por que está
se esforçando tanto para mim? Liberando meu queixo enquanto a pergunta
circulava por trás dos meus olhos, Michael pegou minha mão para puxar e eu
mordi meus lábios pensativamente. Não pode ser só porque ele quer fazer sexo
comigo. — T- talvez, eu só precise comer alguma coisa...
— Pode ser, você só deu três mordidas naquele sanduíche. Porém, é a sua
vez de comprar. — Eu apenas balancei a cabeça para isso, e paramos em uma
caminhada transversal enquanto eu lenta, mas seguramente me
recompunha. A ideia de comida acalmou meu estômago um pouco, e passei a
mão pelo cabelo enquanto olhava ao redor em busca de carros. Dando um passo
para fora do meio-fio, eu chupei meu lábio inferior entre os dentes enquanto a
cena na minha sala de aula passava por trás dos meus olhos.
Marissa definitivamente tentaria se vingar de mim pelo que eu fiz; Eu a
humilhei na frente de mais de 40 estranhos, e não importava que eles fossem
estranhos. Ela provavelmente estava fervendo de raiva, revolvendo ideias
horríveis para 'me colocar no meu lugar' com algum ato tão horrível que as
coisas voltaram a ser como eram.
Mas, por algum motivo, eu não estava com medo. Eu não estava com medo,
imaginando o que Marissa poderia fazer. Não me arrependi de ter dito as coisas
que disse a ela.
Nada que ela possa fazer me fará voltar.
— Estou pensando... — Parando enquanto eu olhava para Michael, eu
limpei minha garganta quando ele arqueou uma sobrancelha
interrogativamente. — Eu acho que talvez eu pudesse cortar meu cabelo... não
muito curto, mas curto o suficiente? Está ficando bem longo, e eu sinto que se
vou fazer isso, eu realmente deveria ir em frente.
Pausando seus passos, Michael se virou para mim para olhar morto em
meu rosto, e ele estendeu a mão para puxar sua barba pensativamente. Ele era
o único homem que conheci que não tinha cabelo na cabeça, e estendi a mão
para escovar seu couro cabeludo com as costas dos meus dedos. Não havia
ninguém por perto, e ele agarrou minha palma para colocá-la sobre sua cabeça.
— Certifique-se de ir a um profissional, então. Do contrário, você vai
acabar se parecendo comigo. — Meus lábios se curvaram com isso, e alegria
dançou nos olhos de Michael quando me retirei para apertar minha mão em
meu peito. — Comecei a perder meu cabelo na 6ª série - peguei o gene
ruim. Depois de um ano, eu o cortei e ele nunca mais cresceu. Eu compenso com
minha barba.
— Você fica muito bem com sua barba. — Sorrindo com o meu elogio,
Michael coçou a nuca grossa enquanto balançava os calcanhares, e eu pude ver
um comentário bruto crescendo em seus olhos.
— Se eu não tivesse, pareceria um idiota gigante, e isso simplesmente não
vai servir. — Uma risadinha explodiu de mim com isso, e eu corei quando
Michael deu um som forte e cheio de barriga. Jogando o braço em volta do meu
ombro, ele me empurrou um pouco com um grunhido e chamas lamberam meu
pescoço. Virando uma esquina, a sala de aula apareceu, e um suspiro de
satisfação escapou de mim enquanto ajustava minha bolsa contra o peito.
DEZOITO

— Eu enviarei uma mensagem quando eu sair. Eu só trabalho meio dia


hoje, então. — Parando na minha pensão, Michael parou completamente antes
de olhar para mim. — Suas colegas de quarto têm aulas noturnas, certo? Você
vai ficar bem sozinha?
— Vamos descobrir, eu acho. — A apreensão já corria em minhas veias e
eu inalei uma respiração forte antes de agarrar a maçaneta da porta. Antes que
eu pudesse abrir a barreira, Michael agarrou meu outro braço e eu fiquei tensa
quando meus olhos voaram para os dele. Eles brilharam com gravidade, e ele
cerrou e soltou sua mandíbula pelo que pareceram minutos antes de abrir a
boca.
— Ligue-me se não estiver bem, Esmirelda. — Lambendo meus lábios
pesadamente, eu balancei a cabeça em silêncio, e ele apertou meu braço para
enfatizar seu ponto. Abrindo a porta do passageiro lentamente, saí de seu carro
e apertei minha bolsa contra o peito. Dando a volta na parte de trás do carro,
meus joelhos enfraqueciam a cada passo que dava em direção à casa enorme e
vazia.
— Vou apenas encontrar algo para fazer para não ficar entediada... —
Murmurando para mim mesma no caminho até a passarela, olhei por cima do
ombro enquanto Michael descia do meio-fio. Instantaneamente, meus ombros
tocaram minhas orelhas, e meu coração bateu mais forte e mais rápido contra
minhas costelas. Voltando-me para a casa, pisquei para doer em meus olhos e
respirei fundo, o que não fez nada para aliviar os nós em meu peito.
Assim como antes, o lugar estava vazio e silencioso; Lisa e Caitlyn já
estavam em suas primeiras aulas quando eu estava saindo da última. Agora,
porém, o silêncio era agourento e escuro, e eu caminhei até as escadas para
subir lentamente. O sangue batia em meus ouvidos, mas não havia nada por
perto para quebrar o intenso tamborilar.
Não sei o que estava esperando, mas meu quarto estava exatamente do
jeito que eu tinha deixado esta manhã - exatamente como estava quando saí
com Michael ontem. Meu coração bateu perigosamente mais lento, e me inclinei
no batente da porta para olhar fixamente para a navalha ainda acolchoada no
tapete. Sangue seco salpicou meus lençóis e minha respiração engasgou quando
uma tristeza profunda agarrou meus pulmões.
— Eu deveria ter esperado por isso... Lisa e Caitlyn não são minhas
amigas, elas apenas não queriam se sentir culpadas por não fazer nada. Assim
como meu pai. — Meu murmúrio era alto no meu quarto, de outra forma
assustadoramente silencioso, e eu esfreguei meu pescoço e levantei meu
rosto. Os pelos finos do meu peito e costas se eriçaram enquanto calafrios
corriam para cima e para baixo na minha espinha, e o gelo bombeava através
de mim para enviar espinhos frígidos pelos meus braços e pernas.
Na festa, Lisa estava mentindo para mim. Meu corpo avançou enquanto
eu olhava, e me inclinei para pegar a navalha com as pontas dos dedos
formigando. Um toque baixo e agudo abafou o sangue que latejava em meus
ouvidos, mas uma sensação estranha passou por mim. Eu poderia me cortar,
eu adoraria esse alívio, desta vez, ninguém me impediria, e se eu cortasse fundo
o suficiente, ninguém seria capaz de me salvar.
Mas… eu não queria.
Você chafurda em sua própria miséria. As palavras de Michael circularam
atrás dos meus olhos, mais vistas do que ouvidas, e eu funguei com força antes
de colocar a navalha na minha mesa de cabeceira. Não insinue que você quer
que eu minta para você como todas as outras pessoas em sua vida.
Quando ele disse isso, não achei que acreditasse que realmente -
verdadeiramente - todas as pessoas em minha vida estavam mentindo para
mim. Meus olhos piscaram para a minha cama, e os lençóis manchados
confirmaram que, no mínimo, minhas colegas de quarto mentiram para mim.
Lisa me disse para não me preocupar - que ela tinha uma muda extra de
lençóis para eu pegar emprestado até que eu pudesse comprar mais. Caitlyn
prometeu jogar fora minhas roupas ensanguentadas. Não pedi a elas que
assumissem essas tarefas - elas o fizeram por sua própria vontade. O que só
piora.
Alcançando o bolso da frente da minha bolsa, tirei meu celular para
encontrar mais ligações e mensagens de texto do meu pai. Meu telefone estava
no silêncio desde esta manhã e eu não respondia há mais de 24 horas.
Então... onde estava meu pai? Por que ele não estava correndo aqui,
doente de preocupação, e puxando os cabelos procurando por mim?
— Porque ele também é um mentiroso. — Fechando meus olhos, apertei
meu telefone quando um buraco se abriu em meu estômago, e respirei fundo
antes de balançar a cabeça. — Ele não vai aparecer porque mentiu e me trouxe
ao hospital, embora eu soubesse que era inútil.
Fungando forte, sentei-me na cama e coloquei meu telefone ao meu lado
enquanto as memórias me bombardeavam. A ala psiquiátrica de um hospital
foi um desastre; ninguém foi lá pensando que iria ajudar, apenas abriu
algumas opções que podem ajudar. Eles me trancaram em um quarto durante
a maior parte do dia, me deram uma hora com alguém que não se importava,
injetaram alguns antidepressivos e chamaram de “pronto”.
É totalmente algo que as drogas podem consertar, não, tipo, talvez,
possível, mudar meu ambiente? Se eu fosse transferida, estaria
melhor. Simples. Fácil. Mas meus pais não queriam que eu me transferisse
porque essa era uma boa universidade e ficava perto de casa. Meu pai me disse
para terminar o semestre e então convenceu meu irmão a se matricular aqui
assim que fosse liberado do serviço ativo.
Tantos obstáculos sendo ultrapassados e para quê? Para me manter no
mesmo lugar, fazendo a mesma coisa, mas esperando um resultado diferente.
Levantando-me, tirei minha bolsa do ombro para caminhar até meu
armário e me agachei para olhar para a grande caixa no chão. Arrastando meus
dedos ao longo da borda do papelão rígido, um calor se espalhou pelo meu braço
para empurrar um suspiro do meu peito. Um desejo agarrou meu coração em
um torno, e eu agarrei a caixa para arrastá-la para fora do armário.
Eu não havia costurado um único ponto em todo o tempo que estive
aqui; antes mesmo de me matricular, já tinha meu emprego e não tinha
conseguido fazer muito. Abrindo a caixa, olhei para a máquina familiar que
estava lá dentro. Alcançando a lateral para puxar o caderno ali, sentei
pesadamente para folhear as páginas.
Nada do que projetei era único, mas, agora, estava feliz por não ter nada
muito complicado acontecendo. Eu poderia fazer qualquer coisa, começar em
qualquer lugar, e um pouco da tensão diminuiu de meus ombros enquanto eu
virava as páginas finas e sem linha. Chupando meus lábios entre os dentes
para roer pensativamente, deixei os desenhos me distraírem de meu isolamento
perigoso e de meus pensamentos perigosos.
Abaixando o livro, alcancei a máquina de costura para pegar a bolsa
pesada na parte de trás do armário. Todos os meus suprimentos e tecidos foram
cuidadosamente embalados e abrir a caixa encheu meus pulmões de ar
fresco. Inclinando-me para respirar fundo e estabilizar, cantarolei enquanto
pegava um pedaço de seda para tocar a maciez do meu nariz.
Mesmo se todos ao meu redor estivessem mentindo para mim... eu não
poderia mentir para mim mesma. Não aceitei negócios por algum motivo
geral; Aceitei porque tinha um objetivo.
Quando perdi isso de vista? Mesmo quando estava feliz, era realmente
feliz? Eu simplesmente me enganei porque era mais fácil?
— Eu sou uma hipócrita. — Um enorme peso foi tirado do meu peito e me
levantei para pegar meu telefone da cama. Navegando para o contato de
Michael, digitei uma mensagem rápida para que ele soubesse que eu estava
bem.
E, pela primeira vez, eu realmente acreditei, não por causa de algum lema
estúpido de fingir até eu conseguir. Vou ficar bem, enquanto eu mudar minhas
próprias circunstâncias em vez de vasculhar a sujeira de outras pessoas.
DEZENOVE

Levantando-se com a batida suave na porta, eu franzi meus lábios


levemente enquanto Lisa sorria com culpa em seus olhos. Eu não tirei meu pé
do pedal, e meus olhos demoraram por um segundo antes de voltar ao que
estava fazendo.
— Sinto muito pelos lençóis, perdi a noção do tempo pesquisando
estatísticas para minha aula de análise. — Inclinando-me para mais perto da
minha máquina de costura enquanto eu passava o rico tecido preto, franzi as
sobrancelhas em um esforço concentrado para ignorar Lisa. — Posso trocá-los
agora, se estiver tudo bem para você.
— Não dá. Estou ocupada agora. — O bombeamento incessante da agulha
manteve o silêncio constrangedor sob controle, estranho para Lisa, não para
mim. Franzindo a testa levemente em concentração, eu peguei um alfinete e
coloquei no travesseiro em meu pulso sob seu olhar pesado. Minha pele
arrepiou com a ideia de que ela queria dizer algo, para tentar suavizar isso, e
me perguntei se deveria deixá-la.
Talvez, eventualmente, possamos ser amigas. Até que ponto temos sido
confiáveis uma para a outra? O pensamento aprofundou o vinco entre minhas
sobrancelhas e parei minha costura para me recostar na cadeira. Repassar
minhas próprias coisas não era a melhor hora para fazer amigos, e eu sabia que
não poderia ter grandes expectativas para essas pessoas que eram
essencialmente estranhos.
— Estou cansada, Lisa. Estou cansada e realmente não quero fazer isso
agora. Não devo esperar nada de você, nem mesmo uma troca de lençóis. Nós
não somos amigas. — Voltando meu olhar para o dela, não me senti nem um
pouco culpada pelo olhar doloroso no rosto de Lisa, e estendi a mão para afastar
alguns fios de cabelo que escaparam do meu coque. — Na festa, tudo o que você
disse era mentira. Tudo o que você não disse era mentira.
— Não, Esmirelda, eu quis dizer tudo que eu disse. Eu nos considero
amigas. — Sua voz aumentou um pouco e ela passou as mãos pelos cabelos em
agitação. — Eu sei que você teve essa merda recentemente, mas eu fui genuína.
— Pare, ok? Quero voltar ao que estava fazendo, então feche a porta atrás
de você, por favor. — Voltando para a minha máquina, eu deliberadamente
ignorei Lisa pelos poucos segundos em que ela permaneceu na minha
porta. Prendendo a respiração, meus ombros caíram quando ela saiu e se
fechou, e suspirei calorosamente. — Eu sei que não devo ser exigente porque
não tenho amigos, mas é melhor isso do que ter maus amigos...
Meu resmungo foi recebido com silêncio, e puxei o tecido com
firmeza. Balançando minha cabeça com uma inspiração afiada, eu desalojei
meus pensamentos sobre Lisa enquanto batia cuidadosamente meus dedos do
pé no pedal. A máquina ganhou vida antes que eu encontrasse a quantidade
certa de pressão para usar, e parte de mim se perguntou o que eu estava
fazendo.
Eu já estava costurando linhas em um pedaço de tecido por três horas e
nem tinha um plano para isso. O poliéster era liso e macio, quase como seda,
mas eu não queria estragar minha seda verdadeira.
Esse material era caro. Tive sorte no colégio - vencer um concurso de
design local me deu um monte de coisas grátis que, de outra forma, seriam um
sonho para mim.
Pausando quando meu telefone tocou insistentemente, eu gemi enquanto
caia para trás na minha cadeira e levantei meu pé do pedal. Me levantando,
me joguei na cama para pegar meu telefone e meus polegares bateram na tela
com precisão.
Michael: Eu senti uma perturbação na Força.
A surpresa ergueu minhas sobrancelhas, e eu mordi diligentemente meu
lábio inferior antes que ele começasse a digitar novamente. As reticências
saltaram na parte inferior de sua caixa de texto e eu prendi a respiração
enquanto a antecipação deslizava em minhas veias.
Michael: Nah, estou brincando. Eu acabei de sair. Quer passar na casa
da fraternidade?
— Hum, está bem. — Digitando uma resposta rápida, sentei-me para
olhar para as mangas que protegiam meus pulsos. Hoje foi cheio de revelações,
e eu tirei o tecido preto rendado para revelar as linhas finas e salientes por
baixo. Flexionando minhas mãos, minhas novas cicatrizes formaram uma
crosta forte, e eu rolei meu lábio inferior entre os dentes para esconder minha
carranca.
Eu comecei a usar essas coisas porque não queria que meus pais
soubessem que eu me cortei, mas, obviamente, aquele gato havia escapado do
saco. Não houve um tempo em que eu não usasse essas mangas estúpidas
porque meus cortes deixavam as outras pessoas extremamente desconfortáveis
ou críticas. Estranhos vinham até mim para perguntar sobre minhas cicatrizes
- ou, pior, velhas senhoras da igreja me diriam que estou indo para o inferno.
O que foi uma experiência adorável.
Se eu realmente quisesse mudar, porém, precisava aceitar essas partes de
mim mesmo.
Meu telefone apitou estridente e eu o virei para escanear a mensagem de
Michael. Ele passava e me pegava, mas meus polegares hesitaram enquanto
eu debatia se deveria ou não pegar um ônibus. A casa da fraternidade dele
estava em uma rota, mas eu não tinha certeza de qual ônibus deveria
pegar. Respondendo com um simples 'ok', respirei fundo pelo nariz e segurei
por um longo momento.
Os últimos dias desde que voltei ao hospital pareceram muito longos, e eu
desmoronei um pouco enquanto soltava um suspiro.
Fui dura com Lisa, mas Michael também era praticamente um estranho; a
única coisa que diferia entre eles era sua franca honestidade. É uma grande
diferença, no entanto.
Mesmo que Michael estivesse fazendo tudo isso apenas para entrar em
minhas calças, ele foi honesto sobre isso. Eu admirei isso e, apesar de tudo que
eu sabia que deveria sentir, não percebi que ele estava me usando. Ele me disse
claramente na minha cara sobre suas intenções, e eu realmente gostei de
passar um tempo com ele.
Se ele perder o interesse em mim depois de conseguir o que quer, eu ficaria
bem com isso.
Levantando-me para arquear minhas costas e esticar meus braços tensos,
eu gemi baixinho com o estalo entre minhas omoplatas. Vagando até minhas
gavetas, peguei um novo par de cuecas. Eu não me importava com o que vestia,
contanto que não cheirasse, e tirei minha camisa para pegar meu desodorante
da cômoda. Olhando para mim mesma no espelho de corpo inteiro na porta do
meu armário, me virei para olhar com os olhos estreitos para minha bunda.
Ou, mais precisamente, o que sobrou da minha bunda. Eu era magra antes
de todo esse pesadelo Infernal, e agora, eu realmente não tinha mais nada lá
embaixo. Amassando meu nariz, esfreguei o bastão de gel sob meus braços
antes de empurrar meus seios. As malhas tamanho 38 não cabiam mais nos
meus sutiãs, mas eu estava confiante de que poderia voltar a ser como era há
apenas alguns meses.
Saindo da calça do pijama, procurei na gaveta de calcinhas meu sutiã de
cordão. O tecido macio, liso e preto amarrado na frente, e eu trabalhei nele
antes de puxar as cordas.
Totalmente vestida, sentei-me na cama para amarrar os sapatos quando
o bipe familiar de Michael do lado de fora se filtrou pela minha janela
aberta. Terminando apressadamente, puxei meu coque e balancei meu cabelo
descontroladamente antes de sair do meu quarto. A casa estava quieta e eu
subi as escadas para passar por Caitlyn na cozinha, encostada no balcão e
brincando com seu telefone.
A noite estava linda em meados de novembro e sorri ao me aproximar da
porta dupla de Michael. Seu olhar foi direto para os meus braços, e ele arqueou
uma sobrancelha interrogativamente enquanto esfregava o queixo.
— Você superou sua fase emo enquanto eu estava no trabalho ou algo
assim? — Deslizando para o banco do passageiro, fechei a porta e me curvei
com um leve aceno de cabeça, e Michael deu de ombros distraidamente. — De
qualquer forma, só para você saber, aquele cara com um pau minúsculo para
compensar o ego está indo para casa agora. Eu não sei se você se importa.
— Ele estava muito bêbado. Eu não me importava naquela época e não me
importo agora. — Alcançando para passar minha mão pelo meu cabelo e longe
do meu rosto, eu abaixei minha janela enquanto Michael puxava para fora do
meio-fio. — Não é grande coisa. Seria a mesma coisa se ele me chamasse de
vadia ou algo assim, eu já disse a mim mesma, então meio que não causa
impacto.
— Só estou tendo certeza. Tommy é um cara bom, mas é um idiota quando
está bêbado. Eu tenho intimidade com ele, então não me importo de jogá-lo por
aí se ele estiver assediando as pessoas. Como eu disse, minúsculo pau. — O
humor aqueceu meu peito e eu soltei uma risada enquanto minha curiosidade
sobre Michael crescia.
— Então, há quanto tempo você está na fraternidade? Como é? — Eu nem
tinha considerado entrar para uma irmandade; na maioria das vezes, eram
tóxicos. O trote não foi um problema divulgado aqui, mas esta escola teve
acordos no passado sobre incidentes sobre isso. Sendo uma escola estadual e
não uma faculdade comunitária, a noção de fraternidade neste campus era
basicamente a mesma que internato.
— Quero dizer, não é louco como nos filmes, se é isso que você quer
dizer. Aquela festa em que você estava era basicamente o que acontecia,
pessoas se embebedando e voltando para casa. Às vezes tem droga, mas o chefe
da fraternidade tem uma regra rígida sobre essa merda e vai acabar com a festa
tão rápido e envergonhar quem trouxe a droga. Fora isso... é apenas um monte
de caras e apenas uma barra de sabão. — Cantarolando baixinho em
reconhecimento, balancei minha cabeça de um lado para o outro enquanto
Michael continuava sem problemas. — Eu me inscrevi porque precisava de um
quarto livre. Donnie economizou um fundo para a faculdade até que eu pudesse
colocar legalmente algumas horas, mas não é muito.
— Você acabou de ser o homem da frente ou algo assim? No trabalho,
quero dizer.
— O que? Não, isso é nada profissional. Trabalhei na garagem com os
caras. — Sorrindo amplamente, Michael estendeu a mão para cutucar meu
ombro e uma risadinha escapou de mim. — Eu era basicamente o garoto de
recados, o que foi bom, no início. Quando eu tinha 15 anos, pela lei estadual, eu
poderia começar a trabalhar, e Donnie basicamente me colocou em um
cara. Honestamente, eu realmente gosto de trabalhar com carros. É legal. É
ainda melhor com pessoas que não sabem o que diabos estão fazendo e entram
por motivos estúpidos, como trocar as palhetas do limpador ou algo assim.
— Quando eu tinha 15 anos… comecei a me interessar por costura. Foi
uma coisa meio desesperada, para ser totalmente honesta. Minha mãe comprou
uma máquina de costura para mim e as coisas ficaram um pouco mais
estáveis. Quando eu tinha 16 anos, entrei em um concurso e ganhei, e foi
quando tudo explodiu. Eu estava no jornal, eu acho, então todos sabiam disso.
— Não mencionei que estava costurando quando ele me mandou uma
mensagem, e Michael acenou com a cabeça com firmeza enquanto eu afundava
no banco do passageiro. — Eu tenho um monte de coisas grátis que nunca usei.
— Oh, sim, deixe-me dizer, eu economizei muito dinheiro sendo capaz de
trabalhar neste carro sozinho e não pagar ninguém para fazer isso. — A
conversa foi leve, agradável, e olhei pela janela para o parque enquanto
passávamos.
VINTE

— Espirrando o ba... — Tommy parou quando percebeu os cortes finos e


com crostas em meu braço e ficou pálido como um fantasma. Por um longo
segundo, ele apenas olhou antes de girar nos calcanhares e correr para dentro
de casa, deixando o cigarro para trás para abrir um buraco no deck
traseiro. Virando-me para olhar Michael com curiosidade, franzi os lábios
quando ele apenas deu de ombros.
— Acho que ele se lembra, afinal. — Ele resmungou sua resposta e eu fui
até a grade para me apoiar na madeira quente e manchada. O grande quintal
estava cheio de pessoas que eu reconheci vagamente, e Michael caminhou até
ficar ao meu lado. — O que aconteceu quando suas colegas de quarto voltaram?
— Hmm... — Cantarolando baixinho enquanto eu descansei meu rosto em
meus antebraços, eu respirei fundo, com sabor de grelha, enquanto Michael
apoiava seus cotovelos e ficava confortável. — Lisa tentou se desculpar por não
trocar meus lençóis, o que ela se ofereceu para fazer, não pedi a ela. Eu não
sei. Eu realmente não esperava que ela fizesse, mas entrar e descobrir que ela
realmente não tinha feito foi... difícil. Não fazendo algo que ela insistiu em fazer
por conta própria...
— Sim, eu ouvi você. Teria sido melhor se ela simplesmente não oferecesse
nada. — Esfregando minhas pontas dos dedos sobre minhas crostas mais
recentes para aliviar a coceira, eu olhei para cima quando Michael franziu a
testa sob as sobrancelhas franzidas. — E a outra?
— Ela não fez o que ela ofereceu, então eu acho... ela está me
ignorando? Eu realmente não as conheço, honestamente, e elas não me
conhecem de verdade. Eu não teria nos chamado de amigas ou mesmo
conhecidas de verdade, mas, agora, eu meio que não gosto delas. — Lambendo
meus lábios pesadamente, eu lutei para não franzir a testa quando Michael
olhou para mim com olhos astutos. — Eu sei que estou com meus problemas
agora, mas isso parece particularmente ruim para mim.
— Não racionalize o sentimento de merda sobre elas te desapontarem,
Esmirelda. Você está ferrada, mas não trata as outras pessoas como merda por
causa disso... bem, exceto Marissa, mas isso é garantido. — Chegando mais
perto, Michael cutucou meu ombro com o dele, e me endireitei quando ele
envolveu um braço em volta da minha cintura com um sorriso malicioso. — Isso
significa que você vai dormir aqui esta noite?
— Eu poderia. — Meu coração acelerou quando o sorriso de Michael
aumentou, e eu lambi meus lábios repentinamente secos. — Você vai dormir
na cadeira de novo?
— Não. — A finalidade com que ele respondeu foi estranhamente
reconfortante, e o calor subiu pelo meu pescoço. — Você tem que pegar sua
bunda de volta antes que eu possa realmente aproveitar, no entanto.
A palma da mão de Michael voou do meu lado para a minha bunda, e eu
lancei a ele um olhar falso enquanto ele apertava de brincadeira. Quando eu
não me afastei, ele apenas manteve sua mão lá, e eu me virei para examinar o
quintal. Havia uma pequena piscina cobrindo metade do quintal à minha
direita e grama à minha esquerda. Claro, alguns caras tinham cerveja e havia
dezenas de copos questionáveis ao redor, mas eu não pude pensar muito nisso
quando alguém limpou a garganta atrás de mim.
Torcendo para encontrar Tommy de pé, envergonhado e meio pequeno,
fiquei tensa quando ele estendeu a mão - como, para um aperto? Olhando entre
ele e sua palma estendida enquanto ele criava coragem para abrir a boca,
flexionei meus dedos ao lado do corpo. Sua pele bronzeada variava entre rosa e
pálida, seus olhos escuros lutando para encontrar os meus. Depois de um ou
dois segundos embaraçosos, peguei sua mão e a surpresa se espalhou por sua
expressão.
— Você deveria parar de beber, Tommy. — Ele estremeceu visivelmente,
suas belas feições se afogando em vergonha, mas sua palma estava firme e seca
na minha. — Eu sei como as pessoas ficam quando estão bebendo, é por isso
que não uso isso contra você... mas outras pessoas vão.
— Eu realmente sinto muito, Bela Adormecida. — Era óbvio que Tommy
estava realmente arrependido, mas eu apenas balancei a cabeça antes de
retirar meu braço; Eu esperava que ele parasse de se colocar deliberadamente
nesse estado, mas também duvidava dessa esperança. Ele fez uma reverência
desajeitada que dobrou seu corpo de 1.90cm antes de sair correndo, e eu
suspirei pesadamente.
— Foi legal da sua parte, considerando o que aconteceu. — Quando me
virei, Michael me surpreendeu por não tocar minha bunda novamente, e eu
balancei minha cabeça. — Talvez ele pare de beber tanto. Tenho certeza de que
Tommy sabe algo sobre como se sentiria se dissesse isso e você realmente se
matasse. Ele é um cara fofo.
— Como ele se sente sobre minhas cicatrizes não é problema meu,
Michael. Estou feliz por ele ter se lembrado... Eu sempre uso minhas mangas
porque isso deixa todos ao meu redor desconfortáveis. Uma vez, eu estava no
centro da cidade com minha mãe, e um cara me disse para 'ter um pouco de
respeito próprio e cobrir essas coisas horríveis'.
— O nepotismo é o melhor, certo. — Sua palma deslizou pelas minhas
costas para a minha bunda novamente, e eu rolei meus lábios entre os dentes
para parar meu pequeno sorriso. — Por que você disse isso a ele? Sobre você
'sabe como as pessoas ficam'?
— Daniel já foi implantado três vezes e, depois da primeira vez, ele voltou
diferente. Ele começou a beber muito. Ele parou de repente quando voltou de
sua segunda implantação, então acho que algo aconteceu, mas não sei o quê. O
breve período de meu irmão com o alcoolismo foi trágico, mas ele largou o hábito
rapidamente. Fiel à minha palavra, eu realmente não sabia o que aconteceu no
exterior, mas ele nunca teve uma queda novamente. Pelo menos, foi o que ele
disse, e ele não teria mentido sobre isso... provavelmente.
— Eu considerei ir para o exército. Quero dizer, há muitos benefícios e
outras coisas. Quando eu verifiquei, porém, ficou cada vez mais óbvio que
simplesmente não era para mim. Cheguei a pensar em me tornar policial até
descobrir quanto eles recebem. Não, obrigado. Vou manter meu modesto
salário de conserto de automóveis de sólidos $ 70.000 por ano. — Os cabelos
finos das minhas costas se arrepiaram quando Michael se mexeu atrás de mim
e eu me endireitei quando ele agarrou meus quadris com firmeza. — Então-
eles estão fechando a piscina antes de sair para o feriado de Ação de
Graças. Quer mergulhar nua depois, Esmirelda?
— Você está exagerando, Michael. — Inclinando-me contra seu peito,
gostei de como ele não estava todo duro, músculos salientes, e ele grunhiu um
som culpado contra meu ombro.
— Culpado. Quer dizer, deixei você sozinha por quatro horas e nada de
ruim aconteceu. Você vai dormir aqui, de qualquer maneira. Qual é o
problema? — Eu podia senti-lo olhando para minha blusa, e Michael apertou
meus quadris sugestivamente. — Vai ser refrescante.
— Sim... eu não nado há anos. — Esticando o pescoço para me olhar com
surpresa, ele franziu a testa sob as sobrancelhas franzidas quando eu ri um
pouco. — Não porque eu estava preocupada em me afogar, mas eu
simplesmente nunca fiz isso. Eu teria que ir a piscinas públicas, e essas são
nojentas.
— Você fez um ponto válido. Não precisamos nadar se você não quiser. Eu
só quero ver seus seios. — Arqueando uma sobrancelha, tive certeza de que
minha pergunta estava em meu rosto, e Michael balançou os calcanhares para
soltar um suspiro. — Não diga que nunca fui atencioso com você.
— Sim? — Rindo quando ele balançou a cabeça bruscamente, um suspiro
se formou na minha garganta quando ele puxou meus quadris contra os dele. —
Você achou que eu ficaria ofendida e diria 'não'?
— Achei que um fingimento aumentaria minhas chances.
— Cantarolando uma melodia, o calor subiu pelo meu pescoço quando Michael
roçou os lábios na minha orelha. — Funcionou?
— Sim. — As chamas lamberam minhas bochechas quando sua
protuberância aninhou-se entre minhas nádegas, mas ele não me levou para
seu quarto. Meu estômago gorgolejou avidamente quando eu respirei fundo, e
meu desejo fervente se transformou em constrangimento quando ele riu
baixinho.
— Eu suponho que é educado alimentar você, primeiro. Você quer um
cachorro-quente, um hambúrguer... tem frango de bar que também... e, tipo,
salada de batata e outras coisas. — Afastando-se de minhas costas, Michael se
afastou de mim quando me virei e segui seu olhar. Ao lado da grelha, em uma
mesa dobrável, havia um monte de pratos e pratos e, embaixo, um refrigerador
cheio de água e refrigerante.
— Frango seria ótimo.
— Sim, era isso que eu estava pensando. — Pegando minha mão para me
arrastar para a grelha, Michael puxou conversa com seu irmão de fraternidade,
mas isso afogou enquanto minha mente se concentrava inteiramente na
comida. Macarrão com queijo, saladas, feijão... Olhando para os sete ou oito
recipientes descartáveis, lambi meus lábios pesadamente enquanto meu
estômago revirava.
VINTE E UM

— Eu espero que o cupcake vá direto para a sua bunda. — Sorrindo


enquanto Esmirelda lambia o glacê ao redor de sua boca, eu deitei na
espreguiçadeira enquanto ela se sentava, de pernas cruzadas, entre meus
joelhos. — Você parece feliz.
No sol poente, Esmirelda brilhava, e eu a examinei enquanto ela abaixava
um pouco a cabeça para esconder o rubor. Seu telefone tocou estridentemente,
mas ela o agarrou com a velocidade da luz para desligar a campainha e negar
a ligação. Eu não conseguia nem ser intrometido e olhar para o identificador de
chamadas, e ela lambeu o resto da cobertura rosa do bolo meio comido antes de
enfiar tudo na boca.
Quando a deixei em casa, temi que Esmirelda tivesse um colapso, mas ela
parecia bem. Na verdade, ela parecia mais bem do que eu jamais a tinha visto
- o que, por si só, não era uma grande conquista.
Gainz, amirite.
— Eu me diverti muito. — Ela me deu aqueles olhos sob os cílios grossos,
e eu apoiei meu braço sob minha cabeça com a satisfação gelando meu
sangue. — Obrigado por me convidar.
Antes que eu pudesse abrir minha boca, o telefone de Esmirelda começou
a tocar novamente, e ela franziu a testa sombriamente. A maneira como ela foi
de emoção em emoção tão vividamente foi fascinante, e eu agarrei sua mão
antes que ela pudesse ignorar a ligação.
— Responda. Seu pai vai continuar ligando. — Franzindo o nariz,
Esmirelda resmungou algo sobre o irmão enquanto pegava o celular. Eu não
escondi minha curiosidade quando ela respondeu, e ela sacudiu suas ondas
longas e onduladas por cima do ombro.
— O que foi, Daniel? — Puxando minha barba com minha mão livre, eu a
observei com os olhos estreitos. Quase todo mundo tinha ido para casa ou
estava dentro, então ela estava livre para falar alto se precisasse - e, a julgar
por sua carranca, ela faria. — Eu não estou em casa, não. Eu não sabia que
tinha que relatar cada movimento meu para você... Por que importa onde eu
estou?
— Eu não posso sair agora, Daniel. Eu acabei de te dizer, estou fora.
— Olhos azuis brilhando de aborrecimento piscaram para mim, e eu inclinei
minha cabeça quando eles brilharam. — Com um cara.
Esmirelda sabia a tempestade de merda que ela provocaria com aquele
comentário, e eu francamente sorri quando ela desligou na cara do irmão
imediatamente. Desligando o toque antes que Daniel pudesse chamá-la de
volta, ela jogou a cabeça para o lado e se inclinou para colocar o dispositivo no
convés. Examinando seus ângulos agudos, estendi a mão para correr meus
dedos pela minha barba.
Eu realmente não pensei em toda essa coisa de 'mergulho peludo' - eu
admito isso.
— Você quer checar a natação? — A culpa contraiu meu lábio e Esmirelda
sorriu levemente quando eu balancei a cabeça. — Eu imaginei.
— É estranho lidar com o fato de que você está melhorando mentalmente,
mas não fisicamente. — Com certeza, eu estava gostando do que estava
vendo... contanto que eu ignorasse o fato de que Esmirelda poderia me
apunhalar com o quadril. Lambendo meus dentes, acariciei seu braço e os pelos
do meu peito se arrepiaram quando ela não protestou novamente. O que quer
que tenha acontecido enquanto ela estava sozinha deve ter sido muito sério. —
Não sou um cara magro como um palito.
— Foi minha bunda? — Gemendo asperamente, respirei fundo e
profundamente, mesmo enquanto Esmirelda ria um pouco. — Está tudo bem,
Michael, sério. Eu não tinha quase nada antes, de qualquer maneira...
— Eu sou mais um cara de peitos, para ser honesto. — Enfiando
descaradamente minha mão em sua regata, franzi a testa sob as sobrancelhas
franzidas quando, novamente, Esmirelda não protestou. Meu abdômen se
contraiu e fiquei tenso quando ela se arrastou entre minhas pernas. Olhos
azuis do oceano me observavam por trás das pálpebras semicerradas, e meu
pau ganhou vida quando ela guiou minha palma para baixo do sutiã.
— É só isso que você quer, Michael? — Lambendo meus lábios, meus olhos
piscaram involuntariamente para os dela, e Esmirelda sorriu levemente. —
Você não quer mais?
Apertando seu seio, eu estava morrendo de vontade de ver a cor de seus
mamilos, mas saí do meu torpor antes que ela pudesse agarrar meu pau através
do meu jeans. Piscando forte, agarrei seu pulso com minha mão livre, e seus
olhos se arregalaram quando o brilho delicioso neles desapareceu.
— Pare. — Tirando a palma da mão de sua camisa, não pude deixar de
franzir a testa sombriamente para minha própria estupidez; mas o tempo não
passou tão rápido quanto pensei. Esmirelda pode estar bem em sua cabeça, mas
fisicamente, ela não era diferente de dois dias atrás... quando eu indiquei o
quão feia ela era quando estava tão magra. — Quando você me dá aqueles
olhos...
— Você se esquece de que pareço um fantasma sob minhas roupas.
— Apertando meus lábios levemente, os meus foram toda a resposta de que
Esmirelda precisava, e ela se sentou sobre os calcanhares. Por alguma razão
fodida, ela não pareceu ofendida com isso, e eu fiz uma careta sombria. — Sabe,
Michael... Agradeço que você esteja me dizendo que sou tão feia quanto penso
que sou.
— Com licença? — Uma risada chocada explodiu de minha garganta e
me sentei enquanto ela encolhia os ombros descuidadamente.
— Você não me diz que sou bonita, não importa o meu peso. Não estou
saudável agora, e sei disso - mas, antes de eu ir para aquela festa, as pessoas
vinham até mim e me diziam como eu sou bonita. Eu sou muito magra. Qual é
o meu segredo? Provavelmente como muito, mas tenho um ótimo metabolismo.
— Ela puxou a camisa logo abaixo dos seios, e meus lábios se curvaram
levemente com o tom oprimido em sua voz. Sua barriga quase se cava, mas -
com sua camisa - ela parecia apenas musculosa. — É muito bom que você não
esteja tentando acariciar minha autoestima.
— Abaixe sua camisa, ok- eu realmente não preciso ver isso. — O nojo
azedou minha língua e eu limpei minha garganta asperamente enquanto
Esmirelda fazia o que eu pedia. Balançando a cabeça com força, tentei limpar
essa imagem do meu cérebro e inalei profundamente antes de falar. — Em
primeiro lugar, não faça isso. Estou muito ciente do que está acontecendo
depois de semanas sem comer, ok. Em segundo lugar, sua autoestima não é
problema meu. Eu quero acariciar outra coisa, e eu realmente deveria achar
você atraente, no mínimo.
— Você faz.
— Você fica melhor com suas roupas. — Abatendo Esmirelda à queima-
roupa, cocei meu queixo e passei a mão na cabeça enquanto suspira. Ela nunca,
jamais, pareceu magoada com nada do que eu disse, e eu, por alguma razão
igualmente estúpida, nunca me senti culpado pelo que saiu da minha boca. —
Escuta, só estou dizendo isso, se a oportunidade chegar... não tire a roupa,
Esmirelda. Pelo menos até que eles se encaixem novamente.
— E se eu não tiver necessariamente que tirar a roupa? — Inclinando-me
para trás para apoiar minha cabeça em meus braços, ponderei aquele show de
merda de uma pergunta. Se Esmirelda quisesse me chupar, eu estava
perfeitamente fodido com isso.
Mas…
— Eu nunca saí de um boquete, então se você quiser tentar escalar aquela
montanha, fique à vontade. — Minha confissão me rendeu um suspiro
excessivamente dramático e chocado, e revirei os olhos com uma bufada sob o
olhar largo de Esmirelda. — Mas não esta noite. Tenho trabalho pela manhã e
está ficando tarde.
Ela fazia coisas estranhas em momentos estranhos, e eu me levantei
enquanto ela alcançava debaixo da cadeira para pegar seu telefone. Olhando
descaradamente para ela, eu me perguntei como um sorriso poderia
simplesmente transformar completamente a maneira como ela
parecia. Quando ela ganhasse uns bons 11 quilos, ela seria a vadia mais sexy
do mundo. Eu não hesitaria em qualquer lugar, a qualquer hora, mas agora,
minhas palavras soaram verdadeiras contra o interior do meu crânio.
Esmirelda ficava melhor vestida. Indo para a porta de tela traseira, eu a
abri e entrei primeiro, e pude sentir seus olhos na minha bunda. Passando pela
cozinha, meu olhar cintilou para o balcão onde um par de cupcakes ainda
estavam, esperando para serem comidos ou jogados fora.
— Você continua com fome? — Olhando por cima do ombro, meus olhos
se estreitaram no sopro de um suspiro que Esmirelda lançou dos lábios finos. —
Por comida. Você é apenas uma coisinha excitada escondida aí - não é você.
Alcançando para apertar sua mandíbula suavemente, eu sorri quando ela
corou rosa, mas não esperei por uma resposta antes de subir as escadas. Talvez,
convidá-la para dormir fosse um erro.
Ou... a tensão poderia apenas aumentar.
VINTE E DOIS

Arrepios lavaram minha pele enquanto eu passava de um calor quase


abafado e sufocante para um frio de ar condicionado, e passei meus braços em
volta de mim mesma. Fiz uma linha de abelha para meu assento, e o alívio caiu
sobre meus ombros quando me joguei no banco para colocar minha bolsa na
mesa. A classe estava quase vazia, já que era a última aula do dia antes do
feriado de Ação de Graças, e eu pensei em puxar meu laptop.
Minha professora era famosa por nos deixar sair mais cedo se não quisesse
estar aqui. Ela tinha estabilidade, então ela simplesmente não se importava
mais. Olhando para o meu telefone, a hora marcava 11h28, e eu rolei minhas
mensagens para matar os próximos dois minutos.
Daniel: Quando você se tornou uma vadia? Você estava bem quando fomos
jantar em casa da última vez.
Daniel: Se você apenas falar comigo, poderíamos resolver isso.
Daniel: Por favor, Ella. Eu não quero lutar.
— Diz o cara que me chamou de vadia. — Eu tinha começado a questionar
se meu irmão sempre foi um idiota ou não, e eu apenas ignorei. Resmungando
no meu telefone, eu bloqueei a tela sem responder. Desde que papai convenceu
Daniel a se matricular aqui, ele se dedicou totalmente aos meus negócios.
E eu realmente não gostei disso.
Eu não tinha visto meus pais ou meu irmão desde que meu pai me levou
ao hospital, e todos pareciam chateados com isso, exceto eu. Franzindo a testa
para o meu reflexo na tela, virei meu telefone e afundei no banco para
suspirar. Ao longo de uma semana e meia, eu lenta, mas seguramente, ajustei
minhas configurações de Não perturbe para ignorar as ligações de meu pai e
irmão.
Aparentemente, minha mãe estava brava com meu pai pelo incidente no
hospital.
Mas foi minha mãe - não meu pai - que convenceu meu irmão a cursar
minha faculdade.
E, de alguma forma, todo mundo estava com raiva de mim por algum
motivo...?
— Ugh. — Jogando minha cabeça para trás contra a madeira manchada,
eu respirei fundo e alto na sala de aula silenciosa. Apenas eu e dois outros
alunos estávamos aqui; Eu sabia que Michael estava no trabalho hoje, mas não
tive o luxo de não assistir a uma aula. — Obrigado por isso, pai.
Franzindo meu rosto em desgosto, eu balancei minha cabeça antes que
minha professora batesse em seu pódio para chamar atenção. Eu não gostava
muito dela, realmente não sabia o nome dela nem nada, mas ela parecia
realmente chateada por ter que aparecer para fazer seu trabalho.
— Eu marquei todos aqui hoje, então vá fazer o que for. Eu não me
importo. Estarei no meu escritório... bebendo. — Mesmo que ela resmungou a
última palavra, o corredor estava silencioso o suficiente para que eu ouvi, e
rolei meus lábios entre os dentes, pensativo. Ela se afastou do pódio para se
trancar em seu escritório, e os outros dois caras da classe saíram em poucos
segundos.
O Dia de Ação de Graças é amanhã. Tenho que estar no trabalho em uma
hora e meia até fecharmos às 18h. Devo ir mais cedo? Os pensamentos correram
pela minha cabeça e me levantei para sair arrastando os pés da minha
cadeira. Se eu pegasse o ônibus, não seria pego no tempo excepcionalmente
quente. Meu passe de ônibus ainda é válido, e o próximo ônibus... Devo chegar
até a parada em menos de 15 minutos.
Colocando minha bolsa no ombro no caminho pela calçada em direção à
estrada, tirei meus fones de ouvido do bolso da frente. Quando tudo foi dito e
feito, meus fones de ouvido estavam arruinados, e eu puxei as conchas sobre
minhas orelhas e joguei meu cabelo nas costas. Subindo um pouco minha calça
jeans, tirei meu telefone do bolso de trás e uma sensação de déjà vu passou por
mim.
Eu meio que esperava que Marissa saísse da minha visão periférica, mas
já fazia cerca de duas semanas desde que eu mantive minha posição. Ela ainda
vinha para a aula, ainda me olhava feio, mas manteve a boca fechada e os
ombros e cotovelos para si mesma. As folhas rangeram sob meus tênis, a brisa
varreu meus braços nus, mas não fez nada para ajudar com o intenso
abafamento. Olhando ao redor distraidamente, eu abaixei o som dos meus
fones de ouvido apenas no caso.
Meu telefone tocou e eu abri minhas mensagens de texto para tocar o nome
de Michael com um polegar firme.
Michael: Aquela velha vadia deixou você sair mais cedo?
Digitando uma resposta rápida, parei em uma estrada e verifiquei as
pistas antes de cruzar; se pudessem, as pessoas saíam em massa do
campus. Eu não iria para casa no Dia de Ação de Graças e Michael já morava
aqui, mas Lisa e Caitlyn tinham saído cedo esta manhã para pegar seus voos.
O que foi ótimo, porque as coisas estavam ficando cada vez mais estranhas
entre elas e eu.
Michael: Você vai trabalhar cedo, certo? Vamos almoçar primeiro. Estou
faminto.
Meu estômago roncou levemente em concordância, e eu passei um segundo
tentando descobrir onde poderia descer do ônibus que estava perto de sua
loja. Circulando meus polegares distraidamente, eu atirei a Michael uma
resposta assim que o som revelador do ônibus ecoou atrás de mim. O pânico me
atingiu com força enquanto me virava, mas o motorista do ônibus realmente
parou para mim quando acenei freneticamente.
Saltando pelas portas, não mencionei o fato de que ele estava 10 minutos
adiantado quando tirei minha carteira da bolsa. Afinal, era um dia antes de um
feriado e ninguém realmente queria fazer nada que exigisse esforço.
Honestamente, eu estava feliz que a única pessoa para quem cozinhava
era eu mesma; havia muito menos pressão sobre mim. Minha mãe geralmente
cozinhava tudo para o Dia de Ação de Graças, e ela sempre começava no dia
anterior. Toda a família se reunia e havia muito estresse apenas para
continuar sorrindo.
— Eu... eu realmente não gosto de feriados. — Sentando em um assento
mais perto da frente do ônibus, esfreguei meu rosto com as palmas das mãos
para abafar meu gemido. — Eles não são divertidos.
O motorista do ônibus realmente não esperou pelos outros alunos, e eu
puxei o cabo para sinalizar minha parada depois de apenas 10 minutos desde
o embarque. Levantando-me quando o ônibus parou no acostamento, pulei e
olhei ao redor no momento em que Michael estava estacionando no
cruzamento. Fazia alguns dias desde que nos víamos agora que eu estava
trabalhando novamente, e meu coração deu um salto quando ele acenou para
mim.
— Ei. — Deslizando para o banco do passageiro, fechei a porta e apertei
o cinto antes de cumprimentá-lo, e Michael me lançou um sorriso malicioso
quando o ônibus passou por nós. — E aí? Como foi o trabalho até agora?
— Entediante. Tudo está lento pra caralho porque todo mundo já fez seus
carros para fazer as viagens de férias. E se você? Por que você vai trabalhar
hoje se o lugar não está aberto? — Ajustando minha bolsa no meu colo, inclinei
minha cabeça contra o resto para assistir Michael verificar as ruas antes de
sair. Ele aparou a barba.
— Sua barba está bonita. — Lançando-me um sorriso, ele esfregou a
barba com satisfação, e o calor inundou meu peito. — Estou entrando porque
estão me pagando horas extras. Na verdade, Macy me ofereceu por causa de
toda aquela coisa do hospital... há muito a fazer para a Black Friday, de
qualquer maneira, mas eu sou a única recebendo horas extras para isso.
— O que, e os outros funcionários estão bem com isso? — Assentindo com
firmeza, eu não pude deixar de sorrir, mesmo quando Michael soltou uma
risada de descrença. — Você tem certeza? Você não está apenas
delirando? Quem está bem em não pegar horas extras?
— A política da Macy é horas extra ou dois dias de férias pagas, então não
é como se ela estivesse saindo do seu caminho ou algo assim. Ela só se ofereceu
porque eu não deveria trabalhar hoje, mas preciso do dinheiro. Normalmente,
ela faz com que os funcionários mais experientes façam tudo. — Eu certamente
não estava delirando sobre isso - como tive sorte de ter um bom chefe que se
preocupa com seus funcionários. Macy tinha uma loja online e também um local
físico, mas tudo funcionava no mesmo prédio.
— Ok. Aqui está uma pergunta, o que você vai fazer amanhã?
— Uh, cozinhar? Decidi que não vou para casa no Dia de Ação de Graças.
— Arqueando uma sobrancelha interrogativamente, Michael franziu a testa
enquanto eu suspira e viro meu olhar para o meu colo. Estar tão distante da
minha família não me fez sentir mal - não depois do que meu pai fez - mas essa
falta de emoção trouxe um pouco de culpa. — Não quero ouvir a opinião de
todos sobre minha vida, como estou me saindo e como poderia ser
melhor. Provavelmente, todos os meus parentes já sabem o que aconteceu. Ir
para casa só me estressaria, e estou bem agora. Não quero estragar isso em
uma opção.
— Entããão… você vai trabalhar hoje à noite, sem fazer nada amanhã e
depois trabalhar na sexta das 4h às 14h? — Assentindo novamente enquanto
Michael batia no volante, eu cutuquei minhas unhas com tristeza. Pelo menos
não é Natal... mas pode ser. Quem sabe? — Vou dormir aí, então, eu acho.
— Por que você parece tão chateado com isso? — Soltando uma risada
quando ele fez uma careta, meu humor melhorou com a ideia de não passar as
férias sozinha. Michael estava rapidamente se tornando uma figura na minha
vida, e eu olhei pela janela enquanto meu sorriso desaparecia. — ...E depois?
— O que isso significa? Depois de quê? — Levantando minhas
sobrancelhas em um olhar sugestivo, eu fiz uma careta quando Michael teve
um momento de lâmpada. Seu rosto engraçado se contorceu de desgosto e ele
respirou fundo antes de abrir a boca. — Quero dizer... quem disse que só
precisamos foder uma vez? Eu coloco muito nisso, Esmirelda. Eu vou torcer por
todo o valor. Além disso…
Prendendo a respiração, a antecipação inundou minhas veias e Michael
me lançou um olhar de soslaio. Meu coração se apertou de expectativa, mas de
quê, eu não tinha certeza.
— Você não precisa de muita manutenção e gosto disso. — Oh. — Você
esperava que eu dissesse mais alguma coisa? — Franzindo a testa
ligeiramente, reuni meus pensamentos dispersos enquanto ponderava essa
questão. Eu honestamente esperava que esse homem - direto, meio rude, um
pouco duro, me dissesse que gostava de passar tempo comigo?
— Bem, sim, pensei que você diria que gosta de passar um tempo comigo.
— Eu não acabei de dizer isso? Como agora, não é chique nem nada. Nós
dois tínhamos meia hora. — Meus olhos se arregalaram com a realização, e as
chamas lamberam minhas bochechas enquanto o constrangimento alimentava
meu coração. Alcançando o console central para cutucar meu queixo, Michael
zombou levemente. — Jesus…
VINTE E TRÊS

— Para cima... — puxando meu cabelo para cima em um coque frouxo,


respirei fundo enquanto olhava meu reflexo. — Ou para baixo.
Soltando meu cabelo, franzi a testa sob as sobrancelhas franzidas e mordi
meu lábio inferior para conter meu gemido. Eu provavelmente passei mais
tempo me preocupando com minha aparência do que com o gosto da minha
comida, e alisei minha camisa enquanto a agitação corria em meu sangue. Nas
últimas duas semanas e meia, desde que deixei o hospital, percebi que ganhei
alguns quilos, apenas o suficiente para não parecer um esqueleto com pele.
E eu sabia que Michael também viu; caso contrário, por que ele daria
tantas dicas tão obviamente ontem?
Inclinando-me perto do espelho, mexi meu rosto para olhar criticamente
para minha maquiagem leve, e um suspiro derrotador me escapou enquanto eu
balançava os calcanhares. Puxando meu cabelo em um coque solto, meus dedos
formigaram, mas eu não parecia horrível, suponho...
Pegando meu telefone da minha cama, eu verifiquei a hora apenas para
perceber que tinha saído há cerca de cinco minutos, e coloquei o dispositivo de
volta na mesa para sair do meu quarto. A excitação borbulhava em meu peito
como um alcatrão grosso e pegajoso, e minhas sapatilhas estavam silenciosas
nas escadas. A casa inteira cheirava a peru com molho e - o mais importante,
talvez - recheio. Eu amava sobras; Eu amei o Dia de Ação de Graças restante
mais do que o Dia de Ação de Graças real.
No fogão, esperando ansiosamente, estavam uma panela coberta de purê
de batata e uma segunda de cenouras... e uma panela de molho... e uma panela
de ervilhas... e uma caçarola de batata doce...
— Acho que exagerei por duas pessoas... — Resmungando enquanto me
curvava para espiar o peru e o recheio no forno, lambi meus lábios pesadamente
quando meu estômago roncou com a explosão do perfume. — ... Mas tem que
me alimentar por um fim de semana...
Fechando a porta do forno, eu mal tive tempo de respirar antes que a porta
chacoalhasse com uma batida e arrepios perfurassem minha
pele. Endireitando minha camisa sedosa e esvoaçante, corri minhas mãos no
meu jeans rapidamente antes de endireitar meus ombros.
Não há absolutamente nada para ficar nervosa... não é, tipo, uma coisa
espontânea. O pensamento só fez um gemido se alojar na minha garganta
quando cruzei a cozinha com as pernas rígidas. Isso é pior! Eu só fiz sexo duas
vezes! Oh droga-
— Ei. — Abrir a porta explodiu meus pensamentos e Michael se apoiou
no batente com o antebraço para sorrir. Por um segundo, ele me examinou, e
meu olhar se arrastou para admirar seu blazer e sua camisa de botão. — Você
está muito bem, Michael.
As chamas lamberam minhas bochechas com a minha própria admissão,
e eu fiquei tensa quando ele estendeu a mão para deslizar o dedo indicador na
cintura do meu jeans. Agora, não era tão fácil, não havia muito tecido solto, e
meus olhos saltaram quando seu sorriso se tornou malicioso.
— Você está usando maquiagem. — Puxando meu jeans, Michael riu
enquanto eu me arrastava para frente com um solavanco, e meu abdômen
apertou com o brilho atrevido em seus olhos. — O que eu fiz para merecer uma
camada leve de delineador?
— Você quer que eu liste todos eles? — Ele arqueou uma sobrancelha
interrogativamente, e o constrangimento inflamou enquanto meu coração batia
forte. — Entre.
— Vou abordar isso em um segundo, Esmirelda. — Ofegando quando ele
passou o braço em volta de mim para me puxar para seu peito, minhas
bochechas ameaçaram derreter sob seus olhos ferozes. — Por que você está
nervosa hein?
— Eu, quero dizer... eu não tenho exatamente... prática... com toda essa
situação. — Atrapalhando-me com a frase, eu não conseguia tirar meus olhos
de Michael, embora eu quisesse desesperadamente. Ele cantarolou
profundamente em seu peito e eu me segurei muito quieta quando ele se
aproximou. O sangue tamborilou em meus ouvidos, abafando o som da minha
própria respiração antes de seus lábios roçarem os meus. Minhas pálpebras
tremularam fechadas e seu braço apertou contra minhas costas enquanto uma
palma quente e seca segurou minha nuca.
— Eu gosto disso. — A porta de um carro bateu e eu pulei de medo que
lavou meus sentimentos confusos antes mesmo de ver a expressão de culpa de
Michael. Seu rosto estava tão perto do meu que eu mal conseguia vê-lo, mas
seu braço em volta de mim me manteve no lugar. — Desculpe, mas eu sabia
que suas colegas de quarto estavam fora da cidade, então não há ninguém para
estacionar na sua garagem como um idiota... exceto...
— Daniel. — Resmungando tristemente, minha própria expressão se
contorceu em desgosto, e eu inalei profundamente antes que o barulho
revelador de botas no concreto fosse capturado pelo meu alcance de
compreensão. Quando olhei por cima do ombro de Michael, meu irmão já estava
olhando feio enquanto subia o caminho que serpenteava pela frente da casa. —
O que você está fazendo aqui? Você não percebeu que estou ignorando você,
Daniel?
— Sim, eu percebi. Vim buscá-la para o jantar de Ação de Graças. — O
tom curto e afiado de Daniel só alimentou meu aborrecimento, e me mexi em
volta de Michael para estender a mão com a palma para cima. Meu irmão fez
uma pausa, mas não parecia nada feliz; quando pisquei, pude ver que Michael
sorriu maldosamente por cima do meu ombro, mas eu não podia fazer nada
sobre isso agora.
— Eu não vou. Já disse a mamãe. Não vou para casa hoje. Não só não
quero estar lá em primeiro lugar, mas tenho que ir trabalhar às 4 da manhã
amanhã. — Olhos castanhos faiscantes se voltaram para os meus, e Daniel
respirou fundo e encolheu os ombros... como se isso fosse mascarar o quão louco
ele estava por Michael ter me beijado?
— Papai me disse para vir buscá-la, então aqui estou. — Piscando forte,
eu fiz uma careta para isso, e os olhos de Daniel se estreitaram quanto mais os
segundos se passaram. — Vamos nos atrasar...
— Por que você acha que “papai diz” é uma resposta apropriada aos meus
pontos? Não tenho 13 anos e estou no parque, Daniel. Eu tenho que trabalhar
amanhã. Você sabe, Black Friday? Dia cheio? Acordar à 1:30 da manhã para
chegar a tempo? Existe alguma parte dessa noção que você não entende?
— Minha irritação aguçou meu tom, e as pálpebras de Daniel tremeram
quando eu zombei. — Não é nem 13h, ainda. Não tenho exatamente o luxo de
ficar em casa até meia-noite. Por causa do papai, quase perdi meu
emprego. Então, não, não vou para casa hoje.
— Não seja tão dramática, Esmirelda. — Inalando um hálito quente pelas
narinas dilatadas, franzi os lábios levemente enquanto arrepios lavavam meus
braços e meu peito. Daniel descartou com tanta indiferença minhas razões
extremamente válidas para não ir para outra cidade sem nenhum caminho
para casa sozinho, e minhas unhas cravaram nas pontas das minhas palmas
ao meu lado.
— Acho que você não entenderia, considerando que nunca teve um
emprego civil. Diga ao papai que ele pode se foder. — Ele abriu a boca, mas eu
me virei para voltar para a porta antes de falar. — Se você não sair, vou chamar
a polícia por invasão.
Fechando Michael e eu dentro da minha casa, inclinei-me pesadamente
contra a porta para cobrir meu rosto com dedos rígidos. Prendendo a respiração
enquanto esperava o som do meu irmão indo embora, meu ritmo cardíaco
acelerado começou a diminuir quando ouvi seu carro ligar. Somente quando
não havia nada além de um silêncio pesado e apreensivo, meus braços caíram
para os lados e eu descansei minha cabeça contra a porta.
— Você é um pouco mentirosa, você realmente não teria chamado a polícia
sobre ele. — Quando eu abri meus olhos, Michael olhou para mim com orgulho
saturando suas feições, e sua barba levantou quando ele sorriu. — Isso foi
incrível. Você está na vértebra número dois.
— Já disse à minha mãe que não podia ir porque tinha que trabalhar,
então ou ela não contou ao meu pai ou meu pai ignorou. — Ambas as
implicações foram ruins, e eu balancei minha cabeça com força antes de me
endireitar para tomar uma respiração profunda e calmante. — Eu nunca
percebi como... como... idiotas meu irmão e meu pai são?
— Considerando seus problemas, provavelmente não. Tudo bem,
Esmirelda. Se você notasse, talvez você não estivesse aqui agora... talvez, pode
ter sido muito. — Meus lábios se contraíram com isso, e exalei lentamente
através deles antes de Michael encolher os ombros. — Eu, por exemplo, acho
que sua independência é incrivelmente sexy. Eu não tenho uma irmã, então...
— Você é filho único? — Forçando meus joelhos a dobrarem enquanto
minha agitação se transformava em alegria agora que estávamos sozinhos, fui
para a cozinha enquanto Michael grunhia distraidamente.
— Provavelmente não, mas não quero fazer um teste de DNA para
descobrir. — Agarrando meu braço para me impedir um pouco antes de meus
pés tocarem os ladrilhos, a voz de Michael se aprofundou e os cabelos da minha
nuca se arrepiaram. — Onde você pensa que está indo, hein?
VINTE E QUATRO

— Você tem novas folhas. — O nervosismo enviou tremores até os dedos


dos pés, e rolei meus lábios entre os dentes com um zumbido fraco. Arrepios
percorreram meus braços e meu peito quando Michael passou os braços em
volta dos meus ombros. Seu peito estava quente contra minhas costas, e ele
salpicou meu pescoço com beijos leves que fizeram meu sangue ferver. — Você
está tão nervosa, é adorável.
— Você me intimida. — Torcendo em seus braços, lambi a parte de trás
dos meus dentes enquanto o calor nos olhos de Michael secava minha boca e
seus bigodes faziam cócegas no meu queixo. Minhas pálpebras se fecharam com
força quando ele pressionou seus lábios nos meus, e choques percorreram meu
queixo. Suas palmas arrastaram para baixo do meu lado antes que ele enfiasse
as mãos no meu jeans, e eu gemi baixinho quando ele apertou minha bunda.
— Vou ser gentil. — O calor inundou meu peito e envolveu meu coração
batendo rapidamente, e Michael me beijou com mais firmeza. Seus lábios eram
suaves, suas mãos amassando enquanto ele segurava nossos quadris juntos
para moer, e eu alcancei seu blazer apenas para algo para segurar. O cheiro
dele, sem uma única gota de colônia, subiu pelo meu nariz para arejar minha
mente, e eu abri minha boca para gemer.
A língua de Michael passou pelos meus dentes, e eu respirei fundo quando
ela envolveu a minha. Seu gosto excitou meus botões, e sua mão deixou minha
bunda para varrer minhas costas e puxar minha camisa para cima. O ar frio
de além do tecido fino agrediu minha pele, e eu arqueei fortemente com um
suspiro. Acariciando meus lados quando seus lábios deixaram os meus, ele
puxou minha camisa insistentemente, e eu levantei meus braços antes de abrir
meus olhos.
— Isso é novo? — A calcinha de sutiã rosa e preta com babados que minha
colega de trabalho me ajudou a escolher na noite anterior foi arrepiada quando
Michael segurou meus seios. Meu rubor ardente foi toda a resposta que ele
precisava, e ele se abaixou para reclamar meus lábios, enquanto se abaixava
para mexer em meu jeans. — Você tenta tanto. Fico lisonjeado.
— Você não acha que ainda estou muito magra? — O ar levantou minha
voz, preso atrás do nó na minha garganta ao invés dos meus pulmões, e eu
engasguei quando Michael abriu o botão do meu jeans. Ele resmungou algo
sobre a consequência de ser impaciente, mas eu mal percebi quando ele me
empurrou de volta na cama. O ar frio envolveu meu corpo em chamas e ele se
ajoelhou para tirar minhas sapatilhas com mãos experientes. O latejar em meu
núcleo oprimiu minha mente, mas percebi que não esperava que ele mudasse
só porque íamos fazer sexo.
As pessoas não acionaram um botão e, se o fizeram, tudo antes daquele
momento era uma mentira. Michael não mente para mim. E esse conhecimento
era reconfortante.
Meu jeans caiu levemente no tapete, e eu fiquei tensa quando Michael
abriu minhas pernas. Seu sorriso sexy e apreciativo derreteu meu interior, e
minha respiração engatou quando ele me beijou fora da minha calcinha de
seda. Olhos brilhantes e cinzentos, como nuvens grávidas de relâmpagos
prontos para atacar, moveram-se para capturar os meus, e ele espalmou
minhas coxas.
— Deite. — Ofegando quando ele lambeu perigosamente perto da borda
do tecido, eu me apertei enquanto meu corpo se movia para obedecer. Michael
resmungou baixinho, e eu agarrei meus lençóis limpos quando ele puxou minha
calcinha até meus joelhos. As chamas subiram pelo meu pescoço quando ele
respirou fundo e alto, e eu choraminguei pateticamente enquanto meu coração
disparava furiosamente.
Minha mente ficou em branco quando Michael lambeu meu ápice com toda
a sua língua, e eu fechei meus olhos com força enquanto um arrepio rasgava
minha espinha. Segurando minhas coxas separadas, ele se agarrou à minha
cabeça e sua barba criou uma fricção deliciosa que ameaçou me
derreter. Inclinando meus quadris enquanto o prazer me varria em ondas
poderosas e frígidas, eu gemi alto quando ele trabalhou a ponta da língua entre
minhas dobras.
Amamentando meu clitóris, circulando com sua língua, a saliva de
Michael queimou minha pele sensível enquanto eu me contorcia em êxtase. Sua
palma deixou minha perna, e meu calcanhar cravou em suas costas enquanto
ele cuspia em seus dedos para provocar minha entrada. Ele se moveu
lentamente, gradualmente, mas tudo aconteceu tão rápido quando ele deslizou
dois dedos em meu clitóris. Apertando-me contra eles, eu lutei para respirar
quando ele girou sua língua em volta da minha conta, e ele gemeu antes de me
deixar desolada.
Dobrando-se sobre mim, Michael apoiou seu antebraço ao lado da minha
cabeça, e meus lábios se separaram em um grito silencioso quando ele curvou
seus dedos habilmente. Com minha perna sobre seu ombro, eu me senti
encolhida e pequena, e ele capturou meus lábios para me deixar provar a mim
mesma. Os cabelos finos do meu rosto se eriçaram com a sensação estranha na
minha língua, mas ele me distraiu quando puxou os dedos para trás para
alcançar os nós dos dedos profundamente.
Meus seios estavam tensos, doendo - precisando de atenção - e Michael de
alguma forma soltou a frente com os dentes. De repente, eu podia respirar e
respirei profundamente enquanto ele chupava meu mamilo. O pico atrevido
apertou em ganância, e os pelos esparsos e ásperos em seus dedos giraram
contra minhas paredes internas enquanto a pressão atrás de meus olhos se
intensificava. Ondulando fracamente sob a minha euforia crescente, meu corpo
balançou ao ritmo constante e saboroso de sua mão.
Michael mordeu meu mamilo, e choques alagaram logo abaixo da minha
pele quando um gemido saiu da minha garganta. Ele sabia exatamente o que
estava fazendo, e eu ofeguei quando ele me trouxe cada vez mais perto.
— Apenas solte, Esmirelda... — Ansiedade acariciou minha mente
nublada, elevando-se acima do sangue tamborilando em meus ouvidos, e meus
lábios se separaram em um grito silencioso. As pontas dos dedos de Michael
roçaram profundamente dentro de mim, sua respiração rolando pelo meu peito
arfante antes que minha respiração parasse de repente. Respirar não era mais
tão importante, e joguei minha cabeça para o lado quando o acúmulo em meu
abdômen inundou para fora. Curvando e torcendo, seus dedos excitaram
minhas paredes trêmulas, e um gemido escapou de além do caroço na minha
garganta.
Olhos intensos perfuraram meu rosto e Michael treinou beijos quentes e
de boca aberta no meu pescoço. Por um segundo, ou, talvez, dois segundos,
minha mente escureceu, e tudo o que senti, cheirei ou provei foi ele.
E foi glorioso.
— Agora é a minha vez de ficar pelado. — Minhas pálpebras se abriram
quando a ansiedade substituiu o prazer que zumbia atrás dos meus olhos, e eu
engasguei quando os dedos de Michael me deixaram. Ele lambeu e eu ofeguei
duramente quando a visão dele me colocou em chamas. O mundo girou quando
me sentei, e eu mal conseguia distinguir suas próprias fechaduras jeans
enquanto me atrapalhava com elas. Eu não podia esperar - eu não podia
esperar até mesmo para meu cérebro confuso enviar a mensagem para minhas
mãos que tremiam violentamente.
Recolhendo meu cabelo, Michael jogou minha cabeça para trás e eu
engasguei quando ele se inclinou perto do meu rosto. Seu sorriso atrevido
tingido de algo mais escuro, e minhas mãos voaram para sua mandíbula para
puxá-lo para baixo. Ele poderia ter resistido, mas ele apenas sorriu mais largo
antes de esmagar seus lábios nos meus. Tirando as mãos de debaixo do meu
coque, ele tirou as calças e o blazer antes de se afastar para tirar os sapatos.
Seu pau estava alto, rígido, teia de aranha em veias pulsantes, e minha
boca encheu de água enquanto eu olhava abertamente. Michael era musculoso,
mas não forte; ele trabalhava duro para viver, e isso aparecia. Rapaz, isso se
mostrou tão maravilhosamente bem.
Minha visão confusa só ficou mais confusa quando ele rolou um
preservativo em seu eixo, e eu ofeguei suavemente em expectativa. Sob minhas
pálpebras pesadas, olhei para cima e ele cutucou meu ombro para me colocar
de costas. Subindo na cabeceira da minha cama, meus membros estavam
pesados e ele agarrou meus tornozelos para segurar minhas pernas. Cuspindo
na palma da mão, ele bombeou seu pau, e minha excitação atingiu o auge
quando ele passou a cabeça entre minhas dobras.
— Faça suas orações, Esmirelda. — Inclinando-se, Michael sorriu quando
seus olhos piscaram para os meus, e minha respiração engatou quando sua
cabeça bulbosa esticou minha entrada. — A menos que você já esteja no céu...
Eu poderia ter todo o tempo do mundo, e uma resposta não viria, e o sorriso
malicioso de Michael se alargou. Sua careca ficou rosada enquanto a
concentração e o prazer torciam suas feições, e ele passou o braço em volta das
minhas coxas antes de empurrar seus quadris. Meu canal ondulou enquanto eu
arqueava, e pontos coloridos assaltaram minha visão com a estranha sensação
de estar cheia. Bem acima de mim, ele gemeu em cumprimento, e minhas mãos
voaram para me apoiar contra a parede sem qualquer direção de minha mente
impregnada.
— Fodidamente apertada... — Uma onda de choque bateu no meu peito,
tirando o ar viciado dos meus pulmões enquanto Michael assobiava
fortemente. Afastando-se, ele engasgou quando arrepios atacaram minha
espinha, mas ele não me deixou vazia por muito tempo. Estabelecendo um
ritmo lento e profundo, seus gemidos e calúnias se misturaram aos meus
suspiros e estalos - o único som que se elevou acima da fúria do meu coração.
Meus olhos rolaram para trás quando Michael empurrou meus joelhos
perto do meu rosto, e eu tive espasmos mesmo quando ele fez meu corpo ficar
pequeno. Aproximando-me de seu comprimento gordo, eu ofeguei uma
expiração quando a pressão em mim estalou. Montando meu orgasmo, ele
chupou meu mamilo entre os dentes para mordiscar e puxar, e isso só
intensificou meu prazer. Cerrando minha mandíbula enquanto as saliências da
camisinha acariciavam minhas paredes internas, eu estiquei meu pescoço, mas
a única direção que eu poderia dobrar era para baixo.
— Você faz a cara de estrela pornô quando goza, Esmirelda.
— Arrastando-se até que minhas pernas caíram em cada lado dele, Michael
caiu sobre os cotovelos para beijar minha bochecha. Respirando forte e
ofegante, eu arqueei para ele, e os pelos finos, mas ásperos em seu peito
esfregaram minha pele em carne viva.
Os músculos jogaram contra a minha frente quando ele agarrou minhas
mãos para prendê-las em cada lado da minha cabeça, e Michael capturou meus
lábios com um impulso forte de seus quadris. Seu movimento chocante sacudiu
meus próprios ossos, e eu engasguei apenas para sua língua mergulhar
profundamente na boca. A paixão por trás de seu beijo me surpreendeu, e ele
enredou nossos dedos enquanto estabelecia um ritmo acelerado. Minhas
paredes ondulavam descontroladamente, meus sucos escorrendo de mim com
cada impulso para gotejar, mas isso só aumentou minha euforia.
E isso era o que era - euforia selvagem e carnal que me afogaria se eu
deixasse.
— Vou te foder o dia todo... você vai ficar tão revigorada que até a Black
Friday será uma brisa para você, Esmirelda. — De alguma forma, eu abri meus
olhos com isso, e uma deliciosa impiedade brilhou nos olhos de Michael. Ele fez
uma pausa, por apenas um momento, mas naquele momento a atmosfera se
espessou a ponto de pingar pelas paredes e grudar na minha pele. O peso
daquele momento era inebriante - algo que eu imediatamente desejei - algo que
nunca quis parar de sentir. Inclinando-se perto do meu rosto, as feições de
Michael distorcidas enquanto sua barba arrepiava minha bochecha, e sua voz
era rouca quando filtrada em meu alcance de compreensão.
— Estou feliz por ter decidido manipular você emocionalmente enquanto
você estava vulnerável, assustada e desesperada... — Ele sorriu, como se
aquela explicação excessivamente psicológica fosse divertida, e minha língua
escapuliu para lamber seus lábios.
— E- não é manipulação se você não mente. — Michael não mentiu - nem
uma vez - nem uma única vez. Ele sempre foi muito direto, franco e verdadeiro
ao ponto de ser rude e às vezes degradante. Acima de mim, ele bufou, e
estremeci com minha própria respiração superficial.
— Se você diz.
VINTE E CINCO

O estacionamento da minha praça estava lotado quando desci do ônibus,


mas mesmo aquelas silhuetas brilhantes não importavam.
Hoje, eu poderia fazer qualquer coisa, até caixa na Black Friday. Inferno,
eu posso até fazer um duplo.
Andando pelo estacionamento, desviei dos carros tentando encontrar uma
vaga para estacionar, e a fila de pessoas lentamente começou a desenvolver
rostos. A loja abriu em 10 minutos, e minha mente inevitavelmente se voltou
para o dia anterior enquanto o calor subia pelo meu pescoço. Sorrindo para mim
mesma enquanto agarrava meu colete de trabalho contra o peito, amassei o
tecido como um gato depois de uma boa soneca.
A resistência de Michael era algo a ser temido, eu estava convencida, e
podia imaginar cada segundo com clareza cristalina quando piscava. Ele era
definitivamente melhor na cama do que Greg Martinez, e meu suspiro de
satisfação criou uma leve baforada branca no ar. Não fizemos nada além de
fazer sexo e comer; mal nos falamos.
Mas estava tudo bem, porque eu não esperava que Michael dissesse coisas
doces. Ele não mudou nas horas entre desmaiar e quando acordei para me
preparar para o trabalho. Quando meu alarme disparou, ele resmungou para
que eu ficasse quieta, mas sua aspereza era algo com que eu já estava
acostumada.
Macy parou na porta para me deixar entrar, e eu sorri brilhantemente
enquanto ela trancava a barreira de vidro para impedir que a linha crescente
passasse furiosamente. Ela sorriu, não tão brilhantemente, e eu coloquei meu
colete e puxei meu cabelo em um coque enquanto ela me olhava com
desconfiança.
— Você está com um humor surpreendentemente bom para a Black
Friday. Como foi seu feriado? — Fiquei vermelha como uma beterraba com a
sonda, e o rosto lindamente envelhecido de Macy se transformou em
compreensão. Seu sorriso se transformou em um sorriso malicioso, e ela me
cutucou com o cotovelo enquanto uma risadinha escapava de meus lábios
finos. — Bem, espero que esse ímpeto o acompanhe em seu turno, Esmirelda.
— Sim- um- sobre isso. Você quer que eu dê um duplo? Eu não me importo.
— Suas sobrancelhas se ergueram em surpresa e eu rolei meus lábios entre os
dentes enquanto ela me examinava com cansaço.
— OK. Leve das 14h às 15h para o almoço. Você estará nas caixas
registradoras o dia todo. — Assentindo com firmeza, eu praticamente pulei
para a porta interna e caí no chão, e puxei meu telefone do bolso no caminho
para o escritório. Michael ainda estava dormindo, mas ele era minha carona, e
eu enviei uma mensagem rápida para ele antes de desligar o
dispositivo. Demorou apenas alguns minutos para registrar e bloquear meu
celular no meu armário, e eu puxei meu cabelo para refazer meu coque com
mais segurança.
— Esmirelda- você está animada. Você transou? — Olhando por cima
enquanto fechava a porta do meu armário, eu balancei a cabeça humildemente
enquanto Jennifer abria a sua. Ela me lançou um sorriso rápido e conhecedor
e bufou, agarrando seu colete com unhas compridas e bem cuidadas. — Eu sei,
certo- eu não acho que haja nenhum melhor remédio para dormir. Claro que
ajuda em dias como este. Eu costumava trabalhar neste lugar que estava
aberto no Dia de Ação de Graças - uma vez, eu trabalhava em um turno de 17
horas e não recebia nem horas extras nem nada. Tive sorte se conseguisse
minha folga, mesmo que fosse tarde.
— Isso parece horrível. — Ela jogou suas mechas morenas por cima do
ombro e vestiu o colete com um grunhido, e eu me inclinei no meu armário para
olhar o relógio acima da porta. — Eu perguntei a Macy se eu poderia tomar
uma dose dupla hoje. Eu realmente preciso do dinheiro, já que ainda estou
tentando recuperar o atraso depois daquela semana de doença.
— Deve ter sido um bom pau, então. — Vendo através da minha meia-
verdade, Jennifer sorriu amplamente e fechou o armário, e minhas bochechas
ameaçaram derreter no meu rosto. — É bom, no entanto. Quero dizer, às vezes,
você só precisa fazer o que precisa fazer. Só porque você recebeu um atestado
médico não significa que você pode se dar ao luxo de levar esse golpe
levianamente, certo - não é o ensino médio. Você não pode acompanhar se não
fizer o trabalho.
— Sim. Ontem estava pensando na sorte que tenho por Macy não me
despedir por não poder telefonar. — Apenas Macy sabia exatamente por que
eu estava no hospital, e Jennifer deu um tapinha no meu ombro quando saímos
da sala de descanso. — Meu irmão queria que eu fosse para casa ontem, mas
eu não podia correr o risco de ficar presa na família. Peguei o ônibus esta
manhã e eles realmente não se importam com a programação agora. Tive que
sair de casa às 2h30 ou arriscaria me atrasar.
— Eu não culpo você de forma alguma - eu também não fiz nada. Hoje vai
ser matador. Esta loja está sempre lotada - o depósito está sempre fechado e
com backup. Apenas um aviso - não se surpreenda se Macy puxar você para
fazer as malas lá. Ela pode não querer porque você nunca fez isso, e a Black
Friday é basicamente um batismo de fogo. — Assentindo com firmeza, alisei
meu colete pelas laterais do corpo enquanto reentrávamos na área de vendas e
me dirigi ao meu caixa para desbloquear a caixa registradora.
— Você vai vir para a festa hoje à noite, Esmirelda? Quero dizer, se você
não estiver morta até lá. — Faltando apenas dois minutos para abrir, inclinei-
me sobre o balcão da minha caixa registradora para encolher os ombros e
Jennifer ligou o elevador habilmente.
— Não tenho certeza. Veremos. — A loja tinha seis caixas registradoras,
o que normalmente era mais do que suficiente, e apenas duas costumavam ser
abertas por vez. Agora, porém, Jennifer e eu éramos acompanhados por dois
caixas de meio período, o gerente e a própria Macy, e lancei um olhar curioso
para meu chefe imediato. — Que tipo de comida existe, Sarah?
— Macy encomendou no Garden Catering, eu acho. Você não trabalha
aqui há muito tempo, Esmirelda, mas Macy geralmente combina isso com uma
festa anual da empresa. Todos os funcionários estarão aqui. Tive que refazer
minhas unhas depois de digitar todas as planilhas para descobrir todos os
bônus e outras coisas. — Levantando a mão para examinar suas unhas
compridas, pintadas e brilhantes de acrílico, Sarah franziu a testa sob as
sobrancelhas franzidas. — Custou-me $ 40 e estive lá há apenas uma semana.
— Oh-h... elas são bonitas... onde você f... Os alto-falantes ligaram e a
atmosfera de repente vibrou com eletricidade quando Jennifer fechou a boca.
“Aqui vamos nós!” Meu olhar se voltou para as portas e ouvi o som sinistro
e pesado de pés se arrastando antes de gritar. Macy estava atrás do balcão de
atendimento ao cliente, cumprimentando os clientes e sorrindo quando uma
onda de pessoas passou por ela. Um leve toque no meu ombro chamou minha
atenção, e me virei quando Jennifer se inclinou sobre sua máquina de leitura
de cartões e gesticulou para que eu fizesse o mesmo.
— Aliás, se um cliente é um idiota com você, sobre preços ou cupons, você
tem o direito de recusar o serviço. O segurança que a Macy contrata estará aqui
em, tipo, uma hora. Ele nos protege. Nenhuma besteira de 'Eu quero o gerente',
nenhum argumento de cupom. Se alguém agir como se fosse fazer barulho e
tentar forçá-la a concordar apenas para colocar a fila em movimento, basta
levantar a mão.
— As pessoas são realmente assim? Achei que fosse apenas uma história
de terror. — Balançando a cabeça enquanto eu franzia a testa sob as
sobrancelhas franzidas, eu lambi meus lábios nervosamente. — Ok.
— Mulheres de meia-idade e classe média alta são brutais. — Eu apenas
suspirei concordando, e Jennifer bateu no guarda de sua área de ensacamento
enquanto observava a multidão por cima do meu ombro. — Ainda temos algum
tempo, no entanto. Tem gente que planeja tudo e sai rápido, mas é fácil de lidar.
— É uma loucura o quanto as pessoas investem nessa coisa para
economizar... isso não é o Wal-Mart. Você realmente não pode entrar aqui com
um pouco de dinheiro. — Apenas o conjunto de sutiã e calcinha que eu comprei
outro dia saiu em um total de $ 89, e Jennifer acenou com a cabeça enquanto
eu arrastava os pés para o outro pé. — Há algum truque que você possa me
dar?
— Sim. Diga sua saudação, mas é isso. Não tente puxar conversa, apenas
mova-os o mais rápido possível. — Cantarolando baixinho, olhei para o meu
número de registro e um pouco da tensão diminuiu de meus ombros. Havia 3
registros mais perto da porta, embora isso não importasse mais tarde, quando
todas as filas tinham 20 clientes. Batendo minhas unhas na gaveta de minha
caixa registradora, eu bati minha cabeça de lado a lado enquanto saboreava a
paz falsa.
VINTE E SEIS

Chegando ao trabalho de Esmirelda, a quantidade de pessoas ainda


estacionadas e lá dentro era meio irritante enquanto eu procurava uma vaga
para estacionar. O primeiro que encontrei tinha seis fileiras de profundidade,
e resmunguei para mim mesmo enquanto virei e desliguei o carro. Coçando
minha barba, girei minha chave com a mão livre e pulei da cadeira para trancar
a porta e entrar. Eu nunca tinha estado nesta loja, mas Esmirelda deveria ter
feito uma pausa alguns minutos atrás.
Estar aqui me deu um intenso déjà vu, e eu olhei para o sol fraco lutando
para romper as nuvens. Tanta coisa aconteceu desde o dia em que Esmirelda
foi empurrada escada abaixo, e eu chutei meu calcanhar na calçada que
contornava o prédio. Agarrando a maçaneta da porta, eu arrastei para fora do
caminho para uma mulher com um número horrível de malas, e ela nem mesmo
me agradeceu em seu caminho.
— Michael!... — Saindo de trás da parede que protegia o balcão de
atendimento, Esmirelda sorriu, e seu rosto ficou rosado quando eu apoiei meus
antebraços na barreira de concreto. — Eu estava de saída. Você não precisava
entrar.
— Você está apenas caminhando, não se importando com o quão
incomodado eu estou por tirar um tempo do meu dia para levá-la para almoçar
antes de você me enlouquecer e fazer um duplo. — Sorrindo enquanto ela
corava com a minha brincadeira, gesticulei para ela ao redor da parede baixa e
envolvi meu braço ao redor dela. — É tudo o que você sonhou, Esmirelda?
— É... não é o pesadelo que eu esperava, pelo menos. — Cantarolando
baixinho enquanto abria uma porta, gesticulei para que Esmirelda entrasse
enquanto ela encolhia os ombros. — Eu acho que eu esperava pior, então não
foi tão ruim, talvez.
— Legal. Eu acho que você é louca por trabalhar um duplo, mas pelo
menos não é um pesadelo. — Posso ou não ter pressa, e coloquei meu braço em
volta do ombro dela antes de sairmos da calçada e entrarmos no
estacionamento. - Vou fazer isso e depois vou para a casa de Donnie por
algumas horas. Você ainda sai às 18h, certo?
— Sim. — Girando minhas chaves distraidamente em minha mão livre,
eu olhei para baixo enquanto Esmirelda olhava para frente. Ela parecia
surpreendentemente boa para alguém que tinha acabado de trabalhar um
turno de 10 horas, e meu olhar acariciou a curva esguia de seu pescoço antes
que ela falasse de repente. — Sabe, você não precisa vir me buscar se quiser
ficar na casa de Donnie - não é grande coisa.
— Então, agora que você conseguiu o que queria, não quer mais ficar
comigo, hein? — Pegando minhas chaves, estendi a mão para cutucar sua
bochecha enquanto ela inflava com um sorriso. — Estabilidade emocional.
— Você acha que eu confio muito em você para isso? — A pergunta direta
me confundiu e eu cocei minha barba enquanto resmungava
pensativamente. Entrar no meu carro me deu alguns segundos extras para
pensar; Quero dizer, com certeza, não havia dúvida de que Esmirelda poderia
usar alguns amigos além de apenas eu. Abrindo a porta do motorista, sentei no
banco, mas não puxei minha perna enquanto afundava no couro.
— Eu acho que você se divertiu muito ultimamente, mas nah- não
realmente. Você é perfeitamente capaz de se recompor. Você já fez isso antes
sozinha - você pode fazer de novo. — Acenando com a mão para enfatizar meu
ponto, fechei a porta enquanto Esmirelda colocava o cinto de segurança e olhei
cansado para o console central. — Às vezes, você é um pouco chata, mas quem
não é? Eu vou te dizer o que eu não acho- Eu não acho que você é um perigo
para si ou para outros. Também não acredito que você tenha o hábito de se
colocar em situações para ficar assim. Quer dizer, eu vi uma garota te empurrar
escada abaixo. Você ficou todo fodida porque sabia o final daquele ato, mas
ninguém realmente tentou te ajudar a evitá-lo.
— Sim... — Eu percebi enquanto falava que conversávamos muito, nos
concentramos muito na bagunça de Esmirelda, e me virei para sair do meu
espaço com uma estranha tensão vibrando por mim. — Eu estava com raiva
porque meu pai mentiu para mim, mas - além disso - eu estava com raiva
porque eu sou bolsista e só posso tirar alguns dias de folga em um semestre, e
todos eles se cansaram. Eu ainda tenho até dezembro sem absolutamente
nenhum dia.
— Quando você me disse que iria com seu pai depois de sair do hospital
para o outono, eu realmente não esperava que ele fosse um idiota. Ele era, tipo,
seu herói ou algo assim, e então... de repente, era como se você o odiasse. Quero
dizer, você não pode honestamente estar tão brava com ele por levá-la ao
hospital. É sua culpa - você não deveria ter dito nada sobre ser suicida.
— Parando no final da pista, eu olhei para Esmirelda acenando com a cabeça
antes de virar à direita em direção à saída. — Apenas dizendo...
— Sim, eu sei que não deveria, mas... Ele me disse que estávamos indo
para casa e, em vez disso, acabei nua em um quarto sem nada dentro. — Você
me pegou lá. — Eu percebi que ele faz muito isso. Quando eu estava indo bem,
ele agia distante - ele me comprava coisas. Basicamente, me tratou como um
adulto. Quando eu estava ruim, ele se envolvia. Acho que isso o deixa
preocupado por não estar prestando atenção ou fazendo o suficiente... o que
quero dizer, ele é meu pai, mas eu tenho 19 anos agora. Minha saúde mental
não depende mais dele. Mesmo se ele dissesse que íamos tomar sorvete ou algo
assim e depois fosse para o hospital, não seria tão ruim quanto ele dizer que
está me levando para casa.
— Como isso faz algum sentido para você? — Tive muita dificuldade em
seguir a explicação de Esmirelda; estava em todo o lugar, e eu cocei meu queixo
e corri minha palma para cima sobre minha cabeça em confusão. — O que isso
significa? Seu pai mentiu, claro - mas ele fez o que achou ser melhor e, em
certos aspectos, ele não estava errado, Esmirelda. Se você não fosse para o
hospital, provavelmente já teria morrido de fome agora. Você percebe isso,
certo?
— Eu faço.
— Então por que você tem um problema com algo tão inconsequente como
isso? Talvez ele realmente planejasse levar você para casa e depois decidiu ir
para o hospital. Nesse caso, ele não estava mentindo quando disse isso. Sem
mencionar o simples fato de que você não falou com ele, nem mesmo para tentar
obter o seu lado da história. — Quanto mais eu pensava nisso, mais percebia
que Esmirelda realmente não tinha motivos para estar brava com o pai. O
irmão dela era uma história diferente, mas eu balancei minha cabeça para
permanecer no tópico. — Pelo menos faça isso antes de decidir cortá-lo pelos
joelhos. Não tenho muita experiência porque meu pai era indiscutivelmente um
idiota abusivo, mas realmente parece que é apenas um grande mal-entendido
da sua parte.
— Você acha? — Assentindo firmemente quando parei no sinal vermelho,
pendurei meu braço para fora da janela para me virar para Esmirelda. Meu
peito apertou com sua expressão abandonada e culpada, e eu desenrolei meus
dedos do volante para apertar sua mandíbula levemente.
— Isso é o que eu penso, sim. Você trabalha com seus problemas - você não
pode se esconder deles. Então, pare de ser uma vadia e mande uma mensagem
para seu pai quando você sair do trabalho. — Os quatro carros à minha frente
começaram a rolar para frente, e bati na porta com a palma da mão antes de
segurar o volante. — Além disso, se você está certa, e seu pai é um idiota, então
isso não vai te atormentar tanto. Se eu estiver certo, e isso for apenas sua
estupidez egoísta, então as coisas entre você e seu pai vão melhorar, e eu vou
marcar alguns pontos.
— Às vezes, eu me pergunto se você está nisso pela parte 'brutal' de
“brutalmente honesto”. — Sorrindo descaradamente com o murmúrio de
Esmirelda, eu cruzei a luz e acendi meu pisca-pisca quando imediatamente
fomos pegos no próximo. — Você sempre estraga tudo quando menciona os
pontos.
— Francamente, trago os pontos porque preciso aliviar o quão pesada a
conversa fica. É sempre algo com você. Não me importo de ouvir e dar meus
dois centavos, mas mencionar os pontos sempre faz você parar de choramingar.
— Alcançando o console central para apertar seu joelho, minha palma deslizou
para cima, mas ela me empurrou com um suspiro. — Puta sexy.
— Você é impossível, Michael. — Rindo enquanto ela resmungava e
cruzava os joelhos, agarrei o volante com ambas as mãos, apesar do quatro
sentidos ser uma parada quase inoperante. Olhando ao redor pelo para-brisa,
me perguntei como diabos eu deveria chegar a algum lugar com todo esse
tráfego. Eu deveria ter passado pela parte de trás da praça e saído pelo
supermercado.
VINTE E SETE

Caindo pesadamente em uma cadeira de plástico que parecia o paraíso,


joguei minha cabeça para trás e estiquei minhas pernas doloridas com um
gemido alto. Não me arrependi de ter feito uma dupla na Black Friday, mas
reconheci que nunca mais queria suportar essa tortura. Tudo estava bem até
que fui transferida para o fundo, e Jennifer não poderia estar mais certa.
Fazer as malas foi realmente um batismo de fogo, e eu nunca,
nunca, jamais quis pisar no armazém enquanto vivesse.
— Você está certa? — Eu podia ouvir o sorriso na voz de Jennifer quando
ela puxou uma cadeira na minha frente, e levantei minha cabeça quando aquele
formigamento doloroso de quase dormência se espalhou pelos meus dedos dos
pés. Ela tinha ido para casa depois de seu turno, mas sua substituição estava
meia hora atrasada, e eu a examinei enquanto ela apoiava o queixo no
antebraço no encosto da cadeira. — Como foi, ruim?
— Eu não sabia que ficar parado, fechando caixas furiosamente por três
horas seria o que me mataria. — Ela riu da minha situação e eu me sentei um
pouco enquanto a exaustão enchia meus braços de chumbo. — Não foi
ruim. Nunca tinha feito isso antes, e há tantos pedidos online... Por que existem
tantos pedidos online?
— Eu estava preocupada com você quando saí, então comprei isso para
você. — Produzindo um café com leite com condimento de canela ao lado dela,
Jennifer sorriu quando eu o peguei em uma súbita explosão de energia, e lambi
meus lábios com fome. — É descafeinado, já que pensei que você gostaria de ir
para casa dormir. Eu disse à senhora para usar apenas café o suficiente para
provar, mas o resto é creme e chocolate.
— Você é um anjo. — Resmungando em torno do canudo, eu chupei a
bebida deliciosa e fria, e Jennifer jogou o cabelo por cima do ombro
distraidamente. O toque de especiarias aqueceu meu peito, o chocolate dançou
na minha língua - foi apenas uma maneira perfeita de terminar um dia
opressor. — Obrigado. Eu agradeço.
— Nenhum problema. Eu tomei café, mas... hum... então, sobre aquele
cara que veio buscá-la para o seu intervalo? — A mudança não muito sutil de
Jennifer na conversa rendeu-lhe uma sobrancelha arqueada, e eu arqueei uma
sobrancelha interrogativamente. — Como vocês dois se conheceram? Você foi a
uma das festas da fraternidade dele?
— Uh. Uma garota me empurrou escada abaixo do lado de fora de uma
das salas de aula, e por acaso ele estava passando, então ele me impediu de
morrer. Muito poético, honestamente. — As sobrancelhas bem cuidadas de
Jennifer levantaram-se e tomei outro grande gole da minha bebida antes de
suspirar em reminiscência. — Foi assim que torci o pulso e o tornozelo,
lembra? Michael é um pouco rude, mas acho que ele é um cara legal.
— Eu lembro. Ele é quente- ufa- — Abanando-se dramaticamente,
Jennifer sorriu quando uma risadinha escapou de mim, e eu me inclinei para
frente para apoiar meus cotovelos nos joelhos. Girando minha xícara em
minhas palmas, eu deixei o frio e a transpiração do copo de plástico ajudarem
a aliviar a queimação em minhas mãos e braços. — O que aconteceu com aquela
garota? Ele a assustou? Ela estava atrás de você por um tempo, mas tudo
parou, certo?
— Ele não fez, não. Eu dei a ela um pedaço da minha mente. Marissa está
chafurdando de vergonha agora. Além disso, Michael e eu temos as mesmas
aulas, então se ela fosse retaliar, ela teria que fazer isso quando eu estivesse
sozinha ou algo assim. — Franzindo a testa enquanto minhas sobrancelhas se
juntavam, eu olhei para Jennifer quando o alarme brilhou em seus olhos. —
Lidei com ela durante todo o ensino médio, mas agora somos adultas. Eu
percebi - você sabe, eu não posso deixar minha vida ser atrofiada por causa de
outra pessoa - especialmente alguém como ela.
— Eu ouvi sobre isso, mas eu não sabia que era você. É verdade que ela
caiu e rasgou as calças? — Acenando com a cabeça enquanto as memórias
bombardeavam os olhos da minha mente, eu não sorri - eu não achei
o incidente de Marissa engraçado. Eu achei um mau presságio, na verdade. —
É bom que você finalmente esteja se defendendo depois de tanto tempo. Tive
um valentão no ensino médio e, quando contei a minha mãe, ela arrastou minha
bunda até a delegacia. Os pais da menina ficaram mortificados, a notícia se
espalhou e eles ficaram com vergonha de se mudar.
— Marissa tentou me fazer de boba, mas o tiro saiu pela culatra muito
mal. Honestamente, eu esperava que se eu batesse forte o suficiente, ela faria
a mesma coisa, mas... — Dando de ombros fracamente, eu parei de suspirar e
balançar minha cabeça. — De alguma forma, é para melhor, de alguma forma
distorcida. Eu...
— Esmirelda — Minha cabeça se ergueu e Macy sorriu enquanto
abaixava a cabeça na porta da sala dos funcionários. — Seu irmão está aqui.
— Daniel está aqui? — Compartilhando um olhar confuso com Jennifer,
levantei-me lentamente para sair arrastando os pés da sala, e ela me
seguiu. Tomando um grande gole da minha bebida, corri minha mão pelo meu
cabelo e mexi meus ombros antes de contornar uma parede e avistar meu
irmão. Ele se inclinou na beira de uma caixa registradora, falando com Sarah
sobre algo que eu não pude ouvir, mas a conversa terminou quando ele me viu.
E meu estômago caiu quando ele sorriu, como se ele não tivesse feito o que
fez ontem.
— Ei, você está pronta para ir, Ella? — Sinais de alarme soaram na minha
cabeça enquanto eu fazia uma pausa, e Daniel me observou com expectativa
através de olhos cada vez mais estreitos. Bem naquele momento, uma batida
nas portas da frente soou na frente do lugar, eu pesquei meu telefone do bolso
do meu jeans.
18h, em ponto.
Como Daniel sabia que eu estava trabalhando em um turno extra,
afinal? Foi uma decisão em uma fração de segundo, e apenas Michael sabia
disso. Meu telefone esteve desligado o dia todo...
— Você está muito popular esta noite, hein. — Jennifer sabia que Michael
iria me buscar esta noite, e eu olhei para ela enquanto ela franzia a testa. — O
que aconteceu ontem?
Inclinando-me para explicar rapidamente toda a situação do beijo, tomei
outro gole da minha bebida para esfriar o ferver em meu sangue. Michael
passou pelo balcão de atendimento, e eu sorri taciturnamente enquanto ele
ignorava completamente meu irmão.
— Beber essa merda vai te engordar, sabe. Coma um pouco de couve.
— Me examinando de cima a baixo, os olhos de Michael brilharam com
interesse enquanto eu balançava em meus pés doloridos e tensos. — Você não
parece muito pobre depois de tudo isso, no entanto. O que aconteceu depois do
almoço?
— Eles me mudaram para o armazém. Foi traumatizante. — A tensão
entre meu irmão e Michael aumentou visivelmente quando Michael colocou o
braço em volta de mim. — Tenho certeza que vou sentir isso amanhã.
— Importa-se de nos apresentar, Ella? — A cadência insistente de Daniel
deu à sua voz uma curta duração que queimou meus ouvidos, e eu o lancei um
olhar furioso. Com que consciência seria uma boa ideia para o meu trabalho
quando eu não sabia?
— Você veio ao meu trabalho sem avisar, no dia mais movimentado do
ano, e quer fazer isso na frente dos meus colegas de trabalho, do meu chefe e
do dono do lugar? Você está tentando me demitir? — Não dei tempo para
Daniel responder e balancei a cabeça com força quando ele abriu a boca. — Eu
nem me importo por que você está aqui, Daniel. Vou para casa e vou dormir.
— Por que você é incapaz de não dar importância a tudo? Quero falar com
você. Sozinho.
— Filhote... — Desenrolando o braço em volta da minha cintura, Michael
bateu palmas e eu fiz uma careta enquanto olhava para ele. — Esta é a minha
deixa. Eu estarei no carro.
— Você é terrível. — Com uma carranca sombria, eu não culpei
exatamente Michael por fugir; meu irmão estava decidido a nos forçar a
conversar, a ponto de vir para o meu trabalho. Essa era definitivamente uma
situação que ninguém queria assistir ou lidar. Encolhendo os ombros
descuidadamente, Michael passou a mão pela cabeça antes de abrir a boca.
— A última coisa que quero fazer é lutar contra alguém que sei, com
certeza, pode me matar. Além disso, ele é seu irmão. Lide com isso. — Michael
se afastou, levantando o braço em um aceno, e a mandíbula de Jennifer atingiu
o chão com a minha visão periférica.
— Você com certeza teve sorte com aquele cara, Ella. — A repulsa atou o
tom de Daniel, e Michael parou para rolar os ombros e quebrar o pescoço, mas
ele continuou andando. Minha pálpebra se contraiu quando meu olhar voou
para meu irmão, e eu caminhei até ele para puxar minha mão. Ele não deve ter
esperado, porque ele não reagiu rápido o suficiente, e eu dei um tapa forte no
rosto de Daniel.
Eu estava cansada fisicamente depois de hoje.
Eu estava cansada de Daniel me tratando como se todas as minhas
decisões fossem más decisões.
Eu estava doente e muito cansada de ser sugada de volta para aquele
lugar horrível.
Suspiros dos meus colegas de trabalho ecoaram acima do eco de pele com
pele, e a cabeça de Daniel virou para o lado para mostrar uma impressão de
mão vermelha. Cerrando minha mandíbula com força, eu olhei para ele
enquanto ele rolava e balançava a cabeça, e seus olhos brilhavam de agitação.
— Nunca mais fale comigo, me envie uma mensagem, entre em contato
comigo de qualquer forma, nunca mais, Daniel. Não apareça no meu
trabalho. Não apareça na minha casa. Não fale com meus colegas de
quarto. Não se preocupe mais comigo. Você pode ser 4 anos mais velho do que
eu, mas, obviamente, você é o verdadeiro adolescente aqui. — Girando no meu
calcanhar, eu passei pelas caixas registradoras, passei por Michael, passei pelo
balcão de atendimento e virei à direita em vez de à esquerda. A loja estava uma
bagunça absoluta, mas era bastante grande, e eu segui todo o caminho até a
seção de lingerie.
Largando minha bunda cansada entre duas mesas em camadas
transbordando de calcinhas desdobradas, tomei um gole da minha bebida antes
de colocá-la em um cubículo para não derrubá-la acidentalmente. Pegando o
par de calcinhas rendadas mais próximo, endireitei o tecido com meus
polegares antes de dobrá-lo e colocá-lo na minha frente.
Era assim que eu ia passar minha noite, dobrando
calcinha. Impressionante.
VINTE E OITO

— Hey... — Esmirelda não ergueu os olhos, não me cumprimentou, exceto


por um leve grunhido, e eu bati no fundo do prato de plástico rígido em minha
mão. Estranheza deslizou sob minha pele e apertou meus ombros, e me sentei
depois de um segundo pesado. O cheiro das fatias de batata e salada de frango
no prato transparente deve ter chegado até ela, porque ela parou seus
movimentos mecânicos para estender a mão - ainda sem olhar para mim.
O silêncio escureceu, tornou-se mais sinistro à medida que se estendia, e
passei a comida a Esmirelda enquanto tentava encontrar algo para dizer. Esse
tipo de situação não era meu forte; ela bateu no irmão, que é um idiota, é
verdade, mas ainda treinado para chutar traseiros. Isso, por si só, era
extremamente preocupante, mas também aconteceu enquanto ela estava no
trabalho, e Daniel não deveria saber quando ela estava saindo.
— Vou ser despedida. — Resmungando em torno de uma fatia de batata,
os ombros de Esmirelda caíram e eu esfreguei minha nuca em desconforto. —
O que há de errado comigo? Por que não posso simplesmente ficar bem e não
deixar ninguém estragar tudo? Cada vez que minha família se envolve... isso
acontece.
— Você não vai ser demitida, Esmirelda. — Daniel já havia saído furioso,
Macy reuniu todos na sala de descanso para a festa e Sarah se sentia culpada
por flertar com o cara. Tudo estava bem... — Seus chefes parecem muito
atenciosos. Contanto que não aconteça novamente, você ficará bem.
— Só trabalho aqui há oito meses. Eles vão me despedir. — Enfiando a
cunha inteira, espessa e temperada na boca, Esmirelda mastigou
impiedosamente enquanto eu reprimia um suspiro irritado.
— Como Daniel saberia quando você estaria saindo, de qualquer
maneira? Você decidiu fazer um turno duplo na chegada, certo? — Engolindo
em seco, Esmirelda ergueu seu prato silenciosamente, e eu peguei antes que
ela se sentasse contra a mesa de exposição. — A única pessoa que sabia era eu.
— Eu mandei uma mensagem para você. — Cantarolando
interrogativamente, franzi a testa sob as sobrancelhas franzidas enquanto
Esmirelda pegava outra cunha. Comer emocional, então. — Eu mandei uma
mensagem para você, o que significa que a única maneira de Daniel saber é se
ele grampeado meu telefone, e ele poderia facilmente ter feito isso enquanto eu
estava no hospital.
— Devíamos ter feito sexo mais, então. — Eu não tinha certeza do que
era mais perturbador; o fato de que Esmirelda provavelmente estava certa, ou
de que eu não estava realmente preocupado. Nossas conversas via texto
consistiam principalmente em “ei, saia em 10 minutos” e coisas assim. Nós,
Esmirelda e eu, éramos duas pessoas que gostavam de estar cara a cara, o que
era mais do que factível considerando que morávamos, trabalhamos e
estudávamos na mesma cidade.
Quando minha zombaria me rendeu um golpe de sua cunha, não tentei
pensar em algo para dizer; Esmirelda começava a falar merda sozinha, como
normalmente fazia.
— Você pode estar certo sobre o meu pai, Michael..., mas eu terminei com
todos eles. Cada vez que minha família está envolvida, eu vou ladeira abaixo.
— Lançando um olhar lateral pesado para Esmirelda, dobrei as pernas para
apoiar os cotovelos nos joelhos, e ela finalmente encontrou meu olhar. A
determinação brilhou com uma quantidade saudável de constrangimento em
seus olhos, mas eu não tentaria mudar sua mente mais do que já fiz. — Eu
estava melhor porque sabia que estava indo para a faculdade - eu acabaria me
formando e entrando no ramo da moda. Não era um plano detalhado, mas ainda
era um plano. E, então, quando Marissa me empurrou escada abaixo, liguei
para meu pai e ele me convenceu a aguentar - que ela ficaria entediada e me
deixaria em paz.
— Faça o que achar melhor para você, Esmirelda. — Minha resposta
genérica rendeu-me um leve sorriso e os pelos dos meus braços se arrepiaram
quando ela segurou minha mão frouxamente. Lambendo meus lábios
pesadamente, eu não protestei, e ela comeu o resto de sua fatia no silêncio que
se seguiu.
Eu fui duro com ela, eu sabia, mas aquela pilha de merda estava
começando a crescer flores.
— Então, o que você vai fazer com o seu telefone?
— Vou comprar um novo por conta própria com uma operadora
diferente. Eu já decidi. Eu quero um novo telefone, de qualquer
maneira. Eu estava planejando usar o dinheiro do meu cheque na próxima
semana para comprar mais coisas de costura, mas... — Se arrastando,
Esmirelda franziu o nariz em desgosto enquanto a simpatia torcia minhas
costelas. — Eu poderia procurar e ver alternativas mais baratas, no
entanto. Como sou estudante, e também, provedores de TV a cabo oferecem
alguns bons negócios.
— O que você ia fazer?
— Eu desenhei um vestido. Não é nada sofisticado, mas eu usaria. — A
conversa parou, e eu bati em minhas coxas distraidamente enquanto Esmirelda
mordiscava cunha após cunha. Em meros minutos, ela comeu todos eles, e ela
descansou a cabeça contra o lado da mesa para me olhar fixamente. — Não
consigo nem mesmo aproveitar o dia de hoje sem ter um ataque cardíaco.
— Você vai ter que se animar e passar por isso, Esmirelda, ou você vai
acabar como antes. — Eu não estava contando nada que ela já não tivesse
descoberto, e me levantei para estender a mão. Ajudando-a a se levantar, não
pude deixar de ficar impressionado por ela ainda conseguir ficar de pé; ela
tinha feito isso o dia todo, afinal. Alcançando debaixo da mesa para sua bebida,
ela bebeu o resto e sacudiu o gelo dentro antes de deixarmos a seção de lingerie.
— Acho que vou para casa e desmaiar. Não trabalho amanhã, então... —
Assentindo baixinho, envolvi meu braço em volta da cintura de Esmirelda
enquanto ela suspirava profundamente. — Vou parar na sala primeiro. Pelo
menos tudo isso aconteceu depois que a loja fechou e não às 14h.
Quando olhei para o largo corredor, Macy já estava indo direto para nós e
Esmirelda ficou tensa ao meu lado. Na verdade, era uma maravilha que ela
tivesse energia suficiente para ser tão expressiva, mas eu me acostumei com
isso nela. Sorrindo brilhantemente, Macy estendeu a mão para pagar o ombro
de Esmirelda e lhe entregar um envelope antes de bufar rispidamente.
— Achei que você só gostaria de ir para casa. Você fez um ótimo trabalho,
Esmirelda! Eu estava pronta para deixá-la ir se você pedisse, mas você
realmente foi até o fim. — Se Macy estava chateada com Esmirelda dando um
tapa em seu irmão bem na frente dela, isso não transpareceu em qualquer lugar
em sua voz ou entre as rugas ao redor de seus olhos por causa de seu sorriso. —
Todos estão realmente impressionados. Você estabeleceu um padrão alto para
o próximo ano, sabia.
— Hum, obrigado, Macy. — Pegando o envelope com cuidado, Esmirelda
dobrou-o cuidadosamente e colocou-o no bolso enquanto eu observava - fora
dessa interação em particular. — Eu realmente sinto muito pelo meu irmão. Eu
não pedi a ele para me pegar. Não falo com ele há semanas.
— Não se preocupe com isso, Esmirelda, você passou por isso muito,
ultimamente. Ele provavelmente só está chateado por você ter um
namorado. Quero dizer, você tem 19 anos e ele é seu irmão mais velho. — Rindo
nervosamente dessa avaliação, Esmirelda apenas acenou com a cabeça, e Macy
me lançou um sorriso antes de bater palmas. — Ok! Bom trabalho, não se
esqueça de definir o alarme para chegar ao trabalho na segunda-feira no
horário. Eu te vejo então. Temos que limpar muito, mas a maior parte do turno
da tarde é ficar para fazer isso. Você chega em casa seguro, agora, você ouve.
— Sim. Obrigado, Macy. Te vejo na segunda. — Macy se virou para voltar
para a frente, e Esmirelda esfregou as mãos no rosto e no cabelo com um gemido
estrangulado. — Este dia nem mesmo foi uma merda, apenas os últimos cinco
minutos.
— Normalmente é assim que funciona. — Quando chegamos às portas da
frente, eu as abri para Esmirelda se abaixar debaixo do meu braço, e ela só
respirou quando estávamos do lado de fora. Olhando ao redor, no caso de seu
irmão ainda estar rastejando no estacionamento, eu fiz uma careta quando não
vi seu carro. Aquela coisa era muito feia, uma cor laranja ruim, e pintada em
um modelo que não combinava bem.
— Sim, então... de qualquer maneira. Como foi no Donnie? — Puxei
minhas chaves para girá-las distraidamente e coloquei meu braço sobre os
ombros de Esmirelda com um grunhido. — Ruim?
— Não particularmente. Nós conversamos sobre a loja,
principalmente. Seus filhos estavam lá, então ele fez alguns grelhados.
— Destrancando meu carro remotamente, cocei minha barba com a chave
enquanto Esmirelda me lançava um olhar curioso. — Donnie tem três
filhos. Talvez seja por isso que ele me acolheu tão facilmente.
— Você morou com ele? — Assentindo, deixei meu braço cair para que ela
pudesse contornar o carro e subimos antes que ela falasse novamente. — Eles
estão bem com você comprar a loja?
— Por que não estariam? As duas filhas dele são sanguessugas, e seu filho
é, tipo, um ator famoso da Broadway. Donnie está orgulhoso de seu filho, é
claro, mas não é segredo que, quando o cara nasceu, Donnie queria aquele
garoto mecanicamente vantajoso que ganhava uma bolsa de futebol. Quero
dizer, ele é mundialmente famoso por suas habilidades de atuação, é difícil ficar
desapontado ou amargo. — Dando-me um pequeno 'ah' em resposta, Esmirelda
abandonou o assunto enquanto eu saía do meu espaço, e bati no volante
distraidamente enquanto minha mente girava. — A parte fodida de tudo isso é
que Donnie nunca teve a chance de me adotar até que eu me tornei
adulto. Como eu disse, meu pai morreu quando eu tinha 17 anos, mas eles
nunca informaram meu desaparecimento nem nada. Eu apenas...
desapareci. E, para ser franco, foi a melhor decisão que já tomei.
— E a sua mãe? — Parando no final do corredor para deixar um carro
passar na mão, eu chupei meus dentes impudentemente.
— Então e ela? Ela é viciada em drogas, se ainda estiver viva. Quem
sabe? Honestamente, nunca tive um bom relacionamento com ela em primeiro
lugar, e isso só em parte devido à campanha de difamação de meu pai. Nunca
estive perto dela e, à medida que cresci e percebi o que ela estava fazendo,
deixou de ser algo que me preocupava e esperava. — Minha mãe nunca foi uma
preocupação minha; mesmo quando eu era jovem, eu realmente não tinha um
relacionamento de 'filho da mamãe' com ela. — Quando fui ao funeral do meu
pai, todos ficaram surpresos por eu ainda estar vivo. Todos pensaram que ele
atirou em mim ou algo assim durante uma de suas tiradas de bêbado. Eu não
queria ir de qualquer maneira, mas Donnie me disse que era minha última
chance de encerramento... Acho que, de certa forma, ele estava certo. Eu mudei
depois.
— Quão? — Pela primeira vez, me perguntei se Esmirelda realmente
pensava que eu não tinha minha própria bagagem porque não coloquei essa
merda lá fora para o mundo ver. Olhando para ela quando virei para a reta,
respirei fundo e limpei minha garganta antes de falar.
— Eu estava realmente preocupado em ser perfeito. Tirei notas perfeitas
na escola - trabalhei duro - sempre no meu melhor comportamento. Depois do
funeral, saí um pouco dos trilhos. Donnie estava entendendo sobre isso. Este é
o resultado final. — Gesticulando para mim mesmo, eu sorri quando Esmirelda
franziu os lábios sob as sobrancelhas fortemente unidas. — Você se sente
desconfortável pensando em mim desse jeito?
— Não sei, sinceramente. Não consigo imaginar você com calças de alfafa.
— Latindo uma risada com isso, eu balancei minha cabeça violentamente
enquanto a diversão apertou meu peito. Esmirelda sorriu, finalmente, e eu tirei
meus olhos dela para verificar as estradas. O tráfego tinha se acalmado
consideravelmente, e um suspiro de satisfação rolou por meus braços enquanto
flexionava meus dedos ao redor do volante.
VINTE E NOVE

Subindo na balança do banheiro, mordi meu lábio inferior enquanto


esperava os números digitais aparecerem. Pareceu levar uma eternidade e
tentei não ficar tensa enquanto segurava minha toalha em volta do meu corpo
e ficava parada.
56kg. Soltando um suspiro de alívio, desci da balança e joguei minha
cabeça para trás para fechar os olhos. Eu estava adiando meu peso, mas ganhei
mais do que suspeitava. Oficialmente, eu tinha um peso bastante saudável
agora, e desdobrei minha toalha para olhar para mim mesma.
Minhas costelas não estavam mais claramente visíveis, e me virei para
olhar para a quantidade patética de bunda que eu tinha. É uma boa coisa que
Michael não é um cara bunda.
Cobrindo-me novamente, deixei o banheiro me sentindo melhor do que
antes com meu corpo. Aqueles vários sanduíches de peru e recheio realmente
fizeram maravilhas, e um sorriso se formou entre minhas
bochechas. Fechando-me em meu quarto, estiquei meus braços tensos e
arqueei, e um gemido explodiu da minha garganta quando minha espinha
estalou de alívio. Minha toalha enrolou-se em meus pés e peguei minha
calcinha da cama para colocá-la facilmente.
Totalmente vestida com leggings grossas e um vestido de suéter, coloquei
meus pés nos meus tênis e agarrei minha bolsa do laptop assim que um bipe
insistente soou do lado de fora. A excitação borbulhou em meu peito, e eu subi
as escadas e saí de casa para encontrar Michael esperando, batendo em sua
porta com impaciência.
— Ei... — Deslizando para o banco do passageiro, coloquei minha bolsa no
colo, e Michael saiu do meio-fio enquanto eu me afivelava. — Ficou frio muito
rápido.
— Que conceito original, falar sobre o tempo. — Minhas bochechas
esquentaram com sua fala arrastada, e ele me lançou um olhar falso sobre o
console central. — Seu novo telefone já chegou pelo correio?
— Era para estar aqui hoje. — Rolando meus lábios entre os dentes
enquanto o vento agitava meu cabelo úmido, puxei as mechas por cima do
ombro. — Por quê?
— Estou irritado com o planejamento prévio. — O sorriso de Michael caiu
em sua própria resposta curta, e eu tirei meus olhos dele para olhar pela
janela. Mesmo sendo dezembro, ainda não havia nevado e algumas folhas
corajosas agarraram-se às ruas que ladeavam um lado da estrada. Muito
parecido com aquelas folhas sombrias e feias, a escuridão agarrou-se à Terra e
o sol se escondeu atrás de nuvens de tempestade espessas.
Ainda assim, eu ainda tinha que ir para a aula em vez de assistir aos
Especiais de Natal da Hallmark.
— Depois da aula, você precisa pegar seu cheque, certo? — Batendo no
volante enquanto virávamos, Michael franziu a testa sob as sobrancelhas
franzidas. — Eu tenho que ir trabalhar as 11, entretanto... ugh... Tudo bem
para você pegar o ônibus?
— Sim. — Eu não conseguia afastar a sensação incômoda de que Michael
estava irritado com outra coisa, e flexionei meus dedos contra o volante. — Está
tudo bem, Michael?
— Eh-h... Não é tecnicamente uma coisa ruim... mais como um
aborrecimento para o qual eu não estava exatamente preparado esta manhã.
— Minhas sobrancelhas se ergueram em uma mistura de surpresa e
curiosidade, e Michael começou a coçar a barba com força. Seu rosto se
transformou em irritação, mas eu fiquei quieta enquanto ele inspirava pelas
narinas dilatadas. — Você sabe como você disse que eu te intimidei?
— Hum... sim...? — Um intenso questionamento percorreu meu peito, e a
mandíbula de Michael se contraiu quando uma atmosfera pesada desceu sobre
nós. — Eu não acho que você seja mau ou algo assim - você apenas é muito
direto... a ponto de doer às vezes. Eu não acho que isso seja uma coisa ruim,
considerando-
Sua mão disparou para envolver meu rosto e cortar meu balbucio nervoso,
e eu fiquei tensa quando sua palma seca apertou minha boca. Durou apenas
um segundo antes de ele agarrar o volante novamente, e ele se endireitou
enquanto eu olhava, com os olhos arregalados e apreensivos.
— Independentemente do que você realmente pensa de mim, ouvi um
boato de um dos meus irmãos da fraternidade sobre nós nos casarmos quando
eu me formar. — Engasgando com minha própria saliva, cobri minha boca
enquanto a surpresa obstruía minha garganta e tossi forte. Michael não
pareceu nem um pouco satisfeito com isso, e sua expressão azedou quando eu
ofeguei uma respiração superficial e áspera. — Eu só quero esclarecer o que
está acontecendo.
— O que você quer dizer...? — Cheirando forte, limpei meus olhos e
respirei cambaleante, que estourou uma articulação no meu esterno. — Você
faz coisas comigo e eu faço sexo com você. Isso é o que você disse, e estou bem
com isso.
— Sim, veja, eu não quis dizer você. Claro que você seria coerente e
aceitaria exatamente o tipo de coisa que estamos fazendo, envolve você
diretamente. Não posso exatamente me perder no nevoeiro. De qualquer
forma, só não quero que você se envolva porque o que ouvi sobre isso não mostra
você exatamente nem sob uma luz normal. — Minhas sobrancelhas subiram
mais, e a bochecha de Michael se contraiu enquanto ele apertava o volante. —
Então, se alguém perguntar, apenas vá embora. Nem mude de assunto,
certo? Apenas se vire e saia de lá.
— Você está chateado por alguém dizer algo ruim sobre mim?
— Não. Estou chateado com a coisa toda. Tipo, se você fosse uma vadia
patética sem personalidade real, e tudo que você fazia era abrir as pernas... o
que isso me torna, hein? — Ele gemeu alto quando a sala de aula apareceu, e
eu não pude evitar a risada que escapou por entre meus dentes. — Não é nem
que eu esteja chateado porque, obviamente, isso foi feito como um ataque a
você. Eu literalmente nunca, nem uma vez, coagi você a fazer algo que você não
queria fazer - isso é o que me irrita.
— Acho que há um conselho que posso finalmente dar a você e não o
contrário, Michael. — Sorrindo amplamente quando Michael afundou
descaradamente em sua cadeira, eu só pisquei antes que ele se sentasse
novamente e acendesse seu pisca-pisca. — Os rumores não têm sentido. Certo,
eu sei que isso te deixa com raiva, mas o fato é que você se conhece. Todo mundo
que acredita em um boato é um idiota - pense assim. Especialmente se eles
veem você regularmente, eles são dois idiotas.
Bufando de escárnio, Michael entrou no estacionamento e puxou para a
primeira vaga disponível, e meu sorriso se alargou quando a afeição invadiu
meu peito. Fechando as janelas, ele desligou o carro e eu tirei meus olhos dele
para abrir minha porta antes que as fechaduras deslizassem com segurança.
— Quero dizer, você tem razão. O cara é um cérebro de lixo - ele faz um
monte de cogumelos e é meio hippie e estranho... — Resmungando enquanto eu
contornava o carro, Michael jogou o braço sobre meus ombros para cambalear
dramaticamente. — Esmireldaaa…
— Você vai ficar bem, Michael. — Chegando à calçada, cruzei os braços
com força quando uma rajada de vento soprou minhas palavras atrás de nós e
um arrepio sacudiu minha espinha. Apenas cinco dias atrás, o tempo estava
muito agradável e agora pairava abaixo de 12 graus. — Eu já te disse que odeio
a neve?
— Eu honestamente não sou um fã, especialmente dirigindo na neve...
Falando nisso, eu preciso colocar pneus de neve no meu carro. Eu tenho adiado.
— Falar sobre tópicos mundanos e inconsequentes era bom, e eu balancei a
cabeça distraidamente antes de subirmos as escadas. Depois da bagunça na
Black Friday, eu decidi para mim mesma não pensar nas coisas feias da
vida. Chega de ficar chateada com coisas que eu não poderia mudar ou com as
opiniões ou decisões dos outros.
E, até agora, tinha sido uma série de coisas boas, uma após a outra. Esse
boato que Michael trouxe não me incomodou; Eu tive bastante experiência com
eles no colégio, mas era um reflexo de minha nova atitude em um microcosmo.
Logo, assim que a neve caísse, não haveria mais nada a fazer a não ser
ficar sentado diante da minha máquina de costura o dia todo. Fiquei um pouco
envergonhada em admitir que o havia ignorado na semana anterior; Eu tinha
as férias, a perseguição de Michael e o trabalho... essas eram desculpas
plausíveis.
— Além disso, tenho meu bônus, que realmente não quero usar, mas vou
usar. — Falando em voz alta, eu balancei minha cabeça pensativamente
enquanto Michael agarrou a porta com maçaneta de bronze e puxou. — É um
bom momento para negócios sobre essas coisas, porque o inverno está muito
adiantado.
— Não tenho ideia do que você está falando, mas se você diz. — Sorrindo
com um leve aceno de cabeça enquanto eu entrava no corredor, eu não elaborei,
e Michael não me pediu.
TRINTA

— Hey, Michael. Este é o meu novo número. Só estou ligando para que
você possa colocar no seu telefone. Me mande uma mensagem quando você
estiver fora. Tudo bem tchau. — Desligando com um toque rápido do meu
polegar, eu virei meu novo telefone na minha mão algumas vezes. O upgrade
era novo, então eu precisava de uma nova capa, e o bonito e reluzente unicórnio
era surpreendentemente barato. Eu esperava que esta nova célula me custasse
pelo menos $ 150, mas nem mesmo custou $ 100.
O que foi ótimo, porque minha conta tinha apenas $ 300 no total na
época. Enfiando o dispositivo no bolso da frente da minha bolsa, ajustei a tampa
de plástico que mantinha meus eletrônicos secos antes de puxar o cabo do ponto
de ônibus perto do meu trabalho. Michael tinha me deixado em casa no
caminho para a loja, e meu pacote estava no meu quarto.
— Tenho que lembrar de mudar minhas informações de contato para este
número. — Levantando quando o ônibus parou no acostamento, girei meu
guarda-chuva fechado no meu caminho para a porta da frente. A chuva caiu em
uma garoa fria, mas não estava muito forte ou ventosa quando desci do
ônibus. Correndo sobre o canteiro central e para o estacionamento, mantive
minha cabeça baixa e os cotovelos dobrados. Estou feliz por ter tirado minha
jaqueta de flanela.
Deslizando meu guarda-chuva em uma daquelas bolsas finas que Macy
mantinha na entrada, sacudi a capa protetora da minha bolsa e limpei meus
pés no tapete. Olhando para trás, meu nariz torceu quando a chuva lá fora de
repente caiu mais forte e um trovão caiu à distância.
— Ei - vocês já viram lá fora? É horrível. — Contornando a parede para o
balcão de serviço, me sentei no banco e estiquei as pernas enquanto Sarah se
inclinava sobre a mesa. — Posso nem ser capaz de chegar em casa - está tudo
bem se eu marcar o ponto?
— Sim. Alexa, uma das temporárias de meio expediente para as férias,
ligou. Uma árvore caiu em seu carro. — Arqueando uma sobrancelha, eu fiz
uma careta quando Sarah deu de ombros casualmente. — Ela tinha fotos.
— Ah. Isso é péssimo. É uma coisa boa eu ter vindo pegar meu cheque, de
qualquer maneira. — Eu ficaria feliz em passar as horas, e Sarah acenou com
a cabeça antes que eu olhasse para os registros mortos e o piso de vendas. —
Está tranquilo hoje.
— Isso é o que acontece logo após a Black Friday. Ele vai pegar novamente
no meio do mês. Em seguida, desacelere novamente. Então será o Dia dos
Namorados. Em seguida, diminua a velocidade de novo... — Girando o pulso ao
parar, Sarah balançou a cabeça e se endireitou para dar a volta no balcão. —
Vou pegar seu cheque.
Abrindo minha boca, minha resposta foi interrompida por um toque
estridente e genérico, e eu fiz uma careta sob as sobrancelhas franzidas
enquanto puxava minha bolsa de poncho. Surpresa subiu minhas sobrancelhas
quando o nome de Michael brilhou, e eu deslizei o botão verde na tela para cima
em vez de para o lado. Franzindo os lábios para esconder minha carranca, me
curvei sobre meu telefone enquanto segurava meu polegar e deslizava na
direção das setas piscando.
— Ei, Michael. E aí? Você recebeu minha mensagem. — Isso foi
rápido. Michael geralmente não está com o telefone na loja.
— Sim, bem, a porra da energia acabou na loja. Eu quase me eletrocutei.
— A chuva forte abafou o tom irritado de Michael, e arrepios lavaram meus
braços e pernas enquanto ele gemia. — Então, de qualquer maneira, acho que
só estou trabalhando meia hora hoje. Tanto faz. Quer que eu te pegue? Onde
você está?
— Eu mesma estou trabalhando. Sarah está recebendo meu cheque agora.
— Um estrondo massivo de trovão ondulou acima, e eu me abaixei
automaticamente quando o som ecoou em meu ouvido pela cela. — Sim, quero
dizer, eu ia ficar, então deixe-me ver se Macy está fechando pela a tempestade.
— OK. Estarei aí em 5. — Desligando com um aceno de cabeça, fui para
o escritório de Macy assim que Sarah apareceu com meu cheque. Ela me lançou
um olhar de confirmação e eu agarrei meu telefone com força em uma mão
enquanto pegava o envelope com a outra.
— Macy está fechando a loja- Duvido que você queira trabalhar no
depósito de novo? — Seu sorriso de comedor de merda floresceu em uma risada
quando eu balancei minha cabeça violentamente e balancei os calcanhares.
— Sim, não, obrigado. Por que o armazém permanece aberto se a loja não?
— Sarah deu de ombros e eu não tive escolha a não ser aceitar isso como uma
resposta. Não era como se o armazém fosse mais seguro do que a loja - eram
apenas divisões do mesmo edifício. Ainda assim, as chances eram de que os
pedidos on-line ainda tivessem backup de sexta e segunda-feira, e eu cantarolei
em despedida. — De qualquer forma, acho que irei, então. Vou pegar isso no
banco e então… não tenho certeza do que vai acontecer. Aparentemente, a
oficina de Michael perdeu energia - fica a apenas três quarteirões daqui.
— Oh- sim, isso meio que joga uma chave em qualquer plano. — Sarah
começou a se afastar, mas tentei impedi-la com um leve guincho.
— Eu quase esqueci, eu preciso do seu número. Eu tenho um novo telefone
- meu último caiu no banheiro. — Levantando o dispositivo para mostrar a
caixa, sorri um pouco culpada com o olhar curioso que Sarah me lançou. — Se
eu entrar amanhã, mudarei minhas informações de contato primeiro.
— Ok. É uma capa fofa. — Meus polegares se moveram habilmente
enquanto Sarah tagarelava seu número de celular e número do escritório, e eu
balancei a cabeça, satisfeita, antes de salvar seu contato. — Esteja seguro lá
fora. Envie-me uma mensagem agora para que eu possa informá-la sobre o que
está acontecendo amanhã.
— Certo. — Digitando apenas uma mensagem de uma letra, ouvi o celular
de Sarah tocar no bolso de trás antes de recuar. — Ok- te vejo mais tarde,
Sarah. Obrigado por pegar meu cheque.
— Sem problemas. — Virando-me para a saída, dobrei meu cheque e
fechei o zíper e meu telefone na minha bolsa carteiro para puxar para baixo a
cobertura de plástico. Quando empurrei a porta externa, Michael estava
estacionando no meio-fio e eu não me incomodei com meu guarda-chuva.
Seu carro estava quente quando eu me fechei, e eu soltei um suspiro
enquanto cedia. A chuva atingiu o para-brisa a ponto de as escovas do limpador
ficarem inúteis, e ele não puxou o meio-fio quando abri a bolsa da frente da
minha bolsa.
— Eles estão fechando, por falar nisso. — Puxando meu cheque, meus
olhos se estreitaram na quantidade insana de horas que eu gastei na semana
passada, e pesquei meu telefone para abrir meu aplicativo bancário. — O que
aconteceu na loja?
— Aquele último estrondo de trovão derrubou uma árvore, que derrubou
alguns fios. Nada demais. Então, minha casa ou a sua? — Depositando meu
cheque com apenas um piscar de olhos, sorri feliz para a tela enquanto a página
recarregava. — De acordo com o cara do tempo, a tempestade deve passar pela
manhã. Donnie tem certeza de que teremos energia até lá também.
— Vamos para o seu, então. Não temos aulas e eu não trabalho até as 11h,
então... — Acenando para fora do meu periférico, Michael puxou a marcha para
o Drive enquanto eu puxava meu cheque bônus. Ao todo, pelas minhas cerca de
80 horas na semana anterior à Black Friday, o feriado em si e meu bônus, eu
tinha quase $ 3.000 em minha conta agora. Eu nem tinha recebido meu cheque
da Cyber Monday, mas estava animada porque havia trabalhado no depósito
uma segunda vez por um salário melhor.
— Você se livrou do outro telefone depois de configurar aquele?
— Jogando minha cabeça para trás, olhei para o console central enquanto
Michael olhava para fora do para-brisa. A chuva ainda estava forte, mas ele
podia ver para onde estava indo; ele dirigiu apenas 12km, o que ajudou um
pouco. Não pude admirar sua direção, entretanto, enquanto sua pergunta
cavou lentamente sulcos em meu cérebro.
— Hm- eu fiz isso antes mesmo de abrir a caixa em que meu novo telefone
chegou. Não sou muito conhecedora de tecnologia, então desliguei, desmontei,
quebrei o cartão SIM... É meio estranho que alguém possa fazer isso e eu nem
saberia. Eu não estava me arriscando. — Michael riu, mas não havia humor
nisso; ser espionada, mesmo para minha própria segurança, era assustador, e
lambi meus lábios enquanto afastava meu cabelo de meu rosto. — Anotei todos
os meus contatos importantes. Não eram muitos.
— Sabe, eu entendo que você era suicida e seus pais estavam preocupados
e tudo, mas se você fosse se matar, provavelmente não contaria a ninguém. Pelo
menos, não digitalmente. Essa parte não faz sentido para mim. — Assentindo
distraidamente, eu esfreguei meus braços para manchar a chuva que se
acumulou entre minhas cicatrizes, e Michael suspirou profundamente. —
Independentemente disso, pelo menos Daniel tem ignorado você até agora na
aula.
— Estou surpresa que ele apareceu, para ser honesta. — Afundei em meu
assento, voltando meu olhar para meus braços enquanto o desconforto os
arrepiava. — Quer comer alguma coisa? Por minha conta.
— Isso aí. A mercearia ainda está aberta. — Nós nem tínhamos saído do
estacionamento ainda, e eu balancei a cabeça quando a atmosfera
melhorou. Hoje pode ser uma bênção disfarçada, e eu queria saborear cada
segundo disso. Eu queria que meu dia fosse repleto de luxo, e eu não gastava
muito há muito tempo. Quando eu comia fora, geralmente era fast food barato,
e meu estoque de peru e recheio estava quase acabando.
Para ser totalmente blasfemo, eu estava ficando um pouco cansada
daqueles sanduíches depois de comer quase nada mais durante uma semana.
— Bife? — Michael sorriu como um garotinho pegando seu brinquedo
favorito, e eu sorri de volta quando ele se esticou para cutucar meu queixo,
roçando meu lábio com o polegar. As chamas lamberam meu pescoço, mas ele
não conseguia tirar os olhos do para-brisa.
TRINTA E UM

— Dê para mim, vamos... apenas um. — Fixando meus braços acima da


minha cabeça, Michael sorriu um pouco maliciosamente enquanto se inclinava,
e eu fechei minha boca com uma sacudida afiada de minha cabeça. O tapete
estava quente nas minhas costas e ele gemeu antes de se inclinar para me
beijar com insistência. Seu gosto se misturou com a nossa comida em meus
lábios, mas eu me recusei a separá-los, mesmo enquanto sua língua sondava. —
Pare de ser tão difícil, Esmirelda.
Mastigando minha mordida, estremeci quando Michael acariciou meus
antebraços danificados e seus dedos se enroscaram sob a gola da minha
camisa. Seus lábios não deixaram os meus quando ele puxou botão após botão,
e eu arqueei em suas palmas com os dois melhores tipos de ganância
mordiscando minhas bordas.
— Você é uma boa cozinheira. Eu poderia me acostumar com isso.
— Murmurando enquanto beijava meu pescoço, Michael empurrou meus seios
juntos para inflar com força, e meu abdômen apertou. Amassando os globos
pesados, ele beliscou meus mamilos através do meu sutiã, e eu respirei fundo
pelo nariz. — Abra sua boca.
O calor inundou meu peito enquanto eu balancei minha cabeça
novamente, e Michael desabotoou o fecho frontal do meu sutiã com dedos
hábeis. Engolindo minha mordida, arrepios lavaram meu corpo quando ele
parou para ver minha garganta flexionar através dos olhos
estreitos. Lentamente, abaixando deliberadamente a cabeça para chupar o
mamilo entre os dentes, ele puxou com força, e o prazer deslizou pelo meu
abdômen.
Esbanjando meus seios com golpes grossos de sua língua, Michael apertou
contra mim, embora seus joelhos mantivessem minhas coxas fechadas. Ele
ficou em cima de mim enquanto eu cozinhava; Eu meio que esperava que ele
deixasse minha calça jeans cair bem ali na cozinha, mas nós dois estávamos
muito animados para comer.
Mas, agora, os bifes enormes que comprei estavam na cômoda, meio
comidos, os pratos sem lados. Havia carne demais, e o bife tinha um gosto ótimo
quando frio, então se distrair não era tão terrível.
Torcendo e mordiscando meus mamilos, Michael beijou meu esterno e
cobriu minha boca com a dele, e só agora eu abri. Sua língua mergulhou para
se enredar na minha e eu choraminguei de desejo enquanto ele brincava com
os botões atrevidos. Um estrondo intenso de trovão estalou logo acima da casa
da fraternidade, mas foi fraco por causa do tamborilar de sangue em meus
ouvidos.
Segurando sua mandíbula com barba por fazer, ofeguei enquanto o fogo
corria por minhas veias e se enrolava em minha barriga, e trabalhei minha
perna entre os joelhos de Michael. O calor se espalhou pela minha coxa nua
quando ele desistiu de ser tímido, e seu beijo se intensificou quando ele se
aninhou contra o meu núcleo. Nós dois desistimos de usar calças depois de
terminar de cozinhar; hoje era apenas um dia preguiçoso para diversão, e
calças... bem, ninguém usava calças quando estava em casa.
— Acabei de perceber... — Afastando-se, as palavras ásperas de Michael
puxaram um zumbido inútil de mim, e seus olhos brilharam de desejo por trás
de pesados capuzes. — Você não está uma bagunça agora, mas está escolhendo
ficar aqui, embora eu a intimide. Você nunca disse como eu intimido,
Esmirelda.
— Você quer falar sobre isso agora? — A surpresa coloriu minha voz, e os
olhos de Michael se estreitaram enquanto seus lábios se estreitaram em
determinação. Piscando lentamente, respirei fundo em um esforço para
organizar meus pensamentos dispersos. — Você diz coisas que magoam,
embora sejam verdadeiras - talvez porque sejam verdadeiras. Você as diz com
a intenção de ser severo. Antes, mais do que agora, você diz um monte de coisas
insensíveis que eu simplesmente racionalizo - como se eu fosse suicida. É como
se... não houvesse assunto tabu demais. Eu acho... a parte mais intimidante de
você é ser duro e ofensivo, mas usar a verdade para fazer isso... você sempre
faz sentido.
— Então... na sua mente fodida, estou intimidando você para ser uma
pessoa feliz e estável... — Sentando-se para coçar a nuca, a bochecha de Michael
se contraiu enquanto ele pensava nessa ideia, e ele bateu com a cabeça
distraidamente. — Você sempre pode me dizer para me foder - você sabe disso,
certo? Não vou perseguir o seu rabo se isso se tornar um aborrecimento,
Esmirelda.
— Eu sei disso. Eu só gosto de estar perto de você, então se eu tiver que
colocar para fora, eu vou. Não é como se eu não gostasse disso também.
— Suspirando, me sentei enquanto Michael balançava sobre os calcanhares
com uma expressão preocupada mascarando seus traços. — Quando todos ao
seu redor agem como se você fosse vidro, você começa a perder o contato com a
dureza de sua realidade externa. Acho que de alguma forma você conseguiu
torná-lo ruim o suficiente para ter impacto, mas não o suficiente para causar
danos.
— Ok, só para deixar claro... eu ser um idiota não apenas te excita, mas te
torna uma pessoa melhor... — Falando devagar, claramente, Michael olhou
direto nos meus olhos, e eu balancei a cabeça com firmeza. — Isso é foda,
Esmirelda.
— Eu penso mais nisso porque você nunca mentiu para mim ou voltou
atrás em sua palavra - suas intenções sempre foram claras e concisas, em vez
de vagas e nebulosas. — Dando de ombros um pouco, inclinei-me para trás em
meus braços enquanto Michael bufava rudemente para franzir a parte aberta
da minha camisa. — É por isso que estou bem com isso. Estar perto de você me
faz sentir bem - mentalmente, me sinto bem. Eu sei com certeza que isso vai
parar em apenas um dos dois casos. Um- eu paro. Ou, dois - você fica entediado,
e tenho certeza de que você não iria apenas me fantasmar.
— E... — Qualquer que seja a resposta de Michael, nunca saiu de sua
língua quando uma batida forte soou na porta, e a irritação tomou conta de seu
rosto. Empurrando-se para cima com um grunhido, ele passou por cima de mim
e eu bufei um breve suspiro. — O que é, Malcom?
— Não atire no mensageiro, cara. George quer que todos os convidados
saiam às 19h.
— Que porra, eu não a teria trazido, porra, se não pudesse acoplar trazê-
la para casa com ir para o trabalho. — Sorrindo com o resmungo de Michael,
puxei meus joelhos para cobrir meu peito enquanto ele fechava a porta com
uma carranca. Virando-se para mim, ele percebeu apenas depois do fato de que
o que ele disse era exatamente o que eu estava tentando transmitir, mas ele
não se desculpou. Honestamente, eu não esperava que ele fizesse isso, e ele
balançou a cabeça antes de pegar o telefone da cômoda. — Acho melhor nos
ocuparmos.
Mordiscando meu lábio inferior enquanto ele passeava pelo quarto,
estendi a mão e Michael me ajudou a levantar antes de me empurrar
prontamente para sua cama. A alegria empurrou uma risadinha entre meus
dentes, e eu puxei o colchão Queen enquanto ele rastejava em cima de
mim. Habilmente desabotoando o resto da minha camisa, ele emaranhou as
duas mãos no meu cabelo para me beijar com força, e eu deslizei para fora do
tecido fino e meu sutiã.
Alcançando a boxer de Michael, eu gemi para convidar sua língua para
dançar com a minha, e minha palma formigou descontroladamente quando
envolveu seu pau. Bombeando seu comprimento meio duro, arrepios
estouraram em meu corpo e a excitação aninhou-se profundamente em minha
barriga. Apertando quando ele empurrou em minha mão, meu corpo pulsou
enquanto meu coração começou a disparar, e o fogo rugiu logo abaixo da minha
pele.
Desenrolando o punho do meu cabelo, Michael passou as pontas dos dedos
pela minha espinha e eu arqueei com um suspiro. Ele apalpou meus seios,
beliscando e provocando meus mamilos enquanto se mexia entre minhas
pernas abertas. O gosto dele espalhou-se pela minha língua, tingido com o que
tínhamos comido, e eu passei meu polegar sobre a cabeça de seu pênis.
— Eu quero tanto foder sua garganta, mas você acabou de comer... deitar.
— Minhas bochechas queimaram e Michael montou em meu peito para puxar
seu pau para fora da fenda em sua boxer. Apertando meus seios juntos, ele
empurrou entre eles, e eu estremeci quando a fricção alimentou as chamas. —
Porra, você tem seios tão bonitos, Esmirelda.
— Você mencionou. — Parando no meu resmungo para agarrar meus
pulsos, Michael guiou minhas mãos no meu peito, e eu brinquei com meus
mamilos enquanto ele se enrolava sobre minha cabeça. Quando olhei para
cima, seus olhos brilharam e ele se apoiou nos cotovelos para pressionar o
queixo mal barbeado contra minha têmpora.
— Merda, baby... — Ronronando no meu ouvido, ele estabeleceu um ritmo
constante, e eu levantei minha cabeça para chupar a cabeça de Michael. Seu
gemido passou por mim como um raio lá fora, e o prazer se espalhou pelo meu
peito. Subindo mais alto, ele me encolheu como um cachorro no cio, e eu abri
minha boca para absorvê-lo. O gosto dele era erótico em si, almiscarado e seco,
roubando a saliva que se acumulava em volta da minha língua. Eu não tinha
muita experiência com boquetes, mas nunca me excitei dando um.
Calças ásperas farfalhavam meu cabelo enquanto Michael dava prazer a
si mesmo, e eu gemia cada vez que sua cabeça batia no céu da minha
boca. Choques de desejo endureceram meus mamilos, e belisquei e sacudi meus
seios em torno de seu comprimento. A névoa vermelha invadiu minha mente e
ele resmungou ilegivelmente antes de empurrar para baixo para puxar minha
calcinha para o lado. Seu olhar em mim era o suficiente - intenso e apreciativo
- e eu apertei quando ele circulou meu cerne com seu polegar calejado. Pegando
os preservativos da mesa de cabeceira, seus dedos me deixaram por um breve
segundo, mas eu não pude protestar antes que ele batesse sua cabeça de látex
contra minha fenda.
— M- Micha-a -ah-hh ! — Minha estalada se dissolveu em um gemido
baixo e gutural quando Michael abriu minhas dobras e empurrou
profundamente em uma ação suave. Voando para o travesseiro sob minha
cabeça, meus dedos agarraram o estojo com força, e um suave ruído engrossou
a atmosfera. Rosnando quando ele se envolveu em mim, ele chupou meu
mamilo em sua boca com força, e eu segurei sua dureza quando cheguei
perigosamente perto da borda.
— Eu queria tomar meu tempo... — Puxando para trás para estalar seus
quadris, o grunhido de Michael se misturou com o meu suspiro, e ele alcançou
entre nós para tocar meu clitóris implacavelmente. — ..., Mas isso não vai
acontecer.
Com minha experiência limitada, eu sabia que Michael era de tamanho
médio, mas não importava porque o prazer espirrou em meu peito. Espinhos
gelados percorreram meu esterno e ele cobriu minha boca com a sua para
engolir minhas calças ásperas. Ondulando em torno de seu comprimento
enquanto ele se enterrava ao máximo, eu fechei meus olhos contra a pressão
que crescia atrás deles. Até minha mente confusa percebeu que não seria como
o Dia de Ação de Graças, e tudo que eu podia fazer era segurar e ceder.
— Cadela fodidamente apertada. — Esfregando meu clitóris furiosamente
enquanto ele atacava meu colo do útero, o gemido de Michael se alojou na
minha garganta, e eu joguei meus braços ao redor de seu pescoço. Pequenos
gemidos espremidos através do selo de nossas bocas, sua língua envolvendo a
minha, e ele apoiou seu antebraço na minha cabeça para puxar meu cabelo.
Desta vez, não houve transição cuidadosa - nenhum ritmo lento e saboroso
- nem entrar no ritmo. Era apenas ele.
— Uau, uau, uau, uau, uau, uau! — Minha voz rouca ficou sem fôlego
quando meus olhos rolaram para trás e joguei minha cabeça para o
lado. Michael empurrou com força, suas costas ondulando poderosamente
enquanto eu cravava minhas unhas em sua pele, e o tapa audível de pele contra
pele ecoou em meus ouvidos. Tremores atacaram meu corpo e meus joelhos
dobraram para os lados enquanto as costelas do preservativo acariciavam meu
interior.
— Merda Esmirelda tem gozo em todo o meu pau, baby. Pegue isso baby...
— Espasmos me percorriam e, mesmo com o látex, senti as pontas e veias do
pau de Michael. Sua camiseta esfregou meus mamilos em carne viva, e ele
lambeu e chupou meu pescoço enquanto cavalgava meu orgasmo com impulsos
poderosos.
Ele mal tinha suado apesar de sua respiração ofegante furiosa, e eu
engasguei quando Michael saiu do meu canal. Minhas pálpebras se abriram e
uma estranha sensação de pânico bateu em meu peito quando o vi rolando a
camisinha.
— O que você está fazendo? — Mas, quando seus olhos cinzentos e
tempestuosos encontraram os meus, eles brilharam com intenções sinistras, e
eu respirei fundo.
— Agora, você me deve um boquete.
TRINTA E DOIS

Chegando à aula, meu olhar se fixou em Esmirelda sentada em seu lugar


normal, e me arrastei no banco para cair pesadamente ao lado dela. Ela não
tirou os olhos do laptop e eu olhei por cima do ombro enquanto ela procurava
por roupas.
Planos? Instruções? Diagramas? Como essas coisas eram chamadas?
— Eu gosto deste. — Apontando para uma das imagens, Esmirelda me
lançou um olhar questionador e eu fiz uma careta sob as sobrancelhas
fortemente unidas.
— É ótimo? O que, exatamente, você está olhando? — Recostando-me no
banco, puxei minha mochila debaixo do braço e a deixei cair no chão entre meus
pés. — Não tenho ideia do que seja essa merda, Esmirelda.
— Eles são padrões de design. — Talvez, minha própria pergunta
estivesse estampada em meu rosto, porque Esmirelda corou um pouco ao se
sentar para esticar as pernas sob a mesa. — O vestido que eu ia fazer era um
pouco mais complicado do que eu pensava. Quero tentar algo mais fácil até
pegar o jeito de novo.
— Oh. — Eu não sabia o que diabos dizer sobre isso, e apoiei meu braço
atrás da minha cabeça para afundar um pouco na minha cadeira. Com o canto
do meu olho, notei Daniel mal-humorado na porta, e ele imediatamente fez uma
careta para mim. Um sorriso surgiu em minhas bochechas, mas eu não
conseguia rir como eu queria com o quão mesquinho ele era; afinal, o cara
poderia me matar. Ele era um fuzileiro naval - havia sido destacado - visto uma
ação real, se Esmirelda pudesse ser acreditada.
O que eu fiz, porque quem diabos mente sobre a manutenção?
Além disso, toda vez que eu via Daniel, eu não conseguia ver nada além
de perceber que ele cometeu um erro trágico e levou um tapa. Não tinha
contado a Esmirelda sobre a expressão de pesar no rosto de seu irmão porque
sabia que ela o aceitaria de volta. Talvez não fosse da minha conta, mas o cara
a tratou como uma idiota, então...
— Michael? — A chamada tirou minha atenção de Daniel, e meu olhar
cintilou para Esmirelda enquanto ela estufava os lábios em um beicinho. —
Preste atenção em mim.
— O que é desagradável-— Cutucando-a com o cotovelo enquanto ela ria,
revirei os olhos antes de me sentar. — O que você estava dizendo sobre essas
coisas que eu não tenho ideia?
— Eu disse que estava pensando em talvez falar com Macy sobre colocar
minhas coisas na loja dela se tudo correr bem. Não é por enquanto, no entanto.
— Cantarolando baixinho enquanto ignorei o olhar de Daniel por trás, inclinei-
me para o laptop de Esmirelda para olhar o 'padrão'. Para mim, parecia
complicado, mas ela acabara de dizer que era um dos mais fáceis. — Eu quero
ter estoque também, então imagine, este vestido me leva 4 horas para ficar
pronto, porque eu sou muito rápida... e é bem básico em termos de design...
— Você realmente está perguntando para a pessoa errada, Esmirelda. Se
você está confiante o suficiente com essas merdas e Macy concorda com isso,
não vejo por que não deveria. Você também acabou de dizer - você quer voltar
ao ritmo, então talvez se concentre mais nisso do que na possibilidade de algo
que pode estar além de sua capacidade. — Esfregando minha mandíbula e
pescoço enquanto Esmirelda me olhava fixamente enquanto eu falava, encolhi
os ombros distraidamente antes de passar meu braço sobre seus ombros e sob
seus cabelos. — Sou eu como alguém que não tem ideia do que é preciso para
costurar um botão, muito menos uma camisa inteira ou algo assim.
— Como assim- mesmo quando você não sabe de nada, você ainda dá bons
con-— Esmirelda enrijeceu, e um cheiro estranho flutuou em meu nariz antes
de eu realmente olhar. Olhos arregalados, boca aberta, ela olhou para frente,
acima de seu laptop, e eu fiz uma careta quando a confusão franziu minhas
sobrancelhas. Bem no limite da minha visão periférica, eu vi um lampejo de
algo que definitivamente não era loira do sol.
Um xarope quente, escorrendo e cheiroso caiu sobre o cabelo de Esmirelda
e fiquei tenso ao escorrer pelo braço e pela mão. Torcendo bruscamente, eu mal
tive tempo de registrar Marissa em sua blusa muito apertada espremendo um
saco plástico vazio de seu conteúdo. O tempo pareceu parar quando o triunfo
malicioso torceu seu rosto rechonchudo e redondo, e ela jogou o saquinho
pegajoso na cabeça de Esmirelda com um movimento do pulso.
O que há de errado com essa vadia? Esse foi o único pensamento que
passou pela minha mente; que tipo de pessoa fodida faz esse tipo de coisa em
uma sala de aula, rodeada de testemunhas? Quem é realmente tão mesquinho?
Lentamente, Esmirelda se virou para avistar Marissa, que parecia ter
acabado de ganhar na loteria. Meu braço caiu quando ela se levantou, e eu só
pude sentar em estado de choque, me perguntando se isso realmente
aconteceu. Marissa realmente acabou de derramar xarope quente na cabeça de
Esmirelda?
Isso significava que Marissa planejou isso? Ela foi mesmo à loja,
usou dinheiro de verdade para comprar xarope às 7 da manhã, voltou para casa
para aquecê-lo e colocá-lo em um saquinho? Então, ela percorreu todo o
caminho até a sala de aula e esgueirou-se sobre Esmirelda e apenas... jogou a
calda quente em seu cabelo?
… O que?
— N- você... você acabou de derramar xarope de nogueira na minha
cabeça? — A voz de Esmirelda era suave com descrença, calma de surpresa, e
eu me levantei para encontrar meu braço encharcado de sêmen de árvore
pegajoso. Que porra é essa...
— Isso é o que você ganha por esquecer que é um pedaço de merda
humilde. — A voz de Marissa era doentiamente doce, e minha visão oscilou em
câmera lenta enquanto ela sorria vitoriosamente. Atrás dela, algumas fileiras
acima, Daniel parecia tão atordoado, mesmo enquanto tingia de vermelho de
raiva, mas eu não pude me concentrar nele quando Marissa cutucou Esmirelda
na porra da testa com a unha. — Apenas um lembrete para ficar na sua pista.
Esmirelda abriu a boca apenas para fechá-la novamente antes de enfiar
lentamente a mão na aba da frente de sua bolsa para retirar o telefone. Todos,
até mesmo o professor, estavam quietos, e eu fiz uma careta enquanto ela
folheava a tela antes de segurar o alto-falante em seu ouvido, mas não contra
ele.
— Sim, oi. Eu gostaria de um relatório de agressão. — A declaração calma
e uniforme tornou a atmosfera tão densa que ficou difícil respirar, e Esmirelda
nunca desviou o olhar de Marissa. — Sala de conferências John F.
Kennedy. Acabei de ser agredida por outra estudante... ela derramou xarope
na minha cabeça, mas foi fisicamente violenta comigo no passado. Ela me
empurrou escada abaixo dessa mesma sala de aula há cerca de dois meses. Não.
Sim, ficarei na linha até a chegada da polícia.
Se eu não estivesse tão surpreso, ficaria muito orgulhoso da maneira como
Esmirelda estava lidando com essa situação. Eu simplesmente não conseguia
sentir nada além de surpresa neste momento, e eu sabia que ela realmente não
poderia processar isso também. Vamos ter que fazer outra viagem para o buffet.
Quando meus olhos piscaram, Marissa estava pálida, seu triunfo se
transformando em pânico abjeto, mas mesmo assim congelou quando
Esmirelda continuou falando com o despachante.
— Não, eu não fiz nada para provocá-la despejando o xarope na minha
cabeça. Ela também me apunhalou com sua unha de acrílico bem perto do meu
olho. Não- eu não preciso de um hospital, mas você deve mandar uma
ambulância, porque estou prestes a bater na porra da bunda dela. — Ela falou
tão calmamente que eu quase não perdi a última parte, mas Esmirelda largou
seu telefone de três dias no banco para pular por cima. Eu não pude me mover
rápido o suficiente para impedi-la de enfrentar Marissa no assento acima, e ela
balançou o braço para trás para enviar seu punho no rosto de Marissa.
O aperto do punho no nariz quebrou a quietude, e eu pulei enquanto
Daniel pulava as três fileiras de uma vez. Marissa coçou os braços de
Esmirelda, mas minha garota não se perturbou enquanto batia em Marissa
repetidamente. Daniel colocou os braços acima de sua cabeça e tentou arrastá-
la para longe, mas Esmirelda acertou o joelho no estômago de Marissa. Ela
gritou e se dobrou, e observei com igual orgulho e preocupação quando
Esmirelda a chutou bem no queixo.
Minha mente finalmente entendeu a situação e agarrei as pernas de
Esmirelda enquanto ela gritava de raiva incandescente. Se debatendo e
lutando enquanto a carregávamos para fora do corredor e em direção às
escadas, ela foi a todo vapor na Amazônia - ou, pelo menos, tentou.
Atrás de mim, o som revelador e o fedor de vômito assaltaram meus
sentidos, e um gemido coletivo de nojo e agitação encheu o salão. Para seu
crédito, Esmirelda não me chutou, mas se contorceu violentamente nos braços
do irmão.
— Me deixar ir! Eu mereço isso! Me solta ! — A voz dela falhou quando
ela deu um forte suspiro, e Daniel perdeu o equilíbrio nos passos largos e
baixos. Desta vez, meu corpo se moveu sem direção da minha mente, e eu
agarrei um punhado de seu cabelo arruinado para impedi-la de cair da
escada. Levando-a até o chão, onde uma escada encontrava um corredor,
montei suas coxas e prendi seus braços acima da cabeça com as duas mãos.
Suas cicatrizes queimaram minhas palmas, mas apenas suas cicatrizes -
não a pele intermediária, não a parte de trás de seus
antebraços. Somente. As. Cicatrizes.
TRINTA E TRÊS

Anos de traumas não resolvidos foram subitamente retirados de minha


alma, e eu estremeci violentamente enquanto me sentava no chão perto do
pódio do professor. Encolhida sob um cobertor, minha cabeça coberta, eu
encarei o abismo, e ele olhou de volta. A única diferença foi que, desta vez, eu
não sucumbi - apenas deixei aquele vazio acalmar meus pulmões em chamas e
aliviar a pressão sobre o meu coração batendo furiosamente.
Eu finalmente consegui. Eu finalmente, finalmente terminei. Cada aluno,
o professor, Michael e Daniel - todos eles responderam por mim. Eu tinha
relatórios da polícia do ensino médio, registros médicos, perfis na escola para
estabelecer um histórico de abuso físico e psicológico. Eu poderia apresentar
queixa por ser empurrada escada abaixo. Aparentemente, também havia
evidências de vídeo de uma câmera de segurança do banco do outro lado da rua
para testemunhar minha história.
Merda- eu poderia até mesmo processá-la pelo custo da minha consulta no
salão de emergência... não que o lixo branco dela possa pagar.
— Senhora... — Enrolando o cobertor áspero que um bombeiro tinha me
dado, eu olhei para cima com os olhos ardentes quando um cara mais velho de
uniforme agachou-se ao meu lado. — Não precisaremos conversar na delegacia
até que eu receba os relatórios de Manchester, o que pode levar algumas
horas. Há alguém que você queira que eu chame para você?
— Não. — Meu olhar cintilou para Michael parado a alguns metros de
distância, e eu franzi meus lábios levemente. O policial hesitou antes de se
levantar e minha boca secou quando ele passou por mim para falar com o
professor. Levantando-me do chão, respirei fundo quando olhos cinzentos e
brilhantes encontraram os meus. — Eu quebrei meu telefone?
— Não parece - aquela caixa mole é mais do que apenas bonita, afinal.
— Estendendo minha mão, meus dedos rígidos e trêmulos, eu fiz uma careta
quando Michael não moveu um único músculo. — Quem você vai chamar?
— O salão.
— Qual salão? — Eu resmunguei uma resposta, envolvendo meus braços
em volta de mim enquanto Michael usava seu telefone para fazer a ligação. —
Eles conhecem você?
— Sim... eu preciso de uma consulta de emergência. — Nesse momento,
nada me incomodou, e puxei uma mecha pegajosa das minhas mechas
encharcadas de xarope para suspirar pesadamente. — Eu preciso cortar o
cabelo, de qualquer maneira.
— É melhor você não cortar tão curto que eu não posso segurar- Oi! Sim...
— Endireitando-se, Michael me lançou um olhar antes de marcar minha
consulta sem problemas. De repente, fiquei muito grata por não ter gasto todo
o meu dinheiro comprando materiais de costura online. Este salão cobrava
astronomicamente por consultas de emergência, e
elas sempre estavam lotadas. Minha mãe me levou a este lugar pela primeira
vez quando eu tinha 8 ou 9 anos, porque o único cabeleireiro em que ela
confiava havia se aposentado.
Honestamente, eu deveria saber que Michael estava certo sobre socar
Marissa no rosto. Foi tão bom. Não pensei que tivesse que ter coragem de
agredir fisicamente alguém, nem mesmo ela, e bufei uma zombaria baixinho e
franzi o nariz. Se eu disser que ele está certo, ele nunca me deixará esquecer.
— Obrigado, sim. Tchau. — Lançando-me um olhar cauteloso enquanto
desligava e colocava o celular no bolso, Michael balançou os calcanhares para
inclinar a cabeça. — Você quer pegar o ônibus ou dirigir - porque eu sei que no
segundo que você entrar no meu carro, você vai ser uma bagunça e
provavelmente arruinar meu interior com o seu cabelo.
— Sim... o ônibus provavelmente seria uma opção melhor.
— Tecnicamente, não precisei pegar o ônibus, que deu a volta na direção oposta
ao salão, parou no centro e depois percorreu o círculo novamente. Minha
confissão me rendeu um grunhido, e Michael pescou sua carteira para folhear
suas notas de um dólar. — Não preciso de dinheiro - tenho um passe de ônibus.
— Você não acha que vou deixar você ir sozinha? Quem sabe que tipo de
raiva profunda e fervente está escondida ali, esperando para atacar o primeiro
esquisito desavisado que balbucia um pirulito que ele encontrou no chão. A
última coisa que você precisa é lutar contra um chapado, Esmirelda. Drogas dá
a você superpoderes. — Agarrando meu braço, Michael colocou sua mochila e
minha bolsa no ombro, e eu fiz uma careta quando de repente ele ficou tenso e
me olhou mortalmente. — Não use metanfetamina pensando que vai conseguir
superpoderes.
— Eu não sou estúpida, você sabe. — A aula havia acabado há um tempo,
depois que os paramédicos levaram Marissa de maca e a polícia começou a
tomar depoimentos. Indo para as portas, eu balancei minha cabeça enquanto
Michael apenas me ofereceu um pequeno sorriso furtivo. — Sério, Michael...
— Ok, tudo bem. Desculpe. Mas- ei, ouça. Agora você vai ficar bem. Olhe
pelo lado bom - Marissa não pode pagar a fiança. — A mão de Michael deslizou
para a minha e ele puxou meu braço enquanto caminhava ao meu lado. — Como
vai você'? Achei que isso fosse escarnecer ou algo assim, pelo menos.
— Estou bem. Eu sinto que realmente acabou, o que é bom. O que mais
me aborrece é ser essa conta do salão, eu acho. Eles cobram $ 200 para
consultas de emergência, e isso é apenas para conseguir uma cadeira.
— Tremendo com a própria ideia de como será difícil tirar esse xarope do meu
cabelo, eu zombei disso. — Eu nem sei se eles podem fazer isso de uma vez -
posso ter que ir uma segunda vez.
— Mas ouça isso - me escute. — Cantarolando baixinho, eu olhei para
cima quando um sorriso de comedor de merda esticou as feições de Michael, e
seus olhos brilharam com alegria. — Ela foi a uma loja, comprou xarope com
dinheiro de verdade, foi para casa, esquentou em uma panela ou algo assim, e
depois colocou cuidadosamente em uma sacola apenas quando esfriou o
suficiente para não derreter a sacola. Então, ela carregou aquela sacola até
aqui como se estivesse indo para algum Sunny Inn Breakfast Buffet, apenas
para esvaziá-la na sua cabeça - tudo isso para ser presa e enfrentar a pena de
prisão.
— Eu não acho isso engraçado - eu acho que é patético. Eu acho que
sou patética por deixá-la me atingir tanto. — Seu sorriso vacilou com a minha
voz áspera e eu inalei uma respiração trêmula pelas narinas dilatadas quando
saímos da sala de aula. O sol estava forte, mas fraco, e fechei os olhos por um
segundo antes de balançar a cabeça. — Não importa mais. No mínimo, vou
apresentar uma ordem de restrição.
— Bem, estou muito orgulhoso de você por colocar o pé no chão. Você
cresceu muito desde que andou comigo. Eu quero saber porque. — Sorrindo
fracamente com a presunção em seu tom, Michael e eu descemos as escadas
que marcaram uma grande virada em minha vida. Eu realmente não conseguia
entender como uma pessoa causaria tal impacto, mas acreditei de todo o
coração.
Se eu não o tivesse conhecido, não tivesse andado perto dele e de sua
dureza, talvez eu estivesse morta. Talvez, eu teria quebrado. Não era justo
depender de minha própria vida e estar viva com ele, mas Michael foi uma força
motriz para eu me defender.
E talvez, apenas talvez, eu pudesse continuar fazendo isso quando cada
um seguisse seu caminho.
TRINTA E QUATRO

Olhando para o meu reflexo, mexi no meu cabelo recém-penteado, limpo e


sem xarope e soltei um suspiro de satisfação. O material foi
surpreendentemente fácil de retirar, embora já tivesse secado na maioria dos
lugares quando cheguei. Desenrolando o lençol protetor dos meus ombros, a
estilista que me salvou sorriu enquanto puxava os fios pelas minhas costas.
— Definitivamente não é tão ruim quanto poderia ser. Achei que estava
prestes a sofrer um desastre realmente louco. — Certo, demorei quase cinco
horas para limpar e cortar meu cabelo, mas... Essa pobre senhora passou o
turno inteiro na minha cabeça, exclusivamente, e me levantei para lhe dar um
abraço rápido.
— Você é incrível. Muito obrigado. — Ela sorriu com orgulho de sua
própria conquista, e eu realmente gostaria de ter dinheiro para lhe dar uma
gorjeta. Quando me virei, não pude evitar a carranca nojenta que se arrastou
pela minha boca, e fui até o balcão.
Cinco horas, mais a taxa, significava que minha conta seria de quase $
350 dólares, sem incluir a gorjeta - que eu definitivamente acrescentaria.
— Você parece muito melhor do que quando entrou de mau humor pela
porta da frente. — Hoje, a recepcionista era a senhora que normalmente
arrumava meu cabelo, e sorri um pouco com um aceno de cabeça. Ela digitou
no computador e eu me preparei mentalmente para o que seria uma conta
enorme. — Isso custará $ 338,00. Quer dar uma gorjeta?
— Claro. Basta arredondar para $ 400. Eu sei que assumi todo o turno do
estilista. — Arqueando uma sobrancelha enquanto eu puxava meu cartão de
débito da minha carteira, a mulher atrás da mesa não discutiu comigo. — Não
pensei em parar em um caixa eletrônico no caminho.
— Você sabe que a taxa é para cobrir isso, certo? — Novamente, eu
balancei a cabeça, mas não aliviou a sensação de merda que envolveu meu
peito. Ela não protestou novamente, simplesmente passando meu cartão, e
estremeci quando ela o passou no leitor. — Quer marcar outra consulta?
— Uh- não, não agora. — Colocando meu cartão de volta na carteira,
coloquei-o no bolso da calça jeans antes de girar. Michael já estava de pé e fora
de sua cadeira, e parecia tão horrível quanto eu. — Você não precisava ficar,
sabe. Você teve que pedir licença do trabalho quando não deveria.
— Então, isso significa que você não quer ir para o buffet? — Rolando
meus lábios entre os dentes, bufei quando Michael chupou os dentes
indignado. — Pensei isso. Vamos lá.
Pegando minha mão, Michael tirou minha bolsa carteiro de seu ombro e
eu a pendurei no pescoço ao sair do salão. Dirigindo, esta pequena praça ficava
a menos de cinco minutos da sala de aula, e a caminhada de volta demorava
menos de 10. No entanto, pegar o ônibus demorava cerca de uma hora e 15
minutos com a troca, e o dobro do tempo que precisaríamos de uma conexão.
Mas eu precisava desse tempo para me recompor e me convencer de que
não fiz nada de errado. Confrontar Marissa do jeito que eu tinha me feito mal
do estômago quase tão horrivelmente quanto da primeira vez. Minhas mãos
doíam, mas não doíam, e levei toda a jornada para impedir que meu estômago
se agitasse.
— Eu fiquei porque não queria que seus pais aparecessem e fizessem uma
cena. — Somente quando estávamos fora da praça e na calçada Michael falou,
e eu olhei para cima quando a surpresa surgiu entre minhas sobrancelhas. -
Daniel ligou para eles enquanto estavam expulsando Marissa do pomo de
merda. Não é exagero pensar que você vai pirar por causa do seu cabelo, e você
já esteve aqui antes.
— Você está sempre me dizendo para lidar com meus próprios problemas-
— Não de uma forma que não resolva realmente esses problemas,
Esmirelda. — Cortando-me com um clipe em seu tom, Michael arrastou sua
mochila rudemente em seu ombro enquanto caminhávamos. — Você bateu em
Marissa... muito. Lidar com isso e depois com seus pais? Não tem como isso
acabar bem.
— Sim... você tem razão. — O limite da marcha que ladeava o
estacionamento da sala de aula já estava à vista e eu lambi meus lábios antes
de separá-los. — Obrigado, Michael.
Ele não respondeu, em vez disso puxou as chaves do bolso, e inclinei minha
cabeça para descansar em seu bíceps. O calor se espalhou pelo meu peito e
Michael apertou minha mão, esquecida na dele. O sol projetou nossas sombras
bem na nossa frente, e minha mente zumbia vagarosamente enquanto
contornávamos uma abertura na cerca para ir para o carro dele.
Colocando minha bolsa aos meus pés, inclinei-me sobre o console central
para agarrar o rosto de Michael entre as palmas das mãos. Suas chaves
tilintaram alto enquanto estavam penduradas, inúteis, na ignição, e eu o beijei
com força, derramando toda a paixão que eu sentia por ele. Meu coração bateu
mais rápido, mas meu estômago se abriu com o estresse do dia quando ele
segurou a parte de trás da minha cabeça com firmeza. Descendo, eu brinquei
com os fechos de sua calça jeans, e ele gemeu antes de deslizar sua língua entre
meus dentes.
Arrastando-se para puxar seu jeans para baixo de suas coxas, Michael
envolveu sua língua ao redor da minha enquanto eu espalmei seu
pau. Torcendo para sentar de joelhos em meu próprio assento, eu arranquei
minha boca da dele para ofegar, e sua respiração engatou quando eu apertei
seu eixo. Saliva acumulou em minha boca enquanto a antecipação eriçava a
fina penugem de pêssego em meu rosto, e me inclinei sobre o console central
para lamber sua cabeça.
Cautelosamente, surpreendentemente, Michael juntou meu cabelo e
deixou cair sua cadeira para trás, e cuspe escorreu de meus lábios em seu
pau. Bombeando seu eixo, eu suspirei com o gosto dele, e flexionei meus dedos
em torno de sua base enquanto o levava fundo, fundo, fundo na minha
garganta. Sua cabeça esponjosa bateu no céu da minha boca sem jeito, e ele
afundou em sua cadeira enquanto eu cambaleava de joelhos.
Demorou um ou dois minutos para encontrar um bom ângulo, e Michael
gaguejou levemente enquanto empurrava minha cabeça para baixo. Seu pau
dobrou para a curva da minha garganta, mas eu não engasguei nem mesmo
quando meu nariz roçou seus cachos. Gemendo quando me afastei, alcancei sua
camisa e ele apoiou os pés no chão.
Pequenas lágrimas se prenderam entre minhas pálpebras fechadas
enquanto minha língua acariciava a veia espessa na parte inferior de seu pênis,
e Michael empurrou para cima e empurrou minha cabeça para baixo
com força. O estrangulamento abafado que escapou de mim reverberou pelo
meu corpo, e agarrei o volante enquanto ele ajustava seu aperto no meu cabelo.
— Foda-se, simmm... — O silvo de prazer de Michael rolou pelas minhas
costas, e ele empurrou um ritmo forte e instável contra meu queixo. A primeira
e única vez que dei cabeça a ele, gostei, mas isso saturou minha calcinha, esse
tratamento, essa aspereza. Sua cabeça esticou minha garganta e eu engoli em
seco para envolver meus lábios em torno de sua base antes que ele se
afastasse. Em meu cabelo, suas mãos tremiam e eu engasguei uma respiração
superficial e quente antes que ele de repente puxasse meu cabelo. — Vá para
trás-
Eu não consegui obedecer rápido o suficiente, e Michael puxou seu assento
totalmente para frente antes de subir de volta comigo. Meu corpo inteiro tremia
com uma enxurrada de emoções, e me agachei no chão quando a necessidade
formigou minhas papilas gustativas. Eu precisava fazer isso - não tê-lo em
minha boca, seu gosto atacando minha língua, era quase tão doloroso quanto
socar alguém. Antes mesmo que ele se sentasse, antes mesmo de seu joelho
deixar o console, eu estava nele, e ele apoiou o antebraço no teto quando minha
necessidade furiosa o pegou desprevenido.
— Oh, merda-— De alguma forma, neste espaço minúsculo e confinado,
Michael se ajoelhou no banco de trás acima de mim, e minha cabeça esticou
todo o caminho para trás. Seu pau desceu pela minha garganta e meu abdômen
apertou com a pressão contra o topo do meu esterno. Empurrando um ritmo
forte e rápido, suas pernas tremeram contra meus braços a cada flexão de seus
joelhos, e meus sons abafaram seus suspiros e calúnias.
Alcançando minha calça jeans, eu não me importei com a mancha molhada
perceptível contra a parte de trás dos meus dedos enquanto trabalhava em
minha calcinha. Michael assumiu o controle total, sua mão segurando minha
coroa, e eu engasguei ruidosamente quando me toquei.
— Merda-merda-merda-— Aquela parecia a única palavra que Michael
poderia dizer, mas não era por falta de sons que apenas exacerbavam meu
prazer. Puxando para fora da minha boca para me deixar respirar
irregularmente, ele me puxou para o assento para arrancar minhas mãos da
minha calça. Em algum lugar, ele deve ter se lembrado do meu nome e caiu no
assento depois de desabotoar minha calça jeans.
Michael repetiu meu nome rápido, sem fôlego, e eu me equilibrei em
minhas canelas enquanto ele empurrava em minha mão. Seu pau latejava
contra minha palma, e uma ganância sem sentido me oprimiu enquanto eu
lambia, chupava e apertava. Mergulhando fundo na minha garganta, ele
segurou minha cabeça com os dedos abertos, e seus grunhidos e estalidos fluíam
sobre mim como uma chuva purificadora.
Eu nem queria fazer sexo com ele, por assim dizer... Eu só queria chupá-
lo.
— Esmirelda-— Apertando sua pélvis contra meu queixo, Michael não
puxou minha cabeça para cima ou seus quadris para trás, e minha cabeça ficou
leve por falta de ar. Seu pau pulsava descontroladamente entre minhas
bochechas côncavas, e eu arqueei bruscamente antes que ele puxasse minha
cabeça para cima. Cortando meu chiado irregular, ele desceu pela minha
garganta e apertou meu nariz, e eu engasguei descontroladamente em torno de
sua cabeça.
A pulsação - a respiração ofegante - o arfar do peito de Michael contra meu
ombro e o aperto de suas coxas contra meus seios - eu não podia aguentar. Meus
olhos reviraram quando sua reação enviou onda após onda poderosa batendo
em meu peito, e eu sacudi em euforia raivosa.
Michael puxou seus quadris para trás em um estalo, até que apenas a
cabeça pulsante de seu pênis estivesse atrás dos meus dentes, e eu mordi
enquanto seu esperma escorria pela minha língua. Seu corpo teve um leve
espasmo, seu suspiro incapaz de subir acima do sangue tamborilando em meus
ouvidos enquanto o gosto dele me despertava. O líquido encharcou meu jeans e
eu não consegui destravar minha mandíbula contra o desejo de cerrar os
dentes.
— Merda- oh, meu Deus-— Ofegando rápido, respirações pesadas,
Michael grunhiu quando eu joguei minha cabeça para trás, mas eu não
conseguia respirar. Meu núcleo doeu, e enterrei meu rosto na almofada do
assento enquanto um grito carnal borbulhava em minha garganta
abusada. Seu esperma grudou nas minhas bochechas e língua, e ele apenas
colocou a mão nas minhas costas - ele nem mesmo puxou minha camisa
primeiro.
— Eu vou gozar- eu vou gozar! O -oh-hh, Deus! Michael enrijeceu com meu
grito abafado, e seus dedos flexionaram contra minhas costas; foi isso. Essa foi
a única coisa que ele fez - a única maneira que ele me tocou.
Mas foi mais do que suficiente, e eu cerrei meus dentes, franzi meu rosto
e deixei tudo ir.
TRINTA E CINCO

— Sim-s... M- Michael- — Chutando a porta fechada, Michael me prendeu


na pequena parede que separava a parte de jantar da cozinha da porta, e eu
arqueei bruscamente. Minha necessidade por ele apenas intensificou a curta
viagem de volta para casa, sozinha, em um espaço confinado, sabendo muito
bem que eu poderia simplesmente saltar sobre ele, e ele me deixou. Esfregando
seu jeans desabotoado contra o meu molhado, ele agarrou minha camisa com
os punhos apertados para rasgar a costura frontal com um som de relâmpago.
— Ei! Ei! Ei! — Abrindo meus olhos com o grito alto, eu não tinha espaço
em meu peito para constrangimento, mesmo com meu rosto em chamas. Lisa
cruzou os braços e me lançou um olhar de desaprovação, e eu não pude fazer
nada além de ofegar duramente em um esforço para aliviar a queimação dos
meus pulmões. — A menos que você queira colocá-lo na frente de seus pais,
fique a um metro de distância.
Piscando com força, meu olhar se voltou para o sofá, e minha mãe e meu
pai - e Daniel - todos pareciam extremamente desconfortáveis em me ver
beijando Michael. Daniel parecia zangado acima de tudo, mas ele não
conseguia olhar diretamente para mim, e eu olhei para baixo para encontrar
meu seio protegido por sutiã pendurado para fora do rasgo na minha camisa.
— Fale sobre a porra de um cobertor molhado - merda... — Resmungando
humildemente, Michael caiu um pouco para trás, e eu fiz uma careta quando
meu zumbido de dopamina começou a sumir. — Bem, eu fui embora, então...
acho que posso ficar por aqui neste show de merda. Ei, Skank-
— Dane-se. — Michael já estava tirando os tênis e Lisa fez uma careta
sombria quando eu lancei a ela um olhar questionador. Ela nem gostava de
homens, então por que parecia tão irritada?
— Esmirelda, por favor, vá colocar algumas roupas... — Deixando Lisa
cair no esquecimento, me virei para minha mãe enquanto ela erguia a mão de
seu rosto para me cobrir, mas ainda me olhava nos olhos. — Por favor.
— O que você quer? Como você pode ver, estou perfeitamente bem, não há
necessidade de colocar uma pulseira de entrada no meu pulso. — Segurando
meus braços como prova, eu lancei para minha mãe o olhar mais estúpido que
pude reunir enquanto ela fazia uma careta. — Estou meio ocupada, então...
— Estamos esperando aqui há horas, Esmirelda, para ter certeza de que
você está bem depois do que aconteceu hoje. — Minhas sobrancelhas se
ergueram quando uma risada latida escapou de mim, e eu corri minhas mãos
pelo meu cabelo recém-lavado e seco com secador - liso como a seda!. O desdém
percorreu meu corpo e me arrependi de querer voltar para casa para me trocar
em vez de apenas me esconder na fraternidade de Michael. A acidez substituiu
seu gosto na minha língua e, mais uma vez, meu irmão arruinou o que
provavelmente poderia ser considerado meu triunfo.
— O que aconteceu hoje, exatamente? — Cantarolando insistentemente,
projetei meu queixo enquanto meu olhar saltava entre minha mãe, meu pai e
meu irmão. — O que aconteceu exatamente? Eu não te disse que nada
aconteceu? Então, o que você acha que aconteceu?
— Daniel disse que Marissa derramou xarope de bordo em sua cabeça,
então você chamou a polícia e a atacou-— Meus olhos se estreitaram em Daniel,
mas ele ainda se recusou a olhar para mim, e eu percebi que era por
vergonha. Ele sabia - ele sabia que eu ficaria fora por horas, e é por isso que
meus pais não foram ao salão; eles estavam aqui, e quanto mais demorava para
eu aparecer, mais ele pressionava para que saíssem. — Esmirelda, já
conversamos sobre isso - violência não resolve nada, baby.
— Bem, aconteceu hoje. — Ela engasgou, afrontada, minha mãe, e eu
bufei apenas para minha respiração rolar pelo meu abdômen exposto. — Ela
me empurrou escada abaixo de concreto, mãe, quase quebrei meu
pulso e tornozelo. Eu suportei sua conversa fiada por semanas depois. Eu nem
me lembro mais do que ela disse, mas sei que doeu. Então sim. Eu dei um soco
em sua cara estúpida. E daí? Como isso me torna 'tão ruim quanto ela' quando
ela me pressiona para tentar me matar só porque ela sabia que eu não iria
retaliar?
— Não estou dizendo isso, Esmirelda, e você sabe disso. Você dar um soco
nela não a torna 'mau' - piora uma situação que já é terrível. — Cerrando
minha mandíbula enquanto minha mãe balançava o dedo para provar seu
ponto, não consegui dizer uma palavra quando ela continuou. — Agora, ela
pode facilmente apresentar queixa contra você por agredi-la fisicamente porque
você bateu nela primeiro, embora ela tenha derramado xarope em sua
cabeça. É exatamente por isso que eu disse a você quando isso começou a nunca,
nunca a atingir. Você não pode simplesmente ir na frente de um juiz e dizer
'Oh- bem, ela espalhou boatos sobre mim e eu tive que cortar meu cabelo mais
cedo do que o planejado, então eu bati nela até o ponto que ela precisou ser
hospitalizada'. Pessoas como Marissa sabem, Esmirelda - eles sabem como
manipular esse tipo de situação.
Minha mãe tinha razão quando disse isso, e minha bochecha se contraiu
quando minha resposta sarcástica secou na minha língua. Endireitando-se com
uma leve bufada própria, ela acariciou seu rosto com os dedos e fechou os olhos
brevemente antes de capturar os meus.
— Você tinha toda a justificativa do mundo, Esmirelda, ninguém está
negando isso. Mas, você acabou de explodir em uma chamada gravada com um
despachante 911. Marissa pode alegar que você premeditou a prejudicá-la, e
essa ligação seria a favor dela. Mesmo se a balança caísse sobre ela,
você acabaria com uma ficha criminal. É isso que você quer, Esmirelda? Ser
tratada como uma criminosa pelo resto da vida por alguém como ela?
— Droga. Eu fiz uma careta para a lógica fria de pedra da minha mãe, mas
não cedi, apesar de seus muitos pontos.
— Se Marissa quiser falar sobre dano premeditado, posso mencionar o fato
de que ela me empurrou escada abaixo de concreto de propósito. Eu posso puxar
a conversa que alguém no colégio gravou sobre ela se gabando de que se eu me
matasse, ela ficaria 'orgulhosa de seu trabalho'. Posso provar mais do que
apenas um telefonema. Inferno- eu até tenho e-mails encaminhados para mim
de Marissa ameaçando me matar, e esses têm apenas um mês! — Apertando
minhas mãos em meu cabelo, eu lutei para não gritar com minha mãe, e dei um
passo à frente forte apenas para meus joelhos travarem. Meu rosto esquentou
perigosamente, e ela franziu a testa com a minha revelação enquanto eu
engolia o caroço na minha garganta. — Eu cansei de ter medo. Se Marissa
tentar, tentar, fazer algo contra mim - eu vou socá-la novamente. E se ela olhar
para mim, vou socá-la novamente. Esse sistema ela sabe como manipular -
bem, ela não é tão inteligente quanto pensa que é.
Passei por Lisa e subi as escadas antes que alguém pudesse abrir a
boca; Quer dizer, eu estava com uma camisa rasgada, jeans molhados e meus
pais já estavam aqui há várias horas. Espere um minuto.
— Daniel, estou chamando a polícia se você não sair agora. Fiz uma vez
hoje, farei de novo. — Não ficando por perto para ver se Daniel levou a sério
minha ameaça, subi as escadas e entrei no meu quarto. Saí imediatamente da
calça e joguei a camisa na pequena lata de lixo ao lado da cômoda, fechei os
olhos e sentei pesadamente na cama. — Cara, por que coisas boas
simplesmente não permanecem como coisas boas?
Não havia ninguém para me responder, e coloquei minha cabeça em
minhas mãos para abafar meu gemido. Os segundos se passaram e eu prendi a
respiração até ouvir a porta abrir e fechar no andar de baixo. Soltando um
grande suspiro, caí de volta na minha cama antes que a porta do meu quarto
rangesse em aviso, mas não me incomodei em olhar para cima.
— O que? — Por alguma razão estranha, eu poderia dizer que não era
Michael no meu quarto, e Lisa se sentou ao meu lado para colocar as mãos no
colo. — Você está aqui para voltar atrás com sua palavra?
— Não. Eu sei que errei, Esmirelda. Eu só quero saber se você está
bem. Quer dizer, não há duas situações iguais, mas tive uma experiência
semelhante com meu agressor. — Meus olhos piscaram involuntariamente, e
Lisa baixou a cabeça quando um silêncio curto, mas pesado caiu entre nós. —
Minha valentona era minha irmã. Todos sabiam que ela era desagradável
comigo, mas todos atribuíram isso apenas à diferença de idade de quatro anos,
e que não era tão sério quanto eu imaginei. Quando eu tinha 15 e ela 19, ela já
me pressionou para que eu me machucasse, mas percebi muito rápido que isso
não me fazia sentir melhor. Então, eu coloquei tanto laxante em uma de suas
garrafas de água que ela acabou no hospital. Ela nunca mais mexeu comigo.
— O que isso tem a ver com o que aconteceu hoje? — Eu quase estremeci
com o quão insensível eu soei, mas Lisa apenas sorriu levemente e colocou a
mão no meu joelho.
— Às vezes, você tem que fazer algo para parar. Seja laxante ou confronto
físico, às vezes... um valentão só vai parar quando você levar as coisas longe
demais. Sua mãe está certa - você não deve bater em ninguém. Mas todos nós
sabemos que Marissa não vai atrás de você porque todas as merdas que ela fez
virão à tona. Os pontos de vista de sua mãe seriam válidos se você não tivesse
mais sobre Marissa do que ela tem sobre você. É tudo o que quero dizer,
Esmirelda. — Batendo no meu joelho, Lisa simplesmente se levantou e saiu,
fechando a porta atrás dela, e eu soltei um suspiro enorme. Quase
instantaneamente, a porta se abriu e os passos pesados de Michael em minha
direção enviaram arrepios pelas minhas pernas.
— Então, suponho que você não esteja mais sentindo isso? — Sentando-
me com um grunhido, corri minha mão pelo meu cabelo enquanto Michael
esfregava sua cabeça e pescoço. — Quero dizer... tipo... você quer...
abraçar? Não sei o que fazer nesta situação.
— Venha aqui. — Ele era tão bonito, com sua calça jeans de cintura baixa
pronta para cair, sua camisa amarrotada e bíceps ainda tensos. Sentado ao
meu lado, ele se inclinou para trás para se apoiar em seus braços, e eu me
arrastei para sentar de joelhos entre seus joelhos abertos. Arqueando uma
sobrancelha sugestivamente, sua barba eriçou quando ele sorriu, e minha boca
encheu de água, mesmo quando abri. — Desta vez, eu quero algo.
— Qualquer coisa. Não sei o que deu em você no carro, mas estou curtindo.
— Na verdade, eu também não tinha certeza do que deu em mim e descansei
minha bochecha na coxa de Michael. Equilibrando-se em uma palma para
alcançar a outra para acariciar minha bochecha, seu sorriso se alargou, e uma
queimadura quente e instável acendeu em meu peito quando eu olhei para ele.
— Seja duro.
TRINTA E SEIS

Entrando no trabalho me sentindo como um milhão de dólares, girei


minhas chaves em uma mão enquanto passava por uma mãe irada do futebol
no saguão para abrir a porta do escritório. Donnie olhou para cima depois de
cavar fundo em um armário de arquivo, e um sorriso de comedor de merda
esticou meus lábios enquanto eu pegava meu cheque de sua mesa.
— Vejo que você se divertiu chamando ontem, Michael. — A melodia
áspera no tom de Donnie puxou um bufo de mim, e eu enfiei minhas chaves no
bolso do jeans antes de me virar. — Você ganhou na loteria ou algo assim?
— Com as mulheres, eu definitivamente tirei a sorte grande,
Donnie. Estou tão feliz por ter ficado com essa garota. — Tanta merda
aconteceu ontem, mas era tudo água sob a ponte para mim por um motivo e
apenas um motivo. Arqueando uma sobrancelha quando me inclinei na beirada
de sua mesa, Donnie me deu toda a sua atenção, e eu não poderia tirar o sorriso
do meu rosto se quisesse. — Eu sabia que havia algo sobre ela...
— Vago, mas tudo bem. — Lambendo meus dentes enquanto eu lutava
para realmente articular esse sentimento, eu virei meu olhar para o linóleo
enquanto Donnie fechava o arquivo. — É bom que você tenha encontrado uma
garota que pode suportar a sua abundância de comentários idiotas,
Michael. Gostaria de poder fazer o mesmo.
— Ela gosta de aturar minhas merdas, no entanto. Ela foi ao shopping
com sua colega de quarto, então pensei em entrar no relógio se você precisasse.
— Donnie esticou o pescoço para olhar por cima do meu ombro e através da
porta para a mulher no saguão, e eu torci com uma carranca leve. Obviamente,
ela estava ouvindo nossa conversa e olhou fixamente para a revista de pneus
em suas mãos. — De qualquer forma…
Voltando-me para Donnie, suspirei profundamente, e ele deu de ombros
distraidamente enquanto se sentava em sua cadeira com um guincho áspero.
— Não é exatamente como se eu estivesse com falta de pessoal no
momento. É um dia muito lento. Você sabe que dezembro é uma merda para
nós. Volte comigo muito rápido, no entanto. — A curiosidade agarrou-se ao
meu peito e segui Donnie para fora do escritório, através do saguão e para as
baias. A porta dos fundos se abriu imediatamente, e ele empurrou a pesada
barreira de metal para estender o braço. — O que você acha?
Minhas sobrancelhas levantaram em surpresa, e eu atravessei a soleira
para encarar, com os olhos arregalados, a porra de um pedaço de lixo. O que
antes era obviamente um carro nem tinha moldura; havia apenas o motor, duas
rodas, nenhum eixo traseiro e uma alavanca de embreagem saindo de um motor
reconhecidamente em boas condições.
— Uh- parece um fixador superior, com certeza? — Donnie se apoiou na
porta aberta para cruzar os braços enquanto eu coçava minha barba. — Que
raio de carro esse deveria ser? Você pagou por isso?
— Sim. Eu quero que você faça isso. — Eu quase engasguei com minha
própria saliva, e minha figura de chefe-barra-pai sorriu quando minha cabeça
virou. — Quando você terminar, eu quero entregar a loja. Você vai se formar
em 13 meses, Michael. É muito tempo.
— Você está maluco? De jeito nenhum vou terminar em 13 meses. O que
é isso, algum tipo de teste? — Donnie acenou com a cabeça, imperturbável pela
minha explosão, e eu segurei a parte de trás da minha cabeça com as duas mãos
para respirar quente. Meu cérebro ameaçou pular para fora de minhas órbitas,
e cerrei os dentes enquanto minha mente girava furiosamente. — Você sabe
que isso vai levar anos, não meses, Donnie - há quanto tempo você está
planejando isso?
— Desde que você se inscreveu. — Meu rosto esquentou de irritação, e
Donnie encolheu os ombros quando me virei para o pedaço de merda em uma
laje de concreto. — Que tipo de teste seria se não fosse difícil? Além disso, quero
ver como você se sai com isso enquanto faz malabarismos para trabalhar e estar
na escola - e em um relacionamento. Esta é a vida que você queria, Michael,
então aqui está.
— Merda, Donnie... — Balançando meus braços pesadamente, eu não
conseguia nem começar a processar que Donnie queria que eu construísse essa
coisa do zero, e cobri minha boca para esconder minha careta. — O motor
funciona?
— Não. Eu mesmo testei. Você vai ficar bem, Michael- eu tenho a maior fé
em você. — Carrancudo sombriamente, eu abri minha boca para xingar
Donnie, mas meu telefone começou a tocar insistentemente. Tirando o
dispositivo do bolso, meus lábios se contraíram quando o nome de Esmirelda
apareceu na tela, e atirei um último olhar para Donnie antes de entrar para
responder.
— E ai, como vai? — Por enquanto, eu apenas ignorei aquela abominação
no fundo, e a linha estalou com várias vozes e sons antes de Esmirelda falar.
— Olá Michael. Só estava ligando para saber como você está. — Ela foi
doce, e abri a porta do saguão com uma contração na bochecha. — Vou demorar
mais do que esperávamos - tudo bem, certo?
— Sim claro. Na verdade, Donnie está me dando um teste, e se eu
terminar antes de me formar, ele vai assinar a loja. — Esmirelda engasgou e
eu pude imaginar seu grande sorriso quando pisquei. Apoiando-me no balcão
da frente, cocei minha barba rudemente enquanto a tarefa monumental na
minha frente batia contra a parte de trás dos meus olhos. — Eu tenho que
construir essa coisa em 13 meses basicamente do zero. Eu nem sei por onde
começar a lidar com isso. Não há literalmente nada além de um motor.
— Você vai fabricar suas próprias peças? — Surpresa subiu minhas
sobrancelhas com sua pergunta, e eu rolei meu queixo distraidamente. — O
motor funciona?
— Donnie disse que não, mas parece que todas as partes de lá. Eu
literalmente apenas dei uma olhada nisso, então eu realmente não sei de nada
neste momento. Você está se divertindo com sua colega de quarto com sede?
— Talvez, Lisa apenas me irritasse, mas eu realmente não era fã dela; a coisa
toda sobre querer transar com Esmirelda, eu entendi - não me importei - mas
ela só me irritou pra caralho. Nós nunca compartilhamos mais do que um olhar
passageiro, também. Eu simplesmente não gostava dela.
— Sim. Acabamos de nos encontrar com Caitlyn. Também acabei de saber
que vamos conseguir duas novas colegas de casa no início do próximo semestre
para ocupar os outros quartos. Eu acho que eles estão se transferindo dos
dormitórios. Não sei o que está acontecendo, mas vamos encontrá-los aqui.
— Com o canto do olho, a senhora com o cabelo ruim balançou a revista para
mim e eu franzi os lábios levemente. — Mas tenho que ir. Eu só queria tocar
na base. Te vejo mais tarde, ok?
— Tudo bem. Até mais. — Desligando, me virei para a mulher sentada
em uma cadeira de plástico desconfortável e fiz minha cara de atendimento ao
cliente. — Posso fazer algo por você, senhora?
— Sim- quanto mais isso vai demorar? Estou aqui há duas horas.
— Resistindo à vontade de revirar os olhos, contornei a mesa para desbloquear
o computador e clicar ao redor. — Tenho que levar meus filhos ao hóquei e
realmente não preciso lidar com isso agora. Meu dia é estressante o suficiente
sem ter que me preocupar com problemas com o carro.
Considerando que você me viu entrar, claramente não aquele que está
trabalhando no seu carro, você merece a porra do estresse. A ordem de serviço
ainda não tinha sido digitalizada e me levantei para folhear a pilha de
entrada. Sam foi listado como o cara que levou o carro - uma minivan, é claro -
e eu deixei a mesa para abrir a porta do compartimento.
— Sam! Sam! — Afundado até os joelhos sob o fundo desta van prata,
Sam grunhiu humildemente, e eu caminhei até o segundo compartimento da
porta para me agachar. — Soccer Mom7 quer saber o que está acontecendo.
— Bem, a Soccer mommy pode se foder, Michael. Ela colocou
anticongelante em seu tanque de gasolina. Ela não vai receber esse pedaço de
merda de volta tão cedo. — Uma risada chocada explodiu da minha garganta,
e Sam saltou de debaixo do carro para gemer asperamente. Ele
estava encharcado de anticongelante e gás, e o fedor revirou meu estômago por
ser tão potente. — Sem mencionar que ela não me disse que tinha mangueiras
com vazamento. Eu nem mesmo liguei o motor ainda. Ainda estou tentando
encontrar o buraco.
— Por que você não levanta? — Quer dizer, essas baias eram equipadas
com sistema hidráulico por um motivo, mas Sam apenas fez uma careta
sombria.
— Porque eu sou fodidamente mesquinho. Diga a ela para ir dizer ao
marido ausente que está transando com a secretária que ela precisa usar um
carro diferente. Vou levar um mês – no mínimo - para passar por essa
merda. Ela me disse que esperaria pela minha avaliação, sem se preocupar em
mencionar que jogou aquela merda no tanque de gasolina. Rindo de como ele
era salgado, eu ainda simpatizei quando me levantei e Sam se deitou no rolo
para se esconder embaixo da van. Emergindo no saguão, lancei à mulher um
olhar curioso para combater sua expressão de expectativa.
— Você está ciente de que alguém derramou anticongelante em seu tanque
de gasolina? — Ela se levantou, seu rosto se transformou em irritação e eu
enfiei minhas mãos nos bolsos para balançar nos calcanhares. — Não há
absolutamente nenhuma maneira dessa van ser dirigível. Você vai ter que
encontrar outra maneira de contornar. O mecânico que está olhando para ele
espera que demore pelo menos 3 semanas.
— Posso não saber muito sobre carros, mas sei que a gasolina vai para o
tanque e o anticongelante vai para a coisa com a tampa vermelha no motor-
— O radiador, sim. Acho que é uma das suas estrelas do hóquei...?
— Agora, isso era hilário, e ela cavou em sua bolsa enorme com uma zombaria.
— Seu amigo estúpido, pequeno e idiota da rua - seu pai trabalha com
carros, mas nunca o deixa ajudar. Eu sabia que aquele garoto era um
problema. Ele é um pirralho sabe-tudo. Fiz meu marido obter um sistema de
segurança quando nossos vizinhos foram assaltados, mas pode apostar que vou

7Uma mãe suburbana de classe média que passa muito tempo levando os filhos para jogar futebol ou
outras atividades.
processá-los. Sim, aposto que sim, porque deixa crianças desacompanhadas
brincar com produtos químicos perigosos, sua bruxa de merda. Pessoas como
ela eram absolutamente piores, e eu balancei minha cabeça e limpei minha
garganta enquanto ela digitava em seu telefone. Eu só podia imaginar a
tempestade de merda que viria batendo no saguão, e tirei minhas chaves do
bolso para sair assim que ela começou uma chamada.
TRINTA E SETE

— Jennifer? Você vai morar com a gente? — A surpresa não poderia


começar a descrever as emoções que assaltaram meu peito, e ela estendeu os
braços com uma risadinha. — Por que você não me disse antes?
— Tecnicamente, é uma violação de privacidade usar informações obtidas
por meio de documentos de trabalho para uso pessoal. — Dando de ombros
distraidamente, ela apoiou as mãos nos quadris e eu a alcancei para cutucá-la
de brincadeira. — De qualquer forma, eu não aguentava mais morar em
dormitórios. É uma tortura - tem um cara que anda por aí e tenta dormir com
todos as residentes. Apenas um verme real. O RA não fará nada sobre isso
porque ele não virá ao chão a menos que ele arrume um convite.
— Oh... hum- bem, que bom que você saiu de lá. — Um arrastar com o
canto do olho chamou minha atenção, e fiz um gesto para Caitlyn e Lisa de pé
à minha direita. — Estas são minhas atuais colegas de quarto - Caitlyn e
Lisa. Esta é minha colega de trabalho, Jennifer.
— Esta é minha atual colega de quarto, Natali. — Todos nós dissemos
nossas gentilezas, e Jennifer me dá uma cotovelada cautelosa com um sorriso
malicioso e um brilho malicioso nos olhos. — Então, o que está acontecendo com
aquele cara, Esmirelda?
— Michael? Ele está bem. Eu só... não tenho certeza do que dar a ele no
Natal. — Ocorreu-me esta manhã que faltavam apenas duas semanas e meia
para o Natal e, de qualquer forma, já estávamos indo para o shopping. Levando
meu café aos lábios, tomei um gole enquanto Jennifer cantarolava baixinho. —
Eu realmente não quero fazer muitas coisas de férias - minha família realmente
exagera a cada ano, e isso me desagradou tanto.
— Tenho certeza. Vocês estão com fome, meninas? — Olhando por cima,
suspirei com este desenvolvimento agradável, e houve murmúrios de
concordância antes de irmos para a praça de alimentação. — Então, é isso que
vocês estão fazendo? Compras de Natal? Fiquei online na Cyber Monday.
— Não estamos, mas tenho coisas para pegar, de qualquer maneira.
— Lisa sacudiu o cabelo enquanto falava, e Caitlyn resmungou sobre estar
desempregada - não que ela tivesse que trabalhar, de qualquer
maneira. Supostamente, seus pais eram carregados, mas ela nunca anunciou
isso. — E você, Natali? Você fez todas as suas coisas de Natal?
— Eu não comemoro o Natal de forma alguma. É um grande desperdício
de dinheiro. Se eu fosse ganhar presentes, faria em qualquer dia.
— Assentindo em concordância, tomei outro gole do meu café e Natali sorriu
escorregadio. — As vendas pós-feriado são uma história totalmente diferente.
— Cerr-too! Eu intencionalmente mantenho os custos baixos para que
possa sair após o fato e abocanhar todos os bons negócios. Especialmente em
doces e brinquedos infantis e - oh - eletrônicos que são devolvidos por qualquer
motivo... — Batendo palmas, Lisa esfregou as palmas avidamente, e eu deixei
a comoção ao meu redor aliviar a tensão em meus ombros. Além do estresse
repentino das compras de Natal, Caitlyn recebeu uma ligação da autoridade
habitacional no caminho para cá. Eu não sabia o que pensar; três pessoas se
formaram um pouco antes de eu me mudar, mas as exibições sempre ficavam
aquém.
A senhora que administrava a propriedade era um pouco...
desdenhosa. Eu não tinha experimentado nada em primeira mão, mas poderia
dizer que ela ficaria chateada se não pegássemos a primeira casa que ela
mostrou. O que foi exatamente o que eu fiz.
Honestamente, não me arrependi de ter Caitlyn e Lisa como companheiras
de quarto. Todo o drama foi resolvido; nós três tivemos uma longa conversa
ontem à noite sobre superar a questão dos lençóis. Não havia motivo para
guardar rancor e decidimos nos conhecer um pouco melhor.
Para ser franca, precisava de alguns amigos. Michael não poderia ser meu
único.
— Você deu um tapa no seu irmão na frente de todos, Esmirelda?
— Piscando forte enquanto a pergunta estridente me tirava dos meus
pensamentos, olhei ao redor enquanto vários pares de olhos arregalados se
fixavam em mim. — Eu não acredito nisso-
— Ela fez- eu estava lá. Ele parecia chocado, mas, como se estivesse sendo
um idiota. Sarah estava muito desconfortável. Eu ouvi a coisa toda, e foi digno
de pena. — Gemendo, tropecei dramaticamente enquanto meu cérebro
entendia o assunto, e Jennifer assentiu com entusiasmo. — Eu entendo
seriamente por que você os cortou, Esmirelda - seu irmão é um idiota psicopata
e egoísta. Ele disse a Sarah na cara que os militares são melhores na cama do
que os homens normais. Eu nem estou brincando.
— Eu não quero ouvir isso! — Franzindo a testa para a rodada de risos
que encheram o ar, cruzei os braços sobre o peito para bufar. — Bruto. Vamos
conversar sobre outra coisa.
— Sobre o que mais devemos falar, a não ser sobre meninos? Acabei de
sair de um relacionamento, sabe? Foi simplesmente chato - chegou ao ponto
que eu simplesmente o ignorei porque estava estudando ou trabalhando, e tudo
o que ele falava era sobre querer entrar em uma fraternidade e obter a
'experiência maluca da faculdade'. — Levantando os dedos para fazer aspas no
ar, Natali franziu a testa quando chegamos à beira da praça de alimentação. O
cheiro de pizza me atraiu e olhei para a fileira de restaurantes com os olhos
estreitos. — Envelheceu muito rápido. Quer dizer, o cara nem terminou o
primeiro semestre, ele tem 26 anos, e a mãe dele compra a camisa dele. Eu não
sabia disso quando comecei a sair com ele.
— Onde você trabalha?
— Biscoitos e queijo Friggen, vendemos queijos e vinhos muito bons e
outros enfeites, então você pensaria que eles me pagariam mais de US $ 9,80
por hora. Eu nunca saio porque sou tão pobre - é por isso que eu estava nos
dormitórios em primeiro lugar. Tentei arrumar um emprego com Jennifer, mas
mesmo com as férias, nunca consegui.
— Isso é porque você não sabe nada sobre roupas - tudo o que você sabe é
roubar garrafas de vinho de $ 120. — O sorriso de Jennifer aumentou quando
Natali engasgou de horror, e começamos a nos mover em direção à pizzaria, já
que era a mais próxima - e a mais deliciosa.
— Isso foi uma vez, e foi um acidente. Os clientes me perseguem como um
louco e esqueci que o tinha na mão antes de sair. Pelo menos ninguém me pegou
- eles apenas pensaram que o gerente era um idiota por não perceber por quase
um mês... aquele era um vinho muito bom, no entanto. — Suspirando
dramaticamente, Natali passou as mãos por seus cachos deliciosos, castanho
chocolate, quase saca-rolhas, e eu não pude deixar de me perguntar se eles
eram naturais. — Eu gostaria de ser financeiramente estável como vocês. Esse
é o sonho.
— Na verdade, estou pensando em largar meu emprego. Recebi uma oferta
de TI, mas o pagamento não é tão bom - não é realmente comparado a fazer
gorjetas em uma cidade universitária abastada como esta. — Lisa cruzou os
braços sob o busto quando chegamos ao balcão de pizza, e eu automaticamente
pedi uma fatia de pepperoni. Meu estômago roncou avidamente, e o cara atrás
do balcão parecia totalmente desinteressado enquanto colocava minha fatia no
forno na parede traseira. A conversa ao redor chegou a uma parada brusca, e
eu fui até a mesa mais próxima para sentar enquanto eles pediam.
Olhando ao redor, puxei meu cabelo por cima do ombro distraidamente
enquanto deixava minha mente vagar. Eu nem tinha certeza do que Michael
iria querer no Natal ou se ele comemorou. Verdade seja dita, eu nunca tinha
comprado um presente de Natal para ninguém- nunca - e eu não podia sequer
começar a pensar o que ele quiser.
Este não seria um daqueles especiais do Hallmark Christmas Movie que
eu gostava de assistir. Não ia haver neve nem no dia de Natal, se o cara do
tempo fosse acreditar. Certamente, este feriado iria emular o último.
Eu não iria para casa no Natal; se possível, foi pior do que o Dia de Ação
de Graças. Esta época do ano era sempre estressante, uma dor no traseiro, e eu
estava firme na minha convicção de que só precisava dar um passo atrás e
cuidar de mim mesma.
Além disso, se eu conseguir um presente para Michael, tenho que dar
presentes para meus colegas de casa, o que significa também dar um presente
para Jennifer, o que significa fazer com que meus colegas de trabalho fiquem de
olho quando descobrirem... Eu realmente não tinha dinheiro para fazer tudo
fazer compras, bem como conseguir o que queria para meu projeto de costura.
O que, por mais egoísta que fosse... eu também não estava recebendo nada
deles. Macy queria que seus funcionários fossem bons uns para os outros, mas
proibia esse tipo de coisa para evitar drama. Lisa estava restrita por dinheiro
e Caitlyn não iria perder seu tempo quando não éramos realmente amigas.
Lambendo meus lábios distraidamente, eu balancei minha cabeça e me
perguntei por que eu escolhi este semestre em particular para me inscrever. Eu
deveria ter me matriculado no semestre passado, mas meu pai me convenceu a
continuar fazendo terapia duas vezes por semana.
— Não é como se estivéssemos namorando... — Murmurando para mim
mesma, eu caí e joguei minha cabeça para trás para suspirar pesadamente. Isso
também era verdade; Michael e eu não estava namorando, e eu não queria fazê-
lo pensar que ele tem para. Ganhar um presente para ele também estava
colocando expectativas nele, e eu não tinha certeza se estava pronta para a
resposta que sabia que me atingiria. — Acho que não vou conseguir nada para
ele. Vai ficar tudo bem. Não é como se ele estivesse me dando alguma coisa.
TRINTA E OITO

Meu telefone cantou insistentemente no meio de uma loja de sapatos


silenciosa, e eu o tirei do bolso de trás do jeans para passar o botão verde.
— Olá? — Examinando um par de botins que eram fofos e com 65% de
desconto, balancei o pé ao responder.
— Não me 'olhe' todo inocente e merda, Esmirelda. São quase quatro da
tarde. Você disse que ia se atrasar um pouco. Os cabelos finos do meu rosto se
arrepiaram com o tom afiado de Michael, e eu respirei fundo enquanto checava
a hora. — Estou do lado de fora da entrada do Bank of America. Vamos cortar.
— Oh, meu Deus, Michael, eu sinto mu... — Ele desligou na minha cara
no meio de um pedido de desculpas, e eu fiz uma careta enquanto eu
rapidamente abri o zíper da bota e coloquei de volta na caixa. Enfiando os pés
nos tênis, peguei a caixa e as poucas sacolas que tinha das lojas que
visitamos; Eu mal conseguia lembrar o que comprei, mas tinha certeza de que
eram roupas.
Não para vestir, é claro, mas para estudar.
— Gente, eu tenho que ir. Perdi tanto a noção do tempo. — Passando pelo
meu grupo e em direção ao caixa, tirei minha carteira quando a senhora atrás
do balcão me ligou. Meu coração bateu rápido, e mordi meu lábio inferior
violentamente, mesmo quando Natali apareceu ao meu lado.
— Seu namorado está realmente fazendo você ir embora? Isso não é bom,
sabe? — Fiz uma pausa com meus dedos enfiados na minha carteira para olhar
para ela, e ela meio que corou com um sorriso tímido. — Não que eu saiba
alguma coisa sobre o seu relacionamento, mas...
— Fizemos planos para 2. — A resposta branda apenas iluminou suas
bochechas, e Natali se afastou enquanto eu afastava seus comentários. — Ok-
eu sei que Michael é um pouco rude e tal, mas ele não é um abusador. É
perfeitamente razoável ficar irritado com o quão atrasada estou.
— Ninguém está dizendo isso, Esmirelda. O cara é um idiota, ainda assim.
— Lisa deu uma risadinha quando revirei os olhos, mas não pude me opor a
ela, e ela passou o braço em volta de Natali pelo canto da minha visão. Pegando
meu cartão do caixa, coloquei de volta na minha carteira enquanto ela
embalava meus sapatos.
— Ele também não é meu namorado-
— Ele está totalmente julgando pela quantidade de sexo que você faz - que
ele te pega de manhã - ele mudou de curso para estar em suas aulas. — Depois
que eu saí da loja, Lisa gargalhou quando um guincho envergonhado escapou
de mim, e Abaixei minha cabeça e caminhei mais rápido. — Não deixe os
rótulos definirem você!
— Vá embora! — Subindo a escada rolante, em vez de ser apenas
preguiçoso, as risadas atrás de mim me perseguiram todo o caminho escada
abaixo, e eu balancei minha cabeça violentamente. — Não estamos namorando.
Minhas malas enrugaram alto em meus ouvidos enquanto eu passava
direto pelo Bank of America em frente à escada rolante. A familiar porta de
Michael estava na calçada da entrada menos usada, o motor esfriando e parado,
e eu deslizei para o banco do passageiro para colocar minhas cinco malas nos
pés.
— Eu sinto muito- eu... — Levantando um dedo para me parar, Michael
agarrou o volante com força com as duas mãos e nenhuma vez olhou para
mim. Meu coração gaguejou e eu lambi meus lábios nervosamente; ele não
poderia estar tão bravo com um erro honesto, poderia?
— Eu preciso que você me faça um smoking. — O choque quase arrancou
minhas sobrancelhas do meu rosto, e eu fiquei tensa quando a barba de Michael
ondulou com o tique furioso de sua mandíbula. — Minha mãe vai se casar e me
quer lá.
— Sua mãe? — Estremecendo quando meu grito ricocheteou no pára-
brisa de volta para mim, me esforcei para processar essa informação, mesmo
enquanto Michael rosnava seu descontentamento. — P...por quê? O que? Por
que você concordou? O que aconteceu? Donnie fez um teste, você parecia
ótimo! Quando isto aconteceu?
— Cerca de dez minutos atrás. Essa é a única razão pela qual me
preocupei com você antes. Peguei no trabalho porque uma senhora idiota disse
a Donnie que queria que eu trabalhasse em sua minivan em vez de Sam
porque... — Fechando a boca, Michael girou a cabeça e os ombros, inspirou
profundamente e o segurou. — Você pode fazer o smoking ou devo
simplesmente ir comprar um?
— Quando... quando é... é? — O fato de que este era o drama de Michael
era estranho, e eu percebi naquele momento, olhando para sua expressão
furiosa de raiva, que eu realmente não sabia muito sobre ele. Não sabia o que
ele fazia nas horas de folga, que cerveja preferia beber ou se gostava de cerveja.
— Um dia antes da véspera de Natal. — Meus olhos quase saíram da
minha cabeça - quem diabos se casa na véspera de Natal! Faltam duas
semanas! Não consigo fazer um terno inteiro em duas semanas! — A julgar pelo
pânico em seu rosto, terei que...
— Não, não. Eu posso fazer isso. Precisamos ir a Manchester, no entanto,
para obter materiais. — Respondendo rapidamente, afundei profundamente
em meu assento enquanto Michael exalou duramente antes de girar a chave na
ignição. — É uma merda, mas eu posso fazer isso. Totalmente. Eu tenho esse.
— Eu não entendi isso - não posso acreditar que ela tirou a poeira do meu
número de celular e me ligou. Mesmo sóbria, ela balbucia como um macaco
bêbado. Meu coração doeu por Michael— Quem diabos ela pensa que está
ligando para me convidar para ir ao casamento dela? Daqui a duas
semanas? Quando ela começou a planejar meses atrás, eu acho? E você sabe o
que ela disse - ela me disse pessoalmente que acha que vou gostar de seu novo
marido. Que porra!
— Essa não é nem a pior parte - ela quer que eu saia com o cara na noite
anterior e o conheça. Eu nem sei por quê. Não é como se eu soubesse que ela
estava namorando. Eu também não me importo. — Ele falava como uma faca
cortada bem na frente de seu rosto a cada poucos segundos, e eu inclinei minha
cabeça para trás para olhar para ele. — Merda!
— Você não recusou? — Antes de perguntar, eu sabia a resposta, e
Michael deu um gemido gutural quando alcançamos a rampa de saída que
levava à estrada principal. — Michael, só porque ela deu à luz você não
significa que ela é sua mãe...
— Não foi por isso que fiz isso. — A confusão franziu minhas
sobrancelhas, e Michael parou completamente antes de olhar para mim. — Eu
concordei porque esse cara é a razão de ela estar sóbria, e eu não.
Isso me apunhalou profundamente, e estendi a mão para segurar as
bochechas de Michael, mesmo quando sua expressão ficou impassível. Eu sabia
que ele realmente não se ressentia muito com o pai; ele era jovem e percebeu a
situação, indo embora antes que ficasse muito ruim. Sua mãe, porém, era uma
história totalmente diferente; ele nunca falava sobre ela sem nojo absoluto em
sua voz.
— Michael... — Michael tinha seus motivos para odiar sua mãe; para lidar
com seu pai, ela se voltou para as drogas em vez de deixá-lo. Sob minha palma,
Michael estava tenso e carrancudo, e eu alisei sua barba eriçada. — Vai ficar
tudo bem.
— Você vem comigo. — Cobrindo minha palma com a dele, ele fechou os
olhos e inclinou-se ao meu toque, e um leve sorriso esticou meus lábios. — Por
favor.
— Claro que eu vou. — Uma buzina insistente atrás de nós dissolveu este
momento de doçura desesperada, e eu sorri ainda mais quando Michael se virou
para olhar pela janela de trás. Verificando a estrada, ele parou e acendeu o
pisca-pisca para entrar na pista de rampa da rodovia, e eu rolei meus lábios
entre os dentes antes de tentar mudar de assunto. — Então, minhas novas
colegas de casa são, na verdade, Jennifer - essa garota com quem trabalho e
sua colega de dormitório. É estranho.
— Você precisa de amigos, de qualquer maneira, Esmirelda.
— Assentindo com um zumbido, eu puxei minhas mangas para estender a mão
e endireitar minhas malas. — Quando eles estão se mudando?
— Uh- não até depois do Ano Novo, eu acho que é o plano. Caitlyn e Lisa
irão para casa nas férias, mas eu estarei lá. Você vai passar o Natal com
Donnie? — A sonda gentil me rendeu um olhar de soslaio e o calor subiu pelo
meu pescoço, embora eu olhasse para as esteiras.
— Provavelmente não. Ele, seus filhos e sua ex-esposa ficam todos juntos,
e são todos um barco cheio de drama. A ex de Donnie me trata como se eu não
tivesse o direito de estar lá, o que, quero dizer, ela tem razão. Donnie me adotou
depois que se divorciaram, e todos os filhos deles são mais velhos do que eu.
— Michael amoleceu, o que eu achei em partes iguais triste e aliviado,
enquanto ele falava sobre isso, e eu me endireitei assim que entramos
totalmente na rodovia. — Quando eu era pequeno, Donnie costumava me dizer
francamente que sua esposa não se importava comigo, e isso era bom. Depois
de um tempo, acostumei-me com isso porque achei que era melhor ser o
'favorito' de Donnie do que ser mal tolerado por todos. Os filhos dele já estavam
no ensino médio quando eu tinha 12 anos, mas eu não pude ir porque era um
fugitivo.
— De qualquer forma, os feriados não eram um grande problema até que
todos os filhos se mudassem e se divorciassem. Raramente os veem ou os têm
todos em casa ao mesmo tempo. Acho que é por isso que essa merda com a
minha mãe está fodendo comigo. A ex-mulher de Donnie nunca viu-serrar - ela
não se importava comigo como ninguém além de, tipo, uma obrigação, e ela
nunca tentou esconder isso. Minha mãe, por outro lado... — Virando-se para
olhar para trás na pista rápida, Michael acendeu o pisca-pisca e fundiu mais
uma vez antes de grunhir baixinho. — Então, sobre esse smoking… espero que
não seja um desastre. Tenho dinheiro para alugar um, mas você tem se
esforçado muito para voltar a costurar, então resolvi fazer a oferta de qualquer
maneira.
— Não achei que você tivesse notado minha estação de costura,
considerando que você sempre tira minha camisa primeiro. — Rindo enquanto
meu coração se enchia de afeto, deixei escapar uma risada real quando ele
ergueu o queixo. — Com certeza vou comprar meu vestido. Não tenho tempo
para fazer as duas coisas, e os vestidos são muito, muito mais difíceis.
TRINTA E NOVE

— Tire suas roupas. — Tirando minha fita métrica flexível, sorri


enquanto Michael erguia as mãos em sinal de rendição simulada. Tirando sua
camiseta, ele estendeu os braços e eu acariciei seus braços tonificados enquanto
media o comprimento do ombro ao pulso. — Não consigo acreditar que o
semestre está quase acabando.
— Estarei no meu último ano em janeiro. — Rabiscando as medidas em
meu caderno, enrolei cuidadosamente a fita em volta da parte superior do torso
de Michael e ele passou as mãos pelo meu cabelo para coçar minha cabeça. —
Apesar de tudo, você está gostando da faculdade?
— Eu gosto disso. Este semestre não é realmente um bom juiz, mas estou
confiante de que não será uma loucura nos próximos dois anos. — Mordiscando
meu lábio enquanto parei para fazer uma anotação, deslizo o elástico até sua
cintura antes de desenrolar ao redor dele. Por um momento, não houve nenhum
som, e medi o comprimento e a largura de sua perna antes de anotar os
números.
— Agora... — Correndo as palmas das mãos pelas minhas costas
sensualmente, Michael puxou minha camisa para cima, e minha respiração
engatou em sua fala arrastada. — Sua vez de tirar a roupa, Esmirelda.
— Oh sim? — Cantarolando sugestivamente, ele sorriu quando me virei
e gesticulei para minha cama enquanto o calor crescia em meu abdômen. —
Sente-se.
Caindo facilmente no colchão, Michael me examinou de cima a baixo, e eu
afastei seus joelhos para ficar entre eles. Palmas gananciosas e calejadas
agarraram meus quadris, e eu balancei entre eles enquanto lentamente puxava
minha camisa. Seu sorriso se alargou e ele se apoiou nos cotovelos com um
suspiro de satisfação. De maneira nenhuma eu tinha ritmo, mas ele só se
importava em ver meus seios.
Provocando seus olhos com a parte de baixo do meu sutiã preto rendado,
mordi meu lábio inferior antes de estender a mão para tirar meu jeans e chutar
meus sapatos. Escalando para montar em sua cintura, eu me deliciei com o
calor de suas mãos ao meu lado, e ele gemeu sem fôlego. Deslizando os
polegares sob a alça do meu sutiã, ele lambeu os lábios enquanto a fome
queimava em seus olhos, e eu puxei minha camisa para jogá-la atrás de mim.
— Você é a vadia mais sexy que já vi, Esmirelda. — Inclinando-me com
uma risadinha, rolei meus quadris contra a protuberância endurecida de sua
boxer. — A confiança fica incrível em você.
Desabotoando o fecho de trás do meu sutiã, Michael abaixou o rosto em
meu pescoço para beijar e lamber, e eu engasguei suavemente quando as alças
deslizaram por meus braços. O calor pulsando através do meu núcleo se
espalhou pelo meu peito, e ele beijou o volume dos meus seios antes de segurar
a parte de trás da minha cabeça.
— Diga-me se você me acha bonita. — Seus olhos tempestuosos clarearam
quando se arregalaram com o meu resmungo, e eu sorri levemente. — Você diz
muito isso - que sou sexy..., mas ser sexy e bonita são diferentes.
Por uma fração de segundo, pensei que Michael iria zombar e me dizer
para não ser estúpida, mas ele apenas lambeu os lábios pesadamente enquanto
sua palma deslizava pela minha bochecha. Uma sensação surreal passou por
mim com a ternura repentina em seu rosto, e suas bochechas pegaram quando
ele sorriu - não sorriu. Meu coração batia muito forte, muito rápido, e minha
respiração engatou quando ele roçou a ponta de seu nariz contra o meu. Seu
olhar nunca vacilou, e o sangue tamborilando alto em meus ouvidos silenciou
abruptamente.
— Eu acho você linda, você fica mais bonita a cada dia, Esmirelda. — A
verdade e o que ousei esperar que fosse afeto saturaram as palavras de Michael,
e eu esmaguei meus lábios nos dele. Sua mão voou para se enredar no meu
cabelo, todos os pensamentos do meu strip tease abandonados enquanto ele me
rolava de costas. Agarrando-se a seus lados, minhas coxas tremendo quando
ele nos empurrou para cima da borda, e eu gemi baixinho quando sua língua
deslizou pelos meus dentes.
Esmagando contra o meu núcleo, a fricção de Michael apenas se
intensificou com o tecido liso da minha calcinha, e ele caiu sobre os cotovelos. A
paixão se transformou em cordas de saliva espessa enquanto nossas línguas
dançavam, e eu passei meus braços em volta de seus ombros para puxá-lo ainda
mais perto. Rolando meus quadris contra os dele, arranhei minhas unhas entre
suas omoplatas e seus músculos brincaram sob minhas palmas.
Michael ofegou brevemente quando ele se jogou para trás, e eu arqueei
avidamente quando ele tirou meu sutiã completamente para descer. Apertando
meus seios juntos, ele chupou meu mamilo atrevido em sua boca, e eu gemi
enquanto ele resmungava com fome.
Enterrando meus punhos no edredom, fechei os olhos para me concentrar
na sensação de sua boca, sua língua, seus dentes mordiscando. O prazer chocou
meu peito, e ele se abaixou para trabalhar sua mão sob a minha calcinha
enquanto os pelos de seu peito faziam cócegas no meu abdômen. Circulando
minha protuberância com cautela, ele chupou meu mamilo com firmeza, e eu
abri minhas pernas. Voltando para a minha boca, ele roubou meu fôlego dos
pulmões em chamas, e seu beijo queimou meus lábios.
Separando minhas dobras, Michael gemeu quando minha umidade cobriu
seus dedos, e eu inclinei meus quadris ansiosamente. Manuseando meu clitóris
enquanto afundava dois dedos em meu canal, ele arrancou sua boca da minha
para ofegar, e um suspiro erótico explodiu da minha garganta. Inclinando-se
para trás de joelhos, ele não se incomodou em tirar minha calcinha, apenas
rasgando a tira fina sobre meu quadril na costura. Honestamente, não demorou
muito, e rolei meus quadris contra seus dedos enquanto ele se observava me
tocando.
Torcendo e enrolando os dedos, Michael habilmente me levou ao limite e
eu o segurei. Arrepios enrolaram meus pés, e ele espetou meu lugar para me
empurrar para o precipício. Meus lábios se separaram em um grito silencioso
de euforia, e a pressão cresceu atrás dos meus olhos até que eles rolaram em
suas órbitas. Balançando seus dedos enquanto cavalgava meu orgasmo, ele se
inclinou sobre mim para beijar e mordiscar meus seios, e eu tremi sob sua
atenção.
— Eu não tenho camisinhas comigo. — Lambendo meu esterno, Michael
murmurou roucamente em meu ouvido, e seus dedos me deixaram para
esfregar meu núcleo pesadamente. — Eu deveria ter conseguido mais hoje.
— Vá buscar um pouco, agora, então. — O lamento na minha voz me
rendeu uma risada, e Michael me beijou rápida e firmemente antes de balançar
a cabeça.
— Eu tenho algo melhor planejado para você, Esmirelda. Sente essa
boceta deliciosa na minha cara. — Minha respiração engatou de excitação, e
Michael rolou de costas para dar um tapinha em seu peito. Magma inundou
minhas veias, e eu montei em seu rosto para apoiar minhas mãos em seus
peitorais. — Incline-se para que eu possa fingir que você tem uma bunda
pequena.
— Isso quer dizer... — Batendo na minha bunda para separá-los, Michael
lambeu o comprimento da minha fenda com toda a sua língua, e eu empurrei
meus antebraços. — Oh Deus...
— Você sabe, eu nunca disse a você o quão surpreso estou que você possa
chupar meu pau tão bem que você se faz gozar. — Ofegante quando ele
manuseou meu buraco enrugado, agarrei o edredom de cada lado dele com
força. — Chupe meu pau, Esmirelda.
Lambendo meus lábios enquanto colocava a mão em sua boxer, bombeei o
comprimento duro e quente de Michael, e arrepios correram pela minha
espinha quando seus dedos acariciaram minhas paredes internas. Chupando
meu clitóris entre os dentes, ele mordiscou e puxou, e saliva se acumulou na
minha boca para escorrer dos meus lábios.
Michael tinha um gosto incrível, e a pontada salgada de seu pré-sêmen
enviou um arrepio violento para alojar-se entre minhas omoplatas. Envolvendo
meus lábios em torno de sua cabeça, eu apertei enquanto minha palma
deslizava para baixo. Bombeando sua mão, ele trabalhou um terceiro dedo em
meu canal, e eu segurei quando a cabeça de seu pênis bateu no céu da minha
boca. Meu abdômen apertou, meus olhos lacrimejando, e ele chupou meu
clitóris com força para me enviar ao longo da borda.
Mas eu o levei até minha garganta, engasgando quase violentamente com
seu pau gordo para intensificar meu alívio. Michael deslizou a ponta do polegar
na minha entrada dos fundos, e o choque se misturou à minha euforia. Era
tarde demais para sair do meu abismo, e manchas pretas assaltaram minha
visão a partir daí - uma vista perfeita.
A violência do meu orgasmo me varreu enquanto Michael empurrava sua
mão e balançava o polegar, e eu tive um espasmo selvagem. Um líquido espesso
escorreu pelas minhas coxas, encharcando sua barba, mas ele foi rápido em
engolir com sons gananciosos que se elevaram acima do sangue latejando em
meus ouvidos. Seus dedos deixaram meu canal para esfregar meu clitóris
furiosamente, e eu lancei minha cabeça para trás para soltar um grito de êxtase
não filtrado.
— É isso aí, sim-mm, porra-— O murmúrio de Michael contra minha
fenda reverberou por todo o meu corpo, e ele beijou minha coxa com lábios
trêmulos e molhados. - Vou foder sua cara até você desmaiar, Esmirelda, sua
puta sexy de merda.
— Sim- oh, Deus-d- sim- — Praticamente me jogando a bunda sobre os
ombros, Michael se levantou para me rolar de costas, e eu ofeguei com a
necessidade. — Mais- forte- meta em mim
Batendo seu pau ao longo da curva da minha garganta, Michael grunhiu
enquanto eu gemia pateticamente, e me abaixei para me tocar apenas para ele
agarrar meu pulso.
— Acho que não. Eu tenho esse. Aguente firme, Esmirelda. — A promessa
em seu ronronar grave enviou uma pulsação através do meu núcleo, e eu abri
minha boca enquanto ele girava a cabeça de seu pênis contra meu queixo. Eu
não sabia por que isso era tão bom - esse tratamento degradante, duro, às vezes
doloroso que eu nunca admitiria para ninguém.
Eu não consegui pensar em nada quando Michael mergulhou seu pau na
minha garganta, e ele colocou as duas mãos em volta do meu pescoço enquanto
eu sacudia. Apertando com os polegares nos meus pontos de pulsação, ele
empurrou com empurrões fortes e afiados de seus quadris, e eu só pude sofrer
primorosamente.
— Foda-foda-foda-essa-merda-boca-— Gemendo asperamente com cada
impulso, Michael silvou de prazer enquanto esfregava sua pélvis contra meu
queixo. Os sons das minhas piadas encheram a sala, minha garganta
flexionando em torno de sua cabeça enquanto latejava. Afastando-se, apenas a
cabeça de seu pênis desapareceu atrás dos meus lábios, e suas palmas deixaram
minha garganta para agarrar meus seios com força. Apertando meus mamilos
com força enquanto eu chupava em uma necessidade irracional, ele empurrou
contra minha língua, e eu engasguei com a voz rouca quando ele bateu em meu
peito com força.
Engasgando com minha própria saliva, agarrei os quadris de Michael e ele
desceu pela minha garganta, mesmo quando a falta de ar ameaçou escurecer
minha visão.
— Você fica tão quieta, mesmo quando está sufocando. — Rangendo as
palavras entre os dentes, Michael puxou seu pau para fora da minha boca e eu
soltei um chiado de profundidade épica. — Eu percebi nas duas vezes em que
transamos - você realmente não faz barulho. Você faz mais barulho quando me
chupa, mas mesmo assim...
Pegando um punhado do meu cabelo, Michael me empurrou para cima
corretamente, e eu respirei em chamas, trêmula, mesmo quando ele subiu para
me acariciar. Seu calor me bajulou, embalou minha mente confusa em um
estado de tranquilidade, e as cerdas úmidas de sua barba acariciaram minha
têmpora.
QUARENTA

Sentado na cama de Esmirelda com o laptop equilibrado nas minhas


coxas, passei o mouse no mecanismo de busca com manchetes simples - Como
construir um carro. Honestamente, eu me senti uma idiota, mas trabalhar em
um carro e construir um do zero eram coisas totalmente diferentes. Eu entendi
o desejo de Donnie de que eu provasse que sabia minhas merdas, mas... ele me
ensinou, caramba!
— Venha colocar isso. — Olhando para cima quando Esmirelda se
levantou, coloquei seu laptop ao meu lado para balançar minhas pernas sobre
a cama. Pondo-me de pé, não pude deixar de rir do olhar de pensativo
esperançoso que saturou seu rosto. A camisa que ela fez poderia ter vindo de
uma loja, e eu coloquei meus braços nas mangas enquanto ela fechava os botões
com dedos hábeis.
— Então, o que está acontecendo aí — Cutucando sua testa enquanto ela
enrugava em concentração, eu olhei para baixo para a camisa me sentindo
bastante apropriado e elegante. A camisa em si era de um branco firme e o
tecido era surpreendentemente liso e macio - embora Esmirelda dissesse que
não era de seda, parecia. Levantando meus cotovelos, ela balançou nos
calcanhares sem me responder, e eu não a empurrei enquanto ela me olhava
como um pedaço de carne.
— Quero dizer, é apenas uma camisa. Esses são relativamente
simples. Eu só quero ter certeza de que se encaixa bem. — Movendo-se para
sua mesa super arrumada e organizada, Esmirelda resmungou mais para si
mesma do que para mim, e meu coração se encheu de quanto esforço ela estava
colocando nisso. Eu não estava falsificando a verdade sobre por que perguntei
a ela; um pequeno batismo de fogo para remover a ferrugem não faria mal. —
Mesmo sendo apenas uma camisa, suponho que, se não coubesse direito, nada
mais serviria...
— Você tem razão, querida. — Ela não estava prestando atenção em mim,
em vez disso folheando uma coisa parecida com um álbum de recortes enorme,
e eu apenas fiquei lá. — Acho que não vai ser tão ruim... Eu finalmente irei ao
baile.
— Só para esclarecer, estou fazendo um terno, não um smoking. Um colete
trespassado ficaria melhor. — Qual é a diferença? Contanto que eu não pareça
um vagabundo. Minhas reflexões foram interrompidas quando a cabeça de
Esmirelda apareceu e seus olhos se estreitaram em mim. — Você pode tirar,
agora.
— E quanto à cor? — Esmirelda costumava costurar sozinha, mas era
realmente impressionante o quanto ela realmente sabia sobre
estilo. Desabotoando habilmente os botões, eu cuidadosamente deslizei a
camisa dos meus ombros quando ela se sentou. Quando fomos para Manchester
no dia em que ela saiu com as amigas, ela enlouqueceu - sem mentira, foi chato
pra caralho, aquelas horas que passamos em uma versão sofisticada dos
Tecidos de Joanne.
Claro, ela não ia lá com frequência, então eu não tentei necessariamente
conter seu entusiasmo apressando-a.
Pilhas de tecido cuidadosamente dobrado estavam trancadas em latas
transparentes embaixo da mesa, empilhadas até quase chegarem ao lado de
baixo. Devia haver 20 caixas diferentes, algumas com renda, muito 'poliéster
disfarçado de seda' e em uma infinidade de cores. Alcançando debaixo da mesa,
ela puxou a caixa de tecido cinza claro e a abriu.
— Este aqui é da mesma cor dos seus olhos. Além disso, ficará bem porque
você mantém sua barba curta, e sua barba é mais escura que seu cabelo.
— Dobrando a camisa com muito cuidado, ordenadamente, na beira da cama,
eu apenas balancei a cabeça e confiei em seu julgamento. Esmirelda queria
seriamente que eu ficasse bem, e me sentei na cabeceira da cama dela enquanto
ela desenrolava longas faixas de tecido. Ela deve ter cortado tudo enquanto eu
estava no trabalho outro dia, mas ainda não parecia com nada.
Nas últimas 48 horas, aceitei o pedido estupidamente incrédulo de minha
mãe; Eu nunca seria nada para ela, apesar de qualquer culpa que ela
tivesse. Inicialmente, fiquei furioso, como deveria, quando ela me ligou para
me dizer que estaria em seu casamento. Ela queria que eu fosse sair com o cara
porque ela 'quer que gostemos um do outro'... por alguma razão?
Eu estava indo para esse casamento, comer um pouco de comida, me
lembrar que a ex-mulher de Donnie era uma santa e ir embora. Até mandei
uma mensagem para um cara que minha mãe costumava me persuadir a ir ao
casamento, mas ele não respondeu. Agora que essa merda estava bem debaixo
do meu nariz, fiquei curioso; talvez eu quisesse mais ou menos motivos para
odiar minha mãe? Quem sabia…
— Que horas são? Tenho que ir trabalhar às 13h. — Olhando para a tela
do laptop, eu tagarelei sobre o tempo, e Esmirelda deu um suspiro ao se jogar
para trás na cadeira. — Eu gostaria de poder fazer isso o dia todo.
— Vamos comer alguma coisa antes de você entrar. 45 minutos é tempo
suficiente para uma rapidinha. — Sorrindo com o gemido falso que ela deu,
fechei seu laptop enquanto Esmirelda se levantava para passar as mãos pelos
cabelos e flexionar os dedos descontroladamente. — Por falar em trabalho, não
estou progredindo nesse teste que Donnie me deu. Eu não entendo como ele
pensa que vou fazer esta coisa boa para rodar. Há merda elétrica que não posso
fazer e 13 meses não é muito tempo para construir este carro do zero.
— Ele disse especificamente que deve ser adequado para a estrada?
— Caminhando até a cômoda para ficar apresentável para o trabalho, a
pergunta de Esmirelda me fez franzir as sobrancelhas e ela abriu uma gaveta
com um leve rangido.
— Não - ele apenas disse que queria que eu 'fizesse', que o motor estivesse
disparado e que tinha a maior fé em mim.
— Então, por que tem que ser um carro moderno? — A sonda me atingiu
quando Esmirelda tirou a calça do pijama e tirou a camisa. — Eu só estou
dizendo - não é como se você não pudesse fazer janelas giratórias, e você deve
ter consertado um milhão de faróis. Essas são realmente as únicas coisas que
você precisa para ser elétrico, certo? Além disso, você disse que Donnie estava
planejando isso desde que você se matriculou aqui - ele devia saber que você
teria esse problema. Ele te ensinou tudo o que você sabe, então aposto que ele
também está ciente do que você não pode fazer.
— Sim... você tem alguns pontos. — Saltando em seu jeans, Esmirelda
cantarolou, e eu coloquei minha boca em concha para esconder minha carranca
enquanto meu olhar se fixava em uma fibra particularmente longa no
tapete. — Eu meio que quero que esteja em condições de rodar, então ele tem
que ter alguns componentes eletrônicos para o velocímetro.
— Mas esse não é o teste, Michael. Você pode fazer isso, claro - ótimo -
incrível - mas depois de passar no teste. Certo? — Passando os braços pelas
alças do sutiã, Esmirelda se virou enquanto fixava os bojos nos seios e fechava
o botão que os prendia. — Requisito mínimo, esforço máximo.
— Quero dizer, sim. Donnie foi estúpido e vago sobre o que, exatamente,
ele queria, então... Vou perguntar a ele depois de deixar você. Se ele apenas der
de ombros e me disser para descobrir por conta própria, vou por esse caminho.
— Examinando Esmirelda enquanto eu falava, meus olhos se estreitaram
enquanto ela balançava seus seios empinados e ajustava seu sutiã. Os olhos da
minha mente brilharam com a expressão dela outro dia, montando em mim,
exigindo que eu a chamasse de algo diferente de sexy.
Honestamente, eu achava que era besteira - sexy e bonito eram a mesma
coisa, mas Esmirelda estava tão decidida a responder que eu não podia
simplesmente deixar de lado. Ela vestiu uma camisa, se escondendo da minha
vista, e eu balancei minha cabeça bruscamente para suspirar.
— Mas esse é o problema, não é, Michael. — Levando meu olhar para o
rosto dela enquanto desdobrava suas meias grossas e simples, Esmirelda
apoiou o pé no joelho para olhar para mim. — Você não pode ligar para ele
sempre que tiver um problema, não importa o quão opressor ou aparentemente
falta de direção. Se você assumir a loja, é isso. Donnie ainda será seu 'pai', mas
não será mais seu chefe. Ele não vai consertar suas bagunças - talvez nem
mesmo dê conselhos a você. Quer dizer, eu realmente não o conheço, então...
Acenando com as meias para fazer aspas no ar, seu raciocínio ergueu
minhas sobrancelhas de surpresa; Eu não tinha considerado isso como a
motivação por trás dessa merda. Achei que o teste de Donnie fosse sobre
minhas habilidades mecânicas... mas era realmente sobre minhas habilidades
para a vida? Que pensamento! Arrastando-me até a porta para enfiar os pés
nos sapatos, ponderei por um momento, mas era muito típico de Donnie fazer
algo assim.
— Você já recebeu uma ligação daquele policial? — Mudando de assunto
não muito sutilmente, joguei a pergunta por cima do ombro e Esmirelda caiu
pesadamente na cama para amarrar os sapatos. — Você não deveria ir até a
delegacia para fazer um relatório ou algo assim?
— Oh- eu esqueci de te dizer? Recebi uma ligação esta manhã antes de
você acordar. Marissa desapareceu do hospital durante a noite. — Quase
engasguei com minha própria saliva e Esmirelda deu de ombros sem erguer os
olhos ou parar o que estava fazendo. — O trailer dela está vazio - ela se foi. O
detetive me perguntou se eu a tinha visto, mas, obviamente,
não. Independentemente disso, não há necessidade de ir para o centro se ela
estiver no vento.
— Você não achou que mencionou isso no caminho para a minha casa ou
aula ou algo assim? Isso é uma grande notícia. — Levantando a cabeça,
Esmirelda me lançou o olhar mais suave de todos os tempos, e meu lábio se
contraiu quando coloquei minhas mãos nos bolsos do jeans. — Só estou dizendo
que não é algo que você 'esqueça' de me dizer.
— Talvez eu tivesse me lembrado se você não tivesse entrado no chuveiro
comigo. — Soltando uma risada, eu balancei minha cabeça, e Esmirelda
apareceu para afofar seu cabelo antes de prendê-lo em um coque alto. — Estou
só a dizer'...
— Foi você que tornou isso sexual. Eu estava apenas tentando limpar
minha bunda, e a próxima coisa que eu sei, você está enterrando meu pau na
garganta. — Ela me deu aqueles olhos, e eu respirei fundo enquanto seus olhos
azuis brilhavam sob as pálpebras baixas. Deslizando seus braços em volta do
meu pescoço, sua respiração enrolou os pelos do peito sob a minha camiseta, e
eu franzi os lábios levemente. — Eu nunca conheci uma garota que gosta de
chupar pau tanto quanto você.
— Eu apenas gosto do seu. Eu não sei porque- eu só gosto. Nunca gostei
das poucas vezes que fiz antes. — Se Esmirelda sabia o quão sexy essas
palavras saíam de sua boca, ela não reconheceu, e eu gemi sugestivamente
enquanto minhas palmas deslizavam por seus lados.
— Não se preocupe, eu não vou deixar essa linda garganta quando eu tiver
tempo para foder direito. Mas, por enquanto, acho que tenho que alimentar
você com a outra carne branca. — Rindo flertando comigo, Esmirelda se
afastou e eu bati em sua bunda quando ela estendeu a mão para pegar seu
telefone. — Puta sexy. Deus.
QUARENTA E UM

— Sim, eu só preciso de algo que caiba bem com o terno. — Inclinando-


me sobre a minha caixa registradora, eu fiz uma careta enquanto Jennifer
coçava sua coroa pensativamente. — Prefiro fazer sozinha, mas simplesmente
não tenho tempo. Estou fazendo um bom tempo, então talvez eu possa fazer
algumas modificações...
— É cinza escuro, certo? Você sabe o que fica bem com cinza
escuro? Cércea. Podemos voltar e ver se há algo no depósito - há muito mais lá
do que no chão. — Assentindo com o eco, olhei para o relógio na parede
enquanto os minutos passavam para fechar. — Eu acho que é incrível - eu
acho você incrível ser capaz de fazer isso. E quanto a Lisa e Caitlyn? Você
perguntou a elas?
— Eu não as vi, para ser honesta. Tenho estado muito ocupada com
alfaiataria e trabalho, e faço aulas de manhã, mas elas têm aulas à noite.
— Hoje foi notavelmente lento; Macy até mandou para casa dois dos
funcionários em tempo parcial porque havia talvez 20 clientes no meu turno de
6 horas. — Estou sinceramente surpresa com a facilidade de voltar a
costurar. Quer dizer, eu realmente não quero tirar proveito dos problemas de
Michael com este casamento, mas ele me pediu para fazer isso.
— Claro- por que você não gostaria que vocês dois parecessem bem? Algum
de vocês sabe alguma coisa sobre esse cara com quem ela está se casando?
— Eu não tinha dado muitos detalhes sobre o casamento, incluindo o fato de
que era a mãe de Michael. Sinceramente, eu não conseguia entender por que,
depois de tanto tempo, ela o convidou. Talvez ela fosse culpada? Talvez ela
quisesse usar este evento como um trampolim para reacender seu
relacionamento? Encolhendo os ombros tanto com minhas próprias perguntas
quanto com as de Jennifer, suspirei enquanto minha mente zumbia.
— Eu realmente não sei o relacionamento deles com Michael, apenas que
algo aconteceu. Ele não gosta de falar sobre isso. Vou te dizer uma coisa... Estou
muito feliz que meu irmão está me levando a sério. Não acho que conseguiria
lidar com ele além de todo o resto. — Mudando sutilmente a conversa, franzi
a testa sob as sobrancelhas franzidas; a última vez que vi Daniel, ameacei, de
novo, chamar a polícia sobre ele. — Foi definitivamente um bom momento para
lidar com ele e com meus pais.
— Sabe, Esmirelda - você mudou muito desde que conheceu Michael.
— Arqueando uma sobrancelha interrogativamente, não me preocupei em
esconder meu sorriso, e Jennifer se apoiou nos calcanhares para arquear as
costas. — Você costumava ser bem quieta e retraída - o que não há nada de
ruim nisso, mas... agora, você realmente amadureceu e parece mais... não sei -
mais estável. Mais confortável.
— Estou feliz que tudo isso aconteceu no meu primeiro semestre aqui -
tire tudo isso do caminho rápido. Só entre você e eu... Foi um longo tempo
vindo. Como eu disse, Marissa está me intimidando desde a 9ª série. Eu acho
que estar com Michael engrossou muito minha pele. Ele diz um monte de coisas
da maneira certa que sai áspero, mas não maldoso. — Quando olhei para o
relógio, o ponteiro soou para marcar a hora e Macy imediatamente saiu de trás
do balcão de serviço para se dirigir às portas. Desligando minha luz
registradora, eu me arrastei até Jennifer para abaixar minha voz. — Ele disse
outro dia que eu estou muito quieta... isso é ruim?
Estufando os lábios em pensamento, Jennifer cantarolou baixinho, e
saímos da pista de registro para caminhar até a área de vendas. Os
funcionários noturnos já estavam arrumando as coisas do dia, mas eles nos
ignoraram e nós os ignoramos.
— Quero dizer, isso é apenas preferência pessoal, certo? Pessoalmente,
gosto de muita conversa suja, por exemplo. — Enfiando minhas mãos nos
bolsos de trás, empurrei para baixo e rolei meus ombros até que
um pop satisfatório reverberou por mim. — Então, vocês dois realmente não
estão namorando? Ele nunca te convidou para sair?
— Não. Quer dizer, Michael deixou bem claro no começo que ele estava
principalmente atrás do sexo, e eu estou bem com isso. É meio chato, porque
estou realmente me acostumando com isso... — Me afastando, eu balancei
minha cabeça para o lado; Eu não queria dizer que estava me apaixonando por
Michael, mas em algum lugar no fundo da minha mente, posso ter estado. —
Eu não sei o que está acontecendo, realmente.
— Você deveria perguntar a ele. — Eu deveria, mas provavelmente não
vou. E se Michael risse e me dissesse para parar de brincar? E se ele apenas
me fantasmas-se? A miríade de maneiras que essa conversa poderia ser era
assustadora, e eu mordi meu lábio inferior enquanto balançávamos para os
vestidos. Eu queria impressionar Michael com seu terno para o
casamento; tanto, eu admiti. Já que ia com ele, precisava de um vestido que
combinasse.
O que, as alterações não eram tão difíceis se eu pudesse encontrar o
vestido certo.
— Aqui está uma pergunta. — Falando, Jennifer desviou-se de uma
prateleira de bustiês para folhear os hangares. — Por que você simplesmente
não costura pedaços de coisas em vez de começar do início? Esta é uma maldita
loja de roupas - tenho certeza de que você poderia comprar coisas como esta e
uma saia e fazer algo incrível.
— Eu não pensei nisso. — Este bustiê era preto reto, com renda nas
laterais, e estendi a mão para tocar nos pequenos botões ovais de latão. —
Temos algo assim em cinza, certo? Ou, tipo, um espartilho de lingerie?
— Vamos nos separar. Vou dar uma olhada nisso e você vai para a
lingerie. Vamos nos encontrar nos vestidos. — Assentindo com firmeza
enquanto a excitação aquecia meu peito, voltei por onde viemos, mas continuei
indo direto para o corredor. Por que não pensei em fazer isso - comprar peças
aqui e corrigir trabalhando-as juntas? As coisas poderiam dar tão errado, mas
também poderiam dar tão certo se eu fizesse o trabalho corretamente.
— Vou pegar o ônibus para casa hoje à noite, de qualquer maneira, e eles
funcionam até meia-noite. — Meu resmungo soou alto na loja silenciosa, e
minha mente voltou-se para a conversa de Michael e minha em seu carro. Ele
teve que voltar para sua casa de fraternidade para uma reunião, e havia
algumas promessas que precisavam de 'trote'... embora, eu tivesse a sensação
de que eles teriam que limpar depois da festa ou algo assim. Embora a
fraternidade de Michael fizesse parte de uma seita nacional, eu nem tinha
certeza do nome dela; fraternidades não eram uma coisa grande nesta
universidade como eram em outras.
Ele mencionou que eles têm muitas festas, é claro.
Michael também explicou que ele só entrou porque era um alojamento
gratuito e ele queria economizar dinheiro. Ele realmente não gostava de seus
irmãos de fraternidade, e eles realmente não se importavam com ele. Talvez
seja por isso que ele fica na minha casa.
A seção de lingerie não tinha sido limpa, ainda, e apesar dos poucos
clientes que tivemos hoje, ainda havia calcinhas no chão e sutiãs pendurados
em ganchos sem hangares. Balançando minha cabeça ligeiramente, eu abri
meu caminho procurando por qualquer vislumbre da cor que eu queria.
Macy tinha a parede dessa seção praticamente dedicada a espartilhos e
sutiãs push-up de cintura, que eram minha melhor aposta considerando meus
seios. Olhando para as telas, cruzei os braços sob o peito para balançar nos
calcanhares.
— Sempre posso ir com roxo e usar cinza como acentos. — Isso é muito
intenso. Fazer o terno de Michael é muito mais fácil do que um vestido. Mas,
quanto mais eu pensava nisso, mais eu gostava da ideia de ir para um roxo
escuro e um cinza claro. — Eu tenho tecido extra para o terno, então não precisa
se preocupar em tirar os óculos escuros.
Havia vários roxos para escolher, e meus olhos estreitos piscaram entre
eles antes de decidir ir com uma cor lavanda mais suave. Puxando meu cabelo
por cima do ombro, descobri facilmente que não deveria usar algo ousado e
escuro, e caminhei até a parede de restrições.
QUARENTA E DOIS

Um toque suave em meu ombro me tirou do sono e me sentei muito


rapidamente com um suspiro que queimou minha garganta já seca. Piscando
com força, olhei ao redor com os olhos turvos até que os braços cruzados de
Michael apareceram, e ele se inclinou perto do meu rosto para franzir a testa.
— Eu sabia que precisava verificar você. É segunda-feira, Esmirelda -
hora de ir para a aula. Você não atendeu nenhuma das minhas ligações ou
mensagens de texto durante todo o fim de semana. — Esfregando meus olhos,
enrijeci quando as palavras de Michael finalmente foram processadas em meu
cérebro grogue, e ele franziu a testa profundamente. — Eu não posso te deixar
sozinha por um segundo, posso?
— É sério que já é segunda-feira? — Minha voz estava arranhando, e eu
me levantei para pegar meu telefone da cama apenas para descobrir que não
estava— Oh, meu Deus - é sério segunda-feira?
— Sim... você costurou durante todo o fim de semana? Você dormiu? Você
comeu? — Esfregando minhas mãos no meu rosto com um gemido, eu tropecei
em direção à minha cômoda e peguei meu shampoo seco enquanto Michael me
fazia perguntas. Arrancando minha gravata de cabelo, tirei meus sapatos e
olhei para baixo para me encontrar ainda com minhas roupas de trabalho de
sexta-feira. — Esmirelda...
— Tive uma ideia e precisava executá-la, ok? Desculpe- eu- vou superar
esse pânico durante a aula e... — Pulverizando meu cabelo, eu fiquei tensa
quando Michael bateu palmas em meus ombros, e chamas lamberam meu rosto
enquanto constrangimento e pânico dançavam para abastecer meu coração
batendo furiosamente. — Merda..., mas pelo lado bom, estou quase terminando
seu terno.
— Relaxa. — Palmas calosas deslizaram pelos meus braços, e Michael
passou o braço em volta da minha cintura enquanto sua mão livre subia pela
minha frente sob a minha camisa. Beijando minha bochecha, ele esfregou o
inchaço do meu seio, mas, pela primeira vez, seu toque não era sexual, mesmo
quando ele abriu meu sutiã. — Respire, certo? Ainda temos 45 minutos até o
momento de partir. Desacelere.
Minhas pálpebras se fecharam e eu respirei fundo e me acalmei pelas
narinas dilatadas. Contra minhas costas, a batida forte e constante do coração
de Michael persuadiu o meu a desacelerar, suas mãos quentes aliviando a
barragem que agitava contra minhas costelas. Colocando a outra mão sob a
minha camisa, ele apalpou meus seios e beijou meu pescoço, mas isso só
aumentou minha crescente sensação de estabilidade.
— Que ideia você teve? — Murmurando contra minha pele, Michael
apertou os globos pesados em suas palmas e eu descansei minha cabeça em seu
ombro.
— Na verdade, era de Jennifer - comprar coisas da loja e remendar em vez
de fazer do zero. Eu precisava terminar seu terno primeiro, então... acho que
perdi a noção do tempo.
— Espero que você tenha um backup, caso pareça lixo. — Deslizando as
mãos para fora da minha camisa, Michael puxou e meu sutiã por cima da minha
cabeça, e eu balancei a cabeça com firmeza. Eu tinha um backup, mas me sentia
muito bem, muito confiante sobre o que iria fazer. — Eu vim aqui, mas suas
colegas de quarto disseram que você não estava aqui - elas não viram você desde
que você voltou para casa na sexta-feira.
— Eu estive aqui. — O que mais eu deveria dizer? Mas, Michael não se
importou com isso enquanto desabotoava minha calça jeans e puxava-a pelas
minhas pernas. — Um- o que você está fazendo?
— Obviamente, você não pode ser confiável para cuidar de si mesma.
— Minhas sobrancelhas levantaram com isso, o constrangimento ameaçando
derreter minhas bochechas, e Michael resmungou ilegivelmente enquanto se
ajoelhava para puxar meu jeans completamente. — Jesus, Esmirelda- Eu sei
que você é apaixonada por essa merda, mas você não pode simplesmente não
comer ou dormir por dias.
— Você estava preocupado comigo? — A surpresa coloriu minha voz, mas
eu não sabia por quê; Quero dizer, passaram semanas, e Michael deve
se preocupar comigo em algum aspecto obscuro, certo? Torcendo para pegar sua
cabeça estalando para trás, eu mordi meu lábio inferior com o olhar intenso e
feroz que ele me lançou.
— Que porra de pergunta é essa? Claro que eu estava - não seja uma
idiota. — Ele praticamente rosnou para mim, e arrepios percorreram meus
braços e meu peito enquanto eu puxava para trás instintivamente. Seus olhos
escureceram mesmo quando aquele cinza tempestuoso se tornou fino, e eu
prendi a respiração quando ele se levantou para esfregar o rosto
violentamente. — Por que você acha que eu não me preocuparia com você,
hein?
Minha boca secou e minhas mãos voaram para agarrar a borda da cômoda
quando Michael avançou para mim. Me prendendo contra as gavetas, ele
capturou meus olhos, e eles queimaram com o desejo de rolar para baixo. Por
um longo momento, ele simplesmente olhou e eu fiquei tensa quando ele
alcançou meu queixo.
— Você estava bem aqui, Esmirelda- mas eu não sabia disso. Eu não sabia
onde você estava e seu telefone estava indo direto para o correio de voz.
— Exalando um hálito quente que se chocou com o gelo alojado em meu peito,
Michael franziu a testa bruscamente. — Da próxima vez, avise-me primeiro.
— O- ok... — hesitando um pouco, eu finalmente tirei meus olhos dos dele,
e Michael apertou meu queixo para forçá-los a voltar. Sua expressão se torceu
em azedume, e suas pupilas se contraíram em pontos finos enquanto eu lambia
meus lábios pesadamente. — Eu- me desculpe, ok? Avisarei você da próxima
vez- Eu só... pensei em ligar para você na carona para casa, mas por que você
iria querer me ouvir divagando sobr-
Cortando-me com o polegar entre os dentes, a expressão irritada de
Michael se tornou mais intensa - se isso fosse possível. Minha mente parou e
ele se inclinou tão perto do meu rosto que suas feições se distorceram.
— Não seja uma pequena vadia. Ligue para mim da próxima vez.
— Afastando-se de mim, ele me lançou um olhar fulminante enquanto corria
as duas mãos sobre o couro cabeludo tingido de rosa. — Vista-se. Eu estarei lá
fora.
Piscando forte quando Michael saiu pisando duro, eu soltei uma
respiração instável enquanto caia contra a cômoda. Desenganchando minhas
unhas da borda uma por uma, meus dedos rígidos, me virei para me olhar no
espelho pendurado no armário. Eu claramente parecia que não lavava meu
cabelo ou rosto há dias, e só conseguia encontrar vagas lembranças de ir ao
banheiro. Meu telefone estava completamente morto e frio, e eu levantei
minhas mãos para encontrá-las presas em uma posição aberta e ligeiramente
curvada que eu uso para costurar.
— Ugh... — Cavando na minha gaveta de cuecas, eu deliberadamente
ignorei olhar para a minha estação de costura para evitar ser sugada de volta
de alguma forma. Eu me lembrava vagamente de ficar tão animada com a saia
que Jennifer encontrou no fundo do armazém de algo que não carregávamos
desde antes de eu começar a trabalhar lá. Vasculhamos aquela parte do
depósito por pelo menos duas horas depois de não encontrarmos nada no chão,
e Macy disse que eu poderia pegar o material que encontramos de graça.
Jennifer me levou para casa porque os ônibus haviam parado de funcionar
naquele ponto, então só cheguei em casa depois da meia-noite. Claramente, o
tambor constante da minha máquina de costura passou completamente
despercebido por Lisa e Caitlyn - o que era compreensível porque não era muito
alto.
Passei desodorante sob meus braços, coloquei uma calça de moletom e nem
me incomodei em colocar um sutiã. Enfiando meus braços em uma camiseta
lisa, eu agarrei meu telefone carregado da parede e o coloquei no meu
carregador de celular apenas para soltar meus dedos.
— Ei, você está de volta! Onde você esteve todo o fim de semana,
Esmirelda? — Pegando minha bolsa no ombro, peguei meu telefone e corri
passando por Lisa enquanto ela se dirigia para o banheiro.
— Eu vou chegar atrasada- eu te conto mais tarde. — Descendo as
escadas, eu mal parei na porta para enfiar meus pés descalços em um par de
tênis surrados que... bem, eu não tinha certeza de por que os
mantinha. Michael parou no meio-fio e eu deslizei no banco do passageiro
enquanto ele mexia em seu telefone. — Michael, sinto muito- eu-
— Você já se desculpou. Então, café da manhã,— Olhando para mim,
Michael franziu os lábios enquanto examinava minhas roupas. — Você parece
um vagabundo- eu te disse, ainda temos 40 minutos. Você nem está usando
uma jaqueta.
— Não é realmente tão frio. Eu estava com pressa - eu sei que tenho essa
aparência. — Revirando os olhos, Michael trancou o telefone e jogou-o no porta-
copos antes de se sentar no banco de trás. — Michael, sério- eu perdi a noção
do tempo. Mas- podemos passar um tempo juntos hoje, certo? Depois do
trabalho?
— Essa não é a questão. — Empurrando um suéter para mim, Michael
afundou em seu assento um pouco antes de agarrar o volante e se endireitar
com um suspiro pesado. — Você não me contou porque pensou... o quê? Que eu
diria que não queria ouvir? Esmirelda, posso não saber merda nenhuma sobre
costura e outras coisas, mas isso não significa que vou te calar por causa
disso. Vai entrar por um ouvido e sair pelo outro.
— É por isso que você está bravo? — Espanto atou minha voz tão
densamente que falhou, e eu corei furiosamente com o olhar afiado e os lábios
curvados que Michael me enviou sobre o console central. — D- desculpe-
— Pare de se desculpar porra- Jesus Cristo. — Colocando a marcha,
Michael passou a mão pela barba enquanto seu estalo ricocheteava nas janelas
de volta para nós. Meus lábios se contraíram, meu coração cresceu cheio, e eu
puxei seu suéter pela minha cabeça antes de afivelar apressadamente. — Basta
esquecer - acabou.
Conectando meu telefone ao carregador de celular, coloquei os dois
dispositivos no bolso da frente da minha bolsa antes de esfregar o braço de
Michael. Calor deslizou por meus dedos quando ele agarrou minha mão para
segurar em seu colo, e eu sorri quando ele resmungou ilegivelmente para si
mesmo enquanto puxava para fora do meio-fio.
QUARENTA E TRÊS

— Eu encontrei você, sua vadia de merda... — Alcançando um dos cilindros


do pistão, raspei uma enorme bolha endurecida de gatinho gorduroso e segurei
a coisa pela nuca. Parecia péssimo, provavelmente precisava de um veterinário,
e me virei para a velhinha que estava por perto segurando o gato. De maneira
nenhuma eu era um especialista, mas este gatinho provavelmente tinha idade
suficiente para ser adotado, e o rosto enrugado e nodoso da senhora abriu um
sorriso enorme e aliviado.
— Você provavelmente deveria levá-lo a um veterinário. Não há como
dizer o que ele pode ter inalado ou acabou engolindo. — Envolvendo o gato em
um trapo, coloquei-o em uma caixa vazia que coloquei de lado e ela assentiu
novamente - sem palavras de emoção. — Você gostaria que eu consertasse o
carro?
Claro, — juntos — era um termo relativo - a coisa era estúpida e velha,
desde o final dos anos 90, pelo menos, e sem todos os tipos de peças de
motor. Supostamente, foi assim que o gato acabou ficando preso no cilindro -
ele caiu no bloco do motor. Olhando por cima do ombro, não pude deixar de
admirar o corpo, no entanto.
Mazda RX-7s eram carros bonitos, pequenos e femininos, e eu me virei
para a velha quando ela pegou a caixa de mim.
— Não, não, eu odeio aquele carro. Meu marido morreu tentando
trabalhar nisso para nossa filha, mas nunca terminou. Está parado na minha
garagem há 20 anos. — Ela fungou, abraçando a caixa com todas as suas
forças, e eu pulei do bloco em que estava para limpar minhas mãos no meu
jeans. — Esse lugar compra carros? Ou até uma doação? Não consigo nem olhar
para isso - meus gatos, eles sempre brincam com isso. Eu não posso nem dirigir
mais-
— Uh... eu teria que perguntar ao meu chefe, mas se ele aceitar, podemos
trocar. Você consegue o gato e um pouco de paz de espírito, e eu fico com o carro?
— Ela acenou com a cabeça, sem hesitação, e eu gesticulei para fora da baía e
para o estacionamento externo. — Sam pode procurar um veterinário por perto
para você lá dentro.
Abrindo a porta para ela, gesticulei para a mesa e Sam se sentou enquanto
eu corria para o escritório de Donnie. Fechando a porta atrás de mim, soltei um
suspiro enorme e olhos atentos me observaram criticamente enquanto eu
estremecia de nojo.
— Eu odeio gatos. Ugh- — Balançando minha cabeça furiosamente, fui até
a pia para lavar minhas mãos e braços de graxa e gato, e Donnie riu atrás de
sua mesa. — Uh- a senhora quer saber se vamos ficar com o carro. Segundo ela,
ela odeia aquele carro. Ela já pagou pelo reboque também, e está em muito bom
estado, exceto por alguns trechos importantes que precisa ser executado.
— Por que você está me perguntando? Faça o que quiser, Michael. — A
rejeição petulante puxou um grunhido do meu peito; ultimamente, essa era a
resposta de Donnie a todas as minhas perguntas. — Mais importante, você
ainda está planejando tirar o dia 22, assim como o dia 23 ao 25?
— Eu meio que não tenho escolha. Esse casamento é no dia 23, e ela me
quer lá no dia anterior para sair com esse cara. Esmirelda está dando dicas
sobre o Natal - perguntando se eu comemoro com você e outras coisas. Eu ainda
não comprei nada para ela. — Raspando a merda dos meus antebraços, eu fiz
uma careta sob as sobrancelhas franzidas enquanto minha mente
trabalhava. — Ela está trabalhando pra caralho por mim neste casamento. Eu
sei que ela gosta, mas...
— Por que você não passa o Natal onde quer que seja esse
casamento? Você está dirigindo para lá, certo? — Eu grunhi em
reconhecimento, mas meu rosto apenas se contorceu em uma careta. De jeito
nenhum eu iria passar o Natal no trânsito de Boston; na verdade nevou lá! —
Você não precisa dar um presente para ela, Michael. Passe algum tempo com
ela. Você estará em um estado totalmente diferente, em um quarto já pago por
outra pessoa, e você pode ser romântico com ela.
— Não é tão simples quanto você está fazendo, Donnie. — Este maldito
casamento estava me estressando, e agarrei a borda da pia para abaixar a
cabeça bruscamente. — O casamento é em 2 dias - quero passar por isso antes
de contemplar meu próprio relacionamento.
— A Esmirelda sabe que ela ainda está em um relacionamento?
— Zombando duramente, coloquei minhas mãos sob a água incrivelmente fria
como uma carranca permanente entre minhas bochechas.
— O que mais ela chamaria? — A sujeira em minhas mãos e braços estava
finalmente começando a esfregar, e eu espalhei sabão anti-gordura em minhas
palmas enquanto Donnie grunhia. — Quer dizer, nós trepamos, comemos fora
às vezes e passamos o tempo livre. Isso é basicamente um relacionamento em
poucas palavras.
— Ok, deixe-me esclarecer. Você a convidou especificamente para um
encontro ou apenas disse a ela para se vestir porque está com fome e quer um
hambúrguer? — Os cabelos da minha nuca se arrepiaram e minha barba se
arrepiou quando olhei para Donnie. Balançando a cabeça conscientemente, ele
tamborilou com os polegares em sua mesa desajeitada de metal. — Você é
estúpido, garoto. Se você não sabe o que dar a ela no Natal, convide-a para um
encontro. Isso a deixará mais feliz do que um cartão-presente ou algo assim...
— Foda-se, Donnie- eu não ia dar um vale -presente para ela. — Embora
eu tenha considerado seriamente. Seu sorriso de comedor de merda fez meus
olhos rolarem e eu balancei minha cabeça com força. Conseguindo tirar a maior
parte da porcaria, fechei a torneira e balancei as mãos antes de bufar com
força. — Eu vou pensar em algo.
— Sim, tanto faz, Michael. — Saí do escritório com um péssimo humor,
mas um pensamento surgiu na minha cabeça quando vi aquela senhora
sentada em uma cadeira com seu gato no colo. Ela sorriu gentilmente,
agradecida, e eu balancei a cabeça no meu caminho para a garagem. O pequeno
Mazda só precisava de uma pintura e algumas peças genéricas do motor, e
cruzei os braços sobre o peito para me balançar nos
calcanhares. Provavelmente, tínhamos essas peças em algum lugar no porão -
os Mazdas eram muito bons em troca e eu poderia simplesmente modificar o
que fosse necessário.
Puxando meu telefone do bolso, enviei a Esmirelda uma mensagem sobre
o estado de sua carteira de motorista; Tive sorte, sabendo o que sabia sobre
carros. Eu não tinha pessoas tentando me vender, apostando em informações
meio engatilhadas e frases que eu não entenderia.
Esmirelda: Sim, tenho licença. Meus pais iam me dar um carro no meu
aniversário de 18 anos, mas não
Olhando para o Mazda, esfreguei meu queixo e pescoço enquanto meu
pensamento lentamente começou a se transformar em uma ideia. Esmirelda
estava trabalhando pra caramba - eu acabei de dizer isso... - em algo que ela
estava fazendo de baixo para cima. Como este carro era tão antigo, não tinha
muitas peças eletrônicas com as quais eu não pudesse lidar; Na pior das
hipóteses, a alavanca do pisca-pisca gira em frente.
— Além disso, é um carro muito bonito. — Este modelo tinha uma capota
flexível e me virei para voltar para o saguão. A senhora estava de pé, agora,
enquanto Sam estava ao telefone com uma clínica veterinária, e ela sorriu
brilhantemente para mim novamente quando me aproximei. — Então, você
tem o título ou algo para esse carro?
— Está no porta-luvas. Fiquei preocupada por um segundo que você
ficasse com meu gato. — Seu sorriso enrugado tornou-se astuto, seus olhos sem
brilho, mas brilhando de felicidade, e eu apenas balancei a cabeça. — Eu odeio
aquele carro. Tenho vontade de me livrar dele desde antes da morte de meu
marido. Meus filhos estão na casa dos 40 anos, agora, você sabe. Minha filha
não teria apreciado aquele carro se ele o terminasse.
- Terei prazer em tirá-lo de suas mãos para você. Seu marido tinha todo o
resto das peças para isso? Vou limpar isso também.
— Minha garagem está cheia de coisas! Você pode pegar qualquer coisa
que possa carregar sozinho. Sempre tenho medo de que meus gatos derrubem
alguma coisa e se machuquem... — Ela parecia rosa cócegas com minha oferta,
e estendi minha mão para ela apertar e fechar o negócio. — Graças a Deus por
você, jovem - nunca consigo fazer ninguém entrar lá, nem mesmo para jogar
tudo fora. É 'sentimental'... bem, vou lhe dizer o que é- desordem. É muita
desordem. Meu marido morreu há 20 anos.
Isso arrancou uma risada de mim, e Sam bateu no meu braço com uma
caneta enquanto balançava a cabeça e desligava o telefone.
— Você se importa em levá-la ao veterinário? O caminhão de reboque a
trouxe aqui com o carro, mas ela não tem ninguém para buscá-la.
— Assentindo com firmeza, eu estendi meu braço, e ela deu um pequeno 'oh'
quando o pegou. — É o lugar na Avenida Leonard - algumas luzes na rua. Você
sabe onde ele está?
— Eu sei onde a placa fica na rua, sim. — Isso foi ótimo - foi uma ótima
solução para um problema que eu não tinha como resolver. Esmirelda poderia
trabalhar sua pequena bunda de bolha, mas eu também poderia.
QUARENTA E QUATRO

— O que você acha? — Jennifer, Macy e Sarah estavam caladas e minha


ansiedade aumentava conforme os segundos passavam. Eu trouxe meu vestido
para o trabalho apenas para obter uma segunda opinião de pessoas que
conheciam roupas; Lisa e Caitlyn não eram fontes exatamente confiáveis de
crítica. Olhando para o vestido de coquetel que ia até o chão, eu torci meus
dedos enquanto adivinhava cada decisão que tinha feito.
A fenda estava muito alta? O corte foi muito rudimentar? O rendado não
foi suficiente para cobrir minha terrível tentativa de costurar o espartilho e a
saia? Eu até bordei algumas formas fofas de pequenas pétalas no espartilho
para que se enrolassem na saia, fundindo-se com o topo da fenda e se esticando
até meu joelho.
Seria demais para um casamento entre duas pessoas que eu não conhecia
e de quem o convidado nem gostava?
— Posso colocar isso em exibição? — A pergunta repentina de Macy
roubou meu fôlego e fiquei tensa quando seus olhos encontraram os meus. —
Eu não sabia que você podia costurar tão bem - por que você não me
contou? Podemos fazer uma parceria - posso ramificar para a alfândega. Seria
um grande sucesso, especialmente com todas as festas que acontecem no
campus.
— O quê?? — Minha voz estalou asperamente e Macy sorriu
deslumbrantemente antes que minha visão perdesse o foco devido ao choque. —
V- você... você gostou tanto assim?
— É lindo, Esmirelda. — Tropeçando um pouco para me inclinar na borda
de uma caixa registradora, meu olhar se voltou para Sarah quando ela tocou
as pequenas pétalas de flores roxas bordadas na saia cinza. — Você fez isso
tudo em uma semana? Isso é incrível. Estou realmente impressionada.
— Realmente? — Cambaleando em descrença, sorri amplamente e
Jennifer me abraçou para tirar o ar de meus pulmões. — Quero dizer- eu- eu-
eu corri muito- mas-
— Imagine o que você poderia fazer se tivesse tempo e planejamento
adequados. Isso é incrível. Não consigo nem dizer que não deveria ser assim.
— Macy esfregou as mãos enquanto a excitação iluminava seus olhos, e eu ri
enquanto as chamas lambiam meu pescoço. — Estou falando sério -
definitivamente deveríamos ter uma longa e agradável conversa sobre fazer
uma parceria, Esmirelda.
Uma risada ofegante de êxtase escapou de mim, e eu balancei a cabeça
furiosamente enquanto minhas palavras secavam na minha língua. Orgulho
encheu meu peito, apertando meu coração enquanto uma ardência atacou meus
olhos e entorpeceu meus dedos das mãos e dos pés.
— Quando você voltar das férias, conversaremos.
— Você só quer soltá-la antes que as pessoas realmente a vejam com este
vestido e descubram que ela mesma o fez. Quem sabe quem vai estar neste
casamento. O cara pode ser rico e famoso ou algo assim. — O calor envolveu
todo o meu corpo quando Sarah chamou Macy, e meu chefe imediato me deu
um sorriso escorregadio. — Eu acho que é totalmente apropriado para um
casamento - não muito chamativo ou ornamental. Os babados na fenda
são realmente bem feitos. Isso é totalmente algo que eu poderia ver na TV.
— Realmente! — Jennifer esmagou meu rosto entre as palmas das mãos
e minhas bochechas doeram com o meu sorriso quando uma risadinha eufórica
invadiu meus lábios. — Você é um gênio, Jennifer- eu nunca teria pensado
nisso sem você.
Eu sabia que ela queria algum crédito e Jennifer merecia algum crédito,
caramba.
Mas eu recebo cerca de 95% do crédito.
— Terei prazer em ajudá-la a qualquer momento, Esmirelda. Michael está
a caminho para buscá-la - ele já viu isso? — Eu balancei minha cabeça, e
Jennifer balançou para trás em seus calcanhares enquanto apertava meus
ombros. — A mandíbula dele baterá no chão. Eu garanto.
— Sim... eu não queria que ele visse até que eu colocasse. Seu terno ficou
muito, muito bom nele também. Vai ser ótimo. — Rolando meus lábios entre
os dentes, minhas bochechas queimaram com o olhar sugestivo que Jennifer
me lançou, e eu puxei meu telefone do bolso de trás para verificar a hora. —
Ele deve chegar a qualquer segundo.
Arrastando-me até a parede para fechar o zíper da capa protetora,
desabotoei o hangar e segurei cuidadosamente o vestido contra o peito. Este
vestido significava todas as mudanças que fiz nos últimos meses. Este vestido
era uma manifestação física de quem eu queria ser; levaria algum tempo,
claro... mas eu chegaria lá, e ninguém jamais me faria sentir inadequada
novamente.
— Você fez um trabalho fantástico, Esmirelda. Eu sabia que era uma boa
decisão contratar você. Tudo que você precisava era de um pequeno chute na
bunda - para não perder suas pernas. — Macy sorriu com orgulho e eu sorri
enquanto meu telefone tocava em expectativa. Dizendo meu adeus, dei um
tapinha no bolso da frente em busca de meu cheque antes de me dirigir para as
portas e mantive minha cabeça erguida.
Marissa tinha mandados contra ela, mas ela desapareceu da minha vida
quase tão abruptamente como ela entrou.
Michael estava me levando a Boston para o casamento de sua mãe - ele
estava contando comigo.
Meus pais estavam respeitando o fato de eu querer espaço.
Tudo foi perfeito…
— Acho que elas gostaram do vestido? — Enganchando a bolsa no assento
traseiro do carro de Michael, eu balancei a cabeça enquanto empurrava o
assento para trás. Eu nem me lembrava de abrir a porta; Eu estava na lua e
ele sorriu quando me joguei pesadamente no lado do passageiro e me fechei. —
O que elas disseram?
— Macy quer exibi-lo e fazer uma parceria comigo para pedidos
personalizados. — Minha voz tremeu e meu sorriso estourou novamente
enquanto eu cedi apressadamente. — Ela disse que podemos conversar sobre
isso quando eu voltar. E- estou realmente... estou- nem sei.
Alcançando para pegar minha mão e apertar, Michael puxou o meio-fio
com a outra, e meus dedos tremeram enquanto se enredavam em sua
palma. Fechando meus olhos, concentrei-me em respirar fundo e acalmar meu
coração furioso, e o sangue tamborilou em meus ouvidos no silêncio que se
seguiu. Todos esses últimos dias valeram a pena, agora.
Michael e eu mal tínhamos nos visto, mas fiz questão de mandar uma
mensagem para ele; não tivemos aulas hoje, mas ele ainda tinha que
trabalhar. Fiquei acordada a noite toda para terminar meu vestido, mas só
porque sabia que a viagem para Boston seria de pelo menos 5 horas.
— O tráfego de férias pode ser câncer... — Resmungando mais para si
mesmo do que para mim, Michael fungou forte enquanto eu abria os olhos e ele
dirigia até o estacionamento com os joelhos para esfregar o queixo
pensativamente. — Ainda bem que não são nem 10h. Posso pegar o caminho
mais longo para evitar a rodovia quando puder.
— Você já esteve em Boston antes? — Michael balançou a cabeça antes
de desenredar sua mão da minha para sair para a rua, e eu lambi meus lábios
pesadamente. — Eu olhei as notícias lá - nevou alguns dias atrás.
— Eu sei. Tenho certeza que vai ser um pé no saco, mas... Poderia ser
pior. Podemos ter que voar para algum lugar. Eu odeio aviões. Aviões e
gatos. Eu te disse? Eu pesquei a porra de um gatinho de um cilindro de pistão
vazio outro dia. — Minhas sobrancelhas subiram com isso, e Michael bufou
enquanto flexionava as mãos no volante com nojo. — Eu não gosto de animais
de estimação em geral, mas gatos- eu não suporto eles.
— Sou alérgica a gatos. — Resmungando algo como 'sorte sua', Michael
acendeu seu pisca-pisca para passar por uma curva vermelha, e inclinei minha
cabeça para olhar para fora da janela. — Tínhamos um cachorro quando eu era
criança, mas depois que ele morreu, não ganhamos outro. Daniel queria, mas
ele iria se juntar à Marinha, e ninguém queria cuidar disso enquanto ele
estivesse fora.
— Eu legitimamente deixaria o cabelo crescer antes de ter um gato.
— Rindo sobre o quão sério ele falava sobre seu ódio por gatos, eu olhei para a
placa da rodovia quando ela passou - ou nós passamos por ela. Mergulhando na
rampa, Michael não dirigiu muito rápido e meu coração acelerou quando ele
agarrou minha mão novamente. — Você se certificou de colocar todas as suas
merdas no porta-malas como eu disse para você fazer?
— Sim eu fiz. Eu não esqueci de nada. — Pela primeira vez, um
pensamento me atingiu e eu tirei meus olhos do horizonte para olhar para
Michael. — Sua mãe sabe que você está me trazendo?
— Por que eu contaria a ela? Eu apenas disse a ela que teria um mais pela
comida extra. — Meu lábio se contraiu e Michael teve a audácia de enrubescer
as orelhas enquanto rolava os ombros em desconforto. — Você queria que ela
soubesse sobre você?
. — .. Para ser honesta, não estou surpresa com tudo o que você disse a
ela, Michael. — Alcançando para cutucar meu queixo com um grunhido baixo,
ele lambeu os dentes ruidosamente e estalou os lábios, e eu sorri um pouco. —
Se você dissesse a ela, ela poderia tentar estar totalmente envolvida em seus
negócios quando ela realmente não tem o direito de estar, então... não, acho que
não. Eu só estava pensando. Eu também esperava que você apenas me
trouxesse de qualquer maneira e intencionalmente mudasse seu plano de
assentos.
— Uau- Esmirelda- Não posso acreditar que você pensaria que eu me
rebaixaria tanto. — Resmungando, Michael agarrou seu peito com a mão livre
para amassar sua camiseta, e uma risada fez cócegas em meus pulmões. — Eu
considerei isso, no entanto. Não havia nenhuma chance no Inferno que eu ia
contar a ela, porque então eu teria que elaborar, e ela daria a ela dois sentidos,
os quais - obviamente, não me importo. Eu realmente não posso decidir odiar
esse cara e viver o resto da minha vida incrivelmente amarga a menos que eu
o encontre, afinal.
— E se você acabar gostando dele? — Instantaneamente, a expressão de
Michael se transformou em uma carranca, e eu poderia dizer que ele não havia
considerado essa possibilidade. — Pode te dar um pouco de paz se ele acabar
sendo um cara legal.
— Sim-h... eu acho que você tem um ponto no caminho 'ela não é mais
problema meu'. Quero dizer, se ela está sóbria por causa desse cara, isso
significa que ela está indo muito bem na vida, certo? Por que ela estragaria isso
entrando em contato comigo? — Esse não era o ponto a que eu queria chegar,
mas... mantive minha boca fechada; Michael estava determinado a ser negativo
sobre isso até que ele provou ser diferente. Por um lado, eu entendi isso - querer
manter o nível de suas expectativas. Sua mãe é uma estranha para ele e, ainda
assim, ele vai ao casamento dela de alguma forma.
Foi realmente um emaranhado de proporções épicas, e eu esperava que
tudo desse certo.
QUARENTA E CINCO

Foi a porra de um vômito. Eu ficaria bêbado ao ponto de não me lembrar


de nada disso. Eu estava-
— Michael? — Vou fugir de novo. Estalando para o lado, meus olhos
chacoalharam em suas órbitas antes de se estreitarem em uma mulher olhando
para mim com cílios lacrimejantes. Ela meio que vibrou em minha direção, e
eu fiquei tenso enquanto braços longos e finos me envolviam. — Eu não tinha
certeza se você realmente viria- Achei que você estava apenas... Senti sua falta.
Parte de mim sabia que esta era a mulher que me deu à luz, mas agarrei
seus ombros para empurrá-la de cima de mim o mais cautelosamente que
pude. Enxugando minhas mãos no meu jeans, eu a examinei de cima a baixo
e... francamente, não fiquei impressionado.
Mais importante, talvez, foi o fato de que eu não reconhecia essa
mulher em tudo.
— Certo. — A resposta de uma palavra fez seu rosto cair, e eu limpei
minha garganta com força. — Qual é o seu nome mesmo?
— Michelle... — Meu lábio se contraiu com a triste queda de seu tom, e a
irritação espirrou em meu peito; o que diabos ela esperava depois de 11
anos? — Eu sei que você provavelmente está sentindo muitas coisas e quer
respostas, mas-
Abri a boca, mas uma mão em meu braço me impediu de interromper
Michelle, e olhei para cima quando Esmirelda me lançou um olhar
severo. Respirando profundamente pelo nariz, me virei para a mulher de meia-
idade parada diante de mim, seus olhos vagando entre nós.
— Honestamente, eu só preciso de uma bebida neste momento. Vamos
subir para o nosso quarto. — Michelle obviamente esperava que eu
apresentasse Esmirelda, mas tudo que eu queria era dar o fora do saguão. Meu
estômago apertou, meu intestino agitando quando peguei minha mala e me
dirigi para o elevador. As sacolas contendo meu terno e o vestido de Esmirelda
farfalharam alto em meus ouvidos, e minha pele arrepiou-se sob o olhar intenso
e triste de Michelle nas minhas costas.
— Não minta... — No elevador, Esmirelda usou minhas palavras contra
mim, e eu apertei minha mandíbula com força suficiente para quebrar meus
dentes - não que eles quebrassem. — Dizendo que você está bem.
— Eu não a reconheço. — Esmagando as palavras, inclinei-me contra a
parede e bati minha cabeça contra o metal prateado reflexivo. — Eu não a
reconheço de jeito nenhum, de jeito nenhum. Acho que vou vomitar...
— Michael, não há problema em não reconhecê-la. — Encostada no meu
peito, Esmirelda apoiou a bochecha no meu esterno e ficou um pouco mais fácil
respirar. — Você mesmo disse, seu relacionamento com ela nunca foi
próximo. Você gostava muito do seu pai, e ela basicamente foi examinada. Não
se preocupe em não reconhecê-la.
— Ela fodidamente esperava que eu... isso me deixa doente, porra! — Pior
do que isso, me senti um idiota por dirigir todo o caminho até aqui com
expectativas muito altas. Meu grito ricocheteou no elevador do hotel e
estremeci de desgosto absoluto. — Porra, por que eu fiz isso?
— Agora, você sabe com certeza. Eu sei que não é muito consolo. — Meus
pensamentos estavam muito rápidos e minha mente muito lenta, e Esmirelda
pegou minha mão livre para me puxar para fora do elevador. Eu nem tinha
percebido que tinha parado, e ela me guiou por um corredor ostentoso de três
estrelas e meia na melhor das hipóteses. Colando o cartão-chave em uma porta,
ela ficou quieta o tempo todo, e eu sentei em uma cadeira para segurar minha
cabeça em minhas mãos.
Isso foi um erro de merda.
Esmirelda sentou-se à minha frente, quieta, esperando, e joguei meu corpo
para trás para estremecer quando minha cadeira raspou contra a madeira sob
os pés. Meu peito engolfou em chamas, e todos os sentimentos muito bons que
eu tive nas 7 horas de viagem aqui estavam completamente ausentes.
— Por que estou fazendo isto? — Oh, como a situação mudou, e Esmirelda
não teve a chance de abrir a boca enquanto eu zombava. — Não é como se ela
fosse diferente - ela poderia ter deixado meu pai - ela poderia ter conseguido
ajuda - ela poderia ter feito a merda que não fosse se drogar e basicamente me
abandonar com a porra daquele monstro. Eu idolatrava ele, e ela me deixou já
saber o que ele era. Se eu fosse tão importante para ela...
— Esse é o ponto, não é? Ela quer que eu valide que ela está sóbria e
recompondo sua vida quando ela deveria ter feito isso décadas atrás. Ela não
foi ao funeral do meu pai, mas eu fui... Donnie me fez ir. A ex-mulher de Donnie
era uma mãe melhor do que ela, e aquela vadia nojenta só me tolerou porque
eu era um projeto de pena para ele. — Assim que as palavras deixaram minha
boca, minha energia se dissipou e eu inalei uma respiração forte e
estremecida. O tempo todo, Esmirelda apenas me observava com olhos azuis
úmidos, e eu esfreguei meu rosto com força. — Foda-se... Por que estou
bravo? Eu nem sei mais.
— Você pode continuar, Michael. Está bem. — Estendendo a mão para
segurar minhas mãos, Esmirelda sorriu docemente, compreensivamente, e eu
respirei fundo enquanto espinhos subiam pelos meus braços. — Às vezes, você
só tem que deixar sair. Não há nada de errado nisso.
— Eu só... não... entendo... por que agora? Por que se preocupar afinal?
— Esmirelda estava sempre no extremo oposto do que eu sentia, e esfreguei
suas pequenas e finas cicatrizes com os polegares. — Qual é o objetivo de me
trazer aqui?
— Se eu tivesse que adivinhar, diria que ela quer que você a veja no seu
melhor. — Meu peito apertou com isso, e Esmirelda suspirou suavemente
enquanto apoiava os cotovelos nos joelhos para se inclinar perto de mim. Seus
olhos eram severos, mas quentes, e eu prendi a respiração enquanto a
antecipação corria pelas minhas veias. — Ela não estava bem quando estava
com seu pai, Michael. Sei que parece que ela poderia ter feito muito de maneira
diferente, mas... as pessoas que reprimem você fazem com que nada pareça
valer a pena. Eles gostam de seu poder - farão muitas coisas horríveis para
mantê-lo. Você era apenas uma criança, e sua mãe deve ter olhado para a
maneira como você idolatrava seu pai e não queria tirar isso de você. Ele não
era um bom homem para ela, mas era para você.
— Às vezes, você tem que fazer sacrifícios. A única coisa pior do que
suportar é não saber. Se ela tentasse ir embora, ela o afastaria de seu herói? Se
ela fizesse, você a odiaria e voltaria para seu pai - e talvez, ela enfrentaria as
consequências. E se isso aconteceu, e você cresceu pensando que ela o
abandonou, quando a realidade é muito diferente? E, se ela te deixasse, o que
aconteceria com você? Por tudo que você me disse, seu pai era um homem
melhor perto de você - ele realmente amava você, apesar de quão horrível ele
era... mas e se, sem ela lá para receber o peso desse lado dele... ele começasse a
fazer essas coisas para você em vez disso?
Bombardeando-me com pergunta após pergunta, implicação terrível uma
após a outra, Esmirelda ainda sorria, e meus pulmões gritavam por ar, mesmo
enquanto minha mente ficava em branco.
— Eu não estou dizendo para você perdoá-la, para fazer você mesmo ter
um relacionamento com ela. Provavelmente, não é isso que vocês querem. Ela
só quer que você a veja no seu melhor e saiba que ela está por perto para
resolver quaisquer problemas que você possa ter. Eu sei que você veio aqui para
encerrar, e provavelmente foi por isso que ela o convidou. Amanhã pode ser a
última vez que vocês se verão novamente, mas tudo bem. Não existe para
sempre, Michael. Todo mundo precisa de alívio... do ódio de si mesmo, do
arrependimento e da amargura. Tenho certeza de que o que vocês dois sentem
um pelo outro é muito semelhante. Você não a reconhece, e ela foi confrontada
com um homem - não um menino de 9 anos.
— Estou muito feliz por você estar aqui, Esmirelda. — Sufocando as
palavras pelo denso nó na minha garganta, levantei seus dedos aos meus lábios
e fechei os olhos. — Estou muito grato por ter decidido ficar com você em todas
as suas merdas fodidas.
— Se não o fizesse, não estaria muito elegante amanhã. — Sua tentativa
de aliviar a atmosfera funcionou, e eu soltei uma risada áspera e estridente que
arranhou o céu da minha boca. — Vai ficar tudo bem, Michael, e quando não
estiver, estarei aqui para ajudá-lo.
QUARENTA E SEIS

Desanimando com a primeira dose de uísque que eu já cheirei, tamborilei


meus dedos contra a barra enquanto minha mente disparava para o
espaço. Esmirelda não tinha dormido na cavalgada para o oeste, ou na noite
passada, então eu estava sozinho; ela protestou, mas eu a convenci de que
precisava ficar sozinho por um tempo.
Pela primeira vez, talvez, percebi que era assim que ela se sentia há
anos. Anos - por quase meia década, ela se sentiu assim e pior, e eu virei minha
mão para olhar atordoada para o meu antebraço. Eu nunca percebi o quão longe
ela teve que ir para realmente se machucar - para retomar alguma aparência
de controle - seu ato de rebelião contra aqueles que a 'suprimiram'.
Engolindo em seco, respirei fundo pelo nariz antes de tomar minha bebida
imprudente. Eu mal provei o uísque, mesmo quando suspirei intensamente e
lambi o céu da boca distraidamente. Parte de mim estava com nojo de mim
mesma por beber quando me sentia uma merda, mas eu não teria um segundo.
— Dia difícil? — Olhando para o cavalheiro mais velho sentado em um
banquinho longe de mim, eu apenas grunhi em resposta. — Sim... eu vi você no
saguão mais cedo. Sou o Frank.
Meus ombros caídos, carranca e cabeça baixa sugeriam de alguma forma
que eu queria uma porra de discussão? Deve ter, porque me vi virando para
apoiar meu cotovelo na barra e segurar minha bochecha no rosto. Examinando
o cara em silêncio, me perguntei o que Esmirelda diria sobre seu terno. Para
mim, o tripé parecia bom, se encaixava bem nele, e os tons de cinza em seu
cabelo davam uma visão geral de classe e sabedoria.
O que, eu realmente precisava de algum conselho agora.
— Sim, foi. Eu vi minha mãe pela primeira vez em 11 anos e não a
reconheço - e ela parece ofendida com isso. — As rugas finas ao redor de sua
boca se aprofundaram enquanto seus lábios se estreitavam, e Frank se virou
para me encarar. Franzindo meu rosto em desgosto, eu bufei uma respiração
quente e apimentada. — Não sei por que concordei com isso. Ela disse que
estava sóbria por um tempo e queria me ver, e eu apenas disse 'sim' - por algum
motivo que ainda não descobri.
— As pessoas fazem algumas coisas malucas em desespero, às vezes sem
uma razão coerente. — Minhas sobrancelhas franziram em confusão e Frank
gesticulou para o barman enquanto ele se inclinava no balcão. — Minha irmã
era alcoólatra - ela acabou morrendo disso, mas isso é uma parte posterior da
história. Quando ficou sóbria, ela foi maravilhosa - se desculpando,
determinada a consertar as coisas - pagou as pessoas de volta assim que ela
encontrou um novo emprego. Quando ela bebia, ela era outra pessoa - sempre
odiada, paranoica e mentindo constantemente. Algumas pessoas desistiram
após a primeira recaída, outras desistiram após a terceira. Quando ela
descobriu que tinha uma falha catastrófica de órgãos por causa de tudo isso,
ela ligou para todos que conhecia... e ninguém apareceu.
— Minha garota já me deu todo o discurso de 'reconciliação' - e ela se saiu
muito melhor. — Minha sobrancelha se contraiu com a dureza em meu tom,
mas Frank apenas sorriu enquanto inclinava a cabeça para baixo
brevemente. — Eu entendi, preciso encerrar.
— Bem, por que você está falando comigo? Por que não vai falar com sua
mãe? — Respirando profundamente, procurei a resposta para a segunda
pergunta quando o barman apareceu na minha visão periférica. Frank pediu
um seltzer, mas não cortou realmente os pensamentos que giravam
implacavelmente atrás dos meus olhos.
— Honestamente... eu sinto que não reconhecê-la foi o suficiente para
mim. Isso me irritou - não que eu não soubesse quem ela era, mas que ela ficou
visivelmente chateada com isso. Ela foi drogada até o ponto de ausência na
minha infância - como eu me lembraria dela se ela simplesmente ficasse na
cama o dia todo? Meu pai era abusivo e ela estava presa e triste..., mas acho
repulsivo que ela tenha a audácia de ficar chateada com algo que é dado.
— Frank arqueou uma sobrancelha interrogativamente e eu pedi uma água
com limão apenas para esfriar as chamas que se espalhavam sob minha pele. —
Eu sei que as pessoas mudam e tudo, mas ela é uma estranha para mim.
— Você está bem com isso? Ser estranhos, quero dizer. — Balançando a
cabeça bruscamente, tomei um grande gole da minha bebida e Frank tomou um
da sua. — Você deveria dizer isso a ela diretamente, então.
— Eu estava, mas minha garota - ela sabe como a merda simplesmente
sai errada... — Sorrindo levemente, girei meu copo entre as palmas das mãos
enquanto o final da cena no saguão enchia meu olho interior. — Ela é incrível
- às vezes, me pergunto por que ela aguenta minhas merdas.
— Algumas mulheres são assim, não são? — Quando olhei para cima,
Frank estava com os olhos vidrados em seu próprio devaneio e inclinei a
cabeça. Algo, em algum lugar, na minha cabeça fez uma conexão, e ele chamou
minha atenção pela periferia para me lançar um pequeno sorriso culpado. —
Desculpe- eu queria ter sua impressão sem pensar que você tinha que diminuir
isso.
— Eu estava me perguntando como você era quando ela ficou sóbria para
você. — O alarme brilhou nos olhos castanhos de Frank e eu fiz uma careta
enquanto apertava meus lábios na borda do meu copo.
— Ela está sóbria há quase 6 anos - ela não te contou? — Balançando a
cabeça, eu só pude encolher os ombros, mesmo sabendo que isso me deixou meio
entorpecido; Michelle deve ter ficado sóbria na época em que meu pai
morreu. — Ela nunca é boa em se expressar. Sabe, Michael... nunca pensei que
me casaria de novo aos 49 anos. Conheci Michelle depois que ela ficou sóbria e
foi... foi um daqueles momentos 'bom demais para ser verdade', honestamente.
— Michelle contou tudo a você? — Desta vez, Frank foi quem deu de
ombros, e eu estreitei meus olhos nele enquanto sua carranca se aprofundava.
— Tenho certeza de que não é tudo, mas há algumas coisas que ela
simplesmente não pode compartilhar. Assim como você - sinto pela pessoa que
conheço. É diferente, porque você era apenas um menino e havia tanta coisa
acontecendo que você nunca vai aprender, mas isso é tudo que podemos fazer,
não é? Sinta-se pela pessoa que conhecemos e não duvide daquela que não
conhecemos. — Virando-se totalmente para mim, Frank pegou meu olhar e o
segurou, e eu tive a sensação estranhamente semelhante de quando Donnie
estava prestes a me ensinar uma lição. Endireitando-se, coloquei meu copo na
mesa, e sua carranca esmaeceu um pouco antes que ele falasse. — Não faça
algo que você não quer fazer, Michael, mas não faça julgamentos sobre o
conhecimento parcial. Pelo menos ouça o que Michelle tem a dizer. Acredite em
mim, eu tenho um filho adulto que está furioso com este casamento, mas deixar
outras pessoas de moral questionável ditarem quem você é não é bom para você.
— Você quer dizer meu pai. — Frank acenou com a cabeça, e eu alcancei
meu queixo e cocei minha barba com força. Isso é basicamente o que Esmirelda
me disse - para tentar ser amigável, o que significava ouvir o lado de Michelle
da história. — Eu acho que, se todos estão me dizendo para fazer isso, eles não
podem estar todos errados. Seu filho estará aqui amanhã?
— Sim. — Meu telefone deu um grito estridente e eu tirei o dispositivo do
bolso para olhar para o identificador de chamadas. Virando o rosto para longe
de Frank por uma falsa sensação de privacidade, eu bati o botão verde apenas
para ouvir um suspiro enorme do outro lado da linha.
— É melhor você não estar no telhado ou algo assim, Michael. — Bufando
com o sorriso em seu tom, eu balancei minha cabeça, e o lado de Esmirelda da
linha estalou alto. — Vou voltar a dormir, então. Me chame se precisar de mim.
— Não- volte a dormir. — Desligando na cara dela, virei de volta e
coloquei meu telefone virado para baixo no bar antes de tomar um gole da
minha bebida. — Acho que devo ir conversar com Michelle.
— Eu vou subir com você. Como você a conheceu - sua namorada?
— Uma garota a empurrou escada abaixo e eu a impedi de quebrar o
pescoço. — Meu sorriso se alargou quando contei aquele dia que parecia muito
distante, e eu pulei do meu banquinho para colocar meu telefone no bolso. —
Ela me evitou por algumas semanas, mas consegui encurralá-la em uma
festa. Nós meio que moramos juntos desde então.
— Deve ter sido um passeio selvagem. Michelle e eu realmente nos
conhecemos em sua apresentação de dois anos - dois anos sóbrios, quero
dizer. Minha irmã estava recebendo seu chip de 30 dias. — Eu realmente não
queria divulgar que montanha-russa insana meu relacionamento com
Esmirelda tem sido, e Frank também não entrou em detalhes. — Às vezes, você
simplesmente entende essa noção e tem que segui-la.
QUARENTA E SETE

EU não sabia o que dizer, ou se poderia dizer alguma coisa, quando a


história de Michael sobre a noite anterior chegou ao fim. Sua 'pequena
conversa' com sua mãe foi, sério, honestamente, apenas uma pequena
conversa; ele disse que não queria um relacionamento com ela, e ela concordou.
O que…?
— A- está... você está falando sério? Ela acabou de concordar? Bem desse
jeito? Você se encontrou com esse cara- Frank- e você conversou... e depois foi
ver sua mãe, e é isso? Apenas duas frases? — Eu não pude acreditar; Eu tinha
visto o rosto daquela mulher quando Michael perguntou seu nome, e ela
realmente parecia abalada e desesperada. — Realmente?
— Acho que Frank falou com ela primeiro, antes de vir me procurar. Eu
poderia dizer que ele ficou surpreso, especialmente depois de me dar todo o
discurso de 'ouça o que ela tem a dizer', mas... eu acho que, por mais tempo que
ela passou sozinha, Michelle deve ter percebido que isso não levaria a lugar
nenhum. Resmungando a maior parte de sua explicação, Michael passou os
dedos pelo meu cabelo vagarosamente, e eu olhei para cima para franzir a testa
sob as sobrancelhas franzidas. — Eu me sinto tão mal, honestamente. Eu me
sinto como se tivesse me sentido ontem na viagem de carro - que ia ir a esse
casamento, comer uma boa comida, ficar em um hotel pré-pago por três dias e
voltar para minha vida como se nunca tivesse acontecido.
— Um, ok... eu não estava esperando por isso, mas se é isso que você
quer... — Desconforto me inundou, e eu levantei minha cabeça do ombro de
Michael para olhar para ele com os olhos estreitos. — Tem certeza que é
isso? Depois de tudo isso - tudo o que você passou... duas frases acabam com
tudo?
— Eu precisava saber por quê, mas percebi enquanto conversava com
Frank que nunca saberia por quê. Eu era uma criança - Michelle nunca, jamais
me dirá. Ela está indo bem - eu estou indo bem... isso é tudo que importa. Ele
disse algo que eu não conseguia parar de pensar no caminho para cima... —
Alcançando minha bochecha, os olhos de Michael brilharam com estabilidade e
determinação, e eu rolei meus lábios em incerteza entre os dentes. — Você não
pode deixar outras pessoas ditarem quem você é. Percebi que muitas das coisas
que eu estava sentindo era porque meu pai sempre me dizia que ela não se
importava comigo, e você agravou isso com sua palestra ontem - que ela queria
que eu a visse no seu melhor. Eu nunca considerei que ela se importasse comigo
o suficiente para me deixar ir.
— E- e você teve esse momento de epifania em que percebeu tudo isso de
uma vez? — Incapaz de compreender esse desenvolvimento, grunhi quando
Michael empurrou minha cabeça para baixo para cobrir meu rosto com a palma
da mão.
— Acredite ou não, mas sou capaz de auto-reflexão quando absolutamente
tenho que fazer isso. — Apesar da cadência brincalhona em seu tom, ele estava
carrancudo quando pressionou seus lábios na minha cabeça, e eu respirei
fundo. — Eu devo algum crédito a você. Se eu não tivesse passado por toda
aquela merda fodida com você, provavelmente não reconheceria o que estava
sentindo... sendo enterrado no chão pela necessidade de controle de outra
pessoa - embora, no meu caso, essa pessoa esteja morta.
— Michael... — Talvez, minhas próprias experiências prolongadas
estavam nublando minha visão das coisas, e fechei meus olhos para exalar
lentamente. — Se você está bem, então não posso reclamar.
— Vou ficar muito melhor quando te ver com aquele vestido que você fez. É
hora de se preparar e descer. — Cantarolando sugestivamente, passei minha
perna sobre Michael para montá-lo e apoiei minhas mãos em cada lado de sua
cabeça para olhar seu rosto. Ignorando seu pequeno sorriso, a faísca brilhante
em seus olhos, inclinei-me para beijar seus lábios e ele passou os dedos pelas
minhas costas para segurar a parte de trás da minha cabeça. Sua língua
escapou por trás dos meus dentes para envolver a minha, e saboreei seu gosto
enquanto arrepios perfuravam minha pele.
Afastando-se, uma forte pulsação atingiu meu peito e eu lambi meus lábios
enquanto o calor de Michael se infiltrava em mim. Seus olhos cinzentos
brilhavam como nuvens após uma tempestade - exatamente quando o sol
estava começando a aparecer.
— Acho que estou me apaixonando por você. — Murmurando baixinho,
abaixei minha testa contra seu esterno, esperando que Michael ficasse tenso e
surtasse. Ele parecia cheio de surpresas, porém, esta manhã, e ele respirou
fundo e prendeu a respiração por um segundo. A ansiedade manchava meu
sangue enquanto batia em meus ouvidos, e ele enrolou sua mão na minha para
puxar meus lábios nos dele novamente.
— Estou feliz por não ser o único... — Meu coração ficou tão cheio que
quase parou de bater, e o murmúrio de Michael contra meus lábios terminou
em um leve sorriso. — Apaixonado por mim, quero dizer.
— Idiota! — Capturando meus lábios com toda a paixão que ele pôde
reunir, Michael nos virou de lado, e eu engasguei quando ele bateu com a mão
na minha bunda. — Você é um idiota, Michael.
— Ainda... aqui estamos. — Essa pequena brincadeira me deu esperança
de que Michael voltaria ao normal; Não gostei de como ele se tornou emocional
e instável nas últimas semanas. Jogando meu braço em volta de sua cintura,
eu apenas cantarolei enquanto ele enfiava sua língua em minha boca, e ele
enganchou seu braço sob meu joelho para esfregar contra mim. — Você
Esmirelda, você é tão doce e bonita e... você superou todas as expectativas... e
de alguma forma, eu consegui prender você.
Ofegando quando seus elogios ecoaram em minha cabeça, segurei a cabeça
lisa de Michael com as duas mãos para puxá-lo ainda mais perto. Rolando para
me colocar de costas, ele tirou sua boca da minha para beijar e chupar meu
pescoço, e eu arqueei fortemente quando o prazer deslizou pela minha espinha.
— Eu não posso encarar foder você porque eu quero que você seja a pessoa
mais bonita naquela sala... — Escalando meu peito, Michael bateu seu membro
duro e quente contra meus seios, e minha boca se encheu de água
avidamente. O fogo queimou minhas veias e eu empurrei meus seios juntos e
belisquei meus mamilos enquanto ele gemia baixinho. — Me faça gozar com
esses peitos perfeitos, Esmirelda.
Tremendo quando Michael circulou minha protuberância com dedos
conhecedores, eu abri minhas pernas mais amplamente e fiz o que ele queria. A
cabeça rosa de seu pênis desapareceu entre meus seios, e eu levantei minha
cabeça quando ele empurrou. Minha língua lambuzou a gota grossa que se
equilibrava ali, e ele grunhiu guturalmente enquanto estabelecia um ritmo
forte.
Mas, depois de alguns movimentos de seus quadris, ficou claro que isso
simplesmente não estava funcionando para nenhum de nós, e as pontas dos
dedos de Michael me deixaram. Inclinando-se para pegar sua carteira da mesa
final, ele rolou um preservativo em seu eixo antes de empurrar meus joelhos
em meu rosto. A desagradável insatisfação que começou a crescer foi embora, e
eu respirei fundo em preparação apenas para ele parar de novo.
— Devíamos matar dois coelhos com uma cajadada só e pular no chuveiro.
— Ele riu do meu gemido frustrado e me sentei para olhar quando ele deixou
cair meus tornozelos de cada lado dele. — Não leva horas para você ficar
pronta?
— Você é um idiota. — Recuando quando coloquei minha perna sobre ele,
deslizei para fora da cama para ir ao banheiro e acender a luz. — Não leva mais
de uma hora. Eu vou pentear sua barba...
— Você porra não está tocando minha barba com essa coisa. Venha, vai
ser rápido, 3 minutos, no máximo. — Colocando minha mão no chuveiro
envidraçado, olhei por cima do ombro com os olhos estreitos, e o sorriso de
Michael ondulou os pelos ásperos de seu rosto. — 2 minutos, então? 47
segundos?
— A primeira vez que fizemos sexo, você demorou uma eternidade. Agora
estamos reduzidos a segundos. — Estufando meus lábios enquanto Michael
passeou até mim, seus passos no azulejo abafados pela água batendo, eu cruzei
meus braços sobre o peito indignada. — Para onde veio o mundo?
— Você, obviamente. Eu só preciso de segundos para fazer você esguichar-
— Um estranho arrepio sacudiu minha espinha, e eu fiquei tensa quando
Michael estendeu a mão para beliscar e torcer meus mamilos
vagarosamente. Seus olhos brilhavam intensamente com a necessidade, mas
seu sorriso morreu quando uma pontada de gravidade puxou sua expressão. —
Basta superar isso comigo, Esmirelda.
— Diga... — As chamas lamberam minhas bochechas na escuridão que
rolou por seus olhos, e Michael enganchou seu braço em volta da minha cintura
para me prender em sua frente. Seu olhar não vacilou mesmo quando sua
mandíbula pulsou e ele lambeu os lábios, e eu prendi a respiração quando meu
coração ameaçou parar de bater. — Diz.
— Estou me apaixonando por você também, Esmirelda. — Ele falou com
clareza cristalina, sem gaguejar ou vacilar sobre sua declaração, e eu pisquei
para conter a dor em meus olhos. Se arrastando para me empurrar para o
chuveiro, Michael apoiou as palmas das mãos em cada lado da minha cabeça, e
água quente esmurrou minha coroa e turvou minha visão. O chuveiro deve ter
sido apontado para a parede para me atingir, e ele abaixou a cabeça para
capturar meus lábios em um beijo feroz.
Derretendo em seu peito, joguei meus braços em volta dos ombros de
Michael, e ele agarrou minhas coxas com força contundente para me içar contra
a parede de azulejos. A água escorreu pelo meu rosto, e cheguei entre nós para
posicionar seu pênis protegido contra a minha entrada.
— Duro e forte. — Enganchando seus braços sob meus joelhos novamente,
Michael grunhiu com meu resmungo, e a água invadiu o selo de nossas
bocas. Sua cabeça queimou minhas dobras através do látex, e eu engasguei
quando ele empurrou com um poderoso grunhido. O tapa molhado de pele
contra pele ecoou em meus ouvidos, e meus olhos rolaram para trás enquanto
ele batia os quadris com uma fúria que me anestesiou.
— Fodidamente fácil- você goza tão fácil- foda-se... — Moendo sua pélvis
contra a minha para chegar mais fundo, Michael nem mesmo estabeleceu um
ritmo enquanto cavalgava meu orgasmo, e eu gemi um som
estrangulado. Apertando-me contra ele, minhas paredes internas acariciaram
cada veia latejante e ondularam com cada pulsação de seu pênis, e eu franzi
meu rosto contra a pressão crescendo em minha cabeça. — Sim-mm...
— Oh! — Ofegando um chiado quando ele se afastou, eu arqueei quando
Michael beijou e mordiscou meus seios, e um espasmo violento desceu pelas
minhas pernas. — É bom. É tão bom... oh meu Deus!
Os próximos 47 segundos passaram rápido demais, lançados em uma
névoa vermelha que envolveu tudo, e tudo que pude fazer foi ficar
maravilhado. Só quando Michael saiu de mim completamente é que eu saí do
meu torpor e seu sorriso de comedor de merda estava prontamente de volta ao
lugar. Piscando forte, eu balancei minha cabeça; meu corpo me disse que eu
estava satisfeito, mas...
— Estamos aqui há três dias. Eu só queria te foder para não gozar nas
minhas calças quando te ver naquele vestido. — Eu engasguei com minha
própria saliva com isso, e Michael riu muito enquanto cuidadosamente colocava
meus pés no chão de ladrilhos. Batendo em seu lado, eu olhei ferozmente,
embora meu peito apertasse; ele podia estar brincando, talvez, mas mesmo
assim era intensamente lisonjeiro.
— É melhor você ter muitos preservativos - você vai compensar isso
comigo. — Revirando os olhos, Michael me transformou no spray quente, e eu
fechei meus olhos com um bufo enquanto a água escorria pelo meu rosto. —
Deus, você realmente é um idiota.
QUARENTA E OITO

Batendo na porta desajeitadamente, um nó se apertou em meu peito


enquanto eu prendia a respiração, e ansiedade misturada com antecipação para
turvar meu estômago. Michelle respondeu imediatamente, seus olhos cinzas
brilhando antes que me avistassem, e ela franziu os lábios. Dizer que fiquei
surpreso não estava certo; afinal, ela parecia bastante emocionada no saguão
algumas horas atrás.
— Então... eu não tenho certeza de como isso deve funcionar - eu realmente
não quero que funcione, Michelle. Eu tenho minha vida e não acho que nada de
bom acontecerá para qualquer um de nós se você estiver nela. — Apenas
dizendo o que eu precisava dizer, mantendo um controle sobre minhas palavras
e emoções para não estragar tudo, coloquei minhas mãos nos bolsos do meu
jeans. Ela meio que sorriu, como se esperasse o que eu disse, e se apoiou no
batente da porta para cruzar os braços sobre o abdômen. Para 45 anos, uma ex-
viciada, ela parecia bem - na verdade, ela parecia comigo... ou, eu parecia com
ela?
— Michael, eu só queria que você soubesse, sem dúvida, que eu nunca o
abandonei. Nunca deixei de te amar, mesmo quando você era pequeno. Nunca
parei de observar você, mesmo quando você foi morar com aquele homem e sua
família. — Seus lábios se contraíram tristemente, e a surpresa subiu em
minhas sobrancelhas quando Michelle respirou fundo para se estabilizar. — Eu
estraguei. Eu fiz tantas coisas erradas e sei que seria uma má ideia trazer tudo
isso à tona agora. Não vou arrastar isso, mas você tem meu número se quiser
conversar, certo?
Michelle e Frank formavam um belo casal e toda a cerimônia transcorreu
sem contratempos. Olhando para um dos enormes vasos envoltos em flores que
eu não conseguia nomear, esfreguei meu queixo e pescoço enquanto a cena da
noite anterior se repetia continuamente em minha cabeça. Olhando para ela,
agora, não havia sinal de todo o drama da noite passada - do vazio de se deixar
ir, e do desconforto e tristeza do que foi dito.
Claro, eu não contei a Esmirelda palavra por palavra, mas ela obviamente
se preocupou comigo o dia todo. Eu sabia que ela era um pouco hipócrita,
considerando que sua resolução levou anos e anos para ser feita, e a minha
demorou um total de tipo, 17 horas.
Sem mencionar que todos os amigos e familiares de Michelle e quem mais
estava neste casamento estavam se perguntando quem diabos eu era. Alguma
coisa aleatória de uma reunião de AA, talvez, com a intenção de aproveitar a
comida? Provavelmente não, considerando que é por prato e não no estilo buffet.
— Imagine gastar muito pouco dinheiro em um casamento e depois ter
uma lua-de-mel fantástica. — Falando de repente, eu tirei meus olhos das
flores enquanto Esmirelda cantarolava baixinho em reconhecimento. — Sério,
por que gastar milhares de dólares em flores quando você pode ir a algum lugar
incrível, como a Itália ou a França ou algo insano assim?
— Este é um casamento bastante moderado, Michael. Essas flores
estavam à venda porque estão começando a murchar. — A surpresa ergueu
minha sobrancelha e eu grunhi antes de me levantar para endireitar meu
colete. — Você está muito bonito em seu terno, a propósito.
— Eu me sinto muito bonito, obrigado. — Sorrindo enquanto Esmirelda
corava furiosamente, eu estendi minha mão para ela e não pude evitar de
examiná-la. O vestido era lindo de morrer, esguio e elegante e muito, muito
lisonjeiro para seus seios. Lambendo meus dentes com fome, envolvi meu braço
em volta de sua cintura, e ela bufou suavemente.
— Eu podia sentir o cara sentado atrás de nós olhando para minha bunda
o tempo todo.
— O que? Você não tem bunda. — O menor dos dois corredores usados
para a cerimônia real estava vazio, e Esmirelda resmungou um pequeno 'eu sei'
enquanto íamos para o salão de recepção, a apenas uma parede de distância. —
Mal posso esperar para tirar esse vestido de você. Não sei por que- achei que
fosse ser mais fofo.
— É um vestido de cocktail, Michael, eles são muito finos e fluídos. É
basicamente um espartilho costurado a uma saia, mas havia muita saia, então
eu tive que cortar muito. — Passando a mão pela frente de seu espartilho
lavanda, Esmirelda suspirou pesadamente e eu alcancei minha palma livre
para esfregar meu queixo. — De qualquer forma, estou feliz com isso.
— Você deveria estar. — Empurrando a porta para ela, sorri antes de
escanear as cerca de 200 pessoas que compareceram a este casamento. Frank
conversou com o cara que estava sentado atrás de Esmirelda, e meus olhos se
estreitaram com as semelhanças. — Vamos dançar.
— Não podemos, ainda. Michelle e Frank dançam primeiro. Só temos que
girar por alguns minutos. — Dando de ombros enquanto eu deslizava meu
braço ao redor dela mais uma vez, contornamos a borda da sala para fazer o
nosso caminho em direção ao bar do outro lado. — Eu... isso diz 'lanchonete'?
— Você esperava um bar diferente? — Esmirelda ficou vermelho
brilhante e eu ri enquanto balancei minha cabeça. — Você não pode beber, de
qualquer maneira, então o que isso importa para você?
— Eu quero um lanche. — Sua minúscula declaração aqueceu meu peito,
e eu olhei ao redor no momento em que o DJ entregou um microfone para
Frank. Seu filho saiu arrastando os pés parecendo infeliz, mas eu realmente
não pude refletir sobre sua atitude de merda quando Frank falou para a
multidão. Eu realmente não me importei em ouvir o que ele disse; Eu só queria
comer, dançar um pouquinho - saborear todos os quilos que a Esmirelda ganhou
de tão linda...
Coisas simples para um homem simples.
— Oh, eles têm casquinhas de sorvete. — Inclinando-se sobre a beirada
do balcão, Esmirelda murmurou seu pedido, e o barman acenou com a cabeça
enquanto eu me sentava em um banquinho. Batendo palmas quando todos
batiam palmas, eu apoiei meu cotovelo no balcão para bater minha bochecha
distraidamente. A música começou a tocar nos alto-falantes, uma canção antiga
que saiu antes de eu nascer, e Frank levou Michelle para a pista de dança.
Ela parecia tão feliz, minha mãe, e isso apenas solidificou minha conversa
com ela na noite anterior; tentar iniciar um relacionamento seria um
erro. Claramente, ela sabia o tempo todo que Donnie me tratava bem, e isso era
o suficiente para ela.
Se Esmirelda fosse estúpida o suficiente para se casar comigo, eu
simplesmente arrastaria a bunda dela para o tribunal. Eu preferiria gastar
uma dúzia de mil em um lugar para ir por um mês do que em um dia que
provavelmente acabaria em um desastre, de qualquer maneira.
— O que acha? — Tirando meus olhos do casal no chão, sorri quando
Esmirelda lambeu a casquinha de sorvete ao redor da borda animadamente. —
Você prefere apenas ir para o tribunal, não é? Posso dizer que você acha que
isso é apenas uma hemorragia de dinheiro.
— Eu acabei de dizer- prefiro ir em uma lua de mel bombástica do que ter
um casamento caro.
— Você não tem noção de posteridade, tem? — Arqueando minhas
sobrancelhas, estendi a mão para agarrar o pulso de Esmirelda para dar uma
mordida em seu cone com os dentes, e ela engasgou de horror. Meus dentes
formigaram dolorosamente, mas valeu muito a pena o olhar deslumbrado em
seu rosto enquanto ela olhava para mim, com os olhos arregalados e o queixo
caído.
— Em primeiro lugar, você é aquele que fala sobre a minha bunda, e
também... — Me afastando quando vi o filho de Frank fazer uma linha de
abelha para mim, franzi os lábios e estalei os dentes em irritação. — De
qualquer forma, não estou dizendo que um fotógrafo é algo para ganhar alguns
centavos, mas...
— Eu sei o que você está dizendo, Michael. — Ela sorriu enquanto eu
observava o cara, cujo nome eu ainda não sabia, com o canto do olho. — Sempre
quis ir à Europa e ver todas as roupas.
Suspirando de desejo, Esmirelda alisou minha marca de mordida em seu
sorvete com a língua, e eu sorri amplamente.
— Claro que você... — O filho de Frank apenas se aproximou e deu um
tapinha no ombro de Esmirelda, mas ela nem piscou, mesmo quando eu fiquei
tenso. Ele tinha aquele cabelo penteado e aquela barba que cheirava a gel, e ele
os cobriu com um pouco de colônia. Examinando-o com os olhos semicerrados,
pude perceber por seu corpo que ele trabalhava em um confortável emprego
corporativo e franziu a testa quando Esmirelda o ignorou.
— Quero dizer, você não gostaria de ir, tipo, Volkswagen ou algo assim -
sua sede na Alemanha, e verificar todos os seus carros? Eu adoraria ir para a
Alemanha e fazer um tour pela sede da Hugo Boss. — Continuando a conversa
como o Babaca Numero Uno não apenas tentou chamar sua atenção, Esmirelda
sorriu enquanto seus olhos se iluminaram de entusiasmo. — É simplesmente
incrível pensar nisso - uma vez que essa coisa com Macy comece a rolar... Eu
realmente espero que seja um sucesso. Ela é incrível com esse tipo de coisa, e-
Ele foi tocá-la novamente e minha mão disparou para agarrar seu pulso e
apertar. Olhos escuros piscaram para mim, e ele puxou o braço com uma má
tentativa de esconder sua carranca.
— Estamos no meio de uma conversa, cara. Dê um tempo. — Eu tinha
certeza que a merda não ia atrapalhar essa recepção, e eu gesticulei para longe
com desdém. Mesmo assim, ele se virou para Esmirelda, e minha pálpebra
estremeceu de agitação quando ele estendeu a mão para um aperto com um
sorriso encantador. Ele acha que não parece um idiota?
— Eu sou o Frank. É um prazer conhecer você. — Arqueando uma
sobrancelha delgada, Esmirelda olhou para Frank-Pinto-Ridiculamente-
Pequeno-Enorme-Ego-Junior e sua palma estendida, e eu rolei meu queixo
para me livrar da rigidez. Ela o deixou totalmente pendurado enquanto eu
olhava para a lanchonete, e eu gesticulei para o barman distraidamente para
pedir algo.
— Encontrar-me implica que direi meu nome, o que não direi. — Soltando
uma risada sufocada, cobri minha boca enquanto ela franzia a testa. — Há mais
alguma coisa, ou você apenas acha que interromper conversas é atraente?
— Sentei-me atrás de você durante a cerimônia e queria saber se você
gostaria de tomar uma bebida comigo. — Eu tive a sensação de que esse cara
confiava em sua confiança e cabelo bonito para bagunçar; Frank Junior era um
daqueles caras que tentavam superar o mal-estar inicial de uma garota ao ser
abordada, apesar de não dar nenhum sinal de que estava interessada. Pedi
morangos para mim, porque eles não tinham nada para cozinhar, me contorci
quando a expressão de Esmirelda se desfez.
— Este é um evento árido. — Espere um maldito minuto...
— Espere - uau, uau - espere. Acabei de perceber... — Chamando a atenção
para mim, inclinei-me para evitar perturbar a primeira dança e os convidados
que assistiam. — Você é tecnicamente meu meio-irmão agora.
A expressão de espanto no rosto de Frank Junior foi épica, e ele abriu a
boca apenas para fechá-la. Virando-se nos calcanhares, ele se afastou com a
rigidez curvando os ombros, e eu recostei-me com um suspiro de satisfação para
segurar a parte de trás da minha cabeça com as duas mãos. Rindo um pouco,
Esmirelda lambeu seu sorvete vagarosamente, e eu sorri amplamente
enquanto observava Frank Junior deixar o salão completamente.
— Ele parece uma ferramenta. — Seu bebê azul brilhava com alegria e
um pouco de malícia, e meu sorriso se alargou. — Você sabe como lidar com isso
muito bem, certo.
— Ele é uma ferramenta bem despojada, sim. Não sei o que ele esperava
agindo assim. Tipo, eu sei que você é quente e tudo, mas isso foi muito triste.
— Ela estendeu a mão para empurrar meu braço, mas não conseguiu
realmente me mover, e eu virei meu olhar de volta para Michelle e Frank
enquanto eles terminavam a dança. Batendo palmas educadamente, eu deixei
toda a cena questionável que eu acabei de assistir vazar de meus ouvidos; não
era como se eu pudesse dar uma surra em Frank Junior.
Não agora, pelo menos, mas se ele abordasse Esmirelda novamente... bem,
isso é um cenário para outra hora.
QUARENTA E NOVE

— Já posso sair do banheiro? — Encostada na porta, bufei quando


Michael não respondeu e cruzei os braços sobre o peito. Michael me disse para
colocar minha lingerie mais sexy sob o vestido e, em seguida, me trancou no
banheiro. Batendo meu pé descalço no azulejo, fechei meus olhos enquanto
contava a recepção da qual tínhamos acabado de escapar.
O filho de Frank não voltou, o que para mim estava bom, mas as coisas
ficaram incrivelmente chatas depois que o jantar foi servido. Não gostei do
tempero forte do frango e do purê de batatas com casca. Pelo menos Michael
estava mais do que feliz em comer nossos dois pratos, mas agora eu estava com
fome - por mais do que apenas comida. Fazia 20 minutos, pelo menos, desde
que ele bloqueou a porta pelo lado de fora, e eu estava quase desistindo quando
ele bateu na barreira.
— Ok, pronto! — Endireitando-se quando ele tirou a cadeira de debaixo
da maçaneta, abri minha boca apenas para minha reclamação secar na minha
língua. — Tcharam!
Gesticulando com todo o seu corpo na mesa que ele mudou para o quarto,
Michael sorriu presunçosamente enquanto eu fechava minha boca. Ele
encontrou uma vela elétrica, usou um lençol como cobertura - a coisa toda. Em
cima estava uma pizza, e o cheiro de salsicha invadiu minhas narinas para
aguar minha boca. Descendo para me levantar do chão, ele me carregou para a
cama e eu agarrei seu rosto em minhas mãos para beijá-lo com força.
— Eu amo isso. — Envolvendo-se sobre mim, Michael me beijou
violentamente enquanto puxava meu vestido para cima e se aninhava entre
minhas pernas antes de se afastar. — Não achei que você fosse capaz de ser tão
doce.
— Achei que poderia tentar - só desta vez. — Sentando-se de joelhos,
Michael me encorajou e eu estremeci quando ele espalmou a parte externa de
minhas coxas. — Para ser honesto, eu não conseguia decidir o que comprar
para você no Natal, então Donnie sugeriu fazer algo romântico. Achei que era
melhor do que nada.
Meu coração apertou com sua confissão flagrante, e eu sorri quando ele
incitou minha bunda para puxar meu vestido por baixo. Lentamente, Michael
juntou o tecido em meus quadris e eu mordi meu lábio inferior quando ele
finalmente desviou os olhos dos meus. Sua respiração engatou visivelmente, e
ele puxou meu vestido para cima antes de abrir o zíper do espartilho. Eu não
estava usando nada por baixo, nem mesmo calcinha, e ele lambeu os lábios
pesadamente enquanto colocava meu vestido na cabeça.
— Eu disse para você colocar algo sexy. — Soltando meu vestido com
cuidado no chão, Michael espalmou meus seios enquanto seu olhar aquecido
capturou o meu. Meu batimento cardíaco acelerou e ele massageou os globos
pesados enquanto eu me aproximava para enrolar a bainha de sua camiseta. —
Você está arruinando meu plano mal preparado e apressado de foder seus
miolos, Esmirelda.
— Eu tenho um presente para você. — A confissão aqueceu minhas
bochechas, e Michael arqueou uma sobrancelha com um sugestivo antes de eu
me afastar. Puxando minha mala de debaixo da cama, eu a abri e vasculhei
minhas roupas em busca do pesado presente embrulhado embaixo. — Abra.
Na época, eu senti que este era um presente perfeitamente aceitável, mas
agora, eu não tinha certeza. Entregando-o a ele, a apreensão corroeu meu
intestino, e o rosto de Michael se contorceu de surpresa com o quanto pesava.
— Comprei no dia em que fui ao shopping com minhas colegas de
quarto. Eu não tinha certeza se deveria conseguir alguma coisa, mas... — Um
suor frio brotou em minha pele nua quando Michael desembrulhou o presente
para revelar um conjunto de chaves de caixa. Fiz muitas pesquisas no meu
telefone e perguntei a vários funcionários sobre quais eram os melhores, e
quase obtive um conjunto diferente.
Soltando uma risada, Michael olhou para a caixa antes de chamar minha
atenção, e seu brilho brilhou intensamente.
— Eu precisava de um novo conjunto - como você sabe? — A surpresa
tirou o ar dos meus pulmões e balancei a cabeça quando ele se inclinou para me
beijar com firmeza. — Obrigado, eu tenho um presente para você também.
— Você disse que não me deu nada? — Rolando para fora da cama,
Michael agarrou sua calça jeans para pescar nos bolsos, e confusão nublou
minha visão. — Achei que este fosse o meu presente.
— Não, isso é apenas o que Donnie sugeriu antes - bem, é um pouco uma
longa história, honestamente. Lembra que eu te falei sobre aquele gatinho que
tive que pescar em um motor? — Assentindo com as sobrancelhas levantadas,
observei Michael puxar algo pequeno o suficiente para caber em sua palma. —
Bem, a super velha que tinha o carro não o quis de volta e ela praticamente me
implorou para limpar sua garagem - que estava cheia de peças para aquela
marca e modelo específicos. Então, eu percebi que já estava quase
completamente construído-
— Não... você não... — Seu largo sorriso de comedor de merda me disse
que ele tinha, e eu caí de volta na cama para gemer alto. — Michael…
— Não seja assim, Esmirelda - foi tão livre quanto poderia ser
legítimo. Além disso, é um carro muito fofo - eu o pintei de azul bebê. — Eu
não conseguia acreditar nisso; Comprei um conjunto de ferramentas de 65 $
para Michael e ele construiu um carro para mim. Isso não é justo! Isso não é
justo! — Ei, ei, custou menos do que aquele conjunto para eu terminar. Não
seja assim.
— Eu com certeza vou ser assim - estamos falando de um carro inteiro,
aqui, Michael... — A cama afundou quando Michael subiu em cima de mim, e
eu joguei meu braço sobre meu rosto para respirar profundamente e me
acalmar. — Merda, Michael... sério...
— Não é um negócio tão grande quanto você está fazendo parecer. Além
disso, você vai precisar de um carro em algum momento, então por que não um
que é livre? A senhora agarrou a chance de se livrar dele e se você vai ser um
grande ícone da moda, você precisa de um carro que combine. — Espiando por
baixo do meu cotovelo, franzi os lábios levemente enquanto a expressão de
Michael encharcava-se de genuinidade. — Você trabalhou até o chão por causa
do meu terno, e você veio até aqui- lidou com todas as minhas merdas... Posso
não ter feito a coisa toda, mas eu construí este carro, pintei-o- fiz o interior-
tudo com minhas duas mãos. Agora, nós dois teremos algo.
— Como posso dizer 'não' a isso? — Fungando forte, exalei um suspiro
trêmulo quando Michael acariciou meu queixo e mandíbula.
— Você não vai. — Ele sorriu fracamente com sua própria admissão, e eu
joguei meus braços ao redor de seu pescoço para atrair seus lábios aos meus. —
Vamos comer, primeiro- eu sei que você não gostou da comida lá.
Suspirando de pura felicidade, eu não protestei quando Michael me
encorajou, e ele jogou a chave de partida remota sobre a mesa antes de abrir a
caixa. Meu estômago gorgolejou avidamente, e lambi meus lábios enquanto
espiava dentro da beleza absoluta de uma torta. Todos os outros pensamentos
voaram da minha mente, e Michael me empurrou em seu colo para envolver
seus braços em volta de mim.
Não importava que ele cortasse a pizza com garfo e faca, nem mesmo
tirando uma fatia da caixa.
Não importava que o queijo queimasse o céu da minha boca.
Porque eu ia aceitar tudo o que Michael me desse.

Você também pode gostar