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GERENCIAMENTO

DE RESÍDUOS

Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira


Professora Me. Renata Cristina de Souza

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
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NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Diretoria Executiva
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Diretoria de Graduação e Pós-graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência
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Diretoria de Design Educacional
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Gerência de Produção de Conteúdo
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Gerência de Projetos Especiais
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Gerência de Processos Acadêmicos
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Gerência de Curadoria
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Supervisão de Produção de Conteúdo
Nádila Toledo
Coordenador de Conteúdo
Silvio Silvestre
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Arthur Cantareli Silva
Distância; OLIVEIRA, Julimari Aparecida Bonvechio de; SOUZA, Renata
Cristina de. Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Gerenciamento de Resíduos. Julimari Aparecida Bonvechio de Editoração
Oliveira; Renata Cristina de Souza. Rafael Szpaki Sangueza
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2013. Reimpresso em 2019.
181 p. Qualidade Textual
“Graduação - EaD”. Jaquelina Kutsunugi

1. Gestão Ambiental. 2. Resíduos. 3. Efluentes. 4. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-8084-644-7
CDD - 22 ed. 304.2
CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORAS

Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira


Possui graduação em Administração pela Universidade Estadual de Maringá
(1992) e mestrado em Administração pela Universidade Estadual de Londrina
(2012).

Professora Me. Renata Cristina de Souza


Possui graduação em Tecnologia Ambiental pelo Centro Federal de Educação
Tecnológica do Paraná. Especialista em Gestão Ambiental pela Faculdade
Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão - FECILCAM. Mestre em
Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá - UEM.
APRESENTAÇÃO

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) acadêmico(a), é com muito prazer que apresentamos a você o livro que fará
parte da disciplina Gestão de Resíduos.
Nós o preparamos com empenho e carinho para que você adquira conhecimentos so-
bre a Gestão de Resíduos: tipologia, caracterização, coleta, armazenamento, destino fi-
nal e legislação pertinente.
Sou a Professora Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira, sou graduada, especialista
e mestre em Administração, professora e pesquisadora dessa área, e confesso que sou
apaixonada pelo tema e muito me importa em contribuir para sua formação e cons-
ciência cidadã sobre as questões ambientais. Juntos, podemos melhorar a qualidade
ambiental.
Sou a Professora Renata Cristina de Souza, sou graduada em Tecnologia Ambiental, Es-
pecialista em Gestão Ambiental e Mestre em Engenharia Urbana, sou professora e pes-
quisadora na área ambiental, principalmente nos temas de gerenciamento de resíduos,
tratamento de águas e tratamento de efluentes. Espero colaborar para sua formação em
questões ambientais.
Caro(a) aluno(a), este livro tem como finalidade introdutória apresentar a compreensão
sobre o sistema de gestão ambiental, uma vez que os fundamentos teóricos fazem par-
te dos estudos das ciências socioaplicadas, e ajudá-lo a aplicar tais conhecimentos na
vivência organizacional e individual.
Neste interesse, almejamos apresentar o tema de forma que permita novas discussões,
análises e inovações, visando ampliar a qualidade ambiental.
Em nosso país, o gerenciamento de resíduos ainda não abrange a pauta das grandes
discussões relacionadas às questões político-ambientais. Esse assunto está fundamen-
tado no limite legal, ou seja, as empresas visam atender apenas às exigências legais para
se livrarem de punições econômicas, deixando de lado as possibilidades de melhoria
ambiental por considerarem o custo. Porém, temos a pretensão de sensibilizá-lo a ponto
de torná-lo agente disseminador em suas atividades diárias e organizacional, o que se
revela em oportunidade para se destacar em empreendedor ou como profissional capa-
citado a gerir os resíduos.
Será preciso muito empenho para assimilar os conhecimentos por meio de leituras, as-
sim como atenção às videoaulas e responder aos exercícios. Ainda, por não se tratar de
uma teoria cabal, desejamos que possa contribuir com novas discussões e possibilida-
des sobre o assunto nos trazendo sugestões de leituras e opiniões díspares.
Na unidade I, começamos a introduzir o assunto Sistema de Gestão Ambiental e, assim,
apresentamos definições bem como uma contextualização sobre o problema da po-
luição e seu tratamento. Sumariamente, também foram apresentadas a concepção de
resíduos e a metodologia 3 Rs como uma prática diária para minimização dos impactos
ambientais. Na situação organizacional, também abordamos as vantagens dos Rótulos
APRESENTAÇÃO

Ambientais e do ISO 14000 para mercados consumidores conscientes, as quais são


iniciativas de caráter ambiental que, economicamente, repercutem de maneira fa-
vorável para as empresas, trazendo também, dessa forma, benefícios para a nação.
Na unidade II, será possível conhecer as principais tipologias e características dos
resíduos sólidos que são oriundos das atividades humanas domésticas, organizacio-
nais, hospitalares e também de queda de árvores, entre outros. Os resíduos sólidos,
quando não tratados, além da grande expansão espacial que exigem para seu ar-
mazenamento, representam nocividade para o meio ambiente. Nesta unidade, será
possível conhecê-los e compreender como gerenciar estes resíduos atendendo à
legislação existente e contribuindo com a minimização dos efeitos nocivos.
Na unidade III, caro(a) aluno(a), você conhecerá o conceito de efluente. As orga-
nizações eliminam grandes volumes de águas residuárias das atividades de seus
processos. Contudo, boa parte desses resíduos é constituída de matéria orgânica,
micro-organismos patogênicos, sólidos e produtos químicos. Com isso, será pos-
sível conhecê-los e compreender como gerenciar estes resíduos atendendo à le-
gislação existente e, a partir da caracterização, apresentaremos as possibilidades
para tratá-lo: o pré tratamento, o tratamento e destino final em cumprimento da
exigência legal.
Na unidade IV, serão expostas as bases conceituais das emissões atmosféricas. A
partir da compreensão sobre as fontes de poluição, você poderá avaliar as possibi-
lidades de gerir e minimizar a emissão de gases, pois estes contribuem com chuva
ácida e aquecimento global. Chama-se atenção, ainda, ao fato de que as organi-
zações que não atendem aos padrões de emissões estão suscetíveis a penalidades
severas pelos órgãos ambientais. Assim, faz-se necessário introduzir mecanismos
nos processos para tratar estes gases antes de emiti-los.
Na Unidade V, discutiremos sobre o conceito de lixão e aterros. Você perceberá que
grande parte dos resíduos sólidos é descartada a céu aberto, sem nenhum trata-
mento. Veremos também que o trânsito nestes locais de pessoas e animais que es-
tão em busca de alimentos agrava ainda mais a situação, o que expressa não só a
degradação ambiental como também a social. Sendo assim, aprenderá, nesta uni-
dade, que os aterros sanitários e industriais, quando licenciados, obrigatoriamente
são planejados com estruturas que têm os gases e o chorume líquido eliminados
pela decomposição de resíduos. Esses processos minimizam expressivamente o
efeito nocivo ao ambiente. E podem se tornar fontes alternativas de energias.
Dessa forma, buscaremos passar pelos principais conceitos sobre o Gerenciamento
dos Resíduos, oferecendo uma visão abrangente e ao mesmo tempo alinhado com
as especificidades de cada situação. Todo este estudo almeja fornecer e clarificar seu
conhecimento sobre resíduo.
APRESENTAÇÃO

Esperamos assim possibilitar uma transformação antrópica que se repercute no


comportamento organizacional e, quem sabe, em oportunidades empreendedoras
para tratar resíduos ou mesmo reaproveitá-los como materiais.
Para finalizar, gostaríamos de frisar: nosso desejo é que o conhecimento deste con-
teúdo não se restrinja à aplicação nas questões organizacionais, mas, sobretudo,
melhore a qualidade de vida do globo. Sua atitude pode trazer mudanças globais!

Bom estudo!
SUMÁRIO

UNIDADE I

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS

15 Introdução

16 Gestão Ambiental e Compreensão dos Resíduos

21 Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos

28 Tipologia dos Resíduos

34 Considerações Finais

UNIDADE II

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO


CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE

39 Introdução

40 Definição dos Resíduos Sólidos 

44 Tratamento dos Resíduos Sólidos

47 Evolução dos Resíduos

54 Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais

66 Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: Definição e Classificação

78 Considerações Finais
11
SUMÁRIO

UNIDADE III

EFLUENTES

83 Introdução

85 Esgotos Sanitários (Domésticos)

96 Efluentes Industriais

102 Lixiviado (Chorume)

103 Tratamento de Efluentes

108 Tratamento Secundário de Efluentes

114 Considerações Finais

UNIDADE IV

POLUIÇÃO DO AR

119 Introdução

120 Breve Histórico da Poluição Atmosférica

128 Características dos Poluentes Atmosféricos

137 Considerações Finais


SUMÁRIO

UNIDADE V

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL

143 Introdução

144 Compreendendo os Conceitos de Lixões, Aterros Contralados e Aterros 


Sanitários

159 Aterro Industrial

169 Considerações Finais 

173 CONCLUSÃO
175 REFERÊNCIAS
Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira
Professora Me. Renata Cristina de Souza

SISTEMA DE GESTÃO

I
UNIDADE
AMBIENTAL E RESÍDUOS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender o significado de poluição e resíduos.
■■ Apresentar os movimentos e discussões que pressionaram a adoção
de mecanismos de tratamento de poluição.
■■ Entender os 3 Rs – reduzir, reusar, reciclar.
■■ Discorrer sobre as diferenças entre prevenir e controlar a poluição.
■■ Classificar, sumariamente, os resíduos mais comuns nas organizações:
sólidos, efluentes e emissões atmosféricas.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Gestão Ambiental e compreensão dos resíduos
■■ Abordagem do tratamento ambiental para o tratamento de resíduos
■■ Sistema de Gestão Ambiental (SGA), Rótulos e ISO 14000
■■ Os resíduos: sólidos, efluentes (líquidos) e emissões atmosféricas
15

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), na unidade I, apresentaremos o conceito de Gestão Ambiental


e de Resíduos bem como as possíveis consequências negativas oridunas do pro-
cesso industrial para o meio ambiental.
Nos últimos séculos, as inovações tecnológicas e o amparo ao processo
produtivo avançaram velozmente. Esse avanço, contudo, ainda que produzisse
diferenciais importantes para o progresso econômico, analogamente não garan-
tiu o progresso social. Avançaram também a desigualdade social e o perigo para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a dimensão ambiental no que diz respeito à exploração de recursos e poluição.


A discussão sobre a poluição ambiental requer amparo nas ciências e no
compromisso de toda nação com o progresso sustentável. Neste sentido, nos
fixaremos nos comportamentos organizacionais que ora aderem às políticas públi-
cas (leis), ora avançam em selos e, muitas vezes, nem a um nem a outro. Assim,
apresentaremos as possíveis alternativas para as organizações que estrategica-
mente desejam adotar o tratamento da poluição em termos de políticas internas.
Para o tratamento da poluição, apresentamos um modelo de prevenção e
outro de controle. No primeiro caso, as mudanças exigem alterações de layout,
inovações e assimilação do conceito de 3Rs. No segundo modelo, as organizações
implementam alternativas de controle, ou seja, no fim do processo e com pouca
alteração em seu layout, uma vez que visam apenas atender às exigências legais.
E para finalizar a unidade, conceituaremos as os três tipos de resíduos mais
comuns nas organizações: sólidos, efluentes e emissões atmosféricas.

Introdução
16 UNIDADE I

GESTÃO AMBIENTAL E COMPREENSÃO DOS RESÍDUOS

No modelo atual de desenvolvimento econômico, há um crescente aumento da


exploração de recursos naturais visando tão somente à maximização de lucros.
Soma-se a isso o desenfreado desejo de produzir infinitamente, o que gera des-
carte de sobras ao ambiente natural (meio ambiente). Este material descartado
ao meio ambiente causa danos ao ar, água, solo e à saúde dos animais em geral.
Como afirma Faria, “Os industriais modernos são como homens que acabaram
de chegar a uma terra virgem e fértil, podendo viver por um bom tempo sem o

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mínimo trabalho” (FARIA, 2002, p. 53).
O nosso planeta é indivisível, não há barreiras que possam proteger regiões
de serem atingidas pela poluição. E, por isso, as emissões, os efluentes descar-
tados em lagos e rios, e problemas por descarte de resíduos periculosos à saúde
atravessam países. Assim, a queima de carvão na China afeta os EUA, a chuva
ácida dos países poluentes destroi várias florestas, a contaminação em rios sufoca
a vida de muitas espécies que dependem desta água e contribuem com seu desa-
parecimento, um acidente radioativo pode provocar câncer em várias regiões.
(FARIA, 2002)
Para Barbieri (2011, p.15), “[...] a poluição é dos aspectos mais visíveis dos
nossos problemas ambientais [...]”. A poluição não respeita fronteiras entre um
país e outro. As consequências estão visivelmente ao nosso redor, no nosso dia
a dia, no trabalho, em qualquer atividade humana.
Neste entendimento, vamos acatar ao conceito de Barbieri (2011) sobre poluir
e contaminar para refletirmos sobre a poluição. Poluir é sujar, degradar, conta-
minar, manchar e mesmo alterar as condições naturais do ambiente. Poluente
é o que polui, uma vez que produz algum tipo de situação indesejada ao meio
e à vida humana.
A poluição pode ser vista em vários aspectos como apresenta a figura 1 a
seguir:

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


17

Fonte de poluição Meio Receptor Impacto sobre o meio ambiente

Origem: Intermediato: Alcance


» Natural » Ar » Local
» Antropogênica » Água » Regional
» Solo » Global
Fonte
» Móvel Final: Danos:
» Fixa ou estacionária » Organismos » Aos seres humanos:
» Materiais – Toxicidade aguda e crônica
Emissão: » Ecossistemas – Alterações genéticas
» Pontual – Redução da capacidade física
» Difusa – invalidez, morte
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

» À flora, à fauna e aos solos


» Solo materiais, construções,
Poluente: equipamentos, instalações,
» Físico-químico, monumentos, sítios históricos
biológico, sonoro, e arqueológicos etc.
radioativo etc.

Poluente: Tipos de impactos:


» Agricultura » Eutrofização
» Geração de energia » Acidificação
» Mineração » Destruição da camada de ozônio
» Transporte » Perda da biodiversidade
» Construção Civil » Aquecimento global
» indústria de transformação » Redução da fertilidade do solo
» Serviços de saúde » Esgotamento de recursos
» Serviços educacionais » Etc.
» Etc.

Figura 1: Poluição – alguns critérios de classificação


Fonte: Barbieri (2006, p. 16)

Como se observa pela figura 1, os poluentes podem ser emitidos de diversas


fontes: indústrias, homem, hospitais, veículos; naturalmente, como material de
vulcões, decomposição de material orgânico. E podem alcançar ar, água, solo e
organismos vivos.

Gestão Ambiental e Compreensão dos Resíduos


18 UNIDADE I

SETOR POLUENTES
Agropecuária Metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), compostos
orgânicos voláteis (COV), metais pesados, embala-
gens de agronegócios, fertilizantes não aproveitados,
materiais particulados.
Mineração CO2, monóxido de carbono CO, óxido de nitrogênio
(NO), óxido de enxofre (SO), materiais pesados, águas
residuais, resíduos sólidos, ruídos, vibração.
Siderurgia Materiais particulados, SO2, NO2, CO, COV, DBO, escó-
rias e lodos de tratamento de efluentes, ruídos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Metais não metálicos SO2, CO, materiais particulados, DBO, lodos de trata-
mento de efluentes, ruídos.
Usinas Termoelétricas CO, CO2, CH2, NO2, materiais particulados e lodo.
Têxtil Materiais particulados, lodo, ruídos, SO2, NO2, CO, COV,
DBO e HC.
Refinarias de petróleo SO2, NO2, SO2, materiais particulados, lodo, ruídos,
derramamento de óleo e combustíveis.
Transportes CO, CO2, NO2, SO2, materiais particulados, ruídos, der-
ramamento de óleo e combustíveis.
Quadro 1: Exemplos de alguns poluentes em cada setor produtivo
Fonte: adaptado de Barbieri (2006, p. 17)

Cabe à empresa inserir em sua estratégia organizacional a Gestão Ambiental e de


Resíduos, observando as vantagens tanto econômicas quanto socioambientais.
Nessa concepção, adotamos o conceito de Gestão Ambiental (SGA) de
Barbieri (2006, p. 19):
como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais
como: planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras
realizadas com o objetivo de obter efeitos sobre o ambiente, que redu-
zindo ou eliminando os danos problemas causados pelas ações huma-
nas, quer evitando que eles sujam.

A gestão ambiental tem o objetivo de proteger o meio ambiente dos danos pro-
vocados pelos efeitos nocivos dos materiais indesejados pelas empresas, os quais
às vezes são descartados incorretamente no ambiente natural. Tal comporta-
mento poluidor/degradador expõe a empresa a situações perigosas. Os resíduos
indesejados e descartados sem tratamento no ambiente podem levar a empresa

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


19

a punições severas no âmbito legal e inferir conotação negativa ao mercado alvo


que deseja atrair. Além disso, a empresa deixa de aproveitar “potencial” ganho
com o reuso, reciclagem e reaproveitamento econômico de certos materiais ainda
com vida útil em seu ciclo de vida.
Com a Revolução Industrial (séc. XVIII), a discussão sobre o tratamento da
poluição (resíduos) começou a se fortalecer, uma vez que o lixo urbano infes-
tava as cidades e causava danos a saúde dos habitantes. E, a partir do século
XIX, a preocupação com a poluição deixa de ser assunto somente de cientistas e
ambientalistas, passando a ser mais uma responsabilidade para setores produ-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tivos e políticas públicas. Sendo que os maiores exemplos para as organizações


repensarem seus processos foram as catástrofes ambientais de grande propor-
ção como Seveso, Minamata, Three Miles Island, Bophal, Exxon Valez, Cubatão,
Chernobil, Baia de Guanabara e muitas outras provocadas por derrames de óleos,
poluição atmosférica e outras que danificaram consideravelmente o ambiente e
causavam problemas a saúde humana (BARBIERI, 2006).
De modo geral, pode-se dizer que o objetivo principal da SGA é melho-
rar o desempenho econômico e ambiental da organização, reduzindo
a demanda por recursos e aumentando a produtividade. Sua vocação é
holística, pois suas metas dialogam com outros sistemas, como a gestão
da qualidade e segurança no trabalho (ACADEMIA PEARSON, 2011,
p. 121).

A sociedade cada vez mais atenta aos prejuízos sofridos com descartes de resíduos
e poluição generalizada compreende agora que a solução para o problema dos
resíduos exige o envolvimento do governo com legislação rigorosa, do mercado
com a escolha consciente do consumidor por marcas ambientalmente corretas, e
da sociedade com Organizações não governamentais (ONGs), cientistas e pessoas
que exprimem seu poder de denunciar a poluição aos órgãos punidores e mídia.
Os gestores devem adotar, em seu planejamento estratégico, novas aborda-
gens tecnológicas e administrativas para segregar, acondicionar, tratar e destinar
corretamente os resíduos. E assim, espera-se que as empresas deixem de ser
problemas e contribuam positivamente nas questões relacionadas aos resíduos.
Destacamos na sequência alguns movimentos relevantes que pressionaram
decisões políticas a encarar e exigir compulsoriamente o destino dos resíduos
(BARBIERI, 2006):

Gestão Ambiental e Compreensão dos Resíduos


20 UNIDADE I

1. A intensificação dos processos de abertura comercial expondo produtores


com diferenças pronunciadas de custos ambientais e sociais a uma com-
petição mais acirrada e de âmbito mundial reforçaram a necessidade de
regulamentações em por todos participantes do mercado internacional.
Uma vez que os países com legislações menos rigorosas estavam prati-
cando dumping ambiental.
2. A criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) que passou a
pontuar criticamente as diferenças nos custos de produção por países sem
práticas corretas em termos ambientais, em outras palavras, sem trata-
mento de seus resíduos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3. A preocupação dos investidores que procuraram minimizar os riscos
de seus investimentos. As empresas que não adotassem em suas estraté-
gias técnicas de despoluição e tratamento estavam acumulando passivos
ambientais (impactos ambientais por poluição), o que vem prejudicar os
altos lucros desejados por estes investidores. Neste interesse, passaram
destinar seus recursos em empresas mais saudáveis ambientalmente. Na
atualidade, existem critérios próprios por parte das instituições financei-
ras que devem ser cumpridas pelos tomadores de créditos. Em 2002, o
PNUMA – Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente –promo-
veu a discussão no setor e conseguiu a adesão de 35 bancos em diversos
países cuja atuação visava respeitar a legislação ambiental por parte dos
tomadores.
4. O setor de seguro também tem tido forte presença no controle à polui-
ção de seus segurados, uma vez que passaram a exigir das empresas que
assinaram os contratos modelos preventivos e normatizados segundo as
regras ambientais para evitar os altos custos dos seguros. E as organiza-
ções se comprometeram a rever o plano organizacional para evitar riscos
ambientais em atividades básicas como, por exemplo, a introdução de
chaminés com filtros, lagoas de tratamento de efluentes em dimensões
adequadas, localização da indústria distante de áreas socias.
5. O aumento da consciência ambiental da população que, despertada pelos
danos causados pela poluição, considera em suas escolhas as empresas
com práticas ambientais saudáveis, o que veio a contribuir com adesão
dos rótulos verdes pelas empresas para apresentar boas práticas ope-
racionais. No caso brasileiro, destacamos o Procel que estima o gasto
energético dos aparelhos eletrônicos.

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


21

ABORDAGEM DA GESTÃO AMBIENTAL PARA


TRATAMENTO DOS RESÍDUOS

O tratamento dos resíduos pelas iniciativas estratégicas empresariais depende de


como ele interpreta sua relação com o meio ambiente e sua reputação ambien-
tal. Neste fim, vamos considerar duas abordagens distintas: controle da poluição
e prevenção da poluição. Veja abaixo o quadro 2 resumo:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ABORDAGENS
CARACTERÍSTICAS CONTROLE DA PREVENÇÃO DA
ESTRATÉGICA
POLUIÇÃO POLUIÇÃO
Preocupação básica Cumprimento da Uso eficiente dos Competitivi-
Legislação e respos- insumos dade
tas às pressões da
comunidade
Postura típica Reativa Reativa e proativa Reativa e
proativa
Ações típicas Corretivas Corretivas e pre- Corretivas,
Uso de tecnologias ventivas. preventivas
de remediação e de Conservação e e antecipató-
controle no final do substituição de rias
processo (end-of-pi- insumos. Antecipação
pe) Uso de tecnolo- de problemas
Aplicação de normas gias limpas e captura de
de segurança oportunida-
des utilizando
soluções de
médio e lon-
go prazo
Percepções dos em- Custo adicional Redução de custo Vantagens
presários e adminis- e aumento da competitivas
tradores produtividade
Envolvimento da Esporádico Periódico Permanente e
alta administração sistemático

Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos


22 UNIDADE I

Áreas envolvidas Ações ambientais Crescente envol- Atividades


confinadas nas vimento de outras ambientais
áreas geradoras de áreas como pro- Disseminadas
poluição dução, compras, pela organi-
desenvolvimento zação
de produto e
Ampliação
marketing
das ações am-
bientais para
a cadeia de
suprimento

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quadro 2: Gestão ambiental na empresa - abordagens
Fonte: Barbieri (2011, p. 107)

CONTROLE DA POLUIÇÃO

O controle da poluição se caracteriza como práticas operacionais para impedir


o acúmulo de passivo ambiental e por exigências da legislação o cumprimento
de regras para tratar e destinar corretamente dos resíduos.
Para o controle da poluição são necessárias aquisições de equipamentos
como filtros, construção de tanques de tratamento de efluentes ou containers
para reservar resíduos para destinar materiais à reciclagem e/ou, nos casos em
que a empresa desejar, destinar a terceiros o tratamento final dos resíduos.
E, neste contexto operacional, a empresa adota uma postura reativa, em
outro entendimento, significa tratar os resíduos para manter-se em conformidade
legal. Segundo Barbieri (2006), as soluções tecnológicas típicas dessa abordagem
visam controlar a poluição sem que sejam alterados os processos e produtos que
as conduziram, podendo ser de dois tipos: tecnologia de remediação e tecnolo-
gia de controle no final do processo, como será descrito em sequência.
As tecnologias de remediação visam reparar problemas e impactos ambientais
que já danificaram o meio ambiente. As reparações mais comuns são: desconta-
minar o solo por produtos químicos prejudiciais, conter o derramamento de óleo
no mar, conter o descarte de efluentes em rios, limpar praias e outros impactos
decorrentes das atividades operacionais.

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


23

Já as tecnologias de controle no final do processo, ou end-of-pipe control, pre-


tendem reter e tratar os resíduos (poluição) antes que cheguem ao ambiente ou
causem impactos significativos. Essas atividades exigem, por exemplo, novos equi-
pamentos como filtros detentores, ciclones, estações de tratamento de efluentes,
incineradores e outros equipamentos peculiares a cada tipo de processo produtivo.
Para Barbieri (2011), são soluções que nem sempre eliminam os problemas
de modo definitivo, ocorrendo muitas vezes a permanência dos poluentes em
novas formas, tais como a cinza e lodo resultantes de transformação de gases
e líquidos poluentes; esses resíduos sólidos deverão ser tratados e destinados
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

segundo a legislação pertinente de cada setor.


Para o setor empresarial, essa abordagem acaba contribuindo com aumento
dos custos empresariais e não agregam valor ao produto. No entanto, nos países
que contam com legislação rigorosa, as multas por denúncias ou por audito-
rias do órgão fiscalizador podem aumentar ainda mais os custos ambientais.
Considera-se ainda, nesse sentido, a imagem organizacional danificada por evi-
dências de poluição no ambiente.
Do ponto de vista socioambiental, compreender que o custo operacional do
tratamento ambiental pode ser estrategicamente muito positivo para a empresa
é um padrão de comportamento solidificado por muitos empresários e que difi-
culta a aquisição de novas tecnologias limpas.

PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO

Nessa abordagem, como o próprio nome designa, a empresa propõe atitudes


estratégicas de prevenção à poluição. Nessa estratégia, os gestores assumem uma
postura proativa, indo muito além do tratamento da poluição, eles reinventam
seus processos para mitigar a produção de resíduos. “Inspirados pelos padrões de
ecoeficiência, eles modificam radicalmente os seus processos, evitando a polui-
ção antes que ela seja gerada” (ACADEMIA PERSON, 2011, p. 118).
A gestão da poluição por meio da prevenção traz muitos benefícios econô-
micos para a empresa uma vez que reduz gastos com materiais, energia e descarte
de sobras. Essas reduções implicam em redução de custos para o tratamento de

Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos


24 UNIDADE I

descartes e despejos. Segundo Academia Person (2011), para poupar os despe-


jos, torna-se necessário utilizar a abordagem dos 3 Rs, reduzir na fonte, reusar
materiais, reciclagem de materiais.
Reduzir significa otimizar recursos, insumos e resíduos. Para alcançar a meta,
exigem-se da empresa investimentos em equipamentos, em materiais menos
poluentes e uso de fontes energéticas limpas.
Reusar nasce da ideia de poupar e reaproveitar recursos de formas diferentes.
Exemplificando: o motor termodinâmico utilizado em carros híbridos ecoeficien-
tes captura o calor liberado pela combustão e o utiliza em seguida para mover

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o carro, promovendo uma economia expressiva de combustível. Outro exem-
plo vem da fabricação do Ecolápis da Faber Castell que separa a serragem e a
madeira restante da produção, os quais são vendidos para outras fábricas que as
reaproveitam em outras mercadorias (ACADEMIA PEARSON, 2011).
Reusar é uma estratégia relevante para otimizar o uso de recursos da pro-
dução. Para evitar a extração de novos materiais originais, algumas empresas
reutilizam novamente nos processos. Por exemplo: nas recicladoras de PETs,
as novas tecnologias reaproveitam a água utilizada para a limpeza das garrafas.
Inclui-se ao processo um tanque de tratamento dos efluentes que uma vez tratado
retorna ao processo de lavagem das garrafas. Nessa estratégia, ainda, devemos
considerar que a reciclagem de garrafas torna-se também fonte de materiais
(não originais) que serão reusados em novos processos (Fábrica de reciclagem
de PETs em Astorga/PR). É relevante, também, nessa combinação estratégica a
contribuição com o uso limitado de água para o processo.
A estratégia dos 3 Rs e processos com tecnologias limpas ou produção mais
limpa são de extrema relevância para a evolução das causas ambientais. As orga-
nizações podem adotar estratégias radicais com mudanças técnicas em todo
processo operacional ou mudanças incrementais adicionando mudanças gra-
duais nos modelos de produção.

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


25

Diferenças nas Abordagens

Redução na Fonte
Reuso e Reciclagem • Uso Sustentável dos Resíduos.
Recuperação • Abordagem reativa e Proativa.
Energética
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Tratamento • Controle da Poluição.


Disposição final • Abordagem reativa.

Figura 2: Diferenças nos comportamentos organizacionais proativo e reativo


Fonte: adaptada de Barbieri (2011, p. 111)

Há, nesta convicção, uma combinação importante em termos econômicos para a


empresa e para o ambiente e, por fim, constroi-se imagem positiva em termos de
marketing e publicidade verde usadas por várias empresas como Petrobrás, Ambev
e Honda (ACADEMIA PEARSON, 2011). Vejamos na sequência um exemplo
de ações ambientais implantadas para reduzir recursos e beneficiar também os
consumidores com minimização de recursos e reaproveitamento energético.

A GESTÃO AMBIENTAL DE EMPRESA WHIRLPOOL

A Whirlpool é líder do setor de eletrodomésticos no Brasil com suas marcas


Brastemp, Consul e Kitchen Aid e decidiu encarar o desafio de implantar pro-
jetos ambientais avançados, indo além do exigido pela lei quando há seis anos
elegeu a sustentabilidade como um seus pilares estratégicos no planejamento da
empresa. “Diminuir o desperdício em nossa operação é apenas uma parte das
nossas preocupações”. Segundo Enrico Zito, presidente da divisão de eletrodo-
mésticos, “o sucesso de nossas ações só é complexo se levarmos sustentabilidade
também à casa do consumidor, com produtos que gastem menos água e energia”.

Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos


26 UNIDADE I

A preocupação faz sentido, pois os aparelhos como refrigeradores, freezers


e ar condicionados representam cerca de 70% das despesas mensais de uma
família com gastos energéticos. Para reduzir essa conta, um dos objetivos é desen-
volver produtos mais eficientes. No caso dos refrigeradores, 83% dos modelos
da Whirlpool são classificados na categoria A (menor consumo energético). O
modelo lançado em 2011, O Inverse Viva, pode ter 80% dos seus componentes
reutilizados na fabricação de outros produtos. “Poucos eletrodomésticos têm
essas características”, afirma o presidente (REVISTA GUIA EXAME).
Outra iniciativa importante é a substituição dos gases HFC e HCFC, de

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efeito estufa, por hidrocarbonetos (HC), menos nocivos à camada de ozônio. O
HFC não poderá mais ser utilizado, segundo a legislação nacional, a partir de
2040. Contudo, a empresa se reorganizou para alcançar metas sustentáveis em
sua gestão ambiental, assim, a Whirlpool vem construindo números expressi-
vos que traduzem benefícios no campo ambiental, econômico e social. Vejam:

15% dos bônus 17%de redução 96% dos resíduos 136 tonela-
das
dos executivos de- no uso da água, gerados em 2011 Isopor, pape-
pendem de planos com medidas como foram aproveitados lão e plástico
ligados a questão a captação de chuva para a geração de das embala-
socioambiental para testes das energia elétrica gens foram
lavadoras coletadas
para recicla-
gem
Quadro 3: Percentuais de ganhos dos executivos da Whirlpool nas ações implantadas a favor da sustentabilidade
Fonte: Grissoto (2012, p. 158)

SGA , RÓTULOS E ISO 14000

As ações do sistema de gestão ambiental podem avançar muito além das neces-
sidades acanhadas para cumprimento legal e se estender a ambições maiores
como os rótulos ambientais.
A norma ISO 14000 certifica ambientalmente uma organização. Ela auxi-
lia a organização a certificar seus processos com tratamento de resíduos. Esses

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


27

procedimentos podem seguir uma orientação descrita na norma e contribui para


construir ideias favoráveis para o SGA da organização como os programas, os
treinamentos, os interessados e as auditorias internas.
Além disso, a ISO 14000 apresenta as diretrizes para as organizações que
desejam certificar-se por um rótulo verde. Os rótulos devem ressaltar as carac-
terísticas ambientais dos produtos e serviços por meio de símbolos, declarações
ou gráficos em suas embalagens que identificam um procedimento ambiental-
mente correto (NASCIMENTO, 2008).
Conforme Nascimento (2008, p. 207), “os “selos verdes”, designados Tipo I,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

conferem diferenciação em relação aos concorrentes; os Tipos II indicam a con-


dição de reciclável do produto; e o Tipo III utiliza-se de dados quantificáveis dos
produtos como a economia apresentada, fonte do recurso e outros”. Contudo, vale
destacar a necessidade de a empresa apresentar-se a um órgão competente para
certificar a empresa. Você pode pesquisar mais detalhes em <www.iso14000.org>.
Na sequência, serão descritos tipos de resí-
duos. Neste estudo, nos reportaremos apenas
aos resíduos sólidos, líquidos (efluentes) e
emissões atmosféricas que devem obedecer
a tratamento legal, o que, como já descrito
anteriormente, podem refletir favoravel-
mente à imagem, ganhos e percepção social
da empresa. Cada um deles terá uma unidade
individualizada. Nesta unidade, apresentare-
mos as principais características das emissões
sólidas, gasosas e dos efluentes. Resíduos Sólidos

Abordagem da Gestão Ambiental para Tratamento dos Resíduos


28 UNIDADE I

TIPOLOGIA DOS RESÍDUOS

A produção de resíduos sólidos faz parte das atividades diárias das pessoas, seja
em nossas residências, nas indústrias, nos serviços, enfim, em todas as atividades
humanas nos deparamos com sobras de materiais. O aumento populacional em
ritmo acelerado e o modo de consumo das pessoas têm contribuído com aumento
dos resíduos e consequentemente com aumento dos problemas ambientais.
Conforme esclarece Philippi Jr. (2005), a questão dos resíduos sólidos é uma
questão pública que envolve a sociedade e envolve interesses econômicos, aspec-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tos culturais e políticos. Uma discussão pertinente é a geração inadequada de
lixo (resíduos).
Assim, concordamos com a seguinte definição: “o conceito atualmente para
resíduos sólidos está vinculado à referência a tudo aquilo que resulta das ativi-
dades do ser humano na sociedade e que, aparentemente, não possui mais ou
deixou de ter utilidade” (ZILBERMAN, 1997, p.48).
Outra definição acatada mundialmente é a que consta na Agenda 21:
os resíduos sólidos compreendem todos os restos domésticos e resíduos
não perigosos, tais como resíduos comerciais e institucionais, o lixo da
rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão
de resíduos sólidos também se ocupa dos resíduos humanos, tais como
excrementos, cinzas de incineradores, sedimentos de fossas sépticas e
de instalações de tratamento de esgoto. Se manifestarem características
perigosas, esses resíduos devem ser tratados como resíduos perigosos
(CNUMAD, 1997 apud PHILIPPI JR., 2005, p. 271).

A classificação dos resíduos sólidos depende, inicialmente, da compreensão da


origem do resíduo. São classificados em doméstico, industrial, comercial, institu-
cional, varrição, demolição ou construção. Quanto à natureza em base orgânica,
inorgânica, combustíveis, não combustíveis, putrescíveis, não putrescíveis, cin-
zas, radioativos, sobras industriais. Cabe ainda referência aos resíduos tóxicos
como fungicidas, produtos químicos e materiais perigosos.
Philippi Jr. (2005, p. 275) ainda destaca que reconhecer as características dos
resíduos sólidos facilitam seu manuseio e operação:
1. Densidade aparente, medida em unidade de massa por unidade de volume.

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


29

2. Umidade, em porcentagem de massa.


3. Composição qualitativa que corresponde à lista dos materiais e substân-
cias de interesse presentes nos resíduos.
4. Composição quantitativa que corresponde à quantidade percentual dos
materiais ou à quantidade massa/massa de substâncias de interesse.
5. Caracterização química que corresponde à quantificação dos elemen-
tos químicos presentes ou ao comportamento do resíduo submetido a
testes químicos específicos, como lixiviação, solubilização e combustão.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A compreensão sobre os resíduos sólidos vem a facilitar a compreensão sobre


os problemas por eles causados e as possibilidades de soluções, as quais serão
apresentadas na unidade II.

RESÍDUOS LÍQUIDOS – EFLUENTES

Assim como o crescimento populacional exigiu nova postura nas dimensões


sociopolíticas e econômicas, também o mesmo ocorre com o uso da água. Na
situação brasileira, as políticas públicas favoreceram a concentração de indús-
trias e mão de obra em grandes centros urbanos, o que exigiu investimentos
em infraestrutura, sobretudo no saneamento das cidades, contudo, não houve
investimentos suficientes para atender a essa demanda (mão de obra), faltando
saneamento básico e galerias pluviais (PHILIPPI JR., 2005).
Outro ponto a destacar, diz respeito aos avanços tecnológicos que produzi-
ram alterações físico-químicas nesses resíduos, aumentando a concentração de
poluição e contaminação de recursos hídricos. E boa parte dos municípios bra-
sileiros não possuem os ligamentos e tratamento sanitários.
A falta de tratamento dos resíduos líquidos agrava a saúde pública. O mesmo
autor afirma existir uma relação direta entre serviços de saneamento e quali-
dade de vida e saúde, pois as doenças veiculadas a esses resíduos diminuem com
avanço das políticas de cobertura de saneamento básico.
Quanto às características, vamos iniciar pela contaminação da água. Dessa
maneira, a poluição das águas pode ser definida como a adição de substâncias,

Tipologia dos Resíduos


30 UNIDADE I

direta ou indiretamente, que alteram a natu-


reza do corpo da água de tal maneira que
prejudique o uso dela (PHILIPPI JR., 2005).
Assim, conforme Philippi Jr., (2005) nas
áreas urbanas, as principais fontes de águas
residuárias compreendem:
1. Esgotos domésticos, provenientes de
residências, comércio e instituições públicas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2. Esgotos industriais, oriundos das
indústrias.
3. Esgotos especiais, provenientes de serviços hospitalares, shopping cen-
ters, aeroportos em que as especificidades demandam gerenciamento
diferenciado.

No caso dos efluentes domésticos, sua vazão é calculada pelo conceito de retorno,
que situa entre 80% da quantidade de água distribuída no abastecimento, assim
em cada 100 litros consumidos, descartaremos em média 80 litros nos esgotos.
No caso das indústrias, a vazão depende das tecnologias adotadas pelo
processo industrial. Com os avanços tecnológicos, diversas vem implantando
soluções que evitem o uso ou que possam reaproveitar a água residuária, como
é o caso de algumas lavanderias industriais. Veja alguns exemplos de indústrias
e seu consumo:

Q U A N T I D A D E P O LU E N T E S
TIPO DE INDÚSTRIA UNIDADE
DE DESPEJO PRINCIPAIS
MATADOURO Litros/cabeça 2.500 Carga orgâ-
Bovino 1.2000 nica
Suíno 25-50
Aves
CERVEJARIA Litros/litros cerveja 08 – 40 Carga orgâ-
nica
CURTUME Litros/quilos de pele 30 – 100 Cromo

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


31

GALVANOPLASTIA Litros/hora 250 – 2000 Cromo,


cobre, zinco,
cadmo, cian-
tos, etc.
FECULARIA Litros/toneladas de 2000 – 4000 Ácido cianí-
matéria-prima mani- trico
pulada
Quadro 4: Tipos de indústrias e seus poluentes
Fonte: adaptado de Philippi Jr. (2005, p. 194)

Eis alguns dos problemas ambientais característicos dos efluentes (PHILIPPI


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

JR., 2005, p. 195):


1. Impacto visual pode apresentar toxicidade, dificulta a penetração da luz
e impacta na fauna e flora aquática.
2. No caso em que os sólidos ficam em suspensão e gases dissolvidos, difi-
cultam o tratamento sanitário.
3. Quando a diminuição do oxigênio e efeitos tóxicos se manifestam, há
degradação estética e problemas de bioacumulação.
4. O excesso de efluentes causa problemas de incrustação nas tubulações
de caldeiras e aquecedores.
A Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente
(PNMA), e a Lei 9.433/97, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Hídricos
(PNRH), regulamentam as ações necessárias para o gerenciamento dos recur-
sos ambientais hídricos.
Nessa época, a discussão se ampliou na sociedade, instituíram-se comitês
espalhados pelo país para discutir a questão da poluição da água, compar-
tilharam-se os fundamentos do Princípio Poluidor Usuário, tendo também
participado desse debate ONGS (27%), Órgãos Públicos (17,8%), Universidades
(12,4%), Órgãos de abastecimento (10%), Prefeituras (6,2%), Associações profis-
sionais (4,5%), Câmaras Municipais (4,5%), Órgãos gestores/saneamento (4,2%),
Indústrias (4,32%), Agricultura (2,3%), outros não identificados (2,4%).

Tipologia dos Resíduos


32 UNIDADE I

As discussões dos comitês amparadas pela regu-


lação legal sobre o uso correto da água contribuíram
para o avanço no controle do uso da água e pela
busca de soluções cada vez mais eficazes para o tra-
tamento da poluição. Ainda que o controle da água
exija melhor monitoramento dos órgãos competen-
tes, os instrumentos legais de controle devem visar
estrategicamente ao cuidado com a exploração desse
recurso como de extrema necessidade para a sobre-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vivência social (PHILIPPI JR., 2005).

RESÍDUOS ATMOSFÉRICOS

As atividades antrópicas, ao longo de décadas, têm apresentado variados impac-


tos para o meio ambiente e para a saúde pública. As emissões dos processos
produtivos, como o uso de queima de madeira, carvão e outros combustíveis
fósseis para atender às demandas de consumo do mercado, cresceram ao longo
do tempo em função de fatores culturais e tecnológicos (PHILIPPI JR., 2005).
O depósito efetivo do descarte atmosférico também recebeu concentrações
de substâncias induzidos pela própria natureza, como erupções vulcânicas, eva-
poração, ventos, decomposição de vegetais e animais e de incêndios florestais,
entre outras atividades naturais. No entanto, ressaltemos que a concentração da
população em área urbana e o forte consumo elevaram expressivamente os níveis
de poluição do ar nas cidades. O que podemos perceber (considerando centros
industriais) é a exaustão da capacidade natural do nosso ecossistema em auto-
depurar essa poluição (PHILIPPI JR., 2005).
É fato histórico geral que, quando um país subdesenvolvido inicia seu
desenvolvimento industrial, sua qualidade do ar piora significativa-
mente. Essa situação continua a deteriorar-se até que um nível impor-
tante de riqueza seja alcançado, ponto no qual o controle das emissões
passa a ser regulamentado por lei e torna-se obrigatório, e então, o ar
começa a purificar-se. Assim, embora a qualidade do ar esteja melho-
rando por um tempo na maioria dos países desenvolvidos, ele está pio-

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


33

rando nas grandes cidades dos países em desenvolvimento (BAIRD,


2002, p. 107).

A camada de gases que envolve o planeta Terra é composta por uma mistura de
gases, nitrogênio e oxigênio, que representam 99% de sua composição, sendo
denominada atmosfera. “A poluição do ar pode ser definida como presença de
matéria ou energia na atmosfera, de forma a torná-la imprópria, causar preju-
ízos aos usos antrópicos, à saúde pública e ao ecossistema natural” (PHILIPPI
JR., 2005, p. 443).
A poluição atmosférica é tão grave à saúde humana que, em países em desen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

volvimento, aproximadamente meio milhão de pessoas morrem anualmente por


consequência da poluição atmosférica. Por exemplo: em Londres e no México,
pessoas morreram durante o inverno por conta de uma exposição a smog (com-
posta de fuligem e enxofre expelidos na atmosfera) (BAIRD, 2002).
Esses exemplos exigem da sociedade ações articuladas de modo a rever-
ter esse quadro, e o enfrentamento dessa questão deve incluir: (PHILIPPI JR.,
2005, p.441)
1. O estabelecimento de políticas que priorizem ações integradas na rever-
são dessa problemática;
2. O desenvolvimento de programas de educação ambiental formal e não
formal;
3. A minimização da produção de resíduos, por meio da mudança nos
padrões de consumo e de produção;
4. A definição e aplicação de procedimentos adequados, do ponto de vista da
proteção ambiental e responsabilidade social, de tratar resíduos gerados; e
5. Repensar a forma de ocupação do uso do solo, respeitando os limites e
capacidade de suporte e do tempo de autodepuração dos espaços.

Dada à relevância do assunto, na unidade IV, apresentaremos abordagens sobre a


mitigação da poluição e tratamento. Na sequência, veja uma atitude importante
da Empresa Masisa para reduzir o uso de uma substância tóxica na fabricação
de painéis de madeira.

Tipologia dos Resíduos


34 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para melhor concluir a unidade, vamos relembrar alguns pontos: discutimos


como as inovações e o como o consumo exagerado pode interferir no acúmulo
de resíduos descartados ao meio ambiente.
Na sequência, apresentamos o conceito de gestão ambiental e os resíduos
mais comuns nas organizações. Revelando que as organizações já podem contar
com dois modelos estratégicos para a gestão dos resíduos: prevenção ou controle.
Na prevenção, as modificações exigidas nos processos produtivos são mais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
abrangentes e incluem mudanças e adoção dos 3 Rs. Na segunda, controle, aten-
dem às questões legais e têm por objetivo tratar a poluição no final do processo.
Outro ponto relevante no SGA apresentado diz respeito à possibilidade des-
sas organizações adotarem selos verdes como rótulos ou ISO 14000, o que implica
em melhoria nos processos e evidente preocupação ambiental. Os selos reper-
cutem favoravelmente na imagem organizacional, e algumas situações passam
a ser uma exigência dos mercados.
Por fim, compreendemos as diferenças entre resíduos sólidos, efluentes e
emissões atmosféricas. Tal conhecimento facilita a adoção de novas estratégias
e compromisso com o tratamento e a melhoria ambiental.
Espero que as discussões introdutórias sirvam de base para a compreensão
das unidades sequenciais.

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


35

1. Legalmente, gestores devem adotar, em seu planejamento estratégico, novas


abordagens tecnológicas e administrativas para segregar, acondicionar, tratar
e destinar corretamente os resíduos. E, assim, espera-se que as empresas dei-
xem de ser problemas às questões relacionadas aos resíduos. Porém, são várias
pressões para que as organizações se alinhem à minimização e tratamento de
resíduos. Apresente as principais discussões realizadas. Descreva também as evi-
dências observadas em seu dia a dia sobre a questão ambiental.
2. Atualmente, as organizações podem contar com boas alternativas para prevenir
ou tratar a poluição. Discorra sobre elas e apresente exemplos práticos para cada
uma delas.
3. Alguns mercados exigem que seus participantes assumam o compromisso com
a questão da poluição. De que maneira as organizações podem melhorar sua
imagem a partir dos selos ambientais? Pesquise sobre o Selo Procel e a ISO 14001.
36 UNIDADE I

Masisa – Façam o que eu faço


Desde outubro, o marceneiro que compra um painel de madeira no Brasil
pode verificar se o produto emite formaldeído, substância tóxica que pode
causar câncer, em nível seguro ou não. A informação vem no Rótulo Ecológi-
co, Certificação Brasileira de Normas Técnicas. A chilena Masisa, que detém
12% do mercado de painéis de madeira no Brasil, é a primeira e, por enquan-
to, a única empresa a receber esse selo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Em sua produção, o componente básico da resina usado na fabricação de
painéis, o formaldeído é emitido continuamente, como gás, enquanto a
chapa não é totalmente revestida. Ele pode intoxicar os empregados do fa-
bricante, o marceneiro que trabalha com o material e até o consumidor final
dos móveis.
No Brasil, a concentração de substâncias não pode ultrapassar 30 miligra-
mas por 100 gramas do produto final. Para receber o selo verde da ABNT, a
Masisa foi além: limitou o nível de formaldeído a 8 miligramas por 100 gra-
mas do produto final, dentro do padrão mais rigoroso da norma europeia.
“Adequar-se à norma europeia significa menos lucro, uma vez que precisa-
mos usar mais resina cara e adotar os cuidados para proteger os funcioná-
rios”, diz Marise Barroso, presidente.
Traduzindo em números, isso representa 8% menos de Ebitida, indicador
que mede a geração de caixa da empresa. Apesar disso, é uma medida ne-
cessária. “Demos o primeiro passo, agora a sociedade pode exigir que outras
empresas adotem o mesmo padrão”, disse a presidente.

Fonte: YANO, Célio. Façamos o que eu faço. Exame 2012, p. 148.

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E RESÍDUOS


Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira

II
RESÍDUOS SÓLIDOS:

UNIDADE
DOMÉSTICO, INDUSTRIAL,
DA CONSTRUÇÃO CIVIL E
RESÍDUOS DA SAÚDE

Objetivos de Aprendizagem
■■ Identificar as principais características dos resíduos sólidos e da
saúde.
■■ Analisar o processo de geração de resíduos e possibilidades de
minimização.
■■ Compreender as alternativas disponíveis de tratamento.
■■ Conhecer sobre a periculosidade dos resíduos da saúde.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Características dos resíduos sólidos: doméstico, industrial e
construção civil
■■ Classificação quanto à periculosidade
■■ A identificação na fonte geradora
■■ As alternativas de tratamento
■■ Caracterização dos resíduos de serviço da saúde
39

INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios da sociedade contemporânea é dar o destino correto


a milhões de toneladas de resíduos gerados a cada ano. Nesse desafio, a que se
considerar o crescimento do consumo das classes C e D que vão ampliar ainda
mais o descarte de resíduos. Para se ter uma ideia, conforme recente estudo do
Instituto Ethos, o brasileiro é responsável por 352 quilos anuais(ETHOS, on line).
Outro aspecto relevante são as conclusões de pesquisas sobre o destino
incorreto dos materiais indesejados por pessoas (resíduo doméstico) e indús-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

triais (processo de fabricação). As conclusões nos revelam que boa parte desses
materiais são descartados a céu aberto sem tratamento, por exemplo, sobras de
plásticos descartados no solo ou rios podem ser focos de doenças, pois poluem
nosso ar, nosso solo, nossos rios e mares.
Um ambiente danificado pela poluição (impactado por resíduos) terá difi-
culdade também em manter as condições saudáveis para reposição de recursos
necessários para o processo industrial. Temos que considerar que o meio ambiente
é a fonte de recursos necessários à sobrevivência humana, portanto, é nosso
dever mantê-lo sadio.
O que fazer com o crescente descarte de resíduo no meio ambiente? Há muito
o que fazer. Podemos segregar os resíduos, acondicioná-los e destiná-los corre-
tamente de tal forma que não exaura nosso meio ambiente. Para tanto, devemos
apoiar as iniciativas das ONGs para proteção ao meio ambiente (assim como faz
Greenpeace, WWF e outras), políticas públicas e legislação para condicionar o
comportamento das pessoas a favor do meio ambiente, empresas produtoras e
uma sociedade disposta e informada a rever suas formas de consumo e trata-
mento das sobras.
Esta unidade apresenta o conceito de resíduo sólido, classificação quanto
à periculosidade e as possibilidades de tratamento. Assim, teremos os resíduos
sólidos: domésticos, industrial e da saúde. O desafio desse tratamento pode se
tornar fonte rentável para novos negócios na cadeia produtiva e contribuir com
sustentabilidade do planeta.

Introdução
40 UNIDADE II

DEFINIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A definição e classificação dos resíduos sólidos estão inscritos no CONAMA


313/02 e na ABNT NBR 10004 (2004), envolvendo a identificação do processo ou
atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e características, e a compa-
ração desses constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto
à saúde e ao meio ambiente é conhecido (ABNT NBR 10004, 2004).
A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do
resíduo deve ser estabelecida de acordo com as matérias-primas, os insumos e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
o processo que deram origem a esses resíduos. Os resíduos são classificados em
dois grupos – perigosos e não perigosos –, sendo ainda este último grupo subdi-
vidido em não inerte e inerte. Essa norma estabelece os critérios de classificação
e os códigos para a identificação dos resíduos de acordo com suas características.
Assim todos os resíduos ou substâncias listados (A, B, D, E, F e H), segundo
a norma, têm uma letra para codificação, seguida de três dígitos. Os resíduos
perigosos constantes no anexo A são codificados pela letra F e são originados de
fontes não específicas. Os resíduos perigosos constantes no anexo B são codifica-
dos pela letra K e são originados de fontes específicas (ABNT NBR 10004, 2004).
Os resíduos perigosos classificados pelas suas características de inflamabi-
lidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade são codificados conforme
indicado a seguir:
D001: qualifica o resíduo como inflamável;
D002: qualifica o resíduo como corrosivo;
D003: qualifica o resíduo como reativo;
D004: qualifica o resíduo como patogênico.

Os códigos D005 a D052 constantes no anexo F identificam resíduos perigosos


devido à sua toxicidade, conforme ensaio de lixiviação realizado de acordo com
norma ABNT NBR 10005.
Os códigos identificados pelas letras P e U, constantes nos anexos D e E, respec-
tivamente, são de substâncias que, dada a sua presença, conferem periculosidade
aos resíduos e serão adotados para codificar os resíduos classificados como

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


41

perigosos pela sua característica de toxicidade (ABNT NBR 10004, 2004). A


figura 2, a seguir descreve o processo.

Residuos

O resíduo tem
origem conhecida?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Sim

Consta nos
anexos A ou B?

Não

Têm características de: Sim


inflamabilidade, corrosividade, Resíduo perigoso
reatividade, toxicidade ou classe I
patogenicidade?

Não

Resíduo não perigoso


classe II

Possui constituintes
Não
que são solubilizados Resíduo inerte
em concentrações classe II B
superiores ao
anexo G?

Sim

Resíduo não-Inerte
classe II A

Figura 3: Caracterização e classificação dos resíduos sólidos


Fonte: ABNT NBR 10004 (2004)

Definição dos Resíduos Sólidos


42 UNIDADE II

DEFINIÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

São considerados resíduos sólidos:


Resíduos nos estados sólido e semissólido resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento
de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de polui-
ção, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o
seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para

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isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível (ABNT NBR 10005, NBR 10006, NBR 10.007, NBR 12808, 1993).
Os resíduos sólidos são classificados em Perigosos e Não Perigosos.
1. Perigosos ou periculosidade de um resíduo: Característica apresentada por
um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocon-
tagiosas, pode apresentar: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade
e patogenicidade. Eles podem provocar ou conter:
a. Risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças
ou acentuando seus índices.
b. Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma ina-
dequada.
c. Toxicidade: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provo-
car, em maior ou menor grau, um efeito adverso em consequência de sua
interação com o organismo.

Agente tóxico: qualquer substância ou mistura cuja inalação, ingestão ou absor-


ção cutânea tenha sido cientificamente comprovada como tendo efeito adverso
(tóxico, carcinogênico I, mutagênico, teratogênico ou ecotoxicológico II);
d. Aguda: propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar um
efeito adverso grave, ou mesmo morte, em consequência de sua intera-
ção com o organismo, após exposição a uma dose elevada ou a repetidas
doses em curto espaço de tempo.
e. Agente teratogênico: qualquer substância, mistura, organismo, agente físico
ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrioná-

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


43

ria ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função do indivíduo


dela resultante.
f. Agente mutagênico: qualquer substância, mistura, agente físico ou bio-
lógico cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea possa elevar as taxas
espontâneas de danos ao material genético e ainda provocar ou aumen-
tar a frequência de defeitos genéticos.
g. Agente carcinogênico I: substâncias, misturas, agentes físicos ou bioló-
gicos cuja inalação, ingestão e absorção cutânea possibilita desenvolver
câncer ou aumentar sua incidência. O câncer é o resultado de processo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

anormal, não controlado da diferenciação e proliferação celular, podendo


ser iniciado por alteração mutacional. Exemplo: excesso de chumbo.
h. Agente ecotóxico II: substâncias ou misturas que apresentem ou possam
apresentar riscos para um ou vários compartimentos ambientais.

2. Não Perigosos: são resíduos resultantes de atividades produtivas como sobras


de materiais plásticos, papel, tijolos, alumínio e que, sem alterações físico-quími-
cas, não trazem danos à saúde humana e ao meio ambiente. Porém, deverão ser
tratados em função do seu acúmulo pois podem promover impactos ambientais.
Exemplos: sobras de materiais de construção descartados em várzeas e bordas de
rios destroem a paisagem e interferem na saúde da fauna local. Outro exemplo
é descarte de sacolas plásticas em espaços abandonados, o que aparentemente
não é nocivo, porém atrapalha o escoamento de águas pluviais, podendo con-
centrar microrganismos nocivos à saúde humana como a dengue.

CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS

Classe I – Resíduos perigosos


Normalmente com características inflamáveis tóxicas, de reatividade, de corrosão
e patogênicas, podendo causar problemas à saúde humana, provocam impactos
ao ambiente (ABNT NBR 10004, 2004). Os resíduos de serviços de saúde deve-
rão ser classificados conforme ABNT NBR 12808.

Definição dos Resíduos Sólidos


44 UNIDADE II

Os resíduos gerados nas estações de tratamento de esgotos domésticos e


os resíduos sólidos domiciliares, excetuando-se os originados na assistência
à saúde da pessoa ou animal, não serão classificados segundo os critérios de
patogenicidade.

Classe II - Resíduos não perigosos


São subclassificados em duas categorias: classe II A e classe II B.

Classe II A - Resíduos não perigosos

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Nesta classe, estão os resíduos que podem ser biodegradáveis, solúveis em água
ou em combustíveis. São exemplos: sucatas metálicas, papéis, materiais orgâni-
cos. Segundo a ABNT NBR 10004 (2004), são aqueles que não se enquadram
nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B -
Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos classe II A – Não inertes podem
ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solu-
bilidade em água.

Classe II B – Resíduos inertes


São os resíduos considerados não combustíveis e inertes. Por exemplo: vidro,
tijolo e outros. Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma repre-
sentativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e
estático com água destilada ou desionizada à temperatura ambiente, conforme
ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, ou seja, não alterarem.

TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A partir de 1990, o planejamento do tratamento dos resíduos sólidos passa a ser de


responsabilidade do governo municipal (prefeituras). Nesse plano, desenvolvem-se

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


45

ações partilhadas entre governo, ONGs, cooperativas, associações e geradores.


As cooperativas e associações formadas por catadores de ruas, agora, em vários
municípios, estão organizadas formalmente e com domicílio para exercer o tra-
tamento dos resíduos sólidos não perigosos de fim doméstico, e passam a fazer
parte da coleta seletiva dos municípios. Já os resíduos sólidos de origem empre-
sarial, formados pelas sobras processos produtivos, terão este e outros destinos,
como veremos na sequência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS

No que tange aos resíduos domésticos, a coleta e o tratamento ficam por respon-
sabilidade das cooperativas e coleta municipal.
Os catadores contratados pelas prefeituras saem pelas ruas diariamente
coletando os materiais não utilizados pelas residências e alguns comércios, des-
pejando o que recolheram nos aterros.
Os catadores das cooperativas circulam
pelas cidades e coletam os resíduos (não incluir
os orgânicos) e levam até as cooperativas onde
serão segregados: plásticos, papelão, alumí-
nio e vidros. São acondicionados de modo
que diminuam seu volume. E então vendidos,
por meio de intermediários ou diretamente, às
empresas de reciclagem. Essa atividade refletiu
em inclusão social, renda para os membros das
cooperativas e respeito ao meio ambiente, uma
vez que os resíduos domésticos serão tratados
com técnicas ambientalmente corretas reduzindo o impacto ambiental e dimi-
nuindo o destino de áreas geográficas importantes para a instalação de aterros.
Nesse interesse, vale destacar a necessidade da Educação Ambiental da socie-
dade que deverá, em suas residências, separar o resíduo sólido dos orgânicos.
Esse modelo é chamado de Economia Solidária e inspirou a criação de um
programa chamado de “Programa Nacional Lixo & Cidadania” e conta com o

Tratamento dos Resíduos Sólidos


46 UNIDADE II

apoio da Unicef para retirar as crianças dos lixões, as quais catavam sobras para
a sua subsistências, sendo ainda incluídas nas escolas. O movimento avançou e
em 2000, quando foi criado o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais
Recicláveis; a atividade foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho e incorpo-
rada ao Código Brasileiro de Ocupações (JACOB, 2006).
Ainda cabe ao município a responsabilidade de coletar os resíduos orgânicos,
assim como aqueles que não foram segregados nas residências, e os encaminhar
até o aterro municipal. Nesse aterro, deverão ser separados os resíduos sólidos
dos orgânicos. Os sólidos deverão ser encaminhados à reciclagem e os orgâni-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cos serão destinados aos aterros.
Estimativas revelam que as prefeituras realizam a coleta seletiva dos resí-
duos sólidos em 52% das cidades pesquisadas; empresas particulares executam
a coleta em 26%. Mais da metade (62%) apoia ou mantém cooperativas de cata-
dores como agentes executores da coleta seletiva municipal (PORTAL BRASIL,
on-line,). De acordo com o mesmo estudo, em 27,7% das cidades, o lixo vai para
os aterros sanitários e em 22,5% delas (somente), para os aterros controlados,
de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do Instituto
Brasileiro de Estatística (IBGE, 2012). 
Infelizmente, tal prática ambientalmente correta nem sempre é vista em
todos os municípios brasileiros. Considerando a falta de consciência e de res-
peito ao meio ambiente, muitos municípios coletam tudo e enterram.  Os “lixões”
continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos urbanos produzidos no
Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e à qualidade de vida
da população. A situação exige soluções para a destinação final do lixo no sen-
tido de reduzir o seu volume, ou seja: no destino final, é preciso ter menos lixo
(VAZ; CABRAL, 2006).
Para reforçar, o custo da coleta seletiva também é alto quando comparado
ao da coleta convencional. O preço médio da coleta seletiva nas grandes cidades
calculado pela pesquisa do CEMPRE foi de R$ 376,20. Já a coleta regular de lixo
custa, em média, R$ 85,00, quatro vezes menos (CEMPRE, on-line).

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


47

EVOLUÇÃO DOS RESÍDUOS

De onde vem e pra onde vai nosso lixo?


Caro(a) aluno(a), no link abaixo, você vai conhecer um pouco da nossa rea-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lidade sobre o descarte dos materiais que já tiveram uso no nosso dia a dia,
mas agora se tornaram um incômodo.
<http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/noticias/de-onde-
-vem-e-pra-onde-vai-o-lixo-nosso-de-cada-dia>.

As políticas públicas devem avançar e priorizar as demandas por tratamento dos


resíduos sólidos em parcerias. Essas parcerias podem ser feitas entre governos,
ONGs, cooperativas e a população, visando discutir a problemática do lixo. E
a partilha do conhecimento entre governos, Organizações não governamentais
(ONGs), sociedade e cooperativas tem elucidado a possibilidade da inclusão
socioeconômica e ambiental.
Segundo a pesquisa do IBGE, cerca de 22 milhões de brasileiros têm acesso
a programas municipais de coleta seletiva. Mas, apesar do número de progra-
mas ter dobrado no Brasil entre 2000 e 2008 (passou de 451 para 994), na maior
parte das cidades do país, o serviço não cobre mais que 18% da população local
(PORTAL BRASIL, on-line).

Evolução dos Resíduos


48 UNIDADE II

TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS – “LIXO URBANO”-


NORMA LEGAL

O tratamento e destino do lixo urbano das residências, indústrias e comércio


deve obedecer à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em
agosto de 2010, ela disciplina a coleta, o destino final e o tratamento de resíduos
urbanos, perigosos e industriais, entre outros. A Lei estabeleceu metas importan-
tes para o setor como o fechamento dos lixões até 2014 e a elaboração de planos
municipais para o destino final dos resíduos. Segundo o texto, parte dos resíduos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que não puder ir para a reciclagem, os chamados rejeitos, só poderá ser destinada
para os aterros sanitários. Obriga-se, nesse sentido, o tratamento dos resíduos
evitando que sejam enterrados, tão simplesmente (PORTAL BRASIL, on-line)
De acordo o texto do Plano, as novas responsabilidades definidas na PNRS
reduzem gastos públicos municipais e ampliam a capacidade de investimentos
das prefeituras em sistemas de reaproveitamento de resíduos de forma consor-
ciada, assim como compartilhamento de aterros sanitários entre municípios de
uma mesma região. Define ainda metas de redução de geração de resíduos e
investimentos para a educação ambiental (PORTAL BRASIL, on-line).
Para refletir sobre a importância do Plano, estudos do Compromisso
Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE, on-line) apontam que, nos últimos
anos, o volume de lixo urbano reciclado no Brasil aumentou. Entre 2003 e 2008,
passou de 5 milhões de toneladas para 7,1 milhões, equivalente a 13% dos resí-
duos gerados nas cidades. (CEMPRE, on-line). Contudo, tal incremento não
alcançou a amplitude do aumento de resíduos em virtude da ampliação de con-
sumo social. Ficando grande parte dos resíduos aterrados sem tratamento.
Outra questão importante, diz respeito à educação ambiental para orientar
a sociedade quanto à necessidade de segregar os materiais (residências, indús-
trias e comércio) e a necessidade de preparar as cidades para a coleta seletiva.
Apesar da importância que tem para o processo de reciclagem, a coleta seletiva
só existe em 443 cidades brasileiras (8% do total), segundo uma pesquisa feita
pela associação (CEMPRE, on-line).

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


49

RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

As empresas que produzem resíduos nos seus processos têm obrigação legal
sobre a coleta, armazenamento interno e externo, incluindo reciclagem, incine-
ração, coprocessamento e destino final desses resíduos. Os resíduos industriais
são classificados pela ABNT (NBR 10004) conforme Lixiviação, Solubilização e
Amostragem (NBR 10.005/04, NBR 10006/04, NBR 10004/07 respectivamente).
Quanto mais se intensifica a demanda de produtos, maior o uso de materiais
para o processamento e acúmulo de sobras (resíduos). Por isso, alternativas e solu-
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ções para o tratamento do resíduo industrial que sejam viáveis tanto econômica
quanto ambientalmente são cada vez mais requisitadas pelas empresas. A solu-
ção para o problema do resíduo industrial deve constituir-se no planejamento
estratégico da empresa. Nasce com a escolha de materiais (matéria-prima) que
serão incluídas no processo produtivo. Nessa escolha, cada vez mais, as empre-
sas estão priorizando elementos menos perigosos para diminuírem seus custos
no tratamento e destino desses resíduos (BARBIERI, 2012).
Segundo Barbieri (2012), a empresa inicialmente deverá avaliar seus aspec-
tos ambientais (resíduos) que interagem com o meio ambiente. Após essa etapa,
deverá identificar aqueles elementos que contribuem negativamente para essa
interação, ou seja, classificar aqueles resíduos que são considerados altamente
perigosos ao ambiente e saúde humana (pó químico, graxos, metais pesados) e
os menos nocivos (papelão, plásticos).
A partir das considerações da escala, alta periculosidade, perigosos e não
perigosos, a empresa normatiza o tratamento segundo a exigência legal.

Evolução dos Resíduos


50 UNIDADE II

Segue o quadro exemplificando:

ALTA PERICULOSIDADE ACONDICIONAMENTO TRATAMENTO


SOBRAS DE PÓ QUÍMICO CONTAINERS ATERRO SANITÁRIO
LODO DE EFLUENTES OU REUSO EM OUTRO
PROCESSO
PERIGOSOS ACONDICIONAMENTO TRATAMENTO
LÂMPADA E BATERIAS CONTAINERS LARANJAS LOGÍSTICA REVERSA
MATERIAS DE INFORMÁTICA EM SALA RESERVADAS RECICLAGEM DE MATE-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RIAL DE INFORMÁTICA
NÃO PERIGOSOS RECICLAGEM DE MATE-
RIAL
PLÁSTICOS CONTAINERS RECICLAGEM OU COOPE-
PAPELÃO DEPÓSITO COBERTO RATIVAS
ALUMÍNIO
VIDROS
SOBRA DE PVC
TECIDOS
Quadro 5 : Classificação do resíduo quanto à alta periculosidade: perigoso e não perigoso
Fonte: adaptado de ABNT NBR 10004

Segundo Barbieri(2012), uma vez elencados os elementos a serem tratados e


estabelecidas as prioridades em ordem de importância ambiental, torna-se mais
fácil e coerente o destino dos investimentos em compra de equipamentos neces-
sários (containers), treinamento de pessoal e normatização à regra ambiental.
Destaca ainda que o aspecto mais relevante terá sempre a prioridade na sistema-
tização do tratamento, pois sua legitimidade isenta a empresa de severas multas
e punições ambientais.

RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Para melhor compreensão deste conteúdo, vamos considerar que a construção


civil existe desde os primórdios da humanidade, sendo, assim, necessária para

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


51

nosso habitat, nossas atividades industriais, comerciais e serviços. As constru-


ções abrigam pessoas e animais, materiais, conhecimento e tecnologias.
Eis alguns exemplos importantes: as pirâmides dos Egito, o Coliseu, a
Construção de Brasília (Congresso, Palácio do Planejamento e Palácio da Justiça),
as rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, as residências das pessoas e outros
tantos exemplos. Assim, rapidamente podemos imaginar quão se fazem neces-
sárias as construções civis no cotidiano da humanidade.
Segundo Ribeiro (2006, p. 13), os materiais da construção civil “são elementos
de naturezas diversas, que devem desempenhar papéis específicos e previsíveis de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

maneira a possibilitar e garantir a existência de um determinado ambiente, pen-


sado para um determinado fim – habitação transporte, serviços e vários outros”.
Metodologicamente, vamos conhecer os tipos de materiais que se fazem
necessários na composição de materiais da construção, são eles: agregados, aglo-
merantes, argamassas, concretos, rochas, cerâmicas e as tintas.

Evolução dos Resíduos


52 UNIDADE II

Vejam a classificação deles no quadro abaixo:

MATERIAIS CARACTERÍSTICAS
Agregados Materiais acrescidos ao cimento e à água para obter a arga-
massa e concreto. Exemplos: areia, britas, cal. Representam
70% de uma obra.
Aglomerantes Resinas naturais ou sintéticas; borracha, silicato, goma laca
e magnésio, cal. Visam garantir durabilidade na construção.
São grãos que vão compor outros materiais como as arga-
massas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Argamassas Mistas de cimento e cal, em alguns casos pode se encontrar
misturas com areia também. Têm a função de unir mate-
riais, absorver deformações, impermeabilizar o substrato de
aplicação.
Tintas para Podem ser látex (sintéticas) ou base de solventes orgânicos
construção civil (óleos). Contêm solventes, pigmentos, verniz, aditivos (garan-
tem durabilidade). Possuem a finalidade de revestir, proteger,
harmonizar, decorar.
Madeiras São provenientes de corte de árvores ou de reuso de outras
obras. São utilizadas como suporte, apoio e decoração.
Ferragens Somadas ao concreto dão suporte e durabilidade à obra.
Também servem de proteção e de decoração, como portas,
janelas, grade e outros.
Quadro 6: Caracterização dos materiais utilizados na construção civil
Fonte: adaptado de Ribeiro (2006) e Gauto e Rosa (2013)

Os materiais da construção civil são extraídos, em sua grande maioria, da natu-


reza. Para construção se realizar, são gastas grandes porções de areia, cimento,
cal, pedras e outros materiais. Existe evidente desperdício gerado nessas obras.
Há ainda as demolições para novas construções, como ocorreu com a constru-
ção dos estádios para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Esses fatores têm
contribuído para a degradação dos recursos naturais, sendo, portanto, necessá-
rio repensar a gestão dos materiais da construção civil.
A melhoria na administração desses materiais exige treinamento dos ope-
rários e visa otimizar o uso dos recursos e a consciência sobre a importância de

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


53

reciclar e reusar essas sobras em outras construções. Assim, minimizam-se o uso


de recursos não renováveis e o impacto na natureza por descartes incorretos em
beiras de rios, encostas e terrenos vazios.
Assim, as empresas sob amparo legal são obrigadas a tratar e destinar seus
resíduos adequadamente. Esse procedimento pode-se dividir em duas etapas,
tratamento interno e externo, como apresentado na sequência.

TRATAMENTO E GERENCIAMENTO INTERNO


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os resíduos deverão ser incluídos no layout do processo. A empresa deverá


colocar caixas ou containers separadores próximos aos processos gerados. Após
esse procedimento, esse material é encaminhado até os containers maiores em
um depósito distante de intempéries. A empresa pode optar por contratar uma
empresa terceirizada para coletar esses resíduos e encaminhá-los até a recicla-
gem. No caso em que a empresa dispor de equipamentos e pessoal, ela mesma
pode destinar os resíduos até uma empresa recicladora, de incineração ou aterro
industrial conforme a classificação dos resíduos.

TRATAMENTO E GERENCIAMENTO EXTERNO

Os resíduos industriais destinados a processamento externo deverão ser regis-


trados em documento específico, o Certificado de Aprovação para Destinação
de Resíduos. Assegurando, assim, que empresa geradora encaminhou seus resí-
duos para o destino em condições legais. Em regra, a empresa terceirizada deve
estar dentro dos procedimentos legais atualizados e com licenciamento ambien-
tal (BARBIERI, 2012).
Segundo Carvalho (2010), cabe à empresa geradora:
1. Prevenir a geração de resíduos: uso de técnicas limpas e substituição de
matérias-primas e insumos.
2. Minimizar a geração: por meio de otimização dos processos – zero defeito
e otimização das operações.

Evolução dos Resíduos


54 UNIDADE II

3. Provocar o reaproveitamento: por meio de reciclagem de matérias-primas,


de recuperação de substâncias e da reutilização de materiais e produtos
no processo.
4. Realizar o tratamento pelos processos disponíveis: físico-químico, bio-
lógicos, químicos, térmicos e outras inovações.
5. Encaminhar para disposição final: por meio de aterros ou incineração.

A figura abaixo demonstra o fluxo de materiais:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
GERAÇÃO

COLETA

MANEJO

SUPERAÇÃO
TRANSPORTE TRANSFORMAÇÃO
RECUPERAÇÃO

DISPOSIÇÃO
FINAL

Figura 4: Propriedades no gerenciamento dos resíduos sólidos


Fonte: adaptada de Carvalho (2010, p. 134)

TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS

É comum proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas a sua reu-


tilização (ou reciclagem) ou pelo menos a sua inertização dentro do espaço da

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


55

empresa (destinado à produção). Dada a diversidade desses resíduos, não existe


um processo de tratamento pré-estabelecido, havendo sempre a necessidade
de realizar pesquisas e desenvolvimento de processos que sejam econômica e
ambientalmente viáveis e legais. Além disso, a empresa deve, como já mencio-
nado, classificar seus resíduos e tratá-los segundo as normas legais. Lembrando
também que os resíduos da saúde possuem um estudo à parte que será descrito
na sequência. Segue abaixo alguns modelos de tratamento dos resíduos sólidos:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

INCINERAÇÃO

A primeira geração de tecnologia de incineração começou no ano de 1950 e foi


até o ano de 1965. A principal meta, nesta época, era simplesmente a redução
do volume do lixo, e os gases resultantes do processo de incineração eram lan-
çados diretamente na atmosfera, sem qualquer tratamento, gerando um grande
impacto ambiental (OROFINO,1996; OLIVEIRA, 2000).
A segunda geração foi de 1965 até 1975 – neste momento apareceram os pri-
meiros sistemas de proteção ambiental. A tecnologia sofre uma sensível melhora,
reduzindo para 100 mg/Nm3 a quantidade de poeira lançada na atmosfera.
Surgiram os primeiros incineradores com câmaras duplas e o aproveitamento
do calor para geração de energia (OROFINO,1996; OLIVEIRA, 2000).
A terceira geração foi de 1975 até 1990 – é caracterizada, nos países desenvol-
vidos, pelo aumento da performance energética e também pelo desenvolvimento
das leis ambientais; neste período, começa a pressão popular para a preservação
ambiental (OROFINO,1996; OLIVEIRA, 2000).
Surgem tecnologias complexas de lavagem de gases para reduzir as emis-
sões dos gases ácidos, com a neutralização de HCl, SOx, HF e metais pesados.
A automação ganha espaço neste período.
A quarta geração teve início no ano de 1990, perdurando até os dias de hoje
– a pressão popular em prol da preservação ambiental aumenta. O tratamento
dos gases fica mais rigoroso e as empresas buscam a meta de emissão zero de
poeira na atmosfera. A tecnologia melhora sensivelmente no que se refere à reti-
rada de resíduos como NOx, dioxinas e furanos. Os resíduos finais inertes são

Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais


56 UNIDADE II

aproveitados e não prejudicam o meio ambiente, podendo inclusive ser lança-


dos em aterros.
As práticas brasileiras de incineração são normatizadas por meio das
resoluções CONAMA nº 316 e nº 358, que dispõem respectivamente sobre pro-
cedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico
de resíduos e sua aplicação para resíduos da saúde. A ABNT, através da NBR
11157, traz definições e padrões para análise de desempenho do incinerador,
padrão de emissão, de material particulado, inspeção, análise do resíduo (tendo
como base a NBR 140004), plano de disposição de resíduos da queima etc.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O PROCESSO DE INCINERAÇÃO

A incineração é um processo de queima controlada na presença de oxigênio, no


qual os materiais à base de carbono são reduzidos a gases e materiais inertes (cin-
zas e escórias de metal) com geração de calor. Esse processo permite a redução
em volume e peso dos resíduos sólidos em cerca de 60 a 90%. Normalmente, o
excesso de oxigênio empregado na incineração é de 10 a 25% acima das neces-
sidades de queima dos resíduos. No caso da incineração do lixo, compostos
orgânicos são reduzidos, assim como seus constituintes minerais, principal-
mente, dióxido de carbono gasoso e vapor d’água e sólidos inorgânicos (cinzas).
Em grandes linhas, um incinerador é um equipamento composto por duas
câmaras de combustão, em que na primeira câmara os resíduos sólidos e líquidos
são queimados à temperatura variando entre 800 e 1.000°C. Na segunda câmara,
os gases provenientes da combustão inicial são queimados a temperaturas da
ordem de 1.200 a 1.400°C. Os gases da combustão secundária são rapidamente
resfriados para evitar a recomposição das extensas cadeias orgânicas tóxicas e,
em seguida, tratados em lavadores, ciclones ou precipitadores eletrostáticos,
antes de serem lançados na atmosfera através de uma chaminé.
Como a temperatura de queima dos resíduos não é suficiente para volatilizar
os metais, estes se misturam às cinzas, podendo ser posteriormente separados
destas e recuperados para comercialização, acrescentando, nesse interesse ambien-
tal e econômico, a filosofia dos 3 Rs (reduzir, reciclar e reutilizar).

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


57

Para os resíduos tóxicos que contém cloro, fósforo ou enxofre, além da neces-
sidade de maior permanência dos gases na câmara (cerca de dois segundos), são
necessários sofisticados sistemas de tratamento para que estes possam ser lan-
çados na atmosfera.
Já os resíduos compostos apenas por átomos de carbono, hidrogênio e oxigê-
nio necessitam somente um sistema eficiente de remoção do material particulado
expelido juntamente com os gases da combustão. Existem diversos tipos de fornos
de incineração, os mais comuns são os de grelha fixa, de leito móvel e o rotativo.
As principais características dos resíduos que apresentam maior potencial
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

para o processo de incineração são (MAZZER; CAVALCANTI, 2004, p. 72):


■■ Resíduos orgânicos constituídos basicamente de carbono, hidrogênio e/
ou oxigênio;
■■ Resíduos que contêm carbono, hidrogênio, cloro com teor inferior a 30%
e m peso e/ou oxigênio;
■■ Resíduos que apresentam seu poder calorífico inferior (PCI) maior que
4.700 Kcal/Kg (não necessitando de combustível auxiliar para queima);
■■ Sólidos totais;
■■ Temperatura;
■■ Cor;
■■ Odor;
■■ Turbidez;
■■ DQO (Demanda Química de Oxigênio);
■■ DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio);
■■ pH (Potencial Hidrogeniônico);
■■ OD (Oxigênio Dissolvido).

Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais


58 UNIDADE II

Segundo os estudos, há várias vantagens para esse trata-


mento, porém há várias desvantagens, tais como1:
■■ o custo do tratamento, por tonelada, é cerca de três
vezes mais baixo - a Taxa de destruição é superior à das
incineradoras, devido às temperaturas nos altos fornos
das cimenteiras atingir cerca de 1450 ºC, ou mais (cerca
de2000 ºC), junto à zona da chama, nitidamente superio-
res aos 1200 ºC das incineradoras;

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ não ocorre produção de resíduos sólidos, devido ao
fato das cinzas de combustão dos resíduos ficarem dis-
solvidas na estrutura do próprio cimento, enquanto que
no processo tradicional teriam que ser depositadas num
aterro sanitário;
■■ não é necessário um tratamento complementar dos gases, nem ocorre a
produção de efluentes líquidos ou lamas, devido aos fornos das cimentei-
ras apresentarem um ambiente alcalino natural, resultante da utilização
do calcário como matéria prima, sendo assim lavadores naturais de gases,
neutralizando a sua acidez
Suas principais desvantagens são (OROFINO,1996; OLIVEIRA, 2000):
■■ Elevado risco de contaminação do ar devido à geração dioxinas da queima
de materiais clorados.
■■ Risco de contaminação do ar pela emissão de materiais particulados.
■■ Custo elevado de tratamento dos efluentes gasosos e líquidos (águas de
arrefecimento das escórias e de lavagem de fumos).
■■ Inviabilidade com resíduos de menor poder calorífico e com aqueles
clorados.
■■ Umidade excessiva dos resíduos de menor poder calorífico prejudicam
a combustão.
■■ Necessidade de utilização de equipamento auxiliar para manter a
combustão.

Informação disponível em: < http://www.infopedia.pt/$incineracao>. Acesso em: 19 ago. 2013.


1

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


59

■■ Metais tóxicos podem ficar concentrados nas


cinzas.
■■ Possibilidade de emissão de dioxinas e furanos,
cancerígenos.
■■ Altos custos de investimento e de operação e
manutenção.
■■ Variabilidade da composição dos resíduos pode
resultar em problemas de manuseio de resíduo e
operação do incinerador e também exigir manu-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tenção mais intensa.


■■ Os resíduos hospitalares apresentam teores de
enxofre e cloretos que podem produzir dióxido
de enxofre e ácido clorídrico na reação de combustão. Tais produtos sur-
girão nos gases de combustão expelidos pela chaminé em incineradores
impropriamente projetados ou operados.
Vale destacar que a incineração não resolve integralmente o problema da desti-
nação dos resíduos sólidos, pois sobram as cinzas e lodo resultante do tratamento
dos gases, isso exigirá que as empresas complementem o tratamento com a dis-
posição final adequada para as cinzas e para o lodo.

ATERRO INDUSTRIAL

É uma alternativa de destinação de resíduos industriais que utiliza técnicas que


permitem a disposição controlada desses resíduos no solo, sem causar danos ou
riscos à saúde pública, minimizando os impactos ambientais.
Essa técnica consiste em confinar os resíduos industriais na menor área e
volume possíveis, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclu-
são de cada jornada de trabalho ou intervalos menores, caso necessário. Serão
descritas na unidade V as características legais dos aterros.

Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais


60 UNIDADE II

RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Estima-se que cada brasileiro produza, em média, 1,1 quilograma de lixo por dia.
No país, são coletadas diariamente 188,8 toneladas de resíduos sólidos. Desse
total, em 50,8% dos municípios, os resíduos ainda têm destino inadequado, pois
vão para os quase 3.000 lixões existentes no país (CEMPRE, on-line). Porém,
esses materiais poderiam ser destinados à reciclagem evitando o aumento dos
lixões e consequente impacto negativo para as cidades.
A reciclagem, em geral, trata de transformar os resíduos resultantes das ativida-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
des organizacionais em matéria-prima para outros processos, gerando economias
no processo industrial. Isto exige investimentos com retorno imprevisível, já
que é limitado o repasse dessas aplicações no preço do produto, mas esse risco
reduz-se na medida em que o desenvolvimento tecnológico abre caminhos mais
seguros e econômicos para o aproveitamento desses materiais (OROFINO,1996;
OLIVEIRA, 2000)
As empresas necessitam investir em equipamentos e em educação ambiental
de seus colaboradores, como a compra de lixeiras para alocá-las no ambiente pro-
dutivo e containers para armazenamento em depósitos ou onde conste a cobertura
para segregar os materiais sólidos, conforme a figura representativa das cores, e
encaminhar para reciclagem. Em algumas situações, a empresa pode destinar os
materiais para as cooperativas de resíduos sólidos e estas se encarregam dos des-
tinos finais.
Vale destacar que todos os materiais deverão ser armazenados segundo as nor-
mas de cores, e os colaboradores deverão receber treinamentos para aprender a
segregar e destinar à empresa recicladora. Cabe à empresa, como já mencionado,
documentar a entrega desses materiais para terceiros.

COMO REDUZIR O VOLUME DOS MATERIAIS

É comum algumas empresas se preocuparem com o volume e espaço destinados


ao armazenamento de resíduos sólidos, tais como: isopor, papelão, embalagens
plásticas, madeiras e outros. Para facilitar o armazenamento, alguns trituram ou

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


61

prensam seus materiais para diminuir os volumes e organizar melhor seu arma-
zenamento, por exemplos, prensas para pets e papel.
Para incentivar a reciclagem e a recuperação
dos resíduos, alguns estados possuem bolsas de
resíduos, que são publicações periódicas, gratui-
tas, em que a indústria coloca os seus resíduos à
venda ou para doação. Constitui-se numa forma
de educação ambiental para a cadeia produtiva e
facilita para a empresa a compreensão sobre para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

onde destinar seus resíduos sólidos.


A reciclagem movimenta cerca de R$ 12
bilhões por ano, mas o Brasil ainda perde outros
R$ 8 bilhões por não reaproveitar os resíduos que
são destinados aos lixões ou aterros controlados.
Cerca de 70% das cidades brasileiras descartam o lixo dessa forma  (CEMPRE,
on-line).

PADRONIZAÇÃO DE RECIPIENTES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – publicou no dia 19 de


junho de 2001, no Diário Oficial, a Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001, que
define as cores que serão utilizadas nos recipientes de materiais recicláveis. O
objetivo da decisão é estabelecer um padrão nacional de cores e adequá-lo aos
padrões internacionais.
As cores padronizadas são:
■■ Azul (papéis)
■■ Vermelho (plástico)
■■ Verde (vidro)
■■ Amarelo (metais)
■■ Preto (madeiras)

Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais


62 UNIDADE II

■■ Laranja (resíduos perigosos)


■■ Branco (resíduos ambulatoriais e serviços de saúde)
■■ Roxo (resíduos radioativos)
■■ Marrom (resíduos orgânicos)
■■ Cinza (resíduos gerais não recicláveis)

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LOGÍSTICA REVERSA

A Logística Reversa é a estratégia que cumpre o papel de operacionalizar o retorno


dos resíduos de pós-venda e pós-consumo ao ambiente de negócios e/ou pro-
dutivo, considerando que dispor de resíduos em aterros sanitários, controlados
ou lixões não basta no atual contexto empresarial.
Ampara-se neste conceito sobre sustentabilidade a possibilidade de desenvol-
vimento ambiental. As empresas podem produzir, comercializar e ser responsável,
também, pelos materiais que irão causar impactos negativos ao meio ambiente.
A possibilidade de desenvolver de forma sustentável foi reforçada com a Lei
12.305/10, que trata PNRS e entre os aspectos dos tratamentos também exige
o retorno ao fabricante dos materiais que causam danos ao meio ambiente.
Exemplificando: eletrodomésticos, materiais eletrônicos, pilhas, lâmpadas e bate-
rias (GUARNIERI, 2011, p. 79).

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


63

O processo de Retornar contribui para disposição e respeito à norma legal


e é diferenciado pelo setor produtivo envolvido. Além disso, a evidente neces-
sidade de controle quando existe no produto elementos que podem constituir
risco a saúde, por exemplo, lâmpadas ou produto contaminado.
Outra função da logística reversa é o recall dos produtos com defeitos, sendo
realizado o reparo movimentando o produto com defeito até o local para seu
conserto ou troca de algum dos seus componentes.
A Volkswagen solicitou o recall do Fox em 2007, pois o carro prometia a
extensão do porta-malas com o recuo do banco, no entanto, alguns compradores
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

se feriram ao realizar o recuo. O comitê da empresa responsável pelo recall não o


autorizou, contudo, a Revista Quatro Rodas insistiu junto à sociedade, e a justiça
determinou que o recall fosse realizado. No entanto, a demora na decisão e no
procedimento prejudicou a imagem corporativa da empresa (GUARNIERI, 2011).
A logística reversa deve possuir uma estrutura suficiente para amparar o
seu consumidor quando ele mais precisar e diminuir os riscos que o descarte
dos materiais pode causar ao ambiente. Essas decisões logísticas devem ser efi-
cazes uma vez que o procedimento adotado pode interferir não só nas questões
ambientais como na imagem organizacional.
A Logística Reversa é o processo de movimentação de mercadorias do seu
destino final (consumo final) e o do retorno do produto já consumido. Segundo
(GUARNIERI, 2011), dependem das seguintes ações:
a. O processamento do retorno de mercadorias por danos, sazonalidade e
reestocagem.
b. Reciclagem dos materiais das embalagens ou recondicionamento das
embalagens.
c. Descarte dos equipamentos obsoletos e materiais perigosos.
d. Recuperação do patrimônio.

A partir da entrega do produto já consumido ao fabricante, é possível fechar o


ciclo do produto.

Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais


64 UNIDADE II

OUTROS PROCESSOS DE TRATAMENTO

Outros processos comuns de tratamento são:


■■ Neutralização, para resíduos com características ácidas ou alcalinas.
■■ Secagem ou mescla, que é a mistura de resíduos com alto teor de umi-
dade com outros resíduos secos ou com materiais inertes como serragem.
■■ Encapsulamento, que consiste em revestir os resíduos com uma camada
de resina sintética impermeável e de baixíssimo índice de lixiviação.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Incorporação, onde os resíduos são agregados à massa de concreto ou de
cerâmica em uma quantidade tal que não prejudique o meio ambiente, ou
ainda que possam ser acrescentados a materiais combustíveis sem gerar
gases prejudiciais ao meio ambiente após a queima.

TRATAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os resíduos da construção civil são regidos pela resolução do CONAMA 307/2002


e 348/04. Esses resíduos foram subdivididos em 04 classes: A, B, C e D. Assim,
uma vez caracterizado cada resíduo, adota-se o tratamento mais coerente e nor-
mativo. Conforme Rosa (2012), seguem as classes:
■■ Classe A: materiais cerâmicos: argamassas, azulejos, concretos, telhas,
blocos, tijolos.
■■ Classe B: materiais comuns
recicláveis: papel, vidro,
plástico.
■■ Classe C: relativa ao gesso.
■■ Classe D: materiais com peri-
culosidade. São os que contêm
solventes, tintas.

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


65

Para o tratamento das classes A, B e C,


segundo a norma, podem ser utilizadas
as mesmas técnicas dos resíduos indus-
triais como já mencionado anteriormente.
Inicialmente, na obra, os resíduos devem
ser segregados em containers específicos
como indicativos: ferragens, papel, vidro,
sobras de areia e cimento, gesso e outros
existentes. Dentre as técnicas mais coeren-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tes podemos destacar a metodologia 3 Rs:


reduzir o desperdícios de materiais e evitar sua quebra, como nos exemplos dos
revestimentos, tijolos e pedras de decoração (mármore, granito); reusar, como
no caso de ferragens e madeiramento de apoio; e, por fim, reciclar, destinar para
a reciclagem materiais que não se encaixam nas atividades operacionais da cons-
trução, por exemplo, as sobras de gesso, vidro, papel, sucatas, e processá-los em
novos produtos (ROSA, 2012).
Outra técnica, também comum, é a moagem de sobras denominada gra-
nulométrica. Materiais como vidro, pedaços de paredes, revestimentos e outras
sobras de demolição são transformados em pó e reutilizados em misturas para
formarem massa, podendo ser destinados a usuários específicos. Essa técnica con-
tribui com a redução do volume e ainda disponibiliza esse material em outro uso.
Porém, os resíduos considerados perigosos (com periculosidade) exigem tra-
tamento específico. É o caso dos resíduos classificados em D, tintas e solventes.
Para o tratamento dos resíduos perigosos, a técnica mais comum é a incine-
ração (mencionada acima). E para incineração utilizam carbono no incinerador.
O calor gerado pode servir de fonte energética (combustível) para os outros pro-
cessamentos (ROSA, 2012).
Outra iniciativa importante é tentar descaracterizá-lo como perigoso. Há
substâncias perigosas que podem ser extraídas desses materiais e, uma vez aten-
didas às especificações de não perigoso, passam ser considerados comuns. Os
resíduos, agora não perigosos podem ser encaminhados ao aterro industrial.
Vale referenciar que podemos encontrar empresas que reciclam tintas que
sobram ao fundo do recipiente (latas) e solventes, transformando-os em novos

Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais


66 UNIDADE II

produtos. E ainda, na medida em que reduzem sua periculosidade, podem ser


destinados ao aterro industrial (o que será apresentado na unidade V).
Quanto ao transporte desses resíduos, podem ser realizados pela própria
empresa que está executando a obra, desde que sejam obedecidas às regras de
caçambas, ou pela empresa coletora (terceirizada).

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RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE:
DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

De acordo com a NBR 12.808/93, os resíduos sólidos de serviços de saúde (ou


resíduos hospitalares) são os resíduos produzidos pelas atividades de unidades
de serviços de saúde, como hospitais, ambulatórios, postos de saúde, laborató-
rios, clínicas médicas, clínicas veterinárias e outros.
Dentro dos resíduos de serviço de saúde (RSS), incluem-se os resíduos
sépticos, os que contêm, ou potencialmente podem conter, microrganismos
patogênicos. Esse resíduo é constituído por agulhas, seringas, gazes, bandagens,
algodões, órgãos e tecidos removidos, meios de culturas, animais usados em teste,
sangue coagulado, luvas descartáveis, filmes radiológicos etc. (GRIPPI, 2006).
De acordo com a RDC da ANVISA nº 306/2004 e a Resolução do CONAMA
nº 358/2008, definem-se como geradores de resíduos de serviços de saúde: todos
os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclu-
sive os serviços de assistência domiciliar e de campo; laboratórios analíticos de
produtos para a saúde; necrotérios, funerária e serviços onde se realizem ativi-
dades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias,
inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da
saúde, centro de controle de zoonoses, distribuidores de produtos farmacêuticos,
importadores, distribuidores, produtores de materiais e controles para diagnós-
tico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde, serviços de acupuntura,
serviços de tatuagem, dentre outros similares.
No Brasil, devido às condições precárias do sistema de gerenciamento de

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


67

resíduos, não há estatísticas precisas a respeito do número de geradores nem


da quantidade de resíduos de serviços de saúde gerada diariamente (GARCIA;
RAMOS, 2004). Além disso, grande parte dos resíduos domiciliares possui carac-
terísticas que fazem com que se assemelhem aos resíduos de serviços de saúde, por
exemplo: pacientes diabéticos que administram insulina injetável diariamente e
usuários de drogas injetáveis geram resíduos perfurocortantes, que geralmente são
dispostos juntamente com os resíduos domiciliares comuns (FERREIRA, 1995).
Na Pesquisa Nacional de Saneamento, realizada em 2010 pelo IBGE, foi
verificado que os RSS constituem aproximadamente 2% do total dos resíduos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sólidos urbanos gerados diariamente, e desses apenas 10 a 25% necessitam de


cuidados especiais.
Como gestores ambientais, vimos que o problema do gerenciamento de RSS
municipais não é pela quantidade gerada, mas pelos riscos que podem apresen-
tar ao meio ambiente e à saúde do trabalhador que os manuseia. Para melhor
entendermos os RSS, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por meio da
Resolução RDC nº 306/2004, classifica os RSS em 05 categorias:
GRUPO A – (POTENCIALMENTE INFECTANTE): resíduo com a possível
presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência
ou concentração, pode apresentar riscos de infecção. Fazem parte desse grupo:
A.1: culturas e estoques de microrganismos, resíduo de fabricação de pro-
dutos biológicos, exceto os hemoderivados, meios de culturas e instrumentais
utilizados para transferência, inoculação ou mistura de culturas e resíduo de
laboratório de manipulação genética. Resíduo resultante de atividade de vacina-
ção com microrganismos vivos ou atenuados, incluindo frascos de vacinas com
expiração do prazo de validade, com conteúdo inutilizado, vazio ou com restos
de produto, agulhas e seringas. Resíduo resultante de atendimento a indivíduos
ou animais com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agente da
classe de risco. Bolsas para transfusão contendo sangue ou hemocomponentes
rejeitadas por contaminação ou por prazo de validade vencido e sobras de amos-
tras de laboratório contendo sangue ou líquido corpóreo, recipientes e material
resultantes do processo de atendimento de saúde;
A.2: carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de ani-
mais submetidos a processos de experimento com inoculação de microrganismos,

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: Definição e Classificação


68 UNIDADE II

bem como suas forrações, e cadáveres de animais suspeitos de serem portadores


de microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de disseminação,
que foram submetidos ou não a estudo anatomopatológico ou confirmação
diagnóstica;
A.3: peças anatômicas (tecidos, membros e órgãos) do ser humano, que não
tenham mais valor científico ou legal e/ou quando não houver requisição prévia
pelo paciente ou seus familiares e produto de fecundação sem sinais vitais, com
peso menor de 500 g ou estatura menor que 25 cm, ou idade gestacional menor
que 20 semanas, que não tenham mais valor científico ou legal e/ou quando não

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
houver requisição prévia pela família;
A.4: kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, filtro de ar e gases
aspirados de área contaminada, sobras de amostras de laboratório contendo fezes,
urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam
suspeitos de conter agentes de risco 4, tecido adiposo proveniente de lipoaspira-
ção, lipoescultura e outro procedimento de cirurgia plástica, peças anatômicas
e outros resíduos provenientes de procedimento cirúrgico e bolsa de transfusão
vazia ou com volume residual pós-transfusão;
A.5: órgãos, tecidos, fluidos orgânicos,
material perfurocortante e demais materiais
resultantes de atendimento à saúde de indi-
víduo e animais, com suspeita ou certeza de
contaminação com príons (agente infeccioso
não vivo).
GRUPO B – (QUÍMICOS): resíduo con-
tendo substâncias químicas que apresente
riscos à saúde pública e ao ambiente, quando
não for submetido a processo de reutilização,
recuperação ou reciclagem;
GRUPO C – (REJEITOS RADIOATIVOS):
é considerado rejeito radioativo qualquer
material resultante de atividades humanas
que contenha radionuclídeos em quantidades
superiores aos limites de isenção especificados

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


69

na norma CNEN-NE-6.05 – “Licenciamento de Instalações radioativas” e para


os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. Enquadra-se neste grupo
todo o resíduo contaminado com radionuclídeos;
GRUPO D – (RESÍDUOS COMUNS): é
todo o resíduo gerado em serviços abrangidos
por esta resolução, o qual, por sua caracterís-
tica, não necessite de processos diferenciados
relacionados ao acondicionamento, identifi-
cação e tratamento, devendo ser considerado
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

resíduo sólido urbano-RSU;


GRUPO E – (PERFUROCORTANTES):
são os objetos e instrumentos contendo can-
tos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas
e agudas, capazes de cortar ou perfurar.

Caro(a) aluno(a), nos links abaixo, você vai conhecer a classificação do resíduo da
saúde. O primeiro vídeo apresenta a caracterização e classificação dos resíduos da
saúde. Já no segundo vídeo você vai poder saber um pouco mais sobre a correta
destinação dos resíduos da saúde, desde a capacitação dos colaboradores e
higienização dos instrumentos até a destinação final.
Vídeo: Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde

<http://www.youtube.com/watch?v=Y1W4xuP9qe4>.
Vídeo: Para onde vai o lixo hospitalar?
<http://www.youtube.com/watch?v=FRVMYsFLpJM>.

TRATAMENTO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE


SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS)

Quanto aos RSS, podem ocorrer vários os danos devido a sua má gestão, dentre
eles destacam-se a ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo profissionais da
saúde, da limpeza pública, catadores, proliferação de doenças por contato direto
ou indireto através de vetores, e os riscos de contaminação do meio ambiente,
como o solo, água e lençol freático (GARCIA; RAMOS, 2004).

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: Definição e Classificação


70 UNIDADE II

De acordo com a RDC 306/2004 da ANVISA, o gerenciamento do RSS cons-


titui-se em um conjunto de procedimentos de gestão planejado e implementado
a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de
minimizar a produção de resíduo e proporcionar ao resíduo gerado um enca-
minhamento seguro, de forma eficiente, visando à prevenção da saúde pública,
à proteção dos trabalhadores, dos recursos naturais e do ambiente.
Observa-se que, infelizmente, o gerenciamento interno ainda não é uma prática
em unidades hospitalares. Na maioria dos estabelecimentos de saúde, dentre elas em
faculdades de medicina, percebe-se que as informações não são precisas quanto à

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quantificação e classificação dos RSS, resultando em um gerenciamento inadequado.
A responsabilidade pelo gerenciamento de RSS cabe aos geradores e ao res-
ponsável legal. No entanto, para que se tenha uma gestão de resíduos de forma
adequada, é necessário que haja uma conscientização dos funcionários envolvi-
dos. Para isso, a legislação vigente estabelece que cada estabelecimento de saúde
deve ter um plano de gerenciamento de resíduos sólidos de serviços de saúde.
A Resolução do CONAMA 358/2005 determina que cada unidade de saúde
tenha o PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de
Saúde), que é um documento integrante do processo de licenciamento ambien-
tal, baseado nos princípios da não geração de resíduos e na minimização da
geração de resíduos, que aponta e descreve as ações relativas ao seu manejo,
no âmbito dos serviços mencionados, contemplando os aspectos referentes à
geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reci-
clagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao
meio ambiente. O PGRSS deverá ser elaborado por profissional de nível supe-
rior, habilitado pelo seu conselho de classe, com apresentação de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART), Certificado de Responsabilidade Técnica ou
documento similar, quando couber.
O plano de gerenciamento contempla os aspectos relevantes: à geração, à
segregação, ao acondicionamento, à coleta, ao armazenamento, ao transporte,
à reciclagem, ao tratamento e à disposição final, bem como à proteção à saúde
pública e ao meio ambiente. Para começar a implantar um PGRSS, é necessário
enquadrar os profissionais que estão envolvidos com a manipulação do resíduo
quanto ao manejo dos mesmos, seja direta ou indiretamente.

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


71

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

Geração

Classificação
Fase Intra - Estabelecimento de Saúde

Segregação

Minimização
Redução, Reutilização, Tratamento Prévio
Reciclagem
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Acondicionamento

Armazenamento
Intermediário

Coleta e Transporte Internos

Armazenamento Final
Fase Extra - Estabelecimento de Saúde

Coleta e Transporte Externos

Transbordo

Tratamento Disposição Final

Resíduos Tratados

Figura 5: Etapas do Manejo dos RSS que devem estar no PGRSS


Fonte: adaptada de Oliveira (apud ALMEIDA, 2003)

Essas orientações para o manejo, acondicionamento, coleta interna interme-


diária, bem como armazenamento externo são normatizadas pela NBR 12.809
(ABNT, 1993d), Manuseio de Resíduo de Serviço de Saúde e NBR 12.810 (ABNT,
1993e) Coleta de Resíduo de Serviço de Saúde.

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: Definição e Classificação


72 UNIDADE II

Segundo o Ministério da Saúde (2001), o manejo interno de resíduo sólido


de serviço de saúde (RSS) é o conjunto de operações desenvolvidas no inte-
rior do estabelecimento, compreendendo a geração, a segregação, o descarte,
o acondicionamento, a identificação, o tratamento preliminar, a coleta interna,
o transporte interno, o armazenamento temporário e externo, a higienização e
a segurança ocupacional. A figura a seguir apresenta as etapas do manejo que
devem estar detalhadas no PGRSS.
O manejo interno de RSS tem como principais objetivos: proteger a saúde
dos funcionários, dos pacientes, da população em geral, melhorar as condições

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de segurança e higiene no trabalho, evitar a contaminação do resíduo comum
(classe D), além de promover sua recuperação e reciclagem e cumprir a legis-
lação vigente.
Juntamente com manejo, deve ser feita a segregação, que deve ser realizada
no instante em que o resíduo é gerado e completado com a sua devida identifi-
cação. O procedimento de identificação deve ser cumprido de acordo com suas
características físicas, químicas e biológicas.
A NBR 12.807 (ABNT, 1993b) define segregação como operação de separação
do resíduo no momento da geração em função de uma classificação previamente
adotada para esse resíduo. Esta etapa pode ser considerada uma das mais impor-
tantes, pois caracteriza o início das ações relacionadas à gestão dos resíduos. Toda
a classificação dos resíduos perde efeito se não for devidamente aplicada à segre-
gação que promoverá a devida e correta separação do que é e o que não é RSS.
De acordo com a Resolução 05 do CONAMA (1993), quando a segregação
de resíduo sólido de serviço de saúde (RSS) não é assegurada, o resíduo comum,
grupo D, que poderia ser tratado como resíduo domiciliar, é considerado resí-
duo infectante grupo A, merecendo o gerenciamento aplicado a este. Aí se nota
a importância do procedimento legal (segregação) adequado em um estabele-
cimento de serviços de saúde, onde, sem esta medida, se tem um alto custo com
o gerenciamento dos RSSS.
Na sequência, o acondicionamento deve ser executado no momento e no
local de sua geração, em recipientes adequados a cada tipo, quantidade e caracte-
rística, de acordo com as normas estabelecidas pela NBR 12.808 (ABNT, 1993c),
evitando sua exposição e consequentemente diminuindo os riscos de contami-
nação (DUTRA, 2008).
RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE
73

Os RSS classificados como comuns pela NBR 12.808 (ABNT, 1993c) podem
ser acondicionado em sacos tipo 1, podendo ter qualquer cor. Os resíduos infec-
tantes devem, pelas normas técnicas aplicáveis, ser acondicionados em sacos
plásticos tipo 2 de cor branca leitosa, devem ainda conter individualmente a
identificação do fabricante e símbolo de material infectante. Já os resíduos perfuro-
cortantes ou escarificantes, classe E, tais como agulhas, seringas, lâminas, bisturis,
devem ser acondicionados em recipientes apropriados para evitar acidentes.
O armazenamento consiste na guarda temporária dos recipientes contendo
os resíduos já acondicionados em local próximo aos pontos de geração, visando
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os


pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. Não
poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos
sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de acon-
dicionamento (RDC 306/2004).
Quanto ao gerenciamento da quantificação do armazenamento, interno e
externo, deverá ser estabelecido a partir do levantamento médio dos atendimentos
diários dentro de cada unidade. Ainda dependerá da capacidade do estabeleci-
mento a quantidade de pacientes que serão atendidos por dia, quantos setores
compõem o estabelecimento e número de colaboradores. Os dois tipos de abri-
gos têm suas características definidas na NBR 12.809 (ABNT, 1993d).
O procedimento para realização da coleta pode ser dividido em coleta
interna, externa e especial, dependendo do tipo de estabelecimento de saúde. A
coleta interna é aquela realizada dentro do estabelecimento gerador, é a operação
de transferência dos recipientes do local geração para o local de armazenamento
interno, normalmente localizado na mesma unidade da geração, no mesmo piso
ou próximo ou deste para o abrigo de resíduo ou armazenamento externo, geral-
mente fora do estabelecimento, ou ainda direto para o local de tratamento (NBR
12.810, ABNT, 1993e).
Já a coleta externa consiste no recolhimento nas unidades dos resíduos arma-
zenados a serem transportados. De acordo com a NBR 12.810 (ABNT, 1993e),
todo resíduo transportado para fora da unidade deverá circular em carro fechado,
com caçamba estanque que não permita vazamentos. A higienização do carro é
obrigatória após sua utilização, evitando assim possível contaminação.

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: Definição e Classificação


74 UNIDADE II

Ainda, segundo a NBR 12.810 (ABNT, 1993e), na coleta de resíduos de ser-


viços de saúde, o veículo coletor deve apresentar as seguintes características:
■■ Superfícies internas lisas, cantos arredondados.
■■ Ser provido de ventilação adequada e não permitir vazamentos.
■■ Quando a forma de carregamento for manual, a altura da carga não pode
ultrapassar 1,2 metros.
■■ Quando for utilizado o container, o veículo coletor deve ser equipado
com equipamento hidráulico e basculante.

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■■ Para veículo superior a 1 tonelada, a descarga deve ser mecânica.
■■ Devem constar em local visível o nome do município, o nome da empresa,
a especificação do resíduo transportado, com o número da Organização
das Nações Unidas (ONU) e o número do veículo coletor.
■■ Ser de cor branca.

O transporte dos RSS refere se a todo o percurso realizado com o resíduo, a NBR
12.810 (ABNT, 1993e) obriga que seja traçado um roteiro preestabelecido para
o transporte interno de forma que impeça o cruzamento de material limpo com
resíduo, e também que os horários sejam determinados mediante análise do
movimento do estabelecimento, devendo não coincidir com horários de muito
trânsito de pessoas, facilitando o fluxo de transporte e armazenamento sem inter-
ferir nos procedimentos de atendimento a pacientes.
O transporte, ou seja, a logística, deve ser realizado em veículos ou carrinhos
específicos para esse serviço, dimensionados de acordo com o volume coletado.
Devem ser de material liso, sem arestas e com tampa, devendo ainda ser lava-
dos e higienizados após a coleta.

TRATAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE

Após encerradas todas essas etapas de gerenciamento dos RSS, são necessários
um tratamento dos resíduos e uma destinação final adequada, visto que esses

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


75

resíduos, quando dispostos de forma incorreta, acarretam sérios problemas


ambientais como contaminação do solo, água e lençol freático e saúde humana.
A Resolução nº 358/2005 do CONAMA define tratamento de resíduos de
serviços de saúde como um conjunto de processos e procedimento que alteram
as características físicas, químicas ou biológicas dos resíduos visando à preserva-
ção do ambiente e à minimização do risco à saúde pública. Segundo o Ministério
da Saúde (2001), no tratamento para resíduo de serviços de saúde, podem-se
utilizar os seguintes métodos conforme o tipo e periculosidade do resíduo: inci-
neração, autoclave, tratamento químico, micro-ondas e ionização. Os mesmos
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serão descritos na sequência.

INCINERAÇÃO

A incineração é uma tecnologia térmica para o tratamento de resíduos já des-


crito anteriormente. Consiste na queima de materiais em altas temperaturas
(geralmente acima de 900ºC), em uma mistura com quantidade apropriada de
ar, durante um tempo preestabelecido. Quando o lixo é incinerado, os compos-
tos orgânicos são reduzidos a seus constituintes minerais, dióxidos de carbono
gasoso, vapor d´água e a sólidos inorgânicos (cinzas) (DIAS et al., 2009).
A incineração apresenta como principal vantagem a redução do peso e do
volume de resíduos, além de prevenir o crescimento de bactérias patogênicas e
proliferação de vetores de doenças, usualmente presentes em resíduos orgânicos.
Como desvantagem, a incineração produz quantidades variadas de substâncias
tóxicas, orgânicas ou inorgânicas que são emitidas na atmosfera (GOUVEIA;
PRADO, 2010).
Conforme a Resolução Nº 5/93 do CONAMA, a incineração do lixo hos-
pitalar não é obrigatória como meio de tratamento, porém é considerada por
muitos técnicos como a forma mais indicada para o tratamento e disposição dos
resíduos de serviços de saúde.
Vale destacar alguns cuidados com o incinerador. A escolha exige alguns
cuidados prévios, pois uma boa incineração exige conhecimento exato das carac-
terísticas do lixo a ser queimado, e os recursos comprometidos nesta fase podem

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: Definição e Classificação


76 UNIDADE II

prevenir erros de alto custo durante as fases seguintes.


A fim de se adequar aos padrões de controle de emissões para atmosfera, o
processo de incineração deve ocorrer em duas fases: a combustão primária e a
combustão secundária (DIAS et al., 2009).
Combustão primária: esta fase tem duração de 30 a 120 minutos, sua tem-
peratura varia de 500 ºC a 800 ºC, ocorrem nesta parte do processo a secagem,
o aquecimento, a liberação de substâncias voláteis e a transformação do resíduo
remanescente em cinzas, sendo ainda gerado nesta etapa o material particulado.
Combustão secundária: os gases, vapores e material particulado, liberados

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na combustão primária, são soprados ou succionados para a câmara de combus-
tão secundária ou pós-combustão, onde permanecem por cerca de 2 segundos
expostos a 1000º C ou mais, ocorrendo a destruição das substâncias voláteis e
parte do material particulado.

AUTOCLAVE

Refere-se um aparelho que realiza o tratamento dos resíduos com vapor satu-
rado, em que estes são expostos à temperatura de 121 ºC a 132 ºC durante 15
a 30 minutos em calor úmido ou por reagentes químicos para destruição dos
microrganismos presentes nos utensílios, sobras de materiais e quaisquer outros
materiais contaminados (TONUCI, 2006).

TRATAMENTO QUÍMICO

É o processo em que os resíduos sólidos são mergulhados em solução química


desinfetante, que destrói agentes infecciosos (TONUCI, 2006).

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


77

MICRO-ONDAS

O tratamento consiste na desinfecção dos resíduos pela exposição à radiação


não ionizante do tipo micro-ondas. Nesta forma de tratamento, os resíduos são
triturados antes do processo (TONUCI, 2006).
Brasil (2002) afirma que neste sistema os resíduos podem ser depositados
de forma manual ou mecânica, passando por trituração, sendo umedecidos
com vapor d’água e, posteriormente, conduzidos mecanicamente para a câmera
de desinfecção onde estão instalados emissores de radiação eletromagnética de
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alta frequência (gigahertz), aquecendo a batelada de RSS com temperaturas que


variam de 95 ºC a 105 ºC. A radiação eletromagnética atua sobre as moléculas
de água presente nos RSS, fazendo-as vibrar em alta frequência, invertendo sua
polaridade milhares de vezes, possibilitando a geração do calor, sendo este pro-
cesso que promove a desinfecção dos resíduos.

IONIZAÇÃO

Este tratamento utiliza radiações gama a partir do cobalto 60 e ultravioleta para


destruir os microrganismos infecciosos (DIAS et al., 2009). Tem capacidade de
penetração (em diferentes matérias) maior que os raios de radiação alpha ou beta,
sendo eles com mais energia e com menor comprimento de onda. Uma amostra
do poder de penetração dos raios gama é que estudos apontam que são capazes
de passar através de um uma placa de 20 cm de chumbo. São encontrados, por
exemplo, em raios solares e aproveitado em áreas como a Medicina.

Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde: Definição e Classificação


78 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O gerenciamento dos resíduos sólidos domésticos, industriais e do serviço de


saúde depende, inicialmente, da postura ética do gestor e empreendedor em assu-
mir o desafio que contemple os destinos corretos. Porém, vale observar que a
separação, acondicionamento, tratamento e destino final são procedimento deter-
minados legalmente, e o não cumprimento impõe ao estabelecimento severas
penalidades. Cabe ressaltar, ainda, a responsabilidade em reparar o dano cau-
sado ao ambiente e pessoas.

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Sendo assim, observamos que, para uma correta gestão de resíduos, é necessá-
rio reconhecer as características de periculosidade dos resíduos. Tal procedimento
representa o primeiro passo que os estabelecimentos geradores devem ado-
tar e repassar a seus colaboradores, e os mesmos devem estar envolvidos no
gerenciamento.
Uma vez reconhecidas as características, as mesmas deverão ser assimila-
das pelos colaboradores envolvidos para que os resíduos sejam segregados em
containers coloridos conforme legislação, devendo-se ainda utilizar do princí-
pio dos 3 Rs: reduzir, reusar e reciclar. Esses princípios devem ser incorporados
ao Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e de Serviços de Saúde.
Nesse sentido, em relação ao planejamento, uma providência imediata que
deve ser tomada é a disseminação da prática de redução no momento da gera-
ção. A contenção de desperdício é uma medida que tem um benefício duplo:
economiza recursos não só em relação ao uso de materiais, mas também mini-
miza danos ao ambiente.
E, por fim, tratar os resíduos mediante a norma segundo o grau de peri-
culosidade. Tais métodos foram descritos: reúso, reciclagem, logística reversa,
incineração, aterro industrial, aterro sanitário e outros. E uma vez atendidas às
exigências, documentar, ou seja, registrar em relatórios para onde se destinaram
os materiais perigosos e não perigosos. Com isso, a empresa comprova o com-
portamento correto em relação as exigências ambientais.

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


79

1. Várias são as características dos resíduos sólidos apresentadas nesta unidade.


Considerando os modelos de tratamento apresentado, descreva os principais le-
vantamentos que a organização necessita fazer para gerir melhor seus resíduos.
2. No que se refere à periculosidade dos resíduos, há uma determinação legal que
identifica essas características. Apresente as principais diferenças entre resíduo
perigoso e não perigoso.
3. Os resíduos sólidos caracterizados por não perigosos também exigem cuidados
devido ao volume descartado ao meio ambiente. Nesse sentido, qual seria a me-
lhor estratégia para a organização que deseja minimizar esse volume?
80 UNIDADE II

Livro: Gestão pública de resíduos sólidos: compostagem e interface agro-


florestal
Autores: Fábio Cesar da Silva; Adriana M. Pires; Mário Sérgio Rodrigues e Lu-
ciana Barreira (org.)
Editora: Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais
Sinopse: O livro traça um panorama sobre a questão da compos-

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tagem, com seus principais aspectos, desde os fatores que regem
o processo, passando pela qualidade e regulamentação do com-
posto e os benefícios de sua aplicação, até o uso de sistemas de in-
formação para ajudar na utilização correta pelos agricultores.
Os temas foram tratados de forma simples por pesquisadores e estudiosos
de importantes instituições de pesquisa como a Empresa Brasileira de Pes-
quisa Agropecuária – Embrapa, Universidade Estadual de Campinas – Uni-
camp, Fundação para Conservação e Produção Florestal do Estado de São
Paulo, Instituto Agronômico – IAC, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” – Unesp, Centro de Energia Nuclear na Agricultura – Cena/
USP, Faculdade de Tecnologia – Fatec e Instituto de Aperfeiçoamento Tecno-
lógico – IAT/Fatep.
Livro: Utilização de Resíduos na Construção Habitacional v. 4
Autores: Janaíde Cavalcante Rocha, Vanderley M. John (editores)
Editora: Coletânea Habitares
Sinopse: este livro apresenta uma amostra do que foi desenvolvido no âm-
bito dos editais do HABITARE até o momento. Nele está apresentado o de-
senvolvimento de quatro produtos inovadores que utilizam resíduos como
matérias-primas e, o que não é menos importante, está esboçado em seu
conjunto o delineamento de uma metodologia de trabalho para este com-
plexo tema, além de variados avanços no conhecimento de resíduos impor-
tantes, como cinzas pesadas, escória de aciaria, lodos de esgoto e resíduos
de construção e demolição. O conjunto dos projetos apresentados significa
grande avanço no sempre lento processo de formação de recursos huma-
nos capacitados a realizar pesquisa na área, como pode ser visto pela inten-
sa participação de alunos de graduação, mestrado e doutorado em alguns
dos projetos.

RESÍDUOS SÓLIDOS: DOMÉSTICO, INDUSTRIAL, DA CONSTRUÇÃO CIVIL E RESÍDUOS DA SAÚDE


Professora Me. Renata Cristina de Souza

III
UNIDADE
EFLUENTES

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender os tipos de efluentes quanto às suas características e
diferentes formas de geração.
■■ Verificar os principais parâmetros a serem analisados dos efluentes
antes do lançamento no corpo receptor.
■■ Apresentar os diferentes tratamentos de efluentes (preliminar,
primário, secundário, terciário).

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Efluentes Sanitários (domésticos)
-- Parâmetros de qualidade das águas residuárias
-- Organismos patogênicos e de indicadores de contaminação fecal
-- Outras características de esgoto doméstico
■■ Efluentes Industriais
-- Noções de amostragem de efluentes
■■ Efluentes Provenientes de Atividades Agrícolas
■■ Efluentes Provenientes de Serviços de Saúde
■■ Lixiviado (chorume)
■■ Tratamento de Efluentes
-- Tratamento Preliminar de Efluentes
-- Tratamento Primário de Efluentes
-- Tratamento Secundário de Efluentes
-- Tratamento Terciário de Efluentes
83

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), nesta terceira unidade, você estudará sobre os efluentes (resíduos
líquidos), as formas e tipos de efluentes, bem como suas formas de tratamento.
Nela, busco mostrar a importância de uma caracterização dos efluentes quanto
sua origem e parâmetros físico-químicos, toxicológicos e microbiológicos.
Vemos que o crescimento populacional e a ocupação urbana têm intensificado
a demanda pelo uso da água e, consequentemente, um aumento na geração de
efluentes que em grande parte das cidades brasileiras não são tratados de forma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

adequada, sendo uma das causas de poluição dos mananciais.


Os efluentes são oriundos de uso domésticos, industriais, hospitalares, agrí-
colas. A grande maioria desses efluentes é constituída de matéria orgânica,
microrganismos patógenos, sólidos, produtos químicos e alguns poluentes
específicos.
No caso dos efluentes sanitários, considera-se que têm alta biodegradabi-
lidade. No entanto, isso vem mudando no decorrer dos anos, pois fazemos uso
de medicamentos, desinfetantes, cosméticos e outros produtos químicos, cujas
substâncias são de difícil degradação nas estações de tratamento de esgoto e que
hoje já fazem parte do esgoto doméstico.
Já no que se diz respeito aos efluentes industriais, é necessário conhecer
todo processo produtivo, bem como a planta industrial e matéria-prima, pois
os efluentes industriais vão ter características específicas dependendo da ativi-
dade em que estão inseridos. Por isso, é importante uma caracterização desses
efluentes para garantir a representatividade da amostra, a fim de determinar as
diferentes características e os possíveis impactos que poderão causar no corpo
receptor ou na estação de tratamento de esgoto, além disso, a caracterização é
fundamental para adoção da forma de tratamento desses efluentes.
Os efluentes provenientes de atividades agrícolas apresentam um elevado
potencial de poluição, pois podem conter excesso de nutrientes, como nitrogênio
e fósforo, além de microrganismos patógenos. Esses nutrientes, em concentrações
elevadas, podem levar o corpo receptor a um fenômeno chamado eutrofização,
que consiste no aumento excessivo de algas, as quais, à medida que crescem,
podem cobrir a superfície da água isolando-a do oxigênio do ar, fazendo com que

Introdução
84 UNIDADE III

ocorra a desoxigenação da água, com isso toda vida aquática fica comprometida.
Os efluentes provenientes de serviços de saúde (ou hospitalares) têm caracte-
rísticas semelhantes aos domésticos no que se diz respeito à presença de sólidos e
matéria orgânica, contudo, a presença de substâncias como antibióticos, fárma-
cos, microrganismos patógenos (mais resistentes), compostos clorados, rejeitos
com presença de metais pesados, medicamentos, além do grande volume gerado
por dia, fazem que esse efluente tenha um alto grau de refratariedade (ou seja,
compostos por substâncias de difícil degradação, com baixa biodegradabilidade),
sendo necessárias medidas como a redução na fonte, ou seja, melhor segregação

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
desses efluentes, medidas de controle de descarte de materiais (como medicamen-
tos, fármacos, antibióticos) e reaproveitamento de alguns materiais. Na maioria
dos hospitais não é feito nenhum tratamento antes do descarte na rede coleta de
esgotos, e essas substâncias podem causar problemas no tratamento biológico,
uma vez que são compostos de difícil degradabilidade.
Nesta unidade, também iremos falar do lixiviado, conhecido popularmente
como chorume, que é uma substância escura, resultante do processo de trata-
mento ou disposição final de resíduos sólidos, oriundo da putrefação de matérias
orgânicas, um líquido viscoso que possui odor fétido e desagradável, possuindo
baixa biodegradabilidade em relação ao esgoto doméstico.
Vamos abordar um pouco sobre o nível, processos e sistemas de tratamento
de efluentes, que têm por objetivo a remoção de poluentes, de modo que atenda
aos requisitos estabelecidos pela legislação vigente, que prevê parâmetros de qua-
lidade para efluente antes do lançamento no corpo receptor.
Abordaremos as formas de tratamento preliminar, primário, secundário e
terciário. Ainda, falaremos brevemente sobre a disposição final dos lodos pro-
venientes de tratamento físico-químico e biológico.

EFLUENTES
85

ESGOTOS SANITÁRIOS (DOMÉSTICOS)

Esgotos sanitários (ou domésticos) são aqueles provenientes de residências, cen-


tros comerciais, hotéis, bares, comércios e outros serviços.
Os esgotos domésticos têm aproximadamente 99,9% de água. A fração res-
tante inclui sólidos orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, além de
microrganismos patógenos, como vírus, bactérias, protozoários e helmintos. É
devido a essa fração de 0,1% que há a necessidade de tratamento dos esgotos
(VON SPERLING, 2005). O esgoto sanitário, quando chega à rede coletora para
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o tratamento, apresenta sólidos em suspensão bem caracterizados além de odores


próprios do material que foi misturado à água na origem (FERNANDES, 2000).
O quadro 7 e 8 apresentam as principais características físicas e químicas
dos esgotos domésticos.
©shutterstock

Esgotos Sanitários (Domésticos)


86 UNIDADE III

PARÂMETRO DESCRIÇÃO
Temperatura - Ligeiramente superior à da água de abastecimento.
- Variação de acordo com as estações do ano.
- Influência da atividade microbiana, solubilidade dos gases,
velocidade de reações químicas e viscosidade do líquido.
Cor - Esgoto fresco: ligeiramente cinza.
- Esgoto Séptico: cinza escuro ou preto.
Odor - Esgoto fresco: odor oleoso, desagradável.
- Esgoto séptico: odor desagradável, devido ao gás sulfídrico e
outros produtos da decomposição.

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Turbidez - Causada pelos sólidos em suspensão.
- Esgotos mais frescos ou mais concentrados: geralmente apre-
sentam maior turbidez.
Quadro 7: Principais características físicas dos esgotos domésticos
Fonte: adaptado de Von Sperling (2005)

EFLUENTES
87

PARÂMETRO DESCRIÇÃO
Sólidos Totais - Orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, sedimentá-
veis.
Sólidos em suspensão - Fração de sólidos orgânicos e inorgânicos que são retidos em
papel com aberturas de dimensões padronizadas (0,45 a 2,0 µm).
Sólidos fixos - Componentes minerais não incineráveis, inertes dos sólidos em
suspensão.
Sólidos Voláteis - Componentes orgânicos dos sólidos em suspensão.
Sólidos dissolvidos - Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que não são retidos
nos filtros de papel descritos acima. Englobam também os sóli-
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dos coloidais.
Sólidos Fixos - Componentes minerais dos sólidos dissolvidos.
Sólidos Voláteis - Componentes orgânicos dos sólidos dissolvidos.
Sólidos sedimentá- - Fração dos sólidos orgânicos e inorgânicos que sedimente em 1
veis hora no cone Imhoff.
Matéria Orgânica - Mistura heterogênea de diversos compostos orgânicos, sendo
os principais componentes: proteínas, carboidratos e lipídios.
Pode ser determinada de forma indireta (DBO5, DQO e DBO últi-
ma) e diretamente (COT – Carbono Orgânico Total).
Nitrogênio Total - O nitrogênio total inclui o nitrogênio orgânico, amônia, nitrito
e nitrato. É um nutriente indispensável para o desenvolvimento
dos microrganismos no tratamento biológico. O nitrogênio orgâ-
nico e a amônia compreendem o denominado Nitrogênio Total
Kjeldahl (NTK).
Fósforo - O fósforo total existe na forma orgânica e inorgânica. É um
nutriente indispensável no tratamento biológico.
pH - Indicador de características ácidas ou básicas do esgoto. Uma
solução é neutra em pH 7.
Alcalinidade - Indicador da capacidade tampão do meio (resistência às varia-
ções do pH). Devido à presença de bicarbonato, carbonato e íon
hidroxila.
Cloretos - Provenientes de água de abastecimento e dos dejetos humanos.
Óleos e Graxas Fração da matéria orgânica solúvel em hexanos. Nos esgotos do-
mésticos, as fontes são óleos e gorduras utilizados nos alimentos.
Quadro 8: Principais características químicas dos esgotos domésticos
Fonte: adaptado de Von Sperling (2005)

Esgotos Sanitários (Domésticos)


88 UNIDADE III

Para onde vai nosso esgoto?


Você sabe o que acontece com a água da descarga da sua casa? O que acon-
tece com a água das máquinas de lavar? E com a água da pia quando lava-
mos a louça? Esses links abaixo abordam essas questões.
<http://www.oeco.org.br/helena-artmann/18283-oeco_21081>
<http://www.slideshare.net/annacriszs1/para-onde-vai-o-nosso-esgoto>

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRESENÇA BACTERIOLÓGICA

A parcela da matéria orgânica presente nos esgotos sanitários é composta por


um número muito grande de microrganismos vivos oriundos principalmente do
intestino dos indivíduos que contribuíram para a formação das vazões esgotáveis.
A quase totalidade desses microrganismos é essencial ao metabolismo interno
dos alimentos que são ingeridos e eliminados do interior do organismo quando
se faz uso de bacias sanitárias ou mictórios, por exemplo (FERNANDES, 2000).
A massa líquida resultante da mistura das excretas humanas com águas de des-
cargas é denominada de águas negras ou águas imundas. Essas águas misturadas
às que procedem das atividades de asseio, chamadas de águas servidas, formam
o esgoto doméstico. Esses microrganismos, na maioria das vezes, são bactérias,
vírus, protozoários e vermes.
No esgoto sanitário bruto (in natura), podem ser encontrados agentes pro-
vocadores de doenças transmissíveis como cólera, febres tifoides, disenterias,
leptospirose, amebíase, ancilostomose, schistosomose e outras, para que não
haja a contaminação devem ser tomadas providências sanitárias para evitar ou
combater essas enfermidades.

EFLUENTES
89

Esgoto Doméstico:
Esse vídeo apresenta a poluição causada por esgoto doméstico além de expor os
problemas que a falta de tratamento de esgoto doméstico pode causar.
<http://www.youtube.com/watch?v=9LtCiEYgVrE>.

PARÂMETROS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS RESIDUÁRIAS

Os indicadores mais usados para caracterização dos esgotos urbanos são: sóli-
dos, matéria orgânica (DBO5, DQO), nitrogênio, fósforo, Coliformes totais e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Coliformes termotolerantes.
Os sólidos são todos os contaminantes da água, com exceção dos gases
dissolvidos, podendo ser classificados de acordo com seu tamanho, estado, carac-
terísticas químicas e sua decantabilidade.
a. Por tamanho: Sólidos em suspensão (SS) (particulados) e Sólidos dis-
solvidos (SD) (Solúveis).

A separação dos sólidos é feita passando-se a amostra por papel filtro com poro-
sidade do tamanho padronizado (0,45 a 2,0 µm). Os sólidos retidos no filtro são
os sólidos em suspensão, ao passo que os sólidos que passam com o filtrado são
considerados os sólidos dissolvidos. Por meio de pesagem do papel filtro (antes
e depois) tem-se a massa de sólidos em suspensão, dividida pelo volume da
amostra, que dá a concentração de sólidos (em mg/L). Os sólidos dissolvidos
são determinados por meio de evaporação do líquido filtrado (APHA, 1998).
b. Características químicas:
■■ Na formação dos esgotos sanitários, o adicionamento de impurezas à água
de origem dão-lhe características bem definidas, as quais sofrem variações
ao longo do tempo em virtude das transformações internas decorrentes
da desintegração e decomposição contínua da matéria orgânica. Algumas
dessas características são de fácil percepção, como cor, turbidez, odor,
presença de sólidos em suspensão e temperatura. 
■■ Também se observa que a diminuição gradativa da quantidade de oxigê-
nio dissolvido intensifica o escurecimento da mistura esgotável e exalação
de odores desagradáveis e ofensivos à saúde humana. A temperatura é

Esgotos Sanitários (Domésticos)


90 UNIDADE III

também uma importante determinação física e varia de acordo com o


clima de cada região geográfica. O teor de sólidos é bastante variável (300
a 1200 mg/L) com aproximadamente 70% de matéria orgânica (VON
SPERLING, 2005).

MATÉRIA ORGÂNICA CARBONÁCEA

De acordo com Von Sperling (2005), a matéria orgânica presente nos esgotos é

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
uma característica de muita importância, podendo ser a principal causa dos pro-
blemas de poluição para os corpos d´água. As substâncias orgânicas presentes
no esgoto são constituídas geralmente por compostos de proteínas (40 a 60%),
carboidratos (25 a 50%), gorduras e óleos (8 a 12%), além de ureia, fenóis, sur-
factantes, pesticidas, metais e outros (METCALF; EDDY, 2003).
Pode ser determinada de maneira de direta (análise de carbono orgânico
total – COT) ou indireta (análise de demanda bioquímica de oxigênio - DBO,
demanda química de oxigênio – DQO).

DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO)

É um parâmetro que determina de forma indireta a concentração de matéria


orgânica biologicamente degradável presente em um efluente. Corresponde à
quantidade de oxigênio consumida pelos microrganismos aeróbios, presentes
ou introduzidos na amostra, para realizar a metabolização de todas as substân-
cias biodegradáveis presentes no despejo (BROOKMAM, 1996).
A oxidação da matéria orgânica presente nos esgotos pode ser representada
pela seguinte reação (Equação 01) simplificada (COHNS representam esque-
maticamente a matéria orgânica composta por: carbono, oxigênio, hidrogênio,
nitrogênio e enxofre).

EFLUENTES
91

Equação 1
Matéria Orgânica M.O (COHNS) + O2 + bactérias → CO2 + H2O + NH3 + outros
produtos finais + energia
A DBO retrata a quantidade de oxigênio requerida para estabilizar, por meio
de processos bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea. As principais van-
tagens desse teste são relacionadas ao fato de que o teste permite: a indicação
aproximada da fração biodegradável do despejo; indicação da taxa de degra-
dação do despejo; e taxa de consumo de oxigênio em função do tempo (VON
SPERLING, 2005).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Como desvantagens, podem ser citados: metais e outras substâncias tóxi-


cas podem inibir os microrganismos; a demora do teste (5 dias); podem ser
encontrados baixos valores de DBO5 caso os microrganismos responsáveis pela
decomposição não estejam adaptados ao despejo.

DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO)

O teste da DQO mede o consumo de oxigênio ocorrido em função da oxidação


química da matéria orgânica. O valor obtido é uma indicação indireta do teor de
matéria orgânica presente. A diferença com o teste de DBO é na nomenclatura,
pois a DBO é uma oxidação bioquímica da matéria orgânica, realizada intei-
ramente por microrganismos. Enquanto a DQO corresponde a uma oxidação
química da matéria orgânica, obtida por meio de um oxidante forte (dicromato
de potássio) em meio ácido.
Como vantagens, esse teste apresenta: o tempo (2 a 3 horas para ser reali-
zado); o resultado dá uma indicação do oxigênio requerido para estabilização
da matéria orgânica. Como limitações, apresenta: no teste da DQO, são oxida-
das tanto a fração biodegradável quanto a fração inerte da matéria orgânica do
despejo; não fornece informações sobre a taxa de consumo da matéria orgânica
ao longo do tempo; certos constituintes inorgânicos podem ser oxidados, assim
interferindo no resultado da análise (VON SPERLING, 2005).
Para esgotos sanitários brutos, a relação DQO/DBO (quadro 9) variam em
torno de 1,7 a 2,4. Esse dado é muito importante, pois pode indicar biodegra-
dabilidade do esgoto e o método a ser empregado.
Esgotos Sanitários (Domésticos)
92 UNIDADE III

RELAÇÃO DQO/DBO5 INDICAÇÃO DE TRATAMENTO


Baixa (<cerca de 2,5) A fração biodegradável é elevada, podendo
ser indicado tratamento biológico.
Intermediária (cerca de 2,5 e 3,5) A fração biodegradável não é elevada, alguns
estudos de tratabilidade devem ser feitos
para verificar a viabilidade do tratamento
biológico.
Elevada (cerca de 3,5 a 4,0): A fração inerte (não biodegradável) é ele-
vada, possível indicação para tratamento
físico-químico.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quadro 9: Relação DQO/DBO de Efluentes
Fonte: adaptado de Von Sperling (2005)

CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT)

Como o elemento químico, o carbono faz parte das estruturas moleculares das
substâncias orgânicas, o teor de carbono é um indicador da presença de matéria
orgânica. O teste empregado para determinação do COT baseia-se na oxidação
do carbono da matéria orgânica a CO2 e H2O e determinação do CO2 por método
instrumental. O CO2 formado é arrastado por corrente de ar sintético e quanti-
ficado por meio de sensores de infravermelho (DEZZOTI, 2008).

NITROGÊNIO (N)

O Nitrogênio é um composto que é de grande importância em termos da geração


e do próprio controle de poluição das águas, pois é um elemento indispensável
para o crescimento de algas e, em certas condições (excessos), podem conduzir
a fenômenos como a eutrofização.
Em esgotos domésticos brutos, as formas predominantes são o nitrogênio orgâ-
nico e a amônia. Essas formas de amônio são determinadas em laboratório pelo
nitrogênio Kjeldahl (NTK), sendo que a maior parte do NTK nos esgotos domés-
ticos tem origem fisiológica (VON SPERLING, 2005).

EFLUENTES
93

FÓSFORO (P)

O fósforo presente nos esgotos é proveniente de detergentes, que ocorrem na


forma de ortofosfatos, polifosfatos. É um nutriente essencial para o crescimento
dos microrganismos responsáveis pela estabilização de matéria orgânica, mas
em excesso pode conduzir a fenômenos como a eutrofização.

ORGANISMOS PATOGÊNICOS E DE INDICADORES DE


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CONTAMINAÇÃO FECAL

A origem desses organismos patogênicos em esgotos é predominantemente


humana, refletindo diretamente o nível de saúde da população e as condições de
saneamento básico de cada região, também pode ser de procedência animal, cujos
dejetos são lançados em redes coletores, como fezes de cães e gatos, ou então pela
presença de animais na rede de esgoto como roedores (VON SPERLING, 2005).
Podem ser encontrados vírus, bactérias, helmintos, protozoários nos esgotos
domésticos, e a quantidade de patógenos presentes no esgoto de uma determi-
nada localidade é bastante variável e depende de alguns fatores, como: condições
socioeconômicas da população, condições sanitárias, região geográfica, presença
de indústrias e tipo de tratamento a que o esgoto foi submetido.

INDICADORES DE CONTAMINAÇÃO

Os organismos mais comumente utilizados com tal finalidade são as bactérias


do grupo coliforme, que são os coliformes totais, coliformes termotolerantes e
Escherichia coli.
O grupo dos coliformes totais constitui-se de um grande grupo de bacté-
rias que têm sido isoladas de amostras de águas e solos poluídos e não poluídos,
bem como de fezes de seres humanos e animais de sangue quente. Esse grupo
é bastante usado como indicador, porém não existe uma relação quantificável
entre coliformes totais e microrganismos patogênicos (VON SPERLING, 2005).

Esgotos Sanitários (Domésticos)


94 UNIDADE III

Já o grupo de coliformes fecais são um grupo de bactérias indicadoras de


organismos originários predominantemente do trato intestinal humano e outros
animais. Esse grupo compreende o gênero Escherichia e, em menor grau, espé-
cies de Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter (WHO, 1993).
A E. coli é a principal bactéria do grupo de coliformes termotolerantes, sendo
abundante nas fezes humanas e de animais. É encontrada em esgotos, águas
naturais que estão sujeitas à contaminação recente por seres humanos, ativida-
des agropecuárias, animais selvagens e pássaros (WHO, 1993).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OUTRAS CARACTERÍSTICAS DE ESGOTOS DOMÉSTICOS

Turbidez: é uma medida feita pelo método nefelométrico que consiste na leitura
de intensidade de luz desviada pelas partículas em um ângulo de 90º em relação
à luz incidente. Os padrões utilizados são em soluções-padrão de formazina. Os
valores são expressos em NTU (unidade nefelométrica de turbidez). É causada
por material sólido em suspensão, como areia, argila e silte, material orgânico e
inorgânico, microrganismos e algas (DEZOTTI, 2008). É um parâmetro impor-
tante, pois a turbidez pode interferir em alguns tratamentos de esgotos e até na
desinfecção de efluentes.
Cor: pode ter origem de metais como ferro e manganês ou, ainda, da decom-
posição de matéria orgânica na água (VON SPERLING, 2005).
pH: é um parâmetro que influencia em todas as reações químicas e bio-
químicas, a vida aquática depende muito dos valores do pH, além disso pode
influenciar diretamente a escolha de um tratamento para esgotos. Valores baixos
de pH podem tornar as águas corrosivas, enquanto valores altos podem causar
problemas como incrustações nas tubulações.
Dureza: está associada a íons de cálcio e magnésio contidos no efluente.
Podem causar sabor desagradável, além de efeito laxativo, e inibem a forma-
ção de sabão.
Alcalinidade: associada a sais salinos, principalmente o sódio e cálcio. Esse
parâmetro mede a capacidade de neutralização de ácidos e também pode influen-
ciar na escolha do tratamento dos efluentes.

EFLUENTES
95

Alguns metais: a presença de metais pode estar associada à natureza orgânica


e inorgânica, dependendo do tipo do efluente podem ser: fenóis, organohaloge-
nados, benzeno, tolueno e outros.
A legislação que dispõe sobre as condições e padrões de lançamentos de
efluentes atualmente é a Resolução do CONAMA 430/2011, (que complementou
e alterou a Resolução do CONAMA 357/2005), estabelece condições, parâme-
tros, padrões e diretrizes para gestão do lançamento de efluentes em corpos de
água receptores.
O artigo 16 da RDC 430/2011 estabelece que efluentes de qualquer fonte
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

poluidora poderão ser lançados diretamente no corpo receptor, desde que atenda
aos parâmetros listados no quadro 10.

PARÂMETRO VALOR MÁXIMO PERMITIDO


pH Entre 5 e 9.
Temperatura (ºC) Inferior a 40 ºC, sendo que a variação de temperatura do
corpo receptor não deverá exceder a 3 ºC no limite da zona
de mistura.
Materiais Sedimentáveis Até 1 mL/L (1 hora em cone Inmhoff ), caso o lançamento
(Sólidos Sedimentáveis) seja em lagos e lagoas, e a velocidade de circulação seja
praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar
visualmente ausentes.
Regime de Lançamento Vazão máxima de até 1,5 vazão média do período
de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos
permitidos pela autoridade competente.
Óleos e graxas Óleos minerais: até 20 mg/L.
Óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L.
Ausência de materiais Ausentes.
flutuantes
DBO5 Remoção mínima de 60% de DBO sendo que este limite só
poderá ser reduzido no caso de existência de estudo de auto-
depuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
metas do enquadramento do corpo receptor.
Quadro 10: Parâmetros e valores máximos permissíveis para lançamentos de efluentes diretamente em cor-
pos receptores
Fonte: adaptado de RDC 430 (2011)

Esgotos Sanitários (Domésticos)


96 UNIDADE III

Enquanto os efluentes oriundos de sistemas de tratamentos de esgoto devem


atender ao Art. 21 da Resolução 430/2011 do CONAMA.

A Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), por meio


da RDC nº 430 de 13 de Maio de 2011, dispõe sobre as condições e padrões

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de
17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.
Pode ser acessada na íntegra pelo link abaixo:
< http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>

EFLUENTES INDUSTRIAIS

São efluentes provenientes de atividades


industriais como, por exemplo, os gera-
dos por indústrias alimentícias, têxteis,
de papel e celulose, galvanoplastia, side-
rúrgica, curtumes, químicas, entre outras
atividades. Esses efluentes, além de serem
oriundos de águas utilizadas nos proces-
sos industriais, devem ser considerados os
efluentes provenientes de fins sanitários,
por exemplo, contendo excrementos huma-
nos líquidos e sólidos, produtos de limpeza, desinfetantes, saneantes, entre outros.
Essa fração de esgoto sanitário gerado pelas indústrias, muitas vezes, é tratada
internamente de forma separada ou em conjunto com os efluentes industriais.
As características dos efluentes industriais são inerentes à composição da
matéria-prima, das águas de abastecimento e do processo industrial. Por exem-
plo, podemos ter duas indústrias têxteis em uma cidade, vamos chamá-la de

EFLUENTES
97

Indústria A e Indústria B. Mesmo sendo do mesmo ramo, indústrias têxteis, o


efluente gerado pela Indústria A, pode apresentar características diferentes da
Indústria B, pois o que faz alterar a qualidade do efluente são as características
do processo industrial (matéria-prima, processamento) e cada uma pode ter
uma particularidade diferente.

Como forma de apresentar essas diferenças entre os efluentes provenientes de


várias fontes, o quadro 11 mostra os valores de DBO5 de alguns tipos de efluentes.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

EFLUENTE DBO5 (MGO2/L)


Esgoto doméstico 120 – 500
Efluente de refinaria de petróleo, após remoção de óleos e 350 – 370
graxas
Efluente de cervejaria 300 - 800
Vinhoto (produção de álcool) 5.000 – 15.000
Quadro 11: Valores de DBO5 dos diferentes tipos de efluentes
Fonte: adaptado de Dezotti (2008)

Como visto, as diferenças entre as características dos efluentes são significa-


tivas e ainda, dependendo da tipologia da indústria, podem conter maior ou
menor grau de diversos poluentes, que além de contribuintes típicos de esgotos
domésticos, como sólidos em suspensão, matéria orgânica, fósforo, nitrogênio
e microrganismos patógenos, podem apresentar compostos recalcitrantes, que
são compostos que não são biodegradáveis, como pesticidas, alguns corantes,
antibióticos, metais que são necessários em tratamentos específicos para remo-
ção desses compostos.
Alguns efluentes industriais podem apresentar características de toxicidade,
que se refere à capacidade de uma determinada substância provocar efeitos dano-
sos aos organismos com os quais entra em contato, refere-se também à capacidade
das substâncias presentes nos efluentes causarem impacto ao serem lançadas no
corpo receptor. Em função da complexidade dos efluentes industriais, algumas
atividades devem controlar a toxicidade como: indústria química, petroquímica
e farmacêutica, celulose e papel, têxtil, curtume, galvanoplastia, alimentícia e
outras (DEZOTTI, 2008).
Efluentes Industriais
98 UNIDADE III

Com todo esse risco de contaminação por parte de alguns efluentes, torna-
-se importante os ensaios de toxicidade, visto que essas substâncias podem sofrer
modificações e formar subprodutos que podem causar efeitos adversos tanto ao
homem quanto ao meio aquático.
Por meio de programas de controle de poluição das águas, esses testes de
toxicidade ou bioensaios têm por objetivo detectar a ação tóxica de um deter-
minado composto químico, ou de vários compostos sobre um organismo teste
(ZAGATTO; BERTOLETTI, 2006).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NOÇÕES DE AMOSTRAGEM DE EFLUENTES

Para saber se há a necessidade de tratamento prévio dos efluentes industriais e


para caracterizar a carga poluidora, bem como para propor a forma de trata-
mento desses efluentes, em primeiro lugar, é necessário o prévio conhecimento
de todo processo industrial para em seguida definir o programa de amostragem.
De acordo com Giordano (2004), algumas informações são importantes
como: matéria-prima (principalmente aquelas de que alguma forma possam
ser transferidas para os efluentes), fluxograma do processo industrial, em que
indique todos os pontos que irão gerar efluentes, características da atividade e
algumas particularidades, vazão e identificação dos pontos de lançamentos de
efluentes. Além disso, é preciso conhecer os pontos de limpeza, quais os produ-
tos utilizados, horários de manutenção, número de funcionários.
Os parâmetros escolhidos para a caracterização dos efluentes brutos (antes
do tratamento) devem ser aqueles que são representativos da carga poluidora,
aqueles que atendem ao programa de monitoramento estabelecido para o aten-
dimento da legislação ambiental e aqueles que servem para o dimensionamento
da estação de tratamento de efluentes.
Em função da variabilidade dos efluentes industriais, a forma de coleta de
amostras representativas de alguns pontos e do efluente final (bruto) é funda-
mental. Devem ser levados em consideração também o período de amostragem
(diário, quinzenal, mensal, bimestral etc.), a forma de coleta das amostras, acon-
dicionamento das amostras, análises laboratoriais e interpretação dos resultados

EFLUENTES
99

e comparação com a legislação vigente. Também devem ser levados em consi-


deração fatores externos como sazonalidade da produção (fluxo produtivo) e
fatores climáticos.
Após a definição da forma de coleta e amostragem, os laudos laboratoriais
ajudam a quantificar a carga poluidora dos efluentes, verificar a variação das
características, servindo ainda de base para definir melhor a forma de tratamento
a ser empregada. Após o tratamento, algumas indústrias optam pelo reúso de
efluentes na própria planta industrial ou para outros fins.
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EFLUENTES PROVENIENTES DE ATIVIDADES AGRÍCOLAS

São efluentes oriundos de atividades agrícolas, como de agropecuárias intensi-


vas, suinocultura e bovinocultura que apresentam um elevado risco de poluição,
pois dependendo da concentração dos efluentes, podem ter excesso de nutrien-
tes, microrganismos patógenos e até presença de metais.
Nas atividades de bovinocultura, esses efluentes apresentam variações na
concentração de seus componentes e dependem da modalidade em que são
manejados e armazenados. A quantidade total de efluentes geradas nessas ati-
vidades depende do número de bovinos confinados, da ingestão de água, do
volume de água utilizada para lavagem de equipamentos e instalações necessárias.
Os efluentes orgânicos dos sistemas de produção leiteira confinada, quando são
lançados diretamente em corpo receptor, denomina-se diluição, que é um pro-
cedimento utilizado em praticamente todas as propriedades rurais, uma vez que
não possui sistemas de tratamentos para esses resíduos. Esses efluentes podem
provocar alterações físicas e químicas, pois podem conter contaminantes pato-
gênicos e tóxicos (SILVA, 2007).
Os efluentes provenientes da suinocultura contêm matéria orgânica, nitro-
gênio, fósforo, potássio, cálcio, sódio, magnésio, ferro, zinco, cobre e outros
elementos incluídos nas ditas dos suínos (DIESEL; MIRANDA; PERDOMO,
2008). Além disso, a atividade suinícola integrada à agroindústria é desenvolvida
em sistemas de confinamento, cujo manejo de higienização das instalações, asso-
ciados às fezes (esterco, estrume e excrementos) e urina dos animais, resultam

Efluentes Industriais
100 UNIDADE III

em um efluente denominado de dejeto suíno. O volume de dejeto produzido


diariamente é muito variado e está relacionado basicamente a três fatores: peso
vivo do animal; consumo de água e, consequentemente, produção de urina; e
volume de água incorporada ao dejeto. Ainda, a composição dos dejetos está
associada ao sistema de manejo adequado, podendo apresentar grandes variações
na concentração de seus componentes (SINOTTI, 2005; FERNANDES, 2012).
De modo geral, esses efluentes apresentam alta de DQO/DBO, indicador indi-
reto de matéria orgânica, grandes quantidades de sólidos, nitrogênio e fósforo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
EFLUENTES PROVENIENTES DE SERVIÇOS DE SAÚDE
(HOSPITALARES)

São efluentes provenientes do desenvolvimento de atividades hospitalares, como


de laboratório, lavagem de pisos, lavanderia hospitalar, rejeitos de medicamentos,
rejeitos que podem conter metais pesados (por exemplo, do setor de radiolo-
gia), dentre outros.
De acordo com Emmanuel et al.,(2005), os efluentes hospitalares podem ser
classificados em duas categorias. A primeira seria de natureza doméstica, tais
como os gerados nas cozinhas, lavanderias, higiene de funcionários e pacientes.
Isso mostra que esses efluentes apresentam pouca diferença em relação aos sani-
tários referente à concentração de matéria orgânica, metais e pH.
A segunda categoria incluiria os efluentes específicos de unidades hospitalares,
seriam aqueles gerados nas atividades de tratamento, análises e pesquisas. Esses
efluentes podem conter desinfetantes, fezes/excreções contaminadas, líquidos
biológicos, resíduos de medicamentos, metais pesados (como agentes fixadores
de radiografias), radioelementos, antibióticos, fármacos, ácidos, álcalis, solven-
tes, benzenos, hidrocarbonetos, corantes, microrganismos patógenos e outros.
Essas substâncias podem se apresentar em altas concentrações nos efluentes que
geralmente são lançados sem tratamento prévio nas redes urbanas de drenagem
(SILVEIRA et al., 2003; BOILLOT et al., 2008).
Quanto à geração de efluentes hospitalares, destaca-se a lavanderia hospi-
talar, pois de acordo com o Ministério da Saúde (1986), estima-se que cerca da

EFLUENTES
101

metade da água utilizada nos hospitais é destinada ao consumo da lavanderia.


Presume-se que são necessários cerca de 40 a 50 litros de água para cada quilo
de roupa nas máquinas de lavagem, considerando-se uma previsão de consumo
de água de 250 litros/leito/dia.
Os efluentes das lavanderias hospitalares caracterizam-se pela presença de
detergentes e eventualmente microrganismos patogênicos. Além dos princípios
ativos, os detergentes podem ter adjuvantes e outros aditivos, nomeadamente
polifosfatos, carbonatos, corantes, agentes bactericidas, enzimas, além de desin-
fectantes à base de cloro (HOAG, 2008). Essas substâncias conferem a esses
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

efluentes o poder de exercer características de menor biodegradabilidade ao


efluente gerado pelas unidades hospitalares (EMMANUEL et al., 2005; KIST et
al., 2006). A presença dessas substâncias pode gerar problemas no tratamento
biológico das estações de tratamento, devido justamente às características recal-
citrantes e antibacterianas dessas substâncias, podendo ainda apresentar riscos
aos ecossistemas aquáticos que são expostos a esses compostos presentes no
efluente de lavanderia hospitalar.
Observa-se que os efluentes hospitalares têm características que são comuns
a efluentes sanitário, porém têm algumas particularidades como a presença des-
sas substâncias (fármacos, antibióticos, carga de microrganismos patogênicos,
e outros), além do grande volume gerado por dia. Como vimos, na maioria dos
casos, esses efluentes são lançados junto à rede coletora de esgotos e seguem para
as estações de tratamento de esgoto, a presença dessas substâncias pode gerar
problemas no tratamento biológico nas Estações de Tratamento de Esgotos (ETE)
devido às características recalcitrantes presentes nesse efluente.
De acordo com a Resolução 430/2011 do CONAMA, Art. 16 § 3º, os efluentes
oriundos de serviços de saúde estão sujeitos às exigências estabelecidas na seção
III da Resolução, podendo ser lançados em rede coletora de esgotos sanitários
conectados a ETE, atendendo às normas e diretrizes da operadora do sistema de
coleta e tratamento de esgoto sanitário; podem ainda ser lançadas diretamente
no corpo receptor, desde que passem por tratamento especial.
Assim, a empresa de saneamento local é quem estabelecerá as diretrizes
para aceitar os efluentes provenientes de serviços de saúde para posterior trata-
mento nas ETEs, para isso, além dos parâmetros físico-químicos, ela estabelecerá

Efluentes Industriais
102 UNIDADE III

os programas de amostragem e monitoramento dos efluentes. Caso os efluen-


tes hospitalares não atendam aos padrões da companhia de saneamento local,
será necessário um tratamento prévio, antes do lançamento na rede conectora
do esgoto sanitário.

LIXIVIADO (CHORUME)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O lixiviado, mais comumente conhecido como chorume, é o líquido resultante
do processo de decomposição de resíduos de um aterro sanitário (BIDONE;
POVINELLI, 1999). Pode ainda ser o líquido resultante de outros sistemas de
disposição final de resíduos sólidos urbanos (RSU), como do lixão, de aterro
controlado e leiras de compostagem.
São definidos como líquidos provenientes de três fontes principais: umi-
dade natural dos resíduos sólidos, água de constituição dos diferentes materiais
que sobram durante o processo de decomposição e líquido proveniente de mate-
riais orgânicos excretadas pelas bactérias. Também é derivado da umidade da
precipitação pluviométrica e que adentra aos amontoados de resíduos sólidos
(BASSANI, 2010). Tem como característica alta carga poluidora, bem maior
que do esgoto doméstico, por exemplo, DBO5 200 vezes mais alta (LINS, 2003).
O lixiviado pode conter matéria orgânica dissolvida ou solubilizada, nutrien-
tes, produtos intermediários da digestão anaeróbia dos resíduos, por exemplo,
ácidos orgânicos voláteis e substâncias químicas oriundas do descarte de insetici-
das e agrotóxicos, além de microrganismos patógenos. Podem ter ainda compostos
xenobióticos, presentes em baixas concentrações, como: incluindo hidrocarbonetos
aromáticos, fenóis e compostos alifáticos clorados; metais, como boro, mercúrio,
selênio, cobalto; substâncias húmicas (CHRISTENSEN et al., 2001).
A concentração de metais em lixiviados depende do tipo de resíduo depo-
sitado no aterro, podendo ser baixo e podendo aumentar, variando de acordo
com o estágio de decomposição do resíduo. O quadro 12 apresenta a origem dos
íons encontrados no aterro e suas origens.

EFLUENTES
103

ÍONS ORIGEM
Na+, K+, Ca2+, Mg2+ Material orgânico, entulhos de construção, cascas de ovos.
PO4-3, NO3-, CO3-, Material orgânico.
Cu2+, Fe2+, SN2+ Material eletrônico, latas, tampas de garras.
Hg , Mn
2+ 2+
Pilhas comuns e alcalinas, lâmpadas fluorescentes.
Ni , Cd , Pb
2+ 2+ 2+
Baterias recarregáveis (celular, telefone sem fio, automóveis).
Al3+
Latas descartáveis, utensílios domésticos, cosméticos, embala-
gens laminadas em geral.
Cl-, Br-, Ag+ Tubos de PVC, negativos de filmes e raios-X.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

As , Sb , Cr
3+ 3+ 3+
Embalagens de tintas, vernizes, solventes orgânicos.
Quadro 12: Origem de Metais nos lixiviados
Fonte: adaptado de Segato e Silva (2000)

Visto a recalcitrância desses efluentes, nem sempre um só tratamento é sufi-


ciente para remoção da carga poluidora e esses componentes são específicos.
Dependendo das características, tem que ser empregadas técnicas acopladas de
tratabilidade para que o efluente se adeque aos padrões de lançamento de efluen-
tes determinados pela legislação vigente.

TRATAMENTO DE EFLUENTES

O tratamento de águas residuárias tem como objetivo empregar sistemas e tec-


nologias necessárias para adequar os efluentes à qualidade determinada pela
legislação para lançamento no corpo receptor.
A remoção dos poluentes no tratamento está associada ao nível do trata-
mento e à eficiência do sistema. O tratamento dos efluentes é classificado da
seguinte forma:
■■ Tratamento Preliminar.
■■ Tratamento Primário.

Tratamento de Efluentes
104 UNIDADE III

■■ Tratamento Secundário.
■■ Tratamento Terciário.

O tratamento preliminar tem como objetivo remover apenas os sólidos grosseiros.


Enquanto o tratamento primário objetiva a remoção de sólidos sedimentáveis e
uma pequena parte da matéria orgânica. Já no tratamento secundário, predomi-
nam os sistemas biológicos, no qual o objetivo é remoção da matéria orgânica e
de alguns nutrientes (por exemplo, fósforo e nitrogênio). O tratamento terciário
tem por objetivo remover poluentes específicos, ou ainda podem ser conside-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rados como o polimento ou remoção complementar de poluentes que não são
removidos no tratamento secundário (VON SPERLING, 2005).
Para aplicar um tratamento a um efluente, é necessário primeiramente conhe-
cer as características brutas do efluente e verificar qual a técnica que será suficiente
para atender ao que estabelece a legislação vigente.

TRATAMENTO PRELIMININAR DE EFLUENTES (OU PRÉ-TRATAMENTO)

Tem como finalidade a remoção de sólidos grosseiros (por exemplo, pedaços


de papel, madeira, plásticos, areia, dentre outros). Os mecanismos de remoção
desses compostos é de natureza física e é de fundamental importância, pois o
sucesso do tratamento posterior, muitas vezes, depende da eficiência do trata-
mento primário.
Os tratamentos mais comumente empregados como preliminiares são: gra-
deamento, caixas de areia, peneiramento, equalização, neutralização.
O Gradeamento tem como finalidade remover por barreiras físicas os sóli-
dos grosseiros que possuem dimensões maiores que o espaço entre as barras.
O material retido nas grades ou peneiras é chamado de “gradeado”. No caso
dos esgotos sanitários, esse material é basicamente composto de pedras, madei-
ras, galhos, papéis, raízes de plantas, farrapos, tecidos, plásticos (DEZOTTI,
2008). Existem grades grossas, médias e finas, dependendo do espaço livre entre
as barras. A remoção/limpeza do material retido, pode ser feito de forma manual
ou mecanizada (VON SPERLING, 2005).

EFLUENTES
105

O Peneiramento também tem a finalidade de remover os sólidos grossei-


ros. Existem dois tipos de peneiras, as estáticas e as com tambor rotativo, que
são constituídas de aço inoxidável ou material não ferroso. As estáticas apresen-
tam uma tela com pequenas barras triangulares em que o efluente flui pela parte
superior, passa pela peneira inclinada, sendo posteriormente encaminhado para
a unidade seguinte. Os sólidos fixados na peneira estática são empurrados pelo
próprio efluente (METCALF; EDDY, 2003; DEZOTTI, 2008; ). Nas peneiras
rotativas é montado um cilindro que gira conforme o fluxo do canal. O efluente
entra por meio da parte superior da peneira, atravessa as fendas e é recolhido por
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

uma lâmpada raspadora. Essas peneiras requerem uma considerável área para
instalação e devem ser limpas até duas vezes por dia (METCALF; EDDY, 2003).
As Caixas de areia ou desanerador têm como objetivo reter areias ou outros
detritos inertes e pesados de rápida deposição como, por exemplo, provenien-
tes de lavagens, enxurradas, infiltrações, podendo ser terra, partículas de metal,
carvão, cascalho e outros (DEZOTTI, 2008). O mecanismo do desarenador é
simplesmente o de sedimentação: os grãos de areia, devido a maiores densida-
des e dimensões, vão para o fundo do canto (decantam), enquanto o material
que tem essas dimensões menores, como matéria orgânica, segue para a justante.
A limpeza do desarenador pode ser feita de forma manual (ou caminhão limpa
fossa) ou mecanizada, por raspadores (VON SPERLING, 2005).
As Caixas de gordura consistem em tanques de retenção de materiais flutu-
ante, como gorduras, óleos e graxas, além de outros compostos com densidade
menor que a água. Os principais sistemas removedores de gordura são: a caixa de
gordura domiciliar, a caixa de gordura coletiva, separadores de óleo (DEZOTTI,
2008).

O vídeo apresenta um sistema de pré-tratamento por gradeamento de forma


mecanizada:

<http://www.youtube.com/watch?v=LVu3_14hsGA>
Vídeo que apresenta um sistema de pré-tratamento por peneiramento
<http://www.youtube.com/watch?v=tATV7AG387E>

Tratamento de Efluentes
106 UNIDADE III

A Equalização tem como objetivo minimizar ou controlar as variações nas


características do efluente, como fluxo e concentração, visando criar as melhores
condições para os tratamentos posteriores. Evita carga excessiva nos sistemas de
tratamento, garantindo a alimentação contínua dos mesmos e carga de poluen-
tes bem distribuidas (VON SPERLING, 2005; DEZOTTI, 2008).
A Neutralização é a correção do pH. Pode ser feita na equalização ou dire-
tamente. Consiste na adição de ácido/base antes de tratamentos posteriores ou,
ainda, pode ser feita no final do tratamento (DEZOTTI, 2008).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRATAMENTO PRIMÁRIO DE EFLUENTES

Os efluentes, após passarem pelo tratamento prelimininar, ainda contêm sólidos


em suspensão, não os grosseiros, os quais podem ser removidos por sedimenta-
ção, no entanto, parte siginficiativa desses sólidos e matéria orgânica ainda estão
presentes no efluente.
A Sedimentação/decantação é um sistema que consistem em remover sóli-
dos grosseiros que não são retidos pelas grades ou peneiras. A sedimentação é
uma operação unitária convencional de separação sólido-líquido que se baseia
na diferenciação de densidade de fases, a parte mais densa decanta, enquanto
o efluente clarificado segue para as próximas etapas de tratamento. Essa etapa
geralmente é realizada em decantadores que podem ser contruídos em vários
formatos como circulares ou retangulares e com diferentes formas de remoção
de lodo (mecanizado ou não). Os decantadores circulares apresentam menores
custos de instalações e de manutenção quando comparados aos retangulares
(DEZOTTI, 2008).
O processo de coagulação-floculação-sedimentação tem sido utilizado
tanto no tratamento de água potável quanto no tratamento de efluente industrial
como etapa de pré-tratamento ou tratamento terciário. Na coagulação, primei-
ramente, reações entre os produtos químicos e a água permitem a formação de
espécies hidrolisadas de carga positiva, cujo êxito depende da concentração e do
tipo de coagulante utilizado, além do pH final da mistura. Posteriormente, devido
ao transporte físico através da água, as espécies hidrolisadas entram em contato

EFLUENTES
107

com as partículas em suspensão. Para que seja garantida a eficácia da coagula-


ção, ambos os mecanismos, químico e físico, devem ocorrer em unidades que
propiciem a rápida e intensa agitação e mistura da massa líquida (MOTA; VON
SPERLING, 2009). Os coagulantes mais comumente utilizados são o sulfato de
alumínio, policloreto de alumínio (PAC) e cloreto férrico.
A floculação é um processo físico que ocorre logo após a coagulação. É
baseado na ocorrência de choques entre as partículas formadas anteriormente,
objetivando a formação de flocos ainda maiores, com maior volume e densidade.
Para a ocorrência dos choques entre as partículas, é importante que haja agi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tação na água, provocada pelos gradientes de floculação. Após a formação dos


flocos, é necessário removê-los do meio líquido. Isso pode ser feito por meio da
sedimentação, a qual pode ser definida como o processo seguinte à floculação,
e pode ser considerada como um fenômeno físico de separação de fases (sóli-
do-líquido), em que as partículas apresentam movimento descendente devido
à ação da força da gravidade, propiciando a clarificação do meio líquido (DI
BERNARDO; DANTAS, 2005).
O processo de tratamento por coagulação/floculação depende de vários
fatores, como: tipo e dosagem de coagulante, pH do efluente, natureza das subs-
tâncias produtoras de cor e turbidez, dentre outros. O tipo e a dosagem ideal da
quantidade de coagulante, assim como pH ótimo, velocidade de agitação, são
definidos em função principalmente da viabilidade econômica e característi-
cas do efluente. Além disso, é preciso observar o volume de lodo gerado. Para
isto, os testes de coagulação (por exemplo em “jar test”) são fundamentais para
determinar as condições ótimas para o tratamento de um determinado efluente
por coagulação/floculação.
A flotação é uma técnica de separação de misturas que consiste na introdução
de bolhas de ar a uma suspensão de partículas (MASSI et al., 2008). Basicamente,
esse processo se compreende em: geração de bolhas de tamanho adequado, liga-
ção das bolhas ao material a ser flotado, separação sólido/líquido ou líquido e
remoção do sobrenadante (DEZOTTI, 2008).

Tratamento de Efluentes
108 UNIDADE III

TRATAMENTO SECUNDÁRIO DE EFLUENTES

O principal objetivo do tratamento secundário de efluentes é a remoção da maté-


ria orgânica. Vários processos de tratamento são concebidos de forma a acelerar
o mecanismo de degradação que ocorre de forma natualmente nos corpos recep-
tores. A essência do tratamento secundário de efluentes é uma etapa biológica.
Uma grande variedade de microrganismos toma parte no processo, como bac-
térias, protozoários e fungos. A base de todo processo biológico é o contato
efetivo entre esses organismos e o material orgânico presente nos efluentes, de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tal forma que o mesmo possa ser utilizado como alimento pelos microrganis-
mos (VON SPERLING, 2005).
Os microrganismos convertem a matéria orgânica em gás carbônico, água
e material celular (crescimento e reprodução desses microrganismos). Em con-
dições anaeróbias, tem-se a produção de metano. A decomposição biológica
do material orgânico requer a manutenção de condições ambientais favoráveis,
como temperatura, pH, tempo de contato e outros, e em condições aeróbias, oxi-
gênio (VON SPERLING, 2005).
O tratamento secundário inclui unidades de tratamento preliminar, mas
pode ou não incluir unidades de tratamento primário. Os tratamento secundá-
rios mais comuns são: lagoas de estabilização, reatores anaeróbios, lodos ativados,
reatores aeróbios com biofilme.
As lagoas de estabilização são constituidas em: lagoas facultativas, sistemas de
lagoas anaeróbias-facultativa, lagoas aeradas facultativas, sistemas de lagoas aera-
das de mistura completa-sedimentação, lagoas
de maturação e lagoas de polimento.
As lagoas facutativas têm por finalidade
tratar os efluentes. Trata-se de uma constru-
ção simples, baseando-se principalmente no
movimento de terra (corte e aterro) e prepara-
ção dos taludes. É um processo essencialmente
natural, não necessitando de nenhum outro
equipamento. Por esta razão, a estabilização da
matéria orgânica se processa em taxas muito

EFLUENTES
109

lentas, com tempo de detenção superior a 20 dias. A fotossíntese, para que seja
efetiva, necessita de uma elevada área de exposição para o melhor aproveitamento
de energia solar pelas algas, também implicando na necessidade de grandes uni-
dades (VON SPERLING, 2005).
As lagoas anaeróbias-facultativas (ou sistema australiano) são sistemas ado-
tados quanto há a necessidade de buscar mais de um tratamento para eficiência
do sistema. Esse sistema requer grande áreas. O sistema funciona da seguinte
forma: o efluente bruto entra na lagoa anaeróbia (de menores dimesões e mais
profunda - 4,0 a 5,0) Nessa lagoa, devido a essas dimensões menores, praticamente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

não ocorre a fotossíntese, a profundidade tem por objetivo impedir que o oxigê-
nio produzido pela camada superior seja transmitido para camadas inferiores.
No processo anaeróbio, a decomposição da materia orgânica gera subprodutos,
como biogás. As bactérias anaeróbias têm uma alta taxa metabólica e de repro-
dução mais lenta do que bactérias aeróbias. Nesse sistema (anaeróbia seguida de
facultativa), a lagoa facultativa recebe uma carga de 30 a 50% apenas do efluente
bruto. Um item importante a ser observado nesse sistema é o seu bom equilíbrio,
pois a geração de mau cheiro não deve ocorrer. No entanto, eventuais problemas
operacionais podem ocorrer e liberar gás sulfídrico, responsáveis pelos odores.
Além disso, deve ser feita a remoção do lodo acumulado no decorrer dos anos,
bem como sua disposição final (VON SPERLING, 2005).
A lagoa aerada facultativa é um sistema predominantemente aeróbio, com
dimensões mais reduzidas. Sua principal diferença do sistema de lagoa facultativa
é a forma como é gerado o oxigênio, nesse sistema, há suprimento de oxigênio.
Enquanto na primeira o oxigênio é advindo da fotossíntese, nesse sistema, ele é
obtido por meio de aeradores. Os aeradores mecânicos são unidades de eixo ver-
tical, que, ao rodarem em alta velocidade, causam um grande turbilhamento na
água, essa ação faz com que haja penetração do oxigênio na massa líquida, onde
se dissolve. Com isso consegue-se uma maior introdução de oxigênio quando
comparada ao sistema lagoa facultativa convencional (VON SPERLING, 2005).
O tanque séptico é um sistema de tanque séptico seguidos de filtros anaeró-
bios (fossa-filtro), é utilizado principalmente no meio rural e em comunidades de
pequeno porte. Remove grande parte dos sólidos em suspensão, mas, por serem
tanques de sedimentação (sem reações biológicas), a remoção de DBO é bem

Tratamento Secundário de Efluentes


110 UNIDADE III

limitada. O efluente ainda pode ter elevadas concentrações de matéria orgânica,


que se dirige ao filtro anaeróbio, onde ocorre a remoção complementar também
em condições anaeróbias. O filtro anaeróbio é um reator com biofilmes, a bio-
massa cresce aderida a um meio suporte, usualmente pedras. Os filtros anaeróbios
geralmente são circulares quando vinculados ao tratamento de pequenas vazões,
podem ser retangulares quando acoplados a sistemas maiores. Esse tratamento
tem como risco a geração de maus odores (VON SPERLING, 2005).
Reatores anaeróbios de manta de lodo podem ser também denomina-
dos de Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente de Manta de Lodo (RAFA).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Têm como sigla original: reatores UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket).
Nos reatores UASB, a biomassa cresce dispersa no meio e não é aderida a algum
suporte. Essa própria biomassa, ao crescer, pode formar pequenos grânulos, cor-
respondente a diversas espécies microbianas, esses grânulos servem de suporte
para outras bactérias. A concentração de biomassa no reator é bastante elevada,
justificando a denominação de manta de lodo. O líquido entra no fundo e se
concentra com leito de lodo, o que causa a adsorção de grande parte da matéria
orgânica pela biomassa, o fluxo do líquido é ascendente. O produto resultante da
atividade microbiana é constituido de gases (metano e gás carbônico). Os sóli-
dos sedimentam na parte superior externa dessa estrutura cônica ou piramidal,
deslizando por suas paredes com grande inclinação até retornarem ao corpo do
reator. O efluente sai do compartimento de sedimentação relativamente clarifi-
cado e a concentração de biomassa é mantida no reator (VON SPERLING, 2005).
O gás é coletado na parte superior onde pode ser reaproveitado.
O sistema de lodos ativados é um processo de tratamento biológico em
que o esgoto afluente e o lodo ativado são misturados, agitados e aerados (tan-
que de aeração), ocorrendo a decomposição da matéria orgânica por meio do
metabolismo das bactérias presentes. Nessa etapa, o objetivo é remoção de maté-
ria orgânica biodegradável presente nos esgotos, após essa etapa, a fase sólida
é separada da fase líquida em um decantador, o lodo ativado separado retorna
para o processo ou vai para destinação final (ANDREOLI; VON SPERLING;
FERNANDES; 2001).
O quadro 13 apresenta, resumidamente, as vantagens e desvantagens de
alguns tratamentos secundários, citados nesta unidade.

EFLUENTES
111

TRATAMENTO VANTAGENS DESVANTAGENS


Lagoas - Satisfatória na remoção de DBO; - Requer grandes áreas.
facultativas - Construção e manunteção - Dificuldade em satisfazer a
simples. padrões de lançamento.
- Possibilidade de crescimento
de insetos.
- Performance variável com con-
dições climáticas (temperatura e
insolação).
Lagoas anaeró- - Idem ao anterior - Idem ao anterior
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

bias-facultativas (Lagoas facultativas). (Lagoas facultativas).


Lagoa aerada - Construção, operação e manu- - Introdução de equipamentos.
facultativa tenção simples. - Requisitos de energia elevados.
- Áreas inferiores a lagoas facul- - Baixa eficiência na remoção de
tativas e sistemas anaeróbios- fa- coliformes.
cultativos.
- Necessidade de remoção de
- Eficiência na remoção de DBO. lodo periódico.
Tanque séptico - Eficiência na remoção de DBO. - Baixa eficiência na remoção
(filtro anaeróbio) - Baixos requisitos de área. de nutrientes como P e N, e
coliformes.
- Boa resistência a variações de
carga. - Usualmente necessita de pós-
-tratamento.
- Pode gerar maus odores.
Reator UASB - Eficiência na remoção de DBO. - Baixa eficiência na remoção
- Baixos requisitos de área. de nutrientes como P e N, e
coliformes.
- Reduzido consumo de energia.
- Usualmente necessita pós-tra-
- Possilibidade de uso do biogás.
tamento.
- Lodo com ótima desidratabili-
dade.
Lodos Ativados - Eficiência na remoção de DBO. - Baixa eficiência na remoção de
- Possibilidade de remoção de P coliformes.
e N. - Elevados custos de operação e
- Baixos requisitos de área. energia.
- Possíveis problemas com
ruídos.
Fonte: adaptado Andreoli; von Sperling; Fernandes (2001)
Quadro 13: Resumo das formas de tratamento de efluentes

Tratamento Secundário de Efluentes


112 UNIDADE III

Existem inúmeras formas de tratamento de efluentes que podem ser utilizadas


tanto quanto pré-tratamento quanto pós-tratamento, dependendo das caracterís-
ticas do efluente bruto, podendo ser empregada apenas uma tecnologia, ou ainda,
uma combinação desses tratamentos. Visualizamos no quadro 13 que esses tra-
tamentos vão gerar o lodo que precisa ser tratado e destinado de forma correta
para evitar problemas ambientais. Não somente nesses tipos de tratamentos há
a geração de lodo, o que também ocorre nos tratamentos físico-químicos como
coagulação/floculação/sedimentação.
Lodos, que é o termo utilizado para denominar os subprodutos sólidos do

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tratamento de esgoto, também pode ser chamado de biossólido. Por exemplo:
esgotos brutos em decantadores primários recebem o lodo primário, composto
por sólidos sedimentáveis que fazem parte do esgoto bruto. Na etapa biológica
do tratamento, tem-se o lodo biológico ou lodo secundário, sendo a biomassa
que cresceu à custa do alimento fornecido pelo esgoto afluente. Em sistemas de
tratamento em que é incorporada uma etapa físico-química (coagulação/flo-
culação, por exemplo), gera-se o lodo químico. Em todos esses casos citados, é
necessário o descarte do lodo, isto é, sua remoção da parte líquida, nem todos os
tratamentos requerem uma retirada contínua, em outros casos, é feita uma reti-
rada frequente (ANDREOLI; VON SPERLING; FERNANDES, 2001). Para alguns
tipos de lodos são necessários tratamentos antes da destinação final adequada.

TRATAMENTO TERCIÁRIO DE EFLUENTES

Tem como principal finalidade a remoção de poluentes dos efluentes (rema-


nescentes de processos anteriores de tratamento), antes da descarga no corpo
receptor. Esse tratamento também é conhecido como polimento.
Esse tratamento pode ocorrer de forma diversificada, como exemplo pode-se
citar a cloração, adsorção em carvão ativado, processos de troca iônica, proces-
sos oxidativos avançados (POAs), processos de remoção biológica de nutrientes,
como fósforo e nitrogênio.
Os processos oxidativos avançados (POAs) têm como vantagem que o
tratamento dos poluentes são destruídos e não só transferidos de fase, como

EFLUENTES
113

nos tratamentos convencionais (TEIXEIRA; JARDIM, 2004). Os Processos


Oxidativos (POA) são definidos como os processos com potencial de produzir
radicais hidroxilo (•OH), espécies altamente oxidantes, em quantidade suficiente
para mineralizar matéria orgânica a dióxido de carbono, água e íons inorgâni-
cos (POLEZI, 2003). Podem ser citados como POAs: fotocatálise, ozonização,
UV/H2O2, foto-fenton, fotólise.
A desinfecção de esgotos sanitários não visa à eliminação total de microrga-
nismos (esterilização), conforme ocorre na medicina e na indústria de alimentos.
Desinfetar esgotos é uma prática que busca inativar seletivamente espécies de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

organismos presentes no esgoto sanitário, em especial aquelas que ameaçam a


saúde humana em consonância com os padrões de qualidade estabelecidos para
diferentes situações (DANIEL, 2001). A desinfecção pode ocorrer de forma natu-
ral como, por exemplo, em lagoas de maturação e polimento (que são lagoas
com menores profundidades onde a penetração da radiação ultravioleta acon-
tece de forma natural) ou em condições artificiais como: a cloração, que consiste
na aplicação de cloro para eliminar os microrganismos ou em processos como
ozonização, radiação ultravioleta e membranas (VON SPERLING, 2005).
A remoção de N e P pode ser um dos objetivos no tratamento de efluentes,
dependendo do impacto causado nos corpos receptores. Vimos anteriormente
que esses nutrientes, em excesso, podem causar um fenômeno chamado de
eutrofização. Podem ser removidos em: lagoas de estabilização, nos sistemas
de disposição controlada no solo, por lodos ativados e reatores com biofilmes e
processos físico-químicos.

Processo de Tratamento de Efluentes


Este vídeo apresenta o processo de tratamento físico-químico, biológico e polimento
de efluentes.

< http://www.youtube.com/watch?v=Uep2Pb6on6E>.

Tratamento Secundário de Efluentes


114 UNIDADE III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram observados nesta unidade os diferentes tipos de efluentes quanto à gera-


ção, podendo ser domésticos (sanitários), industriais, de serviços de saúde e
agrícolas. Também falamos sobre o lixiviado (chorume), proveniente da decom-
posição de resíduos sólidos.
Observamos que cada efluente tem uma certa particularidade, principalmente
quando se trata dos industriais, de serviços de saúde e agrícolas, uma vez que
está relacionado com a atividade geradora, com o processamento e uso da água.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para implantarmos um sistema de tratamento de efluentes, é necessário
conhecer as características do efluente bruto, parâmetros físico-químicos e micro-
biológicos, e quantidade gerada.
Os tratamentos podem ser utililizados na sequência preliminiar, primário,
secundário e terciário, ou não necessariamente nesta ordem. Certos efluentes
não necessitam de um tratamento primário, por exemplo, mas podem necessi-
tar de um terciário, caso precisem da remoção de poluente específico, por isso
devem ser levadas em consideração as características do efluente bruto, além
disso, devem ser levantados os custos de implantação e manutenção dos siste-
mas de tratamento.

EFLUENTES
115

1. Diferencie os tipos de efluentes quanto à sua geração e cite as características


físico-químicas que são relevantes para cada tipo de efluentes.
2. Por que é importante um programa de amostragem em efluentes industriais?
Com base na unidade estudada, justifique sua resposta.

3. Existem tratamentos de efluentes Preliminares, Primários, Secundários e


Terciários. Para tratar um efluente é necessário seguir essa ordem? E por
que, em tratamento de certos efluentes, os tratamentos devem ser feitos
de forma acoplada?
MATERIAL COMPLEMENTAR

Introdução à qualidade das águas e ao tratamento


de esgotos
Marcos Von Sperling
Editora: Departamento de Engenharia Sanitária e
Ambiental (UFMG)
Sinopse: o livro Introdução à Qualidade das Águas e ao
Tratamento de Esgotos aborda o tratamento de águas
e esgotos. Apresenta noções de qualidade das águas, a
água na natureza, as suas impurezas e seus parâmetros de
qualidade. Também apresenta as características das águas
residuárias, os tipos de vazões, bem como a caracterização
dos esgotos. Além disso, aborda a legislação ambiental
e impacto do lançamento de efluentes em corpos
receptores, sistemas de tratamento de esgotos e lodos.
O Prof. Marcos Von Sperling neste livro procurou apresentar
uma visão integrada das qualidades das águas e esgotos.

Processos e Técnicas para o Controle Ambiental de


Efluentes Líquidos
Márcia Dezotti (coordenadora)
Editora: COPPE/UFRJ
Sinopse: o livro Introdução à Qualidade das Águas e ao
Tratamento de Esgotos aborda o tratamento de águas
e esgotos. Apresenta noções de qualidade das águas, a
água na natureza, as suas impurezas e seus parâmetros de
qualidade. Também apresenta as características das águas
residuárias, os tipos de vazões, bem como a caracterização
dos esgotos. Além disso, aborda a legislação ambiental
e impacto do lançamento de efluentes em corpos
receptores, sistemas de tratamento de esgotos e lodos.
O Prof. Marcos Von Sperling neste livro procurou
apresentar uma visão integrada das qualidades das águas
e esgotos.
Professora Me. Renata Cristina de Souza

IV
UNIDADE
POLUIÇÃO DO AR

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender conceitos de poluição atmosférica e principais
características de poluentes atmosféricos.
■■ Analisar as principais fontes de poluição atmosférica, bem como
medidas diretas e indiretas de controle da poluição.
■■ Apresentar os padrões e monitoramento da qualidade do ar.
■■ Estudar sobre os efeitos adversos dos poluentes atmosféricos.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Breve histórico da poluição atmosférica
■■ Fonte de poluição atmosférica
■■ Principais poluentes atmosféricos
■■ Poluição do ar em diferentes escalas espaciais
■■ Características dos poluentes atmosféricos
-- Definições
■■ Qualidade do ar
-- Padrões de qualidade do ar
-- Monitoramento da qualidade do ar
■■ Prevenção e controle da poluição do ar
-- Medidas indiretas
-- Medidas diretas
■■ Dispersão de poluentes na atmosfera
■■ Efeitos dos poluentes atmosféricos
119

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(o), nesta quarta unidade, você estudará conceitos e formas de


poluição atmosférica, onde busco mostrar que a poluição do ar é identificada
como um dos grandes problemas ambientais da atualidade, e tem se destacado
no meio científico, tendo em vista sua implicação na saúde da população, como
doenças no trato respiratório, asma e insuficiência respiratória.
Assim, torna-se necessário refletirmos em conjunto quando nossas ativida-
des lançam uma carga significativa de poluentes na atmosfera.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O agravamento das concentrações dos poluentes atmosféricos pode cau-


sar impactos na saúde, na biodiversidade em geral, além de contribuir para as
mudanças climáticas em nosso planeta. Portanto, o estudo da poluição atmos-
férica levará a um maior entendimento dos problemas ambientais em escala
global e local, criando as condições técnico-científicas para o seu enfrentamento.
Vamos apontar que esses poluentes têm duas origens: naturais e antrópicas.
As fontes naturais são oriundas de vulcões, do solo, dos oceanos, mas, para esse
tipo de poluição, a própria natureza possui mecanismos físicos e químicos para
degradar os contaminantes emitidos. A poluição de origem antrópica tem ori-
gem em atividades industriais e urbanas, em que essas fontes lançam poluentes
na atmosfera, os quais, dependendo das condições climáticas, possuem maio-
res ou menores chances de dispersar.
Também vamos falar sobre as formas de minimizarmos essas emissões, tendo
medidas diretas e indiretas. Com medidas indiretas, podemos ter como obje-
tivo a redução na própria fonte, uma diluição ou afastamento de poluentes; e a
respeito das medidas diretas, vamos abordar algumas formas mais comuns de
tratamento para o controle da poluição do ar.

Introdução
120 UNIDADE IV

BREVE HISTÓRICO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Durante muitos anos, o ser humano usou o fogo em suas residências de uma
maneira que o ar que respirava estava contaminado por produtos da combustão
incompleta. Após a invenção da chaminé, foi possível remover esses produtos
do ambiente doméstico.
Na Europa nos séculos XII e XIII, com uso da madeira como combustível, a
mesma começou a se tornar escassa, e foi preciso buscar outro combustível alter-
nativo, surgiu então o uso do carvão mineral (STERN, 1994).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Portanto, a poluição simbolizava a expansão econômica e progresso tecnoló-
gico. A civilização industrial desenvolveu-se gerando resíduos que são lançados
no ar, no solo, nos rios, nos lagos e nos mares. De acordo com o autor supraci-
tado, a Inglaterra liderou a abordagem do problema da poluição do ar e, em 1853
e 1856, o parlamento promulgou duas leis específicas sobre o assunto, inclu-
sive dando poderes à polícia para fiscalizar a fumaça das chaminés.
Com todos esses problemas detectados, no fim do século XIX, foram rea-
lizados estudos sobre a origem das causas da poluição por fumaça e sobre sua
forma de prevenção e controle, sob a responsabilidade de uma comissão inglesa,
em 1881, e de comissões alemãs e francesas, em 1894 (SILVA, 2007).
No século XX, no período de 1900 a 1925, houve uma grande mudança na
tecnologia e, consequentemente, nas fontes de emissão da poluição atmosférica
e no seu controle. Entretanto, não houve nenhuma mudança significativa na
legislação, nem no conhecimento do problema ou manifestações públicas a esse
respeito. E, à medida que as cidades e fábricas aumentavam de tamanho, agra-
vavam-se os problemas de poluição (LYRA; THOMAZ, 2008).
Entre 1925 e 1950, ocorreram inúmeros problemas de poluição como aci-
dentes graves envolvendo episódios da poluição atmosférica nos seguintes locais:
1. Vale do Meuse, em 1930 na Bélgica: ocorreu um intenso “fog” na área
industrial, com duração de 5 dias, entre os dias 1 e 5 de dezembro de
1930. Foi causado pela emissão de poluentes, principalmente por mate-
riais particulados e, ainda, foi agravado por uma inversão térmica que
acarretou em doenças e mortes (LYRA; THOMAZ, 2008).

POLUIÇÃO DO AR
121

2. Donora, Estados Unidos, em 1948: ocorreu no período de 25 a 31 de


outubro de 1948, devido às emissões de SO2 e CO provenientes de fon-
tes próximas da cidade, uma fundição de zinco, uma fundição de aço e
numerosas metalúrgicas foram as fontes causadoras. Nesse episódio, 43%
da população adoeceu com problemas no trato respiratório e nos olhos,
e 20 pessoas vieram a óbito, concluiu-se que a presença de dióxido de
enxofre e o material particulado estavam associados ao episódio.
3. Londres, 1952: entre 5 e 9 de dezembro ocorreu um grave acidente que
foi chamado “The Great Smog”, quando quatro mil pessoas morreram.
Esse episódio foi causado por emissões de SO2 e material particulado,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

agravado por uma inversão térmica (LYRA; THOMAZ, 2008).


4. Bauru, 1952 (Brasil): esse episódio durou 1 semana e foi comprovado
que foi provocado pela emissão de pó de mamona na atmosfera, oriundo
de uma indústria de extração de óleos vegetais. Foram registrados 150
casos de doenças respiratórias agudas e nove óbitos (SILVA, 2007).
5. Outros episódios: houve registros de outros episódios envolvidos com a
emissão de particulados oriundos de atividades antrópicas, como Nova
Orleans (1955), Mineápolis (1956), Sevezo (1976), Lago da Paz (1986).

Esses acidentes que foram citados acima levaram ao estabelecimento de leis mais
rigorosas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, e no ano de 1963 foi
promulgado nos EUA o “Clean Air Act”, ato que estabeleceu padrões da qualidade
do ar e estratégias de controle da poluição na fonte (LYRA; THOMAZ, 2008).
Como podemos ver, foram muitos os episódios relatados de doenças e mortes
ocasionadas em vários locais do mundo em consequência da poluição atmosfé-
rica resultantes de atividades antrópicas.

Vídeo: A poluição atmosférica


Esse vídeo apresenta as diversas formas de poluição atmosférica causadas por
atividades antrópicas

<http://www.youtube.com/watch?v=0wMzEpCnKP4>.

Breve Histórico da Poluição Atmosférica


122 UNIDADE IV

Resolução CONAMA Nº 433/2011 - Dispõe sobre a inclusão no Programa de


Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores-PROCONVE e estabe-
lece limites máximos de emissão de ruídos para máquinas agrícolas e rodo-
viárias novas.
Pode ser acessada na íntegra pelo link abaixo:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=654>.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FONTES DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Pode ser originada por fontes naturais ou antrópicas.


A poluição do ar é um dos grandes problemas ambientais da atualidade nos
centros urbanos, trazendo consequências dramáticas para a saúde da população,
principalmente para idosos, crianças e portadores de doenças do trato respira-
tório, como bronquite, asma, insuficiência respiratória.
Como principais fontes, nesses centros urbanos, destacam-se os veículos a
diesel, automóveis e indústrias. E quanto à concentração desses poluentes, está
relacionada ao tipo da fonte de emissão, conjugada a fatores, como clima, geo-
logia, uso do solo, distribuição, condições de emissões e dispersão de poluentes
(CETESB, on-line).
De acordo com Silva (2007), a atmosfera pode ser considerada como um
local onde permanentemente ocorrem reações químicas, pois ela absorve uma
grande variedade de sólidos, gases e líqui-
dos provenientes de fontes tanto naturais
quanto industriais, que podem dispersar ou
reagir entre si ou, até mesmo, com outras
substâncias presentes na atmosfera.
Podemos constatar que muitas ativida-
des desenvolvidas resultam em alterações
na composição do ar, tornando-o nocivo
ao homem e a outras formas de vida.

POLUIÇÃO DO AR
123

Os poluentes quanto à classificação existem duas fontes de emissão quanto


a sua origem:
Emissões Naturais/ Poluição Natural: spray
marinho, o solo, a vegetação (polinização), os oce-
anos, gases e vapores. Por exemplo, as erupções
vulcânicas ou vulcanismo emitem particulados e
gases, como H2S, SO2 e metano, que podem impactar
o meio ambiente, mesmo a distâncias consideráveis
da fonte vulcânica, que pode lançar poeira de 20 a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

©shutterstock

30 km de altura (LYRA; THOMAZ, 2008).


Enquanto o solo emite N2O (desnitrificação), NH3 (em processos anaeró-
bios) e gases redutores como CH4, NO, H2S. Os oceanos, por meio da variação
de temperatura, podem emitir gases dissolvidos como: CO, CO2, CH3, N2O e
outros (SILVA, 2007).
Emissões antropogênicas (antrópicas) – oriun-
das de veículos, aviões e indústrias, como de petróleo,
têxteis, químicas, alimentícias, papel, madeira, dentre
outras. A quantidade e a qualidade do poluente estão
ligadas diretamente ao processamento industrial.

Poluição do ar afeta a saúde


Quem mora em grandes cidades corre mais risco de ter doenças respiratórias e
problemas no coração. As pessoas mais atingidas são crianças e idosos. O vídeo
apresenta alguns problemas quanto à poluição atmosférica

< http://www.youtube.com/watch?v=fr1Kqccb9Ng>

PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS

Podemos dizer que existe poluição atmosférica quando nele há uma ou mais
substâncias químicas em concentração suficiente para causar danos ao homem,
animais, vegetais, materiais. O nível dessas concentrações vai depender do clima,
topografia, densidade populacional, do nível e do tipo das atividades industriais

Breve Histórico da Poluição Atmosférica


124 UNIDADE IV

locais (BRAGA et al., 2005). Os poluentes podem ser classificados em primários


e secundários. Os poluentes primários são aqueles emitidos diretamente das
fontes para a atmosfera, por exemplo, o SO2, NO2, entre outros. Enquanto que
os poluentes secundários são os formados na atmosfera, por meio das reações
químicas, a partir de poluentes primários. Entre esses, destacam-se os oxidan-
tes fotoquímicos resultantes da reação entre os hidrocarbonetos e os óxidos de
nitrogênio na presença de luz solar. O ozônio (O3) é o oxidante fotoquímico que
provoca mais danos ao ambiente.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Qualidade do Ar – CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
Poluentes:
Considera-se poluente qualquer substância presente no ar e que, pela sua
concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, cau-
sando inconveniente ao bem-estar público, danos aos materiais, à fauna e
à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às ativi-
dades normais da comunidade. O nível de poluição atmosférica é medido
pela quantidade de substâncias poluentes presentes no ar. A variedade das
substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é muito grande, o
que torna difícil a tarefa de estabelecer uma classificação.
Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/ar/Informa??es-B?sicas/
21-Poluentes>. Acesso em: 27 maio 2012.

Dentre os poluentes, podemos encontrar:


Material Particulado: são definidas como sendo partículas com diâme-
tro aerodinâmico equivalente inferior a 100µ. Dentre as partículas inaláveis, as
mais grossas ficam retidas na parte superior do sistema respiratório. As mais
finas, chamadas de inaláveis, penetram mais profundamente. As submicrômi-
cas podem atingir os alvéolos pulmonares. De acordo com recentes estudos da
Organização Mundial de Saúde, foi estimado que 6% das mortes na Europa
(1 em cada 17 mortes) são causadas por exposição a material particulado
oriundo da queima veicular de combustíveis fósseis (COVILE et al., 2003).
POLUIÇÃO DO AR
125

Monóxido de Carbono: é um gás incolor, inodoro e extremamente tóxico,


oriundo da combustão incompleta de materiais fósseis como petróleo e car-
vão, emissões biogênicas, oceanos, oxidação de compostos metânicos e não
metânicos e, ainda, da queima de biomassa. De acordo com Stern (1994), a
exposição ao gás carbônico pode agravar as doenças já existentes de pul-
mão e coração. Altas concentrações reduzem a absorção de oxigênio pelo
sangue, podendo até causar a morte. Seus efeitos são mais danosos nos fetos,
recém-nascidos, idosos e doentes, no entanto, qualquer pessoa pode estar sujeita
aos seus efeitos se a dose for elevada.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Dióxido de Carbono (CO2): é um dos principais gases responsáveis pelo


efeito estufa. Sua concentração na atmosfera tem se mantido instável ao longo de
toda a história da Terra, mas o aumento nas emissões desse gás, resultante prin-
cipalmente de atividades antropogênicas, e a redução das fontes consumidoras
desse gás, principalmente por meio do desmatamento, têm feito com que sua
concentração fique acima dos níveis normais, ocasionando maior retenção
da radiação solar refletida pela superfície da Terra e, consequentemente, aumen-
tando a temperatura média do planeta (BRAGA et al., 2005).
Dióxido de Enxofre: proveniente da queima de combustíveis fósseis, de
biomassa e vulcões. O ar poluído com dióxido de enxofre agrava as infec-
ções respiratórias, ataca árvores e plantas e material de construção. O SO2 agrava
as doenças respiratórias preexistentes e também contribui para seu desenvol-
vimento e, ainda, pode causar sérios danos nos tecidos do pulmão (STERN, 1994).
Óxidos de Nitrogênio: oriundos de motores de combustão (aviões, fornos,
incineradores etc.), do uso excessivo de certos fertilizantes, iluminação e de ins-
talações industriais. Devido a sua baixa solubilidade, pode penetrar no sistema
respiratório, dando origem às nitroaminas, algumas das quais podem ser car-
cinogênicas (BRAGA et al., 2005).
Poluentes Orgânicos: são provenientes de fontes naturais e antropogênicas
(NEVES, 1999). Podem agir como um dos precursores na formação de ozônio
atmosférico e outros produtos de reações fotoquímicas, além disso, alguns efeitos
estão associados a sua exposição, como: depressão do sistema nervoso central
– SNC, cefaleia, tonturas, fraqueza, espasmos musculares, vômitos, dermatites,
fibrilação ventricular, convulsões, coma e até a morte quando existe expo-
sição prolongada (STERN, 1994).
Breve Histórico da Poluição Atmosférica
126 UNIDADE IV

Hidrocarbonetos: são gases e vapores oriundos da queima incompleta e


evaporação de combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis. Alguns
hidrocarbonetos como o benzeno são cancerígenos e mutagênicos, não havendo
uma concentração ambiente totalmente segura. Participam ativamente das rea-
ções de formação da “névoa fotoquímica”, que possui este nome porque causa
na atmosfera diminuição da visibilidade (CETESB, on-line).
Ozônio: é um oxidante secundário formado no Smog Fotoquímico. Provoca
redução na colheita e no crescimento de árvores, pois inibe a fotossíntese. Além
disso, provoca irritação nas vias respiratórias, dor de cabeça, tontura cansaço e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tosse. O smog afeta a visibilidade, além de outros danos à saúde causados pelo
ozônio, que são inúmeros: pode causar ressecamento das membranas muco-
sas da boca, nariz e garganta, dor de cabeça, alterações na visão, ardor nos
olhos, mudanças funcionais no pulmão e edema (STERN, 1994).

POLUIÇÃO DO AR EM DIFERENTES ESCALAS ESPACIAIS

Sob o ponto de vista espacial, as fontes espaciais podem ser classificadas em


móveis e estacionárias. Como exemplos de fontes móveis, podemos citar os veí-
culos, aviões, que emitem poluentes de forma dispersa, e quanto a exemplos de
fontes estacionárias, podemos citar uma chaminé de uma indústria.
De acordo com Braga et al. (2005) e Thomaz e Lyra (2008), quanto à dimen-
são da área atingida ou extensão do seu efeito, os problemas de poluição podem
ser classificados em globais ou locais (regionais):
Poluentes de efeito global: gás carbônico, metano, gases não condensáveis e
CFC são poluentes com impactos globais, pois estes poluentes afetam as caracterís-
ticas das altas camadas atmosféricas, causando destruição do ozônio estratosférico
através de reações fotoquímicas (CFC) ou aquecimento global (emissões de CO2,
metano, N2O etc.). São poluentes que, em geral, não causam impactos diretos
locais, mas afetam indiretamente a vida de todas as pessoas do planeta devido às
mudanças climáticas ou alterações na camada de ozônio.
Poluentes de efeitos regionais: são poluentes que afetam a qualidade ambien-
tal principalmente nas regiões mais próximas às fontes, não necessariamente
contribuindo para um efeito global. São exemplos, material particulado, SO2,
POLUIÇÃO DO AR
127

CO, NOx, flúor, chumbo, amônia etc., que causam impactos localizados, como
deposição seca ou úmida (SO2), formação de outros poluentes (CO oxidando-
-se a CO2), chuva ácida (NOx), injúrias às plantas e problemas na dentição
dos animais que delas se alimentarem (flúor). O quadro 14 apresenta algumas
fontes de poluição e principais poluentes.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

China impõe limites para emissão de poluentes atmosféricos


A reportagem anuncia que as indústrias instaladas no país terão que ficar
mais eficientes e cerca de 30% mais limpas até o final de 2017.
<http://oglobo.globo.com/ciencia/china-impoe-limites-para-emissao-de-
-poluentes-atmosfericos-8734753>

FONTES POLUENTES
Material particulado. Dióxido de enxofre e monóxi-
Combustão.
do de carbono.

Fontes Materiais Particulados (fumos, poeiras, névoas),


Processo Industrial.
Estacionárias gases (SO2; SO3, HCl, Hidrocarbonetos).
Queima de resíduos sólidos. Material particulado e gases (SO2; SO3, NOx, HCl).
Outras. Hidrocarbonetos, material particulado.
Material particulado, monóxido de carbono, óxidos
Veículos: gasolina, diesel,
Fontes Móveis de nitrogênio, hidrocarbonetos, aldeídos, ácidos
álcool, aviões, motos, trens.
orgânicos.
Fontes Materiais particulados – poeiras; gases (SO2; H2SO4,
Naturais CO, NO2, Hidrocarbonetos).
Poluentes secundários – aldeídos, ácidos orgânicos,
Reações químicas na atmosfera. Ex.: Hidrocar-
nitratos orgânicos, aerosol fotoquímico, dentre
bonetos + óxidos de nitrogênio (luz solar)
outros.
Fonte: adaptado CETESB
Quadro 14: Principais fontes de poluição do ar e principais poluentes

Breve Histórico da Poluição Atmosférica


128 UNIDADE IV

CARACTERÍSTICAS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS

DEFINIÇÕES

Para melhor entendimento, seguem algumas definições (SILVA, 2007):


■■ Poeira: partículas sólidas, produzidas por manipulação, esmagamento,
desintegração, trituração, desintegração de substâncias orgânicas e inor-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gânicas, por exemplo: madeiras, rochas, minérios. As poeiras tendem a
flocular.
■■ Fumos: são partículas sólidas resultantes da condensação ou sublima-
ção de gases, geralmente fundidos após volatilização de metais fundidos
(substâncias que são sólidas a temperatura normal), por exemplo: fumos
metálicos em geral e fumos de cloreto de amônio.
■■ Névoas: são gotículas líquidas em suspensão, produzidas pela condensa-
ção de gases ou pela passagem de um líquido a estado de dispersão por
respingo, podemos citar como exemplo: névoas de ácido, névoas de tinta
e névoas de óleo.
■■ Aerossóis: são partículas em suspensão no ar, de forma sólida ou líquida.
■■ Catalizador: substância que presente em pequena quantidade aumenta
as reações químicas.
Ainda, conforme o autor supracitado, as substâncias gasosas podem ser sub-
divididas em gases verdadeiros e vapores:
■■ Vapores: definido como forma gasosa de uma substância sólida ou líquida
(temperatura de 25ºC e uma pressão de 760 mm Hg), que pode voltar
a estes estados por aumento de pressão ou diminuição de temperatura.
Como exemplos podemos citar: vapores de água, gasolina, mercúrio,
benzeno e outros.
■■ Gases: normalmente fluídos sem forma que ocupam o espaço que os con-
tém e só podem se liquefazer ou solidificar-se sob a ação combinada de
aumento de pressão e diminuição de temperatura.

POLUIÇÃO DO AR
129

■■ Qualidade do ar: A qualidade do ar é determinada por meio de medidas


de concentração de poluentes escolhidos como indicadores de qualidade
do ar, considerando aqueles poluentes que ocorrem em maior frequência
e que maiores danos causam ao meio ambiente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 005 de 15 de junho de 1989 - Instituir o Programa


Nacional de Controle da Qualidade do Ar - PRONAR
Disponível na íntegra em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/resolucao_cona-
ma_n_005_pronar.pdf>
RESOLUÇÃO CONAMA nº 3 de 1990 - Dispõe sobre padrões de qualidade do
ar, previstos no PRONAR
Disponível na íntegra em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100>
RESOLUÇÃO CONAMA nº 8 de 1990 - Dispõe sobre o estabelecimento de
limites máximos de emissão de poluentes no ar para processos de combus-
tão externa de fontes fixas de poluição.
Disponível na íntegra em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=105>

PADRÕES DE QUALIDADE DO AR

A Resolução CONAMA n° 03, de 28/06/1990, estabelece os padrões de quali-


dade do ar, como as concentrações de poluentes atmosféricos que, ultrapassados,
poderão afetar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, bem como oca-
sionar danos à flora e fauna, aos materiais e ao meio ambiente em geral.
São padrões primários de qualidade ambiental do ar as concentrações
de poluentes que, ultrapassadas, afetam a saúde das populações. Os padrões

Características dos Poluentes Atmosféricos


130 UNIDADE IV

secundários de qualidade do ar são as concentrações de poluentes abaixo das


quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população e ao
meio ambiente.
A resolução CONAMA 03/90, com base no PRONAR (Programa Nacional
de Controle do Ar), estabelece em nível nacional os padrões de qualidade do
ar em termos de Partículas Totais em Suspensão (PTS), Fumaça, Partículas
Inaláveis (PI ou PM-10), Dióxido de Enxofre (SO2), Monóxido de Carbono
(CO), Ozônio (O3) e Dióxido de Nitrogênio (NO2), todos indicadores de
qualidade do ar consagrados universalmente, em função da sua maior fre-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
quência de ocorrência e dos efeitos adversos que causam no homem e no
meio ambiente.
A Tabela 1 aponta os padrões estabelecidos na Resolução CONAMA, n° 03/90.

PADRÃO
TEMPO DE PADRÃO PRIMÁRIO
POLUENTE SECUNDÁRIO
AMOSTRAGEM (ΜG/M3)
(ΜG/M3)
Partículas totais em MGA 24 horas (*) 80 60
suspensão 240 150
Fumaça MMA 24 horas (*) 60 40
150 100
Partículas inaláveis MMA 24 horas (*) 50 50
150 150
SO2 MMA 24 horas (*) 80 40
365 100
CO2 8 horas (*) 10.000 (9 ppm) 10.000 (9
40.000 (35 ppm) ppm)
40.000 (35
ppm)
Ozônio 1 horas (*) 160 160
NO2 MMA 100 100
1 hora 320 190
Tabela 1: Padrões de qualidade do ar no Brasil
Fonte: adaptado de Conama 03/1990
Legenda: µg/m3: microgramas por metro cúbico de ar; MGA: média geométrica anual; MMA: média
aritmética anual; (*) não deve execer mais de uma vez por ano; ppm: parte por milhão.

POLUIÇÃO DO AR
131

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

No Brasil, os padrões de qualidade do ar são fixados pelo Conselho Nacional do


Meio Ambiente (CONAMA) por meio da Resolução CONAMA 03/90.
O objetivo do estabelecimento de padrões secundários é criar uma base para
uma política de prevenção da degradação da qualidade do ar. Deve ser aplicado
em áreas de preservação, como parques nacionais, áreas de proteção, dentre
outros (SILVA, 2007).
O monitoramento da qualidade do ar é feito para determinar o nível de con-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

centração de um um grupo de poluentes. Para cada uma dessas substâncias, foram


definidos limites máximos de concentração que, à medida que esses parâmetros
são ultrapassados, podem vir a afetar a saúde e o bem-estar da população, além
de ocasionar sérios danos ao meio ambiente (CETESB, on-line).
Por exemplo, no estado de São Paulo, esse monitoramento é feito pela CETESB
(Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que possui estações medido-
ras em algumas cidades, além de estações móveis. O funcionamento da rede de
monitoramento é ligado a uma central de computadores por via telefônica, que
registra ininterruptamente as concentrações de poluentes na atmosfera. Esses
dados são processados com bases nas médias estabelecidas pelos padrões legais e
nas previsões meteorológicas que indicam condições para dispersão dos poluen-
tes, que emitem boletins diários, apresentando a situação das últimas 24 horas.
A divulgação dos dados permite uma informação rápida e precisa, e facilmente
compreendida sobre os níveis diários de qualidade do ar.
O monitoramento da qualidade do ar é feito mediante as adequações regionais,
respeitando as normas e diretrizes estabelecidas pelo PRONAR. Atualmente, em
função da crescente preocupação com o meio ambiente, também cresce a neces-
sidade de avaliar os impactos reais e potenciais oriundos da poluição ambiental,
bem como formas de prevenção e tratamento.

Características dos Poluentes Atmosféricos


132 UNIDADE IV

PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR

Para o controle da poluição atmosférica, envolve-se etapas desde o planejamento


dos núcleos urbanos e industriais, até as ações diretas sobre as formas de emissões.
Existem dois tipos de medidas: as diretas e as indiretas.

MEDIDAS INDIRETAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
São as ações que visam à eliminiação, redução na fonte, diluição, segregação ou
afastamento dos poluentes.
De acordo com Silva (2007), são consideradas ações de medidas indiretas:
■■ Planejamento e medidas correlatas: consiste em uma melhor distribuição
espacial das fontes de poluição, aumentando a distância da comunidade
receptora, diminuindo a concentração de atividades poluidoras próximas
a núcleos residenciais, controle da circulação.
■■ Diluição por meio de chaminés altas: tem por objetivo reduzir a concen-
tração de poluentes ao nível do solo, sem a redução da quantidade emitida.
■■ Medidas para impedir a geração de poluentes: em muitos casos, os
poluentes podem ser eliminados totalmente por meio da substituição
de combustíveis, matérias-primas e reagentes que entram nos processos,
ou seja, combustíveis, materiais e processos de baixo impacto ambiental,
conduzindo a tecnologias limpas.
■■ Medidas para reduzir a geração de poluentes: adotam-se medidas como
operação dos equipamentos dentro de sua capacidade nominal, operação
e manutenção adequada de equipamentos produtivos, caldeiras, fornos,
veículos, dentre outros, ou seja, a redução na fonte.

MEDIDAS DIRETAS

Consistem na retenção dos poluentes após a geração com ações que visam redu-
zir a quantidade dos poluentes descarregada na atmosfera, por meio da instalação
de equipamentos de controle.

POLUIÇÃO DO AR
133

De acordo com Silva (2007), primeiro, após serem esgotados todos os esforços
com medidas anteriormente mencionadas, sem conseguir a redução necessária,
então devem ser adotados equipamentos de controle de poluentes (filtros). Os
equipamentos de controle de poluição do ar são divididos em função do tipo do
poluente a ser considerado (Equipamentos de Controle de Material Particulado
e Equipamento de controle de gases).
O material particulado pode ser removido do fluxo gasoso poluído por
sistemas secos (coletores mecânicos inerciais e gravitacionais, centrífugos, pre-
cipitadores eletrostáticos secos e filtros de tecido) e sistemas úmidos (lavadores
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e precipitadores eletrostáticos úmidos). Os três tipos de equipamentos mais efi-


cientes para controlar material particulado são o filtro de manga, precipitador
eletrostático e os lavadores de gases.
Filtro de Tecido: são classificados de acordo com o formato, podendo ser
filtros de manga ou do tipo envelope. De acordo com Silva (2007) Thomaz e Lyra
(2008) , são sistemas comumente utilizados. Seu funcionamento é simples; o fil-
tro constitui-se de um tecido de lã ou de feltro, e consiste na passagem de gases
carregados com partículas sólidas que ficam aderidas ao filtro, de tempos em
tempos esse material deve ser retirado. Ainda, podem operar em regime contí-
nuo ou intermitente. A operação intermitente é empregada quando a operação
da fonte poluidora pode ser interrompida para limpeza, por exemplo, em ope-
rações de poliemento, ensacamento. O regime contínuo é possível por meio do
banghouse em paralelo, ocorrendo a limpeza sem interrompimento do fluxo.
Precipitadores Eletrostáticos: têm como principal mecanismo a força elé-
trica. Consistem no fornecimento de carga elétrica à partícula, o que ocorre
por meio da ionização do gás pelo efeito corona, assim, as partículas carregadas
são submetidas a um campo elétrico de modo que sua velocidade de migração
eletrostática cause a coleta das mesmas sobre uma placa aterrada, onde per-
dem suas cargas e a camada de pó formada é removida para posterior descarte
(MEIRA, 2009).
Ciclones (ou Separadores Ciclones): são coletores que utilizam a força
centrífuga para coletar as partículas. Podem ter entrada tangencial ou radial.
São compostos por um corpo cônico cilíndrico, no qual entram tangencial-
mente os gases a depurar por uma abertura na parte superior do equipamento.

Características dos Poluentes Atmosféricos


134 UNIDADE IV

As partículas, submetidas à força centrífuga no final de certo número de voltas,


chocam-se com a parede e terminam depositando-se na parte inferior do cone
(LISBOA; SCHIRMER, 2007).
Lavador de gases: é um dispositivo empregado no controle da poluição
atmosférica, na recuperação de materiais, no resfriamento e na adição de líquido
ou vapor nas correntes gasosas. As partículas sólidas presentes em um fluxo de
gás são coletadas por meio do contato direto com líquido, que geralmente é água
(GAMA, 2008).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DISPERSÃO DE POLUENTES NA ATMOSFERA

Os poluentes atmosféricos são perigosos quando as condições atmosféricas con-


tribuem para sua diluição. Por exemplo, o vento pode contribuir com ar limpo
nesse processo de diluição, no entanto, quando o vento está mais calmo, torna-se
difícil essa diluição. Muitos fatores, além do vento, contribuem nesse processo,
como as condições meteorólogicas, alguns obstáculos, como prédios, contru-
ções, entre outros. Além disso, a estabilidade atmosférica afeta o movimento
vertical do ar.
A movimentação do ar, quando em direção vertical, afeta o clima e os proces-
sos sinérgicos importantes para a sua poluição. Quando a atmosfera tem pouca
movimentação vertical, a mesma é habitualmente chamada de estável, caso con-
trário, é chamada de instável (SICA, 2006).
Um outro fator que pode interferir na dispersão dos poluentes é a inversão
térmica, que tem por característica uma camada de ar quente que se forma sobre
a cidade, assim aprisionando o ar e impedindo que haja dispersão dos poluen-
tes (CETESB, on-line).
Em condições normais, existe um gradiente de diminuição de temperatura
do ar, com o aumento da altitude (o ar é mais frio em lugares mais altos). Ao
longo do dia, o ar frio, por ser mais denso, tende a descer e o ar quente, que é
menos denso, tende a subir, criando correntes de convecção que renovam o ar
junto ao solo (IAG).

POLUIÇÃO DO AR
135

EFEITOS DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS

Os efeitos da poluição do ar têm como características principais as alterações


de condições que são consideradas normais pelo aumento de problemas já exis-
tentes. Conforme mencionado anteriormente, os efeitos podem ser a nível local,
regional ou global.
Esses efeitos podem se manifestar na saúde do homem, no bem-estar da
população, na fauna, na flora, sobre materiais, nas propriedades da atmosfera
passando para redução da visibilidade, alteração da acidez das águas da chuva
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(chuva ácida), aumento da temperatura da Terra (efeito estufa) e modificação da


intensidade da radiação solar (aumento da incidência de radiação ultravioleta
sobre a Terra, causado pela redução da camada de ozônio) etc. (DAMILANO;
JORGE, 2006).
Os efeitos da poluição do ar sobre os materiais são visíveis, por meio da
deposição de partículas, principalmente constituído por poeira e fumaça, nas
edificações e monumentos, sujando-os. Além disso, a corrosão de partes metá-
licas é causada, principalmente, pelos gases ácidos, em especial o dióxido de
enxofre (SO2) (REIS, 2012).

Características dos Poluentes Atmosféricos


136 UNIDADE IV

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram observados nesta unidade a origem dos poluentes atmosféricos, os prin-


cipais tipos de poluentes, as diferentes escalas espaciais, poluentes de efeitos
regionais e globais, formas de prevenção e minimização na fonte.
Quanto aos parâmetros ambientais relacionados à poluição atmosférica, foi
verificado que, antes de se aplicar qualquer forma de tratamento de poluentes
atmosféricos, devem ser verificados os metodos de avaliação e controle, a fim
de minimizar seus impactos, proporcionando sua mitigação. Para atender a tais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
parâmetros, vimos que a legislação, por meio da Resolução 3/90, estabeleceu os
padrões de qualidade do ar, previstos pelo PRONAR.
Também vimos que os efeitos da dispersão da poluição atmosférica depende
de outros fatores como concentração e condições meteorológicas, além disso,
também foram abordados os efeitos dos poluentes quanto à saúde da popula-
ção e seus efeitos adversos ao meio ambiente.

POLUIÇÃO DO AR
137

1. O que são e quais são os poluentes primários e secundários.


2. Cite quais são as principais fontes de poluição atmosférica.
3. Diferencie poluição natural de antrópica e cite exemplos dos dois tipos de po-
luição.
4. O monitoramento da qualidade do ar é realizado para determinar o nível de con-
centração de cada um dos poluentes na atmosfera. Com base nas informações
das redes de monitoramento, é possível determinar as ações previstas na Legis-
lação Ambiental quando os padrões de qualidade do ar forem ultrapassados e
apresentarem níveis que prejudiquem a saúde pública? Justifique sua resposta.
Guia de Tecnologias Ambientais: ar e poluição do ar
Fernando Rodrigues da Silva
Editora: Via Sapia (2011)
Sinopse: o livro Ar e Poluição do Ar apresenta aspectos
sobre o ar, poluição atmosférica, principais fontes
de poluição atmosférica, composição dos poluentes
atmosféricos, bem como equipamentos de coleta para
emissões gasosas e equipamentos para remoção de gases
e vapores.
O autor, nesse livro, buscou apresentar, além dos
conceitos básicos de poluição atmosférica, relatos sobre as
metodologias de controle que as indústrias podem adotar
para melhoria do seu desempenho ambiental.

Introdução à Engenharia Ambiental


Benedito Braga, Ivanildo Hespanhol, João G. Lotufo Conejo et
al.
Editora: Pearson Prentice Hall
Sinopse: O livro Introdução à Engenharia Ambiental aborda
a questão da tecnologia associada à conservação ambiental.
É dividido em três partes: Fundamentos, Poluição Ambiental
e Desenvolvimento Sustentável, em que analisam-se as
relações do ecossistema com a dinâmica das populações.
Também discute os diferentes tipos de resíduos produzidos
pelo homem, bem como algumas formas de minimização e
tratamento.
139

Poluição do ar pode provocar sérios problemas de saúde

Viver em regiões com altas concentrações de poluentes atmosféricos pode


gerar vários problemas para a saúde. A poluição do ar é gerada, principal-
mente, por veículos movidos a combustíveis fósseis (diesel e gasolina) e
pelas indústrias que não usam sistemas de tratamento e filtragem de po-
luentes. As pessoas que vivem nos grandes centros urbanos são as  mais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

afetadas pela poluição atmosférica. Nos dias com baixa umidade do ar ou


de inversão térmica, este problema aumenta de intensidade.

Este link apresenta as principais consequências da poluição do ar na saúde:


<http://www.suapesquisa.com/poluicaodoar/consequencias.htm>.

Poluição atmosférica pode aumentar risco de AVC mesmo em dias em


que a qualidade do ar é considerada ‘regular’

Pesquisa observou que riscos do problema aumentam em mais de 30% em


relação a dias com qualidade boa do ar, acesse no link abaixo para ler a no-
tícia na íntegra:

<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/poluicao-atmosferica-pode-au-
mentar-risco-de-avc-mesmo-em-dias-em-que-a-qualidade-do-ar-e-consi-
derada-regular>.

Características dos Poluentes Atmosféricos


Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira

LIXÕES, ATERROS

V
UNIDADE
SANITÁRIO E INDUSTRIAL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar as diferenças entre lixões, aterro controlado, aterro
sanitário.
■■ Entender como ocorre o armazenamento dos resíduos industriais.
■■ Compreender as características da implantação dos aterros sanitário
e industrial.
■■ Discorrer sobre a implantação de um Biogestor para utilizar a
bioenergia dos aterros sanitários.
■■ Esclarecer, sumariamente, sobre o registro e monitoramento dos
resíduos industriais.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Lixões, Aterros Controlado e Sanitário
■■ Abordagem das características do Aterro Industrial
■■ Apresentar os Aterros São João e Bandeirantes e Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL)
■■ Registro e monitoramento dos resíduos sólidos
143

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), ressalto nesta Unidade a importância dos aterros sanitário e


industrial. Os estudos demonstram aumento significativo dos descartes de resí-
duos com aumento da produção nacional, e armazenar estes materiais nocivos
é o grande desafio para os responsáveis públicos e para as empresas.
Assim, há diversos municípios descartando seus materiais em lixões (espa-
ços a céu aberto). Nesses, encontramos animais, insetos, crianças e adultos em
busca de alimentos e outros materiais de subsistência.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Esses espaços danificam a paisagem e convívio social e, ainda, cooperam


com a proliferação de doenças, as quais são disseminadas pelo ar, solo e águas,
uma vez que esses materiais podem estar acumulados em várzeas de rios, próxi-
mos à região habitada e sem devido confinamento, ou seja, exposto a qualquer
pessoa que dele desejar usufruir.
Em nosso país, a maior parte dos resíduos é destinada aos aterros controla-
dos e aos lixões. Os resíduos descartados nos aterros controlados são cobertos
por vegetação e argila (ou outro tipo de solo), evitando a circulação de animais
e pessoas nestes locais. Contudo, os gases de efeito estufa como o metano, expe-
lidos pela degeneração, e o chorume são descartados livremente ao ambiente,
sendo ignorados ao tratamento, contaminando a atmosfera e o lençol freático.
A melhor maneira de armazenar os resíduos não perigosos é confiná-los em
aterros sanitários licenciados, os quais possuem projetos específicos com trata-
mento do chorume. No que diz respeito ao gás gerado pela decomposição, este
é expelido e queimado, evitando danos à saúde humana. Outros projetos avan-
çados incluem, por exemplo, o biogestor, o qual capta esses gases de efeito estufa
e os transforma em energia para outros processos.
Os resíduos perigosos, oriundos das atividades produtivas e que não passaram
pela metodologia dos 3 Rs (reduzir, reciclar e reutilizar), devem ser armazena-
dos em espaços isolados. Esse projeto exige acompanhamento da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e seu controle exige monitoramento legal.
Com isso, nesta unidade, são apresentados os conceitos para armazenamento
correto dos resíduos perigosos e não perigosos, e encerramos com os conceitos
sobre resíduos, sobre os quais foram elencados: características, tipologias, meto-
dologia 3 Rs, armazenamento dos resíduos não perigosos e perigosos.
Introdução
144 UNIDADE V

COMPREENDENDO OS CONCEITOS DE LIXÕES,


ATERROS CONTRALADOS E ATERROS SANITÁRIOS
RECURSOS
NATURAIS PRODUTOS
INDÚSTRIA/
AMBIENTE CONSUMIDOR
AGRICULTURA

RESÍDUOS PRODUTOS
LÍQUIDOS PRODUTOS RESÍDUOS
E GASOSOS INDÚSTRIA SÓLIDOS
DOMÉSTICOS
COLETA
COMPOSTO SELETIVA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
E GASES REJEITOS COMPOSTAGEM OU TRIAGEM

GASES
ENERGIA INCINERAÇÃO
E LÍQUIDOS COLETA
ATERRO REGULAR
SANITÁRIO
Figura 6: Diagrama de fluxo simplificado de um sistema de gerenciamento integrado de resíduo sólido
doméstico
Fonte: Phillipi Jr. (apud AGUIAR, 1999)

Os resíduos sólidos de muitas cidades são coletados e descartados em locais


específicos para seu despejo final. Esses locais, em função do tratamento que os
resíduos sólidos recebem, são denominados de lixões, aterros controlados ou
aterros sanitários.
Segundo a pesquisa da Associação Brasileira de Limpezas Públicas e
Resíduos (ABRELPE), em 2011, das quase 62 milhões de toneladas de lixões
geradas, 23 milhões foram destinadas a lixões (céu aberto) ou para ater-
ros controlados. Outros 6,4 milhões nem foram coletados (quantidade que
encheria um estádio como o Maracanã) (INSTITUTO BROOKSFIELD,
on-line 2013).
Você sabe a diferença entre lixões, aterros controlados e aterros sanitários?
Vamos conhecer a definição segundo o Ministério do Meio Ambiente do
Brasil:

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


145

O que é Quantos existem no Brasil?

Terreno praparado para receber


Aterro adequadamente os resíduos
1.723
Sanitário sólidos sem prejucar o meio
ambiente ou a população local.

Área que está numa fase intermediária


entre o lixão e o aterro sanitário.
Aterro
1.130
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Normalmente é um antigo lixão


Controlado que passou a receber preparação para
tratar o lixo.

Área que recebe resíduos sólidos sem


nenhuma preparação para evitar
Lixão consequências ambientais e sociais 2.906
negativas

Dados: Ministério do Meio Ambiente

Figura 7: Conceito de lixões, aterros controlados e aterros sanitários segundo a legislação


Fonte: <http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/gestao-do-lixo/aterros-sanitarios>

LIXÕES

Há diversos destinos para os resíduos sólidos das


nossas cidades e de outros processos (industriais,
comerciais e outros), e sem dúvida a mais insensata
delas é o lixão.
Inicialmente, para o descarte final dos resíduos,
neste modelo, é necessário selecionar uma área, dis-
tante de residências e fontes hídricas, e com espaço
para movimentação de caminhões. A partir dessas
decisões simples, o local “já é considerado adequado”.

Compreendendo os Conceitos de Lixões, Aterros Contralados e Aterros Sanitários


146 UNIDADE V

O solo desse espaço não recebe nenhum tipo de tratamento (como compac-
tação). Com isso, o chorume, efluente que sobra da degradação desses resíduos,
é absorvido pelo solo e pode alcançar o lençol freático facilmente. Esse processo
contamina as águas e oportuniza malefícios à saúde humana, fauna e flora per-
tencentes ao bioma da região (BRAGA et al., 2005).
Ainda, o acúmulo desses materiais a céu aberto atrai muitos insetos e outros
animais, contribuindo para a proliferação de doenças. Outro ponto importante
a destacar é a frequência de pessoas nesses locais, que retiram materiais para
sua própria subsistência.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Segundo Braga (et al., 2005), essa prática atinge o “paroxismo”, quando a
utilizam como alternativa a recomposição de áreas de encosta e áreas íngremes,
com riscos de provocar futuros deslizamentos. A afirmação do autor exprime a
insensatez estratégica, uma vez que a acomodação desses materiais nesses locais
falha na compactação dos solos e, com a chegada das águas pluviais, esses são
destinados a outras regiões como rios, barrancos, cidades provocando desaba-
mentos significativos.
Esse modelo ainda contribui para a degradação ambiental e social. Como
os resíduos descartados nesses locais não recebem tratamento, apenas a ação de
intempéries, permanecem por longos anos naquele local, inutilizando o espaço
para outras atividades. Já na situação social, a frequência de pessoas no local em
busca de sobras de alimentos e outros materiais as expõe a doenças e péssimas
condições humanas.

ATERROS CONTROLADOS

O aterro controlado é uma fase intermediária entre lixão e aterro sanitário. Nesse
caso, diferente do lixão, o aterro controlado recebe grama (ou sobras de vege-
tação) e argila (ou outro tipo de solo) com o objetivo de esconder os materiais.
Ao observarmos um aterro controlado, podemos verificar que o impacto
visual e odor são muito menores se comparados ao lixão, graças à cobertura feita
com solo e grama. Além disso, essa cobertura contribui para impedir a proli-
feração de insetos e outros animais que visitam o local em busca de alimentos

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


147

(inclusive o homem) (INSTITUTO BROOKSFIELD, on-line, 2013).


Contudo, como inexiste impermeabilização do solo (como veremos em ater-
ros sanitários) tampouco tratamento do chorume e metano, esse modelo ainda
promove grande degradação ambiental.

Ventilação de gás
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Revestimento Refugo
compactado
e coberto
Refugo diário

Sistema de coleta
Terreno intocado de água de lixiviação

Figura 8: Um aterro sanitário


Fonte: adaptada de Vesilind e Morgan (2011, p. 340)

ATERROS SANITÁRIOS E LEGISLAÇÃO PERTINENTE

Aterro sanitário é um local escolhido para depositar os resíduos sólidos origi-


nados de atividades humanas em residências, hospitais, construções, serviços
e outras localidades. Esses locais são importantes para as cidades, pois estabe-
lecem um local definido para o depósito de sobras sólidas (MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE, on-line, 2013).
Os aterros sanitários são construídos seguindo o que exige a legislação, isto é,
distante das cidades. Essa exigência legal a ser respeitada serve para distanciar os
moradores dos diversos tipos de odores, da contaminação do solo e do lençol fre-
ático provenientes da degradação dos materiais orgânicos (PHILIPPI JR., 2005).
Assim, segundo o Órgão Ambiental do Paraná (IAP), que segue as normativas
do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), a localização e constru-
ção dos aterros devem obedecer às seguintes exigências legais: Lei nº 10.066, de

Compreendendo os Conceitos de Lixões, Aterros Contralados e Aterros Sanitários


148 UNIDADE V

27.07.92, Lei nº 11.352, de 13.02.96, Lei nº8.485, de 03.06.87, Lei nº13.425, de


07.01.02, pelo Decreto nº4.514, de 23.07.01 e Decretos nº11 e 48, de 01.01.03,
respectivamente. A interpretação e a compreensão prévia dessas leis requerem
as seguintes considerações iniciais:
■■ CONSIDERANDO que a proteção do meio ambiente é um dever do
Poder Público Estadual, conforme dispõem o art.225, parágrafo 1º, da
Constituição Federal e o art. 207, parágrafo 1º da Constituição do Estado
do Paraná;
■■ CONSIDERANDO que os resíduos sólidos deverão ter disposição final

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
adequada, atendendo as condições estabelecidas pelo Instituto Ambiental
do Paraná – IAP, conforme o disposto na Lei Estadual de Resíduos Sólidos,
a Lei nº12.493, de 22 de janeiro de 1999;
■■ CONSIDERANDO que a disposição inadequada de resíduos sólidos
constitui séria ameaça à saúde pública, agrava a degradação ambiental e
contribui para o comprometimento da qualidade de vida das populações;
■■ CONSIDERANDO que a implementação da Política Estadual de Resíduos
Sólidos, é a ferramenta governamental para a consolidação da adoção de
sistemas adequados de disposição final de resíduos sólidos urbanos, resolve;
■■ Estabelecer requisitos, critérios técnicos e procedimentos para a imper-
meabilização de áreas destinadas à implantação de Aterros Sanitários,
visando à proteção e à conservação do solo e das águas subterrâneas.
Art. 1º Os Aterros Sanitários deverão ser submetidos ao processo de
Licenciamento Ambiental, nos termos desta Resolução e dos demais dis-
positivos legais cabíveis.
Art. 2º Para efeito desta Resolução Conjunta 01/2006 SEMA/IAP/
SUDHERSA, serão adotadas as seguintes definições:
I – Aterro Sanitário: Técnica para a viabilização da disposição de resí-
duos sólidos urbanos, sem causar danos à saúde pública e a sua segurança,
minimizando os impactos ambientais, técnica esta que utiliza princípios
de engenharia para confinar os resíduos sólidos na menor área possível e
reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada
de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou intervalos meno-
res, se necessário;
LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL
149
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

II – Impermeabilização: Procedimentos de redução da permeabilidade


do solo, pela implantação de geomembrana.
Art. 3º Os projetos de implantação ou ampliação de Aterros Sanitários,
licenciados pelo Instituto Ambiental do Paraná – IAP deverão atender
os seguintes requisitos mínimos:

I – Para áreas com solo argiloso:


a) Para municípios com população urbana de até 10.000 habitantes, con-
forme dados do último censo do IBGE, deverá ser utilizada a técnica de
valas de pequenas dimensões [...].
b) Para municípios com população urbana acima de 10.001 habitantes,
conforme dados do último censo do IBGE, o Aterro Sanitário deverá ser
impermeabilizado com geomembrana, devendo ser implantado em trin-
cheiras de acordo com as normas específicas do Manual de Implantação
de Aterros Sanitários [...].
c) Para municípios com população urbana acima de 30.001 habitantes,
conforme dados do último censo do IBGE, o Aterro Sanitário deverá ser
executado no modelo em células de acordo com as normas específicas
do Manual de Implantação de Aterros Sanitários e, impermeabilizado
com geomembrana [...].

Compreendendo os Conceitos de Lixões, Aterros Contralados e Aterros Sanitários


150 UNIDADE V

d) Todos os Aterros Sanitários executados em trincheiras, após a conclu-


são de sua vida útil, deverão ser adequados para operarem em sistema de
células, na mesma área, minimizando o custo de aquisição de nova área,
eliminando os impactos ambientais em outras áreas [...].
II – Para áreas com solo arenoso:
a) Para municípios com população urbana de até 30.000 habitantes, con-
forme dados do último censo do IBGE, o Aterro Sanitário deverá ser em
trincheiras, de acordo com as normas específicas do Manual de Implan-
tação de Aterros [...].

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...]
Parágrafo Único: A impermeabilização com geomembrana compatível
com os resíduos e com seus efluentes líquidos (que não reaja quimica-
mente). Devendo também resistir mecanicamente ao peso e ao recalque
do aterro (pressão, punção, cisalhamento), à deterioração por micro-
organismos, e aos raios solares (UV), deve também permitir, emendas
seguras, durante a sua primeira colocação e posteriormente durante ser-
viços corretivos [...].

Art.4º Todos os aterros sanitários deverão ser projetados para uma vida
útil de no mínimo 10 (dez) anos, devendo-se, paralelamente, viabilizar a
implantação e aprimoramento do programa de Coleta Seletiva Munici-
pal, visando o aumento considerável da vida útil desta área, bem como,
incentivo total de parcerias a Associações e/ou Cooperativas de Agentes
Ambientais de Coleta Seletiva (catadores), focando sua inserção social
através de projetos sócio-ambiental-econômicos (grifo nosso).
[...]

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


151
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Art.5º Para o Efluente Final gerado (chorume), deverá ser adotado,


independentemente do sistema de tratamento proposto, processo de
recirculação de 100 (cem) por cento do efluente gerado para a massa de
resíduo já existente, mantendo-se um sistema de tratamento em circuito
fechado (grifo nosso).
Para clarificar a decisão legal, vamos discorrer sobre as características e trata-
mentos do chorume.

PERCOLADOS OU CHORUME

Chorume é uma substância líquida (efluente) resultante do processo de putrefa-


ção (apodrecimento) de matérias orgânicas. Esse líquido é muito encontrado em
lixões e aterros sanitários. É viscoso, escuro, possui odor muito forte e desagradá-
vel (odor podre). Em função da grande quantidade de matéria orgânica presente
no chorume, este costuma atrair moscas e microrganismos que podem contri-
buir com a proliferação de doenças aos seres humanos (BRAGA et al., 2005).
Existe ainda o necrochorume, que é o líquido resultante do processo de
decomposição de cadáveres. Há também, neste caso, a necessidade do trata-
mento dessa substância nos cemitérios existentes nas cidades.

Compreendendo os Conceitos de Lixões, Aterros Contralados e Aterros Sanitários


152 UNIDADE V

TRATAMENTO DO CHORUME

O chorume resultante do apodrecimento das matérias orgânica deve receber tra-


tamento normativo. O processo de tratamento inicia-se com a proteção do solo
com lâmina específica (será apresentado logo abaixo) e deve ser drenado por
tubulações até um tanque numa estação de tratamento de efluentes antes de ser
descartado num corpo receptor (rio). Em outras situações, o chorume é rein-
troduzido na massa de lixo para acelerar a decomposição da massa orgânica em
decomposição (BRAGA et al., 2005).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quando não tratado, ele pode atingir lençóis freáticos, rios e córregos, levando
a contaminação para estes recursos hídricos e interferindo na vida da fauna e
flora. Nessa situação, os peixes podem ser contaminados e, caso a água seja usada
na irrigação agrícola, a contaminação pode chegar aos alimentos (frutas, verdu-
ras, legumes e outros).
O chorume é drenado para uma lagoa ou estação de tratamento onde rece-
berá as técnicas já estudadas na Unidade III, tratamento aeróbio ou anaeróbio.
E após atendidas às características de neutralidade (ph neutro = 7), será desti-
nado a um corpo receptor.
Art. 6º Os aterros sanitários já implantados e licenciados terão prazo de
até um ano, contado a partir da data da publicação desta Resolução, para
adequação, no que couber, do empreendimento, mediante aprovação pré-
via do Instituto Ambiental (correspondente a cada estado).

Art. 7º Os aterros sanitários projetados para atendimento de população


acima de 30.001 habitantes, em sistema de células, devem contemplar
plano de aproveitamento dos efluentes gasosos.

A decomposição da matéria orgânica existente nos aterros expele gás metano e


enxofre (gases de efeito estufa). Conforme demanda o Art. 7º, os gases produzi-
dos pela decomposição dos resíduos devem ser captados por tubulações próprias
e queimados. Essas tubulações geralmente são feitas de tambores ou tubos de
concreto ou metal, com furos em suas laterais.
Esses gases, uma vez captados, podem gerar energia e ativar as turbinas existentes

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


153

no aterro ou podem ser vendidos para as companhias de energia elétrica. Já os


aterros menores apenas queimam estes gases (VESILIN; MORGAN, 2011).
Por fim, encerrando a atividade do aterro sanitário, o mesmo deve ser recoberto
por uma manta plástica para que a água da chuva não penetre e espalhe os resí-
duos que foram acondicionados e também por vegetação compatível com a região
(folhas verdes) para evitar a presença de insetos, pássaros e microvetores causa-
dores de doenças (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, on-line).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ATERRO SANITÁRIO E A COMPOSIÇÃO DO BIOGÁS

Todo aterro produz gases de efeito estufa, como já estudamos. Contudo, quando
bem gerenciado, o aterro pode se tornar fonte de energia alternativa para o muni-
cípio ao qual pertence. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, um
aterro de resíduos sólidos pode ser considerado como um reator biológico em
que as principais entradas são os resíduos e a água, e as principais saídas são os
gases e o chorume. A decomposição da matéria orgânica ocorre por dois proces-
sos, o primeiro processo é de decomposição aeróbia e ocorre normalmente no
período de deposição do resíduo. Após esse período, a redução do O2 presente
nos resíduos dá origem ao processo de decomposição anaeróbia.
O gás de aterro é composto por vários gases, alguns presentes em grandes
quantidades como o metano e o dióxido de carbono e outros em quantidades
em traços. Os gases presentes nos aterros de resíduos incluem o metano (CH4),
dióxido de carbono (CO2), amônia (NH3), hidrogênio (H2), gás sulfídrico (H2S),
nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). O metano e o dióxido de carbono são os princi-
pais gases provenientes da decomposição anaeróbia dos compostos biodegradáveis
dos resíduos orgânicos. E, como já estudado, contribuem para o efeito estufa
(aquecimento global).
Os fatores que podem influenciar na produção de biogás são: composição
dos resíduos dispostos, umidade, tamanho das partículas, temperatura, pH, idade
e quantidade dos resíduos, projeto do aterro e sua operação.
Nesse interesse, um dos gases mais comuns emitidos pelos aterros é o metano.
As estimativas das emissões globais de metano, provenientes dos aterros, oscilam

Compreendendo os Conceitos de Lixões, Aterros Contralados e Aterros Sanitários


154 UNIDADE V

entre 20 e 70 Tg/ano, enquanto que o total das emissões globais pelas fontes
antropogênicas equivale a 360 Tg/ano, indicando que os aterros podem produ-
zir cerca de 6 a 20% do total de metano (IPCC, 1995), dependendo da amplitude
do aterro e da densidade do material confinado.
Segundo o Primeiro Inventário Nacional de Emissões Antrópicas de
Gases de Efeito Estufa, realizado pelo Governo Federal em 2005, as
emissões de metano por resíduos sólidos no Brasil, para o ano de 1990,
foram estimadas em 618 Gg, aumentando para 677 Gg no ano de 1994.
As emissões de metano geradas no tratamento dos resíduos líquidos de
origem doméstica e comercial foram estimadas em 39 Gg para o ano de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1990, subindo para 43 Gg em 1994. Estimativas que tendem a crescer
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, on-line).

Dessa maneira, podemos gerenciar o gás metano e outros como o enxofre (pre-
sentes fortemente nos aterros) em valor energético para a sociedade. A estratégia
é desenvolver um projeto de aproveitamento do biogás produzido pela degra-
dação dos resíduos em uma forma de energia útil, tais como eletricidade, vapor,
combustível para caldeiras ou fogões, combustível veicular ou para abastecer
gasodutos com gás de qualidade (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, on-line).
Independente do uso final do biogás produzido no aterro, segundo a legis-
lação, obrigatoriamente é necessário incluir ao aterro um projeto de captação de
gás, ou seja, um sistema padrão de coleta, tratamento e queima do biogás com
os seguintes itens poços de coleta:
■■ sistema de condução;
■■ tratamento (inclusive para desumidificar o gás);
■■ compressor e flare com queima controlada para a garantia de maior efi-
ciência de queima do metano.
Isto significa que a adequação para um biogestor para geração de biogás já estaria
em andamento com a inclusão desses itens ao projeto. Portanto, restando projetar
o equipamento final para a transformação do processo. Nas regiões com gran-
des volumes como São Paulo, os investimentos realizados para implementação
desta estratégia teriam seu retorno garantido com a venda do biogás ou o mesmo
poderiam ser utilizados pelo próprio município, evitando custos energéticos.
Existem diversos projetos de aproveitamento energético no Brasil, como nos

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


155

aterros Bandeirantes e São João, no município de São Paulo, que já produzem


energia elétrica. Na sequência, vamos conhecer o projeto de biogás do Aterro
São João e Bandeirantes.
O Município de São Paulo gera estimadamente cerca de 15.000 toneladas
de resíduos, cuja preocupação dos gestores é conseguir um destino correto para
esta expressiva quantidade, considerando seu impacto visual, espacial e a saúde
da população.
O Aterro Bandeirantes está localizado na Rodovia Bandeirantes, e o São
João, localizado na parte leste da cidade. Cada um tinha capacidade máxima de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

confinamento de 25 milhões de toneladas e foram desativados em 2005 e 2007,


respectivamente por terem alcançado os limites de armazenamento.
Antes da colocação do gestor de biogás, o metano gerado era drenado por
tubulações subterrâneas e queimado em fornalhas (SÃO PAULO, on line, 2013).
Com a desativação do aterro, foram instaladas nos aterros usinas termoelétri-
cas para captação do gás metano, o gás que antes era apenas queimado, sem
fins produtivos, com a instalação, passou a gerar 7% da energia consumida na
cidade, cerca de 175.000 MW/h em cada usina. Esse valor é suficiente para aten-
der cerca de 700.000 pessoas.

DADOS DA USINA TERMOELÉTRICA DE SÃO JOÃO

A usina foi instalada em 2008, compreendendo uma área de 270.000 metros


quadrados e, conforme exigência legal, em preservação (com vegetação). É uti-
lizada também como fonte de conhecimento, pois recebe alunos da rede pública
que atende ao projeto “Ver de Perto”, desenvolvido pela própria empresa que
atende ao aterro.
Além do fornecimento de energia e conhecimento, um aterro sanitário com
biogestor também faz parte do programa de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL). Tanto o aterro São João quanto o aterro Bandeirantes possuem
o mecanismo que captura da atmosfera gases de efeito estufa contribuindo
com Desenvolvimento Limpo e qualidade de vida da população (SÃO PAULO,
on-line 2013).

Compreendendo os Conceitos de Lixões, Aterros Contralados e Aterros Sanitários


156 UNIDADE V

COMPREENDENDO O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO


NOS ATERROS

Visando à melhoria social e ambiental, o Ministério do Meio Ambiente e o


Ministério das Cidades desenvolvem, desde 2004, o “Projeto para Aplicação do
Mecanismo de Desenvolvimento do Limpo (MDL), na Redução de Emissões
em Aterros de Resíduos Sólidos”, financiado pelo Banco Mundial por meio do
fundo PHRD (Policy and Human Resources Development Fund), que opera com
recursos do governo japonês (SÃO PAULO, on-line 2013).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O projeto capacitou, em 2007 e 2008, cerca de 400 agentes locais e técnicos das
prefeituras para elaboração de Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos e aplicação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL em projetos
de captação e tratamento de gases gerados em locais de destinação final de resíduos.
Os processos que adotarem a estratégia de MDL podem requerer a certificação
de redução de emissões e a posterior venda das reduções certificadas de emis-
são, para serem utilizadas pelos países desenvolvidos (e poluidores) como modo
suplementar para cumprirem suas metas. Esse mecanismo deve implicar em
reduções de emissões adicionais àquelas que ocorreriam na ausência do pro-
jeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a emissão
de poluentes. Em resumo, países certificados podem vender Crédito de Carbono,
como no caso da implantação do Biogestor nos aterros São João e Bandeirantes,
apresentados (SÃO PAULO, on-line 2013).

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


157

CURIOSIDADE: APOIO DO MINISTÉRIO DE MEIO AMBIENTE (MMA)

O MMA apoia, desde 2007, a elabo- contém metas de incentivo ao aprovei-


ração dos Planos Estaduais de Gestão tamento energético do biogás de aterro
Integrada de Resíduos Urbanos visando sanitário.
organizar a gestão integrada de resíduos
sólidos nos estados do Brasil e apoiar o Outra iniciativa que está sendo proposta
consorciamento entre entes federados. é o Programa de compra de resultados
Os planos preveem a realização de um futuros no Manejo de Resíduos Sóli-
estudo de regionalização individuali- dos, cujo objetivo principal é a busca de
zado por estado, propondo infraestrutura sustentabilidade no processamento de
necessária para equacionar o problema resíduos. O programa incentivará, a partir
relacionado à disposição inadequada de de 2010, investimentos em aterros sanitá-
resíduos sólidos. Dentre as ações pre- rios e em galpões de triagem que visem à
vistas nos Planos, estão a construção de utilização de técnicas adequadas às Nor-
aterros sanitários com previsão de uso de mas Brasileiras e boas práticas, inclusive
tecnologia adequada para a recuperação uma solução adequada quanto à desti-
de metano, a eliminação de lixões e a rea- nação do biogás de aterros sanitários.
lização da compostagem e da reciclagem.
Também está em avaliação um projeto de
O Plano Nacional de Mudanças do Clima incentivo à produção de energia elétrica
contém metas para aumentar as proje- do biogás de aterro sanitário por meio da
ções da reciclagem dos resíduos sólidos criação de um mercado assegurado com
para 20% até o ano de 2015. A perspec- valores de venda da energia produzida
tiva é tomar como base as experiências que tornem o mercado de comercializa-
exitosas do Programa de Coleta Sele- ção de biogás viável economicamente. O
tiva de resíduos sólidos domiciliares, MMA está em parceria com o Ministério
desenvolvidas em alguns municípios de Minas e Energia (MME) para o desen-
brasileiros. Além disso, o Plano também volvimento deste projeto.
Fonte: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Aproveitamento Energético do Biogás de Aterro
Sanitário. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/
politica-nacional-de-residuos-solidos/aproveitamento-energetico-do-biogas-de-aterro-sa-
nitario>. Acesso em: 12 ago. 2019.
158 UNIDADE V

Deste modelo, destaco a região Engenheiro Beltrão/PR, situação rara em nosso


país, a qual implantou os aterros sanitários contribuindo com a melhoria eco-
nômica, social e ambiental. Ainda não incluíram o biogestor, porém toda região
possui aterro sanitário. Veja o panorama:

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU


Município População Disposição dos Resíduos
Lixão Aterro Controlado Aterro
Sanitá-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rio
E REBEL – Escritório Regional de Francisco Beltrão
Nova prata do Iguaçu 10.377 X
Capanema 18.526 X
Realeza 16.338 X
Cruzeiro do Iguaçu 4.278 X
São Jorge D´Oeste 9.085 X
Boa Esperança do Iguaçu 2.764 X
Dois vizinhos 36.179 X
Santa Izabel do Oeste 13.132 X
Planalto 13.654 X
Salto da Lontra 13.689 X
Verê 7.878 X
Pérola D´Oeste 6.761 X
Enéas Marques 6.103 X
Nova Esperança do Sudoes- 5.098 X
te
Ampere 17.308
Bela Vista da Caroba 3.945 X
Prancheta 5.628 X

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Paraná

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


159

Você sabe a diferença entre lixão, aterro controlado e aterro sanitário?


<http://www.lixo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&i-
d=144&Itemid=251>

ATERRO INDUSTRIAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O aterro industrial é local em que será armazenado o resíduo industrial, que não
pode ser destinado ao aterro sanitário.

ATERROS INDUSTRIAIS ATERROS SANITÁRIOS


Projetados especialmente para receber Projetados para receber resíduos
resíduos industriais sólidos urbanos

Quadro 15: Aterros industrial e sanitário


Fonte: adaptado Philippi Jr. (2005)

Dependendo do local onde for instalado o aterro, caso haja lençóis hídricos pró-
ximos, o monitoramento é exigido também.
O órgão responsável, no Brasil, pelo licenciamento e pela fiscalização dos
serviços é o Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA) do estado em que o
aterro foi instalado. Normas registradas na ABNT regem esse serviço e dão res-
paldo ao órgão público para aplicar a lei.
Em termos legais, recebem e armazenam resíduos sólidos industriais com
as seguintes características:
■■ Não reativos.
■■ Não inflamáveis.
■■ Com baixa quantidade de solvente, água e óleo (baixíssima).

Aterro Industrial
160 UNIDADE V

Aterro Industrial é um local de destinação final de resíduos sólidos produ-


zidos por indústrias, sua classificação é dada como classe I ou II, dependendo
do tipo de resíduo que irá armazenar (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE,
on-line).
Eis as principais normatizações:
Quanto aos resíduos:
■■ NBR 10.004 - Resíduos Sólidos - Classificação
■■ NBR 10.005 - Lixiviação de Resíduos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ NBR 10.006 - Solubilização de Resíduos
■■ NBR 10.007 - Amostragem de Resíduos
■■ NBR 12.988 - Líquidos Livres - Verificação em Amostra de Resíduo
■■ NBR 13.895 - Construção de Poços de Monitoramento e Amostragem
■■ Quanto ao projeto do aterro:
■■ NBR 8418 - Apresentação de Projetos de Aterros de Resíduos Industriais
Perigosos
■■ NBR 8419 - Apresentação de Projetos de Aterros Sanitários de Resíduos
Sólidos Urbanos
■■ NBR 10157 - Aterros de Resíduos Perigosos – Critérios para Projeto,
Construção e Operação
■■ CETESB - L1030 - Membranas Impermeabilizantes e Resíduos
Determinação da Compatibilidade - Método de ensaio
■■ NBR 13896 - Aterros de Resíduos Não Perigosos - Critérios para Projeto,
Implantação e Operação
■■ Quanto ao armazenamento e Transporte
■■ NBR 12235 - Armazenamento de Resíduos Sólidos Perigosos (antiga
NB-1183)
■■ NBR 11174 - Armazenamento de Resíduos Classe II - Não Inertes e III
- Inertes (antiga NB-1264)

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


161

■■ NBR 13221 - Transporte de Resíduos

CONSTRUÇÃO DO ATERRO INDUSTRIAL – NBR 8418 E NBR 10157

Sua construção deve obedecer inicialmente às mesmas exigências dos ater-


ros sanitários: critérios de engenharia, operações com técnicas normatizadas e
confinamento do material de forma segura e distante do contato de pessoas e
animais. Para tanto, sistemas de impermeabilização, drenagem, tratamento de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

gases e efluentes são imperativos essenciais. Em termos gerais, devem obede-


cer às regras de proteção à saúde pública e garantir o confinamento de materiais
perigosos e nocivos ao ambiente (fauna e flora).
Como uma empresa qualquer, deverá operacionalizar suas atividades com
infraestrutura básica para atendimento dos seus parceiros e clientes. Entre as
principais estão: portaria, escritório, banheiros, laboratório, balança, cerca, aces-
sos internos, iluminação, sistemas de comunicação internos e externos, placas
de sinalização, faixa de proteção sanitária, pátio para estocagem de resíduos e
materiais de construção, oficina para manutenção de equipamentos.
Em respeito ao local escolhido para implantação do projeto do aterro, a esco-
lha do mesmo deverá atender ao planejamento do desenvolvimento econômico,
social e urbano da região, considerando a projeção de crescimento e distancia-
mento da comunidade local e meio ambiente. (PHILIPPI JR., 2005).
Considerar também, assim como o aterro sanitário, projeto com vida útil
estimada em 10 anos. Ainda, considerar as diretrizes que determinam o uso e
ocupação do solo normalmente estabelecida pelo poder municipal.
Os aterros, tanto sanitário quanto industrial, devem estar localizados estra-
tegicamente em proximidades às fontes geradoras e em local com vias de acesso
para movimentação de caminhões (como já descrito no tópico aterro sanitário)
(PHILIPPI JR., 2005).
Portanto, é imprescindível estar normatizado conforme apresentado acima.
As exigências da NBR 12253 e NBR 11174 resumidamente descrevem:
■■ Localização adequada.

Aterro Industrial
162 UNIDADE V

■■ Elaboração de projeto criterioso com implantação de infraestrutura de


apoio.
■■ Elaboração de projeto com implantação de obras de controle.
■■ Outras regras operacionais específicas:
■■ Distância mínima de 500m de núcleos habitacionais,
■■ Distância mínima de 200m de qualquer coleção hídrica ou curso de água,

■■ Declividade superior a 1% e inferior a 20% para classe I, e 30% para


classe II.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Área não sujeita a inundações, avaliadas pelo histórico climático da região
(estimativa de 100 anos).

Em relação às características do solo onde será instalado o aterro:


■■ Baixo potencial de contaminação do aquífero.
■■ Subsolo com alto teor de argila.
■■ Camada insaturada ≥ 1,5m entre o fundo do aterro e o nível mais alto
do lençol freático.
■■ Subsolo constituído predominantemente por material com coeficiente
de permeabilidade inferior a 5x10-5cm/s, ou seja, rígido, compactado.
■■ Baixo índice de precipitação.
■■ Alto índice de evapotranspiração.
O projeto de instalação deve ser minucioso para a escolha do solo, pois as cama-
das constituintes do subsolo devem ser preparadas e avaliadas para suportar o
peso acumulado, evitando assim sua ruptura e erosão na região escolhida.
É necessário projetar um sistema de drenagem para as águas pluviais e um
sistema de detecção de vazamentos no aterro. E nas situações em que existir o
percolado (chorume – líquido proveniente da degradação dos materiais), se fará
necessária uma cobertura impermeabilizada sobre os resíduos, com a finalidade
de garantir a proteção e isolamento do material nocivo. Evitando, assim, con-
tato com animais e humanos (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, on-line).

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


163

Em geral, a norma destaca a necessidade da geomembrana sintética e argila


compactada, CETESB - L1030. Seguem as principais proteções que a imperme-
abilização deverá proporcionar:
■■ Estanqueidade.
■■ Durabilidade.
■■ Resistência e esforços mecânicos.
■■ Resistência a intempéries.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Resistência aos microrganismos do solo.


■■ Compatibilidade com os resíduos a serem aterrados.

Curiosidade: a geomembrana é uma película de alta performance e sua qualidade


garante: resistência a esforços mecânicos, resistência a intempéries e resistência
a microrganismos do solo.

CONDIÇÕES DA ARGILA A SER UTILIZADA EM ATERROS PARA


IMPERMEABILIZAÇÃO.

O uso da argila auxilia a compactação dos materiais a serem confinados, evi-


tando processos de mudanças e movimentação de materiais nocivos para áreas
não controladas. As normas a serem seguidas para compactação com argila são:
■■ A camada de argila deverá ser executada em camadas compactadas de no
mínimo 20 cm de espessura, com controle tecnológico da compactação.
■■ Controlar a umidade em torno de ótima obtida em ensaio de compacta-
ção com proctor normal.
■■ A densidade obtida no maciço compactado deverá ser de no mínimo 95%
da densidade obtida em ensaios de compactação com proctor normal.
■■ O coeficiente de permeabilidade obtido no maciço compactado deverá
ser inferior a 10-7cm/s.

Aterro Industrial
164 UNIDADE V

Outros planos necessários a serem apresentados para o Licenciamento do aterro


(INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ, on-line):
■■ Plano de registro e controle de resíduos.
■■ Plano de segregação de resíduos.
■■ Plano de inspeção e manutenção.
■■ Plano de emergência.
■■ Plano de monitoramento do aquífero.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Plano de encerramento.

Quando da existência de percolados, ainda que implantados os procedimentos


necessários para eliminá-los, os procedimentos legais são: captação do percolado
e instalação de barreiras de impedimento para as águas pluviais. Assim, para a
coleta e tratamento dos percolados, seguem os procedimentos:
■■ Drenagem de brita com tubo guia.
■■ Alocação de caixas de acumulação.
■■ Implantação de uma estação de bombeamento.
■■ Instalação da Estação de tratamento de líquidos percolados.

E para evitar vazamentos, exige-se um plano de contingência com os seguintes


complementos, nas situações de confinamento para resíduos de classe I:
■■ Drenos-testemunha com estruturas drenantes de superfície (colchão de
areia).
■■ Drenos-testemunha com estruturas drenantes lineares (tubo guia).

Considerando que os aterros industriais confinam resíduos perigosos de classe


I e classe II, é relevante considerar as exigências quanto à situação e histórico
climático de onde se implantará o aterro classe II, pois, além das exigências do
projeto para classe I, somam-se ainda as seguintes avaliações: avaliações das
condições climáticas e hidrogeológicas do local escolhido (PHILIPPI JR., 2005).

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


165

Uma vez que todos os procedimentos adotados e a construção do aterro


estiverem licenciados pelo poder público estadual de cada estado, a legislação
ainda estabelece regras bem definidas para sua operacionalização e planos a
serem seguidos no dia a dia das atividades dos aterros. Entre os principais temos:
■■ Registro e controle de armazenamento dos resíduos.
■■ Análises da caracterização dos resíduos.
■■ Plano de inspeção e monitoramento.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Com isso vamos detalhar cada item em subitens. Para o registro e controle dos
resíduos a planilha deverá registrar:
■■ Descrição e quantidade de cada resíduo recebido, já na descarga do cami-
nhão (finger print), características quanto ao odor, cor, aspecto físico,
reatividade etc.
■■ Data e local de disposição no aterro.
■■ Registro das análises efetuadas no resíduo.
■■ Registro de ocorrências.
■■ Dados referentes ao monitoramento da qualidade das águas superficiais
e subterrâneas.
■■ Análises completas para emissão de CADRIs.
■■ Testes expeditos.
■■ Análises completas para verificação da manutenção das características
do resíduo em comparação à permissão original, frequência de realiza-
ção dos ensaios e indicação de laboratório para a realização dos mesmos.

Para todas as cargas que chegam ao aterro, devem ser providenciados testes expe-
ditos e registrar o ph, líquidos livres, reatividade em água, meio ácido e meio
alcalino e, se necessário, corrosividade, radiação etc. E apresentar relatórios peri-
ódicos ao órgão licenciador (PHILIPPI JR., 2005).

Aterro Industrial
166 UNIDADE V

Por se tratar de material perigoso, toda cautela e monitoramento se fazem


necessários e, para finalizar vistoria exigida, devem ser estabelecidos os procedi-
mentos necessários para os envolvidos no Plano de Inspeção e Monitoramento:
■■ A instalação deve ser inspecionada para verificar a integridade de seus
componentes (drenos, diques, bombas, sistemas de monitoramento etc.).
■■ Identificar e corrigir eventuais problemas que possam provocar a ocor-
rência de acidentes.
■■ Número de poços (para a parte hídrica)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-- Localização.
-- Parâmetros a serem monitorados.
-- Frequência de amostragem.

■■ Procedimentos para coleta e preservação das amostras.

Considerando todas exigências para a implantação, registro e monitoramento


dos resíduos, a empresa (proprietário do aterro industrial) deve se comprome-
ter a manter um treinamento para seus colaboradores e quaisquer alterações
comunicar o órgão ambiental competente e submeter-se a novas exigências e
adequações, sob penalidades severas (PHILIPPI JR., 2005).

ASPECTOS POLÍTICOS REFERENTES À RESPONSABILIDADE DO


TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Já é possível perceber o quanto é importante para a preservação ambiental e


saúde humana o transporte e destino final dos resíduos, uma vez que os impactos
gerados serão sentidos por todos. Por outro lado, o manejo dos resíduos envolve
custos entre geradores e a sociedade, e tal questão é fonte de calorosa discussão
entre as partes envolvidas.
A legislação brasileira já estabeleceu as responsabilidades para cada tipo de
resíduo. Veja o quadro a seguir:

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


167

TIPO DE RESÍDUO RESPONSÁVEL


Domiciliar Município
Industrial Gerador
Comercial Gerador (grande porte)
Município (resíduos não perigosos)
Institucional Município (somente os resíduos não perigosos)
Serviços de Saúde Gerador
Construção Civil Gerador ou Município dependendo da legisla-
ção local
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Quadro 16: Responsabilidade pelo gerenciamento conforme tipo de resíduo


Fonte: Philippi Jr. (2005, p. 309)

Considerando que a grande maioria das empresas destina resíduos para empre-
sas especializadas tratarem esses resíduos, o órgão verifica se a empresa que irá
transportar, tratar e armazenar os resíduos está devidamente autorizada para o
manuseio destes materiais. Eis algumas das exigências do órgão, de acordo com
Philippi Jr. (2005, p. 311):
Respeito à legislação de transportes de produtos perigosos, incluindo
identificação das embalagens, fichas de emergência, qualificação do
motorista, entre outras.

Envio de cópias dos manifestos de carga para o órgão ambiental.

Relatórios periódicos de controle de estoques, geração e destinação.

Nos casos de resíduos muito perigosos, podem ser exigidos escolta,


planejamento de rota e outras ações preventivas.

Aterro Industrial
168 UNIDADE V

ASPECTOS INTERNACIONAIS

Em países de desenvolvimento avançado, há uma tendência de estabelecer a


metodologia 3 Rs para minimizar os impactos negativos dos aterros, nesse sen-
tido também estão aportando tecnologias limpas em seus processos.
Outros pontos importantes dizem respeito à legislação dos documentos legais
para comprovar a responsabilidade do fabricante pelos resíduos até o final de sua
vida útil. Nesse tipo de política, os alemães foram os pioneiros. Evidencia-se a
aplicação do Princípio Poluidor Pagador (PHILIPPI JR., 2005).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por fim, o transporte internacional de resíduos perigosos foi regulamentado
pela Convenção da Basileia, criada em 1988 (entrou em vigor em maio de 1992),
na Suíça, em uma conferência promovida pelo PNUMA. Foi estabelecida como
um meio de acabar com a covarde destinação dos resíduos perigosos dos países
industrializados, principalmente os pertencentes a OCDE (EUA, Canadá, Europa
Ocidental, Japão), que encaminhavam os resíduos para os países em desenvolvi-
mento como a África e o Haiti, ou mesmo para a Antártida e países da Europa
Oriental, causando inúmeros danos ambientais em sua maioria irreversíveis e
retirando deles a responsabilidade dos custos (econômicos, sociais e ambientais)
de tratamento e destino final.

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


169

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta Unidade, a compreensão sobre o armazenamento dos materiais indese-


jáveis em nossas residências, trabalhos e nas cidades foi priorizada. Pudemos
perceber que ainda há muitas ações erradas, ou seja, distante das exigências legais
como é o caso dos lixões e aterros controlados.
Vale destacar que neles encontramos não só materiais de origem residencial,
mas também resíduos perigosos como sobras de resíduos da saúde, material ele-
trônico com índices de metais pesados nocivos à saúde humana, fauna e flora.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Outra preocupação a ser considerada é a naturalização em nosso cotidiano


da metodologia 3 Rs: reduzir, reciclar e reutilizar. Com ela, podemos minimi-
zar significativamente o montante de materiais encaminhados aos aterros, o
que implicaria em relevante queda da dimensão e problemas de lixões e aterros.
E neste contexto, precisamos contar com a contribuição da sociedade. Como
moradores e por estarmos suscetíveis às nocividades desses elementos, podemos
fotografar ou filmar esses descartes junto ao órgão ambiental competente, cuja
punição poderia coibir repetições dessas ações depredadoras.
Outra questão relevante diz respeito aos resíduos de classe I, considerados
industriais perigosos, os quais exigem um armazenamento específico e muito
bem isolado. Pois, escolher o local ideal para implantação de um projeto de
armazenamento de resíduo perigoso não é tarefa simples. São várias ações com-
plexas e já normatizadas que uma vez atendidas minimizam danos ao ambiente.
Quando os aterros são construídos conforme especificações legais (como
descrito nesta unidade), a sociedade e o meio ambiente ganham. A sociedade
por poder projetar a capturar o biogás e usar como fonte alternativa de energia,
e o meio ambiente por evitar a poluição e a contaminação de espaços territo-
riais, assim como foram os exemplos citados dos aterros Bandeirantes e São João.
E finalizando, foi apresentado um quadro que ilustra a gerência política
sobre a responsabilidade dos custos relativos ao transporte e armazenamento
final dos resíduos revelando a aplicação do Princípio Poluidor Pagador como
instrumento que regula a responsabilidade final dos resíduos, sendo repartidos
em: Município e Gerador (fabricante) em razão das características e montantes.

Considerações Finais
170 UNIDADE V

Espero ter contribuindo para a ampliação de seu conhecimento e sensibi-


lizá-lo a mudar seu comportamento sobre a questão ambiental. Há muito que
fazer, podemos iniciar em nossa casa, separando materiais como plásticos, papel,
vidro e outros para a reciclagem. Essa atitude pode se espalhar para o trabalho,
para seu local de estudo e muitos outros ambientes por onde passar. Já pode ima-
ginar o montante significativo de materiais sólidos que não seriam destinados
a lixões ou aterros? Com tanto material disponível, novas recicladoras surgem,
contribuindo com o desenvolvimento sustentável. Pense nisso!

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

LIXÕES, ATERROS SANITÁRIO E INDUSTRIAL


171

1. Após compreender as diferenças entre lixão, aterro controlado e aterro sanitário,


faça um levantamento em sua região e registre como são coletados e armazena-
dos os materiais descartados das residências.
2. Considerando as exigências legais para o tratamento do chorume nos aterros,
faça uma pesquisa e discorra sobre os tratamentos aeróbicos e anaeróbicos.
3. Aprendemos que a implantação de um Biogestor nos aterros é de extrema im-
portância para a qualidade do ar. No entanto, como gestores, precisamos ana-
lisar os custos para o investimento e seu retorno. Pesquise os custos de inves-
timento para aquisição de um pequeno aparelho captador, sua capacidade e
quantidade acumulada necessária de resíduos para gerar metano e utilizá-lo
como fonte energética.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Lixo, coleção Planeta Saudável


Cristina Garcez, Lucilia Garcez
Editora: Callis
Sinopse: Lucília e Cristina Garcez discutem neste livro um
problema ambiental do século XXI - o Lixo. Por dia, toneladas
de Lixo são produzidas, e quando não tratado da forma
correta, polui as águas, o solo e o ar. Buscando ampliar a
consciência ecológica dos mais jovens, as autoras abordam
temas como reciclagem, coleta seletiva, compostagem, tipos
de Lixo, além de darem dicas de como produzir menos Lixo e
ensinarem experiências.

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos:


aspectos jurídicos e ambientais
Sandro Luiz Da Costa
Editora: Sandro Luiz da Costa
Sinopse: Na obra, o autor trata dos aspectos jurídicos e
ambientais da gestão integrada de resíduos sólidos urbanos
no Brasil e como vem sendo efetivada sua gestão, desde o ano
de 1985, na Região Metropolitana de Aracaju.
Aponta, também, o importante papel do Ministério Público,
da Imprensa e de outras instituições na defesa do meio ambiente, sugerindo caminhos mais
sustentáveis.
O livro possui a característica de poder alcançar um público diversificado, a exemplo de alunos
de cursos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado na área do Direito, bem como
em outras matérias que lhe são afetas, técnicos, peritos ambientais, administradores públicos
em geral, docentes e operadores do Direito de modo amplo.

Caro(a) aluno(a), no primeiro vídeo, você irá conhecer alguns dos produtos
desenvolvidos com garrafas pets. A criatividade usada fez transformar pets em objetos
de decoração (flores e castiçais) e utensílios como vassoura e colchão.
No segundo vídeo, Rodrigo Sabatini apresenta vários danos causados por objetos
descartados no meio ambiente. Traz várias imagens de animais e espécies aquáticas
que foram afetados por materiais descartados nos mares e salienta a importância de
repensar e destinar corretamente essses materiais.
Reciclagem com Garrafas PET
http://www.youtube.com/watch?v=SqH06mSzq2c
Não descarte, encaminhe: Rodrigo Sabatini at TEDxFloripa
http://www.youtube.com/watch?v=3-rN2oHW1XI
173
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a)!
Este material foi elaborado para contribuir com o seu processo de formação no que
se refere à questão dos resíduos: coleta, armazenamento, tratamento e destino fi-
nal. Os processos apresentados estão corroborando com a legislação atual sobre o
resíduo.
Para a apresentação dos conteúdos, adotou-se uma metodologia voltada aos gesto-
res com vários termos técnicos e legais, porém com exemplos e imagens que pudes-
sem dinamizar a compreensão do estudo em questão. E para melhor discernimen-
to, desenvolveu-se o assunto em V Unidades, interdependentes, conforme segue o
roteiro:
Na unidade I, abordou-se o conceito de Sistema de Gestão Ambiental com ênfa-
se na Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos e alinhou-se com a distinção
entre prevenção e poluição. Ainda, a caracterização dos resíduos e a metodologia
3 Rs: reduzir, reciclar e reaproveitar. Neste interesse, o estudo voltou-se à intenção
de esclarecer os efeitos danosos sobre o ambiente e seres envolvidos bem como o
papel das organizações.
Na unidade II, apresentamos a tipologia dos resíduos sólidos: urbanos, industriais,
da construção civil, resíduos da saúde e como são classificados. Ainda, o estudo per-
durou sobre os efeitos negativos desses resíduos quando não tratados normativa-
mente. Tais efeitos interferem na qualidade ambiental (fauna e flora) e na qualidade
de vida das cidades. Além disso, apresentamos a relevância do papel das coopera-
tivas de resíduos existentes nas cidades e que contribuem significativamente para
redução desses materiais em lixões ou aterros, e para o reaproveitamento ou reci-
clagem. Porém, tal iniciativa exige a participação da comunidade e do Poder Público
Municipal.
A unidade III envolveu-se com conceito, caracterização, tratamento e destino das
águas residuárias ou efluentes. São diversas as origens dos efluentes: domésticos,
(sanitários), industriais, hospitalares, agrícolas, entre outros. Esses, muitas vezes são
destinados aos corpos receptores (rios ou galerias de esgoto) sem os devidos trata-
mentos e, assim como os sólidos, interferem na qualidade de vida do globo. E nesta
concepção, associou-se a obrigação das empresas e outras fontes geradoras em re-
alizar os tratamentos exigidos pela norma, e aos Órgãos Ambientais, a fiscalização
e monitoramento do tratamento, o qual deve estar em conformidade com limites
estabelecidos para cada situação. Um dos aspectos importantes desse tratamento
expressa-se no reuso da água já tratada na própria empresa, retornando ao proces-
so, estratégia que expressa impactos positivos na dimensão ambiental e econômica
para as empresas que diminuem o uso da água potável em indústrias refletindo em
custos menores.
Na unidade IV, abordamos o conceito de poluição atmosférica. Esse tipo de resíduos
tem origem industrial, antrópica e natural (mudanças globais naturais). Seus efeitos
são enormes e interferem na dispersão, concentração e qualidade do ar (fonte de
CONCLUSÃO

vida). Essa unidade ressaltou a importância de se instalar equipamentos e aplicar os


conhecimentos sobre as formas de tratar as emissões atmosféricas. A ausência de
equipamentos (filtros) e das técnicas corretas promovem danos à saúde humana e
ao ecossistema. Esta unidade apresentou as formas de minimizar tais efeitos noci-
vos, implicando em reduzir na fonte ou implantar mecanismos de tratamento.
Na unidade V, abordamos as características dos lixões e aterros como destino final
dos resíduos sólidos. Os lixões se diferenciam dos aterros controlados por possuí-
rem camadas de solo sobre os materiais descartados. Já os aterros sanitários e ater-
ros industriais licenciados obedecem a instruções legais para a elaboração de seu
projeto de construção (drenagem e uso de geomembrana), para o transporte de
materiais e para o armazenamento final dos materiais indesejados, que são ações
significativas para evitar ou reduzir a contaminação ambiental.
O material foi fundamentado na nossa realidade teórica e legal, e teve a preocupa-
ção e cuidado em buscar enriquecer e contribuir com seu crescimento pessoal e
profissional. Aproveite!
Professora Me. Julimari Aparecida Bonvechio de Oliveira
Professora Me. Renata Cristina de Souza
175
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