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2ª Edição e-book
Copyright © 2017 Vivy Keury e Geysielle Patricia
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GEYSIELLE PATRICIA
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Analisei aquela frase por um momento, mas não dei muita importância.
Fechei o aplicativo e travei a tela do celular. Assim que juntei alguns papéis
dentro da minha pasta e desliguei meu computador, Tábata — minha
secretária — bateu em minha porta.
— Senhor, desculpa, mas eu não sabia que já estava de saída — desculpou-
se, mas tratei de tranquilizá-la.
— Não se preocupe. É algo importante? — indaguei.
— Sua prima Kelly está aqui, e deseja falar com o senhor. — Mordi meu
lábio inferior, ponderando se a receberia ou não.
Kelly tinha a mesma idade que eu e, antes de eu começar a namorar com a
Michele, ela vivia atrás de mim. Consequentemente, tivemos poucos
momentos juntos e depois que iniciei o namoro com Michele, não voltei a vê-
la, ou seja, durante esses anos, eu não tinha tido qualquer notícia dela.
Ele soltou um riso nervoso e segurou meus pulsos. Confesso que pelo
modo o qual me olhou, cheguei a me encolher internamente. Então, ele parou
seu rosto próximo ao meu e proferiu:
— Então me abandonou para se aventurar com um dos meus melhores
amigos como uma completa vadia? — acusou de modo ofensivo.
Lágrimas não derramadas se acumularam em meus olhos, mas me recusei a
derramá-las diante dele. Sentindo-me humilhada por seu comentário infeliz,
eu puxei meus pulsos do seu agarre e sem ao menos me importar com o
estado do Iago, marchei em direção a saída. Quando finalmente me vi fora do
restaurante, atravessei a rua e caminhei para a praia.
No caminho, tristeza assolou meu coração e me abracei, deixando minhas
lágrimas rolarem pelo meu rosto.
CAPÍTULO SETE
GABRIEL
Fui incapaz de controlar minhas emoções ao chegar ali e me deparar com
Iago e Michele compartilhando sorrisos e até trocas de carinho, pois vi
quando o cara que considerava um dos meus melhores amigos acariciou o
dorso da mão dela sobre a mesa. Enxerguei vermelho ao ver aquilo e
caminhei a passos largos até arrancá-lo da cadeira e socar seu rosto com toda
a fúria existente em mim naquele momento.
Se não bastasse isso, acabei de desferir palavras duras a Michele, sem ao
menos saber da veracidade do acontecido e a vi praticamente correr para fora
do restaurante. Ela sequer olhou para trás. Passei os dedos furiosamente entre
os fios do meu cabelo sem saber ao certo o que fazer. Na verdade, eu queria
ir atrás dela e pedir desculpas, exigir a verdade, porém, meu ego ferido não
me permitiu pensar com clareza.
Fui conduzido pelo segurança para fora do restaurante, ou então, ele seria
obrigado a chamar a polícia. Sem qualquer reação da minha parte, fiquei
próximo a calçada que ficava em frente e observei Michele seguindo em
direção a praia. Soltei o ar pesadamente, precisando de um direcionamento.
— Vai atrás dela, cara! Ao menos tente saber o que realmente aconteceu.
— Marcelo se prostrou ao meu lado e descansou sua mão sobre meu ombro
esquerdo. Cabisbaixo, eu movi a cabeça em negativo, pois achava ser o
melhor a fazer. — Sei que o que viu aqui foi motivo o suficiente para ficar
fora de si e proferir o que viesse a mente, sem saber o que poderia ser
verdade ou não, mas lembre-se que você a ama, hum?! Ao menos foi isso que
ficou repetindo para mim a semana inteira — Ele frisou divertido.
O encarei, pensativo.
— Para de perder tempo, Gabriel. Aliás, deixa eu te salientar algo: A
Michele sempre teve o sonho de se casar e você, por medo de perdê-la por
causa de comentários medíocres de familiares e outros amigos, optou por
“adiar”, mas se formos analisar bem, independente de ter oficializado o
casório ou não, está perdendo-a do mesmo jeito. Será que não vê isso? Não
enxerga o quanto foi egoísta e continua sendo? — indagou dando um aperto
em meu ombro.
Passei a mão pelo meu rosto ponderando tais palavras e percebi que o que
ele tinha dito fazia sentido.
— Merda! — praguejei vendo o tamanho da besteira que tinha cometido ao
acusá-la minutos atrás e saí correndo em direção a praia.
Retirei minhas meias e sapatos ao chegar à areia e varri o local com meu
olhar a procura da figura da Michele. Pude identificá-la mais adiante,
caminhando de cabeça baixa e solitária. Corri até alcançá-la e assim que me
aproximei, segurei-a pelo braço, fazendo-a se virar para mim.
— Espera! — pedi mais tranquilo. A dor de cabeça que tanto me
atormentava antes de eu vir ao Leblon com Marcelo, já havia passado.
— Me solta! — Ela começou a se debater querendo se soltar do meu agarre
em seus pulsos e, a todo o momento evitou me olhar.
Quando ela viu que não teria sucesso, um soluço alto rompeu por sua
garganta e ela, de repente, se sentou na areia. Lágrimas deixavam seus olhos
e me senti um completo idiota por ter sido o causador de cada uma delas.
Ajoelhei-me de frente para ela e apoiei minhas mãos sobre meus joelhos,
enquanto aguardei que ela falasse alguma coisa.
— Michele, fala comigo — Ela continuou chorando e após me ouvir,
soltou um riso amargo e mordeu seu lábio inferior. — Você e o Iago estão
juntos? Por isso abandonou nosso apartamento? — inquiri mais calmo.
Ela passou o dorso de sua mão pelo nariz para limpá-lo e me respondeu,
ainda cabisbaixa:
— Não que isso vá fazer diferença, mas eu e o Iago não temos e nunca
tivemos envolvimento algum. Desde que aluguei um apartamento no mesmo
condomínio que ele mora, sem eu saber dessa infeliz coincidência, ele
prometeu não te contar nada e cumpriu com a palavra. Ele foi uma
companhia essencial para mim nos momentos que eu mais precisei de alguém
nem que fosse para ouvir um simples resumo do meu dia. — Sorriu
minimamente.
— Ele é um traidor, isso sim! E por mais que me afirme que não tiveram
ou tenham nada, eu sei muito bem que no pensamento dele, logo você cederia
fácil, fácil, já que de ótima companhia ele entendia bem — afirmei.
— Eu não vou discutir com você, Gabriel. Aliás, não deveria se preocupar
com quem eu ando ou estou, pois que eu saiba, isso já não te diz respeito —
Michele proferiu de modo altivo e se levantou da areia. Passou a mão pelo
vestido e se recompôs, limpando as últimas lágrimas que vi rolarem pelo seu
rosto.
— Como assim não me diz respeito? — indaguei incomodado com sua
observação. — Você é minha mulher, Michele! — salientei.
Ela bufou de modo amargo e sorriu desdenhosa.
— Só morávamos juntos, Gabriel! Portanto, não há nem um papel que
comprove essa sua afirmação. — Passei a mão pelo rosto de modo frustrado.
— O importante é que sabemos do nosso compromisso um com o outro.
Não precisamos de um simples papel ou assinatura para provar isso! —
ressaltei.
— Esse é o problema, Gabriel! Você sempre foi egoísta o bastante para
sequer pensar no meu querer. Iludiu-me com a falsa esperança de que
repensaria sobre seus conceitos sórdidos referentes à oficialização do nosso
casamento. Eu tive paciência, muita paciência! Por diversas vezes me peguei
chorando em nosso quarto quando era jogada para escanteio, porque você
preferia passar a noite em um barzinho jogando papo fora com seus amigos a
ter que sair comigo para ao menos tentar reavivar a chama que um dia foi
presente entre nós — Michele jogou suas palavras sobre mim, ficando
evidente seu descontentamento.
— Você nunca reclamou das minhas saídas com meus amigos, muito pelo
contrário, sempre se mostrou conivente — frisei sem realmente entendê-la.
— Quando amamos verdadeiramente uma pessoa, Gabriel, jamais iremos
privá-la de ter seus momentos de descontração. Desde que isso não atrapalhe
a relação do casal. Porém, você nunca se preocupou com isso, pois fez
exatamente o contrário! Momentos que eram para serem somente nossos,
você acabou abrindo mão para estar com seus amigos. Pois fique com eles!
— proferiu entre dentes e saiu caminhando para longe de mim.
— Michele, não é bem assim! — frisei ao segurar seu braço, fazendo-a se
virar para mim.
— Me solte! — Ela se debateu entre meus braços.
— Não! Não vou soltá-la até nos resolvermos — proferi com meus olhos
fixos aos dela.
CAPÍTULO OITO
MICHELE
— Já não somos um casal, portanto, não há o que resolver! — Puxei
novamente meu braço e me afastei dele.
— Michele, por favor, me escuta…
— Esquece que eu existo, Gabriel! Será um favor que fará a nós dois —
pedi e comecei a caminhar para longe novamente.
— Eu te amo, Michele! Não vejo minha vida sem você. — Cessei meus
pés sobre a areia e me voltei para ele, sorrindo.
— Que irônico, não?! Suas atitudes são totalmente contrárias ao que diz.
Passar bem, Gabriel. — Saí dali sem olhar para trás e agradeci aos céus por
ele não ter me seguido.
Gabriel havia me ferido muito mais do que ele podia imaginar.
No momento em que cheguei em casa, fui incapaz de segurar minhas
lágrimas. Minha irmã veio ao meu socorro e me aninhou em seus braços.
Contei tudo o que tinha acontecido e ela não gostou nada de saber o quão
idiota o Gabriel tinha sido, até queria ir atrás dele para lhe dizer poucas e
boas, mas frisei que seria perda de tempo, pois ele só pensava no próprio
umbigo. Seria incapaz de ouvi-la. Andressa me pediu calma, pois eu
precisava pensar unicamente no meu bebê.
Minutos mais tarde, eu consegui me acalmar. Tomei um banho revigorante
e me senti mais relaxada. Perante todo o ocorrido no restaurante, acabei não
almoçando, mas minha irmã fez questão de preparar uma sopa para mim, ela
disse que deixaria meu bebê forte. Eu sorri diante daquela colocação e
agradeci por tê-la cuidando de mim.
No período da noite, alguém bateu na porta do meu apartamento e eu já
tinha noção de ser o Iago, pois ele nunca usava a campainha. Eu e Andressa
estávamos assistindo tevê e ela me questionou se eu não queria que
dispensasse quem quer que estivesse por trás daquela porta. Agradecida por
sua preocupação, eu a deixei ciente de que estava bem e eu mesma atenderia.
Assim que abri a porta, eu me deparei com um Iago abatido, mas isso não o
impediu de me lançar seu famoso sorriso de canto. Notei que seu olho direito
estava arroxeado com um corte acima do supercílio. Dei um passo à frente e
levei minha mão até seu rosto e acariciei sua bochecha com meu dedo
indicador.
— Eu… Eu sinto muito. Jamais quis lhe causar isso — Lamentei, me
sentindo culpada por vê-lo naquele estado.
Ele comprimiu seus lábios em um riso contido e pegou minha mão nas
suas, depositando um beijo carinhoso em minha palma.
— Não sinta. Não foi você que me agrediu — ressaltou ao fitar meus
olhos.
— Mas foi por minha causa, Iago! — exclamei em alerta. Puxei minha
mão das suas e passei pelo meu cabelo, pensando. — Eu acho melhor
ficarmos longe um do outro. Não me sentirei bem se algo pior vier a te
acontecer por minha culpa — pedi, pois era o mais sensato a se fazer naquele
momento.
Sem aviso prévio, Iago enlaçou suas mãos em minha cintura e grudou
nossos corpos, beijando-me em seguida. O empurrei, assim que sua língua
pediu passagem para entrar em minha boca.
— Não faça isso, Iago. Não é correto — repreendi.
Ele sorriu de modo amargo e socou a parede ao meu lado. O encarei
assustada por tal reação de sua parte.
— O Gabriel não te ama, Michele. Acorda! Se ele te amasse já teria
casado com você, no entanto, fica com aquela conversa idiota de homem que
não quer assumir verdadeiramente a mulher que tem — Me senti triste por
seu comentário, mas sabia que não era mentira.
— É melhor você ir e não voltar mais aqui, Iago, por favor — pedi.
Ele balançou a cabeça em negativo.
— Eu gosto e respeito muito você, Michele, mas farei como pediu. Cuide-
se! — disse com seus olhos fixos nos meus e afagou minha bochecha.
Fechei os olhos sentindo o contato dos seus dedos em minha pele, mas
assim que parou, abri minhas pálpebras e ele comprimiu seus lábios em um
sorriso ameno, saindo dali em seguida. O vi se afastar e massageei o local
acima do meu coração, pois estava ciente que talvez o tivesse ferido, jamais
desejei aquilo, mas foi o mais sensato a fazer.
♥
Na manhã seguinte, após me espreguiçar sobre a cama, caminhei até o
banheiro e me deparei com meu reflexo no espelho, constatando que meus
olhos se encontravam mais inchados do que o normal, pois antes de cair no
sono, eu chorei ao ver algumas fotos minhas com Gabriel em meu celular. Eu
sabia que já deveria ter me livrado delas, mas não consegui. Querendo ou
não, meu coração ainda o pertencia.
Terminei de fazer minha higiene e pensei em caminhar pela praia, mas
logo desisti ao pensar que poderia voltar a encontrar o Iago por lá, pois não
queria ter de encará-lo após mandá-lo embora daqui na noite passada.
Sentiria-me mal se o visse, e culpada também. Culpada por ainda não ter sido
capaz de deixar de pensar em Gabriel, e por chegar a cogitar de ir conversar
civilizadamente com ele.
A verdade é que eu não sabia mais o que fazer ou, até mesmo, pensar.
CAPÍTULO NOVE
GABRIEL
Depois que Michele se virou e foi embora da praia, eu preferi deixá-la ir,
pois nós precisávamos de um tempo para colocar nossos pensamentos e
emoções em ordem. Sequer retornei ao restaurante, pois não quis correr o
risco de olhar para a cara de falso amigo do Iago. Peguei um táxi ali próximo
e fui para casa. Em meio ao caminho, liguei para Marcelo e o avisei que
estava a caminho de casa e ele informou que levaria meu carro mais tarde. O
agradeci e após pagar o taxista, passei pela portaria e peguei o elevador.
Assim que entrei em meu apartamento, resolvi tomar um banho para tentar
relaxar um pouco.
A todo o momento, pensei em Michele e tomei a decisão que não abriria
mão dela. Não mesmo!
Saí do banheiro e com uma toalha enrolada em minha cintura, segui para o
quarto e liguei para Marcelo, pois precisaria dele para o que eu tinha em
mente. Após conversarmos, encerrei a ligação e a campainha do meu
apartamento tocou. Franzi o cenho e pelo porteiro não ter me ligado para
avisar ou pedir autorização para alguém subir, eu imaginei que pudesse ser
Michele.
Esperançoso, eu caminhei até a porta e assim que abri, meu sorriso deu
espaço ao meu cenho franzido, pois me deparei com minha prima Kelly.
— Uau! Que visão, hein, querido! — Ela tirou seus óculos de sol e desceu
seu olhar pelo meu abdômen, parando na toalha presa em minha cintura.
Bufei, desgostoso por sua visita inusitada, pois desde o dia em que ela
apareceu misteriosamente em meu escritório, não parou de me mandar
mensagens durante a semana seguinte. E sempre em momentos inoportunos.
Eu respondia por educação, mas sempre que a mesma tentava puxar conversa
relacionado a Michele ter ido embora de modo inesperado, eu tratava de
ignorá-la. Na última vez, me encontrava em uma reunião importante e recebi
fotos dela seminua. Enraivecido pela ousadia e falta de respeito comigo, eu
cortei qualquer meio de comunicação entre nós dois.
— O que deseja, Kelly? — indaguei sem ao menos convidá-la para entrar.
— Hum… com você seminu na minha frente, fica até meio óbvio a
resposta, não acha? — inquiriu-me de modo sugestivo, enquanto umedecia
seus lábios maliciosamente.
Em seguida, ela deu um passo à frente e espalmou meu peitoral.
— Vai embora daqui, Kelly. — Pedi, retirando sua mão de mim.
Ela sorriu divertida.
— Ah, por favor, Gabriel! Vai ficar chorando pela Michele ter ido embora
até quando? Se ela não te quer, tem quem queira: Eu, por exemplo —
proferiu próximo ao meu rosto.
Com minha mão ainda segurando em seu braço, empurrei-a para fora do
limite da porta.
— A minha vida não te diz respeito, Kelly, portanto, não se intrometa onde
não te cabe. Vá embora! — Voltei a repetir de modo rude, pois estava farto
de suas investidas forçadas.
— Que seja! Quem sabe quando você perceber que ela não voltará, então
venha atrás de mim, não é mesmo? — Soltei um riso nervoso, desdenhando
da sua falta de sanidade mental. — Passar bem, Gabriel! — proferiu meu
nome pausadamente e deu de ombros. Girou sobre seus saltos e saiu
rebolando dali.
Soltei o ar desgostoso e fechei a porta.
Depois de me vestir, Marcelo chegou até meu apartamento e fomos em
direção ao shopping. Entrei em uma joalheria e escolhi um anel de pedra
solitária. Se o único jeito de ter Michele de volta era me casando com ela, eu
o faria. Eu a amava e não abriria mão dela por nada. Provaria isso a ela.
♥
Era domingo e, eu saí cedo do meu apartamento, eufórico. No dia anterior,
eu comprei o anel de noivado que seria um grande passo para mim e Michele,
pois finalmente realizaria seu sonho, no qual, a traria de volta e a manteria ao
meu lado pelo resto de nossas vidas. Eu estava disposto a abrir mão do que
fosse para fazê-la feliz. Passei numa floricultura e comprei um buquê de
flores. Durante o percurso, parei em uma padaria e comprei algumas
guloseimas para um possível café da manhã entre nós dois.
Cheguei até o condomínio em que ela estava morando e deixei meu carro
no estacionamento. Recolhi o buquê e as sacolas que continham nosso café
da manhã no banco de trás e, ao fechar a porta, segui até a portaria e me
identifiquei. Como não sabia o número do apartamento de Michele, falei o
nome completo dela e o porteiro ligou para o apartamento dela. Confesso que
me senti apreensivo, sem saber se seria recebido depois do ocorrido no dia
anterior. Para minha grata surpresa, minha entrada foi autorizada.
Ao ser informado do número do apartamento, eu peguei o elevador e em
questão de minutos me encontrava de frente para sua porta. Pressionei a
campainha e aguardei sentindo meus batimentos descompassados no peito,
pois não sabia o que sucederia nossa conversa, muito menos se ela aceitaria
meu pedido de casamento.
Logo a porta foi aberta e Michele não tinha uma de suas melhores feições
voltada para mim.
— Oi! — cumprimentei meio sem jeito.
— Oi — Ela respondeu inexpressiva.
— Eu posso entrar? — pedi, cauteloso.
Ela comprimiu seus lábios e olhou para as flores em minhas mãos.
— Ah, são para você. — Dei um passo à frente, ficando próximo a ela e
lhe entreguei o buquê de flores.
Nos encaramos por algum tempo, em seguida, ela abaixou o olhar,
verificando as flores e sorriu amena em agradecimento. Por fim, ela me
convidou para entrar. Dentro do apartamento, ela seguiu até a cozinha e eu a
acompanhei.
— Nós precisamos conversar, Michele — comuniquei.
— Gabriel, eu acho que tudo já foi dito no dia de ontem, caso não se
lembre. Creio que não necessitamos nos desgastar novamente. Eu não vou
voltar, se for esse o propósito por ter se deslocado até aqui. Você me enganou
por anos, e não quero mais isso. — Ela umedeceu seus lábios, após colocar o
jarro com as flores em cima da mesa e recostou no balcão da pia.
Abandonei as sacolas sobre a mesa e caminhei a passos largos, encarando-
a, até estar de frente para ela.
— Michele, por mais que tente me afastar, não vai conseguir, porque não é
isso que quer, seus olhos são capazes de evidenciar isso. — Ela desviou sua
atenção da minha e voltou a umedecer os lábios.
— Você tem toda razão ao afirmar que não o quero distante. Eu o amo, não
nego isso, mas só o amor não é capaz de sustentar uma relação, Gabriel. —
Ela fechou os olhos com certo pesar.
Segurei seu rosto delicado entre minhas mãos e ela inspirou o ar com força,
como se não fosse forte o bastante para resistir a mim. Logo abriu seus olhos
e nos encaramos.
— Michele, eu também te amo muito. Nunca quis te enganar durante esses
anos, mas confesso que menti por diversas vezes para não ter que ceder de
alguma forma aos seus pedidos excessivos para oficializar nosso
relacionamento. Eu… Só acho que não estava preparado para dar esse passo
tão importante e mediante a isso, acabei te enganando, assim como afirmou.
— Escorreguei meu dedo indicador até o canto de sua boca e nossas
respirações se tornaram mais rápidas do que o normal.
Antes de eu agarrá-la ali mesmo, evitei perder meu foco e me afastei
minimamente para pegar a caixinha das alianças no bolso da minha calça
jeans. Em seguida, me coloquei de joelhos em sua frente e tomei sua mão
direita na minha.
— O que isso significa, Gabriel? — Ela indagou com uma expressão
confusa.
— Confesso que já não consigo ficar mais um dia sem tê-la ao meu lado.
Eu não menti ao dizer que já não vejo minha vida sem você — Vi emoção
atravessar seu olhar. — Vamos resolver esse impasse de uma vez por todas.
Case-se comigo, Michele? — pedi ao abrir a caixinha e peguei o anel dentro
dela. — Me deixe provar que a amo verdadeiramente, porque é fato que sou
louco por você, meu amor, e não abrirei mão de você.
— Está falando sério? — Ela indagou e uma lágrima solitária escorreu por
sua bochecha. Assenti. — Eu aceito! É tudo que eu mais quero nesse mundo.
— Feliz por sua resposta, encaixei o anel em seu dedo anelar direito e me
levantei.
Tomei seus lábios em um beijo urgente, pois não aguentava mais me
manter distante.
TRÊS ANOS DEPOIS.
Cheguei do escritório mais cedo e não encontrei movimento da nossa filha
Valentina, que já tinha um pouco mais de dois anos, muito menos da
Michele. Subi as escadas da nossa nova casa, no qual, compramos
recentemente. Ficava em um condomínio fechado no bairro do Leblon.
Cheguei até o nosso quarto e afrouxei minha gravata e assim que acendi a
luz, coloquei minha pasta sobre a mesa no canto e me livrei de vez da
gravata.
Me desfiz das minhas roupas e entrei no banheiro. Assim que terminei de
tomar meu banho, saí do banheiro vestido com um roupão e fui surpreendido
ao ver Michele sentada com as pernas cruzadas à mostra. Trajava um robe
vermelho que se encontrava aberto. Confesso que ela estava radiante.
— Estava te esperando — Michele me deixou ciente e descruzou as pernas.
Abandonou a cama e caminhou em minha direção com os pés descalços.
— Onde está a Valentina? — perguntei ao ter suas mãos desamarrando o
nó do meu roupão.
— Ela está com minha irmã, não se preocupe. — Sorriu me deixando mais
tranquilo e me olhou de maneira promissora.
— O que está tramando nessa cabecinha? — proferi rouco, próximo aos
seus lábios, enquanto tomei seu rosto em minhas mãos. Ela sorriu maliciosa,
fazendo meu pau pulsar de ansiedade e empurrou o roupão para fora dos
meus ombros, que por sua vez, caiu ao chão.
— Hum… várias coisas. — Pronunciou com o tom manhoso, tomando
meu pau em uma de suas mãos.
— Isso é maravilhoso. — Soltei um grunhido pela minha excitação e
grudei nossos lábios em um beijo urgente.
Enquanto nossas línguas duelavam no vão de nossas bocas, retirei seu robe
e fui empurrando-a para trás, até chegarmos à nossa cama. A fiz se deitar na
mesma após cessar nosso beijo. Encarei-a e apalpei seus seios por cima do
bojo do sutiã vermelho, e suguei seus lábios entre os meus.
— Uma grata surpresa te encontrar me esperando vestida dessa forma.
Muito bela e degustativa, eu diria. — Desci minha mão direita até o meio de
suas pernas e massageei seu clitóris por cima do tecido.
— Hum… precisamos que a Andressa olhe a Valentina mais vezes então
— supôs.
— Acho válido. — Sorri e voltei a tomar sua boca na minha.
Michele gemeu alucinada e eu não me encontrava diferente. Cessei nosso
beijo e desci minha boca por seu queixo, chegando ao seu pescoço e o mordi
de leve. Movi até seus seios e ao descobrir um deles, abocanhei seu mamilo
rijo com certa fome e a assisti arquear o corpo, denunciando sua excitação.
Fiz o mesmo com seu outro seio, enquanto a vi se remexer abaixo de mim,
pronunciando palavras desconexas, se entregando ao nosso momento
prazeroso.
Momentos mais tarde, nós nos encontrávamos abraçados na cama, nos
recuperando.
— Hum, eu tenho algo a dizer — Michele anunciou, em meio ao silêncio
sepulcral que havia se instalado entre nós.
— Então diga — pedi ao beijar seus lábios de leve.
Michele ponderou por um instante e ao sorrir, encarou-me com um brilho
diferente contido em seus olhos.
— Eu estou grávida! — anunciou me deixando boquiaberto.
— Está falando sério? — questionei incrédulo e me coloquei por cima
dela, evitando que meu peso ficasse totalmente sobre seu corpo.
Michele sorriu e assentiu, passando seus braços em volta do meu pescoço.
Fui incapaz de não demonstrar minha felicidade quanto àquela notícia. Beijei
seus lábios demoradamente e ao nos afastar, eu encarei-a.
— Eu amo muito você, nossa filha Valentina, e nosso bebê que está em seu
ventre também. É um amor tão grande, que chega a faltar espaço em meu
coração — proferi amoroso e ela me encarou séria. — Obrigado por isso. —
Agradeci.
— Compartilho do mesmo sentimento, meu amor. — Ela passou a unha
por entre os fios do meu cabelo, acima da minha nuca, fazendo meu pau ficar
ereto novamente.
E, mais uma vez, nos entregamos completamente ao outro.
Analisando o passado, vi que perdi um tempo precioso ao não ter
oficializado nosso casamento antes. Tive que quase perdê-la para tomar uma
atitude decente e realizar seu sonho. Mas, enfim, estávamos juntos e, ao
contrário do que eu pensava, depois que casamos no civil e no religioso, nos
tornamos um casal muito mais companheiro e fiel ao outro.
Nos amávamos verdadeiramente e a assinatura num papel, só nos tornou
mais próximos, nos fortaleceu e me fez enxergar além do meu próprio
umbigo. Para ser feliz com quem se ama, você tem que aprender a ceder,
porque um relacionamento não se baseia apenas no seu querer.
FIM .
Copyright © 2018 Vivy Keury
Capa:
Revisão: Sara Ester
Diagramação Digital: Sara Ester
Twitter: https://twitter.com/VivyKeury
[1]
Christian Louboutin é um designer francês de calçados que lançou sua linha de sapatos
principalmente femininos na França, em 1991.