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SINOPSE

Nick West é vocalista de uma banda de sucesso, os The Idolls, viaja de férias com os
amigos, também integrantes da banda, e em um passeio, um grave acidente acontece.

Nina Mallone é uma garota normal, que ainda cursa o último ano. Mora com sua mãe
trabalha como empregada na casa de um rico local. o grande amor de sua vida.

CAPITULO UM
-- Apenas tenha cuidado, Nina! -- Mamãe diz, mais uma vez.

-- Tá bom! Chego ai amanha à noite. Mal posso esperar para te ver. -- Deixei um sorriso
iluminar o meu rosto.

--Senti tanto a sua falta. Mas, agora você vira! Estou muito feliz. Amo você.

-- Eu também te amo, mãe! Beijos. Até amanhã. -- Nos despedimos e encerramos a


chamada.

Eloísa e eu, estamos indo comemorar, irei morar com a minha mãe nos EUA e após me
formar no colegial irei para a tão sonhada faculdade. Poderia fazer isso aqui no Brasil,
mas estou longe de minha mãe a anos e morar com os meus tios não está sendo tão
bom quanto antes. Digamos que estamos tendo alguns problemas.

-- Está pronta? -- Isa me chama da porta.

-- Sim, podemos ir? -- Guardo o celular na bolsa e me levanto.

-- Sim, senhora! -- Ela bate continência e sorri.

-- Ah, Isa! vou sentir tanto a sua falta. -- Puxo-a para um abraço.

-- Nem fala. Vai ser muito difícil ficar longe de você. Vamos conversar todos os dias,
né?

-- Com certeza, nossa amizade é mais forte do que toda essa distância! -- Respondo e
seguimos para fora de sua casa.

Nossa despedida/comemoração foi simplesmente incrível. Finalmente tomei coragem


para enfrentar aquele mar de gente suada que tomava conta da pista de dança.
Comprei uma bebida alcoólica com a identidade falsa que Isa havia conseguido para
mim. Beijei dois estranhos, dancei sensualmente junto com um. E não sei, mas um
sorriso se recusava a deixar o eu rosto. Está noite, eu me senti diferente e bem viva.

Dormi até as duas horas da tarde, me arrumei as pressas para não perder o voo, que
era daqui a uma hora. Despeço-me de meus tios, e minha única amiga de verdade, me
levou até o aeroporto, onde as despedidas continuaram. Os poucos colegas que tinha,
foram passar os últimos momentos comigo e se despediram de mim, quando
anunciaram o meu voo. Senti um aperto no coração. Foi ruim sabe que veria aqueles
rostos pela última vez e que agora, iria deixá-los para trás. Lágrimas e mais lágrimas
foram derramadas enquanto dávamos o último abraço. Sorri, grata, a todos que
estavam presentes. Com minha mala em mãos, segui para o portão de embarque,
acenando para meus colegas. Isa, estava abraçada ao namorado, chorando horrores.
Doeu ver minha amiga assim, mas a minha partida era necessária.

O voo foi tranquilo, e passei a maior parte do tempo lendo, para ocupar a cabeça.
Assim que passei pelo portão de desembarque, avistei minha mãe segurando alguns
balões e uma plaquinha escrito "Seja bem-vinda, meu amor!". Corri para os braços de
minha mãe. Era surreal poder tocá-la de novo, passaram-se cinco anos desde que a vi.
Não pude conter as lágrimas que desciam de felicidade.

-- Como você está enorme, filha! virou um mulherão. Meu Deus! -- Ela me analisava de
cima a baixo e sorria. -- Que saudade de você!!

-- Mãe, eu apenas cresci meio metro e tive peitos. Isso é tão legal! -- Disse, e minha
mãe riu, puxando-me para outro abraço. -- Senti falta da senhora.

-- Ah, Nina! Você não mudou nadinha. -- Juntas, esperamos minha mala passar pela
esteira, depois que a pegamos, seguimos para fora do aeroporto.

Chamamos um táxi, que nos levou até um condomínio cheio de prédios luxuosos no
centro da cidade.

-- Uau! É aqui que você mora? -- Perguntei, boquiaberta, enquanto olhava para a
janela.

-- Sim, o Sr. Sanders mora na cobertura. -- Ela deu de ombros. Pagou a corrida e nós
descemos do táxi.

-- Boa noite, Sra. Mallone. -- O porteiro cumprimentou. -- Essa é a famosa, Nina?

-- Sim. Nina este é o Sam. -- Mamãe nos apresentou. O senhor bem apessoado, me
puxou para um abraço apertado e afagou meus cabelos.

-- Seja bem vinda. -- Ele sorriu.


-- Obrigada! -- Devolvi o sorriso.

-- Vamos, Nina! Tenho que servir o Sr. Sanders. -- Mamãe disse, chamando o elevador.

-- Foi um prazer conhecê-lo. -- Disse ao Sam. E segui minha mãe, que entrava no
elevador com minha mala.

-- Posso te ajudar a fazer algo? -- Disse assim que saímos do elevador.

-- Apenas fique no quarto, o Sr. Sanders não está de bom humor. -- Minha mãe digitou
a senha em um painel ao lado da porta, que se abriu assim que a senha foi inserida.

-- Acho que posso fazer isso. -- Respondi. Mas assim que coloquei os pés dentro do
apartamento, tive vontade de explorá-lo de cabo a rabo. Era tão luxuoso e reluzente.
Consegui ver o meu reflexo no piso de mármore. -- Uau!

-- Uau mesmo, agora me siga, Nina. -- Mamãe não me deixou olhar o apartamento, me
guiou rapidamente pelos corredores e me deixou em um quarto perto de uma escada.

-- Para onde aquela escada nos leva? -- Perguntei, jogando-me na cama fofinha.

-- Para o andar do Sr. Sanders. Nina, agora tenho que voltar ao trabalho, agora, por
favor. Comporte-se. Vá arrumar suas roupas no armário.

-- Tudo bem, mamãe. -- Beijei o seu rosto, ela sorriu e se retirou.

Abri minha mala e comecei a retirar minhas peças de roupas; trouxe somente as roupas
que comprei ou que minha mãe me dera, tudo o que foi me dado pelos meus tios,
deixei para trás. Abri o guarda roupa, e encontrei um espaço vazio, e o preenchi com
minhas poucas coisas. Deixei a mala perto do pé da cama, e peguei o celular.

Já sinto saudades :(

Já chegou?? Como está a sua mãe? Mande um beijão para ela.-- Isa.

Respondi as mensagens de minha amiga e mexi em algumas redes sociais.

-- Nina, já trago o seu jantar. ok? -- Minha mãe coloca a cabeça dentro do quarto.

-- Ok. Eu posso tomar um banho? -- Pergunto antes que ela se vá.

-- Sim, a última porta desse corredor. -- Ela sorriu e fechou a porta.

Joguei o celular na cama, peguei uma muda de roupa e deixei na cadeira da


escrivaninha. Com minha toalha e produtos de higiene em mãos, sai do quarto e fui
para o fim do corredor.

Beleza! esse banheiro é bem maior do que a minha antiga casa. Deixei minhas coisas
no balcão da pia e pendurei a toalha. Tirei a roupa, e entrei na ducha, que era
exageradamente grande e uma delicia. O banheiro é todo de mármore creme, tem um
espelho que ocupa a quase a parede toda em cima da pia, tem também uns vasinhos
com pequenas flores. Aposto que isso é coisa da minha mãe. Sorri e fui me lavar.
Eloísa iria adorar isso aqui, não sei por que, mas minha amiga tem um negócio meio
doido por banheiros. O do quarto dela, é mais decorado do que o próprio quarto.

Enrolada na toalha, sai as pressas do banheiro. Troquei de roupa rapidamente e


penteei os cabelos assim que cheguei ao quarto. Quando der, quero pedir minha mãe
que me leve para comprar o presente de natal da Isa, o natal é em duas semanas e eu
não pude comprar nada para ela, meus tios estavam controlando todos os meus
gastos. O dinheiro que minha mãe mandava, não estava sendo mais o suficiente, de
acordo com o que eles me diziam, eu mal via a cor do dinheiro, já que eles ficavam
responsáveis pelos pagamentos das minhas contas.

-- Meu bem, trouxe sua comida. -- Minha mãe entrou, carregando uma bandeja. -- Pode
comer aqui, ainda tenho algumas coisas para fazer na cozinha.

-- Você não pode comer comigo? -- Perguntei, pegando a bandeja de suas mãos e
colocando na cama. -- Não quero ficar aqui, sozinha.

-- Nina...

-- Eu te ajudo depois, mãe! -- Fiz minha melhor cara de gato de botas.

-- Tá bom, já volto. -- Ela saiu do quarto. A comida está com um cheiro tão bom.

-- Isso é espaguetti à carbonara? -- Perguntei, quando minha mãe voltou e se sentou na


cama ao meu lado.

-- Sim, Sr. Sanders adora. -- Ela sorriu.

-- Como ele é?

-- Temperamental.

-- Nossa. Bela descrição.

-- A cama nova só vai chegar amanhã. Você se importa em dividir a cama?

-- Claro que não. E essa cama cabe mais umas três de mim. -- Ri. -- Não precisava se
incomodar comigo mãe, está tudo muito bom. Obrigada por me deixar ficar.

-- Agradeça ao Sr. Sanders. Ele disse que eu tinha que ficar perto da minha filha
sempre que desse. Família é uma coisa preciosa.

-- Irei agradecê-lo assim que o ver.


-- Bom, isso é meio improvável, já que agora ele mal sai do quarto desde que voltou.

-- Hum, e quando você vai me mostrar a casa?

-- Amanhã mesmo.

-- Isa vai ficar doida quando souber que vou morar nesse apartamento todo chique. O
dono é meio extravagante, né?

-- Ele gosta de viver bem.

-- Como ele te trata?

-- Muito bem, ele fala que eu sou a sua segunda mãe.

-- Ele deveria falar que você tem idade pra ser filha dele. -- Corrigi.

-- Ah, Nina. -- Ela riu e terminamos de comer. Quando acabamos, ela me guiou pelo
apartamento e me mostrou onde era a cozinha. Lavei os pratos enquanto ela arrumava
a cozinha. Sentei-me na ilha quando acabei e fiquei observando-a.

-- Você é feliz, mãe?

-- Sou sim. Tenho tudo que pedi a Deus. -- Ela depositou um beijo na minha cabeça. --
Acabei por hoje, tô doida para descansar.

-- Toma um banho e eu te faço uma massagem para a senhora relaxar antes de dormir.

-- Obrigada Nina. -- Seguimos de volta ao quarto. Joguei-me de volta na cama


enquanto minha mãe tomava banho. Quando ela por fim voltou ao quarto, vestindo uma
camisola que eu havia lhe comprado no último dia das mães. Ela se sentou eu lhe fiz
uma bela massagem nos ombros e nas costas. Coloquei meu pijama e deixei que
minha mãe fizesse uma trança em meus cabelos.

Quando nos deitamos, não demorou nada para que minha mãe caísse no sono. Como
eu havia dormido no avião e ainda me sentia acessa, fiquei de bobeira, jogando no
celular. Fiquei deitada de todas as maneiras possíveis e o sono não veio. Já estava me
sentindo doida para poder caminhar por ai para conhecer a cidade. Ainda estava ligada
no 220W.

-- Nina, o que está acontecendo com você, criança? -- A voz sonolenta de minha mãe
me assustou.

-- Desculpe se te acordei. Não consigo dormir. Não tem uma televisão aqui?

-- No quarto não, mas tem na sala de jogos e na sala de estar.


-- Posso ir assistir um pouco?

-- Pode, mas não adormeça no sofá. O Sr. Sanders pode aparecer por ai.

-- Tá bom. -- Beijei o seu rosto, coloquei meus chinelos e sai do quarto.

Eu me perdi duas vezes, a lanterna do meu celular não é muito boa, acabei chutando a
quina de um aparador que estava no meio do caminho e quase joguei um vaso no
chão. Quando cheguei na sala, foi um alivio. Acendi a luz depois de muito custo para
achar o interruptor. Havia quatro controles e nenhum tinha escrito TV para me ajudar.
Peguei o primeiro e apertei o botão. Nada aconteceu de inicio, mas depois fui sentindo
a mudança brusca no ar condicionado, apertei o botão novamente, torcendo para que o
ar voltasse ao normal, senão morreria congelada; Quando apertei o botão do segundo
controle, quase cai para trás quando um rock pesado saiu pelos altos falantes do home
theater, que minha mãe não tenha ouvido isso. Decidi arriscar com mais um controle,
após apertar o botão de power do terceiro controle, as persianas da janela panorâmica
foram abertas, revelando uma linda vista, e meu queixo foi ao chão quando vi todas
aquelas luzes acesas. Não é à toa que Nova Iorque é chamada de Cidade que nunca
dorme, já se passava das duas da madrugada e tudo ainda estava bem acesso.

Sentei-me em um pequeno sofá perto da janela, e observei a vista. Quando minha mãe
quis tentar a sorte em outro país, meus tios zombaram dela por sonhar alto. Se minha
mãe nunca tivesse se aventurado, hoje eu não estaria aqui, literalmente.

As luzes da cidade eram hipnotizantes, talvez fossem os meus olhos, mas tudo ali
exibia um brilho diferente. Ou então era só a minha felicidade.

Minhas costas começaram a doer devido a posição que eu havia sentado, meus olhos
estavam finalmente ardendo por conta do sono. Levante-me do sofá em L, apertei o
botão do controle das persianas e o encarei por um bom tempo, queria memorizar qual
era. Sempre que desse, iria me sentar aqui para admirar a vista. Depois que coloquei o
controle no lugar, fui até o interruptor e parei no aparador ao ver uma foto de família.
Passei os dedos no rosto da criança da foto. O filho do Sr. Sanders é uma gracinha.
Será que eu tinha chance de vê-lo pessoalmente quando viesse visitar o pai? Que
verde maravilhoso. Será que os olhos dele são mesmo dessa cor? Coloquei o porta
retrato no lugar e apaguei a luz, o apartamento tornou-se um breu total. Liguei a
lanterna do celular para voltar ao quarto.

-- AHHHHHH! -- Gritei, quando ergui o flash de luz e dei de cara com um homem de
capuz. -- Não me mata, pelo amor de Deus!!!

-- Quem é você? -- Ele perguntou.

-- Nina... -- Respondi com o coração acelerado. -- Como você entrou aqui? Há alarmes
de segurança. -- Ele soltou uma gargalhada gostosa de se ouvir.

-- Não sou nenhum ladrão, Srta. Mallone. Eu moro aqui.

Capítulo dois
--Me desculpe por ter gritado. Você me assustou.

-- O que faz aqui? -- Sua voz soou um pouco rude.

-- Não consegui dormir, decidi ver televisão, mas acabei olhando a vista.

-- É incrível, não é? -- Ele perguntou, e eu pude sentir o sorriso em sua voz.

-- Sim, é muito linda. -- Respondi.

-- Estou indo beber água, aceita?

-- Pode ser um copo de leite gelado? -- Rebati.

-- Claro. -- Ele pegou minha mão e nos guiou pelo escuro até a cozinha. -- Você
pretende ficar aqui até quando?

-- Até me formar. Vou arrumar um emprego para ajudar minha mãe com as despesas, o
Sr. Sanders não vai me querer aqui por muito tempo. -- A luz da cozinha foi acesa, me
sentei na ilha enquanto o cara do capuz mexia na geladeira.

-- Quem te disse isso?

-- Eu estou dizendo, oras. -- Dei de ombros. -- Pessoas com mais idade gostam de
descanso e paz. Sou muito barulhenta e elétrica.

-- Você pode ficar aqui o tempo que quiser, Nina. -- Sua voz suave, fez com que todos
os pelos do meu corpo se eriçarem.

-- Até parece.

-- Estou falando sério. Irei conversar com sua mãe sobre isso, não se preocupe com
nada.

-- Qual o seu nome? -- Perguntei do nada, e ele estancou no lugar ao ouvir minha
pergunta.

-- Hum... Nicholas. -- Respondeu ele, ficando de costas para mim, colocando o leite em
um copo. E meio sem jeito, veio caminhando de costas até a ilha, e de um jeito bem
esquisito e desengonçado, virou-se de rapidamente e pôs o copo de leite na ilha e
seguiu para a pia. Mordi o lábio para conter uma risada.

-- Bom Nicholas, não é você que resolve isso. Por favor, não fale nada com minha mãe,
isso trará dor de cabeça a ela. Estou muito feliz em estar aqui, mas tenho planos, e não
quero que ela se estresse ou até perca o emprego por minha causa.

-- Mas...

-- Por favor, não se meta. -- Pedi, e beberiquei o leite. A cozinha foi tomada por um
silêncio incômodo e só assim percebi o quanto fui grossa. -- Olha Nicholas, me
desculpe pela grosseria. -- Levantei-me e fui até ele. Coloquei minha mão sobre o seu
ombro, esperando que ele se virasse.

-- Você está certa, não devo me meter. Isso é assunto seu e de sua mãe. -- Ele
respondeu, tirando minha mão de seu ombro.

-- Você me desculpa?

-- Não há o que desculpar. -- Ele se afastou de mim, indo para o lado oposto.

-- Por que você não se vira? Vai ficar me dando as costas desse jeito?

-- Não quero que você me olhe. -- Respondeu firme.

-- Por que não? Você é algum tipo de aberração ou coisa assim?

-- Quase isso. -- Me aproximei e senti que ele ficou tenso, dando um passo para longe
de mim.

-- Tudo bem, não vou insistir. Obrigada pelo leite. -- Passei por ele. -- Boa noite.

-- Boa noite, Srta. Mallone. Te vejo amanhã?

-- Só se eu puder te ver. -- Disse e voltei a caminhar no escuro.

**

-- Bom dia, Nina! Dormiu bem? -- Minha mãe me cumprimentou assim que entrei na
cozinha.

-- Apenas fechei os olhos. Aquela cama é muito macia.


-- Logo você se acostuma. Vai querer café da manhã ou ira esperar o almoço?

-- Você e o Sr. Sanders já fizeram o desjejum?

-- Sim, logo cedinho. E então? -- Ela perguntou e eu olhei o relógio na parede da


cozinha.

-- Vou esperar pelo almoço.

-- Tenho que dar uma saída. Quer vir?

-- Onde você vai?

-- Na farmácia e na lavanderia. Tem um shopping lá perto, você pode andar por lá


enquanto eu pego as coisas. Você vai comprar presente de natal para os seus amigos
do Brasil?

-- Sim, irei comprar para a Isa e alguns colegas.

-- Eu tenho alguns cartões, você pode comprar o que quiser, inclusive algumas roupas
para você.

-- Não estou precisando de roupas.

-- Você não trouxe nem trinta peças de roupas, Nina.

-- Aquelas roupas são o suficiente por enquanto. Compro mais quando for para
comemorarmos o natal e o ano novo.

-- Não sei se poderei passar as comemorações bem ao seu lado. Sr. Sanders sempre
dá festas no final do ano, fico encarregada de tudo.

-- Bom, então acho que teremos uma festa para organizar. -- Disse sorrindo.

-- Então vá se trocar para podermos sair. -- Ela tratou de me apressar.

A ida ao shopping não foi tão legal assim, por conta das compras de fim de ano, as
lojas estavam cheias, e me perdi. Fiquei sentada numa espécie de praça de
alimentação tomando sorvete enquanto esperava a minha mãe vir me buscar, e quando
isso aconteceu, ela caiu na gargalhada, de inicio fiquei com cara de paisagem mas
acabei rindo também. Não comprei nada para ninguém, apenas andei e olhei as coisas.
No dia de compras, minha mãe me prometeu mostrar o shopping todo.

-- Mãe, você conhece o Nicholas?

-- Você o viu ontem?? -- Minha mãe arregalou os olhos, quando respondi que sim. -- E
ele foi bonzinho com você ou surtou de vez quando você olhou para ele?
-- Ele foi legal. E como assim surtou?

-- Você não é muito atenta aos noticiários, não é?

-- Odeio jornal e essas coisas. Leio algumas revistas e só.

-- Você ficou sabendo do acidente com os T-Idolls?

-- Fiquei, mas o que isso tem a ver?

-- Oh, meu bem. As vezes você é tão lerdinha. -- Ela riu. -- Deixe isso para lá.

-- Mãe! me fala.

-- Você quer escolher algo para fazer no almoço?

-- Aff. Você não pode fazer isso comigo. Sou meio lerda para juntar informação. Não
tenho muita noção dessas coisas de comida, acho que fritas é uma boa.

-- Você e o Sr. Sanders dão certinho. Vou ter trabalho com vocês dois. -- Ela riu.

**

-- Aonde você vai, Nina?

-- Para a sala, descobri um programa super legal, o ruim é que só passa nesse horário.

-- Pelo menos coloque uma blusa de frio, essa madrugada está congelando.

-- Claro. -- Olhei ao redor e para pegar alguma blusa de frio teria que acender a luz e
tirar algumas coisas do caminho, então decidi sair só de camisola mesmo.

A luz do corredor estava acesa, e isso facilitou bem o meu caminho até a sala escura
sem que eu batesse ou quebrasse algo. Ao entrar no grande cômodo, me vi sozinha,
não sei por que, mas estava com uma esperança que o Nicholas estivesse aqui, e a
julgar pelas persianas abertas, ele esteve aqui. Sentei novamente no sofá em L, e
admirei a vista.

-- Achei que você não fosse aparecer. -- A voz dele me assustou. Olhei para trás, e vi
sua silhueta na penumbra da sala.

-- Acabei pegando no sono. -- Dei de ombros e me virei para a janela.

-- Posso me sentar com você?


-- Claro. -- Dei duas batidinhas no assento do sofá ao meu lado, ele veio, mas se
sentou um pouco distante. -- Tudo bem, então. -- Ele ficou calado e eu o observei. -- É
sério que você vai continuar com esse mistério todo?

-- Não quero que sinta pena de mim. -- Ele suspirou. -- As pessoas gostavam mais de
mim quando eu era impecável.

-- E agora?

-- Eu não sou mais aquela pessoa.

-- O que aconteceu com você?

-- Você é sempre curiosa assim?

-- O tempo todo.

-- Você não vai desistir, né?

-- De jeito nenhum. -- Respondi e ele riu.

-- Fogo.

-- Você se queimou? -- Não pude conter o espanto em minha voz.

-- Tive quarenta por cento do corpo queimado.

-- Meu Deus!

-- Não me venha com “eu sinto muito”

-- Não era isso que eu ia dizer.

-- O que era então?

-- Você está bem?

-- Talvez.

-- Eu posso te ver?

-- Não.

-- Ok, você é bem direto. E como isso aconteceu? Fizeram alguma maldade com você?

-- Isso aconteceu por uma estupidez. Nada que valha a pena ser recordado.

-- Me desculpe por tocar no assunto. Não quero que se sinta mal por que não sei conter
minha curiosidade.
-- Você é a primeira pessoa com quem toco no assunto desde que isso aconteceu. Há
um ano e meio atrás.

-- Sério? Nem com seus amigos?

-- Não deixo nem que pensem nisso. Eles estavam juntos no dia em que isso
aconteceu.

-- Algum deles também se queimaram?

-- Não, apenas eu. Eles tiveram poucos machucados, nada foi tão grave assim. – Ele
disse.

-- Você ainda os vê?

-- Eles veem aqui quase todos os dias para que possamos trabalhar, mas estão
proibidos de vir aqui.

-- Vocês brigaram ou algo assim?

-- Não, isso foi coisa da sua mãe. – Ele deu de ombros.

-- O que? Como assim?

-- Meus amigos não resistem a um rabo de saia. E são famosos por partir corações.

-- Minha mãe pensou que eu poderia cair na conversa fiada de algum deles? –
Perguntei e ele nem precisou responder, eu já sabia a resposta. Minha mãe acha que
eu sou intocável, mas não é bem assim. Já tive dois namorados.

Ficamos sentados, observando a agitação noturna da cidade. As luzes piscando


freneticamente, o leve barulho de carros na rua. Dobrei as pernas sob o acento e mexi
nos meus dedos dos pés, que estava iguais a cubos de gelo. Um arrepio frio passou
por meu corpo e fez com que eu tivesse um pequeno espasmo.

-- Você não devia andar somente com esse minúsculo pedaço de pano. O tempo frio
está chegando e talvez você pudesse vestir algo mais quente. – Ele quebrou o silêncio
após um tempo.

-- Minha mãe mandou pegar uma blusa, mas teria que mexer em um monte de coisas
até achá-la, então prefiro sentir esse friozinho. Onde eu morava não era assim.

-- Só um momento. – Ele se levantou e saiu a passos largos. O encaro até perdê-lo de


vista, escada acima. Voltei minha atenção à cidade. Esse Nicholas é tão... estranho.
Mas em um bom sentido. Senti um pano quente e macio cair sobre minhas costas.

-- Obrigada. – Agradeci por ele ser tão atencioso e por se preocupar comigo. Ele é como
uma caixinha de surpresas. Totalmente imprevisível

-- Não por isso. – Ele disse, sentando-se novamente onde estava até poucos minutos
atrás. Esperei com que ele se distraísse com a vista e me aproximei, levantei o braço e
o envolvi com a manta. – Obrigado.

-- Bom Nick, fiquei sabendo que você tem uma sala de jogos... Você tem um Xbox?

-- Que tipo de pergunta é essa?

-- De interesse pessoal. Sempre quis jogar aqueles jogos de dança.

-- Just Dance?

-- É.

-- Não tenho esse jogo, mas posso comprar um para você.

-- Seu pai não vai achar ruim de você gastar dinheiro assim?

-- Meu pai?

-- É! O Sr. Sanders. Eu vi os seus olhos ontem e são os mesmos da fotografia do


aparador.

-- Nina, eu sou o Sr. Sanders.

-- O quê?? Nicholas para de graça.

-- Estou falando sério. Sanders era o nome de solteiro da minha mãe. E aquela foto, foi
tirada a muitos anos.

-- Jesus!! E eu te chamando de velho. – Escondi o rosto com as mãos. – Que mancada.

-- Tudo bem, é aceitável. Já que você é meio desligada.

-- Como ousa me dizer uma coisa dessas? – Perguntei, incrédula. E acho que o meu
queixo bateu no chão, pois Nicholas se virou para mim.

-- Sua mãe me disse. – Ele deu de ombros. – Isso deve voltar para o lugar, Srta.
Mallone! – Seus dedos tocaram o meu queixo, fechando minha boca e eu o encarei,
mesmo não podendo ver seu rosto. – Você fica bem mais bonita de boca fechada. – Ele
me deu uma boa olhada antes de cair na gargalhada. Devo ter feito uma careta. – Estou
brincando, Nina.

-- Você é tão idiota, Nicholas! – Empurrei seu ombro e me levantei.

-- Aonde você vai? – Ele perguntou, segurou o meu braço quando passei por ele.
-- Para o meu quarto.

-- E eu? – Ele se levantou. – Me desculpe, eu só...

-- Sua cota de idiotice já deu por hora. – Eu o interrompi. – Boa noite, Nick! – Disse, me
aproximando. E fui tomada por uma coragem desconhecida, diminui a distância que
tinha entre nós e lhe dei um beijo na bochecha. Senti o seu corpo ficar tenso. – Até
amanhã. – Afastei-me antes que ele decida me xingar por ter invadido seu tão precioso
espaço pessoal.

Capítulo três

Vejo minha mãe andar pra lá e pra cá, as vezes fazendo alguma coisa ou então está
inquieta. Como o Sr. Sanders, só fica trancafiado a setes chaves no andar de cima,
quase não há nada para fazer, a menos que ele peça.

-- Você não fica entediada, não? – Pergunto a minha mãe, mas não abro os olhos para
vê-la.

-- As vezes. Preferia quando aqui era mais agitado.

-- Isso já foi possível?

-- Sim, tinha muita festa e amigos, e Sr. Sanders só vivia sorrindo e inspirado. Ele é o
meu menino, Nina! Eu sinto mais falta de vê-lo feliz. – Ela suspira.

-- Ele ainda não se acostumou com o que aconteceu, vai levar certo tempo até que ele
possa retomar a confiança em si.

-- Como você sa...

-- Nós conversamos ontem à noite. – A voz do Nick surge no corredor, minha mãe e eu,
nos viramos assustadas. Ele vinha caminhando pelo corredor com o seu costumeiro
capuz, um jeans e os pés descalços.

-- Me desculpa, Sr. Sanders. Eu não devia estar falando sobre sua vida pessoal. –
Minha mãe trata de se desculpar.

-- Não tem problema, Helen. Depois que conversei com a Nina, comecei a trabalhar na
minha felicidade. – Ele respondeu, e me olhou. Pude ver seu pescoço e o esboço de um
rosto.

-- Eu não sei o que dizer. – Falei quando senti dois pares de olhos em mim.

-- Não diga nada. Apenas venha comigo. – Ele disse, sério. Minha mãe arregalou os
olhos.

-- Nicholas, a Nina não teve culpa de nada. Eu que...

-- Helen, está tudo bem. – Ele ri. – Quero que ela veja uma coisa.

-- Não se preocupe, mãe! – Tranquilizo-a. – O que você quer me mostrar?

-- Vamos lá em cima, e você verá. – Ele saiu andando e eu olhei para a minha mãe.

-- Vai logo, menina. – Minha mãe me empurrou do sofá e ficou abanando as mãos na
direção do Nicholas.

-- Já tô indo. – Disse, e fui atrás do apressado. Passei pelo corredor e subi as escadas
com receio, minha barriga doía de ansiedade a cada subida de degrau.

Será que ele vai me xingar por causa do beijinho?

O corredor de cima é a mesma coisa do de baixo, o que muda é a quantidade de


portas. Aqui em cima só há três. Fiquei estancada no meio do corredor sem saber pra
onde ir.

-- Nina, estou aqui!! – A voz do Nick soou abafada atrás da segunda porta.

-- Respira fundo e vai. – Sussurrei para mim, enquanto abri a porta. Assim que comecei
a colocar o meu corpo dentro do cômodo, senti uma mão tampando meus olhos. – Com
você tudo funciona no escuro? – Perguntei e ele riu.

Ele riu.

E meu corpo tremeu.

Que risada gostosa.

-- Não, Nina. Nem sempre.

-- Estou começando a ter sérias dúvidas quanto a isso. – Senti o seu corpo pairando
atrás de mim. – O que você quer comigo? Se for por causa do que fiz, não... – Ele me
calou com os dedos, e meu primeiro instinto foi mordê-lo, mas me contive. Se
necessário for, eu grito.

-- Isso tem a ver com o que você me disse ontem. E quanto ao beijo, foi diferente. –
Seus dedos roçaram de leve em meus lábios. -- Você foi a primeira mulher a se
aproximar de mim em um bom tempo, isso mexeu comigo. Colocou minha cabeça para
pensar. – Ele fez uma pausa. – Mas, não viemos aqui para falar de mim. Pronta para a
sua surpresa?

-- Não. – Respondi, sincera.

-- Para, Nina! Você tem que entrar no clima.

-- Isso está ficando muito esquisito. Qual é a surpresa?

-- Ande para frente. – Ele me guiou. – Opa! Para aqui. – Ele colocou a mão no meu
ombro, freando-me. – Desculpa. – Disse quando seu corpo se chocou com o meu.

-- Tudo bem.

-- Um... Dois.. Três e tcharam!! – Ele retirou a mão dos meus olhos e eu os abri.

-- Isso é... Nossa. – Fiquei admirada com a sala de jogos. A sala era ambientada com
luzes em pontos estratégicos, não estava muito escuro e nem claro de mais, e isso
deixava a enorme sala acolhedora. Havia uma televisão gigante na parede, um sofá
exageradamente grande, um móvel repleto de cases de jogos, um monte de aparelhos
eletrônicos, uma mesa de sinuca, um totó e uma mesa, que supus ser para jogos de
cartas. Dava para passar horas a fio aqui dentro.

-- Mas a sua surpresa é essa! – Ele me entregou uma caixa. – Pode abrir. É simples mas
você vai gostar.

Coloquei a caixa no sofá e me sentei. Abri o embrulho vermelho brilhante, dentro da


caixa havia um jogo de quebra-cabeça, dominó, bingo e uma coleção de Just Dance.

-- Como você sabia sobre os outros jogos?

-- Isso pode parecer meio careta, mas fui até a sua mãe e perguntei. – Ele colocou as
mãos no bolso. – Achei que você ia gostar, dá pra passar o tempo. Assim você não
morre de tédio e ainda pode passar mais tempo comigo.

-- Obrigada, Nick!! – Levantei e me joguei em seus braços, abraçando-o. – Muito


obrigada. Isso é demais. – Beijei-o no rosto novamente, mas meus lábios mal lhe
tocaram, pois ele me afastou. – Eu... Me desculpe...

-- Esse lado tem algumas cicatrizes. – Seu tom é de alerta, e não de repreensão.

-- Nick, essas cicatrizes são a prova de que você sobreviveu e isso basta para mim. –
Me aproximei novamente.

-- Você não vai gostar do que vai ver.


-- Para com isso. Nós vamos morar juntos por um tempo, e esse negócio de cara
misterioso usando capuz já está meio batido. – Fiz uma careta. – Independente da sua
aparência, o que realmente me importa está aqui. – Pousei a mão em cima do seu peito,
pude sentir as batidas aceleradas de seu coração. – Você é uma boa pessoa. Veja o
que você fez por mim. Trouxe-me para perto de minha mãe, está me deixando ficar
aqui sem pedir nada em troca, foi atencioso e me deu presentes.

Coloquei as mãos no tecido do capuz e fui abaixando-o. Lentamente. Quando comecei


a ver seu rosto com mais clareza, ele fechou os olhos e eu parei.

-- Não quero ver sua expressão. Não quero que me veja como uma aberração, Nina.

-- Nicholas Sanders. Pare com isso. Você está vivo e isso é o mais importante. Suas
cicatrizes são marcas que a vida lhe deu para que sempre se lembre que, você teve
uma segunda chance.

-- Tem certeza? – Ele perguntou, receoso.

-- Tenho. Olhe para mim, Nicholas. – Pedi e ele fez.

E foi encarando aqueles olhos verdes que eu senti o meu mundo balançar. Continuei a
abaixar o capuz, e sustentei seu olhar e fui contemplada. Tive um vislumbre de sua
alma, mas toda essa beleza foi tomada por uma insegurança. Desviei o olhar para
poder ver melhor o seu rosto.

Sobrancelhas cheias, olhos claros e hipnóticos, nariz perfeito, boca fina mas carnuda e
com a barba desenhada, deixando o seu rosto impecável e sexy.

-- Você é tão lindo. – Passei os dedos com cuidado por cima de suas cicatrizes. As
linhas não tinham um padrão, algumas eram mais finas outras grossas, algumas
extensas e outras pequenas. A primeira começava perto do olho direito e as outras
vinham abaixo, e se estendiam até o pescoço. Fiquei encantada como a beleza que
essas cicatrizes o deixaram. Seu rosto é muito bonito.

-- Diz alguma coisa.

-- Eu te conheço.

-- Como?

-- Você é o Nick West.

-- Deixei de ser essa pessoa quando o fogo queimou minha pele.

-- Não fala isso. Você é tão bom no que faz. E era por isso que você é minha mãe me
chamaram de lerda. Não havia ligado os pontos.
-- Tudo bem, foi até bom isso ter acontecido. Pude perceber que tipo de pessoa você é.
– Ele sorriu, eu suspiro e desviei o olhar de seus lábios.

-- Posso ver o resto? – Passei o dedo na fina cicatriz que ia da bochecha ao ombro.

-- Por enquanto não. Você já viu demais. – Ele colocou o capuz novamente.

-- Ei!! – Reclamei. – Não precisa de ter vergonha e é melhor que nada fique tampando
sua visão, quero ganhar honestamente no jogo da dança.

-- Pode dançar sozinha. Me recuso a passar mais vergonha.

-- Ah Nick, não te ensinaram a ter bons modos?? – Disse em tom brincalhão. – Coloca
esse negócio e vamos ver quem é o melhor.

Ele ligou a grande televisão, mexeu em um dos diversos aparelhos eletrônicos que
tinham ali, colocou o CD no que eu imaginei ser um Xbox e então preparou todos os
comandos.

-- Escolhe uma música. – Ele pediu, avaliei todas as músicas descritas na TV.

-- Essa. – Apontei para this is how we do da Katy Perry. Ele selecionou a música, e
assim que o jogo carregou, os bonequinhos apareceram na tela. A música se iniciou e
eu tentei dançar; Nicholas ria dos meus passos esquisitos. – Para de ficar rindo!!

-- Você é horrível nisso. – Ele riu mais uma vez quando repeti o passo que mostrava na
tela, notei que o capuz havia caído de sua cabeça e ele não se importou em colocá-lo
novamente.

-- Tá bom viu. Para estar falando assim, você tem que no mínimo dançar melhor do que
eu. – Me virei para encará-lo. – Vamos Nicholas Sanders, mostra-me do que é capaz.

-- Isso não é uma boa ideia. – Eu o puxei do sofá, fazendo-o ficar de pé. -- Não quero
acabar com você. – Ele disse com um ar superior.

-- Quem muito fala, pouco faz! – Dei o meu melhor sorriso debochado e me virei para a
tela.

-- Foi você que pediu. – Ele disse sério. Então fez um comando para o kinnect e
escolheu uma música.

Upkdown funk do Mark Ronson e Bruno Mars, encheu a sala, os passos foram surgindo
na tela, começamos bem e devo admitir, ele sabe dançar. Quando já havíamos
dançando pelo menos umas dez músicas, já estávamos fazendo graça e rindo feito
bobos, e eu estava perdendo de lavada, decidi avacalhar com tudo, fiz minha própria
coreografia. Não me importei em passar vergonha, me concentrei apenas no som
delicioso de se ouvir, que era os risos do Nick. Minhas gracinhas surtiram efeito, ele
entrou na onda da coreografia livre, acabamos jogados no chão, gargalhando feito
crianças.

-- Está tudo bem com vocês? Estou ouvindo os risos lá de baixo. – Minha mãe entrou na
sala sorrindo e carregando uma bandeja.

Seus olhos pousaram em nossos corpos ao chão, então ela percebeu que ele não
estava mais de capuz. Notei seus olhos marejados quando ela colocou a bandeja na
mesa.

-- Venha. -- Nick se levantou e me ajudou. Fomos de encontro a minha mãe.

-- Oh, meu menino!! – Minha mãe o puxou para um abraço apertado. – É tão bom ver
esse sorriso. Fico feliz que esteja se divertindo. – Ela lhe dá um beijo na bochecha. – É
bom ver este rostinho novamente, Sr. Sanders. – Disfarçadamente ela limpa uma
lágrima.

-- Ele adorou me vencer na dança, mãe!! Ficou esfregando sua vitória na minha cara. –
Disse.

-- Na verdade, estou feliz em descobrir que você é uma péssima dançarina. – Ele m
abraçou. – Helen, você já viu o que ela faz? É tão...

-- Cala a boca, Sanders. – Eu o empurro. – Essa foi a primeira vez. Quem te garante que
eu não sei dançar? Isso pode ter sido uma estratégia para ver do que você é capaz. –
Sustentei o olhar que ele me deu.

-- Você não viu do que eu sou capaz, Nina. Terei o prazer em te mostrar. -- Ele sorriu
perversamente quando ergui a sobrancelha.

-- Pare de tentar seduzir minha filha, Nicholas. – Minha mãe falou sério e nós a
encaramos. – Vou ficar de olho em você rapaz. Agora sentem-se para comer.

-- Sente-se também, Helen! – Nick puxou uma cadeira para que minha mãe se sentasse
e puxou outra para mim. Nos servi com os sanduíches e suco que minha mãe havia
trago.

Conversamos enquanto comíamos, mamãe e Nick, me disseram os pontos mais legais


da cidade. Os dois entraram numa discussão amistosa e bem acalorada sobre algumas
coisas, não entendi muito bem, os dois falavam rápido demais e eu não consegui
acompanhar, então comi, observando-os. Sabe quando você se senta com a família na
mesa para o almoço, e todos conversam e riem, então foi assim que me senti ao lado
dos dois. Percebi o quanto minha mãe gosta do Nick, ela o tem como filho.
Desci para ajudar minha mãe com a cozinha, Nick guardou minha caixa de presentes
no meu quarto, então se juntou a nós na cozinha.

-- Helen, o que teremos para o jantar? – Nick perguntou.

-- Ainda não decidi. Você tem algum pedido especial? – Ela ergueu o olhar para ele.

-- Quero trazer uma amiga, gostaria que fizesse algo mais sofisticado e gostoso. – Ele
pediu.

-- Que amiga, Nicholas? Que eu saiba você não tem amigas que não sejam coloridas.

-- Olha só, Helen. – Ele riu. – Para o seu governo, tenho amigas sim. Mas essa é
especial.

-- Hum... Especial, né!! – Dei uma cotovelada nas suas costelas, brincando.

-- Não começa também, Nina. Já basta a sua mãe.

-- Olha só mãe. – Eu ri da sua carinha de bravo. – Não fica irritado, bebê! – Apertei suas
bochechas.

-- Me deem licença. – Ele se levantou e começou a se retirar da cozinha.

-- Aonde você vai? – Minha mãe perguntou, de dentro da geladeira.

-- Sair. – Ele nos deu as costas e foi em direção a porta.

-- Você viu isso? – Ela se virou para mim e eu concordei. – Sabe como é complicado
para tirá-lo de casa assim?

-- Imagino como deve ser, mas ele estava bem determinado, a moça deve ser
importante. – Respondi.

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