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1. Orientações ............................................................................................................... 5

2. Introdução ................................................................................................................. 6

Como entender a história?............................................................................................. 6

Contagem dos séculos ................................................................................................... 7

Divisões do mundo: Ocidente e Oriente; Norte e Sul .................................................... 8

Luís de Camões: as grandes navegações em Os Lusíadas............................................ 10

3. Breve História de Portugal....................................................................................... 11

Formação de Portugal ................................................................................................. 11

Dinastia de Borgonha.................................................................................................. 16

Dinastia de Avis ......................................................................................................... 17

Expansão marítima de Portugal e as descobertas ......................................................... 23

A descoberta da América e a volta ao mundo .............................................................. 29

O Tratado de Tordesilhas ............................................................................................ 30

Rumo à Índia .............................................................................................................. 32

Resumo....................................................................................................................... 36

4. Descobrimento do Brasil ......................................................................................... 39

A chegada ................................................................................................................... 40

A carta de Caminha .................................................................................................... 43

A intencionalidade do descobrimento ......................................................................... 45

Período Manuelino ..................................................................................................... 47

1
Resumo....................................................................................................................... 50

5. Primeiras expedições ............................................................................................... 53

Américo Vespúcio ...................................................................................................... 53

Povoamento do Brasil: a expedição de Martim Afonso ............................................... 56

João Ramalho e Caramuru .......................................................................................... 58

Resumo....................................................................................................................... 62

6. Capitanias Hereditárias ............................................................................................ 63

Visão geral das capitanias fundadas entre 1534 e 1536: .............................................. 65

Capitanias mais importantes no século XVI ................................................................ 67

Resumo....................................................................................................................... 71

7. Governo Geral ......................................................................................................... 73

Chegada e acomodação dos Jesuítas ........................................................................... 76

Os Governadores ....................................................................................................... 78

A primeira Sé e o primeiro bispo do Brasil.................................................................. 81

Resumo....................................................................................................................... 84

8. A formação do Brasil: o papel dos jesuítas .............................................................. 85

Padre Nóbrega na Capitania de São Vicente e a fundação de São Paulo...................... 85

Guerras em Piratininga ............................................................................................... 88

A França Antártica e a conquista do Rio de Janeiro .................................................... 92

Voltando a Piratininga ................................................................................................ 99

2
O povo brasileiro: brancos, negros e índios ................................................................. 99

Resumo..................................................................................................................... 101

9. A conversão dos índios: catequese e aldeamentos .................................................. 103

Os índios: costumes, religião, língua e tradições. ...................................................... 105

Início da catequese.................................................................................................... 106

As Aldeias: grande ajuda à catequese........................................................................ 109

A vida nas Aldeias .................................................................................................... 111

As entradas no século XVI........................................................................................ 113

Resumo..................................................................................................................... 116

10. Desenvolvimento cultural e econômico do Brasil no século XVI ....................... 119

Desenvolvimento cultural ......................................................................................... 119

Desenvolvimento econômico: O pau-brasil e o açúcar .............................................. 124

Resumo..................................................................................................................... 127

11. Portugal e Espanha têm

um único rei ................................................................................................................. 129

A questão dinástica ................................................................................................... 129

A União Ibérica ........................................................................................................ 131

Final do século.......................................................................................................... 133

Resumo..................................................................................................................... 133

12. Bibliografia ........................................................................................................ 135

3
3. Breve História de Portugal
Formação de Portugal

Para entender melhor a História do Brasil é necessário conhecer um pouco da história

dos nossos descobridores. Se alguém ainda tiver dúvidas desta real necessidade, basta

pensar em algumas poucas perguntas:

- Por que vieram os portugueses ao Brasil? Bem... Procuravam novo caminho para as

Índias...

- Mas por que procuravam eles outro caminho? Porque os muçulmanos dominavam

as rotas por terra...

- E por que as haviam dominado? Eles conquistaram muitos territórios...

As perguntas continuariam e veríamos que a história é como um carretel de linha com

seus acontecimentos sempre ligados uns aos outros. É uma sucessão de fatos que se

relacionam e cujo centro é Deus.

A história do Brasil começa com a de Portugal, e a história de Portugal começa com

a da Península Ibérica, que no século VIII é habitada principalmente pelos povos

chamados visigodos4, já convertidos ao catolicismo.

No ano de 711, os árabes, impulsionados pelo islamismo expansionistaI (a religião

muçulmana) 5, saem da Península Arábica e chegam à Península Ibérica, passando pelo

4 Povos bárbaros.
5 Chamamos Islamismo expansionista porque a religião Islâmica sempre buscou a expansão de seus domínios,
conquistando mais e mais territórios.

11
norte da África. Conquistam facilmente quase toda a região, uma vez que os visigodos

estavam em conflitos internos (brigando entre si).

Saída dos muçulmanos da Península Arábica para a Península Ibérica


Disponível em: https://www.google.com/maps/

O avanço do povo islâmico (também chamado de muçulmanos) é barrado na França,

por Carlos Magno, e nas Astúrias (região ao norte da Península Ibérica), onde os

católicos sobreviventes à invasão muçulmana haviam se refugiado, formando em 718 o

Reino das Astúrias. Estes católicos, liderados por Dom Pelágio, freiam6 a expansão

Reino das Astúrias. Disponível em:


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e0/Kingdom_of_Asturias_814.svg/1200px-
Kingdom_of_Asturias_814.svg.png

6 Impedem, fazem parar.

12
São Nuno de Santa Maria, o Santo Condestável

Nuno Álvares Pereira nasce em Portugal a 24 de junho de 1360. Quando o rei D. Fernando

I morre em 1383 sem deixar filhos, seu irmão D. João, Mestre de Avis, vê-se envolvido na luta

pela coroa lusitana. Nuno toma o partido de D. João, o qual o nomeia Condestável, isto é,

Comandante supremo do exército. Nuno conduz o exército português várias vezes à vitória, até

se consagrar na batalha de Aljubarrota, encerrando o conflito com os espanhóis.

Os dotes militares de Nuno eram

acompanhados por uma espiritualidade sincera e

profunda. O amor pela eucaristia e pela Virgem

Maria são a chave da sua vida interior. Assíduo

à oração mariana, jejuava em honra da Virgem

Maria. Assistia diariamente à missa, embora só

pudesse receber a eucaristia por ocasião das

maiores solenidades21.

Com a morte da esposa, em 1387, Nuno

não se casa novamente, tornando-se um modelo de pureza. Se desfaz de seus bens em 1423,

quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei

Nuno de Santa Maria. O Condestável do rei de Portugal, o Comandante supremo do exército,

ao entrar no convento recusa todos os privilégios e assume a condição mais humilde, a de frade

Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria e dos pobres, nos quais

reconhece o rosto de Jesus.

Falece num domingo de Páscoa, 1 de abril de 1431, passando imediatamente a ser chamado

de “Santo Condestável” pelo povo.22

21
Naquela época, não era comum a comunhão frequente.
22
Retirado do site do vaticano – disponível em:
https://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/2009/ns_lit_doc_20090426_nuno_po.html

18
4. Descobrimento do Brasil
As viagens de exploração aumentam bastante depois da descoberta de Cristóvão

Colombo. Após sua terceira viagem às Américas, antes ainda de Portugal chegar ao Brasil

em 1500, navegadores espanhóis chegam a nossas terras. Dentre alguns nomes, temos

Vicente Yáfiez Pinzón, que teria chegado a Pernambuco ou ao Ceará. Apesar disso, o

descobrimento oficial do Brasil é garantido ao português Pedro Álvares Cabral, por causa

do Tratado de Tordesilhas, que assegurava a Portugal a soberania das terras descobertas

até 370 léguas de Cabo VerdeXV.

Após o retorno de Vasco da Gama, Dom Manuel I, prepara rapidamente outra

esquadra, ainda mais poderosa, para voltar às Índias e estabelecer relações políticas e

comerciais com o Oriente. A finalidade dessa nova viagem é buscar um certo tipo de

amizade entre os dois reinos para que os portugueses possam ir às Índias e comprar as

especiarias sem ter problemas.

“Desde os primeiros dias de março de 1500 era extraordinário o movimento em

Lisboa, devido à grande afluência de gente de todas as províncias, como acontecia

sempre que se anunciava a partida de expedições de certa importância para os mares

longínquos.” XVI

São 13 navios, o capitão-mor43 da esquadra é Pedro Álvares Cabral. Notáveis

navegadores o acompanham, dentre eles, Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, este último,

participante da expedição de Vasco da Gama. Também acompanham a expedição o

43 Comandante.

39
5. Primeiras expedições
Américo Vespúcio

Após o descobrimento do Brasil, uma primeira expedição é enviada por Dom

Manuel I, em 1501. Américo Vespúcio é responsável por anotar grande número de

informações geográficas57 sobre a terra. Foram demarcados assim os seguintes pontos no

litoral brasileiro:

A 16 de agosto de 1501, o Cabo de São Roque.

A 28 do mesmo mês, o Cabo de Santo Agostinho.

A 29 de setembro, o Rio São Miguel.

A 4 de outubro, o Rio São Francisco.

A 1º de novembro, a Baía de Todos os Santos.

A 21 de dezembro, o Cabo de São Tomé.

A 1º de janeiro de 1502, o Rio de Janeiro.

A 6 do mesmo mês, a Angra dos Reis.

A 20, a Ilha de São Sebastião.

A 22, janeiro, o Porto de São Vicente.

Sugestão de atividade: Encontrar no GoogleMaps os acidentes geográficos anotados

por Américo Vespúcio.

57 Informações sobre características de determinada região.

53
Nesta primeira exploração descobre-se também a existência, em abundância,

de uma madeira preciosa, o pau-brasilXX, árvore muito útil na fabricação de tintas, por

conta de sua cor avermelhada. O rei decide então estabelecer feitorias58 fortificadas,

fazendo o arrendamento59 de terras para mercadores de Lisboa, iniciando um comércio

ainda simples da valiosa madeira. Além desses navios de comércio, o litoral brasileiro

começa a ser frequentado por navios portugueses, que vão para as Índias e fazem escala

no Brasil, e por navios estrangeiros, que, ao saber da existência da nova terra, começam

a frequentar nossa costa à procura de riquezas.

Américo Vespúcio. Disponível em


http://c1.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/B53028002/20569863_TrW8Z.jpeg

58 Depósitos onde se guardavam mercadorias que seguiriam para Portugal.


59 Contrato pelo qual uma pessoa cede a outra o uso de algum bem ou território, por tempo e preço combinados
anteriormente.

54
6. Capitanias Hereditárias71
Percebendo logo que apenas essas duas vilas em São Vicente não seriam suficientes

para povoar todo o território e não sendo possível a Dom João III arcar com as despesas da

criação de várias povoações para a colonização de um país tão grande como o Brasil,

decide-se dividir a terra entre pessoas (os donatários) que possam, por sua própria conta,

explorar e iniciar o povoamento, garantindo a defesa do litoralXXV. Cada pedaço de terra

corresponderá a uma Capitania Hereditária.

O desejo de propagação da fé católica aos naturais72 da terra, os índios, o povoamento

e a defesa são os maiores objetivos do rei. A ideia das Capitanias Hereditárias não é uma

novidade, mas uma adaptação de um sistema já utilizado por Portugal nas ilhas da Madeira,

de Porto Santo e dos Açores.

A concessão73 da Capitania a um donatário significa dar o direito de explorar a terra

e lucrar com ela. Os donatários têm verdadeiras funções de governo como: cobrar taxas,

exercer funções judiciais (aplicando a lei), militar74 e administrativa (organizando a vida

na capitania). O donatário terá também: o perpétuo governo da Capitania (que será passado

por herança); o título de capitão e governador da Capitania; o direito de criar vilas e dar

sesmarias. Estará também isento de tributos75, a não ser o dízimo. Por fim, o comércio entre

as capitanias será livre.

71 Sugestão: iniciar a leitura da vida de Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e a formação da Companhia
de Jesus a fim de já se preparar para os próximos tópicos: o Governo-Geral e a ação dos jesuítas no Brasil.
72 Aos nascidos aqui, os índios.
73 Permissão oficial para exploração de bens naturais.
74 Ao donatário caberia defesa da capitania, também o estabelecimento de penas para os criminosos, ou nomear
alguém para assumir essa função.
75 Taxas, impostos, valor pago a um governo.

63
Pensa-se logo no comércio de cabotagem81 e no comércio de mantimentos entre as

capitanias próximas, algo importantíssimo para a sobrevivência dos colonos.

Além de cuidar da vida econômica, Duarte Coelho procura cuidar também da vida

social, organizando a justiça e a administração da capitania82.

Capitania da Bahia de todos os Santos

Essa região é conhecida desde a primeira expedição exploradora (em 1501). Seu

donatário é Francisco Pereira Coutinho, fidalgo ilustre que fizera fortuna e fama na Índia.

Quando chega à Bahia, encontra já pequena povoação de portugueses e espanhóis vivendo

bem entre os índios, muitos dos quais eram descendentes de Diogo Álvares, o Caramurú.

Bahia de Todos os Santos, representada em mapa de 1616 e em mapa atual. Disponível em:
https://www.bahia.ws/wp-content/uploads/2013/02/Mapa-Ba%C3%ADa-de-Todos-os-Santos-de-
1616.jpg e https://www.google.com/maps/@-12.759946,-38.9730633,10z?hl=pt-BR

81 Navegação de comércio que se faz na costa.


82 Essa organização é muito importante, pois, saindo da Europa, ao se afastar da civilização com suas normas
sociais, morais, a tendência dos colonos era sempre viver como os selvagens, quanto mais se afastassem, mais
parecidos com os índios eles ficavam, tanto que muitas vezes eram encontrados brancos nessa situação, vivendo
entre os índios e quase como eles.

68
Pereira Coutinho, aproveitando a povoação já existente, estabelece-se83 ali. Vivem bem

entre os nativos por algum tempo, fazendo crescer o número de colonos e desenvolvendo

a cultura de cana de açúcar, algodão e tabacoXXVIII.

Mas ao final de alguns anos, os colonos de Pereira Coutinho, entram em conflito

com os índios, fazendo com que se rebelem e iniciando uma guerra entre colonos e

nativos que levaria o donatário e sua gente a abandonar a povoação. Seria feita uma

segunda tentativa de povoamento, mas o navio de Coutinho acaba naufragandoXXIX. Nova

povoação será fundada apenas em 1549 com a vinda de Tomé de Souza ao Brasil

Diogo Álvares, apesar de ter ficado ao lado dos portugueses durante o conflito com

Pereira Coutinho, consegue ainda entrar em acordo com os índios e continuar vivendo no

mesmo lugar.

Capitania de São Vicente

Capitania de São Vicente, em mapa do século XVI e em mapa atual. Disponível em:
https://peabirucalunga.blogspot.com/2019/07/cronologia-porto-do-acucar.html e
https://www.google.com/maps/@-23.954867,-46.5729416,12z?hl=pt-BR

83 Fixar moradia, alojar-se.

69
Os Governadores 90

Antes de continuarmos a narração dos acontecimentos da história do Brasil,

conheçamos os governadores e algumas de suas ações durante este primeiro século de

descobrimento. São Eles:

Tomé de Souza (1549-1553), primeiro

Governador do Brasil, chega à Bahia de Todos os

Santos em 29 de março de 1549. Homem virtuoso,

que cumpre os deveres da religião, mantem ótimas

relações com os jesuítas fazendo tudo ao seu alcance

pela catequese dos índios. Sobre ele nos diz o padre

Nóbrega que “entende tão bem o espírito da

Companhia que falta pouco para ser dela”XXXVIII.


Tomé de Souza. Disponível em:
Padre Manoel da Nóbrega e Tomé de Souza podem https://upload.wikimedia.org/wiki
pedia/pt/b/b8/Tomedesousa.png
ser considerados os fundadores do Brasil.XXXIX

Logo cuidou das relações com os Índios, proibindo seu aprisionamento e punindo

seus opressores, ou seja, seguindo à risca as instruções de Dom João III.

Ordena a criação de plantações e avisa aos donatários que abandonaram suas terras

que as perderiam caso não começassem a povoação de suas capitanias. Para cuidar da

segurança dos colonos, manda construir a Fortaleza do Salvador e melhorar os

pequenos fortes das outras Capitanias. Em seu governo é criada a primeira diocese91 do

Brasil.

90 Para as crianças menores, pode-se ir direto para a primeira Sé e o primeiro Bispo do Brasil.
91 Área administrada pelo bispo.

78
dificultava as coisas, sempre buscando (por vezes inventando) maneiras de diminuir a

admiração e respeito que o povo tinha por eles. Sob seu governo, por conta de algumas

situações favoráveis, finalmente é conquistada a Paraíba. As invasões estrangeiras se

multiplicam por estar Portugal sob domínio da Espanha naquele momentoXLII.

Dom Francisco de Souza (1591-1602) é enviado por Dom João III ao Brasil com a

missão de incentivar expedições à procura de ouro e pedras preciosas no interior do Brasil,

que ficarão conhecidas como entradasXLIII. Além da continuidade dos ataques estrangeiros,

seu governo foi marcado pela conquista do Rio Grande do Norte. Homem piedoso e amigo

dos jesuítas, falece em extrema pobrezaXLIV.

A primeira Sé94 e o primeiro bispo do Brasil

A chegar ao Brasil, os jesuítas encontram alguns padres que já habitavam nossas

terras, mas em situação lastimável, entregues a

vícios e pecados e impondo obstáculos à

conversão dos índios (pois eram favoráveis à

escravidão). São “a escória”XLV, nas palavras

de padre Nóbrega, que escreve a seu superior

em Portugal pedindo que enviem um bispo ao

Brasil para resolver a situação desses

sacerdotes, mas um que “venha para trabalhar Dom Pero Fernandes Sardinha. Disponível
em:https://i1.wp.com/www.historiadealagoas.
e não para ganhar”XLVI. com.br/wp-content/uploads/2016/08/D.-
Pedro-Sardinha.jpg?ssl=1

94 Diocese, área administrada pelo bispo.

81
era questão de costumes”XLIX. A situação fica insustentável, padre Nóbrega deixa a Bahia

e vai para a Capitania de São Vicente, onde permanecerá por três anos.

O bispo acaba tendo desavenças97 também com o Governador geral, Dom Duarte da

Costa (Tomé de Souza já havia retornado a Portugal), com o clero e até mesmo com o

povo. Com o aumento das reclamações, Dom Pero Sardinha é chamado de volta a Portugal.

Seu navio naufraga em 15 de junho de 1556 e ele acaba tendo um fim trágico: sobrevive

ao naufrágio com mais algumas pessoas, mas acaba sendo atacado e devorado por índios

Caetés.

A morte de Dom Pero F. Sardinha. Disponível em:


https://i1.wp.com/www.historiadealagoas.com.br/wp-content/uploads/2016/08/anchie31.jpg?ssl=1

97 Desentendimento, briga.

83
8. A formação do Brasil: o papel

dos jesuítas
Ao voltar para Portugal, Tomé de Souza deixa claro a importância dos jesuítas: “o

Brasil não era senão os nossos padres... se eles não estivessem lá, não tinha nada no

Brasil”L, ou seja, se o Brasil estava sobrevivendo, era graças aos jesuítas. De maneira que

os maiores amigos da Companhia de Jesus revelam-se também os maiores governadores

do BrasilLI, homens que seguiram as determinações de Dom João III em seu Regimento,

favorecendo a conversão dos índios.

“Seria presunçoso quem quisesse escrever a história do Brasil, sem se escrever antes

a história da Companhia de Jesus no Brasil.”LII Sendo assim, não se pode separar a

história dos jesuítas no Brasil da própria história do Brasil. Por isso, iremos acompanhar

os passos de alguns deles nesse século XVI.

Padre Nóbrega na Capitania de São Vicente e a fundação

de São Paulo

Vimos que padre Manuel da Nóbrega deixa Salvador por causa dos

desentendimentos com o primeiro bispo e chega à Capitania de São Vicente no início

de 1553. Ao chegar, repara na “gente de má qualidade” daquela terra e em sua diferença

85
colonos de São Vicente revela-se prejudicial aos alunos do Colégio por causa de seus maus

exemplos. Decide-se então mudar o colégio de São Vicente para um local perto do rio

Tietê, iniciando a nova povoação de Piratininga (que irá se tornar a cidade de São Paulo).

Para isso o padre Nóbrega conta com o apoio de João Ramalho e dos principais dos

tupis, Tibiriçá e Caiubí. Em 30 de agosto de 1553 Padre Nóbrega escreve:

“Ontem, que foi dia da degolação de São João Batista, vindo a uma Aldeia... onde

pus dois irmãos para os doutrinar, fiz solenemente uns 50 catecúmenos100, dos quais

tenho boa esperança que serão bons cristãos e merecerão o batismo.”LV

É a “certidão de nascimento” de São Paulo. Em 25 de Janeiro de 1554, já após a

chegada dos novos jesuítas à Piratininga, é celebrada a primeira missa, no dia da Festa da

Conversão de São Paulo, santo que daria o nome à povoação. O colégio passa a ser o

centro de Piratininga, que se transformará no centro de outras povoações da Capitania de

Fundação de São Paulo. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_de_S%C3%A3o_Paulo

100 Pessoa que está fazendo catequese.

87
entre os Tupis das povoações dos jesuítas e os Tupis do sertão. Lutariam irmãos contra

irmãos, pais contra filhos, sobrinhos contra tios.

A dúvida angustiante surge: os principais, Martim Afonso Tibiriçá e João

Caiuibí, defenderão os padres ou ficarão ao lado de seus parentes? Decidem defender

os jesuítas. Tibiriçá diz aos seus que:

“defendam a igreja que os padres haviam feito para os ensinar a eles e as seus

filhos, que Deus lhes daria a vitória contra seus inimigos, que tão sem razão lhe

queriam fazer guerra.”LIX Mais uma vez Piratininga alcança vitória.

Martim Afonso Tibiriçá falece pouco

tempo depois, e os jesuítas lhe tributam

grandes homenagens. Seu corpo encontra-

se hoje na Catedral da Sé, em São Paulo.

Para alcançar tranquilidade mais

duradoura, São José de Anchieta (que

ainda não tinha sido ordenado

sacerdote) e padre Nóbrega resolvem

tentar negociar a paz com os Tamoios,

oferecendo-se como reféns em Iperoig102

(atualmente, Ubatuba), contando apenas

com a ajuda de Deus e o prestígio que os Túmulo de Martim Afonso Tibiriçá, na Catedral
da Se de São Paulo. Disponível em:
https://i.redd.it/0u388z0k9ya31.jpg

102 Pronuncia-se “IPEROÍG”

90
Sugestão de vídeo: Rio de janeiro no século XVI - https://www.youtube.com/watch?v=-

kbRY1Gj1Yo

Morte de Estácio de Sá. Disponível em:


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b4/Ant%C3%B4nio_Parreiras_-
_A_morte_de_Est%C3%A1cio_de_S%C3%A1.jpg

Sobre Estácio de Sá, São José de Anchieta escreve:

“Nesta conquista que durou alguns anos, andavam os homens como religiosos,

confiados em Deus e na presença do capitão-mor, Estácio de Sá, o qual, além do seu

grande esforço e prudência, era todo exemplo de virtude e religião cristã.”LXVIII

São estes os grandes homens que participam da formação do Brasil.

O governador Mem de Sá fica na povoação de São Sebastião do Rio de Janeiro ainda

um ano promovendo o desenvolvimento da cidade. Futuramente ela iria se tornar a capital

do Brasil.

96
Igreja de Santo Inácio de Loyola. Demolida em 1922. Disponível em
https://historiasemonumentos.blogspot.com/2014/09/complexo-jesuitico-do-morro-do-castelo.html

Demolição da Igreja e do Colégio. Disponível em


https://historiasemonumentos.blogspot.com/2014/09/complexo-jesuitico-do-morro-do-castelo.html

98
9. A conversão dos índios:

catequese e aldeamentos
A palavra de Deus foi ouvida pela primeira vez no Brasil através dos franciscanos,

pois as primeiras missas, nos dias de nosso descobrimento, foram rezadas pelo frei

franciscano Henrique de Coimbra.

Até o início do Governo Geral, em 1549, além de padres seculares, alguns

franciscanos chegavam ao Brasil, mas até que viessem os jesuítas, a conversão dos

índios apenas se esboçava112. Somente ao final do século XVI outras ordens religiosas

Santa Missa. Disponível em:


https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/81/Ant%C3%B4nio_Parreiras_-
_Funda%C3%A7%C3%A3o_de_S%C3%A3o_Paulo%2C_1913.jpg

112 Mal se podia ver.

103
12. Bibliografia
ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos Históricos e Sermões do padre

José de Anchieta, S. J. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A., 1933.

CALMON, Pedro. História da Civilização Brasileira. São Paulo: Companhia Editora

Nacional, 1935.

LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil - Tomo I. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1938.

_____________. História da Companhia de Jesus no Brasil - Tomo II. Civilização

Brasileira, 1938.

_____________. Páginas de História do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional,

1937.

LENCASTRE, Francisco de Sales. Os Lusíadas, edição didática, volume 1. Porto Alegre:

Editora Concreta, 2018.

MARIA, Júlio. História do Catolicismo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora CDB, 2021.

NÓBREGA, Manuel da. Obra Completa. Rio de Janeiro. São Paulo: Editora PUC-RIO.

Edições Loyola, 2017.

RENAULT, Gilbert. As Caravelas de Cristo. Niterói: Editora Permanência, 2012.

POMBO, Rocha. História do Brasil. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1956.

SILVEIRA, Sidney; PACHÁ, Sérgio. Curso História do Brasil. Disponível em:

https://cursos.contraimpugnantes.com.br/cursos/historia-do-brasil/

VIANNA, Hélio. História do Brasil, período colonial, tomo I. São Paulo: Edições

Melhoramentos. 4ª Ed. 1966.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil antes da sua separação e

independência de Portugal, Tomo Primeiro. Rio de Janeiro: E. & H. Laemmert, 1877.

135
_____________. O Caramuru perante história. Revista trimestral de história e Geografia.

2º trimestre, 1848.

VASCONSELOS, Simão de. Vida do venerável padre Joseph de Anchieta da

Companhia de Jesus. Lisboa: Oficina de Joam da Costa. 1672.

136
Referências:

Capítulo 3 – Breve História de Portugal


I Vianna, p.16
II Renault, p.17
III Vianna, p. 19
IV Renault, p. 35
V Renault, p. 56
VI Renault, p. 237 e 238
VII Renault p. 16
VIII Renault, p.75
IX Renault, p.108
X Renault, p 171
XI Vianna, p.30
XII Renault, p. 110
XIII Pombo, p.21
XIV Renault, p 189

Capítulo 4 – Descobrimento do Brasil


XV Vianna, 39
XVI Pombo, p.21
XVII Pombo, p. 41
XVIII Vianna, p. 48
XIX - SILVEIRA e PACHÁ

Capítulo 5 – Primeiras Expedições


XX Vianna, p. 52
XXI Leite, Páginas de História do Brasil, p.90
XXII Leite, Páginas de História do Brasil, p.93
XXIII Varhagen, p.246
XXIV Varnhagen, revista, p.140

Capítulo 6 – Capitanias Hereditárias


XXV Pombo, p. 61
XXVI Vianna, p. 78
XXVII Pombo, p.68
XXVIII Pombo, p.71
XXIX Pombo, p.72

137

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