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Capítulo 1
Enchanted
Mais um dia. Um dia completamente frio, chuvoso e tedioso pra mim. Meu nome é
Isabella Marie Swan. Tenho vinte e dois anos e sou completamente sozinha no
mundo. Meus pais faleceram quando ainda era muito criança e cresci com um tio
distante que também faleceu quando completei 18 anos. Ele foi meu único amigo
durante toda a minha vida e fiquei sem meu chão. Billy tinha mais três filhos, mas eles
moravam com sua mãe e quase não os via. Não criei nenhum laço afetivo com meus
primos.
Trabalhava como bilheteira do metrô em Nova Iorque. Não fiz faculdade porque
não tinha a mínima noção do que fazer. Não gostava de morar na cidade e também
não tinha condições de sair daqui. Era complicado e tedioso. Demais.
Debruçada no balcão, observei Emmett Cullen vir com toda sua graciosidade
na minha direção, com seu sorriso maroto e terno Armani. Ele deixava sua lustrosa
Ferrari no estacionamento de cima e ia de metrô até o grande prédio da empresa de
sua família. Ele era a pessoa mais próxima de um amigo pra mim. Pelo menos era o
único que perguntava algo mais que tudo bem.
Não que as outras pessoas falassem comigo. Elas simplesmente jogavam suas
pratas no meu balcão e arrancavam o ticket sem nem se importar com quem lhes
entregava. Acho que eles não reparariam se eu sumisse. Ninguém se daria conta se
um dia deixasse de estar entregando tickets. Emmett não. Ele me trazia chocolate
quente e ficava por cinco minutos – horário do seu metrô.
Eu só sabia seu nome, sua idade, sua geleia preferida, sanduiche, como
gostava do café e que trabalhava no enorme prédio no centro. Nada mais que isso e
não sei porque achei que um dia alguém me contaria algo além que isto. Já era muita
simpatia dele dirigir-se a mim.
- E aí Bellinha! – bateu no vidro. – Você está bem hoje? Meio frio natalino, não
é?
- Sim. Ouvi na rádio que vai nevar muito em breve. – respondi esboçando um
meio sorriso. Emmett sorriu de volta e colocou um copo de chocolate quente no
balcão. – Você devia parar de fazer isto.
- Você devia parar de dizer isto todos os dias. – retrucou brincalhão empurrando
mais ainda pra frente, até tocar minhas mãos congeladas. – Cadê suas luvas?
- Não sei. Rosalie não quer casar comigo e meu pai está me pressionando a
conhecê-la. Não sei o que fazer.
- Sugiro que conte a sua família a verdade. Que talvez vocês precisem de mais
um tempo se conhecendo...
- Adoro seu modo de ver o mundo. – piscou sorrindo lindamente indo até seu
metrô. Suspirei cansada e deixei que o tedio me dominasse. Era só mais um dia da
minha vida completamente estranha, fria e vazia. Engoli minhas lágrimas e pensei em
Max. Ele estaria em casa me esperando querendo seu leite na vasilha e nós
passaríamos mais uma noite. Um dia de cada vez.
...
Sentia falta de Charlie, de Renée e até mesmo do Tio Billy. Eu queria ter uma
família, amigos e uma casa movimentada. Sempre fui a estranha da escola, a reclusa
ou depressiva. Não tive indicações a faculdade porque meu empenho social me fez
ser indicada na verdade ao psicólogo e não para Columbia.
Obviamente não frequentei nenhum das terapias e também não fui a faculdade.
O que poderia ficar pior em minha vida? O que mais poderia acontecer? Só a morte.
E sinceramente, não sei se isso seria tão ruim. Era só mais uma oportunidade de
descanso. Em paz. Ou não. Minha sorte não era muito boa e talvez nem dormir
eternamente conseguiria.
Reuni coragem e sai do carro. O mercado estava quentinho e vazio, devido a
hora, não me preocupei em abaixar meu capuz ou olhar cordialmente para as pessoas
ao meu redor. Já sabia de cor todas as seções e onde ficava tudo e não demorei mais
que o necessário ali dentro. Guardei tudo com cuidado e ao mesmo tempo com
rapidez e segui dentro dos cinquenta quilômetros permitidos pela minha velha picape
até o subúrbio de Manhattan, até a velha casa dos meus pais.
Fiz uma nota mental de juntar algum dinheiro para pintar a casa. Ela estava
desbotada e com tonalidades de verde musgo. Não lembrava se sua pintura original
era verde ou aquilo era limo. Esperava fielmente que fosse pintura. Seja uma pintura
velha, pedi.
Eu não tinha aquecedor. Não tinha como pagar uma conta de luz com
aquecedor. Eu não tinha como comprar um aquecedor.
Vesti minhas duas únicas calças de moletom e três casacos. Desci as escadas
rangentes e esquentei uma sopa de ervilha que tinha sobrado de ontem. Fiquei tanto
tempo fantasiando que tinha meus pais ali, que realmente cozinhei para três pessoas.
Isso era tão doentio que me deu medo... Muito medo de estar enlouquecendo como
os tutores escolares sempre me disseram que aconteceria.
O vento frio batia na janela e rugia como se fosse um leão feroz. Sem mais o
que fazer, desliguei a televisão e fui deitar. A casa escura e silenciosa me fez tremer
e chorar de medo como todos os dias. Isso era ridículo e tinha vinte e dois anos. Era
hora de aprender a ser sozinha. Menina crescida. E por que isso simplesmente
parecia impossível?
Max subiu na cama e deitou no meu pé. Fechei os olhos sem realmente pegar
no sono. Era só mais uma noite. Só mais um e amanhã seria um novo dia.
Desejei muito sair daquela vida, mas deitei minha cabeça no balcão gelado e
me xinguei por ser tão sonhada. Acorda Bella! Você não é um personagem de Jane
Austin. Você é Bella Swan, a órfã. Puxei meu livro surrado e espiei o horário. Agora
só nas próximas levas teria um pouco de movimento. Cosmópolis era perfeito e tinha
uma paixão secreta por Eric. Muitas vezes me peguei fantasiando em ser convidada
para sua limusine.
- Não suspire mais, Swan. Cheguei. – Emmett bateu no vidro. – Tenho duas
coisas para você. Ops, três. – colocou o copo de chocolate quente no balcão e
empurrou pelo vidro. Uma barrinha de cereal colorida de uma marca absurdamente
cara e um saco prata. – Chocolate esquenta, segundo minha irmã caçula. Ela é
adolescente e disse que sabe das coisas. E luvas. É um presente. – disse deixando-
me sozinha.
Fiquei tonta olhando-o entrar em seu metrô e abri o saco. Um par de luvas de
couro caramelo caiu no meu colo com etiqueta da Chanel. Minha boca se abriu que
mal percebi a fila se formando pedindo minha atenção. Ouvi uns murmúrios e
palavrões e pensei como as pessoas poderiam ter uma boca suja aquela hora da
manhã. Calcei as luvas e me senti melhor. Elas tinham um cheiro incrível e eram tão
confortáveis que quis dormir em cima da minha mão.
...
- Bella! Você não trabalha no natal. Saiu a lista! – Joseph gritou de sua sala e
a bateu novamente. Não me preocupei em agradecer a informação porque ele não
se importaria com isso, de qualquer modo.
Rumei para minha cabine e deixei o dia rolar. Não vi Emmett. Nem naquele dia
e nem na semana seguinte. Emmett simplesmente não apareceu. E que idiotice da
minha parte esperar por alguém para agradecer sobre luvas. Eu era só a menina da
bilheteria.
Naquela segunda-feira estranha também não o esperei mais. Resolvi que ele
fora mais uma pessoa que foi embora. Que me deixou sem nunca realmente ter feito
parte da minha vida. Voltei a ler meu livro porque não tinha nenhuma espécie de
movimento. Faltavam sete dias para o natal e ninguém realmente iria trabalhar. O frio
estava mais intenso do que antes e isso resultava em noites insones pra mim. Não
sei como não peguei um resfriado ou simplesmente congelei na cama. Ah, todas as
colchas possíveis e imaginarias estavam sobre ela. Era preciso uma boa prática física
para erguer tudo.
- Será que alguém sentiu minha falta? – Emmett bateu no vidro atraindo minha
atenção. – Luvas bonitas, hã?
- Nós passaremos o natal juntos, como todo ano. Exceto por duas coisas. Meu
irmão está voltando a morar em Nova Iorque e minha família aguarda a presença de
minha noiva.
Engoli minha inveja do seu comentário. Ele tinha uma grande família, uma
noiva e felicidade. Não só pelo dinheiro. Não me importaria em ter a mesma condição
financeira que tenho hoje se tivesse uma família completa. Alguém para dividir a noite
de natal que não fosse um saco de pelo preguiçoso chamado Max.
- Ela aceitou casar com você? – perguntei baixo torcendo para não ser
intrometida.
- Não. Jogou o anel no meu rosto. Passei essas duas semanas na França com
uma tentativa e meus pais agora exigem a presença de uma noiva.
- É. Você quer que vá embora. – brincou olhando para seu caríssimo relógio de
pulso. – Está atrasado mesmo. – espiou pelo ombro e viu que tinha gente se
aproximando. – Voltarei se não chegar e você continuar só.
- Emmett! – chamei sua atenção. – Vai ficar tudo bem. Estão chamando
socorro. – sussurrei baixo e ele sorriu. Esticou a mão até meu rosto e limpou o sangue
que escorria. – Acho que você deveria ficar quieto. – completei rindo e ele sorriu de
volta.
- Olá. Sou Victória Evans, secretária do Sr. Emmett Cullen e ele pediu que lhe
ajudasse trazendo algumas roupas. – apontou para a sacola e olhei para minha blusa
completamente suja de sangue e a calça jeans também.
- Estou pronta. – avisei-a e ela sorriu ao ver a roupa por completo em mim. Meu
olhar se perdeu no quarto de Emmett e ela acompanhou. – Será que eu posso vê-lo?
Me prometeram notícias, mas simplesmente...
- Acabo de sair de lá. Ele ficará feliz com isso. – cortou-me e segui com passos
inseguros até o seu quarto. Eu sentia uma sonolência grande e estava bem tonta,
mas procurei ignorar isto. Meu corte parecia pulsar e meu corpo dava seus primeiros
sinais de cansaço do dia.
- Hey. – sussurrou assim que me viu. Meu coração pareceu quebrar ao vê-lo.
Não parecia o mesmo sorridente de antes. Ele tinha o torso enfaixado e o rosto pálido.
Aparentando uma fraqueza que me deu vontade de chorar. – Não estou tão ruim
assim, Bella...
- Você vai ficar melhor. – falei baixo, parando do seu lado na cama.
- Eu sei. Eu sei. – sorriu torto, mas pareceu uma careta de dor. – Não me odeie
pelo o que vou lhe pedir. Eu preciso de uma noiva para passar o natal com a minha
família.
- E?
- Você poderia ser minha noiva durante esse período de natal? Eu juro parar
de te encher quando tudo isso passar. Eu só não quero que meu pai se desaponte
comigo de novo.
- Emmett. – ri com escarnio – Você está sobre efeitos de remédios e não sabe
exatamente o que faz. – completei rindo.
- Ele está falando sério. O motivo pelo qual vim aqui foi para trazer isto. –
Victória interrompeu abrindo uma caixinha com um anel de noivado. Um lindo
solitário.- É só durante o período de natal ou perderemos muito.
- Vic. – Emmett interrompeu e depois virou-se pra mim – Só por uns dias.
Passaremos o natal juntos e você ficará livre.
Minha cabeça pareceu doer um pouco mais com tudo aquilo. Minha mente se
dividiu em pros e contras e me repreendi por realmente considerar uma insanidade
daquelas. O que mais me chamou atenção foi a possibilidade de passar o natal com
uma família de verdade. De ter mais que um gato para compartilhar histórias velhas
de papai Noel perto de lareira grande e bonita.
Não faria mal algum brincar um pouco de faz de contas. Se seguir uma
mentirinha para mudar um pouco minha infeliz vida. Respirei fundo e olhei para o
relógio.
- Tudo bem. – falei baixo e Victória bateu palminhas. Emmett sorriu e meu
coração se aqueceu ao vê-lo sorrir de forma adequada.
- Como?
- Você deveria dormir agora. – incentivei colocando minhas mãos sobre seus
olhos. – Foi um longo dia.
- Eu não perdi minhas pernas e odeio que mandem em mim. – retruquei – Sua
família não sabe de Rosalie?
- Ela vai voltar. Ela vai se dar conta que você é o homem da vida dela e vai
aparecer a qualquer momento. – suspirei tentando confortá-lo.
Emmett fechou os olhos e logo adormeceu. Que loucura estava fazendo com a
minha vida, não sabia, mas de algum modo, quis retribuir a Emmett por dois anos de
atenção. Ele estava precisando de mim agora. Alguém, pela primeira vez na vida
precisava de mim e eu queria fazer parte disto.
Não tinha o mínimo sono e muito menos ideia do que fazer. Será que já estava
liberada? Suspirei irritada e alguém limpou a garganta atrás de mim. Virei-me
lentamente sufocando o grito assustado que poderia acordar Emmett e me deparei
com cinco figuras extremamente bonitas.
Um homem era loiro, alto, de um jeito sulista com olhos azuis claríssimos e se
vestia muito bem de terno, como Emmett. Ele estava abraçando com uma mulher de
cabelos pretos, curtos e olhos verdes, ela estava me analisando minimamente, senti
como se pudesse ver a minha alma. Algo nela me lembrava o grandalhão sorridente,
mesmo sendo mulher e extremamente pequena. Outro homem loiro, de aparência
mais velha e não menos bonito estava me fitando com curiosidade e segurava a mão
de uma mulher ruiva meio bronze, de olhos verdes com a expressão misturada com
preocupação, choque e curiosidade.
Havia mais um. Ele era extremamente bonito. Tão alto quanto os outros, forte,
não grotescamente como Emmett, mas dava para ver seu porte causando sombra no
quarto. Seus cabelos era bronze meio bagunçados, seu queixo era quadrado e tinha
a barba a fazer. Seus lindos olhos verdes me analisavam seriamente. Era como um
anjo do mal. Dei um passo pra trás completamente encantada.
Foi então que a ficha caiu. Eles eram a família de Emmett. Uma absurdamente
família linda do meu sorridente. Foi a segunda vez no dia que achei que estava
enlouquecendo.
- Então, senhorita Bella Swan, eu lhe disse que você veria o Sr. Emmett depois.
– Dr. Xavier entrou no quarto sem reparar que tinha mais gente. – Eu sei que você
estava absurdamente preocupada com o seu noivo e lhe prometi que contaria
detalhes do estado crítico do mesmo.
Minha boca se abriu e fechou várias vezes. Como ele sabia que –
supostamente – era noiva de Emmett? A única resposta que me veio foi Victória, mas
não tinha certeza disto. Respirei fundo e me senti zonza. Era a terceira vez e dessa
vez me importei. Estando mal, não encararia a família Cullen. Ótima hora para dormir,
sorriso.
- Viu, você sofreu um estresse muito grande. Repouso, moçinha. – ralhou vindo
me ajudar – Oh, quem são estes?
- Somos a família do paciente. Sou o pai, Carlisle Cullen. – o loiro mais velho
estendeu a mão para o doutor. – Viemos o mais rápido possível.
- Sim, imagino. Foi uma confusão. – respondeu. – Bella, sente-se no sofá, seus
pontos estão abrindo. – gentilmente me estendeu a mão e conduziu até o sofá de
couro ao lado. – Vou pedir para a enfermeira limpar isto e você voltará para seu
quarto, entendeu?
- Eu precisava vê-lo. – falei com um fio de voz – Vocês não permitiram saber
como ele estava. Não foi fácil vê-lo sangrando no chão ao meu lado e depois
simplesmente perder de vista. – retruquei e ele respirou fundo. Ouvi um soluçar baixo
e vi a mulher que achava ser a mãe de Emmett chorar pegando a mão do filho
adormecido. A pequena mulher também estava bastante chorosa.
- Compreendo. Mais você teve uma lesão que precisa ser acompanhada de
perto, ok?
Assenti e abaixei a cabeça. Ouvi o doutor contar o estado clínico de Emmett e
quase chorei quando ele disse que poderia ter sido pior. Ele precisava se recuperar
e ficar em observação. A família dele fez muitas perguntas e não passou
despercebido que o homem de cabelos bronze ainda me fitava seriamente com
confusão.
- E ela? – a ruiva perguntou baixo com uma pintada de carinho. – Que lesão é
esta?
- Ela teve ferimentos provocados por vidros e uma batida forte de cabeça contra
o chão. Há uma anomalia em sua radiografia que pode ser temporária ou não. E só
descobriremos se ela sossegar e parar de discutir comigo. – respondeu me olhando
de soslaio e me encolhi no canto.
- Eu, hum... Ér, sou Bella. Isabella Swan. – respondi coçando a garganta para
a minha voz sair confiante – Sou a, bom, noiva do Emmett.
- Sou uma louca qualquer que simplesmente está aqui, no quarto do hospital
de um cara no qual sofreu um assalto e olhando para a família dele afirmando que
sou sua noiva. Só isso. – respondi ficando de pé prontinha para sair do quarto, mas
a pequena pegou minha mão e olhou para a aliança.
- Ela está falando a verdade. – disse simplesmente. Soltou minha mão e me
abraçou. Fiquei muito surpresa com sua atitude que demorei meio século para poder
corresponder – Prazer, sou Alice, como deve saber, irmã caçula de Emmett. – sorriu
e virou-se para sua família ainda confusa. – Estes são meus pais, Carlisle e Esme.
Meu namorado, Jasper e meu outro irmão, Edward.
- Eu escolhi esta aliança para Emmett a duas semanas atrás. – ergueu minha
mão e mostrou para a família. Uma luz de entendimento caiu sobre eles e sorriram.
Exceto Edward, é claro.
Eu sabia. Sabia que aquilo tudo era sonho. Não havia um noivado falso, uma
família bonita que passaria o natal comigo. Quando abrisse os olhos, estaria
sucumbindo a solidão novamente com a companhia de Max. Sem nenhuma família
bonita e nenhum homem sombriamente encantador. Tudo porque Bella Swan não
tem sorte alguma.
Capítulo 2
Undesclose Desires
Eu sonhei com Renée e ela estava me chamando para viver junto dela e Charlie. No
sonho eu sabia que eles estavam mortos e isso me assustou de tal maneira que sentei
na cama rapidamente. Uhn, cama? Sonho? Quando foi que dormir e vim parar nesse
local? Lentamente a engrenagem do meu cérebro foi trabalhando e as imagens
vieram surgindo aos pouquinhos. Não tenho o mínimo de sorte. Olhei para a aliança
no meu dedo e fiquei mais zonza ainda.
- Você fala bastante dormindo. Cheguei a pensar que estava passando mal. –
Alice comentou do canto escuro do quarto. Era noite e tudo parecia bem frio e escuro.
– Fiquei preocupada com você e resolvi vir lhe ver. Acompanhar-te... – completou
chegando perto da cama. Eu fiquei absurdamente feliz em ouvir este detalhe. Alguém
veio me ver. Me acompanhar.
- Eu dormi por muito tempo? – perguntei com a voz rouca. Limpei a garganta e
passei a mão no cabelo meio embolado. Meu rosto devia estar desconfigurado de
sono. E pelo choro também, meu rosto estava molhado e eu sabia o que isso
significava.
- Só por algumas horas, mas acho que você estava precisando bem disso. –
respondeu-me afagando minha mão. – Sente fome?
Alice pareceu sorrir mais quando mencionei minha intenção antes de comer.
Eu queria vê-lo e saber se o efeito dos remédios tinha passado e sua sanidade voltada
ao normal. E também saber se meu único amigo – se é que assim poderia dizer –
estava melhor e mais sorridente. Era como um crime não permitir que Emmett
sorrisse. Alice me ajudou a sair da cama e calcei as sapatilhas que estava no canto.
Certifiquei que não estava mais tonta e rumei para fora do quarto, atravessando o
corredor de cabeça baixa.
- Muito e com fome. – respondeu rindo e todos riram. Isso me pareceu tão
Emmett. – Soube que desmaiou. Já parou de dar sustos por hoje?
- Engraçadinho. Não sou eu que estou tirando fotos do meu ferimento para
contar aos netos. – retruquei sentando-me parcialmente na cama. Emmett gargalhou
e o outro rapaz loiro, Jasper veio e bateu na sua mão. Em forma de hi-5 em punhos.
- Vejo que conheceu minha família... – começou comentando sem graça. Daí
lembrei-me de ficar com raiva dele e franzi meus olhos. – Credo. Não me olhe assim...
Eu disse que ia ser no natal. Não tenho culpa que hoje sofremos um assalto.
- Isso que dá andar sem seguranças, Emmett. Já cansei de falar que não é
seguro. – Esme o cortou vindo parar ao lado dele. – Eu pensei que tivesse perdido
você quando recebi a ligação.
- Sem exageros. Bella estava lá e viu que não foi nada demais. – deu os ombros
e isso me irritou. Nada demais? Ele era insano. Dei um tapa no seu braço bom bem
forte. – Isso dói, Bella.
- É pra doer mesmo. Nada demais? Aquele homem era três vezes maior que
eu! Uma porrada dele e eu voei longe e a segunda coisa que vi foi você caído no
chão. E tem coragem de dizer nada demais? – rosnei batendo mais duas vezes nele.
Eu estava com tanta raiva. Mas tanta raiva.
- Então, Isabella, você não vai avisar sua família sobre o ocorrido? – Edward
perguntou do sofá onde estava sentado ao lado de seu pai, Carlisle. – Eles devem
estar preocupados.
Emmett me fitou pedindo desculpas e pegou minha mão. Ele já tinha tentando
arrancar de mim essa informação durante o ano que nos conhecíamos e somente
hoje ele soube da verdade. Não passou despercebido por mim que ele viu a minha
tristeza ao anunciar isto em voz alta.
- Papai noel chegou. – Victória abriu a porta sorrindo. Ela fechou mais a
expressão quando viu o restante da família. – Boa noite família Cullen. – falou
cordialmente e foi respondida no mesmo tom. – Trouxe chocolate quente preferido da
moçinha. – estendeu-me um copo do Starbucks e aceitei de muito bom grado. –
Trouxe uns donuts também. Imaginei que com esse frio e o estresse hoje fosse querer
bastante açúcar. – entregou-me uma caixinha que Emmett puxou do meu colo, mas
bati na sua mão puxando de volta.
- Você não deve comer isso. – tirei da sua mão. – Você está se curando e seu
sangue não precisa mais de açúcar.
- Correto. Eu trouxe duas saladas diferentes porque imaginei que não iria comer
a comida daqui. O médico disse que salada pode e Bella está liberada para comer o
que quiser. – Victória completou e ele se encolheu na cama.
Fiquei um bom tempo tentando entender sua informação, mas depois sorri,
ainda segurando a caixa de donuts. Emmett já estava comendo sua salada e Esme
fitou-me preocupada.
- Você também deveria comer coisas saudáveis. – sorriu tirando da minha mão
e puxando a outra salada, rejeitada por Emmett. – Coma isto, vai se sentir melhor.
Sem mais desmaios.
- Oh, por favor, chame Esme. Srª é a mãe de Carlisle. – brincou afagando minha
bochecha e olhando feio para a atitude de Emmett.
- Seu gato está bem acomodado, Bella e mandei seu carro para a garagem. –
Victória falou desligando o celular. – Estarei de volta amanhã cedo para lhe buscar.
Sua alta é às nove horas. – deu-me um beijo rápido e acenou para o resto.
- Uhn, sim. Ele está meio ocupado no momento, você gostaria de deixar
recado? – perguntei tentando soar tranquila.
- Não. – respondi baixo. Não era namorada. Era amiga e tecnicamente noiva.
Ela suspirou audivelmente na linha. Por impulso, bebi um gole do meu chocolate
quente já frio.
- Sou Rosalie Hale. – disse baixo e engasguei com a bebida. Fiquei lívida. Meu
rosto deve ter ficado tão branco que Alice se alertou. Ela fez menção em levantar,
mas fui mais rápida, saindo da cama e fazendo sinal para ficar calma. – Eu vi no
noticiário que ele sofreu um atentado e que estava com a namorada.
- Não. – respondeu rapidamente – Eu sinto que ele tem outra pessoa. Os jornais
nem sempre mentem.
- Não é cem por cento verdade. Não mesmo. – mordi os lábios confusa. Já
estava me intrometendo demais. Só que parte de mim queria que essa mulher
simplesmente aparecesse para confortar Emmett. Há um ano ouço dizer o quanto
gosta dela.
- Ela disse que viu o noticiário. Que está preocupada e me pareceu com medo
de perder você. – contra ataquei e completei mentalmente que ela não tinha intenção
de aparecer, mas não custava nada. – Ela está na linha, Emm. Atenda. – tentei soar
suave.
- Não dá. Bells, eu tenho um pingo de amor próprio. – resmungou encostando-
se na parede. Suspirei e percebi que ele estava irredutível. Peguei o telefone
novamente e tirei do mudo.
- Acho que já esperava por isso. – suspirou meio chorosa. Meu coração se
cortou com isso. Olhei com raiva para Emmett. Custava falar? Ninguém estava
pedindo para voltar. – Obrigada por tentar, Bella.
- Com certeza eles estão achando que você veio me agarrar, sua tarada. –
piscou e fiquei mortificada de vergonha destrancando a porta. A família dele nos
olhava confusos, curiosos e divertidos. Fiquei ainda mais envergonhada e o celular
dele vibrou de novo na minha mão. – Ela só estava com saudades. – deu os ombros
voltando a deitar na cama.
Alice sorriu com Esme e Edward revirou os olhos. Esse definitivamente não ia
com meu santo, apesar de ser incrivelmente lindo. O celular continuou vibrando e vi
que era Rosalie de novo. Acho que precisarei dizer que será preciso mais tempo que
cinco minutos. Mostrei o visor para Emmett e ele virou o rosto como criança
emburrada. Respirei fundo para manter meu controle.
- Não. Vou. Atender. – respondeu irritado. Não comigo, mas com a ligação. –
Você não precisa atender, se quiser, mais do que ninguém sabe que isto será
impossível.
- Ela quem? – Esme perguntou lendo o visor – É mulher? É algum ex-caso seu?
- Não, vou desligar. Enquanto ele tocar vou ficar ligeiramente irritada com sua
teimosia e sinceramente não estou a fim de desmaiar de novo, hoje. – respondi
devolvendo seu aparelho e apontando para a placa que pedia celulares desligados.
Emmett sorriu pra mim e constatei que ele era realmente impossível. – Eu sinto que
te odeio neste momento.
- Não fique com ciúmes. Ela faz parte do passado. – sorriu torto. O que parecia
um conforto para sua família, pra mim era um aviso. Algo em mim bateu o pé dizendo
que não era passado. Acabei sorrindo de volta e novamente fiquei incomodada com
a sua família sendo mais uma vez nossos expectadores.
- Está tarde. Nós voltaremos amanhã cedo, querido. – Esme beijou sua
bochecha e veio me abraçar. – Desculpe por mais cedo e é um prazer lhe conhecer,
Bella. – beijou-me a bochecha com carinho. Aquilo era tão mágico que senti vontade
de chorar.
- Desculpe por mais cedo. Estava nervoso por Emmett e todas as outras coisas.
– disse-me com um sorriso pedido de desculpas lindo. Ele era tão perfeito que podia
confundi-lo com um anjo. Seus cabelos pediam que minhas mãos os acariciassem.
- Está tudo bem. Compreendo.- disse baixo aceitando seu aperto de mão. Sua
pele era macia, gostosa. Ele tinha dedos longos, bem brancos e bonitos. Como um
pianista. Seu toque era quente, confortador e me transmitia uma eletricidade
diferente. Foi como se meu corpo inteiro se arrepiasse com isto. Meu olhar se
encontrou com o dele e nós nos fitamos assustados.
Edward rapidamente recuperou sua postura e me soltou. Fiquei que nem uma
idiota parada, olhando-o sair do quarto com toda sua graciosidade e costas largas.
Emmett explodiu em uma gargalhada irritante na cama, virei-me irritada querendo
saber o motivo de sua gargalhada.
- Meu irmão deslumbra as pessoas, normalmente.
- Hum. Eu vou dormir, Emmett. Eu nunca tive um dia com tantas pessoas ao
meu redor. – disse irritada.
- Ah, Bellinha. Não vá. – resmungou – Foi só engraçado ver seus olhos
brilhando pelo meu irmão.
- Não estava brilhando. – retruquei batendo o pé e ele riu mais ainda. – Amanhã
nós conversamos, Emmett. – revirei meus olhos e sai do quarto ainda o ouvindo rir.
As enfermeiras também sorriram ao ouvir e provavelmente ela era o paciente mais
alegre de suas vidas. No meu suposto quarto tinha uma bolsa em cima da cama com
toalha, pijamas, escova de dente, xampu, sabonete líquido e outras coisas mais
femininas. Quis dar um beijo em Victória porque era realmente isso que estava
precisando.
Tomei um banho lento, tirando todo resto de sangue dos cabelos e lavando a
minha alma. O pijama de flanela era confortável e quentinho. Me recusei a pensar nas
minhas calças de moletom velhas que deviam estar congelando na minha casa sem
aquecedor. Fiz uma promessa a mim mesma que enquanto estivesse com Emmett
nessa maluquice de o ajudar, não iria lembrar do quanto minha vida era solitária e
amarga.
Meu corpo estava exausto por ter tanta gente ao meu redor realmente me
dando atenção, me olhando. Principalmente Edward. Era o olhar dele que parecia
grudar na minha pele e eu acho que gosto disto. Ele era tão bonito que mesmo que
não fosse de admiração ou paixão, fui notada por alguém bonito que não era Emmett.
- Tem certeza que isso vai dar certo? Eles me parecem muito observadores...
- Não preciso dizer que fique a vontade. A casa é sua. – piscou e saiu,
deixando-me sozinha naquele enorme apartamento. A televisão era enorme e
encontrei uma coleção de filmes antigos ali. Abusadamente e sem mais nada que
fazer até Emmett ser liberado do hospital, coloquei Juventude Transviada com o
lindíssimo James Dean. Aconcheguei-me no sofá e Max subiu no meu colo, ficamos
assim, ali quietos com a Tevê brilhando.
Assim que o filme acabou, senti um pouco de fome e invadi a cozinha enorme
e cheia de aparelhos impossíveis. Gastei metade do tempo necessário só
identificando onde ficava cada coisa e como ligava cada coisa. Aquilo era tão
vergonhoso que dei graças de estar sozinha. Encontrei ingredientes para uma boa
massa com queijo e também para cookies.
- Oi?
- Estou bem. – respondi e Max se aninhou entre minhas pernas miando. Edward
olhou para o gato e depois pra mim espiando por cima do meu ombro as coisas dele
espalhando pelo chão. – Você gostaria de entrar um pouco? – perguntei me sentindo
uma idiota porque estava perguntando ao irmão do dono da casa se ele queria entrar
um pouco. Acorda, Bella! A estranha é você.
- Seria agradável. – respondeu cordialmente passando por mim. Ele olhou para
a tevê ligada na espera de começar Bonequinha de Luxo e sorriu torto. Max se
embolou em suas pernas e ele gentilmente afagou atrás de sua orelha. Foi adorável.
- Eu acho que sim. – respondeu confuso coçando a cabeça. Reparei que toda
vez que ele ficava confuso ou a vontade, simplesmente bagunçava ainda mais seus
cabelos.
Fui até a cozinha e tirei dois pratos, talheres, copos e um suco de laranja da
geladeira e pus na mesa da sala. Nós começamos a comer em um silencio ridículo e
completamente constrangedor, ele observava cada mínimo movimento meu e isso
estava me irritando profundamente. Resolvi empurrar aquele momento para o
cantinho escuro da minha mente e ignorá-lo por completo. Quando estava quase
terminando, o forno apitou avisando dos biscoitos. Levantei rapidamente e tirei a
fornada que estava perfeita. Emmett iria devorar os biscoitos de natal.
Voltei a mesa com um sorriso satisfeito no rosto e Edward sorriu com isso e
depois fechou a cara. A minha nova teoria era transtorno bipolar grave. Terminei de
comer e recostei na cadeira tentando desafiá-lo a perguntar o que quer que fosse,
contanto que perguntasse e saísse da minha frente com o olhar quero saber de tudo,
ficaria MUITO feliz.
- Quanto tempo?
- Por que você se comporta tão mal? É por isso que Emmett demorou a me
apresentar a família? – retruquei querendo loucamente mudar o foco. Mentindo um
pouquinho, é claro. Pareceu funcionar quando Edward rapidamente vacilou com uma
expressão culpada no rosto.
- Você devia tentar conversar mais com Emmett. Às vezes ele pode ser meio
cabeça dura, mas ele sempre está sorrindo. Sempre tem algo alegre e é altamente
capaz de compartilhar algo. – incentivei com minha mania de querer consertar
relacionamentos alheios.
- Você tem razão. Emmett às vezes é bem fácil de ser levado. – retrucou e
percebi um duplo sentido em suas palavras. Bufei irritada e comecei a retirar a mesa
do almoço. Ele era tão rabugento que poderia me dar indigestão. Fui para a cozinha
equilibrando as coisas e comecei a desinformar os biscoitos, colocando em uma
vasilha empilhado.
- Desculpe Isabella. Desculpe por ter sido grosseiro. – Edward soou atrás de
mim. Ele parecia confuso e arrependido ao mesmo tempo. Respirar fundo tornou-se
minha mais nova atividade fique calma Isabella.
- Só estou confuso, ok? Você não faz o tipo do meu irmão. Então, é de
desconfiar. – retrucou e senti que um tapa foi dado na minha cara. Automaticamente
me encolhi. – Não. Desculpe, é que Emmett gosta de mulheres extravagantes, que
se mostram, sejam sensuais...
Edward começou a listar várias mulheres bem mais parecidas com Emmett.
Era estupidamente grosseiro e a minha inexistente autoestima se sucumbiu a nada.
Eu era baixa, magra e com os cabelos de uma tonalidade sem graça, com olhos de
uma tonalidade mais sem graça ainda. Eu tinha completa noção do meu estado não
atraente e ele não precisava jogar na minha cara.
- Você está querendo me ensinar como tratar uma mulher? – perguntou irritado.
– Pelo menos eu posso dizer que a única coisa que Emmett gostou em você foi o dom
culinário, porque ele é verdadeiro ogro da família.
- Outch! Não sabe ouvir uma repreensão? Emmett nunca foi tão grosso comigo
como você está sendo em 24 horas. – gritei completamente irritada.
- É uma boa maneira de recomeçar. Prazer, sou Bella Swan. – estiquei minha
mão. Edward gargalhou incrédulo e a apertou. Senti a mesma coisa hipnotizante de
antes. Toque quente, mãos grandes, eletricidade, prazer... – E você? – gaguejei não
soltando sua mão.
O telefone da sala tocou e não me movi para atender, depois fui compreender
que se eu supostamente morava ali, seria uma atitude normal. Puxei o telefone
evitando olhar para Edward ou simplesmente iria cair.
- Pronto?
- Está tudo bem. Vi uns filmes antigos. – respondi rindo. – Preparado pra vir pra
casa amanhã?
- Uhn, Emm, seu irmão está aqui. – comentei tentando soar casual.
- Não. Está tudo bem, por enquanto. – retruquei tranquila. – Ela retornou?
- Por várias vezes e me senti tentado em atender.
- Não. – suspirou – Cuidado com Edward. Ele é curioso demais. E acho que
não gosto da ideia de tê-la sozinha com ele...
- Vai ficar tudo bem, Emm. Preciso que você fique bom para as nossas vidas
voltarem ao normal. – completei pensativa.
- Até.
Voltei a sentar-me no sofá ao lado do homem mais bonito que tinha encontrado
na vida. Seria perfeito se ele não me achasse feia, tivesse repulsa por mim e achasse
que estava querendo roubar o dinheiro da sua família. Eu não tinha a mínima sorte,
mesmo.
Capítulo 3
Heartbreak Warfare
Me pareceu que ele tirou o dia para me ofender. Para ter mais um pouquinho
de repulsa por mim e pela primeira vez fiquei feliz disso tudo ser falso e nunca mais
olharia na cara de Edward quando Emmett supostamente terminasse comigo.
Quando Victória abriu a porta cheia de bolsas e um sorriso mágico, rapidamente me
deixou sozinha com ele indo para o escritório. Edward ajeitou sua roupa e olhou para
mim e depois para Max, coçou a nuca e disse:
- Você realmente deve ter mudado Emmett. Ele não gosta de gatos. – sorriu
torto e saiu pela porta sem olhar pra trás.
Minha boca se abriu e esqueceu de fechar. Fiquei ali congelada no lugar com
Max miando e arranhando minhas pernas, pedindo atenção. Grosso, estúpido e
completamente adorável. Esse era Edward Cullen.
- Eu nunca liguei tanto para uma mulher como tenho feito com você só hoje. –
disse antes mesmo que pudesse falar alô.
- Emmett. Cancele isto. Seu irmão não tem o mínimo prazer da minha
companhia e é errado. Não quero ficar perto dele. – cortei rapidamente já com o
coração batendo de nervoso.
- Eu sinceramente duvido que seu irmão saiba ser gentil com alguém.
- Ele sabe sim, quando quer. – sorriu – Esteja pronta as 20h e amanhã cedo
quero saber os detalhes.
- Você é um idiota.
Reunindo minhas forças levantei e fui ate o quarto onde estavam todos os
produtos de beleza. Tomei um banho usando o novo xampu com cheiro de morango
bom e todos os sabonetes femininos que ela havia posto ali pra mim. Fiquei pensando
qual era realmente o problema de Edward porque as únicas pessoas que sabiam a
verdade – parcialmente, é claro – sobre a minha vida era Emmett e acho que Victória.
Se eu era uma herdeira agrária, que morava sozinha e noiva do seu irmão, por que
simplesmente me odiava?
- Você está bonita. – disse baixo coçando a garganta para a voz sair clara,
revirei meus olhos diante do seu esforço inútil. Além de grosso, deu pra ser mentiroso.
- Então, você está pronta? Podemos ir? – perguntou esticando sua mão, puxei
a chave e a ignorei. Seja durona, Isabella.
Ficamos andando do lado do outro, sem se tocar ou falar. Agradeci por ele ao
menos ter tido a decência de se manter mudo, porque não estava muito a fim de
segurar o choro e chorar mostraria a ele o quanto sou fraca. E idiota também. Estava
muito frio e agradeci mentalmente pelo casaco quentinho.
- Como?
- Ah. – mordi os lábios e girei ao meu redor até encontrar uma cantina italiana
que parecia bem mais aconchegante que aquele restaurante francês com muitos
talheres a mesa e pessoas extremamente arrumadas, chiques. – Acredito que aquele
lugar seja bem legal.
- Direto ao ponto você. Não tenho nada em minha vida que seja interessante
em partilhar. – retruquei também olhando para meu cardápio. Edward respirou fundo
e colocou na mesa com a expressão cansada.
- Eu estou tentando aqui. Olha, eu sei que não fui muito legal com você e não
tenho desculpas para isso. Só que Emmett sempre apronta muito e me sinto no dever
de tomar conta dele, mesmo sendo mais velho.
- Não estudo. – respondi irritada. Eu não tinha o direito de ficar irritada porque
era a parte insignificante da equação, mas explique isso para meu cérebro.
- Você poderia simplificar minha vida e dizer o que faz ou perderei a noite inteira
aqui. – retrucou naquele tom de voz impaciente. Minha expressão de choque foi tão
grande que minha boca se abriu e ele se encolheu – Fiz de novo, não é? – falou baixo
passando a mão no cabelo nervosamente.
- Eu não faço nada nessa época do ano. – respondi e ele compreendeu como
se estivesse de folga ou algo do gênero. – Isso é complicado para você, não é?
Primeiro ri com escarnio quando usou a expressão ‘se me permite dizer’, ele
simplesmente dizia o que queria. Depois fiquei congelada a mesma boca que jogou
minha autoestima no lixo agora estava me dizendo que era bonita demais para
Emmett. Quem no mundo era bonita demais para ele? Quer dizer, pode até existir,
mas essa pessoa definitivamente não sou eu.
- Estou querendo dizer que Emmett está te usando para ganhar a presidência
da empresa. – disse simplesmente como se fosse a coisa mais natural do universo.
– Entendeu agora? Precisa ser casado para substituir meu pai e Emmett não tem o
mínimo escrúpulo para fazer isto.
Foi então que a ficha caiu. Edward e Emmett não se davam bem porque
disputavam o mesmo cargo, que era do pai deles e que provavelmente pela idade
estava se aposentando. Ele não gostava de mim porque Emmett supostamente
estava muito mais perto de conseguir ser o novo CEO da empresa porque tinha uma
noiva. A famosa que seria apresentada no natal. Era essa a pressão psicológica que
Emmett vinha reclamando nas ultimas semanas. Tudo por um cargo.
E minha intuição dizia que Edward só tinha voltado da Inglaterra para também
ter essa chance. Já que Alice aos 17 anos não podia concorrer. Fiquei terrivelmente
chateada que dois irmãos não se dessem bem por causa de dinheiro. E eu nem
família tinha! Um irmão no qual brigar e fazer as pazes. Senti uma tremenda vontade
de chorar... Eu já estava chorando e por isso levantei da mesa rapidamente, puxei
meu casaco no corpo e sai de dentro do restaurante.
Meu peito parecia que ia explodir. Não estava acreditando que poderia existir
tanto egoísmo. Tudo que mais almejava na minha maldita vida era ter alguém para
compartilhar alegrias e tristezas. Era chegar a casa e ter uma família para cozinhar,
rir e conversar e estava no meio de dois irmãos que mal se falavam por uma empresa?
Por dinheiro? Eu sei que eu não tinha dinheiro algum e poderia não compreender a
importância desse tipo de coisa, mas isso não deixava de me magoar.
Atravessei a rua rapidamente e fui impedida de seguir adiante quando uma mão
grande puxou meu braço. Virei-me tão rapidamente que me choquei contra o corpo
de Edward.
- Não foi muito educado da sua parte sair assim. – resmungou me ajudando a
equilibrar. Ele olhou para meus olhos e secou uma lágrima com a ponta do dedo. –
Desculpe. Não quis te magoar, só falar a verdade. – completou docemente e isso me
enervou mais ainda.
- Não me peça mais desculpas. Não fale mais comigo. Você está errado. –
acusei batendo com a ponta dos dedos no peitoral dele – Emmett é altamente capaz
de gostar de alguém. De correr atrás e mostrar seu amor. Querer casar por amor e
não dinheiro. Ele não é egoísta como você!
Claro que não estava referindo a seu amor por mim porque não existia.
Abusadamente joguei traços do que ele fez por Rosalie no meio. Edward nunca iria
saber, de qualquer modo.
- Essa ideia não vai dar certo. Deixe-me ir embora, Edward. Estou zangada
com você. – resmunguei soltando meu braço do seu aperto.
- Alguém não tão grosso e estupido como você. – retruquei dando as costas.
Eu estava muito irritada, ia ligar para Emmett e tirar essa história a limpo, mesmo não
sendo da minha conta, precisava falar mal de Edward com alguém.
Emmett ficou rindo conforme esbravejava no telefone. Ele disse que Edward
muito obcecado com o trabalho e a empresa. E também me garantiu que não pediu
Rosalie em casamento por causa disso, mas que me pediu em casamento por isso.
Só para se divertir as custas do desespero de Edward. Não preciso dizer que fiquei
com mais raiva ainda, mas foi impossível não rir conforme Emmett ia listando os
motivos de suas diversões.
No fundo, eu percebi que ele só queria ter seu irmão por perto. Acho que
Emmett sentia falta de algum momento – se é que existiu – em que ele e seu irmão
caçula eram apenas amigos. Inevitavelmente me vi na hora de dormir formulando
uma maneira de fazer Edward enxergar que Emmett precisava dele como irmão e
não como inimigo.
Capítulo 4
Save Me
Capítulo 5
So Close
Capítulo 6
Broken
Capítulo 7
Capítulo 8
Ontem foi a mais linda da minha vida até hoje. Nós ceamos
várias especiarias preparadas por Esme. Não dava para
perceber que ficou tanto tempo sem cozinhar. Foi incrível ouvir
e contar histórias natalinas para mais gente que acreditava na
magia do natal. Uma sensação quentinha no peito que é
irresistível. Mais ainda foi sentir Edward perto de mim a noite
inteira... Isso era completamente diferente do que estava
acostumada. Eu parei de querer chorar logo depois do jantar
e fiquei só em sorrisos.
Emmett estava realmente radiante com sua ursinha
francesa. Rosalie era um amor, bom, por enquanto ainda era.
Sua beleza fazia minha autoestima ir para o ralo, fiz uma nota
mental de me arrumar mais quando saísse com ela. Ficou
muito tarde e Edward se recusou a me levar em casa e meu
carro estava no estacionamento da estação. Eu dormi lá – no
quarto de hospedes com uma cama maravilhosa - e agora
estava a caminho da estação com Alice e meu novo celular,
presente dela, é claro.
Edward e eu ainda não tínhamos nos falado depois de
ontem, mas eu sabia que tudo estava a caminhar para ficar
bem. Eu não iria pensar nisso, tinha que recuperar meu
emprego urgentemente. Joseph precisava compreender que
o amor da minha vida me resgatou da torre do mal. Ok, talvez
ele não gostasse que referisse sua cabine como maligna, mas
o salário dele era importante pra mim.
- Tem certeza que Edward sabe que você está vindo
aqui? – perguntou-me preocupada em se meter em
problemas. – Bella, você sabe que não precisa mais trabalhar
na sua vida, não sabe? – perguntou preocupada e fingi que
não ouvi. Essa era boa.
- Tenho. – menti dando um beijo na sua bochecha –
Edward não vai reclamar, confie. – completei pulando do carro
em direção as escadas subterrâneas sem querer saber sua
reação.
Foi pior do que imaginava. Joseph obviamente não me
aceitou de volta e com a mente cheia arrastei meus pés até o
estacionamento fui para casa, parando no jornaleiro para
comprar os classificados e procurar algo novo. Procurei não
culpar Edward por isso, mas se ele ao menos tivesse
aparecido no fim do expediente...
Cheguei em casa e Max estava enlouquecido de fome.
Fiquei com tanta raiva de mim mesma que dei sua comida em
meu colo. Fiquei afagando meu bichano com a mente longe.
Ainda era muita informação para processar. Um dia apenas e
tudo parecia mais de cabeça pra baixo que antes. Empurrei
aquelas pensamentos de lado e comecei a riscar os
classificados e a maioria pedia cursos adicionais. Encontrei
uma vaga para repositor de mercadorias em um hipermercado
no centro de Manhattan.
- Max, comporte-se. Prometo voltar desta vez. – afaguei
suas orelhas e fechei a casa. O ar gelado bateu no meu rosto
e me escondi no meu novo casaco quentinho dado por
Victória. Aproveitei que muitas pessoas não estavam saindo
por estar frio e ser fim de ano e me deliciei com o trânsito livre,
chegando rápido até meu destino.
O estacionamento estava bem vazio e no balcão uma
menina simpática me levou até a sala do gerente. Ela disse
que ninguém tinha se candidatado por ser fim de ano e por
isso tinha grandes chances. Seu nome era Lauren Mallory e
se apresentou como secretária do Riley Bears. Ele era bem
bonito e foi extremamente simpático comigo.
- Isabella, nós estamos com poucos e gostei muito de
você. James não vai se opor a minha decisão. – disse
confiante e seu sorriso era genuinamente confiante.
- Quem é James? – perguntei debilmente com a minha
sorte extraordinária. Ganhei um namorado, perdi um emprego
e ganhei outro. Meu inferno astral poderia ter acabado de vez,
já que ele durou 15 anos.
- Ele é o dono, sempre está por aqui. – sorriu torto. – Bom,
o que acha de começar na quinta-feira? Até lá consigo seu
uniforme e crachá.
- Tudo bem por mim. – sorri agradecida.
- Você pode deixar suas medidas com Lauren? –
perguntou-me sem graça.
- Claro. – respondi confiante. – Obrigada pela
oportunidade, Sr. Riley. – estendi minha mão e ele apertou
rindo.
- Nada de Senhor, e sim, só Riley. – corrigiu. Ele não era
mais velho que eu. Disso eu tinha certeza.
- Então, só Bella. Até quinta. – despedi-me saindo de sua
sala quentinha, procurando por Lauren no mercado. Não
demorei muito informando meu tamanho e numero de
calçados. O uniforme era uma blusa de gola polo com o
símbolo do mercado bem pequeno, calça jeans e tênis branco.
Não era de um todo tão ruim.
Meu novo celular estava tocando e ganhei olhares furtivos
no mercado porque até compreender que era o meu, ele irritou
bastante gente. Era outra coisa que ainda precisaria me
acostumar.
- Onde você está? – Edward perguntou com uma voz
arrastada de sono. – Nós fomos dormir as três horas da
manhã e você conseguiu sair da cama antes das nove? –
completou manhoso. Eu fiquei em silencio só me deliciando
com o doce som da sua voz.
- Estava tentando recuperar meu emprego. – respondi
rindo um pouco – Pensei que se chegasse no horário hoje iria
conseguir.
- Eu disse que a gente não ia voltar mais lá. – falou seco
e prendi a risada. Era essa reação que esperava – Ele te
aceitou de volta? Você está na estação? – perguntou
resmungando.
- Não. – falei baixo forçando um suspiro. Eu queria saber
se Edward sentiria uma mínima gota de culpa. Principalmente
que Joseph disse que tinha um namorado para gritar por mim.
Não era bem assim.
- Que bom. – disse rindo e uma vontade crescente de
gritar me ocorreu, mas engoli. Edward não se sentiria culpado
por isso. – Você não precisa trabalhar mesmo.
- Tchau Edward.
- Espera! – gritou do outro lado. – Não é pra ficar
chateada, só aquele lugar não é pra você.
- E eu vou me sustentar como? - Retruquei mais alto.
- Você não. Eu sim. – disse secamente e aquilo começou
a me cansar. Bati a porta do carro com força – Está indo onde?
- Eu preciso trabalhar e nós não vamos conversar sobre
isso agora. – resmunguei – Estou indo para casa agora.
- Eu quero te ver. – disse mais baixo com aquele mesmo
tom de voz adorável. Minha raiva desapareceu e escorreguei
no banco ligeiramente derretida. – Volta pra cá. Está frio...
Estamos todos aqui e falta você.
- Não sei Edward, eu fiquei ontem aí...
- Não começa Bella... – cortou-me chateado. Da manha a
estupidez. Esse era Edward. Suspirei fundo sem realmente
saber o que fazer. – Vá pra casa, faça uma bolsa e arrume
Max. Estou saindo para te buscar. – disse e desligou o
telefone.
Fiquei um bom tempo olhando o aparelho sem reação,
mas quando o vidro do carro começou a criar gelo entendi que
era a minha deixa para ir embora.
Ao estacionar, um Volvo preto reluzente estava parado
bem na minha calçada. Entrei na garagem e passei para casa
por dentro dela. Dois segundos depois alguém bateu na porta
e era Edward encostado na soleira com aquela expressão de
poucos amigos. Dei passagem para entrar e Max veio se
aninhando nas pernas dele como se fossem amigos íntimos.
Edward o pegou, sentou no sofá e olhou no relógio.
Tudo bem que desde que nos falamos ele deveria estar
uma meia hora esperando do lado de fora, mas seu carro não
era desconfortável como o meu e tinha aquecedor. Como
sempre, reclamando de barriga cheia. Ele ficou com Max
enquanto estava no meu quarto escolhendo poucas coisas.
Todas as roupas que Emmett havia comprado pra mim estava
no armário do quarto que dormi essa noite, mas Esme não
falou nada.
- Estou pronta. – anunciei ao voltar a sala encontrando-o
vendo umas fotos minhas quando criança. – Não veja isso. –
pedi irritada puxando-o pra fora. Edward pegou um porta
retrato e colocou no casaco – Isso é furto, sabia?
- Você está muito bonitinha. – sorriu torto pegando Max e
entrelaçando nossas mãos até o carro. – Além do mais, eu
como seu namorado tenho o direito de ter fotos suas. –
completou beijando minha bochecha abrindo a porta pra mim.
Eu fiquei com um sorriso idiota pelo beijo, pelas mãos
dadas, pelo termo ‘namorada, namorada, namorada’ que
ficava martelando em minha cabeça como um papagaio de
pirata. Max ficou querendo testar a grossura do couro do carro
e isso me deu vontade de rir, mas tive a ligeira sensação que
Edward não queria que ele descobrisse a resposta.
Obviamente não iria permitir, mas já sabia mais uma coisa
dentre milhões que poderia irritá-lo em um dia comum.
Nós chegamos quinze minutos depois e meu rosto
pareceu congelar quando sai do carro e Edward entregou o
mesmo para o manobrista. Sim, ele era incapaz de entrar na
garagem e estacionar o próprio carro. Esme estava no hall
quando entrei e ela mandou soltar Max para ser feliz e correr
por aí, mas o que realmente aconteceu foi que ele encontrou
uma almofada quentinha perto da lareira, se embolou em si
mesmo e dormiu. Em menos de trinta segundos. Acho que não
mencionei que meu gato sofria de preguiça aguda.
- O nome dele tinha que ser Garfield – Esme sussurrou
como se não quisesse atrapalhar seu sono. Achei que para o
bem da minha sanidade – que já era pouca – não responder
seu comentário.
- Você disse que Edward não iria encrencar. – Alice
passou emburrada e virei fatalmente para Edward. Minha boca
se abriu em um O incrédulo.
- O que você fez com a sua irmã? – perguntei incrédula
- Tirei o cartão de créditos dela por não ter me avisado.
Ela é minha irmã e joga no meu time.
- Edward... Me dá. – estendi a mão abusadamente
franzindo meus olhos. Edward coçou a ponta do nariz e tirou
a carteira do bolso. – Nós não vamos ter essa conversa hoje
então, devolva a sua irmã.
Esme estava parada com um olhar incrédulo estampada
no rosto. Alice veio e puxou do irmão o cartão com uma careta
vencedora. Ganhei um olhar muito feio dele, mas não estava
me importando porque achei incrivelmente lindo. Eu dei meu
melhor sorriso de volta e uma piscadinha antes de seguir Alice
até a cozinha para fazer chocolates quentes e esperar o resto
da família retornar para o almoço.
- Eu consegui um emprego novo. – disse enquanto servia
chocolate nas canecas de porcelana lindíssimas.
- É? Lá na empresa? – a baixinha se animou e eu ri.
- Não. Em outro lugar e mais ninguém sabe, então, isso é
segredo nosso, ok?
- Nós temos segredos! – gritou com os olhos brilhando. –
Ops. Tudo bem. Segredo nosso. – sussurrou pegando a
bandeja. Fiquei momentaneamente preocupada se Alice seria
capaz de guardar algo se fosse ameaçada a ficar sem
compras. Não que o meu “segredo” fosse algo do estado
maior, mas só para eventualidades futuras.
Esme, Alice e eu ficamos conversando no chão da sala
até a porta se abrir e Rosalie com Emmett juntares a nós
sorridentes. Ninguém quis saber o motivo, seria prejudicial a
nossa sanidade mental. Depois de um bom período e com o
humor recuperado, Edward sentou atrás de mim e deitei minha
cabeça em seu peito conforme o mesmo me abraçava
apertado e cheirava meus cabelos.
Nós almoçamos juntos e ainda existia em mim aquela
sensação de sorrir como uma demente por isso. Por ter um
nós em um almoço em dia comum. Alice foi dormir depois do
almoço, na verdade todos foram só que Edward não tinha o
mínima vontade e não me deixou dormir. Até Max estava –
continuava, na verdade – dormindo. Achei isso muito injusto
que depois de dormir as três, acordar as cinco e levar meia
hora para tentar convencer Alice a me levar na estação –
porque eu saísse daquela casa sozinha, meu sexto sentindo
avisou que ficaria com sérios problemas. E não seria de
Edward.
- Eu vou ter que me separar de você. – resmungou
deitando a cabeça no sofá. –É injusto.
Foi então que a minha ficha caiu. Nós dormíamos em
quarto separados. Eu não podia e nem devia ficar no mesmo
quarto que ele porque não sabia o que Esme iria pensar, mas
eu queria muito dormir. Mais ainda que fosse com ele, apaguei
esse pensamento antes que escapulisse dos meus lábios.
- Edward, você não acha que devemos, tipo, conversar?
– comecei insegura sem olhá-lo.
- Eu acabo de tentar pedir para que você durma ao meu
lado e você quer conversar? – perguntou cético. Eu senti meu
rosto aquecer inutilmente. Em relacionamentos normais isso
era normal, mas eu não era normal e Edward principalmente.
– E eu acho que devíamos deixar rolar...
- Deixar rolar? – retorqui arqueando uma sobrancelha.
Edward abriu mais os olhos porque ele também estava com
sono.
- Eu também não sei como fazer dar certo. Eu só quero
estar com você. – respondeu-me colocando uma mecha do
meu cabelo atrás da orelha. Eu sorri satisfeita
momentaneamente com sua ideia e fechei os olhos para seu
afago. – Podemos dormir agora? – perguntou inseguro e
assenti aceitando de bom grado o aperto de sua mão.
- Sua mãe não vai achar estranho? – perguntei baixo na
escada.
- Porque ela acharia estranho? Alice dorme com Jasper
aqui em casa que é o maior absurdo de todos. – respondeu
rindo baixo abrindo a porta do quarto. Eu estava com calça
jeans, casaco e tudo era muito desconfortável, por isso
escapuli para o quarto de hospedes e coloquei uma calça de
moletom justa, blusa de flanela, meias e casaco quentinho.
Não era nada atraente porque seria bem impossível ficar
assim em um dia frio, mas era quente.
A casa inteira estava extremamente silenciosa quando
voltei ao quarto de Edward e ele também tinha roupas
confortáveis e um sorriso amável nos lábios. Eu estava
mortificada de vergonha, mas respirei fundo e deitei ao seu
lado mantendo uma distancia saudável. Edward me olhou de
lado, sorriu e me abraçou colando meu corpo com o dele. Nós
começamos a rir com o jeitinho desajeitado Bella de ser.
- Você foi embora hoje de manhã porque queria mesmo
trabalhar? – perguntou baixo enquanto brincava com uma
mecha do meu cabelo.
- Sim... Eu preciso me sustentar de alguma maneira. –
respondi tentando controlar minha expressão de obvio. Eu não
acreditava que precisaria desenhar isso para ele.
- Como assim? – perguntou confuso – Você é minha
namorada... –
- E o que uma coisa tem a ver com a outra? – retruquei
- Tem a ver que estou providenciando um cartão
adicional, um novo carro e outras coisas. Você não precisa
trabalhar. – disse com a expressão de obvio que eu queria
usar com ele poucos minutos atrás. Minha expressão se
fechou na mesma hora – Não é pra se irritar...
- Não? Você está propondo que fique em casa de pernas
para o ar gastando o seu dinheiro? – perguntei mais alto e ele
se encolheu no travesseiro. – É alguma brincadeira? - Minha
voz pareceu um gato miando, mas eu não podia me importar
com isso no momento. Eu queria esganar Edward em nosso
segundo dia de namoro. - Eu tenho pernas e braços. – disse
confiante. – Isso não tem cabimento, Edward. Eu posso ser
uma aproveitadora, sabia?
- Então seja, eu não me importo, eu quero você do meu
lado e esse é o meu ponto final. – disse secamente e dei sua
batalha vencida por enquanto porque meu coração se
desmanchou com sua declaração e minha carranca se
transformou em uma boba apaixonada.
- Edward, eu estou do seu lado agora e acho que não
quero mais discutir sobre isso. – suspirei deitando a cabeça
em seu peito.
- Adoro vencer. – beijou minha cabeça, depois a testa, o
nariz, a bochecha, o queixo e finalmente sorriu torto para meu
desespero de ter seus lábios contra os meus. Seu beijo
começou delicado, mas quando sua língua tocou meus lábios
pedindo passagem, enterrei meus dedos em seus sedosos
cabelos puxando seu rosto para mais perto.
Edward era o primeiro homem no qual tinha beijado na
vida. Eu nunca iria saber se estava fazendo certo, mas com
os lábios dele ali não podia me importar e ser infantil me
preocupando com isso. Era a encarnação do anjo sombrio
beijando os meus lábios em uma enorme cama king size cheio
de volúpia. Em parte comecei a ter pânico porque eu não sabia
se Edward sabia dos meus limites. E também não sabia se
nós teríamos essa conversa ou “deixaríamos rolar”.
Nós diminuímos o beijo e ele acariciou meu rosto como
se fosse a coisa mais importante do mundo. Seus lindos olhos
verdes brilhavam conforme sorria e beijava meu queixo.
- Você ainda não venceu, Edward. – murmurei debilmente
enquanto sentia sua mão espalmando minhas costas por
debaixo do casaco, mas sem entrar em contato com a minha
pele.
- Nós realmente vamos discutir sobre isso? – perguntou
entre beijos pelo rosto e pescoço.
- Não agora porque você está me seduzindo. Quando
estiver com a minha mente sã... – sussurrei e meus lábios
foram tomados pelos os dele novamente. – Não vou voltar
atrás... Vou voltar a trabalhar.
- Shiu, eu estou te beijando agora e não vou falar sobre
isso até seu carro e cartão chegarem. – sussurrou beijando
meu pescoço e um desejo crescente foi subindo pelas minhas
pernas que estavam emboladas com as dele de uma forma
estranha.
- É uma pena não ter forças para arremessar um carro
em você já que um cartão não vai te machucar. – falei meio
sem fôlego.
- Eu tenho meus meios a te convencer a aceitar. – sorriu
mordendo meu lábio inferior. – Só que nós vamos dormir. – riu
e eu ri mais ainda. – Todas as nossas discursões serão
assim?
- Definitivamente não, Edward. Eu ainda quero ser capaz
de gritar com você.
- Segundo dia de namoro e você dizendo que quer brigar
comigo. – resmungou
- Segundo dia de namoro e estou na mesma cama que
você. Fique feliz, feche os olhos me dê um beijo e durma. –
bocejei e ele riu me apertando em seus braços, puxando o
edredom quentíssimo pra cima de nós dois.
- Eu te adoro. – sussurrou e eu dormi antes mesmo de
responder. Oportunidade não iria faltar, é claro. Só do fato de
estar ali com ele provava pra mim mesma que naquele exato
momento era a mulher mais feliz do mundo.
Acordei três horas depois bem mais relaxada e Edward
dormia ao meu lado segurando minha cintura como se fosse
fugir. Eu ri da sua possessividade, mas pulei da cama ouvindo
vozes no andar inferior. Como ele era um dorminhoco de
marca maior, ficou na cama sem ainda dar falta. Fiz uma
aposta comigo mesma, é claro. Precisava saber até onde
afetava Edward como homem. Eu tinha 22 anos, mas não era
burra. Além de ser apaixonada pela alma de Edward eu o
desejava como homem. Tudo bem que não iria confessar isso
oralmente, mas esse pequeno detalhe da minha covardia e
vergonha não anulava minha excitação que senti no momento
que fui seduzida a aceitar seus mimos.
Eu não ia aceitar, principalmente se continuasse tentando
me convencer daquele jeito, mas ele não precisava saber
disso por enquanto.
Emmett tinha Rosalie ao seu lado com cara de sono e
Max em seu colo sendo apertado. Ele só podia ter síndrome
de Felícia para gostar tanto de apertar os animais. Alice estava
com Jasper foleando uns livros e folders no canto. Carlisle e
Esme estavam mais próximos a lareira com taças de vinho.
Cada um no seu mundinho e Edward nos braços de morfeu.
- Dorminhoca. – Rose sorriu dando espaço para sentar ao
seu lado. Carlisle entregou a Emmett uma taça de vinho pra
mim. Era delicioso. Esquentou meu peito que foi uma beleza.
– Cadê Edward? – perguntou-me mexendo em suas
cabeleiras douradas.
- O abandonado está aqui. – resmungou descendo as
escadas arrastando os pés com os cabelos mais bagunçados
ainda e o rosto todo adoravelmente amassado de sono. Meu
interior se contorceu em felicidade. - Obrigada por me deixar
sozinho. – completou jogando-se nas almofadas perto de mim.
Seu braço envolveu minha cintura e me obrigou a deitar ao
seu lado. – Eu te perdoaria se ganhasse dois beijos. – sorriu
e fiquei realmente surpresa pelo seu bom humor. De tudo, eu
imaginava que ele acordasse mal humorado já que qualquer
coisa pode irritá-lo.
- Dois? – entrei no jogo – Três e não falamos mais nisso.
- Fechado.
Nós voltamos a socializar com a família quando Alice
começou a contar sobre os cursos extras que sua escola
estava oferecendo. Eu me interessei por alguns e fiz uma nota
mental de apertar um pouquinho para poder fazê-los. Ela me
entregou alguns folders e as aulas começavam na primeira
semana do ano, antes das aulas voltar. Muitos dos alunos
iriam fazer já que era bom para o currículo da faculdade e
percebi que teria que correr se quisesse uma vaga.
- Você está livre amanhã, Bella? – Alice perguntou-me
depois que o assunto dos cursos tornou-se encerrado por
todos.
- Sim. Tenho o dia livre. – respondi tentando reprimir um
sorriso conspiratório. Ela não tinha falado nada para ninguém.
Fiquei feliz com isso. Muito. Edward percebeu nossa troca de
olhar – que não era proibida – e coçou a ponta do nariz
nervoso.
- Por que Bella não estaria livre amanhã? – perguntou,
mas sua pergunta foi veemente abafada com a risada
tranquila e doce de Rosalie.
- Nós teremos um dia de meninas amanhã e isso é tão
legal. Faz muito tempo que não passeio em shopping com
amigas. – comentou passando a mão em seus cabelos que
insistiam em cair no rosto.
- Eu espero que isso seja divertido. – assinalei fuzilando
Alice. Da primeira vez me deixou sozinha com Edward e eu
passei a maior parte do dia admirando sua beleza enquanto
ele quebrava a cabeça querendo agradar sua família.
Emmett tinha uma conversa profunda com Jasper e
Carlisle e percebi que Edward os fitava com curiosidade e
muito interesse. Apertei sua mão de leve e inclinei minha
cabeça para o lado encorajando-o. Recebi um olhar meio
inseguro de volta e reunindo toda ousadia que existia em mim,
dei um beijo de leve em seus lábios e outro na bochecha.
- Vai lá. Vai ser bom. – sussurrei beijando seu queixo
aproveitando que Alice, Esme e Rosalie conversavam
animadas deixando nos dois em um mundinho particular. Eu
podia ser egoísta e reivindica-lo só pra mim, mas as coisas
ainda não eram as mesmas de antes e seria preciso de um
tempo hábil para fazê-los se reajustarem novamente.
As meninas tinham um entusiasmo enorme para
encontrar o vestido perfeito para a enorme festa de ano novo
que seria dada por eles como todos os anos. Eu e Rosalie
trocamos olhares temerosos porque nós duas não
pertencíamos efetivamente a esse mundo. Mesmo tendo uma
condição minimamente mais elevada que eu, na França, ela
tinha uma pequena confeitaria. Embora não chegasse aos pés
do exagero dos Cullen.
- Acho que devíamos pedir pizza. – Esme comentou –
Esse vinho está uma delícia e é preciso de massas para
acompanhar.
- Hm, adoraria um ravióli. – Jasper comentou carente do
outro lado. Nós olhamos surpresas, exceto Alice. – O quê? É
massas. Meu radar capitou a conversa.
- Jasper tem certa tara pela Itália. – Alice comentou rindo.
– Bom, vou pegar o telefone daquele restaurante perto da
Time Square.
Emmett e Edward estavam combinando coisas referentes
ao trabalho amanhã e Carlisle tinha um sorriso babão cheio
de orgulho no rosto enquanto observava. Do corredor ouvi os
gritos de Alice com Jasper sobre as escolhas e Esme
preparava a mesa para a comida que se Alice parasse de
gritar e comprasse logo, chegaria em breve.
- Eles têm uma áurea diferente, não é? – Rose perguntou
baixo do meu lado. Max estava no meu colo se aninhando com
sono, novamente. – Algum tipo de magia que nos faz
apaixonar de primeira.
- É. Eles são hipnotizantes. – concordei com um suspiro
resignado. Eu queria ser menos atraída por eles. – Eu sinto
bem confortável aqui.
- É uma sensação aconchegante que aquece o peito. –
completou e assenti concordando.
...
Alice não tinha mãos. A baixinha desenvolveu alguma
espécie de garras bem afiadas e potentes para me arrastar
pelas lojas do shopping. Ela contou que o meu tinha sido
encomendado junto com o dela em uma grife que não quis
saber. Ela disse que não era presente dela e sim meu porque
seria passado no meu futuro cartão de crédito preto com
amarelo brilhante sem limites, palavras dela. Tomei a decisão
que desconhecia esse vestido e o cartão.
Nós ficamos a manha inteira no shopping. Na hora do
almoço Esme seguiu para a empresa nos deixando sozinhas
para almoçar na rua. Meus pés já demonstravam os primeiros
sinais de cansaços do dia, mas não reclamei. Estava sendo
muito divertido experimentar roupas e rir muito na companhia
das duas. Rosalie tinha palavras em inglês que trocava ou
dizia errado que nos colocam em situações muito engraçadas.
Fora o seu sotaque.
Quando sai de casa de manhã depois de ficar
completamente surpresa com o sono pesado que tive durante
toda noite e em ir dormir sozinha e acordar com um braço
pesado segurando minha cintura e um Edward desmaiado do
meu lado, com o rosto enterrado no meu pescoço. Ele avisou
meio sonolento que iria me ligar e achava bom que atendesse.
Eu suspeitava que a bipolaridade dele dependia de como
dormia e fiquei me achando que o bom humor dele fosse por
minha causa. Até que se provasse o contrário. Por isso levei
na esportiva seu aviso em meia as brincadeiras.
Estava completamente enganada. Edward me ligou em
torno de 20 vezes. Seria mais engraçado se ele não tivesse
aparecido no shopping com aquela mascara cavalheiro das
trevas que não me assustava e sim me deixava mais
apaixonada ainda.
Para não ficar tocando, coloquei meu celular no
silencioso. Seria chato e achava falta de educação estar
dentro de uma loja com um aparelho chamando sua atenção.
E eu esperava sentir vibrar. Sem contar que não tinha telefone
celular antes, então, seria bem provável que esqueceria da
existência dele durante muito tempo. Explicar isso pra ele se
tornou impossível e dispensável quando meu corpo foi
envolvido pelos seus lindos braços bem torneados e minha
boca foi tomada por um beijo carinhoso.
Dez minutos depois ele foi embora e advinha o que tinha
no meu bolso? Um cartão de créditos. Eu perguntei a Alice
como conseguiu tão rápido e a resposta foi tão óbvia que senti
vergonha de mim mesma. Eles eram donos da maior rede de
bancos dos Estados Unidos. Como ele conseguiu um cartão
rápido, Bella?
Parecia que tinha 10 Quilos na minha calça jeans e que
era uma tremenda criminosa, mas fiquei completamente
atordoada com ele me beijando que nem senti a mão dele
escorregar para minha bunda a fim de colocar o objeto não
grato. Não queria ser chata em insistir neste assunto, mas a
tendência maníaca de Edward em querer me dar o mundo
estava começando a me irritar.
Nós chegamos em casa tarde da noite e Carlisle não me
deixou ir embora. Ele argumentou e escondeu a chave de
casa. Seria como um sequestro. Edward chegou pouco tempo
depois e como cada uma estava fazendo sabe se lá o quê, me
vi sendo arrastada por ele até seu quarto e ficamos deitados
contando sobre o dia. Eu ri por ele não estar acostumado a
trabalhar com Emmett e afirmou que seu irmão era bagunceiro
demais para seu próprio bem.
Ocasionalmente nós começamos uma sessão de
amassos grátis que estava me enlouquecendo porque tudo –
exatamente tudo sem por vírgulas, pontos, acentos e
travessão – era novo pra mim. E tornava-se excitantemente
louco saber que eu estava vivendo um amasso que só via e
invejava na novela. Edward era altamente convidativo. Tudo
nele era interessante. As diferentes formas de beijos e mãos
também. Ele não tinha necessariamente encostado em algum
lugar dito proibido, mas era forte... Era um tipo de pegada forte
que terei de completar com um palavrão (pra caralho!).
Meu coração batia tão forte no peito que parecia que ia
explodir. Era um misto de tensão, prazer, nervosismo e alegria
de uma só vez no meu cérebro que estava realmente me
deixando louca. Não sabia que realmente era capaz de
provocar sensações no corpo de um homem e isso ficou
comprovado quando sem querer, rolamos na cama e eu senti
a ereção de Edward encostar em mim. Internamente eu surtei.
Não sei se foi de medo, alegria ou nervosismo, mas surtei.
Fisicamente meu próprio corpo me traiu não se retraindo.
A tensão quase sexual era tão intensa que chegava ser
palpável e o que mais me deixava tontamente admirada era
que eu não sabia disso. Era o nosso terceiro dia de namoro e
nós dois já sentíamos aquilo. Meus seios pareciam estar
doloridos de tão arrepiados, minha pele parecia estar medindo
40 graus e meu centro, bom eu estava totalmente
constrangida em pensar na queimação e dor que sentia nele.
Nós novamente dormimos juntos sem descer para jantar
nem nada. Nossa bolha estava muito divertida ao ponto de
Max deitar no pequeno sofá no canto e ainda nos olhar de cara
feia quando riamos alto demais. Vimos um filme de comédia
bem tosco. E depois colocamos outro, mas Edward não quis
ver porque se chamava Esposa de mentirinha. Ele ainda
morria de ciúmes do irmão dele comigo.
No dia seguinte – quinta-feira – pedi que me deixasse no
centro porque queria fazer algumas coisas. Ele perguntou
mais aprendi a arte de beijá-lo para distrair. Isso realmente
funcionava. Edward estava com o motorista chamado Félix e
ele era bem legal. Eu ri muito conversando com ele enquanto
esperava Edward terminar de se arrumar. Quando viu a cena
sua expressão se tornou irritada, mas não liguei. Era só uma
conversa.
- Atenda quando te ligar e por favor, tome cuidado. –
beijou-me com carinho – Algumas pessoas já sabem quem é
você e o que você é minha e fotógrafos podem te encontrar. –
completou e assenti tranquila. Eles nunca iriam me encontrar
dentro do mercado, mas deixei passar. Eu não sabia
exatamente porque, mas sabia que Edward iria implicar e
muito com meu novo emprego.
Capítulo 9
With Love
Capítulo 10
Price Tag
A primeira coisa que fiz quando pisei na minha casa foi
providenciar uma enorme faxina. Muito a contragosto Edward
me trouxe esta manhã, no dia 2 de janeiro de 2011. Nós
passamos o primeiro dia do ano praticamente na cama porque
chegamos em casa era o amanhecer. Max andava atrás de
mim como se me ver agachada lavando o chão do banheiro
fosse a coisa mais interessante da sua vida. Depois de dormir,
obviamente.
Eu estava trabalhando no turno da tarde, então dava
tempo de almoçar e seguir para o centro com meu carro. Eu
vi que tinha um dos carros dos seguranças dos Cullen lá fora,
mas eu seriamente tinha duvidas se Edward tinha colocado
atrás de mim. Pelo menos queria acreditar nisso.
Eu me arrumei lentamente comendo um monte de
besteira antes de ir para o mercado e a minha alegria foi por
água abaixo quando tentei ligar meu carro e não consegui. E
ao abrir o capô, encontrei um bilhete muito abusado.
“A doce vingança.”
Eu ia matar Edward. Picar Edward. Trucidar Edward.
Esfolar Edward. Beijar Edward. Amar Edward.
Ao sair da garagem encontrei Félix com a porta do carro
aberta e ignorei seu sorriso indo direto para o ponto de ônibus.
Eu sabia que estava sendo seguida de perto e o mais
engraçado foi ver os seguranças dentro do transporte coletivo
comigo bem imprensado com as pessoas apressadas. Como
o idiota estupido pode ter estragado meu carro? Filho da mãe
desgraçado! Ele ia pagar. E muito caro.
Ao descer do ônibus na porta do mercado encontrei
vários fotógrafos. Ótimo, começando o ano com muitos pés
esquerdos. Todos de uma vez só. Entrei no mercado logo me
escondendo no vestiário e foi lindo passar a maior parte da
manhã com paparazzi me fazendo perguntas, querendo saber
porque estava trabalhando, como era meu relacionamento
com Edward, como nos conhecemos afins. Lauren estava tão
furiosa que sentia meu corpo arrepiar toda vez que ela
passava por mim.
Eu não podia me dar ao luxo de perder o segundo
emprego por causa de Edward. Riley não falou nada durante
a maior parte do dia, mas eu sabia que a primeira pessoa da
lista negra de Lauren era eu, por isso, me mantive abaixada e
esquivando de perguntas. Ainda via alguns seguranças de
Edward me vigiando de longe, mas eles não podiam ficar em
pé do lado e também não podia expulsar os fotógrafos de
dentro do mercado. Para todos os efeitos, eles eram clientes.
Terminei meu turno frustrada, emburrada e triste. Como
pensei que nunca mais fosse fazer na vida, sai do mercado
com capuz levantado, cabelos no rosto e cabeça abaixada.
Quis pegar o metrô e da estação ir de ônibus, ao invés de
pegar dois ônibus e demorar mais, embora, pensar em passar
pela 104, preferia mil vezes o trajeto mais longo.
Os seguranças de Edward continuavam no meu encalço
e isso me deixou parcialmente tranquila. Eu vi que tinha
ligações deles, muitas e fiquei realmente surpresa dele não ter
se tele transportado até a minha frente ou um dos rapazes que
me seguiam com seus ternos haviam dito que eu estava muito
bem, só com raiva e ignorando-o propositalmente. Félix ainda
aparecia no meu campo de visão conforme andava, era como
se dissesse, você pode pegar se quiser. Estou aqui pra você.
Era tentador porque estava bem cansadinha, só que meu
orgulho não demonstrava sinal de querer medir forças com
Edward. Ele não ia vencer essa.
Não sei porque fiquei surpresa ao vê-lo encostado na
minha varanda, completamente lindo como sempre e os sinais
das horas que ficamos separados me fez amolecer. Joguei
meus braços ao redor do seu pescoço e o beijei com força.
Alguém envia o senso de proporção para minha casa? Eu
ainda estava com raiva, mas isso não anulava todo desejo –
com vida própria – que sentia por ele. Meu coração era
altamente capaz em sentir raiva pelas coisas que Edward
aprontava e também amá-lo por tudo que ele era. Uma
incógnita.
- Você quebrou meu carro. – resmunguei.
- Sim e não tem volta. Eu tirei umas peças e como isso é
velho, você não vai encontrar em lugar nenhum. – disse rindo
e deu uns bons tapas no seu peito. – Embora, eu tenha um
presente. – sorriu perversamente.
- O quê? Um carro? – ironizei me jogando no sofá de
qualquer jeito. Foda-se os modos, estava com raiva,
novamente.
- Exatamente. É bom bonito. Escolhi preto porque é mais
discreto ou você pode simplesmente usar o motorista. –
respondeu
- Meus modos não me permitem mandar você a merda
agora. – deitei no seu colo e ele gargalhou acariciando meus
cabelos. – Você quer comer alguma coisa? – perguntei
bocejando.
- Quero que você durma. – disse. – São 22horas da noite.
Você está cansada.
- E o quão legal isso ao ponto de você despencar de Long
Island até aqui? – perguntei irritada novamente.
- Qualquer momento com você é bom e eu queria ver seu
rostinho com raiva pessoalmente. – respondeu rindo e
beijando meu queixo.
- Me procura na esquina, Edward. – resmunguei quase
dormindo em seu colo. Eu realmente acho que dormi pouco
tempo depois.
...
A semana foi um inferno, porque estava me recusando a
aceitar o carro ou o motorista de Edward e ainda por cima,
tinha meus amiguinhos me seguindo por todo canto. Eu
almocei com meu namorado, que apesar de ser o causador
dos meus problemas, não deixava de ser lindo e meu.
Também encontrei com Rosalie algumas vezes e ela também
tinha amiguinhos simpáticos seguindo. Além dos fotógrafos.
Isso tudo ainda era muito estranho.
Minha cabeça parecia doer cada vez mais por isso de
modo diferente. Era Lauren gritando e tendo crises nervosas
toda vez que minha presença era notada por fotógrafos ou
James. Eu sentia seus olhos me seguindo pelo mercado. Ele
e Riley simplesmente ficavam conversando me olhando e eu
esperava o momento em que iria ser chamada para a
demissão. Sem carro e sem emprego. Me restava matar
Edward.
Foram dias difíceis e me vi – mesmo chateada com sua
mania de querer me fazer enxergar o impossível – mais
apegado a ele ainda. Se é que isso ainda era possível. Eu
coloquei em prática meu plano de comer em barraquinhas de
rua ou em lanchonetes baratas, o fiz me levar no parque e
entender que nem tudo era o preço que estava na etiqueta.
Era a oportunidade de ter um momento nosso. Com mais
alguns seguranças e fotógrafos, mas isso não impedia nossa
bolha de ser criada no meio da rua.
Também o fiz entrar em lojas baratas para comprar
roupas. Essa definitivamente tinha sido a parte mais
engraçada da semana. Só que além desses momentos de
diversão, eu ainda voltava pra casa de noite e ficava sozinha
com meu carro quebrado e com a cabeça fervilhando pelo
medo de ser demitida. Era ótimo namorar Edward. Eu me
sentia bem com isso. Eu só não sabia quanto ao bilionário
Edward Cullen.
Todos tinham me ligado durante a semana. Era estranho
não vê-los, mas me senti tão bem recebendo ligações
corriqueiras, sobre o que estava fazendo, se tinha levado o
casaco, se poderia almoçar lá no fim de semana. Era a minha
família me ligando para verificar meu estado. Exceto Emmett,
suas ligações eram preocupadas, porque cai na besteira de
contar o modo que James me olhava. Eu não sabia
exatamente o motivo da animosidade entre eles, mas Victória
quase entrou em pânico, me pedindo desesperadamente para
deixar o emprego.
Suas palavras eram preocupadas e o bichinho teimoso só
não saiu – porque eu normalmente dava ouvidos a conselhos
desesperados como o dela. E ela também tinha pontos comigo
para qualquer situação. – por causa de dar o braço a torcer a
Edward. Isso era tremendamente infantil, mas deixei passar
quando o mesmo me convidou para trocar de setor e ficar em
paz.
Eu achei que ele não poderia ser tão ruim assim quanto
eles diziam. Talvez fosse só uma desavença que não
necessariamente tenha a ver comigo. Eu era assistente de
Lauren e Riley. Não preciso dizer que na semana que estava
comemorando um mês de namoro com Edward e também a
chegada de fevereiro, fugia dos olhares e patadas dela. Meu
relacionamento com ele estava bom. Incrivelmente continuava
me empurrando seu cartão, o carro, motorista, seguranças e
afins. E eu continuava teimando com todos eles.
Como James poderia ser tão ruim se ele tinha me salvado
da mira constante dos fotógrafos? Nem olhar mais o jornal
olhei. Realmente não queria saber o que estavam falando de
mim ou sobre o quê haviam descoberto sobre minha vida.
Esse era um assunto proibido entre Edward e eu. E bem no
fundo, quando estávamos sozinhos, era só Bella e Edward.
Mais ninguém.
A grosseria não tinha diminuído, eu sabia que ela estava
escondida, mas como nos víamos pouco tempo durante o dia,
significava que a saudade absurda deixava todo o resto quieto
em algum canto escuro. Eu tinha esperanças que depois de
um mês Edward deixava a ideia de que me sustentar era
normal. Apesar de ter plena consciência que namorar um
bilionário nunca mais seria normal, se é que um dia eu fui.
Minhas esperanças continuavam fortes quando cheguei
ao trabalho depois de passar uma manha inteira com Alice,
rindo muito com sua companhia, Lauren me recebeu com
sorrisos. E foi assim a semana inteira. Até mesmo no dia que
Esme apareceu para me ver durante uma tarde. Eu fiquei meio
atordoada, mas isso era uma prova de que tudo poderia
continuar bem. Edward e Emmett estavam viajando. Eles
tinham ido na noite anterior para Dallas resolver um pequeno
problema e logo estavam de volta. Foi a nossa segunda
separação, mas a primeira em que era só uns dias que ficaria
com saudades. Ele ia voltar pra mim.
- Foi ela! – um grito ecoou no corredor e dei um pulo na
cadeira assustada. Era Lauren aos prantos apontando pra
mim acusadoramente. James e Riley estavam ao seu lado
com expressões alarmadas e confusas.
- Lauren, isso é uma acusação meio seria. – Riley falou
alertando.
- Eu sei que foi ela. – acusou e me encolhi confusa.
- O que está acontecendo? – perguntei baixo,
extremamente envergonhada por ter quase todos os
funcionários me olhando.
- Sínica! – rosnou com nojo.
- Bella, Lauren alega que você pegou acidentalmente um
cordão de valor dela. – James disse calmamente e eu respirei
fundo querendo compreender.
- Hã?
- Não se faça de tola! Foi você! – gritou batendo o pé.
Como Alice dizia, eu quero arrancar seus implantes, vadia.
- Podemos olhar suas coisas? – Riley perguntou e eu dei
os ombros ainda querendo compreender a situação. Ele
mexeu na mesa e no bolsinhos externos da minha bolsa, eu
realmente não liguei. Sem paciência, James puxou e virou
tudo na mesa. Caiu meu celular e logo uma foto de Edward se
acendeu na tela e eu ri da ironia, minha carteira, prendedores
de cabelos e uma corrente de cordão de ouro. Ok, eu
realmente desconhecia aquilo.
- Isso não é meu. – disse rápido.
- Claro, é meu. Roubo é crime. – gritou arrancando a
corrente barata da mão de Riley. Foi então que a ficha caiu e
comecei a rir.
- Você é patética. – rosnei – Achou mesmo que implantar
uma correntinha de ouro barata nas minhas coisas vai trazer
alguma coisa a você? – perguntei bem alto e logo puxei meu
cordão de dentro da blusa. – Está vendo bem isso aqui? Ouro
branco e diamantes, que se eu quiser vender, posso comprar
um monte dessas correntinhas vagabundas e distribuir pela
população de Nova Iorque. – completei e sua boca abriu em
um O quando analisou meu cordão. – E sabe quando você vai
ter um desses? Nunca. Porque ninguém nunca vai te amar ao
ponto de te dar um colar que vale três apartamentos no Lower.
- Meninas... – James interviu olhando para meu cordão
com interesse. Comecei a recolher minhas coisas com raiva.
– Riley leve Lauren para tomar uma água e Bella, dois minutos
na minha sala.
Ótimo. Demitida mais uma vez. Respirei fundo e segui
James já com as minhas coisas. Minha vontade era de gritar
com todos eles. Não acredito que estava sendo demitida por
causa de uma armação. Essa merda é coisa de novela.
- Eu realmente sinto muito pelo o que aconteceu, mas eu
não roubei nada. – comecei nervosa. Pelo menos ia sair com
dignidade.
- Eu sei. – cortou-me – E pouco me importo com isso. Só
que eu sei quem você é e quero te fazer uma proposta.
- Hã? – dei dos passos pra trás. Seu olhar foi tão intenso
que cambaleei nervosa. Sabe quando sua mente gritaa
vermelho! Alerta Vermelho! Saída de emergência; Era esse o
momento.
- Quanto Edward está lhe pagando? – perguntou e fiquei
realmente confusa. – Essa história de trabalhar aqui é pra
despistar, eu sei. Além dele ganhar a fama de que nós não
temos mais problemas nenhum, é bom que abafa quem você
é. Eu pago o dobro pra você ser minha.
- Do que você está falando? – vociferei sentindo meu
pescoço ficar quente.
- Ora, Bella. Você é uma prostituta. Não precisa mentir
pra mim aqui dentro. – disse rindo e senti um tapa sendo dado
no meu rosto. – Não vou contar as pessoas.
- Desculpe, você está terrivelmente enganado.
- Só precisa me dizer quanto que pago o dobro ou mais,
se você for realmente boa. E não vai precisar de disfarce
algum. – sorriu maliciosamente. Eu senti tanto nojo que queria
vomitar.
Engoli meu desejo de gritar e chamar algum segurança
de Edward para matar este homem e sai da sala dele, ouvindo
sua cadeira ranger e vir atrás de mim. No corredor, na frente
de todos, achei que ele não faria nada, mas desci tão
desesperada para chegar ao estacionamento que se algum
deles me vissem correndo e com o rosto terrivelmente
vermelho de tanto chorar, iriam aparecer e James não faria
algo comigo.
Foi o que aconteceu. Quando pisei no estacionamento
completamente esbaforida por James ainda estar atrás de
mim, fui envolvida por um par de braços enormes. Eu me
permiti ficar mole e ser carregada por ele. Ouvi suas
instruções para o carro aparecer na entrada e quando
chegamos lá, Félix já vinha ao meu encontro. Sua expressão
era preocupada, mas ele não me perguntou nada.
- Estamos indo pra casa. - Disse baixo e eu assenti
nervosa, vendo James, parado a metros de mim, me olhando
como se fosse algo comestível.
É claro que as pessoas estavam pensando isso. É claro
que James estava sendo bonzinho comigo por isso. Ninguém
enxergava o Edward e a Bella. Eles só viam o bilionário
namorando a garota pobre. Mesmo sabendo que Edward me
amava do jeito que eu era e que os Cullen me receberam com
amor, aquilo não deixou de doer em mim. Eu andei na rua
durante todos esses dias e as pessoas apontavam possíveis
teorias de como tinha conseguido o coração dele.
Eu gritei para Félix parar em uma livraria e fiz o segurança
comprar todas as revistas de fofocas. Eles se encolheram com
meus gritos, tentaram protestar, mas não iria sair dali sem ler
tudo o que Nova Iorque achava que eu era.
“Fontes seguras afirmam que eles se conhecerem em
uma lanchonete que ela era garçonete. Essa mesma fonte
garante que o amor é verdadeiro e eles esperam um bebê
como nos contos de fadas”.
“Edward estava entediado e encontrou esta menina, meu
eu garanto, só para passar o tempo”.
“Porque mais um magnata como ele ficaria com uma
menina tão sem sal? Ele só pode tê-la engravidado. O vestido
de ano novo escondeu bem a barriga”.
Félix me lançava olhares de que me avisou conforme
foleava com raiva fotos e mais fotos minhas com os Cullen.
Várias noticias, especulações e boatos. Meu nome
definitivamente estava na boca do povo. Isso não me impediu
de continuar chorando até que Esme achou que alguém
tivesse morrido. Ela viu o bolo de revistas em minha mão e
rapidamente tirou para jogar fora.
- Não ligue para isso. Nós sabemos que tudo não passa
de mentira e é isso que importa. – disse docemente me
fazendo deitar em seu colo.
- James só estava me tratando bem porque achou que
era prostituta. – disse simplesmente e Esme engasgou com
seu chá.
- Ele fez o quê? – gritou com raiva.
- Ele me ofereceu dinheiro. Disse que pagava em dobro
para abandonar Edward e ser dele. – suspirei envergonhada.
Meu rosto queimava e eu precisava desabafar isso com
alguém. – Foi tão humilhante. – miei e Esme me abraçou
apertado. Eu chorei tanto que adormeci nos braços dela, ali
no sofá.
Acordei no quarto de Edward, sentindo minha cabeça e
olhos doerem de tanto chorar. Estava claro, significa que
dormi a noite inteira completamente apagada. O lugar o meu
redor estava remexido e alguém tinha dormido comigo.
Rosalie apareceu no vão da porta também com cara de sono
e pijamas e percebi que ela quem tinha ficado ali comigo a
noite inteira. Ela abriu aquele sorriso quente dela e veio de
novo para cama.
- Eles também falaram sobre mim. – começou eu assenti
por ter visto nas revistas. – E nós duas sabemos que Emm e
Edward estão conosco porque nos amam. Não precisa ficar
assim, meu anjo.
- Eu acho que não me importei tanto com as revistas, mas
receber uma proposta por acharem você uma prostituta foi
humilhante. Eu sou virgem, como posso estar sendo paga
para dormir com Edward?
- Isso só prova que esse James é um idiota sem
escrúpulos. – comentou
- Isso só prova que Edward estava certo. – resmunguei
emburrada. – Ele vai me matar.
- Ele vai matar James. – sorriu – Embora, nós não iremos
nos importar com isso. – deu os ombros e eu ri. – Eu realmente
acho que você deveria aproveitar o título de namorada do
bilionário. Eu tenho gostado disso.
- Eu não quero aproveitar dele... – murmurei
- Não vejo como aproveitamento e sim benefício. Emmett
pode dar a vida que sempre trabalhei para ter e então, vou
aproveitar isto. – disse rindo
- Eu quero trabalhar e conquistar. Bom, eu achava que
queria. – resmunguei – Edward tinha razão quando disse que
ser repositora de mercado não era meu lugar.
- O que você vai fazer agora?
- Estudar. As aulas do curso na escola de Alice começa
semana que vem. – respondi e Esme apareceu no vão da
porta também meio sonolenta.
- Alguém me acompanha no café? Alice só sai da cama
de tarde. – bocejou com seu vestido perfeito. Nem parecia que
tinha acabado de acordar. Deixei as duas descerem na frente
e troquei de roupa. Ainda bem que tinha deixado quase tudo
aqui. Edward não parecia se incomodar em dividir o closet
comigo. Isso era assustador.
Quando cheguei perto da escada, ouvi Rosalie gritar e
Emmett gargalhar. Isso significava que os meninos estavam
de volta a casa. Isso significava que Edward estava de volta.
Meus pés ganharam vida própria quando me vi descendo as
escadas com tanta pressa que Max se embolou no meio
caminho rolando os últimos degraus. Gato gordo era um caso
sério. Voei no pescoço de Edward que ainda tirava o casaco
e procurava pela sala minha presença.
- Opa! – sorriu me abraçando meio cambaleando quando
joguei meu corpo contra o seu. – Que saudades, meu amor. –
beijou-me com carinho e amoleci em seus braços. Edward
enterrou o rosto no meu pescoço e inspirou profundamente. –
Como senti falta do seu cheiro. – murmurou docemente com
as suas duas mãos espalmadas fortemente na minha cintura
por dentro da blusa. Estava tão quente.
- Eu senti muito a sua falta. – resmunguei me apertando
nele. Foi então que percebi que duas coisas estavam erradas.
Max se enroscando na minha perna... Como diabos ele veio
parar aqui? E porque exatamente Edward voltou dois dias
antes? A não ser que Esme tenha...
- Você está melhor? – Edward perguntou baixinho saindo
do modo namorado desesperado meio tarado para o melhor
amigo. Seus olhos brilhavam de preocupação.
- Estou sim, obrigada. – sorri torto. Mania dele, eu sei.
- Depois você me conta com calma, ok? – beijou-me de
levinho e Alice veio descendo a escada de pijama com os
curtos cabelos bagunçados.
- Você buscou Max? – perguntei ainda agarrada a
Edward. Ela negou bocejando se agarrando ao outro lado de
Edward, dando um beijinho.
- Culpada! – Esme levantou a mão. – Fiquei com o
coração apertado dele ficar só e você estava desmaiada que
não quis te acordar. Furtei sua chave e o peguei. – sorriu e eu
sorri de volta. – E nós vamos conversar sobre sua
permanência naquela casa. Ela é importante, mas o bairro é
perigoso e não me sinto bem com você por lá.
Meu sorriso morreu. O tom de Esme foi maternalmente
preocupado, mas mexer no assunto casa dos meus pais ainda
erra um terreno perigoso. E eu iria morar onde? Aqui na
mansão? Eu quase ri do impossível, mas mordi meus lábios e
assenti tentando parecer tranquila. Esme era boa demais para
envolvê-la com meus problemas psicológicos.
- Vamos subir um pouquinho? – Edward sussurrou no
meu ouvido e mordi os lábios com outras ideias fervilhando
em minha mente. Depois de seguros e trancados no quarto
dele, Edward parou olhando ao redor. – Essa semana vou
procurar um apartamento pra mim. Vinte e sete anos morando
com os pais é meio tenso. – riu
- Perto de Emmett? – perguntei interessada.
- Os apartamentos lá são bons. E tem a cobertura em
frente a dele que é boa. – disse – Nós seremos vizinhos de
atravessar a rua. – piscou tirando a camisa.
- Lá é um lugar bom, apesar de ser ao contrário da
empresa. – comentei distraída com sua beleza.
- De carro tudo é rapidinho. Eu sempre pulo as horas de
rush.
As vantagens de ser o chefe.
- É. – murmurei meio idiota me encolhendo na cama.
Meus hormônios podiam para de falar por mim.
Edward veio todo maroto, deitando em cima de mim,
cheio de mãos e beijos. Como senti falta do meu
emburradinho.
- Você está cheia de placas vermelhas. – Edward
murmurou analisando a pele do meu colo, pescoço e rosto.
Sua minucia foi tão intensa que faltou tirar minha roupa para
verificar os resultados da minha noite de choro. – O que
aconteceu? Minha mãe não entrou em detalhes.
Eu pensei em mil maneiras de mostrar que
Edward/Victória/Emmett e o resto do mundo estavam certos
em relação ao meu emprego e simpatia de James comigo. Só
que o ego de Edward iria ultrapassar o Everest e a frase “Eu
sabia” sairia dos seus lábios sem se importar que eu era a sua
namorada fragilizada. Edward ficou em silencio me
observando atentamente. Seu rosto estava a cinco
centímetros do meu e podia sentir sua respiração calma e
quente bater contra meu rosto e seus lábios vermelhos de
tanto que mordi e suguei com força me convidando para mais.
Essas emoções estavam me enlouquecendo um pouquinho.
- Digamos que James não foi muito legal comigo. –
comecei e seus olhos brilharam de raiva, muito rápido. Eu
sabia que ia se mover, por isso envolvi minhas pernas em sua
cintura e segurei ali. Muito perto não teria necessidade para
gritos. Meu coração ia sair pelo ouvido a qualquer momento.
– Ele achou que eu era uma prostituta e ofereceu pagar o
dobro por mim. – murmurei envergonhada e Edward deitou a
cabeça por cima do meu ombro, mordendo o travesseiro para
não gritar. Eu ouvi trezentos palavrões e continuei travando
seu corpo ao meu. – Amor... – apelei para uma voz suave
acariciando seus cabelos.
De repente, os papeis inverteram e eu estava acalmando,
quando na verdade queria gritar. Meu instinto disse que se
fizesse isso, nada no mundo faria James viver mais uma
semana. Ele pode ter sido um pilantra comigo e eu não
culpava sua imaginação fértil. Qual a explicação em um
mundo atual para meu relacionamento com Edward? Amor é
algo irracional que poucos compreendem. Não existia um lado
em mim tão cruel ao ponto de desejar sua morte, mesmo não
podendo ficar no mesmo ambiente que ele novamente.
Contei a Edward tudo que aconteceu nos mínimos
detalhes. Nós tínhamos deitados mais confortavelmente na
cama e ainda trocávamos afagos. Minha perna ainda
bloqueava seu corpo para possíveis impulsos. Ele tinha que
parar antes de gritar, como ainda esperava que fosse fazer.
Ele me ouvia atentamente, mas seus olhos tinham um brilho
tão sombrio que me lembrou nossas primeiras brigas. Contei
também minha decisão de simplesmente aproveitar o curso
que havia ganhado de presente do meu sogro.
- Edward você vai fazer o que? – perguntei depois que
ouvi que sua respiração continuava controlada.
- Bella, por favor...
- Não faça nada. Me prometa. Não é por ele, mas porque
você não deve se rebaixar por algo do nível dele.
- Bella...
- Ele vai querer se vingar, Edward. Não vamos nos meter
nisso. Não agora, por favor. – pedi nervosa e muito a
contragosto ele assentiu. Eu sabia que iria fazer sem que eu
soubesse, mas pelo menos eu pedi.
- Você é meu mundo, sabia disso? – perguntou me
beijando de leve.
- Eu sei, nós temos o nosso mundo. Apesar de ser a
garçonete, o passatempo, a substituta, a caridade...
- Não é nada disso – cortou-me, mas sabia que estava
apenas brincando. – Você é minha namorada.
Eu sorri beijando seus lábios mais uma vez. Meu
namorado estava de volta pra mim. O celular de Edward tocou
nos interrompendo e era um toque diferente do que tinha
ouvido. Ele atendeu rápido, completamente confuso, olhando
pra mim e para o aparelho.
- Como assim? Ela está do meu lado agora. – disse
coçando a cabeça confuso. – Como? – questionou mais alto.
– Amor, você colocou sua casa a venda?
- O quê? Não! – pulei da cama.
- Nós estamos indo aí. Não deixe essa pessoa ir embora.
– disse rápido puxando sua camisa e eu já estava dentro do
closet trocando de roupa. Não me importei de fechar a porta
com tanta pressa que tinha. COMO ASSIM VENDENDO
MINHA ÚNICA CASA?
- Quem é você? – perguntei vendo o homem
absurdamente alto sendo retido por Demetri. O segurança
loiro a cara do James Bond. – Por que diabos você está
colocando essa placa de venda na minha casa?
- Bella? – perguntou surpreso e algo em seu rosto era
familiar. – Ual. Você cresceu.
- E quem é você? – Edward rosnou olhando de forma dura
para o moreno. O rosto de Edward estava com cenho franzido,
maxilar travado e olhar penetrante.
- Jacob Black. Essa casa é do meu pai. – respondeu e
suei frio. Era o Jacob. Filho do Tio Billy. – Bom, era.
- Não. Essa casa é minha. Eu herdei dos meus pais
quando morreram. – retruquei
- Meu pai viveu nesta casa por quinze anos. Estou
entrando com um processo de uso capião e de venda. –
respondeu e senti o desejo de dar-lhe um tapa.
- Você não vai vende-la, idiota! – gritei – Ela é minha
porque EU sou a única herdeira da família Swan viva.
Eu nunca tive tanto orgulho desse detalhe até o momento.
- Olhe, Jacob, certo? Meus advogados irão entrar em
contato com você. – Edward falou no modo cavalheiro das
trevas. Um arrepio desceu pela minha espinha. – Tira a merda
dessa placa daqui. – disse a Demetri e outros homens. – Nós
vamos resolver esta situação judicialmente, mas se eu sonhar
encontrar qualquer resquício seu perto desta casa, meus
amigos vão conversar com você.
Jacob ficou em silencio vendo Demetri quebrar a placa.
Edward entrelaçou nossas mãos e abriu a porta do carro pra
mim dizendo que eles não deixariam nada acontecer, mas
tudo que eu pensava era que estava muito excitada com o
lado bad boy do meu namorado. Eu tinha a chance de perder
a casa dos meus pais, mas tudo que queria era agarrar
Edward e saciar meus hormônios em fúria.
Novamente, alguém manda o senso de proporção para o
meu endereço?
Capítulo 11
Iridescent
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Capítulo 12
Capítulo 13
Secrets
Dizem que o Google é o pai dos burros. Você pode
pesquisar o que quiser, sobre qualquer coisa que ele tem sua
resposta prática com direito a anexos de informação. Nós
retornamos do Caribe tinha poucas semanas. Quase um mês.
Acredite, meu corpo ainda ardia um pouco. Nova Iorque
estava no seu melhor momento de calor e por isso, nas
minhas pequenas férias do curso estava andando em casa
com o mínimo de roupa possível. Um short e camiseta. Dentro
do quarto era literalmente roupa íntima.
Eu ainda suspirava quando lembrava a nossa estadia
naquelas praias paradisíacas. Meu namorado era um homem
viril, completamente insaciável. Nós avançamos muito
intimamente e eu quebrei alguns tabus sexualmente falando.
Edward era meu companheiro. O homem que eu amava. Meu
corpo era dele.
Passei essas últimas semanas tendo aulas intensivas de
como ser uma boa anfitriã. Eu quase entrei em pânico. Quase.
Esme chegou aqui em casa bem cedo com Rosalie, em um
dia entre a outra semana, cheia de apetrechos. Ela anunciou
que eu era a noiva do presidente da empresa e por isso, a
mulher da noite era eu. Tipo, como assim?
“Quem é Edward para você?” – Esme perguntou
severamente. Se tivéssemos vivendo no tempo da guerra,
essa mulher seria aquelas professoras donas de palmatórias.
Como sabia ser má. “Não descanse os ombros, Bella. Relaxe
a expressão, mas nunca a coluna” – chamou minha atenção
quando parei para pensar em sua pergunta. Rosalie me olhou
meio assustada.
“Edward é o homem da minha vida. A pessoa que posso
contar meus medos, segredos e compartilhar meus dias. Ele
sabe ser simples e romântico nos momentos que mais
preciso.” – suspirei apaixonada e ela sorriu maternalmente,
mas depois coçou a garganta e esperei pelo pior.
“Sim, ele é isso... Para você”. – suspirou e olhou-me
seriamente. “Edward Cullen estudou nos colégios mais caros
do país e antes de terminar o colegial foi chamado pelo
sistema MIT por ser muito bom em matemática. No seu
primeiro ano de faculdade, ganhou a medalha de melhor
aluno. Nunca se envolveu com escândalos em tabloides e
terminou o ensino superior com honras. No seu primeiro ano
trabalhando criou um projeto que nos rendeu mais alguns
bilhões de dólares. Atualmente, é o presidente corporativo
mais novo que o mundo já conheceu e tem o sucesso pela
frente. Ele tem o sobrenome Cullen e adivinha quem escolheu
para ser sua companheira? Você.”
“Certo” – suspirei lentamente. “Eu entendi seu ponto” –
murmurei meio atordoada.
“É um pouco demais, mas você vai conseguir, por isso,
nunca relaxe a coluna. De novo, me diga da esquerda para
direita quais são os talheres e taças a sua frente.”
Foram longos dias escolhendo pratos principais,
decorações e lendo, lendo, lendo e lendo sobre como me
portar no baile. Rosalie teve o desplante de agradecer por
Emmett ter aberto mão da presidência. Ela deixou claro que
não seria capaz de tudo isso, apesar de Esme não ter
permitido sua ausência nas aulas. Entre estudar para o curso
e para o baile, eu e Edward gastamos nosso tempo brigando.
Hoje seria o bendito baile de arrecadação para as
crianças com câncer do hospital apoiado pelo grupo Cullen
Inc. James foi convidado pela secretária do assessor de
imprensa da empresa, ela, assim como eu, não tem idéia do
motivo que alimenta essa briga. Em todo caso, James tem
dinheiro e isso que importa para os organizadores do baile. O
papo terminou quando Rosalie chegou e Carmelita anunciou
o jantar. Minha curiosidade estava a todas quando sai do
escritório fingindo não ter ouvido nada.
Além de Edward e eu estarmos brigados. O jantar teve
um clima pesado.
Novidade nenhuma nessa história, mas ele é teimoso e
tem mania por perfeição. Eu sou organizada, ele é maníaco.
São coisas diferentes. Creme dental do lado direito,
travesseiro demais na cama, meu terno tem que ser passado
a vapor, meu motorista não pode atrasar, ele é irritante com
seus funcionários e isso me estressa. Eu tenho direitos a TPM.
Todos perceberam minha distancia, mas não estava
particularmente preocupada.
Edward e eu dormimos bem, mas ainda tinha aquele
clima porque eu discuti com ele antes de sair na manhã
anterior. Hoje de manhã ele me acordou aos beijos e tivemos
aquele sexo para o café da manhã. Estava tudo bem
novamente. Eram só nossos ajustes. Edward tinha tudo a mão
enquanto eu estava acostumada a buscar o que precisava. E
fora que duas pessoas morando juntos, com pouco tempo de
relacionamento, condições financeiras diferentes e
personalidades fortes... Alguma hora ia dar choque.
Por isso que assim que ele saiu, liguei meu computador
e digitei Victória e James Hathaway e quase cai da cadeira
com que descobri. Eles eram ou pelo menos foram casados
durante dois anos. Fiquei impressionada com as fotos da
época. Não parecia a mesma mulher exuberantemente linda
que eu conhecia. Ela estava sempre pálida, magra, com
cabelos sem vida e escondida com roupas largas e cumpridas.
Também tinha uma reportagem de James denunciando
Edward por agressão e pela data foi semanas antes dele ir
embora para Inglaterra. Eu comecei a sentir um aperto no meu
coração. Edward foi embora por causa da Victória? Será que
ele? Será que ela? As reportagens, os tabloides e as
pequenas notas de rodapé do google apontavam que o
relacionamento de James com Victória havia sido conturbado,
cheio de violência e traições. Eu não duvidava que a maior
parte eram dele.
Só que... Edward tinha ido embora porque houve uma
grande briga entre ele e Emmett pela empresa. Pelo menos
foi isso o que me disseram, mas era coincidência demais ser
poucas semanas após uma matéria do site Hollywood life
especular qual era o real relacionamento entre Victória e
Edward. Poucos dias depois de Edward esmurrar James.
Momentos antes de Emmett e Edward romperem e ele
resolver partir. Tinha muito mais coisa no meio dessa
confusão toda e eu me sentia uma grande tola por não saber.
Eu queria saber se Victória e Edward tiveram um caso?
Se essa informação fosse confirmada, o que exatamente iria
fazer?
- O motorista chegou para te levar até a mansão dos
Cullen. – Carmelita disse docemente me quebrando dos
devaneios. Dei um sorriso amarelo e desliguei meu
computador. – Está tudo bem Dona Bella? – perguntou-me
preocupada. Eu me derretia com seu lado maternal.
- Se seu marido tivesse um passado envolvido com outra
pessoa que você ama, você gostaria de saber? – perguntei
segurando minha bolsa. Demetri já estava pronto a porta.
- Sim. – respondeu sem hesitar. – Gostaria de saber
porque sou curiosa, mas meu amor continuaria o mesmo. Se
ele não contou, porque nem tudo fica as claras na vida de um
casal. Principalmente jovem. – piscou me empurrando
levemente até a porta – Verei você na tevê. Seja a mais bonita.
- Obrigada. – sussurrei com a voz embargada. Sai de
casa já discando o celular de Rosalie. Eu precisava de uma
amiga, urgente.
O dia passou rápido com as arrumações para a festa. Em
determinado momento me vi devorando as frutas em cima da
mesa enquanto uma menina fazia cachos em meu cabelo.
Victória, James e Edward rodavam a minha mente conforme
me sentia zonza e completamente confusa. Edward e Victória
se bicavam, na maioria das vezes agiam como irmãos e não
exatamente como se tivessem tido um relacionamento
amoroso antes. Ela me contaria, não contaria? Nós éramos
amigas, não éramos?
Eu não sabia de todas as ex-namoradas de Edward.
Ficava particularmente satisfeita em ser aquela que tinha o
anel de noivado no dedo, então não importava, não é?
Certo?
- Bella, você está em que mundo? – Esme perguntou-me
e quase saltei da cadeira engasgando com um morango.
- Amor? – Edward soou do andar inferior e eu suspirei.
Como eu amava esse homem.
- Está tudo bem, sogra. Estava apenas... Pensando. – dei
os ombros enchendo a boca de uva.
- Bella? – Edward gritou novamente com a voz mais forte.
Esme sorriu um pouco com o desespero dele. – Amor?
- Aqui em cima, querido. – respondi revirando os olhos.
Só me faltava ele chegar em casa e gritar: Querida! Cheguei!
Edward apareceu na soleira da porta e meu coração entrou
em taquicardia por ele ser sempre tão lindo, mesmo de calça
jeans justa, blusa social e sapato preto. Até a menina que fazia
meu cabelo parou de se mover. Não poderia culpa-la.
- Estou com fome. – resmungou e todas as mulheres
caíram na gargalhada. Ele pareceu meio confuso e por isso
coçou a cabeça. – Que foi?
- Apesar de Bella ter atacado as frutas, ela ainda não
almoçou. – Esme puxou a vasilha de mim e me ajudou a
levantar. Muito tempo sentada fez minha bunda ficar
dormente. – Passem no quarto de Alice e acorde-a?
Edward me abraçou brincando com a pele da minha
cintura e eu ri. Alice saiu meio sonolenta com os cabelos
embolados de um lado só. A menina tinha disposição para
dormir, era impressionante. Também quando estava acordada
a gente quase ajoelhasse para que calasse a boca. Esfreguei
minha bunda ainda incrédula dela estar dormente. Edward me
olhou e depois inclinou pra trás um pouco tentando entender
o que estava fazendo através do vestido.
- Eu acho que minha bunda está dormente. – sussurrei
incrédula.
- Permita-me, madame. – sorriu apertando minha bunda
com força que soltei um grito. – É, está tudo bem.
- Há há há. – puxei a cadeira para sentar para comer, mas
Edward me puxou para seu colo. – Não quer machucar minha
bunda?
- Não, bem muito precioso. – brincou beliscando minha
bunda.
- Estou aqui ainda. Ninguém respeita mais os irmãos mais
novos. – Alice resmungou empurrando dois pratos pra nós e
eu saí do colo de Edward antes que o resto aparecesse.
...
O resto do dia passou bem rápido com os últimos
preparativos da festa. Eu estava nervosa demais, por isso
depois de dar dois foras e Alice, calei minha boca. Amanhã
cedo nós iriamos viajar para Las Vegas. Eu iria enlouquecer
em algum momento. Não, eu sou capaz. Edward me ama e
me escolheu para ser sua mulher. Eu quase me via abrindo
mão de carreira para acompanha-lo e isso foi motivo para mais
pânico ainda.
Um baile de cada vez. Respira fundo, Bella. Você
sobreviveu a vida inteira a pessoas ruins. Isso é só um baile
de caridade que seu namorado que te ama, isso mesmo, te
ama, está promovendo. Não desaponte Esme, você
consegue.
- Você está tremendo. – Rosalie sussurrou e meu rosto
estava congelado um sorriso.
- Está impossível controlar. – rosnei de volta e posei para
mais uma foto com Rosalie. – Cadê Edward?
- Do outro lado do salão, vindo a sua direção e ele está
babando seu vestido. – sussurrou saindo do meu lado e virei-
me em direção ao meu amor. Meu coração se aqueceu e
surpreendentemente parei de tremer como uma vara verde.
- Você é a mulher mais linda deste salão. – Edward sorriu
tão perfeitamente que senti minhas pernas moles. – Está tudo
perfeito, amor. Sinto muito ter demorado.
- Eu acho que está tudo bem agora. Não vi ninguém. –
dei os ombros.
- Preciso te apresentar a umas pessoas. – sorriu como
criança. Edward estava tão animado que quase estava
valendo a pena todos meus medos. Foi uma hora inteira de
um lado para o outro, apresentando a pessoas, conversando
sobre banalidades e troca de brindes.
Um orgulho imenso explodiu no meu peito e quase gritei
que aquele era meu macho. As pessoas pareciam animadas,
tinham sempre uma taça a mão e o buffet trabalhava bem.
Esme sinalizou positivamente pra mim e foi o único momento
que realmente relaxei. Pedi a Edward para sentar um minuto,
porque meus pés estavam começando a sangrar.
Aproveitamos para jantar junto com um casal de executivos
que eram novos na cidade.
Eu o observei ir conversar com o prefeito quando a banda
começou a tocar novamente após o jantar. O casal que me
acompanhava pediu licença para dançar e me vi
temporariamente sozinha na mesa. Deveria levantar, mas
meus pés realmente estavam me doendo muito ainda. Me dei
mais cinco minutinhos apenas observando a festa. Vi que o
assessor, Alec foi até Edward e Carlisle. Estava na hora do
discurso.
- A festa está muito bonita. – um homem elogiou sentando
atrás de mim, na cadeira que antes estava sendo ocupada por
Edward. Dei um gole nervoso no meu champagne e de alguma
maneira estranha me arrepiei por completo.
- Obrigada. – disse secamente.
- Hm... Você tem um excelente perfume. – sussurrou e
congelei no lugar procurando desesperadamente por Demetri.
Eu não podia levantar e dar na cara desse homem. Isso
causaria uma cena e envergonharia minha família. Essa era
minha primeira noite. Eu posso lidar com isso.
- Creio que o Senhor esteja me confundindo com alguém.
Sou uma mulher comprometida. Exijo respeito. – rosnei de
volta pousando minha taça na mesa.
- Você saiu correndo dizendo que não era uma
prostituta... – sussurrou. Era James. Minha pulsação estava
batendo no ouvido, me deixando surda. – E olhe pra você.
Uma de Luxo. Edward vai ganhar o prêmio de homem do ano
porque tem uma boa capial em casa com sexo quente
esperando por ele.
Sem alarde, levantei devagar da mesa e sussurrei uma
licença educada, mordendo minha bochecha por dentro, meus
olhos estavam querendo transbordar, mas não ali. Não na
frente daquelas pessoas, onde os olhos estavam em mim a
todo instante. Avistei Alice e Esme e virei na direção oposta,
do outro tinha Edward, que assim que me viu, soube que algo
estava errado, mas virei também em outra direção e ele foi
puxado para o palco.
Demetri parecia assustado como um inferno quando me
viu e fiquei confusa. Deveria estar chateada por ele não estar
de olho em mim na hora que precisei, mas isso ficou de lado.
- Eu estava te procurando. Recebi um chamado de um
dos seguranças que você estava sozinha no terraço. Fiquei
louco por não te ver passar. – sussurrou quando cutuquei sua
costela.
- Eu não sai do salão em momento algum, Tre. – respondi
confusa. – Estava na mesa do canto. A da samambaia. –
Demetri olhou para seu relógio e para o telefone. Alguma coisa
estava errada. – O que há?
- Alguém chegou perto da Senhora?
- Uhn. James. – respondi baixo.
Demetri praguejou baixinho me conduziu até o centro da
pista, para ver Edward discursando. Eu não prestei atenção
no quanto tudo estava errado.
- Tem alguém de James infiltrado, não tem? – perguntei
baixinho.
- Não sei, Bells. – Demetri respondeu baixo. – Ele
conseguiu chegar perto de você. Foi falha minha.
- O quê? – virei-me – Não! Ele te enganou. Alguém dentro
da segurança enganou você ou também foi enganado.
- Ainda assim, deixei de estar perto de você. – retrucou e
nós dois sabíamos que Edward iria dar um ataque de
pelancas.
- Não iremos contar a Edward. – falei seriamente e
Demetri me olhou confuso.
- Eu posso lidar com isso, Bells. – tocou meu ombro.
- Eu não. – murmurei baixinho sentindo vontade de
chorar. – Edward vai querer saber o que ele falou pra mim e
não tenho coragem de repetir as palavras. Por mais que
pareça verdade.
- Você sabe que é mentira.
- Você não sabe o que ele disse para afirmar isso. – dei
os ombros. Eu mal tinha percebido que nós dois estávamos
em um dos corredores adjacentes, discutindo.
- Nada do que sai da boca de James é verdade. Ele é um
viciado em drogas que acha que pode brincar com a minha
paciência.
- James fez o quê? – Victória perguntou assustando nós
dois, mas eu não estava no meu melhor momento.
- Você poderia me dizer. – rebati. Victória chegou a ofegar
surpresa com a minha resposta. Não parei para pedir
desculpas. – Estou esperando, Vic. Eu quero saber o que
envolve você e James Hathaway.
- Aqui não é o melhor momento. Edward está chamando
por você. – respondeu baixo.
- Certo. – resmunguei indo direto a lateral do palco, onde
Edward descia com assessores e tinha o cenho franzido
conforme me observava caminhar. Ele estava claramente
ignorando as pessoas ao seu redor felicitando seu discurso,
que eu obviamente perdi.
- Perdi você de vista no meio... – começou a falar e eu
sorri inocentemente.
- Mandou bem. – elogiei
- Bella... – soou severamente. – O que exatamente
aconteceu?
- Nada demais. Só coisas corriqueiras de uma nova
anfitriã. – menti dando ombros. Ele não acreditou em nenhum
momento, mas o Govenador exigiu sua atenção e por isso fugi
para a mesa da minha família.
- Aconteceu algo, não é? – Rosalie perguntou seu
sotaque forte.
- Quer ir no banheiro retocar a maquiagem? – Alice
perguntou
- Não se preocupem. É só essa história de ser “anfitriã”.
– sussurrei para Esme não ouvir. Alice pareceu acreditar e por
isso mudou de assunto. Rosalie sabia de toda minha pesquisa
e insegurança, me olhou preocupada. Ela sabia que depois
iriamos conversar.
Pelo restante da noite Edward não tirou os olhos de mim.
Ele sorria de uma forma que me deixava sem ar. Sempre
controlava meus pés e tinha o desejo de voar no seu colo.
Demetri não saiu mais de perto de mim. Até mesmo quando
fui ao banheiro e dancei com Edward. Ele ficou na beirada da
pista, tenso, sem sair. Edward estava desconfiado... Não
perguntou, embora eu via que por vezes, ele acompanhava os
olhares de Demetri. Eu perdia um ponto. Tre e Edward
conversavam pelo olhar.
E mesmo sabendo que James não estava mais na festa,
Edward já sabia que ele tinha se feito presente e quando
chegássemos em casa mais tarde, nada no mundo me faria
fugir da conversa que eu não queria ter. Eu não era uma
prostituta, nem de luxo, nem de verdade muito menos
hipoteticamente. Edward me amava e eu acreditava nisso.
Não seria James e seja lá qual for sua doença que iria me
fazer tremer nas convicções.
Isso não anulava que o fato que Victória já tinha passado
do tempo com essa história que a relaciona com James. Eu já
sabia qual era, mas queria os detalhes. A partir do momento
que isso poderia causar risco a minha vida, porque ele sem
dúvidas era perigoso, tinha direitos. E iria exigi-los. Gostando
ou não.
Edward anunciou que era a hora de ir e eu chorei quando
ele tirou meu sapato dentro do carro. Foi uma sensação de
alívio e dor. O sapato podia ser lindo, maravilhoso e
arrasador... De dedinhos.
- Nossa, amor... Não chora. – Edward pediu desesperado
massageando meus pés. Eles também estavam sangrando.
- Droga, eu não devia ter tirado. – choraminguei e ele
massageou, me fazendo grunhir e chorar mais. – Edward...
- Por que você ficou com isso? É tortura, Bella!
Eu não respondi. Apenas sacudi o ombro e fiquei calada
evitando chorar, mas meus pés tinham outros planos comigo.
Assim que o carro parou, fui me mover, mas antes que pisasse
no chão, Edward estava me carregando até o elevador. Ele
me beijou carinhosamente e eu fechei os olhos sentindo a dor
latejante.
- Não se mova, ok? – sussurrou me deixando ao pé da
cama. – Tire só o vestido, mas nada de por o pé no chão, tá?
– falou baixo e assenti confusa.
Depois que soltei o cabelo e me livrei do vestido, tive
coragem de olhar o estrago. Meus dedos estavam tortos e
sangrando. Até desencostei do carpete porque eu amava
aquilo. Eu estava tão apegada ao apartamento que já não via
mais como a casa que dividia com Edward. Era a minha casa.
Nossa casa. Nosso ninho de amor. Pouco tempo depois ele
voltou só enrolado no roupão, me ajudou a tirar a lingerie e me
pegou no colo em direção a banheira cheia, saindo fumaça.
Tinha um cheiro de canela no banheiro e vi que vários
sais estavam abertos a disposição. Óleos quentes de
massagem também. Quando senti a água eu gemi
descontroladamente, fazendo Edward rir.
- Calma amor, eu não te toquei.
- Bobo.
- Não faça mais isso com seu corpo. – sussurrou lavando
meus pés e massageando. Aquilo era bom demais. – Vá de
chinelo...
- Foi o que achei perfeito. Eu tinha que estar perfeita.
- Não tinha não.
- Foi minha primeira noite como anfitriã. Eu não podia te
decepcionar. – sussurrei envergonhada. Em um movimento
rápido, eu estava no colo de Edward.
- Me perdoa, amor. – pediu desesperado e fiquei confusa.
– Não é isso a nossa vida. Não são jantares de gala ou
recepções fabulosas. Eu te amo pelo seu jeito simples,
inocente e cheio de vida. Você é perfeita fazendo caricias em
mim na hora de dormir, sendo teimosa, ciumenta... Eu sei que
isso tudo é novo pra você. Bella, você nunca iria me
decepcionar. Me perdoa pela minha vida causar esse tipo de
exigência. Você ficou tão nervosa esses últimos dias que
estou tão culpado.
Edward se desesperou e eu fiquei completamente
chocada.
- Amor, olha pra mim. – pedi baixo e não resisti beijando-
o – Eu te amo, por completo. Sabe, foi difícil entender mesmo,
vigiar meus hábitos e também posturas sabe... Foi tudo muito
novo. Só que não é sobre mim ou sobre você. É uma
responsabilidade que seu pai lhe confiou e eu aceitei ser sua
mulher. Apesar de não entender, no fundo, eu sabia que morar
junto iria exigir de mim uma responsabilidade grande. Só que
eu te amo muito, muito mesmo. Faria tudo outra vez... Por
você. Por nós dois.
- James chegou perto de você... O que ele disse?
- Não importa. Foi a mesma coisa de sempre. – dei os
ombros estranhamente não afetada com James. Como aquele
ambiente recheado de paz e amor poderia ser mentira? James
não sabia o que era amor para poder sossegar. – Eu sei que
você me ama. É o que importa!
- Você realmente está bem com tudo? – perguntou-me
depois de um tempo. Seu rosto estava deitado no meu ombro.
- Edward. Eu nunca passei por isso antes. Eu ainda não
sei das coisas e sou meio ignorante, mas se eu escolhi viver
com você, vou aprender sobre o seu mundo. Assim como
todos os dias a gente meio que dá choque. É como sua mãe
diz. Um processo de vida.
- Por que você é perfeita? Eu só não quero que isso te
mude... Eu tenho medo de te perder. Tenho medo que você
vá embora. Eu jogo tudo fora e vou atrás de você.
- Eu não irei a lugar algum, Edward. Por que isso?
- Eu achei que essa semana, você realmente conheceu o
que é ser mulher de alguém como eu. Eu pensei que você
fosse me deixar... – sussurrou
- Edward...
- É uma responsabilidade muito grande. O pai do meu
bisavô abriu esse banco e eu preciso superar meu pai em
eficiência para manter os negócios da família. São cobranças
altas demais e eu não quero que o nosso relacionamento sofra
com isso. A gente brigou essa última semana inteira. Bella,
não é isso que eu quero. Eu te amo, mesmo... E só não sei
como fazer um relacionamento funcionar.
- Edward. Olha pra mim. – pedi calmamente. Ele me fitou
e algumas pequenas lágrimas escaparam dos seus olhos –
Mesmo brigando, eu nunca cogitei a possibilidade de ir
embora... Ela não existe.
- Eu quero que você saiba uma coisa. – pegou minha mão
e colocou em cima do seu peito, que batia acelerado – Ele
bate por você. O tempo todo.
...
Ainda não conseguia digerir a surpresa das confissões de
Edward. Ele sempre me pareceu tão seguro de si que eu
jamais imaginei que tinha medo de um dia eu quisesse ir
embora. Cara, eu amava demais. Depois de passar a maior
parte da noite fazendo amor, lenta e maravilhosamente, nós
adormecemos ainda grudados, sem querer que aquela bolha
se dissipasse, mas ao celular despertar, nós tínhamos um
compromisso em Las Vegas. Hora de pegar o avião.
Fiquei olhando para o sapato escolhido do dia com tanta
dor no peito... Meus pés iriam ser maltratados depois da
deliciosa massagem de Edward ontem. Resignada, calcei os
sapatos gemendo de dor. Sentei na cama para colocar uns
brincos bonitos de Esme e verificar a pequena mala que fiz
com roupas de emergência para mim e Edward.
- Amor, você vai usar essa arma de destruição de novo?
– perguntou-me abotoando sua blusa. Fiquei tão perdida em
sua perfeição que não respondi. Ele era tão lindo que minha
mente demorava a registrar a informação. – Bells?
- Quê?
- Sapatos?
Ah, sim. Sapatos... Minha mente estava fantasiando com
Edward sem roupa. Os efeitos da noite anterior ainda pairava
sobre mim.
- Não posso ir de tênis. Esses são mais confortáveis. –
deu os ombros. Não estava doendo tanto assim. Edward
suspirou e tirou os sapatos dos meus pés, colocando dentro
da mala.
- Use-os quando chegar lá. – beijou minha têmpora e
empurrou meu chinelo com o pé. Mordi minha língua para não
dizer que aquele não era o sapato do evento.
Essa semana tinha feito a promessa de não brigar com
Edward. Em três dias ele faria 28 anos e manteria a paz. Por
mais legal que brigar com ele fosse, essa semana iria
aquietar-me. A verdade é que o medo dele de ontem me fez
refletir muito sobre nosso relacionamento. Foi a primeira vez
que percebi que era um jogo igual. Edward sentia medo,
ciúme, dor como eu. Estranhamente, ganhei mais confiança.
Meu ego inflou ao vê-lo chorar achando que eu ia dar o fim em
tudo.
Durante o caminho, fiquei rodando a aliança dele. Era o
meio que lembrei em dizer, ela está aí no seu dedo, porque é
o par da que está aqui no meu, nós somos noivos. Demetri
sorriu ao nos ver bem e seguiu o caminho até o aeroporto em
silencio. Edward – como de costume – manteve as mãos em
mim o máximo que pode, mesmo quando a gente falava
apenas banalidades, tinha um jeito no modo que a ponta do
seu dedo passeava pelo meu corpo, quase me fazia ter um
orgasmo.
Ele tocava meus lábios, descia pelo pescoço, ombro, colo
e até os seios para meu delírio. E as vezes estava falando do
tempo, da bolsa, do dólar, real ou seja lá o quê. Seus olhos
eram sempre quentes e isso também me dava uma vontade
insana de gemer. Essa nova parte, a sexual, do nosso
relacionamento era ótima. Ele era um amante incrível. Não era
possível existir melhor.
Emmett e Rosalie já estavam dentro do avião quando
cheguei. Alice dormia jogada na poltrona, provavelmente já
sedada e Jasper sorriu ao me ver chegar. Esme e Carlisle
estavam no canto, bem no fundo, sussurrando um com o
outro. Era lindo vê-los. E então, tinha Victória. Nós não nos
cumprimentos. Só olhamos uma para a outra. Ambas
magoadas demais para dar o braço a torcer. Edward percebeu
a nossa falta de interação, alias, todo mundo percebeu, e
como uma boa teimosa, sentei na minha poltrona enfiando
logo o calmante e bebendo delicadamente o suco de
maracujá.
- Devagar... É pra dormir e não morrer. – Edward brincou
tirando o copo de mim. – Eu quero um beijo com gostinho de
maracujá.
- Bobo. – sorri escovando meus lábios nos dele.
- O que aconteceu? – sussurrou
- Nós nos desentendemos na festa ontem. – respondi
sinceramente.
- É sobre a história...
- É. – respondi secamente, mas me arrependi por ter sido
desnecessário com ele.
- Bella, seu horário. – Victória falou tentando soar fria,
mas a voz falhou e ficou trêmula. Isso foi um soco no meu
coração, mas ela tinha que ceder. Eu não. Meu interior se
contorcia muito, porque era minha amiga, mas ela só iria
funcionar na pressão.
- Obrigada. – murmurei duramente, puxando as folhas,
colocando de lado e deitando minha cabeça no ombro de
Edward.
Resignada ouvi seus passos até sua poltrona e fechei os
olhos para dormir antes mesmo que o piloto anunciasse o voo.
Eu estava seriamente magoando uma das poucas e valiosas
amizades. Só que ela tinha que me contar tudo em relação a
James. Se eu fosse boba e insegura, essa merda poderia ter
causado mais uma briga feia. Tudo bem que fiquei bastante
confusa e cheguei a imaginar coisas, mas se no passado
Edward e Victória tiveram algo, eu simplesmente percebi que
isso importava e ao mesmo tempo não importava.
Importava porque gostaria dessa informação antes. Se
não havia mais nada. Sem motivos de esconder, certo?
E não importava porque Edward era meu e ninguém iria
mudar isso. Muito menos um suposto amor do passado.
Dormi de babar a viagem inteira. Não era longa, por isso
ainda estava dormindo quando desci do avião, escondendo o
rosto em Edward. O caminho até o hotel era desconhecido pra
mim e eu mal consegui prestar atenção na linda cidade de
Vegas. Eu estava literalmente nos braços do morfeu. Só me
dei conta que andava até o quarto com a minha família e assim
que chegamos ao quarto, Edward me deitou na cama, tirando
meus sapatos baixos e abrindo a calça jeans, tirando
delicadamente. Eu quis agradecer, mas dormi antes de abrir a
boca.
- Dorminhoca. – Edward beijou. Ele também tinha a voz
arrastada de sono. – Hora de acordar.
- Mmmmm. Já? – resmunguei me apertando a seu corpo
quente. – Está tão bom...
Edward me apertou mais só que tivemos que levantar.
Tomei um banho tão lento de tão lerda que estava. Vesti o
conjuntinho da noite e soltei os cabelos, fazendo cachos na
ponta com o babyliss. Do jeito que Esme tinha me ensinado.
Edward entrou para tomar banho durante o tempo que me
maquiava sem pressa. Nós ficamos prontos quase uma hora
depois.
Victória discutia baixo com Emmett no momento que
pisamos no hall de entrada do hotel. Eles se distanciaram na
mesma hora, mas ficou explicito que as coisas não estavam
boas. Ela tencionou quando cheguei perto, e ao contrário do
que minha língua queria, não perguntei o que estava
acontecendo e segui em direção a uma Rosalie bastante
curiosa.
- As vezes, eu tenho a ligeira sensação de que... –
sussurrou pensativa pegando minha mão e a gente ia até
Esme, do outro lado.
- De que o quê, Rose? – perguntei confusa.
- Emmett e Victória. Existe algum segredo entre os dois
que envolve Edward que me deixa... – suspirou – Não sei
dizer. Eu sinto ciúmes deles juntos. Do possível passado.
Minhas inseguranças foram subindo lentamente, mas
algo freou meu pensamento. Por que diabos Rosalie teria
ciúmes? Era sobre Edward... Não era? A não ser que...
Emmett? Não! E foi por tudo ser tão estranho que meus olhos
se arregalaram.
- Eu não sei de nada. Esse pensamento relacionado
aquela conversa que tivemos no telefone... Isso me ocorreu
com os dois agindo estranhamente o dia inteiro. – deu os
ombros.
- E isso... Esse possível passado te incomoda? –
perguntei.
- Sim. Tanto se for com Edward ou Emmett... – respondeu
e nós duas olhamos para a direção onde Victória tocava o
ombro de Edward. Meu sangue pareceu esquentar e meu
ciúme me fez esquecer que ela era minha amiga e isso eram
só conjecturas. – Nós vamos descobrir. – Rose sussurrou
confiante e uma socialite chegou exigindo nossa atenção.
Durante o resto da noite eles não se aproximaram mais.
Edward ficou do meu lado e Emmett ao de Rosalie. Me senti
mal por Victória estar sozinha, mas ela sempre estava
envolvidas em conversas de negócios. Afinal isso não era um
passeio e sim uma reunião de gente importante. Emmett
conforme a noite foi avançando, ficou pálido e olhava ao
relógio toda hora. Rosalie profanou uns palavrões em
Francês.
Victória olhou para o relógio e depois virou pra mim. Seu
sorriso foi tímido e a vontade de sair correndo e abraçar minha
amiga foi imensa.
- Nós podemos conversar? – sussurrou
- Claro.
Alívio foi tudo que senti. Nós ficaríamos bem.
- Me espere no seu quarto. – respondeu e assenti, me
despedindo brevemente da minha família.
Rosalie me olhou confiante. Eu me senti mais segura com
isso e beijei Edward nos lábios rapidamente antes de subir.
No quarto comecei a me sentir triste e pensando se
peguei pesado em ser tão fria com ela. Meu coração gritou
sobre meu egoísmo em pensar no quanto isso me afetava,
sem saber que isso poderia ser difícil pra ela. Só que ao
mesmo tempo não conseguia me sentir cem por cento
culpada. Era meu direito. Ouvi a porta ser aberta e suspirei.
- Desculpa por ter sido tão ruim, mas eu me sinto no
direito. – sussurrei angustiada.
- Tudo bem, Bells. Você vai saber da verdade.
Meu queixo caiu quando vi Emmett em pé ao lado de
Victória, com as mãos no bolso completamente sem jeito e
envergonhado.
Que diabos... ?
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
I Do!
Capítulo 19
Tonight - Parte I
Deitada, enquanto uma mulher com sentimentos ruins
relacionados à minha pessoa simplesmente depilava minha
perna, descontando sua TPM. Rosalie, como uma boa amiga
estava segurando minha mão, enquanto um bom rapaz fazia
massagem em suas costas. Alice tinha a manicure no seu pé
e Esme apenas se divertia com Ethan e Charlotte. Essa era a
minha despedida de solteira. Ficar trancada em uma enorme
suíte no hotel Hilton com as mulheres da família.
Alice disse que nós íamos descer para jantar e que ainda
assim, não teria nenhuma espécie de contato com Edward. Eu
estava fazendo meu melhor, mas tudo que mais queria nesse
momento era ficar com ele. Amanhã, nesse mesmo horário,
eu já seria a senhora Cullen. Não que isso fosse um problema,
mas estava nervosa demais para simplesmente conseguir
relaxar.
Não era por falta de amor a Edward. Talvez fosse amor
demais. Eu o amava além do que podia compreender e se ele
queria que nós fossemos um casal de acordo com a lei,
obviamente iria acatar isso. Esse não era o problema. Diabos,
eu simplesmente estava nervosa. Era o vestido de noiva, o
salto, a fome, o medo, o choro, a saudade dos meus pais que
não estariam ali compartilhando esse momento comigo.
Era grandinha e já fazia tempo que eles haviam morrido,
mas em momentos como esse, era como se faltasse algo. Eu
imagino que Charlie simplesmente estaria emocionado com
sua garotinha casando e provavelmente coçaria o bigode,
bastante nervoso em me levar ao altar. Renée estaria de um
lado ao outro, agitando os braços, discutindo com Tio Billy por
fumar perto de mim e depois choraria com sua princesa
vestida de noiva.
Se não fosse assim, ao menos gostaria que fosse. Eu
queria nesse momento, estar deitada em seu colo e ouvir seus
melhores conselhos sobre o casamento. Não me ensinando
como deve ser, apenas contando os melhores momentos e os
piores com meu pai. Abrindo pela primeira vez intimidades que
só se pode contar quando um filho é adulto. Eu compartilharia
meus medos e o tamanho do meu amor pelo noivo. Ia suspirar
dizendo o quanto estava ansiosa para ver Edward no altar.
Nós íamos rir até a madrugada e ela me colocaria para
dormir, porque uma noiva precisa estar descansada. Eu iria
argumentar dizendo o quanto meu nervosismo não deixava e
iria sentir meu interior todo tremular. E então, seria a vez do
Tio Billy vir e me dar suas melhores piadas, que ia me fazer
ter dores de barriga de tanto rir.
Eu não queria parecer ingrata. Amava os Cullen e eles
eram sim a minha família, mas é como um somar e não
substituir. Por todo amor que Esme pudesse devotar a mim,
ela era minha sogra, mãe do meu noivo e não a minha própria
mãe. Seu carinho e afeto eram lindos e Deus sabia o quanto
realmente a amava... Mas ela não era minha mãe. Essa
mancha parecia nunca sair do meu coração.
Também não queria ser amargurada e triste. Eu tinha
muitos motivos para ser feliz. Eu não era mais aquela Bella...
Reconhecia em mim uma mulher diferente. Mais madura,
brilhante, amada e realizada. Eu tinha meus estudos e coisas
que jamais sonharia em ter. Uma casa bonita, decorada,
empregados e um luxo que também não podia me dar antes.
Edward definitivamente me dava o seu mundo de bandeja. Ele
me amava ao ponto de querer compartilhar comigo tudo que
tinha. E me amava ao ponto de me deixar ser quem era,
mesmo que em certos momentos, nossa vida exigisse que
fosse um pouco mais sofisticada.
Não queria pensar que ia entrar na igreja e ter várias
pessoas me analisando. Amanhã à noite, eu estaria
exatamente onde devo estar. Com Edward. Acima de todas as
responsabilidades. Acima de todo nome e compromisso
social, nós tínhamos um compromisso um com o outro, que
era mais forte que qualquer coisa nesse mundo.
- Bella? Você ouviu o que eu disse? – Charlotte perguntou
suavemente.
- Oh, não, desculpe. – murmurei envergonhada. Eu vi um
flash de preocupação no seu rosto, mas ela era boa em
disfarçar.
- Disse que você e Edward deveriam voltar da lua-de-mel
direto para Inglaterra. Vou me certificar de deixar a casa
pronta para vocês, assim podem ficar mais alguns dias fora.
- Seria muito gentil da sua parte, Char. – sorri realmente
não me importando muito com o assunto. Era como se não
tivesse absorvido suas palavras. – Vou tomar um banho para
relaxar minha pele pós-depilação. Podemos sair para jantar
depois?
- Claro, querida. – Esme sorriu tentando me tranquilizar.
Durante meu banho quente deixei minha mente vagar.
Cerimonia fechada para trezentas pessoas. Famosas e ricas.
Eu tinha meus votos prontos e decorados, ainda assim eu os
escrevi só para o caso de segurar algo na hora que o
nervosismo me tomar. O primeiro papel ficou manchado de
lágrimas e Alice me fez o imenso favor em escrever em um
papel bonito. Coisas que só minha cunhada tinha olhos,
certamente eu subiria ao altar com o papelzinho amassado e
manchado.
O padre sugeriu que eu me confessasse antes do
casamento, mas eu nunca fui religiosa e muito menos sabia o
que dizer. Era como ir ao psicólogo? Iria pedir perdão a Deus
por ter uma vida sexual extremamente ativa antes do
casamento? Se fossemos por esse tópico, iria pedir perdão
por todas as posições que aprendi nos últimos meses ou
simplesmente por não ter nenhum tipo de restrição na cama.
Tirando espancamentos, técnicas de respiração...
Acabei ficando em silencio mesmo. Ele podia ser padre,
mas não acredito que minha intimidade iria ficar segura em
sua mente. A revista Times era bem persuasiva quando
queria. Até mesmo com padres. Não tive oportunidade se
Edward se confessou ou não, se fez, eu iria matá-lo. Com toda
certeza do universo.
- Bella, está tudo bem? – Rosalie bateu a porta e o
banheiro estava completamente embaçado de tanta fumaça.
– Bella?
- Estou bem sim... O que há?
- Tem meia hora que você está aí dentro...
- Oh... – respirei fundo, meio zonza. – Bom, estou saindo.
- Certo.
Sequei meu cabelo apenas com a toalha e puxei o roupão
e fui ao encontro delas, que já estavam prontas para o jantar.
Joguei um vestido longo pela cabeça e um par de sandálias
baixas, ignorando completamente o olhar feio de Alice em
minha direção. Eu queria Edward e ninguém ia mudar minha
mente. O que ele estava fazendo?
Se Edward fosse a algum clube de striper novamente, eu
ia ser viúva antes do tempo. Ou simplesmente Emmett
conseguiu que elas viessem até o hotel? Teria mulher na
despedida de solteiro dele? No elevador, o silêncio se
estendeu enquanto minha mente ciumenta começou a criar
cenários.
- Bella, Deus, por que você está quase chorando?
- Onde Edward está?
- Droga, Bella, quando eu disse que eles estavam se
divertindo, significa jogar cartas e fazer coisas de homens. –
Alice respondeu culpada. – Você anda muito emocional.
- Não é você que vai casar amanhã e teve menos de duas
semanas para se preparar psicologicamente. – rosnei batendo
o pé e ela foi inteligente em ficar quieta. Conselho que darei a
minha filha: Não case durante seu período de tensão pré-
menstrual.
Demetri ao me ver também não se atreveu a falar comigo.
Tinha um cara no canto tirando fotos e aquilo foi o suficiente
da noite. Sem realmente estar com fome, à culpa de
simplesmente estar estragando a noite das meninas começou
a pesar.
- Desculpem-me meninas... Eu não deveria estar tão
emburrada, mas olha isso – apontei para minha mão
tremendo. – Estou em pânico. Não sei por que. Não tenho
duvidas sobre amanhã, nem nada. Apenas estou nervosa. E
se não for uma noiva bonita? Se Edward desistir? Ai meu
Deus, ele simplesmente pode me deixar no altar.
- Bella... Respira. Você não está absorvendo o que está
falando. – Alice riu com Rosalie.
- Querida, tudo vai dar certo. Acredite no seu potencial.
Você não vai falhar. – Esme beijou-me na bochecha antes de
beber um pouco de vinho.
- Ok.
Nós começamos a comer e na metade do meu prato, elas
estavam falando animadas da minha lua-de-mel, foi realmente
o momento que eu me diverti. Suas teorias e ideias estavam
me ajudando muito a relaxar, foi então que contei a proeza do
óleo quente e as massagens eróticas que Edward fazia em
mim. Esme ficou chocada com o filho dela tendo
conhecimentos profundos demais. Eu realmente não quero
saber onde ele aprendeu cada detalhe sobre como fazer uma
mulher chegar ao orgasmo somente utilizando as mãos, sem
tocar nenhuma parte obviamente erógena.
- E a vadia era virgem até pouco tempo atrás. – Charlotte
resmungou rindo – Será que o menino Edward simplesmente
pode ensinar essas coisas a Peter?
- O quê? Não! Espero que ele apenas diga e não ensine.
– brinquei bebendo minha segunda taça de vinho. Podia sentir
meu corpo completamente mole sobre meus pés.
Então elas começaram com teorias sobre como Edward
aprendeu a fazer isso, mas minha atenção foi desviada a uma
cabeça com cabelos bronze passando do outro lado do
saguão. Era longe, mas eu conhecia aquele andar, pernas e
cabelo. A sombra enorme ao seu lado só podia ser Emmett.
Fiz-me de desentendida e fiquei vigiando de longe a confusão
de seguranças fazendo os dois andarem rápidos.
Edward estava aqui. De nenhuma maneira iria ficar aqui
sem ele.
- Meninas... Preciso ir ao banheiro. Já volto. – sorri
levantando-me
- Tome seu tempo. – Charlotte sorriu voltando a conversar
rápido com elas. Rosalie seguiu meu olhar e sorriu, vendo
Emmett de longe. Ela começou a exigir mais atenção de Alice
como nunca.
- Pra que lado eles foram? – perguntei a Demetri que me
conduziu ao elevador externo. Realmente não queria a visão
panorâmica da cidade, por isso fiquei batendo o pé quando
chegamos ao décimo andar. Ouvi a risada de Peter de longe,
na extremidade do corredor.
Ao virar a esquina vi Edward e Emmett na porta de um
quarto, com Carlisle e Peter mais atrás. Eles pareciam estar
meio alegres demais. Não bêbadas, mas alegres. Emmett
falava algo sobre Edward ser um maricas e não querer ir ao
clube de mulheres. Eu amava demais esse homem. De
fininho, deixei Demetri pra trás e fui caminhando devagar.
Edward segurava o cartão chave e quando abriu a boca para
responder, puxei o cartão de sua mão, destravando a porta e
o puxando para dentro do quarto com força.
Antes que o empurrasse em direção a porta, registrei sua
cara de choque e depois diversão quando se deu conta que a
maluca sequestradora era sua noiva, excitada. O que tinha no
vinho? Registrei também Emmett rindo e dizendo o quanto era
rápida, mas não me importei muito quando Edward me ergueu
no colo e tomou meus lábios com força. Sim, desde essa
manhã que não o via. Fazia noites que não nos tocamos
intimamente. Eu precisava demais dele.
- Adorável surpresa... – riu me deitando na cama. –
Saudades?
- Muitas... Eu realmente preciso de você... Além do que
eu posso compreender.
- Eu pensei que tivesse sido o único a sentir falta de
você... Minha vida. – beijou-me novamente já puxando a barra
do meu vestido. – Nada de roupas nesse quarto. Hoje nós
teremos o quarto dos pelados.
.~.
Acordei às cinco e meia da manhã sentindo calor.
Também pudera, Edward estava praticamente em cima de
mim. Levantei da cama de fininho, vesti muita roupa, lavei meu
rosto e escovei o dente com a escova dele mesmo. Se ele
reclamasse depois, iria responder que precisa aprender a
dividir as coisas comigo.
Procurei pelo quarto de Demetri, que abriu a porta meio
assustado com minhas batidas frenéticas.
- Eu preciso que você me leve a um lugar. – pedi
- Onde, Bella? – franziu o cenho confuso.
- Cemitério Municipal de Nova Iorque. – respondi sentindo
os olhos pinicarem com lágrimas. – É hora de dizer a Charlie
e Renée que irei me tornar uma mulher casada.
- Mas Bella... – Demetri tentou argumentar, mas ao ver à
hora novamente suspirou puxando um casaco – Vamos. Você
só terá 1 hora, ok? Não quero me submeter à fúria de Alice.
- Obrigada Tre.
.~.
Em silencio nós chegamos em menos de quinze minutos.
Foi preciso mais três seguranças conosco e tive a ligeira
sensação de que Demetri ligou para Edward. Coloquei uma
capa preta com um capuz enorme para me proteger do sereno
da manhã. Caminhando com Demetri ao meu encalço,
encontrei o tumulo dos meus pais, um do lado do outro, sem
flores, apenas com uma foto e nenhuma mensagem. Tinha
muito, mas muito tempo que não vinha aqui.
- Oi mamãe... Oi papai. – sussurrei sentando-me no chão.
– Faz tanto tempo, não é? Eu vim aqui hoje, bem cedo porque
vou me casar esta noite. Eu conheci Edward no final do ano
passado, através do seu irmão, Emmett. Nós nos odiamos no
inicio, mas se transformou em um amor intenso. Eu sei que é
ele. Sabe quando você olha para o homem ao seu lado e
simplesmente sente que é o homem da sua vida? É assim...
Nós estamos morando desde 1 mês de namoro e eu gosto de
pensar que papai ficaria louco com isso. Você o chamaria de
velho e acabariam chegando um impasse sem fim sobre esse
assunto.
Eu sei que devia ser uma filha melhor e pelo menos ter
vindo aqui trazendo flores regularmente ou conversar, mas
acho que não tive coragem. Foi muito difícil sair de casa para
simplesmente viver. Senti tanta, mas tanta falta de vocês
durante cada segundo da minha vida. Edward vem de uma
família diferente. Eles são incríveis e acho que depois que
vocês partiram, Deus ou seja lá quem, enviou pra mim. Ainda
é difícil acreditar, sabe? Eu não pude aceitar a morte de vocês
durante muito tempo... E hoje ainda dói, mas sei que posso
construir minha própria família. Um dia, para desespero de
Edward, terei lindos filhos e prometo vir aqui contar. Ele quer
ter filhos logo, e por mais que ache isso fofo, não estou
preparada para ser mãe.
Eu amo vocês. Sinto falta de vocês a cada segundo. Serei
uma boa esposa como você, mamãe. Desejem-me sorte e
saúde.
Limpei minhas lágrimas quentes com a manga do casaco
e fiquei mais um tempo, sentada ali, apenas sentindo o vento
gelado do dia amanhecendo. Ouvi passos atrás de mim e
pensei ser Demetri avisando que meu tempo tinha acabado,
mas aqueles dedos eu reconheceria em qualquer lugar.
Edward colocou umas lindas rosas brancas, que nem sabia
que ele lembrava que Renée gostava, no vaso fixo a minha
frente.
- Oi amor. – sorri quando ele me abraçou. – Então você
veio atrás da sua noiva fujona?
- Eu senti a cama fria demais... Depois Demetri me ligou.
Cheguei um pouquinho depois de vocês, mas estava te dando
um tempo sozinha com eles. – respondeu-me beijando minha
nuca.
- Estou pronta para ir agora, Edward. Quero dormir um
pouquinho antes de ter que me submeter aos tratamentos
absurdos de uma noiva.
- Tudo bem. Você se sente melhor agora?
- Sim. Estou pronta para começar a nossa família. –
respondi e ele puxou meu capuz, escondendo nossos rostos
e saímos de mãos dadas até o carro. Demetri me deu um
sorriso tranquilizador, que dizia muito, pelo menos pra mim.
Ele era meu bom amigo.
.~.
Alice me deixou dormir por mais três horas depois que
chegamos ao hotel. Foi o tempo de tomar um banho juntos e
deitamos. Ela soube me encontrar na hora que a equipe de
beleza chegou, não reclamei. Eu fugi delas, dormi com
Edward e simplesmente realizei o que queria durante minha
ultima noite de solteira. Não que eu me sentisse solteira pelos
últimos dez meses da minha vida.
- Mais feliz hoje? – perguntou-me dando um beijo
estalado na bochecha.
- Muito mais. Apesar de estar com medo. Alice me deixe
ensaiar como ando com esses saltos... Se eu pisar no vestido,
vou te matar.
- Nós já verificamos a bainha. Vai dar certinho. – Rosalie
entrou no quarto, trazendo um rapaz com uma mesa cheia de
coisas gostosas para comer. – E então, você fugiu para
comemorar a despedida de solteiro no estilo, não é?
- Quer melhor do que ter um aperitivo da lua-de-mel? –
Charlotte entrou com Ethan e Esme, rindo do meu rosto
ruborizado.
- Sim, ele me deu um grande aperitivo do que nós vamos
saborear essa noite. – pisquei
- Essa noite só se for dentro do banheiro do avião. –
Rosalie riu e tive que concordar. Edward queria simplesmente
duas semanas longe do mundo, isolado em uma ilha no Brasil,
Angra dos Reis. Pelas fotos a casa era muito bonita.
- É, bom, pelo menos eu vou dormindo daqui até lá. – ri
bocejando, meu sorriso morreu quando um puxão no meu
cabelo me fez ver que estava na posição errada. Seja longa
essa tarde. – Esme, por que você e Charlotte não nos contam
seus dias de noiva? – perguntei e pelo sorriso de Rosalie e
Alice, elas também queriam ouvir.
Eu não tinha mãe... Tinha sogra. E para passar à tarde,
por que não ouvir um pouco mais sobre a minha família? Afinal
de contas, eu tinha que ter alguns podres da minha sogra para
contar aos meus netos.
Puxa daqui, spray de não sei o quê dali, puxa de lá, vem
de cá, corre aqui, belisca isso, corre dali. Sei que meu humor
estava no status “estou nervosa e meio bêbada”.
- Esme, eu preciso comer alguma coisa. Essa quantidade
de champanhe está me fazendo ficar meio zonza. – comentei
meio rindo e meio envergonhada.
- Vou mandar subir seu almoço. – Esme riu – E nada mais
de bebida para a moça. Estava distraída e nem percebi Alice
enchendo sua taça. – comentou olhando feio para filha.
- O quê? Ela precisa relaxar... – Alice deu os ombros
batendo os pés. – Eu sei que meu irmãzinho a fez relaxar
ontem...
- Alice, querida. Ninguém quer uma noiva bêbada no altar.
E eu preciso saber andar com aquelas armas.
- Não é tão complicado assim e vamos lá, Bella, ânimo.
Você só tem mais três horas e meia como solteira. A partir do
momento que você disser sim, sua alma estará presa aos
Cullen pra sempre, como esse brasão que você usa no pulso.
Meu sorriso deve ter sido lindo, porque os que recebi de
volta foi bastante intenso também. Acho que isso era ser
família. Aturar bons momentos e os maus momentos como o
de ontem. Fiquei tranquila em saber que no dia que
engravidar, elas irão aturar a cadela que existe em mim
quando sou hormonal. A melhor parte da equação era que
hoje, Edward seria meu marido. Meu em todos os aspectos.
.~.
- Esse sinos estão tocando por minha causa? – perguntei
a Demetri, que estava no banco da frente do carro. Alice já
estava na igreja com todos os outros. Eu iria chegar sozinha...
Infelizmente. Elas quiseram ficar, mas a ordem é a noiva
chegar com sua família. E bom, Max parecia bem confortável
no banco ao meu lado.
- Sim... A Catedral sempre anuncia os casamentos... E
bom, é o casamento de Edward Cullen. – riu levemente e Max
soltou um miado preguiçoso. Ele estava tão mais gordo que o
normal.
- Eu nunca imaginei que os sinos da igreja iriam tocar pelo
meu casamento. – brinquei e tanto ele quanto Félix riram de
mim. – Se bem que eu pensei que ele tocava só em funerais
de gente importante.
- Eu tinha medo disso quando era criança. Minha avó
sempre muito católica, me fazia vir aqui entregar mantimentos
em horários que a igreja está fechada para a oração. Eu via
as estatuas de santo só iluminadas com as velas e saia
correndo. – Félix confessou rindo.
- Eu nunca fui religiosa. Nunca pisei nessa igreja.
- Que o padre não te ouça. – Demetri brincou quando
estacionamos na igreja.
Foi então que eu vi a multidão do lado de fora, os flashes,
gritos, assobios, policias, seguranças, imprensa... Comecei a
controlar minha respiração, completamente nervosa. Um suor
frio escorreu pela minha espinha, onde o espartilho apertado
me sufocava.
- Pronta para descer? – Félix perguntou amavelmente –
Eu irei te segurar, senhorita.
- Sim... E obrigada. – murmurei meio zonza. Tinha muita
gente gritando meu nome.
Quando Félix me tirou do carro, vários aplausos
explodiram com assobios de adoração. Seria para mim ou
para o Vera Wang exclusivo de última hora que Alice quase
se estapeou com a diretora do grupo que representa a marca?
De qualquer modo, virei um pouco para a multidão, que me
ovacionava intensamente e sorri sentindo meu rosto
esquentar. Eu tinha me visto como noiva e fui capaz de dizer
WOW para mim mesma e suspirar feito uma menininha.
Quis chorar, mas fiquei com medo de borrar a maquiagem
antes de chegar na igreja. Só depois que a maquiadora veio
me dizer que tudo era a prova d’água. Ainda assim, fiquei na
minha. Chorar seria inevitável.
- Hora de entrar, senhorita. – Félix sussurrou me
conduzindo as enormes portas de madeira escura da igreja.
Eu não podia ver o interior, mas ouvia as vozes. A porta se
abriu e pude ver Alice e Rose entrando na igreja, ambas com
seus vestidos de dama de honra cor de magenta.
Rosalie estava concentrada, sendo a primeira, com a
igreja inteira possivelmente de pé. Alice foi logo depois, como
se fizesse aquilo todos os dias. Seu sorriso era de cegar.
- Você é a próxima. – Demetri me conduziu até o inicio do
tapete vermelho, no centro da igreja. – Você está pronta?
- Estamos prontos. – Emmett respondeu, saindo da lateral
da igreja. – O quê? Você pensou mesmo que ia entrar
sozinha? Eu tive que fazer zerinho ou um com meu pai, mas
venci.
- Oh, meu doce Emmett. – sussurrei emocionada. Maldita
lágrimas.
- Você pensou mesmo que eu ia te deixar sozinha?
Nunca. Por coincidência você está casando com meu irmão,
mas poderia ser qualquer cara, Bells. Eu sempre vou estar
com você. – abraçou-me quando seus olhos começaram a
denunciar que ia chorar.
- Obrigada, Emmett. Eu te amo.
- Agora, vamos lá. Edward estava tendo um ataque
nervoso que você não chegava nunca, agora ele vai achar que
fugi com você.
- Emmett, não me deixe cair. – sussurrei e a música
começou – É agora.
- É agora.
Eu não olhei para a multidão de pé, vendo minha entrada.
Assim que consegui dar meus primeiros passos, Edward
estava lá, bem na minha direção, com um sorriso que minhas
pernas quiseram sair correndo e pular no seu colo, encher de
beijos e fugir para um lugar lindo, paradisíaco. Eu acho que
estava sorrindo também, porque ouvi suspiros e comentários
do tipo “olha como eles são apaixonados” e “olhe só, é um
amor jovem tão bonito”.
Pareceu uma eternidade chegar até Edward. Eu não
sabia se estava de acordo com a musica, só sabia que
apertava loucamente o braço de Emmett e lembrava de
respirar. Não queria desmaiar por falta de oxigenação no
cérebro. Pelo menos não antes de dizer sim.
- Você está maravilhosa. – Edward sussurrou quando
Emmett me entregou para Edward.
- Eu não vou hesitar em chutar sua bunda se você magoá-
la. Mesmo sendo meu irmão.
- Entendi Emmett. – Edward rosnou e Emmett foi para seu
lugar de primeiro homem rindo do aborrecimento do seu
irmão.
- Você está maravilhoso. – sussurrei quando subimos até
o altar, onde o Padre baixinho e gordinho nos esperava com
um sorriso amável no rosto. Ainda bem que ele não tinha
nenhuma mágoa em relação a minha não confissão, ou nesse
momento estaria rezando para Deus tirar os pecados da
luxuria de mim.
- Estamos hoje reunidos para celebrar mais uma união
matrimonial, pedindo a benção de Deus, para unir Edward
Anthony Masen Cullen e Isabella Marie Swan.
Durante o discurso bonito do padre, no qual eu não
prestei muita atenção por estar completamente focada no
lindo rosto de Edward. Ele me olhava com tanto carinho, que
fiquei completamente hipnotizada. Eu ia acordar e dormir ao
lado dele e ter seu sobrenome. Seria a primeira vez em nosso
relacionamento que nós finalmente seriamos iguais. Eu era
dele e ele era meu. E ponto final.
Nós ajoelhamos para a oração, que eu imaginava ser o
final. Nossas alianças foram entregues e o padre as
abençoou. Eu acho que devia vir mais a igreja, porque achei
o gesto bem bonito.
- Por favor, Isabella Swan, seus votos.
Alice veio até a mim com os olhos vermelhos de tanto
chorar e o nariz inchado, me entregando o papel. O Padre
ainda segurava nossas alianças e um coroinha veio me ajudar
com o microfone.
- Edward Anthony Cullen. Antes de você, a vida era um
céu sem estrelas. Uma noite sem lua. Eu nunca achei que
fosse encontrar o amor, na verdade, eu não sabia que amor
ainda existia de uma forma tão poderosa ou que pelo menos
eu teria o direito de sentir. Quando nós conhecemos, tudo que
mais quis foi te odiar e toda vez que nós brigávamos ou
fazíamos coisas que resultavam em discussões, eu queria
desesperadamente não te ver mais. E então, no dia seguinte,
lá estávamos nós, perto um do outro. Eu disse a mim mesma,
que não podia sentir nada por você, mas sempre que sorria
perto de mim ou me irritava, meu coração parecia que ia
explodir. – solucei e Edward me entregou um lenço, inebriado
com seu perfume. – E então, lá estávamos nós. Apaixonados.
Tão diferentes, unidos por um amor estranho. Antes de você,
eu não tinha muitas certezas ou convicções, mas hoje, eu
tenho certeza que você é o homem da minha vida e tenho
plena convicção de que vou te amar por todos os dias da
minha vida.
- Muito bonito, Isabella. – o padre sorriu e Edward estava
chorando, sorrindo pra mim movendo os lábios dizendo que
me amava. Eu queria beijá-lo, mas ainda não podia. – Edward
Anthony, sua vez, por favor.
- Bella, você é o maior presente que Emmett já me deu
na vida. Nem quando ele me levou pela primeira vez no
parque aquático. – brincou, mas seu tom de voz entregou o
nervosismo estridente. – Quando eu te vi pela primeira vez eu
pensei que não existia mulher mais bonita que você, no mundo
inteiro. E quando você gritou comigo pela primeira vez eu
pensei que não existia baixinha mais petulante que você.
Ninguém nunca me contraria ou grita e você chegou, indo
contra a tudo que eu tinha ou pensava que tinha. Foi então o
seu sorriso me mostrou a vida de verdade... A vida no qual
você é homem e precisa de uma mulher do seu lado. De um
bom dia carinhoso, um sorriso tranquilizador, um abraço
amoroso... Nós éramos tão diferentes, mas você me fez
enxergar o valor da família, dos amigos e magia de viver cada
segundo ao lado de quem nos ama. Você veio como um sopro
de ar puro. Como se estivesse me afogando e me salvasse.
Eu prometo te amar mais ainda por todos os dias da minha
vida.
- Isabella Marie Swan, você aceita ser esposa de Edward
Anthony Masen Cullen?
- Sim. – sussurrei com a voz embargada, apertando a
mão de Edward desesperadamente.
Respirar. Respire, Bella. Respirar. Estou sem ar. Esse
homem não quer ter esposa pelo resto da sua vida dizendo
coisas como essas... Eu não registrei o que o padre falou,
entre as lágrimas embaçadas, Edward estava colocando a
aliança de Elizabeth Masen em mim. Esme devia estar
entrando em estado de choque com a aliança da sua mãe no
meu dedo.
- Edward Anthony Cullen, aceita ser esposo de Isabella
Marie Swan?
- Sim.
Chegou a minha vez de simplesmente tremer como uma
vara verde em dia de tempestade, deslizar a grossa aliança
do seu avô.
- Pelo poder declarado em mim, através da santa amada
igreja do Senhor, eu vos declaro marido e mulher, na
competência de permanecerem fiéis um ao outro, amando na
saúde, na doença, na tristeza e na alegria, na pobreza e na
riqueza. Que a igreja do Senhor fique de pé e Edward... Pode
beijar a noiva.
Finalmente!
Capítulo 21
Tonight - Parte II
Tonight - The Calling
Edward veio rindo pra cima de mim, me puxando pela
cintura, arrancando gargalhadas da platéia, mas o beijo foi
terno, cheio de carinho e paixão. Meu coração batia no ouvido.
- Senhora Cullen, devo dizer que você está gostosa pra
caralho nesse vestido e quero te levar para lua-de-mel agora.
– Edward sussurrou no meu ouvido.
- Edward! – ofeguei sentindo minhas pernas tremerem –
Nós estamos dentro da igreja! – sussurrei frenética e ele riu –
E além do mais, você me fez escolher uma festa de
casamento em duas semanas, sinto muito, mas eu vou ficar.
- Mal casamos e já começamos a discordar? – brincou se
afastando de mim um pouco.
- Você disse sim, Edward. Sinto muito. – dei língua
- Preparada para sua festa, Senhora Cullen? – Emmett
brincou ao passar por nós, na sua vez de sair do altar.
- Com toda certeza que sim. – sorri agarrando a mão de
Edward, que me ajudava com os degraus que não reparei que
existia. Como eu vim parar aqui em cima?
Eu não imaginava que a cor rosa poderia ficar bonita em
uma decoração de casamento, mas ouvir pessoas mais velhas
é um grande jogo. Santa Esme Cullen da minha vida que
escolheu esse tema. Minha festa estava absurdamente linda.
E cheia. Não que estivesse faltando espaço, mas o salão do
hotel Hilton era um dos maiores da cidade. Isso significava que
noventa por cento da festa era composta por gente que eu não
conhecia.
Edward não me soltou um segundo sequer e meu sorriso
estava ficando cansado de simplesmente cumprimentar
pessoas. E a fome? Meu pé implorava por trinta segundos de
descanso e não parava de chegar gente.
- Amor, eu preciso sentar um pouquinho. – sussurrei no
ouvido de Edward. – E estou com fome.
- Vem comigo... Vamos comer antes que Alice apareça
para a troca do vestido.
- Eu gostei tanto desse. – murmurei enquanto ele me
rebocava pelo salão, para sentar na mesa dos noivos.
- Eu também, apesar de que sempre vou preferir você
nua. – comentou e eu engasguei com a saliva. O que deu
nesse homem hoje? Parece que está à meses sem sexo.
- Ok. Obrigada, eu acho. – provoquei fingindo estar
magoada. Edward parou e virou na mesma hora para ver meu
rosto. – Brincadeirinha. – sorri e ele voltou a andar – Apesar
do quê, calça social não faz jus a sua bunda. Eu realmente
gosto da maneira que ela é redonda e durinha. Principalmente
quando você usa calça baixa e aparece a ponta da sua cueca.
- Agora eu estou assustado, Bella Cullen. – ofegou
fingindo choque.
- O quê? Eu acho você lindo de jeans. – deu os ombros
quando ele puxou a cadeira para que pudesse sentar. – E sem
ele também.
- Tem certeza que a gente não pode pular a festa? –
perguntou baixo.
- Não. – inclinei-me para dar-lhe um beijo e acabei
acidentalmente bem propositalmente passei a mão por seu
eixo, dando um pouquinho de pressão. Edward gemeu baixo
na minha boca. – Eu quero aproveitar a festa.
- Jezabel. – rosnou e eu ofeguei dando um tapa nele.
- Satanás. Nós acabamos de sair da igreja, vou pedir um
pouquinho de água benta.
- Bella, vamos mudar o foco. Ou eu te jogo sobre os
ombros e vamos embora agora. – sorriu abertamente, como
criança fazendo traquinagem.
- Certo, a noiva sente fome, você como marido, precisa
providenciar comida pra mim.
Edward apenas riu e logo depois fomos servidos com o
jantar, nossa família se juntou a nós e tenho certeza que a
mesa era a mais animada e também a mais observada. Nós
tiramos inúmeras fotos e com o decorrer, passei achar
divertido ter meu dia de glamour. Ano que vem poderia casar
novamente, como a Eva Longoria e fazer três tipos de lua-de-
mel como a Kim Kardashian.
Alice me puxou para trocar de roupa antes da dança
oficial com a família. Foi engraçado vestir aquela cinta-liga
com um monte de mãos em mim. Eu tinha um sorriso idiota
com as meninas rendendo elogios aos votos de Edward.
Rosalie e Charlotte estavam em um mar de chorar por tudo. A
troca de roupa rápida virou troca de comadre dentro do quarto.
Meu cabelo que antes estava preso no alto, desceu em
uma longa trança embutida com fios soltos, dando-me dor de
cabeça. Quando voltei, Edward estava sem o paletó do
smoking, me aguardando no meio da pista de dança. A música
escolhida foi So Close, de Jon Mclaughlin, como a nossa
primeira dança no baile de gala do natal.
You're in my arms
And all the world is calm
The music playing on for only two
So close together
And when I'm with you
So close to feeling alive
Você está em meus braços
E o mundo todo está calmo
A música está tocando apenas para nós dois
Tão perto juntos
E quando estou com você
Tão perto de me sentir vivo
(Trecho da música So Close – Jon Mclaughli, música
tema do capítulo cinco da primeira temporada).
Eu chorei novamente nos braços de Edward. Foi como
um dejavu. Só que dessa vez não era nenhum dos dois sem
coragem de dizer o quanto nos amamos. Não havia nenhuma
mentira da minha parte ou o simples medo de assumir em voz
alta que ele era muito mais que irmão de Emmett. Era o cara
que tinha feito meu coração bater depois de tanto tempo. Eu
não ia fugir dele. Nós estávamos ali, dançando e provando que
tínhamos superado. Sim, sem sombras de duvidas foi a dança
mais intensa da minha vida.
- Eu te amo.
- Eu te amo, minha vida.
Quando não havia mais lágrimas em mim, Carlisle me
puxou para uma dança paternal, nós ganhamos aplausos e
meu coração ia explodir com muita emoção para o dia. Depois
foi a vez de Emmett e por fim, Peter. Então, improvisei abrindo
um caminho pela festa, caçando meu companheiro de todos
os dias. Demetri. Edward foi para o outro lado tirar Carmelita
de seu marido.
- Não, eu não sei dançar. – Demetri recuou
- Você parece um armário. Tem quase dois metros de
altura e pesa três vezes mais do que eu, acredite, eu posso te
rebocar até essa pista de dança. – ameacei e rindo, aceitou
vir dançar comigo.
Edward rodava Carmelita como dois grandes bailarinos,
ela ria envergonhada com as pessoas bem atentas aos seus
passos. Só que nesse momento importante para nós dois, eles
não poderiam faltar. Ela por me alimentar e bem, quando
simplesmente esqueço-me de sair do escritório estudando
feito uma louca pela faculdade. Ele por me proteger, estar
atento aos meus passos por não me deixar cair, por almoçar
comigo e me ajudar com coisas tecnológicas que não entendo.
O exemplo maior é ligar o aquecedor e a televisão.
Não adianta dizer que eles eram funcionários. Sim, eram,
mas ver Edward reconhecendo em Carmelita o amor que ela
dedicava ao nosso lar foi como ganhar na loteria. Existe muito
mais que um salário. Existe comprometimento e dedicação.
Isso dinheiro não paga.
Demos as mãos novamente e rodamos pela festa, tirando
fotos com convidados, aceitando felicitações, conversando um
pouco e rindo horrores de algumas pessoas. Claro que eles
não sabiam que Edward estava fazendo comentários antes de
sorrir para alguém.
A pista de dança esquentou e monstrinho do meu marido
sorriu diabolicamente me puxando na direção da pista. Uma
batida começou e Edward colocou meu corpo ao dele
bruscamente. O ar se cortou quando bati contra seu peito.
Lentamente desceu as suas grandes mãos pela lateral do meu
corpo e parou no quadril, com os dedos espalmados na minha
bunda.
(Música Tonight (I’m Fucking you)
I know you want me
I made it obvious that I want you too
So put it on me
Let's remove the space between me and you
Now rock your body (oooh)
Damn I like the way that you move
So give it to me (oooo oooh)
'Cause I already know what you wanna do
Eu sei que você me quer
Quero dizer, é óbvio que eu quero você também
Então, coloca em mim
Vamos remover o espaço entre mim e você
Agora balance seu corpo (oooh)
Caramba eu gosto do jeito que você se move
Então dê para mim (oooh oooo)
Porque eu já sei o que você quer fazer
Ai meu Deus do céu.
Ofeguei com sua voz pingando a sexo cantando baixo no
meu ouvido. Suas mãos no meu quadril praticamente me
obrigavam a mover no mesmo ritmo e como diabos Edward
conhece esse tipo de música? Nós realmente podemos pular
o fim da festa e correr para a lua-de-mel.
But tonight I'm fucking you
Oh Oh, you know
That tonight I'm fucking you
Oh Oh, you know
That tonight I'm fucking you
Oh Oh, you know
That tonight I'm fucking you
Oh Oh, you know
Mas hoje eu vou foder você
Oh Oh, você sabe
Essa noite eu vou foder você
Oh Oh, você sabe
Essa noite eu vou foder você
Oh Oh, você sabe
Essa noite eu vou foder você
Oh Oh, você sabe
Ar. Eu gemi no ouvido de Edward fazendo-o apertar mais
ainda em seus braços. Alguém estava animado e eu ia matá-
lo, porque minhas pernas eram gelatinas e eu estava excitada
além do que podia. Resolvi entrar no clima quando ouvi a
segunda parte da musica dizendo exatamente o que eu queria
que ele fizesse comigo. Virei de costas e entrelacei seus
braços no meu corpo.
Tonight I'm gonna do
Everything that I want with you
Everythin that you need
Everything that you want I wanna honey
I wanna stunt with you
From the window
To the wall
Gonna give you, my all
Winter and summertime
When I get you on the springs
Imma make you fall
You got that body
That make me wanna get on the boat
Just to see you dance
And I love the way you shake that ass
Turn around and let me see them pants
You stuck with me
I'm stuck with you
Lets find something to do
Please, excuse me,
I don’t mean to be rude
Hoje à noite eu vou fazer
Tudo o que eu quero com você
Tudo que você precisa
Tudo o que você quiser, eu quero, querida
Eu quero fazer acrobacias com você
Da janela
Para a parede
Vou te dar, meu tudo
Inverno e Verão
Quando eu te pegar nas molas
Eu vou fazer você cair
Você tem esse corpo
Que me faz querer entrar no barco
Só pra ver você dançar
E eu amo o jeito que você mexe a bunda
Vire-se e deixe-me vê-los arquejar
Você se prendeu a mim
Eu estou preso em você
Vamos encontrar algo para fazer
Por favor, desculpe-me,
Eu não quero ser rude
Rosalie me deu uma piscadela maliciosa foi quando a
ficha caiu. Eu estava literalmente dançando uma verdadeira
putaria na frente da “high society” de Nova Iorque. Para meu
alívio a música acabou, começando outra do Pittbul, dei um
jeito de sair de lá antes que arrancasse a roupa de Edward
sem processar o que estava fazendo.
- Edward, você me paga. Com juros e correção
monetária. – rosnei no seu ouvido.
- Baby, sou dono de um banco, eu sei bem do que está
falando. – respondeu passando a mão na minha bunda.
Onde fui amarrar meu burro?
Logo depois nós partimos o bolo, mas eu disse que se ele
me sujasse, ia experimentar o que é uma lua-de-mel sem
sexo. Não estava brincando. Então nós jogamos a liga
diretamente em Peter, Ethan, coitado, puxou da mão do pai
sem saber o que era e isso arrancou risadas do público. O
buquê caiu nas mãos de alguém que eu não conhecia, então,
não importava muito.
- Pronta para encarar uma longa viagem de lua-de-mel,
Senhora Cullen? – Esme perguntou me puxando para longe
de Edward. – Não me olhe assim, querida. Se você e Edward
se trancarem em um quarto de hotel agora, irão passar duas
semanas lá dentro.
- Vocês são um saco juntos – Rosalie me empurrou para
dentro do elevador.
- Olha quem fala... “A senhorita pulo em cima de Emmett
quando estou só”. – debochei e ela apenas riu, dando os
ombros.
Tomei um banho longo, colocando um vestido justo, azul
com um cinto fino preto, marcando bem minha cintura e
apenas um sapato preto, que assim que pisasse no avião, iria
jogar pela janela. Nossas malas já estavam prontas desde
quinta-feira e Demetri tinha ficado encarregado de despachar
para o avião hoje, no horário que estivéssemos chegando lá.
O adeus foi à parte mais engraçada. Emmett e Peter
resolveram dar conselhos a Edward sobre o que fazer na lua-
de-mel e que eu jogasse fora todos os jogos de tabuleiro da
casa, porque Edward não poderia ficar tentado a ficar
brincando. Meu marido era nerd, mas completamente bom de
cama. Ufa, meu marido. Gostei de como isso soou. Meu
marido.
Meu marido.
- Que sorriso lindo é esse? – Edward perguntou no carro
para o aeroporto.
- Meu marido. – sorri entregando meu pensamento.
- Sim, seu marido minha esposa.
.~.
Eu dormi a viagem toda. Primeiro pelo meu famoso enjôo
dentro do avião e também pelo cansaço. Nossa festa tinha
sido um sucesso, mas foi relaxar que senti o peso das
atividades. Dez horas de viagem, chegamos ao Rio de Janeiro
e já tinha um carro particular nos esperando. Demetri foi à
frente, colocando nossas malas no carro com Edward. Eu me
mantive sã o suficiente para manter os olhos abertos. Demetri
não ia ficar conosco na Ilha e sim se certificar que ninguém
chegasse perto dela.
Estava quente como o inferno do lado de fora. Eu quase
beijei o motorista quando ele ligou o ar e deu partida no carro.
Meu estômago também reclamava de fome.
- Nós vamos parar para almoçar em um restaurante perto
do deck, ok? – Edward sussurrou no meu ouvido quando deitei
no seu ombro.
- Oh, sim, por favor.
- Você gosta de peixe? Uma vez eu e Emmett almoçamos
aqui e o acompanhamento deles com molho de camarão é
algo inesquecível.
- Eu gosto de peixe sim, apesar de não comer muito por
não saber fazer.
- Carmelita esses dias apostou comigo que você não
gostava. Ela disse que você não comeu o que ela fez.
- Eu não lembro. Quando estou concentrada nos cálculos,
eu nunca como direito. Ela também volta a cada 10 minutos
com algo para comer.
- Não conte a Emmett que viemos aqui. Ele pode ficar
magoado. – brincou beijando meu nariz.
- Eu amo lugares quentes, mas isso aqui parece o inferno.
– comentei vendo o sol bater forte em uma avenida que
passamos. – Edward, isso são as favelas?
- Oh sim. Quer um tour? – brincou – Michael Jackson fez
um clipe em alguma dessas, não sei qual. – deu os ombros.
- Não sou fã do Michael Jackson. E como você costuma
dizer, ele morreu mesmo.
- Você fica com um humor negro com fome...
- Ai Deus, esperou casar para contar meus defeitos? –
provoquei cutucando suas costelas.
- Nunca é tarde demais.
.~.
Nós almoçamos, mas estávamos cansados, demais. Eu
gostei de não ter nenhum paparazzi por perto, pelo menos
visível. Edward disse que ainda tínhamos uma viagem de
barco e realmente me preocupei em ficar enjoada. Perdi a
fome e o peixe estava maravilhoso, mas a vergonha de
vomitar nos primeiros instantes da sua lua-de-mel falou mais
alto. Edward ficou triste achando ter escolhido mal o
restaurante.
- Amor... Não é sua culpa. Eu perdi a fome. Gostei do
peixe, eu juro!
- Por que você perdeu a fome? Está tudo bem? Ainda
está enjoada do avião?
- Não... É que eu estou com um pequeno receio.
- Que receio?
- De enjoar no barco. Eu nunca andei de barco antes –
murmurei envergonhada, fitando o chão decorado do asfalto.
Merda custava ele simplesmente aceitar que não estava mais
com fome e ponto final?
- Amor, olha pra mim. – Edward pediu docemente. – Por
favor.
- Não estou muito inclinada no momento porque estou
com vergonha.
Adeus filtro verbal.
- Baby, você não precisa ter vergonha, amor, por favor,
olha pra mim. – levantei o olhar quando Edward tocou minha
mão. – Vamos embora agora e isso é normal... Bom, você
enjoa em qualquer veículo. Quando fizemos aquele passeio
você também enjoou, lembra?
Sim, quando fomos passear no seu bonito Austin e eu
fiquei zonza com Edward a quase 200km por hora nos
arredores da cidade. Também pudera. O sorriso de Edward
denunciou que ele achava que era outra coisa.
- Edward, eu tomei a injeção antes de vir pra cá,
regularmente, como todos os meses. Eu não estou grávida. –
sorri e o dele morreu um pouco.
Eu me senti mal, porque ele queria tanto um filho, mas e
a minha faculdade onde ficaria nisso? Ter um bebê e estudar.
Não, não era à hora. Edward simplesmente estava
acostumado a ter tudo na hora que queria, mas era de uma
vida que estávamos falando.
- Edward, eu me sinto horrível toda vez que tenho de
lembrar que não estou grávida. Eu não quero ser a má em
cortar seu barato... – murmurei angustiada.
- De fato eu quero muito um filho, mas eu simplesmente
vou esperar o seu tempo. – ajoelhou a minha frente – Eu
entendo todos seus motivos, mas seu marido tem a tendência
de ser insistente e ansioso.
- Oh, eu sei. – ri envolvendo os braços no seu pescoço e
beijando-o com todo meu amor. – Vamos começar nossa lua-
de-mel agora e vê se treina bastante, porque quando
suspender o remédio, quero engravidar no dia seguinte.
- Bobinha. – Edward apertou meu nariz – Eu vou
engravidar você. Pode ter certeza absoluta disso e só de
sacanagem, espero ser durante o período que está tomando
remédio. Aí não existirá pessoa mais foda no mundo.
- Amor, chama seu ego, ele está batendo no pé de Deus
agora. Não vai caber no carro.
- Engraçadinha.
Edward prometeu que a viagem de barco ia ser rápida e
foi. Não deu tempo de ficar muito enjoada. A ilha era linda,
longe, com uma praia bem ao lado, água cristalina e um
caminho entre algumas árvores altas. Eu podia ver
parcialmente a casa. E ela era enorme. Dei um grito quando
Edward me pegou no colo, no estilo noiva. Estava tão distraída
que simplesmente me assustei. Demetri estava rindo atrás de
nós, puxando algumas malas com o rapaz que conduziu o
barco.
Eu não os vi ir embora, porque meu marido (ah, meu
marido) estava me levando diretamente para o quarto, sem
preocupar com nada ou simplesmente me deixar ver a casa.
- Edward? Isso tudo é pressa? – brinquei apertando seu
pescoço.
- Não estou com pressa. Querida, estou com mais de
treze horas com um tesão reprimido querendo arrancar sua
roupa, por favor, dê um pouco de crédito. – brincou
debochando.
- Sério. Tesão... Reprimido. – remendei fazendo força
para pular do seu colo. Quando tive sucesso, sai correndo em
direção a primeira porta que eu vi – Desculpa, amor, eu
preciso de um banho.
Antes que chegasse a porta, fui erguida no ar novamente,
com Edward ofegante de tanto rir da minha corridinha
desajeitada. Ele me jogou no meio da cama e acabei quicando
rindo horrores.
- É sério, eu preciso de um banho. – ri quando rolando
debaixo dele.
- Não estou disposto a deixar você ir. – rosnou rasgando
a lateral do meu vestido.
- EDWARD! Eu gostava dele.
- Só comprar outro. – terminou de rasgar a lateral toda,
tirando todo o pano de cima de mim. – Agora sim, querida
esposa, bem vinda a sua lua-de-mel.
Tonight, I got you where I want you. Closer I can tell you
anything,You're the song that I sing.
Esta noite... Eu tenho você onde eu te quero. Mais
perto eu posso te falar qualquer coisa. Você é a música
que eu canto
Capítulo 22
Better Together
Calor. Depois de Edward devidamente destruir minha
roupa, nós tomamos um banho juntos e quase adormecemos
embaixo do chuveiro. E o banheiro era enorme. Ainda tinha
como abrir a porta de correr de vidro e tomar banho
diretamente para um jardim de inverno lindo. Ele era todo
decorado com mármores rústicos e lisos. E estava seriamente
desconfiada que a torneira de dourada era de ouro. O sol no
meu rosto me dizia estar amanhecendo e eu estava com fome.
Virei-me de lado sentindo meu corpo doer com as
atividades da noite anterior. Não que eu estivesse
reclamando, mas Edward começou seu papel de marido muito
bem. Particularmente, me fazendo chegar ao ápice cinco
vezes seguido. Quase sem tempo de descanso. Eu não sei o
que deu nele, porque depois de uma viagem longa, as
semanas exaustivas antes do casamento, o calor e o sono
mesmo. Novo coelhinho da duracel.
Edward ainda estava dormindo. Com a respiração
pesada e tudo. Ele se recusou a me deixar colocar uma roupa
na hora de dormir e também estava nu. Era engraçado seu
comportamento adolescente com hormônios em fúria. Antes
de dormimos mesmo, ele me abraçou de conchinha,
colocando a mão na minha barriga. Meu coração doeu. Eu
quase (disse quase) me arrependi de ter tomado remédios
antes de vir pra cá. Só que ainda não era tempo para um bebê.
Eu queria curtir mais nós dois e me sentir pronta para
aumentar a família...
Meus sentimentos ainda eram confusos relacionados a
isso. Ao mesmo tempo em que queria realizar o desejo dele,
tinha muito medo de não ser o momento. Além de sermos
recém-casados, nós não tínhamos nem 1 ano juntos, eu não
tinha terminado a faculdade, o nosso apartamento apesar de
grande, só tinha mais um quarto de hospedes e tenho a ligeira
sensação de que quero engravidar perto de Esme. Não sei,
talvez em uma casa em Long Island.
Então conclui que por mais fofo esse desejo fosse,
alguém tinha que ter o pé no chão no nosso relacionamento.
Edward tinha três tipos de aviões diferentes e cinco carros
importados na garagem. Ele seriamente não era normal. Meu
estomago roncou alto e agradeci por ele estar dormindo
pesado ou iria morrer de vergonha. A ultima coisa que comi foi
aquele maravilhoso peixe não aproveitado. O restaurante não
era chique. Era aconchegante. Com jeitinho de beira-mar.
Pulei da cama e abri minha mala. Algumas coisas caíram
no chão e ele nem se mexeu com o barulho. Revirando minhas
roupas intimas e percebi que só tinha cinta-liga, calcinhas de
renda, corpetes, camisolas transparentes, chicote? E ainda
tinha um bilhete abusado da pessoa que mexeu nas minhas
coisas.
“Você seriamente iria levar calcinha de algodão para sua
lua-de-mel? Aproveite os meus presentes de casamento. Com
amor, Rosalie Hale”
Fui direto à caixa que estava escrito “sex toy” e tive medo.
Temi pela minha não inocência. Ou o que tinha sobrado dela.
Destampando eu encontrei uma caixinha de revolvimento
francês, vibrador ovo, pinças, gel aquecedor, bolinhas
explosivas... Eu tive a ligeira sensação do que seria usar cada
uma daquelas coisas. Exceto as pinças porque aquilo devia
doer como um inferno. E seriamente não vi uso do vibrador.
Se eu tinha Edward daquele tamanho nada modesto, pra quê
um vibrador? Eu nunca tinha usado nada aquilo e fiquei bem
curiosa. Só que não ia contar isso a Edward. Escondido na
mala voltaria pra casa intacto.
Eu tinha que estar bêbada para propor algo do tipo.
Puxei uma camiseta da mala dele e guardei a caixa no
fundo das minhas roupas. Ele raramente mexia nas minhas
coisas e também ficaria de olho. Fui para cozinha pensando
se deveria bater em Rosalie por isso ou aprontar alguma coisa
do mesmo nível. A questão que ela e Emmett eram muito
abertos a várias coisas no aspecto sexual, seria quase
impossível constrange-la.
Deixei de lado o pensamento quando encontrei a
geladeira cheia. A dispensa também. Edward planejou uma
lua-de-mel quente. Com praia e sexo. Tem mais quente que
isso? Como será que um revolvedor francês era... Bella! Gritei
mentalmente. Não ia pensar nisso.
Tirei ovos, bacons, suco de laranja e procurei por um saco
de pão de forma para fazer torrada douradas com manteiga
brasileira. Bom, eu tinha comido uma dessas. Lá era
absurdamente caro. A cozinha era enorme, o suficiente para
me irritar esquecendo coisas no outro balcão. E também tinha
duas portas. A da frente dava para o caminho da praia e a de
trás para o jardim, que imaginei ser o mesmo do banheiro.
O relógio apontava ser oito horas da manhã e estava
quente. Abri uma das portas para ouvir melhor o quebra mar.
Quase ri da ironia de acordar com sons de buzinas e
xingamentos em Nova Iorque. Aqui era o paraíso. Cheiro de
ovo com bacon acordou Edward. Ele apareceu só de cueca,
sonolento, vindo me beijar com gostinho de creme dental.
- Bom dia meu amor. – sorri ficando na ponta dos pés
para beijá-lo
- Bom dia minha vida. – beijou meu ombro, pescoço,
bochecha, nariz, testa, outra bochecha, outro lado do
pescoço, outro ombro e depois a boca, novamente. – Cheira
maravilhoso. Por que não me acordou?
- Acredite. Eu tentei. – sorri lembrando os barulhos
ruidosos cada vez que descobria algo na caixinha de pandora.
Meu rosto esquentou de vergonha. – De qualquer modo, me
ajude com as torradas.
- Por que você está vermelha?
- Nada. É o calor. É bom, não é? – desviei o assunto
entregando o saco de pão.
- Bella?
- Eu quero quatro torradas, por favor. Realmente sinto
fome e o ovo está quase pronto. – comentei tirando alguns
copos do armário alto e ainda de olho nos ovos estalando.
Para minha surpresa ele deixou o assunto de lado e
terminamos de preparar o café em silencio. Passei por ele
dando um beijo estalado no meio das suas costas e ganhei de
brinde um tapa na bunda. Forte.
- Isso dói.
- Eu sei.
Comecei a comer fingindo ignorar seus comentários
sobre o dia. Acabei comendo também parte das suas torradas
só para provocar. Fiquei cheia demais, embora feliz quando
ele distraído, foi procurar e não tinha mais. Dei meu melhor
sorriso inocente e levantei da mesa, mas ao virar para ir
embora, ganhei outro tapa. Imbecil. Sua gargalhada me
perseguiu até o quarto, só morreu quando mandei lavar a
louça do café. Vesti o biquíni (ou tapa sexo, porque era
pequeno demais) correndo e puxei duas toalhas, abri a porta
do quarto sentindo a areia quentinha e fui para a beira sem
esperá-lo.
Eu ia provocar algumas brigas que pudessem ser
compensadas de outras maneiras.
Deitei na toalha depois de colocar o pé na água. Não era
tão quente, mas também não era fria. O calor que estava
fazendo era bem razoável para entrar. Lembrei que esqueci o
protetor solar dentro do quarto, estava no nécessaire de
Edward. Fiquei com preguiça de voltar, fechei os olhos e deixei
o sol. Ah, o sol.
- Estou me sentindo traído. – Edward provocou
ajoelhando no meu pé, abrindo minhas pernas
descaradamente e deitando em cima de mim, beijando o vão
entre meus seios e depois cada um. Eu gemi quando percebi
que ele estava de sunga. – Se bem que você fez isso de
proposito, não fez?
- Fiz o quê? Só vim aproveitar o sol a dez passos de casa.
- Sei, Isabella. Eu te conheço, engraçadinha. – fez
cosquinhas, mas desistiu para me beijar. – Quer dar um
mergulho?
- Quero ficar mais quente. – dei os ombros. Um sorriso
diabólico iluminou seu rosto.
- Você quer ficar mais quente, é? – sorriu torto com os
dedos brincando com a borda da minha calcinha. Suspendi
minha respiração e o empurrei de cima de mim. Ele pensa que
é esperto.
- Sim, pelo sol. – respondi minimamente virando o rosto
para o céu, tentando conter o sorriso que queria brotar no meu
rosto. A feição dele de incredulidade estava cômica.
- Ok.
- Ok. – suspirei – Amor? Alguém pode nos ver?
- Não. Só tem mar ao nosso redor, por quê?
Não respondi e tirei a parte de cima do biquíni, jogando
em cima dele propositalmente. Ouvi sua respiração pesada,
mas continuei de olhos fechados pegando sol. Depois de um
tempo, o que me pareceu ser uma eternidade, abri os olhos
para encontrar Edward deitado de lado, sobre o cotovelo,
apenas me olhando. Seu olhar era quente e só de imaginar o
que estava passando na mente dele, meu corpo se arrepiou
por inteiro. Edward riu olhando para meus seios traidores.
- O que foi? – perguntei timidamente quando o silencio se
estendeu.
- Nada. Só estou pensando no quanto você é linda e
minha. – sorriu torto
- Hum, esse é um bom pensamento. – brinquei virando de
lado para acariciar seu rosto – Eu te amo, meu marido.
- Pequena provocadora, vem aqui. – rosnou rolando pra
cima de mim, beijando meu pescoço, descendo sobre minha
clavícula e indo em direção aos meus seios desnudos. Só o
roçar da ponta do seu nariz no bico dos meus seios, um
gemido de antecipação escapou dos meus lábios, fazendo
meu arrogante rir.
Cravei minhas unhas em suas costas e seu gemido rouco
me fez enlouquecer.
- Amor... Vamos mergulhar agora...
- Sério? Agora que eu realmente vou te esquentar? –
sussurrou jogando minha calcinha do biquíni para o lado e
penetrando seus maravilhosos longos e flexíveis dedos. – Eu
pretendo mergulhar em outros lugares.
- Oh, sim... – sussurrei
- Pode gemer o quanto quiser, meu amor. Estamos
sozinhos aqui...
Ai .Meu.Deus.
Edward aumentou seus movimentos conforme erguia
meu quadril e rebolava loucamente contra seus dedos. E eram
apenas os dedos! Eu estava realmente lá quando Edward tirou
os dedos de dentro de mim, sorrindo. Como?
- Edward... – choraminguei
- Vamos mergulhar agora, amor.
- O quê? Não! Termine isso agora! – gritei enfezada.
- Não. Quero mergulhar agora! – riu me puxando em
direção a água, mas eu realmente estava com as pernas
bambas, mas o segui mesmo assim em direção a água. Pulei
nas costas de Edward, entrelaçando minhas pernas na sua
cintura e os braços no pescoço, talvez apertando com um
pouco mais de força. – Não adianta, você não vai me sufocar.
- Humpf.
- Você lembra-se dos nossos dias no Caribe, amor? –
Edward descruzou meus braços quando chegamos a certa
profundidade. – Aquela vez que você me induziu a fazer sexo
com você no mar?
- Aquilo foi resultado do que você fez comigo em plena
luz do dia. – dei os ombros sentindo-o soltar o laço do meu
biquíni. Quando meu dei conta, a calcinha estava amarrada no
seu pulso e eu completamente nua no meio do mar. – Você
realmente quer um replay.
- Não... Dessa vez vai ser melhor... Estamos sozinhos
aqui, meu amor. Eu posso fazer o que eu quiser com você. –
tirou sua sunga e no segundo seguinte me ergueu no seu colo.
– Você queria isso, não queria?
- Sim... – sussurrei sentindo-o brincar comigo. – Sim, foi
isso que eu quis.
Edward agarrou minha bunda com duas enormes mãos e
estocou profundamente, sendo impossível reter o grito na
minha garganta. A água das ondas leves batendo contra meu
corpo e ele me erguendo com força. Mordi seu ombro sem
nenhuma cerimonia. Ele sabia que eu não ia durar muito
tempo, acho que nem ele, mas isso pouco importava no
momento.
- Eu tô... – sussurrei enquanto literalmente rebolava na
sua cintura. Minha unha cravada no seu ombro era a única
certeza que se eu cair, ele viria comigo. – Edwaaaaaaaaard.
Gritei tão alto que fez eco. Edward praticamente chegou
junto comigo e quando liberei o aperto das pernas em sua
cintura, desabei ainda levemente cega. Se Edward não me
segurasse, eu ia afundar. Meu corpo estranhamente tremia e
tive a ligeira sensação de ser de frio. Com o corpo pegando
fogo, a água fria, meu recém-orgasmo, Edward ainda nu. Vou
desmaiar.
- Amor, você está bem? – Edward sussurrou com a voz
rouca
- Mmmm.
- Bella? Abre os olhos.
- Não estou muito afim agora. – sorri boba e ele riu.
- Eu acho que você precisa deitar. Você consegue sentir
suas pernas? – perguntou arrogante e eu ri mais ainda
batendo no seu peito.
- Devolva meu biquíni.
- Não. Vamos apenas sair e nos enrolar nas toalhas,
porque eu perdi minha sunga e você como uma boa esposa
vai sair nua comigo.
Edward e eu saímos como dois bandidos da água e nos
enrolamos na toalha. Saindo dali da praia para beber água,
passar protetor e colocar um novo biquíni.
- Tem uma piscina aqui atrás, você viu? Nós podemos
ficar lá, se quiser. – Edward comentou enquanto passava
protetor nas minhas costas.
- Sem roupa nenhuma? – sorri
- Sem roupa nenhuma. Do jeito que você quiser. Eu
prometo não me controlar.
- Eu realmente espero que você não se controle. – beijei
seu queixo e tomei o protetor da sua mão. Edward era branco
como uma vela. Seria bem capaz das pessoas o confundirem
com um tomate depois da lua-de-mel.
.~.
Depois de passar o dia inteiro no sol, nós entramos para
tomar um banho e enquanto passava pelo meu ritual de
passar cremes no rosto, cotovelo, braços, pernas e barriga e
um bom perfume, meu marido estava dormindo. Eu ri porque
demorei demais. E também estava com sono. Estava de tarde
ainda e o sol demonstrava estar mais fraco. Eu quase quis ver
como era o pôr-do-sol, mas Edward esparramado na cama me
fez pensar melhor. Amanhã eu veria.
Dormi dois segundos depois que senti Edward me
abraçar. Minha pele estava quente e o quarto também, por
isso quando acordei sentindo os lençóis suados, estava
escuro lá fora e Edward não estava na cama. Sonolenta segui
o cheiro de comida na casa e o encontrei de costas pra mim,
mexendo em uma enorme frigideira.
- O que é isso? – beijei suas costas.
- Frango xadrez para o jantar. – sorriu torto.
- Acordou tem muito tempo? – perguntei sentando no
balcão ao seu lado. O cheiro realmente estava delicioso.
- Não. Eu procurei algo que você gostasse para fazer.
Realmente foi a fome que me tirou da cama. – beijou-me
rapidamente antes de voltar até o fogão.
- Você quer alguma sobremesa? Acho que precisamos de
doces! – pulei do balcão, indo até a dispensa recheada de
coisas gostosas. Decidi por fazer prestigio de travessa gelado,
realmente não iria durar muito tempo.
- Eu acho que você poderia fazer aqueles cupcakes com
gotas de chocolate. Apenas isso.
- Eu acho que prestigio está bom. – retruquei rindo da sua
cara desanimada. – Amanhã para o café. Agora a sobremesa
vai ser essa.
- Tudo bem, querida. Só porque estou de bom humor, irei
fazer suco de laranja natural ou iria te submeter ao de caixa.
- Oh nossa, Edward, estou tocada! – debochei e ele me
empurrou pelo quadril, pegando quatro laranjas bonitas de
uma só vez. – Amor, você pode abrir aqui?
Nós voltamos a cozinhar provocando um ao outro, mas
sem grandes chances de acidentes. Quando finalmente
terminamos de comer eu estava cheia demais para a
sobremesa, e ainda por cima ela estava quente. Coloquei na
geladeira mesmo assim. Edward e eu lavamos a louça juntos,
espirrando água como dois adolescentes. Resolvemos deitar
na varanda que dava para a praia, observar a noite bonita que
era lá fora.
- Por que Victória não foi ao nosso casamento, Edward?
– sussurrei depois de um bom tempo apenas abraçados,
olhando a bonita lua que brilhava no céu.
- Eu acredito que porque casamos... Do jeito que ela
sempre sonhou. Essas coisas devem ser complicadas...
- Humpf.
Meu murmúrio saiu mais sem querer, mas eu não ia
perdoar Victória por ter faltado meu casamento. Ela pode ter
seus motivos... Eles não entram na minha cabeça. Não sei
porque eu engoliria meus medos e iria estar do lado de quem
amo. Pelo menos nos últimos meses eu tenho feito isso... Não
que esteja cobrando, mas não se dizer o sentimento de mágoa
que brotou em mim com sua ausência. Ela era minha amiga,
não era?
- Amanhã nós iremos bem cedo a um passeio de barco...
Eu já tinha programado, tudo bem?
- Tudo sim... Eu vou ficar bem. - beijei seu ombro. – Vou
ver se o doce está pronto, já volto.
- Eu vou, tomatinho, pode ficar aí... – sorriu torto me
deixando sozinha do lado de fora. Tomatinho? O que ele quis
dizer com tomatinho?
Levantei correndo e fui até o banheiro, quase
escorregando dentro da piscina, o que ia ser um problema. Eu
não sei nadar. Sempre pelas bordas ou montada em cima de
Edward. O que era mais divertido, é claro. Meu corpo estava
meio vermelho, não era um bronzeado, definitivamente, mas
meu rosto... E porque diabos Edward também não estava
parecendo um tomatinho como eu? Vida injusta de merda!
- Amor...
- Me deixa. Você que é o Gasparzinho da relação e eu
fico vermelha?
- Eu passei protetor antes de sair, como você já estava lá
fora, eu pensei que tivesse passado...
- Ainda não é justo. Não quero saber.
- Se serve de consolo, eu amei sua bochecha
vermelhinha. É como você ficasse corada vinte quatro horas
ao dia sem que eu faça algo constrangedor com você. – sorriu
torto vindo me agarrar, mas continuei andando de costas,
fugindo da sua palhaça até que ele me segurou tão forte, que
chegou a machucar meu pulso.
Antes de gritar com ele, senti a água bater em mim e
depois estava submersa. Não durei muito tempo, porque logo
ele estava me erguendo, assustado demais para fazer nada
além de me apertar. Agora sim eu estava mais sem ar que
debaixo d’água.
- Você está bem?
- Sim.
- Você me assustou.
- Eu sei. Eu também. – respondi rindo levemente, ainda
com o coração mega acelerado, mas Edward me apertou mais
ainda. – Amor, você está me deixando sem ar. – sussurrei e
ele fez um Ops e se afastou. – Eu estou bem... É sério. Agora
eu preciso que você tome banho comigo para tirar o cloro do
cabelo e fazer aquela massagem para que eu relaxe e
esqueça desse susto.
- Quer mais alguma coisa? – soltou-me e afundei
novamente, ele me puxou de volta, provavelmente
esquecendo do quão fundo estávamos.
- Sim, que você me ensine a nadar ou pelo menos tente.
E quando voltar a Nova Iorque, vou começar aulas de natação.
- Ok. Eu te ensino a nadar, se bem que prefiro que você
grude em mim sempre...
- Ah, isso não vai mudar. Acredite. – beijei seu queixo. –
Agora, quanto o banho e a massagem também estava falando
sério.
- Tudo certo, minha esposa, vem que eu vou te relaxar
rapidinho. – sorriu com um brilho diabólico nos olhos. Eu sabia
que a massagem que eu ia ganhar seria do ego dele.
Não que eu esteja reclamando.
.~.
Os próximos dias passaram com muitos passeios. Nós
visitamos outras ilhas, mergulhamos – ele mergulhou e eu fui
um patinho desajeitado – e vimos piscinas naturais. Também
tiramos muitas fotos em lugares exóticos e bonitos. Fizemos
nossos próprios alimentos e nos fechamos em um mundinho
só nosso. Não existia mais ninguém. Era só eu e meu marido.
Edward era mais incrível ainda e eu me sentia me
apaixonando mais ainda do que pensei ser possível.
Nossos momentos mais íntimos eram que me
preenchiam de uma forma... Não sabia explicar. Eu conseguia
me sentir mulher, poderosa e até mesmo sexy. Seus elogios,
sussurros de desejo me deixavam aquém do céu. Eu não
podia estar mais feliz.
Edward estava dormindo, de bruços na cama, quando
levantei nessa manhã de quarta-feira e fui preparar o café. Ele
se recusou a levantar.
- Amor, eu vou comer os cupcakes com gotas de
chocolates sozinha. E acredite, depois da noite de ontem,
fome é que NÃO me falta.
- Credo. – resmungou abafado pelo travesseiro. – Sua
gulosa. Eu nem fiz nada demais com você.
- Aham... – murmurei com a boca cheia. Peguei outro
bolinho e voltei para o quarto. Comecei a passear pelo seu
nariz e finalmente ele abriu os olhos. – Vem, Edward.
- Bella, são oito horas da manhã, você não dormiu?
- Não. Assim que você apagou, eu fui para a cozinha.
- Me lembre de nunca mais te dar energético. Estou
falando sério.
Eu ri alto, porque ontem realmente ele bebeu um pouco
misturado com whisky e eu bebi uma lata inteira, pura. Ele foi
dormir por volta das seis horas da manhã e eu não conseguia
pregar os olhos. Comi um monte de bolinho, tomei banho, fiz
uma mini escova no cabelo, fiz barulhos propositais, cantei
musica, deitei no sofá para ver um filme e acabei conseguindo
dormir lá pelas onze horas da manhã. Acordei levemente com
Edward me carregando para cama e depois cobrindo nós dois
para voltar a dormir ou, começar a dormir.
- Acorda! – Edward me sacodiu – Acordaaaaaaaa!
- Não!
- Nós vamos sair hoje! Acorda!
- Sair pra onde? Daqui até a varanda?
- Não. Vamos aproveitar um pouquinho da noite na
cidade. Jantar em um restaurante legal e depois irmos a uma
boate.
- Sério?
- Sério.
- Prefiro ficar na cama agora. – rebati mal humorada, mas
ele começou a fazer as malditas cosquinhas. – Ok. Eu já estou
levantando.
Arrumei uma pequena bolsa, tomando cuidado para
Edward não chegar perto da minha mala a qualquer momento.
Separei uma roupa para cada momento, porque nós só
retornaríamos amanha de manhã e quase não quis me
emburrar com isso. A casa nem era minha, mas tinha me
apegado a cada pedacinho dela ali, embora comer fora e
conhecer o Rio era algo bom. Afinal de contas, quem vem para
o Rio de Janeiro e fica dentro de casa?
Bella, claro.
A lancha já estava nos esperando quando finalmente
consegui aprontar todas as minhas coisas. Edward ficou o
tempo todo de um lado para a outro, reclamando como um
velho que eu estava fazendo de proposito. Estava mesmo. Era
só para irrita-lo e não necessariamente nos atrasar.
Nós fomos direto para um hotel e para minha infelicidade,
tinha paparazzi por todo canto. Edward ficou meio puto, mas
não falou nada. Eles eram muito mais indiscretos aqui. Do tipo
de pular na frente e pedir para sorrir. Demetri funcionou como
um verdadeiro armário. Eu quase pensei que a noite fosse
ficar ruim por conta disso, mas quando saímos pelos fundos
na hora do jantar, não tinha ninguém nos seguindo.
Escolhi um vestido bege de corte simples e um sapato
preto bem alto, mas o interior dele era confortável o suficiente
para aguentar a noite sem sofrer.
- Isso é uma churrascaria? – perguntei animada. Senti-
me a beira de ser Alice. – Imagino o estrago que Emmett faria
aqui.
- Ele definitivamente sairia obeso. – riu me ajudando a
sair do carro.
- Hum... Eu vou precisar malhar depois. Do jeito que estou
comendo aqui.
- Não está fazendo tanto efeito. Você simplesmente tem
queimado calorias. Por isso da fome extra. – piscou
- Existe algum assunto que você não leve no duplo
sentido?
- Que isso, amor... Estou chocado com o que pensa de
mim. – colocou a mão no coração magoado.
- Vamos lá, eu preciso comer. – mudei o assunto.
- Oh, eu também. Preciso comer e muito. – concordou e
o modo que ele apertou minha bunda me fez ter a certeza que
ele não estava se referindo a nada do cardápio do restaurante.
– Eu acho que eu quero provar uma caipirinha.
- Ok. Eu já vi você elétrica, vamos ver bêbada. – sorriu
torto e dei com o cardápio nele. – Sério, essa noite você estava
demais. Até dançar Britney Spears na beira da piscina eu tive
o privilegio de ver.
- Eu tinha que gastar energias. – murmurei envergonhada
- Ah sim... Cabelos bagunçados, com cara de pós-foda e
nua. – gargalhou alto – Foi muito engraçado.
Matura como sou, apenas dei língua e escondi meu rosto
quente de vergonha no cardápio, fingindo ler, mas não
entendia nada que estava escrito e Edward já tinha pedido, de
qualquer modo.
- Foi um interessante showzinho particular. – Edward
piscou quando o garçom entregou a caipirinha pra mim e falou
algo, com um sorriso bonito no rosto. Ele disse algo Muito
Bela. Como ele sabe meu nome? – Esse idiota acabou de te
chamar de muito bonita.
- Meu nome significa bonita aqui?
- É... – resmungou enfezado com o atrevimento do
garçom. No meu ponto de vista, ele não fez nada demais. Eu
não compreendi mesmo.
- Isso é bom. Já provou? – mudei o rumo da conversa,
sorrindo cinicamente enquanto subia e descia meu pé pela
sua perna, por debaixo da mesa.
- Oh, não, mas eu vou provar com toda certeza. –
comentou e quase engasguei com o álcool na minha garganta.
– Tudo bem, amor?
- Ótimo. Está maravilhosa, claro. – sorri amarelo e voltei
para minha bebida gelada e meio doce. Gostei muito. Percebi
que o garçom não era o mesmo e olhando para o bar Demetri
tinha um sorriso afetado no rosto. – Isso é bom? – apontei para
uma banana caramelada.
- Não sei. Banana é bom. É doce. – deu ombros me dando
uma garfada.
- É gostoso. Mas com gosto de Vodka junto não ficou
muito agradável.
Nós começamos a comer várias coisas diferentes. Era
tudo muito gostoso, mas esses momentos com Edward era
melhor ainda. Diferente. Como foi no Caribe, apesar de passar
a maior parte do tempo com nossa família, ficamos bastante
juntos. Hoje era diferente, nosso relacionamento tinha
amadurecido um pouco e agora ele era... Meu marido.
Nós saímos do restaurante a pé para uma festa de rua
bem ali perto. Tinham mesinhas, gente dançando, comendo,
rindo, bebendo e Edward me rebocando com um monte de
seguranças ao nosso redor. Comecei a fingir que ia sambar,
mas ele também acabou me inibindo, porque até tendo dois
pés esquerdos no gingado brasileiro, conseguia ser sexy e
charmoso. Vida injusta.
Nós ficamos observando e rindo horrores lá, foi muito
engraçado. Principalmente as mulheres que olhavam para
meu marido de forma cobiçosa.
- Estou amando cada segundinho com você aqui... –
sussurrei
- Eu sei meu amor. Você me ama. – sorriu torto
- Estupido. Estragou meu romantismo.
- Depois de ver você dançando “Ops! I Did Again” ontem,
eu realmente não consigo me controlar mais.
- Há, vou te privar das minhas dancinhas particulares
agora, ok. Não precisa se preocupar.
- Agora que eu pretendo te levar para boate, você
realmente vai me negar isso? Separei uma playlist com
músicas da Britney para você dominar a pista...
- Sério? Você tem quantos anos? 12? – bati o pé irritada.
– Crianção. – dei um soco no seu peito e segui em direção ao
carro que Demetri estava com as portas abertas nos
esperando.
- Ah... Bella, amor...
- Cala boca. – rosnei realmente irritada.
Em silêncio e completamente imatura, fiquei olhando a
paisagem ao nosso redor até chegarmos a uma boate
consideravelmente pequena, não tão longe de uma praia
bonita. Nós entramos por uma porta especial e ganhamos
umas pulseiras que conclui ser VIP. Inicialmente fiquei inibida
de dançar, com medo de alguém além de Edward registrasse
minha dancinha desajeitada.
Bebi mais algumas bebidas diferentes, exóticas e Edward
até então, me beijava, fazia carinhos, mas não falava nada.
Culpada, sentei no seu colo e comecei a beijá-lo de forma que
só fazia em casa. Ele era irritante quando cismava com algo,
mas não pior que eu quando queria zuá-lo.
- Desculpe pela minha explosão. – sussurrei na sua boca.
- Tudo bem, amor. Eu realmente tive me controlando para
não rir de você. Fica tão linda emburradinha...
- Porra! Você é insuportável! – gritei sobre a musica
distribuindo tapas no seu peito. Ele tentava me segurar, mas
ria muito. – Imbecil.
- Parei, eu juro. – beijou meu queixo e depois distribuiu
beijos longos e delicados pelo meu rosto, me deixando meio
mole no seu colo. – Agora vem, meu amor, vem dançar
comigo.
Nós ficamos a noite inteira na boate. Foi a primeira vez
que Edward e eu saímos para dançar juntos, feito pessoas da
nossa idade, que tinham acabado de casar. Muitos beijos,
bebidas, passadas de mãos indiscretas dele e risadas. Eu
estava bêbada. Primeiro que minha cabeça rodava demais e
ria como uma hiena de qualquer coisa. Não descaradamente,
mas pelo menos na minha mente. Edward estava mais firme
que eu, por isso quando chegamos ao hotel, as cinco e meia
da manhã eu não aguentava mais de excitação.
Assim que a porta do quarto se fechou, nós estávamos
fazendo ginásticas e malabarismo para arrancar a roupa do
outro. Caímos na cama rindo, meio bêbados e tenho certeza
que o hotel inteiro ouviu meus gritos e a cama batendo contra
parede. Edward estava bagunçado, suado, com o rosto
vermelho e boca inchada.
Eu dormi rindo dele. Parei de rir mentalmente quando as
onze horas da manhã acordei com duas escolas de samba
brincando dentro da minha cabeça e o deserto do Saara na
minha língua.
- Ai... – gemi e Edward abriu os olhos assustado. – Que
maldita dor de cabeça é essa?
- De alguém que não bebeu antes na vida e agora está
de ressaca.
- Shiu... Silêncio. – sussurrei indo até o banheiro para tirar
aquele gosto horrível da minha boca. Assim que acendi a luz
e me olhei no espelho, dei um grito alto e agudo. Meu cabelo
estava embolado e no alto. Meus lábios estavam inchados e
doloridos. Meu rosto meio amassado, mas foram os enormes
hematomas nos seios, pescoço, quadril e parte interna da
coxa que me assustou. – O que aconteceu comigo?
- O que... Ai meu Deus. – sussurrou e pela expressão do
seu rosto, eu estava mais feia que pensava – Amor, eu...
- Que foi? – dei os ombros – Vou tentar tirar esse
emanharado do cabelo. Quer vir comigo? – perguntei distraída
e quando fitei seus olhos de novo, eles estavam tristes. – O
que foi?
- Eu te machuquei, amor, desculpa. – sussurrou me
beijando docemente.
- Não me lembro de ter reclamado em nenhum momento
ontem. – escovei meus lábios nos seus. – Minha cabeça está
doendo, mas é pela bebida.
- Tem certeza, amor?
- Absoluta. Agora vem tomar banho comigo e depois
vamos pedir o café. – puxei-o para o box comigo. Ele ainda
estava me fitando sem jeito. – Edward, é sério. Eu tenho
algumas pomadas e depois você me ajuda a passar, certo?
- Certo. – falou meio arrastado, mas não tocou em mim
em momento nenhum no banho. Quando sentei na cama para
passar a pomada, comecei a ficar realmente preocupada.
Edward pediu o café da manha e ligou a tevê; - Amor, você
está bem?
- Sim, sim. – respondeu distraído.
Bufei frustrada e continuei meu ritual, com ele mudo na
pequena saleta do quarto. Não me preocupei em colocar uma
roupa quando marchei em sua direção, desligando a tevê e
sentando no seu colo, obrigando-o a olhar pra mim.
- Qual o maldito problema? Eu já disse que você não me
machucou, que saco! – bati no seu ombro.
- Eu sei amor, mas você não merece esse tipo de
tratamento, eu perdi o controle, fui completamente bruto.
- E se eu disser que gosto? Que de vez em sempre não
é nada ruim você ser rude e perder o controle. Eu sei que
estávamos meio bêbados, mas eu lembro perfeitamente de
cada segundo e de como senti prazer com você. Só com você.
Eu sou clara demais e caso não tenha percebido, suas costas
estão cheia de arranhões e o ombro quase em carne viva.
- Você gosta, é? – sorriu torto
- Sim, meu amor e tenha certeza que o dia que eu não
gostar de algo, eu vou contar a você, ok?
- Eu te amo, minha vida. – fechou os braços atrás de mim
e me apertou, tomando meus lábios com delicadeza. A
campainha tocou. Oba! Café da manhã de hotel!
.~.
Nós passamos o fim daquela semana na praia, pegando
muito sol, comendo besteira, namorando e rindo muito. Mal
podia entender que já estávamos há uma semana ali, e que
mais oito dias iriamos embora. Eu não queria pensar nisso.
Edward acordou hoje sem vontade de ficar na praia, o sol
estava forte e minha pele ardia demais para ficar do lado de
fora, o interessante que aquela cor de tomate eu não tinha
mais.
- Amor, vem. – Edward chamou-me no fim da tarde. Ele
tinha me abandonado para ir a cozinha, mas não fui atrás dele.
Continuei na minha, deitadinha vendo o sol enfraquecer pela
porta de vidro.
Edward tinha preparado um piquenique tardio na
varanda, com direitos a sanduiches variados e muitas frutas.
Depois de comermos em um silencio confortável, deitei em
sua barriga, enquanto sentia seus afagos na minha cabeça.
Estava me sentindo a beira do sono novamente. Essa história
de brincar de nadadora profissional cansa.
- Bella, eu queria conversar algo com você...
- Diga, meu bem.
- Existe uma sala, bem ao lado da minha, que está
esperando a minha esposa para ser ocupada. – falou
tranquilo, mas podia sentir a hesitação em sua voz. – Você
pode pensar sobre o assunto, eu sei que existe a faculdade e
tudo mais... Só que você fez o curso e talvez fosse bom
conhecer um pouco sobre a empresa...
- Respira, Edward.
- Eu sei que eu fico te enchendo o saco sobre termos um
filho agora, mas eu quero você saiba que sei que não estamos
no seu tempo e você precisa saber um pouco mais sobre tudo.
Sou meio obsessivo às vezes, mas por favor, não quero te
pressionar a nada...
Dessa vez eu tive que beijá-lo para calar a sua boca.
- Sim amor, eu aceito ir trabalhar com você. E sim, eu sei
que você não vai parar de me encher com isso, mas entende
que eu te amo e que um dia iremos ter nosso bebê.
- Entende mesmo? – sorriu – Vai mesmo?
- Sim... Senhor Cullen. – ronronei no seu ouvido. – Você
tem algumas fantasias relacionadas à saia lápis e escritórios
bonitos? Porque eu acabei de ter algumas... – sussurrei no
seu ouvido, lambendo a parte de baixo da sua orelha sem
cerimonia.
- Você está contratada e começa a trabalhar na segunda.
– gemeu me puxando pela parte de trás do joelho para
encaixar no seu colo. Meu adolescente já estava duro feito
uma rocha. Eu nem fiz nada.
- Oh... Mal posso esperar para conhecer a fundo a mesa
do meu chefe.
- Eu realmente quero descobrir muitos lugares a fundo...
– sussurrou puxando meu vestido pela cabeça. Seu grunhido
de satisfação quando me viu completamente nua, montada
nele me fez desfalecer.
- Você pode começar agora. Até lá vai saber o caminho
de cor. – pisquei e ele riu, não por muito tempo porque ao
mesmo tempo em que me inclinei para beijá-lo, ergui meu
corpo para sua calça de praia desaparecer do meu caminho
feliz.
.~.
Mais alguns dias se passaram quando tomei um susto
enorme, quebrando o copo de cristal que eu segurava. Estava
humildemente tentando fazer um café na cama para meu
marido. Isso só ia acontecer na lua-de-mel, de qualquer modo.
Ele não poderia ficar mal acostumado.
- Senhor, uma chuva forte se aproxima da baia, o sinal irá
ficar fora por alguns momentos. – a voz de Demetri soou na
cozinha, me dando um susto enorme. Edward estava
dormindo e só depois do copo quebrando e meu grito, que ele
levantou assustado.
- Demetri. Merda, tomei um susto. – apontei para o rádio
branco e de cueca, ele seguiu para varanda, falado ao rádio
bem sério. Terminei de limpar minha bagunça e fiquei feliz em
não ter me cortado. – O que era?
- Vai chover. Ficaremos sem sinal de rádio e depois volta.
Só isso. – abraçou-me e seu corpo estava gelado de ter ido
do lado de fora. – Acho que devemos fechar a casa ou tudo
vai ficar molhado.
Passamos a fechar todas as janelas e portas de vidro,
voltamos para cozinha para preparar o café da manhã,
acabamos comendo apenas algumas frutas e sucos.
Encontrei alguns vinhos e selecionei alguns apenas para
beber mais tarde. A chuva já estava caindo a essa hora e
procurando por Edward, ouvi a água do chuveiro ser aberta,
mas nem me animei de me juntar a ele.
Fiquei feliz ao encontrar uma panela de trufa e duas
caixas de morango. Em algum lugar na despensa tinha
chocolates em barra para derreter. Preparei tudo em pouco
tempo com Edward me ajudando. Deitamos no Futon e
observamos a chuva cair.
- Um morango pelos seus pensamentos. – provoquei com
ele quieto demais.
- Eu estava pensando no quanto sou feliz agora. Que
nunca imaginei que seria um dia, tão feliz como sou. –
respondeu-me com aquele olhar intenso, que se não tivesse
chocolate nos seus lábios, poderia levar mais a sério. – Eu te
amo.
- Eu também chocoboy. – brinquei lambendo seus lábios.
- Engraçada... – revirou os olhos mergulhando sua colher
dentro da panela enquanto a outra mão abria os botões da
minha blusa. – Você já provou as coisas na sua pele? Tudo
em você fica com um gosto maravilhoso.
- Uhn... – gemi ajudando-o a tirar toda minha roupa.
Edward jogou chocolate por toda extensão do meu corpo,
provocando arrepios com o líquido quente e sua língua apenas
tocando, levemente, sem ao menos realmente me chupar
como queria que fizesse. Com um morango, rodeou o bico do
meu peito, lambuzou no chocolate que tinha espalhado na
minha barriga, passou pelos meus lábios e comeu.
Após mastigar lentamente, limpou todo chocolate do meu
corpo com a língua, mas ao invés de subir, ele foi descendo
pelo meu ventre e gemi alto por antecipação. Minha mão
automaticamente voou para sua cabeça, conforme me
contorcia, ofegante e molhada. Dedos e línguas. Esse homem
era um mestre. Eu gozei muito forte contra sua boca e o riso
arrogante me trouxe a realidade.
- Eu encontrei algo interessante na sua mala... – sorriu
maliciosamente e senti meu rosto pegar fogo – Lembre-me de
comprar um bom presente a Rosalie.
Edward tirou do bolso um revolvimento francês e eu
quase fiquei sem ar.
- Eu imagino que você não sabe o que é isso, certo? –
perguntou tirando sua roupa. Eu estava congelada no lugar.
Assenti lentamente. – Então, você vai descobrir como é bom.
- Edward...
- Apenas relaxe, baby...
Eu não sabia se podia ir ao céu e voltar. Nada se
comparava aquilo. No inicio começou diferente do que
imaginava, era uma sensação de cócegas que me deixava
completamente insana e sem travas na língua. Conforme
Edward investia em mim, apertava o forro frouxo do futton com
força, ou simplesmente agarrava seus cabelos. Ele ia ficar
com uma tremenda dor de cabeça depois, mas eu realmente
não estava me aguentando. Era bom demais para ser
verdade.
- Uol... – ofeguei quando ele desabou em cima de mim.
- Ainda temos uma caixa completa. – riu beijando meu
ombro.
- Eu amo descobrir mais sobre essas coisas com você...
Eu me sinto meio boba, mas ainda assim, eu gosto.
- Como assim, amor? – Edward rolou de lado, me
puxando para seus braços.
- Bom, eu não sou muito experiente em alguns aspectos...
Ou nenhum?! – ri beijando seu peito.
- Eu não acho você inexperiente e só para limpar essa
cabecinha, mulher experiente no mundo é capaz de chegar
essa sua “inexperiência” na cama. – beijou-me no templo –
Você é sexy naturalmente. Seu sorriso muda do tímido ao
felino, sensual. O modo como você joga os cabelos, o olhar
de desejo fica bem penetrante e seu corpo inteiro é perfeito. –
mudou-me para olhar dentro dos meus olhos – Quando eu
digo que amo acordar com você montada em cima de mim,
não é brincadeira. É lindo ser o único a ver seu corpo
completo. A linha suave do seu quadril até a cintura fina, com
a barriga lisa, diretamente para meu lugar preferido. – piscou
colocando a mão em concha no meu centro – Apesar de
também amar muito seus seios. – abaixou o rosto para morder
lentamente o bico do meu seio - Eles são do tamanho perfeito
para caber na minha boca, são lindos demais. Você é toda
linda, desde o dedão do pé que você diz ser torto aos cabelos
que todo dia de manhã você reclama ser liso demais. Eu te
amo por inteiro, minha vida.
- Eu estou seriamente na duvida se eu choro ou pulo em
cima de você. – sussurrei sentindo as lágrimas querendo sair,
embora a excitação estivesse falando mais alto.
- Eu voto em pular em cima de mim. – sorriu e acabei
pulando em cima dele, ficando na posição que ele tanto
adorava. Suas mãos subiram e desceram pelo meu corpo, em
verdadeira adoração.
- Eu te amo, meu marido. Para sempre.
.~.
- Bella, amor, onde você está? – Edward gritou da sala,
sabendo que estava na cozinha tentando achar algo para
comer. Quer dizer, tinha muita coisa e depois da chuva, acabei
com a minha criatividade. Tudo Edward levava no duplo
sentido. Hoje, especialmente, ele tirou o dia para me chamar.
A cada cinco segundos, ele me gritava sobre algo.
- Que foi, Edward?
- Quero assistir tevê...
- E daí? É só ligar e assistir. – debochei cavando mais
afundo a geladeira.
- Se você vir comigo, eu prometo que não vai se
arrepender e ainda por cima, vai querer deixar o almoço para
depois.
Minha respiração engatou... Lá vem, pensei. Caminhei
despreocupada até a sala, onde ele sentado no sofá, bateu
entre suas pernas para que eu sentasse ali.
- Vem amor, vamos assistir um filme, mas eu preciso que
você tire sua calcinha e experimente como é divertido assistir
tevê com seu marido.
Edward sorriu torto, do seu modo demoníaco, segurando
o vibrador ovo na mão e o controle remoto na outra. Ele estava
querendo me matar, mas ainda assim, me livrei da calcinha de
renda branca e pulei para o sofá.
Que essa lua-de-mel nunca acabe...
Love is the answer at least for most of the questions
in my heart (…)Yeah we'll look at the stars when we're
together. Well it's always better when we're together.
O amor é a resposta ao menos para maioria das
perguntas no meu coração (...) Olharemos para as estrelas
quando estivermos juntos. É sempre melhor quando estamos
juntos
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Poison
Capítulo 26
Flaws and All
Edward POV
Bella longe de mim me fazia ser um velho resmungão. Eu
sei, eu estava chato, ignorante e agindo como um mimado.
Quando acordei naquela manhã que iria levá-la ao aeroporto,
eu não quis mais que saísse. Eu odiava não ter ao meu
alcance. Uma sensação ruim me enchia no peito e não sabia
o que dizer ou fazer. Eu dormi e acordei preocupado e era um
alívio poder falar com ela. Sua voz doce, suave como pluma,
me preenchia de forma absurda.
Quando ela desligou essa tarde antes de sair para o
ultimo evento, me vi contando no relógio às horas. Eu pensei
feito um bobo, que se dormisse, iria passar, mas... Cadê o
sono? Então liguei o computador e verifiquei seu GPS. Era
maníaco e perseguidor, eu sabia que era.
Ela e Demetri se moviam em sincronia e Rosalie estava
no hotel. Tudo estava bem... Ele estava com ela.
Estranhamente, eu me sentia bem com ele. Demetri
jamais me decepcionaria, eu o escolhi, foi por acaso, paguei
seu treinamento e vi sua evolução. Bella gostava dele e
confiava muito. Demetri não desistiria e muito menos a
deixaria. Ele era meu melhor homem.
As coisas começaram a ficar estranhas quando o carro
assumiu uma rota diferente. Tudo era minimamente
planejado. Quais rotas, quais ruas, endereços, esquemas,
seguranças... Nada podia sair fora do combinado. Nunca.
Qualquer mínimo erro, podia ter sérias consequências.
Calma, Edward. É só um desvio. Pode ser uma rua
fechada ou um bloqueio policial... Fiquei esperando o carro se
mover, mas quem se moveu foi Bella. Demetri estava parado
e o sinal de Bella se movia cada vez mais distante.
- CARALHO!
Peguei meu celular, mas antes que pudesse discar,
Emmett estava na linha.
- Sinal da Bella se moveu. – Emmett rugiu e ouvi o
farfalhar de suas roupas – Vou ligar para o avião, estou ai em
três minutos.
Vesti minhas roupas às pressas sem realmente saber o
que estava acontecendo. Na tela do computador eu vi os
pontos azuis – que eram os seguranças – entrarem com o
ponto rosa – que era Rosalie – o vermelho – de Bella –
continuava se movendo mais e mais. Demetri – ponto verde –
estava se movendo agora, com mais pontos azuis.
Meu celular tocou.
- Eles a levaram. – Demetri falou ofegante – Ela e Victória.
Homens encapuzados com mascaras de políticos, van preta
sem placa, seguiram em direção ao norte. O motorista caiu.
- Demetri, você consegue vê-los? – respirei fundo. Fique
calmo, Edward... Fique apenas calmo.
- Não, estamos seguindo o sinal de Bella, está bem forte.
- Estou indo para Seattle agora. Faça o que for preciso,
mas eu quero Bella viva e inteira, entendeu?
- Sim senhor.
Eu não sabia o que pensar. Queria gritar e matar alguém.
Pegar esses filhos da puta pela gola da camisa e socar até a
morte. Liguei para Aro no caminho enquanto Emmett tentava
controlar uma Rosalie grávida e histérica. Podia ouvir seus
gritos de onde estava. Minha Bella... O que devia estar
acontecendo com ela? Comecei pedir a Deus freneticamente
que cuidasse dos seus passos.
Eu não podia perdê-la! Entregava tudo, todo meu
dinheiro, minha alma, minha vida. Tudo. Só para vê-la viva e
inteira.
Eu ia matar esses desgraçados.
- Demetri? Onde você está? – perguntei quando estava
próximo de entrar no avião e me surpreendi a ver minha
família inteira dentro do avião.
Demetri estava ofegante, com a respiração forte no
telefone e podia ouvir os galhos sendo amassados com suas
pisadas forte.
- No... Meio... De... Uma... Floresta... PORRA! OLHA PRA
ONDE ANDA CARALHO! Tropical.
A ligação encerrou e o piloto perguntou se podíamos
decolar. Eu estava nervoso como um inferno, tremendo de
ódio, querendo matar. Eu não percebi que estava puxando
meu cabelo, até minha mãe, com os olhos vermelhos e
inchados de chorar, tirar do meu cabelo e entrelaçar com os
seus. Eu tinha longas horas de voo pela frente.
- Vai dar tudo certo, meu filho. Nós vamos encontrá-las...
Eu me senti um filho da puta miserável por não me
preocupar com Victória. Elas tinham que estar juntas, porque
se não estivessem, como ia encontrá-la? Eles só podiam
querer dinheiro. Isso a gente resolvia fácil, com elas livres e
inteiras. Tudo que mais queria era a minha Bella. Nos meus
braços.
- PORRA, QUANTO TEMPO MAIS VAI DEMORAR? –
gritei jogando o copo de suco de maracujá na parede – E EU
NÃO QUERO FICAR CALMO!
- Edward, você precisa ficar calmo. Não pode agir por
impulso. – Alice interveio bastante chorosa.
- EU NÃO TENHO OUTRA OPÇÃO! EU QUERO MATAR
TODOS ELES E VOU DESCOBRIR QUEM FEZ ISSO.
Ninguém mais se atreveu a falar algo e pararam com a
mania imbecil de querer me acalmar. Impaciente, fiquei
batendo o pé e quase rasgando o couro do banco durante toda
viagem. Durou uma eternidade.
Em solo, uma chuva grossa caía, não o suficiente para
impedir o pouso. Demetri não me atendia. Ninguém me
atendia. Estava puto no caminho do hotel. Meu sangue quente
corria rápido tentando acompanhar o ritmo desordenado das
batidas do meu coração. Estava muito perto de amanhecer. E
eu muito perto de matar um. Tinha repórteres por todo lado,
flashes e os seguranças abriram o caminho, e ainda assim
tinha gente querendo entrevista.
- SAI DA MINHA FRENTE PORRA! – descontrolado,
joguei a maldita câmera no chão e empurrando o parasita da
minha frente.
Rosalie estava pálida, com bolsa sobre os olhos,
chorando descontrolávelmente, principalmente que Emmett a
abraçou com maior cuidado do universo. Eu senti uma inveja
amarga e um sentimento de impotência do caralho por não
poder fazer o mesmo pela minha mulher. Liguei de novo para
Demetri e nada. Tentei o GPS e tudo apagado.
- NÃO, PORRA, FUNCIONA! – joguei o computador
contra parede.
- Edward, a polícia está aqui.
- Não quero falar. Eu quero Bella aqui e agora. – rosnei –
Eles vão fazer isso? Não vão!
Quarenta minutos se passaram quando finalmente tive
um vislumbre de sinal e então, meu celular vibrou. O céu
estava amanhecendo.
- DEMETRI.
- Sinto muito senhor. Não tenho boas notícias.
Meu mundo pareceu desabar quando ouvi aquelas
palavras. Minha doce Bella... Como eu te amo.
- O que aconteceu? – perguntei já chorando.
- A Senhorita Victória. Ela já estava morta quando a
encontrei.
Ai meu Deus. Minhas pernas pareceram falhar. Meu pai
já estava me segurando. James. Victória... Não... É mentira.
Não!
- E Bella?
- Ela está comigo... Viva, mas inconsciente.
.
.
.
Bella POV
Eu estava flutuando em paz quando sentir meu corpo ser
acariciado. Eu não sabia bem onde estava. Tudo escuro,
gostoso... Eu queria ficar dormindo ali. Parecia quentinho. E
só que Edward não estava ali... Eu queria tanto Edward que
sentia seu cheiro.
- Por favor, acorda... Me perdoa por não te proteger. –
Edward sussurrava com voz de choro. – Eu não aguento mais
não poder falar com você.
Que?
- Edward... – sussurrei confusa. Onde ele estava?
- Baby, abra os olhos pra mim. – Edward pediu suplicante
e eu senti falta da escuridão. Tudo tão claro. – Oh, amor...
- Edward... – chamei por seu nome quando o vi
completamente. Bolsas sob os olhos. Lábios vermelhos e
inchados.
- Como é bom olhar em seus olhos. – chorou beijando
minha testa.
- Baby... – chorei lembrando tudo que tinha acontecido.
Eu estava em uma cama de hospital, imobilizada, com tubos
e máquinas ligadas ao meu braço. – Ai meu Deus... Edward...
Você está aqui... Foi horrível. – meus soluços altos
preenchiam o silencio do quarto. – Eu senti tanto medo... Eu
rezei tanto para você me encontrar... Ele morreu na minha
frente. Riley o matou na minha frente... Eles queriam dinheiro
e ao mesmo tempo não me queriam... Eu não sei, eu não os
entendia dizendo que eu não era para estar lá... – gaguejei
confusa – Victória! Ai meu Deus, cadê Victória?
- Amor, shiu, você precisa ficar calma agora... – Edward
pediu docemente – Infelizmente, Demetri chegou um pouco
tarde em relação à Victória. Eu sinto muito, amor.
Barulhos ensurdecedores preencheram a minha volta e
então várias pessoas entraram, vindo em minha direção, me
fazendo ficar assustada e então, percebi ser meu coração
batendo forte. Edward me segurava, pedindo pra ficar calma,
mas foda-se, era minha amiga. Ela estava tão triste... Ela
podia ainda sobreviver, reconstruir sua vida... Por que a vida
foi tão injusta com alguém tão boa quanto Victória? Por que
Deus a fez passar por essa dor? Será que ela sofreu? Será
que ele a machucou?
- Foi James não foi? – perguntei a Edward e percebi ter
muita gente no quarto – Saiam.
- Senhora Cullen, você acordou depois de três dias em
coma, nós precisamos te examinar. – uma senhora baixa e
robusta insistiu.
- Saiam. – pedi sem paciência. – SAIAM AGORA!
- Bella, amor... Calma! – Edward pediu me sacudindo –
Me deem 10 minutos com ela. Já chamo vocês.
- Edward... – chamei baixinho – Como foi?
- Amor...
- Não começa!
- Eles tomaram alguma espécie de veneno. Estavam
dormindo juntos na mesma cama. Ela não parecia
machucada, nem nada. Apenas deitada ao lado dele.
- James também morreu? – sussurrei não conseguindo
conter as lágrimas. – Isso tudo é tão ruim. Ela estava com
tanto medo dele...
- Eu sei baby, o corpo dela foi transferido para sua cidade
natal. Eu fui o único a não ir, porque tive que ficar aqui com
você. Rosalie também não foi. – respondeu-me baixo,
secando minhas lágrimas.
- E como ela está?
- Bem. Estava apavorada, agora está bem. – beijou-me
na têmpora.
- Eu me sinto cansada... – bocejei – O que aconteceu
comigo?
- Você desmaiou e entrou em coma. Por três longos dias.
Eu fiquei com tanto medo de te perder...
- Eu sabia que você ia me encontrar, Edward. – sussurrei
me agarrando mais ainda ele.
- Eu nunca mais vou deixar qualquer coisa te acontecer...
Eu te amo mais que a minha própria vida. – beijou-me na testa
e eu realmente senti falta dos seus lábios. – Você está
cansada. Durma novamente...
- Me beija, por favor, me beija.
- Sempre. Para sempre.
Edward tocou meus lábios com delicadeza, com um
carinho profundo, que me fez ficar mole nos seus braços. Eu
o amava tanto que comecei a chorar no meio do seu beijo. Era
um peso nos ombros que me corroía até a alma. Eu não
acreditava que estava acontecendo na minha vida. Não com
a nossa família. Por que tudo isso? Pra quê?
Edward abaixou a barreira da cama e me puxou para seu
colo, onde chorei descontroladamente, sentindo uma dor
absurda no peito por horas. Eu não sabia lidar bem com a
morte. Eu era incapaz em aceitar que alguém tinha partido
dessa para melhor. Eu amava Victória, apesar de nossas
birras, ela era minha amiga. Minha amiga mesmo. Que amiga
não briga? Não vacila uma com a outra? Dá conselhos ou
simplesmente se ferram juntas?
Ela tinha tanto problema e eu me senti uma maldita
egoísta por ter brigado com ela quando faltou ao meu
casamento. Por que? Ela podia superar James. Apesar do
medo, podia. Todos nós podemos superar...
Ele a matou. Ele se matou. A vida não é porra de um
conto de Shakespeare!
- Shiu, baby, se acalme, seus batimentos estão muito
acelerados... Respire, por favor.
- Está doendo, Edward. Ela era... Edward...
- Eu sei baby, está doendo. Eu preciso que você fique
calma. – Edward insistiu me ninando. – Vai ficar tudo bem...
Eu estou com você. Eu te amo...
Eu não sei por quanto tempo mais fiquei chorando, sei
que depois eu adormeci, ainda ouvindo doces palavras de
Edward comigo. Agarrei sua blusa com força. Eu não queria
que ele me soltasse. Nunca mais.
.~.
Fiquei internada no hospital por mais cinco dias. Exames
e mais exames que resultaram em aulas de Ioga obrigatórias
e exercícios físicos diários. Um psicólogo veio conversar
comigo, mas realmente o ignorei. Eu não estou doente. Estou
bem. Esse fato foi um infortúnio na minha vida e com Edward,
iria superar tudo. Não queria nada disso. Queria minha vida
como antes. Ir trabalhar e estudar.
O que não foi liberado pelo médico. Quem ele pensa que
é para me dizer o que fazer?
Recebi visitas da minha família, que estava toda em
Seattle. O hospital ficava em uma pequena cidade chamada
Forks e meu estado clínico não permitia transferência. Eu feri
gravemente meu tronco com as cordas e não podia sofrer
grandes estresses. Mesmo quando recebi alta, a velocidade
do carro foi lenta e pareceu durar uma eternidade. Eu não
podia ficar em pé por uma grande quantidade de tempo nos
próximos dias, por isso tinha os exercícios físicos, para me
fazer ter firmeza nos pés.
Eu também podia sentir dificuldades em respirar em
algum momento de estresse. Por isso a Ioga, para focar minha
atenção em um só momento. Eu não disse a Edward que não
pretendia fazer nada do tipo. Somente balancei a cabeça e
sorri docemente sempre que possível. Tudo que mais queria
era voltar para casa. Dormir na minha cama e ter um chá de
esquecimento.
- Você está bem meu raio de sol? – Rosalie sentou-se ao
meu lado no avião brevemente. Automaticamente toquei sua
barriga e agradeci a Deus por ela ter passado mal e não ter
ido conosco. Imagina se meu afilhado corresse risco de vida?
- Estou sim. Com sono, mas bem. – sorri e ela me olhou
estranho, como se não acreditasse. – Finalmente estamos
voltando para casa. Não vejo a hora de deitar na minha própria
cama e comer qualquer coisa que Carmelita faz.
- Eu imagino. – afagou minha mão. – Vou sentar ali,
qualquer coisa chama, ok?
- Obrigada. – beijei sua bochecha. – Eu te amo.
- Eu também te amo. Muito.
Rosalie levantou quando Esme subiu no avião e veio me
abraçar. Ultimamente ela não me soltava mais. Sua primeira
visita foi regada a choro e mimo. Ela quase me carregou no
colo. Foi ótima sua presença. Ela me ajudou no banho,
penteou meus cabelos, fez massagem, me deitou para dormir
e verificou enfermeiras chatas. E ah, também controlou
Edward. Eu não podia espirrar que ele estava de pé, querendo
saber se precisava de água, levantar, se estava com dor, se
precisava do médico ou sei lá, Deus.
Carlisle foi um doce comigo. Ele esteve presente em
momentos simples, apenas para segurar minha mão durante
um exame chato. Seu lado paternal fez perguntas aos
médicos e não deixou que qualquer coisa acontecesse comigo
sem que ele soubesse. Alice me manteve maquiada e com
cara de saudável. Minha vaidade nunca foi tão grande, mas a
me ver no espelho, eu tinha hematomas no rosto e uma feição
tão destruída que entrei em pânico. Ela também providenciou
roupas de dormir confortáveis e cheirosas, todos os dias.
Cada um, de um modo especial, cuidou de mim.
Eu nunca vi Emmett chorar. Nem mesmo quando ele
levou aquele tiro na estação. Emmett era enorme, forte como
um cavalo, brincalhão e sorridente. Ele me abraçou com tanta
força que fiquei meio sem ar, mas não reclamei, ele estava
chorando. Ele dizia coisas que nunca ia se perdoar se algo
acontecesse comigo, que ele ia matar, fazer e acontecer.
Procurei não registrar suas ameaças e apenas aproveitei seu
carinho de irmão. Era tão bom se sentir amada.
- Você quer um travesseiro nas costas? – Edward
perguntou docemente, quebrando meus devaneios.
- Talvez deitar o banco um pouco, essa posição é
incomoda.
Edward estava fazendo de tudo e mais um pouco para
que eu ficasse confortável e bem. Eu admirava a forma que
me tratava. De um jeito doce, carinhoso e apaixonado. Só
houve um momento no qual acordei e não o vi do meu lado.
Apenas Esme estava ali. Eu não sei o que ele foi fazer, iria
perguntar, com toda certeza.
Demetri quando passou por mim, sorriu torto e foi para
seu lugar costumeiro. Eu devia minha vida em gratidão a ele.
Eu quis que Edward fizesse alguma coisa. Sei lá, qualquer
coisa para que fosse recompensado por não desistir de
procurar por mim. Fiquei surpresa ao saber que ele negou.
Não quis nada.
Toda vez que pensava nisso, eu chorava. Isso também
estava me irritando. Tudo eu chorava. Tudo meus olhos
começavam a lacrimejar. Deitei a cabeça no peito de Edward
e esperei esse momento insano passar, até que dormi, só
acordando quando pousamos em Nova Iorque.
- Nós vamos para casa agora, não vamos? – perguntei
baixinho. Eu não queria que Esme ficasse chateada por não ir
até eles. Eu sei que seria mais fácil, teria várias pessoas a
minha disposição e ela queria cuidar de mim.
Eu é que não queria. Minha cama, minha casa, meu
silêncio e meu marido. Esperava do fundo do meu coração
que ela compreendesse.
- Sim. – Edward respondeu firme – Nós vamos descansar
agora. Você está com fome?
- Eu estou com fome. Muita, por sinal.
Edward me ajudou a levantar, outra coisa que não podia
fazer sozinha e a descer do avião. Emmett estava logo atrás,
pronto se eu fosse cair. Já tinha um carro esperando no pátio
do avião e fiquei tão feliz de ver Félix a posto, abrindo a porta
do carro.
- Seja bem vinda, Senhora Cullen. Nós estamos muito
felizes que você esteja bem. – disse baixo, no seu modo
cordial.
- Obrigada Félix. Também estou feliz em estar de volta.
- Obrigado pelo carinho, Félix. – Edward sorriu com os
olhos brilhando.
Nós seguimos para casa em silencio. Eu tinha
permanecido com todas as minhas joias, isso validava a
informação de que eu não era o alvo de James. Era tudo por
Victória. Minha aliança, meu anel, meu cordão e relógio, tudo
junto dava um bom dinheiro, mas foi e voltou comigo. Minha
bolsa com documentos e dinheiro permaneceu no Hummer e
voltou ao hotel com algum segurança que foi buscar o carro.
A polícia fez um interrogatório longo. Chato e repetitivo.
Na verdade, eles não tinham muito que fazer. Talvez procurar
por Riley, mas a noticia chegou que ele havia sido encontrado
morto, boiando no mar. Eu juro que tentei pensar que Edward
não tinha nada a ver com isso. Só que eu sabia que tinha sido
ele, principalmente que ouvi uma história “virou comida para
peixe”. Eu estava drogada com tantos remédios, mas não
surda muito menos burra.
Assim que pisei em casa, fui assaltada pelo cheirinho
familiar. Era uma mistura do meu perfume, com de Edward,
mais hortelã e a cozinha sempre tinha cheiro de erva cidreira.
Talvez fosse porque era o chá mais feito naquela casa.
Carmelita apareceu, com aquele olhar maternal, abrindo os
braços e eu desabei a chorar.
- Calma minha criança. Está tudo bem agora...
Eu fiquei chorando por um tempo, aproveitando seu
carinho. Eu estava tão absurdamente feliz por finalmente estar
em casa.
- Carmelita, ajude Bella com algo para comer e vou deixar
nossas coisas no quarto. – Edward pediu antes de sair da sala.
- Vem querida. Eu tenho biscoitos de leite e um bom
chocolate quente para você.
Eu comi em silencio e percebi que nem metade do que
estava acostumada a ingerir foi aproveitado. Com dificuldade,
fui até Edward que nunca mais voltou para cozinha. As malas
estavam no closet e depois cuidaríamos disso... Encontrei-o
no banheiro, com a banheira cheia, despejando diversos sais
de banho diferentes.
- Eu já ia busca-la. Conseguiu comer?
- Um pouco. Talvez no almoço coma melhor, não sei. –
dei os ombros. – No segundo cookie, estava cheia e bem
enjoada.
- Você quer comer algo em especial? – perguntou-me
ajudando a tirar a blusa. Era um exercício grande.
- Não. Eu acho que só quero tomar banho e deitar um
pouco... Minhas costas doem.
- Certo... – falou lentamente, puxando minha calça jeans.
Minha perna pinicou quando o vento bateu. Deu vontade de
coçar, mas isso só me daria mais marcas vermelhas no corpo.
Edward riu levemente, perdido em seus pensamentos. Ele era
adorável.
- O que foi? Qual a piada?
- Estou despindo minha mulher e pela primeira vez ela
não está reclamando. – provocou e eu dei língua.
- Normalmente você está com pressa de me ver sem
roupa. Delicado é a última coisa que você pensa em ser. –
brinquei e ele riu, concordando. Comecei a abrir os botões da
sua blusa e beijei seu peito levemente – Eu te amo.
- Eu te amo, emburradinha.
- Emburradinha?
- Olha seu bico... – virou-me para o espelho e eu
realmente estava meio emburrada.
- Eu odeio isso. – fiz sinal entre nós dois e ele ficou
confuso – Isso de precisar de ajuda para tomar banho, não
conseguir comer e não ter firmeza nos meus pés. Eu não sofri
tanta agressão ao ponto de ficar tão debilitada.
- Eu sei baby, mas você ficou em coma. Seu corpo entrou
em paralisia quando as emoções ficaram fortes demais para
aguentar. Foram três dias sem nenhum dos órgãos vitais
funcionando corretamente. Demora em seu corpo voltar ao
ritmo... O médico disse que com exercícios você volta
facilmente.
- E eu terei um fisioterapeuta comigo?
- Sim. Um fisioterapeuta e um personal trainer.
- Aqui ou na nova casa?
- Eu mandei montar a academia lá assim que soube
disso.
- Quando vamos nos mudar?
- Quando você tiver condições de subir escadas e andar
em longas distancias, nós vamos.
Edward e eu decidimos comprar a casa. Ela era linda,
enorme, mas perfeita. Tinha um jardim tão maravilhoso que eu
podia fingir que não morava em Nova Iorque. Até um chafariz
bonito, com pedras ornamentadas brilhavam ao sol. Fiquei
apaixonada mais pelo jardim do que pela casa em si. Era um
exagero. Um exagero do tamanho de Edward. Dez quartos,
sendo oito suítes, a maior era linda, com lareira e eu quase
podia ter um carrinho de golfe para ir ao banheiro.
A sala era grande, com paredes de vidro para aproveitar
o sol da manhã. Tinha uma piscina interna e outra externa.
Garagem para nove carros, dependências para empregados,
biblioteca, escritório, academia e outras coisas dispensáveis.
Edward gostava disso. Ele ficou feliz com a casa e Esme me
fez um imenso favor em mandar decorá-la. Eu não entendo
muito disso. Uma coisa é escolher um tapete ou um vaso de
flor. Eu vi que era aquilo que queria, apesar de ser exagerado,
então, eu queria também.
Eu fiquei pensando em quantos passos teria que dar ali
dentro sem precisar fazer exercícios físicos. Tinha a escada
principal com um corrimão que dá vontade de sair correndo e
escorregar. Eu tentei fazer isso e Edward entrou em
desespero. Foi muito engraçado. Também gritei na sala que
ficava piscina e conversei com o eco. O agente imobiliário
estava achando que eu não batia muito bem.
Rosalie e Emmett também escolheram a casa do lado e
por isso, mandamos fazer um portão interno. A deles também
estava com algumas reformas e decoração. Eu não sabia
quando íamos nos mudar, mas Esme antes do acontecido
vivia me mostrando fotos de suas ideias. Eu só dizia que sim
e que estava ótimo. Percebi que eu entendo de números,
cálculos e contratos. Decoração não era minha praia.
- Certo. Tudo bem.
- Vamos tomar banho agora ou tem mais alguma duvida?
- Você vai fazer massagem em mim? – brinquei
descontraindo o clima.
.~.
Os dias se passaram lentamente. Eu podia andar em paz
depois de algumas sessões de fisioterapia e uma professora
simpática de Ioga me deu nos nervos com sua felicidade e
calma.
- Eu quero essa mulher fora daqui, Edward. – bati o pé
irritada. – Eu não gosto dela!
- Por quê?
- Ela é feliz e calma! Isso me irrita e muito, ok? Eu não
quero suas ordens de respiração ou posições
constrangedoras. Seus mantras e previsões de horoscopo. Eu
não acredito nessa merda! Ela tem aquele sorriso do gato de
Alice no país das maravilhas! Eu quero ela fora daqui! – rosnei
irritada, jogando todas aquelas roupas de ginastica no
armário. – Não quero mais aula de ioga. Não quero mais ser
dependente! Eu ODEIO ESSA MULHER FELIZ.
- Bella, você está sendo confusa. Você precisa passar por
isso. Para controlar suas ações e olhe para você, já está
ofegante em meia conversa. – Edward sentou na cama e
tentou me puxar pra si.
- NÃO QUERO SABER, QUERO ELA FORA! – gritei sem
realmente saber porque estava gritando e bati a porta do
banheiro com força. Lágrimas quentes e grossas rolaram pelo
meu rosto. Eu não queria gritar com Edward. Eu queria que
isso passasse. E logo.
Apesar de tudo, eu achava que estava bem. Edward
arrumou outra professora que era doce e simpática, porém,
normal. Ela sabia ser firme quando fazia corpo mole e no fim,
sempre passava um relaxamento, meditação, sei lá, qualquer
coisa que me dava sono e perdia a coragem de ficar irritada
com ela por me fazer deitar sobre a cabeça e ficar de cabeça
pra baixo. Ela também colocava musiquinhas engraçadinhas
com ritmo estranho. Era bom de ouvir.
Meu fisioterapeuta era um porre. Corra mais um pouco,
Bella. Só mais um pouco. Vamos Bella, você consegue.
Respire fundo, faltam só mais vinte minutos... E blá blá blá. De
pouco em pouco estava correndo 1 km. Eu queria matá-lo no
fim. Tinha alongamentos que parecia que meu pulmão ia sair
pelo ouvido. Às vezes – quase sempre – Rosalie me
acompanhava. Ela e sua barriga de sete meses. Muitas vezes
ela passava o dia rindo e tive a série desconfiança que ia só
para se divertir.
Eu despejava minhas irritações em Edward. Nós
brigamos quando eu quis parar. Brigamos quando eu não sai
da cama no dia seguinte e eu briguei porque estava brigando
sozinha. Eu estava em uma confusão emocional enorme.
Ainda assim, acreditava estar bem. Já tinha superado as
crises de choro quando pensava em Victória. Meu corpo
apenas tremia um pouco e lágrimas castas caiam. Não era
porque estava esquecendo e sim porque em algum momento,
a gente deixa de sofrer fortemente.
As férias de verão estavam acabando, eu sabia disso,
mas pouco importava. Meu ultimo semestre na faculdade tive
boas notas. Meu medo era o próximo. Eu queria
desesperadamente estar boa para concluir o curso e ficar
pendente apenas o ultimo semestre, com meu trabalho de
conclusão de curso, que me fazia ter menos horários na
faculdade.
Eu continuava jurando minha sanidade e escondendo os
sonhos ruins que tinha toda noite. Edward perguntava todo dia
se tinha sonhado com algo. Eu negava. Ele não precisava
saber disso. As coisas começaram a sair do meu controle, em
uma noite que quis comemorar seu aniversário. Estava mais
perto do meu do que do dele, mas como passamos no
hospital, eu quis mesmo assim, sair, comer uma pizza, colocar
o pé fora de casa, respirar a fumaça dos canos de descargas
dos carros ou asfalto queimado.
Eu me arrumei simples, não sentia mais dor no corpo e
nem nada. Já podia me virar basicamente sozinha. Estava
louca para devorar algo inteiro. Se conseguisse, é claro. Eu
acabei com uma anemia nesse meio tempo e minhas
vitaminas triplicaram. Se eu não as tomasse, era uma
fraqueza chata.
Na garagem do prédio, estava muito bem andando de
mão dada com Edward, conforme ele me contava seu dia na
empresa e eu engolia minha saudade de trabalhar para ouvi-
lo melhor. Nós estávamos bem, tranquilos e eu feliz por ele
estar em casa. Passar o dia sozinha estava me consumindo
lentamente. Uma hora eu ia surtar.
Edward continuava falando e ri para seu comentário.
Quando um estouro aconteceu e eu gritei a pleno pulmões,
completamente assustada, cheia de medo me agarrei a
Edward. Tudo que tinha acontecido foi o vizinho deixando cair
sua pasta de trabalho quando saia do seu carro.
- Não quero mais sair, Edward. – sussurrei e sem dizer
nada, me levou de volta ao apartamento.
- Você quer que eu peça a pizza? – perguntou-me baixo.
- Não. Eu vou dormir. – sussurrei querendo me esconder
com vergonha. Eu era tão fraca!
Deitei na cama sem tirar a roupa e afundei o rosto no
travesseiro. Não preciso contar até cinco para sentir Edward
me abraçar. Eu dormi nos seus braços, me sentindo uma
idiota e com medo de ter ferido seus sentimentos. No dia
seguinte ele não falou sobre o acontecido, o que me deixou
confusa e ao mesmo tempo temerosa.
Edward ia cansar de mim. Ele ia arrumar outra mulher
mais segura de si, sem estar com uma confusão emocional,
com medo da sombra e de qualquer barulho estranho. Uma
mulher que não está privando-o de uma vida sexual porque
não pode ainda. Apesar de sentir muita falta, era como se
fosse virgem novamente e não tinha noção de como chegar e
conversar com Edward sobre isso.
Para o café, eu fiz um bolo caseiro e comemos na cama
vendo televisão. Naquela tarde ele precisou sair e então fui
dormir. Estava meio silencioso o apartamento e o filme que
passava n tevê era bom, mas não prendeu minha atenção.
Meio cochilava e ouvia suas falas. Até que um estalo me
acordou e tudo ficou escuro.
Saltei da cama com o coração batendo no cérebro. Tudo
estava apagado, nada funcionava e comecei a entrar em
pânico. Não quis sair do quarto com medo e freneticamente
liguei para Edward.
- Tá tudo escuro... – choraminguei quando atendeu ao
telefone.
- Eu sei baby, apagão na cidade. Não sei o que houve...
- Vem pra casa. Estou com medo. – chorei copiosamente.
- Estou indo amor, fica calma, ainda estou no trigésimo
andar. – Edward falou docemente e podia ouvir sua respiração
ofegante. – Bella, fala comigo...
- Edward, eu não quero sair do quarto. Se alguém entrar
aqui? – solucei
- Ninguém vai entrar aí. Demetri está bem do lado de fora.
– Edward tentou me tranquilizar. – Ele vai aparecer aí.
Foi então que ouvi um barulho vindo da sala. Eu podia ter
consciência de ser Demetri, mas isso não me impediu de gritar
e acabar batendo com o dedinho na quina da cama. Doeu pra
caramba! Eu podia ouvir Edward me chamando ao telefone,
mas me encolher na cama foi tudo que fiz. Coloquei o
travesseiro na cabeça e tentei controlar meu corpo tremendo
fortemente.
- Ela esta aqui, deitada e não me responde. – ouvi
Demetri falar, provavelmente com Edward no meu telefone. –
Ok. Sim senhor. Bells, estou na sala. Não precisa se
preocupar.
Não sei quanto tempo se passou, mas as luzes de
emergência se acenderam e Edward surgiu, ofegante e suado,
sem terno, com a blusa aberta e cansado. Comecei a chorar
pela culpa de fazê-lo vir correndo porque sou medrosa. De
joelhos na cama, me joguei em seus braços, murmurando
desculpas entre soluços.
- Baby, olhe pra mim. – Edward pediu baixo. Mudei-me
em seu colo para fita-lo, ainda morrendo de vergonha – Você
não pode ficar assim. Está gelada e tremula.
- Eu quero me mudar logo, Edward. Eu quero sair daqui
e o no próximo apagão, eu não vou estar sozinha, no ultimo
andar, com medo de alguém invadir o apartamento e me levar
de novo. – solucei voltando a chorar.
- Tudo bem. Nós vamos nos mudar amanhã, se for o
caso, mas você também começa um acompanhamento
psicológico.
Abri minha boca para contestar, mas fiquei quieta.
Edward nunca tinha usado aquele tom de voz cortante e firme.
Ele estava cansando de mim. Ele ia me deixar.
- Tudo bem. – miei.
- Eu respeitei sua escolha de tentar superar o acontecido
sozinho, mas agora não dá mais.
Ai meu Deus.
O “não dá mais” ficou martelando na minha cabeça, como
um papagaio repetindo. Eu tinha acabado com meu
casamento. Um frio me atingiu na espinha e eu quis gritar,
chorar e ter um colo de mãe. Ele não podia me deixar.
- Não me deixa, por favor. – murmurei baixinho.
- O que você falou? – Edward segurou meu queixo
levemente e eu tinha a visão embaçada de tanto chorar –
Amor... Você falou o que eu acho que você falou?
- Eu não sei o que você acha que eu falei...
- Bella, você acha que eu vou te deixar? – perguntou-me
sério e sem realmente olhá-lo assenti lentamente. – Por que
você acha isso?
- Eu não tenho sido uma boa esposa. – resmunguei
cruzando os braços sobre o peito, me afastando dele
levemente, olhando na direção oposta – Eu tenho tido crises
emocionais fortes. Hora estou chorando, dependendo de
você, hora estou gritando porque não quero uma coisa e estou
realmente irritada. Você ficou sem trabalhar direito, tendo que
me ajudar com banhos e até pentear meus cabelos! Você ficou
noites acordados verificando se eu estava bem ou com dor.
Você ficou com bolsas sob os olhos e sem falar na quantidade
de tempo que nós não somos... Íntimos... – sussurrei a ultima
parte.
Edward ficou imóvel e em silencio por algum tempo e
quando reuni coragem para olhá-lo, ele estava rindo. Eu
realmente não achei graça e fiquei com raiva. Fechei minhas
mãos em punhos e comecei a bater nele. Depois de me deixar
socá-lo, Edward segurou minhas duas mãos no alto e me
jogou contra o colchão, deitando seu corpo sobre o meu ainda
com aquele sorriso estupido no rosto.
- Acabou gatinha raivosa? – perguntou-me beijando meus
lábios levemente – Você fica linda com raiva... – beijou-me
novamente e se afastou para me olhar bem dentro dos olhos
– Em primeiro lugar, tudo que eu fiz por você é porque eu te
amo e sou seu marido, Bella. Eu nunca vou deixar de cuidar
de você, entende? E faria tudo de novo. Você precisava de
mim e na minha vida, você vem em primeiro lugar.
- Desculpa por ter gritado com você.
- Baby, você não sabe o quão sexy você fica quando está
com raiva e gritar comigo realmente não é um problema. Você
está confusa com suas emoções e o médico conversou
conosco, lembra? Isso iria acontecer... Talvez não tão intenso
se você estivesse indo ao psicólogo desde o inicio... – Edward
provocou e eu fiz uma careta. – Só que nós resolvemos esse
problema e esse assunto está encerrado.
- Você vai comigo? – perguntei baixinho.
- Claro que sim.
- Ok... – suspirei nervosa – Nós vamos amanhã?
- Sim. De tarde. Vai fugir?
- Não... – sorri e aproveite para tomar iniciativa e beijá-lo
com vontade. Foi como ir ao céu quando ouvi Edward gemer
na minha boca. Como sentia falta desse som. – Amanhã
também tem consulta com o cardiologista... – sussurrei
querendo que ele entendesse meu ponto.
- Eu sei. Vamos almoçar na rua e depois vamos às duas
consultas...
- Edward... Você entendeu.
- Baby eu preciso que você me diga – Edward me fitou
intensamente – Eu sou seu marido e nós já cansamos de fazer
isso. Apenas fale...
- Eu sinto sua falta... Muito. Falta dos seus beijos mais
intensos, dos carinhos provocantes, da força dos seus
braços... Eu cheguei a um ponto que não posso ver você
trocar de roupa. – choraminguei e ele riu de novo – Isso não
vai ficar legal se continuar rindo.
- Eu sei amor, eu também sinto sua falta. Em todos os
aspectos... – Edward sussurrou no meu ouvido, abrindo mais
minhas pernas para se encaixar entre elas. – Eu te desejo
todos os dias e vou te desejar para sempre. – pressionou seu
membro deliciosamente contra meu centro. Infelizmente ele
se afastou – Nós só saberemos quando poderemos matar a
saudade um do outro feita coelhos amanhã. Só mais uma
noite.
- Diga pra mim que você vai tirar folga. E se aquele
médico filho da puta disse que não posso ainda, vou matá-lo.
Porque o desgraçado do Evans me fez correr quase três
quilômetros naquela esteira!
- Calma maratonista! – Edward riu fazendo cosquinhas –
E está mais calma agora? Sem duvidas na cabeça?
- Uhum. – sorri realmente me sentindo mais leve – Bom,
eu estou com fome. Vamos pedir pizza e ver um filme?
- Soa perfeito pra mim... Vai ser o quê? Uma calabresa e
uma havaiana? – perguntou levantando-se e provavelmente
procurando seu celular.
- Sim. Coca-Cola também! – gritei da cama, enquanto
zapeava os canais de televisão. Meu celular tocou no meu
bolso. – Oi barriguda!
- Vão fazer o que agora? – perguntou-me bocejando –
Estou de saco cheio de ficar sozinha com Emmett.
- Nós vamos assistir a um filme e comer pizza, quer vir?
- Acho que sim. – respondeu-me – Estou indo para casa
de Bella, seu chato. – ouvi a risada de Emmett antes de a
ligação ser encerrada.
- Edward, Rosalie está vindo, peça mais uma pizza! –
gritei da cama.
- O que ela tem? Está enjoada de Emmett? – perguntou-
me rindo e tirando sua roupa no closet. Fechei os olhos e fui
atender a porta sem respondê-lo.
Tentei não me abater. Só mais uma noite, pensei comigo
mesma. Mais uma noite e eu pulo em cima dele feito uma
louca tarada.
Rosalie estava do lado de fora, com uma calça de ioga e
blusa leve, marcando bem sua barriga fofa. Beijei primeiro sua
barriga e depois beijei a bochecha.
- O que aconteceu?
- Ele fica me irritando! Estou falando sério... Toda hora é
uma piadinha ou aquele maldito vídeo game. – rosnou irritada.
- Emmett sempre foi assim, Rosalie – sorri docemente
puxando-a até o quarto. – Ele é irritante por natureza.
- Agora fique grávida e ature aquilo. – riu e deitou na
cama. – Oi Edward.
- Oi bebê – Edward beijou a barriga antes de dar um beijo
estalado na bochecha dela
- Fui trocada.
- Sabe que não é nada pessoal, cunhada. Eu te adoro! –
Edward piscou e sorriu torto, deslumbrando Rosalie.
- Estupido! Pare de deslumbrá-la! – bati nele e a
campainha tocou – É Emmett!
- Espero que seja a pizza. – Rosalie murmurou alisando
sua barriga e eu ri batendo na bunda de Edward quando ele
foi atender a porta.
- CADÊ A PIZZA? – Emmett rugiu e cai na gargalhada
com a revirada de olhos de Rosalie. – Oi amorzinho do papai.
- Deixe-me Emmett.
- Estou falando com meu filho. – provocou e ela deu um
sonoro tapa nele. – Ok, desculpe baby. Eu achei que você
estava brincando...
- Eu não estava Emmett Cullen. E agora fique calado.
Não sei como, mas ficamos todos na mesma cama
assistindo vários filmes e devorando mais coisas além da
pizza. Eu dormi me sentindo pesada e feliz. Fazia muito tempo
que não dava um sorriso genuíno e Edward parecia eufórico
com isso. Eu gargalhei tantas vezes que ele chegou a fazer
cosquinha, querendo ouvir mais vezes, afirmando o quanto
sentiu saudades delas. Eu sonhei com nós dois e a nova casa.
Eu ia fazer 24 anos e completar dois anos ao lado do homem
da minha vida. Eu podia superar qualquer coisa.
Eu era Isabella Cullen. Um Cullen nunca desiste.
.~.
Eu estava nervosa! Muito nervosa! Edward segurou
minha perna de tanto que sacodia esperando o médico ler
todos os exames e simplesmente dizer que parte desse
inferno ia embora.
- Bom... Isabella, eu devo lhe dar os parabéns. Seus
exames finalmente estão batendo com sua idade. Pode dar
adeus aos remédios.
- Exercícios físicos também?
- Eu aconselho que continue, sempre é bom manter a
forma. – deu os ombros – Talvez se você correr no parque, vai
ver que é divertido. Tente ao menos uma vez.
- Ok...
- E, o sinal está verde para suas atividades normais.
Trabalho, sexo, estudos e qualquer outra coisa que fazia
antes. Eu só peço que verifique sempre sua pressão e se
sentir algum desconforto, como aquela queimação ou
tremedeira, volte o mais rápido possível. Não tome nenhum
medicamento antes de falar comigo.
- Existe alguma possibilidade disso acontecer? –
perguntei nervosa
- Não necessariamente, mas é bom ficar de olho por
enquanto. E você tem planos de engravidar?
- Sim. Em breve. – respondi rápido e o aperto de Edward
quase esmagou meu joelho. – Que foi? – sussurrei e ele riu,
sacudindo a cabeça como se fosse nada.
- Quando isso acontecer, gostaria de lhe ver novamente.
Nós precisamos saber como seu coração vai lidar com
emoções nos próximos meses.
- Mas é saudável termos um bebê, certo? – Edward
perguntou hesitante.
- Sim. Bella não tem um problema congênito, apenas não
sabemos se é genético ou qualquer outra coisa. Ela tem
facilidade com pressão alta e isso pode causar algumas
mudanças na gravidez.
- É mais por precaução, correto?
- Exatamente, Isabella. Então, é isso. Parabéns pela sua
recuperação. Você foi ótima!
- Obrigada, Dr. Clearwater. – agradeci sorrindo. Eu
realmente estava feliz com isso.
- Boa sorte a vocês.
- Então, nós vamos ter um bebê? – Edward perguntou
sorrindo daquele jeito criança em manhã de natal.
Eu o ignorei. Edward ficou sorrindo feito um bobão até
chegarmos ao consultório da psicóloga. Eu fiquei quieta,
mordendo os lábios para não rir. Demorou apenas uns
minutos para ser atendida. Edward não pode entrar comigo na
seção em si, mas fui com a cara da doutora. Nós resolvemos
nos dividir por etapas e por isso começamos com a minha
infância. Ela me fez lembrar coisas que jurei não ser possível.
Ainda assim foi bom. Muito bom. Eu estava leve e feliz por
cuspir minhas dores relacionadas ao meu crescimento e a
morte dos meus pais.
Eu teria uma seção por dia, durante uma hora e meia,
com ela e em grupo. Ela me prometeu sigilo e cuidado com
minhas informações. Naquela noite, eu disse a Edward que
nós teríamos que usar camisinha. Ele não pestanejou como
imaginei. No dia seguinte ele tirou o dia de folga e nós não
saímos do quarto. Para nada.
Eu mal podia acreditar quando voltei a trabalhar e ir para
a faculdade. A terapia estava muito boa, às vezes eu saia
chorando e com raiva da Dra. Lucy. No dia seguinte estava
pronta para mais uma. Como hoje, eu fui muito bem na terapia
de grupo, fui a faculdade e tive duas aulas e agora estava a
caminho da minha nova casa.
- Baby, onde você está?
- A caminho de casa e você?
- Estou te esperando para entrarmos juntos. – respondeu
– Sentado no seu jardim.
- Nós já entramos nela, Edward.
- Não oficialmente. Tipo, agora não existe mais o
apartamento. – rebateu e pude vê-lo batendo o pé. – Carmelita
veio me perguntar vinte vezes se preciso de algo.
- O que nós faremos hoje à noite para começar a
comemoração do meu aniversário?
- Eu penso em nós dois nus, em cima da cama, na
banheira, atrás da porta...
- Soa um excelente plano pra mim. – provoquei – Quem
sabe possa finalmente fazer um desfile com todas aquelas
coisas que comprei. Eu preciso saber se você gosta.
- Fique a vontade. Só não se apegue emocionalmente a
nenhuma delas, ok? Talvez eu possa me empolgar em vê-la
fora dela. – Edward riu e eu miei, imaginando.
- Está vendo o portão abrindo? – perguntei animada –
Cheguei.
- Graças a Deus.
Edward me ajudou a sair do carro e me deu aquele beijo
quente que me fez corar pensando que alguém tinha visto,
mas era impressionante a facilidade dos nossos funcionários
em sumirem de vista em momentos como esse. Rindo da
minha preocupação, provoquei-o sobre se ele tinha comprado
à caixa de camisinha, ele concordou feliz demais. Edward
sabia que esse era o passo mais próximo da noite que eu diria
que nós não iriamos usar mais.
Eu fiz exames e suspendi mesmo o uso de
anticoncepcionais. Só que ainda iria brincar um pouquinho
com isso. Eu só esperava que Edward me engravidasse logo,
porque minha mania de calcular as coisas e o tempo queria
estar grávida no natal ou bem antes. Nós abrimos à porta da
casa e fomos surpreendidos com confetes voando para todo
lado.
- SURPRESA!
É claro que a família Cullen não ia deixar passar meu
aniversário. Nunca. E eu estava mais que feliz com isso.
Principalmente depois dos últimos meses.
- Beaaaaaaah! – Ethan gritou atraindo minha atenção. –
Beaah!
- É isso mesmo que ele está falando meu nome? –
perguntei emocionada, pegando o grande rapazinho de 1 ano
e meio no colo.
- Sim, ele também chama Edward. – Charlotte riu vindo
me abraçar – Parabéns gatinha!
- Espero que Joseph fale mamãe antes de Bella ou
teremos um problema sério. – Rosalie riu com toda sua
imensa barriga de nove meses, vindo me abraçar – Estou
muito feliz em comemorar mais um ano com você. Eu te amo.
- Eu também te amo e vá se sentar. Você está de repouso
absoluto.
- Credo, parece Esme.
- Eu ouvi isso Rosalie Lillian! – Esme interveio puxando-a
para o sofá – Meu neto pode nascer a qualquer momento,
vamos parando, ok? Sentadinha.
Fiquei observando Ethan dar seus passos pela casa,
sozinho, mexendo em tudo, dando mais cabelos brancos aos
loiros perfeitos de Peter. Alice com Ian no cantinho, Esme com
Carlisle paparicando Rosalie com Emmett. Carmelita andava
para todo lado servindo coisas, enchendo copos de sucos,
bebidas e Demetri ria do seu nervosismo.
- Então, senhora vinte e quatro anos, você está feliz?
- Você sabia disso, é?
- Claro! Ninguém entra na minha casa sem minha
permissão. – piscou sorrindo torto.
- Hum... Eu estou amando tudo isso. Eu agora amo
comemorar meu aniversario e esse ano eu não esqueci. –
provoquei abraçando-o.
Nós ficamos na minha pequena festa até quase oito horas
da noite. Agora com todos nós bem perto um do outro, era
mais fácil, gostoso e divertido. Carmelita foi embora no seu
horário e Demetri foi para a parte da frente da casa, comer
pizza e assistir um jogo com os outros rapazes. Edward estava
no quarto jogado na cama, com a televisão ligada, esperando
que eu saísse do meu banho. Que eu demorei de proposito.
Quando começamos a namorar um pouco mais tarde
naquela noite, Edward fez menção em puxar a camisinha e eu
neguei. A partir de hoje e até o momento que soubesse do
resultado, nós não sairíamos mais do time de tentadores. Ele
falou soltar fogos de felicidade. Dormi com a sensação
gostosa no peito de estar fazendo a coisa certa. Eu olhei para
Edward e quis muito um bebê pequeno no seu colo.
O celular insistente me acordou no meio da madrugada.
- O que é? – resmunguei sem realmente ver quem era.
Edward acendeu a luminária.
- A BOLSA ROMPEU. – Emmett gritou
- Compra outra. – murmurei sonolenta e então a ficha caiu
– AI MEU DEUS, ESTOU CHEGANDO!
- Que gritaria! – Edward assustou-se e então, ele também
entendeu o que era, pulando fora da cama.
Nós nos vestimos correndo, eu tenho certeza que minha
blusa estava ao contrário e amassada. Escovei os dentes
enquanto Edward me ajudava a prender meu cabelo. Foi uma
correria engraçada. Rosalie era a única calma no meio de
todos nós. No hospital, apenas Emmett entrou com ela e
Edward parecia o pai do bebê de tão ansioso que estava!
Foram horas, longas horas até que finalmente apareceu o pai
mais feliz do universo.
- É menino!
Dã! A gente já sabia, mas não impediu de comemorarmos
feitos loucos. Meu afilhado tinha nascido no meu aniversário.
Fiquei tão imensamente feliz. Mais algumas horas fomos
autorizados a vê-los. Rosalie não parecia que tinha encarado
um longo parto, estava linda, exuberante e feliz.
Um pequeno pacote azul estava no colo de Edward, que
olhava emocionado para o bebê. Seu sobrinho, mais uma
geração dos Cullen reinando. Foi então que aquela sensação
de ter a barriga vazia demais me abateu. Eu queria aquela
cena. Eu queria Edward segurando nosso próprio pacote azul.
Quando foi a minha vez, eu não contive as lágrimas. Ele era
lindo. Loirinho, com os olhos verdes do pai e covinhas. Já
estava sorrindo.
Eu me apaixonei por ele. Foi à primeira vista e comecei a
contar mentalmente os dias até finalmente estar grávida.
Agora eu queria meu bebê. Rápido.
Capítulo 27
Parachute
- Você é lindo, meu menino. – sussurrei com Joseph no
colo. Era seu primeiro mês, e eu como sua madrinha e
babona, estava em cima dele feito uma maníaca. Rosalie
disse que ia verificar algo na cozinha e me deixou sozinha com
ele, dormindo.
- Olá, você fugiu da faculdade para vê-lo, é? – Alice
rodopiou até a mim – Vou lavar as mãos, já volto.
- Quem disse que você vai segurá-lo? – rebati rindo
levemente. – O afilhado é meu.
- Sinto muito Bells, mas eu vou segurar esse menino. –
provocou-me do lavabo da sala. – Deixe-me ficar com ele, por
favor. – pediu docemente e bufando, entreguei.
- Só porque preciso ir trabalhar. Cuide bem dele e diga a
Rosalie que já volto. – beijei sua testa – Você e Ian ainda vão
sair conosco no final de semana?
- Claro. Eu vi alguns lançamentos... Vai ter um de ação,
talvez os meninos gostem.
- Ok. Ate mais!
.~.
Fiquei presa uma hora no trânsito e quase passei mal de
fome. Demetri conseguiu ir a uma padaria e comprou umas
coisas pra mim e deu tempo de ainda ficarmos presos.
Quando faltou apenas algumas quadras, eu não aguentei
mais. Fui a pé com um maldito salto agulha de dez
centímetros. Minha cara de poucos amigos foi tirando as
pessoas da minha frente. Outubro já estava começando com
aquele friozinho e eu me encontrei suada, com os cabelos
soltos meio desengonçados.
- Edward já almoçou? – perguntei a Jéssica.
- Não, ele inclusive estava resmungando que você não o
atendeu o dia inteiro. – sorriu docemente, me entregando
minha agenda. Ângela provavelmente estava em seu horário
de almoço. – Ângie não veio hoje... Ela estava passando muito
mal. Ben ligou esta manhã.
- Sem problemas... – sorri imaginando que era a terceira
vez que passava mal. – Eu vou ligar e saber se está tudo bem.
Você pode perdi pra mim salada com molho branco, capeletti
de frango, milk shake de morango com aquela calda de
chocolate e acho que só.
- Só? – Emmett riu do meu pedido. – Traz um milk shake
desse pra mim também. – pediu me abraçando – Tem tempo
pra mim?
- Tenho cinco minutos antes do meu almoço. Já aviso que
estou com fome e sem paciência. – resmunguei entrando na
minha sala e já indo até a porta adjacente do escritório para
ver Edward. – Cheguei gatinho.
- Oi gatinha. – Edward riu tirando seu paletó e afrouxando
a gravata.
- E então, o que você precisa?
- Eu preciso das ultimas notas do mês de agosto.
Algumas coisas se perderam... – respondeu-me.
- Minha segunda gaveta tem essas pastas. Pode
procurar. – dei os ombros tirando meu sapato, prendendo o
cabelo e já no limite da minha fome.
- Edward!
- Calma! Estou aqui.
- Pega minhas pastilhas... Eu estou começando a me
sentir zonza. Eu comi dois pães de queijo, mas ainda não fez
efeito nenhum.
- Você verificou sua pressão hoje? – perguntou-me
entregando três bolinhas, uma amarela, azul e outra verde. –
Ou só não tomou as vitaminas de hoje?
- Só esqueci-me das vitaminas. – respondi dando meu
melhor sorriso inocente. Talvez eu tenha batido os cílios
também.
- Espertinha.
- Gostoso.
- Estou aqui ainda! – Emmett gemeu – Sério, vocês
precisam parar com isso. Todos sabem que quando as portas
estão trancadas é porque algo está acontecendo aqui dentro.
- Não tenho culpa se tenho vontade de atacar meu
marido. Rosalie faz o mesmo, que eu sei. Acredito que Joseph
foi feito na sala de reuniões.
- Vocês calcularam isso? – Edward perguntou incrédulo.
- Sim, claro. Precisávamos saber. Mulheres e suas
curiosidades. – dei os ombros e ele riu, massageando meus
pés.
- Terminei, bom almoço família. Estou indo embora agora.
Qualquer coisa me liguem, ok? – Emmett despediu-se de nós
com um sorriso bonito. Ele estava indo para casa ver seu
pequeno homem e sua esposa.
- Comida! – Jéssica entrou com nossos pacotes. – Estou
indo ao meu almoço agora, estou no celular.
Eu realmente não ouvi o que ela falou, apenas concentrei
minhas emoções na comida. Eu ficaria bem e feliz depois que
comesse e matasse quem me matava. Edward riu do meu
desespero e da quantidade de comida que ingeri, mas Evans
ainda me fazia correr todos os dias de manhã e aos poucos
foi acrescentando outros exercícios de ginasticas. Eu podia
dizer que tinha uma meia perna torneada e alguns quilos a
menos. Edward reclamou que eu estava muito magra no inicio,
mas acho que foi mais adaptação. Hoje minhas calças
voltaram a parecer bonitas em mim.
Nós trabalhamos até tarde e eu mal via a hora de
finalmente chegar em casa. Tomar banho e dormir. Era tudo
que mais queria, mas Edward parecia ter outros planos. Foi
então que percebi que tínhamos um jantar importante naquela
noite. Eu tinha esquecido completamente. Em casa corri de
um lado ao outro, escolhendo roupas, me maquiando – coisa
que finalmente conseguia fazer sozinha e muito bem – e ele
ria, sentado na cama, pronto, só me esperando.
Ouvi o chorinho de Joseph e Rosalie entrou com o
menino no colo, trazendo um par de brincos dela que
combinava com minha blusa, essa divisão de quintal veio a
calhar como uma perfeição. Enquanto Edward brincava com o
bebê, ela fez cachos com babyliss e me mandou calar a boca
duzentas vezes. Ninguém acreditava no quão chata estava
com aquele jantar. Aquele casal estava endividado, eram
donos de uma boa empresa que tinha até filial em Londres,
mas ela era chata demais. Enquanto queria conversar com os
homens, eu tinha que dar atenção à mulher botox.
Talvez o marido veio falir de tanta plástica para ficar
parecida com a barbie.
No meio da noite, comecei a me sentir mal. A conversa
estava sufocante e nem Alice conseguia cozinhar algo tão
ruim como aquela comida. O vinho tinha gosto de ferrugem e
estava descendo torto na garganta. Eu tinha certeza absoluta
que meu estomago estava querendo jogar fora a taça que
ingeri por educação.
- Jantar horrível. E o vinho? O que era aquilo? Eu
realmente estou com fome. – Edward comentou quando
entramos no carro, felizes por finalmente estarmos indo
embora. Demetri soltou uma risadinha e comentou que a pizza
do outro lado da rua estava maravilhosa. Estupido, ele
adorava tirar sarro. – Tre, você vai virar uma pizza um dia.
Você come outra coisa? – Edward provocou e os dois
começaram um papo sobre comida.
Deitei minha cabeça no ombro de Edward, sentindo-o
brincar com minha aliança enquanto conversava. O vinho, oh
sim o maldito que estava querendo sair. Ele era horrível. Me
sentia suar frio enquanto salivava loucamente.
- Parem o carro! – pedi e eles não me ouviram – PAREM
O CARRO! – gritei e Félix freou bruscamente, conduzindo ao
acostamento. Antes do carro realmente parar, estava fora dele
expelindo o maldito vinho. – Droga, eu odeio quando isso
acontece.
Edward tirou seu lenço e me entregou, ajudando a limpar
minha boca.
- Preciso de uns minutos... – pedi e ele assentiu
levemente, me puxando para encostar no carro. Foi então que
vi um paparazzi registrando tudo – Ah não...
- Demetri, pegue a câmera do rapaz. Apague as fotos. –
Edward pediu, mas ele já estava indo em direção ao cara,
acho que antes mesmo que pudesse vê-lo.
- Eu sinto o gosto daquela comida horrível. –
choraminguei
- Se você se sentir melhor com isso... Eu também. –
Edward riu e eu acompanhei.
- Podemos ir agora. Estou melhor.
Assim que chegamos em casa, Edward procurou um
remédio para enjoo para nós dois. Tomamos rindo porque até
ele, que dificilmente enjoava com as coisas, precisou de um.
Eu dormi tendo pesadelos com mulheres-barbies, plásticas e
vinhos com gosto de ferrugem. Acordei Edward, que tinha
retornado ao seu velho habito de dormir feito pedra e nós
estávamos atrasados. Muito.
De manhã cedo nós saímos disparados. Cheguei à
faculdade me sentindo zonza de sono. Alice riu da minha
pressa e me entregou suas anotações da aula. E só naquele
momento ela contou que tinha ido aquele restaurante com Ian
e foi muito ruim.
- Vou tentar não ficar com raiva de você. – brinquei
quando saímos da sala e vimos Ian nos esperando no lugar
costumeiro.
- Olá Beah, tudo bem? – brincou imitando Ethan. – Vocês
conseguiram entender aquela matéria do Juan? Eu acho que
preciso de reforço nessa. E isso no ultimo período, quando
achei que só ia farrear.
- Eu entendi mandarim, mas não seu calculo. Vou tirar
nota baixa, porque na semana da prova, eu tenho uma viagem
com Edward. Eu não vou estudar.
- Eu entendi. – Alice riu de nós dois – Ok, eu ajudo vocês.
Ian apenas riu e despediu-se de Alice, indo a sua sala.
- Como se eu tivesse pedido. – resmunguei sobre a
respiração e ela me beliscou, de repente ficando séria. – Que
foi? – perguntei seguindo seu olhar e dando de cara com
alguém que pensei que nunca mais iria ver. – Jasper! –
falamos juntas.
- Oi meninas. – Jasper cumprimentou, mas não me
olhando. Seu olhar estava focado em uma Alice congelada no
lugar, branca feito a parede. – Alice?
- Hum... Oi Jasper. – murmurou insegura – O que você
está fazendo aqui?
- Eu vim acompanhar Maria em um curso.
Vou vomitar. Esse pensamento correu bem forte e a
primeira lixeira que encontrei, botei para fora meu café da
manhã.
- Jasper, foi um prazer revê-lo, mas Bella está passando
mal agora e eu preciso ajudá-la. – Alice foi sincera, eu a
conhecia o suficiente para isso. Sua atenção se voltou pra mim
tal como Edward fazia – Quando eu fui nesse restaurante com
Ian, ele ficou mal por dias... Você trouxe o seu remédio?
Quando pensei em responder, meu celular tocou e vi
Demetri saindo da lanchonete para minha direção.
- Bella, estou encerrando o dia hoje. Estou me sentindo
muito enjoado e com dor de cabeça forte. – Edward soou
desanimado do outro lado da linha.
- Eu imagino. Acabei de pagar meu maior mico
universitário no corredor do curso. – resmunguei
envergonhada.
- Vem pra casa também...
- Estou indo. Até daqui a pouco.
Eu ainda me sentia um porre e Alice riu docemente da
minha vontade de me esconder na pilastra.
- Eu realmente não sabia que vocês iam lá. E que escolha
de mau gosto. Ele tem recebido várias criticas negativas. Eu
fui uma das primeiras a publicar no twitter uma.
- Foi o cliente que escolheu e se você olhar a mulher dele,
vai saber que bom gosto não é uma de suas virtudes. – miei
- Alice... – Jasper chamou meio hesitante e nós duas
pulamos assustadas. Pra mim ele tinha ido embora há muito
tempo. Pelo visto, para Alice também. – Talvez não seja o
melhor momento, mas eu gostaria de conversar com você.
Talvez um jantar...
- Pra quê? – Alice rebateu friamente. Ela era tão igual a
Edward que me assustava. O olhar assassino era idêntico.
- Bom, tem tempo e nós terminamos...
- Você falou algo certo. Tem tempo. Tem tempo que você
foi embora depois de ter prometido pra mim que iria ficar em
Nova Iorque. Tem tempo que Maria espalhou durante o
colegial inteiro que eu roubei você dela e nós dois sabemos
que não foi assim e quando você voltou a ela, saiu noticias em
todos os jornais confirmando os atos do passado. Tem tempo
que na primeira oportunidade de ser o garoto de Harvard você
escolheu sem nem ao menos considerar em me contar. E olha
que eu era a sua namorada à quase três anos. Tem tempo
mesmo, Jasper. E agora você tem dois segundos para
desaparecer da minha frente, porque eu não tolero traição, eu
não tolero mentira, eu não tolero covardia e não tolero que em
qualquer hipótese coloquem o sobrenome da minha família
em qualquer crítica negativa. – respirou fundo, o que achei que
ela fosse explodir ou arrancar meus dedos – Eu sou Mary Alice
Masen Cullen, querido. Aquela que teve seu primeiro
namorado jogando na cara que namoro de colegial não
sobrevive a faculdade e também aquela que hoje não quer vê-
lo pintado de ouro porque não merece estar no mesmo
ambiente que eu. Se você quiser voltar nessa instituição para
acompanhar sua namoradinha fofoqueira, aconselho que dê
meia volta e nunca mais chegue perto de mim com esses
olhinhos de arrependimento. Eu posso fazer com que você
nunca mais seja recebido bem nesta cidade. Aproveite
enquanto eu deixo você respirar aqui. Estamos
completamente entendidos?
Eu fiquei tão chocada com suas palavras que vomitei
novamente. Alice praticamente entrou em desespero e me
puxou em direção ao banheiro. Eu não sabia se ela estava
nervosa porque eu estava verde feito chuchu ou porque tinha
acabado de dar um esculacho gigantesco no seu ex-
namorado que ficou branco feito vela em dia de enterro e
enfiou o rabo entre as pernas. Eu não sabia de 1/3 de tudo
aquilo, mas foi perfeito. Se não tivesse vomitado, tinha
aplaudido de pé. Ninguém mexe com a princesa, como diz
Edward. E eu não podia concordar mais.
Não aguentei mais ficar na faculdade e fui embora para
casa, agradecendo a Deus por estar sem transito, sem
bloqueio policial ou guarda qualquer que sempre atrapalha
meus horários. Cheguei em casa com felicidade e parei para
ouvir Carmelita cantando na cozinha enquanto Edward ria. Eu
reconheceria aquela risada em qualquer lugar.
- Pare de rir, menino.
- Impossível.
- O que vocês estão fazendo? – perguntei me fazendo
presente e vi Edward comer um enorme pedaço de bolo de
chocolate. – Você está bem agora?
- Deu vontade. Está tão bonito e ela acabou de fazer. –
respondeu-me com os lábios sujinhos de chocolate. – Tudo
bem? – sorriu torto e me aproximei, colocando as duas mãos
em seu rosto e lambendo o chocolate descaradamente.
- Tudo bem agora. – sorri tirando o garfo da sua mão e
comendo seu bolo – Delicioso. Receita nova Carmelita?
- Eu comprei um livro novo e quis experimentar. Tem
raspinhas de maracujá também. – respondeu-me alegre –
Gostaram mesmo?
- Por mim pode ter um desse todos os dias em casa. –
Edward respondeu dando outra garfada.
Nós dois acabamos com o bolo somente conversando na
cozinha antes do almoço. Eu não sei como ele teve disposição
para almoçar depois e ainda provoquei que se ele perdesse
aqueles gominhos lindos que tinha conquistado novamente na
academia, iriamos ter um problema sério. Apesar de adorar
quando ele tinha barriga o suficiente para dar aquela
mordidinha. Só para irritar. Eu o amava de qualquer jeito e o
irritante deste ato é ele ter plena consciência disso e continuar
comendo na minha frente, enquanto não conseguia ver nada
a minha frente.
Graças a Deus passou. Eu fiquei sabendo dias depois
que o restaurante foi fechado. Edward apenas deu os ombros
quando questionei que se ele tinha algo a ver com isso. Não
sei por que ainda ficava surpresa com esse tipo de coisa.
Eu ainda não estava sem por cento acostumada com a
casa. Dei muitas vezes de cara com a parede e entrei no
quarto errado. Era enorme e ficava com pena da equipe de
limpeza.
Minhas semanas de provas estavam me acabando e isso
me deixou tão nervosa ao ponto de simplesmente enjoar.
Fiquei dias enjoada pela manhã e comendo triplamente mais
até que Rosalie veio com um calendário bem na minha cara e
mostrou o que não via. Meu ciclo estava atrasado. Isso só
podia significar uma coisa. Tinha que significar uma coisa.
Naquela noite, continuei na minha, apenas estudando
para prova com ajuda de Edward. Eu não quis dar esperanças
a ele nem nada. Podia ser só um atraso e não queria essa
decepção. Só que internamente, contava as horas para poder
fazer um exame de sangue bem cedo. Apenas Demetri e
Rosalie sabiam dessa ida a clinica antes da terapia. Edward
chamou minha atenção várias vezes antes porque estava
desatenta e as duas vezes que errei o calculo, eu coloquei a
resposta a hora.
De manhã eu consegui sair antes de Edward, louca de
ansiosidade e nervosismo. Fechei os olhos durante a coleta
de sangue e pedi a Deus que tivesse boas noticias. Durante a
terapia, eu quase não consegui me conter de ansiosidade e
nervosismo. Dr. Lucy riu demais e me relaxou o quanto pode.
- Não foi à faculdade hoje? – Ângela perguntou-me
confusa
- Não. Preciso adiantar algumas coisas. Tenho uns
planos... – respondi imaginando que se trabalhasse, o tempo
passasse mais rápido.
Eu não vi Edward pela manhã inteira, só que isso não o
impediu de ligar e mandar mensagens a cada respiração. Ele
estava em reunião enquanto trabalhei em uns contratos
grandes com Emmett. Acabei pedindo uma caixa de bolinhos
sortidos e comi tudo antes mesmo que desse a hora do
almoço. Não era fome. Era ansiosidade.
- Você está ocupada? – Edward chamou-me na porta e
eu assenti – Vai ter um tempinho pra mim hoje? – perguntou-
me baixo, com aquele tom de voz carente e eu neguei séria.
- Só mais tarde, querido.
- Ok... – resmungou quando nem sequer olhei pra ele.
Fiquei com pena, mas não me movi do lugar até Demetri
entrar segurando meu envelope que podia mudar minha vida
para sempre. Nervosa, fiquei segurando o papel com medo de
abrir, tremendo de medo. Demetri saiu me dando privacidade
e eu quase quis sair correndo e contar a Edward... Mas e se
desse negativo?
Ele não iria suportar. Edward quer desesperadamente um
filho. Ou pelo menos deu a entender todas as vezes que disse
‘dessa vez eu vou te engravidar’. Suspirando, rasquei o
envelope, puxei o papel e li umas duas vezes até achar a
resposta. Malditos termos médicos. Até que a palavrinha
POSITIVO em negrito, no meio do texto, me trouxe a feliz
realidade que tinha um bebê de sabe se lá quantas semanas
dentro de mim.
Eu ia ser mãe.
Minha mão voou para minha barriga lisa e que ontem pela
manhã, fiz 150 abdominais para ficar sarada. Em pouco tempo
ficaria tão grande quanto de Rosalie.
Eu ia ser mãe. De verdade.
A verdade ainda não tinha me atingido, mas uma
sensação estranhamente gostosa foi subindo pelas minhas
pernas, causando um arrepio e um frio na barriga, dando aos
meus lábios meu melhor sorriso emocionado. Eu estava
casada e agora ia ser mãe. Isso, sem sombras de duvidas era
um adeus a Bella Swan solitária e solidificando de uma só vez
a Bella Cullen, esposa e agora, mãe.
Eu ia ser mãe. De um filho com Edward.
Li o papel mais uma vez, antes tirando os sapatos,
trancando a porta da minha sala, entrando na de Edward,
trancando a porta da sua sala, fui até o botão automático das
cortinas e fechei todas, deixando apenas as luminárias
acesas. Ele me olhava confuso porque eu chorava e ao
mesmo tempo ria como uma idiota. Fiz sinal que saísse da sua
mesa e sentasse no sofá. O nosso famoso sofá.
Confuso, obedeceu e puxei minha saia pra cima, dando
um vislumbre da calcinha de renda azul celeste. Seu olhar se
perdeu um tempo longo ali e quando apoiei meus joelhos para
sentar em seu colo, suas mãos já estavam na minha bunda,
puxando pra si e meus dedos enterraram nos seus cabelos,
começando um beijo violento. Era uma batalha de línguas e
gemidos. Ele devia estar amando aquela agressão de unhas
e a pressão que minhas pernas estavam causando ao seu
redor, conforme me esfregava nele com vontade. Eu estava
excitada, mas tinha uma notícia.
- Nós vamos tentar fazer o nosso filho aqui? – provocou
me beijando novamente e caminhando para rasgar minha
calcinha. Eu já conhecia seus movimentos.
- Não. – sussurrei. É agora, Bella. Mate o homem do
coração – Você já fez o filho em mim, papai. – escovei meus
lábios no dele e Edward congelou, provavelmente quando a
informação fez sentindo.
- Você está me dizendo que... – afastou-se com um brilho
inconfundível no olhar.
- Estou dizendo que estou grávida, Edward. – sorri
mostrando o papel. Assim como eu, ele leu umas vezes para
compreender.
Então, um estalo correu na sua mente e bobamente, me
fitou intensamente e percebi uma lágrima perfeita escorrer dos
seus olhos quando sua mão foi até minha barriga. Edward
ficou ainda em silencio, apenas me tocando, talvez com mil
informações na cabeça e poucas palavras para expressar. Eu
conseguia entender esse sentimento. Era bom demais.
- Caralho... Eu não posso acreditar... – sussurrou me
apertando – Quer dizer, eu posso, mas... Isso é tão perfeito. –
sussurrou rindo – Eu te amo tanto... Nós vamos ter um bebê.
– Edward beijou-me da sua melhor forma doce, com cuidado
extremo. Se não fosse lindo, eu poderia dizer que senti falta
da agressividade de outrora. – Quanto tempo? Como você
desconfiou? Por que não me falou antes? Já marcou alguma
consulta? Contou a alguém?
- Calma... – sorri afrouxando sua gravata – Estava muito
enjoada, todos os dias e comendo o dobro do que estou
acostumada. Até que Rosalie veio me deu um alerta sobre
meu ciclo. Ele não veio este mês... É possível que esteja
apenas de quatro semanas, sei lá... Não fiz nada. Apenas o
exame de sangue e vim te contar. Eu não contei antes com
medo de apenas dar negativo e ser uma decepção...
- Bella, boba. Eu reparei seu enjoo, mas não quis te
pressionar ou me dar esperanças... Só que agora é real.
- É...
- Quer ir ao médico agora saber? – perguntou-me
animado – Estou curioso.
- Só que não marquei consulta nenhuma... – argumentei
rindo do seu nervosismo.
- E isso é impedimento de alguém te atender? Quer ir
agora ou não?
Fiquei momentaneamente pensando no quão excitada
estava para saber de quantas semanas, se tinha algum
problema, se minhas vitaminas iam mudar...
- Sim. Quero ir agora. Só que estou com fome, vamos
comer antes? – perguntei pulando do seu colo e ele assentiu,
indo até a sua mesa para programar tudo, que fez em menos
de 10 minutos, já vindo pra mim novamente. – Nós vamos ser
pais...
- É só comigo ou parece surreal demais? – perguntou-me
me puxando para seu colo. – Eu esperei tanto pelo dia que
você chegaria e me contasse que estava grávida.
- E chegou o momento. Eu disse a você que ia ser rápido.
– brinquei – Vou pegar meu sapato e minha bolsa. Já volto.
Edward apenas assentiu olhando para minha barriga e
disse a mim mesma que precisava me preparar
psicologicamente para ser trocada pela minha barriga. Rosalie
passou por isso e sobreviveu. Eu também posso. Pior que
Emmett, Edward com toda certeza vai ser. Nós saímos sem
contar a ninguém ainda e por estar fora dos horários de rush,
chegamos em quinze minutos no consultório, com a secretária
já nos esperando. Jéssica deve ter assustado a mulher. Eu
sabia o quão persuasiva e assustadora ela poderia ser para
conseguir algo que Edward queria.
- Boa tarde Bella! Você quer aquele chá gelado de
sempre? – perguntou-me Dora, assistente da Dr. Grace. Ela
era sempre simpática e bem profissional. Só que depois de
quase dois anos sempre paciente da clínica, acabei criando
um vinculo carinhoso com ela. – E você papai, deseja algo?
- Como você sabe? – perguntei chocada e Edward riu
relaxado do meu lado. Ele estava com cara de quem estava
pisando em nuvens. Pelo menos tirou a mão da minha barriga
como ficou grudada durante o curto trajeto.
- Ora. Você mesma disse que Edward só viria aqui o dia
que você estivesse grávida. Vejo que acertei, correto?
- Acertou. Por isso da emergência. – respondi rindo meio
abobalhada.
- Vocês podem entrar que irei levar o chá. E parabéns!
- Bella Cullen! Você é rápida menina. – Dr. Grace brincou
e quando viu Edward, sorriu – Ou devo dizer que ele é rápido?
– provocou deixando meu marido vermelho – Quando Rosalie
veio aqui e eu pensei: E nada de Dona Isabella se animar em
ter um bebê. E então, quando Joseph nasceu, eu fiquei
orgulhosa com aquele menino lindo, grande e sorridente eu vi
seu olhar e conclui que faltava pouco.
Edward sorriu e puxou a cadeira pra mim.
- Trouxeram o exame de sangue? Eu mandei preparar a
sala para fazermos uma ultrassonografia.
- E dois meses atrás eu suspendi tudo. Só que não o uso
da camisinha tanto que fiquei menstruada.
- Certo. Só que... Eu acho que você não está grávida de
quatro semanas não... – Dr. Grace sugeriu docemente.
- Como assim? A não ser que Edward tenha furado
alguma camisinha de proposito. – brinquei cutucando Edward,
que até agora estava quieto.
- Eu não me lembro de ter feito algo intencionalmente. –
brincou um pouco vermelho.
- Camisinhas furam na pressa, na hora de abrir o pacote
ou na falta de delicadeza... – Dr. Grace comentou – Vamos
fazer uma ultrassom pra ter certeza... Só trocar de roupa ali.
Edward foi com Dr. Grace enquanto trocava de roupa
para um tipo de pijama com uma abertura na barriga. Eu não
tinha nenhuma barriga para caber naquele pequeno espaço
ali. Deitei na cama com Edward sem língua ao meu lado,
segurando minha mão, meio suada, meio gelada. Edward
estava morrendo de ansiosidade ou felicidade.
- Calma papai...
- Estou meio nervoso mesmo... – Edward riu sem jeito.
- Só vamos ver quantas semanas, ouvir o coraçãozinho...
– disse sorrindo e aplicou aquele gel gosmento e gelado. –
Geladinho. E vamos lá...
- Já dá pra ouvir? – perguntei emocionada.
- Claro... Principalmente porque você está grávida de sete
semanas. – Dr. Grace riu – Ouça o coração... – aumentou o
volume e o aperto de Edward se intensificou na minha mão. –
Ele já tem o sangue circulando pelo corpo, parte interna do
seu órgão sexual e já se movimenta um pouquinho, você só
vai demorar um pouquinho para sentir...
- Você disse sete semanas? Isso quer dizer que Edward
me engravidou antes do tempo? – bati no seu ombro com
força – E mesmo assim fiquei com aquela maldição durante
três dias?
- Eu disse isso a você, querida. – beijou-me e voltou olhar
para tela.
- Qual o tamanho dele? – perguntei – Ou dela...
- Ele ou ela tem cerca de 20 mm É bem grandinho para o
sua semana. – Dr. Grace respondeu-me – Bom, vou imprimir
umas fotos, e vamos conversar sobre os exames. Nós
precisamos saber se está tudo bem com você e com ele mais
corretamente e você precisa agendar uma consulta no seu
cardiologista. – sorriu me ajudando a levantar.
- Eu já parei com todos aqueles remédios, mas ainda tem
as vitaminas...
- Nós vamos mudar umas especificas a gestantes, que
não interferem nos ductos lácteos e, Edward... Você precisa
verificar a pressão de Bella todos os dias de manhã. Essas
vitaminas precisam ser tomadas de manhã, na hora do café.
- E tomarei algum outro remédio?
- Nós iremos acrescentando caso necessário e depois
dos exames. E as vitaminas começam amanhã, certo?
Quando for ao cardiologista, traga os exames dele também.
- O fato de ter pressão alta, é algo preocupante? –
Edward perguntou preocupado.
- Sim. Se ela não se cuidar, sim. – respondeu séria – Só
que Bella é uma menina muito responsável e vai se cuidar...
Evitando estresses, comendo bem de três em três horas...
Você foi a nutricionista durante sua terapia e é o mesmo
esquema, frutas, saladas, barras de cereais e comida normal
mesmo. Você não gosta de nada integral.
- Eu nunca segui aquela dieta. – murmurei envergonhada
- Eu nunca me lembro de comer de três em três horas.
- Agora você vai ter que lembrar. – Dr. Grace rebateu
duramente. Edward riu concordando. – E você vai lembra-la.
É sua missão como pai, manter a mãe e o bebê saudáveis.
Eu gemi audivelmente. Se Edward já me enchia o saco
ligando a cada dez minutos, imagine agora grávida e
precisando ter cuidado dobrado com minha alimentação.
Edward olhou pra mim daquele jeito me deixando ciente de
sua nova missão.
- Por hoje é isso. Nós nos veremos sempre, ok? Qualquer
coisa é só me ligar. Tem meu numero de emergência. – Dr.
Grace levantou-se encerrando a consulta e entregando a
Edward a receita das vitaminas – Parabéns. Muitas
felicidades! E dê um beijo estalado naquele menino Joseph,
ok?
- Obrigada. E darei sim, muitos. – respondi com Edward
me segurando.
No caminho ele continuou em silencio. Isso estava
começando a me preocupar. Sua mão estava na minha
barriga, fazendo carinho e seus lábios nunca deixaram de ter
contato com a minha pele. Embora o silencio estava me
matando. Cruzei a perna nervosa e sua outra mão, que estava
no meu ombro, desceu para minha perna, por debaixo da saia.
Fiquei meio sentada no seu colo, com as pernas por cima dele.
- Você está bem, Edward?
- Bem? Eu acho que vou voar de felicidade. Faltam-me
palavras para expressar o quão feliz estou com tudo... Com o
bebê. Você ouviu o coração dele? Tão rápido, apesar de tão
pequeno... Eu te amo tanto e amo mais ainda poder
compartilhar essa alegria com você – seu toque na minha
barriga se intensificou e eu sorri, quase não contendo a
emoção. Agora podia culpar os hormônios.
- E será que é menina ou menino? – perguntei confusa. –
Falta tanto para saber. Alice e Esme vão comprar a cidade
inteira. Nós estamos indo para casa?
- Claro... Precisamos comemorar e terminar o que
começamos na empresa. – sussurrou no meu ouvido.
- Félix, pisa fundo, por favor. – pedi batendo no seu vidro,
arrancando gargalhadas de Edward.
.~.
Edward e eu passamos aquela tarde apenas
comemorando no quarto. Claro que ele me fez comer antes
de subirmos. Foi só um aperitivo do inferno que minha vida ia
se tornar com o cuidado extremo dele. Deitada na cama,
depois do banho, Edward estava beijando cada parte do meu
corpo, daquele jeito encantador. Sorri boba quando foi a vez
da barriga e ele ficou conversando com o bebê menor que
uma uva. Mas estava ali. O fruto do nosso casamento e amor.
- Essa sensação é tão boa... Estou tão feliz, Edward. Eu
nunca imaginei que ia ser mãe e olhe só, estou grávida.
- Estamos grávidos. E em falar nisso, hora de comer. –
sorriu torto e eu bufei irritada.
Nessas horas que mais lembrava de Victória. Ela
simplesmente iria gritar com ele, bem nervosa porque odiava
esses momentos. Foi deitada na cama que o interfone tocou,
anunciando a chegada da nossa família com mais uma visita.
Vesti uma roupa rápida e desci atrás dele.
- Marcus e Janice! – Edward desceu as escadas rápido,
indo abraçar o casal com aparência familiar e um estilo um
tanto peculiar. – Sinto muito não estar presente, mas Bella não
podia ficar sem acompanhante no hospital naquele momento.
- Eu entendo querido. – disse a mulher com voz de choro
– Nós sentimos muito por aquele doente ter envolvido sua
menina em algo tão sádico.
- Como assim, tia? – Edward perguntou e olhar dela
pousou em mim – Esta é Bella, minha esposa.
- Desculpe não ter vindo ao seu casamento, meu menino,
mas você sabe... Seu tio... – sussurrou inclinando a cabeça a
peça de museu que estava em pé ao lado dele. Carlisle e
Esme estavam congelados ao seu lado e Alice apertava a mão
de Ian com força. – E muito prazer em lhe conhecer, minha
menina falou-me muito de você.
- Obrigada. É um prazer lhe conhecer também. –
sussurrei com algumas lágrimas caindo no rosto. Ela era a
mãe de Victória. – Desculpe.
- Bom – Carlisle limpou a garganta – Eles vieram até aqui,
porque tem algo a mostrar. Chegou essa semana pelo correio.
- O quê exatamente? – perguntei confusa.
O que poderia ter feito esses dois saírem do interior do
Texas até aqui? Pelo que ouvi, eles nunca saiam do rancho.
Nunca. Exceto no aniversário de 15 anos de Victória. Nada
depois disso. Eles não foram nem quando tudo aquilo
aconteceu. Eu me sentia mal em pensar nela... Fiz tudo tão
errado. Eu a aconselhei a superar aquele amor. E do que
adiantou? Se ao menos naquele dia, nós por algum obsequio,
desistíssemos de ir. Nada aconteceria.
- Vamos usar o DVD por uns instantes...
Edward concordou ainda meio confuso e nesse
momento, Rosalie e Emmett entraram com Joseph bem alerta
no colo. Ele sorriu abertamente quando viu Edward. Era
sempre assim. E eu quase podia imaginar entrar carregando
meu bebê e vê-lo sorrir apaixonado pelo pai. Segui o fluxo até
a sala e observei Carlisle colocar um DVD sem capa para
rodar.
- Está gravando?
- Está sim.
Um arrepio gelado tomou conta do meu corpo e estaquei
no lugar. Era a voz de Victória e James.
- Você está preparada para se despedir? – ele perguntou
virando a câmera para sua direção. Ela estava sentada em
uma cadeira, no quarto de aparência abandonada, com a
cama furada ao fundo. Parecia aquele mesmo prédio que nós
ficamos presas.
Victória virou-se sorrindo de modo apaixonado. Aquilo foi
um soco no meu estomago.
- Se você ficar comigo pra sempre dessa vez... –
respondeu e virou-se séria para a câmera. – Mamãe e papai.
Madrinha e padrinho... Edward, Emmett, Rosalie, Alice e
Bella... Eu espero que vocês não fiquem chateados ou tristes
comigo. Estou seguindo o conselho de Bella em superar e
seguir em frente. James mandou-me sequestrar hoje e ele
prometeu que você estaria bem e seria entregue segura. Ele
vai cumprir sua promessa, ele sempre cumpre suas
promessas. – Victoria virou-se para ele novamente – Inclusive,
ele pede desculpas pelas brincadeirinhas feitas com você. Era
só para chamar minha atenção. Nós decidimos ficar juntos.
Novamente, eu sei. Sinto falta dele todos os dias e não dá
mais para lutar contra o inevitável. Sinto muito por ter faltado
ao seu casamento, eu sei que era uma data importante, mas
eu tinha inveja demais de coisas que nunca tive. Você hoje me
entende. E quando eu e James casarmos novamente, você
será minha madrinha, Bella?
Meu corpo inteiro parecia tremer feio um telefone
vibrando. Eu não podia acreditar naquilo que estava ouvindo.
Era impossível.
- Nós vamos sair do país e ter um momento para nós dois.
E quando tivermos prontos para voltar... Voltaremos. Eu
prometo. Amo vocês.
O vídeo se encerrou com ela dando o primeiro gole do
vinho que os matou. Estava envenenado. James a matou e se
matou, ou morreram juntos. Era tudo tão sádico e doentio e
minha culpa. Ela só voltou e acreditou no que ele falou porque
eu disse para seguir em frente. Não era nesse maldito sentido!
Era para simplesmente ir e deixar James pra trás.
- Não. Ele a coagiu para falar isso... – sussurrei realmente
entrando em pânico. Eu podia ouvir todas as outras pessoas
chorando. – Não era pra ser assim...
- Bella, respira amor... – Edward sussurrou com a voz
rouca.
- NÃO!
- Bella, não se culpe. Ele a enganou coagiu... Ela devia
nem saber o que tinha naquele vinho. Victória sempre foi
apaixonada, cega por James... – Janice ajoelhou-se a minha
frente.
- Só que não posso aceitar. Ela era minha amiga, por mais
que a gente brigasse e ficasse de bico uma com a outra. Eu
fiquei sem falar com ela e ela sem falar comigo, mas ninguém
imagina que sua amiga pode ser sequestrada e assassinada
do nada. Eu nunca, nunca deixaria isso acontecer. – rebati
nervosa e com a voz alta, ecoando aos quatros cantos da sala.
Joseph me olhou assustado – Eu não quero aceitar isso.
- Bella, não tem mais o que aceitar, querida. – Marcus se
pronunciou pela primeira vez. – Victória estava vivendo um
amor doentio. Ela, por mais forte que se fazia, ela estava
doente. E vocês são mulheres, brigam, desbrigam, amam, não
se amam... Você não podia imaginar que Victória fosse... Ou
que ele fosse fazer isso... Não se culpe...
- Eu me sinto um lixo. – chorei soluçando um pouco alto,
sentindo minha língua ficar seca e o corpo gelado.
Minha pressão.
- Edward, pegue um calmante. – Rosalie pediu
entregando Joseph a Emmett. – Bella, olhe pra mim. Não foi
sua culpa, ok? Pense em se acalmar, não por você. – Rosalie
me olhou pedindo confirmação das nossas suspeitas e eu
assenti chorando mais ainda – Oh querida, fique calma, por
favor.
- Mãe, qualquer calmante serve para gestante? – Edward
perguntou confuso, parado no meio da sala.
- Ai meu Deus! Bella está grávida? – Carlisle levantou-se
em um pulo.
- Eu preciso das vitaminas, Edward... – sussurrei – Estou
me sentindo trêmula.
- Deite-se um pouco... – Esme veio chorosa ao meu lado.
Era um momento feliz e ao mesmo tempo triste. – Você comeu
tem quanto tempo?
- Mais de quatro horas. Está realmente na hora. –
sussurrei
- Vou preparar algo. – Ian levantou-se com Alice.
- Bella, querida. Aproveite essa benção que Deus está te
dando. Victória queria mais que tudo na vida ser mãe e ela
ficaria feliz. Ela estava feliz com a gravidez de Rosalie, só não
soube como expressar. Não ache que foi cruel quando você
ficou magoada por ela ter renegado seu casamento... Você
teve o seu direito, como mulher, humana e imperfeita para não
agir corretamente sempre. Você tem só tem 24 anos criança
e ela tinha 32 anos. São jovens e imaturas com as
adversidades da vida.
- Pense no seu bebê. Ele precisa ser forte e saudável, ok?
Eu jamais traria algo a você que fosse te trazer mal. Perdoem-
nos. – Marcus beijou-me na testa – Nós vamos entregar o
apartamento dela e voltaremos. Até breve, amigos.
Eu não sei mais o que aconteceu. Carlisle saiu
acompanhando Janice e Marcus. Esme estava acariciando
meus cabelos e Rosalie sentada ao chão, tentava me acalmar.
Eu era tão estupida. Emmett estava em pé, ninando Joseph,
que queria a todo custo prestar atenção na cena a sua frente.
Ele sorria pra nós três. Reconhecendo a Dinda, vovó e
mamãe. Tão doce e inocente. Um coração tão puro, incapaz
de absorver aquele clima ruim.
Eu queria ter um coração de criança. Totalmente puro.
- Eu me sinto tão mal. – sussurrei – Eu não queria que ela
morresse...
- Ninguém quer mal a ninguém. Deus não escolhe os
alvos da dor. Nós vamos superar isso em família. – Esme
sussurrou secando minhas lágrimas – Você precisa pensar no
meu neto...
- Vitaminas, suco e sanduiche de peito de peru com
salada verde. – Edward veio com uma bandeja. – Baby, se
você não melhorar, vou chamar seu médico.
- Eu só preciso comer. – resmunguei sentando-me – Nós
íamos contar amanhã. Descobrimos da gravidez esta manhã
e ficamos ainda um pouco perdido em nós mesmos.
- Compreendemos meu anjo, agora, coma. – Carlisle
sentou-se a minha frente – E como vai ser essa questão dela
com a pressão alta?
- Marquei o cardiologista para amanhã. – Edward
respondeu – Amanhã suas vitaminas também mudam. Serão
de três em três horas, começando pelo café.
- O cuidado será dobrado com essa teimosa. – Alice
sentou-se a minha frente também, segurando meu suco. –
Apesar desse momento ser muito ruim, você precisar deixar
isso passar. Agora não é tempo mais de remoer o que poderia
ter feito para salvar Victória. Você precisa cuidar do bebê.
- Além do mais, por mais que você e Victória vivessem
em pé de guerra, ela jamais iria querer você tendo sérios
problemas com sua gravidez por causa dela.
- Ok. Vocês tem razão... – suspirei bebendo um pouco
mais do suco e me sentindo mais forte. – Obrigada família.
.~.
Naquela semana eu fui ao médico várias vezes para fazer
exames e tomar novos remédios. Eu sofria de pressão alta e
com a gravidez isso poderia se atenuar. Eu regredi na terapia
quando o assunto era Victória, mas quando o mês passou e
eu entrei no meu terceiro mês de gestação, percebi estar às
voltas de completar um ano de casada. E eu tinha mais uma
seção com Dr. Lucy antes de ir a Dr. Grace.
Essa história de ter um psicólogo estava me dando nos
nervos. Essa historia de ficar indo ao médico de um lado ao
outro estava me enchendo o saco. Ou eu acordei
extremamente mau humorada hoje.
- Bella, hoje é a nossa ultima seção obrigatória. Você é
livre para voltar sempre que quiser, mas agora, não há mais
nada que eu possa fazer. Você precisa se libertar daquele
episodio por si só, principalmente pelo bebê.
- Mas...
- Deixe-me terminar uma coisa. Victória era uma mulher
doente, que decidiu, mesmo depois de ter passado coisas
horríveis com aquele homem, a voltar a ele. Eu sinto muito por
isso te doer. Foi escolha dela.
- Eu deveria tê-la obrigado a fazer terapia ou a internaria
em uma clínica. Assim como Edward fez comigo.
- Olhe a diferença, Bella. Você tem um marido. Você,
quando casou, escolheu Edward para ser aquele que pode
tomar decisões por você quando não tivesse condições. Você
compartilha a vida e a alma com ele. Victória não tinha essa
ligação com você. Amizade não gera o mesmo tipo de ponte.
O amor sim. E o amor dela por James era o único que tinha a
chave do coração dela. Victória poderia te amar muito como
amiga, mas você nunca poderia tirar James de dentro dela.
- Por que eu percebi isso muito tarde? Eu simplesmente
achei que ela fosse fechada até mesmo por todos
acontecimentos... Não que aquilo fosse amor. É desumano.
- Sim. O amor é desumano, Bella. Você também é
dependente de Edward, sabia? Talvez não tão profundo e
doloroso como ela era, mas você é. Você precisa dele para
lembrar-se dos remédios, da alimentação e para ser seu
marido. Você sabe os horários que ele vai te ligar e por isso
tira o celular da bolsa, já visualizando a chamada dele na tela.
Você sabe de cor todos os tipos de sorriso dele e as
expressões tanto de desagrado quanto de agrado. Isso é
normal. Você sendo esposa dele, precisa e deve conhecê-lo
bem.
- Então eu nunca vou entender o que realmente
aconteceu naquele dia?
- Nunca. Deixe a história de Victória e James fora da sua
vida. Você não é a mulher maravilha. Você só é a Bella. E seja
apenas a Bella, que agora está grávida. E precisa manter a
saúde em dia pelo seu filho.
- Certo... – hesitante e coloquei a mão no meu pequeno
bebê. Eu faria tudo por ele. – Você tem razão. Agora meu filho
precisa de mim.
Encontrei Edward na sala de espera me sentindo menos
emburrada do que essa manhã quando ele me acordou e eu
quis matá-lo. Foi uma semana que fiquei chata e sonolenta.
Dr. Grace e Rosalie me garantiram que era totalmente normal.
E a fome também estava me assustando. Eu queria comer
mais, só que me continha esperando loucamente que três
horas passasse muito rápido.
- Tem algum chocolate? – perguntei a Edward no carro e
ele riu. Era terceira vez que perguntava – Seu filho vai nascer
com cara de chocolate.
- Não se preocupe com isso. Ele será lindo de qualquer
jeito.
- Você está me negando um chocolate? – perguntei
ultrajada.
- Não. Acabamos de chegar na consulta, amor. Depois
você come. – Edward riu me ajudando a sair do carro. Tudo
era maravilhoso para ele.
Eu vi outra grávida sair, fiquei momentaneamente com
inveja dela, querendo minha barriga grandinha, mas ela
estava bicudinha bem, bem, mas bem levemente. Não dava
para ver, mas eu e Edward ficávamos na frente do espelho,
olhando fixamente para minha barriga. Dois bobos e
apaixonados por tudo que líamos nos livros e revistas para
bebês.
Dr. Grace já nos aguardava e tinha todos meus exames.
Da nutricionista, cardiologista, psicóloga e eu mal via a hora
de simplesmente mandar todos os para longe. Em casa ainda
teria que contar a Edward que hoje foi minha ultima ida a
terapia e esperava fielmente ser para sempre. Sem mais
problemas. Sem mas pesadelos.
- Olá família Cullen! – Dr. Grace saudou-nos. – Seja bem
vindo. E podem sentar-se. E como vai mamãe? Você está na
sua 13º semana! Passa rápido.
- Realmente. Só que ela não cresceu ainda... –
resmunguei e eles riram.
- Em breve ela vai crescer sem parar. Na sua próxima
consulta, já teremos um pequeno ovinho se formando aí.
Acredite em mim. – sorriu docemente – E antes de conversar
sobre seus exames, eu pedi uma ultrassom. Sei que
combinamos isso na próxima, mas eu preciso verificar algo.
- Algo errado? – Edward perguntou preocupado.
- Eu acho que não. Vamos ver.
Abri minha blusa meio desconfiada, deitei na cama e
esperei pelo liquido gelado na minha barriga. Dr. Grace sorriu
docemente olhando para tela e aumentou o volume para o
coração do meu bebê entoar pela sala. Só que tinha algo
diferente.
- O que é isso? Está batendo mais rápido? – perguntei
confusa.
- Não. – Dr. Grace sorriu – Tenho uma novidade. Não deu
para perceber antes porque o coração ainda não estava
formado...
- Saber do quê? – Edward cortou ansioso, com o olhar
perdido na tela da ultrassom e na Dr. Grace.
- Bom. Nós temos gêmeos aqui, papai. – Dr. Grace
respondeu rindo.
Eu ouvi bem ou ela falou que eu estou grávida de
gêmeos?
Capítulo 28
I must stickwitu forever
Eu estava com quatro meses de gravidez e uma barriga
redondinha fofa. Eu amava me olhar no espelho. Me sentia tão
bonita. Era como se meus bebês fossem tudo que faltava no
meu corpo. Edward continuava alisando minha barriga todos
os dias antes de dormir e ficava me agarrando, conversando
com a barriga, rindo idiotamente pra mim ou fazendo planos
para o momento que descobríssemos o sexo deles.
Inicialmente eu surtei com a ideia de gêmeos. Eu não
tinha certeza se poderia cuidar de um bebê, dirá dois, mas isso
passou quando eu vi todos tão felizes e dispostos a me ajudar
com essa ideia. Eu também não os sentia mexer, e queria
muito isso. Joseph agora estava maiorzinho, me dava uma
alegria imensa cuidar dele. Qualquer simples coisa era um
treinamento.
Rosalie me ensinou limpeza de ouvido e nariz e mostrou
o quanto ele ficava irritadiço. Primeiro ele fechava as
mãozinhas em punhos e depois as bochechas ganhavam uma
coloração bem vermelha e os olhos franzidos tal como os
irmãos Cullen faziam quando com raiva. Depois que ela
terminava, era preciso uma brincadeira muito animada ou um
passeio pela casa no colo, mostrando coisas coloridas que ele
amava.
Trocar fralda era uma aventura. Joseph não sossegava
os pés e por duas vezes deixei que ele se sujasse todo.
Rosalie me disse que era normal e depois eu ia conseguir
controlar. Meu lado Bella desnaturada estava entrando em
pânico. Imagina fazer isso em dose dupla?
A faculdade, dei adeus. Passei disparado em algumas
matérias e meu trabalho de conclusão iria entregar apenas
quando terminasse de escrever. Cada dia fazia algum capitulo
ou adiantava boa parte, mas tudo que poderia me estressar,
era vetado por Edward. Eu não fui trabalhar essas ultimas
semanas porque me concentrei em finalizar o curso e eu
estava louca de saudade do trabalho.
- E você vai no trabalho hoje? – Rosalie entrou na
cozinha, naquela manhã com meu Joseph no colo, segurando
seu elefante de borracha, todo babado. Era interessante
quando ele esfregava aquilo no seu rosto.
- Sim senhorita e você? – provoquei terminando meu
cereal com frutas.
- Zoa enquanto não tem dois bebês embaixo do braço,
palhaça. – ralhou colocando Joseph no meu colo – E falta
pouco. Quando ele completar seis meses por aí, eu pretendo
voltar a empresa.
- E eu não quero pensar quando chegar esse dia. –
suspirei cheirando o pescoço de Joseph.
- Esme quer marcar o batizado dele e então, você e
Edward podem ir ao curso de batizado aos domingos de
manhã?
- Tem outra escolha? Ele vai querer que eu me confesse?
– brinquei terminando meu suco – Claro que nós iremos,
querida. Mesmo que isso seja maldade com uma mulher
grávida.
- O que é maldade?
- Me fazer acordar cedo quando tenho tido sono por mais
duas pessoas. – sorri inocentemente e ela me deu a língua.
- E a faculdade? Quando será a formatura?
- Em duas semanas.
- Tão pertinho do natal.
- É e Esme quer um jantar de ação de graças privado esse
ano. Não iremos aquele leilão de doação, sei lá, que fomos
das outras vezes.
- E Charlotte e Peter também vem esse ano? –
perguntou-me – Só que você não acha estranho eles não
comemorarem o aniversário de Ethan, de novo?
- Em parte tem razão, sabe... – respondi olhando para
Joseph e seus lindos olhos verdes como pai. – Enquanto ele
não lembrar e saber que está comemorando aniversário...
- Eu quero fazer 1 ano de Joseph, mesmo que seja só pra
gente. – Rosalie deu os ombros – Cada um é cada um.
- Estou indo. – levantei-me com Joseph no colo – Até mais
tarde meu pequeno homem. Dinda te ama. – beijei sua
bochecha gordinha, fazendo gargalhar e apertar meu nariz de
volta com força. Filho de Emmett.
Demetri pareceu não acreditar quando disse que queria ir
à empresa, mas ele me levou mesmo assim quando eu
lembrei que sabia dirigir e carro disponível na garagem não
faltava. Estava friozinho de inverno, mas não o suficiente para
casacos pesados. Optei por uma blusa justa com calça jeans
e sapatos pretos altos.
- Olá meninas. Bom dia. – sorri para Jéssica e Ângela,
que também estava gravida agora. Ela e Ben optaram por um
tratamento fertilizante, dado as dificuldades que estavam
tendo. – Edward está na sala?
- Não. Reunião, mas deve estar terminando. – Ângela
respondeu sorrindo levemente – Você quer alguma coisa?
Algo para beber?
- Será que alguém iria comprar aquele chocolate quente,
com chantili e bolinhos de morango com gotas de chocolate?
Seria delicioso.
- Pode cancelar esse pedido. – a voz doce e aveludada
de Edward soou atrás de mim com a gargalhada de Emmett
acompanhando. – Você acabou de tomar café, certo?
- Eu seriamente vou ligar para sua mãe e contar o quão
chato você está sendo comigo e com seus filhos. – bati o pé
arrancando gargalhadas das pessoas presentes.
- Veio me visitar? – Edward perguntou se aproximando
lentamente, vindo me abraçar e beijar a barriga, como sempre
fazia. Dei dois passos pra trás.
- Não. Por que diabos eu viria te visitar? Tem duas horas
que eu te vi.
- Então veio fazer o que aqui?
Como?
- Trabalhar... Como todos os dias até descobrir a gravidez
ou entrar em exames finais na faculdade.
- Você não vai trabalhar.
O quê?
- Por que não irei trabalhar? – rosnei e as pessoas ao
nosso redor foram se afastando, porque a roda amigável tinha
acabado no momento que arqueei minha sobrancelha para
meu marido.
- Você está grávida. – respondeu-me quando dei as
costas e entrei na sala.
Ouvi a porta ser fechada atrás de mim e seus passos
pesados também.
- Amor, você não pode se estressar ou ficar pra cima e
pra baixo. Fique em casa descansando...
- Eu não quero ficar em casa. E não é porque você
conseguiu que dois espermatozoides seus fecundassem em
meus ovários, não quer dizer que deixarei de fazer o que fazia
antes. – rebati tirando o casaco e a bolsa, guardando no
armário.
- Baby, você se irrita muito aqui. Normalmente você grita
comigo ou com Emmett, mas não tem problema, isso só irá
fazer mal a você.
- Edward você sempre quis que eu trabalhasse aqui.
Agora não quer mais?
- Antes nós não estávamos esperando dois bebês de uma
vez só e sua barriga cresce visivelmente a cada segundo!
- Não quero saber! Eu me sinto bem e ficar em casa é que
não vou! – bati o pé irritada – E agora sim você está me
irritando e muito.
- Bella, eu não quero que você passe mal ou fique
indisposta sem necessidade.
- E está conseguindo fazer justamente ao contrário. –
comecei a chorar. Hormônios malditos – E seu eu não posso
trabalhar, sexo também não irei fazer.
- Teimosa. Teimosa e teimosa. – Edward resmungou
vindo me abraçar.
- E eu cheguei aqui sem você nem ter me dado um beijo.
– fiz um bico enorme.
- Meu amor... – Edward me pegou no colo, colocando
sentada na mesa – Você é uma chata quando está com algo
na cabeça. Não tem o que fazer aqui...
- Tenho sim. Tenho que ficar de olho em você, ter
contratos para avaliar, ter Ângela e Jessica para me trazer
comida clandestina...
- Baby, você torna as coisas impossíveis. Você tem uma
dieta a cumprir...
- E você tem que realizar meus desejos. – provoquei e ele
riu, me beijando delicadamente, o suficiente para me deixar
acesa.
- Qual seu desejo agora? – sussurrou subindo a mão por
dentro da minha blusa.
- Você.
Edward e eu ficamos trocando amassos quentes que
agora tinha uma sensação duplamente intensa pra mim.
Qualquer toque mais intimo me fazia gemer e arquear
loucamente, querendo muito mais. Edward estava amando
meus seios maiores e eu amava mais ainda seus lábios sobre
eles, querendo muito mais. Como em pouco tempo fiquei sem
roupa, não sei, mas ele me pareceu com roupa demais.
Abri seu cinto e a calça com rapidez, puxando sua boxer
pra baixo e ele riu da minha pressa. Logo o senti me preencher
por completo. Eu quase chorei de felicidade. Estúpidos
hormônios que me deixava mais excitada que o normal.
Nenhum de nós dois demoramos muito tempo e acabamos
ofegantes e rindo como dois adolescente, abraçados comigo
ainda apoiada em cima da minha mesa.
Edward me ajudou a vestir a roupa e a me ajeitar no
banheiro. Eu sentia fome depois da nossa pequena aventura
e ainda queria chocolate quente com os bolinhos. Edward
terminou a gravata e veio me beijar novamente. Homem
perfeito da minha vida que eu amava loucamente.
- Seus filhos querem aqueles bolinhos Edward. Ouve só.
– apontei para minha barriga e ele agachou-se a minha frente
– Papai, dê bolinhos a minha mãe, por favor. – fiz uma vozinha
baixa – Esse foi o do lado esquerdo. Vejamos o que dirá o do
lado direito. – provoquei a Edward continuou beijando minha
barriga com adoração – Dê bolinhos a mamãe agora!
- Esse definitivamente puxou a você. Agressivo e
mandão. – Edward riu me ajudando a descer da bancada do
banheiro. – O outro pediu por favor, foi doce e suave. Esse
sou eu.
- Aham. Sei. Já que eu sou a mandona da relação, eu
quero esse bolinhos agora e você não vai me distrair com
sexo.
- Farei sexo com você mais tarde mulher, pare de
implorar. – Edward riu saindo do banheiro, mas não rápido o
suficiente para que minha escova de cabelo batesse as suas
costas. – Isso dói. Vou pedir seus bolinhos.
- Acho bom. – resmunguei agarrando-o novamente e ele
tirava alguns papeis da minha mesa. – Edward Anthony
Masen Cullen. Eu juro que se você tirar tudo que tenho a fazer
nessa empresa, passarei o dia inteiro aqui apenas te
enchendo o saco, entendeu?
Edward riu e não me respondeu, indo até ao telefone,
pedindo meus bolinhos a Ângela, com um sorriso bobo nos
lábios. Ele entrelaçou nossas mãos e me puxou até o sofá.
Sentando a minha frente com uma expressão séria.
- Amor, presta atenção. Eu não quero você estressada ou
cansada aqui. Se você se sentir mal, você vai embora à
mesma hora, entendeu? Bella, você é teimosa, mas nós
estamos lidando com uma gravidez delicada e de gêmeos. Por
favor...
- Baby, eu não me colocaria em risco assim.
- Promete?
- Prometo. E eu amo sua preocupação comigo, mas
relaxa ou terei um marido grisalho antes dos bebês nascerem.
E nem seu pai está assim. – brinquei fazendo-o rir.
- Qualquer coisa me chama, ok? Eu amo vocês...
Edward não me deixou em paz. Eu estava
completamente irritada e com dor nas costas. Só que fiquei
calada na minha, apenas assentindo e sorrindo docemente
sempre que precisavam da minha atenção. Quatro horas da
tarde eu sentia fome novamente, depois do almoço. Eu tinha
que ficar de olho no meu peso, mas a Dr. Grace achou melhor
continuar com exercícios físicos com Evans três vezes na
semana e nos dois dias, aulas de Ioga. Perguntei se na época
de Esme era assim, porque fala sério, modernidade estava me
dando nos nervos.
- Pronta para sua consulta? – Ângela perguntou-me –
Você tem ultra hoje? – sorriu docemente e sua barriga também
estava quase aparecendo.
- Sim, possivelmente vamos saber o sexo dos bebês.
- E a sexagem fetal, vai sair o resultado hoje?
- Sim. De qualquer modo, de hoje não passa! Estou tão
ansiosa! – bati palminhas feito Alice, que rompeu meu
escritório aos prontos, na mesma hora – O que houve?
- AQUELA FILHA DA PUTA MISERÁVEL! – gritou
ultrajada e Ângela saiu deixando-nos sozinha – EU QUERO
MATAR A MARIA E O JASPER JUNTOS. FAZER
PICADINHO, JOGAR NA FOGUEIRA, ATROPELAR,
TRUCIDAR...
- Ali, devagar... Não consigo compreender...
- Hoje, na faculdade, Maria veio me culpar de novo o
rompimento deles. Quer dizer, uma das patricinhas que a
seguiram veio me dizer que eles só voltaram a namorar tem
pouco tempo, que na época que aquele escândalo rolou na
internet, era tudo mentira. Ainda assim, aquela piranha
miserável fez aquilo tudo comigo. Vadia, eu vou mata-la –
jogou-se na cadeira a minha frente. – E sabe o que é pior?
Jasper insiste em falar comigo. Eu não tenho o que falar com
ele. Eu juro por Deus que o perdoei. Eu fui muito imatura em
querer que ficasse aqui comigo quando o sonho dos pais dele
era um filho em Harvard. Só que passou. Eu amo Ian.
- Pare de mentir, Alice. Se você não amasse Jasper, não
estaria tão abalada com a volta dele. – comentei rindo e ela
bufou.
- Eu posso até continuar amando-o, porque a gente não
esquece da noite para o dia, mas Ian é um excelente
namorado. Eu sou apaixonada por ele, mesmo tendo Jasper
ainda em pedestal.
- Nós acabamos de vivenciar uma história de amor mal
resolvida e Ali, tudo que mais te peço é que deixe rolar. Se
hoje, ficar com Ian é o que seu coração quer... Tudo bem. E
amanhã, você e Jasper, por algum motivo se encontrarem
novamente... Deixe acontecer. Apenas continue vivendo do
seu jeitinho. Não tenha medo de errar ou de seguir em frente.
Deixe que a vida dê suas rasteiras e pode gritar comigo
sempre que quiser, mas pelo amor de Deus, viva bem, ok?
- Nossa... – suspirou – Você tem razão. Jasper de volta
mexeu muito comigo, mas ele ainda não terminou a faculdade,
nós não estamos mais na mesma página. Agora eu não o
quero de volta. Eu e Ian estamos bem.
- Não hesite em pensar quando isso mudar, entende?
Não sou fã número um do Jasper, mas sua felicidade é quem
me conduz, ok?
- Você está tão mãezona. Deve mudar muito, não é? Eu
fico pensando em quando serei mãe...
- Continue pensando querida. – provoquei e ela fez uma
careta – Eu tenho consulta agora, quer ir?
- Cadê Edward, ele vai?
- Claro... Você acha que Edward me deixa dar dois
passos sozinha? Não, ele dispensa a hipótese de que posso
me virar sozinha ainda.
- Está pronta? Precisa de algo? Está com fome? –
Edward entrou feito um furacão no meu escritório – Oh, oi
princesa. – beijou os cabelos de Alice – Desculpe, não te vi...
Está bem?
- Estou sim, papai. – Alice riu levantando-se e veio me
abraçar – Obrigada por me ouvir. Eu te amo. – sussurrou
fazendo Edward morder a boca de curiosidade – Amo vocês
bebês. Estou tão ansiosa para preparar o quartinho...
- Não sufoque meus filhos. – Edward riu – Estamos
atrasados, amor.
- Ansioso? – perguntei no elevador e Alice tinha ficado
para ir embora com Emmett.
- Muito. Eu já os amo, claro, mas é chato chamar só de
bebê. Além do mais, eu acho que são duas meninas.
- Por que?
- Você acorda mau humorada por três. – Edward riu e eu
revirei os olhos. Ele já estava sofrendo comigo. – Já que eles
já tem impressão digital, vamos fazer a carteira de identidade
deles?
- Não seriam elas?
- Viu só? É confuso.
- E se for uma menina e um menino? – perguntei rindo –
Ou dois meninos? O que será injusto. Ter três contra mim,
sempre.
- E é justo ter duas meninas? Imagina ter três mulheres
de tpm na mesma casa?
- Ou dois namoradinhos sentados no sofá?
- Nós não estamos falando sobre isso. – Edward se irritou
- Como você pode ter ciúmes se não sabe o sexo do
bebê? E se for meninos, eles podem namorar todas, não é? –
bati o pé entrando no carro e ele riu alto.
- Não amor... – Edward me puxou para dentro – Eu
adoraria que eles encontrassem assim como eu, uma mulher
que é perfeita como amante, amiga, esposa, companheira dos
negócios e mãe... Isso é raro sabia?
- Pare de me deslumbrar! – resmunguei tapando os olhos,
tentando não me derreter com a visão dele me fitando
intensamente, com olhos brilhando, sorriso torto, cabelos
pedindo para serem bagunçados e aquela boca vermelha
implorando pela minha.
- Eu não sei do que você está falando...
- Eu que não irei explicar. – resmunguei manhosa – Você
me irrita, mas é tão perfeito. – sussurrei começando a me
esfregar nele feito um gato – Eu te amo.
- Eu também te amo. E vocês também... – afagou minha
barriga.
- Já pensou quando ela começar a não caber nas minhas
roupas? – perguntei rindo. – Estou completamente sem blusas
e soutien.
- Daqui a pouco são as calças. – provocou-me e eu
choraminguei. – Continua muito gostosa. Sempre mais
gostosa.
- Claro, quando parecer uma elefanta, quero ver me
chamar de gostosa. – resmunguei saindo do carro. Ele apenas
riu me segurando para não cair, é claro.
Dr. Grace já nos esperava com os exames na mão. Isso
era tão legal. Eu queria muito saber o sexo dos meus bebês.
O próximo passo da minha ansiosidade seria vê-los nascer.
Eu ia tanto encher o saco de Edward nos próximos meses.
- Preparados? Eu estou satisfeita com seu peso. Você
está bem dentro dos seus quatro meses e olhe essa barriga,
ela vai crescer muito nessa troca de mês e por isso use
aqueles óleos que te indiquei para evitar as estrias.
- Oh, eu os mandei fazer. Escolhi os cheiros com Alice
também. – respondi rindo e ela me conduziu até a sala de
ultrassonografia.
- Vamos confirmar se temos mesmo duas meninas aqui,
papai? – Dr. Grace perguntou a Edward que estacou no lugar.
Uma gargalhada alta escapuliu dos meus lábios. Edward tinha
acertado. – Que foi?
- Ele acertou o sexo dos bebês. Duas meninas. –
continuei rindo enquanto Edward estava ansioso apressando
a Dr. Grace a ligar a ultrassom.
- Duas menininhas lindas como a mamãe. – Edward
sussurrou me beijando – Obrigada amor.
- Obrigada... Ouve só... – sussurrei ouvindo o coração das
duas batendo rápido.
- Ambas estão com 78 mm e em torno de 20g. Aqui eu
posso conferir melhor o sexo das duas. – apontou para uma
confusão na tela – E Vovó Esme está colecionando fotos, não
é?
- Com certeza. E Carmelita cola todos na geladeira. –
Edward riu. Ele estava emocionado.
- Ok. Vamos limpar essa barriguinha e vamos conversar
um pouquinho sobre seu peso, sua dieta e ver o tamanho da
barriguinha agora.
Toda consulta era muito emocionante pra mim. Essa
principalmente e foi impossível dizer não a Edward quando ele
quis parar no shopping e comprar nossas primeiras roupinhas.
Antes tínhamos muitas roupinhas básicas e praticamente
dadas por Esme, Rosalie e Alice. Comprar nada do quarto nós
compramos. Tudo na expectativa de saber o sexo.
- Olha esse, amor. – cutuquei Edward mostrando um
vestido lilás com detalhes brancos. – Nós seremos aqueles
pais que vestem seus filhos iguais?
- Se elas forem muito parecidas, teremos que diversificar
ou iremos confundir. – brincou mostrando dois sapatinhos
brancos.
- Dizem que os pais sempre sabem...
- Eu realmente espero. Porque se elas puxarem Alice, é
bem capaz de simplesmente trocarem de lugar para nos
confundir.
- Se puxarem a você, se me permite dizer, terei
arrogância em dobro em forma de miniaturas.
- Se puxarem a você, serão teimosas e barraqueiras.
Principalmente na tpm.
- Chega! Vamos acabar brigando aqui. – resmunguei com
um bico formado nos lábios. – Vamos levar dois de cada.
- Senhora Bella Cullen resolvendo gastar hoje... –
provocou balançando as sobrancelhas.
- Acostume-se querido. Você me deu um cartão de crédito
sem limites e suas filhas vão ser treinadas com Alice.
Aproveite enquanto sou só eu.
- Duas meninas...
- Namoradinhos, festas, TPM, compras, gritinhos, roupas,
revistas...
- Zoe enquanto pode, Isabella. Você vai ser aquela que
irá falar sobre sexo, apartará brigas, terá duas crianças para
dar de mamar e pentear cabelos.
Eu sai da loja rindo com ele ainda listando coisas que eu
iria fazer com nossas filhas e por isso, estava morrendo de
vontade disso tudo acontecer logo. Dizem que grávidas ficam
ansiosas mesmo, mas eu estava me roendo! Edward quis
comer naquele mesmo bistrô que sempre íamos e aproveitou
para me encher de vitaminas. Tivemos um jantar
relativamente cedo para irmos a casa dos meus sogros
encontrar com nosso família e um jantar de ação de graças.
- Nós vamos contar sobre as meninas agora ou quer um
descanso de Alice gritando por hoje?
- Coitada. E sua mãe sabe que iriamos saber hoje. Quer
apostar que será a primeira pergunta? Além do mais, você
pode me proteger.
Edward apenas gemeu e abriu a porta de casa. Esme
apareceu em um salto com Max se enroscando em minhas
pernas e Alice pulando querendo saber o sexo e todos falando
ao mesmo tempo, me deixou zonza e acabei prendendo meu
salto no tapete do hall e percebi que a próxima parada seria o
chão. Isso definitivamente não seria NADA bom.
Edward me segurou no meio do caminho, equilibrando
meu peso sem nenhuma dificuldade.
- Não se mexe. – Edward sussurrou em pânico. – Tire os
sapatos devagar.
Eu obedeci sem pestanejar. Ele já tinha reclamado sobre
o sapato ser alto essa manhã, logo depois que voltou a minha
sala para fazer nada além de perguntar se eu estava bem.
- Pronto, sem pânico. Foi apenas um contratempo.
- Contratempo de sete centímetros que eu já falei que não
vai ser bom você usar. – rebateu me fitando daquele jeito que
eu estava ferrada. Eu pulei para perto dele e joguei meus
braços ao redor do seu pescoço.
- Ah, não briga comigo, por favor. – fiz bico – Foi apenas
sem querer e olhe só, eu e suas filhas estamos bem.
- Você grávida vai me causar cabelos brancos. –
resmungou aceitando meu beijo, me abraçando mais
apertado.
- Eu grávida sou tudo que você sempre quis. Agora me
ature. – provoquei e ele gargalhou cheirando meus cabelos.
- Você é tudo que eu sempre quis, amor. Tudo e mais um
pouco. – sussurrou escovando meus lábios com carinho e
percebemos que tínhamos ainda uma plateia. Esme, Alice e
Max.
- Então, são duas menininhas? – Alice começou a pular
novamente.
Edward me olhou com aquele olhar ‘eu te disse’ e sorriu
me puxando para sala. A noite ia ser longa e espero
sinceramente que tenha algo para comer ou não aguento nada
disso.
Capítulo 29
Alive
Cinco meses. Eu queria que o tempo parasse. Eu já podia
sentir minhas duas meninas brincando de sambar dentro da
minha barriga. Meu peso estava impossível de acompanhar o
crescimento delas e por isso tive o aval de comer o quanto
quisesse apenas para engordar mais dois quilos. Em poucas
palavras, elas estavam me sugando a vida.
Amanhã era Natal. De novo. Pelo amor de Deus, eu mal
conseguia anexar que mais um ano se passou. Ano que vem
iria ter duas pentelhas engatinhando ao redor da árvore na
casa da vovó porque eu sinceramente acreditava que elas
puxaram Alice e não sossegavam.
Minha vida tinha mudado bruscamente e parecia que não
conseguia acompanhar tudo. Sequestro, morte de Victória,
gravidez de risco... Tudo no mesmo ano. E quando ele ia
acabar mesmo?
Como essa madrugada. Acordei com fome e estava indo
para cozinha devorar a primeira coisa que visse na geladeira.
Desci a escada bem lentamente porque o sono podia me
enganar em um degrau e se eu caísse, Edward teria um
infarto. Ele estava me enchendo o saco. Às vezes me irritava
com ele ou eram apenas meus hormônios.
Peguei um pote de sorvete, piquei um monte de frutas e
fui para frente da tevê da sala. Eu não sabia se ia comer aquilo
tudo, mas sabia que queria comer aquilo tudo. É bem diferente
e ao mesmo tempo igual. Minhas filhas ainda sem nomes
estavam brigando com a outra, mesmo em porra de placentas
diferentes. Dr. Grace disse que meu corpo era pequeno
demais para duas e por isso teria a tendência em me sentir
desconfortável.
Elas estavam com cerca de 108 mm a 116 mm e pesando
cerca de 80g cada uma. Eram espertinhas e trocavam de
posição com facilidade. O que mais estava me incomodando
eram meus seios doloridos. Edward chegou até fazer uma
massagem neles, o que desconfio se foi mais divertido pra
mim ou para ele. Eu não podia sentir o cheiro ou o toque do
meu marido que ficava louca. E as posições mudaram um
pouco e por vezes, isso me levava a loucura mais vezes que
podia imaginar.
- Amor? – Edward chamou-me com aquela voz deliciosa
e sonolenta do alto da escada. – Bella? Cadê você?
- Na sala. – respondi alto com a boca cheia.
- Comendo, é claro. – riu quando me encontrou – Posso
saber por que não me acordou? Eu pegava o que você
quisesse.
- Eis a questão – deitei a cabeça no seu ombro. – Eu não
sabia exatamente o que queria.
- E por que não acendeu as luzes da escada? –
perguntou-me rindo – Você perdeu o sono?
- Não, na verdade. Apenas acordei com fome. – dei os
ombros – Está gostoso, quer?
- Não, obrigada. Eu realmente penso que você já
conseguiu seus dois quilos.
- Se eu não emagrecer, né Edward. Isso está me
consumindo.
- Você vai conseguir manter o peso saudável para elas,
amor. Apenas continue comendo.
- Só de pensar que você não queria me deixar comer
antes... – suspirei terminando o pote – É, eu comi tudo.
- Quer ficar no quartinho delas até sentir sono
novamente? – perguntou-me animado demais para me levar
ao seu novo lugar favorito da casa.
O quarto delas era ao lado do nosso e mesmo com cinco
meses, eu estava barriguda. Mesmo. Edward estava
literalmente fascinado com o tamanho da minha barriga, cada
ultrassom em 4D e movimentos que elas faziam. Esse ano o
natal seria aqui em casa e quando passei mal na noite da
minha formatura, o médico cancelou o trabalho. Esforço e
alguma saídas por enquanto...
Eu estava beirando uma gravidez de risco e isso me
deixou triste. Eu tinha medo do que pudesse acontecer com
minhas filhas e por isso obedeci sem nem brigar. Era tudo por
elas. Eu mal estava saindo de casa e tinha muita gente me
verificando o tempo todo. Às vezes eu ficava na casa de
Esme, apenas na beira da piscina morrendo de ódio por estar
entediada ou com ela querendo me empurrar comida ou falar
sobre as crianças.
Outras vezes Rosalie ficava comigo e com Joseph. Ele
estava grande, fortinho e com jeitinho de homenzinho. Tinha
um sorriso galante e estava começando a se equilibrar
sozinho ao sentar e buscar brinquedinhos. Ele também era
bruto como Emmett. Suas brincadeiras me deixavam com
manchas leves no rosto. Era engraçado o modo que ele
olhava para minha barriga ou no meu colo sentia as meninas
mexerem.
Eu queria ver Ethan também. Eles iriam chegar hoje e não
sabia que horas. Ele devia estar grande e com novos
aprendizados. Ao telefone ele era bem espertinho com suas
palavras erradas misturadas com um sotaque inglês. Uma
fofura.
- Edward... – sussurrei no escurinho do quartinho das
meninas. – Será que nós vamos ser bons pais?
- Eu não sei. Se eu puder ser metade que meu pai foi
comigo, eu serei alguém bom.
- Eu quero dar a elas tudo que não tive. Tanto de amor e
carinho quanto de necessidades físicas... Eu quero ser mãe
que elas possam contar medos, intimidades e saibam que
sempre estarei por elas. É tão ruim não ter nada disso...
- Nós daremos, amor. Não tenha medo. Elas serão as
meninas mais amadas do universo. Acredite em mim.
- Não vejo a hora de vê-las...
- E eu. Elas podem ter seus olhos e seu nariz.
- Por que meus olhos? Os seus são lindos!
- Os meus são verdes, apenas. Os seus são como um
mar de chocolate. Uma cor única. E eu os amo.
- É muita felicidade. Eu amo cada segundo...
- E eu finalmente estou realizando meu sonho... Você
realiza todos meus sonhos. De ser seu homem, seu marido e
agora pai das suas filhas.
- Viu como esperar não foi ruim? E eu não demorei, visto
que você não parou de pedir.
Eu sorri me aconchegando mais ainda no seu colo, dando
um beijo estalado no seu pescoço. Ele é tão cheiroso.
Cheirinho de cama e do seu perfume tão gostosinho. Imaginei
como seria ter na cama os três. Minhas duas meninas e meu
marido.
- Vamos para cama meu bom homem. Eu preciso que
você me ame mais uma vez esta noite. – provoquei
rebocando-o para nosso quarto.
- Com todo prazer. Todo o tempo.
.~.
Estava sozinha com Ethan e Joseph no jardim de casa
enquanto Charlotte e Rosalie nos preparavam bebidas.
Estava bem friozinho e parecia que ia nevar a qualquer
momento, ainda assim, o dia estava bonito. Joseph parecia
uma bola com tanto casaco. Ele mal conseguia se mover e
Ethan já andando – e até corria – tinha vários casacos, toca,
luva e um protetor de ouvido que toda hora fazia questão de
arrancar.
- Ethan, eu não vou entrar o ano com você tirando esse
negocio. Volte aqui.
- Não Beah!
- Ethan! Não faça isso e volte aqui. – pedi seria e ele me
fitou com cara de choro.
- Beah...
- Não choramingue, Ethan. Vem aqui...
- Beah.
- Ethan, aqui e agora.
Ethan veio, mas abriu a cara a chorar. Eu peguei-o no
colo e tentei explicar que estava frio demais para ficar sem
proteção ou iriamos entrar. Joseph assistia a cena com uma
mão inteira na boca, babando tudo ao redor. Ethan continuava
com a pontinha do nariz vermelha, olhos cheios de lágrimas,
mas parecia compreender.
- Eu te amo, meu menino. É para seu bem.
Ethan manhoso deitou no meu colo, com a cabeça entre
meus seios, com a mãozinha de leve na minha barriga. Minha
filha do lado esquerdo chutou exatamente ali, me fazendo rir
um pouquinho. Eu precisava dar nome a essas crianças.
- Está muito frio aqui... Vamos entrar. – Charlotte pegou
Ethan e Rosalie levou Joseph.
- Já vou. Quero ficar mais um pouquinho. – sorri e elas
entraram reclamando que Edward ia brigar com elas.
Meu jardim era meu lugar favorito da casa, mas minhas
flores estavam congeladas. Fiz uma nota mental de aprender
com Esme sobre como cuidar melhor delas. Edward só
deixava o jardineiro fazer isso. Alias ele não me deixava fazer
muita coisa ultimamente. Eu só escrevia minha monografia e
pensei que tinha mais coisa a fazer...
- Posso saber por que as mocinhas estão aqui fora e no
frio? – Carlisle sentou ao meu lado, pegando os brinquedos
das crianças. – Meus netos estavam aqui?
- Estavam e suas mães os levaram de mim. Joseph só
quer ficar no meu colo porque sente cheiro de leite. E Ethan
porque minha barriga parece engraçada.
- E minhas netinhas, vão mexer para o vovô? – perguntou
afagando minha barriga e as duas mexeram ao mesmo tempo.
– É, mexeram.
- Mexer não é problema nenhum para elas. – respondi
deitando-me em seu colo – Eu estou entediada, sogro.
- É porque você ficou muito na correria e agora está
parada em casa... Pense que isso é o melhor para as
meninas...
- Eu não aguento mais. É chato. Eu só como e durmo o
tempo todo. – resmunguei fazendo bico e ele riu, apertando
meu nariz de leve. – E eu nem cheguei aos seis meses.
- E falta pouquinho. Vamos entrar antes que você
congele. Está com o nariz gelado.
Bufei irritada, mas obedeci porque realmente estava
ficando com frio e a neve começou a cair e não sabia se ia
prender ao chão ou não. Eu podia ouvir Esme na cozinha
conversando com Carmelita e as crianças fazendo barulho,
querendo atenção. Alice e Ian estavam colocando presentes
ao redor da árvore e comemorando 1 ano de namoro. Foi
ontem que essa menina me disse que estava apaixonada.
Eu ia fazer 25 anos e Edward 30. E eu achei que nós não
passaríamos de dois meses de namoro.
- E então, posso decorar os biscoitos agora? – perguntei
quando entrei na cozinha. Ethan veio correndo para minhas
pernas.
- Cadê Emmett? – Rosalie chiou tentando segurar
Joseph, que queria ir para qualquer lado, menos para o colo
dela – Chega uma hora do dia que simplesmente essa criança
não me quer mais!
- Vem com o vovô... Vamos passear e deixar as mulheres
dessa família com a barriga no fogão. – Carlisle pegou Joseph
que olhou para mãe meio debochada. As crianças estavam
aprendendo a serem espertinhas muito cedo.
- Se eu pego esse garoto... – Rosalie franziu os olhos,
mas mordia os lábios para não sorrir.
- Querem cobertura de que? Tem morango para os
bolinhos de chocolate e chocolate para os bolinhos de
baunilha. Ou pode ser ao contrário. – perguntei e Peter veio
com um banquinho pra mim. Como ele sabia que já estava
sentindo dor nas costas? - O que Edward foi fazer na empresa
hoje? – perguntei irritada. – Ele tinha algo realmente
importante que precisava sair de casa no natal?
- Ele foi resolver com os advogados a demissão de Tanya
Denali. – Charlotte respondeu e Peter a chutou por debaixo da
mesa. – Que foi?
- Charlotte...
- Agora desembucha! – bati na mesa – Por que aquela
vaca loira está sendo demitida e por que Edward tem que
cuidar disso?
- Não é nada demais. – Charlotte sorriu docemente –
Desculpe, mas eu não sabia que você não sabia e se Edward
não te contou...
- É porque ele vai contar depois. – Esme completou
rapidamente.
Emburrei minha expressão sem realmente me importar.
Charlotte não era culpada, mas ela estava mal e Peter estava
brigando por isso. Eu estou grávida e posso fazer a
tempestade que bem entendo, na hora que quisesse, por isso
assim que Edward chegasse, ele estava ferrado.
- Terminei aqui e vou trocar de roupa...
Subi a escada com passos pesados e muito irritados.
Qualquer meia coisa me fazia explodir e querer chorar. Se
antes eu já era meio impulsiva e chorona, agora estava ao
dobro e tinha duas mulheres sendo formada dentro de mim,
isso piorava a situação de Edward. Hoje era véspera de natal
e ele não era para ter ido a empresa. Ele estava indo demitir
Tanya Denali e tinha caroço nesse angu e se ele não me falou
porque não iria gostar e agora mesmo que estava puta da
vida.
Abri o closet e tive vontade de jogar todas as roupas dele
pela janela. Edward quando começamos a namorar era um
chato quando se tratava de organização, agora, o bobão sabia
que eu ia arrumar suas coisas, deixava tudo bagunçado. Eu
queria entender porque ele estava com tanta pressa ao ponto
de ter metade das roupas despencadas.
Escolhi uma nova roupa para a noite e ao mesmo tempo
confortável e fui para o banheiro. Cada minuto que passava e
Edward não chegava, eu sentia raiva. Minhas filhas estavam
agitadas ou era minha irritação que as estavam fazendo
brincar comigo.
- Amor? – Edward chamou-me fechando a porta em um
clique baixo. – Bella?
- Oi Edward. – respondi secamente saindo do banheiro e
indo para o closet, puxando um casaco de lã fofinho que
Rosalie havia me dado dias antes.
- Está tudo bem? – perguntou hesitante.
- Não sei, por que você não me diz o que estava fazendo
fora de casa em pleno dia de natal?
- Eu fui à empresa resolver umas coisas de ultima hora.
Como eu te disse essa manhã.
- O que? Seja especifico.
- Uns contratos... – passou a mão no cabelo nervoso.
- Edward, olhe bem pra mim. Quando pedi para ser
especifico, foi uma chance que estava te dando para abrir
essa sua boca linda e me contar a porra da verdade antes que
eu comece a gritar aqui. Você escolhe!
- Eu fui reavaliar o contrato de Tanya Denali. Peter a
demitiu semana passada na filial de Londres, mas ela quis
uma reavaliação e estava levantando uma acusação contra a
empresa.
- Que acusação?
- Não é nada demais. Eu e Emmett vamos resolver. – deu
os ombros – Vem cá, me conta como foi seu dia... – puxou-me
para seu abraço e eu o empurrei
- Edward... Ou você me conta ou nós definitivamente
vamos passar o natal brigados.
- Ela estava tentando me acusar de assedio sexual e os
advogados da empresa sem saber, ofereceram uma boa
quantia de dinheiro a ela.
- Dinheiro? Pagar para essa piranha? Eu vou matá-la!
- Não vão pagar mais nada. Eu nunca tive ou tentei algo
com ela. E bom, ela tentou então alegar que abandonou tudo
aqui para se mudar comigo, mas no contrato dela está
assinado que simplesmente estava disposta a se mudar se
fosse necessário. – Edward respondeu encostando a soleira
da porta – Não era para você se preocupar com isso...
- Tudo bem. Posso compreender seu ponto. Só que
pensa bem: Hoje é natal. Nossa família inteira está em casa.
E eu não quero você trabalhando no natal. Dia da família e
ponto final.
- Desculpa. Eu não podia esperar até segunda-feira.
- Não podia? Ou não queria?
- Não queria. – suspirou – Isso ia me deixar irritado, eu
quero ficar em casa...
- Ok. Tudo certo. Na próxima vez você vai me contar e
esperar passar o natal. Pode ser o papa, Edward. Natal é dia
da família.
- Tudo bem. Desculpe-me – sussurrou me abraçando,
enterrando o rosto no meu pescoço – Você passou o dia bem?
– perguntou enfiando a mão por dentro da minha roupa,
alisando minhas costas e o próximo passo seria a barriga.
- Sim... Eu senti sua falta.
- Eu também... Você tomou suas vitaminas?
- Esme me deu assim que acordei. – respondi – Deita um
pouquinho comigo? Estou sentindo dor nas costas.
- Não tampe minhas filhas. – Edward riu tirando meu
casaco – Oi princesas... Vocês se comportaram hoje na
barriga da mamãe?
E assim começou o papo interminável dos três. Edward
falava e elas se mexiam. Foi assim à tarde inteira, eu amava
assistir aquela cena e sorria feito uma boba com isso. Edward
estava apaixonado pela minha gravidez. Era atencioso – às
vezes demais -, carinho, gentil e amoroso em todo momento.
Ele ia a todas as consultas e lia comigo todos os livros de
bebês. E nas aulas de pré-natal prestava mais atenção que
eu. Eu odiava aquele boneco de plástico.
Treinar com Joseph era mais divertido. Aquele bebê nem
chorava! Edward deixou cair dentro da banheira cheia de água
e o máximo que aconteceu foi nós dois rindo alto enquanto
outros pais estavam concentrados na tarefa. Edward nunca
prendia fralda direito e eu desconfiava que era para me irritar.
- Pronta para descer minhas meninas?
- Estamos prontas, papai. Prontas para devorar a ceia de
natal inteira porque estamos deixando a mamãe com fome. De
novo.
- Essa é a sua nova magia do natal. – Edward riu me
puxando para fora do quarto.
- Minha vida de grávida é comer ou ter sono, porque
trabalhar eu não posso.
- Você quer me matar mesmo. Você lembra a noite da sua
formatura? Bella, você pode choramingar o quanto quiser,
mas eu não vou te ouvir.
- Não custava nada tentar, querido. – sorri docemente
dando um beijo estalado no seu pescoço.
Quando cheguei a sala novamente, a mesa já estava
posto, com todos bem arrumados e a neve caindo forte do lado
de fora. Esse ano nós tínhamos três meias diferentes. Uma
azul de Joseph e duas rosas para minhas meninas. Como
sempre, Alice colocou a estrela no alto e tinha sua guirlanda.
Edward me puxou várias vezes para debaixo do visco e ficava
me beijando, atentando minha sanidade mental durante a
noite de natal.
- Eu quero fazer o agradecimento esse ano. – Edward
levantou-se quando íamos começar a comer. Normalmente
Carlisle era quem fazia a oração. – Estou imensamente grato
pela minha esposa maravilhosa e principalmente porque esse
é o primeiro natal das minhas filhas. As mais velhas...
Obrigada a todos vocês, porque cada um tem uma
participação forte em fazer nossa família unida.
- Você citou as mais velhas tendo alguma intenção de que
irei engravidar novamente? – perguntei tentando esconder o
riso da sua expressão chocada.
- Nós não teremos mais filhos? – perguntou-me baixo –
Estou agradecendo aqui, amor. – sussurrou e todo mundo
estava tentando não rir.
- Agradeça pelo o que tem hoje. – sussurrei de volta rindo
- Ok. – resmungou – Como eu a engravidei pela primeira
vez, irei engravidá-la de novo. Amém
- Amém. – todos concordaram rindo.
- Obrigada pela “esposa maravilhosa” – provoquei dando
um beijo na sua bochecha.
- De nada querida. – piscou e Ethan pulou no colo dele,
colocando as mãozinhas gordinhas na minha barriga.
- Tem bebê amor. Dois. – Peter incentivou seu carinho e
ele fez o numero dois com os dedinhos e sorriu pra mim. –
Bella agora tem dois bebês. Suas priminhas.
Ethan olhou para minha barriga, depois olhou para mim,
olhou para minha barriga de novo e por fim deu os ombros,
pedindo um pedaço de frango do prato de Edward para comer.
Rosalie deixou que Emmett desse comida e era o mesmo que
deixar Joseph comendo sozinho. Ele mantinha as duas mãos
no prato e o rosto lambuzado. Esme mal comia para tirar fotos.
- Ian volta amanhã, Alice? – perguntei. Ele sempre
passava o natal com seus pais.
- Sim. Eles estão muito animados com o bebê da irmã
dele e vem almoçar conosco amanhã.
- Muito empolgante. – Edward resmungou e eu chutei a
perna dele debaixo da mesa. O comportamento dele com Ian
era absurdo. Ciumento e implicante.
- Bom, eu irei à forra quando minhas sobrinhas
começarem a namorar. – Alice riu bebendo mais do seu vinho
– Duas meninas. De uma vez. Quer melhor papai Edward?
Edward de uma risadinha seca e debochada antes de dar
um gole no seu vinho e mudar de assunto. Pimenta nos olhos
dos outros é refresco.
.~.
Ficar em casa estava me consumindo. Eu não tinha nada
além de cuidar da minha barriga de sete meses e descansar.
Estava vendo o dia que teria que me mudar temporariamente
para o quarto do primeiro andar por não poder subir as
escadas. Meu humor estava definitivamente abaixo de zero e
por isso, poucas pessoas perguntavam se eu estava bem ou
queria fazer algo.
Edward me ligava a cada dez minutos e eu realmente
parei de atende-lo. Isso o fazia ligar para casa e perturbar o
juízo de Carmelita. Contato que não fosse o meu, realmente
não estava me importando.
Esme vinha me verificar e Rosalie também ficava comigo,
mas todos tinham o que fazer. Eu juro que tentei me socializar
em redes sociais e passava o dia cutucando Emmett no
Facebook dele. Eu nem sabia que tinha um Facebook até
Edward me contar meu e-mail e senha. Isso também me
encheu o saco.
Eu tinha engordado nove quilos desde que descobri estar
grávida e tinha semanas que eu ainda emagrecia. Minhas
pequenas cutucadoras adoravam brincar com minhas
costelas e bexiga. Devia ser divertido fazer a mamãe ficar
meio ofegante ou indo ao banheiro mais vezes que o normal.
Edward estava mais fascinado ainda os movimentos delas e
por isso provocava conversando ou contando histórias.
- Mamãe está com fome de novo. É a hora do almoço.
Veremos o que Carmelita fez para gente hoje no dia dos
namorados? – conversei com elas, ganhando um leve
empurrão em resposta. Eu duvido que as duas dormiam ao
mesmo tempo. Sempre tinha uma delas mexendo.
- Bella! Já ia te chamar. – Carmelita sorriu docemente pra
mim – Seu almoço está te esperando lá na piscina.
- Por quê? É capaz de me proibirem de ir até lá. –
resmunguei brincando com a barra da minha blusa de flanela.
- Apenas vá. – Carmelita riu – Eu fiz ravióli, seu favorito.
Dei os ombros e segui para área externa da casa,
puxando minhas calças de ioga para não pisar nelas e
escorregar. Quando virei a esquina para passar pelo pequeno
gazebo que dava até a casa de Rosalie e Emmett, estaquei
no lugar. Tinha muitas flores. Camélias, para ser exata. De
todas as cores. Elas estavam espalhadas por todo lado,
fazendo parte do meu jardim ficar mais vivo e colorido.
Havia um caminho com pedras brancas e Edward estava
lá, no meio do gazebo, com calça jeans, descalço e uma blusa
azul clara. Do seu lado havia várias almofadas enormes
espalhadas e uma mesa de centro baixa com o nosso almoço.
Sua mão no bolso denunciava o nervosismo por preparar uma
surpresa. Por mais que soubesse que eu ia amar qualquer
coisa, ele ainda era adorável em ficar nervoso.
- Papai fez surpresa para a mamãe. Aprendam meninas...
Nenhum homem que vocês forem se apaixonar, podem ser
menos romântico que seu pai. – sussurrei para elas – E ele
não era assim. Eu juro.
Caminhei sem pressa até ele, que me ajudou a subir e
joguei meus braços ao redor do seu pescoço.
- Obrigada.
- Feliz dia dos namorados. – sorriu torto me oferecendo
uma rosa – Eu reparei esta manhã que nós nunca
comemoramos... Eu sinto muito por isso.
- Eu realmente não me importava, amor. Só que você
consegue fazer qualquer data especial. – beijei seus lindos
lábios com leveza.
- Vamos apreciar esse almoço. Carmelita surtou quando
liguei e precisei da ajuda de Rosalie. Até troquei de roupa na
casa do vizinho. – sorriu – Joseph fez um escândalo quando
me viu saindo sem leva-lo.
- Depois nós iremos lá para brincar um pouco.
- E como foi seu dia? – perguntou-me me ajudando a
sentar e vi que do lado do meu prato já tinhas as vitaminas e
o outro remédio para controle de lactose. Evitei fazer uma
careta.
- Eu usei meu Facebook e olhei minha barriga se mover.
Muito produtivo. – respondi tentando não ser irônica.
- Eu sei que deve estar sendo insuportável ficar em
casa... Por que você não escreve? Não cria um projeto?
- Vou pensar em algo. – sorri recostando levemente em
seu corpo – Você veio para ficar comigo o dia inteiro?
- Não o dia inteiro, mas uma boa parte dele... – respondeu
beijando meu ombro.
- Então vamos aproveitar. – virei-me de frente a ele,
prendendo meus cabelos no alto. Edward beijou minha nuca
antes de empurrar as caixinhas de vitaminas pra mim e um
copo de suco.
Nós ficamos quase a tarde toda ali, apenas deitados,
conversando, namorando e rindo apaixonadamente um para
o outro. Fiquei imensamente feliz com a surpresa de Edward
que quando ele teve que ir, o sorriso não saiu mais do meu
rosto.
Naquela mesma tarde eu vi um filme antigo da Jennifer
Lopez, chamado Nunca Mais. Eu consegui ficar tensa e
nervosa apenas com algumas cenas. Demetri ficou brigando
comigo, mas não quis parar de ver. Ele ameaçou até ligar para
Edward, mas eu continuei ali assistindo até o fim. Ela
conseguiu sobreviver, coisa que Victória não tinha
conseguido.
A personagem Slim tinha conseguido sobreviver e lutado
por aquele amor doentio. Eu sentia muito no meu coração por
Victória ter acreditado em James. Ela parecia frágil, mas
nunca imaginei que tão ao ponto de aceitar voltar para ele. Ela
achava que não tinha opção a não ser James... Isso me
cortava a alma.
E quantas mulheres vivem assim hoje? Quantas estão
vivendo reféns de homem possessivos e agressivos? Quantas
mulheres podem estar abandonadas ou simplesmente
vivendo desumanamente por medo? Quantas meninas órfãs
quanto eu podem estar por aí sozinhas, tentando a sorte na
vida louca de Nova Iorque?
Passei muitas horas sentada no sofá remoendo as
mensagens do filme, as histórias de Alice – não sendo cem
por cento resolvida com seus sentimentos relacionados a
Jasper -, Victória e toda sua frágil e acabada vida por amor a
James.
Acabei dormindo no sofá e acordei com um tapa de leve
no meu rosto. Abri os olhos e encontrei Joseph e sua chupeta
babada me acordando do seu melhor modo. Rosalie estava
rindo com Emmett em pé, observando o filho, que agora não
estava satisfeito que eu estava acordada e enfiou o dedo no
meu nariz.
- Estamos invadindo sua casa. – Rosalie sorriu. – Você
dormiu tem pouco tempo?
- Na verdade, tanto faz. Você sabe, eu durmo o tempo
todo. – sorri levantando meio desajeitada. – Vou fazer
algumas coisas para o lanche.
- Vou só trocar a fralda de Joseph e te ajudo. – Rosalie
riu quando Emmett sentou-se no sofá e colocou no jogo.
- Ei, eu ia te acordar. – Edward desceu as escadas com
jeito que tinha saído do banho. Ele estava só de calça de
moletom e sem camisa. Eu fiquei meio abobalhada parada no
meio do hall olhando-o com um sorriso nos lábios – Estou te
deslumbrando de novo?
- Mulher, eu sei que você está grávida, mas vai fazer
aquele lanche esperto. – Emmett provocou.
- Eu odeio vocês dois. – bufei indo para a cozinha. Eu ouvi
Rosalie dar um tapa forte em Emmett.
Na cozinha preparei sanduiches com Edward encostado
no balcão ao meu lado só me olhando. Eu sorri um pouco e fui
lavar as mãos no segundo balcão quando terminei. Senti-me
ser abraçada por trás, meu cabelo sendo afastado da nuca,
um beijo molhado e as duas mãos desceram para minha
barriga. Deitei a cabeça no seu ombro, sentindo meu marido
pressionar ainda mais seu corpo ao meu, subindo para meus
seios, acariciando levemente enquanto mordiscava meu
ombro nu.
Sua mão esquerda migrou do meu seio, para minha
barriga até meu ventre, causando infinitos arrepios e um
gemido sôfrego e baixo escapuliu dos meus lábios. Edward riu
levemente empurrando minha calcinha e começando a brincar
com meu clitóris de modo lento. Quase doloroso. Bati na
bancada querendo mais e afastando mais ainda minhas
pernas, dando vasão aos seus dedos maravilhosos me
penetrarem com cuidado.
- Mais... – sussurrei
- Shiu... Relaxe baby... – sussurrou
- Por favor, eu quero mais... – choraminguei jogando
minha cabeça pra trás me movendo no seu ritmo.
Não demorou muito e eu cheguei lá, mordendo os lábios
para não gritar e chamar atenção de Emmett e Rosalie na
sala. Suspirei feliz quando senti meu corpo se acalmar e
Edward ainda estava me abraçando com carinho.
- Eu te amo, meu amor. – sussurrou rindo um pouquinho.
- Eu também. Pergunte-me novamente como foi meu dia,
por favor.
- Como foi seu dia?
- Maravilhoso. – sorri virando-me de frente para ele.
Nós voltamos para sala vermelhos, ofegantes e sorrindo
muito dando a Emmett e Rosalie abertura para zuações. Nós
vimos filmes e na metade do segundo, Alice chegou serelepe
como sempre, fazendo bagunça na minha cozinha quando foi
fazer uma pipoca doce com Emmett.
- Bella... Sua barriga não para. – Rosalie riu – E está
realmente grande.
- Tem duas aqui, gata. – sorri acariciando minha barriga.
- E o parto, como vai ser? – Alice perguntou curiosa.
- Cesária. Eu passei as ultimas semanas pensando
nisso... Vai ser melhor pra mim e para meninas.
- Natural não seria mais saudável? – perguntou-me
confusa.
- Não... – sorri docemente, embora tenha sentido Edward
enrijecer atrás de mim, onde estava deitada.
- Bella... – Edward sussurrou – Como assim?
- Eu vi um vídeo, Edward. A mãe estava grávida e tinha
os mesmos problemas de pressão alta como eu. Um dos
casos, a mãe não sobreviveu ou o bebê. Foi complicado e
doloroso. Apenas um eles sobreviveram, mas ela não pode ter
mais filhos. – respondi baixinho e ele me apertou forte.
- Não brinca com esse tipo de coisa, Bella. Nós
precisamos conversar com a Dr. Grace.
- Edward... Eu não vou me colocar em risco.
Principalmente minhas filhas. Eu daria minha vida por elas.
- Shiu... Não fala em nada disso. – Edward virou meu
rosto e pude constatar seu desespero – Vocês são tudo que
tenho na vida, Bella.
- Eu sei amor. Eu sei. – beijei-o lentamente – Eu quero
fazer Cesária e voltar saudável e com minhas duas filhas em
casa.
- Então, nós faremos. Só por favor, nunca mais repita algo
do tipo ou considere essa hipótese. Vocês três vão ficar bem,
entendeu?
- Entendi sim, amor. – sorri afagando seu rosto
preocupado, desfazendo os vincos de preocupação. – Apenas
relaxe. Nós estamos bem.
- Ei vocês dois. – Emmett chamou nossa atenção – Vocês
dois estão ganhando em dose dupla a maior dádiva da vida.
Apenas relaxem e deixe que a vida cuide dos caminhos certos.
Nada mais vai acontecer com a nossa família. A chegada de
Ethan, Joseph e as meninas são a prova de que continuamos
fortes. – sorriu docemente para seu filho, que batia com uma
girafa na sua perna – Sem clima ruim. Tudo vai dar certo e
você sabe Bella... Eu sempre estarei lá por você.
- Obrigada Emm. – sussurrei emocionada. – Eu amo
vocês.
E foi naquele momento em que minha família devolveu o
sorriso repleto de amor e carinho que tive certeza absoluta do
meu novo projeto de vida. Eu ia conseguir que outras
mulheres que estão perdidas assim como eu era. Em parte,
queria um mundo melhor pelas minhas filhas e por tudo que
passei.
Capítulo 30
Sunrise
Dizem que mulheres aos oito meses podem ser
comparadas aos mamutes. Pelo menos eu estava me
sentindo enorme. Não gorda, mas com uma barriga enorme.
Meus seios também estavam no caminho de explodir e desde
a infâmia que Edward leu que o marido tinha o papel de
estimular o leite materno, agora ele não parava mais de vazar.
Eu queria bater nele, mas só de lembrar o quanto ele se
divertia descobrindo coisas relacionadas ao meu corpo
“grávido” eu me sentia bem e completa.
Comer era um bom esporte se não tivesse trezentas
pessoas perguntando sobre minha alimentação e atividades.
Resolvi seguir o conselho de Edward e estava criando um
projeto com a ajuda de Rosalie. Nós duas tínhamos
absolutamente nada a fazer. Ela era ótima em assuntos
sociais e eu nos números. Em poucas semanas tinha o projeto
todo fundamentado, agora só faltava preencher as lacunas e
conseguir apoio. Isso mantendo segredo absoluto de qualquer
Cullen. Eu queria fazer surpresa.
Principalmente para Edward.
Eu queria que ele visse tudo pronto e descobrir qual seria
a sua reação.
Mal podia esperar para isso.
- Posso entrar? – Carmelita bateu a porta suavemente –
Querida, Sarah Calahan deseja falar com você.
- Vou atender no escritório. – respondi levantando da
cama rápido e cai sentada me sentindo meio zonza. Carmelita
estava do meu lado em um piscar de olhos – Eu sei que
Edward te aterrorizou, mas eu estou bem.
- Bella...
- Eu juro juradinho. Estou deitada o dia inteiro porque não
posso me mover, mas as coisas estão todas guardadas no
escritório.
- Ok. Não hesite em me chamar.
Meu telefonema foi mais bem sucedido que imaginei.
Sarah era esposa de Phil Calahan, o futuro prefeito de Nova
Iorque. Eu precisava colocar essas dondocas que conhecem
sobre a vida de todo mundo para descobrir alguns pontos
importantes. Sarah sabia do projeto e prometeu segredo e
ajuda. Ela estava fazendo muito mais.
Até apoio da Universidade local com estagiários de
psicologia e psiquiatria conseguimos. Seria como uma mão
lavando a outra. Também consegui apoio de outras escolas
particulares com bolsas estudantis para o grupo de honra de
NYU. Claro que uma prova teria que ser feita, o que achei
completamente justo.
Tudo estava se encaminhando bem. Só faltava decidir
encontrar um local apropriado, mas antes, precisava conhecer
e encontrar muita gente até apresentar isso ao conselho da
empresa. E isso significava aprovação de Edward, Carlisle e
Emmett. Isso seria meu ponto.
Eles aprovariam porque eu sou a Bella ou por que o
projeto é bom? Eu queria alguém de fora e imparcial, mas não
adiantaria de nada, porque Edward é o presidente e ele com
Alice e Emmett são donos de tudo, sendo únicos herdeiros.
Carlisle quase não ia mais a empresa com Edward no
comando e Esme já tinha passado seu sucessor... Para
Rosalie e eu. Quanta confusão.
Frustrada, resolvi fechar meu computador e descer
apenas com o tablet para comer alguma coisa. Já estava na
hora, de qualquer modo. Alguém iria vir atrás de mim, porque
Edward ia ligar lembrando.
- Cheesecake! – bati palminhas quando vi em cima do
balcão – Delicioso!
- E almoçar, nada? – Edward perguntou me assustando.
Eu não o tinha visto na entrada da garagem para cozinha.
- Assombração. – resmunguei e ele riu, vindo me abraçar
– Veio passar o dia comigo? Ou Carmelita te ligou?
- Carmelita me ligou porque você mal tocou no café da
manhã e ficou a manhã inteira no escritório. De novo.
- E você despencou do trabalho até aqui somente para
isso? – perguntei me afastando bruscamente dele.
- Você estava na mesma consulta médica que eu? Não é
possível, Isabella! Você sabe que descer as escadas é
proibido. Não comer está fora de questão e que se sentir
qualquer mínima tontura, é para me falar.
Dei as costas puxando meu tablet e sai da cozinha,
deixando-o sozinho. Ele sabe que eu odeio ser chamada de
Isabella, principalmente quando ele está brigando comigo.
- Bella? Aonde você vai?
- Para meu quarto. Médicos me disseram que não posso
me irritar com você. – respondi já chorando.
Não que eu quisesse chorar, mas meus hormônios
comandavam meus ductos lacrimais e não mais meu cérebro.
Era estranho essa história de não sair da cama quando eu
estava bem. Eu me sentia forte o suficiente para subir e descer
escadas, conversar e trabalhar no projeto. Já que não podia ir
até a empresa. Quando minhas costas e pés doíam, eu
deitava ou parava de fazer o que me esforçava.
Deitei na cama secando as lágrimas teimosas quando ele
veio com uma bandeja de comida. Eu realmente estava com
fome, diferente do café da manhã que eu não estava. Só que
agora eu estava emburrada com Edward e não ia comer.
- Bella, por favor... Preste atenção. Eu preciso que você
coma e se preserve.
- Claro, porque eu vou me colocar em risco porque gosto.
– rebati e ele bufou.
- Eu sei que você não vai se colocar em risco
propositalmente, mas... Eu fico preocupado. Eu não consigo
trabalhar ou fazer qualquer outra coisa pensando se vocês
estão bem.
Eu me senti estupida por ter me derretido com a verdade
de suas palavras. Involuntariamente abri um sorriso e abaixei
a cabeça para que ele não visse. Edward riu relaxado e me
puxou para perto.
- Desculpa ter me alterado com você. Eu não queria te
fazer chorar... – sussurrou beijando meu rosto molhado. – Eu
só preciso que você fique bem.
- Eu estou bem. Prometo. – beijei meus dedos cruzados
e ele riu, puxando a bandeja para perto de nós. – Eu não
estava com fome no café, foi só isso.
- Ok.
- E confie em mim. Eu vou te dizer quando não estiver me
sentindo bem. Eu prometi, Edward.
Nós não brigamos mais durante aquele dia. Ficamos
deitados na cama, conversando e namorando. Nós
terminamos de arrumar uma ultima gaveta no quarto das
meninas com novas roupinhas dadas por Alice e voltamos
para o quarto. Ele me mimou o dia inteiro só porque me fez
chorar. E me chamou de Isabella. Talvez eu tenha
dramatizado um pouco mais, só que eu estava morrendo de
felicidade porque ele tirou o dia pra mim.
De noite comecei a arrumar maneiras de fazer Edward
concordar em ir na casa de Sarah. Eu não pensei nesse
detalhe. Ele estava irredutível quando o assunto era sair de
casa comigo, mas eu realmente precisava ir e conhecer
algumas pessoas.
Nós dormimos depois de muitas risadas em um filme de
comédia qualquer e ele cantarolou uma canção de ninar que
aprendeu com Emmett. Eu fiquei imaginando os dois no
trabalho trocando figurinhas sobre bebês. Eu ficava feliz que
a amizade deles se fortalecia novamente a cada dia que
passava. Que minhas filhas fossem melhores amigas uma da
outra.
Sábado passei o dia na piscina com Edward, Emmett,
Rosalie e Alice. Foi extremamente divertido e eu pude relaxar
sem ninguém no meu pé sobre horários de comida e remédio.
Edward não queria me ver irritada por isso novamente, então
ele estava fazendo seu melhor para ser sutil.
Durante o almoço que eu realmente fiquei surpresa e
percebi que Edward seria o melhor pai do mundo.
- Cadê Ian, Alice?
- Deve estar em casa. – respondeu dando um gole no seu
chá gelado.
- Vocês terminaram? – Emmett perguntou sério, parando
de dar biscoitos de dentição para Joseph.
- Não. – deu os ombros – Não posso mais ficar só com a
minha família?
- Claro que pode. Deve. Só que você e Ian viviam atrás
do outro. O que aconteceu, Alice? – Edward perguntou
olhando bem sério para cara de culpada dela.
- Alice...
- Ok. Eu não sei. Desde que Jasper apareceu e nós
voltamos a conversar amigavelmente, eu não sei mais o que
estou fazendo com Ian. É isso. – resmungou jogando o talher
na mesa com força.
- Você gosta do Jasper? – Edward perguntou o obvio,
mas eu continuei calada, apenas observando. Alice assentiu
envergonhada – Termine com Ian e decida sua vida. Você
permanecer fiel integralmente à pessoa que está do seu lado.
Se você está disposta ou já perdoou e esqueceu aquele
episodio, volte para ele. Se é isso que você quer.
- Eu perdoei. Eu sei que fui infantil também. Eu quis que
ele abrisse mão de um sonho para ficar comigo... Eu também
errei e na época não enxerguei isso.
- Todos nós erramos na vida, princesa. – Edward afagou
sua mão – Apesar de não me arrepender de ter dado um soco
nele por fazê-la chorar. – deu os ombros fazendo-a rir e eu
belisquei seu braço. Estava indo tão bem – Tudo bem, eu
também errei em agredi-lo sem saber os fatos.
- Foi muito confuso nosso termino com uma chuva de
disse-me-disse sem necessidade. Eu só sei que toda vez eu
esperava por ele.
- E por que daquele ataque na faculdade? – perguntei
curiosa.
- Ele tinha que aprender, oras. Não é porque me deixou
uma vez que eu tinha que aceitar sorrindo. – sorriu torto, como
Edward. Arrogantes!
- E agora, o que você vai fazer?
- Ficar sozinha. Nem um, muito menos outro. – sorriu
ajeitando os cabelos, que agora, eram maiores – Quero
apenas curtir a mim e se Jasper um dia voltar à Nova Iorque...
Eu vou esperar.
- Uma coisa é certa, pequena. O que é verdadeiro volta.
– Emmett beijou a bochecha de Rosalie. – Se a história sua e
de Jasper não terminou ainda, tudo vai se acertar.
- E você pode correr de novo para meu colo se precisar.
Eu ainda não estou preparado emocionalmente para você ser
adulta e ter relacionamentos intensos. – Edward sorriu
beijando-a levemente.
Alice agradeceu ao carinho dos irmãos e tive pena do
atentado psicológico que Alice devia estar fazendo na vida de
Jasper. Apesar dos pesares, ele era um bom menino e isso
tem tempo. Deu abertura o suficiente para amadurecer. Além
do mais, ele ainda tinha mais alguns semestres na faculdade,
uma vida de estagiário, até conseguir voltar a Nova Iorque. Eu
não pude deixar de sentir orgulho da minha pequena menina
crescendo.
- Hoje a noite tem recepção na casa dos Calahans, vocês
vão? – Rosalie perguntou tal como combinamos mais cedo.
- Não sei. Acredito que não...
- Ah, eu queria tanto ir. Sair um pouco de casa. Além do
mais, gosto tanto da Sarah! – sorri docemente para Edward,
que me olhou desconfiado arqueando a sobrancelha.
- Você? Querendo ir a algum evento? O que vocês duas
estão aprontando?
- Do que você está falando? – rebati encenando
confusão. Edward ficou lívido.
- Nós não vamos. Você precisa de repouso absoluto. –
disse firme e eu fiquei com raiva.
É o que veremos Edward Cullen!
- Por que você não quer que eu saia de casa? – perguntei
quase chorando. – Você está com vergonha que as pessoas
me vejam enorme? Que eu engordei?
Hormônios estúpidos que tiram meu filtro verbal. Eu sabia
que Edward não sentia vergonha de mim, mas esse
pensamento não impede de assombrar minha visão no
espelho.
Edward ficou branco como leite e me fitou incrédulo com
minhas palavras. Seu olhar abriu e pude ver sua íris se
expandir. A boca se abriu várias vezes e fechou. Levantei da
mesa e comecei a recolher as coisas do almoço emburrada.
Ele ia me levar ou mudaria de nome. Essa coisa toda de
repouso absoluto estava me enchendo o saco!
- Amor... Eu não acredito que você falou isso.
- Sério? Por que? – rebati – Você não quer me levar...
- Porque é um absurdo!
- Sem brigar... – Emmett intrometeu e eu bufei, indo para
cozinha – Edward, não vai atrás dela. Vocês vão acabar
brigando e ela pode não aguentar isso.
Lavei toda louça com Rosalie e Alice em silencio. Cada
uma estava perdida em seus pensamentos e dramas
particulares. Edward devia estar chateado com a minha
acusação, mas depois que ele me dissesse que iria me levar,
eu ia assumir e pedir desculpas.
Deitei no sofá da sala sentindo sono e logo ele veio,
sentando no chão ao meu lado.
- Baby.
- Ok – cortei me sentindo culpada – Eu sei que você não
tem vergonha de mim e eu só falei isso porque eu quero que
você me leve na recepção.
- Porra... – Edward coçou a cabeça, mas ele estava rindo
– Ok, e conseguiu. Eu vou te levar, só pelo drama e pelo bico.
E porque você sabe, exibir você grávida é um dos meus
maiores orgulhos. O primeiro é ser seu marido. – sussurrou
vindo me beijar e eu o empurrei.
- Por que você é tão fofo comigo quando sou uma cadela
com você?
- São seus hormônios, amor. Você adora provocar uma
boa briga. Eu te conheço. – Edward riu – Além do mais, eu
sou seu escravo. Você está grávida, eu tenho que fazer o que
você quer.
- Então, eu posso conviver com isso. Eu te amo... E
desculpa. Na hora simplesmente saiu. Eu sei que é normal
ficar grande feito um elefante...
- É, você é linda. Como eu poderia te achar feia se você
está carregando e protegendo minhas filhas com sua própria
vida? Tem amor mais bonito que esse?
Eu sorri e puxei-o para um beijo pelos cabelos. Edward
não iria se abalar com nada relacionado a gravidez. Era tudo
que mais queria e ele estava vivendo nas nuvens com suas
duas princesinhas a caminho e que reconheciam sua voz.
.~.
O janta na casa dos Calahans foi um sucesso absurdo.
Sai de lá com uma lista de telefonemas extenso. Edward foi
dirigindo e isso deu um ar de família mesmo. Agora eu estava
cansada, de verdade. Com dor nos pés e nas costas.
- Eu acho que preciso deitar. – resmunguei bocejando –
Estou com sono.
- Percebe-se. São meia noite e você praticamente vem
dormindo cedo. – Edward provocou subindo comigo. – Você
está sentindo algo além do sono excessivo?
- Dor nas costas e nos pés. – respondi sinceramente –
Pegue aqueles travesseiros grandes do quarto de hospedes
para colocar em meus pés?
- Claro. Vai trocando de roupa. Já volto.
Uma coisa engraçada aconteceu no meio do caminho. Eu
abri a porta do quarto errado. Era sempre assim. Casa enorme
com portas iguais. Quando finalmente acertei meu quarto
devido ao meu sono, troquei de roupa e deitei esperando por
Edward chegar com travesseiros grandes e fofinhos pra mim.
- Olha como papai é fofo! – provoquei com as meninas se
movendo, juntas – Isso dói. Dá para parar?
- Se elas não te obedecem ai dentro, o que te leva a crer
que farão isso quando estiverem fora? – Edward riu vindo me
beijar. Eu queria mais...
- Droga. Se afasta.
- Que foi?
- Estou tendo um desejo que não pode ser... Executado.
– resmunguei realmente emburrada e ele riu.
- Tudo bem, meu amor. É normal ficar excitada com seu
marido. – gargalhou alto – Ainda mais um marido como eu que
você intitulou como deus do sexo.
- Olha só! – gritei – Dá para diminuir? Você tinha me feito
chegar ao orgasmo cinco vezes naquela noite. E com
pouquíssimo espaço de tempo. Não se ache.
- Eu gostei do meu titulo, tá.
- E não vem com essa porque naquela noite nós tomamos
aquele maldito estimulante sexual. Eu nunca pensei tanto em
sexo como naquela noite.
- Foi engraçado.
- Foi mesmo. – concordei rindo – E muito boa. – pisquei
- Oh sim, dessa parte eu lembro com detalhes. –
sussurrou charmoso no pé do meu ouvido, e eu estremeci por
completo.
- Para Edward... – choraminguei – Isso é injusto.
Edward apenas riu e ajeitou-se na cama, me puxando
para ficar em seus braços. Sua mão automaticamente foi para
minha barriga e ainda conversando baixinho, coisas bobas e
leves, adormeci sentindo seu carinho. Meu marido fofo.
Acordei três horas depois sentindo calor e uma sensação
estranha. Aumentei o ar condicionado, mas então percebi que
o calor era outro quando bebi metade da jarra de agua que
ficava ao lado da cama. Talvez fosse hora do remédio e das
vitaminas, apesar de nunca ter acordado antes por falta delas.
- Amor... – sussurrei baixinho. – Edward?
- Hum?
- Eu acho que não estou me sentindo bem. – respondi
baixinho – Talvez seja a falta do remédio.
- O que você está sentido? – perguntou acendendo a luz
do abajur.
- Calor, mas não é calor. É uma sensação de quentura. E
ao mesmo tempo como se tivesse com pressão baixa.
Garganta seca e dedos frios.
- Vou te dar o remédio da pressão, mas se não passar,
você fala, ok?
Eu tomei o remédio e meia hora depois voltamos a dormir,
mas ainda assim eu não me sentia bem o suficiente. Acordei
uma hora depois e fui ao banheiro fazer xixi. Quando terminei
e fui me olhar no espelho, apenas por costume, sentir um
liquido quente e viscoso escorrer entre minhas pernas. Eu
sabia muito bem o que era aquilo e estava um mês adiantado.
- Edward... – chamei incapaz de me mover. Eu acho que
estava chocada. – Amor? EDWARD!
- Hum? – perguntou confuso, acordando novamente e
ouvi o barulho dele levantando na cama. Assim que apareceu
no banheiro, somente apontei pra baixo. – Ok. Você está
sentindo algo anormal?
- Não sei se posso dizer cólicas, mas é bem fraquinho
mesmo. Muito mesmo.
- Ok. Vou ligar para Dr. Grace e nós vamos para o
hospital. – disse tranquilo. Aulas de pré-natal fez efeito nele. –
Você quer que eu chame Rosalie ou minha mãe?
- Sua mãe, por favor. – respondi com ele enrolando uma
toalha em mim para segurar um pouco do vazamento.
- As bolsas já estão no carro. Vou pegar uma roupa para
você e vestir uma calça jeans. Já volto.
Apesar de Edward estar calmo, eu estava tremendo de
nervoso. Primeiro que isso seria um parto prematuro. Segundo
que não estava preparada psicologicamente para parir
nenhuma delas hoje e terceiro, isso era apenas uma pontinha
do iceberg que eu pressentia.
Pouco tempo depois Esme chegou secando minhas
lágrimas. Ainda bem que ela morava extremamente perto de
mim e eu não sabia o que iria fazer sem ela. Ela conversou
comigo calma, disse para ter fé e ficar tranquila. Não fiquei
surpresa em encontrar todo mundo na sala quando desci para
ir ao hospital, com Dr. Grace já a caminho e preparando uma
sala. Edward aferiu minha pressão e ela estava em um nível
preocupante.
Eu fiquei quieta a maior parte do tempo, respondendo
perguntas mecanicamente.
- Fale comigo, por favor. – Edward pediu preocupado.
- Eu estou com medo. – sussurrei – Você vai ficar do meu
lado, não vai?
- Claro que sim. Estarei segurando sua mão o tempo todo.
Não tenha medo, minha vida. Eu estarei lá com você.
Dr. Grace já estava me esperando no portão de
emergência. Logo fui encaminhada para uns exames rápidos
e me mandaram para um quarto, onde iria me preparar para a
minha cesária. Meu coração ia sair pela boca ou a boca ia sair
pelo meu ouvido. Não sei bem explicar o frio na barriga e
sensação de nervoso que estava tendo naquele momento. Eu
quase chorei quando vi tamanho da agulha que ia me
anestesiar.
- Agora, vai ser rápido Bella. Eu preciso de você calma.
Logo vai ouvir suas meninas. – Dr. Grace falou comigo, mas
eu não podia vê-la. Edward estava engraçado com aquela
roupa azul, mas estava ali, segurando minha mão.
- Eu te amo. – Edward sussurrou emocionado. – Eu te
amo muito.
Eu podia sentir Dr. Grace me cortando. Não dor, apenas
a sensação da lamina em minha pele. Eu estava ciente dos
enfermeiros ao meu redor e do olhar atento de Edward sobre
o parto a minha frente. Foi como cosquinhas internas sentir
minha primeira filha sair de dentro de mim e um pequeno
resmungo foi dado. Logo ela estava chorando a pleno pulmões
e isso era bom, eles funcionavam.
Depois foi a outra. Poucos minutos depois mesmo. Ela
também chorou, mas era diferente, mas agudo. Edward saiu
do meu lado para cortar o cordão umbilical e Dr. Grace falava
comigo enquanto terminava comigo. Meu sofrimento agora
era outro. Eu queria vê-las. Pouquíssimo tempo depois
Edward surgiu empurrando uma espécie de incubadora e eu
fiquei feliz delas não estarem presas e nenhum tipo de fio.
E eram lindas. Com o rosto amassado, vermelho e
inchado. As duas tinham mãos na boca e as perninhas ainda
enroladas em posição fetal. Edward sorria pra mim entre as
lágrimas e tudo que conseguia fazer era chorar. Perfeitas. Não
tinha outra palavra. Eram perfeitas.
Cabelos escurinhos, mãozinhas pequenas, nariz
arrebitados, boquinhas vermelhas. Lindas.
- Edward... – sussurrei me sentindo meio fraca. Ele
rapidamente estava do meu lado. – Elas são lindas...
- Sim, perfeitas. Igual a mãe. – concordou me beijando
levemente e voltamos a fita-las quietas ao lado da outra.
- Vou sedar a mamãe um pouquinho... – Dr. Grace veio.
– Eu preciso que você fique dormindo pelas próximas horas
que são necessárias para repouso. Eu vou ter que fazê-la
dormir. Ok?
- Ok. – concordei. Eu não ia discutir com ninguém.
Contanto que pudesse acordar e pegar minhas filhas, eu faria
qualquer coisa. – Está tudo bem comigo?
- Melhor que o esperado Bella. Você é uma vitoriosa. Eu
estou orgulhosa do seu parto ter sido um sucesso. Eu não
quero arriscar sua recuperação imediata, por isso, vou te
sedar.
- Tudo bem. Obrigada. – murmurei bocejando. – Eu te
amo, amor. Cuide delas.
- Vou cuidar, minha vida. Apenas descanse.
A ultima coisa que ouvi foi Edward falando que também
me amava e um chorinho de alguma delas. Eu dormi tentando
conter a ansiosidade de vê-las, cheirá-las, beijá-las e aperta-
las demais. Só que para isso, precisava primeiro, sobreviver.
.~.
Acordei horas depois, quase 12 horas para ser exata.
Edward estava dormindo do meu lado e do seu lado tinha um
pequeno berço com as duas. Sua mão estava na barriga de
uma delas e ele tinha a expressão cansada. Que trabalho elas
não devem ter dado enquanto estava dormindo?
- Psiu... – sussurrei para ele, que abriu os olhos e sorriu
– Acordei.
- Dorminhoca. – sorriu torto vindo me abraçar. – Você
está bem?
- Curiosa. Quero vê-las. – sussurrei com medo de acordá-
las e ele puxou pra mim o berço, colocando dois travesseiros
nas laterais da cama e pegando uma a uma. – Você decidiu
quem vai ser quem? – perguntei baixinho não contendo as
lágrimas. Eu estava apaixonada. – São tão lindas.
- Eu penso que essa pode ser Sophie. Ela tem seus olhos
e eles são como da sua avó. – apontou para a da esquerda –
E esta, Elizabeth. Ela é birrenta e foi a única a brigar na hora
dos exames. Apesar de Sophie ter resmungado bastante e se
recusado a abrir a boca na hora da alimentação.
- Que pestinhas. – sorri acariciando os cabelos ruivos.
Dava para ver que eram puxados aos meus fios
avermelhados, caindo no bronze de Edward. – Qual a cor dos
olhos de Elizabeth?
- Verdes. Nasceram cinzas, caiu para verde claro. –
respondeu-me sentando atrás de mim – Acho que vai
escurecer. Joseph nasceu com os olhos muito mais claros.
- Pode ser. E você tinha razão. Elas tem meu nariz. –
comentei passando o dedo de leve no nariz delas. – E como
foram os exames?
- Nenhum problema cardiorrespiratório. E só não
possuem o fígado cem por cento completo, mas eles
passaram mais alguns exames e só alimentação materna, por
enquanto.
- Até agora elas mamaram o quê?
- NAN. E não gostaram. Apesar de terem ganhado peso.
- Isso é bom. – suspirei e Edward tocou meu queixo,
virando-o pra si. – Que foi?
- Você me faz sentir coisas indescritíveis. – sussurrou
emocionado – Obrigado por fazer minha vida perfeita. Eu te
amo.
- Eu não tenho palavras para expressar a emoção que
sinto ao viver e realizar sonhos que pensei nunca ter.
Obrigada por compartilhar e realizar comigo.
Nosso momento em família durou pouco tempo. Logo a
pediatra chegou e me ensinou como dar de mamar e a passar
a pomada caso viesse a me machucar. Sophie realmente tinha
meus olhos e ficou me olhando um tempão sem fazer nenhum
barulho. Parecia que estava me reconhecendo, não sei dizer.
Elizabeth mamou e depois ficou apenas quietinha no colo,
com as duas mãozinhas presas na minha roupa. As duas
dormiram novamente com suspiros feliz. Eu quase me derreti
ao ouvir isso.
Cada mínimo detalhe delas era mágico. Os pezinhos
pequenos, as mãos vermelhinhas, os olhos amendoados e as
bochechas gostosas. O cheirinho de bebê misturado com leite.
E a roupinha que estavam usando era que Alice havia dado.
Os dias no hospital foram rápidos, apesar de ter sido sete
dias. Edward decidiu tirar as primeiras semanas delas em
casa de férias e foi bom, porque duas semanas se passaram
e eu me vi tendo duas bonecas de verdade que acordavam
durante a madrugada e dormiam em horários trocados. Ia
demorar até que tudo se ajustassem.
Eu também tinha que verificar meus pontos e colocar
aquela maldita cinta tamanho PP que me irritava ate a alma.
Sem Edward, não faria nada disso. O clima da casa era de
pura magia. Apesar de a impressa ter feito plantão do lado de
fora e atazanar a vida de qualquer alma viva que entrava na
minha residência, foi tudo tranquilo.
Peter e Charlotte chegaram dias depois. Eles seriam
padrinhos de Elizabeth quando Sophie ganharia Emmett e
Rosalie como padrinhos. Eu me sentia em um estagio de
felicidade enorme. Dava um trabalho bem grande, mas isso
não anulava meu sorriso. Cada chorinho era ouvido com
prazer e eu ainda tinha o colo do meu marido na hora do sono
pesado.
Eu babava com Edward segurando as duas ao mesmo
tempo e conversando como se estivessem compreendendo.
Ele ficava horas apenas sentado olhando-as dormir e me
ajudava na hora da alimentação. As trocas de fraldas eram
sempre rápidas e engraçadas com eles. Sophie não gostava
de ficar sem roupa, quando Elizabeth não gostava era de ficar
com roupa.
Eu provoquei muito Edward com isso.
As duas cada dia que passava mostravam ter
personalidades fortes. Até mesmo de brigar e franzir o cenho
quando não gostavam de algo. E quando uma chorava, a outra
normalmente choramingava junto.
Agora o nosso momento. Não tinha ninguém em cima
delas, apenas nós dois, pais corujas e ciumentos. Ele estava
deitado com Sophie no colo enquanto eu alimentava
Elizabeth. Era a mamada da madrugada meio manhã. Sophie
tinha os olhos atentos em mim e quando sorri para ela, seus
olhos se abriram mais e a boca fez um estalinho bonitinho. Ela
esfregou o rosto no peito nu de Edward e depois espirrou. Era
a cena mais fofo do mundo.
- Ela está te paquerando de novo? – Edward perguntou
baixinho e eu assenti – Elizabeth também.
Olhei para Elizabeth que mamava me olhando com tanto
carinho. Eu fiquei toda boba com minhas filhas olhando pra
mim assim que meus olhos marejaram. Edward riu e me
cutucou.
- Chega pra cá. – sussurrou e fiquei confusa, mas fui –
Olha que lindo.
Na janela do closet que dava para os fundos da casa, o
sol estava nascendo e eu me vi pela primeira vez em anos em
pleno estado de plenitude. Eu estava completa em muitos
níveis. Era mulher, mãe, amiga e companheira. Percebi que a
vida era bela como um simples sorriso de um bebê e que era
preciso de pouca coisa para ser feliz. O que realmente nos
move é a felicidade que pequenas coisas como um olhar
apaixonado nos trazem e não as dores e os dramas que
somos obrigados a passar.
Todas nós podemos ser a menina do sorriso quebrado e
ainda assim sem desistir, se tornar a mulher mais feliz do
mundo. É como o nascer do sol. Precisamos agradecer pela
força de viver mais um dia.
Capítulo 31
Capítulo 32
Epílogo
Capítulo 34
Extra - II