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Anno I. SÁbbado, 13 de Dezembro, 1879. N. 50.

REVISTA MUSICAI,
liâl âif «

Editores : _A_.rthur ISTapoleâo & Miguéz.


Este semanário é publicado aos Sabbados e assigna-se na casa dos. Srs. Arthur Napoleão & Miouf./., Rua do Ouvidor n. 89.
Preços de assignatura:— Corte, um anno 10$, semestre 6$, tr|meBtre .$000. Províncias, um anno 12$, semestre 7$000.

Foram, com relação ao actual concurso dos alumnos


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Revista Musical da aula de pintura, mais injustas e iníquas as de-
cisoes da congregação, do que o foram no ultimo con-
——*C_~MU—-*"1»-
curso ao Prêmio de Roma ou em outro qualquer con-
*á _ümI^_^_l ACADEMIA SE BELLAS ARTES curso havido n'aquclle estabelecimento ? ..¥¦¦

Exposição annual : Todos os males que a imprensa diária descobrio e


denunciou agora, como se se achasse repentina e ino-
em frente de um abysmo, não existem,
s trabalhos expostos ultimamente pe- pinadamente e muitos d'elles em maior escala —ha muitos annos;
los alumnos da Academia de Bellas minando e corroendo as esperanças de talentos nas-
Artes provocaram tão descompassada contes atrophiando as mais nobres aspirações, fus-
a imprensa diária da ;
grita em toda tigaurlo, com o latego do carrandsmo, o mais ligeiro
corte, que, ainda hoje, nos achamos de idéias avançadas; desanimando, pela
prenuncio
perplexos e sem poder explicar inju%ti$a, as boas intenções ; ensoberbecendo SS me-
a razão de tão unanime e enérgico diocridade, com recompensas mal cabidas
; premiando
protesto. não pela convicção do mérito, mas pela conveniência
Só agora se aperceberiam os nossos
própria ; reduzindo emfim um estabelecimento de Es-
collegas da decadência progressiva e constante que, tado á uma congregação jesuitica, em que ninguém
ha já tantos annos, se nota na nossa Academia de é responsável pelo mal que se fez e onde todos, ou
Bellas Artes ?
anteriores quasi todos, limpam hypocritamente o pó de suas
Terão sido por ventura as exposições sandálias como se se considerassem estranhos a todas
dós alumnos muito superiores, em mérito e em nu- as maquinações, intrigas e injustiças, que ha muitos
mero de trabalhos, á d'este anno, e será o descalabro annos formigam na Academia de Bellas Artes, desde
d'aquelle estabelecimento uma enfermidade aguda que a secretaria até o saguão d'aquelle infeliz estabe-
só este anno se manifestou ? lecimento de Estado ?
Seria necessário esperar por esta exposição e será Dizem os jornaes, como se desvendassem um im-
preciso esperar pelas futuras para se conhecer que penetravel mysterio aos seus leitores, que ha presen-
a Academia tem de se anniquilar por si mesma e temente aulas na Academia de Bellas Artes
mais simples e mais mes- que só
reduzir-se a uma expressão têm um alumno e, d7isto mais do que de outra cousa,
quinha ainda do que está presentemente? fazem cabedal para pedir ou aconselhar ao governo
A má semente, o solo impróprio e mal desmani-
que se feche ou que, pelo menos, se reforme radi-
nhado, um arroteamento desastrado e retrogrado, não
calmente aquelle estabelecimento.
deviam fatalmente produzir fructós mesquinhos, raqui-
Mas quem não sabe que o facto de algumas au-
ticos e mal sazonados ?
Ias terem um ou dois discípulos subsisto ha bastan-
Pois a ultima exposição geral da Academia não era
tes annos, e que se não fosse o Sr. Mafra, com o seu
um prognostico da que se realisou ha apenas alguns
zelo,—umas vezes bem entendido, outras desastrado,
dias? ellas estariam absolutamente desertas?
Os trabalhos dos mestres não era estalão suffi-
ciente, para por elle adivinharmos o que poderiam Não é do domínio de todos que é o digno secre-
ser as obras artísticas de seus discípulos ? tario da Academia quem mendiga, nas aulas mais

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difecipulos freqüentarem as outras e remédio e conselho; porque a questão não está só em


povoadas, para
esta fôrma justificar os vencimentos do§ seus demolir, está também em se saber o que se deve con-
por struir em cima das ruínas do edifício derrocado.
respectivos professores?
Não existem cá por fora as listas das faltas
de Que a Academia de Bellas Artes não pôde sub-
no sistir por mais tempo da maneira em que se acha, é
alguns professores, pelas quaes se conclue quê,
apre- uma verdade que desde ha muito apontámos 1
fim do anno, pouco ou nenhum resultado podem
sentar os seus alumnos? Que se proceda desde já á mais Completa reforma
toca ao systema de ensino, é o que se torna
A imprensa acordou só agora do profundo lethargo pelo que
urgente e necessário. Pelo que toca a accusações de
em que jazia por muito tempo e como quem ó açor-
outro gênero, estamos intimamente convencidos que o
dado de sobresalto, esfregou os olhos, olhou desvai-
im-
rada em redor de si, pronunciou o tradicional onde corpo acadêmico, tão violentamente attacado pela
ao Go-
estou? e sem mais reflexão, pedio com uma unani- prensa fluminense, será o primeiro a requerer
midade sem precedente, que se feche a Academia verno uma syndicancia rigorosa a todos os seus actos,
Imperial de Bellas Artes do Rio de Janeiro I individual e collectivamente praticados, e a pedir que
Não se entregou a mais pausadas cogitações ; não o resultado d'essa syndicancia seja bem publico e no-
cuidou em palliativos, não pensou em descobrir droga torio para que a honra e brio dos professores da
uma ou Academia de Bellas Artes não fiquem, nem por sus-
para guarecer a chaga, nem sequer pedio
mais amputações; desfechou-lhe um tiro, como se se peitas, empanados.
tratasse de um cavallo inutilisado para o serviço l
Para que se tomasse uma medida de semelhante
alcance, seria necessário que as cousas corressem os HENRIQUE VIEUXTEMPS
devidos tramites. Devia proceder-se a uma rigorosa
syndicancia, pela qual se verificasse a maneira por jjfejj it\»fry ^Bk (Continuação)
que são desempenhados os serviços da Academia: liando Vieuxtemps voltou á Rússia não foi a principio
systema d'ensino, freqüência dos professores, actas feliz, porque teve de passar três mortaes semanas
das congregações, actos da directoria, contabilidade em um quarto de três metros quadrados com um
do estabelecimento, applicação das verbas dá dota- cossaco e um papagaio, no lazareto de Odessa.
No anno seguinte, em 1849, não lhe quizeram
ção, emfim, tudo quanto podesse dizer respeito ao dar passaporte para o estrangeiro ; este pobre anno
complexo mechanismo de uma academia de bellas
de 1849 era culpado talvez porque se seguira ao temível 1848
artes devia passar primeiro diante dos olhos de uma
que pôz uma boa metade da Europa a ferro e fogo.
commissão de inquérito, tão rigorosamente escolhid^, 0 czar não quiz que lhe fallassem de viagens por paizes
quanto rigorosas deviam ser depois as suas conclu* estrangeiros.
soes. I; Vieuxtemps consolou-se lá como pôde, visitando e revisitando
Só então se poderia pensar em fechar as portas Moscow, Revel e outras cidades do interior.
Durante o tempo que esteve na Rússia deu-se muito com
de um estabelecimento de Estado, e, ainda assim,
A. Rubinstein que depois (Não causemos ciúmes). N'esta
era forçoso ter projecto em mira, para que se pu- época o
pianista era apenas criança—prodígio.
desse desde logo remediar por qualquer fôrma a falta A casa de Vieuxtemps era o rendez-vous dos artistas e pro-
d'elle. fessores celebres. No concerto de despedida, dado em S. Pe-
Fechar a Academia de Bellas-Artes! tersburgo, no salão da Nobreza, que comporta 4,000 pessoas,
as cantoras Grisi, Persiani, Maray, de Meric e Medori, e os ce-
0 que havemos de fazer dos discípulos ? Mandar lebres Mario, Tamberlick, Gardoni, Tamburini e Tagliafico to-
para o Lyceu de Artes e OfiScios os das aulas elemen- maram parte n'esta festa de Vieuxtemps; e uma hora antes do
tares. Perfeitamente! Não podiam ir para melhor concerto o salão estava tão repleto que os artistas quasi não
parte, e muito ganhariam com a transferencia ; mas puderam entrar. O próprio concertista só o conseguio, distri-
os das aulas de pintura e estatuaria ? buindo empurrões para a esquerda e direita e deixando uma aba
da casaca nas mãos das victimas que o não conheciam e que o
Ainda mais, na Academia de Bellas Artes ha pro- tomavam
por um intruso insolente e egoísta.
fessores encanecidos no serviço ; que destino se lhes Depois de ter passado seis annos na Rússia, Vieuxtemps
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havia de dar ? começou a reparar que havia grande differença de temperatura
Reduzil-08 á miséria, suspendendo-lhes os ordenados ? entre S. Petersburgo e Pariz. Por isso receando o clima mos-
.

Aposentando-os ; onerando assim os cofres do Es- covita, pedio demissão, e depois de dar algumas voltas pela Alie-
tado com uma despeza, então absolutamente improduc- manha foi primeiramente a Nice, porque a imperatriz da Rússia
lhe pedio que fosse até. là e depois para ver se as laranjeiras
tiva? não se davam alli melhor do que nas margens do Newa. Nice n'esse
A tudo isto cabe aos nossos collegas de imprensa dar tempo era italiana. Vieuxtemps tomou parte nas festas que o
em
Ha três annos foi contratado Vienxtemps para tocar
e foi condecorado com
rei Victor-Emmanuel de* por essa occasião Londres todas as segundas-feiras. Era nm folhetinista qne to
com as ordens de S. Mauricio e S. lázaro. ,
Tolosa} arco enthnsiasmava os inglezes nos concertos popnlares,
sul da França; Marselha e
Voltou pura Pariz pelo cando quartettos, sonatas, trios, etc....
deram-lhe medalhas e coroas. Entretanto é confessar qne, se em Londres, todas
na cadêa preciso
Em compensação eu* Hyères quizeram mettel-o aí semanas se rennem três mil pessoas para
onv.r ¦«•*•-
como impostor. sica em SainUames-Hall, não acontece o mesmo ora de Londres.
Vieuxtemps,
A autoridade dizia que elle não podia _er Assim foi qne Sainton qne tivera de dar concertos fazendo exe-
ido embora; havia
Vieuxtemps violinista, porque este já se tinha o nome entar qnartettos, foi acolhido de tal maneira no pr.me.ro qnar-
véspera e o seu passaporte tinha o segando, combinon
passado por Hyères na tetto de Haydn, qne, antes de ir tocar
Henrique Vieuxtemps. os companheiros para tocarem todoa de cor, o como se
disso nao com
O falso foi acolhido principescamente e apezar uma fosse a segunda peça do programma, a symphonia da Semira-
e deixou ficar o bar-
pagou a conta do hotel (e não era pequena) mata uma mala mis, á qual ainda foi preciso acerescentar, como coda,
e
caixa de violino fechada e sem instrumento em naval de Veneza variado. .
uma enorme embrulhada fo, onv.do mais ou
fechada também e contendo pedra Vieuxtemps mesmo quando quiz tentar
menos religiosamente, durante dois andamentos de um quartetto
e parece que inglez levantou-se e
_* aventnra divertio moito o instrumentista Mozart, depois dos quaes um enorme
Ullmann contracton-o de encontrando-se
até lhe deu desejos de ver o Mediterrâneo. uma foi-se embora com toda a gravidade e seriedade;
Foi peregr.-
bem como a Thalberg para os Estados-Unidoa. de porém com o emprezario pedio-lhe que fosse d.zer áquelles
cinco m.nutos depo» se deixassem de gastar tanto tempo para
nação diabólica. A's vezes era preciso tocar de fome. O quatro massadores que
e mortos cousa, que executassem uma mod.nha.
uma viagem em estrada de ferro, todos sujos tocar sempre a mesma
de tndo ; Vieuxtemps, porem, nao
povo queria onvir. Thalberg ria-se deixa estar n outra À modinhal... ..
mamfestaçao
-
que
achava nisto graça e praguejava :-Ora 0' gosto d'esta gente se resume n'esta
subhme
não caio eu 1... • da melodia 1... _. „__* nnAa
onae
— P'ra o diabo l — E o Thalberg ria-se.... 32 annos Vieuxtemps tornou a vêr a Holijpda
No fim de
mais havia de via- sua carreira. Faz nma sene
Foi depois de fazer juramento que nunca fôra tão festejado no principio da
Vieuxtemps partio para Stockolmo. excursões nas principaes cidades da Bélgica e nas dos de-
jar que de
francezes. Vieuxtemps não teve mu.tos d.sc.pnlos
tinha passado partamentos vmjava sempre^
A Snecia compenson-o dos tormentos porqne até então porque não os podia ter, porque de
na America do Norte. Em qnanto
não *^\***%r£
linda assim as qualidades principaes de todos os d.sc.pnlos
ainda o persegnia o alvoroço das c-dades dos Lstados- Henrique Vieuxtemps são? a pureza do som, a elegância no
poz qne
UnÍ e ianeio do arco e nobre simplicidade na expressão.
na capital da Snecia com as
AB'repntação qne o havia precedido \ Henrique Vieuxtemps até hoje*) é condecorado
concertos qne elle ahi den e qne a vieram conntmar commendas das ordens: de S. Leopoldo, de S. Maur.c.0 e S.
alguns
Carlos XV o convdaese a tomar Lázaro, de Nachan e de Wasa. _.__>•
£T snfficientes para qne
curte nas festas da sua coroaçao. Tem as grandes medalhas de ouro: de Mento, da Prússia;
^Vieuxtemps do Ama-
ainda se recorda com grande saüsfaçao da Sociedade Real de Philantropia, de Bmxellas; da dos
em companhia dos snecos e nao cessa de dores de Musica, de Nova-Orléans; do príncipe Max, de Ba-
tempo qne passou deste canto septentnonal Nicoláo; ex-
«altar o enthusiasmo dos habitantes viera etc, etc. W ex-violino solo do imperador
bellas-artes em geral e pela musica em part, professor de violino em S. Petersburgo, musico da câmara do
^Europa pelas sna casa. Den de- Real de Sciencias, das let-
«kr Cada qual dispntava para o levar para rei da Bélgica, membro da Academia
segídos cinco' concertos. Yeio a monomania das vagens trás e das artes, da Bélgica; da Sociedade Protectora, dos Ce-
po e valles, ao menos por mares cros de Vienna; membro da Grande Harmonia, em Bruxellas*
elâ .« foi, se não por montes
dos' conservatórios de Vienna e de Praga, da Liedertafel, da
6
qne em Stocholmo. Por pouco Baviera; da Associação dos Artistas de Pariz, etc., etc.
^ifmSttSasmo
Pariz. Encontro» alli ™°*°™ resta apreciar o talento de Vieuxtemps
e a influen-
«», toe parotía estar em % Agora
exeentores notáveis, sociedades cornes e ph.larmom- cia exerceu esta notabilidade artística na escola de violino,
fartem que
otut exaçtamente como em França. como executor, quer como compositor.
^' Vienxtemps âs portas da quer (Continua.)
1 sodedade de canto foi receber d* sympathtae sa-
cidade e felicital-o pela prova Bign&catim condecorou V.eux-
orei l áéra. Sim. O rei Carlos
Jü Wasa, da Sueca. NOTICIÁRIO ESTRANGEIRO
tsíps com a ordem real de de outras ainda.
Total: Quatro condecorações sem prejuízo
não é muito grande a d,s- achando-se restabelecida,
ío Gothembonrg a Copenhagne A prima-donna Marietta Biancolini,
de garganta que aqui
tancia. á sua chegada a Lisboa, dos incommodos
E ainda que fosse ? 1... _. a impediram de cantar, foi escripturada por um mez pela em-
Vienxtemps tao hosp.- a fim de tomar parte no Romeo
A Dinamarca mostron-se para com preza do theatro de S. Carlos
^r^s: d"_rBna _**_, -*•«¦£¦ e Julieta e na Missa de Requièn,
de Verdi.

com os irmãos Marchisio e Arthnr Na-


aonde conjnntamente
nma serio de mais de 50 concertos.
poleão, den'-______•••« • • • •
*) Esta biographia foi escripta em 1868.
• • • • • •
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'...-'" ';'. ' -"''"'¦,-....'.. .'¦'-
¦'...- . •"¦';'¦' . • - ¦>*'' ~y;' -*;--. .'¦'.¦¦¦ '"¦''' .'.'¦. ' '.¦
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A cantora Helena Sanz, muito nossa conhecida, está can. Na battata, começada entre bastidores e concluída no prós-
tando actualmente no theatro lyrico de Palermo. cenio com a segunda estrophe que a festejada prima-donna adornou
A sua collega Mariuni está em Gênova onde tem sido fes- de uma difficilima mas preciosa fermata, alcançou uma ovação.
tejada na opera de A. Ponchielli — La Oioconda. Era protogonista a Varesi, que não agradou ; e ao resto dos
* cantores aconteceu outro tanto. Coros máos e a orchestra detes-
Vae ser brevemente cantada em Milão uma opera nova do tavel nos acompanhamentos. A empreza deve retirar da scena
maestro Oaneppa, intitulada — Ricardo 3.° — Espera-se feliz a Linda, porque o publico não lh'a tolera. Entrou em ensaios
êxito d'este novo trabalho do autor de David Rizzio. o Trovador, em que o tenor Abrugnedo desempenha a
parte de
Manrico, e depois ouviremos a Africana,
# que é de esperar agrade
bastante.
Diz o Mundo Artistico que o illustre trágico Ernesto Rossi,
depois da sua excursão pelo Rio da Prata irá até Lisboa, Ma-
drid e Barcellona, dar algumas representações.
*
O tenor portuguez Gazul, acaba de justificar o antigo
No theatro da Opera em Moscow está em ensaios a opera verbio — pro-
„ninguém é propheta na sua terra."
de Rubinstein—O demônio. — Salvo seja!..
Estreiando-se em S. Carlos, na Linda de Chamounix, foi
*
pateado logo à entrada de scena.
No theatro do barão Derwies, perto de Lugano foi repre-
Se fosse aqui, que iras se não levantariam áquella manifes-
sentada uma opereta, do fallecido Bizet, cujo titulo é Djamileh.
tação de tacões, e comtudo não ha ares tão
Agradaram muitíssimo a execução e a musica. propícios aos mu-
sicos portuguezes como estes nossos.
Todos podem clamar: — O meu triumpho
Será representado novamente no S. Carlos de Nápoles o Sal- foi completo.
vador Rosa, de Gomes.
Entre os artistas que hão de cantar esta opera estão as Em conseqüência de um incidente curioso o celebre regente
nossas conhecidas Wizjak e Rubini. Hans de Bulow pedio a sua demissão de director da orchestra
#
da Opera de Hanover. Foi o caso o seguinte: Como é sabido,
Além do favorável êxito do drama Mirábeau de Júlio Cia- Bulow é um fanático pela musica de Ricargo Wagner; repre!
retie, já noticiado pela nossa imprensa diária, foram igualmente sentava-se o Lohengrin. O tenor Schott estava cantando, quando
felizes — o novo drama PHiote de Maurício Drack, que causou de repente Hans de Bulow larga a batuta e tapa os ouvidos
com as palmas das mãos como quem não
grande sensação no auditório, Les petites Lionnes, e Monsieur podia supportar mais l
de Arnaud Silvestre e Paul Burani. aquélla voz. E' fácil imaginar a emoção e a hilaridade que esta
Este Monsieur parece que é uma boa,peça! ...^Hvq singular manifestação provocou. O tenor recusou continuar a
cantar sob a regência de Bulow, e este, a
* quem o emprezario
não podia dar razão, pedio a demissão e
Devem já ter sido representadas as seguintes operas em onde actualmente partio para Berlim,
está dando concertos.
Pariz :
Pelrarca, de Duprat, que nunca foi à scena n'esta capital, Que publico feliz!...
La princesse jaune, de Camillo Saint-Saens, e pela
primeira vez
Hymnis, posta era musica por Cressonois, sendo o Us jornaes de Pariz noticiam a próxima execução da opera
poema do
notável poeta Theodoro de Banviüe. A opera Grand1 Tante, de de Berlioz— Tomada de Tróia —que
nunca foi representada.
Massenet, também será ouvida de novo, e é de esperar
que desta Berlioz legou esta partitura, bem como a dos Troianos em Car-
vez seja mais feliz do que da primeira. thago á bibliotheca do Conservatório de Pariz. Na
partitura
da opera Tomada de Tróia ha um prefacio curioso
que pede
De uma carta de um dilettante de Madrid, extrahimos5 o aos cantores, regentes e instrumentistas executem a musica
que
seguinte : tal qual elle a escreveu, que se deixem de inventar cadências
nao existentes, etc. Ao mesmo tempo
Madrid, 14.—. pede aos maestros con-
certatori que não usem da mania que têm de ensinar as
aos cantores, tocando sempre em oitava; partes
porque se elle quizesse
„Vou dizer-lhe algumas palavras relativamente aos succes- saberia escrever e indicar oitavas; outrosim, não .se mettam.a
sos lyricos no Theatro Real. empregar a torto e direito os pedaes,
porque elle bem sabe que
A representação dos Huguenotes foi a mais bem recebida. o emprego dos pedaes é designado pela expressão Ped."
Seguiram-se duas ou três operas desempenhadas inferiormente, E3te prefacio é satyra graciosíssima.
uma d'ellas por causa do tenor, e as outras
por falta de bom
desempenho. O Voltaire, jornal de Paris, diz
Parecia, ao vêr-se o pomposo elenco da companhia, que innumeros preparati-
vos se fazem na Opera para a representação da Aida. Affirma
d'ella dava que 6
pessoal para tudo, e já se contam três fiascos l o mesmo jornal que o papel da protogonista não será feito mais
A Linda de Chamounix, cantada hontem, teve um Krauss e sim pela nossa conhecida Maria Durand.
êxito pela
quasi deplorável, com excepção da Schalchi Lolli, que obteve um
triumpho na parte de Pierroto, interpretada admiravelmente.
A
Schalchi, para assim dizer, era a „palmeira no
deserto."
RESUMO DA HISTORIA DA ARTE ANTIGA A historia da arte antiga desde os tempos primitivos foi-nos
ensinada quasi toda ella por Plínio, Plutarcho e Vitruvio que vi-
NA GRÉCIA E EM ROMA viam no primeiro século da éra christã,
por Pausanias, Philostrscto
Jrfô) e Luciano que vieram uma centena de annos depois; exceptuando
alguns pontos da época que lhes é contemporânea, só faliam pelo
|or muito tempo, a historia da arte antiga que deve os que ouviram dizer, por tradicçâo, ou ainda pelo que leram. Os
primeiros esclarecimentos ao celebre e erudito critico textos devem pois merecer desconfiança e até muita ; é devido a at-
allemão Winckelmann, nascido em 1717 e fallecido em tribuições de algumas obras que o que a archeologia moderna intenta
1768, e que não é conhecida, foi posta de parte pela dar como de certas e determinadas épocas, só pode em geral ser
ignorância geral dos monumentos mais importanten da considerado como aproximações.
^antigüidade. Muitas das esculpturas dos nossos museos ficam para ahi sem
Outra causa contribuiu para persistirem essas idéias sequer terem marcados os nomes dos autores.
falsas sobre a arte antiga, referi mo-nos á singular ma- Por outro lado, na antigüidade fizeram-se numerosas copias;
nia, no tempo da Renascença, quanto à restauração nas diversas epochas os artistas usavam dos nomes dos predeces-
dos legados artísticos da Grécia e deRoina. sores celebres e pouco se lhes importava terem de falsificar uma
Assim foi que o Lacoonte, restaurado por Baccio assignatura.
Bandinelli depois por Montorsoli, tem levantada a mão
Vejamos agora as filiações da arte na Grécia e em Roma.
direita para desviar a serpente emquanto que os archeologos re-
conheceram que o original devia ter a mão collocada pelo lado Os phenicioB, desde remota época, tiveram colônias na Sa-
posterior da cabeça. Montorsoli também mudou a posição dos bra- motbracia, Thasos, Lemnos, Milo, Santorin, Oithèra, na Thracia,
ços e das mãos do Apollo de Belvédore, e em vez de dar ao deus na Crimêa, no Ponto Euxino, em Créta, em Athenas, etc. A
o escudo de pelle, substituiu este por um arco e flecha. actividade marítima e commercial da Phenicia não soffreu quando,
Quando foi encontrado o Hercules de Farnése, faltavam-lhe as alternativamente, este paiz passou das mãos do Egypto para as
pernas; foram ter com Guglielmo delia Porta. Mais tarde acharam da Assyria. Porém, d'este jugo succedeu que a arte phenicia
as pernas ; tiraram â estatua as que lbe dera o esculptor e as sub- apresentava um mixto, resultante dos estylos dos dois povos
stituiram pelas primitivas. usurpadores.
Por mais de uma vez os restauradores, achando que o seu A época primitiva ou pelasgica, na Grécia e na Itália, com
trabalho não condizia com o antigo, rasparam as estatuas antigas os seus monumentos cyclopicos e a sua tradição marítima, é
para dar unidade ao todo. bem difficil de a determinar precisamente. Estes monumentos
Desde a época dos romanos havia o habito das mutilações. e algumas esculpturas que os ornamentam, como os famosos leões
Mudavam a cabeça de uma estatua para outra. Transformavam um da porta de Mycenes, têm caracter asiático, por conseqüência
deus grego ein imperador, em grande figurão de couraça e toga. phenicio, porém, correspondem a um estado do architectura quasi
Os catálogos modernos dão conhecimento das restaurações' universal na parte oriental do Mediterrâneo na época primitiva
por que passaram algumas esculpturas antigas. Ha outro mal tam- e podem originar-se de tribus emigradas da Asia-Menor, e estas
bem que àugmenta o incoveniente de certas restaurações e é que mesmas já formadas pela civilisação resultante do contacto ou
os Babichões enganam-se e chamam antigo ao que é moderno e mo- do domínio do império assyrio e da industria phenicia.
derno ao que é muito antigo. A historia tão incerta, tão hypothetica d'esses tempos ad-
A respeito da historia da arte grega ha numerosas duvidas. mitte que os Pelasgios, isto é, as tribus marítimas vindas para
A historia da Antigüidade de Roma e da Grécia, como a a Grécia, começaram a rechaçar os Phenicios e que os nego-
de todos os outros povos está sujeita a equívocos enormes. ciantes-conquistaríores de Sidon procuravam então compensações
Os myttaos primitivos têm sido desfigurados e confundidos com na Hespanha, África, índia e Arábia.
as lendas históricas locaes ; o espirito do homem no principio das Os Dorios, uma das primeiras raças da Grécia, deviam ter
civilisações compraz-se com alegorias funestas à verdade tal qual a repellido os Phenicios de quasi todas as praças que occupavam
compfehendemos. Os antigos gostavam de uzar nomes expressivos, no Árchipelago e na Grécia. Pouco tempo depois os Phenicios
nomes emblemáticos, que só sorvem para confundir personagens retomaram as ilhas ; foram, porém, logo expulsos pelos gregos
imaginários com seres reaes, e que facilitam supposicão e creação e cahiram no jugo dos Assyrios, isto no século Vil.
de figuras destinadas a preencherem espaço na narração dos pe-
ri o d os históricos. A sciencia também vê em um povo hypothetico, os Carios,
que representaram um importante papel na ilha de Créta, e
Os nomes ainda nos povos modernos se resentem d'essa ori- são originários do norte da Asia-Menor, agentes activos da ei-
gem, porém os estados civis confirmam a identidade das pessoas. vilisação antiga.
Desconhecemos o estado civil dos antigos; a chronologia, como
nós a formamos, é uma synopse excellente em que os aconteci- Ora, foi nas ilhas gregas, em Corintho, em Athenas, no
mentos e Os homens estão dispostos com ordem, porém sem poder norte do Peloponeso* perto do isthmo e nos golphos, em My-
certificar se estão exactamente collocados no seu devido lugar. Os cenes, em Tenéa, em Argos, em Actium que se encontraram
os mais antigos monumentos da arte grega primitiva; versos,
historiadores antigos são raros, posteriores ás cousas e ás épocas
moedas, estatuas, baixos-relevos, túmulos e thesouros.
que cantam; não sabemos se na realidade existiram, ou ainda
não estamos certos se viveram em tempo correspondente ás datas A lenda histórica, contada por Plínio e por escriptores an-
de que se falia. tigos, attribue a Dedalo (o industrioso de Creta,) a invenção
A bonhomia, a credulidade e o pouco amor áexactidão, mesmo das estatuas com braços e pernas livres.
quando dizem que a respeitam, são o característico d'estes velhos (Continua.) h
escriptores.
6

DD. Maria Seixas e Julia de Amorim e os Srs. Cor-


CHRONICÀ LOCAL reia, Honorio e Noceti. As honras da noite, porém, cou-
corrente beram ao Sr. Vieira, que disse com muitíssimo chiste
Theatro Imperial.— Na quarta-feira, 17 do e verdade a sçena cômica Manoel do Espirito Santo.
realisa-se um espectaculo-concerto em beneficio da so
ciedade do Gabinete Portuguez de Leitura.^
W de suppor que haja uma enchente nâo só pela VARIEDADES
credora essa asso-
protecção de que e merecidamente
ciação, como pelo espectaculo que em si é altamente A ornamentação das cidades.
attrahente. » (Continuação.)
Além da opera buffa Barba Azul que será represen-
E\ pois, importante para a hygiene das cidades que sejam
tada pela companhia da Phenix Dramática, também ellas estabelecidas ao abrigo de algumas montanhas que, def-
o Sr. Alfredo Napoleão executará ao piano uma de fendendo-as contra os ventos nocivos, permittam estarem elevadas
suas melhores composições. sobre os flancos dessas montanhas acima dos vapores da água.
* Assim as grandes cidades celebres, antigas e modernas, Ba-
bylonia, Anthiochia, Constantinopla, Halicarnassia, Rhodes, Athe-
Rio Thespians.— Segunda-feira próxima esta socie- nas, Oorintho, Roma, Cairo, Nápoles, Florença, Marselha, Lyon,
dade realisa a sua festa annual no theatro Gymnasio. Pariz e até mesmo Londres, foram construídas, não só à mar-
O espectaculo-concerto de que se compõe q seu pro- gem ou á embocadura de um rio que tornaram famoso, como
brilhante. também em terrenos accidentados; em amphitheatro junto
gramma faz-nos prever que a noite será de collinas, nas quaes se levantaram cidadellas,
Além disso é sabido que o Rio Thespians reúne em do mar, janto
ingleza. O é des- acropolios, jardins encantados, templos, mausoléos e casas de
seu grêmio a ãite da colônia productp campo, cercadas de arvoredo.
tinado ao British beneficentfund. E' assim que a arte escolhe lugares mais salubres e abri-
No nosso próximo numero daremos conta do resui- gados.
tado. O melhor plano de uma cidade não é o imaginado por um
architecto, é o que foi desenhado por si mesmo, por assim di-
— Parece estar definitiva- zer, e que augmentou successiva e constantemente retocado por
Philarmonica Fluminense. esse deus que o dizem cego e que chamam acaso. As cidades
mente marcada a noite de 19 do corrente, para o
modernas que têm sido feitas de um jacto, em virtude de um
ultimo concerto d'esta sociedade no anno vigente. plano geométrico traçado no papel como compasso,
são^de uma
* monotonia desesperadora; faltam-lhe attractivo, alegria e impre-
— do mez, visto.
Consta-nos antes do fim
Concerto. que, Se as ruas e as praças são cortadas por ângulos rectos,
se realisará no Salão Arthur Napoleão á Miguéz, um como as de Turim, por exemplo, ou de Trieste, o aspecto das
concerto de despedida, dado pelo pianista Alfredo linhas é incommodo. Entre dois pontos, que não estão situa-
Napoleão. dos na mesma rua, toda a communicoção não é possível fázer-se
senão por meio dos lados de um rectangulo, isto é, pelo mais
longo.
Julia Beltran. — Communicam-nos que deve chegar Nenhuma hypothenusa para variar as direeções e encurtar
brevemente a esta corte, esta violinista, sobre a qual o caminho. v
os jornaes de S. Paulo têm fallado em termos alta- Se as ruas principaes são dirigidas, nos sentidos de raios,
mente lisongeiros. Infelizmente não chega mais na da praça principal, onde se acha o palácio, como por exemplo,
épocha própria para concertos, O excessivo calor é na cidade de Garlsrhue que tem a fôrma de um leque, a tris-
então com outra monotonia,
inimigo acerrimo até da musica; e com 90.° Fahrenheit teza das linhas rectas complica-se
em vêr sempre a mesma praça quando se está nas
apenas se tolera o piano ou o canto em casa com que consiste
ruas, e a vêr as mesmas ruas quando se está na praça.
a família e algum intimo. Os dilettanti, em Ja- Dir-se-hia que o plano d'esta cidade foi imaginado por um
neiro, fogem espavoridos quando se lhes falia em tyranno para facilitar a vigilância da policia e para elle pro-
concertos ou cousa que o valha. prio vigiar a população, victima da tyranuia.
Será para lastimar se a artista não tiver aqui o aco- Segundo o que diz um escriptor da antigüidade (de quem
lhimento de que dizem ser merecedora. deve a gente sempre desconfiar em matéria de sentimento e
gosto), o clássico Vitruvio, os planos das cidades tinham quasi
*
todos a fôrma de estrella.
Núcleo Dramático Familiar de S. Christovao.— No sab- „A praça publica, diz elle, era no centro. As ruas prin-
bado ultimo deu esta sociedade a sua recita do costume, cipaes, partindo das portas da cidade e marcadas de maneira
os ventos malfazejos não penetrassem u'ellas, convergiam
com as comédias—Moços e Velhos e Defeito de Familia, que esta
para praça regularmente como os raios de uma estrella,
e as scenas Manoel do Espirito Santo e Historia de e estas grandes linhas eram ligadas entre si por pequenas ruas
um marinheiro. Distinguiram-se, como sempre, as Sras. transversaes parallelas à muralha da cidade. Quando a cidade
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¦*¦

-.

tirar proveito ;
era edificada junto do mar, para evitar dar dois centros, trans- corrigidas, com accidentes felizes de que souberam
extensas rectas que designam a acção collectiva combinadas com
portava-se a praça publica para a proximidade da praia." emfim com a li-
Se é verdade que as cidades antigas eram assim, é preciso as que traçam a fantasia individual; autoridade
confessar também que nas ruínas, ainda patentes de muitas d'el- berdade.
Ias, não ha vestígios de semelhante plano. A belleza de uma cidade liga-se estreitamente ás medidas
as relações entre os habitantes são pouco compli- empregadas para a salubridade e limpeza que participam do em-
Quando
distribuir, de a augmentar por
cadas, como n'este caso, por exemplo, em um pequeno porto prego das águas, do modo de as
de mar, em que o movimento consiste em embarcar e desem- meio de aqueductos.
barcar mercadorias, os edifícios públicos, taes como a alfândega, (Coniinúa.)
o lazareto, etc, podem ficar reunidos na praça. Porém, desde
da
que uma cidade tomou certa importância pelo crescimento BIBLIOCffiAPHIA '&$ '¦
i

ou se aperfei-
população, pelas industrias que ahi augmentaram
Os sonetos Typos Brazileiros, de B. N., não se recom-
coaram, pelo papel que representa na sciencia, pelos grandes A incorrecção, a
artistas a quem servio de berço, ou ainda quando enriqueceu mendam, nem pela fôrma, nem pelo fundo.
e con- falta absoluta de elegância na construcção, a pobreza e vulga-
pela situação geographica, tornando-se mercado favorável demais chulas e mesmo in-
corrido, um lugar de transito, é claríssimo que uma só praça ridade das rimas, as expressões por
somente a gargalhada
não poderia conter todos os edifícios de que carece uma cidade decentes, o sal grosso que provoca tão
um só para condemnar
e que é preciso formarem-se quarteirões distinctos e por con- alvar, são defeitos dos quaes bastaria
olvido. A terra lhe seja leve.
seguinte systemas de ruas que convirjam a centros diversos, a o livro do Sr. B. N. ao eterno TÍ?,,'
i'-'u<i
MlRANDOLA.
muitas estrellas se assim o quizerem.
Ainda não é tudo: os planos quadrangulares têm outro vicio
uma igual- XADREZ
que é o de implicar, pela semelhança das divisões,
dade de importância ineiramente impossivel entre os monomen-
¦

tos públicos que se levantam quasi sempre nas praças, sem fallar PROBLEMA N. 33 ¦

í -,
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do inconveniente que podia haver de edificar um theatro perto por L. Sarrêa.


de uma prisão. Nãol Os traçados puramente geométricos dé (Do Diário de Portugal).
um plano não podem convir a uma cidade, seja qual fôr a ex-
Pretas.
Pretas. ^^ ^^
tensão d'esta.
Se é pequena, a symetria ainda prejudica esse caracter
familiar próprio de um centro pouco numeroso em que todos
se conhecem, em que todos são visinhos.
Não ha duvida que se a cidade fôr grande, as linhas rectas
extensas enfeitam muito, bem como as avenidas, os hemicyclos,
os arcos, as estrellas, é preciso, porém, que estas rectas e cur-
vas magestosas, estes alinhamentos, e alargamentos geométricos,
resolvidos sobre os traçados indicados pela corrente da popula-
com as ruas
ção, contrastem com as irregularidades pittorescas,
sinuosas, com as construcções desiguaes, lindas, desordens, em
uma palavra, creadas pelo acaso unicamente.
Nenhuma cidade se fez n'um dia. Quantas vezes não muda
a phisionomia de uma cidade, sem que ella o tenha querido.
Durante annos, as cegas destruições produzidas pelas guerras,
os sitios, as revoluções, os tremores de terra, os incêndios, os
damnos feitos pelos raios, não têm contaminado e destruído edi-
ficiose monumentos respeitáveis ? A reparação d'estes desastres
tem sido muitas vezes casual e caprichosa.
Os fundadores de sociedades civis ou religiosas têm por vezes Branoas.
Brancas. |
mudado o aspecto dos quarteirões. As brancas jogam e dâo mate em 4 lances.
Um asceta, um ultramontano, manda edificar uma igreja aqui; CORRESPONDÊNCIA
mais adiante outra pessoa, por uma disposição testamentaria,
com uma fonte. Tal especulador ricaço que L. Palamedes. — Recebemos a seguinte solução em 3 lances
dotou a visinhança
do seu problema do numero passado, a qual parecemos estar per-
nasceu no mais pobre quarteirão quiz edificar um palácio magni-
feitamente certa.
fico, cercado de'jardins; e eis ahi de que maneira se modifica
a uma cidade; eis ahi como uma aldeióla princi- Não haveria falta de alguma peça no diagramma que nos en-
pouco pouco
sem nenhum traçado, sem ordem, se transforma em cidade, viou ? Parece-nos que um B. preto alCD remediava tudo.
piada
fôrma planos e os retoca a medida das necessidades e das cir- 1. T X p (xaque). 1. R X T-
2. D 5 R (xaque). 2. R 3 B.
cumstancias inesperadas que vieram favorecer o engrandecimento Variantes obvias.
a existência. .^ 3; D 5 B D (mate).
ou perturbar-lhe
antigas é tornar-se bonitas Solução do Problema n. 31 :
Quando as cidades são que podem
como lhes convier melhor; belleza essa que consiste no mixto de 1. O 1 O D. 1. Qualquer. ,+
regularidade e de imprevisto, combinação de fealdade e que foram 2. Mate.
8

âlf IÍI MPOErE n (* &


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