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APRESENTAÇÃO

Pela graça, boas coisas acontecem até em um mundo mau. Aos olhos do
observador desatento, pode parecer sorte ou acaso. Mas os que conhecem Jesus
sabem que tal bondade imerecida é a expressão de Sua graça.
Quando viveu na Terra, Jesus mostrou a graça em cada encontro, a cada
pessoa. Mesmo hoje, ao nosso redor, Deus produz belas histórias da graça. Abra
as páginas deste devocional e tenha um encontro diário com Jesus
e Sua surpreendente, infinita e transformadora graça.

William G. Johnsson foi editor dos periódicos Adventist Review e


Adventist World. Ele dedicou quase 50 anos ao ministério, servindo
como missionário, professor de teologia, editor e escritor. A cada ano, e a cada
dia, ele se sente mais fascinado pela maravilhosa graça de Deus.
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Diretor Financeiro: Edson Erthal de Medeiros
Redator-Chefe: Rubens S. Lessa

Gerente de Produção: Reisner Martins


Gerente de Vendas: João Vicente Pereyra
Chefe de Arte: Marcelo de Souza

1ª edição neste formato


Versão 1.2
2014

Coordenação Editorial: Marcos De Benedicto


Editoração: Neila D. Oliveira, Marcos De Benedicto e Michelson Borges
Design Developer: Anderson Mendes
Projeto Gráfico e Capa: Levi Gruber
Ilustração da Capa: Jay Bryant Ward

Todas as citações bíblicas são extraídas da Versão Almeida Revista e Atualizada,


salvo outra indicação.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou


parcial, por qualquer meio, sem prévia autorização escrita do
autor e da Editora.
12405/25828 – ISSN 1983-6252 12405
PREFÁCIO

Há alguns anos, escrevi um devocional a respeito da vida de Jesus Cristo


intitulado Behold His Glory [Contemple Sua Glória]. As meditações diárias
baseavam-se em João 1:14: “Aquele que é a Palavra tornou-Se carne e viveu
entre nós. Vimos a Sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de
graça e de verdade.” Esse livro gerou o maior número de contatos que já recebi
em toda a minha vida de escritor.
Agora, quase 20 anos mais tarde, preparei uma nova série de meditações
diárias. Voltei a João 1:14, mas com uma diferença. Enquanto aquela obra se
dedicou à primeira metade da passagem, esta aqui, Jesus: A Preciosa Graça,
concentra-se na segunda metade.
Fui abençoado ao escrever estas meditações. Novas compreensões sobre a
maravilha da graça enriqueceu meu entendimento e me conduziu para uma
caminhada mais íntima com o Mestre. O devocional em si é uma obra da graça –
graça, e apenas a graça, tornou esse trabalho possível. Duas semanas depois de
começar a trabalhar nesta obra, recebi a missão mais desafiadora e exigente de
toda a minha vida – um projeto que tomou conta de todo o meu tempo e
atrapalhou tanto o meu sono que, para mim, parecia impossível concluir o livro
que tinha acabado de começar. No entanto, aqui está e louvo a Deus por isso.
Muitas pessoas me ajudaram a preparar este material. Chitra Barnabas
digitou as primeiras 100 meditações. Em seguida, Rachel Child assumiu a tarefa,
não apenas com o trabalho mecânico, mas transmitindo ânimo e sugerindo várias
ideias para as meditações. Finalmente, minha parceira de vida, Noelene, orou ao
longo de toda a produção deste material e partilhou comigo textos bíblicos que a
impressionaram. Muitos deles foram usados como base para as meditações deste
devocional. A todas essas pessoas maravilhosas, expresso aqui minha profunda
gratidão.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1 de janeiro – domingo

JESUS
Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita,
penso que nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os
livros que seriam escritos. João 21:25

De todos os nomes dados aos homens desde o alvorecer dos tempos, um


permanece isolado, solitário, inalterável. Apesar de hoje muitos seres humanos
tomarem esse nome em vão, um dia todo joelho no Céu e na Terra se dobrará
perante Aquele que carrega esse nome e toda boca declarará que Ele é o Rei dos
reis e o Senhor dos senhores. Esse nome é a palavra mais doce que pode ser
proferida pelos lábios de uma criança; ele nos sustenta e nos conforta ao longo
da vida; ele será a nossa segurança ao embarcarmos na jornada final desta vida.
Jesus! Todas as nossas esperanças para este mundo e para o próximo
centralizam-se nEle. As maiores alegrias, as aspirações mais elevadas, as
motivações mais puras proveem dEle. Todos os outros nomes passarão; o dEle,
jamais.
Como ministro do evangelho, levei muito tempo para entender que a única
pregação que realmente importa é aquela em que Jesus ocupa o primeiro lugar, o
último e o centro. Como autor de literatura cristã, levei muito tempo para
entender que o único assunto que realmente importa é Jesus, cheio de graça.
Assim, há algum tempo tenho tentado escrever e pregar a respeito da graça.
Na verdade, pregar sobre Jesus, pois Ele é a personificação da graça. Meus
esforços são defeituosos e profundamente inadequados se comparados à
grandiosidade desse tema. Cada vez mais descubro que, apesar de minhas falhas,
uma bênção sempre acompanha a mensagem. Sempre.
Por isso, tenho plena certeza de que você encontrará uma bênção na leitura
destas mensagens. Não por causa de minhas habilidades como autor, mas por
causa do tema. A menos que eu atrapalhe, a graça de Jesus fluirá por estas
páginas animando e transformando corações e vidas.
Temos um ano inteiro pela frente para ler sobre o tema, e estou empolgado;
mal posso esperar para começar. Porém, ao fim dos 366 dias teremos apenas
iniciado esse maravilhoso estudo. É como se com uma colher de chá tivéssemos
tentado retirar as bênçãos do vasto oceano da graça. Nem todos os livros do
mundo seriam suficientes para esgotar esse assunto.
Jesus é maravilhoso. Ele é o Homem de encantos inigualáveis. Ele é nosso
Amigo, nosso Salvador, nosso Senhor. Ele é a fonte da graça.
2 de janeiro – segunda

COMPREENDENDO
E Eliseu orou: “Senhor, abre os olhos dele para que veja”. Então o
Senhor abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas cheias de
cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu. 2 Reis 6:17

Ela era uma senhora idosa – com mais de 80 anos, segundo informou durante
nossa conversa após o culto. Havia algum tempo eu pregava sobre a graça e ela
me surpreendeu ao afirmar:
– Finalmente entendi. Cresci na igreja, mas apenas nos últimos meses é que
consegui entender!
– Entender o quê? – perguntei.
– Que não tenho que fazer nada para que Deus me ame. Que Ele me aceita
do jeito que eu sou porque Jesus morreu por mim. Que diferença isso faz!
Essa senhora era como o jovem servo de Eliseu. O rei da Síria enviou
cavalos, carros de guerra e soldados para capturar Eliseu, que por diversas vezes
alertou o rei de Israel a respeito dos planos de ataque dos arameus. O exército
arameu cercou a cidade de Dotã, local em que Eliseu se encontrava.
Bem cedo na manhã seguinte, o servo de Eliseu levantou e viu o exército
inimigo por toda parte. “Ah, meu senhor! O que faremos?” (2Rs 6:15).
O profeta respondeu: “Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são
mais numerosos do que eles” (v. 16). Em seguida, após a oração de Eliseu, o
Senhor abriu os olhos daquele jovem e ele pôde ver as hostes celestiais enviadas
para protegê-los. Ele compreendeu.
Será que corremos o risco de sermos como o servo de Eliseu? Será que é
possível crescer na igreja, concluir o ensino fundamental, médio ou até o ensino
superior e nunca entender? Será que é possível ocuparmos o banco da igreja,
devolvermos o dízimo, sermos membros ativos e não percebermos a graça que
nos envolve como uma nuvem?
Sim. A experiência dessa senhora idosa revela-nos que isso é possível.
Permita-me ir um pouco além. Será que é possível ser um funcionário da
igreja, até mesmo um pastor, e nunca entender?
A resposta me faz tremer: sim!
A graça não pertence a este mundo. A menos que o Senhor abra os nossos
olhos, jamais a entenderemos.
Senhor, abre meus olhos para que eu possa entender!
3 de janeiro – terça

A ATMOSFERA DA GRAÇA
Como se fossem uma nuvem, varri para longe suas ofensas; como se
fossem a neblina da manhã, os seus pecados. Volte para Mim, pois Eu o
resgatei. Isaías 44:22.

Sou uma pessoa da manhã. Geralmente você me encontrará acordado antes do


amanhecer, passando momentos preciosos no silêncio da madrugada com a
Palavra e com o Senhor da Palavra, e em seguida me dirigindo para caminhar
num parque próximo à minha casa. Muitas vezes, Noelene me acompanha.
Caminhamos juntos e conversamos com o Senhor.
Nos meses frios de inverno percorro o circuito de quase cinco quilômetros
antes do alvorecer. Mesmo nas madrugadas desprovidas de luar, as estrelas
proveem luz suficiente. Elas brilham no céu limpo.
Essa é uma maneira maravilhosa de começar o dia. Amo o silêncio, a paz.
Amo a sensação dos músculos descansados sendo alongados. Amo o encontro
ocasional com um animalzinho ou um pássaro azul. Acima de tudo, amo o ar
fresco e puro da manhã.
Durante essas caminhadas, as palavras de Ellen White sobre a graça veem à
minha mente: “No dom incomparável de Seu Filho, Deus envolveu o mundo
todo numa atmosfera de graça, tão real como o ar que circula ao redor do globo.
Todos os que respirarem esta atmosfera vivificante hão de viver e crescer até à
estatura completa de homens e mulheres em Cristo Jesus” (Caminho a Cristo, p.
68).
Que pensamento maravilhoso – a atmosfera da graça! O amor de Deus nos
envolve da cabeça aos pés, de um lado ao outro, por cima e por baixo. Não
temos que tentar encontrar a graça – estamos na graça.
A graça sustenta o mundo. Até mesmo aqueles que não sabem de sua
existência, que talvez neguem a Deus ou amaldiçoem o Seu nome, são
beneficiados por ela. A atmosfera da graça continua purificando a Terra da
imundície e do mau cheiro do pecado, trazendo esperança, vida e um novo
começo.
Deus nos convida a respirar essa atmosfera de vida. Ele nos convida a
inspirar profundamente e a relaxar nEle a fim de continuarmos respirando em
graça, vivendo e crescendo à estatura de homens e mulheres em Cristo Jesus.
Assim, prezado amigo, inspire! Respire profundamente e saiba que Deus o
ama, que Ele deseja conceder-lhe plenitude de vida aqui e agora e uma
existência eterna em Sua presença. Saiba que, assim como o ar que sempre o
envolve, você nunca será capaz de exceder as fronteiras da atmosfera da graça.
Não há limites, nem divisas. Deus sempre está lá para você.
4 de janeiro – quarta

A PALAVRA PREDILETA DE PAULO


A todos os que em Roma são amados de Deus e chamados para serem
santos: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus
Cristo. Romanos 1:7

O apóstolo Paulo amava a palavra “graça”. Suas cartas geralmente começavam


da mesma maneira que a Epístola aos Romanos: “A vocês, graça e paz da parte
de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1:7). Para concluir as cartas,
quase sempre escolhia palavras semelhantes, como as usadas para encerrar a
epístola aos Coríntios: “A graça do Senhor Jesus seja com vocês” (1Co 16:23;
ver 2Co 13:14; Gl 6:18; Ef 6:24; Fp 4:23; Cl 4:18; 1Ts 5:28; etc.).
Na verdade, Paulo se referiu à graça aproximadamente 100 vezes, muito
mais do que qualquer outro escritor do Novo Testamento.
Por quê? Certamente porque Paulo mantinha sempre em mente o poder
salvador de Deus em sua vida. Todo pecado é horrível, mas o de Paulo tinha uma
característica que o separou da experiência dos primeiros cristãos. Paulo, antes
conhecido como Saulo, perseguiu terrivelmente a igreja primitiva. Tomado pelo
profundo desejo de zelar por aquilo que cria ser a verdade, canalizou todas as
suas energias para aniquilar os odiados seguidores do Caminho. Invadiu a casa
dos cristãos e arrastou homens e mulheres para a prisão.
Não satisfeito em combater o movimento em Jerusalém e nas áreas
circunvizinhas, Paulo solicitou cartas de autorização ao sumo sacerdote para que
pudesse atuar também em Damasco. As palavras de Lucas no livro de Atos nos
ajudam a ter uma ideia do que se passava em seu coração: “Enquanto isso, Saulo
ainda respirava ameaças de morte contra os discípulos do Senhor” (At 9:1).
A reputação de Saulo se espalhou rapidamente. Mesmo Ananias, discípulo
fiel a quem Deus ordenou que fosse se encontrar com Saulo, relutou em
encontrar-se com ele e atendê-lo em sua cegueira (v. 13).
Paulo nunca se esqueceu de onde foi resgatado. Chamou a si mesmo de o
pior dos pecadores (1Tm 1:15) e “o menor dos apóstolos”, alguém indigno de ser
chamado apóstolo por ter perseguido a igreja de Deus (1Co 15:9).
Mas Paulo também pôde escrever: “Mas, pela graça de Deus, sou o que
sou, e Sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos
eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo” (v. 10).
A graça fez a diferença para Paulo – em sua vida e em seu trabalho. Não é
de admirar que essa tenha sido a sua palavra predileta.
5 de janeiro – quinta

O DIA EM QUE FIZ A COISA CERTA


Dificilmente haverá alguém que morra por um justo, embora pelo homem
bom talvez alguém tenha coragem de morrer. Mas Deus demonstra Seu
amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos
pecadores. Romanos 5:7, 8

Deus não esperou que corrigíssemos nossas atitudes para depois enviar Jesus
para morrer em nosso lugar. Deus veio para nos libertar quando ainda éramos
pecadores.
Agora Cristo nos chama, como Seus seguidores, para levar avante a Sua
obra. Amar aqueles que não são amáveis, dar sem esperar nada em troca – esses
são bons temas para um sermão, mas muito difíceis de ser praticados cada dia.
Minha vida e ministério, em seus melhores momentos, se misturam. Às
vezes manifestam graça; na maior parte do tempo demonstram o egoísmo. Certa
vez, no entanto, fiz a coisa certa. (Lembre-se de que fiz isso mesmo tendo razões
suficientes para agir de modo diferente.)
Aconteceu há muito tempo, na ocasião em que Noelene e eu tínhamos
acabado de casar e estávamos apenas iniciando nosso ministério. Nosso primeiro
campo foi a Escola Vicent Hill, uma instituição educacional em regime de
internato localizada na Índia, a aproximadamente 2.100 metros nas montanhas
do Himalaia. Essa escola de ensino fundamental e médio atendia principalmente
os filhos dos missionários. Atuei como preceptor dos meninos e professor de
Bíblia e de outras matérias.
Recordo-me bem de dois irmãos que moravam no dormitório masculino. O
mais velho, David, era alto, trabalhador e nunca se envolvia em encrencas.
Leslie, o irmão mais novo, era baixo e sempre se metia em confusão.
Num sábado, Leslie estava fazendo torradas em seu quarto. O uso de
torradeiras era proibido no dormitório. Meu apartamento ficava no andar térreo e
não demorou muito para eu sentir o cheiro de pão torrado. Sem perder tempo,
subi as escadas e bati à porta do quarto de Leslie.
Leslie tentou esconder as evidências, mas o quarto cheirava a torradas, não
havia como negar. Ele ficou tenso. Muitos anos mais tarde, Leslie me contou que
simplesmente olhei ao redor e disse: “Les, você pode me emprestar uma gravata
para ir hoje à igreja?” Ele me deu uma e fui embora.
Mal consigo me lembrar desse incidente; mas Leslie se recorda de tudo.
Sua vida mudou completamente naquele sábado pela manhã ao não receber a
punição que merecia. Naquele dia fiz a coisa certa. Leslie se tornou um pastor e
missionário adventista do sétimo dia. Tudo começou com uma pequena
demonstração da graça.
6 de janeiro – sexta

O HOMEM QUE NÃO SAI DE CENA


Ele começou a se amaldiçoar e a jurar: “Não conheço o homem de quem
vocês estão falando!” Marcos 14:71

Jesus, que mudou o curso da história mais do que qualquer outra pessoa, ainda
hoje causa impacto em vastas multidões – mesmo naqueles que não confessam
Seu nome.
Seu nome é pronunciado milhares de vezes todos os dias. Muitos o usam
como uma interjeição, geralmente para expressar medo ou repulsa.
Alguma vez você já se perguntou por que as pessoas dizem “Jesus!”
quando estão zangadas ou infelizes? Não ouvimos “Buda!” ou “Maomé!” ou
“Krishna!” Por que será que sempre falam o nome do Homem da Galileia?
Será possível que Jesus, Aquele a quem procuram rejeitar, nunca está longe
de seus pensamentos? Será que lá no fundo se perguntam quem Ele realmente
foi, se talvez tenha sido aquilo que alegou ser, o Filho de Deus?
Jesus é o Homem que não sai de cena. Foi assim desde o princípio na
Galileia. Tentaram escarnecer dEle dizendo que era ilegítimo. Mas a multidão se
aglomerava para ouvi-Lo, tocá-Lo, ser transformada.
Disseram que Ele expulsava espíritos imundos em nome de Belzebu, o
príncipe dos demônios. Mas os demônios saiam gritando: “Sei quem Tu és: o
Santo de Deus!” (Mc 1:24).
Espalharam que Ele estava ficando louco. Sua própria família disse isso e
tentou afastá-Lo das multidões e levá-Lo de volta para casa (Mc 3:21). Ele,
porém, Se manteve firme em Sua missão.
Contaram-Lhe que o rei Herodes planejava prendê-Lo, que o melhor a
fazer seria fugir e esconder-Se. Mas Ele não hesitou, não temeu.
Foram à noite no jardim e O prenderam, depois que um traidor os levou até
Ele. Eles O amarraram, bateram nEle e O submeteram a um tribunal ilegal. Mas
Ele não tentou escapar.
Pregaram-nO na cruz e O vigiaram até o momento de Sua morte. Pensaram
que assim O haviam silenciado e que Seu movimento chegara ao fim. Mas Ele
ressuscitou dentre os mortos, deixando o sepulcro vazio.
Não saiu de cena e não sairá – mesmo que, como Pedro, O neguemos e O
amaldiçoemos. O fato de Ele não nos deixar permanece como o centro da nossa
esperança.
7 de janeiro – sábado

UM HERÓI IMPROVÁVEL
Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios
são arrastados pela calamidade. Provérbios 24:16

Em 1938, a maioria dos noticiários norte-americanos não trazia reportagens


sobre o presidente Franklin Delano Roosevelt. Tampouco se referiam ao
chanceler alemão Adolf Hitler, já empenhado em suas conquistas para construir
o império nazista. E certamente não mencionavam Winston Churchill, que ainda
permanecia no anonimato político.
Na verdade, foi um cavalo chamado Seabiscuit que dominou os noticiários
em 1938.
A América do Norte ainda estava imersa na Grande Depressão. Embora
algumas soluções tivessem aliviado um pouco a situação, milhares de pessoas
continuavam sem emprego (apenas o início da Segunda Guerra Mundial levaria
o país a se reerguer plenamente). Naquela ocasião, a nuvem densa da terrível
condição da nação foi dispersa por um campeão extraordinário, um herói
improvável.
Seabiscuit era filho de um excelente garanhão, mas sua estrutura era
pequena demais. Por ter um trote desajeitado, foi rapidamente descartado.
Passou três anos apanhando, sendo maltratado e trabalhando em excesso.
Tornou-se agressivo, hostil, indomável e perigoso.
Esse foi o cavalo que, contra todas as expectativas, se tornou o campeão
em 1938. Venceu corrida após corrida, estabeleceu novos recordes, e, numa
competição emocionante em 1º de novembro, correu lado a lado com um
campeão renomado e o venceu.
Aproximadamente 40 milhões de americanos, um terço da população, se
aglomeraram ao redor de rádios para acompanhar a corrida. O presidente foi um
deles.
A história de Seabiscuit repercutiu numa nação prostrada pela Depressão,
numa nação que ansiava uma segunda chance.
A história não para aqui. O jóquei de Seabiscuit era considerado um
“perdedor” também. Era grande demais para montar. O treinador de Seabiscuit
era idoso e sem muito tato. O proprietário do animal era um vendedor de
automóveis cuja vida havia sido profundamente abalada pela morte do único
filho.
Essa é a história de um cavalo pequeno demais, de um jóquei grande
demais, de um treinador velho demais e de um proprietário que não sabia o que
estava fazendo, mas que venceram.
Isso, meus amigos, é o que Deus quer fazer por nós. Isso é graça.
8 de janeiro – domingo

A HISTÓRIA DE DUAS PALAVRAS


A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do
Espírito Santo sejam com todos vocês. 2 Coríntios 13:14

Graça não é o mesmo que amor. Ao concluir a Segunda Epístola aos Coríntios,
Paulo fez distinção entre o amor de Deus e a graça do Senhor Jesus Cristo.
A graça possui um enfoque mais específico do que o amor. O amor é geral;
a graça é o mesmo que demonstrar amor àqueles que não merecem, oferecer
livremente, perdoar e conceder vida nova.
A graça sempre nos conecta a Jesus. Ele é “cheio de graça”, a
personificação da graça. Ele é a demonstração divina, a revelação do caráter de
Deus – o Todo-Poderoso que tomou a forma de servo, o Mantenedor do
Universo que Se submeteu à cruz para nos libertar da culpa e do poder do
pecado e nos conceder vida eterna.
Amor e graça. Essas duas palavras tiveram trajetórias totalmente diferentes
na história. Uma se tornou sinônimo de uma vasta gama de emoções e
experiências; a outra permanece pura, imaculada. Uma foi falsificada, ganhou
conotações negativas; a outra ainda é positiva, uma linda palavra.
Pense no modo como usamos a palavra “amor” hoje. Amo comer mangas.
Amo meu cachorro. Amo futebol. Amo meu amigo. Amo meu cônjuge. Amo a
Deus.
Apenas uma palavra! Mas a maneira como nos relacionamos com as
mangas (ou torta de maçã ou macarronada) é totalmente diferente da maneira
como nos relacionamos com o nosso cônjuge, sem falar de como nos
relacionamos com Deus.
Nossa geração se tornou aficionada por sexo. Explora-se o corpo humano,
especialmente o corpo feminino, devido ao insensível interesse comercial, à
manipulação e ao estímulo à sensualidade. Para muitas pessoas, usadas e
abusadas ou rejeitadas pela exploração da sexualidade, “amor” é apenas uma
palavra de quatro letras.
Enquanto isso, a graça permanece. Não se desgastou, por mais que o hino
“Graça Excelsa” tenha sido entoado. Não imergiu no cinismo. Por incrível que
pareça, numa época em que a linguagem é distorcida, colocada de cabeça para
baixo e invertida, a graça permanece.
Será que é porque a graça sempre nos conecta a Jesus? Ele é sempre novo,
sempre puro, sempre amável.
9 de janeiro – segunda

MILAGRE NO EVEREST
Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo.
Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma
hospedaria e cuidou dele. Lucas 10:34

O Monte Everest, a montanha mais alta do planeta Terra, a 8.850 metros de


altitude, revela a natureza humana de maneira contrastante. Ali são expostos o
melhor e o pior, a coragem e a covardia entre aqueles que se aventuram a
alcançar o pico. Todo ano muitos tentam e todo ano muitos morrem. Devido às
condições extremas, aqueles que sucumbem próximo ao topo são simplesmente
deixados ali. Os alpinistas passam por cadáveres ao longo do percurso que leva
ao cume.
Em 25 de maio de 2006, Lincoln Hall, um montanhista de 50 anos de
idade, chegou ao topo do Everest. No caminho de volta, entretanto, algo terrível
aconteceu: o corpo de Hall recusou-se a prosseguir. Os dois sherpas que o
acompanhavam tentaram por nove horas fazer com que ele descesse a montanha,
mas Hall simplesmente não se movia.
A vida dos sherpas agora corria perigo. Convencidos de que o homem
deitado na neve estava morto, cutucaram-lhe os olhos, mas não obtiveram
resposta. Pegaram a mochila de Hall, o oxigênio, a comida e a água e o deixaram
caído a 8.534 metros de altitude. Densas trevas e amargura acompanhadas por 29
ºC negativos cobriram o Monte Everest. Na Austrália, a esposa de Hall e os dois
filhos adolescentes receberam a notícia de que o esposo e pai havia falecido
poucos metros abaixo do pico.
Na manhã seguinte, o guia Dan Mazur se aproximou do local. Seus clientes
e ele estavam apenas a duas horas do topo. Foi nesse momento que se depararam
com uma cena anormal: um homem sentando na neve – cabeça, mãos e peito
descobertos! O estranho disse: “Imagino que esteja surpreso em me ver.”
Era Lincoln Hall. Ele havia sido dado como morto, mas, contrariando todas
as expectativas, sobreviveu. Estava sofrendo alucinações, retirava as luvas e
movia-se para frente e para trás entre dois abismos.
Outros dois alpinistas se aproximaram. Dan os chamou, mas eles
desviaram o olhar e murmuraram: “Não falamos inglês.” E continuaram
andando. Naquele instante o sonho de três homens de atingir o topo do Monte
Everest se desvaneceu para que Lincoln Hall pudesse viver. Dan e seus clientes
ficaram ao lado de Lincoln por quatro horas até que a equipe de resgate
chegasse.
Esta história tem dimensões bíblicas. Trata-se da história do bom
samaritano num cenário moderno. Acima de tudo, é um estudo de caso da graça
inacreditável, inesperada e salvadora de Deus.
10 de janeiro – terça

CONDUTOS DA GRAÇA
Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio
dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor
atribuiu a cada um. 1 Coríntios 3:5

A igreja de Corinto estava dividida. Alguns membros diziam: “Sigo Paulo”;


outros afirmavam: “Sigo Apolo”; e outros ainda declaravam: “Sigo Pedro”.
Alguns até mesmo diziam: “Sigo Cristo”. Juraram lealdade aos líderes e lhes
atribuíram a posição de mestres espirituais.
Essa ainda é a tendência humana. A grande tendência hoje é seguir as
celebridades. Na igreja, corremos o risco de cair no mesmo modo mundano de
pensar ao exaltarmos pregadores, professores, doutores ou qualquer outro
indivíduo que atraia a admiração que unicamente Jesus merece.
“Não”, disse Paulo, “Apolo, eu e todos os outros líderes somos apenas
servos, instrumentos usados pelo Senhor para transmitir a Sua mensagem.”
Tanto os líderes quanto os membros jamais devem se esquecer disso.
Ellen White utilizou uma palavra muito interessante para descrever nossa
função: devemos ser “esmoleres de Sua graça”, distribuindo o dom da salvação
aos necessitados que não podem salvar-se (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 168).
Isso é necessário especialmente nas grandes cidades, locais em que a maioria
vive hoje e onde muitos se sentem solitários, cansados, frustrados e buscando
uma razão para viver. Mas também devemos repartir a graça com todos os
habitantes de qualquer parte do planeta, pois o mundo inteiro precisa
desesperadamente de esperança e nova vida que apenas Deus pode conceder.
Quer seja no púlpito diante da congregação, perante as crianças numa sala
de aula, ao lado de um paciente na mesa de cirurgia, entre os amigos ou colegas
de trabalho, Deus deseja que sejamos condutos da graça.
Os condutos, porém, podem ser bloqueados. Sofrem corrosão, ficam
entupidos de tal forma que praticamente nada consegue passar por eles. Ou, na
linguagem eletrônica, a estática atrapalha o sinal ou o sinal é interrompido
continuamente.
Quero ser um conduto eficiente da graça de Deus. Não quero me perder
num comportamento centrado em satisfazer a mim mesmo. Quero que a Sua
graça flua através da minha vida de maneira livre e desimpedida. Desejo que o
sinal divino seja transmitido em alto e bom som.
11 de janeiro – quarta

PERDIDO, ME ENCONTROU!
Esta afirmação é fiel e [...] Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores,
dos quais eu sou o pior. 1 Timóteo 1:15

Oh, graça excelsa de Jesus!


Perdido, me encontrou!
Estando cego, me fez ver;
Da morte me livrou!

Entoado por congregações e corais, tocado na gaita de foles ou executado por


um solista a cappella, “Graça Excelsa” (HASD, nº 208) é um dos hinos mais
queridos de todos os tempos. Tanto a letra quanto a melodia atingem o íntimo de
nosso ser com poder sem medida.
John Newton compôs “Graça Excelsa” provavelmente entre 1760 e 1770
em Olney, Inglaterra. A origem do hino na vida de Newton, no entanto, é bem
mais antiga.
Nascido em Londres em 24 de julho de 1725, Newton era filho do capitão
de um navio mercantil que viajava pelas águas do Mediterrâneo. Aos 11 anos,
John se uniu ao pai e fez cinco viagens ao seu lado.
Aos 19 anos, John se alistou no H.M.S. Harwich, um navio de guerra.
Desertou, mas logo foi recapturado, açoitado publicamente e rebaixado de posto,
passando a servir como marinheiro comum. A seu próprio pedido, começou a
trabalhar num navio negreiro que realizava viagens para Serra Leoa. Finalmente,
Newton se tornou o capitão de seu próprio navio, também um navio negreiro.
Irreligioso e libertino, logo abandonou as convicções religiosas incutidas por sua
mãe.
Foi então que, em 10 de maio de 1748, experimentou a salvação de Deus –
duas vezes. Seu navio foi apanhado por uma tempestade violenta. Temendo que
a vida da tripulação e o navio se perdessem, clamou: “Senhor, tenha misericórdia
de nós!” Deus livrou da destruição John e o navio. Mais tarde em sua cabine,
refletiu no que havia dito e passou a crer que Deus usou a tempestade para
revelar-lhe Sua graça.
Pelo resto da vida, John Newton celebrou a data de 10 de maio de 1748
como o dia de sua conversão. A graça o libertou e seu temor levou.
A graça libertou-me assim,
E meu temor levou.
12 de janeiro – quinta

O RESTANTE DA HISTÓRIA
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e Sua graça para comigo não foi
inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a
graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15:10

A história que descreve a conversão de John Newton – homem irreligioso,


libertino e negociante de escravos – após ter clamado a Deus ao ver seu navio
quase afundar já foi muitas vezes contada. Porém, há muito mais detalhes nessa
história extraordinária.
Aos 25 anos, John se casou com Mary Catlett, por quem fora apaixonado
durante muitos anos. Quatro anos mais tarde, desistiu da vida de capitão
marítimo e se tornou medidor de marés em Liverpool, Inglaterra. Ali entrou em
contato com George Whitefield, um grande pregador, e também com John
Wesley, fundador do metodismo.
John Newton decidiu se tornar pastor. Enfrentou momentos difíceis no
início, mas finalmente foi ordenado ministro da Igreja da Inglaterra e recebeu o
chamado para pastorear a paróquia de Olney, em Buckinghamshire. Multidões se
juntavam para ouvi-lo pregar; a igreja precisou ser ampliada. Logo Newton
estava pregando em outras partes do país.
Vários anos depois, o poeta William Cowper se estabeleceu em Olney. Sua
chegada e a amizade que travou com Newton resultaram num novo e mais amplo
ministério. Cowper auxiliava Newton nos cultos realizados em Olney e em
outros lugares também. Juntos deram início a uma série de reuniões de oração
semanais com o objetivo de compor novos hinos em cada um dos encontros.
Como resultado, foram publicadas várias edições do Olney Hymns [Hinos de
Olney]. A primeira delas foi lançada em 1779 com 68 hinos compostos por
Cowper e 280 por Newton.
“Graça Excelsa” (HASD, nº 208), sem dúvida, é o hino mais conhecido de
John Newton, mas ele também compôs vários outros hinos dos quais gostamos e
cantamos até hoje. “A Semana Já Passou” (HASD, nº 529) e “Grandes Coisas,
Mui Gloriosas” (HASD, nº 557) são dois exemplos.
Em 1780, Newton se mudou de Olney para Londres. Ali atraiu a atenção de
grandes multidões e influenciou muitas pessoas, inclusive William Wilberforce,
que se tornou líder da campanha abolicionista. Newton continuou pregando até o
último ano de sua vida, quando estava com 82 anos e cego.
Que linda história sobre a graça divina! A graça liberta. A graça
transforma. Graça excelsa, sem dúvida!
13 de janeiro – sexta

RECEBENDO SEM MERECER


Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado,
devem dizer: “Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever”.
Lucas 17:10

Eu sempre o observava transitando vagarosamente pelo campus em sua cadeira


de rodas. Um chapéu protegia a cabeça e as orelhas. Os pés ficavam bem
agasalhados e as mãos bem aquecidas com luvas. Ele mesmo se empurrava no
inverno rigoroso de Michigan, Estados Unidos, em direção à sala de aula.
Há vários anos, a esclerose múltipla acometeu Dave. A princípio, ele sentiu
os efeitos da doença nos pés, depois nos tornozelos e mais tarde nas pernas. Na
ocasião em que frequentou minhas aulas, suas mãos estavam começando a
endurecer. Escrevia tentando controlar os fortes espasmos nas mãos e realizava
as provas datilografando com dificuldade numa máquina de escrever sobre a
cadeira de rodas.
– Como vai, Dave? – eu costumava perguntar àquela figura muito bem
agasalhada que se esforçava para se movimentar pelo corredor.
– O Senhor é bom! – ele sempre respondia com um sorriso.
Certo dia, ele me entregou uma citação de uma de suas autoras prediletas,
Ellen White: “Àquele que se contenta em receber sem merecer, que sente que
nunca poderá recompensar tal amor, que põe de lado toda dúvida e descrença e
achega-se como uma criancinha aos pés de Jesus, todos os tesouros do amor
infinito são um presente eterno e gratuito” (Signs of the Times, 28 de fevereiro de
1906).
– Sou eu – Dave acrescentou. – Não tenho nada para oferecer a Deus. Olhe
para mim! Não mereço nada. Mas me contento em receber sem merecer. Não é
maravilhoso?
Durante os dois anos em que Dave frequentou o campus, nunca o ouvi
reclamar. A esclerose múltipla arruinou seu corpo e destruiu seu casamento, mas
ele jamais lamentou: “Por que eu?” Sempre repetia: “O Senhor é bom!”
O Senhor é bom. Se pudéssemos enxergar-nos como realmente somos,
perceberíamos que não temos nada para oferecer a Jesus. Isso vale tanto para
aqueles que já se tornaram cristãos quanto para aqueles que ainda não se
converteram. Todos os nossos atos de justiça são como trapos de imundícia
diante da Sua santidade (Is 64:6); nossas obras e o desempenho de nosso dever
não são grande coisa e, certamente, não são suficientes para recebermos a
aprovação de Deus.
Mas a graça permite que recebamos aquilo que não merecemos – e não
aquilo que deveríamos receber. Àquele que se contenta com a graça, àquele que
não busca a exaltação própria, o céu abre as comportas do reservatório de
bênçãos divinas.
Contento-me em receber sem merecer?
14 de janeiro – sábado

UM CÂNTICO NOVO
Eles cantavam um cântico novo diante do trono, dos quatro seres viventes
e dos anciãos. Ninguém podia aprender o cântico, a não ser os cento e
quarenta e quatro mil que haviam sido comprados da Terra. Apocalipse
14:3

Estou sentado na quarta fileira de bancos da grande sala de concertos,


totalmente paralisado pelos sons que emanam do solista.
Ele é nada para ser admirado; ele é tudo para ser admirado. Baixo e
barrigudo, tem os cabelos grisalhos. O rosto traz as marcas do tempo. As pernas
envoltas em braçadeiras metálicas arrastam-se sem vida enquanto ele se
movimenta com dificuldade em direção ao palco. O maestro o acompanha
carregando seu violino e o arco. Com grande esforço (enquanto o auditório
prende a respiração), o solista sobe à plataforma acima do palco e se acomoda na
cadeira que lhe foi designada.
Seu rosto, no entanto, é maravilhoso e ilumina-se ao menear a cabeça
agradecendo os aplausos e os cumprimentos de todos por sua participação. Esse
é um homem compassivo, bondoso, terno – e muito corajoso. Seu rosto revela o
poder da graça para superar imensas adversidades.
O maestro Leonard Slatkin ergue a batuta e a Orquestra Sinfônica Nacional
começa a tocar as primeiras notas musicais do concerto para violino de
Beethoven. Essa obra magnífica, composta em 1805, é longa e difícil e
estabeleceu um novo padrão de avaliação. Afinal, é o concerto para violino de
Beethoven. Após essa obra-prima, o compositor não intentou outra.
Todos os olhares estão pregados no homenzinho sentado à cadeira
dobradiça de onde emanam sons celestiais – Itzhak Perlman. Ninguém se lembra
mais das pernas paralisadas ou das muletas. Um dom maravilhoso está sendo
partilhado. Ele toca com os olhos fechados e suas expressões faciais mudam
constantemente à medida que vive a música.
O concerto continua. Por quatro minutos ele é uma voz única e isolada, a
orquestra em silêncio, o som do violino elevando-se ao céu. Então, tudo acaba.
O auditório coloca-se em pé, gritando: “Bravo!” Ele olha ao redor, quase
surpreso em ver o público. Seu rosto transparece o cansaço. Pega as muletas e
esforça-se para descer da plataforma e depois do palco. O auditório, em pé, pede
repetidamente que volte.
Todo cristão possui um cântico que apenas ele pode cantar. Você possui o
seu, eu o meu. Num contexto mais amplo, cada pessoa na Terra toca uma música
que apenas ela pode tocar. Haveremos de cantar naquele dia maravilhoso e
contar a história: “Salvos pela graça!”
15 de janeiro – domingo

O ACAMPANTE CELESTIAL
A Palavra tornou-Se carne e sangue e mudou-Se para a vizinhança. Vimos
a glória com nossos próprios olhos, a glória única, como Pai, como Filho,
generoso por dentro e por fora, verdadeiro do começo ao fim. João1:14,
The Message

O texto bíblico de hoje literalmente diz: “E a Palavra tornou-Se carne e armou


Sua tenda entre nós.”
Jesus foi o acampante celestial que veio do Céu para ficar conosco por um
tempo. Ele já existia muito antes de nascer como o bebê de Maria e, após Sua
morte no Calvário, reassumiu a função que exercia desde a eternidade.
“Ninguém jamais subiu ao Céu, a não ser Aquele que veio do Céu: o Filho do
homem” (Jo 3:13). À medida que Sua morte se aproximava, Jesus disse aos Seus
amigos: “Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o
Pai” (Jo 16:28).
Ele deixou a glória celestial, onde miríades de anjos atendiam às Suas
ordens, para sofrer entre nós. Tornou-se o mais humilde dos humildes – nasceu
numa manjedoura, viajou em um barco emprestado, montou um jumento que
não era Seu, foi sepultado num sepulcro doado.
Mas sabia que seria por pouco tempo. Ele não veio para ficar; estava
apenas acampando aqui. Quanto realizou em tão pouco tempo!
“Deus ordenou a Moisés acerca de Israel: ‘E Me farão um santuário, e
habitarei no meio deles’ (Êx 25:8), e habitou no santuário, no meio de Seu povo.
Durante toda a fatigante peregrinação deles no deserto, o símbolo de Sua
presença os acompanhou. Assim Cristo estabeleceu Seu tabernáculo no meio de
nosso acampamento humano. Estendeu Sua tenda ao lado dos homens, para que
pudesse viver entre nós, e tornar-nos familiarizados com Seu caráter e vida
divinos. ‘O Verbo Se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a
glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade’ (Jo 1:14). Desde que
Cristo veio habitar entre nós, sabemos que Deus conhece nossas provações, e Se
compadece de nossas dores. Todo filho e filha de Adão pode compreender que
nosso Criador é o amigo dos pecadores. Pois em toda doutrina de graça, toda
promessa de alegria, todo ato de amor, toda atração divina apresentada na vida
do Salvador na Terra, vemos ‘Deus conosco’ (Mt 1:23)” (Ellen G. White, O
Desejado de Todas as Nações, p. 23, 24).
16 de janeiro – segunda

CELEBRIDADE
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está
sobre os Seus ombros. E Ele será chamado Maravilhoso Conselheiro,
Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Isaías 9:6

Nossa era se tornou aficionada por celebridades. Pegamos um homem e uma


mulher comuns que possuem certa habilidade (ou nem tanto) em cantar e tocar e
os posicionamos no centro das atenções. Selecionamos atletas talentosos e
passamos a considerá-los semideuses. Multidões buscam banhar-se no reflexo de
sua glória. Enfrentam horas de fila para vê-los de relance (oh, que alegria e
emoção!) ou para conseguir uma assinatura rabiscada num pedaço de papel.
Uma indústria enorme se beneficia com o fanatismo pelas celebridades: fã-
clubes, adornos, vestuário, brinquedos e inúmeros outros produtos e serviços.
Senhoras e senhores, apresento-lhes uma celebridade verdadeira, um
Homem que nunca será considerado traidor ou enganador, cujo segredo de vida
não corresponde às aclamações da mídia. Apresento-lhes Jesus de Nazaré.
Boris Pasternak em sua obra clássica, Doutor Jivago, retratou um pouco do
profundo impacto desse Homem que ofusca todas as outras “celebridades”.
“Roma era um mercado de deuses emprestados e povos conquistados, uma loja
de venda de saldos de dois andares, a terra e o céu, uma massa de imundície
torcida num nó triplo como uma obstrução intestinal. Dácios, hérulos, citas,
samaritanos, hiperboreanos, rodas pesadas sem travas, olhos afundados no
excesso de gordura, sodomia, imperadores iletrados, peixes alimentados pela
carne de escravos instruídos. Havia mais pessoas no mundo do que nunca, todas
aglomeradas nos corredores do Coliseu, e todas desgraçadas.
“Então, nessa pilha sem sentido de ouro e mármore, Ele veio, iluminado e
revestido de uma aura, enfaticamente humana, deliberadamente provincial,
galileu, e naquele momento os deuses e as nações cessaram de ser e o homem
passou a ser – o homem-carpinteiro, o homem-arador, o homem-pastor com seu
rebanho de ovelhas ao pôr do sol, o homem que não soa em nada orgulhoso, o
homem que com gratidão é celebrado em todas as canções de ninar das mães e
em todas as galerias de arte ao redor do mundo.”
Jesus, Senhor do Céu e da Terra, Criador e Salvador, eu Te aceito como
Senhor de minha vida. Caminha ao meu lado neste dia e coloca-me sob o Teu
cuidado.
17 de janeiro – terça

RESGATADA POR CAUSA DA COVINHA


Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter
compaixão do filho que gerou? Embora ela possa esquecê-lo, Eu não Me
esquecerei de você! Isaías 49:15

A mãe conhece. Mesmo depois de muitos anos, a mãe ainda conhece o filho.
Em 24 de janeiro de 2004, Luz Cuevas participou de uma festa de
aniversário na Filadélfia, Estados Unidos. Com um único olhar para a menina de
6 anos de idade e de cabelos negros, viu a covinha em seu rosto e soube.
“Quando a vi, soube que era minha filha”, afirmou Cuevas, que não é
muito fluente no inglês. “Senti vontade de abraçá-la. Queria fugir com ela.”
Luz Cuevas nunca aceitou o que todo mundo já havia aceitado: que
Delimar Vera, de apenas dez dias de vida, sua única filha, havia falecido em 15
de dezembro de 1997 durante um incêndio na casa da família. O corpo do bebê
nunca havia sido encontrado. Apesar de o incêndio ter sido controlado em dez
minutos, o quarto de Delimar fora destruído e os investigadores concluíram que
o calor e as chamas intensas haviam consumido o corpo.
Mas a mãe duvidou. Primeiro, ao entrar no quarto, viu o berço vazio.
Segundo, a janela do quarto da criança estava aberta, mesmo sendo uma tarde
fria de inverno.
Além disso, não podia se esquecer do estranho comportamento de uma
conhecida da família. Essa mulher apareceu várias vezes após o nascimento do
bebê dizendo estar grávida. Após o incêndio, no entanto, as visitas pararam de
repente.
Agora, seis anos mais tarde, Luz Cuevas olha – e sabe. “Disse para a minha
irmã: ‘Olhe; ela é a minha filha’”, relatou a um repórter.
Mas era preciso provar. Durante a festa, ela disse à menina que havia
chiclete grudado em seu cabelo e puxou cinco fios. Embrulhou-os num
guardanapo, depois numa sacola plástica e trancou-os num lugar seguro em casa.
Em seguida, entrou em contato com as autoridades.
“Por causa da televisão, sabia que era preciso fios de cabelo para fazer o
teste de DNA”, Cuevas declarou.
O teste de DNA confirmou que a menina de 6 anos de idade com a covinha
no rosto, chamada Aliyah, era de fato Delimar Vera.
Exatamente como Deus. Porque Ele nunca Se esquece. Ele conhece.
18 de janeiro – quarta

EM MEIO AO SILÊNCIO
No princípio era Aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era
Deus. Ele estava com Deus no princípio. João 1:1, 2

A base do hinduísmo e do budismo é: “No princípio eram as obras.” Uma


estrutura religiosa e filosófica inteira se originou a partir dessa premissa.
A palavra carma significa obras ou feitos. De acordo com essa crença, o
Universo é regido por uma justiça intransigente – recebemos aquilo que
merecemos. Você nasceu numa família pobre? Isso ocorreu por causa do peso
acumulado do carma, a soma das suas ações ao longo de inúmeras encarnações.
Assim, é compreensível que, sob esse sistema, o objetivo da vida espiritual seja
romper o ciclo da morte e da reencarnação e acumular uma quantidade suficiente
de boas ações para ser finalmente liberto.
De maneira totalmente contrastante, a Bíblia afirma: “No princípio era
Aquele que é a Palavra.” Antes de o mundo nascer, a Palavra estava lá. Antes de
o Universo ser criado, a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus, e a
Palavra era Deus.
A declaração de João, constituída de expressões tão simples, me deixa
maravilhado. Ela revela que desde o princípio dos princípios Deus não
permanece em silêncio. A Palavra era Deus. A Palavra é Deus. Deus quebra o
silêncio; Deus fala.
Que diferença uma palavra faz! Uma palavra dita a uma pessoa presa em
escombros após um terremoto: “Há alguém aí?” Uma palavra vinda do
consultório médico: “Os resultados dos exames estão bons. Você vai ficar bem.”
Uma palavra de uma agência de empregos: “Você foi admitido.” E
especialmente palavras como estas: “Eu te amo.” “Eu te perdoo.”
Em meio ao silêncio da eternidade, em meio à imensidão do espaço, Deus
fala. Ele diz: “Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade te atraí”
(Jr 31:3, ARA). “Não tema, pois Eu o resgatei; Eu o chamei pelo nome; você é
Meu” (Is 43:1).
Ouça! A Palavra ainda fala ao nosso coração. Em meio ao silêncio que nos
envolve quando enfrentamos momentos de tristeza, quando vemos nossos
sonhos se desvanecerem como um castelo de areia, quando clamamos a Deus e
nossas palavras parecem voltar como se tivessem batido num céu feito de bronze
e sentimos que não podemos prosseguir, Jesus fala.
Ele ainda fala. Sempre foi assim. E sempre será.
Ele é a Palavra que Se fez carne, cheio de graça e de verdade.
Não desanime, caro amigo. Confie nEle a despeito do que os seus
sentimentos lhe disserem. Creia, apenas creia. Apegue-se à Palavra.
19 de janeiro – quinta

DEUS CUIDA
Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês.
1 Pedro 5:7

No século 13, Frederick II, imperador do Sacro Império Romano, realizou uma
experiência para descobrir que espécie de linguagem as crianças desenvolveriam
se fadadas ao silêncio desde os primeiros anos de vida. Ele selecionou alguns
bebês recém-nascidos e ordenou que ninguém falasse com eles. Apesar de ter
escolhido responsáveis para amamentar e banhar os bebês, proibiu-os
estritamente de cantar ou falar com as crianças. Mas a experiência fracassou –
todos os bebês morreram!
Uma “criança selvagem” encontrada na Califórnia, Estados Unidos,
respondeu à pergunta levantada por Frederick II. Genie, apelido que recebeu dos
assistentes sociais a fim de zelar por sua privacidade, era uma menina de 13 anos
de idade que foi mantida isolada num pequeno quarto e desde a infância nunca
ouvira uma palavra sequer por parte dos pais.
O pai de Genie aparentemente odiava crianças. Desde os 20 meses de idade
até 12 anos mais tarde, ocasião em que foi descoberta, Genie viveu praticamente
em total isolamento. Nua, presa por uma armadura confeccionada pelo pai, era
obrigada a ficar sentada num vaso sanitário dia após dia. À noite, o pai a
colocava numa espécie de camisa de força e a enjaulava num berço com laterais
de malha metálica. Se fizesse qualquer barulho, era espancada. Ele nunca falou
com ela.
Genie foi descoberta em novembro de 1970, ocasião em que a mãe a levou
para a assistência social. Era uma adolescente em estado deplorável, deformada,
descontrolada, antissocial, subnutrida. Não era capaz de se manter em pé. Não
conseguia ficar ereta. Não sabia mastigar. Pesava somente 27 quilos. E não sabia
falar, apenas choramingar.
O fato de Genie ter sobrevivido é inacreditável. Ao longo dos anos de
reabilitação, ela aprendeu a se comunicar de forma confusa. Embora
aparentemente tenha nascido uma criança normal, o resultado do teste de QI foi
de apenas 38 em 1971, e de 74 em 1977. Por ter-lhe sido negada a oportunidade
de desenvolver-se, certas partes do seu cérebro nunca funcionarão como
deveriam.
Todos nós fomos criados para receber carinho. Não importa a idade, fomos
feitos para amar e ser amados. Se não tivermos alguém que se importe conosco,
a vida se torna um grande sofrimento sem fim. A boa notícia é que Jesus
colocou-nos sob o cuidado de Deus! Ele Se importa imensamente conosco. Tudo
o que sabemos sobre compaixão, bondade e amor é tão somente uma pálida
sombra do cuidado infinito de Deus. Foi isso que Jesus ensinou e viveu.
20 de janeiro – sexta

MEU NOME ESTÁ ESCRITO LÁ?


Nela jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é
vergonhoso ou enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes estão
escritos no livro da vida do Cordeiro. Apocalipse 21:27

Abri rapidamente o pacote pesado que havia acabado de chegar pelo correio.
Dele saiu um livro grande de capa prateada e pensei: “O que será isso?”
Ao folheá-lo, lembrei-me. Havia alguns meses tinha recebido um
telefonema de um representante do departamento de graduação da universidade
em que me formei. O jovem explicou que estavam no processo de completar
uma lista de todas as pessoas que se graduaram naquela universidade com
informações adicionais sobre cada um dos graduados. Ele fez questão de
detalhar várias razões que me fariam desejar um exemplar e com isso fazer com
que suas vendas aumentassem. O preço me pareceu um pouco exagerado, mas
poderia ser pago com o cartão de crédito. Então, pensei, por que não?
Ali estava. A primeira coisa que fiz foi abrir na letra “J”. Estava lá. Meu
nome estava escrito lá. Havia quatro linhas em letras pequenas.
Folheei o livro à procura de nomes de pessoas conhecidas, de amigos e de
ex-colegas de classe. O livro fora muito benfeito e continha muitas informações
sobre a universidade e sua história. Mas comecei a refletir. Paguei 70 dólares por
isso? Por quatro linhas em letras pequenas?
Você já percebeu o quanto gostamos de ver nosso nome na lista? A lista
telefônica chega e qual é a primeira coisa que fazemos? Queremos ter certeza de
que nosso nome está ali.
Também queremos ter certeza se escreveram corretamente. Algumas
pessoas possuem um nome que, assim como o meu, sempre é escrito de forma
errada. Há inúmeros Johnsons por aí, mas não muitos com “ss”. É preciso ir a
Chicago ou a Minneapolis para encontrar um bom número de nomes iguais ao
meu na lista telefônica. Algumas pessoas ficam confusas. Lembram-se de que
meu nome possui alguma coisa diferente, mas não recordam o quê. Assim,
muitas vezes escrevem Jonsson ou Johansson.
Mas de todas as listas em que gostaríamos de ver nosso nome, apenas uma
realmente importa: o livro da vida do Cordeiro. Ter o nome escrito nesse livro
vale tudo o que possuímos, mas custou mais do que jamais poderemos pagar.
Custou o Céu inteiro.
E nosso nome será escrito corretamente.
21 de janeiro – sábado

POR QUE CREIO


O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos
olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam – isto
proclamamos a respeito da Palavra da vida. 1 João 1:1

Em 1927, o famoso filósofo ateu Bertrand Russell escreveu um livro intitulado


Por que Não Sou Cristão. Na ocasião, esse livro era apenas o mais recente de
uma longa série de ataques a Jesus Cristo e Seus seguidores. O empenho em
trazer descrédito ao cristianismo começou logo no primeiro século.
Ao longo dos anos, vários pensadores cristãos tentaram contra-argumentar
esses ataques. Desenvolveram estudos baseados no design da natureza, na causa
e efeito (para todo efeito há uma causa suficiente para produzi-lo), na relevância
dos valores morais em todas as sociedades e assim por diante.
Esses estudos têm seu lugar; não os desconsidero. Para mim, no entanto, a
maior razão para a fé se encontra numa esfera muito diferente, pois todo
argumento filosófico que o cristão apresenta, o ateu contesta com outro
argumento. No fim, os dois se sentem satisfeitos com a posição defendida, mas
nenhum deles conseguiu “provar” seu caso, seja contra ou a favor.
Na verdade, Deus é grande demais para que possa ser “provado” por
argumentos humanos. Aquele que é o autor da razão está além da razão. Aquele
que criou o Universo é infinitamente maior do que o Universo.
É por isso que, para mim, a base da fé é muito diferente do jogo de
palavras filosóficas. Mais do que qualquer outra razão, creio por causa do
Homem da Galileia, Jesus Cristo. Em vez de palavras, Ele é a Palavra que Se fez
carne.
Em Atos 14 lemos a respeito da visita de Paulo e Barnabé a Listra, Ásia
Menor, durante sua primeira viagem missionária. Naquela cidade, eles
encontraram um homem paralítico, aleijado desde o nascimento, que nunca tinha
andado. O homem ouviu atentamente Paulo, que se sentiu impressionado a
ordenar: “Levante-se! Fique em pé!” (v. 10). O homem deu um salto e começou
a andar.
Assim que a multidão viu o que tinha acontecido, gritou: “Os deuses
desceram até nós em forma humana” (v. 11), e chamaram Paulo de Hermes e
Barnabé de Zeus.
O único Deus, o verdadeiro Deus, veio a nós em forma humana. Se
forçarmos a mente e tentarmos imaginar Deus em forma humana, poderemos
pensar apenas em uma única Pessoa – Jesus. Ele é a essência de nossa esperança,
a personificação de nossos desejos.
Jesus. Ele é a razão por que creio.
22 de janeiro – domingo

RESSURREIÇÃO A CADA 17 ANOS


Disse-lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em Mim,
ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em Mim, não morrerá
eternamente. Você crê nisso? João 11:25, 26

A região leste dos Estados Unidos testemunha uma invasão incrível a cada 17
anos. Bilhões de insetos negro-azulados, de olhos vermelhos e asas marrom-
amareladas emergem do chão e tomam conta das calçadas, árvores, varandas e
ruas. Enchem o ar com um zunido mais alto do que o barulho de qualquer
máquina de cortar grama.
Eles apareceram em 2004, em 1987, em 1970. Aliás, em 1715, o pastor
Andreas Sandel escreveu a respeito desses insetos na Filadélfia: “Neste mês
[maio] alguns insetos singulares saíram da terra; os ingleses os chamam de
gafanhotos.” Mas gafanhotos é que não são. Eles são, isto sim, cigarras. Há
aproximadamente 3.000 espécies de cigarras ao redor do globo e a maioria leva
vida normal, mas essas são “cigarras periódicas”. Elas passam 17 anos debaixo
da superfície e, no fim desse período, emergem para uma vida adulta desvairada
e barulhenta. Essa espécie de cigarra cava o solo de 45 a 70 centímetros e se
alimenta da seiva extraída das raízes das árvores.
Durante os meses que antecedem seu surgimento, as ninfas maduras cavam
túneis em direção à superfície. Nesse período, às vezes se forma um pequeno
monte de terra, chamado de cabana da cigarra. Essas cabanas, ou buracos de
aproximadamente um centímetro de largura ao pé das árvores, se tornam visíveis
no mês de abril.
Assim que o solo atinge a temperatura de 18 ºC, as ninfas emergem em
massa e tomam conta da vegetação mais próxima. Livram-se da casca de ninfa
e... surpresa! Surge uma criatura brilhante de asas cor creme. Após algumas
horas, o corpo escurece e se torna negro-azulado. Em quatro ou cinco dias de
maturidade, os machos começam a tocar o timbale interno na tentativa de atrair a
atenção das fêmeas. Eles acasalam. As fêmeas abrem cortes em galhos de
árvores finos e colocam os ovos. Em agosto, jovens ninfas de cigarra eclodem,
cada uma menor do que um grão de arroz. Elas caem ao chão e cavam o solo.
Aprenda a lição da cigarra periódica. Se o Criador cuida dessas pequenas
criaturas que ficam enterradas por 17 anos e emergem apenas para viver seu
último mês de vida, será que Ele não trará à vida Seus queridos filhos que
dormem no pó da terra? Quer seja daqui a 17, 170 ou 1.700 anos, Jesus, que é a
ressurreição e a vida, acordará Seu povo para a vida eterna.
23 de janeiro – segunda

QUANDO A GRAÇA SE MANIFESTOU


Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Tito
2:11

O apóstolo Paulo, em sua carta para o jovem pastor Tito, escreveu a respeito da
“manifestação” da graça na Terra, evento que colocou um marco na história
humana. As palavras de Paulo se assemelham às de João na famosa introdução
ao seu evangelho: “Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” (Jo 1:17). Assim, ao lermos que
“a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”, podemos
substituir a palavra “graça” por “Jesus” e permanecer fiéis ao que Paulo quis
dizer. Pois Jesus, como João mesmo afirmou, era “cheio de graça” (Jo 1:14).
Será que isso significa que o Antigo Testamento é destituído de graça? De
forma alguma. A graça se manifesta como um fio dourado desde Gênesis até
Malaquias, apesar de a palavra em si não aparecer.
Embora o Antigo Testamento esteja repleto de palavras que expressam a
justiça de Deus e a Sua misericórdia, a palavra mais bonita que aparece é chesed,
que denota a compaixão e a misericórdia de Jeová. Chesed é geralmente
traduzida como “bondade” na versão Almeida Revista e Atualizada, ou como
“amor” na Nova Versão Internacional. Alguns exemplos são: “Mostra as
maravilhas da Tua bondade, ó Salvador dos que à Tua destra buscam refúgio dos
que se levantam contra eles” (Sl 17:7, ARA) e “Não me negues a Tua
misericórdia, Senhor; que o Teu amor e a Tua verdade sempre me protejam” (Sl
40:11).
Essa palavra maravilhosa está especialmente relacionada à ideia de aliança,
conceito dominante no Antigo Testamento. Jeová guarda a Sua aliança. Isso
significa que as Suas promessas são absolutamente verdadeiras. Ele é fiel.
Podemos confiar em Sua chesed – Sua bondade ou Seu amor – porque é tão
confiável quanto o próprio Deus.
Oh, que revelação preciosa antes da chegada de Jesus! E, quando Ele veio,
a graça “manifestou-se”. Edificou sobre tudo o que já havia acontecido antes,
resumiu e encheu a taça até transbordar. Assim é Jesus, a Palavra que Se fez
carne. Não mais por meio de palavras, mas por meio de Sua vida e de Sua morte!
“Vimos a Sua glória”, escreveu João, esforçando-se para encontrar palavras
para expressar Aquele “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14).
Vejo a Sua glória ainda hoje?
24 de janeiro – terça

PELO VALE DO KWAI


A Lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde
aumentou o pecado, transbordou a graça. Romanos 5:20

Há muitos anos, um filme famoso narrou a história de um excêntrico coronel


britânico que comandou as suas tropas, todos prisioneiros dos japoneses, na
construção de uma ponte ferroviária na Tailândia. O filme recebeu o título de A
Ponte do Rio Kwai.
Tanto o filme quanto o livro que o inspirou foram baseados em fatos reais,
mas se desviaram um pouco da realidade. O que de fato aconteceu em Chungkai,
o campo de concentração localizado na fronteira da Tailândia, é mais
emocionante e mais maravilhoso do que qualquer coisa retratada no filme.
Ernest Gordon, oficial escocês que esteve lá e sobreviveu contrariando todas as
expectativas, escreveu o verdadeiro relato dessa história em Through the Valley
of the Kwai [Pelo Vale do Kwai].
Com a queda de Cingapura na Segunda Guerra Mundial, o exército japonês
assumia o controle do sudeste da Ásia com muita rapidez. Estavam tomando
conta da Nova Guiné e prestes a controlar a Austrália. Um prêmio ainda maior
chamava a atenção na Índia, mas a marinha britânica patrulhava os mares. Uma
estrada de ferro ligava o norte de Cingapura à fronteira tailandesa. Outra ligava a
Birmânia à Índia. Se pudessem ligar Chungkai à Birmânia, seriam capazes de
atacar a Índia por terra.
Os prisioneiros de guerra foram forçados a trabalhar a fim de traçar uma
rota pela selva asiática. Descalços e vestindo apenas tangas, os prisioneiros
trabalhavam das cinco e meia da manhã até tarde da noite num calor de 48 ºC.
Os guardas gritavam a todo instante: “Mais rápido! Mais rápido!” Com os pés
cortados e machucados, insetos subindo-lhes pelo corpo suado, os prisioneiros
trabalhavam arduamente para concluir a tarefa. A porção de comida era
insuficiente. Os homens caíam ao chão e morriam como se fossem mosquitos
devido à sede, exaustão, doenças e fome.
A estrada de ferro levou um ano para ser terminada. Seus 402 quilômetros
de extensão ceifaram mais de 100.000 vidas. À medida que os prisioneiros
adoeciam, eram enviados de volta para Chungkai. O campo de concentração, que
passou a abrigar aproximadamente 8.000 homens famintos e doentes, se tornou
um inferno na Terra, local em que o egoísmo, o ódio e o medo imperavam.
Se alguma vez o pecado aumentou, ele aumentou em Chungkai. Mas a
graça de Deus começou a penetrar aquele buraco do inferno devagar e de forma
imperceptível, até que, onde aumentou o pecado, passou a transbordar a graça.
25 de janeiro – quarta

DEUS ESTAVA LÁ NO INFERNO


Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura
também lá estás. Salmo 139:8

Ernest Gordon, que narrou a história do milagre às margens do rio Kwai, fez
sua cama no inferno. Já sofrendo de disenteria, malária, infecção sanguínea e
beribéri, contraiu também difteria, o que significava que não podia mais
trabalhar na estrada de ferro. Gordon foi enviado para a Casa da Morte, apelido
que o terrível hospital do campo de concentração recebeu. Localizado num
oceano de lama no ponto mais baixo do campo, o “hospital” estava repleto de
centenas de homens à beira da morte, cobertos da cabeça aos pés de moscas,
percevejos e piolhos. Parecia mais um cemitério fétido de seres humanos
desesperados em estado de putrefação.
Alguns amigos o procuraram, o encontraram entre os corpos em
deterioração e o carregaram numa maca para uma pequena cabana que haviam
construído. Banharam-no, limparam as feridas de suas pernas e fizeram-lhe
curativos. Prepararam comida para ele e lhe aplicaram massagens. Pouco a
pouco, a sensibilidade dos membros de Gordon começou a voltar. Contrariando
todas as expectativas, ele sobreviveu.
Essa demonstração de compaixão fez parte de um fenômeno muito mais
amplo que ocorreu no campo de concentração. O que estava acontecendo em
Chungkai? Algumas histórias começaram a circular sobre soldados tementes a
Jesus Cristo que haviam sacrificado a vida em atos de abnegação, heroísmo, fé e
amor. Ouviu-se, por exemplo, a respeito de um homem grande e forte que de
repente desmaiou e morreu de fome porque havia dado suas porções de comida
para um amigo doente, que se recuperou. Outro soldado assumiu a culpa do
sumiço de uma pá e foi espancado até a morte. (Naquela noite, ao serem
contadas as ferramentas, não faltava nenhuma.) E muitos outros relatos assim.
Essas demonstrações da graça contagiaram o campo. Os prisioneiros
trocaram a lei da selva pela lei de Cristo. Começaram a ajudar uns aos outros.
Começaram a confeccionar braços e pernas artificiais, a preparar remédios com
as plantas medicinais da selva. Passaram a realizar funerais em vez de queimar
os mortos empilhados uns sobre os outros. Construíram uma capela, faziam
cultos e realizavam batismos. Deram início a uma universidade na selva e
frequentavam às aulas. Formaram uma orquestra. Voltaram a sorrir, a dar risada
e a cantar.
Ernest Gordon se tornou cristão. Ao fim da guerra, estudou teologia e, mais
tarde, se tornou o capelão da Universidade de Princeton. Grande é o poder do
pecado, mas a graça é ainda mais poderosa.
26 de janeiro – quinta

A OBEDIÊNCIA DA GRAÇA
“Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles
dias”, declara o Senhor: “Porei a Minha lei no íntimo deles e a escreverei
nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o Meu povo.” Jeremias
31:33

Certa vez comecei a escrever um livro sobre a graça (que mais tarde foi
publicado sob o título Glimpses of Grace [Vislumbres da Graça]). Ao comentar a
respeito de meu projeto com um colega, ele respondeu:
– Bill, não precisamos de outro livro sobre a graça. Você deveria escrever
um livro sobre a obediência!
Sim, a obediência é importante. Ao longo das páginas da Bíblia, Deus nos
conclama a obedecer. Mas que tipo de obediência Ele requer? Essa é a questão.
A única obediência que conta é a obediência da graça. Ao sermos
conquistados por Deus através de Seu amor, ao vislumbrarmos a glória da
Palavra que Se fez carne, que armou a Sua tenda entre nós a fim de revelar o
caráter de Deus e que voluntariamente Se dispôs a ir ao Calvário em nosso lugar,
ao cairmos aos Seus pés e como Tomé exclamarmos: “Senhor meu e Deus meu
(Jo 20:28), passamos a desejar servi-Lo e obedecer-Lhe.
A obediência da graça significa que Deus escreve Sua lei em nosso coração
e em nossa mente. Não trabalhamos mais como funcionários assalariados em
busca de recompensa, mas vivemos como filhos e filhas da família divina. Ao
lançarmos nossas ansiedades e preocupações sobre Jesus, tomaremos Seu jugo e
perceberemos que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve (Mt 11:30).
Um poema antigo atribuído a São João da Cruz expressa a essência da
obediência da graça, do coração que se apaixonou por Jesus e deseja nada mais
do que Ele.
Não me move, Senhor, para Te amar
O Céu que me prometeste.
Nem me move o inferno tão temido
Para deixar por isso de Te ofender...
Move-me enfim o Teu amor,
E de tal maneira
Que ainda que não houvesse Céu eu Te amaria;
E ainda que não houvesse inferno Te temeria.
27 de janeiro – sexta

ABENÇOADA INIMIZADE
Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o
descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.
Gênesis 3:15

A jornada da vida está repleta de surpresas. Um jovem, com o mundo aos seus
pés, joga tudo fora e destrói a vida. Após 20 anos de amor e companheirismo ao
buscar construir um lar e estabelecer uma família, um cônjuge abandona tudo e
foge com outra pessoa.
Mas há também o outro lado. Existem crianças que aparentemente têm
tudo contra si, crianças que nasceram em lares destruídos e defeituosos, crianças
cujos pais são alcoólatras, crianças sem alguém próximo que tenha ao menos
completado o ensino médio, crianças condenadas à morte prematura por causa
das drogas, do conflito entre gangues ou do abuso, mas que de alguma forma
sobrevivem, quebram o ciclo, prosseguem quem sabe nos estudos e contribuem
para o bem da sociedade, que fica impressionada ao saber de suas origens.
Não estamos sozinhos na batalha desta vida. Se estivéssemos sozinhos,
todos nós, a despeito das condições em que fomos criados, seríamos marionetes
do diabo. Seríamos movidos para lá e para cá, presos aos cordéis em suas mãos.
A queda no Jardim do Éden inclinou de forma irresistível a nossa natureza ao
pecado. É muito mais fácil mentir do que falar a verdade, odiar do que amar,
trair do que ser fiel.
Mas não estamos sozinhos. Deus não nos deixou no poço que nós mesmos
cavamos. Ele pôs inimizade entre a serpente e nós. Não temos que obedecer à
ordem de Satanás. Podemos buscar a Deus.
O que é essa inimizade, essa oposição contra o mal, que corre contra a
nossa natureza? É a graça.
“É a graça que Cristo implanta na alma que cria no homem a inimizade
contra Satanás. Sem esta graça que converte, e este poder renovador, o homem
continuaria cativo de Satanás, como servo sempre pronto a executar-lhe as
ordens. Mas o novo princípio na alma cria o conflito onde até então houvera paz.
O poder que Cristo comunica habilita o homem a resistir ao tirano e usurpador.
Quem quer que se ache a aborrecer o pecado em lugar de o amar, que resista a
essas paixões que têm dominado interiormente e as vença, evidencia a operação
de um princípio inteiramente de cima” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p.
506).
Obrigado, querido Deus, por essa abençoada inimizade!
28 de janeiro – sábado

MILAGRE NA AUTOESTRADA
Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu
o homem, passou pelo outro lado. Lucas 10:31

Não acredito no acaso. Nem acredito em sorte. Acredito na graça. Graça


significa que coisas boas acontecem mesmo num mundo cheio de maldade.
Graça significa que Deus está trabalhando para fazer com que coisas boas
aconteçam. Para o observador desavisado, parece obra do acaso ou da sorte; mas
a pessoa que conhece Jesus, cheio de graça, sabe que é obra da graça.
Ed Theisen, 46 anos, estava estirado na estrada Gulf, próximo a Houston,
Texas, Estados Unidos. Ele dirigia quando outro motorista bateu na traseira de
seu carro. Theisen saiu do carro para trocar informações sobre o seguro com o
motorista. De repente, sentiu-se fraco. Agarrou-se à barreira de proteção e caiu,
sumindo de vista.
O motorista do guincho que rebocou o carro de Theisen não o viu. O
policial que registrou o acidente não o viu. Concluíram que ele tinha
simplesmente saído de cena.
Mas Ed Theisen ainda estava lá, no chão, paralisado devido à fratura no
pescoço e um ferimento grave na medula espinhal. Ficou caído de lado,
encarando o muro de concreto.
Theisen passou a noite inteira sozinho estirado no chão. O tempo foi
transcorrendo até somar 36 horas. Ninguém viu, ninguém ouviu.
Foi então que, “por acaso”, alguém que pegava carona na caçamba de uma
caminhonete o viu e chamou a polícia. O oficial cutucou Ed Theisen com o
cassetete pensando que ele estava morto. Mas ele estava vivo, coberto pela
poluição de Houston.
A esposa, Débora, os parentes e os amigos distribuíam panfletos pelo bairro
quando receberam a notícia. Débora ligou para o hospital, que lhe informou:
– Ele está aqui. Está vivo e mandou dizer que a ama.
Graça, não acaso. Graça significa que pessoas condenadas à morte
sobrevivem. Graça significa que um bom samaritano cruzará o nosso caminho.
Graça significa que coisas boas acontecem em meio à poluição. Ainda que seja
numa autoestrada de Houston.
29 de janeiro – domingo

O NASCIMENTO QUE MUDOU O MUNDO


Mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas-
novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de
Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo o Senhor.” Lucas 2:10, 11

A partir de qual grande evento se calcula o período de toda a história? Há


muitos anos, W. H. Fitchett registrou a clássica resposta: “O nascimento de um
judeu, que era um camponês numa província obscura numa época distante; que
não escreveu nenhum livro, não fez nenhuma descoberta, não inventou nenhuma
filosofia, nem construiu nenhum templo; um camponês que morreu quando, pelo
modo que homens enumeram vidas, Ele havia mal alcançado sua idade
produtiva, e morreu a morte de um criminoso. [...] O tempo civilizado, no
entanto, é marcado pelo nascimento deste judeu! Os séculos carregam Sua
assinatura, e os anos modernos são marcados por consentimento universal como
o ‘Ano do Senhor’. [...]
“A cada manhã todos os jornais do mundo civilizado [...] reajustam a data
de acordo com o Seu nascimento. Cada ano que chega é batizado com o Seu
nome. Os calendários e as atas do Parlamento, os negócios, a política e a
literatura – a própria data que escrevemos no cheque e nas cartas – tudo é
ajustado inconscientemente à cronologia da vida de Cristo. Deixar uma
assinatura humana no tempo, colocar um nome humano à frente dos séculos
apressados, é uma grande façanha. César não conseguiu, nem Shakespeare ou
Newton. A genialidade é inútil para realizar tal tarefa; a espada é inútil; a riqueza
é inútil. Mas esse judeu conseguiu. [...]
“A espada de nenhum imperador jamais cortou o tempo de forma tão
profunda que o deixasse marcado para sempre. [...] Apenas um nome sobrevive;
apenas uma imagem é visível através do amplo espaço do tempo.
“O Filho encarnado de Deus, o Verbo que Se fez carne e que entrou na
história deste mundo a fim de remodelá-la – é justo que a Ele todos os anos
prestem a homenagem inconsciente de carregar o Seu nome. O calendário cristão
representa o selo da realeza de Cristo no próprio tempo. Crer que um impostor
remoto, numa província esquecida de um império arruinado, colocasse a Sua
assinatura de forma tão profunda no tempo a ponto de influenciar todos os
séculos a carregar Seu nome é o mesmo que crer que uma criança, com sua caixa
de lápis de cor, pudesse mudar a coloração de todos os oceanos!” (The
Unrealized Logic of Religion, p. 16-26).
Jesus, entra em minha vida e me transforma hoje.
30 de janeiro – segunda

ALÉM DAS PALAVRAS


Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram
por intermédio de Jesus Cristo. João 1:17

Sou autor e editor; portanto, as palavras me fascinam. As palavras mudam de


significado de uma cultura para outra ou dentro da mesma cultura.
Analise, por exemplo, a palavra wrinkly [“enrugado”, “franzido”]. Em
minha infância na Austrália, essa palavra era um adjetivo que se referia às
dobras formadas na pele devido à preocupação, idade ou fadiga. Hoje em dia,
entretanto, os australianos a utilizam como um substantivo para designar uma
pessoa dotada cronologicamente. Ou seja, para eles, wrinkly é alguém idoso.
Isso me leva a refletir sobre os primeiros cristãos e o desafio que
enfrentaram ao tentar escrever a respeito de Alguém que está além das palavras.
Apesar de em muitos aspectos Jesus de Nazaré ter sido igual a qualquer outro ser
humano, em outros foi totalmente diferente. Na beleza e pureza de Sua vida, em
Sua compaixão e misericórdia, na perfeição de Seu caráter, Jesus foi sui generis
– único, singular.
Como falar ou escrever sobre um Homem que excede a habilidade da
linguagem para expressá-Lo? Inventando novas palavras, um novo vocabulário?
Não seria uma má ideia, mas não ajudaria em nada. Ninguém entenderia coisa
alguma do que fosse escrito. A outra maneira (que na verdade é a única maneira)
é pegar palavras que já existem e dar-lhes um novo significado.
Foi exatamente isso o que os primeiros cristãos fizeram. Eles encontraram,
por exemplo, uma palavra grega muito, muito antiga, charis, e atribuíram-lhe um
novo significado. Essa palavra, que originou palavras como “carisma” ou
“carismático”, inicialmente era empregada no sentido de “favor”. Era usada
especialmente de duas maneiras: a primeira, para descrever alguém fisicamente
favorecido; a segunda, para expressar apreciação.
O Novo Testamento contém vários exemplos de tais usos, como no texto
em que lemos que Jesus crescia no favor de Deus e dos homens (Lc 2:52), ou
quando Paulo exclamou: “Agradeçamos a Deus” (1Co 15:57, NTLH). Em
ambos os casos a palavra é charis.
Entretanto, a palavra charis foi utilizada de forma predominante no Novo
Testamento com um sentido novo: “graça”. Não mais apenas favor, mas o favor
de Deus, demonstrado a nós através de Seu Filho amado. Favor sem mérito
algum, favor totalmente imerecido. Jesus, cheio de graça (charis) e de verdade,
ultrapassa as fronteiras da linguagem. Ele é maravilhoso, além das palavras.
31 de janeiro – terça

ENCONTRO EM XANGAI
Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum
deles é esquecido por Deus. Lucas 12:6

De todas as experiências interessantes que tive ao visitar a China, nenhuma foi


mais fascinante do que o encontro num centro comercial em Xangai.
– Bom-dia, senhor!
Olhei ao redor me perguntando de onde aquele inglês perfeito estava vindo.
Fazia uma hora que eu estava perambulando por lojas grandes e pequenas e até
mesmo numa loja de departamento enfrentei problemas de comunicação com os
atendentes. Surpreso, percebi que aquela voz pertencia a uma criança, uma
princesinha vestida de vermelho tão pequenina que sua cabeça mal alcançava a
altura da minha cintura.
– O senhor poderia me dar um momento de sua atenção? – continuou. –
Sou estudante de artes plásticas. Estamos realizando uma exposição de nossos
trabalhos. O senhor gostaria de vê-los?
Estudante de artes plásticas? Para mim, parecia que ela estava cursando a
quarta série.
– Posso perguntar a sua idade? – eu disse. – Você aparenta ter apenas 10
anos.
– Oh, não; tenho 16 – ela respondeu com um sorriso.
– Tudo bem – respondi.
Juntos atravessamos o centro comercial. Ela me conduziu a uma rua
estreita e em seguida subimos um lance de escadas. Ali, num amplo salão,
observei as pinturas em exposição. Outra jovem, obviamente mais velha do que
a princesinha, estava lá. Havia também um homem sentado à mesa. Saudaram-
me com extrema cordialidade.
Andei pelo salão. As obras variavam em qualidade; algumas eram muito
boas. Uma série de quatro quadros verticais retratando as estações do ano atraiu
minha atenção. Fiquei pensando como poderia levar aquilo para casa. Minhas
malas já estavam abarrotadas.
Enquanto isso, eles falavam a respeito da escola de artes. Funcionava no
campo, me informaram. Todos aprendiam inglês como também artes. A
exposição estava aberta ao público e todas as vendas beneficiariam a escola.
Foi um encontro sem igual. Desejava ficar, mas o tempo acabou.
Infelizmente, tive que partir.
Há mais de 1,3 bilhão de pessoas na China. Deus conhece cada uma delas
por nome: a princesinha, a amiga dela, o homem à mesa. Cada uma delas é
preciosa, preciosa o bastante para Jesus entregar a Sua vida por elas.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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5 6 7 8 9 10 11

12 13 14 15 16 17 18

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26 27 28 29
1º de fevereiro – quarta

A LEGIÃO DE PERDEDORES
Disse o paralítico: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no
tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro
chega antes de mim.” João 5:7

Afligido física e espiritualmente, era alguém digno de dó. Cego, coxo,


paralisado... Em meio à multidão de deficientes físicos, seu caso era o mais
desesperador. A doença havia paralisado seu corpo e por 38 anos sufocado a
esperança. Ficava deitado, dia após dia, à espera de um milagre.
A história relatada no quinto capítulo do Evangelho de João é uma das mais
estranhas da Bíblia. Especialmente o verso 4, que diz: “De vez em quando descia
um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque, depois
de agitadas as águas, era curado de qualquer doença que tivesse.”
Algo não soa real aqui. Será que essa é a maneira que Deus opera,
garantindo a cura para uma pessoa que, abrindo caminho às cotoveladas, entra
no tanque primeiro? Esse conceito é totalmente contrário à graça.
Na verdade, os manuscritos mais antigos não contêm esse verso. Essa é a
razão de ele não ser encontrado nas versões mais modernas da Bíblia. Ellen
White, ao comentar sobre essa passagem, observou que “acreditava-se
comumente” que um anjo descia e movia as águas (O Desejado de Todas as
Nações, p. 201). Que as águas se moviam de tempos em tempos não há dúvida,
mas esse fenômeno provavelmente ocorria devido a uma nascente subterrânea.
Quando Jesus viu o inválido deitado ao lado do tanque, perguntou:
– Você quer ser curado?
Em vez de responder “sim”, aquele perdedor de primeira categoria
conseguiu apenas responder:
– Não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque. Outra pessoa
sempre entra primeiro que eu.
Ele não pediu para ser curado. Não tinha fé. Nem mesmo sabia o nome de
Jesus.
Mas Jesus o curou assim mesmo.
– Levante-se! Pegue a sua cama e ande.
Imediatamente aquele homem foi curado. Pegou sua cama e andou.
Jesus ama os perdedores. Graça significa que mesmo os casos mais
perdidos – pessoas tão devastadas que não conseguem nem mesmo pedir ajuda –
encontram vida nova.
O Céu estará repleto de uma legião de perdedores. Como você e eu.
2 de fevereiro – quinta

O ATLETA GENTIL
Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha
o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. 1 Coríntios 9:24

Olhando para trás sob a perspectiva da cultura moderna em que os atletas são
altamente remunerados e cercados de técnicos, treinadores e agentes
publicitários, a história a seguir parece quase irreal.
Na manhã de 6 de maio de 1954, o médico estagiário Roger Bannister deu
plantão no Hospital St. Mary em Londres, Inglaterra. Em seguida, entrou a bordo
do trem que dali a uma hora o deixaria em Oxford. Era uma tarde de quinta-feira
e cerca de 1.000 pessoas se reuniram para realizar uma competição de corrida
não divulgada ao público. Apenas uma câmera de televisão estava presente e
alguns poucos repórteres que haviam sido informados com antecedência.
Roger Bannister era estudante de medicina. Mas nas horas de folga
também treinava, sem alarde, corrida de distâncias médias. Corria no horário do
almoço, à noite e nos fins de semana. Não tinha técnico, treinador e muito menos
nutricionista. Corria em pistas de atletismo de má qualidade, em parques, em
qualquer lugar disponível.
Em 1952, Bannister foi selecionado para representar seu país nas
Olimpíadas de Helsinki, Finlândia. Mas saiu tudo errado. Em vez de conquistar a
medalha de ouro na corrida de 1.500 metros, ele chegou em quarto lugar. Além
de fracassar, desapontou Oxford, famosa por seus atletas, e a Inglaterra.
O tempo se esgotava para Bannister. Ele estava com 25 anos, e a carreira
médica consumia cada vez mais seu tempo. Em vez de aguardar outra chance
nos jogos de 1956, Bannister estabeleceu um alvo ainda mais ousado. No
atletismo havia uma barreira aparentemente intransponível. Ninguém havia
conseguido correr 1.500 metros em menos de quatro minutos.
Naquela tarde em Oxford, num dia de chuva e vento, Roger Bannister
conseguiu. No fim de um percurso difícil, cruzou a linha de chegada aos 3
minutos e 59.4 segundos, caindo nos braços dos amigos. Após o evento, não
houve um contrato multimilionário com alguma famosa marca esportiva. Em vez
disso, Bannister prosseguiu os estudos e se tornou um notável neurologista.
Todos nós corremos a corrida da vida. Na Terra, a competição impera. Mas
na corrida cristã, a corrida que se tornou possível pela graça, ajudamos um ao
outro até a linha de chegada. Nessa corrida, todo aquele que completar o
percurso ganhará o prêmio da vida eterna.
3 de fevereiro – sexta

DOMINANDO A ARTE DE VIVER


Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do
Senhor Jesus, dando por meio dEle graças a Deus Pai. Colossenses 3:17

Um dos maiores erros que muitos cristãos cometem é dividir o tempo entre
“sagrado” e “secular”. Pensam que durante o tempo sagrado Deus está próximo
e o comportamento deles deve refletir a Sua presença. Durante o período secular,
no entanto, de alguma forma, Deus é removido, e as ações deles assumem uma
característica diferente.
Paulo, porém, disse que tudo o que fizermos – a qualquer hora, em
qualquer lugar – deve ser feito em nome do Senhor Jesus Cristo, em atitude de
gratidão. Ou seja, deve ser feito por meio de ações de graça.
O culto não é um compromisso que ocorre uma vez por semana. Ao
dominarmos a arte de viver através do Espírito e em graça, nossa vida se torna
um culto. Nosso trabalho se torna um culto. Se Jesus viesse à Terra novamente e
quiséssemos levá-Lo à igreja, creio que Ele diria: “Não; leve-Me para o local em
que você trabalha.”
Um amigo partilhou comigo a seguinte citação que, apesar de não
mencionar o nome de Deus, expressa a sabedoria que eu tanto busco:
Um mestre na arte de viver
Faz pouca distinção
Entre o trabalho e o lazer,
Entre a mente e o corpo,
Entre a educação e a recreação,
Entre o amor e a religião.

Dificilmente sabe distinguir uma coisa da outra.


Almeja, simplesmente, a excelência em tudo que faz,
Deixando para aos demais
A tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo.
Ele acredita que está sempre
Fazendo as duas coisas ao mesmo tempo.
Isso se tornará muito mais real se Deus estiver no centro de nossa vida!
Quando vivemos na graça, a vida inteira é transformada, seja no trabalho ou no
lazer.
4 de fevereiro – sábado

SURPRESA NA RUA SEM SAÍDA


Porque para Deus somos o aroma de Cristo entre os que estão sendo
salvos e os que estão perecendo. 2 Coríntios 2:15

Por muito tempo, Noelene e eu não fomos bons vizinhos, e isso nos
incomodava. Na ocasião em que nos mudamos para Silver Spring, Maryland,
compramos a segunda de uma série de sete casas localizadas numa rua sem
saída. Nenhum de nossos vizinhos era adventista. Mergulhamos no trabalho na
sede da igreja mundial. Nós dois viajávamos; nosso lar se tornou um refúgio.
Nossos vizinhos mal nos viam e, quando nos encontrávamos, simplesmente
acenávamos ou nos cumprimentávamos com um breve “oi”. Não parecia certo.
Pregávamos ao mundo sobre Jesus, mas não tínhamos tempo para as pessoas que
moravam ao lado.
A vizinhança em geral estava mudando; as propriedades começaram a
desvalorizar. Começamos a pensar que talvez fosse o momento de deixar aquele
lugar e mudar para mais longe. Mas foi como se o Senhor nos dissesse: “Fiquem
onde estão e procurem fazer amizade com os vizinhos. Tenho uma surpresa para
vocês.” Assim, ficamos. E o Senhor começou a abrir nossos olhos.
O primeiro vizinho que se tornou nosso amigo foi Jimmy, que morava do
outro lado da rua. Ele veio admirar os narcisos que floresceram cedo e aos
montes em frente à nossa casa, que era voltada para o lado sul. Conversamos a
respeito de jardinagem. Ele nos mostrou o quintal maravilhoso que tinha em sua
casa e revelou o segredo – esterco.
Observamos a saúde de Jimmy decair. Foi obrigado a tirar folga e mais
tarde a parar de trabalhar por completo. Ficou magro e abatido. A última vez que
o vimos com vida foi em cima de uma cama. Sua estrutura grande e robusta
minguou devido às terríveis consequências da Aids.
Enquanto isso, na porta ao lado, na terceira casa, o tempo estava prestes a
cobrar seu preço. Certo dia, eu estava aparando a grama quando vi meu vizinho
cair de repente. Corri para ajudá-lo a se levantar. Exames clínicos revelaram que
estava muito doente: havia contraído a doença de Lou Gehrig. No fim daquele
ano estava numa cadeira de rodas. Um pouco antes do Natal, fomos à casa dele
cantar algumas canções natalinas. Seu rosto estava paralisado. Incapaz de sorrir,
apenas os olhos brilharam. Em duas semanas ele deixou de existir.
Havia mais quatro casas. Fizemos amizade com os moradores de duas
delas; os outros dois pareciam inacessíveis. Mas Deus, que já nos tinha
surpreendido, ainda não tinha terminado a Sua obra naquela rua sem saída.
5 de fevereiro – domingo

AME O PRÓXIMO
Se vocês de fato obedecerem à lei do Reino encontrada na Escritura que
diz: “Ame o seu próximo como a si mesmo”, estarão agindo corretamente.
Tiago 2:8

Até começar a escrever este devocional, eu não tinha percebido o quanto a


Bíblia tem a dizer sobre nosso relacionamento com o próximo. Tanto no Antigo
quanto no Novo Testamento, o conceito de “próximo” aparece mais de 150
vezes.
Noelene e eu tínhamos um problema. Ali estávamos nós, na segunda casa
de uma rua sem saída, e dois vizinhos pareciam absolutamente inacessíveis.
Bruce e Shirley moravam ao lado, na primeira casa. Parecia que não
tínhamos nada em comum com aquele casal. Toda vez que os víamos, de dia ou
à noite, seguravam um cigarro entre os dedos.
Aos poucos começamos a puxar conversa por cima da cerca. Então,
tivemos uma ideia. No dia em que recebemos a visita de nosso filho, sua esposa
e o bebê recém-nascido, decidimos convidar os vizinhos, juntamente com os
amigos, para uma confraternização. Bruce e Shirley vieram. Foi a primeira vez
que os vimos sem um cigarro na mão.
Em outra ocasião, fizemos questão de convidá-los para uma refeição
descontraída ao ar livre em nosso jardim. Após uma investigação meticulosa a
respeito de nossa dieta alimentar, retribuíram o convite.
Tornamo-nos bons amigos. No dia em que se aposentaram e mudaram de
endereço, insistiram para que fizéssemos uma visita e lanchássemos juntos. Não
perdemos a oportunidade. Com grande orgulho mostraram-nos seu novo lar, que
estava sendo mantido longe da fumaça do cigarro.
A outra família “inacessível” morava em frente à nossa casa. Pareciam
nunca estar em casa; nem mesmo sabíamos seu nome. De vez em quando víamos
um carro estacionado na garagem, mas não víamos nenhum rosto.
Foi então que aquela terrível terça-feira chegou: 11 de setembro. Na sexta-
feira à noite daquela mesma semana, no Dia Nacional de Oração, decidimos
convidar os vizinhos para uma reunião em nossa casa na qual poderíamos passar
simples momentos de reflexão, leitura, orações e tomar um suco. Nossos
vizinhos da frente apareceram para dizer que aquela era uma ideia excelente,
mas que infelizmente já tinham um compromisso marcado.
Aquele casal foi a sétima e a última família que conhecemos na rua sem
saída. Ao olharmos para trás, pensamos como fomos capazes de ficar tanto
tempo escondidos em nosso pequeno casulo. Realmente é um lindo dia em nossa
vizinhança.
6 de fevereiro – segunda

O PERFUME DA GRAÇA
Mas dou graças a Deus porque, unidos com Cristo, somos sempre
conduzidos por Deus como prisioneiros no desfile de vitória de Cristo.
Como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por
Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas. 2 Coríntios
2:14, NTLH

Nessa passagem, Paulo relaciona a vida cristã ao “triunfo” romano, o grande


desfile da vitória que tomava conta das ruas de Roma em comemoração ao
sucesso de certo general. O desfile – despojos de guerra, animais exóticos,
prisioneiros e, finalmente, o próprio general – acontecia numa atmosfera
perfumada com incenso ou com grandes quantidades de pétalas.
O apóstolo Paulo afirmou que somos conduzidos como prisioneiros no
desfile da vitória de Cristo. Ele é o Herói conquistador e nós, os prisioneiros
voluntários, espalhamos o perfume de Sua graça à medida que passamos.
Você já notou como associamos aromas a lugares? Inalamos algum odor, a
sugestão de alguma fragrância, e nossa mente se recorda de um evento que
talvez tenha acontecido há muitos anos. Voltamos para aquele lugar e revivemos
uma doce lembrança.
O mesmo acontece com as pessoas. Associamos alguém especial com seu
perfume. Pode ser um cheiro ou uma fragrância. Toda vez que sentimos esse
cheiro, pensamos naquela pessoa.
No período em que moramos na Índia, ficamos encantados com a dama-da-
noite, um arbusto com pequenas flores brancas que exalam seu perfume à noite.
Acordávamos nas primeiras horas da manhã e apreciávamos a fragrância doce e
suave entrando pela janela. Ao passearmos pelo campus do Spicer College à
noite, cruzávamos com um pequeno rastro invisível de perfume e o seguíamos
até encontrar a fonte, às vezes a muitos metros de distância, nas pequeninas
flores brancas que floresciam discretamente, mas transformavam o ar noturno.
Apaixonei-me por aquela pequena flor. Se sentisse aquela fragrância neste
instante, voltaria mentalmente para aquele lugar.
Amo flores; não ligo para flores artificiais. Algumas imitações parecem
exatamente como as reais, mas é muito fácil reconhecê-las – cheirando-as.
Apenas as flores de verdade são perfumadas.
Isso me leva a examinar meu coração. Sou real ou falso? Será que através
de minha vida homens e mulheres, meninos e meninas têm sentido a doce
fragrância de Cristo, o perfume da graça?
7 de fevereiro – terça

O TRIUNFO DA LUZ
A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. João 1:5

Verdadeiro ou falso: O mundo é lindo. O mundo é feio.


Verdadeiro e verdadeiro também.
Verdadeiro ou falso: A vida é maravilhosa. A vida é terrível.
Novamente, verdadeiro nos dois casos.
Estamos num conflito, o grande conflito entre o bem e o mal, entre a luz e
as trevas. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. Nunca
conseguiram, nunca conseguirão. Glória a Deus por isso!
Em sua obra A Trilha Menos Percorrida (Nova Era, 2004), o
psicoterapeuta M. Scott Peck narra a história inacreditável de um empresário de
sucesso que conheceu. Fruto de uma relação ilegítima, passou por vários lares
adotivos com total ausência de afeto. Aos 17 anos, foi preso por causa de um
violento assalto. Após cumprir seis meses de prisão, foi admitido para trabalhar
como auxiliar de almoxarifado numa pequena empresa. Para os assistentes
sociais, seu futuro parecia tenebroso. Dentro de três anos, no entanto, ele se
tornou o chefe de departamento mais jovem da história daquela empresa. Após
cinco anos, ele se casou com uma executiva e abriu o próprio negócio. Na
ocasião em que conheceu Peck, ele havia se tornado um pai amoroso e
carinhoso, um intelectual autodidata, um líder na comunidade e um artista
talentoso.
A história desse homem é apenas um dos vários exemplos registrados por
Peck. Após ter a oportunidade de conhecer tais pessoas, Peck conclui que “há
uma força, um mecanismo que não compreendemos plenamente”, que opera
rotineiramente para promover nossa saúde mental e física. O mais
impressionante, segundo Peck (que não era cristão na ocasião em que escreveu o
livro), não é o fato de ficarmos doentes, mas o fato de não ficarmos doentes com
mais frequência e nos recuperarmos quando deveríamos morrer.
O trecho mais impressionante do livro de Peck é a conclusão, capítulo em
que o autor faz uma reflexão a respeito do que sua experiência como
psicoterapeuta propõe. Ao esforçar-se para compreender a inclinação do
Universo a nosso favor, recorre à única palavra que parece encaixar: graça!
O Dr. Peck descobriu que isso é verdade. A luz brilha nas trevas, e as trevas
não a derrotaram. Nunca conseguiram, nunca conseguirão!
8 de fevereiro – quarta

CONTANDO OS FIOS DE CABELO


Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Lucas 12:7

Essas palavras de Jesus me deixam maravilhado. Deus Se importa tanto comigo


que Ele sabe até mesmo quantos fios de cabelo tenho em minha cabeça?
Na atual era em que se mede tudo que existe debaixo do Sol, certamente
alguém fez tal cálculo. Sem dúvida, em algum lugar você poderá encontrar a
quantidade média de fios de cabelo na cabeça de uma mulher ou de um homem.
Mas apenas isso – um cálculo médio. Jesus não estava falando sobre média. Ele
queria que soubéssemos que o Pai celestial nos ama íntima, individual e
pessoalmente.
Numa viagem à China, compreendi as palavras de Jesus. Tínhamos
compromissos marcados em Xangai, mas foram desmarcados e ficamos com
uma hora livre. O guia turístico nos disse que poderia nos levar a uma exposição
perto dali. Fomos a um prédio grande, de bela arquitetura e vários andares.
Visitamos a exposição de esculturas e artefatos interessantes do majestoso
passado chinês. Em seguida, entramos numa sala em que a princípio pensei que
fosse uma exposição de pinturas, mas os quadros estavam iluminados de uma
maneira que eu nunca tinha visto antes. Ao olhar mais de perto, percebi que
aquelas obras de arte não haviam sido feitas com pincel e tinta a óleo, mas
tinham sido tecidas em seda.
Uma mulher vestida de preto sentada à mesa estava totalmente absorta no
trabalho de tecelagem que realizava. Fios de várias cores pendiam da moldura.
Através de um intérprete, ela me disse que havia aprendido aquela arte na
infância; e agora estava com 62 anos.
Em cima da mesa estava uma fotografia. Ela informou que aquele era o
proprietário da companhia. Ao lado estava a réplica da foto (de uma semelhança
incrível, mais fiel do que uma fotocópia), uma imitação tridimensional que
reproduzia a iluminação e chamava mais atenção do que o original.
Fiquei impressionado. Perguntei-lhe quanto tempo tinha levado para
concluir aquela obra de arte.
– Oito meses – ela respondeu.
Teceu, centímetro por centímetro, fio a fio. Se ela quisesse, poderia ter
contado cada fio à medida que tecia essa parte de sua criação.
Nosso Criador teceu centímetro por centímetro de nosso ser, fio a fio de
cabelo. Com muito amor ficou absorto em Seu trabalho; e com muito amor ainda
está ao nosso lado. “Você é muito precioso para Mim”, diz. “Sei tudo sobre você.
Eu o criei! Você é Meu!”
9 de fevereiro – quinta

UMA CANÇÃO EM MEIO À NOITE


Conceda-me o Senhor o Seu fiel amor de dia; de noite esteja comigo a Sua
canção. É a minha oração ao Deus que me dá vida. Salmo 42:8

Em 13 de outubro de 1944, um concerto muito incomum foi realizado na


cidade-fortaleza de Terezin, na antiga Tchecoslováquia. Localizada entre as
cidades de Praga e Dresden, Terezin, com apenas 5.000 habitantes, foi invadida
pelo exército nazista e recebeu o nome alemão de Theresienstadt.
Theresienstadt abrigou uma prisão da Gestapo. Ela serviu de campo de
concentração em que aproximadamente 74.000 judeus tchecos passaram a
caminho de Auschwitz. Alguns dos prisioneiros, no entanto, permaneceram em
Theresienstadt por anos. Entre eles, havia vários músicos e compositores. Viktor
Ullmann foi um deles. As condições daquele campo de concentração eram bem
menos rígidas do que em outros lugares, e os músicos tiveram a oportunidade de
continuar sua obra criativa e até mesmo organizar uma orquestra. Ullmann
compôs cerca de 20 peças musicais entre 1942 e 1944, incluindo uma ópera.
Mesmo diante daquela terrível situação, Ullmann apresentou um espírito de
criatividade, resistência e iniciativa.
Para os nazistas, as atividades do campo de concentração de Theresienstadt
favoreciam a transmissão de uma falsa impressão. Eles convidaram os
representantes da Cruz Vermelha Internacional para inspecionar o campo numa
data predeterminada a fim de assistirem ao concerto, que incluía várias obras
compostas em cativeiro. Os nazistas filmaram o evento e enviaram as imagens
com o objetivo de se autopromoverem. Os músicos receberam ternos pretos para
vestir na ocasião, e a plataforma construída para o maestro Karel Ancerl foi
enfeitada com vasos de plantas para esconder os sapatos em péssimas condições
que ele usava.
Três dias após o concerto, no entanto, todos os prisioneiros do campo,
cerca de 2.500 homens, foram enviados para Auschwitz. Sua utilidade para os
nazistas tinha chegado ao fim. Muitos foram assassinados ao chegarem ao
destino. Viktor Ullmann estava entre eles.
Antes de Ullmann embarcar para Auschwitz, foi obrigado a deixar suas
composições musicais em Theresienstadt. Alguns fragmentos foram preservados
e hoje fazem parte do repertório de orquestras ao redor do mundo.
É impossível ouvir essas composições sem pensar no contexto histórico em
que foram criadas. Musicais escritos não por lucro ou vaidade, mas por um
poder maior do que a vida: a necessidade de sobrevivência. Trata-se de uma
canção em meio à noite mais escura.
10 de fevereiro – sexta

UMA ABORDAGEM NOVA E RADICAL


Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. Efésios 5:21

A graça não é meramente um bom tema para sermões e hinos. Deus deseja que
a graça permeie cada aspecto de nosso ser, transforme cada relacionamento e nos
torne semelhantes a Cristo na totalidade da vida.
A graça introduz uma abordagem nova e radical à família. Não precisamos
mais ficar preocupados em mostrar quem é o chefe. Em vez de autoridade, a
essência é o serviço. O objetivo é servir, não mandar; ajudar, não comandar;
assegurar, não dominar. Somos seguidores dAquele que disse aos Seus
discípulos: “Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se
importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser
escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir
e dar a Sua vida em resgate por muitos” (Mt 20:26-28).
Nossos filhos – filhos cristãos – têm dificuldade em entender o plano da
salvação porque aquilo que tentamos ensinar-lhes a partir dos 10 anos de idade
está em desarmonia com a maneira pela qual os educamos. No período em que
usavam fraldas, engatinhavam e davam os primeiros passos, ensinávamos por
meio de recompensas e punições (desaprovação). Em seguida, de repente,
tentamos ensinar-lhes que Deus lida conosco de forma totalmente contrária.
Ainda preciso encontrar um método de criar e educar crianças que leve a
sério o princípio da graça. Vejo várias ideias e livros cristãos bem-intencionados
baseados no princípio do controle, da autoridade, da disciplina, da liderança e
assim por diante. Mas, à luz do ensinamento bíblico a respeito da graça, a
abordagem nova e radical quanto à família, acho que eles perdem o objetivo de
vista, infelizmente.
Os cristãos com razão levam a sério a função de pais. Entendem que, ao
desempenharem a tarefa delicada de moldar valores e atitudes, representam Deus
na vida dos pequenos. O problema é que não lidamos com nossos filhos da
mesma maneira que Deus lida conosco. Somos rápidos em punir e lentos em
perdoar. Até mesmo as canções sobre Jesus que ensinamos a eles muitas vezes
transmitem, sutil ou diretamente, que Ele não nos ama quando fazemos algo de
errado. O método de “recompensa e punição” que utilizamos para educá-los
talvez permaneça com eles para o resto da vida, distorcendo permanentemente o
conceito que têm de Deus.
Criar e educar filhos. Quem é bom o bastante para desempenhar tamanha
função? De alguma forma, apesar de nós mesmos, coisas boas acontecem, pois
Deus é grande e ama nossos filhos muito mais do que o fazemos.
11 de fevereiro – sábado

A GRAÇA NA FAMÍLIA
Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na
construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela
montar guarda. Salmo 127:1

Neste mundo de relacionamentos destruídos, nenhuma outra instituição tem


sofrido mais do que a família. O sagrado matrimônio muitas vezes se torna o
desvairado pandemônio.
A seguir, partilho com você uma história que circula por aí.
Três homens recém-casados se reuniram e começaram a se gabar de como
tinham sido bem-sucedidos em colocar as esposas na “linha”.
O primeiro se gabou de ter dito à esposa que ela era a responsável por lavar
toda a louça e cuidar da limpeza da casa. Disse que levou dois dias, mas ao
terceiro dia encontrou a casa limpa e a louça lavada.
O segundo homem se gabou de ter dado ordens à esposa para cuidar de
toda a limpeza da casa, lavar a louça e cozinhar. Disse que não viu nenhum
resultado no primeiro dia, mas no segundo já notou melhoras. No terceiro dia,
encontrou a casa limpa, a louça lavada e um jantar caprichado sobre a mesa.
O terceiro homem se gabou de ter dito à mulher que seu dever consistia em
limpar a casa, lavar a louça, aparar a grama, lavar a roupa e preparar todas as
refeições. Disse que no primeiro dia não viu nada. No segundo dia também não,
mas no terceiro o inchaço diminuiu e conseguiu enxergar um pouco com o olho
esquerdo!
Ellen White tinha razão ao afirmar: “A graça de Cristo, e ela somente, pode
tornar essa instituição [a família] o que Deus designou que fosse: um meio para a
bênção e reerguimento da humanidade. E assim as famílias da Terra, em sua
união, paz e amor, podem representar a família do Céu” (O Maior Discurso de
Cristo, p. 65).
Senhor Jesus, reina em minha família hoje! Faze com que ela seja um
canal de bênçãos para o mundo e uma instituição para a Tua glória!
12 de fevereiro – domingo

VIDA NOVA NA GRAÇA DE DEUS


O mesmo refere-se aos maridos: sejam bons maridos para as suas
esposas. Honrem-nas, deleitem-se nelas. Pois as mulheres não possuem
certas vantagens. Mas, na vida nova da graça de Deus, vocês são iguais.
Tratem as esposas, portanto, de igual para igual para que as suas orações
não sejam interrompidas. 1 Pedro 3:7, The Message

A graça transforma o relacionamento matrimonial. Ela eleva esse


relacionamento, a ligação mais delicada e íntima entre os seres humanos, a um
novo nível. Tudo o que é belo e precioso no amor entre um homem e uma
mulher se torna enobrecido e puro.
A maravilha de se apaixonar é que o nosso mundo de repente se amplia
além da visão centrada unicamente em nós mesmos. “Perdemo-nos” no outro:
pensamos constantemente na pessoa amada, notamos os detalhes do seu jeito e
aparência, analisamos como podemos fazer para agradá-la mais e mais.
Tornamo-nos uma pessoa diferente e melhor.
Mas a atração inicial e o fascínio se desgastam. Somos criaturas egoístas
por natureza, e o relacionamento que começou com um grau elevado de
abnegação se degenera cada vez mais até se transformar em expectativas
egoístas, exigentes e insatisfeitas.
Nenhum casamento é perfeito, pois nem o homem nem a mulher são
perfeitos. Aquilo que começou de forma tão sublime e majestosa se degrada para
algo em que os dois mal podem tolerar, levando-os a ficar juntos apenas para o
bem-estar dos filhos, por medo do que os outros vão dizer ou até mesmo devido
a ameaças.
Mas a graça, que transforma todo o nosso viver, pode transformar o
relacionamento matrimonial. A graça dá e perdoa. Como recebedores da graça,
somos presenteados com o dom gratuito da salvação, um presente imerecido, e
com o perdão que nos liberta do fardo dos erros do passado, do peso esmagador
do presente e do medo do desconhecido.
Por termos recebido tanto sem merecer, desejamos da mesma forma
conceder generosamente – a começar com o nosso cônjuge. Por termos sido
perdoados por nossas transgressões, podemos perdoar mais prontamente as
mágoas e os desentendimentos causados por nosso cônjuge.
Na nova vida na graça de Deus, declarou Pedro, somos todos iguais. Cada
família encontra seu próprio caminho no que diz respeito às responsabilidades e
deveres – controle das finanças, limpeza da casa, compras, etc. Mas no
casamento cristão cada um desempenha suas tarefas, bem-vindas ou não, num
espírito de ajuda mútua e com o desejo de agradar. Ninguém é chefe – apenas
Jesus, que é o Senhor do lar e do relacionamento.
13 de fevereiro – segunda

NO SENHOR
Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Efésios 6:1

Um lar em que os filhos honram, respeitam e obedecem aos pais: o ideal de todo
cristão. Mas a questão é: Por quê? Por que os filhos fazem o que é certo? Por
que se comportam segundo o desejo dos pais? Por que se dirigem de maneira
respeitosa aos pais?
Talvez ajam assim por medo de agir de maneira contrária. Medo do que
poderão sofrer se não fizerem assim. Medo do que lhes será negado. Isso não é
“obediência”, mas uma conformidade externa que torna o futuro estritamente
limitado. Ao serem removidas as restrições e as motivações externas, essa
“obediência” se desvanece como um castelo de areia. Essa é a razão de “bons”
filhos de “bons” lares cristãos geralmente rejeitarem todas as restrições no
momento em que cortam os laços familiares.
Outro tipo de “bondade” vem do respeito ao padrão cristão do lar. Os filhos
amam e respeitam os pais e se tornam “bons” filhos e “bons” adultos. Não se
envolvem em confusão, nunca desonram o bom nome dos pais. Mas também
sabem que são “bons” e não sentem a necessidade de um Salvador.
A única obediência que conta é a obediência que Paulo identificou no texto
bíblico de hoje: “no Senhor”. A única bondade é a bondade que provém por
meio de Sua graça. Ao percebermos a nossa iniquidade, aceitamos o sacrifício
expiatório de Cristo em nosso favor e nos rendemos ao Seu amor.
Como podemos ajudar nossos filhos a ser obedientes “no Senhor”? Eu
gostaria de saber a resposta. Parte da resposta certamente se encontra no modelo
que oferecemos a eles como pais. O conceito que possuem de Deus será formado
muito mais pelo que fazemos – a maneira pela qual nos relacionamos com eles e
com os outros – do que pelo que dizemos.
Se formos dignos de confiança, aprenderão a confiar e terão facilidade em
confiar em Deus, a quem não podem ver.
Se formos generosos, terão facilidade em aceitar o incrível dom da
salvação.
Se demonstrarmos nosso amor por eles, terão facilidade em compreender
que para Deus são infinitamente preciosos.
Se perdoarmos nossos filhos facilmente, talvez sejam capazes de aceitar o
perdão infinito de Deus.
Quem é bom o bastante para desempenhar tamanha função? Nenhum de
nós; mas Deus prometeu suprir nossas imperfeições.
14 de fevereiro – terça

SE EU PUDESSE VOLTAR NO TEMPO


“Contenha o seu choro e as suas lágrimas, pois o seu sofrimento será
recompensado”, declara o Senhor. “Eles voltarão da terra do inimigo. Por
isso há esperança para o seu futuro”, declara o Senhor. “Seus filhos
voltarão para a sua pátria.” Jeremias 31:16, 17

A paternidade talvez seja a função mais importante que nós possamos ser
chamados a desempenhar, como também a mais difícil. Há livros aos montes, e
uma quantidade infinita de manuais, escritos por indivíduos que têm certeza de
que possuem todas as respostas – até nascerem os próprios filhos!
Certa vez, há muitos anos, Noelene e eu fomos convidados a realizar um
seminário sobre família. Não temos treinamento profissional nessa área, mas
aceitamos. Acho que o seminário foi considerado útil, pois depois disso
recebemos vários convites para realizar o mesmo seminário em outros lugares.
Atuamos nessa área por algum tempo, mas depois decidimos parar. Na época em
que nossos filhos entraram na adolescência, descobrimos que nossas antigas
respostas não funcionavam da maneira que deveriam.
Penso na maneira com que os cristãos tentam administrar o lar e criar os
filhos. Penso na maneira com que Noelene e eu estabelecemos nosso lar e
criamos nossa família. Olho ao redor e me recordo do passado. As únicas
palavras que me veem à mente são: amor (claro), respeito, autoridade,
obediência, recompensa e punição. Mas não me recordo muito da graça. Ah, a
graça estava lá, mas não como o princípio áureo, aquele que rege todos os
outros. Não era costume agirmos como Cristo agiu e ainda age conosco –
certamente não da minha parte. Geralmente estávamos muito preocupados em
ter uma família “boa” e “correta”; afinal, eu era pastor, Noelene era mulher de
pastor, e Terry e Julie, filhos de pastor. Noelene e eu nos mantivemos fiéis um ao
outro e nossos filhos se comportaram bem.
Tivemos uma família feliz, mas, se pudesse, eu gostaria de ter a
oportunidade de fazer tudo de novo. Gostaria de servir mais em vez de ficar tão
preocupado com as minhas próprias necessidades. Gostaria de ser mais generoso
para que meus filhos pudessem entender melhor a generosidade infinita de Deus.
Gostaria de jogar fora para sempre os sentimentos terrivelmente egoístas.
Tentaria ajudar Terry e Julie a compreender, sem deixar a menor sombra de
dúvida em sua mente, que a despeito de qualquer coisa que fizerem, qualquer
lugar que frequentarem, nosso amor por eles jamais diminuirá, que sempre terão
um lugar em nossa casa preparado para eles, dia e noite. E que temos orgulho
deles, e assim sempre será.
15 de fevereiro – quarta

CRESCIMENTO NA GRAÇA
Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. A Ele seja a glória, agora e para sempre! Amém. 2 Pedro
3:18

Tiro o chapéu para Uceba Babson, de West Palm Beach, Flórida, Estados
Unidos. Ao entrar vestindo o capelo e a beca na formatura do ensino médio, o
auditório inteiro bateu palmas em pé e o governador do Estado enviou uma carta
parabenizando-a.
Poucos meses antes da cerimônia de colação de grau, Uceba Babson havia
completado 90 anos de idade!
Na época em que frequentou a escola na juventude, Uceba costumava
caminhar quase dois quilômetros até o prédio escolar de apenas uma sala de
aula. Em 1931, desistiu de estudar e se casou com um agricultor.
Após 70 anos sem pisar numa sala de aula, Uceba decidiu voltar a estudar.
Uceba teve 81 netos e bisnetos e ficou viúva três vezes, mas ainda assim não
deixou de acariciar o sonho de concluir o ensino médio.
Levantava-se às quatro da manhã todos os dias e dirigia seu automóvel ao
centro de educação de adultos. As muitas horas de estudo de matemática, inglês,
ciências e estudos sociais valeram a pena. E ela conseguiu! “Isso foi algo que
prometi a mim mesma há muitos anos”, confessou após a formatura. “Foi um
desafio, um desafio maravilhoso.”
Nós, seguidores de Jesus, somos alunos de Sua escola de aprendizado
vitalício. As riquezas de Sua graça são tão abundantes que nunca chegaremos a
seu pleno conhecimento. Deus deseja que estejamos sempre aprendendo, sempre
crescendo em Jesus, em quem “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria
e do conhecimento” (Cl 2:3). Exploraremos novas profundezas de Sua graça
inesgotável por toda a eternidade.
“É o desejo do Senhor que Seus seguidores cresçam em graça, que Seu
amor seja mais e mais abundante, que eles sejam cheios dos frutos de justiça, por
meio de Jesus Cristo, para o louvor e glória de Deus” (Ellen G. White, Signs of
the Times, 12 de junho de 1901). “A santificação não é obra de um momento,
uma hora, ou um dia. É um contínuo crescimento na graça” (Ellen G. White,
Testemunhos Seletos, v. 1, p. 114).
Que perspectiva – sempre aprendendo, sempre crescendo! Que futuro
maravilhoso, hoje e eternamente!
Tiro o chapéu para Uceba Babson, que voltou a estudar após passar 70 anos
fora da escola e se graduou aos 90. Esse é o espírito que o Senhor da graça quer
nos conceder, seja aos 9 ou aos 90.
16 de fevereiro – quinta

O SISTEMA SOLAR DIVINO


Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês,
é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos
criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as
quais Deus preparou antes para nós as praticarmos. Efésios 2:8-10

Graça, fé e obras. Quanto se discutiu, e ainda se discute, a respeito desses


termos. Somos salvos pela graça e pelas obras, ou apenas pela graça? Se for
apenas pela graça, então onde ficam as obras? E que dizer da fé? É algo pelo
qual podemos receber crédito?
Realmente é tentador pensar que a graça, a fé e as obras formam um
triângulo – um triângulo com um lado (graça) mais longo dos que os outros, mas
ainda assim um triângulo.
Tentador, mas errado. Num triângulo, a soma de dois lados será maior do
que o lado restante. Mas isso não é verdade aqui. A combinação de fé e obras
nem sequer se iguala à grandiosidade da graça.
Devemos pensar nessa questão como um sistema solar divino, sendo a
graça o Sol e a fé e as obras planetas separados que giram em torno desse grande
astro.
Há apenas um Sol, pois existe apenas um Sol da justiça (Ml 4:2). No
universo da salvação não há espaço para a glória humana; a glória que não vem
de Cristo não pode ser a glória refletida por Ele. Unicamente a Sua graça –
ilimitada, imensurável, ampla e gratuita – nos concede a esperança da vida
eterna. Recebemos a salvação como um presente, não por mérito pessoal. Para
outra analogia, leia a linda declaração de Ellen White: “Este vestido [a veste da
justiça de Cristo] fiado nos teares do Céu não tem um fio de origem humana”
(Parábola de Jesus, p. 311).
Nenhum fio – nem um sequer! Não podemos nos gabar de absolutamente
nada.
A fé é um planeta do sistema solar divino. A fé não vem de nós mesmos
para que não sejamos tentados a nos orgulhar disso. A fé em si é um dom do
Deus da graça, um dom que nos capacita a dizer sim à graça quando todos ao
nosso redor escolhem dizer não.
No sistema solar divino também existe outro planeta – as obras. Assim
como a fé, as obras provêm do Sol da graça, Jesus. Ao dizer sim para Ele, Sua
luz brilha sobre nós e em nós, transformando-nos, renovando-nos, recriando-nos
à Sua imagem. Ele reflete a glória de Deus; assim, ficamos cada vez mais
semelhantes a Ele.
O sistema solar divino possui três elementos – o Sol da graça e os planetas
da fé e das obras.
17 de fevereiro – sexta

QUEBRANDO O CICLO DO ABUSO


Ao vê-la, Jesus chamou-a à frente e lhe disse: “Mulher, você está livre da
sua doença”. Então lhe impôs as mãos; e imediatamente ela se endireitou,
e passou a louvar a Deus. Lucas 13:12, 13

Por 18 anos ficou encurvada, incapaz de ficar ereta. Por 18 anos arrastou-se pela
vida, lutando para manter o equilíbrio, com os olhos forçadamente voltados para
baixo. Nunca pôde contemplar o nascer do Sol, nunca acompanhou o voo de um
pássaro ou o movimento das nuvens, pois era obrigada a fitar o chão.
Naquele sábado, caminhou com muita dificuldade até a sinagoga e
encontrou um lugar na seção destinada às mulheres. Com os olhos voltados para
baixo, ouviu o Mestre itinerante de Nazaré explicar as Escrituras. Extasiada,
prestou atenção em cada palavra; mas o interesse se transformou num grande
espanto ao ouvir Jesus chamá-la do meio da congregação pelo nome.
“Mulher, você está livre da sua doença”, disse, impondo-lhe as mãos.
Imediatamente o poder curador inundou seu ser, libertando as juntas e
fortalecendo os ossos. Ela ficou ereta – pela primeira vez em 18 anos!
Muitas pessoas hoje sofrem com uma enfermidade tão real quanto a
enfermidade dessa mulher. Passam pela vida com os olhos voltados para baixo,
dominadas por uma força que não podem vencer sozinhas. Conhecem apenas um
modo de viver, aquele que seus pais – e avós – conheceram. Aquela que seus
herdeiros estão fadados a perpetuar.
Refiro-me ao abuso familiar, que ocorre em ciclos satânicos. Crianças
crescem sofrendo abusos por parte dos pais, que por sua vez também sofreram
abusos, fazendo, assim, com que os filhos deem continuidade a essa atrocidade.
Talvez o aspecto mais trágico do abuso seja o fato de ele exercer a sua força em
famílias que professam ser cristãs. Já fui testemunha disso – vi isso acontecer
entre pessoas que cresceram na igreja, que até mesmo tiveram a oportunidade de
ter uma educação cristã. Apesar de todos os sermões e estudos, o ciclo do abuso
continua, e tenho vontade de chorar.
Creio que Jesus pode quebrar o ciclo do abuso. Creio que a Sua graça é
mais poderosa do que o peso acumulado das gerações. Creio que as pessoas
podem mudar. Não temos que aceitar o abuso com sua degradação e falta de
respeito próprio; não temos que submeter nossos filhos a abusos, mesmo que
tenhamos sido vítimas dele.
Jesus nos chama à frente. Ele nos chama pelo nome e diz: “Você está livre
da sua doença.” E pela primeira vez podemos nos endireitar e render louvores a
Deus.
18 de fevereiro – sábado

O POÇO DE LÁGRIMAS
Quando Esaú ouviu as palavras de seu pai, deu um forte grito e, cheio de
amargura, implorou ao pai: “Abençoe também a mim, meu pai!” Gênesis
27:34

O grito de amargura de Esaú ecoa pelos séculos. É o clamor de filhos e filhas


que anseiam a aprovação paterna.
Ao que parece, o clamor de Esaú não faz sentido. Aparentemente, Esaú
deve ter sido criado em uma família que adorava a Deus e manifestava amor.
Seu pai, Isaque, homem temente a Deus, amava Rebeca, sua esposa (Gn 24:67).
O casal esperou um longo período para ter filhos e finalmente tiveram apenas
dois – gêmeos, Esaú e Jacó. Esse foi um lar em que os filhos foram desejados,
recebidos com alegria e amados.
A imagem de Esaú extraída da Bíblia é a de um homem forte e
autossuficiente. Ele “tornou-se caçador habilidoso e vivia percorrendo os
campos” (Gn 25:27). Não esperamos ver um homem como esse abrir a boca a
chorar.
Mas aquele lar estava longe do modelo que aparentava ser. Os pais tinham
preferências. Isaque amava Esaú, Rebeca amava Jacó. É claro que os filhos
sabiam disso.
Assim, Esaú, com toda a aparente coragem e indiferença às emoções, se
sentia profundamente inseguro. Na ocasião em que Jacó enganou Isaque a fim de
receber a bênção da primogenitura – bênção que Isaque pensou estar proferindo
sobre o outro filho – Esaú irrompeu em lágrimas. Poucos dias antes, havia
tratado a bênção de maneira arrogante, trocando-a por um prato de guisado de
lentilhas; mas agora, ao ver seu irmão levar o prêmio, clamou para que fosse
abençoado também.
O ato de educar os filhos é um aprendizado para os pais também. Ao
ensinarmos, continuamente aprendemos mais a nosso respeito. Ficamos
surpresos ao perceber como um filho é diferente do outro. Ao se tornarem
adultos, ficamos admirados em saber como a opinião de cada um varia em
relação à maneira com que foram criados.
Um poço de lágrimas começa a se formar logo cedo dentro de cada um de
nós. Até mesmo a melhor família do mundo está manchada pelo pecado, e os
filhos detectam (ou pensam que detectam) palavras ou ações que demonstram
certa preferência pelo irmão. O poço de lágrimas continua a aumentar em
segredo. No momento em que o poço explode na idade adulta, surpreende os
pais e outros membros da família.
Mas a graça faz a diferença. A graça assegura aos pais que Deus nos ama,
nos aceita e nos ajuda a demonstrar aprovação. Por meio de elogios, abraços,
pequenas atenções, transmitimos uma bênção aos nossos filhos.
19 de fevereiro – domingo

A BONDADE DE JESUS
Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante, até que
leve à vitória a justiça. Mateus 12:20

Uma das maiores características de Jesus, cheio de graça, é a Sua bondade.


Enquanto esteve na Terra, tratou com carinho cada pessoa que se achegou a Ele,
considerou todas elas preciosas e procurou um modo de atingir seu coração para
que o evangelho ali fizesse morada.
Ao jovem rico, Jesus falou sobre as posses. À mulher junto ao poço, com o
jarro d’água em mãos, Jesus falou sobre a água da vida. Ao mestre da lei, Jesus
falou sobre o grande mandamento. À mulher apanhada em adultério, culpada
diante de todos e de si mesma, não falou nada.
Depois de resumir em seu evangelho o ministério de Jesus em favor dos
enfermos, Mateus citou Isaías 42:1-4, a passagem maravilhosa do “Servo”, que
descreve o trabalho do Messias. Sem grosserias. Sem severidade. Sem violência.
Apenas bondade, compaixão, sensibilidade e preocupação pelo próximo.
Esse é Jesus. Que Salvador! Que Amigo!
Bondade não é sinônimo de fraqueza. Jesus foi bondoso, não fraco. No
momento certo, demonstrou-Se forte e firme, derrubando as mesas e cadeiras e
colocando os mercadores e cambistas para correr diante do chicote de cordas que
confeccionou.
Na maior parte do tempo, entretanto, Jesus foi o epítome da bondade. Com
as crianças. Com as mães. Com os marginalizados pela sociedade. Com homens
e mulheres enfermos física e espiritualmente.
O mundo aplaude o poder; nós aplaudimos o bondoso Jesus. O mundo
aplaude estratagemas, inteligência e a capacidade de “fazer qualquer coisa para
vencer”. Nós aplaudimos o bondoso Jesus.
Sua bondade é mais poderosa e realiza muito mais do que qualquer
presidente, potentado ou político. Sua bondade transforma a vida das pessoas.
Sua bondade nos torna bondosos. “Nem buscamos reconhecimento
humano, quer de vocês quer de outros. Embora, como apóstolos de Cristo,
pudéssemos ter sido um peso, fomos bondosos quando estávamos entre vocês,
como uma mãe que cuida dos próprios filhos” (1Ts 2:6, 7).
Bondoso Jesus, torna-nos semelhantes a Ti hoje.
20 de fevereiro – segunda

SEUS OUVIDOS ESTÃO ABERTOS?


O Soberano, o Senhor, abriu os meus ouvidos, e eu não tenho sido rebelde;
eu não me afastei. Isaías 50:5

Essa profecia maravilhosa a respeito da obediência de Jesus à vontade de Deus


está enraizada nas instruções dadas pelo Senhor a Moisés. Quando a Bíblia diz
que os ouvidos de Jesus se abriram – o verbo “abrir” está no passado, não no
presente – significa mais do que a prontidão em ouvir e seguir a liderança de
Deus.
No livro de Êxodo, no capítulo 21, encontramos o contexto dessas
palavras. Nessa passagem, em primeiro lugar encontramos a provisão
benevolente de Deus para evitar que Seus filhos fossem mantidos como escravos
por toda a vida: “Se você comprar um escravo hebreu, ele o servirá por seis
anos. Mas no sétimo ano será liberto, sem precisar pagar nada” (Êx 21:2). Deus
ama a liberdade e quer que Seu povo seja livre. Assim, se essa lei fosse
obedecida, nenhum hebreu poderia ser mantido como servo por mais de seis
anos.
Mas Deus também acrescentou outra provisão: “Se, porém, o escravo
declarar: ‘Eu amo o meu senhor, a minha mulher e os meus filhos, e não quero
sair livre’, o seu senhor o levará perante os juízes. Terá que levá-lo à porta ou à
lateral da porta e furar a sua orelha. Assim, ele será seu escravo por toda a vida”
(v. 5, 6).
Aqui se encontra uma pessoa que escolheu voluntariamente ser escrava por
toda a vida. Sua orelha testemunha a todos que, por amor ao seu mestre,
escolheu servi-lo para sempre. Esse é um homem cujos ouvidos foram abertos.
Até mesmo o Senhor Jesus, o Criador do Céu e da Terra, Se humilhou. Ele
“esvaziou-Se a Si mesmo, vindo a ser servo, tornando-Se semelhante aos
homens” (Fp 2:7). Nenhuma força externa O levou a fazer isso, apenas a força
que tinha dentro de Si, a força do amor.
Ao longo de cada estágio de Sua jornada, a cada passo de Sua missão,
Jesus colocou Deus em primeiro lugar. Seus ouvidos não foram abertos
literalmente, mas sim os ouvidos do Seu coração. Enquanto aqui viveu, serviu
em perfeita obediência.
Prezado amigo, os seus ouvidos estão abertos? Você ama o seu Senhor de
tal maneira que está preparado para dizer: “Desejo ser Seu servo por toda a vida.
Quero ser semelhante a Jesus, pronto para ir ou ficar, falar ou permanecer em
silêncio, ser e fazer apenas aquilo que o Senhor planejou para mim”?
Que essa seja a sua e a minha oração neste novo dia!
21 de fevereiro – terça

A PIRÂMIDE INVERTIDA
Eis o Meu Servo, a quem sustento, o Meu escolhido, em quem tenho
prazer. Porei nEle o meu Espírito, e Ele trará justiça às nações. Isaías
42:1

Eu estava sentado no banco da igreja, maravilhado com a inspiração da


cerimônia. Deveria ter sido um evento deprimente, por se tratar do funeral de um
homem, de apenas 44 anos de idade, que havia morrido de repente e de modo
inesperado, deixando esposa e dois filhos.
Mesmo assim, o tom não foi de tragédia, mas de celebração de uma vida
vivida para a glória de Deus. Victoriano Orion não conquistou a admiração do
mundo e não recebeu honras, mas o testemunho daqueles que o conheceram e
foram abençoados por ele revelou que sua vida foi vivida tendo em vista a
eternidade e que os louros celestiais lhe estão garantidos.
Marido e pai devoto, Vic, como era chamado pelos amigos, encontrava
tempo para ajudar outros em necessidade. Um amigo, surpreso e emocionado
por ter sido chamado para falar durante a cerimônia fúnebre, revelou que devido
à saúde debilitada ele não tinha condições de atender às necessidades da casa.
Mas Vic, sozinho ou em companhia dos filhos, cuidou de tudo. Pintou a casa,
consertou as goteiras, cuidou do jardim, consertou o carro. Ao longo de mais ou
menos oito anos, Vic visitou aquela casa “talvez umas cem vezes”, ficando
geralmente duas horas ou mais para ajudar e às vezes o dia inteiro.
James (Johnny) Johnson, ex-secretário assistente da Marinha dos Estados
Unidos, contou como certo dia Vic deixou um livro cristão em seu escritório.
Alguns dias mais tarde, voltou com outro livro e depois outro. Johnson e Vic se
tornaram grandes amigos. Em nenhum momento Vic tentou persuadir Johnson a
ir à igreja, mas a influência cativante de sua vida fiel e compassiva conquistou o
coração de Johnson.
A vida de Vic não foi publicada na revista Time, na Newsweek ou no jornal
Washington Post. Ela está registrada num lugar muito mais importante: o livro
da vida do Cordeiro.
A vida de Victoriano Orion refletiu Aquele a quem amava e em quem
confiava. Jesus, numa série de cenas impressionantes no livro de Isaías, é
chamado “Meu Servo”, e a respeito dEle foi dito: “O Filho do homem, que não
veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos”
(Mt 20:28).
A maioria das pessoas enxerga a vida como uma pirâmide com o objetivo
de chegar ao topo. Mas Jesus inverte a pirâmide da vida. Em vez de pisar nos
outros, nós os carregamos nos ombros, à semelhança de Jesus.
22 de fevereiro – quarta

A ABUNDÂNCIA DA GRAÇA
Outra ainda caiu em boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita, a
trinta, sessenta e até cem por um. Marcos 4:8

Na famosa parábola de Jesus, um semeador saiu a semear. Algumas sementes


caíram à beira do caminho, e as aves vieram e as comeram. Outras caíram em
terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, mas
queimaram e secaram ao calor do Sol. Ainda outras caíram entre espinhos, que
cresceram e sufocaram os brotos. Mas algumas sementes caíram em terra fértil e
germinaram e deram uma colheita abundante.
Sempre entendi que essa parábola falava a respeito dos vários ouvintes do
evangelho. Apesar de ser chamada de a parábola do semeador, essa é, na
verdade, a parábola dos solos. A compreensão usual dessa parábola, sem dúvida,
aponta para a verdade, mas perde de vista alguns aspectos importantes – e o mais
importante de todos.
Um estudo dos métodos antigos de agricultura nos ajuda a compreender o
significado por trás das palavras de Jesus. Ao contrário da agricultura moderna
em que primeiro o solo é preparado para depois ser semeado, o método antigo
consistia em lançar as sementes e depois lavrá-lo. Essa é a razão de as sementes
na parábola aparentemente terem ido parar em vários lugares.
As sementes à beira do caminho, no terreno pedregoso e entre os espinhos
caíram ali por acidente, não por ação proposital. A maior parte das sementes caiu
no local planejado – em solo fértil. Se nos concentrarmos nos três solos inférteis,
deduziremos que o trabalho do semeador foi em grande parte (75%) perdido;
mas não foi assim.
Pelo contrário, o trabalho do semeador resultou numa colheita abundante.
Na verdade, a colheita ultrapassou todas as expectativas. “Estudos sobre a
produção dos campos agrícolas da Palestina, em que métodos agrícolas eram
seguidos, revelam que uma colheita em que se colhia dez vezes mais do que foi
plantado era sinônimo de uma boa produção, pois a média era de
aproximadamente sete e meio. Isso significa que todos os três números da
colheita (30, 60 e 100 por um) foram mencionados para descrever uma colheita
anormal, uma colheita milagrosamente abundante” (Larry W. Hurtado, Mark
[1983], p. 58).
Do ponto de vista humano, a colheita da parábola era impossível. Mas o
evangelho não fala sobre o poder humano, e sim a respeito do reino de Deus, do
trabalho de Deus.
A abundância da graça ultrapassa os limites de nossa imaginação.
23 de fevereiro – quinta

A GRAÇA É COMO UM JARDIM


Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas
nunca faltam. Isaías 58:11

A história revelada na Bíblia ocorre entre dois jardins. No primeiro – um jardim


perfeito sem ervas daninhas, pragas ou mosquitos, onde não havia tristeza nem
morte – nossos primeiros pais caíram. Eles deram as costas para o plano de vida
e felicidade criado por Deus e cederam à tentação do maligno.
A noite caiu sobre o jardim. A morte e a degradação chegaram trazendo
consigo o pranto. Com muita tristeza, eles saíram do jardim para enfrentar uma
vida de trabalho pesado e sofrimento.
Tudo o que perderam, no entanto, foi conquistado novamente em outro
jardim. Numa quinta-feira à noite, sob o luar, um Homem lutava com Seu
destino. O peso da iniquidade do mundo inteiro, acumulada desde a queda no
primeiro jardim, caiu-Lhe sobre os ombros. Em profunda angústia, Ele orou três
vezes para que o Pai O livrasse daquela terrível provação: “Meu Pai, se for
possível, afasta de Mim este cálice; contudo, não seja como Eu quero, mas sim
com Tu queres” (Mt 26:39). A agonia que sentia era tão intensa que Seu suor se
transformou em grandes gotas de sangue que caíram ao chão (Lc 22:44).
Enquanto isso, os discípulos dormiam.
Aquela noite, no Jardim do Getsêmani, o amor venceu. Jesus tomou o
cálice amargo e, assim, plantou um novo jardim, o jardim da graça.
Minha mãe tinha “dedos verdes”. O jardim que cultivava era seu lugar
favorito. Não era grande, mas muito bonito, com uma sucessão de plantas anuais
e perenes à medida que o ano seguia seu curso; um gramado bem formado e bem
aparado; arbustos, samambaias e trepadeiras; flores que amavam a luz e outras
que preferiam a sombra.
Depois de muitos anos, comecei a receber a mesma bênção através do
cultivo de meu próprio jardim. Sempre esteve lá, na Bíblia, como também nos
escritos de Ellen White, mas de alguma forma nunca levei a sério. Trabalhar o
solo; plantar, aguar e semear; observar as sementes brotarem e os botões
florescerem – que satisfação! Que terapia para os músculos e a mente! Que volta
à simplicidade!
A graça é como um jardim. Repleta de flores lindas e perfumadas, de cores
encantadoras que atraem os beija-flores e as borboletas. Toda essa exibição
exuberante apenas para o nosso contentamento. Infinitas variedades, infinitas
maravilhas. Exatamente como a graça.
24 de fevereiro – sexta

A GRAÇA É UM REINO
O sermão profetizado por Isaías ganhou vida na Galileia no momento em
que Jesus começou a pregar. Ele começou onde João parou: “Mudem de
vida. O reino de Deus está aqui.” Mateus 4:17, The Message

Algumas pessoas desejam que Deus apresente um mostruário de opções para os


Seus seguidores. Selecionamos o que queremos e rejeitamos o resto. Mas Jesus
declarou que havia chegado um reino, não um mostruário.
Algumas pessoas querem que Deus siga a vontade da maioria. Um modelo
democrático lhes serviria muito bem. Mas Jesus falou de um reino, não de
democracia.
Algumas pessoas querem que Deus governe baseado no consenso geral.
Todos nós nos reunimos com Ele, discutimos as questões e decidimos o que
fazer. Mas Jesus disse: “Não tentem mudar Deus. Mudem a sua vida. O reino de
Deus está aqui.”
De acordo com os Evangelhos, Jesus falou sobre “o reino” não menos do
que 50 vezes. Em metade de Suas referências ao “reino” utilizou a expressão
“reino do Céu” e no restante, “reino de Deus”. Parece impossível traçar qualquer
diferença significativa entre as duas expressões; são praticamente a mesma. A
questão que realmente importa é a frequência com que o assunto sobre “o reino”
caiu-Lhe dos lábios.
A maioria das pessoas hoje, inclusive os cristãos, não se importa com a
ideia de reino. Após alguns séculos de democracia, acham essa ideia arcaica e
até mesmo desagradável. Mesmo nas nações em que reis e rainhas ainda
governam, não possuem poder real. São monarcas sem reino, meramente
figurativos.
Algumas das afirmações mais impressionantes de Jesus começam com a
expressão: “O reino do Céu é como...” Com essa introdução, contou histórias
maravilhosas, histórias que colocam a ordem social de ponta cabeça, histórias
que terminam de maneira surpreendente. Trabalhadores que trabalham por
apenas uma hora, mas recebem o salário de um dia inteiro. Uma grande festa
para receber o filho errante. O mendigo que foi para o Céu em vez do homem
rico.
Isso não é democracia, muito menos um mostruário ou um governo
baseado no consenso geral. Isso é algo além da realidade deste mundo.
Esse é o reino de Deus, em que Ele, unicamente Ele, governa. Em vez de
força, política, esquemas e tramoias, a graça impera aqui. A graça é um reino.
25 de fevereiro – sábado

CEGUEIRA DIVINA
Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel. O
Senhor, o seu Deus, está com eles; o brado de aclamação do Rei está no
meio deles. Números 23:21

Essas palavras são extraordinárias por dois motivos: a pessoa que as proferiu e o
conteúdo aparentemente contraditório.
Quem as proferiu foi Balaão, filho de Beor, o profeta ganancioso, do alto
do monte Pisga enquanto observava parte das tribos de Israel. O rei moabita,
Balaque, preocupado com a aproximação dos israelitas, contratou Balaão para
amaldiçoá-los. Balaão, desejoso de receber as recompensas prometidas por
Balaque, se dispôs a atender ao pedido, mas Deus não permitiu! Balaque, porém,
continuou insistindo e, finalmente, Deus deixou Balaão fazer o que seu coração
queria.
Balaão estava ao lado de sete altares que mandou Balaque construir no
topo da montanha. Ele ofereceu um touro e um carneiro em cada altar. Em
seguida, ele esperou uma palavra do Senhor.
E a palavra veio. Que mensagem maravilhosa! Em vez da maldição que
Balaque tanto almejava (a maldição que tornaria Balaão rico), Deus colocou
palavras na boca do profeta que ele certamente preferiria não ter pronunciado.
Assim, uma bênção sublime foi proferida sobre Israel por meio da fonte mais
improvável de todas.
“Nenhuma desgraça se vê em Jacó, nenhum sofrimento em Israel”,
declarou Balaão. Inacreditável! Será que Deus estava cego? Tratando-se de um
bando de revoltados, prontos a criticar e a reclamar, que vagou pelo deserto por
40 anos por causa de sua falta de fé e desobediência, como pôde o Senhor ter
colocado palavras como essas na boca de Balaão?
Deus amava “cegamente” Seu povo. “Ele o protegeu e dele cuidou;
guardou-o como a menina dos Seus olhos” (Dt 32:10), escreveu Moisés a
respeito de Israel. Apesar de todos os defeitos e falhas, Deus considerava Israel
um povo precioso. Ao olhar para Israel, não enxergava sua iniquidade, mas a
Sua própria imagem.
Que bela ilustração da graça! É exatamente assim que o Senhor olha para
você e para mim hoje, querido amigo. Ao olhar para nós, não Se lembra de
nossas promessas não cumpridas ou nossa vida bagunçada. Ele vê a Si mesmo –
vê Jesus.
Acredite: você é a menina de Seus olhos. Assim como eu também. Então,
saia para este novo dia com a cabeça erguida e com leveza nos pés. Você é
alguém. Sim, um filho de Deus!
26 de fevereiro – domingo

O CRISTO AFETUOSO
O Mestre, Deus, deu-me uma língua bem-educada, assim sei como
encorajar o cansado. Ele me acorda de manhã, desperta-me, abre os meus
ouvidos para ouvir como alguém pronto para receber ordens. Isaías 50:4,
The Message

Quantas vezes as nossas palavras atrapalham o plano de Deus! A réplica afiada,


o sarcasmo que alfineta, a indireta maldosa – caímos, e caímos de novo. Não é
de admirar que o apóstolo Tiago tenha dito que, se alguém não tropeça em
palavras, essa pessoa é perfeita (Tg 3:2).
“Ao soltarem pipa, os meninos puxam de volta seus pássaros de papel. Não
podemos fazer o mesmo ao soltar palavras”, escreveu Will Carleton. Nossas
palavras saem de nossa boca e, por mais que queiramos puxá-las de volta para
dentro, não podemos. Mesmo que nos desculpemos, tentemos corrigir o mal,
ferimos alguém – quem sabe alguém que amamos profundamente – e as
cicatrizes permanecem mesmo depois de a ferida ter sarado.
Isso não acontecia com Jesus. Suas palavras traziam esperança e cura. Elas
levavam o ouvinte a olhar para cima; nunca impunham medo. Palavras
encorajadoras. Palavras inspiradoras. Palavras motivadoras.
“O Salvador nunca suprimiu a verdade, mas disse-a sempre com amor”,
escreveu Ellen White. “Em Suas relações com outros, exercia o máximo tato, e
era sempre bondoso e cheio de cuidado. Nunca foi rude, nunca proferiu
desnecessariamente uma palavra severa, não ocasionou jamais uma dor
desnecessária a uma pessoa sensível. Não censurava a fraqueza humana.
Denunciava destemidamente a hipocrisia, a incredulidade e a iniquidade, mas
havia lágrimas em Sua voz ao proferir Suas esmagadoras repreensões. Nunca
tornava a verdade cruel, porém manifestava profunda ternura pela humanidade.
Toda pessoa era preciosa aos Seus olhos. Conduzia-Se com divina dignidade;
inclinava-Se, todavia, com a mais terna compaixão e respeito para todo membro
da família de Deus. Via em todos pessoas a quem tinha a missão de salvar”
(Obreiros Evangélicos, p. 117).
Como Jesus conseguiu manter tamanha ternura e compaixão em meio às
terríveis pressões de Sua missão? Isaías nos diz: toda manhã Jesus acordava
pronto a ouvir as ordens vindas do Pai. Ia ao encontro de Deus e Se afastava do
“eu”. Saía fortalecido pelo tato divino para enfrentar cada dia.
E que diferença isso fez!
27 de fevereiro – segunda

QUANDO A VIDA OFERECE LIMÕES


Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de
amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos. Hebreus
12:15

O que você faz quando a vida lhe oferece limões? Você fica azedo, culpando a
“sorte” ou culpando Deus? Ou você permite que a graça de Deus o conforte e
sustenha a despeito do grau de dificuldade da situação?
Há algum tempo, a Associated Press [agência norte-americana de notícias]
publicou a linda história de uma garotinha que não se deixou abater pelo
infortúnio. Um pouco antes de seu primeiro aniversário, Alexandra Scott foi
diagnosticada com neuroblastoma. Esse tipo de câncer, que ceifa a vida de cerca
de 700 crianças nos Estados Unidos por ano, possui uma porcentagem de
sobrevivência de apenas 40%.
Alexandra estava com oito anos na ocasião em que sua história correu na
imprensa. Fazia sete anos que se submetia à quimioterapia e radioterapia. Mas
Alexandra era uma garotinha muito corajosa que lutou com todas as forças e
criou um plano para arrecadar um milhão de dólares para financiar pesquisas
sobre o câncer.
Aos quatro anos, montou uma banquinha para vender limonada. Arrecadou
dois mil dólares em apenas um dia. Depois disso, a cada ano, mais “Banquinhas
de Limonada da Alex” surgiram, administradas por amigos e voluntários. Essas
bancas de limonada já arrecadaram mais de 40 milhões de dólares.
Em 2004, ano em que a história foi publicada, todos os 50 estados dos
Estados Unidos possuíam uma banquinha em funcionamento. Uma rede de
supermercados montou bancas em seus estabelecimentos. Na cidade de
Minneapolis, em Minnesota, uma família cujo filho tinha o mesmo tipo de
câncer de Alexandra abriu banquinhas no estádio de beisebol. Um grupo de
mendigos de Houston, no Texas, financiou uma banquinha, assim como uma
escola de ensino fundamental da cidade de Milwaukee, Wisconsin.
Mesmo cansada e debilitada devido ao tratamento, Alexandra sempre se
recusou a afastar-se de suas atividades. Fez questão de participar do programa de
televisão Today Show para anunciar ao público o quinto dia anual da Banquinha
de Limonada da Alex.
Todo dinheiro arrecadado por essa criança maravilhosa foi destinado às
pesquisas sobre o câncer. Ela doou 150.000 dólares ao Hospital Infantil de
Filadélfia, onde foi tratada. O restante foi doado a outros centros de pesquisa.
A vida ofereceu limões muito cedo para Alexandra Scott. Mas ela pegou os
limões e fez limonada.
28 de fevereiro – terça

O QUARTO HOMEM
E o rei exclamou: “Olhem! Estou vendo quatro homens, desamarrados e
ilesos, andando pelo fogo, e o quarto se parece com um filho dos deuses.”
Daniel 3:25

De todas as histórias extraordinárias do século passado, nenhuma é mais


fascinante do que a expedição de Sir Ernest Shackleton à Antártica. Essa é mais
do que uma história de grande coragem. Um ser divino esteve presente.
Há um século, a Antártica atraía a atenção de exploradores. Depois de
Roald Amundsen vencer a corrida ao polo sul, restava um grande objetivo:
cruzar o continente de mar a mar. Em 1914, logo após o início da Primeira
Guerra Mundial, Shackleton partiu a fim de atingir esse objetivo.
No início de 1915, sua embarcação Endurance estava a 129 quilômetros do
continente. O gelo fechou-se ao redor do navio, prendendo a embarcação. Eles
flutuaram por nove meses e, na ocasião em que o navio afundou, tinham
chegado à faixa desolada de terra conhecida como Ilha Elefante.
Em seguida, Shackleton e mais cinco homens partiram para a estação
baleeira da Geórgia, a 1.287 quilômetros de distância, num bote aberto de sete
metros de comprimento. Mais de duas semanas depois, atracaram em terra firme.
Não apenas haviam enfrentado ondas gigantes, como também um furacão que
causou o naufrágio de um navio a vapor de 500 toneladas.
Eles, porém, atracaram no lado oposto da ilha em que estava localizada a
estação baleeira mais próxima. Com montanhas de 1.500 a 3.000 metros de
altitude, abismos e geleiras, a Geórgia do Sul nunca havia sido cruzada antes.
Outro recorde, mais um ato heroico: após 36 horas terríveis sem descansar,
Shackleton e mais dois homens chegaram à estação Stromness.
Essa é mais do que uma história incrível sobre coragem. Shackleton mais
tarde afirmou: “Quando me lembro daqueles dias, não tenho a menor dúvida de
que a Providência nos guiou, não apenas pelos campos de neve, mas também
pelo mar tempestuoso que separa a Ilha Elefante do local em que atracamos na
Geórgia do Sul. Sei que, durante a longa e terrível jornada de 36 horas sobre as
montanhas e geleiras sem nome da Geórgia do Sul, eu tinha sempre a impressão
de que éramos quatro, não três.”
Quatro, não três. Assim como os três jovens hebreus que tiveram a
companhia de um quarto Homem na fornalha ardente.
Você já sentiu essa presença? Você conhece a aparência do quarto Homem?
29 de fevereiro – quarta

JESUS, O CAMINHO
Vocês conhecem o caminho para onde vou. João 14:4

Muito tempo atrás, no sexto século antes de Cristo, um menino nasceu numa
família real na região que hoje chamamos de Nepal. A lenda diz que o pai
protegeu o príncipe, herdeiro de seu reino, das tristezas e misérias comuns aos
seres humanos. O menino conheceu apenas prazer, alegria e diversão, e aprendeu
muitas coisas.
Mas um dia tudo mudou. O jovem encontrou-se inesperadamente com um
homem doente, cujo rosto se contorcia de dor. Pela primeira vez em sua vida, ele
viu o sofrimento causado pela doença. Então ele encontrou um homem idoso,
com o corpo curvado, se arrastando pela estrada – o sofrimento causado pela
idade avançada. Depois disso, ele encontrou um cortejo fúnebre, viu o corpo
inerte, ouviu o lamento – o sofrimento causado pela morte.
O príncipe Gautama ficou profundamente comovido. Deixando sua esposa
e o filho pequeno, ele renunciou ao trono e se tornou um monge itinerante, em
busca de respostas para o sofrimento da humanidade. Posteriormente ele as
encontrou e dali em diante passou a se chamar Buda, o iluminado.
Na análise de Buda sobre o mistério da vida, toda a existência se resume
em sofrimento. A causa do sofrimento é o desejo; quando o desejo cessa, o
sofrimento também cessa. Assim, Buda indicou o caminho para dominar o
desejo.
Os ensinamentos de Buda, nobres como pareçam, contrastam radicalmente
com os de Jesus de Nazaré. Gautama tinha a pretensão de mostrar às pessoas o
caminho; Jesus alegava ser o caminho. Buda não atraiu a atenção para si mesmo
ou procurou ser adorado; Jesus disse que era o eterno EU SOU. Buda viu a
humanidade caída no poço do pecado e lhe disse como sair dele. Jesus desceu
até o poço e carregou os seres humanos em Seus ombros.
Quando Jesus disse aos Seus discípulos que era o caminho, Ele estava para
deixá-los. Ele tinha falado sobre ir para o Pai, para preparar um lugar para eles.
Suas palavras deixaram os discípulos preocupados. Jesus indo embora? Jesus
deixando-os sozinhos para enfrentar o mundo? Não, disse Jesus, “vocês
conhecem o caminho para onde vou” (Jo 14:4). Tomé falou por todos nós:
“Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?”
Então Jesus respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao
Pai, a não ser por Mim” (v. 5, 6).
Hoje podemos não saber que caminho seguir, como lidar com as
preocupações e pressões da vida – casa, filhos, trabalho, igreja. Jesus é o
caminho. Ele não apenas nos mostra o caminho; Ele é o caminho.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1º de março – quinta

O SEGREDO DA VITÓRIA
Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em Meu trono, assim
como Eu também venci e sentei-Me com Meu Pai em Seu trono.
Apocalipse 3:21

O tema da vitória é apresentado intensamente no livro de Apocalipse. Cada uma


das mensagens às sete igrejas se encerra com uma promessa ao que vencer (Ap
2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12, 21). Mas como podemos vencer? As forças espirituais
arregimentadas contra nós parecem tão poderosas e nós somos tão fracos. Como
podemos sair vitoriosos nessa batalha? Em nossa fraqueza encontra-se o segredo
da vitória. Se nos submetermos ao Salvador e nos apoiarmos totalmente nEle,
todas as forças do inferno serão afastadas de nós.
Prezado amigo, quero partilhar com você uma promessa que reconheço ser
verdadeira, pois já a coloquei à prova vez após outra, e nunca falhou: “Coisa
alguma é aparentemente mais desamparada, e na realidade mais invencível, do
que a pessoa que sente seu nada, e confia inteiramente nos méritos do Salvador.
Pela oração, pelo estudo de Sua Palavra, pela fé em Sua constante presença, a
mais fraca das criaturas humanas pode viver em contato com o Cristo vivo, e Ele
a segurará com mão que nunca a soltará” (Ellen G. White, A Ciência do Bom
Viver, p. 182).
Note a tríplice fórmula da citação:
1. Oração. A vida do vencedor é de oração. A oração que vive e respira a
presença de Deus, a oração proferida ou silenciosa, a oração em meio às tarefas e
aos cuidados diários.
2. Estudo da Palavra. O estudo da Palavra de Deus e a vida vitoriosa
andam de mãos dadas. O estudo da Bíblia com oração é capaz de nos fortalecer
no Senhor e em Sua vontade. A leitura esporádica nos deixa fracos e vacilantes;
contribui para o fracasso. E não ler significa que rapidamente cairemos presas do
inimigo.
3. Fé na constante presença de Deus. Vivemos pela fé. A fé é a essência da
vida cristã. Ao nosso redor, as forças do secularismo e do materialismo nos
envolvem com seu poder, seduzindo-nos a lançar nossa sorte com elas e a
“comer, beber e alegrar-nos”. Mas a fé diz “não”! Há mais abundância de vida
do que nossos olhos podem enxergar. Existe outro mundo, o reino de realidade
suprema, a presença de Deus. Essa vida passageira não é tudo o que existe. Deus
nos criou para Ele!
Tente. Lance-se nos braços de Deus. Quanto mais fraco se sentir, maior
será a força dEle em você. Jesus, o vitorioso, lhe concederá o poder da vitória.
2 de março – sexta

RESERVATÓRIOS DE NEVE
Acaso você entrou nos reservatórios de neve, já viu os depósitos de
saraiva [...]? Jó 38:22

Nenhuma invenção ou tecnologia humana é capaz de resistir à força das


geleiras. Esse rio de gelo em movimento empurra qualquer barreira que tentamos
colocar em seu caminho.
A neve acumulada ao longo de inúmeros anos se compacta e se transforma
em gelo tão denso que todas as bolhas de ar são expelidas. À medida que as
camadas de gelo formam paredes de vários metros de espessura, se inicia uma
lenta descida para o vale, um peso enorme abre caminho pela camada rochosa,
arranhando a superfície da Terra, apanhando pedras e triturando-as até virarem
pó.
As geleiras são ao mesmo tempo lindas e terríveis. De longe, parecem
silenciosas e imóveis, a luz do sol reflete o azul de sua superfície irregular. Mas,
de perto, as geleiras emitem um som agudo por causa da profunda tensão ao
percorrerem seu curso inevitável. As geleiras são perigosas. A neve esconde
grandes fendas que abrigam trevas impenetráveis.
Já vi geleiras em vários lugares, mas apenas depois de visitar o Alasca é
que comecei a compreender seu espantoso poder. Voamos de Denver para
Anchorage, e por duas horas observei lá do alto uma vasta extensão de
montanhas irregulares carregadas de neve com inúmeras geleiras avançando
sobre incontáveis vales. Uma cena da beleza selvagem de tirar o fôlego.
Alguns dias mais tarde, Noelene e eu passeamos a bordo de um pequeno
barco pelo Estreito Prince William. Observamos geleiras mergulharem no mar.
Elas se desprenderam bem diante de nossos olhos como paredes imensas de gelo
que racharam e se desmoronaram na água.
Por muitos anos, pensou-se que não existisse vida nas geleiras. Mas isso
não é verdade. Um verme minúsculo, tão pequeno quanto um fiozinho de linha,
vive próximo à superfície entre os cristais de gelo. Assim que as sombras
encobrem a geleira, essa pequenina criatura, parecida com a minhoca, emerge
para se alimentar do pólen que se alojou sobre a superfície.
“Acaso você entrou nos reservatórios de neve?”, o Senhor perguntou a Jó.
Certamente, Jó já tinha ouvido falar em neve, e quem sabe até visto; às vezes
neva em Jerusalém e nas áreas ao redor. Mas Jó não tinha a menor ideia de como
era um rio acumulado de neve – a geleira.
Do mesmo modo, temos apenas uma vaga noção das maravilhas do mundo
que Deus criou – e de Sua graça.
3 de março – sábado

ALI NÃO HAVERÁ NOITE


Suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite.
Apocalipse 21:25

Você consegue imaginar como deve ser morar em um lugar em que nunca fica
escuro?
As pessoas que habitam as regiões do extremo norte têm uma ideia de
como seria viver assim. Quanto mais ao norte do planeta estivermos, notaremos
que o Sol demora mais a se pôr durante o verão, até chegarmos ao Círculo
Ártico. Ao norte do Círculo Ártico passam-se vários dias sem que o Sol se
ponha.
Passei alguns dias no Alasca durante o mês de junho, e vivi uma
experiência totalmente nova. Apesar de ter ficado em Palmer, cerca de 50
quilômetros ao norte de Anchorage e bem abaixo do Círculo Ártico, o pôr do sol
ocorreu apenas às 23h45. Mesmo depois de o Sol ter desaparecido, ainda ficou
claro. Às 4h30 da manhã seguinte, o Sol nasceu, e eu acordei. As pessoas já
estavam saindo para trabalhar. O caminhão de lixo estava passando, os jornais já
tinham sido entregues.
Pelo fato de não escurecer, dormir é um problema. Mesmo com as cortinas
fechadas, o quarto fica claro; e assim que o raio de Sol encontra uma brecha,
penetra seus olhos.
Com luz contínua, a terra produz em abundância extraordinária. Vi a
peônia mais bela que já encontrei – de vermelho intenso, com múltiplas camadas
e 23 centímetros de largura. Disseram-me que os repolhos chegam a pesar 45
quilos (isso é muita salada!), as cenouras chegam a 13,5 quilos cada uma, e são
muito suculentas por causa do crescimento acelerado.
Ali não há noite! Mas apenas por um tempo. Após a glória do verão, os
dias começam a encurtar, e a noite vem a passos largos. Na metade do inverno
em Anchorage, o Sol exibe-se apenas por algumas horas. Ao norte do Círculo
Ártico, mal aparece.
Com a noite vem a maldição das trevas: alcoolismo, divórcio, suicídio. Em
nível puramente natural, somos criaturas da luz. Trevas infindas nos encobrem.
No novo céu e na nova Terra, o povo de Deus passará a ter uma existência
que não podemos compreender nesta vida. Ali, andaremos na luz do Cordeiro,
que veio para o nosso planeta, armou Sua tenda entre nós por um período,
revelou a glória do Pai e morreu no Calvário para nos oferecer a vida eterna. Ali
não haverá noite.
4 de março – domingo

A GRAÇA É UMA FESTA


“Vamos festejar! Vamos alegrar-nos! Meu filho está aqui. Foi dado como
morto e agora está vivo! Foi dado como perdido e agora foi encontrado!”
E eles começaram a festejar e alegrar-se. Lucas 15:23, 24, The Message

A graça é uma festa. Parece espantoso, até surpreendente. Mas foi isso que
Jesus ensinou.
É assim. Estamos aqui. Talvez nunca estivéssemos, mas estamos porque a
festa não seria completa sem a nossa presença. No mundo acontecem coisas
lindas e terríveis, mas Deus diz: “Não tema. Estou ao seu lado. Nada pode nos
separar. Eu criei o Universo para você. E o amo.”
Essas palavras parecem espantosas demais para serem verdadeiras, mas de
fato são. A parábola mais famosa de Jesus, uma história muito apreciada ao
redor do mundo em todas as eras, fala a respeito de um pai amoroso e seus dois
filhos.
Os pregadores geralmente se referem a essa história como “A Parábola do
Filho Pródigo”, mas essa é, na verdade, a história de dois filhos. O mais jovem
se entregou aos prazeres da juventude, voltou esfarrapado para o lar e foi aceito.
Mas o irmão tinha uma série de problemas diferentes. No fim da história, está do
lado de fora da casa, discutindo com o pai, enquanto o mais jovem está seguro
dentro do lar.
Assim como muitas parábolas de Jesus, essa possui um fim surpreendente.
Ela inverte a escala de valores humanos. Um filho, o “bonzinho”, trabalhou
arduamente e nunca fez nada que manchasse o nome da família. Mas ele não
“entendeu”.
A graça é algo que você nunca poderá obter por esforço próprio; você pode
apenas recebê-la de presente. Não há como merecê-la ou comprá-la. É um
presente. Assim como qualquer outro presente, a graça pode ser nossa apenas se
estendermos a mão e a aceitarmos.
O personagem principal da história, no entanto, não é nenhum dos filhos,
mas o pai. Ele nunca desiste dos filhos, nunca deixa de esperar e aguardar. E no
momento em que o filho pródigo aparece, ele corre para encontrá-lo, reprime
suas declarações de tristeza e manda buscar a melhor roupa e o anel.
E dá uma festa.
Espantoso, mas real. A graça é uma festa.
5 de março – segunda

RECEBENDO DE GRAÇA
Vocês receberam de graça; deem também de graça. Mateus 10:8

Não sei o que é mais difícil – dar ou receber gratuitamente. Os seres humanos
dão esperando sempre algo em troca; Deus não age assim. Os seres humanos
recebem sempre procurando introduzir um elemento de mérito ou valor pessoal;
Deus fica contente em receber-nos exatamente como somos.
Para nós, é muito difícil receber sem merecer. No fim do filme, no
momento em que aparecem os créditos, queremos sempre que nosso nome
apareça, mesmo as letras sendo tão miúdas.
No Antigo Testamento, há uma história muito conhecida mesmo entre as
crianças e relembrada em algumas canções – a cura de Naamã, o comandante do
exército da Síria. Uma menina israelita levada cativa por Naamã falou a respeito
de um grande profeta de seu país, famoso por realizar milagres. Certamente ele
poderia ajudar seu mestre! Assim, Naamã partiu para Israel acompanhado de
servos para carregar os presentes que levava consigo. Após um encontro
contencioso com o rei de Israel e ter que engolir o orgulho, Naamã por fim
concordou em fazer aquilo que Eliseu, que não lhe falou pessoalmente,
prescreveu para ser curado: banhar-se sete vezes no rio Jordão. E uma das
canções enfatiza que, ao sétimo mergulho, Naamã foi curado.
Mas o restante da história raramente recebe atenção. Eliseu tinha um servo
muito ambicioso, Geazi. Depois de ser curado, Naamã quis a todo custo
presentear Eliseu. O profeta, porém, recusou aceitar qualquer coisa; o milagre
havia sido realizado por Jeová, não por Eliseu. Unicamente Deus era digno do
louvor e do crédito.
Assim, Naamã partiu para seu país, levando consigo todos os presentes de
volta. O servo Geazi decide resolver a questão à sua maneira. Até aqui Geazi
havia sido apenas um mero espectador na história, testemunhando Naamã ser
curado e depois as tentativas inúteis de recompensar Eliseu. Geazi pensou: Isso
não está certo! Naamã recebeu o presente da cura e, por isso, deve dar algo em
troca. Eliseu é bobo de não aceitar seus presentes.
Geazi corre atrás de Naamã e seus servos. Ao alcançá-los, mente e diz a
Naamã que Eliseu havia mudado de ideia e que finalmente havia decidido aceitar
os presentes. Com muita alegria, Naamã lhe entregou o dinheiro e os trajes finos,
mas o presente se transformou numa maldição no momento em que a lepra de
Naamã passou para o ambicioso Geazi.
Não é fácil receber gratuitamente. Mas essa é a essência do evangelho. Não
oferecemos nada; recebemos tudo.
6 de março – terça

O CRISTO ATEMORIZANTE
Assim como houve muitos que ficaram pasmados diante dEle; Sua
aparência estava tão desfigurada, que Ele Se tornou irreconhecível como
homem; não parecia um ser humano; de igual modo Ele aspergirá muitas
nações, e reis calarão a boca por causa dEle. Isaías 52:14, 15

O Cristo atemorizante? Essa ideia parece impossível! Conhecemos o Cristo


gentil, o Cristo bondoso, o Cristo resoluto, o Cristo crucificado, mas não o Cristo
atemorizante. Mas é exatamente assim que Isaías, o profeta evangelista, resumiu
o ministério de Jesus nessa passagem impressionante.
Jesus, segundo a Bíblia, atemoriza em dois aspectos. Primeiro, Ele causa
pavor devido à Sua aparência, que está tão desfigurada que Ele nem aparenta
mais um ser humano. Com essas poucas palavras, Isaías descreve o sofrimento
de Jesus registrado nos quatro Evangelhos 700 anos mais tarde. Mateus, Marcos,
Lucas e João contaram que Jesus foi espancado, cuspido e que uma coroa de
espinhos foi cravada em Sua cabeça. Eles registraram especialmente que os
soldados romanos O chicotearam, o que certamente foi o momento mais
doloroso de toda a violência a que Ele foi submetido. “O chicote romano
(phragellion, do latim flagellum) era um instrumento cruel de tortura. Em suas
tiras de couro costumava-se prender pedaços de metal ou de ossos para aumentar
o sofrimento. [...] A vítima era despida até a altura da cintura, geralmente presa a
um poste com as mãos atadas uma à outra, e chicoteada nas costas com golpes
dilacerantes. Eusébio (Hist. Eccl. iv. 15) registrou que os mártires de Esmirna,
torturados por volta de 155 d.C., foram espancados com tamanha crueldade que
as veias, os músculos e os tendões foram expostos, até mesmo as entranhas
ficaram à vista” (Seventh-day Adventist Bible Dictionary [1979], p. 988).
Jesus suportou tudo isso e muito mais. Por mais intensa que tenha sido a
dor física que Ele suportou, pior ainda foi o fato de a face do Pai ter se ocultado
no momento em que o peso do pecado da humanidade foi colocado sobre Seus
ombros.
A Bíblia revela, porém, que Jesus atemoriza de outra maneira também.
Muitas nações se assombrarão perante Ele; reis ficarão em silêncio diante de Sua
presença. “Nações de todo o mundo temerão, ficarão espantadas, os reis ficarão
chocados em silêncio ao vê-Lo” (Is 52:15, The Message). Pois o Jesus do
Calvário, submetido a tamanho sofrimento e tortura, é o Filho de Deus, que
voltará como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
7 de março – quarta

O CRISTO RESOLUTO
Porque o Senhor, o Soberano, me ajuda, não serei constrangido. Por isso
eu me opus firme como uma dura rocha, e sei que não ficarei
decepcionado. Isaías 50:7

O Cristo de postura firme. Essa é uma imagem que geralmente não temos de
Jesus. Estamos acostumados com os generais cuja fisionomia demonstra
determinação inflexível – os Pattons, Napoleões e Eisenhowers – mas não Jesus
de Nazaré. Preferimos pensar nEle como o Bom Pastor amparando as ovelhas
em Seus braços.
Mas a profecia de Isaías se cumpriu na descrição de um dos evangelhos
que ecoa as palavras do profeta: “Aproximando-se o tempo em que seria elevado
aos Céus, Jesus partiu resolutamente em direção a Jerusalém” (Lc 9:51). Marcos
registrou mais detalhes: “Eles estavam subindo para Jerusalém, e Jesus ia à
frente. Os discípulos estavam admirados, enquanto os que O seguiam estavam
com medo” (Mc 10:32).
Trata-se de uma cena poderosa: Jesus caminha à frente do grupo, talvez
desejoso de ficar a sós com Seus pensamentos. Os discípulos O seguem
apreensivos. O comportamento de Jesus, agora tão diferente, os deixa surpresos
e ansiosos. Sua fisionomia está séria, Seus olhos brilham com intensidade, todo
Seu ser transparece determinação. Está decidido e prosseguirá, não importa o
preço a ser pago.
O resultado parece inevitável: Jesus escolheu ir a Jerusalém, mesmo ciente
de que a rejeição, o desprezo, a traição, a tortura e a morte O aguardavam
naquele lugar. Sua vida não era um roteiro a ser seguido; Ele não era um ator,
muito menos uma marionete. Ele poderia ter escolhido não ir a Jerusalém e não
Se submeter à cruz. Poderia ter abortado Sua missão a qualquer instante. Veio à
Terra “com risco de fracasso e ruína eterna” (O Desejado de Todas as Nações, p.
49).
Que Salvador! Que Senhor! O Cristo resoluto ganhou nossa salvação.
E nós, que escolhemos seguir Seus passos hoje, devemos esperar “um mar
de rosas”, como diz o ditado? Será que o título que carregamos de “cristão” nos
garante uma vida de obediência a Cristo calma, tranquila e confortável? Ou
sabemos o que significa ficar firmes como uma dura rocha, determinados a
permanecer fiéis a Ele a despeito das consequências?
Paulo conhecia a necessidade de manter uma postura firme. Contra todos
os conselhos e advertências, partiu para Jerusalém, ciente de que a prisão e o
sofrimento o aguardavam lá.
Isso é graça decidida – a graça do Cristo resoluto.
8 de março – quinta

ESTRELA DE HOLLYWOOD?
Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada havia
em Sua aparência para que O desejássemos. Isaías 53:2

É impressionante notar que os Evangelhos, que registram a vida e a morte de


Jesus de Nazaré em quatro relatos diferentes, não apresentem nenhuma palavra
que descreva Sua aparência física. Neles não encontramos nenhuma dica de Sua
altura, feição, cor de pele ou cor dos olhos.
De tempos em tempos, os produtores de Hollywood decidem retratar Jesus.
Para isso, selecionam sempre um ator de bela aparência. Eles, que atribuem tanto
valor ao exterior, não conseguem imaginar que a Pessoa mais influente da
história humana não tivesse uma aparência marcante.
Estão completamente errados. Em nenhum lugar dos Evangelhos, ou em
qualquer outro lugar da Bíblia, lemos que as pessoas foram atraídas a Jesus por
causa de Sua aparência. Muito pelo contrário. Isaías profetizou que o Messias
não teria qualquer beleza ou majestade que atraísse os seres humanos, ou
qualquer outra característica física que levasse homens e mulheres a desejarem
estar com Ele.
O profeta Samuel, enviado por Deus para ungir o rei de Israel, precisou
aprender essa lição. “Não considere sua aparência nem sua altura, pois Eu o
rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o
Senhor vê o coração” (1Sm 16:7). Assim, o Senhor desconsiderou todos os
filhos mais velhos de Jessé, formosos como eram, e escolheu o mais jovem,
Davi, um simples adolescente.
Jesus não foi uma estrela de Hollywood. Todas as evidências registradas na
Bíblia levam a concluir que Sua aparência era comum. Um comentário de Ellen
White, conforme relatado por membros da família, apoia essa conclusão. Ela
indicou certo retrato de Jesus como a representação mais próxima daquilo que
viu em visão. E nesse retrato Jesus não é uma estrela de Hollywood.
Jesus não tinha uma bela aparência, mas que vida! Essa, sim, foi cheia de
beleza. Não foi majestoso fisicamente, mas que caráter! Nenhum ser humano
jamais chegou perto de possuir Sua justiça majestosa, repleta de misericórdia,
cheia de graça e de verdade.
“O Rei da Glória muito Se humilhou ao revestir-Se da humanidade. [...]
Sua glória foi velada, para que a majestade de Sua aparência exterior não se
tornasse objeto de atração. [...] Jesus Se propôs que nenhuma atração de natureza
terrena levasse homens ao Seu lado. Unicamente a beleza da verdade celeste
devia atrair os que O seguissem” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as
Nações, p. 43).
9 de março – sexta

BROTO SAÍDO DE UMA TERRA SECA


Ele cresceu diante dele como um broto tenro, e como uma raiz saída de
uma terra seca. Isaías 53:2

Na ocasião em que Abraham Lincoln concorreu à presidência dos Estados


Unidos, seus partidários costumavam cantar o seguinte refrão:
O velho Abe Lincoln saiu do deserto,
Do deserto, do deserto,
O velho Abe Lincoln saiu do deserto,
Em Illinois.
Aquela figura alta e melancólica parecia um candidato pouco indicado para
liderar a jovem nação norte-americana que enfrentava um de seus maiores testes
– a guerra civil por causa da questão da escravidão. Lincoln, no entanto, homem
honesto, justo e modesto, continuamente denegrido por membros de seu próprio
gabinete, provou ser a pessoa certa para enfrentar aquela situação. Suas
convicções inabaláveis mantiveram o Norte na direção certa. Seus discursos
públicos, colocados de lado ou menosprezados por seus contemporâneos,
estavam repletos de profunda compaixão, justiça e sabedoria.
Abraham Lincoln, sem dúvida o maior presidente dos Estados Unidos, foi
um broto saído de uma terra seca.
Mas o que dizer de Jesus, o Filho de Maria? Ele veio de Nazaré, um
pequeno vilarejo que carregava uma péssima reputação. “Nazaré? Pode vir
alguma coisa boa de lá?”, exclamou o devoto Natanael (Jo 1:46). Os Evangelhos
nos dão uma ideia de como eram os vizinhos de Jesus. Na ocasião em que Jesus
pregou na sinagoga da cidade, a mensagem não agradou os habitantes de Nazaré.
Eles ficaram com raiva, O levaram para fora da cidade e tentaram jogá-Lo do
penhasco (ver Lc 4:28-30).
Ainda assim, cometemos o mesmo erro de Natanael. Sem pensar duas
vezes, desprezamos alguém por não ter os laços familiares certos, a instrução
certa, a cor de pele certa ou a conta bancária certa. Até mesmo sem vê-las, sem
mesmo dar-lhes uma chance, tiramos nossas conclusões baseados em
preconceitos e ideias preconcebidas.
Para mim, esse pensamento é assustador. O Messias veio de Nazaré. O
broto de Deus saído de uma terra seca. Hoje quero que meus olhos sejam abertos
para ver o broto de Deus, a despeito da terra.
10 de março – sábado

BELOS PÉS
Como são belos nos montes os pés daqueles que anunciam boas-novas,
que proclamam a paz, que trazem boas notícias, que proclamam salvação,
que dizem a Sião: “O seu Deus reina!” Isaías 52:7

Pode ser que alguém discorde, mas nunca pensei nos pés como uma parte bela
do corpo. Para mim, os pés pertencem à categoria das “partes menos honrosas”
mencionadas por Paulo, mas que nem por isso deixam de ser essenciais ao
corpo.
Gosto muito de caminhar. Nos últimos 30 anos também tenho praticado
corrida, se bem que com menos frequência à medida que o tempo passa. Noelene
e eu sempre começamos nosso dia com uma caminhada e um período de oração
no parque. Às vezes caminhamos à tarde. Ao longo dos anos, calculo que demos
uma volta ao mundo e um pouco mais. Com 17 maratonas no currículo, mais o
tempo gasto em treino, meus pés já percorreram milhares de quilômetros.
Após corridas longas, meus pés parecem que foram surrados. Ao observar
as unhas escuras, Noelene sempre me diz:
– Você tem os pés mais feios do mundo!
Ela provavelmente tem razão, mas toda vez essa observação soa como um
insulto para meus fiéis suportadores de peso, e um golpe cruel à minha pessoa.
Depois de muita insistência por parte de minha esposa (e, confesso, devido
a um calo recalcitrante na planta do meu pé esquerdo que me fazia mancar), cedi
e marquei uma consulta com o podólogo. Apreensivo, esperava ouvi-lo dizer:
“Uau! Seus pés são realmente feios!” Mas, em vez disso, ele exclamou num tom
que quase transpareceu admiração:
– Você tem pés muito fortes.
Até que enfim! Lá no fundo eu sabia. Talvez não sejam bonitos, tudo bem,
definitivamente feios, mas fortes. Para que servem os pés, afinal? Quem quer pés
bonitos se não forem fortes?
Calma. A Bíblia fala de pés belos. Pés que cruzam as montanhas para levar
as boas-novas. Pés que talvez fiquem machucados por terem que percorrer
grandes distâncias, caminhos difíceis, rios, geleiras e desertos para proclamar a
salvação e dizer: “O seu Deus reina!”
Deus considera belos esses pés surrados. O que eles fazem é mais
importante do que correr numa maratona. Esses são como os pés de Cristo,
comprometidos em andar em benefício alheio em missões de misericórdia.
Posso ter belos pés.
11 de março – domingo

CALVÁRIO
Mas Ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi
esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz
estava sobre Ele, e pelas Suas feridas, fomos curados. Isaías 53:5

Não foram os romanos que inventaram a cruz. Mas eles adotaram a ideia e a
colocaram em prática por séculos para deter a todo custo a oposição ao império.
A cruz cumpriu muito bem o seu propósito. Foi utilizada na grande maioria
das vezes como um meio de execução pública. O inimigo da paz romana era
forçado a desfilar pelas ruas, carregando a cruz ou parte dela. Os transeuntes
viam – e tremiam diante da cena. O local de execução era público. O objetivo
era que todos vissem o destino daqueles que ousavam levantar-se contra Roma!
E a morte vinha lentamente. Às vezes, a vítima permanecia vários dias pregada
ou amarrada à cruz, até que a exposição ao Sol e a perda de fluidos corporais
trouxessem o tão esperado alívio da morte.
Os romanos fizeram grande uso da cruz, mas nunca para executar os
compatriotas. Nas ocasiões em que alguns imperadores ignoraram essa restrição,
a indignação se espalhou entre o povo e surgiram revoltas. A cruz simbolizava
vergonha e humilhação – algo terrível demais para um cidadão romano. O
apóstolo Paulo, por exemplo, cidadão romano, não foi crucificado. Ele foi
executado pela espada.
Mas Jesus de Nazaré, que não tinha a cidadania romana, podia ser
crucificado, e foi. “O imaculado Filho de Deus pendia da cruz, a carne lacerada
pelos açoites; aquelas mãos tantas vezes estendidas para abençoar, pregadas ao
lenho; aqueles pés tão incansáveis em serviço de amor, cravados no madeiro; a
régia cabeça ferida pela coroa de espinhos; aqueles trêmulos lábios entreabertos
para deixar escapar um grito de dor.
“E tudo quanto sofreu – as gotas de sangue a Lhe correr da fronte, das
mãos e dos pés, a agonia que Lhe atormentou o corpo, e a indizível angústia que
Lhe encheu a alma ao ocultar-se dEle a face do Pai – tudo fala a cada filho da
família humana, declarando: É por ti que o Filho de Deus consente em carregar
esse fardo de culpa; por ti Ele destrói o domínio da morte, e abre as portas do
Paraíso. Aquele que impôs calma às ondas revoltas, e caminhou por sobre as
espumejantes vagas, que fez tremerem os demônios e fugir a doença, que abriu
os olhos cegos e chamou os mortos à vida – ofereceu-Se a Si mesmo na cruz em
sacrifício, e tudo isso por amor de ti. Ele, o que leva sobre Si os pecados, sofre a
ira da justiça divina, e torna-Se mesmo pecado por amor de ti” (Ellen G. White,
O Desejado de Todas as Nações, p. 755, 756).
12 de março – segunda

VIVER PARA SEMPRE


Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não
serão lembradas. Jamais virão à mente! Isaías 65:17

Você já imaginou como será viver para sempre? Atingir os 100 anos de idade e
estar apenas começando? Completar 500 anos e ainda ser considerado um bebê e
então ultrapassar a idade de Matusalém, 969 anos, o período mais longo de vida
registrado na Bíblia, até atingir 1.000 anos? E pensar que ainda assim um futuro
sem fim se estende à sua frente!
É quase impossível imaginar algo assim. Estamos acostumados a medir o
tempo em dias, meses e anos. Temos como parâmetro a expectativa de 60 a 80
anos de vida. Se alguém completa um século de existência, recebe uma carta do
presidente ou da rainha. São raros os que continuam vivos o bastante para sair
nos noticiários antes de falecer aos 118 anos ou quem sabe um pouco mais.
Na nova criação de Deus não haverá morte. Não havia morte no Éden; não
haverá morte no Éden restaurado. A morte é um inimigo, e será o último inimigo
a ser vencido.
Em vista do que conhecemos hoje, viver para sempre pode parecer
entediante. Mas pensamos assim apenas porque não conseguimos compreender a
habilidade de Deus de introduzir uma ordem social totalmente nova. Totalmente
nova e totalmente melhor.
Uma citação de Ellen White (uma de minhas favoritas, que sempre
mantenho em mente) afirma o seguinte a respeito da nova ordem de Deus:
“Sempre sentiremos o frescor da manhã, e sempre estaremos longe de seu
termo” (O Grande Conflito, p. 676).
Que maravilha! Amo a manhã. Acordo e louvo a Deus pelo novo dia que
nasce para me saudar, brilhante de esperança, radiante de boas expectativas. Na
nova criação de Deus sempre sentiremos o frescor da manhã que traz energia e
esperança. Os anos não a diminuirão, os milênios não a enfraquecerão.
Nessa esperança de futuro encontramos a linha de divisão final entre os
crentes e descrentes. Para os últimos, esta vida, a ordem social atual, é tudo o
que podem imaginar. Apenas esta vida, nada mais. Assim bebam, comam e
divirtam-se, pois logo chegará o fim.
Mas, para os seguidores de Jesus, esta vida não é o fim. Nosso Salvador e
Senhor nos oferece vida em abundância, aqui e agora, e a promessa de uma
existência eterna, repleta de alegria genuína. Aleluia! Que Salvador!
13 de março – terça

A MÁQUINA DE CORTAR GRAMA


O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade.
Provérbios 17:17

Há algum tempo o jornal Washington Post publicou a fotografia de um homem


idoso com uma longa barba branca encaracolada. Ele usava um chapéu de
vaqueiro, que havia comprado no México 15 anos antes, decorado com uma
corrente de pesos, a moeda mexicana. Estava sentado numa máquina de cortar
grama da marca John Deere 1966.
A história que acompanhou a foto tinha como título: “Uma Máquina de
Cortar Grama na Estrada.” Trata-se da história de Alvin Ray Straight, 73 anos,
que dirigiu sua máquina de cortar grama de Laurens, Iowa, até Blue River,
Wisconsin, um total de 400 quilômetros de distância, a uma velocidade de cinco
quilômetros por hora. Straight levou seis semanas para completar o percurso.
Comentaristas de rádio e repórteres passaram um dia ao lado desse sujeito
idoso de cabelos grisalhos que percorria lentamente estradas secundárias,
plantações de milho e pastos, rebocando um trailer improvisado com uma cama
de espuma, algumas cobertas e comida.
Não se tratava de uma comédia, mas de uma história de amor. Straight
desejava ver seu irmão, Henry, que tinha sofrido um derrame. O que um homem
podia fazer morando a 48 quilômetros de distância da rodoviária mais próxima
(e que não confia nos motoristas), numa idade em que já não enxerga muito bem
para dirigir um carro, com um irmão de 80 anos de idade e o tempo se esgotando
a cada segundo? Straight passou o inverno inteiro “matutando” para descobrir
como resolveria o problema. Por fim, decidiu fazer a viagem do seu jeito, com as
próprias mãos ao volante.
A primeira máquina de cortar grama que usou durou apenas 50 quilômetros
antes de o motor fundir. Voltou guinchado para casa, comprou outra máquina,
agora da marca John Deere, e começou tudo de novo. Após quatro dias de
viagem, teve que trocar o motor de arranque e o gerador. Depois de rodar 145
quilômetros ficou sem dinheiro. Receberia a aposentadoria apenas dali a duas
semanas. Estacionou no acostamento e esperou.
A 50 quilômetros da divisa de Wisconsin, Straight foi obrigado a esperar
mais uma semana devido às fortes chuvas. Finalmente, chegou ao trailer do
irmão em Blue River. A máquina de cortar grama quebrou e Straight completou
os quilômetros finais guinchado por um fazendeiro.
O que fez Alvin Straight percorrer aquela longa estrada em sua máquina de
cortar grama barulhenta? Ele disse: “Tinha que ver meu irmão.” Isso me faz
lembrar de outro Irmão que não conseguiu ficar em casa.
14 de março – quarta

COLARINHO ENGOMADO
Não temos a pretensão de nos igualar ou de nos comparar com alguns que
se recomendam a si mesmos. Quando eles se medem e se comparam
consigo mesmos, agem sem entendimento. 2 Coríntios 10:12

O espírito de justiça própria ou crítica nunca está longe do povo de Deus, como
ilustrado num incidente engraçado relatado pelo pioneiro adventista Tiago
White.
Durante o mês de junho de 1844, o jovem Tiago White, com 22 anos de
idade, participou de uma reunião adventista realizada em Poland, Maine, Estados
Unidos, em que compareceram aproximadamente 40 fiéis. Estava calor e a roupa
de Tiago White sujou durante a viagem. Surpreso, durante a reunião, Tiago
ouviu certo irmão H orar: “Ó Senhor, tenha misericórdia do irmão White. Ele é
orgulhoso e será condenado a menos que se livre do orgulho. Tenha misericórdia
dele, Senhor, e livra-o do orgulho. [...] Quebre-o, Senhor, e torne-o humilde.
Tenha misericórdia dele. Tenha misericórdia.” A oração continuou por um bom
tempo.
Quando o irmão H terminou, todos estavam em silêncio absoluto. Tiago
White finalmente falou: “Irmão H, temo que tenha se equivocado quanto às
informações que deu ao Senhor. Você diz que sou orgulhoso. Penso que isso não
seja verdade. Por que dizer isso a Deus? [...] Bem, se sou orgulhoso, [...] diga
diante das pessoas aqui presentes que sou orgulhoso. Isso diz respeito à minha
aparência geral, ou à minha forma de falar, orar ou cantar? [...] Por favor,
examine-me. Será que são minhas botas remendadas? Meu casaco empoeirado?
Meus trajes quase em farrapos? Minhas calças sujas? Ou o velho chapéu que
uso?”
O irmão H assegurou a Tiago White que não era por causa de nada daquilo.
Em vez disso, informou-lhe que o símbolo de orgulho do irmão White era o
colarinho de linho engomado que usava na ocasião. Tiago White imediatamente
explicou que a sua camisa estava suja e uma irmã piedosa havia se oferecido
para lavá-la. Enquanto isso, emprestou-lhe uma das camisas do esposo, que tinha
o colarinho de linho engomado. Logo em seguida, o irmão H caiu novamente de
joelhos e orou: “Ó Senhor, acabei de orar em favor do irmão White e ele está
zangado comigo por causa disso. Tenha misericórida dele! Tenha misericórdia!”
Essa foi a primeira experiência de Tiago White com os fanáticos. Sempre
que o espírito de crítica e justiça própria se manifestar, podemos estar certos de
que nos afastamos de Jesus
15 de março – quinta

MOOKIE
Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos
interesses dos outros. Filipenses 2:4

Ao nosso redor, todos os dias, Deus escreve lindas histórias repletas de Sua
graça. Para acompanhá-las, basta abrirmos nossos olhos. Às vezes, essas
histórias acontecem bem ao nosso lado. Um exemplo é a história de Mookie, no
escritório da Adventist Review.
Certo dia, Merle Poirier, uma das funcionárias do escritório, leu um
anúncio publicado por um dos jornais locais convidando voluntários para se
comprometerem em treinar um cachorro que ajudaria uma pessoa portadora de
deficiência visual a viver com mais qualidade e independência. A organização
Guiding Eyes for the Blind se encarrega da procriação dos filhotes e procura
pessoas para doar 18 meses de sua vida a fim de treinar o cachorro, que, após
esse período, será devolvido para a organização. E foi assim que Mookie, um
labrador macho de cor preta, entrou para a família Poirier.
Primeiro, Merle teve que fazer um curso de seis semanas para aprender a
treinar o filhote. Mookie ficava sempre preso à guia e aprendeu a não latir, a não
pular nas pessoas ou a não se alimentar até que recebesse permissão para isso.
Por incrível que pareça, ele aprendeu a obedecer a tal ponto que chegou a ficar
em frente à tigela de comida, com a saliva escorrendo pelo canto da boca, mas
sem tocá-la até Merle dar-lhe a ordem. Mookie abriu mão de tudo o que os
cachorros naturalmente fazem para que um dia pudesse guiar um deficiente
visual ao trabalho, ao supermercado, ao banco ou ao correio.
Mookie, no entanto, começou a trabalhar muito antes do tempo
determinado, de uma maneira totalmente inesperada. Numa sequência cruel de
eventos, a doença bateu à porta do lar da família Poirier. O marido, Tim, foi
submetido a uma série de cirurgias e passou muito tempo se recuperando em
casa. Durante esses meses de provação, Mookie ajudou a família a permanecer
unida, levando para longe a preocupação do momento. E Tim, sozinho por
longos períodos, encontrou em Mookie um companheiro.
Mookie recebeu um colete que o identificava como cão em treinamento da
organização Guiding Eyes. A fase seguinte do treinamento consistia em instruí-
lo a portar-se corretamente no interior de edifícios, a aumentar sua credibilidade
e familiarizá-lo com novas situações. No fim, estaria pronto para cumprir seu
dever.
Essa é uma linda história em todos os aspectos, tanto da parte de Mookie
quanto da família Poirier. É uma história de bondade, compaixão, serviço e
graça.
16 de março – sexta

QUE MULHER!
Quem encontra uma esposa encontra algo excelente; recebeu uma bênção
do Senhor. Provérbios 18:22

Um bom casamento é um presente da graça de Deus. Encontrar alguém disposto


a nos amar apesar de nós mesmos (assim como Deus) e permanecer ao nosso
lado na alegria e na tristeza, na saúde e na doença (assim como Deus) é, prezado
amigo, uma bênção de valor incalculável.
Estou a caminho de uma reunião campal no Alasca. A pessoa sentada ao
meu lado no avião é um executivo aposentado que está indo para o extremo
norte pescar. Conversamos bastante e ele ficou sabendo que Noelene e eu nos
casamos logo após a faculdade e fomos para a Índia trabalhar como
missionários.
– Ela casou com você e foi para a Índia? – ele exclamou. – Que mulher!
Ele tem razão. Que mulher a minha! Poderia escrever um livro sobre ela,
mas um incidente se sobressai acima de todos desde o corajoso “sim” de
Noelene. Aconteceu num sábado. No dia seguinte viajaríamos para Fort
Lauderdale, Miami, onde entraríamos a bordo de um cruzeiro de sete dias pelas
ilhas ocidentais do Caribe. Estávamos ansiosos por trocar o frio e o gelo pelas
águas cristalinas e dias quentes à frente.
Ao nos aproximarmos da porta da igreja, o salto de Noelene ficou preso
numa pequena abertura no pavimento irregular. Nossa filha, que tinha vindo de
Chicago para nos visitar, estava ao seu lado, e eu a um passo atrás. Mesmo
assim, antes que pudéssemos fazer qualquer coisa para socorrê-la, ela caiu e
bateu o rosto no chão de concreto. O sangue começou a jorrar de seu nariz e
boca e a manchar o casaco pesado. Noelene ficou prostrada na calçada gelada.
Sem perder tempo, os amigos entraram em ação e chamaram uma
enfermeira, que estancou o sangramento. Em seguida, fomos à sala de
emergência do Hospital Adventista de Washington. Depois de os exames
mostrarem que ela não tinha quebrado nada, exceto o nariz, sua primeira
pergunta ao médico foi:
– Vou poder ir ao cruzeiro?
Não parou por aí. Receberíamos visitas para o almoço naquele dia. Cientes
do acidente, os amigos ligaram para todos os convidados informando que o
almoço fora cancelado. No entanto, às 12h45, horário em que recebeu alta,
Noelene disse para os convidados irem almoçar. Ela se sentou à mesa com os
olhos inchados, quase fechados, e os lábios machucados. E foi ao cruzeiro,
usando óculos escuros para disfarçar as enormes manchas roxas. Que mulher!
17 de março – sábado

A GRAÇA SALVADORA DO RISO


O coração bem disposto é remédio eficiente, mas o espírito oprimido
resseca os ossos. Provérbios 17:22

Você alguma vez já se perguntou por que rimos? Apenas os seres humanos
riem. Trata-se de uma ação aparentemente desnecessária à existência, apesar de a
ciência moderna ter comprovado o que o sábio Salomão já tinha descoberto: o
riso é terapêutico.
Em nossa era, o riso se tornou um negócio, com risadas artificiais trazidas à
tona no momento previamente designado para intensificar as cenas cômicas dos
seriados de televisão e para deixar em alta comediantes cuja profissão é contar
piadas para pessoas que pagam para beber e ouvir – o equivalente moderno,
talvez, do bobo da corte.
A vida é engraçada. Deus colocou o humor dentro de nosso próprio ser.
Quando rimos, fazemos algo unicamente humano. Num mundo amaldiçoado
pela queda de nossos primeiros pais, o humor vem como uma graça salvadora.
Ao rirmos, mostramos que, por pior que a situação pareça, esse não é o fim e que
a superamos, a transcendemos, através do riso.
Os africanos que foram levados acorrentados à América conheciam essa
verdade. Sujeitos à brutalidade e à degradação da escravidão, eles encararam o
mal e o venceram. Por meio de canções de fé e esperança, e através do bom
humor, eles venceram.
Há alguns anos, uma universidade britânica se dispôs a descobrir de que
maneira o humor atua em culturas diferentes. Eles enviaram uma seleção de
histórias engraçadas a milhares de pessoas em diferentes países. Aqui está a
história vencedora:
Sherlock Holmes vai acampar com o Dr. Watson. Eles armam a barraca sob
as estrelas e vão dormir. Algumas horas mais tarde, Holmes acorda Watson.
– Watson, olhe para cima e diga-me o que deduz.
Watson olha para cima, observa o céu estrelado e responde:
– Deduzo que no vasto Universo existam outros planetas como o nosso e
que há vida em alguns deles.
– Não, seu bobo – diz Holmes. – Alguém roubou a nossa barraca!
Por que rimos ao ler isso? Porque nos colocamos na situação, observando
apenas as partes e não o todo, tirando conclusões absurdas.
Somos assim. A vida é assim. E rimos – um presente do Deus da graça.
18 de março – domingo

PERNAS
Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz nas pernas do homem.
Salmo 147:10, AA

Meu pai gostava muito de passear no litoral. Ele não possuía um automóvel;
por isso, pegávamos o bonde (tram, como chamamos na Austrália) rumo à
cidade de Adelaide. Em seguida, pegávamos outro bonde que levaria meia hora
para nos deixar na praia.
Uma vez lá, vestíamos a roupa de banho e mergulhávamos na água. Às
vezes caminhávamos ao longo da praia com as ondas batendo nos pés descalços.
Muitas vezes apenas ficávamos sentados na areia, observando o oceano. Nesses
momentos, penso que meu pai se recordava dos dias em que navegou pelo
mundo. Às vezes, ele contava sobre os navios, os capitães e os lugares que
visitou.
Quando nasci, meu pai já estava com quase 50 anos. Por isso, minhas
lembranças mais vívidas dele são de uma pessoa idosa. Lembro-me de observar
suas pernas, demarcadas por veias grossas, uma rede de pequenos capilares azuis
e algumas manchas escuras. Meu pai trabalhou arduamente, trabalhou com as
mãos carregando cargas de tijolos e cimento. Suas pernas revelavam o preço
pago pelo esforço.
Para uma criança, no entanto, aquelas pernas eram interessantes, não
repulsivas. Eram as pernas do meu pai, o homem que tinha me carregado nos
ombros numa idade avançada, que tinha trabalhado árdua e honestamente sob o
Sol intenso, em meio à poeira e ao suor, para colocar o pão na mesa de nossa
família.
Meu pai descansou há muito tempo, mas ainda vou ao litoral. Caminhar ou
correr na areia gelada, deixando as ondas se quebrarem em meus pés descalços
logo ao raiar do dia e observando as aves marítimas voando ao redor, talvez seja
o mais próximo que eu consiga chegar da alegria da eternidade nesta vida.
Sento-me na areia e olho para o oceano. Observo as minhas pernas, agora
demarcadas por veias grossas e uma rede de pequenos capilares azuis. Vejo
algumas manchas escuras próximas ao tornozelo. Eu também trabalhei duro, mas
não com o trabalho braçal. Essas pernas carregaram meu filho e minha filha (e
agora os netos) em meus braços e ombros. Essas pernas me carregaram por
longas viagens a muitos países. Elas me sustentaram nas trilhas montanhosas e
maratonas que percorri.
O salmista disse que o Senhor não Se compraz nas pernas do homem. Ele
Se compraz naqueles que O temem e nos que “esperam na Sua misericórdia” (Sl
147:11, ARA).
19 de março – segunda

O CRISTO REJEITADO
Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam. João 1:11

A história de Jesus de Nazaré é inacreditável em muitos aspectos, mas um deles


se destaca mais do que os outros: o Criador do Universo veio ao mundo que Ele
fez, mas nós, Suas criaturas, O rejeitamos.
Como isso pôde acontecer? Como as criaturas do pó da terra puderam
desprezar as mãos que as moldaram? Como homens e mulheres, sujeitos a uma
vida cuja expectativa é de 70 a 80 anos, foram capazes de dar as costas para
Aquele que é eterno?
Que benevolência! Que paciência! Que humildade! Apenas o fato de vir a
este mundo em forma humana, submetendo-Se às leis da hereditariedade, já seria
uma grande humilhação. Além de tudo, Ele veio ciente da rejeição, do
sofrimento e da morte que O aguardavam. Essa história deixa qualquer mente
confusa.
Muito antes de João escrever as duras palavras “veio para o que era Seu,
mas os Seus não O receberam”, Isaías já havia predito a rejeição que Cristo
sofreria: “Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um Homem de dores e
experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o
rosto, foi desprezado, e nós não O tínhamos em estima” (Is 53:3).
Ele foi rejeitado no passado e ainda é rejeitado hoje. Por quê? Porque Ele é
a Luz que brilha no coração de cada pessoa. A Luz que revela como somos. Sob
essa Luz enxergamos quem realmente somos. Não é uma imagem bonita de se
ver. Essa é a razão de, na época de Jesus e ainda hoje, a maioria das pessoas
responder: “Apaguem a Luz!”
“Este é o julgamento: a Luz veio ao mundo, mas os homens amaram as
trevas, e não a Luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3:19).
Mas a rejeição não foi total, louvado seja Deus, e hoje também não é. No
texto original grego as duas palavras traduzidas como “Seu” e “Seus” em João
1:11 são diferentes. Ele veio para o Seu mundo, e o Seu povo não O recebeu. Ele
ordenou que as ondas cessassem, e elas obedeceram; Ele partiu os pães e os
peixes, e eles se multiplicaram em Suas mãos. A natureza cobriu a Sua face com
as trevas no momento em que Ele ficou pendurado na cruz em agonia.
E houve algumas pessoas (não a maioria, mas algumas) que não O
rejeitaram, não disseram: “Apaguem a Luz”, mas que abriram o coração para
recebê-Lo.
Naquela época, alguns. Hoje, alguns. Quero estar entre eles, hoje e todos os
dias.
20 de março – terça

EU E TU
Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Farei para ele uma
auxiliadora, uma companheira.” Gênesis 2:18, The Message

Jesus, cheio de graça, sempre teve tempo – sempre dedicou tempo – para todos
que encontrava. Nunca estava com pressa demais, ocupado demais ou com o
horário apertado demais para parar e conversar.
Que diferença da nossa vida hoje! Vivemos na era da comunicação, mas
temos dificuldade em nos comunicar da forma mais básica, pessoalmente. A
tecnologia – telefone, e-mail, internet – nos possibilita enviar e receber
mensagens do mundo inteiro, mas, quanto mais ferramentas inventamos, mais
parecem nos frustrar ou esgotar completamente a fonte da comunicação afetuosa
e pessoal que Deus colocou em nosso ser ao declarar: “Não é bom que o homem
esteja só.”
Discamos o número (acionando o botão da discagem rápida, claro) e
ouvimos uma voz dizer: “Tecle um se você deseja ___ , tecle 2 para ___ , tecle 3
para ___ ,” e assim por diante. Sentimos vontade de gritar: “Não quero uma
gravação; quero uma pessoa!” E, para piorar, a voz diz: “A sua ligação é muito
importante para nós.” Ah, é? Mas não tão importante assim para justificar um
atendimento pessoal!
Recebemos um e-mail (com um monte de outros que não queremos)
perguntando-nos a respeito de algo. Se não largarmos o que estamos fazendo no
momento para responder ao remetente que nos enviou a mensagem, em poucas
horas recebemos um lembrete curto e grosso: “Hoje, às 8h57, enviei-lhe a
seguinte mensagem... Não recebi sua resposta até agora.”
Por sua vez, a internet, que abre uma fonte inesgotável de informação e um
monte de outras coisas que saíram direto do covil de cobras de Satanás, é capaz
de nos prender horas a fio em solidão em frente à tela do computador, rejeitando
a companhia pessoal que nosso cônjuge e filhos tanto almejam.
Há meio século, o filósofo Martin Buber escreveu um pequeno e influente
livro que, traduzido do alemão, recebeu o título: Eu e Tu. Nessa obra, Buber
analisou os relacionamentos, fazendo uma distinção entre os indivíduos de
caráter “Eu-Isso” e aqueles de natureza “Eu-Tu”. No primeiro caso, as pessoas se
relacionam com as outras como se fossem um objeto; no último, como seres
humanos. E é exatamente o último caso que almejamos, especialmente numa
época em que os relacionamentos se tornam cada vez mais impessoais.
21 de março – quarta

AMANDO ALGUÉM INVISÍVEL


Vocês nunca O viram, mesmo assim O amam. Vocês ainda não O veem, no
entanto confiam nEle – com alegria e cânticos. 1 Pedro 1:8, The Message

Você já ouviu os críticos do cristianismo dizerem algo como: “Vocês falam


sobre amar a Deus, mas isso é tolice. Já é difícil amar alguém que podemos
enxergar; como esperam que amemos alguém invisível?”
Soa um argumento convincente, mas, na realidade, não é. A melhor
resposta que já ouvi veio de Jennifer, que costumava sentar, semana após outra,
na classe de Escola Sabatina que eu liderava ocasionalmente. Jennifer é
deficiente visual de nascença.
Certa manhã, coloquei em discussão o velho tema de amar alguém que não
podemos ver.
– Como assim? Isso não é problema de forma alguma – respondeu Jennifer.
– Eu nunca o vi, pastor Johnsson, mas o conheço. Ouço sua voz; você fala
comigo e eu falo com você. Toda vez que ouço sua voz, sei que é você, mesmo
que não esteja falando comigo. Não precisamos enxergar a pessoa para conhecê-
la ou amá-la. O mesmo ocorre com Deus.
Que resposta! Não podemos ver Deus, mas podemos falar com Ele.
Chamamos isso de oração. Deus, por Sua vez, fala conosco de diversas
maneiras, especialmente através de Sua Palavra. Por isso é tão importante
dedicar tempo para estudar a Bíblia (e não lê-la com pressa ou por obrigação).
Conhecemos uma pessoa ao dedicarmos tempo para conversar com ela.
Uma conversa real é uma avenida de mão dupla: falar e ouvir. Quanto mais
partilharmos com ela e ela conosco, mais familiarizados nos tornamos.
O mesmo acontece na vida cristã. Deus é real, não o fruto da imaginação.
Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos e está vivo para todo o sempre.
Podemos conhecê-Lo tão bem quanto a um amigo. Na verdade, Ele pode tornar-
Se nosso melhor amigo, se permitirmos.
A Bíblia usa a palavra “conhecer” milhares de vezes tanto no Antigo
quanto no Novo Testamento. Embora essa palavra às vezes denote conhecimento
intelectual ou compreensão correta dos fatos, na grande maioria das ocorrências,
seu uso expressa conhecimento pessoal e prático, o conhecimento do
relacionamento. Às vezes, “conhecer” significa também intimidade, como em
Adão “conheceu” Eva.
Esse conhecimento pessoal e íntimo – o conhecimento do amor – é o que
Deus nos oferece hoje. Podemos conhecê-Lo, mesmo sem enxergá-Lo.
22 de março – quinta

UM GRUPO DIFERENTE
Depois, aqueles cuja vida honrava a Deus conversaram uns com os
outros. Deus viu o que estavam fazendo e ouviu com atenção. Um livro foi
aberto na presença de Deus e escrita a ata daquela reunião com todos os
nomes dos que honravam o nome do Senhor. Malaquias 3:16, The
Message

A Carnival Cruise Line, companhia de cruzeiros marítimos, nunca tinha visto


um grupo de passageiros como aquele. Eles haviam vindo do Canadá, da Índia e
até da Nova Zelândia aos Estados Unidos; 121 no total. Variavam em idade, indo
desde o início da adolescência até a casa dos 80. Toda noite a seção que
ocupavam no restaurante estava repleta de risos e conversas animadas, sem fazer
uso do álcool. Na noite de talentos do navio, três deles divertiram o salão lotado
com apresentações de alto nível. Enquanto os outros passageiros ficavam
bêbados ou jogavam jogos de azar no cassino, esse grupo se reunia para olhar
fotos antigas, partilhar histórias, cantar e orar.
No cartaz afixado na recepção do compartimento em que estavam
acomodados lia-se: “Reunião VHS”. Muitos passageiros ficaram curiosos para
saber que grupo era aquele e quem eram aquelas pessoas que pareciam estar se
divertindo tanto. Ao saberem que VHS era a abreviação de Vincent Hill School,
um pequeno colégio interno adventista na Índia que fechara as portas em 1969,
ficaram ainda mais confusos. Não fazia sentido que os ex-alunos, os antigos
professores e os amigos quisessem se reunir depois de tanto tempo separados.
Esse colégio tinha uma atmosfera celestial. Construído na cadeia das
montanhas do Himalaia, a 2.100 metros de altitude, durante boa parte de sua
existência o trajeto até lá podia apenas ser feito a pé, montando um jumento ou
num kandi, cesto grande carregado por um trabalhador hindu. O local era
selvagem, impressionante e maravilhoso. Leopardos perambulavam pelas
montanhas e às vezes apareciam no campus. Tudo ali ou era para cima ou para
baixo, e as encostas eram bem íngremes.
Mas não parava por aí. O lema do colégio, “Educar Para a Eternidade”,
proclamava seus valores. Ali jovens vinham da Índia e de muitos outros lugares
para estudar e aprender a arte de viver, no presente e para sempre. Eles saíram do
colégio e mudaram a Igreja Adventista e o mundo para melhor.
Deus foi honrado no Vincent Hill School. Deus foi honrado na ocasião em
que os ex-alunos, o corpo docente e os amigos se reencontraram para matar a
saudade e relembrar os bons e maus momentos.
Quem sabe naquela viagem um livro foi aberto na presença de Deus e um
secretário celestial fez a ata da reunião, registrando o nome de Seus fiéis.
23 de março – sexta

ALÉM DA IMAGINAÇÃO
Àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos
ou pensamos, de acordo com o Seu poder que atua em nós. Efésios 3:20

O Deus da graça é infinito em sabedoria. Ele conhece o fim desde o princípio.


Enxerga o problema muito antes de nos darmos conta, e sabe a melhor forma de
solucioná-lo. Deus não apenas sabe; Ele pode fazer. Seu poder é infinito. A
Bíblia ressalta a cada página: “Ele é capaz”. Ele possui diversas maneiras de
lidar com uma situação que nós nem mesmo podemos enxergar.
A vida inevitavelmente nos coloca em circunstâncias que geram estresse.
Não conseguimos enxergar saída alguma para o problema financeiro, a situação
difícil no trabalho, as provações com a família que está a ponto de se desfazer, os
problemas de saúde. Mas, se acreditarmos, apenas confiarmos nEle, Deus poderá
fazer muito mais do que somos capazes de pedir.
Oramos, mas talvez não saibamos sobre o que realmente devemos orar.
Deus pode nos dar uma resposta muito melhor do que pedimos com a nossa
visão limitada. Sentamos e sonhamos como as coisas seriam se acontecessem do
jeito que julgamos ser o melhor, mas o futuro de Deus para nós é muito melhor
do que qualquer coisa que possamos imaginar.
Por muitos anos, tive o grande privilégio de estar à frente do ministério da
Adventist Review, o periódico mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Confesso que foi um grande desafio, muito além de minhas forças ou
habilidades naturais. Esse desafio me fez cair de joelhos de uma maneira que
jamais senti necessidade nas outras atividades que desempenhei. Pouco a pouco,
aprendi a lição de esperar em Deus em cada situação. Ele tinha a resposta. Tudo
o que eu tinha a fazer era me aproximar mais e mais de Deus para que Ele
pudesse revelá-la a mim.
A maior preocupação que tive durante os 24 anos que servi nesse
ministério era a circulação cada vez menor do periódico. Coloquei em meu
coração atingir a meta de 100 mil exemplares. Com o auxílio de colegas de
trabalho competentes e talentosos, tentei diversos métodos para atingir meu
objetivo. Mas nada funcionou. Notávamos certo crescimento por um tempo,
depois o declínio novamente. Com muita dificuldade admiti a realidade. Foi
então que, pouco antes do fim de minha carreira como editor, a liderança da
igreja nos pediu para desenvolver um periódico mundial da igreja. A circulação
aumentou para mais de um milhão de exemplares por mês, dez vezes maior do
que minha meta míope e limitada! Realmente além da imaginação!
24 de março – sábado

QUANDO A PELE PERDE A FIRMEZA


Tu és tudo o que almejo no Céu! Tu és tudo o que almejo na Terra! Minha
pele pode perder a firmeza e os meus ossos ficar frágeis, mas Deus é
rocha firme e fiel. Salmo 73:25, 26, The Message

Durante o voo de Denver para Anchorage, Alasca, sentei ao lado de um


executivo aposentado. Estava a caminho para uma reunião campal em que seria
o orador; Ed estava indo pescar. De Anchorage ele iria pegar outro avião e
depois ainda outro menor. Planejava passar vários dias no extremo norte na
companhia de mais cinco homens num barco, com cozinheiro particular.
Conversamos bastante. Ed havia comprado uma empresa que fornecia
equipamento médico, elevou-a a nível nacional e mais tarde internacional.
Finalmente, viu-se passando a maior parte de sua vida em aeronaves, viajando de
uma cidade a outra e de um país a outro. Já tinha viajado mais de 3.218.000
quilômetros pela companhia aérea United Airlines. Durante o voo a aeromoça
não parava de agradecer-lhe e trazer-lhe bebidas alcoólicas gratuitas. Ele
continuou falando até que finalmente caiu no sono induzido pela ingestão
elevada de álcool.
Ed vivia para pescar. Já havia pescado nos Estados Unidos e no Canadá.
Pescou também na Europa. Pescou no Brasil. Foi duas vezes para a Austrália
para pescar. Tinha várias histórias de pescaria para contar e estava ansioso para
ouvir sobre qualquer lugar exótico que eu talvez pudesse recomendar.
– Quando eu ficar velho demais para pescar – disse –, acho que vou ficar
em casa lembrando-me de todas as pescarias das quais já participei.
Enquanto ele dormia, fiquei acordado refletindo em suas palavras. Ele
parecia um camarada muito decente. Além disso, não tenho nada contra pescar
(cheguei a pescar também há muito, muito tempo). Mas fazer da pesca o ponto
central da vida? Será que isso é tudo? Não fomos criados para algo, para
Alguém, muito maior?
Claro que sim! Deus nos criou para Ele. Como disse Agostinho muito
tempo atrás: “Formaste-nos para Ti, e nosso coração não terá sossego enquanto
não encontrar descanso em Ti.”
Deus é tudo o que almejo no Céu! Deus é tudo o que almejo na Terra! Ele é
o primeiro, o último e o melhor. Sua graça purifica e direciona a energia
incansável da juventude, sustenta e guia na meia-idade, e, quando a pele perder a
firmeza e os ossos ficarem frágeis, ainda estará conosco. Rocha firme e fiel.
Com Deus a vida é cada vez melhor.
25 de março – domingo

O CRESCIMENTO DA GRAÇA
Um ramo verde surgirá do tronco de Jessé, e das suas raízes brotará um
renovo. Isaías 11:1, The Message

Logo após eu discursar num concílio de pastores, um deles me procurou para


fazer uma pergunta pessoal:
– Como você consegue permanecer tão animado e otimista mesmo depois
de tantos anos no ministério?
É verdade, desfrutei de um longo ministério – 47 anos, no momento em
que escrevo estas linhas. “Desfrutar” é o termo exato para ser usado. Minha vida
e trabalho foram, e continuam sendo, ricamente abençoados.
Não entendo a razão de ter sido, como muitas pessoas dizem hoje, “tão
sortudo”. Não creio na sorte; creio na graça. Tudo o que entrou em meu caminho
ou saiu de minhas mãos é fruto da graça.
Já se passaram muitos anos (não sei dizer exatamente quantos) desde que
comecei a me conscientizar do milagre da graça. Foi logo depois de ter aceitado
Jesus como Salvador e Senhor, depois de ter aceitado Seu chamado para o
ministério. Sim, aceitei o amor perdoador de Deus e senti Sua presença
transformadora em minha vida. A graça entrou em ação e foi simplesmente
maravilhoso.
Mas de alguma forma – não de repente, nem através de algum livro, ou
sermão, ou situação que possa apontar – comecei a viver na graça. Comecei a
sentir Jesus em minha vida, enaltecido continuamente em meu coração, e sempre
com louvor em meus lábios. Comecei a aceitar a verdade aparentemente
inacreditável de que Ele me ama incondicionalmente, assim como sou, à medida
que continua a convidar-me para subir cada vez mais na escala espiritual.
Talvez tudo isso tenha começado quando passei a tentar a tratar os outros
com graça – ou seja, como Deus me trata. Foi aí que a sua força total me
alcançou pessoalmente. Foi então que comecei a perceber quão egoísta,
preconceituoso e, sim, até mesmo racista eu era.
De alguma forma isso aconteceu e fui favorecido. Sou favorecido. Jesus me
concedeu vida nova, acolhendo-me em Sua família como Seu filho. Isso é tudo o
que importa hoje e eternamente.
Graça significa crescimento. Graça significa esperança, esperança de que
uma flor irá desabrochar no deserto, de que de uma raiz seca, aparentemente sem
vida, brotará um ramo verde. Não apenas um ramo, mas o Ramo, Jesus, Aquele
que traz luz das trevas e vida da morte.
26 de março – segunda

A MENSAGEM DE CRÔNICAS
Davi, junto com os comandantes do exército, separou alguns dos filhos de
Asafe, de Hemã e de Jedutum para o ministério de profetizar ao som de
harpas, liras e címbalos. Esta é a lista dos escolhidos para essa função. 1
Crônicas 25:1

Quantos cristãos sinceros se dispõem a ler a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse,


apenas para ver suas aspirações afundarem no banco de areia do livro de
Crônicas? As genealogias aparentemente infinitas e as intermináveis listas de
nomes, com raras narrações intercaladas, realmente dificultam a leitura.
Poderíamos dizer que, assim como a lista telefônica, o elenco é excelente, mas o
enredo é fraco.
A Bíblia possui apenas um Autor, mas muitos escritores. Não se trata de
um único livro, mas uma biblioteca com 66 livros que diferem amplamente em
conteúdo e gênero. Todos os 66 livros, no entanto, possuem um único propósito:
revelar a vontade de Deus e Seu plano para nós. Todos eles nos contam como
Deus é, o quanto é grande, poderoso, maravilhoso e, acima de tudo, cheio de
graça.
Eugene H. Peterson capturou a essência dos dois escritos que formam o
primeiro e o segundo livro de Crônicas. Na versão bíblica The Message, em que
tentou colocar a Bíblia na linguagem contemporânea, Peterson incluiu uma
introdução aos livros de Crônicas (assim como fez com os demais livros da
Bíblia) e notas explicativas:
“Nomes iniciam essa história, centenas e centenas de nomes, listas de
nomes, páginas e mais páginas de nomes, nomes pessoais. Não há como contar
uma história verdadeira sem mencionar nomes, e essa imersão em nomes chama
a atenção ao indivíduo, ao único, ao pessoal, que é inerente à espiritualidade. [...]
A história sagrada não foi construída por meio de forças impessoais ou ideias
abstratas; foi tecida através de nomes – pessoas, todas únicas. Crônicas apresenta
uma defesa sólida contra a religião despersonalizada.
“Crônicas testemunha a respeito do lugar essencial e primordial que a
verdadeira adoração deve ocupar na vida humana. [...] Da forma como foi
narrada essa história de Israel, percebe-se que nada está acima da adoração como
forma de nutrir e proteger nossa identidade como povo de Deus – nem a política,
a economia, a vida em família ou a arte. E nada do que diz respeito ao preparo, à
conduta na adoração, é pequeno demais para ser deixado ao acaso ou à
imaginação – nada na arquitetura, corpo de funcionários ou teologia.”
Diante disso, posso apenas responder: amém! O Deus do Universo, Aquele
que nos criou e nos redimiu; o Deus da graça imaculada, que nos conhece por
nome, sabe tudo a nosso respeito e nos ama mesmo assim.
27 de março – terça

CHEIO DE GRAÇA
Deus é bom para todos; tudo o que Ele faz está cheio de graça. Salmo
145:9, The Message

Há várias maneiras de olhar o mundo. Uma delas é encarar tudo o que acontece
como sendo o resultado direto de causas naturais. Tudo o que vemos ao redor,
tudo o que foi, é e será possui uma explicação lógica que pode ser encontrada se
pesquisarmos a fundo o suficiente.
Mais e mais pessoas, especialmente nas sociedades desenvolvidas, têm
adotado essa visão. Para elas, Deus morreu no início da era científica moderna
com toda a tecnologia que veio em seguida. Estamos sozinhos no vasto e frio
Universo; não temos nenhuma esperança de vida depois que nossa breve
existência chegar ao fim.
Há vários anos, alguém muito querido para mim faleceu repentinamente.
Lutei com a ideia de viajar meio mundo para comparecer ao seu funeral, mas,
devido a várias razões, decidi simplesmente enviar uma mensagem para ser lida
às pessoas ali reunidas.
Mais tarde, recebi a gravação em áudio do funeral e senti-me muito mal.
Durante a cerimônia inteira, nenhuma oração fora proferida, nenhum hino
entoado, nenhum verso bíblico lido e nenhuma menção foi feita ao nome de
Deus. Liderados por um “elogiador”, os membros da família apenas partilharam
recordações do falecido. No fim, o “elogiador” tocou uma das músicas prediletas
do finado: “Os Três Tenores”. Que jeito de viver! Que jeito de morrer!
Outras pessoas enxergam o mundo através dos olhos embaçados pela
superstição. Atribuem forças para o bem ou mal, poderes invisíveis que podem
nos atacar e pôr fim à nossa vida. De acordo com elas, devemos lidar com tais
forças com cuidado e segundo um ritual apropriado. Muitos professos cristãos
possivelmente possam ser classificados nessa categoria.
A maneira como eu enxergo o mundo é totalmente diferente das
apresentadas acima. Trata-se da maneira bíblica, a maneira que afirma que há um
Deus, um Deus que Se comunica conosco e que é amor. Esse Ser, que é todo-
poderoso, “é bom para todos”. Tudo o que Ele faz – tudo – está cheio de graça.
Não estou sozinho no vasto e frio Universo. Não estou sujeito aos
caprichos das forças malignas. Sou filho do Rei do Céu, conhecido e amado
pessoalmente por Ele como se fosse a única pessoa no planeta.
Como sei que isso não é uma ilusão? Porque Ele enviou Jesus, e Ele era
“cheio de graça” (Jo 1:14).
28 de março – quarta

NO LIMIAR DA VIDA
Quando tentei entender tudo isso, achei muito difícil para mim, até que
entrei no santuário de Deus, e então compreendi o destino dos ímpios.
Salmo 73:16, 17

Uma das características no livro de Salmos que mais me chamam a atenção é a


grande sinceridade com que foram escritos. Ali Davi, Asafe e outros se
expressaram a Deus por meio de uma vasta gama de experiências humanas:
alegria, deleite, desespero, dor, raiva, frustração. Os salmos são orações escritas
originalmente para serem cantadas, mas são mais diretas e confrontantes do que
qualquer oração que você venha a ouvir na igreja hoje.
No Salmo 73, encontramos Asafe diante de uma questão muito, muito
antiga: Por que as pessoas más parecem dar-se tão bem na vida e as pessoas boas
às vezes se dão mal? Essa preocupação é tão moderna quanto o dia que acabou
de nascer.
“Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não
escorreguei”, confessou Asafe (v. 2). Ele caiu na armadilha da inveja (sempre
uma falta autodestrutiva) ao ver a arrogância e a prosperidade dos ímpios. Na
visão de Asafe, aqueles que ignoravam a Deus não enfrentavam lutas, eram
saudáveis e fortes e levavam a vida sem carregar nenhum fardo. Não tinham
limites para o orgulho, a violência, a crueldade, o escárnio e a opressão que
marcavam sua vida. Viviam como se Deus não prestasse atenção ou não Se
importasse, porque nunca interveio em seus atos de maldade.
Você já se sentiu como Asafe? Já sentiu vontade de perguntar: “Deus, onde
estás? Por que não fazes algo para pôr fim à desgraça que os ímpios têm causado
ao mundo?”
Asafe concluiu: “Meus esforços de seguir a Deus e viver uma vida de
acordo com Sua vontade são inúteis. É melhor desistir, pois são os justos, não os
ímpios, que enfrentam dificuldades.”
Ao focarmos os pontos negativos, acabamos caindo em depressão. Foi o
que aconteceu com Asafe. Essa era uma questão muito deprimente para ele.
Asafe, porém, decidiu caminhar um pouco. Chegou ao santuário – o Templo – e
as nuvens se desfizeram. Sua visão estava limitada; o santuário, porém, a
ampliou.
“Então compreendi o destino dos ímpios” (Sl 73:17). Os ímpios podem
parecer trafegar pela Avenida Fácil, sem nenhuma preocupação no mundo, mas
estão na verdade na Rampa Escorregadia. De repente caem para a grande ruína,
rumo ao esquecimento. A casa, que parecia tão segura, era feita de cartas. Porém,
os justos serão vindicados
29 de março – quinta

A CLEMATITE RELUTANTE
Por isso disse ao que cuidava da vinha: “Já faz três anos que venho
procurar fruto nesta figueira e não acho. Corte-a! Por que deixá-la
inutilizar a terra?” Lucas 13:7

Nunca plantei uma figueira, mas já me senti como o homem mencionado na


parábola. Tive problemas com uma clematite que frustrou todas as minhas
tentativas em fazê-la florescer. Parecia que sempre me desafiava a tentar uma
nova estratégia de “ataque”.
Por muitos anos admirei as clematites no quintal do meu vizinho que
ressurgiam a cada primavera e floresciam em abundância embelezando o lugar.
Queria um pé de clematite em meu quintal também e tinha até escolhido o local
para plantá-la: ao lado da caixa do correio próximo ao meio-fio. Imaginei-a
enrolando-se no suporte da caixa do correio e decorando-o com flores roxas e
avermelhadas.
Mas havia um problema: o solo ao redor da caixa do correio era duro e
rochoso. Certa vez tentei fazer um canteiro de flores ali, mas infelizmente as
mudas morreram sob o calor do Sol. Assim, a cada primavera sonhava com uma
clematite crescendo ali, mas a cada verão acabava decidindo relizar o sonho no
ano seguinte.
Foi então que certa primavera me deparei com mudas de clematites numa
loja. Através do plástico transparente na parte dianteira da caixa, pude observar
os brotos verdes. Aquelas clematites estavam prontas! Comprei duas mudas,
levei-as para casa e comecei a imaginar como plantá-las da melhor forma.
Algumas semanas se passaram antes que eu pudesse preparar o canteiro
para as clematites, mas por fim consegui plantá-las. Esperei, esperei. Finalmente,
um broto insistente apareceu, depois outro. Parecia que estavam lutando para
sobreviver e cresceram apenas poucos centímetros durante o verão.
No ano seguinte tentei outra vez. Mais uma caixa. Plantei novamente,
aguei, fertilizei. O resultado foi pior. Em agosto as mudas atrofiadas estavam
secando. Logo morreram.
Na primavera seguinte – surpresa! Mal pude acreditar no que via. As
clematites ressurgiram saudáveis e fortes do período de hibernação. Cresceram,
enrolaram-se em volta do suporte e floresceram em abundância e beleza.
Estou feliz que, assim como o homem mencionado na parábola, concedi
outra chance às clematites. É dessa mesma forma que Deus age conosco.
30 de março – sexta

HERÓIS MODERNOS
Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra corajosa de seu
testemunho. Eles não amaram a si mesmos e se dispuseram a morrer por
Cristo. Apocalipse 12:11, The Message

Uma das histórias mais impressionantes de 2006 foi a incrível façanha de Mark
Inglis, que escalou o Monte Everest com pernas artificiais. Inglis, instrutor de
alpinismo, foi apanhado por uma forte nevasca no Monte Cook na Nova
Zelândia em 1982. Forçado a abrigar-se numa caverna de gelo por duas semanas,
sofreu frio intenso e ambas as pernas tiveram que ser amputadas logo abaixo do
joelho.
Mas Inglis não ficou sentado se lamentando por seu infortúnio. Em vez de
sentir pena de si mesmo, voltou a estudar e se tornou bioquímico e pesquisador.
Além disso, continuou praticando alpinismo e, em 2002, voltou a subir o Monte
Cook com pernas artificiais. Mas foi em maio de 2006 que conquistou o
impossível: o topo do Monte Everest!
Admiro Mark Inglis. Ele é um herói moderno. Admiro todos aqueles que
superam os infortúnios da vida, que se recusam a desistir, cuja determinação e
coragem os mantêm prosseguindo até realizarem aquilo que outros chamam de
impossível.
A Bíblia é o livro dos heróis. Os homens e mulheres cuja vida ilumina as
páginas desse livro sagrado – Moisés e Davi, Ester e Débora, Pedro e Paulo –
fizeram coisas maravilhosas. Eram corajosos tanto em pensamento quanto em
ação. Em seu dicionário não existia a palavra “impossível”, pois Deus estava
com eles, motivando-os, inspirando-os, concedendo-lhes poder. Eles
continuaram até alcançar o topo que Deus havia designado.
Em pé no primeiro lugar da fila, acima de todos os outros, encontra-se o
Líder. Jesus é o maior herói da Bíblia. “Por nunca ter perdido de vista para onde
estava indo – o final feliz com Deus – Ele pôde suportar tudo ao longo do
caminho: a cruz, a vergonha, qualquer coisa” (Hb 12:2, The Message).
Deus está em busca de heróis modernos. Em busca de jovens que,
inspirados pelo sonho divino, façam coisas maravilhosas para a glória de Seu
nome e para o bem da humanidade. Sim, atos heroicos que superam até mesmo a
conquista do Everest.
Muitas pessoas sonham em se tornar heróis. Mas os heróis de Deus não
amam a si mesmos; amam a Jesus, o Cordeiro cujo sangue os libertou para uma
nova vida e um novo propósito.
31 de março – sábado

O PRESENTE E A EXIGÊNCIA
Então o senhor chamou o servo e disse: “Servo mau, cancelei toda a sua
dívida porque você me implorou. Você não devia ter tido misericórdia do
seu conservo como eu tive de você?” Mateus 18:32, 33

Há uma discussão muito antiga entre os cristãos sobre a função divina e a


função humana na salvação do homem. Alguns cristãos colocam todo o peso no
lado divino, reduzindo a ação humana a nada. No outro extremo, encontra-se a
teologia que torna a vontade humana tão forte que por si mesma pode levar a
pessoa convertida a obedecer à lei de Deus.
Debates como esse geralmente trazem à tona os escritos do apóstolo Paulo.
Paulo ensinou com muita clareza que a salvação ocorre unicamente pela graça
por meio da fé (ver Ef 2:9). O julgamento, entretanto, será de acordo com as
obras (ver Rm 14:10-12). Como essas ideias aparentemente contraditórias
podem estar em harmonia? Para mim, a resposta não se encontra num argumento
teológico, mas sim nas parábolas de Jesus. Dentre elas, a parábola do servo
impiedoso (Mt 18:21-35) oferece a explicação mais clara de todas.
Lembra-se dessa parábola? Aqui está um homem que deve ao rei uma
grande soma de dinheiro – dez mil talentos. Para compreendermos melhor o
tamanho da dívida, dez mil é o maior número registrado no livro e um talento é a
maior unidade monetária. Hoje poderíamos falar, quem sabe, em 50 milhões ou
um bilhão para termos uma ideia. O homem implora para que o rei lhe conceda
um prazo para pagar a dívida. Quanto tempo será que ele espera viver? Ele
nunca será capaz de pagar. Mas, para sua surpresa, o rei perdoa tudo o que ele
deve. Simples assim. “Você está livre. Cancelei a sua dívida”, diz.
Agora, esse mesmo homem que teve uma dívida enorme perdoada se
encontra com um conhecido que lhe deve 100 denários (alguns milhares de
reais). O devedor implora para que o homem lhe conceda um prazo a fim de que
possa pagar a dívida. O homem, porém, o manda para a prisão. Finalmente, a
notícia chega aos ouvidos do rei, que fica muito zangado. Ele manda chamar o
homem que tinha recebido o perdão da enorme dívida e lhe diz que, por causa de
suas ações, o perdão fora cancelado.
Essa é uma parábola do reino do céu, uma história sobre a graça.
Poderíamos resumi-la em duas palavras: presente e exigência. A salvação é um
presente, um presente maravilhoso, mas esse presente vem acompanhado de uma
exigência. A graça que nos perdoa nos transforma à semelhança de Deus.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

1 2 3 4 5 6 7

8 9 10 11 12 13 14

15 16 17 18 19 20 21

22 23 24 25 26 27 28

29 30
1º de abril – domingo

A CANÇÃO DE KAREN
Mas eu sou verme, e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo
do povo. Salmo 22:6

“Sangrou meu Salvador? Morreu meu Soberano? Daria Ele a santa fronte por
um verme como eu?”, escreveu Isaac Watts em um de seus famosos hinos.
Desde então, algumas pessoas têm ignorado a última frase.
Em nossa era em que reina a psicologia do “sentir-se bem” e da
“autorrealização”, foi colocada de lado a antiga teologia que afirma que somos
vermes diante da glória de Deus. Uma geração que nega a existência do pecado
certamente não quer ser humilhada por expressões como essa.
Do ponto de vista bíblico, no entanto, Isaac Watts estava correto. A boa-
nova sobre Deus começa com a má notícia a nosso respeito. Perante Ele, nossa
justiça é como trapos de imundícia. Não há nada em nós mesmos que nos torne
dignos de sermos aceitos pelo Pai. Nada. Realmente somos vermes. Enquanto
não admitirmos nossa grande necessidade, a Palavra não poderá prover Sua
graça.
A teologia do “verme” tem dois lados. Um deles possui um aspecto
aterrorizante e até mesmo fatal.
Durante uma longa viagem de avião rumo a outro país, me cansei de ler e
decidi colocar o fone de ouvido para avaliar a seleção de música disponível.
Uma voz da geração passada – agradável, nostálgica, com um toque de tristeza –
soou pelo sistema de som. Abri o guia de entretenimento e li que o programa
oferecia canções selecionadas de Karen e Richard Carpenter.
Karen Carpenter! Sua história veio à minha memória ao ouvir novamente a
voz melancólica. Karen, acompanhada pelo irmão, Richard, conquistou grande
sucesso como cantora na década de 1970, chegando a somar mais de cem
milhões de cópias vendidas até a década de 1990. Encantadora e amada, Karen
se tornou ídolo de muitas jovens. Porém, apesar da fama conquistada, Karen
sofria de baixa autoestima. Ao observar-se no espelho, essa mulher atraente não
conseguia parar de pensar em quanto era feia. Em 1983, Karen, aos 32 anos de
idade, faleceu de parada cardíaca provocada pela anorexia nervosa. Por vários
anos ela se obrigou a passar fome. Na época, parecia quase impossível aceitar a
explicação de seu falecimento, mas desde sua morte trágica essa condição tem se
tornado bem conhecida na vida de outras jovens.
O outro lado da teologia do “verme” é aquele que eu gostaria que Karen
Carpenter tivesse conhecido. Aos olhos de Deus não somos vermes. Somos
amados, preciosos, especiais, lindos. Somos príncipes e princesas do Rei do Céu.
2 de abril – segunda

EM BUSCA DA PERFEIÇÃO
Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês. Mateus
5:48

Essas palavras de Jesus têm desafiado e esmagado, motivado e envergonhado


muitas pessoas sinceras desde que foram proferidas. Elas ainda servem para os
dias de hoje e devemos levá-las a sério.
Algumas pessoas consideram essas palavras como a exigência de uma vida
absolutamente isenta de pecado. Com isso em mente, encontram em si mesmas
algo que desponta e as faz pensar: “Serei essa pessoa! Farei tudo o que for
necessário para me desvencilhar das imperfeições de minha vida para que possa
ser encontrado sem pecado diante de Deus!”
Tais pessoas sinceras caem num profundo poço, o poço da ilusão. Passam a
se concentrar em si mesmas e a se introverter, ao passo que Jesus nos convida
sempre a nos extroverter a fim de abençoarmos o próximo. Ao persistirem nesse
caminho, inevitavelmente acabam se orgulhando de sua suposta justiça ou
abandonando completamente a religião.
O que Jesus quis dizer com essas palavras desafiadoras? Como sempre
ocorre na Bíblia, o contexto em que essas palavras se encontram esclarece seu
significado. Para isso, precisamos voltar para o verso 43, verso em que Jesus
citou o Antigo Testamento: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo
e odeie o seu inimigo’. Mas Eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por
aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que
está nos Céus. Porque Ele faz raiar o Seu sol sobre maus e bons e derrama chuva
sobre justos e injustos” (Mt 5:43-45).
Nesses versos Jesus disse que devemos nos relacionar com as pessoas –
todas as pesssoas, não apenas os amigos – da mesma forma que Deus Se
relaciona com elas. Ele é bondoso e generoso para todos, sem distinção ou
parcialidade. Então, vem o verso 48, que é a conclusão do argumento: devemos
ser completos e maduros (esse é o significado do original), assim como é o Pai
celestial em tudo o que Ele faz.
Eugene Peterson expressou Mateus 5:48 nas seguintes palavras: “Em uma
palavra, o que estou dizendo é: cresçam. Vocês são súditos do reino. Vivam de
acordo com ele. Vivam sua identidade criada por Deus. Tratem o próximo
generosa e bondosamente, do mesmo modo que Deus trata vocês” (The
Message).
Ellen White afirmou: “Cumpre-nos ser centros de luz e bênção para o
nosso pequeno círculo, da mesma maneira que Ele o é para o Universo” (O
Maior Discurso de Cristo, p. 77).
3 de abril – terça

SEQUESTRADO!
Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum
para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o
ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho
da graça de Deus. Atos 20:24

Assim que o pastor Paul Ratsara, ministro adventista do sétimo dia de


Madagascar a serviço em Kinshasa, colocou os pés na calçada, um homem se
aproximou dele. Um sentimento de medo e pavor tomou conta de seu ser ao ver,
apenas a alguns metros de distância, a porta do carro ali estacionado totalmente
aberta.
– Entre! – ordenou o homem.
O pastor Ratsara pensou em resistir, mas rapidamente mudou de ideia ao
ver a arma na mão do sequestrador. Apesar de seus temores, ele sentou-se no
banco traseiro do carro. O homem com a arma na mão sentou-se ao lado dele e
fechou a porta. Os bandidos exigiram tudo o que o pastor tinha consigo.
Esvaziaram seus bolsos. Depois de pegarem todos os seus pertences, o motorista
engatou a marcha do carro e rapidamente dirigiu pelas favelas suburbanas a
caminho do rio Congo a alguns quilômetros de distância.
– Vamos matar você e jogá-lo no rio – o líder informou.
Senhor, se Tu quiseres que eu morra, estou pronto; coloco-me em Tuas
mãos. Mas, se quiseres que eu viva, por favor, resgata-me!
Após essa breve oração, ele começou a conversar com os sequestradores
com confiança.
– Sou missionário – explicou. – Sou de Madagascar. Vim aqui para servir a
Deus e à humanidade, incluindo vocês.
O carro começou a desacelerar. Iniciou-se uma discussão entre os membros
da gangue no dialeto local. Finalmente, o líder disse aos outros:
– Não, não vamos matar esse homem. Ele é um homem de Deus.
Deixaremos ele ir. Não vamos mantê-lo em cativeiro.
O motorista fez meia-volta com o carro e acelerou de volta para a estrada
solitária rumo à cidade. Ao se aproximarem do perímetro urbano, os ladrões
jogaram tudo o que haviam roubado do pastor em seu colo. Finalmente, o carro
parou, e o pastor Ratsara saiu para o ar fresco da liberdade.
– Refleti muito sobre o que aconteceu – afirmou o pastor Ratsara. –
Aprendi que, para vivermos, devemos estar prontos para morrer; para sermos
livres, devemos livrar-nos do medo da morte. No momento em que não mais
estimarmos nossa vida, então seremos verdadeiramente livres. Oro todos os dias
para estar em sintonia com Deus, na segurança de que Seus anjos estão comigo.
4 de abril – quarta

CADA HORA REPLETA DE LUZ


Oh, como é doce a luz do dia, e como é maravilhoso viver à luz do Sol!
Mesmo que você viver muito tempo, não deixe de apreciar um único dia
sequer. Deleite-se em cada hora repleta de luz. Eclesiastes 11:7, 8, The
Message

Se tiradas do contexto, qualquer um poderia proferir essas palavras de


Eclesiastes. Até mesmo um pagão poderia render louvores aos deuses da
natureza. Mas essas palavras não se encontram isoladas. Elas fazem parte do
contexto desta frase: “Honre e aprecie o Criador enquanto você ainda é jovem”
(Ec 12:1, The Message). E as palavras finais do escritor são: “Esta é a última e
derradeira palavra: Tema a Deus. Faça aquilo que Ele lhe diz” (v. 13).
Deus faz toda a diferença. Quando O reconhecemos como Criador e
Redentor, nosso Amigo e Senhor pessoal, olhamos para a Sua criação com os
olhos repletos da Sua graça.
Como é bela a criação! Mesmo manchada e degradada pelos efeitos do
pecado, ainda exibe o selo do bondoso Criador.
Amo a luz. Amo o fulgor do alvorecer; os primeiros raios de Sol a refletir
nas águas do lago, nas montanhas, na superfície; a força total da luz ao meio-dia;
a luz suave do entardecer.
Amo a suavidade da Lua, o mistério silencioso das estrelas. Numa ilha
deserta, longe da luz da cidade, deito-me sob o céu para admirar a beleza da
claridade cintilante da Via Láctea e do Cruzeiro do Sul.
Se o Sol, a Lua ou as estrelas aparecessem apenas uma vez ao ano, todo
mundo pararia suas atividades para observar o grande evento. Por isso, o sábio
disse: “Não deixe de apreciar um único dia sequer.”
Este mundo é inacreditavelmente belo; esta vida é inacreditavelmente
maravilhosa. Quero desfrutar cada hora repleta de luz.
Numa caminhada matutina pelo parque, Noelene e eu vimos um pássaro
azul parado no poste a alguns metros de distância. Aquele tímido amiguinho não
saiu do lugar enquanto o observávamos. Em seguida, outro pássaro azul chegou,
e outro e mais outro. Dois machos passaram por nós e as cores majestosas
brilharam sob a luz. Naquele momento encantador parecia que estávamos
cercados de pássaros azuis.
– Um momento da graça – sussurrou Noelene.
Que maneira maravilhosa de começar o dia!
5 de abril – quinta

O DEUS DOS ANOS PERDIDOS


Vou compensá-los pelos anos de colheitas que os gafanhotos destruíram: o
gafanhoto peregrino, o gafanhoto devastador, o gafanhoto devorador e o
gafanhoto cortador, o Meu grande exército que enviei contra vocês. Joel
2:25

Observei minha agenda e gelei. Ela indicava que dali a poucos instantes um
homem que havia me atacado verbalmente em pessoa e por vídeo viria conversar
comigo. Anos antes, esse homem havia iniciado sua carreira com o objetivo de
servir como ministro adventista, mas logo começou a trilhar um caminho
independente em que lançava críticas à igreja e aos líderes. Fiquei imaginando o
que ele queria comigo.
Ele chegou ao meu escritório acompanhado da esposa. Dentro de instantes
estava implorando meu perdão com súplicas sinceras e em meio a lágrimas. Eu
lhe disse que o perdoava e ele começou a contar como o Senhor havia interferido
em sua vida para que ele mudasse radicalmente de atitude.
Aos poucos partilhou a história de sua vida, como ingressou no ministério,
a razão de ter saído, como construiu um grande ministério particular com forte
apoio financeiro. Agora havia perdido tudo. A decisão de parar de criticar os
outros resultou na perda de seus adeptos e do dinheiro que lhe ofereciam.
Próximo à meia-idade, viu sua vida ruir, suas esperanças serem destruídas.
Será que ainda havia lugar para ele no ministério? Ele desejava saber.
Assegurei-lhe que Deus sempre nos concede uma segunda chance, que Ele é
capaz de extrair o bem de situações aparentemente desesperadoras. Adverti-o a
contentar-se com qualquer posição, por mais humilde que fosse, e a aceitar
qualquer responsabilidade que lhe fosse oferecida, mesmo que pequena, sem
considerar a recompensa monetária.
Durante aquela conversa maravilhosa e emocionante, lhe mostrei as
palavras encontradas no livro de Joel: “Vou compensá-los pelos anos de
colheitas que os gafanhotos destruíram” (Jl 2:25). Disse-lhe que ele devia
reclamar a promessa de um novo começo; que, apesar das oportunidades
passadas terem sido perdidas para sempre, Deus poderia conceder-lhe novas
oportunidades. Deus ainda podia fazer algo lindo nos anos vindouros de sua
vida.
As palavras do texto ecoaram em seu ser. Ele e a esposa saíram com
esperança. Por muitos meses, ele se contentou com uma posição humilde. Até
que chegou o dia em que recebeu o chamado para pastorear duas igrejas
pequenas. Que alegria! Que cumprimento da Palavra de Deus, que põe de lado
os anos perdidos e nos concede um novo começo!
6 de abril – sexta

O TREINAMENTO DE TIMÓTEO
Por essa razão estou lhes enviando Timóteo, meu filho amado e fiel no
Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em Cristo
Jesus, de acordo com o que eu ensino por toda parte, em todas as igrejas.
1 Coríntios 4:17

Timóteo parecia sofrer de um problema incomum: ele era eternamente jovem.


Esse companheiro de viagem e assistente do apóstolo Paulo era jovem quando
ouviu as boas-novas pregadas por Paulo. E, mesmo após muitos anos, Paulo se
relacionava com ele como se ainda fosse jovem.
Encontramos várias referências a Timóteo em Atos e nas cartas de Paulo.
Se as reunirmos, podemos extrair o perfil completo de sua personalidade e
trabalho. Timóteo nasceu e foi criado na cidade de Listra (atualmente Turquia);
era judeu por parte de mãe e grego por parte de pai (ou seja, não era considerado
judeu [Atos 16:1]). A mãe, Eunice, e a avó, Loide, eram mulheres devotas e lhe
ensinaram o Antigo Testamento desde a infância (2Tm 1:5; 3:15). Ainda jovem,
convertido ao cristianismo, Timóteo era visto pelos fiéis como alguém muito
promissor (At 16:3). Paulo reconheceu seu potencial e decidiu instruí-lo
pessoalmente; porém, circuncidou-o para evitar discussões desnecessárias com
os judeus.
Paulo e seu aprendiz viajaram e trabalharam juntos para o Senhor.
Tornaram-se muito achegados. Na carta que escreveu aos coríntios, Paulo o
chamou de “meu filho amado” (1Co 4:17). Aos filipenses escreveu: “Timóteo foi
aprovado porque serviu comigo no trabalho do evangelho como um filho ao lado
de seu pai” (Fp 2:22). Na carta enviada ao próprio Timóteo, Paulo o chama de
“meu amado filho” (2Tm 1:2).
Talvez fosse natural para Paulo sempre pensar em Timóteo como alguém
jovem. Porém, é mais provável que Timóteo possuísse uma personalidade
calada, e até mesmo tímida, que fazia com que parecesse mais jovem do que
realmente era. Encontramos Paulo aconselhando os coríntios: “Se Timóteo for,
tomem providências para que ele não tenha nada que temer enquanto estiver com
vocês” (1Co 16:10). Cerca de dez anos mais tarde, ocasião em que Timóteo
provavelmente estivesse na casa dos 30 anos, Paulo lhe escreveu: “Ninguém o
despreze pelo fato de você ser jovem” (1Tm 4:12). Na última carta do apóstolo,
escrita vários anos mais tarde, em face da morte iminente, aconselhou: “Pois
Deus não nos deu espírito de covardia. [...] Portanto, não se envergonhe de
testemunhar do Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro dEle” (2Tm 1:7, 8).
Paulo não tinha filhos. Deus em Sua bondade enviou-lhe Timóteo.
7 de abril – sábado

HOMEM DE FERRO
Mesmo na sua velhice, quando tiverem cabelos brancos, sou Eu Aquele,
Aquele que os susterá. Eu os fiz e Eu os levarei; Eu os sustentarei e Eu os
salvarei. Isaías 46:4

De todas as competições esportivas, poucas se comparam ao triatlo Ironman


[Homem de Ferro]. Os participantes devem nadar 3.800 metros de distância,
percorrer 180 quilômetros de bicicleta e finalizar com uma maratona completa –
42 quilômetros. Como se isso não bastasse, o movimento das pernas deve ser
feito dentro de um período de tempo predeterminado, ou o participante é
desqualificado.
Pouquíssimas pessoas tentam participar do Ironman. Entre aquelas que se
arriscam, aproximadamente apenas 7 de 100 participantes completam o triatlo.
Essa competição exige o máximo do corpo e da determinação. Terminá-la
significa que você é um herói.
Rick Hoyt completou o triatlo Ironman. Ele é o herói mais improvável e,
talvez, o mais perseverante de todos. Rick nasceu com paralisia cerebral e sofre
de convulsões e tetraplegia. Os médicos disseram aos seus pais que ele nunca
seria capaz de fazer nada. Se sobrevivesse, vegetaria, e que seria melhor interná-
lo numa instituição especializada. Os pais não se conformaram com a ideia de
deixar o primogênito do casal sob os cuidados de outros. O pai de Rick viu algo
nos olhos do filho – algo lutando para expressar a vontade de viver.
Rick “falou” suas primeiras palavras aos 12 anos – não verbalmente, mas
através de um computador. Concluiu o ensino médio e depois a faculdade,
graduando-se pela Universidade de Boston.
Certo dia, Rick leu a respeito de um evento de caridade, uma corrida de
oito quilômetros. Sentiu o desejo de ajudar a arrecadar recursos. Assim, o pai se
inscreveu e correu empurrando Rick por todo o trajeto num pequeno carrinho
adaptado. Rick ficou maravilhado.
– Quando estou correndo, não sinto que sou deficiente – afirmou.
Aquele foi o início de uma carreira esportista extraordinária entre pai e
filho. Rick já competiu em mais de 200 eventos. Já cruzou os Estados Unidos
“correndo”.
E, sim, completou o triatlo Ironman. Com o pai rebocando-o numa espécie
de jangada de borracha, ele “nadou” os 3.800 metros. Empoleirado no guidão da
bicicleta, “pedalou” o trajeto de 180 quilômetros. E, finalmente, correu a
maratona, puxado pelo mesmo pai dedicado.
Que vitória para o espírito humano! Que história de amor! Que descrição
da graça! Somos Ricks. Mas um Pai amorável nos carrega ao longo de todo o
caminho, até cruzarmos a linha de chegada.
8 de abril – domingo

E A PEDRO
Vão e digam aos discípulos dEle e a Pedro: Ele está indo adiante de vocês
para a Galileia. Lá vocês O verão, como Ele lhes disse. Marcos 16:7

Oh, a bondade de Jesus! Naquela manhã de Páscoa, logo depois de ter


ressuscitado dentre os mortos, Ele enviou um anjo para falar com Maria
Madalena e com as outras mulheres que haviam ido ao sepulcro. Ao contar-lhes
as boas-novas da ressurreição, o anjo destacou Pedro. “Digam aos discípulos”, o
anjo instruiu, “e certifiquem-se de avisar a Pedro também.”
Na terrível madrugada de sexta-feira, ocasião em que Jesus estava sendo
julgado injustamente, Pedro foi reprovado no teste. Mentiu à criada que o
reconheceu; esquivou-se em admitir sua ligação com o Mestre. Por meio de
juramentos e linguagem vulgar, Pedro negou seu Senhor. Perdeu o direito de
estar entre os apóstolos e deixou sua costumeira posição de líder.
Naquele momento, Jesus Se voltou e olhou para Pedro. Seu olhar não era
de condenação, mas de tristeza; não era de raiva, mas de amor. Aquele olhar
derreteu o coração de Pedro. Ele saiu às pressas do pátio para a escuridão da
noite em meio a lágrimas amargas.
O sábado que se seguiu deve ter sido o pior da vida de Pedro. Jesus estava
morto. A esperança de um reino terreno estava arruinada. Sua autoconfiança
estava despedaçada. Os outros discípulos não mais confiavam nele.
Somos como Pedro. Temos abandonado Jesus em Seu momento de maior
necessidade. Esquivamo-nos em reconhecê-Lo diante da multidão acusadora.
Negamos o Senhor em quem professamos crer.
Mas Jesus olha para nós com tristeza e amor. Esse amor derrete nosso
coração e faz com que sintamos vontade de sair correndo em meio à escuridão
da noite. Em busca de uma centelha de esperança, ficamos pensando no que vem
pela frente.
Então, Jesus envia uma mensagem para nós. Ele nos chama pelo nome, nos
inclui nas boas-novas que transmite a outras pessoas. “Digam a Pedro”, Ele
ordena.
“Digam a Luís, Carlos e Antônio; digam a Maria, Marta e Vívian. Digam-
lhes que estou vivo para sempre e que não os condeno por seus pecados. Digam
que Eu sou o Senhor da nova esperança e do novo começo. Digam-lhes que eles
podem ter uma segunda chance; que, apesar de terem Me abandonado, Eu nunca
os abandonarei.”
De maneira bondosa e amável, Jesus nos convida a voltar para Ele. De
maneira bondosa e amável, Ele nos guia pelo mesmo caminho para que
possamos aprender a descansar em Seus braços poderosos e, assim, vencer.
9 de abril – segunda

A RECUPERAÇÃO DO PRESIDENTE
Não insistam em se vigarem, pois isso não compete a vocês. “Minha é a
vingança”, diz Deus. “Eu cuidarei disso.” Romanos 12:19, The Message

Todos nós conhecemos a história de como Richard Nixon deixou a presidência


dos Estados Unidos, mas quem conhece a história da recuperação de sua
imagem?
Aconteceu na época do Natal de 1977. O senador norte-americano Hubert
H. Humphrey havia retornado para sua casa em Minneapolis, Minnesota. Sua
notável vida política estava quase chegando ao fim. Enfraquecido pelo câncer,
Humphrey estava à beira da morte. Na rua atrás de sua casa, um grupo de
repórteres já montava guarda para ser os primeiros a relatar sua morte.
Humphrey, o lutador de Minnesota, começou a ligar para os velhos amigos
e conhecidos ao redor da nação e do mundo. Aparentemente estava ligando para
desejar boas-festas, mas todo mundo sabia que na verdade estava se despedindo.
Ao ligar para o antigo adversário, Richard Nixon, na véspera do Natal,
soube que Nixon estava doente, depressivo e solitário. Algo perturbou
profundamente Humphrey durante a conversa com Nixon. Na manhã seguinte,
ele decidiu ligar novamente para o ex-presidente, o homem que em 1968 havia
sido o motivo de sua pior derrota. Ao ligar, Humphrey disse a Nixon que tinha
um presente de despedida para ele.
Declarou que sabia que lhe restavam apenas alguns dias de vida e que já
tinha feito os acertos para os eventos que seguiriam à sua própria morte: o
velório no Capitólio em Washington, o funeral e o enterro em Minnesota.
Humphrey convidou Nixon para participar da cerimônia que concluiria o velório
em Washington. Disse-lhe que gostaria muito que ele estivesse presente e que
ocupasse o lugar de honra digno de um ex-presidente.
Nixon havia deixado a presidência de forma vergonhosa apenas três anos
antes e desde então não mais havia voltado para Washington. Sentindo a
depressão profunda de Nixon, Humphrey criou espontaneamente uma desculpa a
fim de fazer com que seu antigo rival retornasse à capital.
Humphrey faleceu três semanas mais tarde. Durante a conclusão da
cerimônia em Washington, a multidão ficou quase sem fôlego ao ver Richard
Nixon ser escoltado ao lugar de honra com os outros convidados, próximo ao
esquife coberto com a bandeira norte-americana. Ali começou a recuperação da
imagem de Nixon. Um presente da graça de um homem à beira da morte.
10 de abril – terça

O ANCIÃO E O OVO
Porque, se há prontidão, a contribuição é aceitável de acordo com aquilo
que alguém tem, e não de acordo com o que não tem. 2 Coríntios 8:12

Justus Devadas, presidente da instituição adventista de ensino Spicer Memorial


College, Índia, contou uma história que, em minha opinião, é repleta de graça.
Há muitos anos, Justus ajudou a fundar várias igrejas em vilarejos ao sul da
Índia e, certo dia, decidiu visitá-las. Em uma determinada igreja encontrou
apenas um pequeno grupo reunido com o pastor para o culto. Mas, para a
surpresa de todos, o ancião não estava presente.
– Ele é tão fiel! – afirmou o pastor. – Nunca falta a nenhuma reunião.
Assim, esperaram e esperaram para começar o serviço de culto. E nada de
ancião. Decidiram, então, começar sem ele.
Próximo ao fim da reunião, Devadas viu um senhor de idade entrar na
igreja, um homem simples do vilarejo, vestido com trajes modestos.
– Sinto muito pelo atraso – ele disse ao pastor. – Gostaria muito de ter
chegado aqui no horário, mas percebi que não tinha dinheiro para dar de oferta.
Pensei em apenas uma forma de trazer uma oferta, minha galinha. Fiquei
esperando ela botar um ovo. Quis apressá-la, mas ela nem se incomodou!
Com isso, o ancião enfiou a mão no bolso e retirou a oferta – um ovo
cuidadosamente embrulhado.
Penso na abundância de coisas que possuo – tudo de que preciso e muito
mais – e fico emocionado com a dedicação amorosa desse homem. As pessoas
que levam suas ofertas de bom grado ao grande Doador, não para ganhar
aprovação, mas com o coração repleto de gratidão – dessas é o reino do Céu.
No Antigo Testamento lemos a respeito de um erro cometido pelo rei Davi.
Uma praga sobreveio ao povo. Muitas pessoas morreram desde Dã até Berseba,
do norte ao sul. No momento em que o anjo destruidor estava prestes a assolar
Jerusalém, o profeta Gade disse ao rei que construísse um altar na eira de
Araúna, o jebuseu, local em que o anjo havia parado. Ao se encontrar com Davi,
Araúna lhe ofereceu a eira e os bois para o sacrifício sem cobrar nada. Mas Davi
respondeu: “Não! Faço questão de pagar o preço justo. Não oferecerei ao
Senhor, o meu Deus, holocaustos que não me custem nada” (2Sm 24:24).
O rei e o ancião. Três mil anos entre eles, mas o mesmo espírito.
11 de abril – quarta

QUEIJO TIPO COTTAGE


Assim como a mosca morta produz mau cheiro e estraga o perfume,
também um pouco de insensatez pesa mais que a sabedoria e a honra.
Eclesiastes 10:1

Na época em que trabalhei no Spicer Memorial College, uma instituição


adventista de ensino na Índia, um casal de missionários chegou ao campus para
administrar a fazenda do colégio. Não eram jovens; na verdade, não restava
muito tempo para que se aposentassem. Aquele foi um passo de muita coragem
do querido casal que deixou a terra natal, depois de muitos anos sem nunca ter
trabalhado em terras estrangeiras, para tentar adaptar-se ao clima e à cultura
totalmente diferentes daquele país. Eles permaneceram firmes em sua decisão e
fizeram um bom trabalho.
Uma das coisas de que mais sentiam falta era o queijo tipo cottage, que
tinham em abundância em seu país de origem. Era o alimento predileto do novo
administrador da fazenda, e como ele almejava degustá-lo novamente! Na Índia
não se encontrava nada parecido.
Certo dia, ao ir até o correio da cidade pegar a correspondência do colégio,
senti um odor terrível. Vinha de um pacote engordurado rodeado de moscas
endereçado ao administrador da fazenda. Adivinhe! Queijo tipo cottage! Alguém
em sua terra natal ficou sabendo do desejo do administrador de saborear sua
comida favorita e pensou em fazer-lhe uma surpresa. Com mais boa vontade do
que raciocínio, foi ao supermercado, comprou um pote de queijo tipo cottage, o
embrulhou e despachou para a Índia. Por alguma razão, não parou para pensar
que não se envia queijo tipo cottage pelo correio nem mesmo do Canadá aos
Estados Unidos, que dirá para a Índia e sob o calor escaldante!
Queijo tipo cottage é uma delícia – se estiver fresco. Fresco e gelado.
Gosto muito desse queijo, mas também sei como pode se tornar repulsivo se for
deixado por muito tempo na geladeira ou se não for refrigerado adequadamente.
Os cristãos são como o queijo tipo cottage. Quando permanecemos perto
de Jesus e vivendo por Sua graça, maravilhamos todos aqueles que nos
“experimentam”. Mas, quando nos afastamos de Cristo, incomodamos a
vizinhança inteira com o mau odor que exalamos.
Ao longo dos séculos, o cristianismo manchou seu nome porque os
professos seguidores de Cristo viviam de maneira totalmente oposta à do Mestre.
Mas, antes de julgarmos, apontemos o dedo para nós mesmos. Façamos um
exame de coração e hoje, neste dia, revistamo-nos da graça de Jesus. Somente
assim nossa vida será tão deliciosa como um queijo tipo cottage fresco.
12 de abril – quinta

JOSUÉ E O ANJO
O anjo disse aos que estavam diante dele: “Tirem as roupas impuras
dele.” Depois disse a Josué: “Veja, eu tirei de você o seu pecado, e
coloquei vestes nobres sobre você.” Zacarias 3:4

No livro de Zacarias (livro bíblico amplamente negligenciado por muitos)


encontramos uma das descrições mais encantadoras da graça em toda Bíblia. O
personagem central é Josué, o sumo sacerdote do povo judeu que fazia pouco
tempo havia retornado do exílio babilônico e estava tentando reconstruir
Jerusalém e o Templo.
Josué tinha um problema: vestia roupas impuras. As vestes do sumo
sacerdote deveriam ser limpas, puras e belas, mas as de Josué não chegavam
nem perto disso. Josué representava toda a nação. Isso quer dizer que todos
estavam vestidos com roupas sujas, totalmente impuros diante do santo Deus.
Assim somos nós, todos nós. Até mesmo as coisas boas que fazemos (e
fazemos várias de qualidade oposta) são como trapos de imundícia perante Deus
(Is 64:6).
Na cena descrita em Zacarias 3, Satanás permanece à direita de Josué para
acusá-lo. A antiga serpente, “o acusador de nossos irmãos” (Ap 12:10), é
especialista nisso. Ele aponta para os pecados de Josué e suas vestes impuras;
aponta para os pecados do pequeno grupo de judeus e aponta para os nossos
pecados também.
E ele tem razão.
Mas a história não para por aqui. Outro personagem aparece em cena: o
Anjo do Senhor. O Anjo é o Mediador divino, o Intercessor, o nosso Senhor
Jesus Cristo. O Senhor diz a Satanás: “O Senhor o repreenda, Satanás! O Senhor
que escolheu Jerusalém o repreenda! Este homem não parece um tição tirado do
fogo?” (v. 2).
Graças a Deus, Jesus defende nosso caso. Ele nos escolheu. Somos um
tição tirado do fogo. Diante de Sua presença poderosa, o inimigo do homem, o
especialista em apontar os pecados e os defeitos, se vê forçado a fugir.
A mesma ordem dada a Josué serve também para nós: “‘Tirem as roupas
impuras dele.’ [...] ‘Veja, Eu tirei de você o seu pecado, e coloquei vestes nobres
sobre você.’ [...] ‘Coloquem um turbante limpo em sua cabeça’” (v. 4, 5).
Sozinhos, não somos nada. Com Jesus, somos tudo. Nossa justiça é como
trapos de imundícia. Sua justiça é como vestes nobres que nos cobrem e nos
purificam.
13 de abril – sexta

O REFINAMENTO DA GRAÇA
O nome do homem era Nabal (tolo), descendente de Calebe, e o nome de
sua mulher era Abigail. A mulher era inteligente e bonita, mas o homem
era rude e mau. 1 Samuel 25:3, The Message

Sinto-me incomodado quando os professos seguidores de Cristo estabelecem


uma norma baixa para si mesmos. Na verdade, parece até que se orgulham de
uma norma assim. “Estamos prontos”, dizem. Mas por que não refinados e
prontos? Para mim, a religião de Cristo amplia nossa visão, motiva-nos a
aprimorar nossas qualidades, a buscar aquilo que há de mais nobre e melhor em
cada aspecto da vida.
Não estou falando de exibicionismo para impressionar os outros, não o
refinamento falso, mas o real, semelhante a Cristo. Ele foi, afirmou Ellen White,
“a personificação do refinamento” (Testemunhos Para a Igreja, v. 2, p. 467). A
mensageira de Deus estava incomodada com os cristãos que não apresentavam
os frutos que a verdadeira graça de Cristo produz. Ao escrever para os pastores,
ressaltou: “Alguns há que, enfadados com o falso verniz a que o mundo chama
refinamento, têm passado ao extremo oposto, tão nocivo quanto o primeiro.
Recusam-se a receber o polimento e refinamento que Cristo deseja que Seus
filhos possuam. O pastor deve lembrar que é educador e, se nas maneiras e
linguagem se mostra vulgar e sem polidez, os que possuem menos
conhecimentos e experiência seguirão a mesma trilha” (Obreiros Evangélicos, p.
93).
Entre as histórias relacionadas a Davi, que se tornou o maior rei de Israel,
encontramos uma história clássica que poderíamos intitular: “A Dama e o Tolo”.
Nela lemos a respeito de Abigail, uma mulher bonita e inteligente.
Num casamento típico entre opostos, essa mulher fora de série se casou
com um indivíduo rico, porém rude e mau. Seu nome era Nabal, que significa
tolo – e, pelo que lemos, ele fazia jus ao nome que tinha. Ao fugir do insano rei
Saul, Davi se desentendeu com o vil Nabal. Os homens de Davi haviam
oferecido proteção aos empregados de Nabal, mas, quando chegou a vez do
futuro rei de Israel receber algo, Nabal não quis retribuir o favor. “Quem é esse
Davi? Quem é esse tal filho de Jessé?”, respondeu (1Sm 25:10, The Message).
Numa explosão de raiva, Davi reuniu seus homens para acabar com a vida
de Nabal. Porém, a sábia e bela Abigail ficou sabendo da confusão, preparou
presentes e abordou Davi com uma mensagem da graça. Davi mudou de ideia.
Essa história também tem um fim clássico. Na manhã seguinte, quando
soube do ocorrido, Nabal sofreu um ataque do coração e faleceu alguns dias
depois. E Abigail se tornou esposa de Davi.
14 de abril – sábado

CONSTRUINDO PELA GRAÇA


Quem és tu, ó grande monte? Diante de Zorobabel serás uma campina;
porque ele colocará a pedra de remate, em meio a aclamações: “Haja
graça e graça para ela!” Zacarias 4:7, ARA

Como seguidores de Cristo, todos nós somos construtores. Cada um de nós está
construindo a própria vida, e estamos construindo Seu templo na Terra, a igreja.
De que forma devemos construir? A resposta para as duas situações é a mesma:
pela graça, somente pela graça.
Nenhuma discussão sobre construção seria completa sem analisar o
trabalho dos judeus que retornaram do cativeiro babilônico para reconstruir
Jerusalém e o Templo. Na verdade, esse projeto foi registrado em quatro livros
da Bíblia: Esdras, Neemias, Ageu e Zacarias. Podemos aprender muito sobre
construção com esses livros. Esdras e Neemias narram a história.
O pequeno grupo de otimistas deixou Babilônia e deu início à árdua tarefa.
As dificuldades eram imensas. Eram poucos em número, a tarefa era enorme e
os adversários procuravam impedir seu progresso. Para piorar a situação, surgiu
oposição em seu próprio meio. Alguns judeus estavam secretamente aliados aos
inimigos.
O trabalhou progredia a passos lentos e finalmente foi paralisado.
Desanimado, o povo parou de pensar na reconstrução do Templo e começou a
cuidar de seus próprios problemas. O projeto parecia ter ido por água abaixo.
Mas não! Deus levantou dois profetas. Um deles era Ageu, homem idoso
que trazia uma mensagem simples e direta do Senhor: “Levantem e construam
agora!” O outro era Zacarias, um jovem que também foi enviado para animar o
povo a prosseguir com o projeto, revelando as várias visões impressionantes que
o Senhor lhe concedera.
Uma das visões concedidas a Zacarias, focalizando o candelabro de ouro e
as duas oliveiras, retratou de maneira franca e sincera a enormidade da tarefa que
os judeus enfrentavam, liderados pelo governador Zorobabel. Realmente se
tratava de uma “montanha majestosa”. Mas a Palavra do Senhor dos exércitos
diz: “‘Não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito.’ [...] Quem você
pensa que é, ó montanha majestosa? [...] Você se tornará uma planície’” (v. 6, 7).
Assim, o trabalho avançou. Em meio a sangue, suor e lágrimas avançou até
que foi concluído com exclamações de “haja graça e graça para ela!”
Essa é a maneira pela qual a construção hoje pode ser concluída, em nossa
vida e na igreja. Sangue, suor e lágrimas – cobertos pela graça.
15 de abril – domingo

A VERDADEIRA GRAÇA
Com a ajuda de Silvano, a quem considero irmão fiel, eu lhes escrevi
resumidamente, encorajando-os e testemunhando que esta é a verdadeira
graça de Deus. Mantenham-se firmes na graça de Deus. 1 Pedro 5:12

Assusta-me a expressão “verdadeira graça” usada por Pedro, que aparece


apenas nessa passagem. Estaria ele sugerindo que existe uma graça falsa, algo
disfarçado de graça que não tem nada a ver com ela? Em outra passagem, Pedro
menciona que algumas pessoas torceram o significado das cartas de Paulo (2Pe
3:16). Paulo foi um intérprete preeminente da graça. Fico imaginando se a
deturpação a que Pedro se referiu poderia estar relacionada à torção da
mensagem de Paulo sobre a graça.
Seja qual for o contexto, Pedro não tinha medo da graça. Ele concluiu sua
primeira carta com uma saudação semelhante à de Paulo: “Cresçam, porém, na
graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3:18).
Na primeira carta de Pedro, em que se encontra a expressão “verdadeira
graça”, o conceito da graça permeia o livro como um fio dourado. Pedro estava
escrevendo para os cristãos que haviam sofrido por causa de sua fé e que
enfrentavam a ameaça de novas provações. As passagens a seguir deixam isso
bem claro: “Se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é
louvável diante de Deus” (1Pe 2:20). “Todavia, mesmo que venham a sofrer
porque praticam a justiça, vocês serão felizes” (1Pe 3:14). “Amados, não se
surpreendam com o fogo que surge entre vocês para os provar. [...] Mas alegrem-
se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo. [...] Se sofre[m] como
cristão[s], não se envergonhe[m]” (1Pe 4:12-16).
A verdadeira graça não é um sentimento passageiro e superficial. Ela
capacita homens e mulheres a permanecer fiéis ao lado de Deus por mais forte
que o vento da provação venha a soprar. A verdadeira graça solidifica a
determinação, fortalece o falar e aguça os olhos da fé.
Para todos os que pregam um evangelho diluído e destituído de sua força
total, o pastor Dietrich Bonhoeffer, que pereceu nas mãos de Hitler, falou de
forma enfática e decisiva: “A graça barata é a pregação do perdão sem o
arrependimento, do batismo sem a disciplina da igreja, da comunhão sem a
confissão, da remissão sem a confissão pessoal. A graça barata é a graça sem
discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo, vivo e personificado.”
O que, afinal, não é graça.
16 de abril – segunda

A PORTA DO CÉU
Teve medo e disse: “Temível é este lugar! Não é outro, se não a casa de
Deus; esta é a porta dos Céus.” Gênesis 28:17

Aqui está Jacó, tão esperto, apanhado pela própria armadilha. Ele está fugindo
do irmão mais velho, Esaú, por ter obtido a bênção da primogenitura ao enganar
o próprio pai. Esaú está irado e mal pode esperar chegar o dia em que poderá se
vingar do irmão. Mas ainda não, não enquanto o pai já idoso, Isaque, estiver
vivo.
Jacó foge. Ele vai para o norte a caminho de Harã, lugar em que o tio
Labão mora. O plano de Jacó não parece mais tão perfeito. A noite vem e ele
está totalmente solitário. Sem jantar em família esta noite. Sem cama confortável
para encostar o corpo cansado. Ele terá que se virar de alguma forma. De
repente, sua vida se tornou uma questão de sobrevivência selvagem.
Jacó procura um lugar para descansar e passar a noite. Nada de cobertor,
lençol ou travesseiro nesta noite. Ele pega uma pedra para reclinar a cabeça.
Você já tentou dormir num travesseiro de pedra? Eu já e posso afirmar que
não é divertido. Se você estiver muito cansado, acabará caindo no sono, mas não
por muito tempo. E, ao acordar, parecerá que quebrou o pescoço.
Ali está Jacó, deitado sozinho ao relento, com a cabeça reclinada sobre
uma pedra. Nunca tinha se sentido tão longe de casa, tão longe do Deus de
Isaque e de Abraão.
Finalmente, pega no sono. Então, algo maravilhoso acontece. Deus lhe
concede um lindo sonho. Naquele lugar ermo e hostil, seria normal ter
pesadelos. Mas, em vez disso, Jacó vê uma escada ligando a Terra ao Céu e os
anjos de Deus subindo e descendo por ela. O Senhor está no alto da escada
proclamando: “Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque.
[...] Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e Eu o trarei de volta
a esta terra” (Gn 28:13, 15).
Ao acordar, Jacó pensa consigo: “Sem dúvida o Senhor está neste lugar,
mas eu não sabia! [...] Temível é este lugar! Não é outro, senão a casa de Deus;
esta é a porta dos Céus” (v. 16, 17).
Ainda é verdade. O Senhor está neste lugar. Não importa o quão solitário
ou abandonado este lugar pareça, Deus não o abandonou, Ele não nos
abandonou. Os anjos de Deus sobem e descem pela escada celestial ao lado de
nosso travesseiro de pedra enquanto o Senhor diz: “Estou com você e cuidarei de
você, aonde quer que vá.”
17 de abril – terça

O GUERREIRO CELESTIAL
Então disse o homem: “Seu nome não será mais Jacó, mas sim Israel
porque você lutou com Deus e com homens e venceu.” Gênesis 32:28

Você já notou a maneira peculiar com que a Bíblia chama o povo escolhido de
Deus, os judeus, no Antigo Testamento? Seu famoso ancestral foi Abraão,
homem de muita fé (e mais algumas fraquezas humanas). Não seria estranho se o
povo escolhido fosse chamado de “filhos de Abraão”, mas em vez disso são
chamados “filhos de Israel”.
Israel? Esse é o outro nome de Jacó, o grande enganador do Antigo
Testamento. Ele enganou o pai idoso e cego; enganou o irmão, Esaú, e enganou
o tio, Labão. Como Deus foi capaz de colocar o nome desse personagem dúbio
em Seu povo?
A resposta é graça! Deus fez por Jacó o que fez por muitos enganadores e
pessoas de mau caráter ao longo dos séculos, e o que Ele ainda faz hoje:
concede-lhes uma segunda chance, e uma terceira, depois uma quarta. Deus
continua amando essas pessoas, convidando-as para voltar, guiando-as pelo
mesmo caminho que caíram tantas vezes, ensinando-as até o dia em que
acordam e Lhe permitem ser o Senhor de sua vida. A partir de então, elas se
tornam diferentes, transformadas, novos homens e mulheres. Jacó se torna Israel.
Deus trabalhou com Jacó por muito, muito tempo. Quem sabe Jacó estava
começando a acordar, mas o ponto crucial ocorreu numa noite específica. Jacó
estava retornando para Canaã, regressando como um homem rico com duas
esposas, onze filhos e uma filha e um vasto rebanho. Foi nessa ocasião que
recebeu uma mensagem que o deixou apavorado: Esaú estava indo ao seu
encontro acompanhado de 400 homens! Jacó enviou as mulheres, as crianças e
os animais para a outra margem do rio Jaboque e planejou passar aquela noite
terrível em oração.
De repente, foi atacado. Um homem o agarrou e lutou com ele. Jacó lutou
para salvar a vida. Mas, à medida que a luta prosseguia, começou a perceber que
não estava lutando com um guerreiro qualquer. De forma alguma! Era Jesus, que
ainda hoje vem a nós, que luta para nos trazer a vida nova que Ele oferece.
Jacó encontrou vida nova, e um novo nome, Israel, que significa “aquele
que luta com Deus”.
18 de abril – quarta

COMPRANDO O FAVOR
Disse, porém, Esaú: “Eu já tenho muito, meu irmão. Guarde para você o
que é seu.” Gênesis 33:9

No trajeto de volta para sua terra natal depois de passar 20 anos em Harã, Jacó
ainda estava com medo do irmão gêmeo. Ao saber que Esaú ia ao seu encontro
acompanhado de 400 homens, Jacó tratou de lhe enviar rebanhos: 200 cabras e
20 bodes, 200 ovelhas e 20 carneiros; 30 fêmeas de camelo com seus filhotes; 40
vacas e 10 bois; 20 jumentas e 10 jumentos. Ordenou que os rebanhos fossem
deixados a certa distância um do outro. Ele também instruiu os empregados a
dizerem a Esaú que os animais eram um presente de seu servo Jacó, que estava a
caminho (Gn 32:13-18).
Que presente generoso! Se Esaú tinha qualquer dúvida a respeito da
postura do irmão em relação a ele, aquela era a resposta. Jacó estava com tanto
medo e tão ansioso que era capaz de fazer qualquer coisa para agradar o irmão.
Ele tentou comprar o favor de Esaú.
Tal abordagem se encaixa com o padrão de vida de Jacó. Acostumado a
enganar e a manipular, Jacó pensou que podia encontrar saídas para qualquer
situação. O mesmo acontece hoje. Todos nós temos muito de Jacó em nossa
personalidade, alguns mais do que outros. Para muitas pessoas, o dinheiro pode
comprar qualquer coisa; todo mundo tem um preço. Mas Deus está em busca de
homens e mulheres “que se não comprem nem se vendam; [...] que no íntimo da
alma sejam verdadeiros e honestos; [...] que não temam chamar o pecado pelo
seu nome exato; [...] cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é
ao polo; [...] que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus”
(Ellen G. White, Educação, p. 57).
Jacó até mesmo tentou comprar o favor de Deus. Depois de acordar do
maravilhoso sonho da escada que ligava a Terra ao Céu, fez um voto: se Deus
cuidasse dele e o levasse em segurança de volta para casa, ele devolveria a Deus
o dízimo de tudo o que o Senhor lhe concedesse (Gn 28:20-22).
Antes de julgarmos Jacó, examinemos nosso próprio coração. Quantas
vezes eu tentei manipular Deus? Ao devolver o dízimo (que é dEle) e ofertar,
será que espero receber um favor em troca porque (em minha mente) fiz um
favor a Ele?
O favor de Deus não está à venda. É gratuito – absolutamente gratuito.
Chamamos isso de graça.
Até mesmo Esaú ajudou Jacó a enxergar isso. A sucessão de rebanhos não
lhe fez diferença. Ele perdoou e aceitou o irmão sem cobrar nada em troca.
19 de abril – quinta

COMIDA CASEIRA
Veio o Filho do homem comendo e bebendo, e dizem: “Aí está um comilão
e beberrão, amigo de publicanos e ‘pecadores’.” Mas a sabedoria é
comprovada pelas obras que a acompanham. Mateus 11:19

Jesus não foi glutão, muito menos uma Pessoa isolada. O fato de Seus inimigos
O acusarem de comer muito apenas mostra que Ele gostava de comer. Os
Evangelhos descrevem várias cenas em que Jesus Se encontrava num ambiente
social, muitas vezes revelando verdades importantes.
Penso que Seu lugar predileto para fazer as refeições não era uma sala de
jantar ampla da casa de algum fariseu que havia convidado uma multidão de
amigos e colegas abastados para conhecê-Lo, mas sim um pequeno e humilde lar
em Betânia, onde podia encontrar os amigos Lázaro, Marta e Maria. Nada de
bufês luxuosos, apenas uma boa comida caseira (que é bem melhor).
Se Jesus vivesse na Terra hoje, acho que ainda preferiria a graça de uma
boa refeição caseira acompanhada de uma conversa interessante, risadas e o
carinho que os verdadeiros amigos oferecem. Tal ambiente é um presente do Pai
celestial, o Pai que criou a manga, o pêssego, a uva e o abacaxi, a abóbora, a
mandioca e os grãos que se transformam em deliciosos pães.
Graça é uma mesa repleta de comida feita em casa e rodeada pelos amigos.
Noelene e eu gostamos muito de praia (na verdade, a família inteira gosta
muito). Sempre que possível, vamos a Chesapeake Bay. No caminho, passamos
pela pequena cidade de Bridgeville, local em que suntuosos casarões repousam
pacificamente na companhia de um policial alerta dentro do carro-patrulha com
o radar em mãos. Um pouco depois do perímetro urbano pode-se ver um letreiro
que diz “Jimmy’s”, e o estacionamento está sempre lotado, não importa o dia
nem a hora.
Certa vez, tomados pela curiosidade, decidimos parar. O Jimmy’s comporta
cerca de 150 pessoas e é muito provável que ao chegar lá você tenha que esperar
para conseguir uma mesa. A decoração é muito simples e o cardápio impresso
carece de formatação. Grampeadas a ele estão duas folhas manuscritas
oferecendo mais opções e uma terceira, também escrita à mão, informando o
prato “especial” da casa para todos os dias da semana. Apenas comida caseira é
servida ali. Purê de batatas de verdade, um delicioso feijão, tomate cozido e uma
variedade incrível de tortas e bolos. E, quando o garçom traz a comanda, você
não acredita – parece tão pouco!
Acho que Jesus iria gostar de comer no Jimmy’s.
20 de abril – sexta

O HOMEM QUE ANDOU COM DEUS


Enoque andou com Deus; e já não foi encontrado, pois Deus o havia
arrebatado. Gênesis 5:24

A morte e os impostos sãos as duas grandes certezas da existência humana.


Mas, antes de existirem os impostos, já existia a morte.
O quinto capítulo do livro de Gênesis registra a existência das primeiras
gerações de vida humana na Terra. A leitura soa como um canto fúnebre em que
se repete “e morreu” várias vezes. “[Adão] viveu ao todo 930 anos e morreu”;
“[Sete] viveu ao todo 912 anos e morreu”; “[Enos] viveu ao todo 905 anos e
morreu”; “[Cainã] viveu ao todo 910 anos e morreu”; “[Maalaleel] viveu ao todo
895 anos e morreu”; “[Jarede] viveu ao todo 962 anos e morreu” (v. 5, 8, 11, 14,
17, 20).
De repente, a sequência é quebrada. Enoque, a sétima geração desde Adão
e pai de Matusalém, não morreu. Deus simplesmente o arrebatou. Após essa
interrupção surpreendente, o canto fúnebre volta: “[Matusalém] viveu ao todo
969 anos e morreu”; “[Lameque] viveu ao todo 777 anos e morreu” (v. 27, 31).
Quem foi esse homem que andou com Deus e, após 365 anos na Terra, foi
trasladado para a vida eterna? Que tipo de vida ele levou para dar à humanidade
a esperança de que a temível maldição da morte não segurará para sempre todos
nós em suas gélidas garras?
Sabemos tão pouco a respeito desse homem. Além do registro fúnebre de
Gênesis, Enoque foi mencionado, rapidamente, em apenas dois outros lugares na
Bíblia. O livro de Hebreus nos diz que ele “não experimentou a morte. [...] Pois
antes de ser arrebatado recebeu testemunho de que tinha agradado a Deus” (Hb
11:5). No livro de Judas lemos que Enoque profetizou o julgamento iminente do
Senhor sobre os ímpios (Jd 14, 15).
A característica mais intrigante de Enoque, no entanto, é a encontrada no
primeiro relato: “Enoque andou com Deus”. Isso aconteceu nos dias que
antecederam o dilúvio, período em que homens e mulheres extremamente
inteligentes mergulharam de cabeça numa vida de violência e imoralidade,
utilizando seu poder criativo para inventar novas expressões do mal. Em meio a
essa geração, um homem se manteve afastado. Ele escolheu a Deus; Deus
tornou-Se seu melhor amigo. E por fim Deus lhe concedeu a suprema
demonstração de Sua graça. Levou Enoque para habitar com Ele.
Querido Deus, permita-me andar contigo hoje.
21 de abril – sábado

CORTANDO A MÃO DIREITA


E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor
perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno. Mateus
5:30

Essas palavras são estranhas e foram proferidas pelo próprio Jesus. O que será
que Ele quis dizer com elas?
Ao longo dos séculos, alguns cristãos as levaram ao pé da letra. No início
do terceiro século, o teólogo Orígenes, na tentativa desesperada de controlar o
desejo sexual, castrou a si mesmo. Alguns outros, pensando que estavam
seguindo Jesus, também mutilaram o corpo.
Mas esse pensamento estava totalmente errado. Jesus foi o Grande Médico,
não um mutilador. Ele sempre tornava homens e mulheres inteiros de corpo,
mente e espírito. A verdadeira religião amplia nossa experiência, não a diminui.
O contexto desse verso nos ajuda a entender o que Jesus quis dizer. Essas
palavras fazem parte do famoso Sermão do Monte, em que por seis vezes Jesus
repete: “Vocês ouviram o que foi dito. [...] Mas Eu lhes digo.” Em todos os
casos, Jesus cita uma regra do Antigo Testamento e a amplia.
Em Mateus 5:27-30, Jesus cita o sétimo mandamento do Decálogo, que
proíbe o adultério. Em seguida, Ele amplia a abrangência do mandamento,
mostrando que até mesmo o ato de olhar com más intenções para uma mulher já
é o suficiente para quebrá-lo. Então, Ele diz: “Se o seu olho direito o fizer pecar,
arranque-o e lance-o fora. [...] Se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-
a fora.” Ou seja, tudo aquilo que nos levar a pecar, por mais que gostemos, deve
ser banido de nossa vida.
Radical demais? Sim, mas essa é uma questão de vida ou morte. Uma
raposa ou um lobo apanhados em uma armadilha roerão a pata a fim de salvar a
própria vida. Aron Ralston, ao partir para uma escalada solo no Parque Nacional
Canyonlands de Utah, Estados Unidos, em abril de 2003, foi obrigado a
enfrentar uma escolha semelhante. Ralston acidentalmente liberou uma rocha de
360 quilos que o comprimiu dentro de uma fenda estreita do cânion. No sexto
dia de clausura e beirando a loucura, Ralston decidiu fazer a única coisa que o
libertaria de sua prisão: ele cortou o antebraço com uma faca de bolso.
Radical, mas ele escolheu a vida em vez da morte. Nós também precisamos
romper radicalmente com qualquer hábito que nos leve para a morte eterna.
Livre-se de todo hábito que estiver obstruindo o caminho da salvação. Corte-o!
A graça nos conclama a tomarmos atitudes radicais.
22 de abril – domingo

COMO NOS DIAS DE NOÉ


Porém Noé achou graça diante do Senhor. Gênesis 6:8, ARA

O nascer e o pôr do sol. Casamentos, nascimentos e mortes. Comemorações e


banquetes; festas e prazer. Comprar e construir; trabalhar e brincar. A vida seguia
seu curso, como um CD com o botão “repetir” acionado.
Sempre fora assim. E continuaria desse jeito para sempre. Assim
pensavam. Mas Deus disse: “Não! Chega.” Ele viu que todos os pensamentos do
coração eram apenas de maldade, que toda carne havia corrompido o seu
caminho sobre a Terra. O Senhor declarou: “Darei fim a todos os seres humanos,
porque a terra encheu-se de violência por causa deles. Eu os destruirei com a
terra” (Gn 6:13).
Em meio ao predomínio da iniquidade, um homem não se contaminara.
Noé achou graça (isto é, favor) aos olhos do Senhor. A esse homem Deus deu
uma mensagem de advertência para uma geração condenada e a missão de
construir uma arca para salvar aqueles que dessem ouvidos.
O livro de Hebreus fala um pouco sobre esse homem: “Quando avisado a
respeito de coisas que ainda não se viam, movido por santo temor, construiu uma
arca para salvar sua família” (Hb 11:7). Que fé! Construir um barco enorme sem
ter água para navegar, pregar a destruição para um mundo banhado pelos raios
de sol. Esse homem olhou além do que seus olhos eram capazes de enxergar e do
que a razão lhe dizia; ele olhou para Deus, o Criador do Céu e da Terra, que
disse que destruiria tudo.
Assim como nos dias de Noé, disse Jesus, será a vinda do Filho do homem.
A vida parecerá seguir seu curso normal, como se nada pudesse quebrar o ciclo
infalível. “Eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos.
Assim acontecerá na vinda do Filho do homem” (Mt 24:39).
Eles nada perceberam, até que o dilúvio os apanhou de surpresa.
Eles nada perceberam, mas podiam ter percebido. Um homem – um
homem de fé, um homem que achou graça diante de Deus – pregou por meio de
palavras e atos durante 120 anos.
Já faz algum tempo que Jesus prometeu: “Voltarei e os levarei para Mim”
(Jo 14:3). A maioria das pessoas pensa que essa promessa não se cumprirá. Mas,
para sua surpresa, Ele virá.
Nos dias de hoje, tão semelhantes aos dias que antecederam o dilúvio,
Deus está em busca de Noés.
23 de abril – segunda

PAI ABRAÃO
Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça. Gênesis 15:6

Em Abraão, o pai da fé, podemos ver nosso reflexo. A fé manifestada por


Abraão não era uma característica sólida e inalterável desde o princípio, mas
uma experiência progressiva de confiança em Deus.
Por um lado, Abraão não foi um bom exemplo de fé. Ao levar a família
para o Egito para fugir da fome que assolava Canaã, Abraão arquitetou um plano
que, em seu conceito, protegeria sua esposa, Sara, e a ele. Sara era uma mulher
muito bonita e Abraão ficou com medo de que os egípcios o matassem para ficar
com ela. “Diga que é minha irmã”, instruiu Abraão (Gn 12:13).
Deus já o havia conduzido por um longo trajeto desde Ur dos Caldeus até
Harã, a noroeste da Mesopotâmia e abaixo de Canaã. Ele havia saído de sua terra
natal pela fé, em obediência ao chamado de Deus, sem saber para onde estava
sendo levado. Depositou sua confiança em Jeová.
Mas no Egito sua fé vacilou. Será que Aquele que o havia protegido por
tantos quilômetros e tantos anos em várias situações diferentes não poderia – não
iria – protegê-lo desta vez? Claro que sim. Mas Abraão tirou os olhos do Senhor
e permitiu que as circunstâncias do momento – a terra estrangeira, o povo
aparentemente ignorante da existência de Deus – abalassem sua confiança.
Foi um plano imediatista e tolo que ele arquitetou. Na verdade, parece
notavelmente egoísta. Abraão estava mais preocupado com a própria pele.
Anos mais tarde, encontramos esse homem cometendo o mesmo erro com
Abimeleque, rei de Gerar (Gn 20). Soa familiar? Deus nos leva pelo mesmo
caminho na tentativa de ensinar-nos a confiar nEle. Deus não desiste de nós.
“Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça”. O texto de
hoje traz o relato clássico de justiça pela fé em vez do esforço humano. Porém,
mesmo depois dessa linda declaração, encontramos o pai Abraão, frustrado com
a infertilidade de Sarai, tomar a serva Hagar para ser sua concubina.
Passo a passo, gradualmente, Abraão aprendeu a confiar em Deus. Sua fé
cresceu lentamente até se transformar em uma fidelidade firme como a rocha.
E quanto a nós?
24 de abril – terça

TIO ABRAÃO
Aí está a terra inteira diante de você. Vamos separar-nos. Se você for para
a esquerda, irei para a direita; se for para a direita, irei para a esquerda.
Gênesis 13:9

Como pai da fé, Abraão teve um registro incompatível e algumas vezes


instável; mas, como tio de Ló, foi um verdadeiro modelo. Ele sempre agia com
bondade, prontidão em ajudar e, acima de tudo, generosidade. A graça que
vivenciava fluía diretamente para o filho de seu irmão falecido.
A vida de Ló, no entanto, era outra história. Fraco, dependente e dotado de
poucas características positivas, Ló era filho de Harã, o terceiro filho de Terá. A
família vivia em Ur, uma cidade importante naquela época. Harã morreu jovem,
enquanto seu pai ainda estava vivo.
Ur era uma cidade pagã, mas o Senhor esteve lá. Ele Se revelou a Abraão,
que esteve disposto a ouvir, e lhe disse para sair de Ur. Assim, a família inteira
se mudou, fazendo a primeira parada em Harã, local em que ficaram acampados
por um tempo até a morte de Terá. Abraão se mudou para Canaã e Ló foi junto.
Ló acompanhou Abraão em suas jornadas até que surgiu um problema. Tanto
Abraão quanto Ló agora possuíam grandes rebanhos. Simplesmente não havia
terra suficiente para os dois. Os empregados começaram a brigar e Abraão
bondosamente concedeu a Ló o privilégio de escolher a terra em que desejava
morar. “Escolha o que quiser”, ofereceu.
Ló escolheu a melhor porção de terra – a planície irrigada pelo rio Jordão.
Esquecendo-se de que Abraão havia sido seu protetor e benfeitor por todo o
caminho de Ur até ali, Ló pensou apenas em seus próprios interesses. Faltavam-
lhe consideração e gratidão.
Foi uma decisão desastrosa. Logo as cidades da planície foram atacadas
por uma coalizão entre os reis do norte e Ló foi levado cativo. Quem você acha
que foi resgatá-lo? O bondoso tio Abraão. Mais tarde, o Senhor decidiu destruir
Sodoma e Gomorra por causa de sua grande iniquidade. Quem suplicou que seus
habitantes fossem poupados (pensando em Ló, claro)? O tio Abraão novamente!
Deus destruiu aquelas cidades. Ló foi salvo. Os anjos tiveram que arrastá-
lo para longe da destruição iminente. O último registro de Ló é ainda mais
patético: morando numa caverna, amedrontado, bêbado e tornando-se pai dos
próprios netos (Gn 19:30-38).
Abraão e Ló. Duas histórias, dois caminhos. Um ofereceu e ganhou tudo; o
outro cobiçou e perdeu tudo.
25 de abril – quarta

GRAÇA SEM FIM


E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça,
para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é
necessário, vocês transbordem em toda boa obra. 2 Coríntios 9:8

Na abertura da 19a temporada de seu programa de auditório, a apresentadora de


televisão Oprah Winfrey prometeu fazer um “grande anúncio”.
Nessa ocasião em especial, Oprah convidou 11 pessoas do auditório para
subirem ao palco. Todas precisavam de um carro. Cada uma recebeu de presente
do programa um carro zero-quilômetro no valor de 28.400 dólares. Em seguida,
ela disse: “Ainda há mais um carro – e alguém neste auditório tem a chance de
levar para casa um carro completo e novinho em folha.” Uma jovem começou a
circular pelo auditório distribuindo pequenas caixas para a multidão. Oprah
instruiu as pessoas a não abrir ou chacoalhar a caixa até que recebessem
permissão. Explicou que a chave do carro restante estava numa daquelas caixas.
Ao som de tambores, Oprah ordenou que as caixas fossem abertas.
Ela apontou, uma por uma, a todas as pessoas no estúdio. “Você ganhou
um carro! Você ganhou um carro! Você ganhou um carro!”, disse. Em seguida,
declarou: “Todos ganharam um carro! Todos ganharam um carro! Todos
ganharam um carro!”
O auditório começou a pular sem parar. Alguns gritaram, outros desataram
a chorar. Todas as 276 pessoas ali presentes haviam sido cuidadosamente
avaliadas para que a produção tivesse certeza de que precisavam de um carro.
Algumas pessoas tinham histórias emocionantes para contar.
Oprah conduziu os convidados para o estacionamento do estúdio, onde
carros zero-quilômetro brilhavam à espera de seus futuros donos. Mas não parou
por aí. No mesmo programa, Oprah também ajudou uma jovem que passara a
maior parte da adolescência em abrigos para moradores de rua presenteando-a
com um guarda-roupa completo no valor de 10 mil dólares e uma bolsa de
estudos para cursar os quatro anos da faculdade. Além dela, ajudou uma família
com oito filhos adotivos que estava prestes a ser despejada. Eles receberam um
cheque no valor de 100 mil dólares para comprar a casa, mais 30 mil para
realizar consertos e comprar mobília nova.
Oprah Winfrey já acumulou uma fortuna de um bilhão de dólares; por isso,
não sentirá falta daquilo que ofereceu. “Um dos meus presentes favoritos é
beneficiar outras pessoas”, afirmou. Mas Deus é mais, muito mais generoso. Sua
graça alcança a todos. Você não precisa ser um dos poucos selecionados de um
programa de televisão para recebê-la. Sua graça não tem fim.
26 de abril – quinta

O TESTE SUPREMO
Respondeu Abraão: “Deus mesmo há de prover o cordeiro para o
holocausto, meu filho”. E os dois continuaram a caminhar juntos. Gênesis
22:8

Mesmo após 4.000 anos essa história ainda atinge nosso coração com um
punhal tão real quanto a faca na mão do pai já idoso. Se fosse um conto tirado da
literatura pagã ou de algum relato estilo tabloide da mídia moderna, poderíamos
mantê-la longe de nossa vista e pensamento. No entanto, não podemos ignorá-la,
pois foi descrita nas Sagradas Escrituras como o auge da saga de Abraão, o pai
da fé. Temos que lê-la, temos que tentar compreendê-la.
Algumas perguntas pairam no ar. Por que Jeová, que declarou a Moisés ser
o Deus todo-compassivo, ordenaria que um pai assassinasse o próprio filho?
Como pôde o mesmo Deus que condenou a abominação do sacrifício humano
ordenar a Abraão: “Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e
vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que
lhe indicarei” (Gn 22:2)?
Caro amigo, como você reagiria diante de tal ordem do Senhor? Enfiar uma
faca no coração de seu próprio filho? Acender o fogo e queimar seu amado
descendente até virar carvão e cinzas? Duvido muito que eu seria capaz de fazer
isso. Provavelmente convenceria a mim mesmo de que não ouvira a voz de
Deus, mas a do diabo.
Levaria essa questão em consideração apenas se tivesse um relacionamento
tão íntimo com Deus que saberia ser a Sua voz que me ordenara a cometer
tamanha barbaridade. Poderia pensar em talvez obedecer-Lhe apenas se minha
confiança nEle fosse forte e clara o bastante.
O relacionamento entre Abraão e Deus era assim. Já idoso, Abraão
conhecia Deus intimamente. Depois de todos os altos e baixos do passado,
depois de todos os equívocos de uma fé em crescimento, Abraão havia
amadurecido a ponto de o Senhor aplicar-lhe o teste máximo – um teste maior do
que tirar a própria vida.
Não devemos ignorar a atitude de Isaque nesse drama. O garoto poderia ter
fugido, mas em vez disso deixou o pai amarrá-lo sobre o altar e aguardou a
morte.
Apenas através do mistério do Calvário é que compreendemos o enigma
dessa história intrigante. Ali vemos o Pai e o Filho, em atitude voluntária,
caminhando juntos para o local da morte pelos pecados do mundo.
Dessa vez, porém, nenhum anjo apareceu para impedir a mão assassina do
algoz de cumprir sua tarefa.
27 de abril – sexta

UMA VÍBORA DENTRO DE CASA


No fim, ele morde como serpente e envenena como víbora. Provérbios
23:32

O noticiário aquele dia apresentou uma história estranha. Uma mulher morreu
depois de ter sido picada por uma cobra venenosa. Ela dirigiu sozinha até a sala
de emergência mais próxima (para o espanto da equipe médica), mas faleceu
alguns dias depois de lutar contra o veneno mortal.
A polícia foi à casa da vítima para capturar a víbora, tomando precauções
para se proteger. Dentro do local, não encontraram apenas uma víbora, mas
outras serpentes em gaiolas, além de uma grande quantidade de animais
exóticos.
Estranho? Sim e não. Antes de julgarmos essa pessoa, talvez devêssemos
perguntar-nos se as víboras e outras criaturas exóticas encontram abrigo em
nossa vida.
Ao advertir contra o poder sedutor do vinho, o sábio Salomão descreveu o
cintilar dessa bebida no copo e a maneira como escorre suavemente, mas
lembrou: “no fim, ele morde como serpente e envenena como víbora” (Pv
23:32).
Fico imaginando o que levou aquela mulher a manter cobras venenosas em
sua casa. Talvez tenha sido sua aparência. Já vi víboras, como a víbora de
Russell da Índia, cuja pele é composta por sequências complexas. Talvez tenha
sido a adrenalina de manter um animal que apenas com uma picada podia levá-la
à morte. Qualquer descuido e já seria tarde demais.
O pecado é como a víbora. Um pecado acariciado é como uma víbora de
estimação. Sabemos que é mortal. Falta de conhecimento não é o problema. Mas
o mantemos mesmo assim em nossa de casa. Ninguém mais sabe que ele está lá
e o quanto o achamos atrativo. Talvez várias outras criaturas perigosas e
peçonhentas encontrem abrigo em nossa vida.
Quem sabe seja exatamente o exemplo dado por Salomão – o álcool. Ou
talvez as drogas. Ou a pornografia. Não importa o que seja, ele morde como
serpente e envenena nossa vida eterna.
A graça de Deus é a graça que tudo supera. Ele deseja que caminhemos na
plenitude da nova vida ao permanecermos nEle. Mas temos nosso papel a
desempenhar. “O que nós não vencermos nos vencerá, operando a nossa
destruição. [...] Um mau traço de caráter que seja, um só desejo pecaminoso,
acariciado persistentemente, acabará neutralizando todo o poder do evangelho”
(Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 32-34, itálico acrescentado).
Livre-se dessa víbora antes que ela o mate!
28 de abril – sábado

A ALIANÇA DA GRAÇA
Então disse Deus a Noé e a seus filhos, que estavam com ele: “Vou
estabelecer a Minha aliança com vocês e com os seus futuros
descendentes. Gênesis 9:8, 9

Nessa passagem encontramos a primeira menção de um dos maiores conceitos


da Bíblia – a aliança. Esse termo aparece mais de 200 vezes no Antigo e no
Novo Testamento e nos atrai para a esfera de ação da graça.
Após o dilúvio, Deus estabeleceu uma aliança com Noé e seus
descendentes. Mais tarde, estabeleceu uma aliança com Abrão e ainda mais tarde
com as 12 tribos de Israel, que tinham acabado de fugir do Egito. Depois do
período de peregrinação pelo deserto, Josué, que estava à beira da morte, reuniu
o povo a fim de renovar a aliança com Deus. Na ocasião em que Israel assumiu o
governo monárquico, os reis fiéis a Deus, como Ezequias e Josias, fizeram o
mesmo. Os profetas falavam do dia em que o Senhor estabeleceria “uma nova
aliança” com o Seu povo. Ao sentar-se à mesa com Seus amigos naquela última
quinta-feira à noite de Seu ministério terreno, Jesus lhes ofereceu o cálice de
suco de uva e disse: “Bebam dele todos vocês. Isto é o Meu sangue da aliança,
que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados” (Mt 26:27, 28).
A palavra “aliança” ainda tem valor hoje, especialmente em termos
jurídicos. As pessoas que adquirem um apartamento, por exemplo, geralmente
têm que assinar um contrato que explica os direitos e as responsabilidades dos
proprietários com relação ao condomínio. Em sua essência, aliança significa
acordo mútuo, contrato. É algo tão antigo quanto os relacionamentos humanos;
quanto o ato de comprar e vender.
Mediante a Sua graça e misericórdia para conosco, Deus utiliza essa ideia
profundamente enraizada na mente do ser humano a fim de ajudar-nos a
compreender e servi-Lo. É como se dissesse: “Vamos sentar à mesa e acertar os
detalhes. Tenho uma proposta para você!”
A aliança de Deus sempre vem acompanhada de promessas, especialmente
a promessa da vida eterna. Assim como um contrato humano, ela também
especifica as responsabilidades e as obrigações. Em um aspecto, porém, difere
bastante dos contratos que estamos acostumados a ver nas transações comerciais.
O contrato é feito entre duas partes iguais, mas a aliança de Deus não funciona
assim. Não negociamos com Ele; é Ele quem estabelece as regras.
Outra maneira de pensar na aliança é o plano da salvação. Deus planejou
tudo. Ele nos oferece o dom da vida, um presente eterno, através do sangue de
Jesus. Essa aliança é absolutamente segura, pois Ele assim prometeu.
29 de abril – domingo

O DEUS QUE NÃO POUPA


Aquele que não poupou Seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós,
como não nos dará juntamente com Ele, e de graça, todas as coisas?
Romanos 8:32

O Deus da Bíblia jamais fica no meio-termo. Ele é e age assim por natureza. Ele
não poupa o pecado. A santidade e a pureza infinitas de Deus não consentem
com o mal. Ele criou o Universo perfeito, mas concedeu a todos o poder de
escolha porque queria, e ainda quer, que fôssemos livres para expressar nosso
amor a Ele. Com essa liberdade, veio também a opção de dizer “não” a Deus. No
dia em que isso aconteceu, no momento em que o pecado surgiu, Deus não ficou
indiferente.
“Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno
prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo”
(2Pe 2:4). Aqueles que um dia haviam sido anjos perfeitos, mas que escolheram
seguir o próprio caminho, foram forçados a partir. Por mais que os amasse, Deus
não os poupou e os expulsou das cortes celestiais.
Deus também não poupou o pecado na Terra. “Ele não poupou o mundo
antigo quando trouxe o dilúvio sobre aquele povo ímpio” (v. 5). A raça humana
antes do dilúvio era longeva e altamente inteligente. Porém, concentrou seu
poder criativo e sua força para buscar o mal, até que “toda a inclinação dos
pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal” e “a Terra estava
[...] cheia de violência” (Gn 6:5, 11). Aquele que é longânimo e paciente
interveio como Aquele que não poupa, destruindo por meio do grande dilúvio o
planeta que criara.
Além disso, Deus não poupou as cidades de Sodoma e Gomorra, mas as
reduziu a cinzas, “tornando-as exemplo do que acontecerá aos ímpios” (2Pe 2:6).
O comportamento iníquo dos habitantes dessas cidades, imersos na perversidade,
trouxe sobre eles o julgamento do Deus que não poupa.
Isso não é tudo! O Deus que não poupou a Sua ira contra o pecado tomou
essa ira sobre Si. Ele nos amou de tal maneira que deu o Seu único, amado e
perfeito Filho.
Diante desse presente, o maior de todos, “como não nos dará juntamente
com Ele, e de graça, todas as coisas?” Todas as coisas – todas as coisas – hoje e
para sempre. Que Deus maravilhoso!
30 de abril – segunda

HOMEM MORTO CAMINHANDO


Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.
Romanos 8:1

Nos estados norte-americanos em que a pena de morte ainda está em vigor, uma
expressão de arrepiar é bem conhecida: “Homem morto caminhando!”
O condenado à pena de morte, geralmente do sexo masculino, esgotou
todos os recursos possíveis junto à justiça. Provavelmente tenha permanecido no
corredor da morte por muitos anos aguardando a continuidade do lento processo
judicial, enquanto os advogados argumentaram e tentaram de tudo para encontrar
um modo de poupar sua vida. Quem sabe, como última tentativa, tenham
apelado ao governador por clemência, mas o pedido tenha sido negado. Não
resta mais nenhuma esperança. O fim chegou. Acabou!
O prisioneiro faz sua última refeição. Encontra-se com o capelão pela
última vez. Envia sua última mensagem. Dá seu último adeus. Então, é
conduzido de sua cela até o local de execução. À medida que caminha para a
morte, ouve-se: “Homem morto caminhando!”
Somos homens mortos caminhando. Não, não somos assassinos,
estupradores ou sequestradores aguardando no corredor da morte a chegada do
terrível dia, mas estamos condenados perante o tribunal do Universo. Pecamos,
quebramos a lei de Deus, rebelamo-nos contra Ele em pensamento e ação e
merecemos morrer. “Pois o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23).
Mas graça significa que Deus não nos trata de acordo com aquilo que
merecemos. Ele nos trata como Jesus merece. Fomos homens mortos
caminhando, mas agora caminhamos como filhos e filhas de Deus, na plenitude
do perdão e na vida nova que Ele nos concede. Sim, “o salário do pecado é a
morte”, e esse é o nosso salário, mas a segunda parte do verso diz que “o dom
gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
Não mais o salário, mas o dom. Não aquilo que merecemos, mas o que não
merecemos. Louvado seja Deus!
“Cristo foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos receber o
tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos
quais não tinha participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na
qual não tínhamos parte. Sofreu a morte que nos cabia, para que recebêssemos a
vida que a Ele pertencia. ‘Pelas Suas pisaduras fomos sarados’” (Ellen G. White,
O Desejado de Todas as Nações, p. 25).
Querido Deus, que a Tua graça inunde a minha vida hoje, e que através de
mim alcance as pessoas ao meu redor.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1º de maio – terça

NÃO MAIS SEPARAÇÃO


Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou
perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Romanos 8:35

O glorioso capítulo oito de Romanos parte da “não condenação” para a “não


separação”. “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo
Jesus”, escreveu Paulo no início do capítulo (v. 1). Portanto, já não há
condenação por causa de todas as coisas que foram descritas anteriormente:
pecado universal, culpa universal, mas salvação universal providenciada. Assim,
aqueles que estão “em” Cristo Jesus (ou seja, aqueles que escolheram submeter-
se à esfera de ação de Sua graça salvadora) foram libertados da condenação.
Paulo prossegue. Com rápidas pinceladas, descreve a nova vida em Cristo,
em que o Espírito de Deus habita (v. 2-17). Em seguida, fala dos sofrimentos
desta vida que o cristão tem de suportar, mas suportar na esperança da
restauração final garantida pela vitória de Cristo (v. 18-30).
Percebe-se, então, um crescendo em suas palavras que culmina quando
Paulo proclama: “Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós,
quem será contra nós?” (v. 31). A resposta é: “ninguém”, “nada”. Nem o
acusador, nem o diabo, nem anjo; nenhum problema, preocupação ou
perseguição; nem a nudez, a fome, o perigo ou a espada.
Ninguém. Nada. Nenhum agente, nenhuma força no Céu ou na Terra.
Nada pode nos separar do amor de Cristo. A mão que nos segura nunca nos
soltará. Essa mão foi pregada na cruz por nossa causa.
Prezado amigo, você se sente fraco? Alguma vez já passou pela sua cabeça
que você não será capaz de entrar pelos portões celestiais? Sente-se oprimido
pela bagunça à sua volta?
Leia novamente as palavras de Paulo. Lembre-se: aquele que escreveu
essas palavras sabia muito bem do que estava falando. Ao se referir a tempos
difíceis, sabia do que se tratava. Problemas? Sim. Provações? Sim, outra vez.
Angústia? Ele conhecia muito também. Fome? Até mesmo isso. A lista inteira.
Ele passou por tudo isso e ainda assim pôde dizer: “Você acha que alguém
poderá colocar um obstáculo entre o amor de Cristo e nós? De maneira alguma!
Nem os problemas, nem o ódio, nem a falta de moradia, nem os maus-tratos,
nem as calúnias. [...] Nada disso nos assusta porque Jesus nos ama” (Rm 8:35-
37, The Message).
2 de maio – quarta

O DEUS QUE ME VÊ
Este foi o nome que ela deu ao Senhor que lhe havia falado: “Tu és o Deus
que me vê”. Gênesis 16:13

Lá estava Hagar, a serva egípcia de Sara, esposa de Abraão. Hagar estava


esperando um filho de Abraão, a criança que Sara desejava mais do que tudo,
mas não podia ter. Hagar vagueava pelo deserto, sozinha.
O Senhor havia prometido a Abraão que lhe daria um filho e que seus
descendentes seriam tão numerosos quanto as estrelas. Mas o filho não veio. Os
anos se passaram e nada de filho. A esperança se desvaneceu. Sara desistiu de
esperar; e Abraão também. Para eles, a única maneira de ter um filho era
permitindo que Hagar dormisse com Abraão, a receita perfeita para o desastre
familiar.
Depois que Hagar engravidou, o relacionamento entre as duas mulheres
mudou radicalmente. Hagar se gabava da criança que carregava no ventre,
fazendo com que a frustração de Sara fosse transformada em inveja. Tomada de
raiva, Sara culpou o marido pela confusão. Abraão, preso entre as duas mulheres
que lutavam como duas gatas enraivecidas, pôde apenas responder: “Sua serva
está em suas mãos. Faça com ela o que achar melhor” (Gn 16:6).
Assim, Sara passou a maltratar Hagar. Ela a maltratou tanto que Hagar,
mesmo grávida, decidiu fugir. Correu para o deserto. Preferia ir para o deserto a
morar com Sara. Mas Deus estava no deserto. Deus está em nosso deserto. Ele
enviou um anjo com uma mensagem para Hagar. Ele envia Seus anjos com uma
mensagem para nós. O anjo disse a Hagar que ela devia voltar e se submeter a
Sara. Apesar de não ser uma situação fácil, ela daria à luz um filho e se tornaria
mãe de uma vasta multidão.
Hagar, surpresa por Deus Se importar com ela, uma humilde serva em
fuga, disse: “Tu és o Deus que me vê.” O Deus que viu Abraão e falou com ele
no deserto também a viu e falou com ela.
Deus nos vê. Como isso faz você se sentir? Nervoso, porque Alguém vê
tudo o que você faz? Como na canção infantil: “Cuidado mãozinha com o que
faz, cuidado mãozinha com o que faz. O nosso Pai do Céu está olhando pra você.
Cuidado mãozinha com o que faz.”
Para Hagar, o fato de que Deus a via era algo maravilhoso. Deus olhou para
ela não para flagrá-la em algum pecado, mas para ajudá-la. Ele a viu como um
pai vê o filho querido – cheio de compaixão e senso de proteção.
Querido Deus, em meio aos cuidados deste dia, faze com que eu me lembre
de que Tu me vês.
3 de maio – quinta

O LINGUARUDO QUE PROSPEROU


O Senhor estava com José, de modo que este prosperou. Gênesis 39:2

Às vezes, pessoas “boas” são de difícil convivência. Certa vez, alguém disse:
“Viver com os santos no Céu – oh, que glória! Mas viver com os santos na Terra
– essa é outra história!”
José, um dos personagens mais conhecidos do Antigo Testamento, foi um
bom garoto. Mas conseguiu irritar de tal maneira os 11 irmãos que eles passaram
a odiá-lo e não conseguiam pensar sequer numa palavra agradável para lhe dizer.
O problema foi que José, filho nascido na velhice, era o favorito de Jacó. O
pai não fez questão de esconder sua preferência; presenteou José com algo
especial, uma bela túnica. Uma atitude nada sábia, pois semeou discórdia e
inveja no círculo familiar.
José, por sua vez, agravava ainda mais o problema. Desfilava com a túnica
pomposa que o separava de seus irmãos. Até mesmo no dia em que Jacó lhe
ordenou que fizesse uma longa caminhada para verificar se os irmãos estavam
bem, José vestiu a túnica. Provavelmente ele achasse que estava acima dos
irmãos.
Além disso, José era linguarudo. “Contava ao pai a má fama deles [seus
irmãos]” (Gn 37:2). Havia também os sonhos que ele descrevia com tanto
orgulho: os feixes de trigo dos irmãos curvando-se perante o dele; o Sol, a Lua e
as 11 estrelas curvando-se perante ele. O último passou dos limites até mesmo
para Jacó, que o repreendeu.
O ciúme aumentava; o ódio ardia como fogo. Assim que tiveram uma
oportunidade, os irmãos se vingaram. Pegaram o linguarudo, arrancaram-lhe a
túnica luxuosa e o jogaram num poço. Em seguida, o venderam para uma
caravana de mercadores que passava por ali.
Em um único dia, José deixou de ser o filho favorito e passou a ser um
escravo rumo a uma terra estrangeira. Mas também deixou de ser linguarudo
para se transformar no servo de Deus. Propôs em seu coração que, a despeito de
qualquer circunstância, seria fiel ao Deus de seu pai. “Sua alma fremiu ante a
elevada resolução de mostrar-se fiel a Deus – de agir, em todas as circunstâncias,
como convinha a um súdito do reino do Céu. [...] A experiência de um dia foi o
ponto decisivo na vida de José. Sua terrível calamidade o transformou de uma
criança mimada em um homem ponderado, corajoso e senhor de si” (Ellen G.
White, Patriarcas e Profetas, p. 214).
José enfrentou muitas outras lutas, mas prosperou em tudo. Ele escolheu
servir a Deus, e Deus não Se esqueceu dele.
4 de maio – sexta

UM ANJO AO NOSSO LADO


Quer você se volte para a direita quer para a esquerda, uma voz atrás de
você lhe dirá: “Este é o caminho; siga-o”. Isaías 30:21

É tão mais fácil pregar o cristianismo do que vivê-lo. Mais fácil ainda é escrever
um livro sobre graça do que colocar em prática o que sabemos.
A maioria de nós não sofre de falta de conhecimento. Nosso problema é
que aquilo que conhecemos está muito além daquilo que praticamos. Na
verdade, usamos o conhecimento para tentar evitar a prática – daí os muitos
argumentos teológicos, como se o conhecimento fosse nosso meio de salvação.
Mas não é.
Somos pobres e fracos. Infelizmente, não queremos reconhecer isso nem
para nós mesmos. Somente quando percebemos e admitimos que não
conseguimos por nós mesmos, somente quando nos livramos de nossa
autossuficiência e corremos para Jesus, podemos obter a ajuda de que tanto
precisamos.
Mas quando realmente deixamos de lado o eu e olhamos para Jesus, que
diferença sentimos! O Bom Livro está repleto de promessas feitas a nós, e cada
um delas tem o “sim” e o “amém” em Cristo Jesus (2Co 1:20). Exatamente
como a boa Palavra do Senhor expressa no texto escolhido para hoje,
assegurando-nos da orientação divina ao enfrentarmos cada dia.
Considere pessoal esta promessa, prezado amigo, e aplique-a à sua vida:
“Ao se levantarem pela manhã, acaso experimentam o senso de sua
incapacidade, sua necessidade de forças vindas de Deus? E humilde e
sinceramente expõem suas necessidades ao Pai celestial? Se assim for, os anjos
anotam-lhes as orações, e se as mesmas não partiram de lábios fingidos, quando
estiverem em risco de errar inconscientemente, de exercer uma influência que
leve outros a errar, seu anjo da guarda estará ao seu lado, impulsionando-os a
seguir melhor direção, escolhendo as palavras para proferirem e influenciando-
lhes as ações” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 363, 364).
Preste atenção na tríplice promessa. O anjo da guarda ao seu lado:
(1) Impulsiona você a seguir a melhor direção.
(2) Escolhe as palavras para que você profira.
(3) Influencia suas ações para o bem.
Desejo cada uma dessas bênçãos. Quero escolher o melhor caminho; quero
que minhas palavras curem e animem; quero que minhas ações sirvam a um
propósito nobre e elevado.
Senhor, concede-me essas bênçãos hoje.
5 de maio – sábado

PANELAS SAGRADAS
Naquele dia, será gravado nas campainhas dos cavalos: Santo ao Senhor;
e as panelas da Casa do Senhor serão como as bacias diante do altar.
Zacarias 14:20, ARA

O que pode ser mais comum do que panelas? Como podem panelas e caçarolas
ser consideradas sagradas? O que dizer das campainhas dos cavalos?
A resposta é: qualquer coisa dedicada ao Senhor, por mais que pareça
comum ou rotineira, adquire novo atributo, é separada, pertence a Ele.
Essa maneira de enxergar o mundo parece estranha à maioria das pessoas
hoje. Crescemos acostumados a explicar o que acontece referindo-nos a causas
naturais: terremotos e furacões, pragas e pestes. Os “atos de Deus” cederam
lugar às descobertas da ciência.
Vivemos numa era secular. Até mesmo as pessoas que frequentam a igreja
tendem a viver seis dias como pessoas seculares e apenas em um dia da semana
permitem que o sagrado influencie sua vida. Os adventistas do sétimo dia, que
consideram o sábado um período sagrado, facilmente caem na mesma armadilha,
por exemplo, ao se referirem ao pôr do sol de sábado como a transição do
“período sagrado” para o “período secular”.
A perda da percepção do sagrado na vida cotidiana é a raiz da religião
superficial que se passa por cristianismo. Se Deus é o Senhor de tudo (e Ele é),
nada está fora de Sua esfera de influência. Se Ele é o Senhor do tempo (e Ele é),
o tempo – todos os sete dias da semana – pertence a Ele.
Ao longo dos séculos, aqueles que caminharam com Deus sabiam e viviam
essa verdade. Na Idade Média, surgiu um livro simples que se tornou um
clássico: A Prática da Presença de Deus. Para o irmão Lawrence, autor do livro,
ao realizar as tarefas humildes que lhe eram atribuídas, cada momento era
sagrado, cada panela ou caçarola que lavava era santificada pela presença do
Senhor. Ele compreendeu a verdade do texto de hoje, entendeu como a frase
“Santo ao Senhor” pode ser escrita nas campainhas dos cavalos, como as panelas
podem ser comparadas às bacias sagradas diante do altar no santuário.
Meu amigo, você e eu estamos prestes a enfrentar mais um dia.
Provavelmente nosso dia nos leve ao mundo, o mundo que não reconhece a Deus
ou Lhe atribui o tempo do dia.
Mas nós conseguimos fazer isso e devemos. Coloquemos nossas mãos nas
dEle. Ele santificará cada momento vivido e cada tarefa realizada.
6 de maio – domingo

A PROFUNDIDADE DA GRAÇA
Vocês cansam o Senhor com as suas palavras. “Como o cansamos?”,
vocês perguntam. Quando dizem: “Deus ama os pecadores e o pecado de
igual maneira. Deus ama a todos.” E também quando dizem:
“Julgamento? Deus é bom demais para julgar.” Malaquias 2:17, The
Message

De vez em quando, ouvimos alguém dizer: “Não sou capaz de crer num Deus
que faz tal e tal coisa” ou “Deus é bondoso demais para Se importar com um
pecado tão insignificante”, ou declarações semelhantes.
Todas as afirmações como essas não revelam nada sobre Deus. Elas
simplesmente mostram o que uma pessoa em particular pensa sobre Ele.
É perigoso falar em nome de Deus. Quando tentamos fazer isso, estamos
colocando-O numa caixa – a caixa que nós mesmos construímos. Mas Deus é
grande demais para ser colocado em qualquer caixa. “‘Pois os Meus
pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os
Meus caminhos’, declara o Senhor. ‘Assim como os céus são mais altos do que a
Terra, também os Meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos, e os
Meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos’” (Is 55:8, 9).
A única maneira de conhecermos os pensamentos e os caminhos de Deus é
através da revelação de Si mesmo a nós, ou seja, a Sua Palavra. Somente nela
podemos conhecê-Lo corretamente; somente ali, em nenhum outro lugar.
A maioria das pessoas não gosta dessa ideia. Jamais gostaram. Desde o
tempo de Malaquias, 400 anos antes de Cristo, as pessoas já achavam que
conheciam Deus plenamente. “Deus ama os pecadores e o pecado de igual
maneira”, pensavam. “Deus é bondoso demais para julgar.”
Soa familiar? Essa ideia mostra Deus como um avô em vez de pai. O Deus
condescendente. O Deus que simplesmente tem que salvar todo o mundo. Para
muitas pessoas, esse é o conceito que elas têm do Deus da graça. Trata-se de
uma visão defeituosa, superficial, que subestima e rebaixa Sua graça.
Começamos a ter uma noção da profundidade da graça apenas no momento
em que passamos a entender a santidade de Deus. Aquele que é infinito em graça
também é infinito em santidade. Essa palavra significa deslumbrante pureza,
justiça e integridade dos quais pecado e pecadores fogem. Unicamente à luz
dAquele que é santo começamos a ver quão distantes estamos de Seu ideal para
nós.
Esse é o mesmo Ser que nos aceita exatamente como somos, convida-nos a
voltar para Ele, perdoa-nos liberalmente e concede-nos um novo começo como
Seus filhos e filhas. Isso é graça sem fim.
7 de maio – segunda

DESCULPAS, DESCULPAS
Moisés, porém, respondeu a Deus: “Quem sou eu para apresentar-me ao
faraó e tirar os israelitas do Egito?” Êxodo 3:11

Moisés é o maior personagem do Antigo Testamento. Ele ofusca até mesmo


gigantes como Elias, Daniel e Davi. Ele foi o líder por excelência que Deus usou
para tirar os israelitas do domínio egípcio e conduzir até a entrada da Terra
Prometida.
O Novo Testamento também fala de Moisés. Ele aparece ao lado de Elias
no Monte da Transfiguração, encorajando Jesus um pouco antes de partir para
Jerusalém e para a morte (Mt 17:3). O livro de Apocalipse descreve os redimidos
da Terra entoando o cântico de Moisés e do Cordeiro (Ap 15:3). Moisés foi uma
figura de Cristo, representando Alguém muito maior que conduz Seu povo para
fora do domínio do pecado até a Canaã celestial.
Diante da posição exaltada que Moisés ocupa no cânon sagrado, parece
quase inconcebível que ele tivesse um começo tão pobre na ocasião em que foi
chamado por Deus para desempenhar a tarefa. Julgando por sua resposta
deprimente ao chamado divino, poderíamos pensar que esse homem estava
fadado ao fracasso.
Moisés havia saído do Egito fazia quarenta anos. Fugiu para salvar a vida
da ira do faraó. Encontrou um novo começo na quietude do deserto de Midiã,
pastoreando os rebanhos de Jetro e casando-se com sua filha. Os anos se
passaram. Moisés completou 80 anos. Havia muito tempo, ele tinha abandonado
o sonho de sua juventude de libertar o povo ao qual pertencia.
Foi então que Deus lhe apareceu na sarça ardente, surpreendendo-o com a
notícia de que ele, Moisés, deveria voltar ao Egito e libertar Seu povo da
escravidão. Assombrado, Moisés conseguiu apenas encontrar uma desculpa após
a outra: Quem sou eu para fazer isso? (Êx 3:11). Que lhes direi quando
perguntarem quem me enviou? (v. 13). E se o povo não acreditar nem me der
ouvidos? (Êx 4:1). Não falo bem; por isso, não posso realizar essa tarefa (v. 10).
Finalmente, depois de Deus ter rebatido cada objeção, Moisés simplesmente
rogou: “Ah, Senhor! Peço-te que envies outra pessoa” (v. 13).
Esse homem que se tornou o maior líder do Antigo Testamento começou
como o mais relutante. Sentia-se profundamente inadequado e incapaz de fazer o
trabalho. Uma vez, havia muito tempo, ele tinha tentado e fracassara
vergonhosamente. Agora não tinha a menor confiança em suas habilidades.
Justamente aí se encontra o segredo da grande força de Moisés. Ele era mais
humilde do que qualquer outro na face da Terra; por isso, Deus pôde usá-lo de
maneira extraordinária.
8 de maio – terça

APRENDENDO E DESAPRENDENDO
Pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó.
Hebreus 11:24

Moisés, o escolhido de Deus para tirar Seu povo do domínio egípcio, tinha
muito a aprender e muito a desaprender antes de estar pronto para a tarefa.
Encontrado no rio Nilo pela filha do faraó, ele cresceu na corte real. Aprendeu a
ciência da época e foi treinado para lutar. Aparentemente possuía todas as
características necessárias para um grande rei do Egito. Mas a mesma preparação
que o qualificou a liderar o Egito desqualificou-o para liderar Israel.
Certo dia, Moisés tomou uma decisão crucial: participaria da sorte do povo
de Deus. Moisés escolheu um bando de escravos em vez do trono do Egito. Seria
seu líder. Uma decisão nobre, de tirar o fôlego, mas Moisés tinha muito a
aprender e muito a desaprender. Ao testemunhar um egípcio maltratando um
israelita, resolveu o caso com as próprias mãos. Assassinou o egípcio e enterrou
o corpo na areia. Logo todos ficaram sabendo do ocorrido e Moisés foi obrigado
a fugir da ira do faraó.
Ele fugiu para Midiã. Estava com 40 anos e sua vida havia desmoronado
completamente. Uniu-se a Jetro e se tornou pastor de ovelhas. Desistiu do plano
de liderar os israelitas até a Terra Prometida. Sua vida era um verdadeiro
fracasso. Mas Deus tinha outros planos. Na solidão do deserto, Moisés
aprenderia novas lições: confiar em Deus; viver de maneira simples; negar o
próprio eu; manter a calma a despeito das circunstâncias.
Além disso, “Moisés estivera a aprender muito que tinha de desaprender.
As influências que o haviam cercado no Egito [...] tudo deixara profundas
impressões em sua mente em desenvolvimento, e modelara, até certo ponto, seus
hábitos e caráter. O tempo, a mudança de ambiente e a comunhão com Deus
podiam remover estas impressões” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p.
248).
Ninguém é igual a ninguém. Deus trabalha conosco individualmente ao
buscar preparar-nos para realizar as tarefas que Ele tem para nós. Isso significa
aprender, como também desaprender. Às vezes, escuto jovens, criados em lares
cristãos, se lamentarem da falta de “experiência” nos prazeres deste mundo.
Sugerem que as pessoas que se entregam a Cristo após a juventude tiveram
maior vantagem. De forma alguma! Quanto mais esperamos para aceitar Jesus,
mais coisas temos para desaprender. Músicas mundanas, piadas sujas, maus
hábitos que grudam na mente como teia de aranha. Somente a comunhão com
Deus pode remover essas coisas. Muito melhor é entregar a Jesus nossa vida
inteira!
9 de maio – quarta

A GRAÇA DO PERDÃO
Então mandaram um recado a José, dizendo: “Antes de morrer, teu pai
nos ordenou que te disséssemos o seguinte: ‘Peço-lhe que perdoe os erros
e pecados de seus irmãos que o trataram com tanta maldade!’ Agora, pois,
perdoa os pecados dos servos do Deus do teu pai.” Quando recebeu o
recado, José chorou. Gênesis 50:16, 17

O perdão é como a chuva: lava a culpa e a vergonha, tornando-nos limpos


novamente. O perdão é como o vento: sopra para longe a sujeira e a imundície.
O perdão é como a neve: cobre nossas mágoas e nossas falhas, completando-nos.
O perdão é como o oceano: esconde-nos na profundeza infinita do amor.
Perdoar, porém, é difícil. Quando alguém nos faz algum mal, nossa
inclinação natural é exigir olho por olho, dente por dente. Às vezes parece que
perdoar é ser benevolente demais com o pecado e o pecador.
Somente poderemos perdoar verdadeiramente (o perdão que não mantém
um registro dos erros cometidos contra nós) ao experimentarmos o perdão
maravilhoso que a graça oferece. Ao entendermos a grandiosidade da
misericórdia de Deus por nós, qualquer erro que alguém venha a cometer contra
nós perde a intensidade pela comparação. O perdão de Deus nos liberta para
estender o perdão a outros. “Sejam bondosos e compassivos uns para com os
outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo” (Ef
4:32).
Há algum tempo, eu estava em meu escritório ouvindo boquiaberto as
palavras do homem à minha frente. O pastor Amon Rugelinyange, presidente da
Igreja Adventista do Sétimo Dia em Ruanda, serenamente narrou os eventos
ocorridos em seu país durante o genocídio de 1994, em que 800.000 pessoas
foram assassinadas durante 100 dias de violência. Entre essas pessoas estavam a
esposa do pastor Rugelinyange, seus três filhos e nove netos.
Essa história, por mais horrível que seja, não foi a causa de minha
admiração. Aquele sincero e humilde homem de Deus falou sobre o perdão.
Falou de sua luta para perdoar os assassinos de sua esposa e de seus queridos.
Falou também que o fato de Deus nos perdoar o capacitou a oferecer o perdão
aos autores dessa atrocidade. Descreveu como a igreja que ele lidera se tornou
um meio de reconciliação, especialmente para os prisioneiros, muitos dos quais
são assassinos, alcançando grande número de pessoas pela graça de Cristo. Uma
irmã que viu o marido ser açoitado até a morte e que foi deixada para morrer,
mas sobreviveu, mais tarde perdoou o assassino e o levou para morar em sua
casa, “adotando-o” como filho.
José chorou diante do pedido de perdão dos irmãos, que mentiram a
respeito do pedido do pai. José chorou, pois já lhes havia perdoado.
10 de maio – quinta

A VOZ DO ANJO
Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada deserta
que desce de Jerusalém a Gaza.” Atos 8:26

Num sábado à noite, Laura Hatch, 17 anos, de Redmond, distrito de Seattle,


Estados Unidos, foi a uma festa entre adolescentes e não voltou para casa. No
dia seguinte, junto à polícia a família preencheu um formulário sobre o
desaparecimento e começou a esperar pelo pior.
Segunda-feira chegou, depois terça, então quarta. Nenhum sinal de Laura
nem do seu carro. A polícia tinha certeza de que ela havia fugido. Aquele foi o
pior pesadelo dos pais. A família começou a se conformar com a possibilidade
de Laura estar morta.
No sábado seguinte, uma semana depois do desaparecimento de Laura, os
pais organizaram uma comitiva voluntária de busca, mas sem sucesso. À noite,
no entanto, Sha Nohr, mãe da amiga de Laura, teve vários sonhos muito vívidos
de uma área coberta de árvores e ouviu a mensagem: “Continue andando!”
No domingo de manhã, Nohr e a filha dirigiram pelo mesmo caminho que
Laura teria feito para voltar da festa para casa. Enquanto dirigiam, oravam
pedindo que fossem levadas até o local em que Laura se encontrava. Algo
impressionou Nohr a parar o carro. Deixando a filha no automóvel, Nohr pulou
uma barreira de concreto e desceu um barranco de mais de 30 metros até chegar
a uma área coberta por vegetação densa. Ao observar a ribanceira, Nohr viu algo
à distância – um carro preso entre as árvores!
Era o carro de Laura e ela estava no banco traseiro. Uma das pernas estava
quebrada, havia vários cortes profundos ao redor dos olhos e um coágulo de
sangue no cérebro. Mas ela estava viva e consciente, apesar dos ferimentos e de
ter ficado oito dias sem comida nem água. O neurocirurgião que cuidou de Laura
disse que a garota foi salva pela desidratação que ela sofreu; a falta de fluidos
evitou que o coágulo aumentasse e causasse sua morte.
Naquele domingo à noite, um grupo de mais de 100 pessoas se havia
reunido para fazer uma vigília. Mas, ao ouvirem a notícia do resgate maravilhoso
de Laura, entoaram louvores de gratidão a Deus. A quem atribuir o resgate
miraculoso de Laura Hatch? Unicamente aos agentes sobrenaturais. Apenas uma
voz, uma mensagem além dos processos naturais, poderia ter impressionado Sha
Nohr a parar o carro exatamente acima do local em que Laura Hatch estava, a 60
metros ribanceira abaixo.
O Deus da graça, Aquele que orientou Filipe a ir para a estrada em direção
a Gaza, ainda fala conosco hoje.
11 de maio – sexta

OBSERVANDO ATENTAMENTE
Sem dizer nada, o homem a observava atentamente para saber se o Senhor
tinha ou não coroado de êxito a sua missão. Gênesis 24:21

Você já se sentiu como o homem dessa história, vibrando de entusiasmo, mal


conseguindo respirar, enquanto observa a resposta de sua oração fervorosa
desabrochar como uma vitória-régia diante de seus olhos?
Ele tinha vindo de muito longe, o servo de confiança de Abraão. Percorrera
o longo caminho de Canaã até o noroeste da Mesopotâmia montado num
camelo. Certamente, esse não é o meio mais rápido nem o mais confortável de
viajar, mas era o melhor disponível na época. Seu senhor lhe havia imposto uma
árdua tarefa: “[Você] irá à minha terra e buscará entre os meus parentes uma
mulher para meu filho Isaque” (Gn 24:4).
Como você se sentiria se recebesse uma missão como esta: ir para uma
terra distante e escolher uma esposa para o meu filho, ou um marido para a
minha filha? Onde começaria a procurar? E se encontrasse uma jovem preparada
para levar a sério a proposta feita por um estranho vindo de uma terra distante,
como a convenceria a deixar sua casa e os entes queridos para se aventurar numa
longa viagem e se unir em casamento com alguém que nunca tinha visto? Aos
nossos olhos, a missão inteira parece repleta de riscos e incertezas, realmente um
tiro no escuro. Compreendendo isso, o servo perguntou ao seu senhor: “E se a
mulher não quiser vir comigo a esta terra? Devo então levar teu filho de volta à
terra de onde vieste?” (v. 5). A essa pergunta, o servo recebeu um “não” como
resposta.
Assim, partiu, levando consigo 10 camelos carregados de presentes. Após
várias semanas de viagem, o servo chegou à cidade de Naor, que provavelmente
tivesse recebido esse nome em memória ao irmão de Abraão. Naquele fim de
tarde, o servo e os camelos estavam cansados e com muita sede. O servo
começou a orar. Pediu a Deus que coroasse sua missão com êxito naquele
mesmo dia. O servo estava ao lado de uma fonte de água e orou pedindo que
entre as mulheres que viessem da cidade para buscar água estivesse a escolhida.
Ela deveria dar água para ele e os camelos.
As palavras mal lhe saíram da boca quando Rebeca apareceu, com o
cântaro sobre os ombros. O servo observou curioso a bela jovem e, sem perder
tempo, pediu-lhe água. A jovem trouxe água para o servo, depois para os
camelos, enquanto o servo olhava atentamente, admirado diante da resposta à
sua oração.
12 de maio – sábado

SILÓ
O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que
venha Siló. Gênesis 49:10, ARA

Judá não foi o primogênito de Jacó. Pela lei da descendência, a função de


liderança não deveria ser concedida a ele. Rúben, o primogênito, era o indicado a
ocupar tal posição. Mas Deus não Se restringe às leis e regras humanas que
estabelecemos para determinar a superioridade de alguns e a inferioridade de
outros. Deus quebra as barreiras humanas da posição social, da cor e do sexo a
fim de cumprir Seus propósitos. Assim, passou por alto o indeciso Rúben,
“turbulento como as águas” (Gn 49:4), e designou Judá como o chefe das tribos
de Israel.
Na ocasião em que Israel pediu um rei, Saul, o benjamita, foi escolhido
como o primeiro monarca da nação. O governo de Saul, porém, logo caiu em
desobediência e fracasso, fazendo com que Deus procurasse um homem segundo
o Seu coração (1Sm 13:14). Ele escolheu um jovem pastor de ovelhas da tribo de
Judá, habitante das colinas de Belém, de pele bronzeada pelo sol, um poeta,
alguém repleto de coragem despretensiosa. Assim como seu ancestral que
recebera a promessa expressa no texto de hoje, Davi não era o primogênito da
família.
Esse jovem pastor de ovelhas se tornou o rei mais famoso de Israel.
Poderoso na guerra, forte na paz, o melodioso cantor de seu povo foi um rei
admirado e amado pela nação, apesar de seus defeitos. Mesmo com o passar dos
anos, o povo de Israel recordava a era de Davi como o auge de seu sucesso.
Mais do que isso, os israelitas aguardavam com ansiedade um novo rei
davídico. Apesar de a nação ter sido levada em cativeiro, esperavam que a
árvore, cortada pelos inimigos, brotasse novamente; pois um ramo surgiria do
tronco de Jessé, e das suas raízes brotaria um renovo (Is 11:1). Viviam com essa
esperança, pois a antiga promessa profetizava a vinda desse rei. De Judá
finalmente surgiria o governador supremo, Siló – “a quem [...] pertence de
direito” (Ez 21:27, ARA). Não um usurpador, não um golpe político, não um
general com sede de poder, mas Siló. O verdadeiro Rei de Israel apareceria, e “a
Ele obedecerão os povos” (Gn 49:10, ARA).
Depois de mais de 2.000 anos de espera, ouviu-se uma voz: “Aqui estou,
[...] vim para fazer a Tua vontade, ó Deus” (Hb 10:7). O novo filho de Davi, o
novo varão da tribo de Judá, veio. Num estábulo em Belém, o choro de um bebê
quebrou o silêncio da noite. Siló havia chegado, o verdadeiro Rei de Israel e
Aquele a quem obedeceriam os povos!
13 de maio – domingo

EU SOU
Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos
israelitas: Eu Sou me enviou a vocês.” Êxodo 3:14

Num mundo de muitos deuses, o Deus do Antigo Testamento Se distinguiu


sobremaneira. Não muitos, apenas um: “Ouça, ó Israel: o Senhor, o nosso Deus,
é o único Senhor” (Dt 6:4). Um para todo sempre, um antes de todas as coisas,
um hoje, um eternamente. Assim, o Decálogo, escrito com o dedo do único
Deus, apresenta como seu primeiro preceito: “Não terás outros deuses além de
Mim” (Êx 20:3).
Esse único Deus chamou Moisés, o pastor de ovelhas, e ordenou-lhe a
voltar ao Egito e libertar Seu povo. Voltar ao Egito com sua multidão de deuses
– Rá, Amon, Ísis, Osíris, Ptah e assim por diante – levou Moisés a perguntar: Se
“eles me perguntarem: ‘Qual é o nome dEle?’ Que lhes direi?” (Êx 3:13).
A resposta foi EU SOU. O eterno, Aquele que sempre existiu, com um
nome que está além de qualquer outro, pois descreve quem e o que Deus é.
Antes de todas as coisas: EU SOU. Além de todas as coisas: EU SOU.
Tudo e todos envelhecem, mas não o EU SOU. Tudo deixa de existir, mas
não o EU SOU. O grande EU SOU é o Ancião de Dias, pois Deus existia antes
mesmo de o tempo existir. Mas o EU SOU é eternamente jovem, tão novo como
o orvalho que cobre a vegetação pela manhã, pois a existência infinita se estende
perante Ele.
Deste verso, Êxodo 3:14, originou-se o nome de Deus usado pelos fiéis
hoje – Jeová, ou, mais propriamente dito, Yahweh. Ninguém sabe o nome exato,
pois o hebraico antigo era escrito apenas com consoantes (para esse nome,
YHWH) e era considerado tão sagrado que os israelitas nunca o pronunciavam
em voz audível.
Passaram-se 1.500 anos, um Homem apareceu na Terra e corajosamente
reivindicou esse nome sagrado para Si. “Antes de Abraão nascer”, Jesus de
Nazaré declarou, “Eu Sou!” (Jo 8:58).
Que presunção! Que blasfêmia! Não é de admirar que os ouvintes tentaram
apedrejá-Lo.
Mas... e se? E se Jesus realmente foi a personificação de Deus, e se “nEle
havia vida, original, não tomada por empréstimo, não derivada” (Ellen G. White,
Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 296)? Então Aquele que apareceu a Moisés na
sarça ardente, o Eterno, havia uma vez mais irrompido no tempo e no espaço.
Ele é quem nos convida hoje: “Serei o Seu Deus, e vocês serão o Meu
povo.”
14 de maio – segunda

O SANGUE NO BATENTE DA PORTA


Quando o Senhor passar pela terra para matar os egípcios, verá o sangue
na viga superior e nas laterais da porta e passará sobre aquela porta, e
não permitirá que o destruidor entre na casa de vocês para matá-los.
Êxodo 12:23

Egito: os filhos de Israel estão no limiar do tempo, aguardando o momento de


sua libertação. Após 430 anos de escravidão, estão prestes a sair em liberdade.
Depois de tantos anos, parecem ter atingido o auge de sua história. A mão do
opressor estava cada vez mais pesada, o clamor dos oprimidos mais intenso.
Jeová os ouviu e preparou um homem no deserto de Midiã que possuía as
características para enfrentar aquela situação.
Moisés tinha confrontado o faraó, advertindo-o com praga após praga. O
faraó, porém, estava dividido entre a razão e o desejo; ora falava uma coisa, ora
falava outra; prometia, mas sempre acabava se recusando a deixar o povo ir.
Agora a terra estava em ruínas. Até mesmo os conselheiros do faraó lhe
suplicavam que deixasse de ser teimoso e se livrasse do povo que era a razão das
calamidades que haviam sobrevindo à nação egípcia.
O coração do faraó ainda estava endurecido. Moisés, então, sob o comando
de Deus, advertiu-o a respeito do décimo e último ataque: “Assim diz o Senhor:
‘Por volta da meia-noite, passarei por todo o Egito. Todos os primogênitos do
Egito morrerão, desde o filho mais velho do faraó, herdeiro do trono, até o filho
mais velho da escrava que trabalha no moinho, e também todas as primeiras
crias do gado’” (Êx 11:4, 5).
Para os israelitas, no entanto, Deus proveu um meio de escape da praga
mortal. Cada família deveria escolher um cordeiro ou cabrito “sem defeito” (Êx
12:5), sacrificá-lo e aspergir com um feixe de hissopo o sangue nas laterais e na
viga superior da porta (v. 21, 22). Ninguém deveria sair de casa até a manhã do
dia seguinte. Conquanto permanecessem em casa, o sangue aspergido no batente
da porta os protegeria do destruidor.
O sangue de Cristo aspergido no batente de nossa vida nos protegerá da
morte eterna. Será que esse sangue está aspergido no batente de minha vida?
Será que está aspergido no batente da porta de minha família? Será que meus
queridos estão seguros dentro de casa, protegidos do destruidor?
Quem sabe, prezado amigo, seu coração esteja pesaroso por causa de um
filho, um neto ou ente querido que não esteja seguro dentro de casa. Entregue-os
neste momento, citando nome por nome, Àquele que é grande em misericórdia e
que os ama mais do que você.
15 de maio – terça

MOISÉS E JESUS
Cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro:
“Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso.
Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei das nações.” Apocalipse
15:3

Moisés é o maior personagem do Antigo Testamento, Jesus é o maior do Novo


Testamento. E ambos possuíam missões semelhantes. Moisés foi um tipo de
Cristo.
Os dois foram libertadores do povo de Deus. Moisés liderou as tribos de
Israel para fora do domínio egípcio até a entrada da Terra Prometida. Jesus, o
líder espiritual de Israel, lidera as pessoas de todas as tribos e raças, que
escolhem aceitar a salvação que Ele oferece, para fora do Egito espiritual e da
escravidão do pecado rumo ao lar eterno, a Canaã celestial.
Moisés, treinado nas artes marciais do Egito, precisou aprender a maneira
de Deus liderar: não pela força de exércitos, não por violência, mas pela mão
gentil de um pastor. Com isso, Moisés prefigurou o trabalho do maior Líder que
já existiu: “Como pastor Ele cuida de Seu rebanho, com o braço ajunta os
cordeiros e os carrega no colo; conduz com cuidado as ovelhas que amamentam
suas crias” (Is 40:11).
Tanto para Moisés quanto para Jesus, a morte estava marcada com um
elemento trágico. Moisés, depois de ter liderado o povo por 40 anos em meio a
provações e dificuldades, morreu avistando a Terra Prometida – tão perto, ao
mesmo tempo tão longe! A vida de Jesus chegou ao fim de modo violento.
Rejeitado pelos líderes judeus, abandonado por Seus próprios seguidores, foi
surrado, açoitado, cuspido e executado entre dois ladrões.
Mas a morte não foi o fim para eles. Deus sepultou Moisés num vale na
terra de Moabe (Dt 34:6), mas não o deixou na sepultura. De acordo com o bom
propósito de Deus, Moisés foi ressuscitado dentre os mortos, um ato contestado
pelo diabo (Jd 9). Na ocasião em que Jesus estava no auge de Sua missão, a
última jornada a Jerusalém em que a traição e a morte O aguardavam, Moisés
veio juntamente com Elias para encorajar o Salvador no Monte da
Transfiguração.
Não sabemos quanto tempo Moisés permaneceu na sepultura desconhecida
e solitária em Moabe. Mas sabemos que Aquele que é maior do que Moisés – o
Salvador e Senhor de Moisés – quebrou os grilhões da morte num domingo pela
manhã, ao terceiro dia após a Sua morte.
O cântico de Moisés e do Cordeiro é um cântico de libertação e vitória.
Quero estar lá para entoá-lo. E você?
16 de maio – quarta

PERDENDO A PACIÊNCIA
Moisés e Arão reuniram-se em assembleia em frente da rocha, e Moisés
disse: “Escutem, rebeldes, será que teremos que tirar água desta rocha
para lhes dar?” Números 20:10

Moisés foi um líder humilde e paciente do povo de Deus. Os israelitas eram


difíceis, mal agradecidos, reclamões e inconstantes. Apesar de estar livres e
cercados diariamente pela evidência da presença e liderança de Deus, não
estavam satisfeitos com o fato de o deserto não lhes oferecer o conforto da
civilização.
Ao longo dos anos de peregrinação, de esperanças e frustrações, Moisés
manteve a calma. Na ocasião em que sua liderança foi questionada, primeiro por
Arão e Miriã (Nm 12:1, 2) e mais tarde por Corá, Datã e Abirão (Nm 16:1, 2),
ele simplesmente levou a questão a Deus, confiando sua defesa Àquele que julga
justamente. No dia em que Israel cometeu o terrível pecado de fazer e adorar um
bezerro de ouro, Moisés ofereceu a própria vida a fim de poupar a do povo (Êx
32:31, 32).
Aqui está um líder abnegado, alguém que deixou o ego de lado, que se
preocupava apenas com o bem-estar daqueles que liderava. Mesmo sendo ele o
líder mais exemplar de todos, sofreu as fraquezas da humanidade. Certo dia,
perdeu a paciência e o resultado foi catastrófico.
O capítulo 20 do livro de Números descreve o contexto. As 12 tribos
haviam chegado ao deserto de Zim, e foi ali que Miriã faleceu. A perda da irmã
afligiu Moisés. Os três irmãos, Moisés, Arão e Miriã, haviam lutado juntos desde
a saída do Egito e ao longo dos anos de peregrinação. A morte da irmã talvez
tivesse aflorado a frustração de ainda não ter chegado a Canaã, mesmo depois de
ter saído do Egito havia tantos anos.
Para aumentar ainda mais o estresse de Moisés, os israelitas mais uma vez
começaram a reclamar. Dessa vez, da falta de água. Começaram a dizer que
estavam numa situação melhor no Egito, que a missão inteira era um fracasso.
Culparam Moisés e Arão por todos os problemas que enfrentavam.
Deus ordenou que Moisés reunisse o povo diante da rocha e simplesmente
falasse com ela. Mas Moisés, desgastado pela tristeza e pelo fardo da liderança,
bateu na rocha duas vezes com o cajado. A água fluiu, mas Moisés havia pecado.
Em certa ocasião no passado, seguindo as instruções do Senhor, Moisés
bateu na rocha e ela verteu água (Êx 17:5, 6). Aquele ato simbolizava Cristo, a
“Rocha espiritual que os acompanhava” (1Co 10:4). Essa Rocha foi ferida
apenas uma única vez. Ele nunca mais sofrerá novamente para nos dar a água
viva da Sua salvação. Ele morreu uma vez – uma vez por todas.
17 de maio – quinta

CONTANDO OS NOSSOS DIAS


Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance
sabedoria. Salmo 90:12

O Salmo 90, que carrega o título “Oração de Moisés, homem de Deus”,


contrasta a brevidade da vida humana com a eternidade de Deus. As cadências
magníficas e harmoniosas desse salmo ampliam nossa visão, convidando-nos a
olhar além dos valores temporais e transitórios para aqueles que são realmente
importantes, hoje e para sempre.
“Senhor, Tu és o nosso refúgio, sempre, de geração em geração” (v. 1). Que
pensamento maravilhoso! Deus, o imutável, nosso refúgio. O que mais o tempo
ou a eternidade poderia oferecer?
Será que Deus é o meu refúgio? Posso me unir em louvor ao compositor do
hino: “Rocha eterna que prazer eu terei de em Ti viver!”
O salmo continua ressaltando a fugacidade da existência humana. Breve
como o sono (v. 5), como a relva que germina e brota pela manhã, e à tarde não
existe mais, murcha e seca (v. 6). Nossos dias passam como um murmúrio (v. 9);
o melhor que podemos esperar é 70 ou (se tivermos sorte) 80 anos (v. 10). Seja
curta ou aparentemente mais longa, nossa vida “passa depressa, e nós voamos”
(v. 10).
Em seguida, vem a advertência, tão atual quanto a notícia mais recente da
internet: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que nosso coração alcance
sabedoria” (v. 12). O que significa contar os nossos dias? É perceber o valor
supremo de cada nova manhã, de cada momento que passa. Perceber que não
sabemos quantas manhãs mais teremos pela frente – na verdade, se teremos mais
alguma – e decidir viver a vida em sua plenitude, dedicando tudo o que fizermos
para a glória do Criador e valorizando as pessoas ao nosso redor.
A vida é preciosa. O tempo é muito precioso. A eternidade revela sua
preciosidade. Temos um Céu a conquistar e a destruição a evitar. A vida está
repleta de significado, de propósito.
Esta linda oração expressa a graça: “Tem compaixão dos Teus servos!
Satisfaze-nos pela manhã com o Teu amor leal, e todos os nossos dias
cantaremos felizes” (v. 13, 14). E ela termina assim: “Esteja sobre nós a bondade
do nosso Deus Soberano. Consolida, para nós, a obra de nossas mãos!” (v. 17).
Amém! Faze isso hoje, Senhor!
18 de maio – sexta

COMO DEUS LIDERA


Sempre que a nuvem se erguia sobre o tabernáculo os israelitas seguiam
viagem; mas se a nuvem não se erguia, eles não prosseguiam; só partiam
no dia em que ela se erguia. Êxodo 40:36, 37

O livro de Números apresenta mais detalhes. Sempre que a nuvem se erguia,


fosse de dia ou à noite, os israelitas levantavam acampamento e reiniciavam a
jornada. Por mais tempo que a nuvem permanecesse sobre o tabernáculo – dois
dias, um mês ou um ano – o povo não saía do lugar (Nm 9:15-23).
Nessa experiência tão antiga do povo de Deus, conhecemos dois aspectos
de Sua maneira de liderar: o lado divino e o lado humano. Deus tornava Sua
vontade conhecida de modo surpreendente, por meio de um sinal visível a todos.
O povo observava e obedecia. Os israelitas seguiam a direção de Deus,
levantavam acampamento sempre que Ele indicava que deveriam partir e
aguardavam Seu sinal por mais demorado que parecesse.
Ao longo da Bíblia, Deus guia Seus seguidores, individual e coletivamente.
Ele assim o faz porque os ama profundamente. Ele é o Bom Pastor; eles são o
Seu povo (Jo 10:1-18). Creio que Deus ainda é o mesmo hoje. Ele tem prazer em
guiar-nos individualmente. Ele quer, Ele tem prazer, em guiar-nos como igreja.
Mas não há uma nuvem sobre o tabernáculo. Não temos o Urim e o
Tumim. Como podemos saber qual é a Sua vontade? Deus nos concedeu o
Espírito Santo, a Sua própria presença. Ao buscarmos com sinceridade conhecer
a vontade divina, determinados a fazer apenas aquilo que agrada a Deus e
dispondo-nos a obedecer, Ele revelará Seu plano para nossa vida, assim como a
nuvem indicava o caminho para os israelitas.
“Os que decidem não fazer, em qualquer sentido, coisa alguma que
desagrade a Deus, depois de Lhe apresentarem seu caso saberão a orientação que
haverão de tomar. E não receberão unicamente sabedoria, mas força. Poder lhes
será comunicado para a obediência e para o serviço, assim como Cristo
prometeu” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 668).
Eles “saberão”. Como? Deus possui vários meios de Se revelar: através de
Sua Palavra, a Bíblia, de um amigo, de uma forte impressão, de um evento
providencial e assim por diante. Talvez tenhamos que esperar um pouco, mas
saberemos. O povo de Deus sempre tem reconhecido Sua vontade.
19 de maio – sábado

AS ÚLTIMAS PALAVRAS DE MOISÉS


O Deus eterno é o seu refúgio, e para segurá-lo estão os braços eternos.
Ele expulsará os inimigos da sua presença, dizendo: “Destrua-os!”
Deuteronômio 33:27

Vivemos numa época de grandes incertezas. Todos os noticiários parecem trazer


apenas notícias ruins. Países em guerra ou em desordem. Nações sofrendo com o
medo de ataques terroristas ou de armas biológicas. O mundo está chegando ao
fim de suas forças. Os líderes enfrentam problemas tão grandes e complexos que
desafiam a lógica humana.
A revista Time publicou uma matéria de capa intitulada “America the
Anxious” [América, a Ansiosa]. A revista Newsweek, por sua vez, publicou a
matéria: “Anxiety and Your Brain: How Living With Fear Affects the Mind and
Body” [Ansiedade e o Cérebro: Como Viver com Medo Afeta a Mente e o
Corpo]. Nos Estados Unidos, as pílulas antiestresse estão vendendo cada vez
mais. Os antidepressivos como Prozac e Xanax registram bilhões em vendas.
Onde podemos encontrar segurança numa época como essa? Somente na
Bíblia. Onde podemos encontrar refúgio? Em Cristo Jesus, a Rocha. O Deus
eterno, Aquele que está acima do tempo, do espaço e de nosso pequeno planeta
imerso em desgraças, promete ser nosso refúgio. Embora tudo mais fracasse, Ele
nunca fracassa. Embora tudo mais seja transitório, Ele nunca muda. Em Deus e
unicamente nEle podemos encontrar refúgio certo em tempos incertos.
Ele promete mais: “Para segurá-lo estão os braços eternos.” Assim como
colocamos nossos braços sob os braços de nossos filhos para servir de apoio ao
darem os primeiros passos, Deus coloca Seus braços sob os nossos, mantendo-
nos seguros e protegendo-nos do mal.
Deus quer nos sustentar a cada instante. Em meio ao medo e à dúvida,
quando vemos a vida desmoronar sobre nós, Ele deseja conceder-nos a
verdadeira calma, um profundo senso de paz em Sua presença. Essa calma abre
as portas de nosso coração para recebermos Sua graça, amor e força.
A promessa não para por aqui. Ainda há uma terceira promessa apresentada
no texto maravilhoso de hoje que nos assegura: “Ele expulsará os inimigos da
sua presença, dizendo: ‘Destrua-os!’” Não importa quem seja o inimigo – seja o
medo, a preocupação, a ansiedade, a descrença, a crítica – Deus pode e cuidará
disso se O buscarmos.
Deus é o nosso refúgio! Deus é o nosso sustentador! Deus é a nossa vitória!
Que linda esperança! Essas foram as últimas palavras de Moisés. Ele não podia
ter dito coisa melhor.
20 de maio – domingo

SONO TRANQUILO
Quando se deitar, não terá medo, e o seu sono será tranquilo. [...] Pois o
Senhor será a sua segurança e o impedirá de cair em armadilha.
Provérbios 3:24, 26

Os ataques terroristas em Nova York e Washington em 2001 lançaram profundo


medo no coração dos norte-americanos. As pessoas começaram a se perguntar:
“O que será que o futuro nos reserva? Voltaremos a ter um país seguro outra
vez?”
O governo dos Estados Unidos proibiu que todos os voos comerciais
decolassem por vários dias na tentativa de prevenir mais ataques e garantir a
proteção do país. Mesmo depois que as companhias aéreas receberam permissão
para operar, as pessoas evitaram entrar em um avião. Os executivos cancelaram
as viagens de negócios. O carro e o trem, de repente, se tornaram os meios
preferidos de fazer viagens curtas. As companhias aéreas levaram um imenso
golpe, sofrendo grandes perdas por causa da relutância das pessoas em voar.
Minha esposa, Noelene, se deparou com um dilema na época. Ela havia se
comprometido a participar de um congresso perto de Denver, Colorado, marcado
para um mês depois do dia 11 de setembro. Noelene ficou com medo de
embarcar num avião. À medida que a data do congresso se aproximava, ela
ficava cada vez mais apreensiva.
Certa noite, ela acordou toda suada depois de sonhar que estava a bordo de
um voo que foi arremessado violentamente contra o chão, exatamente do jeito
que aconteceu com o avião sequestrado na Pensilvânia. Horrorizada, Noelene
pensou em mudar de planos quanto a Denver.
Ela se levantou da cama e começou a ler a Bíblia. De acordo com o ano
bíblico seguido por Noelene, já deveria ter passado o livro de Provérbios, mas
ela estava um pouco atrasada. Durante a leitura bíblica daquela manhã, as
palavras de Provérbios 3:24-26 pareceram saltar-lhe aos olhos: “Não terá medo
da calamidade repentina. [...] Pois o Senhor será a sua segurança” (Pv 3:25, 26).
“Quando se deitar, não terá medo, e o seu sono será tranquilo” (v. 24).
O congresso em Denver, apesar de ter sido propagado às pessoas de todas
as denominações, reuniu apenas um pequeno número de pessoas corajosas.
Noelene por acaso tomou o café da manhã na mesma mesa em que o organizador
do evento estava e contou-lhe como o Senhor havia tranquilizado seus temores.
Impressionado, ele pediu que ela partilhasse a experiência com o grupo todo, o
que ela fez com muita alegria. Todos ficaram maravilhados com a história.
Este é o nosso Deus: cheio de graça, sempre oferecendo Sua proteção.
21 de maio – segunda

CONFORTO NOS SALMOS


Este pobre homem clamou, e o Senhor o ouviu; e o libertou de todas as
suas tribulações. Salmo 34:6

Amo o livro de Salmos! Eles atravessam os séculos e falam ao meu coração


com tanta clareza quanto um pregador que posso ver pessoalmente. Às vezes
com mais clareza ainda. Seja Davi, Asafe ou outro autor desconhecido, sinto que
suas lutas são minhas lutas, suas alegrias minhas alegrias, suas esperanças
minhas esperanças e almejo que sua fé seja também minha fé.
Certamente, o livro de Salmos é o mais lido e amado do Antigo
Testamento; na verdade, da Bíblia inteira. Sempre que é feita uma seleção de
passagens bíblicas ou quando uma nova tradução está em fase de preparação,
encontramos trechos dos Evangelhos e dos Salmos sob uma capa única e, muitas
vezes, apenas dos dois e de nada mais.
O que torna o livro de Salmos tão atual? Sem dúvida, a sua humanidade.
Os salmos falam franca e honestamente. Eles mostram como é a verdadeira
oração, sem clichês ou fórmulas engessadas, sem expressões elaboradas, apenas
a luta intensa do homem com Deus. Ao se deparar com situações difíceis, o
salmista abria seu coração ao Senhor. Ao ser cercado pelos inimigos e cair
vítima da língua maledicente, o salmista apresentava a Deus as suas aflições. Ao
ser maltratado, acusado falsamente, traído pelos amigos, ao sentir que estava
sendo esmagado pelos inimigos, o salmista não escondia de Deus sua situação.
Ao sobrevir-lhe a pior de todas as provações, momento em que parecia que o
Senhor o abandonara, o salmista não escondia de Deus seus sentimentos.
Algumas das orações encontradas nos Salmos apresentam um tom tão
questionador, desafiador e confrontador que certamente ficaríamos chocados se
fossem proferidas de forma audível durante o culto. Se isso acontecesse, os
líderes, cheios de zelo e dedicação, se certificariam de não permitir que aquela
pessoa liderasse a oração congregacional outra vez, pois teria deixado bem claro
que não saberia fazer uma oração apropriada para o culto divino!
Na verdade, o que essa pessoa fez foi elevar seu clamor a Deus. Clamou
porque estava com problemas. Nós ainda clamamos. Ainda enfrentamos
problemas. Somos fracos, débeis e frágeis. Somos humanos.
Mas os Salmos vão muito além. Uma vasta gama de obras literárias,
musicais e artísticas retrata nossa fraqueza, debilidade, fragilidade e
humanidade, mas para por aí. Os Salmos não. O Senhor ouviu. O Senhor salvou.
Aí está a diferença, e que diferença!
22 de maio – terça

O AMADURECIMENTO
Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o
Filho também dá vida a quem Ele quer. João 5:21

Algum tempo atrás, ouvi um sermão muito inspirador proferido pelo querido
pastor Walter Wright. A mensagem, com base na história da cura do homem
coxo de Atos 3, foi poderosa por natureza, mas adquiriu ainda mais poder devido
às circunstâncias. Cinco meses antes de proferir esse sermão, o pastor Wright
havia sido diagnosticado com um tumor maligno na coxa direita. Aquela foi sua
primeira apresentação pública desde então.
O pastor Wright e a esposa receberam a triste notícia no dia 9 de junho. O
prognóstico sugeria uma provável cirurgia de amputação da perna direita,
seguida de uma chance incerta de sobrevivência. Ele nos confessou que a
previsão médica o levou à beira do desânimo, mas que as orações dos muitos
irmãos, conhecidos e desconhecidos, o ajudaram a prosseguir.
Ele aprecia muito cuidar do jardim e do pomar. Por isso, alguns dias depois
de ouvir o prognóstico, a esposa e ele estavam no quintal, admirando as jovens
macieiras que haviam plantado. As árvores tinham produzido 14 frutos. Ao
observar alguns escaravelhos nas folhas, o pastor Wright comprou inseticida e
aplicou cuidadosamente nas árvores.
No dia seguinte, as folhas amanheceram com um tom amarronzado. Com o
passar dos dias, secaram e caíram. As maçãs também caíram – todas, exceto
duas. Aquela parecia ser a gota d’água. Estavam realmente cercados pela morte.
Então, algo maravilhoso aconteceu: as árvores começaram a brotar
novamente! Os brotos cresceram cheios de vida, como se fosse uma segunda
primavera, e logo as árvores estavam repletas de belas folhas verdes. Para o
casal, aquele foi um sinal de esperança enviado por um Deus de amor.
Ao chegar o mês de novembro, as árvores ainda estavam verdes, mesmo
depois que as folhas das árvores ao redor tinham caído completamente quando se
preparavam para o rigoroso inverno de Michigan. As duas macieiras
permaneceram firmes, agora ainda mais frondosas e carregadas de frutos. O
pastor e a esposa apanharam as maçãs e se deliciaram com elas. Aquelas eram as
maçãs mais doces e suculentas que já tinham provado! A cada mordida, o pastor
e a esposa diziam e pensavam: “Aleluia!”
Os cirurgiões retiraram o tumor maligno e pouparam a perna do pastor
Wright.
23 de maio – quarta

O SENHOR PLANTOU UM JARDIM


O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e
cultivá-lo. Gênesis 2:15

Cada vez fico mais convencido de que a necessidade de organizar a vida nessa
época de agitação e incerteza é algo fundamental. Em vez de sermos controlados
pelo telefone celular, pelos e-mails e pela roda-viva da sobrevivência, devemos
voltar aos princípios fundamentais encontrados na Bíblia.
Recomendo que levemos em consideração uma ideia muito antiga,
instituída pelo próprio Deus na criação. A Bíblia nos diz (Gn 2:8) que o Senhor
plantou um jardim e o entregou ao casal humano recém-criado para cultivá-lo e
zelar por ele. Pouquíssimos de nós vivem da terra hoje em dia, mas
encontraremos descanso e paz mental ao cultivarmos um jardim, seja grande ou
pequeno. Na ocasião em que nos mudamos para Washington, adquirimos uma
casa que possuía um quintal bem espaçoso, porém mal cuidado. No fundo havia
várias árvores maravilhosas, entre elas, alguns carvalhos de 150 anos de idade ou
mais. O proprietário anterior havia plantado algumas azaleias e outros arbustos.
Porém, tinha sete filhos e o quintal acabou se transformando no parquinho da
vizinhança.
Assim que nos mudamos, nos deparamos com muito trabalho pela frente
para colocar as coisas em ordem, mas devagar conseguimos deixar o quintal do
nosso gosto. As crianças da vizinhança começaram a parar de enxergar nosso
quintal como uma propriedade comum e, aos poucos, conseguimos cultivar um
lindo gramado. Eu sonhava em fazer um jardim na frente da casa, mas um
frondoso plátano que crescia mais e mais a cada ano estava no caminho.
Depois de morar mais de 20 anos naquela casa, tomamos a decisão: tinha
chegado a hora de o plátano partir. Contratamos uma pessoa para cortá-lo e outra
para arrancar o toco. Comecei a idealizar o jardim. Passei muitas horas de
trabalho árduo para transformar aquele solo árido entremeado por uma rede de
raízes, algumas da espessura de meu braço, num canteiro apropriado para o
plantio.
Noelene e eu compramos livros sobre plantas perenes. Decidimos plantar
mudas de flox, uma fileira de sempre-vivas alternadas com cravos, ásteres, lírios
e um plátano japonês vermelho de lento crescimento. Por fim, decidimos
também acrescentar a dália. Nosso jardim, cuidadosamente desenvolvido pelo
suor de nossa fronte, floresceu de forma abundante e espetacular. O resultado foi
além de nossas expectativas. Sentimo-nos como Adão e Eva, profundamente
satisfeitos, felizes e mais perto de Deus.
24 de maio – quinta

A ESTRADA MENOS PERCORRIDA


Pois o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios
leva à destruição! Salmo 1:6

“Em duas partiu-se num bosque a estrada, e eu... eu escolhi a menos percorrida
e isso fez toda a diferença” (Robert Frost).
A estrada menos percorrida ainda é o caminho para os seguidores de Jesus.
Ele nos disse: “Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho
que leva à perdição, e são muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta,
e apertado o caminho que leva à vida! São poucos os que a encontram” (Mt 7:13,
14).
Encontramos a descrição de dois caminhos no primeiro capítulo do livro de
Salmos. Um é o caminho do justo, “aquele que não segue o conselho dos ímpios,
não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores” (v.
1). Hoje poderíamos colocar da seguinte maneira: aquele que não trilha o
caminho do secular, dos valores materiais; aquele que não segue a maioria
simplesmente por ser um caminho mais fácil; aquele que se afasta da influência
destruidora do cinismo.
Para aqueles que trilham a estrada menos percorrida – o caminho de Deus –
“sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite” (v. 2). Para
os hebreus, a lei de Deus englobava mais do que os Dez Mandamentos, apesar
de os dez preceitos serem o auge da lei. A Torá (lei) englobava toda a revelação
da vontade divina disponível à humanidade. Para nós hoje, encontramos a
revelação da vontade divina na Bíblia, instrumento concedido pelo Senhor para
nos mostrar como viver.
Para aqueles que seguem a estrada menos percorrida, há vida em
abundância. São como a “árvore plantada à beira de águas correntes” que produz
frutos deliciosos e cujas folhas não murcham (v. 3). Tudo o que fazem
“prospera”. Isso não quer dizer que fiquem ricos ou que estejam protegidos
contra dores de cabeça e situações difíceis, mas que Deus está ao seu lado para o
que der e vier.
O mesmo não ocorre com os que escolhem o caminho largo. Eles são como
a palha levada pelo vento – hoje, eles parecem prosperar e viver a vida
intensamente, mas amanhã deixam de existir e caem no esquecimento (v. 4).
Além disso, eles enfrentarão o julgamento divino, ocasião em que todo ser
humano será chamado a dar contas a Deus de como utilizou o dom da vida que
recebeu.
A estrada menos percorrida é o melhor caminho. É o caminho da plenitude
de vida aqui e agora – a oportunidade de estar plenamente vivo. É o caminho que
leva à felicidade eterna.
25 de maio – sexta

GRAÇA SOBRE GRAÇA


Todos recebemos da Sua plenitude, graça sobre graça. João 1:16

“Vimos a Sua glória, [...] cheio de graça e de verdade”, escreveu João, o amado
(Jo 1:14). E completou: “Todos recebemos da Sua plenitude” (v. 16). Jesus é a
personificação da graça; Ele é a plenitude da graça. Essa plenitude transborda até
nos atingir.
Eugene H. Peterson traduziu essa passagem da seguinte maneira: “Todos
nós vivemos à custa de Sua generosa liberalidade, dádiva após dádiva após
dádiva.” Gosto dessa tradução, pois a essência da graça é o favor de Deus,
concedido gratuitamente, sem merecermos. “Graça sobre graça” (tradução
literal) sugere dádiva sobre dádiva. A tradução de Peterson “dádiva após dádiva”
habilmente enfatiza a abundância da graça. Nosso Deus é um Deus de
abundância; a palavra “mesquinho” não faz parte de Seu vocabulário. Em Sua
misericórdia e compaixão pelos pecadores é generoso para com o pródigo
imperfeito.
Aqui está um exercício para aquecer seu coração: procure numa
concordância bíblica as palavras “abundante”, “abundantemente” e
“abundância”. Você notará a ocorrência dessas palavras tanto nas versões mais
antigas quanto nas mais modernas. Paulo afirmou que Deus “é poderoso para
fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”
(Ef 3:20, ARC).
Que expressão interessante! Se fôssemos editar o texto de Paulo,
omitiríamos “muito mais” por ser redundante. Mas Paulo sabia o que estava
fazendo. Ele exagerou nos advérbios na tentativa de expressar em palavras algo
que não pode ser reduzido a palavras: a incrível habilidade de nosso Deus de
suprir todas as nossas necessidades, de fazer muito mais do que podemos pedir
ou imaginar.
Em Jesus vemos a personificação da natureza de nosso generoso Deus. O
Pai, abundante em amor, privou o Céu de seu mais excelente tesouro ao
conceder-nos o Filho unigênito para que tivéssemos a vida eterna (Jo 3:16) –
vida em abundância (Jo 10:10) e infinita (1Jo 5:11, 12).
Nenhum pecado é grande demais que nosso generoso Deus não possa
perdoar. Onde o pecado abundou, a graça superabundou. Nenhuma situação é tão
desesperadora para o Deus da abundância não prover solução; quer seja a fome,
o perigo, a enfermidade, a fraqueza ou a cruel tentação. Nem mesmo a própria
morte. Na última mensagem escrita de Ellen White, lemos: “Tão forte é Seu
amor que domina todos os Seus poderes, e emprega os vastos recursos do Céu
em fazer bem a Seu povo” (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos,
p. 519).
26 de maio – sábado

VIDA SEM CELULAR


Parem de lutar! Saibam que Eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações,
serei exaltado na Terra. Salmo 46:10

Algum tempo atrás fiz uma viagem a trabalho para um país em que eu não
dispunha de computador nem telefone celular. Ao retornar para casa depois de
quase duas semanas fora, a princípio fiquei surpreso em perceber quanto tinha
perdido – e depois quão pouco.
Os dispositivos que julgamos tão necessários assumiram o controle de
nossa vida. A tecnologia que deveria poupar nosso tempo acaba pressionando
ainda mais a vida.
Repare no e-mail. É maravilhoso: posso enviar uma mensagem para
alguém que está do outro lado do planeta e receber a resposta em minutos, e tudo
isso com um custo irrisório. O lado triste é que muitas pessoas que me enviam e-
mails esperam que eu largue o que estou fazendo e envie imediatamente a
resposta. Se não recebem minha resposta logo, o tom de sua mensagem se torna
rude, até mesmo agressivo e hostil.
Não podemos nos esquecer do onipresente telefone celular. Realmente
maravilhoso! Teclo alguns números, coloco o aparelho em meu ouvido e ouço a
voz de alguém que está a milhares de quilômetros de distância com tanta clareza
como se estivesse sentado ao meu lado. Mas o telefone celular também possui
um lado triste, muito triste. Em uma única palavra: poluição.
O ar está ficando cada vez mais poluído com o barulho das pessoas
tagarelando ao telefone celular. Vemos alguém passando na rua, gesticulando e
falando em voz alta consigo mesmo. Pouco tempo atrás, levaríamos essa pessoa
para o manicômio. Hoje não, ela está apenas falando ao celular!
Por que será que as pessoas têm que falar tão alto ao celular, a despeito do
local em que estejam – no saguão do aeroporto, em ônibus, em restaurantes, a
bordo de uma aeronave aguardando a decolagem? E por que será que muitos de
nós pensamos que todas as chamadas são tão importantes que precisamos
interromper qualquer conversa e deixar a frase pela metade? E-mails e telefones
celulares assumiram o controle de nossa vida.
Está na hora de reassumirmos o controle. Há pouquíssimas mensagens e
pouquíssimas chamadas que não podem ser deixadas para amanhã ou para daqui
a uma semana, ou até mesmo para mais tarde.
Nossa maior necessidade hoje é exatamente o que o texto diz: Desacelere!
Pare! Fique quieto!
27 de maio – domingo

O SIGNIFICADO DA GRAÇA
Aquele que se diz “religioso” por meio de conversas ilusórias engana-se a
si mesmo. Esse tipo de religião é tagarelice, apenas tagarelice. A
verdadeira religião é aquela que está à altura das exigências de Deus o
Pai, que é: atender as necessidades do morador de rua e daquele que não
tem amor e não se contaminar com a corrupção do mundo ímpio. Tiago
1:26, 27, The Message

Se Tiago tivesse escrito esse texto hoje, talvez acrescentaria as pessoas em casas
de repouso à lista dos necessitados que devemos atender.
Um amigo enviou a seguinte mensagem da Austrália: “Ao visitar meus pais
numa casa de repouso, notei que voluntários são escalados para alimentar
pacientes que não têm condições mentais de se alimentar sozinhos. Pude
testemunhar a graça em ação.
“Não se trata de algo esporádico, mas de pessoas que reservam um bom
período de seu tempo livre para ir regularmente à casa de repouso para alimentar
pacientes cujo cérebro parou de funcionar adequadamente. Os voluntários
chegam alegres e animados (ao número 18 de sua lista), apoiam o paciente com
travesseiros, gentilmente o alimentam e ficam em pé durante “séculos”
esperando o alimento ser ingerido. Enquanto esperam, falam coisas agradáveis
aparentemente consigo mesmos.
“Parece que o paladar das pessoas de idade avançada não funciona mais
como deveria. Aquilo que aparenta ser tão apetitoso no prato é recebido como
algo semelhante a papelão. Até mesmo a sobremesa não é saboreada. Mesmo
assim, a graça oferecida pelos voluntários se estende ao número 19 com a
mesma alegria, ânimo e vivacidade. Não se ouve nenhuma reclamação cair-lhes
dos lábios.
“Comecei a pensar em todas as pessoas envolvidas nesse tipo de trabalho –
enfermeiras que atendem em UTIs, berçários, profissionais que cuidam de
pessoas ligadas a aparelhos para receber a alimentação – e a graça que partilham
aparentemente sem nenhuma recompensa.
“Acho que esse é o significado da graça. Ao proferir a oração sobre o
alimento, passei a incluir esses voluntários e peço ao Senhor que lhes conceda
integridade e paciência ao dedicarem tempo para partilhar a graça.”
Concordo plenamente. Graça significa mudar o mundo. Graça significa
amenizar o fardo de alguém. Graça significa nova vida que, ao ser vivida, flui
para outros como uma fonte.
Graça significa Jesus, a personificação da graça que viveu exatamente
como Tiago descreveu.
28 de maio – segunda

ESCUDO HUMANO
Este é o Meu mandamento: Amem uns aos outros do jeito que Eu os amei.
Essa é a melhor maneira de amar. Deem a vida por seus amigos. João
15:12, The Message

Em 15 de novembro de 2004, Rafael Peralta deu a vida por seus amigos. Oficial
do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, Peralta e seus companheiros
estavam em meio ao tiroteio intenso no Iraque na ocasião em que as tropas
americanas e iraquianas tentavam dominar a força do controle rebelde da cidade
de Fallujah.
Peralta, 25 anos, sargento do Primeiro Batalhão, tinha sido escalado para
fazer parte do grupo de ataque que invadiu o esconderijo rebelde naquele dia.
Ele foi um dos primeiros fuzileiros a entrar no local. Ouviu-se o som de tiros;
Peralta, ferido, caiu ao chão.
Momentos depois, um dos rebeldes lançou uma granada no cômodo em
que Peralta e os outros fuzileiros procuravam proteção. Os fuzileiros tentaram
fugir, mas encontraram a porta trancada. Rafael Peralta, ainda consciente,
agarrou a granada e se deitou sobre ela.
Apesar de um dos fuzileiros sair gravemente ferido devido ao estilhaço da
bomba, muitas outras vidas foram salvas pelo ato de abnegação de Peralta ao
utilizar o próprio corpo como escudo humano. “Ele salvou a metade da minha
equipe”, afirmou o oficial em comando.
Peralta havia conquistado a reputação de colocar sempre os interesses dos
colegas acima de sua vontade. Ele demonstrou isso novamente, e pela última
vez, ao sacrificar a própria vida para que outros vivessem.
Admiro profundamente homens e mulheres como Rafael Peralta. À sua
própria maneira, exemplificaram o espírito e o sacrifício de Alguém muito
maior, Jesus Cristo.
Todos nós estávamos presos sob o tiroteio mortal do inimigo.
Ensanguentados, nossa vida se desvanecia no chão frio de uma terra
desconhecida. O inimigo lançou uma granada em nossa direção. O fim era certo.
Morreríamos ali, morreríamos sem esperança, morreríamos sozinhos.
Mas Alguém Se lançou sobre o instrumento mortal. Colocou-o sob o
próprio corpo e suportou sozinho a força descomunal do poder aniquilador. Ao
proteger-nos, morreu; e nós vivemos. Ele morreu para que pudéssemos viver.
29 de maio – terça

TRÍPLICE HISTÓRIA DE AMOR


Rute, porém, respondeu: “Não insistas comigo que te deixe e que não mais
te acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o
meu povo e o teu Deus será o meu Deus! Onde morreres morrerei, e ali
serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor, se outra coisa
que não a morte me separar de ti!” Rute 1:16, 17

O livro de Rute é uma joia preciosa. Localizado entre as histórias sanguinárias


do livro de Juízes e a saga de Samuel, Saul e Davi no livro de 1 Samuel, o livro
de Rute é uma obra-prima literária e espiritual. Além disso, também é uma
tríplice história de amor.
A primeira história de amor é altamente incomum: o profundo amor de
uma jovem nora por sua sogra. Noemi, destituída do marido e dos filhos numa
terra estrangeira, decidiu voltar para sua terra natal. “Noemi” significa
“agradável”, mas estava voltando como “Mara”, que significa “amarga”. Ela não
tinha nada a oferecer para as noras viúvas, Orfa e Rute; nem moradia, riquezas
ou um possível casamento. Noemi não dispunha de absolutamente nada e não
tinha ninguém por ela.
“Voltem para o povo de vocês”, a sogra aconselhou Orfa e Rute. Orfa
aceitou o conselho, mas Rute se recusou a deixá-la. Amava demais Noemi para
abandoná-la. Decidiu que seguiria a sogra para onde a jornada da vida a levasse.
Seguiria Noemi até a morte.
Isso é amor puro e verdadeiro; amor abnegado e fiel; amor desinteressado
em bens materiais; amor extraordinário. Um amor assim tem sua origem no Céu.
A segunda história de amor também possui um toque incomum. Envolve
um homem e uma mulher. Nada incomum nisso, exceto que os dois são o fruto
de contextos totalmente diferentes um do outro. Boaz é bem mais velho, rico e
israelita. Rute é jovem, viúva, pobre e moabita. Às vezes os opostos se atraem;
esse foi o caso.
Mas há mais detalhes nessa história. Boaz era parente próximo de
Elimeleque, marido falecido de Noemi. De acordo com a lei mosaica, Boaz tinha
o direito e a responsabilidade de comprar de volta a propriedade de Elimeleque e
também se casar com a nora viúva sem filhos (nesse caso, Rute). Boaz se tornou
não apenas seu amado e marido, mas também seu protetor e libertador.
Isso nos leva à terceira história de amor. A palavra hebraica traduzida como
“parente” se origina da mesma raiz que significa “redimir”. Boaz, por sua
posição e ações, apontou para Jesus, nosso parente próximo que nos redimiu.
Não tínhamos nada a oferecer, apenas nossa grande necessidade. Mas Ele nos
acolheu, uniu-nos a Ele, para que vivêssemos ao Seu lado para sempre.
30 de maio – quarta

O ESCOLHIDO
O Senhor não Se afeiçoou a vocês nem os escolheu por serem mais
numerosos do que os outros povos, pois vocês eram o menor de todos os
povos. Deuteronômio 7:7

No verso anterior ao texto escolhido para hoje, o Senhor chama Israel de “povo
santo para o Senhor, o seu Deus”. Entre todos os povos da face da Terra, Ele
escolheu as doze tribos de Israel para serem “o Seu povo, o Seu tesouro pessoal”
(Dt 7:6).
A percepção de ser o escolhido de Deus é uma faca de dois gumes. Inspira
confiança e o senso de profundo valor próprio, mas também pode originar
orgulho, senso de superioridade e arrogância.
Ao designar o povo de Israel como o Seu escolhido, Deus, por meio de
Moisés, deixou bem claro que não havia nada de especial no povo que levasse
Deus a tomar essa decisão. Não eram mais numerosos, nem mais poderosos ou
mais obedientes do que os outros povos. Na verdade, eram menos numerosos do
que os outros e na maioria das vezes mais teimosos, desobedientes e rebeldes.
Mesmo assim, Deus os escolheu. Por quê? Por Sua própria vontade, Ele
simplesmente escolheu um material pouco promissor e disse: “Vocês são Meus,
um povo especial que Eu separei para cumprir os Meus propósitos.”
A escolha de Deus foi um ato de pura graça. E ainda é. Como seguidores de
Jesus Cristo, somos hoje os escolhidos de Deus. “Vocês não Me escolheram, mas
Eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça”, disse Ele (Jo
15:16). Pedro afirmou: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação
santa, povo exclusivo de Deus” (1Pe 2:9).
Escolhidos. Que conceito! Somos especiais para Deus! Enfrentemos esse
novo dia com a cabeça erguida, ombros para trás, passos saltitantes e com
louvores a Deus em nossos lábios.
Oremos para que o Senhor nos guarde do orgulho e do senso de
superioridade. Deus não nos escolheu porque somos melhores, superiores ou
mais úteis para Ele. Não temos nada, absolutamente nada, que mereça o favor
divino. O Senhor nos escolheu porque ama conceder dádivas liberalmente, pegar
materiais pouco promissores e utilizá-los para cumprir Seus propósitos. Isso é
graça.
O fato de sermos escolhidos coloca sobre nós uma responsabilidade: Ele
nos escolheu para “darmos frutos”, para fazermos a Sua vontade, para
cumprirmos o Seu plano – proclamar ao mundo que o Salvador veio e voltará.
Proclame ao mundo: Deus deseja que todos façam parte de Seu povo
escolhido.
31 de maio – quinta

A CONSTANTE UNIVERSAL
Deus é amor. 1 João 4:16

A constante em todo o Universo, mais certa do que as estrelas em seu curso, é


esta verdade: Deus é amor.
Vivemos em meio a um conflito cósmico; nosso mundo se desencaminhou
terrivelmente. Mas, quando o mal atingir o limite de sua taça e o pecado e os
pecadores deixarem de existir, a afirmação de que Deus é amor estará adornada
nos céus e no coração de todos os seres criados.
Contemplamos a natureza hoje. Cardos e espinhos brotam da terra.
Terremotos e furacões, secas e enchentes, pestes e pestilências assolam o mundo.
Mas “‘Deus é amor’ está escrito sobre cada botão que desabrocha, sobre cada
haste de erva que brota. Os amáveis passarinhos, a encher de música o ar, com
seus alegres trinos; as flores de delicados matizes, em sua perfeição,
impregnando os ares de perfume; as altaneiras árvores da floresta, com sua
luxuriante ramagem de um verde vivo – todos testificam da terna e paternal
solicitude de nosso Deus, e de Seu desejo de tornar felizes Seus filhos”
(Caminho a Cristo, p. 10).
Quando Ellen White começou a escrever a história de nossa redenção,
iniciando com o surgimento do mal no próprio Céu, passando pela vitória de
Jesus Cristo e prosseguindo até a restauração final de todas as coisas, suas
primeiras palavras foram: “‘Deus é amor’ (1Jo 4:8). Sua natureza e Sua lei são
amor. Assim sempre foi; assim sempre será. ‘O Alto e o Sublime, que habita na
eternidade’, ‘cujos caminhos são eternos’, não muda. NEle ‘não há mudança
nem sombra de variação’” (Patriarcas e Profetas, p. 33).
Após a publicação de cinco livros e cerca de 3.600 páginas, ela encerrou
sua obra. E o último parágrafo do último volume da série O Grande Conflito diz
assim: “O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O
Universo inteiro está purificado. Uma única palpitação de harmonioso júbilo
vibra por toda a vasta criação. DAquele que tudo criou emanam vida, luz e
alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até o
maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza
e perfeito gozo, declaram que Deus é amor” (O Grande Conflito, p. 678).
Vivo pela constante universal: Deus é amor. Quando minha casa vem
abaixo, Deus é amor. Quando tudo mais falha, Deus é amor.
Quero viver por essa constante hoje. E você?
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1º de junho – sexta

A MELANCOLIA DE ELIAS
E entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta,
sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte: “Já tive o bastante,
Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados.”
1 Reis 19:4

Elias estava apavorado. Apenas alguns dias antes, estava nas nuvens, sentindo-
se no topo do mundo. Defendeu sozinho o nome de Yahweh no Monte Carmelo,
desafiando os profetas de Baal a provar que o deus deles era capaz de fazer cair
fogo do céu. Perante a multidão reunida – realeza, líderes religiosos e o povo
comum – Elias demonstrou o poder impressionante do Deus vivo. Aquele foi um
dia espetacular para Yahweh e para Elias.
O dia foi encerrado com fogos de artifício adicionais. Depois de Elias ter
orado fervorosamente para que a chuva colocasse um fim na terrível seca, o céu
escureceu com nuvens carregadas. O vento soprou e trouxe consigo uma chuva
pesada. Repleto de energia e muita adrenalina, Elias se vestiu e correu à frente
da carruagem do rei Acabe ao longo de todo o caminho até Jezreel.
Tão para cima, e agora tão para baixo. Novamente sozinho, mas dessa vez
no deserto de Berseba, ao extremo sul. Correu o máximo que pôde temendo pela
própria vida. Jezabel, esposa de Acabe, tomada de raiva pela morte de seus
profetas no Monte Carmelo, enviou uma mensagem para Elias, dizendo que seus
dias estavam contados. E Elias? Ele, que havia defendido sozinho o nome de
Deus no Monte Carmelo, ficou apavorado e correu para se salvar.
Então desejou morrer. Ele orou para que Deus tirasse sua vida. Sentia-se
um verdadeiro fracassado.
Você já se sentiu como Elias? Claro! Essa história é a nossa história.
Ficamos cansados de fazer coisas boas e perdemos o foco. Concentramo-nos em
nós mesmos, passamos a pensar que somos os únicos a fazer o trabalho de Deus,
que sem nós nada mais será feito – e com isso ficamos desanimados.
Os baixos sucedem os altos no ritmo da natureza. Quando ficamos
envaidecidos com o “sucesso” e sentimos que somos invencíveis, tão certo
quanto a noite segue o dia, somos levados ao desânimo.
A melhor parte da história de Elias foi a maneira pela qual o Senhor lhe
demonstrou graça num momento de medo e profunda tristeza. Deus lhe proveu
alimento e o ajudou a dormir. Em seguida, ampliou-lhe a visão – ele não estava
sozinho, ele não era indispensável. Deus estava no controle de tudo. E ainda
está.
Deus não atendeu ao pedido que Elias fez tomado por medo e angústia.
Elias não morreu – nem naquele dia nem depois!
2 de junho – sábado

A HISTÓRIA DE FRED HALE


Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o
Senhor, o teu Deus, te dá. Êxodo 20:12

O noticiário anunciou o falecimento de Fred Hale, o homem mais velho do


mundo. Ele morreu durante o sono em Syracuse, Nova York, ao tentar recuperar-
se de uma pneumonia. Hale estava a doze dias de seu aniversário de 114 anos.
Havia 50 anos, Hale tinha se aposentado como maquinista e apicultor. De
acordo com o neto, Fred Hale III, o avô gostava de cuidar do jardim, fazer
compotas de frutas e legumes e preparar purê de maçã. “Ele não precisa de
muito para ser feliz.”
Incrível! Uma vida que começou no século 19, que testemunhou
completamente o século 20 e alcançou o século 21. As duas guerras mundiais –
Fred Hale viu as duas. A ascensão e a queda do comunismo. O declínio do
Império Britânico. A era nuclear. A guerra fria. Quando Hale nasceu, havia
apenas 43 estrelas na bandeira norte-americana.
Os anos continuaram a passar; Hale continuou a fazer coisas novas. Aos 95
anos viajou para o Japão para visitar um dos netos que estava na Marinha dos
Estados Unidos. Na viagem de volta, parou no Havaí para praticar bodyboarding
pela primeira vez. Aos 103 anos, Hale ainda morava sozinho, e retirava a neve
acumulada de seu telhado! Ele morou em Maine, seu estado natal, até os 109
anos, ocasião em que se mudou para perto do filho, Fred, atualmente na casa dos
80. E aqui está a parte mais impressionante desta história: Hale entrou para o
livro Guiness World Records como o motorista mais idoso do mundo. Aos 108
anos, ele ficava irritado com motoristas que transitavam em baixa velocidade!
Fred viveu mais do que a esposa e três de seus cinco filhos. Teve nove
netos, nove bisnetos e onze tataranetos.
Gostaria de ter conhecido esse idoso camarada. O noticiário apenas
informou fatos gerais. Como será que foi a vida desse homem? Que sabedoria,
que perspectiva de vida ele poderia oferecer à nossa geração? Segundo o
noticiário, Hale vivia de forma simples e aparentemente feliz. Enquanto viveu,
experimentou coisas novas. Era um homem saudável e mantinha fortes laços
familiares.
A história de Hale não revela um aspecto de sua vida: a relação com Deus.
Esse é um assunto que os repórteres evitam a todo custo hoje em dia. Sem Jesus
como Salvador e Senhor, tudo mais na longa vida de Hale terá sido apenas como
um segundo.
3 de junho – domingo

PERTENCER E SERVIR
Porque, esta mesma noite, um anjo de Deus, de quem eu sou e a quem
sirvo, esteve comigo. Atos 27:23, ARA

Paulo é o remetente; os destinatários, um grupo de pessoas desesperadas. Ao


todo eram 276 pessoas e, por 14 dias e noites de terrível angústia, parecia que
seriam todas sepultadas nas águas do oceano à medida que o navio em que
estavam a bordo era surrado pelo vento e esmurrado pela violenta tempestade.
A viagem tinha sido arriscada desde o início. Paulo havia advertido de que
não era mais época de tentar prosseguir viagem pelo Mediterrâneo. O
responsável, porém, decidiu seguir o conselho do comandante e do proprietário
do navio. Não era de admirar que o desastre os tivesse atacado repentinamente.
Por 14 dias estiveram à beira da morte. A esperança de todos de encontrar
um lugar seguro parecia ter desaparecido. Paulo, no entanto, os animou. Disse-
lhes que um anjo havia aparecido para ele durante a noite, assegurando de que
Deus pouparia a vida de todos a bordo, apesar de o navio se perder. Para
demonstrar sua confiança nas palavras do anjo, Paulo se alimentou (na luta pela
sobrevivência, ninguém havia comido até aquele momento a fim de poupar
alimento) e insistiu para que os outros fizessem o mesmo.
Gosto muito da maneira com que Paulo descreveu seu relacionamento com
Deus: “de quem sou e a quem sirvo”. Aqui estava a confiança de Paulo de que
tudo acabaria bem; aqui encontramos a fonte de sua força em meio à incerteza,
sua calma em meio à tempestade.
Esse ainda é um resumo bom e preciso da vida cristã: pertenço a Deus e O
sirvo. Podemos mudar um pouquinho e dizer: pertenço a Deus; por isso, O sirvo.
Anos antes, o mesmo apóstolo Paulo escreveu aos coríntios, instando que
se abstivessem da imoralidade sexual: “Acaso não sabem [...] que vocês não são
de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a
Deus com o seu próprio corpo” (1Co 6:19, 20). E quanto a nós hoje, sabemos
disso? Não somos de nós mesmos, não somos livres para “fazer o que bem
entendemos”. Pertencemos a Deus! Fomos comprados por preço, alto preço, a
vida do Senhor Jesus Cristo.
Paulo utilizou com frequência o termo doulos para descrever seu
relacionamento com Deus. Esse termo significa escravo ou servo, como
podemos ver em Romanos 1:1: “Paulo, servo de Cristo Jesus.” Jesus é o Senhor;
nós, Seus servos. Vivemos por Ele e O servimos. Não por obrigação, mas de
todo coração. Ele é o Senhor do amor; sujeitamo-nos a Ele com alegria e O
servimos com prazer.
4 de junho – segunda

MENTINDO PARA O ESPÍRITO


Então perguntou Pedro: “Ananias, como você permitiu que Satanás
enchesse o seu coração, ao ponto de você mentir ao Espírito Santo e
guardar para si uma parte do dinheiro que recebeu pela propriedade?”
Atos 5:3

Em uma das parábolas de Jesus, Ele relacionou o reino do Céu a uma rede
lançada ao mar que, ao ser puxada para a praia, traz peixes bons e ruins (Mt
13:47-50).
O mesmo ocorre na igreja. Uma das pessoas mais próximas de Jesus se
tornou o traidor. Na igreja primitiva encontramos “peixes ruins” entre aqueles
apanhados pela rede do evangelho, como o feiticeiro Simão (At 8:9-13) e o casal
Ananias e Safira.
Até o capítulo cinco de Atos, lemos apenas coisas positivas a respeito dos
seguidores de Jesus. Eles receberam o derramamento do Espírito Santo;
testemunharam poderosamente aos habitantes de Jerusalém; estavam unidos em
oração, na pregação do evangelho e na comunhão. Não havia necessitados entre
eles, pois os mais prósperos vendiam suas posses e partilhavam com aqueles em
necessidade. Ocorreu um grande milagre: um homem paralítico de nascença
passou a andar e a saltar. Os líderes judeus advertiram, ameaçaram e prenderam
os apóstolos, mas não foram capazes de silenciá-los.
Então houve a história de Ananias e Safira. O casal tinha decidido vender
uma propriedade e doar o dinheiro à igreja. Mas, ao levarem o dinheiro da venda
aos apóstolos, mentiram. Disseram que ali estava a quantia total que tinham
recebido pela propriedade, mas, na verdade, haviam separado parte para uso
próprio. Ninguém os persuadiu a vender a propriedade. Ninguém lhes disse que
ofertassem a quantia total à igreja. Mas desejavam aparentar piedade aos
apóstolos e aos membros. Não queriam aparentar mesquinhez ou amor aos bens
materiais, o que de fato sentiam.
Que estupidez! Diante da presença do Espírito Santo manifestada de forma
tão intensa entre os fiéis, como puderam pensar que sairiam ilesos com um golpe
desse?
O amor ao dinheiro fará isso com você. Mesmo estando na igreja. O amor
ao dinheiro o fará pensar que pode enganar até mesmo o Senhor. Ocorreu no
passado, ocorre hoje também.
Deus nos conclama para que manifestemos uma honestidade inabalável. A
honestidade não é a melhor política, pois não tem nada que ver com política.
Honestidade é um princípio, um princípio que começa com Deus. Quando
formos honestos com o Espírito Santo, seremos honestos com todos os demais.
5 de junho – terça

ENCARREGADOS DOS MISTÉRIOS


Portanto, que todos nos considerem como servos de Cristo e encarregados
dos mistérios de Deus. O que se requer destes encarregados é que sejam
fiéis. 1 Coríntios 4:1, 2

As palavras de Paulo atingem em cheio todos os que são chamados a


desempenhar uma responsabilidade no trabalho da igreja, seja um líder leigo ou
um funcionário. Não somos executivos, tampouco o trabalho de Deus pode ser
reduzido a uma organização secular.
Certo dia, na época em que eu ministrava aulas no seminário de teologia, o
reitor me chamou em seu escritório e perguntou se eu poderia realizar a Semana
de Oração da primavera para a universidade. Aquela foi uma semana abençoada,
mas um aspecto me preocupou muito. Julguei necessário ficar à disposição caso
os alunos sentissem o desejo de conversar comigo. Assim, procurei os
preceptores responsáveis pelos alunos para definir os horários de atendimento. A
maneira pela qual fui recebido em um dos dormitórios foi pouco cordial – na
verdade, bem fria. Tive a clara impressão de que aquele território lhes pertencia
e que não desejavam a intromissão de mais ninguém. Talvez o preceptor
enxergasse aquele local como sua propriedade e sentisse que deveria administrá-
lo sozinho.
Paulo afirmou que não somos meros administradores. Estamos envolvidos
com algo muito maior do que um negócio. Há um elemento superior. A natureza
de nosso trabalho é tamanha que nunca o controlamos plenamente; possui uma
qualidade enigmática. Deus, não o ser humano, está no controle.
Ao falar do cristianismo como um mistério, Paulo se referiu ao plano de
salvação, que brotou no coração divino. Tratava-se de um segredo, mas agora,
em Cristo Jesus, se tornou conhecido. Esse plano se centraliza em Jesus, o
Homem-Deus, a combinação misteriosa do Deus eterno com a humanidade. O
plano divino envolve o conhecimento pessoal de Deus, para que Cristo viva em
nós, a esperança da glória. Ele também traz um convite ao mundo inteiro para
que os gentios possam fazer parte do povo de Deus.
No coração de nossa religião encontra-se um mistério, o mistério de Deus.
Como Deus Se tornou homem, como Deus salva a humanidade, como Deus atrai
os pecadores para Si. O coração de nossa religião não possui definição e
explicação precisas, mas insistimos em definir, explicar. Assim, individual e
corporativamente, tendemos a perder gradualmente de vista a dimensão
transcendente. Mas devemos sempre nos lembrar de que Deus é muito maior do
que os nossos melhores planos e do que nossa visão mais ousada.
6 de junho – quarta

APTOS PARA O CÉU


Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. 1 João 4:19

Quando é que nos tornamos aptos para o Céu? Será ao fim de uma longa vida
de discipulado, quando não mais cedemos à tentação? Ou será no momento em
que aceitamos Jesus como Senhor e Salvador de nossa vida, assim como o ladrão
na cruz?
Na sua clássica biografia da vida de Cristo, O Desejado de Todas as
Nações, Ellen White apresenta uma resposta impressionante: “O amor aos
homens é a manifestação do amor de Deus em direção à Terra. Foi para
implantar esse amor, fazer-nos filhos de uma família, que o Rei da Glória Se
tornou um conosco. E quando se cumprirem as palavras que disse ao partir: ‘Que
vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei’ (Jo 15:12); quando amarmos
o mundo assim como Ele o amou, então Sua missão por nós está cumprida.
Estamos aptos para o Céu; pois o temos no coração” (p. 641).
Que palavras inspiradas! Elas nos desafiam a uma vida em meio à
hostilidade da cidade, onde as pessoas lutam para sobreviver mais uma noite e
depois outro dia, onde a preocupação e o medo do futuro deixam o coração
pesaroso.
Ouço alguém perguntar: “Mas a Bíblia não nos diz para não amarmos o
mundo?” Realmente. “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2:15). A Bíblia, no entanto, também
nos diz: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o Seu Filho Unigênito para
que todo o que nEle crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
Portanto, há duas maneiras de amar o mundo: como fazem os pecadores ou
como faz o santo Deus.
João afirmou que amar o mundo como fazem os pecadores é o mesmo que
“a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens” (1Jo 2:16).
Porém, o amor de Deus pelo mundo é um amor zeloso e generoso que atribui um
valor supremo a cada ser humano, não importa sua posição social ou a confusão
que esteja sua vida.
Jesus nos disse: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos
outros. Como Eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros” (Jo 13:34). O
texto original nos permite traduzir as Suas palavras da seguinte maneira: “Amem
uns aos outros, como Eu os amei, para que vocês possam amar um ao outro.”
João esclareceu ainda mais a questão: “Nós amamos porque Ele nos amou
primeiro” (1Jo 4:19).
Ao meditarmos na graça maravilhosa, à medida que o amor divino inunda
nosso ser, começamos a ser transformados à Sua semelhança. Assim, passamos a
amar o mundo como Deus o amou.
7 de junho – quinta

JESUS EM ESTILO AUSTRALIANO


Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, Ele também
participou dessa condição humana, para que, por Sua morte, derrotasse
aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo. Hebreus 2:14

Qual a probabilidade, numa sociedade secular, de um livro sobre a vida de Jesus


vender como água? Completamente impossível. Entretanto, o jornalista, autor e
locutor australiano Kel Richards conseguiu escrever tal best-seller. Intitulado
Aussie Bible [Bíblia Australiana], foi publicado em 2003 e reimpresso um mês
após o lançamento.
Aussie Bible não é uma paráfrase, tampouco uma nova tradução do texto
sagrado. Trata-se de uma seleção de incidentes bíblicos e trechos dos Evangelhos
entrelaçados em uma narrativa única e contextualizados no cenário australiano.
Apropriadamente, o livro carrega a descrição “Recontado por Kel Richards”.
Aqui está a história dos pastores: “Naquela noite, havia alguns vaqueiros,
acampados num pasto nas redondezas, de olho no rebanho de ovelhas. Os olhos
saltaram-lhes da órbita quando o anjo do Senhor apareceu de uma hora para
outra, e a glória do Senhor encheu o ar como mil volts de eletricidade. O anjo
disse: ‘Parem de olhar como um bando de tainhas assustadas [surpresos]. Deixe-
me dar-lhes o bom óleo [notícia confiável]. É a notícia mais importante para a
turma toda – todo mundo, em todo lugar. Hoje [...] nasceu o Resgatador. Ele é o
Prometido, o Rei, o Senhor. É assim que vocês O encontrarão: o pequeno nipper
[gíria australiana para “garotinho”] está embrulhado em manta de coelho e
deitado numa gamela.’
“E, antes que você pudesse dizer: ‘Estou de queixo caído!’, o céu inteiro
ficou repleto com mais anjos do que você seria capaz de contar, todos cantando
com toda força de seus pulmões (como se anjos tivessem pulmões): ‘Deus é
grande! Deus é bonzer! [gíria australiana para “bom”]. E, para todos neste
planeta que estão do lado de Deus, paz e boa vontade. E, a propósito, Feliz
Natal!’ (O que confundiu os vaqueiros, pois nunca tinham ouvido falar de Natal
antes.)”
Esse mesmo Jesus, que morreu numa cruz romana fora dos muros de
Jerusalém, vive hoje. Ele é o segundo Adão e, nesse sentido, o Ser Universal.
Devemos pesquisar a Bíblia para aprender mais e mais a Seu respeito. Mas
também devemos visualizá-Lo ao nosso lado no computador, na cozinha, na sala
de aula. Porque Ele realmente está ali. Em estilo australiano. Ou em estilo
brasileiro.
8 de junho – sexta

ALMA VIVENTE
Porque Eu vivo, vocês também viverão. João 14:19

À medida que os cientistas pesquisam cada vez mais a fundo as reações


bioquímicas de nosso cérebro, o conceito de alma como uma entidade
independente se torna mais e mais suspeito. Com isso, aqueles que creem na
alma como uma garantia de vida imortal veem suas esperanças serem
ameaçadas.
Francis Crick, que, junto com James Watson, descobriu a estrutura
helicoidal dupla do DNA, dedicou muitos anos pesquisando a consciência, em
parte para atingir o objetivo de refutar o conceito da existência da alma. Crick
afirmou que ele e outros pesquisadores encontraram o grupo de células
responsáveis por gerar a consciência e a noção do “eu”. Declarou que um dia
toda a humanidade chegaria à conclusão de que o conceito de alma e a promessa
da vida eterna não passam de uma ilusão, assim como hoje aceitam que a Terra
não é plana, mas redonda.
Crick em parte estava certo e em parte errado.
Certo: o conceito de alma é uma ilusão. Não possui base bíblica. A Palavra
de Deus ensina que somos seres completos, constituídos de corpo, mente e
fôlego inseparavelmente ligados entre si. O relato da criação deixa bem claro
esse conceito: “Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou
em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2:7;
“alma vivente” [ARA]).
De acordo com o relato bíblico, o Criador não dotou o corpo humano com
uma entidade eterna e independente em sua essência, uma “alma”. Adão não
recebeu uma alma; ele se tornou uma alma porque recebeu o fôlego de vida de
Deus. No momento em que o fôlego de vida cessou – ao morrer – Adão deixou
de existir.
Errado: a promessa da vida eterna não é uma ilusão. Sua origem encontra-
se em Jesus Cristo, Aquele que venceu o pecado e a sepultura, Aquele que
morreu no Calvário, mas que está vivo para todo o sempre e assegura-nos:
“Porque Eu vivo, vocês também viverão” (Jo 14:19).
A ressurreição é um conceito além da razão humana. Nada, absolutamente
nada, continua a existir além da sepultura. Mas na memória de Deus nada se
perde. Nós “dormimos”, seguros nEle. Quando o nosso Senhor retornar,
ressuscitaremos dentre os mortos como novas criaturas, com um corpo renovado,
mas com nosso velho “eu” retocado pelos dedos do Pai de amor.
Essa ideia desafia nossa mente. Desafiaria nossa fé também, exceto por um
motivo: Jesus conseguiu! Ele morreu e ressuscitou! E assim também acontecerá
conosco.
9 de junho – sábado

ÁRVORES ANDANDO
Ele levantou os olhos e disse: “Vejo pessoas; elas parecem árvores
andando.” Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do
homem. Então seus olhos foram abertos, e sua vista lhe foi restaurada, e
ele via tudo claramente. Marcos 8:24, 25

Essa é, sem dúvida, a passagem mais estranha encontrada nos Evangelhos. O


que aconteceu, afinal? Será que o poder divino de Jesus não foi suficiente em
sua primeira tentativa? Ou será que existe uma lição mais profunda para os
discípulos e para nós?
Como sempre, o contexto da Bíblia nos ajuda a entendê-la. Apenas Marcos
registrou esse milagre e, logo nos versos anteriores, observou que Jesus
repreendeu fortemente os discípulos devido à sua falta de entendimento. “Vocês
têm olhos, mas não veem? Têm ouvidos, mas não ouvem? Não se lembram?”
(Mc 8:18).
Os discípulos reconheceram Jesus como o Messias, mas o Messias
popularmente esperado, não o sacrifício de Deus pelos pecados.
Muitos hoje enxergam as pessoas como árvores andando. Sentem-se felizes
com um Jesus político, mas não com o Jesus do Calvário. Preferem um Jesus
confortador, um Jesus que reforça o estado atual das coisas, mas não querem
saber de participar da Via Dolorosa de Cristo.
Muitos adventistas enxergam as pessoas como árvores andando. Cresceram
frequentando a igreja, foram aprovados em todos os estudos da classe bíblica,
vivem uma vida cristã respeitável. Mas não conhecem Jesus como o Senhor vivo
de sua vida.
Muitos vivem à margem da igreja, repetindo, de geração em geração, o
ciclo do abuso e de hábitos degradantes. Nunca experimentaram o poder de
Jesus para quebrar velhos hábitos e libertá-los para uma vida nova e melhor,
nunca vibraram diante da esperança: “Mais elevado do que o sumo pensamento
humano pode atingir é o ideal de Deus para com Seus filhos. A santidade, ou
seja, a semelhança com Deus é o alvo a ser atingido” (Ellen G. White,
Educação, p. 18).
Muitos enxergam a igreja como uma instituição familiar, frágil e
defeituosa. Não divisam o futuro glorioso que Jesus planeja para ela.
Creio profundamente que podemos mudar. Jesus ainda realiza curas. Ele
pode tocar nossos olhos cegados, ou míopes, para que possamos enxergar
nitidamente. Ele pode nos tocar hoje!
10 de junho – domingo

PERGUNTAS DE UM CRENTE
Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.
Habacuque 2:4, ARA

Uma das características mais interessantes da Bíblia é a sinceridade com que


apresenta a condição humana. Não ameniza, muito menos encobre, os defeitos
de personagens heroicos como Davi, no Antigo Testamento, e de Pedro, no
Novo. Por esse e tantos outros motivos, temos a certeza de que a Bíblia
transcende tempos e gerações: ela fala a você e a mim hoje como se tivesse sido
escrita para nós, o que, de fato, foi.
Na Bíblia, geralmente encontramos pessoas que conhecem bem a Deus
dialogando com Ele, muitas vezes com uma sinceridade surpreendente. Mas
nenhum livro da Bíblia é mais direto do que o pequeno livro de Habacuque.
“Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que Tu ouças? Até quando
gritarei a Ti: ‘Violência!’ Sem que tragas salvação?” (Hc 1:2), rogou o profeta. À
sua volta, testemunhava roubos, brigas, rivalidade e perversidade, e o que Deus
estava fazendo? Aparentemente nada.
Esta é uma pergunta muito comum: “Deus, por que não fazes alguma
coisa?” Essa foi a pergunta feita pelos judeus em Auschwitz, a mesma pergunta
que fazemos ao acompanharmos um ente querido na luta contra uma doença
grave que lhe ameaça a vida.
Deus respondeu a Habacuque. Revelou-lhe que em breve permitiria que os
babilônios invadissem a terra. Eles seriam usados como instrumentos para trazer
o julgamento divino sobre a nação pecaminosa.
Os babilônios? Aquilo era demais para Habacuque suportar. Sim, Israel era
uma nação defeituosa, mas os babilônios idólatras e pagãos eram dez vezes pior!
“Por que toleras os perversos? Por que ficas calado enquanto os ímpios devoram
os que são mais justos que eles?” (v. 13).
Esta é outra pergunta muito comum: “Deus, por que fizeste isso comigo?
Por que me fazes sofrer assim?”
Deus concedeu ao profeta uma resposta, a mesma resposta que nos dá hoje:
“O justo viverá pela sua fé” (Hc 2:4, ARA). Deus disse a Habacuque, e nos diz
hoje, para confiar nEle. Nossa visão é curta, mas a visão de Deus é infinita. Ele
nos ama e, se permitirmos, Ele resolverá tudo para que nossa história tenha um
final feliz.
11 de junho – segunda

SÚPLICA POR REAVIVAMENTO


Senhor, ouvi falar da Tua fama; tremo diante dos Teus atos, Senhor.
Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras, faze-as conhecidas em
nosso tempo; em Tua ira, lembra-Te da misericórdia. Habacuque 3:2

Recordar os feitos de Deus é uma parte importante da vida do cristão. No


Antigo Testamento, encontramos os salmistas e os profetas lembrando o povo
dos milagres realizados por Yahweh ao longo da história de Israel: as pragas do
Egito, a travessia do Mar Vermelho, os 40 anos no deserto, a conquista de Canaã.
Jesus também nos instruiu a fazer o mesmo em relação à Ceia do Senhor:
“Façam isto em memória de Mim” (1Co 11:24). Para o povo de Deus e Seus
filhos individualmente, a seguinte afirmação ainda é válida: “Nada temos a
recear quanto ao futuro, a menos que nos esqueçamos da maneira em que o
Senhor nos tem guiado” (Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e
Obreiros Evangélicos, p. 31).
Para nenhum de nós, a vida espiritual é uma linha firme e estável apontada
constantemente para cima. Sofremos altos e baixos. Às vezes, nosso trabalho
parece árduo e sem resultados. Com frequência, sentimo-nos cansados de
proceder corretamente, exaustos mental e espiritualmente de tentar servir ao
Senhor e levantar Sua igreja.
Devemos fazer o mesmo que Habacuque: recordar da época em que a
presença de Deus se manifestava de forma marcante em nossa vida. No
momento em que o tentador vier como uma avalanche, lembre-se dos feitos
poderosos de Deus em sua vida. Recorde-se de como seu coração pulsou mais
forte em seu peito ao entregar a vida a Jesus e aceitá-Lo como seu Salvador e
Senhor. Reviva a ocasião em que obteve uma resposta emocionante de suas
orações ou testemunhou uma intervenção divina extraordinária em sua vida, um
presente da graça.
Ao visitar a Coreia, conheci um maravilhoso retiro espiritual isolado nas
montanhas. Cristãos de todas as idades ficam naquele local por vários dias ou
para passar a semana; membros leigos e pastores o visitam; muitos voltam ano
após ano. No retiro, o silêncio quase total é mantido, nada de conversas e,
certamente, nada de telefones ou rádios. Administrado pela Igreja Adventista do
Sétimo Dia, o retiro contém uma área reservada com várias pequenas câmaras de
oração individuais equipadas com esteiras e sistema de aquecimento para
aqueles que desejarem passar a noite inteira em comunhão com Deus.
Amigo, você sente que sua experiência espiritual está sem vida? Lembre-se
do momento em que conheceu o Senhor. Ele ainda é o mesmo: poderoso para
salvar e poderoso para renovar. O Deus da graça reavivará você.
12 de junho – terça

OCUPADO DEMAIS PARA VOLTAR


Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os
abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que,
no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil. 1 Coríntios 15:58

Se o cristianismo fosse bem-sucedido em Corinto, obteria sucesso em qualquer


outro lugar. A cidade de Corinto, estrategicamente localizada em uma faixa
estreita de terra que liga o norte da Grécia à península do Peloponeso, ao sul,
estava próxima a cidades portuárias e carregava a fama de centro da farra
cosmopolita. Gregos, romanos, judeus e asiáticos se reuniam ali.
Eles iam para realizar negócios, mas também em busca de “diversão”. Ao
sul da cidade, erguia-se um monte de 550 metros de altitude e em cujo pico se
encontrava o templo de Afrodite. O templo abrigava cerca de mil escravas que
serviam como prostitutas sagradas. A cidade era universalmente conhecida por
sua imoralidade. A expressão “garota de Corinto” era sinônima de prostituta, e
“corintianizar” significava abandonar as restrições morais.
Paulo pregou e estabeleceu uma igreja naquele lugar imoral e libertino (At
18:1-18). Um dos primeiros conversos foi Erasto, mencionado em Romanos
16:23 como o tesoureiro da cidade (ARA), possivelmente o responsável pelas
ruas e os prédios de Corinto. É interessante notar que os arqueólogos
encontraram uma inscrição com seu nome identificando-o como um oficial
público.
Ser um cristão em Corinto não era fácil (será que é fácil em algum lugar?).
Até mesmo em nossos dias as cidades portuárias não são conhecidas por suas
igrejas e comprometimento religioso! A igreja recém-formada se reunia em uma
casa, ou casas, e os membros eram recrutas inexperientes do exército do
evangelho. Paulo os saúda como “santos” (1Co 1:2) e em seguida passa a
apontar uma série de problemas: partidarismo, incesto, ação judicial entre eles,
envolvimento com prostitutas, desordem no serviço de culto, dúvidas a respeito
da doutrina da ressurreição e assim por diante.
Havia várias coisas em Corinto, tanto na cidade quanto na igreja, que
poderiam levar Erasto, ou qualquer outro, a perder a fé. Mas Paulo aconselha:
“Mantenham-se firmes, e que nada os abale.” Não deixem que nada enfraqueça
a confiança em Cristo ou os impeça de seguir o caminho de Cristo. E qual é a
melhor maneira de continuar no caminho estreito? “Sejam sempre dedicados à
obra do Senhor”.
Esse ainda é um bom conselho aos seguidores de Cristo. Que hoje nos
dediquemos plenamente ao trabalho do Senhor para que Satanás não tenha
espaço em nossa vida.
13 de junho – quarta

MEIO CHEIO OU MEIO VAZIO?


Para os puros, todas as coisas são puras; mas para os impuros e
descrentes, nada é puro. Tito 1:15

Nossa maneira de enxergar a vida faz toda a diferença. O copo está meio cheio
ou meio vazio?
Dois homens olhavam pela janela da cela da prisão. Um viu lama, outro as
estrelas.
Ao permitirmos que Jesus governe nossa vida, recebemos do Pai uma visão
celestial. A graça abre nossos olhos para admirarmos as obras de Suas mãos.
Ficamos alerta para as evidências de Sua providência e direção. Incomodo-me
em ouvir os cristãos continuamente reclamar e resmungar porque se concentram
no copo meio vazio em vez de enxergá-lo meio cheio.
Um leitor da Adventist Review [Revista Adventista norte-americana]
partilhou o seguinte pensamento:
“Esta manhã olhei pela janela de meu apartamento (com vista para o leste)
e admirei o nascer do Sol mais bonito do que qualquer artista é capaz de retratar.
O espectro das cores rosa, roxo e dourado, com o fundo azul do céu, era tão
impressionante que não consegui parar de dizer: ‘Obrigado, Senhor, por essa
cena maravilhosa.’
“Ao refletir sobre essa cena e as maravilhas da natureza que vejo pela
janela de meu apartamento ou ao visitar o parque próximo de minha residência,
ocorreu-me o pensamento de que Deus deve ter passado momentos maravilhosos
durante a semana da criação. Imagino todas as criaturas interessantes (que
palavra deveria usar?) que Ele criou: elefantes, zebras, búfalos, esquilos, furões,
araras, beija-flores. Depois todas as lindas flores que Ele fez (rosas, crisântemos,
peônias, margaridas, lírios, girassóis que giram com tanta graça, virados para o
leste pela manhã e gradualmente girando para o oeste à medida que o Sol cruza o
céu). O hino ‘Quão Grande És Tu’ me vem à mente.
“Finalmente, ao pensar no óvulo humano fecundado, medindo cerca de um
centésimo da cabeça de um alfinete, mas carregando o projeto do corpo humano
incrivelmente complexo, pergunto-me como é possível alguém ser ateu. Se
faltasse qualquer uma das partes mais importantes do corpo – o cérebro, a boca,
a garganta, o coração, os pulmões, os rins, o fígado, o intestino grosso e delgado
– a vida humana não poderia existir. Todas as partes do corpo humano de repente
se desenvolveram para formar o homo sapiens? Quão cegos podem ser alguns
cientistas!”
14 de junho – quinta

POR QUÊ?
Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: “Eloí, Eloí,
lamá sabactâni?”, que significa “Meu Deus! Meu Deus! Por que Me
abandonaste?” Mateus 27:46

Aqui está o melhor e mais nobre Homem que já viveu, e Ele brada a pergunta
universal: Por quê?
“Existe apenas uma pergunta que realmente importa: Por que coisas ruins
acontecem a pessoas boas?”, escreveu o rabino Harold S. Kushner. “Todas as
demais discussões teológicas são distrações intelectuais, algo como fazer as
palavras cruzadas no jornal de domingo e sentir-se muito satisfeito por ter
conseguido descobrir as palavras certas, mas, no fim das contas, sem a
capacidade de atingir as pessoas naquilo com que realmente se importam. [...]
“As desgraças na vida de pessoas boas não representam apenas um
problema para as vítimas e seus familiares. Trata-se de um problema de todos os
que desejam acreditar num mundo reto, justo e habitável. Inevitavelmente,
levantam-se perguntas a respeito da bondade, benevolência e até mesmo da
existência de Deus” (Why Bad Things Happen to Good People, p. 6, 7).
Você já ouviu a história do fazendeiro e do cavalo? Não creio em sua
veracidade; assim, encare-a como uma espécie de parábola. Havia um fazendeiro
que possuía um cavalo. Certo dia, o cavalo fugiu. Os habitantes da cidade foram
consolar o homem por causa de sua perda.
– Oh, não sei! – disse o fazendeiro. – Talvez seja algo ruim, talvez não.
Alguns dias mais tarde, o cavalo voltou à fazenda, acompanhado de outros
vinte cavalos. Os habitantes da cidade foram parabenizá-lo.
– Oh, não sei! – respondeu o fazendeiro. – Talvez seja algo bom, talvez
não.
Alguns dias mais tarde, o filho do fazendeiro cavalgava em um dos novos
cavalos. De repente, o cavalo começou a se comportar de modo selvagem,
lançando o rapaz ao chão, que acabou quebrando a perna. Novamente, os
habitantes da cidade foram consolar o fazendeiro por causa do acidente.
– Oh, não sei! – disse. – Talvez seja algo ruim, talvez não.
Alguns dias se passaram, o governo declarou guerra e convocou todos os
jovens saudáveis para se alistarem no exército. Centenas de jovens foram
obrigados a combater, menos o filho do fazendeiro, que estava com a perna
quebrada.
– Agora eu sei – disse o fazendeiro – que foi muito bom o meu cavalo ter
fugido.
Da perspectiva da eternidade, olharemos para trás e reconheceremos que
todos os atos de Deus foram justos e bons.
15 de junho – sexta

PAZ PERFEITA
Deixo-lhes a paz; a Minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá.
Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo. João 14:27

A saudação costumeira das cartas de Paulo (“Graça e paz de Deus nosso Pai e
do Senhor Jesus Cristo”) relaciona graça e paz. Graça é a fonte, paz o resultado.
Por causa da graça temos paz.
A paz se origina em Jesus, cheio de graça, que, antes de subir ao Céu,
abençoou os discípulos concedendo-lhes o dom da paz. Hoje não é diferente: a
única verdadeira paz pode ser encontrada apenas em Jesus. Você pode procurar
paz buscando a ajuda de “especialistas”, que com muita alegria pegarão o seu
dinheiro, o incentivarão a contar seu passado e tentarão ajudá-lo a superá-lo. Não
me entenda mal: conselheiros e aconselhamento têm o seu lugar, mas, enquanto
você não permitir que Jesus faça morada em seu coração, sempre haverá um
vazio, um anseio não preenchido em seu ser.
Como escreveu Edward Bickersteth, somente “o sangue de Jesus transmite
paz interior”. Leia a seguinte descrição da mensageira do Senhor a respeito da
vida interior de Jesus: “No coração de Cristo, onde reinava perfeita harmonia
com Deus, havia paz perfeita. Nunca Se exaltou por aplauso, nem ficou abatido
por censuras ou decepções. Entre as maiores oposições e o mais cruel
tratamento, ainda Ele estava de bom ânimo” (Ellen G. White, O Desejado de
Todas as Nações, p. 330).
Que maneira maravilhosa de viver! Que diferença da maneira como muitos
de nós encaramos a vida hoje, inclusive os que professam o nome de Jesus!
A tendência geral de nossa era corre para a direção oposta. Em vez do dom
da perfeita paz de Cristo, procura-se agitação constante. Cada vez mais rápido.
Cada vez mais alto. Cada vez mais emoção. A adrenalina não para de correr nas
veias.
Não conseguimos, no entanto, suportar uma vida assim. Quanto mais alto
voarmos, maior será o tombo.
Realmente almejamos a paz que Cristo oferece? Então, precisamos
começar a deixar de lado os produtos à base de cafeína e as pílulas que nos
mantêm acordados e animados, mas que depois levam à depressão. Precisamos
colocar nossa vida em ordem: respeitar o período de sono, esquecer os
programas de televisão noturnos. Precisamos passar momentos em silêncio todos
os dias, períodos tranquilos o suficiente para conversarmos com Deus e ouvi-Lo,
para nos alimentarmos de Sua Palavra.
Você quer mesmo ter perfeita paz? Conceda essa oportunidade a Deus.
16 de junho – sábado

PAI NOSSO
Com um Deus como esse amando vocês, vocês podem orar simplesmente
assim: Pai nosso que estás nos Céus, revela-nos quem Tu és. Mateus 6:9,
The Message

Uma das realidades mais tristes de nossa era é que, para muitos jovens, “pai” é
uma palavra dolorosa. Filhos de pais ociosos, filhos que nunca souberam a
identidade do pai (talvez a própria mãe não soubesse), filhos de pais violentos e
depravados... Como podem pensar na figura de “pai” como algo positivo?
Há grande necessidade hoje de os pais assumirem seu papel no lar e na
sociedade. Não apenas para exercer autoridade (apesar de infelizmente haver
falta disso), mas para exemplificar o amor do Pai celestial. Sem exemplos
humanos, por mais defeituosos que sejam, os filhos sentem dificuldade em amar
um Deus a quem não podem ver.
A Bíblia prediz que tal obra de restauração ocorrerá antes da volta de Jesus.
Encontramos essas profecias nas palavras finais do Antigo Testamento: “Vejam,
Eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia do Senhor. Ele
fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos
filhos para seus pais; do contrário, Eu virei e castigarei a terra com maldição”
(Ml 4:5, 6).
Muitos jovens problemáticos, bem como muitos adultos, almejam
encontrar alguém que os ame. Se nunca tiveram um pai, convivem com uma
pergunta que não lhes sai da mente: “Por quê? Por que ele não ficou com minha
mãe? Por que nunca me visitou? Por que nos abandonou?” Com isso, vem a
triste autoavaliação: “O que fiz para que ele não quisesse ficar? O que fiz para
que não me amasse?”
Oh, quantos corações despedaçados em nossos dias! Como encontrar
maneiras de ajudar esses corações despedaçados a saber que são amados e
preciosos ao Pai celestial? Ajudando-os a conhecer a maravilhosa verdade do
amor de Deus.
“Todo o amor paternal que veio de geração em geração através do coração
humano e toda fonte de ternura que se abriu na alma do homem não passam de
tênue riacho em comparação com o ilimitado oceano, quando postos ao lado do
infinito, inesgotável amor de Deus” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja,
v. 5, p. 740).
Como é o nosso Pai? Exatamente como Jesus, cheio de graça e verdade.
17 de junho – domingo

COMEÇAR E COMPLETAR
Estou convencido de que Aquele que começou boa obra em vocês, vai
completá-la até o dia de Cristo Jesus. Filipenses 1:6

Sempre fui magro. Não por mérito próprio, mas meu organismo simplesmente
mantém um peso constante ano após ano. Durante o doutorado, no entanto, algo
diferente começou a acontecer. Quem sabe tenha sido o resultado de passar
muitas horas sentado realizando pesquisas e em profunda reflexão ao preparar
minha dissertação, ou talvez uma mudança relacionada à idade, mas lentamente
comecei a ganhar peso. Mal me dei conta disso na época – e é desse jeito que o
aumento de peso assume o controle. Caí na realidade somente ao encontrar um
ex-aluno, que exclamou: “Uau, você deve ter ganhado uns 14 quilos! Como você
engordou!”
Uma saudação nada diplomática, mas que certamente chamou minha
atenção. A partir de então, decidi fazer algumas mudanças em meu estilo de
vida, entre elas, a prática de exercício físico regular, que hoje faz parte de minha
rotina diária e me beneficiou em muitos aspectos. Foi assim que comecei a
praticar corrida: curtas distâncias a princípio, depois cada vez mais longas, até
conseguir competir e completar a Maratona do Corpo de Fuzileiros Navais a
cada ano.
Praticar corrida abriu um mundo totalmente novo para mim (a propósito,
corria e corro devagar; não sou um ótimo atleta). Um mundo realista, de homens
e mulheres em forma; um mundo sem fumaça de cigarro; um mundo de
intensidade, poder e determinação; um mundo de autodisciplina e espírito de
equipe.
Um mundo, também, de pessoas que começam e completam. Antes da
largada da Maratona do Corpo de Fuzileiros Navais, 20.000 (ou mais)
maratonistas, dos quais 70% são marinheiros de primeira viagem, andam de um
lado para o outro em nervosismo, queimando a energia que tanto necessitarão
antes de o dia terminar. Multidões de torcedores. Fanfarras. Milhares de
fuzileiros, homens e mulheres, ocupados com mil e uma tarefas. O ar pulsa com
a música, eletrizado com o entusiasmo e grandes expectativas.
Três, quatro, cinco, seis, sete horas depois, o som do frenesi se dissipou.
Figuras cansadas, mas triunfantes, arrastam-se para os automóveis, medalhas
penduradas ao pescoço e faixas prateadas envolvendo os ombros. Conseguiram!
Apenas um grupo de cerca de duas mil pessoas se retira discretamente; são
aqueles que desistiram ao longo do trajeto.
Todos nós estamos na corrida da vida. Não competimos entre nós. Todo
aquele que completar a corrida alcançará a vitória.
18 de junho – segunda

A VONTADE DE CRER
Sejamos criativos para incentivar ao amor e à ajuda mútua, sem
deixarmos de reunir-nos como alguns fazem, mas encorajando-nos uns
aos outros, especialmente ao vermos o grande Dia se aproximar. Hebreus
10:24, 25, The Message

Jesus disse que haveria falta de fé por ocasião de Sua volta. Hoje, a dúvida, o
ceticismo e a descrença prosperam. Até mesmo muitos professos seguidores de
Jesus são fracos e vacilantes na fé.
Numa época como esta, acendamos uma vela em vez de amaldiçoarmos a
escuridão. Inclinemo-nos ao vento, mantendo em mente que a vida cristã fica
mais forte depois de um conflito; que se trata de uma batalha e de uma marcha;
que cadeiras almofadadas e tempos de tranquilidade nos tornam débeis e fracos.
Creio profundamente no exercício da vontade de crer. Ou seja, aproveitar
cada oportunidade para nutrir a fé e descartar todas as outras que nutrem a
descrença. Precisamos pensar, lutar sobre questões difíceis (não há futuro para
uma igreja que enterra a cabeça na areia), mas sempre dentro do contexto da fé.
Somos seguidores de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Ponderamos sobre
Suas reivindicações e tomamos nossa decisão; não há volta. Firmamos esse
alicerce e não o rejeitaremos.
Um modo simples, mas importante, de exercitarmos a vontade de crer é
levantar aos sábados pela manhã e ir à igreja. A frequência aos cultos não se trata
simplesmente de uma opção para o cristão. Somos membros do corpo de Cristo.
Não estamos sozinhos. Assim como a mão, o olho ou o pé não podem existir
independentemente dos outros membros, não podemos “viver” a vida cristã
sozinhos.
Assim, nos recusamos a seguir a correnteza juntamente com a multidão
comum em direção ao lago da dúvida. Levantamo-nos para ouvir a pregação da
Palavra, para participarmos da comunhão dos santos, para fortalecer e sermos
fortalecidos.
Sim, podemos adorar a Deus em meio à natureza. Podemos nos retirar a um
lugar tranquilo para estudar a Bíblia e orar sozinhos. Mas tais ocasiões devem
ser a exceção. Como cristãos, devemos estar na igreja aos sábados pela manhã. A
igreja é a comunhão da graça. A ausência aos cultos da igreja é uma clara
evidência de que a vida espiritual começou a escorregar no tobogã da falta de fé.
Aproxima-se o grande Dia. Em breve, Aquele que veio pela primeira vez
para revelar o amor do Pai e resgatar-nos do pecado e da morte voltará. Então, a
comunhão da graça se estenderá de polo a polo e de mar a mar.
18 de junho – segunda

A VONTADE DE CRER
Sejamos criativos para incentivar ao amor e à ajuda mútua, sem
deixarmos de reunir-nos como alguns fazem, mas encorajando-nos uns
aos outros, especialmente ao vermos o grande Dia se aproximar. Hebreus
10:24, 25, The Message

Jesus disse que haveria falta de fé por ocasião de Sua volta. Hoje, a dúvida, o
ceticismo e a descrença prosperam. Até mesmo muitos professos seguidores de
Jesus são fracos e vacilantes na fé.
Numa época como esta, acendamos uma vela em vez de amaldiçoarmos a
escuridão. Inclinemo-nos ao vento, mantendo em mente que a vida cristã fica
mais forte depois de um conflito; que se trata de uma batalha e de uma marcha;
que cadeiras almofadadas e tempos de tranquilidade nos tornam débeis e fracos.
Creio profundamente no exercício da vontade de crer. Ou seja, aproveitar
cada oportunidade para nutrir a fé e descartar todas as outras que nutrem a
descrença. Precisamos pensar, lutar sobre questões difíceis (não há futuro para
uma igreja que enterra a cabeça na areia), mas sempre dentro do contexto da fé.
Somos seguidores de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Ponderamos sobre
Suas reivindicações e tomamos nossa decisão; não há volta. Firmamos esse
alicerce e não o rejeitaremos.
Um modo simples, mas importante, de exercitarmos a vontade de crer é
levantar aos sábados pela manhã e ir à igreja. A frequência aos cultos não se trata
simplesmente de uma opção para o cristão. Somos membros do corpo de Cristo.
Não estamos sozinhos. Assim como a mão, o olho ou o pé não podem existir
independentemente dos outros membros, não podemos “viver” a vida cristã
sozinhos.
Assim, nos recusamos a seguir a correnteza juntamente com a multidão
comum em direção ao lago da dúvida. Levantamo-nos para ouvir a pregação da
Palavra, para participarmos da comunhão dos santos, para fortalecer e sermos
fortalecidos.
Sim, podemos adorar a Deus em meio à natureza. Podemos nos retirar a um
lugar tranquilo para estudar a Bíblia e orar sozinhos. Mas tais ocasiões devem
ser a exceção. Como cristãos, devemos estar na igreja aos sábados pela manhã. A
igreja é a comunhão da graça. A ausência aos cultos da igreja é uma clara
evidência de que a vida espiritual começou a escorregar no tobogã da falta de fé.
Aproxima-se o grande Dia. Em breve, Aquele que veio pela primeira vez
para revelar o amor do Pai e resgatar-nos do pecado e da morte voltará. Então, a
comunhão da graça se estenderá de polo a polo e de mar a mar.
19 de junho – terça

COM UM CÂNTICO NO CORAÇÃO


Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se
uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos
espirituais com gratidão a Deus em seu coração. Colossenses 3:16

Jesus inspira o coração a entoar louvores. Sua graça nos liberta para uma nova
vida e uma nova canção. A Reforma protestante deu início ao louvor
congregacional, o próprio Martinho Lutero compôs muitos hinos. Sempre que
uma igreja ou uma pessoa passa pela experiência do reavivamento, um cântico
de louvor brota-lhe dos lábios.
Uma das melhores maneiras de enfrentar a tentação ou banir a tristeza
espiritual é manter um cântico no coração. O fato de simplesmente cantarolar
algumas estrofes, ou mesmo meditar na letra ou na melodia, já é o suficiente
para levantar o espírito e trazer ânimo ao coração. “Quantas vezes, ao coração
oprimido duramente e pronto a desesperar, vêm à memória algumas das palavras
de Deus – as de um estribilho, há muito esquecido, de um hino da infância – e as
tentações perdem o seu poder, a vida assume nova significação e novo propósito,
e o ânimo e a alegria se comunicam a outras pessoas!” (Ellen G. White,
Educação, p. 168).
Em uma das primeiras Assembleias da Associação Geral da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, realizada em Battle Creek, houve um momento em
que a reunião parecia estagnada. Sentindo o espírito de desânimo entre os
irmãos, o líder pioneiro Tiago White se levantou e convidou a esposa a
acompanhá-lo:
– Venha, Ellen, vamos cantar.
Em pé na plataforma da igreja, o casal elevou a voz entoando um antigo
hino que falava de coragem e ânimo:

Ao sentir-me fraco e cansado de trabalhar,


Gotas de suor caem de meu rosto,
Desejo parar de labutar,
Abandonar o fardo sobre mim deposto –
Ouço, então, a gentil repreensão,
Para dominar cada suspiro de lamentação:
“Trabalhe enquanto brilha o dia,
Em breve virá o descanso que alivia.”

Assim que Tiago e Ellen acabaram de cantar a primeira estrofe, o espírito


do hino tomou conta da congregação, que se uniu ao casal para entoar as
palavras do refrão.
20 de junho – quarta

PRIMO FRED
Não vivemos ociosamente quando estivemos entre vocês, nem comemos
coisa alguma à custa de ninguém. 2 Tessalonicenses 3:7, 8

Uma das regras que Paulo estabeleceu para os seguidores de Cristo foi: “Se
alguém não quiser trabalhar, também não coma” (2Ts 3:10). O próprio apóstolo
serviu como exemplo disso. Apesar de poder reivindicar o direito de ser
sustentado pela igreja, Paulo escolheu trabalhar a fim de pagar as próprias
despesas, para não se tornar uma carga para ninguém.
Hoje, muitas pessoas procuram fazer o mínimo para obter o máximo
possível. Se conseguirem alguém para sustentá-las, melhor ainda. Sonham em se
tornar ricas, levar uma vida fácil e nunca se preocupar em trabalhar novamente.
Assim, apostam na loteria.
Jack Whittaker, de Charleston, Virgínia, acertou sozinho a maior loteria
acumulada da história dos Estados Unidos – um total de 314 milhões de dólares.
Whittaker se contentou com a quantia de 113 milhões de dólares depois de seu
prêmio ser tributado e passou a curtir uma vida de lazer e ociosidade.
Dois anos mais tarde, sua esposa, Jewel, relatou a um repórter:
– Gostaria que nada disso tivesse acontecido. Gostaria de ter rasgado
aquele bilhete.
Desde que Jack Whittaker ganhou na loteria tinha sido preso duas vezes
por dirigir bêbado e enviado para uma clínica de reabilitação. Foi multado por
agredir o gerente de um bar e acusado em duas ações na justiça por causar
problemas.
Essa história me faz lembrar do primo Fred. Em minha infância, na
Austrália, meu primo Fred, bem mais velho, era uma pessoa comum, com um
emprego fixo, esposa e filhos. Certo dia, porém, ganhou na loteria. Pediu
demissão do emprego e nunca mais trabalhou um dia sequer em sua vida.
Começou a beber desvairadamente, vindo a tornar-se alcoólatra. Não demorou
muito, sua esposa não suportou a situação e pediu o divórcio. Ao fim de sua
vida, o primo Fred era um pobre fracassado.
A indústria dos jogos de azar seduz os pobres e desesperados com
esperanças e promessas irreais. Aproveita-se dos indivíduos mais desafortunados
da sociedade, levando-os a perder o pouco que possuem dos bens deste mundo.
Cria perdedores em todos os sentidos.
A resposta para o pobre e o desesperado – e para todos nós – é graça, não
jogos de azar. A graça nos ergue para viver e trabalhar com a dignidade de um
filho de Deus.
21 de junho – quinta

AS PESSOAS SÃO MARAVILHOSAS


Que é o homem, para que com ele Te importes? E o Filho do homem, para
que com ele Te preocupes? Salmo 8:4

De toda a vasta extensão da criação de Deus, magnificente em complexidade e


variedade, as pessoas são o que há de mais maravilhoso. O Salmo 8 nos diz isso,
mas de uma forma surpreendente. A primeira metade do salmo parece descrever
a pequenez da humanidade, à medida que o salmista medita na glória do céu,
com a Lua e as estrelas como obras da mão de Deus. Realmente, ao
contemplarmos a Via Láctea no céu limpo da noite, sentimo-nos muito
insignificantes. Juntamente com Davi, temos o desejo de dizer: “Que é o
homem, para que com ele Te importes? E o filho do homem, para que com ele
Te preocupes?”
Mas o salmo de repente muda de foco. A humanidade não é insignificante
afinal. Possuímos posição elevada porque Deus nos criou apenas um pouco
abaixo dos anjos. Ele nos coroou com glória e honra, e colocou sob o nosso
poder todas as criaturas que andam, voam ou nadam (v. 5-8). Contemplando a
glória da humanidade, o salmista exclamou: “Senhor, Senhor nosso, como é
majestoso o Teu nome em toda a Terra!” (v. 9).
Que lugar maravilhoso será o Céu! Teremos a oportunidade de conhecer
uma infinidade de pessoas fascinantes, de todas as etnias e de todas as gerações.
Como anseio esse dia! Mesmo hoje sinto imenso prazer em conhecer as pessoas
que cruzam meu caminho. Como um médico surpreendente que encontrei esta
semana. Por meses minha querida esposa, preocupada com o meu pé cansado de
tanto correr, insistiu comigo para marcar uma consulta com o podólogo.
Somente depois de começar a sentir dores na planta do pé esquerdo, concordei a
contragosto em marcar a tal consulta. Estava prestes a ter uma surpresa.
A sala de espera do consultório era a menor que eu já tinha visto – apenas
três cadeiras. Fui chamado para a consulta exatamente no horário marcado. Ao
comentar sobre isso, ele respondeu: “Programo um espaço de tempo suficiente
entre as consultas para que os pacientes não tenham que esperar. É por isso que
tenho uma sala de espera tão pequena.” Começamos a conversar. Ele me contou
que estava escrevendo um livro, uma história para crianças. Estava ansioso para
saber como encontrar um editor, como fazer para ter o livro publicado.
Compartilhou também sua filosofia de vida: “Muitas pessoas sentem-se
desanimadas ao fazer aniversário porque estão ficando mais velhas. Olho para o
ano que se passou e penso nas centenas de pessoas que estão caminhando sem
dor por minha causa.”
Que homem! Que visita! Saí dali me sentindo melhor da cabeça aos pés.
22 de junho – sexta

VIVENDO DELIBERADAMENTE
Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo. Mateus 4:1

Faltavam poucos dias para Henry David Thoreau completar 28 anos quando ele
deixou a sociedade em 4 de julho de 1845. Mudou-se para uma cabana que havia
construído na encosta de Walden Pond, e viveu sozinho por dois anos, cuidando
de suas necessidades. Aparentemente, não tinha intenção de escrever um livro na
ocasião em que partiu para Walden, mas nove anos mais tarde a obra Walden; or,
Life in the Woods [Walden; ou Vida na Selva] foi publicada. Apesar de não ter
vendido muito bem a princípio, mais tarde se tornou um clássico americano.
Em Walden, Thoreau narra a razão de embarcar em sua famosa experiência
de viver sozinho. “Fui para a floresta porque desejava viver deliberadamente,
[...] e não, ao morrer, descobrir que não vivi.” Vivendo com simplicidade
monacal, Thoreau estudou as minúcias da natureza ao redor e seu ciclo ao longo
das estações do ano. Os longos períodos de silêncio lhe deram a oportunidade de
pensar e refletir sobre quem era e como desejava que fosse sua vida.
Muito antes de Thoreau se retirar para a floresta, Jesus de Nazaré Se retirou
para o deserto. Ele também foi pensar e refletir sobre quem era e no propósito de
Sua vida. Ao contrário de Thoreau, Jesus estava prestes a embarcar numa missão
de suprema magnitude, da qual dependia o sucesso ou o fracasso da humanidade
– na verdade, do Universo inteiro. Por causa dessa missão, Ele teve que vir à
Terra, deixar a glória celestial, velar Sua majestade, pôr de lado Suas
prerrogativas divinas em que “milhares se apressam a atender o Seu comando
sobre a terra e o oceano sem descanso” (Milton).
O Espírito conduziu Jesus até o deserto. O mesmo Espírito O instruiu a sair
de Nazaré e seguir em direção ao Jordão, próximo a Jericó, local em que João
Batista proclamava a proximidade do reino de Deus. Jesus Se uniu à multidão
que rodeava João e pediu que ele O batizasse, não porque tivesse pecados não
confessados, mas como uma confirmação da mensagem de João e uma
declaração pública do início de Sua missão.
Agora um conflito estava sendo travado no deserto. Ao contrário de
Thoreau, Jesus enfrentou a pressão das tentações de Satanás. Cada teste tinha
como objetivo sabotar Sua missão; mas, para cada teste, Jesus Se apegou a Deus
e à Sua Palavra.
Podemos aprender muito com a experiência de Thoreau. Precisamos
aprender como viver deliberadamente. Podemos aprender muito mais com Jesus.
Seu exemplo nos mostra o caminho para obter poder na vida deliberada.
23 de junho – sábado

SAUL ENTRE OS PROFETAS


Quando os que já o conheciam viram-no profetizando com os profetas,
perguntaram uns aos outros: “O que aconteceu ao filho de Quis? Saul
também está entre os profetas?” 1 Samuel 10:11

A Bíblia conta que as palavras “Saul também está entre os profetas?” tornou-se
um ditado entre os filhos de Israel (v. 12). Obviamente, esse ditado passou a ser
empregado para expressar situações aparentemente inacreditáveis, coisas além
da imaginação.
Esse ditado revela muitas coisas a respeito do homem que se tornou o
primeiro rei de Israel. Aparentemente, ninguém o considerava um líder
espiritual, a despeito das outras qualidades que fizeram com que fosse aprovado
no conceito popular. É triste pensar que Saul tenha sido assim considerado na
época em que tomou as rédeas da autoridade.
Apesar de Saul ter levado uma vida longe dos caminhos de Deus e de Sua
vontade, ele mudou depois que Samuel o ungiu líder de Israel. Samuel lhe disse
que no caminho de volta para a casa de seu pai ele encontraria um grupo de
profetas. “O Espírito do Senhor se apossará de você, e com eles você
profetizará” (v. 6). E assim aconteceu. “Deus mudou o coração de Saul” (v. 9), e,
ao encontrar-se com o grupo de profetas, uniu-se a eles profetizando.
Verdadeiro naquela época, verdadeiro hoje: podemos encontrar Saul entre
os profetas. Podemos ser Saul entre os profetas. Não importa qual o seu passado,
o quão negligente ou indiferente tenha sido para com Deus, Ele pode nos dar um
coração novo. Se estivermos dispostos, Ele poderá derramar Seu Santo Espírito
sobre nós em poder, e poderemos nos unir com as pessoas mais espirituais da
igreja.
Infelizmente, a história de Saul não termina aqui. Mais tarde, encontramos
Saul obcecado, com inveja de Davi, a quem temia que fosse o escolhido do
Senhor para sucedê-lo. Davi foge para Se encontrar com Samuel em Ramá a fim
de salvar a vida; Saul envia uma companhia de soldados para capturá-lo. O
Espírito de Deus, porém, apodera-se dos soldados e eles começam a profetizar.
Saul envia mais homens; a mesma coisa acontece. Saul envia uma terceira
companhia, com o mesmo resultado. Por fim, Saul vai pessoalmente, mas o
Espírito de Deus Se apodera até mesmo dele. E, assim, ouve-se novamente o
ditado: “Está Saul também entre os profetas?” (1Sm 19:24).
Sim, Saul estava novamente entre os profetas, mas não por vontade
própria. Ele, que tinha começado tão bem seu reinado, agora abrigava
assassinato em seu coração. Que terrível advertência para cada um de nós!
24 de junho – domingo

AS PROBABILIDADES DA GRAÇA
Dificilmente haverá alguém que morra por um justo, embora pelo homem
bom talvez alguém tenha coragem de morrer. Romanos 5:7

Um noticiário publicou a história fascinante de duas irmãs que deram à luz com
a diferença de uma hora no Hospital Northside em Atlanta, nos Estados Unidos.
Ashlee Spinks e Andrea Springer descobriram, no sexto mês de gestação, que
dariam à luz no mesmo dia. Assim, Spinks foi de Indianápolis para a Geórgia
algumas semanas antes para ficar com a irmã.
Cada uma deu à luz a meninos gêmeos através de cesarianas pré-
agendadas. As próprias irmãs são gêmeas.
Os casais não fizeram nenhum tratamento de fertilidade para conceber os
bebês, mas nas famílias dos quatro pais era comum a ocorrência de gêmeos.
O noticiário apresentou uma entrevista com um médico, especialista em
gravidez de alto risco, que afirmou que a probabilidade de irmãs gêmeas ficarem
grávidas de meninos gêmeos e darem à luz na mesma data é de um em um
milhão.
No mundo de hoje, as pessoas estão acostumadas a falar sobre
probabilidades. O estudo de estatísticas capacita o pesquisador a afirmar com
precisão as probabilidades contra ou a favor da ocorrência de certo evento. Tais
cálculos nos servem muito bem para tomarmos decisões; eles nos ajudam a
trazer ordem à vida.
Lembremo-nos sempre, no entanto, de que as chances e probabilidades
precisam ser encaradas num contexto muito mais amplo. Os cientistas, por
exemplo, calcularam a probabilidade de todas as variáveis necessárias para a
formação do Universo. O número a que chegaram é tão grande quanto
impressionante. Sim, é factível que a possibilidade astronomicamente remota
tenha ocorrido, mas é muito mais lógico que uma Mente colossal tenha criado
tudo. Por essa razão, muitos astrofísicos e astrônomos hoje, ao contrário dos da
geração passada, reconhecem algum tipo de Ser divino como a fonte do
Universo.
Qual a probabilidade da salvação? Raramente alguém morre por um amigo
ou por uma boa pessoa, como Paulo mesmo falou; mas qual é a probabilidade de
o Criador do Céu e da Terra morrer por um mundo perdido? Qual é a
probabilidade de nascer como bebê? Qual é a probabilidade de o Imaculado
Filho de Deus tomar sobre Si nossa culpa e vergonha?
Quais são as probabilidades? As probabilidades da graça não têm limites e
vão além de todas as expectativas.
25 de junho – segunda

QUEM É MEU INIMIGO?


Quando um homem encontra um inimigo e o deixa ir sem fazer-lhe mal? O
Senhor o recompense com o bem, pelo modo como você me tratou hoje. 1
Samuel 24:19

Davi havia acabado de poupar a vida de Saul. O rei Saul, louco de ciúmes,
perseguia o jovem general com três mil homens escolhidos a dedo. O rei
perseguiu Davi até En-gedi, região desértica localizada acima do Mar Morto,
onde os famosos pergaminhos foram encontrados.
O rei entrou em uma caverna para aliviar o ventre, totalmente inconsciente
de que ao fundo se escondiam Davi e seus homens. “Essa é a nossa chance!”,
sussurraram para Davi. “Deus entregou Saul em nossas mãos!” Davi, porém,
resistiu à tentação de aniquilar o rei a sangue-frio. Em vez disso, se aproximou
discretamente dele e cortou um pedaço de seu manto.
Depois que o rei deixou a caverna, Davi saiu e gritou para ele. Com o
pedaço do manto nas mãos, contou ao rei que havia poupado sua vida. Saul ficou
chocado: todo o seu ser estava focado em eliminar a pessoa que via como seu
maior rival. Se Davi tivesse caído em suas mãos, o resultado seria rápido e
mortal.
Saul considerava Davi seu inimigo, mas Davi não considerava Saul da
mesma forma, mesmo que Saul estivesse tentando matá-lo a todo custo. Davi
demonstrou o espírito de Jesus, que disse: “Amem os seus inimigos e orem por
aqueles que vos perseguem para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que
está nos Céus” (Mt 5:44, 45). E foi exatamente isso que Jesus fez. “Quando
insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-Se
àquele que julga com justiça” (1Pe 2:23).
Deus não tem inimigos, e tampouco devemos nós ter. Não importa o que os
outros pensem, digam ou façam contra nós, eles ainda são filhos e filhas de Deus
– nossos irmãos e irmãs, pessoas amadas por Deus e por quem Cristo morreu.
Apenas a graça pode causar essa mudança em nossas atitudes, e assim o fará, se
permitirmos que o Espírito de Deus nos transforme à semelhança de Jesus.
Muitas pessoas levam a vida olhando constantemente por cima dos ombros
para ver quem está tentando lhes fazer mal. Gastam horas de energia negativa
imaginando conspirações, intrigas e situações ruins. Deus está nos chamando
para uma vida melhor. Deixemos de lado as sombras da dúvida e da suspeita e
recebamos a luz do Sol. Caminhemos hoje no espírito de Jesus, em graça e com
amor a todas as pessoas.
26 de junho – terça

FÓRMULA PARA O REAVIVAMENTO


Se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar e orar, buscar a
Minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos Céus o ouvirei,
perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra. 2 Crônicas 7:14

Salomão havia acabado de dedicar a Deus o Templo que construíra para a glória
dEle. Proferiu uma linda e sincera oração pública, cuja essência era uma petição
para que, a despeito dos pecados que o povo viesse a cometer, Deus ouvisse e
atendesse quando orassem voltados para o Templo.
Pouco tempo depois, Deus apareceu a Salomão com uma resposta. A
resposta divina deixou claro que, embora o Templo fosse o centro da adoração,
não havia nele poder algum para garantir que o Senhor atendesse aos pedidos. O
que realmente importava era a maneira pela qual o povo se aproximava de Deus,
humilhando-se, orando, buscando a face de Deus e afastando-se de seus maus
caminhos.
Essa fórmula quádrupla para a oração bem-sucedida ainda fala a nós hoje.
Trata-se da prescrição para o reavivamento que devemos levar a sério e seguir
individualmente e também como organização.
O reavivamento começa com a humildade. É a pessoa faminta que Deus
alimenta, não aquela que se sente satisfeita; é a sedenta que recebe a água da
vida. Enquanto estivermos cheios de orgulho e autossuficiência, não haverá
espaço para Deus. “Habito num lugar alto e santo”, diz o Senhor, “mas habito
também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo [...] e novo
alento ao coração do contrito” (Is 57:15).
A humildade leva a uma oração diferente, uma oração que funciona, uma
oração que Deus responde. Quando nos damos conta de nossa grande
necessidade, Deus pode nos ouvir. Jesus contou a respeito de dois homens que
foram ao Templo para orar. Um deles, cheio de si, saiu da mesma forma como
entrou, sem diferença alguma; mas o outro pôde apenas clamar: “Deus, tem
misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18:13) e voltou para casa em paz
com Deus.
Buscar a face de Deus é buscar o Seu favor, o que significa estar em paz
com Ele. No momento em que Deus for mais importante para nós do que tudo o
mais, quando estivermos preparados para abandonar o pecado acariciado ao
sermos convencidos pelo Espírito, Deus poderá operar grandes coisas em nossa
vida.
O último passo, abandonar os nossos maus caminhos, descreve o
arrependimento. Na verdade, todos os quatro passos fazem isso. O
arrependimento começa com a mudança de coração, mas resulta na mudança de
vida.
27 de junho – quarta

MEU REDENTOR VIVE!


Eu sei que o meu Redentor vive, e que no fim Se levantará sobre a terra.
Jó 19:25

O livro de Jó, um clássico da literatura, avalia as profundezas da experiência


humana ao lutar com o antigo problema do sofrimento. Nesse livro encontramos
as perguntas que fazemos a Deus. Ali encontramos respostas estereotipadas e
comuns dadas pelos consoladores, os “confortadores” do desesperado Jó. No
fim, porém, Deus Se manifesta, e ao fazer isso elogia o questionador Jó e
repreende seus amigos sabichões.
Ao longo desse livro extraordinário, de repente nos deparamos com um dos
tesouros mais preciosos de toda a Bíblia. É ainda mais maravilhoso porque foge
totalmente do padrão de tudo que foi dito antes.
Até ali, Jó lamenta seu destino, amaldiçoa o dia de seu nascimento, sente-
se tratado injustamente por Deus e roga por uma chance de apresentar seu caso
diante do Criador. Os três “confortadores”, Elifaz, Bildade e Zofar, insistiram em
dizer que Jó realmente merecia o sofrimento que o afligia – era um homem ruim.
Precisava confessar seu pecado e arrepender-se.
O décimo nono capítulo apresenta os sofrimentos de Jó sob uma luz
lastimável. Jó lamenta que seus amigos apenas o fazem sentir-se pior (v. 1-5) e
que Deus não lhe concedeu a oportunidade de obter a justiça merecida (v. 7, 8).
Jó foi privado de honra e dignidade; a esperança se foi; todos os parentes e
conhecidos o abandonaram (v. 9-16). Ele se tornou objeto de abominação,
desprezo e zombaria, mesmo entre os seus amados. Jó não era mais nada além de
ossos e pele (v. 17-20). “Misericórdia, meus amigos, misericórdia! Pois a mão de
Deus me feriu”, clama Jó, e nosso coração se compadece (v. 21).
Então, aparentemente do nada, surge a extraordinária, maravilhosa
expressão de certeza e confiança: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que no fim
Se levantará sobre a terra. E depois que o meu corpo estiver destruído e sem
carne, verei a Deus. Eu O verei com os meus próprios olhos; eu mesmo, e não
outro!” (v. 25-27).
“Eu sei!” Essa é a certeza concedida pela graça. Eu conheço Jesus, meu
Redentor. Eu sei que Ele vive. Sei que Ele virá outra vez e ressuscitará os
mortos. E, assim, eu sei que, porque Ele vive, eu também viverei.
28 de junho – quinta

LIVRE PARA BALANÇAR


Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres. João 8:36

As meninas sentem uma grande atração por balanços. Eu não tinha percebido
isso até que Noelene e eu entramos na abençoada condição de avós. Depois de
esperar uma eternidade, ganhamos uma netinha e, um pouco mais tarde (bênção
dupla), uma segunda. Começamos a notar algo: as meninas correm direto para
qualquer balanço que veem pela frente.
Na verdade, isso começou mais cedo, antes que pudessem correr, ou até
mesmo andar. Elas amavam ser colocadas numa pequena cadeirinha e serem
balançadas para frente e para trás. À medida que cresceram – e como ainda
crescem – o amor que sentem pelo balanço e por balançar parece ficar cada vez
mais forte. Elas se impulsionam cada vez mais alto, tão alto que às vezes meu
coração ameaça sair pela boca; em outras ocasiões simplesmente balançam
preguiçosamente para frente e para trás, para frente e para trás.
Fico pensando: Será que esta é a imagem que muitos têm da leveza, da
alegria, da infância e juventude de uma menina – cabelos esvoaçando ao vento,
sem nenhuma preocupação no mundo, apenas balançando, balançando,
balançando por longo tempo?
Para mim, parece que essa imagem é a expressão da essência da graça na
vida de todo cristão. Jesus nos liberta! Jesus traz leveza ao coração, a alegria de
viver como um filho de Deus.
“As multidões levam uma vida de completo desespero”, escreveu Henry
David Thoreau. Elas nunca experimentam a leveza da graça. O peso do pecado
nos pressiona. O pecado nos escraviza. Mas Jesus prometeu: “Todo aquele que
vive pecando é escravo do pecado. [...] Se o Filho os libertar, vocês de fato serão
livres” (Jo 8:34-36).
Os pecados do passado – aquilo que fizemos e deixamos de fazer – nos
esmagam, nos empurram para baixo. Jesus nos oferece alívio. Os pecados do
presente – os maus hábitos, o terrível comportamento tão enraizado que parece
impossível vencer – puxam-nos para baixo. Jesus nos oferece a liberdade de Seu
perdão e nova vida.
Nossas preocupações – os cuidados que recaem sobre nós, as incertezas, as
apreensões – sufocam nossas energias. Jesus nos oferece a alegria e a leveza de
uma menina de oito anos de idade num balanço. Este é o segredo: conhecer
Jesus. A cada dia. Hoje.
29 de junho – sexta

INTEGRIDADE
Finalmente esses homens disseram: “Jamais encontraremos algum motivo
para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do
Deus dele.” Daniel 6:5

Desde o caso Watergate, em que se descobriram trapaças na política norte-


americana, os jornalistas estão no rastro da corrupção. O caso Watergate trouxe
ao “jornalismo investigativo” uma nova intensidade. Isso significa que, se você
cavar fundo o bastante, encontrará sujeira.
No relato bíblico, há muito, muito tempo, encontramos um grupo de
homens procurando por algum tipo de sujeira. Não eram jornalistas, mas
administradores do rei Dario, o medo. Ocupavam posições de responsabilidade
no reino, mas não estavam contentes. O rei planejava nomear um estrangeiro
chamado Daniel como responsável por todo o império. Apesar de ser um homem
mais velho, Daniel possuía qualidades excepcionais que o distinguiam de todos
os outros servos reais. Era alguém fora do comum. E isso causou inveja nos
outros.
Esses homens começaram a procurar algo errado na vida de Daniel. Sem
dúvida, encontrariam uma mácula de corrupção em seu passado. Se revirassem
as pedras o bastante, certamente encontrariam algo debaixo de uma delas que
pudessem usar para envergonhar Daniel e evitar sua promoção. Eles procuraram
arduamente, mas voltaram de mãos vazias. Nenhum traço de desonestidade
havia naquele homem, mancha alguma de qualquer coisa sombria ou misteriosa.
Por fim, concluíram que havia apenas um modo de pegá-lo – através de sua
religião. “Jamais encontraremos algum motivo para acusar esse Daniel, a menos
que seja algo relacionado com a lei do Deus dele”, concluíram. Ele era judeu,
adorava Jeová, um Deus estranho naquela terra.
Assim, armaram um esquema, e o rei inadvertidamente cooperou. Dario
emitiu um decreto no qual ninguém deveria orar a nenhum deus ou homem por
30 dias – apenas ao rei. Dario selou a ordem, os inimigos de Daniel observaram
e atacaram. Daniel, destemido pelo decreto, orou como de costume, com as
janelas abertas para qualquer um ver. Não demorou muito, foi preso e lançado na
cova dos leões. Mas Daniel teve a palavra final. Os leões não tocaram nele. Em
vez disso, se aproveitaram dos oponentes de Daniel, que se tornaram alvo da ira
do rei.
Que testemunho para a vida de Daniel! Nenhuma acusação contra a sua
pessoa, exceto em relação à sua caminhada com Deus! Isso de fato é integridade.
A vida interior igualando-se à aparência exterior, ouro sólido.
Querido Deus, faze de mim uma pessoa íntegra.
30 de junho – sábado

CARACTERÍSTICAS DE CRISTO
A vocês, graça e paz da parte dAquele que é, que era e que há de vir, dos
sete espíritos que estão diante do Seu trono, e de Jesus Cristo, que é a
testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o soberano dos reis da
Terra. Apocalipse 1:4, 5

O livro de Apocalipse nos apresenta um vislumbre do futuro. Deus, a quem o


passado, o presente e o futuro são conhecidos, é o autor desse livro “para mostrar
aos Seus servos o que em breve há de acontecer” (v. 1).
O Apocalipse, porém, é muito mais do que isso. Como a “revelação de
Jesus Cristo” (v. 1), além de comunicar a Sua mensagem a respeito do que irá
acontecer, o Apocalipse é acima de tudo uma revelação dEle. No centro desse
livro está Jesus. Concentrar-nos em eventos e no papel das nações sem
discernirmos Aquele que está conduzindo a história ao seu auge glorioso é
perder de vista a mensagem fundamental do Apocalipse.
Ao longo desse livro, encontramos descrições gloriosas de Jesus e de Sua
obra – quem Ele é, o que fez, está fazendo e ainda fará. De tempos em tempos, a
ação é interrompida à medida que os habitantes do Céu – as quatro criaturas
viventes, os 24 anciãos e miríades de anjos – irrompem em hinos de adoração e
louvor.
No início, encontramos a descrição de três características de Jesus. Ele é a
testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos e o soberano dos reis da Terra.
Cada uma dessas características será apresentada no livro, e cada uma delas tem
uma mensagem para nós hoje.
Como a testemunha fiel, Jesus olha tanto para o futuro como para a nossa
vida com infalível discernimento. Quando nos diz que no fim o bem triunfará
sobre o mal, podemos confiar. Ao olhar para nossa vida e dizer: “Conheço as
suas obras, sei que você não é frio nem quente” (Ap 3:15), devemos reconhecer
que o Seu diagnóstico está correto.
A Testemunha Fiel é também o Primogênito dentre os mortos. Ele passou
por isso. Ele foi o primeiro a quebrar as algemas da morte, e agora seguimos o
Líder. Apesar de o nosso corpo perecer, nós também viveremos novamente.
Ele é o soberano dos reis da Terra. Presidentes, primeiros-ministros,
monarcas, poderosos, chefões – Cristo é mais poderoso do que todos eles. Ele é
o Rei dos reis e Senhor dos senhores, e um dia eles também reconhecerão isso
(Ap 19:16).
Aleluia! Que Salvador!
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1º de julho – domingo

MUNDO MARAVILHOSO
Que mundo incrivelmente maravilhoso, Deus! Tu criaste todas as coisas,
com a Sabedoria ao Teu lado, fizeste a Terra transbordar com as Tuas
maravilhosas criações. Salmo 104:24, The Message

Desde a menor partícula subatômica até as gigantescas galáxias, a beleza do


Universo está além da imaginação. Que mundo incrivelmente maravilhoso Deus
criou! Que tipo de Mente soprou tamanha complexidade nas formas mais
simples de vida? Simples? Nada é simples – nem a minhoca, nem a célula
humana. A complexidade e a interdependência aparecem em cada nível da
criação.
Às vezes o homem, preso em sua pequena esfera de conhecimento, fala
como se fosse capaz de criar vida, como se o fato de saber como ocorre o
processo bioquímico fosse o mesmo que dominar o processo em si. Que visão
distorcida! Que tipo de mente ideou tal Universo? Uma Mente maravilhosa com
a habilidade de reunir e reter aparentemente infinitas partículas de informação.
Nenhum computador da Terra pode sequer chegar perto da capacidade dessa
Mente.
No passado, ensinava-se que não poderia existir vida totalmente desprovida
da luz solar, que as profundezas do oceano não poderiam abrigar nenhuma forma
de existência. Agora sabemos que a sabedoria convencional estava errada; na
escuridão da parte mais profunda do oceano estranhos vegetais encontram vida.
Que tipo de Mente ordenou e eles passaram a existir, que estalou os dedos
e as galáxias se formaram, compondo um Universo que se estende para a
infinidade, aparentemente sem fim? Uma Mente que ama a variedade, variedade
infinita, e que ama criar.
No passado, a maioria dos cientistas do céu estrelado era incrédula ou
agnóstica, insistia em afirmar que bastava a natureza para se responsabilizar pelo
Universo. Não é mais assim. Os estudos dos cosmologistas e astrofísicos
revelam um equilíbrio tão intrínseco no Universo que a probabilidade de tudo
isso ter acontecido “por acaso” desafia a lógica. Apesar de talvez não
entenderem Deus como é retratado na Bíblia, cada vez mais reconhecem que
uma Mente incrível, maravilhosa, infinita esteve e está por trás de tudo.
Que tipo de Mente observa atentamente cada homem e mulher, menino e
menina entre os quase sete bilhões de habitantes do planeta Terra? Uma Mente
que ama e Se preocupa infinitamente; uma Mente infinita em graça.
2 de julho – segunda

COMO SER O NÚMERO UM


Assentando-Se, Jesus chamou os doze e disse: “Se alguém quiser ser o
primeiro, será o último, e servo de todos”. Marcos 9:35

Um pequeno acampamento de garimpeiros de pérolas se localizava na baía do


Golfo Pérsico. Por séculos, mal sobreviveu, mas tudo mudou a partir da década
de 1960. Nessa época, descobriu-se o ouro negro – o petróleo – e Dubai
começou a crescer.
A uma pequena distância foram encontradas reservas ainda maiores de
petróleo em Abu Dhabi. Hoje essa região é a quarta maior produtora de petróleo
do mundo. Em Dubai, o petróleo começou a esgotar há anos, mas, antes de
acabar por completo, os governantes ingressaram num ambicioso plano de
desenvolvimento: transformar a cidade em uma Hong Kong do Oriente Médio.
Eles começaram a incentivar o comércio, eliminar impostos, atrair turistas. Em
apenas alguns anos, operaram uma espécie de milagre moderno, ainda que
secular.
Uma cidade ultramoderna surgiu no deserto. Tudo é novo – e grande.
Estima-se que 40 milhões de passageiros passaram em 2010 pelo deslumbrante
aeroporto da cidade. O clima é quente, com quatro meses de calor intenso (de 43
a 48 ºC) e umidade sufocante. Dubai, porém, abriga a maior pista fechada de
esqui (400 metros), com três toneladas de neve fresca fabricada no deserto e
descarregada nas rampas a cada noite.
Isso não é tudo. Dubai possui o mais alto – e mais caro – hotel do mundo.
O maior shopping center fora do território norte-americano. E o primeiro hotel
subaquático e a maior ilha artificial do mundo (no formato de uma palmeira e
visível do espaço).
A média de chuva naquela região é de aproximadamente sete centímetros
por ano, mas Dubai possui campos de golfe, pistas de corrida, ruas arborizadas,
lagos e parques. A água faz o deserto florescer – e a água vem de imensas usinas
de dessalinização (as maiores do mundo, claro!).
Dubai, surpreendentemente, é um tributo à criatividade e ao talento
humano. Mas Jesus, cheio de graça, nos ensina a trilhar um caminho diferente.
Ele nos diz que o significado da vida não se encontra no mais novo, no maior e
no mais dispendioso, mas em servir.
Você deseja encontrar realização e satisfação na vida? Não perca tempo em
atender à necessidade do mundo. Ajude alguém. Transmita esperança. Leve as
boas-novas. Hoje.
3 de julho – terça

O PRESENTE TRIPLO
Ele nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do Seu sangue,
nos constituiu reino e sacerdotes para servir a Seu Deus e Pai. A Ele
sejam glória e poder para todo o sempre! Amém. Apocalipse 1:5, 6

Cristo possui três grandes características – testemunha fiel, primogênito dentre


os mortos e soberano dos reis da Terra – e nos oferece um presente triplo. Você
quer uma injeção de ânimo ao começar um novo dia? Ouça a bênção que Ele
tem para você. Ele nos ama. Ele ama você. Ele me ama. “Com amor eterno Eu te
amei; por isso, com benignidade te atraí”, Ele nos diz (Jr 31:3, ARA). Mesmo
sem merecermos. Mesmo tendo estragado tudo. Mesmo sendo muitas vezes
teimosos e rebeldes, muitas vezes orgulhosos e autossuficientes.
Na ocasião em que o teólogo Karl Barth, já famoso na Europa, visitou a
América do Norte, os repórteres lhe pediram para fazer um resumo de seu
trabalho. Barth, que escreveu vários livros ao desenvolver seu sistema teológico,
respondeu com o corinho: “Sim, Cristo me ama...”
Amado por Deus! Isso parece bom demais para ser verdade. Mas é a
testemunha fiel que nos diz isso, e Ele não mente. Ele realmente nos ama. Ele
demonstrou o quanto nos ama ao morrer para libertar-nos do pecado. O pecado é
um peso terrível, uma corrente pesada que nos puxa para baixo e nos arrasta para
a ruína eterna. Mas Jesus nos liberta. Assim como libertou homens e mulheres
possuídos de espíritos maus, assim como libertou os leprosos de sua doença e
isolamento, assim como libertou a mulher enferma por mais de uma década, Ele
nos liberta.
Livres para viver. Livres para cantar. Livres para sorrir. Livres para existir.
Livres para agir. E tudo isso pelo Seu sangue. Nossa liberdade custou um preço
muito alto: a própria vida do Salvador.
Agora somos um reino de sacerdotes. Sempre que uma pessoa permite que
Jesus seja o Senhor de sua vida, ali Ele reina, ali é estabelecido o Seu reino na
Terra. Nós somos esse reino – o reino daqueles que confessam Jesus Cristo como
soberano acima de todos os governos e deuses.
E somos sacerdotes. Não precisamos de um sacerdote para nos representar
diante do trono de Deus. Podemos achegar-nos confiadamente junto ao trono da
graça, porque Ele é o nosso grande sumo sacerdote (Hb 4:14-16). Amados,
libertados, com acesso direto ao trono de Deus. Que presente maravilhoso
recebemos de Cristo!
4 de julho – quarta

MÃO AO LEME
Tu me diriges com o Teu conselho, e depois me receberás com honras.
Salmo 73:24

Você já contemplou a obra de Harry Anderson em que ele retrata Jesus guiando
um navio? O vento está soprando, as ondas batendo com força e a embarcação
balançando, mas todos a bordo estão seguros, confiantes. Um olhar calmo e
sereno caracteriza o semblante de Jesus ao pilotar o navio em meio à tempestade.
Sua mão está ao leme.
A cada ano que passa, parece que o mundo fica mais perigoso. Os
problemas que confrontam os líderes da sociedade se tornam mais complexos e
mais insolúveis. Mas a Sua mão está ao leme.
Às vezes, a igreja é lançada de um lado para o outro em meio à fúria do
mar. As ondas gigantescas ameaçam engolir o bom navio, Sião, e acabar com
ele. Mas a Sua mão está ao leme.
Cada um de nós navegará por águas violentas, se isso já não aconteceu.
Arremessados de um lado para o outro, para cima e para baixo, imaginamos se
vamos sobreviver. Mas a Sua mão está ao leme.
“Terríveis perigos ameaçam quem arca com responsabilidades na causa de
Deus”, escreveu uma cristã devota, “perigos cuja lembrança me faz tremer. Mas
eis que me são dirigidas as palavras: ‘Minha mão está ao leme, e não permitirei
que os homens controlem Minha obra para estes últimos dias. Minha mão está
fazendo girar a roda do leme, e Minha providência continuará a executar os
planos divinos, independentemente das invenções humanas.’ [...]
“Na grande obra de finalização nos defrontaremos com perplexidades que
não saberemos contornar, mas não nos esqueçamos de que as três grandes
potestades do Céu estão atuando, que a divina mão está posta ao leme, e Deus
fará cumprir os Seus desígnios” (Evangelismo, p. 65).
Querido amigo, saia em paz para enfrentar este novo dia. Lance agora
mesmo todo fardo e toda preocupação aos pés de Jesus. Nada é grande demais
ou pequeno demais para Ele. Se algo o está aborrecendo – tirando o seu sono
durante a madrugada, pendurando-se como um albatroz em seu pescoço –
entregue para Ele. Jesus deseja dar-lhe paz. Ele quer que você se sinta seguro e
confiante, a despeito de quão forte sopre o vento, de quão intensa seja a dor da
água salgada arremessada contra os seus olhos.
Sua mão está ao leme. Ele está esperando a sua permissão para assumir o
controle do leme da sua vida. Apenas peça que Ele faça isso agora mesmo.
5 de julho – quinta

VIDAS PARTIDAS
Não apenas isso, mas todos os pedaços partidos e espalhados do Universo
– pessoas e coisas, animais e átomos – são devidamente consertados e
colocados no lugar em vibrante harmonia, tudo por causa de Sua morte,
de Seu sangue derramado na cruz. Colossenses 1:19, 20, The Message

Essa passagem maravilhosa, tão bem colocada na linguagem contemporânea


por Eugene Peterson, nos revela dois grandes fatos. Quase todo mundo
concordará com o primeiro; poucos conhecem e vivenciam a realidade do
segundo.
O primeiro fato: o Universo está partido. As vidas estão partidas. Minha
vida está partida. A natureza está partida. Tudo está partido.
Alguém questiona esse fato? Ninguém. Mal podemos imaginar, mas apenas
há um século a grande maioria das pessoas pensava justamente o contrário.
Motivadas pelo surgimento do Iluminismo no século 18, estimuladas pela teoria
de Darwin, as pessoas se encheram de grande otimismo quanto ao futuro. O
mundo estava ficando cada vez melhor, rumo à utopia. A natureza humana podia
ser aperfeiçoada; a disseminação do conhecimento através da educação
promoveria a era dourada livre de guerras, problemas sociais, ignorância e
superstição.
O início do século 18 presenciou o lançamento de um novo jornal. Imbuído
do otimismo predominante, seus fundadores, olhando para o futuro, o chamaram
The Christian Century [O Século Cristão].
Cem anos mais tarde, o nome parecia impróprio. O período em que se
travaram duas terríveis guerras mundiais, de Adolf Hitler e Idi Amin, em que foi
construído o Muro de Berlim e criados os campos de concentração, em que
foram lançadas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki – seria esse o século
cristão? Que farsa! Vimos o mal se desmascarar como nunca antes na história
humana. Vivemos a realidade da ação demoníaca na conduta humana.
Agora, o segundo fato: Cristo é Aquele que conserta vidas partidas,
pedaços partidos. Ele é o Grande Médico. Ele restaura as pessoas. Ele coloca os
pedaços partidos e espalhados em seu devido lugar no Universo. Do caos, Ele
faz surgir ordem, assim como fez na criação. Da discórdia, Ele faz surgir
vibrante harmonia.
Sempre que uma vida partida encontra cura e restauração em Jesus, o reino
de Deus é estabelecido. Aconteceu assim na época em que Ele esteve na Terra. E
ainda acontece. Permita que isso aconteça em sua vida hoje!
6 de julho – sexta

TSUNAMI
Das alturas estendeu a mão e me segurou; tirou-me de águas profundas. 2
Samuel 22:17

Em 26 de dezembro de 2004, um grande terremoto abalou o solo oceânico


próximo à costa de Sumatra. Esse abalo sísmico gerou um tsunami que se
movimentou em círculos concêntricos até atingir a Indonésia, Tailândia, Sri
Lanka, Índia, Bangladesh e até mesmo partes da África. A devastação deixou um
rastro de descrição insuperável. No mínimo 150 mil pessoas morreram; milhares
de outras ficaram desabrigadas, deslocadas e sem alimento ou água potável.
Entre as imagens que nos foram apresentadas de horror cada vez mais
crescente, à medida que os repórteres chegavam nas semanas que se seguiram,
uma série de três fotografias chamaram especialmente a atenção. A primeira
mostra turistas confusos na praia de Rai Leh em Krabi, Tailândia, olhando para o
recuo da água pouco antes do tsunami. Outra imagem mostra banhistas nadando
o mais depressa possível em direção à praia ao verem a imensa coluna de água
se aproximar. Na terceira, porém, vemos uma mulher correndo em direção à
onda gigantesca, que passa engolindo barcos e tudo mais que está em seu
caminho.
Quem foi essa mulher? Por que correu em direção ao muro da morte? E o
que aconteceu com ela? Vários dias mais tarde essas perguntas foram
respondidas. Seu nome: Karin Svaerd, 37, da Suíça. Os filhos Anton, 14, Filip,
11, e Viktor, 10, além do irmão e do cunhado, estavam se divertindo no mar
nadando com máscaras e tubos de respiração, totalmente alheios ao desastre que
estava prestes a atingi-los. Karin gritou para que fugissem, mas eles não
puderam ouvir. Em desespero, ela correu contra as ondas no esforço de salvá-los.
A família, apanhada pelo tsunami, foi arremessada de um lado para o outro
embaixo d’água. Mas surpreendentemente, maravilhosamente, cada um deles
conseguiu colocar-se em pé e fugir para um local mais alto. Anton e o irmão
mais novo, Filip, foram atirados contra os bangalôs da praia; Karin, de alguma
forma, conseguiu agarrar-se a um tronco de árvore; outro membro da família foi
lançado numa piscina. Todos sobreviveram.
Karin se tornou uma heroína para os seus compatriotas e para outras
pessoas à medida que a mídia mundial apresentava as fotografias. “Não me
importei. Estava olhando para os meus filhos. Queria segurá-los e protegê-los”,
ela afirmou. Exatamente como Aquele que, a despeito de Sua própria morte, nos
viu e, com o desejo de nos segurar e proteger, mergulhou no tsunami do pecado.
7 de julho – sábado

GRAÇA MULTIESPLENDOROSA
Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus. 1 Pedro 4:10, ARA

A palavra traduzida por “multiforme” vem do grego poikilos, que quer dizer
“multicolorido, pintado ou mesclado; portanto, algo trabalhado em várias cores,
variado, elaborado, marchetado”.
A graça é algo multiesplendoroso. É um tapete multicor, intrincado e
engenhoso feito pelo Tecelão Mestre. A graça é sempre bela, sempre
surpreendente em sua complexidade, sempre circundando cada aspecto de nossa
existência.
Certo dia, visitei o Blue Souk (literalmente, o mercado azul) em Sharja,
uma das entidades que compõem os Emirados Árabes Unidos. No Oriente, a
coisa mais semelhante a um mercado é o shopping center, mas essa comparação
ainda é muito distante. A única semelhança entre eles é o estacionamento com
faixas paralelas ao lado de fora do Blue Souk, que é um edifício imponente em
estilo marroquino, construído com mármore branco e decorado, claro, em azul.
Dentro do edifício há três pisos com uma loja atrás da outra, todas repletas
dos tesouros do Oriente Médio. Xales de caxemira. Tapetes provenientes da
Pérsia e do Afeganistão. Sedas e lã. Utensílios de latão. Uma variedade
impressionante e em sua maioria feita à mão.
Um lojista iemenita estendeu um tapete persa extraordinário. “Tudo feito à
mão”, disse. “Três anos de trabalho.” Cada fio em seu devido lugar, cada linha
posicionada perfeitamente, cada cor mesclada às outras. Exatamente como a
graça. O Divino Tecelão a tece para motivar, energizar e embelezar tudo o que
acontece em nossa vida e na igreja. Diz Pedro: “Se alguém fala, faça-o como
quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que
Deus provê” (1Pe 4:11). O resultado? “De forma que em todas as coisas Deus
seja glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para todo
o sempre. Amém.”
Confesso que muitas vezes minha vida e meu testemunho apresentam uma
sequência interrompida e manchada em vez de um belo tapete da graça. Assim
também a igreja, pois é a soma de pessoas como eu. Mas a maravilha da
multiesplendorosa graça é que ela aceita essa sequência confusa, interrompida. A
graça miraculosamente recria a minha vida e a igreja e nos torna belos e
perfeitos aos olhos de Deus.
Ó Tecelão Mestre, tece em minha vida hoje o belo tapete da Tua graça.
8 de julho – domingo

CRISTO SE SOBRESSAI EM TUDO


Desde o princípio até o fim Ele está ali, sobressaindo-Se acima de tudo, de
todos. Colossenses 1:18, The Message

Jesus, Rei e Salvador amado, Mt 1:21; Ef 5:25


Príncipe da Paz de valor provado, Is 9:6
Capitão da hoste redimida, Hb 2:10
Resgatador da raça perdida, Lc 2:11
Videira Verdadeira, Estrela da Manhã, Jo 15:1; Ap 22:16
Sol cujos raios têm alcance imenso, Ml 4:2; Jo 8:12
Advogado perante o trono da graça sem par, 1Jo 2:1
Verdadeiro e Fiel, Pedra Angular. Ap 19:11; 1Pe 2:6
Pão para a alma enfraquecida, Jo 6:48
Fonte para a necessidade não atendida, Jr 2:13; Jo 7:37
Cordeiro Pascal, Amado de Yahweh, Jo 1:29; Ef 1:6
Ramo de Davi, Renovo de Jessé. Zc 3; Is 11:1
Do aprisco, o Bom Pastor, Jo 10:11
Leão de Judá, nobre; da vida, o Autor, Ap 5:5
Irmão fiel, Companheiro sem igual, Hb 2:11; Mt 11:19
O Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Ap 22:13
O Sumo Sacerdote que por nós Se interessa, Hb 4:14
Juiz, Redentor, Semente da promessa. At 10:42; Jó 19:25; Gn 3:15
O Médico de nossa enfermidade, Jr 8:22
A Rosa de Sarom, o Bálsamo de Gileade. Ct 2:1; Jr 8:22
O Profeta de Israel, At 7:37
Mensageiro, Emanuel, Ml 3:1; Is 7:14
“Rocha Eterna, fendida por mim” Is 26:4
Pai da eternidade sem fim. Is 9:6
Filho do Homem, do Deus Todo-Poderoso, Mt 16:13, 16
O grande EU SOU, Deus forte, vitorioso. Is 9:6; Jo 8:58
9 de julho – segunda

CANÇÃO DE UM CORAÇÃO LIBERTO


Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dá graça e glória; nenhum
bem sonega aos que andam retamente. Salmo 84:11, ARA

O Salmo 84 transborda de regozijo pela graça de Deus. Assim como outros


salmos, ele foi composto para ser acompanhado por música. Nos tempos
modernos, as palavras desse salmo se tornaram um lindo solo em inglês.
“Quão amáveis são os Teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!”, exclama
o salmista. “A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu
coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!” (v. 1, 2, ARA).
Que contraste com a maneira que geralmente vamos adorar o Senhor!
Arrastamo-nos para fora da cama, procuramos um lugar ao fundo da igreja e
reclamamos se o pregador passa do meio-dia.
No momento, porém, em que a graça de Jesus inundar o coração, no
instante em que reconhecermos que Ele nos libertou e O amarmos com todo o
nosso ser, ansiaremos por toda oportunidade de adorar e orar. A religião não será
um fardo, um peso; ela brotará do coração.
Chegou a hora de adorar a Deus em espírito e em verdade, como disse
Jesus (Jo 4:24). Chegou a hora de parar de brincar, de ficar em cima do muro que
nos separa do mundo e deixar que Deus seja o Senhor de nossa vida.
“O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus
filhotes; eu, os Teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu!”,
prossegue o salmista (v. 3, ARA). Ele gostaria de ser um pássaro que faz do
Templo o seu lar, sempre perto da presença de Deus.
“Pois um dia nos Teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa
do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade” (v. 10, ARA). Podemos
dizer o mesmo? Qual é o nosso lugar favorito, nossa atividade favorita? É Jesus
a pessoa favorita em nossa vida, Seu nome a palavra mais preciosa que sai de
nossos lábios, o ato de adorá-Lo a atividade que mais ansiamos realizar?
Ele ainda é o nosso sol e o nosso escudo. Devemos estar certos disso. Em
Sua luz enxergamos a luz e caminhamos na luz; em Seu calor a vida espiritual
cresce vigorosa. Como nosso escudo, Ele nos guarda, protegendo-nos
amorosamente porque pertencemos a Ele. “Eu sou o teu escudo”, Ele disse a
Abraão (Gn 15:1, ARA) e diz a nós também.
Hoje Ele nos oferece graça e glória – a graça para cada situação e a glória
da Sua presença. E tudo o que for bom Ele nos concederá.
10 de julho – terça

COLUNA DE FERRO
E hoje eu faço de você uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e um
muro de bronze, contra toda a terra. Jeremias 1:18

A história de Jeremias destaca o poder habilitador da graça. Ela mostra a


maneira como Deus escolheu um jovem relutante e tímido e o tornou uma
coluna de ferro para a defesa da verdade numa época de mentiras, para a
sanidade em tempos de loucura.
Jeremias nos conta mais sobre a sua vida do que qualquer outro profeta.
Com honestidade e franqueza encantadoras, ele partilha suas dúvidas, medos,
dor e alegrias. Ele nos deixa participar de seus questionamentos com o próprio
Deus. Assim, seu livro é a história de uma pessoa e Deus, como também a
história de Deus e uma nação errante.
Deus chamou Jeremias ainda bem jovem para ser Seu mensageiro.
Jeremias tentou recusar o chamado divino porque não conseguia lidar com o fato
de ter que falar em público, mas o Senhor respondeu: “Não diga que é muito
jovem. A todos a quem Eu o enviar, você irá e dirá tudo o que Eu lhe ordenar.
[...] Agora ponho em sua boca as Minhas palavras” (Jr 1:7-9).
Aqueles eram tempos perigosos e incertos. A Assíria já havia levado cativo
o reino do norte de Israel. Restava apenas a pequena nação de Judá, e o exército
babilônico, sob o comando de Nabucodonosor, era ameaçador. Durante o
ministério de Jeremias, os babilônios atacaram duas vezes e por duas vezes
levaram cativos, deixando Judá uma nação enfraquecida e reduzida. Mesmo
assim, o rei Zedequias, encantado com o poder do Egito, rebelou-se, trazendo
sobre a nação a ira de Babilônia, num ataque final que resultou na destruição do
Templo e da cidade.
Durante esse período tumultuoso, a mensagem de Jeremias era
constantemente o oposto do que as pessoas queriam ouvir. Os falsos profetas
proclamavam que tudo ficaria bem: Jerusalém não seria destruída e os cativos
exilados em Babilônia logo voltariam. Mas Jeremias disse: “Não! A cidade será
destruída. Não lutem contra os babilônios, porque vocês serão derrotados.”
Jeremias parecia falar como um traidor e foi tratado e punido como tal. Ele,
porém, estava certo, a despeito de sua mensagem ser impopular. Ele foi um
homem de Deus com uma mensagem de Deus para aquele momento; ele foi um
verdadeiro patriota. A solidão de seu ofício e a dureza da mensagem que a ele foi
comissionada a levar pesavam sobre o jovem Jeremias. Ele quis desistir, desejou
nunca ter nascido. Mas a graça de Deus o susteve, capacitou-o a superar imensos
obstáculos. Deus o tornou uma coluna de ferro.
11 de julho – quarta

A GRAÇA É UMA UNÇÃO


És dos homens o mais notável; derramou-se graça em Teus lábios, visto
que Deus Te abençoou para sempre. Salmo 45:2

O Salmo 45 tem fascinado e inspirado os seguidores de Jesus Cristo por


séculos. Apesar de em seu contexto original ser uma canção de louvor ao rei e à
sua noiva, os cristãos viram, e veem, um segundo significado – um hino a um
Rei maior do que Davi, ao verdadeiro Messias de Israel.
Tão exaltada é a descrição que não corresponde a nenhum monarca de
Israel. No verso 6 lemos: “O Teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre.”
No Novo Testamento, o escritor do livro de Hebreus cita essas palavras como
parte de seu argumento de que Jesus, o Filho de Deus, é maior do que qualquer
anjo (Hb 1:4-14).
A meditação nesse salmo inspirou a composição de hinos. Dos versos:
“Prende a espada à cintura, ó Poderoso! Cobre-Te de esplendor e majestade. Na
Tua majestade cavalga vitoriosamente pela verdade, pela misericórdia e pela
justiça; que a Tua mão direita realize feitos gloriosos” (Sl 45:3, 4) resultou o
inspirado “Jesus Conquista” (HASD, 75). Do trecho: “Todas as Tuas vestes
exalam aroma de mirra, aloés e cássia; nos palácios adornados de marfim
ressoam os instrumentos de corda que Te alegram” (v. 8) surgiu o solo na língua
inglesa “Out of the Ivory Palaces” [Nos Palácios de Marfim].
E o salmista exclama: “És dos homens o mais notável; derramou-se graça
em Teus lábios” (v. 2). Aqui a graça é uma unção, como o fragrante óleo
derramado sobre a cabeça de Arão, que escorreu por sua barba e por suas vestes
(Sl 133:2).
Na ocasião em que Jesus visitou Nazaré, cidade em que foi criado, e
levantou-Se para pregar na sinagoga, escolheu a predição de Isaías sobre o
Messias: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, pelo que Me ungiu para
evangelizar os pobres” (Lc 4:18, ARA; Is 61:1, 2, ARA). À medida que falava,
“todos Lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que Lhe
saíam dos lábios” (Lc 4:22, ARA).
Lábios ungidos, de fato! Lábios que proferiram palavras de esperança, de
ânimo. Lábios que sorriram para as criancinhas. Lábios que clamaram ao Pai
celestial durante noites inteiras de oração. Lábios que agonizaram no Getsêmani,
à sombra da cruz. Esse foi Jesus, o Messias, o Ungido, cheio de graça e verdade.
Esse foi – e é – nosso Salvador, Senhor e Amigo.
Apesar de nunca atingirmos a perfeição de Sua existência, Ele nos chama a
seguirmos os Seus passos. Nós também podemos conhecer a unção da graça, em
nossos lábios, em qualquer lugar. Sim, hoje. Agora. Apenas peça-a a Ele.
12 de julho – quinta

ESPÍRITO DE SÚPLICAS
E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o
espírito da graça e de súplicas; olharão para Aquele a quem
traspassaram. Zacarias 12:10, ARA

Os últimos capítulos do livro de Zacarias profetizam um período de


reavivamento religioso para o povo de Israel. Quando voltar-se para Deus, Ele
intervirá para derrotar os inimigos e conceder-lhe paz e prosperidade.
Até onde sabemos, essa profecia nunca se realizou, não porque Deus falhou
em cumprir a Sua palavra, mas porque as Suas promessas são condicionais à
nossa resposta a Ele. Ao falharmos em obedecer à Sua vontade, frustramos os
planos divinos.
Esses capítulos falam aos cristãos com poder especial porque incorporam
várias passagens que se aplicam a Jesus. Lemos a respeito do Rei de Israel
montado em jumento entrando triunfante em Jerusalém, como fez Jesus no
domingo de palmas, antes da crucifixão (Zc 9:9, 10; Mt 21:1-11), a respeito das
trinta moedas de prata (Zc 11:12) e das feridas em Suas mãos (Zc 13:6). E, no
texto escolhido para hoje, vemos outra referência messiânica: “Olharão para
Aquele a quem traspassaram” (ver também Ap 1:7).
Apesar da dificuldade em ter certeza da interpretação exata dos detalhes
dos capítulos finais de Zacarias, a compreensão geral é clara, e adquirimos
percepções preciosas para a vida cristã hoje. Acho a expressão “o Espírito da
graça e de súplicas” especialmente digna de reflexão e estudo.
Ela foi originalmente uma promessa para Israel, mas podemos reivindicá-la
também. Trata-se de uma promessa da obra do Espírito Santo na vida: Ele traz
graça e súplica. Ou seja, além de assegurar-nos o favor de Deus – Sua aceitação
e perdão, a despeito de nossa indignidade –, Ele também coloca em nós o desejo
profundo de comungar com Deus em oração.
O inspirado hino pergunta: “‘Stavas lá ao pregarem meu Jesus?” (HASD,
59), e a resposta do coração, tocado pelo Espírito da graça e de súplicas, é: “Sim!
Eu estava lá. Meus pecados pregaram o Filho de Deus na cruz do Calvário. Eu
transpassei as Suas mãos e o Seu lado.”
Nunca nos voltaremos ao Senhor com súplicas sinceras se nos fecharmos
em nós mesmos. Desperdiçaremos o nosso tempo nos justificando para os outros
e para nós mesmos. O Espírito, porém, nos convence de nossa profunda
necessidade e, se reconhecemos essa necessidade, Ele traz graça e súplicas. O
Espírito da graça e de súplicas. Eu O desejo hoje. E você?
13 de julho – sexta

O ESPINHO NA CARNE
Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas
revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás,
para me atormentar. 2 Coríntios 12:7

Meu falecido amigo Tom Blincoe, com quem trabalhei no seminário,


costumava contar uma experiência engraçada que ele teve logo no início de seu
ministério. Designado a estagiar em uma pequena igreja em Detroit, Michigan,
Estados Unidos, Tom começou a pregar seu primeiro sermão durante uma
reunião de oração. Pouco depois, um homem o interrompeu. “Sente-se! Você não
sabe do que está falando!” Assustado, Tom engoliu em seco, fez uma pausa e,
então, esforçou-se para finalizar a pregação.
Logo ficou sabendo que aquele homem tinha um motivo para interromper o
pregador. Para o infortúnio de qualquer pastor que tentasse ajudar a pequena
congregação, ele declarava que Deus o havia escolhido para ser um “espinho na
carne dos ministros”. E pretendia cumprir o seu chamado à risca!
Inacreditavelmente, esse cruel indivíduo ocupava um cargo na igreja local.
Sua presença era tão opressora que a comissão de nomeações, intimidada, votava
seu nome para assumir a responsabilidade ano após outro. Mas Tom, apesar de
jovem, decidiu enfrentar aquele homem. Os membros da comissão estavam
nervosos. O homem irritado tentava intimidar a todos, mas Tom permaneceu
firme – e o homem não retornou ao cargo. Mais tarde, ele se transferiu para outro
lugar; outra congregação agora tinha a “bênção” de seu dom de ser o espinho na
carne!
O evangelho de fato atrai todos os tipos de peixes. Algumas pessoas que
encontramos na igreja testam a nossa paciência. Quem sabe Deus permite que
estejam ali para ajudar-nos a desenvolver esse traço de caráter. Algumas pessoas
parecem um pouco estranhas. Lembro-me de um antigo ditado que diz que “todo
mundo é um pouco estranho, exceto você e eu – e mesmo você é um pouco
estranho”.
Paulo tinha um espinho na carne, e nós também. Pode ser que o de Paulo
tenha sido uma enfermidade física, muito provavelmente uma visão ruim; o
nosso pode ser qualquer coisa dentre uma série de dificuldades persistentes e
irritantes. Assim como Paulo, desejamos que esse espinho não existisse. Mas,
assim como Paulo, a resposta de Deus pode ser “não”. Em vez de remover o
espinho, Deus nos concede graça para convivermos com o problema. “A Minha
graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”, Ele nos diz (2Co 12:9,
ARA). Essa é a promessa dEle para você neste novo dia.
14 de julho – sábado

NADANDO NO DIA DE NATAL


Mediu mais quinhentos, mas agora era um rio que eu não conseguia
atravessar, porque a água havia aumentado e era tão profunda que só se
podia atravessar a nado; era um rio que não se podia atravessar andando.
Ezequiel 47:5

Fui nadar no dia de Natal – no oceano. Não; não sou dessas pessoas ousadas e
corajosas que se arriscam a dar um mergulho nas águas geladas do Hemisfério
Norte no fim do ano. A água em que nadei mantinha a temperatura agradável de
24 ºC na costa de Dubai, no Golfo Pérsico. Com os pés sobre a areia limpa e
branca e com o corpo imerso em águas cristalinas, aquela foi uma experiência
maravilhosa.
Aos leitores acostumados ao cenário branco e gélido de fim de ano no
Hemisfério Norte, soa muito estranho dar um mergulho no oceano no dia de
Natal. Mas isso não soa nada incomum no Hemisfério Sul ou nos trópicos.
Cresci no sul da Austrália, local em que a temperatura chega a atingir 38 ºC ou
mais em 25 de dezembro. Em minha infância ainda não existia ar-condicionado.
Nesse dia, costumávamos fazer uma bela refeição de pratos quentes e
concluíamos com um delicioso pudim de ameixa. Comíamos com o suor
escorrendo pelo rosto. À tarde sempre íamos para a praia e entrávamos na água o
mais rápido possível.
Da Austrália, Noelene e eu fomos para a Índia. Por vários anos, viajávamos
para passar o Natal com os amigos em Goa e ficávamos na praia. Certa vez,
chegamos logo após a meia-noite e, depois de descarregar o carro, fomos dar um
mergulho no mar, que estava tão quente quanto um banho de banheira.
Pense bem, mergulhar em águas quentes e dia de Natal combinam muito
bem. Não que o dia 25 de dezembro tenha qualquer significado especial em si (é
quase certo de que essa não seja a data do nascimento de Cristo); a importância
recai no significado de Sua vinda ao nosso mundo. Mergulhar em águas quentes
e a graça andam de mãos dadas. Descansar e permitir que o Seu amor o segure,
sentir o corpo leve e as dores se dissipando – essa é a experiência da graça.
O livro de Ezequiel, que contêm muitas passagens intrigantes, foi
concluído com uma visão maravilhosa. Na ocasião em que Ezequiel escreveu, os
judeus estavam no exílio babilônico, o Templo estava queimado e a amada
Jerusalém destruída. Mas, através do profeta, o Senhor enviou uma série de
mensagens de esperança: o exílio chegaria ao fim, o povo retornaria, um novo
templo seria construído. Do novo templo fluiria um riacho puro e restaurador –
pequeno a princípio, mas depois um rio profundo o suficiente para nadar. Esse
rio flui para o mundo inteiro. O rio da graça de Deus.
15 de julho – domingo

A ESCOLHA DE JILLIAN
Como posso desistir de você, Efraim? Como posso entregá-lo nas mãos de
outros, Israel? Oseias 11:8

Assim que uma imensa parede de água acabou por completo com a
tranquilidade das férias de Jillian Searl, ela foi forçada a fazer a escolha mais
horrível que qualquer mãe já teve que enfrentar: qual de seus dois filhos salvar.
Jillian estava perto da piscina do hotel com seus dois filhos, Lachie, 5 anos,
e Blake, 2 anos, no resort tailandês de Phuket na ocasião em que o tsunami de 26
de dezembro de 2004 atacou inesperadamente. “Ouvi um bramido terrível, um
bramido muito alto, virei e tudo o que vi foi muita, muita água vindo em nossa
direção”, Jillian contou mais tarde a um repórter em Perth, Austrália.
“Imediatamente pensei: Como vou manter meus dois filhos vivos?”
Ao perceber que não conseguiria manter os filhos e a si mesma flutuando
sobre as águas, viu-se forçada a escolher qual dos dois filhos segurar e qual
soltar. “Sabia que tinha que soltar um deles. Pensei que o melhor a fazer seria
soltar o mais velho”, afirmou.
Em meio às águas agitadas, Jillian notou uma jovem mulher agarrada a um
poste. Implorou à mulher para que cuidasse de seu filho de 5 anos. Ao ameaçar
soltar a mão dele, o menino implorou: “Não me solte, mamãe.” A força da
correnteza os separou. Ela olhou para Lachie, que ainda não tinha aprendido a
nadar, e pensou que talvez aquela fosse a última vez que o veria com vida.
Enquanto isso, o marido de Jillian, Brad, observava o terrível cenário da
sacada do hotel. Tentou correr para ajudar, mas o grande volume de água havia
bloqueado as portas.
Assim que a água baixou, ele encontrou Jillian e Blake. Juntos, deram
início a uma busca desesperada por Lachie. “Você tem que encontrá-lo, porque
eu o soltei”, Jillian disse ao marido. “Eu o entreguei a alguém, e o soltei... Não
há possibilidade de viver minha vida sabendo que soltei a sua mão da minha.”
A história teve um final feliz. Duas horas depois, a família Searl encontrou
Lachie num posto policial. Ele sobreviveu agarrando-se à porta do hotel.
Há Alguém que vela por Seus filhos com amor inexprimível. Seu coração
se parte diante do pensamento de separação – separação que nós escolhemos,
não Ele. Não partamos o Seu coração hoje.
16 de julho – segunda

TRABALHO SANTIFICADO
Mas porque Deus foi tão gracioso, tão generoso, aqui estou eu. E não
desperdiçarei a Sua graça. Não trabalhei arduamente para fazer mais do
que os outros? Mesmo assim, meu trabalho não representou tudo. Foi
Deus quem me deu o trabalho a ser feito, foi Deus quem me deu energia
para cumpri-lo. 1 Coríntios 15:10, The Message

Ocasionalmente, chega ao nosso conhecimento a triste notícia de um pastor que


foi apanhado em alguma falta que resulta em sua demissão. Vez por outra se
trata de um evangelista que mantinha um relacionamento adúltero. Juntamente
com o choque e a decepção, surge uma pergunta perturbadora: Como o trabalho
dessas pessoas foi aparentemente tão bem-sucedido se estavam levando uma
vida dupla? O evangelista, o ministro, ganhou pessoas para Cristo até um pouco
antes da descoberta de suas atividades clandestinas. Deus aparentemente
abençoou seus esforços a despeito de sua vida pecaminosa.
O fato é que cada um de nós, quer façamos parte do clero ou não, é um
instrumento falho. Assim, Deus Se vira com o que tem; usa agentes que estão
longe do ideal. Ele concede o sucesso até mesmo para aqueles cuja vida secreta
nega o poder do evangelho que proclamam.
Ainda assim, Deus chama cada seguidor, ordenado ao ministério ou não,
para o serviço santificado. Desafia-nos a entregarmos a Ele o nosso melhor,
tudo, para vivermos uma vida de constante submissão à Sua vontade e de
dependência em Sua força.
Assim como Paulo, não devemos desperdiçar a graça. Por termos sido
tratados de maneira tão generosa pelo amoroso Pai, ficaremos ansiosos para
trabalhar e testemunhar. Dedicação e trabalho árduo são reações apropriadas,
mas apenas se tudo o que fizermos for santificado pela presença e pelo poder de
Jesus.
“Necessitamos olhar continuamente a Jesus, compreendendo que é Seu
poder que realiza a obra. Conquanto devamos trabalhar ativamente pela salvação
dos perdidos, cumpre-nos também consagrar tempo à meditação, à oração e ao
estudo da Palavra de Deus. Unicamente o trabalho realizado com muita oração e
santificado pelos méritos de Cristo demonstrar-se-á afinal haver sido eficaz” (O
Desejado de Todas as Nações, p. 362).
Nos dias de Paulo, havia os que pregavam Cristo movidos pela inveja e
ambições egoístas (Fp 1:15, 16). Alguns não passavam de meros falsificadores
da Palavra de Deus (2Co 2:17). Outros estavam em busca de cartas de
recomendação (2Co 3:1). Pouca coisa mudou. Mas, contra todos esses esforços,
Deus nos chama hoje a trabalhar motivados pela graça e santificados pelos
méritos de Cristo.
17 de julho – terça

O BOM REI EZEQUIAS


Sede corajosos, e tende bom ânimo; não temais, nem vos espanteis, por
causa do rei da Assíria, nem por causa de toda a multidão que está com
ele, pois há conosco um maior do que o que está com ele. 2 Crônicas 32:7

O orador é Ezequias, um dos últimos reis de Judá, e um dos melhores. A fé


demonstrada por ele é extraordinária por duas razões.
Primeiro, a situação não podia ser mais desanimadora. Os poderosos
exércitos assírios, famosos no mundo antigo por sua crueldade, estavam às
portas. Ao passarem pelo sul da região que hoje chamamos de Iraque,
devastaram cada rei e reino em seu caminho. A pequena nação de Judá
encontrava-se agora em sua mira, exposta e desamparada. Jerusalém estava
cercada; que chance os filhos de Israel tinham de sobreviver ao ataque violento?
Para piorar ainda mais as coisas, Senaqueribe, rei da Assíria, enviou
oficiais com uma mensagem para Ezequias que foi lida pelos inimigos em voz
alta a fim de desanimar o povo. “Ouvi as palavras do grande rei, do rei da
Assíria”, proclamaram em hebraico. “Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias;
porque não vos poderá livrar. Nem tampouco Ezequias vos faça confiar no
Senhor, dizendo: ‘Infalivelmente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será
entregue nas mãos do rei da Assíria’” (Is 36:13-15). E de maneira debochada
propuseram: “Ora, pois, faze uma aposta com o meu senhor, o rei da Assíria;
dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles” (v. 8).
Segundo, Ezequias cresceu num ambiente nada propício para o
desenvolvimento da fé. Seu pai, Acaz, foi conhecido por sua grande iniquidade.
Além de idólatra e adorador de Baal, chegou até mesmo a sacrificar os filhos no
fogo (2Cr 28:2, 3). Acaz fechou as portas do Templo e construiu altares em cada
esquina das ruas de Jerusalém (v. 24, 25).
Muitas pessoas hoje acreditam que temos pouco ou nenhum controle
daquilo que fazemos, que todas as nossas decisões são determinadas por fatores
além de nosso controle. Alguns responsabilizam a natureza (ou genes), outros a
educação (ambiente), mas de qualquer forma acabamos fazendo papel de
fantoches.
A vida de Ezequias lança essa filosofia por terra. Contra todas as
influências hereditárias e familiares, ele se tornou um servo de Jeová e um
reformador espiritual de seu povo. “E toda a obra que empreendeu [...] para
buscar a seu Deus, ele a fez de todo o seu coração e foi bem-sucedido” (2Cr
31:21).
Apesar da pouca chance de vitória, Deus libertou Ezequias e o povo das
mãos do inimigo.
18 de julho – quarta

UM HOMEM COM UMA MISSÃO


Porém, intentavam fazer-me mal. Enviei-lhes mensageiros a dizer: “Estou
fazendo grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria a
obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?” Neemias 6:2, 3, ARA

Ele cavalga à noite por entre as ruínas. Silenciosamente percorre a cidade, passa
por escombros, muros despedaçados, portões destruídos. À medida que cavalga,
faz uma profunda reflexão. O período da noite é um bom momento para avaliar a
situação, pesar as possibilidades. Ele começa a ver com clareza o que deve ser
feito e sua função nessa obra, se quiser vê-la concluída.
O cavaleiro é Neemias, um homem com uma missão, e um dos meus
personagens bíblicos prediletos. Ele abriu mão da posição de conforto e honra no
palácio do rei persa Artaxerxes para tentar ajudar o seu povo, o remanescente
que retornou a Israel. A situação é deplorável: os muros de Jerusalém estão
destruídos, os portões queimados, o povo desanimado.
O plano de Neemias: reconstruir Jerusalém. Não será fácil. Há poucas
pessoas disponíveis. Os habitantes das terras vizinhas se opõem ao projeto.
Alguns dos próprios judeus contraíram matrimônio com as pessoas das terras
vizinhas e se aliaram a elas.
Neemias, porém, é um homem de oração. Seu livro está entrelaçado com
orações. Ele registra as petições silenciosas que fez a Deus ao se deparar com
decisões cruciais. Ele também é um homem de muita fé. “O Deus do Céu é que
nos fará prosperar”, foi a resposta que deu aos que se opuseram ao projeto de
reconstrução (Ne 2:20). De sua vida de oração e fé nasceu uma visão. Neemias
viu com muita clareza o que precisava ser feito e não perdeu tempo em colocar a
“mão na massa”. Animou o povo a trabalhar – sacerdotes, artesãos, mercadores.
Todos ajudaram (o capítulo 3 apresenta a lista de nomes).
Os inimigos não gostaram da iniciativa. Começaram a zombar e a
ridicularizar: “Ainda que edifiquem, vindo uma raposa derrubará o seu muro de
pedra” (Ne 4:3). Por meio dos simpatizantes que haviam conquistado entre os
judeus, os inimigos disseminaram dúvidas e rumores. Planejaram atacar;
Neemias designou guardas para proteger os lugares vulneráveis.
Tentaram intimidar Neemias. “Vem, encontremo-nos”, disseram (Ne 6:2).
Mas Neemias respondeu: “Estou fazendo uma grande obra, de modo que não
poderei descer” (v. 3).
Que homem! Um homem com uma missão! Indesviável de seu dever. Seu
exemplo ainda é válido para homens e mulheres de Deus hoje.
19 de julho – quinta

ESCUDOS DE BRONZE
[Ele] levou tudo. Também tomou todos os escudos de ouro que Salomão
tinha feito. Em lugar deles, fez o rei Roboão escudos de bronze, e os
entregou nas mãos dos capitães da guarda, que guardavam a porta da
casa do rei. 1 Reis 14:26, 27

O rei Salomão fez 200 escudos grandes, cada um com cerca de sete quilos de
ouro batido. Ele também fez 300 escudos pequenos, cada um com cerca de um
quilo e setecentos gramas de ouro batido. A quantidade total de ouro nos escudos
de Salomão pesava mais de dois mil quilos, uma verdadeira fortuna na moeda
moderna (1Re 10:16, 17).
O filho de Salomão, Roboão, sucedeu o pai no trono de Israel e em todos
os aspectos provou ser um monarca inferior. Por ser precipitado, perdeu quase
todo o reino. Dez tribos se independeram, deixando para trás apenas Judá e
Benjamim. Roboão decaiu espiritual e politicamente. No quinto ano de seu
reinado, Sisaque, rei do Egito, atacou Jerusalém e levou consigo todos os
tesouros do Templo e do palácio real, incluindo os escudos de ouro que Salomão
tinha feito. Roboão fez escudos de bronze para substituí-los. A substituição
resume o declínio de todo o reino. A glória havia passado.
Façamos um inventário de nosso tesouro espiritual. “Examinem-se para ver
se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos”, diz o apóstolo Paulo (2Co 13:5).
Será que de alguma forma trocamos a glória de Jesus, cheio de graça e verdade,
por substitutos?
Porque a graça é totalmente diferente do mundo que nos cerca – a maneira
que Deus nos aceita e trata é totalmente diversa da maneira que as pessoas se
relacionam –, facilmente a perdemos. Tendo começado com a graça (assim como
os gálatas), escorregamos para um misto de graça e obras, o que não é graça.
Em nossa experiência espiritual, colocamos os escudos de bronze da
observância formal, hábitos e formas de adoração previsíveis no lugar da vida
diária e vital de comunhão com Deus. Polimos o bronze até ficar brilhante, mas
ainda assim continua sendo bronze, não ouro.
Amontoamos livros, sermões, CDs, vídeos e DVDs sobre Deus e pensamos
que possuímos uma despensa repleta de alimento espiritual para a alma.
Negligenciamos, porém, o ouro, que é encontrado apenas no estudo pessoal da
Palavra de Deus feito com oração. O opróbrio do cristianismo hoje é que muito
do que é dito e feito em nome do humilde Mestre de Nazaré nega quem Ele foi e
o que Ele defendeu. Escudos de bronze em vez de ouro.
Que isso não aconteça comigo, querido Deus!
20 de julho – sexta

CHAMADA PARA O REINO


Pois, se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de
outra parte para os judeus, mas você e a família do seu pai morrerão.
Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à
posição de rainha? Ester 4:14

Em todo o livro de Ester não encontramos nem uma menção sequer ao nome de
Deus. No entanto, o livro brilha com o senso da providência divina. Apesar do
plano secreto de Hamã e os inimigos dos judeus para aniquilar o povo de Deus,
“por trás do desconhecido estava Deus entre as sombras, com o olhar atento
sobre os Seus” (James Russell Lowell).
A história prossegue de forma mais estranha do que a ficção. Uma série de
improbabilidades dramáticas e coincidências surpreendentes levam a princípio
ao senso de destruição iminente; mas, depois, finalmente a situação se reverte
para os “caras maus”, quando o povo de Deus é libertado.
A rainha Vasti desafia a ordem do rei para comparecer ao banquete que
preparou para seus oficiais bêbados. Do ponto de vista moral, Vasti agiu
corretamente – recusou-se a ser explorada como objeto sexual. Foi um ato de
coragem extraordinária, e que lhe custou o reino.
Da confusão causada pela deposição de Vasti, uma serva hebreia, pobre,
sem família imediata, mas linda, é levada ao palácio. Ela sai da obscuridade para
o império. Será que permanecerá fiel aos princípios que aprendeu na infância
com o primo Mardoqueu?
Ao mesmo tempo, se desenvolve a rivalidade entre Mardoqueu e Hamã, o
agagita. O rei promove Hamã para um alto cargo de prestígio, mas Mardoqueu
se recusa a prestar homenagem e se curvar perante ele. Furioso, Hamã arma um
esquema para destruir não apenas Mardoqueu, mas a população judaica inteira.
Esse é um daqueles momentos em que a história prende a respiração. O
cenário está pronto. Quem dará um passo à frente para mudar a direção para o
lado certo? Mardoqueu confia em Deus; Ele proverá livramento. Porém, o meio
mais indicado que Mardoqueu consegue enxergar é através de sua filha adotiva,
colocada em posição de grande influência para esse momento. O plano é
arriscado; Ester pode perder a vida ao entrar na presença do rei sem ser
convidada. “Se eu tiver que morrer, morrerei”, ela diz (Et 4:16), e segue para o
seu destino.
Nós também temos um encontro com o destino. Deus quer nos usar hoje
para cumprir os Seus propósitos.
21 de julho – sábado

A PROMESSA DO NASCER DO SOL


Vamos nos dedicar mais e mais ao Senhor! Tão certo como nasce o Sol,
Ele virá nos ajudar; virá tão certamente como vêm as chuvas da
primavera que regam a terra. Oseias 6:3, NTLH

Você sabia que cada nascer do Sol incorpora uma promessa preciosa do Deus
da graça? “Tão certo como nasce o Sol, Ele virá”, a Bíblia declara.
Essa promessa maravilhosa do Senhor se encontra no livro de Oseias, a
história dupla de amor entre o profeta e Gômer e entre Deus e Israel. Em boa
parte do livro, lemos a respeito do clamor angustiado do coração de Deus ao ver
o amado povo se afastar cada vez mais dEle e afundar mais e mais no pecado:
“Meu povo foi destruído por falta de conhecimento” (Os 4:6).
“Efraim aliou-se a ídolos; deixem-no só!” (v. 17).
“Seu amor é como a neblina da manhã, como o primeiro orvalho que logo
evapora” (Os 6:4).
“Seu cabelo vai ficando grisalho, mas ele nem repara nisso” (Os 7:9).
“São como um arco defeituoso” (v. 16).
“Eles semeiam vento e colhem tempestade” (Os 8:7).
“Efraim alimenta-se de vento [...] e multiplica mentiras e violência” (Os
12:1).
“Agora eles pecam cada vez mais” (Os 13:2).
Em meio a essa descrição de infidelidade, vemos um raio de esperança. O
povo de Israel errante e volúvel decide se voltar para Deus: “Venham, voltemos
para o Senhor. [...] Depois de dois dias Ele nos dará vida novamente; ao terceiro
dia nos restaurará, para que vivamos em Sua presença” (Os 6:1, 2).
Que bom seria se o livro tivesse acabado com esse verso! Que bom seria se
o povo de Deus tivesse continuado a trilhar a estrada do arrependimento e da
restauração! No entanto, ainda assim podemos contar com Deus. Se nos
voltarmos para Ele, “tão certo como nasce o Sol, Ele virá nos ajudar”. Ele virá
ao nosso encontro como a refrescante chuva da primavera que faz com que a
semente germine e a flor desabroche.
Essa promessa é para você e para mim hoje, prezado amigo. Clame para
que ela se cumpra em sua vida agora mesmo – a promessa do nascer do Sol.
22 de julho – domingo

ESTAÇÕES DA ALMA
Semeiem a retidão para si, colham o fruto da lealdade, e façam sulcos no
seu solo não arado; pois é hora de buscar o Senhor, até que Ele venha e
faça chover justiça sobre vocês. Oseias 10:12

Em nossa vida cristã passamos por estações espirituais. São momentos


característicos em nosso relacionamento com Deus.
A primavera da alma nos encontra repletos de energia e entusiasmo,
ardentes em nosso primeiro amor, cheios de alegria pela descoberta das riquezas
da graça.
No verão, nosso poder espiritual aumenta e amadurece à medida que o
Senhor nos conduz a novos e empolgantes vislumbres de Sua glória.
O fruto do Espírito atinge o auge de sua doçura no outono, época em que o
julgamento e o discernimento espiritual nos capacitam a ver com clareza e a
proclamar prontamente os valores do Céu.
No inverno, nossa vida está protegida com o branco puro da justiça de
Cristo, corrigindo as nossas imperfeições, eliminando a sujeira e a feiura. Por
baixo dessa proteção, a vida está em atividade e crescimento, preparada no bom
tempo de Deus para romper no glorioso espetáculo da primavera.
Há outras maneiras de encarar as estações da alma, claro. O inverno pode
nos encontrar congelados e sem vida, a força da vida espiritual está
aparentemente enterrada por baixo do peso da negligência e de oportunidades
perdidas. No outono podemos agir de forma cansada e indiferente. Até mesmo
no verão podemos despender todas as energias em fazer o trabalho do Senhor
para a exaltação do nosso próprio ego em vez de colocarmos o Senhor e o Seu
reino em primeiro lugar.
Passamos pelas estações da alma, às vezes progredindo à medida que o
Senhor nos conduz da primavera para o verão, em seguida para o outono e
depois para a beleza do cenário do inverno. Infelizmente, saltamos de um lado
para o outro. O caminho de nossa vida espiritual é cheio de curvas e sequências
de altos e baixos, em vez de uma linha reta em direção à plenitude de vida em
Cristo. Começamos bem, mas recuamos. Nossas decisões são frágeis e
inconstantes.
Esse não é o modo do Senhor agir, mas nosso. Somos fracos, falhos. Mas
Ele é bondoso e paciente. Ele está atento a tudo o que ocorre em nossa vida, não
apenas às ocasionais ações de bondade ou maldade, e isso é o que conta. Ele nos
educa, molda-nos e aperfeiçoa-nos como joias para a glória eterna. Busquemos a
Deus hoje de todo o coração.
23 de julho – segunda

GÔMER E DEUS
Eu me casarei com você para sempre; eu me casarei com você com justiça
e retidão, com amor e compaixão. Oseias 2:19

Nenhum outro livro da Bíblia revela o profundo e anelante amor de Deus como
o livro de Oseias. Esse pequeno livro, muitas vezes ignorado, é o primeiro dos
“profetas menores”, assim chamados não por apresentarem uma mensagem
menos importante, mas por serem menos extensos do que Isaías, Jeremias,
Ezequiel e Daniel.
O livro de Oseias se divide em duas partes. Os capítulos de 1 a 3 narram a
história de amor do profeta, sua esposa, Gômer, e seus filhos. Os últimos 11
capítulos se concentram em Jeová e Sua noiva, Israel. Além desse esboço, o
livro requer uma análise mais profunda. Boa parte do livro de Oseias consiste em
uma série de clamores angustiados que expressam tristeza pela condescendência
com o pecado e a degradação de uma esposa adúltera. O orador é Deus,
desesperado por Seu povo desobediente.
O livro inicia com uma ordem de Jeová que o profeta certamente mal pôde
compreender: “Vá, tome uma mulher adúltera e filhos da infidelidade, porque a
nação é culpada do mais vergonhoso adultério por afastar-se do Senhor” (Os
1:2). Eles se casam, Gômer engravida e dá um filho a Oseias. Mais tarde, dá à
luz uma menina, em seguida um menino, mas não identificados como sendo
filhos legítimos de Oseias. O relato é sucinto, deixando-nos ler nas entrelinhas.
No capítulo 3, lemos a ordem do Senhor para que Oseias aceite Gômer de volta.
“Vá, trate novamente com amor sua mulher, apesar de ela ser amada por outro e
ser adúltera” (v. 1). Aparentemente, ela o havia deixado e se tornado escrava.
Oseias a compra de volta (v. 2).
Será que essa história foi real, ou se trata de uma espécie de parábola? A
evidência da Palavra de Deus é que se trata de uma história verídica, uma
inacreditável história de amor e de esperança para uma esposa infiel. De sua
experiência agonizante – o entusiasmo do amor genuíno, a dor de um casamento
fracassado, a luta para perdoar e amar novamente – o profeta compreende uma
história de amor ainda mais inacreditável, o amor de Deus por Israel.
Por que Deus amou tanto os judeus? Não seria o mesmo que perguntar por
que Ele ama a você e a mim tão intensamente? Por que Ele está disposto a Se
relacionar conosco, apesar de nossa infidelidade? Por que Ele nos perdoa? Por
que Ele nos aceita de volta? Unicamente porque “Deus é amor” (1Jo 4:16). Foi
essa a lição que Oseias aprendeu. Foi isso o que Jesus nos mostrou.
24 de julho – terça

O PROFETA CRIADOR DE GADO


Mas o Senhor me tirou do serviço junto ao rebanho e me disse: “Vá,
profetize a Israel, o Meu povo.” Amós 7:15

Entre os extraordinários profetas hebreus do sétimo e oitavo séculos a.C.,


nenhum é mais surpreendente do que Amós. A seu respeito, sabemos apenas
aquilo que ele nos conta, que é bem pouco; mas o suficiente para esboçarmos o
perfil da pessoa maravilhosa que ele foi.
As palavras de abertura de seu livro nos dizem que Amós foi “criador de
ovelhas em Tecoa” (Am 1:1). Mais tarde, ele nos conta que costumava cuidar de
gado e colher figos silvestres (Am 7:14). Pela última atividade mencionada,
podemos entender que ele colhia figos silvestres para uso próprio ou que os
cultivava para outros. Os figos silvestres, inferiores ao figo verdadeiro, precisam
ser perfurados algum tempo antes da colheita a fim de se tornarem comestíveis.
Entendemos o contexto. Amós tinha origem simples. Supria com
dificuldade suas necessidades. Os ofícios que desempenhava eram básicos,
diretamente ligados à terra.
Amós não podia responsabilizar os laços familiares ou a educação que
recebera por seu chamado. “Eu não sou profeta nem pertenço a nenhum grupo de
profetas” (v. 14). Naquela época havia escolas de profetas, além de uma classe
de profetas profissionais que servia aos interesses do monarca, em vez dos
interesses do Senhor.
Apesar de Amós talvez não possuir as referências que os seus
contemporâneos buscavam, contava com a maior qualificação de todas para ser
um profeta, a única característica que, por sua ausência, fez com que todos os
outros profetas de seu tempo fossem inúteis: o Senhor colocou a Sua mão sobre
ele. “O Senhor me tirou do serviço junto ao rebanho e me disse: ‘Vá, profetize a
Israel, o Meu povo’” (v. 15).
Assim, Amós deixa o gado e viaja para o reino do norte de Israel, local em
que proclama a destruição iminente por causa dos pecados do rei e do povo. Ali
ele se mete em dificuldade com Amazias, o sacerdote do santuário em Betel.
Amazias tenta fazer com que o rei, Jeroboão III, expulse Amós. “Vá embora,
vidente!”, ordena. “Vá profetizar em Judá; vá ganhar lá o seu pão” (v. 12).
Amazias era pago para falar o que o rei e o povo queriam ouvir, e avaliou
Amós baseando-se em si mesmo. Mas estava errado.
O Senhor ainda coloca a Sua mão sobre homens e mulheres. Ele os chama
de suas atividades cotidianas e diz: “Vá, fale em Meu nome”, e concede graça
para que a missão seja cumprida.
25 de julho – quarta

O MOMENTO MAIS GRANDIOSO


Levante-se, refulja! Porque chegou a sua luz, e a glória do Senhor raia
sobre você. Isaías 60:1

Com o destino incerto da França em 1940, houve uma evacuação em massa das
tropas britânicas e aliadas de Dunkirk. Aproximadamente 350 mil forças
armadas fugiram para a Inglaterra. Com excesso de soldados e armas, eles
fugiram em qualquer coisa que pudesse flutuar.
Os ingleses comemoraram como se tivessem conquistado uma grande
vitória. Mas o primeiro-ministro Winston Churchill os levou de volta à realidade.
Em 4 de junho ele declarou na Câmara dos Comuns: “Não se vence a guerra
batendo em retirada.”
Em seguida, Churchill proferiu um discurso magnífico, que é considerado
por alguns o maior discurso dos últimos mil anos: “Não desanimaremos ou
fracassaremos. Avançaremos até o fim. Lutaremos na França, lutaremos nos
mares e oceanos, lutaremos cada vez com mais convicção e força no ar,
defenderemos a nossa ilha, não importa o quanto custe, lutaremos nas praias,
lutaremos nas áreas de pouso, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas
colinas; jamais nos entregaremos.”
Exatamente duas semanas mais tarde, em 18 de junho de 1940, a Inglaterra
se preparava para a invasão pelo ar. Churchill discursou novamente no
Parlamento. “Desta batalha depende a sobrevivência da civilização cristã. [...]
Toda a fúria e o poder do inimigo em breve se voltarão contra nós. [...]
Preparemo-nos, portanto, para o nosso dever, conscientes de que, se o Império
Britânico e sua comunidade durarem por mil anos, homens ainda dirão: ‘Esse foi
o momento mais grandioso deles.’”
Como seguidores de Jesus Cristo, chegamos ao auge da história. As forças
do mal estão se posicionando para a última batalha da Terra. Que tipo de homens
e mulheres seremos nós numa época como essa?
“A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não
comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e
honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato;
homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo;
homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus”
(Educação, p. 57).
Armados com a graça de Deus, podemos de fato nos levantar e refulgir.
“Sobre ti aparece resplendente o Senhor, e a Sua glória se vê sobre ti” (Is 60:2,
ARA). Esse será o nosso momento mais grandioso.
26 de julho – quinta

ELE EXPERIMENTOU A MORTE


Vemos, todavia, Aquele que por um pouco foi feito menor do que os anjos,
Jesus, coroado de honra e de glória por ter sofrido a morte, para que, pela
graça de Deus, em favor de todos, experimentasse a morte. Hebreus 2:9

O que o apóstolo quis dizer ao afirmar que Jesus “experimentou” a morte?


Crisóstomo, pregador famoso e eloquente dos primeiros séculos do cristianismo,
interpretou essas palavras de forma muito interessante. Ele relacionou Jesus a
um médico que, a fim de encorajar o paciente a tomar o remédio amargo,
encosta os lábios no copo e toma um golinho. Assim, argumentou Crisóstomo,
Jesus experimentou apenas o suficiente da amargura da morte para saber como é.
Crisóstomo foi um grande pregador, mas interpretou muito mal esse texto.
Jesus não tomou apenas um gole do cálice da morte; Ele bebeu tudo até o fim.
Por meio da palavra “experimentar”, o apóstolo tentou nos dizer que Ele
realmente morreu, realmente experimentou a morte. Observe-O no Jardim do
Getsêmani, lutando em oração diante da rejeição, da crueldade e dos açoites que
O aguardam, especialmente da separação do Pai ao ser pendurado na cruz do
Calvário. Observe-O agonizando em oração, rogando por outro caminho. Ouça o
rogo melancólico, proferido três vezes: “Meu Pai, se for possível, afasta de Mim
este cálice; contudo, não seja como Eu quero, mas sim como Tu queres” (Mt
26:39). Mas isso era impossível, se desejava ganhar o mundo de volta para Deus.
Assim, Ele aceitou o cálice, escolheu a morte, morreu só, morreu por todos. Ele
experimentou a morte – não apenas a morte física, mas o horror da separação de
Deus, que a Bíblia chama de “segunda morte” (Ap 20:6).
O apóstolo nos diz que Jesus experimentou a morte “pela graça de Deus”.
Acho estranha essa expressão. O favor de Deus levou Jesus à morte. Apesar de a
maioria dos manuscritos antigos trazerem essa expressão, alguns dos primeiros
manuscritos apresentam uma variante surpreendente. Em vez de “pela graça de
Deus”, estão as palavras “sem Deus”.
A mudança envolve apenas duas letras do alfabeto grego. O que parece é
que algum escriba, provavelmente no segundo século, mudou duas letras ao
copiar o texto. Talvez tenha achado a ideia de Jesus morrer “sem Deus” muito
difícil de compreender e fez a mudança para “pela graça de Deus”.
Mas Jesus realmente morreu sentindo-Se totalmente sozinho, totalmente
esquecido. “Meu Deus! Meu Deus! Por que Me abandonaste?” (Mt 27:46).
Oh, que Salvador, capaz de chegar a tal ponto por você e por mim!
27 de julho – sexta

A VISÃO DO CÉU
O Senhor está no Seu santo templo; o Senhor tem o Seu trono nos Céus.
Seus olhos observam; Seus olhos examinam os filhos dos homens. Salmo
11:4

Fico pensando como deve ser a vida na Terra sob a perspectiva de Deus, da sala
do trono do Universo, onde, como o poeta Milton escreveu:
Milhares se apressam a atender o Seu comando
sobre a terra e o oceano, sem descanso.
Quão estranhas, pervertidas, distorcidas e débeis devem parecer as nossas
ações!
Recentemente me deparei com uma notícia que, para mim, parecia ser
piada. Mas não era, e mal posso conter o riso ao partilhá-la. O governo do estado
de Oklahoma, Estados Unidos, declarou ilegal a briga de galos em 2002. E fez
bem; trata-se de uma atividade cruel em que os galos usam as esporas e o bico
para se mutilarem até a morte, enquanto os espectadores humanos apostam no
resultado. A proibição desse “esporte” paralisou a indústria da briga de galos no
equivalente a 100 milhões de dólares, de acordo com um senador e defensor de
longa data da disputa sangrenta. Ele criou um plano para trazê-la de volta à ativa.
Ele propôs que os galos usassem pequenas luvas de boxe acopladas às
esporas (não estou inventando isso) para que as aves pudessem “esmurrar-se”
sem se machucar! O que o senador planejava fazer com o bico, se é que tinha um
plano para isso, o noticiário não informou. Será que os galos usariam proteções
nos bicos também?
A história não para por aqui. De acordo com o plano do senador, os galos
usariam coletes apropriados, munidos de sensores eletrônicos que registrariam os
golpes e ajudariam a marcar os pontos para determinar o vencedor. Você
consegue imaginar a cena? Galos vestidos com coletes e luvas de boxe se
atacando? Hilário!
O que não é hilário são as pessoas no estado de Oklahoma, e em cada
estado e país, que lutam pela sobrevivência a cada dia e a cada noite. Pais
solteiros, aflitos com a situação dos filhos. Preocupações em ganhar o dinheiro
do aluguel ou da próxima parcela do financiamento. Pessoas lutando contra
enfermidades. Medo da violência. Tantas pessoas sobrecarregadas com
preocupações, procurando uma saída ou mesmo um raio de esperança. Tanto a
fazer, tantas coisas que precisam ser consertadas!
E os governantes perdendo tempo em discutir a possibilidade de colocar
coletes e luvas de boxe em galos!
Ora, vem, Senhor Jesus, e arruma esse caos!
28 de julho – sábado

O PODER DA LEITURA
Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes
de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. 2
Timóteo 3:15

Certo dia apareceu uma estranha criatura no campus do Bethel College, uma
pequena instituição presbiteriana de ensino superior no Tennessee, Estados
Unidos. Ele tinha um metro e oitenta de altura, cabelos ruivos despenteados e
vestia uma blusa de frio tão velha que havia alfinetes por toda parte para mantê-
la em condições de uso. Havia buracos nos sapatos e os dentes da frente já não
existiam mais. Ele veio da minúscula vila de Rosser, constituída por apenas três
casas, onde morava numa casa de fazenda caindo aos pedaços, sem encanamento
interno. Ele nunca andou de bicicleta, entrou em um shopping center ou
namorou. E nunca frequentou a escola.
Robert Howard Allen, 32 anos, apareceu para matricular-se na faculdade.
Assim que a administração aplicou um teste para averiguar o conhecimento de
Robert, todos se surpreenderam. Ele “arrasou”. Sua mente estava repleta de
conhecimento em literatura clássica e histórica. A abrangência de seu
conhecimento estava muito além do que o de qualquer professor da instituição.
A administração o dispensou da maioria das matérias do primeiro ano de
faculdade.
Dez anos mais tarde, Robert Allen concluiu a educação formal, graduando-
se pela altamente prestigiada Universidade Vanderbilt em Nashville, Estados
Unidos, com PhD em inglês. Ele começou a lecionar inglês para a faculdade.
A história desse homem me inspira. Ela mostra o poder do espírito humano
para se erguer e ser bem-sucedido em face das situações mais desafiadoras. E
que situação desafiadora! Os pais de Robert se divorciaram quando ele ainda era
bem jovem. Ele foi criado por parentes de idade avançada que fizeram um
acordo com a administração da escola local para que ele estudasse em casa. A
princípio, um professor o visitava ocasionalmente, mas logo Robert foi
esquecido.
Mesmo assim, aos 12 anos Robert já tinha aprendido a ler sozinho e logo
começou a ler a Bíblia na versão King James para a tia Ida, que era deficiente
visual, completando duas vezes a leitura de capa a capa do Livro Sagrado.
Em pouco tempo, estava lendo tudo o que podia encontrar, desde
Shakespeare até Will Durant. Ele leu praticamente todos os livros da biblioteca
pública de sua cidade e aprendeu também a ler em grego e francês. E começou a
escrever poemas. Essa é uma história mais forte do que a ficção – e mais
maravilhosa. E tudo começou com a leitura da Bíblia.
29 de julho – domingo

APRENDENDO COM OS ERROS


Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios
são arrastados pela calamidade. Provérbios 24:16

A pessoa que nunca cometeu um erro nunca fez nada. Thomas Edison, o famoso
inventor, foi chamado muitas vezes de gênio, mas ele costumava dizer para si
mesmo: “Gênio, coisa nenhuma! Não desistir é o que faz de alguém um gênio.
Fracassei ao longo de minha jornada rumo ao sucesso.”
Se tivermos o estado de espírito certo, um erro pode se tornar um acidente
valioso. Assim como Cristóvão Colombo, que partiu para a Ásia e descobriu a
América. Ou como Ruth Wakefield, proprietária de uma pousada, que certo dia
na década de 1930 decidiu assar alguns biscoitos amanteigados usando uma
receita muito antiga. Ela picou uma barra de chocolate e acrescentou à massa, na
expectativa de que o chocolate derretesse. Ao tirar a forma do forno, em vez de
biscoitos de chocolate, ela encontrou biscoitos amanteigados repletos de gotas de
chocolate. Desse erro surgiu um dos biscoitos prediletos dos Estados Unidos.
Os pequenos blocos para anotação de recados em cor amarela e com uma
faixa adesiva, conhecidos como Post-it, surgiram através de um pesquisador da
Companhia 3M que tentava aprimorar a fita adesiva. Outra cientista da 3M
tentava criar uma borracha sintética para ser usada nas mangueiras de
abastecimento de combustível de aviões. Certo dia, algumas das substâncias
novas espirraram no tênis feito de lona de sua assistente e não puderam ser
removidas. À medida que o tênis envelhecia, ficava desbotado, exceto no local
em que a substância havia caído. Esse “erro” mais tarde se tornou o produto
conhecido como Scotchgard, usado hoje para ajudar a prevenir que a sujeira
manche o tecido.
A lista é enorme. Alexander Fleming descobrindo a penicilina, Charles
Goodyear aprendendo a estabilizar a borracha, Wilson Greatbatch criando um
marca-passo cardíaco aprimorado e possível de ser implantado. Todas essas
descobertas surgiram através de “erros” em um nível ou outro.
Na vida cristã, ocorre algo muito semelhante. Deus deseja que cresçamos
mediante Sua graça; por isso, não sabemos tudo. Caímos, e caímos de novo.
Às vezes ficamos perturbados mentalmente após cairmos. Mas Deus
promete que, mesmo que caiamos sete vezes (ou 77), vamos nos levantar
novamente. Sua graça nos toma pela mão, levanta-nos e coloca-nos de volta no
caminho com mais maturidade. Ele deseja que aprendamos com os nossos erros.
30 de julho – segunda

DESONESTOS E CRISTÃOS
O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente.
Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os
filhos da luz. Lucas 16:8

Enquanto escrevo dos Estados Unidos, dois aspectos da cena atual me


espantam. Nunca presenciei tanto exibicionismo político ao lado das Estrelas e
Listras [da bandeira norte-americana] e de citações da Bíblia; e nunca vi tantas
demonstrações ostensivas de ganância.
Certo executivo de uma grande companhia trabalha por três meses e decide
pedir demissão. Sai com 32 milhões de dólares limpinhos no bolso. Em outras
companhias, presidentes e diretores executivos, que presidem durante um
período de forte declínio das ações na bolsa de valores, mudam de pasto –
juntamente com um paraquedas dourado. Mal passa uma semana sem novas
revelações de manipulação financeira e desonestidade.
Chamei a atenção para os ricos, mas a ganância é uma sedutora tentação de
igual oportunidade para todas as classes sociais. Pessoas de todas as posições
sociais parecem obcecadas pelo desejo de ganhar mais dinheiro. Sempre foi
assim, mas no mundo atual a determinação por acumular dinheiro atingiu um
nível ainda mais degradado. Por essa razão, encontramos Jesus, cujo público
consistia principalmente de pessoas comuns, geralmente falando sobre dinheiro.
O fato é: a maneira de nos relacionarmos com o dinheiro é a mais clara
evidência de nossa relação com o reino do Céu. Em outras palavras, a nossa
atitude em relação ao dinheiro revela o impacto que a graça produz (ou não) em
nossa vida.
Em Lucas 16:1-9 encontramos o que a princípio parece ser uma parábola
intrigante. Certo administrador de um homem rico age com desonestidade
falsificando os livros de contabilidade e é desmascarado pelo chefe. O chefe
demite o administrador e pede uma auditoria completa dos registros. O
administrador lança mão de um artifício inteligente para assegurar seu futuro: ele
entra em contato com vários devedores e altera o registro daquilo que devem – a
seu favor! Ele os faz saber que está cuidando de seus interesses para que em
troca cuidem dos dele também. Então, somos surpreendidos: o homem rico
elogia o administrador desonesto. Por quê? Por causa de sua astúcia. Soa como
se o próprio chefe tivesse agido com desonestidade nos negócios; um desonesto
elogiando o outro!
Muitas das parábolas de Jesus começam com: “O reino do Céu é como...”
Mas não na parábola do administrador desonesto. No reino do Céu o povo de
Deus não é obcecado por ganhar dinheiro. É um povo muito generoso, porque
Deus os trata com generosidade sem medida.
31 de julho – terça

O HOTEL MAIS MARAVILHOSO


Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo
rico, Se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de Sua pobreza
vocês se tornassem ricos. 2 Coríntios 8:9

Na costa do Golfo Pérsico encontra-se um dos edifícios mais impressionantes


do mundo. O Burj al-Arab, de 321 metros, é o hotel mais alto do planeta. Mais
notável que a altura, porém, é sua arquitetura, que se assemelha a um veleiro. O
Burj, inaugurado em 1999, rapidamente se estabeleceu como o ícone dos
emirados em Dubai e garantiu o seu lugar entre os edifícios mais distintos do
mundo, juntamente com a Torre Eiffel, o Big Ben e a Casa da Ópera de Sydney.
O Burj se localiza em uma ilha própria próximo à praia de Jumeirah.
Internacionalmente, esse hotel é classificado como cinco estrelas; mas o Burj,
que de arrogância não carece de nada, se classifica como sete estrelas. Os
hóspedes são recebidos no aeroporto em um dos carros da frota de 12 Rolls-
Royces brancos. No trajeto, os hóspedes cruzam uma ponte em que há queima
de fogos em comemoração à sua chegada. O pernoite no apartamento de
classificação standard, suíte duplex, custa cerca de 28 mil dólares.
O Burj não permite a entrada de visitantes e turistas na ilha. Alguns
amigos, porém, convidaram Noelene e eu para um desjejum na cobertura do
hotel. O interior do edifício é ainda mais abusivamente extravagante do que a
audaciosa arquitetura exterior sugere. Uma imensa cascata ladeada por aquários
que vão do chão ao teto encanta qualquer um que entra no saguão de entrada. Os
aquários são tão grandes que os funcionários têm que fazer a limpeza com
equipamento próprio de mergulho. Quase todas as superfícies são banhadas a
ouro. A vista da cobertura é espetacular. O bufê, por sua vez, oferece uma
infinidade de pratos quentes e frios, saladas, doces de culturas variadas e tudo o
mais que o paladar possa desejar por 100 dólares por pessoa.
Apreciei muito a experiência, mas bastou uma vez. Assim que o apetite é
satisfeito, os milhares de pratos não degustados não atraem mais os olhos. E, se
você tem uma cama familiar e confortável para descansar, qual a vantagem de
pagar 1.000 dólares ou mais para passar a noite?
Somos seguidores de Jesus de Nazaré. Ele abriu mão das riquezas do Céu
para Se identificar com os pobres da Terra. Ele nos convida: “Segue-Me.” Isso
não quer dizer que devemos viver como monges. Mas significa que devemos
analisar com cuidado a maneira com que gastamos os recursos que Deus coloca
sob a nossa responsabilidade.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1º de agosto – quarta

A IMPORTÂNCIA DE UM NOME
Por isso Deus O exaltou à mais alta posição e Lhe deu o nome que está
acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos
céus, na terra e debaixo da terra. Filipenses 2:9, 10

Na ocasião em que Jackie Ordelheide Smith e seu esposo, Bob, se mudaram do


Novo México, EUA, para Washington, DC, onde Jackie assumiria um cargo na
Adventist Review [Revista Adventista norte-americana], eles procuraram por
toda a região um local de preço acessível para morar. A experiência foi
desanimadora. Tudo o que encontraram estava totalmente fora de suas condições
financeiras. O casal começou a pensar em como faria para evitar um longo
trajeto de casa para o trabalho, já que o preço dos imóveis era mais acessível nas
regiões mais afastadas da cidade.
Foi então que eles providencialmente encontraram a casa ideal no preço
que cabia em seu orçamento. Após fecharem negócio, se mudaram. Mas havia
um problema – o nome da rua: Satanás! Por alguns anos, eles conviveram com
esse nome, mas nunca se sentiram confortáveis. Cansaram de lidar com a reação
das pessoas que ouviam o endereço – os olhares surpresos, as piadas, os
comentários.
A família Smith descobriu que outros moradores da Rua Satanás também
se sentiam desconfortáveis com o nome. Um dos moradores tentava disfarçar o
nome pronunciando-o com sotaque francês. Outro simplesmente se referia ao
endereço como rua “S”. Outros ainda deliberadamente trocavam o nome para
Rua Ananás. Um padre que morava na rua aspergia água benta todo ano ao redor
de sua casa.
Por fim, após uma pesquisa em registros antigos, alguém descobriu que a
rua realmente deveria se chamar Ananás, baseado num poema obscuro de um
poeta excêntrico. Sem dúvida, o escrevente não entendeu o nome corretamente
ou não prestou atenção ao escrever. (Fico imaginando se foi de propósito.) No
entanto, para corrigir o nome da rua, seria necessário passar por uma longa
burocracia, coletar no mínimo 19 assinaturas dos 21 moradores da rua e uma boa
quantia em dinheiro.
A comunidade uniu forças para coletar as assinaturas e levantar o dinheiro
necessário. O jornal local fez a cobertura da história; em seguida, uma emissora
de televisão a colocou no ar e, por fim, o jornal Baltimore Sun a publicou na
primeira página. Finalmente, Jackie, Bob e os vizinhos não viveriam mais na
Rua Satanás!
Qual a importância de um nome? Muita. Especialmente nosso nome. E,
acima de tudo, o nome de Jesus, cheio de graça. Esse nome está acima de
qualquer nome no Céu e na Terra.
2 de agosto – quinta

MENSAGEM DE AMOR EM SANGUE


NEle temos a redenção por meio de Seu sangue, o perdão dos pecados, de
acordo com as riquezas da graça. Efésios 1:7

No início de 2005, ocorreu um terrível acidente de trem em Los Angeles,


Estados Unidos. Certo homem, planejando se suicidar, parou em cima dos trilhos
o veículo que dirigia. No último minuto, porém, mudou de ideia e abandonou o
carro, fazendo com que o trem que se aproximava em alta velocidade batesse no
veículo, descarrilasse e colidisse com outro trem que vinha na direção oposta.
Onze pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas.
John Phipps trabalhava numa fábrica de peças aeroespaciais em Burbank.
Normalmente não pegava o trem naquele horário, mas foi chamado para
trabalhar mais cedo naquele dia. Phipps encontrou um assento vago na parte de
cima do trem e pegou no sono. Acordou repentinamente com o violento
solavanco da colisão. Sentiu um vapor incomum sobre o rosto e viu por toda
parte fragmentos amassados do trem. Tocou a parte posterior da cabeça e as
mãos ficaram cheias de sangue. Ele gritou pedindo ajuda, mas ninguém
respondeu. Preso sob os escombros, começou a cantar: “Por que eu, Senhor?” e
aguardou o resgate. Um pouco depois, ele esticou o braço e tocou em um dos
assentos do trem, deixando ali uma marca de sangue. Caiu em si: morreria ali.
Decidiu deixar uma mensagem para a esposa, Leslie, e os filhos. Naquele
assento de trem, Phipps escreveu com o próprio sangue: “Eu meus filhos. Eu
Leslie.”
O capitão dos bombeiros, Robert Rosario, foi o primeiro a encontrar Phipps
e a descobrir a mensagem em sangue. “Já vi coisas horríveis em meu trabalho”,
afirmou mais tarde, “mas aquilo me comoveu. Meu único pensamento naquele
instante foi: Tenho que mostrar isso para a esposa e os filhos desse homem.”
John Phipps sobreviveu. Durante a entrevista coletiva dias depois, ele
apareceu apoiando-se em muletas e se identificou como o autor da mensagem de
amor. “Não sei por que fiz isso”, declarou à imprensa. “Não achei que minha
família veria a mensagem.”
Há dois mil anos, outra Pessoa deixou uma mensagem escrita com Seu
próprio sangue. Jesus de Nazaré foi pendurado numa cruz de madeira fora dos
portões de Jerusalém. Ele havia deixado o lugar mais seguro do Universo, o Céu,
para Se identificar com as vítimas do terrível acidente global e, por meio de Sua
morte, oferecer-lhes a redenção, o perdão e a vida.
A mensagem de amor de Jesus escrita em sangue diz: “Eu você.” Ao lado
dessa mensagem, Ele escreve o seu nome e o meu.
3 de agosto – sexta

SINAIS DOS TEMPOS


Vocês sabem interpretar o aspecto do céu, mas não sabem interpretar os
sinais dos tempos! Mateus 16:3

Na ocasião em que o tsunami atingiu Phuket, na Tailândia, um dia depois do


Natal de 2004, em uma das praias ninguém foi morto ou ficou gravemente
ferido. Tudo porque uma menina britânica reconheceu os sinais e avisou a todos
que estavam ali.
Duas semanas antes, Tilly Smith, 10 anos, havia estudado sobre os
tsunamis na escola em Oxshott, ao sul de Londres. Ao ver a maré retroceder
repentinamente, soube que a onda gigantesca provocada pelo grande terremoto a
quilômetros da costa de Sumatra chegaria em apenas alguns minutos. Ela avisou
a mãe que estavam em perigo. A família e mais outros 100 banhistas que
estavam na praia tailandesa foram salvos.
Jesus nos diz para prestarmos atenção aos sinais dos tempos. Assim como
nos dias dos fariseus e saduceus, para quem Jesus dirigiu as palavras do texto
bíblico hoje, as pessoas ainda comentam sobre o clima: “Será que vai chover?
Será que vai fazer frio ou calor? Devo levar uma blusa?” Esse é o tema de
conversa mais comum que existe para quebrar o gelo entre desconhecidos ou ao
encontrarmos um colega.
Jesus nos diz o mesmo que disse aos líderes religiosos de Sua época:
“Vocês demonstram interesse pelo clima. Mas precisam demonstrar o mesmo
interesse pelos sinais mais importantes e mais valiosos à volta de vocês.” Os
fariseus e saduceus procuraram Cristo com o pedido de que lhes mostrasse um
sinal do Céu. No entanto, tudo à volta deles eram sinais dos tempos – os
milagres de Jesus, Seus ensinos, o testemunho de Sua vida nobre. Tais sinais
proclamavam que, apesar das raízes humildes de Jesus, Ele não era apenas mais
um mestre itinerante; que apesar de a pompa ou o exibicionismo não
acompanharem Seu ministério, Ele possuía as credenciais de algo muito maior: a
bênção de Deus. Não se tratava de um homem comum. Ele era de fato o
Messias!
Nós que amamos e seguimos a Jesus; nós, cuja vida foi tocada, salva e
abençoada pela salvação que nos ofereceu, devemos abrir os olhos aos sinais dos
tempos em nossos dias. Assim como Tilly Smith, que estudou e reconheceu o
perigo, devemos proclamar às pessoas ao nosso redor que elas estão correndo
perigo muito maior. Este mundo está perecendo. Saiam da água! Fujam para a
segurança! E isso significa correr para Jesus, Aquele que é cheio de graça e
verdade.
4 de agosto – sábado

DIA DE GRAÇA
Assim, ainda resta um descanso sabático para o povo de Deus. Hebreus
4:9

O sábado é um dia de graça. Trata-se de um presente de amor de Deus para nós


nesta época agitada e de grandes pressões. Em Sua amorosa sabedoria, Ele, que
sabe o que é melhor para nós, o que precisamos para ser revigorados, separou
desde a Criação esse período de 24 horas. Hoje, precisamos desse dia de graça
mais do que nunca.
Nos últimos anos, muitas pessoas têm redescoberto o sábado. Judeus
nascidos em meio secular, cujas famílias há muito tempo abandonaram a
observância do sábado, têm descoberto que esse tesouro esquecido é exatamente
o que precisam para manter o casamento e a família unida e para encontrar a paz
mental. Muitos cristãos têm escolhido o sábado como dia de adoração.
Ao longo dos anos, o domingo perdeu o seu significado. Para a grande
maioria daqueles que frequentam a igreja nesse dia, o domingo não é
considerado um dia sagrado. Depois de ir à igreja, eles geralmente vão ao
restaurante e então assistem a partidas de futebol.
Mas o plano de Deus, desde o princípio, foi que o sábado – que Ele
designou como o sétimo dia da semana, não meramente qualquer dia, não a
sétima parte do tempo – fosse “lembrado” (Êx 20:8) como dia santo. Isso
engloba todas as 24 horas desse dia. Essa é a ordem específica de Deus; essa é a
necessidade que o nosso corpo e mente tanto almejam que seja satisfeita.
O ato de separar esse período de 24 horas – de pôr do sol a pôr do sol, de
acordo com a lógica bíblica – também ordena as nossas prioridades. Ao
fazermos isso, dizemos que nada é mais importante do que Deus; nem o
trabalho, os prazeres, os negócios ou as viagens. Esse período de tempo é
especial. É um dia consagrado, separado por Deus para nós, separado para Deus.
No livro de Hebreus, o autor faz um trocadilho com a palavra “descanso”,
seguramente um termo com altas conotações desejáveis para as pessoas
modernas. Ele primeiro aplica a palavra “descanso” às doze tribos hebreias
vagueando no deserto: “descanso” seria Canaã, local em que encontrariam um
lar e deixariam de vaguear (Hb 3:11, 18). Em seguida, fala a respeito dos
cristãos, para quem é destinada a carta, e aplica a palavra “descanso” à
experiência de salvação em Jesus – graça (Hb 4:3). Ele cria uma nova palavra,
chamando-a de sabbatismos, o descanso sabático.
Que alto valor é atribuído ao sábado! O descanso sabático exemplifica
nosso descanso em Jesus, nosso Salvador. Realmente, é um dia de graça!
5 de agosto – domingo

A IRA DE CRISTO
Irado, olhou para os que estavam à Sua volta e, profundamente
entristecido por causa do coração endurecido deles, disse ao homem:
“Estenda a mão.” Ele a estendeu, e ela foi restaurada. Marcos 3:5

Ao longo dos anos, tem se propagado o mito de que a religião é para os fracos,
uma muleta; que Jesus tira o brilho da vida. Pessoas fortes, de acordo com
muitos psicólogos, conseguem viver sozinhas. Homens e mulheres vigorosos e
ousados certamente não precisam do modelo insípido de Jesus.
Swinburne, poeta do século 19, resumiu essa atitude em palavras amargas:
“Tu venceste, ó pálido Galileu; o mundo tornou-se cinzento com o Teu fôlego.”
Essa caricatura de Jesus contradiz a descrição encontrada nos Evangelhos.
Que tipo de pessoa expulsaria as ovelhas e os bois do pátio do Templo,
espalharia pelo chão o dinheiro dos cambistas e viraria as mesas? Certamente
nenhum capacho de caráter fraco!
Além disso, você já se perguntou por que os líderes religiosos queriam Se
livrar dEle, e finalmente conseguiram? Porque Ele ameaçou a posição e a
autoridade deles. Jesus era controverso, um grande problema político para eles.
No texto de hoje encontramos Jesus irado. Isso o surpreende? A graça e a
ira são contraditórias? Há diferentes tipos de ira. Na maioria das vezes, ficamos
irados porque alguém fere nosso ego. Reagimos em defesa de nosso orgulho.
Nossa ira é egoísta e autoprotetora.
Jesus irou-Se algumas vezes, mas de forma diferente. Na ocasião em que
viu os mercadores e os cambistas transformando a casa de oração em um lugar
de negócios e extorsão, ardeu em zelo santificado. Em outra ocasião, Jesus foi à
sinagoga no sábado e encontrou um homem com a mão ressequida. Ao perceber
que os líderes religiosos O observavam para ver se Ele curaria aquele homem,
Sua indignação moral surgiu novamente. Hipócritas!
Prezado amigo, seguidor de Jesus, espero que você também fique irado. Ao
ler a respeito de crianças que são vítimas de abuso e exploração, espero que você
arda em zelo santificado. Ao saber que aos débeis e fracos foram negadas a
justiça e a decência, espero que você fique irado, não por si mesmo, mas por
eles. A graça nos deixa irados.
6 de agosto – segunda

A HISTÓRIA DE CATHERINE
O Rei responderá: “Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum
dos Meus menores irmãos, a Mim o fizeram.” Mateus 25:40

Catherine foi esposa de Lewis Lawes, diretor do famoso presídio Sing Sing, do
estado de Nova York, de 1920 a 1941. Esse presídio foi conhecido por destruir
os diretores: a média de permanência no cargo era, antes de Lewis Lawes, de
apenas dois anos. Lawes certa vez brincou: “A maneira mais fácil de sair de Sing
Sing é tornando-se o diretor.”
Lawes, porém, permaneceu no cargo por 21 anos. Ele instituiu muitas
reformas. Por trás desse homem bem-sucedido, como geralmente é o caso,
estava uma mulher. A esposa, Catherine, foi fundamental para as mudanças
feitas naquele terrível ambiente. Catherine acreditava que todos os presidiários
eram dignos de atenção e respeito. Ela fazia visitas regulares ao presídio para
animar os presidiários, ouvi-los e transmitir mensagens. Ela se preocupava com
eles; por sua vez, eles desenvolveram um profundo respeito e admiração por ela.
Em uma noite de outubro de 1937, Catherine faleceu num acidente
automobilístico. Quando a notícia se espalhou de cela em cela, os presidiários
pediram permissão ao diretor para visitarem o túmulo de Catherine, que fora
erigido dentro da propriedade da família. Ele atendeu o pedido deles. Alguns
dias depois, o portão sul de Sing Sing foi vagarosamente aberto. Centenas de
homens – assassinos, ladrões, muitos deles condenados à prisão perpétua –
marcharam lentamente dos portões do presídio para a casa da família Lawes, que
ficava apenas a alguns quilômetros de distância, e depois retornaram para as suas
celas. O número de presidiários era tão grande que o evento todo ocorreu sem
vigilância. Mas ninguém tentou fugir.
Na famosa parábola das ovelhas e dos bodes, de onde o texto de hoje foi
extraído, Jesus falou sobre visitar os presos. Ele também falou sobre alimentar o
faminto, vestir o nu, levar conforto ao doente. Por meio dessa vívida parábola,
Ele revelou o tipo de vida que realmente conta para este mundo e para a
eternidade. Certo poeta a descreveu assim: “A melhor parte da vida do bom
homem são seus pequenos, anônimos, esquecidos atos de bondade e de amor.”
“Se o coração estivesse verdadeiramente transformado pela graça divina,
uma transformação exterior seria vista através da sincera bondade, simpatia e
cortesia. Jesus nunca Se mostrou frio ou inacessível” (Ellen G. White,
Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 488).
A bondade é a linguagem que até mesmo os que são incapazes de ouvir ou
falar conseguem entender. Ela é um fruto da graça.
7 de agosto – terça

A ORAÇÃO DE UM ATEU
Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não
sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com
gemidos inexprimíveis. Romanos 8:26

Victoria e Orestes se encontraram em uma festa em Havana, Cuba. Membros


fiéis do Partido Comunista, ela tinha 16 anos e ele, 18. Dois anos depois eles se
casaram. Quase imediatamente, Orestes foi enviado à União Soviética para
passar dois anos em treinamento militar. Victoria permaneceu em Cuba,
estudando para se tornar dentista.
Na década de 1980, eles foram para a Rússia em família (nessa época já
tinham dois filhos), onde Orestes deveria passar por um treinamento de voo
avançado. O registro de Victoria para praticar odontologia não foi aceito naquele
país. Por isso, ela começou a trabalhar numa fábrica de envase de garrafas. Certo
dia, Victoria machucou a mão na máquina em que trabalhava e, ao ser levada ao
hospital, sofreu uma grave reação ao medicamento. À beira da morte, deitada
sobre o leito hospitalar, o marido lhe fez uma pergunta que jamais havia feito
antes.
– Você acredita em Deus, Vicky?
– Sim – ela respondeu.
– Você nunca me contou!
Naquela noite, Orestes voltou para casa e fez a primeira oração de sua vida:
“Deus, não creio em Ti, mas Vicky tem tanta fé! Por que não a ajudas, para que
ela não morra?”
Sem dúvida, uma oração muito estranha! Mas Deus entende; Ele lê o
coração. O Espírito Santo compensa nossas deficiências, intercedendo por nós
“com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26).
O Senhor atendeu o pedido de ajuda de um ateu. Vicky se restabeleceu.
Depois disso, tudo mudou na vida de Orestes e Victoria. À medida que a
abertura política tomava conta da União Soviética, Orestes começou a visitar as
bibliotecas e a “devorar” os jornais. Ele encontrou uma nova versão da história,
descobriu que muito do que havia aprendido na escola era mentira.
Os anos que se seguiram trouxeram suspense, risco de morte e a angústia
da separação em uma aventura que é maravilhosa demais para ser resumida.
Amanhã saberemos o restante da história.
8 de agosto – quarta

O RESGATE VEIO DO CÉU


E se Eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para Mim, para que
vocês estejam onde Eu estiver. João 14:3

Orestes Lorenzo havia encontrado Deus. Mesmo sendo ateu de coração


endurecido, ele clamou em desespero ao Senhor para que, se Ele existisse,
salvasse a amada esposa, Victoria, que estava à beira da morte. Deus ouviu e
respondeu. Vicky sobreviveu. E a vida desse casal mudou para sempre.
Alguns anos mais tarde, Orestes, major da Força Aérea de Cuba, bolou um
plano perigoso. Certo dia, decolou no avião russo MIG-23 da base naval em
Santa Clara. Voando a aproximadamente quatro metros acima da água para não
ser apanhado pelo radar norte-americano, surpreendeu a base aérea dos Estados
Unidos em Key West, Flórida, ao se aproximar sem ser notado. Sem enxergar
possibilidade de colocar clandestinamente a esposa e os filhos a bordo, ele partiu
deixando-os para trás. Além disso, sabia que havia grande chance de morrer
naquela missão perigosa. Mas, se conseguisse chegar aos Estados Unidos,
encontraria uma maneira de resgatar a família.
Vários dignitários lhe prestaram auxílio. O presidente George Bush,
Mikhail Gorbachev, Coretta Scott King, senadores, membros do Congresso –
todos tentaram ajudar. Mas as autoridades cubanas se recusaram a liberar a
família de alguém que eles consideravam traidor. Enquanto os meses se
passavam, Orestes ficava cada vez mais desesperado. Decidiu resolver o caso
com as próprias mãos.
Por meio de mensagens transmitidas por amigos de confiança, Orestes
instruiu Vicky a estar pronta em determinado dia escolhido por ele. “Vista uma
blusa laranja para se destacar em meio à luz do entardecer”, Orestes instruiu. Às
cinco horas da tarde no dia combinado, Orestes decolou de Key West num antigo
Cessna que ele conseguiu emprestado. Voando baixo sobre o Estreito da Flórida,
após 43 minutos avistou a ponte em Matanzas. Em seguida, viu um vulto laranja
ao lado da estrada, exatamente onde deveria estar. Pousou o avião na estrada,
diante de um caminhoneiro boquiaberto. Vicky e as crianças correram para o
avião e, em questão de segundos, os pneus do velho Cessna começaram a rodar.
Mas agora Orestes estava chegando ao fim da estrada. “Era humanamente
impossível decolar”, afirmou mais tarde. Justamente quando acabou o asfalto, o
avião decolou. Orestes atribui os créditos para tal façanha ao Deus em cuja
existência ele não acreditava cinco anos antes.
Um dia, em breve, Jesus virá novamente do Céu para nos resgatar deste
planeta e nos levar para o lar eternal.
9 de agosto – quinta

NA ALEGRIA E NA TRISTEZA
Se uma parte sofre, todas as outras partes estão envolvidas no sofrimento,
e na cura. Se uma parte floresce, todas as outras partes fazem parte da
exuberância. 1 Coríntios 12:26

O apóstolo Paulo utiliza muitas metáforas para descrever o povo de Deus, a


igreja. Uma que nos fala ternamente é a família; a igreja é a família da graça.
Mas Paulo parece ter ficado intrigado com a imagem da igreja como o corpo de
Cristo. Em sua primeira carta aos coríntios, ele desenvolve a ideia
detalhadamente, dedicando a maior parte de um longo capítulo para isso (1Co
12:12-30). Paulo retoma a ideia em suas cartas aos romanos (Rm 12:4, 5), aos
efésios (Ef 1:22; 4:15, 16) e aos colossenses (Cl 1:18-24).
“A maneira pela qual Deus projetou nosso corpo é um modelo para
entendermos nossa vida em conjunto como igreja”, escreveu aos fiéis de
Corinto, “cada parte depende da outra, as partes que mencionamos e as que não
mencionamos, as partes que vemos e as que não vemos” (1Co 12:24-26, The
Message).
Não há hierarquia aqui. Dependemos um do outro, apoiamos um ao outro,
participamos da dor e da alegria um do outro.
Do Polo Sul provém uma linda história de interdependência. Ali, no lugar
mais extremo do planeta, uma médica teve que depender de seus pacientes. A
Dra. Jerri Nielsen leu o anúncio no jornal de medicina que recrutava médicos
para trabalhar na base de pesquisa na Antártica. Recém-divorciada, a Dra.
Nielsen, médica especialista em pronto-socorro, estava preparada para uma
mudança. Em 21 de novembro de 1998, ela chegou à estação Amundsen-Scott,
no Polo Sul, bem no início do verão. Antes da chegada do inverno, a maioria dos
moradores locais partiu, deixando para trás Nielsen, 40 cientistas, a equipe de
construção e a equipe de apoio. O último voo decolou no dia 15 de fevereiro. A
uma temperatura de -73 ºC, o combustível das aeronaves parecia gelatina.
Assim, não havia qualquer possibilidade de alçar voo até novembro. No início de
março, a Dra. Nielsen descobriu um caroço no seio direito.
A luta pela sobrevivência dessa médica travada no Polo Sul atraiu a
atenção do mundo. Seus pacientes lhe ofereceram uma chance de viver. Um
deles repetidamente inseria uma agulha no tumor na tentativa de retirar o fluido.
Um soldador ajudou a realizar a biópsia. Outros administraram a quimioterapia.
Ela sobreviveu!
Sempre que apoiamos um ao outro, grandes coisas acontecem.
10 de agosto – sexta

A INVERSÃO DA GRAÇA
Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão
primeiros. Mateus 19:30

A graça vira o mundo de cabeça para baixo. Através de Sua vida e de Seus
ensinos, Jesus nos mostrou isso. Ele era o Rei do Céu, mas Se tornou servo.
Governava o Universo, mas Se tornou pobre, sem um lugar para reclinar a
cabeça. Sofreu a pior morte, executado como criminoso; mas, por Sua morte,
resgatou o mundo. O primeiro se tornou o último, e o último se tornou o
primeiro.
Jesus usou essa expressão muitas vezes. Geralmente ela aparecia no início
de uma parábola, ou em sua conclusão. Às vezes, Ele começava uma parábola
com as palavras: “O reino do Céu é como...”
Suas parábolas, com simplicidade de palavras e aparentemente de ideias,
são imensamente profundas. A acessibilidade fácil mascara as profundas ideias
que apresentam. Compare-as com as fábulas de Esopo, e imediatamente notará a
diferença. Melhor ainda, tente criar uma parábola. As parábolas de Jesus falam
da graça, e a graça é radical. A graça está literalmente fora deste mundo – ela
vem de outro mundo, um mundo muito melhor. As parábolas não falam a
respeito do mundo que conhecemos; falam do reino do Céu. Nesse reino, o
primeiro é o último; e o último, o primeiro. A graça inverte as expectativas. A
graça inverte o método de recompensa. A graça inverte as prioridades.
O cristianismo já existe há muito tempo. Para a maioria das pessoas, trata-
se de um sistema conservador, preso a rituais e previsível. Há muito, muito
tempo a natureza radical da vida e da mensagem de Jesus rompeu o formalismo
religioso.
Ela pode romper a nossa vida também. O que mais me preocupa com
relação à minha própria caminhada com Jesus é que ela venha a ficar estagnada
em padrões previsíveis. Oh, sim, posso dedicar tempo para a devoção diária, mas
isso pode se tornar uma rotina, e a oração, algo mecânico.
Quero que a minha vida cristã brilhe com a inversão da graça – a inversão
da rotina, a inversão de padrões previsíveis, a inversão do ato de não valorizar o
dom de Deus. Mas eis aqui a maravilha: Deus pode fazer com que isso aconteça.
A própria graça pode nos manter na graça.
Na ocasião em que os apóstolos saíram para pregar o evangelho ao mundo,
os oponentes se referiram a eles como “esses homens, que têm causado alvoroço
por todo o mundo” (At 17:6). Eles assim o fizeram, pois tinham uma mensagem,
uma mensagem que ainda hoje causa alvoroço por todo o mundo.
11 de agosto – sábado

UMA PARÁBOLA INTRIGANTE


Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam
receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário. Mateus
20:10

A parábola de Jesus sobre os trabalhadores da vinha é estranha em quase todos


os seus aspectos. O comportamento do proprietário da vinha é contrário à nossa
experiência. Lembra-se da história? O proprietário sai de madrugada e contrata
homens para trabalhar em sua vinha naquele dia. Combina com eles o salário de
um dia de um trabalhador comum – um denário (o equivalente a 50 dólares no
mercado atual). Algumas horas mais tarde, o proprietário encontra outros
homens desocupados. “Vocês querem trabalhar?”, pergunta. Os homens
respondem que sim, e ele os contrata para trabalhar em sua vinha também. Não
há nenhum acordo quanto ao salário; o proprietário simplesmente diz: “Eu lhes
pagarei o que for justo” (Mt 20:4), e eles começam a trabalhar. O proprietário
repete o mesmo processo com outros homens ao meio-dia e depois às três da
tarde.
No fim do dia, o proprietário vê mais homens desocupados. Ele os contrata
também, mesmo restando apenas uma hora para o pôr do sol.
Até aqui, nada de surpreendente. Mas a esquisitice da história ocorre no
momento em que todos os trabalhadores encerram o trabalho no fim do dia e
formam uma fila para receber o pagamento. A primeira coisa estranha: os que
foram contratados por último são os primeiros a receber o pagamento. Segundo,
algo realmente muito estranho: os homens contratados às cinco horas da tarde
recebem um denário, o salário equivalente a um dia inteiro de trabalho! Terceiro,
outro choque: os que trabalharam o dia inteiro também recebem um denário!
Esse foi o salário combinado, mas, depois de verem aqueles que trabalharam
apenas uma hora receberem um denário, eles sentiram que seu pagamento era
injusto. “O senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do trabalho e o calor
do dia” (v. 12).
A graça inverte tudo. No momento em que o amor de Jesus conquista nosso
coração, não trabalhamos mais para sermos recompensados. Simplesmente
confiamos que Ele fará “o que for justo” – e é exatamente isso que Ele fará. Em
Seu reino todos nós receberemos o mesmo incrível “denário” – a vida eterna,
sem nunca mais sentirmos ciúmes um do outro, sem fazermos comparações ou
reclamações.
Que parábola! Um raio de luz sobre a graça.
12 de agosto – domingo

O BISPO E O TRAFICANTE
Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador. Lucas 18:13

Você conhece a parábola de Jesus sobre o bispo e o traficante? Claro que sim!
Você a conhece melhor como o fariseu e o publicano (ou “cobrador de
impostos”, na Nova Tradução na Linguagem de Hoje). Ao lermos a parábola do
fariseu e do publicano, geralmente falhamos em compreender o grande contraste
que Jesus traçou entre os dois indivíduos da história. Notamos que um deles é
uma pessoa religiosa, enquanto o outro não professa religião alguma; mas
paramos por aí. Jesus, porém, estava dizendo muito mais do que isso ao escolher
esses dois personagens.
Na época de Jesus, os fariseus se consideravam os mais piedosos e
conscienciosos da nação. Eles não estavam envolvidos no sumo sacerdócio.
Outro grupo, o dos saduceus, é que controlava o sumo sacerdócio e acabou
tornando esse ofício uma base de força política. Os saduceus não acreditavam
em anjos ou na ressurreição dos mortos e aceitavam como inspirados apenas os
primeiros cinco livros da Bíblia, a Torá. Em nítido contraste, os fariseus
obedeciam estritamente à lei, tanto as leis escritas quanto aquelas transmitidas
pelas tradições orais.
Para o povo da época de Jesus, se havia alguém que seria salvo, certamente
seriam os fariseus. Assim, Jesus escolheu como primeiro personagem alguém
que estava no nível mais alto da hierarquia religiosa. Ocupando o nível mais
baixo, porém, estava o cobrador de impostos. Ele era odiado e desprezado como
colaborador dos romanos, um traidor. Os romanos não cobravam impostos
diretamente do povo; preferiram deixar esse trabalho para ser feito por agentes
judeus. Esses agentes geralmente eram corruptos; costumavam cobrar tudo o que
fossem capazes de arrancar do povo.
Você consegue perceber a natureza radical da parábola agora? Os dois
personagens representam as pessoas que aparentemente são as que têm melhor
chance de receber a vida eterna e as que têm menos chance.
No fim da parábola, porém, a expectativa dos ouvintes é frustrada. O
candidato menos provável volta “justificado” para casa, o que significa que foi
considerado justo aos olhos de Deus. E o outro volta para casa exatamente do
mesmo jeito que chegou ao Templo, como um pecador necessitando de salvação.
O que fez a diferença? Um, apenas um, reconheceu sua verdadeira
condição. Um, apenas um, rogou sinceramente pela misericórdia de Deus. E
apenas ele encontrou a salvação. A graça flui plena e livremente a toda pessoa
que sente sua necessidade e clama a Deus.
13 de agosto – segunda

GRAÇA PARA OS CANHOTOS


Seus discípulos Lhe perguntaram: “Mestre, quem pecou: este homem ou
seus pais, para que ele nascesse cego?” João 9:2

Há 36 anos, declarou-se o dia 13 de agosto como o Dia Internacional dos


Canhotos. Essa data foi escolhida porque na época ainda não era feriado e
porque, em 1976, aconteceu de cair numa sexta-feira 13.
Os canhotos compõem 10% da população. Eles enfrentam uma luta eterna
contra o preconceito cultural da maioria destra. Desde a antiguidade prevalece a
noção de que esquerdo é sinônimo de ruim. A palavra francesa gauche significa
“esquerdo” e também “desagradável, desajeitado ou deficiente em graça”. Na
Bíblia, o lado direito é considerado o lugar de honra (Sl 110:1-5).
Os canhotos têm que lidar com milhares de inconveniências, desde teclados
de computador (apesar de Bill Gates ser canhoto!) até abridores de lata,
motosserras, porta-papel higiênico e carteiras escolares. Eles nem mesmo
conseguem brincar de palavras cruzadas sem ter que levantar continuamente a
mão!
Não é de surpreender que alguém tenha tido a brilhante ideia de selecionar
um dia para lutar pelos direitos dos canhotos. Mas o plano fracassou – a
organização que deu início ao movimento não existe mais. Os canhotos são
deixados com o pensamento consolador de que o lado direito do cérebro controla
o lado esquerdo do corpo, e por isso os canhotos são as únicas pessoas
mentalmente direitas.
Elas também podem orgulhar-se da companhia de muitas pessoas famosas:
Henry Ford, Albert Einstein, Gandhi, Winston Churchill, Rainha Elizabeth II e
sete presidentes dos Estados Unidos, incluindo Ronald Reagan, George H. W.
Bush e Bill Clinton.
Os Evangelhos não mencionam a presença de pessoas canhotas entre os
seguidores de Jesus, mas certamente elas estavam lá. O Salvador deixou bem
claro que nossa constituição física, sobre a qual não temos controle (altura, cor,
gênero, etnia), não faz diferença para Ele. Na ocasião em que os discípulos Lhe
perguntaram de quem era a culpa de aquele homem ter nascido cego, Ele
respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra
de Deus se manifestasse na vida dele” (Jo 9:3).
Como sempre, as pessoas hoje expõem algumas minorias simplesmente por
serem diferentes. Mas a graça muda tudo. Quer sejamos altos ou baixos, negros
ou brancos, canhotos ou destros, essas coisas são assim para que a obra de Deus
se manifeste em nossa vida.
14 de agosto – terça

OS PRIMEIROS CRISTÃOS
Assim, durante um ano inteiro Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e
ensinaram a muitos. Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez
chamados cristãos. Atos 11:26

A igreja cristã começou em Jerusalém, mas o nome “cristão” surgiu muitos anos
mais tarde e a muitos quilômetros de distância. Provavelmente esse nome tenha
se originado como provocação por parte dos incrédulos.
Durante o ministério terrestre de Jesus, aqueles que O aceitavam eram
simplesmente chamados de seguidores, que é o significado de “discípulo”. Jesus
evitava aplicar a palavra “Cristo” (termo grego para “Messias”) a Si mesmo,
provavelmente porque a expectativa popular associava o Messias a um líder
político destinado a libertar a nação do jugo romano.
Após a ressurreição de Jesus, os que participaram do início do movimento
foram mais comumente chamados de seguidores do “Caminho” (At 9:2; ver
também At 19:9, 23; 22:4:14, 22). Eles também eram conhecidos como
membros da seita nazarena (At 24:5).
O nome “cristão” provém da união da palavra grega Christos (“Cristo”)
com uma terminação latina. É quase certo que os seguidores de Jesus não
inventaram a palavra “cristão”; mas provavelmente esse foi um termo usado
pelos gentios para ridicularizar os fiéis. Os judeus certamente não a empregaram,
pois literalmente significa “seguidores do Messias”, e eles rejeitaram Jesus como
o Messias.
Ali na cidade pagã de Antioquia, a nova religião criou raízes fortes.
Aparentemente, o nome de Jesus como o Cristo estava constantemente nos
lábios dos crentes, e seus vizinhos incrédulos criaram uma palavra para zombar
deles. “Este nome foi-lhes dado porque Cristo era o principal tema de sua
pregação, conversação e ensino”, escreveu Ellen White. “Os pagãos bem podiam
chamá-los cristãos, uma vez que pregavam a Cristo e dirigiam suas orações a
Deus por intermédio dEle” (Atos dos Apóstolos, p. 157).
Em seguida, ela acrescentou: “Foi Deus quem lhes deu o nome de cristãos.
Esse é um nome real, dado a todos os que se unem a Cristo” (Ibid.). Assim,
aquilo que os pagãos consideraram um insulto tinha, na realidade, dignidade e
propósito divinos.
Tantas coisas acontecerem desde Antioquia! Tantas guerras travadas por
assim chamados “cristãos”. Tanto sangue derramado. Como é triste a degradação
desse nome real! Naquela época e hoje. Sou eu um verdadeiro cristão?
15 de agosto – quarta

CONTINUANDO NA GRAÇA
Despedida a congregação, muitos dos judeus e estrangeiros piedosos
convertidos ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Estes conversavam
com eles, recomendando-lhes que continuassem na graça de Deus. Atos
13:43

Sim, podemos estar na graça, mas também podemos estar fora dela. A ideia de
que uma vez tendo aceitado a Cristo jamais nos perderemos é contrária aos
ensinos da Bíblia. “Vocês, que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se
de Cristo; caíram da graça”, escreveu Paulo aos gálatas (Gl 5:4).
Uma coisa é começar uma corrida, outra bem diferente é completá-la.
“Vocês corriam bem. Quem os impediu de continuar obedecendo à verdade?” (v.
7). Muitos iniciam a jornada rumo ao Céu, mas poucos chegam aos portões da
cidade de Deus: “Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à vida!
São poucos os que a encontram”, disse o Senhor (Mt 7:14).
Há muitos anos, uma visão da vida cristã foi dada a uma jovem, Ellen
Harmon. Nela, a jovem viu um caminho estreito e ascendente que se tornava
cada vez mais íngreme e estreito. Uma grande multidão iniciou a jornada, mas
muitos, sobrecarregados com as posses e os cuidados da vida, caíram ao longo
do caminho. Alguns desanimaram e desistiram. Mas outros mantiveram o olhar
fixo em Jesus e completaram a jornada rumo ao lar celestial (ver Primeiros
Escritos, p. 14, 15).
Provavelmente, todo mundo que ler essa descrição conseguirá pensar em
alguém que começou, mas desistiu. Talvez um irmão, o cônjuge, um filho ou
quem sabe um amigo. Pessoas que desistem e pessoas que completam – o que
faz a diferença? Continuar na graça, como Paulo e Barnabé disseram aos recém-
conversos da cidade de Antioquia (atual Turquia).
A graça, o dom imerecido de amor e salvação de Deus, nos conduz para um
relacionamento íntimo com Ele. Ouvimos, o Espírito fala ao nosso coração,
respondemos sim e nos tornamos filhos de Deus, filhos da graça. Agora, para o
resto de nossos dias, devemos continuar crescendo nesse relacionamento.
Toda vez que não valorizamos um relacionamento, ele começa a morrer.
Toda vez que deixamos de valorizar a graça, começamos a perdê-la. Continuar
pode soar como algo maçante, até mesmo chato. Continuar, porém, é a essência
da melhor e mais linda experiência da vida: continuar num relacionamento de
amor com Alguém mais precioso do que a própria vida, continuar esforçando-se
por um nobre objetivo, continuar na integridade, “tão fiel ao dever como a
bússola o é ao polo” (Ellen G. White, Educação, p. 57).
16 de agosto – quinta

A MENSAGEM DA GRAÇA
Paulo e Barnabé passaram bastante tempo ali, falando corajosamente do
Senhor, que confirmava a mensagem de Sua graça realizando sinais e
maravilhas pelas mãos deles. Atos 14:3

Aqui, em poucas palavras, descobrimos o segredo do poder da pregação dos


apóstolos: eles pregavam o favor imerecido de Deus por nós, e o Senhor
confirmava essa mensagem com demonstrações da Sua presença.
Como ministro do evangelho há mais de 40 anos, sei por experiência
própria quão fácil e tentador é colocar a ênfase em outro lugar. Livros de
sermões e até mesmo muitas aulas de homilética podem levá-lo a tomar um
rumo errado. Você passa a pensar que o sermão é uma forma de arte em que
você, o pregador, é o artista principal. Você seleciona uma passagem bíblica e a
estuda e analisa cuidadosamente. Divide-a em três ou quatro partes, explica cada
uma delas em relação ao tema geral e, em seguida, procura ilustrações para
exemplificar na prática a lição e transmiti-la aos ouvintes.
Tudo isso é bom – até certo ponto. Certamente, é preferível ao curso que
mais e mais pregadores parecem estar seguindo, isto é, embasar suas
considerações em uma história, ou uma série de histórias, com um texto bíblico
encaixado aqui e ali. O objetivo geralmente parece ser interessar, até mesmo
entreter, e quando esse é o caso, o canal humano, não o Senhor, recebe o louvor.
Há alguns anos (não consigo me lembrar exatamente quando) comecei a
mudar minha forma de pregar e escrever. Nenhum evento ou leitura em
particular causou a mudança, que foi gradual. Talvez tenha sido a imersão na
leitura da Bíblia que tenha causado essa alteração. Penso que foi desde que
incorporei a graça como um elemento em meu ministério; a mudança foi focar a
graça. Pouco a pouco cheguei ao ponto de procurar garantir que cada pregação
fosse uma mensagem da graça, não apenas na tentativa de incorporar a graça,
mas de personificá-la.
Tenho sido imensamente abençoado desde então, de novas e abundantes
maneiras. Tenho pregado a mensagem da graça (não o mesmo sermão, mas
sempre a mesma mensagem) ao redor do mundo. Tenho pregado a pequenos e
grandes auditórios, a grupos sofisticados e simples. E o Senhor sempre confirma
Sua presença nessas ocasiões.
Uma grande mudança é que a mensagem agora não diz respeito a mim,
mas a Ele. Isso faz toda a diferença.
17 de agosto – sexta

RECOMENDADOS À GRAÇA
De Atália navegaram de volta a Antioquia, onde tinham sido
recomendados à graça de Deus para a missão que agora haviam
completado. Atos 14:26

Paulo e Barnabé voltaram para casa. Haviam estado fora por dois ou três anos,
desempenhando a missão pioneira de levar o evangelho a Chipre e à Ásia Menor
(atual Turquia). Em alguns lugares eles haviam sido bem recebidos, mas em
outros tinham encontrado oposição tão violenta que foram obrigados a fugir para
salvar a vida. Em uma cidade chamada Icônio, Paulo foi apedrejado, arrastado
para fora dos portões e dado como morto. Não é de admirar que seu jovem
companheiro, João Marcos, logo desistiu e voltou para casa.
Agora, Paulo e Barnabé haviam retornado para casa. Não por terem
desistido, mas pela satisfação de terem desempenhado bem sua missão. Eles
pregaram sem medo ou hesitação a mensagem de Jesus, e formaram
congregações de novos fiéis nos centros mais importantes em que estiveram. A
fim de ajudar a manter intactas as jovens igrejas, eles ordenaram anciãos.
De volta a Antioquia, na Síria, “reuniram a igreja, relataram quão grandes
coisas Deus fizera por eles, e como abrira aos gentios a porta da fé” (At 14:27).
Quantas histórias para contar! Quantas maravilhas da providência e da libertação
operadas pela mão divina! Que testemunho do poder do Cristo vivo! Os crentes
em Antioquia devem ter ficado impressionados diante do relatório, manifestando
sua alegria através de cânticos de louvor e adoração a Deus.
Antioquia foi o local em que tudo começou – o espírito missionário do
cristianismo, que levou o evangelho ao ocidente através da obra de Paulo; ao
leste, sul e norte através da obra de outros; e que ainda prossegue avante em
nossos dias, atingindo os lugares mais remotos da Terra. Os crentes em
Antioquia reconheceram o chamado do Espírito Santo para separar Paulo e
Barnabé a fim de executar essa grande obra. Em obediência à ordem divina, eles
jejuaram e oraram, em seguida os ordenaram e os enviaram para cumprir a
missão.
Paulo e Barnabé partiram não apenas comprometidos com uma missão,
mas comprometidos com a graça. A igreja os encomendou à graça de Deus para
guiá-los, protegê-los e coroar de poder a obra que desempenhariam. E essa graça
não os decepcionou. Ao sairmos para enfrentar um novo dia, nós também temos
o inestimável privilégio de nos encomendarmos à mesma graça. Comecemos o
dia pela graça e voltemos em segurança para casa pela graça.
18 de agosto – sábado

A GRAÇA DO SONO
Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por
alimento. O Senhor concede o sono àqueles a quem Ele ama. Salmo 127:2

Imagine como seria nunca sonhar, nunca ser capaz de pegar no sono, deitar
exausto na cama, mas ficar com os olhos arregalados. Certamente isso seria um
pesadelo.
Uma doença muito rara conhecida como insônia fatal foi recém-descoberta.
Talvez nunca tivéssemos ouvido falar dela se não fosse o trabalho de
investigação médica de uma família italiana que, agora sabemos, há séculos foi
assombrada por um terrível destino.
Ignazio Roiter é médico. Sua esposa, Elisabetta, vem de uma família
italiana proeminente com raízes em Veneza desde 1600. O treinamento médico
de Roiter não o havia preparado para os sintomas intrigantes que a tia de
Elisabetta, de 40 e poucos anos, começou a apresentar. Ela parecia dormir o
tempo todo, mas alegava sofrer de insônia. As pílulas para dormir não ajudaram.
Em poucos meses, ela não conseguia mais andar, e depois passou a ter
dificuldade para falar. Um ano depois do aparecimento da condição misteriosa
de insônia, a tia faleceu.
Então, outra tia de repente começou a apresentar o mesmo quadro clínico.
Os sintomas eram idênticos. Ela também faleceu um ano após o aparecimento da
misteriosa enfermidade. Desesperado para encontrar o diagnóstico e a cura, o Dr.
Roiter fez uma pesquisa nos antigos registros de nascimentos e mortes da igreja
local. Ao rastrear a árvore genealógica de Elizabetta, uma sequência começou a
se destacar. A pesquisa mais tarde o conduziu para San Servolo, uma ilha
próxima a Veneza e local do primeiro hospício da Europa. Os registros
amarelados revelaram: os parentes de Elizabetta havia anos faleciam devido à
insônia.
Nessa ocasião, o tio Silvano fez uma visita aos sobrinhos. Parecia
deprimido, ansioso, uma pessoa diferente. Estava com a doença da falta de sono
também. Determinado a ajudar a encontrar a cura, Silvano concordou em
participar de estudos clínicos realizados por especialistas em sono. Mas ele
também não suportou a falta de descanso e faleceu de exaustão aos 52 anos. O
cérebro de Silvano foi removido e examinado. Descobriu-se que estava cheio de
pequenos furos causados por uma perigosa desordem de proteína. Hoje os
cientistas estão trabalhando para encontrar a cura para essa terrível doença
hereditária.
Dormir! Um dom da graça colocado em nosso sistema por um Pai sábio e
amoroso. Não o valorizamos até que o perdemos. O que pode ser pior do que se
sentir desesperadamente cansado e não ser capaz de dormir?
19 de agosto – domingo

A HISTÓRIA DE DOIS ATLETAS


Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha
o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. 1 Coríntios 9:24

Várias vezes, Paulo se referiu à vida cristã como uma corrida. Assim, amigo,
você e eu somos atletas na corrida da vida. Mas a grande questão é: Por que
corremos? E com ela vem outra pergunta interessante: Como corremos?
Os Jogos Olímpicos de 1924, sediados em Paris, França, foram
caracterizados por dois atletas maravilhosos, ambos ingleses. Tratava-se de
homens determinados; sua história, mais estranha do que qualquer ficção, deu
origem ao clássico Carruagem de Fogo. Um deles, Harold Abrahams, era cabeça
quente. Apesar de o pai dele, que era investidor, ser um homem muito rico, e
apesar de Abrahams ter sido aceito para estudar na Universidade Cambridge,
escola da elite, ainda sentia que tinha muito a provar, tanto ao mundo quanto a si
mesmo. Abrahams era judeu e extremamente sensível a qualquer menosprezo,
real ou imaginário, a qualquer sinal ou sugestão que indicasse que ele não fosse
um verdadeiro inglês. Em vez de ceder às pressões sociais ou simplesmente
suportar ser tratado com menosprezo, Abrahams levava o caso até as últimas
consequências. Ele se tornou o melhor atleta da Inglaterra e conquistou o ouro
olímpico.
Ao norte, nas Montanhas Escocesas, um atleta de características totalmente
diversas também se preparou para ser o atleta mais rápido do mundo. Eric
Liddell, filho de missionários na China, havia retornado à terra natal dos pais.
Cristão devoto, ele se comprometeu a voltar ao campo missionário na China,
mas apenas depois de testemunhar de sua fé na pista de atletismo.
Os dois foram selecionados para fazer parte da equipe olímpica britânica e
partiram para a França com elevadas expectativas. Os anos em que Abrahams se
submeteu a rígidos treinos compensaram: ele ganhou a prova dos 100 metros
rasos, casou-se com uma linda atriz e teve uma vida boa, sendo respeitado e
admirado.
Mas para Eric o sonho olímpico se tornou um pesadelo. Ele ficou sabendo
que a competição dos 100 metros ocorreria no dia que ele considerava sagrado.
Eric sofreu uma terrível pressão para competir, mas permaneceu firme. A
esperança de conquistar o ouro olímpico foi embora. Surgiu, então, um raio de
esperança – não para os 100 metros, mas para os 400 metros. Liddell não havia
se preparado para correr essa distância, mas decidiu participar da corrida e
venceu, sendo aclamado por todos.
Amigo, por que você corre? E como? Certifique-se de que seja por causa
da graça e pela graça.
20 de agosto – segunda

MOLDADO PELA PALAVRA


Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela
renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e
comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2

A menos que sejamos moldados pela Palavra, seremos moldados pelo mundo. A
cultura predominante gradualmente fará com que nos encaixemos em seu molde.
Imperceptivelmente, as atitudes e valores propagados por ela se tornarão os
nossos. Nossa única salvaguarda é permitir que a Palavra nos transforme
diariamente naquilo que Deus deseja para nós. A Bíblia é o Seu dom para nós,
um presente da graça para iluminar nosso caminho. Se, sob a influência do
Espírito Santo, que inspirou a Palavra, permitirmos que ela impregne nosso ser,
ela nos tornará “plenamente preparado[s] para toda boa obra” (2Tm 3:17).
A notícia triste é que, apesar de muitos cristãos hoje terem acesso à Bíblia
em diversas traduções, eles estão deixando a Palavra perecer em sua experiência.
Os Estados Unidos, por exemplo, constituem a terra das Bíblias. Mas os norte-
americanos se tornaram analfabetos bíblicos. Uma pesquisa que abrangeu 1.156
alunos de ensino médio demonstrou que apenas um em cada 39 alunos foi capaz
de mencionar três livros escritos por Paulo. E apenas um em cada 38 conseguiu
lembrar o nome de três profetas do Antigo Testamento.
Entre a população norte-americana, 84% afirmam crer que os Dez
Mandamentos ainda são válidos; porém, mais da metade desse grupo é incapaz
de identificar pelo menos cinco deles! O grupo de pesquisa Barna entrevistou
pessoas que se diziam cristãs. Descobriu-se que 22% dos entrevistados
pensavam que realmente existisse o livro de Tomé na Bíblia, enquanto 13% não
tinham certeza se Tomé era um livro da Bíblia ou não. Além disso, 42%
pensavam que a expressão “Deus ajuda a quem cedo madruga” estava escrita na
Bíblia.
Qual a razão de tamanha ignorância? A Bíblia não é mais lida. Quase todos
os americanos possuem pelo menos um exemplar da Bíblia, e a maioria possui
mais de um. Mas as Bíblias servem para juntar poeira na prateleira. Em média,
os judeus dedicam 325 horas para o estudo da Bíblia a cada ano e os católicos
romanos cerca de 200, mas os protestantes dedicam apenas 25 horas. A Bíblia
não pode nos ajudar se nós a negligenciarmos.
Temos que escolher, individualmente, ser moldados pela Palavra. Isso
significa que precisamos fazer da leitura da Bíblia a prioridade em nossa vida,
dedicando diariamente tempo de qualidade para ouvir Deus falar conosco em
meio ao silêncio e em atitude de oração.
21 de agosto – terça

JUSTIFICADOS PELA GRAÇA


Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo
justificados gratuitamente por Sua graça, por meio da redenção que há em
Cristo Jesus. Romanos 3:23, 24

Essa passagem maravilhosa é o resumo da história de nossa salvação. Ela


sintetiza o dilema humano, a iniciativa compassiva de Deus em nos resgatar e,
finalmente, o meio pelo qual esse resgate se tornou possível.
Todos pecaram; todos estão destituídos da glória de Deus. Nós estragamos
tudo, arruinamos tudo. Estamos muito, muito encrencados. É aí que a história
começa, onde sempre deve começar, porque essa é a verdade a nosso respeito.
Antes da boa notícia a respeito de Deus vêm as más notícias a nosso respeito.
Que poder tem a pequena palavra “pecado”! Tão carregada de falha, culpa,
vergonha e desespero. A Bíblia emprega uma variedade de palavras para
expressar a ideia básica de nossa necessidade desesperadora de ajuda que não
provém de nós. Pecar é errar o alvo, como quando alguém lança uma flecha em
direção ao alvo. Pecar é ficar “destituído”. Pecar é um ato de desobediência.
Pecar é perverter, torcer o que é direito e bom. Pecar é rebelar-se.
Deus criou a humanidade perfeita, à Sua própria imagem. Mas nós
escolhemos seguir nosso próprio caminho e estragamos tudo. Agora estamos
perdidos, sem esperança. Estamos destituídos da glória de Deus. E quem pensa
de outra forma simplesmente não compreende a santidade dAquele que nos
criou.
Agora vem a boa notícia: Deus nos “justifica” gratuitamente. A imagem é a
de uma cena familiar (talvez até dolorosa) a todos nós. Trata-se de um tribunal
de justiça, e nós ocupamos o banco dos réus. O veredicto é proferido:
“Declaramos o réu culpado das acusações!” Culpado de estragar tudo, de
arruinar tudo, de estar destituído da glória de Deus. Mas o Juiz pede a palavra:
“Você está livre! Seu passado foi esquecido, o registro apagado. Aos Meus olhos
você nunca pecou!”
A graça é assim. Um dom inacreditável. Libertos! Como pode Deus fazer
isso? Não é Ele um Deus de justiça, afinal? Sim, não há dúvidas. Ele nos
justifica gratuitamente “por meio da redenção que há em Cristo Jesus”. “Deus
amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o
que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16, ARA).
Jesus tomou nosso lugar. Ele, que nunca cometeu pecado, sai em nossa
defesa. Ele toma sobre Si mesmo o nosso pecado e a nossa culpa – toda a
devastação e perdição – e nos oferece Sua vida perfeita. Que troca! Isso é graça,
graça inacreditável e gratuita. Louvado seja o Seu nome!
22 de agosto – quarta

PERSONA NON GRATA


Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso pela fé a esta
graça na qual agora estamos firmes. Romanos 5:1, 2

A expressão persona non grata literalmente significa “pessoa não bem-vinda” e


é utilizada para indicar que alguém não é bem aceito ou desejável. Conheço
muito bem essa expressão por causa de uma experiência constrangedora que tive
há alguns anos.
A Casa Publicadora Brasileira, em Tatuí, SP, estava comemorando 100
anos de existência. Fui convidado, com outras pessoas, para participar das
festividades e para pregar na igreja do Centro Universitário Adventista de São
Paulo, campus São Paulo. Na noite de quinta-feira da semana de comemoração,
me encontrei com meus colegas da sede mundial da igreja a caminho do
Aeroporto Nacional Reagan, em Washington, para embarcarmos num voo para o
Brasil.
Durante o check-in para o voo fiquei incomodado com a demora do
atendente em checar meus documentos. Ele não parava de olhar as informações
em meu passaporte, virava continuamente as páginas para lá e para cá. Então,
disse: – Sr. Johnsson, não consigo encontrar em seu passaporte o visto de entrada
para o Brasil.
Levei um susto. Visto? De todos os preparativos para a viagem esse foi o
único detalhe do qual esqueci completamente. Perguntei: – Posso conseguir o
visto depois que chegar em São Paulo?
– Não. O governo brasileiro não permite esse procedimento. Se deixarmos
o senhor embarcar, a alfândega brasileira impedirá seu acesso ao país.
Minha cabeça parecia girar.
– Então talvez possa embarcar num voo para Buenos Aires, conseguir o
visto lá e pegar um voo para o Brasil. Por favor, verifique se isso é possível.
Os dedos do atendente pareciam voar sobre o teclado.
– Sinto muito, mas todos os voos para Buenos Aires estão lotados. Sua
única chance é ir à embaixada brasileira em Washington amanhã e pedir o visto.
Esse atraso faria com que eu chegasse tarde demais para a maior parte das
celebrações e tarde demais para honrar o compromisso de pregar. Desapontado e
sentindo-me um tolo, me despedi dos meus colegas, chamei um táxi, voltei para
casa e mandei um e-mail pedindo desculpas pela minha falha.
Graças a Deus, tenho um visto válido em meu passaporte celestial! Por
meio de Jesus, tenho acesso à graça. Posso entrar! Sou bem-vindo!
23 de agosto – quinta

ENRIQUECIDOS PELA GRAÇA


Sempre dou graças a meu Deus por vocês, por causa da graça que lhes foi
dada por Ele em Cristo Jesus. Pois nEle vocês foram enriquecidos em
tudo, isto é, em toda palavra e em todo conhecimento. 1 Coríntios 1:4, 5

Quando vivemos na graça do Senhor, que Se regozija em dar, Ele derrama sobre
nós bênçãos espirituais. Somos enriquecidos por Ele em todo o nosso discurso e
em todo o nosso conhecimento. Ele nos concede habilidades para
desempenharmos Sua obra. “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que
nos foi dada” (Rm 12:6).
Oh, como a igreja é maravilhosa! Embora pareça debilitada e defeituosa, “é
o cenário de Sua graça, na qual Se deleita em revelar Seu poder de transformar
corações” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 12). Na comunhão dos que
foram chamados por Deus para sair do mundo, não encontramos muitas pessoas
famosas ou brilhantes de acordo com o padrão do mundo. Pois Deus escolhe “as
coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios”, “as coisas fracas do mundo
para envergonhar as fortes”, “as coisas humildes do mundo, e as desprezadas [...]
para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de
Deus” (1Co 1:27-29, ARA).
Conheço um homem que se pode realmente dizer que foi enriquecido de
todas as formas, “em todo discurso e em todo conhecimento”. Ele concluiu o
doutorado em uma universidade prestigiada e reconhecida internacionalmente.
Discursa para auditórios com milhares de pessoas em várias partes do mundo e
ocupa uma posição de grande responsabilidade. Entretanto, quando era
adolescente, sentiu Deus tocar seu coração e, ao aceitar o chamado para o
ministério, muitos que o conheciam duvidaram de sua capacidade. Aquele jovem
era gago. Como seria capaz de falar em público?
Mas o Espírito de Deus pode superar as deficiências naturais. Moisés
também tinha dificuldade de falar em público (Êx 4:10), mas se tornou o maior
líder do Antigo Testamento.
Entendo muito bem o que Moisés e o jovem que mencionei acima
sentiram. Em minha adolescência, fui muito tímido. Costumava sentar na última
fileira de bancos da igreja durante a reunião jovem e ir embora discretamente
antes de acabar. Certo dia, ao ser convidado para ajudar a retirar as ofertas, quase
morri!
Enriquecidos pela graça. Essa também é a minha história. Se deixar Deus
operar o plano que Ele tem para a sua vida, a graça dEle o habilitará para o
serviço de tal maneira que você não é capaz de imaginar.
24 de agosto – sexta

GRAÇA TRANSBORDANTE
Entretanto, não há comparação entre a dádiva e a transgressão. Pois se
muitos morreram por causa da transgressão de um só, muito mais a graça
de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só homem, Jesus Cristo,
transbordou para muitos! Romanos 5:15

Nessa incrível passagem encontrada no maravilhoso livro de Romanos, o livro


que despertou a Reforma, o apóstolo Paulo contrasta Adão e Jesus Cristo. Dessa
justaposição básica surge uma série de outros contrastes extremos: pecado e
justificação, morte e vida, condenação e dádiva. E a palavra que Paulo repete vez
após outra é charis, graça.
Esta passagem, Romanos 5:12-21, infelizmente gerou um conflito
infindável por séculos. A questão se encontra na sentença de abertura de Paulo
(v. 12), em que ele começa a contrastar Adão e Cristo, mas se deixa levar pelo
poder das ideias que está apresentando. Ele começa: “Portanto, da mesma forma
como o pecado entrou no mundo por um homem” (NVI), mas não conclui a
ideia com “assim a justiça veio a todos por meio de um único homem, Jesus
Cristo”. No silêncio dessa lacuna, dessa sentença não concluída, os teólogos
introduziram uma ideia que penso que era alheia a Paulo – “pecado original”, a
ideia de que todos nós carregamos a culpa pela transgressão de Adão.
Não precisamos nos envolver nesse conflito. O tema abordado por Paulo ao
longo dessa passagem é bastante claro. E que tema! Não é de surpreender que
tenha dominado o pensamento de Paulo, fazendo com que, por estar ditando o
texto, deixasse a sentença em aberto, sem concluí-la.
No texto escolhido de hoje, Paulo contrasta “a dádiva” com “a
transgressão”. “A dádiva” é a vida eterna, a salvação, oferecida a cada pessoa
que já existiu. “A transgressão” é o primeiro pecado de Adão, sua desobediência
à explícita palavra de Deus. Por causa da transgressão de Adão, “muitos”
morreram. Não por causa da culpa de Adão colocada sobre essas pessoas, mas
porque, como Paulo deixa claro no verso 12, “a morte veio a todos os homens,
porque todos pecaram” (NVI).
Um homem peca e morre. Como resultado dessa transgressão, o pecado
passa de geração em geração. Todos pecaram – ninguém está isento, “nem um
sequer” (Rm 3:10) – por isso a morte vem a todos.
A graça, porém, entra em cena. A graça transborda. Por mais longe que se
espalhe o pecado, mais longe ainda se espalha a graça. Por mais que a morte
amplie seu domínio, mais a graça amplia o dela! Por meio de Jesus Cristo, todos
os que estavam perdidos por causa de Adão são restaurados – e mais, muito
mais!
25 de agosto – sábado

UM BANDO DE PÁSSAROS
É verdade que, por causa de um só homem e por meio do seu pecado, a
morte começou a dominar a raça humana. Mas o resultado do que foi feito
por um só homem, Jesus Cristo, é muito maior! E todos aqueles que Deus
aceita e que recebem como presente a Sua imensa graça reinarão na nova
vida, por meio de Cristo. Romanos 5:17, NTLH

No último dia de fevereiro, abri a porta de entrada de nosso lar para buscar o
jornal. Do outro lado do gramado, vi um bando de pássaros ocupados revirando
a grama amarelo-acinzentada pós-inverno. Não apenas um, ou cinco, ou doze,
mas um grande número. Ao me dirigir para o acesso de entrada da casa, os
pássaros começaram a voar de um lado para o outro, quase tocando em mim.
Pareciam alegres, animados, como se quisessem dizer: “Estamos felizes em estar
de volta depois de passar o inverno fora! A primavera não é maravilhosa?”
Constatamos mais tarde que a primavera ainda não tinha chegado
completamente. Naquele mesmo dia, uma tempestade de neve veio do sul,
fechando escolas e a maior parte de outros estabelecimentos de Washington.
Essa espécie de pássaro, o pintarroxo, invariavelmente chega cedo, anuncia a
chegada da primavera, antecipando-a, apressando-a com o bater de suas asas.
Amo a primavera. Sempre procuro os primeiros açafrões que florescem
algumas semanas depois de os pintarroxos aparecerem. E especialmente pelo
primeiro pintarroxo, o fiel arauto de dias mais quentes e ninhos novos.
Geralmente, os primeiros pintarroxos aparecem dispersos. Muitas vezes vemos
apenas um. Essa é a razão de a cena daquele 28 de fevereiro ter me
surpreendido. Um pintarroxo já seria suficiente para me fazer feliz, mas Deus
enviou um bando inteiro. Aquilo, sim, é abundância!
Exatamente como a graça; a graça é como um bando de pintarroxos.
Na excelente paráfrase de Romanos 5:17, nosso texto de hoje, Eugene H.
Peterson não usou a palavra “abundância”, mas Paulo a usou em sua carta. A
versão Almeida Revista e Atualizada desse texto diz: “os que recebem a
abundância da graça”.
Um pouco antes desse verso maravilhoso, Paulo escreveu sobre a graça que
transbordou (v. 15). Agora ele descreve a abundância da graça. Como veremos,
ainda não acabou. À medida que continua a escrever essa passagem, começa a
aumentar mais e mais na escala de superlativos, cada vez mais alto, até exaurir
os limites do vocabulário. A graça transborda. A graça é abundante. A graça é
maravilhosa. A graça é Jesus.
26 de agosto – domingo

A GRAÇA VENCE COM FACILIDADE


A lei veio para aumentar o mal. Mas, onde aumentou o pecado, a graça de
Deus aumentou muito mais ainda. Romanos 5:20, NTLH

O apóstolo Paulo está ficando sem superlativos. Em Romanos 5, ele já afirmou


que a graça transbordou (v. 15). Em seguida, subindo um grau na escala,
descreveu sua abundância (v. 17, ARA). Ao chegar ao verso 20, com o desejo de
elevar ainda mais o valor dessa palavra, ele utiliza uma palavra composta rara.
Ele diz que a graça “superabundou”. O único lugar em que encontramos
novamente essa palavra é em 2 Coríntios 7:4, cujo autor também é Paulo: “Estou
superabundante de alegria apesar de todos os nossos problemas” (The Message).
Paulo aqui está comparando e contrastando pecado e graça. “Onde abundou
o pecado, superabundou a graça” (ARA). Assim, ele apresenta duas realidades:
abundância do pecado e superabundância da graça. Essa afirmação nos deixa
com uma grande pergunta. Que o pecado abundou é óbvio, mas como pode
Paulo dizer que a graça superabundou? Ou, como a versão The Message diz: “a
graça vence com facilidade” (Rm 5:20)?
Eu poderia preencher o restante desta página descrevendo sobre a
abundância do pecado e, no fim, mal teria começado. Em todo lugar, por todos
os lados, em todos os aspectos da vida vemos o aumento do mal e seus terríveis
efeitos. O mundo está correndo apressadamente para o encontro com seu
destino, e as coisas não vão melhorar. Quanto mais aprendemos, mais o
conhecimento e a tecnologia são dedicados às novas manifestações de iniquidade
e corrupção. Assim como nos dias que antecederam o dilúvio, todo desígnio do
coração do povo é mau (Gn 6:5). Guerra, assassinato, estupro, abuso sexual,
incesto, mentira, pornografia, malícia, ódio, decepção, orgulho, arrogância –
realmente há abundância de pecado, aparentemente incontrolável. Nenhum
problema em aceitar a afirmação de Paulo até aqui.
E quanto à outra parte que diz que a graça superabundou? Não seria essa
uma “dissonância cognitiva”, ou seja, as evidências contrariam a afirmação?
Aparentemente, sim. Mas não aos olhos da fé. Não para aquele que vive na
graça. Não para a pessoa que respira o ar de vida do Céu, que sabe que a
atmosfera da graça circunda este planeta assim como o nitrogênio e o oxigênio.
Não para a pessoa que sabe, não apenas pela lógica, mas pelo coração, que Jesus
Cristo está vivo. Não para o cristão que tem uma experiência pessoal, que vive a
batalha entre o pecado e a graça e pode testemunhar que a graça vence com
facilidade.
27 de agosto – segunda

A GRAÇA REINA
A fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine
pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso
Senhor. Romanos 5:21

A escala de superlativos em Romanos 5 atinge agora o topo: a graça transborda


(v. 15), a graça abunda (v. 17), a graça superabunda (v. 20), a graça reina (v. 21).
O reino da graça se estabelece contra o reino do pecado. Paulo, inspirado
pelo Espírito Santo, disse corretamente: o pecado reina. O pecado é um capataz,
um senhor cruel, sujeitando-nos, sufocando nossos nobres impulsos e
arrastando-nos para baixo tanto individualmente quanto em grupo.
Paulo está certo novamente: o pecado reina na morte. A morte, a grande
igualitária, a grande certeza, domina. Bill Gates pode ser a pessoa mais rica do
planeta, mas nem todo o dinheiro dele pode impedir que as comportas da morte
sejam abertas. Michael Jordan pode transformar a quadra de basquete em um
espetáculo atlético para o mundo, mas nem toda a habilidade dele pode impedir
os passos implacáveis do Anjo da Morte. A princesa Diana – tão linda, tão
admirada, tão infeliz, tão frágil – pereceu num terrível acidente de carro,
deixando apenas lágrimas e arrependimentos.
O pecado reina. O pecado reina na morte. Não há dúvida. Mas o pecado e a
morte não têm a palavra final. Uma vez o pecado e a morte reinaram, mas agora
a graça e a vida reinam! Jesus Cristo, o Filho de Deus, desceu à Terra e baniu o
pecado e a morte. Ele enfrentou o diabo em seu próprio reino e o venceu. No
Calvário, Jesus tomou nosso lugar, sofreu uma morte desesperadora, a morte que
por direito era nossa, para que possamos receber a vida que por direito é dEle.
No domingo pela manhã, porém, o sepulcro de Jesus estava vazio. O corpo
tinha desaparecido; restaram apenas Suas vestes, cuidadosamente dobradas e
empilhadas. Jesus apareceu para Maria Madalena e algumas outras mulheres;
para Cléopas e seu amigo na estrada para Emaús; para Pedro; para os 11; para
mais de 500 pessoas de uma só vez. Durante um período de 40 dias, Ele falou
com os discípulos, chegando até mesmo a fazer refeições com eles (At 1:4).
Mais tarde, apareceu para Saulo, que se tornou o apóstolo Paulo.
Meu amigo, você crê que a graça e a vida reinam mesmo hoje? Abra o
coração para Jesus, permita que Ele reine em sua vida.
28 de agosto – terça

A GRAÇA É UM DIAMANTE
E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça,
para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é
necessário, vocês transbordem em toda boa obra. 2 Coríntios 9:8

Assim como um diamante que brilha ao incidir a luz, a graça possui muitas
facetas. Facetas surpreendentes, facetas novas para nós, facetas inesperadas –
mas todas lindas. Nosso texto de hoje lança luz sobre cinco facetas da graça.
Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça. Deus
não simplesmente concede, Ele concede generosamente. Ele não nos salva
apenas em parte; Ele nos proporciona a entrada completa em Seu reino.
Que neste dia saiamos confiantes, alegres, serenos. A promessa de Deus vai
adiante de nós, como a estrela que guiou os reis magos até Belém. Caminhemos
em Sua luz, sabendo que algo mais precioso do que o ouro – sim, mais valioso
do que o Diamante Hope – nos pertence: a graça.
Em todas as coisas. Não apenas no momento em que a vida sorri para nós.
Não apenas no momento em que parece que temos o mundo aos nossos pés. Mas
em todas as coisas: quando a vida nos dá um tapa na cara, quando nos sentimos
maltratados, abandonados pelos amigos, tratados injustamente.
Ouça Paulo mais uma vez: “Pois estou convencido de que nem morte nem
vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer
poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será
capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”
(Rm 8:38-39). E isso vale para hoje também.
Em todo o tempo. O diamante, diz a propaganda, é eterno. Assim também a
graça. No fulgor do meio-dia e na escuridão da meia-noite. Nos passos firmes da
juventude e nos passos trêmulos da velhice. No amor e na solidão. Na alegria e
na tristeza. Essa promessa ainda é válida hoje como foi no passado. Deus estará
conosco a todo instante, aconteça o que acontecer.
Tendo tudo o que é necessário. Não o que queremos, nem mesmo aquilo
que pedimos em oração, mas tudo o que é necessário. Não os tesouros de valor
terreno, mas tesouros celestiais, inesgotáveis. Tudo o que é necessário para viver
por Deus, tudo o que é necessário para enfrentar o inimigo, tudo o que é
necessário para vencer, tudo o que é necessário para nós. Hoje, em Jesus, já
temos tudo o que é necessário.
Vocês transbordem em toda boa obra. A graça transbordante deve
transbordar para a glória de Deus. Que promessa! Que dia nos aguarda!
29 de agosto – quarta

A GRAÇA É UMA FONTE


Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que
Deus concedeu às igrejas da Macedônia. No meio da mais severa
tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em
rica generosidade. 2 Coríntios 8:1, 2

Certo ano, quase no fim do outono, Noelene amontoou uma boa quantidade de
matéria vegetal em nosso quintal. Ela espalhou um pouco no canteiro de
azaleias, mas não teve tempo de retirar o restante antes da chegada do inverno.
Assim que a neve chegou e cobriu tudo com seu carpete branco de dez
centímetros de espessura, ainda era possível detectar aquela elevação em nosso
quintal, como se um cogumelo gigante estivesse a ponto de surgir.
Nada de cogumelo, mas algo muito melhor se escondia debaixo daquele
monte de matéria vegetal – narcisos silvestres, açafrões e liláceas. Ao passar
várias vezes por aquele monte, perguntei-me se as plantas sobreviveriam àquele
longo período de abandono. Noelene também se fez a mesma pergunta.
Assim que a neve começou a derreter no início de março, obtivemos a
resposta. Do monte recém-descongelado de matéria vegetal emergia nova vida
como uma fonte amarela. As plantas ressurgiram em cor amarelada devido ao
longo período que passaram na escuridão. Dentro de um ou dois dias, o Sol
colocou a fantástica fórmula de clorofila em prática e as folhas recuperaram a
coloração normal.
Você já se sentiu como essas plantas debaixo de um monte de matéria
vegetal, como se tivesse sido abandonado? Talvez você se sinta assim agora. A
graça é para você, meu amigo. A graça é como uma fonte que jorra a água pura e
refrescante da vida. O divino poder da graça pode capacitá-lo a abrir caminho
em direção à luz até emergir, talvez um pouco cansado, mas pronto para apreciar
a alegria da primavera.
Na ocasião em que Paulo escreveu a carta que conhecemos como Segunda
Epístola aos Coríntios, ele estava a caminho de Jerusalém. Os cristãos dessa
cidade precisavam de ajuda, e Paulo estava arrecadando uma oferta de amor das
igrejas pelas quais passava ao longo do trajeto, a fim de levar para a sede da
igreja. Ele escreveu algumas linhas a respeito disso aos coríntios e contou-lhes
sobre as igrejas da Macedônia a fim de incentivá-los. De acordo com o relato de
Paulo, essas igrejas passaram pela “mais severa tribulação”. Elas também
sofreram “extrema pobreza”. Entretanto, a graça tocou seu coração de maneira
que, apesar de suas próprias necessidades, elas transbordaram em alegria e
generosidade.
A graça é uma fonte. A graça faz de nós uma fonte.
30 de agosto – quinta

INDO AONDE NINGUÉM JAMAIS FOI


Sempre fiz questão de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era
conhecido, de forma que não estivesse edificando sobre alicerce de outro.
Romanos 15:20

O que James Cook e o apóstolo Paulo têm em comum? Em 27 de outubro de


1728, nasceu o filho de James e Grace Cook numa choupana feita de barro e
palha, uma estrutura conhecida como biggin, em Yorkshire, Inglaterra. Os
animais da fazenda tinham livre acesso aos dois pequenos cômodos da
choupana. Panos de saco espalhados pelo chão batido amenizavam a umidade e
o odor.
As expectativas de futuro para o bebê James não eram nada animadoras. Os
quatro irmãos que nasceram antes dele morreram aos cinco anos de idade; outro
irmão faleceu aos 23. O pai trabalhava por dia, enquadrava-se no último nível da
camada social. A educação pública não existia. O bebê James Cook parecia
destinado a uma vida rigidamente confinada à rotina solar e ao ciclo tão bem
conhecido de lar, roça, igreja e, finalmente, túmulo da família.
James Cook, porém, quebrou o ciclo. Escapando para o mar na
adolescência, foi subindo de posto na hierarquia naval até atingir o nível mais
alto, conquistando uma vaga na Sociedade Real, a melhor instituição intelectual
de Londres. Seu maior feito, no entanto, foram as três heroicas viagens de
exploração que ele realizou a partir dos 40 anos.
Ao embarcar em sua primeira viagem em 1768, cerca de um terço do
mapa-múndi ainda estava em branco. Cook navegou rumo a essa lacuna e
retornou três anos depois com mapas tão precisos que alguns deles ainda foram
utilizados na década de 1990. Nas duas viagens seguintes, Cook explorou desde
o Polo Norte até o Polo Sul, e desde a costa noroeste da América até o extremo
nordeste da Sibéria. Na ocasião de sua morte por esfaqueamento no Havaí, Cook
havia navegado mais de 320 mil quilômetros em um pequeno navio de madeira.
“A ambição me conduz não apenas para além do que qualquer outro
homem já chegou antes de mim, mas até onde julgo ser o homem capaz de
chegar”, Cook escreveu em seu diário. Nesse ponto ele foi igual ao apóstolo
Paulo, que escreveu: “Sempre fiz questão de pregar o evangelho onde Cristo
ainda não era conhecido, de forma que não estivesse edificando sobre alicerce de
outro.”
Há apenas poucos, pouquíssimos capitães James Cook. Há pouquíssimos
apóstolos Paulo. A maioria de nós prefere seguir caminhos conhecidos. Mas
Deus ainda chama homens, mulheres e jovens para ir aonde ninguém jamais
esteve, a fim de levar o evangelho “a toda nação, tribo, língua e povo” (Ap
14:6). Ter pensa mentos novos, explorar, navegar em novos horizontes – tudo
para a glória dEle.
31 de agosto – sexta

DE BRAÇOS ABERTOS
Como cooperadores de Deus, insistimos com vocês para não receberem
em vão a graça de Deus. 2 Coríntios 6:1

A palavra aqui traduzida como “receberem” foi empregada no sentido de


“receber favoravelmente”, “aprovar”, “receber de braços abertos”. Deus não
quer que simplesmente consintamos mentalmente com a graça. Ele quer que
vivamos na graça e participemos de seus múltiplos benefícios. Ele quer que
recebamos a graça de braços abertos.
Paulo deixou claro que é possível receber em vão a graça de Deus. Assim
como a semente na parábola de Jesus (Mt 13:5-7) que caiu em terreno pedregoso
ou entre espinhos, podemos aceitar Jesus como nosso Salvador, mas nunca
crescer na plenitude que Ele nos oferece. Ele nos oferece vida, não apenas o
livramento da sentença de morte. A vida cristã apenas começa no momento em
que somos reconciliados com Deus e iniciamos um relacionamento com Ele.
Deus deseja que sejamos transformados à Sua semelhança por meio do poder do
Espírito Santo que opera em nós (2Co 3:18).
De que maneira podemos receber em vão a graça de Deus?
Pela negligência. Deus fala, e fala de novo; mas nos recusamos a ouvir.
Pode ser que deixemos que as coisas deste mundo – o barulho e a confusão –
abafem a voz de Deus. Cada vez que Ele falar, Sua voz parecerá mais baixa e
mais distante, até que deixaremos de ouvi-la. Ele não para de falar, mas nossos
ouvidos se fecham para Ele (Is 6:9, 10).
Usando a graça como uma desculpa para pecar. Deus nos conclama para a
obediência; não para a obediência do esforço humano, mas para a obediência da
graça. O Senhor não mudou: aquilo que abominava nos tempos bíblicos Ele
ainda abomina hoje. Ele conclama Seu povo a brilhar em meio à escuridão, em
meio a “uma geração corrompida e depravada” (Fp 2:15).
Acrescentando ideias humanas e obras à graça. Sempre que procuramos
ganhar crédito com Deus, sempre que tentamos acrescentar algo à infinita
suficiência da graça, nós a adulteramos. Essa atitude se encontra na raiz da
heresia propagada entre os cristãos da igreja da Galácia.
Quando falhamos em aceitar a graça em nossa vida. É possível estudar
sobre a graça em hebraico e grego, memorizar passagens bíblicas e dispor de
argumentos teológicos – e ainda assim não conhecer a graça como poder
vivificante na experiência pessoal.
Hoje, não recebamos em vão a graça. Vamos recebê-la de braços abertos.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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30
1º de setembro – sábado

OS SONHADORES
E, depois disso, derramarei do Meu Espírito sobre todos os povos. Os seus
filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão
visões. Joel 2:28

Uma das características que eu procuro conhecer nas pessoas são os sonhos
delas. Será que aquela pessoa imagina novos horizontes, novos alvos a
conquistar?
Os sonhos, creio eu, fazem parte da imagem de Deus em que nossos
primeiros pais foram criados e que ainda retemos mesmo em nosso estado
degradado. Afinal, Deus é o sonhador celestial, Aquele que enxerga
possibilidades ilimitadas. Todos nós nos enxergamos de maneira limitada e, com
isso, desapontamos o Criador.
Ao longo dos anos, tive a oportunidade de falar para muitos grupos de
jovens. Minha primeira atuação no ministério foi como preceptor em um de
nossos colégios internos. Aprecio falar com os jovens mais do que com qualquer
outro grupo, e é muito gratificante saber que, mesmo com a diferença de idade
entre nós, que me coloca numa relação de “avô”, os jovens ainda se mostram
interessados em ouvir o que tenho a dizer.
Quem sabe isso aconteça porque reconheço minha função como semeador
de sonhos. Num verso que celebra a chegada da primavera, Robert Frost
escreveu:
Venha com a chuva, ó ruidoso vento sudoeste!
Traga o construtor de ninhos, o cantor celeste;
Dê à flor encoberta um sonho.
É exatamente essa a minha intenção – dar à flor encoberta um sonho. Que
espécie de sonho? Sonhos de progresso pessoal. Sonhos de trabalhar para Deus e
para a humanidade. Sonhos de impactar o mundo com a bondade eterna.
Ouça o conselho de Ellen White dirigido especialmente aos jovens:
“Vocês têm a ambição de educar-se para poder ter nome e posição no
mundo? Têm pensamentos que não ousam exprimir, de poderem um dia alcançar
as alturas da grandeza intelectual; de poderem assentar-se em conselhos
deliberativos e legislativos, cooperando na elaboração de leis para a nação? Nada
há de errado nessas aspirações. Cada um de vocês pode estabelecer um alvo.
Não devem se contentar com realizações mesquinhas. Aspirem à altura, e não se
poupem trabalhos para alcançá-la” (Mensagens aos Jovens, p. 36).
A graça nos liberta para sonhar.
2 de setembro – domingo

AS EXCELÊNCIAS DA GRAÇA
O Deus de toda a graça, que os chamou para a Sua glória eterna em
Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante pouco de tempo, os
restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes
alicerces. 1 Pedro 5:10

Recentemente peguei da prateleira de minha biblioteca pessoal um livro que me


influenciou profundamente em minha juventude. Não pude encontrar uma única
página sem ter algo sublinhado, e algumas páginas estavam quase totalmente
grifadas. Aqui e ali encontrei asteriscos e de vez em quando algumas notas
pessoais que escrevi, como: “Que trecho maravilhoso!”
Na página de rosto, escrevi naquela época uma citação: “As preciosas
graças do Espírito Santo não se desenvolvem num momento. [...] Por uma vida
de santo esforço e firme adesão ao direito, devem os filhos de Deus confirmar
seu destino.”
Olho para a página de rosto e analiso a caligrafia com que a citação foi
copiada. Sim, no ensino fundamental, recebi o prêmio de melhor caligrafia. É
quase impossível acreditar que agora, após escrever milhares de palavras,
rabisco as palavras com letra quase ilegível.
Mas por que foram escolhidas aquelas palavras? Certamente elas eram um
resumo de minhas aspirações, o mais profundo desejo de minha juventude ao
vivenciar o milagre da salvação. Até que ponto essas palavras moldaram minha
vida – até que ponto, quem sabe, cheguei perto do sagrado ideal, e até que ponto
falhei vez após outra em atingir o objetivo – deixo com o Senhor, que é cheio de
graça e misericordioso.
Ah, o livro? Eis aqui algo que me intriga. Esse mesmo livro que abençoou
e moldou a vida deste jovem sofre duros ataques ao longo dos últimos vinte anos
ou mais. Ele tem sido criticado como um livro inadequado, um livro ruim, um
livro desencorajador. Algumas pessoas o consideram de nenhuma serventia para
a caminhada cristã. Exatamente o oposto, na verdade. Fui abençoado por meio
dele. Será que isso faz de mim alguém melhor do que aqueles que não o leram?
Claro que não. Esse livro falou comigo num momento crítico de minha vida. Ele
elevou minha visão e me fez almejar alvos mais sublimes e buscar o melhor. Ele
me trouxe uma mensagem feita sob medida. Para alguns ele foi recebido como
uma ordem, até mesmo algo legalista. Posso ver hoje como isso foi possível.
Desejo a todos os cristãos a bênção que encontrei, não importa o meio pelo
qual ela vier: as excelências da graça.
Ah, o livro? Mensagens aos Jovens, de Ellen G. White. E a citação na
página de rosto? Testemunhos Para a Igreja, volume 8, página 314.
3 de setembro – segunda

SUA POBREZA, NOSSA RIQUEZA


Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo
rico, Se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de Sua pobreza
vocês se tornassem ricos. 2 Coríntios 8:9

Esta é a maior história já contada: a história de Jesus. A história da grande


benevolência, do nível mais elevado do Céu para o ponto mais baixo da Terra.
Do reino da glória, onde miríades de anjos entoam “Santo! Santo! Santo!” e
curvam-se em adoração, para a manjedoura numa fétida estrebaria.
Rico? A riqueza do Universo era dEle. Ele criou todas as coisas, Ele
mantinha todas as coisas. “Ele tem o mundo inteiro em Suas mãos.” Como
Comandante dos exércitos celestiais: milhares se apressam a atender o Seu
comando, sobre a terra e o oceano, sem descanso.
Tudo isso foi, e é dEle por direito, por virtude de quem Ele é e sempre será.
Ele, porém, virou as costas para tudo isso. Deixou de lado, não considerou
essas coisas um direito ou privilégio que deveria agarrar com todas as forças. Ele
esvaziou a Si mesmo, tomou a forma de servo. Humilhou-Se, foi obediente até
mesmo à morte – à morte na cruz.
Você já tinha pensado nisso dessa forma? Sendo rico, Jesus Cristo tomou
várias coisas emprestadas. Tomou emprestada uma manjedoura para que nela
descansasse ao nascer. Tomou emprestado um barco para que pudesse ensinar.
Tomou emprestados cinco pães de cevada e dois peixes para alimentar uma
multidão. Tomou emprestado um jumento para a entrada triunfal em Jerusalém.
E, por fim, Seu corpo sem vida foi colocado para descansar num sepulcro
emprestado.
“O Rei da Glória muito Se humilhou ao revestir-Se da humanidade. Rude e
ingrato foi o Seu ambiente terrestre. Sua glória foi velada, para que a majestade
de Sua aparência exterior não se tornasse objeto de atração. Esquivava-Se a toda
exibição exterior. Riquezas, honras terrestres e humana grandeza nunca poderão
salvar uma alma da morte; Jesus Se propôs que nenhuma atração de natureza
terrena levasse homens ao Seu lado. Unicamente a beleza da verdade celeste
devia atrair os que O seguissem” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as
Nações, p. 43).
Por meio de Sua pobreza nos tornamos ricos. As riquezas da eternidade são
nossas – oferecidas como um presente! Somos ricos, meus amigos, ricos em
esperança, ricos em vida, ricos em salvação, ricos nEle. Isso é graça!
4 de setembro – terça

O TRONO DA GRAÇA
Aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de
recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento
da necessidade. Hebreus 4:16

Todos os muitos textos bíblicos sobre graça transmitem alegria, mas nenhum
mais do que o texto escolhido de hoje. Aqui encontramos a graça mencionada
duas vezes: o trono da graça e graça para ajuda no momento de necessidade.
Podemos dizer: “Do centro da graça do Universo a graça vem ao nosso encontro
quando mais precisamos.”
O profeta Miqueias exclamou: “Com que eu poderia comparecer diante do
Senhor e curvar-me perante o Deus exaltado?” (Mq 6:6).
Essa tem sido a súplica do coração de homens e mulheres espirituais ao
longo das eras. Eles se torturam fisicamente, jejuam, recusam-se a dormir.
Fazem peregrinações e penitências, seguem, assim como o monge Martinho
Lutero, todo curso de ação prescrito pela estrutura da igreja. E, ainda assim,
como Lutero, são deixados com um sentimento de vazio e incerteza.
Apenas em e através de Jesus Cristo todas as nossas aspirações religiosas
encontram o lar. Apenas ao abrirmos os olhos, pelo Espírito, para a maravilhosa
história da Sua vinda à Terra e da Sua morte, que era nossa por direito,
encontramos a paz e a segurança que nosso coração tanto almeja.
Agora, por causa dEle, podemos saber que o Céu é um lugar bem-vindo.
Pertencemos a esse lugar, assim como cada filho e filha pertence ao lar. A
presença de Deus, santa como é, não mais lança temor ao nosso coração. O trono
da graça se encontra no centro do Universo.
Por ser o trono da graça, o Senhor, por assim dizer, segura o cetro de
entrada. Achegamo-nos a Ele com toda a confiança, não com lisonja servil, mas
como uma criança que corre em direção aos braços abertos do amoroso pai.
O trono da graça nos oferece misericórdia e graça para nos ajudar. O
pensamento é semelhante a um texto que aparece um pouco antes em Hebreus:
“Porque, tendo em vista o que Ele mesmo sofreu quando tentado, Ele é capaz de
socorrer aqueles que também estão sendo tentados” (Hb 2:18). Nesse contexto, a
graça que Ele nos oferece é a graça que supera, a graça ideal para as nossas
necessidades, concedida no momento certo.
“De todo vento tempestuoso que se levanta, de toda onda de aflição que se
agiganta, há um retiro sereno e gracioso, encontrado junto ao trono do Deus
Todo-Poderoso” (Hugh Stowell).
5 de setembro – quarta

A VOZ DO TRONO DE MISERICÓRDIA


Ali, virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que
estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que Eu
te ordenar para os filhos de Israel. Êxodo 25:22, ARA

Deus deu a Moisés instruções detalhadas em relação à construção do santuário


no deserto. Ele consistia de três partes principais: o pátio externo, que continha o
altar de bronze para onde os filhos de Israel levavam as várias ofertas; a primeira
tenda, ou compartimento, chamado de Lugar Santo, onde os sacerdotes
oficiavam, e a área mais interna, mais sagrada, chamada de Lugar Santíssimo,
onde apenas o sumo sacerdote entrava uma única vez ao ano, no Dia da
Expiação.
O Lugar Santíssimo, cúbico em dimensões, era o retrato da simplicidade. A
única mobília que havia ali era a arca da aliança, uma caixa feita de madeira de
acácia banhada de ouro. Dentro da arca estava o Testemunho, as duas tábuas de
pedra com os Dez Mandamentos escritos pelo dedo do próprio Deus. Para cobrir
a arca da aliança havia uma tampa de ouro puro, com um querubim de cada lado,
feitos do mesmo metal. As asas dos querubins tocavam cada canto do Lugar
Santíssimo e um ao outro.
Essa estrutura simples e bela representava o coração do Céu. Na sala do
trono do Universo, miríades de seres celestiais cercam o Rei dos reis e Senhor
dos senhores, entoando incessantemente cânticos de louvor e adoração. Aqui
Jesus, o grande Sumo Sacerdote, intercede em nosso favor; não que o Pai seja
relutante em nos aceitar, mas porque cada benefício que flui aos homens e
mulheres caídos vem pelos méritos do sangue derramado no Calvário.
O Lugar Santíssimo do santuário terrestre não continha nenhuma
representação da Majestade do Céu, pois não é capaz de ser imaginada ou
delineada. Embora não saibamos a forma de Deus, Ele deixou claro que Ele é o
Deus da lei. As tábuas de pedra no Lugar Santíssimo nos dizem que o Céu e o
Universo foram estabelecidos por Deus em princípios divinos.
Se tivéssemos apenas a lei – se o Lugar Santíssimo tivesse apenas a arca da
aliança e as tábuas de pedra – não haveria esperança para nós. Todos nós nos
desviamos do caminho, falhamos, transgredimos. A lei nos condena com uma
severidade mais rígida do que as tábuas feitas de pedra.
Há, porém, o trono de misericórdia! Deus fala conosco do trono de
misericórdia, não com a severidade do Sinai, mas com a salvação do Calvário.
Louvado seja o Senhor pelo trono de misericórdia!
6 de setembro – quinta

O ALIMENTO E A GRAÇA
Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o
que vale é estar o coração confirmado com graça e não com alimentos,
pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam. Hebreus
13:9, ARA

Durante o período em que cursei a faculdade na Austrália, dividi o quarto por


um tempo com um rapaz interessante. O passatempo predileto de Roy era
fabricar violinos – e ele era muito bom nisso. Outra característica de Roy que
chamava a atenção era a etiqueta à mesa.
A faculdade era mista, o que em si parecia uma filosofia questionável, pois
as muitas regras de comportamento pareciam ter sido criadas para manter os
sexos opostos bem longe um do outro. Por exemplo, o único lugar em que um
rapaz tinha permissão para falar com uma moça era no gramado, uma área
quadrada com bancos em frente à janela do escritório do presidente da
instituição.
As refeições eram exercícios práticos, criados pelo corpo docente sempre
alerta com o intuito de os alunos desenvolverem (assim esperavam) boas
maneiras sem incentivar a intimidade. Os rapazes entravam por uma porta, as
moças por outra. Funcionários direcionavam-nos às mesas para quatro pessoas,
dois a dois, frustrando vigilantemente qualquer plano organizado
antecipadamente para sentar à mesa.
Assim que as meninas viam Roy ser encaminhado para a mesa em que
estavam, ficavam furiosas. Roy sempre pegava muita comida – às vezes duas
bandejas – e, como se preocupava muito com a saúde, insistia em mastigar cada
bocado 33 vezes. A mesa de Roy sempre era a última a deixar o refeitório.
Eu sempre conseguia tirar Roy do sério ao questionar-lhe sobre o pão
branco. “Pão branco!”, explodia. “Não é bom nem para alimentar porcos!” Eu
também concordava com Roy que aquilo que comemos nos afeta física, mental e
espiritualmente. Gosto de praticar exercício e correr maratonas; e para isso é
preciso comer de forma saudável. É preciso comer de forma correta para pensar
de forma correta. Além disso, é muito, muito difícil agir com graça e bondade
para com os outros quando se tem acidez de estômago.
Algumas pessoas, no passado e ainda hoje, querem tornar o alimento uma
questão de fé e a dieta uma questão de devoção. Essas coisas estão relacionadas,
mas são mundos completamente diferentes. O coração é confirmado apenas com
a graça.
7 de setembro – sexta

HEROÍNA
Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus. 2
Timóteo 2:1

Há heróis de todos os formatos, tamanhos e idades, não importa o sexo. Assim


foi com Ashley Smith, colocada sob os holofotes da mídia por um ato
espetacular de coragem. Smith tinha se mudado para um conjunto de
apartamentos na periferia de Atlanta, Geórgia, EUA, havia apenas alguns dias.
Na madrugada do sábado, ao voltar para casa, um homem a abordou no
estacionamento. Pressionando a arma contra ela, ele ordenou que ela entrasse no
apartamento, dizendo: “Não vou machucá-la se fizer exatamente o que eu disser.
Não quero machucá-la. Não quero machucar mais ninguém.”
Ashley Smith a princípio não saiba quem era o criminoso. Ela não fazia a
menor ideia de que o homem que a imobilizou com fita crepe, uma cortina e um
fio de extensão era o homem mais procurado pela polícia na história de Atlanta.
No dia anterior, Brian Nichols, acusado de estupro, apoderou-se da arma do
oficial que o escoltava ao tribunal, atirou e matou o juiz que presidiria o tribunal
e um repórter, e ainda matou um delegado que tentou impedi-lo de fugir. Depois,
matou um agente federal e roubou-lhe a arma, as algemas e o veículo.
Ashley Smith estava agora imobilizada e sozinha em seu apartamento com
esse indivíduo desesperado. “Pensei que fosse me estrangular”, ela afirmou mais
tarde. Durante as primeiras horas da manhã, ela conversou com ele, tentando
ganhar sua confiança. Disse-lhe que o marido havia falecido havia quatro anos e
que, se ele a machucasse, sua filhinha seria órfã de pai e mãe. Disse-lhe que
tinha marcado um encontro com a filha às dez horas da manhã, mas Nichols
recusou-se a libertá-la.
Mais tarde, Nichols a desamarrou. Confessou que sentia como se “já
estivesse morto”. Ashley, porém, insistiu que ele considerasse que pelo fato de
ainda estar vivo já era um “milagre”. “Você está aqui em meu apartamento por
uma razão”, Ashley afirmou. Quem sabe o Senhor desejasse que ele partilhasse a
Palavra de Deus com os companheiros de prisão...
Nichols abaixou as armas. Ashley preparou panquecas para ele comer.
Assim, ele a libertou. Ela ligou para a polícia e, tão logo um pequeno exército de
policiais chegou ao local, ele se entregou pacificamente.
Que força inacreditável! Que coragem! Gostaria de conhecer mais a
respeito de Ashely Smith e a fonte de seu heroísmo.
Acho que já sei qual é – não uma fonte, mas a Fonte.
8 de setembro – sábado

A GRAÇA DA GENEROSIDADE
Todavia, assim como vocês se destacam em tudo: na fé, na palavra, no
conhecimento, na dedicação completa e no amor que vocês têm por nós,
destaquem-se também neste privilégio de contribuir. 2 Coríntios 8:7

O amor ao dinheiro manchou o bom nome do cristianismo. Muitas pessoas hoje


se consideram pós-cristãs. Foram criadas nos princípios cristãos, mas decidiram
abandoná-los porque sentiam que faltava alguma coisa. Às vezes os pós-cristãos,
ainda desejosos de encontrar Deus, procuram a Nova Era, o budismo ou o
hinduísmo. Vez após outra, aqueles que sentem que deixaram o cristianismo para
trás o associam com uma organização preocupada especialmente em arrancar
dinheiro das pessoas.
A maneira com que a igreja em geral e cada um de nós como cristãos
individuais nos relacionamos com o dinheiro é de vital importância. Para
entendermos a situação da maneira correta, precisamos começar com Jesus de
Nazaré. Apesar de Ele ser o dono de toda a riqueza do Universo, esvaziou a Si
mesmo. Nasceu na pobreza, viveu neste planeta como um homem pobre.
Aqueles (e são muitos) que associam o cristianismo com prosperidade financeira
têm um problema, não com Jesus, mas com os assim chamados seguidores do
Homem da Galileia.
E esse problema é imenso. Assim como os papas medievais viviam no luxo
à custa da plebe, os televangelistas (não todos, mas a maioria) vivem com fartura
à custa dos apelos que fazem para arrecadar dinheiro. Constroem mansões, voam
de um lado para o outro em aviões particulares e se hospedam em suítes
presidenciais de hotéis suntuosos e caros. Que afronta à vida e à mensagem de
Jesus Cristo! Que decepção para as pessoas que têm os olhos abertos!
O outro lado da história é que a vida e a mensagem de Jesus tocam cada
aspecto de nossa vida, incluindo a área muito particular de nosso bolso. A graça,
que é Jesus, é generosa, abundante, transbordante; supera qualquer expectativa,
ultrapassa a imaginação. Vista em termos comerciais grosseiros, o preço pago
por nossa salvação foi incrivelmente arriscado. Mas a graça é amor arriscado.
A graça se enraíza em nossa vida à medida que permitimos ser
influenciados por ela dia a dia. Transforma-nos em pessoas repletas do mesmo
comportamento amoroso, disposto a se arriscar pelo bem do outro. Nós
contribuímos porque é um prazer contribuir, porque temos que contribuir. Não
por exigência, mas movidos por uma compulsão interior. Essa é a graça sobre a
qual Paulo escreveu aos coríntios – a graça da generosidade. O cristão
mesquinho é uma contradição.
Senhor, concede-me hoje a graça da generosidade.
9 de setembro – domingo

UMA CARTA DA GRAÇA


Mando-o de volta a você, como se fosse o meu próprio coração. Filemom
12

A carta mais curta escrita por Paulo e que sobreviveu até a era moderna talvez
seja a mais bela de todas. Na carta enviada a Filemom vemos a graça irradiar em
cada verso. Trata-se de uma mensagem curta, muito pessoal, apenas um pouco
mais do que um bilhete. Ao longo dos anos, algumas pessoas têm questionado
por que essa carta deve ter lugar entre os outros livros da Bíblia, pois não contém
nenhuma argumentação ou ampliação teológica.
Quão enganados estão os críticos! Essa pequena carta é rica em conteúdo e
mais rica ainda em sentimento. Hoje é muito difícil ouvir um sermão baseado
nela – o que é uma lástima para a reflexão e a experiência cristã. Dedicaremos
vários dias ao estudo dessa carta, escavando seus tesouros. Estou confiante de
que, no fim, você concordará comigo que se trata de uma joia rara.
A carta começa com a graça e termina com a graça. “A vocês, graça e paz
da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”, escreve Paulo em sua
costumeira introdução (v. 3). Ele a conclui com a bênção: “A graça do Senhor
Jesus Cristo seja com o espírito de todos vocês” (v. 25).
Graça do começo ao fim! Que maneira de escrever! Que maneira de viver!
Que bela oração para enfrentarmos o dia! Que do princípio ao fim, dos pés à
cabeça, sejamos rodeados pela graça. Além das referências no início e no fim da
carta, Paulo não se refere mais à graça especificamente. No entanto, ele
demonstra a graça – a maneira de a graça atuar, como a graça aparece. Em todas
as outras cartas, especialmente em Romanos e Gálatas, Paulo apresenta a
teologia da graça; aqui, porém, ele vive a graça. Assim, se quisermos entender o
que ele quer dizer com graça, é melhor prestarmos atenção na aula prática dessa
mensagem pessoal.
Uma palavra, quase impossível de ser traduzida, utilizada três vezes por
Paulo ao escrever a Filemom, abre uma porta para os sentimentos mais
profundos do apóstolo. Encontramos essa palavra no verso 7: “Você, irmão, tem
reanimado o coração dos santos” (NVI); no verso 12: “Mando-o de volta para
você, como se fosse o meu próprio coração” (NVI) e no verso 20: “Reanime o
meu coração em Cristo!” (NVI).
A palavra não é “coração”, mas literalmente “entranhas”, “vísceras”, para
ser mais claro. Onde sentimos as mais profundas emoções, especialmente as
negativas? Na barriga, nas vísceras. A graça trata de emoções profundas –
vísceras. Aqueles que querem restringir a graça à teologia, ao debate e à
argumentação precisam ler a carta de Paulo a Filemom. Enquanto a graça não
lhes atingir as vísceras, não saberão o que ela é.
10 de setembro – segunda

O FILHO DE PAULO NA PRISÃO


Apelo em favor de meu filho Onésimo que gerei enquanto estava preso.
Filemom 10

Paulo era solteiro, mas teve filhos. Ele chamou Timóteo de “meu verdadeiro
filho na fé” (1Tm 1:2) e “meu amado filho” (2Tm 1:2). Ao escrever para Tito, as
palavras de abertura foram: “A Tito, meu verdadeiro filho em nossa fé comum”
(Tt 1:4).
Timóteo e Tito foram cooperadores de Paulo na causa do evangelho. Eles
viajaram juntos, trabalharam juntos, sofreram juntos. A grande missão pela qual
entregaram o coração e dedicaram a vida os uniu com vínculos mais fortes do
que os do mesmo sangue.
Paulo, porém, teve outro tipo de filho. Não se tratava de um colaborador,
nem de um companheiro de lutas e vitórias na missão de proclamar o evangelho.
Onésimo era seu nome e ele se tornou filho de Paulo no período em que o
apóstolo esteve na prisão, provavelmente em Roma.
Sabemos bem pouco a respeito desse jovem. Não sabemos nada dele antes
de se encontrar com Paulo, nem mesmo como se encontrou com Paulo. Não
sabemos o que aconteceu com ele depois. A carta a Filemom nos revela apenas
um pouquinho de sua vida e deixa a maior parte da história em branco. A carta,
porém, revela o suficiente para nos deixar intrigados com as possibilidades. O
mais importante é que a história – resumida e fragmentada como é – abre uma
janela para compreendermos melhor a graça.
Isto sabemos com certeza: Onésimo era escravo. Paulo afirma isso de
maneira muita direta no verso 16: “Não mais como escravo” (NVI). Outra dica:
há a possibilidade de Onésimo ter vindo de Colossos, uma cidade localizada
onde hoje fica a Turquia, pois ao escrever aos colossenses Paulo menciona certo
Onésimo, “que é um de vocês” (Cl 4:9).
Na ocasião em que Paulo escreveu para Filemom, Onésimo era um escravo
fugitivo. Ele decidiu viver a própria vida e se libertou de Filemom, seu
proprietário. Onésimo correu o mais rápido que pôde. Havia lugar melhor para
se esconder do que em Roma, uma cidade grande, a maior da época?
Onésimo fez algo muito perigoso. Se fosse apanhado, poderia ser lançado
às lampreias, peixes vorazes que arrancam a carne dos ossos. Poderia ser
marcado com ferro quente, uma indicação permanente de que ali estava um
escravo que tentou fugir.
O idoso Paulo está preso. Onésimo está em fuga. Deus faz com que se
encontrem, e Paulo adota outro filho – um milagre da graça.
11 de setembro – terça

DIA DO DESTINO
Em vez disso, Ele Se sacrificou de uma vez por todas, aniquilando todos os
outros sacrifícios mediante Seu próprio sacrifício, a solução final para o
pecado. Hebreus 9:6, The Message

Alguns eventos ficam gravados na memória. Para a geração mais antiga, um


desses eventos foi a morte de John F. Kennedy. Naquela época, as pessoas eram
capazes de relatar vividamente onde estavam e o que faziam no momento em
que ouviram a notícia do assassinato. Para as pessoas hoje, a data 11 de setembro
se tornou o dia do destino.
Era manhã de terça-feira, o que significa que a Comissão Administrativa da
Associação Geral se reuniria às 9h. Ao encontrar-me com os outros membros da
comissão poucos minutos antes da reunião, alguém informou que uma aeronave
havia atingido uma das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York.
Não demos muita atenção à notícia – provavelmente uma pequena aeronave
havia esbarrado no edifício numa manhã nublada.
Começamos a reunião. Quinze minutos depois, recebemos mais notícias:
outra torre do edifício havia sido atingida por uma segunda aeronave. Não se
tratava de um acidente; os eventos eram parte de um plano de ataque terrorista.
Tentamos nos concentrar no trabalho, mas não demorou muito e recebemos
uma terceira notícia: o Pentágono, apenas a poucos quilômetros do local em que
se encontra o prédio da Associação Geral, havia sido atingido por outra
aeronave. Havia ainda mais uma aeronave terrorista da qual não se tinha notícia.
Circulavam rumores de que o Departamento de Estado havia sido atingido por
ela.
Em poucos minutos, o presidente da igreja na ocasião, pastor Jan Paulsen,
convocou uma reunião com todos os funcionários. Ele informou a todos sobre os
ataques, pediu que mantivéssemos a calma e partilhou palavras de conforto da
Bíblia.
11 de setembro. A data em si se tornou sinônimo dos eventos daquele dia
terrível. Foi um dia do destino, um momento crucial. Sentimos no íntimo de
nosso ser que a vida nunca mais seria a mesma. Para os Estados Unidos e para o
mundo, o futuro seria diferente; podíamos pressentir essa mudança.
O dia em que Jesus morreu no Calvário foi o supremo Dia do Destino. A
história mudou nesse dia – e para melhor. Pois nesse dia Jesus pagou o preço
final pelos nossos pecados e garantiu nossa salvação.
12 de setembro – quarta

O PROPRIETÁRIO DE ESCRAVOS
Talvez ele tenha sido separado de você por algum tempo, para que você o
tivesse de volta para sempre, não mais como escravo, mas, acima de
escravo, como irmão amado. Filemom 15, 16

Filemom, a quem Paulo se referiu como “amado cooperador” (v. 1) e em cujo


lar a igreja se reunia (v. 2), era um proprietário de escravos. Ele possuía pelo
menos um escravo, Onésimo, que fugiu e encontrou Paulo na prisão, onde
decidiu se tornar cristão. Como pode ser? Não é isso uma contradição, um
paradoxo?
Alguns anos atrás, liguei a televisão para assistir ao noticiário e
acompanhei uma reportagem que me deixou chocado e ao mesmo tempo
horrorizado. A câmera captou imagens de uma exposição fotográfica do vil
capítulo da história norte-americana que ocorreu desde o fim do século 19 até o
início do século 20: a era do linchamento. As fotografias me deixaram revoltado
e uma em especial ainda permanece nitidamente em minha mente. Ali está um
grupo de homens e alguns meninos inclinados sobre o parapeito de uma ponte,
fitando a lente da câmera fotográfica. Em sua face não há nenhum sinal de
vergonha ou remorso. Atrás deles, um corpo carbonizado pendurado por uma
corda amarrada no tronco de uma árvore. Na sequência, mostrou-se a fotografia
de um cartão-postal expedido no dia seguinte com a inscrição: “Fizemos
churrasco ontem à noite.”
O que dizer da escravidão na época de Paulo? Quem sabe tenha sido
diferente. Sim e não. O Império Romano era mantido através da escravidão.
Grande porcentagem da população era composta de escravos. Ao contrário do
que aconteceu na América, a escravidão na época de Paulo não tinha base étnica.
As pessoas se tornavam escravas pelo fato de nascerem de pais escravos, por
meio da pirataria ou por causa de dívidas. A condição dos escravos variava
muito. Alguns escravos eram altamente educados, tutores, filósofos ou músicos.
Gerenciavam comércios ou empresas e administravam províncias.
Os proprietários de escravos, porém, tinham poder absoluto sobre eles. Os
escravos não tinham permissão para adquirir bens, não podiam se casar
legalmente e poderiam ser separados da esposa e dos filhos caso o proprietário
assim desejasse. Não tinham direito à justiça, nenhum lugar para fugir e pedir
asilo. A escravidão era uma escola em que se aprendia a covardia, a lisonja, a
desonestidade e a mais baixa imoralidade.
Filemom, o querido amigo de Paulo, era proprietário de escravo. Como
isso foi possível? Porque a prática não caminhava de mãos dadas com o
conhecimento. O evangelho da graça ainda não dominava completamente a vida
dele.
13 de setembro – quinta

A CONDUTA MAIS ESTRANHA


Por isso, mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você
cumpra o seu dever, prefiro fazer um apelo com base no amor. Filemom 8,
9

Paulo tinha um escravo fugitivo em suas mãos. De alguma forma, Onésimo


encontrou Paulo na prisão, ouviu as boas-novas de sua boca e decidiu se tornar
cristão. Agora, cheio de sentimento, Paulo escreve para Filemom, proprietário de
Onésimo. Em seguida, o que faz? Envia Onésimo de volta!
O que se passa na cabeça de Paulo? Por que não escreve para Filemom
repreendendo-o por negar a Criação e o evangelho ao tornar outra pessoa seu
escravo? Por que não mantém o jovem Onésimo com ele para tornar a infeliz
vida na prisão um pouco mais fácil?
Ao enviar Onésimo de volta para Filemom, Paulo o sujeita a correr risco de
morte. A lei romana estabelecia severas penalidades para escravos fugitivos:
Onésimo poderia ser legalmente crucificado, ser lançado para lampreias vorazes
ou, na melhor das hipóteses, ser marcado com ferro quente, o que deixava uma
cicatriz permanente e visível para evitar fugas futuras.
A escravidão era algo comum no Império Romano, e Filemom não foi o
único professo seguidor de Jesus Cristo que tinha escravos. Em suas cartas,
Paulo se refere várias vezes à relação entre mestres e escravos. Aos coríntios, ele
escreveu: “Foi você chamado sendo escravo? Não se incomode com isso. Mas,
se você puder conseguir a liberdade, consiga-a” (1Co 7:21). Em outras ocasiões,
advertiu os escravos a servirem seus senhores com honestidade e fidelidade e
aconselhou os proprietários a tratarem os escravos com justiça e amor (Ef 6:5-9;
Cl 3:22; 1Tm 6:1, 2; Tt 2:9, 10). Em nenhum lugar Paulo disse para os
proprietários libertarem os escravos, tampouco aconselha os escravos a tentarem
se revoltar. O que aconteceu com o valor moral de Paulo?
Estava bem onde Deus colocou. Com a institucionalização da escravidão
dentro da sociedade de sua época e sendo os cristãos uma minoria sem apoio
legal, teria sido imprudente instigar uma mudança na ordem social. Paulo, no
entanto, estava envolvido em mudar a ordem social. Sua mensagem, o evangelho
da graça, plantou ideias que eram verdadeiras bombas-relógio, contando o tempo
até o momento de “explodir” a escravidão para sempre. Para bombas-relógio
como essa “não há [...] escravo nem livre, [...] pois todos são um em Cristo
Jesus” (Gl 3:28) e “não há [...] escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em
todos” (Cl 3:11).
A graça ainda é uma bomba-relógio. Você crê nisso?
14 de setembro – sexta

DE INÚTIL PARA ÚTIL


Ele antes lhe era inútil, mas agora é útil, tanto para você quanto para
mim. Filemom 11

Não sabemos como começou a história de Onésimo, tampouco sabemos o que


aconteceu depois que Paulo enviou esse escravo fugitivo de volta para seu
mestre, Filemom, presumidamente com sua carta pessoal em mãos. Pela lógica,
porém, podemos supor qual foi o início da história desse escravo e um fascinante
detalhe da história da igreja primitiva nos dá ideia do que aconteceu depois.
Parece claro que Onésimo, ao fugir para a liberdade (mesmo correndo
grande risco sob a lei romana), se tornou cristão após o encontro com Paulo na
prisão. Se isso aconteceu em Roma, como é provável, a chance de esse encontro
ocorrer deve ter sido muito pequena. Roma era uma cidade de aproximadamente
um milhão de pessoas. O que pode ter colocado Onésimo em contato com o
apóstolo? A Mão divina, claro. Quem sabe Paulo tenha encontrado o jovem ao
visitar o lar de Filemom (se é que isso aconteceu). Talvez antes de o escravo
fugir, ele já soubesse que Paulo estava na prisão. Quem sabe, tocado pelo amor
do encontro anterior, ele tenha decidido procurar Paulo na prisão.
Temos mais certeza dos fatos ao considerar o restante da história. Paulo
enviou Onésimo de volta ao seu mestre com o pedido de que Filemom o
recebesse bem, não mais como escravo, mas como irmão (versos 16, 17). Se
Onésimo devia alguma coisa a Filemom, Paulo garantiu que pagaria a dívida (v.
19). Em seguida, Paulo escreveu: “Escrevo-lhe certo de que você me obedecerá,
sabendo que fará ainda mais do lhe que peço” (v. 21).
O que a frase “ainda mais” poderia envolver? Certamente apenas uma
coisa: libertar Onésimo.
Filemom entendeu a mensagem e agiu de acordo. Se esse não fosse o caso,
a carta de Paulo não teria subsistido. Filemom a teria jogado fora.
O jovem Onésimo, aparentemente nascido na escravidão, recebeu um nome
comum a escravos: Onésimo significa “útil”. Mas, em vez disso, ele se tornou
inútil, como menciona Paulo. “Mas agora é útil, tanto para você quanto para
mim” (v. 11).
Talvez saibamos o que aconteceu com Onésimo. Aproximadamente 50
anos depois de Paulo escrever a Filemom, um personagem chamado Inácio
escreveu ao líder da igreja de Éfeso. A carta foi preservada e, através dela, temos
certeza de que Inácio tinha conhecimento da carta de Paulo a Filemom. Ele
brinca com o significado das palavras “útil” e “inútil”, assim como Paulo. Você
sabe qual o nome da pessoa para quem Inácio enviou a carta, o bispo da igreja de
Éfeso? Onésimo!
Que história de perdão, de graça transformadora!
15 de setembro – sábado

DIA NACIONAL DO PERDÃO


Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem
como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os
outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em
Cristo. Efésios 4:31, 32

Algum tempo atrás, um homem que não conheço me escreveu para partilhar
uma ideia. “Creio que precisamos de um Dia Nacional do Perdão (ou semana),
em que cada pastor e cada igreja escreveriam uma carta para cada membro
afastado pedindo perdão por qualquer coisa que a igreja tenha feito que o tenha
magoado ou prejudicado emocional ou espiritualmente”, ele sugeriu. “Há
milhares de pessoas que costumavam fazer parte de nossa família e que nos
deixaram por razões pelas quais talvez a igreja precise se desculpar.
“Não creio que nossas igrejas possam crescer enquanto tivermos pessoas
cheias de raiva e amargura, tanto dentro quanto fora da igreja. Muitos membros
foram emocionalmente prejudicados por palavras ásperas, ou até mesmo
palavras bem-intencionadas, porém expressas da maneira errada ou no momento
errado. Gostaria de sugerir que cada igreja faça um esforço conjunto para
localizar os endereços dessas pessoas e enviar uma carta pedindo perdão por
qualquer coisa que a igreja tenha feito para prejudicá-las.”
Partilho da preocupação desse irmão com membros afastados. Embora
saiba que devemos manter o foco em Jesus e que basicamente cada um é
responsável por suas próprias ações, também concordo que muitos membros
afastados se sentem magoados e ressentidos devido a danos reais que sofreram
na igreja. O perdão é um remédio maravilhoso. Trata-se de uma das palavras
mais doces de nossa linguagem. O perdão é o caminho de Deus para a paz e a
santidade.
Deus colocou o perdão em cada fibra de nosso ser. O ódio, a amargura e o
ressentimento corroem nosso corpo, não apenas consumindo nossa força, mas
também enfraquecendo o sistema imunológico. O ódio é hoje listado como uma
das causas da pressão alta. Pesquisas revelaram que, ao encontrarmos o alívio
para o ódio mediante a decisão de perdoar, a pressão arterial elevada causada por
esse sentimento diminui.
O caminho da graça é o caminho do perdão e, portanto, o caminho para
uma vida livre de maldade, amargura, raiva e ódio. Em vez de amargura,
compaixão. Em vez de ressentimento, bondade. Em vez de ódio, perdão. Esse é
o caminho para a plenitude de vida na Terra e para a vida eterna na presença de
Deus. Tornemos hoje o Dia Pessoal do Perdão.
16 de setembro – domingo

O APÓSTOLO DO SÉCULO 21
João era uma candeia que queimava e irradiava luz, e durante certo
tempo vocês quiseram alegrar-se com a sua luz. João 5:35

Vez por outra a graça toca um seguidor de Jesus com tanta intensidade que ele
ou ela brilha com uma luz tão forte que atrai outros a Cristo. Essa luz é tão
brilhante que parece não durar muito tempo.
João Batista foi uma dessas pessoas. Jesus o chamou de “a candeia que
queimava e irradiava luz”, mas essa candeia brilhou apenas alguns anos. Outro
exemplo é alguém desconhecido pela maioria dos cristãos ocidentais – Sadhu
Sundar Singh, mais conhecido como “O Apóstolo do Século 21” e “O Apóstolo
dos Pés Ensanguentados”.
Sundar Singh nasceu numa devota família Sikh em Punjab, Índia. Jovem
ativo e dinâmico, Sundar Singh a princípio se opunha fortemente ao
cristianismo. Certa vez, rasgou uma Bíblia em público e a queimou. Um dia,
acordou às três da manhã e orou pedindo que, se Deus existisse, Ele Se revelasse
e lhe mostrasse o caminho da salvação. Se a oração não fosse respondida,
Sundar Singh estava decidido a deitar-se sobre os trilhos e morrer sob as rodas
do trem.
Ele orou e aguardou, esperando ver Krishna, Buda ou qualquer outra
divindade hindu. Em vez disso, uma luz brilhou em seu quarto, aumentando em
intensidade até que Sundar Singh não recebeu o deus pagão que esperava, mas o
próprio Cristo. “Por toda a eternidade jamais me esquecerei de Sua face gloriosa
e amorosa ou das poucas palavras que proferiu: ‘Por que Me persegues? Vês,
morri na cruz por ti e pelo mundo inteiro’”, ele recordou mais tarde.
A partir daquele momento, Sundar Singh se tornou uma nova pessoa. “Meu
coração se encheu de alegria e paz inexprimíveis, e todo o meu ser mudou
completamente.” Ele foi batizado em seu décimo sexto aniversário.
Tomado pela paixão de proclamar a mensagem de Jesus, Sundar Singh
adotou o estilo simples de um santo homem indiano. Mais tarde, a influência de
sua vida e escritos tocaram cristãos em todas as partes do mundo. Ele pregou em
Londres, Paris, Alemanha, Estados Unidos e Austrália. O maior fardo, porém, de
seu coração era o Tibete, país ainda não alcançado pelo cristianismo. Ele fez
muitas jornadas para as montanhas solitárias desse país, e da última jamais
regressou. Ninguém sabe o que aconteceu com ele. Tinha apenas 39 anos na
ocasião em que desapareceu. Foi uma lâmpada que brilhou com a luz da graça.
17 de setembro – segunda

O ROBÔ FEDORENTO
Davi, porém, disse ao filisteu: “Você vem contra mim com espada, com
lança e com dardos, mas eu vou contra você em nome do Senhor dos
Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem você desafiou”. 1
Samuel 17:45

Você já ouviu falar do robô Fedorento? Fedorento é um robô muito feio, uma
geringonça mal pintada e feita de canos de terceira categoria colados um ao
outro. A cola usada em Fedorento tem um cheiro horrível; por isso, o nome.
O Departamento de Pesquisas Navais dos Estados Unidos e a NASA
lançaram um concurso robótico subaquático. Fedorento foi inscrito na
competição, e foi saudado com risadas. Fedorento concorreu com o protótipo
inscrito pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, uma máquina muito
bonita criada por 12 engenheiros de elite e estudantes do curso de ciência da
computação.
O custo total de Fedorento foi de 800 dólares, doados por comerciantes
locais. Seus criadores foram quatro adolescentes de calças largas e tênis,
estudantes da Escola de Ensino Médio Carl Hayden, em Phoenix, Arizona, EUA.
Os quatro eram imigrantes mexicanos ilegais. Eles viram o anúncio da
competição no mural colocado ali por dois professores de ciências da escola que
se ofereciam para ajudar a equipe que desejasse participar do concurso. Assim,
eles decidiram se inscrever. Os adolescentes construíram Fedorento com canos
de PVC e peças comuns de computador. Em seguida, foram para Santa Bárbara,
Califórnia, onde a competição seria realizada.
A competição exigia a construção de um robô que fosse capaz de explorar
um submarino submerso. Assim que os quatro adolescentes de Hayden viram
que a escola de engenharia mais prestigiada dos Estados Unidos estava inscrita
na competição, sentiram-se intimidados. Porém, algo muito engraçado aconteceu
naquela competição. Fedorento ganhou o prêmio máximo. Ele desempenhou
uma tarefa que o outro robô não foi capaz de realizar: sugar o fluido de um
pequeno recipiente a mais de três metros abaixo d’água.
Por que gosto tanto dessa história, verdadeira em cada detalhe? Porque
gosto muito de histórias em que pessoas desvalorizadas e menosprezadas
decidem lutar contra o improvável e saem vitoriosas. E essa é uma das razões
pelas quais a história de Davi e Golias atrai a atenção de pessoas de todas as
idades. A história de Davi talvez seja a melhor história de alguém desvalorizado
e menosprezado que alcançou a vitória, mas o Bom Livro está repleto de
histórias assim, pois a Bíblia fala da graça, que faz de homens e mulheres
comuns verdadeiros heróis.
18 de setembro –terça

O CABELO DE BEETHOVEN
Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento,
num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta
soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos
transformados. 1 Coríntios 15:51, 52

Li um livro interessante, O Cabelo de Beethoven, de Russell Martin. Parte


história real, parte mistério, parte ciência forense, a narrativa acompanha a
trajetória de um chumaço de cabelo cortado da cabeça do grande compositor
logo após a morte dele. Em sua época, Ludwig van Beethoven se sobressaiu na
música mundial. A influência e o poder de suas composições foram tão grandes
que alguns companheiros compositores afirmaram não acreditar que Beethoven
fosse um mero humano, mas que deveria haver algo divino nele.
Porém, o homem que criou sons tão incríveis e que foi amplamente
aplaudido e aclamado sofreu terrivelmente durante os últimos 30 anos de sua
vida. Parecia sofrer dores constantes causadas por gastrenterites, icterícia,
hemorragia interna e fortes dores de cabeça. Pior e mais trágico de tudo, ele
gradualmente perdeu a audição até ficar completamente surdo. Suas maiores
obras foram compostas num período em que a música era-lhe totalmente interna.
Uma das cenas mais comoventes ocorreu no fim da estreia da magnífica Nona
Sinfonia, criada e regida na ocasião por ele. A plateia ficou em pé, gritando e
aplaudindo, mas Beethoven não percebeu nada até que alguém o virou de frente
para o público.
Durante o funeral de Beethoven, em 1827, um jovem judeu chamado
Ferdinand Hiller, que mais tarde se tornou um grande compositor e músico,
compareceu à cerimônia para prestar homenagem. Junto com outras pessoas,
Hiller cortou um chumaço de cabelo do falecido compositor como recordação. A
relíquia passou de mão em mão por mais de um século dentro da família de
Hiller até que na Segunda Guerra Mundial chegou às mãos de um médico na
Dinamarca, que ajudava os judeus a escapar dos nazistas.
Finalmente, a relíquia foi comprada por dois fãs norte-americanos de
Beethoven. Há alguns anos, ao ser examinado o chumaço de cabelo com o
auxílio dos métodos mais avançados, descobriu-se uma concentração
extremamente alta de chumbo. Assim, o grande mistério aparentemente foi
solucionado. As terríveis enfermidades de Beethoven aparentemente foram
causadas por envenenamento por chumbo.
Uma ligação fascinante com o passado. Porém, quando Jesus chamar Seu
povo, Ele não precisará de um chumaço de cabelo ou de qualquer molécula de
nosso corpo atual. Sua palavra será suficiente. Seremos transformados!
19 de setembro – quarta

O ATLETA ESPIRITUAL
Exercite-se diariamente em Deus – nada de flacidez espiritual, por favor!
A prática de exercício físico no ginásio é útil, mas uma vida disciplinada
em Deus é muito mais, colocando-o em forma tanto hoje quanto na
eternidade. 1 Timóteo 4:8, The Message

Se você pensa que participar de uma maratona é o teste máximo de resistência


(ou loucura) humana, considere, então, o caso daqueles que correm cinco
maratonas de uma só vez. Chamados ultramaratonistas, eles correm 20 horas
sem parar.
No mundo desses superatletas, a corrida mais difícil é a Ultramaratona de
Badwater. O trajeto de 216 quilômetros tem como ponto de partida o Death
Valley [Vale da Morte], um trecho do Deserto Mojave considerado o local mais
quente do planeta. A temperatura pode atingir mais de 54 ºC. O asfalto fica tão
quente (acima de 93 ºC), que os maratonistas precisam correr sobre a faixa
branca para evitar que o tênis derreta. A corrida começa abaixo do nível do mar e
atinge 2.560 metros na linha de chegada, a meio caminho do Monte Whitney, o
pico mais alto dos 48 estados continentais norte-americanos.
Durante uma corrida recente, 72 maratonistas de 11 países se qualificaram
para a Ultramaratona. Sete eram mulheres, incluindo Pam Reed, 46 anos, mãe de
três filhos, que já havia vencido a corrida nos dois últimos anos. Reed, de 1,62 m
de altura, pesa apenas 45 quilos. Seu método de treino não é nada convencional.
Sem treinador, sem nutricionista e sem nenhum programa de treino, Reed
simplesmente corre o máximo que consegue, até cinco vezes ao dia.
Outro competidor, Dean Karnazes, 43, corre 50 quilômetros durante a
semana e 160 nos fins de semana. Ele provavelmente já correu mais do que
qualquer outra pessoa – 563 quilômetros em 81 horas. São três dias sem dormir.
Para Karnazes e outros que se dedicam à prática de esportes radicais, o objetivo
é ver até onde o corpo é capaz de ir. Eles competem, não por causa do prêmio (o
vencedor da Ultramaratona Badwater recebe apenas uma fivela e um tapinha nas
costas), mas pela satisfação pessoal que o esforço extremo os faz sentir.
Muito mais importante é nos dedicarmos à corrida da vida, nos
disciplinarmos para nos tornarmos atletas espirituais preparados para o serviço
do Mestre, esforçando-nos para ser e fazer o melhor para a Sua glória e para
tornar este mundo um lugar melhor! Um novo dia nos espera. Não sabemos para
onde seu curso nos levará, mas de uma coisa temos certeza: Alguém já percorreu
esse caminho antes de nós. Seus pés formaram bolhas, Sua testa ficou repleta de
gostas de suor e sangue. Na força de Sua vitória, nós também podemos vencer.
20 de setembro – quinta

FRAUDES E FÉ
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não
vemos. Hebreus 11:1

Há vários anos, uma caixa de pedra foi descoberta em Israel. Tratava-se de um


ossuário, objeto usado para guardar os ossos de alguém falecido na época de
Jesus. Nada de especial até aqui – muitas caixas como essa foram desenterradas
pelos arqueólogos. Essa, no entanto, continha uma inscrição em um dos lados.
As palavras, em aramaico antigo, diziam: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus.”
A caixa causou grande comoção no mundo. Mais de 100 mil pessoas
apareceram para ver a caixa em sua primeira exposição. Ela foi capa dos
conceituados periódicos The New York Times e Biblical Archaeology Review.
Esse objeto parecia oferecer a primeira evidência arqueológica consistente de
que Jesus de fato existiu.
Alguns estudiosos, porém, duvidaram. A caixa não havia sido descoberta
durante uma escavação autorizada: ela simplesmente apareceu em um antiquário.
Os peritos em inscrições antigas notaram que as duas metades da inscrição não
estavam iguais: “Tiago, filho de José” tinha formas retas, mas “irmão de Jesus”
estava desigual, com letras diferentes. Mais tarde, a trajetória da caixa foi
rastreada até o apartamento em Tel Aviv do empresário israelita Oded Golan. Ele
alegou ter comprado a caixa de um negociante árabe na década de 1970. Mais
tarde, o usuário e a inscrição foram declarados autênticos.
Logo após o ossuário ter sido exposto em Toronto, fez-se outra grande
descoberta: uma tábua que supostamente pertenceu ao Templo do rei Salomão.
Ao investigar a trajetória da tábua, descobriu-se que ela veio do mesmo lugar: o
apartamento de Oded Golan. Os detetives israelitas vasculharam o prédio e
descobriram uma oficina contendo furadeiras, brasões incompletos, porções de
terra e carvão. Os oficiais chamaram aquilo de fábrica de fraudes, e acusaram o
empresário de falsificação.
Tanto no passado quanto hoje, muitas pessoas procuram pretextos
palpáveis nos quais apoiar sua religião. A verdadeira fé, no entanto, não requer
tais escoras. A fé “é a mão que se apega a Cristo e se apodera de Seus méritos, o
remédio contra o pecado” (O Desejado de Todas as Nações, p. 175). A palavra
original traduzida por “certeza” em Hebreus 11:1 pode significar “escritura de
propriedade”. Ter fé significa segurar em nossas mãos a escritura de propriedade
do Céu. Nunca estivemos lá, nunca vimos como é, mas ele é nosso como se já o
conhecêssemos.
21 de setembro – sexta

O RITMO ESPONTÂNEO DA GRAÇA


Caminhem comigo e trabalhem comigo; observem o que Eu faço.
Aprendam o ritmo espontâneo da graça. Não colocarei nada pesado ou
mal ajustado sobre vocês. Acompanhem-Me e aprenderão a viver de
maneira livre e leve. Mateus 11:29, 30, The Message

Há beleza na naturalidade do atleta: o jogador de beisebol que bate o bastão


contra a bola, ou faz um lançamento preciso para o jogador entre a segunda e
terceira bases para uma jogada dupla. Ele faz com que jogadas complicadas
pareçam algo rotineiro, fácil.
Da mesma forma, há beleza na espontaneidade do músico: a violinista que
tira sons perfeitos de seu instrumento musical enquanto faz o concerto vibrar no
ar. Ela parece transportada, perdida no mundo da excelência.
O beisebol bem jogado e o violino bem tocado – ambos exigem disciplina e
concentração. Ambos são possíveis somente depois de horas e horas de treino e
prática. Mesmo assim, ambos parecem emergir de um estado em que a
excelência flui sem esforço aparente.
Quando os jogadores de beisebol cometem um erro, geralmente é porque a
naturalidade foi quebrada por alguma razão. Assim que começam a pensar
demais no que querem fazer, se conscientizam demais sobre a mecânica do jogo,
a facilidade e a fluência que desejam desaparecem. O mesmo ocorre com o
músico. Enquanto estiver concentrado demais na partitura, prestando a máxima
atenção para não cometer um erro, a música carecerá da qualidade transcendente
que vai muito além do “acertar as notas” simplesmente.
A vida cristã é como jogar beisebol, como tocar violino num concerto
musical. Ela requer disciplina e concentração. Cada um de nós deve praticar
exercícios espirituais – oração, estudo da Bíblia, reflexão. Deus, porém, deseja
que alcancemos muito mais do que apenas nos concentrar na mecânica de acertar
a bola e seguir a partitura; Ele quer que alcancemos o estado da espontaneidade
da graça. “Caminhem comigo e trabalhem comigo – observem o que Eu faço”,
Ele nos convida. “Não colocarei nada pesado ou mal ajustado sobre vocês.
Acompanhem-Me e aprenderão a viver de maneira livre e leve.”
Este é o meu desejo para você hoje, amigo: viver de maneira livre e leve.
Viver na confiança inocente de um filho de Deus, seguro, protegido, sereno.
Obedecer, mas não ficar preso à lei. Zelar pelo mais sublime, mais nobre e
melhor, mas com tranquilidade de espírito, não com esforço impaciente.
Querido Mestre, ensina-me neste dia o ritmo espontâneo da Tua graça.
22 de setembro – sábado

A CARTA MAIS ALEGRE DE PAULO


Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se! Filipenses
4:4

A carta aos filipenses é a carta mais alegre de Paulo. A exuberância do apóstolo


transborda e começa a nos contagiar desde as primeiras linhas. Note como a
“alegria” e o “regozijo” fluem desde o início até o fim da mensagem:
“Agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês” (Fp 1:3); “em
todas as minhas orações em favor de vocês, sempre oro com alegria” (v. 4);
“também com isto me regozijo” (v. 18, ARA); “alegria na fé” (v. 25); “a
exultação de vocês em Cristo Jesus transborde por minha causa” (v. 26);
“completem a minha alegria” (Fp 2:2); “estou alegre e me regozijo com todos
vocês” (v. 17); “estejam vocês também alegres, e regozijem-se comigo” (v. 18);
“fiquem alegres” (v. 28); “minha alegria e coroa” (Fp 4:1, ARA); “alegrai-vos
[...], outra vez digo: alegrai-vos” (v. 4, ARA); “alegro-me grandemente no
Senhor” (v. 10).
O que torna essa alegria transbordante ainda mais extraordinária é que
Paulo escreveu essa carta da cela de uma prisão. Seu trabalho estava sob o
ataque de rivais. Algumas pessoas que professavam pregar o evangelho, na
verdade, procuravam prejudicar Paulo. Após muitos anos de viagens incessantes
em prol do evangelho, sobrevivendo a dificuldades, naufrágios, açoites e
apedrejamento, certamente Paulo já estava ficando fisicamente cansado.
Mas não em espírito. Ele conhecia muito bem Aquele a quem proclamava.
O Senhor ressurreto renovava seu interior dia após dia para que, a despeito das
condições e do lugar, ele pudesse estar alegre. E não apenas alegre – uma alegria
transbordante que era contagiante.
“As circunstâncias que Paulo vivencia em seu interior não são importantes
se comparadas à vida de Jesus, o Messias”, escreveu Eugene H. Peterson na
introdução que fez aos Filipenses na versão bíblica The Message. “Trata-se de
uma vida que não apenas aconteceu a certa altura da história, mas que continua a
acontecer, transbordando na vida de outros que O recebem e, então, continua a
transbordar por todos os lugares. Cristo é, entre muitas coisas, a revelação de que
Deus não pode ser retido ou escondido. É a qualidade de ‘transbordar’ da vida de
Cristo que explica a felicidade dos cristãos, pois a alegria é a abundância de
vida, o transbordar do que não pode ser reprimido dentro de alguém.”
Hoje, meu amigo, não sabemos que sombras podem sobrevir ao nosso
caminho. Mas de uma coisa sabemos: não importa como termine nosso dia, a
nova vida em Jesus é nossa, jorrando e transbordando.
23 de setembro – domingo

A TORRE DO SILÊNCIO
Pense nisso! Todos os pecados perdoados, a ficha do passado limpa, o
velho mandado de prisão cancelado e pregado na cruz de Cristo. Ele
despojou todos os tiranos espirituais do Universo de sua falsa autoridade
na cruz e fez com que marchassem nus pelas ruas. Colossenses 2:14, 15,
The Message

Na região litorânea ocidental da Índia, aglomerados ao redor de Bombaim,


vivem os parsis, remanescentes de um povo poderoso no passado. Eles fugiram
da Pérsia (Irã) há mais de 1.400 anos, ocasião em que os invasores árabes
dominaram o país e estabeleceram o islamismo.
Os parsis representam apenas uma pequena fatia da população de um
bilhão de indianos. Existem hoje menos de 100 mil parsis, e esse número está
diminuindo. A influência desse povo, porém, é imensa. Dentro dessa
comunidade se encontram os chefes das indústrias, os melhores médicos e outros
profissionais e artistas.
Sua religião, pela qual fugiram de sua terra de origem, floresceu no período
em que a Pérsia dominou o cenário mundial. Segundo o fundador Zoroastro,
trata-se de uma religião moral que ensina que a terra, a água e o fogo são
sagrados. Os templos dos parsis se caracterizam por uma chama que queima
continuamente.
Tais crenças levaram a uma prática singular em relação ao sepultamento
dos mortos. Porque a terra é sagrada, o cadáver (considerado altamente
maculado) não pode ser enterrado. Tampouco cremado ou lançado no rio, pois o
fogo e a água também são considerados sagrados.
A torre do silêncio é uma torre circular em que os mortos são expostos a
céu aberto. Os urubus limpam a carne do esqueleto; os ossos caem para o
interior da torre. Hoje a população de urubus na Índia está reduzida devido ao
envenenamento por inseticida. Os cadáveres simplesmente apodrecem sob a
influência do sol e do ar.
Que contraste com a morte de Jesus! Sim, o corpo dEle foi colocado num
gélido sepulcro de pedra. Sim, Seus seguidores choraram e se lamentaram. Mas
Ele ressuscitou como poderoso vencedor. Ele destruiu completamente o poder do
pecado. Limpou a ficha do nosso passado. Cancelou o mandado de prisão,
pregando-o em Sua cruz. Acabou com os poderes das trevas, despojou-os e fez
com que marchassem nus pelas ruas.
Sem torre do silêncio aqui! Aleluia! Viva o grande Comandante! O Senhor
Jesus reina! O Criador do Céu e da Terra, o Salvador da humanidade e o
Vencedor sobre a morte! Todo o Céu ecoou com o brado de triunfo: “Levantai, ó
portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da
Glória” (Sl 24:7, ARA).
24 de setembro – segunda

MANASSÉS
Quando ele orou, o Senhor o ouviu e atendeu o seu pedido e o trouxe de
volta a Jerusalém e a seu reino. E assim Manassés reconheceu que o
Senhor é Deus. 2 Crônicas 33:13

Vez por outra ouvimos alguém contar a história de alguma mudança drástica em
sua vida após um encontro com Cristo; alguém que saiu das drogas e do
envolvimento com gangues para a caminhada cristã, e assim por diante. Ou
lemos um livro que talvez descreva detalhadamente os anos vividos antes de
Jesus Se tornar o Salvador e Senhor da pessoa que o escreveu. Nenhuma dessas
histórias, porém, sequer chega perto da experiência de Manassés.
Manassés, rei de Judá no sétimo século a.C., foi um dos piores monarcas
que já existiram. Ele tinha apenas 12 anos quando assumiu o trono e reinou por
55 anos. Encontramos o relato de sua história em 2 Reis 21 e 2 Crônicas 33. Os
dois relatos são bem semelhantes quanto à descrição da maldade desse monarca,
mas Crônicas apresenta alguns detalhes intrigantes.
O rei Manassés imitou as práticas idólatras das nações vizinhas e com isso
o povo chegou ao ponto de fazer “pior do que as nações que o Senhor havia
destruído diante dos israelitas” (2Cr 33:9). Ele ergueu altares aos baalins, fez
postes sagrados à deusa Astarote, adorou a todos os exércitos celestes,
construindo até mesmo altares para eles dentro do Templo do Senhor. Manassés
sacrificou o próprio filho no fogo (prática abominável associada à adoração ao
deus Moloque). Praticou feitiçaria, adivinhação e magia. Consultou médiuns.
“Além disso, Manassés derramou muitíssimo sangue inocente, até que encheu
Jerusalém de um a outro extremo” (2Rs 21:16, ARA).
Alguma vez você ouviu falar de um comportamento tão rebelde assim?
Certamente ali estava um indivíduo para quem toda esperança de salvação tinha
acabado havia muito tempo. Espere um pouco! Jamais menospreze o poder da
graça. Jamais desista de um pecador ou o considere uma causa perdida. Deus
permitiu que os assírios dominassem a nação. Eles levaram Manassés cativo,
colocaram-lhe um gancho no nariz (antigas representações mostram os assírios
fazendo exatamente isso), prenderam-no com algemas de bronze e levaram-no
para a Babilônia. E ali, miraculosamente, o pior líder do povo de Deus teve o
coração transformado. “Humilhou-se muito perante o Deus de seus pais” (2Cr
33:12, ARA). Manassés orou – e Deus ouviu.
Deus sempre nos ouve. Ele transformou Manassés e também pode
transformar você e eu. Nunca desista de um pecador, pois Deus jamais desiste.
25 de setembro – terça

GRAÇA DURANTE A MADRUGADA


Quando me deito lembro-me de Ti; penso em Ti durante as vigílias da
noite. Salmo 63:6

O grande reformador Martinho Lutero desenvolveu o hábito de, quanto mais


ocupado estava, mais tempo dedicar à oração. Sempre que se sentia pressionado
pelas preocupações e responsabilidades, mais cedo ele se levantava. Antes do
alvorecer, passava as horas da noite em comunhão com a Fonte da força e
sabedoria.
Há uma aparente contradição aqui, algo que não faz sentido para o
indivíduo não espiritual: quanto menos tempo Martinho Lutero tinha para orar,
mais tempo passava em oração. Trata-se do mesmo aparente paradoxo
representado pelo título do livro Ocupado Demais Para Deixar de Orar, de Bill
Hybel.
A “contradição” revela a essência da vida cristã, que é, no fundo, uma
grande contradição. Paulo utiliza um paradoxo em 2 Coríntios 12:7-10, quando
se refere ao “espinho na carne”, e conclui: “Quando sou fraco é que sou forte”. A
Fonte de nossa sabedoria e poder se encontra fora de nós mesmos. Somente
quando nos conectamos com essa Fonte (o que requer tempo, tempo tranquilo)
podemos viver e servir como Deus deseja.
Não sou Martinho Lutero, mas entendi o poder de sua vida paradoxal de
oração. Quanto mais e maiores responsabilidades recebia em meu ministério,
aprendi que o segredo para suportá-las se encontrava nas vigílias da noite. Deus
concede graça durante a madrugada – graça para o momento e graça para o dia à
frente.
Assim, diante de uma situação desafiadora, desperto às três da manhã (ou
antes) com a mente pronta para enfrentar o dia. Nessas ocasiões, aprendi que em
vez de ficar virando de um lado para o outro, tentando conseguir algumas horas
a mais de sono, é infinitamente melhor me levantar. Passar tempo com a Palavra.
Dedicar o tempo necessário para a comunhão com Deus, suplicando e ouvindo.
Analisar o que me espera sem pressa, permitindo que o Senhor decida a minha
agenda.
Repetidamente o emaranhado de nós tem se desembaraçado com
facilidade. As prioridades de repente se tornam claras.
Geralmente, combino esse precioso momento com o Senhor com uma
caminhada. Está escuro; as ruas estão vazias; o único veículo em movimento é
um carro patrulha ocasional; mas a caminhada é maravilhosa no frescor, no vigor
sereno do dia que está prestes a nascer. A experiência é envolta com graça na
comunhão com o amoroso Pai. Recomendo que você também viva essa
experiência.
26 de setembro – quarta

A MENTE VORAZ
Ninguém desta casa está acima de mim. Ele nada me negou, a não ser a
senhora, porque é a mulher dele. Como poderia eu, então, cometer algo
tão perverso e pecar contra Deus? Gênesis 39:9

A resposta de José para a mulher de Potifar é clássica. A cena se assemelha com


a de uma novela: o jovem e a mulher mais velha; o escravo e a esposa do mestre,
que trama seduzi-lo, aguarda o momento oportuno e, então, ataca. Mas, mesmo
em desvantagem (os desejos da carne, a manipulação, a demonstração de poder),
o jovem não age conforme o roteiro manda. José vira as costas e foge.
Não sabemos qual era a aparência da mulher de Potifar, se era atraente ou
não. Por ser a mulher de um oficial do governo, há grande possibilidade de que
fosse muito atraente. Sem dúvida, ela se adornou com as roupas e joias mais
sedutoras que possuía para tentar atrair o jovem que havia escolhido para
conquistar. Mas pode ser que ela não tenha sido nada atraente. A tentação
geralmente ocorre por meios bem comuns. A tentação ocorre principalmente na
mente, sussurrando que os prazeres proibidos são os melhores, que águas
roubadas são doces. (Compare com Provérbios 7:21.)
A grande obra de Izaak Walton, The Compleat Angler [O Completo
Pescador], aparentemente trata da arte de pescar; mas, na verdade, é mais uma
reflexão sobre a vida. Walton observa: “Como pode algo tão pequeno atrair uma
mente tão voraz?”
A mente voraz do peixe o leva a abocanhar uma isca minúscula pendurada
na água. Da mesma forma, a mente voraz do ser humano o leva a abocanhar
“iscas” menos do que atraentes que se apresentam diante dela.
Podemos observá-las ao longo do relato bíblico, pessoas se vendendo por
coisas “tão pequenas”. Esaú abriu mão de seu direito de primogenitura por um
prato de cozido de lentilhas. Acã vendeu a alma por uma capa comum e uma
barra de ouro. E o pior: Judas, um dos 12, vendeu seu Senhor por trinta moedas
miseráveis de prata. Vez após outra a sequência se repete: a pessoa se concentra
na isca proibida, se encanta e abocanha o anzol.
Mas não José, graças a Deus! Como ele conseguiu sair ileso de uma
tentação tão poderosa? Ele conhecia e amava a Deus e não faria nada – nada –
que O desonrasse.
27 de setembro – quinta

FIQUEM COM O QUE É BOM


Ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom. 1
Tessalonicenses 5:21

Eu estava a caminho de casa depois de visitar a Índia. Tanto na ida quanto no


retorno havia uma escala programada em Frankfurt, Alemanha. Assim, antes de
sair de casa, verifiquei o itinerário de viagem que estava em minha gaveta e
coloquei na carteira uma nota de 10 euros e outra de 100 rúpias que encontrei ali.
O voo para Mumbai (antes conhecida como Bombaim) aterrissou à 1h30 da
manhã. O voo de volta estava marcado para outro horário muito incomum –
2h50 da manhã (a aeronave simplesmente aterrissa, reabastece e regressa a cada
noite). Ali estava eu, fazendo o check-in por volta das 11h da noite, com tempo
suficiente apenas para passar pela segurança, pela imigração e pela alfândega.
Não precisava de ajuda com a bagagem, mas por consideração ao carregador
deixei que ele levasse minhas malas e passasse com elas pela área de segurança.
A essa altura, eu tinha 30 rúpias na carteira, uma recompensa justa por seu
trabalho. Mas ele começou a reclamar que merecia receber mais.
– Dê-me uma nota de 100 rúpias, sahib – ele insistiu.
Tentei livrar-me dele, mas ele grudou em mim que nem sanguessuga.
Estava tarde e eu, muito cansado. Tudo o que queria era chegar à sala de
embarque, encontrar um lugar para colocar os pés para cima e descansar um
pouco. Talvez um dólar (equivalente a 40 rúpias) o deixasse satisfeito. Puxei a
carteira e – surpresa! – ali estava uma nota de dez rúpias que aparentemente
passara despercebida. Não custa tentar, pensei. Entreguei a nota para ele. Ele
pegou sem questionar e saiu com tanta pressa que até fiquei surpreso.
Na manhã seguinte, entendi o porquê. Ao passear pelas lojas do aeroporto
de Frankfurt, notei que a nota de 10 euros havia desaparecido de minha carteira.
Claro! A nota de 10 rúpias é de coloração semelhante à nota de 10 euros e ambas
possuem quase o mesmo tamanho. O carregador realmente foi muito bem pago –
recebeu o valor equivalente a uma semana de trabalho ou mais!
Na vida cristã, precisamos colocar tudo à prova. A mudança é boa e
necessária, tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito coletivo. Mas nem toda
mudança é boa. Precisamos ser conservadores; ou seja, ficar com o que
realmente importa.
Isso vale para os ensinos fundamentais da Bíblia; a graça não os muda.
Vale também para os princípios de vida que a Bíblia ensina – integridade,
fidelidade, honestidade, pureza, autenticidade. E vale para a adoração: com
reverência e decência. Fiquemos com o que é bom.
28 de setembro – sexta

O DEUS DA SEGUNDA CHANCE


Só Lucas está comigo. Traga Marcos com você, porque ele me é útil para
o ministério. 2 Timóteo 4:11

Note quem é o autor das palavras do texto de hoje: o apóstolo Paulo. Muitos
anos antes ele não permitiu que João Marcos se envolvesse em seu ministério
porque, durante a primeira viagem missionária do apóstolo, Marcos, que o
acompanhava juntamente com Barnabé, o decepcionou. Assim que a situação
ficou difícil na Panfília (região litorânea na Ásia Menor), Marcos desistiu e
voltou para casa. Posteriormente, quando Barnabé quis convidar Marcos para
acompanhá-los em sua segunda viagem missionária, Paulo não permitiu. Os dois
líderes tiveram uma desavença tão séria que resolveram se separar. Paulo
escolheu Silas e seguiu em uma direção, Barnabé convidou Marcos e seguiu em
outra.
Agora, porém, Paulo, já idoso e preso, com a morte chegando cada vez
mais perto, mudou de ideia. Quer João Marcos ao seu lado. Paulo pede que
Timóteo o leve até ele “porque”, diz Paulo, “ele me é útil para o ministério”.
Sempre que alguém, homem ou mulher, falha em cumprir seu dever,
ficamos decepcionados. Toda vez que um jovem fracassa, fico muito triste. Os
jovens já contam com muitos críticos prontos para apontar alguma falha ou
atentos para vê-los fracassar sem oferecer-lhes ajuda ou apoio.
Quando um ministro fracassa, a dor é ainda maior. Os santos podem tolerar
uma pessoa que comete todos os tipos de erros antes de se entregar a Cristo (às
vezes exultam com os detalhes sombrios), mas tome cuidado após ser batizado.
Tome cuidado dobrado se for ministro. A disposição dos santos para perdoar se
desvanece diante dos seus olhos.
João Marcos corrigiu seu erro. Ele fracassou, mas Barnabé lhe concedeu
uma segunda chance. E ele não o decepcionou! Graças a Deus pelos “Barnabés”
da igreja – homens e mulheres que não ficam relembrando nossas falhas, mas,
em vez disso, nos concedem uma segunda chance.
Além de João Marcos progredir no ministério, ele se tornou tão respeitado
que seu relato da história de Jesus, um dos primeiros a ser escritos, encontrou
seu lugar no cânon bíblico. Pense nisto: de fracassado a escritor do Evangelho,
de desistente a líder respeitado!
Amo histórias assim, de desistentes que se tornaram decididos e corajosos;
de fracassados que escreveram Evangelhos, pois eles são a demonstração viva da
essência da graça. E graça tem tudo que ver com segunda chance. E terceira. E
quarta. E quinta. E sexta. E sétima...
29 de setembro – sábado

A BÊNÇÃO DE ASER
Aser, o mais abençoado dos filhos! Que ele seja o favorito entre os irmãos,
seus pés massageados com óleo. Protegido por portas e portões com
trancas de ferro, sua força seja como ferro por toda a sua vida.
Deuteronômio 33:24, 25, The Message

Um fervoroso cristão evangélico montou uma companhia de extração de


petróleo em Israel, no território ocupado pela tribo de Aser. Ele tem certeza de
que a promessa feita a Aser – “seus pés massageados com óleo” (The Message)
– é a garantia de que se pode encontrar petróleo naquela região.
Não estou com pressa alguma de comprar ações dessa companhia. O
“óleo” a que Moisés, autor da bênção, se referiu certamente não era o óleo
mineral, mas provavelmente o óleo de oliva, ou o óleo usado para abençoar as
pessoas na época. Eugene Peterson, na versão bíblica The Message, chegou bem
próximo do original.
Mas esqueça os esquemas comerciais e se concentre na bênção em si. Que
ideias maravilhosas ela contém! Preste atenção nelas. São cinco promessas de
coisas boas.
Primeira, Aser é “o mais abençoado” dos 12 filhos de Jacó. Podemos
apenas especular como isso se cumpriu. Entre as 12 tribos, as duas que parecem
se destacar mais na história israelita são a de Judá, que deu origem à linhagem de
monarcas que governaram o reino do sul, e a de Efraim, que estabeleceu a
dinastia no norte. Rúben, apesar de ser o primogênito, nunca exerceu a liderança.
Levi, por sua vez, se tornou a tribo de sacerdotes. E quanto a Aser? Não temos
conhecimento de nenhum líder da tribo de Aser.
Assim, Aser, “o mais abençoado”, certamente se destacou em outras áreas.
Além disso, a vida é muito mais do que poder e autoridade. Aser deveria ser “o
favorito entre os irmãos”. Gosto dessa ideia! Não o líder, não o mais inteligente,
mas o mais amado. Acho que preferiria essa bênção.
Os pés de Aser serão massageados com óleo. Você já recebeu uma boa
massagem nos pés, daquelas que eliminam cada dor de seu corpo e fazem
desaparecer o cansaço e a dor? Eu já (na Romênia), e identifico-me muito com
essa bênção. Aser foi realmente um filho afortunado.
Aser também seria protegido, como se as portas e portões com trancas de
ferro impedissem o mal de entrar. Isso parece convidativo nessa época
turbulenta?
Por último e melhor: a força de Aser seria “como ferro” por toda a sua
vida. Gosto da versão Almeida Revista e Atualizada, que diz: “Como os teus
dias, assim seja a tua força” (v. 25).
Essa, sim, é uma bênção maravilhosa para levarmos conosco neste novo
dia!
30 de setembro – domingo

A GRAÇA DA CURA
Deus disse: “Se vocês ouvirem, ouvirem obedientemente às instruções de
Deus para vocês viverem em Sua presença, obedecendo aos Seus
mandamentos e guardando todas as Suas leis, então, não trarei sobre
vocês todas as doenças que Eu trouxe sobre os egípcios, Eu sou o Deus
que os cura”. Êxodo 15:26, The Message

Deus deseja que tenhamos plenitude de vida, saúde física, mental e espiritual.
Tem sido um grande erro da igreja ao longo dos séculos se concentrar apenas na
vida interior e negligenciar a física. De fato, nos primeiros séculos, ideias
enraizadas na filosofia grega dominaram o cristianismo, ideias que denegriam o
corpo. Dessa aberração se desenvolveu o ideal monástico, o celibato e a
mortificação do corpo. Que diferença do relato da criação em Gênesis, em que o
próprio Deus é o Criador do corpo humano!
Quando o Filho de Deus desceu à Terra para nos revelar como Deus é e
para restaurar tudo o que se perdeu com o pecado, Ele dedicou boa parte de Seu
tempo ao ministério da cura, trazendo vista ao cegos, audição aos surdos, fala
aos mudos, movimento aos paralíticos e mente saudável aos mentalmente aflitos.
A graça fluía de Jesus, a graça da cura! Pense na vida de uma comunidade
em que a dor tenha desaparecido, em que não haja sofrimento ou ansiedade –
nem mesmo funerais! Jesus acabou com todos os funerais em que esteve. A
morte fugia de Sua presença, pois Ele era o próprio Doador da vida.
Na verdade, podemos afirmar que o ministério inteiro de Jesus envolveu a
cura. Ele tornava as pessoas sãs, a despeito de seu problema. É interessante notar
que a mesma palavra grega, sozo, é utilizada tanto para expressar o ato de salvar
quanto o de curar o físico. Por exemplo, quando Jairo enviou a mensagem
implorando que Jesus fosse até a casa dele para curar a filha enferma (Mc 5:23),
a palavra para curar utilizada é sozo, idêntica à palavra encontrada na passagem:
“Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10).
“Eu sou o Deus que os cura”, Deus afirmou aos israelitas. Ele ainda é. Nem
o médico mais habilidoso é capaz de nos curar. Ele é apenas um agente ou
ministro da cura que apenas Deus pode efetuar.
Jesus passou Seus dias restaurando pessoas arruinadas pelo pecado. Ele
ainda restaura pessoas assim. Sua graça pode transformar dias escuros em
cânticos de esperança e nova vida. Nós que professamos seguir Jesus devemos
hoje também ser agentes de cura. Estejamos ou não envolvidos no ministério
médico, nossa missão é ajudar pessoas enfermas a encontrar cura.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1º de outubro – segunda

O DEUS DO INESPERADO
Antes de clamarem, Eu responderei. Isaías 65:24

Ao longo dos anos, pouco a pouco, tenho aprendido a esperar em Deus. Saber,
não apenas racionalmente (pois essa é a parte mais fácil), mas emocionalmente,
que absolutamente nada pega Deus de surpresa. Aquilo que nos pega
desprevenidos, deixando-nos perplexos e consternados, não O assusta. Ele é o
Deus do inesperado.
Algum tempo atrás, viajei para Seattle, Washington, EUA, para realizar
uma série de pregações num acampamento. Hospedei-me num hotel próximo do
local e fazia o trajeto de ida e volta ao acampamento em um carro alugado.
Alguns amigos de Seattle ficaram sabendo que eu estaria na cidade naquele
período e entraram em contato comigo para combinarmos um encontro depois
que a série de pregações chegasse ao fim. Após o último sermão no sábado pela
manhã, combinamos de fazer um piquenique, ir até o Monte Rainier para uma
caminhada e voltar para a cidade para o jantar.
Quando minha secretária fez a reserva de hotel, a atendente não tinha
certeza quanto à disponibilidade de vaga para parte do período de minha estadia.
Assim, uma semana antes da viagem, liguei para confirmar a reserva. A
atendente garantiu que estava tudo certo.
Aquele sábado, o último dia de minha visita à Seattle, foi inesquecível. O
culto, o passeio nas montanhas e a companhia dos amigos foram uma bênção.
Voltei ao hotel cansado, mas feliz. Havia sido um dia perfeito. Bem, não tão
perfeito assim. Abri a porta do meu quarto e fiquei totalmente chocado: a cama
estava arrumada, mas todos os meus pertences tinham sumido. Atordoado, corri
para a recepção. Em vez de um pedido de desculpas, recebi uma resposta
irritada: “O senhor deveria ter saído hoje de manhã! Outro cliente está
aguardando para ocupar o quarto!” Minha resposta foi igualmente irritada; mas
eles me mostraram que minha reserva havia terminado pela manhã. E meus
pertences? Estavam numa caixa de papelão!
No fim, percebi que aquilo tudo se tratava de um erro honesto por parte do
hotel e eles, por sua vez, perceberam que eu não estava mentindo. Eles ligaram
para todos os hotéis da região na tentativa de encontrar um lugar para eu passar a
noite, mas estavam todos completamente lotados. Assim, comecei a cogitar a
ideia de passar a noite no saguão do aeroporto. Então surgiu a proposta: o trailer
para uso do hotel que ficava no estacionamento. Não tinha iluminação, mas teria
uma cama para dormir. Aceitei na hora. O Deus do inesperado agiu novamente.
2 de outubro – terça

SOMOS PÓ
Pois Ele sabe do que somos formados; lembra-Se de que somos pó. Salmo
103:14

Apesar de todo o progresso e conhecimento, nós, seres humanos, ainda somos


muito frágeis. Mesmo o maior e mais forte jogador de futebol adoece, se
machuca e morre. Somos pó.
Reconhecer e aceitar essa fragilidade é sinal de maturidade. Trata-se
simplesmente de uma avaliação realista de quem e o que somos. Assim, no
famoso poema “Abadia de Tintern”, o poeta inglês William Wordsworth refletiu:

Pois aprendi a contemplar a natureza, não como o fazia


Impensadamente em minha juventude; mas ouvindo
A música dolente e imóvel da humanidade,
Nem áspera nem dissonante, mas de poder suficiente
Para corrigir e acalmar.

Outro poeta, Percy Bysshe Shelley, observou em “A uma Cotovia”:

Da saudade ao sonho aspiramos tanto!


Nosso ar mais risonho é da dor o manto,
Nossas canções mais suas são as de maior pranto.

Se discorrermos demais a respeito de nossa fragilidade, podemos chegar ao


ponto do desespero, exceto por um elemento salvador: a graça. Deus Se lembra
de que somos pó. Que esta vida, infinitamente linda, é infinitamente triste. A
graça traz esperança, traz força e determinação.
Abra sua Bíblia em qualquer passagem e encontrará Deus atuando em
favor da humanidade errante. Eis uma passagem dos dias dos reis de Israel: “O
Senhor viu a amargura com que todos em Israel, tanto escravos quanto livres,
estavam sofrendo; não havia ninguém para socorrê-los” (2Rs 14:26). Essa é a
humanidade, esses somos nós.
Mas continue a leitura: “Visto que o Senhor não dissera que apagaria o
nome de Israel de debaixo do céu, Ele os libertou pela mão de Jeroboão” (v. 27).
Isso é libertação; isso é graça.
Deus ainda é o mesmo. Hoje.
3 de outubro – quarta

A SABEDORIA DOS MOKENS


Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas
próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal. Mateus 6:34

Nas ilhas na área costeira da Birmânia e da Tailândia, vive um povo quase


intocado pela civilização moderna. Esse povo se chama moken. Os mokens
nascem no mar, vivem no mar e morrem no mar. São nômades, constantemente
mudando de ilha para ilha, chegando a viver mais de seis meses ao ano em
barcos.
Os mokens não sabem quantos anos têm. A visão que possuem do tempo é
bem diferente da nossa. A palavra “quando” não existe em sua língua. Eles
também não têm a palavra “querer” em seu vocabulário. Eles querem muito
pouco; não têm desejo de acumular nada. Quando se é nômade, os bens apenas
atrapalham.
A sabedoria antiga não difere tanto do conselho de Jesus a Seus seguidores:
“Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem
com seu próprio corpo, quanto ao que vestir.” Ele disse: “Não é a vida mais
importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa?” (Mt 6:25).
Há mais ainda o que aprender com a sabedoria dos mokens. Eles têm
intimidade com o mar. Sabem decifrar seu humor e emoções melhor do que
qualquer oceanógrafo. Existe entre eles uma lenda transmitida de geração em
geração a respeito da Laboon, a “onda que se alimenta de humanos”. Antes de
ela aparecer, o mar retrocede.
Em 26 de dezembro de 2004, os mokens viram o mar retroceder – e sabiam
o que estava prestes a acontecer. Eles fugiram para lugares altos antes de a
primeira onda chegar. Alguns dos mokens estavam com seus barcos no mar no
momento em que a água retrocedeu. Sabiam exatamente o que fazer: navegaram
imediatamente para águas mais profundas. Assim como os mokens que estavam
em terra firme, eles sobreviveram ao ataque do tsunami.
Todos os que estavam à volta dos mokens perderam a vida. Alguns
pescadores de lulas não notaram nada incomum. De repente, o mar se levantou,
lançando os barcos pelos ares.
Um pescador moken habilidoso na pesca com arpão, Kalathaly, leu os
sinais na natureza e saiu advertindo a todos que encontrava. Mas os jovens o
chamaram de mentiroso e disseram que estava bêbado. Ele agarrou a filha pela
mão e subiu no lugar mais alto que encontrou.
Ouça a Palavra do Senhor: “Quando disserem: ‘Paz e segurança’, a
destruição virá sobre eles de repente” (1Ts 5:3).
4 de outubro – quinta

LIGAÇÃO LOCAL
Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês.
1 Pedro 5:7

Um texto que circula na internet narra a história de um homem que viajou pelo
mundo na tentativa de encontrar um modo de falar com Deus. Certo dia, ele
chegou numa grande igreja e viu um telefone junto à parede com a inscrição:
“Linha Direta para Deus.”
– Posso telefonar? – ele perguntou.
– Isso lhe custará quatro mil dólares.
Ele não tinha a menor condição de pagar o preço da ligação. Decidiu visitar
outras igrejas, outros países. Encontrou outras igrejas grandes com linhas diretas
para falar com Deus. Todas cobravam quatro mil dólares pela ligação.
Por fim, ele chegou à Austrália e viu uma igreja com um telefone de linha
direta junto à parede.
– Quanto custa a ligação aqui? – ele perguntou.
– Quarenta centavos.
– Quarenta centavos? Em todo lugar se cobra quatro mil dólares!
– Sim. Mas daqui é ligação local.
Como você pode imaginar, essa história veio da Austrália. É uma boa
história, mas é preciso corrigi-la. A ligação para o Céu tem o custo local em
qualquer lugar do mundo.
Por meio de Seu sacrifício, Jesus ligou o Céu e a Terra com uma fabulosa
rede de comunicação. Essa rede nunca fica sobrecarregada. Ela é totalmente livre
de interferência. Você nunca fica na espera. A linha nunca está ocupada. Sua
ligação sempre é atendida. E é pessoal.
Que rede de comunicação!
“A oração”, observa Ellen White, “é o abrir do coração a Deus como a um
amigo” (Caminho a Cristo, p. 93). Em seguida ela descreve quão convidativa a
ligação pode ser. Podemos apresentar ao Senhor todas as nossas preocupações,
todas as nossas angústias, todas as nossas ansiedades. Nada é pequeno demais
nem grande demais para Deus solucionar. Podemos falar com Ele como se Ele
estivesse sentado ao nosso lado, contar-Lhe tudo o que está em nosso coração.
Sim, ter acesso ao Céu é como fazer uma ligação local, a qualquer hora, em
qualquer lugar. Pegue o “telefone” agora mesmo e converse com o Amigo que
Se preocupa tanto com você. Não haverá custo algum!
5 de outubro – sexta

ACEITE O QUE DEUS FEZ POR VOCÊ


Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que
vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo,
dedicado ao Seu serviço e agradável a Ele. Esta é a verdadeira adoração
que vocês devem oferecer a Deus. Romanos 12:1, NTLH

É muito fácil ficar com a atenção fixa nas árvores e nunca ver a floresta. Os
detalhes da vida podem se tornar um fim em si mesmos. Com isso, nosso
cristianismo se deteriora em observâncias presas a regras que carecem de
liberdade, espontaneidade e alegria.
Lembro-me de uma rápida conversa que tive com uma senhora de 94 anos
de idade após o culto. Depois de parabenizá-la por sua aparência bem
conservada, levei um sermão a respeito dos malefícios do sorvete. “Faz 63 anos
que não chego nem perto dessa sobremesa!”, ela exclamou com ar de vitória.
Posso pensar em várias coisas mais prejudiciais do que o sorvete. Imagino
o que o Senhor pensa da religião que se concentra numa lista do que fazer ou não
fazer.
Precisamos, porém, considerar o outro lado da história. Embora não
devamos nos prender aos detalhes, a vida consiste de detalhes, não apenas da
visão geral. É isso que Paulo enfatiza na passagem de hoje – nossa vida
cotidiana e comum de dormir, comer, ir ao trabalho e passear. Essa é a nossa
vida fora da igreja, fora da fachada religiosa que podemos assumir para
impressionar os santos.
Uma definição de religião afirma que ela é o que fazemos quando nos
encontramos sozinhos. Isso é verdade – mas apenas parte dela. A religião, pelos
menos segundo o modelo de Paulo, é também aquilo que fazemos quando
estamos em meio aos outros. O cristianismo envolve a vida toda, todo o nosso
ser e tudo o que fazemos para a glória do Senhor da graça.
Nossa maneira de viver ao nos apresentarmos como sacrifício vivo a Deus
não é questão de seguir uma lista do que se pode ou não fazer, mas aceitar o que
Deus fez por nós. De um ponto de vista, somos os que atuam; mas o verdadeiro
agente é Deus. Ele efetua em nós tanto o querer quanto o realizar segundo Sua
boa vontade (Fp 2:13).
Hoje, lembremo-nos do que Deus fez por nós. Isso significa que nossos
olhos não estarão focalizados em nós mesmos, mas nEle; que aceitaremos com
alegria a direção de Seu Espírito; notaremos com júbilo as evidências de Sua
providência e prontamente nos submeteremos à Sua soberania.
Senhor Jesus, vive em Mim hoje!
6 de outubro – sábado

O CHAMADO À SANTIDADE
Disse ainda o Senhor a Moisés: “Diga o seguinte a toda comunidade de
Israel: Sejam santos porque Eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo.”
Levítico 19:1, 2

No século passado, o teólogo alemão Rudolf Otto, ao refletir sobre as várias


manifestações da experiência religiosa, escreveu um pequeno livro que se tornou
um clássico – em alemão, Das Heilige; traduzido para o português, O Sagrado.
Otto argumentou (corretamente, penso eu) que a ideia mais básica de
religião é o senso do sagrado. Ele cunhou uma expressão em que o som de cada
palavra que a compõe evoca o impacto do Sagrado sobre nós: mysterium
tremendum et fascinans. Misterioso. Tremendo (poderoso). Mas, ao mesmo
tempo, fascinante, que nos atrai.
Em todo lugar e em todas as eras, homens e mulheres elevaram o coração
em adoração a um ser superior. Geralmente essa adoração é ignorante e, do
ponto de vista do cristianismo, infantil e imperfeita. No entanto, Jesus, a Luz do
mundo, brilha no coração dos adoradores e eles O buscam, mesmo de forma
imperfeita.
Ao longo da Bíblia, Deus declara Sua santidade e chama Seus seguidores a
ser santos. Em Levítico, Ele nos diz três vezes que devemos ser santos porque
Ele é santo (Lv 11:44, 45; 19:2; 20:7). O Novo Testamento apresenta o mesmo
desafio (1Pe 1:16).
Jamais devemos perder o senso da santidade de Deus. É verdade. Deus
quer ser nosso amigo, mas Ele nunca pode ser um amigo a quem nos dirigimos
como alguém igual a nós. Esse é um erro que às vezes cometem alguns cristãos
que gostam de falar muito sobre a graça. Uma das demonstrações mais tristes
que testemunhei foi a de um pregador que, apanhado na loucura moderna pelo
divertimento, transformou o momento solene no púlpito em um show de
comédia. Um ministro que não sabe fazer distinção entre o sagrado e o profano...
Que tragédia!
Aquele que é santo nos chama à santidade: “Sejam santos”, Ele diz. Trata-
se de um convite e também de um incentivo. O livro de Hebreus nos diz:
“Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade
ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).
Deus está moldando Seu povo, o povo que Ele salvou pela graça, segundo
a Sua imagem. Dia após dia e momento após momento, Ele nos molda segundo a
Sua semelhança divina, na pureza de coração e de vida que é a Sua própria
essência.
Que Aquele que é santo alcance Seu objetivo em nós hoje.
7 de outubro – domingo

O ALTAR DE PEDRA DE LEVÍTICO


De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue,
e sem derramamento de sangue não há perdão. Hebreus 9:22

Entusiasmados com o bom propósito de início de ano de fazer o ano bíblico,


muitos cristãos veem seus planos despedaçados e queimados sobre o altar de
pedra de Levítico. Os detalhes aparentemente infindáveis sobre as ofertas e os
sacrifícios, o puro e o impuro e os rituais de purificação cansam o leitor,
levando-o ao desânimo. Qual é a razão de todas essas regras sobre sacrifícios?
Qual é o motivo de tanto sangue derramado?
Eugene H. Peterson sugere uma resposta: “A primeira coisa que nos
impressiona ao lermos Levítico [...] é que o santo Deus está de fato presente
conosco e praticamente cada detalhe de nossa vida é afetado pela presença desse
santo Deus; nada em nós, em nossos relacionamentos ou ambiente é deixado de
fora. A segunda coisa é que Deus oferece um modo (os sacrifícios, as festas e os
sábados) pelo qual levamos tudo em nós e a nosso respeito à Sua santa presença,
representada pela chama ardente sagrada. É maravilhoso estar em Sua presença!
Nós, assim como o antigo Israel, estamos em Sua presença a cada momento
(Salmo 139).”
Tanto derramamento de sangue parece repulsivo. No entanto, através
desses rituais, que, não nos esqueçamos, foram instituídos por Deus, o Senhor
ensinou lições vitais para Seu povo.
Primeira lição: o pecado custa caro. A questão do pecado não é simples,
algo que Deus resolve fazendo um sinal com a mão. Somente aqueles cuja
sensibilidade moral está entorpecida consideram o pecado algo sem importância.
Essa ainda é uma lição para as pessoas da era moderna, para nós. O pecado custa
caro. Muitas pessoas hoje, especialmente na mídia, tentam atrair a atenção
chocando o público. Elas fazem pouco de Deus, do pecado, do sexo;
ridicularizam os tabus. Mas o pecado ainda tem um preço.
Segunda lição: a purificação do pecado requer derramamento de sangue.
Não, o sangue de bois e bodes, bezerros e cordeiros não podem purificar a
humanidade; o pecado envolve uma qualidade moral que não pode ser removida
por meios mecânicos. Todos os sacrifícios de Levítico apontavam para o grande
Sacrifício, para Ele, o Sumo Sacerdote e ao mesmo tempo a oferta, que um dia
carregaria nossos pecados com Ele para a cruz.
Assim, Levítico ensinou aos israelitas a salvação pela fé. Deus prescreveu
o que o pecador deveria fazer a fim de ser perdoado. A pessoa que aceitava o
caminho de Deus obedecia. Sim, o altar de pedra de Levítico é a graça.
8 de outubro – segunda

JUBILEU
Consagrem o quinquagésimo ano e proclamem libertação por toda a terra
a todos os seus moradores. Este lhes será um ano de jubileu, quando cada
um de vocês voltará para a propriedade da sua família e para o seu
próprio clã. Levítico 25:10

Terras são bens valiosos. Na sociedade agrícola, a terra proporciona a base para
o sustento. Para as pessoas dessa sociedade, perder a terra significa tornar-se
nada, ter como única opção a escravidão.
Deus estabeleceu uma provisão cheia de graça para Seu povo, os filhos de
Israel, quando fossem para Canaã após passarem séculos no Egito. Eles seriam
fazendeiros, ligados à terra; mas não deveriam perdê-la permanentemente pela
compra e venda. Inevitavelmente, alguns perderam as terras que receberam. Por
motivo de enfermidade, tragédia, morte ou má administração alguns foram
obrigados a vender tudo o que possuíam, incluindo a terra. Mas a venda da terra
não seria definitiva.
No quinquagésimo ano, todas as dívidas eram canceladas. No
quinquagésimo ano, a terra que havia sido vendida voltava aos proprietários
originais. No quinquagésimo ano, reinava a liberdade. Era o ano de voltar para a
propriedade dos antepassados; para reunir a família.
Isso quer dizer que todas as negociações que envolviam a aquisição de
terras possuíam um fator temporário. O mercado imobiliário de Israel era
governado por um ciclo de cinquenta anos. Se o jubileu estivesse longe, a terra
tinha um valor mais alto; se o ciclo estivesse quase chegando ao fim, o preço
caía.
Imagine o significado do jubileu para os membros de uma família que
estavam vivendo na pobreza, destituídos de sua terra, trabalhando como
escravos. Havia esperança. Os anos de trabalho escravo certamente teriam fim.
Chegaria o jubileu e, ao décimo dia do sétimo mês (o Dia da Expiação), soaria o
toque da trombeta, proclamando a liberdade.
Os princípios do jubileu – quitar, libertar, retornar, reunir – são a essência
do evangelho. O jubileu está repleto de graça. Era uma ideia maravilhosa, uma
ideia divina. Infelizmente, não há indicação de que os judeus o tenham colocado
em prática. Podemos imaginar a relutância dos abastados proprietários de terras
em simplesmente devolver as propriedades aos donos originais sem receber
nenhum centavo em troca. Podemos imaginar os poderosos se unindo para privar
o pobre. Isso aconteceu no passado e ainda acontece hoje. Mas, na graciosa
provisão de Deus, Alguém viria ao mundo para proclamar liberdade, quitação,
restituição, reencontro. Esse Alguém foi Jesus, o jubileu encarnado.
9 de outubro – terça

REI SEM COROA


Depois que Jesus nasceu em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes,
magos vindos do oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: “Onde
está o recém-nascido Rei dos judeus? Vimos a Sua estrela no oriente e
viemos adorá-Lo.” Mateus 2:1, 2

Ele está sentado na encosta da montanha, uma pequena elevação coberta de


grama é o trono desse Rei sem coroa. Multidões se aglomeram ao Seu redor –
gente simples, pessoas pobres, pescadores e camponeses. Ele começa a falar –
palavras inesperadas, surpreendentes, palavras que apresentam os princípios do
reino que Ele veio estabelecer.
As aparências não revelam, mas Ele é rei de fato! Mateus, que descreve a
cena e nos transmite Suas palavras, deixa isso muito claro. A primeira linha de
seu Evangelho nos diz: “Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi”
(Mt 1:1), mostrando que Jesus é descendente do monarca mais famoso de Israel,
Davi. Apenas o Evangelho de Mateus registra que na ocasião do nascimento de
Jesus os reis magos vieram do oriente com a pergunta: “Onde está o recém-
nascido Rei dos judeus?” (Mt 2:2). Obviamente, essa pergunta atraiu a atenção
de outro rei, Herodes o grande.
O Rei dos judeus não nasceu num palácio, mas numa estrebaria. Ele não foi
colocado num berço real, mas numa manjedoura. Ele não foi observado pelos
nobres da corte, mas pelos animais. Ironia suprema: nunca um rei entrou neste
mundo de forma tão contrária às expectativas.
Ele foi um Rei sem coroa. A única coroa colocada sobre Sua cabeça foi a
de espinhos feita pelos soldados romanos tomados de ódio e espírito de deboche.
Mesmo assim, Ele usou uma coroa, não feita de ouro e joias preciosas, mas de
valor infinitamente maior. Ele foi coroado com o amor, com a graça.
Os que buscavam um rei que usasse uma coroa convencional olharam para
o Filho de Davi e enxergaram apenas um humilde camponês. Recusaram-se a
levar a sério Suas palavras, Suas maravilhosas palavras de vida; recusaram-se a
deixar o coração ser tocado por Sua compaixão e milagres. De forma alguma
poderia Ele ser Rei – Ele não se encaixava no padrão.
Aqueles, porém, cujos olhos enxergavam, viram em Jesus alguém
inteiramente amável, alguém totalmente cativante. Eles não O chamaram
imediatamente de Rei (parecia algo muito distante), mas sabiam que nEle
haviam encontrado alguém que desejavam ter por perto, alguém que queriam
conhecer.
Jesus, reina em minha vida hoje!
10 de outubro – quarta

CRISTO, TUDO E EM TUDO


Ele revelou todas as coisas diante de nós em Cristo, um plano de longo
alcance em que tudo seria somado e resumido nEle, tudo nas profundezas
do céu, tudo no planeta Terra. Efésios 1:10, The Message

Da folha em branco no início da Bíblia de uma mulher piedosa vem a seguinte


demonstração do profundo amor por Jesus, a quem ela chamou “Cristo, Tudo e
em Tudo”.
Ele é minha ressurreição e vida (João 11:25).
Ele é a verdade que me purifica (João 14:6).
Ele é o caminho no qual prossigo em segurança (João 14:6).
Ele é o Senhor que governa meu ser (João 20:28).
Ele é o mestre que me instrui (Apocalipse 3:2).
Ele é a raiz na qual eu cresço (Apocalipse 22:16).
Ele é o pastor que me guia (1 Pedro 5:4).
Ele é a água viva que sacia a minha sede (João 7:37).
Ele é o pão celestial que satisfaz a minha alma (João 6:48).
Ele possui o manto da justiça para me cobrir (Isaías 61:10).
Ele possui o “alimento” que me fortalece (João 4:32).
Ele possui o remédio que me restaura (Jeremias 30:17).
Ele é a luz que me guia (João 1:9).
Ele possui o ouro que me enriquece (Apocalipse 3:18).
Ele possui o vinho que me alegra (Salmo 104:15).
Ele possui a justiça que me justifica (Romanos 5:17).
Ele possui a misericórida que me salva e a graça que me sustém (Hebreus
4:16).
Ele é a felicidade que coroa meu ser (Salmo 146:5).
Ele é a canção na qual me regozijo (Salmo 40:3).
Ele é o conforto na aflição (Salmo 34:19).
Ele é meu refúgio seguro do inimigo (Hebreus 6:18).
Ele é o profeta que aponta para o futuro (Atos 3:22).
Ele é a soma de todas as coisas (Efésios 1:10).
11 de outubro – quinta

HOMEM SEM SMOKING


Quando o rei entrou para ver os convidados, notou ali um homem que não
estava usando veste nupcial. E lhe perguntou: “Amigo, como você entrou
aqui sem veste nupcial?” O homem emudeceu. Mateus 22:11, 12

Você já notou que as cerimônias de casamento, por mais que tenham sido
meticulosamente planejadas e ensaiadas, geralmente são vítimas de alguma falha
de última hora? Estávamos numa roda de amigos contando histórias de
casamento (momentos muito divertidos) quando alguém contou o seguinte
incidente de que foi testemunha. Podemos dizer que essa história ganhou o
prêmio de melhor do dia:
Tudo estava pronto para o GRANDE EVENTO – os vestidos das damas de
honra, os planos de viagem para a lua de mel, a recepção e assim por diante. Os
padrinhos tinham tirado a medida para a confecção do smoking, que já havia sido
entregue e levado para a igreja. Nada foi deixado para a última hora.
A lei de Murphy, porém, entrou em cena. Assim que os padrinhos
chegaram para vestir o smoking, descobriram que faltava um. Na hora de pegar
os trajes, de alguma forma um foi deixado na loja. Era domingo e a loja estava
fechada.
O que fazer? Alguém olhou à sua volta, reparando especialmente nas
medidas dos padrinhos, e teve uma ideia. A cerimônia começou no horário
marcado, com dois padrinhos conduzindo os pais e avós dos noivos aos devidos
lugares. Após uma pequena pausa, começou a entrada dos padrinhos e
madrinhas e a cerimônia prosseguiu. Ao término, novamente houve uma
pequena pausa, e então os dois primeiros padrinhos reapareceram para coordenar
a saída dos convidados.
Minha amiga disse que ao longo de todo o evento havia um homem – nem
sempre o mesmo – no quartinho do fundo da igreja vestindo apenas a roupa
íntima!
A parábola de Jesus do banquete de casamento também possui um
elemento surpresa. Na verdade, há uma série de surpresas. O rei promove um
grande evento, mas os convidados rejeitam o convite. Ofendido, o rei ordena que
os servos saiam de cidade em cidade convidando todos, bons e maus. O rei entra
na festa e observa a cena. Um homem se destaca: ele não está vestindo o traje
que o rei providenciou e é expulso do banquete.
Todos nós somos convidados para a grande cerimônia de casamento. Na
verdade, não merecemos, mas somos convidados. Não sabemos o que vestir, mas
o Rei providencia o traje apropriado, na medida perfeita!
12 de outubro – sexta

JUSTIÇA SUPERIOR
Pois Eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos
fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos Céus.
Mateus 5:20

Sempre que um novo presidente do país é eleito, imediatamente ele começa o


processo de selecionar aqueles que o ajudarão a formar o governo. O secretário
do tesouro, o secretário de estado, o diretor do departamento de segurança
nacional e assim por diante. Há muitos cargos a ser ocupados, e com urgência.
Assim, quando o Rei do Céu veio à Terra e começou Seu reinado, o que
Ele fez? Ele Se sentou na encosta de uma montanha de frente para o Mar da
Galileia e começou a falar aos Seus súditos. Em vez de anunciar os membros de
gabinete (“Para relações exteriores, selecionei Pedro; para secretário do tesouro,
Mateus”), Ele começou a descrever como será o Seu reino. Ele não enfatizou o
que as pessoas sob o Seu reinado fazem, mas aquilo que são.
“Bem-aventurados os pobres em espírito...”
“Bem-aventurados os que choram...”
“Bem-aventurados os humildes...”
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça...”
“Bem-aventurados os misericordiosos...”
“Bem-aventurados os puros de coração...”
“Bem-aventurados os pacificadores...”
“Bem-aventurados os perseguidos...”
E Ele prosseguiu dizendo: “Pois Eu lhes digo que se a justiça de vocês não
for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no
Reino dos Céus” (Mt 5:20). Se as ideias anteriores supreenderam os ouvintes,
essas devem tê-los chocado.
Mais justos do que os fariseus – quem seria capaz de uma coisa dessas? Os
fariseus ordenavam a vida meticulosamente em estrita obediência às regras
escritas e não escritas de sua religião, e Jesus está nos dizendo que temos que
fazer ainda mais? Impossível!
O Sermão do Monte não é uma fórmula para governar uma cidade ou um
estado. Não se trata dos reinos deste mundo, mas do reino de Deus, como as
primeiras palavras de Jesus deixam claro: “Deles é o Reino dos Céus.” Esse é
um reino real, agora mesmo. Jesus reina aqui, em corações e vidas. Ele inverte a
ordem das coisas, pois a graça, não o poder, é a base do Seu reino.
13 de outubro – sábado

“VOCÊ ESTÁ LIVRE!”


Este é o ano de Deus agir. Lucas 4:19, The Message

Segundo o plano divinamente inspirado, mas distinto, cada um dos escritores


dos Evangelhos se concentra num incidente diferente no início do ministério de
Jesus. Tal incidente estabelece o tom da ênfase que o evangelista desenvolverá
em seu relato.
Assim, Mateus começa o relato do ministério de Cristo com o Sermão do
Monte, lembrando-nos de Moisés no Monte Sinai. Nesse Evangelho,
desenvolvido a partir de cinco discursos de Jesus que também ecoam os cinco
livros do Pentateuco, Cristo emerge como o grande mestre, o rei que supera
Moisés ao afirmar: “Vocês ouviram o que foi dito [...]. Mas Eu lhes digo [...]”
(Mt 5:21-44).
Marcos, por outro lado, inicia seu relato do ministério de Cristo com a cura
do homem possesso de espírito imundo na sinagoga durante a reunião de sábado
(Mc 1:21-28). As ações de Jesus são poderosas e comoventes, deixando os
espectadores maravilhados. Tal descrição de Jesus reaparece ao longo do
Evangelho de Marcos. Jesus aqui é acima de tudo o Homem de ação decisiva
que evoca surpresa e admiração em todos os aspectos.
O início do Evangelho de João apresenta ainda uma ênfase diferente.
Encontramos Jesus conversando não com uma multidão, como em Mateus, mas
pessoalmente, um a um, com Seus primeiros discípulos, e especialmente com
Natanael (Jo 1:35-51). Esse padrão persiste ao longo de toda a apresentação de
João ao construir seu Evangelho com base nos encontros de Jesus com uma série
de indivíduos totalmente diferentes entre si: Sua mãe, o fariseu Nicodemos, a
mulher junto ao poço, os nobres, o homem junto ao tanque de Betesda e assim
por diante.
E quanto a Lucas? Assim como Marcos, Lucas seleciona um incidente que
ocorreu na sinagoga na manhã de sábado, mas em Nazaré em vez de Cafarnaum.
Em vez de um milagre, Jesus lê as Escrituras e faz comentários que enfurecem o
povo em vez de maravilhá-lo (Lc 4:16-30).
A passagem escolhida por Jesus é Isaías 61:1, 2, em que o profeta predisse
Aquele que, ungido pelo Espírito de Deus, proclamaria as boas-novas aos
pobres, liberdade aos prisioneiros e restauraria a vista aos cegos. Ele, o Messias,
anunciaria: “Este é o ano de Deus agir.”
O povo de Nazaré não valorizou Jesus. Eles O conheciam, não achavam
que Ele fosse o Messias! Mas Ele era. E Sua mensagem ainda ecoa pelo mundo:
“Este é o ano de Deus agir. Você está livre!” Hoje, diga a alguém: “Você está
livre!”
14 de outubro – domingo

O REINO DOS MANSOS


O lobo e o cordeiro comerão juntos, e o leão comerá feno, como o boi,
mas o pó será a comida da serpente. Ninguém fará nem mal nem
destruição em todo o Meu santo monte, diz o Senhor. Isaías 65:25

Em uma visita à minha cidade natal de Adelaide, na Austrália, tive um


vislumbre da sociedade ideal de Deus, o reino dos mansos. Adelaide se localiza
numa planície em meio a uma cadeia de montanhas de baixa altitude ao leste do
litoral. Quando menino, eu costumava passear por aquelas montanhas com meus
irmãos. Avistávamos lebres, raposas e, de vez em quando, um canguru. Não
fazia a menor ideia de como era a vida que no passado existiu naquela área.
Certo professor de matemática empenhou-se em restaurar parte das
montanhas ao que era originalmente, cerca de 200 anos antes. (Os primeiros
colonizadores chegaram em 1836.) Ele comprou uma fazenda e começou a
reflorestá-la com árvores e plantas nativas. Ao redor de toda a área ele construiu
uma cerca fortificada para manter afastados os predadores: raposas, gatos
selvagens e cães. Em seguida, introduziu espécies que um dia haviam habitado
aquele ambiente, mas que quase foram extintas. Ele não fornecia comida aos
animais, apenas um lugar seguro para que morassem e se reproduzissem.
O passeio com um guia pelo santuário começa logo ao entardecer, pois a
maioria dos animais que ali habita tem hábitos noturnos. À medida que a noite
chega, as luzes das lanternas sinalizam o caminho. Logo o lugar se enche de uma
grande variedade de criaturas, grandes e pequenas, como jamais imaginei.
Flagrados pela luz das lanternas, assustados com o movimento repentino,
encontramos um bando de criaturas saltitantes, alguns tão pequenos quanto ratos,
outros um pouco maiores. Trata-se de uma espécie de canguru de tamanho
pequeno, os wallabies. Eles parecem surreais, algo que saiu de um dos filmes de
Steven Spielberg; criaturas de brinquedo em que damos corda e saem pulando
por aí.
Nesse lugar conheci uma imensidão de novos nomes de animais
semelhantes a cangurus, criaturas indefesas, presas fáceis de raposas, cães e
gatos introduzidos no continente pelos colonizadores.
O reino deste mundo é violento. A violência nos rodeia; filmes e programas
de televisão alimentam o apetite cada vez mais insatisfeito. Devido à natureza da
sociedade, muitos argumentam que a violência organizada, como a guerra, e a
violência legalizada, como a execução, são inevitáveis e necessárias.
Talvez sim. Mas o reino do Céu, onde o manso Jesus reina (mesmo hoje), é
totalmente diferente. A graça e a violência não têm nada em comum.
15 de outubro – segunda

BEM-AVENTURADO!
Vocês são abençoados ao chegarem ao fundo do poço. Quanto menos de
vocês mesmos, mas de Deus e de Seu domínio. Mateus 5:3, The Message

O texto de hoje ilustra de maneira clara as aparentes contradições da vida do


cristão, da vida da graça. De acordo com o pensamento comum, o fundo do poço
é o último lugar em que desejaríamos estar. É sinônimo de angústia,
perplexidade e medo. O reino do Céu, porém, onde Jesus reina em amor, inverte
a ordem das coisas, contraria as expectativas, surpreende, choca. A graça causa
espanto.
A felicidade é algo muito procurado pelo povo do reino deste mundo, um
objetivo ilusório. No entanto, no momento em que Jesus, sentado na encosta da
montanha próximo ao Mar da Galileia, apresentou os princípios de Seu reino,
Ele não falou sobre felicidade. Ele ofereceu algo muito maior – a bem-
aventurança.
Na língua inglesa, a palavra felicidade deriva do verbo to hap, que significa
acontecer por acaso. Sob os raios brilhantes do Sol no céu azul e em meio ao
canto melodioso das aves, nossa mente se eleva às alturas. Mas assim que as
nuvens escuras chegam, o vento gelado sopra e começamos a sentir frio, nossos
sentimentos sofrem uma queda brusca. A felicidade vem e vai. A felicidade é
passageira.
Jesus repetiu nove vezes a expressão “Bem-aventurados” durante o Sermão
do Monte. A palavra que Ele utilizou, makarios, tem uma história antiga. Muito
tempo antes de o Novo Testamento ter sido escrito, ainda na época de Homero,
essa palavra designava a vida dos deuses, que viviam em comodidade e
praticando esportes no topo do Monte Olimpo. Mais tarde, o significado dessa
palavra foi ampliado para incluir a suposta felicidade dos mortos, aqueles que
deixaram os cuidados desta vida. Em seguida, makarios ampliou-se ainda mais.
Ela passou a descrever os afortunados entre os vivos, aqueles que, sendo ricos,
não mais precisam trabalhar com as mãos e que têm recursos para protegê-los se
atingidos por enfermidades ou perdas.
Mas Jesus diz aos camponeses, pescadores, artesãos, às donas de casa e
crianças: “Bem-aventurados.” Vocês não serão abençoados apenas na vida futura
– vocês são abençoados agora mesmo. Jesus não nos promete um mar de rosas;
Ele oferece algo muito melhor. Jesus não nos apresenta o objetivo ilusório da
felicidade; Ele tem algo muito superior para nos oferecer. Jesus nos oferece a Si
mesmo. Ele nos convida a ir a Ele e tomar Seu fardo, que é fácil e leve. Ao
aceitarmos Jesus em nossa vida como nosso Salvador e Senhor, Suas palavras se
tornam realidade. Não são ilusórias. Somos abençoados com a alegria sublime
de Sua graça.
16 de outubro – terça

OS POBRES EM ESPÍRITO
Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus.
Mateus 5:3

O Sermão do Monte fala do começo ao fim sobre a graça, como as palavras de


abertura deixam claro. A graça é o princípio operante no reino do Céu.
Entretanto, muitos políticos e líderes que enaltecem o Sermão do Monte não têm
coragem de colocar em prática os princípios estabelecidos por ele. Qualquer
presidente que aconselhar a nação a dar a outra face para o inimigo que está às
portas, com essa atitude certamente decretará o próprio impeachment. Da mesma
forma, qualquer candidato político que renunciar ao orgulho e ao poder deverá
dar-se por satisfeito se ao menos os membros de sua família votarem nele.
Mas no reino do Céu impera a graça, não o poder. Os cidadãos desse reino
são felizes por serem “pobres em espírito” – pobres no espírito egoísta e
orgulhoso que caracteriza a vida neste mundo. Mas não pobres em Deus; nEle
eles são ricos. Eles são pobres em si mesmos, mas ricos em Cristo, em quem
todos os tesouros da Terra e do Céu atingem o auge.
Sempre foi assim. Aqueles que pensam que têm tudo – que não sentem
falta de nada – não “entendem” a graça. Ela começa na experiência humana com
a profunda percepção de nossa fome, sede, insuficiência, perdição, necessidade
de ajuda além de nós mesmos. Somente quando a pessoa perceber que nunca
poderá vencer sozinha estará pronta para receber a graça. Nesse momento, a
graça fluirá para ela. Perdoadora graça. Transformadora graça. Poderosa graça.
Maravilhosa graça. Dessas pessoas é o reino do Céu hoje. Na vida delas Jesus
reina soberano.
Durante o ministério de Jesus na Terra, o povo comum O ouvia com prazer
(Mc 12:37). Prostitutas e cobradores de impostos entravam para o reino antes
dos sacerdotes e fariseus (Mt 21:31). Assim tem ocorrido ao longo dos séculos.
À medida que o cristianismo é proclamado, ele é recebido com alegria pelos
escravos, rejeitados, marginalizados – os pobres em espírito.
Celso, famoso crítico do cristianismo, zombou de Jesus e de Seus
seguidores. “Que professor singular os cristãos têm”, ridicularizou. “Todos os
outros líderes religiosos dizem: ‘Venham a mim, vocês que são dignos’, mas esse
Homem diz: ‘Venham a Mim, vocês que estão cansados e sobrecarregados pela
vida.’ Assim, atraídos por essas palavras, Ele é seguido pela ralé, a gentalha, a
escória da humanidade, que vai rastejando atrás dEle.”
E Orígenes, teólogo cristão, respondeu: “Sim; mas Ele não os deixa como
ralé, gentalha e escória da humanidade. Desse material considerado sem valor,
Ele molda homens!”
17 de outubro – quarta

GRAÇA PARA OS QUE CHORAM


Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. Mateus 5:4

Esse simples verso, o segundo das bem-aventuranças, fala poderosamente tanto


aos cristãos quanto aos não cristãos. Nele sentimos conforto para os aflitos, mas
também repreensão para muito do que se considera entretenimento hoje, e a
promessa de uma nova ordem mundial que reverterá as prioridades existentes
hoje.
Deus Se preocupa com aqueles cujo coração está entristecido. Essa é a
interpretação mais básica do texto. O próprio Jesus Se tornou “homem de dores e
experimentado no sofrimento” (Is 53:3). Ele que chorou com Maria e Marta
junto ao sepulcro de Lázaro, chora conosco em nosso pesar. Ele é nosso grande
sumo sacerdote que conhece e compreende como nos sentimos (Hb 4:14-16).
Se permitirmos, Ele transformará em bênção nosso pranto. O sofrimento
nunca deixa a pessoa da mesma forma que a encontrou; ou ele nos aproxima do
Senhor ou nos afasta dEle. Alguns dos homens e mulheres mais consagrados das
eras passadas (e ainda hoje) foram aqueles que, ao ter submetido tudo a Cristo,
experimentaram o poder da segunda bem-aventurança. Na categoria dos não
cristãos estão aqueles que apontam para os sofrimentos e a morte dos amados
como a razão para rejeitarem a fé.
Eugene H. Peterson assim interpretou as palavras de Jesus: “Vocês são
abençoados quando sentem que perderam o que lhes era mais precioso. Somente
então vocês podem ser abraçados por Aquele que é mais precioso para vocês”
(Mt 5:4, The Message). Que verdade! Por mais amado e precioso que alguém
seja para nós, Jesus é ainda mais.
O comentário de Ellen White também é valioso: “As provações da vida são
obreiras de Deus, para remover de nosso caráter impurezas e arestas. Penoso é o
processo de cortar, desbastar, aparelhar, lustrar, polir. [...] Mas a pedra é depois
apresentada pronta para ocupar seu lugar no templo celestial. O Mestre não
efetua trabalho assim cuidadoso e completo com material imprestável. Só as
Suas pedras preciosas são polidas, como colunas de um palácio” (O Maior
Discurso de Cristo, p. 10).
As palavras de Jesus também são uma repreensão para aquilo que
atualmente chamamos de comédia. A irreverência, vulgarização e crueldade
tiram proveito do choque causado aos valores. Vale tudo para se conseguir uma
risada. “Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza”, aconselha a Bíblia
àqueles que são atraídos por esse tipo de “diversão” (Tg 4:9). Pois se aproxima o
dia em que tudo será invertido: o dia em que aqueles que hoje choram rirão e
aqueles que hoje riem chorarão (Lc 6:21, 25).
18 de outubro –quinta

O QUE NÃO PODE SER COMPRADO


Vocês são abençoados quando ficam contentes com quem vocês são –
nada mais, nada menos. Nesse momento vocês se tornam donos de tudo
que não pode ser comprado. Mateus 5:5, The Message

A tradução habitual da frase “bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão


a terra” (ARA) já gerou pilhérias. No mundo que conhecemos, os mansos não
herdam nada; eles são pisados e humilhados. As pessoas valorizam a
assertividade e a agressividade. A mansidão é desprezada, considerada uma
característica dos fracos. Mas, do ponto de vista bíblico, do ponto de vista da
graça, mansidão não é sinônimo de fraqueza. O personagem que mais se destaca
no Antigo Testamento é Moisés, considerado o homem mais manso da Terra
(Nm 12:3). O Novo Testamento se centraliza na pessoa e no ministério de Jesus
Cristo, que não Se apegou ao status divino, mas condescendeu em Se tornar um
ser humano, “foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2:8).
O pensamento de que a mansidão significa ser “capacho” é totalmente
inadequado. Em vez de ser um ninguém, a mulher ou o homem manso é uma
pessoa forte que realiza muitas coisas, assim como Moisés, que liderou o povo
para a liberdade, ou Jesus, que salvou a raça humana. Quanto mais a pessoa se
esvaziar do ego, do orgulho, da ambição e do desejo pela fama e glória pessoal,
mais Deus poderá usá-la para realizar grandes coisas. Ou seja, quanto mais
mansa, maior a pessoa será.
“A natureza humana está sempre lutando por se manifestar, pronta para a
luta; mas aquele que aprende de Cristo, esvazia-se do próprio eu, do orgulho, do
amor da supremacia, e há silêncio na alma. O próprio eu é colocado ao dispor do
Espírito Santo. Não andamos então ansiosos de ocupar o primeiro lugar. Não
ambicionamos comprimir e acotovelar para nos pôr em destaque; mas sentimos
que nosso mais alto lugar é aos pés de nosso Salvador. Olhamos para Jesus,
esperando que Sua mão nos conduza, escutando Sua voz, em busca de guia”
(Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p. 15).
Isso significa ter um senso realista de nossas forças e fraquezas, estar
contente com quem somos. Nosso valor próprio não depende mais daquilo que
fazemos, mas de quem somos, pois somos filhos e filhas de Deus. Somos de
infinito valor para Ele.
Por fim, os mansos realmente herdam a Terra. Não apenas a Terra perfeita
para a qual nos preparamos, mas hoje mesmo herdamos as riquezas do reino da
graça – “tudo que não pode ser comprado”.
19 de outubro – sexta

A COMUNIDADE DOS FAMINTOS


Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.
Mateus 5:6

Meu pai, nascido perto de Estocolmo, Suécia, passou no mar boa parte de sua
juventude. Ele navegou pelo mundo, primeiro em veleiros, depois em navios a
vapor. Navegou duas vezes ao longo do Cabo Horn. Costumava contar histórias
empolgantes e surpreendentes sobre os anos que passou como simples
marinheiro. Em uma viagem terrível, o corrupto comissário de bordo, em
parceria com o capitão, não embarcou suprimentos suficientes e os dois
embolsaram o dinheiro não gasto.
O navio zarpou do porto de Hamburgo, Alemanha, navegou para o oeste do
Mediterrâneo, pelo Estreito de Gibraltar, rumo ao Atlântico. Ao seguirem em
direção ao sul, se depararam com uma região de calmarias onde as embarcações
ficavam paradas aguardando o vento soprar. Os dias se transformaram em
semanas e as semanas em meses para os desesperados tripulantes presos no
navio, famintos dia e noite. Certo dia, os restos de comida e as batatas estragadas
foram levados ao convés e a tripulação voou para cima do alimento sem pensar
duas vezes.
A fome e a sede cada vez mais se tornavam o foco principal de sua vida. A
existência mais básica se caracteriza por encontrar algo para alimentar o
estômago faminto e água para saciar a sede.
Pessoas famintas sonham com comida. A Bíblia menciona esse fato: “Um
homem faminto sonha que está comendo, mas acorda e sua fome continua” (Is
29:8). Em minha vida afortunada, raramente fui para a cama com fome; mas nas
ocasiões em que isso aconteceu, sonhei com comida e acordei pensando nela.
Fico pensando: Quão famintos estamos por Deus? Se estivermos famintos
por Ele, sonharemos com Ele e acordaremos pensando nEle?
Note que a quarta bem-aventurança, assim como todas as outras, é
proferida no plural. Jesus fala com Seus seguidores como comunidade, não
como indivíduos. Seu povo, os cidadãos do reino do Céu, é a comunidade dos
famintos – famintos por Deus.
A maioria das pessoas na encosta da montanha naquele dia era composta
por indivíduos comuns. Eles faziam apenas duas refeições por dia, refeições
muito simples por sinal. A referência à comida deve ter feito com que
começassem a salivar. Mas Jesus falou de um tipo de alimento mais precioso do
que pão e peixe. Ele ofereceu o pão do Céu, o verdadeiro maná, o alimento de
Seu reino: Ele mesmo.
20 de outubro – sábado

OS MISERICORDIOSOS
Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia. Mateus
5:7

As bem-aventuranças revelam um conceito de desenvolvimento. Nas primeiras


quatro – os pobres em espírito, os que choram, os mansos e os que têm fome e
sede – a ênfase recai nas atitudes. Embora na visão do mundo as pessoas assim
sejam consideradas fracas, perdedoras, desprezíveis e indignas de uma segunda
avaliação, Deus as chama de “abençoadas”.
Nas três bem-aventuranças seguintes vemos a ênfase sair da atitude e
focalizar a ação, do ser para o fazer. Enquanto as quatro primeiras descrevem o
tipo de pessoas que podem receber a bênção do Messias, as três seguintes
começam a descrever de que forma tais indivíduos vivem no mundo.
Em primeiro lugar, os cidadãos do reino de Jesus são misericordiosos. Essa
palavra poderosa implica atos de bondade e graça, assim como na ação
misericordiosa do bom samaritano (Lc 10:25-37). Ser misericordioso significa
mais do que ter uma natureza perdoadora; significa ir ao encontro das pessoas
necessitadas, machucadas, desesperadas. Significa ir ao encontro delas levando
esperança e bondade. Os misericordiosos são misericordiosos porque agem com
misericórdia.
Não podemos ser cidadãos do reino de Jesus e viver como eremitas ou
monges, fugindo do mundo e de suas necessidades. Certa vez visitei os templos
esculpidos em rochas de uma religião antiga. Nesses recessos, homens se
refugiavam do mundo para passar seus dias contemplando o enigma da
existência humana. Em pequenos ambientes esculpidos em pedra, levavam uma
vida de celibato, oração e abnegação. Mas no interior das salas de reunião havia
afrescos, trabalhados em cores. Embora a umidade e a fumaça tenham destruído
a maior parte das obras de arte, depois de 20 séculos, as cenas libertinas –
danças, bebedeira, mulheres com pouca roupa – ainda são evidentes.
“Como é possível”, perguntei ao guia, “esses monges terem decorado as
paredes com esse tipo de pintura?” A resposta: “Visto que estavam protegidos da
tentação do mundo, eles tinham que ter cenas como essas para desenvolver o
caráter!”
Que diferença dos ensinos de Jesus! Nós que O seguimos não
contemplamos a misericórdia; nós a praticamos. Não meditamos na pureza do
coração; nós a vivemos nas relações do dia a dia. Não falamos sobre a paz;
procuramos trazer a paz de Deus aos homens e mulheres com quem convivemos.
“Ante o apelo do tentado, do errante, das míseras vítimas da necessidade e
do pecado, o cristão não pergunta: São eles dignos? Mas: Como posso beneficiá-
los?” (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p. 22).
21 de outubro – domingo

OS PUROS DE CORAÇÃO
Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus. Mateus 5:8

De todas as bem-aventuranças, essa é a minha favorita. Ela conduz à bênção


maior: ver a Deus. “Eles verão a Sua face, e o Seu nome estará em suas testas”,
promete o livro de Apocalipse em seu último capítulo (Ap 22:4). Assim, a antiga
oração de Moisés – “Peço-te que me mostres a Tua glória” (Êx 33:18) – se
cumprirá não apenas para uma pessoa, mas para todo o povo de Deus.
Na sexta bem-aventurança, Jesus relaciona essa bênção suprema ao
supremo traço de caráter: “Bem-aventurados os puros de coração.” Essas
palavras são um convite e um desafio. Elas nos assustam porque repreendem a
maneira como as pessoas à nossa volta vivem e a maneira como nós tendemos a
viver. Elas são um chamado para vivermos de forma mais sublime, mais
centrada em Deus, lembrando-nos de que “a santidade, ou seja, a semelhança
com Deus, é o alvo a ser atingido” (Ellen G. White, Educação, p. 18).
Jesus está preocupado com a fonte de nossa vida: nosso coração. O mundo
olha para as aparências; Ele olha para o nosso coração. O mundo está repleto de
impureza de atos, palavras e imaginação, por isso Ele nos convida para a pureza
na fonte.
A pureza de coração vai além da pureza moral, apesar de incluí-la. A
pureza de coração denota uma vida que coloca Deus em primeiro lugar; uma
vida centrada nEle, devotada à Sua vontade e à Sua glória; um coração pelo qual
Charles Wesley orou:

Oh! Por um coração para louvar meu Deus,


Um coração de pecados liberto,
Um coração que bebe sempre de Seu sangue,
Tão abundantemente derramado por mim.
Um submisso, humilde e contrito coração,
Acreditando, de forma verdadeira e clara,
Que nem a vida nem a morte podem me separar,
DAquele que habita dentro de mim.
Um coração renovado em cada pensamento,
E repleto do amor divino,
Perfeito, reto, puro e bom,
Uma cópia, Senhor, do Teu coração.

Deus da graça, concede-me esse coração hoje


22 de outubro – segunda

OS PACIFICADORES
Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus.
Mateus 5:9

Bem-aventurados os pacificadores, pois os provocadores estão proliferando.


Vozes irritadas e ações violentas nos circundam. Algumas das palavras mais
ásperas vêm do povo que alega ter uma religião, incluindo os cristãos. Eles
condenam aqueles que enxergam certas questões (e Deus) sob uma luz diferente
da deles. Exigem a exclusão, a excomunhão, a eliminação.
Bem-aventurados os pacificadores, pois eles derramam óleo nas águas
agitadas da igreja. Eles discernem a diferença entre o eterno, o imutável, e o
temporário, o mutável. Eles defendem o que é certo, mas estão prontos a ser
flexíveis em outras questões. No momento em que os grupos opostos batem os
pés e cerram os punhos, eles gentilmente conduzem ao meio-termo. Eles
restauram a harmonia.
Bem-aventurados os pacificadores, pois eles seguem os passos de Jesus, o
Príncipe da Paz. “Ele é a nossa paz” (Ef 2:14). Ele nos reconciliou com Deus e
quebrou o muro de separação da hostilidade, a inimizade que separa brancos de
negros, asiáticos de europeus, hutus de tutsis, masculino de feminino. “Deixo-
lhes a paz; a Minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se
perturbe o seu coração, nem tenham medo” (Jo 14:27) foi a promessa que Ele
fez aos Seus seguidores ao partir para o Céu.
Bem-aventurados os pacificadores, pois eles serão chamados filhos de
Deus. “Vocês são abençoados quando mostram às pessoas como cooperar em
vez de competir e lutar. É nesse momento que vocês descobrem quem vocês
realmente são, e seu lugar na família de Deus” (Mt 5:9, The Message). Os
pacificadores são filhos de Deus, por isso eles fazem as obras de seu Pai
celestial. Eles são como Ele. Promovem a paz, disseminam a paz, vivem a paz.
O que essa bem-aventurança tem que ver com a graça? Muito, em todos os
aspectos. A paz é o fruto da graça. “A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso
Pai e do Senhor Jesus Cristo” é a costumeira saudação de Paulo em suas cartas
(ver, por exemplo, Romanos 1:7). A graça é a raiz, a paz é o fruto.
“A graça de Cristo, recebida no coração, subjuga a inimizade; afasta a
contenda e enche o coração de amor. Aquele que se acha em paz com Deus e
seus semelhantes, não se pode tornar infeliz. Em seu coração não se achará a
inveja; ruins suspeitas aí não encontrarão guarida; o ódio não pode existir. O
coração que se encontra em harmonia com Deus partilha da paz do Céu, e
difundirá ao redor de si sua bendita influência” (Ellen G. White, O Maior
Discurso de Cristo, p. 27, 28).
23 de outubro – terça

BÊNÇÃO QUE NÃO DEVEMOS BUSCAR


Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o
Reino dos Céus. Mateus 5:10

A oitava e última bem-aventurança ecoa a primeira: “Bem-aventurados os


pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus” (Mt 5:3). “Bem-aventurados
os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus.” As oito
bem-aventuranças sintetizam o Sermão do Monte. Elas abrangem desde como os
cidadãos do reino do Céu são (as primeiras quatro – pobres em espírito,
pranteadores, mansos, famintos) até como eles vivem (as três seguintes –
demonstram misericórdia, são totalmente devotados a Deus e promovem a paz).
E de que maneira o mundo se relaciona com pessoas que diferem de forma tão
radical? Ele as persegue, as humilha ou as rejeita, ou profere mentiras a seu
respeito para depreciá-las.
Há algo, porém, que diferencia a última bem-aventurança das outras. Nós
não devemos buscá-la. A perseguição vem naturalmente – é inevitável, pois a
verdade e o erro, a luz e as trevas, o bem e o mal não estão em harmonia. É
horrível pensar nisso, mas é verdade: o primeiro filho que nasceu neste mundo
tornou-se o primeiro assassino. “E por que [Caim] o matou [Abel]? Porque suas
obras eram más e as de seu irmão eram justas” (1Jo 3:12).
Nos primeiros séculos da igreja cristã, algumas pessoas provocaram a
perseguição. Uma delas foi um líder chamado Inácio, que foi levado para Roma
e jogado para ser devorado pelas feras. Ao longo do trajeto, ele escreveu cartas
em que antecipou seu destino e se deleitou em imaginá-lo. Se as feras selvagens
se recusassem a atacá-lo, ele afirmou que as incitaria para virem atrás dele.
Ideias como essa não são sinônimo de coragem, mas de pensamento
distorcido. A perseguição vem; mas não deve ser instigada. Mas quando ela vier,
pois ela certamente virá a todos os que vivem piedosamente (2Tm 3:12), a
promessa do Mestre virá também: “Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é
a sua recompensa nos Céus” (Mt 5:12).
Em viagem ao exterior, conversei em particular com o líder de uma igreja
em que os seguidores de Jesus sofreram muito por causa de sua fé. Em um
jardim isolado, longe de aparelhos de escuta, ele me disse: “Temo o dia em que
estaremos livres. Sob as condições atuais, nosso povo é zeloso e fiel. Temo pelo
materialismo que virá com a liberdade.”
Ele entendia a verdade da oitava bem-aventurança.
24 de outubro – quarta

A COR DO DINHEIRO
Pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. 1 Timóteo 6:10

O que você faria se encontrasse uma fortuna e ninguém estivesse olhando?


Vamos dizer, 400 milhões de reais. Você guardaria ou procuraria o dono?
Dois sargentos do Exército dos Estados Unidos enfrentaram essa situação
em 18 de abril de 2003, durante a invasão ao Iraque. Em meio ao caos após a
queda de Bagdá, eles encontraram dois abrigos lotados de caixas de metal.
Dentro de cada caixa havia quatro milhões de dólares em dinheiro, num total de
230 milhões. Os soldados devolveram o dinheiro. “Esses homens são
verdadeiros heróis”, afirmou o comandante. Outros soldados, porém, foram à
loucura. Começaram a inspecionar os arbustos, vasculhar prédios antigos e
esvaziar cada depósito de lixo que viam pela frente, e acabaram encontrando um
edifício semelhante àquele de que ouviram falar. As caixas estavam amarradas
umas às outras. Dentro delas havia 200 milhões de dólares em notas de 100.
O poder do dinheiro entrou em jogo. “Naquele momento o mal imperou. O
ar ficou pesado... Os olhares mudaram. Podia-se notar que todos estavam fora de
si”, recordou um sargento, que mais tarde foi expulso do exército por causa de
sua participação no roubo.
Os soldados começaram a encher os bolsos com maços de dinheiro. Dois
homens jogaram duas caixas de dinheiro num canal próximo do local com a
intenção de recuperar os oito milhões de dólares mais tarde. Outros esconderam
600 mil dólares em dinheiro dentro do tronco de uma palmeira.
Foi então que apareceu um oficial, que tinha acabado de guardar em
segurança o dinheiro encontrado anteriormente. Ele soube imediatamente que
algo estava errado. Bem à sua frente, a seis metros de distância, estava um maço
de dinheiro enfiado entre dois galhos de uma árvore, totalmente à vista. Ele
pegou o dinheiro da árvore e começou uma investigação. Três caixas que haviam
sido escondidas foram recuperadas, uma delas incompleta. Ao todo, 780 milhões
foram encontrados em quatro diferentes buscas. O dinheiro foi levado do Iraque,
mas não antes de um motorista militar tentar roubar 300 mil a caminho do
aeroporto.
Uma antiga canção costumava dizer: “O dinheiro é a raiz de todos os
males.” Mas o problema não está no dinheiro em si, mas no amor ao dinheiro. A
cor do dinheiro revela nossas verdadeiras cores.
Nós que seguimos o Senhor Jesus, Aquele que veio para dar, não receber,
sabemos que as únicas riquezas que conservaremos são aquelas que damos aos
outros.
25 de outubro – quinta

DE NADA TEREI FALTA


De nada terei falta. Salmo 23:1

Todo mundo tem um salmo predileto, mas há um universalmente aclamado por


causa de seus dizeres: Salmo 23, o salmo do bom pastor. Entre as muitas
reflexões sobre esse salmo, um escritor da geração passada, G. Henderson,
escreveu: “Do que não terei falta? O dedo da fé desliza pelo teclado e tira 11
notas distintas. Ouça-as.”
Atualizando a linguagem de Henderson e aperfeiçoando os pontos
apresentados por ele, temos o seguinte:
Não terei falta de descanso, pois Deus me faz deitar em verdes pastagens.
A pastagem é macia e refrescante. Apoio a cabeça e relaxo no chão.
Não terei falta de restauração, pois Ele me conduz às águas tranquilas. Um
grande gole de água pura e fresca – o que poderia ser melhor para saciar minha
sede e restaurar-me?
Não terei falta de orientação, pois Ele me guia. Em meus relacionamentos,
em minha família, em meu futuro preciso de ajuda que não encontro em mim
mesmo. Louvado seja Deus, Ele é quem me guia!
Não terei falta de amizade, pois Deus está comigo. Ele promete: “De
maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13:5, ARA). Mais
precioso do que qualquer companhia humana é o meu Senhor; mais forte do que
qualquer laço carnal é o Seu amor.
Não terei falta de proteção, pois a vara e o cajado de Deus me sustêm. Ele
estende Sua mão para me amparar. Em todo lugar, a todo momento, Ele está
pronto a me ajudar.
Não terei falta de sustento, pois Ele prepara um banquete para mim. Ele me
convida para a Sua sala de jantar, e Seu estandarte sobre mim é o amor.
Não terei falta de alegria, pois Ele unge minha cabeça com óleo. Como o
óleo sagrado que escorreu pela barba de Arão, as bênçãos de Deus são
derramadas sobre mim. Nunca falham.
De nada terei falta, pois o meu cálice transborda. Jesus é tudo o que eu
preciso, hoje e sempre.
Não terei falta de felicidade, pois a bondade e a misericórdia me seguirão.
O que mais posso desejar?
Não terei falta de glória daqui por diante, pois habitarei na casa do Senhor
para sempre. Apenas estar ali, apenas ver Jesus – será a glória.
26 de outubro – sexta

O TESTEMUNHO DE GRAEME
Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em
Mim. João 14:1

Tenho um amigo de longa data na Austrália cuja vida foi amplamente diferente
da minha. Devido a deficiências físicas, ele está restrito à vida limitada
proporcionada por uma casa de apoio. Durante uma viagem recente ao país, eu o
visitei. Ele expressou a frustração de seu testemunho cristão ser tão limitado.
“Distribuo materiais para as pessoas aqui”, disse, “e tento conversar com elas
sobre assuntos espirituais. Mas ninguém parece estar interessado.”
Graeme distribui pequenas mensagens de fé às pessoas à sua volta. Durante
minha visita, ele partilhou algumas comigo:

Absolutamente amoroso,
Infinitamente verdadeiro,
Com Seu olhar carinhoso,
Entende-nos por inteiro.
Absolutamente terno,
Surpreendentemente perto,
Esse é o nosso Pai celestial –
O que temos a temer, afinal?

E esta também:

Levante uma pequena cerca


De confiança ao seu redor neste dia.
Preencha o espaço com obras de amor
E faça dele sua moradia.
Não olhe para a barra de proteção futura.
Deus o ajudará a suportar
Tanto a alegria quanto qualquer desventura.

Penso em Graeme na reclusão da casa de apoio. Seus prazeres são poucos,


suas oportunidades limitadas. Mas ele não abandona a fé. E assim dá seu
testemunho. Sua vida de fidelidade e essas palavras de confiança são partilhadas
para a glória de Deus.
27 de outubro – sábado

PRISIONEIROS E PIZZA
O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Ele Me ungiu para pregar
boas-novas aos pobres. Ele Me enviou para proclamar liberdade aos
presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos.
Lucas 4:18

Algum tempo atrás, a rebelião em um dos presídios australianos terminou de


maneira inusitada. Um grupo de prisioneiros assumiu o controle da área da
recepção da prisão de segurança máxima em Hobart, capital da Tasmânia.
Exigindo melhor tratamento e melhorias nas celas, os prisioneiros fizeram uma
lista de 24 itens. Eles imobilizaram um dos guardas e o fizeram de refém até que
as exigências fossem atendidas. Após dois dias, a rebelião terminou
pacificamente, sem a agitação do pelotão de choque munido de escudos e armas
fogo, sem gás lacrimogêneo, sem tiroteio. A pessoa responsável pela negociação
garantiu a liberação do guarda sem sofrer nenhum dano após a entrega de 15
pizzas. Aparentemente, nenhuma das 24 exigências listadas provaram ser tão
urgentes quanto a necessidade de uma refeição diferente!
Pessoas angustiadas, pessoas que pensam que não têm nada a perder, agem
com desespero. Mas a calma paciente de um mediador (e a expectativa de
deliciosas pizzas após dois dias sem comer) pode acabar com o desespero de
qualquer ser humano.
Em vários lugares da Bíblia encontramos os seguidores de Deus em prisões
– não por causa de algum ato ilegal, mas por obedecerem à sua consciência. O
jovem José, falsamente acusado pela mulher de Potifar, foi encarcerado. Muitos
séculos mais tarde, o profeta Jeremias foi preso porque predisse a derrota de
Jerusalém para os babilônios. No Novo Testamento, João Batista foi colocado
atrás das barras de ferro e finalmente executado após denunciar o casamento
ilícito do rei Herodes Antipas com a cunhada. O apóstolo Paulo foi preso várias
vezes. No livro de Hebreus lemos a respeito de cristãos, cujos nomes não foram
registrados, que foram presos por causa de sua fé (Hb 10:34; 13:3). E o relato
bíblico é concluído com o Apocalipse, revelado pelo Senhor a João, durante seu
exílio na ilha de Patmos (Ap 1:9).
Entre todos esses personagens bíblicos, nenhum jamais causou tumulto, fez
reféns ou exigiu melhor tratamento. Eles confiaram em Deus; suportaram as
dificuldades através dos olhos da fé nAquele que é invisível. Na verdade, todos
nós somos prisioneiros, cristãos e não cristãos. O carcereiro é severo e cruel;
Satanás é seu nome. Mas Jesus proclama liberdade para os prisioneiros:
libertação das algemas do pecado, um novo começo. E um dia, o próprio cruel
carcereiro será preso (Ap 20:1-3).
28 de outubro – domingo

O CASO DA GALINHA DISTRAÍDA


Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe
são enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os seus filhos, como a galinha
reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!
Lucas 13:34

A humilde galinha, seja batendo as asas em voo ou ciscando o chão, carece de


graça. Nenhum soneto de amor jamais a invocará; nenhum artista jamais a fará
objeto de um afresco. Ela parece existir estritamente para propósitos utilitários –
botar ovos e servir de alimento para os carnívoros. Pobre galinha! Nunca será
elogiada como o pássaro azul, o sabiá ou a cotovia; nunca atingirá as alturas
como a águia. Tudo o que recebe são gozações, como na fútil brincadeira: “Por
que a galinha atravessou a estrada?”
Essa brincadeira, porém, foi levada a sério. Certa galinha foi multada (não
estou inventando isso) por atravessar a estrada distraidamente! A multa foi
emitida pelo delegado de Kern County, Califórnia. Na verdade, a galinha não
recebeu a multa, presumidamente porque se recusou a recebê-la, mas os donos
da galinha, sim. A ré foi multada por impedir o tráfego em Johannesburg, uma
pequena comunidade rural próxima a Ridgecrest, cerca de 350 quilômetros a
nordeste de Los Angeles.
Agora, sim, sabemos por que a galinha atravessou a estrada: ela não sabia
que atrapalhar o tráfego era ilegal. Mas isso não é tudo. A comunidade em que a
galinha infringiu a lei tem uma população de apenas 50 residentes! Com uma
multidão dessas, uma galinha distraída obviamente causaria um
congestionamento.
Os donos da galinha alegam que foram multados porque reclamaram que
os policiais não estavam executando satisfatoriamente o dever de supervisionar e
controlar os veículos na estrada de terra. “Não”, foi a resposta dos guardiões da
lei. “As galinhas na estrada é que são a causa do problema.”
Jesus certa vez relacionou Seu ministério à atitude de uma galinha com
seus pintinhos. Dirigindo-Se ao povo de Jerusalém, Ele chorou diante do fato de
que foram rejeitados Seus desejos e esforços em reunir o povo sob Seus
cuidados. Ele ainda chora. Ele chora pelo mundo. Ele chora por nós.
Somos realmente tolos como os pintinhos que se afastam da mamãe
galinha, recusando-se a atender seu cacarejo avisando do perigo; seu chamado
para voltar à segurança de suas asas protetoras. Tolos como as galinhas
distraídas. Mas a graça é para pessoas tolas como você e eu.
29 de outubro – segunda

A CANÇÃO DA ETERNIDADE
No princípio era Aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era
Deus. João 1:1

Misteriosas, intrigantes, profundas, as palavras de abertura do Evangelho de


João atraem nossa atenção. A linguagem em si é simples, tanto em nosso idioma
quanto no texto original em grego, mas nos encanta. Trata-se de uma canção que
ecoa desde a eternidade.
“No princípio...” Nossa mente é remetida para as primeiras palavras da
Bíblia. “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1:1, ARA). O princípio
do Evangelho de João, no entanto, remete-nos para muito antes do nascimento
da Terra e de nosso sistema solar: antes da criação do mundo, antes da existência
do Universo, antes do tempo, antes de todas as coisas. Trata-se do princípio que
antecede todos os princípios que possamos imaginar.
Somos criaturas de tempo e espaço; somos seres humanos. Mesmo que
atingíssemos a média de idade bíblica, mesmo que vivêssemos por mais de um
século, o número de nossos dias seria como uma fração de segundos em
comparação com a eternidade. Pense no Universo, incompreensível em sua vasta
imensidão, com estrelas tão distantes que a luz que irradiam, viajando a 300 mil
quilômetros por segundo, leva milhões de anos para atingir nosso planeta. Essas
estrelas estão tão distantes que muitas vezes já se apagaram há muitos anos, mas
a luz que vemos continuou sua longa jornada até atingir nosso campo de visão.
E o princípio sobre o qual escreveu o apóstolo João é ainda mais distante,
anterior a todos os princípios. Estejamos certos de que João se refere a um Ser
que sempre existiu. A Palavra não é um ser recém-chegado na cena das eras.
Tente imaginar a época mais distante que conseguir e ainda encontrará a Palavra.
A Palavra entrou no tempo e no espaço. Ela armou Sua tenda entre nós,
tomou a forma humana. João fala resumidamente sobre isso e dedica o restante
de seu Evangelho para descrever a glória da Palavra que Se fez carne. Essa
Palavra que Se fez carne, a quem as pessoas chamaram de Jesus, parecia ser
como qualquer outra pessoa. Mas não era. Veio de eras e eras, da eternidade.
De todas as considerações sobre Jesus de Nazaré, a pergunta suprema, a
mais importante, é: Foi Jesus apenas um homem, ou Ele foi algo mais? João nos
informa desde o princípio que Ele foi mais, muito, muito mais! Ele é eterno. Ele
é Deus.
Ao longo da história, as pessoas têm questionado se Deus ou deuses
existiram, têm procurado fazer contato com eles, satisfazê-los, apaziguá-los.
João diz: Sim, Deus existe. Desde a eternidade. E Deus Se fez carne. Ele deixou
a eternidade e Se submeteu ao nosso tempo e espaço. Ele veio para nos salvar.
Jesus!
30 de outubro – terça

O CRIADOR DE TODAS AS COISAS


Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle; sem Ele, nada do que
existe teria sido feito. João 1:3

A Palavra eterna, Aquele que é o grande comunicador da Divindade, é também


o agente da criação. Estamos habituados a pensar em Jesus, a Palavra que Se fez
carne, como nosso Salvador. Com menos frequência nos damos conta de que Ele
também é nosso Criador. Mas Ele é. João afirma que “sem Ele, nada do que
existe teria sido feito”. Paulo vai ainda além: “Pois nEle foram criadas todas as
coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias,
poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele” (Cl
1:16).
Tal visão transforma nossa maneira de olhar o mundo ao redor. O mundo
natural com suas variedades deslumbrantes de árvores, plantas, flores e ervas;
com maravilhosa imensidão de espécies de vida animal – Ele criou tudo. Não
aconteceu por acaso; é Sua criação.
Os seres humanos em especial são o auge de Sua atividade criativa. Ele nos
criou um pouco menores do que os anjos, à Sua imagem, à semelhança de Deus.
Por meio do ato da criação, Ele conferiu dignidade a cada homem e mulher
nascido neste mundo. É verdade, a imagem de Deus foi quase removida pelo
pecado, mas restam alguns traços. A pessoa que zomba de outro ser humano
zomba do Criador; a pessoa que prejudica outro ser humano, um dia terá que
prestar contas ao Criador.
A conclusão dessa grande verdade é: Ele também me fez. Sou especial.
Tenho valor. Minha origem é divina, a despeito de quão modestas tenham sido as
circunstâncias de meu nascimento. Tenho um destino divino, pois Ele quer que
eu viva para sempre em Sua presença.
Carregamos os traços da imagem divina, possuímos o desejo e a habilidade
de “criar” também, ainda que em nível muito inferior. Algumas pessoas
compõem músicas maravilhosas; eu não. Algumas pessoas fazem peças de
mobília, constroem casas; eu não. O mais próximo que meus esforços chegam da
criatividade é por meio da escrita. Para mim, escrever tem sido um hobby
vitalício. Criar textos me traz muita satisfação. Notei um fenômeno interessante:
aquilo que escrevo assume vida própria. Cada leitor interpreta meu artigo ou
livro de acordo com sua própria experiência. Eles encontram significado em
trechos que eu não incluí conscientemente. Se eu protestar, dizendo: “Mas não
foi isso que eu quis dizer!”, eles respondem: “Bem, mas foi assim que eu
entendi!”
De certa forma, assim ocorre com Deus e conosco. Ele nos criou, mas Ele
permite que sigamos o caminho que escolhemos.
31 de outubro – quarta

O TRIUNFO DA LUZ
A Luz da vida brilhou nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-La.
João 1:5, The Message

Nunca conseguiram, nunca conseguirão: as trevas não podem apagar a luz. Às


vezes, as trevas são tão densas que parece que conseguiremos tocá-las. São
impenetráveis, parecem estar totalmente distantes da Luz; mas a Luz vem e
dissipa as trevas.
Sou otimista. De vez em quando, encontro ou fico sabendo de pessoas
terrivelmente preocupadas com o estado do mundo. Está tudo arruinado, dizem;
as coisas nunca foram tão ruins. Elas conseguem enxergar apenas o pior para o
futuro. Às vezes lançam seu olhar negativo para a igreja: ela se corrompeu e está
piorando; tempos ainda piores virão.
Mas as trevas não podem apagar a Luz. Nunca conseguiram, nunca
conseguirão. Ao longo dos séculos, em meio à maldade e à ignorância tão
escuras como a meia-noite, Deus sempre teve um povo que O amou e O serviu,
um povo que brilha como a luz de velas, dispersando a escuridão.
Assim também foi antes de Jesus iniciar Seu ministério. O povo vivia em
trevas, de acordo com a Bíblia (Mt 4:16). Mas entre aqueles que habitavam na
sombra da morte surgiu uma luz brilhante. Primeiro, João Batista, que Jesus
chamou de “candeia que queimava e irradiava luz” (Jo 5:35). Em seguida, o
próprio Jesus. Ele foi, e é a Luz do mundo. Assim, o período de profunda
ignorância e escravidão, ao pecado e ao diabo, deu lugar a uma era de luz
incomparável.
A mais densa escuridão ainda surge pouco antes do alvorecer. No momento
em que parece não mais restar esperança, a ajuda está prestes a aparecer.
No século 19, uma expedição liderada pelos exploradores Robert Burke e
William Wills partiu de Melbourne na tentativa de cruzar pela primeira vez a
Austrália, de norte a sul. Finalmente, chegaram a Cooper’s Creek, uma região
muito remota. O grupo permaneceu ali, enquanto Burke e Wills prosseguiram,
com o objetivo de chegar ao mar. Os que foram deixados para trás esperaram por
muito tempo, mas os líderes não retornaram. Por fim, concluíram que Burke e
Wills tinham morrido. Levantaram acampamento, mas antes enterraram alguns
alimentos sob uma árvore em cujo tronco escreveram: “Cave.”
Logo depois que partiram, Burke e Wills apareceram e encontraram os
alimentos enterrados. Mas os líderes e o grupo nunca mais se encontraram, e
Burke e Wills acabaram perecendo. Tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe!
Nunca se esqueça disto: a Luz ainda brilha e sempre brilhará.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1º de novembro – quinta

O HOMEM DO DESERTO
Houve um homem chamado João, que foi enviado por Deus. João 1:6,
NTLH

O homem do deserto caminhava com a cabeça erguida. Bronzeado pelo calor do


deserto da Judeia, seu olhar era firme e penetrante, estava acostumado a viver
sozinho – uma voz solitária. Deus o enviou. Nascido de pais de idade avançada,
Zacarias e Isabel, que havia muito tempo tinham abandonado a esperança de ter
um bebê, ele foi o fruto de uma gravidez miraculosa. Deus o trouxe à existência;
Deus tinha uma mensagem para aquela época, e ele foi escolhido para transmiti-
la.
Sua vida, assim como a dAquele que João foi chamado a proclamar, foi
interrompida no auge de sua mocidade. Apesar de curta, sua vida brilhou como
uma candeia romana, brilhou na escuridão da Palestina do primeiro século.
“João era uma candeia que queimava e irradiava luz, e durante certo tempo
vocês quiseram alegrar-se com a sua luz” (Jo 5:35).
Durante certo período, João foi imensamente popular. Multidões vinham de
Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região ao redor do Jordão para ouvi-lo e
para ser batizadas para o perdão de seus pecados (Mt 3:5). Até os fariseus,
meticulosos na observância da religião, e os saduceus foram vê-lo no deserto.
Até mesmo os soldados e os cobradores de impostos (Lc 3:12, 14).
Tão grande era o entusiasmo popular que algumas pessoas começaram a se
perguntar se João Batista não seria o tão esperado Messias. A atenção da
hierarquia religiosa em Jerusalém se voltou para ele e decidiram enviar uma
delegação até o deserto com a pergunta: “Quem és tu?” (Jo 1:19, ARA).
João, porém, por mais que brilhasse, não era a Luz. “Ele veio como
testemunha, para testificar acerca da Luz, a fim de que, por meio dele, todos os
homens cressem” (v. 7). João conhecia sua missão; ele nunca alegou ser mais do
que Deus havia designado que fosse. Alguns de seus discípulos ficaram
ressentidos quando Jesus entrou em cena e as multidões diminuíram ao redor de
João. Mas João não se sentiu diminuído. “É necessário que Ele cresça e que eu
diminua” (Jo 3:30).
Deve ser uma experiência amarga ver sua popularidade diminuir pouco a
pouco. Uma situação ainda mais difícil para ser enfrentada com dignidade é a de
ser alvo da fúria dos governantes simplesmente por dizer a verdade. Isso
aconteceu com João. Ele foi preso por falar contra a união ilícita do rei Herodes
Antipas com a esposa de seu irmão Filipe. Essa figura solitária do deserto
morreu sozinha no calabouço de Herodes. Uma vida desperdiçada? Não aos
olhos de Deus!
2 de novembro – sexta

POR QUE CREIO NA VIDA APÓS A MORTE


Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas,
então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei
plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. 1 Coríntios
13:12

Eis as razões por que eu creio – e creio intensamente – na vida após a morte:
1. Impressões da imortalidade. Apesar de estar cercado pelo temporário,
sonho com a eternidade. Envolvido pela mudança e decadência, contemplo a
vida imortal. Nada em minha experiência é perfeito, muito menos eu; mas posso
imaginar a perfeição e anseio por ela.
Essas impressões (pois isso é tudo o que são) reprovam na análise e
averiguação fria e científica. Mas negá-las não seria deixar de lado apenas parte
de minha vida, mas talvez a parte mais nobre e refinada, a parte que aponta para
além de mim mesmo para uma existência muito mais elevada.
2. Justiça e desigualdade. Ao meu redor, vejo o fraco abatido e tratado com
injustiça. Em todo lugar os ricos se dão muito melhor nos tribunais; a corrupção
está em toda a parte.
A vida não é justa. A vida não é imparcial. Mas meu coração diz que
deveria ser justa, deveria ser imparcial. Que o fraco deveria ser tratado com
justiça nos tribunais e o pobre deveria ter sua porção de pão.
A Bíblia me fala sobre Deus – o Deus que arde em zelo em favor do fraco e
do pobre, que fará justiça a Seu tempo quando Ele intervier como juiz.
3. Propósito. Sem a vida após a morte, nossa existência seria uma jornada
sem objetivo, um amor que perece sem ser consumado. Vemos em parte,
compreendemos em parte. Mas chegará o dia, diz Paulo, em que veremos e
conheceremos face a face (1Co 13:9-12).
5. Jesus. Os três argumentos acima foram desenvolvidos por mim, mas este
está enraizado na história; é a evidência suprema. Jesus de Nazaré ressuscitou
dentre os mortos! Ele foi crucificado numa cruz romana, Seu corpo foi colocado
no sepulcro recém-esculpido de José de Arimateia, uma grande pedra foi
colocada à entrada e alguns soldados montaram guarda para evitar qualquer
trapaça. Mas o corpo desapareceu. Na manhã de domingo a pedra foi removida,
os soldados fugiram e o sepulcro ficou vazio.
Creio na vida após a morte porque Jesus, que ressuscitou dentre os mortos,
prometeu isso para mim. “Eu sou a ressurreição e a vida”, declarou Jesus.
“Aquele que crê em Mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11:25).
3 de novembro – sábado

À DERIVA
Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às
verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Hebreus 2:1

Num dia tempestuoso de abril, dois garotos, de 17 e 15 anos, decidiram sair


para velejar na Ilha Sullivan, Carolina do Sul, EUA. O Instituto Nacional de
Metereologia dos Estados Unidos advertiu as pequenas embarcações a
permanecer em terra, mas Josh e Troy mesmo assim decidiram partir em um
barco a vela de quatro metros. Não demorou muito e eles perceberam que
estavam com problemas. Tentaram nadar para a costa, puxando a embarcação
atrás deles. As pessoas na praia não ouviram os gritos por socorro. A correnteza
os puxava com força mar adentro. Sem alimento e sem água doce, deixados à
mercê do vento e das ondas, eles sabiam que a situação era crítica. As horas se
transformaram em dias. O Sol os queimou sem piedade. Tubarões circundavam a
embarcação, esperando o momento certo para atacar.
Os rapazes saciavam a sede com água salgada e pulavam no oceano de
quando em quando para refrescar a pele, mas os tubarões faziam com que
voltassem rapidamente para o barco. À noite, eles usavam uma única roupa de
mergulho para se proteger do frio. Sozinhos por vários dias no vasto Oceano
Atlântico, os adolescentes chegaram a pensar que tinham cruzado o oceano e
estavam se aproximando da costa africana. Na verdade, eles estavam a 160
quilômetros ao norte do local de onde partiram. Ao sexto dia, a última esperança
se desvaneceu. Troy, de 15 anos, pediu que Deus o “levasse”.
Apenas algumas horas mais tarde, pescadores avistaram os garotos e os
retiraram da água. Queimados pelo Sol, desidratados e exaustos, eles foram
transferidos para a embarcação da Guarda Costeira, onde receberam cuidados
médicos e entraram em contato com os pais angustiados. “Estávamos orando por
um milagre e o recebemos”, afirmou o comandante da Guarda Costeira. O pai de
Troy, ao receber a ligação do filho, começou a gritar: “É o meu garoto, é o meu
garoto! Ele foi encontrado!”
Que livramento miraculoso! Retirados das águas da morte no momento em
que não mais restava esperança alguma. Uma história da graça.
Uma lição para nós também. Assim como Troy e Josh, às vezes seguimos
nossa própria vontade, sem a menor consideração para com os avisos de mau
tempo. Logo ficamos à deriva, longe da costa. Os tubarões começam a nos
rodear, esperando para atacar.
Podemos estar à deriva e não nos darmos conta disso! O único caminho
seguro? Entesourar a Palavra; nos apegarmos a ela.
4 de novembro – domingo

SALVO POR UMA CACHORRA DE RUA


Pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não
se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse se
esquecer dele, Eu, todavia, não Me esquecerei de ti! Isaías 49:15, ARA

Por meio do profeta Isaías, o Senhor perguntou: “Pode uma mulher esquecer-se
do filho que ainda mama?” Trata-se de uma pergunta retórica, sendo a resposta
implícita “não”. Uma mãe abandonar o fruto de seu ventre parece algo
impossível, incompreensível.
No entanto, o incompreensível está acontecendo cada vez com mais
frequência em nossos dias. Em muitos países, incluindo os “avançados” como os
Estados Unidos, recém-nascidos estão aparecendo na porta das casas, do lado de
fora de hospitais e até mesmo em latas de lixo.
Que terríveis circunstâncias levariam uma mulher a fazer uma coisa
dessas? Que desespero, que falta de esperança levaria uma mãe a cometer tal ato
antinatural? Unicamente Deus, que conhece e entende, pode sondar as
profundezas a que essas pobres mulheres baixaram.
Às vezes, histórias trágicas como essas têm um final feliz; geralmente é o
que acontece. De Nairóbi, Quênia, surgiu uma história interessante. Uma
cachorra de rua encontrou um bebê recém-nascido abandonado na floresta. Ao
que parece, a cadela atravessou uma estrada movimentada com o bebê e passou
pela cerca de arame farpado até o local em que estava a sua ninhada. O bebê,
coberto com panos rasgados, tinha sido abandonado dentro de um saco plástico.
Pesando 3,5 kg, o recém-nascido foi levado para o hospital e recebeu
medicamentos. De acordo com a última informação, o bebê estava passando bem
e respondendo ao tratamento. Os agentes de saúde entraram em contato com o
Serviço de Assistência Social. Ninguém apareceu alegando ser o responsável
pela criança, mas assim que a notícia do resgate maravilhoso foi publicada,
doações de fraldas e roupas de bebê começaram a chegar.
Depois que o Senhor fez a pergunta: “Pode uma mulher esquecer-se do
filho que ainda mama?”, Ele continuou: “Ainda que esta se esquecesse, Eu,
todavia, não Me esquecerei de ti!” Mais fiel do que o amor materno, mais forte
do que o amor paterno, é Seu amor por nós.
“Que linguagem mais convincente ou mais terna poderia ter sido
empregada do que essa que Ele escolheu para exprimir Seu amor para conosco?
[...] Olhem para cima, vocês que duvidam e tremem, pois Jesus vive para fazer
intercessão por nós” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 54).
5 de novembro – segunda

O MUNDO NÃO O RECONHECEU


Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por
intermédio dEle, mas o mundo não O reconheceu. João 1:10

Ao redor do globo, um nome é muito mais pronunciado a cada dia do que


qualquer outro. Apenas o Senhor é capaz de contar os milhares, bilhões de vezes
que esse nome sai dos lábios das pessoas: Jesus Cristo.
Infelizmente, na maioria das vezes Seu nome é usado de forma descuidada.
As pessoas o pronunciam como uma blasfêmia, até mesmo em contextos
obscenos. Será que, embora o mundo tente esquecer Jesus, tente apagá-Lo de sua
consciência inquieta tornando Seu nome uma interjeição comum e pejorativa,
Ele ainda esteja por perto? Será que todas as tentativas de sufocar Sua voz
suplicante resultam apenas em torná-la mais audível?
A Palavra Se fez carne. Ele que criou o mundo veio ao mundo. E o mais
impressionante é que o mundo não O reconheceu. Tal é o mistério do pecado, o
poder do diabo de cegar.
O mundo não O reconheceu porque não quis. Escolheu não reconhecer.
Exatamente como hoje.
G. A. Studdert Kennedy expressou a agudeza da rejeição de Jesus, no
passado e hoje, em seu poema “Indiferença”:

Quando Jesus chegou ao Gólgota, O penduraram no madeiro,


cravaram grandes pregos em Suas mãos e pés, perfurando-os por
inteiro. Colocaram em Sua fronte uma coroa de espinhos, Suas feridas
eram profundas e ensanguentadas, pois aqueles foram dias rudes e
cruéis, e a carne humana foi maltratada.
Quando Jesus chegou a Birmingham, simplesmente O desprezaram,
jamais tocaram num só fio de cabelo, mas à morte O abandonaram;
pois os homens ficaram mais sensíveis, não Lhe causariam sofrimento,
apenas O deixariam sob a chuva, sofrendo ao relento. Ainda assim
Jesus clamou: “Perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem, Pai.” E
aumentava a chuva fria que O ensopava mais e mais.
As multidões foram para casa, deixando o ambiente solitário, Jesus
apoiando-Se em uma coluna clamou pelo Calvário.
6 de novembro – terça

COMO SE TORNAR CRISTÃO


Contudo, aos que O receberam, aos que creram em Seu nome, deu-lhes o
direito de se tornarem filhos de Deus. João 1:12

Aqui encontramos a fórmula mais simples para se tornar cristão: receber Jesus.
Abra sua vida para Ele, permita que Ele seja seu Salvador. Receba-O em Seu
amor. Receba-O em Seu perdão. Receba-O em Seu poder transformador.
Receba-O em Sua contínua presença. Receba-O em Sua graça infinita.
Muitas pessoas, especialmente aquelas que se opõem ao cristianismo ou
que nasceram na igreja e a abandonaram quando atingiram a maioridade,
enxergam o cristianismo de forma negativa. Para elas, Jesus atrapalha o caminho
da diversão, de passar bons momentos, de ser você mesmo e tudo o que pode ser.
Cristianismo significa desistir, abrir mão. É uma série de “nãos”, de sentimentos
de culpa e de pessoas carrancudas prontas a criticar e condenar.
Não, diz João o amado. De forma alguma! No cristianismo não se perde, se
ganha. Sim, abre-se mão, mas também se recebe. É verdade que, quando
recebemos Jesus, nossa vida sofre uma mudança. Não porque Ele ordena que nos
conformemos com Suas regras, mas porque nossas atitudes, desejos e
motivações mudam. Queremos ser como Ele; queremos viver como Ele. Recebê-
Lo significa que Ele preenche nossa vida.
Receber Jesus é como apaixonar-se. Um jovem apaixonado procura estar
na presença da amada em toda e qualquer oportunidade. Observe como os
hábitos mudam. Talvez esse jovem estivesse sempre atrasado para tudo, mas
então passa a ser sempre pontual, chega até mais cedo, para encontrá-la. Antes
não se preocupava muito com a aparência, mas agora a primeira coisa que faz no
dia é se barbear, manter-se sempre bem-vestido e perfumado, procura estar
sempre bem apresentável.
Há muitos anos, um famoso pregador proferiu um sermão intitulado: “O
poder expulsivo de uma nova afeição”. Na linguagem moderna, esse título pode
parecer um pouco pesado, mas a ideia principal do sermão é: um novo amor
expulsa maneiras antigas de agir. Estamos seguindo com a vida, aparentemente
felizes. Mas, então, “uma nova afeição” entra em nossa vida – uma pessoa nova,
um vislumbre do que pode ser uma vida muito mais rica e grandiosa, muito mais
bela. E o novo expulsa o antigo. É exatamente isso que acontece quando
recebemos Jesus.
7 de novembro – quarta

A PRINCESINHA NA LOJA
Quando os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei viram as coisas
maravilhosas que Jesus fazia e as crianças gritando no templo: ‘Hosana
ao Filho de Davi’, ficaram indignados. Mateus 21:15

Concentrado na lista de compras numa sexta-feira à tarde, me dirigi para a ala


das frutas do supermercado. Estava vazia, exceto por uma garotinha, uma
princesinha, empurrando seu pequeno carrinho de compras. Ela estava
caminhando pelo corredor, muito séria e compenetrada em sua tarefa.
Aproximei-me da prateleira repleta de belas maçãs vermelhas; ela acabou
parando bem ao meu lado, onde as maçãs estavam expostas. Ao colocar outra
maçã no saco plástico em minhas mãos, deixei-o escapar e bater contra o canto
da prateleira.
– Cuidado! – ela me repreendeu.
Como pode? Uma princesinha daquele tamanho dando bronca num homem
no mínimo dez vezes mais velho do que ela! Segurando o riso, respondi:
– Essa foi por pouco! Quase deixei cair.
Quebrou-se o gelo.
– Você que faz as compras em sua casa?
– Sim, minha esposa está hoje aqui, mas geralmente eu faço as compras.
Um largo sorriso.
– Geralmente os rapazes não gostam de fazer compras.
– Eu sei. Eu odiava. Faço isso para ajudar minha esposa. Agora eu gosto.
– Eu também. Acho divertido.
Próximo dali, soou uma voz: – Tracy!
E ela respondeu. Lançando um sorriso para mim, se despediu e foi embora.
Logo em seguida, Noelene apareceu e perguntou o que havia acontecido. Contei-
lhe do encontro e ela percebeu que eu havia apreciado muito.
Jesus também ficou muito alegre no último domingo de Sua vida quando
ouviu as crianças gritarem no Templo: “Hosana ao Filho de Davi.” Os líderes
religiosos ficaram indignados. Afinal, aquele era o território deles!
Eles tentaram descarregar a raiva que sentiam contra o elemento mais frágil
– as crianças. “Não estás ouvindo o que estas crianças estão dizendo?”,
perguntaram, exigindo que Jesus as repreendesse. Mas Jesus simplesmente
respondeu: “Sim, vocês nunca leram: ‘Dos lábios das crianças e dos recém-
nascidos suscitaste louvor?’” (Mt 21:16, 17).
Jesus defendeu as crianças. Ele ainda o faz.
8 de novembro – quinta

A CONSPIRAÇÃO DA BONDADE
Deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e
transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será
usada para medir vocês. Lucas 6:38

Durante os dias escuros de 1940, à medida que forças de Hitler assumiam o


controle da Europa com poder aparentemente impossível de ser detido, uma luz
de graça brilhou com força e coragem. Ela brilhou através de um diplomata
japonês que, num momento crucial de sua vida, ficou com o destino de milhares
de pessoas nas mãos.
O pai de Chiune Sugihara tinha planejado uma carreira promissora para o
filho na área da medicina, mas Chiune não queria ser médico. Quando fez o
exame de admissão para a escola de medicina, ele deliberadamente reprovou. O
pai descobriu a razão da reprovação e, furioso, recusou-se a ajudar o jovem a
prosseguir nos estudos.
Assim, Chiune trilhou os próprios caminhos. Ele trabalhou para juntar os
recursos, matriculou-se na universidade e graduou-se em Inglês. Ao deparar-se
com o anúncio para o serviço diplomático, ele ganhou uma bolsa de estudos ao
concorrer com muitos outros candidatos. Fluente em vários idiomas, esse
diplomata educado e de boa aparência deu início a uma carreira que parecia
destinada a notáveis realizações. Em Manchuria, ele negociou um acordo
importante com a Rússia. Em seguida, com o início da guerra, foi enviado para o
estado báltico da Lituânia para fazer parte da inteligência das tropas de ação.
Em 1940, Hitler determinou que os judeus fossem exterminados. Com as
forças nazistas ganhando terreno ao oeste e os exércitos russos fechando o cerco
ao leste, o tempo estava se esgotando. Os judeus buscavam um lugar para se
refugiar e o encontraram em Curaçao, ilha de domínio holandês no Caribe, que
exigia visto de entrada. Mas, primeiro, tinham que passar pelo Japão, o que
significava que tinham que conseguir um visto japonês para cruzar a Rússia.
Milhares de judeus desesperados rogaram a ajuda de Sugihara. Sem
permissão de Tóquio e trabalhando 18 horas por dia, ele emitiu mais de dois mil
vistos, assinando-os até o último minuto quando o trem o levou para assumir
responsabilidades em outro lugar.
No fim da guerra, Sugihara retornou para Tóquio e foi removido do corpo
diplomático. Ele foi forçado a realizar trabalhos servis para manter a família. Por
muitos anos Sugihara se recusou a falar sobre sua atitude durante a Segunda
Guerra Mundial. Por fim, pressionado a explicar a razão de ter desobedecido às
ordens, visto que isso não lhe trouxe nenhum benefício, ele simplesmente
respondeu: “Fazemos o que é certo simplesmente porque é certo.”
9 de novembro – sexta

O PRIMOGÊNITO DE DEUS
Os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da
carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus. João
1:13

A Luz veio ao mundo, mas o mundo deu as costas para a Luz. Em vez de
receber a Luz, sua resposta foi: “Apaguem a Luz!”
Mas não todos; não o mundo inteiro. Alguns receberam a Luz. E algo
maravilhoso aconteceu: a Luz, que realmente expôs seus defeitos, também
cobriu suas imperfeições. A Luz tinha o maravilhoso poder renovador.
“Mas aos que O receberam, aos que creram que Ele foi quem alegava ser,
Ele fez com que conhecessem quem realmente são, filhos de Deus” (Jo 1:12,
The Message).
Verdade no passado, verdade hoje. A maioria das pessoas segue o próprio
caminho, até os que professam ser cristãos. Mas alguns ainda recebem a Luz.
Alguns ainda descobrem quem realmente são: filhos de Deus.
Deus é o nosso lar. Somente quando chegamos ao lar nos tornamos pessoas
completas. Esses são os filhos de Deus, aqueles que chegam ao lar. Deus criou o
homem na Criação; Deus recria o homem na nova criação. Macho e fêmea os
fez, à Sua imagem; homem e mulher Ele os recria, à Sua imagem. “E todos nós,
que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a Sua
imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do
Senhor, que é o Espírito” (2Co 3:18).
Os cristãos são uma nova espécie. Somos separados e distintos. Nossa
linhagem, no entanto, não depende de genes, não é definida por “sangue”. Na
verdade, o “sangue” de todas as nações da Terra se mistura no sangue dessa nova
categoria ilustre. Apenas um fator constitui esse grupo: somos filhos de Deus.
Não por sangue nem por “carne”. Não pela vontade humana – não pela
ambição, pelo esforço, pela cruel exigência – consegue-se fazer parte dessa
classe. “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito” (Jo
3:6). Não pelo desejo de primogenitura, não pela relação sexual nem com o
auxílio de clínicas de fertilidade. Apenas de uma forma: o Primogênito de Deus.
10 de novembro – sábado

FOLHAS QUE CURAM


No meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore
da vida, que frutifica doze vezes por ano, uma por mês. As folhas da
árvore servem para a cura das nações. Apocalipse 22:2

Gosto de juntar folhas. Em cada outono essa atividade é realizada em nosso


quintal, onde imponentes carvalhos deixam cair grande abundância de folhas.
Aguardo ansioso por esse momento; amo o cheiro singular desse carpete
vermelho e amarelo, marrom escuro e alaranjado. Sempre fico feliz quando a
última das 37.492.187 (uma estimativa) das folhas cai lá do alto para o descanso.
O poeta norte-americano Robert Frost escreveu sobre o ato de juntar
folhas:

Tanto faz pá ou colher


Para juntar essas folhas;
E o saco que elas enchem
Pesa o que pesam rolhas.
Mas as montanhas que eu ergo
Escapam de meu enlace,
E tombam entre meus braços
E voam na minha face.

Esse homem realmente sabe o que é realizar essa tarefa. É assim mesmo. É
preciso entrar nesse oceano de leveza para apreciar as palavras do poeta.
A tarefa de juntar folhas em minha casa leva, em média, 20 horas. Um ano
de grande abundância requer mais trabalho, mais tempo. Noelene e eu juntamos
tudo, trabalhamos juntos, ou sozinhos se uma viagem nos leva para longe de
casa. Juntamos as folhas em montes, arrastamos os montes para um canto ou
para um terreno vazio e pegamos o triturador. Geralmente o ato de triturar as
folhas leva de 10 a 12 horas e nos deixa cobertos de pó.
Mas esse monte de matéria vegetal é o segredo de nosso jardim. Depois de
molhado, é misturado com a terra. A decomposição ocorre durante o inverno. Na
primavera, tudo será utilizado como adubo para nutrir o jardim inteiro. As folhas
do outono voltam em cores brilhantes, arbustos cheios de vida e belas árvores.
O Senhor nos assegura que na Terra renovada haverá folhas que curam.
Cristo é a árvore da vida. Sua graça cura as nações, cura as pessoas, cura
todos nós. Ele nos liberta de nossas enfermidades espirituais.
11 de novembro – domingo

JESUS, EXEGETA DE DEUS


Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai,
O tornou conhecido. João 1:18

Ao descrever de que maneira Jesus, o Filho, revela Deus, o Pai, João utiliza um
verbo interessante. Traduzido por “O tornou conhecido”, o verbo é exegeomai,
que significa “mostrar”, “explicar”, “revelar”, “interpretar”. Dessa palavra se
originaram os termos “exegese” (interpretação da Bíblia) e “exegeta” (intérprete
da Bíblia).
O Filho, afirma o amado João, é o Exegeta de Deus. Ele interpreta Deus
para nós, não apenas ao mostrar o significado dos escritos sagrados, revelados
através do Espírito Santo, mas revelando Deus em Si mesmo. Quem vê Jesus, vê
Deus; quem conhece Jesus, conhece Deus.
O próprio Jesus afirmou isso. Diante do pedido de Filipe: “Senhor, mostra-
nos o Pai, e isso nos basta”, Jesus respondeu: “Você não Me conhece, Filipe,
mesmo depois de Eu ter passado com vocês tanto tempo? Quem Me vê, vê ao
Pai” (Jo 14:9). Em outra ocasião, Ele disse aos discípulos: “Ninguém conhece o
Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a
quem o Filho quiser revelar” (Mt 11:27).
Você quer conhecer quem Deus realmente é? Existe apenas um Intérprete
capaz de fazer a verdadeira descrição: Jesus, o Exegeta de Deus. As pessoas
podem dizer isto ou aquilo, apresentar longos argumentos e lógicas complexas;
mas esqueça tudo isso e busque apenas Jesus. Permita-Lhe revelar o Pai a você.
Há milhares de exegetas da Bíblia, milhões de exegetas de Deus. Quase
todo mundo acredita em Deus ou “deus”; todos O interpretam à sua maneira.
Mas apenas uma interpretação é válida: a do Filho, o Exegeta de Deus.
Leia o que Ele nos fala a respeito de Deus nos quatro Evangelhos. Melhor ainda,
estude e medite em Sua vida – e morte. Ali encontramos a revelação de Deus.
Que Deus! Um Deus bondoso e amoroso, que está ao nosso lado, que
nunca nos decepciona, cheio de graça e verdade.
12 de novembro – segunda

O DEUS DOS PEDAÇOS


Deus tornou a minha vida completa no momento em que eu coloquei todos
os pedaços diante dEle. Quando corrigi meu procedimento, Ele me deu um
novo começo. 2 Samuel 22:21, The Message

Segundo Samuel 22 é um longo salmo escrito, de acordo com o verso de


abertura, por Davi depois que o Senhor o livrou da mão de Saul e de todos os
seus inimigos. A canção está repleta de louvor e gratidão quando ele assim exalta
Jeová: “a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador” (v. 2).
Davi havia passado por águas revoltas. Sua carreira floresceu muito cedo.
A vitória emocionante sobre o gigante Golias o tornou o herói nacional e o tema
principal das canções populares. Ele rapidamente conquistou um elevado cargo
no exército do rei. Saul lhe concedeu a mão da filha em casamento. O jovem se
tornou uma celebridade. Todos começaram a falar dele como o futuro rei de
Israel.
Chegou o dia, porém, em que a “bolha estourou”. Enciumado com a
popularidade e sucesso de Davi, Saul se voltou contra ele. Num ataque de ira
tentou matá-lo. Davi foi obrigado a fugir para salvar a vida. Num curto período
de tempo ele deixou de comer à mesa do rei para se esconder com um bando de
rebeldes na caverna de Adulão. Tornou-se o líder de 400 homens “em
dificuldades, os endividados e os descontentes” (1Sm 22:2). Um exército de
fracassados! Que decadência!
A vida de Davi estava despedaçada. Ele havia perdido tudo – menos Deus.
O Senhor era sua rocha, sua fortaleza, seu libertador. Ele colocou todos os
pedaços diante dEle, e Deus tornou sua vida completa.
Amigo, você sente que sua vida está despedaçada? Coloque todos os
pedaços diante de Deus. Ele pode restaurá-los, Ele pode dar-lhe uma vida
completa. O dia que se estende à sua frente pode parecer assustador. Você fica
imaginando como conseguirá enfrentá-lo. Agora mesmo, coloque seu dia nas
mãos de Deus.
Alguns versos adiante, Davi canta: “O Senhor reescreveu o texto da minha
vida quando eu abri o livro da minha vida perante os Seus olhos” (2Sm 22:25,
The Message).
Deus, o grande restaurador, aquele que coloca tudo em seu devido lugar, é
também Deus, o autor. Ele pode reescrever o roteiro de sua vida. Talvez tudo o
que você consiga enxergar para a história da sua vida seja um fim triste. Você
não quer pensar nisso. Abra o livro diante de Deus. Permita que Ele mude o
texto. Ele ama finais felizes.
13 de novembro – terça

JUSTIÇA SALVADORA
Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do
princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé.”
Romanos 1:17

Muito tempo atrás, um jovem sincero tentou tudo o que a igreja de sua época
tinha a oferecer, e nada deu certo. Uma nova religião nasceu.
Martinho Lutero, intelectualmente dotado, mas atribulado em espírito,
renunciou ao mundo e a seus prazeres para seguir a vida solitária do claustro.
Monge da ordem franciscana, ele castigou seu corpo na tentativa de encontrar
paz com Deus. Orações, jejuns, penitências, vigílias – ele era incansável em sua
busca.
“Fui um bom monge, e segui as regras de minha ordem de maneira tão
rígida que posso dizer que, se um monge alcançasse o Céu por seu
comportamento, eu seria essa pessoa”, Lutero escreveu mais tarde. “Se tivesse
continuado um pouco mais, teria me matado com as vigílias, orações, leituras e
outras obras.”
Lutero, então, teve a oportunidade de visitar Roma. Cheio de alegria,
contemplou todos os lugares sagrados e as relíquias encontradas ali que, segundo
acreditava, poderiam saciar a alma sedenta. Mas todas elas falharam em trazer-
lhe o conforto que tanto almejava.
A igreja prescreveu a confissão, e foi exatamente isso que ele fez por horas
a fio, até esgotar a paciência de seu confessor. Mas, no silêncio da noite, ele se
lembrou de algo que não tinha confessado. Ou pior: e se houvesse outros
pecados dos quais não conseguisse se lembrar?
A igreja também prescreveu algo místico: lançar-se no oceano do amor de
Deus. Mas, ao contemplar Cristo vindo para julgar o mundo, Lutero não
conseguiu amá-Lo. “Amar Deus? Eu O odiava!” Foi sua resposta desesperadora.
Em seguida, ele foi escolhido para ensinar Bíblia na Universidade de
Wittenberg. Começando com Salmos, ele se deparou com o clamor de
desamparo que Jesus proferiu da cruz: “Meu Deus! Meu Deus! Por que Me
abandonaste?” (Sl 22:1). Esse também era o clamor do coração de Lutero! Ele
concluiu Salmos, começou Romanos e, em seguida, Gálatas. Lutando para
compreender o que Paulo quis dizer com “justificação”, ele finalmente descobriu
que “a justiça de Deus é a justificação pela qual, por meio da graça e da absoluta
misericórdia, Deus nos justifica pela fé”.
Lutero foi libertado, e nasceu a Reforma.
14 de novembro – quarta

CASAMENTO NO CÉU
Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos e dar-Lhe glória! Pois chegou a hora
do casamento do Cordeiro, e a Sua noiva já se aprontou. Apocalipse 19:7

De vez em quando a mídia apresenta histórias de pessoas que se casam em


lugares exóticos, como embaixo d’água. Mas nenhum casamento de que já tive
notícia foi mais surpreendente do que o realizado no dia 30 de maio de 2005, no
topo do Monte Everest!
Com 8.850 metros, o Everest é o ponto mais alto do nosso planeta. Até
mesmo durante o verão, o ar rarefeito é de um frio cortante, e os ventos violentos
revolvem o cimo do monte. A montanha é assassina; milhares já perderam a vida
tentando conquistá-la. Mas dois jovens alpinistas nepaleses conquistaram o
Monte Everest: Moni Mulepati, 24, e seu noivo, Pem Dorjee, 23. Com o clima
cada vez mais ameaçador, eles tiraram por alguns instantes as máscaras de
oxigênio e seguraram flores artificiais ao fazerem os votos e trocarem alianças.
Nada de música, nada de entrada de padrinhos, nada de daminhas nesse
casamento. Apenas o carpete branco da neve e uma vista de tirar o fôlego. Mas
havia convidados. Alguns amigos subiram com eles e fotografaram o evento.
Devido às condições perigosas, a cerimônia foi breve, de apenas dez minutos de
duração. Em seguida, os recém-casados e seus amigos desceram a montanha e
voltaram para Kathmandu, surpreendendo os pais com a notícia.
Um casamento nada convencional, nem mesmo para os habitantes locais. A
noiva pertence à comunidade Newar, e o noivo é sherpa, um casal incomum num
país em que os casamentos são normalmente arranjados pelos pais e as pessoas
tendem a permanecer em suas próprias castas. “Com nosso casamento inter-
racial nós também quisemos transmitir a mensagem de que a casta e a etnia não
apresentam barreiras quando se trata de casamento”, afirmou Dorjee, o noivo.
Que casal! Que coragem! Que casamento – no céu!
Mas o maior casamento de todos ocorrerá em breve. Ele será realizado num
lugar muito além da Terra; no lugar mais desejado do Universo. Ali não há
perigo; não há necessidade de uma cerimônia breve e uma retirada rápida.
Breve, muito breve Jesus tomará Sua noiva, Sua linda noiva. Ela estará
vestida de puro branco, o linho finíssimo de Sua justiça (Ap 19:7, 8). Que dia
será! Façamos planos para estar lá.
15 de novembro – quinta

JESUS, A PÉROLA
O Reino dos Céus é como um negociante que procura pérolas preciosas.
Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a
comprou. Mateus 13:45, 46

O negociante estava sempre em busca. Ele comprava e vendia pérolas;


negociava apenas as melhores. Certo dia, ele encontrou a pérola mais bela que já
tinha visto – grande, perfeita em sua forma, brilhante. Era incrível, quase perfeita
demais para ser verdade.
Ele desejou profundamente ter aquela pérola! Mas uma pérola como aquela
não era algo barato – o preço era exorbitante, totalmente fora de suas condições
financeiras. Mas como desejava aquela pérola! Ele avaliou todas as alternativas.
Fez os cálculos. Pensou bastante. Por fim, encontrou uma forma de obtê-la. Se
vendesse todos os seus bens, cancelasse todos os seus compromissos financeiros,
colocasse à venda as ações que possuía, juntasse todo e qualquer centavo – sim,
ele conseguiria! Todas as outras pérolas teriam que ser vendidas, seu lar, seu iate,
seu carro do ano – tudo!
Ele, porém, teria a pérola. Isso era tudo o que importava.
Você reconhece o valor de algo quando o vê? Você já encontrou Jesus, a
pérola de inestimável valor? Está disposto a abrir mão de tudo para tê-Lo em sua
vida?
“Cristo mesmo é a pérola de grande preço. NEle está comprovada a glória
do Pai, a plenitude da Divindade. É o resplendor da magnificência do Pai e a
expressa imagem de Sua Pessoa. A glória dos atributos de Deus é expressa em
Seu caráter. Cada página das Sagradas Escrituras irradia Sua luz. A justiça de
Cristo, como uma pérola branca e pura, não tem defeito nem mácula alguma.
Nenhuma obra humana pode aperfeiçoar a grande e preciosa dádiva de Deus. É
irrepreensível. Em Cristo ‘estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da
ciência’ (Cl 2:3). ‘Para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação,
e redenção’ (1Cr 1:30). Tudo que pode satisfazer às necessidades e anelos da
vida humana, para este e para o mundo vindouro, é encontrado em Cristo. Nosso
Redentor é a pérola tão preciosa, em comparação com a qual tudo pode ser
estimado por perda” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 115).
Note o paradoxo da graça. A graça nos é concedida como um presente,
absolutamente imerecido. No entanto, como no caso do negociante, ela requer
tudo de nós. A graça não é “gratuita”, afinal? Sim e não. A graça é para todos,
sem dinheiro e sem preço. Mas apenas aqueles que a recebem, recebem Jesus, a
encontram. E quando Jesus assume o controle, Ele nos possui por inteiro. Ele é o
nosso Senhor!
16 de novembro – sexta

ELE NÃO CONSEGUE DIZER “JESUS”


Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em
toda e qualquer situação. Filipenses 4:11, ARA

Na visão de qualquer um, David Ring é um ministro do evangelho bem-


sucedido. Esse evangelista que não professa nenhuma denominação já pregou
em mais de seis mil igrejas e em rede nacional de televisão. Todo ano ele recebe
mais de 400 convites de congregações que ouvem falar da inspiração que suas
mensagens transmitem.
Esse pregador, no entanto, diz a respeito de si mesmo: “Não consigo nem
mesmo dizer ‘Jesus’ direito.” Ele não pronuncia bem as palavras e manca ao
caminhar. Quando se alimenta, as mãos tremem violentamente. David sofreu
paralisia cerebral quando seu cérebro ficou sem oxigênio por 18 minutos por
ocasião do seu nascimento. Ele cresceu se sentindo rejeitado, suportando a
gozação de outras crianças sobre a sua maneira engraçada de falar e caminhar.
Havia, porém, uma pessoa que o amava. Uma pessoa em cuja companhia
ele sempre encontrava aceitação e segurança. Com ela, sua mãe, ele se sentia
seguro.
Então, aconteceu uma tragédia. A mãe contraiu câncer e faleceu. David
Ring, aos 14 anos de idade, desejou morrer também. A vida parecia dura demais
para ser vivida. Ele ficou órfão (o pai tinha falecido antes da mãe) e
desesperadamente sozinho no mundo. Deus, porém, enviou um raio de luz da
graça à vida triste e solitária desse adolescente. Certo dia, David foi à igreja e
descobriu Jesus. Antes, ele tinha certeza de que Deus não o amava porque ele
havia nascido com paralisia cerebral. Mas então ele soube que era amado por
Jesus do jeito que ele era.
Sua atitude mudou; sua vida mudou. Daquele momento em diante, ele
começou a realizar uma série de coisas “impossíveis”: concluiu a faculdade, se
casou e se tornou pai de quatro filhos. E talvez o mais surpreendente de tudo:
aceitou o chamado divino para ser ministro do evangelho.
“Olhe para mim”, ele diz. “Eu tenho paralisia cerebral. Qual é o seu
problema?” Ele desafia as pessoas a parar de reclamar e a começar a
testemunhar, contar as bênçãos e deixar Deus conduzi-las a um novo e mais
profundo nível de serviço em Sua obra.
Ele gosta de citar as palavras de Paulo a respeito de estar sempre contente
(Fp 4:11) e em seguida o verso 13: “Tudo posso nAquele que me fortalece”
(ARA). Essa é a história de David. Como ele diz, todos nós mancamos em
direção ao reino, mas, ao chegarmos lá, correremos!
17 de novembro – sábado

A REDE DE PESCA
O Reino dos Céus é ainda como uma rede que é lançada ao mar e apanha
toda sorte de peixes. Mateus 13:47

Quando eu era garoto, costumava passar muitas horas à beira-mar. Um parente


possuía uma rede de pesca, e geralmente meus irmãos, todos mais velhos do que
eu, organizavam expedições ao oceano para usá-la. Carregávamos a rede mar
adentro em um bote a remo, lançávamos a rede dentro da água e a esticávamos,
segurando bem firme cada uma das pontas. Em seguida, arrastávamos a rede de
volta para a praia e aguardávamos curiosos para ver o que haveria dentro dela.
Quanto mais perto chegávamos da praia e mais a rede subia à superfície,
mais empolgados ficávamos. Que coisas estranhas, retiradas do fundo do
oceano, encontraríamos ali? Encontramos uma maravilhosa variedade de
animais e vida vegetal. Caranguejos e peixes, camarões e polvos, criaturas
pegajosas e seres muito estranhos, juntamente com areia, algas marinhas e
diversos objetos. A rede apanhava tudo.
Já faz muitos anos que “pesco” pessoas em vez de peixe. A igreja do Deus
vivo é como a pesca no oceano. Os cristãos não são o resultado de uma linha de
produção; eles não recebem uma estampa comum que os separa do restante da
humanidade. Eles são negros, mulatos e brancos; são ricos, pobres e de classe
média; são trabalhadores rurais, profissionais e pessoas de negócios; são jovens,
de meia-idade e idosos; são homens e mulheres. Eles vêm de todas as partes do
mundo.
Precisamos preservar essa individualidade. Somos fortes coletivamente,
assim como somos fortes separadamente. Alguns membros enfatizam um
aspecto do viver saudável; outros ressaltam um aspecto doutrinário em especial.
Essa variedade é positiva, contanto que evitemos o espírito de julgamento e
estejamos unidos em realizar a tarefa que Deus nos confiou. Meus irmãos e eu
costumávamos separar os peixes bons dos ruins, mas na igreja esse trabalho é
designado aos anjos, não a nós (ver Mt 13:49, 50).
Em Apocalipse lemos que a palavra “águas” é utilizada para representar
“povos, multidões, nações e línguas” (Ap 17:15). A rede da última mensagem de
Deus está sendo arrastada por essas águas. Delas sairão o povo de Deus que
habitará com Ele para sempre. Que gloriosa pesca será essa!
18 de novembro – domingo

GRAÇA COMUM
Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola. Quando, porém, estava a
sós com os Seus discípulos, explicava-lhes tudo. Marcos 4:34

As parábolas de Jesus têm uma característica distintiva. Estudiosos pesquisaram


os escritos judaicos e de outros povos, mas nunca encontraram ensinos que se
igualassem aos de Jesus. Sim, há semelhanças, mas as parábolas de Jesus são
únicas.
Suas parábolas não são um recurso pedagógico, como também não são
contos curiosos com uma lição de moral. Apesar de apresentadas em linguagem
simples e fáceis de ser compreendidas superficialmente, têm uma qualidade
existencial, uma relevância que mexe conosco ainda hoje. Somos atraídos para
viver as histórias; elas falam conosco e nos desafiam a tomar uma decisão.
O primeiro ponto e mais óbvio de se notar a respeito das parábolas é que
elas partem de fatos comuns. Várias delas foram extraídas do mundo natural: a
semente que é lançada em tipos diferentes de solo; o joio que cresce junto com o
trigo; a minúscula semente que se desenvolve em um grande arbusto e os
estágios do crescimento de uma planta. Outras abordam coisas cotidianas e
apresentam uma pequena história: o pescador que arrasta a rede para a praia e
separa os peixes bons dos maus; o viajante assaltado na estrada para Jericó; o
filho que abandona o lar e desperdiça toda a sua herança; casamentos, as duas
pessoas que vão ao templo adorar; os trabalhadores da vinha; a ovelha perdida; o
administrador desonesto; a moeda perdida; o juiz corrupto e assim por diante.
Nada fantasioso, nada de animais falantes, monstros ou acontecimentos
bizarros. Tudo é previsível. Exceto que as parábolas não são previsíveis. A
conclusão contraria as expectativas. O primeiro se torna o último; o último, o
primeiro. As parábolas, aparentemente assim tão comuns, falam sobre o reino. O
comum oculta o extraordinário.
As parábolas falam da graça, pois essa é a essência da vida de Jesus – e de
Sua morte. Esta é a essência do reino de Deus: o Senhor governa o coração e a
vida dos homens e mulheres que aceitam a oferta de vida nova, aqui e agora.
As parábolas ensinam que Deus atua por meio do comum, do cotidiano.
Ele atua através da natureza; Ele atua no coração humano. Ele atua através da
vida cotidiana no trabalho, na escola, no lar, na igreja. Não há necessidade de
irmos a outro lugar para encontrar Deus. Ele está bem aqui conosco, agora. Basta
abrirmos o coração para Ele.
19 de novembro – segunda

A VENDA
Ele disse: “Vejam como todo estudante bem treinado quanto ao reino de
Deus é como o dono de uma venda que pode colocar as mãos em tudo o
que vocês precisam, antigas e novas, exatamente quando vocês precisam
delas.” Mateus 13:52, The Message

Por acaso passei por uma antiga venda numa pequena cidade na região central
dos Estados Unidos. Não é mais uma venda (hoje ali se comercializa comida
pronta), mas pude perceber onde costumavam ficar o balcão e as prateleiras com
todos os tipos de produtos.
Lembrei-me da venda do Hamer, na estrada Mahatma Gandhi, em Pune,
onde costumávamos fazer as compras quando moramos no Spicer College, Índia.
A venda do Hamer era incrivelmente desorganizada, mas tinha tudo de que
precisávamos. Era impossível encontrar qualquer coisa sozinho: fazíamos a lista
e os atendentes corriam para encontrar os itens, subindo em escadas,
desaparecendo no fundo da loja e movendo coisas de um lado para o outro. Mas
sempre apareciam com uma caixa cheia de bons produtos, exatamente como
esperávamos.
Voltei recentemente à Índia. Caminhei pela estrada Mahatma Gandhi
procurando pela venda do Hamer. Somente depois de caminhar até o fim da
estrada e voltar foi que a encontrei. Bem menor do que me recordava, parecia até
mesmo mais lotada de coisas do que antigamente e em desarmonia com o
crescimento econômico que acompanha os supermercados.
A venda! Boa em servir e atender. Jesus afirmou que o estudante bem
treinado quanto ao reino de Deus é como o dono de uma venda. Servir é a sua
melhor qualidade. Ele sabe exatamente onde está cada item de que o cliente
precisa. Ele traz mercadorias conhecidas, mas também traz novidades.
A graça de Cristo fará isso conosco, se permitirmos que Deus cumpra o
plano que estabeleceu para nossa vida. Continuamente cresceremos em Seu
conhecimento e em Sua Palavra – e partilhar o que sabemos será nosso prazer!
“A verdade, como é em Jesus, pode ser experimentada, mas nunca
explicada. Sua altura, largura e profundidade ultrapassam nosso entendimento.
Podemos exercitar ao máximo a imaginação, e veremos então só tenuemente o
esboço de um amor inexplicável, tão alto quanto o Céu, mas que baixou à Terra
para gravar em toda a humanidade a imagem de Deus” (Ellen G. White,
Parábolas de Jesus, p. 129).
Senhor, faze de mim um gerente da Tua venda.
20 de novembro – terça

A CANÇÃO DO TURNO DA NOITE


Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Todo-
Poderoso descansará. Salmo 91:1, ARC

Certo dia, Bill Longard, que trabalhou por anos no setor de impressão da
Review and Herald, entrou em meu escritório. Ele puxou um antigo cartão de
ponto e me mostrou o que escreveu durante o turno da noite. Ele pegou um dos
salmos mais amados, o Salmo 91, e o transcreveu em rimas:

Oh, preciosa promessa de em Sua sombra descansar,


No esconderijo do Deus Altíssimo para sempre habitar!
Ele é nosso refúgio e fortaleza. As preocupações devemos a Ele
confiar,
Pois Ele prometeu de todas as pestes e inimigos nos libertar.
Com que conforto somos abrigados debaixo de Suas asas protetoras,
Resguardados com o escudo e broquel de Sua verdade salvadora.
Não há temor do pavor noturno nem da arma destruidora,
Nem da peste da escuridão, nem da praga desoladora.
Ao caírem mil ao nosso lado e à nossa direita dez mil,
Contemplaremos a sorte dos ímpios junto Àquele que nos remiu.
Por termos escolhido o Senhor Altíssimo por refúgio e habitação,
Mal nenhum nem desgraça alguma trará sobre nós devastação.
Seus anjos protegerão e guardarão de tropeçar o crente,
Este não terá medo e pisoteará o leão e a serpente.
Oh, que maravilhosa promessa de por Ele ser resgatado,
Ser, enfim, liberto e habitar para sempre com o Amado!
Clamaremos e Ele responderá, auxílio presente na adversidade,
Seremos libertos do mal e honrados por toda a eternidade.
Como podemos rejeitar a salvação à qual todos o Senhor convida?
Busquemo-Lo com alegria e sincero arrependimento, digamos sim à
vida.

Esse é o nosso Senhor! Ele ilumina a escuridão; transforma a exaustiva


tarefa em um tempo de comunhão com o Refúgio Eterno. Ele é o Deus do meio-
dia – e do turno da noite.
21 de novembro – quarta

A EVIDÊNCIA DA GRAÇA
Este, ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a
permanecerem fiéis ao Senhor, de todo o coração. Atos 11:23

Durante os primeiros anos da igreja cristã, os apóstolos e outros seguidores, que


eram todos judeus, pregaram as boas-novas somente ao seu povo. Ainda não
tinham se dado conta de que Jesus tinha vindo para salvar o mundo, não apenas
os filhos de Israel ao redor dele.
Foi preciso uma visão do Senhor para abrir os olhos de Pedro. Somente
depois disso é que ele se dispôs a aceitar a verdade de que não deveria chamar
nenhum homem de impuro ou imundo (At 10:28). Mesmo assim, a porta da
salvação se abriu aos poucos para os gentios. Em Atos 11, no entanto, lemos a
respeito de um grande movimento nesse sentido, ocasião em que “alguns deles,
todavia, cipriotas e cireneus, foram a Antioquia e começaram a falar também aos
gregos, contando-lhes as boas-novas a respeito do Senhor Jesus” (v. 20). Muitas
pessoas creram na mensagem e se voltaram para o Senhor.
Antioquia (na Síria, em contraste com a Antioquia localizada no extremo
ocidente da Pisídia) rapidamente se tornou um importante centro para os
“seguidores do Caminho”, como os cristãos eram chamados na época. A igreja,
sediada em Jerusalém, ouviu as notícias e decidiu enviar o amado Barnabé para
ver o que estava acontecendo. Chegando ali, ele logo notou a evidência da
“graça de Deus” (v. 22), alegrou-se e animou os novos fiéis a permanecerem
firmes no Senhor.
Qual foi a evidência da graça que Barnabé viu e fez com que se alegrasse?
Certamente, a transformação de vidas pelo poder do evangelho. Sempre que a
graça encontra morada no coração, ela transforma completamente o ser. Quem
sabe vagarosa e imperceptivelmente, mas, no fim, homens e mulheres se tornam
novas pessoas; nascem de novo. “Cristo deu a vida a fim de tornar possível ao
homem ser restaurado à imagem de Deus. É o poder de Sua oração que une os
homens na obediência da verdade” (Ellen G. White, Conselhos aos Pais,
Professores e Estudantes, p. 249).
Que alegria é observar a evidência da graça na vida de outros! Já pude
observá-la na Índia; já pude observá-la em sociedades desenvolvidas. Creio
piamente na habilidade das pessoas de mudar, a despeito do que são e das
circunstâncias em que se encontram. Com júbilo observo a evidência da graça
nas pessoas que conheço e amo profundamente. Observo-as se tornarem pessoas
generosas e atenciosas, preocupadas com o próximo, e sei que essa é uma
evidência da graça em ação.
Será que eu demonstro em minha vida a evidência da graça?
22 de novembro – quinta

O INTRUSO
Quando o trigo brotou e formou espigas, o joio também apareceu. Mateus
13:26

Certa primavera, decidi substituir algumas plantas perenes do grande canteiro


de flores por plantas diferentes. Ao ver alguns livros de jardinagem, meus olhos
foram atraídos para as fotos de uma rudbeckia, popularmente conhecida como
margarida-amarela, recomendada para a região de Washington. Assim, saí de
minha loja de jardinagem predileta com várias mudas dessa planta totalmente
nova para mim.
Parti em uma viagem internacional pouco tempo depois de ter plantado as
margaridas-amarelas. Voltei ansioso para ver o jardim. Como será que estavam
as flores? Tudo estava bem. Até bem demais. Uma delas estava mais alta,
vigorosa. Era maior do que as outras; na verdade, parecia diferente.
Observei e aguardei. Aquela planta grande ficou ainda maior e mais cheia
de folhas. Definitivamente as folhas não tinham o mesmo formato das outras
margaridas-amarelas, que logo começaram a soltar botões. Nesse momento,
dúvidas começaram a cruzar minha mente. Quantas mudas de margaridas-
amarelas eu havia levado para casa? Será que realmente eu havia colocado
aquela planta enorme na extremidade do canteiro? Tudo era muito suspeito –
nada de botões, nada de flores.
Por fim, fiquei convencido de que se tratava de um intruso no jardim.
Arranquei-o do canteiro.
Jesus contou a parábola do joio na plantação. Certo fazendeiro semeou
trigo, mas à noite o inimigo veio e semeou joio entre ele. O trigo brotou, e o joio
também. Por algum tempo foi difícil notar a diferença entre o trigo e o joio. Eles
cresceram juntos, lado a lado. Com o passar do tempo, porém, a diferença ficou
evidente. O trigo formou espigas; o joio não. Alguns dos empregados do
fazendeiro quiseram arrancar o joio. “Ainda não”, disse o fazendeiro. “Pode ser
que ao arrancar o joio vocês arranquem também o trigo. Deixem os dois
crescerem juntos até a colheita; então arrancaremos o joio e o queimaremos.”
O pecado é um intruso no jardim de Deus. O Senhor não fez com que
aparecesse; o diabo é seu autor. Mas Deus sabia que o pecado surgiria e tomou
providências para enfrentá-lo. Muito antes de termos nascido, antes mesmo de o
mundo vir à existência, a aliança divina – a aliança da graça – foi formada no
Céu. O Filho viria, tomaria sobre Si nossa culpa e reconquistaria tudo o que foi
perdido para o intruso.
O intruso tomou posse de tudo; o Salvador conquistou tudo de volta.
23 de novembro – sexta

O MISTÉRIO DA GRAÇA
Ele prosseguiu dizendo: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que
lança a semente sobre a terra. Noite e dia, estando ele dormindo ou
acordado, a semente germina e cresce, embora ele não saiba como.”
Marcos 4:26, 27

Aqui vai uma sugestão para qualquer pessoa que queira entender a graça:
cultive plantas. Se você possui um quintal com espaço suficiente para ter
canteiros, melhor ainda. Se você mora em uma casa pequena ou apartamento,
ainda é possível cultivar plantas em floreiras junto à janela, ou em vasos dentro
de casa.
Se você é iniciante, comece com coisas simples. Talvez seja mais indicado
comprar plantas adultas e cuidar delas até adquirir confiança em suas habilidades
em jardinagem. Espero que mais cedo ou mais tarde (mais cedo do que mais
tarde), você volte às raízes e comece a plantar sementes, bulbos ou tubérculos.
Assim, janelas do mistério da vida – e mistério da graça – serão abertas diante
dos seus olhos.
Nos poucos anos de minha experiência em jardinagem, cada vez me
surpreendo mais com o ritmo da vida que o Senhor introduziu no mundo natural.
Dependendo do local em que você mora [no Hemisfério Norte], você observará
açafrões abrindo caminho pelo solo, talvez cobertos de neve, com flores
amarelas, brancas e roxas, prematuramente em janeiro, ou em março, como de
costume. Um pouco depois vêm os narcisos silvestres, os jacintos e em seguida
as tulipas em abril e maio. Nesse período, os lírios do vale já cresceram e exalam
seu perfume no ar. Com a chegada do verão, as dálias, os lírios e os gladíolos
assumem o comando.
Que maravilha! Cada semente, bulbo ou tubérculo possui seu próprio
relógio biológico. Quem é capaz de sondar o mistério da vida contido numa
semente?
Tampouco posso eu explicar o mistério da graça. De igual maneira não
posso explicar como a semente do evangelho – uma palavra proferida, uma
mensagem lida há muito tempo num pedaço de papel, um encontro “por acaso”
com um estranho – fica escondida no coração por dias, meses, anos ou décadas
até que o alarme divino a desperte para a vida. Não posso explicar isso, mas vejo
sempre acontecer.
Ellen White certa vez afirmou que a agricultura é o ABC da educação.
Exatamente. À medida que as crianças trabalham o solo, plantam a semente e
observam o desenrolar do milagre da vida, sua mente é aberta para o milagre da
vida em Jesus.
24 de novembro – sábado

O TESOURO ESCONDIDO
“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Certo
homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de
alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo.” Mateus
13:44

As pessoas que passaram pela grande depressão da década de 1930 adquiriram


uma desconfiança eterna nos bancos. Algumas perderam quase ou todas as suas
economias quando as instituições financeiras da América do Norte foram à
falência e, desde então, passaram a guardar o dinheiro em locais que julgavam
ser mais seguros. O problema foi que muitas dessas pessoas desceram ao túmulo
com seus tesouros particulares escondidos em lugares que ninguém mais
conhecia. Anos mais tarde, alguém encontrava um baú no sótão repleto de
dinheiro, ou uma velha poltrona almofadada com várias notas enfiadas por
dentro do tecido.
Muito semelhante à parábola de Jesus do tesouro escondido. Ali se
encontra um homem que arrenda um pedaço de terra para plantar. Ao preparar a
terra, se depara com algo rígido. Uma pedra, talvez? Não; uma caixa de metal.
Imediatamente o homem se dá conta de que encontrou uma fortuna. Ele deixa o
arado e corre para casa, pede, empresta e faz tudo que pode para juntar o valor
daquele pedaço de terra. A terra custou tudo o que possuía, mas ele está feliz – e
como! –, pois agora possui um tesouro.
Jesus contou essa parábola juntamente com a história do negociante de
pérolas que procura – e encontra – uma pérola magnífica. Em vários aspectos
essas duas parábolas tratam do mesmo assunto, mas há uma diferença importante
entre elas: o negociante estava à procura da pérola enquanto o lavrador
encontrou o tesouro aparentemente por acaso.
Algumas pessoas encontram a salvação porque a procuram; outras
encontram graça aparentemente por acaso. Durante meus anos de ministério
observei os dois casos. Recordo-me da manhã em que Henry apareceu na igreja
quando eu ministrava um seminário sobre o sábado na história cristã. Henry
estava interessado na história, não na igreja. Ele participou do seminário até o
fim; em seguida começou a frequentar a igreja apenas por causa da música. Por
anos esteve ligado à igreja, mas sem a intenção de se unir a ela. Certo dia,
porém, algo aconteceu: Henry decidiu se tornar membro da igreja. Mais tarde,
sua esposa também tomou a mesma decisão. Com o tempo, Henry decidiu se
aposentar mais cedo de seu trabalho junto à NASA e se tornou ministro da Igreja
Adventista do Sétimo Dia. Henry apareceu naquela manhã buscando
conhecimento. Mas o Senhor o conduziu ao tesouro escondido.
25 de novembro – domingo

O HIPOPÓTAMO E O JABUTI
Pois Ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o
muro de inimizade. Efésios 2:14

Do Quênia vem a bela história de uma amizade incomum. Quem poderia


imaginar que um hipopótamo faria amizade com um jabuti? O hipopótamo,
apelidado de Owen pelos guardas-florestais, é apenas um bebê e pesa cerca de
300 quilos. Owen foi arrastado pelo rio Sabaki abaixo até chegar ao Oceano
Índico e, em seguida, foi empurrado para a praia pelas ondas do tsunami que
atingiu a costa do Quênia em 26 de dezembro de 2004, dia do grande terremoto
subaquático.
Os hipopótamos são animais sociais por natureza e gostam de ficar ao lado
da mãe por quatro anos. Owen, com menos de um ano de idade, perdeu a mãe ao
ser arrastado pela correnteza. Traumatizado, Owen procurou uma mãe substituta
e a encontrou em um jabuti macho gigante no centro de recuperação de animais
na cidade portuária de Mombassa. O jabuti, com aproximadamente 100 anos,
parece estar muito feliz em ser a nova “mãe” de Owen.
O hipopótamo segue o jabuti exatamente como os hipopótamos costumam
seguir a mãe. Se alguém se aproximar, Owen fica agressivo, como os filhos
costumam fazer para proteger a mãe biológica. O hipopótamo e o jabuti, a dupla
mais estranha que poderíamos imaginar, nadam, se alimentam e dormem juntos.
Eu teria sentido dificuldade em acreditar nessa história se não tivesse visto
as fotografias que registram essa grande amizade. Essa relação incomum me fez
pensar em outras amizades bíblicas que contrariam as expectativas.
Rute e Noemi: é uma amizade que faz cair por terra todas as piadas
envolvendo as sogras. Davi e Jônatas: mais uma amizade improvável. O príncipe
e o jovem pastor: aquele que nasceu para ser rei e o escolhido para ser rei. Eles
tinham tudo para ser rivais, não melhores amigos. Rute e Boaz: quem poderia
imaginar que a amizade dos dois daria em casamento? Rute não tinha nada, nem
mesmo um lar, era viúva e estrangeira. Boaz era mais velho do que ela, bem de
vida, respeitado. Mas eles se uniram (quer dizer, o Senhor os uniu). Dessa união,
apenas três gerações seguintes, veio o maior rei de Israel, cujo reinado marcou
para sempre a história evocando lembranças nostálgicas. Após muitas outras
gerações, nasceu “Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1:1). Com
Ele desmoronaram as barreiras antigas: o preconceito, o orgulho da raça, a
hostilidade. Ele é a nossa paz, tornando-nos um com Ele.
26 de novembro – segunda

O SILÊNCIO DA GRAÇA
E contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino dos Céus é como o
fermento que uma mulher tomou e misturou com uma grande quantidade
de farinha, e toda a massa ficou fermentada.” Mateus 13:33

Nosso mundo se tornou muito barulhento. Em programas de auditório (uma


abominação moderna), os convidados tentam se sobressair aos demais
interrompendo a fala alheia sem a menor educação, elevando o tom da voz e
falando sem parar para que ninguém mais consiga proferir uma palavra sequer.
Na televisão, o volume aumenta sozinho assim que os comerciais entram no ar.
O espaço à nossa volta está congestionado de sons musicais de qualidades
variadas, conversas ao celular e pessoas comercializando produtos em voz alta.
Deus trabalha de maneira completamente diferente. Ele não grita; mas nos
fala com “voz mansa e delicada” (1Rs 19:12, ARC). Quando Deus veio à Terra
(nós O chamamos de Jesus), Ele não veio munido de megafones, faixas
chamativas ou sistemas de som de primeira linha. “Não gritará nem clamará,
nem erguerá a voz nas ruas”, predisse o profeta a Seu respeito (Is 42:2).
A graça age silenciosamente. É como o fermento, disse Jesus. O fermento é
misturado à farinha para fazer o pão. Hoje temos à disposição fermentos que
agem de forma rápida, diminuindo muito o tempo na cozinha. Seja, porém,
rapidamente ou devagar, o fermento age silenciosamente, permeando a massa
completamente, fazendo-a crescer.
O fermento na parábola “ilustra o poder vivificante e assimilador da graça
de Deus”, escreveu Ellen White com palavras animadoras.
“Ninguém é tão vil, ninguém tão decaído, que esteja além da operação
desse poder. Em todos quantos querem submeter-se ao Espírito Santo deve ser
implantado um princípio novo de vida: a perdida imagem de Deus deve ser
restaurada na humanidade” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 96).
Creio piamente que todo mundo pode mudar. A despeito da idade ou das
circunstâncias, não precisamos continuar no mesmo ciclo de vida. Creio que
podemos crescer, avançar, abrir asas e voar alto. O segredo, porém, se encontra
fora de nós mesmos. Está além de nós, mas pode se tornar parte de nosso ser.
Assim como o fermento misturado à farinha, silenciosamente, misteriosamente,
a graça de Cristo pode mudar as pessoas – pode mudar você e eu.
Não precisamos permanecer irritados nem mal-humorados. Podemos
mudar! Oremos hoje pela graça transformadora de vida.
27 de novembro – terça

COMO CRISTO PERDOOU


Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra
os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Colossenses 3:13

No início da década de 1980, uma onda de terror assolou os moradores de King


County, no estado de Washington. Jovens mulheres começaram a desaparecer.
Alguns corpos foram encontrados no rio Green, que corta a mata. As autópsias
revelaram que as jovens foram estupradas e em seguida assassinadas. Outras
mulheres simplesmente desapareceram sem deixar vestígios.
Os desaparecimentos continuavam a aumentar e a polícia lançou mão de
todos os recursos disponíveis para encontrar e prender o assassino em série, que
ficou conhecido como o assassino do rio Green. Várias evidências ligaram as
vítimas a um jovem que trabalhava pintando caminhões. No entanto, ao
vasculhar a casa, a polícia não encontrou nada que o incriminasse.
A série de assassinatos cessou tão de repente quanto começou. A
investigação esfriou; a equipe da força-tarefa foi reduzida até permanecer apenas
um detetive no caso, que por fim também começou a cuidar de outras
responsabilidades. Quase 20 anos se passaram. Nesse período, houve grandes
avanços nos métodos científicos utilizados pela polícia – em especial, o teste de
DNA para a identificação de indivíduos. O caso do assassino do rio Green foi
reaberto, com poderosos resultados. Os testes de DNA relacionaram três das
vítimas com o rapaz que a polícia suspeitou no início. Exames microscópicos
das partículas de tinta relacionaram o mesmo rapaz com outros quatro
assassinatos. Detido e diante das evidências de sua culpa, o pintor de caminhões
confessou os crimes.
Finalmente chegou o dia do julgamento. À medida que o juiz lia a lista de
vítimas, nome após nome, o réu se declarava culpado. O número de vítimas
aumentava cada vez mais. Cada uma delas tinha sido especial para um parente,
irmão ou amigo e, acima de tudo, para Deus. A lista parecia infindável até que a
contagem se encerrou em 48 vítimas. Durante a leitura da longa lista, o assassino
não demonstrou nenhum sentimento, nenhuma emoção, nenhum remorso ou
arrependimento. Parecia que nada podia atingi-lo. Chegou o momento em que o
juiz deu oportunidade para os parentes das vítimas se expressarem. Um senhor
de barba branca se levantou e disse ao assassino que o perdoava. Ele disse que o
Senhor nos ensinou a perdoar, a despeito da seriedade da questão, e, assim, por
mais difícil que fosse, ele o perdoava.
O assassino, aparentemente feito de pedra, caiu em prantos. O perdão
derrete o gelo. O perdão despedaça as pedras. Exatamente o que o Senhor fez
com nosso coração frio e endurecido.
28 de novembro – quarta

A DISPUTA ENTRE A VIDA E A MORTE


Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo
o Seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos:
Reconciliem-se com Deus. 2 Coríntios 5:20

Susan Torres gozava de perfeita saúde ao descobrir no mês de fevereiro que


estava grávida. Ela e o esposo, Jason, receberam a notícia do segundo filho com
a mistura comum de alegria e apreensão. Susan estava com 26 anos. Aos 17
anos, os médicos haviam removido uma pinta escura e disforme de seu braço e a
biópsia havia indicado que se tratava de melanoma. Na ocasião, porém, os
médicos lhe deram alta e a garantia de que estava tudo bem.
Então, no fim de abril, Susan começou a reclamar de um pouco de náusea.
Começou também a sentir dores de cabeça cada vez mais fortes. Ao persistirem
os sintomas, Jason a levou ao hospital e os médicos disseram que ela estava
apenas um pouco desidratada. O casal voltou para casa.
Em 7 de maio, o esposo de Susan preparou o jantar e a ajudou a se
alimentar, pois ela estava de cama. Susan pediu desculpas por dar tanto trabalho.
“Não se preocupe, querida”, o esposo respondeu.
Momentos depois, Susan parou de respirar. Jason chamou a ambulância e
deu início à ressuscitação cardiopulmonar. No hospital, os médicos submeteram
Susan à tomografia computadorizada e não detectaram nenhuma atividade
cerebral. Susan tinha um tumor na parte posterior da cabeça que havia entrado
em metástase e sangrado, pressionando o cérebro. Aos 26 anos, Susan Torres
sofreu morte cerebral. Ela estava com cinco meses de gestação.
Após uma reunião com Jason, os pais de Susan e os médicos, foi tomada
uma decisão corajosa: eles tentariam manter o corpo de Susan vivo através de
máquinas e manteriam o feto nutrido e hidratado na esperança de que o bebê
conseguisse chegar às 25 semanas (metade de julho), fase em que teria a chance
de sobreviver fora do útero. Essa também seria uma disputa contra o melanoma
mortal que se espalhava pelo corpo de Susan e tinha a capacidade de penetrar a
placenta e atacar o feto. Foi imensa a pressão que Jason Torres sofreu, ao tentar
cuidar da esposa e do filho de dois anos. A conta do hospital era astronômica:
mais de um milhão de dólares.
Por que ele decidiu agir assim? Por que os médicos apoiaram essa decisão?
Para dar a uma criança a chance de viver.
Por que o apóstolo Paulo se dedicou completamente à pregação do
evangelho, sem se poupar? Para dar a um filho de Deus a chance da vida eterna.
Vida! Essa é a questão.
29 de novembro – quinta

HINO DE AÇÃO DE GRAÇAS


[Deus] mostrou Sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no
tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e um coração cheio de
alegria. Atos 14:17

Já cortaste o trigo do campo dourado,


A cevada, a aveia e o grão de centeio,
O milho doce e o arroz perolado?
Pois o inverno se aproxima sem receio.
Colhemos tudo de outeiro a outeiro,
E o grão está a salvo dentro do celeiro.

Já colheste as uvas da vide rosada


Os belos frutos campestres,
A flor e a erva perfumada,
E o mel de abelhas silvestres?
Nossos são a ameixa, a maçã e o pêssego adocicado
E o favo de mel de lindas flores fabricado. [...]

Mantenha, pois, nos lábios uma canção de louvor!


Em suas mãos traga um presente!
Ao eterno Doador da vida,
Demonstre gratidão e espírito contente!
Pela alegria e a promessa da primavera,
Pelo nascer do forte refilho,
A cevada, o centeio e a aveia,
O arroz, o trigo e o milho.

Ação de graças! Ação de graças! Ação de graças!


Alegremente, gratamente, proclama,
Deus, o mantenedor do homem,
O generoso Pai que a todos ama.
Anônimo, Agricultural Almanac 1894
30 de novembro – sexta

O LEÃO PROTETOR
Então um dos anciãos me disse: “Não chore! Eis que o Leão da tribo de
Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.”
Apocalipse 5:5

A cena descrita em Apocalipse 5 é uma das mais poderosas de toda a Bíblia.


João, chorando porque ninguém foi encontrado digno de abrir o livro do destino,
ouve palavras consoladoras: o Leão da tribo de Judá abrirá o livro! João aguarda
ansiosamente para ver o Leão, mas em vez disso, observa um Cordeiro que
parecia ter sido morto.
Geralmente pensamos nos leões como animais ferozes que ameaçam nossa
segurança e a própria vida. A Bíblia, porém, apresenta nessa cena outro lado
desse animal. Jesus como leão é o nosso grande protetor que afugenta tudo
aquilo que busca nos prejudicar.
A Associated Press publicou uma história incrível sobre o instinto protetor
do leão. Uma menina de 12 anos de idade da Etiópia foi levada por sete homens
que queriam forçá-la a se casar com um deles. Eles a raptaram e a espancaram
brutalmente. Uma semana depois de seu desaparecimento, a polícia e os parentes
a encontraram na periferia de Bita Genet, capital de uma província cerca de 560
quilômetros a sudoeste de Adis Abeba, capital do país. Ao ser encontrada, a
menina estava sob a proteção de três leões que aparentemente haviam espantado
os sequestradores. Assim que a equipe de resgate chegou, os leões “a deixaram
como se fosse um presente e voltaram para a floresta”, afirmou o sargento da
polícia. “Se os leões não a tivessem resgatado, certamente a situação teria sido
muito pior”, disse. “Todo mundo tem certeza de que isso foi um milagre, pois os
leões normalmente atacam as pessoas.”
Os leões da Etiópia, famosos por suas enormes jubas negras, são o símbolo
nacional do país. Eles dão forma a representações artísticas e adornam a moeda
local. Apesar da proibição imposta pelo governo, os caçadores matam esses
animais por causa da pele, que chega a custar mil dólares. Restam apenas cerca
de mil leões etíopes no mundo.
Nós também fomos sequestrados e espancados severamente. Nosso
adversário é forte e diabolicamente inteligente. Ele anda ao redor como um leão,
procurando alguém para devorar.
Mas não tenha medo dele. Não perca tempo pensando em seus ardis e
poder. Alguém muito mais forte está ao nosso lado para nos proteger. Diante
dEle o diabo e suas hostes fogem com medo.
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb

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1º de dezembro – sábado

O PRESENTE DA VIDA
Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a Sua vida por nós, e
devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. 1 João 3:16

De todas as histórias maravilhosas que chegaram ao escritório da Adventist


Review, para mim não há história melhor para ilustrar a graça do que o presente
da vida que Geri Kennedy concedeu ao seu irmão, Craig. Eu já tinha ouvido
partes dessa história, mas Geri ainda se sentia relutante em partilhar detalhes tão
pessoais. Por fim, ela permitiu que Myrna Tetz, que na época ocupava o cargo de
coordenadora editorial, preparasse a história para ser publicada.
Craig se encontrava em uma condição desesperadora. Sofria de
insuficiência renal aguda. Ele precisava receber com urgência a doação de um
rim. Geri lutou com a ideia do que poderia fazer para ajudá-lo. Se os testes
fossem positivos, seria ela saudável o bastante para doar um de seus rins? De
que maneira seu esposo, filhas e pais reagiriam diante de sua decisão de fazer
isso por alguém que consumia álcool e fumava? Será que Craig se sentiria para
sempre em débito?
Após muita oração e reflexão, Geri decidiu seguir com o plano. Craig
implorou para que ela não fizesse a doação. Ela respondeu que acreditava que
Deus estava à frente de tudo e que tudo estava nas mãos dEle.
– O que posso fazer para recompensá-la? – Craig perguntou.
Geri respondeu com um largo sorriso: – Não se preocupe; farei uma lista.
Em seguida, acrescentou: – Meu rim não bebe e não fuma, e vai à igreja
todo sábado. Por favor, não tente mudar o estilo de vida dele.
Na sala de cirurgia, a equipe médica colocou a maca de Geri e a de Craig
lado a lado. Eles olharam um para o outro e deram as mãos. Craig perguntou
com um olhar sério: – Onde está?
– Onde está o quê?
Com lágrimas escorrendo pela face, ele respondeu: – A lista.
Nesse momento, as lágrimas de Geri começaram a rolar também.
– Craig, não há lista nenhuma. Este é um presente. Eu o amo. Deus o ama.
Ele nos ajudará a passar por isso.
Nem um milhão de palavras poderia expressar o olhar de Craig, Geri
recordou mais tarde. Tudo o que ele pôde fazer foi apertar mais forte a mão da
irmã, sorrir em meio às lágrimas e acenar com a cabeça. E tudo deu certo.
2 de dezembro – domingo

VIVENDO COM GRAÇA


Todos falavam bem dEle, e estavam admirados com as palavras de graça
que saíam de Seus lábios. Mas perguntavam: “Não é este o filho de
José?” Lucas 4:22

Essa passagem é o meu modelo para a vida cotidiana. Jesus, cheio de graça,
viveu graciosamente.
Discursar sobre a graça é uma coisa; viver a graça é outra história. Posso
falar por experiência própria. Ao longo dos anos, com frequência e intensidade
crescentes, minhas pregações e textos passaram a ressaltar a graça. A cada
sermão, a cada testemunho, sou também abençoado, graça sobre graça. Mas sou
obrigado a dizer que, muitas vezes, infelizmente, minha prática não condiz com
minha pregação. As palavras de Jesus eram sempre cheias de graça, mas as
minhas facilmente saem manchadas com rispidez e negativismo. A vida de Jesus
sempre transmitiu ânimo e convicção às pessoas ao seu redor, mas a minha
transmite uma mensagem misturada de qualidades positivas com egoísmo e
orgulho.
De todos os aspectos da vida, creio que aquilo que falamos é o melhor
meio de revelar quem e o que somos. “A boca fala do que está cheio o coração”,
disse Jesus (Mt 12:34). Essas palavras foram seguidas de uma forte afirmação:
“Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão
condenados” (v. 37). Tiago observou: “Se alguém não tropeça no falar, tal
homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo” (Tg 3:2).
Em meu trabalho, recebo milhares de cartas e muitos telefonemas. Leio
toda correspondência, até mesmo as cartas “quentes” que preciso colocar luvas
térmicas para segurar. Logo no início de minha carreira como editor da Adventist
Review, sempre respondia aos questionamentos que recebia, ponto a ponto. O
que significa que essas cartas voltavam para mim com uma nova rodada a ser
respondida.
Com o tempo, aprendi a não argumentar, nem debater. Aprendi a responder
de maneira branda e suave, agradecendo a pessoa por dedicar tempo para me
escrever e dizer-lhe que talvez tivesse razão. Que diferença isso fez! Hoje, os
que enviam cartas agressivas para mim voltam a escrever, às vezes com um
pedido de desculpas, às vezes pedindo que eu rasgue a carta anterior.
Os telefonemas são mais difíceis. A voz acusadora do outro lado da linha
incentiva a resposta automática no mesmo nível. Mas esse tipo de conversa não
leva a lugar nenhum. Muito melhor é responder com palavras de paciência –
palavras de graça.
Viver com graça. Esse é o meu objetivo. Fácil falar, difícil fazer, mas
possível pelo poder do Espírito de Deus.
3 de dezembro – segunda

CRÍQUETE
Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em
troca da alegria que Lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo
caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus
12:2, ARA

Por ter sido criado na Austrália, cresci jogando críquete. Muitas horas de minha
infância foram gastas com tranquilidade (o críquete é um jogo de movimentos
lentos) sob o calor do Sol.
Da Austrália para a Índia, em seguida para o Spicer College por um
período de 12 anos. E mais críquete. A Índia absorveu as tradições britânicas.
Nas tardes de domingo sob o Sol tropical, eu me reunia com muitos dos alunos
que viviam sempre a ponto de ser expulsos da instituição, mas que nunca me
deram o menor problema em classe. Encontro com eles em todo lugar que visito,
alunos dos idos dias no Spicer College. Eles invariavelmente relembram duas
coisas: as aulas de Vida e Ensinos de Jesus que ministrei a todos (livro de minha
autoria) e críquete.
Para os inexperientes (ou seja, os que não cresceram praticando esse
esporte), o críquete parece incompreensível. Em qual outro esporte os dois times
podem jogar por cinco, ou até seis dias (nas partidas internacionais de críquete
conhecidas como “test matches”) e no fim pode ser que todos declararem
empate? A linguagem do críquete é enigmática: silly leg, the slips, silly point, no
ball, wrong ‘un, googly e assim por diante. Será que foi Shakespeare que
inventou uma linguagem assim? Onde mais no mundo o jogador tem que fazer
uma pergunta ao árbitro antes de ele levantar o dedo indicador, sinalizando que o
rebatedor está fora? O jogador derrubou o wicket (três pinos de madeira em
posição vertical) – eles estão no chão –, mas ainda é preciso perguntar ao homem
de calças pretas, gravata, casaco branco e chapéu (sob o Sol escaldante): “O que
achou disso?” (que é respondido com um grito que soa mais ou menos assim:
“Owzaaat!”)
Para os amantes do críquete, nada se compara a esse esporte. Homens – e
meninos – varam a noite assistindo “test matches” em outras partes do mundo.
Faz muito tempo, desde que joguei críquete, mais tempo ainda desde que assisti
a última partida. Mas uma coisa ficou gravada em minha mente: manter o olhar
fixo no campo. O rebatedor está ali há horas. Ele já ganhou mais de cem corridas
e parece que ficará ali até “stumps” (o fim do dia). Você tira os olhos do campo
por alguns segundos, ouve um triunfante “Owzaaat!” e o rebatedor sai vitorioso.
Para os cristãos no jogo da vida, apenas uma coisa realmente importa:
manter o olhar fixo em Jesus Cristo.
4 de dezembro – terça

A ÚLTIMA PREGAÇÃO DE JESUS


Então as “ovelhas” vão dizer: “Mestre, do que o Senhor está falando?
Quando é que O vimos com fome e O alimentamos, com sede e Lhe demos
de beber? Quando é que O vimos doente ou preso e fomos visitá-Lo?”
Mateus 25:37, 38, The Message

Em Sua última pregação antes de seguir para o Calvário, Jesus utilizou Seu
método de ensino mais conhecido: a parábola. No capítulo 24 do Evangelho de
Mateus, Ele esboçou o curso da história sagrada, desde o tempo dos discípulos
até a segunda vinda. Em seguida, no capítulo 25, Ele falou a respeito do preparo
para esse evento, encerrando com a cena do julgamento em que o justo é
separado do ímpio.
A parábola das ovelhas e dos bodes aparentemente é muito simples. O
pastor separa as ovelhas dos bodes, colocando as ovelhas à direita e os bodes à
esquerda. De igual maneira, Jesus disse, ocorrerá no fim dos tempos, no dia do
julgamento.
Jesus Se identificou como aquele que fará a separação: “O Filho do homem
ocupará o Seu lugar em Seu trono glorioso. Então, todas as nações se colocarão
diante dEle e Ele separará as pessoas” (Mt 25:31, The Message). Certamente é
muito confortador pensar que Aquele que veio para nos salvar, oferecer Sua vida
por nós no Calvário, é o mesmo que Se assentará como nosso juiz.
Mas e quanto à separação? Qual é o critério para separar as ovelhas dos
bodes?
O critério nos deixa surpresos. Primeiro, porque não encontramos nenhuma
especificação da fé em Jesus como nossa única esperança e salvação. Segundo,
porque a separação parece fundamentar-se completamente nas obras – o que foi
feito, ou o que não foi feito.
O que aconteceu com o evangelho? Onde está a graça?
Observe com atenção. Às vezes o que é óbvio está tão escancarado que
nem percebemos.
Jesus separa as ovelhas dos bodes. Ele não declara que alguns são ovelhas
e outros bodes; eles já são o que são. O julgamento simplesmente revela a
identidade de cada um.
E as obras, ou a falta delas? Você notou o tom de surpresa? As “ovelhas”
ficam surpresas (felizes) por serem elogiadas por aquilo que fizeram. A vida
delas reflete o poder transformador da graça, mas elas não se dão conta disso.
Não fizeram o bem para ganhar a salvação, mas porque foram salvas.
A salvação não é pelas obras, mas também não ocorre sem elas.
5 de dezembro – quarta

GRAÇA CRIATIVA
Vejamos quão criativos podemos ser ao encorajarmos o amor e as boas
obras. Hebreus 10:24, The Message

Gosto de observar o comportamento das pessoas quando saem da igreja após o


culto. Quando saem cabisbaixas, mal cumprimentando os outros e apressadas,
digo a mim mesmo: “Elas não escutaram as boas-novas hoje.” Mas quando
entoam o hino final com ânimo, caminham com a cabeça erguida e demoram
para deixar o lugar em que foram abençoadas, reflito: “Hoje elas ouviram a
mensagem de esperança e coragem.”
Não vamos à igreja para ser espancados pelo pregador. A vida já é dura
demais. Não precisamos que alguém nos diga o que já sabemos, que
atrapalhamos tudo, que frustramos o ideal de Deus para nós. Não vamos à igreja
porque somos perfeitos, mas porque estamos longe da perfeição. Queremos ver
Jesus, nosso Salvador, nosso Médico, nossa esperança viva.
Um dos meus pregadores preferidos é o pastor adventista do sétimo dia Jim
Gilley. Seus sermões são sempre interessantes e entrelaçados com ilustrações, a
maioria extraída de sua própria experiência. Ele nunca se coloca em evidência,
apenas partilha suas lutas com uma pitada de humor autorreprovador.
O pastor Gilley já escreveu vários livros, entre eles Keep On Keeping On
[Prossiga Prosseguindo]. Não é de surpreender que ele tenha um sermão com o
mesmo título em que conta a história de um homem diabético que, por muitos
anos, cuidou rigorosamente de sua dieta alimentar, mas, por fim, disse à família:
“Vou comer o que bem entender, mesmo que isso me mate.” E cumpriu o que
disse. Apenas duas semanas após sua morte, a insulina injetável foi inventada.
Ele desistiu cedo demais.
Durante a época da faculdade, Jim Gilley teve notas muitos ruins e decidiu
parar os estudos. Ao conversar com o reitor da instituição para solicitar a
interrupção do curso, o reitor logo percebeu o problema de Jim: seu namoro
havia acabado fazia pouco tempo. O reitor aconselhou Jim a tirar uns dias de
folga fora do campus e assegurou-lhe que assinaria os papéis para a desistência
do curso assim que ele retornasse ao campus. Jim aceitou o conselho do reitor e
saiu por alguns dias. Dirigiu horas e horas, pensou muito. Ao retornar para o
campus, decidiu continuar os estudos. Ele permaneceu na instituição, tratando a
ex-namorada da forma mais rude que podia.
Mas a graça é estranha e maravilhosamente criativa. Um ano mais tarde,
eles se casaram e viveram felizes para sempre!
6 de dezembro – quinta

A COMPAIXÃO DE CRISTO
Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e
desamparadas, como ovelhas sem pastor. Mateus 9:36

Ao caminhar pelas ruas da cidade grande, ao observar a multidão reunida para


um evento esportivo ou celebração, o que passa em seu coração? Podemos olhar
para as pessoas com preconceito, enxergar apenas os maus hábitos que as
impedem de atingir seu potencial, ou nosso coração pode identificar-se com elas,
almejando seu aperfeiçoamento eterno.
A versão Almeida Revista e Corrigida reproduziu Mateus 9:36 da seguinte
forma: “E, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam
desgarrados e errantes.” Jesus não pensou em seus erros e abusos da liberdade;
viu apenas seu coração devastado. Ele foi tomado de compaixão. Profunda
preocupação inundou Seu ser. Uma força poderosa e instigadora não permitiu
que Ele meramente olhasse. Ele tinha que fazer alguma coisa.
Jesus Se compadeceu ao olhar as multidões. Compadeceu-Se de cada
necessidade que cruzou Seu caminho. Compadeceu-Se diante do leproso que
caiu aos Seus pés e suplicou: “Mestre, Se quiseres, podes curar o meu corpo”
(Mt 8:2, The Message). A despeito das leis da purificação cerimonial que
proibiam tocar em qualquer pessoa ou objeto impuro (Lv 5:3), Jesus tocou
aquele homem e disse: “Eu quero. Fique limpo” (v. 3, The Message). A palavra
de Jesus já teria sido suficiente, mas Sua compaixão O levou a demonstrar a
maior expressão de amor que um leproso poderia receber: o toque da mão
humana.
Diante da viúva, chorando ao lado do caixão de seu único filho, “Seu
coração se compadeceu. Ele disse: ‘Não chore.’ Em seguida, aproximou-Se e
tocou o caixão” (Lc 7:13, 14, The Message). Ele acordou o jovem do sono da
morte e o devolveu para a mãe.
Diante de Pedro, tão corajoso e agressivo nos dias ensolarados, tão covarde
quando o dia estava nublado, o Mestre voltou-Se e o fitou logo após o galo
cantar. Não foi um olhar de raiva, mas de decepção, cheio de compaixão e pesar.
E Pedro “saiu e chorou muito” (Lc 22:62, The Message).
Todo o ministério de Jesus pode ser resumido assim: “Ele teve grande
compaixão.”
Aquilo que condenamos nos outros, omitimos em nós mesmos. Mas Jesus
foi além da censura. Cheio de graça e verdade, Ele ofereceu a graça aos ricos e
aos pobres, aos judeus e aos gentios, aos homens e às mulheres. Sua compaixão
não conheceu fronteiras nem limites.
7 de dezembro – sexta

A VIDA DA GRAÇA
Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Filipenses 1:21

Certa vez, um homem me escreveu a respeito de quão injusta a igreja é. Não se


trata do que você conhece, mas de quem você conhece, disse ele. A menos que
você tenha os contatos certos e o nome certo, você jamais chegará a lugar algum.
Não é bem assim, respondi. Talvez isso seja verdade em alguns casos, mas
definitivamente não no meu. A igreja me confiou grandes responsabilidades, mas
em termos de contatos e nomes eu não sou ninguém. Assim como Amós, que
relembrou seu acusador de que não era profeta, nem filho de profeta (Am 7:14),
eu não era líder, nem filho de líder. O Senhor simplesmente impôs Suas mãos
sobre mim – eu, alguém que, por assim dizer, saí do nada – e me deu um
trabalho a fazer.
Fui e sou o indivíduo mais abençoado de todos. Tudo que realizei de bom
foi possível apenas pela graça de Cristo. Toda influência que exerci para a glória
de meu Senhor foi possível apenas através da atuação da Sua graça em minha
vida e ministério.
As responsabilidades que me foram confiadas me concederam um lugar ao
sol superior ao de pessoas muito mais capacitadas do que eu. Ao longo dos anos,
várias pessoas me abordam no saguão de aeroportos e em outros locais públicos
por terem reconhecido meu rosto a partir de uma fotografia que viram nos livros
que publiquei ou da imagem em um programa de televisão. Não sou uma
“estrela”. Jesus Cristo é a única “estrela”. Mas meu trabalho gerou uma medida
de reconhecimento excedente à de outros cristãos cuja vida e obras refletem a
Cristo muito mais do que no meu caso.
Vivemos numa era estranha. A mídia deu vida a algo totalmente novo na
história humana: o culto à celebridade. Seres humanos comuns são colocados em
evidência. As pessoas passam tempo refletindo sobre a vida desses indivíduos,
idolatrando-os. A maioria está disposta a fazer quase qualquer coisa, até mesmo
expor-se ao ridículo e ao comportamento vulgar, a fim de aparecer na televisão
ou em filmes.
Para mim, viver é Cristo. Tudo se resume nEle; não em mim. Não se trata
de uma questão de sucesso dos meus planos; mas de Sua glória. Não se trata de
elevar meu ego, ganhar a discussão para provar algo para alguém ou,
especialmente, para mim mesmo.
Não tenho que provar nada. Jesus me ama, me aceita, me salva. Isso é tudo
que eu preciso aqui na Terra e no Céu.
8 de dezembro – sábado

NISTO CREIO
Sei em quem tenho crido e estou bem certo de que Ele é poderoso para
guardar o que lhe confiei até aquele dia. 2 Timóteo 1:12

Creio que Deus nos ama com um amor mais forte do que a morte, um amor que
nunca desiste, um amor que nos acompanhará por onde quer que formos. Creio
que Deus planeja apenas o melhor para nós, que em Sua visão de longo alcance
Ele estabelece um plano para a nossa vida na Terra e para a eternidade. Creio
que Deus nunca desiste do pecador, que Ele continua a suplicar e atrair-nos de
volta para Si, que Ele nos dá uma segunda chance, e uma terceira, e uma décima
sétima, e uma septingentésima.
Creio que, apesar de parecer totalmente o contrário, a taça da existência
humana está meio cheia, não meio vazia. Creio que as pessoas podem mudar –
todos, todos nós, inclusive eu. Creio que não temos que seguir o mesmo curso
ano após ano, mas que em qualquer idade e em qualquer circunstância podemos
crescer e melhorar intelectual, moral, social e espiritualmente.
Creio que a graça é o maior agente de mudança no mundo, capaz de
transformar indivíduos, congregações e sociedades.
Creio que em meio ao mal esmagador uma única vida, capacitada pela
graça de Cristo, pode exercer uma profunda influência para o bem.
Creio que um sorriso pode fazer mais do que uma hora de pregação que
aponta os erros.
Creio que não somos criaturas do acaso, que um Criador onisciente e
profundamente amoroso trouxe o Universo à existência.
Creio que Aquele que fez os mundos do nada, de acordo com Seu
propósito, também conduzirá todas as coisas para um fim glorioso.
Creio que nós seres humanos, finitos, frágeis e débeis, podemos conhecer o
Criador do Universo através de um relacionamento pessoal. Creio que esse
relacionamento trará o sentido e a plenitude de vida que tanto almejamos.
Eu creio!
Creio por causa de Jesus Cristo, cheio de graça e verdade. Não no que eu
creio, mas em quem eu creio.
9 de dezembro – domingo

A ABUNDÂNCIA DA SALVAÇÃO
Com alegria vocês retirarão baldes de água do poço da salvação. E, ao
fazer isso, dirão: “Louvem a Deus, proclamem o Seu nome.” Isaías 12:3,
4, The Message

O capítulo 12 de Isaías, apenas seis versos ao todo, transborda em alegria.


Trata-se de um cântico de louvor pelo livramento de Deus e borbulha como uma
fonte límpida e cristalina.
Para entender por que essa passagem é tão entusiástica, precisamos
consultar o capítulo anterior. Ali lemos a respeito do ramo que surgiria do tronco
de Jessé (v. 1), o abençoado Libertador cujo reino traria justiça, baniria a
opressão e o ódio e restauraria a paz e a harmonia em toda a criação.
Quem é ele? Apenas uma pessoa possui tais qualificações: Jesus Cristo,
nosso Senhor e Salvador. Na antiguidade, o profeta entoou esse louvor, e hoje eu
o faço. Louvo ao Senhor pela realidade de Sua graça salvadora, pela abundância
da graça e pela alegria que inunda meu coração por causa disso.
A Sua salvação, diz o profeta, é como a água de um poço profundo. Essa é
uma imagem encontrada com frequência na Bíblia. As regiões bíblicas são secas;
a água (ou seja, poços, fontes e os eventuais rios) torna a vida possível. No livro
de Gênesis encontramos Abraão e Isaque cavando poços e alegrando-se ao
encontrar uma fonte abundante. Também lemos a respeito das disputas travadas
pelos poços, como também de poços tendo seu acesso impedido. Poços
representam a água, poços representam a vida.
No momento em que o Ramo de Jessé apareceu, Ele relacionou à água a
nova vida que Ele oferece. “Quem beber da água que Eu ofereço nunca mais
sentirá sede – jamais”, Ele afirmou à mulher samaritana. “A água que Eu ofereço
é em si um poço artesiano, esguichando fontes de vida eterna” (Jo 4:14, The
Message).
Água. Tão simples, tão básica, tão necessária. Valorizada hoje até mesmo
em lugares em que há abundância de chuva. Quem poderia imaginar que haveria
um mercado tão grande para a água engarrafada?
Graça. Tão simples, tão básica, tão necessária. E tão abundante. Deus nos
oferece a salvação em abundância. Ele não raciona a graça.
Nesta manhã, durante nossa caminhada no parque, Noelene e eu nos
deparamos com um canteiro de espinheiros azuis, brilhantes em seu traje de
verão. Pássaros azuis voavam em volta do canteiro e o brilho das penas refletia
exatamente o azul dos espinheiros.
Uma bênção dupla – mais uma evidência da abundância da graça.
Continuamos a caminhada alegrando-nos no Senhor.
10 de dezembro – segunda

O REENCONTRO
Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu
filho, e o abraçou e beijou. Lucas 15:20

Aos quatro anos de idade, Reese Hoffa incendiou a casa de sua família. Para a
mãe solteira, Diana Chism, ainda adolescente, aquilo foi a gota d’água para o
que encarou como uma causa perdida em sua vida. Ela levou Reese e seu irmão,
Lamont, para um enorme edifício com extensos corredores e muitas crianças,
abraçou-os, entrou no carro e foi embora.
Reese por muito tempo esperou a mãe voltar ao orfanato, mas isso nunca
aconteceu. Finalmente, separado do irmão e adotado por outra família, ele entrou
contrariado para uma nova vida. A princípio, ficou relutante e confuso, mas se
tornou um homem bem-sucedido. Com 1,80 m de altura e 115 quilos, Reese
Hoffa hoje é um dos melhores e mais divertidos lançadores de peso do mundo.
Por quase 20 anos, Reese tentou encontrar as peças que faltavam em sua
história incompleta. Flashes de recordação, os únicos pertences que restaram de
sua infância, cruzavam sua mente vez após outra. Movido pela dor e pela
curiosidade, ele almejava conhecer e entender quem ele era. Quando viajava
para participar de competições esportivas, vasculhava listas telefônicas locais à
procura do irmão, Lamont. Não tinha a menor ideia do paradeiro de sua mãe
biológica. Não sabia o primeiro nome dela, apenas que o sobrenome começa
com C-h-i.
Enquanto isso, Diana, então bem casada e com a vida em ordem, também
estava à procura do filho. Ela entrou em contato com a assistente social que
havia arranjado a vaga para os filhos no orfanato, mas a assistente se recusou a
dar informações. Diana começou a vasculhar recortes de jornal com notícias
relacionadas a crianças e turmas de formandos, leu com atenção várias bobinas
de microfilme, realizou inúmeras pesquisas na internet, mas tudo em vão. Assim,
decidiu disponibilizar algumas informações na internet como última tentativa
para encontrar o filho perdido.
Certa noite, Resse Hoffa, já em seu último ano na Universidade da
Geórgia, recomeçou a longa busca por Lamont. Ele encontrou um novo site,
informou a data e o local de seu nascimento e se deparou com uma mensagem:
“Sou uma mãe à procura do filho que coloquei para adoção aos quatro anos em
1981, em Louisville, Kentucky.” Haviam se passado 19 anos desde que ela o
havia deixado no orfanato. Diana Watts não conseguia conter o tremor das mãos
ao pegar o telefone para ligar para o celular de Reese. As primeiras palavras que
Reese conseguiu falar foram: “Sinto muito pelo incêndio.”
11 de dezembro – terça

OS CAMPOS ENSOLARADOS DA VIDA


Livraste-me da beira da morte, tiraste meus pés do abismo da destruição.
Agora passeio livremente com Deus nos campos ensolarados da vida.
Salmo 56:13, The Message

Cresci num lar que ficava nos limites da cidade. Bem atrás de nossa casa
estendiam-se os imensos campos da fazenda leiteira, convidando-nos para
empinar as pipas que nós mesmos fazíamos. Depois da fazenda, havia uma
estrada e do outro lado uma grande planície que pertencia à base de
abastecimento militar, mas aberta ao público. Uma árvore solitária se destacava
naquele cenário, e perto dela havia uma quadra de concreto de 20 metros de
extensão construída para jogar críquete. Arrastávamos o equipamento de
críquete pela fazenda até chegar ao campo militar. Se andássemos mais um
pouco, chegaríamos à plantação de trigo. Lembro-me de ter andado por ali, com
o trigo quase da minha altura. Escolhi um bom lugar e deitei por cima do trigo.
Fiquei ali, totalmente escondido do mundo, olhando para o céu. O zunido dos
insetos era o único som que eu podia ouvir.
O sol australiano brilha forte. Toda vez que visito minha terra natal, esta é a
primeira coisa que me chama a atenção: o brilho intenso da luz. Outro lugar que
visitei que sempre associo à luz é a Irlanda. Não como os brilhantes raios solares
da Austrália, mas uma luz de natureza mais suave e encantadoramente bela.
Nos dias de minha infância, eu caminhava despreocupadamente – sem
chapéu, sem protetor solar. Hoje ainda caminho em campos ensolarados, mas
com uma diferença: aprendi “a música dolente e imóvel da humanidade”
(Wordsworth); senti o poder das garras gélidas da morte; espreitei o abismo da
destruição. E o Deus da graça me concedeu a alegria e o conforto inexprimíveis
de continuar passeando pelos campos ensolarados.
Na época em que fui aluno do Avondale College, na Austrália, o coral
costumava entoar uma linda melodia: “Meu Deus e Eu” [HASD, 417]. Esse hino
fala de uma pessoa que, segurando na mão de Deus, sai para caminhar pelos
campos em Sua companhia. Eles conversam como bons amigos; riem juntos.
Deus lhe conta a respeito dos planos que tem para a sua vida e, em seguida, o
hino atinge o auge de sua letra ao falar do glorioso porvir, ocasião em que a
Terra e seus curtos dias passarão. “Meu Deus e Eu” ainda caminharemos juntos,
para sempre e eternamente.
Querido Deus, toma-me pela mão e caminha comigo hoje.
12 de dezembro – quarta

GRAÇA E MAIS GRAÇA


Ó povo de Sião, que mora em Jerusalém, você não vai chorar mais. Como
ele será bondoso quando você clamar por socorro! Assim que ele ouvir,
lhe responderá. Isaías 30:19

Note o que Ellen White escreveu: “À medida que sua alma anela a Deus, mais e
mais vocês encontrarão as infinitas riquezas de Sua graça. Ao contemplarem
essas riquezas, vocês passarão a possuí-las, e revelarão os méritos do sacrifício
do Salvador, a proteção de Sua justiça, a plenitude de Sua sabedoria, e Seu poder
de lhes apresentar diante do Pai ‘imaculados e irrepreensíveis’ (2Pe 3:14)” (Atos
dos Apóstolos, p. 567).
A noite pode trazer o choro, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30:5). Deus
promete não apenas enxugar nossas lágrimas ao fazer todas as coisas novas (Ap
21:4), mas também apagar da nossa mente as tristezas desta vida.
Você se sente depressivo, imaginando se um dia voltará a ser capaz de
sorrir? Já passei por dias assim, dias em que por alguns instantes ficaria feliz se a
vida simplesmente chegasse ao fim, tão insuportável era a dor que eu sentia.
Deus, porém, me ajudou a enfrentar esses momentos. Em meu senso de
desolação, clamei silenciosamente a Deus e descobri que a resposta dEle foi
graça e mais graça.
Almejo que a experiência do salmista seja a minha experiência: “Como a
corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por Ti, ó Deus. A minha
alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me
a Deus?” (Sl 42:1, 2).
Novamente: “Ó Deus, Tu és o meu Deus, eu Te busco intensamente; a
minha alma tem sede de Ti! Todo o meu ser anseia por Ti, numa terra seca,
exausta e sem água” (Sl 63:1).
Clamo pela promessa da Palavra, reforçada pela declaração acima de Ellen
White, de que aquele que anela Deus mais e mais encontrará as infinitas riquezas
de Sua graça. Quero contemplar tais riquezas, isto é, o próprio Jesus, e vir a
possuí-las. Quero revelar em minha vida os méritos do sacrifício do Salvador.
Quero que Sua justiça me proteja. Quero ter a plenitude da Sua sabedoria. Quero
a certeza do Seu poder em apresentar-me imaculado e irrepreensível diante do
Pai.
Meu amigo, eu o convido a sair para este novo dia de mãos dadas com
Jesus, com o coração voltado para Ele, confiante de que, no momento em que
Ele ouvir, responderá.
13 de dezembro – quinta

O HOMEM DO SÉCULO
Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os
homens. João 1:9

Entre as estrelas do século 20, nenhuma brilhou mais em minha opinião do que
Albert Schweitzer. Ganhador do Prêmio Nobel da Paz, esse indivíduo concluiu o
doutorado em três áreas totalmente distintas – teologia, música e medicina. Não
o admiro, porém, por suas grandes realizações acadêmicas, mas por sua vida.
Schweitzer abriu mão de uma carreira promissora para fundar um hospital
missionário na África Equatorial Francesa.
No campo da teologia, Schweitzer ficou conhecido por sua obra clássica
que surgiu na Alemanha em 1906 e mais tarde em português, sob o título A
Busca do Jesus Histórico. Por aproximadamente 150 anos as mentes mais
brilhantes da Alemanha empreenderam grande energia e especulação a fim de
encontrar a resposta para a pergunta: “Como foi realmente o Jesus da Palestina
do primeiro século? A obra-prima de Schweitzer examinou criteriosamente 91
“vidas” de Jesus nesse período. Com discernimento surpreendente, Schweitzer
mostrou de que maneira escritor após escritor, que alegava apresentar o Jesus
“real”, fez uma descrição com base em sua própria imagem. Na verdade, o livro
de Schweitzer pronunciou “Icabode” [que significa “a glória se foi de Israel”
(ver 1Sm 4:21)].
Na música, Schweitzer deu proeminência às obras de Johann Sebastian
Bach. Mal podemos compreender isso hoje de tão famoso que se tornou Bach,
mas sem Schweitzer ele poderia estar perdido no esquecimento do século 18.
Schweitzer, no entanto, no auge de sua fama, deixou tudo para trás – o
sucesso, a segurança da carreira acadêmica, o conforto de sua terra natal. Abriu
mão de tudo para fundar um hospital no meio da selva africana. Por quê?
O parágrafo final de sua intensa Busca nos dá uma dica: “Ele Se achega a
nós como Alguém desconhecido, sem nome, como na antiguidade, junto ao mar.
Ele foi ao encontro daqueles homens que não O conheciam. Ele fala conosco as
mesmas palavras: ‘Segue-Me!’ E nos comissiona tarefas que precisa realizar em
nossa época. Ele ordena. E àqueles que Lhe obedecem, sejam sábios ou simples,
Ele Se revelará nas dificuldades, nos conflitos, nos sofrimentos pelos quais eles
passarão em Sua companhia, e, como um mistério indescritível, eles aprenderão
por experiência própria quem Ele é.”
Se você quer conhecer Jesus, apegue-se à Sua palavra. Obedeça-Lhe. Siga-
O para onde Ele o conduzir, hoje, sempre.
14 de dezembro – sexta

CHAMADO PARA SERVIR


Eu Te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras
são maravilhosas! Digo isso com convicção. Salmo 139:14

Faltavam poucos dias para Dan Timon completar seu aniversário de 49 anos
quando faleceu de câncer. Ao longo de um ano de lutas perdidas para a doença,
ele decidiu se submeter completamente à vontade de Deus. Estaria feliz se
continuasse vivendo e feliz se tivesse que morrer, caso fosse esse o plano de
Deus. Dan era muito quieto, mas gostava de operar o sistema de som para que os
músicos, os pregadores e a congregação recebessem a bênção em sua plenitude.
No funeral, centenas de pessoas de diferentes origens se reuniram para
homenagear a vida desse despretensioso seguidor de Jesus. Elas ouviram as
palavras de uma carta emocionante que Dan endereçou aos familiares e amigos:
“Nos últimos anos aprendi que a alegria eterna ocorre no momento em que
permito que Jesus Se torne Senhor de minha vida. Posso dizer com convicção
que isso acontece ao realizar as coisas que Ele me chamou exclusivamente para
fazer em Sua obra. Deus me habilitou a ser bem-sucedido naquilo que me
chamou para fazer e o trabalho se tornou meu prazer.
“Desde então, aprendi alguns passos para manter a visão correta ao buscar
orientação do Senhor. Primeiro, você deve orar até que em seu íntimo diga: ‘Não
se faça a minha vontade, mas a Tua.’ Você deve se submeter completamente ao
Senhor ao orar e conceder-Lhe permissão para interromper ou modificar seus
pedidos. Pense em Jesus no Jardim do Getsêmani. Segundo, lance mão dos
conselhos bíblicos para analisar suas motivações. Se a sua motivação não for
pura, você acabará ignorando a voz suave de advertência, e sérias consequências
surgirão. Esse é o resultado natural de tentar gerenciar sua vida sem a orientação
do Senhor. Não haverá nenhum culpado, a não ser você mesmo. Pense em Davi
e nas consequências de seus atos. Terceiro, espere no Senhor. Não force as coisas
a acontecer. Pense em Moisés e em como o Senhor deixou que ele acalmasse os
nervos por 40 anos antes de estar pronto para cumprir sua missão. Quarto,
mantenha a mente compenetrada naquilo que aprecia fazer. Explore seus dons e
habilidades. [...] Em seguida, procure a melhor maneira de desempenhar aquilo
para o qual foi chamado. Pense em Paulo e na maneira pela qual o Senhor
mudou completamente o foco de sua missão. [...]
“Quando comecei a servir ao meu Senhor, usando os dons e habilidades
que Ele colocou em mim, fui abençoado com tal alegria e felicidade que serão
excedidas apenas na vida futura. Anseio ouvir na Terra renovada sua história e
como o Senhor usou suas habilidades e dons singulares para lhe conceder uma
vida feliz.”
15 de dezembro – sábado

VIVENDO COM ESPERANÇA


Escute, Jacó. Ouça, Israel. Eu sou Aquele que o chamou pelo nome! Eu
sou Aquele. Eu dei início a todas as coisas e, sim, Eu as concluirei. Isaías
48:12, The Message

Vivemos numa era de incerteza e medo sem precedentes. Os terroristas atacam


sem avisar. As ruas de muitas cidades estão cobertas de sangue. A proliferação
de armas nucleares, com a possibilidade da existência de armas atômicas de
pequeno porte escondidas em porões e em cômodos secretos de lares comuns,
faz um calafrio subir pela espinha. As mudanças climáticas e os terremotos
geram inundações e grande devastação. A Aids se espalha mais e mais,
ameaçando a própria existência de muitas comunidades.
Numa época como esta, nós que conhecemos o Senhor Jesus e a realidade
de Sua graça podemos viver com esperança e em paz. Nosso futuro não está
firmado na areia movediça dos líderes e planos terrenos, mas na Rocha sólida. O
Criador de todas as coisas trará o Fim – e será um fim glorioso. A Criação e a
Conclusão estão intimamente ligadas uma a outra nas mãos de nosso Senhor, nas
mãos que foram pregadas na cruz por nós.
Alguns anos atrás, o famoso filósofo Anthony Flew surpreendeu o mundo
acadêmico. Flew passou a vida ridicularizando a fé em Deus, publicando artigos
e livros que apresentavam argumentos persuasivos negando a existência de
Deus. Anthony Flew, porém, mudou de lado e passou a argumentar em favor da
existência de Deus.
O que fez Flew mudar de ideia? Ele foi convencido pela evidência da
complexidade irredutível ao nosso redor. O DNA humano, assim como várias
estruturas em nosso organismo maravilhosamente construído, contém partes
mutuamente dependentes que não poderiam ter simplesmente surgido ao acaso.
A probabilidade de isso acontecer é praticamente zero. Só a mente esplêndida e
majestosa pode Se responsabilizar por Sua criação.
Essa mente é Cristo, “pois nEle foram criadas todas as coisas nos céus e na
terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou
autoridades; todas as coisas foram criadas por Ele e para Ele” (Cl 1:16). Esse
mesmo Jesus prometeu: “Voltarei” (Jo 14:3). Ele que criou todas as coisas
voltará para restaurar todas as coisas.
Louvado seja Deus, pois Aquele que deu início a todas as coisas também as
concluirá muito em breve!
16 de dezembro – domingo

O CARRINHO DE MÃO
E disse [Jesus]: “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam
e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos Céus.” Mateus
18:3

Acabei de passar por um daqueles momentos gloriosos em que recebo a visita


de minhas netas. E agora que elas foram embora, ainda estou entusiasmado e
pensativo sobre as lições que me ensinaram.
Praticamente as primeiras palavras que Jacqui, de seis anos de idade, falou
ao nos encontrarmos no aeroporto foram: “Vovô, podemos passear de carrinho
de mão?”
Passear de carrinho de mão! Fizemos essa brincadeira por acaso no ano
anterior e ela se tornou a favorita das férias. Primeiro, uma neta no carrinho de
mão, depois a outra, em seguida as duas juntas. Imitei o barulho do motor ao
passear com elas para cima e para baixo, fiz uma pequena pausa para fazer mais
efeitos sonoros. E as passageiras, gritando de alegria, pediram que o motorista as
levasse quintal abaixo em direção ao caminho de pedra, depois fizesse a curva e
subisse o quintal novamente, com uma parada brusca no ponto de partida.
Fizemos outros passeios de carrinho de mão e, na tarde seguinte, ao voltar
do trabalho, eu já sabia que a brincadeira continuaria. Olhei para o gramado,
precisando urgentemente de um “corte”, e disse para as meninas:
– A grama está muito alta, mas posso cortá-la depois que vocês forem
embora. Vamos dar mais passeios de carrinho de mão.
– Vovô – disse Madi, de sete anos –, podemos ajudá-lo a cortar a grama em
vez de passear de carrinho de mão?
– Claro! – respondi surpreso.
Peguei o cortador de grama e comecei a abastecê-lo com gasolina. As
meninas correram para dentro da casa e voltaram munidas com tesouras e
pequenas vasilhas. Elas começaram a cortar a grama e a colocaram dentro das
vasilhas.
Levei o cortador para perto delas e as instruí a se manterem a uma distância
segura da máquina. Liguei o motor e comecei a trabalhar. As meninas corriam
para lá e para cá atrás de mim, amontoando a grama cortada, enchendo as
vasilhas com ela e depositando-a em grandes sacos plásticos.
Havia vários dias Madi estava arrumando nossa cama, a seu pedido, por 25
centavos cada vez. Mas, depois de ajudar a cortar toda a grama do quintal, nem
ela nem a irmã fizeram qualquer menção de receber por isso.
O que elas me ensinaram com essa história? Que os prazeres mais simples
são os melhores e que, quando se ama, agimos sem esperar receber nada em
troca.
17 de dezembro – segunda

SALMO 117
Louvem o Senhor, todas as nações; exaltem-nO todos os povos! Porque
imenso é o Seu amor leal por nós, e a fidelidade do Senhor dura para
sempre. Aleluia! Salmo 117

O Salmo 117 possui apenas dois versos, mas nossa atenção deve se voltar para a
profundidade de sua mensagem, que é digna de reflexão e oração, e não para a
singularidade de seu tamanho. Esse salmo contém três elementos: o louvor, a
grandiosidade do amor de Jeová e a constância de Sua fidelidade. Esses mesmos
temas aparecem em todo o livro de Salmos; assim, o Salmo 117 é o resumo de
todo o Saltério.
Todos os salmos se concentram no louvor. São canções que exaltam o
nome de Jeová, o Criador do céu e da Terra, o Deus de Israel. Com sinceridade e
honestidade, os salmos entoam a ampla gama de sentimentos da experiência
humana: alegria e tristeza, felicidade e desespero, prazer e dor. Às vezes o
salmista se sente a ponto de desistir, outras vezes flutua nas nuvens no céu azul.
Às vezes canta e pula de alegria, outras vezes não sabe mais o que fazer. Mas
sempre, no fim das contas, ele se volta para Deus. Ele espera em Deus, ele
aguarda Deus vir em seu auxílio. Assim, seja qual for a situação da vida, os
salmos louvam a Deus. Em essência, a mensagem que transmitem é esta: há vida
unicamente em Deus; sem Ele não há vida.
O Salmo 117, por mais curto que seja, tem uma variação interessante
quanto ao tema do louvor. Ele não faz referência ao povo de Deus, mas às
“nações”, ou seja, os gentios. Ele os convida a se unir em adoração e louvor ao
Deus de Israel. Primeiro, porque “imenso é o Seu amor leal por nós”. Não Seu
maravilhoso poder. Não Seus poderosos atos na história. Não Sua justiça. Mas
Seu amor. Um vislumbre da declaração feita mais tarde por João, que resumiu
tudo isso com “Deus é amor” (1Jo 4:16). Essa é a maior e a mais maravilhosa
verdade em todo o Universo.
Segundo, porque “a fidelidade do Senhor dura para sempre”. Sem dúvida!
“Grande é a Tua fidelidade”. O ser humano na Terra pode ser mentiroso, mas
Deus permanece verdadeiro. Podemos confiar plenamente em cada palavra que
sai de Sua boca. Tudo muda, mas não Jeová.
Eugene Peterson expressou essa verdade da seguinte maneira:
Seu amor assumiu o comando de nossa vida;
Os caminhos fiéis de Deus são eternos.
Aleluia! (Sl 117:2, The Message).
18 de dezembro – terça

MOLDADOS PELO AMOR


Que o Teu amor, Deus, molde a minha vida com a salvação, exatamente
como Tu prometeste. Salmo 119:41, The Message

Assim como o oleiro dá forma ao barro, moldando-o num vaso elegante, o


Senhor molda nossa vida com profundo amor. Se permitirmos que Ele coloque
em ação o Seu plano para a nossa vida, seremos transformados em algo belo e
útil em Sua causa e em prol da humanidade.
Estamos acostumados a receber manuais de instrução quando adquirimos
um novo utensílio. Os fabricantes querem que obtenhamos o melhor e mais
duradouro serviço de seu produto. Eles conhecem o produto – eles o projetaram,
juntaram as peças – e querem que sejamos beneficiados com o seu
conhecimento. Muitas vezes, porém, nem mesmo olhamos o manual de
instrução. Nem mesmo o abrimos (temos certeza absoluta de que não precisamos
das informações ali contidas) e algumas vezes acabamos jogando-o no lixo.
Deus, que nos criou com mãos de amor, providenciou um manual de
instrução para vivermos esta vida. Mas geralmente nem nos preocupamos em lê-
lo, ou o consideramos obsoleto. Podemos viver bem sem ele. No entanto, quando
tudo dá errado em nossa vida por causa de nossas decisões, voltamo-nos para
Deus e perguntamos: “Por que fazes isso comigo?”
Algum tempo atrás conheci Dorothea, uma alemã maravilhosa. Devota
seguidora de Jesus, ela dedica a maior parte de seu tempo pregando em reuniões
de mulheres, conduzindo-as Àquele que ansiosamente aguarda para moldar
nossa vida pelo amor. Ela aprecia especialmente falar às pessoas que não
professam nenhuma religião. Certo dia, ao viajar de trem para falar em uma
reunião, Dorothea orou para que Deus levasse muitas mulheres ao encontro. E
Ele atendeu o seu pedido.
Durante um intervalo no encontro, uma mulher se aproximou dela,
desejando saber o nome do livro que Dorothea tinha citado com tanta frequência.
– Acompanhe-me – disse Dorothea, conduzindo a mulher à livraria.
Dorothea falou com a atendente e colocou um livro nas mãos da
interessada.
– Este é o livro – ela disse. – A Bíblia.
O fato é surpreendente para nós que amamos a Palavra, mas é real. Muitas
pessoas hoje são iletradas quanto à Bíblia. Crescem sem conhecer esse Sagrado
Livro, nunca tiveram a oportunidade de lê-lo e nunca se importarão em estudá-lo
a menos que o apresentemos a elas. A preciosa Palavra vem das mãos de um
Deus amoroso. Ele a usa para moldar nossa vida para a salvação, assim como
prometeu. A Bíblia é o manual de instruções elaborado pelo nosso Criador.
19 de dezembro – quarta

A GRAÇA É COMO A NEVE


Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a
neve serei. Salmo 51:7

Levei alguns anos para notar quão bela a neve pode ser. Em minha infância na
Austrália, um país quente, meus lugares prediletos eram a praia e o oceano. Da
Austrália fui para a Índia, um país mais quente ainda, local em que,
paradoxalmente, vi a neve pela primeira vez no cimo das montanhas.
Depois da Índia, fomos para a Andrews University, em Michigan, EUA. O
inverno em Berrien Springs é rigoroso e coberto de neve. Quando ele chegava,
eu não via a hora que fosse embora. Mas, certo ano, enquanto observava
melancolicamente a paisagem branca com grandes flocos de neve caindo do céu,
me encontrei com uma aluna que enxergava o mundo de maneira totalmente
diferente.
– Não é lindo? – ela disse. – Mal posso esperar a chegada do inverno a
cada ano!
Gradualmente comecei a fazer as pazes com o inverno de Michigan. Se
você não pode com ele, junte-se a ele. Estava prestes a adquirir um par de esquis
quando nos mudamos para Washington. Ali, local em que o inverno é bem
menos rigoroso, por fim comecei a apreciar a beleza da neve.
Aprecio fazer caminhada, especialmente em companhia de Noelene.
Caminhar na neve proporciona um encanto e um prazer que não se comparam a
nenhuma trilha nas montanhas ou escalada. Agasalhamo-nos bem, colocamos
meias grossas e botas e nos aventuramos no mundo maravilhoso da neve. É
especialmente esplendoroso se os flocos de neve ainda estiverem caindo e
baterem de encontro com as bochechas. Afundamos o pé na neve o trajeto
inteiro, produzindo um chiado distinto. O ar crepita como cristal; o menor som é
transportado para longe. Não há necessidade de caminhos nem trilhas, pois a
neve é uma grande niveladora. Torna tudo plano para onde quer que você vá.
Provavelmente você ouça passarinhos cantando alegremente nas partes mais
densas do trajeto.
Tudo parece belo sob o carpete branco. As cercas vivas merecem ser
fotografadas. O simples pé de framboesa, coberto com capuz branco, reluz e
brilha. O gramado mais inferior e o arbusto mais feio são transformados.
Qualquer lixo fica coberto, escondido. O mundo nasceu de novo.
Exatamente como a neve, a graça cobre nossas imperfeições, nossa
aspereza, nossa rudeza. A pessoa menos dotada de atrativos físicos se torna uma
princesa ou um príncipe ao ser tocada pelo Mestre da “neve”, que é o Rei da
graça.
A graça torna tudo belo. A graça torna tudo novo.
20 de dezembro – quinta

TESOUROS EM VASOS DE BARRO


Se vocês olharem apenas para nós, poderão muito bem perder o brilho.
Carregamos essa mensagem preciosa por aí nos simples vasos de barro de
nossa vida comum. Fazemos isso para evitar que alguém confunda
conosco o incomparável poder de Deus. 2 Coríntios 4:7, The Message

Cristãos são pessoas comuns que fazem coisas extraordinárias. Eles aparentam
ser tão humanos – e são –, mas Deus opera por meio deles para Sua glória. Sua
graça toma posse de simples vasos de barro e os torna depositários do poder
divino.
Você conhece Desmond Doss, personagem do documentário premiado The
Conscientious Objector [O Opositor Consciencioso]? Esse soldado não
combatente adventista do sétimo dia recebeu a Medalha de Honra pela coragem
extraordinária durante a Batalha de Okinawa, na segunda Guerra Mundial. Doss
foi um herói, mas, do ponto de vista do mundo, ele não parecia e não agia como
um. Ele foi um indivíduo comum, e muito humilde, que rendia glória a Deus por
tudo o que fazia.
A mesma coisa acontece com a igreja. Do ponto de vista humano, a igreja é
totalmente humana, sujeita às mesmas forças e fraquezas, falhas e intrigas de
qualquer outro agrupamento humano. Realmente, a igreja é humana, mas não
totalmente. A igreja é tão divina quanto humana, e Deus está realizando Seus
propósitos divinos através de simples vasos de barro.
“Desde o princípio tem sido plano de Deus que através de Sua igreja sejam
refletidas para o mundo Sua plenitude e Sua suficiência. Aos membros da igreja,
a quem Ele chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, compete manifestar
Sua glória. A igreja é a depositária das riquezas da graça de Cristo; e pela igreja
será a seu tempo manifesta, mesmo aos ‘principados e potestades nos Céus’ (Ef
3:10), a final e ampla demonstração do amor de Deus” (Atos dos Apóstolos, p.
9).
Assim, todo aquele que professa o nome de Jesus recebe um desafio:
“Cristo confiou à igreja um sagrado encargo. Cada membro deve ser um conduto
através do qual Deus possa comunicar ao mundo os tesouros de Sua graça, as
insondáveis riquezas de Cristo” (ibid., p. 600).
Hoje Deus quer tomar minha vida comum e fazer algo extraordinário com
ela. Para o mundo expectante pode parecer algo totalmente enfadonho, mas aos
olhos do Céu será belo.
Senhor, toma este vaso de barro que sou eu e usa-o hoje para a Tua glória!
21 de dezembro – sexta

PRESENTEANDO COM GRAÇA


Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os
mancos, e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como retribuir.
A sua recompensa virá na ressurreição dos justos. Lucas 14:13, 14

O Natal sempre foi um grande evento em nosso lar. Minha mãe, apesar de
pequena em estatura, transbordava em energia e dinamismo, que atingiam o auge
na época do Natal. Por volta do mês de julho, começava a confeccionar os
presentes, cada um deles feito por ela à mão. Com a chegada de dezembro, não
perdia tempo em preparar os alimentos: compotas de frutas, geleias, tortas, bolos
e pães. Éramos nove filhos, depois vieram os netos e finalmente os bisnetos. A
grande festa de Natal dos Johnsson passou a incluir mais de 40 pessoas, e todos
recebiam um presente feito por ela.
Mas não parava por aí. Alguns dias antes do Natal, minha mãe recebia um
grupo muito diferente de pessoas. Ela trazia pessoas abandonadas à própria
sorte, que não teriam chance de sentir o carinho e o amor presentes na atmosfera
da ceia natalina em família. Cada um que entrava em seu modesto lar se sentia
bem-vindo.
Minha mãe, sempre altruísta, tinha o dom de presentear com graça. Não
estudou teologia, mas viveu o evangelho.
Presentear com graça é raro e está se tornando ainda mais raro à medida
que a onda de egoísmo inunda a sociedade. A maioria de nós acha quase
impossível simplesmente dar – dar sem reservas, sem esperar nada em troca. No
mínimo, esperamos que o governo reduza os impostos; no máximo, procuramos
obrigar a pessoa beneficiada a retribuir. Queremos receber algo em troca.
Achamos também difícil nos manter em silêncio ao presentearmos alguém.
Jesus falou a respeito dos hipócritas que soavam a trombeta em público para que
todos apreciassem sua grande generosidade. Eles buscaram – e conseguiram – o
louvor humano; nada mais do que disso. Mas você, seguidor de Jesus, “preste
sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o
recompensará” (Mt 6:4).
Recordo-me da festa de Natal de minha mãe com seus presentes simples de
amor e não consigo evitar contrastá-la com o Natal de muitas pessoas que vivem
com fartura. O Natal se tornou um evento altamente estressante, sendo o ato de
presentear um dos causadores de maior estresse.
Oh, a simplicidade em presentear! Essa é a maneira de Deus presentear
Seus filhos – com graça.
22 de dezembro – sábado

CONTA AS BÊNÇÃOS
Bendiga o Senhor a minha alma! Bendiga o Senhor todo o meu ser!
Bendiga o Senhor a minha alma! Não esqueça nenhuma de Suas bênçãos!
Salmo 103:1, 2

Parece que, quanto mais abundância temos, menos agradecidos somos. Será que
passamos a maior parte do tempo concentrados em contar as ninharias em vez
das bênçãos? Há muitos anos, numa época em que as pessoas eram menos
abastadas, elas costumavam cantar um hino cujo coro diz assim:

Conta as bênçãos, conta quantas são,


Recebidas da divina mão;
Uma a uma, dize-as de uma vez;
Hás de ver, surpreso, quanto Deus já fez (HASD, 244).

Faz tempo que não ouço esse alegre hino ser entoado. O que aconteceu?
Noelene se recorda de que em sua infância seus irmãos e ela encontraram
algumas maneiras de prolongar a experiência do Natal. Eles costumavam juntar
os presentes que haviam recebido e alegremente desembrulhado. No dia seguinte
ao do Natal, eles olhavam novamente os presentes, um a um, saboreando a
experiência, relembrando a emoção que haviam sentido ao vê-los pela primeira
vez. Às vezes, eles continuavam fazendo isso por vários dias. Era a maneira
infantil de contar as bênçãos.
Talvez você diga: “Como posso contar as bênçãos quando não tenho
nenhuma para contar?” Observe novamente o que Davi disse:

Ele perdoa os seus pecados – cada um.


Ele cura as suas enfermidades – cada uma.
Ele o redime do inferno – salva a sua vida!
Ele o coroa com amor e misericórdia – a coroa do paraíso.
Ele o envolve com bondade – beleza eternal.
Ele renova sua juventude – você é sempre jovem em Sua presença (Sl
103:3-5, The Message).
O que Ele fez por você? Pense por um instante. Não passe depressa pelos
pecados perdoados; essa é a maior bênção de todas. Conte as bênçãos. Verbalize-
as. Diga a Deus quão feliz você se sente por tê-las recebido. Escreva-as. Conte-
as a alguém. E você ficará surpreso com o que o Senhor tem feito em sua vida.
23 de dezembro – domingo

O MELHOR PRESENTE PARA JESUS


Ao entrarem na casa, viram o Menino com Maria, Sua mãe, e, prostrando-
se, O adoraram. Então abriram os seus tesouros e Lhe deram presentes:
ouro, incenso e mirra. Mateus 2:11

A época do Natal no ocidente se tornou um show de consumismo. Nos Estados


Unidos, as pessoas gastam mais de 200 bilhões de dólares entre o Dia de Ação
de Graças e o Ano-Novo. Muitos dos presentes vão para pessoas que já possuem
muito mais do que precisam.
Em contraste, o total de ajuda externa distribuído pelos Estados Unidos às
nações necessitadas é de aproximadamente 10 bilhões de dólares. Outros 25
bilhões são gastos em ações de caridade. Gastamos quase dez vezes mais com
nós mesmos do que prestando ajuda aos países menos afortunados. Como é que
o Natal acabou ficando assim?
Pense em como tudo isso aconteceu. José e Maria eram pessoas pobres.
Não conseguiram arranjar um lugar nas pousadas de Belém. Assim, passaram a
noite entre os animais, e Maria deu à luz seu primeiro Filho, acomodando-O
numa manjedoura. Os pastores apareceram para adorar a criança. Pastores! O
grupo pertencia a uma das classes mais baixas da sociedade.
A história bíblica do Natal evidencia a pobreza em todos os aspectos. O
Natal no Ocidente, porém, se tornou uma exibição de extravagância em que o
abastado presenteia o abastado, deixando milhares em necessidade.
Que mudança na história do Natal! Não é de surpreender que enfeitemos a
cena da manjedoura nas encenações natalinas. O feno tem cheiro suave e fresco,
José e Maria – e os pastores – estão bem vestidos.
Mas os magos quebram a sequência de pobreza na história bíblica. Eles
levaram presentes caros – ouro, incenso e mirra – e os ofereceram aos pés do
bebê Jesus. Esse tesouro seria usado muito em breve, provendo o sustento para
José, Maria e Jesus quando fugiram para o Egito e viveram ali até a morte do rei
Herodes.
O espírito do Natal é o espírito de ofertar; Deus ofertou Seu Filho para nos
mostrar isso. Os presentes dos magos confirmam essa realidade. Eles levaram o
melhor para Jesus. Está na hora de voltarmos às raízes da história do Natal.
Neste ano, ao comprar presentes para os amados e amigos, que tal oferecer a
Jesus o melhor presente? Que tal presenteá-Lo com uma oferta maior do que
qualquer soma gasta com outra pessoa?
24 de dezembro – segunda

A GRAÇA VOOU PELA JANELA


Glória a Deus nas alturas, e paz na Terra aos homens aos quais Ele
concede o Seu favor. Lucas 2:14

Às vezes ficamos tão envolvidos com os preparativos para o Natal que


perdemos de vista o espírito desse dia. Queremos que tudo saia tão certo e ocorra
tão bem que, quando menos esperamos, a graça voa pela janela.
Durante as férias do trabalho na Índia, compramos uma árvore de Natal
artificial e a levamos para casa. Ela era branca e Noelene a decorou com bolas
azuis e luzes coloridas. Todo mundo amou; o jornal local enviou um repórter e
publicou uma foto de nossa árvore.
Naquele ano exageramos nos presentes de nossos filhos, com cinco e três
anos de idade. Na véspera de Natal nos deliciamos com um prato especial: uvas.
O colégio agrícola no fim da estrada havia cultivado uvas sem sementes da
espécie Thompson, e aquela era a primeira safra. As uvas eram doces e
suculentas, as melhores que já comemos.
Em seguida, fomos para a cama, mas não tivemos a noite tranquila e
silenciosa que imaginávamos. Um casamento hindu foi realizado no vilarejo
próximo dali, com a música no máximo volume entrando pelas janelas abertas
de nosso quarto. Em seguida, nosso filho apareceu, sentindo-se muito mal. Ele
havia comido muitas uvas e rápido demais. Elas voltaram todas de uma vez. Por
fim, ele sossegou, mas a música não. Noelene e eu viramos de um lado para o
outro por horas a fio até que o silêncio reinou pouco antes do amanhecer, quando
caímos num sono profundo.
As crianças acordaram, renovadas e animadas, esperando ansiosamente
para desembrulhar os presentes. Elas esperaram bastante tempo pelo papai e a
mamãe, mas nós continuamos dormindo. Por fim, elas não mais conseguiram
resistir e começaram a abrir os presentes. Quando Noelene e eu acordamos,
encontramos a sala de estar repleta de pedaços de papel de presente e, no meio
de tudo, duas crianças, uma com as pálpebras bem pesadas.
Aquele foi o ano, diz Noelene, em que a graça voou pela janela. Todos os
planos paternais para que tudo saísse certo, da melhor maneira, foi por água
abaixo. E fizemos questão de que as crianças soubessem disso!
Estávamos errados. Nosso filho e filha eram, e são, muito mais importantes
para nós do que qualquer preparativo natalino. A essência do Natal é a graça, não
apenas lida ou pregada, mas vivida. Assim, meu amigo, se por acaso os seus
planos natalinos não saírem como você espera, relaxe. Deixe os planos voarem
pela janela, não a graça.
25 de dezembro – terça

O LIBERTADOR
Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-Lhe o nome de Jesus porque Ele
salvará o Seu povo dos seus pecados. Mateus 1:21

Chame-O de Libertador, o Primogênito da virgem, arrancado do útero da


eternidade, arremessado numa terra estranha. “O Espírito do Senhor está sobre
Mim, porque Ele Me ungiu para pregar boas-novas aos pobres. Ele Me enviou
para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para
libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lc 4:18-19).
O Bebê, o Libertador da humanidade, chora. Ele chora, assim como chora
qualquer recém-nascido, arrancado do útero da vida e arremessado em terra
estranha.
Assim, a letra do hino natalino “Num Berço de Palha” (HASD, 50) erra em
dizer: “Acorda o Menino o gado a mugir, mas Ele não chora, Se põe a sorrir.”
Jesus chorou ao nascer. Jesus chorou ao acordar. Pois o Libertador não veio em
outra carne para nos libertar. Ossos de nossos ossos, Ele trilhou nossos
caminhos, sofreu nossas angústias, suportou nossa dor. Ele conheceu o encanto
da tentação, enfrentou corajosamente os dardos inflamados do antigo inimigo.
Por fim, a própria morte solitária, desesperadora e desamparada por Deus,
dilacerando o céu com o terrível clamor: “Meu Deus! Meu Deus! Por que Me
abandonaste?” (Mt 27:46).
Onde está o rosto do pequeno Menino na manjedoura, o rosto tão suave,
inocente e cheio de mistério? O Bebê de Belém Se contorce pendurado no
madeiro da morte, ferido pela miséria do mundo.
Por meio de Seu sacrifício, a libertação! Antes a tentação saíra derrotada;
agora a própria morte é vencida, exterminada pela morte do Libertador.
Toda vez que contemplamos o rosto de uma criancinha nos deparamos com
o mistério da existência, de onde viemos, do que podemos ser. Cada bebê é uma
canção de esperança em um mundo silencioso.
Tudo isso por causa do Primogênito da virgem, que chorou, que é o
Libertador. Ele libertou a raça humana, libertou-a para a plenitude, libertou-a
para torná-la herdeira de Deus.
O nascimento do Bebê também garantiu nosso futuro. O Desejado das
nações é Emanuel, Deus conosco. O Desejado de todas as nações voltará. O
Libertador, vitorioso sobre o pecado, vitorioso sobre a morte, voltará para reinar!
Contemple o rosto do Bebê – tão suave, tão pacífico, tão cheio de mistério.
Assim como os sábios do Oriente, caia de joelhos e adore-O, traga
presentes, ofereça-Lhe tudo!
26 de dezembro – quarta

O BEBÊ CRESCEU
Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos
homens. Lucas 2:52

Para muitos cristãos, Jesus nunca cresceu. Tais pessoas permanecem


concentradas apenas na história de Seu nascimento – Belém, a estrela, os
pastores, os magos, a trama de Herodes.
Dois dos Evangelhos (Mateus e Lucas) apresentam detalhes em relação ao
nascimento e à infância de Jesus. Portanto, creio ser apropriado dedicarmos
tempo a cada ano para contar a história e refletir sobre ela, sempre mantendo em
mente, porém, que não sabemos a data exata de Seu nascimento. A data de 25 de
dezembro certamente é incorreta, pois os pastores ficaram ao ar livre a noite toda
junto aos seus rebanhos, o que não teria sido possível durante o inverno.
Por ser a Encarnação algo maravilhoso e inacreditável – o Deus eterno
vindo à Terra como um bebê –, muitos hinos tentam expressar o senso de
reverência e adoração. Alguns são mais bem-sucedidos do que outros; e algumas
vezes os sentimentos expressam ideias erradas – um Jesus que é tão divino que
na realidade não é como nós. Essa é uma ideia que muitos crentes nunca
abandonam.
Precisamos avançar no relato bíblico, que nos leva de Belém para a
Galileia. Ali Jesus cresceu; ali passou a maior parte de Seu ministério público.
Ele ficou conhecido em Jerusalém como o Galileu (Mt 21:11).
Na Galileia, Jesus enfrentou muitas tentações durante a juventude. Na
Galileia, Ele escolheu os doze, expulsou espíritos imundos, alimentou multidões,
acalmou a tempestade e purificou leprosos. O Bebê da manjedoura trabalhou,
suou, orou a noite inteira, mostrou-nos o sentido de uma vida que realmente vale
a pena.
No fim, Jesus deixou a Galileia para fazer a última jornada até Jerusalém.
Ali sofreu e morreu, tomando sobre Si a morte que era nossa.
Não o Bebê de Belém, mas o Cristo do Calvário nos convida a seguir Seus
passos. Não importa se o lugar em que vivemos é tão problemático e de má fama
como Nazaré, podemos crescer e vencer as tentações. A cada dia, podemos
entregar nossa vida nas mãos do Pai, como Cristo fez. Assim como o Bebê de
Belém, precisamos crescer.
27 de dezembro – quinta

CARTÕES DE NATAL ATRASADOS


E saindo elas para comprar o óleo, chegou o noivo. As virgens que
estavam preparadas entraram com ele para o banquete nupcial. E a porta
foi fechada. Mateus 25:10

Todos os anos recebemos cartões de Natal atrasados. Alguns chegam com


apenas um dia de atraso, outros mais tarde e há aqueles que são postados após o
Natal! Tenho um misto de sentimentos em relação aos cartões enviados após o
Natal. Sempre é gostoso receber notícias de um amigo que está longe, mas
cartões atrasados não parecem apropriados para isso. Os outros cartões chegaram
a tempo (temos um parente residente em outro país que faz questão de nos enviar
um cartão de Natal; com medo de que não o recebamos a tempo, às vezes o
envia dois meses antes de 25 de dezembro) e foram pendurados ou dispostos em
sequência planejada. Os espaços estão todos preenchidos e, então, os atrasados
aparecem. Geralmente, não os colocamos perto dos outros em exposição, mas
empilhados à parte.
Não atribuo tanta importância ao dia de Natal, apesar de essa data possuir
um significado especial. Sem dúvida alguma, não foi nessa data que o Salvador
nasceu, pois os pastores estavam no campo com seus rebanhos a noite toda, algo
que tira de questão o dia 25 de dezembro devido ao frio na região. Não, não
quero dizer que os cartões de Natal atrasados perderam um dia crucial pelo nome
e as tradições que carrega. Esse dia, no entanto, representa uma época que evoca
cartões de afeição e recordação.
Estar atrasado com os cartões de Natal não é algo muito importante, mas
estar atrasado com o Senhor, sim. Pouco antes de ser levado para a morte, Jesus
contou a parábola das dez virgens que foram convidadas para ir ao casamento.
Cinco delas se prepararam e levaram consigo vasilhas com óleo extra para as
suas candeias; as outras cinco não as levaram. O noivo parecia estar atrasado;
todas adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se o grito: “O noivo se aproxima!
Saiam para encontrá-lo!” (Mt 25:6). As cinco virgens prudentes abasteceram a
candeia e saíram para participar da festa. As outras cinco tiveram que sair
correndo para procurar um estabelecimento ainda aberto para comprar óleo.
Quando voltaram, porém, encontraram a porta fechada e não puderam entrar na
festa.
Este é um dos textos mais tristes da Bíblia: “E a porta foi fechada.” Tão
perto e, no entanto, tão longe. Quase lá, mas não o suficiente. Quase não é bom o
bastante. Todo dia você e eu devemos ter certeza de estarmos em paz com Jesus
e prontos para a Sua chegada.
28 de dezembro – sexta

ATÉ A MANHÃ DE LUZ


Se Tu me acordares pela manhã com o som da Tua voz carinhosa, eu me
deitarei cada noite confiando em Ti. Salmo 143:8, The Message

A graça é uma boa noite de sono. Salomão declarou que o sono do homem
trabalhador é doce (Ec 5:12). Verdade. Porém, mais doce ainda será se
dormirmos na expectativa de ouvir a voz carinhosa de Deus pela manhã.
Em 2004, C. Harry Causey, diretor de música do National Christian Choir
[Coral Cristão Nacional] dos Estados Unidos, compôs uma linda canção, “When
I Lay Me Down to Sleep” [Ao Deitar-Me para Dormir]. Parte da letra diz assim:

Mantenha-me sob Tua proteção, Senhor,


A noite inteira.
Segura-me em Teus braços, querido Pai,
Até a manhã de luz, até a manhã de luz.

Não é interessante como as atitudes em relação ao sono mudam ao longo


do curso de nossa vida? Quando crianças, queremos ficar acordados até tarde
junto com os mais velhos. Temos certeza de que perderemos todas as coisas boas
quando eles nos fizerem ir para a cama e permanecerem acordados.
Noelene e eu temos duas netas maravilhosas, o orgulho e a alegria de nossa
vida. Essa é a boa notícia, mas a má é que elas moram em outro país. Nós as
vemos uma ou duas vezes por ano, e sempre nos falamos ao telefone.
Certa noite, ao ligarmos para elas, a mais velha atendeu. Conversamos por
aproximadamente 20 minutos; então ela disse:
– Você quer falar com a Jacqui?
Em seguida, a irmã de sete anos entrou na linha. Ela é muito falante – e
como é! Ela falou e falou. Começou a propor enigmas. Parecia nem ter tempo
para respirar até que, por fim, Noelene a interrompeu dizendo:
– Jacqui, deve estar na hora do seu banho.
– Ah, vovó! – ela respondeu. – Eu já tomei banho. Estou na cama!
Minha amada espertinha alongando a conversa para roubar 30 minutos da
hora de dormir! Nós que somos mais velhos encaramos o sono de forma
diferente. Nós lhe damos as boas-vindas. Sabemos que uma boa noite de sono é
um dom da graça. A menos que Jesus volte enquanto eu ainda estiver vivo, cairei
em sono profundo pela última vez, por um longo tempo. Oro para que os meus
olhos se fechem confiando nEle, meu Senhor e Salvador. Ele me guardará até a
manhã de luz.
29 de dezembro – sábado

CÉU
Vi novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra
passaram, e o mar já não existe. Apocalipse 21:1, ARA

Através do profeta Isaías o Senhor prometeu: “Preste muita atenção agora:


Estou criando novos céus e nova Terra. Todos os problemas, o caos e a dor
anteriores são coisas do passado, a ser esquecidas” (Is 65:17, The Message).
Na ilha de Patmos, João, o amado, então idoso, o último sobrevivente dos
doze, contemplou em visão o cumprimento da promessa: “Vi o céu e a Terra
recriados. Passado o primeiro céu, passada a primeira Terra, passado o mar. [...]
Ouvi uma voz ribombar do Trono: ‘Olhe! Olhe! Deus Se mudou para a
vizinhança, edificando Sua casa entre homens e mulheres! Eles são Seu povo,
Ele é Seu Deus. Ele enxugará toda lágrima de seus olhos. A morte deixou de
existir para sempre – as lágrimas se foram, o pranto se foi, a dor se foi; as
primeiras coisas passaram” (Ap 21:1-4, The Message).
Meu ser clama pela nova ordem de Deus, pelo dia em que a graça atingirá
seu glorioso final na maior demonstração divina de amor, pelo dia em que o
Éden florir na Terra novamente e a justiça reinar de um polo ao outro. Leio a
promessa de Isaías e meu coração exulta! Leio a visão de João e meu coração
responde: “Amém!”
Você já parou para pensar longa e seriamente sobre o Céu? É bom fazê-lo;
isso o ajudará a manter viva a esperança. “Cada um de nós tem uma imaginação
a respeito do lar dos remidos”, escreveu Ellen White. “É preciso lembrar,
entretanto, que ele será mais glorioso do que o pode pintar a mais brilhante
imaginação. Nos variados dons de Deus na natureza só discernimos o mais
pálido vislumbre de Sua glória” (Caminho a Cristo, p. 86, 87).
Sim, tenho que confessar que alguns aspectos do Céu me deixam confuso.
A vida na Terra é marcada pelo compasso do tempo, mas a vida na Terra
renovada não será assim. Ali o tempo desaparecerá na eternidade. Aqui a
existência envolve esforço e luta, vitória. E lá? O Céu será como um cruzeiro
sem fim? Acho que não. Apenas no sentido de tranquilidade e liberdade das
preocupações que um bom cruzeiro traz. Mas, muito mais do que isso, será vida
em abundância!
Deus está criando uma nova ordem – a ordem do Céu. Podemos confiar
que Ele fará o melhor.
30 de dezembro – domingo

ESCREVENDO PARA DEUS


Escreva-se isto para as futuras gerações, e um povo que ainda será criado
louvará o Senhor. Salmo 102:18

Por chamado, sou ministro do evangelho; por processo criativo, sou escritor.
Tenho a grande satisfação, concedida pela mão graciosa de Deus, de geralmente
conciliar meu trabalho ao meu hobby. Durante 25 anos, meu ministério esteve
mais voltado à escrita e à editoração de textos. Mas eu já escrevia muito antes
disso – desde a sétima série, oitavo ano.
Sou um escritor compulsivo; sinto a necessidade de escrever. A compulsão
e o anseio não são motivados apenas pelas datas de entrega (embora elas sejam
parte de minha vida), mas de meu ser. Quando estou envolvido com a produção
de um artigo importante, as ideias são construídas em meu íntimo – trechos de
abertura, títulos, ilustrações, mudanças na ordem da apresentação, como concluir
– e não consigo dormir bem. Acordo cedo (bem cedo) e começo a trabalhar.
Apenas depois de concluir o artigo é que minha mente consegue finalmente
descansar.
O término de qualquer texto, seja um editorial, ou algo menor (como uma
das mensagens diárias deste devocional), um artigo extenso, uma pesquisa
acadêmica, ou a produção de um livro, sempre me deixa com sentimentos
conflitantes. Sinto-me feliz, mas ao mesmo tempo esgotado. O processo criativo
me impulsiona, mas também suga minhas forças. Depois de um esforço
prolongado como esse, minha mente e meu corpo precisam de vários dias para
recobrar o equilíbrio.
Há muito tempo, determinei que tudo o que viesse a escrever seria para a
glória de Deus. Decidi que me absteria de tentar usar a esperteza ou perspicácia
para impressionar o leitor. Quero que o Senhor e a Sua profunda bondade sejam
apreciados com o mínimo possível de interferência do ego humano.
Alguns dos momentos mais maravilhosos da minha vida ocorreram ao
escrever para Deus. Artigos, editoriais, textos apropriados para a ocasião;
materiais escritos às pressas, mas que saíram como gostaria já no primeiro
rascunho.
Este devocional em si é uma obra da graça. Combinei com o editor uma
data para a entrega do material, mas fiquei tão ocupado que pedi a prorrogação
do prazo. O que eu não sabia é que esse trabalho coincidiria com o período mais
agitado da minha vida, ocasião em que grandes projetos não previstos estiveram
sob minha responsabilidade. O que quero dizer é isto: não havia possibilidade
deste material ser produzido; no entanto, aqui está. Inclino minha fronte em
reconhecimento e gratidão a Deus.
31 de dezembro – segunda

A GRAÇA SEJA CONVOSCO


A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém! Apocalipse 22:21

As cartas de Paulo são concluídas de forma semelhante: “A graça de nosso


Senhor Jesus seja com vocês” (Rm 16:24; 1Co 16:23; Fp 4:23; 1Ts 5:28; 2Ts
3:18). Há variações ocasionais como: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja
com o espírito de vocês” (Gl 6:18; ver também 2Tm 4:22) ou “A graça seja
convosco” (Cl 4:18, ARA; Tt 3:15; ver também 1Tm 6:21).
E não apenas Paulo; o livro de Hebreus, que é paulino em alguns aspectos,
também foi concluído com: “A graça seja com todos vocês” (Hb 13:25). A
segunda Epístola de Pedro ecoa essas mesmas palavras: “Cresçam, porém, na
graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3:18). A
própria Bíblia se encerra com as seguintes palavras de esperança: “A graça do
Senhor Jesus seja com todos. Amém!” (Ap 22:21).
Em vista dessas palavras finais, eu penso que provavelmente a bênção da
graça tenha sido comum entre os primeiros cristãos. Quem sabe ela tenha sido
criada por Paulo e depois se tornado uma expressão comum entre os seguidores
de Cristo.
“A graça seja convosco!” Que maneira cristã maravilhosa de se despedir!
Trata-se de uma oração, do desejo de que o favor do amoroso Pai, confortante,
mas também forte para habilitar e proteger, esteja sobre todos nós até que nos
encontremos novamente. Por ser Jesus “cheio de graça”, essa expressão é
praticamente uma oração rogando que Ele esteja conosco.
Na Bíblia lemos que os fiéis estão debaixo da graça (Rm 6:14, 15). Aqui a
graça é um escudo, uma proteção. Já estivemos “debaixo” da lei, sob a sua
condenação, mas não estamos mais. Agora estamos debaixo da graça.
Lemos também que somos salvos pela graça (Ef 2:8; At 15:11). Aqui a
graça é um instrumento para o cumprimento dos propósitos de Deus em nós.
A graça também é um presente, algo que nos é ofertado (Rm 1:7), como a
oferta de Deus da vida eterna, gratuita e abundante, aguardando apenas nossa
aceitação. A graça é algo em que podemos nos fortalecer (2Tm 2:1) e da qual
podemos cair (Gl 5:4).
Assim, meu amigo, que a graça de Deus seja com você, esteja sobre você,
em você, hoje e sempre. Amém!
ÍNDICE BÍBLICO
Gênesis
2:15 23 maio
2:18 20 mar
3:15 27 jan
5:24 20 abr
6:8 22 abr
9:8, 9 28 abr
13:9 24 abr
15:6 23 abr
16:13 2 maio
22:8 26 abr
24:21 11 maio
27:34 18 fev
28:17 16 abr
32:28 17 abr
33:9 18 abr
39:2 3 maio
39:9 26 set
49:10 12 maio
50:16, 17 9 maio

Êxodo
3:11 7 maio
3:14 13 maio
12:23 14 maio
15:26 30 set.
20:12 2 jun.
25:22 5 set.
40:36, 37 18 maio

Levítico
19:1, 2 6 out.
25:10 8 out.

Números
20:10 16 maio
23:21 25 fev.

Deuteronômio
7:7 30 maio
33:24, 25 29 set.
33:27 19 maio

Rute
1:16, 17 29 maio

1 Samuel
10:11 23 jun.
17:45 17 set.
24:19 25 jun.
25:3 13 abr.

2 Samuel
22:17 6 jul.
22:21 12 nov.

1 Reis
14:26, 27 19 jul.
19:4 1º jun.

2 Reis
6:17 2 jan.

1 Crônicas
25:1 26 mar.

2 Crônicas
7:14 26 jun.
32:7 17 jul.
33:13 24 set.

Neemias
6:2, 3 18 jul.

Ester
4:14 20 jul.


19:25 27 jun.
38:22 2 mar.

Salmos
1:6 24 maio
8:4 21 jun.
11:4 27 jul.
22:6 1º abr.
23:1 25 out.
34:6 21 maio
42:8 9 fev.
45:2 11 jul.
46:10 26 maio
51:7 19 dez.
56:13 11 dez.
63:6 25 set.
73:16, 17 28 mar.
73:24 4 jul.
73:25, 26 24 mar.
84:11 9 jul.
90:12 17 maio
91:1 20 nov.
102:18 30 dez.
103:1, 2 16 dez.
103:14 2 out.
104:24 1º jul.
117 17 dez.
119:41 18 dez.
127:1 11 fev.
127:2 18 ago.
139:8 25 jan.
139:14 14 dez.
143:8 28 dez.
147:10 18 mar.
145:9 27 mar.

Provérbios
3:24, 26 20 maio
17:17 13 mar.
17:22 17 mar.
18:22 16 mar.
23:32 27 abr.
24:16 7 jan. / 29 jul.

Eclesiastes
10:1 11 abr.
11:7, 8 4 abr.

Isaías
9:6 16 jan.
11:1 25 mar.
12:3, 4 9 dez.
30:19 12 dez
30:21 4 maio
42:1 21 fev.
44:22 3 jan.
46:4 7 abr.
48:12 15 dez.
17 jan. / 4
49:15
nov.
50:4 26 fev.
50:5 20 fev.
50:7 7 mar.
52:7 10 mar.
52:14, 15 6 mar.
53:2 8 e 9 mar.
53:5 11 mar.
58:11 23 fev.
60:1 25 jul.
65:17 12 mar.
65:24 1º out.
65:25 14 out.

Jeremias
1:18 10 jul.
31:16, 17 14 fev.
31:33 26 jan.

Ezequiel
47:5 14 jul.

Daniel
3:25 28 fev.
6:5 29 jun.

Oseias
2:19 23 jul.
6:3 21 jul.
10:12 22 jul.
11:8 15 jul.

Joel
2:25 5 abr.
2:28 1º set.

Amós
7:15 24 jul.
Habacuque
2:4 10 jun.
3:2 11 jun.

Zacarias
3:4 12 abr.
4:7 14 abr.
12:10 12 jul.
14:20 5 maio

Malaquias
2:17 6 maio
3:16 22 mar.

Mateus
1:21 25 dez.
2:1, 2 9 out.
2:11 20 dez.
4:1 22 jun.
4:17 24 fev.
5:3 15 e 16 out.
5:4 17 out.
5:5 18 out.
5:6 19 out.
5:7 20 out.
5:8 21 out.
5:9 22 out.
5:10 23 out.
5:20 12 out.
5:30 21 abr.
5:48 2 abr.
6:9 16 jun.
6:34 3 out.
9:36 6 dez.
10:8 5 mar.
11:19 19 abr.
11:29, 30 21 set.
12:20 19 fev.
13:26 22 nov.
13:33 26 nov.
13:44 24 nov.
13:45, 46 15 nov.
13:47 17 nov.
13:52 19 nov.
16:3 3 ago.
18:3 22 dez.
18:32, 33 31 mar.
19:30 10 ago.
20:10 11 ago.
21:15 7 nov.
22:11, 12 11 out.
25:10 27 dez.
25:37, 38 4 dez.
25:40 6 ago.
27:46 14 jun.

Marcos
3:5 5 ago.
4:8 22 fev.
4:26, 27 23 nov.
4:34 18 nov.
8:24, 25 9 jun.
9:35 2 jul.
14:71 6 jan.
16:7 8 abr.

Lucas
2:10, 11 29 jan.
2:14 24 dez.
2:52 26 dez.
4:18 27 out.
4:19 13 out.
4:22 2 dez.
6:38 8 nov.
10:31 28 jan.
10:34 9 jan.
12:6 31 jan.
12:7 8 fev.
13:7 29 mar.
13:12, 13 17 fev.
13:34 28 out.
14:13, 14 21 dez.
15:20 10 dez.
15:23, 24 4 mar.
16:8 30 jul.
17:10 13 jan.
18:13 12 ago.

João
1:1 29 out.
1:1, 2 18 jan.
1:3 30 out.
7 fev. / 31
1:5
out.
1:6 1º nov.
1:9 13 dez.
1:10 5 nov.
1:11 19 mar.
1:12 6 nov.
1:13 9 nov.
1:14 15 jan.
1:16 25 maio
1:17 30 jan.
1:18 11 nov.
5:7 1º fev.
5:21 22 maio
5:35 16 set.
8:36 28 jun.
9:2 13 ago.
11:25, 26 22 jan.
14:1 26 out.
14:3 8 ago.
14:4 29 fev.
14:19 8 jun.
14:27 15 jun.
15:12 28 maio
21:25 1º jan.

Atos
5:3 4 jun.
8:26 10 maio
11:23 21 nov.
11:26 14 ago.
13:43 15 ago.
14:3 16 ago.
14:17 29 nov.
14:26 17 ago.
20:24 3 abr.
27:23 3 jun.

Romanos
1:7 4 jan.
1:17 13 nov.
3:23, 24 21 ago.
5:1, 2 22 ago.
5:7 24 jun.
5:7, 8 5 jan.
5:15 24 ago.
5:17 25 ago.
24 jan. / 26
5:20
ago.
5:21 27 ago.
8:1 30 abr.
8:26 7 ago.
8:32 29 abr.
8:35 1º maio
12:1 5 out.
12:2 20 ago.
12:19 9 abr.
15:20 30 ago.

1 Coríntios
1:4, 5 23 ago.
3:5 10 jan.
4:1, 2 5 jun.
4:17 6 abr.
2 fev. / 19
9:24
ago.
12:26 9 ago.
13:12 2 nov.
12 jan. / 16
15:10
jul.
15:51, 52 18 set.
15:58 12 jun.

2 Coríntios
2:14 6 fev.
2:15 4 fev.
4:7 23 dez.
5:20 28 nov.
6:1 31 ago.
8:1, 2 29 ago.
8:7 8 set.
8:9 31 jul. / 3 set.
8:12 10 abr.
25 abr. / 28
9:8
ago.
10:12 14 mar.
12:7 13 jul.
13:14 8 jan.
Efésios
1:7 2 ago.
1:10 10 out.
2:8-10 16 fev.
2:14 25 nov.
3:20 23 mar.
4:31, 32 15 set.
5:21 10 fev.
6:1 13 fev.

Filipenses
1:6 17 jun.
1:21 7 dez.
2:4 15 mar.
2:9, 10 1º ago.
4:4 22 set.
4:11 16 nov.

Colossenses
1:18 8 jul.
1:19, 20 5 jul.
2:14, 15 23 set.
3:13 27 nov.
3:16 19 jun.
3:17 3 fev.

1 Tessalonicenses
5:21 27 set.

2 Tessalonicenses
3:7, 8 20 jun.

1 Timóteo
1:15 11 jan.
4:8 19 set.
6:10 24 out.

2 Timóteo
1:12 8 dez.
2:1 7 set.
3:15 28 jul.
4:11 28 set.

Tito
1:15 13 jun.
2:11 23 jan.

Filemom
8, 9 13 set.
10 10 set.
11 14 set.
12 9 set.
15, 16 12 set.

Hebreus
2:1 3 nov.
2:9 26 jul.
2:14 7 jun.
4:9 4 ago.
4:16 4 set.
9:6 11 set.
9:22 7 out.
10:24 5 dez.
10:24, 25 18 jun.
11:1 20 set.
11:24 8 maio
12:2 3 dez.
12:15 27 fev.
13:9 6 set.

Tiago
1:26, 27 27 maio
2:8 5 fev.

1 Pedro
1:8 21 mar.
3:7 12 fev.
4:10 7 jul.
19 jan. / 4
5:7
out.
5:10 2 set.
5:12 15 abr.

2 Pedro
3:18 15 fev.

1 João
1:1 21 jan.
3:16 1º dez.
4:16 31 maio
4:19 6 jun.

Apocalipse
1:4, 5 30 jun.
1:5, 6 3 jul.
3:21 1º mar.
5:5 30 nov.
12:11 30 mar.
14:3 14 jan.
15:3 15 maio
19:7 14 nov.
21:1 29 dez.
21:25 3 mar.
21:27 20 jan.
22:2 10 nov.
22:21 31 dez.

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