Você está na página 1de 11

NT ACOLIMENTO TERAPÊUTICO

CURSO DE FORMAÇÃO EM CONSTELAÇÃO FAMILIAR


SISTÊMICA

MÓDULO 1

HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR


E SISTÊMICA

Maria Natividade de Jesus Oliveira

Goianápolis - 2022

1
SUMÁRIO

1. QUEM FOI BER HELLINGER.........................................................................3


2. O MÉTODO DAS CONSTELAÇÕES FAMILIARES ATRAVÉS DAS SUAS
ORIGENS FILOSÓFICAS...................................................................................4
2.1. BERT HELLINGER UM TERAPEUTA RENOMADO...................................5
3. A ESSÊNCIA DO MÉTODO DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR........................5
4. O QUE É CONSTELAÇÃO FAMILIAR SISTÊMICA.......................................6
5. ANGUSTIAS PESSOAIS E CONFLITOS DE RELACIONAMENTO..............7
5.1. A TÉCNICA DE BER HELLINGER..............................................................8
5.2 . A DINÂMICA DE UMA CONSTELAÇÃO....................................................8

2
1. BERT HELLINGER

Anton “Suitbert” Hellinger nasceu em uma família Católica e aos 10 anos


ingressou numa escola monastério onde mais tarde se formaria padre. Depois
de ter combatido na 2ª Guerra mundial, Bert Hellinger retornou a Alemanha e
estudou filosofia e teologia. Após ser ordenado a padre, foi enviado como
missionário à África do Sul, sob o nome de Suitbert, para trabalhar com as
tribos Zulus. Certa vez na África, teve oportunidade de se tornar professor,
depois diretor da escola, onde finalmente se tornou responsável por uma
diocese formada por 150 escolas públicas.
Os 16 anos que passou na África, Bert Hellinger participou de incontáveis
dinâmicas de grupos, treinamentos e eventos tantos ecumênicos quanto
interraciais, organizados por clérigos anglicanos que já trabalhavam sob uma
orientação fenomenológica. Ali se deu início ao seu interesse por dinâmicas de
grupos e pela fenomenologia.
Bert Hellinger acabou se desligando do sacerdócio e retorno a Alemanha
para estudar, iniciou seus estudos Gestalt - terapia e logo mudou-se para Viena
para estudar psicanalise na Associação Vienense de Psicanalise profunda,
completando sua formação Psicanalítica de moniche.
Em 1973 mudou-se para California a fim de estudar terapia primal com
Arthur Janov, onde deparou-se com a dimensão sistêmica dos sentimentos e
dos destinos funestos; onde aprendeu a lidar com as emoções. Bert passou
alguns anos estudando com diversos profissionais - as dinâmicas da terapia
transacional do psicólogo e psiquiatra Erik Berne.
De volta à Alemanha, trabalhou um bom tempo com modelos terapêuticos
e foram precisos mais de 10 anos para que Bert começasse a estudar a terapia
familiar. Bert Hellinger participou de seminários com Ruth Mcclendon e
Leskodes depois com Theo Sehonfelder e, já nos meados de 1980 Bert
Hellinger, através das observações das relações humanas dentro dos sistemas
familiares, se deu conta de que assim como na natureza, há princípios muitos
simples no meio familiar. Existem ordens, e tais ordens regem entre as
relações de seus membros, no caso da família, se baseia ou se ancoram
sempre em leis do Amor. Ali de uma forma fenomenológica, nasciam as
Constelações Familiares.
Cabe complementar que, quanto as dinâmicas de grupo, Bert Hellinger
bebeu de fontes inspiradoras, e buscou de grandes mestres contemporâneos e
grandes homens que fez história na psique. Quero ressaltar aqui, Ursula
Franke, psicoterapeuta clínica.
Ursula Franke, é Doutora em psicologia clínica, constelação familiar,
consultora particular em Munich Alemanha, professora no departamento de
psicologia clínica na Ludyig Maximilian universidade em Munich, supervisiona e
treina terapeutas em constelação familiar.

3
Outra fonte inspiradora para Bert Hellinger, foi o médico psiquiatra e
Sociólogo Jacob Levy Moreno (1889/1974), Jacob criou a terapia do
psicodrama - uma terapia baseada na representação de papeis.
Virginia Satir, considerada a mãe da Terapia Familiar, Satir empregava
suas técnicas para casais quanto para grupos. Foi outra fonte inspiradora para
Bert Hellinger, (1916/1988), educadora infantil, assistente social e terapeuta,
criadora da Biografia da reconstrução familiar e outras técnicas terapêuticas
que permitiam aos clientes fazerem descobertas sobre suas famílias e raízes
psicológicas.
O terceiro trabalho citado por franke como antecedente a Constelação
Familiar, é o de Ivan Boszarmeny – Nagy (1920/2007), Hungaro Americano,
psiquiatra, psicoterapeuta e terapeuta familiar, criador da terapia Contextual.
Boszarmeny – Nagy, estudou milhares de família e chegou à conclusão que
suas relações estavam pautadas em uma dinâmica ética existencial profunda.
A tais conexões que não podem ser reconhecidas na superfície. Boszermeny –
Nagy deu o nome de lealdade invisível e verificou que as bases que sustentam
são, a lealdade, equilíbrio, o mérito e o direito.

1.1 O MÉTODO DAS CONSTELAÇÕES FAMILIARES


ATRAVÉS DAS SUAS ORIGENS FILOSÓFICAS

O que difere a ferramenta da Constelação Familiar de Bert Hellinger é


que, a Constelação é uma terapia ânime breve, que traz soluções num curto
período de tempo. A constelação Familiar é uma terapia de alto impacto que
traz uma evolução chamada de fenomenológica.
Gostaria de pontuar o meu fascínio por esse trabalho de Bert Hellinger.
Pela dedicação a qual ele teve em buscar conhecimento, trazendo uma clareza
excelente sobre as ordens do Amor, fazendo uso das leis que de uma certa
forma o ser humano tem deixado de lado, leis que se bem observadas já
existiam desde o princípio.

 Pertencimento - Uma das leis que não observamos, por sermos seres
com senso de justiça própria, deixamos de dar pertencimento aqueles
que já se foram ou até mesmo aqueles que não chegaram a nascer,
“abortados e natimortos”.

 Equilíbrio - A lei do equilíbrio vem para trazer caminho aberto para


seguirmos em frente, o dar e receber colocando cada parte do quebra
cabeça no seu lugar. Em tudo precisamos ter equilíbrio.

Bert Hellinger, além de seus conhecimentos filosóficos e


psicoterapêuticos, ele também conhecia profundamente a teologia, a qual
estudou na universidade de Wurzburg. Não me admiro que ele saiba tanto
sobre coisas relacionadas a Bíblia, „história da criação e suas hierarquias, as
ordens do amor que são encontradas dentro de textos bíblicos‟.

4
1.2 BERT HELLINGER ERA PSICOTERAPEUTA OU
TERAPEUTA?

Muitos dizem que Bert Hellinger era psicoterapeuta Alemão. Entretanto,


ao levar em consideração sua trajetória acadêmica, notamos que nenhuma de
suas formações e graduações foram voltadas para o estudo da psicologia.
Aqui no Brasil, apenas as pessoas formadas em psicologia podem ser
intituladas de psicoterapeutas. Logo, o correto seria tratarmos Bert Hellinger
como um renomado terapeuta, criador de uma das técnicas terapêuticas mais
resolutivas para conflitos familiares.

Você sabe qual motivo dessa confusão a cercas dos termos?

Essa confusão terminológica se deu na época em que ele se formou, pois,


a graduação de psicologia foi instaurada apenas em 1962, ou seja, menos de
10 anos depois de suas primeiras graduações. Devido a isso, ele e pessoas
que estudavam a psique humano, nas décadas de 50 a 70, utilizavam a
terminologia “psicoterapeuta” mesmo sem a graduação em psicologia.

E hoje eu posso me considerar psicoterapeuta?

Após 57 anos de regulamentação da psicologia, é incorreto que pessoas


sem formação na área, se auto intitulem psicoterapeuta. Portanto, se você fez
cursos voltados para as técnicas terapêuticas, o termo certo é: Terapeuta,
ademais, a terminologia incorreta pode ocorrer até processos judiciais.

3. A ESSÊNCIA DO MÉTODO DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR

A constelação Familiar é um corpo de conhecimento sobre como


funcionam as relações humanas, a partir de conhecimentos filosóficos,
fenomenológicos, empíricos. Hermenêuticos, sobre a vida e nossa
autoconsciência.
A aplicação do método da constelação familiar se baseia no uso de
representantes neutros para representar membros da família ou grupo social,
com finalidade de trabalhar uma questão especifica que foi escolhida pelo
paciente.
Bert Hellinger identificou as 3 leis que atuam nas relações de família, que
podem se estender a outros vínculos humanos, como comunidades,
instituições, grupos de amigos, equipes de trabalho etc.
- Hierarquia - que é definido pela ordem de chegada, a procedência de que
veio primeiro,

5
- Pertencimento – em suma, as raízes e os vínculos trazem uma ordem de
consciência coletiva entre os grupos ou Clãs.
- Equilíbrio – que é a equidade e senso de justiça e equivalência nas trocas
em geral.
Quando estas leis são violadas, surgem compensações, que atuam em
outras pessoas da mesma família, independe da cronologia, pois isto pode
afetar não só os membros daquele grupo, mas também afetar quem havia
nascido quando o problema se iniciou.
Muitas dificuldades pessoais, assim como os problemas de
relacionamento, são os resultados de confusões nos sistemas familiares,
resultando em atos que levam a repetir o destino dos membros que foram
excluídos, esquecidos ou não reconhecidos no lugar que pertence a ele.
As causas e mecanismos dessas incorporações serão apresentados no
decorrer do curso.·.

4. O QUE É A CONSTELAÇÃO FAMILIAR SISTÊMICA


As Constelações Familiares é uma abordagem terapêutica que visa a
trazer a luz o que está oculto nos relacionamentos familiares e interpessoais.
A metodologia consiste basicamente em estudar as emoções que nós
acumulamos de nossas famílias. A ideia é entender como esses fatores nos
influenciam em vários aspectos.
Por ser uma abordagem que foca nos emaranhamentos familiares,
evidencia conexões profundas uma ou mais gerações. O sistema familiar tem
uma força tão grande (que advém de afeto entre seus membros). Quando
aprendemos a usar esta força para restaurar a ordem, podemos mudar um
destino negativo.
A tese de Bert Hellinger é que estes laços são de tal maneira que, quando
um membro de uma dada geração deixa situações por resolver, membros das
gerações posteriores serão inclinados a sua resolução, permanecendo
prisioneiros de fatos pelos quais não tem relação alguma.
A Constelação também é chamada de Sistêmica no sentido de ampliar o
escopo de analise: não só as famílias podem ser analisadas, como outros
sistemas interpessoais de relacionamentos (colegas de trabalho, empresas e
amigos).

Como entender essa hereditariedade?


- Pelo lado místico: trata-se de um lado mais rejeitado pela academia, que
pressupõe a memória seja “transmitido” como um “karma” de uma linha de
parentesco.

6
- Pela atuação inconsciente: os membros mais antigos (que vivenciaram o
problema ou “trauma”) são afetados pelo evento, o que afeta seu inconsciente,
fortalecendo uma amargura diante da vida ou outros comportamentos que
acabam afetando os membros mais novos, que muitas vezes sequer sabem do
evento primitivo.
Os eventos traumáticos geram um “clima familiar” (ou organizacionais
etc.) prejudicial, visto como um “sintoma” que só poderá ser tratado quando
identificadas as causas.
Desta forma podemos dizer que, existem uma transmissão
transgeracional dos problemas familiares que cria uma cadeia de destinos
trágicos.
No em tanto, este amor capaz de criar sofrimento é o mesmo que traz
consigo a sabedoria da solução, logo que se torna consciente ao emergir no
decurso da configuração de uma Constelação Familiar, desde que os agentes
estejam dispostos à conciliação e ao amor. Uma fala que traz um desfecho
favorável no final de uma Constelação, agora eu compreendo que vocês
pertencem a este lugar.
Primeira parte: “Agora compreendo que...” (entendimento); “... e sinto que...”.
(ação ou mudança de paradigma mental).

5. ANGUSTIAS PESSOAIS E CONFLITOS DE RELACIONAMENTOS


Segundo os estudos de Bert Hellinger; a teoria da Constelação familiar, a
maior parte das angustias pessoais, assim como os problemas de
relacionamentos, são resultados de confusões nos sistemas familiares, que
ocorrem quando englobamos em nossa vida o destino de outra pessoa viva ou
que já viveu.
Por honra a um membro familiar que, de certa forma não foi visto ou foi
esquecido, inconscientemente queremos suprir essa falta, um desprezo ou
uma violência do passado, para isso, podemos assumir o lugar da figura
omissa ou agressora. Isso pode ser feito:
 - Por semelhança - repetindo comportamentos, pensamentos e falas;
 - Por oposição - buscando “redimir” o antepassado com atos opostos
aos deles. Ambos os caminhos podem ser muito dolorosos;

 Por semelhança, o membro mais novo vai repetir o ciclo de “males”


violência, vícios, relacionamento, mortes trágicas etc.

7
 Pela oposição, o membro mais novo vai introjetar a culpa e vai exercer
sobre si uma cobrança excessiva por ser bom, ou por fazer aquilo que
seu antecessor não o fez.
Exemplo: Um filho cujo pai foi negligente (ausente), acaba sendo um pai
superprotetor, buscando trabalho em excesso, pois na sua visão precisa suprir
todas as necessidades de seus descendentes com bens matérias que lhe
faltaram; ou se tornará um pai ausente repetindo o mesmo padrão de seu pai.

5.1 A TÉCNICA DE BERT HELLINGER


A técnica baseia-se em “esculturas vivas” compreendendo e
reconstruindo: a árvore genealógica: os constelados revisitam a consciência
coletiva dos seus antepassados.
A árvore genealógica significa toda ascensão dos nossos familiares,
somos frutos da união de tantos casais.
Ao analisarmos suas histórias verificamos que houve vários
acontecimentos importantes em suas vidas, tanto positivas quanto negativas,
esses acontecimentos podem refletir nas nossas vidas, assim como trazemos
as características físicas, também deles herdamos características psicológicas.

5.2 A DINÂMICA DE UMA CONSTELAÇÃO


Em uma constelação familiar com representante em grupo; O cliente ou
consulente tem a oportunidade de conhecer a sua “imagem interior” sobre sua
família (de origem ou atual) ou agrupamento social, sob análise.
Para isso, o cliente escolhe dentro do grupo participantes, um
representante para si e para cada membro do processo no qual ele trouxe para
constelar.
Então o cliente posiciona esses representantes umas em reação as outras
como ele sente que elas estão ou estiveram. Desta forma o cliente recria uma
constelação de acordo com a sua “imagem interior” a partir desse momento
acontece o movimento sistêmico do campo morfogênico.
As pessoas procuram dentro de si ou nos outros a razão dos seus
problemas ou doenças, e a maioria das vezes não encontram. As
constelações familiares nos mostram que muitos dos nossos
problemas físicos e emocionais não têm origens em nós, mas sim
em situações que existem ou que existiram na nossa família e que
inconscientemente nós buscamos por uma expiação “pagar por
uma culpa”.

8
Por vezes, o trabalho de uma constelação é muito rápido, conseguimos
um avanço extraordinário em uma única sessão, isso graças às dinâmicas
fenomenológicas dessa ferramenta, dessa forma o cliente consegue entender
os elos com o passado - Ao tomar consciência desses elos, rompe-se com as
causas de muitos problemas e infelicidades.

Prefacio do livro “Constelações Familiares” (Bert Hellinger e Gabriele


Tem Hövel)
Por que é que palavras piedosas de repente adquirem tanto significado no
trabalho terapêutico? Mostrar humildade perante os pais, pedir a “benção” ao
pai? O que há de verdadeiro em se chamar uma desculpa de “descabida” e o
perdão de “presunção”? O que é que conduz o pensamento desse homem em
seu trabalho terapêutico e como é que ele consegue tocar com precisão os
pontos cego do nosso arraigado pensamento racionalista? Por que é que ele
vê:
 Amor em casos de incesto (mas isso é ultrajante!);

 A inevitabilidade da culpa no contexto nazista (mas eles deveriam ter


percebido isso e tentado fazer o que era certo!);

 A indignação como uma energia que leva à violência (mas é


fundamental lutar contra a injustiça);

 O respeito pelo masculino apesar de toda a emancipação (como ter


respeito pelo masculino em vista de tanto desrespeito pelo feminino?);

 A culpa dos pais adotivos com relação à criança adotada (mas a adoção
é um grande ato social!);

 O vinculo com a família como fonte de liberdade (mas é essencial que


os filhos se emancipem dos pais!);

 A reconciliação com o próprio destino (eu decido sobre meu destino!).

Essas questões todas afluíram à minha cabeça! Entretanto, a causa da


minha fascinação pelo trabalho de Hellinger foi simplesmente o modo como ele
me comoveu. Tanto quanto testemunhei seu trabalho como quanto folheei seus
livros ou, posteriormente, nas conversas que com ele travei por horas a fio,
sempre senti uma estranha sensação de paz, descontração e relaxamento com
relação a mim mesma e ao mundo em geral. Por que será?

9
Talvez seja por causa de sua persistente busca pelo amor como fonte de
emaranhamentos, sofrimentos e doenças. A linguagem de Hellinger pode
parecer às vezes um tanto antiquada.

Quando ele fala de humildade, bondade ou misericórdia, da benção do pai, da


vida como uma dádiva ou de reconciliação, alcança uma esfera da alma para a
qual a psicologia moderna de orientação analítica não encontra palavras. E
como se ele construísse uma ponte para uma realidade da vida que não tem
nenhuma linguagem para os movimentos profundos da alma.

Tudo isso me pareceu incrível. Quem é esse homem que me toca de forma tão
insólita, transcendendo a minha capacidade de entendimento?

Se acha necessário, Bert Hellinger pode ser rude com seus clientes, resoluto e,
para usar uma expressão suave – extremamente enérgico. Alguns dizem
autoritário. Ele não receia expressar abertamente opiniões duras quando outros
ousam, máximo, pensar nelas! Ele mais considera do que tem consideração.

Com seu trabalho, esse psicoterapeuta que prefere ser chamado de “assistente
de alma” parece debochar daqueles que se intitulam advogados dos pobres e
desamparados, dos viúvos e órfãos, sejam eles terapeutas, sacerdotes ou da
terapia que objetivam o esclarecimento, parecem pálidos, arrogantes e sem
força quando comparadas à linguagem simples de Hellinger. E tem mais. Esse
Hellinger não tem a mínima pretensão de saber muita coisa! Que estranho!

Geralmente, é importante para os terapeutas apresentar aos clientes os


ângulos mais profundos do seu sofrimento pessoal em porções consideradas
digeríveis. Hellinger pergunta “só” pelos acontecimentos, não pelo que a
pessoa está pensando ou sentindo “precisamente naquele momento”. Não ele
diz: “Siga em frente, monte simplesmente a sua constelação familiar”,
interrompendo, já de início, lamurias sobre pais malvados e mães devoradoras.

Certa vez ele trabalhou com um homem que tinha perdido a mulher e o filho
num acidente. A descrição dos acontecimentos foi tão terrível que paralisou
todo recinto. E hellinger, de pé em frente a esse homem, ouve-o e sua voz se
suaviza: “agora monte a sua constelação” e, de um modo inigualável, vê com
esse homem a morte de seus entes queridos, para acompanha-lo de volta à
vida – bem mansamente, com poucas palavras e uma segurança bondosa que
envolve todos os presentes. Ele é assim também. Um homem sensível, com
um grande coração, completamente concentrado em sua compaixão.

E um dia nós encontramos frente a frente. A princípio no estúdio de uma


emissora de rádio, depois em seu escritório, onde tratamos da minha longa
lista de perguntas. Que bom que ele aceitou! Nem tudo ficou esclarecido até o
último detalhe, mas foi o suficiente para começar.

10
As conversas com Bert Hellinger convidam para uma volta numa montanha-
russa de pensamentos e sentimento. Ele provoca, fascina, toca e irrita. Essa
mistura alimenta o espirito e estimula um tipo de raciocínio que, do contrário,
poderia permanecer inerte e satisfeito dentro de nós. E de alguma forma você
passa a olhar o mundo com mais indulgência

Gabriele Tem Hövel

Livro para leitura e ressumo: Constelações Familiares

Filme: Filhos de Istambul.

11

Você também pode gostar