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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Disciplina de

Sistemas
Departamento de Engenharia Civil Estruturais I
Estruturas de Concreto Armado – Material de Apoio Turma Especial

Algumas considerações normativas e adoções práticas para vigas de CA

1. Prescrições normativas para cobrimento das armaduras:


 A norma NBR 6118:2014 possui diversas considerações e prescrições com o
objetivo de garantir durabilidade das estruturas de concreto armado.
 Tais considerações dizem respeito a critérios de projeto a serem adotados em
função da classificação de agressividade do ambiente à estrutura, que visam
proteger os elementos estruturais e garantir seu desempenho durante a vida útil de projeto.

Classes de agressividade

De acordo com o item 6.4.2 da norma NBR 6118:2014, a agressividade ambiental


de uma estrutura em projeto deve ser classificada de acordo com a Tabela 6.1
(abaixo). Esta classificação está relacionada às ações físicas e químicas que atuam
sobre as estruturas de concreto, independente das ações mecânicas, das variações
volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no
dimensionamento das estruturas de concreto.

A definição desta classe de agressividade ambiental (CAA) é fundamental na


concepção do projeto estrutural, pois influenciará nos valores mínimos de

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resistências características que devem ser respeitados, no valor mínimo do


cobrimento de armadura e na máxima abertura de fissura permitida.

Observa-se que a norma define as classes através do tipo de ambiente em que


será construída a edificação.

Por exemplo, áreas urbanas são consideradas CAA II, o que corresponde a uma
agressividade moderada e pequeno risco de deterioração.

Entretanto, para praticamente todas as CAA (exceto CAA IV – respingos de


maré) a norma permite que se admita uma classe de agressividade um nível mais
brando quando se tratar de ambientes internos secos revestidos com argamassa.
No caso de ambientes urbanos e industriais, uma redução em um nível na CAA
também pode ser justificada se a região apresentar clima seco.

Cobrimento das armaduras

Um dos critérios normativos ligados à durabilidade diz respeito ao cobrimento


das armaduras, disposto no item 7.4.7 da NBR 6118:2014, que é definido em
função das condições de exposição da estrutura. O item 7.4.7.2 prescreve que
seja respeitado um cobrimento nominal (cobrimento mínimo + tolerância de
execução ∆c) determinado na tabela 7.2 (abaixo) em função da classe de
agressividade ambiental.

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Para interpretação da tabela 7.2 e escolha dos valores mínimos de cobrimento


exige-se, além de uma definição criteriosa da classe de agressividade, a análise
correta de todas as alternativas existentes.

O primeiro detalhe ao qual deve-se estar atento refere-se ao fato de que na tabela
3 estão relacionados os cobrimentos nominais, já acrescidos de uma tolerância
de execução (∆c). De acordo com os itens 7.4.7.3 e 7.4.7.4, nas obras correntes
o valor de ∆c deve ser maior ou igual a 10 mm. Porém, permite-se reduzir a
tolerância de execução para ∆c = 5 mm quando houver um adequado controle
de qualidade, rígidos limites de tolerância durante a execução e estiver explícito,
nos desenhos do projeto, esta exigência de controle rigoroso. Assim, nestes casos
permite-se a redução em 5 mm dos cobrimentos da tabela 7.2.

Outra consideração importante é que a observação b da tabela 7.2 permite a


adoção de valores de cobrimento menores que os prescritos (com o mínimo de
15 mm) para faces superiores de lajes e vigas quando estas estiverem revestidas
com contrapiso e revestimentos secos. O cobrimento adotado, no entanto, ainda
deverá respeitar os limites do item 7.4.7.5 da norma, que dizem que o cobrimento
não deve ser menor que o diâmetro da barra (cnom ≥ ϕℓ)

De acordo com o item 7.4.7.6, especificado o valor do cobrimento nominal a ser


respeitado no projeto, deve-se garantir que a dimensão máxima do agregado
graúdo utilizado no concreto não supere em 20% a espessura nominal do
cobrimento (dmax ≤ 1,2 cnom).

Abertura de fissuras em serviço

Também diretamente relacionado com a questão da durabilidade, o item 13.4 da


norma NBR 6118:2014 trata sobre o controle da fissuração dos elementos e
proteção das armaduras.

SERÁ VISTO POSTERIORMENTE...

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2. De modo geral, a preferência dos engenheiros e arquitetos é de que as vigas fiquem


embutidas nas paredes de vedação, de tal forma que não possam ser percebidas
visualmente;
3. A altura das vigas depende de diversos fatores, sendo os mais importantes o vão, o
carregamento e a resistência do concreto. A altura deve ser suficiente para
proporcionar resistência mecânica e baixa deformabilidade (flecha).
Uma indicação prática para a estimativa da altura das vigas de Concreto Armado é
dividir o vão efetivo por dez para vigas biapoiadas e por doze para vigas contínuas;
4. A altura das vigas deve ser preferencialmente modulada de 5 em 5 cm, ou de 10 em
10 cm.
A altura mínima indicada é de 25 cm. Vigas contínuas devem ter a altura dos vãos
obedecendo uma certa padronização, a fim de evitar várias alturas diferentes;

5. Armadura Mínima de Tração


A armadura mínima de tração, em elementos estruturais armados deve ser
determinada pelo dimensionamento da seção a um momento fletor mínimo dado
pela expressão a seguir, respeitada a taxa mínima absoluta de 0,15 %:

Md,mín = 0,8 W0 fctk,sup


onde
W0 é o módulo de resistência da seção transversal bruta de
concreto, relativo à fibra mais tracionada;

fctk,sup é a resistência característica superior do concreto à tração (ver


8.2.5).

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Alternativamente, a armadura mínima pode ser considerada atendida se forem


respeitadas as taxas mínimas de armadura da Tabela 17.3.
Tabela 17.3 –Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas

o somatório da armadura tracionada com a armadura comprimida, fora da zona de


emenda, deve ser no máximo de 4% da área de concreto.
6. Espaçamentos vertical e horizontal mínimos entre as barras longitudinais
O espaçamento mínimo livre entre as faces das barras longitudinais de uma viga no plano
da seção transversal, deve ser no mínimo igual aos seguintes valores:

Espaçamento horizontal "ah":

 2 cm;
 diâmetro da barra (ϕℓ) e
 1,2 vezes a dimensão máxima do agregado

Espaçamento vertical "av":

 2 cm;
 diâmetro da barra (ϕℓ) e
 0,5 vezes a dimensão máxima do agregado

Existe ainda a verificação dos espaçamentos em relação a necessidade de introdução do


vibrador, onde o espaçamento horizontal entre barras deve ser de no mínimo o diâmetro
da agulha do vibrador, sendo essa verificação realizada a partir da segunda camada da
armadura positiva.

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7. Diâmetros máximo e mínimo para armaduras longitudinais:

O diâmetro da armadura longitudinal deve satisfazer a condição 10 mm ≤ fℓ ≤ bw/8.

8. Os esforços nas armaduras podem ser considerados concentrados no centro de gravidade


correspondente, se a distância deste centro de gravidade ao centro da armadura mais
afastada, medida normalmente à linha neutra, for menor que 10 % de h.

9. Uma adoção para a primeira estimativa da altura útil “d” para iniciar o
dimensionamento da armadura longitudinal da viga, basicamente voltada para
estruturas de edifícios, é de

d ≅ 0,90 h.

10. Estruturas usuais de edifícios - Aproximações permitidas

 Vigas contínuas (NBR 6118 - item 14.6.6.1):


Pode ser utilizado o modelo clássico de viga contínua, simplesmente apoiada nos
pilares, para o estudo das cargas verticais, observando-se a necessidade das seguintes
correções adicionais:
a. não podem ser considerados momentos positivos menores que os que se
obteriam se houvesse engastamento perfeito da viga nos apoios internos;

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b. quando a viga for solidária com o pilar intermediário e a largura do apoio,


medida na direção do eixo da viga, for maior que a quarta parte da altura do
pilar, não pode ser considerado o momento negativo de valor absoluto menor
do que o de engastamento perfeito nesse apoio;
c. quando não for realizado o cálculo exato da influência da solidariedade dos
pilares com a viga, deve ser considerado, nos apoios extremos, momento fletor
igual ao momento de engastamento perfeito multiplicado pelos coeficientes
estabelecidos nas seguintes relações:
 na viga:
rinf + rsup
kviga =
rvig + rinf + rsup
 no tramo superior do pilar:
rsup
ksup =
rvig + rinf + rsup
 no tramo inferior do pilar:
rinf
kinf =
rvig + rinf + rsup
sendo:
Ii
ri =
Li
onde
ri é a rigidez do elemento i no nó considerado, avaliada conforme
indicado na abaixo;
Ii é o momento de inercia da seção transversal relativamente ao eixo
de flexão e
Li é o comprimento do elemento.

Aproximação em apoios extremos

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Alternativamente, o modelo de viga contínua pode ser melhorado, considerando-se a


solidariedade dos pilares com a viga, mediante a introdução da rigidez à flexão dos
pilares extremos e intermediários.
A adequação do modelo empregado deve ser verificada mediante análise cuidadosa
dos resultados obtidos.
Cuidados devem ser tomados para garantir o equilíbrio de momentos nos nós viga-
pilar, especialmente nos modelos mais simples, como o de vigas contínuas.

11. Armadura de pele (NBR 6118 – item 17.3.5.2.3)

A mínima armadura lateral deve ser 0,10 % Ac,alma em cada face da alma da viga e composta
por barras de CA-50 ou CA-60, com espaçamento não maior que 20 cm e devidamente
ancorada nos apoios, respeitado o disposto em 17.3.3.2, não sendo necessária uma
armadura superior a 5 cm2/m por face. Em vigas com altura igual ou inferior a 60 cm,
pode ser dispensada a utilização da armadura de pele. As armaduras principais de tração e
de compressão não podem ser computadas no cálculo da armadura de pele.

12. O diâmetro da barra que constitui o estribo deve ser maior ou igual a 5 mm, sem exceder
1/10 da largura da alma da viga.

13. Armadura de tração nas seções de apoio (NBR 6118 – item 18.3.2.4)

Os esforços de tração junto aos apoios de vigas simples ou contínuas devem ser resistidos
por armaduras longitudinais que satisfaçam a mais severa das seguintes condições:
a) no caso de ocorrência de momentos positivos, as armaduras obtidas através do
dimensionamento da seção;
b) em apoios extremos, para garantir a ancoragem da diagonal de compressão, armaduras
capazes de resistir a uma força de tração FSd = (aℓ/d) Vd + Nd, onde Vd é a força
cortante no apoio e Nd é a força de tração eventualmente existente;
c) em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma parte da armadura
de tração do vão (As,vão), correspondente ao máximo momento positivo do tramo
(Mvão), de modo que:
 As,apoio ≥ 1/3 (As,vão), se Mapoio for nulo ou negativo e de valor absoluto |Mapoio|
≤ 0,5 Mvão;
 As,apoio ≥ 1/4 (As,vão), se Mapoio for negativo e de valor absoluto |Mapoio| ≤ 0,5 Mvão.

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14. Ancoragem da armadura de tração no apoio (NBR 6118 – item 18.3.2.4.1)

Quando se tratar do caso de 18.3.2.4-a), as ancoragens devem obedecer aos critérios da


Figura 18.3.
Para os casos de 18.3.2.4-b) e c), em apoios extremos, as barras das armaduras devem ser
ancoradas a partir da face do apoio, com comprimentos iguais ou superiores ao maior dos
seguintes valores:
 ℓb,nec, conforme 9.4.2.5;
 (r + 5,5 f), onde r é o raio de curvatura dos ganchos, conforme definido na Tabela
9.1;
 60 mm.
Quando houver cobrimento da barra no trecho do gancho, medido normalmente ao plano
do gancho, de pelo menos 70 mm, e as ações acidentais não ocorrerem com grande
frequência com seu valor máximo, o primeiro dos três valores anteriores pode ser
desconsiderado, prevalecendo as duas condições restantes. Para os casos de 18.3.2.4-b) e
c), em apoios intermediários, o comprimento de ancoragem pode ser igual a 10 ϕ, desde
que não haja qualquer possibilidade de ocorrência de momentos positivos na região dos
apoios, provocados por situações imprevistas, particularmente por efeitos de vento e
eventuais recalques. Quando essa possibilidade existir, as barras devem ser contínuas ou
emendadas sobre o apoio.

15. Armaduras de tração na flexão simples, ancoradas por aderência (NBR 6118 – item
18.3.2.3.1)

O trecho da extremidade da barra de tração, considerado como de ancoragem, tem início


na seção teórica, onde sua tensão σs começa a diminuir (a força de tração na barra da
armadura começa a ser transferida para o concreto). Deve prolongar-se pelo menos 10 ϕ
além do ponto teórico de tensão σs nula não podendo em caso algum, ser inferior ao
comprimento necessário estipulado em 9.4.2.5. Assim, na armadura longitudinal de tração
dos elementos estruturais solicitados por flexão simples, o trecho de ancoragem da barra
deve ter início no ponto A (Figura 18.3) do diagrama de forças RSd = MSd/z, decalado do
comprimento aℓ, conforme 17.4.2. Esse diagrama equivale ao diagrama de forças corrigido

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FSd,cor. Se a barra não for dobrada, o trecho de ancoragem deve prolongar-se além de B,
no mínimo 10 ϕ. Se a barra for dobrada, o início do dobramento pode coincidir com o
ponto B (ver figura abaixo).

Cobertura do diagrama de força de tração solicitante pelo diagrama resistente. Fonte NBR 6118.

16. Comprimento de ancoragem básico (NBR 6118 – item 9.4.2.4)

Define-se comprimento de ancoragem básico como o comprimento reto de uma barra de


armadura passiva necessário para ancorar a força-limite Asfyd nessa barra, admitindo-se,
ao longo desse comprimento, resistência de aderência uniforme e igual a fbd, conforme
9.3.2.1.
O comprimento de ancoragem básico é dado por:
ϕ fyd
lb = ≥ 25 ϕ
4 fbd
onde
fbd é resistência de aderência de cálculo da armadura passiva e
fyd é a tensão de escoamento de cálculo do aço.

Valores das resistências de aderência (NBR 6118 – item 9.3.2)


A resistência de aderência de cálculo entre a armadura e o concreto na ancoragem de
armaduras (NBR 6118 – item 9.3.2.1) passivas deve ser obtida pela seguinte expressão:

fbd = η1 η2 η3 fctd

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onde
fctd = fctk,inf/γc (ver 8.2.5);
η1 = 1,0 para barras lisas (ver Tabela 8.3);
η2 = 1,4 para barras entalhadas (ver Tabela 8.3);
η3 = 2,25 para barras nervuradas (ver Tabela 8.3);
η2 = 1,0 para situações de boa aderência (ver 9.3.1);
η2 = 0,7 para situações de má aderência (ver 9.3.1);
η3 = 1,0 para f < 32 mm;
η3 = (132 – ϕ)/100, para ϕ ≥ 32 mm;
onde ϕ é o diâmetro da barra, expresso em milímetros (mm).
Ainda:
fctk,inf = 0,7 fct,m (para concretos de classes até C50): fct,m = 0,3 fck(2/3)
fct,m e fck são expressos em megapascal (MPa).

17. Comprimento de ancoragem necessário (NBR 6118 – item 9.4.2.5)


O comprimento de ancoragem necessário pode ser calculado por:

As,calc
lb,nec = α lb ≥ lb,min
As,ef

onde
α = 1,0 para barras sem gancho;
α = 0,7 para barras tracionadas com gancho, com cobrimento no plano
normal ao do gancho ≥ 3 ϕ

α = 0,7 quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2;

α = 0,5 quando houver barras transversais soldadas conforme 9.4.2.2 e


gancho com cobrimento no plano normal ao do gancho ≥ 3 ϕ;
lb é calculado conforme 9.4.2.4 (ver expressão acima);
lb,min é o maior valor entre 0,3 lb , 10 ϕ e 100 mm.

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