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Pela graça, boas coisas acontecem até em um mundo mau. Aos olhos do
observador desatento, pode parecer sorte ou acaso. Mas os que conhecem Jesus
sabem que tal bondade imerecida é a expressão de Sua graça.
Quando viveu na Terra, Jesus mostrou a graça em cada encontro, a cada
pessoa. Mesmo hoje, ao nosso redor, Deus produz belas histórias da graça. Abra
as páginas deste devocional e tenha um encontro diário com Jesus
e Sua surpreendente, infinita e transformadora graça.
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1 de janeiro – domingo
JESUS
Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita,
penso que nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os
livros que seriam escritos. João 21:25
COMPREENDENDO
E Eliseu orou: “Senhor, abre os olhos dele para que veja”. Então o
Senhor abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas cheias de
cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu. 2 Reis 6:17
Ela era uma senhora idosa – com mais de 80 anos, segundo informou durante
nossa conversa após o culto. Havia algum tempo eu pregava sobre a graça e ela
me surpreendeu ao afirmar:
– Finalmente entendi. Cresci na igreja, mas apenas nos últimos meses é que
consegui entender!
– Entender o quê? – perguntei.
– Que não tenho que fazer nada para que Deus me ame. Que Ele me aceita
do jeito que eu sou porque Jesus morreu por mim. Que diferença isso faz!
Essa senhora era como o jovem servo de Eliseu. O rei da Síria enviou
cavalos, carros de guerra e soldados para capturar Eliseu, que por diversas vezes
alertou o rei de Israel a respeito dos planos de ataque dos arameus. O exército
arameu cercou a cidade de Dotã, local em que Eliseu se encontrava.
Bem cedo na manhã seguinte, o servo de Eliseu levantou e viu o exército
inimigo por toda parte. “Ah, meu senhor! O que faremos?” (2Rs 6:15).
O profeta respondeu: “Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são
mais numerosos do que eles” (v. 16). Em seguida, após a oração de Eliseu, o
Senhor abriu os olhos daquele jovem e ele pôde ver as hostes celestiais enviadas
para protegê-los. Ele compreendeu.
Será que corremos o risco de sermos como o servo de Eliseu? Será que é
possível crescer na igreja, concluir o ensino fundamental, médio ou até o ensino
superior e nunca entender? Será que é possível ocuparmos o banco da igreja,
devolvermos o dízimo, sermos membros ativos e não percebermos a graça que
nos envolve como uma nuvem?
Sim. A experiência dessa senhora idosa revela-nos que isso é possível.
Permita-me ir um pouco além. Será que é possível ser um funcionário da
igreja, até mesmo um pastor, e nunca entender?
A resposta me faz tremer: sim!
A graça não pertence a este mundo. A menos que o Senhor abra os nossos
olhos, jamais a entenderemos.
Senhor, abre meus olhos para que eu possa entender!
3 de janeiro – terça
A ATMOSFERA DA GRAÇA
Como se fossem uma nuvem, varri para longe suas ofensas; como se
fossem a neblina da manhã, os seus pecados. Volte para Mim, pois Eu o
resgatei. Isaías 44:22.
Deus não esperou que corrigíssemos nossas atitudes para depois enviar Jesus
para morrer em nosso lugar. Deus veio para nos libertar quando ainda éramos
pecadores.
Agora Cristo nos chama, como Seus seguidores, para levar avante a Sua
obra. Amar aqueles que não são amáveis, dar sem esperar nada em troca – esses
são bons temas para um sermão, mas muito difíceis de ser praticados cada dia.
Minha vida e ministério, em seus melhores momentos, se misturam. Às
vezes manifestam graça; na maior parte do tempo demonstram o egoísmo. Certa
vez, no entanto, fiz a coisa certa. (Lembre-se de que fiz isso mesmo tendo razões
suficientes para agir de modo diferente.)
Aconteceu há muito tempo, na ocasião em que Noelene e eu tínhamos
acabado de casar e estávamos apenas iniciando nosso ministério. Nosso primeiro
campo foi a Escola Vicent Hill, uma instituição educacional em regime de
internato localizada na Índia, a aproximadamente 2.100 metros nas montanhas
do Himalaia. Essa escola de ensino fundamental e médio atendia principalmente
os filhos dos missionários. Atuei como preceptor dos meninos e professor de
Bíblia e de outras matérias.
Recordo-me bem de dois irmãos que moravam no dormitório masculino. O
mais velho, David, era alto, trabalhador e nunca se envolvia em encrencas.
Leslie, o irmão mais novo, era baixo e sempre se metia em confusão.
Num sábado, Leslie estava fazendo torradas em seu quarto. O uso de
torradeiras era proibido no dormitório. Meu apartamento ficava no andar térreo e
não demorou muito para eu sentir o cheiro de pão torrado. Sem perder tempo,
subi as escadas e bati à porta do quarto de Leslie.
Leslie tentou esconder as evidências, mas o quarto cheirava a torradas, não
havia como negar. Ele ficou tenso. Muitos anos mais tarde, Leslie me contou que
simplesmente olhei ao redor e disse: “Les, você pode me emprestar uma gravata
para ir hoje à igreja?” Ele me deu uma e fui embora.
Mal consigo me lembrar desse incidente; mas Leslie se recorda de tudo.
Sua vida mudou completamente naquele sábado pela manhã ao não receber a
punição que merecia. Naquele dia fiz a coisa certa. Leslie se tornou um pastor e
missionário adventista do sétimo dia. Tudo começou com uma pequena
demonstração da graça.
6 de janeiro – sexta
Jesus, que mudou o curso da história mais do que qualquer outra pessoa, ainda
hoje causa impacto em vastas multidões – mesmo naqueles que não confessam
Seu nome.
Seu nome é pronunciado milhares de vezes todos os dias. Muitos o usam
como uma interjeição, geralmente para expressar medo ou repulsa.
Alguma vez você já se perguntou por que as pessoas dizem “Jesus!”
quando estão zangadas ou infelizes? Não ouvimos “Buda!” ou “Maomé!” ou
“Krishna!” Por que será que sempre falam o nome do Homem da Galileia?
Será possível que Jesus, Aquele a quem procuram rejeitar, nunca está longe
de seus pensamentos? Será que lá no fundo se perguntam quem Ele realmente
foi, se talvez tenha sido aquilo que alegou ser, o Filho de Deus?
Jesus é o Homem que não sai de cena. Foi assim desde o princípio na
Galileia. Tentaram escarnecer dEle dizendo que era ilegítimo. Mas a multidão se
aglomerava para ouvi-Lo, tocá-Lo, ser transformada.
Disseram que Ele expulsava espíritos imundos em nome de Belzebu, o
príncipe dos demônios. Mas os demônios saiam gritando: “Sei quem Tu és: o
Santo de Deus!” (Mc 1:24).
Espalharam que Ele estava ficando louco. Sua própria família disse isso e
tentou afastá-Lo das multidões e levá-Lo de volta para casa (Mc 3:21). Ele,
porém, Se manteve firme em Sua missão.
Contaram-Lhe que o rei Herodes planejava prendê-Lo, que o melhor a
fazer seria fugir e esconder-Se. Mas Ele não hesitou, não temeu.
Foram à noite no jardim e O prenderam, depois que um traidor os levou até
Ele. Eles O amarraram, bateram nEle e O submeteram a um tribunal ilegal. Mas
Ele não tentou escapar.
Pregaram-nO na cruz e O vigiaram até o momento de Sua morte. Pensaram
que assim O haviam silenciado e que Seu movimento chegara ao fim. Mas Ele
ressuscitou dentre os mortos, deixando o sepulcro vazio.
Não saiu de cena e não sairá – mesmo que, como Pedro, O neguemos e O
amaldiçoemos. O fato de Ele não nos deixar permanece como o centro da nossa
esperança.
7 de janeiro – sábado
UM HERÓI IMPROVÁVEL
Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios
são arrastados pela calamidade. Provérbios 24:16
Graça não é o mesmo que amor. Ao concluir a Segunda Epístola aos Coríntios,
Paulo fez distinção entre o amor de Deus e a graça do Senhor Jesus Cristo.
A graça possui um enfoque mais específico do que o amor. O amor é geral;
a graça é o mesmo que demonstrar amor àqueles que não merecem, oferecer
livremente, perdoar e conceder vida nova.
A graça sempre nos conecta a Jesus. Ele é “cheio de graça”, a
personificação da graça. Ele é a demonstração divina, a revelação do caráter de
Deus – o Todo-Poderoso que tomou a forma de servo, o Mantenedor do
Universo que Se submeteu à cruz para nos libertar da culpa e do poder do
pecado e nos conceder vida eterna.
Amor e graça. Essas duas palavras tiveram trajetórias totalmente diferentes
na história. Uma se tornou sinônimo de uma vasta gama de emoções e
experiências; a outra permanece pura, imaculada. Uma foi falsificada, ganhou
conotações negativas; a outra ainda é positiva, uma linda palavra.
Pense no modo como usamos a palavra “amor” hoje. Amo comer mangas.
Amo meu cachorro. Amo futebol. Amo meu amigo. Amo meu cônjuge. Amo a
Deus.
Apenas uma palavra! Mas a maneira como nos relacionamos com as
mangas (ou torta de maçã ou macarronada) é totalmente diferente da maneira
como nos relacionamos com o nosso cônjuge, sem falar de como nos
relacionamos com Deus.
Nossa geração se tornou aficionada por sexo. Explora-se o corpo humano,
especialmente o corpo feminino, devido ao insensível interesse comercial, à
manipulação e ao estímulo à sensualidade. Para muitas pessoas, usadas e
abusadas ou rejeitadas pela exploração da sexualidade, “amor” é apenas uma
palavra de quatro letras.
Enquanto isso, a graça permanece. Não se desgastou, por mais que o hino
“Graça Excelsa” tenha sido entoado. Não imergiu no cinismo. Por incrível que
pareça, numa época em que a linguagem é distorcida, colocada de cabeça para
baixo e invertida, a graça permanece.
Será que é porque a graça sempre nos conecta a Jesus? Ele é sempre novo,
sempre puro, sempre amável.
9 de janeiro – segunda
MILAGRE NO EVEREST
Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo.
Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma
hospedaria e cuidou dele. Lucas 10:34
CONDUTOS DA GRAÇA
Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio
dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor
atribuiu a cada um. 1 Coríntios 3:5
PERDIDO, ME ENCONTROU!
Esta afirmação é fiel e [...] Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,
dos quais eu sou o pior. 1 Timóteo 1:15
O RESTANTE DA HISTÓRIA
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e Sua graça para comigo não foi
inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a
graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15:10
UM CÂNTICO NOVO
Eles cantavam um cântico novo diante do trono, dos quatro seres viventes
e dos anciãos. Ninguém podia aprender o cântico, a não ser os cento e
quarenta e quatro mil que haviam sido comprados da Terra. Apocalipse
14:3
O ACAMPANTE CELESTIAL
A Palavra tornou-Se carne e sangue e mudou-Se para a vizinhança. Vimos
a glória com nossos próprios olhos, a glória única, como Pai, como Filho,
generoso por dentro e por fora, verdadeiro do começo ao fim. João1:14,
The Message
CELEBRIDADE
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está
sobre os Seus ombros. E Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro,
Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Isaías 9:6
A mãe conhece. Mesmo depois de muitos anos, a mãe ainda conhece o filho.
Em 24 de janeiro de 2004, Luz Cuevas participou de uma festa de
aniversário na Filadélfia, Estados Unidos. Com um único olhar para a menina de
6 anos de idade e de cabelos negros, viu a covinha em seu rosto e soube.
“Quando a vi, soube que era minha filha”, afirmou Cuevas, que não é
muito fluente no inglês. “Senti vontade de abraçá-la. Queria fugir com ela.”
Luz Cuevas nunca aceitou o que todo mundo já havia aceitado: que
Delimar Vera, de apenas dez dias de vida, sua única filha, havia falecido em 15
de dezembro de 1997 durante um incêndio na casa da família. O corpo do bebê
nunca havia sido encontrado. Apesar de o incêndio ter sido controlado em dez
minutos, o quarto de Delimar fora destruído e os investigadores concluíram que
o calor e as chamas intensas haviam consumido o corpo.
Mas a mãe duvidou. Primeiro, ao entrar no quarto, viu o berço vazio.
Segundo, a janela do quarto da criança estava aberta, mesmo sendo uma tarde
fria de inverno.
Além disso, não podia se esquecer do estranho comportamento de uma
conhecida da família. Essa mulher apareceu várias vezes após o nascimento do
bebê dizendo estar grávida. Após o incêndio, no entanto, as visitas pararam de
repente.
Agora, seis anos mais tarde, Luz Cuevas olha – e sabe. “Disse para a minha
irmã: ‘Olhe; ela é a minha filha’”, relatou a um repórter.
Mas era preciso provar. Durante a festa, ela disse à menina que havia
chiclete grudado em seu cabelo e puxou cinco fios. Embrulhou-os num
guardanapo, depois numa sacola plástica e trancou-os num lugar seguro em casa.
Em seguida, entrou em contato com as autoridades.
“Por causa da televisão, sabia que era preciso fios de cabelo para fazer o
teste de DNA”, Cuevas declarou.
O teste de DNA confirmou que a menina de 6 anos de idade com a covinha
no rosto, chamada Aliyah, era de fato Delimar Vera.
Exatamente como Deus. Porque Ele nunca Se esquece. Ele conhece.
18 de janeiro – quarta
EM MEIO AO SILÊNCIO
No princípio era Aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era
Deus. Ele estava com Deus no princípio. João 1:1, 2
DEUS CUIDA
Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês.
1 Pedro 5:7
No século 13, Frederick II, imperador do Sacro Império Romano, realizou uma
experiência para descobrir que espécie de linguagem as crianças desenvolveriam
se fadadas ao silêncio desde os primeiros anos de vida. Ele selecionou alguns
bebês recém-nascidos e ordenou que ninguém falasse com eles. Apesar de ter
escolhido responsáveis para amamentar e banhar os bebês, proibiu-os
estritamente de cantar ou falar com as crianças. Mas a experiência fracassou –
todos os bebês morreram!
Uma “criança selvagem” encontrada na Califórnia, Estados Unidos,
respondeu à pergunta levantada por Frederick II. Genie, apelido que recebeu dos
assistentes sociais a fim de zelar por sua privacidade, era uma menina de 13 anos
de idade que foi mantida isolada num pequeno quarto e desde a infância nunca
ouvira uma palavra sequer por parte dos pais.
O pai de Genie aparentemente odiava crianças. Desde os 20 meses de idade
até 12 anos mais tarde, ocasião em que foi descoberta, Genie viveu praticamente
em total isolamento. Nua, presa por uma armadura confeccionada pelo pai, era
obrigada a ficar sentada num vaso sanitário dia após dia. À noite, o pai a
colocava numa espécie de camisa de força e a enjaulava num berço com laterais
de malha metálica. Se fizesse qualquer barulho, era espancada. Ele nunca falou
com ela.
Genie foi descoberta em novembro de 1970, ocasião em que a mãe a levou
para a assistência social. Era uma adolescente em estado deplorável, deformada,
descontrolada, antissocial, subnutrida. Não era capaz de se manter em pé. Não
conseguia ficar ereta. Não sabia mastigar. Pesava somente 27 quilos. E não sabia
falar, apenas choramingar.
O fato de Genie ter sobrevivido é inacreditável. Ao longo dos anos de
reabilitação, ela aprendeu a se comunicar de forma confusa. Embora
aparentemente tenha nascido uma criança normal, o resultado do teste de QI foi
de apenas 38 em 1971, e de 74 em 1977. Por ter-lhe sido negada a oportunidade
de desenvolver-se, certas partes do seu cérebro nunca funcionarão como
deveriam.
Todos nós fomos criados para receber carinho. Não importa a idade, fomos
feitos para amar e ser amados. Se não tivermos alguém que se importe conosco,
a vida se torna um grande sofrimento sem fim. A boa notícia é que Jesus
colocou-nos sob o cuidado de Deus! Ele Se importa imensamente conosco. Tudo
o que sabemos sobre compaixão, bondade e amor é tão somente uma pálida
sombra do cuidado infinito de Deus. Foi isso que Jesus ensinou e viveu.
20 de janeiro – sexta
Abri rapidamente o pacote pesado que havia acabado de chegar pelo correio.
Dele saiu um livro grande de capa prateada e pensei: “O que será isso?”
Ao folheá-lo, lembrei-me. Havia alguns meses tinha recebido um
telefonema de um representante do departamento de graduação da universidade
em que me formei. O jovem explicou que estavam no processo de completar
uma lista de todas as pessoas que se graduaram naquela universidade com
informações adicionais sobre cada um dos graduados. Ele fez questão de
detalhar várias razões que me fariam desejar um exemplar e com isso fazer com
que suas vendas aumentassem. O preço me pareceu um pouco exagerado, mas
poderia ser pago com o cartão de crédito. Então, pensei, por que não?
Ali estava. A primeira coisa que fiz foi abrir na letra “J”. Estava lá. Meu
nome estava escrito lá. Havia quatro linhas em letras pequenas.
Folheei o livro à procura de nomes de pessoas conhecidas, de amigos e de
ex-colegas de classe. O livro fora muito benfeito e continha muitas informações
sobre a universidade e sua história. Mas comecei a refletir. Paguei 70 dólares por
isso? Por quatro linhas em letras pequenas?
Você já percebeu o quanto gostamos de ver nosso nome na lista? A lista
telefônica chega e qual é a primeira coisa que fazemos? Queremos ter certeza de
que nosso nome está ali.
Também queremos ter certeza se escreveram corretamente. Algumas
pessoas possuem um nome que, assim como o meu, sempre é escrito de forma
errada. Há inúmeros Johnsons por aí, mas não muitos com “ss”. É preciso ir a
Chicago ou a Minneapolis para encontrar um bom número de nomes iguais ao
meu na lista telefônica. Algumas pessoas ficam confusas. Lembram-se de que
meu nome possui alguma coisa diferente, mas não recordam o quê. Assim,
muitas vezes escrevem Jonsson ou Johansson.
Mas de todas as listas em que gostaríamos de ver nosso nome, apenas uma
realmente importa: o livro da vida do Cordeiro. Ter o nome escrito nesse livro
vale tudo o que possuímos, mas custou mais do que jamais poderemos pagar.
Custou o Céu inteiro.
E nosso nome será escrito corretamente.
21 de janeiro – sábado
A região leste dos Estados Unidos testemunha uma invasão incrível a cada 17
anos. Bilhões de insetos negro-azulados, de olhos vermelhos e asas marrom-
amareladas emergem do chão e tomam conta das calçadas, árvores, varandas e
ruas. Enchem o ar com um zunido mais alto do que o barulho de qualquer
máquina de cortar grama.
Eles apareceram em 2004, em 1987, em 1970. Aliás, em 1715, o pastor
Andreas Sandel escreveu a respeito desses insetos na Filadélfia: “Neste mês
[maio] alguns insetos singulares saíram da terra; os ingleses os chamam de
gafanhotos.” Mas gafanhotos é que não são. Eles são, isto sim, cigarras. Há
aproximadamente 3.000 espécies de cigarras ao redor do globo e a maioria leva
vida normal, mas essas são “cigarras periódicas”. Elas passam 17 anos debaixo
da superfície e, no fim desse período, emergem para uma vida adulta desvairada
e barulhenta. Essa espécie de cigarra cava o solo de 45 a 70 centímetros e se
alimenta da seiva extraída das raízes das árvores.
Durante os meses que antecedem seu surgimento, as ninfas maduras cavam
túneis em direção à superfície. Nesse período, às vezes se forma um pequeno
monte de terra, chamado de cabana da cigarra. Essas cabanas, ou buracos de
aproximadamente um centímetro de largura ao pé das árvores, se tornam visíveis
no mês de abril.
Assim que o solo atinge a temperatura de 18 ºC, as ninfas emergem em
massa e tomam conta da vegetação mais próxima. Livram-se da casca de ninfa
e... surpresa! Surge uma criatura brilhante de asas cor creme. Após algumas
horas, o corpo escurece e se torna negro-azulado. Em quatro ou cinco dias de
maturidade, os machos começam a tocar o timbale interno na tentativa de atrair a
atenção das fêmeas. Eles acasalam. As fêmeas abrem cortes em galhos de
árvores finos e colocam os ovos. Em agosto, jovens ninfas de cigarra eclodem,
cada uma menor do que um grão de arroz. Elas caem ao chão e cavam o solo.
Aprenda a lição da cigarra periódica. Se o Criador cuida dessas pequenas
criaturas que ficam enterradas por 17 anos e emergem apenas para viver seu
último mês de vida, será que Ele não trará à vida Seus queridos filhos que
dormem no pó da terra? Quer seja daqui a 17, 170 ou 1.700 anos, Jesus, que é a
ressurreição e a vida, acordará Seu povo para a vida eterna.
23 de janeiro – segunda
O apóstolo Paulo, em sua carta para o jovem pastor Tito, escreveu a respeito da
“manifestação” da graça na Terra, evento que colocou um marco na história
humana. As palavras de Paulo se assemelham às de João na famosa introdução
ao seu evangelho: “Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” (Jo 1:17). Assim, ao lermos que
“a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”, podemos
substituir a palavra “graça” por “Jesus” e permanecer fiéis ao que Paulo quis
dizer. Pois Jesus, como João mesmo afirmou, era “cheio de graça” (Jo 1:14).
Será que isso significa que o Antigo Testamento é destituído de graça? De
forma alguma. A graça se manifesta como um fio dourado desde Gênesis até
Malaquias, apesar de a palavra em si não aparecer.
Embora o Antigo Testamento esteja repleto de palavras que expressam a
justiça de Deus e a Sua misericórdia, a palavra mais bonita que aparece é chesed,
que denota a compaixão e a misericórdia de Jeová. Chesed é geralmente
traduzida como “bondade” na versão Almeida Revista e Atualizada, ou como
“amor” na Nova Versão Internacional. Alguns exemplos são: “Mostra as
maravilhas da Tua bondade, ó Salvador dos que à Tua destra buscam refúgio dos
que se levantam contra eles” (Sl 17:7, ARA) e “Não me negues a Tua
misericórdia, Senhor; que o Teu amor e a Tua verdade sempre me protejam” (Sl
40:11).
Essa palavra maravilhosa está especialmente relacionada à ideia de aliança,
conceito dominante no Antigo Testamento. Jeová guarda a Sua aliança. Isso
significa que as Suas promessas são absolutamente verdadeiras. Ele é fiel.
Podemos confiar em Sua chesed – Sua bondade ou Seu amor – porque é tão
confiável quanto o próprio Deus.
Oh, que revelação preciosa antes da chegada de Jesus! E, quando Ele veio,
a graça “manifestou-se”. Edificou sobre tudo o que já havia acontecido antes,
resumiu e encheu a taça até transbordar. Assim é Jesus, a Palavra que Se fez
carne. Não mais por meio de palavras, mas por meio de Sua vida e de Sua morte!
“Vimos a Sua glória”, escreveu João, esforçando-se para encontrar palavras
para expressar Aquele “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14).
Vejo a Sua glória ainda hoje?
24 de janeiro – terça
Ernest Gordon, que narrou a história do milagre às margens do rio Kwai, fez
sua cama no inferno. Já sofrendo de disenteria, malária, infecção sanguínea e
beribéri, contraiu também difteria, o que significava que não podia mais
trabalhar na estrada de ferro. Gordon foi enviado para a Casa da Morte, apelido
que o terrível hospital do campo de concentração recebeu. Localizado num
oceano de lama no ponto mais baixo do campo, o “hospital” estava repleto de
centenas de homens à beira da morte, cobertos da cabeça aos pés de moscas,
percevejos e piolhos. Parecia mais um cemitério fétido de seres humanos
desesperados em estado de putrefação.
Alguns amigos o procuraram, o encontraram entre os corpos em
deterioração e o carregaram numa maca para uma pequena cabana que haviam
construído. Banharam-no, limparam as feridas de suas pernas e fizeram-lhe
curativos. Prepararam comida para ele e lhe aplicaram massagens. Pouco a
pouco, a sensibilidade dos membros de Gordon começou a voltar. Contrariando
todas as expectativas, ele sobreviveu.
Essa demonstração de compaixão fez parte de um fenômeno muito mais
amplo que ocorreu no campo de concentração. O que estava acontecendo em
Chungkai? Algumas histórias começaram a circular sobre soldados tementes a
Jesus Cristo que haviam sacrificado a vida em atos de abnegação, heroísmo, fé e
amor. Ouviu-se, por exemplo, a respeito de um homem grande e forte que de
repente desmaiou e morreu de fome porque havia dado suas porções de comida
para um amigo doente, que se recuperou. Outro soldado assumiu a culpa do
sumiço de uma pá e foi espancado até a morte. (Naquela noite, ao serem
contadas as ferramentas, não faltava nenhuma.) E muitos outros relatos assim.
Essas demonstrações da graça contagiaram o campo. Os prisioneiros
trocaram a lei da selva pela lei de Cristo. Começaram a ajudar uns aos outros.
Começaram a confeccionar braços e pernas artificiais, a preparar remédios com
as plantas medicinais da selva. Passaram a realizar funerais em vez de queimar
os mortos empilhados uns sobre os outros. Construíram uma capela, faziam
cultos e realizavam batismos. Deram início a uma universidade na selva e
frequentavam às aulas. Formaram uma orquestra. Voltaram a sorrir, a dar risada
e a cantar.
Ernest Gordon se tornou cristão. Ao fim da guerra, estudou teologia e, mais
tarde, se tornou o capelão da Universidade de Princeton. Grande é o poder do
pecado, mas a graça é ainda mais poderosa.
26 de janeiro – quinta
A OBEDIÊNCIA DA GRAÇA
“Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles
dias”, declara o Senhor: “Porei a Minha lei no íntimo deles e a escreverei
nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o Meu povo.” Jeremias
31:33
Certa vez comecei a escrever um livro sobre a graça (que mais tarde foi
publicado sob o título Glimpses of Grace [Vislumbres da Graça]). Ao comentar a
respeito de meu projeto com um colega, ele respondeu:
– Bill, não precisamos de outro livro sobre a graça. Você deveria escrever
um livro sobre a obediência!
Sim, a obediência é importante. Ao longo das páginas da Bíblia, Deus nos
conclama a obedecer. Mas que tipo de obediência Ele requer? Essa é a questão.
A única obediência que conta é a obediência da graça. Ao sermos
conquistados por Deus através de Seu amor, ao vislumbrarmos a glória da
Palavra que Se fez carne, que armou a Sua tenda entre nós a fim de revelar o
caráter de Deus e que voluntariamente Se dispôs a ir ao Calvário em nosso lugar,
ao cairmos aos Seus pés e como Tomé exclamarmos: “Senhor meu e Deus meu
(Jo 20:28), passamos a desejar servi-Lo e obedecer-Lhe.
A obediência da graça significa que Deus escreve Sua lei em nosso coração
e em nossa mente. Não trabalhamos mais como funcionários assalariados em
busca de recompensa, mas vivemos como filhos e filhas da família divina. Ao
lançarmos nossas ansiedades e preocupações sobre Jesus, tomaremos Seu jugo e
perceberemos que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve (Mt 11:30).
Um poema antigo atribuído a São João da Cruz expressa a essência da
obediência da graça, do coração que se apaixonou por Jesus e deseja nada mais
do que Ele.
Não me move, Senhor, para Te amar
O Céu que me prometeste.
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de Te ofender...
Move-me enfim o Teu amor,
E de tal maneira
Que ainda que não houvesse Céu eu Te amaria;
E ainda que não houvesse inferno Te temeria.
27 de janeiro – sexta
ABENÇOADA INIMIZADE
Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o
descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.
Gênesis 3:15
A jornada da vida está repleta de surpresas. Um jovem, com o mundo aos seus
pés, joga tudo fora e destrói a vida. Após 20 anos de amor e companheirismo ao
buscar construir um lar e estabelecer uma família, um cônjuge abandona tudo e
foge com outra pessoa.
Mas há também o outro lado. Existem crianças que aparentemente têm
tudo contra si, crianças que nasceram em lares destruídos e defeituosos, crianças
cujos pais são alcoólatras, crianças sem alguém próximo que tenha ao menos
completado o ensino médio, crianças condenadas à morte prematura por causa
das drogas, do conflito entre gangues ou do abuso, mas que de alguma forma
sobrevivem, quebram o ciclo, prosseguem quem sabe nos estudos e contribuem
para o bem da sociedade, que fica impressionada ao saber de suas origens.
Não estamos sozinhos na batalha desta vida. Se estivéssemos sozinhos,
todos nós, a despeito das condições em que fomos criados, seríamos marionetes
do diabo. Seríamos movidos para lá e para cá, presos aos cordéis em suas mãos.
A queda no Jardim do Éden inclinou de forma irresistível a nossa natureza ao
pecado. É muito mais fácil mentir do que falar a verdade, odiar do que amar,
trair do que ser fiel.
Mas não estamos sozinhos. Deus não nos deixou no poço que nós mesmos
cavamos. Ele pôs inimizade entre a serpente e nós. Não temos que obedecer à
ordem de Satanás. Podemos buscar a Deus.
O que é essa inimizade, essa oposição contra o mal, que corre contra a
nossa natureza? É a graça.
“É a graça que Cristo implanta na alma que cria no homem a inimizade
contra Satanás. Sem esta graça que converte, e este poder renovador, o homem
continuaria cativo de Satanás, como servo sempre pronto a executar-lhe as
ordens. Mas o novo princípio na alma cria o conflito onde até então houvera paz.
O poder que Cristo comunica habilita o homem a resistir ao tirano e usurpador.
Quem quer que se ache a aborrecer o pecado em lugar de o amar, que resista a
essas paixões que têm dominado interiormente e as vença, evidencia a operação
de um princípio inteiramente de cima” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p.
506).
Obrigado, querido Deus, por essa abençoada inimizade!
28 de janeiro – sábado
MILAGRE NA AUTOESTRADA
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu
o homem, passou pelo outro lado. Lucas 10:31
ENCONTRO EM XANGAI
Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum
deles é esquecido por Deus. Lucas 12:6
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1º de fevereiro – quarta
A LEGIÃO DE PERDEDORES
Disse o paralítico: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no
tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro
chega antes de mim.” João 5:7
O ATLETA GENTIL
Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha
o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. 1 Coríntios 9:24
Olhando para trás sob a perspectiva da cultura moderna em que os atletas são
altamente remunerados e cercados de técnicos, treinadores e agentes
publicitários, a história a seguir parece quase irreal.
Na manhã de 6 de maio de 1954, o médico estagiário Roger Bannister deu
plantão no Hospital St. Mary em Londres, Inglaterra. Em seguida, entrou a bordo
do trem que dali a uma hora o deixaria em Oxford. Era uma tarde de quinta-feira
e cerca de 1.000 pessoas se reuniram para realizar uma competição de corrida
não divulgada ao público. Apenas uma câmera de televisão estava presente e
alguns poucos repórteres que haviam sido informados com antecedência.
Roger Bannister era estudante de medicina. Mas nas horas de folga
também treinava, sem alarde, corrida de distâncias médias. Corria no horário do
almoço, à noite e nos fins de semana. Não tinha técnico, treinador e muito menos
nutricionista. Corria em pistas de atletismo de má qualidade, em parques, em
qualquer lugar disponível.
Em 1952, Bannister foi selecionado para representar seu país nas
Olimpíadas de Helsinki, Finlândia. Mas saiu tudo errado. Em vez de conquistar a
medalha de ouro na corrida de 1.500 metros, ele chegou em quarto lugar. Além
de fracassar, desapontou Oxford, famosa por seus atletas, e a Inglaterra.
O tempo se esgotava para Bannister. Ele estava com 25 anos, e a carreira
médica consumia cada vez mais seu tempo. Em vez de aguardar outra chance
nos jogos de 1956, Bannister estabeleceu um alvo ainda mais ousado. No
atletismo havia uma barreira aparentemente intransponível. Ninguém havia
conseguido correr 1.500 metros em menos de quatro minutos.
Naquela tarde em Oxford, num dia de chuva e vento, Roger Bannister
conseguiu. No fim de um percurso difícil, cruzou a linha de chegada aos 3
minutos e 59.4 segundos, caindo nos braços dos amigos. Após o evento, não
houve um contrato multimilionário com alguma famosa marca esportiva. Em vez
disso, Bannister prosseguiu os estudos e se tornou um notável neurologista.
Todos nós corremos a corrida da vida. Na Terra, a competição impera. Mas
na corrida cristã, a corrida que se tornou possível pela graça, ajudamos um ao
outro até a linha de chegada. Nessa corrida, todo aquele que completar o
percurso ganhará o prêmio da vida eterna.
3 de fevereiro – sexta
Um dos maiores erros que muitos cristãos cometem é dividir o tempo entre
“sagrado” e “secular”. Pensam que durante o tempo sagrado Deus está próximo
e o comportamento deles deve refletir a Sua presença. Durante o período secular,
no entanto, de alguma forma, Deus é removido, e as ações deles assumem uma
característica diferente.
Paulo, porém, disse que tudo o que fizermos – a qualquer hora, em
qualquer lugar – deve ser feito em nome do Senhor Jesus Cristo, em atitude de
gratidão. Ou seja, deve ser feito por meio de ações de graça.
O culto não é um compromisso que ocorre uma vez por semana. Ao
dominarmos a arte de viver através do Espírito e em graça, nossa vida se torna
um culto. Nosso trabalho se torna um culto. Se Jesus viesse à Terra novamente e
quiséssemos levá-Lo à igreja, creio que Ele diria: “Não; leve-Me para o local em
que você trabalha.”
Um amigo partilhou comigo a seguinte citação que, apesar de não
mencionar o nome de Deus, expressa a sabedoria que eu tanto busco:
Um mestre na arte de viver
Faz pouca distinção
Entre o trabalho e o lazer,
Entre a mente e o corpo,
Entre a educação e a recreação,
Entre o amor e a religião.
Por muito tempo, Noelene e eu não fomos bons vizinhos, e isso nos
incomodava. Na ocasião em que nos mudamos para Silver Spring, Maryland,
compramos a segunda de uma série de sete casas localizadas numa rua sem
saída. Nenhum de nossos vizinhos era adventista. Mergulhamos no trabalho na
sede da igreja mundial. Nós dois viajávamos; nosso lar se tornou um refúgio.
Nossos vizinhos mal nos viam e, quando nos encontrávamos, simplesmente
acenávamos ou nos cumprimentávamos com um breve “oi”. Não parecia certo.
Pregávamos ao mundo sobre Jesus, mas não tínhamos tempo para as pessoas que
moravam ao lado.
A vizinhança em geral estava mudando; as propriedades começaram a
desvalorizar. Começamos a pensar que talvez fosse o momento de deixar aquele
lugar e mudar para mais longe. Mas foi como se o Senhor nos dissesse: “Fiquem
onde estão e procurem fazer amizade com os vizinhos. Tenho uma surpresa para
vocês.” Assim, ficamos. E o Senhor começou a abrir nossos olhos.
O primeiro vizinho que se tornou nosso amigo foi Jimmy, que morava do
outro lado da rua. Ele veio admirar os narcisos que floresceram cedo e aos
montes em frente à nossa casa, que era voltada para o lado sul. Conversamos a
respeito de jardinagem. Ele nos mostrou o quintal maravilhoso que tinha em sua
casa e revelou o segredo – esterco.
Observamos a saúde de Jimmy decair. Foi obrigado a tirar folga e mais
tarde a parar de trabalhar por completo. Ficou magro e abatido. A última vez que
o vimos com vida foi em cima de uma cama. Sua estrutura grande e robusta
minguou devido às terríveis consequências da Aids.
Enquanto isso, na porta ao lado, na terceira casa, o tempo estava prestes a
cobrar seu preço. Certo dia, eu estava aparando a grama quando vi meu vizinho
cair de repente. Corri para ajudá-lo a se levantar. Exames clínicos revelaram que
estava muito doente: havia contraído a doença de Lou Gehrig. No fim daquele
ano estava numa cadeira de rodas. Um pouco antes do Natal, fomos à casa dele
cantar algumas canções natalinas. Seu rosto estava paralisado. Incapaz de sorrir,
apenas os olhos brilharam. Em duas semanas ele deixou de existir.
Havia mais quatro casas. Fizemos amizade com os moradores de duas
delas; os outros dois pareciam inacessíveis. Mas Deus, que já nos tinha
surpreendido, ainda não tinha terminado a Sua obra naquela rua sem saída.
5 de fevereiro – domingo
AME O PRÓXIMO
Se vocês de fato obedecerem à lei do Reino encontrada na Escritura que
diz: “Ame o seu próximo como a si mesmo”, estarão agindo corretamente.
Tiago 2:8
O PERFUME DA GRAÇA
Mas dou graças a Deus porque, unidos com Cristo, somos sempre
conduzidos por Deus como prisioneiros no desfile de vitória de Cristo.
Como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por
Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas. 2 Coríntios
2:14, NTLH
O TRIUNFO DA LUZ
A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. João 1:5
A graça não é meramente um bom tema para sermões e hinos. Deus deseja que
a graça permeie cada aspecto de nosso ser, transforme cada relacionamento e nos
torne semelhantes a Cristo na totalidade da vida.
A graça introduz uma abordagem nova e radical à família. Não precisamos
mais ficar preocupados em mostrar quem é o chefe. Em vez de autoridade, a
essência é o serviço. O objetivo é servir, não mandar; ajudar, não comandar;
assegurar, não dominar. Somos seguidores dAquele que disse aos Seus
discípulos: “Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se
importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser
escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir
e dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mt 20:26-28).
Nossos filhos – filhos cristãos – têm dificuldade em entender o plano da
salvação porque aquilo que tentamos ensinar-lhes a partir dos 10 anos de idade
está em desarmonia com a maneira pela qual os educamos. No período em que
usavam fraldas, engatinhavam e davam os primeiros passos, ensinávamos por
meio de recompensas e punições (desaprovação). Em seguida, de repente,
tentamos ensinar-lhes que Deus lida conosco de forma totalmente contrária.
Ainda preciso encontrar um método de criar e educar crianças que leve a
sério o princípio da graça. Vejo várias ideias e livros cristãos bem-intencionados
baseados no princípio do controle, da autoridade, da disciplina, da liderança e
assim por diante. Mas, à luz do ensinamento bíblico a respeito da graça, a
abordagem nova e radical quanto à família, acho que eles perdem o objetivo de
vista, infelizmente.
Os cristãos com razão levam a sério a função de pais. Entendem que, ao
desempenharem a tarefa delicada de moldar valores e atitudes, representam Deus
na vida dos pequenos. O problema é que não lidamos com nossos filhos da
mesma maneira que Deus lida conosco. Somos rápidos em punir e lentos em
perdoar. Até mesmo as canções sobre Jesus que ensinamos a eles muitas vezes
transmitem, sutil ou diretamente, que Ele não nos ama quando fazemos algo de
errado. O método de “recompensa e punição” que utilizamos para educá-los
talvez permaneça com eles para o resto da vida, distorcendo permanentemente o
conceito que têm de Deus.
Criar e educar filhos. Quem é bom o bastante para desempenhar tamanha
função? De alguma forma, apesar de nós mesmos, coisas boas acontecem, pois
Deus é grande e ama nossos filhos muito mais do que o fazemos.
11 de fevereiro – sábado
A GRAÇA NA FAMÍLIA
Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na
construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela
montar guarda. Salmo 127:1
NO SENHOR
Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Efésios 6:1
Um lar em que os filhos honram, respeitam e obedecem aos pais: o ideal de todo
cristão. Mas a questão é: Por quê? Por que os filhos fazem o que é certo? Por
que se comportam segundo o desejo dos pais? Por que se dirigem de maneira
respeitosa aos pais?
Talvez ajam assim por medo de agir de maneira contrária. Medo do que
poderão sofrer se não fizerem assim. Medo do que lhes será negado. Isso não é
“obediência”, mas uma conformidade externa que torna o futuro estritamente
limitado. Ao serem removidas as restrições e as motivações externas, essa
“obediência” se desvanece como um castelo de areia. Essa é a razão de “bons”
filhos de “bons” lares cristãos geralmente rejeitarem todas as restrições no
momento em que cortam os laços familiares.
Outro tipo de “bondade” vem do respeito ao padrão cristão do lar. Os filhos
amam e respeitam os pais e se tornam “bons” filhos e “bons” adultos. Não se
envolvem em confusão, nunca desonram o bom nome dos pais. Mas também
sabem que são “bons” e não sentem a necessidade de um Salvador.
A única obediência que conta é a obediência que Paulo identificou no texto
bíblico de hoje: “no Senhor”. A única bondade é a bondade que provém por
meio de Sua graça. Ao percebermos a nossa iniquidade, aceitamos o sacrifício
expiatório de Cristo em nosso favor e nos rendemos ao Seu amor.
Como podemos ajudar nossos filhos a ser obedientes “no Senhor”? Eu
gostaria de saber a resposta. Parte da resposta certamente se encontra no modelo
que oferecemos a eles como pais. O conceito que possuem de Deus será formado
muito mais pelo que fazemos – a maneira pela qual nos relacionamos com eles e
com os outros – do que pelo que dizemos.
Se formos dignos de confiança, aprenderão a confiar e terão facilidade em
confiar em Deus, a quem não podem ver.
Se formos generosos, terão facilidade em aceitar o incrível dom da
salvação.
Se demonstrarmos nosso amor por eles, terão facilidade em compreender
que para Deus são infinitamente preciosos.
Se perdoarmos nossos filhos facilmente, talvez sejam capazes de aceitar o
perdão infinito de Deus.
Quem é bom o bastante para desempenhar tamanha função? Nenhum de
nós; mas Deus prometeu suprir nossas imperfeições.
14 de fevereiro – terça
A paternidade talvez seja a função mais importante que nós possamos ser
chamados a desempenhar, como também a mais difícil. Há livros aos montes, e
uma quantidade infinita de manuais, escritos por indivíduos que têm certeza de
que possuem todas as respostas – até nascerem os próprios filhos!
Certa vez, há muitos anos, Noelene e eu fomos convidados a realizar um
seminário sobre família. Não temos treinamento profissional nessa área, mas
aceitamos. Acho que o seminário foi considerado útil, pois depois disso
recebemos vários convites para realizar o mesmo seminário em outros lugares.
Atuamos nessa área por algum tempo, mas depois decidimos parar. Na época em
que nossos filhos entraram na adolescência, descobrimos que nossas antigas
respostas não funcionavam da maneira que deveriam.
Penso na maneira com que os cristãos tentam administrar o lar e criar os
filhos. Penso na maneira com que Noelene e eu estabelecemos nosso lar e
criamos nossa família. Olho ao redor e me recordo do passado. As únicas
palavras que me veem à mente são: amor (claro), respeito, autoridade,
obediência, recompensa e punição. Mas não me recordo muito da graça. Ah, a
graça estava lá, mas não como o princípio áureo, aquele que rege todos os
outros. Não era costume agirmos como Cristo agiu e ainda age conosco –
certamente não da minha parte. Geralmente estávamos muito preocupados em
ter uma família “boa” e “correta”; afinal, eu era pastor, Noelene era mulher de
pastor, e Terry e Julie, filhos de pastor. Noelene e eu nos mantivemos fiéis um ao
outro e nossos filhos se comportaram bem.
Tivemos uma família feliz, mas, se pudesse, eu gostaria de ter a
oportunidade de fazer tudo de novo. Gostaria de servir mais em vez de ficar tão
preocupado com as minhas próprias necessidades. Gostaria de ser mais generoso
para que meus filhos pudessem entender melhor a generosidade infinita de Deus.
Gostaria de jogar fora para sempre os sentimentos terrivelmente egoístas.
Tentaria ajudar Terry e Julie a compreender, sem deixar a menor sombra de
dúvida em sua mente, que a despeito de qualquer coisa que fizerem, qualquer
lugar que frequentarem, nosso amor por eles jamais diminuirá, que sempre terão
um lugar em nossa casa preparado para eles, dia e noite. E que temos orgulho
deles, e assim sempre será.
15 de fevereiro – quarta
CRESCIMENTO NA GRAÇA
Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. A Ele seja a glória, agora e para sempre! Amém. 2 Pedro
3:18
Tiro o chapéu para Uceba Babson, de West Palm Beach, Flórida, Estados
Unidos. Ao entrar vestindo o capelo e a beca na formatura do ensino médio, o
auditório inteiro bateu palmas em pé e o governador do Estado enviou uma carta
parabenizando-a.
Poucos meses antes da cerimônia de colação de grau, Uceba Babson havia
completado 90 anos de idade!
Na época em que frequentou a escola na juventude, Uceba costumava
caminhar quase dois quilômetros até o prédio escolar de apenas uma sala de
aula. Em 1931, desistiu de estudar e se casou com um agricultor.
Após 70 anos sem pisar numa sala de aula, Uceba decidiu voltar a estudar.
Uceba teve 81 netos e bisnetos e ficou viúva três vezes, mas ainda assim não
deixou de acariciar o sonho de concluir o ensino médio.
Levantava-se às quatro da manhã todos os dias e dirigia seu automóvel ao
centro de educação de adultos. As muitas horas de estudo de matemática, inglês,
ciências e estudos sociais valeram a pena. E ela conseguiu! “Isso foi algo que
prometi a mim mesma há muitos anos”, confessou após a formatura. “Foi um
desafio, um desafio maravilhoso.”
Nós, seguidores de Jesus, somos alunos de Sua escola de aprendizado
vitalício. As riquezas de Sua graça são tão abundantes que nunca chegaremos a
seu pleno conhecimento. Deus deseja que estejamos sempre aprendendo, sempre
crescendo em Jesus, em quem “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria
e do conhecimento” (Cl 2:3). Exploraremos novas profundezas de Sua graça
inesgotável por toda a eternidade.
“É o desejo do Senhor que Seus seguidores cresçam em graça, que Seu
amor seja mais e mais abundante, que eles sejam cheios dos frutos de justiça, por
meio de Jesus Cristo, para o louvor e glória de Deus” (Ellen G. White, Signs of
the Times, 12 de junho de 1901). “A santificação não é obra de um momento,
uma hora, ou um dia. É um contínuo crescimento na graça” (Ellen G. White,
Testemunhos Seletos, v. 1, p. 114).
Que perspectiva – sempre aprendendo, sempre crescendo! Que futuro
maravilhoso, hoje e eternamente!
Tiro o chapéu para Uceba Babson, que voltou a estudar após passar 70 anos
fora da escola e se graduou aos 90. Esse é o espírito que o Senhor da graça quer
nos conceder, seja aos 9 ou aos 90.
16 de fevereiro – quinta
Por 18 anos ficou encurvada, incapaz de ficar ereta. Por 18 anos arrastou-se pela
vida, lutando para manter o equilíbrio, com os olhos forçadamente voltados para
baixo. Nunca pôde contemplar o nascer do Sol, nunca acompanhou o voo de um
pássaro ou o movimento das nuvens, pois era obrigada a fitar o chão.
Naquele sábado, caminhou com muita dificuldade até a sinagoga e
encontrou um lugar na seção destinada às mulheres. Com os olhos voltados para
baixo, ouviu o Mestre itinerante de Nazaré explicar as Escrituras. Extasiada,
prestou atenção em cada palavra; mas o interesse se transformou num grande
espanto ao ouvir Jesus chamá-la do meio da congregação pelo nome.
“Mulher, você está livre da sua doença”, disse, impondo-lhe as mãos.
Imediatamente o poder curador inundou seu ser, libertando as juntas e
fortalecendo os ossos. Ela ficou ereta – pela primeira vez em 18 anos!
Muitas pessoas hoje sofrem com uma enfermidade tão real quanto a
enfermidade dessa mulher. Passam pela vida com os olhos voltados para baixo,
dominadas por uma força que não podem vencer sozinhas. Conhecem apenas um
modo de viver, aquele que seus pais – e avós – conheceram. Aquela que seus
herdeiros estão fadados a perpetuar.
Refiro-me ao abuso familiar, que ocorre em ciclos satânicos. Crianças
crescem sofrendo abusos por parte dos pais, que por sua vez também sofreram
abusos, fazendo, assim, com que os filhos deem continuidade a essa atrocidade.
Talvez o aspecto mais trágico do abuso seja o fato de ele exercer a sua força em
famílias que professam ser cristãs. Já fui testemunha disso – vi isso acontecer
entre pessoas que cresceram na igreja, que até mesmo tiveram a oportunidade de
ter uma educação cristã. Apesar de todos os sermões e estudos, o ciclo do abuso
continua, e tenho vontade de chorar.
Creio que Jesus pode quebrar o ciclo do abuso. Creio que a Sua graça é
mais poderosa do que o peso acumulado das gerações. Creio que as pessoas
podem mudar. Não temos que aceitar o abuso com sua degradação e falta de
respeito próprio; não temos que submeter nossos filhos a abusos, mesmo que
tenhamos sido vítimas dele.
Jesus nos chama à frente. Ele nos chama pelo nome e diz: “Você está livre
da sua doença.” E pela primeira vez podemos nos endireitar e render louvores a
Deus.
18 de fevereiro – sábado
O POÇO DE LÁGRIMAS
Quando Esaú ouviu as palavras de seu pai, deu um forte grito e, cheio de
amargura, implorou ao pai: “Abençoe também a mim, meu pai!” Gênesis
27:34
A BONDADE DE JESUS
Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que
leve à vitória a justiça. Mateus 12:20
A PIRÂMIDE INVERTIDA
Eis o Meu Servo, a quem sustento, o Meu escolhido, em quem tenho
prazer. Porei nEle o meu Espírito, e Ele trará justiça às nações. Isaías
42:1
A ABUNDÂNCIA DA GRAÇA
Outra ainda caiu em boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita, a
trinta, sessenta e até cem por um. Marcos 4:8
A GRAÇA É UM REINO
O sermão profetizado por Isaías ganhou vida na Galileia no momento em
que Jesus começou a pregar. Ele começou onde João parou: “Mudem de
vida. O reino de Deus está aqui.” Mateus 4:17, The Message
CEGUEIRA DIVINA
Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel. O
Senhor, o seu Deus, está com eles; o brado de aclamação do Rei está no
meio deles. Números 23:21
Essas palavras são extraordinárias por dois motivos: a pessoa que as proferiu e o
conteúdo aparentemente contraditório.
Quem as proferiu foi Balaão, filho de Beor, o profeta ganancioso, do alto
do monte Pisga enquanto observava parte das tribos de Israel. O rei moabita,
Balaque, preocupado com a aproximação dos israelitas, contratou Balaão para
amaldiçoá-los. Balaão, desejoso de receber as recompensas prometidas por
Balaque, se dispôs a atender ao pedido, mas Deus não permitiu! Balaque, porém,
continuou insistindo e, finalmente, Deus deixou Balaão fazer o que seu coração
queria.
Balaão estava ao lado de sete altares que mandou Balaque construir no
topo da montanha. Ele ofereceu um touro e um carneiro em cada altar. Em
seguida, ele esperou uma palavra do Senhor.
E a palavra veio. Que mensagem maravilhosa! Em vez da maldição que
Balaque tanto almejava (a maldição que tornaria Balaão rico), Deus colocou
palavras na boca do profeta que ele certamente preferiria não ter pronunciado.
Assim, uma bênção sublime foi proferida sobre Israel por meio da fonte mais
improvável de todas.
“Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel”,
declarou Balaão. Inacreditável! Será que Deus estava cego? Tratando-se de um
bando de revoltados, prontos a criticar e a reclamar, que vagou pelo deserto por
40 anos por causa de sua falta de fé e desobediência, como pôde o Senhor ter
colocado palavras como essas na boca de Balaão?
Deus amava “cegamente” Seu povo. “Ele o protegeu e dele cuidou;
guardou-o como a menina dos Seus olhos” (Dt 32:10), escreveu Moisés a
respeito de Israel. Apesar de todos os defeitos e falhas, Deus considerava Israel
um povo precioso. Ao olhar para Israel, não enxergava sua iniquidade, mas a
Sua própria imagem.
Que bela ilustração da graça! É exatamente assim que o Senhor olha para
você e para mim hoje, querido amigo. Ao olhar para nós, não Se lembra de
nossas promessas não cumpridas ou nossa vida bagunçada. Ele vê a Si mesmo –
vê Jesus.
Acredite: você é a menina de Seus olhos. Assim como eu também. Então,
saia para este novo dia com a cabeça erguida e com leveza nos pés. Você é
alguém. Sim, um filho de Deus!
26 de fevereiro – domingo
O CRISTO AFETUOSO
O Mestre, Deus, deu-me uma língua bem-educada, assim sei como
encorajar o cansado. Ele me acorda de manhã, desperta-me, abre os meus
ouvidos para ouvir como alguém pronto para receber ordens. Isaías 50:4,
The Message
O que você faz quando a vida lhe oferece limões? Você fica azedo, culpando a
“sorte” ou culpando Deus? Ou você permite que a graça de Deus o conforte e
sustenha a despeito do grau de dificuldade da situação?
Há algum tempo, a Associated Press [agência norte-americana de notícias]
publicou a linda história de uma garotinha que não se deixou abater pelo
infortúnio. Um pouco antes de seu primeiro aniversário, Alexandra Scott foi
diagnosticada com neuroblastoma. Esse tipo de câncer, que ceifa a vida de cerca
de 700 crianças nos Estados Unidos por ano, possui uma porcentagem de
sobrevivência de apenas 40%.
Alexandra estava com oito anos na ocasião em que sua história correu na
imprensa. Fazia sete anos que se submetia à quimioterapia e radioterapia. Mas
Alexandra era uma garotinha muito corajosa que lutou com todas as forças e
criou um plano para arrecadar um milhão de dólares para financiar pesquisas
sobre o câncer.
Aos quatro anos, montou uma banquinha para vender limonada. Arrecadou
dois mil dólares em apenas um dia. Depois disso, a cada ano, mais “Banquinhas
de Limonada da Alex” surgiram, administradas por amigos e voluntários. Essas
bancas de limonada já arrecadaram mais de 40 milhões de dólares.
Em 2004, ano em que a história foi publicada, todos os 50 estados dos
Estados Unidos possuíam uma banquinha em funcionamento. Uma rede de
supermercados montou bancas em seus estabelecimentos. Na cidade de
Minneapolis, em Minnesota, uma família cujo filho tinha o mesmo tipo de
câncer de Alexandra abriu banquinhas no estádio de beisebol. Um grupo de
mendigos de Houston, no Texas, financiou uma banquinha, assim como uma
escola de ensino fundamental da cidade de Milwaukee, Wisconsin.
Mesmo cansada e debilitada devido ao tratamento, Alexandra sempre se
recusou a afastar-se de suas atividades. Fez questão de participar do programa de
televisão Today Show para anunciar ao público o quinto dia anual da Banquinha
de Limonada da Alex.
Todo dinheiro arrecadado por essa criança maravilhosa foi destinado às
pesquisas sobre o câncer. Ela doou 150.000 dólares ao Hospital Infantil de
Filadélfia, onde foi tratada. O restante foi doado a outros centros de pesquisa.
A vida ofereceu limões muito cedo para Alexandra Scott. Mas ela pegou os
limões e fez limonada.
28 de fevereiro – terça
O QUARTO HOMEM
E o rei exclamou: “Olhem! Estou vendo quatro homens, desamarrados e
ilesos, andando pelo fogo, e o quarto se parece com um filho dos deuses.”
Daniel 3:25
JESUS, O CAMINHO
Vocês conhecem o caminho para onde vou. João 14:4
Muito tempo atrás, no sexto século antes de Cristo, um menino nasceu numa
família real na região que hoje chamamos de Nepal. A lenda diz que o pai
protegeu o príncipe, herdeiro de seu reino, das tristezas e misérias comuns aos
seres humanos. O menino conheceu apenas prazer, alegria e diversão, e aprendeu
muitas coisas.
Mas um dia tudo mudou. O jovem encontrou-se inesperadamente com um
homem doente, cujo rosto se contorcia de dor. Pela primeira vez em sua vida, ele
viu o sofrimento causado pela doença. Então ele encontrou um homem idoso,
com o corpo curvado, se arrastando pela estrada – o sofrimento causado pela
idade avançada. Depois disso, ele encontrou um cortejo fúnebre, viu o corpo
inerte, ouviu o lamento – o sofrimento causado pela morte.
O príncipe Gautama ficou profundamente comovido. Deixando sua esposa
e o filho pequeno, ele renunciou ao trono e se tornou um monge itinerante, em
busca de respostas para o sofrimento da humanidade. Posteriormente ele as
encontrou e dali em diante passou a se chamar Buda, o iluminado.
Na análise de Buda sobre o mistério da vida, toda a existência se resume
em sofrimento. A causa do sofrimento é o desejo; quando o desejo cessa, o
sofrimento também cessa. Assim, Buda indicou o caminho para dominar o
desejo.
Os ensinamentos de Buda, nobres como pareçam, contrastam radicalmente
com os de Jesus de Nazaré. Gautama tinha a pretensão de mostrar às pessoas o
caminho; Jesus alegava ser o caminho. Buda não atraiu a atenção para si mesmo
ou procurou ser adorado; Jesus disse que era o eterno EU SOU. Buda viu a
humanidade caída no poço do pecado e lhe disse como sair dele. Jesus desceu
até o poço e carregou os seres humanos em Seus ombros.
Quando Jesus disse aos Seus discípulos que era o caminho, Ele estava para
deixá-los. Ele tinha falado sobre ir para o Pai, para preparar um lugar para eles.
Suas palavras deixaram os discípulos preocupados. Jesus indo embora? Jesus
deixando-os sozinhos para enfrentar o mundo? Não, disse Jesus, “vocês
conhecem o caminho para onde vou” (Jo 14:4). Tomé falou por todos nós:
“Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?”
Então Jesus respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao
Pai, a não ser por Mim” (v. 5, 6).
Hoje podemos não saber que caminho seguir, como lidar com as
preocupações e pressões da vida – casa, filhos, trabalho, igreja. Jesus é o
caminho. Ele não apenas nos mostra o caminho; Ele é o caminho.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
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1º de março – quinta
O SEGREDO DA VITÓRIA
Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em Meu trono, assim
como Eu também venci e sentei-Me com Meu Pai em Seu trono.
Apocalipse 3:21
RESERVATÓRIOS DE NEVE
Acaso você entrou nos reservatórios de neve, já viu os depósitos de
saraiva [...]? Jó 38:22
Você consegue imaginar como deve ser morar em um lugar em que nunca fica
escuro?
As pessoas que habitam as regiões do extremo norte têm uma ideia de
como seria viver assim. Quanto mais ao norte do planeta estivermos, notaremos
que o Sol demora mais a se pôr durante o verão, até chegarmos ao Círculo
Ártico. Ao norte do Círculo Ártico passam-se vários dias sem que o Sol se
ponha.
Passei alguns dias no Alasca durante o mês de junho, e vivi uma
experiência totalmente nova. Apesar de ter ficado em Palmer, cerca de 50
quilômetros ao norte de Anchorage e bem abaixo do Círculo Ártico, o pôr do sol
ocorreu apenas às 23h45. Mesmo depois de o Sol ter desaparecido, ainda ficou
claro. Às 4h30 da manhã seguinte, o Sol nasceu, e eu acordei. As pessoas já
estavam saindo para trabalhar. O caminhão de lixo estava passando, os jornais já
tinham sido entregues.
Pelo fato de não escurecer, dormir é um problema. Mesmo com as cortinas
fechadas, o quarto fica claro; e assim que o raio de Sol encontra uma brecha,
penetra seus olhos.
Com luz contínua, a terra produz em abundância extraordinária. Vi a
peônia mais bela que já encontrei – de vermelho intenso, com múltiplas camadas
e 23 centímetros de largura. Disseram-me que os repolhos chegam a pesar 45
quilos (isso é muita salada!), as cenouras chegam a 13,5 quilos cada uma, e são
muito suculentas por causa do crescimento acelerado.
Ali não há noite! Mas apenas por um tempo. Após a glória do verão, os
dias começam a encurtar, e a noite vem a passos largos. Na metade do inverno
em Anchorage, o Sol exibe-se apenas por algumas horas. Ao norte do Círculo
Ártico, mal aparece.
Com a noite vem a maldição das trevas: alcoolismo, divórcio, suicídio. Em
nível puramente natural, somos criaturas da luz. Trevas infindas nos encobrem.
No novo céu e na nova Terra, o povo de Deus passará a ter uma existência
que não podemos compreender nesta vida. Ali, andaremos na luz do Cordeiro,
que veio para o nosso planeta, armou Sua tenda entre nós por um período,
revelou a glória do Pai e morreu no Calvário para nos oferecer a vida eterna. Ali
não haverá noite.
4 de março – domingo
A graça é uma festa. Parece espantoso, até surpreendente. Mas foi isso que
Jesus ensinou.
É assim. Estamos aqui. Talvez nunca estivéssemos, mas estamos porque a
festa não seria completa sem a nossa presença. No mundo acontecem coisas
lindas e terríveis, mas Deus diz: “Não tema. Estou ao seu lado. Nada pode nos
separar. Eu criei o Universo para você. E o amo.”
Essas palavras parecem espantosas demais para serem verdadeiras, mas de
fato são. A parábola mais famosa de Jesus, uma história muito apreciada ao
redor do mundo em todas as eras, fala a respeito de um pai amoroso e seus dois
filhos.
Os pregadores geralmente se referem a essa história como “A Parábola do
Filho Pródigo”, mas essa é, na verdade, a história de dois filhos. O mais jovem
se entregou aos prazeres da juventude, voltou esfarrapado para o lar e foi aceito.
Mas o irmão tinha uma série de problemas diferentes. No fim da história, está do
lado de fora da casa, discutindo com o pai, enquanto o mais jovem está seguro
dentro do lar.
Assim como muitas parábolas de Jesus, essa possui um fim surpreendente.
Ela inverte a escala de valores humanos. Um filho, o “bonzinho”, trabalhou
arduamente e nunca fez nada que manchasse o nome da família. Mas ele não
“entendeu”.
A graça é algo que você nunca poderá obter por esforço próprio; você pode
apenas recebê-la de presente. Não há como merecê-la ou comprá-la. É um
presente. Assim como qualquer outro presente, a graça pode ser nossa apenas se
estendermos a mão e a aceitarmos.
O personagem principal da história, no entanto, não é nenhum dos filhos,
mas o pai. Ele nunca desiste dos filhos, nunca deixa de esperar e aguardar. E no
momento em que o filho pródigo aparece, ele corre para encontrá-lo, reprime
suas declarações de tristeza e manda buscar a melhor roupa e o anel.
E dá uma festa.
Espantoso, mas real. A graça é uma festa.
5 de março – segunda
RECEBENDO DE GRAÇA
Vocês receberam de graça; deem também de graça. Mateus 10:8
Não sei o que é mais difícil – dar ou receber gratuitamente. Os seres humanos
dão esperando sempre algo em troca; Deus não age assim. Os seres humanos
recebem sempre procurando introduzir um elemento de mérito ou valor pessoal;
Deus fica contente em receber-nos exatamente como somos.
Para nós, é muito difícil receber sem merecer. No fim do filme, no
momento em que aparecem os créditos, queremos sempre que nosso nome
apareça, mesmo as letras sendo tão miúdas.
No Antigo Testamento, há uma história muito conhecida mesmo entre as
crianças e relembrada em algumas canções – a cura de Naamã, o comandante do
exército da Síria. Uma menina israelita levada cativa por Naamã falou a respeito
de um grande profeta de seu país, famoso por realizar milagres. Certamente ele
poderia ajudar seu mestre! Assim, Naamã partiu para Israel acompanhado de
servos para carregar os presentes que levava consigo. Após um encontro
contencioso com o rei de Israel e ter que engolir o orgulho, Naamã por fim
concordou em fazer aquilo que Eliseu, que não lhe falou pessoalmente,
prescreveu para ser curado: banhar-se sete vezes no rio Jordão. E uma das
canções enfatiza que, ao sétimo mergulho, Naamã foi curado.
Mas o restante da história raramente recebe atenção. Eliseu tinha um servo
muito ambicioso, Geazi. Depois de ser curado, Naamã quis a todo custo
presentear Eliseu. O profeta, porém, recusou aceitar qualquer coisa; o milagre
havia sido realizado por Jeová, não por Eliseu. Unicamente Deus era digno do
louvor e do crédito.
Assim, Naamã partiu para seu país, levando consigo todos os presentes de
volta. O servo Geazi decide resolver a questão à sua maneira. Até aqui Geazi
havia sido apenas um mero espectador na história, testemunhando Naamã ser
curado e depois as tentativas inúteis de recompensar Eliseu. Geazi pensou: Isso
não está certo! Naamã recebeu o presente da cura e, por isso, deve dar algo em
troca. Eliseu é bobo de não aceitar seus presentes.
Geazi corre atrás de Naamã e seus servos. Ao alcançá-los, mente e diz a
Naamã que Eliseu havia mudado de ideia e que finalmente havia decidido aceitar
os presentes. Com muita alegria, Naamã lhe entregou o dinheiro e os trajes finos,
mas o presente se transformou numa maldição no momento em que a lepra de
Naamã passou para o ambicioso Geazi.
Não é fácil receber gratuitamente. Mas essa é a essência do evangelho. Não
oferecemos nada; recebemos tudo.
6 de março – terça
O CRISTO ATEMORIZANTE
Assim como houve muitos que ficaram pasmados diante dEle; Sua
aparência estava tão desfigurada, que Ele Se tornou irreconhecível como
homem; não parecia um ser humano; de igual modo Ele aspergirá muitas
nações, e reis calarão a boca por causa dEle. Isaías 52:14, 15
O CRISTO RESOLUTO
Porque o Senhor, o Soberano, me ajuda, não serei constrangido. Por isso
eu me opus firme como uma dura rocha, e sei que não ficarei
decepcionado. Isaías 50:7
O Cristo de postura firme. Essa é uma imagem que geralmente não temos de
Jesus. Estamos acostumados com os generais cuja fisionomia demonstra
determinação inflexível – os Pattons, Napoleões e Eisenhowers – mas não Jesus
de Nazaré. Preferimos pensar nEle como o Bom Pastor amparando as ovelhas
em Seus braços.
Mas a profecia de Isaías se cumpriu na descrição de um dos evangelhos
que ecoa as palavras do profeta: “Aproximando-se o tempo em que seria elevado
aos Céus, Jesus partiu resolutamente em direção a Jerusalém” (Lc 9:51). Marcos
registrou mais detalhes: “Eles estavam subindo para Jerusalém, e Jesus ia à
frente. Os discípulos estavam admirados, enquanto os que O seguiam estavam
com medo” (Mc 10:32).
Trata-se de uma cena poderosa: Jesus caminha à frente do grupo, talvez
desejoso de ficar a sós com Seus pensamentos. Os discípulos O seguem
apreensivos. O comportamento de Jesus, agora tão diferente, os deixa surpresos
e ansiosos. Sua fisionomia está séria, Seus olhos brilham com intensidade, todo
Seu ser transparece determinação. Está decidido e prosseguirá, não importa o
preço a ser pago.
O resultado parece inevitável: Jesus escolheu ir a Jerusalém, mesmo ciente
de que a rejeição, o desprezo, a traição, a tortura e a morte O aguardavam
naquele lugar. Sua vida não era um roteiro a ser seguido; Ele não era um ator,
muito menos uma marionete. Ele poderia ter escolhido não ir a Jerusalém e não
Se submeter à cruz. Poderia ter abortado Sua missão a qualquer instante. Veio à
Terra “com risco de fracasso e ruína eterna” (O Desejado de Todas as Nações, p.
49).
Que Salvador! Que Senhor! O Cristo resoluto ganhou nossa salvação.
E nós, que escolhemos seguir Seus passos hoje, devemos esperar “um mar
de rosas”, como diz o ditado? Será que o título que carregamos de “cristão” nos
garante uma vida de obediência a Cristo calma, tranquila e confortável? Ou
sabemos o que significa ficar firmes como uma dura rocha, determinados a
permanecer fiéis a Ele a despeito das consequências?
Paulo conhecia a necessidade de manter uma postura firme. Contra todos
os conselhos e advertências, partiu para Jerusalém, ciente de que a prisão e o
sofrimento o aguardavam lá.
Isso é graça decidida – a graça do Cristo resoluto.
8 de março – quinta
ESTRELA DE HOLLYWOOD?
Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia
em Sua aparência para que O desejássemos. Isaías 53:2
BELOS PÉS
Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas-novas,
que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação,
que dizem a Sião: “O seu Deus reina!” Isaías 52:7
Pode ser que alguém discorde, mas nunca pensei nos pés como uma parte bela
do corpo. Para mim, os pés pertencem à categoria das “partes menos honrosas”
mencionadas por Paulo, mas que nem por isso deixam de ser essenciais ao
corpo.
Gosto muito de caminhar. Nos últimos 30 anos também tenho praticado
corrida, se bem que com menos frequência à medida que o tempo passa. Noelene
e eu sempre começamos nosso dia com uma caminhada e um período de oração
no parque. Às vezes caminhamos à tarde. Ao longo dos anos, calculo que demos
uma volta ao mundo e um pouco mais. Com 17 maratonas no currículo, mais o
tempo gasto em treino, meus pés já percorreram milhares de quilômetros.
Após corridas longas, meus pés parecem que foram surrados. Ao observar
as unhas escuras, Noelene sempre me diz:
– Você tem os pés mais feios do mundo!
Ela provavelmente tem razão, mas toda vez essa observação soa como um
insulto para meus fiéis suportadores de peso, e um golpe cruel à minha pessoa.
Depois de muita insistência por parte de minha esposa (e, confesso, devido
a um calo recalcitrante na planta do meu pé esquerdo que me fazia mancar), cedi
e marquei uma consulta com o podólogo. Apreensivo, esperava ouvi-lo dizer:
“Uau! Seus pés são realmente feios!” Mas, em vez disso, ele exclamou num tom
que quase transpareceu admiração:
– Você tem pés muito fortes.
Até que enfim! Lá no fundo eu sabia. Talvez não sejam bonitos, tudo bem,
definitivamente feios, mas fortes. Para que servem os pés, afinal? Quem quer pés
bonitos se não forem fortes?
Calma. A Bíblia fala de pés belos. Pés que cruzam as montanhas para levar
as boas-novas. Pés que talvez fiquem machucados por terem que percorrer
grandes distâncias, caminhos difíceis, rios, geleiras e desertos para proclamar a
salvação e dizer: “O seu Deus reina!”
Deus considera belos esses pés surrados. O que eles fazem é mais
importante do que correr numa maratona. Esses são como os pés de Cristo,
comprometidos em andar em benefício alheio em missões de misericórdia.
Posso ter belos pés.
11 de março – domingo
CALVÁRIO
Mas Ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi
esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz
estava sobre Ele, e pelas Suas feridas, fomos curados. Isaías 53:5
Não foram os romanos que inventaram a cruz. Mas eles adotaram a ideia e a
colocaram em prática por séculos para deter a todo custo a oposição ao império.
A cruz cumpriu muito bem o seu propósito. Foi utilizada na grande maioria
das vezes como um meio de execução pública. O inimigo da paz romana era
forçado a desfilar pelas ruas, carregando a cruz ou parte dela. Os transeuntes
viam – e tremiam diante da cena. O local de execução era público. O objetivo
era que todos vissem o destino daqueles que ousavam levantar-se contra Roma!
E a morte vinha lentamente. Às vezes, a vítima permanecia vários dias pregada
ou amarrada à cruz, até que a exposição ao Sol e a perda de fluidos corporais
trouxessem o tão esperado alívio da morte.
Os romanos fizeram grande uso da cruz, mas nunca para executar os
compatriotas. Nas ocasiões em que alguns imperadores ignoraram essa restrição,
a indignação se espalhou entre o povo e surgiram revoltas. A cruz simbolizava
vergonha e humilhação – algo terrível demais para um cidadão romano. O
apóstolo Paulo, por exemplo, cidadão romano, não foi crucificado. Ele foi
executado pela espada.
Mas Jesus de Nazaré, que não tinha a cidadania romana, podia ser
crucificado, e foi. “O imaculado Filho de Deus pendia da cruz, a carne lacerada
pelos açoites; aquelas mãos tantas vezes estendidas para abençoar, pregadas ao
lenho; aqueles pés tão incansáveis em serviço de amor, cravados no madeiro; a
régia cabeça ferida pela coroa de espinhos; aqueles trêmulos lábios entreabertos
para deixar escapar um grito de dor.
“E tudo quanto sofreu – as gotas de sangue a Lhe correr da fronte, das
mãos e dos pés, a agonia que Lhe atormentou o corpo, e a indizível angústia que
Lhe encheu a alma ao ocultar-se dEle a face do Pai – tudo fala a cada filho da
família humana, declarando: É por ti que o Filho de Deus consente em carregar
esse fardo de culpa; por ti Ele destrói o domínio da morte, e abre as portas do
Paraíso. Aquele que impôs calma às ondas revoltas, e caminhou por sobre as
espumejantes vagas, que fez tremerem os demônios e fugir a doença, que abriu
os olhos cegos e chamou os mortos à vida – ofereceu-Se a Si mesmo na cruz em
sacrifício, e tudo isso por amor de ti. Ele, o que leva sobre Si os pecados, sofre a
ira da justiça divina, e torna-Se mesmo pecado por amor de ti” (Ellen G. White,
O Desejado de Todas as Nações, p. 755, 756).
12 de março – segunda
Você já imaginou como será viver para sempre? Atingir os 100 anos de idade e
estar apenas começando? Completar 500 anos e ainda ser considerado um bebê e
então ultrapassar a idade de Matusalém, 969 anos, o período mais longo de vida
registrado na Bíblia, até atingir 1.000 anos? E pensar que ainda assim um futuro
sem fim se estende à sua frente!
É quase impossível imaginar algo assim. Estamos acostumados a medir o
tempo em dias, meses e anos. Temos como parâmetro a expectativa de 60 a 80
anos de vida. Se alguém completa um século de existência, recebe uma carta do
presidente ou da rainha. São raros os que continuam vivos o bastante para sair
nos noticiários antes de falecer aos 118 anos ou quem sabe um pouco mais.
Na nova criação de Deus não haverá morte. Não havia morte no Éden; não
haverá morte no Éden restaurado. A morte é um inimigo, e será o último inimigo
a ser vencido.
Em vista do que conhecemos hoje, viver para sempre pode parecer
entediante. Mas pensamos assim apenas porque não conseguimos compreender a
habilidade de Deus de introduzir uma ordem social totalmente nova. Totalmente
nova e totalmente melhor.
Uma citação de Ellen White (uma de minhas favoritas, que sempre
mantenho em mente) afirma o seguinte a respeito da nova ordem de Deus:
“Sempre sentiremos o frescor da manhã, e sempre estaremos longe de seu
termo” (O Grande Conflito, p. 676).
Que maravilha! Amo a manhã. Acordo e louvo a Deus pelo novo dia que
nasce para me saudar, brilhante de esperança, radiante de boas expectativas. Na
nova criação de Deus sempre sentiremos o frescor da manhã que traz energia e
esperança. Os anos não a diminuirão, os milênios não a enfraquecerão.
Nessa esperança de futuro encontramos a linha de divisão final entre os
crentes e descrentes. Para os últimos, esta vida, a ordem social atual, é tudo o
que podem imaginar. Apenas esta vida, nada mais. Assim bebam, comam e
divirtam-se, pois logo chegará o fim.
Mas, para os seguidores de Jesus, esta vida não é o fim. Nosso Salvador e
Senhor nos oferece vida em abundância, aqui e agora, e a promessa de uma
existência eterna, repleta de alegria genuína. Aleluia! Que Salvador!
13 de março – terça
COLARINHO ENGOMADO
Não temos a pretensão de nos igualar ou de nos comparar com alguns que
se recomendam a si mesmos. Quando eles se medem e se comparam
consigo mesmos, agem sem entendimento. 2 Coríntios 10:12
O espírito de justiça própria ou crítica nunca está longe do povo de Deus, como
ilustrado num incidente engraçado relatado pelo pioneiro adventista Tiago
White.
Durante o mês de junho de 1844, o jovem Tiago White, com 22 anos de
idade, participou de uma reunião adventista realizada em Poland, Maine, Estados
Unidos, em que compareceram aproximadamente 40 fiéis. Estava calor e a roupa
de Tiago White sujou durante a viagem. Surpreso, durante a reunião, Tiago
ouviu certo irmão H orar: “Ó Senhor, tenha misericórdia do irmão White. Ele é
orgulhoso e será condenado a menos que se livre do orgulho. Tenha misericórdia
dele, Senhor, e livra-o do orgulho. [...] Quebre-o, Senhor, e torne-o humilde.
Tenha misericórdia dele. Tenha misericórdia.” A oração continuou por um bom
tempo.
Quando o irmão H terminou, todos estavam em silêncio absoluto. Tiago
White finalmente falou: “Irmão H, temo que tenha se equivocado quanto às
informações que deu ao Senhor. Você diz que sou orgulhoso. Penso que isso não
seja verdade. Por que dizer isso a Deus? [...] Bem, se sou orgulhoso, [...] diga
diante das pessoas aqui presentes que sou orgulhoso. Isso diz respeito à minha
aparência geral, ou à minha forma de falar, orar ou cantar? [...] Por favor,
examine-me. Será que são minhas botas remendadas? Meu casaco empoeirado?
Meus trajes quase em farrapos? Minhas calças sujas? Ou o velho chapéu que
uso?”
O irmão H assegurou a Tiago White que não era por causa de nada daquilo.
Em vez disso, informou-lhe que o símbolo de orgulho do irmão White era o
colarinho de linho engomado que usava na ocasião. Tiago White imediatamente
explicou que a sua camisa estava suja e uma irmã piedosa havia se oferecido
para lavá-la. Enquanto isso, emprestou-lhe uma das camisas do esposo, que tinha
o colarinho de linho engomado. Logo em seguida, o irmão H caiu novamente de
joelhos e orou: “Ó Senhor, acabei de orar em favor do irmão White e ele está
zangado comigo por causa disso. Tenha misericórida dele! Tenha misericórdia!”
Essa foi a primeira experiência de Tiago White com os fanáticos. Sempre
que o espírito de crítica e justiça própria se manifestar, podemos estar certos de
que nos afastamos de Jesus
15 de março – quinta
MOOKIE
Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos
interesses dos outros. Filipenses 2:4
Ao nosso redor, todos os dias, Deus escreve lindas histórias repletas de Sua
graça. Para acompanhá-las, basta abrirmos nossos olhos. Às vezes, essas
histórias acontecem bem ao nosso lado. Um exemplo é a história de Mookie, no
escritório da Adventist Review.
Certo dia, Merle Poirier, uma das funcionárias do escritório, leu um
anúncio publicado por um dos jornais locais convidando voluntários para se
comprometerem em treinar um cachorro que ajudaria uma pessoa portadora de
deficiência visual a viver com mais qualidade e independência. A organização
Guiding Eyes for the Blind se encarrega da procriação dos filhotes e procura
pessoas para doar 18 meses de sua vida a fim de treinar o cachorro, que, após
esse período, será devolvido para a organização. E foi assim que Mookie, um
labrador macho de cor preta, entrou para a família Poirier.
Primeiro, Merle teve que fazer um curso de seis semanas para aprender a
treinar o filhote. Mookie ficava sempre preso à guia e aprendeu a não latir, a não
pular nas pessoas ou a não se alimentar até que recebesse permissão para isso.
Por incrível que pareça, ele aprendeu a obedecer a tal ponto que chegou a ficar
em frente à tigela de comida, com a saliva escorrendo pelo canto da boca, mas
sem tocá-la até Merle dar-lhe a ordem. Mookie abriu mão de tudo o que os
cachorros naturalmente fazem para que um dia pudesse guiar um deficiente
visual ao trabalho, ao supermercado, ao banco ou ao correio.
Mookie, no entanto, começou a trabalhar muito antes do tempo
determinado, de uma maneira totalmente inesperada. Numa sequência cruel de
eventos, a doença bateu à porta do lar da família Poirier. O marido, Tim, foi
submetido a uma série de cirurgias e passou muito tempo se recuperando em
casa. Durante esses meses de provação, Mookie ajudou a família a permanecer
unida, levando para longe a preocupação do momento. E Tim, sozinho por
longos períodos, encontrou em Mookie um companheiro.
Mookie recebeu um colete que o identificava como cão em treinamento da
organização Guiding Eyes. A fase seguinte do treinamento consistia em instruí-
lo a portar-se corretamente no interior de edifícios, a aumentar sua credibilidade
e familiarizá-lo com novas situações. No fim, estaria pronto para cumprir seu
dever.
Essa é uma linda história em todos os aspectos, tanto da parte de Mookie
quanto da família Poirier. É uma história de bondade, compaixão, serviço e
graça.
16 de março – sexta
QUE MULHER!
Quem encontra uma esposa encontra algo excelente; recebeu uma bênção
do Senhor. Provérbios 18:22
Você alguma vez já se perguntou por que rimos? Apenas os seres humanos
riem. Trata-se de uma ação aparentemente desnecessária à existência, apesar de a
ciência moderna ter comprovado o que o sábio Salomão já tinha descoberto: o
riso é terapêutico.
Em nossa era, o riso se tornou um negócio, com risadas artificiais trazidas à
tona no momento previamente designado para intensificar as cenas cômicas dos
seriados de televisão e para deixar em alta comediantes cuja profissão é contar
piadas para pessoas que pagam para beber e ouvir – o equivalente moderno,
talvez, do bobo da corte.
A vida é engraçada. Deus colocou o humor dentro de nosso próprio ser.
Quando rimos, fazemos algo unicamente humano. Num mundo amaldiçoado
pela queda de nossos primeiros pais, o humor vem como uma graça salvadora.
Ao rirmos, mostramos que, por pior que a situação pareça, esse não é o fim e que
a superamos, a transcendemos, através do riso.
Os africanos que foram levados acorrentados à América conheciam essa
verdade. Sujeitos à brutalidade e à degradação da escravidão, eles encararam o
mal e o venceram. Por meio de canções de fé e esperança, e através do bom
humor, eles venceram.
Há alguns anos, uma universidade britânica se dispôs a descobrir de que
maneira o humor atua em culturas diferentes. Eles enviaram uma seleção de
histórias engraçadas a milhares de pessoas em diferentes países. Aqui está a
história vencedora:
Sherlock Holmes vai acampar com o Dr. Watson. Eles armam a barraca sob
as estrelas e vão dormir. Algumas horas mais tarde, Holmes acorda Watson.
– Watson, olhe para cima e diga-me o que deduz.
Watson olha para cima, observa o céu estrelado e responde:
– Deduzo que no vasto Universo existam outros planetas como o nosso e
que há vida em alguns deles.
– Não, seu bobo – diz Holmes. – Alguém roubou a nossa barraca!
Por que rimos ao ler isso? Porque nos colocamos na situação, observando
apenas as partes e não o todo, tirando conclusões absurdas.
Somos assim. A vida é assim. E rimos – um presente do Deus da graça.
18 de março – domingo
PERNAS
Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz nas pernas do homem.
Salmo 147:10, AA
Meu pai gostava muito de passear no litoral. Ele não possuía um automóvel;
por isso, pegávamos o bonde (tram, como chamamos na Austrália) rumo à
cidade de Adelaide. Em seguida, pegávamos outro bonde que levaria meia hora
para nos deixar na praia.
Uma vez lá, vestíamos a roupa de banho e mergulhávamos na água. Às
vezes caminhávamos ao longo da praia com as ondas batendo nos pés descalços.
Muitas vezes apenas ficávamos sentados na areia, observando o oceano. Nesses
momentos, penso que meu pai se recordava dos dias em que navegou pelo
mundo. Às vezes, ele contava sobre os navios, os capitães e os lugares que
visitou.
Quando nasci, meu pai já estava com quase 50 anos. Por isso, minhas
lembranças mais vívidas dele são de uma pessoa idosa. Lembro-me de observar
suas pernas, demarcadas por veias grossas, uma rede de pequenos capilares azuis
e algumas manchas escuras. Meu pai trabalhou arduamente, trabalhou com as
mãos carregando cargas de tijolos e cimento. Suas pernas revelavam o preço
pago pelo esforço.
Para uma criança, no entanto, aquelas pernas eram interessantes, não
repulsivas. Eram as pernas do meu pai, o homem que tinha me carregado nos
ombros numa idade avançada, que tinha trabalhado árdua e honestamente sob o
Sol intenso, em meio à poeira e ao suor, para colocar o pão na mesa de nossa
família.
Meu pai descansou há muito tempo, mas ainda vou ao litoral. Caminhar ou
correr na areia gelada, deixando as ondas se quebrarem em meus pés descalços
logo ao raiar do dia e observando as aves marítimas voando ao redor, talvez seja
o mais próximo que eu consiga chegar da alegria da eternidade nesta vida.
Sento-me na areia e olho para o oceano. Observo as minhas pernas, agora
demarcadas por veias grossas e uma rede de pequenos capilares azuis. Vejo
algumas manchas escuras próximas ao tornozelo. Eu também trabalhei duro, mas
não com o trabalho braçal. Essas pernas carregaram meu filho e minha filha (e
agora os netos) em meus braços e ombros. Essas pernas me carregaram por
longas viagens a muitos países. Elas me sustentaram nas trilhas montanhosas e
maratonas que percorri.
O salmista disse que o Senhor não Se compraz nas pernas do homem. Ele
Se compraz naqueles que O temem e nos que “esperam na Sua misericórdia” (Sl
147:11, ARA).
19 de março – segunda
O CRISTO REJEITADO
Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam. João 1:11
EU E TU
Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Farei para ele uma
auxiliadora, uma companheira.” Gênesis 2:18, The Message
Jesus, cheio de graça, sempre teve tempo – sempre dedicou tempo – para todos
que encontrava. Nunca estava com pressa demais, ocupado demais ou com o
horário apertado demais para parar e conversar.
Que diferença da nossa vida hoje! Vivemos na era da comunicação, mas
temos dificuldade em nos comunicar da forma mais básica, pessoalmente. A
tecnologia – telefone, e-mail, internet – nos possibilita enviar e receber
mensagens do mundo inteiro, mas, quanto mais ferramentas inventamos, mais
parecem nos frustrar ou esgotar completamente a fonte da comunicação afetuosa
e pessoal que Deus colocou em nosso ser ao declarar: “Não é bom que o homem
esteja só.”
Discamos o número (acionando o botão da discagem rápida, claro) e
ouvimos uma voz dizer: “Tecle um se você deseja ___ , tecle 2 para ___ , tecle 3
para ___ ,” e assim por diante. Sentimos vontade de gritar: “Não quero uma
gravação; quero uma pessoa!” E, para piorar, a voz diz: “A sua ligação é muito
importante para nós.” Ah, é? Mas não tão importante assim para justificar um
atendimento pessoal!
Recebemos um e-mail (com um monte de outros que não queremos)
perguntando-nos a respeito de algo. Se não largarmos o que estamos fazendo no
momento para responder ao remetente que nos enviou a mensagem, em poucas
horas recebemos um lembrete curto e grosso: “Hoje, às 8h57, enviei-lhe a
seguinte mensagem... Não recebi sua resposta até agora.”
Por sua vez, a internet, que abre uma fonte inesgotável de informação e um
monte de outras coisas que saíram direto do covil de cobras de Satanás, é capaz
de nos prender horas a fio em solidão em frente à tela do computador, rejeitando
a companhia pessoal que nosso cônjuge e filhos tanto almejam.
Há meio século, o filósofo Martin Buber escreveu um pequeno e influente
livro que, traduzido do alemão, recebeu o título: Eu e Tu. Nessa obra, Buber
analisou os relacionamentos, fazendo uma distinção entre os indivíduos de
caráter “Eu-Isso” e aqueles de natureza “Eu-Tu”. No primeiro caso, as pessoas se
relacionam com as outras como se fossem um objeto; no último, como seres
humanos. E é exatamente o último caso que almejamos, especialmente numa
época em que os relacionamentos se tornam cada vez mais impessoais.
21 de março – quarta
UM GRUPO DIFERENTE
Depois, aqueles cuja vida honrava a Deus conversaram uns com os
outros. Deus viu o que estavam fazendo e ouviu com atenção. Um livro foi
aberto na presença de Deus e escrita a ata daquela reunião com todos os
nomes dos que honravam o nome do Senhor. Malaquias 3:16, The
Message
ALÉM DA IMAGINAÇÃO
Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos
ou pensamos, de acordo com o Seu poder que atua em nós. Efésios 3:20
O CRESCIMENTO DA GRAÇA
Um ramo verde surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um
renovo. Isaías 11:1, The Message
A MENSAGEM DE CRÔNICAS
Davi, junto com os comandantes do exército, separou alguns dos filhos de
Asafe, de Hemã e de Jedutum para o ministério de profetizar ao som de
harpas, liras e címbalos. Esta é a lista dos escolhidos para essa função. 1
Crônicas 25:1
CHEIO DE GRAÇA
Deus é bom para todos; tudo o que Ele faz está cheio de graça. Salmo
145:9, The Message
Há várias maneiras de olhar o mundo. Uma delas é encarar tudo o que acontece
como sendo o resultado direto de causas naturais. Tudo o que vemos ao redor,
tudo o que foi, é e será possui uma explicação lógica que pode ser encontrada se
pesquisarmos a fundo o suficiente.
Mais e mais pessoas, especialmente nas sociedades desenvolvidas, têm
adotado essa visão. Para elas, Deus morreu no início da era científica moderna
com toda a tecnologia que veio em seguida. Estamos sozinhos no vasto e frio
Universo; não temos nenhuma esperança de vida depois que nossa breve
existência chegar ao fim.
Há vários anos, alguém muito querido para mim faleceu repentinamente.
Lutei com a ideia de viajar meio mundo para comparecer ao seu funeral, mas,
devido a várias razões, decidi simplesmente enviar uma mensagem para ser lida
às pessoas ali reunidas.
Mais tarde, recebi a gravação em áudio do funeral e senti-me muito mal.
Durante a cerimônia inteira, nenhuma oração fora proferida, nenhum hino
entoado, nenhum verso bíblico lido e nenhuma menção foi feita ao nome de
Deus. Liderados por um “elogiador”, os membros da família apenas partilharam
recordações do falecido. No fim, o “elogiador” tocou uma das músicas prediletas
do finado: “Os Três Tenores”. Que jeito de viver! Que jeito de morrer!
Outras pessoas enxergam o mundo através dos olhos embaçados pela
superstição. Atribuem forças para o bem ou mal, poderes invisíveis que podem
nos atacar e pôr fim à nossa vida. De acordo com elas, devemos lidar com tais
forças com cuidado e segundo um ritual apropriado. Muitos professos cristãos
possivelmente possam ser classificados nessa categoria.
A maneira como eu enxergo o mundo é totalmente diferente das
apresentadas acima. Trata-se da maneira bíblica, a maneira que afirma que há um
Deus, um Deus que Se comunica conosco e que é amor. Esse Ser, que é todo-
poderoso, “é bom para todos”. Tudo o que Ele faz – tudo – está cheio de graça.
Não estou sozinho no vasto e frio Universo. Não estou sujeito aos
caprichos das forças malignas. Sou filho do Rei do Céu, conhecido e amado
pessoalmente por Ele como se fosse a única pessoa no planeta.
Como sei que isso não é uma ilusão? Porque Ele enviou Jesus, e Ele era
“cheio de graça” (Jo 1:14).
28 de março – quarta
NO LIMIAR DA VIDA
Quando tentei entender tudo isso, achei muito difícil para mim, até que
entrei no santuário de Deus, e então compreendi o destino dos ímpios.
Salmo 73:16, 17
A CLEMATITE RELUTANTE
Por isso disse ao que cuidava da vinha: “Já faz três anos que venho
procurar fruto nesta figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la
inutilizar a terra?” Lucas 13:7
HERÓIS MODERNOS
Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra corajosa de seu
testemunho. Eles não amaram a si mesmos e se dispuseram a morrer por
Cristo. Apocalipse 12:11, The Message
Uma das histórias mais impressionantes de 2006 foi a incrível façanha de Mark
Inglis, que escalou o Monte Everest com pernas artificiais. Inglis, instrutor de
alpinismo, foi apanhado por uma forte nevasca no Monte Cook na Nova
Zelândia em 1982. Forçado a abrigar-se numa caverna de gelo por duas semanas,
sofreu frio intenso e ambas as pernas tiveram que ser amputadas logo abaixo do
joelho.
Mas Inglis não ficou sentado se lamentando por seu infortúnio. Em vez de
sentir pena de si mesmo, voltou a estudar e se tornou bioquímico e pesquisador.
Além disso, continuou praticando alpinismo e, em 2002, voltou a subir o Monte
Cook com pernas artificiais. Mas foi em maio de 2006 que conquistou o
impossível: o topo do Monte Everest!
Admiro Mark Inglis. Ele é um herói moderno. Admiro todos aqueles que
superam os infortúnios da vida, que se recusam a desistir, cuja determinação e
coragem os mantêm prosseguindo até realizarem aquilo que outros chamam de
impossível.
A Bíblia é o livro dos heróis. Os homens e mulheres cuja vida ilumina as
páginas desse livro sagrado – Moisés e Davi, Ester e Débora, Pedro e Paulo –
fizeram coisas maravilhosas. Eram corajosos tanto em pensamento quanto em
ação. Em seu dicionário não existia a palavra “impossível”, pois Deus estava
com eles, motivando-os, inspirando-os, concedendo-lhes poder. Eles
continuaram até alcançar o topo que Deus havia designado.
Em pé no primeiro lugar da fila, acima de todos os outros, encontra-se o
Líder. Jesus é o maior herói da Bíblia. “Por nunca ter perdido de vista para onde
estava indo – o final feliz com Deus – Ele pôde suportar tudo ao longo do
caminho: a cruz, a vergonha, qualquer coisa” (Hb 12:2, The Message).
Deus está em busca de heróis modernos. Em busca de jovens que,
inspirados pelo sonho divino, façam coisas maravilhosas para a glória de Seu
nome e para o bem da humanidade. Sim, atos heroicos que superam até mesmo a
conquista do Everest.
Muitas pessoas sonham em se tornar heróis. Mas os heróis de Deus não
amam a si mesmos; amam a Jesus, o Cordeiro cujo sangue os libertou para uma
nova vida e um novo propósito.
31 de março – sábado
O PRESENTE E A EXIGÊNCIA
Então o senhor chamou o servo e disse: “Servo mau, cancelei toda a sua
dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do
seu conservo como eu tive de você?” Mateus 18:32, 33
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1º de abril – domingo
A CANÇÃO DE KAREN
Mas eu sou verme, e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo
do povo. Salmo 22:6
“Sangrou meu Salvador? Morreu meu Soberano? Daria Ele a santa fronte por
um verme como eu?”, escreveu Isaac Watts em um de seus famosos hinos.
Desde então, algumas pessoas têm ignorado a última frase.
Em nossa era em que reina a psicologia do “sentir-se bem” e da
“autorrealização”, foi colocada de lado a antiga teologia que afirma que somos
vermes diante da glória de Deus. Uma geração que nega a existência do pecado
certamente não quer ser humilhada por expressões como essa.
Do ponto de vista bíblico, no entanto, Isaac Watts estava correto. A boa-
nova sobre Deus começa com a má notícia a nosso respeito. Perante Ele, nossa
justiça é como trapos de imundícia. Não há nada em nós mesmos que nos torne
dignos de sermos aceitos pelo Pai. Nada. Realmente somos vermes. Enquanto
não admitirmos nossa grande necessidade, a Palavra não poderá prover Sua
graça.
A teologia do “verme” tem dois lados. Um deles possui um aspecto
aterrorizante e até mesmo fatal.
Durante uma longa viagem de avião rumo a outro país, me cansei de ler e
decidi colocar o fone de ouvido para avaliar a seleção de música disponível.
Uma voz da geração passada – agradável, nostálgica, com um toque de tristeza –
soou pelo sistema de som. Abri o guia de entretenimento e li que o programa
oferecia canções selecionadas de Karen e Richard Carpenter.
Karen Carpenter! Sua história veio à minha memória ao ouvir novamente a
voz melancólica. Karen, acompanhada pelo irmão, Richard, conquistou grande
sucesso como cantora na década de 1970, chegando a somar mais de cem
milhões de cópias vendidas até a década de 1990. Encantadora e amada, Karen
se tornou ídolo de muitas jovens. Porém, apesar da fama conquistada, Karen
sofria de baixa autoestima. Ao observar-se no espelho, essa mulher atraente não
conseguia parar de pensar em quanto era feia. Em 1983, Karen, aos 32 anos de
idade, faleceu de parada cardíaca provocada pela anorexia nervosa. Por vários
anos ela se obrigou a passar fome. Na época, parecia quase impossível aceitar a
explicação de seu falecimento, mas desde sua morte trágica essa condição tem se
tornado bem conhecida na vida de outras jovens.
O outro lado da teologia do “verme” é aquele que eu gostaria que Karen
Carpenter tivesse conhecido. Aos olhos de Deus não somos vermes. Somos
amados, preciosos, especiais, lindos. Somos príncipes e princesas do Rei do Céu.
2 de abril – segunda
EM BUSCA DA PERFEIÇÃO
Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês. Mateus
5:48
SEQUESTRADO!
Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum
para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o
ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho
da graça de Deus. Atos 20:24
Observei minha agenda e gelei. Ela indicava que dali a poucos instantes um
homem que havia me atacado verbalmente em pessoa e por vídeo viria conversar
comigo. Anos antes, esse homem havia iniciado sua carreira com o objetivo de
servir como ministro adventista, mas logo começou a trilhar um caminho
independente em que lançava críticas à igreja e aos líderes. Fiquei imaginando o
que ele queria comigo.
Ele chegou ao meu escritório acompanhado da esposa. Dentro de instantes
estava implorando meu perdão com súplicas sinceras e em meio a lágrimas. Eu
lhe disse que o perdoava e ele começou a contar como o Senhor havia interferido
em sua vida para que ele mudasse radicalmente de atitude.
Aos poucos partilhou a história de sua vida, como ingressou no ministério,
a razão de ter saído, como construiu um grande ministério particular com forte
apoio financeiro. Agora havia perdido tudo. A decisão de parar de criticar os
outros resultou na perda de seus adeptos e do dinheiro que lhe ofereciam.
Próximo à meia-idade, viu sua vida ruir, suas esperanças serem destruídas.
Será que ainda havia lugar para ele no ministério? Ele desejava saber.
Assegurei-lhe que Deus sempre nos concede uma segunda chance, que Ele é
capaz de extrair o bem de situações aparentemente desesperadoras. Adverti-o a
contentar-se com qualquer posição, por mais humilde que fosse, e a aceitar
qualquer responsabilidade que lhe fosse oferecida, mesmo que pequena, sem
considerar a recompensa monetária.
Durante aquela conversa maravilhosa e emocionante, lhe mostrei as
palavras encontradas no livro de Joel: “Vou compensá-los pelos anos de
colheitas que os gafanhotos destruíram” (Jl 2:25). Disse-lhe que ele devia
reclamar a promessa de um novo começo; que, apesar das oportunidades
passadas terem sido perdidas para sempre, Deus poderia conceder-lhe novas
oportunidades. Deus ainda podia fazer algo lindo nos anos vindouros de sua
vida.
As palavras do texto ecoaram em seu ser. Ele e a esposa saíram com
esperança. Por muitos meses, ele se contentou com uma posição humilde. Até
que chegou o dia em que recebeu o chamado para pastorear duas igrejas
pequenas. Que alegria! Que cumprimento da Palavra de Deus, que põe de lado
os anos perdidos e nos concede um novo começo!
6 de abril – sexta
O TREINAMENTO DE TIMÓTEO
Por essa razão estou lhes enviando Timóteo, meu filho amado e fiel no
Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em Cristo
Jesus, de acordo com o que eu ensino por toda parte, em todas as igrejas.
1 Coríntios 4:17
HOMEM DE FERRO
Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou Eu Aquele,
Aquele que os susterá. Eu os fiz e Eu os levarei; Eu os sustentarei e Eu os
salvarei. Isaías 46:4
E A PEDRO
Vão e digam aos discípulos dEle e a Pedro: Ele está indo adiante de vocês
para a Galileia. Lá vocês O verão, como Ele lhes disse. Marcos 16:7
A RECUPERAÇÃO DO PRESIDENTE
Não insistam em se vigarem, pois isso não compete a vocês. “Minha é a
vingança”, diz Deus. “Eu cuidarei disso.” Romanos 12:19, The Message
O ANCIÃO E O OVO
Porque, se há prontidão, a contribuição é aceitável de acordo com aquilo
que alguém tem, e não de acordo com o que não tem. 2 Coríntios 8:12
JOSUÉ E O ANJO
O anjo disse aos que estavam diante dele: “Tirem as roupas impuras
dele.” Depois disse a Josué: “Veja, eu tirei de você o seu pecado, e
coloquei vestes nobres sobre você.” Zacarias 3:4
O REFINAMENTO DA GRAÇA
O nome do homem era Nabal (tolo), descendente de Calebe, e o nome de
sua mulher era Abigail. A mulher era inteligente e bonita, mas o homem
era rude e mau. 1 Samuel 25:3, The Message
Como seguidores de Cristo, todos nós somos construtores. Cada um de nós está
construindo a própria vida, e estamos construindo Seu templo na Terra, a igreja.
De que forma devemos construir? A resposta para as duas situações é a mesma:
pela graça, somente pela graça.
Nenhuma discussão sobre construção seria completa sem analisar o
trabalho dos judeus que retornaram do cativeiro babilônico para reconstruir
Jerusalém e o Templo. Na verdade, esse projeto foi registrado em quatro livros
da Bíblia: Esdras, Neemias, Ageu e Zacarias. Podemos aprender muito sobre
construção com esses livros. Esdras e Neemias narram a história.
O pequeno grupo de otimistas deixou Babilônia e deu início à árdua tarefa.
As dificuldades eram imensas. Eram poucos em número, a tarefa era enorme e
os adversários procuravam impedir seu progresso. Para piorar a situação, surgiu
oposição em seu próprio meio. Alguns judeus estavam secretamente aliados aos
inimigos.
O trabalhou progredia a passos lentos e finalmente foi paralisado.
Desanimado, o povo parou de pensar na reconstrução do Templo e começou a
cuidar de seus próprios problemas. O projeto parecia ter ido por água abaixo.
Mas não! Deus levantou dois profetas. Um deles era Ageu, homem idoso
que trazia uma mensagem simples e direta do Senhor: “Levantem e construam
agora!” O outro era Zacarias, um jovem que também foi enviado para animar o
povo a prosseguir com o projeto, revelando as várias visões impressionantes que
o Senhor lhe concedera.
Uma das visões concedidas a Zacarias, focalizando o candelabro de ouro e
as duas oliveiras, retratou de maneira franca e sincera a enormidade da tarefa que
os judeus enfrentavam, liderados pelo governador Zorobabel. Realmente se
tratava de uma “montanha majestosa”. Mas a Palavra do Senhor dos exércitos
diz: “‘Não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito.’ [...] Quem você
pensa que é, ó montanha majestosa? [...] Você se tornará uma planície’” (v. 6, 7).
Assim, o trabalho avançou. Em meio a sangue, suor e lágrimas avançou até
que foi concluído com exclamações de “haja graça e graça para ela!”
Essa é a maneira pela qual a construção hoje pode ser concluída, em nossa
vida e na igreja. Sangue, suor e lágrimas – cobertos pela graça.
15 de abril – domingo
A VERDADEIRA GRAÇA
Com a ajuda de Silvano, a quem considero irmão fiel, eu lhes escrevi
resumidamente, encorajando-os e testemunhando que esta é a verdadeira
graça de Deus. Mantenham-se firmes na graça de Deus. 1 Pedro 5:12
A PORTA DO CÉU
Teve medo e disse: “Temível é este lugar! Não é outro, se não a casa de
Deus; esta é a porta dos Céus.” Gênesis 28:17
Aqui está Jacó, tão esperto, apanhado pela própria armadilha. Ele está fugindo
do irmão mais velho, Esaú, por ter obtido a bênção da primogenitura ao enganar
o próprio pai. Esaú está irado e mal pode esperar chegar o dia em que poderá se
vingar do irmão. Mas ainda não, não enquanto o pai já idoso, Isaque, estiver
vivo.
Jacó foge. Ele vai para o norte a caminho de Harã, lugar em que o tio
Labão mora. O plano de Jacó não parece mais tão perfeito. A noite vem e ele
está totalmente solitário. Sem jantar em família esta noite. Sem cama confortável
para encostar o corpo cansado. Ele terá que se virar de alguma forma. De
repente, sua vida se tornou uma questão de sobrevivência selvagem.
Jacó procura um lugar para descansar e passar a noite. Nada de cobertor,
lençol ou travesseiro nesta noite. Ele pega uma pedra para reclinar a cabeça.
Você já tentou dormir num travesseiro de pedra? Eu já e posso afirmar que
não é divertido. Se você estiver muito cansado, acabará caindo no sono, mas não
por muito tempo. E, ao acordar, parecerá que quebrou o pescoço.
Ali está Jacó, deitado sozinho ao relento, com a cabeça reclinada sobre
uma pedra. Nunca tinha se sentido tão longe de casa, tão longe do Deus de
Isaque e de Abraão.
Finalmente, pega no sono. Então, algo maravilhoso acontece. Deus lhe
concede um lindo sonho. Naquele lugar ermo e hostil, seria normal ter
pesadelos. Mas, em vez disso, Jacó vê uma escada ligando a Terra ao Céu e os
anjos de Deus subindo e descendo por ela. O Senhor está no alto da escada
proclamando: “Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque.
[...] Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e Eu o trarei de volta
a esta terra” (Gn 28:13, 15).
Ao acordar, Jacó pensa consigo: “Sem dúvida o Senhor está neste lugar,
mas eu não sabia! [...] Temível é este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus;
esta é a porta dos Céus” (v. 16, 17).
Ainda é verdade. O Senhor está neste lugar. Não importa o quão solitário
ou abandonado este lugar pareça, Deus não o abandonou, Ele não nos
abandonou. Os anjos de Deus sobem e descem pela escada celestial ao lado de
nosso travesseiro de pedra enquanto o Senhor diz: “Estou com você e cuidarei de
você, aonde quer que vá.”
17 de abril – terça
O GUERREIRO CELESTIAL
Então disse o homem: “Seu nome não será mais Jacó, mas sim Israel
porque você lutou com Deus e com homens e venceu.” Gênesis 32:28
Você já notou a maneira peculiar com que a Bíblia chama o povo escolhido de
Deus, os judeus, no Antigo Testamento? Seu famoso ancestral foi Abraão,
homem de muita fé (e mais algumas fraquezas humanas). Não seria estranho se o
povo escolhido fosse chamado de “filhos de Abraão”, mas em vez disso são
chamados “filhos de Israel”.
Israel? Esse é o outro nome de Jacó, o grande enganador do Antigo
Testamento. Ele enganou o pai idoso e cego; enganou o irmão, Esaú, e enganou
o tio, Labão. Como Deus foi capaz de colocar o nome desse personagem dúbio
em Seu povo?
A resposta é graça! Deus fez por Jacó o que fez por muitos enganadores e
pessoas de mau caráter ao longo dos séculos, e o que Ele ainda faz hoje:
concede-lhes uma segunda chance, e uma terceira, depois uma quarta. Deus
continua amando essas pessoas, convidando-as para voltar, guiando-as pelo
mesmo caminho que caíram tantas vezes, ensinando-as até o dia em que
acordam e Lhe permitem ser o Senhor de sua vida. A partir de então, elas se
tornam diferentes, transformadas, novos homens e mulheres. Jacó se torna Israel.
Deus trabalhou com Jacó por muito, muito tempo. Quem sabe Jacó estava
começando a acordar, mas o ponto crucial ocorreu numa noite específica. Jacó
estava retornando para Canaã, regressando como um homem rico com duas
esposas, onze filhos e uma filha e um vasto rebanho. Foi nessa ocasião que
recebeu uma mensagem que o deixou apavorado: Esaú estava indo ao seu
encontro acompanhado de 400 homens! Jacó enviou as mulheres, as crianças e
os animais para a outra margem do rio Jaboque e planejou passar aquela noite
terrível em oração.
De repente, foi atacado. Um homem o agarrou e lutou com ele. Jacó lutou
para salvar a vida. Mas, à medida que a luta prosseguia, começou a perceber que
não estava lutando com um guerreiro qualquer. De forma alguma! Era Jesus, que
ainda hoje vem a nós, que luta para nos trazer a vida nova que Ele oferece.
Jacó encontrou vida nova, e um novo nome, Israel, que significa “aquele
que luta com Deus”.
18 de abril – quarta
COMPRANDO O FAVOR
Disse, porém, Esaú: “Eu já tenho muito, meu irmão. Guarde para você o
que é seu.” Gênesis 33:9
No trajeto de volta para sua terra natal depois de passar 20 anos em Harã, Jacó
ainda estava com medo do irmão gêmeo. Ao saber que Esaú ia ao seu encontro
acompanhado de 400 homens, Jacó tratou de lhe enviar rebanhos: 200 cabras e
20 bodes, 200 ovelhas e 20 carneiros; 30 fêmeas de camelo com seus filhotes; 40
vacas e 10 bois; 20 jumentas e 10 jumentos. Ordenou que os rebanhos fossem
deixados a certa distância um do outro. Ele também instruiu os empregados a
dizerem a Esaú que os animais eram um presente de seu servo Jacó, que estava a
caminho (Gn 32:13-18).
Que presente generoso! Se Esaú tinha qualquer dúvida a respeito da
postura do irmão em relação a ele, aquela era a resposta. Jacó estava com tanto
medo e tão ansioso que era capaz de fazer qualquer coisa para agradar o irmão.
Ele tentou comprar o favor de Esaú.
Tal abordagem se encaixa com o padrão de vida de Jacó. Acostumado a
enganar e a manipular, Jacó pensou que podia encontrar saídas para qualquer
situação. O mesmo acontece hoje. Todos nós temos muito de Jacó em nossa
personalidade, alguns mais do que outros. Para muitas pessoas, o dinheiro pode
comprar qualquer coisa; todo mundo tem um preço. Mas Deus está em busca de
homens e mulheres “que se não comprem nem se vendam; [...] que no íntimo da
alma sejam verdadeiros e honestos; [...] que não temam chamar o pecado pelo
seu nome exato; [...] cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é
ao polo; [...] que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus”
(Ellen G. White, Educação, p. 57).
Jacó até mesmo tentou comprar o favor de Deus. Depois de acordar do
maravilhoso sonho da escada que ligava a Terra ao Céu, fez um voto: se Deus
cuidasse dele e o levasse em segurança de volta para casa, ele devolveria a Deus
o dízimo de tudo o que o Senhor lhe concedesse (Gn 28:20-22).
Antes de julgarmos Jacó, examinemos nosso próprio coração. Quantas
vezes eu tentei manipular Deus? Ao devolver o dízimo (que é dEle) e ofertar,
será que espero receber um favor em troca porque (em minha mente) fiz um
favor a Ele?
O favor de Deus não está à venda. É gratuito – absolutamente gratuito.
Chamamos isso de graça.
Até mesmo Esaú ajudou Jacó a enxergar isso. A sucessão de rebanhos não
lhe fez diferença. Ele perdoou e aceitou o irmão sem cobrar nada em troca.
19 de abril – quinta
COMIDA CASEIRA
Veio o Filho do homem comendo e bebendo, e dizem: “Aí está um comilão
e beberrão, amigo de publicanos e ‘pecadores’.” Mas a sabedoria é
comprovada pelas obras que a acompanham. Mateus 11:19
Jesus não foi glutão, muito menos uma Pessoa isolada. O fato de Seus inimigos
O acusarem de comer muito apenas mostra que Ele gostava de comer. Os
Evangelhos descrevem várias cenas em que Jesus Se encontrava num ambiente
social, muitas vezes revelando verdades importantes.
Penso que Seu lugar predileto para fazer as refeições não era uma sala de
jantar ampla da casa de algum fariseu que havia convidado uma multidão de
amigos e colegas abastados para conhecê-Lo, mas sim um pequeno e humilde lar
em Betânia, onde podia encontrar os amigos Lázaro, Marta e Maria. Nada de
bufês luxuosos, apenas uma boa comida caseira (que é bem melhor).
Se Jesus vivesse na Terra hoje, acho que ainda preferiria a graça de uma
boa refeição caseira acompanhada de uma conversa interessante, risadas e o
carinho que os verdadeiros amigos oferecem. Tal ambiente é um presente do Pai
celestial, o Pai que criou a manga, o pêssego, a uva e o abacaxi, a abóbora, a
mandioca e os grãos que se transformam em deliciosos pães.
Graça é uma mesa repleta de comida feita em casa e rodeada pelos amigos.
Noelene e eu gostamos muito de praia (na verdade, a família inteira gosta
muito). Sempre que possível, vamos a Chesapeake Bay. No caminho, passamos
pela pequena cidade de Bridgeville, local em que suntuosos casarões repousam
pacificamente na companhia de um policial alerta dentro do carro-patrulha com
o radar em mãos. Um pouco depois do perímetro urbano pode-se ver um letreiro
que diz “Jimmy’s”, e o estacionamento está sempre lotado, não importa o dia
nem a hora.
Certa vez, tomados pela curiosidade, decidimos parar. O Jimmy’s comporta
cerca de 150 pessoas e é muito provável que ao chegar lá você tenha que esperar
para conseguir uma mesa. A decoração é muito simples e o cardápio impresso
carece de formatação. Grampeadas a ele estão duas folhas manuscritas
oferecendo mais opções e uma terceira, também escrita à mão, informando o
prato “especial” da casa para todos os dias da semana. Apenas comida caseira é
servida ali. Purê de batatas de verdade, um delicioso feijão, tomate cozido e uma
variedade incrível de tortas e bolos. E, quando o garçom traz a comanda, você
não acredita – parece tão pouco!
Acho que Jesus iria gostar de comer no Jimmy’s.
20 de abril – sexta
Essas palavras são estranhas e foram proferidas pelo próprio Jesus. O que será
que Ele quis dizer com elas?
Ao longo dos séculos, alguns cristãos as levaram ao pé da letra. No início
do terceiro século, o teólogo Orígenes, na tentativa desesperada de controlar o
desejo sexual, castrou a si mesmo. Alguns outros, pensando que estavam
seguindo Jesus, também mutilaram o corpo.
Mas esse pensamento estava totalmente errado. Jesus foi o Grande Médico,
não um mutilador. Ele sempre tornava homens e mulheres inteiros de corpo,
mente e espírito. A verdadeira religião amplia nossa experiência, não a diminui.
O contexto desse verso nos ajuda a entender o que Jesus quis dizer. Essas
palavras fazem parte do famoso Sermão do Monte, em que por seis vezes Jesus
repete: “Vocês ouviram o que foi dito. [...] Mas Eu lhes digo.” Em todos os
casos, Jesus cita uma regra do Antigo Testamento e a amplia.
Em Mateus 5:27-30, Jesus cita o sétimo mandamento do Decálogo, que
proíbe o adultério. Em seguida, Ele amplia a abrangência do mandamento,
mostrando que até mesmo o ato de olhar com más intenções para uma mulher já
é o suficiente para quebrá-lo. Então, Ele diz: “Se o seu olho direito o fizer pecar,
arranque-o e lance-o fora. [...] Se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-
a fora.” Ou seja, tudo aquilo que nos levar a pecar, por mais que gostemos, deve
ser banido de nossa vida.
Radical demais? Sim, mas essa é uma questão de vida ou morte. Uma
raposa ou um lobo apanhados em uma armadilha roerão a pata a fim de salvar a
própria vida. Aron Ralston, ao partir para uma escalada solo no Parque Nacional
Canyonlands de Utah, Estados Unidos, em abril de 2003, foi obrigado a
enfrentar uma escolha semelhante. Ralston acidentalmente liberou uma rocha de
360 quilos que o comprimiu dentro de uma fenda estreita do cânion. No sexto
dia de clausura e beirando a loucura, Ralston decidiu fazer a única coisa que o
libertaria de sua prisão: ele cortou o antebraço com uma faca de bolso.
Radical, mas ele escolheu a vida em vez da morte. Nós também precisamos
romper radicalmente com qualquer hábito que nos leve para a morte eterna.
Livre-se de todo hábito que estiver obstruindo o caminho da salvação. Corte-o!
A graça nos conclama a tomarmos atitudes radicais.
22 de abril – domingo
PAI ABRAÃO
Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça. Gênesis 15:6
TIO ABRAÃO
Aí está a terra inteira diante de você. Vamos separar-nos. Se você for para
a esquerda, irei para a direita; se for para a direita, irei para a esquerda.
Gênesis 13:9
O TESTE SUPREMO
Respondeu Abraão: “Deus mesmo há de prover o cordeiro para o
holocausto, meu filho”. E os dois continuaram a caminhar juntos. Gênesis
22:8
Mesmo após 4.000 anos essa história ainda atinge nosso coração com um
punhal tão real quanto a faca na mão do pai já idoso. Se fosse um conto tirado da
literatura pagã ou de algum relato estilo tabloide da mídia moderna, poderíamos
mantê-la longe de nossa vista e pensamento. No entanto, não podemos ignorá-la,
pois foi descrita nas Sagradas Escrituras como o auge da saga de Abraão, o pai
da fé. Temos que lê-la, temos que tentar compreendê-la.
Algumas perguntas pairam no ar. Por que Jeová, que declarou a Moisés ser
o Deus todo-compassivo, ordenaria que um pai assassinasse o próprio filho?
Como pôde o mesmo Deus que condenou a abominação do sacrifício humano
ordenar a Abraão: “Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e
vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que
lhe indicarei” (Gn 22:2)?
Caro amigo, como você reagiria diante de tal ordem do Senhor? Enfiar uma
faca no coração de seu próprio filho? Acender o fogo e queimar seu amado
descendente até virar carvão e cinzas? Duvido muito que eu seria capaz de fazer
isso. Provavelmente convenceria a mim mesmo de que não ouvira a voz de
Deus, mas a do diabo.
Levaria essa questão em consideração apenas se tivesse um relacionamento
tão íntimo com Deus que saberia ser a Sua voz que me ordenara a cometer
tamanha barbaridade. Poderia pensar em talvez obedecer-Lhe apenas se minha
confiança nEle fosse forte e clara o bastante.
O relacionamento entre Abraão e Deus era assim. Já idoso, Abraão
conhecia Deus intimamente. Depois de todos os altos e baixos do passado,
depois de todos os equívocos de uma fé em crescimento, Abraão havia
amadurecido a ponto de o Senhor aplicar-lhe o teste máximo – um teste maior do
que tirar a própria vida.
Não devemos ignorar a atitude de Isaque nesse drama. O garoto poderia ter
fugido, mas em vez disso deixou o pai amarrá-lo sobre o altar e aguardou a
morte.
Apenas através do mistério do Calvário é que compreendemos o enigma
dessa história intrigante. Ali vemos o Pai e o Filho, em atitude voluntária,
caminhando juntos para o local da morte pelos pecados do mundo.
Dessa vez, porém, nenhum anjo apareceu para impedir a mão assassina do
algoz de cumprir sua tarefa.
27 de abril – sexta
O noticiário aquele dia apresentou uma história estranha. Uma mulher morreu
depois de ter sido picada por uma cobra venenosa. Ela dirigiu sozinha até a sala
de emergência mais próxima (para o espanto da equipe médica), mas faleceu
alguns dias depois de lutar contra o veneno mortal.
A polícia foi à casa da vítima para capturar a víbora, tomando precauções
para se proteger. Dentro do local, não encontraram apenas uma víbora, mas
outras serpentes em gaiolas, além de uma grande quantidade de animais
exóticos.
Estranho? Sim e não. Antes de julgarmos essa pessoa, talvez devêssemos
perguntar-nos se as víboras e outras criaturas exóticas encontram abrigo em
nossa vida.
Ao advertir contra o poder sedutor do vinho, o sábio Salomão descreveu o
cintilar dessa bebida no copo e a maneira como escorre suavemente, mas
lembrou: “no fim, ele morde como serpente e envenena como víbora” (Pv
23:32).
Fico imaginando o que levou aquela mulher a manter cobras venenosas em
sua casa. Talvez tenha sido sua aparência. Já vi víboras, como a víbora de
Russell da Índia, cuja pele é composta por sequências complexas. Talvez tenha
sido a adrenalina de manter um animal que apenas com uma picada podia levá-la
à morte. Qualquer descuido e já seria tarde demais.
O pecado é como a víbora. Um pecado acariciado é como uma víbora de
estimação. Sabemos que é mortal. Falta de conhecimento não é o problema. Mas
o mantemos mesmo assim em nossa de casa. Ninguém mais sabe que ele está lá
e o quanto o achamos atrativo. Talvez várias outras criaturas perigosas e
peçonhentas encontrem abrigo em nossa vida.
Quem sabe seja exatamente o exemplo dado por Salomão – o álcool. Ou
talvez as drogas. Ou a pornografia. Não importa o que seja, ele morde como
serpente e envenena nossa vida eterna.
A graça de Deus é a graça que tudo supera. Ele deseja que caminhemos na
plenitude da nova vida ao permanecermos nEle. Mas temos nosso papel a
desempenhar. “O que nós não vencermos nos vencerá, operando a nossa
destruição. [...] Um mau traço de caráter que seja, um só desejo pecaminoso,
acariciado persistentemente, acabará neutralizando todo o poder do evangelho”
(Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 32-34, itálico acrescentado).
Livre-se dessa víbora antes que ela o mate!
28 de abril – sábado
A ALIANÇA DA GRAÇA
Então disse Deus a Noé e a seus filhos, que estavam com ele: “Vou
estabelecer a Minha aliança com vocês e com os seus futuros
descendentes. Gênesis 9:8, 9
O Deus da Bíblia jamais fica no meio-termo. Ele é e age assim por natureza. Ele
não poupa o pecado. A santidade e a pureza infinitas de Deus não consentem
com o mal. Ele criou o Universo perfeito, mas concedeu a todos o poder de
escolha porque queria, e ainda quer, que fôssemos livres para expressar nosso
amor a Ele. Com essa liberdade, veio também a opção de dizer “não” a Deus. No
dia em que isso aconteceu, no momento em que o pecado surgiu, Deus não ficou
indiferente.
“Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno
prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo”
(2Pe 2:4). Aqueles que um dia haviam sido anjos perfeitos, mas que escolheram
seguir o próprio caminho, foram forçados a partir. Por mais que os amasse, Deus
não os poupou e os expulsou das cortes celestiais.
Deus também não poupou o pecado na Terra. “Ele não poupou o mundo
antigo quando trouxe o dilúvio sobre aquele povo ímpio” (v. 5). A raça humana
antes do dilúvio era longeva e altamente inteligente. Porém, concentrou seu
poder criativo e sua força para buscar o mal, até que “toda a inclinação dos
pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal” e “a Terra estava
[...] cheia de violência” (Gn 6:5, 11). Aquele que é longânimo e paciente
interveio como Aquele que não poupa, destruindo por meio do grande dilúvio o
planeta que criara.
Além disso, Deus não poupou as cidades de Sodoma e Gomorra, mas as
reduziu a cinzas, “tornando-as exemplo do que acontecerá aos ímpios” (2Pe 2:6).
O comportamento iníquo dos habitantes dessas cidades, imersos na perversidade,
trouxe sobre eles o julgamento do Deus que não poupa.
Isso não é tudo! O Deus que não poupou a Sua ira contra o pecado tomou
essa ira sobre Si. Ele nos amou de tal maneira que deu o Seu único, amado e
perfeito Filho.
Diante desse presente, o maior de todos, “como não nos dará juntamente
com Ele, e de graça, todas as coisas?” Todas as coisas – todas as coisas – hoje e
para sempre. Que Deus maravilhoso!
30 de abril – segunda
Nos estados norte-americanos em que a pena de morte ainda está em vigor, uma
expressão de arrepiar é bem conhecida: “Homem morto caminhando!”
O condenado à pena de morte, geralmente do sexo masculino, esgotou
todos os recursos possíveis junto à justiça. Provavelmente tenha permanecido no
corredor da morte por muitos anos aguardando a continuidade do lento processo
judicial, enquanto os advogados argumentaram e tentaram de tudo para encontrar
um modo de poupar sua vida. Quem sabe, como última tentativa, tenham
apelado ao governador por clemência, mas o pedido tenha sido negado. Não
resta mais nenhuma esperança. O fim chegou. Acabou!
O prisioneiro faz sua última refeição. Encontra-se com o capelão pela
última vez. Envia sua última mensagem. Dá seu último adeus. Então, é
conduzido de sua cela até o local de execução. À medida que caminha para a
morte, ouve-se: “Homem morto caminhando!”
Somos homens mortos caminhando. Não, não somos assassinos,
estupradores ou sequestradores aguardando no corredor da morte a chegada do
terrível dia, mas estamos condenados perante o tribunal do Universo. Pecamos,
quebramos a lei de Deus, rebelamo-nos contra Ele em pensamento e ação e
merecemos morrer. “Pois o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23).
Mas graça significa que Deus não nos trata de acordo com aquilo que
merecemos. Ele nos trata como Jesus merece. Fomos homens mortos
caminhando, mas agora caminhamos como filhos e filhas de Deus, na plenitude
do perdão e na vida nova que Ele nos concede. Sim, “o salário do pecado é a
morte”, e esse é o nosso salário, mas a segunda parte do verso diz que “o dom
gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
Não mais o salário, mas o dom. Não aquilo que merecemos, mas o que não
merecemos. Louvado seja Deus!
“Cristo foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos receber o
tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos
quais não tinha participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na
qual não tínhamos parte. Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a
vida que a Ele pertencia. ‘Pelas Suas pisaduras fomos sarados’” (Ellen G. White,
O Desejado de Todas as Nações, p. 25).
Querido Deus, que a Tua graça inunde a minha vida hoje, e que através de
mim alcance as pessoas ao meu redor.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
1 2 3 4 5
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13 14 15 16 17 18 19
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27 28 29 30 31
1º de maio – terça
O DEUS QUE ME VÊ
Este foi o nome que ela deu ao Senhor que lhe havia falado: “Tu és o Deus
que me vê”. Gênesis 16:13
Às vezes, pessoas “boas” são de difícil convivência. Certa vez, alguém disse:
“Viver com os santos no Céu – oh, que glória! Mas viver com os santos na Terra
– essa é outra história!”
José, um dos personagens mais conhecidos do Antigo Testamento, foi um
bom garoto. Mas conseguiu irritar de tal maneira os 11 irmãos que eles passaram
a odiá-lo e não conseguiam pensar sequer numa palavra agradável para lhe dizer.
O problema foi que José, filho nascido na velhice, era o favorito de Jacó. O
pai não fez questão de esconder sua preferência; presenteou José com algo
especial, uma bela túnica. Uma atitude nada sábia, pois semeou discórdia e
inveja no círculo familiar.
José, por sua vez, agravava ainda mais o problema. Desfilava com a túnica
pomposa que o separava de seus irmãos. Até mesmo no dia em que Jacó lhe
ordenou que fizesse uma longa caminhada para verificar se os irmãos estavam
bem, José vestiu a túnica. Provavelmente ele achasse que estava acima dos
irmãos.
Além disso, José era linguarudo. “Contava ao pai a má fama deles [seus
irmãos]” (Gn 37:2). Havia também os sonhos que ele descrevia com tanto
orgulho: os feixes de trigo dos irmãos curvando-se perante o dele; o Sol, a Lua e
as 11 estrelas curvando-se perante ele. O último passou dos limites até mesmo
para Jacó, que o repreendeu.
O ciúme aumentava; o ódio ardia como fogo. Assim que tiveram uma
oportunidade, os irmãos se vingaram. Pegaram o linguarudo, arrancaram-lhe a
túnica luxuosa e o jogaram num poço. Em seguida, o venderam para uma
caravana de mercadores que passava por ali.
Em um único dia, José deixou de ser o filho favorito e passou a ser um
escravo rumo a uma terra estrangeira. Mas também deixou de ser linguarudo
para se transformar no servo de Deus. Propôs em seu coração que, a despeito de
qualquer circunstância, seria fiel ao Deus de seu pai. “Sua alma fremiu ante a
elevada resolução de mostrar-se fiel a Deus – de agir, em todas as circunstâncias,
como convinha a um súdito do reino do Céu. [...] A experiência de um dia foi o
ponto decisivo na vida de José. Sua terrível calamidade o transformou de uma
criança mimada em um homem ponderado, corajoso e senhor de si” (Ellen G.
White, Patriarcas e Profetas, p. 214).
José enfrentou muitas outras lutas, mas prosperou em tudo. Ele escolheu
servir a Deus, e Deus não Se esqueceu dele.
4 de maio – sexta
É tão mais fácil pregar o cristianismo do que vivê-lo. Mais fácil ainda é escrever
um livro sobre graça do que colocar em prática o que sabemos.
A maioria de nós não sofre de falta de conhecimento. Nosso problema é
que aquilo que conhecemos está muito além daquilo que praticamos. Na
verdade, usamos o conhecimento para tentar evitar a prática – daí os muitos
argumentos teológicos, como se o conhecimento fosse nosso meio de salvação.
Mas não é.
Somos pobres e fracos. Infelizmente, não queremos reconhecer isso nem
para nós mesmos. Somente quando percebemos e admitimos que não
conseguimos por nós mesmos, somente quando nos livramos de nossa
autossuficiência e corremos para Jesus, podemos obter a ajuda de que tanto
precisamos.
Mas quando realmente deixamos de lado o eu e olhamos para Jesus, que
diferença sentimos! O Bom Livro está repleto de promessas feitas a nós, e cada
um delas tem o “sim” e o “amém” em Cristo Jesus (2Co 1:20). Exatamente
como a boa Palavra do Senhor expressa no texto escolhido para hoje,
assegurando-nos da orientação divina ao enfrentarmos cada dia.
Considere pessoal esta promessa, prezado amigo, e aplique-a à sua vida:
“Ao se levantarem pela manhã, acaso experimentam o senso de sua
incapacidade, sua necessidade de forças vindas de Deus? E humilde e
sinceramente expõem suas necessidades ao Pai celestial? Se assim for, os anjos
anotam-lhes as orações, e se as mesmas não partiram de lábios fingidos, quando
estiverem em risco de errar inconscientemente, de exercer uma influência que
leve outros a errar, seu anjo da guarda estará ao seu lado, impulsionando-os a
seguir melhor direção, escolhendo as palavras para proferirem e influenciando-
lhes as ações” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 363, 364).
Preste atenção na tríplice promessa. O anjo da guarda ao seu lado:
(1) Impulsiona você a seguir a melhor direção.
(2) Escolhe as palavras para que você profira.
(3) Influencia suas ações para o bem.
Desejo cada uma dessas bênçãos. Quero escolher o melhor caminho; quero
que minhas palavras curem e animem; quero que minhas ações sirvam a um
propósito nobre e elevado.
Senhor, concede-me essas bênçãos hoje.
5 de maio – sábado
PANELAS SAGRADAS
Naquele dia, será gravado nas campainhas dos cavalos: Santo ao Senhor;
e as panelas da Casa do Senhor serão como as bacias diante do altar.
Zacarias 14:20, ARA
O que pode ser mais comum do que panelas? Como podem panelas e caçarolas
ser consideradas sagradas? O que dizer das campainhas dos cavalos?
A resposta é: qualquer coisa dedicada ao Senhor, por mais que pareça
comum ou rotineira, adquire novo atributo, é separada, pertence a Ele.
Essa maneira de enxergar o mundo parece estranha à maioria das pessoas
hoje. Crescemos acostumados a explicar o que acontece referindo-nos a causas
naturais: terremotos e furacões, pragas e pestes. Os “atos de Deus” cederam
lugar às descobertas da ciência.
Vivemos numa era secular. Até mesmo as pessoas que frequentam a igreja
tendem a viver seis dias como pessoas seculares e apenas em um dia da semana
permitem que o sagrado influencie sua vida. Os adventistas do sétimo dia, que
consideram o sábado um período sagrado, facilmente caem na mesma armadilha,
por exemplo, ao se referirem ao pôr do sol de sábado como a transição do
“período sagrado” para o “período secular”.
A perda da percepção do sagrado na vida cotidiana é a raiz da religião
superficial que se passa por cristianismo. Se Deus é o Senhor de tudo (e Ele é),
nada está fora de Sua esfera de influência. Se Ele é o Senhor do tempo (e Ele é),
o tempo – todos os sete dias da semana – pertence a Ele.
Ao longo dos séculos, aqueles que caminharam com Deus sabiam e viviam
essa verdade. Na Idade Média, surgiu um livro simples que se tornou um
clássico: A Prática da Presença de Deus. Para o irmão Lawrence, autor do livro,
ao realizar as tarefas humildes que lhe eram atribuídas, cada momento era
sagrado, cada panela ou caçarola que lavava era santificada pela presença do
Senhor. Ele compreendeu a verdade do texto de hoje, entendeu como a frase
“Santo ao Senhor” pode ser escrita nas campainhas dos cavalos, como as panelas
podem ser comparadas às bacias sagradas diante do altar no santuário.
Meu amigo, você e eu estamos prestes a enfrentar mais um dia.
Provavelmente nosso dia nos leve ao mundo, o mundo que não reconhece a Deus
ou Lhe atribui o tempo do dia.
Mas nós conseguimos fazer isso e devemos. Coloquemos nossas mãos nas
dEle. Ele santificará cada momento vivido e cada tarefa realizada.
6 de maio – domingo
A PROFUNDIDADE DA GRAÇA
Vocês cansam o Senhor com as suas palavras. “Como o cansamos?”,
vocês perguntam. Quando dizem: “Deus ama os pecadores e o pecado de
igual maneira. Deus ama a todos.” E também quando dizem:
“Julgamento? Deus é bom demais para julgar.” Malaquias 2:17, The
Message
De vez em quando, ouvimos alguém dizer: “Não sou capaz de crer num Deus
que faz tal e tal coisa” ou “Deus é bondoso demais para Se importar com um
pecado tão insignificante”, ou declarações semelhantes.
Todas as afirmações como essas não revelam nada sobre Deus. Elas
simplesmente mostram o que uma pessoa em particular pensa sobre Ele.
É perigoso falar em nome de Deus. Quando tentamos fazer isso, estamos
colocando-O numa caixa – a caixa que nós mesmos construímos. Mas Deus é
grande demais para ser colocado em qualquer caixa. “‘Pois os Meus
pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os
Meus caminhos’, declara o Senhor. ‘Assim como os céus são mais altos do que a
Terra, também os Meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os
Meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos’” (Is 55:8, 9).
A única maneira de conhecermos os pensamentos e os caminhos de Deus é
através da revelação de Si mesmo a nós, ou seja, a Sua Palavra. Somente nela
podemos conhecê-Lo corretamente; somente ali, em nenhum outro lugar.
A maioria das pessoas não gosta dessa ideia. Jamais gostaram. Desde o
tempo de Malaquias, 400 anos antes de Cristo, as pessoas já achavam que
conheciam Deus plenamente. “Deus ama os pecadores e o pecado de igual
maneira”, pensavam. “Deus é bondoso demais para julgar.”
Soa familiar? Essa ideia mostra Deus como um avô em vez de pai. O Deus
condescendente. O Deus que simplesmente tem que salvar todo o mundo. Para
muitas pessoas, esse é o conceito que elas têm do Deus da graça. Trata-se de
uma visão defeituosa, superficial, que subestima e rebaixa Sua graça.
Começamos a ter uma noção da profundidade da graça apenas no momento
em que passamos a entender a santidade de Deus. Aquele que é infinito em graça
também é infinito em santidade. Essa palavra significa deslumbrante pureza,
justiça e integridade dos quais pecado e pecadores fogem. Unicamente à luz
dAquele que é santo começamos a ver quão distantes estamos de Seu ideal para
nós.
Esse é o mesmo Ser que nos aceita exatamente como somos, convida-nos a
voltar para Ele, perdoa-nos liberalmente e concede-nos um novo começo como
Seus filhos e filhas. Isso é graça sem fim.
7 de maio – segunda
DESCULPAS, DESCULPAS
Moisés, porém, respondeu a Deus: “Quem sou eu para apresentar-me ao
faraó e tirar os israelitas do Egito?” Êxodo 3:11
APRENDENDO E DESAPRENDENDO
Pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó.
Hebreus 11:24
Moisés, o escolhido de Deus para tirar Seu povo do domínio egípcio, tinha
muito a aprender e muito a desaprender antes de estar pronto para a tarefa.
Encontrado no rio Nilo pela filha do faraó, ele cresceu na corte real. Aprendeu a
ciência da época e foi treinado para lutar. Aparentemente possuía todas as
características necessárias para um grande rei do Egito. Mas a mesma preparação
que o qualificou a liderar o Egito desqualificou-o para liderar Israel.
Certo dia, Moisés tomou uma decisão crucial: participaria da sorte do povo
de Deus. Moisés escolheu um bando de escravos em vez do trono do Egito. Seria
seu líder. Uma decisão nobre, de tirar o fôlego, mas Moisés tinha muito a
aprender e muito a desaprender. Ao testemunhar um egípcio maltratando um
israelita, resolveu o caso com as próprias mãos. Assassinou o egípcio e enterrou
o corpo na areia. Logo todos ficaram sabendo do ocorrido e Moisés foi obrigado
a fugir da ira do faraó.
Ele fugiu para Midiã. Estava com 40 anos e sua vida havia desmoronado
completamente. Uniu-se a Jetro e se tornou pastor de ovelhas. Desistiu do plano
de liderar os israelitas até a Terra Prometida. Sua vida era um verdadeiro
fracasso. Mas Deus tinha outros planos. Na solidão do deserto, Moisés
aprenderia novas lições: confiar em Deus; viver de maneira simples; negar o
próprio eu; manter a calma a despeito das circunstâncias.
Além disso, “Moisés estivera a aprender muito que tinha de desaprender.
As influências que o haviam cercado no Egito [...] tudo deixara profundas
impressões em sua mente em desenvolvimento, e modelara, até certo ponto, seus
hábitos e caráter. O tempo, a mudança de ambiente e a comunhão com Deus
podiam remover estas impressões” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p.
248).
Ninguém é igual a ninguém. Deus trabalha conosco individualmente ao
buscar preparar-nos para realizar as tarefas que Ele tem para nós. Isso significa
aprender, como também desaprender. Às vezes, escuto jovens, criados em lares
cristãos, se lamentarem da falta de “experiência” nos prazeres deste mundo.
Sugerem que as pessoas que se entregam a Cristo após a juventude tiveram
maior vantagem. De forma alguma! Quanto mais esperamos para aceitar Jesus,
mais coisas temos para desaprender. Músicas mundanas, piadas sujas, maus
hábitos que grudam na mente como teia de aranha. Somente a comunhão com
Deus pode remover essas coisas. Muito melhor é entregar a Jesus nossa vida
inteira!
9 de maio – quarta
A GRAÇA DO PERDÃO
Então mandaram um recado a José, dizendo: “Antes de morrer, teu pai
nos ordenou que te disséssemos o seguinte: ‘Peço-lhe que perdoe os erros
e pecados de seus irmãos que o trataram com tanta maldade!’ Agora, pois,
perdoa os pecados dos servos do Deus do teu pai.” Quando recebeu o
recado, José chorou. Gênesis 50:16, 17
A VOZ DO ANJO
Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada deserta
que desce de Jerusalém a Gaza.” Atos 8:26
OBSERVANDO ATENTAMENTE
Sem dizer nada, o homem a observava atentamente para saber se o Senhor
tinha ou não coroado de êxito a sua missão. Gênesis 24:21
SILÓ
O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que
venha Siló. Gênesis 49:10, ARA
EU SOU
Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos
israelitas: Eu Sou me enviou a vocês.” Êxodo 3:14
MOISÉS E JESUS
Cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro:
“Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso.
Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei das nações.” Apocalipse
15:3
PERDENDO A PACIÊNCIA
Moisés e Arão reuniram-se em assembleia em frente da rocha, e Moisés
disse: “Escutem, rebeldes, será que teremos que tirar água desta rocha
para lhes dar?” Números 20:10
SONO TRANQUILO
Quando se deitar, não terá medo, e o seu sono será tranquilo. [...] Pois o
Senhor será a sua segurança e o impedirá de cair em armadilha.
Provérbios 3:24, 26
O AMADURECIMENTO
Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o
Filho também dá vida a quem Ele quer. João 5:21
Algum tempo atrás, ouvi um sermão muito inspirador proferido pelo querido
pastor Walter Wright. A mensagem, com base na história da cura do homem
coxo de Atos 3, foi poderosa por natureza, mas adquiriu ainda mais poder devido
às circunstâncias. Cinco meses antes de proferir esse sermão, o pastor Wright
havia sido diagnosticado com um tumor maligno na coxa direita. Aquela foi sua
primeira apresentação pública desde então.
O pastor Wright e a esposa receberam a triste notícia no dia 9 de junho. O
prognóstico sugeria uma provável cirurgia de amputação da perna direita,
seguida de uma chance incerta de sobrevivência. Ele nos confessou que a
previsão médica o levou à beira do desânimo, mas que as orações dos muitos
irmãos, conhecidos e desconhecidos, o ajudaram a prosseguir.
Ele aprecia muito cuidar do jardim e do pomar. Por isso, alguns dias depois
de ouvir o prognóstico, a esposa e ele estavam no quintal, admirando as jovens
macieiras que haviam plantado. As árvores tinham produzido 14 frutos. Ao
observar alguns escaravelhos nas folhas, o pastor Wright comprou inseticida e
aplicou cuidadosamente nas árvores.
No dia seguinte, as folhas amanheceram com um tom amarronzado. Com o
passar dos dias, secaram e caíram. As maçãs também caíram – todas, exceto
duas. Aquela parecia ser a gota d’água. Estavam realmente cercados pela morte.
Então, algo maravilhoso aconteceu: as árvores começaram a brotar
novamente! Os brotos cresceram cheios de vida, como se fosse uma segunda
primavera, e logo as árvores estavam repletas de belas folhas verdes. Para o
casal, aquele foi um sinal de esperança enviado por um Deus de amor.
Ao chegar o mês de novembro, as árvores ainda estavam verdes, mesmo
depois que as folhas das árvores ao redor tinham caído completamente quando se
preparavam para o rigoroso inverno de Michigan. As duas macieiras
permaneceram firmes, agora ainda mais frondosas e carregadas de frutos. O
pastor e a esposa apanharam as maçãs e se deliciaram com elas. Aquelas eram as
maçãs mais doces e suculentas que já tinham provado! A cada mordida, o pastor
e a esposa diziam e pensavam: “Aleluia!”
Os cirurgiões retiraram o tumor maligno e pouparam a perna do pastor
Wright.
23 de maio – quarta
Cada vez fico mais convencido de que a necessidade de organizar a vida nessa
época de agitação e incerteza é algo fundamental. Em vez de sermos controlados
pelo telefone celular, pelos e-mails e pela roda-viva da sobrevivência, devemos
voltar aos princípios fundamentais encontrados na Bíblia.
Recomendo que levemos em consideração uma ideia muito antiga,
instituída pelo próprio Deus na criação. A Bíblia nos diz (Gn 2:8) que o Senhor
plantou um jardim e o entregou ao casal humano recém-criado para cultivá-lo e
zelar por ele. Pouquíssimos de nós vivem da terra hoje em dia, mas
encontraremos descanso e paz mental ao cultivarmos um jardim, seja grande ou
pequeno. Na ocasião em que nos mudamos para Washington, adquirimos uma
casa que possuía um quintal bem espaçoso, porém mal cuidado. No fundo havia
várias árvores maravilhosas, entre elas, alguns carvalhos de 150 anos de idade ou
mais. O proprietário anterior havia plantado algumas azaleias e outros arbustos.
Porém, tinha sete filhos e o quintal acabou se transformando no parquinho da
vizinhança.
Assim que nos mudamos, nos deparamos com muito trabalho pela frente
para colocar as coisas em ordem, mas devagar conseguimos deixar o quintal do
nosso gosto. As crianças da vizinhança começaram a parar de enxergar nosso
quintal como uma propriedade comum e, aos poucos, conseguimos cultivar um
lindo gramado. Eu sonhava em fazer um jardim na frente da casa, mas um
frondoso plátano que crescia mais e mais a cada ano estava no caminho.
Depois de morar mais de 20 anos naquela casa, tomamos a decisão: tinha
chegado a hora de o plátano partir. Contratamos uma pessoa para cortá-lo e outra
para arrancar o toco. Comecei a idealizar o jardim. Passei muitas horas de
trabalho árduo para transformar aquele solo árido entremeado por uma rede de
raízes, algumas da espessura de meu braço, num canteiro apropriado para o
plantio.
Noelene e eu compramos livros sobre plantas perenes. Decidimos plantar
mudas de flox, uma fileira de sempre-vivas alternadas com cravos, ásteres, lírios
e um plátano japonês vermelho de lento crescimento. Por fim, decidimos
também acrescentar a dália. Nosso jardim, cuidadosamente desenvolvido pelo
suor de nossa fronte, floresceu de forma abundante e espetacular. O resultado foi
além de nossas expectativas. Sentimo-nos como Adão e Eva, profundamente
satisfeitos, felizes e mais perto de Deus.
24 de maio – quinta
“Em duas partiu-se num bosque a estrada, e eu... eu escolhi a menos percorrida
e isso fez toda a diferença” (Robert Frost).
A estrada menos percorrida ainda é o caminho para os seguidores de Jesus.
Ele nos disse: “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho
que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta,
e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram” (Mt 7:13,
14).
Encontramos a descrição de dois caminhos no primeiro capítulo do livro de
Salmos. Um é o caminho do justo, “aquele que não segue o conselho dos ímpios,
não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores” (v.
1). Hoje poderíamos colocar da seguinte maneira: aquele que não trilha o
caminho do secular, dos valores materiais; aquele que não segue a maioria
simplesmente por ser um caminho mais fácil; aquele que se afasta da influência
destruidora do cinismo.
Para aqueles que trilham a estrada menos percorrida – o caminho de Deus –
“sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite” (v. 2). Para
os hebreus, a lei de Deus englobava mais do que os Dez Mandamentos, apesar
de os dez preceitos serem o auge da lei. A Torá (lei) englobava toda a revelação
da vontade divina disponível à humanidade. Para nós hoje, encontramos a
revelação da vontade divina na Bíblia, instrumento concedido pelo Senhor para
nos mostrar como viver.
Para aqueles que seguem a estrada menos percorrida, há vida em
abundância. São como a “árvore plantada à beira de águas correntes” que produz
frutos deliciosos e cujas folhas não murcham (v. 3). Tudo o que fazem
“prospera”. Isso não quer dizer que fiquem ricos ou que estejam protegidos
contra dores de cabeça e situações difíceis, mas que Deus está ao seu lado para o
que der e vier.
O mesmo não ocorre com os que escolhem o caminho largo. Eles são como
a palha levada pelo vento – hoje, eles parecem prosperar e viver a vida
intensamente, mas amanhã deixam de existir e caem no esquecimento (v. 4).
Além disso, eles enfrentarão o julgamento divino, ocasião em que todo ser
humano será chamado a dar contas a Deus de como utilizou o dom da vida que
recebeu.
A estrada menos percorrida é o melhor caminho. É o caminho da plenitude
de vida aqui e agora – a oportunidade de estar plenamente vivo. É o caminho que
leva à felicidade eterna.
25 de maio – sexta
“Vimos a Sua glória, [...] cheio de graça e de verdade”, escreveu João, o amado
(Jo 1:14). E completou: “Todos recebemos da Sua plenitude” (v. 16). Jesus é a
personificação da graça; Ele é a plenitude da graça. Essa plenitude transborda até
nos atingir.
Eugene H. Peterson traduziu essa passagem da seguinte maneira: “Todos
nós vivemos à custa de Sua generosa liberalidade, dádiva após dádiva após
dádiva.” Gosto dessa tradução, pois a essência da graça é o favor de Deus,
concedido gratuitamente, sem merecermos. “Graça sobre graça” (tradução
literal) sugere dádiva sobre dádiva. A tradução de Peterson “dádiva após dádiva”
habilmente enfatiza a abundância da graça. Nosso Deus é um Deus de
abundância; a palavra “mesquinho” não faz parte de Seu vocabulário. Em Sua
misericórdia e compaixão pelos pecadores é generoso para com o pródigo
imperfeito.
Aqui está um exercício para aquecer seu coração: procure numa
concordância bíblica as palavras “abundante”, “abundantemente” e
“abundância”. Você notará a ocorrência dessas palavras tanto nas versões mais
antigas quanto nas mais modernas. Paulo afirmou que Deus “é poderoso para
fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”
(Ef 3:20, ARC).
Que expressão interessante! Se fôssemos editar o texto de Paulo,
omitiríamos “muito mais” por ser redundante. Mas Paulo sabia o que estava
fazendo. Ele exagerou nos advérbios na tentativa de expressar em palavras algo
que não pode ser reduzido a palavras: a incrível habilidade de nosso Deus de
suprir todas as nossas necessidades, de fazer muito mais do que podemos pedir
ou imaginar.
Em Jesus vemos a personificação da natureza de nosso generoso Deus. O
Pai, abundante em amor, privou o Céu de seu mais excelente tesouro ao
conceder-nos o Filho unigênito para que tivéssemos a vida eterna (Jo 3:16) –
vida em abundância (Jo 10:10) e infinita (1Jo 5:11, 12).
Nenhum pecado é grande demais que nosso generoso Deus não possa
perdoar. Onde o pecado abundou, a graça superabundou. Nenhuma situação é tão
desesperadora para o Deus da abundância não prover solução; quer seja a fome,
o perigo, a enfermidade, a fraqueza ou a cruel tentação. Nem mesmo a própria
morte. Na última mensagem escrita de Ellen White, lemos: “Tão forte é Seu
amor que domina todos os Seus poderes, e emprega os vastos recursos do Céu
em fazer bem a Seu povo” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos,
p. 519).
26 de maio – sábado
Algum tempo atrás fiz uma viagem a trabalho para um país em que eu não
dispunha de computador nem telefone celular. Ao retornar para casa depois de
quase duas semanas fora, a princípio fiquei surpreso em perceber quanto tinha
perdido – e depois quão pouco.
Os dispositivos que julgamos tão necessários assumiram o controle de
nossa vida. A tecnologia que deveria poupar nosso tempo acaba pressionando
ainda mais a vida.
Repare no e-mail. É maravilhoso: posso enviar uma mensagem para
alguém que está do outro lado do planeta e receber a resposta em minutos, e tudo
isso com um custo irrisório. O lado triste é que muitas pessoas que me enviam e-
mails esperam que eu largue o que estou fazendo e envie imediatamente a
resposta. Se não recebem minha resposta logo, o tom de sua mensagem se torna
rude, até mesmo agressivo e hostil.
Não podemos nos esquecer do onipresente telefone celular. Realmente
maravilhoso! Teclo alguns números, coloco o aparelho em meu ouvido e ouço a
voz de alguém que está a milhares de quilômetros de distância com tanta clareza
como se estivesse sentado ao meu lado. Mas o telefone celular também possui
um lado triste, muito triste. Em uma única palavra: poluição.
O ar está ficando cada vez mais poluído com o barulho das pessoas
tagarelando ao telefone celular. Vemos alguém passando na rua, gesticulando e
falando em voz alta consigo mesmo. Pouco tempo atrás, levaríamos essa pessoa
para o manicômio. Hoje não, ela está apenas falando ao celular!
Por que será que as pessoas têm que falar tão alto ao celular, a despeito do
local em que estejam – no saguão do aeroporto, em ônibus, em restaurantes, a
bordo de uma aeronave aguardando a decolagem? E por que será que muitos de
nós pensamos que todas as chamadas são tão importantes que precisamos
interromper qualquer conversa e deixar a frase pela metade? E-mails e telefones
celulares assumiram o controle de nossa vida.
Está na hora de reassumirmos o controle. Há pouquíssimas mensagens e
pouquíssimas chamadas que não podem ser deixadas para amanhã ou para daqui
a uma semana, ou até mesmo para mais tarde.
Nossa maior necessidade hoje é exatamente o que o texto diz: Desacelere!
Pare! Fique quieto!
27 de maio – domingo
O SIGNIFICADO DA GRAÇA
Aquele que se diz “religioso” por meio de conversas ilusórias engana-se a
si mesmo. Esse tipo de religião é tagarelice, apenas tagarelice. A
verdadeira religião é aquela que está à altura das exigências de Deus o
Pai, que é: atender as necessidades do morador de rua e daquele que não
tem amor e não se contaminar com a corrupção do mundo ímpio. Tiago
1:26, 27, The Message
Se Tiago tivesse escrito esse texto hoje, talvez acrescentaria as pessoas em casas
de repouso à lista dos necessitados que devemos atender.
Um amigo enviou a seguinte mensagem da Austrália: “Ao visitar meus pais
numa casa de repouso, notei que voluntários são escalados para alimentar
pacientes que não têm condições mentais de se alimentar sozinhos. Pude
testemunhar a graça em ação.
“Não se trata de algo esporádico, mas de pessoas que reservam um bom
período de seu tempo livre para ir regularmente à casa de repouso para alimentar
pacientes cujo cérebro parou de funcionar adequadamente. Os voluntários
chegam alegres e animados (ao número 18 de sua lista), apoiam o paciente com
travesseiros, gentilmente o alimentam e ficam em pé durante “séculos”
esperando o alimento ser ingerido. Enquanto esperam, falam coisas agradáveis
aparentemente consigo mesmos.
“Parece que o paladar das pessoas de idade avançada não funciona mais
como deveria. Aquilo que aparenta ser tão apetitoso no prato é recebido como
algo semelhante a papelão. Até mesmo a sobremesa não é saboreada. Mesmo
assim, a graça oferecida pelos voluntários se estende ao número 19 com a
mesma alegria, ânimo e vivacidade. Não se ouve nenhuma reclamação cair-lhes
dos lábios.
“Comecei a pensar em todas as pessoas envolvidas nesse tipo de trabalho –
enfermeiras que atendem em UTIs, berçários, profissionais que cuidam de
pessoas ligadas a aparelhos para receber a alimentação – e a graça que partilham
aparentemente sem nenhuma recompensa.
“Acho que esse é o significado da graça. Ao proferir a oração sobre o
alimento, passei a incluir esses voluntários e peço ao Senhor que lhes conceda
integridade e paciência ao dedicarem tempo para partilhar a graça.”
Concordo plenamente. Graça significa mudar o mundo. Graça significa
amenizar o fardo de alguém. Graça significa nova vida que, ao ser vivida, flui
para outros como uma fonte.
Graça significa Jesus, a personificação da graça que viveu exatamente
como Tiago descreveu.
28 de maio – segunda
ESCUDO HUMANO
Este é o Meu mandamento: Amem uns aos outros do jeito que Eu os amei.
Essa é a melhor maneira de amar. Deem a vida por seus amigos. João
15:12, The Message
Em 15 de novembro de 2004, Rafael Peralta deu a vida por seus amigos. Oficial
do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, Peralta e seus companheiros
estavam em meio ao tiroteio intenso no Iraque na ocasião em que as tropas
americanas e iraquianas tentavam dominar a força do controle rebelde da cidade
de Fallujah.
Peralta, 25 anos, sargento do Primeiro Batalhão, tinha sido escalado para
fazer parte do grupo de ataque que invadiu o esconderijo rebelde naquele dia.
Ele foi um dos primeiros fuzileiros a entrar no local. Ouviu-se o som de tiros;
Peralta, ferido, caiu ao chão.
Momentos depois, um dos rebeldes lançou uma granada no cômodo em
que Peralta e os outros fuzileiros procuravam proteção. Os fuzileiros tentaram
fugir, mas encontraram a porta trancada. Rafael Peralta, ainda consciente,
agarrou a granada e se deitou sobre ela.
Apesar de um dos fuzileiros sair gravemente ferido devido ao estilhaço da
bomba, muitas outras vidas foram salvas pelo ato de abnegação de Peralta ao
utilizar o próprio corpo como escudo humano. “Ele salvou a metade da minha
equipe”, afirmou o oficial em comando.
Peralta havia conquistado a reputação de colocar sempre os interesses dos
colegas acima de sua vontade. Ele demonstrou isso novamente, e pela última
vez, ao sacrificar a própria vida para que outros vivessem.
Admiro profundamente homens e mulheres como Rafael Peralta. À sua
própria maneira, exemplificaram o espírito e o sacrifício de Alguém muito
maior, Jesus Cristo.
Todos nós estávamos presos sob o tiroteio mortal do inimigo.
Ensanguentados, nossa vida se desvanecia no chão frio de uma terra
desconhecida. O inimigo lançou uma granada em nossa direção. O fim era certo.
Morreríamos ali, morreríamos sem esperança, morreríamos sozinhos.
Mas Alguém Se lançou sobre o instrumento mortal. Colocou-o sob o
próprio corpo e suportou sozinho a força descomunal do poder aniquilador. Ao
proteger-nos, morreu; e nós vivemos. Ele morreu para que pudéssemos viver.
29 de maio – terça
O ESCOLHIDO
O Senhor não Se afeiçoou a vocês nem os escolheu por serem mais
numerosos do que os outros povos, pois vocês eram o menor de todos os
povos. Deuteronômio 7:7
No verso anterior ao texto escolhido para hoje, o Senhor chama Israel de “povo
santo para o Senhor, o seu Deus”. Entre todos os povos da face da Terra, Ele
escolheu as doze tribos de Israel para serem “o Seu povo, o Seu tesouro pessoal”
(Dt 7:6).
A percepção de ser o escolhido de Deus é uma faca de dois gumes. Inspira
confiança e o senso de profundo valor próprio, mas também pode originar
orgulho, senso de superioridade e arrogância.
Ao designar o povo de Israel como o Seu escolhido, Deus, por meio de
Moisés, deixou bem claro que não havia nada de especial no povo que levasse
Deus a tomar essa decisão. Não eram mais numerosos, nem mais poderosos ou
mais obedientes do que os outros povos. Na verdade, eram menos numerosos do
que os outros e na maioria das vezes mais teimosos, desobedientes e rebeldes.
Mesmo assim, Deus os escolheu. Por quê? Por Sua própria vontade, Ele
simplesmente escolheu um material pouco promissor e disse: “Vocês são Meus,
um povo especial que Eu separei para cumprir os Meus propósitos.”
A escolha de Deus foi um ato de pura graça. E ainda é. Como seguidores de
Jesus Cristo, somos hoje os escolhidos de Deus. “Vocês não Me escolheram, mas
Eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça”, disse Ele (Jo
15:16). Pedro afirmou: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação
santa, povo exclusivo de Deus” (1Pe 2:9).
Escolhidos. Que conceito! Somos especiais para Deus! Enfrentemos esse
novo dia com a cabeça erguida, ombros para trás, passos saltitantes e com
louvores a Deus em nossos lábios.
Oremos para que o Senhor nos guarde do orgulho e do senso de
superioridade. Deus não nos escolheu porque somos melhores, superiores ou
mais úteis para Ele. Não temos nada, absolutamente nada, que mereça o favor
divino. O Senhor nos escolheu porque ama conceder dádivas liberalmente, pegar
materiais pouco promissores e utilizá-los para cumprir Seus propósitos. Isso é
graça.
O fato de sermos escolhidos coloca sobre nós uma responsabilidade: Ele
nos escolheu para “darmos frutos”, para fazermos a Sua vontade, para
cumprirmos o Seu plano – proclamar ao mundo que o Salvador veio e voltará.
Proclame ao mundo: Deus deseja que todos façam parte de Seu povo
escolhido.
31 de maio – quinta
A CONSTANTE UNIVERSAL
Deus é amor. 1 João 4:16
1 2
3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16
17 18 19 20 21 22 23
24 25 26 27 28 29 30
1º de junho – sexta
A MELANCOLIA DE ELIAS
E entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta,
sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte: “Já tive o bastante,
Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados.”
1 Reis 19:4
Elias estava apavorado. Apenas alguns dias antes, estava nas nuvens, sentindo-
se no topo do mundo. Defendeu sozinho o nome de Yahweh no Monte Carmelo,
desafiando os profetas de Baal a provar que o deus deles era capaz de fazer cair
fogo do céu. Perante a multidão reunida – realeza, líderes religiosos e o povo
comum – Elias demonstrou o poder impressionante do Deus vivo. Aquele foi um
dia espetacular para Yahweh e para Elias.
O dia foi encerrado com fogos de artifício adicionais. Depois de Elias ter
orado fervorosamente para que a chuva colocasse um fim na terrível seca, o céu
escureceu com nuvens carregadas. O vento soprou e trouxe consigo uma chuva
pesada. Repleto de energia e muita adrenalina, Elias se vestiu e correu à frente
da carruagem do rei Acabe ao longo de todo o caminho até Jezreel.
Tão para cima, e agora tão para baixo. Novamente sozinho, mas dessa vez
no deserto de Berseba, ao extremo sul. Correu o máximo que pôde temendo pela
própria vida. Jezabel, esposa de Acabe, tomada de raiva pela morte de seus
profetas no Monte Carmelo, enviou uma mensagem para Elias, dizendo que seus
dias estavam contados. E Elias? Ele, que havia defendido sozinho o nome de
Deus no Monte Carmelo, ficou apavorado e correu para se salvar.
Então desejou morrer. Ele orou para que Deus tirasse sua vida. Sentia-se
um verdadeiro fracassado.
Você já se sentiu como Elias? Claro! Essa história é a nossa história.
Ficamos cansados de fazer coisas boas e perdemos o foco. Concentramo-nos em
nós mesmos, passamos a pensar que somos os únicos a fazer o trabalho de Deus,
que sem nós nada mais será feito – e com isso ficamos desanimados.
Os baixos sucedem os altos no ritmo da natureza. Quando ficamos
envaidecidos com o “sucesso” e sentimos que somos invencíveis, tão certo
quanto a noite segue o dia, somos levados ao desânimo.
A melhor parte da história de Elias foi a maneira pela qual o Senhor lhe
demonstrou graça num momento de medo e profunda tristeza. Deus lhe proveu
alimento e o ajudou a dormir. Em seguida, ampliou-lhe a visão – ele não estava
sozinho, ele não era indispensável. Deus estava no controle de tudo. E ainda
está.
Deus não atendeu ao pedido que Elias fez tomado por medo e angústia.
Elias não morreu – nem naquele dia nem depois!
2 de junho – sábado
PERTENCER E SERVIR
Porque, esta mesma noite, um anjo de Deus, de quem eu sou e a quem
sirvo, esteve comigo. Atos 27:23, ARA
Em uma das parábolas de Jesus, Ele relacionou o reino do Céu a uma rede
lançada ao mar que, ao ser puxada para a praia, traz peixes bons e ruins (Mt
13:47-50).
O mesmo ocorre na igreja. Uma das pessoas mais próximas de Jesus se
tornou o traidor. Na igreja primitiva encontramos “peixes ruins” entre aqueles
apanhados pela rede do evangelho, como o feiticeiro Simão (At 8:9-13) e o casal
Ananias e Safira.
Até o capítulo cinco de Atos, lemos apenas coisas positivas a respeito dos
seguidores de Jesus. Eles receberam o derramamento do Espírito Santo;
testemunharam poderosamente aos habitantes de Jerusalém; estavam unidos em
oração, na pregação do evangelho e na comunhão. Não havia necessitados entre
eles, pois os mais prósperos vendiam suas posses e partilhavam com aqueles em
necessidade. Ocorreu um grande milagre: um homem paralítico de nascença
passou a andar e a saltar. Os líderes judeus advertiram, ameaçaram e prenderam
os apóstolos, mas não foram capazes de silenciá-los.
Então houve a história de Ananias e Safira. O casal tinha decidido vender
uma propriedade e doar o dinheiro à igreja. Mas, ao levarem o dinheiro da venda
aos apóstolos, mentiram. Disseram que ali estava a quantia total que tinham
recebido pela propriedade, mas, na verdade, haviam separado parte para uso
próprio. Ninguém os persuadiu a vender a propriedade. Ninguém lhes disse que
ofertassem a quantia total à igreja. Mas desejavam aparentar piedade aos
apóstolos e aos membros. Não queriam aparentar mesquinhez ou amor aos bens
materiais, o que de fato sentiam.
Que estupidez! Diante da presença do Espírito Santo manifestada de forma
tão intensa entre os fiéis, como puderam pensar que sairiam ilesos com um golpe
desse?
O amor ao dinheiro fará isso com você. Mesmo estando na igreja. O amor
ao dinheiro o fará pensar que pode enganar até mesmo o Senhor. Ocorreu no
passado, ocorre hoje também.
Deus nos conclama para que manifestemos uma honestidade inabalável. A
honestidade não é a melhor política, pois não tem nada que ver com política.
Honestidade é um princípio, um princípio que começa com Deus. Quando
formos honestos com o Espírito Santo, seremos honestos com todos os demais.
5 de junho – terça
Quando é que nos tornamos aptos para o Céu? Será ao fim de uma longa vida
de discipulado, quando não mais cedemos à tentação? Ou será no momento em
que aceitamos Jesus como Senhor e Salvador de nossa vida, assim como o ladrão
na cruz?
Na sua clássica biografia da vida de Cristo, O Desejado de Todas as
Nações, Ellen White apresenta uma resposta impressionante: “O amor aos
homens é a manifestação do amor de Deus em direção à Terra. Foi para
implantar esse amor, fazer-nos filhos de uma família, que o Rei da Glória Se
tornou um conosco. E quando se cumprirem as palavras que disse ao partir: ‘Que
vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei’ (Jo 15:12); quando amarmos
o mundo assim como Ele o amou, então Sua missão por nós está cumprida.
Estamos aptos para o Céu; pois o temos no coração” (p. 641).
Que palavras inspiradas! Elas nos desafiam a uma vida em meio à
hostilidade da cidade, onde as pessoas lutam para sobreviver mais uma noite e
depois outro dia, onde a preocupação e o medo do futuro deixam o coração
pesaroso.
Ouço alguém perguntar: “Mas a Bíblia não nos diz para não amarmos o
mundo?” Realmente. “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2:15). A Bíblia, no entanto, também
nos diz: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o Seu Filho Unigênito para
que todo o que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
Portanto, há duas maneiras de amar o mundo: como fazem os pecadores ou
como faz o santo Deus.
João afirmou que amar o mundo como fazem os pecadores é o mesmo que
“a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens” (1Jo 2:16).
Porém, o amor de Deus pelo mundo é um amor zeloso e generoso que atribui um
valor supremo a cada ser humano, não importa sua posição social ou a confusão
que esteja sua vida.
Jesus nos disse: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos
outros. Como Eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” (Jo 13:34). O
texto original nos permite traduzir as Suas palavras da seguinte maneira: “Amem
uns aos outros, como Eu os amei, para que vocês possam amar um ao outro.”
João esclareceu ainda mais a questão: “Nós amamos porque Ele nos amou
primeiro” (1Jo 4:19).
Ao meditarmos na graça maravilhosa, à medida que o amor divino inunda
nosso ser, começamos a ser transformados à Sua semelhança. Assim, passamos a
amar o mundo como Deus o amou.
7 de junho – quinta
ALMA VIVENTE
Porque Eu vivo, vocês também viverão. João 14:19
ÁRVORES ANDANDO
Ele levantou os olhos e disse: “Vejo pessoas; elas parecem árvores
andando.” Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do
homem. Então seus olhos foram abertos, e sua vista lhe foi restaurada, e
ele via tudo claramente. Marcos 8:24, 25
PERGUNTAS DE UM CRENTE
Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.
Habacuque 2:4, ARA
Nossa maneira de enxergar a vida faz toda a diferença. O copo está meio cheio
ou meio vazio?
Dois homens olhavam pela janela da cela da prisão. Um viu lama, outro as
estrelas.
Ao permitirmos que Jesus governe nossa vida, recebemos do Pai uma visão
celestial. A graça abre nossos olhos para admirarmos as obras de Suas mãos.
Ficamos alerta para as evidências de Sua providência e direção. Incomodo-me
em ouvir os cristãos continuamente reclamar e resmungar porque se concentram
no copo meio vazio em vez de enxergá-lo meio cheio.
Um leitor da Adventist Review [Revista Adventista norte-americana]
partilhou o seguinte pensamento:
“Esta manhã olhei pela janela de meu apartamento (com vista para o leste)
e admirei o nascer do Sol mais bonito do que qualquer artista é capaz de retratar.
O espectro das cores rosa, roxo e dourado, com o fundo azul do céu, era tão
impressionante que não consegui parar de dizer: ‘Obrigado, Senhor, por essa
cena maravilhosa.’
“Ao refletir sobre essa cena e as maravilhas da natureza que vejo pela
janela de meu apartamento ou ao visitar o parque próximo de minha residência,
ocorreu-me o pensamento de que Deus deve ter passado momentos maravilhosos
durante a semana da criação. Imagino todas as criaturas interessantes (que
palavra deveria usar?) que Ele criou: elefantes, zebras, búfalos, esquilos, furões,
araras, beija-flores. Depois todas as lindas flores que Ele fez (rosas, crisântemos,
peônias, margaridas, lírios, girassóis que giram com tanta graça, virados para o
leste pela manhã e gradualmente girando para o oeste à medida que o Sol cruza o
céu). O hino ‘Quão Grande És Tu’ me vem à mente.
“Finalmente, ao pensar no óvulo humano fecundado, medindo cerca de um
centésimo da cabeça de um alfinete, mas carregando o projeto do corpo humano
incrivelmente complexo, pergunto-me como é possível alguém ser ateu. Se
faltasse qualquer uma das partes mais importantes do corpo – o cérebro, a boca,
a garganta, o coração, os pulmões, os rins, o fígado, o intestino grosso e delgado
– a vida humana não poderia existir. Todas as partes do corpo humano de repente
se desenvolveram para formar o homo sapiens? Quão cegos podem ser alguns
cientistas!”
14 de junho – quinta
POR QUÊ?
Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: “Eloí, Eloí,
lamá sabactâni?”, que significa “Meu Deus! Meu Deus! Por que Me
abandonaste?” Mateus 27:46
Aqui está o melhor e mais nobre Homem que já viveu, e Ele brada a pergunta
universal: Por quê?
“Existe apenas uma pergunta que realmente importa: Por que coisas ruins
acontecem a pessoas boas?”, escreveu o rabino Harold S. Kushner. “Todas as
demais discussões teológicas são distrações intelectuais, algo como fazer as
palavras cruzadas no jornal de domingo e sentir-se muito satisfeito por ter
conseguido descobrir as palavras certas, mas, no fim das contas, sem a
capacidade de atingir as pessoas naquilo com que realmente se importam. [...]
“As desgraças na vida de pessoas boas não representam apenas um
problema para as vítimas e seus familiares. Trata-se de um problema de todos os
que desejam acreditar num mundo reto, justo e habitável. Inevitavelmente,
levantam-se perguntas a respeito da bondade, benevolência e até mesmo da
existência de Deus” (Why Bad Things Happen to Good People, p. 6, 7).
Você já ouviu a história do fazendeiro e do cavalo? Não creio em sua
veracidade; assim, encare-a como uma espécie de parábola. Havia um fazendeiro
que possuía um cavalo. Certo dia, o cavalo fugiu. Os habitantes da cidade foram
consolar o homem por causa de sua perda.
– Oh, não sei! – disse o fazendeiro. – Talvez seja algo ruim, talvez não.
Alguns dias mais tarde, o cavalo voltou à fazenda, acompanhado de outros
vinte cavalos. Os habitantes da cidade foram parabenizá-lo.
– Oh, não sei! – respondeu o fazendeiro. – Talvez seja algo bom, talvez
não.
Alguns dias mais tarde, o filho do fazendeiro cavalgava em um dos novos
cavalos. De repente, o cavalo começou a se comportar de modo selvagem,
lançando o rapaz ao chão, que acabou quebrando a perna. Novamente, os
habitantes da cidade foram consolar o fazendeiro por causa do acidente.
– Oh, não sei! – disse. – Talvez seja algo ruim, talvez não.
Alguns dias se passaram, o governo declarou guerra e convocou todos os
jovens saudáveis para se alistarem no exército. Centenas de jovens foram
obrigados a combater, menos o filho do fazendeiro, que estava com a perna
quebrada.
– Agora eu sei – disse o fazendeiro – que foi muito bom o meu cavalo ter
fugido.
Da perspectiva da eternidade, olharemos para trás e reconheceremos que
todos os atos de Deus foram justos e bons.
15 de junho – sexta
PAZ PERFEITA
Deixo-lhes a paz; a Minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá.
Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo. João 14:27
A saudação costumeira das cartas de Paulo (“Graça e paz de Deus nosso Pai e
do Senhor Jesus Cristo”) relaciona graça e paz. Graça é a fonte, paz o resultado.
Por causa da graça temos paz.
A paz se origina em Jesus, cheio de graça, que, antes de subir ao Céu,
abençoou os discípulos concedendo-lhes o dom da paz. Hoje não é diferente: a
única verdadeira paz pode ser encontrada apenas em Jesus. Você pode procurar
paz buscando a ajuda de “especialistas”, que com muita alegria pegarão o seu
dinheiro, o incentivarão a contar seu passado e tentarão ajudá-lo a superá-lo. Não
me entenda mal: conselheiros e aconselhamento têm o seu lugar, mas, enquanto
você não permitir que Jesus faça morada em seu coração, sempre haverá um
vazio, um anseio não preenchido em seu ser.
Como escreveu Edward Bickersteth, somente “o sangue de Jesus transmite
paz interior”. Leia a seguinte descrição da mensageira do Senhor a respeito da
vida interior de Jesus: “No coração de Cristo, onde reinava perfeita harmonia
com Deus, havia paz perfeita. Nunca Se exaltou por aplauso, nem ficou abatido
por censuras ou decepções. Entre as maiores oposições e o mais cruel
tratamento, ainda Ele estava de bom ânimo” (Ellen G. White, O Desejado de
Todas as Nações, p. 330).
Que maneira maravilhosa de viver! Que diferença da maneira como muitos
de nós encaramos a vida hoje, inclusive os que professam o nome de Jesus!
A tendência geral de nossa era corre para a direção oposta. Em vez do dom
da perfeita paz de Cristo, procura-se agitação constante. Cada vez mais rápido.
Cada vez mais alto. Cada vez mais emoção. A adrenalina não para de correr nas
veias.
Não conseguimos, no entanto, suportar uma vida assim. Quanto mais alto
voarmos, maior será o tombo.
Realmente almejamos a paz que Cristo oferece? Então, precisamos
começar a deixar de lado os produtos à base de cafeína e as pílulas que nos
mantêm acordados e animados, mas que depois levam à depressão. Precisamos
colocar nossa vida em ordem: respeitar o período de sono, esquecer os
programas de televisão noturnos. Precisamos passar momentos em silêncio todos
os dias, períodos tranquilos o suficiente para conversarmos com Deus e ouvi-Lo,
para nos alimentarmos de Sua Palavra.
Você quer mesmo ter perfeita paz? Conceda essa oportunidade a Deus.
16 de junho – sábado
PAI NOSSO
Com um Deus como esse amando vocês, vocês podem orar simplesmente
assim: Pai nosso que estás nos Céus, revela-nos quem Tu és. Mateus 6:9,
The Message
Uma das realidades mais tristes de nossa era é que, para muitos jovens, “pai” é
uma palavra dolorosa. Filhos de pais ociosos, filhos que nunca souberam a
identidade do pai (talvez a própria mãe não soubesse), filhos de pais violentos e
depravados... Como podem pensar na figura de “pai” como algo positivo?
Há grande necessidade hoje de os pais assumirem seu papel no lar e na
sociedade. Não apenas para exercer autoridade (apesar de infelizmente haver
falta disso), mas para exemplificar o amor do Pai celestial. Sem exemplos
humanos, por mais defeituosos que sejam, os filhos sentem dificuldade em amar
um Deus a quem não podem ver.
A Bíblia prediz que tal obra de restauração ocorrerá antes da volta de Jesus.
Encontramos essas profecias nas palavras finais do Antigo Testamento: “Vejam,
Eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia do Senhor. Ele
fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos
filhos para seus pais; do contrário, Eu virei e castigarei a terra com maldição”
(Ml 4:5, 6).
Muitos jovens problemáticos, bem como muitos adultos, almejam
encontrar alguém que os ame. Se nunca tiveram um pai, convivem com uma
pergunta que não lhes sai da mente: “Por quê? Por que ele não ficou com minha
mãe? Por que nunca me visitou? Por que nos abandonou?” Com isso, vem a
triste autoavaliação: “O que fiz para que ele não quisesse ficar? O que fiz para
que não me amasse?”
Oh, quantos corações despedaçados em nossos dias! Como encontrar
maneiras de ajudar esses corações despedaçados a saber que são amados e
preciosos ao Pai celestial? Ajudando-os a conhecer a maravilhosa verdade do
amor de Deus.
“Todo o amor paternal que veio de geração em geração através do coração
humano e toda fonte de ternura que se abriu na alma do homem não passam de
tênue riacho em comparação com o ilimitado oceano, quando postos ao lado do
infinito, inesgotável amor de Deus” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja,
v. 5, p. 740).
Como é o nosso Pai? Exatamente como Jesus, cheio de graça e verdade.
17 de junho – domingo
COMEÇAR E COMPLETAR
Estou convencido de que Aquele que começou boa obra em vocês, vai
completá-la até o dia de Cristo Jesus. Filipenses 1:6
Sempre fui magro. Não por mérito próprio, mas meu organismo simplesmente
mantém um peso constante ano após ano. Durante o doutorado, no entanto, algo
diferente começou a acontecer. Quem sabe tenha sido o resultado de passar
muitas horas sentado realizando pesquisas e em profunda reflexão ao preparar
minha dissertação, ou talvez uma mudança relacionada à idade, mas lentamente
comecei a ganhar peso. Mal me dei conta disso na época – e é desse jeito que o
aumento de peso assume o controle. Caí na realidade somente ao encontrar um
ex-aluno, que exclamou: “Uau, você deve ter ganhado uns 14 quilos! Como você
engordou!”
Uma saudação nada diplomática, mas que certamente chamou minha
atenção. A partir de então, decidi fazer algumas mudanças em meu estilo de
vida, entre elas, a prática de exercício físico regular, que hoje faz parte de minha
rotina diária e me beneficiou em muitos aspectos. Foi assim que comecei a
praticar corrida: curtas distâncias a princípio, depois cada vez mais longas, até
conseguir competir e completar a Maratona do Corpo de Fuzileiros Navais a
cada ano.
Praticar corrida abriu um mundo totalmente novo para mim (a propósito,
corria e corro devagar; não sou um ótimo atleta). Um mundo realista, de homens
e mulheres em forma; um mundo sem fumaça de cigarro; um mundo de
intensidade, poder e determinação; um mundo de autodisciplina e espírito de
equipe.
Um mundo, também, de pessoas que começam e completam. Antes da
largada da Maratona do Corpo de Fuzileiros Navais, 20.000 (ou mais)
maratonistas, dos quais 70% são marinheiros de primeira viagem, andam de um
lado para o outro em nervosismo, queimando a energia que tanto necessitarão
antes de o dia terminar. Multidões de torcedores. Fanfarras. Milhares de
fuzileiros, homens e mulheres, ocupados com mil e uma tarefas. O ar pulsa com
a música, eletrizado com o entusiasmo e grandes expectativas.
Três, quatro, cinco, seis, sete horas depois, o som do frenesi se dissipou.
Figuras cansadas, mas triunfantes, arrastam-se para os automóveis, medalhas
penduradas ao pescoço e faixas prateadas envolvendo os ombros. Conseguiram!
Apenas um grupo de cerca de duas mil pessoas se retira discretamente; são
aqueles que desistiram ao longo do trajeto.
Todos nós estamos na corrida da vida. Não competimos entre nós. Todo
aquele que completar a corrida alcançará a vitória.
18 de junho – segunda
A VONTADE DE CRER
Sejamos criativos para incentivar ao amor e à ajuda mútua, sem
deixarmos de reunir-nos como alguns fazem, mas encorajando-nos uns
aos outros, especialmente ao vermos o grande Dia se aproximar. Hebreus
10:24, 25, The Message
Jesus disse que haveria falta de fé por ocasião de Sua volta. Hoje, a dúvida, o
ceticismo e a descrença prosperam. Até mesmo muitos professos seguidores de
Jesus são fracos e vacilantes na fé.
Numa época como esta, acendamos uma vela em vez de amaldiçoarmos a
escuridão. Inclinemo-nos ao vento, mantendo em mente que a vida cristã fica
mais forte depois de um conflito; que se trata de uma batalha e de uma marcha;
que cadeiras almofadadas e tempos de tranquilidade nos tornam débeis e fracos.
Creio profundamente no exercício da vontade de crer. Ou seja, aproveitar
cada oportunidade para nutrir a fé e descartar todas as outras que nutrem a
descrença. Precisamos pensar, lutar sobre questões difíceis (não há futuro para
uma igreja que enterra a cabeça na areia), mas sempre dentro do contexto da fé.
Somos seguidores de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Ponderamos sobre
Suas reivindicações e tomamos nossa decisão; não há volta. Firmamos esse
alicerce e não o rejeitaremos.
Um modo simples, mas importante, de exercitarmos a vontade de crer é
levantar aos sábados pela manhã e ir à igreja. A frequência aos cultos não se trata
simplesmente de uma opção para o cristão. Somos membros do corpo de Cristo.
Não estamos sozinhos. Assim como a mão, o olho ou o pé não podem existir
independentemente dos outros membros, não podemos “viver” a vida cristã
sozinhos.
Assim, nos recusamos a seguir a correnteza juntamente com a multidão
comum em direção ao lago da dúvida. Levantamo-nos para ouvir a pregação da
Palavra, para participarmos da comunhão dos santos, para fortalecer e sermos
fortalecidos.
Sim, podemos adorar a Deus em meio à natureza. Podemos nos retirar a um
lugar tranquilo para estudar a Bíblia e orar sozinhos. Mas tais ocasiões devem
ser a exceção. Como cristãos, devemos estar na igreja aos sábados pela manhã. A
igreja é a comunhão da graça. A ausência aos cultos da igreja é uma clara
evidência de que a vida espiritual começou a escorregar no tobogã da falta de fé.
Aproxima-se o grande Dia. Em breve, Aquele que veio pela primeira vez
para revelar o amor do Pai e resgatar-nos do pecado e da morte voltará. Então, a
comunhão da graça se estenderá de polo a polo e de mar a mar.
18 de junho – segunda
A VONTADE DE CRER
Sejamos criativos para incentivar ao amor e à ajuda mútua, sem
deixarmos de reunir-nos como alguns fazem, mas encorajando-nos uns
aos outros, especialmente ao vermos o grande Dia se aproximar. Hebreus
10:24, 25, The Message
Jesus disse que haveria falta de fé por ocasião de Sua volta. Hoje, a dúvida, o
ceticismo e a descrença prosperam. Até mesmo muitos professos seguidores de
Jesus são fracos e vacilantes na fé.
Numa época como esta, acendamos uma vela em vez de amaldiçoarmos a
escuridão. Inclinemo-nos ao vento, mantendo em mente que a vida cristã fica
mais forte depois de um conflito; que se trata de uma batalha e de uma marcha;
que cadeiras almofadadas e tempos de tranquilidade nos tornam débeis e fracos.
Creio profundamente no exercício da vontade de crer. Ou seja, aproveitar
cada oportunidade para nutrir a fé e descartar todas as outras que nutrem a
descrença. Precisamos pensar, lutar sobre questões difíceis (não há futuro para
uma igreja que enterra a cabeça na areia), mas sempre dentro do contexto da fé.
Somos seguidores de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Ponderamos sobre
Suas reivindicações e tomamos nossa decisão; não há volta. Firmamos esse
alicerce e não o rejeitaremos.
Um modo simples, mas importante, de exercitarmos a vontade de crer é
levantar aos sábados pela manhã e ir à igreja. A frequência aos cultos não se trata
simplesmente de uma opção para o cristão. Somos membros do corpo de Cristo.
Não estamos sozinhos. Assim como a mão, o olho ou o pé não podem existir
independentemente dos outros membros, não podemos “viver” a vida cristã
sozinhos.
Assim, nos recusamos a seguir a correnteza juntamente com a multidão
comum em direção ao lago da dúvida. Levantamo-nos para ouvir a pregação da
Palavra, para participarmos da comunhão dos santos, para fortalecer e sermos
fortalecidos.
Sim, podemos adorar a Deus em meio à natureza. Podemos nos retirar a um
lugar tranquilo para estudar a Bíblia e orar sozinhos. Mas tais ocasiões devem
ser a exceção. Como cristãos, devemos estar na igreja aos sábados pela manhã. A
igreja é a comunhão da graça. A ausência aos cultos da igreja é uma clara
evidência de que a vida espiritual começou a escorregar no tobogã da falta de fé.
Aproxima-se o grande Dia. Em breve, Aquele que veio pela primeira vez
para revelar o amor do Pai e resgatar-nos do pecado e da morte voltará. Então, a
comunhão da graça se estenderá de polo a polo e de mar a mar.
19 de junho – terça
Jesus inspira o coração a entoar louvores. Sua graça nos liberta para uma nova
vida e uma nova canção. A Reforma protestante deu início ao louvor
congregacional, o próprio Martinho Lutero compôs muitos hinos. Sempre que
uma igreja ou uma pessoa passa pela experiência do reavivamento, um cântico
de louvor brota-lhe dos lábios.
Uma das melhores maneiras de enfrentar a tentação ou banir a tristeza
espiritual é manter um cântico no coração. O fato de simplesmente cantarolar
algumas estrofes, ou mesmo meditar na letra ou na melodia, já é o suficiente
para levantar o espírito e trazer ânimo ao coração. “Quantas vezes, ao coração
oprimido duramente e pronto a desesperar, vêm à memória algumas das palavras
de Deus – as de um estribilho, há muito esquecido, de um hino da infância – e as
tentações perdem o seu poder, a vida assume nova significação e novo propósito,
e o ânimo e a alegria se comunicam a outras pessoas!” (Ellen G. White,
Educação, p. 168).
Em uma das primeiras Assembleias da Associação Geral da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, realizada em Battle Creek, houve um momento em
que a reunião parecia estagnada. Sentindo o espírito de desânimo entre os
irmãos, o líder pioneiro Tiago White se levantou e convidou a esposa a
acompanhá-lo:
– Venha, Ellen, vamos cantar.
Em pé na plataforma da igreja, o casal elevou a voz entoando um antigo
hino que falava de coragem e ânimo:
PRIMO FRED
Não vivemos ociosamente quando estivemos entre vocês, nem comemos
coisa alguma à custa de ninguém. 2 Tessalonicenses 3:7, 8
Uma das regras que Paulo estabeleceu para os seguidores de Cristo foi: “Se
alguém não quiser trabalhar, também não coma” (2Ts 3:10). O próprio apóstolo
serviu como exemplo disso. Apesar de poder reivindicar o direito de ser
sustentado pela igreja, Paulo escolheu trabalhar a fim de pagar as próprias
despesas, para não se tornar uma carga para ninguém.
Hoje, muitas pessoas procuram fazer o mínimo para obter o máximo
possível. Se conseguirem alguém para sustentá-las, melhor ainda. Sonham em se
tornar ricas, levar uma vida fácil e nunca se preocupar em trabalhar novamente.
Assim, apostam na loteria.
Jack Whittaker, de Charleston, Virgínia, acertou sozinho a maior loteria
acumulada da história dos Estados Unidos – um total de 314 milhões de dólares.
Whittaker se contentou com a quantia de 113 milhões de dólares depois de seu
prêmio ser tributado e passou a curtir uma vida de lazer e ociosidade.
Dois anos mais tarde, sua esposa, Jewel, relatou a um repórter:
– Gostaria que nada disso tivesse acontecido. Gostaria de ter rasgado
aquele bilhete.
Desde que Jack Whittaker ganhou na loteria tinha sido preso duas vezes
por dirigir bêbado e enviado para uma clínica de reabilitação. Foi multado por
agredir o gerente de um bar e acusado em duas ações na justiça por causar
problemas.
Essa história me faz lembrar do primo Fred. Em minha infância, na
Austrália, meu primo Fred, bem mais velho, era uma pessoa comum, com um
emprego fixo, esposa e filhos. Certo dia, porém, ganhou na loteria. Pediu
demissão do emprego e nunca mais trabalhou um dia sequer em sua vida.
Começou a beber desvairadamente, vindo a tornar-se alcoólatra. Não demorou
muito, sua esposa não suportou a situação e pediu o divórcio. Ao fim de sua
vida, o primo Fred era um pobre fracassado.
A indústria dos jogos de azar seduz os pobres e desesperados com
esperanças e promessas irreais. Aproveita-se dos indivíduos mais desafortunados
da sociedade, levando-os a perder o pouco que possuem dos bens deste mundo.
Cria perdedores em todos os sentidos.
A resposta para o pobre e o desesperado – e para todos nós – é graça, não
jogos de azar. A graça nos ergue para viver e trabalhar com a dignidade de um
filho de Deus.
21 de junho – quinta
VIVENDO DELIBERADAMENTE
Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo. Mateus 4:1
Faltavam poucos dias para Henry David Thoreau completar 28 anos quando ele
deixou a sociedade em 4 de julho de 1845. Mudou-se para uma cabana que havia
construído na encosta de Walden Pond, e viveu sozinho por dois anos, cuidando
de suas necessidades. Aparentemente, não tinha intenção de escrever um livro na
ocasião em que partiu para Walden, mas nove anos mais tarde a obra Walden; or,
Life in the Woods [Walden; ou Vida na Selva] foi publicada. Apesar de não ter
vendido muito bem a princípio, mais tarde se tornou um clássico americano.
Em Walden, Thoreau narra a razão de embarcar em sua famosa experiência
de viver sozinho. “Fui para a floresta porque desejava viver deliberadamente,
[...] e não, ao morrer, descobrir que não vivi.” Vivendo com simplicidade
monacal, Thoreau estudou as minúcias da natureza ao redor e seu ciclo ao longo
das estações do ano. Os longos períodos de silêncio lhe deram a oportunidade de
pensar e refletir sobre quem era e como desejava que fosse sua vida.
Muito antes de Thoreau se retirar para a floresta, Jesus de Nazaré Se retirou
para o deserto. Ele também foi pensar e refletir sobre quem era e no propósito de
Sua vida. Ao contrário de Thoreau, Jesus estava prestes a embarcar numa missão
de suprema magnitude, da qual dependia o sucesso ou o fracasso da humanidade
– na verdade, do Universo inteiro. Por causa dessa missão, Ele teve que vir à
Terra, deixar a glória celestial, velar Sua majestade, pôr de lado Suas
prerrogativas divinas em que “milhares se apressam a atender o Seu comando
sobre a terra e o oceano sem descanso” (Milton).
O Espírito conduziu Jesus até o deserto. O mesmo Espírito O instruiu a sair
de Nazaré e seguir em direção ao Jordão, próximo a Jericó, local em que João
Batista proclamava a proximidade do reino de Deus. Jesus Se uniu à multidão
que rodeava João e pediu que ele O batizasse, não porque tivesse pecados não
confessados, mas como uma confirmação da mensagem de João e uma
declaração pública do início de Sua missão.
Agora um conflito estava sendo travado no deserto. Ao contrário de
Thoreau, Jesus enfrentou a pressão das tentações de Satanás. Cada teste tinha
como objetivo sabotar Sua missão; mas, para cada teste, Jesus Se apegou a Deus
e à Sua Palavra.
Podemos aprender muito com a experiência de Thoreau. Precisamos
aprender como viver deliberadamente. Podemos aprender muito mais com Jesus.
Seu exemplo nos mostra o caminho para obter poder na vida deliberada.
23 de junho – sábado
A Bíblia conta que as palavras “Saul também está entre os profetas?” tornou-se
um ditado entre os filhos de Israel (v. 12). Obviamente, esse ditado passou a ser
empregado para expressar situações aparentemente inacreditáveis, coisas além
da imaginação.
Esse ditado revela muitas coisas a respeito do homem que se tornou o
primeiro rei de Israel. Aparentemente, ninguém o considerava um líder
espiritual, a despeito das outras qualidades que fizeram com que fosse aprovado
no conceito popular. É triste pensar que Saul tenha sido assim considerado na
época em que tomou as rédeas da autoridade.
Apesar de Saul ter levado uma vida longe dos caminhos de Deus e de Sua
vontade, ele mudou depois que Samuel o ungiu líder de Israel. Samuel lhe disse
que no caminho de volta para a casa de seu pai ele encontraria um grupo de
profetas. “O Espírito do Senhor se apossará de você, e com eles você
profetizará” (v. 6). E assim aconteceu. “Deus mudou o coração de Saul” (v. 9), e,
ao encontrar-se com o grupo de profetas, uniu-se a eles profetizando.
Verdadeiro naquela época, verdadeiro hoje: podemos encontrar Saul entre
os profetas. Podemos ser Saul entre os profetas. Não importa qual o seu passado,
o quão negligente ou indiferente tenha sido para com Deus, Ele pode nos dar um
coração novo. Se estivermos dispostos, Ele poderá derramar Seu Santo Espírito
sobre nós em poder, e poderemos nos unir com as pessoas mais espirituais da
igreja.
Infelizmente, a história de Saul não termina aqui. Mais tarde, encontramos
Saul obcecado, com inveja de Davi, a quem temia que fosse o escolhido do
Senhor para sucedê-lo. Davi foge para Se encontrar com Samuel em Ramá a fim
de salvar a vida; Saul envia uma companhia de soldados para capturá-lo. O
Espírito de Deus, porém, apodera-se dos soldados e eles começam a profetizar.
Saul envia mais homens; a mesma coisa acontece. Saul envia uma terceira
companhia, com o mesmo resultado. Por fim, Saul vai pessoalmente, mas o
Espírito de Deus Se apodera até mesmo dele. E, assim, ouve-se novamente o
ditado: “Está Saul também entre os profetas?” (1Sm 19:24).
Sim, Saul estava novamente entre os profetas, mas não por vontade
própria. Ele, que tinha começado tão bem seu reinado, agora abrigava
assassinato em seu coração. Que terrível advertência para cada um de nós!
24 de junho – domingo
AS PROBABILIDADES DA GRAÇA
Dificilmente haverá alguém que morra por um justo, embora pelo homem
bom talvez alguém tenha coragem de morrer. Romanos 5:7
Um noticiário publicou a história fascinante de duas irmãs que deram à luz com
a diferença de uma hora no Hospital Northside em Atlanta, nos Estados Unidos.
Ashlee Spinks e Andrea Springer descobriram, no sexto mês de gestação, que
dariam à luz no mesmo dia. Assim, Spinks foi de Indianápolis para a Geórgia
algumas semanas antes para ficar com a irmã.
Cada uma deu à luz a meninos gêmeos através de cesarianas pré-
agendadas. As próprias irmãs são gêmeas.
Os casais não fizeram nenhum tratamento de fertilidade para conceber os
bebês, mas nas famílias dos quatro pais era comum a ocorrência de gêmeos.
O noticiário apresentou uma entrevista com um médico, especialista em
gravidez de alto risco, que afirmou que a probabilidade de irmãs gêmeas ficarem
grávidas de meninos gêmeos e darem à luz na mesma data é de um em um
milhão.
No mundo de hoje, as pessoas estão acostumadas a falar sobre
probabilidades. O estudo de estatísticas capacita o pesquisador a afirmar com
precisão as probabilidades contra ou a favor da ocorrência de certo evento. Tais
cálculos nos servem muito bem para tomarmos decisões; eles nos ajudam a
trazer ordem à vida.
Lembremo-nos sempre, no entanto, de que as chances e probabilidades
precisam ser encaradas num contexto muito mais amplo. Os cientistas, por
exemplo, calcularam a probabilidade de todas as variáveis necessárias para a
formação do Universo. O número a que chegaram é tão grande quanto
impressionante. Sim, é factível que a possibilidade astronomicamente remota
tenha ocorrido, mas é muito mais lógico que uma Mente colossal tenha criado
tudo. Por essa razão, muitos astrofísicos e astrônomos hoje, ao contrário dos da
geração passada, reconhecem algum tipo de Ser divino como a fonte do
Universo.
Qual a probabilidade da salvação? Raramente alguém morre por um amigo
ou por uma boa pessoa, como Paulo mesmo falou; mas qual é a probabilidade de
o Criador do Céu e da Terra morrer por um mundo perdido? Qual é a
probabilidade de nascer como bebê? Qual é a probabilidade de o Imaculado
Filho de Deus tomar sobre Si nossa culpa e vergonha?
Quais são as probabilidades? As probabilidades da graça não têm limites e
vão além de todas as expectativas.
25 de junho – segunda
Davi havia acabado de poupar a vida de Saul. O rei Saul, louco de ciúmes,
perseguia o jovem general com três mil homens escolhidos a dedo. O rei
perseguiu Davi até En-gedi, região desértica localizada acima do Mar Morto,
onde os famosos pergaminhos foram encontrados.
O rei entrou em uma caverna para aliviar o ventre, totalmente inconsciente
de que ao fundo se escondiam Davi e seus homens. “Essa é a nossa chance!”,
sussurraram para Davi. “Deus entregou Saul em nossas mãos!” Davi, porém,
resistiu à tentação de aniquilar o rei a sangue-frio. Em vez disso, se aproximou
discretamente dele e cortou um pedaço de seu manto.
Depois que o rei deixou a caverna, Davi saiu e gritou para ele. Com o
pedaço do manto nas mãos, contou ao rei que havia poupado sua vida. Saul ficou
chocado: todo o seu ser estava focado em eliminar a pessoa que via como seu
maior rival. Se Davi tivesse caído em suas mãos, o resultado seria rápido e
mortal.
Saul considerava Davi seu inimigo, mas Davi não considerava Saul da
mesma forma, mesmo que Saul estivesse tentando matá-lo a todo custo. Davi
demonstrou o espírito de Jesus, que disse: “Amem os seus inimigos e orem por
aqueles que vos perseguem para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que
está nos Céus” (Mt 5:44, 45). E foi exatamente isso que Jesus fez. “Quando
insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-Se
àquele que julga com justiça” (1Pe 2:23).
Deus não tem inimigos, e tampouco devemos nós ter. Não importa o que os
outros pensem, digam ou façam contra nós, eles ainda são filhos e filhas de Deus
– nossos irmãos e irmãs, pessoas amadas por Deus e por quem Cristo morreu.
Apenas a graça pode causar essa mudança em nossas atitudes, e assim o fará, se
permitirmos que o Espírito de Deus nos transforme à semelhança de Jesus.
Muitas pessoas levam a vida olhando constantemente por cima dos ombros
para ver quem está tentando lhes fazer mal. Gastam horas de energia negativa
imaginando conspirações, intrigas e situações ruins. Deus está nos chamando
para uma vida melhor. Deixemos de lado as sombras da dúvida e da suspeita e
recebamos a luz do Sol. Caminhemos hoje no espírito de Jesus, em graça e com
amor a todas as pessoas.
26 de junho – terça
Salomão havia acabado de dedicar a Deus o Templo que construíra para a glória
dEle. Proferiu uma linda e sincera oração pública, cuja essência era uma petição
para que, a despeito dos pecados que o povo viesse a cometer, Deus ouvisse e
atendesse quando orassem voltados para o Templo.
Pouco tempo depois, Deus apareceu a Salomão com uma resposta. A
resposta divina deixou claro que, embora o Templo fosse o centro da adoração,
não havia nele poder algum para garantir que o Senhor atendesse aos pedidos. O
que realmente importava era a maneira pela qual o povo se aproximava de Deus,
humilhando-se, orando, buscando a face de Deus e afastando-se de seus maus
caminhos.
Essa fórmula quádrupla para a oração bem-sucedida ainda fala a nós hoje.
Trata-se da prescrição para o reavivamento que devemos levar a sério e seguir
individualmente e também como organização.
O reavivamento começa com a humildade. É a pessoa faminta que Deus
alimenta, não aquela que se sente satisfeita; é a sedenta que recebe a água da
vida. Enquanto estivermos cheios de orgulho e autossuficiência, não haverá
espaço para Deus. “Habito num lugar alto e santo”, diz o Senhor, “mas habito
também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo [...] e novo
alento ao coração do contrito” (Is 57:15).
A humildade leva a uma oração diferente, uma oração que funciona, uma
oração que Deus responde. Quando nos damos conta de nossa grande
necessidade, Deus pode nos ouvir. Jesus contou a respeito de dois homens que
foram ao Templo para orar. Um deles, cheio de si, saiu da mesma forma como
entrou, sem diferença alguma; mas o outro pôde apenas clamar: “Deus, tem
misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18:13) e voltou para casa em paz
com Deus.
Buscar a face de Deus é buscar o Seu favor, o que significa estar em paz
com Ele. No momento em que Deus for mais importante para nós do que tudo o
mais, quando estivermos preparados para abandonar o pecado acariciado ao
sermos convencidos pelo Espírito, Deus poderá operar grandes coisas em nossa
vida.
O último passo, abandonar os nossos maus caminhos, descreve o
arrependimento. Na verdade, todos os quatro passos fazem isso. O
arrependimento começa com a mudança de coração, mas resulta na mudança de
vida.
27 de junho – quarta
As meninas sentem uma grande atração por balanços. Eu não tinha percebido
isso até que Noelene e eu entramos na abençoada condição de avós. Depois de
esperar uma eternidade, ganhamos uma netinha e, um pouco mais tarde (bênção
dupla), uma segunda. Começamos a notar algo: as meninas correm direto para
qualquer balanço que veem pela frente.
Na verdade, isso começou mais cedo, antes que pudessem correr, ou até
mesmo andar. Elas amavam ser colocadas numa pequena cadeirinha e serem
balançadas para frente e para trás. À medida que cresceram – e como ainda
crescem – o amor que sentem pelo balanço e por balançar parece ficar cada vez
mais forte. Elas se impulsionam cada vez mais alto, tão alto que às vezes meu
coração ameaça sair pela boca; em outras ocasiões simplesmente balançam
preguiçosamente para frente e para trás, para frente e para trás.
Fico pensando: Será que esta é a imagem que muitos têm da leveza, da
alegria, da infância e juventude de uma menina – cabelos esvoaçando ao vento,
sem nenhuma preocupação no mundo, apenas balançando, balançando,
balançando por longo tempo?
Para mim, parece que essa imagem é a expressão da essência da graça na
vida de todo cristão. Jesus nos liberta! Jesus traz leveza ao coração, a alegria de
viver como um filho de Deus.
“As multidões levam uma vida de completo desespero”, escreveu Henry
David Thoreau. Elas nunca experimentam a leveza da graça. O peso do pecado
nos pressiona. O pecado nos escraviza. Mas Jesus prometeu: “Todo aquele que
vive pecando é escravo do pecado. [...] Se o Filho os libertar, vocês de fato serão
livres” (Jo 8:34-36).
Os pecados do passado – aquilo que fizemos e deixamos de fazer – nos
esmagam, nos empurram para baixo. Jesus nos oferece alívio. Os pecados do
presente – os maus hábitos, o terrível comportamento tão enraizado que parece
impossível vencer – puxam-nos para baixo. Jesus nos oferece a liberdade de Seu
perdão e nova vida.
Nossas preocupações – os cuidados que recaem sobre nós, as incertezas, as
apreensões – sufocam nossas energias. Jesus nos oferece a alegria e a leveza de
uma menina de oito anos de idade num balanço. Este é o segredo: conhecer
Jesus. A cada dia. Hoje.
29 de junho – sexta
INTEGRIDADE
Finalmente esses homens disseram: “Jamais encontraremos algum motivo
para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do
Deus dele.” Daniel 6:5
CARACTERÍSTICAS DE CRISTO
A vocês, graça e paz da parte dAquele que é, que era e que há de vir, dos
sete espíritos que estão diante do Seu trono, e de Jesus Cristo, que é a
testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o soberano dos reis da
Terra. Apocalipse 1:4, 5
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
29 30 31
1º de julho – domingo
MUNDO MARAVILHOSO
Que mundo incrivelmente maravilhoso, Deus! Tu criaste todas as coisas,
com a Sabedoria ao Teu lado, fizeste a Terra transbordar com as Tuas
maravilhosas criações. Salmo 104:24, The Message
O PRESENTE TRIPLO
Ele nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do Seu sangue,
nos constituiu reino e sacerdotes para servir a Seu Deus e Pai. A Ele
sejam glória e poder para todo o sempre! Amém. Apocalipse 1:5, 6
MÃO AO LEME
Tu me diriges com o Teu conselho, e depois me receberás com honras.
Salmo 73:24
Você já contemplou a obra de Harry Anderson em que ele retrata Jesus guiando
um navio? O vento está soprando, as ondas batendo com força e a embarcação
balançando, mas todos a bordo estão seguros, confiantes. Um olhar calmo e
sereno caracteriza o semblante de Jesus ao pilotar o navio em meio à tempestade.
Sua mão está ao leme.
A cada ano que passa, parece que o mundo fica mais perigoso. Os
problemas que confrontam os líderes da sociedade se tornam mais complexos e
mais insolúveis. Mas a Sua mão está ao leme.
Às vezes, a igreja é lançada de um lado para o outro em meio à fúria do
mar. As ondas gigantescas ameaçam engolir o bom navio, Sião, e acabar com
ele. Mas a Sua mão está ao leme.
Cada um de nós navegará por águas violentas, se isso já não aconteceu.
Arremessados de um lado para o outro, para cima e para baixo, imaginamos se
vamos sobreviver. Mas a Sua mão está ao leme.
“Terríveis perigos ameaçam quem arca com responsabilidades na causa de
Deus”, escreveu uma cristã devota, “perigos cuja lembrança me faz tremer. Mas
eis que me são dirigidas as palavras: ‘Minha mão está ao leme, e não permitirei
que os homens controlem Minha obra para estes últimos dias. Minha mão está
fazendo girar a roda do leme, e Minha providência continuará a executar os
planos divinos, independentemente das invenções humanas.’ [...]
“Na grande obra de finalização nos defrontaremos com perplexidades que
não saberemos contornar, mas não nos esqueçamos de que as três grandes
potestades do Céu estão atuando, que a divina mão está posta ao leme, e Deus
fará cumprir os Seus desígnios” (Evangelismo, p. 65).
Querido amigo, saia em paz para enfrentar este novo dia. Lance agora
mesmo todo fardo e toda preocupação aos pés de Jesus. Nada é grande demais
ou pequeno demais para Ele. Se algo o está aborrecendo – tirando o seu sono
durante a madrugada, pendurando-se como um albatroz em seu pescoço –
entregue para Ele. Jesus deseja dar-lhe paz. Ele quer que você se sinta seguro e
confiante, a despeito de quão forte sopre o vento, de quão intensa seja a dor da
água salgada arremessada contra os seus olhos.
Sua mão está ao leme. Ele está esperando a sua permissão para assumir o
controle do leme da sua vida. Apenas peça que Ele faça isso agora mesmo.
5 de julho – quinta
VIDAS PARTIDAS
Não apenas isso, mas todos os pedaços partidos e espalhados do Universo
– pessoas e coisas, animais e átomos – são devidamente consertados e
colocados no lugar em vibrante harmonia, tudo por causa de Sua morte,
de Seu sangue derramado na cruz. Colossenses 1:19, 20, The Message
TSUNAMI
Das alturas estendeu a mão e me segurou; tirou-me de águas profundas. 2
Samuel 22:17
GRAÇA MULTIESPLENDOROSA
Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus. 1 Pedro 4:10, ARA
A palavra traduzida por “multiforme” vem do grego poikilos, que quer dizer
“multicolorido, pintado ou mesclado; portanto, algo trabalhado em várias cores,
variado, elaborado, marchetado”.
A graça é algo multiesplendoroso. É um tapete multicor, intrincado e
engenhoso feito pelo Tecelão Mestre. A graça é sempre bela, sempre
surpreendente em sua complexidade, sempre circundando cada aspecto de nossa
existência.
Certo dia, visitei o Blue Souk (literalmente, o mercado azul) em Sharja,
uma das entidades que compõem os Emirados Árabes Unidos. No Oriente, a
coisa mais semelhante a um mercado é o shopping center, mas essa comparação
ainda é muito distante. A única semelhança entre eles é o estacionamento com
faixas paralelas ao lado de fora do Blue Souk, que é um edifício imponente em
estilo marroquino, construído com mármore branco e decorado, claro, em azul.
Dentro do edifício há três pisos com uma loja atrás da outra, todas repletas
dos tesouros do Oriente Médio. Xales de caxemira. Tapetes provenientes da
Pérsia e do Afeganistão. Sedas e lã. Utensílios de latão. Uma variedade
impressionante e em sua maioria feita à mão.
Um lojista iemenita estendeu um tapete persa extraordinário. “Tudo feito à
mão”, disse. “Três anos de trabalho.” Cada fio em seu devido lugar, cada linha
posicionada perfeitamente, cada cor mesclada às outras. Exatamente como a
graça. O Divino Tecelão a tece para motivar, energizar e embelezar tudo o que
acontece em nossa vida e na igreja. Diz Pedro: “Se alguém fala, faça-o como
quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que
Deus provê” (1Pe 4:11). O resultado? “De forma que em todas as coisas Deus
seja glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para todo
o sempre. Amém.”
Confesso que muitas vezes minha vida e meu testemunho apresentam uma
sequência interrompida e manchada em vez de um belo tapete da graça. Assim
também a igreja, pois é a soma de pessoas como eu. Mas a maravilha da
multiesplendorosa graça é que ela aceita essa sequência confusa, interrompida. A
graça miraculosamente recria a minha vida e a igreja e nos torna belos e
perfeitos aos olhos de Deus.
Ó Tecelão Mestre, tece em minha vida hoje o belo tapete da Tua graça.
8 de julho – domingo
COLUNA DE FERRO
E hoje eu faço de você uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e um
muro de bronze, contra toda a terra. Jeremias 1:18
ESPÍRITO DE SÚPLICAS
E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o
espírito da graça e de súplicas; olharão para Aquele a quem
traspassaram. Zacarias 12:10, ARA
O ESPINHO NA CARNE
Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas
revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás,
para me atormentar. 2 Coríntios 12:7
Fui nadar no dia de Natal – no oceano. Não; não sou dessas pessoas ousadas e
corajosas que se arriscam a dar um mergulho nas águas geladas do Hemisfério
Norte no fim do ano. A água em que nadei mantinha a temperatura agradável de
24 ºC na costa de Dubai, no Golfo Pérsico. Com os pés sobre a areia limpa e
branca e com o corpo imerso em águas cristalinas, aquela foi uma experiência
maravilhosa.
Aos leitores acostumados ao cenário branco e gélido de fim de ano no
Hemisfério Norte, soa muito estranho dar um mergulho no oceano no dia de
Natal. Mas isso não soa nada incomum no Hemisfério Sul ou nos trópicos.
Cresci no sul da Austrália, local em que a temperatura chega a atingir 38 ºC ou
mais em 25 de dezembro. Em minha infância ainda não existia ar-condicionado.
Nesse dia, costumávamos fazer uma bela refeição de pratos quentes e
concluíamos com um delicioso pudim de ameixa. Comíamos com o suor
escorrendo pelo rosto. À tarde sempre íamos para a praia e entrávamos na água o
mais rápido possível.
Da Austrália, Noelene e eu fomos para a Índia. Por vários anos, viajávamos
para passar o Natal com os amigos em Goa e ficávamos na praia. Certa vez,
chegamos logo após a meia-noite e, depois de descarregar o carro, fomos dar um
mergulho no mar, que estava tão quente quanto um banho de banheira.
Pense bem, mergulhar em águas quentes e dia de Natal combinam muito
bem. Não que o dia 25 de dezembro tenha qualquer significado especial em si (é
quase certo de que essa não seja a data do nascimento de Cristo); a importância
recai no significado de Sua vinda ao nosso mundo. Mergulhar em águas quentes
e a graça andam de mãos dadas. Descansar e permitir que o Seu amor o segure,
sentir o corpo leve e as dores se dissipando – essa é a experiência da graça.
O livro de Ezequiel, que contêm muitas passagens intrigantes, foi
concluído com uma visão maravilhosa. Na ocasião em que Ezequiel escreveu, os
judeus estavam no exílio babilônico, o Templo estava queimado e a amada
Jerusalém destruída. Mas, através do profeta, o Senhor enviou uma série de
mensagens de esperança: o exílio chegaria ao fim, o povo retornaria, um novo
templo seria construído. Do novo templo fluiria um riacho puro e restaurador –
pequeno a princípio, mas depois um rio profundo o suficiente para nadar. Esse
rio flui para o mundo inteiro. O rio da graça de Deus.
15 de julho – domingo
A ESCOLHA DE JILLIAN
Como posso desistir de você, Efraim? Como posso entregá-lo nas mãos de
outros, Israel? Oseias 11:8
Assim que uma imensa parede de água acabou por completo com a
tranquilidade das férias de Jillian Searl, ela foi forçada a fazer a escolha mais
horrível que qualquer mãe já teve que enfrentar: qual de seus dois filhos salvar.
Jillian estava perto da piscina do hotel com seus dois filhos, Lachie, 5 anos,
e Blake, 2 anos, no resort tailandês de Phuket na ocasião em que o tsunami de 26
de dezembro de 2004 atacou inesperadamente. “Ouvi um bramido terrível, um
bramido muito alto, virei e tudo o que vi foi muita, muita água vindo em nossa
direção”, Jillian contou mais tarde a um repórter em Perth, Austrália.
“Imediatamente pensei: Como vou manter meus dois filhos vivos?”
Ao perceber que não conseguiria manter os filhos e a si mesma flutuando
sobre as águas, viu-se forçada a escolher qual dos dois filhos segurar e qual
soltar. “Sabia que tinha que soltar um deles. Pensei que o melhor a fazer seria
soltar o mais velho”, afirmou.
Em meio às águas agitadas, Jillian notou uma jovem mulher agarrada a um
poste. Implorou à mulher para que cuidasse de seu filho de 5 anos. Ao ameaçar
soltar a mão dele, o menino implorou: “Não me solte, mamãe.” A força da
correnteza os separou. Ela olhou para Lachie, que ainda não tinha aprendido a
nadar, e pensou que talvez aquela fosse a última vez que o veria com vida.
Enquanto isso, o marido de Jillian, Brad, observava o terrível cenário da
sacada do hotel. Tentou correr para ajudar, mas o grande volume de água havia
bloqueado as portas.
Assim que a água baixou, ele encontrou Jillian e Blake. Juntos, deram
início a uma busca desesperada por Lachie. “Você tem que encontrá-lo, porque
eu o soltei”, Jillian disse ao marido. “Eu o entreguei a alguém, e o soltei... Não
há possibilidade de viver minha vida sabendo que soltei a sua mão da minha.”
A história teve um final feliz. Duas horas depois, a família Searl encontrou
Lachie num posto policial. Ele sobreviveu agarrando-se à porta do hotel.
Há Alguém que vela por Seus filhos com amor inexprimível. Seu coração
se parte diante do pensamento de separação – separação que nós escolhemos,
não Ele. Não partamos o Seu coração hoje.
16 de julho – segunda
TRABALHO SANTIFICADO
Mas porque Deus foi tão gracioso, tão generoso, aqui estou eu. E não
desperdiçarei a Sua graça. Não trabalhei arduamente para fazer mais do
que os outros? Mesmo assim, meu trabalho não representou tudo. Foi
Deus quem me deu o trabalho a ser feito, foi Deus quem me deu energia
para cumpri-lo. 1 Coríntios 15:10, The Message
Ele cavalga à noite por entre as ruínas. Silenciosamente percorre a cidade, passa
por escombros, muros despedaçados, portões destruídos. À medida que cavalga,
faz uma profunda reflexão. O período da noite é um bom momento para avaliar a
situação, pesar as possibilidades. Ele começa a ver com clareza o que deve ser
feito e sua função nessa obra, se quiser vê-la concluída.
O cavaleiro é Neemias, um homem com uma missão, e um dos meus
personagens bíblicos prediletos. Ele abriu mão da posição de conforto e honra no
palácio do rei persa Artaxerxes para tentar ajudar o seu povo, o remanescente
que retornou a Israel. A situação é deplorável: os muros de Jerusalém estão
destruídos, os portões queimados, o povo desanimado.
O plano de Neemias: reconstruir Jerusalém. Não será fácil. Há poucas
pessoas disponíveis. Os habitantes das terras vizinhas se opõem ao projeto.
Alguns dos próprios judeus contraíram matrimônio com as pessoas das terras
vizinhas e se aliaram a elas.
Neemias, porém, é um homem de oração. Seu livro está entrelaçado com
orações. Ele registra as petições silenciosas que fez a Deus ao se deparar com
decisões cruciais. Ele também é um homem de muita fé. “O Deus do Céu é que
nos fará prosperar”, foi a resposta que deu aos que se opuseram ao projeto de
reconstrução (Ne 2:20). De sua vida de oração e fé nasceu uma visão. Neemias
viu com muita clareza o que precisava ser feito e não perdeu tempo em colocar a
“mão na massa”. Animou o povo a trabalhar – sacerdotes, artesãos, mercadores.
Todos ajudaram (o capítulo 3 apresenta a lista de nomes).
Os inimigos não gostaram da iniciativa. Começaram a zombar e a
ridicularizar: “Ainda que edifiquem, vindo uma raposa derrubará o seu muro de
pedra” (Ne 4:3). Por meio dos simpatizantes que haviam conquistado entre os
judeus, os inimigos disseminaram dúvidas e rumores. Planejaram atacar;
Neemias designou guardas para proteger os lugares vulneráveis.
Tentaram intimidar Neemias. “Vem, encontremo-nos”, disseram (Ne 6:2).
Mas Neemias respondeu: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não
poderei descer” (v. 3).
Que homem! Um homem com uma missão! Indesviável de seu dever. Seu
exemplo ainda é válido para homens e mulheres de Deus hoje.
19 de julho – quinta
ESCUDOS DE BRONZE
[Ele] levou tudo. Também tomou todos os escudos de ouro que Salomão
tinha feito. Em lugar deles, fez o rei Roboão escudos de bronze, e os
entregou nas mãos dos capitães da guarda, que guardavam a porta da
casa do rei. 1 Reis 14:26, 27
O rei Salomão fez 200 escudos grandes, cada um com cerca de sete quilos de
ouro batido. Ele também fez 300 escudos pequenos, cada um com cerca de um
quilo e setecentos gramas de ouro batido. A quantidade total de ouro nos escudos
de Salomão pesava mais de dois mil quilos, uma verdadeira fortuna na moeda
moderna (1Re 10:16, 17).
O filho de Salomão, Roboão, sucedeu o pai no trono de Israel e em todos
os aspectos provou ser um monarca inferior. Por ser precipitado, perdeu quase
todo o reino. Dez tribos se independeram, deixando para trás apenas Judá e
Benjamim. Roboão decaiu espiritual e politicamente. No quinto ano de seu
reinado, Sisaque, rei do Egito, atacou Jerusalém e levou consigo todos os
tesouros do Templo e do palácio real, incluindo os escudos de ouro que Salomão
tinha feito. Roboão fez escudos de bronze para substituí-los. A substituição
resume o declínio de todo o reino. A glória havia passado.
Façamos um inventário de nosso tesouro espiritual. “Examinem-se para ver
se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos”, diz o apóstolo Paulo (2Co 13:5).
Será que de alguma forma trocamos a glória de Jesus, cheio de graça e verdade,
por substitutos?
Porque a graça é totalmente diferente do mundo que nos cerca – a maneira
que Deus nos aceita e trata é totalmente diversa da maneira que as pessoas se
relacionam –, facilmente a perdemos. Tendo começado com a graça (assim como
os gálatas), escorregamos para um misto de graça e obras, o que não é graça.
Em nossa experiência espiritual, colocamos os escudos de bronze da
observância formal, hábitos e formas de adoração previsíveis no lugar da vida
diária e vital de comunhão com Deus. Polimos o bronze até ficar brilhante, mas
ainda assim continua sendo bronze, não ouro.
Amontoamos livros, sermões, CDs, vídeos e DVDs sobre Deus e pensamos
que possuímos uma despensa repleta de alimento espiritual para a alma.
Negligenciamos, porém, o ouro, que é encontrado apenas no estudo pessoal da
Palavra de Deus feito com oração. O opróbrio do cristianismo hoje é que muito
do que é dito e feito em nome do humilde Mestre de Nazaré nega quem Ele foi e
o que Ele defendeu. Escudos de bronze em vez de ouro.
Que isso não aconteça comigo, querido Deus!
20 de julho – sexta
Em todo o livro de Ester não encontramos nem uma menção sequer ao nome de
Deus. No entanto, o livro brilha com o senso da providência divina. Apesar do
plano secreto de Hamã e os inimigos dos judeus para aniquilar o povo de Deus,
“por trás do desconhecido estava Deus entre as sombras, com o olhar atento
sobre os Seus” (James Russell Lowell).
A história prossegue de forma mais estranha do que a ficção. Uma série de
improbabilidades dramáticas e coincidências surpreendentes levam a princípio
ao senso de destruição iminente; mas, depois, finalmente a situação se reverte
para os “caras maus”, quando o povo de Deus é libertado.
A rainha Vasti desafia a ordem do rei para comparecer ao banquete que
preparou para seus oficiais bêbados. Do ponto de vista moral, Vasti agiu
corretamente – recusou-se a ser explorada como objeto sexual. Foi um ato de
coragem extraordinária, e que lhe custou o reino.
Da confusão causada pela deposição de Vasti, uma serva hebreia, pobre,
sem família imediata, mas linda, é levada ao palácio. Ela sai da obscuridade para
o império. Será que permanecerá fiel aos princípios que aprendeu na infância
com o primo Mardoqueu?
Ao mesmo tempo, se desenvolve a rivalidade entre Mardoqueu e Hamã, o
agagita. O rei promove Hamã para um alto cargo de prestígio, mas Mardoqueu
se recusa a prestar homenagem e se curvar perante ele. Furioso, Hamã arma um
esquema para destruir não apenas Mardoqueu, mas a população judaica inteira.
Esse é um daqueles momentos em que a história prende a respiração. O
cenário está pronto. Quem dará um passo à frente para mudar a direção para o
lado certo? Mardoqueu confia em Deus; Ele proverá livramento. Porém, o meio
mais indicado que Mardoqueu consegue enxergar é através de sua filha adotiva,
colocada em posição de grande influência para esse momento. O plano é
arriscado; Ester pode perder a vida ao entrar na presença do rei sem ser
convidada. “Se eu tiver que morrer, morrerei”, ela diz (Et 4:16), e segue para o
seu destino.
Nós também temos um encontro com o destino. Deus quer nos usar hoje
para cumprir os Seus propósitos.
21 de julho – sábado
Você sabia que cada nascer do Sol incorpora uma promessa preciosa do Deus
da graça? “Tão certo como nasce o Sol, Ele virá”, a Bíblia declara.
Essa promessa maravilhosa do Senhor se encontra no livro de Oseias, a
história dupla de amor entre o profeta e Gômer e entre Deus e Israel. Em boa
parte do livro, lemos a respeito do clamor angustiado do coração de Deus ao ver
o amado povo se afastar cada vez mais dEle e afundar mais e mais no pecado:
“Meu povo foi destruído por falta de conhecimento” (Os 4:6).
“Efraim aliou-se a ídolos; deixem-no só!” (v. 17).
“Seu amor é como a neblina da manhã, como o primeiro orvalho que logo
evapora” (Os 6:4).
“Seu cabelo vai ficando grisalho, mas ele nem repara nisso” (Os 7:9).
“São como um arco defeituoso” (v. 16).
“Eles semeiam vento e colhem tempestade” (Os 8:7).
“Efraim alimenta-se de vento [...] e multiplica mentiras e violência” (Os
12:1).
“Agora eles pecam cada vez mais” (Os 13:2).
Em meio a essa descrição de infidelidade, vemos um raio de esperança. O
povo de Israel errante e volúvel decide se voltar para Deus: “Venham, voltemos
para o Senhor. [...] Depois de dois dias Ele nos dará vida novamente; ao terceiro
dia nos restaurará, para que vivamos em Sua presença” (Os 6:1, 2).
Que bom seria se o livro tivesse acabado com esse verso! Que bom seria se
o povo de Deus tivesse continuado a trilhar a estrada do arrependimento e da
restauração! No entanto, ainda assim podemos contar com Deus. Se nos
voltarmos para Ele, “tão certo como nasce o Sol, Ele virá nos ajudar”. Ele virá
ao nosso encontro como a refrescante chuva da primavera que faz com que a
semente germine e a flor desabroche.
Essa promessa é para você e para mim hoje, prezado amigo. Clame para
que ela se cumpra em sua vida agora mesmo – a promessa do nascer do Sol.
22 de julho – domingo
ESTAÇÕES DA ALMA
Semeiem a retidão para si, colham o fruto da lealdade, e façam sulcos no
seu solo não arado; pois é hora de buscar o Senhor, até que Ele venha e
faça chover justiça sobre vocês. Oseias 10:12
GÔMER E DEUS
Eu me casarei com você para sempre; eu me casarei com você com justiça
e retidão, com amor e compaixão. Oseias 2:19
Nenhum outro livro da Bíblia revela o profundo e anelante amor de Deus como
o livro de Oseias. Esse pequeno livro, muitas vezes ignorado, é o primeiro dos
“profetas menores”, assim chamados não por apresentarem uma mensagem
menos importante, mas por serem menos extensos do que Isaías, Jeremias,
Ezequiel e Daniel.
O livro de Oseias se divide em duas partes. Os capítulos de 1 a 3 narram a
história de amor do profeta, sua esposa, Gômer, e seus filhos. Os últimos 11
capítulos se concentram em Jeová e Sua noiva, Israel. Além desse esboço, o
livro requer uma análise mais profunda. Boa parte do livro de Oseias consiste em
uma série de clamores angustiados que expressam tristeza pela condescendência
com o pecado e a degradação de uma esposa adúltera. O orador é Deus,
desesperado por Seu povo desobediente.
O livro inicia com uma ordem de Jeová que o profeta certamente mal pôde
compreender: “Vá, tome uma mulher adúltera e filhos da infidelidade, porque a
nação é culpada do mais vergonhoso adultério por afastar-se do Senhor” (Os
1:2). Eles se casam, Gômer engravida e dá um filho a Oseias. Mais tarde, dá à
luz uma menina, em seguida um menino, mas não identificados como sendo
filhos legítimos de Oseias. O relato é sucinto, deixando-nos ler nas entrelinhas.
No capítulo 3, lemos a ordem do Senhor para que Oseias aceite Gômer de volta.
“Vá, trate novamente com amor sua mulher, apesar de ela ser amada por outro e
ser adúltera” (v. 1). Aparentemente, ela o havia deixado e se tornado escrava.
Oseias a compra de volta (v. 2).
Será que essa história foi real, ou se trata de uma espécie de parábola? A
evidência da Palavra de Deus é que se trata de uma história verídica, uma
inacreditável história de amor e de esperança para uma esposa infiel. De sua
experiência agonizante – o entusiasmo do amor genuíno, a dor de um casamento
fracassado, a luta para perdoar e amar novamente – o profeta compreende uma
história de amor ainda mais inacreditável, o amor de Deus por Israel.
Por que Deus amou tanto os judeus? Não seria o mesmo que perguntar por
que Ele ama a você e a mim tão intensamente? Por que Ele está disposto a Se
relacionar conosco, apesar de nossa infidelidade? Por que Ele nos perdoa? Por
que Ele nos aceita de volta? Unicamente porque “Deus é amor” (1Jo 4:16). Foi
essa a lição que Oseias aprendeu. Foi isso o que Jesus nos mostrou.
24 de julho – terça
Com o destino incerto da França em 1940, houve uma evacuação em massa das
tropas britânicas e aliadas de Dunkirk. Aproximadamente 350 mil forças
armadas fugiram para a Inglaterra. Com excesso de soldados e armas, eles
fugiram em qualquer coisa que pudesse flutuar.
Os ingleses comemoraram como se tivessem conquistado uma grande
vitória. Mas o primeiro-ministro Winston Churchill os levou de volta à realidade.
Em 4 de junho ele declarou na Câmara dos Comuns: “Não se vence a guerra
batendo em retirada.”
Em seguida, Churchill proferiu um discurso magnífico, que é considerado
por alguns o maior discurso dos últimos mil anos: “Não desanimaremos ou
fracassaremos. Avançaremos até o fim. Lutaremos na França, lutaremos nos
mares e oceanos, lutaremos cada vez com mais convicção e força no ar,
defenderemos a nossa ilha, não importa o quanto custe, lutaremos nas praias,
lutaremos nas áreas de pouso, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas
colinas; jamais nos entregaremos.”
Exatamente duas semanas mais tarde, em 18 de junho de 1940, a Inglaterra
se preparava para a invasão pelo ar. Churchill discursou novamente no
Parlamento. “Desta batalha depende a sobrevivência da civilização cristã. [...]
Toda a fúria e o poder do inimigo em breve se voltarão contra nós. [...]
Preparemo-nos, portanto, para o nosso dever, conscientes de que, se o Império
Britânico e sua comunidade durarem por mil anos, homens ainda dirão: ‘Esse foi
o momento mais grandioso deles.’”
Como seguidores de Jesus Cristo, chegamos ao auge da história. As forças
do mal estão se posicionando para a última batalha da Terra. Que tipo de homens
e mulheres seremos nós numa época como essa?
“A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não
comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e
honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato;
homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo;
homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus”
(Educação, p. 57).
Armados com a graça de Deus, podemos de fato nos levantar e refulgir.
“Sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a Sua glória se vê sobre ti” (Is 60:2,
ARA). Esse será o nosso momento mais grandioso.
26 de julho – quinta
A VISÃO DO CÉU
O Senhor está no Seu santo templo; o Senhor tem o Seu trono nos Céus.
Seus olhos observam; Seus olhos examinam os filhos dos homens. Salmo
11:4
Fico pensando como deve ser a vida na Terra sob a perspectiva de Deus, da sala
do trono do Universo, onde, como o poeta Milton escreveu:
Milhares se apressam a atender o Seu comando
sobre a terra e o oceano, sem descanso.
Quão estranhas, pervertidas, distorcidas e débeis devem parecer as nossas
ações!
Recentemente me deparei com uma notícia que, para mim, parecia ser
piada. Mas não era, e mal posso conter o riso ao partilhá-la. O governo do estado
de Oklahoma, Estados Unidos, declarou ilegal a briga de galos em 2002. E fez
bem; trata-se de uma atividade cruel em que os galos usam as esporas e o bico
para se mutilarem até a morte, enquanto os espectadores humanos apostam no
resultado. A proibição desse “esporte” paralisou a indústria da briga de galos no
equivalente a 100 milhões de dólares, de acordo com um senador e defensor de
longa data da disputa sangrenta. Ele criou um plano para trazê-la de volta à ativa.
Ele propôs que os galos usassem pequenas luvas de boxe acopladas às
esporas (não estou inventando isso) para que as aves pudessem “esmurrar-se”
sem se machucar! O que o senador planejava fazer com o bico, se é que tinha um
plano para isso, o noticiário não informou. Será que os galos usariam proteções
nos bicos também?
A história não para por aqui. De acordo com o plano do senador, os galos
usariam coletes apropriados, munidos de sensores eletrônicos que registrariam os
golpes e ajudariam a marcar os pontos para determinar o vencedor. Você
consegue imaginar a cena? Galos vestidos com coletes e luvas de boxe se
atacando? Hilário!
O que não é hilário são as pessoas no estado de Oklahoma, e em cada
estado e país, que lutam pela sobrevivência a cada dia e a cada noite. Pais
solteiros, aflitos com a situação dos filhos. Preocupações em ganhar o dinheiro
do aluguel ou da próxima parcela do financiamento. Pessoas lutando contra
enfermidades. Medo da violência. Tantas pessoas sobrecarregadas com
preocupações, procurando uma saída ou mesmo um raio de esperança. Tanto a
fazer, tantas coisas que precisam ser consertadas!
E os governantes perdendo tempo em discutir a possibilidade de colocar
coletes e luvas de boxe em galos!
Ora, vem, Senhor Jesus, e arruma esse caos!
28 de julho – sábado
O PODER DA LEITURA
Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes
de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. 2
Timóteo 3:15
Certo dia apareceu uma estranha criatura no campus do Bethel College, uma
pequena instituição presbiteriana de ensino superior no Tennessee, Estados
Unidos. Ele tinha um metro e oitenta de altura, cabelos ruivos despenteados e
vestia uma blusa de frio tão velha que havia alfinetes por toda parte para mantê-
la em condições de uso. Havia buracos nos sapatos e os dentes da frente já não
existiam mais. Ele veio da minúscula vila de Rosser, constituída por apenas três
casas, onde morava numa casa de fazenda caindo aos pedaços, sem encanamento
interno. Ele nunca andou de bicicleta, entrou em um shopping center ou
namorou. E nunca frequentou a escola.
Robert Howard Allen, 32 anos, apareceu para matricular-se na faculdade.
Assim que a administração aplicou um teste para averiguar o conhecimento de
Robert, todos se surpreenderam. Ele “arrasou”. Sua mente estava repleta de
conhecimento em literatura clássica e histórica. A abrangência de seu
conhecimento estava muito além do que o de qualquer professor da instituição.
A administração o dispensou da maioria das matérias do primeiro ano de
faculdade.
Dez anos mais tarde, Robert Allen concluiu a educação formal, graduando-
se pela altamente prestigiada Universidade Vanderbilt em Nashville, Estados
Unidos, com PhD em inglês. Ele começou a lecionar inglês para a faculdade.
A história desse homem me inspira. Ela mostra o poder do espírito humano
para se erguer e ser bem-sucedido em face das situações mais desafiadoras. E
que situação desafiadora! Os pais de Robert se divorciaram quando ele ainda era
bem jovem. Ele foi criado por parentes de idade avançada que fizeram um
acordo com a administração da escola local para que ele estudasse em casa. A
princípio, um professor o visitava ocasionalmente, mas logo Robert foi
esquecido.
Mesmo assim, aos 12 anos Robert já tinha aprendido a ler sozinho e logo
começou a ler a Bíblia na versão King James para a tia Ida, que era deficiente
visual, completando duas vezes a leitura de capa a capa do Livro Sagrado.
Em pouco tempo, estava lendo tudo o que podia encontrar, desde
Shakespeare até Will Durant. Ele leu praticamente todos os livros da biblioteca
pública de sua cidade e aprendeu também a ler em grego e francês. E começou a
escrever poemas. Essa é uma história mais forte do que a ficção – e mais
maravilhosa. E tudo começou com a leitura da Bíblia.
29 de julho – domingo
A pessoa que nunca cometeu um erro nunca fez nada. Thomas Edison, o famoso
inventor, foi chamado muitas vezes de gênio, mas ele costumava dizer para si
mesmo: “Gênio, coisa nenhuma! Não desistir é o que faz de alguém um gênio.
Fracassei ao longo de minha jornada rumo ao sucesso.”
Se tivermos o estado de espírito certo, um erro pode se tornar um acidente
valioso. Assim como Cristóvão Colombo, que partiu para a Ásia e descobriu a
América. Ou como Ruth Wakefield, proprietária de uma pousada, que certo dia
na década de 1930 decidiu assar alguns biscoitos amanteigados usando uma
receita muito antiga. Ela picou uma barra de chocolate e acrescentou à massa, na
expectativa de que o chocolate derretesse. Ao tirar a forma do forno, em vez de
biscoitos de chocolate, ela encontrou biscoitos amanteigados repletos de gotas de
chocolate. Desse erro surgiu um dos biscoitos prediletos dos Estados Unidos.
Os pequenos blocos para anotação de recados em cor amarela e com uma
faixa adesiva, conhecidos como Post-it, surgiram através de um pesquisador da
Companhia 3M que tentava aprimorar a fita adesiva. Outra cientista da 3M
tentava criar uma borracha sintética para ser usada nas mangueiras de
abastecimento de combustível de aviões. Certo dia, algumas das substâncias
novas espirraram no tênis feito de lona de sua assistente e não puderam ser
removidas. À medida que o tênis envelhecia, ficava desbotado, exceto no local
em que a substância havia caído. Esse “erro” mais tarde se tornou o produto
conhecido como Scotchgard, usado hoje para ajudar a prevenir que a sujeira
manche o tecido.
A lista é enorme. Alexander Fleming descobrindo a penicilina, Charles
Goodyear aprendendo a estabilizar a borracha, Wilson Greatbatch criando um
marca-passo cardíaco aprimorado e possível de ser implantado. Todas essas
descobertas surgiram através de “erros” em um nível ou outro.
Na vida cristã, ocorre algo muito semelhante. Deus deseja que cresçamos
mediante Sua graça; por isso, não sabemos tudo. Caímos, e caímos de novo.
Às vezes ficamos perturbados mentalmente após cairmos. Mas Deus
promete que, mesmo que caiamos sete vezes (ou 77), vamos nos levantar
novamente. Sua graça nos toma pela mão, levanta-nos e coloca-nos de volta no
caminho com mais maturidade. Ele deseja que aprendamos com os nossos erros.
30 de julho – segunda
DESONESTOS E CRISTÃOS
O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente.
Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os
filhos da luz. Lucas 16:8
1 2 3 4
5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24 25
26 27 28 29 30 31
1º de agosto – quarta
A IMPORTÂNCIA DE UM NOME
Por isso Deus O exaltou à mais alta posição e Lhe deu o nome que está
acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos
céus, na terra e debaixo da terra. Filipenses 2:9, 10
DIA DE GRAÇA
Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus. Hebreus
4:9
A IRA DE CRISTO
Irado, olhou para os que estavam à Sua volta e, profundamente
entristecido por causa do coração endurecido deles, disse ao homem:
“Estenda a mão.” Ele a estendeu, e ela foi restaurada. Marcos 3:5
Ao longo dos anos, tem se propagado o mito de que a religião é para os fracos,
uma muleta; que Jesus tira o brilho da vida. Pessoas fortes, de acordo com
muitos psicólogos, conseguem viver sozinhas. Homens e mulheres vigorosos e
ousados certamente não precisam do modelo insípido de Jesus.
Swinburne, poeta do século 19, resumiu essa atitude em palavras amargas:
“Tu venceste, ó pálido Galileu; o mundo tornou-se cinzento com o Teu fôlego.”
Essa caricatura de Jesus contradiz a descrição encontrada nos Evangelhos.
Que tipo de pessoa expulsaria as ovelhas e os bois do pátio do Templo,
espalharia pelo chão o dinheiro dos cambistas e viraria as mesas? Certamente
nenhum capacho de caráter fraco!
Além disso, você já se perguntou por que os líderes religiosos queriam Se
livrar dEle, e finalmente conseguiram? Porque Ele ameaçou a posição e a
autoridade deles. Jesus era controverso, um grande problema político para eles.
No texto de hoje encontramos Jesus irado. Isso o surpreende? A graça e a
ira são contraditórias? Há diferentes tipos de ira. Na maioria das vezes, ficamos
irados porque alguém fere nosso ego. Reagimos em defesa de nosso orgulho.
Nossa ira é egoísta e autoprotetora.
Jesus irou-Se algumas vezes, mas de forma diferente. Na ocasião em que
viu os mercadores e os cambistas transformando a casa de oração em um lugar
de negócios e extorsão, ardeu em zelo santificado. Em outra ocasião, Jesus foi à
sinagoga no sábado e encontrou um homem com a mão ressequida. Ao perceber
que os líderes religiosos O observavam para ver se Ele curaria aquele homem,
Sua indignação moral surgiu novamente. Hipócritas!
Prezado amigo, seguidor de Jesus, espero que você também fique irado. Ao
ler a respeito de crianças que são vítimas de abuso e exploração, espero que você
arda em zelo santificado. Ao saber que aos débeis e fracos foram negadas a
justiça e a decência, espero que você fique irado, não por si mesmo, mas por
eles. A graça nos deixa irados.
6 de agosto – segunda
A HISTÓRIA DE CATHERINE
O Rei responderá: “Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum
dos Meus menores irmãos, a Mim o fizeram.” Mateus 25:40
Catherine foi esposa de Lewis Lawes, diretor do famoso presídio Sing Sing, do
estado de Nova York, de 1920 a 1941. Esse presídio foi conhecido por destruir
os diretores: a média de permanência no cargo era, antes de Lewis Lawes, de
apenas dois anos. Lawes certa vez brincou: “A maneira mais fácil de sair de Sing
Sing é tornando-se o diretor.”
Lawes, porém, permaneceu no cargo por 21 anos. Ele instituiu muitas
reformas. Por trás desse homem bem-sucedido, como geralmente é o caso,
estava uma mulher. A esposa, Catherine, foi fundamental para as mudanças
feitas naquele terrível ambiente. Catherine acreditava que todos os presidiários
eram dignos de atenção e respeito. Ela fazia visitas regulares ao presídio para
animar os presidiários, ouvi-los e transmitir mensagens. Ela se preocupava com
eles; por sua vez, eles desenvolveram um profundo respeito e admiração por ela.
Em uma noite de outubro de 1937, Catherine faleceu num acidente
automobilístico. Quando a notícia se espalhou de cela em cela, os presidiários
pediram permissão ao diretor para visitarem o túmulo de Catherine, que fora
erigido dentro da propriedade da família. Ele atendeu o pedido deles. Alguns
dias depois, o portão sul de Sing Sing foi vagarosamente aberto. Centenas de
homens – assassinos, ladrões, muitos deles condenados à prisão perpétua –
marcharam lentamente dos portões do presídio para a casa da família Lawes, que
ficava apenas a alguns quilômetros de distância, e depois retornaram para as suas
celas. O número de presidiários era tão grande que o evento todo ocorreu sem
vigilância. Mas ninguém tentou fugir.
Na famosa parábola das ovelhas e dos bodes, de onde o texto de hoje foi
extraído, Jesus falou sobre visitar os presos. Ele também falou sobre alimentar o
faminto, vestir o nu, levar conforto ao doente. Por meio dessa vívida parábola,
Ele revelou o tipo de vida que realmente conta para este mundo e para a
eternidade. Certo poeta a descreveu assim: “A melhor parte da vida do bom
homem são seus pequenos, anônimos, esquecidos atos de bondade e de amor.”
“Se o coração estivesse verdadeiramente transformado pela graça divina,
uma transformação exterior seria vista através da sincera bondade, simpatia e
cortesia. Jesus nunca Se mostrou frio ou inacessível” (Ellen G. White,
Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 488).
A bondade é a linguagem que até mesmo os que são incapazes de ouvir ou
falar conseguem entender. Ela é um fruto da graça.
7 de agosto – terça
A ORAÇÃO DE UM ATEU
Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não
sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com
gemidos inexprimíveis. Romanos 8:26
NA ALEGRIA E NA TRISTEZA
Se uma parte sofre, todas as outras partes estão envolvidas no sofrimento,
e na cura. Se uma parte floresce, todas as outras partes fazem parte da
exuberância. 1 Coríntios 12:26
A INVERSÃO DA GRAÇA
Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão
primeiros. Mateus 19:30
A graça vira o mundo de cabeça para baixo. Através de Sua vida e de Seus
ensinos, Jesus nos mostrou isso. Ele era o Rei do Céu, mas Se tornou servo.
Governava o Universo, mas Se tornou pobre, sem um lugar para reclinar a
cabeça. Sofreu a pior morte, executado como criminoso; mas, por Sua morte,
resgatou o mundo. O primeiro se tornou o último, e o último se tornou o
primeiro.
Jesus usou essa expressão muitas vezes. Geralmente ela aparecia no início
de uma parábola, ou em sua conclusão. Às vezes, Ele começava uma parábola
com as palavras: “O reino do Céu é como...”
Suas parábolas, com simplicidade de palavras e aparentemente de ideias,
são imensamente profundas. A acessibilidade fácil mascara as profundas ideias
que apresentam. Compare-as com as fábulas de Esopo, e imediatamente notará a
diferença. Melhor ainda, tente criar uma parábola. As parábolas de Jesus falam
da graça, e a graça é radical. A graça está literalmente fora deste mundo – ela
vem de outro mundo, um mundo muito melhor. As parábolas não falam a
respeito do mundo que conhecemos; falam do reino do Céu. Nesse reino, o
primeiro é o último; e o último, o primeiro. A graça inverte as expectativas. A
graça inverte o método de recompensa. A graça inverte as prioridades.
O cristianismo já existe há muito tempo. Para a maioria das pessoas, trata-
se de um sistema conservador, preso a rituais e previsível. Há muito, muito
tempo a natureza radical da vida e da mensagem de Jesus rompeu o formalismo
religioso.
Ela pode romper a nossa vida também. O que mais me preocupa com
relação à minha própria caminhada com Jesus é que ela venha a ficar estagnada
em padrões previsíveis. Oh, sim, posso dedicar tempo para a devoção diária, mas
isso pode se tornar uma rotina, e a oração, algo mecânico.
Quero que a minha vida cristã brilhe com a inversão da graça – a inversão
da rotina, a inversão de padrões previsíveis, a inversão do ato de não valorizar o
dom de Deus. Mas eis aqui a maravilha: Deus pode fazer com que isso aconteça.
A própria graça pode nos manter na graça.
Na ocasião em que os apóstolos saíram para pregar o evangelho ao mundo,
os oponentes se referiram a eles como “esses homens, que têm causado alvoroço
por todo o mundo” (At 17:6). Eles assim o fizeram, pois tinham uma mensagem,
uma mensagem que ainda hoje causa alvoroço por todo o mundo.
11 de agosto – sábado
O BISPO E O TRAFICANTE
Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador. Lucas 18:13
Você conhece a parábola de Jesus sobre o bispo e o traficante? Claro que sim!
Você a conhece melhor como o fariseu e o publicano (ou “cobrador de
impostos”, na Nova Tradução na Linguagem de Hoje). Ao lermos a parábola do
fariseu e do publicano, geralmente falhamos em compreender o grande contraste
que Jesus traçou entre os dois indivíduos da história. Notamos que um deles é
uma pessoa religiosa, enquanto o outro não professa religião alguma; mas
paramos por aí. Jesus, porém, estava dizendo muito mais do que isso ao escolher
esses dois personagens.
Na época de Jesus, os fariseus se consideravam os mais piedosos e
conscienciosos da nação. Eles não estavam envolvidos no sumo sacerdócio.
Outro grupo, o dos saduceus, é que controlava o sumo sacerdócio e acabou
tornando esse ofício uma base de força política. Os saduceus não acreditavam
em anjos ou na ressurreição dos mortos e aceitavam como inspirados apenas os
primeiros cinco livros da Bíblia, a Torá. Em nítido contraste, os fariseus
obedeciam estritamente à lei, tanto as leis escritas quanto aquelas transmitidas
pelas tradições orais.
Para o povo da época de Jesus, se havia alguém que seria salvo, certamente
seriam os fariseus. Assim, Jesus escolheu como primeiro personagem alguém
que estava no nível mais alto da hierarquia religiosa. Ocupando o nível mais
baixo, porém, estava o cobrador de impostos. Ele era odiado e desprezado como
colaborador dos romanos, um traidor. Os romanos não cobravam impostos
diretamente do povo; preferiram deixar esse trabalho para ser feito por agentes
judeus. Esses agentes geralmente eram corruptos; costumavam cobrar tudo o que
fossem capazes de arrancar do povo.
Você consegue perceber a natureza radical da parábola agora? Os dois
personagens representam as pessoas que aparentemente são as que têm melhor
chance de receber a vida eterna e as que têm menos chance.
No fim da parábola, porém, a expectativa dos ouvintes é frustrada. O
candidato menos provável volta “justificado” para casa, o que significa que foi
considerado justo aos olhos de Deus. E o outro volta para casa exatamente do
mesmo jeito que chegou ao Templo, como um pecador necessitando de salvação.
O que fez a diferença? Um, apenas um, reconheceu sua verdadeira
condição. Um, apenas um, rogou sinceramente pela misericórdia de Deus. E
apenas ele encontrou a salvação. A graça flui plena e livremente a toda pessoa
que sente sua necessidade e clama a Deus.
13 de agosto – segunda
OS PRIMEIROS CRISTÃOS
Assim, durante um ano inteiro Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e
ensinaram a muitos. Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez
chamados cristãos. Atos 11:26
A igreja cristã começou em Jerusalém, mas o nome “cristão” surgiu muitos anos
mais tarde e a muitos quilômetros de distância. Provavelmente esse nome tenha
se originado como provocação por parte dos incrédulos.
Durante o ministério terrestre de Jesus, aqueles que O aceitavam eram
simplesmente chamados de seguidores, que é o significado de “discípulo”. Jesus
evitava aplicar a palavra “Cristo” (termo grego para “Messias”) a Si mesmo,
provavelmente porque a expectativa popular associava o Messias a um líder
político destinado a libertar a nação do jugo romano.
Após a ressurreição de Jesus, os que participaram do início do movimento
foram mais comumente chamados de seguidores do “Caminho” (At 9:2; ver
também At 19:9, 23; 22:4:14, 22). Eles também eram conhecidos como
membros da seita nazarena (At 24:5).
O nome “cristão” provém da união da palavra grega Christos (“Cristo”)
com uma terminação latina. É quase certo que os seguidores de Jesus não
inventaram a palavra “cristão”; mas provavelmente esse foi um termo usado
pelos gentios para ridicularizar os fiéis. Os judeus certamente não a empregaram,
pois literalmente significa “seguidores do Messias”, e eles rejeitaram Jesus como
o Messias.
Ali na cidade pagã de Antioquia, a nova religião criou raízes fortes.
Aparentemente, o nome de Jesus como o Cristo estava constantemente nos
lábios dos crentes, e seus vizinhos incrédulos criaram uma palavra para zombar
deles. “Este nome foi-lhes dado porque Cristo era o principal tema de sua
pregação, conversação e ensino”, escreveu Ellen White. “Os pagãos bem podiam
chamá-los cristãos, uma vez que pregavam a Cristo e dirigiam suas orações a
Deus por intermédio dEle” (Atos dos Apóstolos, p. 157).
Em seguida, ela acrescentou: “Foi Deus quem lhes deu o nome de cristãos.
Esse é um nome real, dado a todos os que se unem a Cristo” (Ibid.). Assim,
aquilo que os pagãos consideraram um insulto tinha, na realidade, dignidade e
propósito divinos.
Tantas coisas acontecerem desde Antioquia! Tantas guerras travadas por
assim chamados “cristãos”. Tanto sangue derramado. Como é triste a degradação
desse nome real! Naquela época e hoje. Sou eu um verdadeiro cristão?
15 de agosto – quarta
CONTINUANDO NA GRAÇA
Despedida a congregação, muitos dos judeus e estrangeiros piedosos
convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Estes conversavam
com eles, recomendando-lhes que continuassem na graça de Deus. Atos
13:43
Sim, podemos estar na graça, mas também podemos estar fora dela. A ideia de
que uma vez tendo aceitado a Cristo jamais nos perderemos é contrária aos
ensinos da Bíblia. “Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se
de Cristo; caíram da graça”, escreveu Paulo aos gálatas (Gl 5:4).
Uma coisa é começar uma corrida, outra bem diferente é completá-la.
“Vocês corriam bem. Quem os impediu de continuar obedecendo à verdade?” (v.
7). Muitos iniciam a jornada rumo ao Céu, mas poucos chegam aos portões da
cidade de Deus: “Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida!
São poucos os que a encontram”, disse o Senhor (Mt 7:14).
Há muitos anos, uma visão da vida cristã foi dada a uma jovem, Ellen
Harmon. Nela, a jovem viu um caminho estreito e ascendente que se tornava
cada vez mais íngreme e estreito. Uma grande multidão iniciou a jornada, mas
muitos, sobrecarregados com as posses e os cuidados da vida, caíram ao longo
do caminho. Alguns desanimaram e desistiram. Mas outros mantiveram o olhar
fixo em Jesus e completaram a jornada rumo ao lar celestial (ver Primeiros
Escritos, p. 14, 15).
Provavelmente, todo mundo que ler essa descrição conseguirá pensar em
alguém que começou, mas desistiu. Talvez um irmão, o cônjuge, um filho ou
quem sabe um amigo. Pessoas que desistem e pessoas que completam – o que
faz a diferença? Continuar na graça, como Paulo e Barnabé disseram aos recém-
conversos da cidade de Antioquia (atual Turquia).
A graça, o dom imerecido de amor e salvação de Deus, nos conduz para um
relacionamento íntimo com Ele. Ouvimos, o Espírito fala ao nosso coração,
respondemos sim e nos tornamos filhos de Deus, filhos da graça. Agora, para o
resto de nossos dias, devemos continuar crescendo nesse relacionamento.
Toda vez que não valorizamos um relacionamento, ele começa a morrer.
Toda vez que deixamos de valorizar a graça, começamos a perdê-la. Continuar
pode soar como algo maçante, até mesmo chato. Continuar, porém, é a essência
da melhor e mais linda experiência da vida: continuar num relacionamento de
amor com Alguém mais precioso do que a própria vida, continuar esforçando-se
por um nobre objetivo, continuar na integridade, “tão fiel ao dever como a
bússola o é ao polo” (Ellen G. White, Educação, p. 57).
16 de agosto – quinta
A MENSAGEM DA GRAÇA
Paulo e Barnabé passaram bastante tempo ali, falando corajosamente do
Senhor, que confirmava a mensagem de Sua graça realizando sinais e
maravilhas pelas mãos deles. Atos 14:3
RECOMENDADOS À GRAÇA
De Atália navegaram de volta a Antioquia, onde tinham sido
recomendados à graça de Deus para a missão que agora haviam
completado. Atos 14:26
Paulo e Barnabé voltaram para casa. Haviam estado fora por dois ou três anos,
desempenhando a missão pioneira de levar o evangelho a Chipre e à Ásia Menor
(atual Turquia). Em alguns lugares eles haviam sido bem recebidos, mas em
outros tinham encontrado oposição tão violenta que foram obrigados a fugir para
salvar a vida. Em uma cidade chamada Icônio, Paulo foi apedrejado, arrastado
para fora dos portões e dado como morto. Não é de admirar que seu jovem
companheiro, João Marcos, logo desistiu e voltou para casa.
Agora, Paulo e Barnabé haviam retornado para casa. Não por terem
desistido, mas pela satisfação de terem desempenhado bem sua missão. Eles
pregaram sem medo ou hesitação a mensagem de Jesus, e formaram
congregações de novos fiéis nos centros mais importantes em que estiveram. A
fim de ajudar a manter intactas as jovens igrejas, eles ordenaram anciãos.
De volta a Antioquia, na Síria, “reuniram a igreja, relataram quão grandes
coisas Deus fizera por eles, e como abrira aos gentios a porta da fé” (At 14:27).
Quantas histórias para contar! Quantas maravilhas da providência e da libertação
operadas pela mão divina! Que testemunho do poder do Cristo vivo! Os crentes
em Antioquia devem ter ficado impressionados diante do relatório, manifestando
sua alegria através de cânticos de louvor e adoração a Deus.
Antioquia foi o local em que tudo começou – o espírito missionário do
cristianismo, que levou o evangelho ao ocidente através da obra de Paulo; ao
leste, sul e norte através da obra de outros; e que ainda prossegue avante em
nossos dias, atingindo os lugares mais remotos da Terra. Os crentes em
Antioquia reconheceram o chamado do Espírito Santo para separar Paulo e
Barnabé a fim de executar essa grande obra. Em obediência à ordem divina, eles
jejuaram e oraram, em seguida os ordenaram e os enviaram para cumprir a
missão.
Paulo e Barnabé partiram não apenas comprometidos com uma missão,
mas comprometidos com a graça. A igreja os encomendou à graça de Deus para
guiá-los, protegê-los e coroar de poder a obra que desempenhariam. E essa graça
não os decepcionou. Ao sairmos para enfrentar um novo dia, nós também temos
o inestimável privilégio de nos encomendarmos à mesma graça. Comecemos o
dia pela graça e voltemos em segurança para casa pela graça.
18 de agosto – sábado
A GRAÇA DO SONO
Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por
alimento. O Senhor concede o sono àqueles a quem Ele ama. Salmo 127:2
Imagine como seria nunca sonhar, nunca ser capaz de pegar no sono, deitar
exausto na cama, mas ficar com os olhos arregalados. Certamente isso seria um
pesadelo.
Uma doença muito rara conhecida como insônia fatal foi recém-descoberta.
Talvez nunca tivéssemos ouvido falar dela se não fosse o trabalho de
investigação médica de uma família italiana que, agora sabemos, há séculos foi
assombrada por um terrível destino.
Ignazio Roiter é médico. Sua esposa, Elisabetta, vem de uma família
italiana proeminente com raízes em Veneza desde 1600. O treinamento médico
de Roiter não o havia preparado para os sintomas intrigantes que a tia de
Elisabetta, de 40 e poucos anos, começou a apresentar. Ela parecia dormir o
tempo todo, mas alegava sofrer de insônia. As pílulas para dormir não ajudaram.
Em poucos meses, ela não conseguia mais andar, e depois passou a ter
dificuldade para falar. Um ano depois do aparecimento da condição misteriosa
de insônia, a tia faleceu.
Então, outra tia de repente começou a apresentar o mesmo quadro clínico.
Os sintomas eram idênticos. Ela também faleceu um ano após o aparecimento da
misteriosa enfermidade. Desesperado para encontrar o diagnóstico e a cura, o Dr.
Roiter fez uma pesquisa nos antigos registros de nascimentos e mortes da igreja
local. Ao rastrear a árvore genealógica de Elizabetta, uma sequência começou a
se destacar. A pesquisa mais tarde o conduziu para San Servolo, uma ilha
próxima a Veneza e local do primeiro hospício da Europa. Os registros
amarelados revelaram: os parentes de Elizabetta havia anos faleciam devido à
insônia.
Nessa ocasião, o tio Silvano fez uma visita aos sobrinhos. Parecia
deprimido, ansioso, uma pessoa diferente. Estava com a doença da falta de sono
também. Determinado a ajudar a encontrar a cura, Silvano concordou em
participar de estudos clínicos realizados por especialistas em sono. Mas ele
também não suportou a falta de descanso e faleceu de exaustão aos 52 anos. O
cérebro de Silvano foi removido e examinado. Descobriu-se que estava cheio de
pequenos furos causados por uma perigosa desordem de proteína. Hoje os
cientistas estão trabalhando para encontrar a cura para essa terrível doença
hereditária.
Dormir! Um dom da graça colocado em nosso sistema por um Pai sábio e
amoroso. Não o valorizamos até que o perdemos. O que pode ser pior do que se
sentir desesperadamente cansado e não ser capaz de dormir?
19 de agosto – domingo
Várias vezes, Paulo se referiu à vida cristã como uma corrida. Assim, amigo,
você e eu somos atletas na corrida da vida. Mas a grande questão é: Por que
corremos? E com ela vem outra pergunta interessante: Como corremos?
Os Jogos Olímpicos de 1924, sediados em Paris, França, foram
caracterizados por dois atletas maravilhosos, ambos ingleses. Tratava-se de
homens determinados; sua história, mais estranha do que qualquer ficção, deu
origem ao clássico Carruagem de Fogo. Um deles, Harold Abrahams, era cabeça
quente. Apesar de o pai dele, que era investidor, ser um homem muito rico, e
apesar de Abrahams ter sido aceito para estudar na Universidade Cambridge,
escola da elite, ainda sentia que tinha muito a provar, tanto ao mundo quanto a si
mesmo. Abrahams era judeu e extremamente sensível a qualquer menosprezo,
real ou imaginário, a qualquer sinal ou sugestão que indicasse que ele não fosse
um verdadeiro inglês. Em vez de ceder às pressões sociais ou simplesmente
suportar ser tratado com menosprezo, Abrahams levava o caso até as últimas
consequências. Ele se tornou o melhor atleta da Inglaterra e conquistou o ouro
olímpico.
Ao norte, nas Montanhas Escocesas, um atleta de características totalmente
diversas também se preparou para ser o atleta mais rápido do mundo. Eric
Liddell, filho de missionários na China, havia retornado à terra natal dos pais.
Cristão devoto, ele se comprometeu a voltar ao campo missionário na China,
mas apenas depois de testemunhar de sua fé na pista de atletismo.
Os dois foram selecionados para fazer parte da equipe olímpica britânica e
partiram para a França com elevadas expectativas. Os anos em que Abrahams se
submeteu a rígidos treinos compensaram: ele ganhou a prova dos 100 metros
rasos, casou-se com uma linda atriz e teve uma vida boa, sendo respeitado e
admirado.
Mas para Eric o sonho olímpico se tornou um pesadelo. Ele ficou sabendo
que a competição dos 100 metros ocorreria no dia que ele considerava sagrado.
Eric sofreu uma terrível pressão para competir, mas permaneceu firme. A
esperança de conquistar o ouro olímpico foi embora. Surgiu, então, um raio de
esperança – não para os 100 metros, mas para os 400 metros. Liddell não havia
se preparado para correr essa distância, mas decidiu participar da corrida e
venceu, sendo aclamado por todos.
Amigo, por que você corre? E como? Certifique-se de que seja por causa
da graça e pela graça.
20 de agosto – segunda
A menos que sejamos moldados pela Palavra, seremos moldados pelo mundo. A
cultura predominante gradualmente fará com que nos encaixemos em seu molde.
Imperceptivelmente, as atitudes e valores propagados por ela se tornarão os
nossos. Nossa única salvaguarda é permitir que a Palavra nos transforme
diariamente naquilo que Deus deseja para nós. A Bíblia é o Seu dom para nós,
um presente da graça para iluminar nosso caminho. Se, sob a influência do
Espírito Santo, que inspirou a Palavra, permitirmos que ela impregne nosso ser,
ela nos tornará “plenamente preparado[s] para toda boa obra” (2Tm 3:17).
A notícia triste é que, apesar de muitos cristãos hoje terem acesso à Bíblia
em diversas traduções, eles estão deixando a Palavra perecer em sua experiência.
Os Estados Unidos, por exemplo, constituem a terra das Bíblias. Mas os norte-
americanos se tornaram analfabetos bíblicos. Uma pesquisa que abrangeu 1.156
alunos de ensino médio demonstrou que apenas um em cada 39 alunos foi capaz
de mencionar três livros escritos por Paulo. E apenas um em cada 38 conseguiu
lembrar o nome de três profetas do Antigo Testamento.
Entre a população norte-americana, 84% afirmam crer que os Dez
Mandamentos ainda são válidos; porém, mais da metade desse grupo é incapaz
de identificar pelo menos cinco deles! O grupo de pesquisa Barna entrevistou
pessoas que se diziam cristãs. Descobriu-se que 22% dos entrevistados
pensavam que realmente existisse o livro de Tomé na Bíblia, enquanto 13% não
tinham certeza se Tomé era um livro da Bíblia ou não. Além disso, 42%
pensavam que a expressão “Deus ajuda a quem cedo madruga” estava escrita na
Bíblia.
Qual a razão de tamanha ignorância? A Bíblia não é mais lida. Quase todos
os americanos possuem pelo menos um exemplar da Bíblia, e a maioria possui
mais de um. Mas as Bíblias servem para juntar poeira na prateleira. Em média,
os judeus dedicam 325 horas para o estudo da Bíblia a cada ano e os católicos
romanos cerca de 200, mas os protestantes dedicam apenas 25 horas. A Bíblia
não pode nos ajudar se nós a negligenciarmos.
Temos que escolher, individualmente, ser moldados pela Palavra. Isso
significa que precisamos fazer da leitura da Bíblia a prioridade em nossa vida,
dedicando diariamente tempo de qualidade para ouvir Deus falar conosco em
meio ao silêncio e em atitude de oração.
21 de agosto – terça
Quando vivemos na graça do Senhor, que Se regozija em dar, Ele derrama sobre
nós bênçãos espirituais. Somos enriquecidos por Ele em todo o nosso discurso e
em todo o nosso conhecimento. Ele nos concede habilidades para
desempenharmos Sua obra. “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que
nos foi dada” (Rm 12:6).
Oh, como a igreja é maravilhosa! Embora pareça debilitada e defeituosa, “é
o cenário de Sua graça, na qual Se deleita em revelar Seu poder de transformar
corações” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 12). Na comunhão dos que
foram chamados por Deus para sair do mundo, não encontramos muitas pessoas
famosas ou brilhantes de acordo com o padrão do mundo. Pois Deus escolhe “as
coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios”, “as coisas fracas do mundo
para envergonhar as fortes”, “as coisas humildes do mundo, e as desprezadas [...]
para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de
Deus” (1Co 1:27-29, ARA).
Conheço um homem que se pode realmente dizer que foi enriquecido de
todas as formas, “em todo discurso e em todo conhecimento”. Ele concluiu o
doutorado em uma universidade prestigiada e reconhecida internacionalmente.
Discursa para auditórios com milhares de pessoas em várias partes do mundo e
ocupa uma posição de grande responsabilidade. Entretanto, quando era
adolescente, sentiu Deus tocar seu coração e, ao aceitar o chamado para o
ministério, muitos que o conheciam duvidaram de sua capacidade. Aquele jovem
era gago. Como seria capaz de falar em público?
Mas o Espírito de Deus pode superar as deficiências naturais. Moisés
também tinha dificuldade de falar em público (Êx 4:10), mas se tornou o maior
líder do Antigo Testamento.
Entendo muito bem o que Moisés e o jovem que mencionei acima
sentiram. Em minha adolescência, fui muito tímido. Costumava sentar na última
fileira de bancos da igreja durante a reunião jovem e ir embora discretamente
antes de acabar. Certo dia, ao ser convidado para ajudar a retirar as ofertas, quase
morri!
Enriquecidos pela graça. Essa também é a minha história. Se deixar Deus
operar o plano que Ele tem para a sua vida, a graça dEle o habilitará para o
serviço de tal maneira que você não é capaz de imaginar.
24 de agosto – sexta
GRAÇA TRANSBORDANTE
Entretanto, não há comparação entre a dádiva e a transgressão. Pois se
muitos morreram por causa da transgressão de um só, muito mais a graça
de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só homem, Jesus Cristo,
transbordou para muitos! Romanos 5:15
UM BANDO DE PÁSSAROS
É verdade que, por causa de um só homem e por meio do seu pecado, a
morte começou a dominar a raça humana. Mas o resultado do que foi feito
por um só homem, Jesus Cristo, é muito maior! E todos aqueles que Deus
aceita e que recebem como presente a Sua imensa graça reinarão na nova
vida, por meio de Cristo. Romanos 5:17, NTLH
No último dia de fevereiro, abri a porta de entrada de nosso lar para buscar o
jornal. Do outro lado do gramado, vi um bando de pássaros ocupados revirando
a grama amarelo-acinzentada pós-inverno. Não apenas um, ou cinco, ou doze,
mas um grande número. Ao me dirigir para o acesso de entrada da casa, os
pássaros começaram a voar de um lado para o outro, quase tocando em mim.
Pareciam alegres, animados, como se quisessem dizer: “Estamos felizes em estar
de volta depois de passar o inverno fora! A primavera não é maravilhosa?”
Constatamos mais tarde que a primavera ainda não tinha chegado
completamente. Naquele mesmo dia, uma tempestade de neve veio do sul,
fechando escolas e a maior parte de outros estabelecimentos de Washington.
Essa espécie de pássaro, o pintarroxo, invariavelmente chega cedo, anuncia a
chegada da primavera, antecipando-a, apressando-a com o bater de suas asas.
Amo a primavera. Sempre procuro os primeiros açafrões que florescem
algumas semanas depois de os pintarroxos aparecerem. E especialmente pelo
primeiro pintarroxo, o fiel arauto de dias mais quentes e ninhos novos.
Geralmente, os primeiros pintarroxos aparecem dispersos. Muitas vezes vemos
apenas um. Essa é a razão de a cena daquele 28 de fevereiro ter me
surpreendido. Um pintarroxo já seria suficiente para me fazer feliz, mas Deus
enviou um bando inteiro. Aquilo, sim, é abundância!
Exatamente como a graça; a graça é como um bando de pintarroxos.
Na excelente paráfrase de Romanos 5:17, nosso texto de hoje, Eugene H.
Peterson não usou a palavra “abundância”, mas Paulo a usou em sua carta. A
versão Almeida Revista e Atualizada desse texto diz: “os que recebem a
abundância da graça”.
Um pouco antes desse verso maravilhoso, Paulo escreveu sobre a graça que
transbordou (v. 15). Agora ele descreve a abundância da graça. Como veremos,
ainda não acabou. À medida que continua a escrever essa passagem, começa a
aumentar mais e mais na escala de superlativos, cada vez mais alto, até exaurir
os limites do vocabulário. A graça transborda. A graça é abundante. A graça é
maravilhosa. A graça é Jesus.
26 de agosto – domingo
A GRAÇA REINA
A fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine
pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso
Senhor. Romanos 5:21
A GRAÇA É UM DIAMANTE
E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça,
para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é
necessário, vocês transbordem em toda boa obra. 2 Coríntios 9:8
Assim como um diamante que brilha ao incidir a luz, a graça possui muitas
facetas. Facetas surpreendentes, facetas novas para nós, facetas inesperadas –
mas todas lindas. Nosso texto de hoje lança luz sobre cinco facetas da graça.
Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça. Deus
não simplesmente concede, Ele concede generosamente. Ele não nos salva
apenas em parte; Ele nos proporciona a entrada completa em Seu reino.
Que neste dia saiamos confiantes, alegres, serenos. A promessa de Deus vai
adiante de nós, como a estrela que guiou os reis magos até Belém. Caminhemos
em Sua luz, sabendo que algo mais precioso do que o ouro – sim, mais valioso
do que o Diamante Hope – nos pertence: a graça.
Em todas as coisas. Não apenas no momento em que a vida sorri para nós.
Não apenas no momento em que parece que temos o mundo aos nossos pés. Mas
em todas as coisas: quando a vida nos dá um tapa na cara, quando nos sentimos
maltratados, abandonados pelos amigos, tratados injustamente.
Ouça Paulo mais uma vez: “Pois estou convencido de que nem morte nem
vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer
poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será
capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”
(Rm 8:38-39). E isso vale para hoje também.
Em todo o tempo. O diamante, diz a propaganda, é eterno. Assim também a
graça. No fulgor do meio-dia e na escuridão da meia-noite. Nos passos firmes da
juventude e nos passos trêmulos da velhice. No amor e na solidão. Na alegria e
na tristeza. Essa promessa ainda é válida hoje como foi no passado. Deus estará
conosco a todo instante, aconteça o que acontecer.
Tendo tudo o que é necessário. Não o que queremos, nem mesmo aquilo
que pedimos em oração, mas tudo o que é necessário. Não os tesouros de valor
terreno, mas tesouros celestiais, inesgotáveis. Tudo o que é necessário para viver
por Deus, tudo o que é necessário para enfrentar o inimigo, tudo o que é
necessário para vencer, tudo o que é necessário para nós. Hoje, em Jesus, já
temos tudo o que é necessário.
Vocês transbordem em toda boa obra. A graça transbordante deve
transbordar para a glória de Deus. Que promessa! Que dia nos aguarda!
29 de agosto – quarta
Certo ano, quase no fim do outono, Noelene amontoou uma boa quantidade de
matéria vegetal em nosso quintal. Ela espalhou um pouco no canteiro de
azaleias, mas não teve tempo de retirar o restante antes da chegada do inverno.
Assim que a neve chegou e cobriu tudo com seu carpete branco de dez
centímetros de espessura, ainda era possível detectar aquela elevação em nosso
quintal, como se um cogumelo gigante estivesse a ponto de surgir.
Nada de cogumelo, mas algo muito melhor se escondia debaixo daquele
monte de matéria vegetal – narcisos silvestres, açafrões e liláceas. Ao passar
várias vezes por aquele monte, perguntei-me se as plantas sobreviveriam àquele
longo período de abandono. Noelene também se fez a mesma pergunta.
Assim que a neve começou a derreter no início de março, obtivemos a
resposta. Do monte recém-descongelado de matéria vegetal emergia nova vida
como uma fonte amarela. As plantas ressurgiram em cor amarelada devido ao
longo período que passaram na escuridão. Dentro de um ou dois dias, o Sol
colocou a fantástica fórmula de clorofila em prática e as folhas recuperaram a
coloração normal.
Você já se sentiu como essas plantas debaixo de um monte de matéria
vegetal, como se tivesse sido abandonado? Talvez você se sinta assim agora. A
graça é para você, meu amigo. A graça é como uma fonte que jorra a água pura e
refrescante da vida. O divino poder da graça pode capacitá-lo a abrir caminho
em direção à luz até emergir, talvez um pouco cansado, mas pronto para apreciar
a alegria da primavera.
Na ocasião em que Paulo escreveu a carta que conhecemos como Segunda
Epístola aos Coríntios, ele estava a caminho de Jerusalém. Os cristãos dessa
cidade precisavam de ajuda, e Paulo estava arrecadando uma oferta de amor das
igrejas pelas quais passava ao longo do trajeto, a fim de levar para a sede da
igreja. Ele escreveu algumas linhas a respeito disso aos coríntios e contou-lhes
sobre as igrejas da Macedônia a fim de incentivá-los. De acordo com o relato de
Paulo, essas igrejas passaram pela “mais severa tribulação”. Elas também
sofreram “extrema pobreza”. Entretanto, a graça tocou seu coração de maneira
que, apesar de suas próprias necessidades, elas transbordaram em alegria e
generosidade.
A graça é uma fonte. A graça faz de nós uma fonte.
30 de agosto – quinta
DE BRAÇOS ABERTOS
Como cooperadores de Deus, insistimos com vocês para não receberem
em vão a graça de Deus. 2 Coríntios 6:1
2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
23 24 25 26 27 28 29
30
1º de setembro – sábado
OS SONHADORES
E, depois disso, derramarei do Meu Espírito sobre todos os povos. Os seus
filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão
visões. Joel 2:28
Uma das características que eu procuro conhecer nas pessoas são os sonhos
delas. Será que aquela pessoa imagina novos horizontes, novos alvos a
conquistar?
Os sonhos, creio eu, fazem parte da imagem de Deus em que nossos
primeiros pais foram criados e que ainda retemos mesmo em nosso estado
degradado. Afinal, Deus é o sonhador celestial, Aquele que enxerga
possibilidades ilimitadas. Todos nós nos enxergamos de maneira limitada e, com
isso, desapontamos o Criador.
Ao longo dos anos, tive a oportunidade de falar para muitos grupos de
jovens. Minha primeira atuação no ministério foi como preceptor em um de
nossos colégios internos. Aprecio falar com os jovens mais do que com qualquer
outro grupo, e é muito gratificante saber que, mesmo com a diferença de idade
entre nós, que me coloca numa relação de “avô”, os jovens ainda se mostram
interessados em ouvir o que tenho a dizer.
Quem sabe isso aconteça porque reconheço minha função como semeador
de sonhos. Num verso que celebra a chegada da primavera, Robert Frost
escreveu:
Venha com a chuva, ó ruidoso vento sudoeste!
Traga o construtor de ninhos, o cantor celeste;
Dê à flor encoberta um sonho.
É exatamente essa a minha intenção – dar à flor encoberta um sonho. Que
espécie de sonho? Sonhos de progresso pessoal. Sonhos de trabalhar para Deus e
para a humanidade. Sonhos de impactar o mundo com a bondade eterna.
Ouça o conselho de Ellen White dirigido especialmente aos jovens:
“Vocês têm a ambição de educar-se para poder ter nome e posição no
mundo? Têm pensamentos que não ousam exprimir, de poderem um dia alcançar
as alturas da grandeza intelectual; de poderem assentar-se em conselhos
deliberativos e legislativos, cooperando na elaboração de leis para a nação? Nada
há de errado nessas aspirações. Cada um de vocês pode estabelecer um alvo.
Não devem se contentar com realizações mesquinhas. Aspirem à altura, e não se
poupem trabalhos para alcançá-la” (Mensagens aos Jovens, p. 36).
A graça nos liberta para sonhar.
2 de setembro – domingo
AS EXCELÊNCIAS DA GRAÇA
O Deus de toda a graça, que os chamou para a Sua glória eterna em
Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante pouco de tempo, os
restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes
alicerces. 1 Pedro 5:10
O TRONO DA GRAÇA
Aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de
recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento
da necessidade. Hebreus 4:16
Todos os muitos textos bíblicos sobre graça transmitem alegria, mas nenhum
mais do que o texto escolhido de hoje. Aqui encontramos a graça mencionada
duas vezes: o trono da graça e graça para ajuda no momento de necessidade.
Podemos dizer: “Do centro da graça do Universo a graça vem ao nosso encontro
quando mais precisamos.”
O profeta Miqueias exclamou: “Com que eu poderia comparecer diante do
Senhor e curvar-me perante o Deus exaltado?” (Mq 6:6).
Essa tem sido a súplica do coração de homens e mulheres espirituais ao
longo das eras. Eles se torturam fisicamente, jejuam, recusam-se a dormir.
Fazem peregrinações e penitências, seguem, assim como o monge Martinho
Lutero, todo curso de ação prescrito pela estrutura da igreja. E, ainda assim,
como Lutero, são deixados com um sentimento de vazio e incerteza.
Apenas em e através de Jesus Cristo todas as nossas aspirações religiosas
encontram o lar. Apenas ao abrirmos os olhos, pelo Espírito, para a maravilhosa
história da Sua vinda à Terra e da Sua morte, que era nossa por direito,
encontramos a paz e a segurança que nosso coração tanto almeja.
Agora, por causa dEle, podemos saber que o Céu é um lugar bem-vindo.
Pertencemos a esse lugar, assim como cada filho e filha pertence ao lar. A
presença de Deus, santa como é, não mais lança temor ao nosso coração. O trono
da graça se encontra no centro do Universo.
Por ser o trono da graça, o Senhor, por assim dizer, segura o cetro de
entrada. Achegamo-nos a Ele com toda a confiança, não com lisonja servil, mas
como uma criança que corre em direção aos braços abertos do amoroso pai.
O trono da graça nos oferece misericórdia e graça para nos ajudar. O
pensamento é semelhante a um texto que aparece um pouco antes em Hebreus:
“Porque, tendo em vista o que Ele mesmo sofreu quando tentado, Ele é capaz de
socorrer aqueles que também estão sendo tentados” (Hb 2:18). Nesse contexto, a
graça que Ele nos oferece é a graça que supera, a graça ideal para as nossas
necessidades, concedida no momento certo.
“De todo vento tempestuoso que se levanta, de toda onda de aflição que se
agiganta, há um retiro sereno e gracioso, encontrado junto ao trono do Deus
Todo-Poderoso” (Hugh Stowell).
5 de setembro – quarta
O ALIMENTO E A GRAÇA
Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o
que vale é estar o coração confirmado com graça e não com alimentos,
pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam. Hebreus
13:9, ARA
HEROÍNA
Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. 2
Timóteo 2:1
A GRAÇA DA GENEROSIDADE
Todavia, assim como vocês se destacam em tudo: na fé, na palavra, no
conhecimento, na dedicação completa e no amor que vocês têm por nós,
destaquem-se também neste privilégio de contribuir. 2 Coríntios 8:7
A carta mais curta escrita por Paulo e que sobreviveu até a era moderna talvez
seja a mais bela de todas. Na carta enviada a Filemom vemos a graça irradiar em
cada verso. Trata-se de uma mensagem curta, muito pessoal, apenas um pouco
mais do que um bilhete. Ao longo dos anos, algumas pessoas têm questionado
por que essa carta deve ter lugar entre os outros livros da Bíblia, pois não contém
nenhuma argumentação ou ampliação teológica.
Quão enganados estão os críticos! Essa pequena carta é rica em conteúdo e
mais rica ainda em sentimento. Hoje é muito difícil ouvir um sermão baseado
nela – o que é uma lástima para a reflexão e a experiência cristã. Dedicaremos
vários dias ao estudo dessa carta, escavando seus tesouros. Estou confiante de
que, no fim, você concordará comigo que se trata de uma joia rara.
A carta começa com a graça e termina com a graça. “A vocês, graça e paz
da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”, escreve Paulo em sua
costumeira introdução (v. 3). Ele a conclui com a bênção: “A graça do Senhor
Jesus Cristo seja com o espírito de todos vocês” (v. 25).
Graça do começo ao fim! Que maneira de escrever! Que maneira de viver!
Que bela oração para enfrentarmos o dia! Que do princípio ao fim, dos pés à
cabeça, sejamos rodeados pela graça. Além das referências no início e no fim da
carta, Paulo não se refere mais à graça especificamente. No entanto, ele
demonstra a graça – a maneira de a graça atuar, como a graça aparece. Em todas
as outras cartas, especialmente em Romanos e Gálatas, Paulo apresenta a
teologia da graça; aqui, porém, ele vive a graça. Assim, se quisermos entender o
que ele quer dizer com graça, é melhor prestarmos atenção na aula prática dessa
mensagem pessoal.
Uma palavra, quase impossível de ser traduzida, utilizada três vezes por
Paulo ao escrever a Filemom, abre uma porta para os sentimentos mais
profundos do apóstolo. Encontramos essa palavra no verso 7: “Você, irmão, tem
reanimado o coração dos santos” (NVI); no verso 12: “Mando-o de volta para
você, como se fosse o meu próprio coração” (NVI) e no verso 20: “Reanime o
meu coração em Cristo!” (NVI).
A palavra não é “coração”, mas literalmente “entranhas”, “vísceras”, para
ser mais claro. Onde sentimos as mais profundas emoções, especialmente as
negativas? Na barriga, nas vísceras. A graça trata de emoções profundas –
vísceras. Aqueles que querem restringir a graça à teologia, ao debate e à
argumentação precisam ler a carta de Paulo a Filemom. Enquanto a graça não
lhes atingir as vísceras, não saberão o que ela é.
10 de setembro – segunda
Paulo era solteiro, mas teve filhos. Ele chamou Timóteo de “meu verdadeiro
filho na fé” (1Tm 1:2) e “meu amado filho” (2Tm 1:2). Ao escrever para Tito, as
palavras de abertura foram: “A Tito, meu verdadeiro filho em nossa fé comum”
(Tt 1:4).
Timóteo e Tito foram cooperadores de Paulo na causa do evangelho. Eles
viajaram juntos, trabalharam juntos, sofreram juntos. A grande missão pela qual
entregaram o coração e dedicaram a vida os uniu com vínculos mais fortes do
que os do mesmo sangue.
Paulo, porém, teve outro tipo de filho. Não se tratava de um colaborador,
nem de um companheiro de lutas e vitórias na missão de proclamar o evangelho.
Onésimo era seu nome e ele se tornou filho de Paulo no período em que o
apóstolo esteve na prisão, provavelmente em Roma.
Sabemos bem pouco a respeito desse jovem. Não sabemos nada dele antes
de se encontrar com Paulo, nem mesmo como se encontrou com Paulo. Não
sabemos o que aconteceu com ele depois. A carta a Filemom nos revela apenas
um pouquinho de sua vida e deixa a maior parte da história em branco. A carta,
porém, revela o suficiente para nos deixar intrigados com as possibilidades. O
mais importante é que a história – resumida e fragmentada como é – abre uma
janela para compreendermos melhor a graça.
Isto sabemos com certeza: Onésimo era escravo. Paulo afirma isso de
maneira muita direta no verso 16: “Não mais como escravo” (NVI). Outra dica:
há a possibilidade de Onésimo ter vindo de Colossos, uma cidade localizada
onde hoje fica a Turquia, pois ao escrever aos colossenses Paulo menciona certo
Onésimo, “que é um de vocês” (Cl 4:9).
Na ocasião em que Paulo escreveu para Filemom, Onésimo era um escravo
fugitivo. Ele decidiu viver a própria vida e se libertou de Filemom, seu
proprietário. Onésimo correu o mais rápido que pôde. Havia lugar melhor para
se esconder do que em Roma, uma cidade grande, a maior da época?
Onésimo fez algo muito perigoso. Se fosse apanhado, poderia ser lançado
às lampreias, peixes vorazes que arrancam a carne dos ossos. Poderia ser
marcado com ferro quente, uma indicação permanente de que ali estava um
escravo que tentou fugir.
O idoso Paulo está preso. Onésimo está em fuga. Deus faz com que se
encontrem, e Paulo adota outro filho – um milagre da graça.
11 de setembro – terça
DIA DO DESTINO
Em vez disso, Ele Se sacrificou de uma vez por todas, aniquilando todos os
outros sacrifícios mediante Seu próprio sacrifício, a solução final para o
pecado. Hebreus 9:6, The Message
O PROPRIETÁRIO DE ESCRAVOS
Talvez ele tenha sido separado de você por algum tempo, para que você o
tivesse de volta para sempre, não mais como escravo, mas, acima de
escravo, como irmão amado. Filemom 15, 16
Algum tempo atrás, um homem que não conheço me escreveu para partilhar
uma ideia. “Creio que precisamos de um Dia Nacional do Perdão (ou semana),
em que cada pastor e cada igreja escreveriam uma carta para cada membro
afastado pedindo perdão por qualquer coisa que a igreja tenha feito que o tenha
magoado ou prejudicado emocional ou espiritualmente”, ele sugeriu. “Há
milhares de pessoas que costumavam fazer parte de nossa família e que nos
deixaram por razões pelas quais talvez a igreja precise se desculpar.
“Não creio que nossas igrejas possam crescer enquanto tivermos pessoas
cheias de raiva e amargura, tanto dentro quanto fora da igreja. Muitos membros
foram emocionalmente prejudicados por palavras ásperas, ou até mesmo
palavras bem-intencionadas, porém expressas da maneira errada ou no momento
errado. Gostaria de sugerir que cada igreja faça um esforço conjunto para
localizar os endereços dessas pessoas e enviar uma carta pedindo perdão por
qualquer coisa que a igreja tenha feito para prejudicá-las.”
Partilho da preocupação desse irmão com membros afastados. Embora
saiba que devemos manter o foco em Jesus e que basicamente cada um é
responsável por suas próprias ações, também concordo que muitos membros
afastados se sentem magoados e ressentidos devido a danos reais que sofreram
na igreja. O perdão é um remédio maravilhoso. Trata-se de uma das palavras
mais doces de nossa linguagem. O perdão é o caminho de Deus para a paz e a
santidade.
Deus colocou o perdão em cada fibra de nosso ser. O ódio, a amargura e o
ressentimento corroem nosso corpo, não apenas consumindo nossa força, mas
também enfraquecendo o sistema imunológico. O ódio é hoje listado como uma
das causas da pressão alta. Pesquisas revelaram que, ao encontrarmos o alívio
para o ódio mediante a decisão de perdoar, a pressão arterial elevada causada por
esse sentimento diminui.
O caminho da graça é o caminho do perdão e, portanto, o caminho para
uma vida livre de maldade, amargura, raiva e ódio. Em vez de amargura,
compaixão. Em vez de ressentimento, bondade. Em vez de ódio, perdão. Esse é
o caminho para a plenitude de vida na Terra e para a vida eterna na presença de
Deus. Tornemos hoje o Dia Pessoal do Perdão.
16 de setembro – domingo
O APÓSTOLO DO SÉCULO 21
João era uma candeia que queimava e irradiava luz, e durante certo
tempo vocês quiseram alegrar-se com a sua luz. João 5:35
Vez por outra a graça toca um seguidor de Jesus com tanta intensidade que ele
ou ela brilha com uma luz tão forte que atrai outros a Cristo. Essa luz é tão
brilhante que parece não durar muito tempo.
João Batista foi uma dessas pessoas. Jesus o chamou de “a candeia que
queimava e irradiava luz”, mas essa candeia brilhou apenas alguns anos. Outro
exemplo é alguém desconhecido pela maioria dos cristãos ocidentais – Sadhu
Sundar Singh, mais conhecido como “O Apóstolo do Século 21” e “O Apóstolo
dos Pés Ensanguentados”.
Sundar Singh nasceu numa devota família Sikh em Punjab, Índia. Jovem
ativo e dinâmico, Sundar Singh a princípio se opunha fortemente ao
cristianismo. Certa vez, rasgou uma Bíblia em público e a queimou. Um dia,
acordou às três da manhã e orou pedindo que, se Deus existisse, Ele Se revelasse
e lhe mostrasse o caminho da salvação. Se a oração não fosse respondida,
Sundar Singh estava decidido a deitar-se sobre os trilhos e morrer sob as rodas
do trem.
Ele orou e aguardou, esperando ver Krishna, Buda ou qualquer outra
divindade hindu. Em vez disso, uma luz brilhou em seu quarto, aumentando em
intensidade até que Sundar Singh não recebeu o deus pagão que esperava, mas o
próprio Cristo. “Por toda a eternidade jamais me esquecerei de Sua face gloriosa
e amorosa ou das poucas palavras que proferiu: ‘Por que Me persegues? Vês,
morri na cruz por ti e pelo mundo inteiro’”, ele recordou mais tarde.
A partir daquele momento, Sundar Singh se tornou uma nova pessoa. “Meu
coração se encheu de alegria e paz inexprimíveis, e todo o meu ser mudou
completamente.” Ele foi batizado em seu décimo sexto aniversário.
Tomado pela paixão de proclamar a mensagem de Jesus, Sundar Singh
adotou o estilo simples de um santo homem indiano. Mais tarde, a influência de
sua vida e escritos tocaram cristãos em todas as partes do mundo. Ele pregou em
Londres, Paris, Alemanha, Estados Unidos e Austrália. O maior fardo, porém, de
seu coração era o Tibete, país ainda não alcançado pelo cristianismo. Ele fez
muitas jornadas para as montanhas solitárias desse país, e da última jamais
regressou. Ninguém sabe o que aconteceu com ele. Tinha apenas 39 anos na
ocasião em que desapareceu. Foi uma lâmpada que brilhou com a luz da graça.
17 de setembro – segunda
O ROBÔ FEDORENTO
Davi, porém, disse ao filisteu: “Você vem contra mim com espada, com
lança e com dardos, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos
Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou”. 1
Samuel 17:45
Você já ouviu falar do robô Fedorento? Fedorento é um robô muito feio, uma
geringonça mal pintada e feita de canos de terceira categoria colados um ao
outro. A cola usada em Fedorento tem um cheiro horrível; por isso, o nome.
O Departamento de Pesquisas Navais dos Estados Unidos e a NASA
lançaram um concurso robótico subaquático. Fedorento foi inscrito na
competição, e foi saudado com risadas. Fedorento concorreu com o protótipo
inscrito pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, uma máquina muito
bonita criada por 12 engenheiros de elite e estudantes do curso de ciência da
computação.
O custo total de Fedorento foi de 800 dólares, doados por comerciantes
locais. Seus criadores foram quatro adolescentes de calças largas e tênis,
estudantes da Escola de Ensino Médio Carl Hayden, em Phoenix, Arizona, EUA.
Os quatro eram imigrantes mexicanos ilegais. Eles viram o anúncio da
competição no mural colocado ali por dois professores de ciências da escola que
se ofereciam para ajudar a equipe que desejasse participar do concurso. Assim,
eles decidiram se inscrever. Os adolescentes construíram Fedorento com canos
de PVC e peças comuns de computador. Em seguida, foram para Santa Bárbara,
Califórnia, onde a competição seria realizada.
A competição exigia a construção de um robô que fosse capaz de explorar
um submarino submerso. Assim que os quatro adolescentes de Hayden viram
que a escola de engenharia mais prestigiada dos Estados Unidos estava inscrita
na competição, sentiram-se intimidados. Porém, algo muito engraçado aconteceu
naquela competição. Fedorento ganhou o prêmio máximo. Ele desempenhou
uma tarefa que o outro robô não foi capaz de realizar: sugar o fluido de um
pequeno recipiente a mais de três metros abaixo d’água.
Por que gosto tanto dessa história, verdadeira em cada detalhe? Porque
gosto muito de histórias em que pessoas desvalorizadas e menosprezadas
decidem lutar contra o improvável e saem vitoriosas. E essa é uma das razões
pelas quais a história de Davi e Golias atrai a atenção de pessoas de todas as
idades. A história de Davi talvez seja a melhor história de alguém desvalorizado
e menosprezado que alcançou a vitória, mas o Bom Livro está repleto de
histórias assim, pois a Bíblia fala da graça, que faz de homens e mulheres
comuns verdadeiros heróis.
18 de setembro –terça
O CABELO DE BEETHOVEN
Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento,
num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta
soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos
transformados. 1 Coríntios 15:51, 52
O ATLETA ESPIRITUAL
Exercite-se diariamente em Deus – nada de flacidez espiritual, por favor!
A prática de exercício físico no ginásio é útil, mas uma vida disciplinada
em Deus é muito mais, colocando-o em forma tanto hoje quanto na
eternidade. 1 Timóteo 4:8, The Message
FRAUDES E FÉ
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não
vemos. Hebreus 11:1
A TORRE DO SILÊNCIO
Pense nisso! Todos os pecados perdoados, a ficha do passado limpa, o
velho mandado de prisão cancelado e pregado na cruz de Cristo. Ele
despojou todos os tiranos espirituais do Universo de sua falsa autoridade
na cruz e fez com que marchassem nus pelas ruas. Colossenses 2:14, 15,
The Message
MANASSÉS
Quando ele orou, o Senhor o ouviu e atendeu o seu pedido e o trouxe de
volta a Jerusalém e a seu reino. E assim Manassés reconheceu que o
Senhor é Deus. 2 Crônicas 33:13
Vez por outra ouvimos alguém contar a história de alguma mudança drástica em
sua vida após um encontro com Cristo; alguém que saiu das drogas e do
envolvimento com gangues para a caminhada cristã, e assim por diante. Ou
lemos um livro que talvez descreva detalhadamente os anos vividos antes de
Jesus Se tornar o Salvador e Senhor da pessoa que o escreveu. Nenhuma dessas
histórias, porém, sequer chega perto da experiência de Manassés.
Manassés, rei de Judá no sétimo século a.C., foi um dos piores monarcas
que já existiram. Ele tinha apenas 12 anos quando assumiu o trono e reinou por
55 anos. Encontramos o relato de sua história em 2 Reis 21 e 2 Crônicas 33. Os
dois relatos são bem semelhantes quanto à descrição da maldade desse monarca,
mas Crônicas apresenta alguns detalhes intrigantes.
O rei Manassés imitou as práticas idólatras das nações vizinhas e com isso
o povo chegou ao ponto de fazer “pior do que as nações que o Senhor havia
destruído diante dos israelitas” (2Cr 33:9). Ele ergueu altares aos baalins, fez
postes sagrados à deusa Astarote, adorou a todos os exércitos celestes,
construindo até mesmo altares para eles dentro do Templo do Senhor. Manassés
sacrificou o próprio filho no fogo (prática abominável associada à adoração ao
deus Moloque). Praticou feitiçaria, adivinhação e magia. Consultou médiuns.
“Além disso, Manassés derramou muitíssimo sangue inocente, até que encheu
Jerusalém de um a outro extremo” (2Rs 21:16, ARA).
Alguma vez você ouviu falar de um comportamento tão rebelde assim?
Certamente ali estava um indivíduo para quem toda esperança de salvação tinha
acabado havia muito tempo. Espere um pouco! Jamais menospreze o poder da
graça. Jamais desista de um pecador ou o considere uma causa perdida. Deus
permitiu que os assírios dominassem a nação. Eles levaram Manassés cativo,
colocaram-lhe um gancho no nariz (antigas representações mostram os assírios
fazendo exatamente isso), prenderam-no com algemas de bronze e levaram-no
para a Babilônia. E ali, miraculosamente, o pior líder do povo de Deus teve o
coração transformado. “Humilhou-se muito perante o Deus de seus pais” (2Cr
33:12, ARA). Manassés orou – e Deus ouviu.
Deus sempre nos ouve. Ele transformou Manassés e também pode
transformar você e eu. Nunca desista de um pecador, pois Deus jamais desiste.
25 de setembro – terça
A MENTE VORAZ
Ninguém desta casa está acima de mim. Ele nada me negou, a não ser a
senhora, porque é a mulher dele. Como poderia eu, então, cometer algo
tão perverso e pecar contra Deus? Gênesis 39:9
Note quem é o autor das palavras do texto de hoje: o apóstolo Paulo. Muitos
anos antes ele não permitiu que João Marcos se envolvesse em seu ministério
porque, durante a primeira viagem missionária do apóstolo, Marcos, que o
acompanhava juntamente com Barnabé, o decepcionou. Assim que a situação
ficou difícil na Panfília (região litorânea na Ásia Menor), Marcos desistiu e
voltou para casa. Posteriormente, quando Barnabé quis convidar Marcos para
acompanhá-los em sua segunda viagem missionária, Paulo não permitiu. Os dois
líderes tiveram uma desavença tão séria que resolveram se separar. Paulo
escolheu Silas e seguiu em uma direção, Barnabé convidou Marcos e seguiu em
outra.
Agora, porém, Paulo, já idoso e preso, com a morte chegando cada vez
mais perto, mudou de ideia. Quer João Marcos ao seu lado. Paulo pede que
Timóteo o leve até ele “porque”, diz Paulo, “ele me é útil para o ministério”.
Sempre que alguém, homem ou mulher, falha em cumprir seu dever,
ficamos decepcionados. Toda vez que um jovem fracassa, fico muito triste. Os
jovens já contam com muitos críticos prontos para apontar alguma falha ou
atentos para vê-los fracassar sem oferecer-lhes ajuda ou apoio.
Quando um ministro fracassa, a dor é ainda maior. Os santos podem tolerar
uma pessoa que comete todos os tipos de erros antes de se entregar a Cristo (às
vezes exultam com os detalhes sombrios), mas tome cuidado após ser batizado.
Tome cuidado dobrado se for ministro. A disposição dos santos para perdoar se
desvanece diante dos seus olhos.
João Marcos corrigiu seu erro. Ele fracassou, mas Barnabé lhe concedeu
uma segunda chance. E ele não o decepcionou! Graças a Deus pelos “Barnabés”
da igreja – homens e mulheres que não ficam relembrando nossas falhas, mas,
em vez disso, nos concedem uma segunda chance.
Além de João Marcos progredir no ministério, ele se tornou tão respeitado
que seu relato da história de Jesus, um dos primeiros a ser escritos, encontrou
seu lugar no cânon bíblico. Pense nisto: de fracassado a escritor do Evangelho,
de desistente a líder respeitado!
Amo histórias assim, de desistentes que se tornaram decididos e corajosos;
de fracassados que escreveram Evangelhos, pois eles são a demonstração viva da
essência da graça. E graça tem tudo que ver com segunda chance. E terceira. E
quarta. E quinta. E sexta. E sétima...
29 de setembro – sábado
A BÊNÇÃO DE ASER
Aser, o mais abençoado dos filhos! Que ele seja o favorito entre os irmãos,
seus pés massageados com óleo. Protegido por portas e portões com
trancas de ferro, sua força seja como ferro por toda a sua vida.
Deuteronômio 33:24, 25, The Message
A GRAÇA DA CURA
Deus disse: “Se vocês ouvirem, ouvirem obedientemente às instruções de
Deus para vocês viverem em Sua presença, obedecendo aos Seus
mandamentos e guardando todas as Suas leis, então, não trarei sobre
vocês todas as doenças que Eu trouxe sobre os egípcios, Eu sou o Deus
que os cura”. Êxodo 15:26, The Message
Deus deseja que tenhamos plenitude de vida, saúde física, mental e espiritual.
Tem sido um grande erro da igreja ao longo dos séculos se concentrar apenas na
vida interior e negligenciar a física. De fato, nos primeiros séculos, ideias
enraizadas na filosofia grega dominaram o cristianismo, ideias que denegriam o
corpo. Dessa aberração se desenvolveu o ideal monástico, o celibato e a
mortificação do corpo. Que diferença do relato da criação em Gênesis, em que o
próprio Deus é o Criador do corpo humano!
Quando o Filho de Deus desceu à Terra para nos revelar como Deus é e
para restaurar tudo o que se perdeu com o pecado, Ele dedicou boa parte de Seu
tempo ao ministério da cura, trazendo vista ao cegos, audição aos surdos, fala
aos mudos, movimento aos paralíticos e mente saudável aos mentalmente aflitos.
A graça fluía de Jesus, a graça da cura! Pense na vida de uma comunidade
em que a dor tenha desaparecido, em que não haja sofrimento ou ansiedade –
nem mesmo funerais! Jesus acabou com todos os funerais em que esteve. A
morte fugia de Sua presença, pois Ele era o próprio Doador da vida.
Na verdade, podemos afirmar que o ministério inteiro de Jesus envolveu a
cura. Ele tornava as pessoas sãs, a despeito de seu problema. É interessante notar
que a mesma palavra grega, sozo, é utilizada tanto para expressar o ato de salvar
quanto o de curar o físico. Por exemplo, quando Jairo enviou a mensagem
implorando que Jesus fosse até a casa dele para curar a filha enferma (Mc 5:23),
a palavra para curar utilizada é sozo, idêntica à palavra encontrada na passagem:
“Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10).
“Eu sou o Deus que os cura”, Deus afirmou aos israelitas. Ele ainda é. Nem
o médico mais habilidoso é capaz de nos curar. Ele é apenas um agente ou
ministro da cura que apenas Deus pode efetuar.
Jesus passou Seus dias restaurando pessoas arruinadas pelo pecado. Ele
ainda restaura pessoas assim. Sua graça pode transformar dias escuros em
cânticos de esperança e nova vida. Nós que professamos seguir Jesus devemos
hoje também ser agentes de cura. Estejamos ou não envolvidos no ministério
médico, nossa missão é ajudar pessoas enfermas a encontrar cura.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb
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1º de outubro – segunda
O DEUS DO INESPERADO
Antes de clamarem, Eu responderei. Isaías 65:24
Ao longo dos anos, pouco a pouco, tenho aprendido a esperar em Deus. Saber,
não apenas racionalmente (pois essa é a parte mais fácil), mas emocionalmente,
que absolutamente nada pega Deus de surpresa. Aquilo que nos pega
desprevenidos, deixando-nos perplexos e consternados, não O assusta. Ele é o
Deus do inesperado.
Algum tempo atrás, viajei para Seattle, Washington, EUA, para realizar
uma série de pregações num acampamento. Hospedei-me num hotel próximo do
local e fazia o trajeto de ida e volta ao acampamento em um carro alugado.
Alguns amigos de Seattle ficaram sabendo que eu estaria na cidade naquele
período e entraram em contato comigo para combinarmos um encontro depois
que a série de pregações chegasse ao fim. Após o último sermão no sábado pela
manhã, combinamos de fazer um piquenique, ir até o Monte Rainier para uma
caminhada e voltar para a cidade para o jantar.
Quando minha secretária fez a reserva de hotel, a atendente não tinha
certeza quanto à disponibilidade de vaga para parte do período de minha estadia.
Assim, uma semana antes da viagem, liguei para confirmar a reserva. A
atendente garantiu que estava tudo certo.
Aquele sábado, o último dia de minha visita à Seattle, foi inesquecível. O
culto, o passeio nas montanhas e a companhia dos amigos foram uma bênção.
Voltei ao hotel cansado, mas feliz. Havia sido um dia perfeito. Bem, não tão
perfeito assim. Abri a porta do meu quarto e fiquei totalmente chocado: a cama
estava arrumada, mas todos os meus pertences tinham sumido. Atordoado, corri
para a recepção. Em vez de um pedido de desculpas, recebi uma resposta
irritada: “O senhor deveria ter saído hoje de manhã! Outro cliente está
aguardando para ocupar o quarto!” Minha resposta foi igualmente irritada; mas
eles me mostraram que minha reserva havia terminado pela manhã. E meus
pertences? Estavam numa caixa de papelão!
No fim, percebi que aquilo tudo se tratava de um erro honesto por parte do
hotel e eles, por sua vez, perceberam que eu não estava mentindo. Eles ligaram
para todos os hotéis da região na tentativa de encontrar um lugar para eu passar a
noite, mas estavam todos completamente lotados. Assim, comecei a cogitar a
ideia de passar a noite no saguão do aeroporto. Então surgiu a proposta: o trailer
para uso do hotel que ficava no estacionamento. Não tinha iluminação, mas teria
uma cama para dormir. Aceitei na hora. O Deus do inesperado agiu novamente.
2 de outubro – terça
SOMOS PÓ
Pois Ele sabe do que somos formados; lembra-Se de que somos pó. Salmo
103:14
LIGAÇÃO LOCAL
Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês.
1 Pedro 5:7
Um texto que circula na internet narra a história de um homem que viajou pelo
mundo na tentativa de encontrar um modo de falar com Deus. Certo dia, ele
chegou numa grande igreja e viu um telefone junto à parede com a inscrição:
“Linha Direta para Deus.”
– Posso telefonar? – ele perguntou.
– Isso lhe custará quatro mil dólares.
Ele não tinha a menor condição de pagar o preço da ligação. Decidiu visitar
outras igrejas, outros países. Encontrou outras igrejas grandes com linhas diretas
para falar com Deus. Todas cobravam quatro mil dólares pela ligação.
Por fim, ele chegou à Austrália e viu uma igreja com um telefone de linha
direta junto à parede.
– Quanto custa a ligação aqui? – ele perguntou.
– Quarenta centavos.
– Quarenta centavos? Em todo lugar se cobra quatro mil dólares!
– Sim. Mas daqui é ligação local.
Como você pode imaginar, essa história veio da Austrália. É uma boa
história, mas é preciso corrigi-la. A ligação para o Céu tem o custo local em
qualquer lugar do mundo.
Por meio de Seu sacrifício, Jesus ligou o Céu e a Terra com uma fabulosa
rede de comunicação. Essa rede nunca fica sobrecarregada. Ela é totalmente livre
de interferência. Você nunca fica na espera. A linha nunca está ocupada. Sua
ligação sempre é atendida. E é pessoal.
Que rede de comunicação!
“A oração”, observa Ellen White, “é o abrir do coração a Deus como a um
amigo” (Caminho a Cristo, p. 93). Em seguida ela descreve quão convidativa a
ligação pode ser. Podemos apresentar ao Senhor todas as nossas preocupações,
todas as nossas angústias, todas as nossas ansiedades. Nada é pequeno demais
nem grande demais para Deus solucionar. Podemos falar com Ele como se Ele
estivesse sentado ao nosso lado, contar-Lhe tudo o que está em nosso coração.
Sim, ter acesso ao Céu é como fazer uma ligação local, a qualquer hora, em
qualquer lugar. Pegue o “telefone” agora mesmo e converse com o Amigo que
Se preocupa tanto com você. Não haverá custo algum!
5 de outubro – sexta
É muito fácil ficar com a atenção fixa nas árvores e nunca ver a floresta. Os
detalhes da vida podem se tornar um fim em si mesmos. Com isso, nosso
cristianismo se deteriora em observâncias presas a regras que carecem de
liberdade, espontaneidade e alegria.
Lembro-me de uma rápida conversa que tive com uma senhora de 94 anos
de idade após o culto. Depois de parabenizá-la por sua aparência bem
conservada, levei um sermão a respeito dos malefícios do sorvete. “Faz 63 anos
que não chego nem perto dessa sobremesa!”, ela exclamou com ar de vitória.
Posso pensar em várias coisas mais prejudiciais do que o sorvete. Imagino
o que o Senhor pensa da religião que se concentra numa lista do que fazer ou não
fazer.
Precisamos, porém, considerar o outro lado da história. Embora não
devamos nos prender aos detalhes, a vida consiste de detalhes, não apenas da
visão geral. É isso que Paulo enfatiza na passagem de hoje – nossa vida
cotidiana e comum de dormir, comer, ir ao trabalho e passear. Essa é a nossa
vida fora da igreja, fora da fachada religiosa que podemos assumir para
impressionar os santos.
Uma definição de religião afirma que ela é o que fazemos quando nos
encontramos sozinhos. Isso é verdade – mas apenas parte dela. A religião, pelos
menos segundo o modelo de Paulo, é também aquilo que fazemos quando
estamos em meio aos outros. O cristianismo envolve a vida toda, todo o nosso
ser e tudo o que fazemos para a glória do Senhor da graça.
Nossa maneira de viver ao nos apresentarmos como sacrifício vivo a Deus
não é questão de seguir uma lista do que se pode ou não fazer, mas aceitar o que
Deus fez por nós. De um ponto de vista, somos os que atuam; mas o verdadeiro
agente é Deus. Ele efetua em nós tanto o querer quanto o realizar segundo Sua
boa vontade (Fp 2:13).
Hoje, lembremo-nos do que Deus fez por nós. Isso significa que nossos
olhos não estarão focalizados em nós mesmos, mas nEle; que aceitaremos com
alegria a direção de Seu Espírito; notaremos com júbilo as evidências de Sua
providência e prontamente nos submeteremos à Sua soberania.
Senhor Jesus, vive em Mim hoje!
6 de outubro – sábado
O CHAMADO À SANTIDADE
Disse ainda o Senhor a Moisés: “Diga o seguinte a toda comunidade de
Israel: Sejam santos porque Eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo.”
Levítico 19:1, 2
JUBILEU
Consagrem o quinquagésimo ano e proclamem libertação por toda a terra
a todos os seus moradores. Este lhes será um ano de jubileu, quando cada
um de vocês voltará para a propriedade da sua família e para o seu
próprio clã. Levítico 25:10
Terras são bens valiosos. Na sociedade agrícola, a terra proporciona a base para
o sustento. Para as pessoas dessa sociedade, perder a terra significa tornar-se
nada, ter como única opção a escravidão.
Deus estabeleceu uma provisão cheia de graça para Seu povo, os filhos de
Israel, quando fossem para Canaã após passarem séculos no Egito. Eles seriam
fazendeiros, ligados à terra; mas não deveriam perdê-la permanentemente pela
compra e venda. Inevitavelmente, alguns perderam as terras que receberam. Por
motivo de enfermidade, tragédia, morte ou má administração alguns foram
obrigados a vender tudo o que possuíam, incluindo a terra. Mas a venda da terra
não seria definitiva.
No quinquagésimo ano, todas as dívidas eram canceladas. No
quinquagésimo ano, a terra que havia sido vendida voltava aos proprietários
originais. No quinquagésimo ano, reinava a liberdade. Era o ano de voltar para a
propriedade dos antepassados; para reunir a família.
Isso quer dizer que todas as negociações que envolviam a aquisição de
terras possuíam um fator temporário. O mercado imobiliário de Israel era
governado por um ciclo de cinquenta anos. Se o jubileu estivesse longe, a terra
tinha um valor mais alto; se o ciclo estivesse quase chegando ao fim, o preço
caía.
Imagine o significado do jubileu para os membros de uma família que
estavam vivendo na pobreza, destituídos de sua terra, trabalhando como
escravos. Havia esperança. Os anos de trabalho escravo certamente teriam fim.
Chegaria o jubileu e, ao décimo dia do sétimo mês (o Dia da Expiação), soaria o
toque da trombeta, proclamando a liberdade.
Os princípios do jubileu – quitar, libertar, retornar, reunir – são a essência
do evangelho. O jubileu está repleto de graça. Era uma ideia maravilhosa, uma
ideia divina. Infelizmente, não há indicação de que os judeus o tenham colocado
em prática. Podemos imaginar a relutância dos abastados proprietários de terras
em simplesmente devolver as propriedades aos donos originais sem receber
nenhum centavo em troca. Podemos imaginar os poderosos se unindo para privar
o pobre. Isso aconteceu no passado e ainda acontece hoje. Mas, na graciosa
provisão de Deus, Alguém viria ao mundo para proclamar liberdade, quitação,
restituição, reencontro. Esse Alguém foi Jesus, o jubileu encarnado.
9 de outubro – terça
Você já notou que as cerimônias de casamento, por mais que tenham sido
meticulosamente planejadas e ensaiadas, geralmente são vítimas de alguma falha
de última hora? Estávamos numa roda de amigos contando histórias de
casamento (momentos muito divertidos) quando alguém contou o seguinte
incidente de que foi testemunha. Podemos dizer que essa história ganhou o
prêmio de melhor do dia:
Tudo estava pronto para o GRANDE EVENTO – os vestidos das damas de
honra, os planos de viagem para a lua de mel, a recepção e assim por diante. Os
padrinhos tinham tirado a medida para a confecção do smoking, que já havia sido
entregue e levado para a igreja. Nada foi deixado para a última hora.
A lei de Murphy, porém, entrou em cena. Assim que os padrinhos
chegaram para vestir o smoking, descobriram que faltava um. Na hora de pegar
os trajes, de alguma forma um foi deixado na loja. Era domingo e a loja estava
fechada.
O que fazer? Alguém olhou à sua volta, reparando especialmente nas
medidas dos padrinhos, e teve uma ideia. A cerimônia começou no horário
marcado, com dois padrinhos conduzindo os pais e avós dos noivos aos devidos
lugares. Após uma pequena pausa, começou a entrada dos padrinhos e
madrinhas e a cerimônia prosseguiu. Ao término, novamente houve uma
pequena pausa, e então os dois primeiros padrinhos reapareceram para coordenar
a saída dos convidados.
Minha amiga disse que ao longo de todo o evento havia um homem – nem
sempre o mesmo – no quartinho do fundo da igreja vestindo apenas a roupa
íntima!
A parábola de Jesus do banquete de casamento também possui um
elemento surpresa. Na verdade, há uma série de surpresas. O rei promove um
grande evento, mas os convidados rejeitam o convite. Ofendido, o rei ordena que
os servos saiam de cidade em cidade convidando todos, bons e maus. O rei entra
na festa e observa a cena. Um homem se destaca: ele não está vestindo o traje
que o rei providenciou e é expulso do banquete.
Todos nós somos convidados para a grande cerimônia de casamento. Na
verdade, não merecemos, mas somos convidados. Não sabemos o que vestir, mas
o Rei providencia o traje apropriado, na medida perfeita!
12 de outubro – sexta
JUSTIÇA SUPERIOR
Pois Eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos
fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos Céus.
Mateus 5:20
BEM-AVENTURADO!
Vocês são abençoados ao chegarem ao fundo do poço. Quanto menos de
vocês mesmos, mas de Deus e de Seu domínio. Mateus 5:3, The Message
OS POBRES EM ESPÍRITO
Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus.
Mateus 5:3
Meu pai, nascido perto de Estocolmo, Suécia, passou no mar boa parte de sua
juventude. Ele navegou pelo mundo, primeiro em veleiros, depois em navios a
vapor. Navegou duas vezes ao longo do Cabo Horn. Costumava contar histórias
empolgantes e surpreendentes sobre os anos que passou como simples
marinheiro. Em uma viagem terrível, o corrupto comissário de bordo, em
parceria com o capitão, não embarcou suprimentos suficientes e os dois
embolsaram o dinheiro não gasto.
O navio zarpou do porto de Hamburgo, Alemanha, navegou para o oeste do
Mediterrâneo, pelo Estreito de Gibraltar, rumo ao Atlântico. Ao seguirem em
direção ao sul, se depararam com uma região de calmarias onde as embarcações
ficavam paradas aguardando o vento soprar. Os dias se transformaram em
semanas e as semanas em meses para os desesperados tripulantes presos no
navio, famintos dia e noite. Certo dia, os restos de comida e as batatas estragadas
foram levados ao convés e a tripulação voou para cima do alimento sem pensar
duas vezes.
A fome e a sede cada vez mais se tornavam o foco principal de sua vida. A
existência mais básica se caracteriza por encontrar algo para alimentar o
estômago faminto e água para saciar a sede.
Pessoas famintas sonham com comida. A Bíblia menciona esse fato: “Um
homem faminto sonha que está comendo, mas acorda e sua fome continua” (Is
29:8). Em minha vida afortunada, raramente fui para a cama com fome; mas nas
ocasiões em que isso aconteceu, sonhei com comida e acordei pensando nela.
Fico pensando: Quão famintos estamos por Deus? Se estivermos famintos
por Ele, sonharemos com Ele e acordaremos pensando nEle?
Note que a quarta bem-aventurança, assim como todas as outras, é
proferida no plural. Jesus fala com Seus seguidores como comunidade, não
como indivíduos. Seu povo, os cidadãos do reino do Céu, é a comunidade dos
famintos – famintos por Deus.
A maioria das pessoas na encosta da montanha naquele dia era composta
por indivíduos comuns. Eles faziam apenas duas refeições por dia, refeições
muito simples por sinal. A referência à comida deve ter feito com que
começassem a salivar. Mas Jesus falou de um tipo de alimento mais precioso do
que pão e peixe. Ele ofereceu o pão do Céu, o verdadeiro maná, o alimento de
Seu reino: Ele mesmo.
20 de outubro – sábado
OS MISERICORDIOSOS
Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia. Mateus
5:7
OS PUROS DE CORAÇÃO
Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus. Mateus 5:8
OS PACIFICADORES
Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.
Mateus 5:9
A COR DO DINHEIRO
Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. 1 Timóteo 6:10
O TESTEMUNHO DE GRAEME
Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em
Mim. João 14:1
Tenho um amigo de longa data na Austrália cuja vida foi amplamente diferente
da minha. Devido a deficiências físicas, ele está restrito à vida limitada
proporcionada por uma casa de apoio. Durante uma viagem recente ao país, eu o
visitei. Ele expressou a frustração de seu testemunho cristão ser tão limitado.
“Distribuo materiais para as pessoas aqui”, disse, “e tento conversar com elas
sobre assuntos espirituais. Mas ninguém parece estar interessado.”
Graeme distribui pequenas mensagens de fé às pessoas à sua volta. Durante
minha visita, ele partilhou algumas comigo:
Absolutamente amoroso,
Infinitamente verdadeiro,
Com Seu olhar carinhoso,
Entende-nos por inteiro.
Absolutamente terno,
Surpreendentemente perto,
Esse é o nosso Pai celestial –
O que temos a temer, afinal?
E esta também:
PRISIONEIROS E PIZZA
O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me ungiu para pregar
boas-novas aos pobres. Ele Me enviou para proclamar liberdade aos
presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos.
Lucas 4:18
A CANÇÃO DA ETERNIDADE
No princípio era Aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era
Deus. João 1:1
O TRIUNFO DA LUZ
A Luz da vida brilhou nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-La.
João 1:5, The Message
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1º de novembro – quinta
O HOMEM DO DESERTO
Houve um homem chamado João, que foi enviado por Deus. João 1:6,
NTLH
Eis as razões por que eu creio – e creio intensamente – na vida após a morte:
1. Impressões da imortalidade. Apesar de estar cercado pelo temporário,
sonho com a eternidade. Envolvido pela mudança e decadência, contemplo a
vida imortal. Nada em minha experiência é perfeito, muito menos eu; mas posso
imaginar a perfeição e anseio por ela.
Essas impressões (pois isso é tudo o que são) reprovam na análise e
averiguação fria e científica. Mas negá-las não seria deixar de lado apenas parte
de minha vida, mas talvez a parte mais nobre e refinada, a parte que aponta para
além de mim mesmo para uma existência muito mais elevada.
2. Justiça e desigualdade. Ao meu redor, vejo o fraco abatido e tratado com
injustiça. Em todo lugar os ricos se dão muito melhor nos tribunais; a corrupção
está em toda a parte.
A vida não é justa. A vida não é imparcial. Mas meu coração diz que
deveria ser justa, deveria ser imparcial. Que o fraco deveria ser tratado com
justiça nos tribunais e o pobre deveria ter sua porção de pão.
A Bíblia me fala sobre Deus – o Deus que arde em zelo em favor do fraco e
do pobre, que fará justiça a Seu tempo quando Ele intervier como juiz.
3. Propósito. Sem a vida após a morte, nossa existência seria uma jornada
sem objetivo, um amor que perece sem ser consumado. Vemos em parte,
compreendemos em parte. Mas chegará o dia, diz Paulo, em que veremos e
conheceremos face a face (1Co 13:9-12).
5. Jesus. Os três argumentos acima foram desenvolvidos por mim, mas este
está enraizado na história; é a evidência suprema. Jesus de Nazaré ressuscitou
dentre os mortos! Ele foi crucificado numa cruz romana, Seu corpo foi colocado
no sepulcro recém-esculpido de José de Arimateia, uma grande pedra foi
colocada à entrada e alguns soldados montaram guarda para evitar qualquer
trapaça. Mas o corpo desapareceu. Na manhã de domingo a pedra foi removida,
os soldados fugiram e o sepulcro ficou vazio.
Creio na vida após a morte porque Jesus, que ressuscitou dentre os mortos,
prometeu isso para mim. “Eu sou a ressurreição e a vida”, declarou Jesus.
“Aquele que crê em Mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11:25).
3 de novembro – sábado
À DERIVA
Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às
verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Hebreus 2:1
Por meio do profeta Isaías, o Senhor perguntou: “Pode uma mulher esquecer-se
do filho que ainda mama?” Trata-se de uma pergunta retórica, sendo a resposta
implícita “não”. Uma mãe abandonar o fruto de seu ventre parece algo
impossível, incompreensível.
No entanto, o incompreensível está acontecendo cada vez com mais
frequência em nossos dias. Em muitos países, incluindo os “avançados” como os
Estados Unidos, recém-nascidos estão aparecendo na porta das casas, do lado de
fora de hospitais e até mesmo em latas de lixo.
Que terríveis circunstâncias levariam uma mulher a fazer uma coisa
dessas? Que desespero, que falta de esperança levaria uma mãe a cometer tal ato
antinatural? Unicamente Deus, que conhece e entende, pode sondar as
profundezas a que essas pobres mulheres baixaram.
Às vezes, histórias trágicas como essas têm um final feliz; geralmente é o
que acontece. De Nairóbi, Quênia, surgiu uma história interessante. Uma
cachorra de rua encontrou um bebê recém-nascido abandonado na floresta. Ao
que parece, a cadela atravessou uma estrada movimentada com o bebê e passou
pela cerca de arame farpado até o local em que estava a sua ninhada. O bebê,
coberto com panos rasgados, tinha sido abandonado dentro de um saco plástico.
Pesando 3,5 kg, o recém-nascido foi levado para o hospital e recebeu
medicamentos. De acordo com a última informação, o bebê estava passando bem
e respondendo ao tratamento. Os agentes de saúde entraram em contato com o
Serviço de Assistência Social. Ninguém apareceu alegando ser o responsável
pela criança, mas assim que a notícia do resgate maravilhoso foi publicada,
doações de fraldas e roupas de bebê começaram a chegar.
Depois que o Senhor fez a pergunta: “Pode uma mulher esquecer-se do
filho que ainda mama?”, Ele continuou: “Ainda que esta se esquecesse, Eu,
todavia, não Me esquecerei de ti!” Mais fiel do que o amor materno, mais forte
do que o amor paterno, é Seu amor por nós.
“Que linguagem mais convincente ou mais terna poderia ter sido
empregada do que essa que Ele escolheu para exprimir Seu amor para conosco?
[...] Olhem para cima, vocês que duvidam e tremem, pois Jesus vive para fazer
intercessão por nós” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 54).
5 de novembro – segunda
Aqui encontramos a fórmula mais simples para se tornar cristão: receber Jesus.
Abra sua vida para Ele, permita que Ele seja seu Salvador. Receba-O em Seu
amor. Receba-O em Seu perdão. Receba-O em Seu poder transformador.
Receba-O em Sua contínua presença. Receba-O em Sua graça infinita.
Muitas pessoas, especialmente aquelas que se opõem ao cristianismo ou
que nasceram na igreja e a abandonaram quando atingiram a maioridade,
enxergam o cristianismo de forma negativa. Para elas, Jesus atrapalha o caminho
da diversão, de passar bons momentos, de ser você mesmo e tudo o que pode ser.
Cristianismo significa desistir, abrir mão. É uma série de “nãos”, de sentimentos
de culpa e de pessoas carrancudas prontas a criticar e condenar.
Não, diz João o amado. De forma alguma! No cristianismo não se perde, se
ganha. Sim, abre-se mão, mas também se recebe. É verdade que, quando
recebemos Jesus, nossa vida sofre uma mudança. Não porque Ele ordena que nos
conformemos com Suas regras, mas porque nossas atitudes, desejos e
motivações mudam. Queremos ser como Ele; queremos viver como Ele. Recebê-
Lo significa que Ele preenche nossa vida.
Receber Jesus é como apaixonar-se. Um jovem apaixonado procura estar
na presença da amada em toda e qualquer oportunidade. Observe como os
hábitos mudam. Talvez esse jovem estivesse sempre atrasado para tudo, mas
então passa a ser sempre pontual, chega até mais cedo, para encontrá-la. Antes
não se preocupava muito com a aparência, mas agora a primeira coisa que faz no
dia é se barbear, manter-se sempre bem-vestido e perfumado, procura estar
sempre bem apresentável.
Há muitos anos, um famoso pregador proferiu um sermão intitulado: “O
poder expulsivo de uma nova afeição”. Na linguagem moderna, esse título pode
parecer um pouco pesado, mas a ideia principal do sermão é: um novo amor
expulsa maneiras antigas de agir. Estamos seguindo com a vida, aparentemente
felizes. Mas, então, “uma nova afeição” entra em nossa vida – uma pessoa nova,
um vislumbre do que pode ser uma vida muito mais rica e grandiosa, muito mais
bela. E o novo expulsa o antigo. É exatamente isso que acontece quando
recebemos Jesus.
7 de novembro – quarta
A PRINCESINHA NA LOJA
Quando os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas
maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: ‘Hosana
ao Filho de Davi’, ficaram indignados. Mateus 21:15
A CONSPIRAÇÃO DA BONDADE
Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e
transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será
usada para medir vocês. Lucas 6:38
O PRIMOGÊNITO DE DEUS
Os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da
carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus. João
1:13
A Luz veio ao mundo, mas o mundo deu as costas para a Luz. Em vez de
receber a Luz, sua resposta foi: “Apaguem a Luz!”
Mas não todos; não o mundo inteiro. Alguns receberam a Luz. E algo
maravilhoso aconteceu: a Luz, que realmente expôs seus defeitos, também
cobriu suas imperfeições. A Luz tinha o maravilhoso poder renovador.
“Mas aos que O receberam, aos que creram que Ele foi quem alegava ser,
Ele fez com que conhecessem quem realmente são, filhos de Deus” (Jo 1:12,
The Message).
Verdade no passado, verdade hoje. A maioria das pessoas segue o próprio
caminho, até os que professam ser cristãos. Mas alguns ainda recebem a Luz.
Alguns ainda descobrem quem realmente são: filhos de Deus.
Deus é o nosso lar. Somente quando chegamos ao lar nos tornamos pessoas
completas. Esses são os filhos de Deus, aqueles que chegam ao lar. Deus criou o
homem na Criação; Deus recria o homem na nova criação. Macho e fêmea os
fez, à Sua imagem; homem e mulher Ele os recria, à Sua imagem. “E todos nós,
que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a Sua
imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do
Senhor, que é o Espírito” (2Co 3:18).
Os cristãos são uma nova espécie. Somos separados e distintos. Nossa
linhagem, no entanto, não depende de genes, não é definida por “sangue”. Na
verdade, o “sangue” de todas as nações da Terra se mistura no sangue dessa nova
categoria ilustre. Apenas um fator constitui esse grupo: somos filhos de Deus.
Não por sangue nem por “carne”. Não pela vontade humana – não pela
ambição, pelo esforço, pela cruel exigência – consegue-se fazer parte dessa
classe. “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito” (Jo
3:6). Não pelo desejo de primogenitura, não pela relação sexual nem com o
auxílio de clínicas de fertilidade. Apenas de uma forma: o Primogênito de Deus.
10 de novembro – sábado
Esse homem realmente sabe o que é realizar essa tarefa. É assim mesmo. É
preciso entrar nesse oceano de leveza para apreciar as palavras do poeta.
A tarefa de juntar folhas em minha casa leva, em média, 20 horas. Um ano
de grande abundância requer mais trabalho, mais tempo. Noelene e eu juntamos
tudo, trabalhamos juntos, ou sozinhos se uma viagem nos leva para longe de
casa. Juntamos as folhas em montes, arrastamos os montes para um canto ou
para um terreno vazio e pegamos o triturador. Geralmente o ato de triturar as
folhas leva de 10 a 12 horas e nos deixa cobertos de pó.
Mas esse monte de matéria vegetal é o segredo de nosso jardim. Depois de
molhado, é misturado com a terra. A decomposição ocorre durante o inverno. Na
primavera, tudo será utilizado como adubo para nutrir o jardim inteiro. As folhas
do outono voltam em cores brilhantes, arbustos cheios de vida e belas árvores.
O Senhor nos assegura que na Terra renovada haverá folhas que curam.
Cristo é a árvore da vida. Sua graça cura as nações, cura as pessoas, cura
todos nós. Ele nos liberta de nossas enfermidades espirituais.
11 de novembro – domingo
Ao descrever de que maneira Jesus, o Filho, revela Deus, o Pai, João utiliza um
verbo interessante. Traduzido por “O tornou conhecido”, o verbo é exegeomai,
que significa “mostrar”, “explicar”, “revelar”, “interpretar”. Dessa palavra se
originaram os termos “exegese” (interpretação da Bíblia) e “exegeta” (intérprete
da Bíblia).
O Filho, afirma o amado João, é o Exegeta de Deus. Ele interpreta Deus
para nós, não apenas ao mostrar o significado dos escritos sagrados, revelados
através do Espírito Santo, mas revelando Deus em Si mesmo. Quem vê Jesus, vê
Deus; quem conhece Jesus, conhece Deus.
O próprio Jesus afirmou isso. Diante do pedido de Filipe: “Senhor, mostra-
nos o Pai, e isso nos basta”, Jesus respondeu: “Você não Me conhece, Filipe,
mesmo depois de Eu ter passado com vocês tanto tempo? Quem Me vê, vê ao
Pai” (Jo 14:9). Em outra ocasião, Ele disse aos discípulos: “Ninguém conhece o
Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a
quem o Filho quiser revelar” (Mt 11:27).
Você quer conhecer quem Deus realmente é? Existe apenas um Intérprete
capaz de fazer a verdadeira descrição: Jesus, o Exegeta de Deus. As pessoas
podem dizer isto ou aquilo, apresentar longos argumentos e lógicas complexas;
mas esqueça tudo isso e busque apenas Jesus. Permita-Lhe revelar o Pai a você.
Há milhares de exegetas da Bíblia, milhões de exegetas de Deus. Quase
todo mundo acredita em Deus ou “deus”; todos O interpretam à sua maneira.
Mas apenas uma interpretação é válida: a do Filho, o Exegeta de Deus.
Leia o que Ele nos fala a respeito de Deus nos quatro Evangelhos. Melhor ainda,
estude e medite em Sua vida – e morte. Ali encontramos a revelação de Deus.
Que Deus! Um Deus bondoso e amoroso, que está ao nosso lado, que
nunca nos decepciona, cheio de graça e verdade.
12 de novembro – segunda
JUSTIÇA SALVADORA
Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do
princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé.”
Romanos 1:17
Muito tempo atrás, um jovem sincero tentou tudo o que a igreja de sua época
tinha a oferecer, e nada deu certo. Uma nova religião nasceu.
Martinho Lutero, intelectualmente dotado, mas atribulado em espírito,
renunciou ao mundo e a seus prazeres para seguir a vida solitária do claustro.
Monge da ordem franciscana, ele castigou seu corpo na tentativa de encontrar
paz com Deus. Orações, jejuns, penitências, vigílias – ele era incansável em sua
busca.
“Fui um bom monge, e segui as regras de minha ordem de maneira tão
rígida que posso dizer que, se um monge alcançasse o Céu por seu
comportamento, eu seria essa pessoa”, Lutero escreveu mais tarde. “Se tivesse
continuado um pouco mais, teria me matado com as vigílias, orações, leituras e
outras obras.”
Lutero, então, teve a oportunidade de visitar Roma. Cheio de alegria,
contemplou todos os lugares sagrados e as relíquias encontradas ali que, segundo
acreditava, poderiam saciar a alma sedenta. Mas todas elas falharam em trazer-
lhe o conforto que tanto almejava.
A igreja prescreveu a confissão, e foi exatamente isso que ele fez por horas
a fio, até esgotar a paciência de seu confessor. Mas, no silêncio da noite, ele se
lembrou de algo que não tinha confessado. Ou pior: e se houvesse outros
pecados dos quais não conseguisse se lembrar?
A igreja também prescreveu algo místico: lançar-se no oceano do amor de
Deus. Mas, ao contemplar Cristo vindo para julgar o mundo, Lutero não
conseguiu amá-Lo. “Amar Deus? Eu O odiava!” Foi sua resposta desesperadora.
Em seguida, ele foi escolhido para ensinar Bíblia na Universidade de
Wittenberg. Começando com Salmos, ele se deparou com o clamor de
desamparo que Jesus proferiu da cruz: “Meu Deus! Meu Deus! Por que Me
abandonaste?” (Sl 22:1). Esse também era o clamor do coração de Lutero! Ele
concluiu Salmos, começou Romanos e, em seguida, Gálatas. Lutando para
compreender o que Paulo quis dizer com “justificação”, ele finalmente descobriu
que “a justiça de Deus é a justificação pela qual, por meio da graça e da absoluta
misericórdia, Deus nos justifica pela fé”.
Lutero foi libertado, e nasceu a Reforma.
14 de novembro – quarta
CASAMENTO NO CÉU
Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos e dar-Lhe glória! Pois chegou a hora
do casamento do Cordeiro, e a Sua noiva já se aprontou. Apocalipse 19:7
JESUS, A PÉROLA
O Reino dos Céus é como um negociante que procura pérolas preciosas.
Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a
comprou. Mateus 13:45, 46
A REDE DE PESCA
O Reino dos Céus é ainda como uma rede que é lançada ao mar e apanha
toda sorte de peixes. Mateus 13:47
GRAÇA COMUM
Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola. Quando, porém, estava a
sós com os Seus discípulos, explicava-lhes tudo. Marcos 4:34
A VENDA
Ele disse: “Vejam como todo estudante bem treinado quanto ao reino de
Deus é como o dono de uma venda que pode colocar as mãos em tudo o
que vocês precisam, antigas e novas, exatamente quando vocês precisam
delas.” Mateus 13:52, The Message
Por acaso passei por uma antiga venda numa pequena cidade na região central
dos Estados Unidos. Não é mais uma venda (hoje ali se comercializa comida
pronta), mas pude perceber onde costumavam ficar o balcão e as prateleiras com
todos os tipos de produtos.
Lembrei-me da venda do Hamer, na estrada Mahatma Gandhi, em Pune,
onde costumávamos fazer as compras quando moramos no Spicer College, Índia.
A venda do Hamer era incrivelmente desorganizada, mas tinha tudo de que
precisávamos. Era impossível encontrar qualquer coisa sozinho: fazíamos a lista
e os atendentes corriam para encontrar os itens, subindo em escadas,
desaparecendo no fundo da loja e movendo coisas de um lado para o outro. Mas
sempre apareciam com uma caixa cheia de bons produtos, exatamente como
esperávamos.
Voltei recentemente à Índia. Caminhei pela estrada Mahatma Gandhi
procurando pela venda do Hamer. Somente depois de caminhar até o fim da
estrada e voltar foi que a encontrei. Bem menor do que me recordava, parecia até
mesmo mais lotada de coisas do que antigamente e em desarmonia com o
crescimento econômico que acompanha os supermercados.
A venda! Boa em servir e atender. Jesus afirmou que o estudante bem
treinado quanto ao reino de Deus é como o dono de uma venda. Servir é a sua
melhor qualidade. Ele sabe exatamente onde está cada item de que o cliente
precisa. Ele traz mercadorias conhecidas, mas também traz novidades.
A graça de Cristo fará isso conosco, se permitirmos que Deus cumpra o
plano que estabeleceu para nossa vida. Continuamente cresceremos em Seu
conhecimento e em Sua Palavra – e partilhar o que sabemos será nosso prazer!
“A verdade, como é em Jesus, pode ser experimentada, mas nunca
explicada. Sua altura, largura e profundidade ultrapassam nosso entendimento.
Podemos exercitar ao máximo a imaginação, e veremos então só tenuemente o
esboço de um amor inexplicável, tão alto quanto o Céu, mas que baixou à Terra
para gravar em toda a humanidade a imagem de Deus” (Ellen G. White,
Parábolas de Jesus, p. 129).
Senhor, faze de mim um gerente da Tua venda.
20 de novembro – terça
Certo dia, Bill Longard, que trabalhou por anos no setor de impressão da
Review and Herald, entrou em meu escritório. Ele puxou um antigo cartão de
ponto e me mostrou o que escreveu durante o turno da noite. Ele pegou um dos
salmos mais amados, o Salmo 91, e o transcreveu em rimas:
A EVIDÊNCIA DA GRAÇA
Este, ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a
permanecerem fiéis ao Senhor, de todo o coração. Atos 11:23
O INTRUSO
Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu. Mateus
13:26
O MISTÉRIO DA GRAÇA
Ele prosseguiu dizendo: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que
lança a semente sobre a terra. Noite e dia, estando ele dormindo ou
acordado, a semente germina e cresce, embora ele não saiba como.”
Marcos 4:26, 27
Aqui vai uma sugestão para qualquer pessoa que queira entender a graça:
cultive plantas. Se você possui um quintal com espaço suficiente para ter
canteiros, melhor ainda. Se você mora em uma casa pequena ou apartamento,
ainda é possível cultivar plantas em floreiras junto à janela, ou em vasos dentro
de casa.
Se você é iniciante, comece com coisas simples. Talvez seja mais indicado
comprar plantas adultas e cuidar delas até adquirir confiança em suas habilidades
em jardinagem. Espero que mais cedo ou mais tarde (mais cedo do que mais
tarde), você volte às raízes e comece a plantar sementes, bulbos ou tubérculos.
Assim, janelas do mistério da vida – e mistério da graça – serão abertas diante
dos seus olhos.
Nos poucos anos de minha experiência em jardinagem, cada vez me
surpreendo mais com o ritmo da vida que o Senhor introduziu no mundo natural.
Dependendo do local em que você mora [no Hemisfério Norte], você observará
açafrões abrindo caminho pelo solo, talvez cobertos de neve, com flores
amarelas, brancas e roxas, prematuramente em janeiro, ou em março, como de
costume. Um pouco depois vêm os narcisos silvestres, os jacintos e em seguida
as tulipas em abril e maio. Nesse período, os lírios do vale já cresceram e exalam
seu perfume no ar. Com a chegada do verão, as dálias, os lírios e os gladíolos
assumem o comando.
Que maravilha! Cada semente, bulbo ou tubérculo possui seu próprio
relógio biológico. Quem é capaz de sondar o mistério da vida contido numa
semente?
Tampouco posso eu explicar o mistério da graça. De igual maneira não
posso explicar como a semente do evangelho – uma palavra proferida, uma
mensagem lida há muito tempo num pedaço de papel, um encontro “por acaso”
com um estranho – fica escondida no coração por dias, meses, anos ou décadas
até que o alarme divino a desperte para a vida. Não posso explicar isso, mas vejo
sempre acontecer.
Ellen White certa vez afirmou que a agricultura é o ABC da educação.
Exatamente. À medida que as crianças trabalham o solo, plantam a semente e
observam o desenrolar do milagre da vida, sua mente é aberta para o milagre da
vida em Jesus.
24 de novembro – sábado
O TESOURO ESCONDIDO
“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Certo
homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de
alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo.” Mateus
13:44
O HIPOPÓTAMO E O JABUTI
Pois Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o
muro de inimizade. Efésios 2:14
O SILÊNCIO DA GRAÇA
E contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino dos Céus é como o
fermento que uma mulher tomou e misturou com uma grande quantidade
de farinha, e toda a massa ficou fermentada.” Mateus 13:33
O LEÃO PROTETOR
Então um dos anciãos me disse: “Não chore! Eis que o Leão da tribo de
Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.”
Apocalipse 5:5
2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
23 24 25 26 27 28 29
30 31
1º de dezembro – sábado
O PRESENTE DA VIDA
Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a Sua vida por nós, e
devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. 1 João 3:16
Essa passagem é o meu modelo para a vida cotidiana. Jesus, cheio de graça,
viveu graciosamente.
Discursar sobre a graça é uma coisa; viver a graça é outra história. Posso
falar por experiência própria. Ao longo dos anos, com frequência e intensidade
crescentes, minhas pregações e textos passaram a ressaltar a graça. A cada
sermão, a cada testemunho, sou também abençoado, graça sobre graça. Mas sou
obrigado a dizer que, muitas vezes, infelizmente, minha prática não condiz com
minha pregação. As palavras de Jesus eram sempre cheias de graça, mas as
minhas facilmente saem manchadas com rispidez e negativismo. A vida de Jesus
sempre transmitiu ânimo e convicção às pessoas ao seu redor, mas a minha
transmite uma mensagem misturada de qualidades positivas com egoísmo e
orgulho.
De todos os aspectos da vida, creio que aquilo que falamos é o melhor
meio de revelar quem e o que somos. “A boca fala do que está cheio o coração”,
disse Jesus (Mt 12:34). Essas palavras foram seguidas de uma forte afirmação:
“Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão
condenados” (v. 37). Tiago observou: “Se alguém não tropeça no falar, tal
homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo” (Tg 3:2).
Em meu trabalho, recebo milhares de cartas e muitos telefonemas. Leio
toda correspondência, até mesmo as cartas “quentes” que preciso colocar luvas
térmicas para segurar. Logo no início de minha carreira como editor da Adventist
Review, sempre respondia aos questionamentos que recebia, ponto a ponto. O
que significa que essas cartas voltavam para mim com uma nova rodada a ser
respondida.
Com o tempo, aprendi a não argumentar, nem debater. Aprendi a responder
de maneira branda e suave, agradecendo a pessoa por dedicar tempo para me
escrever e dizer-lhe que talvez tivesse razão. Que diferença isso fez! Hoje, os
que enviam cartas agressivas para mim voltam a escrever, às vezes com um
pedido de desculpas, às vezes pedindo que eu rasgue a carta anterior.
Os telefonemas são mais difíceis. A voz acusadora do outro lado da linha
incentiva a resposta automática no mesmo nível. Mas esse tipo de conversa não
leva a lugar nenhum. Muito melhor é responder com palavras de paciência –
palavras de graça.
Viver com graça. Esse é o meu objetivo. Fácil falar, difícil fazer, mas
possível pelo poder do Espírito de Deus.
3 de dezembro – segunda
CRÍQUETE
Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em
troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo
caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus
12:2, ARA
Por ter sido criado na Austrália, cresci jogando críquete. Muitas horas de minha
infância foram gastas com tranquilidade (o críquete é um jogo de movimentos
lentos) sob o calor do Sol.
Da Austrália para a Índia, em seguida para o Spicer College por um
período de 12 anos. E mais críquete. A Índia absorveu as tradições britânicas.
Nas tardes de domingo sob o Sol tropical, eu me reunia com muitos dos alunos
que viviam sempre a ponto de ser expulsos da instituição, mas que nunca me
deram o menor problema em classe. Encontro com eles em todo lugar que visito,
alunos dos idos dias no Spicer College. Eles invariavelmente relembram duas
coisas: as aulas de Vida e Ensinos de Jesus que ministrei a todos (livro de minha
autoria) e críquete.
Para os inexperientes (ou seja, os que não cresceram praticando esse
esporte), o críquete parece incompreensível. Em qual outro esporte os dois times
podem jogar por cinco, ou até seis dias (nas partidas internacionais de críquete
conhecidas como “test matches”) e no fim pode ser que todos declararem
empate? A linguagem do críquete é enigmática: silly leg, the slips, silly point, no
ball, wrong ‘un, googly e assim por diante. Será que foi Shakespeare que
inventou uma linguagem assim? Onde mais no mundo o jogador tem que fazer
uma pergunta ao árbitro antes de ele levantar o dedo indicador, sinalizando que o
rebatedor está fora? O jogador derrubou o wicket (três pinos de madeira em
posição vertical) – eles estão no chão –, mas ainda é preciso perguntar ao homem
de calças pretas, gravata, casaco branco e chapéu (sob o Sol escaldante): “O que
achou disso?” (que é respondido com um grito que soa mais ou menos assim:
“Owzaaat!”)
Para os amantes do críquete, nada se compara a esse esporte. Homens – e
meninos – varam a noite assistindo “test matches” em outras partes do mundo.
Faz muito tempo, desde que joguei críquete, mais tempo ainda desde que assisti
a última partida. Mas uma coisa ficou gravada em minha mente: manter o olhar
fixo no campo. O rebatedor está ali há horas. Ele já ganhou mais de cem corridas
e parece que ficará ali até “stumps” (o fim do dia). Você tira os olhos do campo
por alguns segundos, ouve um triunfante “Owzaaat!” e o rebatedor sai vitorioso.
Para os cristãos no jogo da vida, apenas uma coisa realmente importa:
manter o olhar fixo em Jesus Cristo.
4 de dezembro – terça
Em Sua última pregação antes de seguir para o Calvário, Jesus utilizou Seu
método de ensino mais conhecido: a parábola. No capítulo 24 do Evangelho de
Mateus, Ele esboçou o curso da história sagrada, desde o tempo dos discípulos
até a segunda vinda. Em seguida, no capítulo 25, Ele falou a respeito do preparo
para esse evento, encerrando com a cena do julgamento em que o justo é
separado do ímpio.
A parábola das ovelhas e dos bodes aparentemente é muito simples. O
pastor separa as ovelhas dos bodes, colocando as ovelhas à direita e os bodes à
esquerda. De igual maneira, Jesus disse, ocorrerá no fim dos tempos, no dia do
julgamento.
Jesus Se identificou como aquele que fará a separação: “O Filho do homem
ocupará o Seu lugar em Seu trono glorioso. Então, todas as nações se colocarão
diante dEle e Ele separará as pessoas” (Mt 25:31, The Message). Certamente é
muito confortador pensar que Aquele que veio para nos salvar, oferecer Sua vida
por nós no Calvário, é o mesmo que Se assentará como nosso juiz.
Mas e quanto à separação? Qual é o critério para separar as ovelhas dos
bodes?
O critério nos deixa surpresos. Primeiro, porque não encontramos nenhuma
especificação da fé em Jesus como nossa única esperança e salvação. Segundo,
porque a separação parece fundamentar-se completamente nas obras – o que foi
feito, ou o que não foi feito.
O que aconteceu com o evangelho? Onde está a graça?
Observe com atenção. Às vezes o que é óbvio está tão escancarado que
nem percebemos.
Jesus separa as ovelhas dos bodes. Ele não declara que alguns são ovelhas
e outros bodes; eles já são o que são. O julgamento simplesmente revela a
identidade de cada um.
E as obras, ou a falta delas? Você notou o tom de surpresa? As “ovelhas”
ficam surpresas (felizes) por serem elogiadas por aquilo que fizeram. A vida
delas reflete o poder transformador da graça, mas elas não se dão conta disso.
Não fizeram o bem para ganhar a salvação, mas porque foram salvas.
A salvação não é pelas obras, mas também não ocorre sem elas.
5 de dezembro – quarta
GRAÇA CRIATIVA
Vejamos quão criativos podemos ser ao encorajarmos o amor e as boas
obras. Hebreus 10:24, The Message
A COMPAIXÃO DE CRISTO
Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e
desamparadas, como ovelhas sem pastor. Mateus 9:36
A VIDA DA GRAÇA
Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Filipenses 1:21
NISTO CREIO
Sei em quem tenho crido e estou bem certo de que Ele é poderoso para
guardar o que lhe confiei até aquele dia. 2 Timóteo 1:12
Creio que Deus nos ama com um amor mais forte do que a morte, um amor que
nunca desiste, um amor que nos acompanhará por onde quer que formos. Creio
que Deus planeja apenas o melhor para nós, que em Sua visão de longo alcance
Ele estabelece um plano para a nossa vida na Terra e para a eternidade. Creio
que Deus nunca desiste do pecador, que Ele continua a suplicar e atrair-nos de
volta para Si, que Ele nos dá uma segunda chance, e uma terceira, e uma décima
sétima, e uma septingentésima.
Creio que, apesar de parecer totalmente o contrário, a taça da existência
humana está meio cheia, não meio vazia. Creio que as pessoas podem mudar –
todos, todos nós, inclusive eu. Creio que não temos que seguir o mesmo curso
ano após ano, mas que em qualquer idade e em qualquer circunstância podemos
crescer e melhorar intelectual, moral, social e espiritualmente.
Creio que a graça é o maior agente de mudança no mundo, capaz de
transformar indivíduos, congregações e sociedades.
Creio que em meio ao mal esmagador uma única vida, capacitada pela
graça de Cristo, pode exercer uma profunda influência para o bem.
Creio que um sorriso pode fazer mais do que uma hora de pregação que
aponta os erros.
Creio que não somos criaturas do acaso, que um Criador onisciente e
profundamente amoroso trouxe o Universo à existência.
Creio que Aquele que fez os mundos do nada, de acordo com Seu
propósito, também conduzirá todas as coisas para um fim glorioso.
Creio que nós seres humanos, finitos, frágeis e débeis, podemos conhecer o
Criador do Universo através de um relacionamento pessoal. Creio que esse
relacionamento trará o sentido e a plenitude de vida que tanto almejamos.
Eu creio!
Creio por causa de Jesus Cristo, cheio de graça e verdade. Não no que eu
creio, mas em quem eu creio.
9 de dezembro – domingo
A ABUNDÂNCIA DA SALVAÇÃO
Com alegria vocês retirarão baldes de água do poço da salvação. E, ao
fazer isso, dirão: “Louvem a Deus, proclamem o Seu nome.” Isaías 12:3,
4, The Message
O REENCONTRO
Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu
filho, e o abraçou e beijou. Lucas 15:20
Aos quatro anos de idade, Reese Hoffa incendiou a casa de sua família. Para a
mãe solteira, Diana Chism, ainda adolescente, aquilo foi a gota d’água para o
que encarou como uma causa perdida em sua vida. Ela levou Reese e seu irmão,
Lamont, para um enorme edifício com extensos corredores e muitas crianças,
abraçou-os, entrou no carro e foi embora.
Reese por muito tempo esperou a mãe voltar ao orfanato, mas isso nunca
aconteceu. Finalmente, separado do irmão e adotado por outra família, ele entrou
contrariado para uma nova vida. A princípio, ficou relutante e confuso, mas se
tornou um homem bem-sucedido. Com 1,80 m de altura e 115 quilos, Reese
Hoffa hoje é um dos melhores e mais divertidos lançadores de peso do mundo.
Por quase 20 anos, Reese tentou encontrar as peças que faltavam em sua
história incompleta. Flashes de recordação, os únicos pertences que restaram de
sua infância, cruzavam sua mente vez após outra. Movido pela dor e pela
curiosidade, ele almejava conhecer e entender quem ele era. Quando viajava
para participar de competições esportivas, vasculhava listas telefônicas locais à
procura do irmão, Lamont. Não tinha a menor ideia do paradeiro de sua mãe
biológica. Não sabia o primeiro nome dela, apenas que o sobrenome começa
com C-h-i.
Enquanto isso, Diana, então bem casada e com a vida em ordem, também
estava à procura do filho. Ela entrou em contato com a assistente social que
havia arranjado a vaga para os filhos no orfanato, mas a assistente se recusou a
dar informações. Diana começou a vasculhar recortes de jornal com notícias
relacionadas a crianças e turmas de formandos, leu com atenção várias bobinas
de microfilme, realizou inúmeras pesquisas na internet, mas tudo em vão. Assim,
decidiu disponibilizar algumas informações na internet como última tentativa
para encontrar o filho perdido.
Certa noite, Resse Hoffa, já em seu último ano na Universidade da
Geórgia, recomeçou a longa busca por Lamont. Ele encontrou um novo site,
informou a data e o local de seu nascimento e se deparou com uma mensagem:
“Sou uma mãe à procura do filho que coloquei para adoção aos quatro anos em
1981, em Louisville, Kentucky.” Haviam se passado 19 anos desde que ela o
havia deixado no orfanato. Diana Watts não conseguia conter o tremor das mãos
ao pegar o telefone para ligar para o celular de Reese. As primeiras palavras que
Reese conseguiu falar foram: “Sinto muito pelo incêndio.”
11 de dezembro – terça
Cresci num lar que ficava nos limites da cidade. Bem atrás de nossa casa
estendiam-se os imensos campos da fazenda leiteira, convidando-nos para
empinar as pipas que nós mesmos fazíamos. Depois da fazenda, havia uma
estrada e do outro lado uma grande planície que pertencia à base de
abastecimento militar, mas aberta ao público. Uma árvore solitária se destacava
naquele cenário, e perto dela havia uma quadra de concreto de 20 metros de
extensão construída para jogar críquete. Arrastávamos o equipamento de
críquete pela fazenda até chegar ao campo militar. Se andássemos mais um
pouco, chegaríamos à plantação de trigo. Lembro-me de ter andado por ali, com
o trigo quase da minha altura. Escolhi um bom lugar e deitei por cima do trigo.
Fiquei ali, totalmente escondido do mundo, olhando para o céu. O zunido dos
insetos era o único som que eu podia ouvir.
O sol australiano brilha forte. Toda vez que visito minha terra natal, esta é a
primeira coisa que me chama a atenção: o brilho intenso da luz. Outro lugar que
visitei que sempre associo à luz é a Irlanda. Não como os brilhantes raios solares
da Austrália, mas uma luz de natureza mais suave e encantadoramente bela.
Nos dias de minha infância, eu caminhava despreocupadamente – sem
chapéu, sem protetor solar. Hoje ainda caminho em campos ensolarados, mas
com uma diferença: aprendi “a música dolente e imóvel da humanidade”
(Wordsworth); senti o poder das garras gélidas da morte; espreitei o abismo da
destruição. E o Deus da graça me concedeu a alegria e o conforto inexprimíveis
de continuar passeando pelos campos ensolarados.
Na época em que fui aluno do Avondale College, na Austrália, o coral
costumava entoar uma linda melodia: “Meu Deus e Eu” [HASD, 417]. Esse hino
fala de uma pessoa que, segurando na mão de Deus, sai para caminhar pelos
campos em Sua companhia. Eles conversam como bons amigos; riem juntos.
Deus lhe conta a respeito dos planos que tem para a sua vida e, em seguida, o
hino atinge o auge de sua letra ao falar do glorioso porvir, ocasião em que a
Terra e seus curtos dias passarão. “Meu Deus e Eu” ainda caminharemos juntos,
para sempre e eternamente.
Querido Deus, toma-me pela mão e caminha comigo hoje.
12 de dezembro – quarta
Note o que Ellen White escreveu: “À medida que sua alma anela a Deus, mais e
mais vocês encontrarão as infinitas riquezas de Sua graça. Ao contemplarem
essas riquezas, vocês passarão a possuí-las, e revelarão os méritos do sacrifício
do Salvador, a proteção de Sua justiça, a plenitude de Sua sabedoria, e Seu poder
de lhes apresentar diante do Pai ‘imaculados e irrepreensíveis’ (2Pe 3:14)” (Atos
dos Apóstolos, p. 567).
A noite pode trazer o choro, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30:5). Deus
promete não apenas enxugar nossas lágrimas ao fazer todas as coisas novas (Ap
21:4), mas também apagar da nossa mente as tristezas desta vida.
Você se sente depressivo, imaginando se um dia voltará a ser capaz de
sorrir? Já passei por dias assim, dias em que por alguns instantes ficaria feliz se a
vida simplesmente chegasse ao fim, tão insuportável era a dor que eu sentia.
Deus, porém, me ajudou a enfrentar esses momentos. Em meu senso de
desolação, clamei silenciosamente a Deus e descobri que a resposta dEle foi
graça e mais graça.
Almejo que a experiência do salmista seja a minha experiência: “Como a
corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por Ti, ó Deus. A minha
alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me
a Deus?” (Sl 42:1, 2).
Novamente: “Ó Deus, Tu és o meu Deus, eu Te busco intensamente; a
minha alma tem sede de Ti! Todo o meu ser anseia por Ti, numa terra seca,
exausta e sem água” (Sl 63:1).
Clamo pela promessa da Palavra, reforçada pela declaração acima de Ellen
White, de que aquele que anela Deus mais e mais encontrará as infinitas riquezas
de Sua graça. Quero contemplar tais riquezas, isto é, o próprio Jesus, e vir a
possuí-las. Quero revelar em minha vida os méritos do sacrifício do Salvador.
Quero que Sua justiça me proteja. Quero ter a plenitude da Sua sabedoria. Quero
a certeza do Seu poder em apresentar-me imaculado e irrepreensível diante do
Pai.
Meu amigo, eu o convido a sair para este novo dia de mãos dadas com
Jesus, com o coração voltado para Ele, confiante de que, no momento em que
Ele ouvir, responderá.
13 de dezembro – quinta
O HOMEM DO SÉCULO
Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os
homens. João 1:9
Entre as estrelas do século 20, nenhuma brilhou mais em minha opinião do que
Albert Schweitzer. Ganhador do Prêmio Nobel da Paz, esse indivíduo concluiu o
doutorado em três áreas totalmente distintas – teologia, música e medicina. Não
o admiro, porém, por suas grandes realizações acadêmicas, mas por sua vida.
Schweitzer abriu mão de uma carreira promissora para fundar um hospital
missionário na África Equatorial Francesa.
No campo da teologia, Schweitzer ficou conhecido por sua obra clássica
que surgiu na Alemanha em 1906 e mais tarde em português, sob o título A
Busca do Jesus Histórico. Por aproximadamente 150 anos as mentes mais
brilhantes da Alemanha empreenderam grande energia e especulação a fim de
encontrar a resposta para a pergunta: “Como foi realmente o Jesus da Palestina
do primeiro século? A obra-prima de Schweitzer examinou criteriosamente 91
“vidas” de Jesus nesse período. Com discernimento surpreendente, Schweitzer
mostrou de que maneira escritor após escritor, que alegava apresentar o Jesus
“real”, fez uma descrição com base em sua própria imagem. Na verdade, o livro
de Schweitzer pronunciou “Icabode” [que significa “a glória se foi de Israel”
(ver 1Sm 4:21)].
Na música, Schweitzer deu proeminência às obras de Johann Sebastian
Bach. Mal podemos compreender isso hoje de tão famoso que se tornou Bach,
mas sem Schweitzer ele poderia estar perdido no esquecimento do século 18.
Schweitzer, no entanto, no auge de sua fama, deixou tudo para trás – o
sucesso, a segurança da carreira acadêmica, o conforto de sua terra natal. Abriu
mão de tudo para fundar um hospital no meio da selva africana. Por quê?
O parágrafo final de sua intensa Busca nos dá uma dica: “Ele Se achega a
nós como Alguém desconhecido, sem nome, como na antiguidade, junto ao mar.
Ele foi ao encontro daqueles homens que não O conheciam. Ele fala conosco as
mesmas palavras: ‘Segue-Me!’ E nos comissiona tarefas que precisa realizar em
nossa época. Ele ordena. E àqueles que Lhe obedecem, sejam sábios ou simples,
Ele Se revelará nas dificuldades, nos conflitos, nos sofrimentos pelos quais eles
passarão em Sua companhia, e, como um mistério indescritível, eles aprenderão
por experiência própria quem Ele é.”
Se você quer conhecer Jesus, apegue-se à Sua palavra. Obedeça-Lhe. Siga-
O para onde Ele o conduzir, hoje, sempre.
14 de dezembro – sexta
Faltavam poucos dias para Dan Timon completar seu aniversário de 49 anos
quando faleceu de câncer. Ao longo de um ano de lutas perdidas para a doença,
ele decidiu se submeter completamente à vontade de Deus. Estaria feliz se
continuasse vivendo e feliz se tivesse que morrer, caso fosse esse o plano de
Deus. Dan era muito quieto, mas gostava de operar o sistema de som para que os
músicos, os pregadores e a congregação recebessem a bênção em sua plenitude.
No funeral, centenas de pessoas de diferentes origens se reuniram para
homenagear a vida desse despretensioso seguidor de Jesus. Elas ouviram as
palavras de uma carta emocionante que Dan endereçou aos familiares e amigos:
“Nos últimos anos aprendi que a alegria eterna ocorre no momento em que
permito que Jesus Se torne Senhor de minha vida. Posso dizer com convicção
que isso acontece ao realizar as coisas que Ele me chamou exclusivamente para
fazer em Sua obra. Deus me habilitou a ser bem-sucedido naquilo que me
chamou para fazer e o trabalho se tornou meu prazer.
“Desde então, aprendi alguns passos para manter a visão correta ao buscar
orientação do Senhor. Primeiro, você deve orar até que em seu íntimo diga: ‘Não
se faça a minha vontade, mas a Tua.’ Você deve se submeter completamente ao
Senhor ao orar e conceder-Lhe permissão para interromper ou modificar seus
pedidos. Pense em Jesus no Jardim do Getsêmani. Segundo, lance mão dos
conselhos bíblicos para analisar suas motivações. Se a sua motivação não for
pura, você acabará ignorando a voz suave de advertência, e sérias consequências
surgirão. Esse é o resultado natural de tentar gerenciar sua vida sem a orientação
do Senhor. Não haverá nenhum culpado, a não ser você mesmo. Pense em Davi
e nas consequências de seus atos. Terceiro, espere no Senhor. Não force as coisas
a acontecer. Pense em Moisés e em como o Senhor deixou que ele acalmasse os
nervos por 40 anos antes de estar pronto para cumprir sua missão. Quarto,
mantenha a mente compenetrada naquilo que aprecia fazer. Explore seus dons e
habilidades. [...] Em seguida, procure a melhor maneira de desempenhar aquilo
para o qual foi chamado. Pense em Paulo e na maneira pela qual o Senhor
mudou completamente o foco de sua missão. [...]
“Quando comecei a servir ao meu Senhor, usando os dons e habilidades
que Ele colocou em mim, fui abençoado com tal alegria e felicidade que serão
excedidas apenas na vida futura. Anseio ouvir na Terra renovada sua história e
como o Senhor usou suas habilidades e dons singulares para lhe conceder uma
vida feliz.”
15 de dezembro – sábado
O CARRINHO DE MÃO
E disse [Jesus]: “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam
e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos Céus.” Mateus
18:3
SALMO 117
Louvem o Senhor, todas as nações; exaltem-nO todos os povos! Porque
imenso é o Seu amor leal por nós, e a fidelidade do Senhor dura para
sempre. Aleluia! Salmo 117
O Salmo 117 possui apenas dois versos, mas nossa atenção deve se voltar para a
profundidade de sua mensagem, que é digna de reflexão e oração, e não para a
singularidade de seu tamanho. Esse salmo contém três elementos: o louvor, a
grandiosidade do amor de Jeová e a constância de Sua fidelidade. Esses mesmos
temas aparecem em todo o livro de Salmos; assim, o Salmo 117 é o resumo de
todo o Saltério.
Todos os salmos se concentram no louvor. São canções que exaltam o
nome de Jeová, o Criador do céu e da Terra, o Deus de Israel. Com sinceridade e
honestidade, os salmos entoam a ampla gama de sentimentos da experiência
humana: alegria e tristeza, felicidade e desespero, prazer e dor. Às vezes o
salmista se sente a ponto de desistir, outras vezes flutua nas nuvens no céu azul.
Às vezes canta e pula de alegria, outras vezes não sabe mais o que fazer. Mas
sempre, no fim das contas, ele se volta para Deus. Ele espera em Deus, ele
aguarda Deus vir em seu auxílio. Assim, seja qual for a situação da vida, os
salmos louvam a Deus. Em essência, a mensagem que transmitem é esta: há vida
unicamente em Deus; sem Ele não há vida.
O Salmo 117, por mais curto que seja, tem uma variação interessante
quanto ao tema do louvor. Ele não faz referência ao povo de Deus, mas às
“nações”, ou seja, os gentios. Ele os convida a se unir em adoração e louvor ao
Deus de Israel. Primeiro, porque “imenso é o Seu amor leal por nós”. Não Seu
maravilhoso poder. Não Seus poderosos atos na história. Não Sua justiça. Mas
Seu amor. Um vislumbre da declaração feita mais tarde por João, que resumiu
tudo isso com “Deus é amor” (1Jo 4:16). Essa é a maior e a mais maravilhosa
verdade em todo o Universo.
Segundo, porque “a fidelidade do Senhor dura para sempre”. Sem dúvida!
“Grande é a Tua fidelidade”. O ser humano na Terra pode ser mentiroso, mas
Deus permanece verdadeiro. Podemos confiar plenamente em cada palavra que
sai de Sua boca. Tudo muda, mas não Jeová.
Eugene Peterson expressou essa verdade da seguinte maneira:
Seu amor assumiu o comando de nossa vida;
Os caminhos fiéis de Deus são eternos.
Aleluia! (Sl 117:2, The Message).
18 de dezembro – terça
Levei alguns anos para notar quão bela a neve pode ser. Em minha infância na
Austrália, um país quente, meus lugares prediletos eram a praia e o oceano. Da
Austrália fui para a Índia, um país mais quente ainda, local em que,
paradoxalmente, vi a neve pela primeira vez no cimo das montanhas.
Depois da Índia, fomos para a Andrews University, em Michigan, EUA. O
inverno em Berrien Springs é rigoroso e coberto de neve. Quando ele chegava,
eu não via a hora que fosse embora. Mas, certo ano, enquanto observava
melancolicamente a paisagem branca com grandes flocos de neve caindo do céu,
me encontrei com uma aluna que enxergava o mundo de maneira totalmente
diferente.
– Não é lindo? – ela disse. – Mal posso esperar a chegada do inverno a
cada ano!
Gradualmente comecei a fazer as pazes com o inverno de Michigan. Se
você não pode com ele, junte-se a ele. Estava prestes a adquirir um par de esquis
quando nos mudamos para Washington. Ali, local em que o inverno é bem
menos rigoroso, por fim comecei a apreciar a beleza da neve.
Aprecio fazer caminhada, especialmente em companhia de Noelene.
Caminhar na neve proporciona um encanto e um prazer que não se comparam a
nenhuma trilha nas montanhas ou escalada. Agasalhamo-nos bem, colocamos
meias grossas e botas e nos aventuramos no mundo maravilhoso da neve. É
especialmente esplendoroso se os flocos de neve ainda estiverem caindo e
baterem de encontro com as bochechas. Afundamos o pé na neve o trajeto
inteiro, produzindo um chiado distinto. O ar crepita como cristal; o menor som é
transportado para longe. Não há necessidade de caminhos nem trilhas, pois a
neve é uma grande niveladora. Torna tudo plano para onde quer que você vá.
Provavelmente você ouça passarinhos cantando alegremente nas partes mais
densas do trajeto.
Tudo parece belo sob o carpete branco. As cercas vivas merecem ser
fotografadas. O simples pé de framboesa, coberto com capuz branco, reluz e
brilha. O gramado mais inferior e o arbusto mais feio são transformados.
Qualquer lixo fica coberto, escondido. O mundo nasceu de novo.
Exatamente como a neve, a graça cobre nossas imperfeições, nossa
aspereza, nossa rudeza. A pessoa menos dotada de atrativos físicos se torna uma
princesa ou um príncipe ao ser tocada pelo Mestre da “neve”, que é o Rei da
graça.
A graça torna tudo belo. A graça torna tudo novo.
20 de dezembro – quinta
Cristãos são pessoas comuns que fazem coisas extraordinárias. Eles aparentam
ser tão humanos – e são –, mas Deus opera por meio deles para Sua glória. Sua
graça toma posse de simples vasos de barro e os torna depositários do poder
divino.
Você conhece Desmond Doss, personagem do documentário premiado The
Conscientious Objector [O Opositor Consciencioso]? Esse soldado não
combatente adventista do sétimo dia recebeu a Medalha de Honra pela coragem
extraordinária durante a Batalha de Okinawa, na segunda Guerra Mundial. Doss
foi um herói, mas, do ponto de vista do mundo, ele não parecia e não agia como
um. Ele foi um indivíduo comum, e muito humilde, que rendia glória a Deus por
tudo o que fazia.
A mesma coisa acontece com a igreja. Do ponto de vista humano, a igreja é
totalmente humana, sujeita às mesmas forças e fraquezas, falhas e intrigas de
qualquer outro agrupamento humano. Realmente, a igreja é humana, mas não
totalmente. A igreja é tão divina quanto humana, e Deus está realizando Seus
propósitos divinos através de simples vasos de barro.
“Desde o princípio tem sido plano de Deus que através de Sua igreja sejam
refletidas para o mundo Sua plenitude e Sua suficiência. Aos membros da igreja,
a quem Ele chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, compete manifestar
Sua glória. A igreja é a depositária das riquezas da graça de Cristo; e pela igreja
será a seu tempo manifesta, mesmo aos ‘principados e potestades nos Céus’ (Ef
3:10), a final e ampla demonstração do amor de Deus” (Atos dos Apóstolos, p.
9).
Assim, todo aquele que professa o nome de Jesus recebe um desafio:
“Cristo confiou à igreja um sagrado encargo. Cada membro deve ser um conduto
através do qual Deus possa comunicar ao mundo os tesouros de Sua graça, as
insondáveis riquezas de Cristo” (ibid., p. 600).
Hoje Deus quer tomar minha vida comum e fazer algo extraordinário com
ela. Para o mundo expectante pode parecer algo totalmente enfadonho, mas aos
olhos do Céu será belo.
Senhor, toma este vaso de barro que sou eu e usa-o hoje para a Tua glória!
21 de dezembro – sexta
O Natal sempre foi um grande evento em nosso lar. Minha mãe, apesar de
pequena em estatura, transbordava em energia e dinamismo, que atingiam o auge
na época do Natal. Por volta do mês de julho, começava a confeccionar os
presentes, cada um deles feito por ela à mão. Com a chegada de dezembro, não
perdia tempo em preparar os alimentos: compotas de frutas, geleias, tortas, bolos
e pães. Éramos nove filhos, depois vieram os netos e finalmente os bisnetos. A
grande festa de Natal dos Johnsson passou a incluir mais de 40 pessoas, e todos
recebiam um presente feito por ela.
Mas não parava por aí. Alguns dias antes do Natal, minha mãe recebia um
grupo muito diferente de pessoas. Ela trazia pessoas abandonadas à própria
sorte, que não teriam chance de sentir o carinho e o amor presentes na atmosfera
da ceia natalina em família. Cada um que entrava em seu modesto lar se sentia
bem-vindo.
Minha mãe, sempre altruísta, tinha o dom de presentear com graça. Não
estudou teologia, mas viveu o evangelho.
Presentear com graça é raro e está se tornando ainda mais raro à medida
que a onda de egoísmo inunda a sociedade. A maioria de nós acha quase
impossível simplesmente dar – dar sem reservas, sem esperar nada em troca. No
mínimo, esperamos que o governo reduza os impostos; no máximo, procuramos
obrigar a pessoa beneficiada a retribuir. Queremos receber algo em troca.
Achamos também difícil nos manter em silêncio ao presentearmos alguém.
Jesus falou a respeito dos hipócritas que soavam a trombeta em público para que
todos apreciassem sua grande generosidade. Eles buscaram – e conseguiram – o
louvor humano; nada mais do que disso. Mas você, seguidor de Jesus, “preste
sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o
recompensará” (Mt 6:4).
Recordo-me da festa de Natal de minha mãe com seus presentes simples de
amor e não consigo evitar contrastá-la com o Natal de muitas pessoas que vivem
com fartura. O Natal se tornou um evento altamente estressante, sendo o ato de
presentear um dos causadores de maior estresse.
Oh, a simplicidade em presentear! Essa é a maneira de Deus presentear
Seus filhos – com graça.
22 de dezembro – sábado
CONTA AS BÊNÇÃOS
Bendiga o Senhor a minha alma! Bendiga o Senhor todo o meu ser!
Bendiga o Senhor a minha alma! Não esqueça nenhuma de Suas bênçãos!
Salmo 103:1, 2
Parece que, quanto mais abundância temos, menos agradecidos somos. Será que
passamos a maior parte do tempo concentrados em contar as ninharias em vez
das bênçãos? Há muitos anos, numa época em que as pessoas eram menos
abastadas, elas costumavam cantar um hino cujo coro diz assim:
Faz tempo que não ouço esse alegre hino ser entoado. O que aconteceu?
Noelene se recorda de que em sua infância seus irmãos e ela encontraram
algumas maneiras de prolongar a experiência do Natal. Eles costumavam juntar
os presentes que haviam recebido e alegremente desembrulhado. No dia seguinte
ao do Natal, eles olhavam novamente os presentes, um a um, saboreando a
experiência, relembrando a emoção que haviam sentido ao vê-los pela primeira
vez. Às vezes, eles continuavam fazendo isso por vários dias. Era a maneira
infantil de contar as bênçãos.
Talvez você diga: “Como posso contar as bênçãos quando não tenho
nenhuma para contar?” Observe novamente o que Davi disse:
O LIBERTADOR
Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-Lhe o nome de Jesus porque Ele
salvará o Seu povo dos seus pecados. Mateus 1:21
O BEBÊ CRESCEU
Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos
homens. Lucas 2:52
A graça é uma boa noite de sono. Salomão declarou que o sono do homem
trabalhador é doce (Ec 5:12). Verdade. Porém, mais doce ainda será se
dormirmos na expectativa de ouvir a voz carinhosa de Deus pela manhã.
Em 2004, C. Harry Causey, diretor de música do National Christian Choir
[Coral Cristão Nacional] dos Estados Unidos, compôs uma linda canção, “When
I Lay Me Down to Sleep” [Ao Deitar-Me para Dormir]. Parte da letra diz assim:
CÉU
Vi novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra
passaram, e o mar já não existe. Apocalipse 21:1, ARA
Por chamado, sou ministro do evangelho; por processo criativo, sou escritor.
Tenho a grande satisfação, concedida pela mão graciosa de Deus, de geralmente
conciliar meu trabalho ao meu hobby. Durante 25 anos, meu ministério esteve
mais voltado à escrita e à editoração de textos. Mas eu já escrevia muito antes
disso – desde a sétima série, oitavo ano.
Sou um escritor compulsivo; sinto a necessidade de escrever. A compulsão
e o anseio não são motivados apenas pelas datas de entrega (embora elas sejam
parte de minha vida), mas de meu ser. Quando estou envolvido com a produção
de um artigo importante, as ideias são construídas em meu íntimo – trechos de
abertura, títulos, ilustrações, mudanças na ordem da apresentação, como concluir
– e não consigo dormir bem. Acordo cedo (bem cedo) e começo a trabalhar.
Apenas depois de concluir o artigo é que minha mente consegue finalmente
descansar.
O término de qualquer texto, seja um editorial, ou algo menor (como uma
das mensagens diárias deste devocional), um artigo extenso, uma pesquisa
acadêmica, ou a produção de um livro, sempre me deixa com sentimentos
conflitantes. Sinto-me feliz, mas ao mesmo tempo esgotado. O processo criativo
me impulsiona, mas também suga minhas forças. Depois de um esforço
prolongado como esse, minha mente e meu corpo precisam de vários dias para
recobrar o equilíbrio.
Há muito tempo, determinei que tudo o que viesse a escrever seria para a
glória de Deus. Decidi que me absteria de tentar usar a esperteza ou perspicácia
para impressionar o leitor. Quero que o Senhor e a Sua profunda bondade sejam
apreciados com o mínimo possível de interferência do ego humano.
Alguns dos momentos mais maravilhosos da minha vida ocorreram ao
escrever para Deus. Artigos, editoriais, textos apropriados para a ocasião;
materiais escritos às pressas, mas que saíram como gostaria já no primeiro
rascunho.
Este devocional em si é uma obra da graça. Combinei com o editor uma
data para a entrega do material, mas fiquei tão ocupado que pedi a prorrogação
do prazo. O que eu não sabia é que esse trabalho coincidiria com o período mais
agitado da minha vida, ocasião em que grandes projetos não previstos estiveram
sob minha responsabilidade. O que quero dizer é isto: não havia possibilidade
deste material ser produzido; no entanto, aqui está. Inclino minha fronte em
reconhecimento e gratidão a Deus.
31 de dezembro – segunda
Êxodo
3:11 7 maio
3:14 13 maio
12:23 14 maio
15:26 30 set.
20:12 2 jun.
25:22 5 set.
40:36, 37 18 maio
Levítico
19:1, 2 6 out.
25:10 8 out.
Números
20:10 16 maio
23:21 25 fev.
Deuteronômio
7:7 30 maio
33:24, 25 29 set.
33:27 19 maio
Rute
1:16, 17 29 maio
1 Samuel
10:11 23 jun.
17:45 17 set.
24:19 25 jun.
25:3 13 abr.
2 Samuel
22:17 6 jul.
22:21 12 nov.
1 Reis
14:26, 27 19 jul.
19:4 1º jun.
2 Reis
6:17 2 jan.
1 Crônicas
25:1 26 mar.
2 Crônicas
7:14 26 jun.
32:7 17 jul.
33:13 24 set.
Neemias
6:2, 3 18 jul.
Ester
4:14 20 jul.
Jó
19:25 27 jun.
38:22 2 mar.
Salmos
1:6 24 maio
8:4 21 jun.
11:4 27 jul.
22:6 1º abr.
23:1 25 out.
34:6 21 maio
42:8 9 fev.
45:2 11 jul.
46:10 26 maio
51:7 19 dez.
56:13 11 dez.
63:6 25 set.
73:16, 17 28 mar.
73:24 4 jul.
73:25, 26 24 mar.
84:11 9 jul.
90:12 17 maio
91:1 20 nov.
102:18 30 dez.
103:1, 2 16 dez.
103:14 2 out.
104:24 1º jul.
117 17 dez.
119:41 18 dez.
127:1 11 fev.
127:2 18 ago.
139:8 25 jan.
139:14 14 dez.
143:8 28 dez.
147:10 18 mar.
145:9 27 mar.
Provérbios
3:24, 26 20 maio
17:17 13 mar.
17:22 17 mar.
18:22 16 mar.
23:32 27 abr.
24:16 7 jan. / 29 jul.
Eclesiastes
10:1 11 abr.
11:7, 8 4 abr.
Isaías
9:6 16 jan.
11:1 25 mar.
12:3, 4 9 dez.
30:19 12 dez
30:21 4 maio
42:1 21 fev.
44:22 3 jan.
46:4 7 abr.
48:12 15 dez.
17 jan. / 4
49:15
nov.
50:4 26 fev.
50:5 20 fev.
50:7 7 mar.
52:7 10 mar.
52:14, 15 6 mar.
53:2 8 e 9 mar.
53:5 11 mar.
58:11 23 fev.
60:1 25 jul.
65:17 12 mar.
65:24 1º out.
65:25 14 out.
Jeremias
1:18 10 jul.
31:16, 17 14 fev.
31:33 26 jan.
Ezequiel
47:5 14 jul.
Daniel
3:25 28 fev.
6:5 29 jun.
Oseias
2:19 23 jul.
6:3 21 jul.
10:12 22 jul.
11:8 15 jul.
Joel
2:25 5 abr.
2:28 1º set.
Amós
7:15 24 jul.
Habacuque
2:4 10 jun.
3:2 11 jun.
Zacarias
3:4 12 abr.
4:7 14 abr.
12:10 12 jul.
14:20 5 maio
Malaquias
2:17 6 maio
3:16 22 mar.
Mateus
1:21 25 dez.
2:1, 2 9 out.
2:11 20 dez.
4:1 22 jun.
4:17 24 fev.
5:3 15 e 16 out.
5:4 17 out.
5:5 18 out.
5:6 19 out.
5:7 20 out.
5:8 21 out.
5:9 22 out.
5:10 23 out.
5:20 12 out.
5:30 21 abr.
5:48 2 abr.
6:9 16 jun.
6:34 3 out.
9:36 6 dez.
10:8 5 mar.
11:19 19 abr.
11:29, 30 21 set.
12:20 19 fev.
13:26 22 nov.
13:33 26 nov.
13:44 24 nov.
13:45, 46 15 nov.
13:47 17 nov.
13:52 19 nov.
16:3 3 ago.
18:3 22 dez.
18:32, 33 31 mar.
19:30 10 ago.
20:10 11 ago.
21:15 7 nov.
22:11, 12 11 out.
25:10 27 dez.
25:37, 38 4 dez.
25:40 6 ago.
27:46 14 jun.
Marcos
3:5 5 ago.
4:8 22 fev.
4:26, 27 23 nov.
4:34 18 nov.
8:24, 25 9 jun.
9:35 2 jul.
14:71 6 jan.
16:7 8 abr.
Lucas
2:10, 11 29 jan.
2:14 24 dez.
2:52 26 dez.
4:18 27 out.
4:19 13 out.
4:22 2 dez.
6:38 8 nov.
10:31 28 jan.
10:34 9 jan.
12:6 31 jan.
12:7 8 fev.
13:7 29 mar.
13:12, 13 17 fev.
13:34 28 out.
14:13, 14 21 dez.
15:20 10 dez.
15:23, 24 4 mar.
16:8 30 jul.
17:10 13 jan.
18:13 12 ago.
João
1:1 29 out.
1:1, 2 18 jan.
1:3 30 out.
7 fev. / 31
1:5
out.
1:6 1º nov.
1:9 13 dez.
1:10 5 nov.
1:11 19 mar.
1:12 6 nov.
1:13 9 nov.
1:14 15 jan.
1:16 25 maio
1:17 30 jan.
1:18 11 nov.
5:7 1º fev.
5:21 22 maio
5:35 16 set.
8:36 28 jun.
9:2 13 ago.
11:25, 26 22 jan.
14:1 26 out.
14:3 8 ago.
14:4 29 fev.
14:19 8 jun.
14:27 15 jun.
15:12 28 maio
21:25 1º jan.
Atos
5:3 4 jun.
8:26 10 maio
11:23 21 nov.
11:26 14 ago.
13:43 15 ago.
14:3 16 ago.
14:17 29 nov.
14:26 17 ago.
20:24 3 abr.
27:23 3 jun.
Romanos
1:7 4 jan.
1:17 13 nov.
3:23, 24 21 ago.
5:1, 2 22 ago.
5:7 24 jun.
5:7, 8 5 jan.
5:15 24 ago.
5:17 25 ago.
24 jan. / 26
5:20
ago.
5:21 27 ago.
8:1 30 abr.
8:26 7 ago.
8:32 29 abr.
8:35 1º maio
12:1 5 out.
12:2 20 ago.
12:19 9 abr.
15:20 30 ago.
1 Coríntios
1:4, 5 23 ago.
3:5 10 jan.
4:1, 2 5 jun.
4:17 6 abr.
2 fev. / 19
9:24
ago.
12:26 9 ago.
13:12 2 nov.
12 jan. / 16
15:10
jul.
15:51, 52 18 set.
15:58 12 jun.
2 Coríntios
2:14 6 fev.
2:15 4 fev.
4:7 23 dez.
5:20 28 nov.
6:1 31 ago.
8:1, 2 29 ago.
8:7 8 set.
8:9 31 jul. / 3 set.
8:12 10 abr.
25 abr. / 28
9:8
ago.
10:12 14 mar.
12:7 13 jul.
13:14 8 jan.
Efésios
1:7 2 ago.
1:10 10 out.
2:8-10 16 fev.
2:14 25 nov.
3:20 23 mar.
4:31, 32 15 set.
5:21 10 fev.
6:1 13 fev.
Filipenses
1:6 17 jun.
1:21 7 dez.
2:4 15 mar.
2:9, 10 1º ago.
4:4 22 set.
4:11 16 nov.
Colossenses
1:18 8 jul.
1:19, 20 5 jul.
2:14, 15 23 set.
3:13 27 nov.
3:16 19 jun.
3:17 3 fev.
1 Tessalonicenses
5:21 27 set.
2 Tessalonicenses
3:7, 8 20 jun.
1 Timóteo
1:15 11 jan.
4:8 19 set.
6:10 24 out.
2 Timóteo
1:12 8 dez.
2:1 7 set.
3:15 28 jul.
4:11 28 set.
Tito
1:15 13 jun.
2:11 23 jan.
Filemom
8, 9 13 set.
10 10 set.
11 14 set.
12 9 set.
15, 16 12 set.
Hebreus
2:1 3 nov.
2:9 26 jul.
2:14 7 jun.
4:9 4 ago.
4:16 4 set.
9:6 11 set.
9:22 7 out.
10:24 5 dez.
10:24, 25 18 jun.
11:1 20 set.
11:24 8 maio
12:2 3 dez.
12:15 27 fev.
13:9 6 set.
Tiago
1:26, 27 27 maio
2:8 5 fev.
1 Pedro
1:8 21 mar.
3:7 12 fev.
4:10 7 jul.
19 jan. / 4
5:7
out.
5:10 2 set.
5:12 15 abr.
2 Pedro
3:18 15 fev.
1 João
1:1 21 jan.
3:16 1º dez.
4:16 31 maio
4:19 6 jun.
Apocalipse
1:4, 5 30 jun.
1:5, 6 3 jul.
3:21 1º mar.
5:5 30 nov.
12:11 30 mar.
14:3 14 jan.
15:3 15 maio
19:7 14 nov.
21:1 29 dez.
21:25 3 mar.
21:27 20 jan.
22:2 10 nov.
22:21 31 dez.