Você está na página 1de 2

ÔRÍ - FEMINISMOS DECOLONIAIS: ESPAÇOS (DE)FORMATIVOS ENTRE

INTERSECCIONALIDADE E PSICOLOGIA EM TEMPOS DE ISOLAMENTO


SOCIAL.

RESUMO
O projeto Ôrí - Grupo de Estudos Decoloniais está vinculado ao Eixo de Estudos Decoloniais
do Programa de Educação Tutorial (PET-PSICOLOGIA) da Universidade Federal do Ceará,
sendo um da série de grupos de estudos ocorrendo em 2021 com temáticas decoloniais e
étnico-raciais. Entendemos que compreensão e a análise crítica do contexto social e a maneira
como ele afeta a vida das pessoas apresentam-se como partes importantes na (de)formação de
uma Psicologia socialmente implicada, logo, se faz importante abrir as possibilidades
epistemológicas para autores fora dos cânones e das hegemonias raciais, geográficas e de
gênero que dominam a produção de conhecimento em Psicologia. Somos
inscrites/inscritas/inscritos em uma sociedade baseada numa governamentalidade colonialista
que se reatualiza em diversas instituições, promovendo desigualdades, assujeitamento e
violências, inclusive epistêmicas. Com os estudos decoloniais vislumbramos possibilidades
de interromper esses ciclos de violências. Sabemos que os processos de adoecimento
psíquicos são fortemente influenciados por inúmeros fatores sociais, como o racismo, o
sexismo e a desigualdade social. Apenas a partir de um olhar epistêmico politicamente
comprometido, conseguiremos promover práticas libertárias, éticas e responsáveis em nossas
atuações e pesquisas. Dessa forma, buscamos a partir dos estudos e escritos de pensadoras
negras, tensionar os saberes e perspectivas tradicionais de produção de conhecimento em
Psicologia. Além de fomentar o debate antirracista, antisexista e anticolonial dentro do curso
de Psicologia, tensionando esse campo de saber hegemonicamente branco e eurocêntrico; e
por fim, provocar reflexões sociais pertinentes que tranformem nossas práticas e teorias no
sentido de uma descolonização das mesmas; instigando a produção de uma Psicologia
antirracista e compromissada com a tranformação racial, principalmente no que diz respeito
às desigualdades de raça, gênero e classe, a partir da sensibilidade analítica da
Interseccionalidade. O grupo de estudos ocorreu em formato online, devido às medidas de
isolamento social pela pandemia do Covid- 19, utilizamos como estratégias metodológicas, a
leitura prévia dos textos, a mediação durante os encontros, e o incentivo ao resgate de
intercessores a partir das intensidades e afetos produzidos durante as leituras, possibilitando
anexar o novo, o outro para além de leituras acadêmicas e circular os escos e as falas. Foram
um total de 11 encontros, ocorridos nos meses de janeiro a março do ano de 2021. Além do
estudo a epistemologias outras, o grupo possibilitou a construção de um lugar de circulação
de afetos e conhecimentos que destoam da hegemonia acadêmica. Além disso, consideramos
importante, a partir de todos esses aspectos abordados, pensar nessa prática de educação em
tempos obscuros de pandemia por Covid-19. (De)formar uma Psicologia Social é estar atento
e sensível ao contemporâneo, que questões se fazem (im)pertinentes nesse contexto que
fomos inserides/inseridas/inseridos? Que modos de subjetivação são produzidos e
atravessados por esse contexto? Como sustentar espaços de ensino-aprendizagem em tempos
em que nossas corpas se encontram em meio a caos e morte? Essas perguntas não trazem
respostas, experimentar esse espaço foi para além de tudo político, foi uma recusa e uma
linha de fuga à normatividade hegemônica colonial, racista, misógina e cisheteronormativa.
Assim, ir de rumo a essa Psicologia é compormos isso enquanto máquinas de guerra, fazer
educação em tempos sombrios onde nossos corpos não aguentam mais, é ainda um processo
de aquilombamento. Mesmo na ausência do chão da universidade, a sala de aula virtual foi
um espaço além de compartilhamento de saberes e vivências, como também, partilha de
cuidado e rede entre (nós), produzindo modos de existências possíveis, encontros, afetos e
respiros. Forjamos de forma micropolítica e coletiva condições e estratégias possíveis para
encontrar potência em meio a morte e caos, fazer brotar vida no asfalto quente, ficcionar a
partir da imaginação política e revolucionária um mundo por vir, um mundo que não só nos
caiba, mas um mundo em que possemos viver. Assim, Ôri foi um potente passeio pelo
pensamento de intelectuais negras, chicanas, africanas e latinas. Pensadoras -
sistematicamente excluídas e silenciadas pelas hegemonias acadêmicas - que propõem
análises inovadoras acerca da realidade que construímos e vivemos, questionando e
minorando radicalmente pressupostos racistas, sexistas e coloniais, propondo verdadeiras
encruzilhadas teóricas e epistemológicas que contestam o esquadrinhamento analítico de
nossas corpas. Ôrí foi/é um espaço-tempo contra hegemônico de conhecimento. Ôrí foi/é um
respiro ancestral, um sopro desestabilizante, criador, terno, radical.

Palavras chave: Decolonialidade; Interseccionalidade; Educação; Feminismo

Eixo temático: 2. Formação em Psicologia Social e Epistemologias: Colonialidades e


Interseccionalidade.

Você também pode gostar