Manutenção Insdutrial

Você também pode gostar

Você está na página 1de 12

Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

1. Introdução à Manutenção Industrial


1.1. Conceito de Manutenção

A função Manutenção teve origem na era da industrialização dos meios de


produção. De facto, só com o desenvolvimento das Máquinas e dos equipamentos,
integrando uma automatização cada vez mais crescente, substitui-se na linguagem
comum o termo Conservação pelo terno Manutenção. Isto porque, desde que as
máquinas produzam bens, geram também avarias, facto que hoje em dia implica o
desenvolvimento da Manutenção a partir da antiga actividade de Conservação.

No que se refere ao conceito de Manutenção todas as definições tendem a


apresentar esta função como sendo a garantia da disponibilidade dos equipamentos
de produção pela avaliação das imperfeições no património tecnológico investido.

Porém, várias condicionantes limitam a manutenção a um modo de


funcionamento variável, dependendo:

• Das disponibilidades financeiras;

• Dos princípios de exploração dos equipamentos;

• Das qualidades e fiabilidade do material;

• Do nível de produtividade desejado;

• Da vida útil prevista do equipamento;

• Da obsolência do material;

• Da qualidade do pessoal de manutenção; e

• De outros factores.

Deste modo a Manutenção é um processo rotineiro e recorrente de manter uma


determinada máquina ou um determinado bem nas suas condições normais de
operação de modos que possa dar o seu nível esperado de desempenho ou de serviço
sem causar qualquer perca de tempo causada por uma danificação acidental, falha ou
avaria. Em outras palavras, Manutenção significa o trabalho necessário para manter o
equipamento industrial de modos que possa ser utilizado na sua capacidade total e
eficiência durante o máximo tempo possível.

1.2. Objectivos da Manutenção

O principal papel da função Manutenção numa empresa é a maximização da


disponibilidade das máquinas ou equipamentos industriais com vista ao alcance dos
objectivos finais da organização. Um outro papel fundamental da Manutenção é o
estabelecimento de condições de trabalho seguras tanto para os operadores como, e
sobretudo, para a maquinaria e o equipamento industriais. Os outros objectivos da
Manutenção são apresentados na forma de diagrama na Figura 1.1.

Hoje em dia, a importância da função Manutenção nas organizações industriais


tem crescido consideravelmente. Por isso, os objectivos da Manutenção devem ser
formulados dentro dos limites da estrutura de toda organização de formas que os
objectivos da organização sejam alcançados. Os planos de Manutenção devem ser
elaborados de formas a proporcionar normas de procedimentos para a realização das
acções de Manutenção. Para tal, os gestores da Manutenção devem assegurar que:

1
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

a) A maquinaria e os equipamentos estejam sempre em óptimas condições de


operação;

b) O tempo programado para entrega dos produtos aos clientes não seja
afectado por causa da indisponibilidade da maquinaria ou equipamentos;

c) O nível de desempenho da maquinaria e equipamentos seja seguro e fiável;

d) O tempo de paragem em virtude de avarias da maquinaria ou dos


equipamentos seja mantido mínimo possível;

e) Os custos da Manutenção sejam propriamente monitorados para controlar os


custos indirectos das organizações;

f) O tempo útil do equipamento seja prolongado enquanto se mantém um nível


aceitável de precisão no trabalho para se evitar substituições desnecessárias.

Eliminação de defeitos Prevenção de avarias


futuros durante a operação

Prevenção do Redução dos


desgaste dos Melhoramento da custos de
componentes produtividade da maquinaria e manutenção
do equipamento, devida a
Melhoria do disponibilidade máxima a um Maximização da
nível de óptimo custo eficiência
desempenho operacional

Redução do tempo
Assegurar segurança
ocioso por mau
durante o
funcionamento de
funcionamento
componentes

Figura 1.1 – Objectivos da Manutenção

Um dos mais importantes objectivos da função Manutenção é o de manter sob


controlo os custos de manutenção durante o ciclo de vida do equipamento. Se os
custos de manutenção crescerem para níveis significativos devida a falta de peças
sobressalentes, conduzindo a demora na execução dos trabalhos de manutenção, é
recomendável a aquisição do novo equipamento em substituição do existente.
Entretanto, os méritos e deméritos do novo equipamento devem ser tomados em
consideração, para ajudar a organização a formular as suas políticas de substituição
para a modernização da fábrica.

O modelo geral do sistema de manutenção numa organização pode ser


representado através de diagrama de blocos apresentado na Figura 1.2.

Maquinaria ou
Indisponível Disponível
Equipamento

Recursos de
Plano de Manutenção Produção e Serviços
Manutenção

Falha ou Avaria

Figura 1.2 – Modelo geral de um sistema de manutenção na empresa.

2
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

1.3. O papel da Conservação

O papel da Conservação resume-se às acções aplicadas aos meios de produção


para assegurar a sua disponibilidade de acordo com os critérios definidos na política
de Manutenção. Aparece assim, uma distinção entre a Manutenção e a Conservação,
isto é, a manutenção resume-se à optimização dos parâmetros da conservação.

A Manutenção subentende Conservação, mas o inverso nem sempre se verifica.


Isto quer dizer que pode-se praticar Conservação sem se fazer Manutenção.

1.4. Importância da Manutenção

O objectivo de uma empresa é produzir e, para isso, combina vários factores de


produção de entre os quais se destacam os equipamentos. E para que os
equipamentos produzam é necessário que eles funcionem. Estas considerações são
óbvias, mas na prática do dia-a-dia da empresa implicam a existência de uma função
muito importante que é a Manutenção.

De facto, com o uso todos os equipamentos se desgastam e avariam o que vai


provocar perturbações na produção. Assim, o interesse de diminuir essas
perturbações é evidentes, e daí a justificação para haver um sector cujo papel é o de
manter o equipamento a funcionar de modo adequado ao sector da produção, com o
mínimo custo. Deste modo, salienta-se o aspecto económico da questão. A existência
de um sector de Manutenção implica despesas para a empresa.

Porém, produzir significa explorar equipamento de produção para obter produtos


acabados, e a Manutenção assegura a disponibilidade à produção e, portanto, garante
a quantidade e a qualidade da produção. Por esta razão a Manutenção deve ser
considerada uma actividade produtiva e nunca um encargo para a empresa.

1.4.1. A Manutenção e o Lucro

Uma manutenção efectiva é uma componente vital para a qualidade, e dá uma


contribuição significativa para os lucros na empresa, dado que aumenta a vida útil do
equipamento e permite a utilização efectiva do pessoal.

Isto é realmente muito mais importante que o que os gestores das empresas
normalmente se apercebem. Pois, um aumento da rentabilidade da empresa pode
resultar da redução do tempo de paralisação do equipamento por avaria. Isto pode ser
exemplificando com o gráfico da Figura 1.3.
Unidades Monetárias

Linha de receitas

Lucro Custos Totais

Lucro Custos Variáveis

Custos Fixos

Actual Melhorada Produção


Figura 1.3 – Importância da disponibilidade crescente do equipamento
3
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

1.4.2. A Manutenção Efectiva

O objectivo da manutenção é o de colocar tudo o que deve ser mantido num


estado livre de falhas de operação. Mas, isto não deve ser entendido como implicando
que seja feito "a qualquer custo". Pelo contrário, o objectivo da manutenção é o de
encontrar uma situação óptima, considerando o crescente custo da contínua
sofisticação das operações da manutenção, bem como dos custos resultantes da
crescente taxa de avarias, como ilustra a Figura 1.4.

A Figura 1.4 mostra que mais manutenção não significa necessariamente melhor
manutenção. A manutenção excessiva pode reduzir a disponibilidade do equipamento
a um nível inaceitável e pode incorrer em pesados custos em peças sobressalentes e
esforços humanos.

Em alguns casos a manutenção pode reduzir a fiabilidade do equipamento, dado


que os componentes são disturbados, criando possibilidades de danificação ou
contaminação. Por isso, para que a manutenção seja efectiva "deve existir um balanço
aceitável que deve ser seriamente considerado".

Custos
Custos

Totais

Óptimo Custos de
Manutenção

Custos da
Avaria

80% 100% Factor de


Disponibilidade

Figura 1.4 – A manutenção e o custo da falha do equipamento

1.5. Tipos de Manutenção

No domínio industrial destacam-se dois tipos de Manutenção:

i. Manutenção acidental ou por avarias – consiste em intervir, somente, quando


as máquinas ou os equipamentos se avariam. Neste caso, a produção fica
parada enquanto a reparação é efectuada, a menos que existam uns
equipamentos de reserva. Esta é a que, frequentemente, se realiza nas
pequenas empresas.

ii. Manutenção planificada – neste caso, os equipamentos são vistoriados e, se


necessário, recondicionados segundo um programa de intervenção estabelecido
de modo a evitar perturbações a produção. Os períodos de intervenção são
escolhidos de modo a não prejudicar a produção, podendo ser: Férias, fim-de-
semana, períodos nocturnos, paragens para mudanças de linhas de fabrico, etc.
A Manutenção planificada é, por sua vez, é subdividida em:

• Manutenção programada [Scheduled Maintenance (SM)];

• Manutenção preventiva;

• Manutenção correctiva;
4
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

• Manutenção baseada na condição [Condition-based Maintenance (CBM)];

• Manutenção centrada na fiabilidade [Reliability-centred Maintenance


(RCM)].

A Figura 1.5 apresenta o sistema de classificação da Manutenção.

Manutenção

Planificada Não planificada


(Trabalhos organizados e (Trabalhos de emergência
efectuados com plano causados por uma avaria,
antecipado, controlo e danificação ou acidente
registo) não previsto)

Manutenção Preventiva Manutenção Correctiva


(Trabalhos destinados a (Trabalhos destinados a
preservação dos restauração dos
equipamentos e prevenção equipamentos aos padrões
de falhas ou avarias) de funcionamento aceitáveis)

Manutenção Manutenção Manutenção por


sem paralisação com paralisação falha ou avaria
( Máquina ou ( Máquina ou ( Implementada depois
equipamento em equipamento de uma avaria mas
funcionamento) paralisado) com plano prévio)
Manutenção centrada
Manutenção baseada

Substituição
na fiabilidade (RCM)

Reparação
na condição (CBM)
programada (SM)

Revisão
Manutenção

Figura 1.5 – Sistema de classificação da Manutenção

A Manutenção Preventiva aparece, sobretudo, nas médias e grandes empresas.


Mas, geralmente, subsiste também a manutenção correctiva, já que é muito difícil e,
geralmente não económico evitar, por completo, as paragens por avarias. De facto, e
como se representa na Figura 1.4, ao iniciar um sistema da Manutenção Preventiva
pelos equipamentos mais críticos, pode-se obter uma redução de número de paragens
e consequentes custos.

À medida que a manutenção preventiva vai se alargando e se refinado as suas


vantagens adicionais são cada vez menos importantes em relação aos custos que esse
refinamento implica. E, como indica a Figura 1.4 haverá um nível óptimo de
manutenção preventiva que corresponde a um custo global mínimo. Deve-se notar,
também, que este nível é variável com a idade da instalação. Com efeito, para uma
instalação nova haverá menos avarias, por isso, a Manutenção Correctiva poderá
conduzir a menos custos que a Manutenção Preventiva.

5
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

À medida que o equipamento vai ficando usado, por um lado, as paragens


tornam-se mais frequentes, e, por outro lado, a experiência e o conhecimento das
máquinas permitem uma intervenção preventiva mais eficaz. Assim, em relação a uma
instalação nova, a política correcta pode ser a de iniciar com a Manutenção correctiva
e ir, pouco a pouco, laçando a Manutenção Preventiva.

A utilização da árvore de revisão, apresentada na Figura 1.6, é sempre útil na


escolha do tipo de Manutenção a aplicar em função da situação real corrente na
empresa.

Máquina ou Equipamento em Funcionamento

Esperada Prevista
Falha

Manutenção Manutenção
Correctiva Preventiva

Intervenção Lei de
definitiva Contínua Degradação Conhecida
Sim

Não

Periódica
Modificação Vigilância Inspecção
Casual

Não
Sim

Sim
Não

Preventiva por Visitas


Manutenção Paliativa

Sistemática Absoluta
Sistemática Vigiada
Manutenção de
Melhoramento

Manutenção
Condicionada

Manutenção

Manutenção
Manutenção

Manutenção
Correctiva

Figura 1.6 – Árvore de revisão para a escolha do tipo de Manutenção

6
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

2. Função Manutenção na Empresa


2.1. Posição da Manutenção na Empresa

A análise de várias estruturas de empresas, permite concluir que parece não


existir organizações de manutenção totalmente idênticas. Algumas têm estruturas
hierárquicas precisas, outras vivem numa indefinição, onde a Manutenção depende de
todos e, sobretudo, de qualquer um.

Nas empresas, podem se destacar três tipos de organizações Hierárquicas:

i. Uma manutenção integrada, dirigida por um responsável dependendo


directamente da direcção técnica ou da direcção geral, correspondendo a uma
organização por função.

ii. Uma manutenção ligada a um chefe de produção com encargos mistos,


correspondendo a uma organização por sector.

iii. Uma mistura das duas, onde a, Manutenção dos equipamentos de produção
está colocada sob a responsabilidade da direcção de produção e a manutenção
de serviços sob a de um responsável de Manutenção.

2.2. Conteúdo e Tarefas da Manutenção

O âmbito de um sector de manutenção na empresa não se limita, apenas, ao


conjunto de acções que tendem a reparar ou evitar avarias. Há outros aspectos que
devem ser objecto da sua atenção, tais como:

a) A definição do tipo e número de peças sobressalentes, em colaboração com a


gestão de stocks;

b) A introdução de modificações nos equipamentos, com vista a corrigir deficiências,


facilitar a sua manutenção ou normalizar componentes. Para o efeito, poderá ter
um gabinete técnico próprio ou recorrer ao da empresa;

c) A lubrificação dos equipamentos de acordo com as recomendações do fabricante e


procurar que o número de lubrificantes utilizados seja mínimo;

d) A instrução aos operadores das máquinas sobre as boas condições de utilização


para reduzir avarias;

e) O controlo e a minimização dos custos da manutenção numa perspectiva


económica global.

Enquanto na pequena empresa o sector da manutenção tem, frequentemente,


uma importância secundária e aparece subordinado ao chefe da produção ou da
oficina, já na grande empresa lhe é, geralmente, atribuído um lugar destacado, por
vezes, a par do sector de produção.

2.3. Organização do Sector de Manutenção


2.3.1. Arquivo Técnico

Para poder desenvolver uma acção eficaz, o sector de manutenção terá de dispor de
um grande conjunto de elementos respeitantes à origem, constituição, Natureza e
"saúde" das máquinas. De entre esses elementos salientam-se como os mais
importantes:

7
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

a) “Dossier” Técnico, com as características das máquinas, as instruções de serviço e


outras indicações gerais dos fabricantes;

b) Desenhos das Instalações, das máquinas e de cada um dos seus componentes,


com nomenclaturas, cotas e especificações por formas a permitirem a sua
execução ou a sua aquisição no mercado;

c) Lista de peças sobressalentes por máquina, perfeitamente identificadas e referência


das com o código do armazém ou de possíveis fornecedores (estas listas podem
estar inclusas no “dossier” técnico);

d) Ficha histórica de cada máquina, registando o comportamento passado da


máquina e as intervenções que sofreu e que poderá, também, estar incluída no
“dossier” técnico.

Numa instalação fabril, toda esta documentação, atinge um volume muito grande
e torna-se indispensável que esteja correctamente arquivada para ser localizada fácil e
rapidamente, de modo a permitir que se tomem acções imediatas de manutenção
correctiva. Por isso, torna-se essencial a existência de um código de classificação dos
equipamentos que permita ordenamento lógico da documentação em arquivos
apropriados. Esse código poderá ser elaborado segundo diversos critérios.

Porém, em geral, combina-se um critério "geográfico" (localização da máquina


nas instalações) ou "funcional" (máquinas ao serviço de um determinado sector) com
um critério de “natureza” (tipo de máquina).

Exemplos:

1º) Código de um torno da oficina de reparações gerais pode ser: 011-OG-TF.


• 011 - Máquina nº. 11;
• OG - Oficina de reparações gerais;
• TF - Secção de tornos e fresadoras;

2º) Código de um camião ao serviço do sector de transporte pode ser: 004-ST-AP.


• 004 - Veículo nº. 4;
• ST - Serviço de transporte;
• AP - Automóveis pesados;

Evidentemente que a estrutura do código deve ser apropriada às características


da empresa e do sector de manutenção.

2.3.2. Estrutura

A estrutura do sector de manutenção é muito variável de empresa para empresa,


mas terá sempre de dar resposta às questões que lhe são específicas. E, em geral,
partindo das empresas em que a função de manutenção é rudimentar para aquelas
em que essa função está muito desenvolvida, encontramos uma primeira separação
entre o pessoal de execução e o pessoal de preparação desse trabalho.

Nas empresas menores a preparação do trabalho pode ser feita pelo chefe da
execução. Mas quando a dimensão da empresa é enorme esse chefe terá a necessidade
de distribuir as tarefas de gestão por um conjunto de auxiliares. Aparece então um

8
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

gabinete de manutenção que por sua vez, e na medida em que se justifique, se poderá
desdobrar nas seguintes funções:

• Métodos – que definem os processos de execução os materiais, a mão-de-obra,


os tempos, etc;

• Planeamento – que elabora os programas de intervenção de acordo com as


necessidades do equipamento, as conveniências da produção, os processos,
meios e tempos indicados por “Métodos” e assegura que os meios humanos e
materiais estejam disponíveis à tempo para execução;

• Normalização – que para além da codificação dos equipamentos e das peças


sobressalentes, deve procurar diminuir o número de materiais necessários à
manutenção em natureza e quantidade; e

• Lubrificação – que assegura que as máquinas sejam lubrificadas de acordo


com as recomendações dos fabricantes, dos fornecedores de lubrificantes e a
experiência, garantindo o controlo de qualidade dos óleos de longo serviço
(caixas redutoras, etc.). E ainda, estudará os processos de lubrificação de
acordo com "Métodos”; a distribuição de carga pelos executores de acordo com
"Planeamento", e a diminuição de número de lubrificantes de acordo com a
"Normalização".

• Projecto – que inclui uma sala de desenho para efectuar alterações nos
equipamentos com vista a melhorar os métodos de manutenção, a lubrificação
ou a normalização.

A nível de execução pode-se encontrar, também complicações estruturais. Para


além da divisão, acima referida, entre pessoal mecânico, electrotécnico, químico e
construção civil, podendo reflectir-se em maior ou menor grau no gabinete técnico ou
na chefia.

Para além do pessoal de intervenção local, há muitas vezes necessidade de


oficinas de apoio de diversas especialidades. Esta situação faz como que a
Manutenção se apresente estruturalmente de diversas formas, dependendo da
dimensão da empresa.

Em geral, apesar da natureza variável da estrutura da manutenção, a figura


abaixo apresenta a forma frequentemente usada nas empresas do ramo industrial
para a organização do Sector de Manutenção.

....

MANUTENÇÃO

MECÂNICA ELÉCTRICA DIVERSA

REPARAÇÕES MANUTENÇÃO REPARAÇÕES MANUTENÇÃO Preparação


PREVENTIVA PREVENTIVA Transporte
Construção Civil
Limpeza
Oficinas Mecânicas Preparação Oficinas Eléctricas Preparação Etc
Caldeiras Inspenção Turnos Inspenção
Soldadura Lubrificação
Etc

Figura 2.1 – Estrutura do Sector de Manutenção


9
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

2.4. Prestações da Manutenção

Uma prestação de um sector de manutenção é definida pelo seu conteúdo e pelos


seus resultados.

2.4.1. Conteúdo da Prestação de Manutenção

A prestação da manutenção poder-se-á definir pela execução de uma ou várias


operações de manutenção preventiva ou correctiva; e pela execução do conjunto das
operações de manutenção necessárias num dado bem, durante um certo período.

Em geral o conteúdo de prestação da manutenção é determinado pelos seguintes


parâmetros:

• A natureza das operações de manutenção;

• O nível de intervenção necessário;

• As gamas de trabalhos a efectuar;

• As qualificações profissionais requeridas; e

• A duração prevista dos trabalhos previstos.

2.4.2. Níveis da Prestação da Manutenção

Modernamente para a manutenção das máquinas de equipamentos nas


empresas apresentam-se cinco níveis de prestação que permitem identificar:

• A natureza das trabalhos a efectuar;

• Local de intervenção;

• Pessoal de execução;

• As ferramentas necessárias;

• A documentação necessária; e

• As peças consumíveis.

2.4.2.1. Manutenção de Nível 1

i. Natureza dos trabalhos:

• Operações simplesmente de conservação (limpeza);

• Afinações simples previstas pelo construtor por meio de órgãos acessíveis sem
abertura ou desmontagem do equipamento;

• Troca de elementos consumíveis facilmente acessíveis (fusíveis, avisos luminosos,


etc.);

ii. Local de intervenção: no próprio local.

iii. Pessoal de execução: o operador da máquina.


10
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

iv. Ferramentas necessárias: Nenhuma ou quase nenhuma.

v. Peças consumíveis: Em stock muito reduzido.

2.4.2.2. Manutenção de Nível 2

i. Natureza dos trabalhos

• Operações menores de conservação (lubrificação);

• Desempenamento por troca simples de elementos previstos para o efeito;

• Controlo de bom funcionamento.

ii. Local de intervenção: No próprio local.

iii. Pessoal de execução: Técnico habilitado de qualificação média.

iv. Ferramentas necessárias: as definidas no manual de manutenção;

v. Documentação: o manual de utilização e conservação do equipamento;

vi. Peças consumíveis: peças transportáveis e que se possam encontrar com


facilidade no local de intervenção;

2.4.2.3. Manutenção de Nível 3

i. Natureza dos trabalhos:

• Identificação de avarias;

• Reparação ao nível de componentes ou por troca de elementos funcionais;

• Reparações mecânicas menores;

• Reparações mecânicas menores;

• Afinações gerais e realinhamento dos aparelhos;

• Organização da manutenção preventiva de acordo com as instruções recebidas.

ii. Local de intervenção: no próprio local ou na oficina de Manutenção;

iii. Pessoal de execução: Técnicos especializados;

iv. Ferramentas necessárias:

• Ferramentas previstas no manual de manutenção;

• Aparelhos de medição e afinação (oscilações, etc.);

• Bancos de ensaios e de controlo dos equipamentos.

v. Documentação: Todas as instruções e manuais de manutenção;

vi. Peças consumíveis: Armazém que fornece, também, ao primeiro e segundo níveis.
11
Alexandre Charifo Ali Lições de Manutenção Industrial DEMA – FEUEM

2.4.2.4. Manutenção de Nível 4

i. Natureza dos trabalhos:

• Todos os trabalhos de manutenção correctiva ou preventiva;

• Realização de revisões gerais;

• Assistência aos aparelhos de medição utilizados na manutenção;

• Verificação por organismos especializados dos padrões possuídos;

• Recepção dos equipamentos reparados no nível 5;

• Contribuição para a formação dos agentes envolvidos nos níveis 3 e 2;

• Definição da política de manutenção.

ii. Local de intervenção: Oficinas especializadas ou próprio local.

iii. Pessoal de execução: Com enquadramento técnico muito especializado.

iv. Ferramentas necessárias:

• Ferramentas previstas pelo manual de manutenção;

• Equipamento geral de uma oficina

• Bancos de medição;

• Padrões secundários.

v. Documentação: Toda a documentação geral ou particular utilizável na


manutenção.

vi. Peças consumíveis: Existentes na oficina especializada ou em stock necessário


para execução dos trabalhos no âmbito da política de manutenção definida.

2.4.2.5. Manutenção de Nível 5

i. Natureza dos trabalhos:

• Execução de revisões gerais;

• Execução de reparações importantes dependentes do nível 4 mas que são


entregues ao 5 por razões económicas ou de oportunidades;

• Formação do pessoal de manutenção;

ii. Local de intervenção: Normalmente à fábrica do construtor.

iii. Meios: São definidos pelo construtor.

12

Você também pode gostar