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DE RESÍDUOS
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
ISBN 978-85-8084-644-7
CDD - 22 ed. 304.2
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORAS
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) acadêmico(a), é com muito prazer que apresentamos a você o livro que fará
parte da disciplina Gestão de Resíduos.
Nós o preparamos com empenho e carinho para que você adquira conhecimentos so-
bre a Gestão de Resíduos: tipologia, caracterização, coleta, armazenamento, destino fi-
nal e legislação pertinente.
Sou a Professora Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira, sou graduada, especialista
e mestre em Administração, professora e pesquisadora dessa área, e confesso que sou
apaixonada pelo tema e muito me importa em contribuir para sua formação e cons-
ciência cidadã sobre as questões ambientais. Juntos, podemos melhorar a qualidade
ambiental.
Sou a Professora Renata Cristina de Souza, sou graduada em Tecnologia Ambiental, Es-
pecialista em Gestão Ambiental e Mestre em Engenharia Urbana, sou professora e pes-
quisadora na área ambiental, principalmente nos temas de gerenciamento de resíduos,
tratamento de águas e tratamento de efluentes. Espero colaborar para sua formação em
questões ambientais.
Caro(a) aluno(a), este livro tem como finalidade introdutória apresentar a compreensão
sobre o sistema de gestão ambiental, uma vez que os fundamentos teóricos fazem par-
te dos estudos das ciências socioaplicadas, e ajudá-lo a aplicar tais conhecimentos na
vivência organizacional e individual.
Neste interesse, almejamos apresentar o tema de forma que permita novas discussões,
análises e inovações, visando ampliar a qualidade ambiental.
Em nosso país, o gerenciamento de resíduos ainda não abrange a pauta das grandes
discussões relacionadas às questões político-ambientais. Esse assunto está fundamen-
tado no limite legal, ou seja, as empresas visam atender apenas às exigências legais para
se livrarem de punições econômicas, deixando de lado as possibilidades de melhoria
ambiental por considerarem o custo. Porém, temos a pretensão de sensibilizá-lo a ponto
de torná-lo agente disseminador em suas atividades diárias e organizacional, o que se
revela em oportunidade para se destacar em empreendedor ou como profissional capa-
citado a gerir os resíduos.
Será preciso muito empenho para assimilar os conhecimentos por meio de leituras, as-
sim como atenção às videoaulas e responder aos exercícios. Ainda, por não se tratar de
uma teoria cabal, desejamos que possa contribuir com novas discussões e possibilida-
des sobre o assunto nos trazendo sugestões de leituras e opiniões díspares.
Na unidade I, começamos a introduzir o assunto Sistema de Gestão Ambiental e, assim,
apresentamos definições bem como uma contextualização sobre o problema da po-
luição e seu tratamento. Sumariamente, também foram apresentadas a concepção de
resíduos e a metodologia 3 Rs como uma prática diária para minimização dos impactos
ambientais. Na situação organizacional, também abordamos as vantagens dos Rótulos
APRESENTAÇÃO
Bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I
15 Introdução
34 Considerações Finais
UNIDADE II
39 Introdução
78 Considerações Finais
11
SUMÁRIO
UNIDADE III
EFLUENTES
83 Introdução
96 Efluentes Industriais
UNIDADE IV
POLUIÇÃO DO AR
119 Introdução
UNIDADE V
143 Introdução
173 CONCLUSÃO
175 REFERÊNCIAS
Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira
Professora Me. Renata Cristina de Souza
SISTEMA DE GESTÃO
I
UNIDADE
AMBIENTAL E RESÍDUOS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender o significado de poluição e resíduos.
■■ Apresentar os movimentos e discussões que pressionaram a adoção
de mecanismos de tratamento de poluição.
■■ Entender os 3 Rs – reduzir, reusar, reciclar.
■■ Discorrer sobre as diferenças entre prevenir e controlar a poluição.
■■ Classificar, sumariamente, os resíduos mais comuns nas organizações:
sólidos, efluentes e emissões atmosféricas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Gestão Ambiental e compreensão dos resíduos
■■ Abordagem do tratamento ambiental para o tratamento de resíduos
■■ Sistema de Gestão Ambiental (SGA), Rótulos e ISO 14000
■■ Os resíduos: sólidos, efluentes (líquidos) e emissões atmosféricas
15
INTRODUÇÃO
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mínimo trabalho” (FARIA, 2002, p. 53).
O nosso planeta é indivisível, não há barreiras que possam proteger regiões
de serem atingidas pela poluição. E, por isso, as emissões, os efluentes descar-
tados em lagos e rios, e problemas por descarte de resíduos periculosos à saúde
atravessam países. Assim, a queima de carvão na China afeta os EUA, a chuva
ácida dos países poluentes destroi várias florestas, a contaminação em rios sufoca
a vida de muitas espécies que dependem desta água e contribuem com seu desa-
parecimento, um acidente radioativo pode provocar câncer em várias regiões.
(FARIA, 2002)
Para Barbieri (2011, p.15), “[...] a poluição é dos aspectos mais visíveis dos
nossos problemas ambientais [...]”. A poluição não respeita fronteiras entre um
país e outro. As consequências estão visivelmente ao nosso redor, no nosso dia
a dia, no trabalho, em qualquer atividade humana.
Neste entendimento, vamos acatar ao conceito de Barbieri (2011) sobre poluir
e contaminar para refletirmos sobre a poluição. Poluir é sujar, degradar, conta-
minar, manchar e mesmo alterar as condições naturais do ambiente. Poluente
é o que polui, uma vez que produz algum tipo de situação indesejada ao meio
e à vida humana.
A poluição pode ser vista em vários aspectos como apresenta a figura 1 a
seguir:
SETOR POLUENTES
Agropecuária Metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), compostos
orgânicos voláteis (COV), metais pesados, embala-
gens de agronegócios, fertilizantes não aproveitados,
materiais particulados.
Mineração CO2, monóxido de carbono CO, óxido de nitrogênio
(NO), óxido de enxofre (SO), materiais pesados, águas
residuais, resíduos sólidos, ruídos, vibração.
Siderurgia Materiais particulados, SO2, NO2, CO, COV, DBO, escó-
rias e lodos de tratamento de efluentes, ruídos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Metais não metálicos SO2, CO, materiais particulados, DBO, lodos de trata-
mento de efluentes, ruídos.
Usinas Termoelétricas CO, CO2, CH2, NO2, materiais particulados e lodo.
Têxtil Materiais particulados, lodo, ruídos, SO2, NO2, CO, COV,
DBO e HC.
Refinarias de petróleo SO2, NO2, SO2, materiais particulados, lodo, ruídos,
derramamento de óleo e combustíveis.
Transportes CO, CO2, NO2, SO2, materiais particulados, ruídos, der-
ramamento de óleo e combustíveis.
Quadro 1: Exemplos de alguns poluentes em cada setor produtivo
Fonte: adaptado de Barbieri (2006, p. 17)
A gestão ambiental tem o objetivo de proteger o meio ambiente dos danos pro-
vocados pelos efeitos nocivos dos materiais indesejados pelas empresas, os quais
às vezes são descartados incorretamente no ambiente natural. Tal comporta-
mento poluidor/degradador expõe a empresa a situações perigosas. Os resíduos
indesejados e descartados sem tratamento no ambiente podem levar a empresa
A sociedade cada vez mais atenta aos prejuízos sofridos com descartes de resíduos
e poluição generalizada compreende agora que a solução para o problema dos
resíduos exige o envolvimento do governo com legislação rigorosa, do mercado
com a escolha consciente do consumidor por marcas ambientalmente corretas, e
da sociedade com Organizações não governamentais (ONGs), cientistas e pessoas
que exprimem seu poder de denunciar a poluição aos órgãos punidores e mídia.
Os gestores devem adotar, em seu planejamento estratégico, novas aborda-
gens tecnológicas e administrativas para segregar, acondicionar, tratar e destinar
corretamente os resíduos. E assim, espera-se que as empresas deixem de ser
problemas e contribuam positivamente nas questões relacionadas aos resíduos.
Destacamos na sequência alguns movimentos relevantes que pressionaram
decisões políticas a encarar e exigir compulsoriamente o destino dos resíduos
(BARBIERI, 2006):
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3. A preocupação dos investidores que procuraram minimizar os riscos
de seus investimentos. As empresas que não adotassem em suas estraté-
gias técnicas de despoluição e tratamento estavam acumulando passivos
ambientais (impactos ambientais por poluição), o que vem prejudicar os
altos lucros desejados por estes investidores. Neste interesse, passaram
destinar seus recursos em empresas mais saudáveis ambientalmente. Na
atualidade, existem critérios próprios por parte das instituições financei-
ras que devem ser cumpridas pelos tomadores de créditos. Em 2002, o
PNUMA – Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente –promo-
veu a discussão no setor e conseguiu a adesão de 35 bancos em diversos
países cuja atuação visava respeitar a legislação ambiental por parte dos
tomadores.
4. O setor de seguro também tem tido forte presença no controle à polui-
ção de seus segurados, uma vez que passaram a exigir das empresas que
assinaram os contratos modelos preventivos e normatizados segundo as
regras ambientais para evitar os altos custos dos seguros. E as organiza-
ções se comprometeram a rever o plano organizacional para evitar riscos
ambientais em atividades básicas como, por exemplo, a introdução de
chaminés com filtros, lagoas de tratamento de efluentes em dimensões
adequadas, localização da indústria distante de áreas socias.
5. O aumento da consciência ambiental da população que, despertada pelos
danos causados pela poluição, considera em suas escolhas as empresas
com práticas ambientais saudáveis, o que veio a contribuir com adesão
dos rótulos verdes pelas empresas para apresentar boas práticas ope-
racionais. No caso brasileiro, destacamos o Procel que estima o gasto
energético dos aparelhos eletrônicos.
ABORDAGENS
CARACTERÍSTICAS CONTROLE DA PREVENÇÃO DA
ESTRATÉGICA
POLUIÇÃO POLUIÇÃO
Preocupação básica Cumprimento da Uso eficiente dos Competitivi-
Legislação e respos- insumos dade
tas às pressões da
comunidade
Postura típica Reativa Reativa e proativa Reativa e
proativa
Ações típicas Corretivas Corretivas e pre- Corretivas,
Uso de tecnologias ventivas. preventivas
de remediação e de Conservação e e antecipató-
controle no final do substituição de rias
processo (end-of-pi- insumos. Antecipação
pe) Uso de tecnolo- de problemas
Aplicação de normas gias limpas e captura de
de segurança oportunida-
des utilizando
soluções de
médio e lon-
go prazo
Percepções dos em- Custo adicional Redução de custo Vantagens
presários e adminis- e aumento da competitivas
tradores produtividade
Envolvimento da Esporádico Periódico Permanente e
alta administração sistemático
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Quadro 2: Gestão ambiental na empresa - abordagens
Fonte: Barbieri (2011, p. 107)
CONTROLE DA POLUIÇÃO
PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO
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o carro, promovendo uma economia expressiva de combustível. Outro exem-
plo vem da fabricação do Ecolápis da Faber Castell que separa a serragem e a
madeira restante da produção, os quais são vendidos para outras fábricas que as
reaproveitam em outras mercadorias (ACADEMIA PEARSON, 2011).
Reusar é uma estratégia relevante para otimizar o uso de recursos da pro-
dução. Para evitar a extração de novos materiais originais, algumas empresas
reutilizam novamente nos processos. Por exemplo: nas recicladoras de PETs,
as novas tecnologias reaproveitam a água utilizada para a limpeza das garrafas.
Inclui-se ao processo um tanque de tratamento dos efluentes que uma vez tratado
retorna ao processo de lavagem das garrafas. Nessa estratégia, ainda, devemos
considerar que a reciclagem de garrafas torna-se também fonte de materiais
(não originais) que serão reusados em novos processos (Fábrica de reciclagem
de PETs em Astorga/PR). É relevante, também, nessa combinação estratégica a
contribuição com o uso limitado de água para o processo.
A estratégia dos 3 Rs e processos com tecnologias limpas ou produção mais
limpa são de extrema relevância para a evolução das causas ambientais. As orga-
nizações podem adotar estratégias radicais com mudanças técnicas em todo
processo operacional ou mudanças incrementais adicionando mudanças gra-
duais nos modelos de produção.
Redução na Fonte
Reuso e Reciclagem • Uso Sustentável dos Resíduos.
Recuperação • Abordagem reativa e Proativa.
Energética
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efeito estufa, por hidrocarbonetos (HC), menos nocivos à camada de ozônio. O
HFC não poderá mais ser utilizado, segundo a legislação nacional, a partir de
2040. Contudo, a empresa se reorganizou para alcançar metas sustentáveis em
sua gestão ambiental, assim, a Whirlpool vem construindo números expressi-
vos que traduzem benefícios no campo ambiental, econômico e social. Vejam:
15% dos bônus 17%de redução 96% dos resíduos 136 tonela-
das
dos executivos de- no uso da água, gerados em 2011 Isopor, pape-
pendem de planos com medidas como foram aproveitados lão e plástico
ligados a questão a captação de chuva para a geração de das embala-
socioambiental para testes das energia elétrica gens foram
lavadoras coletadas
para recicla-
gem
Quadro 3: Percentuais de ganhos dos executivos da Whirlpool nas ações implantadas a favor da sustentabilidade
Fonte: Grissoto (2012, p. 158)
As ações do sistema de gestão ambiental podem avançar muito além das neces-
sidades acanhadas para cumprimento legal e se estender a ambições maiores
como os rótulos ambientais.
A norma ISO 14000 certifica ambientalmente uma organização. Ela auxi-
lia a organização a certificar seus processos com tratamento de resíduos. Esses
A produção de resíduos sólidos faz parte das atividades diárias das pessoas, seja
em nossas residências, nas indústrias, nos serviços, enfim, em todas as atividades
humanas nos deparamos com sobras de materiais. O aumento populacional em
ritmo acelerado e o modo de consumo das pessoas têm contribuído com aumento
dos resíduos e consequentemente com aumento dos problemas ambientais.
Conforme esclarece Philippi Jr. (2005), a questão dos resíduos sólidos é uma
questão pública que envolve a sociedade e envolve interesses econômicos, aspec-
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tos culturais e políticos. Uma discussão pertinente é a geração inadequada de
lixo (resíduos).
Assim, concordamos com a seguinte definição: “o conceito atualmente para
resíduos sólidos está vinculado à referência a tudo aquilo que resulta das ativi-
dades do ser humano na sociedade e que, aparentemente, não possui mais ou
deixou de ter utilidade” (ZILBERMAN, 1997, p.48).
Outra definição acatada mundialmente é a que consta na Agenda 21:
os resíduos sólidos compreendem todos os restos domésticos e resíduos
não perigosos, tais como resíduos comerciais e institucionais, o lixo da
rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão
de resíduos sólidos também se ocupa dos resíduos humanos, tais como
excrementos, cinzas de incineradores, sedimentos de fossas sépticas e
de instalações de tratamento de esgoto. Se manifestarem características
perigosas, esses resíduos devem ser tratados como resíduos perigosos
(CNUMAD, 1997 apud PHILIPPI JR., 2005, p. 271).
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2. Esgotos industriais, oriundos das
indústrias.
3. Esgotos especiais, provenientes de serviços hospitalares, shopping cen-
ters, aeroportos em que as especificidades demandam gerenciamento
diferenciado.
No caso dos efluentes domésticos, sua vazão é calculada pelo conceito de retorno,
que situa entre 80% da quantidade de água distribuída no abastecimento, assim
em cada 100 litros consumidos, descartaremos em média 80 litros nos esgotos.
No caso das indústrias, a vazão depende das tecnologias adotadas pelo
processo industrial. Com os avanços tecnológicos, diversas vem implantando
soluções que evitem o uso ou que possam reaproveitar a água residuária, como
é o caso de algumas lavanderias industriais. Veja alguns exemplos de indústrias
e seu consumo:
Q U A N T I D A D E P O LU E N T E S
TIPO DE INDÚSTRIA UNIDADE
DE DESPEJO PRINCIPAIS
MATADOURO Litros/cabeça 2.500 Carga orgâ-
Bovino 1.2000 nica
Suíno 25-50
Aves
CERVEJARIA Litros/litros cerveja 08 – 40 Carga orgâ-
nica
CURTUME Litros/quilos de pele 30 – 100 Cromo
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vivência social (PHILIPPI JR., 2005).
RESÍDUOS ATMOSFÉRICOS
A camada de gases que envolve o planeta Terra é composta por uma mistura de
gases, nitrogênio e oxigênio, que representam 99% de sua composição, sendo
denominada atmosfera. “A poluição do ar pode ser definida como presença de
matéria ou energia na atmosfera, de forma a torná-la imprópria, causar preju-
ízos aos usos antrópicos, à saúde pública e ao ecossistema natural” (PHILIPPI
JR., 2005, p. 443).
A poluição atmosférica é tão grave à saúde humana que, em países em desen-
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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abrangentes e incluem mudanças e adoção dos 3 Rs. Na segunda, controle, aten-
dem às questões legais e têm por objetivo tratar a poluição no final do processo.
Outro ponto relevante no SGA apresentado diz respeito à possibilidade des-
sas organizações adotarem selos verdes como rótulos ou ISO 14000, o que implica
em melhoria nos processos e evidente preocupação ambiental. Os selos reper-
cutem favoravelmente na imagem organizacional, e algumas situações passam
a ser uma exigência dos mercados.
Por fim, compreendemos as diferenças entre resíduos sólidos, efluentes e
emissões atmosféricas. Tal conhecimento facilita a adoção de novas estratégias
e compromisso com o tratamento e a melhoria ambiental.
Espero que as discussões introdutórias sirvam de base para a compreensão
das unidades sequenciais.
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Em sua produção, o componente básico da resina usado na fabricação de
painéis, o formaldeído é emitido continuamente, como gás, enquanto a
chapa não é totalmente revestida. Ele pode intoxicar os empregados do fa-
bricante, o marceneiro que trabalha com o material e até o consumidor final
dos móveis.
No Brasil, a concentração de substâncias não pode ultrapassar 30 miligra-
mas por 100 gramas do produto final. Para receber o selo verde da ABNT, a
Masisa foi além: limitou o nível de formaldeído a 8 miligramas por 100 gra-
mas do produto final, dentro do padrão mais rigoroso da norma europeia.
“Adequar-se à norma europeia significa menos lucro, uma vez que precisa-
mos usar mais resina cara e adotar os cuidados para proteger os funcioná-
rios”, diz Marise Barroso, presidente.
Traduzindo em números, isso representa 8% menos de Ebitida, indicador
que mede a geração de caixa da empresa. Apesar disso, é uma medida ne-
cessária. “Demos o primeiro passo, agora a sociedade pode exigir que outras
empresas adotem o mesmo padrão”, disse a presidente.
II
RESÍDUOS SÓLIDOS:
UNIDADE
DOMÉSTICO, INDUSTRIAL,
DA CONSTRUÇÃO CIVIL E
RESÍDUOS DA SAÚDE
Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar as principais características dos resíduos sólidos e da
saúde.
■■ Analisar o processo de geração de resíduos e possibilidades de
minimização.
■■ Compreender as alternativas disponíveis de tratamento.
■■ Conhecer sobre a periculosidade dos resíduos da saúde.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Características dos resíduos sólidos: doméstico, industrial e
construção civil
■■ Classificação quanto à periculosidade
■■ A identificação na fonte geradora
■■ As alternativas de tratamento
■■ Caracterização dos resíduos de serviço da saúde
39
INTRODUÇÃO
triais (processo de fabricação). As conclusões nos revelam que boa parte desses
materiais são descartados a céu aberto sem tratamento, por exemplo, sobras de
plásticos descartados no solo ou rios podem ser focos de doenças, pois poluem
nosso ar, nosso solo, nossos rios e mares.
Um ambiente danificado pela poluição (impactado por resíduos) terá difi-
culdade também em manter as condições saudáveis para reposição de recursos
necessários para o processo industrial. Temos que considerar que o meio ambiente
é a fonte de recursos necessários à sobrevivência humana, portanto, é nosso
dever mantê-lo sadio.
O que fazer com o crescente descarte de resíduo no meio ambiente? Há muito
o que fazer. Podemos segregar os resíduos, acondicioná-los e destiná-los corre-
tamente de tal forma que não exaura nosso meio ambiente. Para tanto, devemos
apoiar as iniciativas das ONGs para proteção ao meio ambiente (assim como faz
Greenpeace, WWF e outras), políticas públicas e legislação para condicionar o
comportamento das pessoas a favor do meio ambiente, empresas produtoras e
uma sociedade disposta e informada a rever suas formas de consumo e trata-
mento das sobras.
Esta unidade apresenta o conceito de resíduo sólido, classificação quanto
à periculosidade e as possibilidades de tratamento. Assim, teremos os resíduos
sólidos: domésticos, industrial e da saúde. O desafio desse tratamento pode se
tornar fonte rentável para novos negócios na cadeia produtiva e contribuir com
sustentabilidade do planeta.
Introdução
40 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o processo que deram origem a esses resíduos. Os resíduos são classificados em
dois grupos – perigosos e não perigosos –, sendo ainda este último grupo subdi-
vidido em não inerte e inerte. Essa norma estabelece os critérios de classificação
e os códigos para a identificação dos resíduos de acordo com suas características.
Assim todos os resíduos ou substâncias listados (A, B, D, E, F e H), segundo
a norma, têm uma letra para codificação, seguida de três dígitos. Os resíduos
perigosos constantes no anexo A são codificados pela letra F e são originados de
fontes não específicas. Os resíduos perigosos constantes no anexo B são codifica-
dos pela letra K e são originados de fontes específicas (ABNT NBR 10004, 2004).
Os resíduos perigosos classificados pelas suas características de inflamabi-
lidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade são codificados conforme
indicado a seguir:
D001: qualifica o resíduo como inflamável;
D002: qualifica o resíduo como corrosivo;
D003: qualifica o resíduo como reativo;
D004: qualifica o resíduo como patogênico.
Residuos
O resíduo tem
origem conhecida?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sim
Consta nos
anexos A ou B?
Não
Não
Possui constituintes
Não
que são solubilizados Resíduo inerte
em concentrações classe II B
superiores ao
anexo G?
Sim
Resíduo não-Inerte
classe II A
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isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível (ABNT NBR 10005, NBR 10006, NBR 10.007, NBR 12808, 1993).
Os resíduos sólidos são classificados em Perigosos e Não Perigosos.
1. Perigosos ou periculosidade de um resíduo: Característica apresentada por
um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocon-
tagiosas, pode apresentar: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade
e patogenicidade. Eles podem provocar ou conter:
a. Risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças
ou acentuando seus índices.
b. Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma ina-
dequada.
c. Toxicidade: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provo-
car, em maior ou menor grau, um efeito adverso em consequência de sua
interação com o organismo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nesta classe, estão os resíduos que podem ser biodegradáveis, solúveis em água
ou em combustíveis. São exemplos: sucatas metálicas, papéis, materiais orgâni-
cos. Segundo a ABNT NBR 10004 (2004), são aqueles que não se enquadram
nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B -
Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A – Não inertes podem
ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solu-
bilidade em água.
No que tange aos resíduos domésticos, a coleta e o tratamento ficam por respon-
sabilidade das cooperativas e coleta municipal.
Os catadores contratados pelas prefeituras saem pelas ruas diariamente
coletando os materiais não utilizados pelas residências e alguns comércios, des-
pejando o que recolheram nos aterros.
Os catadores das cooperativas circulam
pelas cidades e coletam os resíduos (não incluir
os orgânicos) e levam até as cooperativas onde
serão segregados: plásticos, papelão, alumí-
nio e vidros. São acondicionados de modo
que diminuam seu volume. E então vendidos,
por meio de intermediários ou diretamente, às
empresas de reciclagem. Essa atividade refletiu
em inclusão social, renda para os membros das
cooperativas e respeito ao meio ambiente, uma
vez que os resíduos domésticos serão tratados
com técnicas ambientalmente corretas reduzindo o impacto ambiental e dimi-
nuindo o destino de áreas geográficas importantes para a instalação de aterros.
Nesse interesse, vale destacar a necessidade da Educação Ambiental da socie-
dade que deverá, em suas residências, separar o resíduo sólido dos orgânicos.
Esse modelo é chamado de Economia Solidária e inspirou a criação de um
programa chamado de “Programa Nacional Lixo & Cidadania” e conta com o
apoio da Unicef para retirar as crianças dos lixões, as quais catavam sobras para
a sua subsistências, sendo ainda incluídas nas escolas. O movimento avançou e
em 2000, quando foi criado o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais
Recicláveis; a atividade foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho e incorpo-
rada ao Código Brasileiro de Ocupações (JACOB, 2006).
Ainda cabe ao município a responsabilidade de coletar os resíduos orgânicos,
assim como aqueles que não foram segregados nas residências, e os encaminhar
até o aterro municipal. Nesse aterro, deverão ser separados os resíduos sólidos
dos orgânicos. Os sólidos deverão ser encaminhados à reciclagem e os orgâni-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cos serão destinados aos aterros.
Estimativas revelam que as prefeituras realizam a coleta seletiva dos resí-
duos sólidos em 52% das cidades pesquisadas; empresas particulares executam
a coleta em 26%. Mais da metade (62%) apoia ou mantém cooperativas de cata-
dores como agentes executores da coleta seletiva municipal (PORTAL BRASIL,
on-line,). De acordo com o mesmo estudo, em 27,7% das cidades, o lixo vai para
os aterros sanitários e em 22,5% delas (somente), para os aterros controlados,
de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto
Brasileiro de Estatística (IBGE, 2012).
Infelizmente, tal prática ambientalmente correta nem sempre é vista em
todos os municípios brasileiros. Considerando a falta de consciência e de res-
peito ao meio ambiente, muitos municípios coletam tudo e enterram. Os “lixões”
continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos urbanos produzidos no
Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e à qualidade de vida
da população. A situação exige soluções para a destinação final do lixo no sen-
tido de reduzir o seu volume, ou seja: no destino final, é preciso ter menos lixo
(VAZ; CABRAL, 2006).
Para reforçar, o custo da coleta seletiva também é alto quando comparado
ao da coleta convencional. O preço médio da coleta seletiva nas grandes cidades
calculado pela pesquisa do CEMPRE foi de R$ 376,20. Já a coleta regular de lixo
custa, em média, R$ 85,00, quatro vezes menos (CEMPRE, on-line).
lidade sobre o descarte dos materiais que já tiveram uso no nosso dia a dia,
mas agora se tornaram um incômodo.
<http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/de-onde-
-vem-e-pra-onde-vai-o-lixo-nosso-de-cada-dia>.
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que não puder ir para a reciclagem, os chamados rejeitos, só poderá ser destinada
para os aterros sanitários. Obriga-se, nesse sentido, o tratamento dos resíduos
evitando que sejam enterrados, tão simplesmente (PORTAL BRASIL, on-line)
De acordo o texto do Plano, as novas responsabilidades definidas na PNRS
reduzem gastos públicos municipais e ampliam a capacidade de investimentos
das prefeituras em sistemas de reaproveitamento de resíduos de forma consor-
ciada, assim como compartilhamento de aterros sanitários entre municípios de
uma mesma região. Define ainda metas de redução de geração de resíduos e
investimentos para a educação ambiental (PORTAL BRASIL, on-line).
Para refletir sobre a importância do Plano, estudos do Compromisso
Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE, on-line) apontam que, nos últimos
anos, o volume de lixo urbano reciclado no Brasil aumentou. Entre 2003 e 2008,
passou de 5 milhões de toneladas para 7,1 milhões, equivalente a 13% dos resí-
duos gerados nas cidades. (CEMPRE, on-line). Contudo, tal incremento não
alcançou a amplitude do aumento de resíduos em virtude da ampliação de con-
sumo social. Ficando grande parte dos resíduos aterrados sem tratamento.
Outra questão importante, diz respeito à educação ambiental para orientar
a sociedade quanto à necessidade de segregar os materiais (residências, indús-
trias e comércio) e a necessidade de preparar as cidades para a coleta seletiva.
Apesar da importância que tem para o processo de reciclagem, a coleta seletiva
só existe em 443 cidades brasileiras (8% do total), segundo uma pesquisa feita
pela associação (CEMPRE, on-line).
As empresas que produzem resíduos nos seus processos têm obrigação legal
sobre a coleta, armazenamento interno e externo, incluindo reciclagem, incine-
ração, coprocessamento e destino final desses resíduos. Os resíduos industriais
são classificados pela ABNT (NBR 10004) conforme Lixiviação, Solubilização e
Amostragem (NBR 10.005/04, NBR 10006/04, NBR 10004/07 respectivamente).
Quanto mais se intensifica a demanda de produtos, maior o uso de materiais
para o processamento e acúmulo de sobras (resíduos). Por isso, alternativas e solu-
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ções para o tratamento do resíduo industrial que sejam viáveis tanto econômica
quanto ambientalmente são cada vez mais requisitadas pelas empresas. A solu-
ção para o problema do resíduo industrial deve constituir-se no planejamento
estratégico da empresa. Nasce com a escolha de materiais (matéria-prima) que
serão incluídas no processo produtivo. Nessa escolha, cada vez mais, as empre-
sas estão priorizando elementos menos perigosos para diminuírem seus custos
no tratamento e destino desses resíduos (BARBIERI, 2012).
Segundo Barbieri (2012), a empresa inicialmente deverá avaliar seus aspec-
tos ambientais (resíduos) que interagem com o meio ambiente. Após essa etapa,
deverá identificar aqueles elementos que contribuem negativamente para essa
interação, ou seja, classificar aqueles resíduos que são considerados altamente
perigosos ao ambiente e saúde humana (pó químico, graxos, metais pesados) e
os menos nocivos (papelão, plásticos).
A partir das considerações da escala, alta periculosidade, perigosos e não
perigosos, a empresa normatiza o tratamento segundo a exigência legal.
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RIAL DE INFORMÁTICA
NÃO PERIGOSOS RECICLAGEM DE MATE-
RIAL
PLÁSTICOS CONTAINERS RECICLAGEM OU COOPE-
PAPELÃO DEPÓSITO COBERTO RATIVAS
ALUMÍNIO
VIDROS
SOBRA DE PVC
TECIDOS
Quadro 5 : Classificação do resíduo quanto à alta periculosidade: perigoso e não perigoso
Fonte: adaptado de ABNT NBR 10004
MATERIAIS CARACTERÍSTICAS
Agregados Materiais acrescidos ao cimento e à água para obter a arga-
massa e concreto. Exemplos: areia, britas, cal. Representam
70% de uma obra.
Aglomerantes Resinas naturais ou sintéticas; borracha, silicato, goma laca
e magnésio, cal. Visam garantir durabilidade na construção.
São grãos que vão compor outros materiais como as arga-
massas.
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Argamassas Mistas de cimento e cal, em alguns casos pode se encontrar
misturas com areia também. Têm a função de unir mate-
riais, absorver deformações, impermeabilizar o substrato de
aplicação.
Tintas para Podem ser látex (sintéticas) ou base de solventes orgânicos
construção civil (óleos). Contêm solventes, pigmentos, verniz, aditivos (garan-
tem durabilidade). Possuem a finalidade de revestir, proteger,
harmonizar, decorar.
Madeiras São provenientes de corte de árvores ou de reuso de outras
obras. São utilizadas como suporte, apoio e decoração.
Ferragens Somadas ao concreto dão suporte e durabilidade à obra.
Também servem de proteção e de decoração, como portas,
janelas, grade e outros.
Quadro 6: Caracterização dos materiais utilizados na construção civil
Fonte: adaptado de Ribeiro (2006) e Gauto e Rosa (2013)
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GERAÇÃO
COLETA
MANEJO
SUPERAÇÃO
TRANSPORTE TRANSFORMAÇÃO
RECUPERAÇÃO
DISPOSIÇÃO
FINAL
INCINERAÇÃO
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O PROCESSO DE INCINERAÇÃO
Para os resíduos tóxicos que contém cloro, fósforo ou enxofre, além da neces-
sidade de maior permanência dos gases na câmara (cerca de dois segundos), são
necessários sofisticados sistemas de tratamento para que estes possam ser lan-
çados na atmosfera.
Já os resíduos compostos apenas por átomos de carbono, hidrogênio e oxigê-
nio necessitam somente um sistema eficiente de remoção do material particulado
expelido juntamente com os gases da combustão. Existem diversos tipos de fornos
de incineração, os mais comuns são os de grelha fixa, de leito móvel e o rotativo.
As principais características dos resíduos que apresentam maior potencial
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■■ não ocorre produção de resíduos sólidos, devido ao
fato das cinzas de combustão dos resíduos ficarem dis-
solvidas na estrutura do próprio cimento, enquanto que
no processo tradicional teriam que ser depositadas num
aterro sanitário;
■■ não é necessário um tratamento complementar dos gases, nem ocorre a
produção de efluentes líquidos ou lamas, devido aos fornos das cimentei-
ras apresentarem um ambiente alcalino natural, resultante da utilização
do calcário como matéria prima, sendo assim lavadores naturais de gases,
neutralizando a sua acidez
Suas principais desvantagens são (OROFINO,1996; OLIVEIRA, 2000):
■■ Elevado risco de contaminação do ar devido à geração dioxinas da queima
de materiais clorados.
■■ Risco de contaminação do ar pela emissão de materiais particulados.
■■ Custo elevado de tratamento dos efluentes gasosos e líquidos (águas de
arrefecimento das escórias e de lavagem de fumos).
■■ Inviabilidade com resíduos de menor poder calorífico e com aqueles
clorados.
■■ Umidade excessiva dos resíduos de menor poder calorífico prejudicam
a combustão.
■■ Necessidade de utilização de equipamento auxiliar para manter a
combustão.
ATERRO INDUSTRIAL
Estima-se que cada brasileiro produza, em média, 1,1 quilograma de lixo por dia.
No país, são coletadas diariamente 188,8 toneladas de resíduos sólidos. Desse
total, em 50,8% dos municípios, os resíduos ainda têm destino inadequado, pois
vão para os quase 3.000 lixões existentes no país (CEMPRE, on-line). Porém,
esses materiais poderiam ser destinados à reciclagem evitando o aumento dos
lixões e consequente impacto negativo para as cidades.
A reciclagem, em geral, trata de transformar os resíduos resultantes das ativida-
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des organizacionais em matéria-prima para outros processos, gerando economias
no processo industrial. Isto exige investimentos com retorno imprevisível, já
que é limitado o repasse dessas aplicações no preço do produto, mas esse risco
reduz-se na medida em que o desenvolvimento tecnológico abre caminhos mais
seguros e econômicos para o aproveitamento desses materiais (OROFINO,1996;
OLIVEIRA, 2000)
As empresas necessitam investir em equipamentos e em educação ambiental
de seus colaboradores, como a compra de lixeiras para alocá-las no ambiente pro-
dutivo e containers para armazenamento em depósitos ou onde conste a cobertura
para segregar os materiais sólidos, conforme a figura representativa das cores, e
encaminhar para reciclagem. Em algumas situações, a empresa pode destinar os
materiais para as cooperativas de resíduos sólidos e estas se encarregam dos des-
tinos finais.
Vale destacar que todos os materiais deverão ser armazenados segundo as nor-
mas de cores, e os colaboradores deverão receber treinamentos para aprender a
segregar e destinar à empresa recicladora. Cabe à empresa, como já mencionado,
documentar a entrega desses materiais para terceiros.
prensam seus materiais para diminuir os volumes e organizar melhor seu arma-
zenamento, por exemplos, prensas para pets e papel.
Para incentivar a reciclagem e a recuperação
dos resíduos, alguns estados possuem bolsas de
resíduos, que são publicações periódicas, gratui-
tas, em que a indústria coloca os seus resíduos à
venda ou para doação. Constitui-se numa forma
de educação ambiental para a cadeia produtiva e
facilita para a empresa a compreensão sobre para
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LOGÍSTICA REVERSA
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■■ Incorporação, onde os resíduos são agregados à massa de concreto ou de
cerâmica em uma quantidade tal que não prejudique o meio ambiente, ou
ainda que possam ser acrescentados a materiais combustíveis sem gerar
gases prejudiciais ao meio ambiente após a queima.
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RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE:
DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
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houver requisição prévia pela família;
A.4: kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, filtro de ar e gases
aspirados de área contaminada, sobras de amostras de laboratório contendo fezes,
urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam
suspeitos de conter agentes de risco 4, tecido adiposo proveniente de lipoaspira-
ção, lipoescultura e outro procedimento de cirurgia plástica, peças anatômicas
e outros resíduos provenientes de procedimento cirúrgico e bolsa de transfusão
vazia ou com volume residual pós-transfusão;
A.5: órgãos, tecidos, fluidos orgânicos,
material perfurocortante e demais materiais
resultantes de atendimento à saúde de indi-
víduo e animais, com suspeita ou certeza de
contaminação com príons (agente infeccioso
não vivo).
GRUPO B – (QUÍMICOS): resíduo con-
tendo substâncias químicas que apresente
riscos à saúde pública e ao ambiente, quando
não for submetido a processo de reutilização,
recuperação ou reciclagem;
GRUPO C – (REJEITOS RADIOATIVOS):
é considerado rejeito radioativo qualquer
material resultante de atividades humanas
que contenha radionuclídeos em quantidades
superiores aos limites de isenção especificados
Caro(a) aluno(a), nos links abaixo, você vai conhecer a classificação do resíduo da
saúde. O primeiro vídeo apresenta a caracterização e classificação dos resíduos da
saúde. Já no segundo vídeo você vai poder saber um pouco mais sobre a correta
destinação dos resíduos da saúde, desde a capacitação dos colaboradores e
higienização dos instrumentos até a destinação final.
Vídeo: Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde
<http://www.youtube.com/watch?v=Y1W4xuP9qe4>.
Vídeo: Para onde vai o lixo hospitalar?
<http://www.youtube.com/watch?v=FRVMYsFLpJM>.
Quanto aos RSS, podem ocorrer vários os danos devido a sua má gestão, dentre
eles destacam-se a ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo profissionais da
saúde, da limpeza pública, catadores, proliferação de doenças por contato direto
ou indireto através de vetores, e os riscos de contaminação do meio ambiente,
como o solo, água e lençol freático (GARCIA; RAMOS, 2004).
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quantificação e classificação dos RSS, resultando em um gerenciamento inadequado.
A responsabilidade pelo gerenciamento de RSS cabe aos geradores e ao res-
ponsável legal. No entanto, para que se tenha uma gestão de resíduos de forma
adequada, é necessário que haja uma conscientização dos funcionários envolvi-
dos. Para isso, a legislação vigente estabelece que cada estabelecimento de saúde
deve ter um plano de gerenciamento de resíduos sólidos de serviços de saúde.
A Resolução do CONAMA 358/2005 determina que cada unidade de saúde
tenha o PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de
Saúde), que é um documento integrante do processo de licenciamento ambien-
tal, baseado nos princípios da não geração de resíduos e na minimização da
geração de resíduos, que aponta e descreve as ações relativas ao seu manejo,
no âmbito dos serviços mencionados, contemplando os aspectos referentes à
geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reci-
clagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao
meio ambiente. O PGRSS deverá ser elaborado por profissional de nível supe-
rior, habilitado pelo seu conselho de classe, com apresentação de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART), Certificado de Responsabilidade Técnica ou
documento similar, quando couber.
O plano de gerenciamento contempla os aspectos relevantes: à geração, à
segregação, ao acondicionamento, à coleta, ao armazenamento, ao transporte,
à reciclagem, ao tratamento e à disposição final, bem como à proteção à saúde
pública e ao meio ambiente. Para começar a implantar um PGRSS, é necessário
enquadrar os profissionais que estão envolvidos com a manipulação do resíduo
quanto ao manejo dos mesmos, seja direta ou indiretamente.
Geração
Classificação
Fase Intra - Estabelecimento de Saúde
Segregação
Minimização
Redução, Reutilização, Tratamento Prévio
Reciclagem
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Acondicionamento
Armazenamento
Intermediário
Armazenamento Final
Fase Extra - Estabelecimento de Saúde
Transbordo
Resíduos Tratados
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de segurança e higiene no trabalho, evitar a contaminação do resíduo comum
(classe D), além de promover sua recuperação e reciclagem e cumprir a legis-
lação vigente.
Juntamente com manejo, deve ser feita a segregação, que deve ser realizada
no instante em que o resíduo é gerado e completado com a sua devida identifi-
cação. O procedimento de identificação deve ser cumprido de acordo com suas
características físicas, químicas e biológicas.
A NBR 12.807 (ABNT, 1993b) define segregação como operação de separação
do resíduo no momento da geração em função de uma classificação previamente
adotada para esse resíduo. Esta etapa pode ser considerada uma das mais impor-
tantes, pois caracteriza o início das ações relacionadas à gestão dos resíduos. Toda
a classificação dos resíduos perde efeito se não for devidamente aplicada à segre-
gação que promoverá a devida e correta separação do que é e o que não é RSS.
De acordo com a Resolução 05 do CONAMA (1993), quando a segregação
de resíduo sólido de serviço de saúde (RSS) não é assegurada, o resíduo comum,
grupo D, que poderia ser tratado como resíduo domiciliar, é considerado resí-
duo infectante grupo A, merecendo o gerenciamento aplicado a este. Aí se nota
a importância do procedimento legal (segregação) adequado em um estabele-
cimento de serviços de saúde, onde, sem esta medida, se tem um alto custo com
o gerenciamento dos RSSS.
Na sequência, o acondicionamento deve ser executado no momento e no
local de sua geração, em recipientes adequados a cada tipo, quantidade e caracte-
rística, de acordo com as normas estabelecidas pela NBR 12.808 (ABNT, 1993c),
evitando sua exposição e consequentemente diminuindo os riscos de contami-
nação (DUTRA, 2008).
RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE
73
Os RSS classificados como comuns pela NBR 12.808 (ABNT, 1993c) podem
ser acondicionado em sacos tipo 1, podendo ter qualquer cor. Os resíduos infec-
tantes devem, pelas normas técnicas aplicáveis, ser acondicionados em sacos
plásticos tipo 2 de cor branca leitosa, devem ainda conter individualmente a
identificação do fabricante e símbolo de material infectante. Já os resíduos perfuro-
cortantes ou escarificantes, classe E, tais como agulhas, seringas, lâminas, bisturis,
devem ser acondicionados em recipientes apropriados para evitar acidentes.
O armazenamento consiste na guarda temporária dos recipientes contendo
os resíduos já acondicionados em local próximo aos pontos de geração, visando
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Para veículo superior a 1 tonelada, a descarga deve ser mecânica.
■■ Devem constar em local visível o nome do município, o nome da empresa,
a especificação do resíduo transportado, com o número da Organização
das Nações Unidas (ONU) e o número do veículo coletor.
■■ Ser de cor branca.
O transporte dos RSS refere se a todo o percurso realizado com o resíduo, a NBR
12.810 (ABNT, 1993e) obriga que seja traçado um roteiro preestabelecido para
o transporte interno de forma que impeça o cruzamento de material limpo com
resíduo, e também que os horários sejam determinados mediante análise do
movimento do estabelecimento, devendo não coincidir com horários de muito
trânsito de pessoas, facilitando o fluxo de transporte e armazenamento sem inter-
ferir nos procedimentos de atendimento a pacientes.
O transporte, ou seja, a logística, deve ser realizado em veículos ou carrinhos
específicos para esse serviço, dimensionados de acordo com o volume coletado.
Devem ser de material liso, sem arestas e com tampa, devendo ainda ser lava-
dos e higienizados após a coleta.
Após encerradas todas essas etapas de gerenciamento dos RSS, são necessários
um tratamento dos resíduos e uma destinação final adequada, visto que esses
INCINERAÇÃO
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na combustão primária, são soprados ou succionados para a câmara de combus-
tão secundária ou pós-combustão, onde permanecem por cerca de 2 segundos
expostos a 1000º C ou mais, ocorrendo a destruição das substâncias voláteis e
parte do material particulado.
AUTOCLAVE
Refere-se um aparelho que realiza o tratamento dos resíduos com vapor satu-
rado, em que estes são expostos à temperatura de 121 ºC a 132 ºC durante 15
a 30 minutos em calor úmido ou por reagentes químicos para destruição dos
microrganismos presentes nos utensílios, sobras de materiais e quaisquer outros
materiais contaminados (TONUCI, 2006).
TRATAMENTO QUÍMICO
MICRO-ONDAS
IONIZAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Sendo assim, observamos que, para uma correta gestão de resíduos, é necessá-
rio reconhecer as características de periculosidade dos resíduos. Tal procedimento
representa o primeiro passo que os estabelecimentos geradores devem ado-
tar e repassar a seus colaboradores, e os mesmos devem estar envolvidos no
gerenciamento.
Uma vez reconhecidas as características, as mesmas deverão ser assimila-
das pelos colaboradores envolvidos para que os resíduos sejam segregados em
containers coloridos conforme legislação, devendo-se ainda utilizar do princí-
pio dos 3 Rs: reduzir, reusar e reciclar. Esses princípios devem ser incorporados
ao Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e de Serviços de Saúde.
Nesse sentido, em relação ao planejamento, uma providência imediata que
deve ser tomada é a disseminação da prática de redução no momento da gera-
ção. A contenção de desperdício é uma medida que tem um benefício duplo:
economiza recursos não só em relação ao uso de materiais, mas também mini-
miza danos ao ambiente.
E, por fim, tratar os resíduos mediante a norma segundo o grau de peri-
culosidade. Tais métodos foram descritos: reúso, reciclagem, logística reversa,
incineração, aterro industrial, aterro sanitário e outros. E uma vez atendidas às
exigências, documentar, ou seja, registrar em relatórios para onde se destinaram
os materiais perigosos e não perigosos. Com isso, a empresa comprova o com-
portamento correto em relação as exigências ambientais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tagem, com seus principais aspectos, desde os fatores que regem
o processo, passando pela qualidade e regulamentação do com-
posto e os benefícios de sua aplicação, até o uso de sistemas de in-
formação para ajudar na utilização correta pelos agricultores.
Os temas foram tratados de forma simples por pesquisadores e estudiosos
de importantes instituições de pesquisa como a Empresa Brasileira de Pes-
quisa Agropecuária – Embrapa, Universidade Estadual de Campinas – Uni-
camp, Fundação para Conservação e Produção Florestal do Estado de São
Paulo, Instituto Agronômico – IAC, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” – Unesp, Centro de Energia Nuclear na Agricultura – Cena/
USP, Faculdade de Tecnologia – Fatec e Instituto de Aperfeiçoamento Tecno-
lógico – IAT/Fatep.
Livro: Utilização de Resíduos na Construção Habitacional v. 4
Autores: Janaíde Cavalcante Rocha, Vanderley M. John (editores)
Editora: Coletânea Habitares
Sinopse: este livro apresenta uma amostra do que foi desenvolvido no âm-
bito dos editais do HABITARE até o momento. Nele está apresentado o de-
senvolvimento de quatro produtos inovadores que utilizam resíduos como
matérias-primas e, o que não é menos importante, está esboçado em seu
conjunto o delineamento de uma metodologia de trabalho para este com-
plexo tema, além de variados avanços no conhecimento de resíduos impor-
tantes, como cinzas pesadas, escória de aciaria, lodos de esgoto e resíduos
de construção e demolição. O conjunto dos projetos apresentados significa
grande avanço no sempre lento processo de formação de recursos huma-
nos capacitados a realizar pesquisa na área, como pode ser visto pela inten-
sa participação de alunos de graduação, mestrado e doutorado em alguns
dos projetos.
III
UNIDADE
EFLUENTES
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender os tipos de efluentes quanto às suas características e
diferentes formas de geração.
■■ Verificar os principais parâmetros a serem analisados dos efluentes
antes do lançamento no corpo receptor.
■■ Apresentar os diferentes tratamentos de efluentes (preliminar,
primário, secundário, terciário).
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Efluentes Sanitários (domésticos)
-- Parâmetros de qualidade das águas residuárias
-- Organismos patogênicos e de indicadores de contaminação fecal
-- Outras características de esgoto doméstico
■■ Efluentes Industriais
-- Noções de amostragem de efluentes
■■ Efluentes Provenientes de Atividades Agrícolas
■■ Efluentes Provenientes de Serviços de Saúde
■■ Lixiviado (chorume)
■■ Tratamento de Efluentes
-- Tratamento Preliminar de Efluentes
-- Tratamento Primário de Efluentes
-- Tratamento Secundário de Efluentes
-- Tratamento Terciário de Efluentes
83
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta terceira unidade, você estudará sobre os efluentes (resíduos
líquidos), as formas e tipos de efluentes, bem como suas formas de tratamento.
Nela, busco mostrar a importância de uma caracterização dos efluentes quanto
sua origem e parâmetros físico-químicos, toxicológicos e microbiológicos.
Vemos que o crescimento populacional e a ocupação urbana têm intensificado
a demanda pelo uso da água e, consequentemente, um aumento na geração de
efluentes que em grande parte das cidades brasileiras não são tratados de forma
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Introdução
84 UNIDADE III
ocorra a desoxigenação da água, com isso toda vida aquática fica comprometida.
Os efluentes provenientes de serviços de saúde (ou hospitalares) têm caracte-
rísticas semelhantes aos domésticos no que se diz respeito à presença de sólidos e
matéria orgânica, contudo, a presença de substâncias como antibióticos, fárma-
cos, microrganismos patógenos (mais resistentes), compostos clorados, rejeitos
com presença de metais pesados, medicamentos, além do grande volume gerado
por dia, fazem que esse efluente tenha um alto grau de refratariedade (ou seja,
compostos por substâncias de difícil degradação, com baixa biodegradabilidade),
sendo necessárias medidas como a redução na fonte, ou seja, melhor segregação
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desses efluentes, medidas de controle de descarte de materiais (como medicamen-
tos, fármacos, antibióticos) e reaproveitamento de alguns materiais. Na maioria
dos hospitais não é feito nenhum tratamento antes do descarte na rede coleta de
esgotos, e essas substâncias podem causar problemas no tratamento biológico,
uma vez que são compostos de difícil degradabilidade.
Nesta unidade, também iremos falar do lixiviado, conhecido popularmente
como chorume, que é uma substância escura, resultante do processo de trata-
mento ou disposição final de resíduos sólidos, oriundo da putrefação de matérias
orgânicas, um líquido viscoso que possui odor fétido e desagradável, possuindo
baixa biodegradabilidade em relação ao esgoto doméstico.
Vamos abordar um pouco sobre o nível, processos e sistemas de tratamento
de efluentes, que têm por objetivo a remoção de poluentes, de modo que atenda
aos requisitos estabelecidos pela legislação vigente, que prevê parâmetros de qua-
lidade para efluente antes do lançamento no corpo receptor.
Abordaremos as formas de tratamento preliminar, primário, secundário e
terciário. Ainda, falaremos brevemente sobre a disposição final dos lodos pro-
venientes de tratamento físico-químico e biológico.
EFLUENTES
85
PARÂMETRO DESCRIÇÃO
Temperatura - Ligeiramente superior à da água de abastecimento.
- Variação de acordo com as estações do ano.
- Influência da atividade microbiana, solubilidade dos gases,
velocidade de reações químicas e viscosidade do líquido.
Cor - Esgoto fresco: ligeiramente cinza.
- Esgoto Séptico: cinza escuro ou preto.
Odor - Esgoto fresco: odor oleoso, desagradável.
- Esgoto séptico: odor desagradável, devido ao gás sulfídrico e
outros produtos da decomposição.
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Turbidez - Causada pelos sólidos em suspensão.
- Esgotos mais frescos ou mais concentrados: geralmente apre-
sentam maior turbidez.
Quadro 7: Principais características físicas dos esgotos domésticos
Fonte: adaptado de Von Sperling (2005)
EFLUENTES
87
PARÂMETRO DESCRIÇÃO
Sólidos Totais - Orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, sedimentá-
veis.
Sólidos em suspensão - Fração de sólidos orgânicos e inorgânicos que são retidos em
papel com aberturas de dimensões padronizadas (0,45 a 2,0 µm).
Sólidos fixos - Componentes minerais não incineráveis, inertes dos sólidos em
suspensão.
Sólidos Voláteis - Componentes orgânicos dos sólidos em suspensão.
Sólidos dissolvidos - Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que não são retidos
nos filtros de papel descritos acima. Englobam também os sóli-
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dos coloidais.
Sólidos Fixos - Componentes minerais dos sólidos dissolvidos.
Sólidos Voláteis - Componentes orgânicos dos sólidos dissolvidos.
Sólidos sedimentá- - Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que sedimente em 1
veis hora no cone Imhoff.
Matéria Orgânica - Mistura heterogênea de diversos compostos orgânicos, sendo
os principais componentes: proteínas, carboidratos e lipídios.
Pode ser determinada de forma indireta (DBO5, DQO e DBO últi-
ma) e diretamente (COT – Carbono Orgânico Total).
Nitrogênio Total - O nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amônia, nitrito
e nitrato. É um nutriente indispensável para o desenvolvimento
dos microrganismos no tratamento biológico. O nitrogênio orgâ-
nico e a amônia compreendem o denominado Nitrogênio Total
Kjeldahl (NTK).
Fósforo - O fósforo total existe na forma orgânica e inorgânica. É um
nutriente indispensável no tratamento biológico.
pH - Indicador de características ácidas ou básicas do esgoto. Uma
solução é neutra em pH 7.
Alcalinidade - Indicador da capacidade tampão do meio (resistência às varia-
ções do pH). Devido à presença de bicarbonato, carbonato e íon
hidroxila.
Cloretos - Provenientes de água de abastecimento e dos dejetos humanos.
Óleos e Graxas Fração da matéria orgânica solúvel em hexanos. Nos esgotos do-
mésticos, as fontes são óleos e gorduras utilizados nos alimentos.
Quadro 8: Principais características químicas dos esgotos domésticos
Fonte: adaptado de Von Sperling (2005)
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PRESENÇA BACTERIOLÓGICA
EFLUENTES
89
Esgoto Doméstico:
Esse vídeo apresenta a poluição causada por esgoto doméstico além de expor os
problemas que a falta de tratamento de esgoto doméstico pode causar.
<http://www.youtube.com/watch?v=9LtCiEYgVrE>.
Os indicadores mais usados para caracterização dos esgotos urbanos são: sóli-
dos, matéria orgânica (DBO5, DQO), nitrogênio, fósforo, Coliformes totais e
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Coliformes termotolerantes.
Os sólidos são todos os contaminantes da água, com exceção dos gases
dissolvidos, podendo ser classificados de acordo com seu tamanho, estado, carac-
terísticas químicas e sua decantabilidade.
a. Por tamanho: Sólidos em suspensão (SS) (particulados) e Sólidos dis-
solvidos (SD) (Solúveis).
A separação dos sólidos é feita passando-se a amostra por papel filtro com poro-
sidade do tamanho padronizado (0,45 a 2,0 µm). Os sólidos retidos no filtro são
os sólidos em suspensão, ao passo que os sólidos que passam com o filtrado são
considerados os sólidos dissolvidos. Por meio de pesagem do papel filtro (antes
e depois) tem-se a massa de sólidos em suspensão, dividida pelo volume da
amostra, que dá a concentração de sólidos (em mg/L). Os sólidos dissolvidos
são determinados por meio de evaporação do líquido filtrado (APHA, 1998).
b. Características químicas:
■■ Na formação dos esgotos sanitários, o adicionamento de impurezas à água
de origem dão-lhe características bem definidas, as quais sofrem variações
ao longo do tempo em virtude das transformações internas decorrentes
da desintegração e decomposição contínua da matéria orgânica. Algumas
dessas características são de fácil percepção, como cor, turbidez, odor,
presença de sólidos em suspensão e temperatura.
■■ Também se observa que a diminuição gradativa da quantidade de oxigê-
nio dissolvido intensifica o escurecimento da mistura esgotável e exalação
de odores desagradáveis e ofensivos à saúde humana. A temperatura é
De acordo com Von Sperling (2005), a matéria orgânica presente nos esgotos é
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uma característica de muita importância, podendo ser a principal causa dos pro-
blemas de poluição para os corpos d´água. As substâncias orgânicas presentes
no esgoto são constituídas geralmente por compostos de proteínas (40 a 60%),
carboidratos (25 a 50%), gorduras e óleos (8 a 12%), além de ureia, fenóis, sur-
factantes, pesticidas, metais e outros (METCALF; EDDY, 2003).
Pode ser determinada de maneira de direta (análise de carbono orgânico
total – COT) ou indireta (análise de demanda bioquímica de oxigênio - DBO,
demanda química de oxigênio – DQO).
EFLUENTES
91
Equação 1
Matéria Orgânica M.O (COHNS) + O2 + bactérias → CO2 + H2O + NH3 + outros
produtos finais + energia
A DBO retrata a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar, por meio
de processos bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea. As principais van-
tagens desse teste são relacionadas ao fato de que o teste permite: a indicação
aproximada da fração biodegradável do despejo; indicação da taxa de degra-
dação do despejo; e taxa de consumo de oxigênio em função do tempo (VON
SPERLING, 2005).
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Quadro 9: Relação DQO/DBO de Efluentes
Fonte: adaptado de Von Sperling (2005)
Como o elemento químico, o carbono faz parte das estruturas moleculares das
substâncias orgânicas, o teor de carbono é um indicador da presença de matéria
orgânica. O teste empregado para determinação do COT baseia-se na oxidação
do carbono da matéria orgânica a CO2 e H2O e determinação do CO2 por método
instrumental. O CO2 formado é arrastado por corrente de ar sintético e quanti-
ficado por meio de sensores de infravermelho (DEZZOTI, 2008).
NITROGÊNIO (N)
EFLUENTES
93
FÓSFORO (P)
CONTAMINAÇÃO FECAL
INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO
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OUTRAS CARACTERÍSTICAS DE ESGOTOS DOMÉSTICOS
Turbidez: é uma medida feita pelo método nefelométrico que consiste na leitura
de intensidade de luz desviada pelas partículas em um ângulo de 90º em relação
à luz incidente. Os padrões utilizados são em soluções-padrão de formazina. Os
valores são expressos em NTU (unidade nefelométrica de turbidez). É causada
por material sólido em suspensão, como areia, argila e silte, material orgânico e
inorgânico, microrganismos e algas (DEZOTTI, 2008). É um parâmetro impor-
tante, pois a turbidez pode interferir em alguns tratamentos de esgotos e até na
desinfecção de efluentes.
Cor: pode ter origem de metais como ferro e manganês ou, ainda, da decom-
posição de matéria orgânica na água (VON SPERLING, 2005).
pH: é um parâmetro que influencia em todas as reações químicas e bio-
químicas, a vida aquática depende muito dos valores do pH, além disso pode
influenciar diretamente a escolha de um tratamento para esgotos. Valores baixos
de pH podem tornar as águas corrosivas, enquanto valores altos podem causar
problemas como incrustações nas tubulações.
Dureza: está associada a íons de cálcio e magnésio contidos no efluente.
Podem causar sabor desagradável, além de efeito laxativo, e inibem a forma-
ção de sabão.
Alcalinidade: associada a sais salinos, principalmente o sódio e cálcio. Esse
parâmetro mede a capacidade de neutralização de ácidos e também pode influen-
ciar na escolha do tratamento dos efluentes.
EFLUENTES
95
poluidora poderão ser lançados diretamente no corpo receptor, desde que atenda
aos parâmetros listados no quadro 10.
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de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de
17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.
Pode ser acessada na íntegra pelo link abaixo:
< http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>
EFLUENTES INDUSTRIAIS
EFLUENTES
97
Com todo esse risco de contaminação por parte de alguns efluentes, torna-
-se importante os ensaios de toxicidade, visto que essas substâncias podem sofrer
modificações e formar subprodutos que podem causar efeitos adversos tanto ao
homem quanto ao meio aquático.
Por meio de programas de controle de poluição das águas, esses testes de
toxicidade ou bioensaios têm por objetivo detectar a ação tóxica de um deter-
minado composto químico, ou de vários compostos sobre um organismo teste
(ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).
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NOÇÕES DE AMOSTRAGEM DE EFLUENTES
EFLUENTES
99
Efluentes Industriais
100 UNIDADE III
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EFLUENTES PROVENIENTES DE SERVIÇOS DE SAÚDE
(HOSPITALARES)
EFLUENTES
101
Efluentes Industriais
102 UNIDADE III
LIXIVIADO (CHORUME)
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O lixiviado, mais comumente conhecido como chorume, é o líquido resultante
do processo de decomposição de resíduos de um aterro sanitário (BIDONE;
POVINELLI, 1999). Pode ainda ser o líquido resultante de outros sistemas de
disposição final de resíduos sólidos urbanos (RSU), como do lixão, de aterro
controlado e leiras de compostagem.
São definidos como líquidos provenientes de três fontes principais: umi-
dade natural dos resíduos sólidos, água de constituição dos diferentes materiais
que sobram durante o processo de decomposição e líquido proveniente de mate-
riais orgânicos excretadas pelas bactérias. Também é derivado da umidade da
precipitação pluviométrica e que adentra aos amontoados de resíduos sólidos
(BASSANI, 2010). Tem como característica alta carga poluidora, bem maior
que do esgoto doméstico, por exemplo, DBO5 200 vezes mais alta (LINS, 2003).
O lixiviado pode conter matéria orgânica dissolvida ou solubilizada, nutrien-
tes, produtos intermediários da digestão anaeróbia dos resíduos, por exemplo,
ácidos orgânicos voláteis e substâncias químicas oriundas do descarte de insetici-
das e agrotóxicos, além de microrganismos patógenos. Podem ter ainda compostos
xenobióticos, presentes em baixas concentrações, como: incluindo hidrocarbonetos
aromáticos, fenóis e compostos alifáticos clorados; metais, como boro, mercúrio,
selênio, cobalto; substâncias húmicas (CHRISTENSEN et al., 2001).
A concentração de metais em lixiviados depende do tipo de resíduo depo-
sitado no aterro, podendo ser baixo e podendo aumentar, variando de acordo
com o estágio de decomposição do resíduo. O quadro 12 apresenta a origem dos
íons encontrados no aterro e suas origens.
EFLUENTES
103
ÍONS ORIGEM
Na+, K+, Ca2+, Mg2+ Material orgânico, entulhos de construção, cascas de ovos.
PO4-3, NO3-, CO3-, Material orgânico.
Cu2+, Fe2+, SN2+ Material eletrônico, latas, tampas de garras.
Hg , Mn
2+ 2+
Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas fluorescentes.
Ni , Cd , Pb
2+ 2+ 2+
Baterias recarregáveis (celular, telefone sem fio, automóveis).
Al3+
Latas descartáveis, utensílios domésticos, cosméticos, embala-
gens laminadas em geral.
Cl-, Br-, Ag+ Tubos de PVC, negativos de filmes e raios-X.
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As , Sb , Cr
3+ 3+ 3+
Embalagens de tintas, vernizes, solventes orgânicos.
Quadro 12: Origem de Metais nos lixiviados
Fonte: adaptado de Segato e Silva (2000)
TRATAMENTO DE EFLUENTES
Tratamento de Efluentes
104 UNIDADE III
■■ Tratamento Secundário.
■■ Tratamento Terciário.
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rados como o polimento ou remoção complementar de poluentes que não são
removidos no tratamento secundário (VON SPERLING, 2005).
Para aplicar um tratamento a um efluente, é necessário primeiramente conhe-
cer as características brutas do efluente e verificar qual a técnica que será suficiente
para atender ao que estabelece a legislação vigente.
EFLUENTES
105
uma lâmpada raspadora. Essas peneiras requerem uma considerável área para
instalação e devem ser limpas até duas vezes por dia (METCALF; EDDY, 2003).
As Caixas de areia ou desanerador têm como objetivo reter areias ou outros
detritos inertes e pesados de rápida deposição como, por exemplo, provenien-
tes de lavagens, enxurradas, infiltrações, podendo ser terra, partículas de metal,
carvão, cascalho e outros (DEZOTTI, 2008). O mecanismo do desarenador é
simplesmente o de sedimentação: os grãos de areia, devido a maiores densida-
des e dimensões, vão para o fundo do canto (decantam), enquanto o material
que tem essas dimensões menores, como matéria orgânica, segue para a justante.
A limpeza do desarenador pode ser feita de forma manual (ou caminhão limpa
fossa) ou mecanizada, por raspadores (VON SPERLING, 2005).
As Caixas de gordura consistem em tanques de retenção de materiais flutu-
ante, como gorduras, óleos e graxas, além de outros compostos com densidade
menor que a água. Os principais sistemas removedores de gordura são: a caixa de
gordura domiciliar, a caixa de gordura coletiva, separadores de óleo (DEZOTTI,
2008).
<http://www.youtube.com/watch?v=LVu3_14hsGA>
Vídeo que apresenta um sistema de pré-tratamento por peneiramento
<http://www.youtube.com/watch?v=tATV7AG387E>
Tratamento de Efluentes
106 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRATAMENTO PRIMÁRIO DE EFLUENTES
EFLUENTES
107
Tratamento de Efluentes
108 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tal forma que o mesmo possa ser utilizado como alimento pelos microrganis-
mos (VON SPERLING, 2005).
Os microrganismos convertem a matéria orgânica em gás carbônico, água
e material celular (crescimento e reprodução desses microrganismos). Em con-
dições anaeróbias, tem-se a produção de metano. A decomposição biológica
do material orgânico requer a manutenção de condições ambientais favoráveis,
como temperatura, pH, tempo de contato e outros, e em condições aeróbias, oxi-
gênio (VON SPERLING, 2005).
O tratamento secundário inclui unidades de tratamento preliminar, mas
pode ou não incluir unidades de tratamento primário. Os tratamento secundá-
rios mais comuns são: lagoas de estabilização, reatores anaeróbios, lodos ativados,
reatores aeróbios com biofilme.
As lagoas de estabilização são constituidas em: lagoas facultativas, sistemas de
lagoas anaeróbias-facultativa, lagoas aeradas facultativas, sistemas de lagoas aera-
das de mistura completa-sedimentação, lagoas
de maturação e lagoas de polimento.
As lagoas facutativas têm por finalidade
tratar os efluentes. Trata-se de uma constru-
ção simples, baseando-se principalmente no
movimento de terra (corte e aterro) e prepara-
ção dos taludes. É um processo essencialmente
natural, não necessitando de nenhum outro
equipamento. Por esta razão, a estabilização da
matéria orgânica se processa em taxas muito
EFLUENTES
109
lentas, com tempo de detenção superior a 20 dias. A fotossíntese, para que seja
efetiva, necessita de uma elevada área de exposição para o melhor aproveitamento
de energia solar pelas algas, também implicando na necessidade de grandes uni-
dades (VON SPERLING, 2005).
As lagoas anaeróbias-facultativas (ou sistema australiano) são sistemas ado-
tados quanto há a necessidade de buscar mais de um tratamento para eficiência
do sistema. Esse sistema requer grande áreas. O sistema funciona da seguinte
forma: o efluente bruto entra na lagoa anaeróbia (de menores dimesões e mais
profunda - 4,0 a 5,0) Nessa lagoa, devido a essas dimensões menores, praticamente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
não ocorre a fotossíntese, a profundidade tem por objetivo impedir que o oxigê-
nio produzido pela camada superior seja transmitido para camadas inferiores.
No processo anaeróbio, a decomposição da materia orgânica gera subprodutos,
como biogás. As bactérias anaeróbias têm uma alta taxa metabólica e de repro-
dução mais lenta do que bactérias aeróbias. Nesse sistema (anaeróbia seguida de
facultativa), a lagoa facultativa recebe uma carga de 30 a 50% apenas do efluente
bruto. Um item importante a ser observado nesse sistema é o seu bom equilíbrio,
pois a geração de mau cheiro não deve ocorrer. No entanto, eventuais problemas
operacionais podem ocorrer e liberar gás sulfídrico, responsáveis pelos odores.
Além disso, deve ser feita a remoção do lodo acumulado no decorrer dos anos,
bem como sua disposição final (VON SPERLING, 2005).
A lagoa aerada facultativa é um sistema predominantemente aeróbio, com
dimensões mais reduzidas. Sua principal diferença do sistema de lagoa facultativa
é a forma como é gerado o oxigênio, nesse sistema, há suprimento de oxigênio.
Enquanto na primeira o oxigênio é advindo da fotossíntese, nesse sistema, ele é
obtido por meio de aeradores. Os aeradores mecânicos são unidades de eixo ver-
tical, que, ao rodarem em alta velocidade, causam um grande turbilhamento na
água, essa ação faz com que haja penetração do oxigênio na massa líquida, onde
se dissolve. Com isso consegue-se uma maior introdução de oxigênio quando
comparada ao sistema lagoa facultativa convencional (VON SPERLING, 2005).
O tanque séptico é um sistema de tanque séptico seguidos de filtros anaeró-
bios (fossa-filtro), é utilizado principalmente no meio rural e em comunidades de
pequeno porte. Remove grande parte dos sólidos em suspensão, mas, por serem
tanques de sedimentação (sem reações biológicas), a remoção de DBO é bem
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Têm como sigla original: reatores UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket).
Nos reatores UASB, a biomassa cresce dispersa no meio e não é aderida a algum
suporte. Essa própria biomassa, ao crescer, pode formar pequenos grânulos, cor-
respondente a diversas espécies microbianas, esses grânulos servem de suporte
para outras bactérias. A concentração de biomassa no reator é bastante elevada,
justificando a denominação de manta de lodo. O líquido entra no fundo e se
concentra com leito de lodo, o que causa a adsorção de grande parte da matéria
orgânica pela biomassa, o fluxo do líquido é ascendente. O produto resultante da
atividade microbiana é constituido de gases (metano e gás carbônico). Os sóli-
dos sedimentam na parte superior externa dessa estrutura cônica ou piramidal,
deslizando por suas paredes com grande inclinação até retornarem ao corpo do
reator. O efluente sai do compartimento de sedimentação relativamente clarifi-
cado e a concentração de biomassa é mantida no reator (VON SPERLING, 2005).
O gás é coletado na parte superior onde pode ser reaproveitado.
O sistema de lodos ativados é um processo de tratamento biológico em
que o esgoto afluente e o lodo ativado são misturados, agitados e aerados (tan-
que de aeração), ocorrendo a decomposição da matéria orgânica por meio do
metabolismo das bactérias presentes. Nessa etapa, o objetivo é remoção de maté-
ria orgânica biodegradável presente nos esgotos, após essa etapa, a fase sólida
é separada da fase líquida em um decantador, o lodo ativado separado retorna
para o processo ou vai para destinação final (ANDREOLI; VON SPERLING;
FERNANDES; 2001).
O quadro 13 apresenta, resumidamente, as vantagens e desvantagens de
alguns tratamentos secundários, citados nesta unidade.
EFLUENTES
111
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tratamento de esgoto, também pode ser chamado de biossólido. Por exemplo:
esgotos brutos em decantadores primários recebem o lodo primário, composto
por sólidos sedimentáveis que fazem parte do esgoto bruto. Na etapa biológica
do tratamento, tem-se o lodo biológico ou lodo secundário, sendo a biomassa
que cresceu à custa do alimento fornecido pelo esgoto afluente. Em sistemas de
tratamento em que é incorporada uma etapa físico-química (coagulação/flo-
culação, por exemplo), gera-se o lodo químico. Em todos esses casos citados, é
necessário o descarte do lodo, isto é, sua remoção da parte líquida, nem todos os
tratamentos requerem uma retirada contínua, em outros casos, é feita uma reti-
rada frequente (ANDREOLI; VON SPERLING; FERNANDES, 2001). Para alguns
tipos de lodos são necessários tratamentos antes da destinação final adequada.
EFLUENTES
113
< http://www.youtube.com/watch?v=Uep2Pb6on6E>.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Para implantarmos um sistema de tratamento de efluentes, é necessário
conhecer as características do efluente bruto, parâmetros físico-químicos e micro-
biológicos, e quantidade gerada.
Os tratamentos podem ser utililizados na sequência preliminiar, primário,
secundário e terciário, ou não necessariamente nesta ordem. Certos efluentes
não necessitam de um tratamento primário, por exemplo, mas podem necessi-
tar de um terciário, caso precisem da remoção de poluente específico, por isso
devem ser levadas em consideração as características do efluente bruto, além
disso, devem ser levantados os custos de implantação e manutenção dos siste-
mas de tratamento.
EFLUENTES
115
IV
UNIDADE
POLUIÇÃO DO AR
Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender conceitos de poluição atmosférica e principais
características de poluentes atmosféricos.
■■ Analisar as principais fontes de poluição atmosférica, bem como
medidas diretas e indiretas de controle da poluição.
■■ Apresentar os padrões e monitoramento da qualidade do ar.
■■ Estudar sobre os efeitos adversos dos poluentes atmosféricos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Breve histórico da poluição atmosférica
■■ Fonte de poluição atmosférica
■■ Principais poluentes atmosféricos
■■ Poluição do ar em diferentes escalas espaciais
■■ Características dos poluentes atmosféricos
-- Definições
■■ Qualidade do ar
-- Padrões de qualidade do ar
-- Monitoramento da qualidade do ar
■■ Prevenção e controle da poluição do ar
-- Medidas indiretas
-- Medidas diretas
■■ Dispersão de poluentes na atmosfera
■■ Efeitos dos poluentes atmosféricos
119
INTRODUÇÃO
Introdução
120 UNIDADE IV
Durante muitos anos, o ser humano usou o fogo em suas residências de uma
maneira que o ar que respirava estava contaminado por produtos da combustão
incompleta. Após a invenção da chaminé, foi possível remover esses produtos
do ambiente doméstico.
Na Europa nos séculos XII e XIII, com uso da madeira como combustível, a
mesma começou a se tornar escassa, e foi preciso buscar outro combustível alter-
nativo, surgiu então o uso do carvão mineral (STERN, 1994).
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Portanto, a poluição simbolizava a expansão econômica e progresso tecnoló-
gico. A civilização industrial desenvolveu-se gerando resíduos que são lançados
no ar, no solo, nos rios, nos lagos e nos mares. De acordo com o autor supraci-
tado, a Inglaterra liderou a abordagem do problema da poluição do ar e, em 1853
e 1856, o parlamento promulgou duas leis específicas sobre o assunto, inclu-
sive dando poderes à polícia para fiscalizar a fumaça das chaminés.
Com todos esses problemas detectados, no fim do século XIX, foram rea-
lizados estudos sobre a origem das causas da poluição por fumaça e sobre sua
forma de prevenção e controle, sob a responsabilidade de uma comissão inglesa,
em 1881, e de comissões alemãs e francesas, em 1894 (SILVA, 2007).
No século XX, no período de 1900 a 1925, houve uma grande mudança na
tecnologia e, consequentemente, nas fontes de emissão da poluição atmosférica
e no seu controle. Entretanto, não houve nenhuma mudança significativa na
legislação, nem no conhecimento do problema ou manifestações públicas a esse
respeito. E, à medida que as cidades e fábricas aumentavam de tamanho, agra-
vavam-se os problemas de poluição (LYRA; THOMAZ, 2008).
Entre 1925 e 1950, ocorreram inúmeros problemas de poluição como aci-
dentes graves envolvendo episódios da poluição atmosférica nos seguintes locais:
1. Vale do Meuse, em 1930 na Bélgica: ocorreu um intenso “fog” na área
industrial, com duração de 5 dias, entre os dias 1 e 5 de dezembro de
1930. Foi causado pela emissão de poluentes, principalmente por mate-
riais particulados e, ainda, foi agravado por uma inversão térmica que
acarretou em doenças e mortes (LYRA; THOMAZ, 2008).
POLUIÇÃO DO AR
121
Esses acidentes que foram citados acima levaram ao estabelecimento de leis mais
rigorosas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, e no ano de 1963 foi
promulgado nos EUA o “Clean Air Act”, ato que estabeleceu padrões da qualidade
do ar e estratégias de controle da poluição na fonte (LYRA; THOMAZ, 2008).
Como podemos ver, foram muitos os episódios relatados de doenças e mortes
ocasionadas em vários locais do mundo em consequência da poluição atmosfé-
rica resultantes de atividades antrópicas.
<http://www.youtube.com/watch?v=0wMzEpCnKP4>.
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FONTES DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
POLUIÇÃO DO AR
123
©shutterstock
< http://www.youtube.com/watch?v=fr1Kqccb9Ng>
Podemos dizer que existe poluição atmosférica quando nele há uma ou mais
substâncias químicas em concentração suficiente para causar danos ao homem,
animais, vegetais, materiais. O nível dessas concentrações vai depender do clima,
topografia, densidade populacional, do nível e do tipo das atividades industriais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Qualidade do Ar – CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
Poluentes:
Considera-se poluente qualquer substância presente no ar e que, pela sua
concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, cau-
sando inconveniente ao bem-estar público, danos aos materiais, à fauna e
à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às ativi-
dades normais da comunidade. O nível de poluição atmosférica é medido
pela quantidade de substâncias poluentes presentes no ar. A variedade das
substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é muito grande, o
que torna difícil a tarefa de estabelecer uma classificação.
Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-B?sicas/
21-Poluentes>. Acesso em: 27 maio 2012.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tosse. O smog afeta a visibilidade, além de outros danos à saúde causados pelo
ozônio, que são inúmeros: pode causar ressecamento das membranas muco-
sas da boca, nariz e garganta, dor de cabeça, alterações na visão, ardor nos
olhos, mudanças funcionais no pulmão e edema (STERN, 1994).
CO, NOx, flúor, chumbo, amônia etc., que causam impactos localizados, como
deposição seca ou úmida (SO2), formação de outros poluentes (CO oxidando-
-se a CO2), chuva ácida (NOx), injúrias às plantas e problemas na dentição
dos animais que delas se alimentarem (flúor). O quadro 14 apresenta algumas
fontes de poluição e principais poluentes.
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FONTES POLUENTES
Material particulado. Dióxido de enxofre e monóxi-
Combustão.
do de carbono.
DEFINIÇÕES
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gânicas, por exemplo: madeiras, rochas, minérios. As poeiras tendem a
flocular.
■■ Fumos: são partículas sólidas resultantes da condensação ou sublima-
ção de gases, geralmente fundidos após volatilização de metais fundidos
(substâncias que são sólidas a temperatura normal), por exemplo: fumos
metálicos em geral e fumos de cloreto de amônio.
■■ Névoas: são gotículas líquidas em suspensão, produzidas pela condensa-
ção de gases ou pela passagem de um líquido a estado de dispersão por
respingo, podemos citar como exemplo: névoas de ácido, névoas de tinta
e névoas de óleo.
■■ Aerossóis: são partículas em suspensão no ar, de forma sólida ou líquida.
■■ Catalizador: substância que presente em pequena quantidade aumenta
as reações químicas.
Ainda, conforme o autor supracitado, as substâncias gasosas podem ser sub-
divididas em gases verdadeiros e vapores:
■■ Vapores: definido como forma gasosa de uma substância sólida ou líquida
(temperatura de 25ºC e uma pressão de 760 mm Hg), que pode voltar
a estes estados por aumento de pressão ou diminuição de temperatura.
Como exemplos podemos citar: vapores de água, gasolina, mercúrio,
benzeno e outros.
■■ Gases: normalmente fluídos sem forma que ocupam o espaço que os con-
tém e só podem se liquefazer ou solidificar-se sob a ação combinada de
aumento de pressão e diminuição de temperatura.
POLUIÇÃO DO AR
129
PADRÕES DE QUALIDADE DO AR
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
quência de ocorrência e dos efeitos adversos que causam no homem e no
meio ambiente.
A Tabela 1 aponta os padrões estabelecidos na Resolução CONAMA, n° 03/90.
PADRÃO
TEMPO DE PADRÃO PRIMÁRIO
POLUENTE SECUNDÁRIO
AMOSTRAGEM (ΜG/M3)
(ΜG/M3)
Partículas totais em MGA 24 horas (*) 80 60
suspensão 240 150
Fumaça MMA 24 horas (*) 60 40
150 100
Partículas inaláveis MMA 24 horas (*) 50 50
150 150
SO2 MMA 24 horas (*) 80 40
365 100
CO2 8 horas (*) 10.000 (9 ppm) 10.000 (9
40.000 (35 ppm) ppm)
40.000 (35
ppm)
Ozônio 1 horas (*) 160 160
NO2 MMA 100 100
1 hora 320 190
Tabela 1: Padrões de qualidade do ar no Brasil
Fonte: adaptado de Conama 03/1990
Legenda: µg/m3: microgramas por metro cúbico de ar; MGA: média geométrica anual; MMA: média
aritmética anual; (*) não deve execer mais de uma vez por ano; ppm: parte por milhão.
POLUIÇÃO DO AR
131
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR
MEDIDAS INDIRETAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
São as ações que visam à eliminiação, redução na fonte, diluição, segregação ou
afastamento dos poluentes.
De acordo com Silva (2007), são consideradas ações de medidas indiretas:
■■ Planejamento e medidas correlatas: consiste em uma melhor distribuição
espacial das fontes de poluição, aumentando a distância da comunidade
receptora, diminuindo a concentração de atividades poluidoras próximas
a núcleos residenciais, controle da circulação.
■■ Diluição por meio de chaminés altas: tem por objetivo reduzir a concen-
tração de poluentes ao nível do solo, sem a redução da quantidade emitida.
■■ Medidas para impedir a geração de poluentes: em muitos casos, os
poluentes podem ser eliminados totalmente por meio da substituição
de combustíveis, matérias-primas e reagentes que entram nos processos,
ou seja, combustíveis, materiais e processos de baixo impacto ambiental,
conduzindo a tecnologias limpas.
■■ Medidas para reduzir a geração de poluentes: adotam-se medidas como
operação dos equipamentos dentro de sua capacidade nominal, operação
e manutenção adequada de equipamentos produtivos, caldeiras, fornos,
veículos, dentre outros, ou seja, a redução na fonte.
MEDIDAS DIRETAS
Consistem na retenção dos poluentes após a geração com ações que visam redu-
zir a quantidade dos poluentes descarregada na atmosfera, por meio da instalação
de equipamentos de controle.
POLUIÇÃO DO AR
133
De acordo com Silva (2007), primeiro, após serem esgotados todos os esforços
com medidas anteriormente mencionadas, sem conseguir a redução necessária,
então devem ser adotados equipamentos de controle de poluentes (filtros). Os
equipamentos de controle de poluição do ar são divididos em função do tipo do
poluente a ser considerado (Equipamentos de Controle de Material Particulado
e Equipamento de controle de gases).
O material particulado pode ser removido do fluxo gasoso poluído por
sistemas secos (coletores mecânicos inerciais e gravitacionais, centrífugos, pre-
cipitadores eletrostáticos secos e filtros de tecido) e sistemas úmidos (lavadores
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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DISPERSÃO DE POLUENTES NA ATMOSFERA
POLUIÇÃO DO AR
135
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
parâmetros, vimos que a legislação, por meio da Resolução 3/90, estabeleceu os
padrões de qualidade do ar, previstos pelo PRONAR.
Também vimos que os efeitos da dispersão da poluição atmosférica depende
de outros fatores como concentração e condições meteorológicas, além disso,
também foram abordados os efeitos dos poluentes quanto à saúde da popula-
ção e seus efeitos adversos ao meio ambiente.
POLUIÇÃO DO AR
137
<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/poluicao-atmosferica-pode-au-
mentar-risco-de-avc-mesmo-em-dias-em-que-a-qualidade-do-ar-e-consi-
derada-regular>.
LIXÕES, ATERROS
V
UNIDADE
SANITÁRIO E INDUSTRIAL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar as diferenças entre lixões, aterro controlado, aterro
sanitário.
■■ Entender como ocorre o armazenamento dos resíduos industriais.
■■ Compreender as características da implantação dos aterros sanitário
e industrial.
■■ Discorrer sobre a implantação de um Biogestor para utilizar a
bioenergia dos aterros sanitários.
■■ Esclarecer, sumariamente, sobre o registro e monitoramento dos
resíduos industriais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Lixões, Aterros Controlado e Sanitário
■■ Abordagem das características do Aterro Industrial
■■ Apresentar os Aterros São João e Bandeirantes e Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL)
■■ Registro e monitoramento dos resíduos sólidos
143
INTRODUÇÃO
RESÍDUOS PRODUTOS
LÍQUIDOS PRODUTOS RESÍDUOS
E GASOSOS INDÚSTRIA SÓLIDOS
DOMÉSTICOS
COLETA
COMPOSTO SELETIVA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
E GASES REJEITOS COMPOSTAGEM OU TRIAGEM
GASES
ENERGIA INCINERAÇÃO
E LÍQUIDOS COLETA
ATERRO REGULAR
SANITÁRIO
Figura 6: Diagrama de fluxo simplificado de um sistema de gerenciamento integrado de resíduo sólido
doméstico
Fonte: Phillipi Jr. (apud AGUIAR, 1999)
LIXÕES
O solo desse espaço não recebe nenhum tipo de tratamento (como compac-
tação). Com isso, o chorume, efluente que sobra da degradação desses resíduos,
é absorvido pelo solo e pode alcançar o lençol freático facilmente. Esse processo
contamina as águas e oportuniza malefícios à saúde humana, fauna e flora per-
tencentes ao bioma da região (BRAGA et al., 2005).
Ainda, o acúmulo desses materiais a céu aberto atrai muitos insetos e outros
animais, contribuindo para a proliferação de doenças. Outro ponto importante
a destacar é a frequência de pessoas nesses locais, que retiram materiais para
sua própria subsistência.
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Segundo Braga (et al., 2005), essa prática atinge o “paroxismo”, quando a
utilizam como alternativa a recomposição de áreas de encosta e áreas íngremes,
com riscos de provocar futuros deslizamentos. A afirmação do autor exprime a
insensatez estratégica, uma vez que a acomodação desses materiais nesses locais
falha na compactação dos solos e, com a chegada das águas pluviais, esses são
destinados a outras regiões como rios, barrancos, cidades provocando desaba-
mentos significativos.
Esse modelo ainda contribui para a degradação ambiental e social. Como
os resíduos descartados nesses locais não recebem tratamento, apenas a ação de
intempéries, permanecem por longos anos naquele local, inutilizando o espaço
para outras atividades. Já na situação social, a frequência de pessoas no local em
busca de sobras de alimentos e outros materiais as expõe a doenças e péssimas
condições humanas.
ATERROS CONTROLADOS
O aterro controlado é uma fase intermediária entre lixão e aterro sanitário. Nesse
caso, diferente do lixão, o aterro controlado recebe grama (ou sobras de vege-
tação) e argila (ou outro tipo de solo) com o objetivo de esconder os materiais.
Ao observarmos um aterro controlado, podemos verificar que o impacto
visual e odor são muito menores se comparados ao lixão, graças à cobertura feita
com solo e grama. Além disso, essa cobertura contribui para impedir a proli-
feração de insetos e outros animais que visitam o local em busca de alimentos
Ventilação de gás
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Revestimento Refugo
compactado
e coberto
Refugo diário
Sistema de coleta
Terreno intocado de água de lixiviação
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adequada, atendendo as condições estabelecidas pelo Instituto Ambiental
do Paraná – IAP, conforme o disposto na Lei Estadual de Resíduos Sólidos,
a Lei nº12.493, de 22 de janeiro de 1999;
■■ CONSIDERANDO que a disposição inadequada de resíduos sólidos
constitui séria ameaça à saúde pública, agrava a degradação ambiental e
contribui para o comprometimento da qualidade de vida das populações;
■■ CONSIDERANDO que a implementação da Política Estadual de Resíduos
Sólidos, é a ferramenta governamental para a consolidação da adoção de
sistemas adequados de disposição final de resíduos sólidos urbanos, resolve;
■■ Estabelecer requisitos, critérios técnicos e procedimentos para a imper-
meabilização de áreas destinadas à implantação de Aterros Sanitários,
visando à proteção e à conservação do solo e das águas subterrâneas.
Art. 1º Os Aterros Sanitários deverão ser submetidos ao processo de
Licenciamento Ambiental, nos termos desta Resolução e dos demais dis-
positivos legais cabíveis.
Art. 2º Para efeito desta Resolução Conjunta 01/2006 SEMA/IAP/
SUDHERSA, serão adotadas as seguintes definições:
I – Aterro Sanitário: Técnica para a viabilização da disposição de resí-
duos sólidos urbanos, sem causar danos à saúde pública e a sua segurança,
minimizando os impactos ambientais, técnica esta que utiliza princípios
de engenharia para confinar os resíduos sólidos na menor área possível e
reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada
de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou intervalos meno-
res, se necessário;
LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL
149
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...]
Parágrafo Único: A impermeabilização com geomembrana compatível
com os resíduos e com seus efluentes líquidos (que não reaja quimica-
mente). Devendo também resistir mecanicamente ao peso e ao recalque
do aterro (pressão, punção, cisalhamento), à deterioração por micro-
organismos, e aos raios solares (UV), deve também permitir, emendas
seguras, durante a sua primeira colocação e posteriormente durante ser-
viços corretivos [...].
Art.4º Todos os aterros sanitários deverão ser projetados para uma vida
útil de no mínimo 10 (dez) anos, devendo-se, paralelamente, viabilizar a
implantação e aprimoramento do programa de Coleta Seletiva Munici-
pal, visando o aumento considerável da vida útil desta área, bem como,
incentivo total de parcerias a Associações e/ou Cooperativas de Agentes
Ambientais de Coleta Seletiva (catadores), focando sua inserção social
através de projetos sócio-ambiental-econômicos (grifo nosso).
[...]
PERCOLADOS OU CHORUME
TRATAMENTO DO CHORUME
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quando não tratado, ele pode atingir lençóis freáticos, rios e córregos, levando
a contaminação para estes recursos hídricos e interferindo na vida da fauna e
flora. Nessa situação, os peixes podem ser contaminados e, caso a água seja usada
na irrigação agrícola, a contaminação pode chegar aos alimentos (frutas, verdu-
ras, legumes e outros).
O chorume é drenado para uma lagoa ou estação de tratamento onde rece-
berá as técnicas já estudadas na Unidade III, tratamento aeróbio ou anaeróbio.
E após atendidas às características de neutralidade (ph neutro = 7), será desti-
nado a um corpo receptor.
Art. 6º Os aterros sanitários já implantados e licenciados terão prazo de
até um ano, contado a partir da data da publicação desta Resolução, para
adequação, no que couber, do empreendimento, mediante aprovação pré-
via do Instituto Ambiental (correspondente a cada estado).
Todo aterro produz gases de efeito estufa, como já estudamos. Contudo, quando
bem gerenciado, o aterro pode se tornar fonte de energia alternativa para o muni-
cípio ao qual pertence. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, um
aterro de resíduos sólidos pode ser considerado como um reator biológico em
que as principais entradas são os resíduos e a água, e as principais saídas são os
gases e o chorume. A decomposição da matéria orgânica ocorre por dois proces-
sos, o primeiro processo é de decomposição aeróbia e ocorre normalmente no
período de deposição do resíduo. Após esse período, a redução do O2 presente
nos resíduos dá origem ao processo de decomposição anaeróbia.
O gás de aterro é composto por vários gases, alguns presentes em grandes
quantidades como o metano e o dióxido de carbono e outros em quantidades
em traços. Os gases presentes nos aterros de resíduos incluem o metano (CH4),
dióxido de carbono (CO2), amônia (NH3), hidrogênio (H2), gás sulfídrico (H2S),
nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). O metano e o dióxido de carbono são os princi-
pais gases provenientes da decomposição anaeróbia dos compostos biodegradáveis
dos resíduos orgânicos. E, como já estudado, contribuem para o efeito estufa
(aquecimento global).
Os fatores que podem influenciar na produção de biogás são: composição
dos resíduos dispostos, umidade, tamanho das partículas, temperatura, pH, idade
e quantidade dos resíduos, projeto do aterro e sua operação.
Nesse interesse, um dos gases mais comuns emitidos pelos aterros é o metano.
As estimativas das emissões globais de metano, provenientes dos aterros, oscilam
entre 20 e 70 Tg/ano, enquanto que o total das emissões globais pelas fontes
antropogênicas equivale a 360 Tg/ano, indicando que os aterros podem produ-
zir cerca de 6 a 20% do total de metano (IPCC, 1995), dependendo da amplitude
do aterro e da densidade do material confinado.
Segundo o Primeiro Inventário Nacional de Emissões Antrópicas de
Gases de Efeito Estufa, realizado pelo Governo Federal em 2005, as
emissões de metano por resíduos sólidos no Brasil, para o ano de 1990,
foram estimadas em 618 Gg, aumentando para 677 Gg no ano de 1994.
As emissões de metano geradas no tratamento dos resíduos líquidos de
origem doméstica e comercial foram estimadas em 39 Gg para o ano de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1990, subindo para 43 Gg em 1994. Estimativas que tendem a crescer
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, on-line).
Dessa maneira, podemos gerenciar o gás metano e outros como o enxofre (pre-
sentes fortemente nos aterros) em valor energético para a sociedade. A estratégia
é desenvolver um projeto de aproveitamento do biogás produzido pela degra-
dação dos resíduos em uma forma de energia útil, tais como eletricidade, vapor,
combustível para caldeiras ou fogões, combustível veicular ou para abastecer
gasodutos com gás de qualidade (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, on-line).
Independente do uso final do biogás produzido no aterro, segundo a legis-
lação, obrigatoriamente é necessário incluir ao aterro um projeto de captação de
gás, ou seja, um sistema padrão de coleta, tratamento e queima do biogás com
os seguintes itens poços de coleta:
■■ sistema de condução;
■■ tratamento (inclusive para desumidificar o gás);
■■ compressor e flare com queima controlada para a garantia de maior efi-
ciência de queima do metano.
Isto significa que a adequação para um biogestor para geração de biogás já estaria
em andamento com a inclusão desses itens ao projeto. Portanto, restando projetar
o equipamento final para a transformação do processo. Nas regiões com gran-
des volumes como São Paulo, os investimentos realizados para implementação
desta estratégia teriam seu retorno garantido com a venda do biogás ou o mesmo
poderiam ser utilizados pelo próprio município, evitando custos energéticos.
Existem diversos projetos de aproveitamento energético no Brasil, como nos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O projeto capacitou, em 2007 e 2008, cerca de 400 agentes locais e técnicos das
prefeituras para elaboração de Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos e aplicação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL em projetos
de captação e tratamento de gases gerados em locais de destinação final de resíduos.
Os processos que adotarem a estratégia de MDL podem requerer a certificação
de redução de emissões e a posterior venda das reduções certificadas de emis-
são, para serem utilizadas pelos países desenvolvidos (e poluidores) como modo
suplementar para cumprirem suas metas. Esse mecanismo deve implicar em
reduções de emissões adicionais àquelas que ocorreriam na ausência do pro-
jeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a emissão
de poluentes. Em resumo, países certificados podem vender Crédito de Carbono,
como no caso da implantação do Biogestor nos aterros São João e Bandeirantes,
apresentados (SÃO PAULO, on-line 2013).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rio
E REBEL – Escritório Regional de Francisco Beltrão
Nova prata do Iguaçu 10.377 X
Capanema 18.526 X
Realeza 16.338 X
Cruzeiro do Iguaçu 4.278 X
São Jorge D´Oeste 9.085 X
Boa Esperança do Iguaçu 2.764 X
Dois vizinhos 36.179 X
Santa Izabel do Oeste 13.132 X
Planalto 13.654 X
Salto da Lontra 13.689 X
Verê 7.878 X
Pérola D´Oeste 6.761 X
Enéas Marques 6.103 X
Nova Esperança do Sudoes- 5.098 X
te
Ampere 17.308
Bela Vista da Caroba 3.945 X
Prancheta 5.628 X
ATERRO INDUSTRIAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O aterro industrial é local em que será armazenado o resíduo industrial, que não
pode ser destinado ao aterro sanitário.
Dependendo do local onde for instalado o aterro, caso haja lençóis hídricos pró-
ximos, o monitoramento é exigido também.
O órgão responsável, no Brasil, pelo licenciamento e pela fiscalização dos
serviços é o Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA) do estado em que o
aterro foi instalado. Normas registradas na ABNT regem esse serviço e dão res-
paldo ao órgão público para aplicar a lei.
Em termos legais, recebem e armazenam resíduos sólidos industriais com
as seguintes características:
■■ Não reativos.
■■ Não inflamáveis.
■■ Com baixa quantidade de solvente, água e óleo (baixíssima).
Aterro Industrial
160 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ NBR 10.006 - Solubilização de Resíduos
■■ NBR 10.007 - Amostragem de Resíduos
■■ NBR 12.988 - Líquidos Livres - Verificação em Amostra de Resíduo
■■ NBR 13.895 - Construção de Poços de Monitoramento e Amostragem
■■ Quanto ao projeto do aterro:
■■ NBR 8418 - Apresentação de Projetos de Aterros de Resíduos Industriais
Perigosos
■■ NBR 8419 - Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de Resíduos
Sólidos Urbanos
■■ NBR 10157 - Aterros de Resíduos Perigosos – Critérios para Projeto,
Construção e Operação
■■ CETESB - L1030 - Membranas Impermeabilizantes e Resíduos
Determinação da Compatibilidade - Método de ensaio
■■ NBR 13896 - Aterros de Resíduos Não Perigosos - Critérios para Projeto,
Implantação e Operação
■■ Quanto ao armazenamento e Transporte
■■ NBR 12235 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos (antiga
NB-1183)
■■ NBR 11174 - Armazenamento de Resíduos Classe II - Não Inertes e III
- Inertes (antiga NB-1264)
Aterro Industrial
162 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Área não sujeita a inundações, avaliadas pelo histórico climático da região
(estimativa de 100 anos).
Aterro Industrial
164 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Plano de encerramento.
Com isso vamos detalhar cada item em subitens. Para o registro e controle dos
resíduos a planilha deverá registrar:
■■ Descrição e quantidade de cada resíduo recebido, já na descarga do cami-
nhão (finger print), características quanto ao odor, cor, aspecto físico,
reatividade etc.
■■ Data e local de disposição no aterro.
■■ Registro das análises efetuadas no resíduo.
■■ Registro de ocorrências.
■■ Dados referentes ao monitoramento da qualidade das águas superficiais
e subterrâneas.
■■ Análises completas para emissão de CADRIs.
■■ Testes expeditos.
■■ Análises completas para verificação da manutenção das características
do resíduo em comparação à permissão original, frequência de realiza-
ção dos ensaios e indicação de laboratório para a realização dos mesmos.
Para todas as cargas que chegam ao aterro, devem ser providenciados testes expe-
ditos e registrar o ph, líquidos livres, reatividade em água, meio ácido e meio
alcalino e, se necessário, corrosividade, radiação etc. E apresentar relatórios peri-
ódicos ao órgão licenciador (PHILIPPI JR., 2005).
Aterro Industrial
166 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-- Localização.
-- Parâmetros a serem monitorados.
-- Frequência de amostragem.
Considerando que a grande maioria das empresas destina resíduos para empre-
sas especializadas tratarem esses resíduos, o órgão verifica se a empresa que irá
transportar, tratar e armazenar os resíduos está devidamente autorizada para o
manuseio destes materiais. Eis algumas das exigências do órgão, de acordo com
Philippi Jr. (2005, p. 311):
Respeito à legislação de transportes de produtos perigosos, incluindo
identificação das embalagens, fichas de emergência, qualificação do
motorista, entre outras.
Aterro Industrial
168 UNIDADE V
ASPECTOS INTERNACIONAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por fim, o transporte internacional de resíduos perigosos foi regulamentado
pela Convenção da Basileia, criada em 1988 (entrou em vigor em maio de 1992),
na Suíça, em uma conferência promovida pelo PNUMA. Foi estabelecida como
um meio de acabar com a covarde destinação dos resíduos perigosos dos países
industrializados, principalmente os pertencentes a OCDE (EUA, Canadá, Europa
Ocidental, Japão), que encaminhavam os resíduos para os países em desenvolvi-
mento como a África e o Haiti, ou mesmo para a Antártida e países da Europa
Oriental, causando inúmeros danos ambientais em sua maioria irreversíveis e
retirando deles a responsabilidade dos custos (econômicos, sociais e ambientais)
de tratamento e destino final.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
170 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Caro(a) aluno(a), no primeiro vídeo, você irá conhecer alguns dos produtos
desenvolvidos com garrafas pets. A criatividade usada fez transformar pets em objetos
de decoração (flores e castiçais) e utensílios como vassoura e colchão.
No segundo vídeo, Rodrigo Sabatini apresenta vários danos causados por objetos
descartados no meio ambiente. Traz várias imagens de animais e espécies aquáticas
que foram afetados por materiais descartados nos mares e salienta a importância de
repensar e destinar corretamente essses materiais.
Reciclagem com Garrafas PET
http://www.youtube.com/watch?v=SqH06mSzq2c
Não descarte, encaminhe: Rodrigo Sabatini at TEDxFloripa
http://www.youtube.com/watch?v=3-rN2oHW1XI
173
CONCLUSÃO
Caro(a) aluno(a)!
Este material foi elaborado para contribuir com o seu processo de formação no que
se refere à questão dos resíduos: coleta, armazenamento, tratamento e destino fi-
nal. Os processos apresentados estão corroborando com a legislação atual sobre o
resíduo.
Para a apresentação dos conteúdos, adotou-se uma metodologia voltada aos gesto-
res com vários termos técnicos e legais, porém com exemplos e imagens que pudes-
sem dinamizar a compreensão do estudo em questão. E para melhor discernimen-
to, desenvolveu-se o assunto em V Unidades, interdependentes, conforme segue o
roteiro:
Na unidade I, abordou-se o conceito de Sistema de Gestão Ambiental com ênfa-
se na Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos e alinhou-se com a distinção
entre prevenção e poluição. Ainda, a caracterização dos resíduos e a metodologia
3 Rs: reduzir, reciclar e reaproveitar. Neste interesse, o estudo voltou-se à intenção
de esclarecer os efeitos danosos sobre o ambiente e seres envolvidos bem como o
papel das organizações.
Na unidade II, apresentamos a tipologia dos resíduos sólidos: urbanos, industriais,
da construção civil, resíduos da saúde e como são classificados. Ainda, o estudo per-
durou sobre os efeitos negativos desses resíduos quando não tratados normativa-
mente. Tais efeitos interferem na qualidade ambiental (fauna e flora) e na qualidade
de vida das cidades. Além disso, apresentamos a relevância do papel das coopera-
tivas de resíduos existentes nas cidades e que contribuem significativamente para
redução desses materiais em lixões ou aterros, e para o reaproveitamento ou reci-
clagem. Porém, tal iniciativa exige a participação da comunidade e do Poder Público
Municipal.
A unidade III envolveu-se com conceito, caracterização, tratamento e destino das
águas residuárias ou efluentes. São diversas as origens dos efluentes: domésticos,
(sanitários), industriais, hospitalares, agrícolas, entre outros. Esses, muitas vezes são
destinados aos corpos receptores (rios ou galerias de esgoto) sem os devidos trata-
mentos e, assim como os sólidos, interferem na qualidade de vida do globo. E nesta
concepção, associou-se a obrigação das empresas e outras fontes geradoras em re-
alizar os tratamentos exigidos pela norma, e aos Órgãos Ambientais, a fiscalização
e monitoramento do tratamento, o qual deve estar em conformidade com limites
estabelecidos para cada situação. Um dos aspectos importantes desse tratamento
expressa-se no reuso da água já tratada na própria empresa, retornando ao proces-
so, estratégia que expressa impactos positivos na dimensão ambiental e econômica
para as empresas que diminuem o uso da água potável em indústrias refletindo em
custos menores.
Na unidade IV, abordamos o conceito de poluição atmosférica. Esse tipo de resíduos
tem origem industrial, antrópica e natural (mudanças globais naturais). Seus efeitos
são enormes e interferem na dispersão, concentração e qualidade do ar (fonte de
CONCLUSÃO
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