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Ensaios não destrutivos do concreto no

monitoramento de vida útil de estruturas de ABSTRACT


concreto
Some of the most important technological advances in
engineering can be attributed to nondestructive testing. They
Diemernso Santos¹, Fernando Vitor Campos¹, Freed Willian de investigate the sanity of materials without, however, destroying
Freitas Santos¹, Francisco Murilo Silva do Nascimento.
them or introducing any changes in their characteristics. This
story shows the importance of non-destructible trials in our
1.Engenharia Civil, Centro Universitário UNINORTE, AC, lives. Applied in the inspection of raw material, in the control of
Brasil.
manufacturing processes and final inspection, the non
destructive tests are one of the indispensable tools for the
RESUMO
control of the quality of the products produced by the modern
Uns dos avanços tecnológicos mais importantes na industry.
engenharia podem ser atribuídos aos ensaios não destrutivos.
Eles investigam a sanidade dos materiais sem, contudo,
PALAVRAS CHAVES: Avanços tecnológicos, controle de
destruí-los ou introduzir quaisquer alterações nas suas qualidade, indústria moderna.
características. Esta matéria mostra a importância dos ensaios
não destrutíveis em nossas vidas. Aplicados na inspeção de INTRODUÇÃO
matéria prima, no controle de processos de fabricação e O desempenho estrutural do concreto está ligado a
inspeção final, os ensaios não destrutivos constituem uma das diversos fatores, tais quais entre eles os que podem prejudicar
ferramentas indispensáveis para o controle da qualidade dos a qualidade final, como umidade, variação da temperatura,
produtos produzidos pela indústria moderna. utilização de materiais de baixa qualidade e/ou não
enquadrados no traço projetado, irregularidade no processo  Realização com a estrutura em uso
produtivo ou exposições à intemperes. A vida útil do concreto  Obtenção de dados “in loco”
está direta ou indiretamente ligada aos fatores correlacionados  Detecção de problemas ainda em estágios inicias
anteriormente, e por meio de ensaios é possível avaliar e (principal premissa da manutenção preventiva)
diagnosticar a situação da estrutura mediante pós execução. ¹ São diversas as formas e métodos de ensaios não
A utilização de ensaios não destrutivos remete a destrutivos utilizados, dentre eles trataremos dos seguintes:
alternativa mais moderna de se avaliar e diagnosticar  Esclerometria
estruturas tanto de concreto como aço e se caracterizam pela  Ultrassom
não remoção de amostra com o mínimo ou nenhum dano a
 Resistividade elétrica superficial
estrutura sondada. Este tipo de ensaio teve sua viabilidade
 Ensaio de resistência à penetração
concluída de acordo com os avanços tecnológicos que refletem
 Ensaio de potencial de corrosão.
na precisão dos dados coletados pelos equipamentos
utilizados como ferramenta de qualificação. ²
ESCLEROMETRIA
Os ensaios não destrutivos ajudam na verificação de
O ensaio de esclerometria é o método não destrutivo
propriedades mecânicas e falhas de uma estrutura,
mais utilizado do mundo, por motivos de se tratar de uma
conseguindo obter informações referentes a resistência à
execução simples, In loco e de baixo custo 4. Tem como
compressão, dureza, diagnostico de armaduras (corrosão,
principal objetivo medir a dureza superficial da estrutura,
localização) e defeitos relacionados a rachaduras, índices de
verificar homogeneidade e resistência à compressão³.
vazios e outros³. Dentre as vantagens desses tipos de ensaios
podemos citar:
 Pouco ou nenhum dano a estrutura
vezes deve ser lixada. Deve-se realizar de 9 a 16 impactos
com distancias de 30mm e atentar-se para que não sejam
realizados mais de um impacto no mesmo ponto. Os
resultados obtidos em cada medição são colocados em índices
gerados por uma média, descartando-se todo os valores
individuas que estejam afastados em mais de 10% do valor

(Figura 1 – Martelo de Schimidt)

O equipamento utilizado para execução do ensaio é o médio obtido.5

martelo de Schimidt e consiste na medição da recuperação de


energia do impacto impulsionado por mola. De acordo com a (Figura 2 – Ilustração da sequência de execução do ensaio de
esclerometria)
NBR 7584, o ensaio deve ser realizado em superfícies limpas,
Os valores obtidos pelo esclerômetro são em Mpa
secas e regulares, por esta razão a região de medição por
(Mega pascal) e dependendo da tecnologia do equipamento
utilizado é necessário que a execução do impacto seja De acordo com um estudo realizado em comparativo
realizada em um ângulo de 90º. O martelo de Schimidt deve das técnicas não destrutivas de ultrassom e esclerometria na
ser calibrado a cada 300 impactos, e pode ser realizado com a avalição do desempenho mecânico de estruturas em concreto
ajuda de uma bigorna, onde os resultados devem fornecer armado6, concluiu-se que o ensaio de esclerometria pode não
índices esclerométricos próximos de 80.³ ser totalmente confiável para obtenção de propriedades
Existem diferentes modelos de esclerômetros que mecânicas de peças estruturais como um todo, não
variam de acordo com a sua energia de percussão (medida em apresentando boa confiabilidade na identificação de
Kgm), a variedade viabiliza a execução do ensaio nos heterogeneidade de estruturas.
diferentes tipos
de situação, que vão desde estruturas sensíveis ou materiais ULTRASSOM
de pouca dureza, até estruturas de grandes dimensões. O método do ultrassom baseia-se na velocidade de um
pulso de onda longitudinais, que possibilita estimar a
resistência à compressão e encontrar defeitos no concreto
devido a exposição à ambientes agressivos e ciclos do gelo –
degelo. O Método é aplicável em cerâmicas, madeiras,
concreto, rochas, metais e outros equipamentos. 4

(Figura 3 – Modelos de Martelos Schimidt)


(Figura 4 – Aparelho de Ultrassom)

O equipamento é composto por um gerador,


responsável pela produção de um pulso de onda no concreto,
e um transmissor para detectar a chegada do pulso. A
transmissão de onda pode ser direta, semi – direta ou indireta
(superfície), dessa forma podendo encontrar²:
 Falhas internas na concretagem
(Figura 6 – Esquema de como é feito a leitura para análise
 Tamanho (profundidade) da fissura Feita pelo equipamento)
 Porosidade
Sua aplicabilidade mais comum é em pilares, vigas e
estacas de concreto, paredes, reservatórios de água, como
mostra figura 7. Seu uso pode ser também para determinação
do módulo de elasticidade de determinado material, por
exemplo, vigas de madeira (espécies de eucalipto e pinos). ²

(Figura 5 – Forma de transmissão)


RESITIVIDADE ELÉTRICA
O teste de resistividade elétrica tem como principal
objetivo indicar a probabilidade de haver corrosão em
armaduras, onde, quanto maior a resistividade menor as
chances de haver corrosão.2

(Figura 7 – Aplicação do equipamento em aplicabilidade:


determinação em pilar)

(figura 9 – Resistividade elétrica x índice de corrosão; WHITING &


NAGI, 2003).

O ensaio de resistividade elétrica é de fácil e rápida


execução, tendo como outra vantagem o baixo custo. É
realizado através de um equipamento que emana por eletrodos
externos corrente elétrica à estrutura e faz a leitura da
(Figura 8 – Outras aplicabilidades: determinação
diferença de potencial gerada, no Brasil não existe uma norma
do módulo de elasticidade de viga de madeira)
de instrução e regulamentação do ensaio, porém é disposto o
padrão espanhol UNE 83988-2 (2012) que regulamenta o
procedimento.
De maneira técnica, a resistividade elétrica controla o
fluxo de íons que se difundem através dos poros do concreto
(HELENE, 1993)7, dessa maneira, quando a estrutura
apresenta baixa resistência, é facilitada a ação de acesso dos
íons Cl ̅ e CO2, responsáveis pelo processo de oxidação e
corrosão de metais ferrosos, logo, nocivos a armadura de
estruturas em concreto armado.
De acordo constatado por POLDER (2001)8 e Santos
(2006)9, a temperatura e a relação água/cimento possuem
relações inversamente proporcionais a resistividade elétrica,
(figura 10 – Resistividade elétrica x relação água/cimento;
onde, quanto menor a relação a/c e temperatura, maior será a
NEVILLE, 1997 apud VICENTE, 2010)
resistência elétrica da estrutura. Tais índices podem ser
observados nos gráficos abaixo:
(Figura 12 – Ensaio de resistência à compressão)

(figura 11 – Resistividade elétrica x temperatura; HOPPE et al.,


1985 apud WHITING & NAGI, 2003) O método consiste na utilização de uma pistola com o
disparo de um pino de alta dureza contra uma peça de
RESISTÊNCIA A PENETRAÇÃO concreto. No modelo americano são usados pinos de 6,35mm
O ensaio de resistência a penetração também é de diâmetro e 79,5mm de comprimento. No Brasil houve uma
conhecido como Agulha de Windsor, Penetrômetro de adaptação pelo engenheiro Pontes Vieira (1978), com pinos
Windesor e Pistola de Windson. Foi desenvolvida nos EUA, na lisos de aço com 55mm de comprimento e bitola de ¼”. São
década de 60, com o intuito de relacionar a resistência à recomendadas cincos penetrações em uma área 30 x 30cm. ²
compressão do concreto com a profundidade do pino,
conforme a norma americana ASTM c803 e BS 1881. Não
existe norma brasileira para esse ensaio. ²
desenvolvimento da resistência do concreto nas primeiras
idades). E por fim, sua única desvantagem é por ser mais caro
quando comparado ao ensaio com esclerometria. ²

(Figura 13 – Ilustração da penetração em área 30 x 30cm) ENSAIO DE POTENCIAL DE CORROSÃO


No ensaio de potencial de corrosão são utilizadas várias
técnicas para a constatação e avaliação da corrosão, mas o
método mais usado é a eletroquímica. Ela monitora e avalia o
comportamento das estruturas de concreto armado em relação
à corrosão de armadura. Potencial eletroquímico é a medida
da maior ou menor facilidade de transferência de carga elétrica
entre o aço e a solução contida nos poros de concreto, devido
a diferença de potencial (Hansson, 1984).
(Figura 14 – Aparelho utilizado na execução do ensaio)

A leitura do pino exposto é feita com o paquímetro,


dessa forma podendo calcular o valor do pino cravado. O pino
que fica exposto, o seu comprimento, é uma medida de
resistência a compressão. ²
A utilização desse método possui vantagens tais como:
maior profundidade de análise, simplicidade e velocidade de
execução e realização sobre formas de madeiras (medir o
(Figura 15 – Ensaio de potencial de corrosão)

O ensaio é realizado conforme a norma ASTM C876 - (Figura 16 – Aparelho utilizado no ensaio)
09, onde é realizado perto da base do pilar ou lugares afetados
por umidade (infiltração). Os aparelhos utilizados são
voltímetro e um eletrodo de referência (de sulfato de cobre), na
qual o sulfato é posto dentro do eletrodo diluído em água. Com
isso, será medido a diferença de potencial entre a armadura e
o concreto o resultado será comparado com uma tabela
referencial para estimar a corrosão. O concreto que apresenta
a maior resistência elétrica possui menor probabilidade de
sofrer corrosão.²
(Figura 17 – Tabela de referência para estimar a corrosão na
estrutura)
Em relação a suas vantagens podemos destacar a sua
rapidez, facilidade na execução, sensibilidade para detectar
mudanças no estado superficial da armadura, delimitar áreas
que estão comprometidas à corrosão e monitorar a estrutura.
Já em relação as suas desvantagens, o método aponta
apenas zonas prováveis de corrosão, não oferece dados
quantitativos do processo de corrosão, interfere de grande
quantidade de variáveis (como umidade), falta de informação a
respeito da velocidade de corrosão e limita-se em relação a 2. Medeiros, Ronaldo. Ensaios não destrutivos para
concretos de alta resistividade. ² avaliar a durabilidade do concreto, 2015. Disponível em:
http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/images/c/c5/04_Ensaio
s_n%C3%A3o_destrutivos.pdf
3. Ensaios não destrutivos em concreto armado.
Disponível em:
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arqu
ivosUpload/17310/material/10.%20Ensaios%20n
%C3%A3o-destrutivos.pdf
4.  Lorenzetti, Alessandra; Cirelli, Sérgio; Carlos,
Pedro; Francisco, Rafael; Tsuguio, Luiz; Silva, Ernan.
Métodos de ensaios não destrutivos para estrutura de
concreto. Ed. 151, 2009. Disponível em:
REFERÊNCIA http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/151/artigo28
6643-1.aspx
1. Mapa da Obra: Veja como funciona ensaios não 5. NBR 7584: Concreto Endurecido – Avaliação da
destrutivos com o ensaio de esclerometria, 2016. Dureza Superficial pelo Esclerômetro de Reflexão.
Disponível em: Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de
https://www.mapadaobra.com.br/inovacao/veja-como- Janeiro, 1995.
funciona-ensaio-de-esclerometria/ 6. C.H. Carvalho, M.C.S.S. Macedo ; J.B. Severo
Junior; S.Griza ; C.E.C. de Andrade ; A. A. dos Santos ;
L.S. Barreto. Estudo comparativo das técnicas não concreto armado. Dissertação (mestrado), Universidade
destrutivas de ultrassom e esclerometria na avaliação do Federal de Brasília, Distrito Federal, 2006.
desempenho mecânico de estruturas em concreto
armado, 2013. Disponível em: http://www.crea-
se.org.br/wp-content/uploads/2013/02/ARTIGO-FINAL-
TECNICAS-ULTRASSOM-E-ESCLEROMETRIA-
COMPAT-2013.pdf
7. HELENE, P. R. L. Contribuição ao estudo da
corrosão em armaduras de concreto armado. Tese
(Livre-Docência)- Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, Departamento de Engenharia Civil, São
Paulo, 1993.
8. POLDER, R. B. Test methods for on site
measurement of resistivity of concrete. Rilem TC 154 –
EMC Electrochemical Techniques for Measuring Mettalic
Corrosion. Construction and Building Materials, vol. 15,
p. 125 – 131, March-April, 2001.
9. SANTOS, L. Avaliação da resistividade elétrica do
concreto como parâmetro para a avaliação da iniciação
da corrosão induzida por cloretos em estruturas de

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