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Elcio Lodos 1

2 A Hora da Noiva
Elcio Lodos 3
4 A Hora da Noiva
Elcio Lodos 5

SUMÁRIO

1. Tesouros Escondidos..............................

2. Tecnologia Divina...................................

3. Identificando o Modelo...........................

4. Entendendo o Conceito do Tempo.........

5. Considerai Tudo.......................................

6. Dando Luz à Reforma..............................

7. Restaurando o Altar .................................

8. Restauração dos Dons do Ministério........


6 A Hora da Noiva
Elcio Lodos 7

Tempo de Restauração
A Hora da Noiva

Sendo preparados para Jesus


Cristo: O Deus-Noivo!
8 A Hora da Noiva
Elcio Lodos 9

Dedicatória

Deus coloca pessoas em nosso caminho que nos


transformam, de tal maneira, que não conseguimos mais nos
enxergar sem passar pela ótica desse relacionamento. Esses
‘encontros divinos’ moldam o projeto restaurador de Deus
em nossas vidas.
Dedico este livro à pessoa, que de todos os ‘encontros
divinos’ que já tive, é a que resume esta verdade.
Quando nossos caminhos se entrelaçaram e começaram
a trilhar a mesma estrada, minha vida começou a ser
transformada na mais bela caminhada que um ser humano
pode trilhar, a caminhada em direção ao coração do nosso
pai, Abba.
Jaqueline, você tem me mostrado, com sua paixão
crescente pelo Noivo, que o sentido da vida é conhecê-lo e
prosseguir conhecendo-o em intimidade. E que é da vontade
Dele que vivamos em profunda e permanente intimidade
com Ele, nosso amado Jesus.
Você, que não apenas fala sobre intimidade com o noivo,
mas vive esta intimidade intensamente, contagiando todos
10 A Hora da Noiva
que estão à sua volta. Você que tem recebido e vivido na
revelação de que esta é a hora da noiva ser restaurada, tem
me mostrado o caminho para a vida de santificação, de
desprendimento e de total entrega. O caminho para o
coração do Noivo-Deus, Jesus Cristo.
A você, Jaqueline, meu mais belo ‘encontro divino’,
dedico este livro e também o meu coração.
Elcio A. Lodos
Elcio Lodos 11

Doentes de Amor!

“...Aqui estava eu, na frente do altar. Ao olhar em volta


percebi que a igreja estava lindamente enfeitada com flôres.
Vai haver um casamento hoje – pensei. Olho novamente à
procura de pessoas conhecidas. De quem seria este
casamento? Por que estaria eu aqui na frente? – refleti
novamente. Derrepente senti um impulso e olhei para baixo.
Que surpresa! Eu estava vestida de noiva. É o meu
casamento! Olho mais uma vez para mim mesma e uma
preocupação vem à minha mente; Eu estou de branco, bem
arrumada, mas meu vestido é tão simples. Tão singelo. Em
meio a essas considerações, sou atraida para olhar para a
porta da entrada. Um cavalheiro explendorosamente vestido
com um traje champanhe surge e começa a andar em minha
direção. Nunca havia visto ninguém tão lindo, tão
maravilhoso. Sua presença encheu aquele hambiente de uma
luz brilhante, quase que ofuscante mas que ao mesmo tempo
era tranqülizadora. A própria paz emanava dele. Que homem
extraordinário... Ele é o meu noivo, entendi
instantaneamente. Percebi também que meu vestido branco,
bem arrumado, mas simples, era perfeito para aquele
Desejo Por Intimidade 12
momento, pois ele, o noivo era a estrela do casamento e não
eu, a noiva.”
Este foi um sonho que minha esposa teve alguns mêses
atrás. Durante este período nossas vidas tem sido
revolucionadas por um chamado de Deus para vivermos a
realidade de ´Noiva Apaixonada‘ à espera do encontro
definitivo com seu Noivo.
Os segredos da Palavra de Deus para a Noiva do
Cordeiro têm se descortinado diante de nós. Livros inteiros,
passagens proféticas, Salmos e cânticos, parecem conspirar
trazendo uma nova orbita de entendimento do momento
profético que vivemos, nos revelando que esta é a Hora da
Noiva. O tempo profetizado, de restauração plena da Igreja,
que “sem mancha e nem rugas, gloriosa” estará a espera do
seu amado.
Neste processo o Senhor tem nos chamado e nos levado
para um novo lugar Nele. Os olhos do nosso entendimento
tem sido abertos como nunca antes. A presença manifesta
de Deus tem se tornado o desejo mais profundo do nosso
coração. Conhecer Jesus em intimidade tem sido nosso
alimento. E Ele tem respondido ao nosso clamor
desesperado. O Pai deseja comunhão. O noivo deseja
intimidade. Ele responde ao coração apaixonado.
...Jesus temos saúdades de ti. Queremos te ver.
Queremos te tocar. Sentir seu abraço. Olhar em teus olhos.
Beijar o teu rosto. Jesus, amado da nossa alma, vem.
Queremos passear no jardim contigo. Somos tua Noiva,
estamos doentes de amor. Precisamos da ti. Jesus querido,
esta na Hora Da Noiva se casar contigo.
Desejo Por Intimidade 13

CAPÍTULO UM
APÍTULO

Desejo Por Intimidade

Em Gênesis, capítulo 5, há quatro versículos que falam de


Enoque. No versículo 24 está escrito: “Andou Enoque com
Deus, e já não era, porque Deus o tomou para si”. É muito
interessante analisar um pouco a vida de Enoque, pois creio
que Deus deixou aqui uma tremenda revelação e uma
importante chave para compreendermos o Seu processo de
formação para as nossas vidas.
Enoque foi exatamente da sétima geração depois de
Adão (veja Jd 1.14). Ele foi contemporâneo de Adão. Quando
Enoque nasceu, Adão tinha 627 anos (Adão viveu 930 anos).
Com 65 anos de idade, Enoque gerou a Metusalém. “Andou
Enoque com Deus; e depois que gerou a Metusalém, viveu
trezentos anos; e teve filhos e filhas” (Gn 5.22). Antes da
Queda, Adão andava com Deus, mas depois da Queda a
primeira vez que a palavra menciona sobre alguém andando
com Deus é aqui, referindo-se a Enoque.
Exatamente na sétima geração depois de Adão, um
14 A Hora da Noiva
homem, chamado Enoque andou com Deus por mais de 300
anos. Lembre-se que sete é o número perfeito de Deus. É o
número que representa Deus na Bíblia. Sete gerações depois,
Deus está nos revela que mesmo depois da Queda, o homem
ainda poderia andar com Ele, como foi no Éden.
Essa história nos faz pensar em algo muito interessante.
Aqui está Enoque, um homem, que no almoço familiar de
domingo, comia sua macarronada tendo Adão sentado na
ponta da mesa. Vamos tentar imaginar a cena. Depois da
macarronada, os dois se sentam na varanda para tomar um
cafezinho, e começam a conversar, o ano é o de 856. Adão
começa a relatar para Enoque como eram seus encontros
com Deus, como 800 anos atrás Deus aparecia a ele todos os
dias ao cair da tarde, lágrimas correm dos seus olhos… de
repente ele pára e pergunta a Enoque:
– ‘Por favor, fale; como está Deus agora? Quais são os
Seus planos? Fale para mim. Deus mencionou meu nome
para você?’ Adão recordava do Éden, mas quem estava
andando com Deus no dia-a-dia e tinha intimidade com Ele,
era Enoque.
Pode ocorrer o mesmo conosco. Podemos ter tido uma
tremenda experiência com Deus no nosso encontro com
Cristo, podemos ter andado um pouco com Deus e
experimentado Sua manifestação em nossas vidas. Podemos
até ter testemunhos maravilhosos de como o Senhor nos
curou, de como recebemos uma grande unção do Espírito
Santo. De como Ele nos chamou e desenvolveu o nosso
ministério. Podemos ter visões de anjos para relatar. Ou de
como, certo dia, dez anos atrás ou um mês atrás, o Senhor
falou conosco de uma forma clara, aparecendo em nosso
Desejo Por Intimidade 15
quarto numa coluna de fogo. Podemos ter tudo isto, mas se
não estivermos andando com Deus hoje, seremos como Adão
conversando com Enoque. Um tem lembranças, o outro tem
a presença constante de Deus em sua vida. Adão morreu
com 930 anos, Enoque não morreu até agora, ele foi tomado
por Deus.
Enoque fala da Igreja que descobriu sua identidade de
Noiva. Que deseja andar em intimidade com Jesus. Esta
Igreja-Noiva deseja caminhar com seu Deus-Noivo e anseia
por ser levada para estar com Ele por toda a eternidade.
Amado Jesus, eu estou pronto. Vem Senhor, quero
caminhar contigo como Enoque, em intimidade. Quero ser
levado por ti. Sou tua Igreja, sou tua Noiva apaixonada.
Tenho saudade de ti.
Sadu Sundar Singh, ao comentar sobre o terrível tempo
em que esteve na prisão, no Tibete, disse: “A presença de
Cristo transformou minha prisão num abençoado céu. Como
será então no céu de verdade?” (– Sadu Sundar Singh, Cyrila
J. Davaey [Waynesboro. GA: STL Books], 1980, p. 101-02).
1.Formados na Intimidade

Quando Jesus chamou 12 homens comuns, cheios de


religiosidade e preconceitos raciais, e determinou ensinar-
lhes os Seus caminhos, o que Jesus fez? Jesus os trouxe para
perto Dele. Jesus os chamou para viver com Ele. Durante
cerca de três anos e meio aqueles homens foram íntimos de
Jesus. Eles andavam juntos, trabalhavam juntos, comiam
juntos, se divertiam juntos, enfim, eles viviam juntos. Aqueles
12 homens tiveram o privilégio de ter intimidade com o Deus
encarnado, Jesus. Dessa forma, Jesus pôde treiná-los em
16 A Hora da Noiva
todos os aspectos
e de todas as
formas. A isto
Toda revelação que precisamos, toda Jesus deu o nome
instrução para nossa vida e de ‘discipulado’, e
trabalho, todo poder e autoridade, nos mandou
tudo isto está em Deus repetir o mesmo
processo (veja
Mateus 28.18-20).Acredito profundamente que isto nos
revela o propósito de Deus para nossas vidas. O chamado
Dele não é apenas para aprendermos teoricamente a respeito
Dele e de Sua vontade. Ele nos chama para andarmos com
Ele, para entrarmos na sua intimidade e sermos
transformados. Em Cristo, Ele nos chama novamente para
“caminharmos no jardim com Ele ao entardecer”.
Tudo que Deus está fazendo em sua vida neste
momento, tem um único objetivo; trazê-lo para perto Dele.
Toda revelação que precisamos, toda instrução para nossa
vida e trabalho, todo poder e autoridade, tudo isto está em
Deus. Sua Palavra nos aponta o caminho, nos dá a chave,
mas é em Deus que estão todas as coisas. É em Jesus que
tudo subsiste, nele habita toda plenitude (veja Colossenses
1.17,19). Portanto, não é por intermédio de uma fórmula ou
imitando um método, ainda que seja bíblico, que
experimentaremos o ‘avivamento’, mas sim por meio de um
relacionamento pessoal e íntimo com Ele.
Ajuda-nos Senhor a termos o coração da noiva que diz:
“Busquei o amado da minha alma, busquei-o, e não o achei.
Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade, pelas ruas e pelas
praças; buscarei o amado da minha alma.” (Ct.3:1,2).
Desejo Por Intimidade 17
2. O Mapa para a Intimidade com Deus

Procure imaginar por um momento que você tem certeza


que no meio de uma montanha há um castelo soterrado, e
que no meio desse castelo existe uma sala de tesouro com
todo tipo de riquezas. Você recebe um mapa acurado desse
tesouro e vai em direção ao seu descobrimento. Ao seguir o
mapa, encontra corredores e salas com coisas preciosas. Você
toma posse dessas coisas, mas obviamente não pára por aí,
pois sabe que à sua espera está uma sala repleta do mais
maravilhoso tesouro, que fará de você a pessoa mais rica da
terra. Você, então, prossegue no caminho até encontrar a
verdadeira sala do tesouro.
Pois bem, a Palavra de Deus é essa grande montanha, o
mapa, são os dons do ministério, através dele, podemos
identificar os caminhos e decodificar os segredos para
chegarmos à sala real. Nessa busca, o Espírito Santo é nosso
companheiro constante que nos conduz. Quando
caminhamos pela Palavra, encontramos coisas maravilhosas.
A primeira preciosidade é a nossa salvação. Depois vêm
outras coisas preciosas; bênçãos, milagres, dons especiais
etc. Mas, amados, não podemos parar nessas coisas, ainda
que elas sejam pedras preciosas de grande valor. Temos de
encontrar a sala do tesouro, onde a grande e total riqueza e
plenitude nos espera – o próprio Deus.
Quando descobri que o propósito número um de Deus
com a revelação da sua Palavra não era me livrar do inferno,
nem mostrar o caminho para eu ser abençoado, mas sim o
de se fazer conhecido a mim, meu relacionamento com a
Bíblia jamais foi o mesmo.
Sei que tenho promessas maravilhosas na Palavra para
18 A Hora da Noiva
todas as áreas da minha vida. Sei que tenho direção e
orientação para a minha vida conjugal, para a criação dos
meus filhos e para o meu relacionamento com outros. Sei
que tenho na Palavra a revelação de como viver uma vida
no poder e na unção de Deus. Tudo isso é maravilhoso, e faz
parte do propósito de Deus em nos revelar Sua Palavra, pois
ela é absolutamente completa. Mas acima de tudo isso, agora
eu sei que por intermédio da Bíblia, a Palavra inspirada pelo
Espírito Santo, eu posso encontrar o caminho da restauração,
que me conduzirá à sala do tesouro, o lugar do trono, onde
está a maior riqueza; a intimidade com Deus.
Este tesouro é para mim. Este tesouro é para você. É
para todos os filhos de Deus. É a nossa herança. Que trágico
é que tantos param pela metade do caminho. Se contentam
com jóias menores. Mas eu estou determinado, eu quero a
pérola de grande valor. Eu quero Jesus. Quero conhecê-lo
em profunda intimidade!
E você? …O que você está buscando? …Qual é o desejo
do teu coração?
Desejo Por Intimidade 19

CAPÍTULO DOIS
APÍTULO

Tesouros Escondidos

Certamente o SENHOR não fará nada, sem primeiro


revelar seu conselho secreto e plano confidencial,
aos seus servos, os homens inspirados (Amós 3.7 –
versão do autor ).

Se você estivesse sentado nos muros da cidade de Ur


observando os portões da cidade exatamente naquele dia
especial, veria centenas de pessoas que saíam e entravam.
Eram pessoas com animais e cargas, uns indo para outras
regiões, outros voltando de longas viagens e de aventuras,
pois essa cidade foi uma metrópole e um grande
entroncamento comercial e migratório. Pois bem, em meio
a todo esse movimento, você avistaria Abraão e sua família;
mochila nas costas, animais carregados, saindo da cidade.
Vendo-o nesse dia, lá de cima do muro de Ur dos caldeus,
não haveria meio de saber que esse homem, dentre tantos
outros, que chegavam e partiam, carregava nos seus ombros
o destino da humanidade. Somente sabemos disto, porque
20 A Hora da Noiva
Deus o revelou para nós.
Percebemos, com isso, que não existem na Bíblia apenas
‘histórias’. Tudo que está na Palavra tem sentido, tem
segredos ocultos de Deus para o tempo certo. ‘Deus vem à
terra com todo o seu mistério, e tudo o que precisamos saber
sobre Ele e seus caminhos, tudo o que precisamos para sair
daqui para a eternidade, tudo o que a raça humana precisa
para sentar-se à direita de Deus, Ele esconde tudo isto, dentro
da história humana’ (Dr. Noel Wordrof). Paulo entendeu bem
esse princípio quando declarou que o evangelho era um
segredo guardado desde a fundação dos séculos.
Agora, veja que tremendo: Aonde o evangelho estava
guardado?. No coração de Deus? É claro que sim. Nos céus?
Certamente que sim. Mas, aonde mais? Bem, estava
escondido nas Escrituras Sagradas. Deus, no momento certo
revelou (descobriu) a ‘homens inspirados’.
Vamos observar isso com um pouco mais de
profundidade, para estabelecermos uma base na qual
poderemos seguir no restante deste livro. Veja o que Deus
revelou a Jó, no final de seus questionamentos quanto à obra
que Deus estava fazendo em sua vida:
Na verdade, a prata tem suas minas, e o ouro, que
se refina, o seu lugar.
O ferro tira-se da terra, e da pedra se funde o cobre.
Os homens põem termo à escuridão e até aos últimos
confins procuram as pedras ocultas nas trevas e na
densa escuridade.
Abrem entrada para minas longe da habitação dos
homens esquecidos dos transeuntes; e, assim, longe
Tesouros Escondidos 21
deles, dependurados, oscilam de um lado para
outro.
Da terra procede o pão, mas embaixo é revolvida
como por fogo.
Nas suas pedras se encontra safira, e há pó que
contém ouro.
Essa vereda, a ave de rapina a ignora, e jamais a
viram os olhos do falcão. Nunca a pisaram feras
majestosas, nem o leãozinho passou por ela.
Estende o homem a mão contra o rochedo e revolve
os montes desde as suas raízes.
Abre canais nas pedras, e os seus olhos vêem tudo
o que há de mais precioso.
Tapa os veios de água, e nem uma gota sai deles, e
traz à luz o que estava escondido (Jó 28.1-11).
Essa passagem nos revela que as coisas preciosas da terra
estão ocultas, longe da superfície. Para encontrá-las, o
homem precisa abrir minas, quebrar rochas, criar novos
caminhos. O pão, que é necessidade básica, é produzido na
superfície, mas a riqueza está embaixo da terra, muitas vezes
no meio do fogo.
Da mesma forma, o
pão espiritual, isto
é, as nossas O pão, que é necessidade básica,
necessidades é produzido na superfície, mas a
básicas, as bênçãos riqueza está embaixo da terra,
que precisamos, nós muitas vezes no meio do fogo
encontramos na
22 A Hora da Noiva
superfície da palavra, mas o ouro e a prata espiritual, a safira
e tudo o que é precioso para o nosso crescimento espiritual
precisa ser buscado, cavado e minado na Palavra de Deus.
Todos os segredos para experimentarmos uma vida de
intimidade com Deus e profundoreavivamento estão
contidos nas Escrituras Sagradas, e cabe a nós, usando as
ferramentas que o próprio Deus nos deu, abrirmos caminhos
e cavarmos até que cheguemos aos tesouros escondidos. No
livro de Salmos está escrito: “A intimidade (segredo) do
SENHOR é para os que o temem” (25.14). A palavra segredo
vem de uma palavra hebraica que poderia ser traduzida
como “Conselho secreto, plano confidencial”. Uma versão
ampliada desse versículo poderia ser: O conselho secreto e o
plano confidencial do Senhor são para aqueles que o temem.
No livro de Amós está: “Certamente, o SENHOR Deus
não fará cousa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo
aos seus servos, os profetas” (3.7). No dicionário de Strong
está escrito que a palavra profeta (‘nabiy’ no hebraico) pode
também ter o significado de ‘Homem Inspirado’. Portanto
essa passagem de Amós também poderia ter esta tradução:
“Certamente o Senhor não fará nada, sem primeiro revelar seu
Conselho Secreto e seu Plano Confidencial, aos seus servos,
homens inspirados”.
Deus, em seu conselho secreto, isto é, na reunião sagrada
do Pai, do Filho e do Espírito Santo, determinou todas as
coisas. Estabeleceu princípios para todas as coisas no
universo. Deus tem tudo planejado, mas Ele mantém o Seu
plano no seu conselho secreto, especialmente para que o
inimigo não possa atrapalhá-lo. O livro de Romanos declara:
Tesouros Escondidos 23
“…conforme a revelação do mistério guardado em silêncio
nos tempos eternos [mantido em segredo]” (16.25).
Ao mesmo tempo, Deus deseja revelar os Seus planos e
propósitos aos seus ‘homens inspirados’ (profetas), pois é
por intermédio do homem, que Ele cumprirá o seus
desígnios. Mas, como Deus pode esconder seus planos do
inimigo e revelá-los a homens inspirados?
Deus faz isto, escondendo os seus segredos, na história
humana, Então, Ele os identifica a seus ungidos, através de
revelação.
Deixe-me explicar melhor, pois a compreensão deste
princípio é a chave para a continuidade dessas revelações.
Deus coloca no amor entre dois jovens, no nascimento
de uma criança, na imigração de uma família, no nome de
uma cidade, os seus segredos para o destino da humanidade.
Então, o que Ele faz, Ele identifica para nós em sua Palavra,
através da revelação do Espírito Santo.
Já vimos um exemplo desse princípio em operação no
chamado de Abraão no começo deste capítulo, vamos ver
outro exemplo dessa verdade:
Quando Jesus entrou na sinagoga, em um sábado
ensolarado, em Nazaré, tudo parecia absolutamente normal.
Era um sábado, como muitos outros, em que os membros
daquela congregação se reuniam para ler as Escrituras e orar.
Entre eles estava o carpinteiro, filho de José. Aquela era a
‘igreja’ que ele costumava ir, ali estavam seus amigos, seus
parentes. Ele se levantou como de costume (veja Lucas 4.16),
abriu as Escrituras para ler, como de costume, abriu em Isaías
e leu: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me
24 A Hora da Noiva
ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar
libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para
pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável
do Senhor” (Lc 4.18,19). Ele fechou o livro e disse: “Hoje, se
cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (v. 21).
Aleluia!!! Isto é mesmo fantástico!! Isaías escreveu esse
texto cerca de 800 anos antes de Cristo. A Escritura estava
registrada, já havia sido lida milhares de vezes, mas no
momento certo o segredo que estava escondido nela foi
revelado. O mistério de Deus, oculto nessa declaração, foi
descortinado. Agora sabemos que Isaías falava a respeito
de Jesus Cristo de Nazaré, o Filho de Deus, que veio para
evangelizar os pobres, dar vista aos cegos, pôr em liberdade
os oprimidos e proclamar o ano aceitável do Senhor.
Quando entendermos que este princípio se aplica a toda
a Escritura, não iremos mais apenas ‘ler a Bíblia’, iremos
comer a Palavra de Deus:
“Filho do homem... come este rolo, vai e fala à casa de
Israel. Então, abri a boca, e ele me deu a comer o rolo. E me
disse: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche
as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Eu o comi, e na
boca me era doce como o mel” (Ez 3.1-3).
Tudo que você precisa, para discernir os tempos, para
entender os princípios estabelecidos por Deus, para viver
em Intimidade com Jesus e para produzir o verdadeiro
avivamento na terra, está ao seu alcance: “Não está nos céus,
para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga
e no-lo faça ouvir para que o cumpramos?. Nem está além
do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar,
que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos?
Tesouros Escondidos 25
Pois esta palavra (revelação) está mui perto de ti, na tua
boca e no teu coração para a cumprires” (Dt 30.12-14; cf. Rm
10.8).
Neste mesmo processo, Deus deixa princípios
fundamentais usando palavras e frases específicas, que são
repetidas várias vezes nas Escrituras e que ficam como que
ocultas aos nossos olhos, até que o Espírito Santo as destaca
para nós. Por exemplo; muito tempo atrás, a revelação de
salvação pela graça tinha sido esquecida. Deus, no tempo
certo levanta Martinho Lutero que descobre a frase na Bíblia:
“O justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Através desta frase a
vida de Lutero foi revolucionada. Ele e outros reformadores
passaram a ver a Teologia da Graça de Deus em toda a Bíblia.
Este mesmo processo se repete constantemente à
medida que Deus vai restaurando a Igreja. Neste momento
Deus tem “grifado” para nós em Sua Palavra a frase: “O
Espírito e a Noiva dizem vem.” (Ap 22.17). Da mesma forma,
através deste “Rhema” de Deus em Sua Palavra, temos sido
levados a ver em toda as Escrituras o projeto de Deus de
preparar uma Noiva para Seu filho. Nossos olhos estão se
abrindo para entender que nossa identidade é a de “Noiva
de Cristo”. Apaixonada por Ele, à espera das Bodas do
Cordeiro.

1. Companheiro de Busca

Deus está nos convidando para entrarmos nessa caminhada


de busca dos seus segredos para este tempo e esta hora,
esta é uma jornada maravilhosa que produzirá coisas
extraordinárias em nossas vidas.
Quando aceitamos esse convite de Deus em nossa
26 A Hora da Noiva
jornada pela sua Palavra em busca de seus segredos, Ele
não nos deixa sozinhos. Temos da parte do próprio Deus,
um companheiro que nos conduz, que ilumina o caminho.
Que mostra a direção certa a seguir. Este companheiro é o
querido Espírito Santo de Deus.
É o Espírito Santo quem opera em nós através das
Escrituras, nos revelando os segredos do Pai. “...as cousas
de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”
(1Co 2.11). Os princípios de Deus, escondidos no cotidiano
do seu povo nas Escrituras, são descodificados para nós
através do Espírito Santo. “…quando vier, porém, o Espírito
da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não
falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos
anunciará (revelará) as cousas que hão de vir. Ele me
glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de
anunciar [revelar]” (Jo 16.13,14).
Observe que o Espírito Santo opera em cada um de nós,
que somos filhos de Deus, nascidos de novo em Cristo Jesus,
para nos guiar a toda verdade, e para nos revelar os segredos
do coração do Pai, que na realidade estão ocultos nas
Escrituras Sagradas.
2. Escola de Homens Inspirados

Deus deseja nos ensinar os Seus caminhos. O ‘revelar-se’ faz


parte da própria natureza de Deus. Ele quer revelar os Seus
mistérios a Seus homens inspirados. No Antigo Testamento,
homens como Samuel, Elias e Eliseu, tinham ‘escolas de
profetas’ (veja 1Samuel 19.20; 1Reis 2.3). Eles separavam um
grupo de pessoas e os treinavam, para transformá-los em
‘homens inspirados’ [profetas] de Deus. Creio que aqui temos
Tesouros Escondidos 27
um modelo de como Deus deseja trabalhar em nós. Ele nos
chama para ‘sua escola de profetas’, para que nos tornemos
pessoas inspiradas, e então sermos qualificados para
recebermos suas revelações.
Desde os meus tempos de criança na escola até os
últimos anos de universidade e pós-graduação, duas coisas
básicas que eu sempre queria saber quando me matriculava
em um curso eram; qual o método que será usado no curso,
e quem será o professor. Creio que a maioria das pessoas é
como eu. Quando somos estudantes, é importante para nós
termos informações sobre quem estará ensinando; suas
qualificações, sua experiência etc., pois grande parte do valor
de um curso tem relação com a pessoa que o ensina. É
importante também sabermos como vamos aprender, que
tipo de testes teremos de enfrentar, qual a metodologia que
será aplicada no curso.
Bem, se Deus tem uma escola, e se todos estamos
matriculados nela, quem é o professor? Qual é a
metodologia? E qual é o material didático?
3. Ele nos Ensinará os Seus Caminhos

Já vimos, no primeiro ponto, que o Espírito Santo veio para


desvendar os segredos de Deus para nós, isto é, Ele veio
para ser o companheiro (paracleto) que nos ensina os
caminhos do Pai. Em João 14.26, Jesus relata: “…mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu
nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar
de tudo o que vos tenho dito”. A palavra ensinar usada por
Jesus nesse versículo é a palavra grega didasko (daí vem a
nossa palavra didática). Essa palavra era usada
28 A Hora da Noiva
especificamente para definir as atribuições do professor;
didasko é “aquele que dá instrução”. Portanto, o Espírito
Santo foi enviado com o propósito de nos instruir, de ser
nosso didasko, nosso mestre.
Essa mesma palavra é aplicada diversas vezes ao próprio
Senhor Jesus, e em uma das passagens que ocorre é em João.
Nicodemos diz para Jesus: “Rabi, sabemos que és Mestre
vindo da parte de Deus…” (3.2). Aqui a palavra ‘mestre’ é a
mesma palavra didasko (aquele que ensina; professor).
Também observamos neste versículo outra palavra
importante; “Rabi”, esta palavra é hebraica, e era um “título
de respeito, ela era aplicada aos professores” (Comentário
Bíblico – Strong). Jesus recebeu esse título diversas vezes nos
evangelhos. Ele é o nosso Rabi. O nosso mestre (didasko)
vindo da parte de Deus.
Então descobrimos que não somente o Espírito Santo é
nosso instrutor, mas que também o próprio Senhor Jesus
está envolvido nesse processo de ser nosso didasko.
Quando estudamos o Antigo Testamento, descobrimos
que Deus se revela como aquele que ensina. Em Salmos
lemos: “Bom e reto é o SENHOR, por isso ensina o caminho
aos pecadores” (25.8). A palavra ensinar aqui é yarah no
hebraico. Ela tem significado semelhante à palavra grega,
didasko. Literalmente, ‘yarah’ significa; ‘apontar o caminho,
direcionar para o alvo’, essa palavra aparece 80 vezes no
Antigo Testamento, referindo-se ao fato de que o Senhor é
aquele que nos ensina, apontando o caminho. Outro fato
interessante é que dessa palavra deriva a palavra Torah, que
é uma das mais importantes do Antigo Testamento; Torah é
a ‘Lei’, é o ensino de Deus, é o material didático do professor.
Tesouros Escondidos 29
Vamos nos aprofundar um pouco mais nisso. Um dos
usos mais interessantes da palavra yarah encontra-se em
Isaías. O profeta recebe uma Palavra de Deus, por intermédio
de uma visão:
Palavra que, em visão, veio a Isaías, filho de Amós,
a respeito de Judá e Jerusalém.
Nos últimos dias, acontecerá que o monte da casa
do SENHOR será estabelecido no cume dos montes e
se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos
os povos.
Irão muitas nações e dirão: vinde, e subamos ao
monte do SENHOR e à casa do Deus de Jacó, para que
nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas
veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do
SENHOR, de Jerusalém (Is 2.1-3).
O versículo 1 menciona que essa revelação é a respeito de
“Judá e Jerusalém”, e o versículo 2 deixa claro que é uma
revelação para os últimos dias: “Nos últimos dias,
acontecerá...”. Bem, vamos analisar um pouco mais, para
entender o que Deus está falando: Esta é uma palavra para
Judá e Jerusalém referente aos últimos dias!
Mas quem é o Judá de Deus e a verdadeira Jerusalém
dos últimos dias?
Pedro nos responde essa pergunta claramente: “Vós,
porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo
de propriedade exclusiva de Deus…” (1Pe 2.9). A carta de
Pedro foi escrita para a igreja (“Pedro, apóstolo de Jesus
Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão, no Ponto,
Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” – 1Pe 1.1). Portanto o
30 A Hora da Noiva
Vós, porém, refere-se à igreja. Nós, a igreja de Jesus Cristo,
somos a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo
de propriedade exclusiva de Deus. Nós somos o novo Israel
de Deus (veja Gálatas 6.16).
Deus, portanto, em Isaías 2, está falando com a igreja
dos últimos dias (que somos nós). E qual é a mensagem para
a igreja dos últimos dias?. O Senhor diz que o “...monte de
sua casa será estabelecido no cume dos montes, e se elevará
sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão
muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do
SENHOR, e a casa do Deus de Jacó. Ele nos ensinará os seus
caminhos. E nós andaremos nos seus passos; porque de Sião
sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém” (v. 2,3; grifos
do autor). Deus revela nesta passagem, parte da sua
estratégia para os últimos dias, Ele irá elevar seu povo (o
monte da sua casa) sobre os outros povos (outros montes e
outeiros). E os povos virão ao seu monte (Igreja). E ali, Ele,
o nosso Deus, lhes ensinará os Seus caminhos.
O Senhor planeja ensinar o mundo por intermédio da
Igreja, mas para que isto aconteça, sua Igreja precisa
aprender primeiro (o monte de sua casa precisa ser
estabelecido). Nós precisamos sentar na carteira da escola
de Deus e
receber toda
instrução que
O Senhor planeja ensinar o mundo por
Ele tem para
intermédio da Igreja, mas para que
nós. Quando
isto aconteça, sua Igreja precisa
estivermos
aprender primeiro (o monte de sua casa
formados e
precisa ser estabelecido)
maduros, Ele
Tesouros Escondidos 31
trará as nações até nós, e Seu propósito final será
estabelecido.
É importante também destacar que a palavra ‘ensinará’
em Isaías 2.2 é a palavra hebraica yarah; e a palavra ‘lei’, da
frase ‘de Sião sairá a lei’ é a palavra torah. Deus é o nosso
mestre, e nos ensina (yarah) os Seus caminhos através do
seu manual de instruções (torah).
Descobrimos, em resposta à nossa pergunta: “Quem é
o professor da escola de Deus?”, que tanto o Espírito Santo,
quanto Jesus e o próprio Deus Pai, recebem o mesmo título
na Bíblia; “Professores (mestres) do seu povo”. A verdade é
que aprendermos os princípios do Reino é algo tão
importante que a própria Trindade está envolvida nisso.
Deus Pai, Deus Filho e Deus o Espírito Santo estão engajados
no processo de nos ensinar os Seus caminhos.
“Deus tem uma escola, em que todos os nascidos de
novo estão automaticamente matriculados, e o Professor
dessa escola é a própria Trindade.”
Oh Deus, ensina-nos o caminho do relacionamento
intimo contigo. Ensina-nos a te amar, a te desejar. Ensina-
nos a viver como as cinco virgens prudentes; Preparadas
com as lamparinas acesas a espera do Noivo.
32 A Hora da Noiva
Tecnologia Divina 33

CAPÍTULO TRÊS
APÍTULO

Tecnologia Divina

A palavra ‘tecnologia’ é um termo moderno, define


princípios que, em operação, sempre produzem o resultado
desejado. Por exemplo, estou digitando meu trabalho no
computador, de tempos em tempos eu “salvo” a digitação,
e quando concluir, salvo tudo e posso desligar o computador,
sem risco de perder a tarefa realizada. Quando voltar a ligar,
todo meu trabalho estará guardado no que chamamos de
“memória do computador”. Tudo isto é possível porque
determinados componentes eletroeletrônicos foram
conectados de acordo com um projeto, para produzir esse
computador. Toda vez que se agrupam esses mesmos
componentes da mesma forma (seguindo o projeto/mapa)
produzem outro computador semelhante, isso é o que
chamamos de ‘tecnologia’. Por trás do meu computador
existe tecnologia.
É exatamente dessa forma que o nosso Deus opera. Sua
Palavra para nós é ‘Tecnologia Divina’. Na verdade, não
consigo encontrar um termo moderno mais adequado para
34 A Hora da Noiva
entendermos o operar de Deus. Nosso Deus é um Deus de
Tecnologia. Em outras palavras, Ele estabelece princípios
em sua Palavra (projeto) que se codificados e executados,
sempre produzirão os resultados determinados por Ele.
Por exemplo, existe tecnologia para alcançarmos o
resultado da salvação, ela está descrita na Palavra. Há uma
tecnologia para recebermos cura, prosperidade, libertação
etc…Toda essa tecnologia é descrita detalhadamente no
manual tecnológico de Deus, a Sua Palavra.
Peguei o termo ‘Teologia’, que foi inventado por
Agostinho no sexto século, para se referir ao estudo de Deus
(Teo-deus, logia-estudo), e juntei o termo moderno
‘Tecnologia’, que na prática significa -que funciona com
eficiência, e como resultado criei um novo termo, que é: ‘Teo-
cnologia’ (Teo-Deus, cnologia-princípios que funcionam
eficientemente). Vou, portanto, fazer uso desse novo termo
‘teo-cnologia’ para me referir a princípios revelados pelo
Espírito Santo, tirados da Palavra de Deus. Esses princípios
podem estar em um versículo, em um capítulo, ou no
contexto de todo um livro, ou período. Podem estar também
escondidos no dia-a-dia da vida do povo de Deus, em sua
Palavra. Esta ‘teo-cnologia’, se refere a esses princípios que,
aplicados à nossa realidade, dentro do nosso contexto,
produzirão os mesmos resultados obtidos na Palavra de
Deus.

1. Teo-cnologia do Avivamento
Nossa visão fundamental, neste livro, é identificar e estudar
princípios ou ‘teo-cnologias’ que produzirão o avivamento
em nossas vidas e ao nosso redor. Queremos, na dependência
Tecnologia Divina 35
do Espírito Santo, entrar na grande montanha de revelação,
caminhar pela Palavra, viajar pela História e descobrir quais
foram os mecanismos que trouxeram o avivamento para o
povo de Deus, e como podemos, identificar essa tecnologia
e aplicá-la em nosso tempo.
Em primeiro lugar, no que se refere a isso, precisamos
definir claramente o que queremos dizer, quando usamos a
palavra “avivamento”.

2. Os Níveis de Avivamento
Avivamento

Nesses últimos tempos, Deus tem me levado a meditar


profundamente sobre reforma e avivamento, trazendo
muitas revelações ao meu coração. Com certeza, na história
do cristianismo, nunca se falou tanto, nunca se pregou tanto,
nunca se escreveu tanto sobre o “avivamento” como nos
dias atuais. Somente isto já é um sinal de que Deus está
chamando a atenção do seu povo para o ‘pleno avivamento’
que terá de vir.
Pelo fato de trabalhar como ministro em Londres e ser
discipulado pelo apóstolo Colin Dye, líder do Kensington
Temple, a maior igreja avivada da Europa, tenho o privilégio
de ouvir e conviver com homens e mulheres de Deus que
têm experimentado verdadeiro avivamento em suas vidas.
Todos eles falam algo em comum em suas mensagens;
estamos em tempo de avivamento.
Talvez de todos os servos de Deus que tenho tido o
privilégio de conhecer e conviver, neste período, o que mais
tem influenciado a minha vida é o apóstolo Colin Dye. Ele é
um homem que literalmente tem empregado sua vida em
um único propósito; o de ver ‘O Avivamento Genuíno de
36 A Hora da Noiva
Deus cobrir a cidade de Londres e o mundo’, trazendo
milhares e milhares de almas aos pés de Jesus. Tenho
aprendido muito sobre o que significa, verdadeiramente,
ser um ‘homem de Deus’, por intermédio de sua vida. Tenho
aprendido muito, também, sobre o mover de Deus trazendo
o avivamento.
Algo tremendo que aprendi com ele é que há diversos
níveis de ‘avivamento’. O apóstolo Colin diz que muitas
vezes ficamos esperando a plena manifestação do
‘avivamento’ para então identificarmos que é o ‘avivamento’.
Muitas pessoas, ao longo da História, só reconhecem o
avivamento depois que ele passou, e o triste é que por causa
disto, elas o perdem. Muitos se tornaram apenas
testemunhas da História, quando tiveram a oportunidade
de ativamente serem participantes, fazendo a ‘História’.
O Apóstolo Colin Dye diz: “eu não vou ficar parado
esperando o avivamento passar, para depois reconhecê-lo,
vou declarar pela fé que estamos em avivamento, ainda que
esteja no nível inicial, e trabalhar com Deus, para trazer à
existência os outros níveis”.
Para mim, isso foi uma poderosa revelação, e um
tremendo desafio. Quantos de nós, muitas vezes, estamos à
espera de os “mortos levantarem” para depois pensarmos
se realmente Deus está se movendo de uma forma especial.
É hora de acordarmos. Quanta unção Deus tem trazido nos
últimos anos?. Quantas manifestações temos visto do poder
de Deus?. Eu sei que ainda falta muito mais. Mas certamente
há um barulho de chuva na terra. Vamos reconhecê-lo, e pela
fé, trazer à existência o que ainda precisa se manifestar
plenamente.
Tecnologia Divina 37
Agora, por breve momento, se nos manifestou a
graça da parte do SENHOR, nosso Deus, para nos
deixar alguns que escapem e para dar-nos
estabilidade no seu santo lugar; para nos alumiar os
olhos, ó Deus nosso, e para nos dar um pouco de
vida (uma medida de avivamento) na nossa servidão
(Ed 9.8).

3. O Avivamento Pleno
Avivamento

O que realmente é o “avivamento pleno”?.


Em que parte da história humana podemos identificar
a manifestação plena de um avivamento?
Essas perguntas passaram por meu pensamento,
quando eu estava preparando uma série de mensagens sobre
‘Tecnologia do Avivamento’ para ministrar em uma igreja
ao norte da Inglaterra. Comecei a pensar nos grandes
avivamentos do passado. Homens como George Wittfield,
João Wesley, Jonathan Edwards e muitos outros. Já estudei
a vida de cada um deles, e do avivamento que eles ajudaram
a produzir. Fiquei pensando sobre qual teria sido o maior
de todos os avivamentos na História até hoje.
Então comecei a orar sobre isso. Eu disse: ‘Pai, conceda-
me uma revelação clara sobre o que realmente é o
avivamento e me revela na História onde ocorreu a
manifestação do ’avivamento pleno’, para que possamos
aprender com ele.
Então, ouvi o Senhor me falar, quase que audivelmente,
Ele disse: “Meu filho, leia Gálatas 4.4”. Imediatamente abri
a Bíblia e li: “...vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus
38 A Hora da Noiva
enviou seu Filho…”
– Amém Senhor, mas e o ‘avivamento’? – respondi para
Deus.
– Aí está o avivamento pleno, meu filho. Pois
‘avivamento pleno’ é a manifestação plena da minha
presença! …Às vezes, não me conformo em como podemos
ser tão cegos!.
Ao ouvir isso, foi como se caísse um pano dos meus
olhos… da minha mente e do meu espírito, tudo em uma
fração de segundo. Tudo ficou tão claro, tão óbvio para mim
(obrigado Senhor, por sua paciência comigo).
Até este momento, mesmo depois de ter lido dezenas
de livros sobre o avivamento, e de ter ouvido muitas
definições, para mim, o avivamento pleno era a total
manifestação do poder de Deus, a plena manifestação do
operar de Deus no meio dos homens. Mas agora, depois de
ter bebido um pouquinho na fonte, tive a revelação do que
realmente é o “avivamento pleno”.
O avivamento pleno não é a manifestação da ação de
Deus, mas sim a manifestação do próprio Deus. “…Deus
estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo” (2Co
5.19).
O maior avivamento que já houve na terra foi a
manifestação de Deus, em Jesus Cristo,que veio para nos
comprar de volta para Ele mesmo. Para que o projeto eterno
de Deus; de apresentar uma noiva para seu filho pudesse
ser concretizado. Foi esta revelação que João Batista nos
deixou quando afirmou: “O que tem a noiva é o noivo; o
amigo do noivo que está presente e o ouve, muito se regozija
Tecnologia Divina 39
por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu
em mim.” (Jo 3.29).Tudo o que meu coração deseja é esse
tipo de avivamento. A presença manifesta de Deus em em
minha vida.

O maior avivamento que já houve


na terra foi a manifestação de
Deus, em Jesus Cristo,que veio
para nos comprar de volta para
Ele mesmo.

…Eu estou pronto para ti, Senhor, eu anseio por ti, Senhor.
Vem amado da minha alma, coloca em meu dedo a aliança
de casamento com a inscrição: “Eu sou do meu amado, e ele
é meu”. (Ct 2.16)

4. Os Níveis de Revelação

Percebemos, através da História, que em cada época há um


nível de revelação diferente. Por exemplo: com Martinho
Lutero, o primeiro e grande reformador protestante, Deus
trabalhou a base da nossa fé; a justificação pela graça. Com
João Wesley, o avivalista inglês que deu origem a um grande
mover que ficou conhecido como o avivamento metodista,
já temos a justificação pela graça estabelecida, então o Senhor
acrescentou e restaurou a santificação na Igreja. Já no começo
do século 20, sobre essas verdades restauradas o Senhor
40 A Hora da Noiva
acrescentou a manifestação dos ‘charismas’ (dons), o que
entrou para a História como a restauração do Pentecostes,
ou mover pentecostal. Ainda no século 20, de uma forma
tremendamente acelerada, demonstrando que Deus tem
pressa, o Senhor restaurou o louvor, restaurou a comunhão
na comunidade, restaurou os cinco dons do ministério
(apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres – veja
Efésios 4), mas especialmente apóstolos e profetas. No final
do século 20, e já entrando no 21, o Senhor tem restaurado o
discipulado, com a visão de ganhar com responsabilidade,
de consolidar e de treinar discipulando.
Temos visto agora a igreja entrar em novos níveis de
adoração romântica ou adoração em intimidade. Re-
descobrindo sua vocação de virgem apaixonada.E assim o
Pai, através do trabalho do Espírito Santo, vai acrescentando
mover sobre mover, para trazer a restauração total para a
Noiva do Seu Filho.
Creio de todo o meu coração, que ao nos aproximarmos
mais e mais do apogeu dos tempos, a liberação das
revelações de Deus para seu povo estará cada vez mais aberta
e acelerada. Somos muito privilegiados, pois vivemos dias
de céus abertos. O Senhor está nos trazendo a níveis de
revelações cada vez mais profundos, até estarmos cientes
de todas as teo-cnologias de Deus. Para que então possamos
desencadear o processo de reforma total, restaurando tudo
para que venha o pleno avivamento, que é a gloriosa volta
do Senhor Jesus Cristo para buscar sua noiva.
Estabelecemos, nessa primeira parte, que fomos criados
para crescer e aprender. Já descobrimos também que Deus
está totalmente envolvido no processo de nos trazer para
Tecnologia Divina 41
perto Dele. Vimos, também, que Deus age por princípios,
Ele estabelece leis, mecanismos que sempre funcionam da
mesma forma. Quando descobrimos esses mecanismos,
identificamos a tecnologia, ou, para usar esta nova
terminologia; “teo-cnologia”. Essa teo-cnologia, aplicada à
nossa realidade, sempre produzirá os resultados planejados
por Deus. Todos os mecanismos de Deus já estão
estabelecidos, mas muitos deles são guardados como
‘segredos de Deus’, para o tempo certo de sua revelação.
Aprendemos também que nosso Pai Celeste colocou tudo
isso em sua Palavra, muitas vezes escondido em eventos
históricos do Seu povo.
Este é o seu chamado, o meu chamado, o chamado de
toda a Igreja; através da inspiração do Espírito Santo,
identificar toda teo-cnologia que produza a manifestação
do avivamento. Não somente de níveis básicos de
avivamento, mas o ‘avivamento pleno’ – Jesus Cristo
manifesto em toda majestade do Noivo-Deus que vem se
encontrar com sua noiva.
Faze de nós Senhor, instrumentos em tuas mãos, vasos
cheios da tua glória, vidas que te desejam profundamente,
como uma noiva apaixonada, e que sejam transportadoras
da tua presença manifesta para este mundo que, mesmo
sem saber, anseia pelo ‘noivo’.
42 A Hora da Noiva
Identificando o Modelo 43

CAPÍTULO QUATRO
APÍTULO

Identificando o Modelo

Q uando Deus enviou Jesus à terra, para redimir a


humanidade, Ele já havia trabalhado detalhadamente em
todos os aspectos, para preparar a vinda do Seu Filho ao
mundo. Podemos dizer que depois da criação, tudo o que
Deus fez no mundo tinha relação com a preparação de todas
as coisas para o tempo da “encarnação do Filho”.
No livro de Gálatas, observamos essa revelação em uma
frase: “...vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou
seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei…” (Gl 4.4). A
palavra ‘plenitude’ aqui, é a palavra: pleroma no grego. Em
uma definição mais profunda, pleroma significa ‘o final de
um período predeterminado, onde tudo está completo’. O
Dicionário Bíblico de Nelson define pleroma como algo que
“sugere a soberania de Deus determinando eventos no
espaço e tempo”. Portanto Gálatas 4.4 está nos dizendo que:
“no final de uma seqüência de eventos no espaço e no tempo,
quando as coisas estavam completas, Deus enviou seu Filho
ao mundo”.
44 A Hora da Noiva
Quando olhamos a História da humanidade no período
anterior à vinda de Jesus, percebemos que o mundo
realmente foi preparado para aquele momento. Podemos
dizer que as principais culturas que antecederam a vinda de
Jesus contribuíram na preparação do mundo para a chegada
do Salvador e a inauguração do Reino pleno de Deus entre
os homens.
Não temos espaço, neste livro, para examinar esse
assunto de forma mais completa, embora ele seja fascinante
e importante para identificarmos o trabalhar de Deus no
mundo, mas vamos procurar resumir a contribuição de cada
povo envolvido.
Os medos e persas foram o primeir império organizado,
e a grande figura desse período foi Nabucodonosor. O
império medo-persa desenvolveu consideravelmente a
cultura, ampliando o conceito de ‘cidade-metrópole’. Eles
desenvolveram também o conceito de escolas e bibliotecas.
Foi nesse período que as ciências básicas foram definidas e,
principalmente, que a escrita se espalhou por todo o mundo.
Depois desse período, temos o império grego,
representado na pessoa de Alexandre, o Grande, que aos 25
anos de idade já havia conquistado o mundo. Em cada cidade
conquistada por Alexandre, ele estabelecia centros de
aprendizado da cultura grega, e em pouco tempo a maneira
de pensar grega e principalmente a língua grega estavam
espalhadas pelo mundo. O mundo, então, tinha uma cultura
e uma língua comum, o grego.
Quando vieram os romanos, que foi o império seguinte,
eles dominaram o mundo com sua força e tecnologia militar
avançada. Exatamente no período que Jesus nasceu, o
Identificando o Modelo 45
império romano estava no seu apogeu. Eles tinham
implantado em todo o império a pax-romana, isto é, paz em
todo o império no controle dos poderosos centuriões
romanos.
Na época em que Jesus veio ao mundo, portanto, pela
primeira vez, depois de séculos de guerras e conquistas, o
mundo estava vivendo um período de completa paz, sob o
controle romano. Eles desenvolveram também duas coisas
muito importantes; abriram estradas seguras e bem
delineadas por todo o império e desenvolveram um meio
de comunicação (correio) muito eficiente.
No primeiro século da nossa era, havia grandes cidades
no mundo, que poderiam ser comparadas às cidades
modernas, que eram centros de desenvolvimento, e existia
uma língua comum, que era o grego. Podia-se viajar de
cidade a cidade com segurança. Estava tudo preparado para
a chegada do evangelho e também para a subseqüente
difusão do evangelho pelos apóstolos.
Deus trabalhou em todo o mundo, mas usou o seu povo
escolhido, os judeus, e Ele trabalhou detalhadamente,
usando-os, mesmo sem que eles percebessem. Quando Jesus
veio, havia uma colônia judaica, e obviamente uma sinagoga,
em cada cidade importante do mundo, isto ocorreu porque,
durante o cativeiro babilônio, muitos judeus, para escapar
das perseguições, fugiram para outras cidades, onde se
estabeleceram e suas comunidades floresceram.
Outro fato interessante é que no período da vinda de
Jesus, havia em todas as comunidades judias do mundo uma
forte expectativa messiânica. Em todas as comunidades da
época, de Alexandria a Roma, o assunto que ocupava a
46 A Hora da Noiva
literatura, as pregações nas sinagogas e as conversas em volta
da mesa, era um só: “O Messias está vindo”. É triste constatar
que, apesar disso, eles rejeitaram o ‘Messias’ quando Ele veio,
mas o que é relevante aqui é que com isso, não somente os
judeus, mas todas as pessoas que tinham algum contato com
eles, sabiam que eles estavam à espera do ‘Meshiach’
(Messias). Isso produziu certa expectativa em todo o mundo.
Em resumo, podemos dizer que os medo-persas
proporcionaram às cidades organizadas; os gregos
produziram a cultura e a língua, os romanos produziram a
paz e a segurança, e finalmente os judeus espalharam o
conceito ‘da vinda do Messias’.
Da mesma forma que Deus preparou o mundo,
trabalhando até com reinos pagãos, para que na plenitude
dos tempos Ele pudesse enviar Seu Filho ao mundo, Ele
também está trabalhando atualmente com o mundo. Deus
está preparando todas as coisas; o mundo à nossa volta e
também a Igreja, para que Ele possa, “na plenitude dos
tempos”, enviar o Seu Filho novamente. Se pudéssemos
adaptar Gálatas 4.4 aos dias atuais, ficaria assim: No final de
uma seqüência de eventos, no espaço e no tempo, onde as coisas
estarão completas, Deus enviará novamente Seu Filho ao mundo.
Assim como Israel teve papel central no desenrolar do
propósito de Deus, nós também, a Igreja, temos hoje, um
papel central no desencadear de eventos que culminarão com
a manifestação do ‘avivamento pleno de Deus’, isto é, Jesus
Cristo vindo novamente buscar sua Noiva.
Da mesma forma que Deus levantou homens e mulheres
no meio do Seu povo, para serem instrumentos no gerar
Identificando o Modelo 47
dos seus propósitos, Ele hoje está contando com você e
comigo para que o Seu propósito seja estabelecido.
Temos indicações na Palavra de Deus, que o processo
que Ele usou no Antigo Testamento, que culminou com a
primeira vinda de Jesus, estabeleceu um parâmetro para nós,
que estamos vivendo no processo de produzir eventos
históricos que culminarão na segunda vinda de Jesus (o
avivamento pleno). O que temos de fazer hoje é, na
dependência do Espírito Santo, identificar esses parâmetros,
ou essas ‘teo-cnologias’, que estão como que escondidas na
Palavra de Deus, e então aplicá-las à nossa realidade.

1. Refor ma e Restauração
Reforma
Já aprendemos que a Bíblia é um livro de ‘Teo-
cnologia’(tecnologia divina). Ela contém princípios que nos
mostram como realizar os propósitos de Deus na terra hoje.
Em cada evento da Palavra de Deus, podemos identificar
alguma teo-cnologia relevante para nós. Poderíamos olhar
a vida de José, como um tipo de Cristo. Poderíamos olhar a
saída do Egito, a peregrinação no deserto, e a entrada na
Terra Prometida, como modelos completos à jornada da
Igreja.
Neste livro, porém, meu propósito é concentrar a
atenção na preparação final para a vinda do avivamento
pleno. Efésios nos mostra que a Igreja que Jesus virá buscar
é uma noiva “gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa
semelhante, porém santa e sem defeito.” (Ef 5.27). Por isso,
para descobrirmos as teo-cnologias de Deus para este tempo,
vamos olhar para um período histórico na vida de Israel
que é profético para os nossos dias, estou me referindo ao
último período da história de Israel, no Antigo Testamento,
48 A Hora da Noiva
pois ali
encontraremos
“ t e o -
cnologias”
Para que tenhamos o ‘avivamento’ (a fundamentais
manifestação de Jesus), precisamos para que o
primeiro passar pela ‘reforma’ e “avivamento
pleno” possa
se manifestar.
Estaremos estudando o final do período do cativeiro
babilônio, em que parte do povo de Deus voltou para a Terra
Prometida e restaurou a cidade de Jerusalém e o Templo.
Foi um período de reforma e restauração. Todo avivamento
na história, foi precedido de ‘reforma’ e ‘restauração’.
O que Deus fez, nesse período da história de Israel, é tão
importante para os Seus planos eternos, que temos oito livros
do Antigo Testamento envolvidos nesse processo: Isaías,
Jeremias, Daniel, Ageu, Zacarias, Esdras, Neemias e Ester.
Se a reforma e a restauração de Jerusalém e do Templo
não tivessem acontecido, Deus não poderia ter enviado o
Seu Filho (avivamento), pois o ministério de Jesus, e
especificamente Sua morte redentora, estavam relacionados
com a cidade de Jerusalém e com o Templo. Da mesma forma
hoje, para que tenhamos o ‘avivamento’ (a manifestação de
Jesus), precisamos primeiro passar pela ‘reforma’ e
‘restauração’. Por isso, é tão importante descobrirmos as
revelações que Deus tem para nós, por intermédio desses
eventos na história de Israel.
Nos livros de Esdras e Neemias temos o relato dos
acontecimentos históricos relacionados à volta dos
Identificando o Modelo 49
remanescentes da Babilônia, e com a reconstrução do Templo
e dos muros de Jerusalém. Há muita teo-cnologia revelada
nesses dois livros. Mas antes de os examinarmos melhor,
vamos nos voltar para os livros de Ageu e Zacarias, pois
eles foram os dois profetas usados por Deus nesse período.
Eles trouxeram revelações para aquele momento, mas
também, por intermédio de suas profecias, encontramos a
chave que liga aquele período ao que Deus está fazendo hoje.
Encontramos a ligação entre Israel, chamado de Esposa de
Jeová, pelos profetas Oséias e Jeremias, com a Igreja, a Noiva
do Cordeiro.
Nesses dois livros, podemos identificar os personagens
históricoss, e o que eles realmente representam. Todas as
profecias do livro de Ageu são dirigidas a Zorobabel e a
Josué. Da mesma forma, nos primeiros capítulos de Zacarias,
observamos profecias dirigidas a essas duas pessoas.
Quem eram eles?
E, qual a importância deles no que Deus está fazendo
hoje no mundo?
Vamos descobrir isso juntos!

2. Zorobabel e Josué

A Bíblia identifica Zorobabel para nós como o governador


de Judá, naquela época. Ele era filho de Sealtiel, e neto de
Jeoaquim, o rei de Judá que foi para o cativeiro (veja
1Crônicas 3.17). Zorobabel era, portanto, descendente de
Davi, e o sucessor legal do rei Jeoquim ao trono. Josué, por
sua vez, é identificado como o sumo sacerdote, o líder
espiritual do povo naquele período.
50 A Hora da Noiva
O nome ‘Zorobabel’ é a junção de dois nomes; ‘zarab’ e
‘babel’ou ‘balau’. O nome ‘zarab’ significa sair, escapar, e
‘babel’ significa confusão ou caos. Então literalmente o nome
Zorobabel significa; ‘escapar ou sair da confusão’. Josué, no
original é ‘Yehowshu’ e significa; ‘Jeová-salvou’, o nome de
Jesus vem da mesma raiz dessa palavra.
Profeticamente, portanto, os nomes, Zorobabel e Josué
significam: “escapou (ou saiu) da confusão (caos) e foi salvo
por Jeová”. Percebemos aqui como essas duas figuras são
importantes tanto no plano de reforma de Deus para aqueles
dias, quanto na revelação dos propósitos de Deus em nossos
dias. Zorobabel e Josué são uma figura da “Igreja dos finais
dos tempos”.
Ao olharmos a profecia dada a Zacarias, referente a
Zorobabel e Josué descobrimos uma chave muito especial
para “destrancar” os segredos de Deus para nós.
Veja Zacarias 3.8-10:
Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus
companheiros que se assentam diante de ti, porque
são homens de presságio; eis que eu farei vir o meu
servo, o Renovo’. Porque eis aqui a pedra que pus
diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete
olhos; eis que eu lavrarei a sua escultura, diz o
SENHOR dos Exércitos, e tirarei a iniqüidade desta
terra, num só dia.
Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, cada um
de vós convidará ao seu próximo para debaixo da
vide e para debaixo da figueira.
Esta profecia está claramente falando de Jesus Cristo; Ele é
o “Renovo”, Ele é a pedra única onde estão sete olhos (veja
Identificando o Modelo 51
Apocalipse 5.6). Por meio do Seu sacrifício na cruz, a
iniqüidade do mundo foi tirada em um só dia. A última frase
dessa profecia se refere à Igreja; pois depois da obra de Jesus,
entrar debaixo da vide e debaixo da figueira é receber o
evangelho, é ser parte da Igreja.
Nessa palavra profética de encorajamento para o sumo
sacerdote Josué, Deus traz uma tremenda revelação sobre a
vinda de Jesus Cristo. O que o Senhor faz também, é ligar
essa figura histórica ‘Josué’ ao Messias, mostrando a
relevância profética da vida desse homem e também desse
período.
Ao meditar sobre esse texto, algumas perguntas vieram
à minha mente: Porque em um contexto de encorajamento
profético para o sumo sacerdote Josué, Deus faz uma
revelação tão clara sobre Jesus e a Igreja? Em que aspecto
prático essa revelação estaria estimulando ou direcionando
Josué? Ou será que Deus tinha um propósito muito maior
do que isso?
Bem, vamos examinar a profecia dada a Zorobabel, na
seqüência do livro de Zacarias. Aqui também Deus fala
profeticamente em relação a Seu plano futuro.
Tornou o anjo que falava comigo e me despertou,
como a um homem que é despertado do seu sono, e
me perguntou: Que vês? Respondi: olho, e eis um
candelabro todo de ouro, e um vaso de azeite em
cima com as suas sete lâmpadas e sete tubos, um
para cada uma das lâmpadas que estão em cima do
candelabro.
Junto a este, duas oliveiras, uma à direita do vaso
52 A Hora da Noiva
de azeite, e a outra à sua esquerda. Então, perguntei
ao anjo que falava comigo: meu Senhor, que é isto?
Respondeu-me o anjo que falava comigo: Não sabes
tu que é isto? Respondi: não, meu senhor.
Prosseguiu ele e me disse: Esta é a palavra do SENHOR
a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo
meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos. Quem és
tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma
campina; porque ele colocará a pedra de remate,
em meio a aclamações: Haja graça e graça para ela!...
Prossegui e lhe perguntei: que são as duas
oliveiras à direita e à esquerda do candelabro?
Tornando a falar-lhe, perguntei: que são aqueles
dois raminhos de oliveira, que estão junto aso
dois tubos de ouro, que vertem de si azeite
dourado?
Ele me respondeu: Não sabes que é isto? Eu
disse: Não, meu senhor.
Então ele disse: São os dois ungidos, que
assistem junto ao Senhor de toda a terra” (Zc
4.1-7,11-14).
No versículo 2, o anjo pergunta a Zacarias: Que vês? A
resposta dele foi: vejo um candelabro de ouro e sete
lâmpadas e sete tubos. Ele também vê duas oliveiras, uma à
direita do vaso de azeite e outra à esquerda. Zacarias não
consegue identificar a visão, e pergunta: meu Senhor, que é
isto? A resposta do anjo é: Esta é a palavra do Senhor a
Zorobabel, não por força ou por poder, mas pelo meu
Espírito.
Identificando o Modelo 53
Creio que essa resposta, não satisfez a Zacarias. Tudo
bem, ele recebeu a revelação que essa era uma palavra para
Zorobabel, mas qual o significado dessas coisas. Na verdade,
Deus não explica, nem para ele nem para Zorobabel, o
significado. Isso fica como um mistério na Bíblia.
Deus revela essa visão no último livro da Bíblia. Em
Apocalipse está escrito: “Quanto ao mistério das sete estrelas
que viste na minha mão direita, e aos candeeiros de ouro, as
sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros
são as sete igrejas” (1.20). Em seguida a este versículo, Deus
começa a dar uma mensagem para cada uma dessas sete
igrejas. Cada uma delas representa as diferentes qualidades
de igreja, mas em conjunto elas representam todo o corpo
de Cristo.
Temos aqui a revelação do que Zacarias viu e não
entendeu, e na verdade nem poderia entender, pois apesar
de ser uma mensagem para o Zorobabel histórico, era
também uma chave para nós, a Igreja. Apocalipse nos revela
que o candeeiro de ouro é a Igreja. Zacarias viu a “igreja”.
No versículo 3 e 11, Zacarias vê as duas oliveiras, ele também
não entende o seu significado. Mais uma vez, é em
Apocalipse que encontramos a chave para essa visão.
Apocalipse 11.3,4: “Darei às minhas duas testemunhas que
profetizem por mil, duzentos e sessenta dias, vestidas de
pano de saco. São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros
que se acham em pé diante do Senhor da terra” (paralelo
com Zacarias 4.14). Em todas as interpretações aplicadas a
Apocalipse 11.3,4, uma coisa é comum; as duas testemunhas
representam os finais dos tempos. Zacarias viu a Igreja e
viu os finais dos tempos. Mas esta era uma mensagem para
Zorobabel, e a conclusão da mensagem é: “Não por força
54 A Hora da Noiva
nem por poder, mas pelo meu Espírito”. (Zc 4.6). O Senhor
deixou registrado na sua Palavra que a Igreja seria
estabelecida na dispensação do Espírito Santo. A obra que
Deus nos chamou a fazer neste mundo não depende da nossa
força natural, pois também nossa luta não é contra a carne e
o sangue, mas sim contra as hostes espirituais da maldade
nos lugares celestiais. Não é por força nem por poder, mas
na força e unção do Espírito Santo de Deus que nos
tornaremos a Noiva sem mancha e nem ruga que Jesus virá
buscar.
Voltando às perguntas que vieram ao meu coração com
respeito a Josué e também Zorobabel, qual o motivo que,
em um contexto de encorajamento a esses homens, para
aquele trabalho específico, Deus trouxe revelações tão claras
sobre Jesus e a Igreja nos finais dos tempos? Creio que a
resposta é a seguinte: O Senhor fez essas revelações, para
serem como chaves em Sua palavra, para que olhemos, hoje,
aquela época, e compreendamos que a “reforma” feita por
Zorobabel e Josué foi um modelo deixado por Deus para
nós. Em Zorobabel e Josué e na reforma que eles executaram,
existem teo-cnologias que nos levam a entender o processo
que produz o avivamento.
Ali, Deus está restaurando Israel sua ´esposa‘. Hoje Deus
está restaurando a igreja a ´noiva do Cordeiro‘. Os princípios
vivenciados naquele período, serão os mesmos que devem
ser aplicados hoje em nossas vidas. Assim como aquela
reforma foi necessária para a primeira vinda, também hoje,
semelhante reforma está em pocesso em nossas vidas, para
que sejamos a Igreja gloriosa, sem mancha e nem ruga,
descrita na livro de Efésios e a segunda vinda possa ocorrer.
Identificando o Modelo 55
3. Restaurando e Constr uindo o Edifício
Construindo

Precisamos entender plenamente o verdadeiro significado


da restauração do Templo e da reconstrução dos muros de
Jerusalém, pois com isto, compreenderemos também a
importância do que Deus está fazendo na Igreja atualmente.
Sem o “Templo” e a cidade de “Jerusalém” Jesus não
poderia ter vindo, pois muitas profecias no Antigo
Testamento sobre Jesus tinham relação com o Templo e com
Jerusalém. Tudo que estamos vendo, portanto, em Ageu,
Zacarias, Esdras, Neemias e em todos os outros textos
relacionados à reconstrução do Templo e à restauração da
cidade, fazem parte de um plano bem maior de Deus. A
reconstrução do Templo teve início por volta do ano 530
a.C. (antes de Cristo), esse processo de reforma terminou
com a reconstrução dos muros no governo de Neemias e
Esdras, cerca de 430 a.C. Esse período de reforma durou,
portanto, quase 100 anos. Apesar de tudo isto ter acontecido
mais de 400 anos antes de Cristo, Deus já estava trabalhando
no processo de preparar todas as coisas para a vinda do
nosso Senhor Jesus.
O mesmo processo está em desenvolvimento nos dias
atuais; vivemos em um período de reforma. Se olharmos
rapidamente para trás, para os últimos 100 anos, veremos
um verdadeiro processo de restauração em andamento:
Podemos ver que Deus está reconstruindo o seu edifício (a
Igreja), acrescentando andar sobre andar.
Tivemos o andar da restauração do valor da Palavra.
Depois tivemos o andar da restauração do ‘Pentecostes’ e
dos dons do Espírito Santo. A isso Deus acrescentou o andar
56 A Hora da Noiva
da restauração da fé. Depois o andar da restauração da
adoração. O andar da restauração dos cinco dons do
ministério, especialmente do profético e apostólico. O andar
da manifestação das diferentes “unções” de Deus. Temos
tido o andar da restauração da ‘visão’ e do ‘governo’. E Agora
estamos experienciando este maravilhoso andar da
restauração da identidade da Igreja como Noiva apaixonada
de Cristo, que como Sulamita, declara: “Eu sou do meu
amado, e o meu amado é meu.” (Ct 6.3).
Deixe-me abrir um parêntese para dizer que é
importante percebermos que Deus está construindo um
edifício, e não um ‘sítio arqueológico’. Em um sítio
arqueológico, vemos casas, umas sobre as outras, são
camadas de casas, de épocas diferentes, uma esmagando a
outra. Mas num edifício é diferente, um andar é colocado
sobre o outro, de forma organizada e interligada, todos os
andares fazem parte da mesma estrutura, e o andar de cima
é apoiado pelo andar de baixo. No edifício há uma
interligação de dependência. Outra característica do edifício
é que seus andares são interligados por escadas ou
elevadores. Num edifício, podemos nos mover do último
para o primeiro andar, sem dificuldade alguma. Um andar
depende do outro, e somente juntos e interligados é que
realmente constituem um verdadeiro edifício. O ‘Templo’
(Igreja) está sendo reconstruído, na forma de um edifício,
os muros (reino) estão sendo restaurados, pois para que o
‘avivamento pleno’ possa se manifestar (a segunda vinda
de Jesus), é preciso haver um templo totalmente restaurado
(Igreja edificada e madura) e muros totalmente
restabelecidos (padrão do Reino restabelecido).
Identificando o Modelo 57
Podemos falar dos sinais externos: nos alarmar com os
‘cometas’, os ‘terremotos’ e as ‘guerras no Oriente Médio’,
podemos fazer cálculos e mais cálculos sobre a vinda de
Jesus, mas, na verdade, sem a Igreja estar plenamente
restaurada em todos os seus aspectos, o “avivamento pleno”
não poderá vir. Nosso chamado é o de nos tornarmos a
“Igreja Zorobabel” e a “Igreja Josué” e executarmos toda
tecnologia divina de reforma, para então termos o
‘avivamento pleno’.
58 A Hora da Noiva
Elcio Lodos 59

CAPÍTULO CINCO
APÍTULO

Entendendo o Conceito
do Tempo

Há alguns anos eu estava na cidade de Lisboa, em Portugal,


em uma conferência promovida pelo ministério do
evangelista Reinhard Bonkie. Lembro-me que eu estava
buscando o Senhor, para que Ele me revelasse qual era o
tempo Dele na minha vida, ou o que Ele tinha planejado
neste tempo que Ele me tem concedido. Isto era algo que
ocupava os meus pensamentos o tempo todo. Minha oração
foi: Qual o Teu propósito na minha vida, Pai? Revela-me, o
que é o teu tempo? Recordo que me sentei para ouvir uma
mensagem do pastor Bonkie, em um dos seminários
alternativos, e no meio da ministração ele falou algo que
jamais esqueci: “Se me fosse dado o privilégio de escolher
um tempo para nascer, dentre todas as gerações que já se
passaram, com certeza eu escolheria exatamente o tempo
em que estamos vivendo agora, pois Deus está agindo de
forma extraordinária, como nunca agiu antes na História.
Estamos vivendo um tempo incrível”.
60 A Hora da Noiva
Assim que ele terminou essa declaração, eu comecei a
pensar no que acabara de ouvir, especialmente por ter saído
dos lábios do homem que mais ganha almas para Jesus nesta
geração. Eu me perguntei: ‘Será que eu escolheria este
tempo?’. Imaginei o tempo dos profetas, o tempo em que
Jesus estava fisicamente aqui na terra, o tempo da Igreja
Primitiva, e em tantos outros tempos maravilhosos de
tremenda manifestação de Deus. Confesso que fiquei em
dúvida se era realmente possível alguém fazer uma
declaração dessas com toda a convicção de coração.
Alguns anos depois, estava na cidade de São Paulo e fui
a uma ministração especial para pastores com o Dr. Morris
Cerulo. Em sua pregação, o Dr. Cerulo, mencionou
exatamente o mesmo assunto que eu ouvira Bonkie falar.
Com toda convicção do seu espírito, o Dr. Cerulo disse: “Eu
não escolheria outro tempo para viver, senão, exatamente
os dias de hoje”. Mais uma vez fui profundamente tocado
por essa declaração. Comecei a perceber que esses dois
homens tinham uma convicção ou uma revelação especial
de Deus sobre a importância do tempo de suas vidas. O Dr.
Cerulo estava pregando sobre o “tempo de Deus”, e ele
afirmou que tudo relacionado com Deus diz respeito ao
tempo da perspectiva de Deus. “Precisamos buscar a
revelação sobre o ‘tempo’, para que o nosso tempo seja um
com o tempo de Deus”, afirmou o Dr. Cerulo. Meditei
profundamente sobre isto, e orei: “Senhor revela-me a chave
para que eu tenha a perspectiva correta do tempo”’.
Quando o Senhor, recentemente me levou ao livro de
Ageu, no contexto de me ensinar suas ‘Teo-cnologias para
Reforma’, e começou a falar comigo sobre “tempo”, eu
Elcio Lodos 61
percebi que Ele estava respondendo à minha oração.
Descobri que entender o conceito de “tempo da perspectiva
de Deus” é a teo-cnologia básica para tudo o mais em nossa
vida.

1. “Não Veio Ainda o Tempo”

No livro de Ageu, temos uma palavra de Deus, que contém


profundas revelações sobre essa questão do tempo, veja:
No segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no
primeiro dia do mês, veio a palavra do SENHOR, por
intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel, filho de
Salatiel, governador de Judá, e a Josué, filho de
Jozadaque, o sumo sacerdote, dizendo:
Assim fala o SENHOR dos Exércitos: Este povo diz:
Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do
SENHOR deve ser edificada.
Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermédio do
profeta Ageu, dizendo:
Acaso, é tempo de habitardes vós em casas
apaineladas, enquanto esta casa permanece em
ruínas? (Ag 1.1-4).
Percebemos aqui que o povo estava completamente fora de
sintonia com o tempo de Deus, eles diziam: ‘não veio ainda
o tempo…’, enquanto na verdade o ‘tempo do Senhor’ era
exatamente aquele. Não há nada mais triste do que ver o
povo de Deus vivendo fora da perspectiva de Deus.
Quando observo à minha volta, percebo a mesma falta
de sintonia ocorrer hoje com milhares de pessoas e muitos
ministérios e igrejas. Deus está se movendo poderosamente
62 A Hora da Noiva
e com urgência. É tempo de reforma, é tempo de preparação
para o “avivamento”. É tempo de correr com a ‘visão’. É
tempo de buscarmos a face de Deus e não somente suas
mãos. É tempo de nos apaixonarmos por Jesus. De
contemplarmos sua beleza. De desejarmos sua presença
manifesta. Está chegando o tempo do nosso casamento
eterno com Ele. Esta é a Hora da Noiva. O tempo é agora,
mas muitos estão apenas levando uma vida cristã normal,
dizendo ou agindo como se “o tempo ainda não tivesse
chegado”.
O povo nos dias de Zorobabel e Josué vivia exatamente
no tempo do Senhor para a restauração, e ainda assim eles
não perceberam isto. E o mais incrível, é que havia sinais
evidentes de que aquele era o tempo do Senhor, assim como
atualmente, temos sinais claros dentro e fora da Igreja que
este é o dia de reforma, que é tempo de restauração, tempo
de viver em avivamento.
Nesses versículos de Ageu, está registrado o tempo
histórico em que esta profecia foi liberada: “Era o segundo
ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês” (v.
1). Esta precisão é importante, para entendermos a relevância
do que Deus está falando. Dario reinou na Babilônia de 521-
486 a.C. Antes dele reinou Cambises, filho de Ciro, de 539-
530 a.C. Grande parte do povo que estava em Jerusalém no
tempo de Dario tinha vindo da Babilônia no tempo de Ciro.
A respeito de Ciro, Esdras declara:
No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se
cumprisse a palavra do S ENHOR , por boca de
Jeremias, despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei
Elcio Lodos 63
da Pérsia, o qual fez passar pregão por todo o seu
reino, como também por escrito, dizendo:
Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos
céus, me deu todos os reinos da terra e me
encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém
de Judá.
Quem dentre vós é, de todo o seu povo, seja seu
Deus com ele, e suba a Jerusalém de Judá e edifique
a Casa do SENHOR, Deus de Israel; ele é o Deus que
habita em Jerusalém.
Todo aquele que restar em alguns lugares em que
habita, os homens desse lugar o ajudarão com prata,
ouro, bens e gados, afora as dádivas voluntárias para
a Casa de Deus, a qual está em Jerusalém (Ed 1.1-4).
Do primeiro ano de Ciro ao segundo ano do rei Dario, há
um período de 20 anos. O rei Ciro, 20 anos antes havia
declarado que o próprio Deus dos céus o havia encarregado
de reconstruir o templo em Jerusalém, e a Bíblia ainda afirma
que isso foi em cumprimento à profecia de Jeremias. Todo o
povo tinha pleno conhecimento disso, pois muitos só
estavam em Jerusalém por causa desse edito de Ciro. Mas,
ainda assim, diziam: ainda não é o tempo.
E sabe, ainda tem mais, no livro de Isaías, temos uma
profecia sobre Ciro:
...que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo
o que me apraz; que digo também de Jerusalém:
Será edificada; e do templo: Será fundado.
Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem
tomo pela mão direita, para abater as nações ante a
64 A Hora da Noiva
sua face; e para descingir os lombos dos reis, e para
abrir diante dele as portas, que não se fecharão.
Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos
tortuosos, quebrarei as portas de bronze e
despedaçarei as trancas de ferro;
dar-te-ei os tesouros escondidos e as riquezas
encobertas, para que saibas que eu sou o SENHOR, o
Deus de Israel, que te chama pelo teu nome (Isaías
44.28–45.3).
O profeta Isaías viveu no ano de 740-680 a.C., portanto ele
profetizou sobre Ciro, mais ou menos 150 anos antes de Ciro
nascer, e não somente sobre Ciro, mas no mesmo contexto
de tempo, sobre a restauração de Jerusalém e a reconstrução
do templo.
Observe, Deus dá uma profecia, quando o templo
ainda está em pé, que ele seria reconstruído. Ele fala
de um rei chamado Ciro que viria e realizaria isto.
Depois, Deus levanta Jeremias e lhe concede uma
revelação exata do tempo da restauração (veja
Jeremias 25.11,12). Quando esse rei, Ciro, vem, seu
primeiro ato foi um edito (lei) ordenando a
reconstrução do templo que Nabucodonosor tinha
destruído e liberando a volta do povo para
Jerusalém. Ele simplesmente confirma tudo o que
Isaías tinha dito sobre ele. Ele diz: ‘Eu vou construir
um templo para Deus em Jerusalém’. Mas, mesmo
assim, o povo dizia: …não veio ainda o tempo, o tempo
em que a casa do Senhor deva ser edificada.
Meu Senhor! Quanta cegueira espiritual! Que incrível falta
de sensibilidade para com o tempo de Deus!
Elcio Lodos 65
Mas e nós? E quanto a você e eu?
Observe quantos Ciros o Senhor tem levantado em
nossos dias. Quantas profecias têm se cumprido. Mas, nós
continuamos a viver a nossa vida, como se estivéssemos em
um ‘tempo normal’ como se nada estivesse acontecendo.
Meu irmão, é hora de acordar! É hora de alinhar o seu tempo
com o tempo do Senhor!
Estamos vivendo no terceiro milênio. As profecias
bíblicas estão se cumprindo uma a uma, bem diante dos
nossos olhos, mas nós continuamos vivendo a nossa vida
cristã confortável, como se tivéssemos todo o tempo do
mundo. Como povo de Deus, vivemos ainda na mentalidade
do ‘cativeiro’ (mentalidade babilônica), que sempre vai dizer:
“O tempo ainda não chegou!”

2. O Tempo Oportuno
Tempo

No livro de Ageu, na frase: “…Não veio ainda o tempo, o


tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada” (1.2), a
palavra tempo é a palavra hebraica “`et”, ela aparece cerca
de 290 vezes no Antigo Testamento, e pode ser traduzida
simplesmente como ‘período de tempo’, mas o “Dicionário
Expositivo Vine” aponta que também significa: Tempo
determinado, estação (época) de tempo ou tempo oportuno. Então,
o que o povo estava realmente dizendo era: “ainda não é o
tempo determinado ou o tempo oportuno” para reconstruir
a casa do Senhor.
A palavra equivalente a “èt” no grego (Novo
Testamento) é Kairos. Um dos lugares mais interessantes que
essa palavra é usada no Novo Testamento é em Atos:
66 A Hora da Noiva
Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem
cancelados os vossos pecados, a fim de que, da
presença do Senhor, venham tempos de refrigério,
e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado,
Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos
tempos da restauração de todas as cousas, de que
Deus falou por boca dos seus santos profetas desde
a antiguidade (3.19-21).
Observamos, nesta passagem, que a palavra “tempo”
aparece duas vezes. Na primeira vez (tempos de refrigério),
a palavra grega é Kairos. Na segunda vez (tempos da
restauração), a palavra grega é Cronos. Há uma forte
distinção entre essas duas palavras no grego. “Cronos”, que
é a palavra mais comum para tempo, simplesmente significa
‘tempo normal’, ou ‘um espaço de tempo’, daí vem a palavra
‘cronológico’. Já a palavra “Kairos” não se refere a um
‘simples espaço de tempo’, ou a um tempo cronológico, mas
sim a “tempo oportuno”. Na verdade, existem várias
traduções possíveis para Kairos.
Wuest, um tradutor do Novo Testamento bastante
literalista, usa as seguintes frases para traduzir “Kairos”:
‘fazendo-época’ (veja Atos 3.19); ‘significante e estratégico
período’ (veja Atos 12.1); ‘tempo ou época estratégica’ (Atos
19.23). Usando essas definições, podemos dizer que Atos
3.19 está relatando que o arrependimento e a conversão
criam épocas significantes, o período estratégico para Deus
se mover pelo Seu Espírito. Não sei quanto a você, mas eu
estou pronto para um ‘avivamento’que ‘faça época” (The
River of God, Dutch Sheets, p. 155).
“Fazer época” literalmente significa ‘fazer história’ ou
Elcio Lodos 67
‘marcar a história’. “Época” expressa ‘um período de tempo
caracterizado por um evento de momento ou por mudança’
e também ‘um ponto fixo de tempo a partir do qual anos
sucessivos são numerados’ (“Dicionário Webster”).
Veja um exemplo para ilustrar essas complicadas
definições de línguas originais e dicionários. Quando
citamos, atualmente, no Brasil ‘julho de 1950’, a primeira
coisa que vem à mente (pelo menos dos homens) é; ‘O Brasil
perdeu a copa do mundo para o Uruguai em pleno Maracanã
– O jogo estava 0 a 0, um uruguaio veio correndo, chutou a
bola e marcou 1 a 0, e pronto, o Brasil inteiro ficou mudo’.
Esse foi um evento histórico (muito triste, diga-se de
passagem) que marcou época, que fez história. É exatamente
isto que Deus nos revela em Atos 3.19. Nós podemos ‘fazer
época’, ‘criar um tempo oportuno’, ‘marcar a história’. Nosso
chamado não é apenas para viver o ‘cronos’ mas para gerar o
‘kairos’.
Paulo elogia a igreja de Tessalônica, pela habilidade que
tinham de discernir os tempos (Cronos) e as épocas (Kairos).
Nos evangelhos, Jesus repreende os fariseus pela falta de
habilidade deles de discernir os ‘sinais dos tempos’ – Kairos
– (veja Mateus 16.3). Ele também revela a causa básica da
destruição de Jerusalém: “...não reconheceste a oportunidade
[o tempo,Kairos] da tua visitação” (Lucas 19.44).
Hoje, amados irmãos, vivemos um tempo muito especial
de Deus. Ele está com os ‘céus abertos’ sobre a Igreja. Este é
o Kairos da nossa visitação, ainda assim, muitos de nós não
reconhecemos isso. O Senhor tem enviado ‘ondas’ e mais
‘ondas’ de unções, com o propósito de nos despertar do sono,
nos tirar da Babilônia (mentalidade de cativeiro) e nos
68 A Hora da Noiva
colocar no processo de “restauração do Templo”, que Ele já
iniciou com Zorobabel e Josué (mover apostólico).
É hora de sairmos do estado espiritual que sempre diz:
“ainda não é o tempo”, e entrarmos em uma nova dimensão
de Kairos para nossa vida. Vamos declarar como Davi: “Já é
tempo, SENHOR, para intervires…” (Sl 119.126).
Vamos ter de olhar para outra palavra grega, pois ela é
importante para continuarmos ‘cavando’ na Palavra de Deus,
e descobrindo os seus tesouros para nós.
Voltando a Atos, observamos que a palavra tempo
(Kairos) está colocada em conexão a outra palavra:
“refrigério”: “…a fim de que, da presença do Senhor, venham
tempos de refrigério” (3.20). Pois bem, a palavra ‘refrigério’
é a palavra anapsique, que é a conjunção de ana com psique.
De acordo com Strong, ‘ana’ significa; “repetição e
intensidade”. “Psique” é ‘soprar, ou refrescar com ar frio’,
portanto, ‘anapsique’ traz o significado das duas palavras
juntas. Veja alguns desses significados: “refrescar com um
sopro”; “recuperar força”; “reviver por ar fresco”;
“restauração”.
O que o Senhor está nos dizendo? Ele está dizendo que
nossa resposta ao Espírito Santo (arrependimento) vai
produzir uma época, um tempo oportuno, vai marcar a
história da nossa existência com um recuperar de forças, com
um soprar intensivo para reviver (avivar). Trará um mover
crescente de RESTAURAÇÃO.
Há mais um fator muito importante nesse processo
criativo do Kairos e anapsique. É preciso aproveitar o
momento (aproveitar o tempo oportuno). Paulo nos
Elcio Lodos 69
admoesta para ‘redimir ’ o tempo: “Portanto, vede
prudentemente como andais, não como néscios e sim como
sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus. Por esta
razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender
qual a vontade do Senhor (Ef 5.15-17); “Portai-vos com
sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as
oportunidades” (Cl 4.5). Redimir é exagorazo, e significa:
“possuir ou comprar”. Paulo está dizendo: “Compre o tempo
oportuno que vai marcar sua história”. Dutch diz:
“Oportunidades precisam ser compradas. Elas custam
alguma coisa – tempo, energia, habilidade, dinheiro, nossa
própria vida. Se nós não gastarmos o que for necessário para
comprá-las, oportunidades podem ser perdidas” (The River
of God, p. 158).
No ano de 1995, eu havia mudado da cidade de Maringá,
no Estado do Paraná, para a cidade de São Paulo. Em
Maringá, eu ajudava a pastorear uma igreja com mais de
1.500 membros e também tínhamos um ministério chamado:
“Ministério Nova Unção”, o pastor Cilas Kauffmann, meu
sogro, que tem uma extraordinária unção de Deus em sua
vida, viajava constantemente para ministrar às igrejas em
todo o Brasil, e eu ficava em Maringá cuidando da igreja.
Quando me mudei para São Paulo, com minha família, entrei
em um período de forte jejum e oração para buscar a direção
de Deus para a minha vida. Eu buscava com intensidade
uma revelação sobre meu ministério pessoal. Foi num desses
dias de oração que recebi um telefonema do meu sogro. Ele
me disse: “Pastor Elcio, eu não vou viajar para Goiânia, não
estou me sentindo muito bem, e não irei’. Respondi: “Ok!
Quer que eu ligue e cancele com os pastores?” Ele disse:
“Não! Eu orei e o Senhor me disse que é para você ir no meu
70 A Hora da Noiva
lugar!”. Respondi um pouco enganosamente: “Está bem, vou
orar sobre o assunto”. Desliguei o telefone e entrei em guerra
comigo mesmo e com Deus. Dizia para mim mesmo: “Eu
não vou!”. Depois orei: “Senhor, eles estão esperando o
pastor Cilas Kauffman, que já esteve ali diversas vezes, e
que foi poderosamente usado em milagres e grande
manifestação de unção do Espírito Santo! Senhor, o Senhor
sabe que eu não posso ir, isso não tem lógica! O pastor Cilas
é o pastor Cilas! Depois de argumentos e mais argumentos,
finalmente o Senhor me respondeu: “Você irá!”, não
deixando nenhuma margem para contra argumentação.
Tudo que eu podia fazer era obedecer em fé.
Cheguei à cidade de Goianina, uma pequena cidade que
fica perto de Goiânia, capital do Estado de Goiás, e a primeira
coisa que vi, foi uma faixa pendurada bem na entrada da
cidade: “Grande cruzada de milagres, com o pastor Cilas
Kauffmann – milagres, curas e unção do Espírito Santo’.
Cheguei à casa do pastor, e antes de me cumprimentar ele
perguntou: ‘E o pastor Cilas, não vem?’ Se eu não tivesse
viajado mil quilômetros de carro, eu teria feito a volta e
retornado de imediato.
Foram três dias de cruzada, no primeiro dia, o Senhor
se manifestou de forma poderosa, muitas pessoas receberam
milagres instantâneos. No segundo dia, os milagres
continuaram acontecer na mesma proporção. Quando
estávamos finalizando a reunião, eu percebi um menino se
aproximando de mim. Eu perguntei: “Qual é o seu
problema?”. Ele respondeu: “Se Deus cura e faz milagres às
pessoas, será que Ele pode fazer crescer também?”.
Impulsionado pelo Espírito Santo, eu respondi: “É claro que
Elcio Lodos 71
pode, meu filho!”. Então ele me disse: “Então, ore por mim,
pastor, pois eu não cresço’. Chamei a mãe daquele menino,
pelo microfone, e ela veio à frente, perguntei a ela qual era o
problema do menino. Ela relatou que ele tinha uma séria
enfermidade que o impedia de ter o crescimento normal.
Ela disse que ele estava em tratamento médico havia mais
de um ano e que não crescera sequer meio centímetro durante
esse período. O menino estava com 14 anos, mas pelo
tamanho que víamos, parecia ter somente oito ou nove anos.
Pedi que ele tirasse os sapatos, e o encostei na parede da
frente do púlpito e marquei sua altura com uma caneta.
Quando eu estava fazendo isto, outras duas crianças,
acompanhadas dos seus pais, vieram à frente com o mesmo
problema, fiz a mesma coisa com elas, marquei a altura dos
três na parede. Então, fiz uma declaração de fé; vou orar
por eles, e amanhã, que é o último dia da cruzada, nós vamos
medi-los novamente, e de hoje para amanhã, eles vão crescer
significativamente. Depois disso, orei por eles declarando
um milagre de crescimento acelerado. Na noite seguinte, a
igreja estava superlotada, muitos curiosos para ver o que
iria acontecer. Chamei os meninos à frente, e fiz a mesma
coisa, tirei seus sapatos e os levei para suas respectivas
marcas. O primeiro deles tinha crescido quase três
centímetros e os outros dois meninos dois centímetros. Foi
glorioso o que Deus fez no restante daquela reunião, pois o
nível de fé foi elevado depois desses milagres.
Bem, foram nesses dias de cruzadas; quando eu estava
jejuando e orando pelas reuniões, que o Senhor começou a
falar comigo, e a responder à oração que eu havia feito lá
em São Paulo. Deus me revelou que aquela viagem tinha o
propósito de marcar minha vida para o tipo de ministério
72 A Hora da Noiva
que Ele estava me concedendo. Eu jamais fui o mesmo depois
dessa experiência.
Por que eu estou relatando esta minha pequena
experiência? É para exemplificar, de modo prático, essa teo-
cnologia que o Senhor acabou de nos conceder. Se eu não
tivesse aproveitado esse tempo oportuno do Senhor, e tivesse
ficado em São Paulo, eu não teria vivenciado essas coisas
maravilhosas que experimentei no Senhor.
O meu arrependimento (mudança de direção) e a minha
obediência ao Espírito Santo, criaram um Kairós (tempo
oportuno), para que Deus trouxesse um recuperar de forças,
um soprar intensivo de avivamento, um mover crescente,
uma experiência de restauração para a minha vida.

3. Fora de Sintonia
Fora

No tempo de Zorobabel e Josué, havia, basicamente, dois


grupos de pessoas no meio do povo de Israel. O primeiro
grupo era constituído daqueles que não deixaram a
Babilônia. Já o segundo grupo era constituído dos que
deixaram a Babilônia, seguindo a visão da restauração, mas
que continuaram a viver com a mentalidade babilônica
estando em Jerusalém.
Vamos analisar
um pouco o
primeiro grupo,
Deus está chamando a Igreja para os que não
fora da Babilônia (mundo), para deixaram a
que ela produza um tempo de Babilônia. Temos
reforma radical de entender que o
povo já estava lá
Elcio Lodos 73
por 70 anos; muitos casaram, tiveram filhos, seus filhos
tiveram filhos, e eles estavam todos bem adaptados ao
cativeiro. Um montou uma lojinha de frutas chamada “Casa
Sião”, que havia se transformado na poderosa rede:
“Hipermercados Sião”. Outro começou a negociar com
pedras preciosas, e seu filho tinha agora uma joalheria na
“Babiliniam Boulevar”, o shopping mais badalado da cidade.
Outro era funcionário público de carreira na RFB (Receita
Federal da Babilônia), e faltavam somente quatro anos para
se aposentar. Outro acabara de se casar e de financiar um
pequeno apartamento pela CEB (Caixa Econômica da
Babilônia), outro estava esperando sair o último modelo da
Charrete conversível da BMW (Babilonian Motor World)
etc… Veja bem, havia até base bíblica para o que eles faziam,
Deus havia dito:
Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel,
a todos os exilados que eu deportei de Jerusalém para
a Babilônia:
Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei
o seu fruto. Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomai
esposas para vossos filhos e dai vossas filhas a
maridos, para que tenham filhos e filhas; multiplicai-
vos aí e não vos diminuais. Procurai a paz da cidade
para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR;
porque na sua paz vós tereis paz (Jr 29.4-7).
Houve, portanto um período (Cronos) para permanecer e
prosperar na Babilônia, mas agora o Senhor estava
levantando uma voz profética para criar um “momento
oportuno” (Kairos), para que o Seu povo deixasse a Babilônia
(cativeiro) e voltasse a Sião, o lugar do seu destino. Mas, a
74 A Hora da Noiva
maioria optou por ficar no comodismo da velha Babilônia,
na revelação antiga, e perdeu o momento de Deus, e por
conseqüência perdeu o seu destino.
Atualmente na Igreja, temos também esse mesmo tipo
de pessoas. Deus está chamando a Igreja para fora da
Babilônia (mundo), para que ela produza um tempo de
reforma radical e experimente a manifestação do
“avivamento pleno”, mas muitos querem ficar e ser
abençoados na Babilônia. Muitos se conservam em ondas
que já passaram, e oram: “Senhor, faz-me prosperar na
Babilônia”, enquanto o mover do Espírito está chamando a
Igreja para um tempo de oração que deve dizer: “Senhor,
tira de mim o amor pela Babilônia, e me concede
mentalidade de Reforma! Conduze-me a Jerusalém, ao lugar
da reconstrução do templo – a restauração da visão!”.
O segundo grupo de pessoas são os que deixaram a
Babilônia, estão em Sião, mas continuam a viver na
“mentalidade babilônica”. São os chamados remanescentes,
que voltaram a Jerusalém, mas que foram cuidar dos seus
próprios negócios. Novamente, um abriu uma mercearia,
com as economias que trouxe da Babilônia. Outro abriu uma
loja de charrete importada, e se tornou revendedor exclusivo
da BMW (Babilonian Motor World) para toda a Palestina.
Outro comprou uma casa de um árabe que estava meio
falido, e ocupou-se em um grande projeto de reforma da
propriedade etc. etc… (acredito que deu para entender o
quadro).
Para estes, Deus enviou a seguinte mensagem: “Acaso,
é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto
esta casa permanece em ruínas?” (Ag 1.4).
Elcio Lodos 75
Eles estavam no lugar certo, Jerusalém, no entanto, fora
de sintonia com o tempo (Kairos) de Deus. Sabe, pode-se ser
membro de uma poderosa igreja, até ser parte de um
ministério que tem sido instrumento para produzir
grandiosos moveres de Deus, pode-se ser um pastor ou um
líder dedicado, mas se estiver fora de sintonia do tempo de
Deus, toda percepção da realidade ficará comprometida.
Tudo que fizer estará errado.
Veja bem, o que era certo e desejável em tempos
babilônios normais (tempos de cativeiro), passa a ser errado
e fora de lugar em tempos de restauração e reforma. Todo o
estilo de vida daquele povo estava errado, pois eles estavam
fora de sintonia com o “momento de Deus”. Estavam
aplicando a filosofia do cativeiro em tempos de restauração.
Hoje, estamos vivendo tempos da restauração da Igreja
como adoradora apaixonada pelo seu noivo. A busca desta
Igreja-Noiva deve ser a de conhecer em intimidade o coração
do seu Noivo. Enquanto muitos ainda estão focados neles
mesmos, Deus está dizendo: “É chegada a Hora da Noiva
se preparar para se encontrar com o seu Noivo, para
iniciarem o seu romance eterno”.
É como se um próspero homem de negócios dirigisse
seu carro último tipo em uma estrada, em direção à sua casa
de praia. Tranqüilo, ele dirigia devagar; apreciando a vista à
sua volta, e ouvindo música no CD do seu carro. Exatamente
nesse momento, a estação de rádio anuncia que um temporal
está a caminho, e atingirá a estrada em dez minutos, e que
todos devem imediatamente sair da estrada e procurar
abrigo.
Esse homem de negócios próspero é um servo de Deus,
76 A Hora da Noiva
ele está dirigindo o seu carro novo, uma bênção que o Senhor
lhe concedeu. Está feliz, indo à sua casa de praia, outra
bênção do Senhor, e programou um ótimo final de semana,
ele está cantando descontraído, acompanhando a música:
“…tem anjo voando em todo lugar, tem anjo aqui, tem anjo
no altar…lá, lá, lá, lá, lá…lá”. Enquanto isso, o momento se
aproxima em que ele vai enfrentar um grande temporal, e
sua própria vida estará em perigo. Mas ele não sabe disso,
pois está envolvido com a música; ‘lá, lá, lá… tem anjo até
no sofá’, fora de sintonia com o Kairos. Mas a falta de sintonia
o fará realmente ver muitos anjos, lá na glória… antes do
tempo!.
Vejo muitas pessoas e até mesmo igrejas agindo da
mesma maneira atualmente. Seguem a mesma estrutura,
vivem de revelações antigas, que se tornaram tradições (e
que identificam essas estruturas). Constroem seus próprios
ministérios “abençoados” em nome de revelações que
tiveram na Babilônia. Cantam e vibram com a música:
“…tem anjo no altar” (e chamam a isso de avivamento),
enquanto o Senhor envia verdadeiras tempestades ao
mundo, abala estruturas de nações e revela a Sua estratégia
à Igreja dos últimos dias.
Precisamos acordar para o que realmente Deus está
fazendo. Necessitamos, com urgência, estar em sintonia com
o tempo (Kairos) de Deus. Se uma pessoa, que estivesse
dormindo por dez anos, acordasse hoje, ela praticamente
não reconheceria o mundo em que vivemos. O muro de
Berlim caiu. Dezenas de países deixaram de ser comunistas
da noite para o dia, hoje falamos “a antiga União Soviética”.
De novembro de 1991 a abril de 1992, 18 novas nações foram
Elcio Lodos 77
criadas. Economicamente, o poder financeiro muda de mãos
no mundo, num simples apertar de tecla em um computador.
Crises financeiras abalam nações inteiras, isto é corriqueiro.
A tecnologia se desenvolve, aceleradamente, como jamais
em toda a História da humanidade. George Otis Jr., em seu
livro O Último dos Gigantes, menciona Vartan Gregorian,
presidente da “Brown University”, que declara: “O potencial
de conhecimento, isto é, a informação disponível, está agora
duplicando a cada cinco anos. Isto significa que manuais
que são escritos neste exato momento serão obsoletos em
questão de meses!” (The River of God, p. 80).
Tudo isto está acontecendo à nossa volta. O Deus que
não se abala, está abalando tudo o mais. Ele é o “Deus, de
eternidade... “Ele é quem muda o tempo e as estações” (Dn
2.20,21). E a Igreja? O que Deus está fazendo na Igreja? Com
certeza, Ele também está trazendo revelações sobre
revelações (descortinando os segredos de Sua Palavra), para
que o Seu povo não fique ‘espiritualmente obsoleto’
(irrelevante para a sua época), e para que, por intermédio
de suas teo-cnologias, entremos em sintonia com o que Ele
está fazendo no momento. Não podemos estacionar no
mover ou na revelação que o Senhor nos concedeu ontem,
pois Ele acrescenta mais e mais, para que entremos
plenamente dentro do Seu propósito para a Noiva do Seu
filho no começo do terceiro milênio.
Para nós, a mensagem do Senhor é a mesma: “Acaso, é
tempo de habitardes vós em casas apaineladas, (cuidarmos
dos nossos próprios negócios) enquanto esta casa [do
Senhor] (estabelecimento do Reino de Deus) permanece em
ruínas?” (Ag 1.4).
78 A Hora da Noiva
A conseqüência desse estilo de vida fora de sintonia é
trágica. Para o primeiro grupo, os que ficaram na Babilônia,
foi, literalmente, o desaparecimento. Depois de alguns anos,
o império babilônio começou a entrar em decadência, sofreu
sucessivas invasões, culminando com a destruição total da
cidade da Babilônia, atualmente o que resta dessa imponente
cidade são apenas ruínas, perto de Bagdá, no Iraque.
Permanecer na Babilônia fora do tempo, por causa da
provisão recebida em tempos de cativeiro e por causa de
uma revelação antiga, significa sair totalmente fora do
propósito do Senhor e perder a própria razão da existência
(Israel existia para cumprir os propósitos do Senhor, assim
como a Igreja).
Esse fenômeno tem acontecido vez após vez na história
da Igreja. Muitos movimentos de reforma e avivamento
nasceram com grande força, mas depois desapareceram,
porque seus líderes se limitaram somente a uma revelação e
se adaptaram ao estilo de vida da Babilônia. Aliás, esta é a
estratégia número um do diabo para matar os moveres de
Deus. Amado(a), se Deus tem feito algo em sua vida, se Ele
tem lhe tocado com uma nova visão ou com uma “medida
de avivamento”, não permita que o diabo roube você. Não
tente encaixar isto no seu antigo estilo de vida, o que Deus
lhe deu não vai funcionar na Babilônia (tradição religiosa).
Deus o está tocando, dessa forma, para chamar a sua atenção
para o que realmente Ele está fazendo.
É aqui que muitas pessoas se confundem. Elas não
conseguem entender o ‘mover de Deus’. Elas recebem uma
“unção especial” ou um toque do “mover de Deus” e então
param naquele nível e criam uma “doutrina” (teologia) na
Elcio Lodos 79
sua totalidade sobre aquele mover. Deus manifesta a unção
de cair no Espírito, e vem alguém e cria a “Igreja Ungida
dos santos que caem nos últimos dias”. Devemos entender
que o “mover de Deus” é apenas o mover, isto é, se é mover,
é porque está indo para alguma direção. Se pararmos no mover,
perderemos Deus de vista. Quando Deus se manifesta num
mover (ou onda), Ele está nos chamando para segui-lo. O
‘mover’ não é o propósito, o mover é apenas a manifestação
de um Deus poderoso que caminha para executar os Seus
propósitos. Abrir o mar Vermelho foi fantástico, tirar água
da rocha foi maravilhoso, mandar o maná do céu foi
extraordinário, mas tudo isso aconteceu no deserto, nada
disso era o propósito. O propósito era a Canaã, a Terra
Prometida.
Ele nos chama para deixarmos a Babilônia para trás,
para subirmos a Jerusalém, pois temos um grande trabalho
de reconstrução (reforma) para fazer, para que o propósito
final de nosso Rei seja estabelecido na terra. Para que Ele
possa, enviar Jesus, “...ao qual é necessário que o céu receba
até aos tempos da restauração de todas as cousas, de que
Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a
antiguidade” (At 3.21).
Vamos analisar agora o segundo grupo, os que saíram
da Babilônia, mas continuaram no mesmo estilo de vida.
Para o segundo grupo, os que foram para Jerusalém, mas
viviam ainda na mentalidade do cativeiro, de certa forma a
conseqüência também foi igualmente trágica. Para esse
grupo, Deus diz:
Considerai o vosso passado. Tendes semeado muito
e recolhido pouco; comeis, mas não chega para
80 A Hora da Noiva
fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vesti-
vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário,
recebe-o para pô-lo num saquitel furado…
Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, e
esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu com
um assopro o dissipei. Por quê? Diz o SENHOR dos
Exércitos; por causa da minha casa, que permanece
em ruínas, ao passo que cada um de vós corre por
causa da sua própria casa.
Por isso, os céus sobre vós retêm o seu orvalho, e a
terra, os seus frutos.
Fiz vir a seca sobre a terra e sobre os montes; sobre
o cereal, sobre o vinho, sobre o azeite e sobre o que
a terra produz, como também sobre os homens,
sobre os animais e sobre todo trabalho das mãos”
(Ag 1.5,6; 9-11).
Eles investiam tudo que tinham nos seus sonhos pessoais, e
oravam para que a bênção de Deus viesse sobre o que eles
estavam fazendo. Eles colocavam seu tempo, as finanças, as
energias, os talentos e tudo mais, com o objetivo de construir
algo sólido e duradouro para si mesmos, isso era o resultado
do entendimento errado que eles tinham do “tempo”.
O coração deles estava no melhor carro, na melhor casa,
nas melhores roupas, até mesmo sua vida “cristã” baseava-
se nisso. As conferências mais populares ensinavam como
descobrir os segredos de Deus para a prosperidade pessoal
em tempos de crise: “Qual a última moda no império? Já
que estamos vivendo aqui, vamos prosperar e viver bem,
com a bênção de Deus, no império babilônio!”. Esta era a
Elcio Lodos 81
sua filosofia de vida. Veja bem, é muito importante realmente
entender este ponto. De certa forma, tudo isso pode ser
correto e legítimo por certo período de tempo. Mas quando
Deus traz novos tempos, desejar e priorizar isso torna-se
errado. A percepção errada do tempo de Deus nos coloca
na posição de fazer tudo errado.
Deus chamou o “remanescente de Israel”, depois de
anos de cativeiro, para que eles fossem instrumento de
restauração. O que devia ocupar o centro de suas vidas, e
todas as outras áreas, era o chamado para reconstruir o
templo e restaurar os muros, pois isso é o que justificava a
sua existência como povo de Deus. Ao invés disso, eles
trouxeram a Babilônia (mentalidade) a Jerusalém. Eles
estavam em um tempo de restauração, mas viviam o estilo
de vida do cativeiro. Deveriam ali, estabelecer algo, que
possibilitaria a vinda do “Messias”, e tudo que em pensavam
era nos projetos pessoais.
Com grande dor no coração, percebo que isto descreve
precisamente o quadro de centenas de pessoas que conheço.
Vivem em tempos de “moveres”, “unções” e “reforma”’ de
Deus para que o mundo e a Igreja estejam preparados para
a manifestação final do Rei dos reis, mas buscam apenas
sua realização pessoal. Não é difícil, até mesmo identificar
igrejas e ministérios edificados com essa mesma
mentalidade. A mentalidade da igreja do cativeiro busca:
– Apenas bênçãos pessoais.
– Cristianismo centralizado nas suas próprias
necessidades.
– Minímo de compromisso com o Reino de Deus.
82 A Hora da Noiva
– Estilo de vida
identificado com
a moda do
Quando contemplamos a momento.
glória do Senhor, somos A resposta de
transformados (metanoia) de Deus é radical.
glória em glória, na Sua Por duas vezes,
própria imagem Ele disse:
“Considerai o
vosso passado” (v. 5,7). Meu irmão, pense no que tem
acontecido na sua vida, no seu ministério. “Tendes semeado
muito e recolhido pouco; comeis, mas não chega para fartar-
vos... não dá para saciar-vos... o que recebe salário”... tem
necessidades (v. 6), “Esperastes o muito, e... veio a ser
pouco” (v. 9), o Senhor fez “vir a seca sobre a terra e sobre
os montes; sobre o cereal... sobre tudo o que a terra produz,
como também sobre os homens...” (v. 11). Muitas coisas que
atribuímos a circunstâncias naturais da vida e até mesmo
atribuímos ao diabo, na verdade têm sido trazidas pelo
próprio Senhor. São conseqüências da nossa percepção
errada “do tempo (Kairos) do Senhor”.
Enquanto a Igreja está ainda buscando viver bem na
Babilônia (mundo), vivendo na “mentalidade do cativeiro”,
Deus está dizendo que o tempo chegou. Agora é a hora para
“reconstruirmos o templo” e “restaurarmos Jerusalém” para
que o Rei possa vir. É hora de buscarmos a face de Deus e
não apenas suas mãos. Buscarmos conhecer intimamente
nosso noivo Jesus, e não apenas buscarmos conhecer o poder
de Jesus para suprir nossas necessidades pessoais.
Estamos no Kairos da Noiva Restaurada. No tempo de
Elcio Lodos 83
nos apaixonarmos por Jesus, e gritarmos dos altos montes:
“Antes que refresque o dia e caiam as sombras, volta, amado
meu.” (Ct 2.17)
Por isso, o chamado de Deus para nós é: “Subi ao monte,
trazei madeira e edificai a casa; dela me agradarei e serei
glorificado, diz o SENHOR” (Ag 1.8). Subir ao monte significa
“entrar na presença do Senhor ”. Significa deixar a
mentalidade do nível natural (Babilônia) e entrar em uma
nova mentalidade que vem de cima, a mentalidade do Reino:
“...se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscais
as cousas que lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita
de Deus” (Cl 3.1). Buscar as coisas que são do alto significa
buscar intimidade com Deus. Buscar a face de Deus, como
Moisés no monte, que recebeu muitas bençãos e promessas,
mas que buscou mesmo o ver e conhecer o próprio Deus.
Subir ao monte também significa transformação. Foi no
monte que Jesus foi transfigurado (transformado – metanoia,
no grego) na presença dos discípulos (veja Mateus 17.2). Ali
Jesus representou a Igreja, que é o seu corpo. É no monte do
Senhor (Sua presença), que experimentamos a nossa metanoia
(transformação).
O convite do Senhor de “subir ao monte” é o convite
para termos um estilo de vida de adoradores. O povo que
Jesus está vindo buscar é essencialmente um povo adorador.
Um povo que descobriu que seu destino, sua realização e
sua plenitude na vida estão no monte, na presença de Deus.
É vivendo em busca da Sua face, isto é, subindo ao monte,
que recebemos matéria-prima para construirmos nossa vida
com propósito e destino. É lá que somos transformados. É
lá, que descobrimos nosso paradigma divino; ´ser noiva, que
84 A Hora da Noiva
vive em intimidade relacional com seu noivo, Jesus Cristo`.
Quando falamos de transformação, é importante
perguntar: No que somos transformados? A resposta é:
Quando contemplamos a glória do Senhor, somos
transformados (metanoia) de glória em glória, na Sua própria
imagem (veja 2Coríntios 3.18). E à medida que isso acontece,
mais e mais o que o Senhor quer que sejamos, nós seremos.
Mais e mais teremos uma identificação com Deus; o que Ele
deseja, nós desejaremos, o que Ele faz, nós faremos, o que
Ele ama, nós amaremos e com o que Ele Se aborrece nós
também nos aborreceremos. E o Seu tempo (Kairos) será
também o nosso tempo (Kairos). Estas são as madeiras
(matéria-prima) que precisamos para construir o Seu templo.
É em nosso estilo de vida de adoradores que nos
identificaremos com o Senhor assim teremos todos os
recursos necessários para realizarmos a Sua obra de
“reforma” e vermos a manifestação do pleno avivamento.
Não sei quanto a você, querido irmão, mas descobri que
o lugar do meu destino é o monte do Senhor. Buscar sua
presença é a atividade diária mais relevante e importante
que eu posso fazer. Estou aprendendo que eu não “gasto
tempo” diário com o Senhor, como costumamos pensar e
dizer, na verdade, eu “invisto tempo” diário com o Senhor,
pois estar no monte é o tempo mais útil e produtivo que
posso ter.
Leva-me Senhor para o seu monte. Quero te conhecer.
Quero experimentar Sua presença manifesta. Quero
caminhar com Jesus em nosso jardim. Sou tua noiva e tenho
saudade de ti.
Elcio Lodos 85

CAPÍTULO SEIS
APÍTULO

Considerai Tudo

Charles Finney, certa vez, depois de uma reunião de


avivamento, foi visitar uma fábrica para conhecer as suas
máquinas. Todos os trabalhadores que lá estavam sabiam
quem ele era. Uma jovem senhora que estava trabalhando
em uma das máquinas viu Finney, e fez um comentário rude
a respeito dele para uma colega de trabalho. As duas
começaram a rir. Finney parou, e sem dizer nada, apenas
olhou para ela com profundo pesar.
A linha da costura da jovem quebrou e ela parou de
trabalhar. Ela ficou tão perturbada que não conseguia colocar
a linha de volta na agulha para voltar ao serviço. Tentou se
acalmar olhando pela janela. Mas por mais que ela
procurasse se controlar, não conseguia, finalmente ela
sentou-se e começou a chorar.
Finney, então, se aproximou e falou com ela.
Imediatamente ela demonstrou profundo arrependimento.
Esse sentimento se espalhou por toda a fábrica como fogo,
e em pouco tempo todos os três mil funcionários daquele
lugar estavam sob a profunda convicção de pecado. O dono
86 A Hora da Noiva
da fábrica interrompeu o trabalho para que Finney dirigisse
uma reunião de oração. Tanto o proprietário do
estabelecimento quanto todos os seus funcionários se
converteram ao Senhor (extraído do livro How to experience
revival, Charles G. Finney, p. 7).
A repreensão do Senhor, ao comentário jocoso daquela
mulher, relativo a Finney, produziu nela profunda convicção
e arrependimento. Ao perceberem isso, os demais foram
tocados e o avivamento se espalhou.
A convicção e o arrependimento são elementos
fundamentais no processo de Deus em reforma e
avivamento. Sem convicção e arrependimento não nos
tornaremos a Igreja sem mancha e sem ruga que Jesus virá
buscar. Observamos o Senhor revelar essa “teo-cnologia”
enfaticamente nos livros de Ageu e Zacarias.

1. Porcos no Altar
Porcos

No final da quarta palavra profética a Ageu, Deus diz:


“...considerai tudo o que está acontecendo desde aquele dia.
Antes de pordes pedra sobre pedra no templo do SENHOR”
(Ag 2.15). Antes de iniciar-se o processo de reforma, é
necessário olhar para trás e “considerar tudo”, isto é, fazer
profundas reflexões sobre o nosso estilo de vida, sobre os
nossos padrões, sobre os nossos conceitos de certo e errado.
“Considerar tudo” significa: reavaliar tudo em nossas vidas.
Por que é tão importante fazermos essa reflexão, essa
“consideração”?.
É importante, pois se não vivermos de acordo com os
padrões de Deus, até mesmo o nosso “culto” ou nosso
trabalho ministerial não será aceito por Ele. E não é só o
Elcio Lodos 87
fato de não ser aceito, Deus fala claramente que se em nosso
estilo de vida estivermos vivendo fora dos Seus padrões, o
que tentarmos fazer para Ele fará mal a Ele. Veja o que Deus
fala por intermédio de Ageu: “…assim é toda a obra das
suas mãos, e o que ali oferecem: tudo é imundo” (Ag 2.14b).
Tudo que queriam fazer para o Senhor, até mesmo as ofertas
para a purificação dos pecados, Deus chamou de “imundo”.
A palavra “imundo” é tame no hebraico; e é a mesma palavra
usada para qualificar os animais impuros ou “imundos” que
não podiam ser levados ao altar do sacrifício nem sequer
serem tocados pelo povo de Deus. O “Comentário de Vine”
define essa palavra como sendo um “termo técnico que
demonstra o estado de ser impróprio para a cerimônia”.
Em outras palavras, o que Deus está dizendo é que a
obra e o sacrifício (culto) deles, apesar de terem os elementos
corretos (cerimônia), da perspectiva de Deus, eram
“imundos” (tame). É como se eles estivessem levando um
cordeiro para o sacrifício da tarde, mas em vez de cordeiro,
o que Deus estava vendo era um porco no altar. Da
perspectiva deles, eles estavam fazendo tudo de acordo com
as regras: O animal era escolhido conforme a lei, puro e
imaculado (cordeiro), e o ritual (culto) era feito corretamente,
mas por causa de seu estilo de vida errado, para Deus o
animal era impuro, como se fosse um porcono altar do
sacrifício, não somente desagradava a Deus, mas era
abominável, fazia mal a Ele.
O que Deus nos revela aqui é que se o nosso estilo de
vida for impuro, tudo que fizermos, mesmo que seja
“ritualisticamente correto” será também impuro. E Ele, que
é puro e santo em todos os seus caminhos, não aceitará isso.
88 A Hora da Noiva
Nós podemos cantar
as músicas certas,
fazer as orações
Deus nos revela que se o nosso corretas e dar nossos
estilo de vida for impuro, tudo que dízimos e ofertas
fizermos, mesmo que seja corretamente.
“ritualisticamente correto” será Podemos estar
também impuro falando e cantando
sobre a ´Noiva
Apaixonada`. Podemos estar envolvidos no ministério;
pregar a outros, orar por enfermos e ministrar a “unção”,
podemos até multiplicar discípulos, mas se em nosso estilo
de vida (dia-a-dia) vivermos de modo contrário aos padrões
de santidade (pureza) estabelecidos por Deus, tudo que
fizermos para Deus será como um “porco no altar do
sacrifício”.
No início da palavra a Ageu, Deus deixou isso muito
claro. Ele perguntou aos sacerdotes a respeito da lei:
Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Pergunta,
agora, aos sacerdotes a respeito da lei: Se
alguém leva carne santa na orla de sua veste, e
ela vier a tocar no pão, ou no cozinhado, ou no
vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro
mantimento, ficará isto santificado?
Responderam os sacerdotes: Não.
Então, perguntou Ageu: Se alguém, que se tinha
tornado impuro pelo contato com um corpo
morto tocar nalguma destas cousas, ficará ela
imunda? Responderam os sacerdotes: Ficará
imunda.
Elcio Lodos 89
Então, prosseguiu Ageu: Assim é este povo, e
assim esta nação perante mim, diz o SENHOR;
assim é toda a obra das suas mãos, e o que ali
oferecem: tudo é imundo” (Ag 2.11-14).
Um pedaço de carne santa tirada do altar não purifica as
outras coisas somente pelo contato, mas de outro lado, se
uma pessoa estiver impura, ela contamina tudo o que tocar.
Isso quer dizer o seguinte: A pureza de um elemento que
nós carregamos não purifica automaticamente aquilo que
toca, mas a impureza que houver em nossas vidas, contamina
tudo o mais que tocarmos ou fizermos.
Se houver impureza em nossas vidas, tudo que fizermos,
inclusive as nossas atividades para Deus, serão também
impuras. Não podemos ter uma “vida impura” e um “louvor
puro” ao mesmo tempo. Ainda que as palavras do nosso
louvor sejam: “Santo, santo, santo, é o SENHOR dos Exércitos”
ou “Ao Rei dos reis consagro, tudo o que sou…” ou ainda
“Estou apaixonado, estou apaixonado, por ti Jesus...”, isto
soará impuro aos ouvidos de Deus, se estivermos levando
uma vida impura. Não podemos ter uma “vida impura” e
um ministério puro. Ainda que eu esteja no púlpito pregando
todos os dias, orando pelas pessoas, aconselhando e
ministrando, se meu estilo de vida for impuro, toda essa
“atividade (ou ativismo) ministerial” estará sendo tame
(sacrifício tecnicamente impróprio ou impuro) ao Senhor.
Por isso, é importante voltarmos ao nosso ponto inicial,
Deus diz: “...considerai tudo… antes de pordes pedra sobre
pedra no templo do SENHOR” (Ag 2.15). Antes de iniciarmos
o processo de restauração e reforma para a manifestação do
avivamento, precisamos considerar tudo, refletir sobre o
90 A Hora da Noiva
nosso estilo de vida, sobre o nosso padrão, do que é certo e
do que é errado.
Antes de alterarmos os métodos e as técnicas na
tentativa de produzirmos intimidade com Deus e de
atrairmos sua presença manifesta, precisamos alterar os
nossos corações, o nosso estilo de vida. Então, somente
então, poderemos começar a colocar “pedras” no templo
do Senhor. Ou como diz Tommy Tiney: “...restaurar a casa
caída de Davi, para que Deus a venha encher com a Sua
glória”.

2. É Necessário uma Nova Roupagem

A necessidade de descobrirmos e colocarmos em prática


essa teo-cnologia de purificação e santificação é tão
fundamental para a obra que Deus está fazendo, de preparar-
nos para o romance eterno com Seu filho, que temos em
outro texto profético uma revelação ainda mais clara e
profunda. Deus dá uma visão ao profeta Zacarias sobre
Josué, o sumo sacerdote. Nessa visão, Deus revela todos os
mecanismos necessários para que possamos entrar na
dinâmica da reforma que Ele está fazendo, e
experimentarmos o avivamento.
Ao estudar exegeticamente esse texto, fiquei
maravilhado com as revelações tão explícitas do Senhor. Há
tanto aqui, que somente com essa visão daria para escrever
todo este livro. Gostaria que você realmente concentrasse
toda a sua atenção, mente e espírito, no que o Senhor irá nos
revelar agora. Não apenas leia os parágrafos seguintes, mas
estude comigo em “espírito de oração”, para que o Senhor
possa ministrar ao seu espírito essas revelações, como Ele
Elcio Lodos 91
está ministrando ao meu nesse instante.
Em primeiro lugar, leia o texto:
Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual
estava diante do Anjo do SENHOR, e Satanás estava à
mão direita dele, para se lhe opor.
Mas o S ENHOR disse a Satanás: O S ENHOR te
repreende, ó Satanás, sim, o SENHOR, que escolheu
a Jerusalém, te repreende; não é este um tição
tirado do fogo?
Ora, Josué, trajado de vestes sujas, estava diante
do Anjo.
Tomou este a palavra e disse aos que estavam
diante dele: Tirai-lhe as vestes sujas. A Josué
disse: Eis que tenho feito que passe de ti a tua
iniqüidade e te vestirei de finos trajes.
E disse eu: ponham-lhe um turbante limpo sobre
a cabeça. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça um
turbante limpo e o vestiram com trajes próprios;
e o Anjo do SENHOR estava ali, protestou a Josué
e disse:
Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Se andares
nos meus caminhos, e observares os meus
preceitos, também tu julgarás a minha casa e
guardarás os meus átrios, e te darei livre acesso
entre estes que aqui se encontram.
Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus
companheiros que se assentam diante de ti,
porque são homens de presságio; eis que eu farei
vir o meu servo, o Renovo.
92 A Hora da Noiva
Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué;
sobre esta pedra única estão sete olhos; eis que
eu lavrarei a sua escultura, diz o SENHOR dos
Exércitos, e tirarei a iniqüidade desta terra, num
só dia.
Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, cada um
de vós convidará ao seu próximo para debaixo da
vide e para debaixo da figueira (Zc 3.1-10)
O conteúdo dessa passagem é tão importante para
entendermos o que Deus está fazendo na Igreja atualmente,
que quero caminhar com você passo a passo aqui. Em
primeiro lugar, vamos definir alguns pontos nessa visão
profética. Ainda que alguma coisa pareça repetitiva, é
essencial deixarmos as bases bem claras, para que possamos
ter o panorama completo do que o Senhor deixou para nós,
escondido nessa “profecia histórica”.
A visão de Zacarias começa com o sumo sacerdote Josué.
Ele é fundamental nessa revelação. Já sabemos quem foi o
sumo sacerdote Josué; ele era o sumo sacerdote, que voltou
para Jerusalém com os remanescentes da Babilônia, e o
responsável pela vida religiosa do povo. Sabemos, também,
que Josué é uma figura clara da Igreja. Ele e Zorobabel
representam a Igreja em tempos de reforma, portanto, eles
claramente representam a Igreja dos dias atuais. Neste
aspecto, enquanto Zorobabel representa a unção
governamental da Igreja, Josué representa a unção sacerdotal
da Igreja Noiva, que busca a presença (intimidade) com seu
noivo, Jesus (veja 1Pedro 2.9).
Voltando ao texto de Zacarias, a segunda pessoa que
aparece ali é o “Anjo do Senhor”. É importante entender
Elcio Lodos 93
que o “Anjo do Senhor” no Antigo Testamento é um nome
que se refere ao próprio Senhor Jesus (veja Gênesis 16.9-13;
Êxodo 3.2-6; Juízes 6.11s.), Mathew Henry em seu
comentário diz: “Ele estava diante do Anjo do Senhor, isto
é, diante de Cristo, o Senhor dos Anjos, a quem até mesmo
os sumo sacerdotes da ordem de Arão prestavam contas”.
Havia também outros anjos prestando assistência ao
“Anjo do Senhor”. Para nossa surpresa, lá estava também
Satanás, para fazer oposição a Josué (Igreja). E é claro, o
próprio Zacarias, que interage na visão, representando a
“unção profética” restaurada na Igreja em tempos de
avivamento e restauração.
Agora que já delineamos o que cada participante dessa
visão representa, vamos entrar em seu conteúdo. Lembre-
se de que quando mencionarmos Josué, na verdade nos
referimos à Igreja (você e eu): “Acaso não sabeis que vosso
corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual
tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?
Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai
a Deus no vosso corpo” (1Co 6.19,20), e quando falarmos
do “Anjo do Senhor”, estaremos falando de Jesus Cristo.
Deus começa mostrando a Zacarias o sumo sacerdote
Josué, que estava diante do Anjo do Senhor. A surpresa é
que Satanás também estava lá, junto a Ele, à sua mão direita,
para lhe fazer oposição. O termo “mão direita” na Bíblia
traz uma conotação de autoridade. A Palavra diz que Satanás
estava ao lado de Josué (Igreja) em uma posição de certa
autoridade.
Na continuação da visão (v. 2), o Senhor repreende
Satanás, mas a primeira pergunta que temos de fazer é:
94 A Hora da Noiva
Como é que Satanás poderia estar lá, do lado de Josué
(Igreja), em uma posição de autoridade, na presença do
Senhor? O que propiciou o acesso de Satanás àquele lugar?
A resposta está no versículo 3: “Josué, trajado de vestes
sujas, estava diante do Anjo”. A contaminação na vida do
sumo sacerdote Josué concedeu a Satanás acesso à sua vida,
e não somente isso, mas também posição de autoridade a
Satanás, para lhe fazer oposição. E veja bem, mesmo quando
Josué estava na presença do Senhor, Satanás estava lá. Porque
Satanás tinha uma posição de autoridade sobre Josué, onde
quer que Josué fosse, Satanás poderia ir também.
Quando levamos uma vida dupla diante do Senhor,
permitindo que sujeiras permaneçam em nossa vida, Satanás
tem autoridade para nos fazer oposição, a Bíblia nos revela
que o inimigo procura estabelecer fortalezas em nossas vidas
(veja 2Coríntios 10.4,5). Essas fortalezas são áreas de acesso
para ele em nossa vida.
Até mesmo nossa vida de comunhão com Deus sofre
interferência. Você sabe de uma coisa, a contaminação na
vida da Igreja (em nossa vida), pode estar trazendo a
presença indesejada de Satanás a Jesus. Que quadro terrível
este: O noivo recebendo sua noiva para um tempo de
comunhão e intimidade e bem lá, ao lado da noiva, o
acusador estragando e impedindo esta plena comunhão.
A Bíblia nos revela que havia contaminação na família
do sacerdote Josué. No livro do escriba Esdras (uma figura
do ministério de ensino na igreja), ele descobre que: “O povo
de Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se separaram dos
povos de outras terras com as suas abominações, isto é, dos
cananeus, dos heteus, dos ferezeus, dos jebuseus, dos
Elcio Lodos 95
amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus, pois
tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e, assim,
se misturou a linhagem santa com os povos dessas terras, e
até os príncipes e magistrados foram os primeiros nesta
transgressão” (Ed 9.1,2). Esdras, a partir daí, começa um
movimento de purificação. No capítulo 10 de Esdras lemos:
“...e o concluíram no dia primeiro dia do primeiro mês, a
respeito de todos os homens que casaram com mulheres
estrangeiras. Acharam-se dentre os filhos dos sacerdotes
estes, que casaram com mulheres estrangeiras: dos filhos de
Jesua, filho de Jozadaque, e seus irmãos: Maaséias, Eliezer,
Jaribe e Gedalias” (Ed 10.17,18).
Josué e sua família eram da família sacerdotal, da
linhagem santa. Eles, mais do que outros, deviam manter-
se santos (separados) para Deus. Mas ao invés disso,
seguiram o fluir da onda da sua época, e fizeram o mesmo
que os outros estavam fazendo. Se isso continuasse assim, a
conseqüência seria trágica. Imagine que o neto ou bisneto
de Josué um dia seria o sumo sacerdote do povo de Deus.
Mas esse neto ou bisneto foi o fruto de uma união do filho
de Josué com uma moabita ou uma jebuzéia, que tinha como
deus a Baal, Asterote etc…, como Deus poderia ter um sumo
sacerdote que o representasse diante do povo, impuro na
sua própria origem?. Tudo que Deus tinha feito desde Abraão
até aquele momento estava comprometido por causa da
desobediência e impureza de Josué e sua família.
Nossa posição atualmente é a mesma. Quando
comprometemos nossa linhagem real, nosso chamado
sacerdotal, e fazemos aliança com as moabitas modernas
(aliança com o mundo), comprometemos todo o plano de
96 A Hora da Noiva
Deus com a sua Igreja, pois Jesus Cristo não virá buscar um
povo que seja meio santo e meio moabita. Ele virá buscar
uma noiva pura, sem mancha e sem ruga (veja Efésios 5.27).

2.1. Finos T
Finos rajes em L
Trajes ugar de Roupas Sujas
Lugar

A situação espiritual de Josué era caótica, mas, o Senhor


interveio. Ele diz aos anjos que estavam diante dele: “Tirai-
lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que
passe a tua iniqüidade e te vestirei de finos trajes” (Zc 3.4).
Pela lei de Moisés a roupa do sumo sacerdote deveria
ser para glória e beleza (veja Êxodo 28.2), “mas a roupa de
Josué era uma vergonha e reprovação para ele, ainda assim
ele estava diante do Anjo do Senhor; ele não tinha linho limpo
para ministrar e para desempenhar as obrigações da sua
posição” (Comentário Bíblico – Mathew Henri).
A palavra “vestes”, da frase “vestes sujas” é beged no
hebraico, que significa mais do que simples roupas. Ela quer
dizer “manto” ou “cobertura”. O manto ou a cobertura de
Josué estava sujo, por isso ele não tinha autoridade sobre
Satanás.
Mas o Senhor
vem e tira essa
c o b e r t u r a
imprópria e
purifica Josué
Purifica-nos com seu sangue. Dá-nos (“…tenho feito
uma roupa nova de santidade, pois que passe de ti a
desejamos, mais do que o ouro e a tua iniqüidade”),
prata, ter profunda intimidade Contigo e o veste de “finos
trajes”.
Elcio Lodos 97
Precisamos nos aprofundar um pouco mais aqui, para
analisar mais de perto a expressão: “Finos Trajes” – no
hebraico, é a palavra machalatsah. A raiz dessa palavra é
chalats, que significa equipar para a batalha, fortalecer, ou
traje de guerra. Machalatsah é uma roupa fina, ou roupa real,
mas que também tem a função de equipar para a guerra. O
quadro que vem à minha mente para ilustrar isso é o do
príncipe Charles, da Inglaterra, no dia do seu casamento.
Ele usou uma espécie de uniforme militar real. Algo que ao
mesmo tempo era um traje fino, mas que também denotava
sua autoridade e posição de futuro comandante (rei) das
forças militares de seu país.
É exatamente isso que o Senhor está fazendo com a Sua
Igreja neste tempo de reforma; Ele está tirando o manto do
pecado, o peso da nossa iniqüidade e nos revestindo de um
fino traje real, que estabelece nossa posição de autoridade
no Reino.
Vem Jesus, queremos sua intervenção em nossas vidas.
Remove todo manto de pecado. Purifica-nos com seu sangue.
Dá-nos uma roupa nova de santidade, pois desejamos, mais
do que o ouro e a prata, ter profunda intimidade Contigo.

2.2. Pisando na Serpente

Perceba que Satanás nem aparece mais na visão, pois, a essa


altura, ele já não podia mais ficar à mão direita de Josué.
Sabe por que Zacarias não viu mais Satanás? Porque, agora,
com Josué restaurado, Satanás estava em uma posição que
não dava para ser notado, ele estava sob os pés de Josué.
Em uma vida purificada, revestida de trajes reais e com
98 A Hora da Noiva
sua autoridade restabelecida, Satanás não tem lugar. Na
verdade, ele nem chega perto, pois sabe que se aproximar,
será puxado, como um ímã, sob os nossos pés. A cabeça da
serpente já foi esmagada por nosso Noivo, o Rei Jesus. Cabe
a nós, por intermédio de uma vida purificada, mantê-la no
lugar próprio, bem debaixo dos nossos pés.

2.3. Uma Coroa de Santidade

Depois dessa visão maravilhosa, o próprio profeta Zacarias


não consegue se conter e diz: “...ponham-lhe um turbante
limpo sobre a cabeça” (v. 5). Nesta passagem, temos dois
princípios importantes. Primeiro, o próprio turbante. Esse
turbante era a “mitra” que o sumo sacerdote deveria usar
para entrar no santuário (veja Êxodo 28.36-38). A glória e o
complemento da vestimenta do sumo sacerdote eram a mitra
com a coroa sagrada sobre ela, e uma lâmina de ouro puro,
onde estava gravado: “santidade ao Senhor”. Essa mitra
representa a restauração total da autoridade da Igreja. A
nossa autoridade está ligada à consagração de nossas vidas
ao Senhor. Não há autoridade sem consagração. A mitra é
sempre acompanhada da coroa, mas também da lâmina de
ouro (pureza) que diz: “santidade ao Senhor”. A santificação
é a coroa que estabelece nossa autoridade no mundo
espiritual.
O segundo princípio está na “interação” do profeta
Zacarias. Aqui está ele diante do Senhor e seus anjos, tendo
uma visão maravilhosa. Mas em vez de assistir (ou receber)
essa visão passivamente, ele interfere e interage na visão:
“E disse eu: ponham-lhe um turbante…”. Como já vimos,
Zacarias representa a unção profética, que é restaurada em
tempos de reforma.
Elcio Lodos 99
Nosso chamado hoje, como Igreja, é para entrarmos em
um novo nível de mover profético, onde não somente vamos
responder passivamente, como canais vazios, mas vamos
interagir com o Senhor, na obra que Ele está fazendo. Nessa
passagem bíblica é como se o próprio Senhor tivesse deixado
algo para Zacarias estabelecer. Era o mover natural que um
sumo sacerdote restaurado recebesse a sua mitra, mas foi o
profeta que declarou isto. Nós, nestes dias de reforma, somos
chamados para ser uma “igreja profética” que esteja tão
alinhada com o Senhor, que não somente reaja a seus
moveres, mas que estabeleça “profeticamente” o passo
seguinte.

2.4. Mudança de Direção

Até agora, em todo esse processo, Josué estava passivo.


Ele apenas assistia à maravilhosa obra que o Senhor realizava
nele. Mas então, depois da limpeza e purificação inicial, Josué
é chamado para a ação. Para obter e consolidar os resultados
do processo de restauração, ele precisava fazer algo: “Se
andares nos meus caminhos e observares os meus
preceitos…” (v. 7). A palavra “andar” aqui, de acordo com
Strong, pode significar, “direção de vida ou
comportamento”. O desafio para Josué era: agora que você
foi purificado e restaurado à sua posição original, faça com
que seu estilo de vida seja diferente, viva de acordo com a
minha Palavra. Mude a direção da sua vida. O conceito
neotestamentário que define claramente isso é o que
chamamos de “processo de arrependimento”. A restauração
do “processo de arrependimento” na vida da Igreja está no
centro do projeto de reforma de Deus, para nos preparar
100 A Hora da Noiva
para o “avivamento”. Podemos dizer que o “processo de
reforma” começa com o “processo de arrependimento”.
Vamos voltar um pouco para a passagem de Atos, que
já estudamos no capítulo três: “Arrependei-vos, pois, e
convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a
fim de que, da presença do Senhor venham tempos de
refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado,
Jesus” (At 3.19,20).
Arrependimento e conversão estão no epicentro da
purificação e da vinda de tempos de refrigério. Como vimos
no capítulo três, Kairos é o tempo oportuno e Anapsique é o
refrigério ou o soprar de uma nova vida para finalmente
chegar o “avivamento pleno” – Jesus.
“Arrependimento” é a palavra grega metanoia, o sentido
literal dela é: “conhecendo depois” (meta é depois, e noeo é
conhecer). Isto é, metanoia é um novo conhecimento que vem
a nós depois de um conhecimento anterior. É uma mudança
de mente. Outra palavra grega que podemos usar para
entender bem esse conceito é a própria palavra “revelação”
(apokalupsis – Kalipsis significa cobrir; “apo” significa tirar.
Apokalipsis se refere a Deus tirando o véu da mente humana
para revelar informações (conhecimentos) da perspectiva
divina.
“Conversão” é a palavra grega epistrefo. Significa
“voltar” ou “retornar” e seguir uma nova direção. Observe
que epistrefo (retornar) vem depois de metanoia (um
conhecimento que vem depois, ou uma revelação).
Conversão é o resultado da revelação e arrependimento.
Resumindo todos esses conceitos, podemos dizer que o
homem precisa de revelação (apokalipsis) que produzirá um
Elcio Lodos 101
novo entendimento dos caminhos de Deus (metanoia) para
que possa retornar (epistrefo) e seguir os caminhos de Deus.
Vamos voltar agora para o nosso texto básico, e aplicar
isso na vida do sacerdote Josué. Em primeiro lugar, o Senhor
o traz à Sua presença e revela (apokalipsis) o seu estado (na
presença do Senhor das luzes, sempre teremos revelação).
Depois o Senhor faz uma mudança no seu estado, vestindo-
o de “roupas novas”, ele recebe um novo conhecimento
(metanoia – arrependimento). Aí, então, ele é chamado para
retornar (epistrefo – conversão) e seguir uma nova direção.
Isso é um processo radical, que precisa haver
continuamente em nossa vida, para experimentarmos
crescimento contínuo em direção ao nosso destino, que é o
de sermos líderes eficazes que produzam uma geração de
discípulos comprometidos com a vida de santidade que a
Noiva virgem (pura) do Cordeiro deve vivenciar.
O preço para Josué foi muito alto. Mas o verdadeiro
discípulo convertido não mede os custos, ele simplesmente
caminha determinado a corrigir todas as áreas de sua vida,
com o fim de agradar Jesus, pois ele deseja, mais do que a
própria vida, estar em comunhão com Ele.
Ao observarmos o livro de Esdras novamente, vamos
descobrir que depois de constatado o pecado do povo, dos
sacerdotes e dos levítas, de terem se casado com mulheres
estrangeiras, a decisão foi radical: mandar embora as
mulheres com seus filhos.
Enquanto Esdras orava e fazia confissão, chorando
prostrado diante da Casa de Deus, ajuntou-se a ele
de Israel mui grande congregação de homens, de
102 A Hora da Noiva
mulheres e de crianças; pois o povo chorava com
grande choro.
Então, Secanias, filho de Jeiel, um dos filhos de Elão,
tomou a palavra e disse a Esdras: Nós temos
transgredido contra o nosso Deus, casando com
mulheres estrangeiras, dos povos de outras terras,
mas, no tocante a isto, ainda há esperança para
Israel.
Agora, pois, façamos aliança com o nosso Deus, de
que despediremos todas as mulheres e os seus filhos,
segundo o conselho do Senhor e o dos que tremem
ao mandado do nosso Deus; e faça-se segundo a lei.
Levanta-te, pois esta cousa é de tua incumbência, e
nós seremos contigo; sê forte e age.
Então, Esdras se levantou e ajuramentou os
principais sacerdotes, os levitas e todo o Israel, de
que fariam segundo esta palavra. E eles juraram”
(Ed 10.1-5).
Já lemos anteriormente que os filhos de Josué estavam
incluídos no meio dos que tinham se casado com mulheres
estrangeiras. Agora, vamos procurar visualizar o panorama
ou podemos dizer o drama na família de Josué. Aqui está o
sumo sacerdote Josué, com seus irmãos, com seus filhos e
suas noras. Ele tem netos, talvez alguns bisnetos, sobrinhos
e sobrinhas. Mas chega o momento do “epistrefo –
conversão”, de seguir uma nova direção com o Senhor. Seus
filhos têm de despedir (mandar embora) suas esposas, filhos
e filhas. Por mais que me esforce, não consigo imaginar essa
terrível situação, o nível de tristeza e sofrimento na vida
daquele “vovô” e de sua família. O nível de sacrifício exigido
Elcio Lodos 103
de Josué e de todo Israel para que a santidade fosse
restaurada e a presença de Deus se manifestar foi algo muito
grande. Mas tudo isso foi necessário para que eles
experimentassem a restauração. Creio que não exista
nenhum exemplo de conversão mais radical em toda a Bíblia.
O Senhor está chamando a todos nós para um novo nível
de revelação e relacionamento com Ele. Ele quer trazê-lo
para um novo lugar de intimidade com Ele que jamais
sonhou. Este é o tempo de andarmos com Deus de forma
nova e real. Mas para que esse desejo do coração de Deus se
realize, nós precisamos ser radicais. Precisamos realizar
sacrifícios, como o sacerdote Josué foi capaz de fazer.
Noiva, desperta. Seja como as cinco virgens preparadas,
pois o seu Noivo já vem. “Esta é a voz do meu amado; ei-lo
aí, que já vem saltando sobre os montes, pulando sobre os
outeiros.” (Ct 2.8).
A própria existência do povo de Deus estava
comprometida, e por conseguinte a própria vinda do
Messias, pois se eles continuassem assim, misturando-se com
os outros povos, em breve seriam absolvidos pelas outras
culturas. Por isso, era necessário um processo radical de
“arrependimento” e “conversão”.
Meu irmão, se em sua vida há coisas que são resultado
de alianças com o mundo, busque de Deus uma revelação
(tirar o véu), arrependa-se (tenha um novo entendimento
dos caminhos de Deus) e converta-se (volte a seguir os
caminhos do Senhor), pois Deus está no processo de
restaurar Josué (sua Igreja). E neste tempo de “reforma”, só
sobreviverão espiritualmente os que estiverem dispostos a
vivenciar esse processo, que culmina na tomada de uma nova
104 A Hora da Noiva
e radical direção de separação e consagração ao Senhor, sem
medir os custos. Estes se tornarão instrumentos do Senhor
nesta última geração. Serão os pais e mães de multidões e
verão o Senhor, O Rei dos Reis, o Noivo apaixonado, que
busca por Sua noiva purificada e comprimetida. E esta será
a manifestação do “pleno avivamento de Deus”.
...Eu estou pronto Senhor, a mandar embora tudo
que na minha vida esteja impedindo a minha
intimidade contigo. Estou pronto a qualquer
sacrifício para que Tua glória me envolva e se
manifeste no mundo por meu intermédio. Estou
pronto para ti, querido Noivo.

2.5. Livre Acesso

O preço é alto, mas a recompensa é infinitamente mais alta.


O Senhor promete a Josué: “Se andares nos meus caminhos
e observares os meus preceitos, também tu julgarás a minha
casa e guardarás os meus átrios, e te darei livre acesso entre
estes que aqui se encontram” (v. 7). A Igreja do avivamento,
que vive um processo constante de arrependimento e
conversão, experimenta estas três coisas: 1) Julgar a casa. 2)
Guardar os átrios. 3) Livre acesso.
Estas três coisas falam da restauração completa do ofício
sacerdotal na vida de Josué. Pois o sumo sacerdote era uma
espécie de juiz, era o guarda espiritual do átrio e tinha acesso
à presença de Deus, operando como intermediário entre
Deus e o povo. Josué recebeu a promessa de que, depois de
passar pelo processo de arrependimento e conversão, não
ficaria nenhuma marca em seu ministério, nenhuma restrição,
muito ao contrário, ele seria até mesmo elevado para a um
Elcio Lodos 105
novo nível, que nenhum sumo sacerdote tinha
experimentado ainda.
Nos dois primeiros pontos, Josué tem a restauração
normal de suas funções sacerdotais, mas no terceiro ponto
o Senhor diz: “te darei livre acesso entre estes que aqui se
encontram”. Veja bem, Josué estava ali, com os anjos, na
presença do Senhor Jesus. E a promessa que ele recebeu foi:
você terá livre acesso a este lugar, isto é, você poderá entrar
e sair daqui todas as vezes que quiser. Vamos analisar esses
três pontos detalhadamente:
1) Somos colocados em uma posição de autoridade para
julgar: “Ou não sabeis que os santos hão de julgar o
mundo?… Não sabeis que havemos de julgar os próprios
anjos? Quanto mais as cousas desta vida!” (1Co 6.2,3).
Com toda a certeza, o Senhor está trazendo julgamento
para este mundo caído, que tem rejeitado o seu caminho
de salvação. Mas, para julgar o mundo, primeiro o Senhor
tem de julgar a sua própria casa. Na justiça perfeita de
Deus, Ele julga todos da mesma forma. Por isso, duas
coisas têm acontecido. Primeiro, em certo nível a própria
Igreja tem sido julgada e muitas vezes reprovada, pois
quando a Igreja passa a viver nos padrões do mundo,
automaticamente ela passa a ser condenada com o mundo.
Segundo, por amor a Seu povo, Deus tem retardado o
julgamento do próprio mundo, até que Seu povo seja
trazido para um novo nível, acima dos padrões do mundo.
Como Igreja, passamos pelo processo de arrependimento
e conversão, e é exatamente isso que está acontecendo,
estamos sendo elevados acima do mundo. Deixamos de
viver no nível da “relativa moralidade” do mundo, e
106 A Hora da Noiva
adquirimos a capacidade espiritual de discernir
corretamente (julgar) o certo e o errado, então passamos
a viver de acordo com os padrões da Palavra de Deus.
O Dr. Micheal Brown, um dos lideres do Avivamento de
Pensacola, nos Estados Unidos, pregando na conferência
“Mission to London”, afirmou que, se não houver
avivamento, a cada geração que passa, o padrão de
moralidade da Igreja cai um pouco mais. De tal forma
que, aquilo que seria impensável para uma geração
anterior de crentes, passa a ser um padrão normal de
comportamento para a próxima geração. É por isso que
precisamos receber essa capacidade e autoridade para
julgarmos a nós mesmos, para não sermos mais enganados
com o baixo nível moral do mundo.
Esta é a autoridade para julgar a nós mesmos que
recebemos neste tempo de reforma. Precisamos ter
discernimento (senso de julgamento) para tirar a Babilônia
(caminhos do mundo) de dentro da Igreja. Quando esse
processo for concluído, Deus então poderá cumprir Sua
Palavra, e julgar o mundo sem destruir a Igreja.
2) Somos colocados como guardas no átrio do Senhor. Essa
promessa revela um novo nível de autoridade para
ganharmos vidas para Jesus. O “átrio” na constituição do
Tabernáculo era o lugar onde ficava o altar do sacrifício.
Todos tinham de passar pelo átrio para oferecer sacrifício.
O próprio sumo sacerdote, antes de entrar no “lugar santo”
e no “santo dos santos”, oferecia sacrifício no átrio. O átrio
então nos fala de Jesus, nosso Salvador. Ele foi sacrificado
no átrio (fora da presença de Deus). O livro de Hebreus
nos ensina claramente sobre isso. Em Hebreus, lemos:
Elcio Lodos 107
“Ora, depois de tudo isto assim preparado,
continuamente entram no primeiro tabernáculo os
sacerdotes, para realizar os serviços sagrados; mas,
no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez
por ano, não sem sangue, que oferece por si e pelos
pecados de ignorância do povo; querendo com isto
dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho
do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o
primeiro tabernáculo continua erguido” (9.6-8).
E ainda em Hebreus, lemos:
“Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote
dos bens já realizados, mediante o maior e mais
perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer,
não desta criação, não por meio de sangue de bodes
e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou
no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo
obtido eterna redenção.
Portanto, se o sangue de bode e de touros e a cinza
de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados,
os santifica, quanto à purificação da carne, muito
mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno,
a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus,
purificará a nossa consciência de obras mortas para
servirmos ao Deus vivo!” (9.11-14).
Ser guarda do átrio significa ter “autoridade evangelística”
especial. A Igreja da reforma tem autoridade no átrio. Ela
tem unção especial para conduzir as pessoas ao lugar do
sacrifício (cruz).
À medida que você entra no processo de arrependimento
e conversão, um novo nível de autoridade é estabelecido
108 A Hora da Noiva
em sua vida, você começa a ver seus parentes e amigos,
pelos quais tem orado por muito tempo, virem aos pés de
Jesus, e é você, o guarda do átrio, que os conduz ao altar.
3) Como se isto já não fosse suficiente, ainda recebemos
um novo nível de relacionamento com o Senhor. Ele
promete “acesso livre” à sua presença e às regiões
espirituais. À medida que você vive a metanoia e o epistrefo
(arrependimento e conversão), você se torna puro de mãos
e limpo de coração, tendo caminho totalmente aberto ao
monte do Senhor.
A Igreja, através da revelação (apokalipsis), terá um novo
entendimento dos caminhos de Deus (metanoia) e retornará
para seguir os caminhos de Deus (epistrefo). Esse processo
produzirá um tempo oportuno (Kairos) de reforma, e trará a
manifestação do “avivamento pleno”.
Neste tempo de reforma, a Igreja-Noiva não entrará,
depois de grande esforço e “guerra espiritual”, na presença
de Deus. A Ela habitará, permanecerá lá. “Josué (Igreja) terá
livre acesso entre estes que aqui se encontram.”
Livre acesso significa também “sem impedimento”.
Satanás, que no começo da visão estava à mão direita de
Josué para se lhe
opor, não terá mais
direito, ele não
poderá mais estar
À medida que você entra no
no caminho de
processo de arrependimento e
Josué, para impedir
conversão, um novo nível de
seu acesso ao trono,
autoridade é estabelecido em
pois Josué recebeu
sua vida
“livre acesso” às
Elcio Lodos 109
regiões celestiais.
Este é o destino que espera a “Igreja Josué” (Igreja
Restaurada do Avivamento). Quando nós tomarmos posição
com Deus e passarmos pelo verdadeiro processo de
arrependimento e conversão, nossa identidade sacerdotal
será totalmente restaurada, começaremos então a cumprir
o nosso destino como “Igreja-Noiva” no mundo.
Experimentaremos um novo nível de manifestação de Jesus,
pois Ele morreu por nós, para poder se manifestar a nós.
Estes são os dias que estamos vivendo! Este é o seu e o
meu destino! Aleluia! Chega de bloqueio! Chega de
impedimento! Chega de guerra espiritual para entrar na
presença do Senhor! Nosso lugar é lá! O véu do templo já
foi rasgado! Temos livre acesso! Canal aberto 24 horas por
dia! Ele nos chama de Noiva, pois deseja este nível constante
de intimidade conosco.
Venham, meus irmãos, vamos viver juntos a maior
aventura que um ser humano pode viver! Vamos correr com
Deus! Vamos cavalgar com Ele! É tempo de vivermos como
a noiva profética do livro de cantares, que diz: ´o meu amado
é meu e eu sou dele...‘ (Ct.2:16a) Vamos estabelecer com Ele
a visão! Chega de mediocridade! Chega de Babilônia! É
tempo de restauração! É tempo de reforma! É tempo de
avivamento!
Ele está nos chamando para esta jornada maravilhosa.
O Senhor diz para a igreja do avivamento: ´Vem comigo do
Líbano, minha esposa, vem comigo do Líbano...‘ (Ct.4:8).
110 A Hora da Noiva
Elcio Lodos 111

CAPÍTULO SETE
APÍTULO

Dando Luz à Reforma

“Eu vos dou a chave desta cidade em vossas mãos. Vocês


verão a minha glória neste lugar, milhares de pessoas virão
e se converterão! Eu já confiei a outros, mas agora é o vosso
tempo! Por causa das vossas orações Eu estou fazendo isto.
Organizem mais grupos de intercessão, intensifiquem as
orações pela cidade. Saiam e orem nos portais principais da
cidade, estabelecendo autoridade em meu nome!.”
Esta é parte de uma palavra profética que o Senhor nos
deu na cidade de Maringá, Paraná, no ano de 1993. Eu
pastoreava a igreja, com o pastor Cilas Kauffmann e uma
equipe de pastores-intercessores. Depois de alguns anos de
oração pela cidade, quando estávamos no meio de uma
conferência de “guerra espiritual” na igreja, o Senhor nos
concedeu essa palavra profética.
Foi maravilhoso, mas, na época eu não conseguia
entender, “se o Senhor já nos deu a chave da cidade em
resposta a anos de oração, por que temos de intensificar
ainda mais as orações? No meu entendimento, eu achava
112 A Hora da Noiva
que quando o Senhor dá a resposta, que quando Ele dá uma
palavra profética, pronto, já está feito, precisamos só esperar
o cumprimento.
De qualquer forma, obedecemos ao Senhor, e
organizamos grupos de intercessão que cobriram todos os
pontos principais da cidade, e o resultado foi extraordinário.
Em pouco tempo, o Senhor abriu uma porta no maior cinema
da cidade, para fazermos reuniões de Segunda-feira. Nesse
lugar, centenas de pessoas entregaram suas vidas a Jesus.
Víamos curas e milagres extraordinárias em todas as
reuniões.
Foi ali, que no final de uma das reuniões, o Senhor me
mandou orar por todas as pessoas que tinham problema de
visão, muitos foram instantaneamente curados, e uma
menina cega enxergou pela primeira vez. Ali, também, o
Senhor me mandou orar por pessoas que tinham problemas
de varizes. Quando eu falei isso no microfone, dezenas de
pessoas ficaram em pé, e em seus próprios lugares, o Senhor
curou todas elas, muitas testificaram que suas veias inchadas
tinham “murchado” e voltado ao normal em um instante. A
cada segunda-feira víamos a glória do Senhor naquele lugar.
Pessoas recebiam milagres maravilhosos e principalmente
a salvação, à medida que o evangelho era pregado.
Este foi um tempo maravilhoso que marcou a minha
vida. Mas com minha mente inquisitiva de teólogo, eu
continuava com a questão: Por que precisamos continuar
orando depois que o Senhor dera a resposta?
Recentemente, quando o Senhor começou a ministrar
essas revelações para este tempo de reforma, e me levou a
Daniel, é que tive a resposta a essa questão.
Elcio Lodos 113
Daniel viveu todo o processo histórico do cativeiro
babilônio: desde a ida do povo de Deus para a Babilônia até
o final deste período. Ele estava entre os primeiros, dos da
casa real, que foram levados à Babilônia:
No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá,
veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém
e a sitiou. O Senhor lhe entregou nas mãos a
Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da
Casa de Deus; a estes, levou-os para a terra de Sinear,
para a casa do seu deus, e os pôs na casa do tesouro
do seu deus.
Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que
trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da
linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum
defeito, de boa aparência, instruídos em toda a
sabedoria, doutos em ciência, versados no
conhecimento e que fossem competentes para
assistirem no palácio do rei e lhes ensinasse a cultura
e a língua dos caldeus.
Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas
iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia, e
que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo
dos quais assistiriam diante do rei.
Entre eles, se achavam, os filhos de Judá, Daniel,
Hananias, Misael e Azarias” (Dn 1.1-6).
Durante toda a vida de Daniel na Babilônia, percebemos
três fatos que foram a marca desse homem de Deus. Em
primeiro lugar, ele estava na Babilônia, mas não permitiu
que a Babilônia estivesse nele: “Resolveu Daniel, firmemente,
não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o
114 A Hora da Noiva
vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que
lhe permitisse não contaminar-se” (Dn 1.8). Em outras
palavras, ele não se contaminou com o estilo de vida do
mundo (Babilônia).
Em segundo lugar, ele não se conformou com aquela
situação de cativeiro. Daniel passou, pelo menos, por cinco
imperadores, muitas vezes ele mereceu a simpatia desses
homens, e teve grande autoridade política no império. Se
fosse uma pessoa conformada, sua vida teria sido muito boa
(abençoada) na Babilônia, mas ele nunca cedeu em seu
coração, pois ele sabia que a Babilônia (cativeiro) não era o
lugar do seu destino, por isso, durante toda sua vida ele
intercedeu para que aquela situação fosse mudada. Mesmo
em tempos difíceis, ele não cedeu às pressões do inimigo,
pois a motivação da sua vida era a de ver Jerusalém
restaurada: “Daniel, pois, quando soube que a escritura
estava assinada, entrou em sua casa e, em cima, no seu
quarto, onde havia janelas abertas da banda de Jerusalém,
três vezes no dia, se punha de joelhos, e orava, e dava graças,
diante do seu Deus, como costumava fazer” (Dn 6.10).
Em terceiro lugar, descobrimos que Daniel não desistiu,
enquanto não viu a manifestação de suas orações. Ele foi
um homem que persistiu até produzir o resultado. E foi nesse
aspecto da vida de Daniel, que o Senhor respondeu às minhas
questões.
Em todo o livro de Daniel, temos várias ‘teo-cnologias’
para uma vida de intercessão eficiente, mas vamos nos
concentrar em Daniel, capítulo 9, pois aqui temos algumas
chaves fundamentais para nos tornarmos instrumentos de
Elcio Lodos 115
reforma de Deus, nesse processo de saída da Babilônia e
restauração do templo e de Jerusalém.

1. Restaurando o Entendimento

O capítulo 9 do livro de Daniel começa com uma descoberta


que ele faz, depois de anos de oração e busca. Essa descoberta
é uma “teo-cnologia” muito importante para nós. Ele diz:
No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da
linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre
o reino dos caldeus, no primeiro ano do seu reinado,
eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de
anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias,
que haviam de durar as assolações de Jerusalém,
era de setenta anos (Dn 9.1,2).
A palavra-chave aqui é “entender”, ele diz, eu Daniel
‘entendi’. Essa palavra é a palavra bene no hebraico, e era
uma palavra de uso comum. Ela significa literalmente;
“compreensão intelectual” ou “distinguir mentalmente”; ela
denota o exercício mental de separar informações e chegar
a uma conclusão através das faculdades mentais
(inteligência).
Isto nos revela, que Deus não está no processo de anular
nossas faculdades mentais, para que possamos ter
“revelações espirituais”, mas sim, Ele opera em nós,
aguçando nossa compreensão intelectual, nossa inteligência,
usando-a para que “entendamos” seus propósitos.
Muitas pessoas ensinam um total divórcio entre as
faculdades mentais e a revelação espiritual, que vem de Deus,
através de nosso espírito. Como se houvesse uma dicotomia
(oposição) irreversível em nosso ser. Esse anular da
116 A Hora da Noiva
inteligência para poder “fluir na revelação espiritual” é mais
“nova era” do que propriamente um conceito bíblico.
Acho que preciso ser um pouco “técnico” aqui, para
que você entenda melhor esse princípio. Mais ou menos,
quatro séculos antes de Cristo, floresceu na Grécia pagã um
grupo de homens pensadores (filósofos), versados nas mais
diversas ciências de sua época, e em muitos casos à frente
do conhecimento científico de sua própria época. Dentre
esses “homens-filósofos”, houve um, chamado Platão, que
foi um matemático, médico, escritor e pensador. Platão, que
também era discípulo de Aristóteles, desenvolveu um
conceito filosófico em que, em seu entendimento do
universo, toda realidade foi dividida em duas partes: Para
ele havia a realidade material (a matéria) e a realidade
espiritual. Essas duas realidades não podiam se misturar,
na verdade, para Platão, eram opostas uma à outra. A
“matéria”, era uma expressão imperfeita ou defeituosa, da
realidade espiritual. Vamos simplificar um pouco mais: Para
Platão, toda matéria é imperfeita e falha, pois é uma
expressão ou um reflexo do mundo perfeito, que é imaterial,
ou seja, “espiritual”. Ele dizia que tudo que temos aqui, em
nosso mundo físico, inclusive nós mesmos, é uma
manifestação imperfeita e existiria de uma forma perfeita
no outro mundo, que algumas vezes ele também chamava
de “mundo das idéias” (Gnósis). Simplificando mais ainda
esse conceito, seria como dizer que toda matéria é “má” e
todo espírito ou espiritual é “bom”. Só mais uma coisa sobre
Platão, lembre-se que ele vivia em uma sociedade pagã, onde
o conceito da “divindade” era completamente distorcido.
Os gregos acreditavam num “panteão” de deuses (bons e
Elcio Lodos 117
maus) que viviam no “Olimpus” e que de lá,
caprichosamente intervinham no mundo material. É nesse
contexto que Platão desenvolve a sua filosofia.
À medida que a cultura e a língua grega se espalharam
no mundo, através do império de Alexandre, o grande, esses
conceitos filosóficos também se espalharam. Os que
adotavam essa visão foram chamados de “gnósticos”. Na
verdade, isso virou praticamente uma religião, o
“gnosticismo”. No primeiro século d.C. (depois de Cristo)
esses ensinos fervilhavam nas escolas gregas, espalhadas por
praticamente todas as cidades do mundo. Bem no princípio
do cristianismo, o diabo tentou infiltrar-se na Igreja, por
intermédio desse conceito distorcido. Alguns escritores
afirmam que Simão, o mago de Samaria, que se converteu,
mas que tentou comprar os dons do Espírito Santo (veja Atos
8.9-13), teria sido o primeiro gnóstico cristão.
De qualquer forma, sabemos que o “gnosticismo” foi
um problema que teve de ser tratado desde cedo na Igreja.
Esses “gnósticos-cristãos” aceitavam Jesus como Messias,
mas negavam que Ele tinha vindo em carne. Eles diziam
que Jesus teve um corpo “aparente”, pois se Jesus era o
perfeito salvador, Ele não poderia ter sido matéria, pois a
matéria é imperfeita. O texto de 1João é um claro combate
bíblico a essa “doutrina diabólica”, João diz: “O que era
desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto
com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as
nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida”
(1.1). Perceba, Jesus é o Verbo da vida, é o que era desde o
princípio, mas Ele é também o que temos ouvido, o que
temos visto, e o que temos tocado (apalpado), isto é, Ele
118 A Hora da Noiva
veio em carne. Mais combativamente ainda, João declara:
“Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que
confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo
espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo
contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual
tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo”
(1Jo 4.2,3). Observe que a própria natureza do anticristo é a
de negar que Jesus veio em carne. O diabo sabia que se
conseguisse fazer isso, ele anularia toda obra redentora de
Jesus.
O “gnosticismo” foi mantido fora do pensamento cristão
por vários séculos, embora o diabo tenha continuado
tentando, criando diferentes tipos de “seitas gnósticas”.
Muitos “pais da Igreja” passaram toda a sua vida
combatendo essa doutrina diabólica. Mas no sexto século,
um advogado que já havia estudado e participado de várias
religiões e seitas se converteu, tornando-se logo uma figura
proeminente, ao escrever diversos livros teológicos. Seu
nome era Agostinho. Em seus livros, Agostinho não adotou
o gnosticismo propriamente dito, mas ele usou o conceito
platônico de matéria e espírito.
Durante a sua vida, Agostinho foi rejeitado pela corrente
principal da Igreja e até mesmo acusado de “gnóstico”. Na
verdade, Agostinho morreu condenado. Mas, mais ou menos
um século depois, Roma restaurou os ensinos de Agostinho,
passando a usá-los em suas escolas teológicas. Depois de
mais algum tempo, o próprio Agostinho foi canonizado,
passando a ser chamado “Santo Agostinho”. Finalmente essa
doutrina falsa do ‘anticristo’ conseguiu firmar um pé dentro
da Igreja institucionalizada.
Elcio Lodos 119
Desde então, esse conceito “gnóstico” vem e vai no
pensamento teológico da Igreja. Nem mesmo os
reformadores conseguiram livrar-se dele. Atualmente,
infiltrado quase que como um conceito bíblico original, está
essa idéia de que a matéria é má por natureza e o espírito é
bom, por natureza. Ou que o nosso “espírito” é perfeito e
que nosso corpo e alma são impedimentos para a obra de
Deus. Chegou-se, portanto, à definição meio platonica, de
que essencialmente nós somos um “espírito”, que temos uma
“alma” e que habitamos em um “corpo”.
Na verdade, o ensino bíblico é que somos: espírito, alma
e corpo. Quando Deus nos salva e nos redime em Jesus
Cristo, em primeiro lugar Ele nos salva através da morte
física de Jesus na cruz, em segundo lugar, Ele salva e redime
todo nosso ser, não somente parte dele. Em Cristo, nosso
corpo é santificado, nossa alma é renovada e nosso espírito
recriado. Todo meu ser é trazido de volta para Deus: “...tudo
o que há em mim (corpo, alma e espírito) bendiga ao seu
santo nome” (Sl 103.1)
Na Palavra o homem restaurado tem seu espírito
recriado e sua mente renovada, para ser usado plenamente
pelo Senhor: “…transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Na verdade, à medida
que crescemos espiritualmente, nossa inteligência não
diminui, mas sim é aguçada pelo Espírito Santo que em nós
opera.
Disto também falamos, não em palavras ensinadas
pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo
Espírito, conferindo cousas espirituais com
120 A Hora da Noiva
espirituais. Ora, o homem natural não aceita as
cousas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura;
e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Porém o homem espiritual julga
todas as cousas, mas ele mesmo não é julgado por
ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor,
que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente
de Cristo (1Co 2.13-16).
Observe que, neste texto, há uma intercooperação entre o
espírito e a mente, na compreensão das coisas. O homem
espiritual discerne bem todas as coisas, ele julga todas as
coisas, não pelo anular de sua mente, mas aguçando-a.
Recebemos o Espírito de Cristo, e também a mente de Cristo.
Deus nos criou seres inteligentes, o pecado afetou nossas
faculdades mentais (alma), mas também afetou nosso
espírito e corpo. Quando somos restaurados em Cristo, não
é só nosso espírito que é restaurado, mas todo o nosso ser;
corpo, alma e espírito. A nossa inteligência restaurada tem
sim a capacidade de entender e processar as coisas de Deus,
como fez Daniel, pois em nós opera conjuntamente o Espírito
e a mente de Cristo.
Veja bem, Daniel
buscou uma revelação
do Senhor para aquele
momento; mas ele
não se fechou em uma
Deus nos criou seres inteligentes, o
“redoma de
pecado afetou nossas faculdades
espiritualidade”, ele
mentais (alma), mas também
não foi para uma
afetou nosso espírito e corpo
caverna escura e ficou
Elcio Lodos 121
ali até Deus enviar a “revelação”. Apesar de Daniel ser um
dos profetas mais espirituais e sensíveis de toda a Bíblia,
aqui está ele; com a Palavra aberta diante dos seus olhos:
...eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número
de anos, de que falara o S ENHOR ao profeta
Jeremias... era de setenta anos... Setenta semanas
estão determinadas sobre o teu povo e sobre a
tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão,
para dar fim aos pecados, para expiar a
iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar
a visão e a profecia e para ungir o santo dos
santos. Sabe e entende: desde a saída da ordem
para restaurar e para edificar Jerusalém até ao
ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e
duas semanas... Depois das sessenta e duas
semanas, será morto o Ungido e já não estará...
e até ao fim haverá guerra; desolações são
determinadas (Dn 9.2,24-26).
A palavra “desolações” usada por Daniel, é a palavra
hebraica Chorbath, que é exatamente a mesma palavra que
Jeremias usa em sua profecia: “Toda esta terra virá a ser um
deserto (chorbath) e um espanto; estas nações servirão ao rei
da Babilônia setenta anos” (Jr 25.11). Quando Daniel
escreveu as palavras iniciais do capítulo 9, ele tinha o livro
(ou os pergaminhos) de Jeremias aberto na sua frente.
Nosso Deus é o ser mais inteligente que existe no
universo. O quociente de inteligência de Deus é imensurável
(não pode ser medido). Ele nos deixou o Seu livro (a Bíblia).
Como este livro é fruto desse ser inteligente, temos de
entender que a Escritura é o livro mais profundo e ao mesmo
122 A Hora da Noiva
tempo mais claro que jamais foi escrito. Nenhum homem,
nenhum grupo de sábios ou cientistas, nenhum conjunto de
computadores ultramodernos, conseguiria produzir um livro
como a Palavra de Deus. E ainda assim, ela contém tal
clareza, que até crianças conseguem desfrutar dela. Ela tem
todas as informações necessárias para sabermos os caminhos
eternos de Deus.
Quando esse Deus inteligente nos salva, Ele recria o
nosso espírito, e restaura a nossa inteligência, transferindo
para nós a Sua própria mente. Cabe a nós, como seres
restaurados, abrirmos a Sua Palavra e nos dedicarmos a
estudá-la, passando tempo com ela, na dependência do
Espírito Santo, pois Ele deseja nos dar entendimento em
todos os Seus planos.
Se examinarmos os evangelhos, descobriremos que Jesus
Cristo foi um profundo conhecedor das Escrituras (Antigo
Testamento). A frase: para que se cumprisse o que fora dito…
é presença constante nas páginas dos evangelhos. Jesus
venceu o diabo no deserto, citando versículos bíblicos. Jesus
validou seu ministério diante dos homens, citando versículos
bíblicos. Jesus realizou a obra do Pai, e descobriu sua própria
identidade, através da Palavra de Deus.
Uma das maiores heresias que se pode dizer a respeito
de Jesus é afirmar que durante toda sua vida Ele viveu
escondido no deserto, ligado à seita obscura e mística dos
“essênios”. Não, Jesus foi o Carpinteiro de Nazaré, Ele tinha
uma casa, irmãos e irmãs, Ele ia à igreja todos os sábados.
Jesus teve uma vida absolutamente normal, até o início do
Seu ministério. Ele conhecia a Palavra, Ele estudava a Palavra,
Ele usava a Palavra. E é importante observar, Jesus era um
Elcio Lodos 123
homem inteligente. Ele mencionava a Bíblia com freqüência.
Ele ensinava com autoridade, maravilhava os próprios
doutores da Sua época.
É tempo da Igreja sair da “caverna espiritual” que ela
está entranhada. A Igreja restaurada é uma Noiva adulta,
pronta para o casamento, que flui na revelação, mas com
maturidade e entendimento. Não é uma Igreja levada por
qualquer vento de doutrina emocional, não é uma Igreja
imatura. A Igreja que Deus está levantando, que será um
instrumento para o avivamento, não é uma Igreja que usa
interpretações ridículas, baseadas em revelações obscuras,
e informações distorcidas, para amedrontar o povo e para
enriquecer ministérios.
Não, amados irmãos! A Igreja que o Senhor está
realmente buscando é uma igreja madura. É uma Igreja
profética sim, como foi Daniel, espiritual sim, como Daniel,
mas também inteligente, como Daniel. Uma Igreja que vai à
“caverna (ou monte) de oração” mas leva um farolete e a
Bíblia junto.
2. Revelação para a Gestação

Daniel tem o entendimento, a compreensão intelectual. O


apokalipsis (tirar o véu) em sua mente. Em oração, ele estudou
o livro do profeta Jeremias, e calculou o tempo. Ele descobriu
que eles estavam vivendo exatamente no tempo da
restauração, profetizado pelo Senhor, por intermédio de
Jeremias.
É importante entendermos bem esse panorama, para
descobrirmos a teo-cnologia que está revelada aqui. Daniel
ora e jejua, para ter uma resposta do Senhor. Ele sentia o
124 A Hora da Noiva
peso da intercessão intensificar. Então, o Senhor o dirige a
examinar os registros proféticos do seu contemporâneo, o
profeta Jeremias. Ao estudar as profecias, ele encontra esse
texto, em que está escrito que o tempo da desolação seria
de “setenta anos”. Então ele começou a calcular. Ele sabia
que o cativeiro babilônio tinha começado no terceiro ano do
reinado de Jeoaquim, rei de Judá. Como ele poderia esquecer
desse ano? Aquela viagem humilhante, ele e seus amigos
príncipes de Israel levados acorrentados à Babilônia. Longos
dias de sol, dentro de uma jaula, sem comida e sem bebida.
Como esqueceria a chegada na grande cidade da Babilônia.
A humilhação da marcha triunfal pela cidade, onde ele e
seus amigos eram o ‘troféu’ dos conquistadores. Certamente,
ele sabia quando tudo começou.
Então, ele calculou ano após ano, reino após reino. Ele
consultou o calendário babilônio. Comparou com o
calendário hebraico, voltou a ler Jeremias. E, finalmente, ele
não teve dúvida alguma: aquele ano, o primeiro ano de
Dario, filho de Assuero, era o septuagésimo ano do cativeiro.
Por conseguinte, deveria ser o ano do início do processo de
libertação do povo de Israel.
Aleluia! Que revelação fantástica para aquele homem
de Deus, depois de tantos anos de oração e perseverança!
Que tremenda descoberta! Que recompensa maravilhosa
para todos os anos de espera e consagração!
Bem! Sabe o que eu faria se estivesse no lugar de Daniel?
Provavelmente, em primeiro lugar eu faria uma grande
celebração. Depois escreveria um livro sobre o assunto,
talvez o título seria: ‘Este É o Ano!’. Talvez alugaria o maior
Elcio Lodos 125
anfiteatro da Babilônia, e começaria reuniões de
“avivamento”, para espalhar aquela revelação a todas as
pessoas, e é claro isso daria um grande impulso no meu
ministério profético, afinal de contas, quando Deus nos dá
uma revelação desse nível, Ele também quer nos promover...
Será?
Mas, é claro, antes de qualquer uma dessas coisas, eu
pegaria minha família e tiraria umas longas férias, afinal de
contas eu já sabia o que Deus iria fazer, aquele seria o ano
da restauração. Talvez quando eu estivesse nas praias
tropicais das “Bahamas babilônicas” leria nos jornais sobre
o início da volta de Israel para Jerusalém, pois é claro: Se
Deus falou, Ele se encarregaria de cumprir sozinho... Será?
Mas, o fato é, Daniel não fez nada disso! Muito ao
contrário, depois dessa revelação, ele intensificou suas
orações: “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com
oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza” (Dn 9.3)
Aqui, exatamente nesse trecho da passagem, percebi
que Daniel teve uma revelação (ou conhecia uma tecnologia)
que eu não possuía, e que, com certeza, muita gente que
conheço também não tem. A descoberta, através da profecia
de Jeremias, do plano e propósito de Deus, não foi o ponto
final da busca de Daniel. Na verdade, foi o ponto
fundamental. Quando ele teve a revelação do que Deus faria,
ele começou a agir com base nessa revelação.
Quantos de nós buscamos o Senhor até recebermos uma
revelação e quando a recebemos paramos de buscá-lo.
Pensamos: “Bem, agora que eu já sei qual é o plano perfeito
de Deus, é só esperar e Ele cumprirá a Sua palavra na minha
126 A Hora da Noiva
vida”. Quantos de nós recebemos palavras proféticas
específicas, de grandes homens de Deus, e simplesmente
cruzamos os braços, esperando o Senhor cumprir Sua
palavra.
Vamos tentar descobrir por que Daniel agiu desse modo,
e o que Daniel sabia que nós também precisamos saber.

2.1. Daniel Conhecia a Teo


Teo -cnologia de Gestação
eo-cnologia
Espiritual

Com certeza, Daniel, como estudante da lei e dos profetas,


já havia estudado o livro de Isaías (Isaías viveu mais ou
menos 150 anos antes de Daniel). Naturalmente, Daniel
conhecia esse passagem:
Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que
todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós, os
que fareis lembrado o SENHOR, não descanseis, nem
deis a ele descanso até que restabeleça Jerusalém e
a ponha por objeto de louvor na terra (Is 62.6,7).
Nestes versículos, observamos uma das principais chaves
do nosso chamado para realizar a obra de Deus aqui na terra.
Na verdade, cada frase desse texto tem uma revelação
especial, mas vou me concentrar e chamar a sua atenção
para as frases: “…vós os que fareis lembrado o SENHOR, não
descanseis, nem deis a ele descanso até que restabeleça…”.
Veja bem, o próprio Senhor, nos convoca para lembrá-lo. A
palavra usada, no original hebraico, é: zakar, que literalmente
significa “relembrar”.
O que temos de “relembrar” ao Senhor?
Elcio Lodos 127
É claro que só podemos “relembrar” (lembrar de novo)
alguém de algo que esse alguém já sabia ou já tenha falado,
portanto, quando o Senhor diz, nesse versículo, que não
devemos descansar, nem dar a Ele descanso, mas continuar
relembrando-O, até vermos a Sua promessa cumprida, Ele
está nos concedendo uma das chaves da intercessão.
Você pode pensar: Mas por que Deus faz isto? Por que
precisamos relembrar Deus? Será que Ele promete, e depois
esquece, e então precisa ser lembrado pelo ser humano?
Não, meus amados! Deus não esquece nenhuma de Suas
promessas! Na verdade, existem dois princípios que
acompanham essa revelação de Isaías: O primeiro é que Deus
nos chama para participarmos de Sua obra. Participar
significa sermos parceiros de Deus. Como filhos de Deus,
não estamos no mundo apenas como simples espectadores
da obra divina. Na verdade, somos agentes dela veja:
“Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os
animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao
homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o
homem desse a todos os animais viventes, esse seria o nome
deles” (Gn 2.19).
Somos instrumentos pelos quais o Senhor realiza a Sua
obra. E muitas vezes somos os próprios personagens da
história divina, como Daniel, que ocupou a posição de
primeiro-ministro da Babilônia, e influenciou profundamente
o rei Dario, na posição positiva que ele teve em relação ao
povo de Deus (veja Daniel 6.25-28).
O Senhor não quer somente revelar-lhe o que Ele está
realizando à sua volta; aí em sua família, na sua cidade, e
128 A Hora da Noiva
nesta geração. Ele quer também envolvê-lo no que Ele está
empreendendo, usá-lo em seu projeto de salvação desta
geração. Assim como tudo que aconteceu na vida de Daniel
estava no propósito do Senhor para que ele fosse instrumento
gerador da restauração, assim também é com você. O Senhor
estava em todas as circunstâncias de sua vida, até mesmo
no momento da “cova dos leões”, e Ele está com você, agora
mesmo, no meio desse deserto, pois é aí, como foi com
Daniel que Ele lhe revelará não somente Sua direção, mas
especialmente Sua “Glória”.
O segundo princípio é que Deus nada faz na terra antes
que primeiro seja produzido por alguém através da
intercessão. Até mesmo no processo da criação; antes do
mundo ser formado, o Espírito Santo “pairava” (incubava)
sobre a face das águas (veja Gênesis 1.1). É muito importante
você compreender esse princípio, pois é uma das teo-
cnologias principais que precisamos ter para sermos
verdadeiros instrumentos de Deus, para gerarmos o processo
de reforma e trazer o “avivamento” aos dias atuais.
Tudo que Deus faz tem de ser gerado. Interceder é gerar
(dar à luz) para Deus. Recebemos revelação, quando, como
Noiva entramos em intimidade com nosso Deus, em
adoração. Essa revelação é a semente que é plantada em
nosso espírito (ou útero espiritual), quando “agonizamos
em oração”, estamos no processo de “gestação espiritual”.
A manifestação da promessa é o resultado final, é o parto.
Vamos colocar de outra forma, usando algumas palavras
originais. A palavra intercessão no hebraico é paga, a
Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento, usa a
Elcio Lodos 129
palavra eutugchano para esse termo. Eutugchano é a palavra
para “intercessão” no Novo Testamento (veja Romanos 8.34).
A raiz da palavra eutugchano é teocho ou tikto, que significa
produzir como uma mãe, engravidar, dar à luz ou ainda
produzir semente. Em resumo, a palavra “interceder”, no
grego, vem da raiz da palavra usada para “engravidar” ou
“dar à luz”.
Observe por outro ângulo (quero mesmo que esse
princípio entre no seu coração). Em 1 Samuel 4.19, a nora de
Eli dá à luz. A Bíblia fala que ela “ajoelhou-se” para dar à
luz (esta era a posição tradicional para se ter um bebê, na
cultura hebraica da época), as palavras “ajoelhar-se para dar
à luz”, são kará e yalad no hebraico. Na Septuaginta (Antigo
Testamento Grego) foi usada a palavra tinkenein para
traduzir o termo yalad. Agora tinkenein vem da palavra tikto,
que é a raiz da palavra “intercessão”, como já analisamos
no parágrafo anterior. A conclusão é que, de acordo com os
termos originais da Bíblia, o mesmo processo da gravidez
natural (yalad – tikto), acontece na intercessão. Isto é, a
intercessão é uma gravidez espiritual (tikto). Recebemos uma
revelação (semente) e por causa dessa revelação, vem uma
incumbência de intercessão (tikto).
Quando Elias subiu ao monte Carmelo, para interceder
para que voltasse a chover, depois de mais de três anos de
seca, ele “encurvado para a terra, meteu o rosto entre os
joelhos” (1Rs 18.42), alguns estudiosos afirmam que essa
posição descreve exatamente a posição que a mulher hebréia
ficava para dar à luz.
O apóstolo Paulo é totalmente explícito nessa revelação,
130 A Hora da Noiva
quando ele diz: “meus filhos, por quem, de novo, sofro as
dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19; grifos
do autor).
Espero que, mesmo com toda essa complicação de
palavras gregas e hebraicas, tenha ficado claro, que existe
uma interligação entre os termos “intercessão” e
“engravidar” ou “dar à luz”. Interceder é o processo de
“gestar” a semente (revelação) que foi plantada em nós pelo
Espírito Santo. O processo de intercessão pode ser chamado
de “gestação espiritual”.
Voltando ao livro de Daniel, capítulo 9, o que
percebemos, é que Daniel conhecia essa “teo-cnologia”. Ele
recebeu a revelação (semente), a revelação produziu algo
nele (o engravidou da promessa), e por conseguinte ele
entrou no processo de gestação espiritual, e, finalmente, em
trabalho de parto, até dar à luz a promessa de Deus.
Nestes dias de restauração da noiva, Deus está
levantando um exército de intercessores que vivam nesse
nível. Temos percebido, em nossas viagens por diferentes
países, ministrando em diversas igrejas, que o povo de Deus
está sendo levantado para a realidade da “intercessão” nesse
nível. É tempo de intimidade com o Senhor. É tempo de
‘engravidarmos das promessas’ de restauração e avivamento
e intercedermos até vermos a manifestação (nascimento) de
todas elas. Um dos propósitos deste livro é ajudar a equipá-
lo para isso. E para, usando essa linguagem metafórica:
Quem sabe engravidá-lo, espiritualmente, para que
possamos, como Daniel, dar à luz a reforma!
Tenho desafiado você neste livro a entender e viver neste
novo lugar de identidade de “Noiva de Cristo”. Creio que
Elcio Lodos 131
este livro é uma voz profética que está chamando a igreja
para este lugar de propósito.
Dentro disto, este capítulo que você acabou de ler é
fundamental para que possamos juntos entender que quando
Deus trás para o corpo uma revelação de restauração como
esta, não basta saber, não basta esperar que ela aconteça.
Recebemos a revelação, para então gerarmos este propósito
de Deus através da intercessão.
Levantemo-nos neste tempo para verdadeiramente
gerarmos em oração a “Hora da Noiva”.
132 A Hora da Noiva
Elcio Lodos 133

CAPÍTULO OITO
APÍTULO

Restaurando o Altar

Uma característica clara que a Noiva de Cristo precisa ter é


pureza. A Bíblia se refere a nós por muitas vezes como
“virgens puras” reservadas para o Noivo. A restauração da
identidade da Igreja como Noiva, trás também a restauração
da visão e desejo por santidade.
“Houve um tempo em que se um pregador quisesse ser
popular, e atrair as pessoas, ele tinha de ter muito cuidado
para não usar a palavra ‘santificação’ em suas mensagens.
Mas está chegando a hora, em que meu povo será atraído
de todas as direções e até viajará grandes distâncias apenas
para ouvir uma única mensagem sobre santificação.”
Com esta palavra profética, o pastor Colin Dye concluiu
a sua mensagem na grande reunião de reavivamento,
promovida pelo Kensington Temple, London City Church,
no grande teatro, “Royal Albert Hall”, em Londres. Ali,
sentado na plataforma, eu pude ver o quebrantamento no
rosto de cinco mil pessoas que lá estavam. Comecei a pensar
em todo o processo de preparação que tínhamos passado
para chegarmos a essa reunião; nas mais de duas mil pessoas
134 A Hora da Noiva
que oraram e jejuaram por ela, nos 70 dias intensivos de 24
horas de oração, na própria preparação especial do pastor
Colin, de 40 dias de consagração. Com certeza, essa palavra
tinha saído do coração de Deus.
Enquanto os milagres ainda aconteciam, e todos nós
estávamos envolvidos em ministrar às pessoas, no meu
coração ainda ecoavam as palavras do pastor Colin de que
a santificação é a base de todo o processo de restauração
que Deus está trazendo para a Sua igreja. Foi neste contexto
que o Senhor me fez lembrar de uma passagem no livro de
Esdras, e me direcionou ao conteúdo deste capítulo.
Esdras foi um escriba ungido, era versado na lei (ele
representa a restauração do ministério de ensino), que subiu
a Jerusalém com o segundo grupo de remanescentes:
Esdras, filho de Seraías... este Esdras subiu da
Babilônia. Ele era escriba versado na lei de Moisés,
dada pelo SENHOR, Deus de Israel; e, segundo a boa
mão do SENHOR, seu Deus, que estava sobre ele, o
rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira (Ed 7.1,5,6).
O livro de Esdras é uma espécie de continuação histórica do
livro de 2Crônicas. Os primeiros versículos do livro de Esdras
são praticamente uma repetição dos últimos versículos de
2Crônicas. Depois de Esdras, o livro de Neemias continua o
relato histórico.
Esdras começa com o decreto de Ciro, ordenando a
reconstrução do templo em Jerusalém, em cumprimento à
palavra de Jeremias. Depois ele relata como Ciro devolveu
os utensílios do templo que tinham sido levados à Babilônia
por Nabucodonosor. No capítulo 2 de Esdras, temos a
Elcio Lodos 135
relação dos cabeças de famílias que foram para Jerusalém,
com Zorobabel, Josué e Neemias. No capítulo 3, observamos
o início do processo da restauração, e é aqui que vamos parar
um pouco. Leia comigo:
Em chegando o sétimo mês, e estando os filhos de
Israel já nas cidades, ajuntou-se o povo, como um
só homem, em Jerusalém. Levantou-se Josué, filho
de Jozadaque, e seus irmãos, sacerdotes, e
Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus irmãos e
edificaram o altar do Deus de Israel, para sobre ele
oferecerem holocaustos, como está escrito na lei de
Moisés, homem de Deus.
Firmaram o altar sobre as suas bases; e, ainda que
estavam sob o terror dos povos de outras terras,
ofereceram sobre ele holocaustos ao SENHOR, de
manhã e à tarde.
Celebraram a Festa dos Tabernáculos, como está
escrito, e ofereceram holocaustos diários, segundo
o número ordenado para cada dia… (Ed 3.1-4).
O que observamos nesses versículos são as primeiras coisas
que eles foram guiados a fazer quando chegaram a
Jerusalém. Antes de fazer qualquer outra coisa em relação à
obra de reforma, isto foi o que eles fizeram. E isso nos revela
uma tremenda teo-cnologia para a reforma hoje.

1. Edificaram o Altar

Veja bem, o processo natural e lógico das coisas teria sido


primeiro restaurar todo o templo (átrio, lugar santo e lugar
santo dos santos), e, depois, então, iniciar as atividades
religiosas relacionadas ao templo.
136 A Hora da Noiva
Bem vamos dizer que eles não restaurassem todo o
templo, mas pelo menos o “átrio”, para poderem ter algum
espaço digno, para poderem fazer alguma coisa. Mas, não
foi isso que aconteceu, a Bíblia nos revela que a primeira
coisa que eles fizeram, foi edificar um altar a Deus. Antes de
iniciar qualquer trabalho de reforma ou restauração, eles
“edificaram um altar”.
A maneira como eu vejo esse quadro é a seguinte: Aqui
estão eles, no meio dos escombros e de toda espécie de
sujeira, no lugar onde outrora fora o templo de Salomão. O
panorama é tão caótico que eles nem sabem por onde
começar. Então, o Senhor os direciona a, antes de fazer
qualquer outra coisa, edificar um altar. Posso imaginar
Zorobabel, com um grupo de homens, limpando um
quadrado grande na região onde seria o átrio do templo, e
edificando um altar ao Senhor. Aqui estão eles: ao redor,
um caos, sujeira, mato e animais indesejados. No centro,
um altar ao Senhor, onde eles sacrificaram continuamente,
de manhã e à tarde.
Para mim, esse é um quadro poderoso. Uma teo-
cnologia fantástica. Em meio ao caos de nossa vida, em meio
a toda desordem e falta de beleza, qual é a primeira coisa
que temos de fazer? Edificar um altar ao Senhor. O Senhor
não nos manda primeiro organizar nossas vidas para depois
irmos a Ele. O Senhor nos chama para edificarmos um altar,
mesmo que pareça não haver o menor espaço para isso. O
segredo não é ter tudo organizado e construído para depois
fazer o altar. É agora mesmo, no meio dessa confusão, que
Deus está lhe chamando para edificar um altar para Ele. A
reforma de Deus, na minha vida ou na sua vida, na vida da
Elcio Lodos 137
Igreja ou na vida de uma nação, começa pela edificação do
altar.

2. Do Que nos Fala o Altar?


Fala

Podemos falar de “altar” por várias perspectivas. Podemos


fazer um estudo profundo sobre os diversos tipos de altar e
seus diversos usos no Antigo Testamento, mas em tudo que
estudarmos sobre o “altar”, a revelação básica é que é nele
que a “santificação” acontece. A própria palavra
“santificação” tem dois significados: pureza e consagração
(separação) a Deus, o que nos faz retornar ao “altar” que é o
lugar da “consagração”.
Um dos elementos centrais de toda a atividade religiosa
do Antigo Testamento era o sacrifício feito no altar, pois
por intermédio dele todos eram santificados. Sem passar
pelo altar, que ficava no átrio, ninguém poderia ir a lugar
algum. Os sacerdotes tinham de passar pelo altar, para
entrarem no lugar santo, e o próprio sumo sacerdote tinha
de passar pelo altar, para entrar no lugar santo dos santos.
Da mesma forma atualmente, não iremos a lugar
nenhum com Deus sem antes passarmos pelo altar. Não
podemos viver com Deus, sem uma vida no altar. Para
chegarmos à presença de Deus (lugar santo dos santos)
precisamos passar pelo átrio, parar no altar e fazer o
sacrifício.
A palavra “altar”, no Antigo Testamento, literalmente
significa “o lugar da matança ou do sacrifício”. O “Dicionário
de Vine” define altar como sendo o “lugar elevado onde o
sacrifício era feito”. Nós temos de ir a esse lugar elevado
onde o sacrifício precisa ser realizado. Antes de qualquer
138 A Hora da Noiva
coisa que façamos como povo da visão, o altar precisa ser
restaurado. Antes da implantação dos métodos, dos
princípios, das estratégias, precisamos chegar ao lugar
elevado da santificação e fazermos ali o nosso sacrifício.
Mas, o que significa realmente para nós atualmente ir
ao lugar elevado e ali edificar um altar?
Quando o Senhor estava falando especificamente a
Moisés sobre altares, Ele disse:
Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os
teus holocaustos, as tuas ofertas pacíficas, as tuas
ovelhas e os teus bois; em todo lugar onde eu fizer
celebrar a memória do meu nome, virei a ti e te
abençoarei.
Se me levantares um altar de pedras, não o farás de
pedras lavradas; pois, se sobre ele manejares a tua
ferramenta, profaná-lo-ás (Êx 20.24,25).
O altar, de uso comum, era construído de tijolo ou de barro.
Nesse altar,
normalmente,
eram oferecidos
os sacrifícios. Mas
nessa instrução
Antes da implantação dos métodos, dos sobre altares,
princípios, das estratégias, precisamos Deus introduz a
chegar ao lugar elevado da santificação Moisés a
e fazermos ali o nosso sacrifício revelação do
“altar de pedra”.
Ele revela a Moisés que se fizesse um altar de pedra, ele não
poderia moldar esse altar, ou seja, trabalhar essa pedra.
Elcio Lodos 139
Fiz uma exaustiva pesquisa sobre altares no Antigo
Testamento, e descobri que Moisés nunca estabeleceu
nenhum altar de pedra. A única vez que Moisés se refere a
altar de pedra é em Deuteronômio, quando ele deu
instruções ao povo, a respeito do que eles deveriam fazer
quando entrassem na Terra Prometida: “Ali, edificarás um
altar ao SENHOR, teu Deus, altar de pedras, sobre as quais
não manejarás instrumento de ferro” (27.5).
Quando o povo se estabeleceu na Terra Prometida, eles
obedeceram esta palavra de Moisés:

Então, Josué edificou um altar ao SENHOR, Deus de


Israel, no monte Ebal, como Moisés, servo do
SENHOR, ordenara aos filhos de Israel, segundo o que
está escrito no livro da lei de Moisés, a saber, um
altar de pedras toscas, sobre o qual se não manejara
instrumento de ferro; sobre ele ofereceram
holocaustos ao S ENHOR e apresentaram ofertas
pacíficas (Js 8.30,31).
É interessante pensar no propósito de Deus, em dar essas
instruções a Moisés sobre o altar de pedra, sendo que Moisés
jamais estabeleceu um. É também interessante pensarmos:
por que Moisés teria dado essas direções tão claras ao povo,
sobre o altar de pedra, na entrada da Terra Prometida?
A resposta só pode ser uma, Moisés obedeceu à direção
de Deus e assim estabeleceu um ato profético de alta
significância na história de Israel e da própria humanidade.
Esse altar de pedra não era um altar para uso comum no
Antigo Testamento, pois ele representa Cristo, a pedra que
140 A Hora da Noiva
foi cortada sem auxílio (participação) de mãos humanas, veja:
“Quando estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio
de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os
esmiuçou” (Dn 2.34). O altar da antiga aliança, é feito de
tijolo (terra), de madeira, ou até de bronze, esses altares
representam a dedicação religiosa dos homens. Mas o altar
para entrar na Terra Prometida foi o altar de pedra – Jesus,
que é uma pedra que não foi moldada pelo homem. Não é
fruto da habilidade religiosa do homem, mas vem direto de
Deus. Foi esse o ato profético ordenado por Moisés e
executado por Josué e o povo na entrada da Terra Prometida.
Eles declararam com isto: yeshua hamashia (Jesus Cristo) é o
altar de pedra. Ele é a porta de entrada para a Terra
Prometida: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será
salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem” (Jo 10.9).
Depois dessa chave, é fácil entendermos o texto de
Hebreus, que diz: “Possuímos um altar do qual não têm
direito de comer os que ministram no tabernáculo” (Hb
13.10). A versão da Bíblia Viva deste versículo diz: “Temos
um altar – a cruz onde Cristo foi sacrificado – onde aqueles
que continuam buscando salvação obedecendo leis judaicas
não podem ser ajudados”.
Esse altar (Jesus) foi dado por Deus. Somos convocados
a ir até Ele, “...a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens,
mas para com Deus eleita e preciosa” (1Pe 2.4). Pois “Cristo
Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício (você e eu),
bem ajustado [edificado sobre a rocha e unidos entre si],
cresce para santuário [templo santo] dedicado ao Senhor,
no qual também vós juntamente estais sendo edificados para
habitação de Deus no Espírito” (Ef 2.20-22).
Elcio Lodos 141
Santificação é o altar de pedra – Yeshua Hamashia –
edificado e entronizado em nossos corações. É estar
consagrado e totalmente separado para Ele. É viver, como
disse o apóstolo Paulo: “por Ele e para Ele”. É ser Dele e
estar morto com a vida escondida Nele. É colocá-lo em
primeiro lugar em todas as áreas possíveis e imagináveis e
em todos os minutos e segundos de nossas vidas. Ele é o
“Alfa” e o “Ômega”, Ele é antes de todas as coisas e a
conclusão de tudo. Nele vivemos, por Ele existimos. Nele
somos salvos, redimidos, perdoados, restaurados e
SANTIFICADOS. Ele é o altar no qual nossas vidas devem ser
sacrificadas.

3. É o Altar Que Santifica a Oferta

Em Mateus, quando Jesus repreendeu os escribas e fariseus,


sobre tradições que eles haviam criado que eram contrárias
a princípios da Palavra de Deus, Jesus ensina algo que nos
traz uma tremenda revelação sobre o altar. Ele diz:
E dizeis: Quem jurar pelo altar, isso é nada; quem,
porém, jurar pela oferta que está sobre o altar fica
obrigado pelo que jurou.
Cegos! Pois qual é maior: a oferta ou o altar que
santifica a oferta? (Mt 23.18,19).
O Senhor Jesus diz nesta passagem que eles haviam invertido
totalmente os valores. Ensinavam que a oferta era mais
importante que o altar, quando na verdade é o altar que dá
valor à oferta. A oferta fora do altar é apenas um pedaço de
carne, um animal morto, algo sem importância ou valor, mas
no altar aquilo é transformado, é santificado, pois é o altar
que santifica a oferta.
142 A Hora da Noiva
Jesus revela algo revolucionário para as nossas vidas e
para a nossa idéia do que seja a santificação. Ele nos diz que
o que santifica nossas vidas, não é o que fazemos. Nós não
podemos, sozinhos, santificarmos a nós mesmos. A
santificação não está em nós, está em Jesus. É em nosso
contato com o altar (Jesus) que nos é transmitida a
santificação. A santificação jamais será uma conquista
humana. Ela nos é dada gratuitamente pelo amado, à medida
que entregamos nossas vidas a Ele. Ela nos é transferida de
modo sobrenatural quando derramamos nossas vida no altar
– Cristo.
Se refletirmos, um pouco, nossa “teologia” nessa área
tem sido um pouco parecida com a dos escribas e fariseus.
Pensamos que “santificação” é o processo de nós deixarmos
certas práticas, nós orarmos mais, nós jejuarmos mais, nós
lermos mais a Bíblia. Observe a ênfase no “nós”. Nessa
teologia “escribática” e “farisaica” o “nós” está no centro, o
“nós” está entronizado. De modo invariável, essa posição
nos conduz ao “legalismo” ou à “religiosidade”, em que
criamos “regras” que determinam o nosso nível de
santificação. Veja o que Deus fala sobre isto:
Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e
bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados,
porque tudo isso tem sido sombra das cousas que
haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.
Ninguém se faça árbitro contra vós outros,
pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-
se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua
mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo
o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e
Elcio Lodos 143
ligamentos, cresce o crescimento que procede de
Deus.
Se morrestes com Cristo para os rudimentos do
mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos
sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não
proves aquilo, não toques aquiloutro? segundo os
preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas
estas cousas, com o uso, se destroem. Tais cousas,
com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto
de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor
ascético; todavia, não têm valor algum contra a
sensualidade” (Cl 2.16-23).
A conclusão desta passagem relata que, o aparente
ascetismo, a separação de coisas externas pelo esforço
humano, em vez de ser benéfica ou até mesmo um pouco
positiva é na verdade a “satisfação da carne”. Isto ocorre
porque, agindo assim, o homem imagina que está
santificando-se e isto o coloca como o deus da sua vida. Leva-
o a pensar que ele não precisa do altar.
E quanto mais nos afundamos nessa “santificação
humanista”, mais nos afastamos do altar, até o ponto de a
cruz não ser mais “única” para a salvação, mas à cruz
acrescentamos “a circuncisão” (que observamos, no relato
do Livro de Gálatas), o “sábado”, a “aparência externa”
etc… Por isso gosto da expressão: “o ‘legalismo’e a
‘religiosidade’ não são uma obra do diabo, mas sim o próprio
diabo”.
Veja bem, é muito importante entender isto. A oração,
o jejum, o estudo da Palavra, são importantes, fundamentais
e têm o seu lugar, mas em si mesmos eles não são a
144 A Hora da Noiva
santificação. Apontam para a santificação, conduzem à
santificação, mas o que quero dizer é que, não é o ato de
orar durante cinco horas, ou ler 30 capítulos da Bíblia que o
santifica, mas sim encontrar Jesus por intermédio dessas
coisas que o santifica!
Não é a obra! Não é o que você faz! Não é a oferta que
santifica o altar, ou que santifica a si mesma. É o altar (Jesus
Cristo) que santifica a oferta. É o fato de estarmos Nele, o
contato com Ele, que nos faz santificados. Jesus é o altar.
Nós somos a oferta (veja Romanos 12.1). Não somos nós
que santificamos o altar, mas sim o altar que nos santifica.
Por isso Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, nos convida a
chegarmos “...para ele, a pedra que vive”(1Pe 2.4a).
Meu irmão, pare de lutar contra as suas fraquezas, com
as suas próprias forças. Pare de tentar ser um bom cristão
na força do homem natural. Pare de lutar contra o pecado
religiosamente. Pare de tentar o impossível: santificar-se fora
do altar.
Torne-se um adorador. Ligue-se Nele. Edifique Jesus, o
altar de pedras, em seu coração. Jesus não o tornará um
“santo”, mas Ele o transformará em um “santo”.
Ele não força uma religião cheia de regras sobre a sua
vida. Ele não quer simplesmente mudar seus hábitos e seus
desejos. Não! Ele, na verdade, ao transformá-lo em “santo”
transferindo Sua própria santidade para você, transforma
tudo em sua vida, faz de você uma nova criatura, então seus
hábitos e desejos mudarão em função dessa nova identidade
que Ele transferirá a você. Não haverá mais em você uma
luta para ser santo. Mas você terá um estilo de vida
Elcio Lodos 145
naturalmente santo, pois terá sido santificado pelo altar –
Jesus Cristo.
Perceba que tudo que vimos neste capítulo nos liga com
o princípio. Jesus é o Deus-Noivo que nos chama para Ele.
Nós somos a Igreja-Noiva chamada para se desprender de
tudo mais e viver em relacionamento com Ele. Esta
intimidade vai desencadear um processo de purificação em
nossas vidas, pois é Ele (o altar) quem nos santifica. Quanto
mais estivermos buscando a Ele, quanto mais estivermos
Nele, mais purificados seremos. E quanto mais purificados
formos, mais Dele teremos. Que processo maravilhoso!
Senhor isso é tudo que eu quero!
146 A Hora da Noiva
A Restauração dos Dons do Ministério 147

CAPÍTULO NOVE
APÍTULO

A Restauração dos Dons


do Ministério

O amadurecimento da Igreja para viver como Noiva de


Cristo nesta última hora é um processo de Deus, que usa a
restauração dos dons do ministério na Igreja, para isso. Por
esta razão, vamos ver um pouco, neste último capítulo, estes
dons.O texto básico desses dons está registrado no livro de
Efésios:
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e outros para
pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento
dos santos para o desempenho do seu serviço, para
a edificação do corpo de Cristo, até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento
do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida
da estatura da plenitude de Cristo, para que não
mais sejamos como meninos, agitados de um lado
para outro e levados ao redor por todo vento de
doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia
com que induzem ao erro.
148 A Hora da Noiva
Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em
tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo
o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio
de toda junta, segundo a justa cooperação de cada
parte, efetua o seu próprio aumento para a
edificação de si mesmo em amor (4.11-16).
Nos últimos anos, Deus tem restaurado esses dons para o
corpo em todo o mundo. E a restauração desses “dons do
ministério” continuará sendo fortalecida, tanto a nível da
igreja local quanto a nível da Igreja universal, pois é no
restabelecimento pleno desses ministérios que teremos
condição de caminhar para a “reforma” completa, para a
preparação da Noiva Gloriosa e para a manifestação do
“avivamento pleno”.
Por muito tempo, literalmente durante séculos,
praticamente todos esses dons foram removidos da vida da
Igreja em geral, sobrando somente a figura do “pastor-
mestre”, que é a mistura dos dons do pastor e do mestre na
pessoa que tem o cargo ou o status de “pastor”.
Mas Deus tem levantado a “Igreja Zorobabel – Josué”,
onde esses ministérios estão no processo de uma total
restauração.
No processo de “reforma” do templo de Jerusalém, que
estamos estudando neste livro, temos um “protótipo” da
reforma que Deus está fazendo atualmente. Pensando, então,
sobre essa reforma, como sendo um protótipo, um modelo
de Deus para nós, comecei a meditar sobre os “dons do
ministério”. Onde estaria a manifestação deses dons nos
tempos de Zorobabel e Josué?. À medida que estudei os
livros de Ageu, Zacarias, Esdras e Neemias, o Senhor foi me
A Restauração dos Dons do Ministério 149
mostrando especificamente esses modelos. Eu lia uma
passagem, meditava em um ponto que o Senhor já havia me
revelado, e o Senhor me falava: “aí está o apóstolo”.
Meditava em outra passagem, e o Senhor, de repente, me
chamava a atenção: “aí está o mestre”. E assim por diante, o
Senhor me mostrou a manifestação de cada um dos cinco
dons do ministério. O restante deste capítulo, no que
concerne aos exemplos daquele período, é fruto dessas
revelações do Senhor.
Descobrimos a tipologia dos cinco dons de ministério,
manifesta em seis pessoas diferentes. Vamos perceber aqui,
que cada um deles desempenhou um papel fundamental na
restauração que se processou naqueles dias: Na figura de
Zorobabel, o apóstolo; em Ageu e Zacarias temos os
profetas; na viagem de Neemias da Babilônia a Jerusalém, a
tipificação do ministério do evangelista. Em Josué, o pastor;
e em Esdras, o mestre. Observe cada um deles, e aprenderá
mais algumas teo-cnologias:

1. Zorobabel – o Apóstolo

Como já observamos desde o início deste livro, Zorobabel é


uma figura da própria igreja da reforma. Mas podemos
identificar, também, algumas características em Zorobabel,
que apontam para uma “unção” específica. A unção
apostólica. No livro de Zacarias, capítulo 4, vemos
referências a Zorobabel, que têm um paralelo muito grande
com Efésios 2.20,22:
Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel: Não por
força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o
SENHOR dos Exércitos.
150 A Hora da Noiva
Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel
serás uma campina; porque ele colocará a pedra de
remate, em meio a aclamações: Haja graça e graça
para ela!
Novamente, me veio a palavra do SENHOR, dizendo:
As mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos
desta casa, elas mesmas a acabarão, para que saibais
que o SENHOR dos Exércitos é quem me enviou a vós
outros.
Pois quem despreza os dias dos humildes começos,
esse alegrar-se-á vendo o prumo na mão de
Zorobabel. Aqueles sete olhos são os olhos do
SENHOR, que percorrem toda a terra (Zc 4.6-10).
...edificados sobre o fundamento dos apóstolos e
profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra
angular; no qual todo edifício, bem ajustado, cresce
para santuário dedicado ao Senhor, no qual vós
juntamente estais sendo edificados para habitação
de Deus em Espírito (Ef 2.20-22).
No texto de Zacarias, Zorobabel é quem coloca a pedra de
remate. Isto é feito no contexto da graça de Deus sendo
manifestada. As mãos de Zorobabel lançaram os
fundamentos da casa do Senhor. E ele tem “prumos” em
suas mãos.
“Pedra de remate”, nesta passagem, deveria ser
traduzida como “pedra de esquina”, pois é a mesma palavra
hebraica (eben) usada em Isaías: “Eis que eu assentei em Sião
uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular,
solidamente assentada; aquele que crer não foge” (28.16).
A Restauração dos Dons do Ministério 151
Este versículo é citado por Pedro, como aplicando-se a Jesus:
“Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma
pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será,
de modo algum, envergonhado” (1Pe 2.6).
Zorobabel, portanto, tem a “unção para estabelecer
Jesus” (a pedra angular). Ele tem a unção também para
firmar os fundamentos da casa de Deus. E finalmente, a
passagem mencionada nos revela que ele tem a “unção de
correção e direção”; ele tem o prumo em suas mãos. Todas
essas características são identificadas no ministério
apostólico do Novo Testamento, como podemos observar
no texto de Efésios.
“Zorobabel é a Igreja da reforma.” Ele é a Igreja que
Deus está levantando atualmente. E essa “Igreja Zorobabel”
é uma Igreja apostólica. Esse é o processo que temos vivido
e que estamos vivendo nos dias atuais. O Dr. Bill Hamos
profetizou no final dos anos 80: “Os anos 90 serão a década
do apóstolo. A restauração plena do apóstolo nos anos 90
trará a restauração da plena autoridade apostólica e os sinais
e maravilhas do dom de fé, e o operar de milagres. A função
e o ministério de apóstolo, estabelecidos por Cristo, serão
reconhecidos, aceitos e exaltados de modo tremendo por
todo o mundo cristão”. (Prophets and the Prophetic Movement,
Christian International, Dr. Bill Hamos, 1990, p. 49).
Meu irmão, estes são dias maravilhosos! O processo de
restauração está em pleno andamento. Mas precisamos
entender que Deus não está apenas levantando pessoas com
o “dom de ministério apostólico”, Ele está estabelecendo
uma “Igreja apostólica”. É de mentalidade e identidade que
estamos falando. Essa Igreja apostólica estabelece Jesus
152 A Hora da Noiva
como a “pedra angular”, tem o prumo em suas mãos (anda
em linha com a Palavra de Deus) e tem a manifestação dos
sinais (dons) apostólicos. É essa Igreja apostólica que tem a
unção para revolucionar o mundo.
Mas entenda bem, ser Igreja apostólica não significa ter
estrutura “eclesiástica” apostólica, isto é, ter um líder que é
considerado apóstolo, e que tem autoridade de governo
sobre todos os outros. Ser Igreja apostólica é ter todos os
membros da Igreja operando na “unção apostólica”;
ganhando vidas, cuidando delas como pais espirituais,
discipulando-as até que elas também cheguem à maturidade
para ganhar outros e assim a multiplicação da unção
apostólica pode impactar todo o mundo.
A restauração da Igreja Apostólica mostra o levantar
da Igreja como Noiva-Rainha. Jesus Cristo é o Rei dos Reis,
sua noiva, a Igreja é chamada para assumir a identidade de
governo ao seu lado. A Noiva-Princesa está para se casar
com o Rei e será Rainha, que governa com Ele. Ser apóstolica
é ter a unção de governo sendo restaurada na vida da Igreja.

2. Ageu e Zacarias – os Profetas

Uma Igreja que esteja vivendo no mover de reforma de


Deustem de ser uma Igreja profética. Observe que não basta
apenas ter a manifestação de “profetas”, mas é necessário
ser profético, ter a visão e a direção profética: “...edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele
mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício,
bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no
qual vós juntamente estais sendo edificados para habitação
de Deus no Espírito” (Ef 2.20-22).
A Restauração dos Dons do Ministério 153
Veja bem, Cristo é a pedra angular, o altar de pedra
como já observamos no capítulo seis, mas os “apóstolos” e
“profetas” são o fundamento no qual a Igreja é edificada.
Nessa passagem, Paulo não está se referindo a ele, a Pedro
ou a João, ele não está falando de pessoas, mas do
“ministério”. É no ministério apostólico e profético que a
Igreja é fundamentada.
Se olharmos para a história da Igreja, não é de admirar
que uma das primeiras estratégias do diabo foi eliminar esses
ministérios da vida da Igreja. Lembre-se que nosso inimigo
é muito bom em distorcer a Palavra de Deus; ele usou isto
com Eva e teve a ousadia de usar com Jesus (veja Lucas 4).
Portanto, por meio de uma “teologia distorcida” o inimigo
conseguiu trancar a Igreja em um compartimento onde não
havia espaço para “apóstolos” e “profetas”. “Não havendo
profecia, [revelação] o povo se corrompe” (Pv 29.18), a Igreja
foi assolada por muitos e muitos anos. Mas Deus já tem
mudado esse panorama.
O profeta Glenn Foster relata sobre um profeta que
passou por sua igreja nos anos 50, e profetizou que chegaria
o dia em que profetas seriam levantados e o “ministério
profético” estaria em proeminência. A profecia também dizia
que isto começaria a acontecer dali a 30 anos:
Uma das raras ocasiões em que tivemos um pouco
de encorajamento foi no princípio dos anos 50. Certa
pessoa, que tinha um ministério ungido, veio e nos
falou da vinda de um dia de glória e poder, e o
chamou de “o dia dos profetas”. Essa pessoa disse
que esse dia demoraria 30 anos para chegar, pois o
Senhor os estava preparando para coisas ainda
154 A Hora da Noiva
maiores. A promessa era de que muitos ministérios
proféticos maduros iriam dar início a um novo dia
de restauração e avivamento (The Purpose and Use of
Prophecy, Glenn Foster [Glendale, Arizona,
Sweetwater Publications], 1988, p. 16).
De fato, à medida que caminhamos nestes primeiros anos
do terceiro milênio, temos visto a restauração do ministério
profético espalhar-se pelos quatro cantos da terra.
A importância do ato profético na vida da Igreja não é
tanto para prever o futuro. Esse elemento de “revelação do
futuro” está presente no profético, mas é importante saber
que o “profético” existe prioritariamente para edificar,
exortar e consolar (veja 1Coríntios 14.3). E é exatamente
nesses aspectos que está a grande necessidade do profético
em dias de reforma e restauração.
Isto é firmemente demonstrado nas circunstâncias da
reconstrução do templo (nosso protótipo de reforma), nos
dias de Zorobabel e Josué. No livro de Esdras, capítulo 1,
eles deixam a Babilônia, em função do decreto de Ciro.
Quando chegam a Jerusalém, eles restabelecem o altar (veja
Esdras 3.1), e depois iniciam a reconstrução do templo (veja
Esdras 3.8). Mas no capítulo 4 de Esdras, percebemos que o
inimigo levantou forte oposição contra aquele trabalho. O
inimigo sempre se oporá à reforma de Deus. Frente a essa
oposição do inimigo, o que é que o povo de Deus fez? Eles
interromperam a obra. E à medida que o tempo passava
eles foram perdendo a visão, começaram então a cuidar dos
seus próprios interesses e esqueceram da casa de Deus. Por
16 anos, a obra ficou parada e completamente abandonada.
Então Deus levanta Ageu e Zacarias, no ministério
A Restauração dos Dons do Ministério 155
profético. Eles revelam palavras proféticas de repreensão,
encorajamento e promessas. Suas profecias foram dirigidas
ao povo, a Zorobabel e a Josué. Por causa dessas palavras, a
visão foi restaurada, e eles encorajados reiniciam a obra:
Então, Ageu, o enviado do SENHOR, falou ao povo,
segundo a mensagem do SENHOR, dizendo: Eu sou
convosco, diz o S ENHOR. O S ENHOR despertou o
espírito de Zorobabel, filho de Salatiel, governador
de Judá, e o espírito de Josué, filho de Jozadaque,
sumo sacerdote, e o espírito do resto de todo o povo;
eles vieram e se puseram ao trabalho na Casa do
SENHOR dos Exércitos, seu Deus (Ag 1.13,14).
Ora, os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido,
profetizaram aos judeus que estavam em Judá e em
Jerusalém, em nome do Deus de Israel, cujo Espírito
estava com eles.
Então, se dispuseram Zorobabel, filho de Sealtiel, e
Jesua, filho de Jozadaque, e começaram a edificar a
Casa de Deus, a qual está em Jerusalém; e, com eles,
os referidos profetas de Deus, que os ajudavam (Ed
5.1,2).
Eles começaram a reconstruir o templo no segundo ano de
Dario e o terminaram no sexto ano de Dario. Deus havia
prometido, profeticamente, que Zorobabel iria iniciar e
terminar a reconstrução do templo:
As mãos de Zorobabel lançaram os fundamentos
desta casa, elas mesmas a acabarão, para que saibais
que o SENHOR dos Exércitos é quem me enviou a vós
outros (Zc 4.9).
156 A Hora da Noiva
A Bíblia nos revela que Salomão, com toda sua riqueza, com
recursos vindos de diferentes reinos, vivendo um tempo de
paz e prosperidade, e tendo 183 mil trabalhadores, demorou
sete anos para construir o templo (veja 1Reis 5.13-18; 6.38).
Zorobabel e Josué, com menos recursos, menos
trabalhadores, e em tempos de lutas e perseguição, realizou
a mesma obra em quatro anos, três anos a menos que
Salomão. Como isto foi possível? A resposta é, que a “unção
profética” ativou a “unção apostólica” na vida de Zorobabel
e capacitados de modo sobrenatural pelo Senhor eles
realizaram essa obra: “O SENHOR despertou o espírito de
Zorobabel... de Josué... e de todo o povo” (Ag 1.13,14). A
palavra “despertar” aqui significa: ‘acordar e tirar do
ordinário, do natural’. Por intermédio da ministração
profética, o Senhor os conduziu a um novo nível de
despertamento, acima do nível natural.
À medida que nos movermos na “visão profética”,
seremos elevados para novos níveis de realização, acima do
nível natural, isto é, no nível sobrenatural onde Deus está. O
mundo será impactado com nossa unção de “evangelismo
profético”. Coisas que demorariam muito tempo para serem
estabelecidas dentro dessa “unção profética” serão
estabelecidas rapidamente, com menos esforço e com menos
recursos. Este é o tempo da restauração profética que
estamos vivendo hoje. Este é o tempo em que o Senhor está
chamando você para andar com Ele em um novo nível.
3. Neemias – o Ministério do Evangelista
Evangelista é o que prega o evangelho, o que proclama
a Palavra de Deus. No Antigo Testamento, observamos
pessoas e situações que tipificam esse dom. Noé por
A Restauração dos Dons do Ministério 157
exemplo, anunciou durante 100 anos a vinda do Dilúvio.
No caso de Neemias, não podemos identificar sua missão
principal como tipologia do “evangelista”, talvez ele seja
mais um tipo de “apóstolo” do qualquer outra hipótese, mas
temos uma passagem na ida de Neemias a Jerusalém, que
claramente tipifica o evangelista.
No pedido que Neemias faz ao rei Artaxerxes, para ir
a Jerusalém para reedificar os muros, ele diz:
E ainda disse eu ao rei: Se ao rei parece bem,
dêem-se-me cartas para os governadores dalém
do Eufrates, para que me permitam passar e
entrar em Judá, como também carta para Asafe,
guarda das matas do rei, para que me dê madeira
para as vigas das portas da cidadela do templo,
para os muros da cidade e para a casa em que
deverei alojar-me. E o rei mas deu, porque a boa
mão do meu Deus era comigo.
Então, fui aos governadores dalém do Eufrates,
e lhes entreguei as cartas do rei; ora, o rei tinha
enviado comigo oficiais do exército e cavaleiros
(Ne 2.7-10).
Nesta passagem, observamos que ele foi ao mundo
(governadores dalém do Eufrates, guarda das matas) com
uma mensagem específica (cartas do rei). É interessante notar
que de todos os líderes que subiram da Babilônia, Neemias
foi o único que fez isso, ele foi o único que subiu com cartas.
Ele tinha uma mensagem específica do rei em suas mãos, e
não hesitou em entregá-la às pessoas. Isso, para mim, é uma
“tipologia” do ministério do evangelista; que sempre se
preocupa em ter uma mensagem do Rei em suas mãos para
158 A Hora da Noiva
entregá-la ao mundo.
Depois de chegar a Jerusalém, e por três dias fazer um
reconhecimento da situação, Neemias reúne os líderes da
cidade e diz:
Estais vendo a miséria em que estamos, Jerusalém
assolada, e as suas portas, queimadas; vinde, pois,
reedifiquemos os muros de Jerusalém e deixemos
de ser opróbrio.
E lhes declarei como a boa mão do meu Deus
estivera comigo e também as palavras que o rei me
falara. Então, disseram: Disponhamo-nos, e
edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra
(Ne 2.17,18).
Mais uma vez, observamos uma tipologia do “evangelista”.
Ele vê a condição de miséria e então “declara” (proclama);
primeiro seu testemunho pessoal (como a mão do meu Deus
estivera comigo), e segundo as palavras do rei (de modo
figurado, o evangelho).
O termo “evangelista” vem da palavra grega
evanghelistes, literalmente significa “pregador do evangelho”.
Fora da lista de dons de ministério em Efésios 4.11, esse
termo aparece mais duas vezes no Novo Testamento; em
Atos 21.8, referindo-se a Felipe como um “evangelista” e
em 2Timóteo 4.5, onde Paulo recomenda que Timóteo fizesse
a obra de um evangelista.
Entendemos pelo significado do termo e pelo seu uso
no Novo Testamento, que “evangelista” é aquele que tem
como ministério principal o “anunciar do evangelho aos
perdidos”. Evanghelio são as boas novas; evanghelistes é o
proclamador das boas novas.
A Restauração dos Dons do Ministério 159
Se observarmos a história da Igreja, vamos descobrir
inúmeras pessoas que marcaram o mundo através desse
ministério. Homens como João Wesley, D. L. Mood, Charles
G. Finney, Spurgeon e muitos outros que revolucionaram o
mundo. A estes, podemos acrescentar nomes
contemporâneos como Billy Graham, T. L. Osborn, Oral
Roberts, para citar apenas alguns. Todos eles foram
tremendos instrumentos nas mãos do Senhor, para, através
do ministério evangelístico, trazerem um grande avivamento
de conversão de almas.
Quando pensamos, portanto, na restauração do
ministério evangelístico, não queremos dizer, que nestes
últimos dias o Senhor estará levantando mais Finneys,
Wesleys e Billy Grahams. Por mais que homens como eles
sejam bem-vindos em qualquer época da História, não é
exatamente isto o que está acontecendo. Na verdade, o
Senhor está restaurando a “unção do evangelista” em todo
o corpo de Cristo.
A Igreja apaixonada necessariamente tem de ser uma
Igreja proclamadora. Tem de ser uma Igreja que tenha
consciência de que possui “uma carta do rei” (mensagem
do evangelho), e que precisa proclamá-la ao mundo. A Igreja
Noiva que ama o seu Noivo, automaticamente ama também
o que ele ama. Jesus é apaixonado pelas almas perdidas deste
mundo, portanto, esta deve ser também a nossa paixão.
Um fato muito interessante sobre o termo “evangelista”,
é que em todo o Novo Testamento, a única pessoa que recebe
esse “título” é Filipe. Ele não era “apóstolo”, nem fazia parte
do círculo de liderança pastoral da igreja de Jerusalém. A
Bíblia se refere a ele como um dos diáconos da igreja. Veja
160 A Hora da Noiva
bem, aqui está esse irmão, que é dedicado ao serviço diaconal
da igreja, então vem a perseguição, e ele tem de fugir da
cidade. Ele vai a Samaria e lá começa a pregar o evangelho,
grandes sinais e maravilhas acontecem, o resultado foi a
conversão de uma grande multidão. Este é o registro da
primeira “cruzada” evangelística do Novo Testamento. No
livro de Atos, esse mesmo Filipe está residindo em Cesaréia,
e é chamado de “...o evangelista” (21.8). Aí está o modelo
de “evangelista” que temos no Novo Testamento. Ele não é
uma “grande estrela”, não é o centro das atenções, ele é
apenas “Filipe, o evangelista”. Um membro do corpo
enviado para ganhar almas.
Atualmente, sem que percebamos, existem milhares de
“Filipes” sendo levantados por Deus no mundo. Deus está
preparando um exército de ganhadores. Pessoas comuns,
que amam o Senhor, e que têm um ardor em seus corações
pelas almas perdidas. Isto me faz lembrar uma história, que
ouvi alguns anos atrás, de um pastor chinês. Falava sobre o
crescimento da Igreja na China, e ele relatou o seguinte
testemunho: Havia uma menina crente, que morava em uma
vila onde todos trabalhavam em uma grande mina de carvão.
O trabalho dela na mina, era ficar em uma cabina do lado
de fora, e tocar o sinal em horas específicas; como almoço,
intervalo do café da tarde, e final de expediente. Todos os
dias ela à mina com seu pai e seus irmãos. Eles entravam na
mina para trabalhar e ela ficava na cabina, sempre prestando
muita atenção no relógio, para tocar o sinal na hora certa.
Um dia, no meio da tarde, ela ouviu uma voz, que dizia:
“toque o sinal agora”. Ela ficou muito assustada, pois sabia
que não era a hora certa de tocar o sinal, e se ela fizesse isso,
A Restauração dos Dons do Ministério 161
todos os trabalhadores sairiam da mina, e ela estaria em
sérios problemas. Mas a voz era insistente, e depois de algum
tempo, ela tocou o sinal. Todos os milhares de trabalhadores
saíram e ficaram no grande pátio fora da montanha. Um
minuto depois, aconteceu um grande terremoto e a mina
desmoronou. Todas aquelas vidas foram salvas. Então eles
se reuniram ao redor da cabina daquela menina, e alguns
começaram a se curvar diante dela. Sem saber o que fazer,
ela correu para sua casa e chamou sua mãe, que era uma
líder de célula. Imediatamente, sua mãe foi com ela até a
mina, ela pregou o evangelho para aqueles milhares de
trabalhadores, e todos se converteram. Aleluia! Essa mãe e
sua filha tipificam os “Filipes” que Deus está levantando
em todo o mundo.
Talvez nunca vejamos seus nomes em cartazes ou em
livros, mas eles estão aí. Nos campos, nas cidades, nas
favelas, nos hospitais, nas prisões, nos campos missionários.
A Igreja dos últimos dias, certamente estará visualizando
um grande exército de “Filipes” marchando por toda a terra.
Ganhando e consolidando vidas para Jesus.

4. Josué – o Pastor
Pastor

Josué é o sacerdócio restaurado no tempo da reforma.


Representa o cuidado com o povo no relacionamento com
Deus, neste sentido, ele é uma figura do ministério pastoral.
O termo “pastor”, foi instituído entre os evangélicos como
um título. Praticamente, todas as pessoas que estão no
ministério ou já são “pastores” ou desejam se tornar ou, ao
menos, serem chamados de “pastores”. Mas quando estamos
falando do “dom ministerial pastoral”, concedido por Cristo,
162 A Hora da Noiva
estamos falando de algo completamente diferente. Neste
sentido nunca se precisou tanto de “pastores” quanto nos
dias atuais. Há muitas pessoas dirigindo igrejas e ministérios,
mas, na verdade, existem poucos pastores.
De um lado, observamos muitas pessoas que têm um
ministério genuíno, mas que estão no lugar errado. Pessoas,
por exemplo, que são evangelistas, e que deveriam estar lá
nas ruas, ganhando almas, estão trancadas nos gabinetes
pastorais, para ganharem reconhecimento e sustento. Outros,
por exemplo, com chamado apostólico para o corpo de
Cristo, estão trabalhando anos a fio, construindo uma igreja
local, para terem uma base de sustento, e assim poderíamos
citar, muitos e muitos exemplos de pessoas ocupando
“cargos pastorais” enquanto seu verdadeiro chamado está
muito longe desse ministério. O resultado é frustração para
o povo e para o ministro. De outro, vemos aqueles que na
verdade não têm chamado algum, mas que por uma
circunstância (influência, prosperidade material, política,
sobrenome) receberam o “título” de pastores. Nestes casos,
o resultado é devastador para o corpo de Cristo: “Muitos
pastores destruíram a minha vinha e pisaram o meu quinhão;
a porção que era o meu prazer, tornaram-na em deserto” (Jr
12.10).
Mas, nestes dias de reforma, em primeiro lugar, Deus
está trazendo correção (o prumo está na mão de Zorobabel):
“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do
meu pasto! – diz o SENHOR. Portanto, assim diz o SENHOR, o
Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu
povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes,
e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a
A Restauração dos Dons do Ministério 163
maldade das vossas ações, diz o SENHOR” (Jr 23.1,2).

A geração de pastores, que o Senhor está


levantando, não está atrás de títulos ou
reconhecimento humano, mas sim interessada em
edificar vidas, consolidando-as no Reino de Deus

E, em segundo lugar, o Senhor esta trazendo restauração


ao ministério pastoral: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu
coração, que vos apascentem com conhecimento e com
inteligência” (Jr 3.15).
A geração de pastores, que o Senhor está levantando,
não está atrás de títulos ou reconhecimento humano, mas
sim interessada em edificar vidas, consolidando-as no Reino
de Deus. Essa geração está sendo formada por pessoas de
todos os níveis sociais, econômicos e culturais. Pessoas que
estão erguendo gerações sob sua liderança, fazendo a obra,
no dom pastoral concedido pelo Senhor, não para buscar o
reconhecimento humano, mas por puro amor às almas
perdidas e para a glória de Deus.

5. Esdras – o Mestre

A tipificação da importância do ministério do Mestre para


que a Igreja seja, realmente, restaurada e reformada, está na
pessoa de Esdras. Esdras vai a Jerusalém com o segundo
164 A Hora da Noiva
grupo de remanescentes, quando Artaxerxes era rei na
Babilônia, e a reconstrução do templo já havia sido concluída.
Ele é identificado como escriba, versado na lei de Moisés.
Esse servo de Deus teve uma visão ao subir a Jerusalém:
...Esdras tinha disposto o coração para buscar a lei
do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel
e seus estatutos e os seus juízos (Ed 7.10).
...e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro
da lei de Moisés, que o SENHOR tinha prescrito a
Israel. Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a
congregação, tanto de homens como de mulheres e
de todos os que eram capazes de entender o que
ouviam (Ne 8.1,2).
Foi sob o “ministério de ensino” de Esdras que a reforma
realmente aconteceu. Pois eles restauraram o templo e o
serviço religioso no templo, mas o estilo de vida deles
continuava o mesmo. Foi somente quando Esdras (ensino)
chegou que houve uma mudança radical no estilo de vida,
eles abandonaram os relacionamentos errados e fizeram uma
nova aliança com o Senhor (veja Esdras 9 e 10). É importante
ressaltar, realmente, que o que restaurou o povo de Deus,
permitindo que eles continuassem dentro do seu destino
como nação, foi a “reforma” de Esdras e não a reconstrução
física do templo, por mais que ela tenha sido importante.
Foi com Esdras que eles abandonaram os casamentos ilícitos
e fizeram uma total purificação nas famílias de Israel,
restaurando a identidade que já estava sendo perdida.
Observe bem, antes de Esdras, o ministério profético
estava lá (Ageu e Zacarias), o ministério apostólico estava
lá (Zorobabel), o ministério pastoral estava lá (Josué). Mas
A Restauração dos Dons do Ministério 165
nenhum desses ministérios era capaz de produzir o que o
ministério de ensino (Esdras) produziu.
Nada, no corpo de Cristo, substitui o ensino ungido da
Palavra de Deus. É no estabelecimento desse ministério, que
está o verdadeiro enraizamento da reforma. Reforma, sem
ensino, é como construir uma casa sobre a areia, não resiste
ao tempo (veja Mateus 7.26,27). A Igreja que está sendo
edificada, nos dias atuais, resistirá a todos os ataques, ela é
a Igreja que ama o ensino da Palavra.
“Não cesses de falar deste livro da lei; antes, medita
nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo
tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu
caminho e serás bem-sucedido” (Js 1.8).
A manifestação do “Mestre” está no aspecto do
“discipular” na visão que o Senhor tem restaurado no corpo
de Cristo neste tempo de restauração da Noiva de Cristo.
166 A Hora da Noiva
Elcio Lodos 167

Conclusão

Meu irmão, concluo este livro, chamando, mais uma vez,


a sua atenção para a importância de colocar em prática tudo
o que aprendemos nestas páginas. Todas essas “teo-
cnologias celestiais” precisam ser aplicadas em nossa vida,
para que possamos obter o resultado.
Veja bem, você pode ter o melhor telefone celular do
mundo, que opere com a mais sofisticada tecnologia digital;
o satélite que recebe o sinal do seu celular, lá no espaço,
pode ser perfeito, mas se você não digitar o código ou o
número que desejar para se comunicar, nada vai acontecer.
As tecnologias de Deus, para acionar o avivamento,
funcionam da mesma forma. As “teo-cnologias” estão
prontas, você tem tudo ao seu alcance para colocá-las em
ação, mas você precisa “digitar o código”, isto é, praticar os
princípios. Procure captar cada um dos princípios
aprendidos neste livro, e em oração, aplique-os a todos os
aspectos de sua vida. Este é o segredo que vai produzir um
tremendo mover de restauração, reforma e, finalmente, o
avivamento; em seu coração, em seu lar, em seu trabalho,
em sua igreja, em sua rede, em sua célula e em tudo o mais
168 A Hora da Noiva
que você fizer. Este é o segredo que fará de você um “profeta”
para os dias atuais, e que como foi João Batista, você seja o
amigo do Noivo, que prepara a Noiva para Ele.
Ouso, na conclusão deste livro, um pouco mais.
Recomendo que você não esqueça deste material, como um
“livro que você já leu”. O ideal seria começar a lê-lo
novamente, estudar cada capítulo, para que estes princípios,
realmente, façam parte da sua vida.
Adquira um novo entendimento dos caminhos de Deus
(metanoia) para que você possa retornar (epistrefo) e seguir
os Seus caminhos, e os seus pecados serem cancelados, a
fim de que, da presença do Senhor, seja liberado um tempo
oportuno, uma época seja feita (Kairós) e a história da sua
existência seja marcada com um recuperar de forças, com
um soprar intensivo para avivar, e um mover de restauração
(anapsique) (veja Atos 3.19).
Esta é a hora da Noiva Restaurada ser levantada em
pleno cumprimento de seu propósito no mundo. A Noiva
gloriosa, sem mancha e nem ruga, é a Igreja que terá “Unção”
para impactar este mundo para Deus. Ela é também a Igreja
que Jesus virá buscar para o acontecimento mais antecipado
na história do universo: “As Bodas do Cordeiro”.
Amados! Esta é a nossa hora! Esta é a hora da Igreja!
Esta é a Hora da Noiva.
Elcio Lodos 169

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