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GUIA DE ESCALADAS DE TORRES / RS

MORRO DAS FURNAS


VOLTA DOS MORCEGOS E PRAIA DA CAL
2022
GUIA DE ESCALADAS EM TORRES / RS

7. MORRO DAS FURNAS - VOLTA DOS MORCEGOS E PRAIA DA CAL

PLANO DO GUIA

Para facilitar o envio de arquivos eletrônicos, o Guia de Escaladas em Torres / RS foi dividido em 8 cadernos:

1. Introdução
2.Praia de Itapeva e Anexo da Torre Sul (Gladiador)
3.Torre Sul
4.Morro das Furnas - Setor Sul
5.Morro das Furnas - Setor Central
6.Morro das Furnas - Ferradura do Tocão
7.Morro das Furnas - Volta dos Morcegos e Praia da Cal
8.Morro do Farol

LEGENDAS

Via para escalar em top rope (corda de cima)

Via que permite guiar com proteções móveis

Via que equipada para guiar com proteções fixas (via de regra, chapas e parabolts inox)

Pinos tipo “P” inox

Chapeletas inox (simples ou dupla) com parabolt inox

16 Numeração da via serve para vincular as descrições com as linhas nas fotos

BOU Via pode ser escalada como boulder, sem corda

TOP Via pode ser escalada em top rope (corda de cima), a partir de pontos de ancoragem

FIX Via equipada com proteções fixas, permitindo guiar desde a base

MOV Via com fendas e buracos que permitem guiar com proteções móveis

(6º) Graduação das vias conforme sistema brasileiro (de 3º até 10º grau)

Via para top rope Via apta para guiar Via com chapas Via para top rope
com 2 chapas para com peças móveis fixas para guiar e com ancoragem no alto
ancoragem no topo com chapa em trecho ancoragem dupla e chapa na saída da
“cego” (sem fendas) no topo escalada (vias nas Furnas)
MORRO DAS FURNAS - TRAVESSIA DO TOCÃO E VOLTA DOS MORCEGOS

Uma significativa mudança na abordagem da escalada nas paredes do Morro das Furnas foi a conquista de
duas travessias ao longo da base das vias. A “Travessia do Tocão” sai do platô do Saltinho, cruzando
passarelas e grutas, até a “praia” de pedra junto à chamada Terceira Gruta, nas imediações da maior furna da
Guarita, o “Tocão”. Já a “Volta dos Morcegos” contorna outro setor do Morro das Furnas, atualmente entre as
vias “Nosferatu” e “Bento Carneiro”. Há um projeto para que esta travessia inicie junto ao “Tocão”.

PARTE ALTA E PARTE BAIXA DAS VIAS DO MAR

Antes do surgimento destas vias de travessia, as vias na Ferradura do Tocão eram escaladas em top rope, a
partir do topo. Quase todas as vias eram divididas em “parte alta” e “parte baixa”. A “parte alta” equivale à face
vertical de basalto, logo acima dos negativos da faixa de arenito. Em quase todas as vias do mar foram
colocadas chapas no limite inferior da face de basalto, para que o escalador pudesse se colocar em auto-
segurança, e assim relaxar, se organizar e preparar a escalada. Já a “via completa” significava descer até os
desconhecidos negativos e grutas de arenito, incluindo um trecho exigente na escalada. Ainda hoje, se o
escalador preferir, pode escalar em top rope qualquer uma das vias, descendo apenas até o início da “parte
alta”, evitando as consideráveis dificuldades adicionais dos negativos. Diz-se então que o escalador fez a
parte alta da via. Saindo dos platôs de arenito, o escalador pode dizer que fez a “via completa”.
MORRO DAS FURNAS - VOLTA DOS MORCEGOS

VIA BENTO CARNEIRO

VIA NOSFERATU

PASSARELA

TOCÃO
FURNA DA CAL

FURNA DE FORA
TRANSILVÂNIA

Volta dos Morcegos (5º A0 ou 7º) (150 m / FIX): É uma via de travessia, que cruza pela base um belo trecho
de parede no Morro das Furnas. Há alguns locais interessantes e peculiares no caminho, como a Furna de
Fora, o platô “Transilvânia”, a Furna da Cal e uma passarela com vista para a Praia da Cal. No momento, a
travessia vai da via “Nosferatu” até a via “Bento Carneiro”, duas vias equipadas para guiar. O projeto é
extender a travessia até o Tocão por um lado, e até as Furnas Secas pelo o outro. O nome da via faz
referência à presença no passado de morcegos no Morro das Furnas, inclusive a fenda da via Boris Karloff
era tomada por estes animais. Todavia, nos dias de hoje, os morcegos quase sumiram por completo, sendo
substituído por pássaros. Além do passeio e do acesso à base de outras vias, a travessia em si tem trechos
interessantes de escalada, em especial sobre a Furna da Cal. Toda a proteção é fixa, com chapas inox. Em
dias de ondas grandes, alguns trechos da via molham, em especial nas imediações da Furna de Fora. Nesta
data, há 4 vias para a “saída” da Volta dos Morcegos, com escalada guiada: Nosferatu (6º), Christopher Lee
(5º), Boris Karloff (5º, móvel) e Bento Carneiro (4º).
VIAS NA VOLTA DOS MORCEGOS

1.Diedro do Tocão (6º) (20 metros /


TOP): Uma via selvagem, um diedro,
cujo maior atrativo é o visual e o setor
peculiar onde se localiza, junto ao
Tocão. A escalada tem 2 partes.
Partindo de um platô, há um diedro
sem agarras e com uma fenda
excelente no fundo. Todavia, havia
morcegos ali em 2022, complicando
a subida. Esta fenda leva a um bico
de pedra, na junção das paredes.
Dali, a escalada fica mais acessível
(5º grau), com muitas e boas agarras
na parede da direita.

2.Corsário (6º) (18 metros, MOV /


2 TOP): A via aproveita grampos
colocados no topo para a prática de
1 highline. Há uma chapa escondida
na direita, num platô, ali fica
posicionado o segurança. A via inicia
num platô gramado, e segue um
diedro em “V” com uma fenda. Não
há muitas agarras, é um trabalho de
aderência e com a fenda, esta
excelente para proteções móveis.
VIAS NA VOLTA DOS MORCEGOS

3 4 5
6 7 8

3.Nosferatu (6º) (20 metros, FIX / TOP): Uma bela via, que inicia na pequena gruta na base da via “Entre o Céu
e o Mar”, saindo para a esquerda, vencendo um negativo. A via prossegue fácil por uma rampa positiva, até a
base da parede final, uma face com agarras pequenas junto a um diedro. Alternando apoios nas duas faces, é
possível chegar ao topo. Sem usar o diedro, esse trecho final fica mais delicado e deve alcançar um 7A. A
Nosferatu pode ser usada como linha de rapel para entrar na “Volta dos Morcegos”.

4.Orlok (7º ou A1) (10 metros, MOV / TOP): Uma variante para o trecho final da Nosferatu, subindo uma fenda
perfeita. Pode ser ser feita guiando em móvel (natural ou artificial) ou em top rope. No filme original Nosferatu,
de 1922, o vampiro tem o nome de Conde Orlok, daí o nome desta variante.
VIAS NA VOLTA DOS MORCEGOS

6 8
2 4

3 5

5.Entre o Céu e o Mar (7º) (25 metros, TOP): Outra bela via, com um exigente nível técnico. A via está localizada
num totem de pedra grudado na parede, há 2 grampos inox no topo. O rapel é feito até uma espécie de gruta, onde
há uma chapa. A saída é um negativo forte, em arenito firme e com boas agarras. Acima do negativo, a pedra muda e
torna-se uma face vertical de basalto, com pequenas agarras, uma ascensão delicada, que exige bons dedos e uma
sapatilha precisa. A base desta via está na travessia, a “Volta dos Morcegos”.

6.Batman (7º) (20 metros, TOP): Uma via que ainda não foi devidamente escalada até essa data, assim a
graduação ainda está para ser determinada. É uma aresta com micro-agarras e um pequeno negativo a vencer na
saída. Há apenas uma chapa no topo, que deve receber um backup a partir de outra chapa próxima (na via Bela
Lugosi). Uma dificuldade é a constante maresia neste setor, que deixa a via engordurada e, por vezes, úmida.

7.Bela Lugosi (6º) (20 metros, TOP): É um diedro bem interessante. A saída é num platô, situado na “Volta dos
Morcegos”. A via possui 3 trechos distintos. O primeiro terço é mais fácil, com uso de ambas as faces do diedro. O
terço do meio é o crux, pois as agarras ficam escassas e há posições em aderência, apenas com pressão dos pés na
rocha. O terço final ainda é exigente, mas há agarras e degraus que podem ser aproveitados. O nome homenageia
um ator húngaro, que fez o papel de Conde Drácula nos primeiros filmes com a personagem, na década de 30.

8.Conde Drácula (6º) (25 metros, MOV / TOP): A via sobe um pilar de pedra proeminente, bastante visível na
silhueta do Morro das Furnas, se visto a partir da Praia da Cal. A escalada inicia num platô confortável, batizado de
“Transilvânia”. Há um teto na saída, que pode ser vencido em artificial. Depois o pilar tem um trecho mais delicado,
de uns 8 metros, com pequenas agarras e uma fenda estreita. Mais acima, há uma sucessão de platôs e escalões,
alguns mais fáceis, outros mais difíceis, até o topo, sempre com fendas disponíveis. A via pode ser guiada com
proteções móveis, peças pequenas e médias.
VIAS NA VOLTA DOS MORCEGOS

9 10
8 11

12

9.Christopher Lee (5º) (22 metros, FIX / TOP): Essa é uma via equipada para guiar, com proteções fixas em chapas
inox. É uma opção acessível para acessar o topo do Morro das Furnas, a partir da “Volta dos Morcegos”. É uma
sucessão de platôs e escalões, acompanhando um diedro, partindo do belo platô junto à Furna da Cal, batizado como
“Transilvânia”. Este platô é um dos segredos do Parque da Guarita, acessível apenas aos escaladores. É um local
ótimo para relaxar, observar o mar, a praia e as ondas batendo contra a rocha. Dali também é possível observar a outra
gruta desconhecida da maioria das pessoas, a Furna de Fora. Se você é escalador, uma visita à “Transilvânia” é um
programa obrigatório, em algum momento, pelo visual e pelas vias que ali iniciam.

10.Lestalt (6º) (16 metros, TOP): Esta via tem uma formação peculiar, uma espécie de tobogã. São duas rampas
positivas, divididas por um ressalto. Por enquanto, é uma via apenas para top rope. O escalador desce até a quina final
do basalto, logo acima de um grande teto. O visual é único. Não há como descer mais, pois a corda ficaria no ar, o teto
tem uns 2 metros. Ali na quina há um chapa, para que o escalador possa se organizar. A via é caracterizada por alguns
movimentos dinâmicos, pedaladas com pés em aderência e agarras apenas para as mãos. Uma escalada desde a
“Transilvânia” é possível, mas seria necessário equipar com proteções fixas. Seria uma via estética e exigente, os
movimentos seriam aéreos e de muita força. A altura da via subiria para uns 25 metros com este acréscimo.
VIAS NA VOLTA DOS MORCEGOS

3
5
8 9 10 11
12

11.Boris Karloff (5º) (20 metros, MOV / TOP): Uma via clássica nesse setor, uma fenda perfeita com agarras
igualmente boas em volta. Saindo da “Volta dos Morcegos”, a via sobe pelo arenito, onde há uma chapa de proteção,
até um platô, onde inicia a fenda. Daí para cima, a escalada é acessível mas bem constante. Uma via excelente para
um treino intermediário ou para guiar com proteções móveis. Na década de 80, essa fenda era lotada de morcegos,
mas eles sumiram na virada dos anos 2000. Hoje a fenda é bem limpa, ótima para escalar e para a colocação de friends
(predominam os médios). Boris Karloff foi mais um ator que encarnou o Conde Drácula, em filmes dos anos 30/40.

12.Bento Carneiro (4º) (20 metros, FIX / TOP): O personagem cômico do Chico Anísio dá nome a essa via fácil, com 3
trechos distintos. A saída contorna um bico de pedra, uma passada de 4º grau. Depois há um trecho de escalaminhada
até o topo de um bloco. Dali, entra-se em 4 movimentos em face mais vertical, chegando ao topo. É muito improvável
que algum escalador não consiga guiar essa via, e o objetivo era esse mesmo: garantir que ninguém vai ficar preso na
travessia da “Volta dos Morcegos” sem conseguir subir novamente ao topo do morro.
VOLTA DOS MORCEGOS

Entre a Furna da Cal e a via Bento Carneiro, a Volta dos Morcegos segue uma espécie de passarela,
onde é possível caminhar, com algum cuidado em algumas passagens mais expostas.

A via Boris Karloff segue uma fenda perfeita, A Volta dos Morcegos passa sobre a boca da
quase da base ao topo, boa para peças móveis. Furna da Cal, um recanto peculiar e muito bonito.
FURNAS SECAS E PORTÃO

PONTEZINHA GRUTINHA DA CAL

O setor mais ao norte do Morro das Furnas não tem sido aproveitado pelos escaladores. Há muitos
blocos soltos e uma faixa de vegetação na metade da parede, que causa uma discontinuidade na
escalada. Este setor é chamado de Furnas Secas, pois há duas furnas grandes (também conhecidas
como Furnas de Garagem) e um pequeno buraco, numa enseada de pedras. Outra bela formação é o
Portão, um arco de pedra logo ao lado de uma pontezinha de madeira. Há um pesqueiro muito
frequentado depois da Pontezinha, usado também pelos surfistas, para saltar no mar. É possível
passar caminhando sobre o Portão, mas se trata de um gesto arriscado, para quem não tem vertigem
ou medo de altura. Existe apenas uma via conhecida nesta enseada, uma via em móvel escalada pelo
Ricardo Baltazar. Há outras duas “vias perdidas”, que constam no guia do escalador Naoki Arima, cujos
nomes são Bicuíra (6º) e Haole (5º), mas que não soubemos localizar.
FURNAS SECAS E PORTÃO

ESCADINHA

PORTÃO

O Portão e as Furnas Secas são belas formações, que merecem um acesso para os
escaladores. É possível descer até a enseada de pedras, em dias de mar calmo, molhando os
pés. A descida para o nível do mar pode ser feita junto à Pontezinha ou aproveitando uma
escadinha natural de pedra, o caminho mais usado pelos catadores de mariscos. No passado,
um grupo de surfistas “mobiliou” uma das furnas secas, com cadeiras e até um sofá.
Preparavam jantas no local, e ao sair deixavam os móveis escondidos da vista, dentro da gruta.
Era um dos folclores da Praia da Cal.

FURNA SECA
FURNAS SECAS E PORTÃO

Acima a linha da única via conhecida nesta enseada de pedra, uma fenda negativa em móvel escalada
por Ricardo Baltazar, o Ratinho. Há um bom potencial para vias, aproveitando o negativo e os tetos
formados pelas grutas. Mas a vegetação, com muitos espinhos e cactus, atrapalharia um pouco.
GRUTINHA DA CAL
A Grutinha da Cal é um buraco junto ao caminho muito frequentado até a ponte do Saltinho da
Praia da Cal. Os surfistas costumam ficar ali, observando as ondas e o surf. No verão, é difícil usar
o local para escalar. Mas no inverno, há dias e noite de tranquilidade, onde o local permite um bom
treino de força em top rope. Infelizmente, por vezes as pessoas urinam ali e não é raro a gruta estar
tomada por um cheiro forte.

Bento Carneiro

Grutinha
da Cal

C GRUTINHA DA CAL

A B A.Esquerda
B.Centro
C.Direita

A linha laranja indica


o caminho para acesso
às 3 chapas no alto.

Há 3 opções de vias na Grutinha da Cal: à esquerda, ao centro e à direita. As 3 vias têm dificuldades
similares, vencendo um teto, numa graduação entre o 6º super e o 7º. É um boa opção para treino
de força, em top rope. Pela pouca altura, com crash pad seria possível escalar como boulder
também. São entre 5 e 8 movimentos até o topo. O acesso até as chapas é feito pela esquerda da
gruta, há uma proteção que serve apenas para acesso até as 2 chapas que estão realmente sobre a
gruta. (7ºA) (TR / BO)
VIAS DA VOLTA DOS MORCEGOS E PRAIA DA CAL

ÚLTIMA
Nº NOME DA VIA GRAU ALTURA FIXA MÓVEL PRIMEIRA GRAMPEAÇÃO ANO ANO
REGRAMPEAÇÃO

1 Diedro do Tocão 6º 20 m Eduardo Prestes 2022

2 Corsário 6º 18 m Sim Eduardo Tondo / Marconi 1996

3 Nosferatu 6º 20 m Sim Eduardo Prestes 2022

4 Orlok 7º/A1 10 m Sim Sem informações

Rafael Brito / Eduardo Tondo /


5 Entre o Céu e o Mar 7º 25 m 1994
C.Sanches / G.Zavaschi

6 Batman 7º 20 m Eduardo Prestes 2022

7 Bela Lugosi 6º 20 m Eduardo Prestes 2022

8 Conde Drácula 6º 25 m Sim Eduardo Prestes 2021

9 Christopher Lee 5º 25 m Sim Eduardo Prestes 2021

10 Lestalt 6º 16 m Eduardo Prestes 2022

11 Boris Karloff 5º 20 m Sim Eduardo Prestes 2021

12 Bento Carneiro 4º 20 m Sim Eduardo Prestes 2021

13 Fenda da Furna Seca 7º 15 m Sim Ricardo Baltazar 1998

14 Gruta da Cal Esquerda 7º 6m Eduardo Prestes 2019

15 Gruta da Cal Centro 7º 6m Eduardo Prestes 2019

16 Gruta da Cal Direita 7º 6m Eduardo Prestes 2019

17 Volta dos Morcegos 6º 150 m Sim Eduardo Prestes 2021

MANUTENÇÃO
Nº NOME DA VIA GRAU ALTURA FIXA MÓVEL PRIMEIRA ESCALADA ANO ANO
REGRAMPEAÇÃO

* Lista elaborada em março de 2022. Vias marcadas em cinza são especialmente recomendadas no setor.

No guia do escalador Naoki Arima, constam as seguintes vias, que não foram localizadas por nós. Ficamos à
disposição para corrigir o nome de vias rebatizadas ou registrar vias que faltaram neste guia.

Bicuíra (6º) (Tiago Melo / Cristian / Rafael Caon) 1994


Haole (5º) (Tiago Melo / Cristian / Rafael Caon) 1994

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