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Elton BAUER
DSc, Engenheiro Civil, Professor do Programa de Pós-Graduação em Estruturas e
Construção Civil da UnB, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília,
Brasil, elbauer@zaz.com.br
Carlos FEIJÃO
MSc, Engenheiro Civil, Secretaria Nacional de Defesa Civil , Brasília, Brasil.
feijão@linkexpress.com.br
Nielsen ALVES
Engenheiro Civil, Mestrando da Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da UnB,
Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte, Brasília, Brasil, nielsen6@unb.br
ABSTRACT
The corrosion monitor of concrete structures have a great importance on fails prevent and
to observe the performance of repaired structures. Traditional evaluations are sophisticated,
and equipments demand operational care to interpret the results.
Corrosion sensors are devices placed inside concrete structures, near the bars of
reinforcement. Two groups for sensors are employed: sensors of corrosion of the rebar, and
sensors of despassivation.
These research look for evaluation of electrode potential sensor, applying accelerated tests
of corrosion by chlorides.
1. INTRODUÇÃO
1.1 Panorama Geral
Na engenharia moderna, a preocupação com o problema da corrosão deve ser priorizada
desde a etapa de projeto. No decorrer das últimas décadas, diversos pesquisadores
realizaram estudos mostrando como o gasto com manutenção e recuperação de estruturas
atacadas pela corrosão é significativo, comprometendo boa parte do orçamento de um país.
É neste sentido que se encaixa o desenvolvimento de técnicas que possibilitam a previsão
do estado em que se encontra a armadura dentro do concreto, antes que os sintomas da
corrosão sejam visíveis, pois após esta fase, os custos com manutenção e reparo já são
bastante elevados. Os sensores de corrosão surgem como uma ferramenta eficaz para
fornecer estas informações.
Os sensores para monitoramento da corrosão caracterizam-se por serem de custo reduzido,
apresentarem uma operação simples e são geometricamente pequenos (em relação às
dimensões da estrutura de concreto armado), não afetando significativamente as operações
de concretagem das estruturas. Assim, o emprego dos mesmos pode ser concebido quando
do projeto estrutural, sendo concretados durante a execução da estrutura, ou podem ser
inseridos na mesma após a execução de uma operação de reparo, por exemplo (FEIJÃO,
2000).
Apesar dos estudos relativos à corrosão de armadura e a técnicas eletroquímicas estarem
bem desenvolvidos, com muitos trabalhos publicados na literatura nacional e internacional,
verifica-se uma grande carência de referências bibliográficas quando o assunto é
relacionado ao monitoramento da corrosão através da utilização de sensores. Foram
encontradas poucas pesquisas, apenas a nível internacional, destacando-se os trabalhos de
RAUPACH & SCHIESSL (1992), JOHN (1996), WIETEK (1996), BROOMFIELD
(1994), SHORT et al.(1991), TAMURA et al. (1996) e ANSUINI & DIMOND (1994).
De uma forma geral, os sensores podem ser divididos em 4 grupos, a saber (RILEM,
1994).
eletrodos de referência – aplicável praticamente em todos os casos, permite avaliação
continuada do potencial de corrosão. Os principais problemas atêm-se à estabilidade do
sensor em idades mais avançadas.
sensores galvânicos – aplicável ao caso da corrosão induzida por cloretos ou por
carbonatação, são muito estáveis, podendo ser empregados no monitoramento da
corrosão da armadura ou na avaliação do ingresso de substâncias agressivas pelo
cobrimento do concreto. No último caso, os mesmos são denominados “sensores de
frente de despassivação”.
sensores de resistividade e sondas de umidade – aplicável em todas as situações, sendo
muito importantes nos casos em que a conduta adotada no reparo exige níveis de
umidade baixa no concreto.
sensores de polarização linear – aplicável em todos os casos, mede diretamente a icorr
na armadura. Os aspectos críticos dizem respeito principalmente à estabilidade ao
longo do tempo do eletrodo de referência empregado.
Diversas proposições têm sido pesquisadas, derivadas de áreas onde o emprego desta
tecnologia já é consagrado. As particularidades da corrosão do aço no concreto são
importantes no sentido de, face aos mecanismos intervenientes, apresentar níveis de
precisão e sensibilidade diferenciados em função da tipologia dos sensores empregados.
Sucintamente, pode-se colocar que a corrosão das armaduras é induzida por dois
mecanismos clássicos, a saber o efeito de cloretos, o qual se manifesta na corrosão por pite,
e o efeito da carbonatação, onde a corrosão apresenta-se de forma superficial e mais
uniforme sobre a armadura.
O presente estudo procura avaliar, através de ensaios acelerados de corrosão induzida por
cloretos, à sensibilidade e estabilidade do sensor comercial de potencial de corrosão
chamado VETEK 2000, distribuído pela CMS da Áustria, frente às diversas condições as
quais podem ser submetidos às estruturas reais. Será utilizada a técnica de potencial de
eletrodo, para a realização das medidas eletroquímicas necessárias.
1.2 Sensor de Potencial de Corrosão
A CMS (Corrosion Monitoring System), de acordo com WIETEK (1996), utiliza-se de um
eletrodo de referência bastante estável para ser usado numa região próxima a armadura, no
entanto sem toca-la, a fim de se obter valores de potenciais de corrosão da mesma. O
eletrodo de referência é o já consagrado Ag/AgCl, numa matriz sólida, que é revestido por
uma malha plástica não condutora, garantindo assim que não haja contato entre o aço e o
eletrodo, no entanto, assegurando que eles estejam bastante próximos a fim de se eliminar
interferências nas leituras de potenciais. Este sensor é comercializado com o nome de
VETEK2000. Os valores de referência para as medidas de potenciais com o sensor são
mostrados na Tabela 1.
A sensibilidade deste eletrodo, segundo o fabricante, é tão alta que com um comprimento
de 20 metros, uma área de 1 mm corroída poderia ser detectada. O monitoramento pode ser
efetuado com um voltímetro de alta impedância ou usando dispositivos específicos que
fazem o trabalho de coleta de dados contínua.
Um dos diferenciais do sensor VETEK2000, segundo WIETEK (1996), é que este fornece
um mapeamento linear da armadura, enquanto os outros métodos de mapeamento de
potencial existentes fornecem informações pontuais apenas.
CMS
Eletrodo
Armadura
Ensaio de Cloretos
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise dos gráficos apresentados a seguir visa verificar o comportamento dos sensores
de corrosão frente aos agentes agressivos, comparando as informações por eles fornecidas,
e confrontando-as com valores tomados como referência, obtidos a partir de barras
longitudinais de referência que foram dispostas em posições semelhantes às dos sensores.
Cabe salientar que a barra CL-BL1-1 apresentou um comportamento muito distinto das
outras, evidenciando alguma anormalidade. Desta forma, foi retirada da média que será
apresentada nas figuras abaixo, sendo considerada apenas nos gráficos de correlação.
3.1 Barras Longitudinais de Referência - Série CL-BL
As barras longitudinais de referência, no ensaio de cloretos, serviram como parâmetro para
a avaliação de todos os resultados encontrados com os sensores.
A Figura 3 mostra a evolução do potencial de eletrodo ECS para as barras longitudinais de
referência. A faixa de despassivação, segundo recomenda a ASTM C-876 (-271 mV ECS),
foi ultrapassada aos 14 dias de ensaio, próximo do fim da primeira fase de imersão
parcial. No fim da primeira secagem, foi alcançado um valor de -462 mV na média das 3
barras válidas, havendo uma tendência geral de redução dos potenciais, e a partir daí, as
medidas seguiram dentro do esperado, com aumento dos valores de potenciais nas
secagem, e reduções nas imersões, chegando a valores na faixa de -485 a -605 mV no
final do ensaio.
-100
-200
E (ECS) - mV
-300
-400
-500
-600
IP E IP E IP E IP E IP
-700
0 30 60 90 120 150
Dias
CL-BL1-1 CL-BL1-2 CL-BL2-1 CL-BL2-2 MEDIA
100
-100
-200
E (CMS) - mV
-300
-400
-500
-600
IP E IP E IP E IP E IP
-700
0 30 60 90 120 150
Dias
CL-SC1-1 CL-SC1-2 CL-SC2-1 CL-SC2-2 MEDIA
100
-100
ddp (CMSxECS) - mV
-200
-300
-400
-500
-600
IP E IP E IP E IP E IP
-700
0 30 60 90 120 150
Dias
CL-SC1-1 CL-SC1-2 CL-SC2-1 CL-SC2-2
-900
-800
-700
E (ECS) - mV
-600
-500
-400
-300
-200
-100
0
100 0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 -700
E (CMS) - mV
CL-SC1-1 CL-SC1-2 CL-SC2-1 CL-SC2-2
A Figura 7 mostra a relação da figura anterior com os pontos entre o 1º e o 49º dia de
ensaio. Observa-se a relação mostrada na figura, a qual levou ao estabelecimento do limite
de -340 mV para a despassivação, também próximo do valor proposto pelo fabricante.
-700
-600
-500
E (ECS) - mV
-400
-300
-200
-100
0
0 -100 -200 -300 -400 -500 -600 -700
E (CMS) - mV
CL-SC1-1 CL-SC1-2 CL-SC2-1 CL-SC2-2
Figura 7 – Correlação entre potencial (CMS) e potencial (ECS) – FAIXA - Série CL-SC
4. CONCLUSÕES
Do estudo desenvolvido, pode-se enumerar as seguintes conclusões:
• Pode-se dizer que o sensor CMS funcionou bem na detecção do momento de
despassivação da armadura.
• O sensor CMS não funcionou com a estabilidade necessária a um eletrodo de
referência, como é preconizado pelo fabricante, uma vez que quando submetido ao
ataque de cloretos, perdeu a estabilidade após a despassivação da armadura. Não se
pode detectar se a perda da estabilidade é oriunda do início do processo de corrosão, ou
se corresponde a deterioração do sensor em determinado momento das avaliações.
• A princípio, o sensor não seria recomendado para avaliações a longo prazo, pois a cada
processo corrosivo detectado, seria necessário a sua substituição por um novo. O ponto
positivo para o mesmo é a facilidade de instalação e o baixo custo operacional, já que
utiliza apenas um voltímetro para efetuar as medidas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. Standard test method for
half cell potencial of uncoated reinforcing steel in concrete. ASTM C876. In: Annual
Book of ASTM Standards, Philadelphia,1992.
ANSUINI, F.J.; DIMOND, J.R. Long-term stability testing of reference electrodes for
reinforced concrete. Corrosion/94, paper No. 295, 1994.
JOHN, G. Systems for monitoring corrosion in new and existing structures. Construction
Repair, 1996, Nov/Dec, 14-17.
6. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq e à CAPES pelo apoio na forma de concessão de bolsas e
auxílios, aos membros do GEMAT – Grupo de Estudos Avançados em Materiais de
Construção pela discussão dos resultados apresentados, bem como ao Laboratório de
Ensaio de Materiais (LEM) da Universidade de Brasília pela disponibilização de
equipamentos e instalações para o presente estudo.