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Treinamento de Ensaios

Não Destrutivos

Instrutor – Paulo Josué de Oliveira Araujo


Inspetor de Soldagem N2 – SNQC 6248
Introdução

Os Ensaios Não Destrutivos - END são ensaios realizados em


materiais, acabados ou semi acabados, para verificar a existência
ou não de descontinuidades ou defeitos, através de princípios
físicos definidos, sem alterar suas características físicas,
químicas, mecânicas ou dimensionais e sem interferir em seu uso
posterior.

Constituem uma das principais ferramentas do controle da


qualidade de materiais e produtos, contribuindo para garantir a
qualidade, reduzir os custos e aumentar a confiabilidade da
inspeção.
Tabela de Siglas dos END

Os diversos tipos de ensaios não destrutivos são designados


pelas letras ou siglas e aparecem acima abaixo ou no meio da
linha de referência (com interrupção da linha).
 
As seguintes notações são empregadas para os ensaios não-
destrutivos em uso:
Ensaio AWS Petrobras

Radiografia RT RAD

Ultra-som UT US

Partículas Magnéticas MT PM

Líquido Penetrante PT LP

Teste de Estanqueidade LT ES

Visual VT EV

Teste por pontos - TP


Ensaio Visual

Introdução

A inspeção por meio do Ensaio Visual é uma das mais antigas


atividades nos setores industriais, e é o primeiro ensaio não destrutivo
aplicado em qualquer tipo de peça ou componente, estando
associado a outros ensaios de materiais.
 
Utilizando uma avançada tecnologia, hoje a inspeção visual é um
importante recurso na verificação de alterações dimensionais, padrão
de acabamento superficial e na observação de descontinuidades
superficiais visuais em materiais e produtos em geral, tais como
trincas, corrosão, deformação, alinhamento, cavidades, porosidade,
montagem de sistemas mecânicos e muitos outros.
A inspeção de peças ou componentes que não permitem o acesso
direto interno para sua verificação (dentro de blocos de motores,
turbinas, bombas, tubulações, etc.), utilizam-se de fibras óticas
conectadas a espelhos ou micro-câmeras de TV com alta resolução,
além de sistemas de iluminação, fazendo a imagem aparecer em
oculares ou em um monitores de TV. São soluções simples e
eficientes, conhecidas como técnica de inspeção visual remota.

 Não existe processo industrial em que a inspeção visual não esteja


presente. Simplicidade de realização e baixo custo operacional são as
características deste método, mas que mesmo assim requer uma
técnica apurada, obedece a sólidos requisitos básicos que devem ser
conhecidos e corretamente aplicados.
Líquido Penetrante
O ensaio por líquidos penetrantes é uma das principais ferramentas
usadas no controle de qualidade, para detectar falhas na estrutura do
material que está em exame. Estas falhas, no entanto, só podem ser
detectadas quando estiverem abertas para a superfície, ou seja, quando
permitirem a entrada do líquido penetrante na falha (falhas superficiais),
conforme ilustra a figura abaixo.
Vantagens do método

* A indicação de uma falha é bem maior que as dimensões reais;


* O contraste entre o vermelho do líquido e o branco do revelador,
na superfície, amplia a percepção visual do inspetor;
* Possui alta sensibilidade para detecção de pequenas
descontinuidades superficiais.
* O método se aplica a quase todos os materiais metálicos e não
metálicos, magnéticos e não magnéticos e condutores e não
condutores;
Partículas Magnéticas

O ensaio por partículas magnéticas é usado para detectar


descontinuidades superficiais e sub superficiais em materiais
ferromagnéticos. São detectados defeitos tais como: trincas, junta
fria, inclusões, gota fria, dupla laminação, falta de penetração,
dobramentos, segregações, etc.
O método de ensaio está baseado na geração de um campo
magnético que percorre toda a superfície do material
ferromagnético. As linhas magnéticas do fluxo induzido no material
desviam-se de sua trajetória ao encontrar uma descontinuidade
superficial ou sub superficial, criando assim uma região com
polaridade magnética, altamente atrativa à partículas magnéticas.
No momento em que se provoca esta magnetização na peça,
aplicam-se as partículas magnéticas por sobre a peça que serão
atraídas à localidade da superfície que conter uma
descontinuidade formando assim uma clara indicação de defeito.

Alguns exemplos típicos de aplicações são fundidos de aço


ferrítico, forjados, laminados, extrudados, soldas, peças que
sofreram usinagem ou tratamento térmico (porcas e parafusos ),
trincas por retífica e muitas outras aplicações em materiais
ferrosos.
Para que as descontinuidades sejam detectadas é importante que
elas estejam de tal forma que sejam "interceptadas" ou "cruzadas"
pelas linhas do fluxo magnético induzido; conseqüentemente, a
peça deverá ser magnetizada em pelo menos duas direções
defasadas de 90º. Para isto utilizamos os conhecidos yokes,
máquinas portáteis com contatos manuais ou equipamentos de
magnetização estacionários para ensaios seriados ou
padronizados.
Ensaio por Ultra-Som

O ensaio por ultra-som usa a transmissão do som,


que é uma forma de energia mecânica em forma de
ondas em uma frequência acima da faixa audível
(20 Hz a 20 KHz).
No ensaio de materiais por ultra-som existem
diversos tipos de ondas sônicas, que dependem do
tipo de excitação e da forma do material, porém as
mais importantes são as ondas longitudinais e
transversais.
Tipos de Ondas Sônicas
Ondas Longitudinais
Também chamadas de ondas de compressão, ocorrem
quando o movimento oscilatório das partículas se dá no
mesmo sentido que a propagação da onda.

Ondas Transversais
Também chamadas de ondas de cisalhamento, ocorrem
quando o movimento oscilatório das partículas se dá em uma
direção perpendicular à direção de propagação da onda.
O ensaio pela técnica pulso-eco consiste
basicamente de pulsos de alta freqüência, emitidos
pelo cristal, que caminham através do material.
Estes pulsos refletem quando encontram uma
descontinuidade ou uma superfície do material.
Esta energia mecânica (som) é recebida de volta
pelo cristal que transforma o sinal mecânico em
sinal elétrico, que é visto na tela do aparelho.
Pulso sonoro
Posição do
imediatamente
cabeçote e da
antes da reflexão na
descontinuidade
descontinuidade
Pulsos sonoros Recebimento pelo cabeçote
refletidos do pulso sonoro refletido
Tipos de Ensaio por Ultra-Som
Medição de Espessura
Detecção de Dupla-Laminação
Inspeção de Solda
Medição de Espessura
Como o próprio nome diz, é o ensaio que visa determinar a
espessura de uma peça.
O ensaio é feito normalmente com o auxílio de cabeçotes
duplo-cristal, depois de calibrado o aparelho.
Esta calibração é feita em blocos de dimensões padronizadas,
de material similar ao da peça a ser medida.
Detecção de Dupla-Laminação
É o ensaio feito em chapas, a fim de que se detecte
as duplas-laminações por ventura existentes.
Esta modalidade de ensaio é muito útil na
orientação do plano de corte de chapas.
O ensaio é feito com o auxílio de cabeçotes normal
e/ou duplo-cristal, depois de feita a calibração da
escala e a determinação da sensibilidade do ensaio.
Inspeção de Solda
É a modalidade de ensaio que visa detectar
descontinuidades oriundas de operações de
soldagens, tais como falta de penetração, falta de
fusão, inclusão de escória, poros, porosidades,
trincas e trincas interlamelares.
Vantagens
a) Pode ser executado em materiais metálicos e não metálicos;
b) Não necessita, para inspeção, do acesso por ambas às
superfícies da peça;
c) Permite localizar e dimensionar com precisão as
descontinuidades;
d) É um ensaio mais rápido do que a radiografia;
e) Pode ser executado em juntas de geometria complexa, como
nós de estruturas tubulares;
f) Não requer a paralisação de outros serviços durante a sua
execução e não requer requisitos rígidos de segurança, tais como
os requeridos para o ensaio radiográfico.
Limitações e Desvantagens
a) Não se aplica a peças cuja forma, geometria e rugosidade superficial impeçam o perfeito
acoplamento do cabeçote à peça;
b) O grão grosseiro de certos metais de base e de solda (particularmente ligas de níquel e
aço inoxidável austenítico) pode dispersar o som e causar sinais que perturbem ou impeçam
o ensaio;
c) O reforço da raiz, cobre-juntas e outras condições aceitáveis podem causar indicações
falsas;
d) Peças pequenas ou pouco espessas são difíceis de inspecionar;
e) O equipamento de ultra-som é caro;
f) Os inspetores de ultra-som requerem, para sua qualificação, de maior treinamento e
experiência, do que para os outros ensaios não-destrutivos;
g) A melhor detecção da descontinuidade depende da orientação do defeito na solda;
h) A identificação do tipo de descontinuidade requer grande treinamento e experiência,
porém, mesmo assim não é totalmente segura.
Ultrassom

O ensaio ultra sônico é, sem sombra de dúvidas, o método


não destrutivo mais utilizado e o que apresenta o maior
crescimento, para a detecção de descontinuidades internas
nos materiais.
Ensaio Radiográfico
O ensaio radiográfico utiliza os raios-X e raios- (gama), para
mostrar a presença e certas características de
descontinuidades internas do material.
O método baseia-se na capacidade que os raios-X e 
possuem de penetrar em sólidos. Esta capacidade depende
de vários fatores, tais como comprimento de onda de
radiação, tipo e espessura do material. Quanto menor for o
comprimento da onda, maior é a capacidade de penetração
da radiação.
Parte da radiação atravessa o material e parte é absorvida. A
quantidade de radiação absorvida depende da espessura do
material. Onde existe um vazio ou descontinuidade há menos
material para absorver a radiação.
Assim, a quantidade de radiação que atravessa o material não é a
mesma em todas as regiões.
A radiação, após atravessar o material, irá impressionar um filme,
formando uma imagem do material. Este filme é chamado
radiografia.
Fontes de Radiação
Raios - X

Raios -  (gama)
Raios-X
São produzidos eletricamente e são formados pela
interação de elétrons de alta velocidade com a
matéria. Quando elétrons de suficiente energia
colidem com o núcleo de um átomo é gerado um
raio-X característico .
Quando elétrons de suficiente energia interagem
com o núcleo de átomos, são gerados raios-X
contínuos, que são assim chamados porque o seu
espectro de energia é contínuo.
Raios- (raios gama)
Os isótopos de alguns elementos têm seus núcleos em estado de desequilíbrio,
devido ao excesso de nêutrons, e tendem a evoluir espontaneamente para uma
configuração mais estável, de menor energia.
As transformações nucleares são sempre acompanhadas de uma emissão
intensa de ondas eletromagnéticas, chamadas raios-.
Os raios- são ondas eletromagnéticas de baixo comprimento de onda e com as
mesmas propriedades dos raios-X.
Dos isótopos radioativos, o Cobalto 60 e o Irídio 192 são os mais utilizados em
radiografia industrial.
Por causa do perigo da radiação sempre presente, as fontes radioativas devem
ser manejadas com muito cuidado e são necessários aparelhos que permitam
guardá-las, transportá-las e utilizá-las em condições de segurança total.
Estes aparelhos, denomidados irradiadores, consistem em uma blindagem
ou carcaça protetora de chumbo, tungstênio ou urânio 238. Esta carcaça
apresenta um furo axial no interior, do qual existe um estojo metálico,
chamado porta-isótopo, fixado a um comando mecânico flexível, munido de
um pequeno volante ou manivela para manobra à distância.
Absorção da Radiação
Todos os materiais absorvem radiação, alguns mais outros menos. Os materiais
mais densos e os de maior número atômico absorvem maior quantidade de
radiação do que os materiais menos densos e os de menor número atômico.
A espessura também contribui para a absorção, pois quanto maior a espessura
maior quantidade de radiação irá absorver.

Absorção de radiação em função do número atômico do material Absorção de radiação em função da espessura do material
Vantagens
a) Registro permanente dos resultados;
b) Detecta facilmente defeitos volumétricos, tais
como porosidades, inclusões, falta de penetração,
excesso de penetração.
Limitações e Desvantagens
a) Descontinuidades bidimensionais, tais como trincas, duplas-laminações e faltas de
fusão, são detectadas somente se o plano delas estiver alinhado ao feixe de radiação;
b) É necessário o acesso a ambas as superfícies de uma peça para radiografá-la;
c) Dependendo da geometria da peça, não é possível obter radiografias com qualidade
aceitável, que permitam uma interpretação confiável;
d) A radiografia afeta a saúde dos operadores, inspetores e do público e deve, por isso, ser
criteriosamente utilizada;
e) É necessária a interrupção de trabalhos próximos para a exposição da fonte;
f) O custo de equipamento e material de consumo são relativamente altos;
g) É um ensaio relativamente demorado;
h) No caso de raios-X, o aparelho não é totalmente portátil, dificultando a execução de
radiografias em lugares de difícil acesso;
i) A interpretação requer experiência e conhecimento dos processos de soldagem para
identificação correta das descontinuidades.
Outras Modalidades de END

* Estanqueidade;
* Dimensional de Caldeiraria e Tubulação;
* Dimensional de Máquinas;
* Fabricação;
* Topografia;
* Ultrassom Phased Array;
* ACFM;

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